Hoje Macau 24 JUN 2019 # 4315

Page 1

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

SEGUNDA-FEIRA 24 DE JUNHO DE 2019 • ANO XVIII • Nº 4315

ANDRÉ CARRILHO

LINHAS DO PENSAMENTO

MOP$10

hojemacau

EVENTOS

O altruísmo de Rita PÁGINA 4

BOM PAI DE FAMÍLIA JOÃO LUZ

FUTEBOL

SEM CASTIGO

Os bens do antigo director da DSSOPT estão congelados. O Ministério Público está a levar a cabo uma investigação cujos contornos são, por

PÁGINA 17

enquanto, desconhecidos, mas que já determinou a apreensão de 40 imóveis do ex-director e dos seus familiares. Jaime Carion está em parte incerta.

HOJE MACAU

PÁGINA 7

FERNANDA GIL COSTA | ‘‘UM NÃO TEM INTERESSE NO PORTUGUÊS’’ ENTREVISTA

LAGO SAI VAN

Cuidar da paisagem PÁGINA 5

h

PINTAR UM DRAGÃO PAULO MAIA E CARMO

METÁFORA E SINAPSE RITA TABORDA DUARTE

FESTA DE SÃO JOÃO JOSÉ SIMÕES MORAIS

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

Mãos na massa

ELEIÇÕES


2

FERNANDA GIL COSTA

ENTREVISTA

Fernanda Gil Costa defende ao HM que a Universidade de Macau deveria assumir um papel mais preponderante na ligação com a sociedade civil, papel esse que tem sido protagonizado pelo IPM. A académica conta que chegou a propor a criação de um centro de pós-graduação destinado a professores de português na China, semelhante ao que existe no IPM, mas o projecto ficou na gaveta Lança este ano um livro sobre autores contemporâneos de Macau (ver texto secundário). Fazem falta mais estudos por parte do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e da Universidade de Macau (UM) nesta área? Por parte da UM sem dúvida, porque na UM faz-se muito

HOJE MACAU

EX-DIRECTORA DO DEPARTAMENTO DE PORTUGUÊS DA UM

Língua morta-viva

pouco ou nada. E não há incentivos nenhuns. Como explica essa inacção? A explicação que encontro é que a UM não tem interesse no fortalecimento da língua portuguesa, não investe na interacção entre o departamento de português e a comunidade macaense. Assisti a isso várias vezes e participei de alguns episódios. As autoridades da UM não entendem que a universidade deve ter esse papel. Aliás, esse papel é reclamado pelo IPM constantemente e a UM não faz nada. Isso está muito bem

definido na sociedade de Macau, pois quando se fala do português é o IPM que toma a iniciativa e aparece como o rosto.

outras comunidades académicas e com a sociedade civil de Macau, sobretudo com as instituições do espaço público.

Há também maior ligação do IPM ao poder político da China. Sim, na China e em Portugal também. Não conheço o novo reitor da UM, mas o reitor que conheci, Wei Zhao, não tinha como prioridade desenvolver o português, apesar de me ter dito pessoalmente várias vezes. É possível dar aulas de português com mais ou menos alunos, mas o que falta é uma ligação com

“A UM não tem interesse no fortalecimento da língua portuguesa, não investe numa interacção entre o departamento de português e a comunidade macaense.”

Chegou a apresentar projectos específicos que foram negados? Não foram negados directamente, mas não me disseram que sim. Houve uma altura que tive um projecto e pareceu-me que o reitor gostou muito dele, e que consistia em criar na universidade um centro de pós-graduação destinado aos professores de português na China. O IPM pegou nisso como pode, pois não me parece que, até hoje, tenha uma acção muito visível. Mas isso nunca avançou (na UM) por várias razões.

políticas e tem a ver com o facto de os professores chineses não poderem estar em Macau mais do que um determinado período por ano, porque precisam de vistos especiais e isso não é possível de obter, ou é muito difícil. Cheguei a falar com o doutor Sou Chio Fai (director do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior), que se mostrou interessado em resolver o problema, mas disse-me que isso tinha de ir ao Ministério da Educação Chinês e percebi que era difícil.

Como por exemplo? Algumas dessas razões são

Com o reitor Wei Zhao, a UM virou costas a Macau?


3 segunda-feira 24.6.2019 www.hojemacau.com.mo

“Como portuguesa gostaria de ver o departamento crescer o mais possível, até porque há muito interesse por parte dos jovens chineses. Verifiquei isso, escreviam-me a pedir para abrir turmas. Isso era uma constante.” de português, em meados de 2015. Essa questão foi negada pela directora da faculdade. Ela negou, mas isso não é verdade. São factos. Se no ano anterior tinha havido, por exemplo, 27 turmas, e naquele ano iriam abrir 20, estamos perante uma redução. Como é que se desmentem factos? Não se pode. Isso era em relação aos alunos da faculdade que frequentam o português como língua opcional, e isso é importante. Muitas vezes os alunos optam depois por fazer um minor ou por continuar a estudar português de outra maneira. Havia um prejuízo colectivo quanto à difusão do português.

Quando cheguei ele já lá estava, e havia opiniões muito divergentes sobre a acção dele e as suas preferências. Comigo foi sempre muito simpático, não tenho razões de queixa dele em termos pessoais. Provavelmente não foi por causa dele, mas o que se passa na UM é que há níveis, sobretudo do intermédio para cima, em que a informação não passa. Havia um projecto, feito com base numa avaliação internacional que foi feita ao mais alto nível, e que iria servir para desenvolver o departamento de português, que nunca avançou. Isso aconteceu apesar de, no Senado, Wei

Zhao ter dito que o projecto era muito interessante e que tinha o seu apoio. Mas depois, sabe como é, nunca mais se fala nisso. Ninguém fala, ninguém se lembra. Lamenta o facto de ter sido feito um grande investimento em termos de instalações e, ao mesmo tempo, a UM não desempenhar devidamente o seu papel de formação de quadros em língua portuguesa? Sei que a universidade tem áreas de ponta ao nível da engenharia e informática, mas noutras áreas não tem e é bastante deficiente em relação a quadros, a profes-

sores de uma certa carreira internacional. Mas, como digo, não sei qual foi o plano estratégico da universidade. Quando fui para lá (em 2012) disseram-me que queriam desenvolver o português. Wei Zhao chegou a dizer-me que os departamentos de português e de inglês, logo a seguir ao de chinês, deveriam ser os mais importantes. Depois dividiram a faculdade, algo com o qual eu não contava, e isso mudou tudo, incluindo as prioridades. Aconteceu a polémica redução do número de turmas dos cursos opcionais

À altura foi-lhe explicado porque é que essas turmas iriam ser reduzidas? Uma das razões apontadas foi a redução do número daqueles professores, que chegaram a ser muitos e que eram necessários para manter estas turmas a funcionar. Não tinham contrato com a universidade e eram pagos à hora. Estes professores foram muito reduzidos na altura. Hoje não sei quantas turmas há, mas não parece que sejam entre 27 a 30 turmas como abriram nessa altura. Espero que a UM esteja a cumprir os objectivos que entende serem o seu desígnio maior. Como portuguesa gostaria de ver o departamento crescer o mais possível, até porque há muito interesse por parte dos jovens chineses. Verifiquei isso, escreviam-me a pedir para abrir turmas. Isso era uma constante. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Letras portuguesas Novo livro sai dentro de um mês

R

ECUPERAR Macau – A sobriedade das letras em português na cidade chinesa de Macau” é o novo livro de Fernanda Gil Costa. Actualmente no Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Fernanda Gil Costa contou ao HM que começou a trabalhar de forma mais profunda na obra quando saiu de Macau. “Enquanto estive na UM tive acesso e direito a um projecto de investigação, que no caso de ser aceite seria financiado. Fui mantendo os contactos mas não consegui escrever nada, porque o trabalho que desenvolvia lá e a forma como a universidade encara esse tipo de funções não é compatível com a reclusão necessária para escrever uma coisa assim, mais longa.” O objectivo do livro, segundo a autora, é “tentar contextualizar a situação daquilo que eu chamaria de espaço público da língua portuguesa em Macau”. Este espaço “é muito escasso, mas, apesar de tudo, tem uma grande vitalidade”. Fernanda Gil Costa dedica capítulos à obra de vários autores, tal como Carlos Morais José e Fernanda Dias, dois autores que, para si, mais espelham o retrato de autor de língua portuguesa com uma carreira consagrada

no período pós 1999. Há também a análise a “escritores de transição entre o português e o chinês, e do chinês traduzidos em português, como é o caso de Yao Jingming e o Joe Tang, que tem essencialmente duas obras bastante interessantes”. Uma das obras de Joe Tang que Fernanda Gil Costa destaca é “O Assassino”, traduzida para português por Ana Cristina Alves, e que interessa à académica porque enfabula “uma figura histórica controversa, que é o Governador de Macau do século XIX”. Quanto a Yao Jingming é “mais poeta no sentido tradicional do termo”, apesar das traduções que já fez, de autores portugueses como Camilo Pessanha e Eugénio de Andrade. Ainda assim, o livro de Fernanda Gil Costa retrata a mistura de géneros literários da obra de Carlos Morais José, incluindo as suas crónicas publicadas nos jornais. “O Carlos, quando escreve crónicas, escreve também prosa rítmica, com muitos traços de ficcionalidade. Poesia e prosa na obra dele estão completamente misturadas e é um caso extremamente interessante de olhar para a literatura de uma maneira que é tudo menos tradicional. Não estou a dizer que é o único que faz isso, mas em Macau será mesmo o único.”

Produção literária após transferência Fernanda Gil Costa destaca o facto de Fernanda Dias e Carlos Morais José terem conseguido cimentar a sua obra após a transferência de soberania. “São duas figuras que não iniciaram o seu perfil literário depois de 1999, mas confirmaram-no. As grandes publicações de um e de outro situam-se mais no depois do que no antes, isso para mim é um facto e é algo que deve ser olhado tentando buscar um sentido. A vontade e o interesse de o fazer é uma forma de afirmação da língua e da cultura portuguesa,

o que é muito interessante.” Para a autora, “o que se publica em português é muito importante por parte dos autores que escrevem directamente em português, mas também para o facto de se publicarem traduções em português de autores chineses”. “É muito pouco, mas apesar de tudo faz-se alguma coisa. O livro trata, além das questões teóricas, do facto de Macau ser uma cidade pós-colonial, dessa grande contextualização que se faz ao que aconteceu depois do handover”, acrescentou.


4 política

24.6.2019 segunda-feira

ELEIÇÕES RITA SANTOS DIZ NÃO TER SIDO REELEITA PARA PODER DAR OPORTUNIDADE AOS JOVENS

A abrir novos caminhos

Rita Santos, a única macaense que não foi reeleita para fazer parte do colégio eleitoral, apontou que a sua intenção era essa mesmo para que pudesse dar uma oportunidade aos jovens, avançando ainda que já existia um acordo prévio com a ATFPM para que ficasse de fora

E

U queria dar oportunidade aos jovens”, apontou Rita Santos para justificar o facto de ter ficado de fora, pela primeira vez desde 1999, da colégio eleitoral que vai ter a seu cargo a eleição do próximo Chefe do Executivo. A ideia foi deixada à margem da cerimónia de assinatura do acordo quadro de cooperação estratégica no projecto que envolve a promoção de Macau nos comboios de alta velocidade chineses. “Verifiquei que efectivamente, no dia em que fui fazer a promoção, estavam muitos jovens a subir no palco. Depois estive a reflectir: é melhor não discutir para obter este lugar embora eu tenha apoios que não são só da parte da China. Vou participar mas deixo-vos [aos jovens] avançar”, disse. Foi o dever para com o sub-sector que representava – laboral, que fez com que Rita Santos avançasse. Entretanto, a presidente da Assembleia Geral da

Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) já teria feito um acordo a este respeito com a associação. “Foi acordado previamente [com a ATFPM) e eu como parte do sector laboral tive que que participar”. Uma das razões para este acordo terá sido o excesso de trabalho que Rita Santos tem em mãos. “Falei com a ATFPM porque quero debruçar-me na implementação da plataforma de Macau e tenho tantas solicitações das associações que não consigo dar vazão a tudo isso”, acrescentou. Recorde-se que Rita Santos foi a segunda candidata menos votada no subsector do trabalho, pelo qual concorria. No total eram 63 candidatos a 59 lugares. Rita Santos arrecadou 285 votos.

MUITO AMIGOS

Questionada acerca da reação de Jorge Fão, ex-dirigente da ATFPM, que admitiu ter “quase” chorado quando soube da sua exclusão, Rita Santos, mostrou-se sen

sensibilizada. “Agradeço ao Jorge Fão porque somos muito amigos. Ele é muito querido, ajudou-me na minha carreira profissional e eu fiquei contente”, disse. No que respeita à comunicação futura com o próximo Chefe do Executivo a presidente da assembleia geral da ATFPM acredita que a associação vai continuar a manter o contacto que tem sido comum, de duas reuniões anuais. Tendo em conta que Ho Iat Seng é o forte candidato a ocupar o lugar, as expectativas são de que este tipo de trabalho se mantenha. “Este futuro Chefe do Executivo, que conhecemos muito bem, vai continuar com esta forma de trabalho com a ATFPM que é a mais representativa de todas as associações ligadas aos trabalhadores da função pública para podermos transmitir as nossas preocupações e os direitos dos trabalhadores”, sublinhou Rita Santos, acrescentando que acredita que Ho vá “ser um bom”, líder do Governo local.

Além de ser um conhecido de há longa data, Ho Iat Seng tem ainda experiência legislativa que lhe pode ser favorável na análise dos problemas de Macau. “Como trabalhou na Assembleia Legislativa, espero que tenha sensibilidade suficiente para resolver os problemas de Macua, nomeadamente na questão da habitação, na

“Foi acordado previamente [com a ATFPM) e eu como parte do sector laboral tive que que participar”. RITA SANTOS PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA GERAL DA ATFPM

resolução dos problemas de transporte e solução do salário mínimo”, apontou, sem deixar de referir que espera que Ho Iat Seng, venha também “elevar a moral dos trabalhadores da função pública”, tratando das questões acerca do subsidio de residência. Sofia Margarida Mota

Sofia.mota@hojemacau.com.mo

FUNÇÃO PÚBLICA DEPUTADO LEONG SUN IOK QUER PENAS PESADAS PARA CORRUPÇÃO

L

EONG Sun Iok instou o Governo a rever em breve as leis de modo a tornar mais o princípio de “quem tem poder, tem responsabilidade”. O deputado ligado aos Operários criticou também que, de acordo com a lei actual, quando os altos dirigentes da administração

pública praticam actos ilegais ou abusam do poder, não existe conflito entre o procedimento disciplinar e o processo penal, mas em muitos casos o Governo tem suspendido a acusação disciplinar, por estar a decorrer o processo penal. Assim, as pessoas com responsabilidades não têm

sido punidas adequadamente, segundo publicou ontem o Jornal do Cidadão. Leong Sun Iok recordou que, no relatório de 2018 de actividades do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) de Macau, é revelado o caso do ex-dirigente dos Serviços de ProtecçãoAmbiental (DSPA),

Cheong Sio Kei, que mantinha uma relação íntima com uma colega e organizava frequentes deslocações oficiais ao exterior com a mesma. Foi, por isso, acusado da prática de abuso de poder para fins particulares. Embora tenha deixado o cargo de dirigente no ano passado, voltou no dia

11 de Junho como técnico superior assessor principal da mesma direcção, “o que dá a ilusão de que um alto dirigente, ao cometer um erro, ainda pode aproveitar um salário elevado”, disse. O deputado acredita que a consciência dos funcionários públicos quanto

ao cumprimento da lei é fraca, dado que em cada ano há registo de quase 50 casos relacionados com matéria criminal e mais de 400 relacionados com matéria administrativa, o que indica que o efeito dissuasor das penalizações é insuficiente. J.N.C.


política 5

segunda-feira 24.6.2019

A Associação Novo Macau reuniu na sexta-feira com José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais, no sentido de obter mais informações sobre o projecto de requalificação da zona junto ao lago Sai Van. Sulu Sou exige mais transparência no processo e defende a preservação da paisagem

D

EPOIS da suspensão do projecto de criação de um mercado nocturno na zona do lago Sai Van, a população volta a estar preocupada com o facto de uma nova tentativa de requalificação poder alterar de forma pro-

LAGO SAI VAN NOVO MACAU PREOCUPADA COM PROJECTO DE REQUALIFICAÇÃO

A bem da paisagem funda a paisagem e um lugar que é classificado. Foi este o mote que levou os dirigentes da Associação Novo Macau (ANM) a reunir com José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). Em declarações ao HM, o deputado Sulu Sou adiantou que foi exigida uma maior transparência no processo. “Eles demonstraram alguma abertura no sentido de aumentar a transparência em relação a alguns projectos importantes. Contudo, há algumas preocupações sobre isso, porque apenas suspenderam o projecto

para o lago Sai Van e não o retiraram por completo.” “Foi-nos dito que iam continuar a melhorar a zona envolvente do lago Sai Van para aumentar o conforto dos residentes, mas quando este projecto estiver concluído, na próxima fase talvez regressem (à intenção inicial) de aumentar o passadiço”, referiu. “Apesar de terem prometido que vão consultar os residentes, estamos preocupados com o facto de eles poderem retomar o projecto, que muitas pessoas rejeitam”, acrescentou Sulu Sou. Esta não é a primeira vez que o projecto em questão

O último abate IAM promete obras no Canil Municipal e mais veterinários

J

OSÉ Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado José Pereira Coutinho, que o actual espaço do canil municipal vai ser alvo de obras de renovação. “Este Instituto pretende iniciar obras de renovação de gaiolas do Canil Municipal de Macau e acrescentar ou substituir gradualmente os equipamentos veterinários, a fim de proporcionar um ambiente mais agradável e prestar os melhores cuidados veterinários aos animais.” Além disso, está a ser levado a cabo um processo de recruta-

mento de “mais veterinários e auxiliares”, esperando o IAM “optimizar os serviços prestados nos canis municipais com os recursos humanos suficientes”. O deputado José Pereira Coutinho fez críticas neste sentido, apelando à abertura de um concurso público para a contratação de mais profissionais, incluindo ao exterior.

“EM ÚLTIMO CASO”

A interpelação do deputado dá também conta de queixas de residentes quanto ao abate excessivo de cães e gatos no Canil Municipal. “Recentemente alguns residentes vieram ao

é alvo de críticas, uma vez que a deputada Ella Lei já lembrou a necessidade de informar devidamente os cidadãos para um projecto que foi apresentado em Março e que deverá prever a extensão da actual plataforma de madeira, utilizada para a prática de actividades ao ar livre, e a criação de um trilho ao longo do Lago Sai

Van para responder à maior procura do espaço. Para Sulu Sou, está também em causa a necessidade de preservação do meio ambiente. “A maioria dos cidadãos opõe-se ao plano e nós entendemos que deveríamos proteger o ambiente à volta do lago, sendo que também deveríamos conhecer o projecto de protecção e

“Apesar de terem prometido que vão consultar os residentes, estamos preocupados com o facto de eles poderem retomar o projecto” SULU SOU DEPUTADO

nosso gabinete de atendimento aos cidadãos para se queixarem quanto à aplicação da lei de protecção dos animais, nomeadamente no que se refere ao tratamento de cães e gatos que são capturados pelo IAM.” Coutinho escreveu ainda que estes mesmos residentes notam que “o controlo de número de cães e gatos da referida lei considera a possibilidade prática de proceder ao abate de animais por razões de controlo dos seus números, no prazo de sete dias úteis a contar da data em que são capturados”. Neste sentido, o deputado à Assembleia Legislativa exige que o IAM “deve ser mais transparente e clarificar publicamente as directivas e critérios operacionais da Divisão de Inspecção e Controlo Veterinário do IAM, nos termos da tolerância zero para o abate

de cães e gatos saudáveis”. Nesse sentido, é pedido que o IAM “assuma formalmente a efectivação obrigatória de esterilização para todos os cães e gatos saudáveis”. Na sua resposta, José Tavares dá conta que o abate de animais é a última medida tomada. “Em último caso, o IAM toma medidas para, por meios humanitários, por termo à vida dos animais, devido à saturação do espaço de asilo”, sendo que, no futuro, este organismo público “continuará a estudar a viabilidade do desenvolvimento de outros trabalhos possíveis na protecção dos animais”. José Tavares assegura que 70 por cento dos animais capturados ou entregues junto do IAM foram “reclamados ou adoptados” o ano passado, num total de 239 cães e 158 gatos. A.S.S.

gestão pelo Instituto Cultural (IC) o mais rápido possível”, adiantou.

SIM À CONSULTA

Sulu Sou pede a realização de uma consulta pública sobre o projecto, tendo em conta que as críticas voltaram após uma apresentação inicial por parte do IC. “Insistimos com o IC para realizarem uma consulta pública no caso de quererem mudar alguma coisa na zona.” “Há uns anos havia o projecto de um mercado nocturno, também fizeram uma consulta pública e todos sabemos o resultado: a população não quis o mercado. Se retomarem o plano vamos continuar opor-nos. Mas para já prometeram actualizar a informação sobre o projecto”, rematou. Andreia Sofia Silva (com S.M.M. e R.M.) info@hojemacau.com.mo

Administração e Justiça Extradições dependem do Governo Central

A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, considera que não havia necessidade de fazer uma consulta pública sobre o acordo de extradição entre Portugal e Macau, uma vez que os processos de negociação ocorrem sob a autoridade do Governo Central, dentro das lei vigentes. Por outro lado, Chan apontou que antes já houve um acordo com Portugal sobre assistência judiciária em matéria penal e que nunca houve problemas, apesar de também não ter havido consulta pública. Na mesma ocasição, Sónia Chan abordou um eventual acordo de extradição com Hong Kong, mas explicou que não é fácil chegar a um entendimento, devido às grandes diferenças nos regimes vigentes em Macau, no Interior da China e Hong Kong. No entanto, Chan salientou que a assistência judiciária inter-regional e internacional em matéria penal são aspirações legítimas e que é necessário formular a Lei da assistência judiciária inter-regional em matéria penal. Depois, segundo a responsável, vai ser mais fácil realizar os processos de negociação inter-regionais.


6 publicidade

24.6.2019 segunda-feira


sociedade 7

segunda-feira 24.6.2019

IAS TRÊS MILHÕES DE PATACAS PARA CENTROS DE ACOLHIMENTO

JUSTIÇA MINISTÉRIO PÚBLICO APREENDE ACERVO DE JAIME CARION

Montanha de bens

O

Economia Inflação sobe 2,69 por cento em Maio

A taxa de inflação em Macau subiu 2,69 por cento no mês de Maio, em termos anuais. De acordo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registou uma descida de 0,08 pontos percentuais em relação ao mês de Abril (+2,77 por cento). O crescimento registado em Maio deveu-se ao aumento dos preços das refeições adquiridas fora de casa, dos automóveis, da gasolina, da fruta e das rendas de habitação, segundo o comunicado da DSEC. As autoridades sublinharam que os índices de preços da educação e dos transportes cresceram significativamente, 5,9 por cento e 4,88 por cento, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2018. O IPC geral médio dos 12 meses terminados no mês de referência, em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, subiu 3,07 por cento, sobretudo devido aos preços dos transportes, da educação e do vestuário e calçado.

Quando se retirou, Jaime Carion disse que ia fazer voluntariado para a montanha. Agora, a Rádio Macau revelou que o ex-director da DSSOPT, que está em parte incerta, tem os seus bens congelados

O

Ministério Público (MP) está a investigar Jaime Carion, antigo director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), e apreendeu-lhe alguns imóveis, de acordo com a Rádio Macau. A apreensão faz parte de uma investigação, cujo propósito não foi revelado, e que envolve igualmente familiares do ex-director, assim como uma sócia

GONÇALO LOBO PINHEIRO

Governo tem três milhões de patacas para gastar com 17 centros de acolhimento de emergência, que podem ser utilizados na passagem dos tufões. A informação foi revelada por Hon Wai, vice-presidente do Instituto de Acção Social (IAS), na sexta-feira, durante uma cerimónia na escola secundária Pui Chi, com o nome “Prevenção de desastres e riscos, entreajuda entre todos”. De acordo com a informação revelada por Hon, e citada pelo Jornal do Cidadão, actualmente há 17 centros de acolhimento, que têm uma capacidade para 24 mil pessoas. Estes centros têm um acordo com vários fornecedores para o abastecimento de bens essenciais durante a época de tufões. Os três milhões serão gastos de acordo com as necessidades, ou seja, quanto maior for o abastecimento maior será o pagamento. Caso não haja qualquer necessidade, não haverá pagamentos. Já Vong Yim Mui, presidente do IAS, sublinhou que o instituto vai continuar a melhorar o fornecimento de materiais e instalações para os centros de acolhimento, incluindo o estabelecimento de uma plataforma electrónica de gestão integrada, o aumento de outros tipos de alimentos, a optimização de instalações sem barreiras, a distribuição de equipas médicas e o fornecimento de equipamentos médicos, em resposta às necessidades médicas dos residentes durante a abertura dos centros de acolhimentos de emergência. Vong disse igualmente que entre funcionários dos serviços públicos, de instituições particulares e de escolas, que vão estar disponíveis para auxiliar nos centros mais de 300 funcionários.

da filha de Carion. No total, 40 imóveis foram apreendidos. A investigação foi posteriormente confirmada pelo MP, através do Procurador Ip Son Sang, que se escudou no segredo de Justiça para não revelar quaisquer pormenores sobre os trabalhos da instituição que lidera. O Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) adoptou uma postura semelhante, apesar das inúmeras questões re-

cebidas. Segundo uma resposta enviada à Ou Mun Tin Toi, o CCAC sublinhou que está determinado a “lutar contra a corrupção” e comprometido com a “construção de uma sociedade justa e transparente”. Por sua vez, Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, recusou fazer comentários à situação, nomeadamente sobre o novo acordo de extradição com Portugal ser utilizado para apreender os bens

de Jaime Carion em terras lusitanas.

40 IMÓVEIS

De acordo com a informação da Rádio Macau, os imóveis apreendidos foram adquiridos entre 1995 e 2016, já depois de Carion se ter reformado. Em nome do ex-director da DSSOPT e da mulher foram apreendidos dois apartamentos. Os dois estão casados em regime de bens adquiridos. Por outro lado, só em nome da mulher constam também

apreensões, neste caso dois apartamentos e um escritório. Segundo a emissora, a esposa do ex-governante desempenha actividade no campo do imobiliário. No que diz respeito aos bens em nome da filha foram apreendidos dois parques de estacionamento e um apartamento. Contudo, a filha é ainda accionista e administradora numa empresa onde foram “congelados” um armazém, um escritório e uma fracção comercial. A empresa em questão tem outra acionista, a quem foram igualmente apreendidos bens. No total, a sócia da filha de Jaime Carion, a própria e o seu marido, tiveram 26 bens imóveis congelados, entre prédios, fracções industriais, apartamentos, lojas, lugares de estacionamento e ainda um terreno. Segundo um anúncio do Tribunal Administrativo de 17 de Dezembro de 2017, Jaime Carion está em parte incerta.

O CCAC sublinhou que está determinado a “lutar contra a corrupção” e comprometido com a “construção de uma sociedade justa e transparente” O ex-responsável da DSSOPT reformou-se em 2014 e, na altura, afirmou, em declarações à imprensa chinesa, que se aposentava para fazer “voluntariado na montanha”. Jaime Carion exerceu o cargo durante vários anos, ainda antes da transição, e já era director da DSSOPT quando Ao Man Long, secretário para os Transportes e Obras Públicas, foi preso e condenado por corrupção. Quando testemunhou, Jaime Carion afirmou que Ao escolhia os vencedores dos concursos das grandes obras públicas a dedo. João Santos Filipe (com J.N.C.) joaof@hojemacau.com.mo


8 sociedade

Um comboio de alta velocidade dedicado a Macau vai ligar a cidade de Nannig a Zhuhai. O objectivo é promover os produtos locais e lusófonos e abrir portas a mais oportunidades de negócio e à promoção turística e económica

P

ROMOVER Macau e os produtos lusófonos é o objectivo do “Expresso Turístico Económico e Comercial de Guangxi, Zhuhai, Macau. Trata-se de um comboio de alta velocidade que vai fazer a ligação entre a cidade de Nanning, na província chinesa de Guangxi a Zhuhai, tendo como mote, Macau. Para este fim, foi na passada sexta-feira assinado um acordo quadro de cooperação estratégica “tendo em vista a partilha de grandes oportunidades de negócios decorrentes das cooperações no âmbito cultural, turístico, económico e comercial”, apontou em conferência de imprensa o presidente da Associação Promotora do Desenvol-

24.6.2019 segunda-feira

TRANSPORTES COMBOIO RÁPIDO DEDICADO A MACAU LIGA NANNING A ZHUHAI

Expresso do Oriente 2.0

vimento Internacional de Macau, U Io Hung. Para materializar os objectivos, as carruagens do comboio de alta velocidade que faz a ligação de Zhuhai à província de Guangxi vão ser dotadas de materiais publicitários de produtos não só de Macau, como das várias regiões lusófonas. O projecto prevê ainda a venda de produtos de países de língua portuguesa nas carruagens do expresso e nas estações por onde passa, “importando-os assim para os mercados do interior da China e da Associação de Nações do Sudeste Asiático” - ASEAN na sigla inglesa.

Transportes 24 voos cancelados entre Macau e Taiwan até sexta-feira

Devido à greve da tripulação da companhia aérea Eva Air, foram cancelados 24 voos até sexta-feira. De acordo com informação divulgada na página da Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM), os cancelamentos começaram a afectar o tráfego aéreo para Taiwan desde sábado. As ligações canceladas incluem 13 voos para Taipé, seis para Kaohsiung e cinco para Taichung. A CAM aconselha ainda os passageiros a seguirem as notícias e actualizações feitas pela Eva Air. Segundo informação prestada pela companhia aérea de Taiwan, cerca de metade das suas operações foram afectadas pela greve do pessoal de bordo que reclama aumento de salários.

Outra das vantagens que podem resultar deste acordo é a implementação de um sistema de venda automática de bilhetes para os comboios no continente, destinado a residentes de Macau. “Por vezes é uma tarefa muito difícil comprar bilhetes para os comboios da China continental, pelo que queremos a instalação

de um sistema automático de venda de bilhetes para as pessoas de Macau”, referiu o responsável da entidade que representa a ponte entre o território, a comunidade internacional e a China continental.

COMÉRCIO DIRECTO

Já o presidente da High Speed Rail Business and

O projecto prevê ainda a venda de produtos de países de língua portuguesa nas carruagens do expresso e nas estações por onde passa, “importando-os assim para os mercados do interior da China.”

Service, Zhang Zhyong, fez questão de apontar as vantagens que a linha ferroviária pode trazer em termos de impacto económico. “Pretendemos reduzir custos económicos e de tempo entre as regiões de modo a contribuir para o bem-estar do povo chinês e do povo lusófono”, sublinhou. Por outro lado, é intenção da companhia que representa criar um mecanismo que sirva de exemplo para mais destinos. Para a conselheira para as Comunidades Portuguesas, Rita Santos, esta é uma oportunidade de dar a conhecer os produtos dos

países de língua portuguesa no interior da China, sendo que Macau pode “aproveitar Guangxi como janela da ASEAN” A primeira viagem do expresso dedicado a Macau está planeada para “Julho ou Agosto”, adianta Rita Santos, mostrando confiança na iniciativa que também integra enquanto directora da empresa Deusa Celeste Fei Tina, Companhia de Investimento e Consultadoria Lda. Sofia Margarida Mota

Sofia.mota@hojemacau.com.mo

TURISMO MAIS DE TRÊS MILHÕES DE VISITANTES NO MÊS DE MAIO

M

AIS de três milhões de pessoas visitaram Macau em Maio, um aumento de 25,6 por cento em relação ao período homólogo do ano passado, segundo dados oficiais. O número de turistas - 1 598 097 - e o de excursionistas – 1 798 738 - aumentou 10,3 por cento e 43,3 por cento, respectivamente, em termos anuais, totalizando 3 396 835 visitantes em Macau, de acordo com a Direcção dos

Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC). Por visitante entende-se qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita). No mês passado, o período médio de permanência dos visitantes foi de 1,2 dias, menos 0,1 dias em termos anuais.

A maioria dos visitantes que entraram em Macau, em Maio, vieram do interior da China, num total de 2 425 741, mais 30,4 por cento comparativamente a igual período do ano passado. Os visitantes do Interior da China viajaram principalmente das províncias de Guangdong e de Hunan. Os visitantes de Hong Kong (581.780) e da Coreia do Sul (65.763) aumentaram 20,1 por cento e 1,2 por cento,

respectivamente, enquanto o número dos visitantes oriundos de Taiwan (87.837) subiu 4,4 por cento, em termos anuais. Nos cinco primeiros meses do ano entraram em Macau 17 188 780 visitantes, mais 21 por cento em relação a igual período de 2018. Recorde-se que em 2018, Macau bateu o número recorde de turistas: 35,8 milhões, um aumento de 9,8 por cento em relação a 2017.


sociedade 9

segunda-feira 24.6.2019

É

preciso prestar atenção ao que está a acontecer na China, porque o que está a acontecer no outro lado do mundo vai afectar toda a população mundial nos próximos anos”, disse à Lusa, Francisco Leandro, pós-graduado pela Universidade de Macau, que hoje pelas 18h abre o ciclo de conferências com a apresentação do seu livro “Steps of Greatness:The Geopolitics of OBOR” (Passos de Grandeza: a geopolítica da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”). A investigação, diz Francisco Leandro, responde à necessidade de um “enquadramento abrangente” sobre a iniciativa Nova Rota da Seda, de que “muita gente fala numa perspectiva particular, de investimento, infra-estruturas, educação, etc., mas que carece de um olhar global sobre esse grande projecto”. “O que quis com este livro foi dar às pessoas uma visão de conjunto deste enorme projecto, para que, uma vez disponível este enquadramento geral, se possam depois encaixar os milhares ou milhões de peças de informação que, entretanto, vão surgindo sobre a matéria”, disse à Lusa. Finalmente, o autor falará do papel que as duas regiões administrativas especiais, Macau e Hong Kong, assumirão no xadrez da diplomacia económica chinesa e na estratégia de globalização do gigante asiático para o século XXI.

LUGAR DE CRUZAMENTO

O foco sobre Macau será aprofundado amanhã por Fernanda Ilhéu, investigadora do Centro de Estudos do ISEG, Universidade de Lisboa, e presidente da Associação de Amigos da Nova Rota da Seda em Portugal. Fernanda Ilhéu falará sobre o papel de “pivot” daquela região administrativa especial no contexto da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, mas também no megaprojecto de desenvolvimento conhecido como a “Grande Baía” do delta do Rio das Pérolas, que

enquadramentos que estão já estabelecidos, nomeadamente, ao memorando que foi assinado em 5 de Dezembro último pelos governos português e da China sob a cooperação de Portugal na nova Rota da Seda”, referiu. Esse acordo, aponta ainda Fernanda Ilhéu, inclui novos vectores de crescimento global, “nomeadamente as ligações ao mundo das rotas digitais, ao comércio 4.0, à tecnologia 5G... Foram assinados 17 memorandos em 5 de Dezembro de 2018”. Curiosamente, chama ainda a atenção a investigadora, no mesmo mês, foi assinado um memorando entre o Governo de Macau e o Governo da República Popular da China sobre a participação e contribuição de Macau na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

CASO DE ESTUDO

LISBOA CONFERÊNCIAS PARA “PRESTAR ATENÇÃO AO QUE ACONTECE NA CHINA”

Com um olho por cá

O Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa acolhe esta semana duas conferências destinadas a “prestar atenção ao que está a acontecer na China, porque vai afectar toda a população mundial nos próximos anos”, segundo um dos oradores inclui 11 cidades, cerca de 56 mil quilómetros quadrados, e será desenvolvido até 2035. “Estas duas iniciativas integram-se em objectivos complementares: a visão da ‘Uma Faixa, Uma Rota’ é a de um novo modelo de globalização, de uma maior abertura e conectividade da China com outros países, e a da Grande Baía tem a ver com a sustentabilidade, abertura e

integração da região do Delta do Rio das Pérolas”, disse à Lusa a investigadora. As iniciativas, acrescentou, cruzam-se em Macau, e

conferem ao território “uma perspectiva de desenvolvimento futuro e de ligação ao mundo global muito importante, que abre às empresas

portuguesas um contexto de maior cooperação com aquela região do mundo”. Isto se as empresas portuguesas “quiserem aderir aos

“Estamos a emitir dívida pública portuguesa em moeda chinesa, estamos a apostar num laboratório que visa lançar microssatélites e vigiar o oceano, algo inédito na União Europeia. A nossa abertura não tem precedentes...” PAULO DUARTE ACADÉMICO

Paulo Duarte, doutorado em Ciências Políticas e Sociais na Universidade Católica de Louvaina, Bélgica, e autor do livro: “A Faixa e Rota chinesa: a convergência entre Terra e Mar. Lisboa: Instituto Internacional de Macau” irá falar, também na terça-feira, do papel de Portugal no âmbito da nova Rota da Seda chinesa, na componente marítima como terrestre. “Vou falar da importância de Portugal – incluindo aqui Sines e Lajes nos Açores, por exemplo -, do Atlântico Norte e dos investimentos chineses em Portugal”, disse à Lusa o investigador. Portugal, segundo Paulo Duarte, é, “para todos os efeitos, um caso de estudo na Europa. Os nossos parceiros estão com alguma apreensão face à nossa falta de apreensão relativamente à China”, disse. “Estamos a emitir dívida pública portuguesa em moeda chinesa, estamos a apostar num laboratório que visa lançar microssatélites e vigiar o oceano, algo inédito na União Europeia. A nossa abertura não tem precedentes, tirando um pouco a Grécia, que anda um pouco contristada com a Europa. Estamos a abrir um grande precedente, que pode correr mal ou bem”, afirmou o investigador.


10 eventos

24.6.2019 segunda-feira

Viagem ao centro do s

O cartoonista André Carrilho acaba de lançar “Atrito”, um novo livro de desenhos pessoais que dá seguimento à obra “Inércia”, publicada em 2014. Com este novo trabalho, Carrilho abraça uma realidade meditativa sobre as viagens que fez, e que incluem Macau e Hong Kong, para culminar em desenhos sobre a sua própria família

LIVRO ANDRÉ CARRILHO LANÇOU “ATRITO”, UM OLHAR MEDITATIVO SOBRE A SUA REALIDA

Feira do Livro de Lisboa, que terminou no passado dia 16, foi palco do lançamento do mais recente livro do cartoonista André Carrilho, intitulado “Atrito”. A obra nasce cinco anos depois de “Inércia”, um outro livro com

ceram em sítios tão diferentes como Nova Iorque, Macau e Hong Kong, sendo que Portugal assume um lugar de destaque, conforme disse André Carrilho ao HM. “Este livro tem o dobro dos desenhos e corresponde a um virar mais para dentro e para

A

desenhos e escritos pessoais do artista habituado a ver os seus cartoons em publicações de topo, como a revista Vanity Fair ou o jornal New York Times. Em Portugal, André Carrilho publica no Diário de Notícias. “Atrito” contém desenhos e escritos de viagens que aconte-

Portugal. Viajei muito, depois fui abandonando as viagens, fui ficando mais tempo em Portugal, e no final do livro começo outro tipo de viagem, que é a paternidade. Concluo o livro com desenhos de família”, referiu. Com “Atrito”, André Carrilho assume também ter feito

uma viagem interior para se descobrir a si próprio como artista. “No ‘Inércia’ andava muito à procura de um estilo, de como desenhava à vista e de como desenhava depois a realidade. No ‘Atrito’ já estou mais maduro e mais seguro de mim próprio a desenhar e

a escrever. Neste caso escrevi menos do que desenhei, no ‘Inércia’ escrevi mais.” “Andei pelos sítios onde já tinha estado, mas com desenhos mais cuidados e evoluídos. Nos outros desenhos ainda estava um pouco à procura do meu estilo e estes desenhos já


eventos 11

segunda-feira 24.6.2019

“Desenhar à vista é um acto da tradução daquilo que eu vejo sem ter o foco na análise intelectual. Por isso mesmo fico mais relaxado e em paz” ANDRÉ CARRILHO CARTOONISTA

por Hong Kong a desenhar a zona de Lan Kwai Fong e Temple Street, quis andar pelas ruas, a olhar os prédios. Fui até onde estava inspirado”, acrescentou. Apesar do lançamento em Portugal, André Carrilho não põe de parte uma apresentação em Macau, embora não esteja ainda prevista uma data concreta.

NOVOS TRABALHOS

ADE

ser

estão mais maduros e elaborados”, acrescentou Carrilho. Macau surge retratada tanto pelos seus casinos como pelas suas ruas antigas e tradicionais. “No primeiro livro centrei-me mais em andar à noite por Macau, ver as sombras e as ruas, mas agora andei

Além de “Atrito”, André Carrilho assume estar agora mais virado para publicações com outra densidade. Na calha está um livro com ilustrações para a infância e outros dois dedicados aos poetas Fernando Pessoa e Luís de Camões. Estes trabalhos dão ao artista “a oportunidade de fazer obras um pouco mais de fôlego e que não são baseadas num desenho ou dois”. “Quando trabalho para imprensa faço uns desenhos e passo para outro assunto, agora interessa-me fazer ilustrações que me permitam criar séries mais alargadas e trabalhos mais alongados”, frisou. Desenhar aquilo que vê sem estar preso à realidade noticiosa permite a André Carrilho atingir um estado perto da meditação, assegura. “Quando estou a desenhar o que vejo é quase um acto de meditação que me permite abstrair da realidade. Cheguei à conclusão que desenhar à vista é o mais próximo que consigo estar da meditação, para esvaziar a cabeça e alcançar alguma paz.” Quando desenha um cartoon “a atitude é exactamente a contrária”, uma vez que trabalha “com base em indignações ou reflexões daquilo que me rodeia”. “Um cartoon é, acima de tudo, o produto de eu processar o que acontece à minha volta, de um ponto de vista mais racional e de convicções políticas. Desenhar à vista é um acto da tradução daquilo que eu vejo sem ter o foco na análise intelectual. Por isso mesmo fico mais relaxado e em paz”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Uma loja portuguesa, com certeza Doces de Sintra reinventam-se em Macau sem trair origens

N

UM mercado onde o pastel de nata é ‘rei’, a doçaria de Sintra vai entrar “sem pressa” e “fiel às origens”, com as queijadas e outros doces a apresentarem-se, esta segunda-feira, em Macau, para criar raízes antes da expansão. Na cidade onde, há 30 anos, a reinvenção do pastel de nata se tornou um sucesso generalizado, os doces tradicionais de Sintra vão “manter-se fiéis à receita original”, disse à Lusa Francisco D’Almeida, responsável pela primeira “apresentação formal” destes doces na Ásia. “Como é que um produtor anglo-saxónico reinventa o pastel de nata aqui, em Macau, e nós, os portugueses, não o defendemos? A ideia foi um bocado essa, foi essa a ética”, afirmou o empresário, que abre esta segunda-feira o primeiro espaço dedicado à doçaria de Sintra no território. Francisco referia-se a Andrew Stow, farmacêutico industrial que em 1989 reinventou o pastel de nata e transformou o “pu shi dan ta”, ou “tarte de ovo de estilo português”, num emblema do território. À boleia da Ramalhão, a doçaria de Sintra – com mais de oito séculos – aterra pela primeira vez em Macau no dia de São João. “A ideia é partir com poucos, mas bons produtos. Vamos embrulhar as queijadas ao vivo”, explicou. Porquê Macau? À “longa história e influência portuguesas” juntam-se as próprias características ‘anatómicas’ do território. “A queijada é um produto que chega a todo o lado, que se pode guardar, gosta de humidade, de calor, de suar, como qualquer queijo. Por isso, Macau”, explicou Francisco, apontando que as “receitas conventuais também mudam no Verão e no Inverno”.

SEM OBSTÁCULOS

No primeiro contacto com Macau, deu-se logo o fascínio: “Não só pelas multidões, mas por tudo o que está inserido. Temos os melhores ‘chefes’, as melhores cozinhas do mundo, por que não a queijada?”, sustentou. A entrada no mercado local que, segundo o Fundo Monetário Internacional, deve registar em 2020 o maior

rendimento ‘per capita’ do mundo, foi “relativamente fácil”, apontou, enfatizando o apoio de entidades do território. Se a Casa de Portugal tem ajudado na divulgação e até nas contratações locais para a Ramalhão, o primeiro contacto, ao nível das licenças, foi estabelecido com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). “O IPIM tem experiência e foi uma boa plataforma, fomos muito bem recebidos e não houve qualquer complicação até agora”, disse o empresário sobre a entidade que tem como objetivo promover PUB

o comércio externo e atrair investimento estrangeiro. Entre queijadas, pão-de deus e travesseiros, os produtos são quase todos portugueses, mas servem-se também de ingredientes “cuja qualidade só se encontra na Ásia”, como é o caso da canela. “Tivemos apoio das entidades e expressão para fazer o negócio, para vir montar produtos portugueses, que é a nossa ideia. A ideia é mesmo essa, sem ser fanático, usar o bom nome de Portugal, que hoje em dia é um país que está na moda”, reconheceu.

APOSTA LOCAL

Além dos produtos, também a decoração do espaço vai ser fiel a terras lusas: calçada portuguesa, cortiça, um toldo tipicamente do Porto e gravuras sintrenses, “o mais próximo possível de uma loja portuguesa”. “A loja é decorada em três movimentos de cortiça, már-

more, calçada portuguesa e a entrada em tijolo industrial. Quisemos misturar a industrialização e decoração portuguesa o mais possível”, adiantou. Nos primeiros tempos, o objectivo é a implementação em detrimento “da massificação”, sublinhou Francisco D’Almeida. “Queremos Macau, os residentes de Macau, queremos mercado. Trazer um mercado de qualidade para as pessoas que não tiveram este produto durante muitos anos”, defendeu. Apesar da expansão para outros mercados asiáticos estar em cima da mesa – já há convites de Pequim - Francisco d’Almeida disse estar focado, para já, no mercado local. “A expansão depende de Macau. O nosso foco é Macau, investimos muito, queremos que o sucesso seja enraizado em Macau. A lei da natureza quase que faz o mercado”, concluiu.


12 publicidade

24.6.2019 segunda-feira

EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local

: 4/E-DC/2019 : 18/DC/2018/F : Audiência dos interessados sobre ocupação ilegal de terreno do Estado : Terreno situado junto à Avenida de Vale das Borboletas (zona industrial de Seac Pai Van) e à Avenida de Ip Heng, em Coloane (demarcado com as letras “A”, “B1”, “B2” e “B14” na planta em anexo)

Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), faz saber que ficam notificados os ocupantes ilegais do terreno indicado em epígrafe, cujas identidades e moradas se desconhecem, do seguinte:

1.

A DSSOPT, no exercício dos poderes de fiscalização conferidos pela alínea b) do n.º 3 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 29/97/M, de 7 de Julho, verificou que no terreno indicado em epígrafe foram edificadas construções compostas por chapas e coberturas metálicas, tendo o mesmo sido dividido em várias áreas através da colocação de chapas e portões metálicos, sem que tenha sido emitida pela DSSOPT a respectiva licença de obra. Foram igualmente depositados contentores, materiais de construção, máquinas de construção, veículos e diversos objectos, etc.

2.

De acordo com a certidão da Conservatória do Registo Predial (CRP) emitida em 15 de Maio de 2019, as parcelas do terreno estão assinaladas com as letras na planta cadastral n.º 472/1989 (n.os de cadastro 71165025, 71165027 a 71165039, 71165049 e 71165051), emitida em 17 de Agosto de 2018 pela DSCC, e situam-se junto à Avenida de Vale das Borboletas (zona industrial de Seac Pai Van) e à Avenida de Ip Heng, em Coloane. A parcela de terreno assinalada com a letra “A” possui uma área de 93712 m2, a parcela de terreno assinalada com a letra “B1” (correspondente ao lote SB) possui uma área de 4340 m2, a parcela de terreno assinalada com a letra “B2” (correspondente ao lote SD) possui uma área de 3488 m2 e a parcela de terreno assinalada com a letra “B14” (correspondente ao lote SL) possui uma área de 17176 m2. Sobre o referido terreno não se encontra registado a favor de particular (pessoa singular ou pessoa colectiva) o direito de propriedade ou qualquer outro direito real, nomeadamente de concessão, aforamento ou arrendamento, pelo que o mesmo é considerado terreno disponível do Estado, nos termos do artigo 7.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e do artigo 8.º da Lei n.º 10/2013 (Lei de terras).

3.

A ocupação de terreno do Estado por ocupantes sem quaisquer títulos legítimos determinou a instauração do procedimento administrativo n.º 18/DC/2018/F a fim de se proceder à desocupação e restituição do terreno ao Estado. Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 208.º da Lei de terras, o Chefe do Executivo determinará a respectiva ordem de desocupação e fixará um prazo para o efeito.

4.

O terreno indicado em epígrafe possui uma área superior a 2500 m2. Nos termos da alínea 4) do artigo 196.º da Lei de terras, quem ocupar ilegalmente terrenos do Estado, consoante a área ocupada de terreno, é punível com multa de $160 000,00 a $ 3 000 000,00 patacas.

5.

Considerando a matéria referida nos pontos 1 a 4 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, assim como requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA).

6.

O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.o 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 10 de Junho de 2019.

Direcção dos Serviços de Turismo Anúncio A Região Administrativa Especial de Macau, através da Direcção dos Serviços de Turismo, faz público que, de acordo com o Despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 12 de Junho de 2019, se encontra aberto concurso público para adjudicação do serviço de “Transporte de Material Pirotécnico, Morteiros e Materiais Sobressalentes destinados ao 30.º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau”. 1. Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Turismo. 2. Modalidade do procedimento: Concurso público. 3. Local de execução dos serviços: Locais mencionados no Caderno de Encargos. 4. Objecto dos serviços: Transporte de Material Pirotécnico, Morteiros e Materiais Sobressalentes destinados ao 30.º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau. 5. Prazo de execução: Cumprimento das datas constantes no Caderno de Encargos. 6. Prazo de validade das propostas: 120 dias, a contar do dia do acto de abertura das propostas. 7. Caução provisória: MOP170.000,00 (cento e setenta mil patacas), a prestar mediante garantia bancária ou depósito em numerário, em ordem de caixa ou cheque visado, emitido à ordem do “Fundo de Turismo”, efectuado directamente na Divisão Financeira da Direcção dos Serviços de Turismo ou no Banco Nacional Ultramarino de Macau, através de depósito à ordem do Fundo de Turismo, na conta número:「8003911119」 devendo ser especificado o fim a que se destina. 8. Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação. 9. Preço base: Não há. 10. Os pedidos de esclarecimento devem ser feitos por escrita e apresentados até ao dia 3 de Julho de 2019 pelas 17:45 na área dos Avisos Públicos do website da Indústria Turística de Macau (http://industry.macaotourism.gov.mo), as respectivas respostas também serão publicadas no mesmo website. 11. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar até às 17:45 horas do dia 15 de Julho de 2019. 12. Local, dia e hora do acto de abertura das propostas: Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar, Macau, pelas 10:00 horas do dia 16 de Julho de 2019. Os concorrentes ou os seus representantes legais deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para os efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.° do Decreto-Lei n.° 63/85/M, de 6 de Julho. Os concorrentes ou os seus representantes legais poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto de abertura das propostas. 13. Adiamento: Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora do acto de abertura de propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. 14. Critérios de apreciação das propostas: Critérios de adjudicação Preço Flexibilidade dos prazos na prestação do serviço Garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço 15.

Experiência do concorrente

Factores de ponderação 30% 20% 40% 10%

Local, dias, horário para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso: Local: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar, e caso solicitar uma cópia do processo do concurso, deve pagar o valor correspondente à taxa de produção de documentos de MOP200,00 (Duzentas patacas), além disso ainda se encontra igualmente patente no website da Direcção dos Serviços de Turismo (http://industry. macaotourism.gov.mo), podendo os concorrentes fazer “download” do mesmo. Dias e horário: Dias úteis, desde a data da publicação do presente anúncio até ao dia e hora limite para entrega das propostas e durante o horário normal de expediente.

Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Junho de 2019.

Directora dos Serviços, Subst.a Chan Lou

O Director dos Serviços Li Canfeng

Processo n.º: 18/DC/2018/F Local :

Terreno situado junto à Avenida de Vale das Borboletas (zona industrial de Seac Pai Van) e à Avenida de Ip Heng, em Coloane (demarcado com as letras “A” , “B1”, “B2” e “B14” na planta em anexo)

Planta em anexo:


china 13

segunda-feira 24.6.2019

Após três manifestações que levaram às ruas milhões em protesto contra a lei da extradição, milhares de pessoas concentraramse na sexta-feira em frente à sede da polícia, levando a que cerca de sessenta chamadas de emergência não tivessem resposta. As autoridades vão investigar o acontecimento

A

polícia de Hong Kong anunciou sábado que vai abrir uma investigação contra os manifestantes que bloquearam a sede da polícia na sexta-feira, considerando esta acção como “ilegal e irracional”. "A polícia mostrou a maior tolerância para com os manifestantes que se reu-

A

China defendeu sexta-feira os "seus direitos legítimos" após ter proibido a entrada em Hong Kong do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, que pôs uma acção contra o Presidente chinês no Tribunal Penal Internacional (TPI). "Como em qualquer outro país, o Governo chinês e o Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong é que decidem se permitem ou não a entrada de qualquer pessoa, segundo a sua lei", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang, em conferência de imprensa. Albert Del Rosario denunciou, em declarações

HONG KONG POLÍCIA ANUNCIA ABERTURA DE INVESTIGAÇÃO CONTRA MANIFESTANTES

Regresso à normalidade niram em frente à sede, mas a forma como se expressaram tornou-se ilegal e irracional", apontou em comunicado a polícia de Hong Kong. "A polícia investigará rigorosamente essas actividades ilegais", sublinharam as autoridades, acrescentando que por causa do “bloqueio” cerca de sessenta chamadas de emergência não puderam ser processadas. A polícia disse ainda que treze agentes foram "enviados ao hospital para tratamento", mas não especificaram as razões. Na sexta-feira, milhares de pessoas reuniram-se em frente à sede da polícia exigindo a retirada definitiva da lei da extradição e libertação dos detidos no protesto de 12 de

Junho e a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam. Os jovens vestidos com ‘t-shirts’ e máscaras negras espalharam-se por Harcourt Road, uma via entre Admiralty e Central, montaram barreiras nas estradas e bloquearam a circulação de viaturas, exigindo a libertação daqueles que foram detidos no protesto de 12 de Junho, marcado por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que usou gás lacrimogéneo, gás pimenta e balas de borracha para dispersar os manifestantes. Por outro lado, pediram que esse protesto deixe de ser classificado como um motim, cujo crime associado prevê uma pena até dez anos de prisão.

Entrada proibida Pequim defende deportação de ex-ministro filipino que denunciou Xi Jinping

à estação de rádio filipina dzMM, que funcionários da Imigração o mantiveram por seis horas no aeroporto de Hong Kong e, em seguida, ordenaram a sua deportação, sem explicarem o motivo, e apesar de ele ter "passaporte diplomático". Lu Kang enviou um recado para o ex-ministro: "Aconselho-o a ler atentamente a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas para ver se encontra alguma cláusula que lhe

permita entrar livremente em outros países com passaporte diplomático". Del Rosario disse que o veto tem a ver com a acusação contra o Presidente chinês, Xi Jinping, e outros quadros do regime chinês, por cometerem "crimes envolvendo danos ambientais imensos, quase permanentes e devastadores em várias nações", pela ocupação de ilhotas e recifes no Mar do Sul da China. Pequim reclama a soberania sobre a quase totalidade do

Os manifestantes Kong terminaram sábado de manhã pacificamente o cerco à sede da polícia e as autoridades limparam as ruas e retiraram as barreiras postas pelos manifestantes ´

POLÉMICAS DA LEI

O protesto de sexta-feira aconteceu depois de três manifestações que levaram milhões de pessoas a protestarem nas ruas contra as alterações a uma lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes, a chefe do Governo, Carrie Lam, foi obrigada a suspender o debate sobre as emendas planeadas e a pedir desculpas em duas ocasiões, mas não retirou a proposta.

Mar do Sul da China, região rica em recursos, apesar das queixas e reivindicações dos países vizinhos do sudeste asiático, e rapidamente construiu ilhas artificiais capazes de receberem instalações militares, incluindo aviões. "A China dá grande importância às suas relações com as Filipinas e vamos dialogar com todas as pessoas envolvidas para que os laços bilaterais possam avançar de forma sólida e sustentável", concluiu Lu.

MAR DE DISCÓRDIAS

Del Rosario apresentou a acusação, em Março passado, perante o TPI, afirmando que os danos ambientais começaram quando o Governo

Proposta em Fevereiro e com uma votação final prevista para antes do final de Junho, a lei permitiria que a Chefe do Executivo e os tribunais de Hong Kong

“A polícia mostrou a maior tolerância para com os manifestantes que se reuniram em frente à sede, mas a forma como se expressaram tornou-se ilegal e irracional.”

processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num "refúgio para criminosos internacionais". Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.

POLÍCIA DE HONG KONG

de Xi empreendeu "um plano sistemático para tomar conta do Mar do Sul da China", de vital importância geoestratégica, já que ali circula 30 por cento do comércio global e 12 por cento da pesca mundial, contendo ricas reservas de petróleo e gás. O signatário argumenta que o TPI tem jurisdição sobre o caso porque os "crimes" da China ocorreram quando as Filipinas eram ainda membros do Tribunal. Em 17 de Março, Manila saiu do TPI por ordem do Presidente do país, Rodrigo Duterte, que foi acusado na mesma instância de crimes contra a humanidade, devido à sua guerra contra as drogas.

O Tribunal Internacional de Haia atribuiu às Filipinas, em 2016, a soberania de parte do Mar do Sul da China, numa decisão que a China não reconhece. Pequim continuou a expandir a sua presença no território, sem que o governo de Duterte reclamasse, já que este reorientou a sua política externa para o gigante asiático, em troca de investimento no seu país. No início de Junho, uma colisão entre uma embarcação pesqueira filipina e uma embarcação chinesa em águas disputadas provocou a ira de vários grupos nacionalistas filipinos, apesar de Manila e Pequim terem minimizado o incidente.


14

h

Paulo Maia e Carmo texto e ilustração

24.6.2019 segunda-feira

O meu cansaco entra pelo colchão dentro ´

Diante da Natureza, Zhang Yucai Pintou um Dragão

Y

UJIAN, também conhecido como Ruofen depois de, aos nove anos de idade ter entrado no mosteiro do Pico Precioso (Baofeng Yuan), activo no ano 1250 durante a dinastia Song, foi um pintor misterioso, considerado demasiado estranho para fazer parte da narrativa do percurso histórico da pintura. E no entanto, a sua habilidade para utilizar o pincel como intérprete do espírito perduraria. Foi um monge adepto da escola do BudismoTiantai, que tal como o Chan, fazia parte do conjunto de referências identitárias da elite cultural que habitava a área de Hangzhou (Zhejiang) no século treze. Numa pintura que fez só com tinta preta sobre papel, conhecida como: «Aldeia de montanha ao clarear do nevoeiro» (30,3 x 83,3 cm), que está no Idemitsu Museum em Tóquio, utiliza de maneira exemplar o conhecido método pomo, a «tinta espalhada». No rolo horizontal, (shoujuan ou changjuan) que se desenrola estando sozinho, como quem lê um livro, pintou com breves traços de pincel meras alusões a montanhas, casas, e homens subindo a montanha. De modo característico também escreveu ao lado da pintura um poema, de sentido obscuro, no qual evoca o poder do vinho como auxiliar do processo de súbito despertar do desejo de «regresso a casa», aqui entendida não só como a habitação terrestre mas a morada espiritual. Em tudo, desde a economia dos materiais utilizados, ao carácter alusivo do que está representado, à caligrafia contida, se des-

prende uma ideia de porosidade, de identificação da vida do pintor com a natureza. Um outro monge, numa pintura ainda erudita, celebrou esse encontro através da convocação de uma identificável figura da imaginação. Zhang Yucai, na dinastia Yuan (1279-1368) foi conhecido por ser capaz de propiciar a muito desejada chuva e de subjugar um «monstro das marés», prodígios associados e aceites entre os adeptos do Dao, de que fazia parte como eminente sacerdote, o trigésimo oitavo papa da daoísta Unidade Ortodoxa, Zhengyi. Também foi conhecido como pintor de dragões. A pintura de tinta sobre seda (26,8 x 271,8 cm) «Chuva benéfica» que está no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, mostra um céu carregado de nuvens de onde emerge um dragão, uma figura já então claramente codificada. Zhang, que morreu em 1316 e viveu na chamada «Montanha do Dragão e Tigre», em Jiangxi, que era então o principal centro religioso dos daoístas, sabia que o poder do dragão era a metamorfose e como as nuvens em breve poderiam ser chuva, assim o mundo natural vai mudando com as estações. No seu refúgio do mosteiro, dois monges fizeram pinturas muito diferentes mas a origem poderá ser a mesma: o êxtase diante da Natureza. É o que mais tarde será figurado em pinturas de outros monges, como Daoji: longe da poeira das cidades, um homem solitário diante das montanhas e dos rios.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

segunda-feira 24.6.2019

Meu tão certo secretário Rita Taborda Duarte

Quando da metáfora se faz sinapse

Alegria para o fim do mundo de Andreia C. Faria

S

EMPRE essa vontade amarga de me fugirdes à mão, de vos esquivardes à intimidade com que busco acolher-vos mansamente. A má vontade de quem, em correndo uma brisa, débil que seja, voejaria para longe, onde o gesto fortuito dos meus dedos não vos pudessse alcançar. Sou eu que vos peço, com brandura: Vinde cá, meu tão certo secretário. Pois que dizeis? Que não ides a lado algum e estais sereno, esperando-me, e que só vos entedio nesta bajulação melosa, lisonja sabuja de quem vende o amor próprio, por um cílio de atenção, em esperança vã? Pois que não é lisonja, nem adulação galante; retórica bem mal ataviada, talvez: leve captatio benevolentia de pacotilha, porque vos quero deixar, com violência escrita, de rajada e sem pedir licença, o registo de uma poeta das que causam espanto; daquelas cuja poesia se escusa à percepção, e, que, ainda assim, e só por isso (será esta a definição da poesia que ainda nos surpreende à esquina do verso), não nos cansamos de mirar, franzindo os olhos à leitura: Andreia C. Faria. O livro Alegria para o fim do Mundo contém quatro dos livros da autora, publicados de 2013 a 2017. É esta uma poesia que surpreende pela permanência de uma tensão, um confronto pelejado com a linguagem. Vacilamos ao aceitar reconhecer a língua do poema como a nossa própria língua; lendo poesia, apesar das gradações, modulações, diferentes, nela reconhecemos, apesar de tudo, uma gramática quase nossa, quase comum, quase partilhada. Mas, nos poemas mais conseguidos, até esse pacto é quebrado, para que na intimidade de leitura se instaure uma comunicação restrita e particular, não partilhável: oaristo, em código, do coração da página ao nervo do leitor. Um poema/epígrafe do livro Um pouco acima do lugar onde se ouve o coração (2015), incluído neste volume, evidencia bem, não tanto o impulso de escrita, como se sugere, mas o próprio recebimento, pelo leitor, desta poesia: «Escrevo com nervo e impaciência/com uma lâmina que se sabe/ela mesmo excrescência». Estes são, então, poemas que se lêem com o mesmo nervo e impaciência com que se dizem escritos: a impaciência com que se cavalga as imagens e se passa

além da metáfora improvável, para exercitar o nervo, fintando sempre o óbvio, a piada certeira, ou o trocadilho ligeiro, facilitista. Muito forte a tensão, em cada poema, e não só pelas alusões ou pelas referências irónicas, ou pelo peso das ambiências sugeridas, mas por esta capacidade geral de nos retirar o chão à linguagem. Ora vede, meu tão certo secretário: acolhei este poema e vede como se coloca a língua em tensão, estabelecendo novos eixos e ligações, exibindo novas regras da lógica da língua; como a mesma gramática, a mesma sintaxe, inauguram outra semântica: Penso no cavalo que transporta o sangue até ao coração no sopro que o devolve inteligível às extremidades. Penso em chamá-lo a suaves mortes como a flauta do pastor, enterrá-lo numa leira herdada de alegria. O puro-sangue que repousa no pasto de um homem pobrevejo-o ao espelho, um clarão de rins desfeitos sob a etérea camisa de noite. É um laço de vida a linha que me cose com a agulha do cansaço, da má colheita, da humilhação. É a promessa de uma morte calibrada pela veia espúria, o vernáculo do antepenúltimo, o antepassado. [...] É nova, até, esta capacidade de desdobrar o seu próprio vocabulário

(todo o poeta, sim, meu tão certo secretário, tem um vocabulário muito seu, que domina e que vai descarnando como pode, até ao osso, nesse áspero processo da poesia que desfamiliariza a língua). Por outro lado, é densa e ampla a tensão metafórica e a amplitude das sinapses, das relações que a cada poema se convoca, exibindo essa escrita nervosa e impaciente, essa espada em excesso que descasca as palavras e exibe a poesia como um acto de violência que intenta contra o próprio pacto de linguagem. Sim, meu tão certo secretário, sabemolo desde Colerige: A literatura, o romance, obrigam à suspensão da descrença, a este estranho movimento que nos faz esquecer do nosso real e crer na lógica interna dos textos: são as perfeitas construções de palavras, que nos afastam da realidade, oferecendo-nos outra, em contrapartida. Mas o que dizer da poesia, meu tão certo secretário? Desta poesia, por exemplo, cujo vocabulário em inquitante metaforização parece insinuar ao leitor, a cada momento:« -- esquece, pois, que até agora falavas a tua língua». Escrever poesia é ludibriar: sujeitar-nos à descrença, que não suspendemos, sem que no entanto consigamos desviar o olhar desta estranheza que nos causa espanto: a metáfora torna-se sinapse, estímulo de afinidades e correspondências, intuições sensoriais que se experimentam, quando nesta poesia se faz uso da palavra. Mas, que faço, meu tão certo secretário? Todo o comentário a um livro

de poesia, a um poema, sabemo-lo, é um acto similar a cobrir-se com lençóis brancos os móveis de uma casa que se vai abandonar: protege-se do pó a mobília, é certo, mas desfigura-se-lhes as formas; desolada imagem que se forma, ao conceder-se-lhe o último olhar da despedida. Mais vale o esforço de, tempos a tempos, ir revisitando a casa, de pano em punho, lendo, instalando-nos confortavelmente e limitarmo-nos a limpar-lhe o pó que, às vezes, se acumula nas esquinas das palavras. Há uma história antiga, meu tão certo secretário, recontada por Jean-Claude Carière que nos fala de um «mestre espiritual [que] tinha vários discípulos e que todo o dia lhes falava da poesia, da natureza, da bondade, da beleza e do amor. Uma manhã, quando se preparava para falar, um pássaro pousou no parapeito da janela e pôs-se a cantar. O pássaro cantou por algum tempo e depois desapareceu. O mestre levantou-se e disse: «Terminou a lição desta manhã:»» Sim, meu tão certo secretário, será uma parábola forçada, que não me apresto para mestre (e que discípulos teria...), e por lição, só este arremesso de crónica sempre mal alinhavada, que não lhe faz as vezes. Não tenho quase nada da história de Carrière. Só tenho o pássaro. Aqui fica ele, para vosso proveito: Admiro a pele dos homens o couro moreno, bem lavrado, com que se recobrem tem, ao relento, o calor de um animal esparso. Pontua, respirando, os veios e os poros a macia constelação das escamas o sensorial rebanho que a matança multiplica Lembra certos utensílios, o rufar tenso dos tambores ou a espessa luz dos candeeiros Transpirada, escurecida pelo uso, lembra as malas silentes que as mulheres sempre carregam

Andreia C. Faria Alegria para o fim do mundo, Lisboa, Coolbooks/Porto editora, 2019


16

h

José Simões Morais

24.6.2019 segunda-feira

Festa a S. João Baptista

H

NOITE DE S. JOÃO O solstício a marcar a passagem para o Verão é comemorado desde tempos imemoráveis como festa pagã. Vivida pelo exterior nas anuais mais curtas noites, sob o Céu expõe-se o ano ocorrido, ma-

nifestando o estar com que se entra e se faz festa. Colectiva energia cujo ânimo sem a diária competição faz realidades criadas pelo fogo e água, e resolvidas as questões do individual, renasce a amizade entre pessoas, originando a maneira espacial da cidade. Nessa alegria fraterna, as vibrações são alimentadas por rusgas e o saltar fogueiras, associado ao casamento e fertilidade. Acesa a fogueira serve também para transmitir mensagens e segundo a tradição, assim Isabel avisou a irmã Maria do nascimento de João. Culto ao Sol com balões a subir pelo ar, cascatas recriando a natureza com musgo e água a correr, encontrando-se no meio S. João. Noite passada ao relento acompanhada de “comes e bebes das orgias e o matraquear dos ritmos que permitirão o transe, a entrega”, Yvette Centeno. Durante toda a noite de 23 para 24 de Junho a comunidade sai de casa para celebrar na rua o início do Verão, esplendor no yang da Natureza. Corrente de gente vagueia em exterioridade purificadora criando a festa ao interagir com o outro. Com direito à rua, aí mostra o ano que passou através do instrumento com que acolhe o outro e é nesse comunicar ‘provocatório’, que pela interacção nos apresentamos. Assim, em outra grandeza o S. João é uma festa do cheiro. Para quem teve um bom ano expressa-o trans-

portando o manjerico, vaso difícil de carregar, mas para quem toque nessa erva-benta, ela cheirar. Colocadas na terra do vaso, bandeirinhas com mensagens em rima, trocadas entre namorados ou de foro popular a malandrado. O alho-porro de quem insatisfeito tem algo a expressar pelo cheiro, ao batê-lo na cabeça do outro escolhido deseja boa sorte e no fim da festa coloca-se atrás da porta da casa para a proteger contra o mau-olhado. Da subtileza da cidreira, ou de outras ervas bentas, de aroma agradavelmente silvestre, onde por zangadamente enganado se podem encontrar misturadas urtigas, sendo o intuir do momento a decidir se cheirar, ou duvidar. Já as plumas campestres substituídas pelas de plástico perfumado revertem para os martelinhos e nesse concerto geral (de notar ser S. João Baptista também o padroeiro dos músicos e de muitas outras instituições e colectividades) se recompõe o ritmo das energias colectivas da cidade. Perdida está a tradição do cravo vermelho, nessa noite comprado pelas raparigas a pretender casar e ao deixá-lo cair esperavam o rapaz que o apanhasse para com elas ficar. Noite para encontrar o par. Espera-se pelas orvalhadas, normais nessa madrugada, e sinónimas de fertilidade sobre essa humidade as jovens se rebolavam. Costume é ainda

CARAVAGGIO

OJE, 24 de Junho, para os cristãos nasceu S. João Baptista. Pagã personagem histórica do início da nova Era, como eremita no deserto purificava com água do Rio Jordão quem acreditava, dizendo: -Eis o Cordeiro de Deus. Ritual animista inserido nos dias de celebrações ao Solstício de Verão, quando em colectiva exterior confraternização, esfuziante de alegria, se agradece as colheitas do ano. Encerra o período do fogo que começara no Solstício de Inverno. Regeneração iniciada pela festa da família no interior de casa a ocorrer à mesa em balanço do ano agrícola, e para os cristãos, dias depois, no Natal. “Ensinam os livros que a Festa do Sol, no solstício do Verão, marca um lugar de passagem. Do formal para o informal, do finito para o infinito, do tempo para a eternidade. O Sol entrou no seu movimento descendente de declínio, a caminho do nadir e, de novo, da ascensão e do renascimento. S. João Baptista é o zénite, Cristo o nadir; e ambas as festas, o S. João e o Natal, convocam – dizem os livros – arquétipos primitivos da alma e da natureza dos homens”, segundo Manuel António Pina que adita, “S. João Baptista é tido como santo austero, dado a jejuns e às orações, mais do que a euforias; mas dizem também a Bíblia e a lenda que saltou de alegria na barriga de Isabel à visitação de Maria, mãe de Jesus. A Igreja partilhou entre os dois, João e Jesus, as festas solsticiais: João foi nascido (mais do que nasceu) no solstício de Verão quando o Sol, no zénite, inicia o longo declínio para a Obscuridade; e Jesus no solstício de Inverno, quando o ciclo solar se torna de novo ascendente, e os dias crescem, cada vez mais limpos e luminosos. João, testemunha de Jesus, não foi que disse: É preciso que Ele cresça e que eu diminua?” Segundo Eugénio de Andrade, “... a festa do solstício de Verão, com as comemorações do fogo, da água e da vegetação, tem mais a ver com o espírito dionisíaco do que o cristianismo, que de solar teve sempre muito pouco”. A escuridão prepara para tomar conta da luminosidade do dia e expandir cada vez mais a noite.

Em Macau, os holandeses foram derrotados no dia 24 de Junho de 1624 e nessa altura, o Senado e o povo elegeram S. João Baptista padroeiro de Macau, prometendo comemorar todos os anos essa vitória. Voto escrupulosamente cumprido até agora e assim é celebrado o dia de S. João com festa na Calçada da Igreja de S. Lázaro

antes do nascer do Sol ir mergulhar na água como protecção do ano contra certas doenças, pois a água imuniza e limpa.

MUDANÇA DE LUZ Sendo o Dragão símbolo do paganismo, tem S. João Baptista como seu herdeiro e representante. João, conhecido pelo Baptista, a voz que clama no deserto, baptizou Jesus, sendo o seu precursor, como o Profeta Isaías anunciou. Era filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, prima da Virgem Maria, e preparava as pessoas para um novo ciclo, o da água. Fiel aos princípios, sem nunca deles abdicar, João foi preso e degolado por censurar o comportamento do tetrarca Herodes de Antipas, acusando-o publicamente de adultério ao casar com Herodíade, sobrinha e cunhada, pois esposa do irmão ainda vivo. Ao contrário dos outros Santos canonizados, não é no dia da sua morte, 29 de Agosto, que se celebra a festa maior. Após a sua morte foi a doutrina subvertida e encontramos a imagem do mítico Dragão a tornar-se num monstro feroz-mente a combater, primeiro por Paulo de Tarso e entre outros, mais tarde por S. Germano, o escocês, para libertar a cidade do monstro que comia criancinhas. Também S. Jorge, nascido na Capadócia e padroeiro de Inglaterra, montado num cavalo branco salvou a filha do rei de ser devorada por um animal feroz, transformado ao longo dos tempos num dragão a eliminar. No entanto em Portugal o catolicismo incorporou muito desse estar pagão e com esse dragão soube englobar o outro, do que em si não compreendia e assim a diferença desta doutrina no resto dos países europeus. Interagindo com o outro, purificamos para encerrar o semestre do período do fogo. E pela água a redimir, abre-se o caminho aos que acreditam, para se conseguir fechar o Ciclo pela terceira idade do Ser Humano. A mensagem de Jesus, a do espírito santo, conquistado pelo consciente do idoso e iluminação do ancião. Em Macau, os holandeses foram derrotados no dia 24 de Junho de 1624 e nessa altura, o Senado e o povo elegeram S. João Baptista padroeiro de Macau, prometendo comemorar todos os anos essa vitória. Voto escrupulosamente cumprido até agora e assim é celebrado o dia de S. João com festa na Calçada da Igreja de S. Lázaro.


desporto 17

segunda-feira 24.6.2019

Futebol Dono do Ka I apoia investigação

O proprietário do Ka I, William Kuan, afirmou declarar o apoio à decisão da Associação de Futebol de Macau de investigar a partida entre a sua equipa e o Hang Sai, que terminou com o resultado de 21-18. O jogo foi uma forma de protesto contra a recusa da AFM de autorizar que a selecção defrontasse o Sri Lanka, em partida de apuramento para o Mundial de 2022. Em declarações citadas pelo portal Happy Macau, William Kuan afirmou que os jogadores não tinham conhecimento do que aconteceu, antes da partida, e que o caso deve ser investigado. Kuan afirmou também que faz parte da responsabilidade dos jogadores cooperarem com a AFM para promoverem a modalidade.

ID Bilhetes para Guangzhou R&F vs Southampton voaram em cerca de três horas Os 6 mil bilhetes para o encontro Guangzhou R&F e Southampton foram distribuídos ontem em três horas e meia, de acordo com a informação dos Instituto do Desporto. O jogo realiza-se a 23 de Julho pelas 20h00 no Estádio de Macau. Segundo o ID, após esta primeira fase de distribuição, em que cada residente podia pedir quatro ingressos, vão ser distribuídos no dia 14 de Julho mais 4 mil bilhetes, para residentes e turistas. Os detalhes sobre a segunda distribuição só vão ser revelados mais tarde.

AFM DIEGO PATRIOTA ESCAPA A CASTIGO NO LANCE QUE LEVOU CUCO AO HOSPITAL

Estão todos ilibados

A Comissão de Disciplina da Associação de Futebol de Macau decidiu que o atleta do C. P. K. não cometeu nenhuma ilegalidade. O Benfica de Macau não vai recorrer, mas critica a decisão e fala em desinteresse na promoção de “um desporto seguro”

A

Associação de Futebol de Macau (AFM) considerou que Diego Patriota, jogador do Chao Pak Kei (C.P.K.), não cometeu qualquer ilegalidade no lance que fez com que Cuco, do Benfica de Macau, tivesse de ser transportado para o hospital e suturado no nariz. A decisão foi comunicada ao HM na sexta-feira e diz respeito ao encontro de 9 de Maio, em que as equipas empataram 1-1. “Depois do jogo a investigação da Comissão Disciplina fez uma análise do lance em diferentes aspectos. Não se verificou a ocorrência de qualquer violação [das leis]”, afirmou a AFM. “A mesma informação foi enviada para ao Benfica de Macau, que até

ao momento também não tomou uma posição sobre a decisão”, foi igualmente explicado, numa resposta datada de sexta-feira. O jogador fica assim livre para continuar a participar nas partidas da equipa que lidera a Liga de Elite, cujo próximo jogo se realiza na sexta-feira, desta feita contra o Ka I. A partida está agendada para as 19h05, no Canídromo. Para o Benfica de Macau a decisão é “uma

grande desilusão”, mas não surpreende. O director técnico do clube, Duarte Alves, apontou que só mostra o desinteresse por promover um desporto mais seguro. Por outro lado, Duarte Alves, que está fora do território , disse que até ontem não lhe tinha sido comunicada a decisão. O responsável admitiu ainda que a comunicação poderá ter sido feita por carta, mas que nesses casos normalmente segue igualmente

“Mais uma vez prova a minha sugestão que a Liga poderia ser organizada por uma associação ou outra entidade independente da AFM.” DUARTE ALVES DIRECTOR TÉCNICO DO BENFICA

um fax ou um email, o que neste caso não aconteceu. “É uma grande desilusão. Mandámos uma carta a explicar a situação, entregámos um fax, mandámos um email, e nem uma resposta obtivemos sobre o protesto”, começou por dizer. “Mas também acho que a desilusão já vem de há muito tempo, devido ao trabalho que tem sido feito pela associação. O trabalho mostra o total desinteresse em que [o futebol] seja um desporto seguro, justo e em que as coisas sejam feitas em prol do desenvolvimento da modalidade da RAEM”, acrescentou.

LIGA ALTERNATIVA

Duarte Alves voltou ainda a considerar que mais do que nunca faz sentido que a liga seja organizada por

uma entidade independente da Associação de Futebol de Macau. “Mais uma vez prova a minha sugestão que a Liga poderia ser organizada por uma associação ou outra entidade independente da AFM. Assim poderíamos promover uma maior transparência sobre o que se passa na liga, na relação entre a liga e os árbitros e seria possível aproveitar melhor o potencial daquilo que poderia ser a Liga de Elite”, defendeu. “Se tiver tudo sobre a alçada da AFM, há falta de transparência e se acontecer alguma coisa são eles que decidem. As decisões são internas e não há transparência absolutamente nenhuma”, justificou. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

Basquetebol Confusão na Open League

Era a grande novidade da nova época da Open League, mas os Black Bears Macau foram excluídos, já depois de terem participado na primeira jornada. Segundo o presidente da Associação Geral de Basquetebol de Macau-China, Wu Chong Fai, só à segunda jornada é que a associação se apercebeu que o registo tinha sido feito de forma irregular. Segundo a explicação, ao portal Happy Macau, a equipa encontra-se registada como uma entidade comercial, ao invés de uma associação. Por este motivo, a formação que tinha como objectivo ser a primeira equipa profissional do território já só poderá participar na próxima edição da competição, no próximo ano, e tem de alterar o registo. Na primeira jornada, a 16 de Junho, os Black Bears Macau tinham “humilhado” o Wa Lek por 131-16. Sobre a participação na ronda inaugural, Wu explicou que a associação adopta uma postura de abertura e que tinha a expectativa que o problema pudesse ser corrigido a tempo. Como isso não é possível, os Black Bears foram excluídos e o resultado foi considerado nulo.


18 (f)utilidades TEMPO

24.6.2019 segunda-feira

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

EXPOSIÇÃO | “PEDRAS E PEDRINHAS” Casa de vidro do Tap Seac

MIN

28

MAX

32

HUM

75-95%

EURO

9.17

BAHT

EXPOSIÇÃO | “100TH ANNIVERSARY OF THE MAY FOURTH MOVEMENT IN CHINA” IFT

25

UMA ALEGRIA 25

Milhares de pessoas participaram ontem na parada de orgulho 'gay' em Kiev, capital da Ucrânia, sob vigilância policial, mas sem o registo de incidentes, apesar da presença hostil de militantes de extrema direita e da Igreja ortodoxa, segundo a agência AFP. Os manifestantes, ao todo mais de 8.000 pessoas segundo a organização, ergueram bandeiras de arco-íris, vestiram roupas extravagantes, e desfilaram pelo centro da capital ucraniana.

3 13 1 9 0 64 6 8 2 57 7 5 12 1 30 93 9 4 68 4 6 5 28 02 10 1 7 3 78 37 93 9 56 25 2 40 4 9 29 02 70 7 3 1 64 6 5 6 48 4 5 1 79 37 03 20 31 3 68 76 7 02 50 95 9 5 4 37 93 89 8 6 1 2 0 0 9 26 52 5 34 3 8 1 2 2 0 1 84 8 7 5 69 36 SOLUÇÃO DO PROBLEMA 25

27

27

0 74 7EXPOSIÇÃO 8 3 6 15 1 9HOJE 2 UMA 5 6 9 2 1 8 3 7 4 0

9 2 1 8 3 7 1 31 3 6 0 5 2 4 78 97 92 9 4 67 06 0 1 35 3 58 5 90 29 32 63 6 14 1 27 2 41 84 98 09 0 56 5 83 8 5 91 79 7 2 60 6 4 04 0 3 6 7 5 9 82 18 9 27 52 45 14 81 38 3 0 6 81 8 3 0 4 97 9 2 29

MEN IN BLACK: INTERNATIONAL SALA 1

MEN IN BLACK: INTERNATIONAL [B] Um filme de: F. Gary Gray Com: Chris Hemsworth, Tessa Thompson, Liam Neeson, Emma Thompson 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

INVINCIBLE DRAGON [C] FALADO EM CHINÊS LEGENDADO EM CHINÊS/INGLÊS Um filme de: Fruit Chan Com: Max Zhang, Anderson Silva, Kevin Cheng, Annie Liu, Stephy Tang 14.30, 19.30, 21.30

ALADDIN [A] FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS

Um filme de: Guy Ritchie Com: Will Smith, Mena Massoud, Naomi Cott, Marwan Kenzari 16.30 SALA 3

THE SECRET LIFE OF PETS 2 [A]

8 9 3

FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Chris Renaud 14.30, 16.15, 18.00, 19.45

ALADDIN [A] FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Guy Ritchie Com: Will Smith, Mena Massoud, Naomi Cott, Marwan Kenzari 21.30

0

5 6 9 1 8 2 4 0 7 3

29

9 8 7 3 4 1 6 5

26

26

6 6 7 3 53 5 8 0 1 6 39 63 15 01 4 8 2 4 0 20 2 7 7 9

PROBLEMA 26

28

28

30

30

8 68 6 3 3 4 9 5 0 0 7 1 1 50 2 2 78 6 6 82 4 1 7 7 3 5 95 9

2 9 21 37 76 90 65 18 4 3

71 2 84 6 5 67 8 9 0 23

4 40 2 93 17 39 26 1 65 8

37 9 08 91 3 6 0 85 4 12

8 24 5 89 51 73 12 7 36 0

23 5 10 9 2 4 37 78 6 01

0 2 64 48 25 87 31 09 3 6

02 6 1 4 89 5 3 67 8 40

9 7 6 4 42 68 3 0 1 5 0 7 3 32 48 09 1 6 5 4

3 81 9 0 04 46 7 5 78 2

95 8 6 3 4 0 9 2 1 87

15 68 3 2 0 4 9 6 97 41

S U D O K U

EXPOSIÇÃO | DESENHOS DA RENASCENÇA MAM | Até 30/06

C I N E M A

1.17

CORRUPÇÃO

EXPOSIÇÃO | EXPOSIÇÃO “BELEZA NA NOVA ERA: OBRASPRIMAS DA COLECÇÃO DO MUSEU NACIONAL DE ARTE DA CHINA” MAM

Cineteatro

YUAN

VIDA DE CÃO

EXPOSIÇÃO | “ESPAÇO E LUGAR” Casa Garden

ESPECTÁCULO | FUERZA BRUTA WAYRA MGM Theatre | Até 4 de Agosto

0.26

1 6 7 5 8 2 0 3 9 4

Mais uma semana, mais um caso. Desta vez é Jaime Carion que está a ser investigado pela Justiça. Ainda não se sabe muito bem a razão da investigação, mas Carion está pelo menos ligado à fábrica de panchões Iec Long. Este foi um caso em que o Governo deu terrenos públicos a empresários, em troca de outros terrenos que legalmente já lhe pertenciam. Além deste caso revelado pelo CCAC, depois de muitos pedidos, entre as pessoas que dão mais ouvidos aos “mitos urbanos”, era esperado que houvesse uma investigação . À boca pequena, como sempre, circulavam muitos desses “mitos”. Mas a culpa não está só nos corruptos, falta uma verdadeira vontade de combater a corrupção. Que trabalho é que o CCAC tem feito mesmo para combater a corrupção? Muito pouco. Faz uns relatórios anuais, abate uns alvos, quando tem autorização, e pouco mais. A grande corrupção das negociatas passa-lhe toda ao lado. Houve um concurso público da DSAMA, em que o mesmo accionista estava nas três propostas. Ao contrário das decisões do TUI, uma das propostas foi 5 9 que4o CCAC 0 6vai investigar 7 1 8 aceite. Acham o concurso? É esperar sentado. Os tribunais 2 um8certo9clima 0 de4im-5 também6têm3 criado punidade na função pública. Nos 1 7 3 5 8 9grandes 2 0 casos de corrupção havia sempre três ou quatro funcionários 8 4 1 que 2 sabiam 5 6o que 3 se9 passava e que mesmo assim assinavam 0 2que 6permitiram 7 4 abusos. 5 8Po-3 documentos rém, os juízes aceitam a desculpa de que 7 0 “só 9 aceitavam 3 1 ordens” 4 6 e2 os funcionários os arguidos são sempre os corruptores. 3 1 0 6 2 8 5 7 À boa moda local, a lealdade é colocada acima das 4 responsabilidades... 8 7 9 3 Por 1 isso, 0 os6 funcionários, na dúvida, cumprem as or2 5 8em vez 4 de7denunciarem 3 9 1 dens “corruptas”, as situações. Faz parte do modo de actuar 9 6 para 5 agir 1 de0forma 2 limpa 7 4 e os incentivos são poucos. João Santos Filipe

31

33

4 KELLY - DE6HOLLYWOOD 1 3 2PARA8 O MÓNACO 5 9 7 49 GRACE 4 8 9 3 0 6 2 1 01 0 7 2 7 0 2 6 5 8 4 9 5 4 7 9 1 3 0 8 85 8 1 5 0 4 7 2 6 3 76 7 9 2 6 5 3 1 7 0 13 1 3 7 1 8 9 4 5 2 54 5 0 3 8 6 4 0 2 9 3 5 2 9 8 7 4 0 1 6 92 9 0 3 5 1 6 7 8 4 68 6

35

2 90 19 51 45 64 76 7 3 8 7 6 2 5 8 3 9 1 7 7 2 9 1 5 6 0 3 84 8 8 4 0 23 12 1 5 9 7 6 8 4 3 0 7 5 2 6 76 7 23 2 0 19 1 58 5 4 1 9 4 2 3 8 7 0 45 4 67 6 8 20 2 93 9 1 5 5 6 47 4 9 28 2 0 31 3 Em exibição até 28 de Agosto no Hotel e Casino Galaxy, a exposição mostra alguns aspectos da carreira 3 7que 5 abdicou 7 6 da 6 18estava 4 para 0 3 1 6 9 4 5 8 04 da0 actriz 92vida9profissional3no cinema, 03 0 quando 71 no7topo, 25 se92 9 e8 vida1 pessoal tornar na princesa do Mónaco. Entre as partes mais interessantes dos objectos em exposição, conta-se 6 25 1pela 2 actriz 1 40em 41954, 3 à prestação em1“Amar 8 4 3 para 7 a5 2 9 5 0 1 6 7 3 4 68conquistado 37devido 60 96ou o9convite o9 óscar é sofrer”, cerimónia desse ano, em que constam todos os cuidados exigíveis aos convidados. João Santos Filipe 6 7 5 4 1 2 0 3 93 9 1 47 24 2 8 60 56 5 9 9 35 3 87 28 2 61 6 40 4 4 8 9 7 2 6 1 5 24 2 98 9 6 53 5 01 0 7 76 7 5 32 43 4 8 91 9 0 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Sofia Margarida Mota 7 3 5 8 1 Colaboradores 6 9 2Amélia4Vieira; 0António Cabrita; 9 Caeiro; 5 4Falcão; 6Casimiro; 2 Cotrim; 0 José 8 Drummond; 3 5 José9Navarro 6 de7 2 António 92 Castro 51 António 60Gisela 38 73Gonçalo7Lobo Pinheiro; João Paulo Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio 7 54Valério 8 Colunistas 2 António Conceição 4 Júnior; 3 David 7 Morbey; 2 6 1 5 2 6 8 0 1 4 9 61 06 0 3 9 Fonseca; 85Romão 98 Chan; 09 João 50 Romão; 75 Jorge Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia 0 5www. 3Hoje1Macau;7Lusa;9GCS;4Xinhua0Secretária 8 2 42 4 7 38 3 9 61 6 10 21 2 76 37 3 49 84 8 5 hojemacau. com.mo

de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo

3 1 6 7 9 5 4 2 0 8

2 7 4 0 1 8 9 5 6 3

0 7 3 2 8 4 6 1 5 9

4 5 1 6 9 8 0 7 3 2

0 1 6 2 8 9 3 4 7 5

4 9 5 7 2 8 0 1 3 6


opinião 19

segunda-feira 24.6.2019

reencarnações JOÃO LUZ

N

ÃO é minha intenção sentar-me tardiamente a uma mesa onde já todos terminaram o café. Até há dias não liguei à “controvérsia”, dita “fracturante”, trazida por um artigo que não passou o crivo editorial deste jornal por razões mais que legítimas. Durante este tempo não achei que o tema merecesse o meu tempo, enquanto outros assuntos da actualidade ganharam prioridade. Até que, movido por curiosidade mórbida, li o tal artigo que circulou de e-mail em e-mail. Não vale a pena dirigir-me ao mérito moral de um discurso que em termos de direitos civis é tão caduco como ainda argumentar a favor da segregação. Mas existem alguns aspectos, por extravasarem regularmente para outros assuntos, que acho serem dignos de ponderação. Um deles é a menção à censura. Censura é uma mordaça imposta pelo Estado, transversal a tudo e todos, com vista a blindar a sociedade a ideias que possam colocar em causa o regime. Um jornal não é um Estado, mesmo se quisesse não tem poderes para barrar todos os canais informativos, ou vozes dissidentes. Nunca foi tão fácil, como hoje em dia, arejar uma ideia ou argumento publicamente, mas isso não obriga privados a publicarem tudo o que lhes é enviado. Além disso, uma entidade privada ter autonomia de critério editorial é, muito pelo contrário, o mais puro acto de liberdade. Aliás, mesmo discordando profundamente de opiniões que datam de um período eticamente jurássico, seria o primeiro a acrescentar a minha voz ao coro que clama por liberdade de expressão e defender o direito de alguém dizer a maior barbaridade que conseguir. Só não me venham com choradinhos póstumos e vitimizantes. Falar abertamente é também estar abertamente sujeito a crítica e ter a dignidade para aceitar isso. Em segundo lugar quero abordar a evocação da expressão bonus pater familiae, termo oriundo do direito romano que atravessou séculos como conceito jurídico, que em nada se aproxima da simplificação axiomática de taberna da categorização do homem como um tipo com um par de bolas no sítio, do gajo que tem uma mulher e filhos para cuidar. Bom pai de família, o elemento que tem a sensatez para ser padrão legal, em lado nenhum se refere ao uso dado aos genitais. Mas pensemos no mérito de trazer este conceito para fora da linguagem jurídica e remetê-lo para a esfera da intriga de costumes, do escândalo menor da quermesse do

Bom pai de família

ano passado, longe da jurisprudência e da fixação de doutrina, a universos de distância da administração da lei e das teorizações de Fustel de Coulanges. Importa referir que o bonus pater familiae tinha luz verde para dispor da vida de qualquer elemento da família. Pode-se discutir que o direito de matar quem dorme debaixo do seu tecto terá tido historicamente apenas sentido simbólico, mas há académicos que contestam e afirmam que a supremacia

sobre a vida de outros indivíduos era de facto exercida. Seja como for, o termo evocado precisa ser confrontado com a moral social de hoje, 50 iluminismos depois, a universos éticos de distância dos tempos quando seres humanos eram devorados por feras numa arena por desporto. O homicídio era punido pela velha regra de olho por olho, vingança era a lei da Terra, enquanto as penas administradas publicamente são coisas de filme de terror.

Mesmo discordando profundamente de opiniões que datam de um período eticamente jurássico, seria o primeiro a acrescentar a minha voz ao coro que clama por liberdade de expressão e defender o direito de alguém dizer a maior barbaridade que conseguir

Para ofensas menores as penas iam de espancamentos severos, flagelação e marcas na testa com ferro em brasa. As ofensas mais graves podiam resultar em vazamento de olhos, língua ou orelhas cortadas, a pena de morte era administrada através de empalação, enterrar o condenado vivo e, claro, crucificação. Quanto ao “argumento bíblico” para condenar uma expressão de amor, recordo que existem outras abominações nos testamentos que nunca são consideradas e para sempre ficam selectiva e convenientemente esquecidas, num hino ao relativismo absoluto. Comer marisco é uma abominação, usar vestuário que combine dois tipos de tecido (não houve revelação divina que adivinhasse o poliéster), adultério, rebelião dos filhos contra os pais eram punidas com morte, e podia ficar aqui o dia todo a discorrer mil e umas outras aberrações morais punidas com morte. Finalmente, quero endereçar a ideia de que viver abertamente a preferência sexual é uma afronta às mentes conservadoras, que o orgulho no tipo de amor que se sente, que só é mais identitário quanto maior for o preconceito, é um insulto à decência que teme qualquer mudança na moral social. Há bem pouco tempo, uma mulher usar minissaia, fumar, votar, querer autonomia além das superiores alçadas masculinas, era uma afronta à mente conservadora. O medo de mudança, inevitável porque sociedades e valores éticos evoluem, faz parte do ADN da mente conservadora. Um enorme receio da desestabilização do que pode acontecer se isto mudar. Negros comerem no mesmo restaurante que brancos, etnias e culturas longínquas ascenderem a posições de poder, são tradicionalmente afrontas ao imobilismo privilegiado da mente conservadora. Esta é uma batalha impossível de ganhar, meus caros, a luz vai sempre iluminar os cantos mais escuros, lentamente, com avanços e recuos, os direitos civis vão progredir indiferentes às barreiras antiquadas sustentadas por tradições obsoletas. Vale-nos que o preconceito tem de ser ensinado, passado de geração em geração para sobreviver. No geral, a tolerância e o respeito advêm da experiência e da lógica. O contacto e amizade dos mais novos com grupos sociais distintos é catalizador de mudança. Perceber o outro elimina esse medo visceral do que nos é intimamente estrangeiro. Como tantas outras revoluções éticas e morais, daqui a uns tempos vamos olhar para expressões como “pegar de empurrão” com pesar, com vergonha alheia, como quando ouvimos chamar macaco a alguém. Já os gregos antigos sabiam que a mudança é a única constante da vida. Lutar contra esta maré é não compreender os tempos, é fazer legado da imoralidade e não viver no presente.


O amigo certo reconhece-se numa situação incerta. Énio

PYONGYANG KIM RECEBEU CARTA DE TRUMP COM “CONTEÚDO EXCELENTE”

A noiva fantasma Polícia chinesa resgatou mais de mil mulheres estrangeiras vendidas no país

O

líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, recebeu uma carta “pessoal” do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com um “conteúdo excelente”, informou ontem a agência de notícias oficial norte-coreana, KCNA. Ainformação não detalha a data em que a carta foi recebida, nem escrita, mas sustenta que, depois de ler, Kim disse ter mostrado a sua “satisfação”. De acordo com a KCNA, Trump mostrou uma “coragem extraordinária”. Kim aprecia o “julgamento político” da carta e acrescentou que “analisará” seriamente o “conteúdo excelente” da mensagem. Esta carta parece ser uma resposta a uma outra mensagem que Kim recentemente enviou a Trump para comemorar o primeiro aniversário da histórica cimeira entre os dois líderes realizada em Singapura em 12 de junho de 2018. No final de fevereiro houve uma segunda cimeira, em Hanói, concluída sem qualquer acordo e sem uma declaração comum, devido à impossibilidade de um entendimento em relação ao desmantelamento do programa nuclear de Pyongyang em troca de um levantamento das sanções económicas impostas ao país asiático. A data e o local de uma possível terceira cimeira entre os dois ainda não foram definidos.

Camboja Pelo menos 17 mortos em derrocada

PUB

As autoridades cambojanas elevaram o número de mortos para 17 e registaram 24 feridos, na sequência do desmoronamento, no sábado, de um prédio de sete andares na cidade costeira de Sihanoukville, sul do Camboja. As autoridades cambojanas disseram que quatro cidadãos chineses envolvidos na construção foram detidos enquanto a investigação sobre o desabamento é realizada. Em comunicado, o governo da província cambojana explicou que cerca de mil soldados participam nas operações à ainda procuram sobreviventes nos escombros. Um dos moradores do prédio disse à AP que ele e a sua mulher estavam a dormir quando por volta das 04:00 de sábado quando ouviram um grande barulho e o prédio começou a desmoronar por cima deles. Segundo este morador encontravam-no dentro do prédio cerca de 55 pessoas.

segunda-feira 24.6.2019

PALAVRA DO DIA

COMÉRCIO ASEAN E SEIS PAÍSES DA ÁSIA-PACÍFICO VÃO CRIAR MEGATRATADO

O

A

p o lícia chinesa resgatou 1.130 mulheres estrangeiras na China, na segunda metade de 2018, em diferentes operações coordenadas com as autoridades de cinco países do Sudeste Asiático, anunciou ontem o Ministério da Segurança Pública chinês. Na operação, foram detidos 1.322 suspeitos, incluindo 262 estrangeiros, por alegadamente atraírem e raptarem mulheres, depois de lhes prometerem emprego ou casamento com locais, detalhou o ministério, no que parece ser a maior operação deste género na China, até à data. “Nos últimos anos, locais e estrangeiros conspiraram para sequestrar mulheres de países vizinhos e vendê-las como esposas na China”, revelou o porta-voz do ministério, Guo Lin, numa conferência de imprensa, em Pequim. “Trata-se de uma violação grave dos direitos e dos interesses dessas mulheres”, realçou. A procura por noivas estrangeiras na China aumentou nos últimos anos, alimentada, em parte, pela política de filho único. Fruto da tradição feudal que dá preferência a filhos do sexo masculino, aquela política, que vigorou entre 1980 e 2016,

“Nos últimos anos, locais e estrangeiros conspiraram para sequestrar mulheres de países vizinhos e vendê-las como esposas na China.” MINISTÉRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA CHINÊS gerou um excedente de 33 milhões de homens na China. A dificuldade em ‘seduzir’ noivas chinesas, especialmente para homens do interior da China sem carro, casa ou emprego estável, leva-os a procurar mulheres no sudeste asiático, alimentando o tráfico humano. Agentes matrimoniais que apresentam homens e mulheres solteiros é prática legal e aceite na China. No entanto, a lei chinesa proíbe as agências matrimoniais de introduzir noivas estrangeiras, para impedir o tráfico humano.

MORDER O ISCO

Ao longo das fronteiras do sudeste da China, os contrabandistas atraem as mulheres fazendo-se passar por homens atraentes nas redes sociais e seduzindo-as com empregos bem remunerados em hotéis ou restaurantes. Quando cruzam a fronteira para a China, os contrabandistas costumam drogar as mulheres, roubar o seu dinheiro, telemóvel e documentos de

identificação, e levam-nas para o interior da China. As mulheres acabam isoladas em aldeias, incapazes de comunicar, devido a barreiras linguísticas. Em 2004, a China assinou memorandos com Myanmar (antiga Birmânia), Vietname, Camboja, Laos e Tailândia, visando combater o tráfico oriundo do Sudeste Asiático. A campanha do ano passado envolveu a polícia dos seis países. A China estabeleceu oito escritórios de ligação que coordenam com a polícia em Myanmar, Vietname e Laos para combater o tráfico e devolver as mulheres raptadas, segundo Chen Shiqu, vice-director do Ministério da Segurança Pública. Chen revelou que a China intensificou as patrulhas junto à fronteira e inspeções para capturar contrabandistas. Críticos afirmam que um dos desafios são as duras restrições que Pequim impõe a activistas e organizações independentes, sufocando a ajuda da sociedade civil às mulheres.

S líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) ultimaram ontem uma posição comum, juntamente com outros seis países da Ásia-Pacífico, para a criação de um megatratado comercial que resultará no maior bloco económico do mundo. O encontro da ASEEAN, que começou oficialmente na sexta-feira com os trabalhos preparatórios, acolheu os ministros da economia da ASEAN para discutir o projecto, promovido por Pequim, denominado Parceria Económica Regional (RCEP), que junta dezasseis Estados na região da Ásia-Pacífico e que tem como objectivo fortalecer influência da China nesta região, numa altura de disputas comerciais entre Pequim e Washington. Para além dos países membros da ASEAN (Malásia, Indonésia, Brunei, Vietname, Camboja, Laos, Myanmar, Singapura, Tailândia e Filipinas) e da China, o acordo inclui ainda a Índia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, que, juntos, representam aproximadamente 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e quase metade da população do planeta. O primeiro-ministro da Tailândia, Prayut Chan-ocha, assumiu, no seu discurso de encerramento do encontro, a responsabilidade pela unidade da ASEAN contra o proteccionismo crescente em alguns países na economia mundial, uma alusão às políticas norte-americanas e à guerra comercial entre os EUA e a China. A ASEAN forma um bloco de 647 milhões de pessoas que aspira a aumentar o seu PIB combinado para 4,7 triliões em 2025 e tornar-se a quarta potência económica do mundo.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.