Hoje Macau 24 AGO 2020 #4596

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˜ DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

SEGUNDA-FEIRA 24 DE AGOSTO DE 2020 • ANO XIX • Nº4596

PIB

Primavera de destroços PÁGINA 6

UNESCO

Queres fiado? PÁGINA 7

OPINIÃO

Símbolos da nostalgia MANUEL DE ALMEIDA

hojemacau www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

Filme mudo Ainda envolta em mistério, foi anunciada a programação da Cinemateca Paixão para Setembro. Depois de dois meses de silêncio, a empresa que passou a gerir o espaço divulgou um cartaz sem versão em português ou chinês simplificado. Apesar de os bilhetes estarem à venda, não podem ser comprados online. Continuam a faltar informações sobre quem gere a cinemateca. GRANDE PLANO

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PORTOS FRANCOS DE MACAU JOSÉ SIMÕES MORAIS

DIA ACIMA ANABELA CANAS

MOP$10


2 grande plano

24.8.2020 segunda-feira

PERDIDO NA CINEMATECA

Os bilhetes para o festival que marca a reabertura da Cinemateca Paixão começam hoje a ser vendidos. Contudo, um dia depois do anúncio da programação multiplicaram-se críticas sobre o novo website, que não permite comprar bilhetes online, nem tem versões em português e chinês simplificado

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STÃO à venda a partir de hoje, os bilhetes para o festival de cinema que marca a reabertura da Cinemateca Paixão, sob a batuta de uma nova gestora, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Contudo, tanto a programação para o mês de Setembro, como o novo website da Cinemateca Paixão estão longe de reunir consenso entre o público e profissionais do sector. As principais queixas são a impossibilidade de adquirir bilhetes online através do novo portal da Cinemateca Paixão, mas também a inexistência de tradução para português e chinês simplificado. Intitulado “Uma carta de amor ao Cinema: Produção cinematográfica nos grandes ecrãs”, o primeiro evento desde que a Cinemateca encerrou para obras tem como objectivo “evocar um amor indescritível pelos filmes, entre os fãs”, através de uma selecção de clássicos e obras-primas de diferentes países e Eras. O festival [ver caixa] abre a 1 de Setembro com a versão remasterizada de “Singin' in the Rain” e inclui também obras de Fellini (“Otto e Mezzo”) e Woody Allen (“The Purple Rose of Cairo”).

Contactado pelo HM, o cineasta Vincent Hoi, membro do grupo “Macau Cinematheque Matters”, considera que a programação apresentada pela nova gestora falha em cumprir o próprio objectivo a que se propõe, porque as obras escolhidas não chegam a abordar de forma apropriada o tema da cinematografia.

“Penso que não sabem o que quer dizer cinematografia.” VINCENT CHOI CINEASTA

“A nova programação inclui filmes clássicos, mas, na verdade, acho que não estão lá as obras principais. Simplesmente querem, ou pretendem, exibir algumas obras para apresentar a programação, mas os filmes principais estão a faltar”, apontou Hoi. “Penso que não sabem o que quer dizer cinematografia. Para organizar a programação do próximo mês acho que se limitaram a escolher obras, algumas delas muito populares, que falam do cinema, mas não da cinematografia”, acrescentou.

NOVO WEBSITE AINDA SEM VERSÃO PORTUGUESA E RESERVAS ONLINE

Além disso, num jogo de palavras, o cineasta refere ainda que o próprio nome do festival, “Produção cinematográfica nos grandes ecrãs” é “caricato” e “não faz qualquer sentido”. “Se virmos bem, como é que se pode rodar um filme no grande ecrã?”, atirou. Já Rita Wong, directora de operações da CUT, empresa que geriu até ao final do ano passado a Cinemateca Paixão, não vê problemas em apostar nos clássicos, apesar de admitir que estava à espera de ver “coisas novas” ligadas ao cinema independente. “Não considero mau que haja alguns clássicos para o público ver, mas há também que explorar o cinema independente. Como único espaço dedicado ao cinema em Macau esperamos também ter a oportunidade de ver algumas obras pioneiras (…), coisas novas que vão além dos clássicos e que mostrem o que de melhor está actualmente a ser feito no mundo”, partilhou Rita Wong.

FAROESTE DIGITAL

Ao contrário do que aconteceu nos últimos três anos, o novo website da Cinemateca Paixão não inclui versão em português e chinês tradicional, nem permite a compra de bilhetes online. Além disso, através de comentários partilhados na página de Facebook da Cinemateca Paixão [ver caixa], foram muitos os utilizadores a queixarem-se que a informação disponibilizada no novo portal está incompleta, não incluindo, por exemplo, o preço dos ingressos ou o nome dos realizadores e produtores das obras a ser exibidas. Recorde-se que, no ponto relacionado com as “condições gerais de execução da prestação de serviços”, do caderno de encargos referente ao concurso público que a In ganhou é estabelecido como critério da cumprir que “o website deve ter interfaces em chinês, tradicional e simplificado, português e inglês”. O mesmo se passa com o serviço de venda de bilhetes online, que segundo o documento deve ser disponibilizado, “com, pelo menos, duas formas de pagamento, electrónico e no local, no horário de funcionamento da bilheteira”.

PROGRAMAÇÃO 1 A 23 DE SETEMBRO

• Uma carta de amor ao cinema FILME DE ABERTURA: SINGIN’ IN THE RAIN (REMASTERIZADO) (1952) Realização: Stanley Donen, Gene Kelly

1. OTTO E MEZZO

(REMASTERIZADO) (1963)
 Realização: Federico Fellini

2. THE PURPLE ROSE OF CAIRO (1985)
 Realização: Woody Allen

3. CINEMA PARADISO

(REMASTERIZADO) (1990)
 Realização: Giuseppe Tornatore

4. CLOSE-UP (1990)

Realização: Abbas Kiarostami

5. CENTER STAGE

(REMASTERIZADO) (1992)
 Realização: Stanley Kwan

6. GOODBYE, DRAGON INN

(REMASTERIZADO) (2003) Realização: Tsai Ming-liang

7. PHANTOM OF ILLUMINATION (2017)
 Realização: Wattanapume Laisuwanchai

8. TALKING THE PICTURES (2019) Realização: Masayuki Suo

• Selecção de Setembro

1. LA BELLE ÉPOQUE (2019)
 Realização: Nicolas Bedos

2. THE WEASELS' TALE (2020)

Realização: Juan José Campanella

3. BEASTS CRAWLING AT STRAWS (2020) Realização: Kim Yong-hoon

ANIMAÇÃO: BUÑUEL IN THE LABYRINTH OF THE TURTLES (2018) Realização: Salvador Simó

“Estou um pouco surpreendida com o facto de o novo portal não ter a versão portuguesa e em chinês simplificado que sempre existiu, até porque fazia parte dos requisitos do caderno de encargos. Por isso, pergunto-me o que se terá passado”, refere Rita Wong. Entre os vários problemas que detectou no site, Vicent Hoi confessa não compreender porque não aparecem os nomes dos realizadores e qual a razão para “a apresentação dos dias das exibições não ser explícita”.

“Não sei se é, ou não, um prenúncio de que as coisas vão correr mal, mas ao ver o site da Cinemateca, é como se estivesse a ler a informação do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM), onde falta sempre muito conteúdo”, aponta o cineasta. Sobre a impossibilidade de comprar bilhetes no website, Hoi refere que é como voltar ao ano em que a Cinemateca abriu portas, gerida pela CUT. “Não se compreende porque é impossível comprar bilhetes online. Nos últimos três anos, a CUT construiu uma relação importante com o público e as bases de uma

“Não considero mau que haja alguns clássicos para o público ver, mas há também que explorar o cinema independente.” RITA WONG CUT


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segunda-feira 24.8.2020

A TRADUCAO ˜

quando agora mudaram a gestão para uma empresa que nem se sabia que existia e que está fora da comunidade cinematográfica, todos ficaram com receio”, apontou João Brochado.

REMETIDOS AO SILÊNCIO

operação eficaz que incluía uma bilheteira online. É como regressar a 2017. Ou melhor, é como andar para trás 10 anos”.

JULGAMENTOS PRECOCES

Já para João Nuno Brochado, professor e coordenador dos programas de Cinema da Universidade de São José (USJ) é ainda cedo para fazer um julgamento, embora admita que “depois de tanta polémica, não foi boa ideia começar com este tipo de programação”, até porque tem dúvidas se terá o condão de atrair o público de Macau. “Efectivamente esta primeira programação vem confirmar que não há nenhum filme de Macau. Contudo, estamos a falar da programação para um mês e a nova empresa tem contrato para três anos, por isso não podemos estar a julgar toda a programação apenas com base no primeiro mês”, vincou o académico. Sobre as razões que fizeram soar o alarme junto dos cineastas locais, o professor aponta que o sector receia que a nova gestora deixe de apostar no cinema de

Macau, sobretudo “porque as pessoas sempre trabalharam muito em conjunto”. “A comunidade ligada ao cinema em Macau é muito pequena, são pessoas que se conhecem e estão juntas com alguma regularidade e a Cinemateca era o sítio onde se encontravam. Além disso, quem geria a cinemateca também fazia parte desse grupo que também produz filmes em Macau. Por isso,

“Esta primeira programação vem confirmar que não há nenhum filme de Macau. Contudo, estamos a falar da programação para um mês e a nova empresa tem contrato para três anos.” JOÃO BROCHADO ACADÉMICO

O HM tentou saber junto do Instituto Cultural (IC) quais as justificações apresentadas pela nova gestora para que o website da Cinemateca Paixão não permita a venda de bilhetes online e não tenha versão em português e chinês simplificado. No entanto, até ao fecho da edição, não obteve respostas. O mesmo aconteceu após nova tentativa de contacto junto da Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Recorde-se que, a 16 de Julho, o HM questionou, por escrito, a empresa In sobre a data estimada para a apresentação da nova programação da Cinemateca, bem como o andamento da construção da futura página oficial da In na internet. Adicionalmente, após várias tentativas falhadas de contacto telefónico com a empresa através da sua coordenadora, Kathy Wong, o HM confrontou o IC com a ausência de respostas da In. O IC voltou a remeter a responsabilidade para a nova gestora da Cinemateca. Desde que foi anunciado que a In venceu o concurso de gestão da Cinemateca Paixão, têm sido levantadas muitas dúvidas sobre a experiência e trabalho feito pela empresa na área do cinema. Por ocasião de uma conferência de imprensa, que aconteceu nas instalações da In a 24 de Junho, quando foram pedidos exemplos concretos de trabalhos realizados, Kathy Wong remeteu mais informações para a futura página oficial da In na internet. A In venceu o concurso para assumir a gestão da Cinemateca Paixão no final de Junho. Com uma proposta de 15,4 milhões de patacas, a empresa bateu a CUT, que geriu até ao final do ano passado a Cinemateca Paixão e que tinha uma proposta de 34,8 milhões de patacas. Pedro Arede com N.W.

pedro.arede.hojemacau@gmail.com

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Escrito no

“Porque é que não há informações sobre realizadores, produtores e argumentistas? Sem informações, como vou escolher um filme para ver? Mais importante, qual é o tema da programação?”

“Não brinquem com coisas sérias! Não basta entusiasmo, é preciso informação!”

“Como é possível pedirem às pessoas apenas para comprar os bilhetes no local? Em que ano estamos? Não sabem vender online?”

“Como é possível pedirem às pessoas apenas para comprar os bilhetes no local? Em que ano estamos? Não sabem vender online?”

“Sem informações, é melhor ir ao IMDB.”

“A vantagem de existir uma cinemateca é permitir ao público explorar filmes menos conhecidos de grande qualidade, não exibir filmes clássicos que toda a gente já viu.”

“Que inconveniente! Já que não é possível comprar bilhetes online nem ver os trailers, ao menos deem informações para irmos procurar na internet”

“A página oficial pode não ter versões em português e chinês simplificado? Isto não viola os critérios da proposta?”

“O que vi na Cinemateca Paixão nos anos anteriores era diferente, a forma de comunicar, o design e a emoção que sentia antes de comprar bilhetes e de me encontrar com outras pessoas no cinema.”


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24.8.2020 segunda-feira

RÓMULO SANTOS

Hato simbólico

Sulu Sou quer assinalar passagem do Hato com memorial no Porto Interior

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André Cheong, secretário para a Administração e Justiça “Como detectámos um risco para a segurança e saúde pública queremos demolir a construção o mais rapidamente possível.”

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A passada quinta-feira, a deputada Agnes Lam pediu ao Governo para pensar melhor o plano para a construção de um parque provisório na Taipa, em particular a parte que implica a demolição de uma antiga fábrica de gaze, um sinal da modernização da ilha. No entanto, na sexta-feira, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, garantiu que a fábrica vai mesmo abaixo por constituir um perigo para a segurança pública. Por um lado, André Cheong desvalorizou o valor patrimonial do edifício. “A fábrica só funcionou três anos. E, de acordo com o parecer do Instituto Cultural, não integra o grupo de imóveis classificados, o que faz com que não seja considerado um imóvel protegido”, disse o secretário, citado pela Radio Macau. Além da questão patrimonial, o representante do Executivo indicou que a fábrica é uma ameaça à saúde da população, porque “encontra-se abaixo do nível da estrada, acumulando água estagnada”, o que é considerado “grave” e “um risco para a saúde pública”.

TAIPA ANDRÉ CHEONG DIZ QUE FÁBRICA DE GAZE VAI SER DEMOLIDA

Vai tudo abaixo

Os problemas de saúde pública originados pela acumulação de água, o parecer do Instituto Cultural, que considera que a fábrica de gaze não deve ser protegida, e as queixas da população levaram o Executivo a optar pela demolição Como argumento contra a preservação da fábrica, André Cheong apontou também a existência de placas de amianto, material de construção cancerígeno que está proibido. “Como detectámos um risco para a segurança e saúde pública queremos demolir a construção o mais rapidamente possível”, admitiu o secretário, que falou ainda de queixas da população.

VALOR HISTÓRICO

Na análise que fez na Assembleia Legislativa, Agnes Lam defendeu

a preservação do edifício por considerar que se ia destruir um bocado da história do território. “Na altura, era a maior fábrica de vestuário de Macau, e a sua inauguração simbolizou o início da modernização da Taipa. Esta fábrica também teve um contributo significativo para a construção da primeira ponte marítima de Macau”, sustentou a deputada. Por outro lado, a legisladora questionou também o plano do Governo, uma vez que o parque no centro da Taipa é apresentado

como uma solução provisória. André Cheong também respondeu a esta dúvida e explicou que os planos para a zona incluem a construção de equipamentos sociais. Segundo o secretário, o Executivo quer aproveitar os quatro terrenos no centro da Taipa para desenvolvimento de instalações desportivas e jardins, não só para melhorar a qualidade de vida da comunidade mas também o ambiente na zona. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

EZ ontem três anos desde a passagem do tufão Hato por Macau. Sulu Sou sugeriu ao Governo a criação de um memorial na zona costeira do Porto Interior e a designação do 23 de Agosto como dia de prevenção de desastres, recordando que o cenário de destruição da cidade “ainda hoje está vívido”. A ideia é tomar por referência a forma como outros locais lidam com desastres do passado, recordando as dez vidas que se perderam e os danos sofridos. “Toda a sociedade, especialmente os residentes das zonas baixas, tornaram-se mais vigilantes em relação aos danos dos tufões. É muito importante para o público e as próximas gerações lembrarem-se das dolorosas lições do Hato”, diz o deputado em interpelação escrita. Sulu Sou descreve que o tufão expôs a falta de infra-estruturas contra inundações, bem como a “vulnerabilidade” da prevenção de desastres. Vale a pena lembrar que foram pensados sete projectos públicos neste âmbito, mas em Junho a presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas disse que o Governo ainda não decidiu se vai instalar muretes de protecção contra inundações no Porto Interior, devido a dificuldades técnicas e preocupações financeiras. O deputado quer saber quando será conhecida uma decisão final sobre os projectos e que factores serão tidos em consideração.

OUTROS PLANOS

Na interpelação é ainda apontado que se ia criar uma Direcção de Protecção Civil e de Coordenação de Contingência no âmbito da protecção civil, com dois departamentos e seis gabinetes. No entanto, depois da mudança de Governo, esses planos foram abandonados e mantiveram-se os Serviços de Polícia Unitários (SPU) na liderança do trabalho de protecção civil, “para lidar com o conceito de reforma da administração pública do novo Chefe do Executivo”. Sulu Sou quer saber qual o impacto desta mudança nos trabalhos de protecção civil. Tendo em conta que a Lei da Protecção Civil entra em vigor em Setembro, o deputado questões o Governo quanto ao “progresso dos Serviços de Polícia Unitários na revisão da sua estrutura organizacional e aumento de pessoal”. S.F.


política 5

segunda-feira 24.8.2020

FORMAÇÃO ANUNCIADO SUBSÍDIO PARA TRABALHADORES EM LICENÇA SEM VENCIMENTO

sem sucesso, recebem um apoio de 6.656 patacas. Já os participantes que não se registarem na DSAL, porque assim o desejam, ou aqueles que por sua iniciativa recusarem serem contratados, depois de lhes ter sido encontrado um empregador têm o apoio limitado a 3.328 patacas.

Cuidados paliativos

REQUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

O programa é também feito a pensar nas pessoas que têm rendimentos afectados por estarem em licenças sem vencimento, uma prática que tem sido promovida pelos empregadores, devido à redução do número de turistas. A pensar nestes trabalhadores, a formação disponibilizada pretende aumentar as competências técnicas, e o empregador pode sugerir o nome de até cinco pessoas para frequentar os cursos. A iniciativa serve também para profissionais liberais, desde que não tenham empregados por sua conta. Neste sentido, um trabalhador que faça o curso enquanto goza de licença sem vencimento recebe um subsídio de 5.000 patacas. O mesmo acontece com os profissionais liberais. Quanto aos empregadores que permitam que os seus trabalhadores frequentem os cursos durante o horário de trabalho, sem os penalizar com férias sem vencimento ou cortes no salário, é pago um subsídio de 5.000 patacas por empregado em formações. “Queremos incentivar o empregador para que possa deixar o trabalhador fazer o curso”, afirmou Wong Chi Hong, director da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), citado pela Rádio Macau, durante a apresentação do programa.

A redução do número de turistas e o impacto na economia levou o Executivo a lançar um programa para subsidiar formações destinadas a quem procura o primeiro emprego ou esteja em licença sem vencimento

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partir do próximo mês o Governo vai lançar um programa para subsidiar formações a pensar nos estudantes que completaram cursos superiores e estão à procura de emprego, assim como para trabalhadores que estão a gozar licenças sem vencimento. O “plano de formação subsidiada” foi apresentado na sexta-feira, depois de ter sido discutido pelo Conselho Executivo. No que diz respeito aos subsídios para os desempregados, segundo os critérios do Executivo, são elegíveis as pessoas que estejam sem trabalho desde 1 de Janeiro de 2019 ou data posterior. Também os estudantes que concluiram curso superior este ano e estejam desempregadas podem inscrever-se.

Após frequentarem a formação e a respectiva avaliação há dois níveis de subsídios. Os participantes que nos dois meses após a formação encontrem trabalho, os que criarem uma actividade por conta própria ou ainda aqueles se inscrevam na Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais para encontrar emprego, mesmo que

Um trabalhador que frequente o curso enquanto goza de licença sem vencimento recebe um subsídio de 5.000 patacas

TRABALHO ESTATUTO DAS POLÍCIAS VAI SER REVISTO

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Governo enviou para a Assembleia Legislativa uma lei para rever o Estatuto dos Agentes das Forças e Serviços de Segurança, que vai integrar as carreiras do pessoal alfandegário no regime. A mudança foi justificada com a necessidade de “responder melhor aos novos desafios e garantir uma evolução adaptada ao ritmo dos tempos modernos” além de permitir que “a gestão dos recursos humanos seja mais racional”. As alterações são feitas em três aspectos, de acordo com a informação apresentada no final do Conselho Executivo, nomeadamente na reestruturação da carreira, revisão das modalidades de promoção e melhoramento dos regimes disciplinares e de recompensas.

A nível das carreiras das forças de segurança, o pessoal de base passa a poder aceder às carreiras superiores, o que é visto como uma forma de promoção para quem obtém um desempenho “excelente”. Além disso, são criadas as posições de chefe superior do Corpo de Polícia de Segurança Pública, Corpo de Bombeiros

e inspector superior alfandegário. Já no CPSP são extintas as carreiras especiais de mecânicos, músicos e radiomontadores, que passam a integrar a carreira de pessoal técnico-especializado. No que diz respeito às promoções, vai ser criada uma comissão que pode ter pessoal externo às forças de segurança para decidir que é promovido. A abertura a pessoas de fora das forças de segurança acontece igualmente ao nível dos processos disciplinares. Com base nas sugestões do Governo, passa a ser possível nomear instrutores externos às forças e serviços de segurança, o que é justificado com a necessidade de reflectir “imparcialidade”.

João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

CARTÃO DE CONSUMO SEGUNDA FASE INJECTOU 790 MILHÕES NA ECONOMIA

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segunda fase do cartão de consumo electrónico injectou nos 20 primeiros dias de uso cerca de 790 milhões de patacas na economia, de acordo com os dados divulgados pelo Governo na sexta-feira. Este é o resultado de 7,7 milhões de transacções registadas desde o primeiro dia de Agosto. O consumo em restauração representou 22,9 por cento, com o primeiro lugar ocupado pelos “estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canjas”. Já no comércio a retalho, o maior valor de transação foi registado pelos super-

mercados, representando 19,6 por cento do valor total. Foram carregados mais de 610 mil cartões de consumo e levantados mais 19 mil novos cartões, pelo que cerca de 630 mil residentes já receberam o subsídio de consumo da segunda fase. Em Setembro há ajustamentos aos postos de atendimento para carregamento ou levantamento dos cartões. Os residentes passam a ter de o fazer na secretaria da Direcção dos Serviços de Economia, no balcão de atendimento de mediadores de seguros da Autoridade Monetária de

Macau, ou nos centros de serviços da RAEM da Areia Preta ou das Ilhas. Em Julho, durante a primeira fase de utilização, a Direcção dos Serviços de Economia informou que cerca de 1,74 mil milhões de patacas tinham sido injectadas em Macau na primeira fase do cartão de consumo. A mesma entidade adiantou então que cerca de 63 por cento das mais de 19,4 milhões de transações beneficiaram pequenas e médias empresas, com a restauração (24 por cento) e o comércio a retalho (70 por cento) a serem os sectores mais beneficiados.


6 sociedade

24.8.2020 segunda-feira

ECONOMIA PIB DESCEU QUASE 68% ENTRE ABRIL E JUNHO

Declive acentuado

O segundo trimestre do ano registou uma contração do PIB de 67,8 por cento, apesar do apoio do cartão de consumo. Entretanto, o saldo da balança de pagamentos de 2019 obteve um excedente de mais de 12 mil milhões de patacas

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Produto Interno Bruto (PIB) caiu 67,8 por cento no segundo trimestre deste ano. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) comunicou que a descida anual foi superior à do início do ano. As exportações de serviços reduziram mais de 92 por cento, e as de bens 26,4 por cento. Mas as importações de bens e serviços também registaram diminuições. “Os esforços do combate à epidemia da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, por parte do Governo da RAEM e de todos os sectores da sociedade, levaram ao abrandamento dos efeitos negativos e à recuperação gradual das actividades económicas, em Macau no 2º trimestre”, refere a DSEC. Os cartões de consumo conduziram ao “estreitamento de 9,8 por cento da amplitude descendente da despesa de consumo final das fa-

DSEC “Os esforços do combate à epidemia, por parte do governo da RAEM, levaram ao abrandamento dos efeitos negativos e à recuperação gradual das actividades económicas, em Macau no 2º trimestre.”

mílias no mercado local”. A despesa de consumo das famílias no exterior diminuiu 71,2 por cento. O investimento em obras públicas registou uma subida anual de

quase 30 por cento. O Governo também direccionou dinheiro para a compra equipamento de protecção e material médico, para além do aluguer de hotéis para

Emprego Menos de 30 por cento de TNR nas empresas do jogo O director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Wong Chi Hong, indicou que os trabalhadores não residentes (TNR) representavam no final de Maio 28,8 por cento dos funcionários das seis empresas de jogo. O número total de funcionários era 116.368 pessoas. A informação foi dada em resposta a uma interpelação escrita de Ng Kuok Cheong sobre a proporção de funcionários residentes e TNR nas empresas do jogo. O responsável garante que o Governo avalia o número segundo

quarentenas e medidas de assistência financeira.

BALANÇA COM EXCEDENTE

Macau conseguiu um excedente de 12,1 mil milhões de patacas no saldo da Ba-

os interesses gerais de Macau. Para além disso, entre as 10.077 pessoas nos quadros superiores de gestão, 8.839 eram residentes. Isto representa 87,7 por cento, valor que ultrapassa o alvo de 85 por cento definido pelo Governo. Sobre se o Regime Jurídico da Exploração de Jogos de Fortuna ou Azar em casinos vai regular a importação de mão-de-obra, Wong Chi Hong reiterou que se mantém a posição de não permitir a importação de croupiers e supervisores de mesas de jogo.

lança de Pagamentos (BP), segundo a estimativa preliminar referente a 2019, divulgada na sexta-feira. “Em 2019, a estimativa preliminar da BP de Macau registou o ‘superavit’ de 12,1 mil milhões de patacas, destacando-se o saldo positivo de 142,8 mil milhões de patacas na conta corrente e um aumento de 83,5 mil milhões de patacas nos activos financeiros líquidos não reserva”, indicou a Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Os dados oficiais revelaram a subida do défice comercial de mercadorias, com as exportações a caírem 8,3 por cento em termos anuais e as importações a crescerem 0,7 por cento. Se em 2018 o défice era de 91,2 mil milhões de patacas, em 2019 subiu para os 93,3 mil milhões de patacas. AAMCM também destacou que as exportações de serviços diminuíram 1,1 por cento em 2019, justificando o resultado sobretudo com a queda das exportações de serviços turísticos e o decréscimo de 6,5 por cento das importações de serviços. “Portanto, caiu entre 2018 e 2019 o ‘superavit’ registado na conta de serviços, de 311,7 mil milhões de patacas para 310,3 mil milhões de patacas”, assinalaram as autoridades. Composta pela conta corrente, conta de capital e conta financeira, a Balança de Pagamentos é um registo estatístico integrado que apresenta os resultados das transações externas. João Santos Filipe com S.F.

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Fim do jogo Detidas na China Continental pessoas ligadas a junkets de Macau

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S autoridades da China Continental detiveram cerca de 50 pessoas, algumas associadas ao negócio junket em Macau, noticiou o GGRAsia, citando o “The Beijing News”. As detenções resultaram de acções policiais nas cidades de Suzhou e Wuxi, realizadas na semana passada, no âmbito de suspeitas de quatro casinos clandestinos. Duas das pessoas detidas eram alegadamente cabecilhas. Foi na sequência de trabalhos de investigação publicados pelo “The Beijing News”, alegando a existência de locais de jogo ilegal noutras partes da província de Jiangsu, que se deu a operação policial. Os casinos ilegais estariam montados em fábricas abandonadas e casas desocupadas, nas cidades de Kunshan e Taican. De acordo com o GGRAsia, jornalistas do meio de comunicação chinês fingiram ser um associado de junket e um jogador para se infiltrarem nos locais. Os dois repórteres terão, alegadamente, recolhido informação nos casinos clandestinos de que foram recrutados indivíduos com experiência “junket”. Essas pessoas terão ficado encarregues de direccionar clientes de valor elevado dos casinos de Macau.

JOGAR ÀS ESCONDIDAS

Uma notícia de quinta-feira do “The Beijing News” descrevia que um repórter acompanhou a polícia de Suzhou a um casino, mas que não restavam mesas de jogo, quando anteriormente havia quatro. Noutro local, a polícia terá detido dois suspeitos e encontrado máquinas de distribuição de cartas, placas de matrículas e walkie-talkies. O GGRAsia explica que a polícia de Suzhou disse que os suspeitos mudaram constantemente a localização dos seus casinos clandestinos, para evitarem ser detectados. De acordo com o portal, a polícia aponta que as restrições de viagens podem ter sido um factor no aumento da procura por jogo ilegal na China Continental. O “The Beijing Times” indicou que a polícia acredita que o recrutamento de clientes para jogos de sorte ou azar está relacionada com a pandemia da covid-19 e às restrições de viagem. Este ano, a polícia de Suzhou regista 285 crimes relacionados com jogo, que resultaram na detenção de 1.241 suspeitos. S.F. e N.W.


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UNESCO/IGNACIO MARIN

segunda-feira 24.8.2020

Turismo Duas excursões preparadas para a Ilha da Montanha

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incerto quando será feito, mas o pagamento das dívidas de Macau à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) está em andamento. “O pagamento está em processamento”, respondeu o gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura ao HM. Em causa estão 3.118 dólares americanos (cerca de 25 mil patacas) que deviam ter sido pagos pela RAEM como contribuição para o orçamento regular enquanto membro associado da organização. O Jornal Tribuna de Macau avançou que as contribuições estavam em falta em Junho. Desde então, os relatórios semanais da UNESCO não apontam mudanças à situação de Macau, cujo último pagamento foi feito em Fevereiro de 2018. As 25 mil patacas em falta correspondem à soma das anuidades de 2019 e deste ano. Até 13 de Agosto, as dívidas dos diferentes membros à UNESCO atingiram 157 milhões de dólares americanos, dos quais mais de 26 milhões são contribuições em falta até ao final do ano passado. Em 2020, só 47 por cento dos membros apoiaram a organização, apesar do esquema de incentivo que concedia desconto nas contribuições de 2022 a quem saldasse todas as dívidas até 29 de Fevereiro.

INVESTIMENTO EM NOVA ORGANIZAÇÃO

Se de um lado há dívidas, do outro há investimento. Macau aderiu este mês à Organização das Cidades Património Mundial (OWHC), que é composta por mais de 300 cidades com sítios incluídos na Lista do Património Mundial da UNESCO. As vantagens de integrar o organismo estão dependentes do pagamento de uma anuidade – e a RAEM já pagou a sua para 2020. O Governo pagou uma taxa de 3.111 dólares americanos à OWHC, indicou o Instituto Cultural ao HM. “Todas as cidades membro têm o direito de votar na nossa Assembleia Geral, e podem participar em todos os nossos programas e actividades, a nível regional e global”, respondeu a OWHC sobre os benefícios que Macau passa a ter. Os direitos da RAEM passam pela participação em projectos como o prémio Jean-Paul-L’Allier e “Youth on the Trail” para o património, bem como acesso a apoio financeiro para a participação em actividades da OWHC, especialmente congressos mundiais. As cidades membro que deixam de pagar perdem acesso a alguns dos serviços. Na página electrónica da OWHC, são apresentados critérios para o registo de Macau. Aponta-se que tem uma “localização estra-

UNESCO GOVERNO DIZ QUE PAGAMENTO DE DÍVIDAS ESTÁ EM CURSO

Quem pede fiado

O pagamento da dívida de cerca de 25 mil patacas de Macau à UNESCO está a ser processado. As contribuições de dois anos às Nações Unidas estão em atraso, mas a RAEM pagou uma quantia idêntica referente à anuidade da Organização das Cidades Património Mundial tégica” e que a relação entre as autoridades chinesas e portuguesas “favoreceram ao longo de vários séculos um importante intercâmbio de valores humanos nos diversos domínios da cultura, ciências, tecnologia, arte e arquitectura”. O seu testemunho do encontro entre o Ocidente e a China ao longo de séculos e a arquitectura que o representa também mereceram menção, bem como o intercâmbio entre civilizações cujas ideias “motivaram diretamente a introdução de mudanças cruciais na China”. Salomé Fernandes

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Os cálculos sobre os prejuízos causados pela passagem do Tufão Higos não estão finalizados, mas o Executivo não antecipa prejuízos avultados. “Não tivemos grande inundações, mas um maior registo de destruição das árvores. Os trabalhadores do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) estão agora a fazer as contas, mas os prejuízos não são comparáveis aos dos tufões anteriores”, afirmou André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, citado pela Rádio Macau, à margem do Conselho Executivo, de sexta-feira. GCS

A directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, indicou que estão prontas as excursões para a Ilha da Montanha, faltando apenas a permissão das autoridades da China Continental para a retoma de viagens transfronteiriças, noticiou o jornal Ou Mun. Para já, foram criados dois roteiros de viagens à Ilha da Montanha, e o preço será semelhante ao da viagem de helicóptero (398 patacas), por incluir um parque temático e factores como a passagem transfronteiriça. Helena de Senna Fernandes mostrou-se optimista com a recuperação dos vistos turísticos de Guangdong, dado que no passado os turistas desta província representaram mais de 42 por cento do total dos vindos da China Continental.

IAM Tufão Higos não causou estragos avultados

Protecção Civil Governo com seguro para “voluntários”

O regulamento administrativo que complementa a nova Lei de Protecção Civil define um processo para a inscrição, acreditação e formação de voluntários. A informação foi revelada na sexta-feira, após a discussão do diploma no Conselho Executivo. Os voluntários ficam ainda cobertos por um seguro que cobre despesas hospitalares caso sofram acidentes. Além desta disposição, o regulamento, que será divulgado em Boletim Oficial, fixa também critérios para a emissão dos cinco níveis de alerta e os “procedimentos subsequentes”.

Alfândega Concurso do novo edifício com 19 propostas

O concurso para a construção do novo edifício da alfândega recebeu um total de 19 propostas com valores entre 632 milhões de patacas e 738 milhões de patacas, segundo o comunicado do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. A proposta com o valor mais elevado partiu da Sociedade de Engenharia Soi Kun, propriedade do deputado Mak Soi Kun. Os prazos para a empreitada, cujo início está previsto para a primeira metade do próximo ano, variam entre os 740 e os 825 dias de trabalho. O novo edifício será construído na ilha da Taipa, num terreno com cerca de 5.700 metros quadrados. O espaço, com uma área bruta de construção de cerca de 40 mil metros quadrados, vai ser composto por nove pisos, dois deles para auto-silo em cave. Uma das propostas apresentadas, do consórcio composto pelas empresas China Rail Way First e Hang U, foi recusada por não cumprir os requisitos do concurso.

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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público, de acordo com o n.º 1 do ponto 6.º dos Regulamentos para a prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, elaborados nos termos do artigo 18º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 71/99/M, de 1 de Novembro, do artigo 13º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e da alínea 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que se encontra afixada, na sobreloja da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida na Praia Grande nºs 575, 579 e 585, e colocado no respectivo “Web-site”, no local relativo à CRAC e para efeitos de consulta, a lista definitiva dos candidatos à prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como Auditor de Contas, Contabilista Registado e Técnico de Contas no ano de 2020, elaborada e homologada por deliberação do Júri designado para o efeito. Em caso de dúvidas, agradecemos que contacte com a CRAC, durante as horas de expediente, através dos números de telefone 85995344 ou 85995342. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 17 de Agosto de 2020. O Presidente da CRAC Iong Kong Leong


8 eventos

24.8.2020 segunda-feira

Um ecrã onde c

CINEMA INSPIRARTE EM FESTA COM OITO FILME

DST Festival de Luz no próximo mês

Entre 26 de Setembro e 31 de Outubro, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) volta a organizar o Festival de Luz. O evento foi criado em 2015, e decorre anualmente em vários pontos de atracção no território. De acordo com a página electrónica da DST, para além de espectáculos de vídeo-mapping, instalações luminosas e jogos interactivos, vão realizar-se actividades para “deixar os residentes e turistas apreciar Macau à noite”, bem como “conhecer a história e cultura da cidade” através de projecções de luz.

Fortaleza do Monte Jardim já reabriu

O Jardim da Fortaleza do Monte e a Antiga Residência do General Ye Ting reabriram ao público no sábado, depois de inspecção e limpeza, comunicou o Instituto Cultural. No local foram encontradas árvores caídas e ramos partidos depois da passagem do tufão “Higos”.

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Voltado para crianças e adolescentes, o “Cinema InspirARTE em Festa” apresenta filmes que exploram relações interpessoais, luta contra injustiças e aventuras segundo perspectivas de realizadores de diferentes países

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edição deste ano do “Cinema InspirARTE em Festa”, que se realiza entre quinta-feira e domingo, tem oito filmes dedicados ao público mais novo. Organizado pelo Centro Cultural de Macau (CCM), o evento traz perspectivas fílmicas de outros países, como a França, República Checa, passando pela Noruega e pela Rússia. O festival aposta na projecção de filmes dirigidos a crianças, a partir dos 3 anos, e a adolescentes. Em comunicado, o CCM descrever o cinema como o “espaço onde a imaginação corre à solta e as possibilidades são infinitas”. “Passando valores como a amizade, empatia e respeito pelos outros, algumas destas histórias também poderão incentivar à autodescoberta. Sejam estas inspiradas em acontecimentos reais ou de ficção, tanto os pequeninos como os mais crescidos acabarão por descobrir que os problemas são muitas vezes mais simples de resolver do que possam pensar”, descreve o CCM na sua página electrónica. Entre as histórias que vão passar no ecrã do CCM está a “Balada do Tibete”, galardoado com o título de melhor filme do 13º Festival Internacional de Cinema Infantil da China. É inspirado na aventura verídica de um grupo de crianças invisuais tibetanas que viajou do Monte Evereste à cidade de Shenzhen, para cantar num concurso de talentos televisivo. Thupten quer ver o mundo antes de perder por completo a visão, e guia os seus companheiros cegos em direcção à cidade vizinha. A mostra de cinema traz de volta ao ecrã personagens já conhecidas, como a Abelha Maia, que em “Jogos de Mel” ofende uma governante quando se insurge contra a exigência de metade da produção de mel reverter para os cofres imperiais. As histórias dos Moomins surgem no ecrã

depois de uma nova adaptação feita por Tove Jansson, que acompanha o crescimento de Moomintroll.

RELACIONAMENTOS E AVENTURAS

O evento arranca na quinta-feira, com a exibição de “O Príncipe Perdido”, às 19h30. O filme aborda a dinâmica familiar entre Djibi e a sua filha Sofia, de oito anos. O pai assume o papel de príncipe encantado na “Terra dos Contos”, onde vão à noite antes de a menina adormecer. “Cinco anos depois, Sofia afasta-se das histórias do pai, inventando os seus próprios contos. À medida que o seu papel, tanto na vida real como

“Passando valores como a amizade, empatia e respeito pelos outros, algumas destas histórias também poderão incentivar à autodescoberta.” CENTRO CULTURAL DE MACAU

na Terra dos Contos, começa a mudar, Djibi tem de encontrar forma de permanecer o herói da sua filha”, descreve o site do CCM. A encerrar o programa está “Harvie e o Museu Mágico”, no domingo às 17h. A narrativa da melhor longa-metragem de animação do Festival Internacional de Cinema Infantil de San Diego 2018 é passada à volta de Harvie, um rapaz que gosta de jogos de computador, que acidentalmente faz com que peças de um museu de marionetes ganhem vida. Os outros filmes que integram o programa são “Rocca Muda o Mundo”, “Klara a Super Estrela” e “Agência de Detectives Jerry e Maya – O Primeiro Mistério”. Os bilhetes custam 60 patacas. Apesar de a mostra de cinema terminar no domingo, o site do CCM aponta para a possibilidade de se comprarem bilhetes para sessões adicionais a partir de segunda-feira. De acordo com as orientações do CCM, o uso de máscara é obrigatório durante o evento, e vão ser impostas medidas de distanciamento social. Salomé Fernandes

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segunda-feira 24.8.2020

cabem mundos

eventos 9

ES DESTINADOS A JOVENS

Gastronomia Grand Lapa acolhe mercado de comida

Entre as 18h30 e as 21h30 de sábado, é organizado um mercado de comida do sudeste asiático no Grand Lapa. O evento conta com mais de 10 bancas, que levam ao jardim do hotel sabores da Tailândia, Indonésia, Macau, Singapura, Malásia e Índia. A entrada custa 300 patacas para adultos e 179 para crianças.

Palestra Mercado laboral no Sofitel

A advogada Helena Kok vai ser a oradora num evento sobre as políticas do mercado laboral em Macau, em que vai partilhar ideias sobre como cumprir as expectativas de todas as partes interessadas. A descrição do evento destaca que o mercado laboral do território tem sofrido desafios. Organizado pela France Macau Chamber of Commerce (FMCC), o encontro decorre na quarta-feira entre as 9h e as 10h30 no Sofitel. A entrada é gratuita para membros do FMCC, e custa 188 patacas para os restantes interessados. PUB


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24.8.2020 segunda-feira

COVID-19 PÚBLICO VOLTA AOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL NA CHINA

O

jogo de ontem da Superliga chinesa de futebol entre o Shanghai SIPG, treinado por Vítor Pereira, e o Beijing Guoan (2-1), marcou o regresso do público aos estádios chineses após a interdição motivada pela pandemia de covid-19. O embate entre dois dos pretendentes ao título

chinês contou com a presença de 2.000 adeptos nas bancadas do Estádio dos Trabalhadores, em Pequim, que tem capacidade para mais de 66 mil espetadores. As autoridades sanitárias chinesas permitiram o regresso do público aos recintos desportivos, mas normas rígidas, que

incluíram a despistagem ao novo coronavírus por parte dos adeptos, bem como a obrigatoriedade de manterem uma distância de um metro entre si nas bancadas, tal como o uso de máscaras durante toda a partida. Por causa da pandemia, a Superliga chinesa, que devia ter arrancado em 22

de Fevereiro, só começou em 25 de Julho. Os jogadores das 16 equipas que integram o principal escalão de futebol na China, divididos em dois grupos, estão isolados em duas ‘bolhas’ sanitárias, uma situada em Suzhou, perto de Xangai, e a outra em Dalian, no nordeste do país, e assim vão perma-

necer até, pelo menos, ao final de Setembro. O Shanghai SIPG venceu ontem o Beijing Guoan por 2-1, ascendendo ao primeiro lugar do Grupo B da Superliga chinesa de futebol, com a formação treinada pelo português Vítor Pereira a garantir a vitória após reviravolta no marcador.

TECNOLOGIA UTILIZADORES DO WECHAT NOS EUA E TIKTOK PROCESSAM TRUMP

Batalha das aplicações

Utilizadores do WeChat nos Estados Unidos estão a processar Donald Trump, numa tentativa de bloquear a ordem executiva que, segundo defendem, impediria o acesso à aplicação chinesa de mensagens extremamente popular nos EUA. Entretanto, a TikTok vai também avançar com uma queixa contra o Governo norte-americano

A

queixa, registada na sexta-feira em São Francisco, foi apresentada pela organização sem fins lucrativos “US WeChat Users Aliance” e várias outras pessoas que dizem confiar na aplicação para trabalhar ou manter contacto com familiares na China, garantindo que não são associados ao WeChat, nem à Tencent, multinacional chinesa que detém a aplicação. Os utilizadores recorreram a um tribunal federal e pretendem impedir a ordem executiva de Trump, alegando que a mesma viola a liberdade de expressão dos utilizadores dos Estados Unidos, o livre exercício da religião e outros direitos constitucionais. Em 6 de Agosto, Donald Trump assinou uma ordem executiva a proibir transações com os proprietários chineses do WeChat e de outro aplicativo de consumo popular, o TikTok, defendendo que ambos são uma ameaça à segurança nacional, política externa e economia norte-americanas. O chefe de Estado falou de uma “emergência nacional” e acusou a rede social TikTok de espionagem de utilizadores norte-americanos em nome de Pequim, num contexto de crescentes tensões comerciais e políticas com a China. As ordens executivas devem entrar em vigor em 20 de Setembro, ou 45 dias a partir da data de emissão.

O TICO E O TECO

A aplicação chinesa de partilha de vídeos TikTok, acusada de espionagem pelo presidente norte-

-americano, Donald Trump, anunciou que vai avançar na próxima semana com uma queixa contra o Governo dos Estados Unidos. “Para garantir que a lei é cumprida e que os nossos negócios e utilizadores são tratados de forma justa, não temos escolha a não ser

contestar a ordem executiva (assinada pelo senhor Trump) através do sistema judicial”, afirmou o grupo, numa declaração enviada à agência de notícias francesa AFP. Na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos disse apoiar uma oferta da Oracle para a compra do TikTok, apesar de

“Para garantir que a lei é cumprida e que os nossos negócios e utilizadores são tratados de forma justa, não temos escolha a não ser contestar a ordem executiva (assinada pelo senhor Trump) através do sistema judicial.” TIKTOK

estarem já em curso negociações com a Microsoft, segundo a Bloomberg. Segundo a agência de notícias económicas, a empresa informática Oracle, cujo presidente, Larry Ellison, ofereceu milhões de dólares em fundos para a campanha presidencial de Trump, estará na corrida para a aquisição das actividades do TikTok nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. A administração Trump deu 90 dias ao grupo chinês proprietário do TikTok, ByteDance, para vender rapidamente as operações da rede nos Estados Unidos, sob pena de as bloquear no país.

FMI PAGAMENTO A ANGOLA À ESPERA DE ACORDO COM A CHINA

A

consultora Eurasia considerou ontem que o Fundo Monetário Internacional adiou o pagamento do empréstimo a Angola para avaliar a reestruturação da dívida do país à China, devendo também aumentar o programa em 740 milhões de dólares. “O pagamento previsto de 547 milhões de dólares a Angola como parte do programa de 3,7 mil milhões de dólares está provavelmente a ser adiado devido à incerteza relativamente às negociações de reestruturação da dívida de Angola à China”, escreve o director do departamento africano da consultora Eurasia. Na nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, Darias Jonker considera que “o pedido para aumentar o programa em 740 milhões de dólares deverá ser aprovado, já que esta subida ainda está dentro da alocação de Angola dos direitos especiais de saque no Fundo”. O FMI devia ter enviado uma nova tranche do empréstimo acordado no final de 2018 até 30 de Julho, mas argumentou com as férias na primeira quinzena deste mês para justificar não ter enviado as verbas. “Este adiamento da decisão do conselho de administração e o aumento da dotação total do programa aconteceu provavelmente devido aos receios de alguns dos administradores, e do próprio FMI, sobre as conversações de reestruturação da dívida com a China”, escreve o analista. Do ponto de vista da Eurasia, as relações entre o FMI e Angola são “muitos estáveis na Presidência de João Lourenço, que encara o programa como o caminho mais sustentável para conseguir sustentar o crescimento e as reformas económicas”.


região 11

segunda-feira 24.8.2020

O último rinoceronte de Sumatra que vivia na Malásia morreu no ano passado, mas cientistas malaios procuram financiamento para recuperar a população da espécie usando uma técnica de clonagem de células-tronco num projecto pioneiro

“T

EMOS confiança na tecnologia para conseguir isso, mas precisamos de cinco milhões de ringgit (um milhão de euros). Estamos a procurar patrocinadores”, disse à agência de notícias EFE Muhammad Lokman, investigador da Universidade Islâmica Internacional da Malásia. Após o seu desaparecimento na Malásia, apenas cerca de 80 rinocerontes de Sumatra (“Dicerorhinus sumatrensis”) permanecem na Indonésia e estão “perigo crítico” de extinção. Lokman afirmou que já receberam cerca de um milhão de ringgit (cerca de 200 mil euros) do Governo da Malásia e preservaram tecidos vivos de diferentes órgãos como rins, fígado, pele ou coração dos últimos três espécimes de rinoceronte que morreram no país. Uma equipa liderada por Lokman está a trabalhar para obter óvulos de um rinoceronte africano no zoológico de Kuala Lumpur com a intenção de fertilizá-los com células somáticas dos espécimes extintos. “Extraímos o núcleo dos óvulos e inserimos as células somáticas (dos rinocerontes extintos) para que no óvulo

MALÁSIA CIENTISTAS PRETENDEM CLONAR RINOCERONTE DE SUMATRA

Depois de Darwin se desenvolva num embrião que possamos transferir para o útero de um animal substituto, que pode ser outra espécie de rinoceronte ou outro mamífero como um cavalo”, explicou Lokman. O objectivo é clonar pelo menos cinco ou seis exemplares para garantir a reabilitação da espécie na Malásia.

DIAS CONTADOS

Esta técnica foi usada para clonar a ovelha Dolly, em 1997, mas é a primeira vez que foi aplicada para reviver espécimes extintos num determinado local.

Japão Pista do Estádio Olímpico de Tóquio inaugurada com ‘meeting’

A pista de atletismo do Estádio Olímpico de Tóquio foi ontem estreada, num ‘meeting’ praticamente apenas com atletas japoneses, depois da inauguração do recinto em 1 de Janeiro último. Um dos ‘palcos’ dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que foram adiados para 2021 devido à pandemia de covid-19, foi inaugurado, a nível desportivo, com o jogo de futebol da final da Taça do Imperador, entre Vissel Kobe e Kashima Antlers, no inicio do ano. No entanto, o ‘tartan’ ainda não tinha sido experimentado, tendo ontem recebido a primeira competição, que permitiu, por exemplo, à atleta Nozomi Tanaka estabelecer um novo recorde nacional nos 1.500 metros (4.05,27 minutos).

O projecto de clonagem começou depois de Imam, o último rinoceronte de Sumatra na Malásia, ter morrido de cancro aos 25 anos em Novembro do ano passado. A morte de Imam, uma fêmea, na província malaia de Sabah, na ilha de Bornéu, chocou muitos malaios

e a comunidade de cientistas e conservacionistas, depois de o último macho da espécie ter falecido seis meses antes. Os últimos 80 exemplares desta espécie, a menor entre os rinocerontes, medindo até 1,3 metros de altura na cernelha, eram

As maiores ameaças aos rinocerontes são a caça furtiva - principalmente para recolher os seus chifres, muito procurados pelos consumidores da medicina tradicional -, bem como a perda de ‘habitat’ natural

encontrados principalmente na ilha de Sumatra e, em menor extensão, na parte indonésia de Bornéu. A Indonésia também abriga o rinoceronte de Java (“Rhinoceros sonicus”), a espécie de rinoceronte e provavelmente o mamífero mais ameaçado do mundo, com apenas 70 espécimes restantes na ilha de Java. De acordo com a organização não-governamental Save the Rhino International, também existem cerca de 3.500 rinocerontes indianos na Ásia, enquanto que em África existem entre 5.300 e 5.600 rinocerontes pretos e entre 17.000 e 18.000 rinocerontes brancos. As maiores ameaças aos rinocerontes são a caça furtiva - principalmente para recolher os seus chifres, muito procurados pelos consumidores da medicina tradicional -, bem como a perda de ‘habitat’ natural.

COREIA DO SUL MAIOR NÚMERO DE CASOS DE COVID-19 DESDE MARÇO

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S autoridades de saúde sul-coreanas registaram ontem o maior aumento diário de casos de covid-19 desde o início de Março, levando a receios que o país esteja “à beira de uma epidemia nacional”. A maioria das 397 novas infecções foram registadas na área metropolitana de Seul, onde reside a maioria da população de um país com 51 milhões de habitantes, referiu o Centro de Controlo de Doenças coreano.

As autoridades advertiram que, no caso de um novo aumento rápido de casos, as medidas de distanciamento físico poderão ser ainda mais restritivas. “A situação é muito grave e séria, porque estamos à beira de uma epidemia nacional”, afirmou à comunicação social o director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças coreano, Jung Eun-kyeong. O responsável pediu aos moradores para que permane-

çam nas suas casas, sempre que possível, numa altura em que medidas mais restritivas foram reforçadas na região de Seul, na semana passada, e estendidas ao resto do país no sábado. Grandes concentrações de pessoas foram proibidas, bares de karaoke foram obrigados a fechar, assim como todas as praias do país. Desde ontem à noite, o uso de máscara vai passar a ser obrigatório tanto em locais fechados como nos

bairros mais frequentados da capital. Até ao momento, a Coreia do Sul conta com 17.399 casos, metade dos quais na área metropolitana de Seul, e 309 mortes. Em Fevereiro, a Coreia do Sul era o segundo país mais atingido pela pandemia, depois da China, mas as autoridades sul-coreanas conseguiram controlar a situação, através de uma estratégia de testes e rastreios.


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24.8.2020 segunda-feira

“Palavras que nos sobem ilegíveis à boca”

Os portos francos de Macau José Simões Morais

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INDA antes de João Maria Ferreira do Amaral ser nomeado Governador-Geral da Província de Macau, Timor e Solor, o que ocorreu a 22 de Dezembro de 1845, já Macau no mês anterior se tornara porto franco. A 20 de Novembro, “por Decreto da Rainha a Senhora D. Maria II, referendado pelo Ministro da Marinha e do Ultramar Joaquim José Falcão, foram declarados francos ao comércio de todas as nações os portos de Macau, - tanto o interno, denominado do rio, como os externos, da Taipa e da Rada, - podendo ser neles admitidas a consumo, depósito e reexportação todas as mercadorias e géneros de comércio, sem pagamento de direitos”, segundo Marques Pereira. Assim, Ferreira do Amaral trazia já como propósito fazer uma fortificação na Taipa quando tomou posse a 21-4-1846. A Taipa, Tanzai para os chineses, era então formada por duas ilhas, Taipa Grande separada da Taipa Pequena por um canal de mar. O Governador Ferreira do Amaral encarregou o então Capitão do Porto, Tenente Pedro da Silva Loureiro, para levar a cabo a construção da fortaleza na ilha da Taipa Pequena, de frente para a Fortaleza do Bom Parto em Macau, e localizada “na Xisha, ou Ponta do Areal Ocidental”, como refere Pedro Dias, que lembra, “Na verdade o Governador José Gregório Pegado tinha iniciado em 1842 conversações com o Vice-Rei de Cantão, ou alto-comissário imperial Ki-Ying, com vista à ocupação e posse efectiva da ilha, sendo tal desiderato facilitado pelo governante cantonense. Três anos depois, o Governo de D. Maria II declarou o Porto da Taipa como porto franco, tal como já era o de Macau” desde 4-10-1844. O porto da Taipa era onde hoje está o Campo da Corrida de Cavalos, refere Domingos Lam. Ferreira do Amaral em 1847 tomou posse da ilha e “decidiu-se pela efectiva ocupação, com a construção de uma fortaleza,” onde foi hasteada a bandeira portuguesa a 9 de Setembro desse ano. A Taipa, cuja entrada se assemelha a um semicírculo, era designada na dinastia Ming por Long Wan e o Mou Tai Miu, construído em 1488 e dedicado ao deus da Guerra, era o templo mais antigo da ilha. Nos finais do século XVII outra referência à Taipa, quando a população da ilha recebeu mal o ancorar de um barco inglês. Passou a ser porto de aguada aos navios que daí seguiam para em Cantão comerciar, quando em 1717 o governo chinês proibiu os juncos dos mercadores

chineses de comercializarem com estrangeiros, exceptuando Macau, o que traz à cidade um novo dinamismo. Benjamim Videira Pires refere, em 1717 “a Cidade do Nome de Deus recebeu, transmitida pessoalmente pelo Vice-rei de Cantão, a seguinte ordem do Imperador Kang-shi (Kangxi, 1662-1722): <Os navios de Macau podiam comerciar com as cinco províncias costeiras da China e mares de Leste, proibindo toda a navegação com os Mares do Sul, Batávia e Manila e mais lugares>. Por influência, contudo, do jesuíta, Pe. André Pereira, conseguiu-se isentar Macau dessa lei, facto que trouxe, de novo, à Cidade, durante quatro anos, o monopólio do comércio exter-

A 22-8-1849, junto à povoação de Monghá o Governador Ferreira do Amaral foi assassinado por sete chineses. Segundo João Guedes, estes pertenciam à Sociedade dos Rios e dos Lagos, no que parece ter sido a primeira grande manifestação de força das seitas em Macau

no da China, sobretudo com Batávia”. Já Pedro Dias ressalta, nesse ano, a ordem do Imperador da China “mandando que todos os navios que desejassem subir para Cantão, até ao porto de Whampoa, tivessem que embarcar um ou mais intérpretes e um piloto nesta ilha, autorizando simultaneamente que os habitantes locais fizessem trocas comerciais com os passantes.” “Inicialmente, antes dos portugueses se interessarem em ocupá-la, só era habitada por pescadores congregados em pequenas aldeias, como as de Linjiacun e Zuojiacun”, prossegue Pedro Dias, que refere, “Em meados do século XIX a Ilha da Taipa passou a ter algum comércio, com mercados e lojas, seis templos e uma igreja católica. O seu ancoradouro principal, conformando uma baía pequena e suave, era refúgio seguro contra as forças da Natureza, e até assaltantes, para muitas dezenas de barcos de pesca.”

EXPULSÃO DO MANDARIM

O Capitão-de-Mar-e-Guerra Ferreira do Amaral era maçon e viera como Governador preparar a colónia a tornar-se politicamente independente do governo chinês e logo concebeu o plano de despojar o Mandarim de parte dos poderes de que estava revestido, ampliando a esfera de atribuições da Procuratura, único tribunal em Macau para julgamento de chineses. Segundo Carlos José Caldeira, ordenou “a supressão dos direitos de tonelagem, chamados medição, que abusivamente se cobrava para o imperador, sobre os navios portugueses, que entravam no porto de Macau” e “mandou fechar definitivamente a Alfândega Chinesa de Macau”, segundo Beatriz Basto da

Silva, que refere, ter o Governador a 5 de Março de 1849 proibido aos Hopus de Macau “cobrarem quaisquer direitos às mercadorias exportadas de Macau para os portos da China, pedindo ao Vice-Rei de Cantão que mandasse retirar os funcionários chineses que exerciam os seus cargos em Macau, dentro do prazo de oito dias.” Assim foi abolido de Macau o Hopu, Alfândega Chinesa, o qual já só exercia jurisdição no Hopu Grande da Praia Pequena (Largo da Ponte e Horta), o mais antigo e importante da cidade, pois o Hopu Pequeno da Praia Grande, de menor importância, encerrara em 1847. Como o Vice-Rei de Cantão não ordenara a retirada dos funcionários do Hopu, a 12 de Março o Governador mandou fechar a porta principal do Hopu Grande e colocou em frente um piquete de soldados e uma canhoeira de mar “para protegerem o desembarque de todas as mercadorias e víveres, acabando assim com o último vestígio da interferência chinesa na administração desta Colónia.” Encerrada a alfândega chinesa em Macau, os funcionários desta repartição foram expulsos. “O governo de Cantão respondeu com a transferência dos mercadores chineses para Huangpu, o que resultou na depressão do comércio em Macau”, segundo Liu Cong e Leonor Seabra. Sendo Macau porto franco, tornava necessário a supressão da alfândega portuguesa [criada em 1784], única fonte até ali da receita pública. Para remediar a precária situação financeira, o Governador logo estabeleceu um novo sistema de impostos, reformando em vários pontos outros ramos da administração, e reduziu as despesas dela a dois terços do que antes consumia. Ainda em 1849, decretava o fim do pagamento do foro pelo arrendamento de Macau, assente desde 1573, e tomou posse de toda a península, tornando-a colónia portuguesa. O mandarim, com jurisdição em Macau sobre os chineses, fugiu para Chin-san e o Procurador ficou então também com esse encargo. A 22-8-1849, junto à povoação de Monghá o Governador Ferreira do Amaral foi assassinado por sete chineses. Segundo João Guedes, estes pertenciam à Sociedade dos Rios e dos Lagos (ou Irmandade dos Primogénitos), no que parece ter sido a primeira grande manifestação de força das seitas em Macau. A 16 de Setembro, o Vice-Rei da Cantão participou ao Conselho Governativo de Macau ter sido já preso e executado Sen-Chi-Leong, o verdadeiro assassino do Governador, cuja mão e cabeça levadas para Cantão e expostas pelas ruas, foram restituídas a Macau em 16 de Janeiro do ano seguinte.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

segunda-feira 24.8.2020

Dia acima

cartografias Anabela Canas

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ANABELA CANAS

ODOS os dias um estado inicial. Uma exaltação de sentidos a reter. A rever. A esquecer ou a ignorar. A libertar. A procurar. Uma estrutura e tudo reside aí, mesmo no mistério do caos. E até para as leis da gravidade há um antídoto que nos protege de afundar terra adentro, forças em equilíbrio. Sobra o etéreo mas férreo domínio das ideias. Como perscrutar os pontos cardeais. Uma orientação física no universo de extensões em que se distende o pensamento. Como viadutos sobrepostos. O que se procura em frente. Quando se caminha – foge. A fuga para a frente, é ter o acordar congénito de todos os dias. Temer a queda. Esquecendo que um percurso, como um passado estimado ou não, retoma o seu lugar de partida, onde chega por inerência do que se é e da eterna questão que se revolve por detrás de brumas, mas volta. Volta irreversivelmente em qualquer curva distraída. Às vezes como uma terra estranha. E lastro, esse passado, mas necessário à definição de futuro. De sentido. Sem peso a mais nem a menos. Sempre esta impressão de que é ascendente, o dia. Como a acompanhar o sol na sua ilusória subida no horizonte, levando consigo a inclinação das plantas, porque é natural e o olhar de algumas. Uma inclinação que dificulta, ou a subida para uma ideia acima e uma etapa a conquistar. Difícil. Carregamos sobre os ombros o peso de tudo o que temos e tudo o que não temos. Dos que nos amam e dos que não nos amam. Dos que nos respondem e dos que não nos respondem. Do que fizemos e do que não fizemos e de uma relação estranhamente aleatória entre as coisas e a reacção do mundo a umas ou outras. Num requebro amargo, como ombro amigo, de vez em quando, penso nos que se recusam a perdoar. O que lhes fizemos e a si próprios o que nos fizeram. Neste mundo de humanos e de ideias. Os seus duplos em palco ou sombras produzidas para dentro. Anjos que se recusam a salvar ou que se lhes acalme as feridas. Não são anjos, simplesmente dores. E nenhum anjo gosta de as ser, nem o humano de as ter. O mito do peso. Do que é árduo de levar e do esforço sem recompensa. De novo o Sisifo. E a pedra que carregamos dia acima. Com o peso dos sentidos e da procura obsessiva mas também o des-

lumbramento de encetar o dia novo das mesmas questões, com a possibilidade de um olhar lavado. Pequenas tonalidades a diferenciar uma cor forte da véspera. O que parecia definitivo, a mudar com a luz, a diluir com uma lágrima, que mancha inesperada a forma global. Uma nódoa que desfeia. Poeiras que atenuam. Um redundante início, como uma emenda ao inevitável. As inércias inalteráveis e as predisposições difíceis de mover. Ou em face de Jano, deus

Acordo de madrugada e abro a janela às flores que me alegram os olhos e me prendem. De uma utilidade por defeito e que não é sentido nem ofício, mas a inerência do seu papel no equilíbrio de tudo. Essa utilidade que não temos

das transições, a contemplar o que ele vê: passado e futuro. As portas, sempre entrada para o que se entrevê ou saída em renúncia. Um início ou um fim. Um olhar como da primeira vez. Porque da véspera não transitou um sentido. O meu ombro está carregado. É isso. Do peso que obriga a procurar. E peso é essa força da gravidade boa, que nos mantém ligados a terra. Comprometidos. Um novo registo: peso e medida. O que é o peso que nos arrasa os ombros e nos curva para a frente e dói. O que é a medida certa. Um artefacto de alumínio, de boca em corte oblíquo e que se enterra fortemente numa saca de arroz para dizer um litro e o que pagar por um litro. De assentimento e continuação De lealdade. De amor ou amizade. E o que são dois pesos e duas medidas, nesta economia de trocas? Há uma ética. Estruturas, preconceitos. A diferença entre estar fora ou por dentro a subverter. Ou, afinal e dizendo melhor, alicerces. Que nos ajudaram a construir e que é necessário verificar. A sua própria corrosão a abalar o todo. Existem sempre. mas temos talvez desonestidade afectiva. Podemos deixar de parte preconceitos éticos e analisar. Quem tem, por pequena que seja, uma dose de poder, esquece o poder que esse poder tem,

ou não esquece, e faz justiça ou injustamente o usa. Com critérios restritos e orlas que se quedam de fora. Favorecimento ou prejuízo. Num exercício simultâneo de coragem e cobardia. A coragem de fazer bem fazendo mal, a coragem de fazer mal e a cobardia de não fazer bem. Ou de não fazer bem nem mal. O que às vezes é bem e outras vezes é mal. É arrasador verificar até à profundidade do sentir. O que se desculpa e o que se institui como culpa. Um estudo diário que sintetiza as estruturas confortáveis e estabelecidas. Ética, moral, todos os dogmas, egoísmos. Afectos. Um Deus que não ajuda mas pune. E à sua semelhança um mundo que parece castigar diariamente, por causa desconhecida. E nos devolve a desconfiança de que algo teremos feito mal. A culpa desde os confins do tempo, que advém desta procura, destes erros ou de um gesto sem intenção. Mas nenhum gesto é inocente. Nenhum vazio. Rebelamo-nos desde cedo. Tudo é útil, nos sentidos que nos propõe e tudo é contestável. Há que fazer as contas. Escrever o sentido. Caminhar sobre ele. Acordo de madrugada e abro a janela às flores que me alegram os olhos e me prendem. De uma utilidade por defeito e que não é sentido nem ofício, mas a inerência do seu papel no equilíbrio de tudo. Essa utilidade que não temos. E se não temos, não há equilíbrio no desgaste que produzimos ao todo. Aquieto-me. Sinto. Faço isto todos os dias muitas vezes. É talvez só isto que faço e o resto são intervalos. Ficar quieta e pensar que é isto viver. Olhares circulares por aquilo que me cerca, as flores, as dificuldades das minhas flores, o mistério das portadas a regular o sol que até ele pode ser demais neste habitat construído para descansar os olhos. Distrai-los, serenar a respiração que tende a sinais de inquietação. Paro todos os dias porque algo em mim dispara todos os dias. Um disparate de sentir. Uma pele mista de zonas frágeis e de carapaças. Porque, por mais que acorde de madrugada, com o dia ainda a custar a romper das sombras do sono, tenho sempre à beira a desconfiança de que o dia traz a dúvida de sempre. Como resolver a questão? A do sentido e da inutilidade de tudo. Esta procura de definição de sentido. Assim uma coisa como: temos que ser livres, ser felizes. Úteis. Por exemplo.


14 (f)utilidades TEMPO

24.8.2020 segunda-feira

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SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN8THE CORNER [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00 SALA 2

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O município de Novo Progresso, no estado brasileiro do Pará, foi palco de uma série de protestos do grupo indígena Kayapo contra a desflorestação ilegal e a falta de apoio do Governo na luta contra a pandemia. A fotografia testemunha o bloqueio de uma autoestrada.

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C I N E M A LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

1 5 2 9 3 4 6 8 0 7 0 3 44 6 8 7 5 95 2 1 6 75 5 4 1 DREAMBUILDERS 2 3 0 [A] 81 9 FALADO EM CANTONÊS 86 DREAM 02 9[C]0 24 6 LEGENDADO 1 4EM3CHINÊS 3Jensen,7Tonni 55 8 Zinck Um filme de: Kim Hagen7 BEYOND THE FALADO EM JAPONÊS 14.30, 16.30, 19.00, 21.15 2 18 3 7 01 52 9 4 64 8 75 8 02 50 9 6 26 11 3 48 91 4 85 19 7 3 00 22 5 67 5 26 7 0 40 88 1 6 92 3 38 63 16 81 2 9 74 59 45 00 4 90 6 3 5 0 8 7 17 2 3 6 SALA 1

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10 DISCO HOJE UM

6 2 8 7 4 9 4 3albúm 9 do 5cantor 0 1 O último e compositor canadiano 5 1 3 6 2 8 lançado em vida, fala com 0humor 9 1da morte, 8 3de 6 Deus e da perda através 8 0e palavras 4 6 2 de 7batidas arrastadas, que 2 7 6 9 mais 5 4 parecem susurradas ao 9 5Lançado 2 119 dias 7 3 ouvido. antes de Cohen morrer, 1 4 7 0 8 5 “You Want It Darker” é mais 3 uma 0 lição 4 2de bem 1 7 compor e da importância 6 nas5canções. 3 9O 0 do 8 poema apego até pode não ser imediato, mas depois de se12 entranhar é difícil não apreciar. Pedro Arede

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YOU WANT IT DARKER | LEONARD COHEN

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opinião 15

segunda-feira 24.8.2020

MANUEL DE ALMEIDA (Texto & Ilustração)

Símbolos da nostalgia “(...) onde estão as boas pessoas quando acontecem coisas más? Quando acontecem coisas más, as boas pessoas ou estão caladas ou então a agir mal” George Orwell (1903 – 1950)

A

geometria do vazio traz consigo escolhas de vida, gestos variados, sentidos diversos – um mundo de passagem. São ciclos de vida. “Envelhecendo eu revelo o meu carácter não a minha morte”, até porque, e segundo Max Weber (1864 – 1920), “os homens já não morrem saciados da vida, mas simplesmente cansados”. As sociedades modernas quebraram, fruto do tédio, do privilégio e da agonia intelectual. Não alimentamos os sentimentos. Não se cresceu com o que se aprendeu. É triste. O medo faz parte da estratégia – “este não é tempo para a indiferença” -, o medo paralisa o Homem, a Humanidade. George Orwell usa esta sugestiva frase: “O importante não é manter-nos vivos, é manter-nos humanos”. Paramos, bloqueamos. O medo é uma infecção contagiosa. O medo ajuda a impôr as ditaduras. O que nos dizem e como nos dizem, o que existe e como existe, o que fazemos e como fazemos, está certo? Não podemos cristalizar o desejo, a escolha, a opinião. Temos de pensar de mente aberta e criativa. Temos de descobrir algo de novo e pungente a cada dia. Acabar com estes caminhos obscuros de fragmentos de ignorância. Não há presente sem futuro – “um futuro que se constrói igual ao passado, não é futuro e por isso não tem futuro” -, só que a raiz dos males futuros está a ser plantada (?) nos erros que se cometem no presente. Percebem? Somos de hábitos sem grandes vícios. Existimos. Franquear fronteiras? À fé? À fantasia? Ao pecado? À caridade? À fraternidade? Há uma peça belíssima de Alves Redol (1911 – 1969), justamente apelidada de “Fronteiras Fechadas”, editada postumamente, em 1972. Relembro aqui o autor de “Barranco de Cegos”, após anos de ausência, não só pelo Homem, um dos grandes entre os maiores do Neorrealismo, mas sobretudo pelo seu carácter, já que, ao longo da sua obra, sempre tentou ser “um operário das letras ao serviço de uma obra artística colectiva”. Temas quentes nessa peça do autor de “Gaibéus”: a coragem de quem passa fronteiras clandestinamente à procura de uma vida melhor e/ou a fuga da opressão

- cinco mulheres – a condição feminina; as ideologias; a cláusura; o enriquecimento ilícito dos traficantes; a avareza. Apesar dos anos, “Fronteiras Fechadas” mantém

uma grande actualidade, também porque os grandes temas de Alves Redol foram, são e serão sempre, aos olhares atentos, temas do presente. As suas grandes questões

“As sociedades modernas quebraram, fruto do tédio, do privilégio e da agonia intelectual. Não alimentamos os sentimentos. Não se cresceu com o que se aprendeu. É triste. O medo faz parte da estratégia”

são políticas, económicas, sociais e culturais – faltou-lhe a questão da saúde. No passado dia 10 de Junho, nas “Comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas”, o Cardeal José Tolentino de Mendonça deixou uma mensagem em que alertava para os perigos do modelo de sociedades que se estão a construir, palavras que merecem uma reflexão. E passo a citar “O desafio da integração é imenso porque se trata de ajudar a construir raízes e essas não se improvisam: são lentas, requerem tempo, políticas apropriadas e uma participação do conjunto da sociedade” e, acrescentava, “Sem compaixão e fraternidade fortalecem-se apenas os muros e aliena-se a possibilidade de lançar raízes. A comunidade não se reforça esquecendo as periferias, mas fazendo delas motor da sua própria coesão”. É preciso que a identidade germine e o orgulho de pertença cresça, para que todos nós – sem excepção de credos e etnias -, possamos participar no bem comum da <nossa> cidade. Razão que persiste e se perpetua. Ao espanto ou desencanto? Ao desencontro ou ao encontro? Para quando a confissão dos pecadores e/ou perdão dos hereges? Onde estão os “sacerdotes” da ordem e do poder? Por onde se passeiam os perdedores do culto das palavras, vãs e inúteis? Não esperem um novo ciclo de “Concertos da Vida”. A época foi adiada. A incompetência não é negociável, até lá, as ideias continuarão a ser uma forma de contaminação e intimida-

de. Até quando? Estamos a viver uma fase crítica. Recuamos no tempo. Vivemos numa época subordinada aos três movimentos de Newton (1643 – 1727), que são as leis de base da mecânica clássica: aceleração, reacção e inércia. Haja saúde! “O Mundo é o que é, os humanos que não são nada, que se permitem não ser nada, não têm lugar neste mundo.” V.S. Naipul (1932 – 2018)


“Penso até no velho Dean Moriarty, o pai que jamais encontramos...” PALAVRA DO DIA

Jack Kerouac

AMBIENTE PERMITIDOS BANHOS EM PRAIAS DA PÓVOA DE VARZIM E MATOSINHOS

IRÃO COMISSÃO MISTA SOBRE NUCLEAR REÚNE A 1 DE SETEMBRO

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Agência Portuguesa do Ambiente (APA) levantou ontem o aviso de desaconselhamento a banhos que vigorava desde quarta-feira em sete praias da Póvoa de Varzim e uma de Matosinhos, no distrito do Porto, indicou à Lusa o vice-presidente. “As praias nunca estiveram interditadas ou proibidas. Houve alguma confusão nessa matéria. Mas estavam, de facto, desaconselhadas a banhos. E a boa notícia é que as análises são favoráveis e o aviso de desaconselhamento foi levantado”, referiu Pimenta Machado. De acordo com o vice-presidente da APA, as análises que permitiram levantar este aviso são de sexta-feira e os resultados foram conhecidos ontem. “As análises confirmam que a qualidade é boa para banhos”, garantiu Pimenta Machado. Questionado sobre possíveis causas para que as análises anteriores fossem más, o responsável falou em “possíveis situações pontuais” relacionadas com a passagem da depressão Ellen. “O que acontece muitas vezes quando chove, e por ocasião da depressão Ellen choveu muito no Norte do país, é que pode ser arrastado material microbiológico para o mar quer pelos solos, quer pelas águas fluviais. Também se deve ter em consideração os feitos das correntes. Mas estes são episódios climatéricos apenas”, disse Pimenta Machado.

Covid-19 Casos na Índia ultrapassam os três milhões

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A Índia registou 69.239 novas infecções de covid-19 nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde indiano, ultrapassando os três milhões de casos confirmados desde o início da pandemia. O total de infecções é agora de 3.044.940, de acordo com o último balanço da Universidade Johns Hopkins. A doença provocou já 56.706 mortes no país, 912 das quais nas últimas 24 horas. Cerca de 2,2 milhões de pessoas recuperaram da doença desde que o primeiro caso foi diagnosticado no país, em finais de Janeiro. A Índia tem o terceiro maior número de casos, depois dos EUA e Brasil, e é o quarto país com o maior número de mortes no mundo. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 800 mil mortos e infectou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

segunda-feira 24.8.2020

Miguel Oliveira “Fizemos história para Portugal. Não podia estar mais feliz por tê-lo feito em casa da Red Bull e da KTM.”

Na última curva Miguel Oliveira conquista primeira vitória portuguesa em MotoGP

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IZEMOS história, hoje, para Portugal”, afirmou ontem Miguel Oliveira (KTM), após ter conquistado a primeira vitória de um português no Mundial de MotoGP, ao vencer o Grande Prémio de Estíria, na Áustria. “Não sei o que dizer, estou muito emocionado. Há tanto que gostaria de dizer. Quero começar por agradecer a toda a gente que acreditou em mim, a começar pela família, à equipa, os patrocinadores, os fãs portugueses, mostrámos que somos os melhores”, começou por dizer o português, após o triunfo na quinta prova da temporada. Prosseguindo com o agradecimento ao “apoio” dos adeptos, Miguel Oliveira destacou o feito, inédito, do motociclismo nacional. “Fizemos história, hoje, para Portugal. Não podia estar mais feliz por tê-lo conseguido aqui em casa da Red Bull e da KTM”, sublinhou o piloto da Tech3.

Miguel Oliveira, que cumpre a segunda temporada em MotoGP, tinha como melhor resultado o sexto lugar no Grande Prémio da República Checa, em Brno, disputado em 9 de Agosto último. O português seguia no terceiro lugar e, na última curva do circuito de Spielberg, aproveitou a ‘luta’ entre o australiano Jack Miller (Ducati) e o espanhol Pol Espargaro (KTM) para vencer a corrida. Miller, que terminou no segundo lugar, felicitou Oliveira, destacando “a importância da vitória do Miguel para Portugal”. Tudo começou com Miguel Oliveira a partir do sétimo lugar da grelha, conquistando várias posições na segunda partida, para as últimas 12 voltas, depois do acidente do espanhol Maverick Viñales (Yamaha).

ORGULHO OFICIAL

Com este resultado, Miguel Oliveira somou 43 pontos e subiu do 14.º ao nono lugar da classificação de pilotos, que continua a ser liderada pelo francês Fabio Quartararo (Yama-

ha), com 70, mais três do que o italiano Andrea Dovizioso (Ducati). A próxima etapa do Mundial de MotoGP, que vai terminar em Portimão, em 22 de Novembro, está marcada para 13 de Setembro, em Misano, em Itália. O secretário de Estado da Juventude e do Desporto classificou como “extraordinária” a vitória de Miguel Oliveira (KTM) no Grande Prémio de MotoGP de Estíria, considerando que esta “enche de orgulho o país”. “A vitória na Áustria, apenas na sua segunda época na prova rainha do motociclismo e a correr numa mota que não é de fábrica só confirma o que há muito sabíamos: O Miguel Oliveira é um piloto extraordinário”, afirmou João Paulo Rebelo, em declarações à agência Lusa. O governante, que endereçou os parabéns ao piloto da Tech3, referiu que o triunfo no Grande Prémio de Estíria, em Spielberg, na Áustria, na quinta prova do campeonato, “enche de orgulho o país e o motociclismo nacional”.

Comissão Mista sobre o Programa Nuclear Iraniano (JCPOA, na sigla em inglês) vai reunir-se em 1 de Setembro, em Viena, indicaram ontem em comunicado os Serviços de Açcão Externa da União Europeia (UE). A comissão será presidida pela secretária-geral dos Serviços de Acção Externa da UE, em nome do chefe da diplomacia dos 27, Josep Borrel, e contará com representantes da Alemanha, China, França, Irão, Reino Unido e Rússia. Fora do encontro estarão os Estados Unidos, cujo país não consta do comunicado divulgado ontem pelos 27. O anúncio da data da reunião foi feito um dia depois de os Estados Unidos terem activado formalmente na ONU um controverso procedimento para exigir o restabelecimento das sanções internacionais contra o Irão, acusado de violar o acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano. Numa carta, a embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas, Kelly Craft, “notificou ao Conselho de Segurança” um “notável não respeito do Irão em relação aos seus compromissos” previstos no texto destinado a impedir Teerão de se dotar de uma bomba atómica. Nesse sentido, os Estados Unidos pretendem utilizar uma cláusula contida no acordo assinado com Teerão, em 2015, ainda pela administração de Barack Obama, para recuperar todas as sanções internacionais que pesavam então sobre o Irão. Os Estados Unidos desencadearam o mecanismo conhecido por ‘snapback’,​​​​​​ com base numa contestada interpretação jurídica, através da qual Washington invoca o estatuto de Estado parte do acordo nuclear de 2015 com o Irão, do qual se retiraram unilateralmente em 2018.

Mediterrâneo Embarcação Sea-Watch 4 resgata 104 migrantes

A embarcação Sea-Watch 4 resgatou ontem 104 pessoas em duas operações no mar Mediterrâneo, informou a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), que fretou o navio em conjunto com a Sea Watch. Nas primeiras horas da manhã, as equipas de salvamento do navio resgataram 97 pessoas a bordo de uma lancha pneumática, horas depois de salvarem outras sete pessoas noutra lancha. “Estes homens, mulheres e crianças foram avistados em águas internacionais, a cerca de 30 milhas náuticas da costa da Líbia. Todos os sobreviventes estão agora a salvo a bordo da Sea-Watch 4. Esta foi a primeira missão de resgate da Sea-Watch 4 desde que zarpou em 16 de Agosto do porto de Burriana, em Espanha.


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