DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
Regime em revisão PÁGINA 4
OPINIÃO
MOP$10
hojemacau
Candidatos SOFIA MOTA
DAVID CHAN
LÚCIA LEMOS
SONHOS CRIATIVOS ENTREVISTA
TNR | CONTRATOS
Promessas de mudança PÁGINA 5
h
Diário de Pequim ANTÓNIO GRAÇA DE ABREU
Grande mensagem AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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GUO XI
TURISMO
Golpe no Palácio Saídas bloqueadas, poucos extintores ou iluminação de emergência insuficiente, são apenas algumas das razões que levaram a DST a fechar as portas do Hotel Palácio Imperial Beijing. GRANDE PLANO www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau
SOFIA MOTA
APOIO JUDICIÁRIO
SEGUNDA-FEIRA 25 DE JULHO DE 2016 • ANO XV • Nº 3620
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TURISMO PALÁCIO IMPERIAL BEIJING FECHA PORTAS POR SEIS MESES
CONSIDERADA ACÇÃO JUDICIAL CONJUNTA
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LÉM das dívidas aos empregados há ainda queixas por parte das agências de turismo que denunciam o pré-pagamento de quartos que depois não podem vir a usar. No total, o hotel terá um montante em dívida que chega aos 27 milhões de patacas e poderá haver processos conjuntos contra a empresa. Wong Fai, vice-director da Associação de Indústria Turística de Macau, disse que as agências de viagem não excluem a possibilidade de interpor uma acção judicial conjunta. O responsável disse, em declarações ao Ou Mun, que, com a mudança da gestão no início deste ano, muitas empresas do sector não conseguiram obter os quartos segundo os contratos assinados com o hotel, pelo que é inevitável que o caso vá afectar mais turistas. Helena de Senna Fernandes disse que o organismo não iria envolver-se nas disputas comerciais entre o hotel e as agências turísticas e realçou que segundo a lei de Macau, as agências turísticas têm a responsabilidade de ajudar os turistas afectados. O organismo também já se reuniu com os responsáveis das agências, exigindo-lhes que ajudassem os turistas a encontrar alojamento. A.K./J.F.
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NAO HA ˜ CONDICOES
Direcção dos Serviços de Turismo (DST) obrigou o Hotel Palácio Imperial Beijing a fechar portas provisoriamente, durante um período de seis meses. O estabelecimento que um dia foi o New Century “não cumpre as condições de segurança mínimas”, nomeadamente relativas à prevenção e combate a incêndios. Segundo a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, a decisão tem por base a detecção de “graves infracções administrativas e a ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turística de Macau”. A medida foi implementada no sábado às 14h00, quando ainda estavam hóspedes e funcionários no local.
ESTRELAS APAGADAS
ADST diz que os problemas relativos à segurança do hotel, na Taipa, já vêm de 2014.Ainda assim, a renovação da licença do Palácio Imperial foi feita em Janeiro, sob condição de resolução dos problemas encontrados. Em Junho “estava tudo na mesma”, como frisou Helena de Senna Fernandes.
A decisão tem por base a detecção de “graves infracções administrativas e a ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turística de Macau”
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Na conferência de imprensa, que contou também com representantes do Corpo de Bombeiros, Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e Conselho de Consumidores, foi explicado que antes da vistoria conjunta, no dia 12 – em que se deliberou que o hotel “não se encontra em condições para funcionar” – já SOFIA MOTA
O Palácio Imperial não reúne as condições mínimas de segurança e por isso vê as suas portas fechadas por seis meses. A decisão foi anunciada na sextafeira e o hotel fechado no dia seguinte. Do futuro, não se sabe e tudo depende de eventuais mudanças
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GRANDE PLANO
tinham sido detectadas infracções de diversa natureza incluindo, por exemplo, um grande número de obras de alteração irregulares. Os incumprimentos administrativos são muitos, mas o “mais grave” e que está na base da decisão para o encerramento, é a falta de segurança no que respeita a medidas de combate a incêndios.
“Verificou-se um número insuficiente de extintores, sistema de iluminação de emergência insuficiente, saídas bloqueadas, vias de evacuação obstruídas, câmaras de fumo inutilizadas, uso de materiais decorativos sem protecção contra o fogo ou existência de combustíveis para além dos limites fixados.”
3 hoje macau segunda-feira 25.7.2016 www.hojemacau.com.mo
“Verificou-se um número insuficiente de extintores, sistema de iluminação de emergência insuficiente, saídas bloqueadas, vias de evacuação obstruídas, câmaras de fumo inutilizadas, uso de materiais decorativos sem protecção contra o fogo ou existência de combustíveis para além dos limites fixados” não autorizada no estabelecimento ou exercício de actividade no local, “independentemente da pessoa envolvida”, o autor incorre em responsabilidade criminal. Sofia Mota (com J.F.)
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Passa a bola
Empresa fala em falta de aviso da DST. Turismo discorda
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empresa gestora do Hotel Palácio Imperial Beijing criticou a Direcção de Serviços de Turismo (DST), que acusa de não a ter informado sobre o encerramento do hotel. A DST tem outra versão. Num anúncio publicado no sábado e no domingo no Jornal Ou Mun, a empresa diz que a decisão do encerramento temporário do hotel foi “repentina e sem aviso prévio”, mesmo tendo tido um encontro com o Governo um dia antes do anúncio do encerramento. Já a DST justifica que, no encontro, como não estavam representantes legais, algumas informações não puderam ser anunciadas.
EM ESTADO DE CHOQUE
A Empresa Hoteleira Macau Lda. diz-se “chocada” com a decisão. “Depois de assumirmos a gestão do Hotel em 18 de Janeiro de 2016, a companhia e todos os empregados do hotel têm estado a tratar das infracções deixadas pela gestão anterior de forma responsável, activa e com o que está ao nosso alcance. Relativamente aos pedidos da DST demos sempre resposta e resolvemo-los de acordo com a lei.
SOFIA MOTA
Desde 2014 que as sanções levadas a cabo por incumprimentos administrativos deram origem a multas de mais de 55 mil patacas. Quanto ao casino instalado no espaço, que opera sob a licença da Sociedade de Jogos de Macau, continua fechado para “renovação” desde o princípio do ano. O facto de ser um hotel de cinco estrelas exige o cumprimento de determinadas características que também já não existiam. Várias instalações do hotel, como a sauna, espaços de lazer e restaurantes, tinham encerrado por motivos alheios à DST, mas que contribuem para que o hotel não possa ser classificado com cinco estrelas. O hotel foi aberto em 1992, com a designação de Hotel New Century, tendo sido local de diversos problemas desde então, como a divergência entre um promotor de jogo que operava no hotel e a administração, que levou até a violência dentro do estabelecimento, que chegou a ser encerrado. A partir de 2013, o hotel mudou para a actual designação e, em Outubro do ano passado, também mudou de dono e passou a fazer parte da empresa Victory Success Holdings. Esta foi a primeira vez que o Governo ordenou o encerramento de um estabelecimento hoteleiro. O Executivo assegura que se durante o período de encerramento for detectada entrada
Para alguns projectos também já procedemos à entrega de apresentações ao Governo. Desde a entrada da nova gestão que não violámos nenhuma lei ou provocámos qualquer violação. Nos últimos meses, o número de hóspedes também já recuperou, para cerca de cem mil”, pode ler-se. “O organismo forçou o encerramento em 24 horas sem aviso provisório ou explicações, não permitindo aos turistas continuarem nos quartos, nem aos já fizeram reservas fazerem check-in. Quanto a isso, a companhia está chocada. Também lamentamos as influências negativas causadas nos turistas e em Macau como uma cidade turística internacional. Tudo pela decisão repentina do organismo.”
MEDIDA INEVITÁVEL
Já, segundo o Jornal Ou Mun, Helena de Senna Fernandes,
Destino incerto Centenas de queixas de empregados e visitantes
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Ó no dia do encerramento do Palácio Imperial, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) encaminhou cerca de 70 hóspedes e mais de 30 trabalhadores para fora do estabelecimento. No sábado, cerca de mil pessoas tiveram de ser alertadas sobre o encerramento, mas os números continuam a aumentar. Até às 18h00 de dia 23, os últimos dados disponíveis, o posto de atendimento da DST no Centro de Actividade Turísticas recebeu 19 casos - três relacionados com reservas de quartos, envolvendo 17 quartos, 14 relacionados com trabalhadores do hotel e dois com a filiação do hotel. Já a Linha Aberta para o Turismo recebeu oito pedidos de solicitação de informações. No CAT está ainda um balcão do Conselho de Consumidores, que atendeu três pedidos. Segundo as informações, os consumidores reservaram quartos através da internet ou de agências de viagem,
mas também houve casos em que residentes de Macau fizeram adesão às instalações do mesmo hotel. O CC foi ainda informado que há mais turistas com quartos reservados.
INCÓGNITAS
O destino dos trabalhadores é incerto. Neste momento o hotel dava emprego a tempo inteiro a 20 trabalhadores e a 30 em tempo parcial, fazendo com que o encerramento do hotel tenha afectado cerca de 50 empregados que se juntam a mais de 300 que já tinham conflitos com a empresa. Muitos só através dos meios de comunicação social
directora da DST, respondeu que respeita o comunicado, mas nada mais tem a justificar sobre a decisão. A responsável afirmou que é inevitável o encerramento temporário do hotel, bem como é inevitável que o seu encerramento afecte a imagem turística de Macau. Mas descarta que tenha sido uma decisão tão apressada como se descreve no comunicado. “O organismo anunciou a medida de encerramento depois de [uma análise] compreensiva. Achamos que era uma decisão razoável”, explicou. “Em Junho já avisamos que, se não tomassem medidas de melhoramento oportunas, iríamos tomar medidas de encerramento.” Senna Fernandes clarificou também que no dia do encontro, como os responsáveis do hotel não eram representantes legais ou autorizados, algumas das informações não puderam ser reveladas. “No dia do encontro deixámos os representantes do hotel saber dos problemas que já existem ao longo do tempo. Recentemente, só recebemos uma carta enviada em nome de quem tem a licença do hotel e todos os restantes contactos foram feitos com os representantes.” O comunicado do hotel refere ainda que a empresa tentou marcar um encontro com a DST “muitas vezes”, mas Senna Fernandes diz que só recebeu duas chamadas telefónicas dos responsáveis. A.K./J.F.
é que ficaram a saber que iriam perder o emprego e Ng Wai Han, subdirectora substituta da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) refere que há já 75 queixas recebidas por partes de trabalhadores. Os motivos eram vários, indo da falta de salários a problemas com as compensações de férias. A dirigente da DSAL confirma que o destino dos funcionários é incerto mas assegura que a DSAL vai ajudar os actuais 50 empregados do hotel a reivindicar as compensações devidas, que neste momento ascendem a 20 milhões de patacas. Segundo informações, 570 quartos do hotel foram reservados para sábado, por nove agências, o que significava lotação quase cheia. A maioria dos clientes veio do interior da China em excursões. As operadoras já estariam ao corrente do sucedido, de modo a diligenciarem as medidas necessárias de realojamentos dos clientes, mas também as agências de turismo têm problemas com o hotel (ver texto). S.M./A.K./J.F.
4 hoje macau segunda-feira 25.7.2016
O Regime Geral de Apoio Judiciário poderá vir a ser alterado para que os trabalhadores da linha da frente possam dele usufruir. A informação foi dada por Sónia Chan
Apoio Judiciário REGIME VAI SER REVISTO PARA INCLUIR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Para os que dão a cara
“Vamos rever a lei e ver se já não se adapta à realidade, sobretudo quando [estes trabalhadores] são lesados na execução da lei”
GCS
POLÍTICA
O
actual Regime Geral de Apoio Judiciário pode vir a ser alvo de revisão. A legislação não contempla o apoio judiciário aos trabalhadores da linha da frente que são lesados no exercício de funções, o que mereceu críticas de Leong Veng Chai, no plenário da semana passada. A Secretária para os Assuntos de Administração e Justiça, Sónia Chan, promete um estudo para analisar mais uma vez a situação. Em 2010, a questão já tinha sido alvo de análise, mas nada se alterou com a entrada em vigor do diploma, dois anos depois. Na altura não foi encontrado consenso social e a polémica fez com que não fosse alterada. Agora, Leong Veng Chai volta à carga, argumentado que “a situação dos funcionários da linha da frente é injusta”. O deputado diz por exemplo que, em caso de agressão no exercício de funções, estes trabalhadores que “dão a cara na execução da lei” não têm qualquer apoio judiciário. As custas de instauração de um processo contra a agressor são na sua totalidade da responsabilidade do
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Governo anunciou a criação de um mecanismo de troca permanente de informação com Guangdong para acompanhar o funcionamento da central nuclear de Taishan, que começará a operar em 2017. O anúncio foi feito na Assembleia Legislativa pelo coordenador do Gabinete de Segurança, Choi Lai Hang, que reiterou perante os deputados que a região está preparada para responder a eventuais acidentes em centrais nucleares chinesas, incluindo na de Taishan, localizada a menos de 70 quilómetros de Macau. Tal como já havia dito publicamente o Secretário da Segurança, Choi Lai Hang garantiu que Macau tem um plano de contingên-
SÓNIA CHAN SECRETÁRIA PARA OS ASSUNTOS DE ADMINISTRAÇÃO E JUSTIÇA
Sónia Chan
lesado e, estando este ao serviço do Governo, Leong Veng Chai considera que seria obrigação do Executivo apoiar judicialmente.
PROFISSÃO DE RISCO
Estes são trabalhadores que nas suas acções de inspecção estão “mais expostos aos perigos por tratarem da execução legal de ser-
viços”, afirma o deputado. Dadas as suas funções, são ainda vítimas de agressões verbais e físicas e, apesar de em caso de lesões poderem, como qualquer cidadão, instaurar um processo judicial, as custas do mesmo são a seu cargo e não contam, dentro do actual regime, com qualquer ajuda por parte do Governo.
Taishan aqui ao lado
Criado mecanismo de informações sobre central nuclear
cia para uma situação como esta, que foi actualizado em 2011 e que está de novo em fase de “aperfeiçoamento”, dada a aproximação da entrada em funcionamento da central de Taishan. A este propósito, revelou que Macau e Guangdong já pediram autorização ao Governo Central para criar um mecanismo de troca de informação permanente entre as duas regiões para acompanhar o funcionamento da nova central.
EM PRINCÍPIO TUDO BEM
Choi Lai Hang reiterou que o plano de contingência segue
“os critérios” internacionais, ao abrigo dos quais, mesmo em caso de acidente de nível 7 (o máximo), não são necessárias, “em princípio, medidas gerais de protecção”, incluindo a evacuação, num raio de 20 quilómetros, sublinhando que todas as centrais chinesas estão localizadas a maior distância. No entanto, num raio de cem quilómetros serão necessárias “medidas de controlo”, relacionadas com a avaliação de riscos, previsão da evolução da situação, medição de níveis de radioactividade ou fiscalização da entrada de
No entanto, e caso o acusado seja o funcionário, o Governo já dá apoio judiciário. Leong Veng Chai vê esta situação como injusta, por considerar ser obrigação do Governo “defender-se a si próprio e aos seus”. Em 2010, quando a questão foi levantada, não reuniu consenso social e os argumentos estavam
ligados a possíveis abusos dos trabalhadores, sendo que foi ainda considerado que não defendia a população. Agora, a Secretária para a Administração e Justiça considera que o actual regime serve o propósito de mitigar os conflitos, mas não descarta uma revisão, esperando que, a avançar, se possa encontrar concordância da sociedade. “Vamos rever a lei e ver se já não se adapta à realidade, sobretudo quando [estes trabalhadores] são lesados na execução da lei”, frisou Sónia Chan. Nos últimos seis anos, o Executivo recebeu cerca de dez casos de pedido de apoio judiciário de funcionários.
pessoas e mercadorias na cidade, incluindo alimentos. Neste âmbito, explicou que 17 departamentos públicos em Macau têm instruções para adoptar medidas de controlo, ao abrigo do plano de contingência. Choi Lai Hang acrescentou que Macau dispõe também dos equipamentos necessários para medir níveis de radioactividade, depois de no mês passado o Secretário da Segurança ter admitido que alguns estavam desactualizados, mas ter já dado instruções para a compra de outros de substituição. O coordenador do Gabinete de Segurança sublinhou que a China tem neste momento 13 centrais nucleares e 30 reactores em funcionamento e mais de 20
Sofia Mota
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anos “de experiência” nesta área.”Podemos ter confiança”, afirmou. A questão foi levada ao plenário através de uma interpelação ao Governo do deputado pró-democrata Au Kam San, que pediu garantias sobre a segurança da cidade em caso de acidente nuclear, questionando, como outros deputados, o critério que limita a um raio de 20 quilómetros a zona de maior perigo. Os deputados apontaram casos de acidentes nucleares envolvendo explosões em que, por exemplo, os ventos levaram mais longe as substâncias radioactivas. Por outro lado, pediram ao Governo para fazer mais campanhas de informação pública sobre este tema. LUSA/HM
5 POLÍTICA
hoje macau segunda-feira 25.7.2016
Contratação de TNR PROMETIDA REVISÃO DA LEI ATÉ AO FIM DO ANO
Visitas camufladas
O
Governo vai apresentar uma revisão à Lei de Contratação de Trabalhadores Não-Residentes para que pessoas com visto de turista não possam trabalhar em Macau. A proposta de revisão deverá ser entregue até ao final do ano. A promessa é deixada por Wong Chi Hong, Director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), que respondia a uma interpelação da deputada Kwan Tsui Hang, no plenário de sexta-feira. “O Governo afirma o compromisso que no fim do ano apresenta uma proposta”, frisou o responsável, salientando que a DSAL tem estado em busca de uma lei “adequada” à situação da RAEM. “Não nos podemos esquecer que Macau também tem as suas particularidades”, ressalvou Wong Chi Hong, acrescentando que estão planeadas para Agosto uma série de reuniões com associações de modo a definir uma nova proposta. O Governo alerta, contudo, que é preciso consenso junto da sociedade e que o objectivo é apresentar esta proposta ao Conselho Permanente de Concertação Social, para que seja discutida.
Novo Macau mantém a mesma direcção e prepara eleições à AL
O Governo promete rever a Lei de Contratação de TNR até ao fim do ano. A ideia é que turistas não possam trabalhar no território sem uma autorização especial
EXEMPLO DO LADO
Mas o Governo assegura que já foi a Hong Kong
E
STÃO escolhidos os novos membros da direcção da Associação Novo Macau, que vai manter-se como estava. O dia de eleições oficiais foi ontem, quando Scott Chiang foi novamente escolhido para estar à frente do grupo pró-democrata. Ao lado de Chiang vai estar Jason Chao, que continua na vice-presidência da Novo Macau por mais três anos, algo que agrada ao presidente. “Todos, na história da Novo Macau, conseguiram um segundo mandato. Comigo não deverá ser diferente. [Eu e o Jason] temos conseguido partilhar bem o trabalho, conseguimos trabalhar juntos sem lutas. Sim, acho que é uma boa parceria”, afirmou em declarações à Rádio Macau. Já Sou Ka Hou vai ocupar a outra das cadeiras da vice-presidência, substituindo Chow Kuwok Ping, frisou Scott Chiang ao HM. No ano passado, Sou Ka Hou deixou a presidência para continuar os estudos, tendo ficado Chiang como substituto. Sou Ka Hou esteve no comando da Novo Macau durante um ano antes de regressar a Taiwan e está agora de regresso à direcção.
VIDA ACTIVA
TURISTA DISFARÇADO
O debate que teve lugar na sexta-feira na Assembleia Legislativa (AL) teve por base a questão da mão-de-obra importada, os salários que a regem e, essencialmente, a situação da entrada de pessoas na RAEM que chegam como turistas e se tornam trabalhadores não-residentes (TNR). Kwan Tsui Hang considera preocupante “as ilegalidades” que têm vindo a ser cometidas e que considera ainda mais gritante quando se fala de trabalhadoras domésticas. Para Kwan Tsui Hang o Governo está a ser conivente com uma “situação de mentira”. A deputada criticou ainda o tempo de demora a analisar a situação.
Esperança na continuidade
“com o intuito de entender o modo usado pela região acerca das disposições de contratação de trabalhadores não residentes” e seu regime de entrada e saída do território. Foi este estudo que trouxe as várias propostas que o Governo tem na mesa: Wong Chi Hong prevê acções semelhantes às da RAEHK, em que os indivíduos que vêm para trabalhar têm que adquirir previamente um visto que a isso os autorize. Este visto é activado com a entrada no território, a alteração de “autorização não nominal” para “autorização
nominal” e a introdução de “uma condição de impedimento de permanência no território do não residente que pretende trabalhar em Macau”.
“O Governo afirma o compromisso que no fim do ano apresenta uma proposta” WONG CHI HONG DIRECTOR DA DSAL
Já o deputado Zheng Anting não deixa de advertir para os estrangeiros “que vêm para Macau para cometer crimes”. O deputado considera que, mais que o prazo de permanência, há que ter em conta eventuais riscos que possam afectar os residentes. “Macau é especial e por isso não deve ser tratado como as regiões vizinhas: há uma grande necessidade e procura de trabalhadores da China continental”, remata. Sofia Mota
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Com as caras oficialmente eleitas e reeleitas, Scott Chiang defende uma continuidade também no método de trabalho da Associação. “Estamos e fomos sempre activos em acções que dizem respeito à vida social, quer
Scott Chiang
seja dentro, quer seja fora da Associação”, frisou ao HM. “Temos de ser mais progressivos no envolvimento da sociedade e a enfrentar as diferentes questões sociais, porque há cada vez mais a necessidade de uma nova geração de activistas, para defender diferentes interesses e justiça social”, reiterou à rádio. Questionado sobre uma eventual candidatura às eleições de 2017 para a Assembleia Legislativa, Scott Chiang admite que esse é um trabalho na lista de coisas a fazer, como já foi no passado. “Não vejo porque tenhamos de largar qualquer um dos lados [da Associação e da AL]”, defendeu. À rádio, Chiang tinha mesmo mencionado “que a Novo Macau pode melhorar bastante”. “Não estou a dizer que o nosso desempenho tem sido fraco, mas com os talentos e recursos que temos, podemos fazer um trabalho muito melhor. Também precisamos de conseguir convencer o público de que nós somos aqueles que, de facto, conseguem lidar com as expectativas da sociedade, que nós podemos ser os verdadeiros democratas que carregam essa responsabilidade”, defendeu. Joana Freitas (com Angela Ka) joana.freitas@hojemacau.com.mo
SEGURANÇA ALIMENTAR COM RESULTADOS “SATISFATÓRIOS”
Mais de 800 amostras foram analisadas para testar a segurança alimentar, entre Janeiro e Maio. A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, diz que os resultados apurados são “satisfatórios”, revela a rádio Macau. “Até ao final de Maio deste ano, já foram retiradas 877 amostras em diversos estabelecimentos de produção e comercialização de produtos alimentares, das quais 19% eram de lojas de take-away. Os resultados são todos satisfatórios”, indicou. Sónia Chan respondeu desta forma a uma interpelação do deputado Zheng Anting, na Assembleia Legislativa, onde a Secretária referiu ainda que existem “cerca de 50 plataformas electrónicas” de venda de produtos alimentares e que o Governo pediu que estas lojas “online” se registassem numa base de dados. Entretanto, 16 já concluíram esse processo, adianta ainda o mesmo órgão de comunicação.
6 POLÍTICA
hoje macau segunda-feira 25.7.2016
G
Eu, sozinho Gabriel Tong “estranha” decisões da AL sobre Lei de Terras
Em causa está o projecto de lei de Pereira Coutinho para que o Governo inclua no diploma da Lei de Terras uma delimitação clara de uma reserva ecológica em Coloane, para se proteger a ilha da
construção desenfreada. Já a proposta de Gabriel Tong sugeria que o Chefe do Executivo viesse a poder suspender ou prolongar o prazo de concessão de um terreno, sempre que a empresa não tivesse culpa da
falta de desenvolvimento dentro do prazo. Tong frisou ainda que, se fosse na Europa, a actual Lei de Terras era considerada inconstitucional. “Trata-se da Protecção dos bens dos particulares. Eu falo com muitos juristas ocidentais sobre este assunto. Em qualquer outro país é susceptível de ser acusado de inconstitucional.”
SEM INTERESSES
No mesmo programa, Gabriel Tong negou ter qual-
“O que estou a fazer é defender o que acho mais importante para o nosso Direito, como um conjunto, o valor mais importante: a Justiça” GABRIEL TONG DEPUTADO
TIAGO ALCÂNTARA
ABRIELTong considera “estranha” a diferença de tratamento dada à sua proposta de “clarificação” da Lei de Terras e à de José Pereira Coutinho sobre Coloane por parte da Mesa da Assembleia Legislativa (AL). Numa entrevista à Rádio Macau, o deputado e advogado disse não perceber por que razão o seu projecto foi rejeitado e o do colega admitido, se o de Pereira Coutinho também é, a seu ver, uma interpretação da lei com vista à protecção da zona ecológica de Coloane. No Rádio Macau Entrevista, Gabriel Tong reivindica um tratamento idêntico. “Qualquer pessoa pode ir à página da internet da AL e ver que tem uma proposta que releva não só sobre terrenos, mas sobre a zona de reserva... é mais do que um ou dez terrenos. Foi apresentada por um deputado como norma interpretativa e já foi admitida”, afirmou, considerando “muito estranha” a decisão da Mesa da AL e defendendo que a sua proposta deveria ter “pelo menos” o mesmo tratamento.
quer relação com sector imobiliário, defendendo-se de críticas que indicam interesses para que tenha apresentado o seu projecto. O deputado deu como exemplo os 14 terrenos não aproveitados junto ao lago Nam Van e, agora, em entrevista à Rádio Macau, ressalva não ter ligações ao concessionário em causa. “Não sou advogado, nem aceitei nenhum caso da companhia Nam Van (...) está claro de mais! (...) o que estou a fazer é defender o que acho mais importante para o nosso Direito, como um conjunto, o valor mais importante: a Justiça. É a única coisa que estou a defender.” O jurista insistiu na ideia de que a aplicação da actual lei viola o princípio de boa-fé por colocar em causa a protecção de propriedade dos cidadãos. Para o deputado, o que está em causa é a imputabilidade dos concessionários, ou seja, quem não tem culpa não pode perder o direito à propriedade.
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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO
ANÚNCIO
A Região Administrativa Especial de Macau faz público, através da Direcção dos Serviços de Turismo, que, de acordo com o Despacho de 12 de Julho de 2016 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para a prestação de serviços de “Produção do mensário What’s On, em versão chinesa e versão inglesa”. Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso Público na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, e ser levantadas cópias mediante o pagamento de duzentas patacas (MOP200), ou consultar os Avisos Públicos no website da Página Electrónica da Indústria Turística de Macau (http://industry.macaotourism.gov. mo) da Direcção dos Serviços de Turismo e fazer “download” do mesmo. Critérios de adjudicação Editorial e apresentação de lay-out Membros, constituintes da equipa História e currículo da empresa Preço
Factores de ponderação 35% 35% 10% 20%
O limite máximo do concurso é de MOP1.100.000,00 (um milhão e cem mil patacas). Para quaisquer esclarecimentos, a partir da data da publicação do aviso e até sete (7) dias antes do termo do prazo para a entrega das propostas, os interessados podem apresentar as suas questões, nos Avisos Públicos da Página Electrónica da Indústria Turística de Macau (http://industry.macaotourism.gov.mo) da Direcção dos Serviços de Turismo, sendo as respostas, também, dadas na mesma. O concorrente deverá apresentar a proposta à Direcção dos Serviços de Turismo, sita na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, Macau, durante o horário normal de expediente e prestar uma caução provisória de MOP22.000,00 (vinte e duas mil patacas) até às 13:00 horas do dia 15 de Agosto de 2016. A caução provisória deve prestada mediante: 1) depósito na Direcção dos Serviços de Turismo em numerário, em ordem de caixa ou em cheque, emitido à ordem do Fundo de Turismo; 2) garantia bancária; ou 3) depósito em numerário à ordem do Fundo de Turismo, no Banco Nacional Ultramarino de Macau (n.o de conta 8003911119). O acto público de abertura das propostas será realizado no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 9:30 horas do dia 16 de Agosto de 2016. Os concorrentes ou os seus representantes legais deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados ao concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho. Os concorrentes ou os seus representantes legais poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público de abertura das propostas. Em caso de encerramento destes Serviços por causa de tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora de abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. Direcção dos Serviços de Turismo do Governo da Região Administrativa de Macau, aos 14 de Julho de 2016. A Directora Maria Helena de Senna Fernandes
DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO ANÚNCIO A Direcção dos Serviços de Turismo do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, faz público que, de acordo com o Despacho de 11 de Julho de 2016 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para adjudicação do serviço de organização do “Festival de Luz de Macau 2016” . Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, e ser levantadas cópias, incluindo o Programa do Concurso, o Caderno de Encargos e demais documentos suplementares, mediante o pagamento de duzentas patacas (MOP200,00); ou ainda consultar o website da Direcção dos Serviços de Turismo: http://industry.macaotourism.gov.mo , e fazer “download” do mesmo. A Sessão de esclarecimento será realizada no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 26 de Julho de 2016. O limite máximo do valor global da prestação do serviço é de MOP20.000.000,00 (vinte milhões de patacas) Critérios de adjudicação e factores de ponderação: Critérios de adjudicação
Factores de ponderação
Preço
20%
Criatividade - Descrição do tema dos espectáculos de Luz a 3D; - Utilização de tecnologia nova (descrição do produto específico em termos de inovação e criatividade ou descrição dos efeitos especiais alcançados, incluindo elementos culturais e criativos).
30%
Maior garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço - Informações sobre os equipamentos a serem utilizados; - Plano de transporte; - Plano de montagem e desmontagem; - Informações técnicas para a realização dos espectáculos; - Planta dos locais.
30%
Experiência do concorrente
20%
Os concorrentes deverão apresentar as propostas na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, durante o horário normal de expediente e até às 17:45 horas do dia 16 de Agosto de 2016, devendo as mesmas ser redigidas numa das línguas oficiais da RAEM ou, alternativamente, em inglês, prestar a caução provisória de MOP400.000,00 (quatrocentas mil patacas), mediante: 1) depósito em numerário à ordem da Direcção dos Serviços de Turismo no Banco Nacional Ultramarino de Macau 2) garantia bancária 3) depósito nesta Direcção dos Serviços em numerário, em ordem de caixa ou em cheque visado, emitidos à ordem da Direcção dos Serviços de Turismo 4) por transferência bancária na conta do Fundo do Turismo do Banco Nacional Ultramarino de Macau. O acto público do concurso será realizado no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 17 de Agosto de 2016. Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho. Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso. Em caso de encerramento destes Serviços por causa de tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora de sessão de esclarecimento e de abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. Direcção dos Serviços de Turismo, aos 15 de Julho de 2016. A Directora Maria Helena de Senna Fernandes
7 hoje macau segunda-feira 25.7.2016
Canídromo ANGELA LEONG PEDE CONSULTA PÚBLICA PARA TERRENO
RECEITAS PÚBLICAS CAEM QUASE 14%
Os injustiçados
A
Angela Leong não está satisfeita com o ultimato do Governo sobre o Canídromo e clama falta de justiça. A responsável pede uma consulta pública
A também deputada critica ainda o que classifica como uma decisão “especial” e apressada: é que “o Governo fez várias consultas públicas para a renovação do Hotel de Estoril, mas nenhuma para a Yat Yuen, que tem uma história de 80 anos”. Angela Leong considera “apressada” a decisão do encerramento com “base apenas num relatório feito pela Universidade de Macau” e considera que é “uma injustiça para a Yat Yuen”.
ESCOLAS E DESPORTO C
hio Lan Ieng, membro do Conselho Consultivo de Serviço Comunitários da Zona Norte e chefe de gabinete da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), considera que a decisão do Governo é uma boa notícia para o público, sugerindo ao Governo que inicie o planeamento o mais breve possível. A ideia da responsável é que o terreno possa ser um complexo desportivo e parque de estacionamento. Lam Lun Wai, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico e vice-reitor da escola para os Filhos e Irmãos dos Operários, concorda e pede também escolas para o local.
UTIP OBRAS DA SEDE COMEÇAM EM 2017
A
nova sede do edifício do Pelotão Cinotécnico da PSP vai ter dois prédios, numa área de cerca de mais de 12 mil metros quadrados e deverá começar no próximo ano. Na semana passada tinha sido anunciada a abertura de um concurso público para a construção da nova sede da Unidade Técnica de Intervenção da Polícia (UTIP), que se prevê que demore 700 dias. Agora, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), sabe-se que o edifício é composto por duas unidades, uma de três pisos destinada ao canil e outra de quatro pisos ao edifício administrativo. O início da obra, segundo as estimativas, poderá ocorrer no primeiro trimestre de 2017. O local vai ter ainda uma zona de passeio para cães, área de treino para cães, salas de aula, sala polivalente, salas de reuniões, gabinetes, sala de descanso para agentes policiais e outras infra-estruturas. A nova sede está localizada num terreno revertido anteriormente através de acções de despejo, junto da Estrada de Hac Sá e da Avenida de Luís de Camões.
de galgos também faz parte da “memória colectiva e é a única pista na Ásia, o que lhe valeu ser escolhida por várias revistas turísticas como os dez lugares mais valiosos para visitar” no continente asiático. O espaço mão costuma ser sítio nem para turistas, bem para residentes, estando a maioria das vezes vazio, como o HM já pôde comprovar. Mas Angela Leong defende que “é um local importante para que seja construído o Centro Mundial de Turismo e Lazer”.
À PRESSA TIAGO ALCÂNTARA
S receitas públicas caíram 13,5% no primeiro semestre do ano, mas a região continuava com um superavit superior a 17,2 mil milhões de patacas no final de Junho. Os dados oficiais provisórios divulgados na passada semana indicam que a queda das receitas da Administração está em linha com a quebra no sector do Jogo. Os impostos directos sobre o jogo - 35% sobre as receitas brutas dos casinos - caíram 13,4%, comparativamente com o mesmo período de 2015 (variação homóloga), alcançando os 39,612 mil milhões de patacas. Do lado da despesa, os gastos públicos totais aumentaram 2,3% no primeiro semestre do ano em termos homólogos. O superavit da região no final de Junho, equivalente a quase dois mil milhões de euros, era em 32,1% inferior ao que Macau registava um ano antes. As receitas dos casinos caíram 11,4% no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2015. Junho foi o 25.º mês consecutivo de quedas homólogas. Para o conjunto de 2016, o Governo prevê nova queda das receitas públicas e do jogo, mas continua a esperar fechar o ano com um superavit de 18,213 mil milhões de patacas, segundo a previsão do Orçamento da região. A confirmar-se essa estimativa, os impostos directos sobre o jogo cairão 16,6% em 2016.
SOCIEDADE
A
NGELA Leong diz que é injusta a decisão do Governo sobre o encerramento do Canídromo e pede que seja feita uma consulta pública sobre o planeamento futuro do local. A responsável da Yat Yuen compara mesmo a empresa e o Hotel Estoril, para questionar por que foi feita uma consulta pública sobre o hotel e não sobre o Canídromo. Num comunicado, enviado depois da decisão do Governo sobre o Canídromo – que indica que a Yat
Yuen tem de mudar de local em dois anos ou encerrar a pista -, Angela Leong considera que a empresa que dirige ajudou em muito o Executivo e a sociedade. Apesar da baixa taxa de impostos que o Canídromo paga comparativamente às outras ope-
radoras de jogo – 25% face a 40% – Leong considera que “a Yat Yuen contribui muito para os impostos do Governo e o desenvolvimento social”. Mais ainda, a também número da Sociedade de Jogos de Macau diz que o local de corridas
“O Governo fez várias consultas públicas para a renovação do Hotel de Estoril, mas nenhuma para a Yat Yuen, que tem uma história de 80 anos” ANGELA LEONG RESPONSÁVEL DA YAT YUEN
Apesar de frisar que aceita a decisão do Governo, Leong espera que “o Governo possa fornecer apoio sobre a mudança da localização, aos empregados e acolhimento dos galgos”. Sobre o último, recorde-se, a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais já se mostrou disponível, em conjunto com outras organizações internacionais, para criar um sistema de adoptantes, havendo já interessados na adopção. Angela Leong pedia ao Governo que recolha opiniões para o planeamento para o terreno de Yat Yuen e ainda que o Executivo tenha em conta discussões futuras sobre esse planeamento com a SJM. Paulo Chan, director da Inspecção e Coordenação de Jogos, já disse que qualquer negociação com a Yat Yuen será feita de forma autónoma da SJM. Tomás Chio (com Joana Freitas) info@hojemacau.com.mo
8 SOCIEDADE
hoje macau segunda-feira 25.7.2016
SS
CPU MAIS DE CEM OPINIÕES SOBRE ESTORIL EM ANÁLISE
Vozes da terra
Terreno da Central Térmica de Coloane transformado em habitação pública, Hotel Estoril e edifício do MP junto à Estrada de Cacilhas. São estes os temas que hoje estarão em foco na reunião do CPU
O
GONÇALO LOBO PINHEIRO
Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) vai ter hoje mais uma reunião para se debruçar sobre diversos projectos e analisar mais de uma centena de opiniões sobre o Hotel Estoril. Em cima da mesa estão 34 propostas de planeamento, entre as quais a de construção de habitação pública no local onde fica agora a Central Térmica da CEM na Areia Preta. Segundo o Jornal Ou Mun, o CPU já recebeu 126 opiniões para ter em conta na discussão sobre a planta de condições urbanísticas do Hotel Estoril. Embora várias delas “concordem com a renovação” do espaço, ouve também opiniões contrárias, que versam, por exemplo, no facto “de ser raro uma piscina exterior com tanta cultura e história” como a do Hotel, na discordância de que o edifício estará apto para reconstrução e para
que seja tida em conta a protecção do Farol da Guia.
E OS OUTROS?
Além da proposta do Estoril, a transformação do local da Central Térmica em habitação pública é outro assunto que mais preocupa o público. A proposta sugere a construção de um grupo de edifícios com fracções públicas, instalações sociais e centro de serviços da REAM, apontando
O CPU já recebeu 126 opiniões para ter em conta na discussão sobre a planta de condições urbanísticas do Hotel Estoril
uma altura de 120 metros para o prédio. O CPU recebeu apenas duas opiniões de fora sobre a proposta, uma delas indicando que a altura deveria baixar até aos 90 metros e outra a pedir um relatório sobre a circulação de ar depois da construção. O Conselho vai ainda ter em mãos a proposta sobre o edifício de escritórios provisórios do Ministério Público no terreno junto à Estrada de Cacilhas, que preocupa devido ao ambiente. O terreno junto à Avenida do Aeroporto que deverá ser um centro de apreensão de veículos da PSP, o terreno junto à Estrada do Campo em Coloane para instalações de Bombeiros e o terreno para a construção do Centro de Formação e Estágio de Atletas são outros dos projectos a ser analisados. Tomás Chio (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo
Só falta o laboratório Macau “apto” para eventuais epidemias
M
ACAU tem condições para responder a um eventual surto de MERS (Síndrome Respiratório do Médio Oriente), garantem os Serviços de Saúde (SS), ainda que lhe falte um laboratório específico para análise de doenças. Um simulacro que teve lugar na passada sexta-feira é que o serve de base ao organismo para garantir que tudo correrá bem no eventual caso da RAEM sofrer de epidemia. “Com cerca de 140 participantes, o simulacro teve início às 9h00 e durou até às 11h00, tendo alcançado os resultados previstos. (...) Neste caso o simulacro testou vários processos, nomeadamente, tratamento das emoções de pessoas isoladas, salvamento urgente de pessoa afectada por ataque cardíaco, definição de tamanho da área para observação de pessoas, isolamento de pessoas infectadas”, pode ler-se. O simulacro fez o isolamento de um edifício inteiro e imaginou um caso onde foi detectada uma
doença transmissível num grande resort, de forma a considerar o âmbito de contacto pelos doentes e a escala de disseminação. No momento foram convidados “observadores da China continental e de Hong Kong”, que alertaram para o facto de Macau ainda não ter um laboratório P3, onde se faz o tratamento a amostras de doente com doença transmissível. “Os Serviços de Saúde responderam que em Macau ainda não existe nenhum laboratório P3, mas o futuro Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas irá dispor de um laboratório [destes]. Actualmente o Centro Hospitalar Conde de São Januário dispõe de uma unidade de isolamento de doentes com doença transmissível, podendo realizar testes rápidos. As amostras que não possam ser tratadas em laboratório serão analisadas directamente no quatro de isolamento com equipamentos apropriados de modo a que não haja contaminação do equipamento do laboratório”, garantiu o Governo. J.F.
PONTE DA ZONA A PARA MACAU PODE CHEGAR AOS 393 MILHÕES
A
ponte que vai ligar a Zona A dos novos aterros à península de Macau poderá custar mais de 392 milhões de patacas. Foram dez as empresas que se mostraram interessadas em concorrer ao concurso público para a construção da ponte da Zona A a Macau, que tem de estar concluída até 30 de Novembro de 2017. Apenas sete propostas foram admitidas e três foram aceites condicionalmente, por falta de documentos. O Governo não menciona quais as empresas a concurso, mas frisa que os
preços propostos variaram entre mais de 297 milhões a mais de 392 milhões. “A execução das fundações da via de acesso será efectuada pelo método de estacas moldadas, e para a estrutura da ponte será adoptada estacas de betão armado. A via terá 400 metros e seis faixas nos dois sentidos e ligará o norte da Zona A e a Pérola Oriental da Península de Macau (Rotunda daAmizade)”, adianta o Executivo. O início da obra está previsto para o terceiro trimestre deste ano e poderá criar cerca de 120 postos de trabalho.
DSAT PASSA A LICENCIAR IMPORTAÇÃO DE VEÍCULOS
A partir de 4 de Agosto, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) é quem vai passar a atribuir a licença de importação de veículos. De acordo com a rádio Macau, a nova função está dependente da entrada em vigor da nova Lei do Comércio Externo no mesmo dia. Por enquanto ainda é a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) que se responsabiliza pela atribuição da licença. Os documentos necessários serão os mesmos com a mudança da tutela.
9 hoje macau segunda-feira 25.7.2016
Union Pay TRANSACÇÕES ILEGAIS SOMAM MAIS DE DOIS MIL MILHÕES
Continuam e estão a subir as transacções ilegais com recurso ao pagamento através da Union Pay chinesa, com residentes envolvidos no crime
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Negócios da China
ACAU recebeu 14,76 milhões de visitantes entre Janeiro e Junho, um aumento ligeiro (0,1%) face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais divulgados na semana passada. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de visitantes do interior da China (9,74 milhões) e de Hong Kong (3,05 milhões) registaram diminuições de 0,4% e 3,1%, respectivamente, em termos anuais. Em sentido inverso, o universo de visitantes provenientes de Taiwan
O volume das transacções ilegais com recurso a terminais portáteis da Union Pay International em Macau entre Janeiro e Junho supera por larga margem o apurado em todo o ano de 2015
Union Pay China ou outras fornecidas por terceiros, o que faz com que a Union Pay International não receba a percentagem a que tem direito por a transacção ter sido realizada, de facto, fora da China.
DETIDOS DE TODOS OS LADOS
S transacções ilegais com recurso a terminais portáteis da Union Pay International em Macau ascenderam a 2,1 mil milhões de patacas no primeiro semestre, segundo dados da Polícia Judiciária (PJ) facultados à agência Lusa. A verba diz respeito a 12 inquéritos abertos pela PJ relativos ao levantamento ilegal de dinheiro com cartões Union Pay, todos encaminhados para o Ministério Público (MP). O volume das transacções ilegais com recurso a terminais portáteis da Union Pay International em Macau entre Janeiro e Junho supera por larga margem o apurado em todo o ano de 2015 (1224 milhões de patacas). As operações em causa são ilegais porque efectuadas em Macau através das máquinas POS da
M
SOCIEDADE
Segundo os dados facultados pela PJ, no âmbito dos 12 casos sinalizados no primeiro semestre do ano, foram detidas 31 pessoas (oito de Macau, 22 da China e uma de Hong Kong), a quem foi aplicada a medida de termo de identidade e residência, e 22 máquinas POS foram apreendidas. As transacções ilegais detectadas entre Janeiro e Junho traduziram-se em prejuízos para a Union Pay International na ordem de 5,58 milhões de patacas, contra 2,29 milhões de patacas relativos a todo o ano de 2015. A maioria dos casos tem ocorrido no interior dos casinos, nas ruas adjacentes ou nos quartos de hotéis com salas de jogo. “Nos últimos anos, tem-se verificado que alguns criminosos agem de forma movimentada e mais escondida, bem como recrutando intermediários (os chamados ‘barqueiros’)”, explica a PJ numa resposta escrita enviada à Lusa.
Esses intermediários, segundo a PJ, “vão falar com os jogadores nos casinos e oferecem-lhes a prestação do serviço de levantamento de dinheiro com menos
AUMENTO LIGEIRO NAS VISITAS ATÉ JUNHO (520.034) e da Coreia do Sul (312.648) registaram crescimentos de 11,7% e 6,5%, respectivamente, face aos primeiros seis meses do ano passado.
O número de visitantes de países mais distantes, como os Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido também aumentou, de acordo com
a DSEC. Só no mês de Junho, chegaram a Macau 2,35 milhões de visitantes – mais 4,9% em termos anuais mas menos 4,8% em termos mensais –, dos quais 1,51 milhões oriundos da China (+5,7%). O número de visitantes da Coreia do Sul (46.957) e de Taiwan (95.615) conheceu um aumento de 49,5% e 19,1%, respectivamente, face ao mesmo mês do ano passado. Já o número de visitantes oriundos de Hong Kong (511.692) diminuiu 2,3% em Junho, em termos anuais.
emolumentos. Uma vez acertado o serviço para levantar o dinheiro, os jogadores são levados para dentro de uma viatura estacionada fora do casino ou junto de uma casa de
penhores ou uma joalharia onde será instalada a máquina POS”, explica a Judiciária. A PJ indica que, “para controlar a situação”, tem efectuado patrulhamentos não periódicos (nomeadamente nos dias feriados) nos casinos ou nos locais adjacentes e mantido contacto com a Union Pay International e os bancos de Macau. A par disso, recorda que existe uma ligação com os departamentos de segurança dos casinos, bem como “boa cooperação” com a polícia de Zhuhai. LUSA/HM
MAIS DE 250 MIL SERINGAS RECOLHIDAS EM SEIS ANOS
Mais de 280 mil seringas foram recolhidas pelo Instituto de Acção Social (IAS) desde 2008 e até 2015. O número tem vindo a diminuir, indica o IAS, baixando de “mais de seis mil seringas por mês na época alta, para centenas de seringas por mês”. O anúncio do Instituto chega numa altura em que têm sido detectadas algumas seringas abandonadas ou atiradas de prédios em algumas zonas. O IAS alerta que mantém o programa de recolha de seringas, apelando a que os consumidores não as abandonem em qualquer sítio. Perante os números, o IAS diz que “têm-se revelado eficazes as acções tomadas, designadamente, no combate à SIDA”.
BNU DOA 450 MIL PATACAS AO IFT
O Banco Nacional Ultramarino (BNU) concedeu um fundo para bolsas de estudo no valor de 450 mil patacas ao Instituto de Formação Turística (IFT). O dinheiro provém da utilização do IFT MasterCard, um cartão de crédito de afinidade lançado em conjunto pela instituição superior e pelo banco e especialmente concebido para colaboradores do IFT, estudantes e alumni. Por cada transacção paga com o cartão é transferida uma certa percentagem para um fundo que oferece bolsas a estudantes do IFT. O detentor do cartão com o pedido aprovado pode usufruir da isenção permanente da anuidade e outros benefícios, como pontos de bonificação em dinheiro ou pagamento por prestações.
10 ENTREVISTA
LÚCIA LEMOS
“Tem que se juntar a criação Está à frente da Creative Macau já lá vão 13 anos. Uma ideia que nasce de um sonho misturado com necessidade de fazer de Macau um pólo onde a criatividade pudesse ser mostrada. De poucos artistas, o leque foi crescendo e Lúcia Lemos conta, satisfeita, o progresso a que tem assistido, alertando que há ainda caminho pela frente
“Associado ao trabalho do criador há sempre uma equipa técnica. Em Macau como é que isso se faz? Muito dificilmente”
Esta aventura já dura há 13 anos. Como é que surgiu a motivação para a criação deste Centro? Começámos em 2002, a pensar neste projecto. Naquela altura não se falava ainda muito em indústrias criativas. Havia pessoas que produziam artefactos e outros produtos, que eram aquilo que considerávamos áreas das industrias criativas. Verificámos que havia realmente uma necessidade de tentar criar uma plataforma onde estas actividades pudessem ter uma voz. O que pretendiam fazer ouvir? Esta voz seria não só ao nível de poder proporcionar encontros entre os profissionais e amantes da criação artística, como também de possibilitar a exposição, não só no aspecto físico com trabalhos, mas também com conversas e trocas de ideias. Achámos por bem que era urgente reconhecer e criar um projecto destes. Como é que as coisas aconteceram em termos de apoios? Foi estabelecido um elo com o Instituto de Estudos Europeus de Macau, que disponibilizou uma verba que, naturalmente, era um extra. O projecto foi levado ao Governo para aprovação. Na altura, a economia vivia um momento de baixa dadas as circunstâncias. A criação do Centro foi concretizar uma abordagem mais positiva. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais era a entidade que tutelava estes casos e concedeu-nos o espaço. Com o pequenino orçamento que temos, conseguimos fazer muita coisa. Cingimo-nos ao que podemos gastar e vamos conseguindo levar a coisa a bom porto. Foram uma espécie de pioneiros das indústrias criativas em Macau. Agora é assunto que está na moda... Sim, mas mesmo assim levou muito tempo para que as pessoas se começassem a habituar. Já na altura havia arquitectos e designers e todo um leque de profissões associadas a esta indústria, mas estava tudo muito
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA ERNESTINA • J. Rentes de Carvalho
“Ernestina” é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de famílias ficcionadas. É um fresco de Trás-os-Montes, dos anos 1930 aos anos 1950, um romance que transcende o relato regionalista e que transpôs fronteiras, transformando-se num fenómeno editorial na Holanda.
disperso. Hoje ainda estão, mas já se fala mais e, como em qualquer projecto, é necessário muito tempo para dar algo como estabelecido.
SOFIA MOTA
COORDENADORA DO CENTRO DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS - CREATIVE MACAU
Têm aparecido mais entidades dedicadas a esta área... Sim, entretanto surgiram outras instituições e organizações nesta área que também vieram criar plataformas importantes. Como exemplo temos o Centro de Design, a Fundação Rui Cunha ou o Armazém do Boi. A própria Fundação Oriente começou também a dinamizar o seu espaço. Tudo isto veio contribuir para um alargamento desta área. Há uma maior partilha e discussão de ideias. Há uma abertura para que os criativos se mostrem e apresentem os seus trabalho.
“O que existe à disposição dos turistas como recordação é sempre horrível” O que é que os criativos locais têm que fazer para usufruir do vosso apoio? No nosso caso, as pessoas, para que possamos fazer algo por elas, têm que se registar como membros para que nós possamos saber o que fazem. Esta acção tem como objectivo possibilitar que as possamos distribuir nas diversas áreas que temos e naquelas em que melhor se enquadram. Mas a inscrição é um processo muito simples e é todo ele gratuito. Só não está quem não quer, é isso? Exactamente. Não exigimos qualquer currículo académico. Exigimos é trabalho. É o que nós queremos. O que acontece é que muitas vezes as pessoas têm outras ocupações e por isso acabam por não produzir muito. Encaram isto como um hobby. Temos uma lista de membros mas não obrigamos a que as pessoas tenham uma actividade que seja de lucro,
quer para nós, quer para eles. É essencialmente para que possam aparecer. Depois, na prática, como funciona? Temos uma lista de nomes que fazem isto e aquilo em determinados chamamentos. As pessoas são muitas
vezes chamadas a participar num evento ou num projecto profissional e, a nós, há quem peça contactos ou informações acerca de quem faz determinadas coisas. Damos os contactos e as informações que temos e com isso podemos ajudar as partes envolvidas. Acabamos por fornecer uma rede de contactos. Não é um sis-
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
EXTREMAMENTE ALTO E INCRIVELMENTE PERTO • Jonathan Safran Foer
Oskar Schell tem nove anos e é inventor, francófilo, tocador de tamborim, ator shakesperiano, joalheiro, pacifista. Além disso, está a empreender uma busca urgente e secreta através das cinco zonas de Nova Iorque a fim de encontrar a fechadura onde entra uma chave misteriosa que pertencera ao pai, morto no atentado contra o World Trade Center. Oskar, uma inspirada criação do autor, é encantador, exasperante e inesquecível.
11 hoje macau segunda-feira 25.7.2016
ENTREVISTA
ao empreendedorismo” Os fundos foram essenciais, é isso? Havendo fundos faz com que, por exemplo no Design, se criem projectos. Os projectos têm que garantir viabilidade económica para poderem aceder a esse fundo. São necessários para que as pessoas avancem com uma ideia que possa, eventualmente, vir a ser rentável. Muitas vezes isso acontece com a própria associação entre pessoas. Por outro lado também já há mais formação que pode ser aplicada em diferentes áreas de negócio ou mesmo na criação da sua própria empresa. Começamos a ter uma indústria em Macau? Como não há uma indústria em Macau, não conseguem produzir aqui. Não há fábricas. Não há meios de produção. Antigamente havia os industriais que podiam, por exemplo, ter um andar da sua fábrica dedicado à produção de produtos vindos de criadores. Mas, por outro lado, agora começa a aparecer aqui e acolá quem queira fazer isso. Acho que há pessoas interessadas. Aqui, têm que juntar a criação ao empreendedorismo. As pessoas estão realmente a aparecer cada vez mais a criar o seu próprio negócio ou a fazer parcerias.
tema economicista e, por outro lado, também não temos essa obrigação. Não nos responsabilizamos depois pela continuidade de projectos, mas ajudamos na parte que nos toca. Temos um vínculo associativo em que ninguém tem obrigações. Há liberdade.
“É necessário criar um produto de Macau que as pessoas gostem e que seja contemporâneo”
E para que sejam mostradas? No que respeita à possibilidade de exposição no espaço [do Centro] temos algumas regras também. A pessoa tem que se disponibilizar em participar em exposições colectivas. Todos os membros são convidados a participar nestas exposições. Mandamos convite a todos. Vamos depois acompanhando a evolução dos trabalhos e dos artistas que nos vão chegando e organizamos os calendários
anuais onde eventualmente estão inseridas também as mostras individuais. Se vemos que há gente com pouca produção mas que ainda assim já apresenta um volume de trabalho considerável, convidamos duas pessoas para cada uma das salas. São igualmente exposições individuais. No colectivo, às vezes damos oportunidade àqueles que já expuseram há algum tempo para que voltem a mostrar o que andam a fazer. É muito bom ver
a evolução das pessoas ao fim de alguns anos. Tem assistido efectivamente a essa evolução? Sim tenho. Uma das dificuldades que têm sentido é relativa à escassez de profissionais. Ainda tem esse problema ou há mais gente a aparecer? Acho que cada vez aparecem mais pessoas. As indústrias criativas agora estão na boca do mundo porque apareceram fundos. As pessoas berravam porque não tinham como criar um produto. Para o fazer, há um processo muito grande e que conta com uma despesa para a criação do produto. Tem que haver investidores e não existem assim tantos.
E há os elementos técnicos necessários? Isso acho que não. Quando queremos fazer um filme quantos operadores existem? Isto leva-nos a outro problema, que é realmente a falta também de mão-de-obra técnica associada às indústrias criativas. Porque associado ao trabalho do criador há sempre uma equipa técnica. Em Macau como é que isso se faz? Muito dificilmente. Por exemplo, aqui um realizador pode ter que esperar por disponibilidade de técnicos para fazer um filme. Há mercado em Macau, é isso que está a dizer? É capaz de não haver ainda um mercado. Vejamos, não há produtos de qualidade capazes de atrair as pessoas. É preciso também criar produtos que atraiam os visitantes que compram porque gostam. Aqui, o que existe à disposição dos turistas como recordação é sempre horrível. As pessoas querem levar um porta-chaves ou um íman de frigorífico e não têm coisas bonitas ou de qualidade. Imaginação não há, de certeza absoluta. Porque é que se insiste no mesmo design que já está velho? Acho que também é necessário criar um produto de Macau que as pessoas gostem e que seja contemporâneo. O que vemos nas lojas não é a nossa cultura. Não é chinesa nem portu-
guesa, nem é nada. É uma cultura de ninguém. Aquilo é uma imagem errada de Macau e não tem nada a ver com Macau. O que se poderia fazer? Quem de direito poderia investir numa fábrica de cérebros criativos, por exemplo. Quais as áreas que mais precisam de um empurrão? Tanta coisa. Um exemplo pode ser os caixotes do lixo que são horríveis. É preciso em todo o lado. É preciso criar algo que diferencie a cidade publicamente.
“O que vemos nas lojas não é a nossa cultura. Não é chinesa nem portuguesa, nem é nada. É uma cultura de ninguém” Já afirmou há uns anos que a qualidade do design em Macau era muito boa. Comparando com Hong Kong, muito melhor até. O que acha neste momento? Lembro-me que quando abrimos isto era um furor. Éramos falados em Hong Kong e essas coisas. Vinha gente de todo o lado. O design de Hong Kong na altura era uma coisa sem identidade ou de uma identidade comum. O que também é importante porque é um design para todos. Mas aqui era diferente. Era uma coisa com assinatura. Era um design de autor muito interessante, bonito, elegante e diferente. Como é agora? Acho que agora está também no caminho do anonimato. Está mais ao serviço do cliente sem rosto, que simboliza o potencial cliente. É mais desprendido. É criar um design para ser vendido sem conhecer as pessoas. É menos emotivo e envolve menos o criador no que respeita ao sentido de pertença. O Centro está de boa saúde e recomenda-se? Sim (risos). Continuamos a ter sempre novos membros, a casa está aberta a todos. Continuamos a promover sempre o máximo que conseguimos e estamos sempre aqui, abertos a novas ideias. Sofia Mota
info@hojemacau.com.mo
12 CHINA
hoje macau segunda-feira 25.7.2016
MENOS 211 MILHÕES DE TRABALHADORES EM 2050
A
China vai ter menos 211 milhões de trabalhadores em 2050, o que representa uma queda de 23% em relação à actual população activa, segundo estimativas do Ministério dos Recursos Humanos e Segurança Social do país. Actualmente, a força laboral chinesa, cidadãos com idades
entre os 16 e 59 anos, está fixada em 911 milhões de pessoas e estima-se que esse número diminua para 700 milhões de pessoas até ao ano de 2050, segundo Li Zhong, porta-voz daquele ministério durante uma conferência de imprensa citada sábado pelo jornal publicado em Hong Kong South China Morning Post.
As estimativas das autoridades chinesas superam as de instituições financeiras como o Banco Mundial, que indicou num relatório anterior que a China poderia ver a sua população activa reduzida em cerca de 10% até 2040, o que corresponderia à perda de 90 milhões de trabalhadores.
O envelhecimento da população e a queda da população activa representa uma grande pressão para a China actualmente em desaceleração económica, e o Governo tenta atacar a situação com medidas como a abolição da política de filho único, implementada este ano, e o aumento da idade de reforma.
‘Brexit’ CHINA NÃO PODE SALVAR O MUNDO DE ABRANDAMENTO
Um fardo muito pesado
A
economia mundial não pode depender apenas da China para o salvar de um abrandamento provocado pelo ‘Brexit’, afirmou sexta-feira o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, nas vésperas do país acolher um encontro entre os ministros das Finanças do G20. Representantes dos governos e chefes dos bancos
centrais das 20 maiores economias do mundo reuniram-se este fim de semana no sudoeste da China, com o impacto da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) como um dos principais assuntos na agenda. Segunda maior economia do mundo, logo a seguir aos Estados Unidos, a China tem sido o motor da recuperação global desde a crise financeira de 2008, graças
a um massivo pacote de estímulos lançado por Pequim. Investidores de todo o mundo mostram-se, contudo, apreensivos face ao abrandamento da economia chinesa, enquanto o resultado do referendo no Reino Unido intensificou os riscos e instabilidade.
CARGA MACIÇA
“É impossível carregar o fardo de todo o mundo nos PUB
COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS
Aviso
Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da primeira prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2016 nos termos do disposto na alínea 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 29 de Julho, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, através do nº 85995343 ou 85995342, caso não recebam a mencionada notificação. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 13 de Julho de 2016. O Presidente do Júri, Iong Kong Leong
nossos ombros”, afirmou Li Keqiang, após um encontro, em Pequim, com responsáveis de seis organizações económicas internacionais, incluindo o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). O FMI previu esta semana que a incerteza criada pela saída do Reino Unido da UE irá resultar no abrandamento da economia mundial no próximo ano. Numa actualização das suas previsões, realizada em Abril, o FMI reviu a previsão de crescimento da economia global para este e o próximo ano em menos 0,1 por cento, para 3,1% e 3,5%, respectivamente.
“É impossível carregar o fardo de todo o mundo nos nossos ombros” LI KEQIANG PRIMEIRO-MINISTRO “O falhanço em definir claramente a relação futura entre o Reino Unido e a União Europeia irá adicionar incerteza e diminuir a confiança”, afirmou o FMI num relatório enviado, na quinta-feira, aos ministros das Finanças do G20. “E, se não for bem gerida, a transição da China poderá aumentar a volatilidade na trajectória base da economia mundial”, acrescentou. Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo dos últimos 25 anos.
No bom caminho Alcançados importantes êxitos na área da saúde, diz OMS e BM
A
China alcançou importantes êxitos na área da saúde, nas últimas décadas, mas deve continuar a reformar o sector, segundo um estudo conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS), Banco Mundial (BM) e o Governo chinês. Jim Yong Kim, presidente do BM, destacou as alterações no sistema de incentivos financeiros ou a liberalização da indústria dos medicamentos, como medidas que “provaram ser eficazes”. O estudo, realizado nos últimos dois anos, dá nota positiva ao programa que a China lançou em 2009 e que visa construir um sistema que dependa mais dos cuidados básicos de saúde e menos dos hospitais. No documento aponta-se ainda que, apesar dos êxitos da China, que conseguiu tirar mais de 600 milhões de pessoas da pobreza e cobrir a quase totalidade da sua população com seguros de saúde, o país depara-se com novos desafios. O envelhecimento da população e o aumento das doenças não contagiosas, como o cancro, os diabetes ou as doenças do coração, supõem “a maior ameaça
para a saúde da população chinesa”. Estas doenças são exacerbadas por comportamentos de elevado risco, entre os quais fumar, uma estilo de vida sedentário, consumo de álcool ou a degradação do meio ambiente, assinala o estudo.
OUTRAS PRIORIDADES
O responsável do BM enalteceu os esforços da China para combater a poluição e considerou que o compromisso do país asiático para reduzir as emissões de dióxido de carbono é o “mais ambicioso do mundo”. “Observo uma alteração nas prioridades na China, desde 2013”, acrescentou Jim Yong Kim, numa referência aos níveis de poluição recordes que então se registaram em Pequim, e assegurou que a “China está agora a avançar muito rápido”. O estudo recomenda ainda o país asiático a reformar os hospitais públicos e a continuar com o sistema de incentivos, premiando os centros que alcancem melhores resultados, e que permita ao sector privado competir em condições iguais ao sector público.
13 CHINA
hoje macau segunda-feira 25.7.2016
Novos critérios
MAIS DE 126 MORTOS DEVIDO A CHUVAS
Um mar de erros
O
número de mortos por causa das chuvas da última semana na China subiu para 126 e cerca de 250 mil pessoas estão isoladas na província de Hubei devido às inundações, segundo os dados oficiais mais recentes. As chuvas no centro e norte da China afectaram mais de 680 mil pessoas em Hubei, onde dez localidades ficaram inundadas e 250 mil habitantes da cidade de Tianmen continuam isolados, revelam as mesmas informações. Uma equipa de 500 militares e mil civis foi enviada para Tianmen para tentar resgatar e dar assistência às pessoas isoladas. Na província de Hebei, que rodeia Pequim, o número de mortos confirmados ascende a 114, havendo outras 111 pessoas desaparecidas. Há mais 12 mortos e seis desaparecidos na província de Henan.
MÁ RESPOSTA
A resposta das autoridades chinesas a esta situação causou protestos em vários pontos do país por ter sido considerada tardia e insuficiente, segundo relatam as agências de notícias internacionais.
Numa conferência de imprensa no sábado, as autoridades de Xingtai, localizada 400 quilómetros a sul de Pequim e onde chegou a haver confrontos entre os habitantes e forças de segurança, pediram desculpa pela “resposta desadequada” ao temporal, destacando que estas chuvas foram “as piores” registadas na região desde finais da década de 1990. Meios de comunicação social oficiais somaram-se às críticas ao Governo local, com o Global Times a publicar um editorial em que considera que o desastre que se vive no norte da China é “uma combinação de catástrofe natural e erro humano”, reprovando a atitude das autoridades locais. O jornal lembra o que aconteceu há quatro anos em Pequim, quando as chuvas causaram dezenas de mortos e o Governo local, como agora, foi muito criticado pela falta de previsão. Todos os anos, durante a época das chuvas na China, que começa em Maio, surgem críticas sobre a falta de transparência das autoridades, que se opõem a divulgar avisos.
Pequim apela à UE para acabar com “antiquada” investigação ‘antidumping’
O
(as autoridades) pediram desculpa pela “resposta desadequada” ao temporal, destacando que estas chuvas foram “as piores” registadas na região desde finais da década de 1990
Ministério do Comércio da China apelou hoje à União Europeia (UE) para que deixe de utilizar o seu “antiquado” método de investigação ‘antidumping’, já que considera que este contraria o protocolo da Organização Mundial do Comércio (OMC). Num comunicado difundido através da agência oficial Xinhua, o ministério apela a que no final deste ano a UE abandone o actual método, utilizado para investigar a possível concorrência desleal de produtos chineses que chegam à Europa. A posição do ministério surge pouco após a Comissão Europeia (CE) ter anunciado que não concederá o estatuto de “economia de mercado” à China, mas que irá propor alterações na legislação, para cumprir com as suas obrigações perante a OMC. A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, afirmou que a CE vai propor “uma nova metodologia ‘antidumping’ que capte as distorções no mercado relacionadas com a intervenção estatal em países terceiros”. Pequim considera que o método actual usa os custos de produção de “países terceiros”, para calcular o valor dos
produtos em países que não são considerados “economias de mercado”, (entre os quais a China), o que permite à UE cobrar altos impostos.
SEGUE AS REGRAS
O ministério recordou também que todos os membros da OMC devem guiar-se pelas normas, “sem ter em conta os padrões locais e outros factores, como o excesso de capacidade industrial”. A China quer que a OMC reconheça o estatuto do país como “economia de mercado”, apesar da oposição da UE e das indústrias europeias, que acusam Pequim de praticar “dumping” (vender os seus produtos abaixo do custo de fabrico). O reconhecimento pleno da “economia de mercado” da China retira poderes aos outros países ao nível das acusações de “dumping” e abarcaria alterações nos procedimentos impostos às exportações chinesas para a UE. As interpretações sobre as normas da OMC para a China são também alvo de diferendo. Pequim considera que cumpridos os quinze anos desde o seu ingresso na OMC, o país deve ser considerado como uma “economia de mercado”, enquanto a UE considera que a China não cumpre com os parâmetros daquele estatuto.
MAIOR HIDROAVIÃO DO MUNDO CONSTRUÍDO EM ZHUAI
TIGRE MATA MULHER EM ZOOLÓGICO
A
U
China completou a construção do maior hidroavião do mundo, noticiam os meios de comunicação social estatais chineses. Segundo a agência Xinhua, a estatal Aviation Industry Corporation of China (AVIC) apresentou no sábado o primeiro destes novos aviões (batizados AG600) na cidade de Zhuhai, no sul do país.
O novo avião foi desenhado para combater incêndios florestais e ser usado em resgates no mar, escreve a Xinhua. O hidroavião chinês destina-se ao mercado interno e “será muito útil para desenvolver e explorar os recursos marítimos”, podendo servir para “monitorização ambiental, detecção de recursos e transporte”, acrescenta a agência.
A AVIC recebeu até agora 17 encomendas de aviões deste tipo. Com um tamanho semelhante ao do Boeing 737, é de longe maior do que qualquer outro avião construído para descolar e pousar na água, disse o vice-diretor da AVIC, Geng Ruguang, citado pela Xinhua. A agência de notícias francesa AFP ressalva que, no entanto,
o tamanho das asas do hidroavião chinês é consideravelmente mais pequeno do que o das asas do H-4 Hercules, concebido nos Estados Unidos nos anos de 1940 para transportar tropas aliadas na Segunda Guerra Mundial. Este aparelho é considerado como o maior jamais construído, mas fez apenas um voo, já depois do fim do conflito, em 1947.
MA mulher foi morta e outra ferida por tigres num zoológico de Pequim depois de saírem do automóvel em que estavam no parque, que permite passeios em viaturas entre os animais em liberdade, informou ontem a imprensa chinesa. O incidente aconteceu no sábado, no Beijing Badaling Wildlife, de acordo com o site electrónico Chinanews. com.
Durante uma discussão, uma das mulheres saiu do carro. Um tigre do zoológico atacou-a imediatamente e a outra mulher tentou intervir, sendo esta última também atacada por outro tigre, que a matou antes de levar o seu corpo. As duas mulheres estavam acompanhadas de um homem – que assistiu à cena e tentou ajudá-las – e uma criança. Os dois últimos não ficaram feridos, explicou
a Chinanews, acrescentando que o parque está fechado para reforçar as medidas de segurança. O zoológico permite aos visitantes que circulem pelo parque em automóvel, mas adverte que não é permitido sair das viaturas. A mulher ferida está hospitalizada, indicou o portal de informação Sohu, informando ainda que em 2014 um guarda do parque foi morto por um tigre.
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hoje macau segunda-feira 25.7.2016
hoje macau segunda-feira 25.7.2016
diário (secreto) de pequim (1977-1983)
PEQUIM, 25 de Outubro de 1977 Nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras, secção portuguesa, o camarada Fu Ligang trabalha na mesma sala que eu, na mesa mais pequena, à minha direita. É uma espécie de meu secretário. O Fu estudou português em Macau, numa leva de 60 ou 70 jovens chineses que em 1965 a República Popular enviou quase secretamente para Macau, a fim de estudarem a língua de Camões. O Fu Ligang aprendeu bem português. Teve um professor que nunca esqueceu com o nome de Júlio Dinis. Responsável e trabalhador -- creio que é membro do Partido Comunista Chinês --, hoje de manhã perguntou-me: “Então camarada António, está a gostar de viver em Pequim, está satisfeito com a China que veio encontrar”? Assumindo os meus antecedentes meio comunistas, na versão meio maoista, ainda com meia convicção política, respondi-lhe mais ou menos nos seguintes meios termos: “Sim, vim encontrar um país a crescer, um povo simpático e tenho boas condições de vida e de trabalho aqui em Pequim. Depois, estou a dar o meu pequeno contributo para ajudar a construir o socialismo, para a criação do homem novo, para a construção de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor”. O Fu Ligang ouviu o meu discurso impassível, um levíssimo sorriso a aflorar nos lábios e, passados uns longos segundos, olhou-me pelo canto do olho e disse-me, em excelente português: “O camarada é ingénuo.” E não houve mais conversa. Durante o resto da manhã debruçámo-nos sobre os textos a traduzir e a corrigir.
António Graça de Abreu
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ciência política. Devemos combater quando for necessário e negociar quando o inimigo der sinais de fraqueza. Somos a favor da paz mas não tememos a guerra, conquista-se a paz através da guerra. Na retaguarda é necessário coordenar a luta, as fábricas também são campos de batalha, as máquinas equivalem a fuzis e canhões.”
O Fu deve ter razão. Nestes meus quatro anos de Pequim, vou tentar entender e digerir a minha ingenuidade. PEQUIM, 29 de Outubro de 1977 Tenho uma aí, uma espécie de ama ou empregada de crianças para, durante o dia tomar conta do meu filho mais pequeno, o Gonçalo, com apenas treze meses. É uma senhora já de meia idade, vive aqui ao lado do hotel e com a nossa concordância, gosta de levar o menino estrangeiro para sua casa, um pequeno andar aqui perto, pobre mas com um mínimo de conforto. Aí tratam o meu rapazinho com todas as mordomias de um príncipe e o Gonçalo adora estar no meio daquela família chinesa e ser o centro da atenção de todos, incluindo os vizinhos. Logo no primeiro dia quando a aí se apresentou ao serviço, perguntou-me o nome do menino. Disse-lhe que se chamava Gonçalo, mas ela podia chamar-lhe simplesmente Gon, era mais fácil. A aí repetiu Gou狗, Gou, com alguma surpresa e muita estranheza. Gou狗 em chinês significa cão. Como era possível estes “diabos estrangeiros” chamarem cão a um filho seu? PEQUIM, 30 de Outubro de 1977 Vem aí o frio, dizem-me que em Pequim, em Janeiro e Fevereiro as temperaturas oscilam entre os 0 e os 20 graus abaixo de zero. A Sibéria não está longe do norte da China. Tenho andado a comprar agasalhos, vou precisar de me aquecer. Mas os chineses são um bocado exagerados no que ao frio diz respeito. De há um mês para cá usam ceroulas, ho-
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Mao e o filho Mao Anying
mens e mulheres. Ficam cómicos, com as ceroulas vermelhas, cor-de-rosa ou verdes mais compridas do que as calças cinzentas ou azuis, a saírem por fora das pernas, a verem-se a léguas. Dizem-me que precisam de andar assim confortáveis para que depois, quando o verdadeiro frio chegar, não serem apanhados desprevenidos e ficarem sujeitos a uma qualquer gripe ou pneumonia. PEQUIM, 1 de Novembro de 1977 Todas as semanas temos aqui no edifício número 1 do Hotel, numa espécie de salão nobre -- ex-libris pomposo deste espaço no nosso imenso conglomerado habitacional --, umas conferências sobre a actualidade chinesa destinada a esta gente de desvairadas nacionalidades que habita o Hotel da Amizade. As conferências são em chinês mas contamos com tradução simultânea feita pelos tradutores encarta-
dos do Bureau de Especialistas Estrangeiros, a entidade que zela e toma conta de nós no lugar onde vivemos. Sossegadamente sentados na sala, colocamos os auriculares nos ouvidos, escolhemos a língua, o inglês, o francês, o espanhol e vá de tentar entender o que cada mestre em política actual tem para nos contar. Só assiste quem quer mas há sempre aí duas dezenas e meia de estrangeiros e mais uns tantos quadros chineses a ouvir os discursos de gente graúda ligada ao Partido. Vêm-nos falar do tomo V das Obras Escolhidas de Mao Zedong1, em análises naturalmente muito politizadas, com suma reverência ao pensamento do grande timoneiro. Vou ficando a saber que Mao, em 1950, ao escrever sobre o “movimento de resistência à agressão norte-americana e ajuda à Coreia”, -- quando seguiram para a guerra nas terras coreanas cerca de um milhão de soldados chineses, incluindo o filho mais velho de Mao, o general Mao Anying (1923-1950) que lá morreria num bombardeamento aéreo norte-americano --, fico a saber que a China pretendia
sobretudo defender-se a si própria dado que, segundo Mao, os yankees tinham como objectivo entrar na China e aniquilar o regime comunista. O camarada palestrante vai-nos contando a História recente, fala no internacionalismo proletário, refere a força da resistência do povo coreano, com o presidente Mao a dirigir pessoalmente a guerra do lado chinês, uma guerra justa, com fé na vitória. É verdade que o inimigo tinha mais canhões, mas faltava-lhe a moral e o camarada conferencista quase cita o velho Sun Zi (554 a.C.-496 a.C), o mestre da Arte da Guerra, ao dizer: Ponto Um - Saber se temos forças suficientes para combater. Ponto dois - Saber se temos forças suficientes para uma possível retirada. Ponto três - Saber se nos podemos reabastecer. Ponto quatro - Saber se podemos resistir a uma guerra prolongada. E vai citando Mao Zedong: “Ao adquirir-se experiência militar, eleva-se a cons-
1- O V Volume das Obras Escolhidas de Mao Zedong foi traduzido para português na Secção de Livros das Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras durante o ano de 1978, por Conceição Afonso e João Cláudio Costa, mais a equipa de tradutores chineses da Secção Portuguesa. Não chegou a ser editado porque a partir de 1979, com a ascensão de Deng Xiaoping ao poder, a linha política mudou e deixou de fazer sentido a imensa reverência para com as obras de Mao e sobretudo a aceitação de muitas das suas teses. Existe, no entanto uma curiosa edição portuguesa do V volume das Obras de Mao, feita a partir do texto em inglês publicada em Lisboa pela Editora Vento do Leste, logo em Novembro de 1977. Esta Editora pertencia ao MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado, hoje PCTP) que, reivindicando-se de um maoismo mais radical, jamais conseguiu ter qualquer relacionamento com o Partido Comunista da China. Em Janeiro de 1976, o MRPP enviou uma delegação à China dirigida pelo psiquiatra Afonso de Albuquerque. Não haviam sido convidados nem tinham visto de entrada pelo que dormiram uma noite, sob vigilância, no hotel do aeroporto de Pequim e, no dia seguinte, foram recambiados para a Europa. No prefácio da 2ª edição das Obras de Mao, da responsabilidade do MRPP, em Novembro de 1977 (a 1ª edição tem a mesma data), lê-se: “A tradução para português e a publicação em Portugal do V Volume das “Obras Escolhidas” de Mao Tsé-tung constitui um acontecimento verdadeiramente único na história da actividade editorial no nosso país: quarenta e oito horas do seu lançamento já a edição se encontrava esgotada, num só dia foram vendidos sete mil exemplares da obra.”
(CONTINUA)
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Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração
GUO XI Um pintor deve dominar e não ser escravo do pincel. Ele deve dominar e não ser escravo da tinta. Pincel e tinta são coisas triviais, mas se um artista não as manusear com liberdade, como se pode esperar que alcance a excelência da destreza? A dificuldade no manuseamento do pincel e da tinta é semelhante à que se coloca na caligrafia. O domínio completo não é muito difícil de alcançar. Para citar um exemplo próximo, encontramos uma analogia clara nessa arte. Tem sido dito que Wang Xizhi gostava de gansos por causa dos movimentos dóceis e graciosos dos seus pescoços que lhe recordavam os movimentos de um homem a usar um pincel, que ao utilizar o seu antebraço conseguia escrever caracteres perfeitos. O mesmo se aplica ao uso do pincel na pintura. É geralmente correcto dizer-se que pessoas que dominem a caligrafia podem ser também mestres pintores. Ambos praticam um movimento do cotovelo livre e determinado na manipulação do pincel. Perguntam-me que tipo de tinta deve ser usado1. Eu respondo: existe a tinta queimada, a tinta preservada de um dia para o outro; a tinta aguada, e a tinta feita de cinzas. Se um único género de tinta não for suficiente, se um único tipo de tinta não dá o efeito desejado, utiliza outro. Dos tinteiros ou pedras de tinta, aqueles feitos de pedra, cerâmica, louça ou fragmentos de um jarro de água partido podem ser usados. Das tintas só se deve usar as que são de alta qualidade; não necessariamente, no entanto, as famosas dong-chuan ou xi-shan. No que diz respeito aos pincéis, podem ser usados muitos géneros: pontiagudos, arredondados, grossos, finos, de pontas semelhantes a agulhas, e largos.
1- A atenção dada aos materiais próprios da pintura tal como no tratado «Tuhua Jianwenzhi» (1074) do seu contemporâneo Guo Ruoxu, revela um tempo de definição da arte. Afirmava-se o que era e o que não era. Note-se como já Zhang Yenyuan (810?880?) descrevia um pintor que para fazer as nuvens espalhava a tinta soprando um leve pó: «Produzia um efeito muito natural e pode até ser considerado maravilhoso,
mas como não se vê nenhum trabalho do pincel, não pode ser considerada uma pintura.» («Lidai Ming Hua Ji», Secção II, Cap. III) Posteriormente estes materiais essenciais à arte e adequadamente venerados – a tinta, o pincel, o papel e o tinteiro de pedra - seriam encapsulados em definições como os «Quatro Tesouros da Zona de Trabalho» ou fazendo parte dos «Sete Tesouros do letrado».
«Linquan Gaozhi»
A Grande Mensagem Sobre Florestas e Nascentes
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente
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8.76
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ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017) EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “CNIDOSCOLUS QUERCIFOLIUS” - ALEXANDRE MARREIROS Museu de Arte de Macau (até 31/07) EXPOSIÇÃO “EXPOSIÇÃO DO 70º ANIVERSÁRIO” – HAN TIANHENG Centro Unesco de Macau – (até 07/08) EXPOSIÇÃO “COLOR” 2016 Centro de Design de Macau EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10) SOLUÇÃO DO PROBLEMA 43
PROBLEMA 44
UMA SÉRIE HOJE
SALA 1
STAR TREK BEYOND [3D] [B]
FALADO EM CANTONÊS Filme de: Andrew Stanton 14.15, 16.05, 17.55, 19.45
Filme de: Justin Lin Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Simon Pegg 19.15
FINDING DORY [A]
COLD WAR 2 [C] FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊSE INGLÊS Filme de: Longman Leung, Sunny Luk Com: Aaron Kwok, Tony Leung Ka Fai, Chow Yun Fat 21:30 SALA 2
STAR TREK BEYOND [B] Filme de: Justin Lin Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Simon Pegg 14.30, 16.45, 21:30
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09)
C I N E M A
YUAN
1.19
ALARIDO NORMAL?
EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)
Cineteatro
0.22
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES /QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)
EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 07/08)
(F)UTILIDADES
Na última quinta-feira, na Assembleia Legislativa (AL), houve uma reunião plenária que serviu para o Governo responder a interpelações dos deputados. Estava de olho na emissão, porque aqui não se faz outra coisa quando há plenário, e achei algo estranho: Song Pek Kei levantou algumas questões relativas à construção do edifício de doenças infecto-contagiosas ao lado do São Januário. Sim, outra vez este assunto. Por mim acho muito bem que haja um prédio onde vão todos os infectados, para eu poder circular livremente nas ruas de Macau. Mas foram diversos os deputados que criticaram que a construção do edifício – desde problemas com a localização, ao número de salas, ao desmantelamento de prédios antigos e à publicação das plantas. Porque é que são vários os deputados a criticar esta proposta de construção? Não estamos apenas a falar dos eleitos por sufrágio directo, mas também dos indirectos e dos nomeados pelo Chefe Executivo. Ou seja, houve os chamados bocas do Governo também a insurgir-se contra esta construção. Isto é normal? Não, é estranho. Sei que os deputados representam vários sectores e população do território, mas parece que o Governo está decidido a não responder, a não ser com “interesse público”. Ninguém nega que a construção seja importante, mas toda a gente está a procurar lacunas. E o Governo responde como se não quisesse saber, sem aceitar as opiniões. Pu Yi
“STRANGER THINGS” (MATT E RUSS DUFFER, 2016)
Estreou há pouco e já tem feito as delícias de muitos. Para quem gosta de ficção científica, esta é mais uma das séries a juntar ao cardápio. “Stranger Things” conta a história de uma criança que desaparece sem deixar rasto, levada por algo que parece amedrontar outras pessoas. Os amigos e a mãe montam uma busca de salvamento, mas quando andam à procura de Willy, outras coisas e pessoas vão aparecendo... Joana Freitas
SALA 3
GHOSTBUSTERS [B] Filme de: Paul Feig Com: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones 14:30, 16.45, 21.30
GHOSTBUSTERS [3D] [B] Filme de: Paul Feig Com: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones 19.15
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macau visto de hong kong
Desistir da independência
E
STA semana as atenções dos media têm-se focado na nova medida a que ficarão sujeitos os futuros candidatos ao Conselho Legislativo de Hong Kong A partir de agora, quem se quiser candidatar a este Conselho terá de assinar previamente um documento onde são mencionados diversos artigos da Lei Básica de Hong Kong, em especial, o que consagra Hong Kong como parte inalienável da China. O objectivo desta nova disposição é bastante claro. Pode vir a ser utilizado para barrar as candidaturas de quem estiver a favor da independência de Hong Kong. Será esta medida legítima? O Presidente do Conselho Legislativo, Jasper Tsang Yok-sing, afirmou a semana passada em declarações ao South China Morning, “Os candidatos ao Conselho já estavam legalmente vinculados à Lei Básica, mesmo antes de estarem sujeitos à assinatura deste documento adicional. Com esta medida o que o Governo pretende é apenas salientar alguns artigos da Lei Básica a que os candidatos terão de prestar especial atenção, antecipando a possibilidade de alguns deles se poderem bater por valores que não sejam compatíveis com o que está disposto na Lei.” Questionado sobre o que virá a acontecer em caso de recusa por parte dos candidatos, Tsang esclarece, “Após a reunificação, o Conselho Legislativo passou a ser o representante da Região Administrativa Especial de Hong Kong, da República Popular da China. Não podemos encarar como inimigos os que não partilham das nossas opiniões políticas. Mas, penso que quem não quiser reconhecer que Hong Kong faz parte da China, não tem condições para se candidatar. Os potenciais candidatos que não reconheçam esta realidade devem reconsiderar a sua candidatura.” As declarações de Tsang não deixam margem para dúvidas. É dever de todos os cidadãos defender e obedecer à Lei Básica de Hong Kong. Todos temos de concordar que Hong Kong é parte inalienável da China. No entanto é pertinente perguntar porque é que o Governo não levanta um processo de acusação contra quem defende a independência de Hong Kong? De acordo com o actual sistema jurídico vigente em Hong Kong, só os Tribunais têm poder de condenar o réu e não o Governo. Depois de ser considerado culpado será eventualmente preso. Por tradição, em Hong Kong existe liberdade de expressão. Por este motivo, se o Governo de Hong Kong mover um processo a quem apenas defende a independência do território, pode vir a ser severamente criticado e o acto interpretado
KAIGE CHEN, SACRIFICE
DAVID CHAN
como um atentado à liberdade de expressão. Citando Tsang, “em Hong Kong, não podemos encarar como inimigos os que não partilham das nossas opiniões políticas”.
“Defender a independência de Hong Kong significaria alterar o seu posicionamento político, e as consequências seriam muito negativas” O outro motivo que impede o Governo de Hong Kong de mover um processo aos defensores da independência prende-se com a definição jurídica de delito criminal. Em Hong Kong, cada delito criminal é composto por dois elementos, a saber, intenção criminosa e acto criminoso. Perante o que foi dito, é fácil provar a intenção criminosa de quem defende publicamente a independência do território. Contudo, quanto ao acto criminoso já o caso muda de figura. Neste caso o crime necessita do acto. Por exemplo, numa situação de roubo é necessário reunir provas que demonstrem que alguém subtraiu os bens de outrem, ficando com eles em sua posse. Ou seja, que o acto foi efectivado. Perante estes dados, percebemos que o facto de defender a independência, só por si, não a efectiva, logo o acto criminoso não pode ser provado. Recapitulemos: os hipotéticos candidatos ao Conselho Legislativo terão de assinar
um documento onde reiteram a sua concordância com alguns dos artigos da Lei Básica de Hong Kong, considerados mais basilares. Se houver incompatibilidade entre os seus ideais e procedimentos e alguma dessas disposições, deixam de estar qualificados para se candidatarem ao Conselho. Nathan Law Kwun-chung, candidato e Presidente da recém-formada força política, Demosisto, afirmou, “Não vou assinar a declaração, porque não permito que a comissão dos assuntos eleitorais imponha condições ilegalmente. Se a comissão interditar algum candidato por não assinar o documento, estou a considerar interpor um pedido de revisão judicial.” Estas declarações são sinal do que pode estar para vir. Se a revisão judicial for em frente o Governo de Hong Kong ver-se-á envolvido numa batalha nos Tribunais. O valor de Hong Kong advém da sua situação económica e não da sua situação política. Defender a independência de Hong Kong significaria alterar o seu posicionamento político, e as consequências seriam muito negativas. Esta posição é defendida por muito poucos. Não representa de forma alguma a maioria do povo. É prioritário que a maioria se demarque desta minoria. Se a maioria não puder impedir as manifestações do desejo de independência da minoria, ao menos que demonstre o seu desacordo. Será uma das melhores formas de contribuir para o bem da China e de Hong Kong. Consultor Jurídico da Associação Para a Promoção do Jazz em Macau legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
OPINIÃO
“
distante / era essa voz / que segredava / sabores / de espanto / marés / de auroras” Alberto Eduardo Estima de Oliveira
FMI INSTA PAÍSES DO G20 A MAIS GASTOS PÚBLICOS MARCELO CONTRA SANÇÕES
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou ontem não fazer sentido pensar em sanções da União Europeia a Portugal, afirmando que «não há a mínima lógica em sanções». «Penso que temos que esperar ainda pelas decisões que vêm. Quanto mais penso na matéria, mais considero que não há a mínima lógica em sanções», afirmou Marcelo de Sousa em Celorico de Basto, distrito de Braga, naquela que é a primeira visita ao concelho após ser eleito Presidente da República, exactamente no dia em que cumpre seis meses de mandato. Marcelo justificou não haver lógica nas sanções porque, «ou é contra o Governo de Passos Coelho, por causa de 0,2% muito discutíveis, quando há diferenças muito maiores, houve no passado e há no presente, noutras economias que nunca foram punidas, ou é contra o Governo de António Costa, por causa da gestão do orçamento deste ano», mas que só no fim do mesmo se saberão os resultados.
É preciso crescer
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Comité Olímpico Internacional (COI) não vai banir a equipa russa de competir nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, nem vai suspender o Comité Olímpico Russo avançou este domingo a agência de notícias russa Tass. A decisão fica remetida para as federações internacionais das modalidades, afirma a Tass, citando fonte do COI. O Comité Olímpico Russo (COR) apresentou na quarta-feira a lista dos 387 atletas que competem nos Jogos Olímpicos, adiantando-se à decisão do COI. “A lista da delegação russa está constituída. Os atletas competem em 30 modalidades”, revelou o presidente do COR, Alexandre Joukov, citado pelas agências noticiosas russas. A lista inclui 68 atletas que apresentaram recurso junto do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), quanto à exclusão colectiva imposta pela Associação de Federações Internacionais de Atletismo (IAAF). Em causa estão, segundo a IAAF, violações ao código anti-dopagem e à carta olímpica. Alista apresentada surge face às acusações que vieram a público no relatório McLaren, relatório independente que demonstrou a existência de um esquema organizado de doping na Rússia, com apoio estatal e colaboração dos serviços secretos russos. A organização funcionou, de acordo com o relatório, de 2011 a 2015 e envolveu atletas de 30 modalidades. Terá ajudado, inclusivamente, pelo menos 15 atletas a ganhar medalhas nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014.
ATIRADOR DE MUNIQUE JÁ PLANEAVA ATAQUE HÁ UM ANO
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COMITÉ OLÍMPICO NÃO VAI BANIR ATLETAS RUSSOS
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Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou sábado que os riscos para a economia global estão a crescer, apelando às principais nações do G20 a aumentarem as despesas públicas. Os líderes dos bancos centrais e ministros das Finanças das 20 maiores economias estiveram reunidos no fim-de-semana na cidade chinesa de Chengdu para abordar a situação económica global, perante novas incertezas com a decisão de saída do Reino Unido da União Europeia. “O crescimento global continua fraco e os riscos de queda tornaram-se mais salientes”, disse o FMI num relatório lançado antes da reunião do G20. Numa actualização da sua previsão de Abril, o FMI reviu em baixa as suas estimativas para o crescimento global este ano e no próximo em 0,1%, para 3,1% e 3,5% respectivamente.
IMPULSO MAIOR
O FMI quer que as economias avançadas como a Alemanha
e os Estados Unidos canalizem mais gastos públicos para investimentos em infra-estruturas, de forma a ajudar a impulsionar o crescimento global, uma questão que tem suscitado divisões entre os membros do G20. Entretanto, os ministros do G20 apelaram sábado em Chengdu ao reforço da coordenação dos seus sistemas fiscais e de troca de informações financeiras, a fim de conter as práticas de optimização agressiva das multinacionais e de oferecer uma estabilidade acrescida aos investidores. Acabar com as “lacunas” dos regimes fiscais devido à
“O crescimento global continua fraco e os riscos de queda tornaram-se mais salientes” FMI
má coordenação internacional “vai mudar as escolhas que as empresas fazem”, sublinhou o secretário do tesouro norte-americano Jacob Lew, perante outros grandes financeiros do G20. A Google e outras multinacionais como a Amazon ou Facebook são regularmente acusadas de evasão aos impostos, nos Estados Unidos e na Europa, instalando-se em países onde os sistemas de tributação lhes são mais favoráveis, como a Irlanda. O problema foi abordado num simpósio dedicado aos sistemas fiscais, organizado em Chengdu, no sudoeste da China, à margem da reunião dos ministros das Finanças e dos governadores dos bancos centrais das 20 principais economias mundiais. “Quando as regras actuais da fiscalidade internacional foram desenvolvidas, elas reflectiam a geografia, as fronteiras nacionais. Hoje em dia, as tecnologias esbatem as fronteiras”, acrescentou Lew.
segunda-feira 25.7.2016
Procuradoria do estado da Baviera revelou este domingo que o atirador de Munique adquiriu a arma do crime ilegalmente através da internet e que estaria a planear o ataque há um ano. De acordo com a informação avançada pela agência Reuters, os materiais encontrados em casa do atirador de 18 anos indicam que o jovem já estaria a planear o ataque que acabou por matar nove pessoas na passada sexta-feira há vários meses. O rapaz alemão de origem iraniana terá visitado a escola no sudoeste da Alemanha onde um tiroteio em 2009 matou 15 pessoas, altura em que começou a planear o ataque. No sábado, já tinha sido avançado que o suspeito possuía livros e documentos sobre tiroteios em massa e que já teria feito pesquisa na internet sobre ataques do mesmo tipo. A pistola Glock 17 do atirador terá sido comprada ilegalmente através da internet, tal como as balas que trazia consigo no dia do ataque. O atirador era também um ávido consumidor de jogos de computador, segundo a Procuradoria. Ao contrário do que chegou a ser avançado, as vítimas não eram colegas de escola do atirador. Robert Heimberger, chefe do gabinete de crime da Baviera, acrescentou que os pais do atirador ainda não puderam ser interrogados devido ao estado de choque em que se encontram. No sábado soube-se que o adolescente já tinha recebido tratamento psiquiátrico e que terá actuado sozinho, sem ligações ao Estado Islâmico. O rapaz de 18 anos lançou o caos em Munique, capital da Baviera, na sexta-feira, depois de abrir fogo perto de um movimentado centro comercial. Levava 300 balas na mochila quando foi encontrado morto.