Hoje Macau 26 OUT 2016 #3683

Page 1

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUARTA-FEIRA 26 DE OUTUBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3683

Jardins de risco

SOFIA MOTA

PARQUES INFANTIS GRANDE PLANO

PUB

Soluções à vista PÁGINA 4

TIAGO ALCÂNTARA

AMBIENTE RELATÓRIO EVIDENCIA FALTA DE EFICIÊNCIA

COLOANE

DISCÓRDIA A METRO PÁGINA 5

TRABALHO

Quer caçar ilegais? PÁGINA 9

Mulheres odiadas JULIE O’YANG

h

A CIDADE DO LIXO

Publicado ontem pela Direcção de Serviços de Protecção Ambiental, o relatório de 2015 denuncia uma diminuição global da eficiência ambiental. Apesar da dita crise, a produção de lixo teve um aumento signifi-

cativo, assim como o consumo de electricidade. A questão dos resíduos é considerada no documento como um assunto grave e prioritário. Ecologistas dizem tratar-se de um sinal “extremamente perigoso”.

PÁGINA 7

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

RENOVAÇÃO URBANA

hojemacau


2 GRANDE PLANO

PARQUES INFANTIS ESTADO DE DEGRADAÇÃO DE ALGUNS EQUIPAMENTOS PREOCUPA PAIS

VOLTAR INTEIRO PARA CASA

Há equipamentos novinhos em folha, mas outros encontram-se num estado de degradação que deixa apreensivo quem tem filhos que frequentam escorregas e baloiços. Fomos tentar perceber como devem ser pensados os parques infantis. Uma designer e um arquitecto dão-nos as respostas

O

caso que tem dado mais que falar diz respeito à zona de lazer dos Jardins do Oceano (ver texto nesta página), mas há mais equipamentos destinados a crianças colocados em zonas públicas que preocupam quem tem filhos em Macau. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) tem responsabilidade directa em quase 50 zonas de lazer, entre a península, Taipa e Coloane. Em várias destas áreas coexistem parques infantis e equipamentos destinados à prática desportiva – alguns foram sendo objecto de remodelação nos últimos anos, com a colocação de novas peças de mobiliário urbano; outros encontram-se em avançado estado de degradação. É a situação em que está o único parque infantil público que serve os moradores dos Jardins do Oceano. Maia Sampaio, designer, mãe de dois filhos pequenos, não vive no local mas conhece bem as instalações. “Tendo como exemplo o parque do Ocean Gardens, temos um parque velho e degradado, que – além das dimensões desproporcionais para o tamanho das crianças mais pequenas, com o seu grande ‘tubogan’ e escadaria de acesso –, é feito com materiais

desadequados.” “A madeira envelhecida e o metal enferrujado”, aponta a designer, “colocam em risco a segurança e até a saúde das crianças. Hoje em dia há soluções óptimas em termos de material durável, seguro e de fácil limpeza para utilizar no fabrico destes parques infantis.” Ao contrário de Maia Sampaio, o arquitecto Mário Duque não frequenta com assiduidade os parques infantis do território, mas explica como é que este tipo de projecto se faz: “Os equipamentos infantis e desportivos são especialidade de determinadas empresas. Associadas à competência dessas empresas estão a homologação de segurança, certificados de segurança em

relação ao materiais – que estão homologados para determinados fins –, que é isso que dá a segurança a quem compra e instala esses equipamentos.” Em suma, “são peças que não se projectam” – compram-se feitas a quem é especialista na matéria. “Há equipamentos de diferentes origens e qualidades”, nota o arquitecto, sendo que compete a quem as adquire fazer as melhores opções. “Esses equipamentos escolhem-se em função da confiança que oferecem, em função dos certificados que já reúnem, escolhem-se em função da apetência para as actividades que se fazem com eles – aquelas que as crianças mais gostam ou nem por isso –, e

“Um grande espaço entre degraus ou uma ‘ponte’ esburacada não significam que se esteja a ajudar a criança a desenvolver a sua condição motora, mas sim que se está a pôr em risco a sua segurança.” MAIA SAMPAIO DESIGNER

escolhem-se inclusivamente pelo seu aspecto visual.” Estas peças isoladas compõem depois um projecto. “Aquilo que Macau tem são projectos que integram esses equipamentos”, continua Mário Duque. Compete depois aos autores do projecto local tomarem decisões sobre “os pavimentos, as vedações, outro tipo de pormenores que têm que ver com lancis, com tudo o que não é o equipamento”. Mário Duque destaca que, por norma, “são equipamentos públicos que já fazem parte de uma sequência de outros equipamentos” e que “quem acompanha estes projectos, pelo facto de já ter experiência nessas áreas, começa a tomar opções,

“Como mãe de duas crianças pequenas, confesso que nestes três anos [de frequência deste tipo de espaços] tenho descrito as idas ao parque como necessárias – pois os miúdos adoram ir –, mas muito stressantes. Tenho vindo a perceber que todos os parques têm sempre qualquer coisa de desajustado.”

para que aquilo que se faz hoje seja melhor do que aquilo que se fez ontem”.

AO LADO DOS PANDAS

Um dos projectos mais recentes relacionados com o entretenimento de crianças em locais públicos fica perto do túnel de acesso à Ilha da Montanha, com equipamentos que, em termos estéticos, se destacam do resto das estruturas que se encontram noutras zonas de lazer do território – as placas colocadas nos escorregas indicam que o fabricante é espanhol, foram produzidos este ano e estão de acordo com as normativas europeias. O conforto e a segurança que este espaço parece oferecer contrastam com o que se encontra no Parque de Seac Pai Van. A poucos metros do local onde vivem os pandas – uma casa que custou 90 milhões de patacas – há duas ofertas distintas para crianças: duas estruturas com escorregas e uma roda metálica. Um deles aparenta ser mais novo; no outro são visíveis as marcas do tempo e a falta de manutenção. Num destes equipamentos, existe uma placa em que se indica que se destina a frequentadores com, pelo menos, cinco anos; no outro não existe qualquer referência em relação a idades. Em ambos o acesso é difícil – ora porque não existem escadas e apenas uns tubos metálicos que permitem subir até à plataforma que liga ao escorrega, ora porque existe uma rede de malha larga na estrutura propriamente dita. “É importante que os parques infantis sejam pensados de outra forma e que se dê oportunidade tanto às crianças mais velhas e com


SOFIA MOTA

3 hoje macau quarta-feira 26.10.2016 www.hojemacau.com.mo

O mesmo escorrega

IACM ainda não fez obras no parque dos Ocean Gardens, mas promete trabalhos para breve

Q

mais destreza, como também às mais novas e indefesas – mas que também podem e devem, e querem, usufruir da brincadeira num parque infantil”, defende Maia Sampaio. “Um grande espaço entre degraus ou uma ‘ponte’ esburacada não significam que se esteja a ajudar a criança a desenvolver a sua condição motora, mas sim que se está a pôr em risco a sua segurança”, observa a designer. “São exercícios que se podem fazer a 10 centímetros do chão, sem se correr o risco de quedas”, vinca. “Como mãe de duas crianças pequenas, confesso que nestes três anos [de frequência deste tipo de espaços] tenho descrito as idas ao parque como necessárias – pois os miúdos adoram ir –, mas muito stressantes. Tenho vindo a perceber que todos os parques têm sempre qualquer coisa de desajustado à idade dos meus filhos, o que me deixa sempre ainda mais atenta ao risco de acidentes”, sublinha Maia Sampaio. A designer faz questão de frisar que “não se trata de tentar proteger as crianças em redomas, mas dar-lhes a oportunidade de crescerem, desenvolverem as suas capacidades motoras, em ambiente seguro”. “No fundo, o que todos queremos é que eles se divirtam,

“São materiais que, pela via das exigências daquilo a que estão sujeitos, quem tem a experiência faz as opções, para simplificar a manutenção”. MÁRIO DUQUE ARQUITECTO gastem muita energia e voltem inteiros para casa”, remata.

DO METAL À MADEIRA

Muitos dos parques infantis de Macau têm equipamentos em madeira, os materiais mais comuns neste tipo de peça e que obedecem a uma certa “escola ecológica”, contextualiza Mário Duque, que puxa pela memória para os tempos em que era criança. “Quando era miúdo tudo era metálico: baloiços, escorregas, etc. Comecei a projectar coisas e muitos materiais já tinham componentes de plástico. Houve um determinado momento em que se começaram a fazer certas opções que tinham um impacto ambiental

diferente e que eram mais afáveis – começaram a vir as madeiras, preparadas para poderem estar à intempérie”, enumera. “Face a estas três gerações de materiais de que falei, é difícil dizer se um é melhor do que o outro, é mais o facto de, em determinado momento, haver materiais que são mais pertinentes.” Importante é que, independentemente do tipo de material, seja feita a manutenção adequada – e que “não é propriamente pelo uso, é pela exposição à intempérie”. O caso da estrutura do escorrega dos Ocean Gardens ou a roda metálica em Seac Pai Van demonstram o que pode o clima fazer a este tipo de equipamento: corroer a madeira e enferrujar peças metálicas. Mais uma vez, trata-se de fazer a escolha mais acertada: “São materiais que, pela via das exigências daquilo a que estão sujeitos, quem tem a experiência faz as opções, para simplificar a manutenção”. O HM tentou saber, junto do IACM, se há planos de requalificação dos parques infantis que gere mas, até ao fecho desta edição, não foi possível obter uma resposta. Isabel Castro e Sofia Mota info@hojemacau.tdm.com.mo

UASE meio ano depois de um grupo de residentes dos Ocean Gardens ter enviado uma carta ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) a alertar para o estado de degradação do parque infantil do complexo habitacional, continua tudo na mesma. A entidade responsável pela manutenção deste tipo de equipamentos ainda não tomou qualquer iniciativa visível para resolver os problemas assinalados na missiva, da iniciativa de Andreia Martins, da qual o HM deu conta, em Junho passado. Em resposta a este jornal, o IACM garantiu, no final da semana passada, que “está a acompanhar a situação da zona de lazer dos Jardins do Oceano, para responder da melhor forma às preocupações dos cidadãos”. Quanto à resolução concreta das questões apontadas pelos residentes, a entidade sob a alçada da secretária para a Administração e Justiça diz que vão ser “plantados arbustos que vão funcionar como separação entre a zona verde e a estrada”. Junto ao parque infantil existe uma área relvada onde as crianças brincam – o perímetro não está completamente vedado e já aconteceu crianças irem para a estrada para apanharem bolas que saltaram para a via. O IACM adianta ainda que “vai realizar trabalhos de manutenção e reparação nos equipamentos do parque infantil para que sejam resolvidos os problemas de segurança”. O parque é composto por uma estrutura de madeira e metal, em visível estado de degradação, com um escorrega onde acontecem acidentes frequentes. Por um lado, o escorrega tem uma grande inclinação e, por outro, é um tubo tapado, o que faz com que não seja possível, a quem monitoriza as crianças, ver se existe alguém dentro da estrutura. Além deste equipamento, no

local existem apenas mais três pequenos baloiços.

LIMPEZA E MOSQUITOS

Na carta enviada a 6 de Maio deste ano pelo grupo de moradores dos Ocean Garden era ainda lamentado o facto de, mesmo ao lado do parque infantil, se encontrarem vários equipamentos para a prática de desporto, todos eles em metal, sem existir uma separação que garanta a segurança das crianças. Desconhece-se se, em relação a esta questão, o IACM vai adoptar alguma medida. Já no que diz respeito à limpeza do espaço, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais explica que uma equipa da entidade “esteve a desinfectar o parque todo para controlo dos mosquitos”. Logo à entrada do parque é possível ver ainda um aviso em que se alerta para o encerramento, no passado dia 21, entre as 6h e as 9h, para “desinfestação destinada a combater os mosquitos portadores da febre de dengue”. A estrutura onde se encontra o escorrega tem estado vedada desde então. Desconhece-se a razão – se por uma questão de segurança, na sequência de mais um acidente de que o IACM teve conhecimento, ou se ainda no âmbito das acções de limpeza. O parque infantil em causa é o único equipamento público do género nos Jardins do Oceano, complexo habitacional onde vivem centenas de crianças. Apesar do estado em que se encontra, e por falta de opções, é muito procurado por quem vive naquela área. Para se chegar ao parque mais próximo, é necessário andar a pé cerca de 20 minutos. A 29 de Junho deste ano, um dia depois de o HM ter dado conta do estado de degradação do parque junto ao Sakura Court e do alerta feito pelos moradores, o IACM garantia que já estava a acompanhar o caso e dizia-se pronto para solucionar a questão. I.C./ S.M.


4 hoje macau quarta-feira 26.10.2016

Raimundo do Rosário disse ontem que a renovação dos prédios antigos poderá ser feita através de uma empresa de capitais públicos ou da criação de uma nova direcção de serviços. O director das Obras Públicas admitiu que há leis que “não são favoráveis” à renovação urbana

U

M dia depois de o Conselho de Renovação Urbana (CRU) ter anunciado novas directrizes de trabalho, eis que o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, adiantou na Assembleia Legislativa (AL) que a reconstrução de edifícios antigos no território poderá ser feita através da criação de uma empresa pública ou da criação de uma nova direcção de serviços, já que actualmente existe apenas um secretariado na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) a tratar destes assuntos. “Não temos um departamento do Governo a analisar este assunto, que é novo. Se será um trabalho feito através de uma empresa ou

Renovação urbana GOVERNO PONDERA EMPRESA PÚBLICA OU NOVA DIRECÇÃO DE SERVIÇOS

As rédeas que faltavam de uma direcção de serviços, ainda vamos decidir. Temos de estudar essa questão. Temos apenas um secretariado na DSSOPT a dar apoio logístico e temos de decidir qual será a entidade que se vai debruçar sobre isto”, confirmou. Tal como já foi noticiado, o CRU vai funcionar com três grupos de trabalho que vão estar responsáveis pela análise de seis temas considerados fundamentais para implementar a renovação urbana no território. As reuniões vão continuar a ser à porta fechada, mas Raimundo do Rosário confirmou que será criado um website com todas as informações, bem como um regulamento próprio. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas adiantou ainda que será o Executivo, e não os privados, a assumir as rédeas da renovação urbana. “Os membros do CRU entendem que deve ser o Governo a liderar, mas fui eu que sugeri que deveriam ser os privados a assumirem esse trabalho.”

“Não temos um departamento do Governo a analisar este assunto, que é novo. Se será um trabalho feito através de uma empresa ou de uma direcção de serviços, ainda vamos decidir. Temos de estudar essa questão.”

GCS

POLÍTICA

RAIMUNDO DO ROSÁRIO

LEIS QUE ATRAPALHAM

O responsável máximo pela DSSOPT, Li Canfeng, adiantou que a actual legislação nem sempre é favorável à reparação dos edifícios. “Constatamos que algumas leis não são favoráveis à renovação urbana. No passado, os Serviços de Finanças falaram de um regime de incentivos fiscais para a renovação de edifícios, isso pode promover o

trabalho de renovação urbana. Vamos analisar quais as leis que estão a colocar obstáculos à renovação urbana e vamos ver se teremos de legislar neste sentido.”

Li Canfeng adiantou ainda que, ao nível da renovação dos edifícios industriais, serão tomadas medidas diferenciadoras do anterior plano. “O reaproveitamento de edifícios

industriais será um pouco diferente do antigo plano de revitalização dos prédios industriais. O plano antigo previa a demolição”, afirmou. A ideia é que alguns possam ser mantidos. Quanto ao Fundo de Reparação Predial, da responsabilidade do Instituto da Habitação, pretende-se alargar o seu âmbito de actuação. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

CALÇADA DO GAIO OBRAS DE EDIFÍCIO EMBARGADO ARRANCAM “EM BREVE”

SMG SECRETÁRIO FALA DE “DIFICULDADES” NA REVISÃO DE REGULAMENTO

O

O

caso do edifício embargado na Calçada do Gaio parece estar quase a ser resolvido. Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, afirmou ontem que “as negociações com o promotor do projecto levaram mais tempo do que o desejável, tendo sido alcançado um consenso parcial”. A curto prazo, “as obras vão iniciar-se”, disse ainda. Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, adiantou que será mantida a actual altura do edifício, com pouco mais de 81 metros. “Pretendemos que este estaleiro e a respectiva obra possam ser concluídos

o quanto antes.Após termos ouvido o Instituto Cultural (IC) quanto à altura do edifício, obtivemos consentimento e podemos manter a altura de 81,32 metros, já atingida. Vamos começar a apreciar o projecto de acordo com o conhecimento do promotor.” O embargo do edifício na Calçada do Gaio já dura há dez anos e ocorreu por entrar em conflito com a preservação da vista do Farol da Guia. Os deputados questionaram ainda a manutenção da altura do edifício, por ter sido aprovado um despacho a autorizar uma altura máxima inferior a 80 metros. Contudo, Raimundo do Rosário adiantou que

as obras, por essa altura, já tinham sido iniciadas, com a licença aprovada. “Tenho as minhas responsabilidades e assumo-as. Tínhamos duas hipóteses: ou seguíamos para tribunal ou resolvíamos o problema através do diálogo. Conseguimos um compromisso com o que está edificado, e perguntamos ao IC se era possível manter. A parte edificada está de acordo com o que foi autorizado na altura. As obras começaram e depois surgiu outro despacho. Depois pergunta-me se é legal? As obras foram realizadas antes do referido despacho. Não há nada de confidencial aqui”, rematou o governante. A.S.S.

Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, garantiu ontem que existem dificuldades no que diz respeito à revisão do Regulamento Geral da Repartição dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), que foi criado através de uma portaria do Governo português em 1966. “Tenho dúvidas se os SMG têm pessoal suficiente para rever este diploma, por ser muito técnico. O regulamento data da década de 60 e se fosse simples já tinha sofrido alterações. Não posso responder se este diploma vai ser revisto ou não, vamos estudar.” O deputado José Pereira Coutinho questionou ainda a

necessidade de rever a ordem executiva implementada em 2000 e que determina a emissão dos sinais de tufão, mas o governante não confirmou se este diploma será ou não revisto. “Os SMG, em cooperação com outros serviços, irá avaliar a necessidade de revisão da ordem executiva, referente às instruções relativas a situações de tempestade tropical, bem como a introdução de outras medidas complementares.” Os deputados questionaram o Executivo sobre a necessidade de reforçar o orçamento destinado aos SMG, bem como actualizar os aparelhos utilizados para a previsão de tempestades tropicais. Fong Soi Kun,

director dos SMG, confirmou que não existem quaisquer problemas com as previsões já que, em Macau, “os critérios adoptados são diferentes de Hong Kong”, uma vez que são feitas “previsões por hora”. Raimundo do Rosário acabaria por confirmar a realização de uma visita dos deputados às instalações dos SMG antes da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG). “Vou pedir aos deputados para visitarem o espaço, pois antes de tomar posse também visitei todos os serviços. Antes de vir cá o Chefe do Executivo, vou convidar todos os deputados para que o assunto possa ser discutido nas LAG.” A.S.S.


5 hoje macau quarta-feira 26.10.2016

E

O

Executivo confirmou ontem que continua sem terrenos disponíveis para a instalação de uma central de reciclagem, um crematório e um armazém de combustíveis. “Quanto aos crematórios, os serviços competentes estão a tentar encontrar terrenos mas não é fácil. Estamos à procura de terrenos nas zonas de Coloane e Taipa, mas temos de ponderar se isso vai criar impacto junto da população e dos turistas”, explicou Li Canfeng, director dos

Alto de Coloane DEPUTADOS QUESTIONAM LEGALIDADE DA EMISSÃO DE PLANTA

Estranhas directivas

Os deputados continuam a não compreender porque é que as Obras Públicas autorizaram a construção de um edifício de cem metros no Alto de Coloane, quando as directivas apenas autorizam a construção de edifícios baixos. Governo pouco avançou sobre o assunto Au Kam San foi um dos deputados que questionou todo o processo. “Quando diz que não houve alterações, porque estão a surgir agora os arranha-céus?”, questionou. Já Ella Lei definiu a explicação do Governo como “ambígua”. “Se for considerada uma alteração substancial deve ser iniciado um procedimento”, acrescentou a deputada eleita por via indirecta. “Com tantas alterações ao longo dos últimos anos, estamos preocupados com as concessões

de terrenos e as autorizações dadas à altura dos edifícios”, alertou Kwan Tsui Hang. “Foram muitas as orientações administrativas, a sociedade não conhece nada e acha que o Governo tem um elevado poder discricionário, o que faz com que a sociedade duvide do Executivo”, acusou a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau.

MELHOR ISTO QUE NADA

Raimundo do Rosário disse no plenário de ontem que a aprovação

de directivas nas Obras Públicas acabou por se revelar uma necessidade urgente à falta de novas e melhores leis. “Na década de 80, por incapacidade de actualização das leis, é que foram adoptadas essas directivas, e tive de as implementar através do diálogo com associações de engenheiros e arquitectos. Foram criadas cerca de 63 directivas, e se isso era legal ou razoável, não deixam de ser directivas. Na altura mais valia ter isso do que não ter nada”, confirmou Raimundo do Rosário.

TIAGO ALCÂNTARA

STA é uma história que nos remete para os anos 80 e que serve para explicar um projecto em relação ao qual os deputados do hemiciclo duvidam da legalidade. Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e as Obras Públicas, era director à época dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). No ano de 1987 vigoravam três normas que, à falta de uma melhor lei, definiam a altura dos edifícios a construir nas zonas de Taipa e Coloane. Em 2004, o empresário Sio Tak Hong comprou um terreno na zona do Alto do Coloane onde apenas era permitida a construção de prédios rústicos, com um máximo de três andares. Em 2009 essas normas foram compiladas numa circular que não alterou as alturas máximas definidas até então. No mesmo ano, foi divulgado o “Plano de Pormenor da Vila de Coloane”, tendo esse terreno sido transferido para uma “zona em branco”, a qual, segundo a deputada Kwan Tsui Hang, “não tem planeamento nem restrições de altura”. Em 2012, Sio Tak Hong conseguiu obter do Governo uma autorização para construir um edifício com um máximo de cem metros de altura. É esta aprovação que os deputados da Assembleia Legislativa (AL) não compreendem. Kwan Tsui Hang pediu uma investigação sobre o assunto, mas ontem tanto Raimundo do Rosário, como o actual director das Obras Públicas, Li Canfeng, não conseguiram explicar, preto no branco, porque se autorizou a construção de um edifício tão alto. “Em 2009 a DSSOPT emitiu uma circular com as três orientações administrativas sobre a área da ilha de Coloane, que contém a altura dos edifícios. As vilas da Taipa e Coloane não sofreram alterações em termos da altura dos edifícios. Para a vila de Coloane, de 2007 a 2009, nunca houve alterações nessas orientações”, garantiu Li Canfeng.

POLÍTICA

“Até 2019 não consigo concluir todos os trabalhos legislativos, é muito difícil. No passado não era fácil actualizar as leis, mas hoje em dia é mais difícil ainda.” RAIMUNDO DO ROSÁRIO “Até 2019 não consigo concluir todos os trabalhos legislativos, é muito difícil. No passado não era fácil actualizar as leis, mas hoje em dia é mais difícil ainda. Há falta de juristas, os procedimentos são complicados, com auscultações sucessivas”, rematou Raimundo do Rosário. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

A difícil trilogia Governo sem terrenos para reciclagem, crematório e combustíveis

Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Em relação à central de reciclagem “não está a ser ponderada” a sua construção nos novos aterros, adiantou Li Canfeng. Quanto ao armazém de combustíveis “também não é adequado incluir este armazém na zona A [dos novos aterros]”,

“Só nas Obras Públicas é que existem estas circulares, por causa da pressão do desenvolvimento do sector. Não conseguimos acompanhar esse desenvolvimento. Deveriam ser alteradas as leis, mas não conseguimos”, acrescentou o Secretário.

embora haja uma possibilidade. “Estamos a ponderar escolher a ilha artificial [criada no âmbito da nova ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai]. Em termos funcionais deve ser um local mais apropriado e estamos a trabalhar nesse sentido”, referiu o director. Os deputados criticaram o facto de não existir, a

curto prazo, qualquer plano concreto para estas áreas. De frisar que, neste momento, não há serviços de cremação no território, sendo que a única possibilidade é uma deslocação a Zhuhai. “Quanto ao armazém de combustíveis, é uma bomba-relógio para a população da zona norte”, referiu o deputado Ho Ion Sang. “Até agora existe na zona um armazém provisório. Aquela é uma zona envelhecida e com muitas limitações em termos de renovação”, alertou.

Raimundo do Rosário admitiu dificuldades e disse que as associações ligadas ao sector dos combustíveis não querem mudar-se para a zona do Pac On. “Pouco depois da minha tomada de posse mantive contacto com as associações sobre o assunto e disse que em Macau é difícil encontrar um local para esse armazém. Na ilha artificial demora tempo a definição do plano. Nos próximos um ou dois anos vai ser essa a situação. Se as associações não querem mudar-se para o Pac On, não

posso fazer nada. Não vamos estar aqui a dar voltas sobre o assunto, é esta a situação. Não há muitos lugares para esse armazém e acho que o Pac On é o sítio ideal para isso.” Quanto ao desenvolvimento da zona A dos novos aterros, o Secretário admitiu que “foram ultrapassados todos os prazos definidos”. “Achava que tudo estaria pronto no final do ano passado, mas essa zona está atrasada e não posso avançar com datas para outras zonas”, concluiu. A.S.S.


6 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 26.10.2016

DOS SALÁRIOS À IMAGEM

O

Chefe do Executivo recebeu ainda ontem os representantes da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa (ATFPOC), que chegaram à sede do Governo com duas propostas de actualização salarial. Os membros da estrutura associativa gostariam que cada ponto da tabela indiciária passasse das 81 para as 83 patacas, com o subsídio de residência a ser aumentado das actuais 30 para 40 patacas. Mas a associação admite que esta sugestão iria implicar duas alterações legislativas diferentes, pelo que, em alternativa, sugere o aumento do índice para 84 – na prática, uma actualização de 3,7 por cento. Ao HM, aARFPOC contou ainda que defendeu, junto de Chui Sai On, a necessidade de atribuir novas competências à Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública. O organismo tem apenas, neste momento, carácter consultivo. A associação entende que, uma vez que é amplamente representativo da sociedade, deve passar a ter capacidade de decisão. Ao líder do Governo foi ainda dito que é preciso encontrar uma solução para que os trabalhadores da Administração com 36 anos de serviço possam pedir a aposentação sem que percam garantias. Por último, e salientando o trabalho feito desde o estabelecimento da RAEM, os representantes da associação lamentaram o facto de os funcionários públicos continuarem a ser alvo de críticas pela população. Consideram que ainda não existe uma noção da importância do que é feito no âmbito da Administração, propondo medidas para que os cidadãos possam conhecer melhor o trabalho da Função Pública. A.K./ I.C.

LAG 2017 CHEFE DO EXECUTIVO NA ASSEMBLEIA EM NOVEMBRO Já há data para a apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2017: Chui Sai On vai à Assembleia Legislativa (AL) no dia 15 do próximo mês. Depois de lido o relatório, numa sessão com início às 15h, o Chefe do Executivo encontra-se com os jornalistas para uma conferência de imprensa na sede do Governo. No dia 16, o líder do Governo regressa ao plenário para a sessão de perguntas e respostas com os deputados. Depois, é a vez de os secretários se deslocarem à AL para os debates sectoriais, com duas tardes destinadas a cada tutela. As sessões já estão agendadas – começam a 22 de Novembro, com a secretária para a Administração e Justiça, e terminam no dia 6 de Dezembro, o último dia da intervenção do secretário para os Transportes e Obras Públicas.

ATFPM PEDE ACTUALIZAÇÃO DE VENCIMENTOS NA ORDEM DOS SEIS POR CENTO

A lógica da distribuição Melhores salários para a Função Pública, cheques mais gordos para a população em geral e vales que não sejam apenas destinados a aliviar as despesas com a saúde. Estas foram algumas das ideias deixadas ontem a Chui Sai On por José Pereira Coutinho. O Chefe do Executivo continua a ouvir associações para preparar as Linhas de Acção Governativa de 2017

F

OI um encontro de quase uma hora para o líder do Governo apontar as principais pretensões da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Pereira Coutinho explicou ao HM que, além dos problemas relacionados com os funcionários públicos no activo, houve ainda oportunidade para falar das preocupações em relação aos aposentados e das expectativas dos cidadãos quanto às próximas Linhas de Acção Governativa. Começando pelos trabalhadores da Administração: “Propusemos a actualização salarial na ordem dos seis por cento, passando para 85 na tabela indiciária”. E o que disse Chui Sai On? “O Chefe do Executivo demonstrou abertura”, garante o presidente da ATFPM.

Ainda em relação aos funcionários públicos, o também deputado à Assembleia Legislativa pediu que sejam reservados terrenos para a edificação de habitação destinada aos trabalhadores da Administração, “na medida em que, nestes quase 17 anos desde o estabelecimento da RAEM, não foi construída uma única casa”. Outra sugestão deixada ao líder do Governo tem que ver com a “extensão das pensões de aposentação para o pessoal das Forças de Segurança, aproveitando a revisão do Estatuto dos Militarizados”. A

ATFPM voltou a sublinhar a necessidade se “prestar mais atenção às classes da Função Pública com maiores dificuldades”, sobretudo às que “não estão abrangidas pelo regime de pensões de aposentação”. Os pensionistas estão também na lista de preocupações da associação. “Levantámos a questão, que já dura há bastante tempo, dos aposentados que recebiam subsídios de residência e que, entretanto, deixaram de os ter”, afirma Pereira Coutinho, que espera que o Chefe do Executivo possa resolver a questão o mais rapidamente possível e tenha em conta “as dificuldades dos aposentados com o aumento do custo de vida, das rendas e da inflação”.

VALES PARA MAIS

O deputado defendeu também junto de Chui Sai On a actualização de vários subsídios, desde logo o aumento do valor atribuído no âmbito do plano de comparticipação pecuniária: 12 mil patacas para os residentes permanentes, mais três mil do que este ano. Em relação aos vales destinados à saúde, a ATFPM tem uma ideia mais abrangente para este

Pereira Coutinho defendeu também junto de Chui Sai On o aumento do valor do plano de comparticipação pecuniária: 12 mil patacas para os residentes permanentes, mais três mil do que este ano

tipo de apoio, ao propor “a extensão dos vales para o consumo, permitindo que as pessoas, além de recorrerem à assistência médica, possam utilizá-los na aquisição de bens de primeira necessidade”. A associação liderada por Pereira Coutinho tem sido chamada todos os anos à Sede do Governo para dizer de sua justiça em relação ao que deve ser a prestação do Executivo. Sobre a utilidade deste exercício, o presidente da associação não tem dúvidas: “Tem havido uma lenta evolução [da acção governativa] mas, por outro lado, há um avolumar dos problemas, de ano para ano, o que contribui para a falta de motivação dos trabalhadores da Função Pública”. Coutinho considera que “as várias secretarias lutam com dificuldades para enfrentarem os problemas na raiz, dando a sensação de que estão a protelar as questões, fazendo com que os problemas, que já são muitos, sejam guardados para o próximo Chefe do Executivo e a sua equipa governativa”. O deputado afiança que não duvida da boa vontade de quem está no poder, mas os líderes da ATFPM são do entendimento de que “este elenco governativo, salvo uma ou outra excepção, não tem capacidade para enfrentar os problemas e encontrar soluções”. Isabel Castro

info@hojemacau.com.mo


7 hoje macau quarta-feira 26.10.2016

ZONA NORTE RECOLHIDAS 280 MIL SERINGAS EM SETE ANOS

E

NTRE 2008 e 2015, foram recolhidas nas ruas da zona Norte de Macau 280 mil seringas. O número foi avançado ontem na reunião da comissão da Assembleia Legislativa que analisa, na especialidade, a proposta de alteração à lei da droga. Segundo Cheang Chi Keong, o presidente da

3ª Comissão Permanente, o número é “assustador”: “De 2008 até ao final de 2015, um total de 280 mil seringas foram recolhidas. É assustador o número, não é? São 40 mil por ano. Este acto de abandono de seringas na zona Norte, de facto, é muito desfavorável para os moradores e as crianças”.

A

“eficiência ambiental de Macau diminui” em 2015, quando a produção de lixo e o consumo de electricidade cresceram 11,3% e 7%, respectivamente, apesar da queda da economia, segundo o relatório do Estado do Ambiente de Macau em 2015, publicado ontem pela Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSAL). Quanto aos resíduos, o documento considera que é “uma questão prioritária”, destacando que o aumento de 11,3% da produção global de lixo enviado para incineração é “muito superior” à taxa das regiões vizinhas. Além disso, em 2014, a produção diária de resíduos era de 2,13 quilos por pessoa, superior à taxa de Pequim (0,93), Xangai (0,69), Cantão (0,90) ou Hong Kong (1,35). “O problema dos resíduos é, por isso, considerado grave”, refere o documento, que lembra que a capacidade máxima de tratamento da central de incineração já foi atingida. Para Joe Chan, ecologista local, este aumento de dois dígitos já aconteceu e é um sinal “preocupante e extremamente perigoso”. O relatório avança ainda que nos “últimos anos”, têm também aumentado outros tipos de resíduos, como veículos “declarados inúteis” ou resíduos da construção civil, acrescenta o relatório, que considera que a “atitude social” relativamente à redução da produção de lixo ou à recolha selectiva para reciclagem “ainda é insuficiente”.

APOSTA NA SENSIBILIZAÇÃO

No entanto, e segundo Agnes Lam em declarações ao HM, o mais relevante é mesmo a questão dos desperdícios alimentares gerados pelo grande número de hotéis. “Este tipo de instalações precisa urgentemente de encontrar uma forma sustentável para lidar com os desperdícios e resíduos que produzem”, afirma. “Não temos neste momento infra-estruturas para abarcar os resíduos e, como tal, é necessário, acima de tudo, evitá-los e a população também tem de estar atenta e sensibilizada para esta questão. Há que dar indicação para a reciclagem dos desperdícios alimentares”, sugere a académica em reacção ao relatório.

O canal de rádio da TDM adiantou ainda que , apesar de ter sido registada uma diminuição “significativa” do número de seringas abandonadas nos últimos anos, a gravidade da situação levou os deputados a sugerirem ao Governo que criminalizasse o abandono dos

instrumentos de consumo de droga, introduzindo penas de prisão: “É um grande perigo para a saúde pública. Por isso é que a nossa sugestão apontava no sentido de ser aplicada uma pena de prisão, só que o Governo acha que não é possível, neste momento, acolher esta solução”.

SOCIEDADE

DETIDO PRIMEIRO SUSPEITO NO ÂMBITO DA NOVA LEI DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de 39 anos suspeito de ter maltratado a mulher com quem está casado. A notícia foi avançada pelo canal chinês da Rádio Macau, que sublinha que se trata da primeira detenção ao abrigo da lei de violência doméstica, que entrou em vigor no passado dia 5. O suspeito, motorista de profissão, está casado com a alegada vítima há 16 anos, sendo que têm quatro filhos. De acordo com as autoridades, os maus tratos duravam já há 10 anos: a mulher alega que não pediu o divórcio por causa dos filhos mais novos. Entretanto, no mês passado, decidiu separar-se e, por exigência do marido, saiu de casa. Há dias, quando ia trabalhar, foi abordada pelo suspeito, que a terá agredido. A PJ acabou por deter o homem na sequência de uma queixa apresentada. Se for levado a julgamento e considerado culpado, o indivíduo arrisca uma pena de prisão que vai de um ano a cinco.

Ambiente RELATÓRIO DENUNCIA FALTA DE EFICIÊNCIA DE MACAU

Lixo que nunca mais acaba Foi ontem dado a conhecer o relatório do Estado do Ambiente de Macau em 2015. Lixo, águas e emissões de gazes são questões prementes e com um aumento considerável. Ecologistas e académicos locais apontam soluções Segundo o documente, a taxa de recolha para reciclagem está estagnada, porque apesar de haver maior quantidade de resíduos recolhidos para esse fim, cresce muito mais a quantidade global de resíduos produzidos.

TANTO CARRO

O documento chama ainda a atenção para o aumento de 3,8% do número de carros e motas em

Macau, “uma das fontes importantes para as emissões de poluentes atmosféricos”, sobretudo num contexto em que a “densidade de veículos motorizados” está já “num nível elevado” que obriga à circulação a baixa velocidade e provoca congestionamentos, o que aumenta as emissões. Em 2015, numa cidade com perto de 647 mil habitantes e cerca de 30 quilómetros qua-

drados, havia 249.339 veículos motorizados. Para Agnes Lam e a propósito do problema referido no relatório, o aumento do número de carros e

11,3% aumento da produção de lixo em 2015

motas na RAEM é antigo e recorrente. “Não podemos impedir as pessoas de andarem, por exemplo, de mota, mas considero que cabe ao Governo estar atento e exigir qualidade nestes veículos de modo a que não sejam tão poluentes”, diz ao HM. Quanto à qualidade do ar, em 90% dos dias teve um nível “bom” ou “moderado” e as emissões de vários poluentes baixaram, anuncia a avaliação. Mas também aumentaram as de outros ligados aos combustíveis, a que é “necessário prestar atenção e considerar medidas relevantes de controlo”, assinala o documento. No entanto, e no que toca às águas costeiras, a qualidade “agravou-se continuamente e a poluição por substâncias não metálicas foi grave”. Segundo Joe Chan, a poluição da água em Macau é sempre uma questão grave. Aliada à construção de novos aterros está a contaminação pelo óleo produzido pelas embarcações. “O aumento no índice de poluição não metálica significa que há cada vez mais resíduos causadas pelo por lixo doméstico” Para o ecologista, é preciso pensar como aumentar a movimentação de águas, após a conclusão das obras. . O relatório atribui ainda os mais 7% de consumo de electricidade à abertura de novos ‘resorts’ com casino em Macau no ano passado. HM/Lusa


8 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 26.10.2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 545/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor ZHAO ZHIGANG, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W48156xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 113/DIAI/2014 levantado pela DST a 04.09.2014, e por despacho da signatária de 18.10.2016, exarado no Relatório n.° 640/DI/2016, de 21.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida Doutor Mario Soares n.° 269, Kuan Fat Fa Yuen, 8.° andar G onde se prestava alojamento ilegal.--------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 560/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHAU CHUEN NGAI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong n.° P0713xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 87/DI-AI/2014 levantado pela DST a 17.07.2014, e por despacho da signatária de 18.10.2016, exarado no Relatório n.° 652/DI/2016, de 27.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Xiamen n.° 18-G, Edf. Nam Fong, bloco 2, 17.° andar N, Macau onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 561/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor HUANG ZHI, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W62338xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 87/DIAI/2014 levantado pela DST a 17.07.2014, e por despacho da signatária de 18.10.2016, exarado no Relatório n.° 653/DI/2016, de 27.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Xiamen n.° 18-G, Edf. Nam Fong, bloco 2, 17.° andar N, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-----------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 562/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor HUANG LIANHE, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W83612xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 87.1/ DI-AI/2014 levantado pela DST a 17.07.2014, e por despacho da signatária de 18.10.2016, exarado no Relatório n.° 654/DI/2016, de 27.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Xiamen n.° 18-G, Edf. Nam Fong, bloco 2, 17.° andar N, Macau.--------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘Centro Hotline’, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


9 hoje macau quarta-feira 26.10.2016

Após Ng Kuok Cheong ter sugerido na AL a participação dos residentes na detenção de trabalhadores ilegais, as reacções não estão a ser favoráveis. Pedro Coimbra e António Katchi consideram, não só que é uma sugestão anti-democrática como um atentado às verdadeiras vítimas da mão de obra ilegal, os próprios trabalhadores

A

S sugestões apresentadas pelo deputado pró democrata Ng Kuok Cheong na Assembleia Legislativa (AL) que apelavam à participação dos residentes na “detenção” de trabalhadores locais, não tardaram em criar reacções aos juristas locais. “Dá-me a impressão que o que Ng Kuok Cheong disse na AL foi que terá tentado introduzir no ordenamento jurídico da Região Administrativa Especial de Macau um conceito jurídico típico da Common law” diz o jurista Pedro Coimbra ao HM. “Vamos criar grupos que vão controlar trabalhadores ilegais, é essa a ideia?”, questiona, impressionado.

QUE DEMOCRACIA É ESTA?

Para Pedro Coimbra “esta ala chamada democrática teve, durante anos como cavalo de batalha o sufrágio universal , eram acima de tudo de sufragistas”. No entanto e sem que se entenda porquê, é esta faixa da população que se tem metido “em guerras que não são as deles” até porque, para o jurista, este assunto da emigração ilegal com discursos proteccionistas seria mais aplicável a associações mais tradicionais. “Ver agora estes pró -democratas a entrar neste tipo de discurso populista é uma

SOCIEDADE

Trabalhadores JURISTAS REAGEM A PROPOSTA QUE SUGERE UM CERCO SOCIAL

Onde pára a democracia? em conta e que são a importação e contratação de mão de obra ilegal. “Reconhecer os efeitos nocivos que a importação e contratação ilegal de mão-de-obra têm sobre os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores em situação legal não implica atacar os próprios trabalhadores que se encontra em situação ilegal”, ilustra, sendo que estes últimos “são vítimas da exploração e opressão capitalistas”.

DANTES NÃO ERA ASSIM

coisa assustadora. Se os democratas pensam assim, o que pensarão os das alas mais tradicionais?”, questiona, ao mesmo tempo que refere que “só falta dar pancada nas pessoas”. O que Ng Kuok Cheong sugeriu pode ainda configurar na prática de um crime mas, o que mais preocupa Pedro Coimbra é “a loucura que se está a instalar com a história dessa pseudo-protecção da mão de obra local visto que Macau precisa de trabalhadores. Não existe desemprego que atinja a mão de obra local, pelo que não se entende o que se quer proteger aqui”.

“Ver agora estes pró -democratas a entrar neste tipo de discurso populista é uma coisa assustadora. Se os democratas pensam assim, o que pensarão os das alas mais tradicionais?” PEDRO COIMBRA JURISTA

Existem mecanismos para combater a mão de obra ilegal e cabe às entidades competentes fazê-los cumprir, considera ainda enquanto reitera que talvez fosse mais necessária uma legislação para uma maior inclusão do trabalho estrangeiro de forma a que deixe de ser ilegal, dada a sua necessidade evidente. “Não sei concretamente se é necessária uma revisão legal, mas talvez fosse o melhor, para legalizar essas pessoas porque precisamos efectivamente delas cá e, nesse aspecto, poderá realmente ser alterada a legislação para que haja uma maior facilidade de legalização desta mão de obra fundamental”, remata.

QUESTÃO JURÍDICA, QUESTÃO POLÍTICA

Também António Katchi, jurista e professor do Instituto Politécnico de Macau, considera que “do ponto de vista jurídico, a “retenção” (na verdade, uma forma de coacção e de sequestro) de um trabalhador “ilegal” por parte de outros trabalhadores pudesse legitimar-se com base nas disposições legais que presentemente definem e regulam as formas de tutela privada permitidas (legítima defesa, acção directa e estado de necessidade, sendo este último o que maior proximidade teria com aquele cenário)”. Para o

“Reconhecer os efeitos nocivos que a importação e contratação ilegal de mão-de-obra têm sobre os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores em situação legal não implica atacar os próprios trabalhadores que se encontra em situação ilegal” ANTÓNIO KATCHI JURISTA professor, um trabalhador assim “retido” poderia apresentar junto da PSP ou do Ministério Público uma queixa contra os “justiceiros” por crime de coacção e/ou de sequestro. Ainda no plano jurídico, mas também no plano político, o docente distingue os fenómenos a ter

António Katchi recorda ainda que “há uns anos, o Ng Kuok Cheong dava mais ênfase, no seu discurso, à necessidade de uma melhor regulamentação do trabalho por forma a evitar que os trabalhadores “não residentes” fossem sujeitos a uma sobre-exploração e usados como arma contra os trabalhadores residentes, que sofreriam por consequência uma deterioração das suas condições de trabalho ou o próprio desemprego”. Já o presidente da Associação pró democrata Novo Macau, Scott Chiang, começa por dizer ao HM que há casos de crime em que as pessoas podem “reter” os criminosos apanhados em flagrante delito e para o feito ilustra com os EUA e uma possível situação de assalto. No entanto, também considera que a medida não se aplica aos casos de trabalhadores ilegais e que neste sentido a “melhor atitude em caso de suspeita é denunciar às autoridades competentes para que elas cumpram a sua função.” Na Reunião Plenária de segunda-feira da AL, Ng Kuok Cheong sugeriu que fosse montado um “cerco” aos trabalhadores ilegais. “Espero que o Governo crie um mecanismo para que os residentes possam apresentar provas in loco dos ilegais. Todos os trabalhadores estão à espera deste mecanismo, e há preocupação de como se pode apresentar provas. Os locais esperam que possa ser cercado o local onde estão ilegais e depois a polícia possa de facto investigar se há trabalhadores ilegais ou não. Esperamos que os residentes possam ajudar o Governo a obter provas.” Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


´ 10 Macau RIQUEZA CULTURAL ATRAI MAIS ESTRANGEIROS QUE PORTUGUESES

BIBLIOTECA CENTRAL É MOTIVO DE EXPOSIÇÃO

“P

ARA um Amanhã Melhor – Exposição sobre o Projecto da Nova Biblioteca Central”, é a iniciativa do Instituto Cultural (IC) que terá lugar entre 31 de Outubro e 31 de Dezembro, no Edifício do Antigo Tribunal, na Biblioteca Central de Macau e na Biblioteca da Taipa, sucessivamente. Segundo o comunicado dirigidos aos órgãos de comunicação social, tem sido dada grande atenção à construção da Nova Biblioteca Central e por conseguinte, a presente exposição irá apresentar a história e as funcionalidades de Biblioteca Pública de Macau e explicar as razões pelas quais se vai construir uma Nova Biblioteca Central. É objectivo do IC permitir, desta forma, dar a conhecer bibliotecas de cinco cidades comparáveis a Macau em termos populacionais e compreender as actuais operações

das bibliotecas públicas e ainda exemplos de outras entidades centrais estrangeiras. A exposição apresenta os trabalhos de planeamento da Nova Biblioteca Central, incluindo as diversas fases, os critérios de selecção do local, o plano de revitalização do edifício, o espólio na abertura. PROGRAMA • Local 1: Edifício do Antigo Tribunal Período: de 31 de Outubro (Segundafeira) a 7 de Dezembro (Quarta-feira) Horário: das 13:00 às 20:00 horas (encerra à Segunda-feira e feriados) • Local 2: Biblioteca Central de Macau Período: de 14 de Novembro (Segundafeira) a 31 de Dezembro (Sábado) Horário: das 10:00 às 20:00 horas (encerra aos feriados) • Local 3: Biblioteca da Taipa Período: de 14 de Novembro (Segundafeira) a 31 de Dezembro (Sábado) Horário: das 9:30 às 20:30 horas (encerra aos feriados)

(DES)INTERES

CARMO CORRREIA

EVENTOS

LIU CHUN KWONG EXPÕE NA GALERIA DO TAP SEAC

“A

Linha Distante” é o nome da exposição que reúne 31 obras do artista de Hong Kong, Lui Chun Kwong e que tem inauguração marcada para a próxima sexta-feira pelas 18h30 na Galeria do Tap Seac. Lui Chun Kwong estudou em Taiwan e no Reino Unido nos anos noventa. Numa transição de uma fase realista para uma fase abstracta, as obras de Lui “manifestam a sua sensibilidade em relação à natureza, expressando ao público à beleza simples e pura da pintura abstracta, através das suas linhas estreitas e da sua variação cromática”.

Segundo a organização, as obras da série paisagística (“montanhas e água”) dão continuidade à criação que Lui tem vindo a desenvolver ao longo de vários anos, desde os seus tempos no Reino Unido, altura em que começou a fazer experiências de pintura na superfície de caixas de madeira desmontadas. Nesta exposição, são exibidas obras recentes de Lui no âmbito da sua série paisagística, que “evidenciam a beleza da pintura abstracta através da gradação subtil de tons cinza”. A exposição estará patente na Galeria Tap Seac até 26 de Fevereiro de 2017, e conta com entrada livre.

Macau não desperta interesse aos portugueses. A ideia foi passada pela historiadora Beatriz Basto da Silva que afirma ainda que os estrangeiros têm mais curiosidade pelo território do que aqueles que por cá viveram cerca de 400 anos, e que ainda vivem

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA SHANTARAM • Gregory David Roberts

Quando chegou a Bombaim não passava de um fugitivo: sem identidade, sem futuro, sem esperança. Nessa cidade conheceu o paraíso e o inferno, o amor e o ódio, a paixão e a guerra. E conquistou um nome que lhe foi dado com o coração: Shantaram. Aterrou em Bombaim fugindo de um passado de crime e drogas, perseguido pela Polícia após ter escapado de uma prisão de alta segurança na Austrália. Nos seus bairros miseráveis, aqueles onde os estrangeiros nunca entram e onde só o amor e a lealdade poderão garantir a sobrevivência, a sua vida ganhou um sentido e alcançou uma intensidade que julgava impossível. Conquistou um lugar entre traficantes, contrabandistas e falsários, adoptou os seus códigos de honra e criou laços que o levaram até às montanhas do Afeganistão, ao lado de mujahedines que combatiam as tropas soviéticas. Esta é a história real da transformação de um homem.

A

historiadora especialista em Macau, Beatriz Basto da Silva, considerou que os portugueses dedicam pouca atenção à situação cultural e mesmo económica daquele território, acrescentando que são os estrangeiros a procurar mais as bibliotecas e os arquivos macaenses. “Acho muito feio que as pessoas se alheiem da situação de Macau, tanto cultural como económica. Porque Macau merecia muito mais atenção. Para se gostar de Macau é preciso conhecê-lo. Eu escrevi uma Cronologia da História de Macau por-

que não conseguiria numa vida escrever uma história de Macau se não fosse por números, de tão rica que é”, considerou a historiadora à agência Lusa durante a abertura da Feira do Livro de Macau em Lisboa, a primeira iniciativa do primeiro Fórum do Livro de Macau na capital portuguesa, que se prolonga até 3 de Novembro. “Não há, neste momento, interesse pela história de Macau, aqui. Na RAEM aparecerem muitos estrangeiros a perguntar pela nossa história, porque a história de Macau envolve muitas ligações com países de Europa. E são ligações tão grandes, tão

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

O ENIGMA DO MAR MORTO • Adam Blake

O ex-mercenário Leo Tillman e a ambiciosa polícia Heather Kennedy investigam uma série de mortes enigmáticas. As pistas levam-nos até aos manuscritos do Mar Morto, em concreto a um evangelho mortal escondido entre eles. Colocando a própria vida em risco, Tillman e Kennedy vão cruzar-se com um bando de sinistros assassinos que derramam lágrimas de sangue e acreditam ser descendentes de Judas.


11

ESSADOS importantes que não se pode contar a história de nenhum país europeu que não tenha qualquer coisa a ver com Macau”, salientou a especialista. Dos portugueses e chineses que vivem em Macau, Beatriz Basto da Silva faz um retrato pouco animador. “A civilização que hoje existe em Macau é consumista”, pelo que “não há grande interesse em saber o porquê e ver o que se passou para trás”.

A Labirinto de Letras editou dois livros de Eduardo Ribeiro, sobre a presença de Camões em Macau, e recentemente uma biografia de Ouvidor Arriaga, de António Alves-Caetano. “Não é um sucesso editorial, porque há pouca gente a ler, mas é seguramente algo de sério e de importante e que tem de ter o seu espaço”, completou. Sobre o Fórum, o presidente da Associação Amigos

O FASCÍNIO DO ORIENTE

Presente na feira, o advogado José António Barreiros, antigo secretário da Administração e da Justiça em Macau em finais dos anos 80, considerou, por outro lado, que há “um interesse cíclico que não se perde” dos portugueses por Macau. “O fascínio do Oriente acompanha sempre o português. E sobretudo em tempos de crise o português acaba por ter sempre o fascínio do longínquo Oriente, do enigmático Oriente. É um interesse cíclico que não se perde e que se vê pela vitalidade do que tem vindo a ser publicado”, disse o advogado, que é responsável pela editora Labirinto de Letras.

Beatriz Basto da Silva

do Livro de Macau, que organiza a iniciativa, explicou que a intenção “é dar a conhecer em Portugal o que se faz na literatura portuguesa em Macau e também dar a conhecer um pouco do que se faz em literatura chinesa” na agora Região Administrativa Especial chinesa. “Teremos sessões, conferências, debates, lançamentos de livros, poesia. Não há propriamente pontos altos”, disse Rogério Beltrão Coelho. “No Centro Científico e Cultural de Macau teremos duas conferências: uma sobre o livro antigo de Macau e outra sobre o livro actual. Na Universidade Católica haverá uma sessão sobre os livros de Direito. No Clube Militar Naval vai falar-se dos marinheiros que escreveram sobre Macau. O Fórum terminará na Biblioteca Nacional, onde se evocará uma grande escritora ligada a Macau, a Ondina Braga”, acrescentou. No dia 29, o ministro da Cultura de Portugal estará numa sessão de poesia ligada a Macau na Fundação Casa de Macau em Lisboa. Lusa/HM

hoje macau quarta-feira 26.10.2016

EVENTOS

HOJE N0 PRATO Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Amendoim NOME BOTÂNICO: ARACHIS HYPOGAEA L. FAMÍLIA: FABACEAE (LEGUMINOSAE). NOMES POPULARES: ALCAGOITA. Curiosa planta esta, com frutos subterrâneos! Não, não são tubérculos ou rizomas. São os frutos que, logo após a fecundação do ovário das flores, se introduzem na terra para aí terminar a sua maturação. Estes frutos são vagens e contêm as sementes comestíveis, os Amendoins, comummente designados por frutos secos ou oleaginosos. Trata-se de uma planta herbácea, de 30 a 40 cm de altura e flores amarelas, provavelmente originária do Brasil ou Peru. Actualmente, o Amendoim é amplamente cultivado nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. Quando os espanhóis trouxeram o Amendoim para a Europa, já o Amendoim era cultivado desde tempos remotos pelos povos nativos da América Central, sendo um alimento fundamental na sua dieta. Os navegadores portugueses levaram-no para África e daqui voltou para as Américas. Apesar de ser hoje considerado um superalimento, nem sempre foi assim: durante muitos anos, ingerido pelas classes sociais mais pobres e pelo gado, o Amendoim foi menosprezado. Até que, durante a Guerra Civil Americana, na década de 1860, os soldados recorreram ao Amendoim como fonte energética e, no início do século XX, a tradicional manteiga de vaca foi substituída pela manteiga de Amendoim de forma a suprir as necessidades proteicas de então. E assim se tornou tão popular! Composição Alimento muito concentrado e nutritivo, o Amendoim contém um elevado teor em gorduras (ácidos linoleico e linolénico); é rico em proteínas, fibras, vitaminas (B1, B2, B3, B5, B6, folato, E, K), minerais (cálcio, cobre, ferro, fósforo, magnésio, manganês, potássio, selénio, zinco), compostos polifenólicos e fitosteróis; contém ainda hidratos de carbono (amido, maltose). Sabor agradável. Acção terapêutica Com actividade electiva sobre o sistema cardiovascular, o Amendoim fornece resveratrol, um antioxidante também encontrado no vinho tinto associado à redução do risco de doença cardíaca, e ácidos gordos essenciais em abundância, que constituem a principal fonte de energia para as células do músculo cardíaco. Além disso, ajuda a diminuir a hipertensão arterial e os níveis elevados no sangue de colesterol e triglicéridos.

Este fruto oleaginoso aumenta a sensibilidade à insulina e regula os níveis de açúcar no sangue, contribuindo para a prevenção da diabetes tipo 2. É facilmente assimilável, proporciona um elevado poder saciante e contribui para prevenir a obstipação; reduz ainda o risco de desenvolvimento de cálculos biliares, uma afecção associada ao excesso de peso. O seu consumo regular contribui para um peso saudável, mas só se for consumido moderadamente já que se trata de um alimento muito calórico e, em excesso, pode conduzir ao aumento de peso. Como é muito energético é ideal para os desportistas. Outras propriedades O Amendoim reforça o sistema imunológico e é um aliado no combate às infecções virais e fúngicas. Tem propriedades anticancerígenas, prevenindo e combatendo alguns tipos de cancro (cólon, mama, próstata). Contribui para a formação e renovação do tecido cerebral e reduz o risco de doenças neurodegenerativas, como, por exemplo, a doença de Alzheimer. Nutre e fortalece a pele, favorecendo o seu bom estado e o das mucosas. O seu óleo aplicado topicamente como loção está indicado em caso de pele seca, eczemas e dermatites em geral. Como consumir Os Amendoins podem ser adquiridos com ou sem casca. Devido à riqueza em ácidos gordos insaturados, podem ficar rançosos com facilidade; a casca protege contra a oxidação, prolongando a sua conservação. Devem ser consumidos com moderação, de preferência como parte integrante da refeição e não como petisco, mastigando e ensalivando bem para não se tornarem indigestos. Para usufruir dos seus benefícios, o Amendoim deve ser ingerido sem sal. Sugestões: • Crus: são pouco saborosos e indigestos. Torrados: são bem tolerados e saborosos. Picados, podem ser adicionados às saladas. •Fritos: são muito saborosos, mas tornam-se mais indigestos. • Pasta ou manteiga de Amendoim: obtida dos Amendoins torrados e triturados, substitui com vantagens a manteiga de vaca. É utilizada para barrar o pão, tostas ou bolachas e na confecção de doces, bolos ou molhos. • Óleo de Amendoim: obtido por pressão a frio, pode ser usado para saltear legumes e em frituras. Precauções O Amendoim é um alimento potencialmente alergénico. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 26.10.2016

JORNAL APELA À EXECUÇÃO “INCONDICIONAL” DAS ORDENS DO LÍDER

EXPLOSÃO EM XINMIN FAZ PELO MENOS 14 MORTOS

O

número de mortos na explosão ocorrida numa zona residencial no norte da China subiu ontem para 14, indicam os últimos dados das autoridades chinesas. A explosão, que causou 147 feridos, segundo o último balanço, verificou-se em várias casas prefabricadas, cerca das 14:00 locais de segunda-feira, na localidade de Xinmin, na província de Shaanxi (norte). Pelo menos 58 casas nas proximidades e 63 automóveis ficaram destruídos ou danificados, de acordo com a agência oficial Xinhua. Até ao momento, 106 pessoas estão hospitalizadas, desconhecendo-se o seu estado. A polícia evacuou a zona.

Um balanço anterior referia dez mortos e 157 feridos, dos quais 113 tinham sido hospitalizados e sete estavam nos cuidados intensivos. Uma equipa de socorro, formada por dezenas de bombeiros e outros profissionais, passou a noite de segunda-feira a tentar encontrar sobreviventes sob os escombros. Os trabalhos de socorro foram concluídos cerca das 9:00 locais. De acordo com as primeiras investigações, a explosão terá sido devida ao armazenamento de explosivos nas casas prefabricadas, que foram construídas no complexo residencial. A polícia deteve o proprietário destas casas, que foram postas a arrendar em Setembro passado. Em Agosto de 2015, o armazenamento impróprio de químicos na cidade de Tianjin, no norte da China, causou uma explosão que matou pelo menos 165 pessoas. PUB

HM • 2ª VEZ • 26-10-16

ANÚNCIO 勒遷案 第 Proc. Despejo n.º Autor: Réu:

CV3-16-0080-CPE

第三民事法庭 3.º Juízo Cível

MINISTÉRIO PÚBLICO.---------------------------------------------PORFÍRIO ANTÓNIO VASQUES DE AZEVEDO TEIXEIRA, com a última residência em Macau, na Rua de Pedro Coutinho, n.º 53, edf. Residencial Coutinho, 14º andar B, ora em parte incerta.---

--- FAZ-SE SABER que pelo Tribunal, juízo e processo acima referidos, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da data da 2ª e última publicação do presente anúncio, citando o Réu, acima identificado, para no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, contestar, querendo, a petição inicial dos autos acima indicados, apresentada pelo Autor, na qual pede que deverá a presente acção ser julgada procedente por provada e em consequência o Réu condenado a entregar voluntariamente a fracção à R.A.E.M., bem como ser condenado ao pagamento de todas as rendas vencidas, no montante total de MOP$60,879.00 bem como de todos demais rendas vincendas até trânsito em julgado da presente acção, acrescendo de juros de mora e taxa legal vencido e vencendo sobre o capital em divida, conforme tudo melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra na secretaria à sua disposição.--------------- O citando fica advertido de que ao contestar pode deduzir em reconvenção o seu direito a benfeitorias ou a uma indemnização, e ainda que é obrigatória a constituição de advogado nos termos dos artºs.932º e 74º do Código do Processo Civil, e a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pelo Autor, caso a mesma permaneça na situação de revelia absoluta.-------------------------------------------------------------------------------Macau, aos 14 de Outubro de 2016.

Sim, sr. Presidente Enquanto decorre o sexto plenário do Comité Central, a publicação do PCC envia uma mensagem de obediência ao líder, com referências a Mao Tse-Tung

O

jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) apelou à execução “incondicional” das ordens do seu líder, exemplificando com a autoridade de Mao Tse-Tung, numa altura em que decorre uma reunião “decisiva” para o futuro da organização. “O tique-taque [do telégrafo] era a voz do Presidente Mao e da liderança central do partido. Todos os membros do partido e do exército implementavam as decisões de Mao”, descreveu o Diário do Povo em editorial. Mao Tse-Tung - o fundador da República Popular da China, em 1949 - governou a China durante 27 anos, até à sua morte em 9 de Setembro de 1976. O jornal lembra que a unidade do PCC depende da obediência à sua liderança e diz que foi a falta desta que levou à queda da União Soviética há 25 anos. Já a Revolução Cultural, uma radical campanha política de massas lançada por Mao em 1966, que visou purgar os “elementos burgueses” do PCC, foi também o resultado de uma “vida política anormal” no partido, refere. Cerca de 400 altos quadros do regime comunista chinês estão reunidos esta semana num hotel, em Pequim, para discutir as “regras da disciplina interna” no PCC e “as directrizes para a vida política” dos seus membros. O sexto plenário do Comité Central, o último antes da liderança do partido ser remodelada no próximo ano, deverá aprovar dois grupos de normas sobre a conduta dos membros do PCC, segundo a agência oficial Xinhua.

AFIRMAÇÃO E PERSISTÊNCIA

A retórica da imprensa chinesa poderá esconder o que especialistas conside-

Xi acumula já mais poder do que todos os anteriores Presidentes chineses, desde o fim do “reinado” de Mao Zedong ram uma luta pelo domínio político da segunda maior economia mundial, à medida que o secretário-geral do

PCC e Presidente da China, Xi Jinping, se afirma como o líder chinês mais forte das últimas décadas.

Formalmente, Xi acumula já mais poder do que todos os anteriores Presidentes chineses, desde o fim do “reinado” de Mao Zedong. A sua campanha anti-corrupção, lançada em 2013, é considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista e resultou já na punição de um milhão de membros, segundo dados anunciados este fim de semana pelo órgão de Disciplina e Inspecção do PCC. O partido único da China tem 88 milhões de membros. Os dois casos mais mediáticos envolveram a prisão do antigo chefe da Segurança Zhou Yongkang e do ex-director do Comité Central do PCC e adjunto do antigo presidente Hu Jintao, Ling Jihua. No braço político do exército, a Comissão Militar Central (CMC), que era considerada intocável até então, dois ex-vice-presidentes foram já investigados por corrupção: Guo Boxiong, que foi sentenciado com prisão perpétua, em Julho passado, e Xu Caihou, que faleceu devido a um cancro, no ano passado, antes de ser julgado. Num editorial publicado em Maio passado, o Diário do Exército de Libertação Popular (ELP), as forças armadas chinesas, defendeu que a queda de Guo e Xu se deveu mais a “erros políticos” do que à sua “evidente corrupção”. “O motivo chave (...) reside na violação da base da disciplina política do partido, mais do que os crimes de corrupção que cometeram, apesar de estes serem notórios e abomináveis”, indica Xi Jinping descreve o partido como uma “arma mágica” para implementar as reformas necessárias à concretização do “Grande Rejuvenescimento” da nação chinesa, um conceito que frequentemente descreve como o “Sonho Chinês”.


13 CHINA

hoje macau quarta-feira 26.10.2016

ACCIONISTA CHINÊS DA TAP COMPRA 25% DA CADEIA HOTELEIRA HILTON

O

HK TRIBUNAL MOSTRA VÍDEO EM QUE BRITÂNICO ADMITE MATAR E TORTURAR MULHER

Crónica de uma morte anunciada

U

M tribunal de Hong Kong mostrou ontem ao júri vídeos em que o britânico Rurik Jutting, ex-funcionário do banco Merryl Linch, tortura e admite ter matado uma das duas mulheres que é acusado de ter assassinado no seu apartamento. Jutting, de 31 anos, é acusado de ter matado duas mulheres indonésias há dois anos. Uma delas, Sumarti Ningsih, que mais tarde foi encontrada morta pela polícia dentro de uma mala, surge nos vídeos ontem revelados ao júri durante o julgamento. O antigo funcionário do Bank of America-Merrill Lynch declarou-se inocente das duas acusações de assassínio na segunda-feira, alegando responsabilidade diminuída, mas declarou-se culpado de homicídio involuntário, o que foi rejeitado pela acusação.

CONFISSÃO NO TELEMÓVEL

O júri assistiu a cerca de 20 minutos de imagens do telemóvel de Jutting, em que este ataca Sumarti Ningsih, de 23 anos. Segundo a acusação, a jovem foi torturada durante três dias depois de

ter entrado no apartamento de luxo de Jutting a 25 de Outubro de 2014, após o britânico lhe ter oferecido dinheiro em troca de sexo. Os jornalistas presentes no tribunal não puderam ver as imagens, mas tiveram acesso ao áudio. “Queres que te bata? Se disseres que sim, bato-te uma vez. Se disseres que não, bato-te duas vezes. Se gritares, vou dar-te um murro, percebes?”, ouve-se dizer Jutting, que repetidamente pergunta a Ningsih se o ama. A acusação mostrou depois uma série de vídeos em que Jutting fala para a câmara após matar Ningsih. “Há cerca de cinco minutos matei, assassinei esta mulher”, diz.

“Sinto-me um pouco triste porque ela era boa pessoa, mas não me sinto culpado” RURIK JUTTING EX-FUNCIONÁRIO DO BANCO MERRYL LINCH

“Tomei muita cocaína. Torturei-a muito”, acrescenta. O início das imagens mostra um breve vislumbre do corpo de Ningsih deitada no chão do chuveiro. Na segunda-feira, o tribunal tinha ouvido como Jutting tinha cortado o pescoço da mulher com uma faca no chuveiro depois de a obrigar a lamber a sanita. “Três dias de tortura, violação e brutalização mental. Nunca vi ninguém tão assustado”, afirma o homem, dizendo que o sentimento de domínio era “viciante”. “Sinto-me um pouco triste porque ela era boa pessoa, mas não me sinto culpado”, afirma para a câmara. Ningsih e Seneng Mujiasih, de 26 anos, foram encontradas a 1 de Novembro de 2014, depois de Jutting chamar a polícia. O britânico cortou a garganta de Mujiasih a 31 de Outubro, depois de a ter conhecido num bar perto da sua casa, na zona de Wan Chai, e lhe ter oferecido dinheiro em troca de sexo. A polícia encontrou-a na sala de Juttingm enquanto o corpo de Ningsih foi encontrado mais tarde numa mala na varanda.

grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, chegou a acordo para comprar 25% do capital da cadeia hoteleira norte-americana Hilton, anunciou ontem em comunicado. O negócio, que deverá concretizar-se no primeiro trimestre do próximo ano, prevê o pagamento de 6.500 milhões de dólares ao fundo Blackstone, que reduz assim a sua participação no capital do Hilton para 21%. A HNA pagará 26,25 dólares norte-americanos por cada acção da cadeia hoteleira, uma quantia 15% superior à sua cotação actual. Em comunicado, o grupo chinês considerou o

negócio um “investimento estratégico”, visando também as empresas que o grupo norte-americano pretende criar: Park Hotels&Resorts e Hilton Grand Vacations. A HNA ficará com 25% do capital de cada uma das empresas. O acordo prevê que o grupo chinês - que actua nas áreas de turismo, aviação, imobiliário e logística - tenha direito a nomear dois dos dez membros do

conselho de administração do Hilton. A Blackstone manterá dois membros no conselho de administração, incluindo o seu actual presidente, Jon Gray. A empresa chinesa HNA detém indirectamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de sete por cento na Atlantic Gateway. Em Fevereiro passado, a HNAcomprou a distribuidora de tecnologia norte-americana Ingram Micro, por 6.000 milhões de dólares, e acordou pagar 1,3 mil milhões de euros pela Gategroup, a segunda maior empresa de ‘catering’ de aviões do mundo.

PIRATAS SOMALIS LIBERTAM 26 MARINHEIROS ASIÁTICOS

A

China confirmou na segunda-feira a libertação de 26 marinheiros asiáticos, entre os quais dez oriundos do continente chinês, após quatro anos e meio mantidos em cativeiro por piratas da Somália numa pequena vila de pescadores. Os marinheiros oriundos da China, Filipinas, Camboja, Indonésia, Vietname e Taiwan foram capturados em Março de 2012, quando o navio de pesca taiwanês FV Naham 3 seguia para as ilhas Seychelles. Este fim de semana chegaram a Nairobi, após os raptores terem recebido um resgate no valor de 1,5 milhão de dólares, segundo o representante dos piratas nas negociações, Bile Hussein. Nenhum dos países de origem dos marinheiros confirmou o pagamento daquele valor. Segundo o comunicado difundido pela porta-voz do ministério chinês dos

Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, dez dos marinheiros são chineses. A tripulação do FV Naham 3 foi resgatada este fim de semana “através de múltiplos esforços”, refere a mesma nota, sem avançar mais detalhes. Dois dos membros da tripulação terão morrido durante o cativeiro e um outro morreu durante o sequestro da embarcação, segundo informações difundidas na imprensa chinesa. As Nações Unidas classificam a pirataria na costa da Somália como uma ameaça à navegação e a região é patrulhada por navios dos países membros da NATO, da China e da Índia. Desde 2013 que não há registo de sequestros. A maioria dos reféns são oriundos de navios mercantes, mas algumas famílias da Europa foram também raptadas quando viajavam em iates.

PUB

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 49/P/16 Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo de 2 de Setembro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Cinco Tipos de Medicamentos para a Convenção das Farmácias», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 26 de Outubro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau (Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo), onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP68,00 (sessenta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www. ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 16 de Novembro de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 17 de Novembro de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reuniões”, no 3.o andar do “Centro de Saúde da Areia Preta (Hac Sa Wan)”, que se situa Rua Central da Areia Preta, Lote de Terra 18, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/ Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 20 de Outubro de 2016. O Director dos Serviços, Substituto Cheang Seng Ip


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

S

IM, agora que o Outono chegou, que as tardes são mais maduras e a luz se vai coando de uma quietude quente onde as formas ganham um relevo suave e a nudez fica mais vestida – apetece sempre esse vinho da lenda que foi Omar Khayyam. Na sua Pérsia natal ele representa a herança da cultura grega numa sociedade muçulmana, onde nasce em 1048 para levar uma vida de sábio, de estudioso e rigoroso observador. Para tanto lhe valera uma pensão vitalícia que lhe permitira uma imensa criatividade e deleite intelectual. Um pouco isolado das tradições religiosas e filosóficas da época, Sufistas e Islamitas, não menos redutor se torna o epíteto de poeta do vinho dada a sua perspetiva universalista. Há um panteísmo filosófico, resultado hedonista da sua herança helénica, acerca do maravilhamento do instante e da hora que passa elevado a arte de viver, talvez um pan-helénico em terreno nada conflituoso para a sua energia poética. Vejamos que mesmo assim o Sufismo também introduz muitas notas sonantes na sua poesia no que diz respeito ao amor e a uma busca da pobreza que facilite o não andar agarrado às sombras ilusórias da vida. Aqui aproxima-se deste estado de coisas e leva até ao seu diálogo a influência pois, como bem sabemos, beber vinho não é prática islâmica. Um deus báquico nascido na bela Pérsia que vai escrever as suas” rubaiyat”, que são uma renovação da poesia persa e que têm como princípio estilístico uma separação das formas tradicionais. Obviamente que tais deslocamentos estilísticos se tornaram não muito ortodoxos face à religião oficial, o que não as fez menos populares. “Ruba’i “significa pequena composição e usamo-la no plural, aproximando-se sem dúvida às influencias orientalistas do Haiku, mais epigramática, talvez, mas fazendo jus a uma grande síntese de linguagem. Usamo-la como a base de uma máxima estética ou de um efeito, de uma moral contida em forma de sabedoria. É efectivamente a antítese da nossa forma de dizer tão repleta de argumentos que enumera até ao absurdo, dando por isso voz aos alicerces que gostam nos interstícios de ficar na sombra como

Ser a vida inteira Caravaggio, Bacchus

Vinho! A jorros! Que ele palpite nas minhas veias! Que ele fervilhe na minha cabeça! Taças... Depressa! Eu já envelheci... Omar Khayyam

Amélia Vieira

um mecanismo que utilizamos para chegar a uma mais condensada conclusão. Talvez tivessem o dom da economia e, sabendo do gosto destes povos por gatos, mais não quisessem em termos falantes do que assemelharem-se-lhes no enigma e na solidez essencial. Já os poetas árabes do Al-Andaluz ilustram uma contenção que nos inebria, uma mesura linguística que nos deixa surpreendidos. Andam distantes ainda deste registo, mas ambas as fontes parecem conhecerem-se. Dir-se-ia que nem é o intimismo da modalidade que os acalenta, o lado confessional dos estados de espírito ou a razão de um desejo, mas toda uma subtil arquitectura de saberes e sentires, onde no meio vamos encontrar uma maravilhosa noção de Civilização. Todos parecem cantar, para além de si, uma música cujo significado semânticoacústico diz tudo acerca do valor maior

do poema. Vamos encontrar, por vias quantas vezes dolorosas pela mudança de registo, estas influências nas « Cantigas de Amigo», uma esteira de vinhos paralelos nos trazem com nitidez à lembrança toda a geometria das fórmulas, talvez por que agora o vinho nos evola na sua deidade de motor de uma estirpe onde estas coisas aconteceram. Talvez por isso a nossa vida inteira nestas margens do mundo tenha um registo geográfico muito perto do Jardim que os tempos na sua transgressão não conseguem sonegar. O vinho é um produto alquímico feito de solo e sol, desse casamento, e transplantá-lo não será fazê-lo melhor nem dará a mesma cepa destas tão ilustres taças. Tudo se pode fazer, é certo, até melhor que o original, mas quem faz a “coisa” imperfeita e bela só mesmo alguns, nestas, como noutras coisas, não se procura a perfeição, mas sim a plenitude, que ser-

-se, é, tudo aquilo que se opõe a toda a prática de um perfeccionismo desenraizado. Se o mundo se transformasse numa vinha, seríamos então todos descendentes de Noé. O sistema de castas, hoje mesmo só serve para os vinhos, sendo também lendárias as formas que as designam e as vastas descrições de que são feitas. Nós, cujo produto reverte para a estatística do mundo, já não somos uma casta, mas uma espécie aparentemente transformável. A alteração da percepção é também uma via de sublimação espiritual e o exercício da sua prática remete-nos para outros estados de consciência moldados pela natureza das opções estilísticas. Somos herdeiros mas não reféns daquilo que encontrámos já feito e dito como definição, nós vamos em busca, formamos e acrescentamos ao tecido do realizado mais realidade. Não interessa a arma secreta nem a dúvida sempre metódica, que duvidar não é fazer, nem o secretismo maior anda escondido, nós precisamos do nosso tempo de vida para deixar a vida mais longa sem nós. Estamos com certeza ainda aqui nos augúrios do tempo, sem a demonologia e as portas fechadas dos fantasmas do ego dadas por alucinogénios - aquela árvore que nos disseram para não tocar. Aqui ainda a vinha é sagrada e como tal o espectro não se produz, nem as brasas da loucura nos engolem com a fantasmagórica sombra de nós. Estamos num outro registo no qual, quem sabe, a psique tão cara aos homens do nossos dias estava como que adormecida nas portas do cérebro e da alma: o mal era outro e tinha também contornos menos maus, suponho, que o tal mal procurado na escada funda que vai para os nossos abismos. Por isso, aos primeiros alvores do Outono voltamo-nos para a Primavera da Civilização onde temos condensadas todas as lendas, os frutos maduros e a beberagem sadia e, enquanto esta taça nos for dada como um desígnio a manter, jamais esqueceremos de lembrar aos vindouros a casta maravilhosa de que foram feitos os Povos. Por isso: Dissimulo a minha tristeza, porque as aves feridas se escondem para morrer. Vinho! Escuta os meus gracejos! Vinho, rosas, cantos de alaúde e a tua indiferença à minha tristeza, ó bem-amada!


15 hoje macau quarta-feira 26.10.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

As mulheres mais odiadas da China 让解放军踮起足尖的女人 “Em Xangai, Wang Guangmei (mulher do então presidente, J O’y) proferiu um discurso de 70.000 palavras…[na] mesma semana em que Jiang discursou no Festival da Ópera de Pequim. Enquanto Wang explicava a agrónomos qual o fertilizante que ela achava mais adequado para as difíceis condições da Província de Hebei, Jiang ensinava os actores a usar uma pistola de forma a evitarem danificar o pénis.” Comrade Chiang Ch’ing por Roxane Witke, 1977

nária, foi como se lhe tivesse insuflado vida nova. Deu início a uma cruzada para controlar o mundo das artes, pelo que foi condenada para todo o sempre, mas através da qual deixou marcas inesquecíveis. Os chineses costumam dizer: “8 biliões de pessoas a admirar 8 personagens modelo do palco” (八亿人看八 个样板戏). Porquê? Porque os heróis e as heroínas são gao (高, sublimes), da ( 大, gloriosos) e quan (全, completos). É a versão chinesa do Übermensch (super-homem de Nietzsche), embora duvide que Jiang alguma vez tenha estudado Riefenstahl. Pelos vistos, os efeitos das oito personagens modelo da camarada Jiang Qing na memória colectiva dos chineses, foram muito incrementados pela publicação de diversíssimos cartazes que reproduziam momentos chave das suas peças. Tornaram-se imediatamente clássicos, ousados e inovadores usando sem complexos elementos característicos da arte ocidental. Por exemplo, os instrumentos que compõem as orquestras ocidentais foram todos introduzidos na Ópera tradicional de Pequim, bem como elegantes bailarinas de sapatilhas de cetim, que volteavam e saltavam em torno de soldados agitando armas e espadas, enquanto realizavam proezas de Kungfu. O colorido dos cenários chegava a ter um magnetismo à la Warhol. As oito personagens modelo continuam vivas hoje em dia, justiça lhes seja feita, embora o apreço do público seja já desprovido de significado político. O que resta tem mais a ver com nostalgia, já não existem conotações negativas. São o manifesto de uma mulher no mundo masculino da política.

Q

UERIDA Humanidade, ups, a Mestre de Artes, Jiang Qing江青. A reforma da arte tradicional começou após a fundação da República Popular da China, em 1949; esta reforma também abrangeu a Ópera. No início dos anos 60, Mao Tsé Tung queixava-se que os palcos chineses ainda eram dominados por “imperadores, reis, generais, chanceleres, literatos e beldades” (风花雪夜才子佳人, ao invés de heróis proletários da classe trabalhadora. Houve uma mulher que o compreendeu. Acabaria por entrar na História como a mulher malvada do Secretário Geral – uma mulher que arcou com a as consequências do desagrado nacional, devido às marcas deixadas pelo líder da revolução de massas. Liu Haisu, um dos grandes nomes da história da Arte chinesa, que deu início à utilização de modelos nus nas Academias, escreveu sobre Lan Ping1: “Tinha regressado da Europa no Verão de 1935. [Ela] já era famosa em Xangai por causa do seu desempenho de Nora, na peça de de Ibsen. Era uma artista talentosa, qualquer coisa que se lhe dissesse, ela compreendia à primeira.” Nos anos 60, quando Mao apelou à criação de uma nova arte revolucio-

Actuação de Jiang em1972 que reflecte o perfeccionismo da sua arte.

1 - Jiang Qing foi o nome que o Secretário Geral Mao deu a Lan Ping, depois de ela ter abandonado a sua carreira de actriz em Xangai e se lhe ter juntado na “capital vermelha” do Norte da China.


16 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 26.10.2016


17 hoje macau quarta-feira 26.10.2016

RUI TAVARES in Público

Bem-vindos ao Troloceno

N

A imagem que acompanha esta crónica vemos um cartoon em que os países da zona euro são representados como porcos numa União Europeia dominada pelos gays e lésbicas (note-se a bandeira LGBT junto à muralha). Mais de metade da imagem é ocupada por um urso que exercita os seus músculos e representa a Rússia (cujo mapa orgulhosamente ostentado na t-shirt inclui, como é óbvio, a península da Crimeia). No cantinho à direita, para o observador atento, encontramos o Kremlin, uma bandeira da Rússia e discretíssimo mas evidente míssil que se levanta do solo. Este cartoon apareceu na Internet durante o fim-de-semana, embora eu ignore se ele não é mais antigo. Por incrível que pareça, não foi publicado por um dos apologistas pró-Putin que pulula na Internet, nem pelos canais de propaganda da Agência Sputnik ou da Russia Today. Com a sua indesmentível mensagem bélica — além de homofóbica, claro —, este cartoon foi publicado nem mais nem menos do que pela conta oficial da Embaixada da Federação Russa no Reino Unido.

Que tal demonstração de desdém pela linguagem diplomática tenha sido publicado por um canal oficial de um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU diz-nos muito do que precisamos saber sobre o nosso tempo. Vivemos numa cultura política internacional cada vez mais cooptada pelas atitudes das caixas de comentários da Internet. Esta nova era precisa de um novo nome: chamemos-lhe o Troloceno. Para quem não conhece, o troll é aquela figura da Internet cuja principal ocupação é desestabilizar um adversário. O objectivo de um troll (trolar, na linguagem da net) não é participar de um debate mas usar as regras do debate para minar o próprio debate, afastar as pessoas mais razoáveis, criar confusão, desconversar e no fim do processo vitimizar-se se for denunciado. Não precisamos de nos demorar na etiologia ou na sintomática do troll. Como

Tal como não há uma só sintomática do troll, não há uma única forma de combater a chegada do Troloceno. Mas o primeiro passo é certamente o mais importante: reconhecer e identificar o problema

disse um juiz do Supremo americano sobre outro assunto, sabemos que se trata de um troll quando estamos perante um troll. A Rússia de Putin pode ser o primeiro estado-troll (há suspeitas fundadas de que usa comentadores assalariados ou automáticos na Internet, e os seus canais de media usam de forma cada vez mais indistinguível essa mesma linguagem) mas o Troloceno como nova era política é mais amplo. Nos EUA, os últimos meses têm sido dominados pela ascensão do movimento “alt-right”, um fenómeno típico das catacumbas da Internet da direita racista que agora está na direcção da campanha de Trump. O objectivo da alt-right é normalizar o racismo, a islamofobia e o anti-semitismo. Tudo vale, mas um dos divertimentos preferidos da alt-right é mandar aos seus adversários fotografias dos filhos destes em montagens com câmaras de gás nazis. Às vezes o círculo completa-se, como no caso infeliz da Wikileaks que decidiu reagir a uma capa da revista Economist sobre Putin alegando que a publicação era controlada por uma sócia minoritária — que se distinguia por ter nome judeu. Os gays, os judeus, os refugiados muçulmanos e os malvados dos “cosmopolitas desenraizados”, como lhes chamava Estaline, são de novo os grande adversários desta gente. Tal como não há uma só sintomática do troll, não há uma única forma de combater a chegada do Troloceno. Mas o primeiro passo é certamente o mais importante: reconhecer e identificar o problema.

OPINIÃO


18 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau quarta-feira 26.10.2016

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

EXPOSIÇÃO WORLD PRESS PHOTO Casa Garden OKTOBER FEST MGM

MIN

26

MAX

30

HUM

70-90%

EURO

8.69

BAHT

EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

O CARTOON STEPH

PROBLEMA 108

UM FILME HOJE C I N E M A

JACK REACHER: NEVER GO BACK SALA 1

JACK REACHER: NEVER GO BACK [C] Filme de: Edward Zwick Com: Tom Cruise, Cobie Smulders, Danika Yarosh, Austin Hebert 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

SUDOKU

DE

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 107

Cineteatro

1.18

(IN)SANIDADE MENTAL

EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11)

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “SE EU ESTIVESSE EM SÃO FRANCISCO/MACAU” Fundação Rui Cunha

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

0.22

Quando se fala do discurso apresentado por vários deputados na Assembleia Legislativa ouvem-se muitas vezes argumentos como: “Isso é uma questão cultural” ou “Há diferenças culturais, é normal isso acontecer na comunidade chinesa”. Ouviu-se isso quando o deputado Fong Chi Keong disse que até é normal bater numa mulher. Mas o problema é que, a um ano de eleições, estamos cada vez a ouvir mais discursos surreais, que nada têm que ver com a realidade local ou até com a maneira como as pessoas pensam (assim espero!). Esta semana, questões laborais geraram muito debate e ouviram-se, mais uma vez, disparates da boca daquelas pessoas que são eleitas, nomeadas, ou que se sentam no hemiciclo sabe-se lá porquê e como. Um deputado comparou de forma indirecta os trabalhadores ilegais a resíduos, pois ambos precisam de ser eliminados a partir da fonte. Depois, outro deputado defendeu a implementação de várias leis laborais consoante o tipo de empresa e a sua posição no mercado – como se os direitos dos trabalhadores fossem à vontade do freguês. Outro ainda sugeriu o cerco a ilegais antes mesmo da chegada da polícia ao local. Digam-me se já estou doido ou se ainda falta um bocadinho mais. Macau não pode continuar a ser isto, representada por este hemiciclo que a todos envergonha e que não consegue sequer debater compensações nos feriados sem cair no disparate e no surrealismo. Este hemiciclo não é para novos nem para velhos. Então para quem é? Pu Yi

CAFÉ SOCIETY (WOODY ALLEN 2016)

Há sempre aquele amor que nunca esquecemos, apesar das vidas darem voltas e voltas. O realizador norte-americano está de regressi com um bom filme, tendo ousado pôr rostos diferentes daqueles que tem escolhido para os seus filmes (Kristen Stewart, estrela de Twilight, Jesse Eisenberg, que fez de Mark Zuckerberg, e a cara cómica de Steve Carell), o que, de certa forma, se revelou surpreendente. O fim pode, contudo, desiludir os mais expectantes. Andreia Sofia Silva

SALA 3

THE AGE OF SHADOWS [C] FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Kim Jee Woon Com: Song Kang-Ho, Gong Yoo, Han Ji-Min, Lee Byung-Hun 14.15, 16.45, 19.15

HEARTFALL ARISES [C]

SADAKO VS KAYAKO [C]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Ken Wu Com: Nicholas Tse, Sean Lau 14.30, 16.30, 19.30 21.30

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Koji Shiraishi Com: Mizuki Yamamoto, Tina Tamashiro, Masanobu Ando 21.45

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quarta-feira 26.10.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

PUTAJANAI, LOJA DE BOLOS BAUMKUCHEN LAURA NG, RESPONSÁVEL

Foi no Japão que o patrão da PUTAJANAI se inspirou para trazer até Macau a primeira confeitaria exclusivamente dedicada à confecção da variedade do bolo assado alemão baumkuchen. Com preços entre 18 e 80 patacas a responsável da loja espera que cada vez mais clientes conheçam um produto único na RAEM, mas já bastante conhecido nas regiões vizinhas

PUTAJANAI

“Vinte camadas de dedicação”

seus bons votos,” admitindo que antes da abertura da loja, nunca viu nenhum estabelecimento a vender este tipo de produto.

B

AUMKUCHEN é uma variedade alemã de bolo assado no espeto que nasceu em 1807, e que actualmente é muito popular no Japão. O baumkuchen é feito aplicando-se camadas finas e homogéneas de massa de pão-de-ló. Cada camada deve dourar antes que uma nova seja acrescentada. Quando o bolo é removido e fatiado, cada camada é separada da seguinte por uma linha dourada, assemelhando-se aos anéis de crescimento de um tronco de árvore seccionado. Um baumkuchen típico é composto de 15 a 20 camadas de massa. Laura Ng, responsável da loja, garantiu que se alguma vez visitou o Japão, certamente já ouviu este nome. “Os nossos baumkuchen são assados repetidamente com vinte camadas de bolo e imensa dedicação.” Como a sua aparência é muito parecida com moedas, os japoneses vêem-no como uma representação de sorte, de riqueza, e possui também o significado de votos de perfeição. “Somos a primeira confeitaria que trouxe este conceito de produtos para Macau, juntamente com os

NÃO É PASTEL DE NATA

Alguns tipos de baumkuchen da PUTAJANAI são enchidos com creme ou geleias, tornando os bolos muitos parecidos com os pastéis de nata. Para evitar que os clientes se confundam com este símbolo de Macau, o patrão decidiu dar o nome de “PUTAJANAI 不是葡撻” à loja, cujo nome em chinês significa literalmente “não é pastel de nata”, enquanto o nome em língua estrangeira é a transliteração de japonês com o mesmo significado. Como os chineses também são relativamente supersticiosos e gostam da cultura tradicional, a responsável espera que com o significado auspicioso o bolo vá ganhando fama gradualmente. Foi numa viagem ao Japão que o dono da loja, que pessoalmente também adora cultura tradicional japonesa, se inspirou para criar a loja. As influências nipónicas estão à vista. O design do interior é decorado com muito elementos japoneses, mas também foi adicionando o seu próprio estilo. “A nossa porta é porta deslizante de estilo japonês, mas é feita de vidro em vez da madeira tradicional. Embora o interior

seja de tom escuro de estilo japonês, o mobiliário como os armários que usamos são modernos.” Os trabalhadores da loja aprenderam a fazer o bolo no Japão e as máquinas que utilizam são importadas do país. Entretanto, admitiu, que como esta sobremesa ainda é relativamente nova para as pessoas de Macau, embora em Hong Kong, no Japão e em Taiwan conheçam muito bem este tipo de bolo, em Macau o reconhecimento ainda é limitado. “Se calhar por causa disso, temos reparado que muita gente não se atreve a comprar. Portanto tentamos divulgar os nossos produtos e o seu contexto aproveitando as promoções online e dentro da loja também deixamos as pessoas provar.” Uma pedaço pequeno custa entre 18 e 22 patacas e uma fatia maior cerca de

“É mais importante fazer bem um produto, e depois gradualmente acrescentar outros novos”

80 patacas. A responsável garantiu que o preço é relativamente baixo quando comparado com regiões vizinhas como o Japão e Hong Kong, mas para os clientes que não conhecem o produto é possível que os considerem caros.

ORIENTAÇÃO CLARA

Laura Ng admitiu que para as confeitarias de Macau é difícil dedicarem-se a um único produto. “Abrir uma confeitaria aqui em Macau é fácil, o que é difícil é dar a conhecer aos clientes as técnicas profissionais e únicas para fazer as sobremesas e a singularidade dos produtos. Quando se fazem as sobremesas, não se pode querer fazer todos os tipos, na minha opinião é mais importante fazer bem um produto, e depois gradualmente acrescentar outros novos.” Laura Ng não teve muitas dificuldades com o valor da renda, mas admitiu problemas em encontrar mão-de-obra, sobretudo de pessoas experientes e que se dedicam a um tipo específico de bolo. “Portanto, gastamos sempre bastante tempo para formar os nossos funcionários.” Angela Ka (revisto por JCM) filipa.araujo@hojemacau.com.mo PUTAJANAI • Travessa do Matadouro, nº6 – Macau


Bandidos dão emprego a muitos!

quarta-feira 26.10.2016 Atlântido

Vietname DEPUTADOS DE 14 PAÍSES PEDEM LIBERTAÇÃO DE ACTIVISTAS

Direitos por linhas tortas Um advogado e a assistente estão presos desde Dezembro do ano passado acusados de difundir “propaganda contra o Estado”. Apesar de alguns avanços na abertura social, estima-se que existam no país mais de duas centenas de presos políticos

U

M total de 73 deputados de 14 países enviaram uma carta aberta ao primeiro-ministro do Vietname, Nguyen Xuan Phuc, para pedir a libertação de

um advogado e da sua assistente, detidos no país por activismo político. O advogado Nguyen Van Dai e a sua assistente, Le Thu Há, foram detidos em Dezembro após serem acusados de disseminar “propaganda contra o Estado”, indicou ontem o colectivo de deputados da ASEAN para os Direitos Humanos (APHR, na sigla em inglês). A ASEAN é a Associação de Nações do Sudeste Asiático, de que fazem parte dez estados membros. Em comunicado, a APHR afirmou que a iniciativa partiu da deputada alemã Marie-Luise Dött e foi apoiada por outros deputados de países como Camboja, Chade, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, Lituânia, Nepal, Holanda, Portugal e Zimbabué, entre outros, bem como representantes de diversas organizações não-governamentais. Os deputados recomendam a libertação “imediata e incondicional” do advogado e da sua assistente e pedem que os seus direitos sejam respeitados, de acordo com a lei internacional.

A BEM DO POVO

“Nguyen Van Dai e Le Thu Ha estavam a prestar um

serviço público valioso, defendendo os direitos dos seus concidadãos. As acusações contra eles deveriam ser retiradas”, afirmou Charles Santiago, deputado malaio e membro da APHR. Os dois activistas foram detidos a 16 de Dezembro de 2015, um dia antes de uma reunião sobre direitos humanos entre as autoridades vietnamitas e uma delegação da União Euro-

peia, que também pediu a libertação de ambos. Nguyen Van Dai corre o risco de ficar 20 anos na prisão, ao abrigo do controverso artigo 88.º do Código Penal vietnamita que, segundo a Amnistia Internacional, é utilizado com frequência para prender activistas pacíficos. O advogado fundou em 2006 o Comité dos Direitos Humanos do Vietname e foi um dos signatários

originais de uma petição, divulgada na Internet, sobre a liberdade e democracia no país, que foi apoiada por milhares de pessoas. Apesar das reformas económicas e de alguns sinais de abertura social no Vietname, o país conta actualmente com mais de uma centena de presos políticos.

PUB

Japão está a preparar um plano para sancionar as empresas estrangeiras que negoceiem ou facilitem a entrada de capital na Coreia do Norte, como resposta aos contínuos testes de mísseis e armas nucleares. Esta lista negra afectaria principalmente empresas chinesas – e especialmente as que operam na fronteira com a Coreia do Norte – que ajudam a que o país contorne o último pacote de sanções da ONU, aprovado este ano em resposta

Um comboio de veículos do grupo Estado Islâmico (EI) deixou ontem a cidade de Mossul, alvo de uma ofensiva do exército do Iraque, em direcção à cidade síria de Al Raqqa, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. O Observatório adiantou que um dos carros que deixou Mossul terá levado o líder máximo do EI, Abu Bakr al Bagdhadi. Os 24 veículos 4x4 chegaram na noite de segundafeira a Raqqa, no nordeste da Síria, e depois seguiram para a periferia oeste da cidade. Mossul, principal reduto do EI no Iraque, é alvo de uma ofensiva do exército do Iraque e aliados desde a semana passada. Segundo o Observatório, 340 membros do grupo extremista morreram na batalha, entre os quais vários menores de idade, chamados pela organização de «filhos do califado». O Observatório destacou que centenas de milicianos sírios do EI ainda estão em Mossul e noutras partes do Iraque. Há cinco dias, a ONG revelou que dezenas de famílias de militantes do grupo e 45 «escravas» dos radicais já tinham fugido de Mossul.

SCOLARI RENOVA PELO GUANGZHOU EVERGRANDE

A iniciativa partiu da deputada alemã Marie-Luise Dött e foi apoiada por outros deputados de países como Camboja, Chade, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, Lituânia, Nepal, Holanda, Portugal e Zimbabué, entre outros

JAPÃO VAI SANCIONAR EMPRESAS QUE TRABALHEM COM A COREIA DO NORTE

O

LÍDER DO ESTADO ISLÂMICO FOGE DE MOSSUL PARA RAQQA

aos testes de armamento, segundo indiciou uma fonte do governo nipónico à agência Kyodo. Tóquio espera que a decisão seja contestada por Pequim. O plano afectaria também as empresas que empregam trabalhadores norte-coreanos, os quais são habitualmente enviados para terceiros países e controlados estritamente pelo regime de Pyongyang, que fica depois a grande maioria dos salários – pagos em moeda estrangeira – que eles recebem.

Estes “programas de intercâmbio” – usados por países como o Qatar para a construção de instalações relacionadas com o Mundial de Futebol, que vai acolher em 2022 – foram repetidamente denunciadas por organizações de direitos humanos devido às péssimas condições em que os operários norte-coreanos trabalham sem uma compensação justa. As sanções de Tóquio implicariam o congelamento de todos os

activos que estas empresas tenham no Japão e a proibição de qualquer empresa nipónica fazer negócios com elas. O plano é semelhante ao adoptado recentemente pelos Estados Unidos, que decidiram investigar várias empresas chinesas das regiões fronteiriças com a Coreia do Norte, após sancionar em Setembro uma casa comercial na província de Liaoning por alegadamente ajudar a financiar o programa nuclear de Pyongyang.

O treinador brasileiro Luiz Felipe Scolari renovou ontem contrato com a equipa de futebol do Guangzhou Evergrande, clube com o qual se sagrou no domingo bicampeão da China. O acordo, válido por um ano e renovável para dois, foi consumado apesar dos cantoneses terem contratado em Agosto o treinador italiano Marcello Lippi, que entretanto cancelou o compromisso para ser apresentado no último fim de semana como seleccionador da China. Lippi já tinha treinado o clube entre 2013 e 2014, com o qual conseguiu três títulos de campeonato e a Liga dos Campeões asiática. Scolari, de 64 anos, chegou ao Guangzhou Evergrande a meio da temporada passada, para substituir o italiano Fabio Cannavaro: além dos dois campeonatos, conquistou também a Liga dos Campeões asiática no fim de 2015.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.