Hoje Macau 25 ABR 2016 #3558

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

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ANTÓNIO CONCEIÇÃO JÚNIOR

Grande mensagem

h

GUO XI

IC | TRIBUNAL

Desfecho chega em Maio

PUB

GONÇALO LOBO PINHEIRO

ENTREVISTA

Bica de duas bocas

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www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

hojemacau PATERNIDADE CHUI SAI ON QUER LICENÇA DE 14 DIAS PAGOS

Pai nosso que estás em casa

O Chefe do Executivo foi à Assembleia Legislativa defender o reforço da relação matrimonial através da implementação da licença de paternidade até 14 dias remunerados. Lionel

Leong, Secretário para a Economia e Finanças, considera o anúncio de Chui como um “apelo” para que o Conselho de Concertação Social acelere a discussão sobre a matéria.

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25 DE ABRIL | 42 ANOS

Vermelho pálido PÁGINA 9

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

HABITAÇÃO

OPINIÃO Moradias Fascismo CARLOS AUGUSTO para nunca mais! Dentistas precisam-se maiorias CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 25 DE ABRIL DE 2016 • ANO XV • Nº 3558


2 ENTREVISTA

CARLOS AUGUSTO

Em Macau há falta de médicos e a especialidade de Medicina Dentária não é excepção. Carlos Augusto defende mais contratações pelos Serviços de Saúde e coloca dúvidas no novo sistema de formações continuadas que os médicos têm de cumprir para a sua acreditação. Isto porque o Governo “nunca fez cursos de Medicina Dentária nos últimos anos”

“Serviço público deve ter mais dentistas” Em 2012 falou numa entrevista da falta de médicos dentistas em Macau. A situação mantém-se? Por acaso até melhorou (risos). Vieram mais dentistas portugueses para Macau, sei de pelo menos cinco ou seis médicos que tiraram o curso em Portugal e que regressaram ao território. Alguns regressaram para Portugal, mas vieram muitos novos médicos. Actualmente existem em Macau mais de 200 médicos dentistas. A falta de recursos humanos nesta área ainda se verifica, mas é menor. É menor. Ao nível dos dentistas portugueses, estes são em maior número. Mas em termos gerais penso que ainda há falta de médicos dentistas. Há falta de médicos em Macau em várias especialidades e não apenas na área da Medicina Dentária. Como é que o Governo deve agir para resolver esta questão? Sei que nesta especialidade ainda podemos ter mais médicos dentistas a trabalhar no território. Naturalmente em Macau que há sempre essa dificuldade porque não temos uma faculdade de Medicina para formar estes profissionais de saúde. O próprio Governo pode incentivar mais jovens para que sigam esta especialidade. É necessário incluir e desenvolver mais a especialidade da Medicina Dentária no serviço público de saúde? Que eu saiba há médicos dentistas no hospital Conde de São Januário e nos centros de saúde, mas penso que os Serviços de Saúde (SS) podem recrutar mais médicos dentistas. E por uma razão: eles trabalham mais na parte da prevenção. Não tenho números certos, mas devem [ser] entre dez a 15 os médicos dentistas que trabalham no São Januário e centros de saúde. Por exemplo, todas as pessoas podem ter problemas de coração, mas estes verificam-se mais na idade adulta ou nos idosos. Mas os problemas dentários acontecem em todas as idades. E

claro que o serviço público deve ter mais médicos dentistas, que trabalhem sobretudo na área da prevenção. A Medicina Dentária continua então a ser uma especialidade com maior oferta no privado. Quase toda a gente recorre ao sector privado para tratar de problemas dentários. Depois dirigem-se mais ao hospital por uma questão de prevenção e, em alguns casos, para crianças, ou ainda casos muito específicos.

“Acho difícil que mesmo a própria faculdade de Medicina possa existir dentro de pouco tempo. Não vejo que possa ser estabelecida em Macau em menos de dez anos” Fala-se na possibilidade de criação de uma Faculdade de Medicina. Deposita esperanças neste projecto, sobretudo ao nível do desenvolvimento da especialidade de Medicina Dentária? Penso que vai mudar algo. O ideal é que, quando haja essa Faculdade de Medicina, possa haver depois uma faculdade de Medicina Dentária, mas acho difícil que mesmo a própria faculdade de Medicina possa existir dentro de pouco tempo. Não vejo que possa ser estabelecida em Macau em menos de dez anos. Que entraves pode apontar? Temos pouco desenvolvimento ao nível académico, nessa área. Criar uma faculdade de Medicina ou de Medicina Dentária vai exigir que os professores fiquem cá muito tempo, pelo menos cinco ou dez anos. Tem de haver um seguimento porque a componente prática será muito maior do que a componente

lectiva. Os próprios professores também devem ser depois integrados no serviço de saúde para trabalharem e por isso acho que é difícil. Não é apenas uma questão do Governo, há muito mais problemas. Não vejo o Governo a conseguir resolver essas questões todas em tão pouco tempo. Mas é importante o Governo ter uma certa iniciativa. Acredita que poderia ser mais fácil apostar no recrutamento no exterior? Esse seria o caminho fácil, mas a longo prazo tem de haver formação. Não se pode pensar em recrutar sempre sem resolver os problemas de base. É um bocado como no futebol, primeiro recrutaram-se jogadores estrangeiros mas hoje o futebol já é um desporto com muito sucesso. Todos os países devem apostar na formação. A Associação de Estomatologia já foi consultada no âmbito deste processo da criação da faculdade? Penso que ainda não. Alguns membros podem ter sido consultados, mas formalmente nunca fomos consultados. Em termos de política da saúde, temos um novo Secretário para a tutela há mais de um ano. Têm sido feitas muitas promessas. Acredita que mudou alguma coisa? As ideias podem ser feitas, mas algumas vão exigir mais trabalho e mais dificuldades. O novo hospital, por exemplo? Acho que é uma excelente ideia, todas as pessoas querem um novo hospital, mas pelo que li nos jornais há um problema nas obras públicas, a construção em si. Mas precisamos de ter médicos

“Há uma ideia errada de que os médicos dentistas não querem ter formação”

“O Governo nunca fez cursos de Medicina Dentária nos últimos anos, logo os dentistas têm de ir ao estrangeiro” lá e recursos humanos e aqui há sempre dificuldade em recrutar pessoas. Será difícil concretizar. Mas há um projecto que o Governo quer promover, que é a formação continuada para a acreditação. Há uma ideia errada de que os médicos dentistas não querem ter formação. Não é isso. Qual é a situação? Os médicos dentistas querem todos ter formação continuada, mas sabem que não havendo formação uma pessoa torna-se um ignorante. Mas os médicos dentistas estão preocupados com o facto de o Governo exigir um número de pontos para ter acesso à licença profissional e, se não for atingida essa meta, a licença pode não ser renovada. Mas o Governo nunca nos disse onde vamos arranjar esses pontos. O Governo nunca fez cursos de Medicina Dentária nos últimos anos, logo os dentistas têm de ir ao estrangeiro arranjar esses pontos. E agora de um momento para o outro não sei como é que o Governo vai arranjar tantos cursos para que os médicos possam obter esses pontos. A Associação em si tem feito uns cursos para esses pontos da formação continuada, mas se for exigido à Associação dar todos será difícil, com a falta de apoio que o Governo nos tem dado. As outras especialidades médicas também estão a deparar-se com esse problema? Penso que sim. Nunca falamos directamente, mas penso que o problema será quase geral. O Governo teve essa brilhante ideia, e não estou a ser irónico, porque os médicos querem isso. Mas tem feito pouco para pôr isso em prática.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE ESTOMATOLOGIA DE MACAU


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Foi necessária uma reorganização do hospital público, que ainda não terminou. O hospital tem hoje mais credibilidade junto dos doentes do que tinha há um ano? Penso que sim. Na área da Medicina Dentária, pelo menos, oiço poucas críticas. A área da Medicina gera sempre muitas críticas e é muito fácil ser-se criticado, mas penso que no geral as pessoas têm sido bem tratadas no hospital público. Sobre a falta de recursos humanos na área da saúde, a quem podemos apontar culpas? Ao

director dos SS ou ao antigo Secretário, Cheong U? Ou do próprio sistema que não se adaptou à nova realidade? Talvez tenham tentado fazer o melhor possível, mas o próprio sistema foi difícil de implementar, sem uma faculdade. Mas esse é um problema geral: há sempre dificuldade em haver médicos e enfermeiros suficientes, porque é uma área onde se trabalham muitas horas. A questão dos salários tem sido debatida e o próprio Secretário

já defendeu um aumento. Macau está desactualizada em relação aos territórios vizinhos? O salário de um médico não é baixo em Macau, claro que é baixo em relação a Hong Kong. A questão é que os preços em Macau aumentaram bastante e isso faz com que os salários não consigam acompanhar o ritmo da inflação. Isso tem afastado os jovens da Medicina? De certa maneira sim, porque há sempre um caminho mais fácil.

A população de Macau dá hoje mais atenção aos problemas dentários, ou continuam a ser encarados como sendo algo secundário? Os vales de saúde ajudaram as pessoas a procurar mais dentistas no privado, tal como as redes sociais e os anúncios na televisão. Que projectos é que a Associação vai desenvolver para os próximos tempos? Em Novembro a Associação vai organizar um congresso de maior dimensão e vêm vários oradores

de Hong Kong, Taiwan e da Coreia do Sul. Pela primeira vez vamos ter uma parte de exibição de marcas nesta área. Em 2017 Macau vai organizar pela primeira vez o Congresso Dentário da Ásia-Pacífico. Enviamos até um pedido aos Correios de Macau para a criação de um selo especial sobre o congresso, mas ainda não tivemos resposta. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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Função Pública GOVERNO VAI REVER LEI DE ATRIBUIÇÃO DE MORADIAS

Abraçar a maioria Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, já tinha prometido e agora o Chefe do Executivo garantiu: o Governo vai rever o diploma sobre a atribuição de moradias aos funcionários públicos para que mais trabalhadores possam estar abrangidos. A deputada Song Pek Kei alertou que a maioria não tem acesso a uma casa do Governo

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HUI Sai On, Chefe do Executivo, foi à Assembleia Legislativa (AL) responder a perguntas apresentadas pelos deputados e deixou uma garantia: o decreto-lei

que regula a atribuição de moradias aos funcionários públicos, datado de 1996, vai ser revisto, para que mais trabalhadores da Administração possam ter acesso a um apartamento. Sónia Chan, Secretária para

MILITARIZADOS TEXTO EM JUNHO

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deputado Leong Veng Chai quis saber mais detalhes sobre o processo de revisão do Estatuto dos Militarizados, tendo o Chefe do Executivo garantido que o texto da consulta pública será conhecido em Junho. “Precisamos de um regime que regule os benefícios e remunerações das forças de segurança e já estão a ser desenvolvidos os trabalhos para a revisão do Estatuto dos Militarizados. Sabemos que nas forças de segurança há as carreiras de base e superiores, mas há falta de oportunidades de promoção e essa situação vai ser estudada, por forma a encurtar o tempo de progressão e aumento das oportunidades. Em Junho do corrente ano e possível divulgar o texto de consulta em relação a esta matéria.”

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falta de um planeamento geral urbano não afecta o território e deve-se ao facto de já existirem a Lei de Terras, Lei do Planeamento Urbanístico e Lei de Salvaguarda do Património. É o que diz Chui Sai On, Chefe do Executivo, que esclarece que “ainda que não foi lançado um planeamento geral urbanístico, tendo em conta que, neste momento, apenas se constrói por zonas”, tendo em conta estes diplomas. O plano geral urbano, ou plano director, estabelece o ordenamento do espaço físico de todo o território e as condições de uso e aproveitamento dos solos, ao mesmo tempo que prevê “a organização racional das infra-estruturas públicas e dos equipamentos de utilização colectiva”,

Ambiente no coração Chui Sai On diz que ausência de plano director não afecta território sendo que está presente na Lei do Planeamento Urbanístico. O líder do Governo respondia aos deputados na Assembleia Legislativa (AL), quando foi novamente questionado sobre a falta do plano urbanístico para a cidade, que muitos membros do hemiciclo consideram levar ao desenvolvimento desenfreado sem atenção ao ambiente.

BUSCAR EQUILÍBRIOS

Citado num comunicado, Chui Sai On diz que “o desenvolvimento urbano e a protecção ambiental

não têm de estar em sentido contrário” e que o Governo está atento a essa necessidade de equilíbrio. “O Governo irá envidar esforços no acompanhamento do progresso assim como pretende garantir um equilíbrio de forma a proteger o ecossistema e o ambiente das ilhas, nomeadamente, nas zonas montanhosas. Actualmente, o projecto do Alto de Coloane encontra-se em maior destaque, pelo que as autoridades, até ao momento, ainda não emitiram nenhuma licença de obras. Muito brevemente a Direcção dos

a Administração e Justiça, já tinha confirmado esta necessidade e prometido um estudo sobre a revisão ao diploma. Agora, o líder do Governo assegura que vai acontecer. “Acho que há necessidade de rever o diploma que regula a atribuição de alojamento aos trabalhadores. Temos de introduzir os devidos ajustamentos. Reconheço que existe margem para aperfeiçoamento porque todos se preocupam com os altos preços dos imóveis. Por isso constituem grandes preocupações o subsídio de residência e a atribuição de alojamento”, disse o Chefe do Executivo, que prometeu a entrega de 110 casas para o próximo ano. A questão foi levantada pela deputada Song Pek Kei, que já a tinha levantado anteriormente, e que alertou para o facto das casas serem, na sua maioria, acessíveis apenas aos trabalhadores do quadro. “Há dias foi atribuído um concurso para a atribuição de 110 casas a funcionários públicos, mas muitos têm de pertencer ao quadro. Após a transferência a situação mudou e muitos dos trabalhadores actualmente são recrutados em regime além do quadro. Mais de 60% dos trabalhadores não estão no quadro, mas também precisam de uma habitação”, disse. A deputada frisou que estes funcionários “estão a ser alvo de um tratamento injusto por culpa de uma lei desactualizada”. O diploma refere que “ao concurso [para a atribuição de casas] podem ser candidatos os funcionários providos por nomeação definitiva em

Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) irá apresentar mais informações junto da sociedade para permitir mais espaços de debate sobre o assunto”, pode ler-se. A construção de um empreendimento de luxo na Estrada do Campo, em Coloane, tem levantado polémica devido à quase certa destruição das montanhas, já que o prédio poderá subir até cem metros de altura. J.F.

O TABU DA LEI SINDICAL

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hui Sai On foi confrontado com a ausência de uma Lei Sindical em Macau, mas pouco adiantou sobre a possibilidade do diploma ser implementado a curto prazo. “Trata-se de um diploma que já foi reprovado várias vezes na AL, vamos fazer uma análise geral, mas tem de haver consenso e ser aprovada na AL”, apontou.

lugares dos quadros dos serviços ou organismos públicos”.

OUTRAS REVISÕES

Chui Sai On prometeu também rever o actual subsídio de residência pago a todos os trabalhadores da Administração. “Dentro da capacidade do Governo vamos estudar o subsídio de residência e vou lançar um despacho para proceder a essa revisão.” Em resposta ao deputado José Pereira Coutinho, Chui Sai On prometeu “fazer trabalhos sobre a revisão do regime de carreiras”, além de “ponderar criar residências para os trabalhadores da camada base”. Os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) asseguraram recentemente que vão propor o ajustamento do salário dos controladores de tráfego marítimo, hidrógrafos e topógrafos, sendo que foi apontado este ano como data para a entrega da proposta de revisão. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

ÓRGÃOS MUNICIPAIS SEM PODER POLÍTICO EM 2018

Chui Sai On garantiu que em 2018 deverão ser estabelecidos os órgãos municipais sem poder político. Quanto à possibilidade de eleição directa dos seus membros, um pedido feito pelo deputado Ng Kuok Cheong, o Chefe do Executivo não deu certezas. “Quanto à composição dos órgãos municipais sem poder político, temos de ter uma ponderação geral sobre a história e a sociedade de Macau”, referiu. Sónia Chan já adiantou que após um estudo sobre o assunto, que termina no segundo semestre, haverá uma consulta pública. A Secretária para a Administração e Justiça já assegurou também que dois membros deverão ser da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo.


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POLÍTICA

PORTUGUÊS GOVERNO PRECISA DE MAIS 126 TRADUTORES

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Executivo precisa de mais pessoas que falam a língua lusa. O deputado Cheang Chi Keong questionou o Chefe do Executivo sobre as medidas para o fomento do ensino do Português, referindo que “há uma grave falta de quadros qualificados bilingues, sobretudo na área jurídica”.

Chui Sai On apresentou os números. “Temos de ter mais 126 tradutores nas línguas chinesa e portuguesa e, quanto à formação, o Governo tem dado toda a atenção. Temos de partir para a aprendizagem da língua antes do ensino superior. A [Direcção dos Serviços de Educação e Juventude] pode disponibilizar

mais professores de Português para a criação de aulas.” O Chefe do Executivo falou de um aumento de 20% no número de alunos que, no ano lectivo de 2015/2016, estavam a aprender Português. “O relacionamento que temos com Portugal é bom e podemos contratar mais

professores”, disse ainda. “Anualmente damos apoio aos alunos para participarem em cursos de Português. Neste momento nas escolas muitos alunos optam pela aprendizagem do Inglês e do Chinês. Se for possível a aprendizagem nessa fase é importante”, rematou Chui Sai On.

História interminável

Habitação Pública Quase dois mil candidatos podem escolher casa este ano

O CHUI DEFENDE LICENÇA DE PATERNIDADE PAGA ATÉ 14 DIAS

O apelo do Chefe

Chui Sai On falou pela primeira vez sobre a licença de paternidade e assume que defende que esta deve ser até 14 dias e remunerada. O Secretário para a Economia e Finanças vê as declarações do líder do Governo como “um apelo” para que o CPCS encontre uma solução sobre a matéria em breve

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HUI Sai On defendeu na Assembleia Legislativa (AL) a atribuição de uma licença de paternidade paga e Lionel Leong assegura que ouviu o Chefe do Executivo. O Secretário para a Economia e Finanças afirmou no sábado que considera ideia de Chui Sai On como um “apelo” para o Conselho de Concertação Social, que estuda a medida, ser mais rápido. “Acredito ser um apelo que representa um ponto positivo para os membros do Conselho alcançarem, o mais rápido possível, os seus objectivos”, indicou Leong, num evento público, referindo-se à “discussão sobre a implementação da licença de paternidade e à vontade de ver o mais rápido

possível, a sociedade atingir consenso através da plataforma do Conselho”.

PALAVRAS DITAS

Numa resposta à deputada Wong Kit Cheng, que levou a plenário a questão da licença de paternidade, Chui Sai On disse que quer promover a sua realização. “Pessoalmente apoio a introdução da licença de paternidade remunerada e vou promover este traba-

lho pela respectiva equipa. Também temos de respeitar os nossos mecanismos, ou seja, as partes do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) que estão a discutir a matéria. Eu faço o apelo para que se apoie esta solução, concedendo entre três a 14 dias. Contando com o apoio dos representantes na Concertação, creio que esta solução pode passar a realidade. Naturalmente

“Acredito ser um apelo que representa um ponto positivo para os membros do Conselho alcançarem, o mais rápido possível, os seus objectivos” LIONEL LEONG SECRETÁRIO PARA A ECONOMIA E FINANÇAS

é uma necessidade e pode servir para reforçar a relação matrimonial”, frisou o líder do Governo, acrescentando: “sempre defendi que o marido deve acompanhar a mulher nesta fase tão importante”. O período de tempo para a licença de paternidade ainda não está definido, sendo que nas regiões vizinhas é de três a 14 dias. Mas o CPCS fala numa proposta de até cinco dias. A lei actual só permite um máximo de dois dias, simbolizados em faltas justificadas. Chui Sai On não adiantou qualquer data para a implementação, sendo que Lionel Leong relembrou que a licença não é o único ponto a ser discutido no CPCS. Joana Freitas (com A.S.S.) joana.freitas@hojemacau.com.mo

Chefe do Executivo garantiu no hemiciclo que os 1900 candidatos a uma habitação pública que estão em fase de concurso poderão escolher as casas onde querem viver ainda este ano. “Estão todos preocupados com as 19 mil fracções e comprometemo-nos que este ano podemos concluir a apreciação dos 1900 candidatos e que estes poderão escolher as suas fracções”, frisou. “A política de habitação pública tem a ver com o bem estar de todos. Temos de ajudar as pessoas com necessidades efectivas. O Instituto da Habitação gerou algum tempo de espera aos candidatos e quanto ao concurso de 2013 ainda está a ser feita uma apreciação substancial e encontraram-se alguns problemas com os dados dos candidatos. Houve uma necessidade de maior tempo na análise dos pedidos”, disse. O deputado Chan Meng Kam acusou o Executivo de ter uma política de habitação pública que na prática não funciona. “As habitações públicas estão relacionadas com o planeamento e reserva de terrenos e surgiram diversos problemas que contradizem a política. Há o envolvimento de obras em processos judiciais, os preços exorbitantes praticados pela Administração e a espera de vários anos por uma casa, o que tem gerado o fenómeno absurdo de haver casas sem pessoas e pessoas sem casas.” O Chefe do Executivo voltou a prometer reservar mais terrenos para a habitação pública. “Até agora continuo a achar que as fracções do mercado têm um preço elevado e sabemos que ao longo do último ano se verificou uma descida na ordem dos 20 a 30%, mas para a população os valores continuam a ser elevados. Vamos reservar terrenos para habitações públicas.”

TERRA DE NINGUÉM

Chui Sai On respondeu ainda à questão dos terrenos desaproveitados. “Vários ainda estão em processo judicial, mas [quando ficarem concluídos] as habitações públicas serão a nossa prioridade.” Questionado sobre o deputado Au Kam San quanto à conclusão destas medidas até 2019, ano em que deixa de ser Chefe do Executivo, Chui Sai On garantiu que esta política será para continuar. “Independentemente de ser ou não dentro do actual mandato temos feito muitos esforços para oferecer habitações públicas, e quanto aos atrasos não podemos ter toda a responsabilidade. Muitas vezes são questões técnicas e o problema do fornecimento de areia atrasou as 28 mil fracções públicas e as quatro mil privadas.AzonaAestá atrasada por causa da areia e estamos a solicitar a cooperação de Guangdong e encontrar uma nova fábrica.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


6 POLÍTICA

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Cinco não chega

CCP Conselheiros querem mais anos de passaporte

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S Conselheiros das Comunidades Portuguesas (CCP), Rita Santos, Armando de Jesus e José Pereira Coutinho, partiram ontem para Portugal para as eleições à presidência do CCP. Segundo a revisão à lei que rege os conselheiros, a partir das próximas eleições – que acontecem amanhã e quarta-feira – o presidente assumirá funções apenas por um ano. Rita Santos não desvendou se irá ou não candidatar-se ao cargo, apesar de anteriormente ter colocado essa hipótese em cima da mesa. Mas, a conselheira, tece críticas às alterações da lei. “Um ano é muito pouco tempo. Para responder às solicitações de todos os conselheiros não é suficiente. Não me parece correcta esta alteração de apenas um ano de mandato. Com este

tempo não se faz nada”, apontou. Depois do plenário, os conselheiros ficam por Portugal até dia 5 de Maio para, conta Rita Santos, organizar encontros com as autoridades locais para resolução “de alguns problemas”. Um deles versa sobre os passaportes portugueses. “Vamo-nos focar na questão da validade dos passaportes portugueses. Queremos que voltem para um prazo de dez anos e não de cinco, como está agora. Cinco anos passam a correr e, se forem dez anos, é possível reduzir a quantidade de trabalho das embaixadas e dos consulados”, rematou. O encontro do CCP acontece na Assembleia da República, com a presença de 85 conselheiros das comunidades portuguesas de todo o mundo. F.A.

AL PETIÇÕES ENTREGUES AO CHEFE DO EXECUTIVO

Obras Públicas ASSOCIAÇÃO CRITICA “HÁBITO” DE ERROS SEM CORRECÇÃO

Promessas (in)viáveis? O compromisso de que os problemas em obras públicas vão ser resolvidos com mais rigor não satisfaz a Associação Choi In Tou Sam, que critica o hábito instalado de deixar passar os erros

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MAIS RIGOR

Segundo o Jornal do cidadão, Chui Sai On respondia a perguntas apresentadas pelos deputados, no hemiciclo, quando disse que depois de negociar com o Secretário para os Transportes e

Obras Públicas, Raimundo do Rosário, “vai aplicar com rigor as penalidades quanto às obras públicas”. O líder do Governo disse que iria rever e melhorar os critérios para a aquisição de bens, “reforçando a formação, esclarecendo as responsabilidades e deveres e

“Os problemas em execuções e adjudicações de serviços públicos entraram num ciclo vicioso há muito tempo. Até já se tornaram uma cultura” LAM U TOU ASSOCIAÇÃO CHOI IN TOU SAM

prosseguindo com responsabilidades administrativas e criminais” no caso de incumprimentos. Mas o vice-presidente daAssociação duvida se a promessa de Chui Sai On inclui as obras púbicas que já se iniciaram, como o Terminal Marítimo do Pac On, ou se vai incidir apenas em novos projectos. Lam U Tou considera que a execução de leis com rigor é o principio básico da sociedade de Direito, mas não acredita que se podem resolver problemas apenas com a promessa de “execução de penalidades com rigor”. “Os problemas em execuções e adjudicações de serviços públicos entraram num ciclo vicioso há muito tempo. Até já se tornaram uma cultura”, diz Lam U Tou, acrescentando que a falha está em todo o mecanismo. Flora Fong (revisto por J.F) flora.fong@hojemacau.com.mo

Associação Amar Macau e a União de Familiares entregaram cartas a Chui Sai On, quando o Chefe do Executivo esteve presente na Assembleia Legislativa na última sexta-feira. A Associação Love Macau pediu ao Chefe do Executivo que tome medidas para corrigir os problemas “de conluio” divulgados pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), enquanto a União voltou a pedir uma solução para que os chamados filhos maiores, que nunca foram autorizados a residir em Macau, o possam fazer. Segundo o Jornal de Cidadão, os dois grupos esperaram pelo Chefe do Executivo para entregar as petições. A Amar Macau é

uma nova associação, cuja directora é a activista Cloe Chao. Esta lembrou que o mais recente relatório de actividades do CCAC divulgou muitos problemas nos departamentos governamentais como o conluio e corrupção. Chui Sai On já tinha prometido à União dos Familiares que vai mandar o pedido sobre a união com os filhos do interior da China ao Governo Central, portanto, a União entregou a carta questionando se este envio já foi ou não feito. Se o Governo Central não responder ao seu pedido, os membros da União dizem que vão deslocar–se a Pequim, para apresentar pessoalmente este pedido. T.C. (revisto por J.F.)

GCS

Chefe do Executivo, Chui Sai On, assegurou que vai “a partir de agora” executar com rigor as penalidades caso aconteçam problemas nas obras públicas, mas Lam U Tou, vice-director da Associação Choi In Tou Sam, diz ter dúvidas. O responsável da Associação da Federação da Associações dos Operários de Macau (FAOM) diz que é preciso reverter a situação de “aceitar o que está errado como certo”, que já se tornou “um hábito” e que acontece especialmente nas obras públicas.

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7 SOCIEDADE

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Tribunal ANTIGO VICE-PRESIDENTE DO IC OUVE SENTENÇA EM MAIO

Concursos com ajuda? É a 20 de Maio que o antigo vice-presidente do Instituto Cultural ouve do TJB a sentença sobre a acusação de ter fornecido informações para que a empresa do irmão vencesse concursos públicos relacionados com a Biblioteca Central e a Casa do Mandarim

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TEPHEN Chan, ex-vice-presidente do Instituto Cultural (IC), e um funcionário do organismo, Lei Man Fong, vão ouvir a 20 de Maio a decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB), no caso que os acusa de abuso de poder e de violação de segredo. Os dois homens terão revelado informações para que a empresa do irmão de Stephen Chan vencesse concursos públicos. A magistrada do Ministério Público (MP) pediu ao juiz a condenação dos dois homens, pelos crimes de abuso de poder, mas a advogada do primeiro réu considera que a acusação “é de má fé”. Stephen Chan é acusado de revelar dados sobre as cotações de outras em-

Casas vazias

Imobiliário Mais de 6% das habitações estão desocupadas imóveis antigos, pelo que o organismo governamental “ainda não tem condições completas” para lançar estatísticas sobre quanto é a área total dos imóveis desocupados.

PREÇOS ESTE ANO

Ho Ion Sang, também presidente da União Geral das Associações de Moradores (UGAMM, ou Kaifong), interpelou o Governo sobre a criação de um índice para o mercado imobiliário de Macau, de forma a que haja “mais transparência” no sector imobiliário. Na resposta, a DSEC diz que vai concluir os trabalhos sobre o índice para os preços do imobiliário ainda este ano, sendo que “já pediu a algumas associações académicas para elaborar” estes dados.

TIAGO ALCÂNTARA

A

Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) revelou que 7,3% do total de fracções de Macau estão vazias, tanto ao nível comercial, como habitacional. Numa resposta ao deputado Ho Ion Sang, o organismo indica ainda que vai lançar um índice sobre os preços do imobiliário. A DSEC explica que a taxa geral de imóveis desocupados – ao nível de habitações e imóveis comerciais – foi de 7,3% em 2015, havendo 18.862 fracções desocupadas. Nos dados fornecidos pela DSEC, havia 14.058 habitações desocupadas em 2015, uma taxa de 6,5%. Ieong Meng Chao, director da DSEC, indicou contudo que há informação insuficiente sobre a área total dos imóveis, bem como sobre

presas candidatas para que a Empresa de Engenharia Vo Tin, onde o irmão trabalha, ganhasse os concursos públicos para a manutenção de instalações da Biblioteca Central de Macau e para a instalação de electricidade e de iluminação básica e monitorização na Casa do Mandarim, em 2008. Segundo o Jornal Ou Mun, durante as alegações finais, na sexta-feira passada, a magistrada defendeu que era impossível que a empresa do irmão de Stephen Chan tivesse ganho em concursos públicos sem a ajuda do réu e considera que o ex-vice-presidente do IC “interveio gravemente no resultado e na justiça dos concursos públicos”. Um dos concursos públicos terá sido

cancelado, o que levantou suspeitas sobre Chan. “Vale a pena o juiz ponderar sobre a verdadeira razão para o cancelamento do primeiro concurso público para a prestação de serviços de manutenção de instalações da Biblioteca Central e sobre a abertura do segundo concurso”, referiu o MP. Mesmo que o documento explicasse a alteração dos requisitos do concurso, nunca “ninguém contou quem decidiu a alteração, nem qual foi a necessidade”.

TUDO NORMAL

Por outro lado, a advogada de defesa de Stephen Chan, Sofia Mendes Martins, referiu que não há provas suficientes que mostrem que o irmão do réu é administrador da empresa e defende ainda que os concursos públicos corresponderam aos trâmites normais. O cancelamento do primeiro concurso público foi ideia de todos os membros da comissão de selecção e não só do réu, aponta ainda a advogada, que considera que a acusação de abuso de poder “é de má fé”. Sofia Mendes Martins pede ao TJB a absolvição de todas as acusações. Quanto a Lei Man Fong, a magistrada do MP aponta que não há provas suficientes mostrando que as informações de cotações foram reveladas por Lei. O advogado deste réu concorda, defendendo que o funcionário “não tem nenhumas relações” com Stephen Chan que lhe tragam benefícios.

Tomás Chio (revisto por J.F.)

Flora Fong (revisto por Joana Freitas)

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flora.fong@hojemacau.com.mo

PATRIMÓNIO RESTAURO DA FARMÁCIA CHONG SAI CHEGA AO FIM

TAIWAN ESTUDANTE DE MACAU DETIDA POR SER CROUPIER ILEGAL

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Instituto Cultural indicou vai terminar a reparação do prédio da Rua das Estalagens nº 80, a Farmácia Chong Sai, sendo que parte do espaço vai poder ser aberto este ano. A antiga farmácia de Sun Yat-sen, com quase 120 anos, foi restaurada depois de ter utilizado 36 milhões de patacas para comprar a propriedade em 2011.Afar-

mácia foi incluída na lista do Primeiro Grupo Proposto para Classificação de Bens Imóveis e, agora, a reparação “está na última fase”, como indicou Guilherme Ung Vai Meng. “Ao mesmo tempo, planeamos criar mais instalações, como elevadores, dentro do prédio”, sublinhou o presidente do Instituto. “O IC quer que o

público possa visitar este prédio o mais depressa possível, pelo que [parte] da Farmácia vai ser aberta antes do fim deste ano e planeamos fazer com que o prédio se transforme num local de exposição. Mas como este plano ainda vai demorar muito tempo, é melhor avançar já [com parte da abertura]”. T.C. (revisto por J.F.)

MA estudante de Macau que estuda na Universidade de Taiwan foi detida pela polícia da Ilha Formosa por estar a trabalhar como croupier num casino ilegal. Segundo o jornal de Taiwan Liberty Times Net, a polícia desmantelou um casino ilegal de Texas Holdem Poker e deteve quatro pessoas, sendo que uma delas é de Macau e é estudante na Universidade

de Taiwan. O responsável pelo casino ilegal indicou que a estudante atraía mais clientes para o casino, pelo que este foi o motivo da contratação. A jovem de Macau indicou que foi contratada por 600 dólares taiwaneses por hora, sempre que levasse ao casino amigos para jogar. Foi a terceira vez que a rapariga foi apanhada num esquema

de jogo ilegal, mas as duas primeiras estavam relacionados com participação no jogo e não por trabalhar num casino ilegal. As autoridades de Taiwan ainda não mencionaram qualquer pena para a jovem, que diz que só quer finalizar a licenciatura e trabalhar em Macau, tendo garantido que não vai envolver-se mais nestes casos.


8 SOCIEDADE

hoje macau segunda-feira 25.4.2016

Deficiência CRÍTICAS À FALTA DE ACESSIBILIDADE. GOVERNO DEFENDE REVISÃO

Não sou como vocês

Macau não está preparado para os deficientes motores. As queixas são dos próprios portadores de deficiência que falam em barreiras que enfrentam diariamente. O território não é um espaço que aposte na integração e acessibilidade. Governo diz que vai rever condições

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AQUELA que foi a primeira sessão de consulta pública sobre o Planeamento dos Serviços de Reabilitação da RAEM até 2025, que aconteceu sábado passado, muitos portadores de deficiência criticaram a falta de pontos com acessibilidade em Macau. Para estes residentes, o território não está a considerar esta classe de pessoas com necessidades diferentes. Por sua vez, o Governo reagiu com a promessa de uma revisão à situação denunciada. Segundo o Jornal do Cidadão, a sessão serviu para auscultar opiniões dos próprios portadores de deficiência. Durante o encontro vários utilizadores de cadeiras de rodas criticaram as instalações pouco acessíveis do território. És-lhe difícil, apontaram, apanhar autocarros, ir aos bancos, ir a casas de banho de estabelecimentos públicos – e sobretudo as dos serviços do Governo. Um residente presente, de apelido Kuok, exemplificou que

“os utilizadores de cadeiras de rodas não conseguem usar a casa de banho do Centro de Saúde da Areia Preta”, problema que não é mencionado, nem como proposta a melhorar, no documento da consulta pública. O portador de deficiência motora explicou ainda que “uma parte dos autocarros de Macau têm as placas para ajudar a entrada e saída de cadeiras de rodas, mas por norma os condutores não ajudam os utilizadores a entrar nos autocarros”.

Kuok criticou ainda que na realidade os portadores de deficiência motora não conseguem apanhar autocarros. É preciso, apontou ainda, melhorar os passeios de Macau, portanto espera que o Governo melhore todas as condições do território. Um outro participante da reunião, de apelido Fong, criticou o planeamento por este não considerar as verdadeiras necessidades dos utilizadores. “Só cria um ambiente com estruturas, mas não está preocupado com a necessidades reais dos portadores de deficiência, nem com o conceito de princípio de integração”, apontou.

PROMESSAS FUTURAS

Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social (IAS), respondeu que o Governo vai rever a situação da acessibilidade em Macau, a curto prazo. O representante espera concluir até ao próximo ano a elaboração das directrizes que vão regulamentar

os pontos acessíveis nos espaços privados e públicos, para que possam ser implementados já em 2017 ou 2018. No que toca a autocarros, Lo Seng Chi, chefe do Departamento de Gestão da Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT), disse que o Governo está a pensar em criar uma esquema de marcação que pode punir as empresas de autocarros caso não ajudem os portadores de deficiência. Esta medida pretende, apontou, aumentar a qualidade de serviços prestados pelas companhias. O assessor principal do grupo interdepartamental deste planeamento, Kuok Kin Fun, sugeriu ainda que o Governo crie um cargo de “Responsável do departamento de acessibilidade”, que terá como funções coordenar as instalações de cultura, lazer, desporto e pontos turísticos. Flora Fong (revisto por F.A.) flora.fong@hojemacau.com.mo

Mais ou menos amigos do ambiente DSPA Macau com maior consciência ambiental, mas ainda há falhas

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OM uma pontuação máxima de dez valores, o nível de satisfação ambiental de mil residentes fixa-se em 5,1. É o que explica, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), que indica contudo que há mais consciência ambiental por parte dos cidadãos. A DSPA inquiriu 1001 residentes, cuja satisfação foi mais alta do que em 2014, que não ultrapassou os 4,9 pontos. Em destaque, apontam os resultados do inquérito, os cidadãos consideram que a “qualidade do ar” deve ser melhorada.

“A emissão dos gases de escape de veículos é considerada pelos cidadãos como o principal factor de produção de poluição do ar, sendo o segundo a emissão dos fumos oleosos dos estabelecimentos de comidas”, aponta o documento. Também o indicador de responsabilidade ambiental aumentou, de 6,61 pontos, em 2014, para 6,82 em 2015, mostrando um maior reconhecimento por parte dos residentes sobre questões ambientais. “Os cidadãos consideram que a protecção ambiental é principalmente da responsabilidade do

Governo e nada tem a ver com os cidadãos, mostrando com isto que devem ser reforçados, persistentemente, a determinação e o sentido de responsabilidade dos cidadãos no que se refere à realização das acções ambientais”, refere a DSPA.

ASSIM, ASSIM

Também as acções ambientais aumentaram, apesar de o relatório mostrar que ainda é preciso um “reforço contínuo”. Reduzir ou reutilizar os sacos de papel, de plástico e sacos com fecho hermético foi a acção mais mencionada pelos entrevistados,

seguindo-se pela opção “levar o ser próprio saco ecológico quando fazem compras fora” e “reutilizar os recursos hídricos, tais como na recolha das águas residuais para limpar o chão, nas descargas sanitárias ou na rega de flores”. Ainda assim, aponta a direcção, a taxa de execução pelos cidadãos é relativamente baixa face à recolha selectiva dos resíduos. Em queda está a taxa de reciclagem de resíduos, reflectindo “que os cidadãos não têm vontade de dispensar o seu tempo para praticar os actos de recolha selectiva dos resíduos”. F.A.

INVESTIDORES EUROPEUS COM MAIOR INTERESSE NOS PLP

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Á cada vez mais empresas do interior da China e da Europa a mostrarem interesse no mercado dos Países de Língua Portuguesa, utilizando Macau como plataforma. A conclusão resulta do Fórum de Cooperação para o Desenvolvimento China-Lusofonia-Ibero-América-Caribe, que decorreu no início de mês, juntando representantes e investidores de vários países de Língua Portuguesa, da China, República Dominicana e Panamá, entre outros. “Há muitas empresas do interior da China, também de Espanha”, começa por explicar ao HM, Rita Santos, Secretária-Geral do Fórum de Cooperação, indicando que os investidores procuram “constituir parcerias” em Portugal, usando – no caso das empresas chinesas – Macau como plataforma. “Neste momento estão em fase de negociações para se perceber como podem investir em Portugal”, explicou, acrescentando que “já existem vários possibilidades de projectos”. Criada a bolsa de contactos entre os países, Portugal começa a tornar-se, aponta, um local de ponto de encontro entre investidores chineses e a América Latina. Mas não só. “Uma grande empresa do ramo da imobiliária de Espanha” destacou-se no último Fórum organizado pela Associação, pelo interesse mostrado durante o momento. “Há um grupo grande de empresários chineses e de Macau, em Portugal, que conseguem cativar estes empresários e projectos de outros países”, diz, explicando ainda que cada vez mais se nota o interesse por parte dos investidores. F.A.


9 hoje macau segunda-feira 25.4.2016

25 DE ABRIL

Revolução dos Cravos DATA É ASSINALADA EM MACAU, MAS DEVERIA “SER FEITO MAIS”

Onde andas tu, liberdade? A Revolução dos Cravos faz hoje 42 anos e deste lado do mundo a comunidade portuguesa brinda à liberdade. Quem por aqui está diz que a data não é esquecida, mas há quem assuma que muito mais se devia fazer

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Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong está fechado por ser feriado nacional, mas ainda assim, pela quarta vez consecutiva, o Cônsul-Geral, Vítor Sereno, irá discursar num jantar comemorativo do 25 de Abril, organizado pela Casa de Portugal. A data não é passada em branco. Mas, se há quem concorde que um jantar chega, outras opiniões mostram insatisfação. “É uma data importante para a história de Portugal e, no caso

concreto de Macau, até deveria ser mais comemorado do que aquilo que é. Porque aquilo que hoje é Macau, e a maneira como foi feita a transição da soberania, tem muito a ver com o 25 de Abril, com a democracia e com a abertura que houve aos ditos territórios ultramarinos de então”, começou por defender o historiador Fernando Sales Lopes. No “suave acordo” durante a transição de soberania entre a China e Portugal, os feriados civis portugueses deixaram de existir em Macau, mas este, aponta ainda o também investigador, “deveria ter ficado”. “A transição não teria sido da maneira que foi se não fosse o 25 de Abril. Macau não seria o que é hoje, acho que este feriado deveria ter ficado”, acrescentou.

CELEBRAÇÃO POPULAR

Apesar das celebrações oficiais, representadas pela Casa de Portugal, o território conta ainda com outros momentos. “Todos os anos há um jantar com umas 20 ou 30 pessoas”, aponta Sales Lopes, que relembra “outros tempos em que se fazia mais”. Um grupo, “dos anos 80”, que todos os anos não deixa passar a data em claro. “Antes, mesmo antes da Casa de Portugal assumir uma comemoração mais oficial, comemorava-se de outra maneira, mas a verdade é que não existiam as

“A transição não teria sido da maneira que foi se não fosse o 25 de Abril. Macau não seria o que é hoje, acho que este feriado deveria ter ficado”

nunca foram muito activas ou oficiais”. Agora, diz, “as coisas mudaram”. Depois da transição as coisas “ficaram um bocado diferentes, mas as pessoas também são outras”, apontou. Para Sales Lopes não há dúvidas: o 25 de Abril merece “sempre ser comemorado condignamente”. “Deve ser ensinado às crianças e jovens, deve também ser lembrado aos mais velhos”, sublinhou.

FERNANDO SALES LOPES HISTORIADOR

LEMBRAR, SEMPRE

chamadas comemorações oficiais. Mas na altura fazíamos algumas coisas interessantes, superavam estes jantares típicos”, explica o historiador, contando que vários lançamentos de livros, peças de teatro, exposições de pintura e espectáculos de música, sem nunca esquecer a participação da Escola Portuguesa de Macau, marcavam o dia. O grupo nunca deixava que a data passasse em branco, “mas a realidade é que as comemorações

“Não é celebrado com a importância que a data merece” JOSÉ SALES MARQUES ECONOMISTA

Mais importante que ser comemorado é ser um “direito assegurado”, diz Francisco Cordeiro. “Ignoro que alguma vez tenha existido entraves à comemoração da efeméride por qualquer parte, individual ou colectiva, vindos do Governo. Entendo que o importante é que esse direito seja assegurado”, explicou, assumindo que não vê “razão para que [o 25 de Abril] deva ser” feriado em Macau. Da experiência de Francisco Cordeiro deveria falar-se e debater mais o que foi, na realidade, a Revolução dos Cravos, em vez de “abordar o feriado formalmente em exposições de pintura e jantares”. “Deveria haver mais debate, fomentado o sentido crítico relativamente ao que foi o 25 de Abril e não cair na ‘festivalização’ do dia com jantares e exposições. Sem cair

no endoutrinamento também. É preciso falar do bom e do mau”, argumentou o português radicado em Macau. Tiago Pereira, representante do Partido Socialista (PS) em Macau, considera que o que se faz por cá “é suficiente”. “Estamos num território estrangeiro e considero que as pessoas celebram o feriado com os jantares anuais e outras comemorações”, sublinhou. Também o PS “sempre celebrou a data em Macau” e irá continuar a fazê-lo, acrescentou. O economista José Sales Marques não acredita que a data esteja, por cá, esquecida, mas acusa alguma inércia. “Não é celebrado com a importância que a data merece, por um lado por estarmos longe e, por isso, não há nenhuma celebração oficial do 25 de Abril e do seu significado, mas também porque as novas gerações não fazem a mínima ideia do que havia antes dessa data”, explicou. Sales Marques considera existir um “défice quanto às celebrações do 25 de Abril”, mas, por outro lado, é “difícil de imaginar um cenário diferente na medida em que Macau, hoje, é uma Região Administrativa Especial da China e, naturalmente, as autoridades chinesas não dão, nem têm de dar, um significado a esta data”. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


10 MORREU O PRÍNCIPE DO FUNK, PRINCE ROGERS NELSON

EVENTOS

A PURPURA MARCA A VIDA

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Violino à japonesa Orquestra de Macau celebra Shakespeare com Sayaka Shoji

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“Concerto para Violino N.o 2 em sol menor” de Prokofiev vai ter lugar no próximo dia 29 de Abril pelas 20h00 no auditório da Torre de Macau. O concerto contará com Lu Jia, director musical e maestro principal da Orquestra de Macau e a participação da violinista japonesa Sayaka Shoji. O evento integra a série de espectáculos promovidos pelo Instituto Cultural (IC) dedicados ao tema “Mundo de Shakespeare”. Segundo a organização, Sayaka Shoji é descrita pela revista Gramophone como “[uma artista] formidável, capaz de extrair enormes reservas de energia a qualquer coisa que se proponha fazer”. Vencedora do Concurso Internacional Paganini aos 16 anos de idade, foi a primeira japonesa e mais jovem artista a consegui-lo. É também conhecida internacionalmente como uma revelação no violino contando já com inúmeras participações em orquestras de renome incluindo a BBC Philharmonic de Inglaterra,

a Wiener Symphoniker de Viena de Áustria, a Orquestra Sinfónica Nacional da Dinamarca ou a Orquestra Sinfónica NHK do Japão. Em Janeiro de 2016, Sayaka Shoji recebeu o prestigiado Prémio de Arte Mainichi.

PRIMEIRA VEZ

O espectáculo na RAEM marca a primeira colaboração com a Orquestra de Macau e a interpretação do concerto de Sergei Prokofiev nas comemorações do 400º aniversário da morte de Sheakespeare, por esta obra ser também conhecida pela sua integração no ballet “Romeu e Julieta”. Está ainda programada a apresentação de “Aberture de Le Roi Lear de Berlioz”, que se baseia no obra homónima de Shakespeare e que conta com contrabaixos e oboés para promover a dramatização do ambiente. O concerto termina com a “Sinfonia No 4 em ré menor de Schumann”. Os bilhetes para o espectáculo já se encontram à venda e os preços variam entre as cem e as 200 patacas.

Prince não foi apenas um génio excêntrico da música. Muito mais que isso, era um acumular de talentos em pouco mais de metro e meio. Multi-instrumentista, compositor, actor, performer. Cabe-lhe o reconhecimento consensual enquanto um dos mais influentes artistas desde a década de 1970

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m o r t e d e P r i nce Rogers Nelson apanhou todos de surpresa, na passada quinta-feira. O príncipe do Funk contava com 57 anos e foi encontrado inanimado no elevador da sua casa-estúdio, em Paisley Park, em Minneapolis, no estado do Minnesota. A morte do cantor foi confirmada à Associated Press pouco depois, pela sua representante, sendo que a causa é ainda desconhecida.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA DEIXEM FALAR AS PEDRAS • David Machado

No dia em que se ia casar, Nicolau Manuel foi levado pela Guarda para um interrogatório e já não voltou. Viveu, assim, quase toda a vida na urgência de contar a verdade a Graça dos Penedo, a noiva que mais tarde lhe seria arrebatada pelo alfaiate que lhe fizera o fato do casamento. Porém, sempre que se abria uma possibilidade, uma ameaça desviava-o dramaticamente do seu destino – e agora, meio século volvido, está velho de mais para querer mudar as coisas, gastando os dias com telenovelas. Alternando a narrativa dos sucessivos infortúnios de Nicolau Manuel – que é também a história de Portugal sob a ditadura, com os seus enganos, perseguições e injustiças – com a de um adolescente que mantém um diário com numerosas passagens rasuradas como instrumento de luta contra o mundo –, Deixem Falar as Pedras é um romance maduro e fascinante sobre a transmissão das memórias de geração em geração, nunca isenta de cortes e acrescentos que fazem da verdade não o que aconteceu, mas o que recordamos.

Segundo a Reuters, na semana anterior Prince terá dado entrada no hospital com o que seria, supostamente uma gripe, tendo no sábado seguinte dado o seu último espectáculo numa festa na sua própria casa. Segundo declarações de alguns dos presentes e perante alguma preocupação relativa ao estado de saúde do músico, o mesmo terá dito: “esperem uns dias antes de desperdiçarem as vossas orações”. Ao mesmo tempo, alguns

dos concertos da digressão “Piano & A Microphone Tour”, também tinham sido recentemente cancelados. Outros sites de música, como o TMZ, dão conta de uma possível entrada no hospital com uma overdose, mas ainda não há resultados dos testes toxicológicos ou da autópsia, sendo que a única coisa que se exclui é que a morte foi provocada por suicídio ou agressão. O cantor, entretanto, já foi cremado no sábado numa cerimónia privada, sendo que haverá um evento público ainda com data a anunciar.

CONTRA A MASSIFICAÇÃO

Conhecido também pelas suas excentricidades, os últimos anos de Prince foram marcados pela sua quase “auto-exclusão” da internet e pelo limite de entrevistas que se disponibilizava a dar, bem como a ausência do mediatismo. Por outro lado associava-se cada vez mais a serviços de streaming como o Tidal, em jeito de protesto à massificação da divulgação musical da internet, sendo que actualmente encontrar Prince online, registos de concertos, fotos ou entrevistas não é tarefa fácil, a pedido do próprio artista.

No entanto, não é por isso que Prince deixa de ser uma referência da cultura musical, do Jazz ao Funk, contando com inúmeras colaborações e excentricidades, mesmo no que respeita às mudanças que o seu nome sofreu. Prince é sem dúvida um nome a ficar na história da música. Nascido em Mineeapolis, filho de pai pianista e mãe cantora de Jazz, começou a sua carreira no final da década de 70. Pouco depois, em 84, lança “Purple Rain” que marca não só o início do seu sucesso à escala internacional, como ainda a música que lhe valeu o Óscar de melhor banda sonora em 85. O filme homónimo de Albert Magnoli, marca também a estreia do músico como actor. Em 93 muda efectivamente de nome para o símbolo , voltando mais tarde a ser Prince. Da sua carreira contam 39 álbuns, tanto a solo como com a New Power Generation, nos anos 90, ou com Eye Girl, em 2010. Testemunha de jeová, vegetariano, com milhões de discos vendidos e sete grammys amealhados, Prince tinha o lançamento das suas memórias anunciado para o próximo ano. Hoje Macau

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O FABULOSO TEATRO DO GIGANTE • David Machado

Um dia dois forasteiros chegam à aldeia de Lagares, isolada no meio das serras, lá nos confins do Minho. Um dos forasteiros era de estatura colossal, a quem logo chamam o Gigante, mas que na realidade tem por nome Thomas, o outro era Eunice, uma mulher pequena de cabelos cor de fogo que dentro em breve daria à luz dois gémeos. Ele, originário de um incerto país latino-americano, é um grande contador de histórias tão verdadeiras quanto inesgotáveis e que fazem as delícias dos habitantes de Lagares. Um dia, porém, o Gigante adormece e o seu sono prolonga-se por meses, anos, mas continua a contar as histórias com que vai sonhando. Nessa espera interminável, Eunice decide anotar por escrito tudo o que sonha aquele homem que ama e que tanto a fascina. E será a partir daí que as coisas seguirão um novo e extraordinário curso, mudando para sempre a vida daquela gente. Este é o primeiro romance de David Machado, uma obra inovadora, que abriu caminho a um novo imaginário no espaço da literatura portuguesa.


11 EVENTOS

hoje macau segunda-feira 25.4.2016

Narrativas em película

Fotografia Exposição da Coreia nas Casas-Museu da Taipa

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STREIA quinta-feira a exposição “Narrativas”, do fotógrafo sul-coreano Park Seung Hoon. Numa co-organização do Instituto Cultural (IC) e da PYO Gallery, a mostra abre às 18h30, na Galeria das Casas-Museu da Taipa. A exposição contará com a apresentação de 16 obras do jovem artista coreano e abrange duas séries de trabalhos. Da série “TEXTUS” são exibidas imagens fotográficas capturadas em película de 16mm em que o artista tece várias tiras de película, produzidas durante vários anos pelo mundo fora, que se apresentam aqui unidas numa só imagem, de forma a concretizar “um cenário perfeito”. A série “Uma melhor explicação” , também a mais recente criação de Park Seung Hoon, é uma manifestação

também fotográfica da transformação ao longo do tempo e do espaço da paisagem ribeirinha do rio Arno, em Florença. São apresentados cenários momentâneos que retratam simultâneamente o desenvolvimento histórico e social à volta deste rio. É objectivo da organização que através da presente exposição os visitantes se “sintam inspirados a potenciar a sua própria imaginação bem como a exploração de novas possibilidades artísticas”. “Narrativas” está patente até 26 de Junho de 2016 e tem entrada livre.

ARTES MARCIAIS ENCONTRO DE WUSHU E FESTIVAL NA CALHA

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encontro de Wushu que tem lugar em Agosto em Macau poderá tornar-se um Festival. É esse o desejo do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que disse querer integrar este evento “com elementos de turismo, desporto, cultura e criatividade”. Com o apoio da Administração Geral do Desporto da China e da Federação Internacional de Wushu, o “grande encontro” competitivo desta arte marcial será realizado pela primeira vez no território em Agosto. O evento conta com a participação de atletas da modalidade ao nível

AMEI ESTÁ DE VOLTA

Já cá esteve há três anos e vai voltar. Chang Hui Mei (AMei), a estrela do Mandopop, estará no próximo dia 11 de Junho no Cotai Arena, num espectáculo incluído na sua tournée mundial “Utopia 2016”. Conhecida por apresentar uma grande produção de palco recheada de “fantasia”, AMei é, acima de tudo, uma grande voz que saltou para a ribalta em 2009 com seu álbum intitulado “Amit”, que remete para o seu próprio nome num dialecto de Taiwan. O álbum foi bem recebido e nomeado para dez prémios, vencendo seis. Os bilhetes estão já à venda e variam entre as 380 e as 1580 patacas.

ELECTRONIC DANCE MUSIC EM MACAU

A DLDK (Don’t Let Daddy Know), uma das maiores marcas de EDM (Electronic Dance Music) do mundo, vai incluir Macau na sua tournée mundial que passa por Hong Kong, Santiago do Chile, Manchester, Antuérpia, Istambul e, claro, Ibiza onde tudo começou em 2012. A festa vai acontecer no próximo dia 1 de Julho no centro de eventos do Studio City e organização, na sua nota de imprensa, anuncia “decorações extremas, efeitos especiais” e autoriza os participantes a “perderem o controlo”. O elenco de DJs escalado para Macau não é claro mas sabe-se que a DLDK é conhecida por trabalhar com nomes como Martin Garrix, Steve Aoki, Skrillex, Dimitri Vegas & Like Mike e Steve Angello, entre outros. Os bilhetes custam um mínimo de 650 patacas e estão à venda a partir de hoje.

GOLFE PARAOLÍMPICO EM CONFERÊNCIA

internacional e do interior da China, estando ainda marcados espectáculos de dança do leão, que anda de mãos dadas com a prática do Wushu. O Secretário prevê que o evento dure quatro dias, podendo vir a ser prolongado até uma semana e, diz ainda Alexis Tam, podendo tornar-se uma actividade anual. Tap Seac, Fórum Macau ou Estádio da Taipa são os lugares possíveis para o evento. O Wushu é vulgarmente conhecido como Kung Fu, juntando elementos mais modernos da modalidade chinesa.

A Associação de Caridade dos Leitores da Macau Business está a organizar hoje e amanhã uma conferência de partilha de experiências entre treinadores, pais e agentes sobre as Olimpíadas Especiais. O objectivo, adianta a organização, “é o de canalizar e interesse geral para a área, criar uma comunidade de golfe Paraolímpico e discutir várias ideias e projectos que ajudaram ou possam vir a ajudar no futuro a obviar os problemas que as pessoas com deficiências mentais enfrentam”. A conferência decorre no Sheraton Macau e conta com a participação de diversos especialistas e pais de atletas com deficiências. De entre os especialistas convidados, destaque para a presença de Wilfried Lemke, consultor especial da ONU para o Desenvolvimento Desportivo e a Paz que, amanhã, pelas 9h15 fala sobre a “inclusão social por via do desporto”, numa sessão que será assistida por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.


12 CHINA

hoje macau segunda-feira 25.4.2016

Salto para Marte Aterrar no planeta vermelho em 2020

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China quer enviar um veículo de exploração a Marte, em 2020, anunciou na passada semana o director da Administração espacial chinesa, Xu Dazhe. O objectivo é proceder ao lançamento em 2020, de acordo com o plano da missão aprovado pelas autoridades chinesas em Janeiro, acrescentou, em conferência de imprensa, em Pequim. Xu considerou o calendário “um desafio” que vai representar “um salto gigantesco” para o programa espacial do país. “O que queremos conseguir é entrar na órbita de Marte, aterrar e colocar o veículo em acção, numa só missão, o que será

bastante difícil”, sublinhou o responsável chinês. O Governo chinês está a investir milhares de milhões no programa espacial, para acompanhar os programas norte-americanos e europeus, mas já foi suplantado na corrida a Marte pela vizinha Índia, que colocou uma sonda na órbita do “planeta vermelho” em Setembro de 2014.

REPLICANTES EM MARCHA

Os passos mais recentes do programa espacial chinês, que Pequim vê como um símbolo do progresso e da importância global do país, focaram-se na exploração da Lua. O primeiro veículo lunar - o “Yutu”, ou Coelho de

Jade - foi lançado no final de 2013, mas tem registado vários problemas técnicos. Em 2018, o país quer fazer aterrar a sonda “Chang’e-4” - nome da deusa da lua na mitologia chinesa - no lado oculto da Lua. Até aqui, o programa espacial chinês tem essencialmente replicado actividades desenvolvidas há décadas pelos Estados Unidos e União Soviética. Washington já enviou dois veículos de exploração a Marte e a antiga União Soviética e a Agência Espacial Europeia também enviaram missões ao planeta. A primeira tentativa chinesa de enviar um satélite para a órbita de Marte, em 2011, fracassou quando o foguetão russo de transporte não conseguiu sair da órbita terrestre.

NOVA CAMPANHA CONTRA FUNCIONÁRIOS FUGIDOS

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órgão anti-corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou uma nova campanha contra funcionários do país que fugiram para o estrangeiro sob suspeita de corrupção, designada “Sky Net 2016”, anunciou sexta-feira a agência oficial Xinhua. Em comunicado, a Comissão Central de Controlo

e Disciplina do PCC detalha que a campanha contará com o apoio do Ministério de Segurança Pública, Tribunal Popular Supremo, banco central da China e o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Irá complementar a já existente “Fox Hunt”, que foi lançada em 2015 e que resultou em 857 funcionários repatriados a partir de 66 países, segundo dados oficiais. A campanha incidirá também nos casos de branqueamento de capitais via companhias ‘offshore’ e bancos clandestinos, segundo a Xinhua. Este mês, a investigação jornalística “Papéis de Panamá” revelou que familiares

de nove líderes chineses atuais ou antigos surgem como donos de empresas ‘offshore’. Entre estes, figura Deng Jiagui, o marido da irmã mais velha do actual Presidente Xi Jinping. Familiares de Zhao Gaoli e Liu Yunshan, actuais membros do Politburo do PCC, a cúpula do poder na China, ou o ex-primeiro-ministro Li Peng, também constam dos documentos. Após ascender ao poder, em 2012, Xi lançou uma ampla e persistente campanha anti-corrupção que atingiu já mais de 130 responsáveis chineses com o estatuto de vice-ministro ou superior em todos os sectores do regime, incluindo no exército.

JOSÉ LUÍS DE SÁ FERREIRA Falecimento A família enlutada de José Luís de Sá Ferreira cumpre o doloroso dever de informar aos familiares e amigos, que este seu ente querido faleceu no dia 22 de abril, aos 75 anos de idade, no Centro Hospitalar Conde S. Januário, vítima de doença prolongada. José Luís de Sá Ferreira deixa esposa, filhos, noras, genros e netos. A família enlutada comunica que no dia 27 de abril será realizada a missa de corpo presente, na casa mortuária Diocesana, pelas 20:00 horas. Seu sepultamento será no 28 de abril às 11:00 horas no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade procedido de uma missa. Aos quantos se queiram associar a este piedoso acto, a família enlutada antecipadamente agradece.

Xi Jinping RELIGIOSOS DEVEM OBEDIÊNCIA AO PARTIDO

Deuses? Se forem socialistas... Na sequência do plano de promoção dos valores socialistas, Xi Jingping quer agora disciplinar as religiões ao Partido Comunista Chinês. Os funcionários do partido, todavia, devem ser “inflexivelmente ateus marxistas”, diz o Presidente

O

S grupos religiosos chineses têm de obedecer ao Partido Comunista no poder na China, disse o Presidente Xi Jinping, citado ontem pela agência oficial Xinhua. “Os grupos religiosos (...) devem aderir à liderança do Partido Comunista Chinês (PCC)”, afirmou, no encerramento de uma conferência com altos funcionários do partido. No entanto, os membros do PCC devem ser “inflexivelmente ateus marxistas”, vincou, pedindo-lhes para “resolutamente manterem a guarda contra infiltrações do exterior através de meios religiosos”. “Devemos guiar e educar o círculo religioso e os seus seguidores com os valores socialistas”, afirmou ainda Xi Jinping, que apelou

ao desenvolvimento de esforços para “combinar as doutrinas religiosas com a cultura chinesa”. “As políticas e teorias religiosas do PCC demonstraram estar correctas no passado”, acrescentou.

RELAÇÕES DIFÍCEIS

Na China vivem milhões de budistas, cristãos e muçulmanos.

“Devemos guiar e educar o círculo religioso e os seus seguidores com os valores socialistas” XI JINPING PRESIDENTE CHINÊS

Desde que Xi Jinping chegou ao poder, em 2012, as autoridades chinesas tornaram-se mais repressivas em relação a alguns grupos. Na província de Zhejiang têm sido demolidas igrejas e retiradas cruzes colocadas no exterior de edifícios numa campanha criticada por grupos de defesa dos direitos humanos. Na região muçulmana de Xinjiang, as denúncias são em relação à repressão de manifestações e práticas como o Ramadão ou as barbas longas. Pequim desistiu na década de 1970 de acabar com os grupos religiosos organizados e optou pelo seu controlo através de igrejas, templos e mesquitas oficialmente autorizadas que juntam a doutrina religiosa à retórica comunista.

FOSHAN MORTE NO MERCADO

Pelo menos duas pessoas morreram e 24 ficaram feridas após o colapso de uma estrutura de um mercado na província de Guangdong durante uma tempestade, segundo a agência estatal Xinhua. O acidente ocorreu na sexta-feira num mercado de fruta na cidade de Foshan, quando uma estrutura metálica desabou com o impacto da tempestade, informou o governo local em comunicado. Duas pessoas morreram no local e mais de 20 ficaram feridas. Na noite de sexta-feira continuavam hospitalizadas 13 pessoas, incluindo duas em estado grave.


13 hoje macau segunda-feira 25.4.2016 PUB

EXPLOSÃO EM ARMAZÉM QUÍMICO SEM VÍTIMAS

A explosão e consequente incêndio num armazém de químicos e combustíveis na cidade de Jingjiang, no leste da China, não causou vítimas mortais, segundo o governo local. A explosão, acontecida na passada sexta-feira, gerou receios depois de, em agosto do ano passado, o armazenamento impróprio de químicos na cidade de Tianjin ter causado uma enorme explosão que matou pelo menos 165 pessoas e causou contaminação tóxica na zona. O acidente de sextafeira aconteceu nas instalações da empresa Jiangsu Deqiao Storage, com autorização para armazenar químicos perigosos, segundo a imprensa local. Os acidentes industriais são comuns na China, onde os critérios de segurança são muitas vezes pouco rígidos.

O

S 45 taiwaneses deportados a partir do Quénia para a China, num episódio que agudizou as relações entre Pequim e Taipé, vão ser julgados em território chinês, informou sexta-feira a agência oficial Xinhua. Segundo a agência, que cita o subdirector do departamento de investigação criminal do Ministério de Segurança Pública chinês, Chen Shiqu, os detidos já “confessaram serem culpados”. “Irão agora ser investigados, punidos e julgados de acordo com a lei chinesa”, afirmou, após ter estado reunido com uma delegação de Taiwan encabeçada por Chen Wen-chi, alto funcionário do Ministério da Justiça taiwanês, que viajou até à China para negociar o caso. Os detidos fazem parte de uma rede de burlões da China continental e de Taiwan que a partir de África, do sudeste asiático e da

Daqui não saem

Taiwaneses deportados julgados no continente

Oceânia se faziam passar por polícias e funcionários governamentais. “A polícia chinesa não poupará esforços no combate às máfias e esperamos que as autoridades de Taiwan façam o mesmo e apoiem a China a recuperar o dinheiro obtido ilegalmente”, disse Chen Shiqu.

ACHAS PARA A FOGUEIRA

A detenção e deportação de cidadãos de Taiwan para a China suscitou um conflito legal, num momento de renovadas tensões devido à recente vitória eleitoral do partido pró-independência em Taiwan. Na semana passada, Taipé classificou a depor-

tação dos cidadãos naturais do território, que Pequim considera seu e não uma entidade política soberana, de “sequestro” e advertiu para consequências graves nas relações bilaterais. Pequim defende que a decisão de solicitar ao Quénia a deportação dos suspeitos foi legítima, visto tratarem-se de “compatriotas” que “burlaram em milhões de dólares cidadãos em território chinês”. Poucos dias depois, um outro caso envolvendo 50 cidadãos de Taiwan detidos na Malásia esteve perto de ter o mesmo desfecho. A delegação taiwanesa visitou na quinta-feira os 45 deportados num centro de detenção em Pequim, onde estão isolados uns dos outros e se encontram em “bom estado de saúde” e com “os seus direitos totalmente protegidos”, segundo a parte chinesa.

BURLAS DE MILHÕES

“A polícia chinesa não poupará esforços no combate às máfias e esperamos que as autoridades de Taiwan façam o mesmo” CHEN SHIQU MINISTÉRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA CHINÊS

As autoridades da China dizem que algumas das vítimas daquele esquema fraudulento “perderam todas as suas poupanças” e mais de 10 mil milhões de yuan foram transferidos, anualmente, a partir do continente chinês para Taiwan durante um período não detalhado. “Até agora, apenas 200 mil yuan foram devolvidos”, argumentam. Apesar dos atritos, China e Taiwan colaboraram nos últimos anos em 47 operações anti-máfia, que se traduziram na detenção de 7.700 suspeitos, entre os quais 4.600 são cidadãos da ilha, segundo a Xinhua.

CHINA


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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A

brisa marinha é sempre diversa. Com ela vem o sussurrar da proa, apartando as águas, e o ranger da madeira e do cordame que segura as velas enfunadas pelo vento. Os ouvidos e a experiência ditavam a rota no escuro da noite. Wong Siu Ieng, deitada no convés, já há muito deixara de sentir a maresia e o cheiro do peixe. Olhava o céu. A seu lado, Lai dormia a sono solto. Estavam no convés, em baixo fazia demasiado calor. Olhando as estrelas não encontrava as da sua aldeia. A memória era vaga, curta. Lembrava-se que dormia na barraca palafita quando uma vozearia estalou e, subitamente, agarrada por braços poderosos e coberta por um grande lenço foi levada para um baloiçante bote, enquanto outras vozes chorosas se lhe juntaram. Após curta viagem, ainda coberta, foi içada para uma amurada de onde a levaram. Ainda ouviu tiros e o estalar do fogo nos bambus. Era a sua aldeia, pensou. Depois, um vazio de memória, um breu como o da noite que atravessava. Lembrava-se de uma pequena praia onde, à vez, fundeavam juncos e onde contemplava, à distância, um perfil longínquo, habitado. Numa gruta, ao fundo da pequena praia, tinha o seu catre. Aí aprendera a manejar facas e espingardas. Os homens davam ordens, mandavam cozinhar peixe e arroz. Por vezes havia carne de porco ou galinha. Descobrira a existência de outras grutas, fendas na rocha banhadas pelas águas do rio. A maioria das outras crianças não crescera com ela. Por razões que desconhecia, fora adoptada por Lai Ma (mãe Lai) que, de cartucheiras à cintura mandava nos homens. Lai Chói Sán (Lai Montanha de Fortuna) tomara-a sob sua custódia e assim crescera. Os homens murmuravam que Lai Ma, ainda adolescente, tinha sido abusada por um bando e, como vingança, se tornara pirata, usando os seus homens quando a ela lhe apetecia, que era seca do útero. Talvez por isso a tivesse adoptado. “Wei”, sussurrou a sentinela, “estamos a chegar!”. Wong Siu Ieng interrompeu os pensamentos. Com os outros, levantou-se, pegou mecanicamente na espingarda, afivelou a cartucheira

A bica de duas bocas e dois tanka foram descidos. Primeiro desceram os homens, depois Lai Ma e Wong Siu Ieng. O junco seguiu caminho. O azul nascia no horizonte e aos poucos os olhos foram-se habituando. Estavam na nesga de rio de onde se acedia ao templo de Avalokiteshvara

Kun Iam. Meteram-se os oito por uma rua traseira que dava para a vila de Coloane. Esgueiraram-se para dentro de uma casa na Rua do Meio. Bastou um toque no portal para, do outro lado, se ouvir a tranca de madeira correr. Entraram para um pátio cheio de plantas, seguin-

do por um curto caminho de pedra que dava acesso à casa de tijolo cinzento que despertava com o raiar do dia. Lao Wing Man mandou servir canja numa enorme mesa redonda de tampo metálico. Os convivas, em silêncio, sorveram a sopa e comeram vorazmente o que traziam, fosse soi kau ou nabo frito.


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contos & histórias António Conceição Júnior

De quando em vez, olhavam para fora, o pé marítimo em cima do banco. Lao Wing Man, reclinado, fumava ópio. De olhos semicerrados, esperava que acabassem o pequeno almoço. Lai Ma limpou os lábios com as costas da mão, pulso ornado de pulseira de jade e boca de dentes de ouro, e levantou-se. “Tim-a Lao Sôk?” (então tio Lao?), interrogou a mulher pirata, dirigindo-se ao velho que lhe respondeu com um sorriso desdentado, lançando uma baforada de fumo: “Sempre o mesmo”. Virou-se e chamou A-Weng. O empregado curvou-se. “Traz as coisas”, disse o velho. A-Weng dirigiu-se a outro com-

partimento fora do olhar dos visitantes e voltou, entregando a Lao um conjunto de envelopes chineses e uma cesta de vime. Lai Ma tirou de um dos envelopes notas enormes que verificou. Abriu a cesta de vime e espreitou para um montão de moedas. “Muito bem, Lao Sôk, bom trabalho. Ficas com as moedas” disse a mulher, perguntando de seguida “todos pagaram?”. O velho riu-se. “Claro, eles sabem que tem de ser assim” disse com a forma arrastada de quem quer, à maneira cantonense, vincar uma afirmação. Lai Ma virou-se para o grupo, mas dirigiu-se à rapariga. “A-Ieng, vamos

dar uma volta. Traz o incenso”. Tirou os sapatos e ficou com o aspecto indistinguível de uma pescadora, pés chatos habituados a agarrar a teca do junco. Wong Sio Ieng desfez-se também da cartucheira, alisou a cabaia curta, manteve os sapatos de pano e ei-las, decididas, a encaminharem-se para o portão. Saíram de mãos dadas, os pauzinhos de incenso na mão e, na roupa interior, um bolso com sapecas. Caminharam sorridentes, seguindo em frente, passando por um templo ocidental. A aldeia ganhava vida à medida que crescia o dia. Passaram para a beira rio, onde palafitas davam para um terreiro arredondado. No chão, peixes secavam com sal. Um cão ladrou quando se cruzaram com um soldado sonolento, saindo de uma das barracas, ainda abotoando a farda.

A manhã daquele dia de 1931 rompeu demasiado cedo. Junto à bica de duas bocas, na zona da Flora, ao pé do Palacete da Flora, residência de Verão do Governador, uma forte explosão acordou a cidade. Num raio de 300 metros tudo ficou destruído. Registaram-se 41 mortos No terreiro vazio, um pequeno altar no chão. Lai Ma acendeu o incenso, agachou-se e iniciou, muito baixo, uma cantilena em língua estranha, inspirando repetidas vezes enquanto balanceava o tronco para a frente e para trás. Depois, espetou os paus de incenso entre os outros e ergueu-se, levando A-Ieng consigo. Esta nunca se atrevera a perguntar o que tudo aquilo significava, para além da oração a um tou tei (deus do lugar). Tomaram o caminho de regresso à casa de Lao Wing Man. Lai Ma reuniu os oito à volta da mesa e, sorvendo chá, anunciou que nessa noite partiriam para Macau. Um olhar de espanto invadiu os restantes. “Mas... o que vamos fazer?”. Lai Chói Sán olhou para o que tinha feito a pergunta e, enigmaticamente, respondeu: “Retribuir...”. Recolheu-se a um catre, com Lao a dormir o sono do opiómano. Os outros também se aco-

modaram aqui e ali, preparando-se para a saída nocturna. À hora combinada, pelo mesmo caminho, regressaram ao junco, que contornou a ilha. Do grupo, quatro passaram para outra embarcação de pesca, devidamente registada, que ancorou no Porto Interior, já passava das nove da noite. Num bote, chegaram a terra. Por baixo das arcadas, dirigiram-se a um homem que fumava cachimbo de água. Lai Ma falou em hakka, o homem ergueu-se indolentemente e dirigiram-se para o templo de A-Ma. No largo, o homem entregou às duas mulheres um varão de bambu e duas cestas. Lai Ma entregou o tam kón a A-Ieng, que o poisou sobre as cestas, atando-o com cordas. Subiram a rampa do Quartel dos Mouros, cestos ao ombro, desafiando as autoridades ali estacionadas. Foram subindo a estrada de terra batida, falando em hakka. A-Ieng procurava discernir alguma palavra, olhando o sentinela barbudo, que pouca importância deu ao trio. Avançaram até ao fim do caminho, subiram e desceram outro, e ei-los chegados a um templo ocidental com uma escadaria. Viraram à esquerda e entraram num casinhoto. O homem acendeu uma lamparina de óleo. Havia apenas um catre e uma mesa. Ao fundo, uma banca, um fogareiro a carvão e um abano. “Kan Sôk (tio Kan), preciso de ir até I Long Hâu (bica de duas bocas)”. Aquilo era zona guardada por fei tchâu lou (africanos, landins), avisou o homem. Lai Chói Sán sabia disso, “há vinte e um anos mataram o meu homem em Lu Wan (Coloane)...”. E por aí se ficou. Kan Sôk, meditabundo, insistia que era muito perigoso. “A ousadia é sempre inesperada”, respondeu-lhe a mulher, olhando-o nos olhos. Acabou por concordar. Foram-se pelo escuro da noite. A manhã daquele dia de 1931 rompeu demasiado cedo. Junto à bica de duas bocas, na zona da Flora, ao pé do Palacete da Flora, residência de Verão do Governador, uma forte explosão acordou a cidade. Num raio de 300 metros tudo ficou destruído. Registaram-se 41 mortos. Às 5:35 da manhã, inexplicavelmente, trinta toneladas de pólvora explodiram. Muito se especulou sobre as verdadeiras causas deste terrível acidente, aventando-se até ter sido obra de pirataria. As autoridades porém, negaram. Nota do autor: este texto, embora baseado em factos e personagens reais, é inteiramente ficcionado.


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Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

GUO XI O que queremos dizer quando falamos de clareza e maturidade na observação? Hoje em dia quando os artistas pintam montanhas só retratam três ou cinco cumes; ao desenhar a água, só três ou cinco ondas. Isto deve-se ao erro da imaturidade. Ao desenhar as montanhas deve haver um grande número. Se as altas e as baixas, as pequenas e as grandes, as que viram as costas às outras, as que viram a cara às outras, todas se fundirem harmoniosamente como se numa saudação mútua, então exprime-se verdadeiramente a beleza significante das montanhas. Ao delinear as águas; se as pacíficas, se as furiosas, as que fazem redemoinhos, as enérgicas e as transbordantes são todas retratadas;

se o rio é mostrado correndo para longe em expansão, então a representação da água é variada e é abundante e satisfatória em si própria. O que queremos dizer quando falamos de falta de prática variada? Os artistas actuais que cresceram nas províncias de Zhejiang e Jiangsu têm uma inclinação para pintar a paisagem árida do sudeste; aqueles que moram na Província de Shaanxi são hábeis a pintar os magníficos cumes encrespados do Kuanlong; àqueles que tomam como modelo Fan Kuan falta-lhes o refinamento e a graça de Ying Qiu1; àqueles que seguem Wang Wei falta-lhes a força de Guan Tong2. Erros deste tipo devem-se à falta de uma prática variada.

1 - Nome de um lugar na Província de Shandong pelo qual também é conhecido Li Cheng (919-967). 2 - Discípulo de Jing Hao, Guan Tong (c. 906-960) era originário de Changan, na sua pintura as composições de grande densidade compacta, com grande atenção ao aspecto próprio da estação do ano, correspondem ao que hoje se considera a tradição do Norte. A sua pintura mais conhecida «Sombra da Montanha no Outono» corresponderá ao poema de Li Bai «Difíceis os caminhos de Shu» (Shudao nan) traduzido para português por A. Graça de Abreu em «Poemas de Li Bai», ICM, Macau, 1990, p.256. O seu método de uso do pincel é designado Fupi cun, «rugas talhadas com machado», um gesto rápido e vigoroso, espesso e largo no início, fino na ponta, sugerindo uma erosão fresca em largas faces angulosas.

«Linquan Gaozhi»

A Grande Mensagem Sobre Florestas e Nascentes


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TEMPO

?

TROVOADAS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

DOCUMENTÁRIO “I’M HERE” Cinemateca Paixão, 16h30

MIN

22

MAX

26

HUM

80-98%

EURO

8.96

BAHT

EXPOSIÇÃO “AS DIMENSÕES DO SONHO E ARTE” Fundação Rui Cunha, 18h30 (até 12/05)

Amanhã

DOCUMENTÁRIO “FIRST COUSIN ONCE REMOVED” Cinemateca Paixão, 16h30

O CARTOON STEPH

Diariamente

EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05) Entrada livre EXPOSIÇÃO DE DINOSSAUROS Centro de Ciência de Macau

EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) Entrada livre EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin Entrada livre

Cineteatro SALA 1

C I N E M A

BUDDY COPS [C]

Com: Mary Elizabeth Winstead, John Goodman 19.30

Filme de: Peter Chik Com: Bosco Wong, King Kong Li, Charmaine Fong 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3

SALA 2

THE BOY [C] Filme de: William Brent Bell Com: Laura Cohan, Rupert Evans 14.15, 16.00, 17.45, 21.30

10 CLOVERFIELD LANE [B] Filme de: Dan Trachtenberg

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 74

PROBLEMA 75

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

DOCUMENTÁRIO “CHUCK NORRIS VS COMMUNISM” Cinemateca Paixão, 14h00 Bilhetes a 60 patacas

EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) Entrada livre

YUAN

1.23

E NOVIDADES, HÁ?

DOCUMENTÁRIO “32+4” Cinemateca Paixão, 16h30

Quarta-feira

0.22 AQUI HÁ GATO

DOCUMENTÁRIO “SISTER KIM” Cinemateca Paixão, 16h30

DOCUMENTÁRIO “WANSEI BACK HOME” Cinemateca Paixão, 14h00

(F)UTILIDADES

Adoro a forma como o Governo dá notícias por cá. Secretários, funcionários públicos, responsáveis de tutelas, para todos eles, a forma como dizem as coisas soa a novo, a algo que nunca foi falado antes, a uma notícia bombástica que nunca ninguém ouviu e depois, vamos a ver, de novo nada tem. Um jornalista menos atento, fica espectacularmente agradecido por ter coisas “novas” para escrever, ou dizer. Um que já saiba o que canta por cá, suspira e pensa como poderá descalçar a bota de ter que repetir na sua notícia o que foi já dito e redito. O “reitera” e o “volta a frisar” são sempre soluções. É que, na verdade, nem o Chefe do Executivo, de quem supostamente deveriam partir as novidades, diz coisas novas. É o “vamos reservar terrenos para habitação pública” – e novidades há? –, é o “devemos actuar sempre de acordo com a lei” – sério? – e o “vamos estudar alterar a lei de atribuição de casas aos funcionários públicos” – Sónia Chan já o tinha dito. Depois vem o “vamos rever o Regime de Carreiras Especiais” – caro Chefe, os SAFP já se tinham adiantado a isso, tanto que já propuseram aumentos de salário e tudo... Daí perguntar: e novidades há? Nos 1500 discursos e 2000 comunicados: e novidades, há? Pu Yi

“BENNETT AVE, 2016” (SHARON IRVING)

Entrou pelas nossas televisões em 2015, mas a sua carreira começara anos antes. A beleza de Sharon Irving, o seu jeito doce e tímido, misturada com uma voz poderosa e harmoniosa conquistaram o público. Nascida em Chicago, numa família que vive da música, Sharon transpira soul e jazz, dando uns toques no hip hop. Este ano, 2016, todos os que vão acompanhando o trabalho da cantora esperam o tão prometido álbum de originais, “Bennett Ave”. Até lá, contentamo-nos com a partilha das suas músicas nas plataformas online. “Sweet Darlin” é a primeira música, e vídeo, lançada para promover a antestreia do álbum. Filipa Araújo

MY WIFE IS A SUPERSTAR [C] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Shirley Yung Com: Annie Liu, Chau Pak Ho, Alex Lam, Jacky Chai 14.15, 16.05, 17:55, 21:45

ZOOTOPIA [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 19.45

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


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a outra face

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Fascismo nunca mais!

OJE comemora-se o 25 de Abril, Dia da Liberdade. Pela quadragésima segunda vez. Ou seja, já haveria tempo para ter sido encetada uma séria reflexão sobre esse conceito belo e complicado: Liberdade. Claro que quem não viveu as ditaduras, possui uma experiência limitada da questão. É compreensível. E, no caso radical da malta a quem a Natureza não dotou de mais de três neurónios, é até esperável, ainda que não desejável. Isto faz-me tudo muita impressão. Sobretudo a facilidade e impudência com que, por vezes, se fala. Repare-se no que aconteceu aqui em Macau, a propósito do processo de destituição de Dilma Roussef: Jane Martins, presidente da Casa do Brasil de Macau, disse a este jornal que preferia ver os militares no governo do seu país do que o Partido dos Trabalhadores (PT). Questionada no Facebook por compatriotas naturalmente indignados, a senhora em questão empina-se dizendo que é a sua opinião e que o que mais preza é a “liberdade de expressão”. Portanto, arroga-se do direito de preferir um governo militar (como os que governaram anteriormente o Brasil) a um governo do PT. Na verdade, engana-se redondamente, porque não se pode usar a liberdade de expressão para pugnar pela sua extinção. Os governos militares no Brasil instalaram a censura, perseguiram pessoas pelos seus ideais, prenderam-nas e torturaram-nas. Foram, na realidade, os grandes responsáveis pelo estabelecimento da corrupção que infesta todos os quadrantes da vida política brasileira, pois criaram um regime nela baseado que, apesar do advento da democracia nos anos 80 do século XX, ainda predomina como a lista da Odebrecht demonstra. Com os militares no governo, a liberdade de expressão, que Jane Martins tanto diz prezar, seria limitada ao encómio e à mentira. Mas o que é interessante no discurso da presidente da associação local acaba por ser a crença em que a “sua liberdade de expressão” pode ser exercida de qualquer maneira e, por exemplo, pode defender o fim da liberdade para os outros, como ela fez ao preferir um regime fascista a um governo eleito democraticamente. Ora é claro que não é assim porque (lugar comum, mas difícil de entender por certas pessoas) a minha liberdade acaba onde começa a dos outros... Senão, repare-se, qualquer um poderia dizer de Jane Martins o que Maomé não

ROBERTO FARIA, PRA FRENTE BRASIL

CARLOS MORAIS JOSÉ

disse do toucinho: insultá-la, acusá-la de corrupção, de gestão danosa da sua associação, de estupidez congénita, de comportamento moralmente duvidoso, até de ser fisicamente repugnante, sem apresentar qualquer prova ou justificação que não fossem as suas intervenções públicas, no Facebook e o direito à liberdade de expressão.

“O que é interessante no discurso da presidente da associação local [Casa do Brasil de Macau ]acaba por ser a crença em que a “sua liberdade de expressão” pode ser exercida de qualquer maneira e, por exemplo, pode defender o fim da liberdade para os outros, como ela fez ao preferir um regime fascista a um governo eleito democraticamente”

Certamente que a “Querida Líder” da comunidade brasileira de Macau não iria gostar. Provavelmente avançaria com um processo no tribunal que, talvez daqui a cinco anos, eventualmente, depois de muito advogado e muita discussão sobre liberdade de expressão, resultaria em muito pouco. Contudo, os danos causados na sua reputação seriam irreparáveis. Será que “liberdade de expressão” significa que vale tudo? Penso que não. Existe uma coisa chamada ética pessoal que nos impede de tomar esse tipo de atitude. A liberdade não pode ser utilizada para tirar liberdade aos outros porque tal não é um conceito, mas uma posição de força real, de violência exercida sobre corpos, de fascismo, de repressão. Depois de assistirmos ao espectáculo degradante dos deputados no Brasil, não surpreendem tanto as declarações da presidente local, que considero do mesmo calibre. Ou seja, assistimos a uma breve reprodução no Oriente dos dislates ouvidos em Brasília. Faltou Deus e a família... E não se trata de ter emitido uma opinião pessoal, porque nenhum jornal lhe perguntaria o que pessoalmente acha sobre isto ou aquilo mas sim, como é óbvio, como presidente da associação a que preside. Minha querida Amélia António, presidente da Casa de Portugal... olha se fosse brasileiro... nestes momentos (e não só) é que percebemos como somos bem representados... Fascismo nunca mais!

OPINIÃO


Alberto Eduardo Estima de Oliveira

Tarde demais TIAGO ALCÂNTARA

pediu à Direcção dos Serviços de Finanças para que fosse autorizada a transmissão do direito ao arrendamento da moradia a si e ao filho de ambas, mas o Chefe do Executivo indeferiu o pedido. A mulher interpôs recurso para o TSI, alegando que a decisão do Chefe do Executivo violou a lei que prevê a transmissão por morte, imputando, ainda, àAdministração a “inobservância dos prazos previstos na lei para a publicação da lista provisória da lista definitiva e da lista classificativa, fazendo com que [o funcionário] não pudesse concluir, antes da [morte], todo o procedimento legal do concurso e celebrar o contrato de arrendamento”.

ACTO VÁLIDO

UM ABERTAS INSCRIÇÕES PARA CURSO DE VERÃO DE PORTUGUÊS

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

Estão abertas as inscrições para o 30º curso de Verão de Língua Portuguesa organizado pela Universidade de Macau (UM). Até 14 de Maio os interessados podem candidatar-se, sendo que o curso decorre entre 18 de Julho e 5 de Agosto. Com cinco níveis, desde o iniciante ao superior, os cursos são abertos ao todos os alunos bilingues. A decorrer há 30 anos, o curso de Verão da UM já formou mais de seis mil alunos da China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Vietname, Malásia, Timor, Etiópia, Estados Unidos da América, Hong Kong e Macau.

segunda-feira 25.4.2016

TSI NEGADA MORADIA A ESPOSA DE FUNCIONÁRIO FALECIDO

FAMÍLIA DE VÍTIMA REVOLTADA COM DECISÃO DO TRIBUNAL

A família de um residente de Macau que morreu vítima de um acidente rodoviário provocado por um condutor embriagado ficou insatisfeita com a decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI). O tribunal decidiu diminuir a pena original de 13 anos e meio aplicada pelo Tribunal Judicial de Base (TJB) para quatro anos. As declarações foram prestadas pela filha da vítima, acompanhada pelo deputado Au Kam San. O acidente ocorreu em Outubro de 2013, na Avenida da República, quando a vítima seguia de bicicleta e foi abalroada pelo réu. O TJB tinha condenado ainda o condutor a uma indemnização de 2,8 milhões de patacas que não terá sido alterada pelo TSI. A família da vítima considera que esta decisão não levou a dor da família em conta e mostrase duvidosa quanto aos efeitos dissuasores da pena. O deputado Au Kam San considerou que o recurso do réu diminuiu demasiado a pena de prisão, alertando ainda para a diversidade de decisões dos tribunais relativas a casos semelhantes.

distante / era essa voz / que segredava / sabores / de espanto / marés / de auroras”

O

Tribunal de Segunda Instância (TSI) negou um recurso à esposa de um funcionário público dos Serviços de Alfândega (SA), que se candidatou a um concurso público para a atribuição de moradias a funcionários públi-

cos, mas morreu antes desta lhe ser atribuída. O caso remonta a 2012, quando o funcionário fez a candidatura e foi admitido. No ano seguinte, foi publicada a lista do concurso, sendo que o homem conseguiu um T2. Três meses depois, contudo, o funcionário faleceu. A esposa

Para o tribunal, contudo, o falecimento do funcionário deu-se “antes da prolação do despacho de atribuição de moradias pelo Chefe do Executivo”, o que “impediu que este acto administrativo produzisse os efeitos externos”. Mais ainda, o tribunal diz que “independentemente da eventual responsabilidade por parte da Administração na demora causada pela alegada inobservância dos prazos procedimentais, a inobservância dos tais prazos nunca afecta a validade do acto administrativo”, pelo que o recurso da mulher foi negado. J.F.

Irish Council Against Blood Sports está a organizar uma “demonstração pacífica” em Dublin, na próxima semana, contra a exportação de galgos para Macau. Um evento criado no Facebook pela organização explica que o encontro vai acontecer em frente ao Departamento de Agricultura irlandês, a 4 de Maio, entre o 12h30 e as 14h30. “A demonstração serve para realçar a exportação horrenda de galgos de corrida para o infame

Canídromo de Macau, onde mais de 30 cães são mortos mensalmente”, aponta a Irish Council Agains Blood Sports. A demonstração segue-se a uma petição com o mesmo fim, depois de ambientalistas irlandeses apontarem o dedo ao Departamento de Agricultura do país, que acusam de estar a fechar os olhos a uma prática “ilegal”. “Eles vetaram a exportação de galgos para a China em 2011, tendo em conta práticas de bem

O Instituto Cultural (IC) vai lançar um plano piloto no terceiro trimestre para que a biblioteca do Mercado Vermelho esteja aberta 24 horas ao público. O teste tem a duração de seis meses e vai servir para que o organismo decida se vai fazer o mesmo com as outras bibliotecas públicas. Tang Mei Lin, chefe do departamento de Gestão de Bibliotecas Públicas do IC, indicou que “embora a biblioteca do Mercado Vermelho tenha uma área menor que as outras, a taxa de utilização desta biblioteca é das mais elevadas”, pelo que foi esta a selecionada para o plano piloto, que se prevê implementar em Setembro ou Outubro.

FEBRE MAS NÃO AMARELA

GALGOS IRLANDESES CONTRA EXPORTAÇÃO

A

MERCADO VERMELHO BIBLIOTECA 24 HORAS

-estar animal, e agora, em 2016, estão a fechar os olhos, dizendo que não há qualquer proibição na exportação destes animais”. Segundo jornais irlandeses, chegaram a Macau seis galgos provenientes da Irlanda só este mês, depois da Austrália ter impedido a exportação destes animais para o território. J.F.

Após os resultados das análises laboratoriais efectuadas a uma turista angolana, os Serviços de Saúde (SS) excluem a infecção por febre amarela apesar das notícias iniciais para isso apontarem. As suspeitas de febre amarela surgiram após uma mulher, de 26 anos de idade, ter tido febre durante o período de vigilância a que estava submetida, por ter viajado de Angola para Macau e ter dado entrada na RAEM no dia 19 de Abril. Ainda assim, os SS apelam aos residentes que pretendam viajar para Angola, ou outros países e territórios onde existam surtos de febreamarela, para recorrerem ao Centro de Saúde do Tap Seac ou ao dos Jardins do Oceano, na Taipa, para se inocularem contra a doença. A vacina deve ser tomada pelo menos dez dias antes da viagem.


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