Hoje Macau 25 MAI 2012 #2617

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

Ter para ler

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 25 DE MAIO DE 2012 • ANO XI • Nº 2617

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 25 MAX 29 HUMIDADE 65-95% • CÂMBIOS EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.2

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• O fim de uma ilusão

Relatório da Amnistia Internacional deixou Macau de fora

Terra de ninguém Avaliou direitos humanos no mundo inteiro, mas a RAEM ficou esquecida. O Hoje Macau confrontou a organização, que se desculpou alegando não possuir “recursos” no território. A coordenadora do Grupo da China da Amnistia, Maria Teresa Nogueira, nem queria acreditar. “Acho isso inadmissível.” PÁGINA 3

NOVA PEÇA DE DIOGO INFANTE

Actor escolhe Macau para estreia absoluta PÁGINA 15

ATRASOS SEM PERDÃO

Reolian multada em 50 mil patacas PÁGINA 5

REFORMA POLÍTICA

Susana Chou queria outra consulta pública ÚLTIMA PUB


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política

sexta-feira 25.5.2012

www.hojemacau.com.mo

Confirma-se arguido no caso de corrupção de Ao Man Long

Joseph Lau será julgado em Macau Joseph Lau, em conjunto com Steven Lo, terá alegadamente pago 20 milhões de patacas a Ao Man Long para a aquisição dos terrenos em frente ao Aeroporto, onde está a ser construído o empreendimento La Scala. Os nomes dos dois homens foram mencionados logo no primeiro dia do terceiro julgamento de Ao Man Long, quando o ex-secretário foi acusado de ter autorizado a concessão dos lotes.

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

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OSEPH Lau, um dos magnatas de Hong Kong envolvido no escândalo de corrupção de Ao Man Long, vai ser julgado em Macau. O representante da Chinese Estatse Holdings já tinha sido nomeado como arguido pelos juízes da Última Instância, em Abril, numa das audiências dedicadas ao terceiro processo do ex-secretário para as Obras Públicas e Transportes. O anúncio de que Joseph Lau irá ser julgado no Tribunal de Primeira Instância (TPI) foi feito pela própria Chinese Estate Holdings na noite de quarta-feira, em comunicado à bolsa de Hong Kong. “Joseph Lau, director-executivo da empresa, aceitou a acusação do Tribunal de Instrução Criminal de Ma-

ACÇÕES SUSPENSAS

cau de ter cometido crimes de lavagem de dinheiro e suborno relativamente à aquisição de terrenos. O caso vai ser remetido para

o TPI, para ser julgado em tempo oportuno.” Contudo, se for provado que Joseph Lau fez o pagamento e que foi efec-

tuado na região vizinha, o Comissariado Independente contra a Corrupção de Hong Kong pode também acusá-lo de suborno.

Ontem de manhã, a venda de acções da Chinese Estates Holdings foi suspensa na bolsa de Hong Kong, depois da confirmação de Joseph Lau como arguido no caso de corrupção que envolve o ex-secretário das Obras Públicas. Joseph Lau vai agora acusado de branqueamento de capitais e corrupção activa, num processo ainda

Resolução de conflitos por arbitragem ainda tem condicionantes no território

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Falta promover e informar

UANDO comparado com a região vizinha ou com o continente, Macau fica muito atrás na resolução de conflitos através da arbitragem. A conclusão é de um estudo feito por Lai Kin Kuok, técnico superior da Direcção dos Serviços de Reforma Jurídica e do Direito Internacional e assistente de direito da Universidade de Macau, que defende ser necessária mais promoção desta forma de julgamento. Mas há mais condicionantes ao desenvolvimento da arbitragem de Macau, sublinha Lai Kin Kuok. A evolução das actividades arbitrais está sujeita aos serviços das instituições locais de arbitragem – cinco actualmente -, que se regem por regulamentos diferentes. “Os recursos destinados à arbitragem estão dispersos e a sua gestão e serviços não estão bem apoiados”, pode ler-se no estudo. Leong Heng Teng, quando era deputado à Assembleia Legislativa, já tinha pedido ao Governo que considerasse a integração das instituições arbitrais de áreas diferentes num único centro de arbitragem, no sentido de uniformizar os mecanismos arbitrais e elevar a

eficiência da resolução de conflitos. Isto não só dada a dispersão dos regulamentos, como pelos poucos recursos do sector judicial. A formação e a avaliação de árbitros de Macau é outra das condicionantes apontadas por Lai Kin Kuok para o fraco desenvolvimento da arbitragem no território. Jorge Neto Valente já tinha referido a necessidade de serem contratados árbitros de maior qualidade para Macau e de formá-los nas línguas lusa e inglesa. A afirmação do presidente da Associação dos Advogados de Macau veio na sequência do anúncio do Fórum Macau em desejar implementar um Centro de Arbitragem para a lusofonia na RAEM. Mas, da mesma forma que Neto Valente defende que Macau poderia seguir o exemplo de Hong Kong para o desenvolvimento no sector da arbitragem, Lai Kin Kuok compara o território com a região vizinha. “A formação em Macau está longe de poder comparar-se a Hong Kong, uma vez que não há muitos casos sujeitos à arbitragem. Não é, por isso, difícil compreender que os

árbitros locais não sejam muito experientes.” A contratação de árbitros de fora poderia ser uma solução, mas é pouco apreciada. “As realidades de arbitragem de Macau não aconselham à adesão de árbitros provenientes do exterior.”

FACTORES SOCIAIS

Há também outros factores sociais na comunidade de Macau que colocam os residentes de pé atrás aquando da altura de recorrer a

locais de arbitragem. “Macau é um território pequeno e as relações interpessoais são íntimas”, explica Lai Kin Kuok. “Os fenómenos derivados destas realidades são contraditórios com os requisitos da neutralidade dos árbitros, pondo em causa a vontade das partes em escolher as instituições arbitrais de Macau para resolver conflitos.” Não serão, contudo, esses factores a impedir o futuro desenvolvimento da arbitragem no território,

em fase de instrução, que acontece em Macau. Steven Lo, da empresa Moon Ocean, terá pedido ajuda a Joseph Lau, em 2005, para investir nos terrenos, dada a envergadura do projecto. Joseph Lau terá aceite o investimento conjunto, depois de ter assinado um contrato que lhe permitia obter uma determinada percentagem das acções da Moon Ocean. Steven Lo acabou por vender 70% da Moon Ocean a Joseph Lau, em troca de um empréstimo de 20 milhões de patacas. Esse valor, que surge no caso como a quantia que Ao Man Long terá recebido para adjudicar os terrenos à Moon Ocean, é justificado pelos agora arguidos como financiamento para contratar arquitectos, consultores e engenheiros. O Ministério Público (MP) põe em causa um valor tão alto para essas despesas e diz que o montante foi parar à Ecoline, uma offshore controlada por Ao Man Long. No ano passado, Joseph Lau, adquiriu os restantes 30% da empresa, que passou então a ser subsidiária da Chinese Estates Holdings.

diz o estudo, mas a falta de adesão de magistrados e árbitros, a falta de promoção e de informação da sociedade sobre este tipo de resolução de conflitos. Quando comparados os números, Hong Kong colecciona 394 casos resolvidos por arbitragem em 2006 – com tendências de aumento nos últimos dez anos -, a China contabiliza mais de 28 mil casos e Macau 16. No território, este regime de arbitragem é aplicado há mais de 40 anos. O sector de arbitragem de Hong Kong, diz o estudo, é mais avançado do que o de Macau, que se limita a decidir sobre conflitos internos. “Um factor que, recentemente, está em destaque é o emprego da figura de arbitragem para atenuar o fenómeno do cansaço processual. Isso faz com que Macau não tenha as mesmas necessidades de internacionalização da arbitragem e urgência na uniformização dos regimes de arbitragens internas e externas que Hong Kong tem.” Lai Kin Kuok considera necessário promover a uniformização dos diplomas arbitrais e assume ainda ser importante que o tribunal apoie a arbitragem, limitando-se a intervir em casos concretos, como a escolha do arbitro e a recolha de provas. “Só após a sentença do arbitragem deveria intervir e caso a parte vencida decidisse interpor acção em tribunal”, remata. - J.F.


sexta-feira 25.5.2012

Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo

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relatório anual da Amnistia Internacional (AI) fala da China, da região autónoma do Tibete, da região autónoma Uigur de Xinnjiang e de Hong Kong, mas esqueceu-se de Macau, pelo segundo ano consecutivo. De acordo com a assessoria da AI, em Londres, “não existem recursos suficientes” em Macau. “As nossas sinceras desculpas mas não vamos ser capazes de falar sobre Macau”, admitiu a AI ao Hoje Macau. “Infelizmente a Amnistia Internacional não tem os recursos para realizar investigação sobre direitos humanos em Macau.” O Hoje Macau contactou a coordenadora do Grupo da China da AI em Portugal, Maria Teresa Nogueira, que se mostrou surpresa com a resposta de Londres. “Acho isso inadmissível.” Para Maria Teresa Nogueira, Macau estar fora do relatório da Amnistia Internacional só significa que a secção de Hong Kong falhou os trabalhos de casa. “Estranhamos que Hong Kong, tão perto, não tenha feito a necessária investigação aos problemas de Macau.” Outra questão por referir no relatório de 2012 prende-se com o caso Lau Fat-wai. O cidadão português de etnia chinesa, residente em Macau, foi condenado à morte em 2009 e Portugal mantêm uma negociação ao mais alto nível para tentar o resgate de Lau, acusado de transportar drogas e contrabandear materiais para fabrico de estupefacientes. Maria Teresa Nogueira assume que o assunto tem de ser tratado com pinças e por isso é que a Amnistia Internacional optou por não falar dele. “Está a ser tratado ao mais alto nível. É algo que nos preocupa muito mas neste momento temos de tratar tudo com a devida prudência.” Lau Fat-wai, residente na RAEM, tinha passaporte e bilhete de identidade português (datados de 2003 e 2004, respectivamente), aquando da sua detenção.

DESCULPAS NÃO CHEGAM

Admitir falta de recursos não desculpabiliza deixar Macau de fora. Para o deputado José Pereira Coutinho isso só revela “desleixo” por parte da Amnistia Internacional. “Macau não cumpre diversas convenções internacionais, muitas delas relacionadas com os direitos fundamentais dos trabalhadores.” Outro deputado, Paul Chan Wai Chi, também acusa Macau de não executar correctamente convenções internacionais entretanto assinadas, apesar de concordar que, sob o quadro da Lei Básica, “os direitos humanos do povo da RAEM estão bem protegidos”.

política

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Relatório anual Amnistia Internacional deixa Macau de fora

Sem recursos ou sem vontade? O mais recente relatório da Amnistia Internacional sobre os direitos humanos deixou a RAEM de fora. Confrontada pelo Hoje Macau, a organização desculpa-se com o facto de não possuir “recursos” no território. A coordenadora do Grupo da China da AI em Portugal, Maria Teresa Nogueira, diz que Hong Kong não fez o trabalho de casa. Os deputados da AL afirmam que, mesmo sendo um lugar pacato, o território não cumpre algumas das convenções internacionais que assinou porque as estatísticas “continuam secretas”. A tortura e outras formas de maus-tratos ainda são o pão nosso de cada dia na China. AAI continua a usar mesmo o termo “endémico” de 2011 para constatar as agressões, normalmente perpetradas nos locais de detenção. De acordo com o relatório “intensificaram-se as hostilidades, as intimidações, as detenções arbitrárias e ilegais e os desaparecimentos forçados de críticos do Governo”, assim como, ao nível internacional, a China “aumentou a influência global do país na área dos direitos humanos – geralmente para pior”.

Por outro lado, lembra que apesar de Macau ser um local pequeno e onde as relações interpessoais são muito intensas, o Governo tem de rever o abuso policial e o controlo da liberdade de imprensa. “Estamos a preparar uma interpelação ao Governo sobre os direitos humanos que apresentaremos brevemente na AL, especialmente dedicada aos direitos da sociedade civil.”

PROBLEMAS DO VIZINHO

AAI também emitiu opinião sobre a vizinha Hong Kong. O relatório fala no “avanço rápido para o sufrágio universal” conforme estipulado na Lei Básica da RAEHK. De bom, a AI destaca as directivas administrativas “sobre a promoção da igualdade racial”, algo que já tinha observado em 2010. Como no ano anterior, o calcanhar de Aquiles continua a ser a liberdade de expressão, de associação e de reunião. “As forças de segurança e a polícia empregaram força excessiva contra manifestantes pacíficos.” E dão exemplos de situações relacionadas com a manifestação pacífica do Dia Internacional contra a Homofonia e a Transfobia, bem como alguma fricção entre as autoridades e jornalistas. O relatório realça a sentença favorável proferida a uma empregada doméstica filipina, referindo que “as cláusulas imigratórias que proíbem trabalhadores domésticos de requerer o direito de residência eram institucionais”. Contudo, o Governo da RAEHK recorreu. “Tal exclusão constituía discriminação por motivos étnicos”, disseram críticos da posição do Governo. Uma última nota relaciona-se com refugiados e requerentes de asilo. O relatório anual da AI salienta o projecto de Emenda 2011 à Lei da Imigração, uma medida destinada a criar um enquadramento legal para lidar com queixas apresentadas com base na Convenção da ONU contra a Tortura. Contudo, é público que Hong Kong ainda tem em mãos cerca de 6.700 pedidos de asilo que continuam por avaliar, mesmo depois de ter sido colocado em

PANORAMA NUBLADO

Reparos a Portugal Portugal também merece alguns reparos por parte da AI. “Houve pouca responsabilização pela tortura e outras formas de maus-tratos”, o que representa nenhuma evolução em relação ao relatório de 2011, que já apontava os mesmos problemas. De positivo a AI realça que “os relatos de violência doméstica diminuíram ligeiramente, mas continuam a causar grave preocupação”. A etnia cigana também merece destaque no relatório da AI, tal como em 2011. “Os ciganos foram discriminados no acesso à habitação.”

marcha, em 2009, o projecto-piloto de avaliação dos casos dos requerentes de asilo.

CHINA A GATINHAR

O relatório anual de 2012 é claro em relação à China. Mantém um índice de crescimento económico relativamente elevado mas em relação aos direitos humanos ainda tem muito que aprender. “Temendo o surgimento de movimentos de protesto inspirado nos eventos do Médio Oriente e do Norte de África, as autoridades lançaram, em Fevereiro, uma das maiores ondas de repressão contra activistas políticos, defensores dos direitos humanos e ciberactivistas desde as manifestações de 1989 na Praça da Paz Celestial.”

Já em 2011 o relatório era peremptório. “A resposta do Governo chinês a uma sociedade civil florescente foi prender e perseguir pessoas por expressarem pacificamente as suas opiniões” e a China, apesar de ter aumentado a segurança nas regiões habitadas por minorias étnicas ainda atropela “em demasia” os direitos humanos. “As autoridades continuaram a reprimir os tibetanos, uigures, mongóis e outras minorias étnicas”, pode ler-se no documento. Agora, no novo relatório, refere-se que a China aprovou a 8.ª Revisão do Código Penal, eliminando a pena de morte como punição para 13 crimes. Porém, “estima-se que sejam milhares o número de execuções no país”,

Em 2011, “vários Governos da região da Ásia e do Pacífico responderam aos ventos de mudança provenientes do Médio Oriente e do Norte de África redobrando os seus esforços para manter o poder através da repressão daqueles que exigiam direitos humanos e dignidade”. O relatório anual da Amnistia Internacional refere, no entanto, numa apreciação regional à Ásia e ao Pacífico, que “o sucesso das revoltas na Tunísia e no Egipto inspirou os defensores dos direitos humanos activistas e jornalistas da Ásia a erguerem a sua voz”. O relatório refere a detenção de Zhu Yufu, dissidente chinês, por ter publicado o seguinte poema: “Está na hora, povo da China! Está na hora. A China pertence a todos. De vossa livre vontade, está na hora de escolher aquilo que a China será.” As autoridades chinesas consideraram o poema de muito mau gosto acusando o dissidente de “incitamento à subversão do poder do Estado”. Uma palavra para a Tailândia, onde o Governo de Yingluck Shinawatra “não travou a aplicação agressiva da altamente problemática lei de lesa-majestade, que proíbe qualquer crítica à família real”. Um grande avanço, em matéria de direitos humanos, de acordo com o relatório da AI, foi a libertação de 300 prisioneiros políticos e a permissão de Aung San Suu Kyi a candidatar-se às eleições parlamentares, decisões históricas no Myanmar.


sociedade

As construções de três novos lotes perto do futuro posto fronteiriço Guangdong-Macau estão previstas para arrancar ainda este ano. Darão residência a mais de 10 mil habitantes, mas 770 apartamentos já estavam incluídos na segunda fase do plano de habitações públicas Rita Marques Ramos rita.ramos@hojemacau.com.mo

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UMA área de cerca de 20 mil metros quadrados, entre a Estrada Marginal da Ilha Verde e a Avenida General Castelo Branco, no Fai Chi Kei, as mais de 3000 habitações sociais vão servir cerca de 10 mil habitantes, garante Lao Iong, responsável de departamento da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). O novo complexo vai dividir-se por três lotes. O lote três, com 770 fracções, faz parte do plano das 19

sexta-feira 25.5.2012

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Mais de 3000 fracções públicas começam a ser construídas este ano no Fai Chi Kei

Os novos tectos a Norte mil habitações públicas definidas anteriormente pelo Chefe do Executivo - que se esperam concluídas até ao final do ano - e já em processo de construção. Os lotes um e dois são “um extra”, com mais 2356 apartamentos da tipologia T1 (35m2), T2 (45m2) e T3 (57m2), numa área de 4600 m2, onde antes se encontravam as barracas da Ilha Verde. “O local das obras está todo desocupado”, afiança o Chefe do Departamento de Planeamento Urbanístico das Obras Públicas. “O planeamento das zonas de arredores e o desenho conceptual já está concluído. Estamos agora a fazer obras sobre estacas, vamos tentar acabá-las para arrancar com a construção este ano.” No entanto, ainda não se sabe o número exacto das que serão destinadas a habitações do tipo social - concedidas por arrendamento, para as famílias que têm dificuldades em comprar casa - e económicas - com preços mais

HOJE MACAU

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acessíveis a quem queira adquirir um apartamento. “Ainda estamos a fazer um estudo. Como é uma construção mais complexa, vai demorar um pouco mais tempo. Depois, quando iniciarmos o concurso público, vamos poder PUB

dar mais informações”, refere Ma Man Jun, do Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT).

DINAMIZAR O COMÉRCIO LOCAL

O novo projecto conta também com um parque de estaciona-

mento (cinco andares e quase 2000 lugares para veículos e motociclos), um centro modal de transportes, centros de actividades sociais, um centro de abrigo de sinistros, lares para idosos, creches, clínicas e um centro de saúde para os utentes da Ilha Verde e Fai Chi Kei, numa área de 4 mil m2. Uma “obra de grande envergadura” com inúmeras infra-estruturas, já que fica numa área muito próxima do novo posto complementar Macau-Guangdong, junto da futura passagem pedestre do Canal dos Patos. “Os turistas, depois de passarem as fronteiras, vão permanecer mais tempo antes de regressarem à China e dispensarão algum tempo na zona para melhorar o ambiente de comércio e visitar os bairros antigos da zona Norte de Macau”, idealiza Lao Iong. Por esta razão, foram previamente alargadas algumas vias, como a da Avenida General Castelo Branco, de forma a desentupir o trânsito na zona. No largo central, onde ficará uma zona verde com espaços de lazer, voltará a estar o pagode Tou Tei. Isto porque, na mesma área, já os habitantes prestavam culto no pequeno templo mas, temporariamente, teve de ser transferido para uma outra localização.

Macau terá de apostar forte extra-casinos

Diversificar ajuda o jogo Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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S olhos dos amantes dos casinos estão neste momento virados para a Ásia, que está a sofrer um crescimento notável na indústria, graças a uma classe média a crescer dois dígitos ao ano. Ricardo Siu, economista e docente da Universidade de Macau (UMAC), prevê um aumento da competição e da expansão da procura massiva pelo jogo. Longe de existir uma saturação, Macau terá de saber responder a uma natural partilha de mercado com outros países asiáticos, que poderá acontecer com actividades não ligadas aos casinos. “Macau tem hoje mais actividades que não estão ligadas ao jogo, o que atrai as pessoas”, afirmou ao Hoje Macau. “O Governo e as operadores têm vindo a apostar nisso. Se os turistas se sentirem atraídos pelas condições criadas, o mercado continuará a expandir-se.” O académico defende que

se está perante um mercado segmentado para públicos diferentes face a Singapura, por exemplo. Isto porque Macau tem uma vantagem: “todos os grandes operadores de casinos estão focados aqui, além de ser apoiada por Pequim e estar inserida na politica ‘um pais, dois sistemas’.” O actual enriquecimento da classe média, afirma, faz com que as actividades de lazer sejam cada vez mais procuradas, onde o jogo assume um importante papel. As pessoas deste extracto social têm mais dinheiro e estão dispostas a arriscar. Para os próximos cinco anos, Ricardo Siu prevê uma estabilização do sector em Macau. “O mercado deverá consolidar-se até 2016, dado que não vão existir mais empreendimentos a ser inaugurados. Vai haver um crescimento, mas será mais brando. Mas será ainda de dois dígitos, o que é impressionante se compararmos com outras partes no mundo.”

Na opinião do académico, quando os casinos começaram a ser legalizados, o seu público já estava formado. “A classe média tem-se expandido muito rapidamente nos últimos 30 anos. Podemos ver que na zona este e sudoeste da Ásia, excepto na China, devido à lei, quando o jogo foi legalizado, a procura já estava lá.”

QUESTÕES SOCIAIS

Enquanto actividade económica, o jogo é muito influenciado por questões sociais e até culturais, o que origina fases diferentes de crescimento. “A performance económica é muito diferente. Vemos que na Ásia ocidental muitos países são dominados pela cultura islâmica, que proíbe o jogo. É por isso que o sector ainda não se expandiu como no sudoeste asiático. A aceitação pública dos casinos é muito diferente. Na parte central e ocidental da Ásia, a economia está a crescer, mas não de forma tão impressionante como na China ou mesmo Hong Kong.”


sexta-feira 25.5.2012

sociedade

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Empresa multada em 50 mil patacas pelo Governo

Reolian “incumpridora” A Reolian foi penalizada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego por esperas nas paragens dos autocarros que, em alguns casos, foram superiores a 30 minutos. A polícia continua a investigar o acidente com a idosa que ficou sem pernas rio permitido entre as partidas e chegadas nas paragens. Em muitos casos, os utentes chegaram a esperar mais do que meia hora. Lou Ngai Wa, chefe da Divisão de Gestão de Transportes da DSAT, garantiu que a notificação da multa foi enviada há cerca de três semanas, e que cabe agora à empresa proceder ao pagamento junto da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). Esta multa surge no seguimento de um processo de fiscalização junto das paragens, iniciado pela DSAT há dois meses,

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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UASE a atingir um ano de actividade em Macau, a concessionária Reolian continua a tentar resolver os problemas que teimam em não terminar. Desta vez, a empresa viu ser-lhe aplicada uma multa de 50 mil patacas por parte da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), porque os seus autocarros ultrapassaram o horá-

Horários alargados no Verão Entre 1 de Junho e 31 de Agosto haverá autocarros com horário nocturno alargado, pensados para servir quem se desloca da zona norte até Taipa, Cotai e Coloane. A carreira N1 será dividida nas carreiras N1A e N1B, funcionando até às 6h00 e abrangendo áreas como Fai Chi Kei, Areia Preta e Porto Exterior, indo até Avenida Almeida Ribeiro, Mercado do Patane e Avenida Almirante Lacerda. Já as carreiras N2 e N3 estendemse até Praceta 24 de Julho e

Almeida Ribeiro, Almirante Sérgio, Barra e Ponte e Horta. O autocarro N3 disponibiliza ainda serviço nocturno até à praia de Hac-Sá e Cheoc Van. A DSAT vai construir uma paragem junto ao Sands Cotai Central e na rotunda do aeroporto, antevendo prolongamentos de horários no futuro. “Vamos ter em conta a procura das pessoas que se deslocam no horário nocturno. Não pomos de parte que, no futuro, possa haver novos reajustamentos.”

DSAL manda suspender obra por causa de morte

Dois acidentes em locais de construção civil, anteontem, motivaram intervenção da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Um trabalhador expatriado morreu numa obra da Ilha de Macau, outros quatros trabalhadores locais ficaram feridos noutra, na Taipa. A DSAL mandou suspender a obra do caso mais grave – foi a segunda morte num mês, a quinta em seis. - C.L.

Protesto contra Wynn

Um ex-motorista de “shuttle-bus” da operadora Wynn fez um protesto contra “a demissão injustificada de trabalhadores locais”. Alega que normalmente um trabalhador local obtém 600 patacas por dia, ao contrário de expatriado, “que custa menos de 300 patacas por dia”. Acusa a companhia de ter demitido trabalhadores locais para logo depois os substituir por outros, de fora, mais baratos. “A DSAL nunca dá atenção para os casos relativos às companhias americanas, como a Wynn e a Sands.”- C.L.

onde o tempo de frequência dos autocarros era contabilizado. “Procedemos ao tratamento dos dados e a empresa foi penalizada. Sabemos apenas que a Reolian não preencheu os requisitos de tempo. O processo de multa decorre por causa da frequência das partidas e chegadas, com períodos de espera superiores a 30 minutos. A empresa não conseguiu preencher os requisitos das frequências, mas por vezes pode ser pelo congestionamento do trânsito ou realização de obras na rua. Acrescentámos estas condições.” Contudo, a Transmac e a Transportes Companhia de Macau (TCM) também estão na mira da DSAT. “A Reolian é o primeiro caso, mas preocupamo-nos com os serviços de todas as concessionárias. Outras não foram penalizadas porque ainda não atingiram o limiar do problema.”

RESOLVIDOS ATÉ DEZEMBRO

A empresa liderada por Cedric Rigaud tem mais três casos em avaliação sobre acidentes. A DSAT espera que estejam concluídos até ao final deste ano. Desse grupo faz parte o atro-

pelamento de uma idosa ocorrido há cerca de dois meses, e que resultou na amputação das pernas da vítima. Lou Ngai Wa aguarda que a polícia termine o seu trabalho. “Não temos o relatório completo da investigação feita pela polícia, o caso ainda está sob investigação. Temos de aguardar as investigações das policias, e só depois da entrega do relatório podemos entrar em processo.”

Actividades do Dia Mundial da Criança

Arraial infantil no domingo

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IVERSOS organismos governamentais vão juntar-se para comemorar o dia dedicado aos mais pequenos. A primeira acção decorre já este domingo, no Fórum Macau. Trata-se de um arraial com 23 tendinhas de jogos, actuações e ainda a promoção de outras actividades. A festa, que promete durar até às 17h00, vai servir ainda para mostrar as obras vencedoras do “Concurso de Pintura Criativa alusivo ao Dia Mundial da Criança”, onde participaram crianças de várias escolas, e que decorreu entre Fevereiro e Março. A festa continua no dia 1 de Junho, com uma visita ao Quartel da Guarnição do Exército de Libertação do Povo Chinês,

Autocarros com GPS Ontem ficou também prometida maior informação para quem espera o autocarro nas paragens. A DSAT garantiu que até Dezembro haverá sinalização com o sistema GPS. “Esperamos que no final do ano possamos ter uma boa sinalização das chegadas dos autocarros, mas é necessário tempo para fazer este ajustamento”, disse Lou Ngai Wa.

onde 861 professores e alunos vão assistir à cerimónia do içar da Bandeira Nacional. Contudo, as crianças internadas não ficam esquecidas, estando prometida a realização de visitas aos hospitais Kiang Wu e Conde de São Januário entre as 15h30 e 17h00, onde a associação Obra das Mães irá oferecer prendas aos mais pequenos. Graças à ajuda da Associação de Juventude Voluntária de Macau, o São Januário vai ainda oferecer uma festa. Estão também prometidas entradas gratuitas para as piscinas, os carros eléctricos distribuídos em várias zonas da cidade e ainda um passeio gratuito no teleférico do Jardim da Flora. Os mais interessados pela cultura podem ainda usufruir de visitas ao Museu Marítimo, Museu do Grande Prémio e Museu do Vinho, bem como ao espaço dedicado às comunicações. - A.S.S.


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ANÚNCIO [N.º 153/2012] Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares seleccionados da lista de espera de habitação económica abaixos mencionados: N.º do boletim de candidatura

Nome

N.º do boletim de candidatura

Nome

*77755

*TONG LAI MEI

*77781

*LOU KAM IENG

*79320

*CHAN OI IENG

*82878

*ZEFERINO DE SOUZA ANTONIO MANUEL

*84543

*CHONG KA LON *LAO KIN KUOK

*95896

*CHEONG LAI TENG

*100336

*LEI CHAO PO

*106514

*CHEONG WAI YIN

*117796

*TAM CHONG SAN

*88927 *107040 *119246

*CHOI WENG HONG *DE JESUS BOSCO, VIOLETA EMA

*86922

*CHAN IOK FONG

De acordo com os termos do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, o Instituto de Habitação (IH) informa os representantes dos agregados familiares acima referidos, através de ofícios, para se dirigirem pessoalmente ao IH, sita na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau (perto da Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte), no dia 31 de Maio de 2012, às horas fixadas nos respectivos ofícios, para escolha das fracções de habitação económica disponíveis de T1 na zona de Taipa. Nessa altura, os agregados familiares da lista de espera acima referidos devem apresentar os documentos comprovativos (originais e cópias) abaixo mencionados, para efectuar a nova verificação dos requisitos da candidatura da aquisição de habitação económica. Caso as respectivas informações afectem os actuais requisitos da aquisição de fracção ou existirem mudança da composição dos agregados familiares acima referidos, este Instituto irá suspender, imediatamente, o procedimento da escolha de habitação económica: 1.

2. 3.

Documentos de identificação de todos os elementos do agregado familiar e os seus cônjuges (caso houver) registados no boletim de candidatura de habitação económica. Prova de casamento (aplicável aos indivíduos casados. Caso tenha entregue ao IH, nos últimos três meses, não é necessário a entregar de novo). Boletim de candidatura dos dados dos agregados familiares de habitação económica devidamente preenchidos e assinados.

De acordo com os termos do n.º 2 do artigo 13.º do decreto-lei acima referido, com as alterações introduzidas pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002, caso os agregados familiares da lista de espera acima referidos não tenham comparecido no IH, no dia e horas fixados, e apresentado os documentos acima referidos, para escolha de habitação ou não pretendam adquirir nenhuma das fracções de habitação económica disponíveis no momento podem optar entre, por motivo não justificado, implica a perda do direito de escolha e passagem automática para o último lugar da lista geral; ou após a apreciação dos dados apresentados, verifique que não reunirem com os requisitos da candidatura, os agregados familiares seleccionados serão excluídos na lista geral. * Em caso da 2.ª convocação, os agregados familiares seleccionados que não tenham comparecido no IH, no dia e horas fixados, e apresentado os documentos acima referidos, para escolha de habitação ou não pretendam adquirir nenhuma das fracções de habitação económica disponíveis no momento podem optar entre, serão excluídos na lista geral, de acordo com os termos das alínea a) do artigo 14.º do decreto-lei acima referido, com as alterações introduzidas pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002 e alínea 2 do n.º 5 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011. No intuito de proporcionar os agregados familiares seleccionados para terem mais conhecimentos sobre as informações das fracções de habitação económica disponíveis, o IH juntamente os ofícios enviará em anexo o catálogo com descrições das fracções para venda, tabela dos preços, rácio bonificado, pontos de observação, informações sobre o horário de abertura e o local da visita ao modelo de fracção. Caso os agregados familiares seleccionados não tenham recebidos os ofícios remetidos pelo IH, até sete dias antes da data fixada, poderão dirigir-se ao IH sito na Travessa Norte do Patane n.º 102, Ilha Verde, Macau) ou consultar através do telefone n.º 2859 4875, durante o horário de expediente. O Presidente, Tam Kuong Man 24 de Maio de 2012

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Parlamento Europeu aprova criação de organismo para controlar investimento chinês

Contra as “vantagens competitivas injustas”

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Parlamento Europeu aprovou esta quarta-feira um relatório que defende a criação de um organismo para controlar o investimento estrangeiro e, em especial, monitorizar a penetração da China nos 27 estados-membros. Este organismo europeu serviria para avaliar, de forma coordenada, os investimentos estratégicos estrangeiros na União Europeia (UE) e também teria como missão controlar os mercados da dívida, em colaboração com o Banco Central Europeu (BCE), permitindo identificar os proprietários de títulos de dívida soberana da zona euro. Segundo o relatório aprovado,

mércio] e atribui subsídios estatais injustos e crédito à exportação das suas empresas”.

MEDO DOS PIRATAS

existe um excedente comercial chinês de cerca de 1,6 biliões de patacas com a União Europeia. Os eurodeputados defendem que existem “problemas que

afectam as empresas da UE que querem exportar ou investir na China, especialmente nos sectores da banca, dos seguros e das telecomunicações”.

Pequim comenta cimeira da União Europeia desta quarta-feira, em Bruxelas

Avançar com estímulos ao investimento privado no sector de energia

Crise gera alta preocupação

Combate intenso à desaceleração económica A

China sinalizou na quarta-feira que quer aumentar o investimento privado no sector da energia, em consonância com as recentes divulgações dos planos do governo para acelerar o investimento em infra-estruturas, a fim de combater uma desaceleração prolongada da economia. A acção vem no seguimento do plano anunciado para permitir investimentos privados no vasto sector ferroviário, em dificuldades por causa de grandes dívidas e de escândalos de corrupção. Permitir que as empresas privadas coloquem dinheiro no sector ferroviário e nos sectores bancário, energético e da saúde irá impulsionar a segunda maior economia do mundo, à medida em que o governo evita novos

continua a ser uma dúvida, dada a forte resistência das gigantes estatais.

DÚVIDAS EXPRESSAS

estímulos fiscais. Mas alguns analistas duvidam que haverá qualquer efeito visível a curto prazo. O governo prometeu publicar directrizes detalhadas para encorajar o investimento privado em importantes sectores controlados pelo Estado, mas a velocidade em que estas medidas serão implementadas

Casal acusado de atropelar e enterrar idosa viva

As autoridades chinesas prenderam um casal acusado de atropelar e enterrar uma idosa ainda com vida na cidade de Cixi, na província de Zhejiang, no extremo leste da China, informou nesta quinta-feira a agência oficial Xinhua, citada pela AP. Segundo a polícia, o casal saiu de um bar embriagado e, a caminho de casa, atropelou uma idosa de 68 anos. O homem e a namorada colocaram o corpo da mulher no carro, dizendo a uma testemunha que a levariam ao hospital, de acordo com a Xinhua. No entanto, a dupla teria enterrado o corpo da idosa numa obra em construção. O incidente ocorreu no último dia 30. O rapaz disse que a mulher já não respirava, mas a polícia, contudo, acredita que a idosa ainda estava viva quando foi enterrada.

“É uma ambição fantástica, mas é muito complicado, uma vez que envolve muitas coisas”, disse o director de economia para a China do Standard Chartered Bank em Hong Kong, Stephen Green. “É impossível quantificar até vermos os detalhes, mas esse plano poderá levar anos até ter algum impacto.” A abertura de mercado exige reformas governamentais profundas e muitos passos para diminuir os “interesses atribuídos” às gigantes estatais que procuram manter as suas posições de monopólio e tendem a resistir às reformas.

De acordo com o documento, citado pela agência EFE, “a China tem vantagens competitivas injustas, pois não respeita as normas [da Organização Mundial de Co-

Por outro lado, o Parlamento Europeu acusa a China de estar a boicotar às empresas europeias o acesso a contratos com o overno chinês, o que leva o Parlamento a pedir à Comissão Europeia que tome decisões para assegurar igualdade entre as duas economias. “Importa proteger as empresas europeias de problemas como as barreiras comerciais, a pirataria e o ‘dumping’”, defendeu a francesa Marielle de Sarnez, proponente do texto aprovado no Parlamento Europeu.

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imprensa oficial chinesa mostrou-se ontem “altamente preocupada” com a crise na zona euro, afirmando que a eventual saída da Grécia “poderá conduzir à desintegração total” da moeda única europeia. “Como um dos principais parceiros comerciais da União Europeia, a China tem um enorme interesse na estabilidade e saúde das economias grega e europeia”, assinala a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, num comentário acerca da mais recente cimeira da UE, realizada na quarta-feira em Bruxelas. “Muitos peritos e investidores chineses estão altamente preocupados com os últimos e alarmantes desenvolvimentos da crise da dívida soberana.” A Xinhua considera “legítimo e necessário” o empenho da Alemanha na defesa de “uma rigorosa disciplina fiscal”, mas adverte que “ao fim de dois anos e depois de dois resgates de milhares de milhões de dólares, parece

que a receita da austeridade não deu os resultados que se previam”. “AAlemanha foi um dos países que mais beneficiou com a criação da zona euro e da moeda única. A longo prazo, os seus interesses na estabilidade do euro e do bloco poderão pesar mais do que aquilo que hoje lhe é pedido.” A agência chinesa salienta que, “em última análise”, a zona euro “só sobreviverá se todos os membros se unirem para encontrar a opção certa e não fugirem às suas responsabilidades”. A UE é o maior mercado das exportações chinesas e a principal fonte da tecnologia importada pela China.

Empresário torna-se mineiro para combater vício do jogo

Um empresário chinês trabalha há três anos nas minas de carvão para combater o vício do jogo, noticiou esta quarta-feira um jornal de Hong Kong. “Mais importante do que tudo, agora tenho razões para recusar os convites para ir jogar, porque passei a ter um trabalho regular”, disse Zhang Yongqiang ao diário South China Morning Post. Ex-proprietário de duas lojas de frutas e legumes e de vários apartamentos no município chinês de Chongqing, iniciou-se no jogo durante viagens de negócio. “O jogo era necessário para fazer amigos e manter contactos”, disse, revelando que chegou a jogar três dias seguidos sem dormir. A decisão de ir trabalhar nas minas foi tomada na sequência da crise financeira de 2008, que o obrigou a desistir do negócio e o encorajou a desistir também do vício do jogo. “Reparei nos mineiros que todos os dias passavam pelas minhas mercearias. As suas vidas pareciam-me simples e puras.”


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DMINISTRADORparaa Ásia da J. Walter Thompson (JWT) e autor de livros sobre o moderno consumidor chinês, Tom Doctoroff, escreve esta quarta-feira um artigo de opinião no Wall Street Journal, aqui reproduzido, onde analisa as novas tendências de consumo na China. A Apple teve um enorme impacto na China. É possível ver um Starbucks em cada esquina das cidades costeiras, e não só, do país. Da Nike à Siemens, os consumidores chineses sem dúvida que preferem as marcas ocidentais às concorrentes domésticas. Com a ascensão dos microblogues, e a popularidade de bandas de rock como Hutong Fist e Catcher in the Rye, e até mesmo a recente popularidade da quadra natalícia, tudo parece apontar para uma crescente ocidentalização. Mas não nos deixemos enganar com as aparências. O consumidor chinês não se está a tornar “ocidental”. Está cada vez mais moderno e cosmopolita, mas continua distintamente chinês. Se aprendi algo nos meus 20 anos de trabalho como executivo de publicidade na China é que as marcas ocidentais bem sucedidas moldam a sua mensagem no país para serem “globais” e não “estrangeiras”, para que possam assim incorporar a cultura chinesa. Entender a cultura de consumo da China é um bom ponto de partida para entender o país em si numa era em que se aproxima rapidamente do estatuto de superpotência. Embora a economia e a sociedade chinesas estejam a evoluir velozmente, os fundamentos culturais continuam mais ou menos os mesmos há milhares de anos. A China é uma sociedade confucionista, uma combinação quixotesca de poder patriarcal e mobilidade social. Os cidadãos são movidos pelo conflito constante entre destacar-se e encaixar-se, entre ambicionar e regimentar. Na sociedade chinesa, os indivíduos não possuem uma identidade única que não envolva as suas obrigações para com a sociedade e a obtenção do seu reconhecimento. O clã e a nação são os pilares eternos da identidade. O individualismo ocidental - a ideia de se definir independentemente da sociedade - não existe por aqui.

PAIXÃO DIGITAL

A velocidade com que os cidadãos chineses têm adoptado tudo que é digital é um sinal da mudança no país. Mas o comércio electrónico, que revolucionou o equilíbrio de poder entre comerciantes e consumidores, só descolou mesmo quando a necessidade chinesa de tranquilização foi satisfeita. Até mesmo quando as transacções são fechadas pela internet, a maioria das compras é concluída pessoalmente, com o comprador a examinar o produto e pagando em dinheiro vivo.

Os desejos do novo consumidor chinês

As aparências iludem Até mesmo a auto-expressão digital precisa de ser segura e encoberta pelo anonimato. Os sites de redes sociais como o Sina Weibo (versão chinesa do Twitter), o Renren e o Kaixing Wang (a versão local do Facebook) tornaram-se extremamente populares. Mas os seus utilizadores escondem-se com avatares e pseudónimos. Uma pesquisa realizada pela firma de publicidade JWT, onde trabalho, e pela IAC, a holding de internet, constatou que menos de um terço dos jovens americanos concorda com a seguinte afirmação: “sinto-me seguro em fazer e dizer coisas

[on-line] que não teria coragem de fazer fora da rede”, e 41% deles discordam. Entre os entrevistados chineses, 73% concordaram e apenas 9% discordaram. Na cultura de consumo da China, há uma tensão constante entre o desejo de se proteger e o de exibir estatuto. Este conflito explica a existência de duas linhas de desenvolvimento aparentemente conflituantes. Por um lado vemos um índice de poupança colossal, uma sensibilidade extrema aos preços e uma aversão aos juros do cartão de crédito. Por outro lado, existe a obsessão chinesa com os

bens de luxo e a disposição de gastar até 120% do rendimento anual num carro. O instinto dos consumidores para projectar estatuto pela exibição de bens materiais é, no entanto, equilibrado pelo comportamento conservador nas compras. A segurança é o mais importante para os consumidores chineses.

AS REGRAS

Para conquistar os consumidores chineses, as marcas precisam seguir três regras. A primeira, e mais importante, é que os produtos consumidos em

público, directa ou indirectamente, são muito mais caros que os usados no âmbito da vida privada. As principais marcas de telemóveis são multinacionais. As principais marcas de electrodomésticos, por outro lado, são produtos baratos de fabricantes chineses como TCL, Changhong e Little Swan. Os produtos de luxo são desejados mais como investimentos em estatuto do que pela beleza ou qualidade inerentes. Os chineses são actualmente os consumidores mais ávidos do mundo de produtos de luxo. Segundo a Global Refund, firma especializada em compras isentas de imposto para turistas, os chineses respondem por 15% dos bens de luxo comprados em França, mas são menos de 2% dos visitantes. A segunda regra é que os benefícios de um produto devem ser exteriores e não internos. Até para os bens de luxo, celebrar o individualismo — com noções conhecidas dos ocidentais como “o que eu quero” e “como me sinto” — não funciona na China. Os automóveis precisam anunciar que o homem está a subir na vida. A BMW, por exemplo, conseguiu adicionar com sucesso ao seu slogan mundial “puro prazer de dirigir” uma declaração de ambição ao estilo chinês. As fórmulas para bebés promovem a inteligência e não a felicidade. A última regra para posicionar uma marca na China é que os seus produtos precisam de atender à necessidade de navegar nas diferentes correntes de ambicionar e de regimentar, de se destacar mas ao mesmo tempo de encaixar. Os homens chineses querem ser bem sucedidos sem quebrar as regras do jogo e é por isso que os mais ricos do país preferem carros da Audi ou da BMW do que os vistosos Maseratis. Os consumidores de luxo querem mostrar que venceram no sistema, mas mantendo a humildade, motivo para o sucesso do logótipo com a estrela de seis pontas da Mont Blanc ou o couro trançado característico da Bottega Veneta — ambos propositadamente discretos. Os jovens consumidores querem ser aceites e ter estilo, e por isso escolhem marcas da moda mais convencionais como Converse e Uniqlo.

CONTROLO VS. INDEPENDÊNCIA

O sonho americano — riqueza e liberdade — é embriagante para os chineses. Mas enquanto os americanos sonham com “independência”, os chineses querem “controlar” o seu próprio destino e as oscilações da vida quotidiana. As semelhanças de cunho material entre os chineses a americanos mascaram impulsos emocionais fundamentalmente diferentes. Se as marcas ocidentais podem aprender a visão do mundo da China, talvez o Ocidente inteiro também consiga.


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Japoneses recuperam milhões perdidos no terramoto

Vietname julga quatro estudantes católicos por subversão

Jovens enfrentam prisão

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M tribunal do Vietname começou nesta quinta-feira o julgamento contra quatro estudantes católicos, que enfrentam entre três e 20 anos de prisão, acusados de um delito de subversão por distribuir panfletos contra o regime comunista. Dau Van Duong, Tran Huu Duc, Chu Manh San e Hoang Phong, de entre 23 e 25 anos e detidos entre Agosto e Dezembro do ano passado, foram com três advogados ao tribunal da província de Nghe An, na zona central do país. Os advogados, que só falaram com eles recen-

temente, disseram que os seus clientes foram acusados de distribuir panfletos a favor da democracia e contra o Partido Comunista. Cerca de uma centena de polícias armados guardavam a entrada do tribunal para evitar a entrada de centenas de simpatizantes, já que a assistência é limitada. Os agentes apreenderam os cartazes que pediam a libertação imediata dos estudantes, acusados de violar o artigo 88 do Código Penal que castiga a “propaganda contra o Estado”. Os jovens também participaram em campanhas contra o

aborto, e em doações de sangue e em programas de ajuda a órfãos e vítimas de desastres naturais, embora não seja claro se estas actividades foram incluídas na acusação.

INTERPRETAÇÕES LEGAIS

“É uma vergonha que o Governo do Vietname leve a julgamento estes activistas católicos, que podem ir para a cadeia durante anos por expressar as suas ideias e distribuir panfletos”, disse Phil Robertson, subdirector da Human Rights Watch na Ásia. “A acusação destes quatro activistas mostra o desprezo

do Vietname pela liberdade de religião e expressão”, acrescentou Robertson. Na sua opinião, as autoridades comunistas utilizam de forma “arbitrária” o artigo 88 para perseguir críticos, bloguistas e activistas por “distribuirem documentos ou material cultural” ou fazerem “guerra psicológica” contra o Governo. Pelo menos outros 12 activistas e cibernautas católicos estão detidos, incluindo o sacerdote Nguyen Van Ly, sentenciado a oito anos de prisão em 2007 por propaganda e incitar a população a manifestar-se contra as leis vietnamitas.

Município de Tóquio revelou querer comprar parte de arquipélago disputado com a China

Cidadãos oferecem donativos O

município de Tóquio revelou hoje ter recebido promessas de quase cem milhões de patacas para a aquisição de um arquipélago no Mar do Sul da China disputado também pela China. De acordo com os dados revelados, cerca de MOP 86 milhões já foram depositados numa conta das autoridades metropolitanas de Tóquio, aberta há menos de um mê,s para que os cidadãos ofereçam os seus donativos para a compra de parte do pequeno arquipélago. O Governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, disse também ter uma oferta de 10 milhões patacas por parte de um empresário que, contudo, ainda não efectuou o depósito. Shintaro Ishihara reacendeu a disputa territorial com a China sobre as ilhas Senkaku, em japonês, ou Diaoyu, para a China, quando disse, em Abril, que pretendia adquirir parte do arquipélago. As ilhas, situadas a cerca de dois mil quilómetros de Tóquio, possuem im-

portantes reservas de peixe que podem abrigar recursos energéticos muito ricos e desejados por ambos os países como grandes consumidores de energia. De acordo com o autarca de Tóquio, as ilhas são propriedade privada de uma família japonesa e estão arrendadas ao Governo

por cerca de MOP 2,3 milhões. A China e o Japão disputam a soberania das ilhas com ambos os países a reclamarem a sua posse, sendo que os conflitos gerados por diversas acções, como a presença de pesqueiros, já provocaram vários conflitos diplomáticos entre os dois gigantes asiáticos.

O terramoto do ano passado no Japão levou a que a população perdesse muitos bens materiais. Entretanto, já foram descobertos e entregues aos respectivos donos cerca de MOP 620 milhões. Os japoneses encontraram 5.700 cofres nos escombros do terramoto, com um total de cerca de 240 milhões de patacas, e carteiras com cerca de 380 milhões. Ou seja, um total de 620 milhões de patacas que a população entregou às autoridades para que estas, por sua vez, descobrissem o paradeiro dos donos. Ao contrário do que se possa pensar, não foi complicado identificar a quem pertenciam os bens, porque a polícia encontrou em quase todos os cofres pessoais e carteiras documentos de identificação com moradas. Mais difícil foi descobrir depois onde estavam os proprietários, se tinham sobrevivido e para onde tinham sido evacuados. Nos cofres foram encontrados dinheiro, barras de ouro, antiguidades e até o cordão umbilical de bebés - uma recordação do nascimento que tradicionalmente os japoneses guardam.

Rei da Tailândia sai da capital pela primeira vez desde 2009

O rei da Tailândia, hospitalizado desde 2009, vai ausentar-se de Banguecoque na sexta-feira, pela primeira vez em mais de dois anos, para visitar a antiga capital Ayutthaya, indicaram ontem as autoridades. O rei Bhumibol Adulyadej, o mais antigo monarca reinante do Mundo, tem saído raramente do hospital, onde se encontra desde Setembro de 2009, sobretudo para aparições públicas em cerimónias oficiais, apesar de recentemente a sua condição de saúde ter registado melhorias. O monarca, de 84 anos, vai deixar Banguecoque ao final da tarde de sexta-feira e viajar de carro até Ayutthaya, para prestar homenagem à rainha Suriyothai (século XVI), famosa por ter sacrificado a vida para proteger o seu marido, de acordo com o documento oficial do programa do rei. O rei Bhumibol Adulyadej vai ainda, entre outras acções previstas, inspeccionar as actividades de irrigação e receber um presente da família da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, antes de regressar ao hospital no mesmo dia.

Livros esgotam na Feira do Livro de Díli, Timor-Leste

A afluência à feira do livro de Díli, Timor-Leste, está a ultrapassar as expectativas e milhares de livros foram já vendidos desde o início do certame, na terça-feira, disse ontem à agência Lusa fonte da cooperação portuguesa, que organiza o certame. Segundo a fonte da organização da feira, foram encomendados 25 mil livros e milhares já foram vendidos. Ontem, os expositores encontravam-se quase vazios, esperando-se uma reposição de estoques para o período do fim-de-semana, altura em que se deverá registar uma grande afluência de público timorense e da comunidade portuguesa, que só pode adquirir livros no domingo. Na feira, que começou terçafeira e termina domingo, o público pode adquirir dicionários, romances, literatura infantil e religiosa, bem como livros sobre a história de Timor-Leste.


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GONÇALO LOBO PINHEIRO

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OM humildade inteligente, este advogado encara o lado lúdico da vida, cheio de música. Embora com simplicidade, mas não lhe é fácil disfarçar emoções, quando o convidamos a falar mais de partituras do que de direito. A guitarra clássica é a complementaridade. O direito, a advocacia, a paixão profissional, a vocação, afinal o cimento de tudo. Mas não a responsável inspiradora da sua inclinação artística. Advogado ou músico, qual o maior apelo? É uma questão muito clara: advogado. Profissionalmente estou muito bem resolvido. Nem tenho ambição de ter a música como principal modo de vida. Até tenho dúvidas em me considerar músico. Porque a advocacia é mais rentável do que a música? Não será bem por isso. Advogado é a minha profissão, a minha formação académica, aquilo onde realmente investi

Vasco Passeira, advogado e músico

“Macau perdeu a aura romântica” desde que acabei o liceu aqui em Macau, é o negócio que está montado com o meu pai, é efectivamente a minha vida. Disse não ter ambições musicais, no entanto tem dado referências públicas de talento musical com a sua guitarra clássica. Esse é o género de música que executa, clássica ou erudita? Tenho muitas dúvidas se essas serão as designações correctas quanto à música que interpreto nos meus tempos livres. Os diferentes

géneros musicais têm os seus temas clássicos. Há fados clássicos, há rock clássico. Por outro lado, a palavra erudita pode soar presunçosa. Não sei como chamar à globalidade do que toco, talvez dizer que é música boa e que me soa bem. Normalmente, interpreto música digamos que temporalizada, que teve o seu grande tempo, que hoje não se produz ao ritmo da produção de outros géneros musicais. Tal como quando lemos os clássicos, a literatura dos nossos dias não é

“O direito é uma disciplina muito formal, virada para o passado, porque nós trabalhamos sempre com regras do passado, e que tem em vista resolver os problemas das pessoas. O direito como inspirador de arte é que não me parece”

igual ao modo de escrever de há 100 anos, por exemplo. No entanto, gostamos muito de voltar a esses autores. Começou a aprender música ainda estudante? Aprendi muito novo, aqui em Macau, pelos 14 anos de idade, como muitos. Comecei com um professor, na Avenida Ouvidor Arriaga, fora do tempo escolar, pois o sistema de ensino não contempla fortemente a vertente da música, pelo menos naquela época não era uma aposta muito séria. Devia existir mais apoio à disciplina de música nos programas de ensino? Penso que sim, que poderia haver um bocadinho mais de apoio. Voltando à sua aprendizagem extra-curricular de música.

O instrumento foi sempre a guitarra? Foi sempre. Durante 1 ano, talvez com 17 anos, estive no Conservatório de Música de Macau, que era ali na Horta e Costa. Depois fui para Portugal e enquanto estudava direito ainda concorri ao Conservatório, mas acabou por não se proporcionar. Os estudos provocaram algum intervalo na música? Não, continuei sempre a tocar, principalmente no meio académico, pois pertencia à Tuna Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, que se chama “Venusmonti”. Como já tinha alguma técnica guitarrista, isso levou-me a integrar o Grupo de Fados da mesma Faculdade. Nesta actividade, revia-me um pouco mais, gostava muito, íamos a muitos locais do norte ao sul

do País e até ao estrangeiro, ganhei bastante rodagem de palco, não a tocar sozinho, evidentemente, mesmo assim uma experiência bastante importante. Estávamos em finais dos anos 90, princípios dos anos 2000. Houve algum momento decisivo na sua opção em continuar na música, independentemente da advocacia? Tenho a felicidade de ter um amigo, o Ricardo Bastos, que passou por Macau e ainda tem cá família. Ele sim, tem completa formação no instrumento guitarra, e é professor de música em Ourém. Muito do que sei hoje aprendi com ele, não só ao nível da guitarra clássica, como de música em geral. Em determinada altura, criámos um duo de guitarras clássicas e fizemos uma série de espectáculos que, visto


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Janeiro deste ano descobri que ainda estava em Macau e tem uma escola, o meu antigo professor de música nos anos 90, Morgan, um senhor malaio. Foi uma felicidade enorme voltar a ter aulas com ele, uma vez que, tecnicamente, eu estava mais ou menos estagnado. É uma pessoa formidável e um grande guitarrista, tem muita música dentro dele. Apesar de ter estudado música, e prosseguir nesse estudo, ainda se considera autodidata em questões musicais? Essencialmente, sim. Quando actuo ou estudo, faço-o sozinho, em casa, provocando-me limitações e vícios que agora tento ultrapassar. Embora tenha uma leitura da partitura bastante razoável, noto que há todo um conjunto de informações interdisciplinares que ainda me escapam, e são muito ligadas à História e Teoria da Música, da interpretação, da leitura, harmonia, etc., disciplinas que não me é possível ter. Mas a felicidade em reencontrar esse meu antigo professor de música e poder usufruir aquilo que ele sabe, ultrapassa óbvias limitações da minha parte. Já tentou a composição? Sinto que não tenho o mínimo talento para compor. Mas, sei lá, talvez um dia... à escala, teve considerável sucesso. Estou a tentar que o Ricardo venha até Macau, pois é um grande músico, um grande professor, inclusive, montarmos novamente o nosso duo, não apenas de música clássica, como de outra boa música com arranjos nossos, canções que toda a gente conhece, desde temas de Paul Simon, até Dire Straits, Elton John, incluindo alguma música portuguesa de Vitorino e outros. Entretanto, regressou a Macau para o estágio como advogado no escritório “António PasseiraAdvogados e Notário Privado”, tocando em casa e para amigos... Sim, de forma algo tímida... Alguma tradição familiar na música? Que eu saiba, não há. Mas a família nunca entendeu mal este meu gosto pela música. Até que um dia, no início deste 2012, alguma coisa aconteceu que o colocou na ribalta local. Na ribalta, nem por isso (risos). Aconteceu que em

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Que géneros musicais ouve ou costuma comprar? Fui sempre muito melómano, passo o tempo que é possível a ouvir música. A maioria dos discos que tenho são de guitarra clássica, é a minha paixão. E até para aprender com músicos reconhecidíssimos. Gosto de ouvir música de câmara do Renascimento, pela qual tenho uma formidável paixão, é um período tão rico! Como intérprete, não me posso debruçar muito sobre ela, pois é um tipo de música que exige recursos técnicos e estilísticos que não possuo, e por formação teórica grande. Claro, os discos dos grandes e muito conhecidos compositores, como dos pouco conhecidos, verdadeiros mestres. Tenho algumas outras coisas fora da música dita erudita. Recentemente, em alguns sábados à noite, tem actuado num novo espaço da Casa de Portugal, o Lvsitanvs. Como tem sido esta experiência? Quando me chamam e sempre que me for possível, tocarei. É a primeira vez que me apre-

sento sozinho perante uma audiência. Não foi fácil, principalmente na primeira noite. As pessoas respeitam bastante o meu trabalho. Creio que, pelo facto de a guitarra ser um instrumento pouco sonoro, por exemplo ao contrário do piano, é necessário atenção para ser ouvida, assim como num concerto de cravo. Aparentemente uma desvantagem, mas com compensações várias, como a riqueza dos timbres, a sonoridade romântica. Qualquer ruído natural das pessoas que estão ali a jantar, até me deixa mais à vontade, pois não me sinto um recitador. Que reportório apresenta? Tento um leque variado de modo a preencher um significativo espaço temporal dentro da música. Desde o Renascimento, até peças contemporâneas. De partituras do espanhol Gaspar Sans, do século XVI e do inglês Robert Johnson, da mesma época, até outros clássicos e temas mais recentes. E vou tentando va-

riar o mais que me é possível em cada actuação. Como não possuo grande talento para fazer arranjos, recorro-me do que já está muito bem feito, nomeadamente no âmbito da música portuguesa que eu toco. Refiro-me aos arranjos do professor Silvestre Fonseca, uma grande guitarrista português, com um trabalho extraordinário. O Lvsitanvs é uma sala onde já me sinto muito à vontade. Alguma ocasião notou que um cliente tivesse solicitado o seu trabalho como advogado, por ter gostado de o ouvir na guitarra clássica? Francamente, nunca notei coisas dessas, até porque a maioria dos clientes ou potenciais clientes desconhece esta minha faceta. Não significa que seja impossível vir a acontecer, embora não me pareça que alguém escolha um advogado por o ter ouvido a tocar. O que já me perguntaram é se dava aulas de guitarra. (risos)

“Macau já teve mais uma aura romântica que foi inspiradora, não apenas de música, mas também de literatura, de cinema, de todas as formas de arte” Que ideia tem do ambiente musical em Macau? Infelizmente, não ando muito informado, a vida profissional não me permite. Fui ver o Bobby McFerrin e fiquei estarrecido, é um homem com música da cabeça aos pés. Em breve vem a Ute Lemper e quero vê-la, gosto muito do estilo de música que canta. Sei que no âmbito das comemorações do 10 de Junho vem de novo a Macau o violinista Carlos Damas. Também sei que o Tiago Pereira organiza concertos no Clube Militar, onde infelizmente ainda não

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tive oportunidade de ir, mas sei que faz um trabalho formidável. Creio que a Casa de Portugal faz investimento em músicos locais e tenta dinamizar, também musicalmente, o espaço do Lvsitanvs, onde também toca o Luís Mexia que ainda não tive possibilidade de ouvir, o Paulo Valentim, que é realmente um excelente músico que toca com o Paulo Pereira, um excelente saxofonista. Ainda aquele agrupamento de Bruno Guia e Paulo Pereira, os Filhos de Maria, que actuou no 25 de Abril, etc. Acho que a Casa de Portugal tem o grande mérito de criar este tipo de iniciativas que até há alguns anos não existiam. Oxalá que mais pessoas apareçam. Macau é inspiradora para a música? Acho que já foi mais. Macau já teve mais uma aura romântica que foi inspiradora, não apenas de música, mas também de literatura, de cinema, de todas as formas de arte. Sei que somos as pessoas menos adequadas para interpretar o nosso próprio tempo. Os criadores de arte, e não me coloco nesse lote, são pessoas que conseguem ter a percepção do tempo em que vivem, antes dos historiadores 50 anos depois. É capaz de, com o reboliço dos dias de hoje, surgirem diferentes inspirações de diferentes artes. Pode acontecer que o tal reboliço em que quase tudo isto funciona, seja ele próprio, motivo inspirador de formas de arte muito particulares. A arte nasce das circunstâncias mais inacreditáveis. E o direito, é inspirador? Não, não, creio que não. O direito é uma disciplina muito formal, virada para o passado, porque nós trabalhamos sempre com regras do passado, e que tem em vista resolver os problemas das pessoas. O direito como inspirador de arte é que não me parece. Não quer dizer que seja impossível traçar um paralelo entre o que é interpretação na música, nas artes, e aquilo que é a interpretação das normas jurídicas. É um estudo interessante de se fazer. Aqui e ali já se tem escrito sobre isto, eu próprio na faculdade cheguei a escrever um textozinho sobre o tema. São dois mundos muito distintos, apesar de haver muitos juristas com vocação artística, como bem se sabe. Que o direito permita criar vocação artística é que não me parece.


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NOTIFICAÇÃO EDITAL (Solicitação de Comparência)

N.º 75/2012

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se a residente Sra. HO KA MAN, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nºs. 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1º andar, em Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 975/2010 relativo à matéria de Fundo de Segurança Social. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 21 de Maio de 2012.

O Chefe do Departamento, Raimundo Vizeu Bento

NOTIFICAÇÃO EDITAL

(Pagamento da multa aplicada)

N.º 76/2012

Raimundo Vizeu Bento, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos dos artigos 14.º e 15.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 --- Normas de Funcionamento das Acções Inspectivas do Trabalho, conjugados com o artigo 58.º, n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, à notificação da transgressora da Notificação n.º 118/IA/2011, a sociedade ������ “PACIFIC FIRST INTERNACIONAL (MACAU) SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA”, proprietário do estabelecimento “RAFFLES”, com sede na Avenida da Praia Grande, nº 429, Centro Comercial Praia Grande, 13º andar, Sala 1302, em Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte à da publicação do presente édito, proceder ao pagamento da multa aplicada na aludida notificação, no valor de Mop$400,00 (quatrocentas patacas), por prática de infracções administrativas previstas nos n.os 5 e 6 do artigo 6.º e punidas nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/99/M, de 18 de Setembro, devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do atrás citado prazo, fazer prova do pagamento efectuado. As cópias da informação e do despacho, a notificação e a receita eventual deverão ser levantadas, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, sendo facultada a consulta do processo n.º 975/2010, instruído por estes Serviços. Decorridos os prazos, sem que tenha sido dado cumprimento à presente notificação, seguirá sob pena de as cópias de todos os documentos acompanhadas do comprovativo de cobrança coerciva serem remetidos à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para ser efectuada a cobrança coerciva nos termos legais. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 21 de Maio de 2012. O Chefe do Departamento Raimundo Vizeu Bento


sexta-feira 25.5.2012

Hiato no corte de emissões atrasa negociação sobre aquecimento

relutância em elevar as ambições para reduzir as emissões de gases do efeito estufa devido à crise económica ameaça o avanço para uma limitação do aquecimento global, advertiram delegados presentes às conversações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima naAlemanha. As conversas em Bonn, que acabam hoje, foram programadas em parte para discutir formas de aumentar o nível de ambição sobre os cortes. O agravamento da crise na zona do euro e a economia global combalida, porém, têm aumentado a relutância para o comprometimento com mais cortes até o final da década, disseram delegados à Reuters. Nas conversas climáticas da ONU no ano passado em Durban, na África do Sul, os países concordaram em desenvolver um novo protocolo, um instrumento legal ou um acordo legalmente vinculante até 2015 que seria aplicado a todas as partes de acordo com a convenção climática da organização e entraria em vigor sem mais tardar em 2020.

Os países já concordaram em 2010 que têm de ser feitos profundos cortes nas emissões de gases-estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo de dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais deste século a fim de evitar mais climas extremos, degelos, acidificação dos oceanos e outros impactos danosos. Até agora, no entanto, os esforços para cortar as emissões não têm sido considerados suficientes para conter uma elevação acima dos dois graus neste século. “O hiato da ambição deve ser fechado...em Doha”, disse Sai Navoti, principal negociador para a Aliança dos Pequenos Estados Insulares, referindo-se a negociações programadas para Novembro e Dezembro no Qatar. “O fracasso em fechar esse hiato imediatamente levará a riscos significativos em diversos pontos e ao aumento da temperatura média global para acima de 3,5 graus”, acrescentou ele. Em Novembro do ano passado, o Programa Ambiental da ONU divulgou um relatório

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Infanticídio é arma na competição entre animais, dizem cientistas

Ninguém desarma

A

vida

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De pequenino se torce o pescocinho O

mostrando que o ‘hiato’ entre as actuais promessas de corte nas emissões e o que é necessário para limitar o aquecimento global está maior do que nunca, aumentando de 5 a 9 gigatoneladas de dióxido de carbono -equivalente em 2010 para 6 a 11 gigatoneladas em 2011.

Macau

infanticídio pode ser um instrumento eficiente para a sobrevivência de determinadas espécies de animais, afirmam cientistas. A ideia pode ser chocante do ponto de vista humano, mas a realidade é que, para muitos filhotes de animais, a maior ameaça à sobrevivência vem de sua própria espécie. É o caso dos leões. “Não é como um acto de predação, que é silencioso”, explica o especialista em leões Craig Packer, da University of Minnesota, em Falcon Heights, nos Estados Unidos. “Durante o infanticídio, há rugidos”, conta, descrevendo como leões adultos matam filhotes. “Eles mordem (os filhotes) atrás da cabeça e na nuca e esmagam seus abdómenes.” O infanticídio tende a ser pouco estudado enquanto recurso para garantir a sobrevivência dos mais fortes em uma determinada espécie. Entretanto, há registos de que a prática ocorre entre roedores e primatas, peixes, insectos e anfíbios.

VANTAGENS

Segundo estudos, o infanticídio pode trazer benefícios às espécies animais que o cometem, como maiores oportunidades para que o infanticida se reproduza e mesmo na

alimentação (quando o infanticida come o filhote morte). O infanticídio também é uma maneira de evitar que os pais tenham de investir energia para cuidar da cria e é, com frequência, cometido por machos adultos. Normalmente, a protecção que um filhote recebe do pai cumpre um papel importante em assegurar a sobrevivência do bebé. Mas quando novos machos entram em cena, tudo pode mudar. Os machos recém-chegados tendem a derrubar os machos pais das suas posições no topo da hierarquia do grupo. Se eles conseguem ferir, expulsar ou até matar um macho que ocupava uma posição dominante no grupo, tomando o seu lugar, os filhotes do antigo líder passam a correr grande risco. Isso acontece porque machos recém-chegados com frequência têm apenas um objectivo: ter os seus próprios filhotes com a mãe. Em sociedades de leões, por exemplo, matar filhotes faz com que suas mães voltem a ficar férteis mais rápido, aumentando a chance de que os novos machos se reproduzam. E se não matam filhotes alheios, correm o risco de que os filhotes do antigo líder cresçam e deem o seu próprio golpe.

Sã Assado

Greenpeace diz que há demasiados barcos a pescar atum Há demasiados barcos de pesca ao atum nos oceanos do planeta. Como consequência, várias espécies estão quase a desaparecer, diz a Greenpeace, que aponta o dedo aos maiores responsáveis desta indústria, reunidos numa conferência em Banguecoque. “Esta é uma situação de emergência”, diz Sari Tolvanen, responsável pelos Oceanos na Greenpeace. “Existem simplesmente demasiados barcos (...). É necessária uma redução significativa se quisermos reverter o declínio dos stocks”, acrescentou à

agência AFP. “Seria de esperar que a indústria estivesse preocupada com o declínio dos stocks, mas não tem feito nada.” A organização, confiante em como as populações de atum poderão recuperar com uma protecção adequada, pede ainda uma interdição das artes de pesca que não permitem fazer uma selecção do peixe, capturando nas redes outros animais, como tartarugas e cetáceos. A conferência, de 23 a 25 de Maio em Banguecoque, reúne mais de 600 participantes oriundos de 60 países.

Sabia que... ANTES DE SER, JÁ O ERA • Existem lojas de materiais de e para construção. Mas Macau oferece algo melhor. Uma loja que constrói os materiais à medida. É sempre bom saber onde podemos encontrar algo que vá ao encontro dos nossos desejos, não acha? Porque Macau sã assi mas também sã assado Foto: Vanessa Amaro

... a natureza demora 3 a 6 meses a reciclar o papel. Demora 500 anos a reciclar um penso higiénico, uma toalhita, um copo de plástico?


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cultura

sexta-feira 25.5.2012

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Exposição “A Rota Marítima da Porcelana” inaugura hoje

exposição “A Rota Marítima da Porcelana” inaugura hoje no Museu de Macau, no Jardim da Fortaleza do Monte, e contará na cerimónia de abertura com a actuação de um agrupamento da Orquestra Chinesa de Macau. Esta exposição, organizada em conjunto pelo Museu de Guangdong, o Hong Kong Museum of Art e o Museu de Macau, é uma mostra de 180 conjuntos de objec-

tos cedidos pelos três museus, que expõem figurativamente a história da China ao longo de dois mil anos e o seu estabelecimento como Reino da Porcelana Oriental. Há muito que a China é acreditada como o “Reino da Porcelana”. Ao longo de diferentes

José C. Mendes

A

Dois mil anos de história dinastias, a exportação de porcelana desempenhou um papel crucialmente importante e constituiu uma ponte e um elo de ligação, de intercâmbio e comunicação com várias partes do mundo, sendo que a maior parte dos navios mercantes que transportavam PUB

artigos de porcelana para o resto do planeta passavam pelo Mar do Sul da China. Guangdong, Hong Kong e Macau serviram em diversas alturas da história como importantes portos de partida da rota marítima da porcelana.

TRÊS TEMAS

A exposição, para além das diversas peças de porcelana, exibe também documentários, pinturas históricas e mapas da dinastia Han do Oriente e da dinastia Qing e está dividida em três temas. O primeiro é “Reino da Porcelana Oriental”, que apresenta o processo de cozedura da porcelana e da transformação da cerâmica em porcelana (da dinastia Han do Oriente à dinastia Qing) para demonstrar como a China inventou e produziu artigos de porcelana. “A Estrada do Mar do Sul da China” é o segundo, explicando o papel que os três portos de Guangdong, Macau e Hong Kong desempenharam ao longo das zonas costeiras do Mar do Sul da China em termos de comércio da porcelana de exportação por mar, em diferentes épocas históricas. Por fim, “A Propagação da Porcelana”, descrevendo como outros países (incluindo na Ásia e na Europa) dominavam as técnicas necessárias à produção de porcelana influenciados pela tradição chinesa, que resultaram na criação de artigos de com estilos e charme distintos em diferentes culturas. Este terceiro tema apresenta ainda algumas relíquias que

se encontravam a bordo do navio mercante afundado Nanhai I da dinastia Song e outras peças antigas de porcelana, dum outro navio mercante afundado da dinastia Ming, perto da Ilha de Nanao, na Província de Guangdong. Para complementar a exibição destas peças, o pequeno teatro do Museu exibe um curto documentário sobre os trabalhos arqueológicos destes dois navios afundados.

DOCUMENTÁRIOS E PALESTRAS

Serão ainda exibidos outros documentários sobre os processos de produção da porcelana azul e branca de Jingdezhen e do celadon de Longquan. Esta mostra conta ainda com a exposição de modelos de fornos antigos que eram parte integrante dos processos de produção da cerâmica antiga. Uma série de expositores multimédia, uma zona educativa e uma zona de jogos estão também disponíveis aos visitantes. A exposição “A Rota Marítima da Porcelana – Relíquias dos Museus de Guangdong, Hong Kong e Macau” encontra-se patente de 26 de Maio a 7 de Outubro encerrando à Segunda-feira. No sábado entre as 15h00 e as 17h00 horas será realizada uma palestra temática pelo Director do Departamento de Artes do Museu de Guangdong, Dr. Huang Jing sobre a Rota Marítima da Porcelana no Auditório do Museu de Macau.


sexta-feira 25.5.2012

Rita Marques Ramos rita.ramos@hojemacau.com.mo

É a segunda vez que visita o território com uma peça de teatro. Quais as expectativas neste regresso a Macau? Da primeira vez, correu extraordinariamente bem, fomos muito bem recebidos. Terminámos em Macau uma digressão que durou dois anos e foi a forma perfeita de acabar um projecto que nos deu tanto prazer. Talvez por isso faça todo o sentido que este novo ciclo, com esta peça, comece também em Macau, ainda antes de a estrearmos em Portugal, em Julho. Agora as expectativas são altas, ficámos mal habituados.

Diogo Infante com estreia absoluta de “Preocupo-me, Logo Existo”, a 25 de Junho, pelas 20h00, no CCM

“As expectativas são altas, ficámos mal habituados” Chega para o encerramento das comemorações do 10 de Junho, com uma peça onde a denúncia da hipocrisia se faz com humor negro. Um mês antes da estreia, o actor fala da desvalorização da cultura em Portugal e da fasquia bem alta que tem no regresso a Macau, 12 anos depois Hoje sentem-se mais dificuldades no campo artístico em Portugal ou foi uma área desvalorizada pelo governo? Infelizmente há uma grande desvalorização daquilo que é a actividade artística em Portugal. Curiosamente, é uma coisa cultural. Não nos incutiram suficientemente o gosto pelas artes ao ponto de percebermos que representam uma medida do nosso próprio desenvolvimento como povo e que nos pode ajudar individualmente a sermos pessoas mais completas e felizes. Seria fundamental que a educação integrasse cada vez mais formação artística nos currículos. Teríamos certamente melhores cidadãos. E políticos também!

É a terceira vez que se aventura com um texto de Eric Bogosian. Quais as particularidades na escrita dele que o seduzem? Como actor tenho a possibilidade de construir várias personagens fortes, excessivas e de ter uma interacção com o público muito directa. Os textos de Bogosian são politicamente incorrectos e construídos a partir de personagens que gritam ao mundo a sua revolta. E fazem-no expondo as nossas fragilidades colectivas e individuais. Para quem tem sentido de humor, são textos deliciosamente provocadores. Foi director artístico em Portugal, primeiro no Maria Matos, depois no Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II). Como correram estas duas experiências? Foram duas aventuras fantásticas. Ao criar dois projectos artísticos cresci e aprendi imenso e sei que dei o melhor de mim. Ambos tiveram resultados expressivos e os objectivos a que me propus foram alcançados. O que correu menos bem foi a percepção política de que, quando finalmente se conseguem resultados positivos com os meios disponíveis, é possível fazê-lo com menos recursos. Há uma profunda ignorância quanto à especificidade da actividade num teatro como o D.Maria II, que faz com que se pense que é possível aplicar políticas de contenção sem ter consciência das implicações. Foi esse pacote de políticas que o fizeram retirar-se?

cultura

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Rir do desconforto com Eric Bogosian “Preocupo-me, Logo Existo” é o segundo monólogo do autor norte-americano Eric Bogosian que Diogo Infante traz a Macau. Ao logo de uma hora e 15 minutos, o actor vai-se metamorfoseando em oito personagens distintas, que podem ser encontradas em muitas cidades ocidentais. “Devolvem-nos uma imagem política e socialmente discutível colocando a nu, através do humor negro que lhe é característico, tabus, hipocrisias e demagogias de uma sociedade apática e deprimida.” Um

As medidas avulso, sem uma política cultural de fundo que as sustente, são perigosas. Depois de termos conseguido resultados his-

texto actual, que fala sobre a contradição de discursos, a ganância, a violência, as drogas e a religião. “É sobretudo um pretexto para nos questionarmos. O riso aqui resulta muitas vezes do nosso desconforto.” Eric Bogosian é autor de diversos trabalhos premiados para teatro, entre os quais “Talk Rádio – As Vozes da Ira”, que protagonizou também na adaptação para o cinema feita por Oliver Stone, e “Sexo, Drogas e Rock&Roll”, peça que Diogo Infante também já levou aos palcos.

tóricos para o D. Maria II, termos reestruturado a casa com uma gestão equilibrada e uma grande corrente de público, deixou de haver

condições para continuar de forma a manter a qualidade, a dignidade e a missão de serviço público que se espera de um Teatro Nacional.

Ambiciona dedicar-se só aos palcos ou ainda tem fascínio pela tela de cinema e os cenários das novelas? Gosto muito de representar, mas com a idade estou mais exigente. Ou seja, preciso de desafios que me estimulem e me permitam continuar a crescer pessoal e artisticamente. Claro que também tenho que pagar as contas, mas procuro ser selectivo. O cinema e a televisão são áreas onde me sinto muito confortável, pelo que é provável que me voltem a ver num ecrã muito em breve! Qual foi a sua peça mais difícil de encenar? A mais difícil, e simultaneamente a mais fácil, foi “O Ano do Pensamento Mágico”, de Joan Didion, com a Eunice Muñoz, que fizemos no TNDM II. Mais difícil porque se tratava de um monologo muito des-

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critivo, a adaptação de um romance onde era preciso encontrar a solução cénica que servisse de base para que uma actriz, sozinha em palco, nos contasse uma história durante uma hora e 20 minutos. Mais fácil porque foi com a Eunice. O seu enorme talento dava vida ao texto e enchia o teatro só com a sua voz e com a sua presença. E o desafio ainda está por chegar? Cyrano de Bergerac. Um projecto adiado com o novo director do TNDM II, o João Mota. Espero que consiga reunir os meios necessários para realizarmos este projecto maravilhoso. Já não é a primeira vez que trabalha com Natália Luiza, que faz a direcção cénica na peça que traz a Macau. É uma equipa que funciona bem? É fantástico trabalhar com amigos por quem temos enorme admiração profissional, porque há uma grande confiança que gera maior entrega. Sei que como actor nem sempre sou fácil e a Natália tem muita paciência comigo. Como me conhece bem, consegue sempre dar-me a volta e levar-me a enfrentar as minhas dificuldades ou receios, fazendo-me ir mais longe. É por isso um grande prazer esta parceria, que já dura há muitos anos. Se pudesse escolher um encenador e um actor para trabalhar, quem estaria no topo da lista? Quando quero trabalhar com alguém em Portugal procuro forma de o desafiar e tenho tido surpresas muito agradáveis. Internacionalmente é mais fácil sonhar. Gostava muito de trabalhar com actores como Al pacino ou Meryl Streep. O que representam para si as comemorações do Dia de Portugal , de Camões e das Comunidades Portuguesas (10 de Junho)? Fomos convidados e decidimos aceitar o convite pelas razões que já pude explicar. Comemorar o Dia de Portugal ou participar em eventos que comemorem essa efeméride parece-me sempre bem. Sinto-me cada vez mais patriota, gosto muito do meu país e tenho muito orgulho em ser português. Isso vale sempre a pena celebrar.


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desporto

João Valle-Roxo info@hojemacau.com.mo

É

verdade, aconteceu história e foi um verdadeiro choque. Depois de na ronda nº 7 haver quebrado uma série de seis empates consecutivos que vinha desde a primeira partida, Gelfand, entusiasmado com a sua vitória – aqui apresentada e comentada na passada terça-feira -, enveredou por uma defesa extremamente arriscada que lhe custou uma derrota em 17 lances, recorde de qualquer partida jamais disputada num campeonato do mundo em toda a história do xadrez. Anteriormente, o recorde pertencia ao então campeão do mundo Wilhelm Steinitz que, em

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Anand vence Gelfand após 18 lances

Aconteceu história

sexta-feira 25.5.2012

finais do século XIX, derrotou o “challenger” Zuckertort, em 18 lances. Compreende-se que Gelfand tenha tentado aproveitar ao máximo o momentum, que lhe dava uma grande vantagem psicológica, após a vitória que não aparecia há 19 anos, sobre o campeão do mundo. Todavia, ao mais alto nível xadrezista tais riscos são de evitar, a não ser, em desespero de causa, como mais uma vez ficou provado. A vitória de Anand deve-se mais a uma sobrestimação da posição por parte de Gelfand e a um bom aproveitamento do erro que se lhe seguiu, por parte de Anand, do que, propriamente, a uma grande performance do campeão, como iremos ver de seguida.

PARTIDA 8 – CAMPEONATO DO MUNDO ANAND-GELFAND (DEFESA BENONI) d4 Cf6 2. c4 g6 3. f3 c5 Gelfand é o primeiro a desviar-se do caminho trilhado no terceiro jogo do match, onde se jogou 3... d5 4. cxd5 Cxd5 5. e4 Cb6 6. Cc3 Bg7 7. Be3.

ser facilmente atacado. Mas, por outro lado, também expõe o seu próprio Rei e será fácil às brancas jogar g4 e h5, chegando perto do monarca negro num ápice. Normalmente, neste tipo de partidas é difícil acontecer um empate e ganha quem chegar primeiro ao Rei adversário. 11. exf5 Bxf5 12. g4

4. d5 d6 5. e4 Bg7 6. Ce2 Este Cavalo visa a casa “c3”. Normalmente esta casa é para o Cavalo da ala de Dama e a variante da partida é uma variante pouco vista. Com esta disposição de peças, as brancas irão antes jogar o Cavalo de Dama para “d2”, com vista colocá-lo em c4, um bom posto-avançado, quando esta casa ficar livre do peão que lá se encontra de momento. Isto sucederá porque mais tarde ou mais cedo, após as negras jogarem o seu peão para “e6” e com ele tomarem o peão em “d5”, as brancas jogarão pxp, usando o peão “c4”, o que desocupará esta casa. Se as negras não fizerem isto, então as brancas terão a vantagem de um centro de peões fortíssimo e perigoso. O lado negativo deste plano de abertura das brancas radica na sua lentidão e possível custo de tempos. 6... O-O Gelfand ainda não decidiu qual será o seu plano de contra-ataque. Os peões “b7” e “e6” esperam por ver qual deles será jogado. Por seu turno, as brancas prosseguem com a manobra prevista, jogando 7. Cec3 Ch5 Parece ser uma novidade teórica. É um lance que denota estar-se disposto a correr grandes riscos. As negras parece convidarem as brancas para uma avalanche de peões na ala de rei, começando pelo avanço “g2-g4”, depois da qual é difícil ver outra alternativa senão regressar com o cavalo a “f6”. A jogada usual aqui é “e6”, pouco active, mas sólida. 8. Bg5 Bf6 9. Bxf6 exf6 10. Dd2 f5 Um novo risco, que as negras assumem conscientemente. Gelfand devia estar mesmo confiante. Repare-se que este lance tem o seu lado positivo: abre uma coluna para ser ocupada pelas peças pesadas, num momento em que o Rei branco se encontra perigosamente no centro, podendo

Posição crítica: As brancas desferem o primeiro ataque importante. Olhando para o diagrama, parece que as brancas ganham uma peça, mas não é assim. As negras têm a resposta BxCb1 e, agora, se as brancas tomam o Ch5 com o peão, as negras fazem bater em retirada o seu Bispo e, se as brancas optarem por capturar o Bispo com Txb1, as negras retiram o seu Cavalo de h5. a questão está, antes na posição que emergirá e respectivos planos. Para as brancas, isto é o início de uma avalanche de peões visando desproteger o rei negro enquanto, simultaneamente, tentarão conduzir o seu Rei até ao seguro refúgio de “c2”, fazendo uma espécie de Roque Grande artificial, mas eficaz. Há também um truque na forja. Se as negras agora jogarem Dh4+, as brancas fogem com o Rei para “d1” e, se depois, as negras jogarem Cg3, que parece bom à primeira vista, as brancas jogam De1 e ganham o

Cavalo. Relativamente a esta posição, o comentador e GM Shipov dizia: “Parece que as negras semearam vento e vão colher tempestade”. 12... Te8+ (Gelfand ocupa a coluna com ganho de tempo) 13. Rd1 Bxb1 14. Txb1 Qf6?

E aqui as negras vão longe demais nos riscos que correm. À primeira vista até parece que está tudo calculado, ou seja, se as brancas tomarem o Cavalo negro em h5, as negras jogarão Dxf3+ e, depois, de Rc2, capturam a Torre que está em h1. desta forma, não só secam o ataque das brancas pela ala de Rei, como até ficam em vantagem material. Também é verdade que a alternativa era uma continuação passiva que daria uma vantagem posicional duradoura às brancas. Por exemplo: 14... Cf6 15. Rc2 Ca6 16. Td1 ou 14... Cg7 15. h4 . Ainda assim, nestas posições agudas, tácticas, um erro de cálculo traz a derrota rápida. E foi o que aconteceu. 15. gxh5 Qxf3+ 16. Kc2 Qxh1 As negras alcançaram os seus objectivos, mas as brancas têm uma jogada que, só por si, decide a partida. Antes de continuar a ler este artigo, o leitor analise atentamente o diagrama e veja se consegue descobrir qual é o lance vitorioso das brancas. Se conseguir,

parabéns. É que nenhum dos comentadores de serviço in loco, incluindo fortíssimos Grandes-Mestres, sequer pensaram nesse lance. 17. Qf2! exactamente. A Dama negra fica encurralada, sem casa de fuga, e as brancas irão jogar Bd3. Então a Dama terá que se sacrificar em troca da Torre em b1. Outra alternativa para as negras é oferecerem um Cavalo em c6, com a variante: 17. Qf2 Cc6 18. dxc6 Dxc6 19. Bg2 Dc8 (19... Dd7 20. Cd5! ) 20. Tf1 Df5+ 21. Dxf5 gxf5 22. Txf5, mas parece que isto vai prolongar uma luta já decidida. Na verdade, as negras ficariam em desvantagem material, mas acima de tudo, posicional, sob forte ataque que lhes custaria, decerto, mais material. Daí que as negras abandonaram imediatamente a partida, assim se fazendo história. De qualquer modo, é possível que Gelfand não tenha visto este sacrifício de cavalo e decerto que nem pensou na história do xadrez, caso contrário, possivelmente não teria abandonado logo a partida. 1-0 Entretanto, foi jogada a partida nº 9, a qual se saldou por um empate. Gelfand, de brancas, esteve perto da vitória, chegando à vantagem material de Rainha e 4 peões contra Torre, Cavalo e 5 peões, mas Anand construiu uma fortaleza que aguentou todos os embates. Em boa verdade, foram muitos os comentadores que disseram que esta opção de Gelfand não terá sido a melhor, pois tinha uma posição bastante boa. De qualquer modo, o resultado está agora em 4,5 – 4,5 com 3 partidas por disputar. A última partida clássica será disputada na Segunda-Feira e, caso o resultado final seja um empate, partir-se-á para os “Tiebreaks”, desempate por partidas rápidas, a ter lugar na Quarta-Feira. Se chegarmos a este ponto, dificilmente Anand perderá o título. É que enquanto o indiano é um dos ou o maior especialista do mundo em partidas rápidas, o que até lhe valeu o cognome de “Lucky Luke” (o cowboy mais rápido do que a própria sobra, recordam-se?), já o israelita tem neste tipo de partidas um dos seus pontos fracos. Mas nunca se sabe. Voltaremos a dar notícias brevemente. Até lá.


sexta-feira 25.5.2012

futilidades

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[ ] Cinema

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Cineteatro | PUB SALA 2

MEN IN BLACK III [B]

Um filme de: Barry Sonnenfeld Com: Will Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3

DARK SHADOWS [C] MEN IN BLACK III SALA 1

THE WOMAN IN BLACK [C]

Um filme de: James Watkins Com: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Um filme de: Tim Burton Com: Johny Deep, Michelle Pfeiffer 14.30, 16.5, 19.15

AVENGERS [B]

Aqui há gato

Um filme de:Joss Whedon Com: Judi Dench, Bill Nighy 21.30

HORIZONTAIS: 1-Cheio de rubor, ruborizado. 2-Ufano, envaidecido. Imposto de Circulação (abrev.). 3-Afastei, suprimi. Acrecente. 4-Apeadeiro (abrev.). Altar. Irritam. 5-Gemido (Bras.). Acto de miar. 6-Podia entrar ou ser contido. Expatriar, expulsar. 7-Ligar. Pássaro brasileiro. 8-Tulha subterrânea, onde ser conservam cereais. Estabelecimento onde se servem bebidas. Vogais iguais. 9-Passado. Caixões mortuários. 10-Cobalto (s.q.). O m. q. Iridáceas. 11-Deixarias só. VERTICAIS: 1-Do Cáusaco. 2-A nudez na pintura. Sossegado, pacífico. 3-Arre!. Pequena moeda da antiga Grécia. 4-Espécie de abelha do Brasil, vulgarmente chamada maribondo. Árvore da Malásia. Vogal (pl.). 5-Tarado, psicopata. Auroque. 6-Cortai em rolos ou toros. Quarto mês do ano. 7-Empunhei. Acalma, suaviza. 8-Dor. Abalada. Puxar com o rodo. 9-Campo de liça. Vai-se, retira-se. 10-Nome de mulher. Sua Alteza (abrev.). 11-Colocariam em camadas.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

Sudoku [ ] Cruzadas

(com 17 casa pretas)

[Tele]visão TDM 13:00 13:30 14:45 19:00 19:30 20:30 21:00 21:30 22:15 23:00 23:30 01:15 01:45

TDM News - Repetição Jornal das 24h RTPi DIRECTO TDM Talk Show (Repetição) Amanhecer Telejornal Ásia Global Regresso a Sizalinda Passione TDM News Before and After (Antes e Depois) Telejornal (Repetição) RTPi DIRECTO INFORMAÇÃO TDM

RTPi 82 14:00 14:30 14:45 15:15 16:00 17:00 17:30 18:00 19:00 20:00 21:15 22:15 22:45

Telejornal Madeira Ler +, Ler Melhor A Verde e a Cores Sexta às 9 Bom Dia Portugal Portugal Negócios – Com: José Ribeiro Linha da Frente Com Amor se Paga Estado de Graça Jornal da Tarde O Preço Certo Couto & Coutadas Portugal no Coração

ESPN 30 13:00 13:30 15:00 16:00 19:00 19:30 20:00 20:30 21:00 21:30 22:00 22:30 23:00 23:30

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À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA A MÃE QUE CHOVIA • José Luís Peixoto, Daniel Silvestre da Silva

O protagonista do primeiro livro infantil de José Luís Peixoto é filho da chuva. Com uma mãe tão original, tão necessária a todos, tem de aprender a partilhar com o mundo aquilo que lhe é mais importante: o amor materno. Através de uma ternura invulgar, de poesia e de uma simplicidade desarmante, este livro homenageia e exalta uma das forças mais poderosas da natureza: o amor incondicional das mães.

A ANTROPOLOGIA FACE AOS PROBLEMAS DO MUNDO MODERNO • Claude Lévi-Strauss

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR

Se, por um lado, os leitores de Lévi-Strauss encontram aqui as questões que subjazem aos seus trabalhos, as novas gerações poderão descobrir uma visão do futuro proposta pelo célebre antropólogo. Sublinhando a importância da antropologia como novo “humanismo democrático”, Claude Lévi-Strauss interroga-se sobre “o fim da supremacia cultural do Ocidente”, sobre as ligações entre relativismo cultural e juízo moral. Quando examina os problemas de uma sociedade que se tornou mundial, são também as práticas económicas que são interrogadas, as questões ligadas à procriação artificial, as ligações entre pensamento científico e pensamento mítico. Claude Lévi-Strauss apresenta ainda as suas inquietações relativas aos problemas cruciais do nosso mundo, sobre as afinidades entre as diversas formas de “explosão ideológica” e o futuro dos integrismos. RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

E AS POLÍTICAS AMBIENTAIS ONDE ESTÃO? Os novos dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos sobre o Ambiente deixam antever um caminho perigoso para Macau. Mais carros, qualidade do ar em baixa - basta abrir as narinas para sentir o cheiro a tubos de escape -, mais poluição metálica, mais lixo doméstico, industrial e comercial, menos área verde. Será que tanta poluição, sobretudo ao nível atmosférico, se relaciona com o aumento de mortes por doenças do aparelho respiratório? Não me admira. Um canal denominado de patos - que hoje nem os vê, já lá vai o tempo - agora é um canal poluído, das profundezas à superfície. Mas, dizem, vem de lá uma nova fronteira complementar - Macau-Guangdong - que vai antever medidas de despoluição da zona. De forma a não representar uma imagem desleixada aos turistas que por ali vão passear a pé, pelo novo troço pedonal à superfície do canal. Ali não pescam os profissionais que tentam, de forma inglória, manter vivo este ofício tradicional condenado porque não há quem lhe queira dar continuidade. Mas antes noutra zona, onde a vida não lhes é facilitada graças a questões ambientais. Ali no corso do Porto Interior há cada vez menos peixe. E porquê? A construção da futura ponte Hong-Kong-Macau-Zhuhai está a fazer com que retirem lama do fundo do mar e a coloquem - vejam só na zona onde é a feita a pesca. Boa ideia. E, não se esqueçam, tirem também o espaço às garças e acabem com as zonas protegidas de Coloane - único sítio ainda respirável nesta península. Eu pergunto-me, será que ninguém tem atenção à qualidade de vida das pessoas. Não se pode simplesmente pensar em dar-lhes habitação pública - com certeza política também muito necessária para uma população que não pára de aumentar - e empregos com um salário médio razoável, é necessário dar-lhes espaços verdes, parques limpos, praias despoluídas. Qualquer dia, pessoas e animais, como eu, andamos aqui à luta por menos de 1m2 de espaço puro. Ainda há isso para cada um dos mais de 500 mil habitantes desta cidade? Não me parece. Ponhamse a mexer, quero poder caçar os meus pássaros na relva da cidade. Será que, para tal, tenho de me deslocar para um dos montes, também cada vez mais poluídos visualmente?

Pu Yi


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opinião

editorial

Arnaldo Gonçalves

Carlos Morais José

PARA ESQUECER No tempo em que os

burros pela manhã zurravam e não se dava por uma profusão de luzes e de ribaltas, este não era um território sossegado. Talvez para quem distraidamente fitasse o espelho baço e imóvel da Baía, o trânsito frouxo e as mulheres arredias, imaginasse ser esta cidade uma pasmaceira, um local semi-adormecido, opiado pelo dinheiro fácil do jogo e entregue a uma administração complacente. Mas quem aqui fazia a sua vida sabe perfeitamente que em Macau nem o céu, nem o vento sossegados. E quando assim aparentam estar, é mau augúrio. Por baixo dessa aparente calma e descontração, agitavam-se emoções, planos mirabolantes, os últimos sonhos de um império desfeito. Sob o manto amorfo da apatia, uma efervescente e glamorosa realidade. Pelas ruas silenciosas, de visibilidade ténue, recortavam-se personagens ainda à procura de um papel na peça de teatro que então se findava. Disfarçados numa aparência quase jesuítica, debatiamse e roncavam um florido erotismo a par com a mais depravada bestialidade. Não, não foi preciso a liberalização do jogo para que o mundo viesse a Macau. Já cá estava mas era discreto: não se anunciava na berma dos passeios com luzes e promessas. Fazia-o tímido, como quem convida para uma volta num carrossel de fauna estranha e cuja corrida é de destino incerto. Pouco plástico, pouco gesso havia. A cidade tinha um sabor real. Chama-se a isto mudar de século, de milénio, de ambiente, de sonhos e de vida. Mudar de paisagens e esquecer o subtil, o que aos poucos se revela, o passeio por jardins desconhecidos. O sabor de uma cultura a revelar-se no gesto gratuito de uma mulher. Não, a invasão não veio para ensinar nada. Veio para fazer esquecer.

sexta-feira 25.5.2012

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A

GOSTINHO da Silva escreveu que “Deus é imanente e transcendente ao homem; o homem é imanente e transcendente a Deus”. Tropecei neste pensamento e decidi regressar a ele, aqui, porque me fez parar para pensar. Se por “transcendente” se entende o que está acima da inteligência humana, o que não se confina com ela, Agostinho da Silva terá razão na primeira parte da sua asserção. Parafraseando Kant em “Crítica da Razão Pura”, a percepção que temos da divindade, quando a temos, é um conhecimento a priori e sintético que não depende de qualquer evidência empírica. Deus existe, ponto final, não porque provei através de uma qualquer vivência experimental que Deus existe. Ou seja há evidências a priori que são referências analíticas e às quais a experiência sensorial sobrepõe determinados contextos factuais. Antes de pensar-se “Deus”, Ele já existe como categoria a priori. Lembrando Kant “chamo transcendental a todo o conhecimento que em geral se ocupa menos do objecto do que do nosso modo de conhecer, na medida em que este deve ser possível a priori”. Mas nem todo o conhecimento a priori é transcendental, embora o oposto seja verdadeiro. O mesmo acontece com “liberdade” e “dignidade” que são também conceitos a priori, sintéticos, independentes de qualquer aferição experimental. Têm uma outra qualidade: são absolutamente universais. Não existe liberdade ocidental versus liberdade asiática, nem dignidade ocidental versus dignidade asiática ou africana. Apenas existe a Liberdade e a Dignidade “humanas”. No segundo período da asserção “o homem é imanente e transcendente a Deus” se por transcendente entendermos “o que é superior a”, “o que é excelente”, Agostinho da Silva não tem razão. Não há forma alguma de o Homem, enquanto género, ser superior a Deus enquanto ser Criador e Absoluto ainda que alguns acreditem e várias religiões afirmem que ele (o Homem) é uma criação Dele. A centelha da divindade existente no Homem (se é que existe) apenas se vislumbra quando o homem se transcende a si próprio e não quando se animaliza e banaliza. Ainda assim não pode se sobrepor a Deus sem objecto imitado. A cópia é sempre menos perfeita que o original, o “arche”. Se por “transcendente” considerarmos a qualidade do Homem se ultrapassar a si próprio e às suas próprias limitações, é este o momento de voltarmos a dar razão a Agostinho da Silva. Na verdade, o Homem é capaz desse rasgo, tem esse potencial de ultrapassagem, de remover montanhas por si, quando o quer. Não há nenhum outro animal que o tenha. Ergo cogito sum. O Homem não é, por outro lado, uma tábua rasa sobre que se inscrevam determinadas vivências e enunciações do Bem e do Mal, as quais possam de acordo com as coordenadas da geografia ou as conveniências da moral variar. Essas coordenadas existem no DNA de cada indivíduo e expressam-se em contextos de sociabilidade e liberdade. Ne varietur. A liberdade do homem sustém-se, disse S. Tomás de Aquino, no livre arbítrio. Kant repetiu-o na sua apologia do valor imanente da liberdade. O ser humano é livre, Deus não coarctou a sua liberdade. A natureza finalística do sistema do Universo não elimina nem restringe a liberdade do Homem. As potências racionais, isto é, a capacidade do Homem

crepúsculo dos ídolos

Transcendência

Se por “transcendente” considerarmos a qualidade do Homem se ultrapassar a si próprio e às suas próprias limitações, é este o momento de voltarmos a dar razão a Agostinho da Silva. Na verdade, o Homem é capaz desse rasgo, tem esse potencial de ultrapassagem, de remover montanhas por si, quando o quer. Não há nenhum outro animal que o tenha. Ergo cogito sum de agir como ser racional, implica que ele possa agir segundo as suas livres escolhas, não por um destino pré-determinado que se lhe imponha como inevitabilidade destino, obediência à marcha inexorável da história. O Homem é senhor das suas próprias escolhas, de todas as suas escolhas, inclusive quando se exime de as fazer e se deixa levar pelos próprios acontecimentos ou pelas opiniões e ordens dos outros. Para que o homem aja de acordo com a sua liberdade singular deverá ouvir, diz Kant, a voz universal da razão. A consciência moral conduz à realidade do livre arbítrio, no sentido que nós determinamos as nossas acções por um motivo puramente formal desligado de todos os conteúdos sensíveis. O que é, em si mesma, a definição da própria liberdade. São por isso paradoxais as sugestões de cerceamento do livre arbítrio fundadas em razões civilizacionais, culturais, tribais ou do género que conduzam a uma relativização dos conceitos sincréticos e a priori, por razões de princípio e de utilitarismo. Dou dois exemplos de afirmações, nesse sentido, de homens políticos e

intelectuais alinhados com o multiculturalismo: os direitos humanos são uma invenção ocidental com que o homem não ocidental não tem de se conformar; a homossexualidade é uma doença e é incompatível com os usos e tradições das sociedades africanas. Estas duas asserções parecem na sua formulação atractivas e ponderadas. Dão indicações de texturas de diversidade e pluralismo que seduzem, instintivamente, quem se habituou a ver a Europa como berço da tolerância, do pluralismo e da diversidade. Mas só aparentemente elas são consensuais e apetecíveis. Se aceitássemos por circunstâncias da razão prática pôr em causa sentidos de universalidade de valores e princípios que são imanentes e fundacionais à raça humana estaríamos a pôr esses mesmos valores na guilhotina da discricionariedade e da vontade de poder. Como diria Pessoa “há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.


sexta-feira 25.5.2012

opinião

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Jorge Rodrigues Simão

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perspectivas

O planeta um complexo molecular “There is an inescapable continuity between the past and the future. With science we have acquired the wonderful ability to reconstruct the past, often with great detail: our own past as a biological species, the past history of life on Earth, that of Earth itself, and even that of the Universe as a whole. We can now unravel with sufficient reliability the way this adventure has run from the very first instant when the Universe was only a singularity that generated time and space. Furthermore, this same scientific knowledge also provides a way of revealing the future.” Humans on Earth - From Origins to Possible Futures Filipe Duarte Santos

O

S sistemas autopoéticos foram formulados pelos neurobiólogos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana, em 1974, como resultado da análise formal e rigorosa dos fundamentos da vida, do funcionamento dos sistemas vivos como são as células, ou nos mecanismos circulares estabilizadores do metabolismo celular. Estes sistemas caracterizam-se pela particularidade de os seus componentes se autocriarem continuamente e serem autoproduzidos. Os mecanismos que produzem os componentes, permitindo funcionar o sistema, originam assim os componentes que os produziram. Em outras palavras, são sistemas autoprodutivos e auto-organizados, mantendo a sua organização. Um sistema autopoético funciona por meio de uma rede de processos de produção (transformação e destruição) de componentes, que ao mesmo tempo produz os seus próprios componentes. O estudo da sua estrutura “per se”, num determinado momento, não permite compreendê-los, porque estes sistemas apresentam uma rede de relações causais, que não podem ser conhecidas num lugar do sistema, nem em qualquer momento. Os elementos do sistema renovam-se continuamente, seguindo um processo ininterrupto de transformação e destruição, como resultado da actuação dessa rede de processos. Os componentes do sistema autopoético relacionam-se num domínio topológico, no qual a proximidade dos componentes é relevante para o funcionamento do sistema, pelo que são sistemas que tendem a fechar-se em si. Estes sistemas, conquanto apresentam um alto nível de encerramento, não se encontram completamente fechados, dado que interagem com o ambiente. As alterações ambientais que poderiam comprometer a sobrevivência do sistema, são observados pelo mesmo, de forma que internamente se produz uma selecção de processos homeostáticos (necessário à sobrevivência dos seres vivos), que terão como resultado a adequação a esta nova situação. Estes sistemas apresentam uma grande quantidade de informação acumulada, que

permite a selecção de mecanismos adequados e adaptados a situações mutantes. O modelo de sistema autopoético tem diversas aplicações em diferentes ramos da ciência e tecnologia, como a da engenharia de software (ES) ou a da inteligência artificial, e em diferentes ciências humanas, como o direito, devido às teorias de Niklas Luhmann em relação aos sistemas sociais, tendo aplicação ainda na psicoterapia e na psicologia cognitiva, entre outros ramos da ciência. Os autores da autopoiese propuseram que o modelo de sistema autopoético é aplicável também ao campo da cognição. Tal como no caso dos sistemas vivos, a cognição não pode ser descrita apenas através da sua estrutura, como se propõe no paradigma cognitivo de natureza computacional, segundo o qual o pensamento e as acções são o resultado de um processamento lógico assente em algoritmos. A cognição não é a manipulação interna de informação ou sinais externos, como se tratasse de um computador. A partir da perspectiva da autopoiese, entende-se a cognição como um sistema localizado no corpo humano, capaz de discriminar os fenómenos e o seu contexto semântico como unidades globais e não como resultado de uma série de operações lógicas sucessivas.Alinguagem como forma de comunicação deve ser entendida nesta teoria como um todo, conformado não só pelas palavras e seus significados, mas também como um domínio semiótico com significados globais e amplos no qual se integram factores como a comunicação não verbal, as atitudes e outros aspectos de natureza ambiental, que envolvem o processo de comunicação. O sistema cognitivo autopoético permite, assim, seleccionar por indução a melhor solução, para cada situação, com o objectivo de permitir a sobrevivência do próprio sistema cognitivo. Uma rede interna de processos dá lugar à construção e desconstrução contínua de conceitos, que são relativizados em função da percepção interessada do observador da realidade. O conhecimento é, pois, o resultado de uma interpretação interna, que emerge das nossas capacidades para o compreender, encontrando-se enraizado nas estruturas do nosso corpo (biológico), e que é vivido e instruído pela experiência, dentro do domínio do consenso, num contexto cultural de natureza histórica. A mais reconhecida, entre as diversas teorias existentes quanto à origem da vida no nosso planeta, é a científica, que descreve como resultado de uma evolução bioquímica da matéria orgânica (aminoácidos, ADN, entre outros), originada a partir da matéria inorgânica (metano, amoníaco, água, hidrogénio), que num processo longo e complexo, e em determinadas condições ambientais

(águas estagnadas, em fontes hidrotermais submarinas), deu lugar à formação de uma célula primitiva, a qual, como mostram os registos fósseis, é muito semelhante às bactérias actuais. A partir desta primeira célula, no decorrer da evolução, originaram-se todas as formas de vida que proliferaram na “Terra” no passado e as que chegaram até ao presente. Foi defendida a teoria da possibilidade de uma origem extraterrestre da vida, que nada mais apresenta que levar além, no espaço e no tempo, as hipóteses sobre os mecanismos implicados na mesma origem da vida, mas em outro contexto desconhecido. A partir da visão da entropia lógica, quer o processo que conduziu à origem da vida, quer a evolução são processos neguentrópicos (negação da entropia) ou de entropia negativa, dado que, ao começar por uma desordem se cria ordem. As formas simples dão lugar a formas mais complexas. Esta tendência para a ordem não é exclusiva da vida, uma vez que se deduz da evolução da matéria, a partir da energia produzida na “Grande Explosão (Big Bang)”, há 14.000 milhões de anos.

Um sistema autopoético funciona por meio de uma rede de processos de produção (transformação e destruição) de componentes, que ao mesmo tempo produz os seus próprios componentes. O estudo da sua estrutura “per se”, num determinado momento, não permite compreendê-los, porque estes sistemas apresentam uma rede de relações causais, que não podem ser conhecidas num lugar do sistema, nem em qualquer momento A combinação das partículas elementares formadas imediatamente após a “Grande Explosão” deu origem às partículas subatómicas (protões, electrões e neutrões), ao hidrogénio e aos diferentes átomos, por combinações diferentes destas subpartículas nas estrelas, e também a uma grande diversidade de moléculas, mais ou menos complexas, formadas pelas uniões possíveis dos diferentes átomos. Este grande complexo molecular, que é a “Terra”, começou a arrefecer há 3900 milhões de anos, formando-se as rochas mais antigas e conhecidas. Tal arrefecimento, foi bastante rápido, se considerarmos que a “Terra” se formou há aproximadamente 4600 milhões anos. Encontraram-se fósseis de células primiti-

vas com uma idade de 3500 milhões anos. A produção da totalidade de oxigénio por parte de um subtipo de organismos muito idênticos às bactérias com capacidade fotossintética, os cianófitos, deu-se há cerca de 2.000 milhões de anos, produzindo a extinção em grande escala de organismos anaeróbios, que ficaram limitados a ambientes isentos de oxigénio, e abriu a porta à ocupação biológica dos continentes, obrigando à formação da ozonosfera, camada gasosa capaz de filtrar as radiações solares ionizantes, que antes impossibilitava a colonização da crosta terrestre. Os registos fósseis reflectem que a diversidade de formas biológicas aumentou incessantemente, apesar das diversas extinções em massa, ocorridas ao longo da era secundária, por força das alterações climáticas, do impacto de asteróides, das mudanças na polaridade do magnetismo terrestre ou na incidência excessiva de radiações solares ionizantes. Assim, o número de famílias de animais marinhos contabilizadas nos fósseis, ao longo do “Éon Fanerozóico” (desde há 600 milhões de anos) aumentou de algumas dezenas até às actuais 1900 famílias existentes, e que se puderam catalogar. Ao longo deste percurso histórico, deduz-se um aumento da complexidade da biosfera, o aumento progressivo de formas de vida e a diversidade de organismos vivos, que a ocupam. Tudo parece ordenar-se, de forma que a energia e o caos material inicial, se transformassem em ordem e estabilidade, em contradição aparente, com o segundo princípio da termodinâmica. A corrente de pensamento neodarwinista defende que a vida é progresso e que a evolução inclinou-se sempre do simples ao complexo, de uma maior dependência a uma relativa independência dos organismos em relação ao seu meio, a uma maior autonomia dos indivíduos, ao desenvolvimento de um sistema nervoso e de órgãos sensoriais mais complexos, que permitem uma melhor sobrevivência e finalmente uma maior consciência. No fundo, esta problemática reside, num debate sobre o sentido da evolução da vida, como uma forma de progresso. As correntes que diferem da neodarwinista defendem que não existe tal progresso na evolução, uma vez que o organismo actual simples, como um protozoário, seguiu um processo evolutivo longo e complexo baseado em mecanismos idênticos, que não o torna inferior em termos evolutivos de outros animais que se afirma serem altamente evoluídos, como seriam os vertebrados ou o próprio homem. Os resultados são diferentes, num caso e outro, devido às restrições do meio, relacionadas com a função ecológica de cada espécie no grupo que ocupa no seu ecossistema.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


sexta-feira 25.5.2012

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Austrália e Coreia do Sul em exercício militar

cporaSteff r t o on

As forças navais da Coreia do Sul e da Austrália realizam na próxima segunda-feira as primeiras manobras conjuntas, confirmou o ministério sul-coreano da Defesa à agência noticiosa espanhola Efe. O exercício de dois dias, que se inicia na segunda-feira ao largo da costa nordeste da ilha meridional de Jeju, será um simulacro focado no aperfeiçoamento das capacidades combinadas dos dois aliados na detecção e acompanhamento de submarinos e torpedos inimigos. Cerca de dez navios de guerra e submarinos da Coreia do Sul e da Austrália participarão das manobras, que também contarão com o apoio de uma aeronave de vigilância e de helicópteros sul-coreanos.

Fogo em submarino nuclear faz seis feridos

Aung San Suu Kyi visita Tailândia

A líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, vai visitar a Tailândia na próxima semana para participar no Fórum Económico Mundial para a Ásia Oriental, naquela que será a sua primeira viagem ao estrangeiro em 24 anos. Segundo informou ontem a imprensa local, Suu Kyi, 66 anos, deverá efectuar um discurso durante a reunião, que terá lugar entre 30 de Maio e 01 de Junho, em Banguecoque, e na qual participará também o Presidente birmanês, Thein Sein. A líder da oposição birmanesa, que no dia 02 prestou juramento como deputada, viajará no próximo mês para Oslo, capital da Noruega, onde irá pronunciar o seu discurso do Nobel da Paz que lhe foi concedido, em 1991, mas que não pôde reconhecer durante a ditadura da junta militar. No seu périplo pela Europa, Suu Kyi prevê fazer escala em Londres, onde falará no parlamento, assim como em Genebra e em Dublin.

Mourinho quer Figo no Real Madrid

A Imprensa espanhola revela, esta quinta-feira, que o treinador do Real Madrid, José Mourinho, pretende que o antigo internacional português Luís Figo seja o director desportivo dos “merengues”. De acordo com o Punto Pelota, os dois trabalharam juntos no Inter e Figo, que também já jogou no colosso espanhol, sempre defendeu que o Real Madrid deveria de apostar na contratação de Mourinho. Resta saber se a direcção da equipa de Madrid aceita a ideia do treinador português e se Figo aceita sair do Inter, onde é o responsável pelas relações internacionais.

Reforma política Susana Chou desejava uma terceira consulta pública

“É isto a democracia?” Cecília Lin

cecilia.lin@hojemacau.com.mo

A

antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, lamentou o facto de o Governo da RAEM não ter mostrado disponibilidade para uma terceira consulta pública sobre a reforma política. “Lamento a decisão do Governo de não consultar a população mais uma vez”, pode ler-se no seu blogue pessoal. “Na minha opinião, as duas primeiras consultas pública não chegaram para debater e resolver as questões específicas de legislação local”, referiu Susana Chou que acrescentou: “Algumas das disposições ainda tem espaço para ficarem melhores. (...) A AL da RAEM é normalmente ignorada pelo Governo. É isto a democracia?”

DIFERENÇAS E COINCIDÊNCIAS

Susana Chou escreveu, igualmente, no seu blog as suas opiniões sobre as diferenças entre as AL de Hong Kong e Macau. Tudo porque se inspirou nos debates da AL de Hong Kong que viu na TV. “Não concordo com o que os deputados de Hong Kong fizeram”, escreveu. “Recentemente alguns deputados tiveram posições atrevidas acerca de um rascunho sobre proibir os deputados de voltar

a AL após a sua demissão, que estava a apreciação”, afirmou Chou que acrescentou a sua explicação: “Normalmente essa estratégia só se usa pelos deputados que estão em desvantagem, o objectivo é forçar concessão dos outros deputados.” “Pela TV, podemos ver o atrevimento de todos os deputados. A reunião foi cancelada duas vezes pelo que nem todos os deputados tiveram oportunidade de falar. Fica para história como a reunião mais longa na AL de Hong Kong, e como se não bastasse ainda houve um

deputado que acusou o presidente da AL de privar o seu direito de falar. Uma vergonha, portanto.” Susana Chou falou ainda do que acontece na Coreia do Sul e em Taiwan, mas não mencionou o caso recente dos deputados na RAEM e dos membros da Novo Macau que causaram rebuliço na AL. Este tipo de incidentes são quase “impossíveis” em Macau. “Macau enfatiza o líder do Executivo. Se algum funcionário superior disser alguma coisa incorrecta...”, ironiza Chou.

Um incêndio deflagrou, anteontem à noite, num submarino nuclear norte-americano, deixando seis pessoas feridas, entre elas tripulantes e pelo menos um bombeiro. O submarino USS Miami estava desde Março no estaleiro naval de Portsmouth, nos EUA, para operações de manutenção, quando ocorreu um incêndio na parte dianteira, onde se localizam as cabinas e o posto de comando. De acordo com uma porta-voz do porto de Portsmouth, Tami Remick, o reactor não estava operacional e não se encontra ameaçado pelas chamas. O fogo no USS Miami, que não tinha munições a bordo, ainda não tinha sido extinto no início desta quinta-feira.

Detidas por gerir rede de prostituição infantil

Duas mulheres foram detidas esta quinta-feira, por alegadamente liderarem uma rede de prostituição infantil em Sidney, na Austrália. Para além das duas mulheres, três homens com cerca de 50 anos também acabaram presos pelas autoridades, por suspeitas de se tratarem de clientes. A polícia entrou em quatro casas e deteve uma mulher de 19 anos e outra, de 22 anos, já referenciada por crimes ligados com prostituição no início de 2012. Em Março, tinha sido acusada de cobrar entre dez e 100 dólares australianos a homens que pretendessem ter sexo com duas raparigas de 12 e 13 anos, respectivamente, acabando depois por ser libertada sob fiança. As autoridades suspeitam que cinco crianças, entre os 12 e os 16 anos, estejam envolvidas.

Creme para elevar seios retirado do mercado A autoridade reguladora do sector dos cosméticos ordenou a suspensão da venda e retirada do mercado, um creme que promete elevar os seios até 40%, em oito semanas. A entidade entende que esta garantia não está fundamentada e emitiu um comunicado de alerta, no seu portal na Internet, onde se pode ler que o produto em questão “apresenta reivindicações não fundamentadas”.


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