Hoje Macau 25 OUTUBRO 2022 #5117

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EPA | LUSA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10TERÇA-FEIRA 25 DE OUTUBRO DE 2022 • ANO XXI • Nº5119 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau PUB. TRÂNSITO CAOS INSTALADO CHINA PACTOS E PEÕES SUICÍDIO NÚMEROS PREOCUPAM HUSHHÁ FESTA NA PRAIAÓBITO CARLOS MELANCIA PÁGINA 4 PÁGINAS 10-11 PÁGINA 6 PÁGINAS 12-13(1927-2022) FÓRUM MACAU ARREFECIMENTO GLOBAL GRANDE PLANO hojemacau Tomba-gigantes Desde 2009 que não se via nada assim. O tombo da Bolsa de Valores de Hong Kong arrastou consigo vários dos gigantes do comércio da China, como o Alibaba que caiu mais de 11%, além das operadoras de jogo de Macau. Na liderança das perdas, ficou a Wynn Macau, com uma quebra de 9.77%. Já a SJM Holdings per deu 5.51% do valor das suas acções. PÁGINA 7 MAZU ESTÁ ATENTA AO QUE SE PASSA
Roderich Ptak

Dar uns passos atrás

FÓRUM MACAU ACADÉMICOS APONTAM RETROCESSO COM A RETIRADA DE BIR A DELEGADOS

A retirada da residência dos delegados do Fórum Macau oriundos de países de língua portuguesa pode significar um retrocesso ao nível da cooperação, defendem dois académicos. Jorge Tavares da Silva e Cátia Miriam Costa entendem que a “situação atípica” revela “arrefecimento” nas relações diplomáticas de cooperação económica e cultural

Onovo regime jurídico do controlo de migração e das autorizações de permanência e residência obriga a que, na prática, os delegados dos países de língua portuguesa que de sempenham funções no Fórum Macau deixem de ter a residência e os benefícios que tal significa. Segundo a notícia do semanário Plataforma Macau, do passado dia 14, os delegados nem sequer têm direito a blue card [visto de trabalho], o que os obriga a ter um papel agrafado ao passaporte e a permanecerem no território com o estatuto de turistas.

Questionámos dois académicos que estudam o Fórum Macau e a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa sobre o facto de poder estar em causa um retrocesso nos desígnios de Pequim para Macau, enquanto plataforma da contacto com o mundo lusófono.

Para Cátia Miriam Costa, aca démica do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Em presa – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tal medida e a ausência de uma excepção para estes profissionais pode mesmo representar vários passos atrás numa cooperação que tem vindo a ser construída desde 2003.

“Parece existir aqui uma polí tica paradoxal. Fez-se de Macau uma plataforma de ligação entre a China e os países de língua por tuguesa e o fomento de uma certa diplomacia económica e cultural, mas depois há o retrocesso de

“Ainda que o Governo Central e o Executivo da RAEM não deixem de apoiar o Fórum Macau, este diploma dá um certo sinal de arrefecimento sobre o mesmo.”

“Trata-se de uma questão jurídica que deixa os delegados numa situação financeira mais vulnerável, tendo em conta as expectativas de condições de vida esperadas.”

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JORGE TAVARES DA SILVA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

deixar de haver enquadramento legal favorável para que as pessoas deslocadas possam efectivar essa relação e estimular novos proces sos cooperativos e colaborativos”, disse ao HM.

A académica não tem dúvidas de que “estamos, de facto, perante uma situação um pouco atípica”. “Nas notícias a única questão que surge é o facto de não ter havido um contacto diplomático precedente e o Governo Central em Pequim não ter sido informado das intenções do Governo de Macau, além de parecer que ninguém pode agir em relação a este assunto. É, de facto, algo contraditório em relação à aposta de Pequim no fomento de relações com países de língua portuguesa.”

Cátia Miriam Costa entende que a retirada do Bilhete de Identi dade de Residente (BIR) aos novos delegados do Fórum Macau pode ter um impacto na opinião pública dos países de língua portuguesa e junto das forças política. De frisar que os delegados que já se encon travam em Macau com BIR não permanente não o poderão renovar à luz da nova lei.

“Se esta medida for fundamen tada em razões de segurança, tal poderá parecer, na opinião pública dos países de língua portuguesa, uma preocupação excessiva. Desde o início do Fórum, há quase 20 anos, os delegados sempre tiveram autorização de residência e isso nunca levantou nenhum problema de segurança. Pode ser visto, por estes países, como um passo atrás

numa cooperação que se pretendia mais resiliente e forte”, frisou.

Maior vulnerabilidade

Perder o BIR implica a perda de direitos para os delegados do Fó rum Macau, que consigo traziam as respectivas famílias. As escolas dos filhos passam a ser mais caras, deixando ainda de ter acesso a apoios nas taxas moderadoras de saúde exclusivas para residentes. O facto de passarem a ter estatuto de turista, tendo apenas o passaporte como documento legal, obriga-os a ter de dar explicações às autorida des locais de cada vez que passam a fronteira.

Para Jorge Tavares da Silva, académico da Universidade de Aveiro, “trata-se de uma questão jurídica que deixa os delegados numa situação financeira mais vulnerável, tendo em conta as expectativas de condições de vida esperadas”. Nem o facto de o secretário para a Administra ção e Justiça, André Cheong, ter dito que é dado todo o apoio ao funcionamento e papel do Fórum Macau, faz o caso mudar de figura.

“Ainda que o Governo Central e o Executivo da RAEM não deixem de apoiar o Fórum Macau, este diploma dá um certo sinal de arrefecimento sobre o mesmo”, adiantou o investigador sobre os assuntos da China.

No passado dia 17 de Outubro, André Cheong frisou que era ne cessário cumprir a lei, não falando da possibilidade de criar um regime de excepção para os delegados da

organização de cooperação. “Não tenho conhecimento [desse caso].

O pessoal ou as pessoas que ficam em Macau, ou o estado em perma necem em Macau a trabalhar e com que título de identidade, depende do diploma legal que decide a permanência dessas pessoas. O Governo Central e o Governo da RAEM têm dado uma grande importância quanto ao papel de Macau de ser uma ligação entre o Interior da China e os países

“Se esta medida for fundamentada em razões de segurança, tal poderá parecer, na opinião pública dos países de língua portuguesa, como uma preocupação excessiva.”

lusófonos e, especialmente, o Fórum Macau.”

A intervenção de Ho

Dias depois da declaração de André Cheong, foi o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que confirmou à Lusa que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, poderia intervir neste caso. “É sempre possível ao Chefe do Executivo considerar e atender todas as situações excepcionais que se enquadrem nas diversas alíneas do citado artigo 32.°, n.° 1, desde que existam razões humanitárias ou outros motivos excecionalmente atendíveis e fundamentados”, sublinhou a mesma fonte oficial.

O Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Por tuguesa (Fórum Macau), criado em 2003, é tutelado pelo Ministério do Comércio da China e assume-se como “um mecanismo multilateral de cooperação intergovernamental centrado no desenvolvimento económico e comercial, tendo como objectivos consolidar o in tercâmbio económico e comercial” sino-lusófono.

Os delegados, de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, exercem funções de representantes de outros países no Fórum Macau e, até aqui, tinham direito automático ao BIR. Algo que mudou com a nova lei, que entrou em vigor há pouco menos de um ano.

Esta “passou a tratar de modo idêntico todas as situações que se enquadram no respetivo artigo 32.°, n.°1, incluindo a situação das pessoas que exercem funções na RAEM [Região Administrativa especial de Macau] como representantes de outros países ou regiões em delega ções de organizações internacionais ou inter-regionais ou em comissões, conselhos ou outros tipos de enti dades de cooperação intergoverna mental ou inter-regional”, esclareceu na resposta à Lusa o gabinete do Secretário para a Segurança.

Ou seja, a estada de qualquer pessoa que se enquadre nestas fun ções só pode ser permitida através da autorização de permanência, acrescentou, ressalvando a pos sibilidade de o chefe do Governo poder intervir, desde que o caso seja fundamentado.

A Lusa questionou o secretário -geral, Ji Xianzheng, e o secretário -geral adjunto do Fórum Macau, que é indicado pelos países de língua portuguesa.

A única reação do Fórum Ma cau surgiu na quinta-feira através do Secretariado Permanente, sem responder às questões colocadas. Na breve réplica, o Fórum Macau indi cou apenas que “todos os membros (…) estão sujeitos a cumprir as leis do Governo e da Região Administrativa Especial de Macau”. E que, no “to cante às preocupações dos delegados, as comunicações internas e externas deste Secretariado têm-se mantido eficazes, pelo que o seu funciona mento diário se encontra normal”. Andreia Sofia Silva (com Lusa)

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A mudança que falta

Pedidos mais apoios para idosos que vivem sozinhos

IAN, nome fictício de um assistente social que trabalha na linha da frente com idosos num centro de cuidados diurno, disse ao jornal All About Macau que o Governo e as instituições privadas que disponibilizam serviços de apoio a idosos que vivem sozinhos devem rever o actual sistema, uma vez que há idosos que necessitam de vários tipos de auxílio e continuam a ser ignorados. Ian referiu o caso de um idoso e da sua irmã que foram encontrados mortos em casa muito tempo depois da morte. Acima de tudo, Ian pede uma avaliação da forma como está a ser usado o erário público inves tido nestes serviços. “O que foi concretizado pelas entidades da área de serviço social com o dinheiro do Governo? Quais os objectivos atingidos pelos actuais serviços?”, questionou. Neste sentido, Ian diz ser difícil ter a verdadeira noção da eficácia dos serviços prestados, e que as autoridades não divulgam os resultados da avaliação efectuada.

Inquérito precisa-se

A fim de perceber a verdadeira situação destes idosos, o assistente social sugeriu a realização de um inquérito pelas autoridades públicas. Como sugestão para a mudança do actual sistema, o as sistente social cita as ideias defendidas pela União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) de incluir os irmãos destes idosos na lista das pessoas a receber apoio.

“Não critico nenhuma entidade não governa mental em particular, mas quando existe este tipo de serviços com bastantes subsídios do Governo, porque é que só faltam apoios aos idosos que vivem sozinhos?”, questionou. Os casos mais graves são quando o cuidador informal é também idoso e tem pouca capacidade para cuidar de outra pessoa. Ian lamenta que o Governo ainda não tenha conseguido dar resposta aos pedidos, da parte das associações de serviço social, para o aumento de vagas em lares ou a construção de mais espaços deste género, a fim de aliviar a pressão sentida pelas famílias. N. W. com A. S. S.

Acção social Ma Io Fong pede cursos de formação para idosos

Cada cavadela, sua minhoca

Obras quase abandonadas

Outra das questões colocadas pela deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau prende-se com obras que são começadas, mas que depois ficam praticamente aban donadas. A questão é colocada com base em queixas apresen tadas por residentes à deputada.

O deputado da Associação Geral das Mulheres, Ma Io Fong, considera que o Governo deve apostar mais nos cursos de formação para idosos que pretendem regressar ao mercado de tra balho. A posição foi tomada numa interpretação escrita, divulgada ontem. De acordo com o legislador, cada vez mais idosos pretendem tra

balhar e com uma população a envelhecer é preciso criar condições adequadas para a integração deste segmento da população no mercado do trabalho. Contudo, como os cursos de formação são muitas vezes feitos a pensar em pessoas mais novas, os idosos não se conseguem inscrever devido a limita ções face às novas tecno logias. Como tal, Ma pede que sejam feitos mais cursos de requalificação a pensar na terceira idade, mas também que se abram mais vagas nos cursos existentes. Por outro lado, Ma Io Fong quer saber que esforços têm sido feitos para assegurar que as pessoas com mais idade conseguem reentrar no mercado de trabalho.

Estradas esburacadas, trânsito congestionado, paragens de autocarro suspensas e muito stress. A deputada Ella Lei está preocupada com os efeitos das obras nas estradas e fala de trabalhos praticamente abandonados

Adeputada Ella Lei con sidera que existem demasiadas obras em Macau e que o ritmo dos trabalhos é muito lento. A ideia foi de fendida em interpelação escrita divulgada ontem, em que acusa os trabalhos feitos durante o Verão de terem contribuído para um grande aumento dos congestionamentos de trânsito.

“Muito residentes e condu tores queixaram-se que durante as férias do Verão deste ano houve obras a aparecer em todo

o lado, incluindo nas principais estradas, com grandes áreas de construção a afectarem a mo bilidade e o trânsito”, escreveu a deputada.

Não só o fluxo rodoviário piorou para quem circula de automóvel ou mota, como o cenário para os utilizadores da rede de autocarros públicos não foi muito melhor. “Mui tas paragens de autocarro, algumas muito utilizadas, foram suspensas. Por isso, os autocarros tiveram de seguir alguns atalhos, ou em outros

casos, simplesmente deixaram de parar naquelas zonas, o que prejudicou muitos os passagei ros”, justificou. “Também para os condutores de autocarros não foi uma tarefa fácil, porque com tantas obras a condução torna-se muito mais difícil”, acrescentou.

Por outro lado, Ella Lei menciona ainda problemas crónicos, como o atraso na execução dos trabalhos. Se gundo os dados da legisladora, entre os 301 e 363 projectos propostos pelo Governo para

“Residentes dizem-nos frequentemente que algumas obras são iniciadas, as esca vações são feitas, mas depois as máquinas são deixadas no local, e o número de traba lhadores no local é reduzido”, relatou. “Isto faz com que o progresso dos trabalhos seja lento e a circulação nas zonas seriamente afectada”, indicou. Neste sentido, Ella Lei quer saber como o Grupo de Coor denação de Obras Viárias vai coordenar os trabalhos, não só para evitar a repetição de obras nos mesmos locais, o principal objectivo, mas também para garantir que estas não se atra sam demasiado tempo.

Por último, a deputada pede mais informações sobre o pro metido regulamento adminis trativo para coordenar obras nas vias públicas, que tarda em ser aprovado. Em Maio o Governo afirmou que estava a tentar chegar “a um consenso” sobre o assunto. João Santos Filipe

RÓMULO SANTOS 4 política www.hojemacau.com.mo 25.10.2022 terça-feira
TRÂNSITO ELLA LEI CRITICA ELEVADO NÚMERO DE OBRAS VIÁRIAS E RITMO LENTO
2020 e 2021, houve atrasos em 57 por cento e 46 por cento, respectivamente. Ella Lei, deputada “Residentes dizem-nos frequentemente que algumas obras são iniciadas, as escavações são feitas, mas depois as máquinas são deixadas no local, e o número de trabalhadores no local é reduzido.”

Se as paredes falassem

IC reforça compromisso com preservação do património

EM resposta a uma interpelação assinada por Wong Kit Cheng, o Instituto Cultu ral sublinhou o seu empenho na defesa do património e edifícios históricos.

A deputada pediu explicações sobre danos verificados numa lista longa de edifícios e estruturas que são património classificado, incluindo o Templo de A-Má, a Casa de Lou Kau, Ruínas de São Paulo, muralhas antigas no Templo de Na Tcha e na Estrada de S. Francisco, Restaurante Lok Kok, o Covento da Colina da Ilha Verde e alguns edifícios degradados no Bairro de São Lázaro, como o localizado no nº29 de Rua de S. Miguel.

Destes, a presidente do IC, Leong Wai Man, apenas endereçou o prédio do Bairro de São Lázaro e a Colina da Ilha Verde. Po rém, garantiu que a Lei de Salvaguarda do Património Cultural apetrechou o Governo de mecanismos para colmatar qualquer eventual falta de manutenção e reparação de um edifício classificado. Nesses casos, “o IC notifica o seu proprietário para tomar as acções necessárias de reparação”.

Se a realidade a isso obrigar, o IC pode prestar assistência técnica e apoio ao pro prietário. Se as notificações e exigências do IC forem sucessivamente ignoradas, o proprietário pode ser obrigado a obedecer por intermédio de ordem judicial. Aliás, foi o que se verificou no exemplo citado por Leong Wai Man em relação ao edifício degradado no Bairro de São Lázaro.

“No ano passado, no caso da constru ção privada sita na Rua de S. Miguel n.º 29, em Macau, o IC tomou a iniciativa de apresentar um requerimento ao tribunal e obteve aprovação de acesso ao interior do edifício para proceder à inspecção e monitorização de segurança. Confirmada a insegurança do edifício, o IC aplicou as reparações obrigatórias”, indicou o IC.

Um centro, muitas monitorizações

O Convento da Colina da Ilha Verde foi o outro exemplo de intervenção apresentado à deputada Wong Kit Cheng. Porém, o facto de a Colina da Ilha Verde “estar sujeita a ocupação ilegal e ao estado de procedimento judiciário, fez com que as actividades de protecção fos sem afectadas”, é assumido pelo IC.

Apesar de ainda não ter entrado em fun cionamento, a deputada ligada à Associação Geral das Mulheres perguntou se o Governo tem planos para alargar a intervenção do Cen tro de Monitorização do Património Mundial de Macau. O organismo, que começa a operar até ao final deste ano, irá monitorizar, “em primeiro lugar, 22 construções classificadas como património mundial e oito largos e pra ças, de acordo com os requisitos internacionais de refinamento de protecção do património mundial. Após o funcionamento formal do centro, o IC irá proceder à análise e investiga ção mais pormenorizada sobre a viabilidade de alargamento gradual dos destinatários de preservação”, é apontado pelo IC. J.L.

ESTUDO ALUNOS VALORIZAM ÉTICA, MORAL E RESPEITO PELAS OPINIÕES

Ser um bom cidadão

UMA conduta éti ca e moral, o res peito pela opi nião dos outros e a tolerância pela diversidade são os comportamentos mais importantes para os estudantes universitários em Macau, na altura de definir o que é “um bom cidadão”. A revelação faz parte de um estudo com o título “A Per cepção dos Estudantes Universitários Sobre o Bom Cidadão na Grande China: Um Estudo Com parativo entre Taiwan, Hong Kong, Macau e Interior”, publicado este mês na revista académica Compare.

Através de questioná rios, os estudantes foram interrogados sobre 17 comportamentos e a im portância para definição do que é um “bom cida dão”. A avaliação dos comportamentos foi feita com base numa escala de um a quatro, em que um significava discordo totalmente e quatro con cordo totalmente.

Para os alunos a estu dar em Macau, os campos “uma conduta ética e moral”, “o respeito pela opinião dos outros” e “a tolerância pela diversida de” foram considerados os mais importantes, com uma pontuação média de 3,52 pontos, 3,48 pontos e 3,38 pontos, respecti vamente.

Apesar da importân cia que o respeito pela diversidade merece aos estudantes do ensino superior em Macau, o valor é o mais baixo dos quatros locais estuda dos. Os estudantes em Taiwan são os que mais valorizam o respeito pela diversidade, com um valor de 3,68 pontos,

seguidos pelo Interior (3,44 pontos) e Hong Kong (3,40 pontos).

No polo oposto, “o respeito pelo Governo”, a “participação nas dis cussões políticas” e a “participação em manifes tações pacíficas” foram os comportamentos menos valorizados em Macau,

com pontuações de 2,98 pontos, 2,84 pontos e 2,79 pontos, respectivamente.

Mais conservadores

Ainda em comparação com os alunos das outras regiões, os autores con cluíram que na RAEM há uma perspectiva mais “conservadora” e “redu

tora” no entendimento do que é um bom cidadão.

Por exemplo, os autores destacam que os alunos em Hong Kong e Taiwan dão uma maior ênfase à participação nos assuntos públicos, do que os con géneres de Macau.

No caso dos alunos na RAEHK, os comporta

mentos mais destacados são iguais aos de Macau, mas na ordem inversa. Os estudantes em Hong Kong destacaram “o respeito pela opinião dos outros” (3,49 pontos) e “uma con duta ética e moral” (3,46 pontos), como os aspectos mais importantes. O “res peito pelo Governo” (2,74 pontos) e “ser patriota (2,64 pontos)” foram os comportamentos menos valorizados.

No Interior, os com portamentos mais va lorizados foram “ser patriota” (3,63 pontos) e “uma conduta ética e moral” (3,57 pontos), enquanto “votar em todas as eleições” (2,84 pontos) e “a participação em manifestações pacíficas” (2,79 pontos) os conside rados menos importantes para a qualidade de bom cidadão.

Entre os estudantes em Taiwan, “a protecção da liberdade de expres são” (3,70 pontos) e a “tolerância pela diver sidade” (3,68 pontos) foram os comportamen tos entendidos como mais importantes para a definição de um bom cidadão. Os “conheci mentos sobre a História do Interior” (2,58 pontos) e o “amor pelo Interior da China” (1,79 pontos) foram as características menos importantes.

Infiltrações Deputado pede suspensão do fornecimento de água

O deputado Leong Hong Sai defendeu ao jornal Ou Mun que as autoridades devem autorizar a suspensão do fornecimento de água sempre que haja casos de infiltrações nos prédios. Esta ideia surge depois do Go verno ter anunciado a chegada do novo regime de arbitragem de litígios sobre infiltrações

de água em edifícios. Para Leong Hong Sai, a permissão de suspensão do fornecimento de água permite resolver esta questão nos casos em que as casas não estão habitadas há muito tempo. O novo regime determina que sempre que os donos dos apartamentos recusem cooperar na resolução

dos problemas, os moradores podem recorrer à arbitragem, mas o deputado da União Geral das Associações de Moradores apontou que o Governo deve ria divulgar os custos deste serviço jurídico, uma vez que há três entidades em Macau que o fazem, mas com preços diversos.

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Um grupo de cinco investigadores questionou os estudantes universitários em Ma cau, Hong Kong, Taiwan e o Interior sobre os comportamentos necessários para que se possa afirmar que alguém é um bom cidadão. Em Macau, os alunos destacaram a adopção de condutas éticas e morais e o respeito pelas opiniões dos outros
O “respeito pelo Governo”, a “participação nas discussões políticas” e a “participação em manifestações pacíficas” foram os comportamentos menos valorizados em Macau

Furto Homem preso por roubar capacetes de mota

Um homem com cerca de 40 anos foi detido por suspeitas de roubar um capacete de uma moto. O caso foi relatado ontem pela polícia, e citado pelo Jornal Ou Mun. A queixa partiu de um residente que a 24 de Setembro esta cionou a moto juntamente com o capacete. No dia seguinte, quando regressou ao veículo reparou que o capacete tinha sido levado. Face ao sucedido, o homem apresentou queixa

junto das autoridades. Após investigarem o desaparecimento, com recurso à imagem de videovigilância, a polícia identificou o indiví duo de 40 anos, um trabalhador não-residente do Interior. Interrogado pelas autoridades, o homem admitiu o roubo e explicou que tinha cometido o acto por ganância. Quanto ao capacete, foi levado para o Interior onde era utilizado pelo detido.

DURANTE o terceiro trimestre ocorreram mais 18 suicídios no território, que envolveram pessoas com idades entre os 24 e 91 anos. Os dados foram revelados ontem pelos Ser viços de Saúde, através de um comunicado, e abrangem o período em que a cidade esteve confinada.

Segundo as informações avançadas, entre os sui cidas, 17 eram residentes locais, o que representa uma proporção de 94,4 por cento, e um não-residente, o que equivale a 5,6 por cento.

No comunicado, os Ser viços de Saúde apontam como possíveis causas do suicídio doenças físicas e mentais, sem que seja men cionada a situação socioeco nómica criada pelas medidas de controlo da pandemia. “De acordo com a análise dos dados, neste trimestre, as principais e possíveis causas do suicídio são as doenças mentais, as doenças crónicas ou fisiológicas”, pode ler-se.

Ao contrário do comu nicado emitido no trimestre anterior, os SSM não apon taram como possíveis causas “os jogos de fortuna e azar ou problemas financeiros”.

Em comparação com o período homólogo, os 18 casos representam um aumento do número de sui cídios em duas mortes, face às 16 ocorridas no ano pas sado. No comunicado, os Serviços de Saúde destacam ainda que face ao trimestre anterior foi verificada uma redução de uma morte.

Mais 14 casos

Com os números revelados ontem, desde o início do ano e em comparação com 2021, quando tinham sido regista dos 51 suicídios, houve um aumento em 14 casos.

Polícia Judiciária Detido por agredir pai com uma pá do lixo

Um homem de 34 anos foi detido por agredir o pai na cabeça com uma pá do lixo no passado sábado. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, que se baseia em informações concedidas pela Polícia Judiciária (PJ), o agressor vive com a família, tendo admitido a ocorrência do episódio de violência. O homem disse não estar arrependido,

tendo acrescentado que reagiu assim depois de ter sido provocado pelo seu pai. A PJ indicou ainda que o autor da agressão está desempregado desde 2019 e passa grande parte do tempo em casa, o que levou a uma alteração para um comportamento mais irritável, chegando ao ponto em que este se queixava dos sons que o pai fazia ao comer e a tossir.

Números trágicos

Entre Julho e Setembro houve um total de 18 suicídios o que faz subir a conta anual para 65 ocorrências. Em nove meses, já houve mais mortes do que em todo o ano passado

O pai do indivíduo terá sido agredido pelo menos oito vezes sem causa aparente, o que obrigou a chamar a polícia cinco vezes nestes anos. No entanto, em todas as vezes não foi dado seguimento à queixa. O caso mudou agora de figura, tendo o pai avançado com o processo por temer a continuação dos episódios de violência doméstica.

No primeiro trimestre deste ano, ocorreram 28 suicídios, no que foi um crescimento de 18 casos, face ao período homólogo. No segundo trimestre deste ano, o número de ocorrências foi de 18, uma melhoria face ao ano anterior, quando se tinham suicidado cerca de 25 pessoas.

Os números trazidos ontem a público, mostram ainda que o registo para todo o ano de 2021 já foi ultra passado. Nos 12 meses do ano passado, houve um total de 60 suicídios e este ano já tivera lugar 65 ocorrências.

O número revelado on tem, mostra também que os registos de 2019 e de 2020 estão próximos de ser atin gidos, quando se registaram 66 e 76 suicídios, respectiva mente. Contudo, nos últimos anos, e face ao encerramento das fronteiras o número de ocorrências afecta cada vez mais residentes locais.

Todos aqueles que es tejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero de vem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emo cional. João Santos Filipe

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SUICÍDIO ANUNCIADOS MAIS 18 CASOS NO TERCEIRO TRIMESTRE
“Neste trimestre, as principais e possíveis causas do suicídio são as doenças mentais, as doenças crónicas ou fisiológicas.”
SERVIÇOS DE SAÚDE

Jogo Cerca de 15 mil milhões em impostos

Até ao final de Setembro, o Governo arreca dou 15,1 mil milhões de patacas em receitas com a exploração do jogo. Os números foram apresentados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças. Em comparação com o ano passado, quando até Setembro tinham sido contabilizados 27,2 mil milhões de patacas, foram cobrados menos 12,1 mil milhões de patacas em impostos do jogo. Em termos gerais de receitas correntes, nos primeiros nove meses do ano, o Governo arrecadou 26,6 mil milhões de patacas em impostos, contra os 39,5 mil milhões cobrados no ano passado. Também até Setembro, o Governo gastou cerca de 44,8 mil milhões de patacas em apoios sociais, no que representou um aumento de 7 mil milhões face ao ano passado. A maior parte deste montante dos apoios veio da reserva financeira.

Economia Bolsa de Xangai caiu dois por cento

Não foi apenas a Bolsa de Valores de Hong Kong que registou ontem um mau dia de operações. Destaque também para a quebra de dois por cento na Bolsa de Valores de Xangai, mesmo que tenham sido divulgados dados optimistas em relação ao panorama económico no país. Isto porque o Produto Interno Bruto (PIB) registou um crescimento de 3,9 por cento no terceiro trimestre, enquanto o comércio externo aumentou 8,3 por cento em Setembro. Na Europa, as principais bolsas europeias estavam ontem em alta, com os juros das dívidas soberanas a travarem a escalada à espera da reunião de política monetária de quinta-feira do Banco Central Europeu. As bolsas europeias seguiam a tendência de alta de sexta-feira em Wall Street, susten tada pela possibilidade de que a Reserva Federal dos EUA (Fed) modere a política monetária. Destaque para a quebra de cinco por cento do PSI20, a Bolsa de Valores de Lisboa, com os títulos da Galp a liderarem as perdas, com 4,81 por cento, para 9,75 euros por acção.

Imobiliário Mais de 140 transacções na segunda quinzena de Setembro

Na segunda quinzena de Setembro, foram transaccionadas 144 habitações a um preço médio de 86.211 patacas por metro quadrados. Os números foram ontem revelados pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). Entre as 144 transacções, 109 ocorreram na Península de Macau, 30 na Taipa e 5 em Coloane. Nas transacções da Península de Macau, o preço médio por metro quadrado foi de 84.517 patacas e na Taipa de 86.516 patacas. Coloane é o local mais caro, com o custo médio do metro quadrado a cifrar-se em 126.240 patacas. Em relação à primeira quinzena do mês passado, houve mais 44 transacções e o preço médio metro quadrado subiu cerca de 3 mil patacas.

Queda em grupo

No dia em que a Bolsa de Valores de Hong Kong registou a maior quebra desde 2009, de 6,5 por cento, todas as concessionárias de jogo sofreram perdas, com destaque para a Wynn Macau, com uma quebra de 9.77 por cento no valor de cada acção. A SJM Holdings foi a que sofreu menos

AS seis operadoras de jogo de Macau registaram on tem quebras na Bolsa de Valores de Hong Kong no dia em que esta afundou para o nível mais baixo desde 2009. Isto porque o índice

Hang Seng caiu até 6,5 por cento na sessão da tarde para cerca de 15.150 pontos, o nível mais baixo desde o colapso financeiro global de 2008, na sequência da crise do subprime nos EUA.

A concessionária que registou a maior queda foi a Wynn Macau, com uma quebra no valor de cada acção de 9.77 por cento. À hora do fecho do mercado bolsista cada acção desta operadora valia 3.140 dólares de Hong Kong (HKD). Segue-se a MGM China, que fechou com cada acção a valer 3.270 HKD, uma que bra de 8.91 por cento. Em terceiro

lugar na lista das concessionárias listadas em bolsa com perdas, surge a Galaxy, cujo valor por acção foi de 36.450 HKD à hora do fecho, traduzindo-se numa quebra de 8.42 por cento.

Surge depois a Melco Internatio nal Development Limited, com uma quebra de 7.25 por cento. Ontem, cada acção fechou a valer 4.220 HKD. A Sands China, por sua vez,

fechou com uma quebra de 5.92 por cento, com cada acção a valer 13.980 HKD.Aconcessionária que menores perdas registou foi a SJM Holdings [Sociedade de Jogos de Macau], na ordem dos 5.51 por cento, com cada acção a valer 2.400 HKD.

Grandes a cair

Num dia difícil para um dos mer cados financeiros mais importantes

A concessionária que mais caiu foi a Wynn Macau, com uma quebra no valor de cada acção de 9.77 por cento. À hora do fecho do mercado bolsista cada acção desta operadora valia 3.140 HKD. Segue-se a MGM China que fechou com cada acção a valer 3.270 HKD, uma quebra de 8.91 por cento

da Ásia, a quebra também atingiu as grandes empresas chinesas. Só o grupo Alibaba, empresa líder chinesa no comércio electrónico, teve uma quebra superior a 11 por cento, com cada acção a valer 61,75 HKD, a cotação mais baixa de sempre. A Tencent Holdings, que detém o Wechat, a rede social e carteira digital mais usadas na China, caiu 11.43 por cento, para 206 HKD. O grupo de entregas ao domicílio Meituan caiu 14.83 por cento, para 120 HKD.

Também as principais cons trutoras da China, registaram quedas de dois dígitos. O risco para as acções chinesas “deve permanecer elevado no curto prazo, possivelmente devido a preocupações dos investidores com a ausência de reformistas económicos, orientados para o mercado, na nova formação do Comité Permanente do Polit buro”, após a realização do XX Congresso do Partido Comunista Chinês, apontou o banco de investimento Goldman Sachs, numa nota enviada aos clientes.

A queda do principal índice bolsista de Hong Kong acontece apesar de a economia chinesa ter crescido 3,9 por cento durante o terceiro trimestre do ano, superando as expectativas dos analistas e de acordo com dados oficiais ontem divulgados. Andreia Sofia Silva (com Lusa)

sociedade 7terça-feira 25.10.2022 www.hojemacau.com.mo
HK | BOLSA QUEBRA HISTÓRICA ATINGE OPERADORAS DE MACAU OLGA SANTOS

I

A história de Macau está intimamente li gada à crença em Mazu 媽祖, a deusa chi nesa dos Marinheiros e Navegadores. De acordo com a tradição, o culto teve origem na pequena ilha de Meizhou湄洲 (também 眉州), no início da dinastia Song: Em 960, sob circunstâncias auspiciosas e invulga res, nasceu uma rapariga na família Lin 林. Quando ela cresceu, tornou-se evidente que era capaz de realizar milagres e prote ger pescadores e outros em alto-mar contra fortes ondas e tempestades. Alguns textos antigos chamavam-lhe wu 巫, ou xamã, o que provavelmente era.

Diz-se que ela ascendeu ao Céu no ano 987, aos vinte e sete anos, numa nuvem, acompanhada de música ou sons celes tiais. Esta data marca o início da sua car reira póstuma. De imediato, as pessoas de Meizhou e da província vizinha de Fujian começaram a adorá-la. Registaram-se mais milagres e tornou-se claro que esta divinda de não só protegeria navios e marinheiros, como também ofereceria ajuda de muitas outras formas. Em termos simples, ela tor nou-se cada vez mais importante aos olhos da população costeira. Registos como o Tianfei xiansheng lu 天妃顯聖錄, um traba lho chave sobre o seu culto e carreira, diz -nos que ela protegeu diques, lutou contra doenças e ajudou soldados no combate contra maléficos inimigos - para mencionar apenas algumas das suas muitas funções.

Como ela apoiou firmemente eventos e assuntos no interesse do Estado, a Corte Imperial começou a promover oficialmen te o seu culto. Recebeu títulos oficiais, fo ram-lhe construídos templos e realizadas cerimónias estatais em sua honra. Mari nheiros e comerciantes, normalmente de Fujian, espalharam o seu culto pela costa da China e mesmo pelo Sudeste Asiático, Japão e Ilhas Ryukyu. Além disso, pelos textos antigos sabemos que já nos tempos mais remotos as pessoas a bordo de na vios rezavam regularmente a esta deusa e ofereciam-lhe sacrifícios durante as via gens marítimas.

Quando os portugueses começaram a instalar-se na península de Macau nos anos 1550, o local da actual Ma-kok-miu / Templo da Barra já servia como um cen tro local para a sua veneração. Como é sabido, existem diferentes pontos de vista sobre a história inicial deste templo. Basta dizer que foi provavelmente fundado por marinheiros ou migrantes de ascendência fujianense. Outra possibilidade é que mer cadores e marinheiros das Ryukyu tenham estado envolvidos na construção dos pri meiros edifícios. Pelo menos, há referências a navios de Ryukyu vindos para o antigo distrito de Xiangshan 香山

Hoje em dia, a deusa de que falamos é conhecida por diferentes nomes, alguns

Mazu tornou-se na principal divindade protectora das costas marítimas de Fujian e Guangdong, em Hong Kong e Macau, em Taiwan e em certas partes de Hainan. Belos e ricamente ornamentados templos, a ela dedicados, tornaram-se atracções turísticas

dos quais derivam de títulos honoríficos que lhe foram conferidos pela Corte Im perial. Isto aplica-se aos nomes Tianfei 天 妃 e Tianhou 天后 (Tinhau em Cantonês).

A aplicação de tais títulos seguiu frequen temente uma ordem hierárquica. Tianfei, um título antigo, significa “Consorte Ce lestial”, o título Tianhou, concedido pelos Qing, significa “Rainha Celestial”. Pode mos dizer que o último título implica uma classificação muito elevada, de facto uma das mais altas jamais conferidas a uma di vindade feminina.

Outros nomes - tais como as formas convencionais Mazu e Niangma 娘媽são menos fáceis de explicar. Podem ser considerados como designações gerais

Mazu está atenta

com um toque local. A versão Mazu é de longe a mais importante, mas o seu sig nificado preciso não é claro. De acordo com uma versão, deriva do nome de uma estrela, escrito 馬祖 ; outra versão é que é um termo composto que denota simbo licamente várias gerações sucessivas de um clã ou família.

Mazu tornou-se na principal divindade protectora das costas marítimas de Fujian e Guangdong, em Hong Kong e Macau, em Taiwan e em certas partes de Hainan. Be los e ricamente ornamentados templos, a ela dedicados, tornaram-se atracções turís ticas. Hoje sabemos que também existiam pequenos santuários de Mazu nas ilhas do Mar do Sul da China; estas estruturas apontam para a presença regular de mari nheiros chineses nessa zona.

Mas há muito mais para contar. Em certa medida, pode-se comparar Mazu a diferentes versões da Virgem Maria, por exemplo, de Stella Maris ou de Nossa Se nhora dos Navegantes. Mas também foi comparada com Guanyin 觀音. Budistas e taoístas têm defendido repetidamente que ela deveria pertencer aos seus respectivos panteões. Nas Filipinas, encontramos lo cais onde “se fundiu” com a Virgem Maria. Evidentemente, porque ambas as figuras representam virtudes semelhantes, de monstram benevolência e ajudam os cren tes de muitas maneiras.

Tanto quanto podemos dizer, Mazu ra ramente ou nunca castigou alguém. Certa mente, ela subjugaria inimigos e fantasmas maléficos, mas parece que não desejaria causar destruições devastadoras. Isto apli ca-se também às suas “intervenções polí ticas”. Ela ajuda os que se encontram em perigo e aqueles cujo caso é justo.

II

Em 1661/62, há trezentos e sessenta anos, Mazu tomou o partido de Zheng Chen ggong 鄭成功, quando este partiu para dispersar os holandeses de Taiwan. Para compreender o assunto, são necessárias algumas breves observações sobre os an tecedentes históricos. Zheng Chenggong comandava uma grande frota comercial e muitos navios de guerra. Era um homem ambicioso, mas muito leal aos Ming, pelo que as suas forças lutaram contra os con quistadores Manchu, ou seja, os primeiros Qing. Por volta de 1660, Zheng controlava várias ilhas ao longo da costa da China. No entanto, para sua segurança, decidiu tam bém adquirir algumas posições em Taiwan, que poderiam servir como um possível re tiro, caso os Qing expulsassem as suas tro pas dos locais costeiros ao longo do conti nente. Assim, iniciou-se um novo capítulo na história da China.

Mas voltemos aos holandeses. Eles não só tinham aterrorizado Macau na

primeira metade do século XVII, como também tinham fugido para o Estreito de Taiwan, pilhando dezenas de embarca ções comerciais chinesas e matando ino centes. Além disso, a partir do Forte Zee landia - a sua principal base em Taiwan - e vários povoados embrionários naque la ilha, exploraram com rigor alguns dos recursos económicos locais. Em 1652, cometeram mesmo um massacre local, que deixou muitos chineses mortos. Po demos interrogar-nos sobre o estranho comportamento da Companhia Holande sa das Índias Orientais. Talvez as razões sejam muito simples: as ideias calvinis tas e protestantes sugeriam que Deus es taria ao lado daqueles que tinham suces so durante a vida. As pessoas teriam o “direito de negociar”. Os resultados eram

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Shunfeng’er 順風耳 (Ouvido potente)

ao que se passa

Zheng Chenggong e os seus homens não gostavam nada da violência causada por adeptos de tão dura linha. Eles sabiam que era impossível cooperar com eles. Portanto, muito naturalmente, a ideia de estabelecer uma base segura em Taiwan implicava que o Forte Zeelandia tinha de ser tomado e que a ilha tinha de se livrar de um inimigo impiedoso

óbvios: o comportamento da empresa era determinado pelo desejo ardente de ma ximizar os lucros; isso não a impediria de subjugar outros e anexar terras alheias.

Claramente, Zheng Chenggong e os seus homens não gostavam nada da vio lência causada por adeptos de tão dura linha. Eles sabiam que era impossível cooperar com eles. Portanto, muito na turalmente, a ideia de estabelecer uma base segura em Taiwan implicava que o Forte Zeelandia tinha de ser tomado e que a ilha tinha de se livrar de um inimi go impiedoso.

De acordo com a tradição, foi isto que aconteceu: em 1661, no 23º dia do 3º mês lunar - o dia em que Mazu nasceu na fa mília Lin - uma frota de várias centenas de embarcações com vários milhares de homens partiu de Jinmen 金門 e Xiamen 厦門 para Taiwan. A data foi cuidadosa mente seleccionada: mostra que a família Zheng esperava a ajuda de Mazu. Sem dúvida, o caso era justo, o inimigo era verdadeiramente mau e perigoso. Contu do, quando a frota se aproximou do seu destino, verificou-se que os holandeses tinham barrado a área e que era impos sível aos soldados de Zheng desembar car no solo de Taiwan. O local, perto da moderna Tainan 臺南 , é conhecido como Lu’ermen 鹿耳門 .

Ao tomar conhecimento desta situa ção inesperada, Zheng Chenggong rezou a Mazu pedindo ajuda. No dia seguinte hou ve uma inundação, o mar subiu um zhang 丈 (dez pés) e a força de desembarque conseguiu mover-se suavemente através de todos os obstáculos nas águas costeiras pouco profundas e desembarcar na ilha. Em 1662, após um longo cerco, o Forte Zeelandia caiu nas mãos de Zheng. Esta foi uma vitória perfeita: os holandeses par tiram de uma vez e para sempre. Foi tam bém uma vitória decisiva, pois demonstrou pela primeira vez na história que a China foi militarmente capaz de derrotar um in truso “ocidental” ganancioso, caso tal fosse necessário.

A narração não termina aqui: de acor do com a tradição, Zheng Chenggong, para expressar a sua sincera gratidão a Mazu, encomendou madeiras e outros materiais de construção para o templo em Luer’men.

III

Zheng Chenggong morreu em 1662, mas o clã Zheng governou Taiwan até ao início da década de 1680. Entretanto, um novo imperador tinha acedido ao trono Man chu. Este era o famoso imperador Kangxi 康熙. O seu reinado começou em 1662, o ano em que Mazu ajudou Zheng Chen ggong no seu justo caso, e terminou há três séculos, em 1722. O imperador Kangxi foi um dos governantes mais bem-sucedidos

Os seus acólitos, Shunfeng’er 順風耳 (Ouvido potente) e Qianliyan 千里眼 (Vidente), habitualmente expostos em todos os templos de Mazu, tinham recolhido a informação relevante necessária para uma decisão de tão grande alcance.

A “Rainha Celestial” podia sempre contar com a sua CIA celestial.

da China. Tinha a mente aberta, estava em contacto regular com homens brilhantes de todo o mundo e, especialmente, com os padres jesuítas em Pequim. Este era um caso de respeito mútuo, algo que os holan deses, cegos pelas aspirações materiais e pela crença na sua própria superioridade, não podiam oferecer.

Podemos ser tentados a comparar a “ideologia” por detrás da liderança holan desa com a ideia de “destino manifesto”, associada à história da América do Norte. Um tema relacionado é o do “excepciona lismo americano” e o slogan “América pri meiro”. Ambos deixaram muitas cicatrizes em todo o globo. De facto, podemos ver nos

holandeses, “excepcionais” como eram, os precursores da expansão britânica e ameri cana no Extremo Oriente.

Nessa altura, no final do século XVII, Mazu ainda não tinha lidado com estes feios fenómenos, mas observou cuida dosamente o que se passava na China. Quando o imperador Kangxi optou pela conquista de Taiwan, ainda sob o domí nio de Zheng, Mazu entrou de novo em palco. Desta vez, ajudou as forças de Shi Lang 施琅 (1621-1696), o comandante Qing. O Tianfei xiansheng lu , acima cita do, regista alguns dos detalhes. Isto diz respeito principalmente à batalha dos Pescadores ou Ilhas Penghu 澎湖群島 Mazu esteve por perto durante a batalha, os soldados puderam vê-la, embora não muito claramente; é isso que aprendemos com este texto. Em suma, a marinha e as tropas de Shi tomaram as ilhas e, em 1683, ocuparam também Taiwan. A partir de então, Taiwan passou a fazer parte do império Qing. Mazu tinha permitido aos Qing uma grande vitória.

Teria Mazu mudado de lado? Da resis tência Ming, incarnada por Zheng Chen ggong, para os governantes estrangeiros manchus? Teria sido ela induzida em erro? Teria ela tomado uma decisão errada? Ou deveríamos atribuir a sua ajuda eficiente ao facto de se ter sentido satisfeita com o im perador Kangxi e o seu governo? É verdade que os políticos muitas vezes instrumenta lizam as crenças religiosas. Isto aconteceu certamente naqueles tempos iniciais; pode ríamos citar outros exemplos para substan ciar tal suposição. No entanto, os crentes no poder e influência de Mazu encontrarão certamente respostas muito diferentes às tentadoras questões acima colocadas.

Seja como for, o controlo Qing sobre Taiwan implicou que, durante mais de cem anos, os mares que faziam fronteira com a China permanecessem pacíficos. Sim, houve algumas tensões e escaramuças, mas Taiwan serviu como uma ponte entre partes do Nordeste e do Sudeste Asiático e o continente. Visto através dos olhos de patriotas, Mazu tinha feito a coisa certa, quando apoiou Shi Lang e as suas tropas. Sem dúvida, os seus acólitos, Shunfeng’er 順風耳 (Ouvido potente) e Qianliyan 千里 眼 (Vidente), habitualmente expostos em todos os templos de Mazu, tinham recolhi do a informação relevante necessária para uma decisão de tão grande alcance. A “Rai nha Celestial” podia sempre contar com a sua CIA celestial.

A história prossegue: Os templos de Mazu de ambos os lados do Estreito de Tai wan estão em contacto estreito uns com os outros. Há fundos, há grupos e associações, há pontes silenciosas e invisíveis, há laços familiares. Mazu observa pacientemente a situação. Os crentes depositam nela muitas esperanças.

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Qianliyan 千里眼 (Vidente)

O desejo de ser “peão”

EUA QUEREM PRODUZIR ARMAS EM TAIWAN

OS EUA estão a planear co produzir armas em Taiwan, depois de meios de comunicação ocidentais terem afirmado que a China procura acelerar o seu calendário para a reunificação. A informação surge numa altura em que os EUA enfrentam difi culdades na entrega de produtos acabados devido ao aumento da procura por parte da Ucrânia.

O governo dos EUA está a considerar um plano de produção conjunta de armas com a ilha de Taiwan, numa iniciativa destinada a acelerar as transferências de armas para reforçar a “dissua são” da ilha contra o continente chinês, informou a Reuters na quarta-feira, citando Rupert

Hammond-Chambers, presidente do US-Taiwan Business Council, que conta como membros numero sas empresas de defesa dos EUA.

“Ainda está por determinar que armas seriam consideradas como parte do esforço, embora provavelmente se concentrasse em fornecer à ilha de Taiwan mais munições e tecnologia de mísseis há muito estabelecida”, disse Hammond-Chambers.

As possibilidades incluiriam os EUA a fornecer tecnologia para produzir armas em Taiwan, ou a pro duzir as armas nos EUA utilizando peças da ilha, noticiou na quarta-feira o jornal japonês Nikkei.

Mas Hammond-Chambers dis se também que qualquer medida

desse tipo exigiria aos fabricantes de armas a obtenção de licenças de co-produção dos departamentos do Estado e da Defesa dos EUA, e poderia haver resistência no seio do governo dos EUA à emissão de licenças de co-produção devido ao desconforto sobre a aprovação de tecnologia crítica para uma plataforma estrangeira.

De acordo com a Reuters, os EUA aprovaram mais de 20 mil milhões de dólares em vendas de armas a Taiwan desde 2017, mas as entregas dessas armas estão a enfrentar atrasos devido a dificul dades na cadeia de fornecimento e atrasos causados pelo aumento da procura de alguns sistemas devido à crise da Ucrânia.

DEPUTADOS ALEMÃES AVALIAM “TENSÃO”

U MA nova delegação de parlamentares alemães che gou a Taiwan para analisar em primeira mão a “tensa situação de segurança” na ilha, avançou a agência de notícias CNA, uma semana antes do chanceler ale mão Scholz visitar Pequim para conversações, sobretudo econó micas, com o Governo chinês. A delegação alemã, que aterrou em Taipé, é chefiada por Peter Heidt, membro da Comissão de Direitos Humanos e Ajuda Humanitária do Parlamento alemão, e é o segundo grupo de representantes do país europeu a visitar Taiwan este mês.

À CNA, antes da visita, Heidt disse que o objectivo era

conhecer em primeira mão a “situação tensa de segurança” em Taiwan e deixar clara a posição da delegação de que “não aceitariam um vizinho maior a atacar o seu vizinho mais pequeno”. A visita anterior dos parlamentares alemães, a primeira desde o início da pandemia, teve lugar no início deste mês e foi liderada pelo presidente do grupo de amizade parlamentar germano-taiwanês, Klaus-Peter Willsch.

Esta é a segunda visita de representantes alemães desde a viagem da líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha, no início de Agosto.

10 china 25.10.2022 terça-feirawww.hojemacau.com.mo
JAPÃO-AUSTRÁLIA

A China criticou duramente Austrália e Japão, depois destes dois países terem assinado, no sábado, um pacto militar que prevê, pela pri meira vez, que os nipónicos entabulem rela ções na área da Defesa com outro país além dos Estados Unidos. Embora a China não seja referida, Pequim tem a convicção de que o objectivo do pacto lhe é dirigido

OJapão e a Austrália as sinaram no sábado um inédito acordo bilate ral de segurança que abrange a cooperação militar, de inteligência, de cibersegurança e espacial, o que comentadores chineses afirmaram “demonstrar a vontade dos dois países de serem peões dos EUA, ameaçando ao mesmo tempo a paz e a segurança regionais”, disseram ao jornal oficial Global Times.

“Não há qualquer menção à China no pacto, mas a maior parte dele é claramente dirigido à China”, salientaram os observadores chine ses, considerando que a cooperação em matéria de segurança entre os dois países é “impulsionada pela Estratégia Indo-Pacífico liderada pelos EUA, o que apenas os tornará trampolins para os EUA”.

Os observadores chineses advertiram que o reforço dos laços militares pode não ser tão bom para o Japão e a Austrália como parece

A Declaração Conjunta so bre Cooperação em matéria de Segurança, um pacto assinado pela primeira vez em 2007, foi o principal resultado da reunião do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida com o seu homólogo australiano Anthony Albanese em Perth, informou a AP no sábado.

Os observadores chineses enca ram este novo acordo como “uma sequela de um tratado assinado pelos dois países em Janeiro que permite às forças militares de am bos os países treinar nas bases um do outro e colaborar em missões humanitárias”. É o primeiro acordo deste tipo que o Japão celebra com qualquer outro país que não os EUA. O Japão anunciou que as suas Forças de Auto-Defesa irão treinar e participar em exercícios com os militares australianos no norte da Austrália pela primeira vez ao abrigo do acordo, disse o relatório da AP.

Está dentro das expectativas que o alvo do novo pacto de se

gurança tenha mudado em relação ao anterior, assinado há 15 anos atrás, uma vez que a estratégia dos EUA mudou significativa mente do contra-terrorismo para o actual Indo-Pacífico, e o Japão e a Austrália - aliados próximos dos EUA - seguiram os EUA neste novo jogo, disse Song Zhongping, um especialista militar chinês, no domingo.

“Isto mostra que o Japão e a Austrália não têm iniciativa diplo mática ou independência, e estão dispostos a ser peões dos EUA”, disse Song. “Embora o novo pacto de segurança não mencione a China pelo nome, é claro que a cooperação reforçada entre o Japão e a Austrália visa a China”, disse Chen Hong, presidente da Associação Chinesa de Estudos Australianos e director do Centro de Estudos Australianos na Universidade Normal da China Oriental, acrescentando que em bora o pacto tenha sido assinado entre o Japão e a Austrália, “é claro que a importante força motriz são, claramente, os EUA”.

“O Japão está a tentar dar rele vância o seu estatuto no âmbito do Quad, que também tem os EUA, Austrália e Índia como membros, e procura avanços diplomáticos e militares através deste quadro, uma vez que o governo japonês está a procurar gastar mais com as suas forças armadas como resultado do seu crescente militarismo”, disse Chen.

Além disso, ao estabelecer um mecanismo de partilha de informa ção com a Austrália, o Japão está mais próximo de adquirir acesso à Five Eyes Alliance, uma aliança de inteligência composta pela Austrá lia, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA, de acordo com Chen.

Os observadores chineses ad vertiram que o reforço dos laços militares pode não ser tão bom para o Japão e a Austrália como parece.

“Tanto o Japão como a Austrália estão a tentar fazer propaganda da ameaça chinesa e a tentar atrair países extraterritoriais para o seu pequeno grupo. Mas isto coloca os países regionais em alerta e ameaça a estabilidade regional”, comentou Da Zhigang, director do Instituto de Estudos do Nordeste Asiático da Academia Provincial de Ciências Sociais de Heilongjiang.

Crescimento moderado

Economia recupera no terceiro trimestre e cresce 3,9%

Aeconomia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados ontem, assinalando uma recuperação da actividade econó mica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma re cuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chi nesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Esta tísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas

entre alguns analistas. Segundo fontes citadas pela agência Bloom berg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’do 20.º Congresso do Par tido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano. Na comparação com o trimestre anterior, a eco nomia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.

O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobi liário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

Comércio externo subiu 8,3% Também o comércio externo da China, denominado na moeda chinesa, o yuan, registou um crescimento de 8,3%, em termos homólogos, em setembro, se gundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

As exportações aumentaram 10,7%, para 2,19 biliões de yuans. Esta taxa de crescimento foi, novamente, muito superior à das importações, que subiram 5,2%, para 1,62 biliões de yuans. No conjunto, em setembro, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo ascenderam a cerca de 3,81 biliões de yuans.

O excedente comercial do país asiático fixou-se assim nos 573.570 milhões de yuans. No acumulado deste ano, o comércio externo chinês cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2021. As exportações cresceram 13,8% e as importações subiram 5,2%.

FOSUN SUSPENDE CONTRATO COM AGÊNCIA MOODY’S

Ogrupo Fosun, que detém várias empresas em Por tugal, anunciou ontem que cessou a colaboração com a agência Moody’s. “A empresa notificou formal mente a Moody’s, no dia 12 de outubro de 2022, que vai cessar a sua cooperação comercial para serviços de notação [financeira] e deixar de fornecer informações relevantes a partir dessa data”, lê-se no comunicado difundido no portal da Fosun, que em Portugal detém a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30% no banco Millennium BCP ou mais de 5% da REN - Redes Energéticas Nacionais.

Em agosto, a Moody’s baixou o ‘rating’ da Fosun de Ba3 para B1, refletindo a “escassa” liquidez do grupo e “elevada pressão” de refinanciamento, num período de “crescente aversão” ao risco por parte dos investidores no mercado de dívida.

O conglomerado, que soma uma dívida equivalente a mais de 38 mil milhões de euros, anunciou que pla neia vender a sua participação maioritária na Nanjing Nangang Iron & Steel United. A concretizar-se este negócio, o grupo desfez-se já do equivalente a mais de cinco mil milhões de euros em activos este ano, em comparação com 100 milhões de euros, em 2021, segundo dados da Dealogic, fornecedora global de conteúdo e análise para o setor financeiro.

Desde o início do ano, as acções da Fosun Interna tional, a principal entidade do grupo cotada na Bolsa de Valores de Hong Kong, caíram quase 50% e estão agora a negociar perto do valor mínimo dos últimos dez anos. A Fosun disse, no mês passado, que a sua posição financeira permanece “sólida e saudável”. O grupo tem ainda a pagar 8 mil milhões de dólares em títulos de dívida até ao final de 2023, segundo dados compilados pela agência Bloomberg.

Arevista Caixin informou recentemente que o presi dente do grupo, Guo Guangchang, está em negociações

para garantir um empréstimo de 2,1 mil milhões dólares, liderado pelo estatal Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) e o China Minsheng Bank, um dos maiores credores privados da China.

O pacote de resgate pode incluir promessas de partilha de activos no setor farmacêutico, de acordo com a Caixin. Em março, o conglomerado chegou a acordo para vender a sua divisão de moda, Lanvin Group, através de uma entrada na Bolsa de Valores de Nova Iorque, mediante uma empresa de aquisições para fins específicos (SPAC, na sigla em inglês). No mês seguinte, a empresa acordou a venda da seguradora norte-americana AmeriTrust Group Inc à Accident Fund Insurance Company of America, subsidiária integral do AF Group, com sede nos Estados Unidos.

Entre os activos vendidos este ano pelo grupo cons tam ainda uma posição no valor de 500 milhões de euros na Tsingtao Brewery, a principal marca de cervejas da China, 5% do grupo chinês Taihe Technology, no valor de 43 milhões de euros, ou 6% do capital da empresa Zhongshan, por 100 milhões de euros, de acordo com a cotação atual no mercado.

A Moody’s observou que a qualidade de crédito da empresa, que afecta diretamente a sua capacidade de refinanciamento, vai provavelmente enfraquecer devido à venda de ativos, o que significa uma queda nas receitas com dividendos.

Os principais activos do grupo incluem participa ções em mais de 40 empresas nas áreas saúde, turismo, gestão de ativos, mineração, siderurgia e tecnologia. Entre os activos mais conhecidos constam a cadeia hoteleira Club Med e o clube inglês de futebol Wol verhampton Wanderers. Em 2021, a receita total do grupo fixou-se em 161 mil milhões de yuans e os seus activos valiam, no conjunto, 806 mil milhões de yuans, de acordo com a empresa.

china 11terça-feira 25.10.2022 www.hojemacau.com.mo
REUTERS

CONCERTOS HUSH MARATONA MUSICAL EM HÁC-SÁ NOS

Há festa na praia

Três palcos e 46 bandas dispersas por dois dias repletos de música ao vivo. Nos próximos dias 5 e 6 de Novembro a Praia da Hác-Sá volta a receber os Concertos hush!, com um programa recheado por bandas locais dos mais variados estilos musicais e actividades para públicos de todas as idades

MÚSICA para to dos os gostos e em abundân cia será o prato forte do festival Concertos hush!

2022. Durante o fim-de -semana de 5 e 6 de Novem bro, a Praia de Hác-Sá será o epicentro da música ao vivo, com uma zona infantil e três palcos especiais onde vão actuar 46 grupos artísticos locais.

O programa musical des te ano irá oferecer ao público estilos musicais para todos os gostos, do rock ao jazz, passando pelo soul e funk, atravessando mundos entre a música tradicional e a onda futurista da electrónica, sem

esquecer o rock alternativo, heavy metal, hip hop e, claro, a música pop.

O palco principal (Hot Wave) será na Praia de Hác -Sá, com os primeiros acor des a começarem a soar às 15h e a prolongarem-se até às 21h45. No dia 5 de No vembro, sábado, actuam oito bandas no palco Hot Wave, com o indie rock dos Avi dya a abrir as hostilidades. A banda formada em 2017 apresenta um repertório com fortes influências dos 1970 e 1980.

A banda que se segue, por volta das 15h45 são os thetiredeyes. Com uma sonoridade que reflecte as diferentes influências mu

IC CRIADA BASE DE DADOS SOBRE OPERADORES EM FEIRAS CULTURAIS

OInstituto Cultural (IC) criou a “Base de dados de operado res de stands da Feira de Artesana to” a fim de “proporcionar maio res facilidades aos profissionais das indústrias culturais e criativas na sua inscrição e participação em diferentes feiras de artesanato e produtos culturais e criativos”. A ideia é que possam ser fornecidos “dados dos profissionais locais das indústrias culturais e criati vas que se dedicam à criação de artesanato original, à concepção de produtos culturais e criativos e à prestação de serviços de ex periências culturais e artísticas”.

Os interessados em fazer parte desta plataforma devem utilizar a sua conta pessoal da “Conta Única

sicais dos seus elementos. Baseado no jazz tradicional, os arranjos de thetiredeyes são fortemente influencia dos por estilos como R&B, Neo soul, Hip hop e Pop.

Mantendo a tónica no funk e R&B, os Dr. Jen são a banda que se segue no cartaz de sábado.

Com dois discos na baga gem e uma carreira de quase 20 anos, os WhyOceans pro

metem ser um dos destaques do dia, com a sua mistura de post rock e sonoridades que bem podiam musicar filmes e paisagens.

A vivacidade dos ARI CLAN irá devolver o elec tro-funk ao público do Hush, por volta das 18h25. Com o multi-instrumentista ARI ao leme, a banda costuma brin dar a plateia com actuações enérgicas e profissionais.

No dia 6 de Novembro, a partir das 18h35, a banda BETCHY & JAI-YO! sobe ao palco Summer Chill, o trio que “toca todo o tipo de música, que pode ir do Jazz/Rock/Pop ao Jazz Latino/Jazz Brasileiro”

Para baralhar um pouco os géneros, de seguida so bem ao palco Hot Wave os Cancer Game, o conjunto cujo estilo musical se situa entre Metalcore e Hardcore.

A banda que se segue no cartaz poderá ainda ser uma incógnita, por virem do Interior da China. A dupla Wang Lei e Tile Wang, cuja criação musical assenta no experimentalismo e rock.

A dupla FIDA fecha o cartaz do primeiro dia de con certos no palco principal, com a mistura de pop, folk e rock.

Lugar aos pequenos

Em torno do palco principal não vão faltar motivos de in teresse, com várias tendas com

lembranças à venda, comes e bebes, temas musicais, entre outros. Além disso, haverá lugar para os mais peque nos no palco “GEG hush! Kids”, apoiado pelo Galaxy Entertainment Group, que inclui uma zona infantil e um palco montado pela primeira vez na ladeira de relva, onde vãio actuar bandas musicais infantis e juvenis.

Outro dos focos musicais do Hush deste ano é o palco Summer Chill, montado na entrada do Parque de Praia de Hác-Sá, que estará operacio nal entre 14h30 e as 19h, para um ambiente mais intimista e convidativo à descontracção.

No dia 5 de Novembro, destaque para a actuação da

PORTO FEIRA DO LIVRO DE 2023 HOMENAGEIA MANUEL ANTÓNIO PINA

de Acesso Comum aos Serviços Públicos da RAEM” e subme ter informações exigidas como apresentação da marca e lista dos produtos. Todos os produtos registados devem ser de design original, com uma quantidade mínima de dez tipos diferentes.

No futuro, os profissionais do sector admitidos à base de dados poderão utilizar esta plataforma não só para efectuar a sua inscrição e participar nas feiras de artesanato e produtos culturais e criativos organizadas em Macau, como é o caso da Feira de Artesanato do Tap Siac, como também para beneficiar de oportunidades de participar em feiras da mesma natureza promo vidas no exterior.

Oescritor e jornalista Manuel António Pina, desaparecido há dez anos, será o autor a cele brar na edição de 2023 da Feira do Livro do Porto, anunciou a Câmara Municipal. João Gesta será o programador e coordenador e Rui Lage o comissário do festival literário, em 2023, que irá decorrer, como habitualmente, nos Jardins do Palácio de Cristal.

“Espero que possamos prepa rar uma grande Feira do Livro, como têm sido todas, desta vez dedicada a um grande portuense e uma pessoa absolutamente ex traordinária”, considera, citado no ‘site’ da autarquia, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que domingo participou numa sessão

de homenagem a Manuel António Pina, nos 10 anos da sua morte.

Manuel António Pina junta-se, assim, a um leque de autores homena geados no festival literário, tais como Ana Luísa Amaral, Vasco Graça Moura, Agustina Bessa-Luís, Mário Cláudio, Sophia de Mello Breyner Andresen, Leonor de Almeida, José Mário Branco, Júlio Dinis, com a atribuição de uma tília nos Jardins do Palácio de Cristal.

“[Manuel António Pina] era um homem de uma extraordinária sensibilidade, capaz de nos sur preender com o seu entusiasmo, o seu humor fino”, sublinhou Rui Moreira, recordando alguns episó dios que o ligaram, pessoalmente, ao escritor e jornalista.

12 eventos 25.10.2022 terça-feirawww.hojemacau.com.mo
DIAS 5 E 6 DE NOVEMBRO

dupla Paulo Pereira Saxpe rience, que reinventa ao vivo conceitos de jazz, aliando o saxofone de Paulo Pereira às batidas electrónicas do DJ Ryoma. A simbiose entre os dois estilos musicais resulta em novas visões de clássicos intemporais e na improvisação sob paisagens electrónicas a abeirarem-se do acid jazz.

O fecho do palco Sum mer Chill no primeiro dia de

concertos em Hác-Sá estará a cargo do veterano músico local Lobo.

No dia 6 de Novembro, o palco principal volta à

acção às 15h, com K-Off, uma interessante banda formada por entusiastas de séries de anime rock japonesas. Com actuações

no LMA, Macau Comic Festival, Festival de Gas tronomia de Macau e no Centro de Ciência, os K-Off têm habituado o público local a actuações energéticas e divertidas.

A seguir no cartaz, com subida ao palco Hot Wave marcada para as 15h45 será a vez do SCAMPER, uma banda de pop-punk que abriu para os Linking Park quando

passaram por Macau numa tournée mundial.

Mantendo a tónica no punk-rock, a banda que se segue é os B_Gei3.

O desfile de bandas do úl timo dia de concertos no pal co principal prossegue com os CHILLERZ, Amulets, Ocean Walker (actuação da Associação de Música Soul de Macau) e o emo rock dos Daze in White a fechar o dia.

Também no dia 6 de No vembro, a partir das 18h35, a banda BETCHY & JAI-YO! sobe ao palco Summer Chill, o trio que “toca todo o tipo de música, que pode ir do Jazz/ Rock/Pop ao Jazz Latino/ Jazz Brasileiro”. A banda é composta pela cantora Be tchy Barros, Ivan Pineda no baixo, Ari Calangi na bateria e João Marcos Mascarenhas no piano/teclas. João Luz

AMADORA BD “ESTES DIAS” DE BERNARDO MAJER VENCEU PRÉMIO

OS vencedores dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora foram anunciados ontem numa cerimónia no nú cleo central do Amadora BD 2022, no Ski Skate Amadora Park.

O único prémio pe cuniário do palmarés, o de Melhor Banda Dese nhada de Autor Portu guês, no valor de cinco mil euros, foi atribuído a “Estes Dias”, de Ber nardo Majer, obra que a editora Polvo descreve como “uma antologia de seis crónicas sensíveis sobre os tempos actuais, que falam sobre mono tonia, relações e dores

de crescimento, na vida moderna”.

Bernardo Majer, nascido em 1990, li cenciou-se em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Ar tes da Universidade de Lisboa e trabalha como designer gráfico numa agência de publicidade.

“Estes Dias” é a primeira obra em que assume o argumento e o desenho. Em “Toutinegra”, o ar gumento ficou a cargo de André Oliveira.

O Amadora BD dis tinguiu com o prémio de Melhor Obra Estrangeira de BD Editada em Portu gal “O Relatório de Bro

deck”, de Manu Larcenet, da Ala dos Livros, e com o prémio Revelação “O Crocodilo, ou o Extraor dinário Acontecimento Irrelevante”, de Francisco Valle e Rui Neto, da Lo boMau Produções.

O prémio de Melhor Fanzine ou Publicação Independente foi para “Ditirambos: Fauna”, de Joana Afonso, Ricardo Baptista, André Caetano, Nuno Filipe Cancelinha, Diogo Carvalho, Raquel Costa, Francisco Fer reira, Sofia Neto, Sónia Mota e Carla Rodrigues, e o de Melhor Edição Portuguesa de CD para “Tu És a Mulher da Mi

nha Vida, Ela a Mulher dos Meus Sonhos”, de Pedro Brito e João Fazen da, editado por A Seita e Comic Heart.

Os Prémios de Banda Desenhada da Amadora distinguem desde 1990, ano em que foi criado o Amadora BD, autores de banda desenhada, portu gueses e internacionais.

O 33.º festival Ama dora BD, a decorrer até 30 de Outubro, quer dar visibilidade à ban da desenhada feita por mulheres, celebra os 60 anos do Homem-Aranha e conta, pela primeira vez, com uma área de videojogos.

eventos 13terça-feira 25.10.2022 www.hojemacau.com.mo

UM DISCO HOJE

É difícil descrever este disco e separar a magia das melodias que desafiam lógica e convenções sem mencionar a genial caderneta de cromos que o gravaram num dia de Verão em 1957. O piano de Monk congregou em seu redor Coleman Hawkins, Art Blakey, John Coltrane, entre outros vultos do jazz. Coltrane tinha acabado de gravar com o quinteto de Milles Davis e lá foi fazer uma perninha para mais um disco histórico. Vol vidos quase 65 anos, todos estes personagens são muito maiores que a vida, pertencem ao Olimpo da criação. Este disco é como olhar para o céu nocturno e ver um me teorito, seguido de um cometa que cruza perto de uma estrela prestes a rebentar numa supernova. Um orgasmo cósmico. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf.

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POLÍTICAS DE HK PARA 2022

NA PERSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (I)

A SEMANA passada, Li Jiachao, Chefe do Executivo de Hong Kong, apresentou o primeiro plano de políticas públicas, desde que tomou posse. Em geral, os conteúdos apresentados são abrangentes, substanciais e exequíveis. O plano menciona que Hong Kong deve apostar seriamente no desen volvimento do distrito norte. Futuramente, um terço da população da cidade vai viver nessa zona e os benefícios económicos serão enormes.

O plano de políticas públicas tem uma grande variedade de conteúdos, a maior parte dos quais se baseia na actual situação de Hong Kong, mas os que se centram nas finanças, na tomada de decisões e na admi nistração do funcionalismo público merecem algumas considerações.

Em relação às finanças, o plano assinala que Hong Kong vai criar a “Hong Kong In vestment Management Co., Ltd.” para gerir as reservas fiscais a bem do desenvolvimento da economia. O capital inicial da Hong Kong Investment Management Co., Ltd. provem do “Hong Kong Growth Portfolio”, do “Hong Kong Future Fund”, do “Greater Bay Area Investment Fund”, do “Strategic Innovation and Technology Fund”, e do “Co-investment Fund”. Depois do Governo de Hong Kong reunir estes fundos, passará a investi-los.

O plano não refere o montante do capital inicial da Hong Kong Investment Manage ment Co., Ltd. Mas uma coisa é certa, após a consolidação destes fundos, ao investi -los, bem como às receitas que vão gerar, o Governo de Hong Kong irá obter mais uma fonte de receitas para lá dos impostos.

Embora alguns profissionais tenham assinalado que é provável que a pandemia termine em 2024, tal não acontecerá de um dia para o outro, e todos vivemos ainda tempos de recessão económica. Durante este período, as receitas do Governo provenientes dos impostos são bastante menores e se o Executivo quiser prestar assistência econó mica aos residentes vai inevitavelmente ter problemas financeiros. Com a criação da Hong Kong Investment Management Co., Ltd. os investimentos com as verbas dos fundos acima mencionados serão feitos de forma unificada, o que poderá trazer uma fonte de receitas adicional ao Governo da cidade, reduzindo assim a sua pressão financeira.

Agora será importante perguntar qual vai ser o retorno destes investimentos. No entan to, é uma pergunta difícil de responder. De uma forma geral, os investidores esperam um retorno não inferior a 4 por cento. Baseando -nos nestes cálculos, com um investimento de 10 mil milhões, pode obter-se um retorno de 400 milhões ao fim de um ano. A despesa

média anual do Governo de Hong Kong é de cerca de 500 mil milhões. Comparados com este valor, 400 milhões não terão certa mente um impacto significativo nas finanças do Governo. Em todo o caso, num período de recessão económica e de redução das receitas provenientes dos impostos, sempre

é melhor obter receitas alternativas que não dependam de um agravamento do estilo de vida da população.

Quando temos de lidar com finanças públicas temos de ser muito prudentes. O retorno obtido com investimentos é variável. Porque este ano obtivemos um retorno de 4 por cento não significa que o mesmo se vá verificar no próximo ano e por isso devemos ter sempre muita atenção nestas matérias.

Para além disso, os investimentos envolvem riscos, quanto maior for a recompensa, maior será o risco. Portanto, mesmo usufruindo do retorno do investimento, o Governo de Hong Kong deve também ter um plano de reserva. Se houver uma perda do capital investido, o que é que se deve fazer? Se não houver um plano de reserva, o risco será maior.

Em relação às tomadas de decisões públicas, o plano propõe a criação de uma “equipa vermelha”, responsável por criticar e opor-se às políticas públicas. Nos exercícios

militares, a equipa vermelha desempenha o papel do inimigo e a nossa equipa recebe o nome de equipa azul. A equipa vermelha irá desafiar o plano operacional usando táticas, técnicas e equipamentos apropriados. A grande vantagem deste método é podermos ficar a “conhecermo-nos e também ao nosso inimigo”. Desde que consigamos antecipar qualquer problema com a nossa tática, podemos precaver-nos com antecedência; portanto, esta abordagem também pode ser chamada “ análise de substituição “. O maior benefício da aplicação do conceito de equipa vermelha à formulação e implementação de políticas é, naturalmente, a identificação das lacunas políticas com antecedência e a possibilidade de as poder optimizar, redu zindo assim os problemas que surgem após a implementação dessas políticas.

A discussão do Plano de Políticas Públi cas de Hong Kong para 2022 continua na próxima semana.

vozes 15terça-feira 25.10.2022 www.hojemacau.com.mo
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau •
legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
macau visto de hong kong David Chan
Quando temos de lidar com finanças públicas temos de ser muito prudentes. O retorno obtido com investimentos é variável

“O nosso ridículo cresce na proporção em que dependemos dele.’’

AMBIENTE UE DÁ ‘LUZ VERDE’ A CARREGADOR UNIVERSAL

OConselho da União Euro peia (UE) deu ontem ‘luz verde’ final à directiva relativa ao carregador universal, pre vendo que a porta USB-C se torne obrigatória para todos os dispositivos eletrónicos, como telemóveis, ‘tablets’ e ausculta dores, em 2024.

Em comunicado divulgado no dia em que os ministros do Ambiente se reúnem no Lu xemburgo, o Conselho da UE dá conta desta aprovação final, apontando que “já não será necessário comprar um carre gador diferente cada vez que se comprar um novo telemóvel ou dispositivo semelhante” dado que “todos vão poder ser re carregados utilizando o mesmo carregador”.

“Ter um carregador comum melhorará a comodidade do consumidor através da har monização das interfaces de carregamento e da tecnologia de carregamento rápido e reduzirá significativamente o desper dício electrónico”, salienta a estrutura na qual se juntam os países da UE.

Dados divulgados pelo Con selho da UE revelam que, em 2020, os consumidores da UE compraram aproximadamente 420 milhões de dispositivos electrónicos, possuindo em média três carregadores para carregar estes dispositivos electrónicos, dos quais usam regularmente dois.

Por ano, a UE tem registado 11 mil toneladas de resíduos electrónicos por ano.

Para evitar esta situação, o Conselho da UE explica que as novas regras, que entram em vigor em 2024, tornarão obrigatória uma porta de car regamento USB-C para todos os dispositivos eletrónicos, como telemóveis, ‘tablets’ e ‘e-readers’, câmaras digitais e consolas de videojogos, auscul tadores e altifalantes portáteis, ratos e teclados sem fios e sis temas de navegação portáteis.

Além disso, todos os com putadores portáteis serão igual mente abrangidos pelas novas regras 40 meses após a entrada em vigor da directiva.

COREIAS TROCA DE TIROS NA FRONTEIRA MARÍTIMA

Tensão dispara

ACoreia do Norte e a Coreia do Sul troca ram ontem tiros de advertência e acusa ções de violação da fronteira marítima, num novo episódio num con texto de crescente tensão nas últimas semanas.

Num primeiro momento, um navio mercante norte-co reano ultrapassou na passada madrugada a fronteira marítima perto da ilha de Baengnyeong, recuando depois de a marinha sul-coreana ter disparado tiros de aviso, disse Seul.

“As contínuas provoca ções e reivindicações impru dentes do Norte minam a paz e a estabilidade da península coreana e da comunidade internacional”, disseram os Chefes de Estado-Maior Con junto, exortando Pyongyang a acabar com essas acções.

Pelo seu lado, os militares de Pyongyang disseram que um navio militar sul-coreano violou a fronteira minutos depois e que o exército norte-coreano (KPA)

disparou dez tiros de aviso, a partir da costa ocidental.

“As unidades de defesa da costa ocidental da KPA toma ram uma contramedida inicial para repelir poderosamente o navio de guerra inimigo”, disse um porta-voz em comunicado.

“Mais uma vez emitimos um aviso severo aos inimigos, na sequência das provocações marí timas, além do fogo de artilharia e da transmissão de mensagens transfronteiriças através de alti falantes”, acrescentou.

Sem volta a dar

A “zona tampão” marítima foi estabelecida num acordo de 2018, concebido para evitar tensões entre os dois países.

Mas estas intensificaram -se nas últimas semanas, com Pyongyang a efectuar vários lançamentos de mísseis e dis paros de artilharia nas águas das costas leste e oeste, visando esta fronteira, o que é considerado como uma provocação pela Coreia do Sul e pelo Japão. A Coreia do Norte também au

mentou recentemente os testes de armas descritos como ataques “nucleares tácticos” simulados contra alvos na Coreia do Sul.

Seul e Washington disse ram esperar que Pyongyang, que acredita estar ameaçada pelas manobras militares nor te-americanas, sul-coreanas e japonesas na região, retome em breve os testes nucleares.

As tensões têm vindo a aumentar na península coreana desde o início do ano. No mês passado, a Coreia do Norte também declarou o seu estatuto nuclear “irreversível”, fechando definitivamente a porta às nego ciações de desarmamento, e avi sou que avançaria para ataques preventivos se fosse ameaçada.

A troca de tiros de adver tência acontece no mesmo dia em que a secretária de Estado -adjunta dos EUA, Wendy Sherman, viaja para o Japão para conversações tripartidas com os aliados de Washington, Tóquio e Seul, numa demons tração de unidade após as acções da Coreia do Norte.

Óbito Morreu Carlos Melancia, antigo governador de Macau

O antigo governador de Macau Carlos Melancia mor reu domingo à noite aos 95 anos, disse ontem fonte da família. O antigo governador morreu no hospital de São José, para onde foi transportado após uma queda. Licenciado em Engenharia, foi governador de Macau de 1987 a 1991 e ministro com as pastas da Indústria e Tecnologia, do Mar e Equipamento Social em vários governos socialistas. Em 1991, demitiu-se na sequência do designado Caso do Fax de Macau, que envolvia financiamentos partidários do PS, um processo de que foi ilibado em 2002.

RÚSSIA SUSPENSO POR DEFENDER MORTE DE CRIANÇAS UCRANIANAS

Oapresentador do canal de televisão estatal russo RT Antón Krasovski foi suspenso por defender a morte de crianças ucranianas, anunciou ontem a directora do canal, Margarita Simonián, no canal de mensagens Telegram.

“Por enquanto, vou suspender a nossa cooperação [com Krasovski], porque nem eu nem ninguém na RT pode permitir que se possa pensar que alguém daqui partilha estas ideias de selvajaria”, escreveu Simonian.

Num programa transmitido ao vivo no dia 20, o jornalista afirmou que as crianças ucranianas que viram os russos como ocu pantes deviam ter sido “atiradas a um rio que tivesse uma corrente forte” ou, em alternativa, “colocadas numa cabana e queimadas”.

Krasovski fez este comentário numa entrevista com o escritor de ficção científica Sergeri Lukianenko, que lhe disse que, na primeira vez que esteve na Ucrânia, em 1980, algumas crianças disseram que viveriam melhor se não fosse o facto de os russos ocuparem o seu país.

“O que Krasovski disse é selvagem e repugnante. Talvez o Antón explique que loucura temporária o levou a dizer isso. É difícil acreditar que Krasovski acredite sinceramente que as crianças devem ser afogadas”, disse a directora da RT.

Tanto o canal RT como a agência russa de notícias Sputnik, ambos controlados pelas autoridades russas, estão sob sanções da União Europeia, que suspendeu as suas actividades por alegadamente promoverem e apoiarem a agressão militar contra a Ucrânia e a desestabilização dos seus países vizinhos.

terça-feira 25.10.2022
de
PALAVRA DO DIA PUB.
Chefes de Estado-Maior Conjunto sul-coreano “As contínuas provocações e reivindicações imprudentes do Norte minam a paz e a estabilidade da península coreana e da comunidade internacional.”

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