Hoje Macau 26 JAN 2016 #3500

Page 1

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

TERÇA-FEIRA 26 DE JANEIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3500

LUSA

As paredes da revolta PÁGINA 9

OPINIÃO

Literariamente pelo sexo TÂNIA DOS SANTOS

BLADEMARK

Fortes ambições

hojemacau

GRAFFITI

EVENTOS

INDÚSTRIAS CULTURAIS

Recuperar os projectos chumbados PÁGINA 5

h Difícil ser Deus Mestre BOI LUXO

YAO FENG

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10

PRESIDENCIAIS MARCELO ELEITO À PRIMEIRA

A luz da ` abstencão `

Marcelo Rebelo de Sousa é o novo Presidente da República. O professor foi eleito com 52% dos votos deixando para trás Sampaio da Nóvoa e a surpreendente Marisa Matias. A abstenção, com 51,16% continua a ganhar protagonismo. GRANDE PLANO

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau


2 GRANDE PLANO

Metade do povo votou e escolheu o professor Marcelo Rebelo de Sousa para representar o país nos próximos cinco anos. A abstenção continua a ser a personagem principal nas eleições portuguesas e “é “urgente mudar” esta tendência “É preciso fomentar uma maior participação das pessoas, não só nas eleições mas também na vida política. É preciso reverter isto” TIAGO PEREIRA REPRESENTANTE DO PS EM MACAU

PRESIDENCIAIS ABSTENÇÃO MANCHA ELEIÇÕES QUE LEVAM MARCELO A BELÉM

O

povo decidiu e não foi necessária uma segunda volta: Marcelo Rebelo de Sousa é o novo Presidente da República portuguesa, apesar de só tomar posse em Março próximo. Foram mais de dois milhões os portugueses que votaram – tanto no país como nos círculos fora dele - no professor de Direito e ex-comentador político. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou em todos os distritos de Portugal e recolheu 52% dos votos, deixando o candidato independente Sampaio da Nóvoa em segundo lugar, com 22,9%. Logo depois, a representante do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, conseguiu 10,13% dos votos e, na quarta posição, a Socialista, também com candidatura independente, Maria de Belém, com 4,24%. “Nunca esperei que fosse [uma vitória] tão expressiva perante os outros candidatos. Dois milhões e quatrocentas mil pessoas a votar no professor Marcelo é uma indicação clara do que ele fazia na opinião maioritária, junto dos eleitores. É também um sinal positivo da percentagem que obteve em Macau (49%), o que é a confirmação de que os eleitores de Macau votam sobretudo no centro de Direita e seguem uma tradição de votação aqui [no território]”, indicou Arnaldo Gonçalves, académico, comentador e militante do Partido Social Democrata (PSD) no território. Já para Tiago Pereira, líder do Partido Socialista (PS) em Macau, Marcelo Rebelo de Sousa exercerá o cargo “com a dignidade e sabedoria que o mesmo exige”. “É uma pessoa com cultura democrática, de diálogo. Estou confiante que será um digno Presidente de República”, afirmou ao HM. João Pedro Góis, apoiante de Sampaio da Nóvoa na RAEM, lamentou os resultados, que não deram hipótese da segunda volta. “Temos que aceitar”, referiu, frisando o trabalho “notável” que o candidato independente realizou durante a sua campanha. Os mais de um milhão de votos são sinal de “maturidade democrática”, um sinónimo “muito

AUSENTES

positivo da força que pode ter a cidadania e o empenhamento cívico”.

MEDIDAS URGENTES

Uma vez mais, contudo, a abstenção foi a personagem principal. Quase cinco milhões de pessoas não votaram, só em Portugal, o que dá 51,16%. Em Macau o número sobe para 96,71% de abstenção, sendo que apenas 526, dos 15.977 eleitores, votaram. Para Arnaldo Gonçalves, os resultados reflectem “a evolução gradual” da abstenção que tem existido na democracia portuguesa. “Não é só destas eleições presidenciais, mas também nas legislativas. As pessoas sentem-se pouco motivadas para ir votar, isso acontece quando escolhem o partido que as vai governar, ou o Presidente da República”, apontou o académico. Esta tendência, que diz ser geral no espaço europeu, deve-se ao “desinteresse” e ao complicado “sistema administrativo e burocrático em termos de exercício de voto”. “Não se percebe muito bem porque é que não evoluímos para o sistema americano em que

é possível o voto electrónico. E há maneira de fazer isso com viabilidade, não se percebe porque é que não se consegue fazer. Seria muito mais fácil”, argumentou. Na opinião de Tiago Pereira uma coisa é certa e urgente: é preciso combater a abstenção. “É preciso fomentar uma maior participação das pessoas, não só nas eleições mas também na vida política. É preciso reverter isto”, apontou. Em concordância com Arnaldo Gonçalves, o representante Socialista não tem dúvidas que o sistema de voto electrónico seria uma boa solução. “Esse será claramente um passo importante. Em Macau não é tão relevante porque no que concerne às eleições presidenciais o voto pode ser feito presencialmente, mas em vários outros sítios é extremamente difícil as pessoas deslocarem-se aos postos consulares ou embaixadas para exercerem o seu direito. Nestes casos é óbvio que o voto electrónico contribuirá para diminuir a abstenção”, refere. O “valor altíssimo” da abstenção é um “combate que deve ser comum a todas as forças políticas”,

diz Tiago Pereira, que reforça que “tem de se combater a abstenção”. A distância larga que existia na campanha de Marcelo Rebelo de Sousa para com outros candidatos pode ter sido um motivo que levou muitas pessoas a não votarem, conforme argumenta Miguel Bailote, coordenador da secção do PSD em Macau.

“Acho que as pessoas estão cada vez mais desligadas da política e os políticos não têm conseguido motivar as pessoas” MIGUEL BAILOTE COORDENADOR DA SECÇÃO DO PSD EM MACAU “As eleições presidenciais têm menos apelo do que as [eleições] legislativas. Isto é uma coisa que tem sido um crescendo na democracia portuguesa, acho que as pessoas estão cada vez mais desligadas da política e os políticos não têm conseguido motivar as pessoas”. Ainda assim, ao contrário dos restantes militantes, Miguel Bailote

51,16

percentagem da abstenção em Portugal

96,71

percentagem da abstenção em Macau


3 hoje macau terça-feira 26.1.2016 www.hojemacau.com.mo

PARA VOTAR não acredita que o voto electrónico melhorasse o cenário votante actual. “Acho que o voto electrónico é uma coisa que tem de ser muito bem pensada e tem de ter uma garantia muito elevada”, registou. Benefícios fiscais é uma das propostas que poderia apelar ao voto, sendo defendida por João Pedro Góis. “Provavelmente como isto já teria algum peso na vida das pessoas, as pessoas já se motivariam mais a votar”, defendeu. O voto electrónico seria uma “solução magnífica” para o país, correspondendo ao nível tecnológico que se vive actualmente.

VOLTAS E MAIS VOLTAS

Uma segunda volta foi muito desejada por João Pedro Góis, mas a maioria absoluta atingida por Marcelo Rebelo de Sousa não o permitiu. “Em vantagem”, com “anos de campanha eleitoral na televisão”, o professor amoleceu o coração dos portugueses, apontou ao HM. A contrariar está Arnaldo Gonçalves, que afirma que “se houvesse mais votantes, a distribuição dos votos seria exactamente a mesma”. “A distância do primeiro ao segundo lugar indica isso mesmo”, defendeu. Tiago Pereira acha difícil prever o que poderia acontecer, mas para Miguel Bailote os resultados seriam claros. “Os resultados são o espelho da vontade do país.Acho que a abstenção não influenciou o não ir a uma segunda volta. Se não houve segunda volta é porque os candidatos da Esquerda, designadamente do PS, eram fracos”, rematou. Filipa Araújo

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Professor também ganha cá fora Macau elege Marcelo Rebelo de Sousa

A

INDA são resultados provisórios, mas mostram que os votantes de Macau pouco se mexeram para exercer o seu direito. Às mesas do Consulado Geral de Portugal em Macau deslocaram-se 526 votantes, ou seja, 3,29% dos 15.977 eleitores inscritos. Feitas as contas, sem contar com os resultados relativos aos eleitores de Xangai, Pequim,

Seul e Tóquio, Marcelo Rebelo de Sousa recolheu 187 votos, seguindo-se Sampaio da Nóvoa com 101, Marisa Matias com 28 votos e Maria de Belém com 20. O candidato Paulo Morais não conseguiu ultrapassar as duas dezenas de votos e Henrique Neto, Jorge Sequeira, Vitorino Silva não passaram a barreira dos cinco votos e Cândido Ferreira não reuniu

qualquer voto. Registaram-se 12 votos brancos e dois nulos. Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, indicou, ao HM, estarem garantidas as condições necessárias para que a afluência fosse mais intensa por parte da massa eleitoral. “Tínhamos as condições logísticas preparadas para uma maior afluência, mas acho que a condições climatéricas

não ajudaram”, apontou. Para o representante oficial português, o desinteresse por parte do eleitorado deverá ser uma hipótese afastada. “Pelo menos não quero pensar que [a abstenção] é desinteresse pelas eleições presidenciais”, referiu. Apesar das percentagens, Vítor Sereno garante a “sensação de dever cumprido”. Recorde-se que a massa eleitora de Macau é composta por eleitores chineses com passaporte português, sendo clara a não ligação com a vida política portuguesa. F.A.


4 POLÍTICA

hoje macau terça-feira 26.1.2016

GCS

Punir os que erram

Agnes Lam pede auditoria interna a serviços públicos

A

AL GOVERNO RESPONDE A PERGUNTAS DE DEPUTADOS EM FEVEREIRO

Diga lá outra vez

D

EZASSETE interpelações orais submetidas pelos deputados vão obrigar representantes do Governo a irem à Assembleia Legislativa (AL), no próximo dia 1 de Fevereiro, para responder sobretudo sobre terrenos e habitação pública. Treze dos 14 deputados eleitos directamente pela população vão usar da palavra na ronda de interpelações orais, a primeira da actual sessão legislativa, a somar a quatro eleitos escolhidos por sufrágio indirecto. “A concretização dos princípios de justiça, transparência e equidade na recuperação dos terrenos desaproveitados e a mobilização dos recuperados para a construção de habitação pública são as principais tarefas

governativas a que o público presta especial atenção”, sintetiza Ng Kuok Cheong. “Após um longo tempo de estudos, não se deverá tomar uma decisão para proteger o interesse público?”, questiona o deputado ao falar de parcelas de terrenos que não foram aproveitadas pelos privados a quem foram concrecionadas dentro do prazo – algumas a recuperar, algumas “em tratamento” e outras “deixadas em paz”. É também de terrenos que fala Kwan Tsui Hang, que quer saber se o Governo pretende divulgar periodicamente o ponto de situação do uso, do direito de propriedade, do aproveitamento e prazos dos terrenos ao público. Já Lam Heong Sang, vice-presidente da AL, toca nos lotes definidos para a habitação pública, indagando quando vão estar concluídas as mais de quatro mil fracções prometidas.

ERA ZERO

A política de habitação pública também merece a atenção de Melinda Chan que recorda que o Secretário da tutela afirmou não ser possível construir no presente ano, porque não existem terrenos, o que significa que “Macau vai entrar numa era de ‘zero’ habitações públicas disponíveis”. Ho Ion Sang, ao notar que esta oferta não satisfaz as ne-

cessidades dos residentes de classe baixa e que “as pessoas não conseguem suportar os elevados preços e as altas rendas dos imóveis”, insta à criação de “mecanismos eficientes de longo prazo”, por forma “a evitar a discricionariedade das políticas resultando em flutuações no mercado imobiliário”. Zheng Anting tem idênticas preocupações, defendendo que “há que recuperar, o quanto antes, terrenos desaproveitados para construir habitação pública”. O reordenamento dos bairros antigos serve também de mote para as interpelações ao Governo: “Ao longo dos últimos dez anos, nunca foram concretizados os trabalhos” e o Governo retirou a proposta de Lei do Regime Jurídico (submetida em 2011 e retirada em 2013), sem que nada tivesse dito sobre o regime que o vai substituir (renovação urbana) desde o seu anúncio, afirma Leong Veng Chai, pedindo um ponto de situação. Si Ka Lon põe o dedo na mesma ferida, estabelecendo paralelismos com Hong Kong: “Macau, por sua vez, anda às voltas com o mesmo assunto – quando é que cria o conselho – e, perante a renovação urbana, não tem coragem e não o assume”. Também o ambiente estará em foco no dia 1 de Fevereiro: Chan Hong aponta que “a taxa

de reciclagem é desproporcionada em comparação com o avolumar do lixo e o desenvolvimento económico” há muitos anos, criticando o “fraco apoio” à recolha e reutilização de recursos e a ausência de uma “política de longo prazo”. Wong Kit Cheng aborda, por sua vez, os lugares de estacionamento com parquímetro reservados aos serviços públicos para saber se vão ser “devolvidos”. Outra pasta visada é a da Saúde. Angela Leong centra-se nas doenças de foro psicológico e Chan Iek Lap nos preparativos para a abertura de uma Academia de Saúde da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Macau, em Setembro, e sobre os médicos especialistas a formar, a pensar no segundo hospital público, previsto para 2019. Já Ella Lei pretende saber se há estatísticas e uma avaliação sobre as necessidades em termos de transplantes de órgãos, num território onde durante mais de dez anos nunca foi instituído um regime de dádiva. Mak Soi Kun interpela o Governo sobre o acesso a um “número bastante limitado” de canais da Televisão Central da China, enquanto Au Kam San pretende perguntar ao Governo se vai estudar que indústrias têm espaço para desenvolvimento no quadro de “ajustamento” do sector do Jogo. LUSA/HM

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo HOJE MACAU

Habitação e terrenos. Os dois temas preenchem de novo a maioria das interpelações dos deputados em dia de ouvirem respostas do Governo

presidente da Associação Energia Cívica, Agnes Lam, considera necessário criar um sistema de auditoria interna e de responsabilização do pessoal da Função Pública que trabalha na área da adjudicação de serviços, por forma a evitar os abusos que foram denunciados no mais recente relatório do Comissariado de Auditoria (CA). Em declarações ao Jornal do Cidadão, a também docente da Universidade de Macau (UM) e ex-candidata às eleições legislativas defende que sejam criados critérios internos para a avaliação das condições das entidades a quem são adjudicados os serviços, regras essas que devem ser aplicadas a todos os organismos públicos. “Cada organismo deve ser alvo de auditoria interna para evitar que aconteçam estes problemas. Os departamentos financeiros devem ter cuidado face aos trabalhos de auditoria”, defendeu Agnes Lam, tendo referido ainda que o regime de responsabilização é essencial para punir os funcionários públicos que abusem das suas competências ou que tenham um mau desempenho nas suas funções. A docente disse ainda ser necessário não apenas consultar os valores praticados por entidades locais mas também estrangeiras, para que haja uma comparação de preços de forma mais abrangente. Recorde-se que o CA indicou que mais de mil estudos e sondagens foram feitos sem autorização e sem necessidade, tendo havido despesas no valor acima dos cem milhões de patacas.

GPDP VAI FUNCIONAR ATÉ 2018

O Chefe do Executivo decidiu prolongar o funcionamento do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP). Segundo um despacho do Boletim Oficial ontem publicado, o GPDP mantém-se em funções até ao dia 12 de Março de 2018.


5 POLÍTICA

hoje macau terça-feira 26.1.2016

Indústrias Culturais SI KA LON DEFENDE APOIO A PROJECTOS CHUMBADOS

Aposta na diversidade

Mais de duas centenas de projectos que pediam o apoio do Fundo das Indústrias Culturais foram chumbados, mas o deputado Si Ka Lon considera que estes deveriam ter apoios na mesma dústria cultural em Macau”, apontou. O deputado sublinhou que “os centros podem ainda dar mais sugestões para o desenvolvimento do sector, a fim de empurrarem o sector para uma nova etapa”. Dicro Fong, o represente do Centro de Design de Macau, garantiu que “o centro pode arrendar, a um baixo preço, espaços às empresas de indústrias culturais que não foram seleccionadas para o subsídio do Governo, para que possam desenvolver os seus projectos”. O mesmo responsável explicou que o facto das empresas não

terem sido incluídas no Fundo poderá dever-se à insuficiente clareza financeira aquando da candidatura ou até mesmo ao desenvolvimento do próprio projecto. “Mas o nosso centro auxiliará as empresas activamente”, frisou, apontando que a taxa de ocupação do espaço reside nos 90%. O responsável admite que existem algumas lacunas que pedem melhoras, tal como o limite de recursos humanos nos projectos. Por isso, apontou, este serviço deve ser melhorado, funcionando também como um incentivo a mais inscrições.

TIAGO ALCÂNTARA

O

deputado Si Ka Lon sugere que as empresas que foram excluídas da atribuição do subsídio do Fundo das Indústrias Culturais sejam apoiadas para melhorar os seus projectos antes chumbados. O Fundo aprovou 86 de 321 candidaturas. O Fundo de Indústrias Culturais divulgou a lista dos subsídios atribuídos no último ano, que conta com sete plataformas e 66 projectos comerciais. O deputado considera que as sete plataformas podem cumprir funções de centros de incubação para projectos culturais, auxiliando os próprios projectos excluídos da lista. Este apoio irá permitir que a qualidade dos mesmos possa ser desenvolvida. Si Ka Lon falou ao jornal Ou Mun e explicou ainda que o Centro de Design de Macau e o Centro dos Serviços Integrados Culturais e Criativos de Macau servem como estes espaços. “Estas plataformas têm capacidade, condições e espaço para ajudar outras empresas, para que se desenvolvam os projectos das empresas e, compreensivamente, a in-

Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

“Estas plataformas têm capacidade, condições e espaço para ajudar outras empresas, para que se desenvolvam os projectos das empresas e, compreensivamente, a indústria cultural em Macau” SI KA LON, DEPUTADO

Políticas ou medidas?

A prova dos nove

A

O

Invalidez Chan Hong questiona conceito do subsídio provisório

deputada Chan Hong quer saber se o subsídio provisório de invalidez, atribuído pelo Instituto de Acção Social (IAS), ganhará estatuto de sistema de segurança social ou de política de regalias. Implementando em Julho de 2014, o subsídio provisório de invalidez é atribuído a residentes permanentes de Macau que tenham contribuído para o Fundo de Segurança Social (FSS) pelo menos 36 meses e que perderam a capacidade de trabalho, temporária ou permanentemente. O subsídio, contudo, é provisório e os deputados têm vindo a pedir que se torne efectivo. Numa interpelação escrita, Chan Hong frisou que uma parte dos portadores de deficiência não tem capacidade de trabalho, nem contribui suficientemente para o FSS, características que não lhes permite candidatarem-se ao subsídio em causa. “Até fim de 2014, entre dez mil portadores de cartão de deficiência, 1100 ainda não se registaram no FSS e 950 portadores ainda não contribuíram para

o FSS pelo menos durante 36 meses”, apontou.

TOCA A ADIAR

O período da implementação do subsídio provisório de invalidez já foi prolongado até final deste ano, mas a medida tem sido prorrogada sempre que o Governo decide, não sendo efectiva. Chan Hong lembrou que o Governo já disse que este subsídio é complementar à pensão de invalidez e que, neste momento, está a ser revisto o regime de segurança social. O Governo indicou ainda que iria resolver o problema de contribuição insuficiente ao FSS, no final de 2015, no entanto, a deputada criticou o facto de que até ao momento não haja novidades. “O Governo deve ter um atitude clara sobre a definição do subsídio provisório de invalidez como um modelo de segurança social, ou como uma política de regalias”, apontou. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Ng Kuok Cheong exige explicações do Governo sobre terrenos

d e p u t a d o Ng Kuok Cheong voltou a interpelar o Governo sobre os planos de aproveitamento de nove dos 48 terrenos que ainda não foram desenvolvidos pelos concessionários, incluindo um terreno que iria albergar o Ocean World, um parque temático. Na interpelação escrita, Ng Kuok Cheong indicou que o Executivo iniciou a análise dos terrenos não aproveitados em 2009, sendo que apenas foi estudada a possibilidade de recuperação de 48 lotes. O deputado lembrou que alguns desses terrenos já entraram num processo de recuperação, mas não existe qualquer novidade sobre os restantes nove lotes. “Vários cidadãos exigem a recuperação dos terrenos de-

saproveitados, tal como o terreno para o projecto do Ocean World, cuja concessão foi feita antes da transferência de soberania. Os cidadãos acham que existe a possibilidade de conluio entre empresários e o Governo, porque ainda não foi anunciada qualquer novidade sobre estes terrenos”, explicou o deputado.

Para Ng Kuok Cheong, o terreno do Ocean World poderia servir para a construção de vinte mil fracções de habitação pública. “Depois de uma investigação de seis anos, o Governo tem ou não razões para não declarar a caducidade dos nove terrenos desaproveitados?”, questionou. O deputado do campo pró-democrata considerou “normal” a possibilidade de surgirem processos judiciais no período de recuperação dos terrenos, se o Governo tomar a decisão correcta. “Vai o Governo começar o processo de recuperação, declarando ou não a caducidade das concessões desses terrenos, para que não se gastem os recursos de solos e se sacrifique os interesses públicos?”, rematou ainda. T.C.


6 POLÍTICA

hoje macau terça-feira 26.1.2016

Limpar o sujo O TIAGO ALCÂNTARA

IACM Lei de gestão de mercados elaborada este ano

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) afirmou que a elaboração da proposta da lei sobre gestão de mercados pode estar concluída ainda este ano. A notícia foi dada numa resposta do organismo a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon. Depois do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ter descoberto, no ano passado, que alguns regulamentos e posturas municipais estavam caducados ou desactualizados perante a realidade actual de Macau mas continuavam a ser usados, o deputado questionou o IACM sobre se o mesmo iria levar a cabo uma revisão e adaptação desses mesmos documentos. Em resposta, Lo Veng Tak, presidente substituto do presidente do Conselho de Administração do Instituto, admitiu que o Regulamento do Licenciamento de Estabelecimentos para Venda a Retalho de Carnes, Pescados, Aves e Vegetais e o Regulamento para os Mercados Municipais foram elaborados no “século passado” e já não correspondem às necessidades, pelo que estariam a ser revistos estes regulamentos. Agora, o IACM diz que a conclusão da revisão poderá ser este ano. “O IACM concorda com as opiniões apresentadas pelo CCAC sobre os regulamentos e posturas municipais, por isso vai acelerar os trabalhos de revisão, dependendo da sua urgência”, indicou. Lo Veng Tak acrescentou que o organismo “irá tentar concluir a elaboração da proposta da lei sobre gestão de mercados ainda em 2016”, bem como acelerar a revisão de outros regulamentos. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

PUB

DSPA NOVOS PLANOS DE APOIO FINANCEIRO EM ESTUDO A Direcção dos Serviços para a Protecção Ambiental (DSPA) defende que vai estudar outros planos de apoio financeiro, depois de ter decidido acabar com o de ajuda à aquisição de produtos e equipamentos para a protecção ambiental e para a conservação energética. Numa interpelação escrita, datada de Agosto passado, o deputado Chan Meng Kam questionou o Governo sobre se considera atribuir um subsídio para impulsionar a classificação e reciclagem de lixos domésticos. Na resposta, o director da DSPA, Vong Hoi Ieong, apontou que o plano de apoio financeiro implementado há quatro anos não iria continuar, depois de uma avaliação, por ter “atingido o seu propósito”. Vong Hoi Ieong afirmou que o Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética irá, em breve, estudar um meio para implementar outros planos de apoio financeiro especializados.


7 hoje macau terça-feira 26.1.2016

SOCIEDADE

Sem volta a dar

É

pela lista B. A sentença havia sido conhecida em Junho do ano passado, mas Rui Furtado interpôs recurso. Segundo o acórdão, a que o HM teve acesso, o TSI entendeu que a direcção de Rui Furtado “não agiu de boa-fé” ao não entregar a lista completa dos associados da AMLP antes do acto eleitoral de Novembro

O

disse, admitindo que não vai concorrer nas próximas eleições, que decorrem a 7 de Fevereiro. “Já tinha tomado uma decisão no sentido de não me candidatar mais à direcção da Associação”, apontou.

O QUE FALTOU

Ao HM, Rui Furtado não quis comentar a decisão do TSI, mas disse que o processo acabou por dificultar

caso Alan Ho continua e com novas informações. Desta vez, na sessão de ontem, testemunhou uma recepcionista do Hotel Lisboa que indicou que a expressão “Young Single Ladies” designava um departamento especial de clientes da unidade hoteleira que se dedicava em exclusivo às mulheres que se prostituíam e cuja principal responsável era a segunda arguida do processo, Kelly Wang. A recepcionista apontou que Kelly Wang assumia a posição de “directora-adjunta para o mercado especial” e era a principal responsável pela gestão do departamento das “Young Single

Humberto também garantiu que não vai candidatar-se, mas admitiu apoiar a lista que deverá concorrer, encabeçada pelo médico pediatra Jorge Sales Marques. O HM contactou Jorge Sales Marques, que garantiu que só prestará declarações sobre a sua candidatura após as eleições, a 7 de Fevereiro.

RUI FURTADO MÉDICO

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

PJ sabia de prostituição no Lisboa Alan Ho terá participado em check-in de prostitutas

Ladies”, explica a Rádio Macau, indicando que para “obter quarto no Hotel Lisboa, as mulheres dirigiam-se aos balcões da unidade e apresentavam os documentos de identificação”. Era através destes dados que os funcionários sabiam imediatamente se as raparigas poderiam ou não ter quarto, mediante códigos que eram introduzidos no sistema. Contudo, no sistema informático existiam ainda códigos

com as siglas dos três primeiros arguidos do processo – Alan Ho, Kelly Wang e Peter Lun – que a recepcionista disse serem as únicas pessoas que tinham o poder para autorizar alterações nas fichas das raparigas que constavam do sistema. Alan Ho e Peter Lun terão assumido a direcção do departamento quando Kelly Wang ficou doente, ficando responsáveis pelo “check-in” das raparigas e marcan-

do presença no balcão da unidade hoteleira.

VER TARDIO

Durante a sessão do julgamento, um dos inspectores da Polícia Judiciária (PJ) indicou ainda que só em 2014 é que as autoridades se aperceberam da existência de uma zona própria na unidade para o check-in e check-out das mulheres que se prostituíam. Um dos investigadores, que trabalha na

PJ há mais de dez anos, disse que a presença de prostitutas era um facto conhecido da polícia há vários anos mas que só recentemente, durante a última investigação ao Hotel Lisboa, é que o Departamento da PJ que se dedica a este tipo de criminalidade, se apercebeu da existência de uma zona no balcão principal na unidade hoteleira onde as raparigas se deslocavam todos os dias para arranjar um quarto na unidade hoteleira, relata a Rádio Macau. No Tribunal Judicial de Base foram ouvidos nove investigadores da que participaram nas investigações e na rusga policial do dia 10 de Janeiro de 2015.

HOJE MACAU

O Tribunal RUI FURTADO PERDE MANDATO NA ASSOCIAÇÃO DE MÉDICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA de Segunda Instância deu razão ao médico Jorge Humberto e decretou a de 2012. O médico perde a realização de actividades “Foi triste o mandato, que também no seio da AMLP. anulação do “Foi triste e lamentável só se prolongaria até 7 de e lamentável que não se tenha conseguido Fevereiro. resultado das direcção cessante não fazer mais, mas o ambiente que não eleições de 2012 deu“A a conhecer ao autor, quer criado entre os sócios com se tenha enquanto associado, quer esta questão das eleições da Associação enquanto cabeça de lista anteriores não permitiu que conseguido fazer dos Médicos concorrente às eleições para se fizesse mais. Arranjou-se os corpos sociais – Lista B – um ambiente de cisão dentro mais, mas o de Língua a lista completa e actualizada da Associação e isso impetodos os associados ins- diu que se fizessem mais Portuguesa. Rui de ambiente criado critos até 29 de Novembro coisas”, apontou o médico. Furtado lamenta de 2012, apesar de o autor Apesar disso, Rui Furtaentre os sócios ter solicitado para o efeito”, do traça um balanço positivo que o caso não do trabalho realizado. “A pode ler-se. com esta questão acórdão lembra ainda Associação teve uma acção tenha permitido queOa “lista das eleições A, como candidata positiva e desenvolveu váa realização de à presidência da direcção, po- rias actividades do ponto de anteriores não efectuar acções de campa- vista científico e social. Fez mais actividades dia nha junto dos associados com um simpósio em que tentou permitiu que se direito de voto, enquanto que juntar as associações média lista B apenas podia efectuar cas de Macau, teve um papel fizesse mais. a decisão final. Os acções de campanha junto aos importante na comunidade juízes do Tribunal associados constantes na lista médica de Língua PortuArranjou-se um de Segunda Instân- que foi informada ao autor no guesa. O balanço é positivo. cia (TSI) negaram o dia 27 de Novembro de 2012”. Comprometemo-nos a fazer ambiente de recurso apresenta- Apesar disso, “o atraso na quatro acções por ano e fizecisão dentro da do pela direcção de entrega da lista integral não mos as quatro. AAssociação Rui Furtado, da Associação causou prejuízo para a lista não se envergonha daquilo Associação dos Médicos de Língua B”, apontam os juízes. que fez”, declarou. Portuguesa (AMLP), sobre Cumpridos os dois manEm declarações à TDM, e isso impediu a anulação do resultado das Jorge Humberto disse estar datos à frente da direcção da eleições de 2012, um pro- contente com a decisão. AMLP, Rui Furtado não pode que se fizessem cesso que tinha sido desen- “Estou satisfeito porque fi- candidatar-se novamente à cadeado pelo médico Jorge nalmente foi feita justiça”, presidência. À TDM, Jorge mais coisas” Humberto, que concorria


8 SOCIEDADE

J

hoje macau terça-feira 26.1.2016

OSEPH Lau perdeu um recurso no Tribunal de Última Instância (TUI), que não deu razão ao empresário de Hong Kong condenado por corrupção quando este pediu a fixação de jurisprudência sobre o seu caso. Lau defendia que a decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI) que o condenou era oposta a uma decisão relativa à mesma questão de Direito do mesmo tribunal, mas proferida em 2009. O empresário, recorde-se, está ligado ao chamado Caso La Scala e foi condenado a cinco e três meses por um crime de corrupção activa e um de branqueamento de capitais. Joseph Lau considerou, contudo, que para que fosse condenado por branqueamento teria de ter existido um crime de corrupção passiva praticado por Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas condenado a 29 anos e meio de cadeia, e não deveria ter sido considerado, segundo o recorrente, o crime de corrupção activa praticado por ele próprio. “[No acórdão que serve de base ao recurso] entendeu-se que, para efeitos de imputação do crime de branqueamento de capitais a uma arguida, o crime precedente não pode ser o crime de corrupção passiva para acto ilícito praticado pelo funcionário, devendo antes ser o crime de corrupção activa para acto ilícito praticado por outro arguido”, pode ler-se no acórdão ontem tornado público e que se re-

La Scala RECURSO DE JOSEPH LAU NEGADO PELO TUI

Queria, mas não deu

fere a um julgamento que também envolve Ao Man Long.

PERSPECTIVAS

O Colectivo do TUI não concorda. Para os juízes, Jospeh Lau foi

não só condenado pelo crime de branqueamento de capitais porque cometeu corrupção activa, mas também porque “prestou colaboração na dissimulação da origem das vantagens pagas ao arguido

“MUDANÇA DO TEMPO” FAZ CAIR AZULEJOS NO EDIFÍCIO DO LAGO • Um morador de uma fracção do Edifício do Lago partilhou no Facebook que os azulejos do corredor de um dos pisos caíram ao chão, sendo que, de acordo com outra moradora, a mesma situação já aconteceu em muitos outros corredores. O Instituto de Habitação (IH) afirmou ao HM que a queda dos azulejos se deveu à “mudança do tempo”, que registou temperaturas baixas. Junto com o Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), o IH foi avaliar a situação ontem e contactou o construtor do edifício para que seja feita uma reparação.

Ao Man Long, efectuando o pagamento, em forma sinuosa, dos subornos”. Já na outra decisão utilizada como fundamento para o recurso do empresário, a arguida foi absolvida do crime de branqueamento de capitais pois ficou provado “apenas que ela colaborou com [um] arguido que era corruptor activo na dissimulação das vantagens por este prometidas pagar a Ao Man Long”. O TUI defende que os factos “fundamentais sobre os quais assentam as decisões em causa são distintos” e até que não se encontram decisões opostas: “O TSI considerou que, para efeitos de imputação do crime de branqueamento de capitais, o crime precedente não pode ser o crime de corrupção activa. [O recurso] afirma que o crime de branqueamento de capitais tem como crime precedente a corrupção passiva para acto ilícito cometido pelo corrupto passivo, pelo que não se encontra, de modo algum, em oposição com [a decisão] que negou a punibilidade do crime de branqueamento de capitais porque o crime precedente não pode ser o crime de corrupção activa”. Ao Man Long foi condenado por corrupção passiva e, para o tribunal, “não se vislumbra nenhuma oposição, muito menos expressa” entre as duas decisões, pelo que decidiu negar o recurso a Joseph Lau. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

IDOSA MORRE NA SEQUÊNCIA DE HIPOTERMIA

U

MA mulher, de 88 anos, morreu ontem de hipotermia depois de ter sido transferida de um lar idosos no domingo para o hospital S.Januário, informaram os Serviços de Saúde. Foram sinalizados, entre a tarde de sexta-feira e de ontem, nove casos de hipotermia, um dos quais que se encontra em estado grave. Em comunicado, os Serviços de Saúde indicam que não houve, porém, um evidente aumento do número de utentes desde o início da rara vaga de frio. A temperatura baixou no domingo até aos 1,6 graus centígrados na Taipa Grande, situando-se entre os 2,4 e os 3,1 graus nos restantes pontos do território ao início da tarde, um valor que, segundo os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau, constitui o mais baixo em 67 anos. Em Hong Kong, o termómetro desceu no domingo para 3,3ºC na cidade e nas colinas chegaram a ser registadas temperaturas negativas, com a temperatura a atingir o valor mais baixo dos últimos 59 anos na antiga colónia britânica. Em linha com as previsões meteorológicas, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) decidiu suspender as aulas do ensino infantil, primário e especial, devendo as escolas regressarem à normalidade esta terça-feira.

COMISSÃO PARA A CIDADE SAUDÁVEL ESTENDIDA

A Comissão para a Cidade Saudável foi estendida por mais três anos, conforme publicação oficial em Boletim Oficial, assinada pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. O Chefe do Executivo justifica o prolongamento da Comissão por dar continuidade às acções lançadas no âmbito do projecto “Cidade Saudável”, nomeadamente, as denominadas “Escolas Promotoras de Saúde”, “Edifício Saudável”, “Comunidade Segura”, “Tabaco ou Saúde” e “Estilos de Vida Saudáveis”.


9 hoje macau terça-feira 26.1.2016

Graffiti CRITICADA EXCLUSIVIDADE DE ESTRANGEIROS EM FESTIVAL LOCAL

MAIS DE 180 MIL TNR EM 2015

Polémica na rua

M

HOJE MACAU

Asseguraram que era o primeiro Festival de Graffiti de Macau, mas não convidaram artistas locais para participar. A Associação do Poder das Artes está a ser criticada por um grupo de ‘writters’ do território

V

ÁRIOS artistas de Macau da área do graffiti queixam-se da organização daquele que é considerado o primeiro Festival de Graffiti de Macau, por não terem sido convidados artistas locais a participar. Ontem, como forma de protesto, os artistas optaram por apagar os graffitis já feitos por quatro ‘writers’ italianos no chamado Parque do Graffiti, junto à Rua dos Mercadores, tendo feito a sua versão do Festival. Conforme o HM já noticiou, a Associação do Poder das Artes convidou quatro artistas de graffiti do grupo italiano Truly Design, em meados deste mês, para a realização de palestras e sessões de graffiti em espaços públicos. O evento prolongou-

SOCIEDADE

ACAU fechou 2015 com o registo de 181.646 trabalhadores não residentes, um aumento de 6,6% comparativamente a 2014, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), disponíveis no portal do Gabinete para os Recursos Humanos, o universo de mão-de-obra importada equivalia a 45,3% da população activa e a 46,1% da população empregada, estimadas no final de Novembro. No intervalo de um ano, Macau ganhou, assim, 11.300 trabalhadores não residentes. Porém, em termos mensais verificou-se um decréscimo – o universo de mão-de-obra importada recuou de 182.246 pessoas em Novembro para 181.646 em Dezembro. O interior da China continua a ser a principal fonte de trabalhadores recrutados ao exterior, com 116.366 (64,06% do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar (24.729) num pódio que se completa com o Vietname (14.727). O sector dos hotéis, restaurantes e similares continua a figurar como o que mais absorve mão-de-obra importada (48.101), seguido do da construção (43.482). O universo de trabalhadores não residentes superou os cem mil pela primeira vez na história da RAEM chinesa em Setembro de 2008, número que voltou a ser ultrapassado em Maio de 2012, numa tendência não mais invertida em termos anuais homólogos.

AUTO-SILOS COM NOVAS TARIFAS A PARTIR DE MARÇO -se por mais de uma semana, mas, pelo que defendem artistas ouvidos pelo HM, não passaram por lá talentos locais. “Esse festival de graffiti foi organizado de uma forma muito individual, tendo apenas sido convidado um grupo estrangeiro para fazer uma apresentação. Acredito que um evento de graffiti deve permitir a participação de todos. Lamentamos o facto de

não termos sido convidados para participar. Iríamos usar as nossas capacidades para fazer um festival que pertence a todos”, disse ao HM Pat Lam, um dos artistas de Macau que ontem participou na acção de protesto.

DEDO EM RISTE

O artista explicou que a acção ontem realizada junto à Rua dos Mercadores contou com a

“Acredito que um evento de graffiti deve permitir a participação de todos. Lamentamos o facto de não termos sido convidados para participar. Iríamos usar as nossas capacidades para fazer um festival que pertence a todos” PAT LAM ARTISTA DE MACAU

participação de cidadãos, que asseguram que a actividade “foi autorizada” pelo Governo. “Existe um grupo em Macau de artistas que fazem graffiti em espaços públicos há mais de dez anos. Muitos também dão aulas”, acrescentou Pat Lam. O ‘writter’ apontou ainda o dedo à Associação do Poder das Artes por descurar esta arte, referindo ainda que o Festival não foi o primeiro em Macau, já que o grupo de artistas tem realizado diversas actividades no território. Para Pat Lam, a Associação utilizou o dinheiro do Governo para “fazer um show” que nem sequer incluiu aqueles que são de cá. O HM tentou confirmar a denúncia, mas não foi possível até ao fecho da edição. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

São no total onze os auto-silos que irão ter novas tarifas a partir de Março próximo, segundo um comunicado à imprensa do Gabinete de Comunicação Social (GCS). Jardim Vasco da Gama, Rua do Almirante Sérgio, Pak Vai (Estrada do Repouso), Pak Keng, Pak Kong, Pak Wai, Pak Kong, ETAR, Jardim de Iao Hon, Pak Lai (Portas do Cerco) e Edifício Cheng I são os espaços com novos preços. Com a actualização das tarifas, serão cobradas, ao automóveis, seis patacas por hora durante o tempo diurno e três no nocturno. Os passes mensais também ficam mais caros, variando entre as 1600 e as três mil patacas. As motas passam a pagar duas patacas por dia e uma à noite.

O HM ERROU O HM ERROU

Na notícia publicada ontem, relativa à alteração de condições de reconhecimento de carreira médica, não deve ser lido que o Governo irá abolir o exame para os médicos não residentes, mas sim que está a pensar nessa possibilidade.


10 PUBLICIDADE

hoje macau terรงa-feira 26.1.2016


11 hoje macau terça-feira 26.1.2016

A

NO novo, vida nova parece mesmo ser o lema para os Blademark neste início de 2016. A banda de Macau terminou a ligação à 100PlusMusic para seguir o seu próprio caminho e está em negociações adiantadas com um investidor privado interessado no desenvolvimento da cultura local, para montar o seu próprio estúdio e dedicar-se em exclusivo à produção de música. “A grande diferença em termos de posicionamento”, adianta-nos Fortes Pakeong Sequeira, fundador da banda, “é começarmos a olhar mais para nós como um produto cultural que pode gerar rendimentos complementares para além dos concertos”.

BLADEMARK LANÇAM FAIXAS DE NOVO EP E TÊM NOVOS PROJECTOS

“Queremos olhar para nós como um produto cultural” BLADEMARK

Querem ser estrelas do rock, lutam contra as dimensões de Macau - materiais e mentais - mas continuam a trabalhar. Separaram-se da 100PlusMusic e estão a montar o seu próprio estúdio. Edições anuais, merchandising e concertos lá fora são aposta dos Blademark, a banda de Macau que pisca agora o olho à China. É o que conta Fortes Pakeong Sequeira, o líder do grupo

como Fortes Pakeong lida com isso. A exiguidade do local é claramente um dos principais problemas: “Não é fácil. Não temos estruturas sociais de apoio”, pois a mentalidade não ajuda. “Artista? Os locais são capazes de reconhecer valor artístico a músicos de Hong Kong, da China ou de outros lados, mas com os daqui é diferente. Olham para nós e acham ‘tu és apenas o meu vizinho...’”. Fortes Pakeong, todavia, assume a inexistência de uma cultura rock em Macau, “As pessoas têm dificuldade em entender a cultura rock porque a verdade é que apesar de alguns ouvirem as músicas e irem aos concertos, acho que não entendem o que estamos a fazer. E não entendem porque precisam de crescer culturalmente”, rematou.

ARTISTAS UNAM-SE

Por isso mesmo, os Blademark querem iniciar a produção de merchandising próprio da banda, como t-shirts ou outros gadgets. “É a nossa bandeira. É a marca da nossa banda. Além da música queremos criar coisas que as pessoas usem, agarrem e sintam.”

Para já, as pessoas podem sentir três músicas do EP que os Blademark esperam que esteja concluído este Verão: duas em Mandarim que servem como “um ‘olá’ ao público do outro lado das Portas do Cerco”, como adianta Fortes, e que se chamam “Just a little thing”

“As pessoas têm dificuldade em entender a cultura rock porque a verdade é que apesar de alguns ouvirem as músicas e irem aos concertos, acho que não entendem o que estamos a fazer. E não entendem porque precisam de crescer culturalmente” FORTES PAKEONG FUNDADOR DOS BLADEMARK

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O MUNDO DE SOMA ZERO • Gideon Rachman

EVENTOS

A lógica de soma zero, na qual o lucro de um país equivale à perda de outro, impediu que as nações chegassem a acordo no combate às alterações climáticas e ameaça conduzi-las a um novo declínio económico generalizado. A lógica soma-zero está por detrás de outros problemas internacionais, como o da guerra no Afeganistão ou o do acesso às reservas de energia, água e alimentos. Estas questões políticas e económicas podem provocar novas guerras, catástrofes ambientais e crises financeiras agravadas. Este livro define os termos de um novo debate. Gideon Rachman mostra claramente que ao otimismo decorrente do colapso da União Soviética, sucedeu, no rescaldo da grande crise financeira, uma profunda ansiedade. Neste livro obrigatório, Rachman sustenta que a política internacional se tornou muito mais perigosa e volátil e explica o que se pode fazer para contrariar esta lógica debilitante de um mundo soma zero.

e “Livin’ Off The Wall”, e uma em Cantonês, “Rainy Night Dream”, numa sentida homenagem à mãe de Fortes. “A minha querida mãe faleceu em Outubro de 2013. Não há dor maior que esta na vida. Nos dias que se seguiram sentia-me com um patinho perdido às voltas no lago. Felizmente esses dias passaram e a minha tentativa foi a de transformar o negro em energia positiva, para ser capaz de enfrentar com coragem desafios ainda maiores que esse grande mundo com certeza tem para mim.”

CRESÇAM E APAREÇAM

Sabemos que não é fácil viver como artista em muitos sítios e em Macau não é excepção, mas quisemos saber

Umas das preocupações de Fortes Pakeong é o isolamento a que muitos criadores se votam. Para ele, os artistas têm de fazer mais, de cooperar mais, não sendo correcto assacar sempre as culpas ao Governo. Segundo ele, o Governo até tem desenvolvido uma acção positiva ao “disponibilizar financiamento e criar acções de apoio”. Contudo, diz o músico, as pessoas trabalham demasiado em pequenas ilhas isoladas e colaboram de menos. “Claro que podemos e devemos fazer espectáculos e eventos a solo, mas também devemos pensar em formas de colaboração mais abrangente. Alguns preocupam-se apenas em receber os subsídios e fazerem as coisas para eles próprios em vez de criarem bases para o nosso futuro. Isso é muito errado.” Depois da nossa entrevista, Fortes Pakeong tinha ir para um concerto privado, um lançamento de produto, num dos hotéis do Cotai, pois assim se vão pagando as contas. Enquanto não temos datas ao vivo dos Blademark para anunciar, fique com um excerto da letra de “Rainy Night Dream”, um tema, tal como os outros dois, disponível na internet. “(…) On the day when all was gone Only left an unfinished dream Who can understand? A million words hidden in my heart Hard to be burnt, in this broken dream I wish for a reunion with you, in heaven (…)”

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

JOSÉ E PILAR - CONVERSAS INÉDITAS • Miguel Gonçalves Mendes, Valter Hugo Mãe

Durante quatro anos, Miguel Gonçalves Mendes filmou José Saramago e Pilar del Río, na intimidade de Lanzarote, em viagens de trabalho por todo o mundo, em festas com os amigos e a família. Desse intenso registo resultaram, primeiro, o filme, José e Pilar, e agora, o livro que se compõe, essencialmente, de material inédito: centenas de horas de conversa que exploram os grandes temas - da política ao amor, passando pelo trabalho, a literatura e a morte.


12 CHINA

hoje macau terça-feira 26.1.2016

U

M membro do governo de Xinjiang, a região do nordeste chinês onde Pequim diz actuarem grupos terroristas, assegurou que alguns membros do Partido Comunista nessa zona apoiam, e até organizam, actividades de terrorismo. “A maioria dos membros do Partido em Xinjiang é determinada e tem a mente limpa. No entanto, há membros do Partido que têm ‘duas caras’ no que toca às questões de anti-separatismo, anti-infiltração e anti-terrorismo. Alguns dirigentes até apoiaram, participaram e organizaram actos terroristas”, disse Xu Hairong, secretário da Comissão para Inspecção Disciplinar de Xinjiang. Os comentários de Xu foram publicados no domingo num jornal afiliado à Comissão e citados pelo diário de Hong Kong South China Morning Post. Segundo Xu, as autoridades de Xinjiang lidaram, no ano passado, com 672 casos de violação de disciplina política. Na sexta-feira, as autoridades chinesas alertaram para o risco crescente de ataques terroristas na China.

Xinjiang PEQUIM ACUSA MEMBROS DO PCC DE APOIAR TERRORISMO

Militantes de “duas caras”

“Há membros do Partido que têm ‘duas caras’ no que toca às questões de anti-separatismo, anti-infiltração e anti-terrorismo. Alguns dirigentes até apoiaram, participaram e organizaram actos terroristas” XU HAIRONG SECRETÁRIO DA COMISSÃO PARA INSPECÇÃO DISCIPLINAR DE XINJIANG No entanto, peritos e grupos de defesa dos Direitos Humanos consideraram que a política repressiva de Pequim relativamente à cultura e religião dos uigures alimenta as tensões em Xinjiang. Após os atentados em Paris, a 13 de Novembro de 2015, a China elevou o nível de alerta terrorista e apelou a que os “separatistas uigures” sejam incluídos na luta mundial contra o terrorismo. Em 2014, 712 pessoas foram condenadas na China por terrorismo e actividades separatistas, segundo dados oficiais apresentados durante a Assembleia Nacional Popular chinesa, que se realiza todos os anos em Março.

EM ACÇÃO

No dia 1 de Janeiro entrou em vigor na China uma lei anti-terrorismo, que prevê a criação de um grupo nacional de combate ao extremismo. A China considera os separatistas de Xinjiang responsáveis pelos conflitos na região, entre a minoria muçulmana uigur e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.

INDÚSTRIAS COM EXCESSO DE CAPACIDADE PREOCUPAM BANCOS

O

maior risco detectado nas avaliações do crédito dos bancos chineses, em 2015, está relacionado com empréstimos concedidos a indústrias com excesso de capacidade, escreve ontem a imprensa oficial, citando um estudo do sector. De acordo com a pesquisa realizada pelo China Banking Association, em parceria com a consultora PricewaterhouseCoopers (PwC), 82% dos banqueiros alertou para os perigos nas indústrias do aço, ferro, cimento e construção naval. Até Setembro de 2015, o incumprimento de crédito na China disparou 55%, em termos homólogos, para 181 mil milhões de dólares. Nos últimos anos, Pequim apostou na construção de grandes obras públicas para manter o passo da economia, baseando-se num modelo que admite agora ser “insustentável”. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 6,9% em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos, colo-

PUB

TAIWAN MAIS DE 85 MORTOS DEVIDO A RARA VAGA DE FRIO MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 5/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor YANG BO, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da R.P.C. n.° W40178XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 96/ DI-AI/2013 levantado pela DST a 10.09.2013, e por despacho da signatária de 14.01.2016, exarado no Relatório n.° 10/DI/2016, de 04.01.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua Francisco H. Fernandes n.° 24, Edf. Pak Tak (China Civil Plaza), 7.° andar AA onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Janeiro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Uma vaga de frio em Taiwan causou já a morte de mais de 85 pessoas na ilha, a maioria com mais de 65 anos e devido a problemas cardíacos e respiratórios desencadeados pelas baixas temperaturas, segundo dados dos bombeiros. A ilha, com temperaturas que nesta época do ano rondam habitualmente os 20 graus, foi atingida por uma rara vaga de frio que levou os termómetros a cair abaixo de zero, algo a que os taiwaneses não estão habituados. Só na cidade de Taoyuan, no norte, junto ao aeroporto da capital, Taipé, morreram 35 pessoas por complicações relacionadas com o frio, como hipotermia e problemas de coração, devido à descida repentina das temperaturas. Até na cidade de Kaohsiung, no sul, e de clima semi-tropical, se registaram temperaturas próximas dos cinco graus, que levaram à morte de 16 pessoas, com paragens cardíacas. Nas cidades contíguas de Taipé e Nova Taipé morreram, pelo menos, 31 pessoas, com as temperaturas a baixar para os zero graus. Espera-se que a onda de frio passe na quarta-feira e que as temperaturas voltem a chegar aos 20 graus.

cando maior pressão nos sectores anteriormente beneficiados pelas medidas de estímulo. “Numa altura em que a economia sofre uma pressão descendente (...) o perigo e seriedade das empresas zombie (firmas consideradas improdutivas) assumem maior dimensão”, escreveu o Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista Chinês. Em 2015, o sector terciário representou pela primeira vez mais de metade do PIB da China, à frente da indústria e agricultura. “A transferência de velhos para novos motores de expansão (...) permitirá absorver a mão-de-obra excedente nas indústrias tradicionais a tempo das reformas libertarem o potencial latente”, apontou há dias o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. “Os sectores do aço e do carvão deveriam tomar a iniciativa e cortar no excesso de capacidade, absorver os estoques em demasia, reduzir custos e melhorar os níveis de eficiência”, acrescentou.


13 hoje macau terça-feira 26.1.2016

Novas oportunidades Coreia do Sul abre centro para apoiar exportações para o Irão

A

Coreia do Sul inaugurou ontem um centro de negócios para apoiar as empresas locais que querem exportar para o Irão após a abertura do país ao exterior, devido ao levantamento das sanções internacionais. O centro conta com o apoio dos ministérios sul-coreanos das Finanças e Comércio, assim como do Banco de Exportação e Importação, e estará encarregado de proporcionar informação e serviços de consultadoria em matéria de comércio e investimento. “O mercado iraniano será um bónus para a economia sul-coreana quando as nossas empresas fizerem bom uso dele”, disse ontem o vice-ministro das Finanças, Choi Sang-mok, segundo declarações recolhidas pela agência Yonhap durante a cerimónia de abertura das instalações, no centro de Seul.

No passado dia 16 de Janeiro, o Organismo Internacional de Energia Atómica confirmou que Teerão cumpriu as exigências para pôr em marcha o acordo nuclear alcançado no passado mês de Julho, em Viena, pelo Grupo 5+1 (Estados Unidos, França, China, Reino Unido, Rússia e Alemanha) e a República Islâmica. Os especialistas sul-coreanos consideram o regresso de Teerão ao panorama global como uma grande oportunidade para a Coreia do Sul, dado que o país rico em petróleo está a trabalhar intensamente em projectos de infra-estruturas e desenvolvimento. O Irão é o quarto país em reservas de petróleo do mundo e o primeiro de gás natural, ainda que a sua capacidade de exploração esteja muito limitada devido às sanções internacionais que tinham sido impostas devido ao seu controverso programa nuclear.

“O mercado iraniano será um bónus para a economia sul-coreana quando as nossas empresas fizerem bom uso dele” CHOI SANG-MOK VICE-MINISTRO DAS FINANÇAS

REGIÃO

MALÁSIA DETIDOS SUSPEITOS DE PERTENCEREM AO EI

A

polícia da Malásia deteve sete pessoas suspeitas de pertencerem ao grupo extremista Estado Islâmico e que alegadamente preparavam vários atentados em lugares públicos no país, informa ontem a imprensa local. As detenções tiveram lugar em vários pontos do país, com a polícia a apreender também munições, livros sobre extremismo islâmico e propaganda do grupo, afirmou o chefe da polícia, Khalid Abu Bakar, no domingo à noite. “Foram detidos numa operação especial que começou na sexta-feira. Acreditamos que os suspeitos planeavam ataques em lugares estratégicos no país”, disse Khalid, citado pelo diário The Star. Segundo Khalid, um dos detidos, recebeu ordens de Bahrun Naim, o indonésio considerado o cérebro do atentado deste mês em

Jacarta, em que morreram oito pessoas, incluindo os quatro atacantes. Após as detenções, a unidade do Estado Islâmico na Síria, formada por indonésios e malaios, chamada Katibah Nusantara, publicou um vídeo em que prometeu vingança, segundo o mesmo jornal. A polícia malaia já deteve mais de uma centena de pessoas por suspeitas de colaboração com o Estado Islâmico, incluindo cerca de 50 malaios. A Malásia tem uma população de quase 30 milhões de habitantes, em que 61% são muçulmanos.

PUB HM • 2ª VEZ • 26-1-16

HM • 2ª VEZ • 26-1-16

ANÚNCIO Execução de Sentença sob a forma Sumária Exequente: Executados:

n.º CV2-05-0055-CAO-A

2º Juízo Cível

Sio Chong Meng ( 蕭頌銘 ), casado, de nacionalidade chinesa, residente em Macau, na Travessa da Sé, n.º 10, rés-do-chão “B-C”. Yuen Wai Nang ( 袁偉能 ), solteiro, maior, com última residência conhecida em Hong Kong, Causeway Bay, 5-19, Jardine`s Bazaar, Capitol Centre, 904-6, ora ausente em parte incerta; Tang Kuok Fai ( 鄧國輝), casado, residente em Macau, na Avenida do Coronel Mesquita, Edf. Jade Garden, Bloco 2, 8º andar I.

Nos autos supra identificados, foi designado o dia 01 de Março de 2016, pelas 11:00 horas, neste Tribunal , para a venda por meio de proposatas em carta fechada, os bens penhorados abaixo identificados. Bens Penhorados Quotas Sociais 1. Quota da Companhia de Engenharia Contec Limitida; O valor da base da venda: MOP$7,000.00 (Sete Mil Patacas). 2. Quota da Optica Boss Companhia, Limitada; O valor da base da venda: MOP$1,400.00 (Mil, Quatrocentas Patacas). 3. Quota da Sociedade de Investimento e Desenvolvimento Predial Wisemen Companhia Limitada; O valor da base da venda: MOP$17,500.00 (Dezassete Mil, Quinhentas Patacas). 4. Quota da Companhia de Catering Cozinha de Casa Limitada (家廚飲食服務有限公司); O valor da base da venda: MOP$16,450.00 (Dezasseis Mil, Quatrocentas e Cinquenta Patacas). 5. Quota da Companhia de Transporte e Limpeza Fastclean Limitada (清捷搬運清潔有限公司); O valor da base da venda: MOP$ 14,000.00 (Catorze Mil Patacas). 6. Quota da Waterfront Marine – Artigos Náuticos (Internacional) Limitada; O valor da base da venda: MOP$14,000.00 (Catorze Mil Patacas). 7. Quota da Companhia de Projectos Interiores, Decoração & Engenharia 3 D, Limitada (3D 室內設計 裝飾工程有限公司); O valor da base da venda: MOP$18,900.00 (Dezoito Mil, Novecentas Patacas). Matrícula: Veículo Automóvel MH-85-73. Marca: TOYOTA. Modelo: PREVIA. O valor da base da venda: MOP$3,500.00 (Três Mil, Quinhentas Patacas).

ANÚNCIO Execução de Sentença sob a CV2-05-0055-CAO-A 2º Juízo Cível forma Sumária (apenso) n.º ________________________ Exequente: Sio Chong Meng ( 蕭頌銘 ), casado, de nacionalidade chinesa, residente em Macau, na Travessa da Sé, n.º 10, rés-do-chão “B-C”. Executados: Yuen Wai Nang ( 袁偉能 ), solteiro, maior, com última residência conhecida em Hong Kong, Causeway Bay, 5-19, Jardine`s Bazaar, Capitol Centre, 904-6, ora ausente em parte incerta; Tang Kuok Fai ( 鄧國輝), casado, residente em Macau, na Avenida do Coronel Mesquita, Edf. Jade Garden, Bloco 2, 8º andar I. Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos executados para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelos produtos dos bens penhorados sobre que tenham garantia real e que é o seguinte: Bens Penhorados Conta Bancária do executado Yuen Wai Nang (袁偉能)

Contas Bancárias do executado Tang Kuok Fai (鄧國輝)

O preço das propostas deve ser superior ao valor da base da venda acima indicado. Os interessados na compra devem entregar a sua proposta em carta fechada, com indicação nos envelopes das propostas, a seguinte expressão “proposta em carta fechada”, “2º Juízo Cível” e o “Processo Número: CV2-05-0055-CAO-A”, na Secção Central deste Tribunal, até o dia 29 de Fevereiro de 2016, até 17:45 horas, podendo os proponentes assistir ao acto da abertura das propostas. É fiel depositária a Sra. Chan Mei Oi, com domicílio em Macau, na Praça de Luís de Camões 1F, Edf. Mei Lai, 5º andar H, que está obrigado, durante o prazo dos edital e anúncio, a mostrar os bens a quem pretenda examiná-los, pondendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação dos bens supra referidos, podem, querendo, excercerem o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do artº 787º do C.P.C.M. Macau, aos 08 de Janeiro de 2016.

O saldo da conta no Banco da China no valor de HKD$5,765.00.

1. 2. 3. 4. 5.

O saldo da conta no Banco Weng Hang, no valor de HKD$3,527.10, O saldo da conta no Banco da China, no valor de HKD$259,577.84. O saldo da conta no Banco da China, no valor de MOP$44,549.71. O saldo da conta no Banco da China, no valor de RMB$103,853.73. O saldo da conta no Banco Delta Asia, no valor de MOP$2,424.93.

Aos 12 de Janeiro de 2016.

Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

www.hojemacau.com.mo


h

hoje macau terça-feira 26.1.2016

ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

luz de inverno

Boi Luxo

Trudno byt’ bogom, Hard to be a God, Aleksei German, 2013

U

M pouco como as imagens de Bosch, este filme é confuso e mostra o ecrã constantemente repleto de corpos dos habitantes desta localidade deste planeta que não é o planeta Terra mas um outro que não fica muito longe e que não evoluiu para lá daquilo que chamamos a Idade Média, que em si é um nome estúpido porque não quer dizer nada, apenas que está no meio. As primeiras imagens parecem mais Brueghel que Bosch, superfícies nevadas com figuras ao fundo mas depois não, e aí começa uma demente perambulação. Uma das suas figuras é um terráqueo enviado para o meio dos habitantes deste planeta imaginado primeiro pelos irmãos Strugatski e adaptado pelo realizador Alexei German que morreu antes da conclusão das filmagens que se arrastaram por quinze anos e que foi acabado pelo seu filho e pela sua mulher, Alexei German Jr. e Svetlana Karmalita. É ideal no género. Escatológico, sujo, demente, com muito cuspo e ranho, cagalhões e anões, extremamente sensorial, um permanente lodaçal porque neste planeta a chuva cai com muita intensidade mesmo que durante pouco tempo e todas as pessoas andam sujas e enlameadas e de chapéus cómicos, só o protagonista (pelo

menos é o que aparece mais vezes e que constitui a linha que nos guia ao longo do filme) é que tem a pele branca e mostra um tronco limpo de tempos a tempos. E algumas mulheres. Um aristocrata deve andar limpo e cheirar bem, o que constitui firme contraste num local onde tudo e todos fedem. A câmara acompanha este principal, Don Rumata, que é uma espécie de aristocrata ou deus ou descendente de deuses, seguindo-o verdadeira e obsessivamente ao longo de uma extensa perambulação e os episódios que se sucedem parecem não ter grande relação entre si, apenas o deus ou semi-deus no meio de muitos rostos e animais e objectos (e animais) pendurados. Seria um grande avanço se houvesse mais filmes assim caóticos e com gente suja que (isto eu gosto muito) olha directamente para a câmara como se isto fosse um documentário e talvez porque pode ser mesmo um documentário – é noutro planeta, um que ficou na Idade Média e não chegou ainda ao Renascimento, que é uma queixa que se ouve no filme. E o Renascimento, onde está? É tentador pensar que isto seria o que a Europa podia ter sido se, como aconteceu neste planeta, a Renascença não tivesse florescido ou porque não ou porque alguma força com propensão totalitária a tivesse

impedido de florescer. Aqui chegou a haver algo que não se desenvolveu. Quem não vir este filme será mais burro. Quem o vir ficará a andar de uma maneira diferente durante algumas horas - enquanto o seu efeito perdurar, um pouco como quando as pessoas eram mais simples e saíam do cinema transformadas. Isto quer dizer que este filme tem um poder transformativo. Não é inocente que a semana passada aqui se tenha falado de Markéta Lazarová porque há semelhanças na intensidade colocada na criação das imagens. Existem igualmente semelhanças a nível do som, mais precisamente num desfasamento entre as imagens e o som das falas, um artifício estilístico que marca todo o filme, como marca alguns filmes de Sokurov, e que equivale a um sussuro intimista no meio de tanta confusão de gentes. Não ver este filme é um erro, porque poucos serão tão grandiosos e tão ambiciosos e tão úteis como modelo extremo, como exemplo único.* A história passa-se num planeta que se encontra com cerca de 800 anos de atraso em relação à Terra, na cidade de Arkanar, no Oltregolfo. 30 cientistas são enviados para estudar a situação. A Renascença não chegou a florescer, a Universidade foi fechada e as mentes mais iluminadas foram perseguidas. Alguns fugiram para Irukan,

onde há mais liberdade. Isto é-nos contado no início, depois das imagens frias que parecem Brueghel e enquanto um espertalhão espeta uma lança no rabo de um defecador. Depois começa a dança. Há uma aparência de conflito. Os Grays e os de Preto, semelhantes estes últimos a um grupo de religiosos, que se disputam no Reino de Arkanar. Eu sei que o livro dos irmãos Strugatski tem uma trama muito mais clara e que Don Rumata tem como missão salvar poetas e cientistas ameaçados por um estado em estado pré-totalitário. No filme este conflito não se define, mas a vertigem de seguir Don Rumata por entre os labirintos de Arkanar é mais que suficiente a olhos gulosos e ávidos de emoções. Se a indefinição foi propositada ou não não sei mas sei que com esta “falta” a navegação de Rumata pelo meio de tantos objectos pendurados, chouriços, animais, chocalhos, pedaços de comida, de pano, a interferir constantemente com a progressão das personagens, se torna inesquecível. Fica aqui o aviso: quem não vir Trudno byt’ bogom pode vir a sofrer com isso. *como acontece com filmes que se tornam inesquecíveis pela sua imagética particular, como Blue, ou Tetsuo, Querelle, Eraserhead, Markéta Lazarová, Ashes of Time, Der Tod der Maria Malibran, Delicatessen, La Jetée, ou Amor de Perdição.


15 hoje macau terça-feira 26.1.2016

Yao Feng

Poema e foto

Mestre Com a tartaruga, meu estimado Mestre, aprendi a “devagar se vai longe”, a fazer sem actuar, a ter longa vida sem ir ao médico, a compreender o que significa a eternidade … Todos os dias estudo ensinamentos que ele me traz no casco. O Mestre já foi promovido ao Full Professor


16 DESPORTO

hoje macau terça-feira 26.1.2016

Norte em alta Porto e Braga vitoriosos em dia de eleições

O MAREGA E JOSÉ SÁ RUMAM AO DRAGÃO

O

s futebolistas Marega e José Sá vão assinar com o FC Porto e deixam de representar o Marítimo, anunciou o clube madeirense no seu sítio oficial. “O avançado franco-maliano Moussa Marega e o guarda-redes internacional português José Sá vão ser jogadores do FC Porto. Deixam, assim, de pertencer aos quadros do C.S. Marítimo”, pode-se ler na nota publicada. Na sua página oficial no Facebook, o clube madeirense acrescenta que os dois jogadores, que a imprensa apontava como alvos do Sporting, vão assinar por cinco épocas e meia. Nelo Vingada perde agora duas opções para o jogo decisivo de quarta-feira com o Famalicão (20:15), para determinar a passagem às meias-finais da Taça da Liga.

FC Porto regressou domingo às vitórias, ao derrotar em casa o Marítimo, por 1-0, em jogo da 19.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, marcado pela estreia de José Peseiro como treinador dos ‘dragões’. Após derrotas em Guimarães (1-0), para o campeonato, e no terreno do Famalicão, na Taça da Liga, o FC Porto voltou ao Estádio do Dragão e venceu com um golo do guarda-redes Salin na própria baliza, aos 22 minutos, depois de um remate de André André que levou a bola a bater na barra e a ressaltar nas costas do guardião. Depois de quatro jogos com Rui Barros como técnico interino, na transição entre Julen Lopetegui e José Peseiro, o FC Porto passou a somar 43 pontos e manteve distâncias em relação aos da frente - Sporting (48) e Benfica (46) - e também face ao quarto classificado, o Sporting de Braga (35), enquanto o Marítimo somou a sétima derrota no campeonato,

PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 6/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor MA XIANGDONG, portador do Passaporte da R.P.C. n.° G34022XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 96/DI-AI/2013 levantado pela DST a 10.09.2013, e por despacho da signatária de 14.01.2016, exarado no Relatório n.° 11/DI/2016, de 04.01.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Francisco H. Fernandes n.° 24, Edf. Pak Tak (China Civil Plaza), 7.° andar AA.-----------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Janeiro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 20/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora GUO LINA, portadora do Salvo-Conduto de dupla viagem da RPC n.° W58263xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 45/DI-AI/2014 levantado pela DST a 14.04.2014, e por despacho da signatária de 14.01.2016, exarado no Relatório n.° 30/DI/2016, de 07.01.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Xangai n.° 21-E, I Keng Fa Un, I Tou Kok, 15.° andar C.-----------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Ou tubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Janeiro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

segunda consecutiva, e segue no 13.º lugar, com 21 pontos.

CHUVA DE GOLOS

O Sporting de Braga consolidou o quarto lugar da I Liga portuguesa de futebol, ao golear o Rio Ave, por 5-1, em jogo da 19.ª jornada, disputado no Estádio Municipal de Braga. O marroquino Hassan, que na primeira volta já tinha feito o golo do triunfo sobre o Rio Ave (1-0), voltou a marcar à sua ex-equipa, agora por duas vezes (10 e 17 minutos), fixando o resultado ao intervalo. Na segunda parte, Kayembe ainda reduziu a diferença (47), mas Pedro Santos (64), Rafa (66) e Rui Fonte (75) desnivelaram o resultado. O Sporting de Braga passou a somar 35 pontos, enquanto o Rio Ave manteve o sétimo Lugar, com 25, agora em igualdade com o Vitória de Setúbal, oitavo.

RUI VITÓRIA ATINGE MELHOR SÉRIE NO COMANDO DA EQUIPA

Após a vitória frente ao Arouca (3-1), o treinador Rui Vitória atingiu a sexta vitória consecutiva no campeonato e a melhor série desde que chegou ao comando técnico da equipa da Luz, segundo destaca A BOLA. Quando estava no Vitória de Guimarães, a melhor marca que tinha conseguido era de cinco vitórias consecutivas na Liga, mas agora conseguiu os três pontos frente ao Rio Ave, Vitória de Guimarães, Marítimo, Nacional, Estoril e Arouca, tendo assim batido o seu anterior recorde.


17 hoje macau terça-feira 26.1.2016

TEMPO

POUCO

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” Museu da Transferência, 18h30 Entrada livre

Quarta-feira

MIN

6

MAX

13

HUM

45-90%

EURO

8.68

BAHT

“VOLTA À TERRA” IN DOCLISBOA POR JOÃO PEDRO PLÁCIDO Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

Sexta-feira

“FADO CAMANÉ” IN DOCLISBOA POR BRUNO ALMEIDA Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

Sábado

O CARTOON STEPH DE

SUDOKU

BIENAL DE DESIGN Museu da Transferência de Soberania Entrada livre EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” Casa Garden Entrada livre HISTÓRIA NAVAL Arquivo Histórico de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA Museu de Arte de Macau Entrada a cinco patacas

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 16

PROBLEMA 17

HOJE HÁ FILME

Cineteatro

C I N E M A

THE 5TH WAVE SALA 1

16.45, 21.30

Filme de: J. Blakeson Com: Chloe Grace Moretz, Nick Robinson, Ron Livingston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3

THE 5TH WAVE [B]

SALA 2

STEVE JOBS [B]

Filme de: Danny Boyle Com: Michael Fassbender, Kate Winslet, Seth Rogen 14.30, 19.15

THE BIG SHORT [C]

Filme de: Adam Mckay Com: Christian Bale, Brad Pitt, Ryan Gosling, Steve Carell

THE BIG BEE [C]

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLES Filme de: Yukihiko Tsutsumi Com: Yosuke Eguchi, Masahiro Motoki, Yukie Nakama 14.15, 16.45, 21.30

1.22

Há uma maneira muito própria de fazer negócio na China. Basta abrir uma série de lojas e bancas de snacks iguais e espalhá-las nos vários locais históricos do país. Ainda que esses locais sejam muito diferentes e contem pedaços da história chinesa diversos. Ponham lá uns comerciantes aos gritos a vender roupas, paus de selfie e snacks fritos e doces e temos turismo histórico do século XXI. Eu, apesar de estar em Macau, gosto de ir à China de vez em quando para conhecer o país real. Gosto sobretudo de gatinhar aos locais mais históricos para descobrir a verdadeira China que se perdeu no meio dos arranha-céus. Mas não gosto mesmo nada quando estou a ver antigas vilas ou espaços restaurados e esbarro com berros e tentativas de venda de bugigangas em cada esquina. Dá-me cabo da cabeça e tira-me a vontade de descobrir a China como ela foi. Mas como sou esperto procuro fugir desta realidade e conhecer outras. Desbravar caminho além dos centros comerciais chineses super ocidentais e ir além das tendas que vendem meias a 20 yuan. Há espaços feitos de velhinhos tijolos que merecem uma tarde bem passada, um passeio debaixo de chuva ou um café na esplanada improvisada. Pu Yi

“DIRTY GRANPA” (DAN MAZER, 2016)

Se o seu avô lhe pedisse para que o levasse de carro a um local que lhe é especial, diria que não? Não. Pois foi o que Jason Kelly (Zac Efron) fez e... arrependeu-se. Dick Kelly (Robert De Niro) não é um avô normal: ele quer festas de faculdade, ele quer sexo e quer tudo menos viver sossegado. Completamente o oposto do neto, um “betinho” de primeira, Dick vai fazer trinta por uma linha, num filme onde os diálogos são de chorar a rir e a comédia acontece de forma fácil. Joana Freitas

SALA 3

IP MAN 3 [C]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLES Filme de: Wilson Yip Wai Shun Com: Donnie Yen, Lynn Xiong, Max Zhang 19.30

YUAN

HISTÓRIA E BUGIGANGAS

Quinta-feira

Diariamente

0.22 AQUI HÁ GATO

“MIO PENG FAI” IN DOCLISBOA POR PEDRO CARDEIRA Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” Museu de Arte de Macau Entrada livre

(F)UTILIDADES

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; Aurelio Porfiri; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos; Thomas Lim Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau. com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau terça-feira 26.1.2016

JOSÉ MANUEL PAQUETE DE OLIVEIRA in Público

Uma vergonha RUBEN ALVES, LA CAGE DORÉE

J

Os nossos políticos só em determinadas e oportunísticas ocasiões gostam de referir a diáspora portuguesa. De resto, até preferem esconder os números exactos dos contingentes migratórios

Á por ocasião das eleições presidenciais, alertado por muitos leitores, coloquei esta questão: a situação de desprezo em que se encontram os emigrantes portugueses que, desejem exercer o seu direito de voto nos actos eleitorais do nosso país. Esta situação arrasta-se há longos anos e custa perceber como ainda nenhum governo resolveu este caso. Na passada segunda-feira, (18.01.2016), o PÚBLICO divulgou nas suas páginas um artigo da professora de Economia Portuguesa na Universidade de Paris IV – Sorbonne e também autarca na região de Paris, Cristina Semblano, “Os emigrantes e as eleições presidenciais: uma história de exclusão”, cuja leitura só nos pode fazer corar de vergonha. Ainda na sua edição de ontem, o PÚBLICO, a propósito destas eleições – escrevo ainda antes de saber os resultados finais – referindo dados oficiais, afirmava que para este acto de 2016 estavam inscritos 9.741.792 votantes. Estes dados, aliás, são, como se sabe, uma grande mentira, pois os cadernos eleitorais não estão actualizados. Fazendo alusão a esses mesmos dados, o PÚBLICO citava que estão inscritos nos consulados espalhados pelo mundo 302.282 emigrantes. Para já este número, face à população global emigrante portuguesa, é irrisório. Não creio que esta mínima parcela de inscritos possa significar um alheamento total dos nossos emigrantes das coisas do nosso país. Por melhor que estejam integrados nas comunidades estrangeiras onde vivem. Na sua grande maioria, as reportagens e depoimentos recolhidos junto dos emigrantes nega a existência desse alheamento. E por isso mesmo dos actos eleitorais que por cá se realizam. Tal situação só pode corresponder à pouca atenção que se dá à vasta colónia migrante portuguesa a viver nos mais diversos países do mundo e ao fraco trabalho de diplomacia política e económica exercido junto desses portugueses. Os nossos políticos só em determinadas e oportunísticas ocasiões gostam de referir a diáspora portuguesa. De resto, até preferem esconder os números exactos dos contingentes migratórios. Mas, fazendo fé nesse escasso número de inscritos, o que, sobretudo, nos deve chocar são as condições garantidas ou proporcionadas a esses emigrantes portugueses. E essas condições de vergonhoso desrespeito crónico vêm claramente demonstradas no citado artigo da “nossa” autarca da região de Paris. Fixemo-nos, por exemplo, no caso de França. Os portugueses residentes nas regiões de Lille, Rouen, Reims e Nantes, se quiserem votar, terão de deslocar-se a Paris. Estas cidades, como diz Cristina Semblano, ficam à distância de Paris, respectivamente, de 225, 135, 144 e 384 quilómetros. Porém, situações destas, muito especialmente depois da última reorganização consular e de embaixadas, operada pelo aperto da crise, repetem-se na Alemanha, na Suíça, no Reino Unido, Luxemburgo. E isto para nem sequer falar no que acontece no Brasil, nos Estados Unidos, na Venezuela e outros países. Paulo Portas, principal obreiro desta reorganização, forçado pelas condições financeiras, terá seguido à risca o que então Passos Coelho pensava “que se lixem as eleições”. Não obstante as apertadas condições financeiras que continuarão a macular muitas das decisões governativas, seria importante que a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Manuela Leitão Marques, com grande vontade de levar a sério a reimplantação do Simplex, incluísse nesse programa a revisão desta situação dos emigrantes portugueses. É uma situação vexatória para um país que quer ter orgulho em ser exemplar nas práticas da democracia e que, para sê-lo, não pode adiar nem neste aspecto, como noutros, as garantias e condições para os portugueses da diáspora abandonarem definitivamente o seu Portugal. E já agora que o novo presidente – os presidentes gostam tanto de visitar as colónias emigrantes – ponha na sua agenda apoiar o governo na solução desta vergonhosa situação.


19 hoje macau terça-feira 26.1.2016

OPINIÃO

sexanálise

ADRIAN LYNE, LOLITA (1997)

TÂNIA DOS SANTOS

N

Literariamente pelo sexo

O seguimento dos incentivos à masturbação, vêm os facilitadores de erotização que hoje em dia são de muito fácil acesso – nomeadamente a pornografia. Mas porque incentivos visuais não podiam ser mais óbvios, sugerem-se alternativas. Os movimentos pró-leitura são infindavelmente úteis, e não vi razão porque não devesse pregar o uso literário para satisfazer não só a nossa sede de conhecimento, mas também o nosso desejo. A tese é de que usar literatura para fins masturbatórios ou simplesmente para exercícios de imaginação erótica será muito mais saudável, porque pelo menos é complementada pelo desenvolvimento de capacidades linguísticas. Há leituras sexuais para todos os gostos, não há necessidade de serem categorizadas como brejeiras, rascas, ou sem gosto. Há alguma memória de ver em quiosques portugueses uns livros de capa cor-de-rosa

e de pessoas bem aparecidas (demais), de qualidade literária duvidosa, mas de expressão sexual suficientemente potente. O estereótipo tem tendência a colar-se às donas de casa desesperadas que vêm as suas fantasias satisfeitas com suas secretas leituras. Mas juntando o útil ao agradável, porque não envolvermo-nos na arte das letras (melhor desenvolvida) com excitantes descrições de sexo? Por uma experiência intelectual e sexualmente estimulante. A lista de autores de escrita erótica é extensa, o meu conhecimento em relação aos ditos autores talvez seja mais limitada. Todos os géneros literários encontram-se erotizados, temos manuais de sexo (e.g. Kama Sutra), romances, poesia, biografias, autobiografias. Desde já garanto uma diversidade na explícita sexualidade, por isso, certamente existem autores adequados a cada um de nós. Muito provavelmente uma boa procura seja imperiosa. Deixo aqui poucas (mas boas) sugestões: D. H. Lawrence – Um pioneiro no eroticismo literário, a quem fora outrora acusado

de ter desperdiçado a sua carreira em pornografia barata. Nonsense. D. H. Lawrence quis explorar emoção e comportamento humano à sua última consequência, e por isso, não deveria ser o acto anti-obscenidade a pará-lo. O mundo foi-lhe tão cruel que até nos obituários a ele dedicados mostraram antipatia e hostilidade. Mas a ele agradecemos a coragem e convicção. Quem agora o lê, dificilmente se chocará com o seu conteúdo, mas uma boa referência para quem gosta do setting de há dois séculos atrás. Henry Miller – Um grande fã de D. H. Lawrence, quis deixar um legado erótico-literário, mas zangado. Entre várias obras eróticas, o ‘Trópico de Câncer’ passa-se em Paris, onde o autor viveu momentos especialmente boémios. Uma reflexão sobre a condição humana de uma brutal sexualidade, sem freio, nem filtro. Para quem tem interesse em pesquisar as diferentes formas de nomear e descrever o órgão sexual feminino. Anaïs Nin – Amante de Henry Miller (muito conveniente, muita prática inspirativa) deixou literatura erótica, porque,

As vantagens de nos debruçarmos na leitura para exercício imaginativo sexual traz várias vantagens, mas há uma que me vem à cabeça assim de repente: é silencioso!

apesar de uma curiosa pelo sexo, havia uma coleccionador que pessoalmente lhe encomendava estórias (bem pagas). O ‘Delta de Vénus’ é um conjunto dessas mesmas estórias, com descrições femininas em conteúdo e em perspectiva. Depois de só homens explorarem (e arreliarem meio mundo com) a considerada ‘vulgaridade’, Nin torna-se na pioneira do sexo oposto, na procura erótica das palavras. As vantagens de nos debruçarmos na leitura para exercício imaginativo sexual traz várias vantagens, mas há uma que me vem à cabeça assim de repente: é silencioso! O ideal para quem partilha casa e não quer pôr headphones para ouvir arfejos exagerados. E depois, claro, o produto final imaginativo torna-se numa co-produção entre o escritor e o leitor. Há espaço para tornar a experiência nossa, adicionando aqui e ali pormenores reflectores da nossa individualidade, por exemplo: ajustar tamanhos de mamas, pôr mais ou menos pêlos no peito do rapaz, imaginar-se um vouyer ‘real’ do encontro ou, mesmo, imaginar-se um elemento extra. O problema é que se a leitura tem como consequência a masturbação, ocorre-me alguma dificuldade com a posição das mãos, pegar no livro e/ou virar a página e carícias genitais. Problema logístico. Talvez ultrapassável se se usar uma estante? Deixo ao critério criativo de cada um. Acima de tudo, votos de motivação literária. Leia-se mais.


Meu olhos apagados, / Vede a água cair. / Das beiras dos telhados / Cair, sempre cair. / Das beiras dos telhados, / Cair, quase morrer... / Meus Olhos apagados, / E cansados de ver. / Meus olhos, afogai-vos / Não vã tristeza ambiente / Caí e derramai-vos / Como a água morrente.”

Camilo Pessanha

Em jeito de despedida

P

Cavaco veta adopção por casais do mesmo sexo e alterações à lei do aborto

RETOMADOS VOOS PARA ILHA ONDE 86 MIL PESSOAS ESTAVAM PRESAS

O

PUB

primeiro voo em três dias partiu ontem da ilha balnear sul-coreana de Jeju depois de o maior nevão em três décadas ter obrigado ao encerramento do aeroporto e deixado 86 mil pessoas presas. Conhecida como o Havai da Coreia do Sul pelas suas praias e tempo quente, a ilha de Jeju foi atingida por uma onda de frio que levou os termómetros a temperaturas recorde, que se fizeram sentir em todo o país. O popular destino de férias registou a maior queda de neve em três décadas desde sábado, com as temperaturas a caírem para -6,1 graus Celsius. O Ministério dos Transportes tinha dito que o Aeroporto Internacional de Jeju ia permanecer fechado pelo menos até às 20:00 de ontem, devido à queda intensa de neve e ventos fortes, mas um avião acabou por conseguir descolar perto das 15:00, com o Ministério a indicar que as partidas devem recomeçar. “As chegadas devem demorar mais tempo, já que é preciso despachar mais de 30 aeronaves estacionadas”, disse um representante do Ministério. Milhares de pessoas foram obrigadas a dormir no aeroporto, recorrendo a cobertores e caixas de cartão para evitar o chão gelado. Apesar de ter sido poupada à neve, a capital da Coreia do Sul, Seul, registou, no domingo, o dia mais frio em 15 anos, quando as temperaturas desceram para 18 graus negativos.

terça-feira 26.1.2016

RESIDENTE da República, Aníbal Cavaco Silva, não promulgou o diploma que permitia a adopção por casais do mesmo sexo, tendo igualmente devolvido à Assembleia da República as alterações à lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG). As decisões do chefe de Estado foram ontem anunciadas na página da Presidência da República na internet. No caso da adopção por casais do mesmo sexo, Cavaco Silva argumentou essencialmente que a alteração legislativa não foi antecedida de um debate público suficientemente amplo e considera estar ainda “por demonstrar” que sejam mudanças legais que “promovam o bem-estar da criança”, e, no caso da IVG, o Presidente justificou que ficaram diminuídos os direitos à informação da mulher que decide abortar.

POR PROVAR

No caso da adopção, o chefe de Estado sustentou: “Está, ainda, por demonstrar em que medida as soluções normativas agora aprovadas promovem o bem-estar da criança e se orientam em função do seu interesse. Com efeito, um grupo de reputados juristas e professores de Direito que remeteu uma exposição sobre o decreto em causa à Presidência da República, sustenta que o regime foi aprovado ‘com base em fundamentos descentrados da tutela jurídica destas crianças’”. Cavaco Silva argumentou ainda que “o princípio da igualdade não impõe necessariamente a solução agora consagrada”, pelo que não faz sentido dizer-se que estas resultariam de uma imposição constitucional ou legal e cita dois acórdãos do Tribunal Constitucional (os acórdãos 359/2009 e 212/2010).

O Presidente concluiu que “independentemente de um juízo de fundo sobre as soluções legislativas constantes do presente diploma, importa assegurar que uma alteração tão relevante numa matéria de grande sensibilidade social não entre em vigor sem ser precedida de um amplo e esclarecedor debate público, que envolva múltiplas correntes sociais e especialistas em diversos domínios com vista à consagração da solução normativa que, consensualmente, garanta que nos processos de adopção seja acautelado prima facie o superior interesse dos menores”. Cavaco Silva sublinhou que “esse amplo debate” ocorreu, com mais de vinte audições, quando o parlamento aprovou na generalidade e discutiu na especialidade a possibilidade de co-adopção, uma solução legislativa que acabou chumbada em votação final global e que tinha um âmbito mais restrito, limitando-se a contemplar a possibilidade de um dos cônjuges ou unidos de facto poder co-adoptar o filho do outro elemento do casal.

INTERESSES SUPERIORES

O Presidente frisou, a abrir a sua argumentação, que, “é consensual que, em matéria de adopção, o superior interesse da criança deve prevalecer sobre

todos os demais, designadamente o dos próprios adoptantes”. No caso da IVG, Cavaco Silva afirmou que as alterações aprovadas no último plenário da legislatura anterior, de maioria PSD/CDS-PP, iam ao encontro das preocupações por ele manifestadas quando, em 2007, a lei do aborto foi aprovada, assim como estão “em harmonia com as disposições de regimes de sistemas jurídicos” próximos do português, como o alemão e o espanhol. Estas mudanças, revogada em Dezembro pela maioria de esquerda, introduziram taxas moderadoras e a obrigatoriedade das mulheres irem a consultas com um psicológico e um técnico social. “A revogação agora operada, repristinando embora as normas anteriormente em vigor, as quais previam a existência de aconselhamento, diminui os direitos de informação e, bem assim, elimina a obrigatoriedade do acompanhamento técnico especializado durante o período de reflexão”, aponta o Presidente. A lei em causa excluiu também as listas de médicos objectores de consciência, abrindo a possibilidade de aqueles profissionais participarem no processo até à IVG, o que de acordo com o Presidente “não deixará de ser percebido como uma desconfiança relativamente à isenção do profissional de saúde objector de consciência”.

No caso da adopção por casais do mesmo sexo, Cavaco Silva argumentou que a alteração legislativa não foi antecedida de um debate público suficientemente amplo (...) e no caso da IVG o Presidente justificou que ficaram diminuídos os direitos à informação da mulher que decide abortar

RÚSSIA SUSPENDE QUATRO ATLETAS POR DOPING

O Comité Olímpico da Rússia anunciou ontem a suspensão de quatro atletas, numa altura em que a própria federação russa está suspensa pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), por uso sistemático de doping. O organismo olímpico informou que Irina Maracheva, medalha de prata na prova dos 800 metros dos Europeus de 2012, foi suspensa por dois anos por utilização de substâncias proibidas, num comunicado datado de domingo. Além de Maracheva, também Anna Lukyanova foi suspensa por dois anos, enquanto as atletas Yelena Nikulina e Maria Nikolayeva sofreram uma pena mais pesada, tendo sido suspensas por quatro anos.

JAPÃO PELO MENOS SEIS MORTOS DEVIDO A TEMPESTADE DE NEVE

Pelo menos seis pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas devido à tempestade de neve que atinge o oeste, centro e norte do Japão e que obrigou ao cancelamento de dezenas de voos. As autoridades da localidade de Nichinan, na prefeitura de Totori (oeste) confirmaram ontem a morte da última vítima, uma mulher de 88 anos que ficou presa após um deslizamento de terra provocado pela neve, em que outras duas pessoas ficaram feridas, informou a emissora pública NHK. Nesta localidade, a neve atingiu 30 centímetros de altura. Noutra localidade na província de Fukushima, a neve registava 152 centímetros de espessura, enquanto na província de Hiroshima (oeste) chegou aos 137 centímetros e em Niigata (centro) aos 95 centímetros. Os nevões atingiram até as regiões do sul do arquipélago japonês, como a ilha de Amami, onde se observou neve pela primeira vez em 115 anos. Também na ilha de Kume não nevava há 39 anos.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.