Hoje Macau 24 FEV 2016 #3518

Page 1

MOP$10

QUARTA-FEIRA 24 DE FEVEREIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3518

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

NATÁLIA GROMICHO

A tela dos mundos

ARQUITECTURA

Um Lou Kao amaldiçoado

EVENTOS

PÁGINA 9

EXPATRIADOS

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

CHOQUE DE CULTURAS

GRANDE PLANO

CONVENTO

Alugam-se quartos PÁGINA 8

h

A Sereia & companhia JULIE O’YANG

Longe de casa

JOSÉ DRUMMOND

PUB

hojemacau MOTOCICLOS CAPACETES CONTINUAM A NÃO TER REGULAÇÃO

Cabeças sem juízo

Há dois anos que está para sair a legislação que implemente regras para certificar os modelos de capacetes que realmente protejam os condutores. Dos quase 250 mil veículos que circulavam

em Macau no ano passado mais de metade eram de duas rodas. A falta de segurança de quem circula de moto nas estradas da RAEM está à vista num vídeo de um realizador local.

PÁGINA 5


2 GRANDE PLANO

EXPATRIADOS “CHOQUE CULTURAL AFECTA” CRIANÇAS PORTUGUESAS E MACAENSES

TERRA DE TODOS E DE NINGUEM ´

S

ÃO crianças quase sem terra obrigadas a mudar de escola, de casa e de país com frequência devido ao trabalho dos pais. Essas mudanças repentinas a que são sujeitas na idade de desenvolvimento físico e cognitivo fazem delas crianças expostas a uma terceira cultura (são Third Culture Kids - TCK) e também a alterações do foro psicológico. Foi este o tema da tese de doutoramento de Anastasia Lijadi, docente do Departamento de Psicologia da Universidade de Macau (UM) que em Janeiro foi distinguida pela Universidade de Alberta, Canadá. A tese intitula-se “Bloom where you are planted: Place identity construction of TCK”. Ao HM, a docente defendeu que as crianças nascidas no seio de famílias portuguesas e macaenses, que se mudaram para a RAEM recentemente, não podem ser consideradas TCK, embora possam sentir “desafios semelhantes” quando chegam a Macau, apesar das parecenças culturais existentes. “As crianças macaenses ou portuguesas são expostas a uma diferente cultura (são Cross Culture Kids – CCK). Contudo, podem sentir desafios semelhantes às crianças TCK, em termos de perda de identidade ou confusão de identidade. Podem ainda sentir o reverso do choque cultural, pois quando visitam Portugal chegam à conclusão de que pensam e agem de forma diferente em relação às crianças que não saíram de Portugal”, defendeu a docente, numa resposta por email. Durante o doutoramento, concluído o ano passado, Anastasia Lijadi conheceu casos de crianças

“As crianças macaenses ou portuguesas são expostas a uma diferente cultura (são Cross Culture Kids – CCK). Contudo, podem sentir desafios semelhantes às crianças TCK, em termos de perda de identidade ou confusão de identidade” “As crianças TCK não têm apenas de renegociar a sua etnicidade junto das comunidades local e global, como também têm de reavaliar toda a sua construção de identidade incorporando os diversos elementos dos sítios por onde vão passando” “A noção de maturidade e de experiência das crianças TCK pode ser exagerada, já que uma criança TCK pode ter aprendido os costumes de muitas culturas, mas pode não ter interiorizado uma única cultura” “Há poucos psicólogos que dominam o Inglês em Macau e não estão focados nos problemas sentidos por estas crianças” ANASTASIA LIJADI PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DE MACAU

que nasceram em Macau ou que “se mudaram para Macau durante a sua infância e só conhecem o seu país graças ao passaporte ou férias de Verão”. “As razões pelas quais os pais se mudaram para Macau são várias, sendo que a maioria trabalha na área da advocacia ou no Governo. São crianças CCK, porque interagem ou vivem em dois ou mais ambientes culturais diferentes durante um significante período de tempo, durante os anos de desenvolvimento”, explicou ainda.

POUCO FOCO NO PROBLEMA

O trabalho de investigação realizado para a sua tese permitiu a Anastasia Lijadi chegar à conclusão de que, em Macau, a maioria das crianças TCK são filhas de pais que trabalham em multinacionais na área financeira, construção, turismo, aviação ou entretenimento, mas também na área da educação. Perda de identidade, confusão sobre a sua origem e até solidão são os problemas mais comuns neste tipo de crianças. “As crianças TCK não têm apenas de renegociar a sua etnicidade junto das comunidades local e global, como também têm de reavaliar toda a sua construção de identidade incorporando os diversos elementos dos sítios por onde vão passando”, frisou a académica. “A noção de maturidade e de experiência das crianças TCK pode ser exagerada, já que uma criança TCK pode ter aprendido os costumes de muitas culturas, mas pode não ter interiorizado uma única cultura”, disse Anastasia Lijadi. Apesar de considerar que a oferta educativa é variada em Macau para as famílias expatriadas, Anastasia Lijadi considera que a

falta de psicólogos que dominem outra língua que não o Chinês pode não ajudar na resolução destes problemas. “Há poucos psicólogos que dominam o Inglês em Macau e não estão focados nos problemas sentidos por estas crianças. Contudo, sugiro


3 hoje macau quarta-feira 24.2.2016 www.hojemacau.com.mo

Anastasia Lijadi, professora da Universidade de Macau, defende que os filhos de pais portugueses ou macaenses podem “sentir desafios semelhantes” às chamadas crianças expostas a uma terceira cultura (Third Culture Kids), como a perda de identidade ou o choque cultural quando chegam a Portugal. A tese de doutoramento de Anastasia Lijadi, sobre os Third Culture Kids, foi distinguida em Janeiro na Universidade de Alberta, Canadá

Viver à margem Macau “não estava preparada” para famílias expatriadas

A

que a melhor forma de dar apoio a estas crianças TCK é fazer ajustamentos no novo lugar envolvendo as partes mais importantes da sua vida, os pais e a escola. O professor, psicólogo ou conselheiro escolar devem trabalhar em conjunto para garantir a prevenção de problemas

e criar programas de intervenção. Mas os pais não devem permitir que o problema seja unicamente resolvido pela escola”, defendeu a docente. Para receberem os alunos vindos de outros países, as escolas de Macau fazem “ajustes académicos”, como aulas adicionais e consultas aos pais, sendo ainda pedido o apoio do docente ou dos colegas a nível da integração social.

A QUESTÃO DO MANDARIM

Anastasia Lijadi revelou ainda que a maioria das crianças TCK ou CCK, apesar de terem “a oportunidade de interagir com crianças

locais”, acabam por estar sempre um pouco à parte da sociedade. E a culpa é do ensino do Mandarim. “As escolas internacionais e as escolas secundárias com o ensino do Inglês ensinam o Mandarim. Por comparação, as escolas locais usam o Cantonês como língua de ensino e como base de conversação. É fácil afirmar que as crianças TCK em Macau estão a aprender a falar Mandarim, mas não a língua local, então é muito difícil para estas crianças interagir com a maioria da sociedade no seu dia-a-dia. Depois de viver aqui oito anos, sinto-me envergonhada pelo facto do meu Cantonês não ter melhorado, mas

falo melhor Mandarim porque aprendo todos os dias com as minhas duas filhas”, disse a docente. Anastasia Lijadi defendeu ainda que, para as crianças, “a comunidade falante de Inglês em Macau deveria conseguir misturar-se mais com a comunidade expatriada”, sendo que “muitas vezes a sociedade tenta integrar as crianças TCK no seu modelo monocultural”. A docente acredita que o passado e experiências anteriores das crianças são muitas vezes esquecidas em prol da sua nova fase de integração social. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

viver em Macau há oito anos, a docente da UM, com um mestrado pela Universidade de São José (USJ), defende que Macau “não é um lugar comum para as famílias expatriadas”. “Só muito recentemente é que as famílias de expatriados se começaram a mostrar em Macau. O território não estava preparado e não antecipou a procura de um determinado estilo de vida pelos expatriados e aqui refiro-me às questões interculturais, como a interacção no dia-a-dia, comunicação, informação e valores sociais. A maioria das famílias expatriadas decidiram mudar-se e viver em Macau devido aos elevados salários, baixos impostos e alguns privilégios que não tinham na sua terra natal. Isso faz com que seja difícil saírem de Macau”, explicou. Anastasia Lijadi não deixou de falar das barreiras culturais entre macaenses, portugueses e chineses. “Macau tem vindo a abraçar o multiculturalismo nos últimos anos e, tanto os portugueses, como os macaenses têm feito parte da população. Mas como alguém que está de fora, e depois de muitos anos a viver aqui, penso que existe uma parede transparente que separa os chineses de Macau, os macaenses e os portugueses. É muito raro vê-los a jantar juntos numa mesa, a não ser que estejam ligados pelo trabalho ou outra organização”, rematou. A.S.S.


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 24.2.2016

CONSELHEIROS DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS PRIMEIRA RONDA DE REUNIÕES

J

Á começaram as reuniões entre os Conselheiros das Comunidades Portuguesas, José Pereira Coutinho e Rita Santos, e as várias entidades públicas portuguesas. O dia de ontem foi marcado com uma reunião com o director do departamento de Apoio à Caixa Geral de Aposentações (CGA), Serafim Ribeiro Amorim, “para discutir a questão do processamento formal do pedido de isenção do IRS dos aposentados e pensionistas que

optaram pela transferência das suas pensões à CGA antes do estabelecimento da RAEM”. “Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas informaram ao director que iriam solicitar um encontro com o Director dos Serviços de Finanças para estudar uma forma do tratamento personalizado aos pensionistas e do envio atempado dos modelos para evitar o pagamento do IRS”, indicaram os conselheiros em comunicado à imprensa.

No documento, os conselheiros indicam que através da Associação de Trabalhadores de Função Pública (ATFPM) muitos aposentados queixaram-se que “as suas pensões foram deduzidas do IRS”. Actualmente, indicam, estão inscritos na CGA 2200 aposentados e pensionistas “que são obrigados anualmente apresentar as provas de vida e os modelos de pedido de dispensa de retenção de na fonte do Imposto Português, sendo 1500 associados da ATFPM”.

Tratamento especial

Animais REGISTO DE GATOS NÃO VAI PARA A FRENTE

Bem podes miar Apesar da Comissão não estar a favor, o Governo não implementará o registo de gatos. A proposta segue, assim, para decisão no hemiciclo

O

Governo decidiu e está decidido: o registo de gatos não existirá, porque, segundo o novo presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, “o gato tem uma reacção muito diferente do cão” e, tal como noutros locais, “como Hong Kong, Singapura e (...)

MENOS ATAQUES A HUMANOS

O

IACM afirmou que, no ano passado, foram registados 224 casos de animais que atacaram humanos, número que diminuiu em 16% comparado com 2014. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a veterinária do Canil Municipal de Macau, Mak Sin Ian, referiu que a maioria dos casos é relativo a mordidas ou arranhadelas de cães. Em 2015, o Canil Municipal emitiu mais de dez mil licenças para cães, incluindo as renovações. Ao mesmo tempo, o canil atribuiu a vacina anti-rábica para prevenir a infecção tanto em animais como em humanos, explicando que a taxa de morbidez da raiva tem um risco de 80%. No entanto, a entidade considera necessário aumentar a promoção para que mais donos peçam licenças para os seus cães.

Assédio Sexual Sugerida criação de órgão específico para queixas

Austrália”, o processo de registo não costuma “correr bem”. “A maioria dos gatos está em casa e há uma grande dificuldade das autoridades poderem [fazer] esses tais registos, para meter os chips dentro dos animais. O gato tem uma reacção muito diferente da do cão. Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho”, adiantou José Tavares, justificando a decisão do Governo. “Em questões numéricas, o abandono de um cão e de um gato é uma diferença quase nove vezes maior”, sendo que no ano passado registaram-se “cento e tal casos” de abandono de cães contra “quinze casos de gatos”abandonados. “Os números dizem-nos que, se calhar, a nossa proposta tem mais a ver com a realidade em si do que outro aspecto. Daí que propusemos à consideração o não registo dos gatos”, continuou. Em termos práticos, o registo só é obrigatório para cães e mesmo que um dono de um gato queira registar o seu animal de estimação, não pode. “Não vamos ter [registo]”, garantiu Tavares.

ELES QUE DECIDAM

Contrariamente à opinião da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida pela deputada Kwan Tsui Hang e responsável pela análise da proposta na especialidade, o Governo não cedeu. “O Governo insiste [em não fazer o registo], diz que fez estudos... não vamos insistir, mas vamos escrever no nosso parecer. Vamos apresentar ao plenário para decidirem”, indicou a deputada. Não negando a “contradição” que existe face à decisão do Governo, Kwan Tsui Hang indicou que, durante a reunião de ontem, esteve também em destaque os maus tratos a animais, tendo ficado definido que será sempre “preciso ver se a pessoa usou

Ao HM, Rita Santos explicou ainda que os conselheiros já reuniram também com o presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, seguindo-se “uma reunião com a Conselheira Económica da Embaixada da China em Portugal [Xu Weili] e Secretário de Estado das Comunidades [José Luís Carneiro]”. A agenda, diz Rita Santos, ainda não está fechada e mais encontros irão acontecer. F.A.

L

“O gato tem uma reacção muito diferente do cão. Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho” JOSÉ TAVARES PRESIDENTE DO IACM meios violentos ou tortura” no mau trato ao animal. Questionada sobre o abate dos animais abandonados ou encontrados, a deputada explicou que a lei define que o acto poderá decorrer em casos de “controlo de doenças contagiosas”, “para eliminação de perigo iminente”, a “animais que estão a ameaçar a vida humana” e, por fim, para “controlo do número animais”. Indagada sobre este último ponto,

Kwan Tsui Hang explicou que isto é o que “já acontece”. A Comissão está a dar apenas os retoques finais à lei. “Estamos na fase final, portanto já há um consenso geral sobre as grandes definições e os parâmetros de protecção. Tudo isto está definido. Estamos no limar das arestas dos articulados”, rematou José Tavares. Filipa Araújo

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo

AM U Tou, subdirector da Associação Choi In Tong Sam, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau, sugeriu ao Governo que crie um órgão especializado e unicamente destinado a receber queixas de crimes sexuais, para que possa intervir na investigação dos casos e promova a elaboração de instruções de prevenção de assédio sexual em organismos públicos e privados. A sugestão chega numa altura em que aconteceu a consulta pública sobre a revisão dos crimes sexuais no Código Penal e que acabou no início desta semana. A proposta de revisão sugere a introdução de prostituição e pornografia com menores e assédio sexual como novos tipos de crimes. O ponto mais polémico da revisão tem a ver com o facto do crime de “assédio sexual” não abranger o assédio sexual verbal. Para Lam U Tou, a definição de assédio sexual deve ser considerada não só nos comportamentos físicos, mas também na existência de relações de hierarquia entre as vítimas e os autores, muitas vezes onde acontece assédio verbal. “A obtenção de provas não é fácil, a condenação de crimes é mais exigente do que os do Código Civil. Se depender apenas da legislação não é suficiente para resolver problemas”, disse ao Jornal Ou Mun. O subdirector da Associação sugere ainda que, além de interpor processo em tribunais, as vítimas se possam queixar a um órgão especializado – na cidade vizinha é a Comissão de Igualdade de Oportunidades –, pedir investigação e dar um tratamento “justo e claro” às queixas, rematou. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


5 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 24.2.2016

Mais táxis até final do ano

Trânsito MACAU CONTINUA SEM REGULAÇÃO PARA CAPACETES

Dores de cabeça

DSAT entrega Regime “em breve” e adiciona figura do polícia à paisana

Foi anunciado há dois anos, mas Macau continua sem um regulamento que obrigue as lojas a vender capacetes que realmente protejam a cabeça. Deverá ser este ano, diz a DSAT, mas a situação já levou um realizador local a fazer um vídeo-teste dos capacetes que por cá se vendem. Os resultados não são agradáveis

M

ACAU continua sem ter qualquer regulamento que aprove capacetes para os motociclistas. Ainda que a maioria dos condutores de Macau se desloque de motociclo pelo território, por cá só existem “orientações” sobre os modelos que devem ser comprados e a aplicação de sanções no caso de o condutor não os utilizar. Em 2014, o Governo anunciou que iria estabelecer a “obrigatoriedade de uso de capacetes certificados” pelos condutores e passageiros de motociclos. Na altura, contudo, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse que estava “a ultimar” um regulamento administrativo para estipular os modelos de capacetes com padrões internacionais de segurança, mas nunca mais foram anunciadas novidades. Questionada pelo HM sobre o estado da situação, a DSAT garante que poderá ser para breve esta obrigatoriedade e diz que tem em conta essa necessidade. “Dado que os capacetes são aparelhos de protecção para os condutores e passageiros dos motociclos e ciclomotores, o Governo tem procedido de forma activa à elaboração de um Regulamento Administrativo de aprovação de modelos de capacetes para uso de condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos, com vista a regular os padrões de uso deste aparelho”, começa por apontar o organismo. “O projecto do referido Regulamento Administrativo foi entregue ao departamento dos assuntos de justiça para revisão e alteração final, para poder entrar, tanto

quanto possível, no processo de legislação ainda este ano.”

ESTÁ A SALVO?

Antes de entrar em vigor este Regulamento, a DSAT lançou em 2014 um documento de “orientações sobre capacetes e respectivo uso pelos condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos”, com o objectivo, diz, “de lembrar os utilizadores sobre a importância do uso de capacetes”. Nesse documento constam “informações sobre a estrutura, a eficácia de protecção e os padrões técnicos” reconhecidos em diversos territórios, para servirem

como referência na compra destes. Mas as coisas nem sempre funcionam assim e foi isso mesmo que Kenny Leong, realizador local conhecido pelos vídeos sarcásticos que faz sobre algumas políticas e medidas do Governo, quis provar. Numa experiência em vídeo, o jovem provoca impactos em cerca de meia dezena de capacetes, sendo que dois deles são os mais comummente utilizados em Macau. Só os dois últimos – de valor mais elevado e não disponíveis em todas as lojas – conseguem mais ou menos resistir. Foi precisamente

“Sou condutor de motos e sabia que os capacetes à venda em Macau são uma porcaria. As pessoas não têm onde comprar (...) e assumem que, como eles são vendidos a toda a gente que conduz, são bons e protegem as cabeças... é treta” KENNY LEONG REALIZADOR

a falta de legislação que fez Kenny alertar as pessoas. “Sou condutor de motos e sabia que os capacetes à venda em Macau são uma porcaria. As pessoas não têm onde comprar a não ser nessas lojas e assumem que, como eles são vendidos a toda a gente que conduz, são bons e protegem as cabeças... é treta”, começa por dizer o realizador ao HM. “Queria alertar as pessoas de Macau. Na verdade, há muitos testes disponíveis para as pessoas verem em vídeos, mas nem toda a gente tem acesso. Por isso, decidi fazer eu um vídeo para que as pessoas possam ficar a saber disto. Especialmente quando o Governo não parece estar muito preocupado face à situação”, explica, acrescentando que “já passaram dois anos desde que o Executivo disse que iria fazer algo”. “Estou cansado de esperar e acho que devemos nós fazer alguma coisa”, termina o realizador e proprietário da Shoot and Chop, que lançou o vídeo nas redes sociais. No ano passado, Macau contava com quase 250 mil veículos, sendo que destes 52% eram motociclos. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

A

Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) afirmou que a revisão do Regulamento do Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer (ou Táxis) vai ser entregue à Assembleia Legislativa (AL) “o mais breve possível” e vai mesmo haver polícias à paisana a fiscalizar o transporte. Em declarações ao jornal Ou Mun, a DSAT disse estar a preparar a revisão do Regulamento em conjunto com a PSP e a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ) e avançou algumas das mudanças. “O trabalho está na fase final, vamos acelerar para entregar a revisão à AL o mais rápido possível”, disse o organismo. “A revisão tem alguns assuntos importantes, como a melhoria do sistema de licenciamento, o aumento da punição contra as acções ilegais, o combate às infracções via polícia à paisana, a instalação do equipamento de gravação de forma voluntária dentro dos táxis e a suspensão ou cancelamento da licença.”

A Associação dos Taxistas de Macau diz mesmo que a multa atribuída neste momento às infracções cometidas por estes profissionais não é “suficientemente” dissuasora. Tai Kam Leong, vice-presidente da Associação, diz que mil patacas é o mesmo montante pago há 20 anos, pelo que sugere o aumento da sanção. “Caso os taxistas violem a lei três vezes em dois anos, o Governo pode suspender a licença e exigir que frequentem cursos de formação. Para que os taxistas consigam voltar a trabalhar devem passar um exame” exemplificou o vice-presidente. Outros dos pedidos é a criação de uma plataforma online semelhante à da Uber, para reservar táxis. De acordo dos divulgados do Governo, a DSAT contou 357 casos dos serviços de transporte sem a devida autorização, sendo que nove diziam respeito à Uber. A revisão deste regime estava planeada para terminar no ano passado. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

LICENÇAS ADICIONAIS ASSEGURADAS A

DSAT assegurou que vai adicionar mais 250 licenças de táxis para que o número destes transportes ascenda aos 1500 a 1600 até ao fim deste ano e indicou ainda que vai criar outra plataforma de chamada de serviços de táxi, para ser mais conveniente para os deficientes físicos.

PUB

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 1/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 12 de Fevereiro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Material de Consumo Clínico para a Secção de Esterilização dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 24 de Fevereiro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 48,00 (quarenta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 25 de Abril de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 26 de Abril de 2016, pelas 10,00 horas, na sala do «Auditório» situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100.000,00 (Cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 18 de Fevereiro de 2016. O Director dos Serviços Lei Chin Ion


6 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 24.2.2016


7 hoje macau quarta-feira 24.2.2016

SOCIEDADE HOJE MACAU

LIU CHAK WAN QUEIXA-SE DE FALTA DE INDEMNIZAÇÃO

Por cada piso perdido O membro do Conselho Executivo e empresário diz que a modificação de 150 para 90 metros na construção de um prédio mesmo em frente ao Farol da Guia lhe custou mais de mil milhões de patacas e assegura que o Governo se comprometeu a pagar uma compensação

BNU DOA 750 MIL PATACAS À UM

DSSOPT

Liu Chak Wan foi questionado na segunda-feira sobre o plano de desenvolvimento do terreno: disse que adquiriu o terreno em 2004 e que o plano original era construir um edifício de 135 metros, como cita a publicação All About Macau. No entanto, o plano gerou polémica em 2007, quando um grupo de cidadãos se manifestou contra a altura do edifício que obstruiria a vista do Farol da Guia, tendo até enviado uma carta à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Desde então o plano foi suspenso. O Governo publicou o planeamento para os arredores da Colina da Guia e baixou a altura de prédios da mesma zona. O empresário teve que baixar a altura dos prédios, algo que, diz, o fez perder pelo menos 1,6 mil milhões de patacas. Liu Chak Wan assegura que o “Governo tinha prometido dar indemnização”, mas que até ao momento nada disse.

A PERDA

que este é um dos terrenos que foi arrendado em 1940 pelo prazo de 50 anos. As parcelas foram, depois, sendo transmitidas: em 1957, 1967 e 1974.

“Comprei o lote por um preço caro, investi mais de mil milhões e questionei muitas vezes o Governo, que não deu atenção. Nem todos conseguem aguentar tanto tempo, quantos dez anos ainda tenho que esperar?” LIU CHAK WAN EMPRESÁRIO E MEMBRO DO CONSELHO EXECUTIVO

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

TAXA DE INFLAÇÃO A 4,48%

A taxa de inflação atingiu os 4,48% nos 12 meses terminados em Janeiro e em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 4,48%, impulsionado por crescimentos sobretudo nos preços das secções de bebidas alcoólicas e tabaco (+20,55%) e de habitação e combustíveis (+7,39%). No primeiro mês do ano, o IPC geral cresceu 3,81%, em termos anuais, enquanto em relação a Dezembro cresceu 0,04%.

TERRENO DO LAM MAU PARA HABITAÇÃO PÚBLICA

O terreno de 1500 metros quadrados que o Governo tentou desocupar em Maio passado na Zona do Lam Mau está oficialmente revertido e vai servir para construção de habitação pública. Uma nota do Governo explica que no terreno foram feitas várias construções ilegais e, em Maio, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes decidiu pela reversão do lote. Contudo, a DSSOPT recebeu uma contestação escrita de um dos ocupantes do terreno que solicitou a troca de terreno, pedido que foi indeferido. “O terreno que foi [ontem] revertido, juntamente com o terreno localizado na mesma zona que foi anteriormente já revertido, serão aproveitados para a construção de habitações públicas e, segundo as previsões preliminares, serão construídos cerca de cem fogos habitacionais T2”, diz o Governo, que já reverteu ao longo dos últimos anos 58 terrenos ilegalmente ocupados. GCS

O

empresário da área da construção Liu Chak Wan diz que o Governo lhe deve uma indemnização de 1,6 mil milhões de patacas, valor que o responsável pelo projecto do lote 134 da ZAPE, ao lado do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, diz ter perdido com alterações à construção. Liu Chak Wan, membro do Conselho Executivo e um dos detentores da Transmac, planeava construir uma torre de habitação com 135 metros de altura, mas as exigências do Executivo obrigaram-no a baixar a altura do prédio para 90 metros para evitar que não se visse o Farol da Guia. O empresário vem agora admitir que é o dono do projecto e do terreno de 7802 metros quadrados, composto por cinco parcelas. Actualmente, o prazo de arrendamento dos lotes vai até 2020, excepto na última parcela, que tem de ser aproveitada até 2018. Recentemente, o Governo anunciou

Em 2006, o preço médio dos imóveis em Macau era de 15 mil patacas por um metros quadrado, sendo que, no ano passado, esse preço aumentou para cerca de 90 mil patacas. Liu Chak Wan defende que pagou o prémio de concessão do terreno e fez “tudo para corresponder às exigências do Governo”, mas que “depois de dez anos” o Governo ainda não decidiu qual a proposta de indemnização, nem a forma de cálculo. “Comprei o lote por um preço caro, investi mais de mil milhões e questionei muitas vezes o Governo, que não deu atenção. Nem todos conseguem aguentar tanto tempo, quantos dez anos ainda tenho que esperar?” O empresário acrescentou que o plano para a construção do edifício de 90 metros já foi autorizado pela DSSOPT, mas ainda não foi emitida licença, pelo que não há data de avanço do projecto. O HM tentou consultar a DSSOPT sobre a situação da indemnização, mas até ao fecho desta edição não conseguiu uma resposta.

O BNU doou 750 mil patacas à Universidade de Macau (UM). Esta verba resulta do volume das transacções do Cartão de Crédito da UM, das quais o BNU doa uma percentagem e que foi lançado em 2013 com o objectivo de proporcionar melhores serviços aos estudantes, colaboradores e antigos alunos, bem como a recolha de fundos para apoiar o desenvolvimento da Universidade. O Cartão de Crédito Visa da UM está isento do pagamento de anuidade e aquela instituição bancária vê-o como um exemplo de colaboração entre o sector financeiro e uma organização sem fins lucrativos, “em prol do bemestar da comunidade local”.

DESCONTOS EM HOTELARIA E ESPECTÁCULOS

Lionel Leong congratulou-se ontem pelo lançamento do evento “De Macau, com Amor”, organizado pelas seis operadoras da indústria do jogo em colaboração com o Governo. A ideia consiste no fornecimento, durante um período de tempo limitado, de diversos benefícios aos consumidores de Macau em alojamento, espectáculos, entretenimento, restauração e bebidas, entre outras actividades não directamente associadas ao jogo. Para o Secretário, “este evento pretende favorecer os residentes e impulsionar o desenvolvimento das operadoras” neste período de vacas magras. Para Lionel Leong , “a indústria de jogo de Macau encontra-se num período de ajustamento”.


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 24.2.2016

Ilha Verde CONVENTO JESUÍTA AINDA ALBERGA TRABALHADORES

História ao abandono Cinco anos depois, o histórico convento situado na Ilha Verde continua envolto numa disputa de propriedade que não avança em tribunal. Um dos alegados proprietários continua a arrendar quartos a trabalhadores não residentes

D

UAS empresas, um terreno, um convento que serve de casa a quem vem da China para trabalhar na construção civil. Em 2012, era assim o panorama de um terreno localizado na Ilha Verde onde está situado um histórico convento jesuíta. Cinco anos depois, nada mudou. O HM confirmou junto da secretária de Jack Fu, da Companhia de Desenvolvimento Wui San, que os arrendamentos continuam a ser feitos a estes trabalhadores, apesar da degradação do edifício e do lixo industrial que se encontra nas imediações. Jack Fu é um dos donos da Companhia de Desenvolvimento Wui San, que se afirma a proprietária do terreno, por oposição à Empresa de Fomento e Investimento Kong Cheong, de Fong Lap.

“As pessoas continuam a arrendar espaços no convento e a viver lá como antes, porque sem um julgamento no tribunal ninguém pode fazer nada no terreno”, disse Leong, secretária de Jack Fu, que deu ainda um prazo de dois anos para que haja algum resultado na barra dos tribunais.

EM VÃO

Desde há cinco anos que a Companhia de Desenvolvimento Wui San tenta expulsar os moradores que diz serem ilegais, mas até agora não conseguiu nenhuma mudança. Na altura o HM visitou o local, que se mostrava bastante degradado. Os moradores, que não quiseram dar a cara, confirmaram que arrendavam um beliche por cerca de cem patacas e que trabalhavam na zona do Cotai, vindos da China. Leong garantiu ainda que não houve quaisquer avanços sobre um

possível projecto de reabilitação ou desenvolvimento do terreno. O HM contactou o Instituto Cultural (IC), que disse apenas que “tem vindo a preocupar-se com a Casa Retiro, actualmente propriedade privada”, não tendo recebido até ao momento nenhum projecto. Com 180 anos de história, o convento está situado numa zona já incluída na lista dos sítios classificados no âmbito da protecção do património. Em 2011, o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro disse ao HM que o convento poderia ser a última prova da existência dos jesuítas na zona da Ilha Verde. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

A caminho do fim

Casino Lisboa recebeu “várias denúncias” de cobranças a prostitutas

U

M mês e meio depois de ter arrancado, o julgamento de Alan Ho e dos outros cinco arguidos envolvidos no caso de prostituição do Hotel Lisboa aproxima-se do fim. Ontem, de acordo com a Rádio Macau, foram ouvidas testemunhas que indicavam que, ao longo dos anos, os responsáveis pela gestão do Hotel Lisboa e do departamento hoteleiro da STDM receberam várias denúncias em relação a funcionários que estariam a cobrar comissões às prostitutas para estas poderem trabalhar na unidade. Segundo uma antiga secretária de Peter Lun, gerente geral da STDM e arguido no processo,

algumas mensagens davam conta que Kelly Wang estaria a cobrar entre 150 e 200 mil renminbis às mulheres para estas se prostituírem no Hotel Lisboa. Esta é uma das arguidas do processo, tida como a responsável pelo departamento das “Young Single Ladies”, como eram conhecidas as prostitutas. A rádio indica que Peter Lun encaminhou as denúncias para Alan Ho e ambos iniciaram diligências para obter mais informações sobre o caso. “Peter Lun e Alan Ho tentaram investigar com todo o esforço. Detestam pessoas que não são honestas”, afirmou a antiga Secretária de Peter Lun, com quem disse ter uma “exce-

lente relação profissional” e de “amizade”. Kelly Wang manteve-se sempre em funções até ser detida em Janeiro de 2015. A defesa de Alan Ho tem alegado, porém, que Kelly Wang foi afastada das suas funções em vésperas da operação policial. O presidente do colectivo de juízes do Tribunal Judicial de Base prevê que a sentença possa ser lida no início de Abril, sendo que, para o dia quatro de Março, está marcada a audição das últimas testemunhas e o início das alegações finais em que vão ser ouvidos os advogados dos seis arguidos e também a procuradora do Ministério Público.

Finalmente há luar

Sin Fong Garden Reconstrução deve arrancar no Verão

A

comissão de proprietários do edifício Sin Fong Garden já entregou o projecto para a demolição do prédio à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em Janeiro, através da Macau Empresa Social Limitada. A Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau prometeu já pagar 60% das despesas da obra, estando previsto o arranque da reconstrução do prédio no Verão. Chan Pou Sam, vice-presidente da Associação, referiu que a DSSOPT já aprovou o projecto de reconstrução, entregue em Novembro do ano passado, afirmando que este caso tem gerado muita preocupação junto da sociedade e prevendo a continuação de entraves.

“Podem existir empresas de construção que não tenham vontade de se candidatar ao concurso público”, adiantou Chan Pou Sam, referindo que não se exclui a possibilidade de ser feito um concurso por convite. Uma empresa de Singapura já terá sido convidada para fazer o trabalho de mediação, avaliação do concurso público e do orçamento da obra, para que haja uma igual divisão de despesas juntos dos proprietários. O edifício Sin Fong Garden está em risco de ruína desde 2012, o que obrigou à saída de 200 famílias e à sua distribuição por outras casas com a ajuda do Governo. Só no final do ano passado é que os proprietários chegaram a um consenso quanto à reconstrução do prédio. F.F.


9 hoje macau quarta-feira 24.2.2016

A

demolição das construções que estavam no terreno entre a Rua de São Domingos e a Travessa da Sé fez com que Macau perdesse um edifício de valor arquitectónico. A denúncia parte do arquitecto local Mário Duque, que disse ao HM que, no lote onde vai nascer um centro comercial, estava ocupado por um prédio importante. “A obra na Travessa da Sé ao lado da Mansão Lou Kao demoliu um edifício Art Deco, de interesse arquitectónico, independentemente de qualquer classificação administrativa de que as substâncias arquitectónicas

Este já era

Demolido edifício “de valor arquitectónico”

possam ser alvo”, começou por referir ao HM. Duque diz ainda ser “impossível” que o Instituto Cultural (IC) “não tivesse conhecimento das características da obra em curso, nem conhecesse o edifício ao lado daquele que é classificado e que administra”, para que pudesse “produzir recomendações,

para além das obrigações, no âmbito das consultas institucionais por que os projectos passam”. O arquitecto diz que o edifício tinha as características dos prédios de “rendimento elegantes na linguagem geométrica Art Deco”, que se construíram nas capitais europeias na primeira metade

GOOGLE STREET VIEW

A empresa de Mak Soi Kun terá demolido um edifício de interesse arquitectónico, avança um arquitecto local

do século XX. Segundo Mário Duque, tinha a organização geminada típica de fogos de grandes dimensões e com tectos muito altos. “Tinha a característica curiosa de, apesar da influência europeia e de ser um prédio alto, o interior de cada fogo estava organizado com a parte das cozinhas separada do resto da habitação onde, em cada a piso e a partir de cada fogo, se acedia por uma ponte ao ar livre”, uma separação que o arquitecto nota como sendo

semelhante às habitações térreas que ainda existem na vila da Taipa e de Coloane.

OPORTUNIDADE PERDIDA

Para Duque, a construtora e dona da obra – respectivamente a Sociedade de Engenharia Soi Kun, do deputado Mak Soi Kun, e a Kimberley Investments de Hong Kong – perderam uma boa oportunidade. “O aproveitamento em curso na Travessa da Sé conjuga vários lotes, no qual este seria a mais-valia de que os promotores não souberam tirar partido. A experiência revela que muitas destas intervenções que sacrificam substâncias arquitectónicas de interesse viram obsoletas num espaço de tempo curto e, na quase totalidade dos casos, não justificam o sacrifício.” O edifício era horizontal e as fracções do último andar foram recentemente objecto de uma venda judicial, como disse ao HM o arquitecto. O HM pediu informações ao IC, mas não foi possível obter resposta até ao fecho desta edição.

SOCIEDADE

“A obra na Travessa da Sé ao lado da Mansão Lou Kao demoliu um edifício Art Deco, de interesse arquitectónico, independentemente de qualquer classificação administrativa de que as substâncias arquitectónicas possam ser alvo” MÁRIO DUQUE ARQUITECTO

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

PUB

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS DO IMPOSTO PROFISSIONAL RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2015

1.

2. 3.

Em conformidade com o disposto no artigo 10.º, n.º 1 do Regulamento do Imposto Profissional, avisam-se todos os contribuintes do 1.º Grupo (assalariados e empregados por conta de outrem) e do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – sem contabilidade devidamente organizada – do referido imposto, que deverão entregar, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2016, na Repartição de Finanças de Macau, em duplicado, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5, de todos os rendimentos do trabalho por eles recebidos ou postos à sua disposição no ano antecedente, podendo os contribuintes inscritos como utilizadores do “Serviço Electrónico” destes Serviços declará-lo através da página electrónica da DSF (www.dsf.gov.mo.). Ficam dispensados da apresentação da referida declaração os contribuintes do 1.º Grupo cujas remunerações provenham de uma única entidade pagadora. Os contribuintes do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – com contabilidade devidamente organizada conforme n.º 1 do artigo 11.º do mesmo Regulamento – deverão entregar, a partir de 1 de Janeiro até 15 de Abril de 2016, na Repartição de Finanças de Macau, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5 e o Anexo A, em duplicado, juntamente com os seguintes documentos: a)

b)

4. 5.

6.

c)

Balanços de verificação ou balancetes progressivos do razão geral, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização e de apuramento dos resultados do exercício; Mapa modelo M/3 de depreciações e amortizações dos activos fixos tangíveis e intangíveis e mapa modelo M/3A da discriminação dos elementos alienados a título oneroso e dos abatidos a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos; Mapa modelo M/4 do movimento das provisões a que se refere a alínea e) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos.

Todas as entidades patronais deverão entregar nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2016, na Repartição de Finanças de Macau, uma relação nominal, em duplicado, conforme o modelo M3/M4, dos assalariados ou empregados a quem, no ano anterior, hajam pago ou atribuído qualquer remuneração ou rendimento. Conforme o Regulamento do Imposto Profissional, a falta da entrega da declaração de rendimentos e das relações nominais dos empregados ou assalariados, ou a inexactidão dos seus elementos, será punida com a multa de 500,00 a 5.000,00 patacas. Os impressos da declaração e das relações nominais são disponíveis no Núcleo do Imposto Profissional do Edifício “Finanças”, no Centro de Atendimento Taipa e no Centro de Serviços da RAEM. Aos 3 de Dezembro de 2015. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong

Anúncio Concurso Público «Serviço de venda de bilhetes para o 63.º Grande Prémio de Macau» Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o Despacho do Exmo. Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 11 de Fevereiro de 2016, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para o «Serviço de Venda de bilhetes para o 63.º Grande Prémio de Macau». O prazo para a prestação dos serviços é conforme o estipulado no ponto 2 do Anexo V – Normas Técnicas do Índice geral do Processo do Concurso. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau, no horário de expediente, das 9.00 às 13.00 e das 14.30 às 17.30 horas, para consulta do processo do concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento de $ 500,00 (quinhentas) patacas. Podem ainda ser feita a transferência gratuita de ficheiros pela internet na área de download da página electrónica: www.sport.gov.mo. Os interessados devem comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para a apresentação das propostas para tomarem conhecimento sobre eventuais esclarecimentos adicionais. A sessão de esclarecimento deste concurso público terá lugar no dia 29 de Fevereiro de 2016, segunda-feira, pelas 9.30 horas, na sala de reuniões do Edifício do Grande Prémio sito na Avenida da Amizade n.o 207, em Macau. Em caso de encerramento deste Instituto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a sessão de esclarecimento acima mencionada será adiada para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. O prazo para a apresentação das propostas termina às 12.00 horas do dia 16 de Março de 2016, quarta-feira, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Em caso de encerramento deste Instituto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora limite para a entrega de propostas acima mencionadas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $ 30 000,00 (trinta mil) patacas. Caso o concorrente opte pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na RAEM e à ordem do Fundo do Desporto ou deve ser efectuado um depósito em numerário ou em cheque (emitida a favor do Fundo do Desporto) na mesma quantia, a entregar na Divisão Financeira e Patrimonial sita na sede do Instituto do Desporto. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 17 de Março de 2016, quinta-feira, pelas 9.30 horas, no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau. Em caso de encerramento deste Instituto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, ou em caso de adiamento do prazo para a apresentação das propostas por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a hora e o dia para o acto público de abertura das propostas acima mencionados serão adiados para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data da sua abertura. Instituto do Desporto, 24 de Fevereiro de 2016. O Presidente, Pun Weng Kun.


10 EVENTOS A Universidade de Macau (UM) apresenta hoje uma palestra orientada pelo professor Otto C.C. Lin, sob o tema “Poder Suave e Competitividade nos negócios: de Lao Tzu à Inovação”. O Lin foi o antigo presidente do Instituto de Pesquisa e Tecnologia de Taiwan e exvice-presidente para Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong. Os conceitos de “Poder Suave” e “Poder Duro” vão ser analisados pelo professor à luz do pensamento do célebre filósofo taoista Lao Tzu, reflectindo em como isso pode criar valor para o desenho de novos produtos tecnológicos e também na área da inovação empresarial num ambiente competitivo. A palestra decorrerá em Inglês pelas 13h00, no edifício Anthony Lau da UM. A entrada é livre mas carece de registo através do site da UM.

UM OS “MASS MÉDIA” DE MACAU EM SIMPÓSIO

Sob o tema “Pensar para além do túnel”, Agnes Lam (da UM), Tam Chi Keung (MUST), Che Siaoyang (editor da InmediaHK), José Carlos Matias (TDM) e Yip Ching Man (MUST e repórter sénior de HK) vão debater hoje na Universidade Macau (UM) o papel dos média na sociedade local. Conforme o abstracto da conferência, “no ambiente de rápidas mudanças sociais, os média desempenham um papel não apenas informativo mas também ajudam a promover a justiça e a equidade”. Como é que os média actuam neste contexto em Macau, independentemente do seu formato ou idioma, é o que os especialistas irão debater. O simpósio acontece hoje entre as 16h00 e as 18h00 na UM. A entrada é livre.

SPORTING DE MACAU ABERTO AO PÚBLICO

No próximo sábado, dia 27 de Fevereiro, o Sporting Clube de Macau vai organizar um dia aberto para avaliar o interesse de jovens e encarregados de educação em participarem numa clínica de aperfeiçoamento de futebol. Na sessão estarão presentes cinco jogadores profissionais do Sporting, como monitores de cada especialidade - desde guarda redes a ponta-de-lança - e a coordenação da actividade estará a cargo do treinador João Pegado, que foi treinador especializado na Academia do Sporting de Alcochete durante seis anos. O evento, de acesso gratuito, decorrerá no campo sintético de hóquei anexo ao Estádio da Taipa, das 12h00 às 13h00 horas. As inscrições podem ser feitas pelo email sportingmacau@gmail.com.

As obras da pintora portuguesa Natália Gromicho estão patentes no Museu do Oriente, em Lisboa, até Setembro, numa exposição intitulada “Do Ocidente para o Oriente”. Natália expõe também em Macau em Junho

Pintura NATÁLIA GROMICHO EXPÕE NA CASA GARDEN EM J

Traços do mu FOTOS TIAGO COSTA

“COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃO” EM DEBATE NA UM

Salvar animais com vinho, arte e música MASDAW Evento de angariação de fundos no próximo sábado

O

site Ladybird of Leisure organiza, no próximo sábado, uma prova de vinhos para angariação de fundos para a Associação de Cães de Rua e Protecção dos Animais de Macau (MASDAW), fundada em 2014, e que, como informa a organização do evento, “desenvolve um importante papel em Macau, incluindo salvar e esterilizar animais.” A actividade conta ainda com entretenimento ao vivo, com a banda luso-americana de Macau Concrete/Lotus. Anexo ao evento decorrerá ainda um leilão de obras de vários artistas locais que vão das jóias à fotografia, passando por objectos de cerâmica. Todos são da autoria de criadores locais, tão diversos como Gonçalo Lobo Pinheiro, Sofia Bobone ou Antonius Photoscript, entre vários outros. A prova de vinhos e o concerto decorrerá no Centro de Design de Ma-

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA NO PALCO DA MEMÓRIA • Carmen Dolores

“Nunca pensei escrever um segundo livro de memórias, embora o primeiro tivesse como título Retrato inacabado. No entanto, o tempo foi passando e comecei a anotar numa espécie de diário o que me ia acontecendo, o que ia observando, o que me despertava mais interesse… e assim surgiu este No palco da memória, para que fique um registo daquela que ainda sou, uma referência aos trabalhos em que fui participando, e até um recordar do que se escreveu a meu respeito.” Eis uma voz única, a de Carmen Dolores, que nos entrega aqui, desta vez por escrito, um testemunho precioso de uma longa vida em que o Teatro desempenhou um papel decisivo. Cruzamento de passado e presente, de memórias e vida, de vozes e de silêncios, esta é também a história de uma mulher e do seu tempo, história que ela tornou exemplar pelo empenho e sensibilidade com que sempre a viveu.

cau, a partir das 18h00 e até às 22h00. Os bilhetes custam 200 patacas e as rifas – que podem dar prémios como almoço e estadia em hotéis de Macau - custam 25 patacas, sendo que ambos estão à venda no Roadhouse Macau, no Blissful Carrot e no próprio Centro de Design.

A MASDAW, indica a organização, tem por “objectivo principal tornar Macau numa cidade amiga dos animais onde estes possam encontrar uma família que os acolha”. O trabalho desenvolvido pela MASDAW só em contas de veterinário, anuncia aAssociação, “tem um custo anual de cerca de meio milhão de patacas”. M.N.

DIA DE ADOPÇÃO DA ANIMA NO DOMINGO

A

Anima está a promover uma sessão de adopção de animais no próximo domingo dia 28. Vai acontecer no prédio Flower City na Taipa entre as 14h30 e as 17h30. Segundo a Anima, apenas um em cada três animais recolhidos é adoptado e a ideia é mudar a média. Com a sua ajuda. Vá lá... um animal muda uma casa para melhor.

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

SOB O SIGNO DA ESPADA • Tom Holland

No século VI d.C., o Médio Oriente era partilhado por dois grandes impérios: a Pérsia e Roma. Cem anos mais tarde, um deles tinha desaparecido definitivamente e o outro estava reduzido a um mero cepo quase sem vida. No lugar de ambos, tinha surgido uma nova superpotência: o império dos árabes. E esta convulsão foi tão profunda, que veio a pôr fim ao mundo antigo. Mas as alterações que assinalaram este período não foram meramente políticas nem sequer culturais; também se verificou uma transformação social de incalculáveis consequências para o futuro. Hoje em dia, mais de metade da população mundial pratica uma das várias religiões que ganharam forma durante os últimos séculos da Antiguidade. Ora, os nossos contemporâneos cujas ideias e cujos comportamentos se fundam na crença num Deus único são um testemunho vivo do impacto ainda hoje exercido por esta época extraordinária e prenhe de convulsões. E contudo, como Tom Holland mostra nesta obra, aquilo em que judeus, cristãos e muçulmanos acreditam foi tema de acesos debates. Holland analisa a forma como uma sucessão de grandes impérios veio a identificar-se com uma nova e revolucionária concepção do divino. O que o leitor tem nas mãos é uma história de guerras e peste, de imperadores que viveram em sumptuosos palácios e santos ulcerosos que passaram os seus dias em cima de um pilar, de cidades fervilhantes e desertos ermos. “Sob o Signo da Espada” é uma narrativa dramática, pejadas de horrores e de feitos heróicos.


11 hoje macau quarta-feira 24.2.2016

S undo

JUNHO

PUB

ÃO pinturas e traços que já correram mundo e que neste momento estão em exposição em Lisboa. “Do Ocidente para o Oriente” é o nome da exposição da pintora portuguesa Natália Gromicho e que contém 50 trabalhos da artista, que poderão ser vistos pelo público até ao dia 11 de Setembro. Depois de ter passado por sítios como Nova Deli, Xangai ou Singapura, Natália Gromicho deverá apresentar o seu trabalho na Casa Garden, da Fundação Oriente (FO), em Junho, segundo disse ao HM Ana Paula Cleto, delegada da FO, sem adiantar uma data precisa. Do conjunto de quadros que poderão ser vistos em Lisboa destaca-se a obra “Poetry”, que foi avaliada em nove mil dólares de Singapura no leilão Lucanna Fine Art and Exquisite Luxúria Auction, sem esquecer “Steel”, que também deu nas vistas neste leilão.

A Oriente, o trabalho de Natália Gromicho destacou-se ainda com as peças “Mar da China”, “The Face” ou “Avenida Tóquio”, sendo estes exemplos da influência da cultura oriental no trabalho da pintora. Natália Gromicho está a preparar

A Oriente, o trabalho de Natália Gromicho destacou-se ainda com as peças “Mar da China”, “The Face” ou “Avenida Tóquio”, sendo estes exemplos da influência da cultura oriental no trabalho da pintora

uma série de pinturas intitulada “Gueixas”, na qual a pintora “presta a sua homenagem às mulheres japonesas”. Natália Gromicho, que comemorou 20 anos de carreira no ano passado, estudou pintura na Faculdade de Belas Artes e na Escola ArCo, em Lisboa. Considerada uma das artistas contemporâneas portuguesas com mais destaque a nível mundial, já representou Portugal em várias exposições pelo mundo, em países como Itália, Brasil ou Austrália. A sua passagem pelo mundo oriental já se fez em cidades como Nova Deli, na Índia, onde mostrou “Humanidade”, uma cooperação entre o Instituto Cervantes e o Instituto Camões. Em Díli, Timor-Leste, Natália Gromicho mostrou “Direitos Humanos”, com o apoio do Instituto Camões de Timor-Leste, a FO e a Embaixada de Portugal em Díli. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

EVENTOS

UM CONVERSAS MEDITATIVAS AO ALMOÇO

H

OJE e amanhã, pela hora de almoço, a Universidade de Macau (UM) apresenta Kim Hughes Wilhelm, professora da instituição que vai falar sobre meditação. Com os seus livros “The Journey Within” e “Journeys Beyond” como pano de fundo, onde a autora documenta as descobertas e experiências de vários praticantes, o evento utilizará o formato de “casa aberta” onde os participantes são convidados a partilhar as suas perspectivas sobre os livros e a explorarem as suas

próprias noções e práticas de meditação. A seguir à conversa há uma sessão especial de meditação para os interessados. Kim é docente da Faculdade de Artes Humanidades do Departamento de Inglês da UM e começou a meditar há cinco anos, tendo rapidamente descoberto “uma fonte vital para o equilíbrio da mente, do corpo e do espírito”. Descobriu também que poucos sabiam como começar ou integrar a prática na sua vida diária pelo que resolveu investigar o fenómeno, resultando na produção destes dois livros. A sessão será acompanhada por uma sessão de música electrónica por Kelsey Wilhelm, da banda local Concrete/Lotus. O evento está agendado para duas sessões sendo a primeira já hoje e a segunda amanhã entre as 13h00 e as 16:30h na sala 2025 da UM.


12 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 24.2.2016

AVISO Renovação da licença da agência de viagens e atenção para a garantia bancária e o seguro da responsabilidade civil profissional Faz-se público que a renovação da licença da agência de viagens deve ser requerida até 30 dias antes do termo do seu prazo de validade e que a renovação da licença, quando requerida fora do prazo, está sujeita a uma taxa adicional, nos termos do estipulado no Decreto-Lei n.º 48/98/M, de 3 de Novembro, com a nova redacção dada pelo Regulamento Administrativo n.º 42/2004. As informações das formalidades e das taxas estão disponíveis na página electrónica da Indústria Turística de Macau desta Direcção de Serviços: http://industry.macaotourism.gov.mo/license/. 2. Nos termos do mesmo diploma, as agências devem ainda apresentar anualmente na Direcção dos Serviços de Turismo os documentos comprovativos de estarem em vigor a caução e o seguro; e o não cumprimento determina o encerramento temporário imediato da agência. 3. Chama-se a atenção dos titulares da licença da agência de viagens de que a licença bem como a caução e o seguro devem estar válida e em vigor e que a renovação da licença bem como a actualização da caução e do seguro devem ser realizadas no prazo legalmente estipulado. A par disso, devem dar cumprimento à disposição respeitante à obrigatoriedade da presença do director técnico na agência durante o seu funcionamento. Para esclarecimento, poderá ser contactada a Divisão de Licenciamento por via telefónica: 2831-5566, por fax: 2833-0518 ou por correio electrónico: dl@macaotourism.gov.mo. 1.

A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes

AVISO Renovação da licença de estabelecimentos de sauna e/ou massagem e de estabelecimentos do tipo de “health club” ou de “karaoke” Chama-se a atenção dos titulares das licenças dos estabelecimentos referenciados em epígrafe de que a renovação da licença deve ser requerida nesta Direcção dos Serviços antes do termo do seu prazo de validade e que a licença caduca quando não houver renovação antes do termo da validade. Após a caducidade da licença, caso o interessado queira continuar o exercício da actividade, deve requerer o novo licenciamento. As informações das formalidades e das taxas estão disponíveis na página electrónica da Indústria Turística de Macao desta Direcção de Serviços: http://industry.macaotourism.gov.mo/license/. Para esclarecimento, poderá ser contactada a Divisão de Licenciamento por via telefónica: 2831-5566, por fax: 2833-0518 ou por correio electrónico: dl@macaotourism.gov.mo. A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes


13 CHINA

hoje macau quarta-feira 24.2.2016

UE PEQUIM RESPONDE A ACUSAÇÃO DE EXCESSO DE PRODUÇÃO

Braço de ferro

A

O

Governo chinês defendeu ontem que a solução para as disputas comerciais que mantém com a União Europeia (UE) em torno da indústria do aço deve passar pelo diálogo entre os executivos e as empresas. “Temos que nos sentar e falar sobre isso”, disse o ministro do Comércio da China, Gao Hucheng, durante uma conferência de imprensa em Pequim, defendendo também o direito do seu país de responder às acusações por parte das empresas europeias. Representantes do sector siderúrgico na Europa saíram na semana passada às ruas em Bruxelas para protestar contra a prática de ‘dumping’ pela China (produção subsidiada que mantém o preço abaixo do custo de fabrico). A Comissão Europeia colocou já em marcha investigações sobre três produtos siderúrgicos importados do país asiático, para determinar se foram introduzidos no mercado comunitário recorrendo a concorrência desleal. “É preciso deixar claro que isto é, antes de nada, o funcionamento do mercado, e não dos governos da UE ou da China. A China salvaguardará o direito de responder, de acordo com as normas da OMC (Organização Mundial do Comércio) “, vincou Gao. O ministro lembrou que as normas da OMC obrigam os governos a aceitar as acusações sobre ‘dumping’ e a estudar as mesmas.”É um problema global que requer colaboração”, disse ainda sobre o excesso de produção de aço.

“É preciso deixar claro que isto é, antes de nada, o funcionamento do mercado, e não dos governos da UE ou da China. A China salvaguardará o direito de responder, de acordo com as normas da OMC” GAO HUCHENG MINISTRO DO COMÉRCIO DA CHINA A indústria siderúrgica do país asiático produz mais do que os outros quatro gigantes do scetor - Japão, Índia, Estados Unidos e Rússia combinados, segundo a Associação Mundial do Aço.

PRODUÇÃO REDUZIDA

Pequim anunciou, no início do mês, planos para reduzir o excesso de pro-

dução na indústria do aço chinesa, ao longo dos próximos cinco anos, com um corte anual de entre 100 a 150 milhões de toneladas - 12,5% do total produzido pelo país. Gao afirmou que a segunda maior economia mundial mantém uma “boa colaboração” neste campo com os Estados Unidos, UE e outros países, e que desde há mais de uma década participa dos diálogos sobre a indústria siderúrgica promovidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)

DETIDOS 50 ESTRANGEIROS POR CONSUMO DE DROGA

“Com os nossos sócios comerciais mais importantes temos gerido os desacordos comerciais através do diálogo entre as indústrias”, afirmou o ministro do Comércio. Gao apontou como exemplo as negociações sobre as exportações de painéis solares da China para a UE, que se saldaram num acordo entre as empresas dos dois lados. “Como o maior comerciante de bens do mundo, é bastante compreensível que tenhamos tantos casos e apenas temos que lidar com isso de forma justa”, concluiu. Lusa

polícia da cidade de Shenzhen, centro tecnológico e industrial do sul da China, deteve 50 estrangeiros por suspeita de consumo de droga, um crime punido com deportação, avançou ontem a imprensa estatal. O grupo faz parte de um total de 491 pessoas sujeitas a análises à urina, após terem sido levados pela polícia no domingo passado quando se reuniam num aqueduto no norte de Shenzhen. Os testes revelaram que 118 terão consumido drogas, a maioria haxixe, informaram as autoridades em comunicado. A operação terá ainda resultado na detenção de dois suspeitos de tráfico de droga, um dos crimes punidos com

a pena de morte na China, através das informações recolhidas pela polícia junto dos alegados consumidores. País mais populoso do mundo, com cerca de 1.350 milhões de habitantes, a China confina com o “triângulo dourado” (Laos-Birmânia-Tailândia), onde se estima que exista uma área total de cultivo de papoula de 46.700 hectares. Em 2015, a polícia chinesa apreendeu cerca de 8,8 toneladas de heroína e 12 toneladas de anfetaminas, entre as quais 90% teve origem naquela região. A China faz também fronteira com a Ásia Central, uma fonte crescente das drogas aprendidas no país, segundo a Comissão Nacional de Controle de Narcóticos da China. Considerada um “demónio social”, ao nível da prostituição, a droga está associada ao chamado de “século de humilhação nacional”, iniciado com a derrota da China na “Guerra do Ópio” (1839-42).

PUB HM • 1ª VEZ • 24-2-16

Conversas sensíveis Chanceler chinês visita os EUA esta semana

O

chanceler chinês Wang Yi e o secretário de Estado dos EUA John Kerry irão reunir-se nesta semana nos Estados Unidos e, segundo o Diário do Povo, o responsável chinês já avisou que a visita promoverá esforços no sentido de “aprofundar a cooperação pragmática e lidar construtivamente com as questões sensíveis.” Pequim revelou alguns detalhes sobre a agenda da visita que vai provavelmente propiciar o terceiro encontro dentro de um mês entre Wang Yi e o seu homólogo, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry mas,

antes da visita, Pequim fez notar a implantação de sistemas de defesa dos EUA no Havai, em resposta às últimas críticas dos EUA de que a presença da China nas suas ilhas no Mar do Sul da China está aumentar a “militarização” da região. “A implementação por parte da China de infra-estruturas defensivas necessárias e confinadas ao seu próprio território não é substancialmente diferente da defesa dos EUA no Havai,” afirmou ontem a porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying. Respondendo às sanções iminentes das Nações Unidas contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) pelos lançamentos de foguetes, Hua afirmou que “a China e os Estados Unidos deverão discutir a questão nuclear da Península Coreana durante a visita de Wang.” Inquirida sobre qual a mensagem que Pequim vai enviar para Washington relativamente à questão do Mar do Sul da China, Hua disse que os Estados Unidos deverão manter-se “totalmente comprometidos com a sua promessa de não tomar posições nas disputas relevantes.”

ANÚNCIO Interdição

n.º

CV3-16-0005-CPE

3º Juízo Cível

REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO.------------------REQUERIDO: PANG WAI CHAN, residente em Macau, na Rua de Má Káu Séak, n.º 23, Edifício Tong Wa San Chun, Bloco 2, 2.º andar F.-------------------------------------------------* -----Faz Saber que, no Juízo Cível e Tribunal acima referido, foi distribuída uma acção contra PANG WAI CHAN, maior, solteira, residente em Macau, na Rua de Má Káu Séak, n.º 23, Edifício Tong Wa San Chun, Bloco 2, 2.º andar F, supra identificada, para o efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.--------------------------------------------------------R.A.E.M., 15 de Fevereiro de 2016.--------------------------*


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

“Não esqueças os ritos”.

Perguntas a Confúcio – 7

Q

UANDO o senhor Meng Wu o interrogou a respeito da piedade filial, Confúcio respondeu: “A única preocupação que um bom filho jamais dá a seus pais é a da sua saúde”. Meng Wu dava toda a espécie de preocupações a seus pais, eis por que Confúcio lhe respondeu daquela maneira. Se Meng Wu causava preocupações a seus pais, Meng Yi esquecia os ritos. Para estigmatizar esse erro, Confúcio devia ter-lhe respondido, de forma análoga: “Um bom filho só esquece os ritos em caso de força maior”. A interlocutores pouco capazes, o duque de Zhou dava instrucções detalhadas, mas evitava explicar os pontos fundamentais aos mais perspicazes. Confúcio contrariava este princípio, dando explicações detalhadas a Fan Chi [o seu cocheiro], que era um homem dotado, mas mantendo-se vago com Meng Yi, que era menos capaz. A sua forma de abordar os erros de Meng Yi ia contra o bom senso: porque não o criticavam então os seus discípulos?

Se tivesse sido por causa do poder e elevado estatuto de Meng Yi que Confúcio não ousou mostrar-se mais explícito, deveria, por isso, ter simplesmente respondido a Meng Wu “Não esqueças”. Sendo ambos filhos do clã Meng, e portanto iguais em termos de poder e estatuto, é difícil ver porque razão Confúcio se exprimiu de forma precisa num dos casos e de forma vaga no outro. Que risco teria corrido dando uma resposta completa a Meng Yi: “Não esqueças os ritos”? Entre os clãs dirigentes de Lu, nenhum era mais poderoso do que o clã dos Ji, e, no entanto, Confúcio ousou censurá-los por usarem oito fileiras de dançarinos durante as cerimonias no templo ancestral, ou quando quiseram ir em peregrinação ao Monte Tai para oferecer um sacrifício. Neste caso, por que não temeu que a sua falta de reserva lhe pudesse causar problemas: porque motivo, então, temeu denunciar de forma explícita os erros de Meng Yi? Em mais de uma ocasião, Confúcio foi interrogado a respeito da piedade filial: de todas as vezes, tinha consigo o seu cocheiro: ter-se-á sentido tão satisfeito com a sua resposta a Meng Yi que informou Fan Chi desse facto [quando não o fez nos outros]? Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 24.2.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

O Macaco, A Sereia & companhia 美猴与人鱼 ILLU 1

O jornal que li hoje de manhã, trazia em destaque a seguinte notícia: No quinto dia do novo Ano Lunar Chinês, Ano do Macaco, (12 Fevereiro de 2016), 500.000 pessoas reuniram-se no Templo Guiyuan, na baixa da cidade chinesa Wuhan, para oferecer incenso ao Deus da Prosperidade 财神爷. A fim de garantir a sua segurança, alguns milhares de polícias estiveram de serviço ao local. Sendo chinesa, acredito que é fantástico estar dentro de uma nuvem de incenso, talvez porque o incenso representa o eterno sagrado. Em silêncio, a queimar pauzinhos aromáticos, sentimos a angústia desvanecer-se e os deuses descem dos céus para nos vir beijar. O fumo do incenso transmite boa energia aos seres humanos, seja qual for a sua raça e, desce sobre nós... em paz. Os chineses têm um ditado que diz: A vida é uma canção, o incenso é a música.

ILLU 2

de ambições políticas, ou de qualquer ambição em geral, admoestando-as e exortando a obediência ao homem, ou seja, ao Imperador, ao pai, ao marido e ao(s) filho(s). Por ordem hierárquica. Deve haver qualquer coisa muito errada neste mundo para que, nos dias que correm, Confúcio ainda seja considerado um sábio! Mas voltemos a Hong Kong, onde o Ano Novo é celebrado com a intensidade sulista e a ostentação e excessos actuais. Eu, pela parte que me toca, continuo a preferir os costumes tradicionais. E não só para o Novo Ano Lunar Chinês, cujo zénite se situa no início de Março. Só para dar um exemplo, alguns naturais de Hong Kong pagam a certas mulheres para irem a Canal Road amaldiçoar quem espalhe rumores sobre as suas pessoas. Funciona da seguinte maneira, estas “profissionais” atam um pedaço de papel, previamente untado de gordura, a um sapato por estrear do cliente, onde está escrito o nome do caluniador. Aqui está um exemplo acabado de umas vilãs dos diabos! <https://www.youtube.com/watch?v= RUX6I6ILf54&feature=share> Enquanto isto, em Victoria Harbour, Wilson Mao Wai-shing, o tipo mais fixe de Hong Kong, organizou o lançamento de quatro toneladas e meia de fogo de artificio, no valor de vários milhões de dólares, um espectáculo que durou 23 minutos.

ILLU 3

Mais de 10.000 pessoas subiram à Montanha Emei, em Sichuan, para pedir a bênção dos deuses

Para os chineses existe outro mito sagrado, o Ano Novo Lunar, que este ano se iniciou a 8 de Fevereiro. Agora quero convidar-vos a vir comigo dar uma volta ao Mundo para vermos juntos alguns eventos inesquecíveis, relacionados com o Ano Novo Chinês. Embora para mim seja uma viagem retrospectiva, mantenho o uso do Presente para prolongar um pouco as sensações. O Museu Britânico, expõe os Manuscritos das Admoestações de Gu Kaizhi, 女史箴图, durante os festejos do Ano Novo Chinês. <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/c/c9/Gu_Kaizhi_001.jpg . As pinturas, criadas entre o séc. V e o VIII, ilustram um texto ancestral, construído em cenas que falam sobre comportamentos exemplares de célebres damas palacianas, bem como outras cenas mais comuns do dia a dia das nobres senhoras. A prosa, ao estilo de Confúcio, <https://zh.wikipedia.org/wiki/%E 5%A5%B3%E5%8F%B2%E7%AE%B4%E5 %9B%BE> é da autoria do poeta Zhang Hua. O texto dirige-se às mulheres possuidoras

Wilson Mao: “Nasci nos anos 60 e o meu entretenimento preferido era ver o meu pai lançar fogo de artificio. Era vendedor e fazia demonstrações para os clientes. Eu tinha este luxo, podia brincar com fogo de artificio.” Este ano, na China Continental, as pessoas tiveram o Hong Bao 红包 mais vermelho de sempre. Ao que parece, o Partido Comunista Chinês descobriu uma maneira de “encurralar” os cibernautas mais credenciados. Para terem hipóteses de receber os seus envelopes vermelhos com dinheiro, os utilizadores tinham de usar uma frase passe numa conta. A conta pertencia a uma poderosa organização ligada ao Partido, a agência on WeChat, dirigida pela oficial Xinhua, da Tencent, que fornece um serviço de mensagens instantâneas muito usado. Por exemplo, uma das frases passe usada era “Colherás o fruto do teu trabalho,” seguida de “Desde que perseveremos, os sonhos tornam-se realidade,” As duas

Ilha de Hong Kong Island e Victoria Harbour, Escola Chinesa, séc. XIX .1858-1875 pintura a óleo

frases faziam parte do discurso de Ano Novo (entrada em 2016) do Presidente Xi, e foram repetidamente transmitidas pelas Emissoras Nacionais ao longo do dia 31 de Dezembro. Como os negócios online dispararam na China, os gigantes do sector, Tencent e Alibaba, passaram a permitir a utilização de dinheiro electrónico. O Partido Comunista viu aqui uma oportunidade e associou-se às duas empresas. Em apenas três dias, um total de 300.000 yuans (50.000 USD) circulou no Alipay, o serviço de pagamento online da Alibaba, fundada por Jack Ma, um dos homens mais ricos da China, que comprou o South China Morning Post em Dezembro. <http://www.theguardian.com/world/2015/ dec/14/chinese-internet-giant-alibaba-buys-south-china-morning-post-for-266m>. O IKEA de Taiwan criou um sistema muito engenhoso para impedir que as pessoas fiquem agarradas ao telemóvel durante as refeições. Uma mesa da qual se eleva uma chapa central, que aquece a comida a partir da energia dos telemóveis. Para que resulte é preciso pôr os telemóveis por baixo da chapa. <https://www. youtube.com/watch?v=3qw7Gigsctk> Neste período festivo, Huallywood bateu os recordes de bilheteira e deixou Hollywood para trás. No primeiro dia do Ano do Macaco, as bilheteiras chinesas registaram uma entrada de 660 milhões de yuans (100,5 milhões de USD) – batendo o recorde de 425 milhões, obtido em 18 de Julho de 2015. As produções nacionais foram as mais vistas. A liderar as bilheteiras esteve A Sereia (de Stephen Chow周星馳que, na estreia, atingiu os 270 milhões de yuans, estabelecendo num só dia um novo recorde doméstico. Esta versão, criada em Hong Kong, apresenta uns pseudo cantonenses, que não poderão enganar os espectadores locais, mas é óbvio que Chow está a querer dirigir-se a mercados maiores. A Sereia conta a história de um grupo de sereias que lutam contra um empreiteiro. É uma mistura de romance, comédia e animação digital, com uma mensagem sobre a nossa relação com a Natureza. Um drama sólido, emotivo, que inclui imagens documentais sobre a poluição da água, a extinção de vida marítima e a destruição dos recursos naturais. Dizia-se que as comédias de Chow estavam mortas e que só os actores de Hong Kong as poderiam salvar, devido à sua mistura cultural, por um lado uma certa superioridade britânica e, por outro, os valores de humildade e condescendência chineses. O filme de Chow, Kung Fu Hustle, estreado em 2004, foi um sucesso monstro. O Rei Macaco 2, protagonizado pelo actor de Hong Kong, Aaron Kwok Fu-shing, e pela actriz continental, Gong Li é a última produção dos Wuxi Studios – conhe-

cidos por Huallywood, devido à aspiração de virem a rivalizar com a Meca do cinema mundial. Os promotores garantem que, ao nível nacional, o filme tem os melho-

Liu Lin em “A Sereia”

res efeitos especiais de sempre e, como se sabe, os chineses adoram efeitos especiais. Já que sou o vosso guia, assumo o papel “farol” do bom gosto. Por isso recomendo vivamente o meu preferido desta série, Rei Macaco: Caos nos Céus, de 1964. Inclui uma citação que pode ser considerada a mais profunda da novela do séc. XVI, Viagem ao Ocidente, de onde o Rei Macaco havido regressado: 皇帝轮流做,明天到我家。 Qualquer um pode ser Imperador, amanhã é a minha vez de me sentar no Trono do Dragão. De repente lembrei-me de uma letra da Olivia Newton-John: No lugar onde ninguém se aventurou, Está o amor que procuramos chamam-lhe Xanadu … A animação em Inglês pode ser vista aqui: https://www. youtube.com/watch?v=Hu0XosgxCyU&feature=youtu.be


16

h

hoje macau quarta-feira 24.2.2016

a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 2. ELE

L

evantei o copo e deixei o whisky deslizar pela goela. Parei por um momento a olhar para os peixes dourados no aquário ao fundo do bar. Quero pensar que nada se perdeu. Que nada se perde nunca. Mas sinto o contrário. Parece-me que perdi tudo. Perdemos tudo. Eu estou só. Esgotámos as palavras. O silêncio. Aquele silêncio aterrador. Aquele tempo amputado. Eu tinha prometido que não iria sangrar mais. Nunca mais. Fugir. Só sei fugir. Eu estou só e tu só estás e não há mais nada. Vou beber até um pouco mais tarde deitar-me para dormir. E dormir sem que perceba. Quando eu acordar tudo será melhor. Espero, um dia, poder morrer desta forma. Com uma leve memória do teu corpo apertado ao meu. Com o teu perfume a envolver-me. Beber no final de uma tarde de verão, esticar-me na cama de um hotel qualquer, num sítio onde ninguém me conheça, cair no sono, e nunca mais acordar. Este movimento de levantar o copo tem um ritmo próprio. O álcool esfaqueia as palavras. Solta víboras na língua. Eu quero dizer-te a verdade. A ti que me deste força. A ti que me mostraste a simplicidade. A ti que nada me pedias. Nada mais. Apenas felicidade. Apenas felicidade. A ti que com a dança dos teus olhos me inebriavas. A ti que transformaste as paisagens. Transformaste as noites. Transformaste os dias. Transformaste o mundo. Queria ter te dito que nunca te deixei de amar. Que nunca deixarei de te amar. Mas não consegui. Quero agora dizer-te que não tenho medo de morrer. Quero dizer-te que me assusto comigo. Que te deixei porque me assusto comigo. Um qualquer momento que se guarda numa gaveta da memória. Antes gostava de espreitar o amor nos teus olhos escuros. Mas quando eu fugi tu

foste água. Ninguém sabe o que nós fomos. Um golpe de perfeição? Como pude eu ignorar as feridas? Eu prometi que não te magoava. Disse-te naquela tarde perfeita que te iria amar para sempre. E era mesmo para sempre. Mas algo mudou. A espaços deixei de nos ver. Deixei de me ver tão perto de ti. A espaços procurei a minha voz e deixei de a sentir. E o que foi que mudou? O que deixou de existir entre nós? E o que significa “para sempre”? Eu estou só e tu só estás e não há nada que se possa fazer contra isso. A empregada no bar solta um sorriso fugaz que parece reanimar-me. Olho para os seus lábios de cor vermelha. E é isto que me assusta em mim. Esta falsa ilusão de limpar uma ferida aberta com outros lábios. Imagino-a nua. As hipóteses de tentar limpar esta ferida aumentam a cada momento que ela devolve mais um sorriso. E nós? Eu estou só e tu só estás. As nossas hipóteses de resultar foram sempre poucas. Mas sabes que a perda resultante do meu desaparecimento será nenhuma. Não existe nenhuma razão concreta, para além de me assustar comigo, para te ter deixado sem voltarmos a falar. Não tenho qualquer intenção em responder aos teus telefonemas. A única coisa importante para mim é que te quero com todo o meu coração. Lembro-me dos teus olhos sempre em admiração permanente. Agora sei que não foi uma questão de escolha. Foi aquilo que tinha que acontecer. O silêncio que encheu o nosso palácio murchou todas as flores. Perderam-

gem. Mas a viagem trouxe-me aqui e aqui a existência é uma espiral.

-se todas as palavras. Perdemo-nos. Perdi-me. Os peixes dourados continuam a nadar. Vejo o reflexo dos lábios da empregada no aquário. Não podemos definir as coisas que acontecem. Nada disto foi planeado. Não podemos deixar o amor crescer. É sempre mais difícil cortar os laços quando se ama. O que eu tenho medo é de que a realidade retire o melhor de mim. De que a realidade me deixe para trás. Estava tudo pronto. Eu estava emocionalmente bem preparado. Iria deixar o apartamento e não olhar mais para trás. Esquecer que existes. Esquecer que existimos. Embarcar numa via-

Antes gostava de espreitar o amor nos teus olhos escuros. Mas quando eu fugi tu foste água. Ninguém sabe o que nós fomos. Um golpe de perfeição?

Há quantos dias estou neste hotel? Neste bar? Há quantos dias te deixei? Naquele dia todas as lojas estavam fechadas. As ruas tinham menos pessoas. Quase não havia carros. A única coisa que aumentou foi o silêncio. Andei e andei sem decidir para onde ia. Quis perder o controle. Quis perder-me numa cidade desconhecida. É este, na verdade, o mundo real? Se não é, então onde podemos encontrar a realidade? Não sei onde posso mais procurar. Eu não tenho medo de morrer. Podia morrer aqui neste bar ensombrecido. Lembro-me da primeira vez que as tuas mãos apertaram as minhas. Pareciam possuir uma força maior do que aquela que calculei possuíres. Apertaste-as com a alma. Uma energia escondida dentro de ti. Tu és forte. Mais forte que eu. Eu assusto-me mas tu tinhas a sabedoria de minimizar as feridas. Na televisão a apresentadora do noticiário da noite fala sobre um estranho caso. A empregada aumenta o som. “Após dois dias de buscas intensivas e complicadas devido ao nevoeiro, foi encontrado, em muitos maus tratos, o corpo da jovem que terá eventualmente saltado da ponte. O seu abdómen aberto, o rosto desfigurado, a caixa torácica desfeita. Ao que tudo indica e após autópsia preliminar a jovem estaria grávida mas não lhe foi encontrado qualquer feto dentro se si. A polícia acredita que ela tenha morrido durante a queda. No entanto existem imensas contradições neste caso. O facto de ter o abdómen aberto levanta suspeitas de crime embora que não tenha sido encontrada qualquer arma. A polícia está ainda a tentar contactar com o namorado que terá desaparecido há cerca de duas semanas. Desconhece-se se este caso, está relacionado com o feto encontrado na Vila da Taipa.”


17 hoje macau quarta-feira 24.2.2016

TEMPO

C H U VA

?

FRACA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

MIN

10

MAX

13

HUM

80-98%

EURO

8.82

BAHT

SIMPÓSIO SOBRE “MASS MEDIA” Universidade de Macau, 16h00 Entrada livre

Sexta-feira

O CARTOON STEPH

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO [X] DE RHYS LAY Fundação Rui Cunha (até 13/03) Entrada livre EXPOSIÇÃO “MA-BOA, LIS-CAU”, DE CHARLES CHAUDERLOT (ATÉ 19/03) Museu de Arte de Macau Entrada livre ESPECTÁCULO DE LUZES (ATÉ 29/02) Casas-Museu da Taipa, 18h00 às 22h00 EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau Entrada livre

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 34

EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” (ATÉ 3/03) Casa Garden Entrada livre

EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” (ATÉ 3/04) Museu da Transferência Entrada a cinco patacas

Cineteatro

PROBLEMA 35

UM DOCUMENTÁRIO HOJE

HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau Entrada livre

C I N E M A

YUAN

1.22

VOCÊS ANDAM MUITO ENGANADOS

PALESTRA COM OTTO LIN SOBRE COMPETIÇÃO E INOVAÇÃO Universidade de Macau, 13h00 Entrada livre

Diariamente

0.22 AQUI HÁ GATO

APRESENTAÇÃO SOBRE MEDITAÇÃO COM KIM HUGHES Universidade de Macau, 13h30 Entrada livre

ESPECTÁCULO DE COMÉDIA COM RUSSELL PETERS Studio City, 20h00 Bilhetes entre as 680 e as 1580 patacas

(F)UTILIDADES

Ando preocupado. Esta semana saíram notícias acusando-nos a nós, gatos, pela vossa esquizofrenia. Ando preocupado porque vocês portam-se como as galinhas quando dispara o alarme - correm sem sentido e fazem os piores disparates. Daí a minha preocupação. Apenas isso. O estudo foi publicado no ‘Schizophrenia Research’, onde os especialistas dizem que metade esquizofrénicos tiveram um gato em criança. A culpa pode ser do toxoplasma gondii, um parasita unicelular que alguns de nós carregam. Pode até ser, e quem sou para contrariar? Apenas um simples gato de rabo torto, que vocês pensam não saber distinguir “pato ali na mesa” de “pato à milanesa”. Até dou de barato. Assumo a ignorância. Mas não sou mau observador. Observo-vos, todos os dias, várias horas ao dia. Observo e oiço. Por isso acho que muitos de vocês já são esquizofrénicos com gatos “toxoplásticos” ou sem eles. Começa pela imagem que têm de nós: dependentes, frágeis, carentes de cobertores e festinhas, comidinha e colinho. Puro engano. Somos independentes, verdadeiros sobreviventes, caçamos melhor nos telhados do que vocês no supermercado, temos truques para tudo e raramente morremos à fome, só num cataclismo. As festas servem para nos pouparem o trabalho que dá mudar o pêlo e, garanto-vos, perdemo-nos a rir com o vosso ar idiota quando fazemos coisas “fofinhas” (arrgh!). Nós, tal como vocês, (se calhar melhor) sabemos aproveitar-nos das circunstâncias. Nós somos os políticos do reino animal! Se querem saber o que é um gato, prestem atenção ao “Puss” do “Shrek”. E estamos conversados. Pu Yi

“LISTEN TO ME MARLON” (STEVAN RILEY, 2015)

Bonito e extremamente talentoso, rebelde mas solitário. Foi assim a vida de Marlon Brando, actor sem o qual filmes como “O Padrinho” ou “O Último Tango em Paris” não passariam de meras películas do cinema. Neste documentário, feito com base em gravações feitas pelo próprio Marlon Brando, descobrimos o lado negro da sua vida, os fracassos familiares e pessoais e até a sua percepção sobre os filmes que fez, com uma voz muitas vezes monocórdica, mas que tudo revela. Um documentário notável.

Andreia Sofia Silva

MERMAID SALA 1

MERMAID [B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi Jelly Lin 14.15, 16.00, 17.45, 21.30

ALVIN AND THE CHIPMUNKS: ROAD CHIP [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Walt Becker 19.30 SALA 2

FROM VEGAS TO MACAU III [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Andrew Lau, Wong Jing

Com: Chow Yun Fat, Andy Lau, Nick Cheung, Jacky Cheung 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3

CROUCHING TIGER, HIDDEN DRAGON: SWORD OF DESTINY[B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yuen Woo-Peng Com: Donnie Yen, Michelle Yeoh 14.15,16.00, 17.45, 21.45

THE MONKEY KING 2 [B][B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Pou-Soi Cheang Com: Li Gong, Aaron Kwok, Shaofeng Feng 19.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18

P

hoje macau quarta-feira 24.2.2016

EGANDO nas palavras de José Tavares quando recentemente falava a este jornal sobre desporto, uso-as agora para me referir à nova administração do IACM que o próprio irá encabeçar, na esperança de fazer uma contribuição positiva e de que aquela venha a seguir um pensamento renovador para o Leal Senado, como o seu líder o anunciava para o Desporto. Vem a este propósito o trânsito caótico da cidade e um velho postulado cientifico datado dos anos 60, conhecido por “procura induzida”. Basicamente, este princípio, explicado em 1969 pelo Eng. de estradas britânico John Leeming, quando aplicado ao trânsito rodoviário, diz que “quanto mais estradas, mais carros”. A ideia é a de que novas vias atraem não só os que já conduziam, mas também os que acham o novo percurso mais apelativo, outros que não conduziam mas agora acham uma boa ideia, e outros ainda que vêem na nova rota uma oportunidade para irem às compras. Naturalmente, a nossa espécie tem o vício da movimentação e quanto maiores as possibilidades para o fazermos, mais o faremos daí que, à primeira vista, faça todo o sentido promover o aparecimento de mais estradas. No limite, acelerarmos a economia e o tal do desenvolvimento. A questão é que se criarmos formas alternativas de movimentação esse problema também pode ser resolvido, a nossa qualidade de vida não se deteriora e, em casos de dimensões mínimas como Macau, parece óbvia a necessidade de mudar a cassete e pensar em começar a encerrar estradas; a Almeida Ribeiro, por exemplo, ou a Rua da Felicidade, ambas eu fecharia já! E se não ‘já’ muito em breve. É claro que muita gente iria protestar (faz parte do governar) mas os resultados apareceriam mais depressa do que as pessoas julgam, até porque lugares maiores como Paris, Florença, São Francisco ou Seul também o fizeram e não voltaram atrás. Portugal também está na mesma linha de pensamento com várias alterações previstas para a Segunda Circular e outros pontos da cidade e Paris tem vindo a desenvolver nas últimas décadas uma política sistemática de redução dos espaços para automóveis; em São Francisco foi removida uma secção de uma auto-estrada que transportava cerca de 100,000 automóveis por dia em 1989. A avenida que a substituiu, a Octavia Boulevard, hoje transporta apenas 45,000 carros por dia e o trânsito move-se; em Florença, inibe-se fortemente o trânsito automóvel no centro histórico da cidade e promove-se as ciclovias, mas será na Coreia, em Seul, que poderá ter acontecido o resultado mais

Mudar a cassete

chá (muito) verde

FERNANDO ELOY | 义來

ANDREY KONCHALOVSKIY, RUNAWAY TRAIN

OPINIÃO

espectacular desta política de redução de vias: uma auto-estrada considerada artéria vital, e que transportava 168,000 carros por dia, foi substituída por um rio, parques e algumas ruas menores, o trânsito não piorou e os índices de poluição baixaram drasticamente. A Almeida Ribeiro no seu conjunto com a Rua da Felicidade e ruelas adjacentes não dariam um excelente passeio público? Não será essa uma das soluções para resolver o problema de aglomeração de pessoas no centro histórico? E a Rua do Campo? Ui! Se me deixassem mexer nos bulldozers... É claro que sempre que uma cidade pretende acabar com estradas, os residentes esperneiam, gritam e chamam nomes a toda a gente mas depois a experiência prova-os errados. A essa conclusão chegaram também

“Tendo em conta o passado desportivo de José Tavares estou convicto que ele vai olhar para as ruas e ver vias de bicicletas, circuitos pedonais e a maratona a passar pelo centro histórico”

as autoridades rodoviárias de Los Angeles ao salientarem um estudo1 desenvolvido pela investigadora Susan Handy da Universidade da Califórnia onde se afirma que: “existem evidências óbvias de ‘procura induzida’”; “mais estradas significam mais trânsito no curto e no longo prazo” e que “a maior parte do trânsito é novo”; Macau, já o disse antes, pela sua dimensão e afluência, tem uma oportunidade única para criar uma cidade exemplar, sustentável, agradável para viver e visitar e a resolução do caos rodoviário, que passa por uma nova forma de ver e viver a cidade, estará intimamente ligada a esse processo. Num momento em que a própria China anuncia medidas de contenção da poluição atmosférica e se esforça por cumprir os acordos de Paris de mudanças climáticas, Macau e esta nova administração do IACM têm a grande oportunidade de mostrarem à China, e ao mundo, de que somos capazes de mudar a cassete, de pensar moderno e de trazer para a China soluções inovadoras como o foi o nosso apanágio no passado, porque é esse o nosso legado. Tendo em conta o passado desportivo de José Tavares estou convicto que ele vai olhar para as ruas e ver vias de bicicletas, circuitos pedonais e a maratona a passar pelo centro histórico. Acho até que ele verá com muita facilidade um Dia Sem Carros e estações públicas de bicicletas. Por isso, espero sinceramente que a nova administração venha com uma nova

cassete, com um tom desportivo e jovial e com a visão necessária para ver mais além e devolver a cidade às pessoas. Já agora que a cassete também traga novas músicas como a “Balada das Esplanadas”, há tanto arredadas da nossa vida, esse património inexplorado e desprotegido... E desejo boa sorte, também, porque malhar em ferro frio concordo que é um desporto difícil. Mas há que aquecê-lo...

1 - “Increasing Highway Capacity Unlikely to Relieve Traffic Congestion” - Outubro de 2015, Susan Handy, Department of Environmental Science and Policy, University of California, Davis.

MÚSICA DA SEMANA

David Bowie – “Dancing in the Street” “(...) Calling out around the world
 Are you ready for a brand new beat
 Summer’s here and the time is right
 For dancing in the streets They’re dancing in Chicago
 Down in New Orleans
 In New York City All we need is music, sweet music
 There’ll be music everywhere
 They’ll be swinging, swaying, records playing
 Dancing in the street, oh It doesn’t matter what you wear, just as long as you are there (…)”


19 hoje macau quarta-feira 24.2.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

“TOCA”, RESTAURANTE PORTUGUÊS FERNANDO MARQUES, PROPRIETÁRIO

“A nossa aposta é na qualidade” Chegou há pouco tempo e já conquistou Macau. De casa sempre cheia, “Toca” é o novo espaço hoteleiro que promete marcar a diferença. Qualidade a bom preço e sabores verdadeiros é tudo o que um “quase filho da terra” promete

Apesar da sua história no mundo da hotelaria, Fernando Marques afirma que este é um projecto diferente. “O primeiro projecto que tive foi a seguir à transferência da soberania e era muito novo. Não sabia ser patrão. Claro que isso foi uma escola de vida. Depois destes anos todos, e com um restaurante também em Hong Kong, o ‘Toca’ é um projecto mais maduro, mais pequeno, fresco e muito confortável”, caracteriza.

“Aqui servimos comida tradicional portuguesa, mas estamos a tentar fazer uma coisa diferente, comida diferente do que aquilo que se vê [em Macau]”

A

cara já é bem conhecida em Macau. O espaço, esse, é novo. Fernando Marques, empresário há mais de uma década no território, abriu uma nova casa hoteleira em Macau, mais precisamente na Rua dos Negociantes, na Vila da Taipa, depois de dois anos de trabalho “atrás da cortina”. Engane-se quem pensa que este espaço é só mais um restaurante entre ruas e vielas daquela zona. Não. Este é um espaço diferente e que trabalha para se manter assim, como nos diz o responsável. “A nossa aposta é na qualidade. Aqui servimos comida tradicional portuguesa, mas estamos a tentar fazer uma coisa diferente, comida diferente do que aquilo que se vê [em Macau]. Muito por causa do novo chef que nos permite ter a possibilidade de criar novos pratos e novas ideias”, começou por explicar Fernando Marques ao HM. Aberto desde Fevereiro, o nome é fácil de explicar. “Toca” vem de “casa pequena”, algo que traduzido para Chinês “funcionava muito bem”. “Como são dois caracteres é fácil de escrever e o nome também é fácil de dizer [em Chinês], claro. E também pelo significado de casa acolhedora”, justificou.

PROVAR PARA VER

Não só de bom aspecto se faz a casa, é certo, mas a “Toca” conquista só no olhar. Um espaço “pequeno mas acolhedor”,

COMER E BEBER

decorado para o cliente se sentir em casa e que permite – pelo menos esta é a aposta da gerência – criar um momento de convívio, conversa fácil e boa comida. “Claro que a nossa aposta é sempre a qualidade, acho que é isso que está a faltar em Macau, qualidade na comida. Mas, sem querer falar muito, espero que as pessoas comprovem essa qualidade pelo provar da comida”, argumentou. O chef, esse, vem do norte do país, local “onde se come melhor”. De família dada à gastronomia, talento, diz Fernando Marques, não lhe falta. “Claro, como é do norte, bem norte do país, traz uma gastronomia diferente daquilo que existe cá em Macau”, acrescentou. O facto de estar no coração da Taipa, num centro que conta com muitos

restaurantes, não afecta, nem preocupa, o proprietário. “Há espaço para todos”, frisou, salientando que está em vantagem para com outros restaurantes devido ao seu negócio em paralelo. “Estou ligado a uma empresa de produtos alimentares que me dá acesso a diferentes produtos, carnes e outras coisas”, explicou.

Desengane-se quem pensa que este é apenas um espaço para se deliciar com os pratos. Não. Há também uma aposta, da gerência, em gins. “Já temos alguns e teremos muitos mais portugueses. Vamos ter essa selecção de gins portugueses”, apontou. Eventos são também uma aposta da gerência. “Em Julho pretendemos trazer o Chef de cozinha do ano em Portugal, Ricardo Raimundo. Queremos que venha cá para uma semana gastronómica”, adiantou. A renda essa é um “obstáculo”, mas se o espaço “conseguir oferecer algo de bom, em que o cliente venha e queira voltar, passando pela qualidade e serviço, a renda acaba por não ser um problema”, rematou. Aos mais gulosos abrimos o apetite: o Bacalhau Almeida é “uma delícia”. “É um prato que ninguém tem. É Almeida, porque era um prato da avó [do chef] que a mãe continua a fazer no restaurante da qual é proprietária. Portanto decidimos dar o nome da avó. É diferente, tem um molho só do nosso chef”, descreveu, deixando água na boca. Para os amantes de carne, há um “bife americano”, “top”, na carta. “Uma carne 100% fresca, muito boa, de muita qualidade”, frisou o proprietário do “Toca”. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


O mundo para ver e habitar / Cansado da China, chego a Macau, / amigos, um abrigo, um chão p`ra descansar. / Porquê ainda, ora a tristeza, ora a alegria, / se tenho o mundo inteiro p`ra ver e habitar?”

António Graça de Abreu

SJM QUEBRA DE 63,4% NOS LUCROS EM 2015

PORTUGAL PROCURADOR DETIDO POR SUSPEITAS DE CORRUPÇÃO

A

Sociedade de Jogos de Macau (SJM) anunciou ontem uma quebra de 63,4% nos lucros em 2015, que se fixaram em 2.465 milhões de dólares de Hong Kong. A empresa acumulou ao longo do ano passado 21,7% da quota de mercado das receitas de jogo, incluindo 25,3% do mercado de massas e 20,2% do jogo VIP. Ainda assim, a receita de jogo da SJM caiu 38,7% face a 2014, fixando-se em 48.590 milhões de dólares de Hong Kong. Já o EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) caiu 50,3% para 3.862 milhões de dólares de Hong Kong. A SJM indica que o novo projecto, em construção no Cotai – zona de casinos entre a Taipa e Coloane -, o Grand Lisboa Palace, “avançou substancialmente”, com as fundações terminadas no primeiro trimestre de 2015, avançando a construção da superstrutura e cave. O novo hotel-casino deverá estar concluído no final de 2017. Em comunicado, o director executivo, Ambrose So, afirmou que “a SJM entra em 2016 numa posição forte, apesar dos desafios económicos que o mercado de jogo de Macau enfrentou em 2015”. “Registámos progressos substanciais na construção do nosso Grand Lisboa Palace e mantemo-nos optimistas sobre o futuro da indústria de turismo de Macau”, rematou. Os casinos de Macau fecharam 2015 com receitas de 230.840 milhões de patacas, uma queda de 34,3% face a 2014.

quarta-feira 24.2.2016

Síria GOVERNO E OPOSIÇÃO ACEITAM TRÉGUA COM CONDIÇÕES

O estado do sítio

Regime quer fechar a fronteira com a Turquia e impedir rebeldes de reforçarem posições durante cessar-fogo. Oposição no exílio exige fim aos cercos governamentais e libertação de prisioneiros

O

regime sírio aceitou interromper as suas “operações de combate” contra a oposição síria nos termos da trégua negociada entre a Rússia e os Estados Unidos, que deverá começar já este fim-de-semana. Damasco anunciou na manhã desta terça-feira estar de acordo com a “cessação de hostilidades”, desde que possa prosseguir a sua ofensiva contra os grupos Frente al-Nusra e Estado Islâmico e que outros rebeldes não usem a trégua para fortalecer ou alterar as suas posições no terreno.

Já se esperava a anuência de Damasco ao plano de trégua parcial no conflito, negociado directamente pela aliada Rússia, ultimamente o seu principal representante diplomático. Moscovo e Washington exigem que as partes do conflito aceitem publicamente os termos da “cessação de hostilidades” até ao meio-dia desta sexta-feira, para que a trégua comece à meia-noite. Aguarda-se resposta das milícias curdas, cruciais para qualquer tipo de entendimento no terreno. O conflito entre curdos na Síria e Turquia é apenas mais um elemento de possível desestabilização de um cessar-fogo: Ancara disse apoiar

o cessar-fogo, mas esta terça-feira reforçou a sua oposição às milícias curdas na fronteira, que diz estarem sob as ordens dos separatistas turco do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). A grande aliança de grupos de oposição no exílio já aceitara os termos da trégua na segunda-feira, no final de um encontro em Riad, na Arábia Saudita. Tal como o regime, a Coligação Nacional Síria exige condições para calar as armas: o fim do cerco governamental a 18 zonas controladas por rebeldes, a libertação de detidos e o fim do bombardeamento aéreo e de artilharia em zonas civis. Público

O procurador do Ministério Público Orlando Figueira foi ontem detido pela Polícia Judiciária por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais. «O detido será presente ao juiz de instrução criminal para primeiro interrogatório judicial», refere um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR). A investigação aponta para alegada corrupção passiva na forma agravada, corrupção activa na forma agravada, branqueamento e falsidade informática, segundo a mesma nota da PGR. Orlando Figueira terá alegadamente recebido mais de um milhão de euros para encerrar, sob o pretexto da ´falta de provas`, processos relacionados com altas figuras de Angola, segundo diz o Correio da Manhã.

SUBIDA DO NÍVEL DO MAR NUNCA FOI TÃO RÁPIDA

O nível dos oceanos subiu mais rapidamente no século XX do que ao longo dos últimos três milénios, devido às alterações climáticas, indica um estudo publicado na segunda-feira. Entre 1900 e 2000, os oceanos e os mares do planeta subiram cerca de 14 centímetros, sob o efeito do degelo, sobretudo no Ártico, revelaram os autores de investigações publicadas na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Os climatólogos estimaram que sem o aumento da temperatura do planeta observada desde o início da era industrial, a subida dos oceanos teria correspondido a menos metade no século XX.

HONG KONG JOÃO SALAVIZA NO FESTIVAL DE CINEMA DA UE

O

PUB

filme “Montanha”, a primeira longa-metragem de João Salaviza, vai representar Portugal no Festival de Cinema da União Europeia em Hong Kong, que arranca no próximo sábado. O Festival de Cinema da União Europeia (EUFF, na sigla inglesa), que conta com 17 filmes, abre com a película “Brookyln”

(Irlanda) e fecha, a 11 de Março, com “Goodnight Mommy” (Áustria). “Montanha”, que teve antestreia mundial no Festival de Cinema de Veneza, em Setembro, e chegou às salas de cinema portuguesas em meados de Novembro, vai ser exibida em Hong Kong nos dias 6 e 8 de Março, de acordo com a

programação do evento, de cariz anual. O filme é sobre David, um adolescente de 14 anos que vive os primeiros amores, enfrenta um pai ausente e lida com um avô hospitalizado. A personagem é interpretada por David Mourato, um actor não profissional, que João Salaviza

encontrou entre mais de 400 candidatos. Entram ainda Chayenne Rodrigues, Maria João Pinho, Rodrigo Perdigão e Carloto Cotta, um elenco que se cruza com os filmes “Rafa” e “Arena”, curtas-metragens anteriores de Salaviza. O cartaz do festival de cinema da UE completa-se com “Halfway” (Bélgica), “Schmitke” (República

Checa), “The Grump” (Finlândia), “The Anarchists” (França), “About a Girl” (Alemanha), “A Place Called Home” (Grécia), “Son of Saul” (Hungria), “Youth” (Itália), “Prince” (Holanda), “11 Minutes” (Polónia), “Marshland” (Espanha), “Stockholm Stories” (Suécia), “I am the Keeper” (Suíça), e “45 Years” (Reino Unido).


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.