Hoje Macau 24 FEV 2020 # 4472

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

COREIA DO SUL

COM ALTA INCIDÊNCIA PÁGINA 4

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 24 DE FEVEREIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº4472

APOIOS FINANCEIROS

SULU SOU PEDE MAIS PÁGINA 5

JOGO

IMPACTO DE LONGO PRAZO

OPINIÃO

ZOMBIES

PÁGINA 7

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hojemacau

JOÃO LUZ

Sem temores No dia em que foi confirmado o primeiro caso de um português infectado com o Covid-19, a ministra da Saúde diz não haver, para já, necessidade de reforço das medidas nas fronteiras para quem vem de Macau, de Hong Kong ou do Interior da China. No entanto, Marta Temido, não exclui a hipótese de, no futuro, implementar a quarentena obrigatória a quem chega a Portugal vindo destas regiões.

PÁGINAS 2-3


2 coronavírus

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24.2.2020 segunda-feira

MARTA TEMIDO

MINISTRA DA SAÚDE EM PORTUGAL, SOBRE O COVID-19

Em declarações ao HM, a ministra da Saúde em Portugal, Marta Temido, traça um balanço positivo da última reunião em Bruxelas sobre o Covid-19 e diz que não há, por enquanto, necessidade de reforço das medidas nas fronteiras para quem viaja de Macau, Hong Kong ou da China para Portugal. Ainda assim, está a ser equacionada “para muito breve” a distribuição de cartões de localização dos passageiros nestes voos. A ministra promete analisar, “em tempo oportuno”, a possibilidade de a lei vir a prever a quarentena obrigatória neste tipo de casos Disse que, para já, não serão implementadas medidas nas fronteiras, apesar das muitas críticas ouvidas pelo nosso jornal por parte de cidadãos portugueses a residir em Macau que viajaram voluntariamente para Portugal. Porquê o adiamento de uma tomada de decisão desta natureza? Até agora não há evidência de necessidade de reforço de medidas. As decisões nesse sentido serão consideradas em linha com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, sempre numa medida

de proporcionalidade e numa permanente observação e avaliação da evolução do surto de coronavírus. Sublinhe-se que a quase totalidade dos países da União Europeia (UE) segue precisamente as mesmas recomendações. Há espaço para debater uma eventual mudança na legislação relativamente à questão da quarentena obrigatória? Ao abrigo da Lei n.º 81/2009, de 21 de Agosto, e da nova Lei de Bases da Saúde, a possibilidade de determinação de isolamento profilático obrigatório não está afastada,

NELSON GARRIDO

Não há necessidade de reforço de medidas

enquanto medida de excepção e em contexto de emergência em saúde pública. A reponderação de quaisquer aspectos deste regime ou de outros, com ele conexos, a entender-se necessária, será efectuada em momento oportuno. Qual o balanço da última reunião em Bruxelas sobre o novo coronavírus? Além da possibilidade de serem distribuídos formulários aos viajantes, que outras medidas podem vir a ser tomadas? Foi uma reunião muito construtiva, com todos os países a reforçar a preocupação em adoptar medidas

proporcionais e de acordo com aquilo que é a evidência científica e as recomendações da OMS e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças. Nos voos originários da China com destino a Portugal são já distribuídos a bordo folhetos informativos com aconselhamento e contactos úteis relativos ao coronavírus. Portugal está a equacionar para muito breve a distribuição de cartões de localização dos passageiros nestes voos. Esta e qualquer medida serão tomadas em linha com as recomendações das autoridades sanitárias referidas.

Esta crise causada pelo surto de um novo coronavírus vai obrigar a repensar estratégias por parte do Ministério da Saúde no que diz respeito à resposta dada pelo Serviço Nacional de Saúde? As unidades do Serviço Nacional de Saúde têm preparados os respectivos Planos de Contingência para infecções emergentes. A Direcção-Geral da Saúde tem seguido, desde o primeiro momento, o desenvolvimento do surto de Coronavírus no contexto da identificação do novo vírus. Foi activado o dispositivo de Saúde Pública do país, com monitoriza-


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“As unidades do Serviço Nacional de Saúde têm preparados os respectivos Planos de Contingência para infecções emergentes.” “As autoridades chinesas têm mantido uma postura de total cooperação sobre esta matéria.”

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M português que é tripulante do navio Princess Cruises, atracado no porto de Yokohama (Japão) na sequência de 700 pessoas infectadas com Covid-19, foi diagnosticado “positivo” com o novo coronavírus. A notícia foi avançada este sábado pela esposa do homem, natural da Nazaré e posteriormente confirmada à SIC pelo autarca local. Contactada pela Lusa, a directora-geral de Saúde, Graça Freitas, afirma que ainda está à espera de confirmação oficial, mas admitiu que recebeu informação do Japão na sexta-feira à noite a informar que a tripulação do navio tinha começado a ser testada no dia 20. “Estamos à espera de informação. Como é de noite agora no Japão, calculo que amanhã tenhamos informação concreta sobre os resultados”, afirmou. O português, Adriano Maranhão, é, segundo a sua mulher, canalizador do navio e só foi testado há quatro dias, tendo sido colocado numa cabine em isolamento. Este é o primeiro caso diagnosticado de um português com Covid-19. Segundo adiantou no sábado a esposa de Adriano Maranhão, Emmanuelle, o português “foi examinado pela primeira vez há dois dias”, após “terem desembarcado os passageiros”. “Neste momento, está numa cabine, fechado, desde há 7 ou 8 horas, ou mais, sem apoio, sem medicação, sem tratamento, sem nenhum tipo de procedimento nem encaminhamento e sem comer se-

O primeiro caso Português do navio em quarentena no Japão infectado

dos testes que vão sendo realizados”, avançou o gabinete do ministério em comunicado enviado à Lusa. “Não temos ainda informação da parte das autoridades japonesas de que haja algum caso confirmado de infecção com o coronavírus, entre os tripulantes portugueses do navio Diamond Princess”, O ministério liderado por Augusto Santos Silva acrescentou ainda estar também a acompanhar “os tripulantes portugueses e respectivas famílias”.

DE VIVA VOZ

quer”, lamentou, à altura, Emmanuelle Maranhão, referindo que tem tentado contactar com o Governo, a embaixada, a empresa do navio, mas sem obter mais informações. O cruzeiro, ancorado no porto de Yokohama, a sul de Tóquio, é o maior foco de Covid-19 fora da China continental, tendo registado mais de 600 infectados entre os passageiros, dois dos quais morreram. Na quarta-feira, as autoridades japonesas deram início à operação de

desembarque dos passageiros saudáveis, findo o período de quarentena do navio, iniciado em 3 de Fevereiro, operação que terminou na sexta-feira. Emmanuelle Maranhão lamenta a falta de apoio ao marido, referindo que “ainda não obteve resposta nenhuma” e que Adriano continua no quarto sem que ninguém lhe dê mais informações. “Um cidadão português que está infectado, está em serviço, está a cumprir as suas funções e está dentro desta confusão tem de

ter um apoio”, afirmou, sublinhando que Adriano Maranhão “é pai de três filhos pequenos”.

GOVERNO ACOMPANHA SITUAÇÃO

O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou estar a acompanhar a situação, mas admitiu que não tem ainda informação das autoridades japonesas. O ministério “está em contacto com as autoridades japonesas” através da embaixada em Tóquio, e está a acompanhar “a evolução dos resultados

Já ao fim da tarde de ontem, as autoridades japonesas confirmaram o caso do português infectado, relata a TSF, que falou com Adriano Maranhão. "A embaixada já tem conhecimento do meu caso, já falou com as autoridades japonesas, já tem o comprovativo em como é positivo e a única coisa que me disseram foi que vão tentar tirar-me daqui para um hospital local o mais cedo possível", explica à TSF. O canalizador no Diamond Princess, ainda não sabe quando vai sair do navio e garante que não foi visto por nenhum médico nos últimos dias: "Não fui visto por ninguém. Telefonaram para a minha cabine a perguntar qual era o meu estado, se eu estava bem, se eu tinha medido a minha febre. Eu disse que sim, que não tinha febre nem sintomas. Não me disseram mais nada", adiantou à estação de rádio portuguesa.

WESTERDAM ANÁLISES NEGATIVAS DE PORTUGUESES CHEGARAM A LISBOA ção e vigilância epidemiológica, gestão e comunicação de risco, habituais nestas situações. Como avalia a postura das autoridades chinesas no que diz respeito ao diálogo com outros países relativamente ao coronavírus? As autoridades chinesas têm mantido uma postura de total cooperação sobre esta matéria. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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OIS residentes de Portugal passageiros do navio MS Westerdam, que esteve atracado no Cambodja, foram submetidos a análises laboratoriais para o novo coronavírus e os resultados deram negativo. Num comunicado divulgado online na sexta-feira, a Direcção-geral de Saúde (DGS) informou que chegaram na quinta-feira a Lisboa dois passageiros do navio que são residentes em Portugal. “Por precaução, estes passageiros foram submetidos a análises laboratoriais pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA),

que resultaram negativas, com duas amostras biológicas negativas”, refere a nota da DGS. No dia 13 deste mês, o navio de cruzeiro com mais de 2.000 pessoas a bordo atracou no Cambodja depois de ter sido recusada a sua entrada em vários países asiáticos devido ao risco de uma possível propagação do novo

coronavírus, designado Covid-19. Cerca de 1.450 passageiros e 802 membros da tripulação partiram no dia 1 de Fevereiro de Hong Kong e planeavam chegar à cidade japonesa de Yokohama, mas as autoridades nipónicas negaram a entrada, depois de uma pessoa a bordo ter apre-

sentado sinais de estar infectada pelo novo coronavírus surgido na China. Um passageiro norte-americano de 83 anos acabou por ser diagnosticado em Kuala Lumpur como estando infectado pelo novo coronavírus. Dos 1.455 passageiros, mais de 1.200 desembarcaram do navio nos dias seguintes, depois de alguns terem sido submetidos a um exame médico rápido. Na quarta-feira, o Ministério da Saúde do Camboja informou que as análises feitas a centenas de passageiros do cruzeiro Westerdam resultaram negativas. A.S.S.


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mais duas mortes causadas pelo Covid-19, elevando para quatro o número de vítimas mortais no país, enquanto o total de pessoas infectadas subiu para 556, após o anúncio de mais 123 novos casos. Já quando questionada sobre o critério utilizado para considerar a Coreia do Sul como zona de alta incidência e descartar regiões como Hong Kong e o Japão, que nos últimos dias também registaram um aumento significativo do número de casos, a responsável não exclui essa hipótese, mas considera que o cenário ainda é diferente. “Claro que estamos a verificar a situação de cada país e (...) esta avaliação poderá vir a ser aplicada a outros territórios”, admitiu Leong Iek Hou, apontando de seguida que no caso de Hong Kong “não é ainda um surto alarmante” e que no caso do Japão “os casos confirmados do Diamond Princess são considerados à parte. Já em Macau, apesar de o território estar sem registo de novos casos ao fim de 19 dias e numa altura em que se vê mais pessoas a circular nas ruas após a abertura de mais espaços públicos, o Governo voltou a apelar para os cuidados de prevenção num momento que é “crucial”, esperando que a população consiga “aguentar mais um bocado”.

NO ACTIVO FUNCIONAMENTO NORMAL • Tribunais da RAEM • Comissão de Perícia do Erro Médico FUNCIONAMENTO CONDICIONADO • Serviços de Saúde • Direcção de Serviços de Finanças • Direcção dos Serviços de Correios Telecomunicações • Direcção de Serviços de Economia • Fundo de Segurança Social • Conselho de Consumidores • Instituto para os Assuntos Municipais • Direcção dos Serviços de Identificação • Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça • Ministério Público • Direcção dos Serviços Correccionais • Assembleia Legislativa • Comissariado Contra a Corrupção • Direcção dos Serviços do Ensino Superior

HUBEI MACAU AINDA SEM PLANO PARA RETIRAR RESIDENTES

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Governo de Macau continua sem planos para retirar os 133 residentes que continuam em regime de quarentena na província de Hubei, noticiou ontem a TDM Rádio Macau. Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), disse que as autoridades continuam a tentar localizar os residentes, mas que é difícil saber onde todos se encontram, uma vez que estão dispersos por 18 localidades diferentes, muitas delas de difícil acesso. Inês Chan explicou mesmo que, em alguns dos casos, está em causa uma viagem de cinco horas até à cidade de Wuhan, epicentro do surto do Covid-19. “Também temos que analisar a probabilidade de infecção dos motoristas que os iriam transferir, por isso, estamos ainda a equacionar qual a solução mais adequada e viável”, afirmou a representante dos Serviços de Turismo. Na cidade de Wuhan estão 23 residentes de Macau, adiantou a responsável, mas o Governo assume que não tenciona ir buscar primeiro este grupo de pessoas. “Estamos a pensar em tentar poupar os recursos e, ao mesmo tempo, ter em conta a segurança para transferir todos os residentes de Macau na província de Hubei de uma só vez”, rematou Inês Chan.

ALVO DE QUEIXAS

Leong Iek Hou, Serviços de Saúde “Estamos a verificar a situação de cada país e (...) esta avaliação poderá vir a ser aplicada a outros territórios.”

COREIA DO SUL MACAU CLASSIFICA REGIÃO COMO ZONA DE ALTO RISCO

Na lista negra

A partir de hoje, todos visitantes ou residentes que tenham estado na Coreia do Sul nos últimos 14 dias serão submetidos a uma observação médica. Os voos de e para a região vão também ser cancelados. Hong Kong e Japão ficam, para já, fora do radar das regiões de alta incidência

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ESDE as 00:00 de hoje, que a Coreia do Sul é considerada pelo Governo de Macau, uma zona de alta incidência epidémica. A informação foi avançada ontem por ocasião da conferência de imprensa diária sobre a situação do novo coronavírus, o Covid- 19, tendo a decisão sido justificada com a escalada do número de casos confirmados dos últimos dias.

“A partir das zero horas de amanhã [segunda-feira] vamos considerar a Coreia do Sul como zona de alta incidência. Por isso, aqueles que tenham ido à Coreia nos 14 dias anteriores, ao chegarem às fronteiras de Macau, terão de se sujeitar ao exame nos postos clínicos do campo dos operários ou no posto clínico do Pac On. Depois de fazerem o respectivo exame é que poderão entrar em Macau”, revelou ontem Leong Iek

Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. Referindo mesmo que em “poucos dias o número de casos confirmados aumentou em flecha” na Coreia do Sul, Leong Iek Hou anunciou ainda o cancelamento de voos de e para o país e apelou aos residentes de Macau para não viajarem para a Coreia do Sul. Recorde-se que, em apenas 24 horas, a Coreia do Sul anunciou

O Governo anunciou ainda que, desde a passada quarta-feira, data de reabertura dos casinos, receberam uma queixa dos trabalhadores destes espaços, denunciando falta de máscaras. No entanto, apesar de ter exposto o caso, Vong Chi Fu, responsável da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) não revelou a operadora em causa. “Uma operadora não distribuiu máscaras para os seus trabalhadores. Já contactamos a operadora de jogo e ela respondeu, dizendo que espera que os seus trabalhadores possam utilizar razoavelmente as máscaras. Sabemos que todas distribuem máscaras (...) mas se calhar só distribuem para um turno e não há segunda máscara”, explicou Vong Chi Fu. Sobre uma queixa relativa à elevada concentração de jogadores junto às mesas, o responsável, reiterou as medidas já anunciadas e explicou o sucedido. “Quando uma mesa está a dar mais sorte (...) os jogadores costumam concentrar-se para ver o que se está a passar (...) ou tentar ganhar. No entanto, nós já emitimos as nossas recomendações para poderem separar os jogadores por diferentes mesas”, explicou. Pedro Arede

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RÓMULO SANTOS

em relação ao pacote de medidas de apoio económico anunciado e que inclui, entre outras, a isenção ou diminuição de impostos e a abertura de uma linha de empréstimo com juros bonificados para as PME. “As medidas de alívio económico anunciadas pelo Governo são de longo prazo e indirectas. Será que o Governo pode fazer uso das reservas financeiras que dispõe, na criação de um fundo de combate à epidemia para prestar assistência directa e rápida às pequenas e médias empresas, de forma a que estas possam cumprir com as suas obrigações operacionais mais imediatas?”, questiona Sulu Sou, referindo também que este apoio deveria incluir o fornecimento de equipamento de combate à epidemia.

TRANSPORTES PÚBLICOS LEI CHAN U PEDE MEDIÇÃO DE TEMPERATURA

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deputado Lei Chan U considera que deve ser introduzida a medição da temperatura corporal nos transportes públicos de Macau. A medida de prevenção contra o novo tipo de coronavírus, surge numa altura em que o território, à semelhança do que acontece em muitas cidades do Interior da China, procura retomar alguma normalidade com o regresso progressivo dos cidadãos ao trabalho, facto que, de acordo com Lei Chan U, aumenta, não só o número de passageiros nos transportes, mas também, “o risco de propagação”, pode ler-se num comunicado enviado às redacções. Apontando que em Cantão já foram introduzidos termómetros de rosto para medição de temperatura que “verificam a temperatura em segundos e (…) não necessitam da intervenção directa dos motoristas”, o vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) afirma que “Macau deve tomar a iniciativa e considerar a instalação destes equipamentos (…) em algumas carreiras mais movimentadas”. Lei Chan U considera ainda, que a instalação dos termómetros possa vir a ser estendida a algumas estações mais concorridas do metro ligeiro e ainda, a departamentos governamentais e edifícios de escritórios, por forma “a reduzir recursos humanos e a sobrecarga de trabalho dos funcionários”.

Sulu Sou, deputado “As medidas de alivio económico anunciadas pelo Governo são de longo prazo e indirectas”

ALIVIAR PRESSÃO

ECONOMIA SULU SOU QUER APOIO IMEDIATO PARA PME E INDEPENDENTES

Medidas escassas

Deputado pede ao Governo que faça uso da reserva financeira para criar um fundo de combate à epidemia que preste assistência “directa, rápida e direccionada” às pequenas e médias empresas e a trabalhadores por conta própria

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deputado Sulu Sou quer que o Governo faça uso das reservas financeiras disponíveis para criar um fundo de combate à epidemia, que vá além do pacote de medidas de apoio económico apresentadas para fazer face à crise provocada pelo novo coronavírus, Covid- 19. Segundo afirmou Sulu Sou, numa interpelação escrita

Lam Lon Wai, deputado dos Operários e subdirector da Escola para Filhos e Irmãos dos Operários, pede ao Executivo que comece a preparar instruções sobre o regresso às aulas, após o surto do Covid-19. Segundo o legislador, antes do regresso, e como as escolas concentram várias crianças, é necessário adoptar medidas de prevenção máximas, que devem ser elaboradas e definidas pelo Executivo. Por outro lado, numa posição tomada sábado, Lam considerou ainda que a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) precisa de anunciar o regresso às aulas com pelo menos 14 dias de antecedência, para que as instituições se possam preparar, e que o regresso às aulas deve ser feito de forma faseada, a começar pelo secundário, depois o ensino básico, primário e finalmente jardins-de-infância. Por último, Lam quer que as escolas garantam que possuem materiais e planos para desinfectar e limpar os espaços de forma regular.

de salários, licenças sem vencimento e até mesmo demissões. Além disso muitos trabalhadores independentes como motoristas, funcionários do sector dos transportes, formadores e artistas foram forçados a parar de trabalhar”, sustentou o deputado. Apontando que as PME “representam mais de 90 por cento das empresas em Macau e que são responsáveis por proporcionar 40 por

cento das oportunidades de emprego”, Sulu Sou referiu que, particularmente, o comércio a retalho, a restauração, centros de explicações, salões de beleza, bares e karaokes têm sido os estabelecimentos mais afectados pelas medidas de prevenção decretadas pelo Governo. O deputado afirma ainda, que as PME enfrentam “necessidades imediatas e urgentes” e pede ao Governo que vá mais longe

RÓMULO SANTOS

Educação Lam Lon Wai quer instruções para escolas

enviada ao Executivo, em causa estão as “necessidades imediatas e urgentes” sentidas, não só pelas pequenas e médias empresas (PME), mas também por muitos trabalhadores independentes, obrigados a interromper a sua actividade devido ao surto. “Muitos empresários estão sob enorme pressão para pagar as rendas e os funcionários estão a ser confrontados com cortes

Na interpelação escrita enviada, Sulu Sou pede ainda ao Governo que conceda subsídios com vista à redução dos encargos das PME relativos às rendas, dando igualmente incentivos aos senhorios de forma reduzir o valor do arrendamento a curto prazo. De forma a assegurar os postos de trabalho dos funcionários das PME, que acordaram recentemente uma redução de salário ou licenças sem vencimento, o deputado sugere ainda que o Governo possa vir partilhar com as empresas alguns encargos salariais. Motivado pela crise, Sulu Sou questiona também o Governo se “pode conceder subsídios para apoiar os trabalhadores independentes afectados” e ainda um subsídio especial de solidariedade “para trabalhadores da linha da frente que desempenham funções nas áreas da segurança e da limpeza”. Pedro Arede

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Covid-19 Deputados analisam medidas de resposta ao surto

A Assembleia Legislativa (AL) regressa esta semana aos trabalhos depois de ter estado encerrada durante algumas semanas devido ao surto do novo coronavírus. Hoje os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública reúnem às 15h00 para discutir os “trabalhos do Governo face à pneumonia em Wuhan causada por novo tipo de coronavírus”. Para esta semana estão ainda agendadas reuniões das comissões permanentes sobre propostas de lei em discussão na especialidade.


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CASA DE PORTUGAL SURTO DO COVID-19 COLOCA ACTIVIDADES EM CAUSA

Em ponto-morto

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S tradicionais celebrações do 25 de Abril da Casa de Portugal estão em causa, devido ao surto do coronavírus. A revelação foi feita por Amélia António, presidente da instituição, em declarações à Lusa. No entanto, o jantar de comemoração da Revolução dos Cravos não é o único evento que poderá ser suspenso e o mesmo poderá acontecer com a abertura da nova sede, assim como a realização do Campo de Férias. Com mais de um milhar de associados, a Casa de Portugal é incapaz neste momento de prever o reinício das aulas da Escola deArtes e Ofícios, adiou a transferência para a nova sede e está a avaliar o cancelamento de uma série de actividades que vai desde a realização de campos de férias, na Páscoa e no Verão, e de projectos ligados às celebrações do 25 deAbril, explicou Amélia António. “São tudo incógnitas”, sublinhou a responsável, à frente da associação há cerca de 15 anos, que admitiu “um grande impacto” na Casa de Portugal devido às medidas de prevenção face ao risco de epidemia no território.

ANTÓNIO FALCÃO

A cerca de dois meses da data que assinala a Revolução dos Cravos, a realização do tradicional evento da Casa de Portugal é uma incógnita. À agência Lusa, Amélia António colocou em cima da mesa a possibilidade de a celebração para este ano ser cancelada

“mas a Casa de Portugal não forçou férias a ninguém”, frisou. “Ficam em casa nas mesmas condições [a receber os respectivos salários], como se estivéssemos abertos. Eu acho que é uma questão de imperativo moral, imperativo de solidariedade, não é quando aparece uma dificuldade que começamos todos a sacudir a água do capote”, argumentou.

CARTÕES DE CRÉDITO CONCESSÕES AUMENTARAM NO QUARTO TRIMESTRE

ENSINO PREOCUPA

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Já no que diz respeito à comunidade portuguesa, Amélia António apontou a preocupação com o encerramento das escolas, apesar de a medida ser apoiada. “De uma maneira geral, acho que as pessoas têm estado extremamente calmas, preocupadas, atentas, mas sem entrar em grandes histerismos”, frisou Amélia António.

Para as comemorações do 25 de Abril, existiam projectos, mas a associação está agora a ponderar “avançar ou não”

“Está tudo parado” em relação ao processo de mudança de sede, que estava programado. “Neste momento não conseguimos avaliar quando recomeçamos as aulas”, acrescentou. Para as comemorações do 25 de Abril, existiam projectos, mas a associação está agora a ponderar “avançar ou não”.

Amélia António salientou “a actividade cultural muito activa e intensa [da associação], que tem de começar a funcionar o mais cedo possível”, de forma “a contribuir para a normalização da vida do território e para transmitir” aos portugueses “alguma tranquilidade e confiança”. O pessoal foi enviado para casa, para se reduzir o risco de contágio,

Contudo, ressalvou, uma das grandes preocupações dos pais resulta do encerramento does estabelecimentos escolares, “sobretudo por não se perceber qual vai ser a extensão da paragem e não se perceber ainda o problema dos exames”, tanto aqueles que dizem respeito à passagem de ano, como de acesso ao ensino superior. “Esses anos de exame são os mais problemáticos. Preocupam os pais”, completou. Lusa

TÁXIS PETIÇÃO PEDE ACTIVAÇÃO DE FUNDOS PÚBLICOS PARA APOIAR EMPRESAS

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MA petição entregue na sexta-feira ao Chefe do Executivo por representantes de táxis, e apoiada pelo deputado José Pereira Coutinho, defende a activação e melhor uso de fundos públicos para apoiar este sector de actividade. “Temos em Macau cerca de 30 fundos públicos em plena actividade, pelo que sugeríamos, em primeiro lugar, a plena intervenção e simplificação dos apoios financeiros ao invés de os complicar e criar desigualdades, como tem acontecido com os vales electrónicos do ‘Macau Pass’. Isto porque os taxistas acabam por ficar de fora, por não disporem destes aparelhos”, aponta um comunicado.

Além disso, a petição faz referência à ausência de “seguros específicos e obrigatórios à interrupção temporária da actividade económica”. “Nem mesmo a existência de 30 fundos públicos são suficientes para ajudar a ultrapassar as dificuldades de muitas Pequenas e Médias Empresas que ficaram de fora do pacote dos apoios financeiros”, acrescenta o comunicado enviado por Pereira Coutinho às redacções. Os pedidos de apoio surgem no âmbito da crise gerada pelo surto do Covid-19, que “teve graves consequências nas empresas que gerem os táxis concessionados pelo Governo”. "Até à data, o Go-

verno ainda não avançou com medidas específicas a esta actividade económica, limitando-se a ajudar parcialmente outras. Não podemos esquecer que os condutores de táxis contribuíram bastante para a boa estadia dos cerca de 50 milhões de visitantes que anualmente Macau recebe”, defende o deputado. Além disso, Pereira Coutinho deixa o alerta a Ho Iat Seng para o facto de “muitas PME estarem à beira da falência, o que põe em risco muitas famílias que estão na iminência de estarem em estado de insolvência devido às amortizações, salários e rendas a pagar durante a sua inactividade”.

ADOS oficiais publicados ontem pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) revelam que o número total de cartões de crédito pessoal emitidos pelos bancos em Macau continuou a crescer no quarto trimestre de 2019. Em relação ao período homólogo, o crédito usado no período e o montante do reembolso registaram um crescimento, aponta um comunicado. No que diz respeito aos cartões de crédito de duas e três moedas foram emitidos um total de 1.427.312, tendo ocorrido um crescimento de 1,7 e 8,8 por cento. O total dos cartões de crédito denominados em patacas, em dólares de Hong Kong e em renminbis cresceram 8 por cento (atingiu 996.607 cartões), 4,1 por cento (atingiu 97.836 cartões) e 13 por cento (atingiu 332.869 cartões), respectivamente. No que diz respeito aos limites dos cartões de crédito houve também um aumento, uma vez que chegou aos 39,7 mil milhões de patacas, um aumento de 2,7 por cento. No quarto trimestre de 2019 o crédito usado foi de 6,3 mil milhões de patacas, o equivalente a um crescimento trimestral de 5,4 por cento e um crescimento anual de 3,7 por cento.


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segunda-feira 24.2.2020

JOGO LAWRENCE HO DIZ QUE IMPACTO DO COVID-19 VAI DURAR MESES

BNU Doacção de 100 mil patacas à Santa Casa

O Banco Nacional Ultramarino em Macau doou na passada sexta-feira 100 mil patacas à Santa Casa da Misericórdia para apoiar a instituição no combate ao surto do novo coronavírus, anunciou o banco em comunicado. "No âmbito da sua estratégia de responsabilidade social, o BNU doou 100.000 patacas à Santa Casa da Misericórdia de Macau, com o principal objectivo de apoiar os esforços desenvolvidos no combate ao actual surto epidémico do Covid-19", pode ler-se na mesma nota. Na quarta-feira, o BNU já doara à Caritas 100 mil patacas e anunciara a abertura de uma conta de angariação de fundos, também para ajudar a instituição.

Na casa de partida

Após um lucro de 3 mil milhões de patacas no ano passado, a Melco Resorts & Entertainment prepara-se para uma recuperação lenta do mercado em Macau devido ao surto do novo coronavírus

Inflação Taxa sobe 2,75 por cento

GRANDES APOSTADORES

A taxa de inflação fixou-se em 2,75 por cento nos 12 meses terminados em Janeiro, relativamente a igual período anterior, de acordo com dados oficiais. Em comunicado, a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indicou que a subida do Índice de Preços ao Consumidor geral médio deveu-se, sobretudo, au aumento nos preços da educação, que subiram 5,59 por cento, dos transportes, 4,49 por cento, e dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, que cresceu 4 por cento. Em Janeiro, o IPC subiu 2,98 por cento em termos anuais, impulsionado principalmente "pelo aumento dos preços das refeições adquiridas fora de casa, das excursões, da carne de porco fresca e da gasolina", além das rendas de casa, referiu a DSEC.

Máscaras 12 burlados em compra online

Doze residentes de Macau foram burlados no fim-de-semana depois de tentarem comprar máscaras através da Internet. No primeiro caso, que aconteceu sábado, um residente tentou comprar uma grande quantidade de máscaras a um homem do Interior, mas ficou sem dinheiro, uma vez que o produto nunca foi enviado, nem o homem a quem tinha sido feita a compra mostrou qualquer intenção de devolver o dinheiro. Ontem, foram revelados mais cinco casos, de pessoas que teriam comprado máscaras com especificações KF94, através das redes sociais. No entanto, depois do pagamento nunca receberam o produto e o perfil onde a venda teve lugar foi apagado.

E quanto tempo vai levar até que possam regressar? Há muitos pormenores que ainda têm de ser resolvidos”, apontou. Também na apresentação dos resultados compareceu David Sisk, director de operações dos empreendimentos integrados da Melco em Macau, que revelou que após a reabertura dos casinos, o Studio City e o City of Dreams receberam apenas 30 clientes. “Quando abrimos o Studio City houve 10 clientes que apareceram. E quando abrimos o Cityf of Dreams eram 10 ou 12 clientes. Quando saí, às 02h00, o número devia ser de 20 clientes, mas isto mostra que vamos ter de esperar”, vincou Sisk. O mesmo membro da direcção da empresa admitiu ainda esperar um período de recuperação entre os quatro e seis meses.

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empresário Lawrence Ho, que controla a concessionária do jogo Melco Resorts & Entertainment, admitiu que o impacto do coronavírus para a principal industria do território vai fazer sentir-se durante “um longo período de tempo”. O

cenário foi traçado pelo presidente da Melco na apresentação dos resultados para o ano de 2019. “O início de 2020 foi fenomenal. Já em 2019 tínhamos tido um ano fantástico com recordes em todos indicadores do desempenho financeiro, até ao nível da quota do mercado alcançamos o valor

“A nossa opinião, como a de outras concessionárias do jogo, é que para voltarmos ao nível onde estávamos vai levar muito tempo.” LAWRENCE HO MELCO RESORTS & ENTERTAINMENT

mais alto da empresa. Mas, claro, assim que o coronavírus apareceu tudo caiu abruptamente”, começou por explicar o filho de Stanley Ho. “A nossa opinião, como a de outras concessionárias do jogo, é que para voltarmos ao nível onde estávamos vai levar muito tempo [...] antecipamos que o mercado de Macau fique muito ‘quieto’ durante um longo período de tempo”, acrescentou. Entre os desafios, além do vírus, está a mobilidade dos turistas do principal mercado, o Interior da China. “Como é que as pessoas vão vir do Interior para Macau?

Por outro lado, a direcção da Melco acredita que o eventual regresso à normalidade vai ser feito principalmente à conta dos grandes apostadores, os jogadores VIP, numa primeira fase. Só depois é que o mercado de massas deverá regressar à RAEM, quando forem emitidos novos vistos individuais de viagem no Interior e as excursões forem autorizadas a regressar. “Neste primeiro mês em que vamos reabrir não esperamos muita gente. Portanto, inicialmente a recuperação deve ser principalmente motivada pelo sector VIP. Depois, de forma gradual, vamos ver os visitantes individuais a regressar e mais tarde os excursionistas”, indicou Lawrence. Finalmente, a empresa tem até 24 de Julho de 2021 para terminar as obras de construção da 2.ª Fase do casino Studio City. Sobre este aspecto, Lawrence Ho admitiu que a empresa ainda está à espera da licença de construção do Governo, que deverá demorar, uma vez que a prioridade do Executivo passa agora por combater o coronavírus. No entanto, nesta altura, recusa admitir um cenário de atraso nas obras. Em relação aos resultados para 2019, a Melco apresentou um lucro de 3 mil milhões de patacas, o que representa um aumento de 9,7 por cento face a 2018, quando o lucro tinha sido de 2,7 mil milhões de patacas. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


8 coronavírus

24.2.2020 segunda-feira

78823 Infectados

Covi novel cor

4148

10968 Em estado crítico

Casos suspeitos

FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia

INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 76936 602 135 89 132 74 35 35 28 28 22 22 16 16 13 12 10 9 9 3 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Interior da China Coreia do Sul Japão Singapura Itália Hong Kong Tailândia EUA Irão Taiwan Austrália Malásia Alemanha Vietname Emiratos Árabes Unidos França Macau Canadá Reino Unido Índia Filipinas Rússia Espanha Nepal Israel Libano Cambodja Bélgica Egipto Finlândia Sri Lanka Suécia

OUTROS

634

Cruzeiro Diamond Princess países com casos de nCov países sem casos de nCov

Infectados

4 MACAU

Infectados

6 Curados

Macau

74 HONG KONG

Infectados

2

HONG KONG

1

Curado

Hong Kong

Mortos


coronavírus 9

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id-19 ronavírus

2462

23364

HOJE NA CHÁVENA

Curados

Mortos

1-99 10-99 100-499 500-999 1000-9999 +10000 Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

78,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0

20

dias

40

dias

60

dias

Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 64084 1342 1271 1205 1016 989 934 754 631 573 526 480 399 335 311 293 294

MORTOS 2346 6 19 1 4 6 1 4 5 6 3 12 4 1 6 1 1

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 245 174 168 146 132 135 121 91 91 76 75 71 74 28 18 4 1

MORTOS 2 0 4 1 0 3 1 2 1 2 0 0 2 1 0 0 0


10 china

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A força do espírito

Dalai-lama assinala 80 anos como líder dos budistas tibetanos

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dalai-lama assinalou sábado 80 anos como líder espiritual do Tibete, cargo que desempenhou quase sempre no exílio e sob vigilância da China. A centenas de quilómetros do imenso palácio Potala de Lassa, o líder budista lidera, desde 1959, há 60 anos, os tibetanos no exílio a partir de Dharamsala, nos Himalaias indianos. O dalai-lama, de 84 anos, continua a ser universalmente reconhecido como o rosto da independência do Tibete, província chinesa desde 1951. Prémio Nobel da paz em 1989, Tenzin Gyatso é cada vez menos visto em público. O carismático 14.º dalai-lama abrandou o ritmo das deslocações e, em Abril passado, foi hospitalizado com uma infecção pulmonar. Por outro lado, a influência crescente da China e as

ameaças de represálias a quem recebe o líder budista levou também a uma menor presença internacional do dalai-lama, que Pequim acusa de querer dividir o país. O gabinete do líder espiritual tibetano indicou já que esta data não será assinalada com comemorações, depois da anulação de uma reunião de fiéis, prevista para Março, devido ao coronavírus Covid-19.

QUEM SE SEGUE?

Nascido a 6 de julho de 1935 com o nome de Lhamo Dhondup, filho de um casal de agricultores nas colinas do nordeste tibetano, tinha dois anos quando chegou à aldeia uma expedição em busca do novo líder espiritual do Tibete. Em 1939, tornou-se no 14.º dalai-lama. Em 1950, com 15 anos, foi designado chefe de

Estado tibetano, depois da entrada do exército chinês no Tibete. Na chefia de um governo exilado, o dalai-lama procurou chegar a um compromisso com Pequim sobre o Tibete, baseado inicialmente na reivindicação da independência lentamente substituída por uma exigência de maior autonomia. A questão da sucessão está por definir. Tradicionalmente, os budistas tibetanos escolhem o dalai-lama através de uma busca ritual, que pode demorar vários anos, com uma comissão itinerante que procura sinais em crianças jovens que possam ser e reencarnação do último chefe espiritual. O 14.º dalai-lama poderá também optar por um processo não tradicional e nomear, ainda em vida, um sucessor, ou decretar que é o último dalai-lama.

AUTOMÓVEIS MERCADO ESTAGNADO EM FEVEREIRO

O

mercado automóvel chinês estagnou, nas duas primeiras semanas de Fevereiro, com as vendas a caírem 92 por cento, em termos homólogos, à medida que o surto do coronavírus Covid-19 paralisou o país, agravando a crise no sector. Segundo os dados publicados sexta-feira pela Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, as vendas caíram 96 por cento e 89 por cento, na primeira e na segunda semana do mês, respectivamente.

O número de retalhistas que retornaram ao trabalho após as férias do Ano Novo Lunar, que terminaram em 31 de Janeiro, ainda é muito baixo, assim como o número de clientes dispostos a comprar um veículo novo durante

aquele período. Apenas compras “urgentes” foram feitas, segundo a Associação. No entanto, o relatório garante que a estagnação durante as duas primeiras semanas de Fevereiro é “temporária” e que, caso sejam aplicadas políticas de apoio ao sector e de incentivo ao consumo, as vendas recuperarão ao longo do ano. As autoridades prometeram que vão estudar medidas para “estabilizar” o mercado automóvel, perante o impacto do surto nas vendas. PUB

NOTIFICAÇÃO N.° 84/AI/2020 -----Atendendo a que não é possível proceder à respectiva notificação pessoal, pela presente notifique-se XU CHUANYUAN e XU QIUYUE, proprietários da fracção autónoma situada na Rua de Berlim n.° 240, Edf. Seng Hoi Hou Teng, Bloco 1, 15.° andar E, que no dia 22.02.2020 caducaram as medidas provisórias que foram aplicadas à referida fracção na sequência do Auto de Notícia da DST n.º 232/DI-AI/2019,de 23.08.2019.------------------------------------------------------------------------------------------------------Para mais informações, o ora notificado pode comparecer nas horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.º andar.----------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 20 de Fevereiro de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Xi Jinping, Presidente da China “Aprecio muito a demonstração de generosidade da fundação Bill e Melinda e o vosso testemunho de solidariedade para o povo chinês é um momento importante.”

FUNDAÇÃO GATES XI JINPING AGRADECE CONTRIBUTO

Ser solidário

A fundação presidida por Bill e Melinda Gates doou 100 milhões de dólares para reforçar o combate ao Covid-19. O dinheiro deverá ser distribuído por várias instituições como a Organização Mundial de Saúde, os Centros Americano e Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças e a Comissão Nacional de saúde na China, entre outras

O

Presidente chinês, Xi Jinping, agradeceu sábado numa carta à fundação Bill e Melinda Gates pelo financiamento “generoso”, de 100 milhões de dólares, na luta contra o novo coronavírus, anunciou ontem a imprensa estatal. A fundação criada pelo milionário norte-americano e a mulher comprometeu-se no início de Fevereiro a investir 100 milhões de dólares para ajudar organizações sanitárias, governos e o sector privado nos esforços para acabar com a epidemia da pneumonia viral. “Aprecio muito a demonstração de generosidade da fundação Bill e Melinda e o vosso testemunho de solidariedade para o

povo chinês é um momento importante”, indicou o Presidente Xi numa carta, segundo a agência oficial Nova China.

CENÁRIO DE CRISE

A China atravessa um “momento crítico” na luta contra a epidemia do coronavírus, que já provocou mais de 2.300 mortos e infectou mais de 76.000 pessoas no país, insistiu o chefe de Estado. Medidas drásticas de contenção foram impostas a dezenas de milhões de chineses, juntamente com estritas restrições de tráfego na China. “Estas medidas excepcionais levaram a resultados substanciais”, disse Xi. O número diário de novos casos de contaminação por coronavírus Covid-19 na China caiu sábado, com

apenas cerca de 400 casos adicionais confirmados em 24 horas, em comparação com quase 900 na sexta-feira. Dos 100 milhões de dólares prometidos pela fundação Gates, 20 milhões de dólares serão destinados a instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS), os Centros Americano e Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, bem como à Comissão Nacional de saúde na China. Outros 20 milhões de dólares serão destinados às autoridades de saúde pública em países da África Subsaariana e do Sudeste Asiático, regiões mal preparadas para lidar com a epidemia e até 60 milhões de dólares serão gastos em pesquisa de vacinas, tratamentos e meios de diagnóstico.


segunda-feira 24.2.2020

Perde-se a vida a desejá-la tanto

Anabela Canas

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UZES coloridas. Vermelho, verde. As acções doseadas no fluir do tráfego por cores. Sempre para uns uma e para os outros a de sinal contrário. Quem conduz adora as ondas verdes de semáforos a mudar à sua passagem sem interrupção. Chegar cedo. Mas para cada onda verde, existe transversalmente uma enorme onda vermelha a barrar a pressa de outras vidas. Num avanço interrompido e sincopado como a subida ao castelo. A atenção aos sinais nos pequenos capítulos do dia. E haver sempre um sinal escondido. Amarelo intermitente. Um peão que pode passar com sinal vermelho se não vem carro, um automóvel a virar a curva quando não vê peão. Os dias de episódios anódinos que perfazem o quotidiano. Em tudo insignificantes e idênticos aos de outros dias. Mas que ficam a macerar lentamente, desesperantemente, muito depois. Como a ânsia de resolução de uma equação simples e determinante que invade a consciência sem aviso. Nesta construção invisível em que se manipulam irreversíveis conjuntos concorrentes e aleatórios de circunstâncias, de que se é alvo e de cujos efeitos se fica pendente, na ignorância do que poderia ter sido. Se de outro modo. Virar num cruzamento e à curva parar o carro para deixar passar um homem, por acaso idoso, por acaso de uma cor qualquer, que começa a atravessar, com o semáforo vermelho dos peões a dizer-lhe para não o fazer e eu a fazê-lo hesitar. Deixar passar. Porque era uma pessoa. Porque era um idoso. Porque tinha uma cor qualquer, e por uma razão qualquer. Porque ele não tinha razão e eu não tinha pressa. Por nada de especial que simplesmente me parou. Ele. Como poderia não ter sido assim, ele não estava em risco, eu nunca tenho tempo. Coisas sem importância. E não batalhas para ganhar uma guerra qualquer. Perder quinze segundos na corrida da manhã e logo um pouco mais à frente parar num sinal vermelho. Uma sequência com uma moderada dose de consequência. Nada de especial. Mas foi aí que sem o pensar, sei agora, algo se imiscuiu no anódino do episódio como se dissesse para comigo que ali é que a porca torce o rabo. Não que eu tenha olhado para o sinal a mudar como quem olha para a arrogância de que quem exerce um daqueles pequenos poderes que dão satisfação a alguns egos. Mas dei comigo a revirar as possibilidades de todos os ângulos como se daí adviesse como resposta, o sentido da vida. Que mente a minha. A precisar de respostas. Mas não, o sinal vermelho não foi claro na arrogância apressada de cair

Um semáforo na Etiópia ANABELA CANAS

Cartografias

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naquele momento, para parecer determinante o ínfimo pedaço de tempo que tinha despendido a parar e deixar passar, a meter uma nova mudança e avançar. Estava simplesmente lá porque mudou ao seu ritmo. Podia pensar que os céus não recompensaram a escolha feita, com um sinal verde. Mas também que confirmam que mais minuto menos minuto perdido a deixar passar o homem, não alterara relevantemente o curso do dia. O sinal vermelho fez parar de uma maneira ou de outra. Perder trinta segundos. E depois pensar que, se não tivesse deixado passar o homem, poderia ler o inevitável sinal vermelho como a condenação do gesto mesquinho. Ou como a confirmação de que deixá-lo passar em nada teria atrasado o meu caminho. E se caísse o sinal verde? Pensaria que tinha valido a pena o gesto egoísta, caso não tivesse passado o homem, ou que era a recompensa por tê-lo deixado passar se assim fosse? Duas hipóteses: deixar ou não deixar passar. Para cada uma, duas luzes de semáforo de colorido diferente e ambas possíveis a seguir. Para cada cor da luz, duas leituras possíveis. Recom-

pensa ou penalização. Não há uma ética no acaso. E no final do pequeno episódio, de novo o sinal íntimo e intermitente. Não imaginar. O que poderia ter-se cruzado num dia qualquer, como destino, em resposta a um minuto que se perdeu ou se ganhou. Como se alguém mexesse fios de marionetas e como se o fôssemos. A aproximar ou afastar de sonhos. As luzes são sinais. De trânsito. De curta validade. A respeitar, de qualquer modo e para além deles. Sinais da im-

A vida não se apresenta clara nem dá respostas unívocas. Esconde a causalidade das pequenas coisas, como quem se reserva para o melhor ou não pretende assustar

portância de um sinal. A cumprir ou a não cumprir. E só. Sem mais respostas, sem validação sem orientação para além do momento curto e logo obsoleto. Outros sinais são como um semáforo na Etiópia. Uma agulha num palheiro. Lembro-me daquela praça em Adis Abeba onde nunca estive. Um cruzamento de loucos e sem semáforos. Onde o único sentido que prevalece, é o de cada um. E chegar onde se quer. Não. A vida não se apresenta clara nem dá respostas unívocas. Esconde a causalidade das pequenas coisas, como quem se reserva para o melhor ou não pretende assustar. Como o platonismo de Kafka. Uma realidade sempre a caminho de ser e nunca sendo. Não uma direcção e não um fim, somente um sentido. Mas algumas respostas são prévias, como mantimentos para o caminho. E a única resposta vem de dentro. Como num teste de escolha múltipla. Avaliamos, escolhemos e voltamos a avaliar. Mas o caminho é às cegas, tirando pequenos sinais. Onde está o sorriso da cor e o nosso, a cor dos segredos – isso - diálogos a sós.


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Chen Chun e o Pincel Grande Nuvem

Paulo Maia e Carmo texto e ilustração

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HANG Yanyuan (810-880), que escreveu a influente obra de crítica e história da arte Lidai Minghua Ji, durante a dinastia Tang (618-907), estabelece a clara atitude que seria reconhecida nas futuras análises da arte: «a pintura tem que ser alcançada para além das formas.» Uma afirmação marcante num momento em que ficava patente a tensão entre duas pulsões antagónicas no desenvolvimento histórico; o de integração social de um lado e o individualismo livre do outro, que, grosso modo, se juntavam nas correntes do confucianismo de um lado e do budismo chan do outro. No seu aspecto formal, popularizavam-se as pinturas de traços minuciosos que encerravam grandes superfícies coloridas a azul e verde, por vezes sublinhadas a ouro (qinglu); mas este foi também o tempo em que se desenvolveu entre os literatos outra forma de pintura que desprezava a descrição realista dos motivos, valorizando as qualidades caligráficas do uso do pincel e da tinta (shuimo hua). Na dinastia dos Song e nas seguintes, esta seria a via mais fundamentada pelos teóricos da pintura. A influência dos seus argumentos notar-se-ia muito para lá do seu tempo e das fronteiras do império. No Japão um pintor, Hasegawa Tohaku (1539-1610) que se tornaria influente ao ser designado pintor oficial do grande unificador do Japão, Toyotomi Hideyoshi mas cujas obras valorosas sobreviveram às leis do tempo, levaria longe essas possibilidades expressi-

vas do domínio da tinta. Como por exemplo no biombo de doze painéis (156,8 x 356 cm cada) «Floresta de pinheiros» que se encontra no Museu Nacional de Tóquio. Mas no continente também continuava a ser valorizado o modo de fazer dos pintores de cultura, como no caso de um notável pintor de Suzhou. Chen Chun (1485-1544) seria reconhecido pela sua caligrafia que aprendera com o lendário Wen Zhengming (1470-1559). De modo característico porém, o seu modo de fazer não fazia deliberadamente referência a nenhum mestre anterior. Chen procurava a essência, o espírito do seu motivo. Como no caso da caligrafia «Poema no Festival do Duplo Nove» realizada num leque dobrável e montada numa folha de álbum em tinta sobre papel dourado (17,1 x 51,4 cm) que se encontra no Metmuseum em Nova Iorque e em que a liberdade e o ritmo alegre das formas caligráficas correspondem ao conteúdo do escrito. Liberdade que também é visível nas suas paisagens, como em «Montanhas nas nuvens» que está na Freer Gallery of Art, em Washington d. C. Observando com atenção poder-se-ia quase deduzir os dois tipos de pincel ideais para esta pintura, com os seus nomes: o «cavalo selvagem» (shanma) para a textura das rochas e montanhas e o «grande nuvem» (gufa dabaibi) que absorve uma grande quantidade de água e de tinta e permite numa só mancha uma imensa variação de tonalidades da tinta preta, como uma nuvem velando o indizível.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

segunda-feira 24.2.2020

O Fok Tak Chi da Avenida António Sérgio

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OJE, dia 2 da 2.ª Lua celebra-se o aniversário de Tou Tei. Em Macau encontram-se nichos com o Tou Tei em toda a parte, uns pequenos colocados ao nível do chão na entrada de lojas e habitações, que actualmente tem vindo rapidamente a desaparecer, e outros em pequenos pavilhões, muitos estranhamente situados pois fora do alinhamento das ruas. Há ainda pequenos edifícios feitos para albergar o deus da terra (Tou Tei) em quase todos os bairros de Macau e o único que não tem creio ser S. Lázaro. Dois dos mais interessantes pequenos templos na península de Macau situam-se na Rua da Barca da Lenha e na Rua do Patane. Já os três principais templos são, o Tou Tei miu do Largo do Pagode do Patane, o Fok Tak Chi na Rua de Tomás da Rosa, no bairro da Horta da Mitra e o Templo da Felicidade e da Virtude da Avenida do Almirante Sérgio, entre os prédios 131 e 133. É sobre este último que aqui vamos escrever, através do que lemos da folha entregue pela senhora Va, que dele toma conta. Sendo o maior templo a Fok Tak em Macau, foi construído em 1868, sétimo ano do reinado Tong Zhi (1862-1874), após o governo português, por Portaria Provincial de 8/2/1867, ordenar que fossem ultimados os aterros que iam das Portas do Cerco até à Barra. Dava-se preferência aos proprietários locais, anteriores residentes nessa margem do Rio Oeste, que os quisessem aproveitar, retirando-lhes se os não ultimassem, ou exigissem um prazo excessivo para o fazer. Nesse local existira já um pequeno templo, como se constata no Edital de 29/10/1828, quando o mandarim de Heong-San proibia ao português Miguel Benvindo continuar as obras efectuadas à esquerda dum pequeno templo e à direita duma misteriosa pedra, denominada de Manduco, assim chamada devido a uma rocha aí existente e que pelo bater das águas parecia o coaxar das rãs, ou manducos, como são conhecidas em Macau as rãs grandes de água doce. Segundo o Boletim da Província de Macau e Timor de 24/2/1869: “Em Macau o aterro do rio, para o lado da Barra, acha-se já unido ao terreno do Pagode chinês, de sorte que hoje as povoações da Barra e Patane se acham em comunicação pela estrada marginal.” A zona da Praia do Manduco, sendo de grande actividade comercial, estava já toda ocupada com estabelecimentos e casas de habitação. Arranjou-se então um pequeno espaço (que pela localização acima referida era a do anterior templo) e aí os locais decidiram mandar construir

bu onde são colocados dezenas de pauzinhos numerados, os tchôk tchim.

JOSÉ SIMÕES MORAIS

José Simões Morais

FESTA DE PANCHONG GRANDE

o templo a Fok Tak. Por isso, o geomante que decidiu sobre a sua construção teve pouco espaço de manobra, pois os habitantes queriam rapidamente o templo para os ajudar a fazer bons negócios. Num artigo anterior referimos ser Fok Tak (Fu De) o nome dado em algumas províncias da China aos locais deuses da terra, que se tornou também o Deus da Riqueza devido a propiciar prosperidade a quem homenageava o falecido Zhang Fu De (张福德, 1044-973), cujo nome de cortesia era LianHui (濂辉). Oficial cobrador de impostos durante a dinastia Zhou do Oeste foi muito querido da população pela sua honestidade e bondade e por isso, após a sua morte espalhou-se a fama de proporcionar prosperidade a quem lhe oferecia sacrifícios. Nos três primeiros anos, as pessoas, que ofereceram dinheiro para a construção do templo, foram muito ajudadas pela divindade Fok Tak, correndo muito bem os negócios, levando muita gente a aí se dirigir para lhe pedir ajuda. Mas depois começaram os problemas devido ao fong-soi (Feng Shui) do templo. Um tufão ao passar por Macau em 2 de Setembro de 1871 levou-lhe todo o te-

lhado, mas as casas ao lado não sofreram nada; algo muito estranho. Então as pessoas facilmente deram dinheiro para a sua reconstrução. O Templo da Felicidade e da Virtude da Avenida do Almirante Sérgio têm o ancião Weiling como o deus local da terra, cuja estátua no nicho principal é a única em Macau do Tou Tei com o tamanho de uma pessoa, sendo mesmo a maior existente na cidade; está sentada e é feita de madeira, que foi dourada. Outras são as divindades aqui adoradas, onde não poderia faltar Tin Hau, não estivesse o templo outrora junto à água de um dos ramais do Xijiang. Apresenta também um incensório em cobre de 1827, sétimo ano do reinado do Imperador Daoguang da dinastia Qing, sobre uma mesa de sacrifício do ano de 1868, uma das vinte mesas que no templo existiram. Já na última visita, encontramos na parede um papel encaixilhado onde o Instituto Cultural referia ter dali levado cinco peças do espólio, uma mesa, um carimbo em madeira, duas caixas onde os deuses Ziwei e Guan Yi se encontravam protegidos, assim como um tchim t’ông, recipiente cilíndrico de bam-

O Templo da Felicidade e da Virtude da Avenida do Almirante Sérgio têm o ancião Weiling como o deus local da terra, cuja estátua no nicho principal é a única em Macau do Tou Tei com o tamanho de uma pessoa, sendo mesmo a maior existente na cidade

No B.O. de 1867 há uma pequena referência à Festa do Panchão Grande realizada no largo da Fonte do Lilau, mas uma das primeiras descrições sobre a festividade aparece num jornal de 1873. Ocorrida em Macau no dia 2 da segunda Lua, era então o deus da terra chamado deus penate, numa alusão ao Deus romano do Lar e da Família. Celebrada pelos chineses em vários quarteirões da cidade, era-lhe então dada o nome popular de Festa de Panchong Grande, talvez devido à longa tira de cartuchos de pólvora, o panchão grande, que aceso, interminavelmente vai estourando e provoca um imenso estardalhaço com uma intensa fumarada. A crónica referia: “Houve este ano grande emulação entre os festeiros, que se esmeraram principalmente em fazer longas e pomposas procissões, acompanhadas de muitas bandas de música, grandes bandeiras, lindos quadros e bailéus, em cima dos quais apareciam meninos e meninas representando vários episódios da mitologia chinesa, sendo o mais notável deles em que uma menina parecia estar de pé sobre um leque aberto, pois o ferro que sustentava a criança estava tão bem escondido, que fazia uma completa ilusão aos espectadores. Os chineses levam a origem desta festa aos tempos imemoriais, e não há casa nem família alguma que não tenha o seu deus penate, em honra do qual queima em certos dias da lua pivete e velas de cebo. Deu-se em Macau a esta festa o nome de panchong grande por queimarem por essa ocasião grandes petardos e muitos foguetes. Os chineses entusiasmam-se e dão muito dinheiro para as despesas da festa, porque julgam que quanto maior for a pompa e mais estrondosa for a festa, mais felizes serão os festeiros, os quais além disto se esforçam à porfia para apanharem o resto dos foguetes depois da explosão, porque encontram nisso um bom agouro. Cada quarteirão da cidade faz a sua festa em separado; as diversas comissões dos festeiros esforçam-se para sobressaírem uns aos outros, e com isso gasta-se uma grande quantidade de dinheiro. Há em Macau dois pagodes especialmente destinados aos deuses penates, um em Sankio, e outro na Praia do Manduco, e por isso são muito concorridos nestes dias, tanto por homens como por mulheres. Festa onde não entram os bonzos, porque não têm ligação com as religiões de Fo [Budismo] e Tau.”


14 (f)utilidades POUCO

C H U VA

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FRACA

NINGUÉM LEVA A MAL

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As autoridades italianas ordenaram a suspensão dos festejos do Carnaval de Veneza para tentar travar a propagação do novo coronavírus, numa altura em que o número de casos de infecção no país se eleva a 132. O

S U D O K U 3

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UM FILME HOJE 4

Hank Deerfield (Tommy Lee 6 Jones), um investigador apo1 da4polícia 3militar, é sentado confrontado com 9 o desapare2 cimento do filho, que voltou 5 do1Iraque. 4 Descrente da Guerra no trabalho dos militares, Hank 7 decide investigar por si pró3 4 prio. Ao longo deste processo, Deerfield contar 8 vai 5 4 com o apoio da agente Emily Sanders 9 Theron), naquele (Charlize que também é um 5confronto 2 7 entre polícia regular de forças e militar. Este é um filme que 6 3 2 5 9 4 aborda 6 o stress pós-traumático dos cenários 1 5 de4 guerra 6 8e que 7 6 procura um significado4para 9 8 7 3 2 1 as guerras mais7 recentes norte-americanas. 8 1 João 9 Santos 2 6Filipe 5

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VIDA DE CÃO

SAMARRA O mundo desaba em Abu Dahbi e recompõe-se em Samarcanda. Um terramoto afunda uma cidade no Chile e um vulcão soterra de cinzas nas Filipinas. O Covid-19 mata nas Fidji, em Madagáscar e Santa Helena. Um tornado atinge o centro dos EUA, enquanto há dissidências na casa real britânica e o Benfica não ganha há quatro jogos seguidos. O que hei-de fazer? Nas ruas, as máscaras riem-se do reconhecimento facial. Os becos permanecem teimosamente vazios. Travessas enfadadas prendem cabelos. Avenidas de presunção deslizam por ecrãs. Autoestradas cintilam vistas do espaço. Um atentado terrorista ocorre em Islamabad. Outro não terrorista desaloja uma família em Samarra. O que vim eu fazer a Samarra? Fica no Iraque Samarra. Dantes fazia parte do império sassânida, como fez parte do de Alexandre, um dos mais rápidos da História. De Bagdad a Samarra não é muito longe mas a viagem demora uma vida. Eu finalmente cheguei, embora não saiba ao que vim. Ninguém sabe o que vem fazer a Samarra. Na melhor das hipóteses, encontrarei um amigo. Carlos Morais José

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governador da região de Veneto, Luca Zaia, disse que a suspensão entra em vigor ao final da tarde de hoje (ontem). O Carnaval de Veneza, que atrai anualmente dezenas de milhares de pessoas, continuaria até terça-feira.

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5 NO VALE DE ELAH | PAUL HAGGIS (2007)

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opinião 15

segunda-feira 24.2.2020

reencarnações

JOÃO LUZ

P

Apocalipse, não

ERMITAM-ME um devaneio de ficção na direcção oposta à tranquila racionalidade com que as autoridades locais têm tratado a epidemia do coronavírus. Acabei de chegar a Macau (sexta-feira), depois de umas férias largas que começaram na última semana de Janeiro. Quando parti para Portugal estávamos longe dos cenários de ruas vazias e de toda a fantasmagoria subsequente. Passados alguns frangos assados e imperiais em Lisboa, começaram a chegar notícias do encerramento de casinos, da corrida às farmácias na busca de máscaras, quarentenas forçadas e escassez de tudo e mais alguma coisa. Entretanto, as imagens de Wuhan sugeriam um cenário de apocalipse zombie a lembrar os clássicos do mestre George Romero. No dia que regressei a Macau, um amigo contextualizou o timing das minhas férias uma forma simples: “agora as coisas já estão a voltar ao normal”. Parece que escapei a uma espécie de pena de prisão domiciliária, que não testemunhei no contacto com amigos mais próximos, que não se coibiram de tomar uns copos. Outro aspecto que importa referir é o alarmismo com que os média portugueses trataram este assunto, sedentos de sensacionalismo que veremos se será saciado com a confirmação do primeiro infectado português. Visto de Portugal, parecia que Macau estava a morrer de fome e sede, sem mantimentos, sem máscaras, sem esperança. Realidade contrariada com publicações nas redes sociais de prateleiras de supermercado cheias. Outro lamentável episódio foi o triste circo que fizeram com o retorno dos portugueses retidos em Wuhan e da relativa desilusão face à ausência de infectados. Uma vergonha completa. Feito o contexto, hoje sinto-me um personagem de um filme de zombies, com uma ligeira diferença. Em vez de despertar de um coma no pico do apocalipse, depois do total colapso de todas as instituições fundamentais da sociedade, (como Cillian Murphy em “28 Days Later”, ou Andrew Lincoln em “The Walking Dead”), abri a pestana já com situação controlada. É precisamente aqui que vou injectar um pouco de ficção nesta crónica, com uma pitada de crítica política. Imaginemos que não existe Estado, Governo e esferas de protecção pública num caso destes (o sonho molhado dos libertários e anarcocapitalistas). Em quanto tempo desceríamos para a total barbárie? Sem querer tecer grandes comentários à reacção das autoridades de Hubei, e Pequim (que cometeram erros

gravíssimos no início da epidemia), o que seria de Wuhan sem um poder público forte. Sinceramente, alguém consegue imaginar um cenário em que privados, movidos pelo propósito basilar da busca de lucro, seriam chamados a intervir num cenário destes? Seria o apocalipse zombie. A natureza não discrimina entre ricos e pobres, entre membros de conselho de administração e empregadas de limpezas e está-se nas tintas para os mercados. Nunca escondi a minha veia “trashy” em termos culturais. Um gajo não pode só encher a pança de clássicos, não se come filet mignon todos os dias. Às vezes apetece mesmo um prato de bifanas. Os filmes de terror orgulhosamente maus, especialmente os de zombies, fazem parte do meu imaginário desde criança. Assim sendo, face às notícias alarmistas que chegavam a Portugal, depressa comecei a imaginar um cenário de “salve-se quem puder” em Macau. Quem viu filmes como “Dawn of the Dead” sabe que a sobrevivência

Alguém consegue imaginar um cenário em que privados, movidos pelo propósito do lucro, seriam chamados a intervir num cenário destes? Seria o apocalipse zombie

num apocalipse zombie depende de quatro requisitos. Acesso a comida, água e medicamentos, um arsenal considerável de armamento, a segurança de um local fortificado e de difícil acesso a zombies e não esbanjar confiança a todos os que aparecem a pedir ajuda. Sobreviver ao desespero humano, por vezes, é mais difícil do que sobreviver aos avanços de uma horda de mortos-vivos. A Torre de Macau parece-me um dos locais ideais para montar fortaleza, com a possibilidade de isolar pisos caso as portas de entrada cedam. Restaurantes e acesso a mantimentos não faltam. A estrutura oferece também um ponto de vantagem para vigilância e defesa, se juntarmos à equação um par de carabinas sniper a coisa até se poderia tornar divertida. Importa referir que este tipo de cenário, roubado à ficção mais tola, é para muita gente uma espécie de nirvana ideológico preferível ao pavor de ter de pagar impostos e à brotoeja dogmática nascida da mais paranoica alergia estatal. Como é óbvio, estou a brincar. Mas, não me leiam mal, a possibilidade de uma coisa destas resultar em caos é bem real, principalmente face à gula humana por antibióticos e ao factor multiplicador das alterações climáticas na microbiologia. Até lá, aproveitem ao máximo a estabilidade social e a segurança de vivermos numa sociedade estruturada capaz de responder a ameaças invisíveis.


Aspiramos a ser anjos, mas temos instintos de bestas.

segunda-feira 24.2.2020

PALAVRA DO DIA

Arthur Conan Doyle

Via infecciosa COVID-19 ITÁLIA REGISTA 132 CASOS DE CONTAMINAÇÃO

Saúde Xi fala da mais grave emergência desde a fundação da RPC

O Presidente chinês, Xi Jiping, admitiu ontem que o surto do novo coronavírus na China é a mais grave emergência de saúde desde a fundação do regime comunista, em 1949. O surto de pneumonia viral pelo Covid-19 “é uma crise” e “uma enorme prova” para as autoridades chinesas, afirmou, em declarações transmitidas pela televisão estatal. O Presidente chinês reconheceu por outro lado “lacunas” na resposta ao coronavírus. A China já tinha sido, em 2002-2003, o ponto de partida da epidemia de SARS (síndrome respiratória aguda grave), que matou cerca de 650 pessoas no país. Em comparação, o Covid-19 tem-se revelado “muito difícil de prevenir e de controlar”, disse o Presidente chinês numa reunião com os principais dirigentes do país. Xi Jiping admitiu que haverá “inevitavelmente um forte impacto na economia e na sociedade”, mas assegurou que os efeitos serão de “curto prazo”.

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S infecções pelo novo coronavírus em quatro regiões do norte de Itália elevam-se a 132, depois de realizadas análises a cerca de 3.000 pessoas com sintomas suspeitos, informou ontem o presidente da Proteção Civil italiana, Angelo Borrelli. O surto, que teve origem na China, já infectou mais de 78.000 pessoas em todo o mundo, segundo os números das autoridades de saúde dos cerca de 30 países afectados. Em Itália, a maioria dos casos regista-se na Lombardia, com 89 infectados, seguida de Veneto, com 24 casos, dois dos quais na cidade de Veneza. Em Piacenza, na região de Emilia Romanha, há nove casos confirmados, em Piemonte seis e na Lácio dois, neste caso turistas chineses.

Duas pessoas morreram pela infecção por Covid-19 em Itália, uma na região de Veneto e outra na da Lombardia. A Protecção Civil não conseguiu até ao momento determinar o “paciente zero”, o primeiro caso em território italiano, pelo que “é difícil prever a propagação” do vírus no país, explicou Borrelli. O presidente da Lombardia, Attilio Fontana, fez eco destas informações afirmando, numa entrevista à SKYTV24, que os casos no norte de Itália já são “mais de 100” e pedindo ao governo central “controlos acrescidos nas fronteiras”. Nesta região, a mais rica de Itália, todas as escolas e universidades vão estar encerradas na próxima semana e foi decretada a suspensão de todos os eventos públicos e atividades de caráter comercial. A nível nacional, segundo o presidente da Protecção Civil, “há milhares de camas”

disponíveis, depois de o exército ter disponibilizado 3.142 camas e a Força Aérea 1.750.

CERCO AO VÍRUS

O governo colocou em quarentena 11 cidades da Lombardia e de Veneto para tentar conter o surto, área que totaliza cerca de 52.000 habitantes. O principal foco do que as autoridades admitem poder ser um surto de Covid-19 autónomo, não-relacionado com a cidade chinesa de Wuhan onde surgiram os primeiros casos, é Codogno, uma localidade de 15.000 habitantes, muitos dos quais trabalham nos arredores de Milão, a capital da Lombardia. O coronavírus Covid-19 surgiu em Dezembro em Hubei, no centro da China, país onde estão registados, a nível continental, 76.936 casos, 2.462 dos quais mortais.

Cinema “Cidade Ecrã” na universidade de Coimbra

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O filme-ensaio “Cidade Ecrã”, da autoria do cineasta e colaborador do HM Rui Filipe Torres, será exibido na sala 9 da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (UC) na próxima quarta-feira, um evento organizado pelo Instituto Confúcio da UC e pelo Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas da Faculdade de Letras da UC. Após a projecção está previsto um debate em que participam Rui Filipe Torres, João Amorim (Fundação Oriente), António Costa Valente (director do Festival Internacional de Cinema de Avanca e professor universitário) e Cristina Zhou Miao (Instituto Confúcio da UC). O filme aborda temas relacionados com a identidade de Macau e levanta questões como o papel do cinema na construção de uma cidade criativa e no estreitar das relações entre Portugal e Macau. “Cidade Ecrã” fez parte do programa das comemorações dos 20 anos transferência de soberania no Fundação Oriente em Lisboa e estreou no 21º festival internacional de cinema de Avanca 2019.

DIAMOND PRINCESS MORREU UM TERCEIRO PASSAGEIRO

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M terceiro passageiro do navio Diamond Princess, que se encontra em quarentena em Yokohama, morreu ontem após contrair o novo coronavírus, anunciou o Ministério da Saúde do Japão. A vítima, que morreu de pneumonia, é um octogenário japonês que também sofria de outras doenças, informou o ministério em comunicado. Com teste positivo para Covid-19, o passageiro foi retirado do Diamond Princess para um hospital local, acrescentou o ministério num comunicado à imprensa, sem especificar a data em que a infecção foi detetada ou o local onde foi tratado. A morte ocorre após a morte de outros dois passageiros japoneses, também octogenários, anunciada na quinta-feira. Estes dois octogenários, uma mulher e um homem, tinham alguns problemas de saúde e foram retirados do barco em 11 e 12 de Fevereiro, indicou uma fonte do ministério e a estação pública japonesa de televisão NHK. Com 630 das 3.711 pessoas a bordo infectadas com o vírus, entre as quais um português (ver páginas2-3), o navio cruzeiro Diamond Princess tornou-se na fonte mais importante de contágio fora da China, apesar de ter sido colocada em quarentena a 5 de Fevereiro.

Real Madrid Três meses sem Hazard

A Protecção Civil não conseguiu até ao momento determinar o “paciente zero”, o primeiro caso em território italiano, pelo que “é difícil prever a propagação” do vírus no país, explicou Borrelli

O belga Eden Hazard vai estar ausente durante cerca de três meses das competições futebolísticas devido a uma fissura no pé direito, anunciou ontem o Real Madrid. “Os exames médicos realizados hoje [domingo] revelaram uma fissura ao nível do perónio distal direito do nosso jogador Eden Hazard”, lê-se no comunicado dos madrilistas, divulgado oito dias depois do regresso do internacional belga, que tinha recuperado de uma microfractura no tornozelo direito, contraída em Novembro de 2019. Hazard lesionou-se na derrota do Real Madrid no terreno do Levante, por 1-0, no sábado, a quatro dias de a formação espanhola receber o Manchester City, para a primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, e nas vésperas do clássico com o FC Barcelona, para o campeonato.


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