DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
SEXTA-FEIRA 24 DE JULHO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4575
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Venham mais cinco LUÍS MENEZES LEITÃO
ACORDOS E DESACORDOS
De uma assentada que eu pago já. A segunda fase do cartão de consumo, com um montante de 5.000 patacas, entra em vigor a 1 de Agosto. A partir de segunda-feira, quem tiver o cartão com
saldo zero poderá carregá-lo num dos 190 postos disponíveis, sem necessidade de marcação prévia ou prova de identidade. O limite diário de consumo mantém-se nas 300 patacas.
ENTREVISTA
CHUMBOS CHUMBADOS PÁGINA 4
FAROL DA GUIA
QUEIXA NO CCAC
PUB
ENSINO
ANA JACINTO NUNES
PÁGINA 7
PÁGINA 9
SOLIPSISTA EM PEQUIM SARA F.COSTA
O LOUCO DA ALDEIA GONÇALO M. TAVARES
h
O MEU REBANHO DE PALAVRAS ROSA COUTINHO CABRAL
ANHEDONIA I ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO
2 ENTREVISTA
LUÍS MENEZES LEITÃO BASTONÁRIO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DE PORTUGAL
“O Acordo de Extradição
Bastonário da Ordem dos Advogados de Portugal até 2022, Luís Menezes Leitão diz que é certo o regresso do protocolo com a Associação dos Advogados de Macau, cujos detalhes estão a ser ultimados. Relativamente ao Acordo de Extradição assinado com Macau, o bastonário defende uma revisão e diz que as respostas do Ministério da Justiça português “não são minimamente convincentes”
O Acordo de Extradição assinado entre Portugal e Macau está parado, mas não suspenso, segundo notícias recentes. A actual direcção da Ordem dos Advogados (OA) mantém a mesma posição contra o documento, tal como a anterior direcção? Esse Acordo sempre nos suscitou bastantes preocupações e devemos dizer que a resposta que o Ministé-
rio da Justiça deu relativamente às preocupações que foram expressas pelo meu antecessor [Guilherme de Figueiredo] não pareceram minimamente convincentes. Alegaram a Convenção de Extradição anterior sem fazer referência expressa a que estamos perante um Acordo posterior, ou seja, relativamente a todas estas questões. Por outro lado, verifica-se que nada foi alterado relativamente aos problemas que existiam, isto porque, de facto, o Acordo poderá envolver uma extradição relativamente a factos que não estavam previstos na lei quando foram praticados. O Acordo admite a possibilidade de existirem pedidos de extradição relativamente a factos que não são crime em Portugal e também o facto de ocorrerem situações em que está expressamente prevista a extradição para outras regiões da China. Não nos esqueçamos da polémica que suscitou relativamente a Hong Kong com as leis de extradição e que estão a gerar todas estas questões. Estamos também perante uma situação estranha ao dizer que o Acordo está parado mas não está suspenso. O que verificamos é que ainda não se avançou neste âmbito, mas compreendemos que nesta situação de pandemia não há tempo para discutir tudo e o Parlamento [Assembleia da República] tem estado ocupado com inúmeras matérias. A nosso ver esse Acordo suscita-nos reservas, não ficamos esclarecidos com a resposta do Ministério e queremos sensibilizar os grupos parlamentares para essa questão. Portugal tem uma longa tradição relativamente a situações de garantias de defesa e esperamos que continue a mantê-la neste quadro relativamente a esta situação. A OA tem de manter essa posição sobre este Acordo. Foram feitos novos pedidos de esclarecimento junto do Ministério da Justiça? Que eu saiba não houve qualquer alteração da posição do Ministério, bem pelo contrário. Em todas as declarações públicas o Ministério tem mantido a sua posição e parece-me que também o MNE tem colocado a mesma posição. Mas não é o Governo que terá a última palavra sobre este assunto, também haverá uma palavra do Parlamento e do Presidente da República. É algo sobre o qual nos vamos bater para
que os princípios que defendemos fiquem aqui consagrados. Como explica este compasso de espera para a promulgação deste Acordo de mais de um ano, e que coincide agora com a entrada em vigor da lei da segurança nacional de Hong Kong? O Governo português pode revelar aqui alguma falta de estratégia na conclusão deste dossier de forma atempada?
“O nosso Conselho Geral está também a discutir o protocolo [com a AAM] e esperamos que muito brevemente ele possa ser retomado.” Não sei, tem de perguntar ao Governo. Mas a situação de Hong Kong tem evoluído de forma muito rápida e talvez de uma forma que não se previa. Uma série de Estados estão a pôr em causa os acordos assinados com Hong Kong e esse é um factor que tem dias. Não tenho a certeza de que possa haver uma ligação entre as duas situações. De qualquer das formas, acho que a situação de Hong Kong tem de fazer ponderar tudo o que existe hoje e que leva a que a OA se tenha pronunciado como se pronunciou. Isso é algo que tem de ser verificado porque o que se está a passar em Hong Kong suscita de facto alguma preocupação no quadro dos diversos países europeus e nos EUA. O Governo português deveria suspender o Acordo? O Acordo deveria, pelo menos, ser revisto de forma a esclarecer as coisas mais preocupantes. Apesar de ter havido uma assinatura, tem de haver uma ratificação, e por isso neste quadro a situação deveria ser revista. Não vou ao ponto de defender uma total suspensão, mas seria preferível que houvesse de facto um acautelamento das preocupações que existem e que foram expressas pela OA. Acho que ambas as partes, quer Portugal e RAEM, teriam a ganhar com essa situação até devido ao afastamento da comparação com Hong Kong,
que não me parece que seja minimamente desejável. O Governo de Macau já referiu que há aspectos da lei da segurança nacional que necessitam de ser revistos ou reforçados. Teme esta revisão da lei? Esperamos que Macau, que tem tido uma relação com Portugal bastante grande neste âmbito, também acautele os padrões que nós temos e que pensamos serem comuns em termos de justiça e segurança. Quero crer que todas as posições que venham a ser tomadas em Macau estejam em conformidade com o património que partilhamos neste
âmbito em termos de tutela das garantias e de defesa e protecção das pessoas. Não antecipamos nada em sentido contrário. Olhando para a situação de Hong Kong está em causa uma progressiva perda de autonomia e uma eventual violação da Declaração Conjunta? Não vou ao ponto de fazer essa avaliação. Mas o que temos visto é algo que, na perspectiva de existir uma jurisdição autónoma, de acordo com o quadro “um país, dois sistemas” que se manteve nas diversas declarações, estamos a ver uma aproximação muito grande
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deveria ser revisto” tenho falado estão perfeitamente integrados e bastante satisfeitos com o exercício da advocacia em Macau. Não temos visto nada, até agora, em que se coloque algum problema em termos do exercício da advocacia em Macau. E devo dizer que a situação em Macau não se compara minimamente com Hong Kong. Não nos parece que o quadro da advocacia em Macau, com base no que tenho contactado, nomeadamente com o presidente da Associação dos Advogados de Macau, [tenha sofrido alterações]. [É um quadro] bastante satisfatório. Não temos tido queixas algumas.
a uma jurisdição que se está a afastar relativamente ao que era em termos de autonomia. Isso, a nível internacional, está a ser avaliado pelos diversos países e estas questões estão a ser colocadas relativamente aos acordos de extradição. Parece-me que seria preferível que se mantivesse essa autonomia, o que é uma garantia em relação a Hong Kong, a nível internacional e também para a própria posição da República Popular da China. Ter-se colocado a perspectiva de haver um período de transição de 50 anos, que começou em 1997, e que terminará em 2047, [significa que] ainda
faltam 27 anos para haver uma aproximação grande como está a ocorrer já no âmbito deste sistema. Seria preferível, e até para o papel da China no mundo, que essas duas
“Espero que a situação de Hong Kong não seja vista como um precedente. A situação de Macau sempre foi tratada de forma muito distinta face a Hong Kong.”
jurisdições mantivessem o período de transição que está previsto e que deveria ser respeitado. Pelo menos a nível internacional a imagem que está a dar é que existe uma certa antecipação, o que não me parece que seja adequado. A situação política em Hong Kong e o possível impacto em Macau estão a causar algum receio aos advogados portugueses em Macau? Nota uma maior vontade de regresso a Portugal ou maior receio do exercício da profissão no território? Não tenho notado nada disso. Os colegas de Macau com quem
Há vozes críticas por parte de alguns advogados da crescente erosão da autonomia, mas também do Estado de Direito em Macau. Qual a sua posição sobre isso? Espero que a situação de Hong Kong não seja vista como um precedente. A situação de Macau sempre foi tratada de forma muito distinta face a Hong Kong e o processo de transição também ocorreu de forma completamente distinta e com uma melhor relação entre a China e Portugal do que a relação que a China teve com o Reino Unido. Compreendo que a situação de Hong Kong possa ser vista como um precedente para Macau, mas desejo que isso não venha a acontecer. Alguns receios que se têm colocado relativamente a este Acordo de entrega justificam o facto de esperarmos que o património jurídico existente em Macau se mantenha durante 50 anos. Não vemos que haja justificação para esses receios, mas por isso é que pequenas coisas que não são correctas devem ser logo alvo de aviso, como é o caso deste Acordo. Portugal deveria ter defendido melhor neste Acordo o que são os princípios jurídicos essenciais relativamente ao que é o Direito português e que faz parte do património que temos em comum com Macau. Relativamente ao protocolo com a Associação dos Advogados de Macau, vai ser retomado no seu mandato? A nossa intenção é essa. Já falámos com o dr. Jorge Neto Valente que manifestou o máximo interesse para que haja
uma renovação do protocolo que já existia, mas que esteve interrompido durante um longo período. Discutimos isso no Conselho Geral e temos o máximo interesse. É também uma forma de mantermos a nossa ligação em termos jurídicos com Macau onde neste momento existe ainda um grande património jurídico comum. Achamos que ambas as advocacias podem trabalhar em conjunto. Já há uma data concreta para que esse protocolo entre em vigor? Temos tido alguma dificuldade de comunicação devido à pandemia. Já tivemos várias reuniões, já me encontrei com o dr. Jorge Neto Valente aqui em Portugal e temos estado em contacto. O nosso Conselho Geral está também a discutir o protocolo e esperamos que muito brevemente ele possa ser retomado. Penso que é útil para ambas as partes.
“Os colegas de Macau com quem tenho falado estão perfeitamente integrados e bastante satisfeitos com o exercício da advocacia em Macau.” Há pontos que têm de ser alterados ou melhorados? Não estávamos insatisfeitos com o protocolo anterior. Há sempre melhorias a fazer e temos um grupo de colegas que estão a trabalhar nisso. Contamos que terminem esse trabalho muito brevemente para que o protocolo possa ser assinado. A OA pondera fazer protocolos com outras jurisdições? Há espaço para protocolos com a China, por exemplo? É algo que possamos sempre equacionar. Esses protocolos onde existe uma língua completamente distinta, como é o caso da China, podem ser mais difíceis de fazer, mas neste momento temos em debate um protocolo com a Ordem dos Advogados da Ucrânia. Estamos sempre disponíveis e se houvesse interesse da parte da Ordem dos Advogados chinesa essa proposta seria examinada. Andreia Sofia Silva
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4 política
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ASSA tudo, a bem ou a mal. Segundo o regulamento administrativo que estabelece o sistema de avaliação do desempenho dos alunos da educação regular de Macau, as reprovações no ensino básico, da primeira à quarta classe, estão abolidas. Ou seja, todos os alunos serão automaticamente aprovados, de ano para ano. A novidade foi anunciada ontem, em Conselho Executivo, pelo porta-voz do organismo e secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, e pelo director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang e aplica-se a partir do ano lectivo 2021/2022. O fim dos chumbos no ensino básico foi justificado pelo director da DSEJ com o desenvolvimento das crianças que frequentam este grau educativo e pelo pulo cognitivo e lógico que uma criança dá por volta do 4º ano de escolaridade. Reter
DSEJ CHUMBOS ABOLIDOS OU LIMITADOS DO ENSINO BÁSICO AO SECUNDÁRIO
Passagem obrigatória HOJE MACAU
A partir do próximo ano lectivo terminam as reprovações até à quarta classe. Para os 5º e 6º anos o limite máximo de chumbos será de 4 por cento e para o ensino secundário oito por cento. O Governo anunciou ontem as medidas que procuram evitar que os alunos percam o interesse no ensino
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um aluno nessa altura poderia ser contraproducente. “O quarto ano é essencial, dá-se uma grande alteração ao nível cognitivo e da lógica”, referiu Lou Pak Sang. A decisão da DSEJ resultou de um relatório elaborado por uma comissão depois de visitas e reuniões com entidades congéneres de regiões vizinhas e nas observações dos sistemas de ensino tidos em consideração. Lou Pak Sang, sem referir as regiões envolvidas, adiantou que foram tidas em conta as vantagens e desvantagens deste sistema até se chegar ao regulamento apresentado ontem. Outra novidade, é o peso da intervenção dos encarregados de educação que podem solicitar a retenção, com a autorização as escolas, por exemplo, se o aluno tiver faltado muito às aulas. Para os 5º e 6º anos lectivos, a taxa de reprovação máxima é de 4 por cento dos alunos da escola, enquanto para o ensino secundário é 8 por cento. Em ambos, podem
Ensino Superior Reconhecimento de cursos tirados em Portugal
Foi ontem apresentado, no Conselho Executivo, o regulamento que define o reconhecimento automático dos os graus académicos e diplomas de ensino superior atribuídos pelas instituições de ensino superior de Portugal. Assim sendo, os estudantes que tiraram um curso de ensino superior em Portugal vão gozar dos mesmos direitos conferidos aos titulares dos mesmos graus académicos de instituições de ensino da RAEM, basta serem reconhecidos pelo Estado português. A medida é recíproca. Quem tirar uma licenciatura, por exemplo, pode concorrer a um cargo na função pública sem necessitar de comprovar equivalências, ou pode inscrever-se num mestrado num estabelecimento de ensino superior de Macau. O regulamento vem dar corpo a um memorando assinado entre o Executivo da RAEM e o Governo português.
abrir-se excepções, caso a escola e os encarregados de educação entendam que o chumbo terá efeitos positivos no desenvolvimento educativo do aluno.
ESPECIAIS E RETIDOS
Lou Pak Sang entende que o aluno não tira vantagens por ser retido um ano e aponta que um dos objectivos deste regulamento foi “controlar a retenção num nível justo para que os alunos possam consolidar a sua base” e que, se os chumbos se alargam nos anos, “os alunos podem perder o interesse na aprendizagem”. Ontem foi também apresentado o regulamento administrativo do regime do ensino especial, que vem
actualizar disposições em vigor há mais de 20 anos. O regulamento distingue três graus de aluno de ensino especial. Os que estão em educação inclusiva (com objectivos curriculares basicamente iguais aos alunos da educação regular), os alunos de turmas pequenas de ensino especial e alunos das turmas do ensino especial. A distinção entre as duas últimas categorias encontra-se ao nível dos objectivos curriculares. Os alunos das pequenas turmas têm como missão “adquirir conhecimentos, desenvolver capacidades e atitudes fundamentais e factores imprescindíveis para se poderem dedicar a uma profissão. Os alunos das turmas de ensino especial, que
Podem abrir-se excepções, caso a escola e os encarregados de educação entendam que o chumbo terá efeitos positivos no desenvolvimento educativo do aluno
sofrem de problemas mais severos, têm como objectivo adquirir capacidade para viver autonomamente, assim como competências técnico-profissionais e atitudes básicas. Foi também criado e definido o conceito de aluno sobredotado. Nesse sentido, o director da DSEJ referiu que é necessário “seleccionar estes alunos e avaliar as suas potencialidades, permitir que desempenhem as suas próprias capacidades, e observar qual a área em que têm mais vantagem e talento.” Lou revelou ainda que em 2015 havia em Macau 38 escolas que ministravam ensino inclusivo, número que aumentou para 43 estabelecimentos no actual ano lectivo e que subirá para 48 escolas no próximo ano. Quanto ao número de turmas de ensino especial são no total 841. João Luz
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COVID-19 MNE ELOGIA COMBATE LOCAL E INTERNACIONAL DA PANDEMIA
A
China elogiou ontem Macau pelo controlo local no combate à covid-19 e pela sua estreia numa missão internacional de emergência no Sudão e na Argélia. O aplauso surgiu pela voz da responsável do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, numa sessão de partilha sobre o trabalho de grupo de peritos médicos antiepidémico do Governo chinês na Argélia e Sudão, entre 14 de Maio e 11
de Junho, uma estreia internacional para os especialistas do antigo território administrado por Portugal. Shen Beili falou na “experiência de sucesso de Macau”, que não regista qualquer caso activo e que desde o início da
pandemia não identificou nem contágios entre profissionais de saúde, nem qualquer surto comunitário. O facto de a Equipa Internacional de Emergência Médica de Macau ser acreditada desde o ano passado pela Organização Mundial de Saúde e o desempenho no controlo da pandemia no território permitiu que peritos do território integrassem a missão, em conjunto com outros especialistas da cidade
chinesa de Chongqing, acrescentou a comissária. Foi destacada a “janela de oportunidade” para a “forte promoção [de Macau] das experiências de prevenção e controlo da epidemia”, num momento em que o Governo da RAEM aposta em conquistar a nível internacional o estatuto de um dos territórios mais seguros no mundo em relação à pandemia de covid-19, uma mensagem adoptada na promoção turística.
política 5
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“N
ÃO é segredo que os Estados Unidos encaram o seu Consulado Geral em Hong Kong e Macau como uma fortaleza de ataque à China”. Esta frase integra um editorial do jornal oficial Global Times que ataca Washington na actual batalha diplomática entre as duas potências mundiais. O jornal oficial menciona as justificações norte-americanas para o encerramento da embaixada chinesa em Houston, como as questões de “propriedade intelectual” e “informação privada”, e condena que seja sugerida a participação de pessoal diplomático chinês em actividades ilegais contra interesses norte-americanos. “Os Estados Unidos perderam toda a credibilidade. O tamanho das representações diplomáticas chinesas não excede as necessidades do trabalho do dia-a-dia. Nenhum dos nossos consulados emprega milhares de diplomatas e empregados, como o Consulado Geral dos Estados Unidos em Hong Kong e Macau”, prossegue o editorial do órgão do Partido Comunista Chinês publicado ontem. Noutro artigo publicado também no Global Times, o ministro dos Negócios Estrangeiros da PUB
Quem fecha mais? Global Times diz que Consulado americano em HK e Macau é fortaleza de ataque à China
China argumenta que desta vez o mundo sabe que foi Washington a abrir “um novo campo de batalha”. Neste artigo, publicado ao fim da noite de quarta-feira, é avançado que “alguns juristas sugeriram o encerramento do Consulado Geral em Hong Kong e Macau como uma medida de retaliação e de busca da
estabilidade em Hong Kong”. De seguida, o artigo sugere que pessoal do consulado norte-americano desempenhou um papel nos protestos na RAEHK.
ESTUDOS E OPINIÃO
O Global Times terá também conduzido uma sondagem no Weibo,
na quarta-feira, a perguntar aos cibernautas que representação diplomática norte-americana preferiam ver encerrada como gesto de retaliação. Segundo o jornal, até às 21h30 de quarta-feira, mais de 8600 pessoas votaram, com quase 80 por cento a preferir o Consulado Geral dos Estados Unidos em Hong Kong e Macau. “O resultado do inquérito reflecte vividamente a raiva pública contra a interferência norte-americana em Hong Kong”, interpretou Tian Feilong, da Associação Chinesa dos Estudos sobre Hong Kong e Macau, um think-tank baseado em Pequim. Na mesma votação no Twitter, 64,9 por cento dos inquiridos escolheu o consulado em Hong Kong e Macau, 10,4 por cento preferiu a representação em Guangzhou e 7,8 por cento em Chengdu. Importa referir, que o Global Times cita uma notícia da Reuters que avançou que seria o consulado de Wuhan a encerrar. O jornal oficial justifica a abertura de hostilidades diplomáticas
“O tamanho das embaixadas chinesas não excede as necessidades de trabalho do dia-a-dia, nem emprega milhares de diplomatas e funcionários, como o Consulado Geral dos Estados Unidos em Hong Kong e Macau.” GLOBAL TIMES
com o frenesim e a falta de controlo em que está a Administração Trump à medida que se aproximam as eleições. “As eleições presidenciais estão a estragar a relação entre as duas maiores potências do século XXI. A humanidade, que deseja paz, estabilidade e desenvolvimento, terá de pagar por isso”, argumenta o jornal oficial. João Luz
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sexta-feira 24.7.2020
A segunda fase do subsídio de apoio à economia começa em Agosto, mantendo o valor diário nas 300 patacas. Os detentores do cartão da 1ª fase podem carregar montante de 5.000 patacas a partir de segunda-feira num dos 190 postos, sem necessidade de inscrição ou marcação. As infracções previstas para operadores foram reforçadas
A
partir de segunda-feira será possível carregar os cartões de consumo em circulação, com o montante de 5.000 patacas, relativo à segunda fase do plano de subsídio de consumo que vai de 1 de Agosto a 31 de Dezembro. Para o fazer, o saldo do cartão deve estar a zeros e os utilizadores devem dirigir-se a um dos 190 postos de carregamento, não sendo necessária inscrição, marcação prévia ou apresentação de identificação. A novidade foi avançada ontem na sede do Governo por Tai Kin Ip, Director dos Serviços de Economia (DSE). Quer isto dizer que, durante a próxima semana, apenas poderão ser carregados os cartões cujo valor tenha sido gasto na totalidade, já que a 1ª fase termina na sexta-feira, 31 de Julho. Desta forma, o saldo remanescente de todos os cartões ficará a zero a 1 de Agosto, permitindo o carregamento do novo montante, mesmo
CARTÃO DE CONSUMO NOVA FASE MANTÉM VALOR DIÁRIO E DISPENSA INSCRIÇÃO
Não aceitamos reservas levantamento do cartão de consumo por parte de menores de idade, de forma a permitir que, além do pai, mãe ou tutor, o acto possa ser feito por um parente maior até ao 3º grau (avós, irmãos, tios) ou por outra pessoa indicada pelos pais ou tutor. Tai Kin Ip revelou ainda que a 2ª fase do plano de consumo tem como objectivo principal continuar a “assegurar o emprego e estabilizar a economia” e envolve um investimento total de 3,6 mil milhões de patacas, isto “se todos os residentes levantarem o cartão”, esclareceu. Sobre a Macau Pass, empresa responsável pelo serviço, Tai Kin Ip esclareceu que na segunda fase, irá cobrar às PME uma taxa até 0,5 por cento, por transacção. Pedro Arede
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a quem não esgotou, na totalidade, as 3.000 patacas da 1ª fase. Assim, quem já é detentor do cartão de consumo, entre 27 de Julho e 14 de Dezembro, poderá fazer o carregamento através do sistema automático “de toque” num dos 190 postos de serviços públicos, bancos, associações e empresas. Sobre os destinatários, âmbito de aplicação e montante máximo de utilização diária, fica tudo na mesma. Ou seja, o plano de apoio destina-se aos portadores do BIR permanente ou não permanente de Macau e pode ser usado para comprar produtos e serviços no mesmo tipo de estabelecimentos. O limite a despender por dia continua fixado nas 300 patacas. Isto, apesar de Tai Kin Ip ter chegado a admitir o contrário no mês passado. A razão, assenta num estudo baseado na experiência da 1ª fase. “Quando apresentámos o relatório já analisámos o limite máximo diário e, na verdade, há poucas pessoas
que conseguem utilizar 300 patacas num dia, apenas cerca de 6,0 por cento. Por outro lado, mais de 80 por cento utilizaram menos de 200 patacas diariamente. Por isso, depois de ponderar decidimos manter o limite nas 300 patacas”, explicou Tai Kin Ip.
“Depois de ponderar decidimos manter o limite diário nas 300 patacas.” TAI KIN IP DIRECTOR DA DSE
Quem ainda não tem cartão ou acabou entretanto por perdê-lo, pode levantar um novo cartão de consumo pré-carregado com 5.000 patacas num dos seis locais destacados para o efeito. Neste caso, o requerente ou representante tem de apresentar o original do BIR, sendo, no entanto, dispensada inscrição ou marcação. Quem perdeu o cartão, só poderá levantar um novo, caso tenha participado a ocorrência junto do CPSP. Os locais de carregamento e levantamento dos cartões de consumo podem ser encontrados online, na
página exclusiva sobre o “Plano de Subsídio de consumo” da DSE.
MAIS FISCALIZAÇÃO
O director da DSE revelou ainda que para fiscalizar os operadores e estabelecimentos comerciais, foram introduzidas mais penalizações. Nesta segunda fase, sempre que se verificarem actos de aceitação ilícita do subsídio de consumo ou dadas informações enganosas sobre os preços, o estabelecimento passa a estar banido de aceitar pagamentos com o cartão de consumo. Foram ainda introduzidas melhorias ao nível do
3ª FASE DESCARTADA
O
director dos Serviços de Economia (DSE), Tai Kin Ip, revelou ontem que não existem, para já, planos para o lançamento de uma 3ª fase do plano de subsídio de consumo. “Vamos continuar a observar a implementação da 2ª fase e a situação económica para haver mais ponderações. Por enquanto ainda não estamos a ponderar outro plano depois desta segunda fase”, sublinhou. Sobre a 1ª fase, Tai Kin Ip avançou que foram gastos 1,87 mil milhões de patacas pelos residentes, acreditando que até ao fim do mês a totalidade do montante dos cartões seja consumido.
TNR Exigido título de entrada a partir de Outubro
As regras de contratação de trabalhadores não residentes (TNR) passam a exigir a apresentação de um título de entrada no território, um documento que pode ser pedido online pelo empregador ou por uma agência de emprego. Só assim as autoridades de imigração podem emitir a autorização provisória de permanência na qualidade de trabalhador. Segundo foi ontem divulgado, em sede de Conselho Executivo, os documentos exigidos para que os TNR possam começar a trabalhar são basicamente os mesmos. As novas regras entram em vigor no próximo dia 5 de Outubro.
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24.7.2020 sexta-feira
CASO IPIM TESTEMUNHA NEGOU LIMITE MÍNIMO DE INVESTIMENTO
Divergências internas
Trânsito Dispositivos passam a detectar excesso de velocidade
O chefe da divisão de fixação de residência entre 2012 e 2015 disse ontem em tribunal que durante esse período não estava estabelecido um mínimo de investimento, e defendeu que o objectivo inicial relativamente à publicação de critérios era de abertura
O
funcionário do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) que chefiou a divisão de fixação de residência entre 2012 e 2015 disse ontem em tribunal que durante esse período não havia um limite mínimo de investimento, ao contrário de outros testemunhos. Ao invés, disse que se adoptou uma grelha de pontos, em que quanto mais elevado o investimento, mais alta era a pontuação. António Lei explicou que a decisão acabou por recair em não divulgar esta grelha ao público, mas que inicialmente tinha sido pensado “revelar o mais possível para facilitar” a vida à população. De acordo com a testemunha, o ex-presidente do IPIM e arguido no caso, Jackson Chang, pediu-lhe para elaborar uma grelha com o objectivo de “facilitar a apreciação dos casos” e “estabelecer critérios”. Pretendia-se ainda atrair investimento e profissionais especializados para Macau. Mas apontou a existência de divergências relativamente à sua divulgação. No seu testemunho, defendeu que, ao contrário do público em geral, um requerente ou procurador constitui parte interessada e “tem o direito de consultar o processo” e o seu andamento. A testemunha disse ainda que Jackson Chang pediu informações sobre o andamento de pedidos de casos particulares. Sobre o seu entendimento para a razão dessas perguntas, foi directo: “creio que alguém lhe pediu informações”. Mas desconhece se os dados chega-
ram por essa via a terceiros. Neste âmbito, notou que os processos acabariam por ser submetidos ao presidente, e que devia dar as informações pedidas por Jackson Chang por ser seu superior hierárquico. Além disso, declarou ter recebido instruções do arguido para responder aos pedidos de informações de membros da comissão executiva. Por outro lado, explicou que durante esses três anos, o tempo de permanência em Macau não era um
critério nos pedidos de residência e que não se ponderou apurar “in loco” a relação laboral. Para justificar a ausência deste critério, a testemunha deu como exemplo a possibilidade de uma empresa querer destacar pessoal no exterior para angariar clientes.
ASSINAR ÀS CEGAS
“Só me limitei a assinar”. Foi assim que uma técnica superior do IPIM respondeu quando questionada sobre a elaboração de um relatório.
De acordo com a testemunha, o ex-presidente do IPIM e arguido no caso, Jackson Chang, pediulhe para elaborar uma grelha de pontuação com o objectivo de “facilitar a apreciação dos casos” e “estabelecer critérios”
Indicando que os colegas de cargos mais baixos precisavam que os relatórios fossem assinados por técnicos superiores, apontou que confirmou apenas elementos básicos, desconhecendo o que motivou a aprovação de um processo de fixação de residência. Em reacção, a juíza questionou a testemunha sobre se o seu trabalho “era só assinar” e se “assinou fechando os olhos”. A trabalhadora que escreveu o documento, afirmou que os funcionários que recebiam os documentos não podiam dizer se o salário não tinha os valores exigidos, e que um mecanismo online para os requerentes não dava resultados vinculativos, nem explicava quais as rúbricas da candidatura com melhor ou pior pontuação. Questionada pela defesa, disse que quando os critérios dos montantes mínimos de investimento para aprovação da fixação de residência se alteravam, passava a ser o novo valor a ser tido em consideração, mesmo para processos que tivessem dado entrada no IPIM anteriormente. “Em caso de surgir um novo regulamento temos de o usar nos pedidos que ainda não foram aprovados”, explicou. Não soube indicar se existia algum documento com essa norma, mas frisou tratar-se de ordens de um superior. Para esclarecer quem definiu esta norma vão ser chamadas novamente duas testemunhas do IPIM a tribunal. Salomé Fernandes
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Os actuais dispositivos de detecção das transgressões no trânsito passam a detectar também, a partir de sábado, situações de excesso de velocidade. Segundo um comunicado conjunto do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), esta nova função foi instalada em 10 intersecções na península de Macau, e actualizada em uma via na Taipa. No primeiro semestre, o Departamento do Trânsito do CPSP detectou, através destes dispositivos, 2.908 casos de transgressões ao trânsito, dos quais 1.289 correspondem ao incumprimento da sinalização dos semáforos, 889 a transgressões às marcas rodoviárias e, por fim, 730 casos de excesso de velocidade.
Chat online Chantageado com vídeos comprometedores
Um homem de 42 foi vítima de uma chantagem online, depois de um vídeo onde aparece nu a ineragir com uma mulher numa plataforma de conversação, ter sido enviado para a sua família. De acordo com a Polícia Judiciária (PJ) o caso começou quando uma mulher abordou a vítima através de uma aplicação de encontros online e, encontrando-se os dois já despidos, lhe pediu para descarregar outra aplicação que lhe daria acesso a mais conteúdos. A vítima assim fez mas, não só não foi capaz de aceder à referida aplicação, como viria a ser contactado, mais tarde e na plataforma inical, por um outro homem que o informou que os dados do seu telemóvel tinham sido hackeados. A vítima acabaria por dar 10 mil patacas ao chantageador, embora o vídeo onde interagiu com a mulher já tivesse sido enviado para os seus familiares.
JOGO SANDS CHINA COM PREJUÍZO DE 540 MILHÕES DE DÓLARES NO SEGUNDO TRIMESTRE
A
operadora do jogo em Macau Sands China anunciou ontem prejuízos de 549 milhões de dólares no segundo trimestre, devido ao impacto causado pela pandemia da covid-19. A Sands China informou ainda que o total das receitas diminuíram 98,1 por cento em relação a igual período do ano passado, arrecadando apenas 40 milhões de dólares. As perdas no EBITDA (lucros antes de
impostos, juros, amortizações e depreciações) atingiram os 312 milhões de dólares, menos de metade do resultado homólogo verificado em 2019. Apesar dos resultados, o fundador, presidente e director-executivo da Las Vegas Sands, a empresa norte-americana que detém a maioria do capital da Sands China, afirmou que os responsáveis “estão entusiasmados com os primeiros sinais
de recuperação”, com o alívio das restrições nas fronteiras, que considerou ser “um passo fundamental” para a retoma. Razão pela qual, sublinhou, Sheldon Adelson, vão prosseguir os investimentos tanto em Macau como em Singapura. Só em Macau, o grupo está a investir 2,2 mil milhões de dólares na construção dos complexos Londoner Macau e The Grand Suites no Four Seasons.
sociedade 9
sexta-feira 24.7.2020
Sacos de plástico Cobranças usadas para proteger o ambiente A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou ontem ter incentivado dezenas de empresas a doar as “taxas de saco de plástico” a associações de caridade e protecção ambiental. Segundo a DSPA, foram seis os complexos de entretenimento, hotéis e dezenas de empresas como supermercados, restau-
A Associação Novo Macau apresentou uma queixa ao CCAC por considerar que o prédio de 90 metros de altura na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues viola a Lei do planeamento urbanístico. O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia voltou a alertar a UNESCO sobre o prédio inacabado na Calçada do Gaio
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Associação Novo Macau considera que a planta do lote situado na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, que prevê a construção de um prédio com 90 metros de altura, viola a Lei do planeamento urbanístico. Recorde-se que o projecto tem sido contestado por danificar a integridade visual da paisagem do Farol da Guia, que integra a lista do património mundial da UNESCO.
rantes e centros comerciais, que doaram o valor das cobranças dos sacos de plástico. A ocasião foi assinalada ontem no auditório da DSPA . Numa nota divulgada ontem, o organismo pretende agora “incentivar mais entidades a participarem nesta actividade”, sendo que o seu presidente, Tam Wai Man, sublinha ainda que o
objectivo principal da lei que entrou em vigor a 18 de Novembro de 2019 não “reside na cobrança”, mas sim na criação de uma “atmosfera social que dê importância à diminuição do plástico”. De acordo com o comunicado, a DSPA irá ainda avançar “faseadamente” com outras medidas no âmbito da redução de resíduos.
GUIA NOVO MACAU FAZ QUEIXA AO CCAC SOBRE PRÉDIO DE 90 METROS
Um farol sem luz De acordo com um comunicado divulgado ontem, a Novo Macau revela ainda que, após suspeitar que o conteúdo da planta de condições urbanísticas (PCU) do lote é susceptível de violar a lei, fez queixa junto do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), solicitando a abertura de uma investigação sobre o caso e a suspensão de todos os trabalhos relacionados com o projecto. A associação aponta que o conteúdo da PCU falha ao não especificar correctamente os índices de ocupação e de utilização dos solos máximos permitidos e a altura máxima permitida dos edifícios, normativas previstas no Artigo 59.º da Lei do planeamento urbanístico. “A planta viola claramente Lei do planeamento urbanístico e afecta o direito legal de informar o público (…) e falha em cumprir os princípios da legalidade, justiça, transparência e promoção da participação pública, estipulados pela Lei do planeamento urbanístico. A Novo Macau considera, por isso, que a planta é ilegal”, pode ler-se no comunicado. Além da queixa junto do CCAC, a Novo Macau considera ainda que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) deve “ter a iniciativa de retirar a planta em questão”.
No comunicado, é ainda apontado que, no seguimento da consulta pública da planta de condições urbanísticas, perto de 80 por cento das opiniões mostram oposição ao projecto.
AMEAÇA CONSTANTE
A Novo Macau reitera ainda que, a paisagem do Farol da Guia tem sido “constantemente ameaçada” pelas construções que têm vindo a ser repetidamente edificadas na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues. “A Novo Macau apela encarecidamente ao Gover-
no que restrinja os limites de altura dos edifícios em redor do farol, de forma a evitar que projectos legais, embora irrazoáveis, continuem a prejudicar uma paisagem extremamente valiosa, que integra a lista do património mundial”. Também o Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia abordou ontem o tema da preservação da integridade visual do monumento, através do envio de mais uma carta dirigida à UNESCO. Depois de em Junho ter enviado uma primeira carta e de se ter encontra-
do, no mês seguinte, com o Instituto Cultural (IC), o grupo de salvaguarda pede à UNESCO que relembre o Governo de Macau acerca do prédio inacabado na Calçada do Gaio, cuja altura de 81 metros está acima do limite de 52,5 metros fixado para a zona. Considerando este um “compromisso feito há 12 anos entre os governos da China e Macau para com a comunidade internacional e os residentes de Macau”, o grupo acusa as autoridades locais de “incapacidade e insensibilidade” para pro-
teger o património mundial da região. “O Governo de Macau deve ser honesto para com a comunidade internacional. Sem mentiras! Sem desculpas! A utilização de uma avaliação do impacto no património feita à medida, de forma a justificar qualquer tipo de violação ou para manter a altura do edifício inacabado nos 81 metros é um insulto à inteligência da comunidade internacional e dos cidadãos de Macau”, pode ler-se na nova carta enviada à UNESCO.
“A planta viola claramente Lei do planeamento urbanístico (…) e falha em cumprir os princípios da legalidade, justiça, transparência e promoção da participação pública.” ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU
O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia pede ainda à UNESCO que torne públicos os relatórios sobre a avaliação do impacto no património, entregues pelo Governo em 2017 e 2018 e que relembre as autoridades de Macau da sua obrigação de preparar estudos de impacto antes do início de qualquer obra na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
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24.7.2020 sexta-feira
Sons com alma naTaipa
MÚSICA BAR CHE CHE - THE BREATHERS ACOLHE “SENSATIONS”, COM VÁRIAS ACTUAÇÕES AO VIVO
Beber um copo enquanto se ouve um som é a aposta do bar Che Che - The Breathers para este sábado. O evento “Sensations”, organizado em parceria com o colectivo de músicos Darkroom Perfume, traz ao palco nomes como Rita M, Betchy Barros, MNDY, ARI e um DJ Set de Rocklee, numa promessa de variedade de sons
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ENSAÇÕES no palco e fora dele, com música para todos os gostos, do hip-hop à electrónica, e ao pop-rock. É esta a aposta do bar Che Che - The Breathers, situado na Taipa, em parceria com o colectivo Darkroom Perfume. Na página oficial do evento no Facebook, a promessa é de
uma noite com “sons cheios de alma com vocalistas, músicos e rappers, bem como DJs”. No cartaz constam nomes Rita M, MNDY, ARI, Betchy Barros e Rocklee, que protagoniza um DJ set. Ao HM, Rita Martins, artista integrante do colectivo Darkroom Perfume, confessou que a ideia por detrás de “Sensations” é organizar “um evento com
A promessa é de uma noite com “sons cheios de alma com vocalistas, músicos e rappers, bem como DJs”
tipos de música que nem toda a gente está acostumada a ouvir e que vai fazer com que as pessoas explorem as suas experiências e sentimentos quando ouvem as músicas”. Da parte de Gabriel Yung, gerente do bar, também havia a vontade de organizar algo diferente em termos de entretenimento nocturno. “Na verdade contactei o Rocklee
FRC GUA DAOSHENG LEMBRADO EM PALESTRA
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Fundação Rui Cunha (FRC) e a Associação dos Amigos do Livro em Macau realizam, dia 1 de Agosto, às 16h, na sede da FRC, uma sessão comemorativa dos setecentos anos do falecimento do artista Gua Daosheng. Numa sociedade inteiramente dominada por homens
em que a tradição confuciana conferia à mulher um espaço limitado pelas quatro paredes de um quarto ou, se tanto, demarcado pelos muros do lar, Guan Daosheng aventurou-se a expressar-se com o pincel, um utensílio autenticamente másculo. Com ele, uniu três tipos de linguagem – a escrita,
a caligrafia, a pintura – para exprimir as suas emoções. A pura, casta e obediente esposa tornou-se numa mulher de intensos afectos que se identificou com o bambu, descreve a FRC. Na palestra participam Ma Teng, calígrafa, que vai falar da vida e obra de Guan
Daosheng, Ao Ieong Chack Weng, calígrafo, o pintor Ieong Tai Meng, Ou Io Nam e Wan Chi Seng, que vai interpretar a obra pictórica de Guan Daosheng. A sessão será realizada em cantonês, com interpretação simultânea para português.
para trabalhar em parceria com o meu bar, pois acho que faltam em Macau locais onde se possam organizar este tipo de eventos, onde as pessoas podem desfrutar de música num bar.” Rita Martins tem boas expectativas para sábado, até porque “o pessoal já sabe o tipo de eventos que organizamos”. É o mesmo público que
“demonstra apoio para aquilo que estamos a tentar fazer na área do entretenimento em Macau”.
CARTAZ PREENCHIDO
MNDY, vocalista nascido e criado em Macau, é um dos nomes que faz parte do cartaz de sábado. Formado na conceituada Berklee College of Music em Boston, Estados
Música Sinfonia N.º3 de Beethoven no CC O Instituto Cultural promove mais um concerto de música clássica, desta feita com a apresentação da Sinfonia N.º3 de Beethoven, interpretada pela Orquestra de Macau. A obra, também conhecida como a sinfonia heroica, é considerada como um marco na história da sinfonia clássica, foi composta
entre 1803 e 1804 e dedicada inicialmente a Napoleão Bonaparte. O concerto terá lugar no próximo sábado, dia 25, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau, pelas 20:00h. O concerto terá a duração de uma hora e será dirigido pelo maestro Lu Jia, director musical da Orquestra de Macau.
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sexta-feira 24.7.2020
No cartaz constam nomes como Rita M, MNDY, ARI, Betchy Barros e Rocklee, que protagoniza um DJ set
Unidos, MNDY “viajou até as suas raízes para se conectar mais com a música que se faz a nível local”. Desta forma, o estilo desta cantora é uma mistura entre jazz, música alternativa e R&B, onde músicos como James Blake, Banks e AURORA são as suas influências. Betchy Barros, uma cantora de neo-soul radicada em
Macau, sobe também ao palco do Che Che - The Breathers no sábado. As suas maiores inspirações são os grandes nomes da soul, como Erykah Badu, Alicia Keys e Amy Winehouse. “Devido à sua formação multicultural, o maior desejo de Betchy é partilhar a sua mente com o mundo enquanto luta pela igualdade como activista”, aponta o colectivo Darkroom Perfume numa nota partilhada nas redes sociais. ARI, diminutivo de Ariclan, é outro dos nomes que actuam no sábado. Trata-se de um músico e compositor natural de Macau que toca vários instrumentos, trazendo uma “luz única” aos seus concertos. “Esta façanha deu-lhe um reconhecimento por parte da indústria musical mais comercial e proporcionou-lhe oportunidades para colaborar com vários artistas do sudeste asiático”, explica o colectivo Darkroom Perfume. Um dos exemplos do sucesso de ARI foi em 2016, quando o músico representou Macau na competição chinesa “Sing! China”. No ano seguinte, o artista fez uma digressão pela Ásia e América do Norte com o artista Matzka, de Taiwan. Mais recentemente, ARI tem colaborado com outras produções musicais e artistas. Esta não é a primeira vez que os Darkroom Perfume organizam eventos em Macau, mas a aposta na diversidade e na diferença é algo que está sempre presente. “O nosso colectivo quer oferecer uma plataforma para artistas locais, quer sejam djs, cantores, rappers ou músicos, para poderem partilhar com o público de Macau, e não só, o gosto pela música. Normalmente fazemos uma mistura de live acts com dj sets, dependendo do tipo de evento que é organizado”, explicou Rita Martins. No sábado as portas abrem às 21h e a entrada são 150 patacas, com direito a duas bebidas.
Moda Louboutin abre loja no Four Seasons Os famosos sapatos da marca Christian Louboutin já estão à venda no território. Segundo o portal Inside Retail Asia, a marca abriu a primeira loja em Macau na galeria Shoppes do empreendimento Four Seasons, no Cotai. A decoração da loja é inspirada no estilo de um apartamento neoclássico
parisiense e é como “uma sala onde as mulheres não se vão sentir como se estivessem numa loja mas na casa de um amigo que as adora e que as conhece bem”, descreve a marca. Além disso, o espaço será ainda decorado com outras peças de design de artistas franceses.
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
HOJE NO PRATO Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Anona Nome botânico: Annona muricata L. e outras espécies Família: Annonaceae. Nomes populares: CHERIMÓLIA; CORAÇÃO-NEGRO (Açores e Madeira); FRUTA-DO-CONDE; FRUTA-PINHA; GRAVIOLA. A Anona é o fruto da Anoneira, planta oriunda da América Central e do Sul, actualmente difundida nas regiões tropicais da América, África e Ásia. Trata-se de uma árvore que pode alcançar mais de 6 metros de altura, de tronco recto e casca lisa, e grandes folhas lanceoladas de cor verde; o fruto, de forma oval ou em coração, é grande, possui uma coloração verde-clara que escurece com a maturação, e encontra-se coberto de “espinhos”; a polpa é branca, macia e suculenta, com várias sementes escuras. Enquanto planta medicinal, a Anoneira tem sido usada pelas populações indígenas da América e África no tratamento de diversas enfermidades. Além dos frutos, são também aproveitadas as folhas, os caules, as flores, raízes, cascas e sementes. Mais recentemente, após investigações efectuadas, a Anona adquiriu notoriedade pelos benefícios que apresenta para a saúde. Composição Muito nutritiva, a Anona oferece em abundância e diversidade vitaminas (B1, B2, B3, B6, folato, C), minerais (cálcio, cobre, ferro, fósforo, potássio, magnésio, manganês, zinco), fibras e fitoquímicos, com destaque para os flavonóides e o elevado teor em acetogeninas, potentes compostos antioxidantes; contém ainda hidratos de carbono, proteínas, aminoácidos (GABA, triptofano) e uma pequena quantidade de lípidos, sendo pouco calórica. Sabor agradável, suave, ligeiramente doce e um pouco ácido. Acção terapêutica A Anona estimula a digestão e promove o esvaziamento da bílis da vesícula biliar para o duodeno, lubrificando as fezes e favorecendo o trânsito intestinal, desinflama e diminui a dor em caso de gastrite e úlcera gastrintestinal, e ajuda a expulsar os vermes intestinais. Devido ao conteúdo em fibras, tem poder saciante e evita os picos de açúcar no sangue e o seu posterior acúmulo no organismo sob a forma de gordura, o que a torna benéfica para os diabéticos e obesos. É hidratante e diurética. Exerce uma acção tónica e protectora do coração, auxilia a desacelerar o ritmo cardíaco, dilata os vasos sanguíneos, combate os
espasmos e diminui a pressão arterial, sendo recomendada aos cardíacos e hipertensos. Pela riqueza em ferro, previne e trata a anemia. Este fruto contém triptofano, um aminoácido essencial usado na síntese do neurotransmissor serotonina e da hormona melatonina, ambos relacionadas com a regulação do humor e do sono. Desta forma, actua como um calmante natural, promovendo o relaxamento, a boa disposição e o bem-estar geral, e prevenindo ou combatendo a insónia, a irritabilidade, o stress e a depressão. Por ser analgésica, é igualmente indicada no tratamento da enxaqueca. Outras propriedades AAnona contribui para o fortalecimento dos músculos, evitando a fadiga e as cãibras e melhorando o desempenho na prática de actividades físicas. Fornece minerais essenciais para a formação e manutenção do tecido ósseo e, pelos efeitos anti-reumáticos, reduz a inflamação, a dor e o inchaço articular, beneficiando os reumáticos. Pelas propriedades antimicrobianas, tem sido usada como adjuvante no tratamento da febre, gripe, pneumonia, diarreias bacterianas, infecções urinárias e cutâneas. Vários estudos têm relacionado o seu consumo a um menor risco de aparecimento de alguns tipos de cancro, outros demonstram potencial terapêutico no seu tratamento, o que tem sido atribuído às acetogeninas. Hidrata a pele e é antioxidante, proporcionando um efeito anti-envelhecimento. Como consumir Uso interno: • O fruto in natura, ou em sumo adoçado com mel. • Em saladas de frutas, compotas, geleias, bebidas, gelados, mousses e outras sobremesas ou bolos. • Em xarope, gotas e cápsulas, em simples ou fórmulas, para o reforço do sistema imunitário, entre outras indicações já descritas. Precauções As variedades mais ácidas não devem ser ingeridas por pessoas com aftas, ferimentos na boca ou problemas gástricos, pois podem causar dor. A Anona não deve ser consumida durante a gravidez, devido ao risco de aborto. Os hipotensos devem controlar a tensão arterial, bem como os hipertensos medicados, pois a Anona pode interagir com a medicação e conduzir a descompensações. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
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24.7.2020 sexta-feira
ESPAÇO CHINA LANÇA MISSÃO PARA POUSAR SONDA EM MARTE
“Questões para o Céu”
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China lançou ontem a sua mais ambiciosa missão a Marte, numa tentativa de pousar com sucesso uma sonda no planeta vermelho, feito alcançado apenas pelos Estados Unidos até à data. O Tianwen-1 (“Questões para o Céu”, em chinês), foi lançado pelo foguete Longa Marcha-5, a partir da ilha tropical de Hainan, no extremo sul do país, segundo a imprensa estatal. Trata-se do segundo voo para Marte feito esta semana, depois da sonda orbital lançada pelos Emirados Árabes Unidos, a partir do Japão, na segunda-feira. Os Estados Unidos pretendem lançar o Perseverance (“Perseverança”, em inglês), a sua sonda mais sofisticada de sempre, a partir da Florida, na próxima semana. As sondas vão levar sete meses até chegarem a Marte. Se tudo correr como previsto, o Tianwen-1 vai procurar água no subsolo de Marte ou evidências de uma possível vida antiga no planeta. Esta não é a primeira vez que a China tenta ir a Marte. Em 2011, uma sonda orbital chinesa que acompanhava uma missão russa, perdeu-se quando não conseguiu sair da órbita da Terra, após o lançamento a partir do Cazaquistão, acabando por arder na atmosfera.
As sondas vão levar sete meses até chegarem a Marte. Se tudo correr como previsto, o Tianwen-1 vai procurar água no subsolo de Marte ou evidências de uma possível vida antiga no planeta” PUB
Desta vez, a China avançou sozinha e lançou na mesma missão uma sonda orbital e uma de exploração do terreno, em vez de realizar dois lançamentos. O programa espacial da China desenvolveu-se rapidamente nas últimas décadas. Yang Liwei tornou-se, em 2003, o primeiro astronauta chinês e, no ano passado, Chang’e-4 tornou-se a primeira nave a pousar no lado da lua não visível a partir da terra. Explorar Marte daria à China “muito prestígio”, defendeu Dean Cheng, especia-
lista no programa espacial chinês, da Heritage Foundation, em Washington.
SÓ PARA ALGUNS
Aterrar em Marte é particularmente difícil. Apenas os EUA pousaram com sucesso uma nave em solo marciano, num feito alcançado por oito vezes, desde 1976. Os veículos espaciais InSight e Curiosity da NASA continuam a operar até hoje. Seis outras naves espaciais estão a explorar Marte a partir da órbita do planeta: três norte-americanas, duas europeias e uma da Índia. A China controla com rigor as informações sobre o seu programa. Preocupações com a segurança nacional levaram os EUA a restringir a cooperação entre a NASA e o programa espacial da China. Num artigo publicado no início deste mês na revista Nature Astronomy, o engenheiro-chefe da missão, Wan Weixing, disse que o Tianwen-1 entraria em órbita em torno de Marte em Fevereiro do próximo ano e que procuraria um local de pouso na Utopia Planitia - uma planície onde a NASA detectou possíveis evidências de gelo subterrâneo. Wan morreu, em Maio passado, de cancro. Segundo o artigo, a aterragem seria tentada em Abril ou Maio. Se tudo correr bem, a sonda, movida a energia solar, e do tamanho de um carrinho de golfe de 240 quilogramas, vai operar durante cerca de três meses. Embora pequeno em comparação com a sonda norte-americana, que pesa 1.025 quilogramas, tem quase o dobro do tamanho dos dois veículos que a China enviou à Lua, em 2013 e 2019. Os três países escolheram esta altura para lançar as respectivas sondas porque é o período em que Terra e Marte estão mais próximos, situação que se repete a cada 26 meses. “Em nenhum outro momento da nossa História, vimos algo parecido com o que está a acontecer com estas três missões a Marte. Cada uma delas é uma maravilha da ciência e da engenharia”, disse o director-executivo da Space Foundation, Thomas Zelibor.
Região
HOUSTON PEQUIM NEGA QUE CONSULADO TENHA ROUBADO PROPRIEDADE INTELECTUAL
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China negou ontem que o seu consulado em Houston, no Texas, tenha roubado propriedade intelectual ou informações de empresas norte-americanas, e voltou a prometer “retaliação” pelo encerramento da sua representação diplomática. Washington deu 72 horas a Pequim para fechar o
seu consulado em Houston, visando “proteger a propriedade intelectual norte-americana e informações privadas dos seus cidadãos”. “Estas acusações são maliciosas e o seu único objectivo é difamar a China. O encerramento do consulado é uma medida completamente injustificada, e a
China reserva-se ao direito de retaliar”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin. Wang não detalhou quais seriam as contramedidas, limitando-se a ler o texto do dia anterior. “Pedimos aos EUA que corrijam esta decisão errónea, ou a China adoptará a retaliação legítima e necessária”, reiterou. A imprensa estatal chinesa sugeriu a possibilidade de a China reagir com o encerramento de um dos consulados dos EUA no país e citou explicitamente Hong Kong e Macau, Cantão ou Chengdu.
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sexta-feira 24 .7.2020
A organização do Campeonato da China de GT anunciou esta semana nas redes sociais, em língua chinesa, o calendário para a temporada que está prestes a arrancar e que inclui, não uma, mas duas visitas ao Grande Prémio de Macau
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EPOIS de mais de meio ano de motores silenciados, a competição chinesa de carros de Grande Turismo (GT) irá iniciar-se no segundo fim-de-semana de Agosto no Circuito Internacional de Zhuzhou. Devido aos constrangimentos causados pela pandemia mundial da COVID-19, a temporada de 2020 do Campeonato da China de GT irá prolongar-se até ao final de 2021, contemplando assim um número recorde de dez eventos, quatro deles fora da China Interior. Depois da jornada dupla em Zhuzhou e de uma outra no circuito de Fórmula 1 de Xangai, segundo o calendário agora apresentado, a caravana do campeonato chinês tem viagem marcada para o Circuito da Guia para a última prova do ano 2020. Mas o campeonato não termina com a deslocação à RAEM, visto que esta será uma “Super-Temporada”, a primeira de um campeonato nacional chinês de automobilismo. O organizador espera começar o novo ano na Malásia, onde esteve em 2019, para continuar na Tailândia, com uma prova em Buriram, e regressar a território chinês para mais três provas: Xangai, Zhuzhou e Xangai. “Em Novembro de 2021, a primeira Super-Temporada do China GT espera regressar a Macau outra vez e terminar no Grande Prémio de Macau”, é possível ler na comunicação. AComissão Organizadora do Grande Prémio de Macau
AUTOMOBILISMO CHINA ANUNCIA DUAS CORRIDAS NO GRANDE PRÉMIO
GT em dose dupla
com várias equipas do Campeonato da China de GT, quando o seu preenchido calendário no GT World Challenge Asia e no Super GT (Japão) assim o permite. “Acho que ao inserirem o Grande Prémio de Macau no calendário poderão elevar o estatuto do campeonato. No entanto, não sei como será o formato das corridas, porque regra geral são duas corridas, de uma hora de duração cada, com paragem nas boxes obrigatória, algo que não será fácil aplicar em Macau”. O experiente engenheiro de Macau reconhece que esta é uma boa alternativa para a continuidade de uma corrida que foi introduzida no programa do evento em 2008. “Falando como fã do Grande Prémio de Macau, assumindo que a Taça GT terá continuidade, é muito positivo para os fãs das corridas de carros de GT3, pois será mais uma corrida desta categoria mas com pilotos profissionais e amadores, isto se as regras normais do Campeonato da China de GT se mantiverem para esta prova”.
Duarte Alves, engenheiro “Caso se concretize, acho que irá tornar o campeonato mais competitivo e atraente para equipas asiáticas.”
ainda não se pronunciou publicamente sobre o programa da 67ª edição do evento, no entanto, é certo que a Taça GT Macau não será, pela primeira vez nos últimos seis anos, palco da Taça do Mundo FIA de GT. Pela comunicação da organização chinesa, que carece ainda de confirmação pública oficial por parte entidades responsáveis locais, que nesta matéria têm sempre a última palavra, o pelotão do Campeonato da China de GT irá ocupar o lugar deixado vago pela federação internacional. O Campeonato da China de GT está dividido em duas categorias - uma para carros da categoria GT3 (iguais aos da Taça GT Macau) e outra para carros GT4 (vistos o ano passado a correr na Taça GT da Grande Baía) - e realiza duas corridas por fim-de-semana, não tendo sido revelado o formato que irá utilizar na sua anunciada comparência no Circuito da Guia. Habitualmente, cada carro é pilotado por dois pilotos, sendo um deles profissional e o outro amador. A competição chinesa começou a ganhar peso e importância a partir de 2016 e tem na sua história um episódio de má memória para o automobi-
lismo de Macau, pois foi neste campeonato queAndré Couto, ao volante de um Nissan GT-R Nismo GT3, teve o violento despiste na pista de Zhuhai com consequências físicas que o obrigaram a uma longa mas feliz recuperação física em 2017. Para além de Couto, também Rodolfo Ávila, Billy Lo, Mak Ka Lok ou Ip Un Hou representaram no passado a RAEM nesta competição sancionada pela autoridade desportiva nacional da China.
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BOA ALTERNATIVA
Uma presença do Campeonato da China de GT no maior evento automobilístico do sudeste asiático em 2020 irá certamente aumentar o perfil internacional de um campeonato ainda muito focado para o mercado interno, não obstante de contar hoje com um parque automóvel preenchido pelas as várias marcas envolvidas na disciplina: Audi, BMW, Mercedes-AMG, Porsche, McLaren, Lamborghini, etc. “Caso se concretize, acho que irá tornar o campeonato mais competitivo e atraente para equipas asiáticas, embora tenha ainda uma forte componente chinesa”, admite DuarteAlves, que desde 2017 tem colaborado pontualmente
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24.7.2020 sexta-feira
Somos a grande ilha do silêncio de deus
Uma solipsista laowai em Pequim
Expectoracão ´
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INJO um obrigadinha inevitável, melhor slogan para a mulher que me serve à mesa. Ingénua só à distância, sabe que vive no centro do mundo. Mas por dentro, ah, por dentro, irrito-me miudinho. Há sete pratos, todos variações de comida de rua japonesa. Lembro-me daqueles festivais de comida asiática no Martim Moniz. Subitamente, apetecia-me que houvesse um voo low cost para o Martim Moniz. Mas estar longe é a combinação perfeita para mim. Dia-a-dia transitório. Ser estrangeira, laowai, macaca branca (白猴子) quando me sento em mesas de reuniões de empresas das quais não sei o nome em troca de uns yuans extra. Este sítio, é o sítio ideal para se irritar involuntariamente, para quem tem transtornos já embutidos na personalidade, tão transtornada sempre que apanhei um transtorno de personalidade. Gosto desta cidade patológica onde se aprende todos os dias um novo sentido para a vida. Com a sua morfologia urbana altamente variável. Além de nós, só existem as nossas experiências. A minha auto-imagem, reflexo de elevação vertical da base para o mais alto ponto da arquitectura ou elemento integral estrutural do prédio com anúncios em Led, belas jovens de farda sorridente publicitam as bebidas de que Mao gostava. Jovens de farda comunista com maquilhagem. Paradoxos, mais paradoxos. Esta cidade é o episódio dissociativo de ontem à noite no bar clandestino, aberto noite fora e dia dentro. A fuga psicogénica na praça de Tiananmen. Estendo-me agora no meio da praça e sou descontínua. Hei-de abandonar-te antes que me abandones, cidade! Tenho técnicas, sei lidar com isto, toda
eu psicanálise até ao cabelo. Acusações essas de ser doente mental só porque me afeiçoei demasiado ao hipertexto, pu-lo num pedestal! Sei perfeitamente que Barthes ia amar esta opressão da mesma forma que eu. É aqui que estou bem, a mover-me por áreas urbanas polarizadoras em constante mutação da percepção de estímulos exteriores. Aglomero as noites de poesia sobre a cama, o quarto enfeitado com um neon que diz “espetadas” em rosa fluorescente comprado no taobao. No parapeito da janela, tenho uma placa que diz “Flowers are nice”, trouxe-a de uma loja de recordações na zona de Gulou. Nice é o pátio da galeria de arte para se fumar e beber Qingdao toda a tarde, romanizar em pinyin sempre e falar de arte, da arte dos trabalhadores migrantes das fábricas mas entretanto temos galerias de arte ocupadas por bolsas de apoio à criação artística do Instituto Goethe. Nunca ouvi as alemãs a falarem de gentrificação. Como digo, há coisas das quais não se fala nesta cidade. Há dragões informáticos descontrolados, nocivos, respirar aqui é nocivo mas nós estamos viciados. O estrangeiro chega aqui e fica toxicomaníaco. Há sete anos estive neste fenómeno muralhado e constatei algo único: a instabilidade, o vazio, não está só cá dentro, está também cá fora. Eu sou este lugar. Eu sou. Sete cervejas, oito poetas que acham que isto é uma religião. Transitar, crush and run em fuga dos seus transtornos, vestidos de paranóia. Em busca de uma personalidade qualquer algures num lugar de aluguer. Uma personalidade de aluguer. Sem estigma, só amor. Sentimento puro, gentrificado. Sentir que os prédios da cidade também nos crescem para dentro.
SARA F.COSTA
Sara F. Costa
É aqui que estou bem, a mover-me por áreas urbanas polarizadoras em constante mutação da percepção de estímulos exteriores. Aglomero as noites de poesia sobre a cama, o quarto enfeitado com um neon que diz “espetadas” em rosa fluorescente comprado no taobao
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
sexta-feira 24.7.2020
FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO
entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares
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A aldeia há isto: noite que vem subitamente como um ataque de lobos, e assusta. E depois alvorada, estridente, uma luz que parece assobiar aos ouvidos e não deixa ninguém dormir. Todos se levantam de um salto como se o solo exigisse a sua presença humana desde o primeiro minuto de luz. Luz como o chefe exigente que aponta cada segundo de atraso num bloco de notas implacável e mau – que será passado a Nosso Mau Senhor, o diabo, que gosta de maltratar os preguiçosos quando eles já são velhos, têm doenças, incapacidades físicas profundas e já não se podem defender. E por isso, na aldeia, levantam-se de um salto, quase assustado, quando sentem a primeira luz do dia a coscuvilhar algures entre os olhos e o nariz naquilo que parece uma pena de criança a fazer cócegas. Há depois o louco da aldeia que anda com um altifalante, um daqueles que amplifica e muito. Um altifalante, para mais ligado - de uma forma amadora e impulsiva mas correcta e funcional - a um amplificador de som; e o maluco ali vai, levando às costas, esses aparelhagem de aumentar, essa máquina de aumentar a maluquice auditiva e pelas ruelas da aldeia vai repetindo uma única palavra: Luz, luz luz luz! É maluco, e por isso nunca se percebe se pede luz ou se diz que falta luz ou se está a vender luz como quem vende frutos do campo, ou se aquela palavra luz perdeu, para o louco, o sentido original, e agora é para ele apenas o mesmo que um grito, o substituto de um grito – em vez de gritar e assustar as pessoas, quem sabe o louco terá optado por uma das muitas palavras que o dicionário contém, e por isso ali anda a gritar luz luz luz. Mas o certo é que aquela palavra perturba e muitos interpretam aquele andar pelas ruelas do louco Joaquim, com a aparelhagem às costas, como se fosse uma mochila, com alças e tudo, construídas pela mãe do louco, isso mesmo, uma senhora respeitada cada vez mais porque é mãe, e é mãe de um louco, respeitada como se ela própria fosse a doente; nenhuma mãe é mais respeitada do que a que tem um filho louco, mas sim, foi a senhora Ifigie, assim se chama, quem coseu as alças daquela mochila improvisada e o louco, bem tratado por todos os da aldeia, ali está, um minuto depois, ou nem isso, da primeira luz do nascer do sol, ali está ele, caminhando por todas as ruelas da aldeia, perto das janelas das casas, a gritar: luz luz luz. No fundo, é isso, ele acorda a aldeia e transforma a luz, algo visual, num signo sonoro – Luz LUZ LUZ, e é valorizado como se aquilo fosse uma profissão; alguns não se coíbem mesmo de lhe pôr moedas no bolso como quem paga por fora ao carteiro ou ao homem que traz o pão. Aquele homem, de facto, não traz pão, mas traz luz, pelo menos uma luz que entra pelos ouvidos e obriga os preguiçosos a levantarem-se. O carteiro, o padeiro, e o homem que traz luz através de um altifalante. Três ofícios essenciais. Em vez de música desastrada e demasiado ouvida, aqui, na aldeia, escuta-se uma palavra que para alguns é interpretada religiosamente. Aquele homem, com uma mochila improvável às costas, traz uma recordatória para cada habitante: não te esqueças que há luz.
O louco da aldeia
ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES
16
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24.7.2020 sexta-feira
O meu rebanho de palavras
Teorias do Céu
Mais les mots noirs sur le papier blanc, cést L’âme toute nue. Guy de Maupassant
H
Á coisas que estão enterradas no chão da terra – pedra tumular da humanidade. Nela navegam todos os meus mortos, todos os meus vivos, desde que há passado, presente e futuro. É este o mundo do meu pastoreio, onde um rebanho de palavras se espalha e espera que as encontre, junte e lhes dê algum alimento. É preciso cavar, adubar, semear o campo para colher as bagas com que sobrevivem as metáforas, analogias e demais condimentos que servem a escrita, è preciso cuidar dos campos onde colhemos as palavras que empurram o mundo, escrevendo-me nele. Entre elas, ouço Zaratustra: Aquilo que chamastes mundo, deveis primeiro criá-lo para vós. O motor está ligado. O movimento começa no grande escorrega do mundo interior. A rampa alonga-se numa viagem vertiginosa sem se deter e entra no subsolo como se eu fosse um verme nas mãos de um poeta. Estava a ser escrita sem saber. Era apenas uma palavra a deslizar sem ruído e a sumir-se no chão, comovendo-se com a enorme dor humana. A humidade pesada e aglomerante da terra cola-se ao corpo, enterrando-me viva no pranto de todos os que sofrem pela mão de Pessanha, a mesma carga dos homens-ratos de Steinbeck que sustentam o peso da terra inatingível na sua imensa pobreza. Já sem saliva, já sem sentidos, fico a saber que para as palavras pastarem é preciso o exílio, a dor e estar longe em cada uma que se lança ao nascimento e que pode, uma vez nascida, nomear-se como coisa da linguagem. Não que esta seja a casa do ser, desculpar-me-à o humanismo de Heidegger, mas porque formata a cultura, a imagem e a experiência mundo – é o seu horizonte. Agora sei que quando a escrita acontece o corpo escreve-se, nasce e morre. E o mundo também. Sei que as palavras são capazes de se libertar dos limites da linguagem e da jaula onde estão encaceradas - formando a mancheia que prefiro. O meu rebanho de palavras é o meu acervo, espectáculo que exige a todo o momento a representação do meu olhar de colecionadora. Como diz Sontag caso não saiba que fazer com os olhos ávidos, tem sempre ao seu dispor esse outro, sempre, próximo, interior: um livro. As palavras desfilam perante os meus olhos como coisas que me extasiam, fazendo de mim a
FRANCIS PICABIA, L’OEIL CACODYLATE
Rosa Coutinho Cabral
leitora que, cada vez que lê, é escrita no folhear contínuo deste arquivo indecente. Grafada no jogo intenso do mundo das palavras desejadas, resgato-as como objectos raros e preciosos, ou protejo-as da incúria de um destino esquecido. Talvez seja apenas uma ladra, como Bukowski, que rouba e amealha no seu mealheiro feroz palavras cheias de raiva. E refaço-me internamente nas mãos que escrevem nesta outra rua de letras onde
reconheço Plath e Nietzsche de mãos dadas, como se fossem estrelas a dançar para Platão, arrastando-me no horizonte - o grande escorrega do mundo. Nesta abissalidade sem dormência evolam-se as delicadas folhas de livros onde ecoam as vozes dos escritores. A vida não vem empacotada em experiências de três actos - diz-me Joyce com quem deambulo no arquivo de citações do coleccionador de palavras que abriu
O meu rebanho de palavras é o meu acervo, espectáculo que exige a todo o momento a representação do meu olhar de colecionadora
sem medo a sacola de Odisseu, contra o aviso de Tirésias, libertando a mutabilidade maldita da escrita. É preciso uma nova linguagem, novas palavras do ver, pensar e dizer das personagens e fazê-las viajar de um livro para outro, como Stephen Dedalus, já de si trajeto de um mito, que vai parar a Ulisses. Encontro Molly Brown a dizer sim-à-vida, no lance em que Joyce iguala Nietzsche, retirando às palavras o veneno oculto que as faz serviçais da cristalização das formas, do sentido, da verdade - libertando a linguagem do seu papel de ilusão. Ando agora aos trambolhões nas palavras de um homem que cria a sua própria linguagem, em metamorfoses constantes, na fragmentação, discontinuidade, colagem, interrupção, num sem número de processos que anunciam, num gesto contemporâneo, a morte da narrativa como era conhecida até então. Quando Pina Baush morre no café Muller, diante de mim, eu morro com ela. Mas o meu corpo não cai. Antes fica suspenso entre ser e não ser, como no laboratório que Melville criou para Bartleby, numa pura potência de se emancipar tanto do ser como do não-ser, e criar a sua própria ontologia, nas palavras de Agamben. Também não quero sair de trás do biombo verde. Também preferia não o fazer... O escrivão acolhe-me no seu colo e embala-me até adormecer, ao som das letras que o escrevem enquanto se recusa a escrever. Naquela contingência, acordo e flutuo no arquivo-linguagem que nos mantém suspensos em letras e palavras, com vontade de mobilizar outra imagem da literatura. O que interessa é a obra que fica e a cortante novidade que tenho de guardar. O meu corpo desfaz-se na escrita de Gertrude Stein e na sua montagem desabrida contra todos os costumes narrativos. Escrever é sempre uma matéria em devir, como diz Deleuze. Estou exausta: é muita coisa para um pastor. Ia dizer à escrita que estava cansada desta tarefa, mas o rosto meridional de Barthes debruça-se sobre as mãos que agora me escreviam: Até o momento só existe uma escolha possível, e essa escolha faz-se entre dois métodos igualmente excessivos: considerar um real inteiramente permeável à história e ideologizar; ou inversamente, considerar um real finalmente impenetrável, irredutível, e, nesse caso poetizar. É como imagino o horizonte onde repouso a cabeça, quando a madrugada me deita sobre o mar e a terra, à espera do meu rebanho de almas nuas.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 17
sexta-feira 24.7.2020
Tonalidades António de Castro Caeiro
O
hedonismo é uma das ideologias de mais fácil adesão na existência humana. A palavra é deriva do adjectivo grego HEDYS, -EIA, Y e tem ainda repercussões na palavra latina SUAUUIS, -E e na inglesa SWEET. O hedonismo corresponde assim ao princípio de acordo com o qual orientamos a vida por uma procura do é doce, suave, dá prazer, satisfaz, gratifica. Por outro lado, rejeita-se toda a amargura, é causa de sofrimento, frustra. A equação existencial estaria matematicamente resolvida. Escolhe-se o prazer superlativo e rejeita-se o sofrimento, também, superlativo. Em caso e impossibilidade de escolha inequívoca, há matizes na teoria abarcante de todas as possibilidades de decisão. Pode escolher-se o menor sofrimento possível em vista de sofrimentos maiores tal como se pode rejeitar prazeres menores em vista de prazeres maiores. Mas a vida parece estar decidida. Em qualquer circunstância, escolhe-se sempre o prazer como um bem. Em qualquer circunstância também, rejeita-se sempre o sofrimento como um mal. A figura do Hedonismo considerada por si não obtém um aplauso unânime e desde a antiguidade que não foi uma ideologia simpática. Antes pelo contrário. Numa primeira leitura de Platão, por exemplo, vemos os prazeres ligados ao corpo - os prazeres sensuais, sexuais, com a comida, bebida, em geral com todo e qualquer conteúdo do mundo – liminarmente excluídos. Platão não é anti prazer e se podemos dizer que é um asceta é apenas no sentido radical da
Anhedonia I palavra grega, de alguém que se dedica a exercícios espirituais e não quer ficar sob a alçada de nenhuma obsessão compulsiva. A verdadeira história contra o Hedonismo pode ser lida na acção que lhe é movida pela Igreja Católica como uma das faces da destruição. E não sem razão. Não podemos nunca ler superficialmente as coisas. Temos de perguntar pelo sentido das experiências que as coisas têm nas nossas vidas e nas vidas das pessoas. Qual é o verdadeiro sentido do prazer? Qual é a dimensão do prazer na vida de uma pessoa e das pessoas que estão à sua volta? Quais são as consequências para as nossas vidas das escolhas que fazemos quando nos decidimos por viver uma vida dedicada ao prazer? O que é uma vida que rejeita liminarmente toda a espécie de sofrimento? Por outro lado, temos de perguntar também o que leva alguém a atacar os prazeres. Naturalmente, ninguém sente desgosto com as coisas de que gosta. Por
isso, atacar o prazer, aquilo de que naturalmente gosta, implica uma dimensão metafísica, um sentido que vai para além da experiência sensível que está a ser tida. O que levará alguém a condenar o “bem” que fazem os prazeres sensuais e que, dizemos, nos leva à loucura ou então à procriação e propagação da espécie, ao Cocktail de hormonas que permite identificar grupos de adolescentes nas praias, locais de lazer ao entardecer, nos cafés, bares e discotecas, ao facto de se apaixonarem e sentirem tensão erótica entre si? Por outro lado, parece já compreensível o que levará à condenação da ingestão de alteradores do estado da consciência que levam a experiências que são descritas pelos protagonistas dessas alterações de estado como viagens transcendentes. Como compreensível é o que levará à condenação do jogo, quando alguém sente o prazer enorme da antecipação da possibilidade enquanto antecipação, independentemente do resultado, da perda ou do ganho.
Qual é o verdadeiro sentido do prazer? Qual é a dimensão do prazer na vida de uma pessoa e das pessoas que estão à sua volta? Quais são as consequências para as nossas vidas das escolhas que fazemos quando nos decidimos por viver uma vida dedicada ao prazer? O que é uma vida que rejeita liminarmente toda a espécie de sofrimento?
Não fará também sentido condenar a ambição de poder e da luxúria que resulta do seu exercício? Qualquer que seja o conteúdo de prazer, um único prazer, muitos prazeres, todos os prazeres possíveis e imaginários, há uma diferença entre o que cada um de nós é e o conteúdo específico desse prazer. O amante, o alcoólico, o cocainómano, o jogador, o tirano têm uma necessidade inalienável de coisas que não têm neles próprios. São atirados para outros amantes, para substâncias: bebida e cocaína, cartas e dados, outras pessoas, povos para poderem exercerem os comportamentos que os definem. As compulsões dependem de coisas existentes fora de si. Não há nenhuma possibilidade que exista neles mesmos que os satisfaça. Nunca conseguem estar neles. Não sabem conviver com eles. Nunca estão sossegados. Não sabem o que é a tranquilidade. Não conhecem a serenidade. Estão continuamente a antecipar o próximo momento de intoxicação ou a reagir à fúria do último momento. Existem entre amantes, entre bebedeiras, entre “cheiros”, entre apostas, entre violências. O espaço intermédio é o do vazio, o do arrependimento e remorso ou só o do tédio. Depois de esquecida ou superada “a última vez”, começam logo a preparar “a próxima”. O hedonismo é a ideologia que confunde o BEM com o PRAZER. Que bem haverá numa vida que se confunde com a erradicação da ressaca ou que espera pela próxima embriaguez, mas nunca se encontra verdadeiramente consigo nunca?
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As intensas chuvas das monções que atingem o nordeste da Índia provocaram já pelo menos 93 mortes e há 2,8 milhões de pessoas afectadas, informaram ontem fontes oficiais. Com pelo menos quatro mortes nas últimas 24 horas, ascendem a 93 o total de vítimas mortais registadas desde os finais de Maio, quando as chuvas se tornaram torrenciais. A maioria das vítimas perdeu a vida devido a inundações e a cerca de 20 deslizamentos de terra. A meio das medidas de distanciamento físico e confinamento para conter a propagação da covid-19, a região proporcionou 456 refúgios que albergam mais de 47.000 pessoas.
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THE LAST FULL MEASURE [C] Um filme de: Todd Robinson Com: Sebastian Stan, William Hurt, Christopher Plummer 21.30 SALA 2
BEYOND THE DREAM [C]
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 45
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LIGHT F MY LIFE [C]
Um filme de: Casey Affleek Com: Anna Pniowsky, Casey Afflek, Tom Bower, Elisabeth Moss 21.30
UM DISCO HOJE A minha sugestão é a discografia inteira dos Sonic Youth, a melhor banda de rock da transição do final de século até ao fim da primeira década do novo. “Murray Street” saiu em 2002, 30 anos depois do início da banda e ainda assim é um enorme disco, que trouxe elementos novos a uma banda que (quase) sempre se fez da fórmula tradicional de duas guitarras, baixo e bateria, mas se manteve fiel ao ideário sónico da banda. Os Sonic Youth nunca foram daquelas bandas que se encostam a êxitos do passado e depois se arrastam à custa de saudosismo bafiento. Sempre mataram o disco anterior com um novo. Melhor banda de sempre. João Luz
MURRAY STREET | SONIC YOUTH | 2002
1 3 2 6 4 5 6 7 2 1 LIGHT 4 OF MY3LIFE 6 4 5 1 Propriedade 7 6Fábrica1de Notícias, 2 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 3 Paulo 2 Maia7e Carmo;5Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Miranda; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; 5 Lusa;7GCS;Xinhua 3 Secretária 4 deredacçãoePublicidadeMadalenadaSilva(publicidade@hojemacau.com.mo)AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
opinião 19
sexta-feira 24.7.2020
confeitaria
JOÃO ROMÃO
P
OR coincidências da história, ou pelo menos da cronologia, nasci no Maio de 68 e entrei na escola primária em 1974, poucos meses após a Revolução de Abril, no grupo de crianças a quem coube inaugurar o ensino público em regime democrático. Entre outras coisas, as turmas passaram a ser mistas, com rapazes e raparigas na mesma sala, uma característica trivial do ensino contemporâneo, mas radicalmente inovador à época. Ainda assim, lembro-me de que eram apenas quatro as raparigas que faziam parte da minha turma, quase completamente masculina, portanto. Além das turmas, coube-nos também inaugurar as escolas mistas, já que até aí rapazes e raparigas frequentavam a escola primária em edifícios diferentes. Na vila onde vivia, antes do 25 de Abril tínhamos a “escola dos meninos” e a “escola das meninas”, na boa tradição salazarista. Quase 50 anos passaram e agora trabalho numa grande e moderna cidade japonesa, por obra de outras coincidências, do campo da geografia ou de outros fenómenos mais complexos. Também é por vaga coincidência que estou de regresso à escola a tempo inteiro, desta vez como professor, profissão cujo exercício não tinha sequer remotamente planeado mas que se foi posicionando nos incertos horizontes da precariedade contemporânea como uma bastante razoável alternativa para sobreviver confortavelmente em terras nipónicas - ou mesmo noutras, se vier a ser o caso. Foi então nesta outra geografia e neste outro momento histórico que me voltei a confrontar com uma certa banalidade na separação por género dos processos educativos. Neste caso, não é que haja - pelo menos de forma generalizada - escolas especificamente orientadas para rapazes: o que há frequentemente, pelo menos na generalidade das grandes cidades, são escolas de diversos níveis de ensino exclusivamente dirigidas a raparigas. Vou deixar de lado, pelo menos por enquanto, as limitações deste binarismo de género cada vez mais anacrónico e dos problemas que vai levantando (também por cá) e fico-me por algumas das causas e consequências deste fenómeno com que lido agora bastante mais de perto. Surpreendem facilmente quem cá chega as desigualdades de género no Japão, país de reconhecida competência na liderança dos progressos tecnológicos das sociedades contemporâneas: ainda que a tendência seja crescente, são menos de metade as mulheres adultas que participam no mercado de trabalho japonês. Aliás,
A escola das meninas
é frequente remeterem-se à pacatez e ao recato do lar após o casamento, mesmo quando têm níveis avançados de educação e competentes desempenhos profissionais. Tornam-se esposas e eventualmente mães a tempo inteiro. Na realidade, chega a ser difícil encontrar lugares em creches, mesmo tratando-se de um país onde é tradicionalmente baixa a natalidade. O universo laboral é largamente masculino e quando mais se sobe nas hierarquias de decisão, poder e salários, mais acentuada é essa dominação. Não será um caso exclusivamente japonês, no entanto: na realidade, têm fraca expressão histórica na Ásia os movimentos feministas que desde os anos 1960 reivindicam igualdades e liberdades, sobretudo na América e na Europa. Em grande medida, são essas desigualdades que justificam a existência de Universidades (e escolas secundárias, também) só para mulheres: num universo com ampla dominação masculina, a participação
activa das mulheres implica a aquisição de competências que ultrapassam largamente os domínios técnicos do exercício de qualquer profissão, requerendo também outro tipo de conhecimentos e práticas, ligados a formas de comunicação, colaboração ou negociação. Em todo o caso, parece haver um longo caminho a percorrer até que estas novas competências tenham impacto efectivo num universo laboral e social amplamente dominado por uma cultura patriarcal que se traduz no controle dos vários poderes de decisão, do espaço doméstico e familiar às estruturas de representação política, passando, naturalmente, pelos postos de trabalho. Não por acaso, há iniciativas legislativas recentes a oferecer significativos incentivos fiscais às empresas que empreguem mulheres - até porque o envelhecimento populacional também gera uma certa escassez de força de trabalho mas tendem a ser relativamente lentos os impactos destas medidas sobre culturas e
Surpreendem facilmente quem cá chega as desigualdades de género no Japão, país de reconhecida competência na liderança dos progressos tecnológicos das sociedades contemporâneas: ainda que a tendência seja crescente, são menos de metade as mulheres adultas que participam no mercado de trabalho japonês
estruturas de poder profundamente enraizadas na sociedade. Aliás, mesmo com 50 anos de movimentos feministas na Europa ou na América, a plena igualdade está ainda hoje manifestamente longe de ter sido alcançada. Não posso dizer que conhecesse pouco desta realidade antes de vir viver para o Japão: na realidade, o meu conhecimento era completamente nulo. Mas é numa destas universidades femininas que trabalho actualmente, num belo campus com amplos espaços verdes, arquitectura moderna e tecnologias avançadas, que oferece condições de trabalho extraordinárias. São pouco mais de 5.000 alunas, jovens japonesas diligentes e educadas, sistematicamente compenetradas no seu trabalho, num generalizado ambiente de tranquilidade e gentileza. Já entre os professores, no entanto, a maioria é masculina. E também quando se entra nos topos das hierarquias de direção e administração, a presença feminina é minoritária. Talvez não tivesse sido esse o plano original da corajosa mulher que fundou a universidade há mais de 100 anos, mas é, ainda assim, um contributo visível e relevante para desenvolver futuros diferentes. As improváveis coincidências da história e da geografia acabaram por me proporcionar um muito singular, surpreendente e estimulante projecto profissional, portanto.
Todo aquele que conseguir a alegria deve partilhá-la. Lord Byron
PALAVRA DO DIA
UE Macau “repudia” relatório anual europeu
Violência doméstica Pedidos de ajuda aumentam durante a pandemia
O Governo reagiu ontem ao Relatório Anual da União Europeia (UE) relativo ao ano de 2019, afirmando “o seu mais firme repúdio para com o documento, que ignora a realidade do desenvolvimento político e socio-económico de Macau”. Além disso, o Executivo aponta que o conteúdo do relatório “está repleto de comentários que carecem de objectividade e são tendenciosos”. As autoridades consideram que a “concretização do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, com características próprias de Macau, obteve resultados frutíferos, com a região a manter a prosperidade e estabilidade a longo prazo”, pelo que a UE teceu “comentários levianos sobre Macau, totalmente desfasados da realidade e irresponsáveis”. Desta forma, o Executivo liderado por Ho Iat Seng considera que o relatório da UE “é uma ingerência grosseira nos assuntos internos da China”, exortando a UE a “cessar imediatamente este tipo de actos, que violam os princípios básicos das relações internacionais e que prejudicam o relacionamento sino-europeu”.
Hác-Sá Vão ser removidos 167 pinheiros junto à praia
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Segundo o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), vão ser removidos 167 pinheiros, a maioria ao lado da via principal da Praia de Hác-Sá, onde vão ser plantadas 100 novas árvores da mesma espécie. O IAM justificou a medida para evitar o colapso de árvores e recordou que estas haviam sido plantadas nos anos 60 e 80 do século passado. Os pinheiros terão sofrido com a pobre nutrição do solo, a passagem de tufões e o ataque de insectos que levaram ao seu declínio. Segundo o IAM, o tempo de vida destas espécies, na terra de origem, é entre 10 e 35 anos e é raro terem mais de meio século de vida, como as árvores que estão em Hác-Sá.
sexta-feira 24.7.2020
Ho Fun Ngan, directora do Centro de Solidariedade Social Lai Yuen ligado à Associação das Mulheres, revelou que foram recebidos, no total, 84 pedidos de ajuda sobre violência doméstica durante a pandemia, mais precisamente, no segundo trimestre de 2020. De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, Ho Fun Ngan revelou que o valor é consideravelmente maior quando comparado com o mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2019 foram registados 92 pedidos de ajuda. Presente num evento que serviu para comemorar o 15º aniversário do centro social, a vice-presidente da associação e deputada, Wong Kit Cheng, apontou ainda que o Governo deve criar medidas para reforçar a protecção das vítimas dos casos de violência doméstica e promover estratégias de sensibilização sobre o tema, com o objectivo de incentivar os pedidos de ajuda. Isto porque, segundo a mesma fonte, apenas 22 por cento dos utentes do centro social reportaram os casos às autoridades.
Custódio Marques, cônsul-geral de Moçambique em Macau “Penso que têm sido parceiros estratégicos neste combate à pandemia.”
Amigos para as ocasiões Cônsules dizem que China e Macau têm sido parceiros de Angola e Moçambique
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S cônsules de Angola e Moçambique disseram ontem à agência Lusa que a China continental e Macau têm sido parceiros estratégicos no combate à pandemia. Têm tido uma “contribuição bastante valiosa, muito importante mesmo, Macau em particular, através do Fórum Macau, contribuiu com alguns donativos em termos de material de prevenção, bem como a República Popular da China, através do Governo central”, afirmou o cônsul-geral de Moçambique em Macau. “Penso que têm sido parceiros estratégicos neste combate à pandemia”, resumiu Rafael Custódio Marques. O chefe da missão de Moçambique em Macau salientou que a ajuda se materializou sobretudo ao nível de “material de prevenção e de combate à pandemia e mesmo em relação a troca de informações, a nível técnico, a nível médico, através de videoconferências”.
A importância da ajuda chinesa e do antigo território administrado por Portugal foi igualmente partilhada pelo cônsul-geral de Angola em Macau. “Do Fórum [Macau] temos recebido todo o apoio necessário, dentro das possibilidades do Fórum. Recentemente recebemos a oferta (…) de algum material de combate à pandemia, já agradecemos, mas nunca é demais continuar a receber esse apoio”, afirmou Eduardo Velasco Galiano. O chefe da missão de Angola em Macau sublinhou ainda a ajuda assegurada directamente pela China continental, onde também foi “adquirido muito material”.
SOB CONTRLO
As declarações de ambos foram realizadas à margem de uma sessão de partilha de resultados do trabalho realizado por um grupo de peritos médicos antiepidémico do Governo da China na Argélia e Sudão, entre 14 de Maio e 11
de Junho, e que contou com a primeira participação do género de especialistas de Macau. Tanto Eduardo Velasco Galiano como Rafael Custódio Marques não descartaram a possibilidade de solicitarem apoio a uma equipa semelhante, que desse apoio no combate à pandemia ao nível da prevenção e da formação. Os dois diplomatas, contudo, frisaram que a situação nos respectivos países está “sob controlo”. Em Angola, há a registar 812 casos e 33 óbitos, ainda que o número de contágios tenha aumentado de cerca de 40 para mais de 800 em apenas dois meses, sublinhou o cônsul-geral em Macau. Com um total de 1.557 casos de covid-19, 11 mortos e 523 pessoas recuperadas, Moçambique vive em estado de emergência desde 1 de Abril. Lusa
Restauração Aliança do Povo quer regular regime de take-away
O vice-presidente da Aliança de Povo, Xu Zhiwei, quer que o Governo aprofunde a investigação do regime obrigatório de registos dos estabelecimentos dedicados exclusivamente ao take-away, de forma aumentar a sua regulação e inspecção. De acordo com informações avançadas ontem pelo jornal do Cidadão, Xu Zhiwei está preocupado com a qualidade dos alimentos vendidos pelos restaurantes de take-away, devido ao regulamento “pouco rigoroso” actualmente em vigor e porque muitos não detêm um espaço físico. O responsável recordou ainda que, durante a pandemia, muitos residentes optaram por escolher estes estabelecimentos para não terem de sair de casa e que apenas foram registados voluntariamente 297 espaços, apesar de existirem muito mais restaurantes dedicados exclusivamente ao take-away.