DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
SEXTA-FEIRA 26 DE FEVEREIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3520 PUB
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
hojemacau
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ESTUDANTES MIGRAÇÃO AVALIA PERMANÊNCIA
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As regras não são simples. Para além do que está estabelecido no Regime de Entrada, Permanência e Fixação de Residência em Macau, a decisão de vistos de permanência a estudantes
Quarta-feira de Cinzas Católicos na China AMÉLIA VIEIRA
estrangeiros passa também pela avaliação que os Serviços de Migração fazem sobre a “necessidade” ou “importância” dos cursos frequentados pelos alunos vindos de fora.
JOSÉ SIMÕES MORAIS
MACAU WATER
Boas condutas PÁGINA 9
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JOHN AP
TURISMO FLUTUANTE ENTREVISTA
GONÇALO LOBO PINHEIRO
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NA LEI BAMBA
h
CINEMA
LUZES, CÂMARA, CORTA EVENTOS
ANIMAIS
Aperta o canino PÁGINA 4
OPINIÃO Intenções duvidosas PAUL CHAN WAI CHI
2 ENTREVISTA
JOHN AP DOCENTE DO INSTITUTO DE FORMAÇÃO TURÍSTICA
Com quase duas décadas de experiência na área do Turismo, o professor do Instituto de Formação Turística acredita que a detenção do antigo director do Hotel Lisboa teve pouco impacto no sector do turismo, mas contribuiu para limpar a imagem de Macau como um lugar de prostituição. John Ap pede mais formação para funcionários do sector e defende pacotes turísticos focados no património
“O serviço turístico é inconstante” Depois de um ano muito difícil para o sector do Jogo, com grandes quebras nas receitas, que expectativas coloca para o desempenho dos casinos este ano? Penso que vai continuar a ser um ano com desafios e temos de compreender que este negócio é feito de ciclos, especialmente se compararmos com os anos anteriores, em que existia um crescimento sólido, registado depois da quebra de 2009. Penso que é um bom grito de alerta para Macau, para não estar tão dependente das receitas do Jogo e para diversificar a economia o melhor possível. O sector tem sido dominado pelo mercado chinês e os turistas começaram a ir para outros destinos. Temos de optimizar e não ficar estáticos num só mercado, porque o panorama vai mudar. O Jogo cresceu muito depressa e tornou-se dominante, as pessoas não esperavam isso, comparando com outros países. Temos de pensar a curto e longo prazo e a longo prazo precisamos de pensar noutros mercados. E a curto prazo? É uma questão de fazermos ajustamentos em relação ao número de receitas e de visitantes. O que deve existir a curto prazo é uma melhoria dos serviços de turismo que são proporcionados, uma melhoria constante. Isso será melhor para Macau em vez de se limitar a receber mais turistas. Também temos de começar a pensar na forma como servimos os turistas, porque uma coisa que notei é que o serviço turístico é inconstante. Como assim? Os condutores de táxi, por exemplo, não ajudam os turistas com a bagagem, e até os podem expulsar do veículo. Depois há a questão
“Macau é uma cidade muito chinesa e para quem não lê Chinês pode ser desafiante fazer turismo” dos autocarros públicos que estão sempre cheios ou os condutores simplesmente ignoram e fecham a porta. São pequenos pormenores que temos de melhorar para termos um melhor serviço. Macau é uma cidade muito chinesa e para quem não lê Chinês pode ser desafiante fazer turismo. Muitos restaurantes continuam a ter menus em Chinês. São pequenas coisas que devem ser feitas para facilitar a vida aos visitantes. Temos mercados emergentes como a Índia, Japão e Coreia e temos de pensar nestas coisas para tornar Macau num lugar mais atractivo e melhorar o ambiente. A falta de atenção a estes pequenos detalhes pode piorar a imagem de Macau lá fora? A imagem que Macau tem perante o mundo é de um lugar de Jogo. Isso está cimentado e aqui existem lugares históricos que tendem a ficar em segundo plano. Deveríamos promover o património através de pacotes turísticos específicos para esse fim, para um mercado muito específico. Acho que passear no meio de casas históricas e monumentos é bastante gratificante. Dá-nos a sensação de um lugar único, comparando com Hong Kong, por exemplo. O Governo tentou promover o património com o programa “Sentir Macau passo a passo”,
CENTRO DE FORMAÇÃO ESTE ANO Há poucos meses no IFT, John Ap tem estado a trabalhar no arranque do Centro Global de Formação e Educação no Turismo, anunciado em Outubro do ano passado no âmbito do Fórum de Economia Global. Ao HM, John Ap confirmou que este Centro visa criar programas de formação para membros dos governos de outros países. “Prevemos que vá entrar em funcionamento em Junho e vamos ter o primeiro grupo de formandos do Camboja e depois mais um programa de formação para formandos do Afeganistão”, apontou.
mas falhou por falta de adesão. Como é que o Executivo pode de facto promover mais esses lugares históricos? Temos de ver o que falhou. E uma das razões para ter falhado tem a ver com a predominância do sector do Jogo. Agora que o sector está a decrescer, devemos fazer mais investigação na área do turismo para ajudar o Executivo a ver o que os potenciais turistas pensam. Temos de fazer uma investigação turística mais extensiva, para perceber porque é que os turistas vêm ou não vêm a Macau. Os acessos ao território sempre constituíram um problema, especialmente para o mercado internacional, porque o mercado chinês chega através das fronteiras. É importante ter mais voos internacionais. Sim. O Aeroporto Internacional de Macau é pequeno e tem um número limitado de voos e de companhias aéreas a operar. Depois há o sistema dos ferries que também precisa de ser melhorado. Macau tem de apostar na melhoria dos acessos, com serviços eficientes e melhores, com preços mais competitivos. O fecho das salas VIP dos casinos deve também representar um grito de alerta junto do Executivo? Sim. Mas isso está relacionado com as medidas anti-corrupção introduzidas por Pequim, que estão a ser positivas para a China, não tanto para Macau (risos). Essa questão sempre foi levantada, sobre qual seria a percentagem do dinheiro vindo da China que estaria envolvido em sistemas de lavagem de dinheiro. Esse deve ser um ajustamento feito a longo prazo e Macau terá de se ajustar a essa realidade. Após a abertura de todos os empreendimentos de Jogo no Cotai vamos ter um mercado estável, mas com menos visitantes? Qual a sua previsão? O sector do Jogo vai ajustar-se como fez em 2009 com a crise económica global. Se olharmos para as bases do mercado de Ma-
“Parte do problema em Macau é que as pessoas que trabalham na indústria do turismo não olham para o serviço como algo que deva ser de luxo” cau em termos de estadia é baixo, porque a maior parte dos visitantes fica no território apenas um dia, um dia e meio. Mas mesmo mantendo uma taxa de ocupação de 80% é bom, porque a média a nível mundial é de cerca de 60%. Na área hoteleira Macau está a ter um bom desempenho e com mais hotéis e quartos isso pode levar as pessoas a ficar mais tempo, porque quanto mais tempo ficarem, mais vão gastar, embora o mercado do Jogo fique estável. Será difícil ter recursos humanos suficientes para responder à procura e às necessidades que o Cotai vai trazer? Esse será outro desafio. Devemos estabelecer uma força de trabalho estável que tenha formação e as competências necessárias para dar resposta a um serviço de luxo que os turistas estão à espera. Parte do problema em Macau é que as pessoas que trabalham na indústria do turismo não olham para o serviço como algo que deva ser de luxo. Não basta sorrir para o cliente e muitas vezes notamos
“A imagem que Macau tem perante o mundo é de um lugar de Jogo. Isso está cimentado e aqui existem lugares históricos que tendem a ficar em segundo plano”
3 hoje macau sexta-feira 26.2.2016 www.hojemacau.com.mo
GONÇALO LOBO PINHEIRO
comportamentos que são semelhantes a robots e não se olha para as necessidades do cliente. Temos de dar formação também aos supervisores e funcionários da linha da frente. Isso é muito importante para manter os clientes. Alan Ho, antigo director do Hotel Lisboa, está neste momento a ser julgado por alegadamente pertencer a um grupo organizado de incitamento à prostituição. Que impacto é que esse caso teve, se
é que teve, junto do sector do Turismo? O impacto é mais para a família do que para o sector. A prostituição é das profissões mais antigas do mundo e vai sempre existir nas suas diferentes formas. Tem algum impacto ao limpar um pouco a imagem internacional de Macau, que é um lugar conhecido por ter prostitutas e casas de massagens. Esta semana um especialista disse que os confrontos em Mong
“Muitas vezes notamos comportamentos que são semelhantes a robots e não se olha para as necessidades do cliente”
Kok, Hong Kong, atraíram mais turistas para Macau na Semana Dourada. Acredita que os tumultos vividos na região vizinha podem trazer, de facto, mais turistas? Esse confronto mostrou algum descontentamento da população e tem de haver diálogo. Durante o Occupy Central muitas pessoas pensaram tratar-se de algo violento, quando o mais violento que aconteceu foi o uso de gás pimenta, aquilo não passou de uma
demonstração ou manifestação. Mas Hong Kong continua a ser um lugar seguro, tudo depende das zonas. Penso que a imagem internacional de Hong Kong não ficou afectada e penso que isso não vai ajudar assim tanto Macau. Olhando para o património, novamente apostaria na criação de pacotes turísticos em Macau, como algo para trazer pessoas do mercado de Hong Kong. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
4 POLÍTICA
hoje macau sexta-feira 26.2.2016
Mudanças internas
Lei dos Animais GOVERNO AVANÇA COM AÇAIMES OBRIGATÓRIOS
Caninos amordaçados
GAES com novo lugar e mais funções
O Governo quer que todos os cães usem açaime em espaços públicos e elevadores. Até agora, a medida contemplava apenas animais com 23kg ou mais, mas a Administração decidiu voltar atrás e passar a incluir qualquer peso. Em causa, diz, está o respeito e o não prejudicar as outras pessoas
A
análise à proposta de Lei de Protecção dos Animais continua a dar que falar. Na segunda reunião da semana da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida pela deputada Kwan Tsui Hang, o Governo avançou com algumas mudanças. “Desta vez discutimos pouca coisa”, começou por indicar a presidente, afirmando que na reunião de ontem apenas dois tópicos estiveram em foco: a utilização dos animais na área científica e o uso de açaimes. Inicialmente estava proposto que “os animais com mais de 23 quilos” tivessem de usar açaimes em locais públicos, algo que vai mudar. Segundo a nova proposta todos os cães terão de usar açaime sempre que estiverem em locais públicos “ou elevadores”. A razão, aponta Kwan, é simples. “A Assembleia recebeu muitas queixas de pessoas que não têm animais (...) não são só as crianças que têm medo [de animais], os adultos também”, justificou. “Este peso [imposto na proposta anterior] é difícil de perceber. Se a pessoa quiser fazer uma queixa não sabe se o cão pesa os 23 quilos”, acrescentou.
Quando questionada, Kwan Tsui Hang admitiu que as medidas de segurança contemplam todos os animais, mas que, ainda assim, a questão do açaime é maioritariamente referente a cães. “No caso dos cães muito pequenos [ou outros animais] com pouco peso o Governo disse que vai rever a melhor maneira (...) talvez a utilização de um
cesto ou gaiola quando for no elevador”, clarificou a deputada.
TUDO EXPLICADO
Ainda em discussão esteve a utilização de símios, cães e gatos para investigação científica, ficando definido, nesta proposta, que qualquer instituição terá de pedir autorização ao Instituto para os Assuntos
Segundo a nova proposta todos os cães terão de usar açaime sempre que estiverem em locais públicos “ou elevadores”
CONDOMÍNIOS FUNDO ESPECIAL NÃO É NECESSÁRIO
A
2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida por Chan Chak Mo, diz que não é necessário “o artigo 11, que prevê a criação de um fundo especial, quando se verifique um saldo positivo nas contas do condomínio”. Na análise na especialidade ao Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio, os deputados dizem que “o fundo comum de reserva [definido pelo artigo número 10] já abrange muitas matérias (...)”, pelo que “não há necessidade para criar [o especial]”. Para a Comissão, “quando as contas de um condomínio têm um resultado líquido positivo há que criar este fundo especial,
o qual se destina a suportar eventuais despesas que excedam o valor orçamentado. Se não houver saldo, quer dizer que este fundo é escusado, desnecessário”, indicou o presidente. Em discussão esteve também a afixação de publicidade ou informações que, segundo o regime, só pode acontecer se o rés-do-chão for para fins industriais e comerciais. Ainda assim, indica o presidente, a publicidade terá de estar relacionada com a natureza da actividade exercida. As reuniões vão continuar, sendo que a Comissão afirmou que irá pedir uma reunião com o Governo, para este explicar a necessidade do fundo especial. F.A.
Cívicos e Municipais (IACM) e apresentar também um relatório anual. A formação da futura lei nas escolas que tenham áreas científicas é também um passo importante que deve ser tido em conta, apontou a presidente. Durante a reunião foram ainda analisadas as cláusulas que dizem respeito aos deveres dos donos, tais como as condições para a posse de um animal de estimação, como por exemplo, acesso “à água potável e espaço” disponível para o animal. A análise do articulado irá continuar já no próximo mês.
O
Conselho Executivo já concluiu a discussão do regulamento administrativo da alteração ao decreto que criou o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), trazendo algumas mudanças. Ao GAES será acrescentado um novo lugar de coordenador-adjunto e extinta a Secção Administrativa e Financeira, continuando a manter-se o mesmo número de funcionários. Numa apresentação à imprensa, o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, justificou a necessidade de “aumentar e alterar as atribuições do GAES”, tal como também defendido nas Linhas de Acção Governativa. Em causa estão, como indica um documento entregue aos jornalistas, sete alterações estruturais. A partir da entrada em vigor, caberá ao GAES “conceber e propor estratégias para o desenvolvimento e internacionalização do ensino superior”, passando por elaborar acções de planeamento e de estudos sobre modernização e diversificação do ensino superior. O Gabinete irá também “apoiar o funcionamento das instituições de ensino”, sem nunca, como garantiu Leong Heng Teng, colocar em causa a autonomia das mesmas. Coordenar formas de cooperação local, regional e internacional, prestar apoio técnico e administrativo, organizar e manter actualizadas as bases de dados de pessoas docentes e não docentes, promover o desenvolvimento do ensino superior e realizar estudo de identificação das áreas de maior necessidade de formação são as restantes alterações propostas pelo Governo. F.A.
Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
RENOVAÇÃO URBANA CONSELHO AVANÇA
“O
mais breve possível” é o tempo que Leong Heng, porta-voz do Conselho Executivo, dá para a entrada em vigor do Conselho de Renovação Urbana. A discussão do Conselho Executivo quanto à criação deste grupo está concluída e define que terá como competências “emitir
pareceres, promover estudos e formular propostas e recomendações sobre todos os assuntos respeitantes à renovação urbana”. O Conselho terá como presidente Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, e Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes como vice-presidente. Para além destes o Conselho será constituído por até 27 vogais, sendo que o Governo tentará “não nomear os mesmos membros da já extinta Comis-
são de Reordenamento dos BairrosAntigos”.Ainda assim, justifica Leong Heng Teng, “Macau é um sítio pequeno”. O novo Conselho terá, pelo menos, seis reuniões anuais e funcionará em grupos especializados, sendo que cada um irá dispor de um coordenador e de um coordenador-adjunto. O projecto apresentado prevê ainda que irá competir à DSSOPT prestar apoio técnico-administrativo. Este grupo chega depois da extinção da Comissão de Reordenamento dos Bairros Antigos. F.A.
5 POLÍTICA
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Estudantes VISTOS AUTORIZADOS POR “IMPORTÂNCIA” E “NECESSIDADE”
Lei sim, lei não TIAGO ALCÂNTARA
Os Serviços de Migração garantem que cumprem a lei na atribuição de vistos a estudantes - mas esta não especifica nem a duração, nem o teor que o curso tem de ter para a emissão desta autorização. “Necessidade” ou “importância” estão também na base de decisão
“Dependendo das condições – que incluem a importância do curso e a necessidade de ficar em Macau para o frequentar – as autoridades garantem a estes não-residentes a extensão da estadia depois de entrarem em Macau para fazer esses cursos”
A
atribuição de vistos a estudantes não tem como base apenas a lei, mas uma avaliação dos próprios Serviços de Migração à “necessidade” ou “importância” dos cursos. É o que explica o organismo, que admite haver casos em que o que conta – além dos regimes em vigor – é o teor do curso. “De acordo com o Regulamento Administrativo [sobre a entrada, permanência e autorização de residência] e dependendo das condições – que incluem a importância do curso e a necessidade de ficar em Macau para o frequentar – as autoridades garantem a estes não-residentes a extensão da estadia depois de entrarem em Macau para fazer esses cursos. Ainda assim, também não concedemos autorização a determinadas aplicações, ou porque as justificações entregues com o pedido não eram suficientes ou porque não vimos que era essencial para esses estudantes ficar em Macau”, pode ler-se na resposta ao HM. Este jornal questionou o organismo sobre casos em que estudantes que frequentam cursos de curta-duração têm de sair do território antes mesmo de os terminarem, por não lhes ser possível obter a prorrogação do visto de aluno. Foi o caso de Anthony (nome fictício), um estudante indiano que está em Macau a frequentar dois cursos. O jovem, licenciado em Gestão Hoteleira na Suíça, deixou o seu emprego no Dubai para ter a experiência de reforçar a sua formação em Macau, mas foi obrigado a deixar a RAEM antes do fim dos cursos em que se inscreveu no Instituto de Formação Turística (IFT). Um deles era de Chinês,
RESPOSTA DOS SERVIÇOS DE MIGRAÇÃO
o outro de Vinhos e Bebidas Espirituosas – nenhum dos dois foi concluído, apesar de Anthony ter recebido pela parte da instituição de ensino um comprovativo de admissão nos cursos, nos quais fez ainda o primeiro nível. Saiu para Hong Kong e voltou, tendo recebido mais 20 dias para estar em Macau – isto em Fevereiro, quando os cursos, contudo, duram até Maio e Abril. Quando o jovem pediu para ter o prazo de autorização de permanência prorrogado – para que pudesse acabar o curso – o pedido foi indeferido porque a “razão não era essencial”, como o HM pôde comprovar com o acesso ao documento entregue a Anthony. A lei diz que “o pedido de autorização de permanência para fins de
estudo é instruído com documento comprovativo de inscrição ou matrícula em estabelecimento de ensino superior da RAEM e documento que ateste a duração total do curso respectivo”, mas o comprovativo do IFT - que determina a matrícula nos cursos e a data de realização dos mesmos – não terá sido aceite pelas autoridades de Macau.
NÃO HAVIA NECESSIDADE
Sobre o que entendem por “necessidade” ou “importância do curso”, os Serviços de Migração nada dizem. O organismo frisa até que, com base no Regime de Entrada, Permanência e Fixação de Residência em Macau, “é raro haver estudantes que vêem a sua entrada no território barrada” e indica que “de acordo com os registos dos
últimos anos, a maioria dos pedidos tem sido aprovado, excepto nos casos em que o candidato [ao pedido] tenha um perfil duvidoso.” Ao que o HM apurou, Anthony não terá qualquer “perfil duvidoso”, nem cadastro na RAEM, nem em Hong Kong, onde estudou por seis meses. A lei actual não especifica qualquer duração dos cursos para que os estudantes possam ter visto e os próprios Serviços de Migração dizem que “depois de anos de prática, revisões e consultas, tem sido concedida aos estudantes não-residentes uma autorização especial de permanência”, quer eles estejam a “frequentar cursos de longa ou curta-duração”. O organismo diz até que “um grande número de estudantes não-residentes tem
“O pedido de autorização de permanência para fins de estudo é instruído com documento comprovativo de inscrição ou matrícula em estabelecimento de ensino superior da RAEM e documento que ateste a duração total do curso respectivo” REGIME DE ENTRADA, PERMANÊNCIA E FIXAÇÃO DE RESIDÊNCIA EM MACAU vindo para Macau em programas de intercâmbio ou cursos de curta-duração nas instituições de ensino superior”, ainda que frise que “vai ser sempre considerado se é essencial ao estudante ficar em Macau”, além, obviamente, do “cadastro”. Anthony, contudo, continua a ser tratado como turista porque as autoridades lhe terão dito que o seu curso não estava elegível para ter visto de estudante, algo que, portanto, a lei não especifica. Joana Freitas (com M.N.)
joana.freitas@hojemacau.com.mo
6 POLÍTICA
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PROPOSTA PARA CONGELAMENTO DE BENS AVANÇA COM CARÁCTER URGENTE
Imperativo iminente
Com carácter urgente, a proposta de lei que define o Regime de Execução de Congelamento de Bens vai seguir “já” para a Assembleia Legislativa. As Nações Unidas e a RAEM poderão congelar os bens de uma pessoa ou entidade em caso de suspeita de actos de terrorismo sua disposição, sendo, em certos casos, ainda proibido prestar-lhes serviços financeiros”, aponta um documento entregue aos jornalistas.
ELES E NÓS
Com a aprovação desta proposta, existirão dois tipos de comandos normativos de congelamento - o específico e o geral. O primeiro acontece quando os bens perten-
cem a uma pessoa ou entendida designada pelo Conselho da ONU ou por um dos seus Comités de Sanções. Neste caso “são estipuladas regras específicas quanto à notificação, proposta de designação em lista, ao procedimento de acesso a bens e à retirada da lista”. No segundo caso, ou seja, no comando normativo geral, os bens pertencem a uma pessoa ou entidade designada pela RAEM,
“O Governo Central tem vindo a ordenar a aplicação à RAEM de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (...) em matéria de combate ao terrorismo (...) e no âmbito do combate à proliferação de armas de destruição maciça” LEONG HENG TENG PORTA-VOZ DO CONSELHO EXECUTIVO GCS
“S
IM, é urgente”. As palavras são de Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo, aquando da apresentação da proposta de Regime de Execução de Congelamento de Bens, numa conferência que se realizou ontem na Sede do Governo. “O Governo Central tem vindo a ordenar a aplicação à RAEM de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (...) em matéria de combate ao terrorismo (...) e no âmbito do combate à proliferação de armas de destruição maciça”, começou por justificar o porta-voz. Com este regime, está em causa a implementação de dois mecanismos de congelamento de bens em situações distintas. Uma primeira refere-se ao “congelamento de bens pertencentes a uma pessoa ou entidade designada pelo Conselho da ONU” e outra do “congelamento de bens pertencentes a uma pessoa ou entidade designada pela RAEM”. Em termos práticos, é proposta a criação de uma Comissão Coordenadora do Regime de Congelamento, “à qual caberá coadjuvar a nível técnico o Chefe do Executivo [Chui Sai On] na execução de decisões de congelamento de bens, bem como desempenhar outras funções indicadas na lei”, sendo que a decisão caberá precisamente ao líder do Governo. Leong Heng Teng clarificou que o que é proposto é que depois da publicação do “acto de designação de uma pessoa ou entidade”, irá proceder-se “imediatamente” ao congelamento de bens que sejam “sua propriedade ou que estejam sob o seu controlo, directo ou indirecto, e de bens derivados ou gerados a partir desses bens”. “Para impedir que os seus destinatários tenham acesso a quaisquer meios que lhes possam permitir a prática das actividades proibidas pelo Conselho da ONU nas suas resoluções, encontra-se igualmente vedada a possibilidade de serem colocados bens à
em conformidade com as directrizes das Nações Unidas. Nestas situações, é Chui Sai On que irá “proceder à designação de pessoas singulares, colectivas ou entidades quando tenha fundadas razões para crer que estas cometam, tentem cometer, facilitem ou participem em qualquer dos actos de terrorismo”, previstos na Lei de Prevenção e Repressão dos Crimes de Terrorismo. Adecisão de congelamento terá a duração de dois anos, período que pode ser renovado, pelo Chefe do Executivo, por um máximo de um ano. A proposta de lei também regula matérias como a notificação, a apreensão ou perda de bens, o procedimento de acesso a bens, a revogação do acto de designação, pedidos de recursos, erros de identificação, entre outros. Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
CONSELHEIROS COM MEMBROS DO GOVERNO PORTUGUÊS
Rita Santos e José Pereira Coutinho, Conselheiros das Comunidades Portuguesas, continuam na ronda de encontros e reuniões em Portugal. Desta vez, foi com o deputado pelo círculo fora da Europa José Cesário e com José Luís Carneiro, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Ao Secretário, os Conselheiros apresentaram opiniões e informações sobre “a permanência e estabilidade dos quadros portugueses em Macau”, a possibilidade a continuidade do gozo de licença especial, “apoio à comunidade portuguesa na promoção da cultura portuguesa” e “questão da continuidade dos aposentados de Macau de usufruir a isenção do IRS”. Foram ainda debatidos temas como o ensino da Língua Portuguesa e a possibilidade de elevação dos salários dos trabalhadores do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong.
RAYMOND TAM É NOVO DIRECTOR DA DSPA
Raymond Tam vai ser o novo director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). O ex-presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que foi absolvido num caso ligado ao chamado Caso das Campas, vai assumir funções de dirigente depois de ter sido suspenso e de ter estado a desempenhar funções como técnico superior. Raymond Tam passará a dirigir a DSPA a partir de 2 de Março, pelo período de um ano, sendo que a nomeação vai ser oficializada em Boletim Oficial. O engenheiro substituiu Vai Hoi Ieong, que foi designado para vicepresidente e administrador executivo da Macauport – Sociedade de Administração de Portos.
ILHA DA MONTANHA EM EXPERIÊNCIA PARA ENTRADAS DE CARROS EM ZHUHAI
A China News Service avançava ontem que a Comissão de Gestão da Ilha de Montanha confirmou que os carros com matrículas de Macau vão poder entrar e circular em Zhuhai, num futuro próximo. A Ilha de Montanha vai ser um ponto experimental para esta medida, sendo que, na próxima fase, o Governo de Zhuhai irá estudar a possibilidade de todos os carros de Macau poderem circular em toda a cidade de Zhuhai. Niu Jing, chefe da Comissão, relembrou, na última quartafeira, que de acordo com uma medida já lançada, os carros com matrícula de Macau poderão entrar na Ilha da Montanha. Apesar do Governo de Macau estar sempre a negar que esta política vá estar apta rapidamente, as autoridades vizinhas dizem que será “muito em breve”.
7 hoje macau sexta-feira 26.2.2016
J
OEY Lao, economista e presidente da Associação de Economia de Macau, defendeu ontem num seminário que o sector da construção civil terá “sempre” falta de recursos humanos, porque os jovens locais não escolhem o trabalho do tipo 3D (Difficult, Dangerous, Dirty – difícil, perigoso e sujo). Para o
Construção SECTOR “SEMPRE” EM FALTA DE TRABALHADORES
O problema 3D economista, o Governo deve tomar medidas diversas para atrair as novas gerações para este sector. No âmbito de um seminário sobre o tema, promovido pela Associação de Engenharia e Construção de Macau, Joey Lao disse que o sector da construção civil é o segundo maior no território, tanto em termos do número de trabalhadores como da percentagem que ocupa no Produto Interno Bruto (PIB). O economista disse que, embora diversos empreendimentos de Jogo fiquem concluídos nos próximos três anos, o sector da construção civil vai continuar a crescer, graças às obras dos novos aterros, o plano de renovação urbana ou a construção de mais habitações públicas. Segundo dados de Joey Lau, embora o número de trabalhadores tenha “diminuído muito” no quarto trimestre de 2015, face a 2014, ainda existem 52 mil trabalhadores, incluindo mais de 40 mil trabalhadores não residentes (TNR). O
economista referiu que o número de TNR registou a maior quebra, mas que os trabalhadores locais não foram afectados. Tang Hon Cheong, presidente da Associação que promoveu o seminário, espera que o Executivo crie melhores políticas de recursos humanos, criticando que as medidas actualmente existentes são “pendentes” e não funcionam de forma transparente. O responsável afirmou que, devido à expansão do sector, foi adoptada a medida de contratação de TNR, mas acredita que, na prática, esta política é difícil de pôr em prática por parte dos empresários. Isso traz problemas como a necessidade de prorrogação das obras, conflitos laborais ou a existência de trabalhadores ilegais.
SALÁRIOS DESIGUAIS
Ella Lei, deputada àAssembleia Legislativa (AL), também participou no seminário, tendo referido que os locais não têm trabalhos estáveis devido à introdução de TNR.
“Olhando para os dados estatísticos, a situação dos trabalhadores locais é positiva. Mas ao longo do tempo o Governo não se preparou para formar tantos profissionais, apenas pode introduzir TNR. O problema é que o índice salarial mensal para um TNR é de 11,7 mil patacas, um valor de 2005, mas que as empresas ainda estão a pagar. Isso faz com que o salário dos trabalhadores locais seja o dobro daquele que é pago aos TNR”, referiu a deputada. Ella Lei referiu ainda que recebeu no seu gabinete muitas queixas de locais que dizem não poder trabalhar no mesmo projecto depois dos dias feriados, falando de situações de despedimento sem justa causa quando as empresas conseguem obter as quotas para a contratação de TNR. A deputada espera que o Governo ajude a criar uma “imagem profissional” para o sector da construção civil, para que mais jovens tenham interesse nesta área. Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo
GRUPO POLYTEC ATACADO POR DOIS INVESTIDORES OU MUN TIN TOI
• O escritório do departamento de vendas do Grupo Polytec foi atacado novamente na noite da quarta-feira por investidores do Pearl Horizon. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a Polícia de Segurança Pública (PSP) recebeu uma denúncia de funcionários da Polytec e, através das câmaras de videovigilância, viu “dois proprietários que pareciam embriagados” e que entraram no escritório, tendo destruído quatro computadores e um detector de notas. A PSP está a investigar o caso.
COTAI QUESTIONADOS PRAZOS PARA CENTRO LOGÍSTICO de Macau. Para o deputado, esta é uma área que não tem registado nenhuma evolução nos últimos anos, para além TIAGO ALCÂNTARA
O
deputado Si Ka Lon interpelou o Governo sobre os atrasos da construção de um centro logístico na zona do Cotai, explicando que já foi concedido um terreno para esse efeito, mas que até final do ano passado o Executivo nada avançou sobre o assunto. Si Ka Lon pretende saber quais as razões para este atraso e se existem outros projectos para este terreno, explicando que o sector de logística é importante para a diversificação económica
HOJE MACAU
O economista Joey Lao defendeu num seminário que o sector da construção civil vai ter sempre falta de mão-de-obra pelo facto dos jovens locais não escolherem trabalhos “difíceis, perigosos e sujos”. No debate foi pedido ao Governo políticas mais “transparentes” para a contratação de TNR
SOCIEDADE
do facto de não existir um serviço de transporte de bens e produtos transfronteiriço que funcione durante 24 horas. Si Ka Lon diz ainda que deseja ver o comércio online desenvolvido. “O mercado apresenta cada vez mais exigências em termos de vendas na internet. O Governo dispõe de algumas medidas para ajudar as empresas locais, para que estas consigam aumentar a sua competição na região do Delta do Rio das Pérolas?”, questionou. T.C.
“ESCOLA DE TALENTOS” VAI RECEBER 150 MILHÕES
O Fundo de Desenvolvimento Educativo vai atribuir 150 milhões de patacas à nova “Escola de Talentos”, instituição de ensino ligada à Escola Secundária Hou Kong. A garantia foi dada ontem por Leong Lai, directora dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), em declarações reproduzidas pelo canal chinês da Rádio Macau. A escola foi inaugurada ontem e segundo a directora metade do subsídio atribuído serviu para a construção do edifício. Questionada sobre o último relatório do Comissariado de Auditoria, Leong Lai garantiu que os valores dos subsídios e contas das escolas serão publicados em Boletim Oficial (BO).
Falsa harmonia
Rendas Associação defende que limites trazem “mais competição”
I
P Kin Wa, presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, enviou uma carta ao jornal Ou Mun onde defende que o controlo dos aumentos das rendas vai destruir o sector imobiliário, agravando a competição. Para Ip Kin Wa, a imposição de limites nas rendas vai fazer com que os proprietários acabem por habitar mais as suas casas ou que decidam arrendá-las mas apenas por um período de um ano. Para o responsável, isso levará a um menor número de casas para arrendar no mercado e uma subida contínua da renda ou, por oposição, a mudanças anuais de casa. Os arrendatários vão procurar outra maneira para discutir o valor da renda, porque acreditam que os proprietários nunca vão baixar esse valor, defendeu na carta. Ip Kin Wa referiu que a imposição de limites aos aumentos das rendas é uma política que já foi implementada em muitos países estrangeiros, mas defendeu que “arrendatários e proprietários não tiram partido” da medida. “A economia de Macau está numa situação de declínio neste momento e as rendas já baixaram cerca de 30%. Se o Governo limitar o aumento das rendas, o Governo vai também fixar um limite para a quebra das rendas?”, questionou. Ip Kin Wa deu como exemplo as consequências negativas de outros diplomas. “No caso da Lei do Salário Mínimo, os trabalhadores de segurança mais velhos foram substituídos por pessoas mais jovens”, exemplificou. O responsável defendeu ainda que a exigência de um contrato de arrendamento reconhecido pelo notário é uma medida que causa “incómodo”. “O recurso ao notariado traz mais gastos para os proprietários e arrendatários. Os mediadores das agências têm de lidar com mais documentos e isso aumenta o volume de trabalho nos cartórios notariais”, rematou. Tomás Chio
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hoje macau sexta-feira 26.2.2016
Notificação n° 05/DLA/SAL/2016 Materiais ou suportes publicitários no Edf. Kam Un, n.o 200, da Avenida 24 de Junho Considerando que não se revela possível notificar os interessados, por ofício ou outras formas, notifico, pela presente, nos termos do n° 2 do artigo 72º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo DecretoLei n° 57/99/M, de 11 de Outubro, a Comissão de Administração dos Condomínios do Edf. Kam Un, do seguinte: Tem esta notificação, por referência, a publicidade na parede exterior, sem a devida licença, do edf. Kam Un, n.o 200, da Avenida 24 de Junho. Ainda que tenha sido removida a página publicitária, ainda permaneceram no local as luzes reflectoras e a armação metálica triangular, a cuja remoção não se procedeu. A Comissão de Administração dos Condomínios do Edf. Kam Un declarou que as luzes reflectoras e essa armação metálica triangular eram equipamentos da Comissão, usados para iluminação e suporte de luzes. No entanto, após uma análise, o IACM verificou que a existência da instalação desses materiais servia de suporte ao envio de mensagens publicitárias, sendo assim considerados “materiais ou suportes publicitários”. O IACM tem o direito de, nos termos da alínea 1) do n.° 2 do artigo 33º do “Regulamento Geral dos Espaços Públicos”, aprovado pelo Regulamento Administrativo n.º 28/2004, notificar os proprietários, possuidores ou detentores de suportes publicitários, para que cada qual remova o material e suporte publicitário ilegal. Em relação à remoção desses materiais e suportes publicitários e em ordem a garantir o direito que a todo o individuo assiste na participação de procedimentos, notifico, pela presente, nos termos dos artigos 10º, 58º, 94º e do n.o 1 do artigo 93º do “Código do Procedimento Administrativo”, a Comissão de Administração do Condomínio do Edf. Kam Un, que deve, em sua causa, apresentar ao IACM a sua defesa por escrito e provas legais, no prazo de 10 dias, contados a partir do dia da publicação da presente notificação, no “Centro de Serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, (Avenida da Praia Grande, nos 762-804, Edifício China Plaza, 2o andar, zona C), para que as possa avaliar. Caso pretenda provar a utilidade de utilização das respectivas luzes reflectoras e da armação metálica triangular, deve a Comissão apresentar, no prazo de 10 dias, contados a partir do dia da publicação da presente notificação, o termo de aceitação ou documentos de deliberação sobre o respectivo assunto na assembleia geral do condomínio (a execução da obra de instalação de materiais ou suportes atrás referida deve ter a aprovação de um número de condóminos que represente, pelo menos, dois terços do valor total do condomínio, na assembleia geral do condomínio, nos termos do artigo 1334º do “Código Civil”). A apresentação fora do prazo é considerada renúncia a esse direito. Para qualquer informação ou consulta de processo, pode dirigir-se à Divisão de Licenciamento Administrativo dos Serviços de Ambiente e Licenciamento, sito na Avenida da Praia Grande, n.os 762-804, Edifício China Plaza, 3o andar. (Telefone no: 8795 2708 / 8795 2709) Aos 11 de Fevereiro de 2016 O Vice-Presidente do Conselho de Administração Lei Wai Nong WWW. IACM.GOV.MO
9 SOCIEDADE
hoje macau sexta-feira 26.2.2016
Macau Water PREVISTO AUMENTO DO CONSUMO ATÉ 3%
Águas correntes “Devido à abertura dos novos casinos esperamos um aumento do consumo de água este ano na volta dos 2 a 3%”
MACAU WATER
Não reduziu o ano passado e vai aumentar este ano. A abertura de mais casinos vai ajudar à subida do consumo de água, diz a directora da Macau Water
A
KUAN SIO PENG DIRECTORA-EXECUTIVA DA MACAU WATER
Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) prevê um aumento do consumo de água no território até um limite máximo de 3%. A garantia foi dada ontem por Kuan Sio Peng, directora-executiva da empresa, que explica que os empreendimentos no Cotai vão ajudar à subida. “Devido à abertura dos novos casinos esperamos um aumento do consumo de
água este ano na volta dos 2 a 3%”, disse a responsável à margem de um almoço de Primavera com os meios de comunicação social. Relativamente ao ano passado, o consumo de água teve um aumento “modesto” de 1,7%. “Apesar de ter havido um decréscimo do volume de negócios, a verdade é que o consumo de
água continuou a aumentar, devido à abertura dos novos casinos e algumas infra-estruturas construídas pelo Governo. Foi um ano bom para a Macau Water”, disse Kuan Sio Peng. Não se confirmaram assim as previsões de redução do consumo em 2015 feitas há um ano pelo então director da Macau Water, Félix Fan, que disse que a empresa previa uma redução do consumo de água no ano passado devido ao alargamento dos horários das fronteiras, que incentivam trabalhadores em Macau a viverem na China continental.
BAIXA PRESSÃO
O aumento das tarifas pagas pelo Governo à concessionária, em Outubro, ajudou a “aliviar as pressões de operação”, sendo que a Macau Water não tenciona, para
já, pedir ao Executivo um novo ajustamento da tarifa, revelou Kuan Sio Peng. Os resultados financeiros da empresa relativos a 2015 vão ser revelados em Março, mas a directora-executiva da empresa garantiu que o ano passado a empresa registou “um bom crescimento”. Até final deste ano, a Macau Water tenciona dar início à construção da quarta estação de tratamento de água em Seac Pai Van, a fim de assegurar com “maior segurança o abastecimento de água estável e o desenvolvimento global das ilhas”. Dividida em duas fases, a primeira fase deste projecto deverá ficar concluída já em 2019. A Macau Water garante que após a construção do quarto tubo de água bruta, uma iniciativa conjunta dos governos da província de Guangdong e Macau, o território terá então um sistema de abastecimento de água abrangente, cobrindo o sul e o norte da região, “facilitando o desenvolvimento sustentável e diversificado da cidade”, apontou a empresa em comunicado.
Todos querem rede
Visitas da China
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A
MTEL “Mais pedidos do que oferta” e falta de recursos humanos
director-executivo da operadora de telecomunicações MTEL, Miguel Choi, garantiu que a empresa tem tido “mais pedidos do que oferta”. A MTEL tem actualmente mais de dez mil requisições para serviços de banda larga de fibra óptica, mas devido aos limites existentes apenas consegue dar resposta a 1500 clientes. À margem do jantar de Primavera com os jornalistas, esta quarta-feira, Miguel Choi falou ainda da existência de “limites” ao nível dos recursos humanos. Para já a MTEL tem 30 funcionários ao seu serviço, tendo a concessionária pedido quotas ao Gabinete de Recursos Humanos (GRH) para a contratação de trabalhadores não residentes. Contudo, apenas um pedido foi aprovado. Miguel Choi explicou ainda que a cobertura actual dos cabos de fibra óptica na península de Macau já chegou aos 46,8%, sendo que nas zonas de Taipa e Coloane é de 40 e 50%, respectivamente. O responsável garantiu que os números ainda não atingiram as exigências do Governo no processo de concessão, que pediu 70% de cobertura. Contudo, o director-executivo “tem
Andreia Sofia Silva
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Morte cerebral Alexis Tam promete directrizes “para breve”
confiança” de que até ao final deste ano esse nível possa ser atingido.
EM COMPETIÇÃO
Garantindo que a operadora tem preços “competitivos”, Miguel Choi referiu que este ano vão ser investidas cem milhões de patacas, sendo que um dos planos da MTEL é a criação de uma rede de ‘cloud computing’ para a área das indústrias culturais e criativas. Com a entrada da Hong Kong Elegant Way International na estrutura accionista da empresa, a MTEL espera que o projecto possa avançar já em Março, depois da apreciação do Executivo. A concessionária espera ainda que mais accionistas possam investir antes de 2017. A MTEL defende ainda a criação de um “centro de intercâmbio da internet” em Macau, dando o exemplo do que já acontece em Hong Kong, cujo centro está localizado na Universidade Chinesa de Hong Kong. Miguel Choi sugere que este centro possa ser criado numa instituição sem fins lucrativos, para que se possa promover a troca de informações. Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo
LEXIS Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, garantiu que “os critérios de morte cerebral e as directrizes para a determinação da morte cerebral irão ser publicadas em breve”. Falando na qualidade de presidente da Comissão de Ética para as Ciências da Vida, Alexis Tam disse ainda que “estas directrizes são muito rigorosas e reúnem regras de procedimentos científicos e respondem, ainda, à necessidade do desenvolvimento de medicina em Macau, sendo por isso um marco no desenvolvimento do transplante de órgãos em Macau”. Segundo um comunicado, o Secretário referiu que o “transplante de
órgãos acarreta algumas questões”: o fornecimento de órgãos, pois a procura é sempre superior à oferta, as despesas de tratamento “altíssimas”, o consentimento informado quanto à doação de órgãos, a determinação da morte cerebral ou a venda clandestina de órgãos. O Secretário referiu que as situações “devem ser enfrentadas e solucionadas de modo a promover o desenvolvimento do transplante de órgãos”. Estas declarações foram proferidas no âmbito de palestra proferida ontem e que contou com a presença de Huang Jiefu, presidente do Conselho de Doação e Transplante de Órgãos da China e director-geral da direcção da Fundação de Desenvolvimento de Transplante de Órgãos da China. Para Alexis Tam, Huang Jiefu “vai dar um grande apoio ao desenvolvimento dos transplantes de órgãos em Macau”, algo que ainda não existe em Macau e que leva os doentes necessitados às regiões vizinhas como Hong Kong.
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hoje macau sexta-feira 26.2.2016
AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 1.
Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Localização dos terrenos: - - - - - - - - - - -
2.
3.
Avenida da Praia Grande, n.ºs 572 a 594, em Macau, (Edifício B.C.M.); Rua de Pequim, n.ºs 2A a 54F e Rua de Cantão, n.ºs 86J a 86L, em Macau, (Edifício I Chan Kok); Avenida da Amizade, n.ºs 711 a 733N e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 552 a 606F, em Macau, (Edifício Chung Fu); Avenida da Amizade, n.ºs 747A a 779E e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 606G a 606K, em Macau, (Edifício Chung Yu); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 82 a 122, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 113 a 123, Rua de Londres, n.ºs 10 a 116 e Rua de Madrid, n.ºs 9 a 117, em Macau, (Edifício Wan Yu Villas); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 160 a 206, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 159 a 207, Rua de Londres, n.ºs 7 a 115 e Rua de Roma, n.ºs 8 a 116, em Macau, (Edifício Tong Nam Ah Central Comércio); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 238 a 286, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques n.ºs 237 a 285, Rua de Roma, n.ºs 7 a 117 e Rua de Bruxelas, n.ºs 6 a 116, em Macau, (Edifício Kin Heng Long Plaza); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 322 a 362, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 315 a 365, Rua de Paris, n.ºs 10 a 118 e Rua de Bruxelas, n.ºs 33 a 119, em Macau, (Edifício Jardim Fu Tat); Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 238 a 286, Avenida Xian Xing Hai, n.ºs 237 a 285, Rua de Bruxelas, n.ºs 148 a 262 e Rua de Roma, n.ºs 147 a 261, em Macau, (Edifício Jardim Hang Kei); Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 392 a 438, Avenida Xian Xing Hai, n.ºs 391 a 439, Rua de Berlim, n.ºs 148 a 218 e Rua de Paris, n.ºs 147 a 261, em Macau, (Edifício Magnificent Court); Avenida Xian Xing Hai, n.ºs 81 a 121, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 80 a 120, Rua de Madrid, n.ºs 147 a 225 e Rua de Londres, n.ºs 148 a 254, em Macau, (Edifício Comercial Zhu Kuan Mansion).
Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 20 de Janeiro de 2016.
O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
11 hoje macau sexta-feira 26.2.2016
CHINA
EMPRESA DESISTE DE AQUISIÇÃO NOS EUA POR CAUSA DE ESCRUTÍNIO
Adeus investimento
Em 2014, a China foi o maior país comprador estrangeiro de empresas norte-americanas pelo terceiro ano consecutivo, segundo dados oficiais. Com este investimento, a Unisplendour passaria a ter um lugar na administração da Western Digital e tornar-se-ia o maior accionista da empresa, cuja área de negócio principal são discos rígidos e dispositivos de armazenamento.
3,8
mil milh õ valor qu es de dólares , e seria investid por cer o ca de Western 15% da Digital
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MA empresa chinesa do ramo tecnológico desistiu de um investimento multimilionário num fabricante de discos rígidos dos Estados Unidos da América devido ao escrutínio imposto por legisladores norte-americanos, noticiou ontem a imprensa estatal da China. AUnisplendour Corp (UNIS) cancelou uma oferta de 3,8 mil milhões de dólares por aproximadamente 15% da Western Digital, uma empresa sediada no Estado da Califórnia. A decisão surge após o anúncio de que a Comissão para os Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS, no acrónimo em inglês) iria rever o negócio.
NEGÓCIOS AÉREOS
Aquele grupo, que inclui responsáveis do Departamento da Defesa, Estado e Segurança Nacional, é responsável por analisar se os investimentos propostos por empresas estrangeiras colocam em causa a segurança dos EUA. A notícia terá levado a empresa chinesa, subsidiária da estatal Tsinghua Unisplendour Group, a accionar uma cláusula que lhe permite desistir do negócio, segundo um comunicado emitido pela Western Digital. A CFIUS tem aumentado o escrutínio sobre as empresas chinesas, acompanhando o crescente fluxo de investimento oriundo do “gigante asiático” nos últimos anos.
Na semana passada, o grupo chinês HNA - empresa matriz da companhia aérea Hainan Airlines e futuros accionistas da TAP - concordou em pagar 6.000 milhões de dólares pela distribuidora de tecnologia norte-americana Ingram Micro. A Ingram Micro é responsável pela distribuição de produtos da Apple, Microsoft, IBM e Cisco, entre outras firmas do setor, e tem 200 mil clientes espalhados por cerca de 160 países, segundo o ‘site’ oficial. Segundo um comunicado emitido em meados deste mês pelo HNA, o grupo compromete-se a realizar um empréstimo de 120 milhões de euros à companhia aérea brasileira Azul, destinado à compra de obrigações convertíveis da TAP a 10 anos. A empresa assegurará assim 6,4% do direito de voto na TAP e 55% dos benefícios económicos, lê-se na mesma nota. Além desse empréstimo, com maturidade de 181 dias e taxa de juros anual fixada em 14,25%, o HNA prevê mais um financiamento de 300 milhões de dólares à Azul, visando tornar-se accionista da empresa. Desde que a China Three Gorges comprou 21,3% da EDP, em 2012, o montante do investimento chinês em Portugal já ultrapassou os 10.000 milhões de euros.
Mariscos e petiscos Comida portuguesa em destaque na CCTV
A
principal cadeia de televisão da China, a CCTV, distinguiu ontem a comida tradicional portuguesa numa reportagem difundida no programa ‘Weidao’ (“Sabores”), com o único ‘chef’português estabelecido em Pequim, Paulo Quaresma. Durante o registo, de dez minutos, Paulo Quaresma começa por confeccionar um arroz de marisco, enquanto a repórter traduz para chinês os ‘truques’ daquela receita “bem portuguesa”. “Nós [portugueses] adoramos marisco, devido à nossa extensa costa marítima”, explica o ‘chef’. A cena passa-se no “Camões”, restaurante localizado num hotel de cinco estrelas do centro de Pequim e propriedade de um magnata de Macau. Aberto em 2008, o espaço distingue-se pela decoração interior, com painéis de azulejo que evocam episódios da biografia do autor de Os Lusíadas. “Apesar de Portugal ser pequeno, vivemos junto ao mar, e, por isso, o nosso contacto com culturas estrangeiras foi estabelecido inicialmente por via marítima”, conta Paulo Quaresma à jornalista chinesa. Com 20 anos de profissão, o ‘chef’ português chegou a Pequim em 2010, onde entretanto casou com uma mulher chinesa e é pai de um rapaz já com três anos. “Em casa, só em dias especiais é que cozinho comida portuguesa”, admite Paulo à CCTV. “Em Portugal temos um dizer: ‘Casa de ferreiro, espeto de pau’”, justifica. Em Pequim, sede de um município com mais de 21 milhões de habitantes, vivem cerca de 130 portugueses. Em 2014, abriu um segundo restaurante português na cidade, o “Dom Frango”, mas o ‘chef’ é chinês. Já na “capital” económica da China, Xangai, existem três restaurantes de culinária portuguesa. A reportagem termina com Paulo, acompanhado do filho e da mulher, e mais um grupo de portugueses sentado numa das mesas do “Camões”, onde, para além do arroz de marisco, são servidos pastéis de bacalhau e chouriço grelhado e pastéis de nata.
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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 63/AI/2016
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 97/AI/2016
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor ZHOU MINGQI, portador do Passaporte da R.P.C. n.° G61719xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 79/DI-AI/2014 levantado pela DST a 07.07.2014, e por despacho da signatária de 17.02.2016, exarado no Relatório n.° 86/DI/2016, de 22.01.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.os 361-B 361-K, Edf. I On Kok, 7.° andar H onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício Centro Hotline , 18.° andar, Macau.-----------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor XIA BIBO, portador do Salvo-Conduto de dupla viagem da RPC n.° W67135xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 23/DIAI/2014 levantado pela DST a 14.02.2014, e por despacho da signatária de 17.02.2016, exarado no Relatório n.° 126/DI/2016, de 03.02.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida Sir Anders Ljungstedt n.os 297-303, 26.° andar D onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício Centro Hotline , 18.° andar, Macau.-----------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Fevereiro de 2016.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Fevereiro de 2016.
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
12 PRÉMIOS DE CINEMA DE TAIWAN E HONG KONG BANIDOS NA CHINA
As causas são políticas, naturalmente. O problema com Hong Kong é o filme “Dez Anos”, passado num futuro distópico em que a antiga colónia inglesa se vê a braços com um opressor regime comunista. Já em relação a Taiwan, a culpa é de Tsai Ing-wen, a nova presidente da ilha rebelde e de quem Pequim não gosta. Por cá, a reacção de alguns realizadores é de repúdio mas de que também estão a chegar ventos de mudança
DEZ ANOS
EVENTOS
MURALHA ER
P
RIMEIRO foi a CCTV, que emite a cerimónia de entrega de prémios Hong Kong desde 1991, a anunciar o boicote. Depois seguiu-se a Tencent que, apesar do contrato que detém, resolveu boicotar a emissão que estava agendada para o QQ. A decisão das duas operadoras surgiu na sequência do comunicado da SAPPRFT, a autoridade chinesa para audiovisual, no dia 21 deste mês (ver caixa). No entanto, tudo indica que a culpa é do filme “Dez Anos” nomeado para melhor filme do ano nos Hong Kong
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA GRAÇAS E DESGRAÇAS DA CORTE DE EL-REI TADINHO • Alice Vieira
“Não se trata do retrato de mais um rei de Portugal. El-Rei Tadinho, sua futura mulher (uma fada desempregada, que entretanto se fizera passar por bruxa) e restante família vivem algumas desgraças ora do campo do quotidiano ora do fantástico. O rei oferece a filha (que não tem! — só mais tarde dá pelo engano) em casamento a um dragão; a única bruxa do reino, embora contrariada, decide ajudá-lo; o dragão engana-se e casa com esta última... É impossível não se achar graça, tal a ironia, a prodigiosa imaginação e o alucinante desenvolvimento. (A partir dos 8/9 anos).”
Film Awards, que serão entregues no próximo dia 4 de Abril. O filme traz-nos uma história que nos leva a Hong Kong daqui a dez anos quando a cidade se encontra debaixo de um impiedoso regime comunista, com lojas a serem atacadas por soldados por venderem materiais proibidos e activistas a imolarem-se como uma declaração de independência.
Apesar de ter tido exibições limitadas e ter sido feito com um orçamento de apenas 600 mil dólares de Hong Kong, já conseguiu facturar seis milhões em bilheteira.
“TÊM MEDO DE QUÊ?”
Para o jornal South China Morning Post, o filme é “uma advertência sobre o poder do cinema independente e inteligente como veículo para a crítica política e social”.
Vincent Hoi
As razões do sucesso terão muito ver com o facto da história impactar a população de Hong Kong tendo-se já visto pessoas a deixarem o cinema em lágrimas. Já na China, as lágrimas são de raiva: o jornal Global Times, por exemplo, classificou “Dez Anos” como “um vírus da mente” e culpa-o mesmo pelos recentes desacatos em Mong Kok. “É muito estranho. Estão com medo do quê?” disse à imprensa Ng Ka-leung, um dos cinco realizadores do filme sobre o boicote chinês. “É apenas um pequeno filme independente mas com esta atenção toda só fazem as
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
CRÍTICA DA RAZÃO CÍNICA • Peter Sloterdijk
Crítica da Razão Cínica, publicado por ocasião do bicentenário da Crítica da Razão Pura de Kant, é, antes de mais, uma crítica da modernidade. Para Peter Sloterdijk, o actual cinismo resulta da perda das ilusões iluministas. No nosso tempo, enquanto «falsa consciência», é um fenómeno generalizado que Sloterdijk detecta nos mais diversos campos, da vida privada à religião. Como resposta a este cinismo moderno, e para que ele possa ser ultrapassado, o autor sugere a redescoberta das virtudes do antigo cinismo ou, mais exactamente, do kinismo, que passa pelo riso, a insolência e a invectiva. Surgida na Alemanha em 1983 e considerada então por Habermas como a principal obra filosófica das últimas décadas, Crítica da Razão Cínica permite-nos também entender melhor o trajecto intelectual de Sloterdijk e as polémicas suscitadas pelos seus livros mais recentes.
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FALAR VERDADE NA “PRISÃO”
“É uma loucura!” diz Vincent Hoi (Sio Lio), realizador lo-
Harriet Wong
K POP INVADE VENETIAN EM MARÇO
Tracy Choi
não é nenhuma novidade: “É a forma que eles têm de fazer as coisas”, diz, mas a sua opinião em relação ao assunto é clara: “não faz sentido nenhum. É um bocado estranho tudo isto”, diz, lamentando que os cineastas não sejam livres para escolherem os seus próprios temas. Além disso, as dificuldades começam logo quando se procura um investidor, como diz Harriet, que também reconhece que se se pretende ter
Uma verdadeira invasão de K Pop (pop coreano) é o que o Venetian está a preparar para o próximo dia 5 de Março. Ao vivo três das mais representativas bandas do género: BEAST, 4Minute e BTOB. Os BEAST, uma “boy band”, são actualmente dos grupos mais seguidos na Coreia tendo já gravado oito mini álbuns e dois álbuns completos desde o seu surgimento 2009. As 4Minute é uma “girl band” que afirma conseguir deixar os fãs de rasto em apenas quatro minutos. Espera-se que apresentem temas do no mini álbum “Act.7”. Os BTOB têm três rappers no elenco e coleccionam uma série de prémios e são considerados uma experiência musical singular. O espectáculo acontece na Cotai Arena, pelas 20H, no Sábado dia 5. Os bilhetes custam entre MOP $380 e $1280.
COMUNICADO DA SAPPRFT
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evido às mudanças sociais registadas em Hong Kong e Taiwan este ano, e para prevenir as influências negativas de discursos, filmes e televisões que não se conformem com as condições nacionais, todos os principais websites e todas as aplicações móveis devem suspender qualquer transmissão directa ou em diferido dos “Hong Kong Film Awards” em Abril e dos “Taiwan Golden Horse Awards” no final deste ano.
um filme na China tem de se passar por isso. “O problema maior são os investidores”, diz Tracy, “porque se ficam com medo dos temas nem chegamos a fazer o filme. E aí a solução é fazermos filmes de baixo orçamento”, explica. Foi o caso de “Dez Anos”. Harriet e Tracy não viram o filme, mas Vincent viu e considera que toda gente em Macau, Taiwan e Hong Kong também o deveria ver. A realização é um bocado imberbe, diz, mas o tema genial: “porque não é apenas algo que possa acontecer daqui a dez anos”, garante Vincent Hoi, “Está a acontecer agora.”
“COM ESTA PRESIDENTE, NÃO”
Mas se “Dez Anos” pode ajudar a explicar o boicote a Hong Kong, em relação aos Taiwan Golden Horses, a história é outra – de acordo com o China Digital Times, a cerimónia de Novembro também não irá passar na China, o que parece também pacífico de inferir a partir do comunicado dos SAPPRFT. As razões ninguém as esclarece de forma clara, mas tudo indicia que a chegada de Tsai Ing-wen à presidência estará intimamente ligada a isso, pois a sua eleição não caiu bem em Pequim e os cavalos, apesar de ouro, também devem acabar na lista negra. Manuel Nunes
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JAMES CHEADLE
pessoas ainda mais curiosas”, disse ainda Ng Ka-leung.
RICHARD HOLT
RGUIDA cal, considerando que os festivais de Taiwan e Hong Kong são os mais significativos para o mundo chinês e chegando mesmo ao ponto de dizer que “a China é uma prisão” para ilustrar as limitações criativas que se colocam aos cineastas. Harriet Wong, realizadora, não estava a par do assunto mas está bem ligada ao que se passa no meio do cinema na China já que estudou em Pequim e por lá tem vivido bastante tempo. Desmultiplica a situação dizendo que tanto ela como os meus colegas também nunca vêem televisão. “A CCTV, para nós, é só o espectáculo de fim de ano. Em relação a outros temas, há sempre uma forma de vermos o que queremos na internet. Usamos todos VPN”. A realizadora fez-nos uma revelação interessante quando falamos de censura dizendo-nos ter vários colegas do curso de Cinema que foram trabalhar para a censura na esperança de mudar as coisas a partir de dentro, alguns mesmo com projectos de filmes. “Pelo que sei”, diz Harriet, “há um processo de renovação em curso. A geração dos mais velhos tem um passado histórico que nós temos”, explica Harriet, anunciando como que uma “guerra de gerações” em curso. Por isso, acredita que as coisas têm tendência para mudar. “É como uma pequena luz na escuridão”, diz-nos, porque a vontade de mudar é grande. “Todos nós temos vontade de falar a verdade”, garante Harriet. Para Tracy Choi, outra realizadora local, o boicote
EVENTOS
hoje macau sexta-feira 26.2.2016
Câmara de luxo
Academia de St. Martin in the Fields no CCM
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ONSIDERADA pelo público e pela crítica da música clássica como a melhor orquestra de câmara do mundo, a Academia de St. Martin in the Fields (ASMF) vai tocar no Centro Cultural de Macau (CCM) no final do próximo mês. Elogiada pelo jornal The Times pela sua “força contemplativa, chama poética e veia dramática”, a ASMF é reconhecida pelo som polido e refinado. A designação resulta de uma igreja com o mesmo nome, local onde a Academia tocou pela primeira vez em 1959. Actualmente, dá uma média de uma centena de concertos por ano. Por cá, vai ser dado um concerto dirigido por Sir Neville Marriner, acompanhado pela virtuosa pianista canadiana Angela Hewitt.
A TOCAR DESDE 1958
Fundada pelo maestro Marriner em 1958, e chegando a fazer 15 digressões por temporada, a orquestra toca em todos os continentes nas mais prestigiadas salas de concerto da Europa e Ásia, até às Américas. É
S.H.E. ACTUAM NO STUDIO CITY
dos grupos orquestrais mais gravados do mundo e lançou até à data mais de 500 registos. O primeiro dos vários discos de ouro recebidos foi conquistado em 1969 após uma aclamada gravação das Quatro Estações de Vivaldi. Mais recentemente, em 2013, atingiu o topo da tabela de música clássica Billboard graças a uma gravação do seu Director Musical e mestre violinista Joshua Bell.
DEMONSTRAÇÃO DE CLÁSSICOS
O concerto em Macau inicia-se com a interpretação de duas icónicas peças de Mozart, a Sinfonia “Haffner” e o Concerto para Piano N.o 25, pelas mãos de Angela Hewitt, mestre pianista que regressa a Macau depois de ter dado um recital no CCM em 2008. O encerramento acontecerá ao som da Sinfonia em Dó Maior de Bizet, uma composição feita à medida do virtuosismo que estabeleceu o nome da Academia. O concerto realiza-se a 29 de Março (terça-feira) e os bilhetes custam entre as 180 e as 480 patacas.
Na continuação da sua série de espectáculos de música de Taiwan, o Studio City traz a Macau o concerto ‘Never Say Goodbye’ da girlsband S.H.E.. Esta vai a ser primeira vez que a banda volta a tocar junta desde 2014. O espectáculo prevê a presentação dos maiores sucessos na sua carreira de 15 anos. O concerto realiza-se no dia 26 de Março pelas 20h00. O preço dos bilhetes varia entre as 480 e as 1580 patacas e as suites custam 25 mil patacas para 12 pessoas, havendo também pelo dobro do preço para 24 pessoas.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Os primeiros católicos na China
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O artigo da semana passada, “Os primeiros cristãos na China”, deixamos a História quando os cristãos nestorianos, referenciados na estela do século VIII enterrada pouco depois do Decreto de proibição das religiões de 845, se viram forçados a fugir para as estepes do Norte. Aí se juntaram a algumas tribos nómadas mongóis e por volta do ano mil converteram os Merquites e Keraítas ao cristianismo nestoriano. Temujin pretendia no Kuriltai (Grande Conselho mongol) de 1196 ser designado Khan, mas só em 1206, após as lutas pela unificação das tribos das estepes do Norte, ficou como senhor da Mongólia, Genghis Khan, dando assim início ao Império Mongol. Em 1211 começou a invasão da China e conseguindo dois anos mais tarde atravessar a muralha, ocupou Beijing em 1215. Até ao final da sua vida conquistou o Norte da China e as cidades do Leste do Irão, Afeganistão, Uzbequistão e Sibéria, contando com um exército de apenas 129 mil homens. Antes de morrer, em 1227, pelos seus quatro filhos dividiu em Khanatos o imenso território já conquistado em todas as direcções a partir da Mongólia. Nos cinquenta anos seguintes, os mongóis conquistaram toda a China e o Norte do Vietname, o Afeganistão e parte do Paquistão, o Cáucaso, a Rússia, a Ucrânia, o Irão, o Iraque, a Síria e a Hungria. Estava Batu Khan e as suas tropas em 1241 às portas de Viena, quando morreu o segundo Khan do Império Mongol, Ogodai (Gedei, com nome de Templo Tai Zong, 1229-1241), que promovera ataques contra a China do Norte, conquistando-a até Kaifeng, onde chegou em 1234 e para Leste, submeteu a Coreia. O seu sobrinho Batu Khan (filho de Juli ou Jochi, primogénito de Genghis Khan mas que falecera antes dele) conquistara os Búlgaros do Volga em 1236/7 e Kiev em 1240, seguindo-se a Polónia, a Hungria e Roménia, e quando estava às portas de Viena, Batu Khan sabendo da morte de Ogodai regressou à Mongólia, onde se ia fazer a escolha de um novo Khan. Para aí também se dirigiram emissários de todo o mundo, representantes do Império Romano do Oriente, da Igreja de Roma e dos Ortodoxos Russos, tendo encontrado na capital do Império Mongol, Karokurum, os nestorianos com uma tenda como igreja, ao lado da tenda imperial. Tal, muito se devia a Sorkaktani (Sorghaghtani Beki,
1198-1252), princesa da tribo nestoriana dos Keraítas (uma das tribos pertencentes à Confederação Mongol) e que era desde 1203 casada com Tului Khan (1192-1232), o mais novo dos quatro filhos de Genghis Khan e da sua principal esposa Borte. A nestoriana Sorkaktani foi mãe de Mongke, Kublai, Hugalu (Hulagu) e Arik Boke, que haveriam de ser, os três primeiros, grandes chefes mongóis. Segundo Miguel Urbano Rodrigues “De acordo com a lei mongol, não era ao primogénito que cabia o quinhão principal da herança paternal, mas ao mais jovem”... “Essa tradição, mantida pelos
descendentes de Gengis Khan nas primeiras gerações, pesou muito no rumo do Império.” O Papa Inocêncio IV em 5 de Março de 1245 designou como embaixador ao Khan dos mongóis o franciscano Frei Lourenço de Portugal, que tinha sido ministro provincial da Província de Santiago de Compostela. Mas este não pode ir pois estava como Penitenciário Apostólico em S. João de Latrão, onde passou dois anos como Legado Apostólico no Oriente, durante o conflito que se instalou entre Roma e Bizâncio e só regressou à Santa Sé em 1248. Por isso, o mesmo Papa pediu ajuda aos franciscanos e em
1245 enviou o italiano Giovanni del Carpine, acompanhado pelo boémio Estêvão e o polaco Bento à corte mongol. Aí chegaram a 22 de Julho de 1246, não havendo ainda Khan. NESTORIANOS NA CORTE MONGOL Com a Pax Mongolorum entre os meados dos séculos XII e XIV, a unidade territorial que os mongóis conseguiram manter desde o Pacífico à fronteira Leste da Europa abriu de novo os caminhos terrestres da seda à proliferação de ideias e conhecimentos provenientes da China. Muitos viajantes, mercadores e religiosos (peregrinos, missionários ou refugiados) chegavam à China. Como pastores nómadas guerreiros, os mongóis eram tolerantes para quem aceitava a sua soberania, mas impiedosos e bárbaros para quem se lhes opunha. Como nada sabiam sobre administração, comércio, agricultura e cultura, necessitaram de quem lhes tratasse dessas questões e assim, “os nestorianos gozaram da confiança dos soberanos e chefes mongóis, fossem ou não cristãos. O principal lugar-tenente de Hugalu, na Síria, por exemplo, o general Kitbuka, era um cristão nestoriano, o que terá reforçado a crença, tanto do Ocidente como do Oriente, que a campanha mongol era uma espécie de guerra santa contra o Islão, em simetria com as expedições francas”, como escreve António Carmo. Os mongóis eram sobretudo Animistas e por isso, a sua relação às religiões era tolerante, o que permitiu às igrejas nestoriana e católica expandirem-se pela Ásia até meados do século XIV. A 24 de Agosto de 1246 foi eleito o Khan Guyuk, cinco anos após a morte do anterior khan, seu pai Ogodai, terceiro filho de Genghis Khan com Borte. “Simon de Saint Quentin relata assim o início do Kuriltai que elegeu Guyuk Khan como sucessor de Ogodai: <Todos os barões estavam reunidos e colocaram um trono de ouro no meio deles e fizeram sentar-se Gog Chan (Guyuk). Colocaram uma espada em frente dele e disseram: queremos, pedimos e ordenamos que tenhais poder perante todos nós.>” Miguel Urbano Rodrigues. E com ele seguindo, “Pian del Carpine conta o que viu: <Havia mais de quatro mil enviados, os que traziam o tributo, os que ofereciam presentes, os sultões e outros chefes que tinham querido vir pessoalmente, os que haviam sido de-
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José Simões morais
signados pelos seus soberanos e os que eram governadores de províncias>.” O franciscano Giovanni Da Pian del Carpine (c.1182/85-1252), autor do mais antigo relato europeu sobre a Ásia e um dos primeiros discípulos de Francisco de Assis, trazia uma carta para o “Rei e povo tártaro”, pois pensava-se que a campanha mongol era contra o Islão e por isso, vinha negociar com o novo Khan. Mas o emissário não conseguiu nada. Para além de não enviar presentes, também não prestou homenagem, não se tendo prostrado perante o khan, já que só se prostrava perante Deus. Assim falhou a conversão do Khan e um ano depois, os franciscanos reentravam na Europa. Sete anos mais tarde, em 1252, foi o Rei de França Luís IX quem enviou o frade franciscano flamengo Guilherme de Ruysbroeck (Rubrouk), com mais quatro companheiros à corte dos Khan, devido a rumores que aí havia cristãos. Chegaram no final do ano seguinte e junto à corte ficaram durante dois anos, tendo apenas baptizado cinco pessoas e convertido um padre nestoriano. Em Karokorum encontraram uma grande tolerância, havendo nestorianos, budistas e islamitas e durante a sua permanência realizou-se um debate sobre as diferentes religiões, presidido pelo próprio Khan Mongke. Os resultados dessa missão foram iguais aos da primeira. Para fazer comércio entraram ao reino dos mongóis os irmãos Polo, Maffeo e Nicoolò, o pai de Marco Polo e encontraram-se com os nestorianos, assim como foram recebidos pelo Imperador Shi Zu (Kubilai), o fundador da dinastia Yuan, na sua nova capital, Dadu (até então Khanbaliq, cidade dos khan), actualmente Beijing. Kubilai Khan em 1269 nomeou-os embaixadores e partiram para em nome do Imperador da China pedirem ao Papa o envio de cem sábios. Este mandou apenas dois dominicanos, que nunca lá chegaram. ARCEBISPO DE PEQUIM Em 1286, o Khan da Pérsia, Argun enviou a Roma o nestoriano Bispo Rabban Sauma (Bar Sauma, 1225-1294, que mais tarde recebeu o título de Vigário-Geral da China, conferido pelo Patriarca nestoriano de Bagdad, segundo António Carmo) a dizer que o Imperador mongol Kublai Khan, estava disposto a receber os católicos. O primeiro Papa franciscano, Nicolau IV, como Giovanni Moncorvino se encontrava em Roma escolheu-o, “enviando-o como Legado e Núncio da Santa Sé e cheio de presentes e revestido de toda a autoridade para tratar com o grande Khan. Partiu para a sua viagem em 1291, munido de cartas para o Khan Argun, para o grande Imperador Kublai Khan, para Kaidu, príncipe dos Tártaros, para o Rei da Arménia e para o Patriarca dos Jacobitas. Os seus companheiros
eram o dominicano Nicolau de Pistoia e o comerciante Pedro de Lucalongo”, segundo refere o P. Manuel Teixeira. Giovanni da Montecorvino (1246/71328/30), o primeiro missionário católico na China, nasceu em Itália e tornou-se franciscano em 1272. Encarregue pela Santa Sé para missionar no Oriente, começou na Pérsia e daí, “por mar para a Índia onde pregou por treze meses e baptizou umas cem pessoas. Aqui lhe morreu também o seu companheiro Nicolau. Viajando de Meliapor por mar, alcançou a China em 1294, vindo a saber então que Kublai Khan tinha morrido e Timurleng (1294-1307) sucedera no trono. Este, (o Imperador Cheng Zong) não abraçou o Cristianismo, contudo não pôs obstáculos ao zelo missionário que ali se estabeleceu e pôde pregar livremente o Evangelho. A despeito da oposição dos nestorianos, Montecorvino depressa ganhou a confiança do Imperador e em 1299, oito anos depois de ter partido da Europa e seis após ter entrado na
Durante oitenta e oito anos, os franciscanos converteram mais de trinta mil chineses, maioritariamente de etnia mongol e como os católicos foram seus protegidos, a dinastia Ming expulsou-os e destruiu todos os vestígios do Cristianismo nestas paragens
China, pôde construir uma igreja em Dadu (Grande Capital, hoje Beijing), tendo já a esta data baptizado seis mil cristãos. Em 1305 levantou uma segunda igreja mesmo em frente do palácio do Imperador, juntamente com oficinas e habitações para duzentas pessoas. Aqui reuniu cerca de cento e cinquenta rapazes, de sete a onze anos de idade, ensinou-lhes latim e o grego e estabeleceu as horas canónicas cantadas, como nos seus conventos da Europa, com grande gosto do Imperador, que se deleitava a ouvir as vozes melodiosas das crianças. Eram também estas crianças que faziam o ofício de acólitos, ajudando à missa”, como refere o Padre Manuel Teixeira. Giovanni da Montecorvino “familiarizou-se com a língua nativa, podendo assim pregar e traduzir para chinês o Novo Testamento e os Salmos. As maiores dificuldades e os maiores obstáculos que encontrou na árdua empresa da evangelização da China vieram-lhe da parte dos nestorianos que então abundavam na China. Devido às calúnias que lhe levantaram os sectários do Nestorianismo, ele teve de passar por muitas humilhações e ignomínias e de comparecer como criminoso ante os tribunais. Mas, por último, pela confissão dum mesmo nestoriano, o Imperador reconheceu a falsidade das acusações e desterrou os acusadores. Deu-lhe até assento e poisada na Corte Imperial como Legado do Sumo Pontífice, com maiores honras que os restantes prelados das demais religiões”, P. Manuel Teixeira. Nos onze primeiros anos em que trabalhou sozinho, converteu seis mil pessoas e só em 1304 apareceu, para o ajudar, o alemão Arnoldo de Colónia.
O Papa Clemento V, altamente satisfeito com os sucessos do missionário, em 1307 enviou-lhe sete bispos franciscanos, mas apenas três chegaram, tendo estes consagrado em 1308 Giovani Montecorvino como Arcebispo de Pequim e Patriarca de todo o Oriente, pela bula Summus Archiepiscopus. Em 1312, o Primaz de Pequim e de todo o Extremo Oriente recebia mais três novos prelados franciscanos e instituía novas dioceses, para além das já existentes, como a de Quanzhou. Depois de trinta e oito anos de vida apostólica na China, Giovanni Montecorvino, com 81 anos, morreu na sua sede Arquiepiscopal de Pequim em 1328. Dez anos após a sua morte, o último dos soberanos da dinastia mongol Yuan, Shun Di, enviou ao Papa uma embaixada, pedindo a sua bênção e solicitando o envio de mais missionários e um outro legado pontifício. Apelo correspondido. O Papa Bento XII nomeou João de Marignoli legado pontifício e com ele seguiram mais vinte e dois padres, que chegaram em 1342 a Dadu, após uma viagem de quatro anos. Marignolli apercebendo-se que os tempos eram de borrasca, já que os mongóis nunca conseguiram conquistar a estima das populações que ocupavam, regressou à Europa em 1345. Então, o Papa Inocêncio VI ordenou ao superior dos franciscanos o envio de missionários para a China, sendo três bispos para a Sé de Dadu nomeados, mas nenhum aí chegou. O Khan da Pérsia, Timur (13361405) em 1362 começou a perseguir os cristãos, o que levou à dispersão destas comunidades para a Índia do Sul. Quando o católico quarto bispo de Quanzhou, Giacomo da Firenze foi martirizado em 1363, encerrou-se mais um ciclo da evangelização cristã na China. Com a queda da dinastia Yuan em 1368 e a chegada dos sedentários chineses Han, que formaram a dinastia Ming, os cristãos saíram do país e voltaram para as terras do Norte. Durante oitenta e oito anos, os franciscanos converteram mais de trinta mil chineses, maioritariamente de etnia mongol e como os católicos foram seus protegidos, a dinastia Ming expulsou-os e destruiu todos os vestígios do Cristianismo nestas paragens. Só duzentos anos depois, em 1583, o jesuíta Matteu Ricci conseguiu reestruturar a missão Católica na China, esquecido que estava aquele período de terror e em que a população chinesa Han se encontrava no nível mais baixo do escalão social mongol.
NOTA: Por lapso, a autoria da fotografia da estela da Religião Luminosa de Xian foi-me creditada, mas tal não corresponde à realidade.
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h Quarta-feira de cinzas
Porque eu sei que o tempo É sempre o tempo E o lugar É sempre e apenas o lugar E o que É real É real apenas por uma vez E apenas para um lugar Regozijo-me que as coisas sejam como são e Renuncio ao rosto abençoado T S Eliot, in Quarta-feira de Cinzas
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OJE é um dia especial na liturgia católica mas não será exactamente isso que inspira este instante, ou seja, é isso, dez, como o decálogo dos mandamentos , mas sim o poema de T. S. Elliot, exactamente chamado «Quarta-feira de Cinzas», um poema tutelar que abarca a Cultura Ocidental, feito por um poeta que bem pode estar ao lado dos profetas, pois que é demasiado fascinante para ser abordado sem uma profunda experiência do mundo. Este poema, que faz parte das células do imaginário, tem, claro está, num dia assim mais sentido. Vive-se nele o dia todo e quase a primeira essência se dissipa sem contudo nos dissociarmos face ao que o poeta dele instituiu. Entra-se num momento que nos reporta ao número quarenta, a Quaresma, a quarentena, uma passagem de dias, de anos, como forma de abordar ciclos vitais, tanto pode ser um poema elegíaco como um metadiscurso entre leituras comparadas. “Porque eu não espero voltar Porque eu não espero Porque eu não espero conhecer de novo a glória frágil da hora concreta.” O Livro de Ezequiel - 37- dá-nos a tónica do poema em ossos, os ossos daqueles que retornam à vida e fazem parte do corpo de um povo naquela planície de ossos onde um sopro lhes dá a vida nova em corpo e forma. O profeta Elias, subjugado por tristezas várias, pede para morrer debaixo de um zimbro e a cena é marejada de sofrimento e dor, como uma implorante profecia na linguagem do poeta: “Debaixo de um zimbro os ossos cantavam dispersos e brilhantes, regozijamo-nos por estar dispersos, pouco bem fazíamos uns aos outros, debaixo de uma árvore à friagem do dia, com a bênção da areia esquecidos de si próprios e uns dos outros, unidos, na quietude do deserto. Esta é a terra que tu partilharás em lotes. Recebemos a nossa herança”
É toda a estranheza do verbo que com o sopro se faz carne e mora nos Homens que aqui se bem diz e elucida. Já não podendo mais, Elias fora arrebatado por um carro de fogo e não mais voltou àquele local. Ainda hoje é esperado com entusiasmo e fé por aqueles que crêem que o desaparecimento faz parte do plano dos que não aguentando são, por forças divinas, arrebatados da sua desdita: pois que “eu não espero voltar, porque eu não espero”. Mas nós esperamo-lo! – Elias... Elias... Ele fala com Elias. – Na fronteira, Elias fala ainda aos que estão na linhagem desta imensa história de não retorno. O poema levanta contudo muitas perturbações, e até formas nunca reveladas pelo poeta, pois que Eliot era parco a fornecer explicações da sua obra, na medida em que nada de conclusivo se pode tirar de um texto que passa em muito o factor surpresa, de uma voragem feita por leopardos na friagem do dia que se alimentavam até à saciedade de pernas, de coração e de fígados, daí os ossos, daí aquela necrópole improvável. Se fôramos cera, arderíamos apenas, mas este comerem-nos até à saciedade levanta o problema de termos sido ultrapassados nas leis não naturais. «Este é o meu corpo, comei e bebei». Nós estaremos nesse alimento de que
se alimenta o poema e da minha vida ficará o tributo a um bem que todos podem partilhar, por isso o roteiro de jejuns que o próprio dia fornece, para lembrar os que têm fome e da nossa mortalidade em cinzas. Aparece uma Senhora no poema senhora dos silêncios calma e perturbada dilacerada e ilesa preocupada em repousa a Rosa única que era agora o Jardim - jardim esse, onde todo o amor finda terminado o tormento do amor insaciado e ainda o tormento maior do amor saciado fim do infindável, jornada para parte alguma conclusão de tudo o que é inconcludente .... Graças à Mãe pelo jardim onde todo o amor finda. Quem finda nesta voragem e o quê? Oh, meu Povo, que fiz eu de Ti? O que é isto de tão arrepiante mente ilusório, de tão assombrosamente maternal? Esta abundância de estranheza não dá para definir nem um Reino nem um Povo nem um Poeta nem um Profeta, mas as datas continuam charneiras a este tecido. Comecemos numa indigestão de coisas articuladas pois que ao princípio da divindade subjaz a grande fúria. Aqui, neste poema, a grande deidade não está em paz, nem morre de fastio, pois que usa a vida como alimento e nutre-se de si mesma. Não será afinal
este efeito maior o que faz de Eliot o enigma desta quarta-feira? Já em « Terra sem vida» ele fala com as pedras e o mesmo povo devorado e que se articula com carnes nos ossos, faz as pedras brotarem água pela vara de Moisés. Talvez isto explique que não há poeta sem esta imensa área de mergulho na sua história civilizacional e tudo o que se faz à revelia deste caminho acabe inexoravelmente morto e invertebrado. Aquelas pedras são gotas de água. Tudo neste poeta está sempre por dizer, pois ele disse aquilo que ninguém sabe da sua própria Cultura. Eles vêm dizer-nos que se não for por estes passos que nos dilaceram por vezes os sentidos os poetas não têm razão de se apelidar assim e que quando eles desaparecem o mundo estará tão perdido que as rotas se transformarão em vãos desígnios de vociferação indistinta. Nascido no ano de Fernando Pessoa, ambos trilharam caminhos que nos colocam agora neste dia em face do seu mistério. Tudo aconteceu para que sejam eles a revisitar na sua ânsia de não perder o fio de prumo à espectacular forma da natureza humana. Há quem não queira mais, sim, e implore sair, e quem queira tudo e nada implore. Há os pacíficos que transbordam de tédio e os enaltecidos que usurpam os lugares que habilmente a indigência preparou, conquanto, se houver ainda um roteiro que nos transcenda, as coisas e até os ossos terão no tempo o seu lugar. Não mais voltar ao local de um crime, mas os criminosos voltam sempre. É por isso que os seus crimes não compensam, dado que a segurança dos predadores é também a sua derrota. Quem não quer voltar sabe que fez o melhor e se for arrebatado é porque não se extinguiu no asfalto onde todo o sonho morre e a lembrança de que um deus não é a palavra que o designa, mas algo mais que convém estar atento, não vá o manto do nada apanhar-nos neste lugar sem força para implorar uma saída. São os quarenta anos, e os quarenta dias e as quarentenas dos que andam a somar dias aos seus inesgotáveis esforços, mas a força aplica-se só, e somente, onde houver uma pedra, um osso, uma estrutura. E sem os nossos colossos e palmares de sonho e colunas, nada deste dia restaria se não a cinza de uma lembrança que julgáramos morta pela vitória de uma razão que afinal, está muito aquém de fazer um poema como este.
17 hoje macau sexta-feira 26.2.2016
Amélia Vieira
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
TS Eliot
Porque não espero de novo voltar Porque não espero Porque não espero voltar A desejar o dom desse homem e o desígnio desse homem Já não luto para lutar com respeito a essas coisas (Porque estenderia as asas a velha águia?) Porque haveria de lamentar O poder sumido do reino habitual? Porque não espero de novo conhecer A débil glória da hora positiva Porque não penso Porque sei que não conhecerei O único verdadeiro poder transitório Porque não posso beber Lá, onde florescem árvores, e primaveras correm, lá nada há de novo. Porque eu sei que o tempo é sempre o tempo E o lugar é sempre e apenas o lugar E o que é real é real apenas por uma vez E apenas para um lugar Regozijo-me que as coisas sejam como são e Renuncio ao rosto abençoado E renuncio à voz Porque não espero de novo voltar Então regozijo-me, tendo de construir algo Com que me possa regozijar E rezo a Deus que tenha piedade de nós E rezo para que possa esquecer As matérias que comigo mesmo tanto discuto Tanto explico Porque não espero de novo voltar Deixai que estas palavras respondam Para que o que feito está, não o seja de novo Que o julgamento não nos seja demasiado pesado Porque estas asas já não são asas para voar Mas apenas joeiras para vencer o ar O ar que é agora minuciosamente pequeno e seco Mais pequeno e mais seco que a vontade Ensinai-nos a velar e a não velar Ensinai-nos a ficar quietos. Rezai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte Rezai por nós agora e na hora da nossa morte.
II Senhora, três leopardos brancos deitaram-se debaixo de um cedro No fresco do dia, saciados Das minhas pernas, do meu coração, do meu fígado e de tudo o que continha A vazia curva do meu crânio. E Deus disse Deverão estes ossos viver? Deverão estes Ossos viver? E tudo o que havia sido contido nos ossos (que estavam já secos) disseram chilreando: Por causa da bondade dessa Senhora E por causa do seu amor, e porque Honra a Virgem em meditação, Brilhamos reluzentes. E eu que aqui estou camuflado Oferto minhas acções ao esquecimento, e o meu amor À posteridade do deserto e ao fruto da cabaça. É isto que recobra Minhas vísceras, os cordéis de meus olhos e as partes indigeríveis Que rejeitaram os leopardos. A Senhora envolvida Num manto branco, em contemplação, num manto branco Deixai a testemunha dos ossos atónita de esquecimento.
Não há neles vida. Como sou esquecido E seria esquecido, então esqueceria Ainda que devoto, concentrado no propósito. E Deus disse Profetizem ao vento, ao vento apenas pois apenas O vento ouvirá. E os ossos cantaram chilreando Com o fardo do gafanhoto, dizendo Senhora dos silêncios Calma e serena Devastada e erma Rosa da memória Rosa do esquecimento Exausta e vivificante Conturbada em repouso A Rosa única É agora o Jardim Onde morrem todos os amores Tormento final Do amor insatisfeito O maior tormento Do amor satisfeito Fim do infinito Viagem para nenhum lugar Conclusão de tudo O que é inconclusivo Discurso sem palavra e Palavra de nenhum discurso Graças à Mãe Pelo Jardim Onde morrem todos os amores. Debaixo de um cedro os ossos cantaram difusos e brilhantes Estamos felizes por estar dispersos, fizemos pouco bem uns aos outros, Debaixo de uma árvore no fresco do Dia, com a bênção da areia, Esquecendo-se de si próprios e uns dos outros, unidos Na calmaria do deserto. Esta é a terra que Dividiremos por lotes. E nenhuma divisão ou unidade Interessa. Esta é a Terra. Temos a nossa herança.
III À primeira volta da segunda escada Virei-me e vi mais abaixo A mesma forma retorcida no corrimão Sob o vapor do ar fétido Lutando com o demónio das escadas que usa O falso rosto da esperança e do desespero. À segunda volta da segunda escada Deixei-os contorcendo-se, fi-los menores; Não havia mais rostos e a escada estava escura, Húmida, desdentada, como a boca babosa e sem conserto de um velho Ou a goela dentada de um tubarão idoso. À primeira volta da terceira escada Havia uma janela em fenda inchada como um figo E para além do pilriteiro em flor e de uma cena de pasto A figura de costas vestida de azul e verde Encantou o apogeu da vida com uma flauta antiga. O cabelo disperso é doce, cabelo castanho sobre a boca distendida, Cabelo castanho e lilás; Distracção, música de flauta, paragens e degraus da mente pela terceira escada, Desbotando, desvanecendo; força além da esperança e do desespero Escalando a terceira escada. Senhor, não sou digno Senhor, não sou digno Mas dizei uma só palavra.
IV Que caminhou por entre a violeta e a violeta Que caminhou por entre Os vários renques de verdes vários Passando a branco e a azul, nas cores de Maria, Falando de coisas triviais Em ignorância e em consciência de eterno pesar Que se moveu a meio de outros e que estes caminharam Que fez então fortes as fontes e frescas as primaveras. Fez fria a rocha seca e firme a areia Em azul de espora, azul da cor de Maria, Sovegna vos Aqui estão os anos que passaram entretanto, afastando Para longe violinos e flautas, restaurando A que se move no tempo entre o sono e o despertar, vestida de Luz branca, nela embainhada, dobrada. A caminhada dos novos anos, restaurando Através de uma nuvem clara de lágrimas, os anos, restaurando Com um novo verso a velha rima. Redime O tempo. Redime A visão não lida no sonho maior Onde unicórnios-jóia puxam um ataúde dourado. A irmã silenciosa velada em branco e azul Entre os teixos, atrás do jardim deus, Cuja flauta ofega, inclinou a cabeça, anuiu mas não disse palavra. Mas a fonte brotou e o pássaro cantou Redime o tempo, redime o sonho O sinal da palavra não ouvida, não dita. Até o vento abanar mil suspiros deste teixo E depois disto o nosso exílio.
V Se a palavra perdida, perdida for, se a palavra gasta, gasta for Se a não ouvida, não dita Palavra for não dita, não ouvida; É ainda a palavra não dita, a Palavra não ouvida, A Palavra sem a palavra, a Palavra por entre O mundo e para o mundo; E a luz brilhou na escuridão e Contra a Palavra, o mundo inquieto ainda rodopiante Pelo centro da Palavra silenciosa. Oh meu povo, que te fiz eu Onde será a palavra encontrada, onde irá a palavra Ressoar? Não aqui, não há silêncio que chegue Não no mar ou nas ilhas, não No continente, no deserto ou em terra tropical, Para aqueles que caminham na escuridão Tanto de dia como de noite O tempo certo e o lugar certo não é aqui Não há estado de graça para os que evitam o rosto Não têm tempo de se alegrar aqueles que caminham entre ruído e negam a voz Irá a velada irmã rezar por Aqueles que caminham nas trevas, que Te escolhem e que se Te opõem, Aqueles dilacerados no chifre entre estação e estação, tempo e tempo, entre
Hora e hora, palavra e palavra, poder e poder, aqueles que esperam Nas trevas? Irá a velada irmã rezar Por crianças no portão Que se não irão embora e não podem rezar: Rezai por aqueles que escolhem e se opõem Oh meu povo, que te fiz eu. Irá a velada irmã por entre as delgadas Árvores de teixo rezar por aqueles que a ofendem E estão horrorizados e não se podem render E afirmam antes do mundo e negam entre as rochas No último deserto entre as últimas rochas azuis O deserto no jardim, o jardim no deserto Da aridez, cuspindo da boca sementes de maçã murchas. Oh meu povo.
VI Ainda que não espere de novo voltar Ainda que não espere Ainda que não espere voltar Ondulando entre o lucro e o prejuízo Neste breve trânsito onde os sonhos cruzam A sonhada penumbra entre o nascimento e a morte (abençoa-me, pai) ainda que não deseje desejar estas coisas Desde a ampla janela com vista para a costa de granito As velas brancas ainda voam mar adentro, mar adentro voando Asas intactas E o coração perdido endurece e se alegra Nas vozes do lilás e do mar perdido E o espírito fraco apressa-se na revolta Que a curvada haste dourada e o cheiro do mar perdido Se apressa a recuperar O grito da codorniz e o rodopio da tarambola E o olho cego cria As formas vazias por entre os portões de marfim E o odor renova o sabor salgado da terra arenosa Este é o tempo de tensão entre o nascimento e a morte O lugar da solidão onde três sonhos atravessam Rochas azuis Mas quando as vozes sacudidas do teixo partem Deixai outro teixo ser sacudido e responder. Irmã abençoada, mãe sagrada, espírito da fonte, espírito do jardim, Não permitas que nos desdenhemos com falsidade Ensina-nos a velar e a não velar Ensina-nos a ficar quietos Mesmo entre essas rochas, Nossa paz na Sua vontade E mesmo entre essas rochas Irmã, mãe E espírito do rio, espírito do mar, Não permitas que me aparte E que chegue a Ele o meu grito.
Tradução: Maria Fernandes
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NOTIFICAÇÃO EDITAL (Exercício do direito de defesa)
N.º 14/2016
Considerando que não se revela possível notificar, nos termos dos artigos 10.º e 58.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o Sr. Chan Chi Meng, proprietário do estabelecimento “LA FAMÍLIA CAFÉ”, sita na Rua da Erva, n.º 22 R/C e 1.º andar, Macau, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, Dra. Ng Wai Han, a Chefe de Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos do n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, conjugado com o artigo 94.º do mesmo código, à notificação do representante legal acima referido para no prazo de 15 (quinze) dias, exercer, por escrito, os direitos de audiência e de defesa, em relação à eventual infracção abaixo indicada: O referido empregador estabelecia relação de trabalho com a ex-trabalhadora menora Kong Sut I no período de 03/2014 a 05/2014 sem reduzir a escrito o respectivo contrato de trabalho, infringindo assim o n.º 2 do artigo 17.º da Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho. Do facto acima referido, nos termos da alínea 2) do n.º 1 do artigo 88.º do mesmo diploma, a supracitada infracção é punida com multa de MOP$5.000,00 a MOP$10.000,00 (com a multa de MOP$5.000,00 a MOP$10.000,00 por cada trabalhador em relação ao qual se verifica a infracção). Assim, pode exercer do seu direito de defesa por escrito no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do dia seguinte ao da publicação do presente edital. A notificação da acusação em causa pode ser levantada no DIT, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, dentro das horas de expediente, sendo também permitida a consulta do respectivo processo n.º 7553/2014. A falta da apresentação da defesa escrita pelo notificado, dentro do prazo acima referido, é aplicada a multa. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, aos 19 de Fevereiro de 2016. A Chefe do Departamento, Ng Wai Han
NOTIFICAÇÃO EDITAL
(Pagamento da multa aplicada)
N.º 12/2016
Ng Wai Han, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 – Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho conjugados com os artigos 58.º, n.º 2 do 72.º e n.º 2 do 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, à notificação da transgressora do Auto n.º 20/0708/2016, de 15 de Fevereiro de 2016, o Sr. Chan Chi Meng, proprietário do estabelecimento “LA FAMÍLIA CAFÉ”, sita na Rua da Erva, nº 22 R/C e 1º andar, em Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte ao da publicação do presente édito, proceder ao pagamento da multa aplicada na aludida notificação, no valor de Mop$20.000,00 (vinte mil patacas), por prática de infracção administrativa prevista nas alíneas 2) e 3) do n.º 1 do artigo 28.º e punida na alínea 3) do n.º 1 do artigo 85.º da Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho, de 18 de Agosto, devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao termo do atrás citado prazo, fazer prova do pagamento efectuado. A cópia do auto, a notificação, a guia de depósito deverão ser levantados, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo facultada a consulta do processo nº 7553/2014 em causa, instruído por este Serviços. Decorridos os prazos, sem que tenha sido dado cumprimento à presente notificação, seguir-se-á a tramitação judicial, com a remessa dos autos a Juízo. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 19 de Fevereiro de 2016. A Chefe de Departamento, Ng Wai Han
NOTIFICAÇÃO EDITAL (Reparação coerciva)
N.º 13/2016
Lurdes Maria Sales, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008, de 18 de Dezembro – “Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho”, conjugado com o artigo 58.º, n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, à notificação do transgressor do auto de notícia n.º 124/0708/2015, de 5 de Novembro de 2015, o empregador, Campos Rodrigues Simão, Jorge Cesar, titular do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Macau nº 5181935(7), residente na Rotunda do Estádio, n.º 23, Edifício Mei Keng Garden, 9.º Andar N, Taipa, Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte à da publicação do presente edital, proceder ao pagamento da multa aplicada, ao abrigo da alínea 5) do n.º 3 do artigo 85.º da Lei n.º 7/2008 – “Lei das relações de trabalho”, no referido auto, no valor de Mop$5.000,00 (cinco mil patacas), por infracção ao disposto no artigo 20.º da Lei n.º 21/2009 – “Lei da Contratação de Trabalhadores não Residentes”, conjugado com os n.ºs 1 e 4 do artigo 69.º, o n.º 6 do artigo 70.º e o artigo 77.º da Lei n.º 7/2008 – “Lei das relações de trabalho”. Por outro lado, o transgressor também deve, no mesmo prazo, efectuar o pagamento da quantia em dívida à trabalhadora Manaois Edna De Guzman, no valor de Mop$13.500,00 (treze mil e quinhentas patacas), devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do prazo acima referido, fazer prova dos pagamentos efectuados. A cópia do auto notícia, a notificação, o mapa de apuramento da quantia em dívida à referida trabalhadora e as guias de depósito deverão ser levantados, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sito na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo facultada a consulta do respectivo processo n.º 1998/2015, instruído por estes Serviços. Decorrido os prazos acima referidos, a falta de apresentação do documento comprovativo do pagamento das quantias acima mencionadas pelo transgressor implica a remessa, nos termos legais, do respectivo auto ao órgão judicial. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 22 de Fevereiro de 2016. A Chefe do Departamento Ng Wai Han
19 hoje macau sexta-feira 26.2.2016
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ANIVERSÁRIO RUC Live Music Association, 23h00 EVENTO DE CARIDADE (MASDAW) Centro de Design de Macau, 18h00 Bilhetes a 200 patacas DIA ABERTO DO SPORTING DE MACAU Estádio da Taipa, 12h00 Entrada livre
O CARTOON STEPH
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “MA-BOA, LIS-CAU”, DE CHARLES CHAUDERLOT (ATÉ 19/03) Museu de Arte de Macau Entrada livre ESPECTÁCULO DE LUZES (ATÉ 29/02) Casas-Museu da Taipa, 18h00 às 22h00 EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau Entrada livre SOLUÇÃO DO PROBLEMA 36 EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” (ATÉ 3/03) Casa Garden Entrada livre HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” (ATÉ 3/04) Museu da Transferência Entrada a cinco patacas
Cineteatro
C I N E M A
THE FINEST HOURS SALA 1
MERMAID [B]
FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi, Jelly Lin 14.15, 16.00, 17.45, 21.30
ALVIN AND THE CHIPMUNKS: ROAD CHIP [B] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Walt Becker 19.30 SALA 2
THE FINEST HOURS [B] Filme de: Craig Gillespie Com: Chris Pine, Casey Affleck,
Ben Foster, Eric Bana 14.30, 16.45, 21.30
THE FINEST HOURS [3D] [B]
YUAN
1.22
UM ZÉ NINGUÉM
Sábado
EXPOSIÇÃO [X] DE RHYS LAY Fundação Rui Cunha (até 13/03) Entrada livre
0.22 AQUI HÁ GATO
ESPECTÁCULO DE COMÉDIA COM RUSSELL PETERS Studio City, 20h00 Bilhetes entre as 680 e as 1580 patacas
Diariamente
(F)UTILIDADES
PROBLEMA 37
UM FILME HOJE
Ora portanto, muito se tem falado de gatos. Esta semana quase todos os dias os jornais lá tinham um primo meu, de olhos arregalados e bigodes afiados. Não é porque nutrem sentimentos por nós. Não, calma. Aqui existe muita imparcialidade dos nossos jornalistas. Acontece que o Governo e os nossos deputados estão a ferro e fogo a analisar a proposta de Lei de Protecção dos Animais apresentada pelo Executivo. Certo é que não se pode agradar a gregos e troianos – já dizia o outro – e parece que esta proposta nem caiu nas graças nem de uns, nem de outros. Os agentes da área não concordam e, segundo ouvi, até a presidente da comissão responsável pela análise da lei estava – na última reunião – de nariz torcido. Muita coisa está em causa. Elevam-se os bons valores de tratar os animais com carinho e protegê-los dos vilões. Quão irónico pode isto ser? Os vilões... quem serão eles? O registo para os da minha espécie foi colocado de lado... uns dizem que corremos muito, outros que não saímos de casa. Nem na justificação há acordo. Agora querem açaimes para todos os cães de todos os pesos. Vejam bem se isto faz algum sentido? Bem, a sorte é que eu, como diz o Governo, não saio de casa, portanto não tenho de me sujeitar a certas coisas. Pu Yi
“HOW TO BE SINGLE” (CHRISTIAN DITTER, 2016)
Mulheres e raparigas que ficaram sozinhas no último dia dos namorados: acordaram sozinhas? E isso não é uma vantagem? O filme de hoje, “How to be Single”, é uma película que vos pode ajudar a compreender melhor como aproveitar sozinha a discoteca, a música e as bebidas. Este filme mostra como vocês conseguem divertir-se tão bem sozinhas. Uma história romântica e humorística, passada em Nova Iorque, onde as mulheres são rainhas. Tomás Chio
Filme de: Craig Gillespie Com: Chris Pine, Casey Affleck, Ben Foster, Eric Bana 19.15 SALA 3
THE SECRET [B]
FALADO EM MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Barbara Wong Chunchun Com: Leon Lai, Wang Loudan, JJ Lin 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
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20 OPINIÃO
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“Industrialization is necessary. But if this industrialization is connected with the new global division of labor, China will bear a greater cost compared with traditional industrialization in terms of the exhaustion of energy resources, the exploitation of cheap labor, damage to the environment and the loss of labor protections.” China’s Twentieth Century: Revolution, Retreat and the Road to Equality Wang Hui
O
mundo divide-se entre optimistas e pessimistas e alguns países são extremamente optimistas sobre o futuro da humanidade, e outros crêem que estamos praticamente condenados. Alguns países têm as melhores e as piores expectativas no que diz respeito ao futuro da humanidade. A sondagem realizada pela “YouGov”, e cujo relatório foi publicado, a 20 de Janeiro de 2016, inquiriu mais de dezoito mil pessoas, revelando que entre os dezassete países estudados, a China é o país mais optimista do mundo, tendo mais de 40 por cento de cibernautas chineses, afirmado que o mundo está cada vez melhor em termos gerais, quase o dobro que o segundo país mais optimista, a Indonésia. A percentagem de optimistas na China representa quatro vezes a média mundial que é de 10 por cento. Os países mais pessimistas do mundo são a França, Hong Kong, Austrália e Tailândia. O mundo, em geral, está equilibrado, uma vez que a sondagem mostra que 50 por cento da população mundial, é pessimista relativamente ao seu futuro. O relatório ressalta o facto de que não parece existir uma relação, ou uma muito pequena, entre o PIB e o optimismo. Os Estados Unidos são mais ricos que o Reino Unido, com um PIB de cinquenta e três, e quarenta e dois mil dólares, respectivamente, apesar de se encontrarem empatados quanto ao pessimismo. AAustrália, por outro lado, possui um PIB “per capita”, vinte vezes maior que o segundo país mais optimista. A grande diferença da China para com os restantes países, pode dever-se ao facto, de que tem um crescimento económico muito alto, em comparação com o resto do mundo, e dá prioridade ao seu sistema de saúde. A combinação facilita a realização de objectivos pessoais que podem contribuir para o optimismo dos asiáticos. O ser pessimista a respeito do futuro da humanidade, parece ser algo lógico, sobretudo, em França devido aos ataques terroristas que sofreu, e
PETER CHAN, AMERICAN DREAMS IN CHINA
A China entre o optimismo e a retracção
em particular, no respeitante aos problemas climáticos e às ameaças que se prevêem para os próximos anos. Todavia, alguns dados, permitem interrogar o pessimismo, e a ONU deu a conhecer que em 2012 a pobreza reduziu para 12,7 por cento, quando em 1981 era quatro vezes superior, ainda que existam oitocentos milhões de pessoas que passam fome e que no inicio do milénio, cerca de trinta e quatro milhões de crianças tiveram acesso ao sistema educativo, em parte, devido ao facto de muitos países terem conseguido atingir os “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”, promovido pela ONU. As previsões do crescimento mundial não são tão optimistas, pois é atenuada a procura. O crescimento mundial, que as previsões actuais situam em 3,1 por cento para 2015, alcançaria 3,4 por cento em 2016 e 3,6 por cento em 2017. É de prever que a recuperação da actividade mundial será mais gradual que o previsto nas das “Perspectivas da Economia Mundial -World Economic Outlook Report”, de Outubro de 2015, do Fundo Monetário Internacional, especial-
mente no caso das economias de mercados emergentes e em desenvolvimento. É de prever que as economias avançadas, continuem a recuperar-se de forma moderada e desigual, e que as diferenças dos seus produtos continuem a reduzir-se gradualmente. O cenário das economias de mercados emergentes e em desenvolvimento é diverso, mas em muitos casos, coloca desafios. A desaceleração e o reequilíbrio da economia Chinesa, a queda dos preços das matérias-primas e as pressões a que se encontram submetidas as principais economias de mercados emergentes, continuarão a constranger as perspectivas de crescimento em 2016 e 2017. A retoma do crescimento projectado para os próximos dois anos, apesar da desaceleração que está a sofrer a China, reflecte principalmente um prognóstico de melhoria gradual das taxas de crescimento dos países que estão a sofrer pressões económicas, especialmente o Brasil, Rússia e alguns países do Médio Oriente, ainda que, que tal recuperação parcial projectada, poderá fracassar por novos choques económicos e políticos.
Os riscos para as perspectivas mundiais continuam a tender para a diminuição, e estão relacionados com os ajustes que se estão a dar na economia mundial, como a desaceleração generalizada das economias de mercados emergentes, o reequilíbrio da economia chinesa, a queda dos preços das matérias-primas e a retirada gradual das condições monetárias extraordinariamente acomodatícias nos Estados Unidos. Se estes desafios essenciais não forem geridos adequadamente, o crescimento mundial descarrilará. A actividade económica internacional manteve o abrandamento, em 2015. As economias dos mercados emergentes e em desenvolvimento, apesar de contribuírem com mais de 70 por cento para o crescimento mundial, desaceleraram pelo quinto ano consecutivo, tendo as economias avançadas continuado a registar uma ligeira recuperação. As perspectivas mundiais continuam a ser determinadas por tês rotas críticas, como a desaceleração e reequilíbrio gradual da actividade económica da China, que se está a afastar do investimento e da manufactura, direccionando-se ao consumo
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OPINIÃO perspectivas
JORGE RODRIGUES SIMÃO
e serviços, a redução dos preços da energia e de outras matérias-primas, e o endurecimento gradual da política monetária dos Estados Unidos, no contexto de uma resiliente recuperação económica, no momento em que os bancos centrais de outras importantes economias avançadas, continuam a relaxar a política monetária. O crescimento global da China, em geral, está a evoluir, ainda que as importações e as exportações estejam a reduzir com maior rapidez do que se esperava, em parte como consequência da contracção do investimento e da actividade manufactureira. Esta situação, adicionada às inquietações do mercado em torno do futuro desempenho da economia chinesa, está a criar o efeito de contágio a outras economias através das vias comerciais, e da queda dos preços das matérias-primas, assim como, devido a uma menor confiança e um aumento da volatilidade dos mercados financeiros. A actividade manufactureira e o comércio continuam a ser débeis em todo o mundo, devido não apenas à situação da China, mas também à fraqueza da procura
mundial e do investimento a nível mais alargado, e especialmente, a contracção do investimento nas indústrias extractivas. A queda violenta das importações num conjunto de economias de mercados emergentes e em desenvolvimento a sofrer pressões económicas, também, estão a afectar negativamente o comércio mundial. Os preços do petróleo têm vindo a sofrer uma considerável redução desde Setembro de 2015, devido à expectativa de que con-
A percentagem de optimistas na China representa quatro vezes a média mundial que é de 10 por cento. Os países mais pessimistas do mundo são a França, Hong Kong, Austrália e Tailândia
tinuaria a aumentar a produção, por parte dos membros da “Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ”, dentro de um contexto no qual, a produção mundial de petróleo continua a superar o consumo. Os mercados de futuros, neste momento, apontam para aumentos leves dos preços, em 2016 e 2017. Os preços de outras matérias-primas, especialmente os metais, também diminuíram. A queda dos preços de petróleo está a exercer pressão nos saldos fiscais dos exportadores de combustíveis, e está a turvar as suas perspectivas de crescimento, e ao mesmo tempo, a suportar a procura de habitações e a fazer diminuir o custo comercial da energia nos países importadores, especialmente nas economias avançadas, onde os utilizadores finais beneficiam inteiramente deste embaratecimento. A descida dos preços do petróleo, impulsionado por um aumento da oferta, deveria suportar a procura mundial, uma vez que os importadores de petróleo têm uma maior tendência ao consumo que os exportadores, e nas circunstâncias actuais, existem vários factores que têm reduzido o impacto positivo da queda dos preços de petróleo. É de ter em consideração, como consequência das pressões financeiras que estão a viver muitos exportadores de petróleo, tem uma menor margem para amortecer o choque, o qual contém uma contradição substancial da procura interna. O embaratecimento do petróleo tem produzido um notável impacto no investimento na extracção de petróleo e gás, o qual também, tem afectado a procura agregada mundial. A retoma do consumo dos importadores de petróleo, tem sido menor do que se esperava, tendo em conta outros acontecimentos de quedas de preço no passado, possivelmente, devido a que algumas dessas economias, ainda se encontrem em processo de desendividamento. É possível que em várias economias de mercados emergentes e em desenvolvimento, a transmissão do embaratecimento aos consumidores tenha sido limitada. A distensão da política monetária, em geral, empreendida pela zona euro e Japão contínua, enquanto a Reserva Federal dos Estados Unidos, subiu a taxa de juros dos fundos federais, que durante sete anos, e até Dezembro de 2015, se tinha mantido em quase zero, para sustentar a recuperação. As condições financeiras, em geral, continuam a ser muito acomodatícias nas economias avançadas. As perspectivas de um aumento gradual das taxas de juros, como evolução da estratégia de política monetária nos Estados Unidos, assim como estrépitos da volatilidade financeira num contexto marcado pelas inquietações, à volta do futuro crescimento dos mercados emergentes, têm contribuído para condições financeiras externas mais
restritivas, menores fluxos de capital e novas depreciações das moedas de muitas economias de mercados emergentes. O nível geral da inflação moveu-se lateralmente na maioria dos países, em termos amplos, sendo provável que desça, tendo em conta que as novas quedas dos preços das matérias-primas e a fragilidade da manufactura mundial que estão a exercer pressão sobre os preços dos bens negociados. As taxas de inflação subjacente mantêm-se muito abaixo dos objectivos das economias avançadas. A evolução desigual da inflação nas economias de mercados emergentes reflecte, por um lado, as implicações de uma procura interna débil e da queda dos preços das matérias-primas e, por outro lado, as pronunciadas depreciações cambiais ocorridas no curso do ano de 2015. O crescimento nas economias avançadas aumentaria 0,2 por cento em 2016, a 2,1 por cento, e manter-se-ia sem alterações em 2017. A actividade global conserva a robustez nos Estados Unidos, graças a condições financeiras que ainda são favoráveis e ao fortalecimento do mercado imobiliário e do trabalho. A fortaleza do dólar está a sobrecarregar a actividade manufactureira, e o recuo dos preços do petróleo está a travar o investimento em estruturas e equipamentos de mineração. O fortalecimento do consumo privado, na zona euro, estimulado pelo embaratecimento do petróleo e as condições financeiras favoráveis, está a compensar a fragilidade das exportações líquidas. É de acreditar no crescimento do Japão em 2016, por força do suporte fiscal, queda dos preços de petróleo, condições financeiras acomodatícias e aumento das receitas. O crescimento das economias de mercados emergentes e em desenvolvimento, aumentará de 4 por cento em 2015, o nível mais baixo desde a crise financeira de 2008 a 2009, a 4,3 por cento, e 4, 7 por cento em 2016 e 2017, respectivamente. É de prever que o crescimento da China diminua para 6,3 por cento em 2016, e 6 por cento em 2017, devido ao crescimento baixo do investimento, à medida que a economia continua a reequilibrar-se. A Índia e as restantes das economias emergentes da Ásia terão uma continuação do crescimento robusto, ainda que alguns países, venham a enfrentar fortes ventos contrários, criados pelo reequilíbrio da economia chinesa e a fragilidade da indústria manufactureira mundial. Assim, dar-se-á uma desaceleração mais marcada do que o esperado, enquanto a China, leva a cabo a transição necessária para um crescimento mais equilibrado, com maiores efeitos de contágio internacional por via do comércio, os preços das matérias-primas, confiança, e os efeitos consequentes nos mercados financeiros internacionais e de valorização das moedas.
22 OPINIÃO
hoje macau sexta-feira 26.2.2016
um grito no deserto
QUO VADIS, SAM ZIMBALIST
Intenções duvidosas
U
M acontecimento político ocasional não consegue verdadeiramente congregar os partidos e associações que o integram, já que cada grupo tende a desconfiar das intenções dos restantes. Quanto mais significativas forem as alterações registadas na cena politica, maior tendência terão os partidos para “dançar conforme a música”, num jogo óbvio de namoro ao poder. Toda a gente sabe que os factos históricos têm sido, desde sempre, intencionalmente distorcidos. A História contada pelos vencedores é sempre manipulada a seu favor, não deixando lugar à existência de outras interpretações. O Poder teme que a mais pequena centelha possa causar um incêndio. Quem persistir em defender os seus ideais, e não quiser colaborar com a “situação”, acaba por ser empurrado para fora do barco até porque, hoje em dia, o patriotismo já foi “privati-
zado”. Vivemos uma era sem monarquias absolutas, mas também vivemos o período mais autocrático de sempre. É, no entanto, hora de despertar as consciências, hora de agir e lutar por uma democracia que tanto tem custado a conquistar. Ninguém até agora abdicou facilmente do Poder, porque o Poder implica dinheiro, estatuto, influência e o mais variado tipo de regalias. Qualquer coisa que lembra “O Triunfo dos Porcos” de George Orwell, está a tomar forma por esse mundo fora, em nome dos mais variados “ismos”. As pessoas assemelham-se cada vez mais aos pais do protagonista do filme de animação japonês “Spirited Away”, que se empanturravam até não poder mais, ao ponto de parecerem porcos prontos para a matança. Os que estão
agarrados ao poder, ou os que ignoram totalmente o sofrimento de quem vive abaixo da linha da pobreza, todos os dias recebem louvores na imprensa. Ninguém está interessado em perceber as causas da pobreza sistemática e das dificuldades permanentes de tantos milhões de seres humanos, quando está a sondar o mercado para comprar um apartamento. É muito mais fácil deixar ao abandono lotes de terreno do que construir, até porque a erva daninha está baratíssima se comparamos com as despesas de uma família normal. Quando a pressão exercida pela lava na crosta da Terra não pára de aumentar, os vulcões sofrem erupções e os terramotos acontecem. Quando os edifícios construí-
“Embora os seres humanos sejam superiores às formigas, não conseguiram impedir que se disparasse o primeiro tiro em Sarajevo, que conduziu à I Guerra Mundial. Será esta a tragédia da Humanidade, ou antes um destino urdido por esquemas e intrigas que tecemos uns contra os outros? “
PAUL CHAN WAI CHI
dos com materiais deficitários se cruzam com um terramoto, caem inevitavelmente. Se queremos evitar as tragédias, temos de eliminar os riscos. Infelizmente, existem precedentes históricos que nos mostram ser habitual culpar as vítimas pelas consequências das calamidades. A seguir ao grande incêndio de Roma, Nero não criou uma Comissão de Inquérito Independente e declarou que os cristãos tinham sido os responsáveis. Na “Noite dos Cristais” do Reich (Reichskristallnacht) em Munique, os judeus foram as vítimas. O mais certo é também não ter sido criada nenhuma Comissão de Inquérito para apurar a identidade dos culpados. Sobre os confrontos entre a polícia e os manifestantes, ocorridos no primeiro dia do Ano Novo Chinês em Hong Kong, os noticiários oficiais declararam que nenhum dos vendedores ambulantes tinha sido formalmente acusado. Antes pelo contrário, os detidos encontram-se entre o grupo de pessoas que se mobilizaram via internet para apoiar a causa dos vendedores ambulantes e organizaram este suposto “motim”. Afirmar que os Serviços de Informação da Polícia não conseguiram ser eficazes e reunir material relevante sobre esta “mobilização de massas”, seria um insulto à competência da Polícia e ao bom senso dos cidadãos. Em 2015, na altura do movimento “Occupy Central”, todos os participantes foram identificados e listados. Podem sofrer restrições se quiserem visitar a China continental ou apenas dar um salto a Macau. É natural que, como quase meio milhão de habitantes de Hong Kong protestou contra a implementação de leis criadas a partir do Artigo 23 da Lei de Bases de Hong Kong, a China continental tenha passado a prestar particular atenção às questões políticas da região e que esteja muito bem informada sobre os movimentos de oposição em Hong Kong. O Governo Central poderá saber mais sobre estes movimentos do que os seus próprios membros. Em qualquer jogo de xadrez, seja chinês ou ocidental, as peças mais numerosas são os peões. Existe um ditado chinês que reza o seguinte: “o soldado que atravessou o rio não tem forma de voltar atrás”. Os agentes da polícia que cumpriram as ordens dos seus superiores, são obviamente seres humanos com sentimentos, como qualquer outro cidadão, manifestante ou agitador. É, portanto, indispensável que, quer a vida, quer os direitos, de todas as pessoas sejam respeitados. Um certo intelectual de Hong Kong escreveu uma história sobre formigas. Umas eram vermelhas e outras pretas e, por causa de terem sido instigadas, envolveram-se numa grande luta. Embora os seres humanos sejam superiores às formigas, não conseguiram impedir que se disparasse o primeiro tiro em Sarajevo, que conduziu à I Guerra Mundial. Será esta a tragédia da Humanidade, ou antes um destino urdido por esquemas e intrigas que tecemos uns contra os outros? Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático
23 hoje macau sexta-feira 26.2.2016
PERFIL HOJE MACAU
DAVID MARQUES, PROFESSOR DE INGLÊS E CHINÊS
D
AVID Marques tem um nome absolutamente português, mas só aprendeu o idioma durante dois meses na escola, quando era criança. Nascido em Macau e com amigos de diversas nacionalidades, David Marques fala com os amigos portugueses em Inglês, embora perceba uma ou outra palavra do que está a ser dito na língua de Camões. Percebe e sorri, piscando o olho, como quem brinca a um jogo de palavras. Para contarmos a história de David Marques, teremos de ir ao Canadá muitas vezes e voltar. Teremos de ir buscar percursos familiares aqui e lá. David foi para o Canadá com a família quando tinha apenas nove meses de idade. Depois regressou a Macau e frequentou a escola durante algum tempo. Depois decidiu partir de novo. “Estudei Ciência Política na Universidade de Calgary, em Alberta, no Canadá. A primeira vez que deixei Macau não tive escolha, tinha nove meses de idade e, assim, fomos para o Canadá. Quando tinha quase cinco anos fiz aqui a escola primária. Passei aqui a minha adolescência e quando tinha cerca de 14 anos decidi regressar e fiz lá a
De Macau ao Canadá minha escola secundária. Porquê? Porque é muito mais divertido lá. E também me oferecia outras oportunidades. Fui para lá porque sentia também um pouco de nostalgia. Foi divertido, mas chegou a um momento em que era sempre a mesma coisa”, contou ao HM. No Canadá viveu com a avó. “Foi assim que aprendi a cozinhar”, garante. Contudo, quando lhe perguntamos que pratos aprendeu, não são as receitas macaenses que vêm ao de cima. “Claro que a minha avó me ensinou a fazer creme brulée, uma receita muito importante. Também me ensinou a fazer puré de batata.”
DESCONSTRUIR A LÍNGUA
Regressado ao território, David Marques dá aulas de Inglês a crianças em várias escolas e até ensina Chinês a estrangeiros com um método muito próprio. Na aula, cada caracter é desconstruído com recurso a desenhos e significados que levam a pessoa a memorizá-lo mais facilmente. A fazer um doutoramento em Educação na Universidade de São José (USJ), David Marques pretende, no próximo ano, realizar workshops na área criativa e deixar de lado as aulas.
O jovem tem uma resposta muito simples quando perguntamos porque é que aqui os expatriados demoram a aprender Chinês. “Não há um sistema de apoio para que as pessoas aprendam Chinês ou para o compreender. Não há programas de apoio à emigração, há alguns grupos, mas não há um apoio forte. No Canadá trabalhei com ONGs que ajudavam os emigrantes a integrarem-se no sistema do país.” No seu caso, conta, nunca precisou de aprender Português. “E é como as outras pessoas, que não precisam de aprender Chinês, porque o nosso estilo de vida não exige isso. Em Hong Kong as coisas são diferentes, porque é fácil usar o Inglês também. Se formos para Zhuhai, temos de aprender Chinês numa semana.”
O LEGADO EM COLOANE
Pelo meio, a Ciência Política foi ficando pelo caminho. David afirma que aquilo que aprendeu não se pode aplicar ao sistema político de Macau, embora, há muito tempo, tenha escrito artigos de opinião num jornal chinês. Mas a experiência não durou muito.
“Um dia escrevi um artigo sobre a necessidade de uma maior liberdade de imprensa, mas depois disseram-me no dia seguinte que estavam a reestruturar o jornal e que já não precisavam de mim”, diz com ironia. Confessa que há sempre um caminho a traçar para se ser Chefe do Executivo e que nem todos podem ou conseguem traçá-lo. David Marques vive sozinho em Coloane na casa da família. Com frequência organiza festas para pessoas muito diferentes, mais ou menos próximos. O que interessa é que haja divertimento e uma boa conversa, porque aquilo que mais gosta de fazer é de conversar e partilhar pontos de vista. A vida no campo deu-lhe outros projectos. “A casa é um legado da minha família, estou a aprender a desenvolver algumas capacidades enquanto projecto pessoal numa comunidade pequena.” A agricultura é um exemplo disso: às vezes trabalha ele próprio a terra. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
“ GALAXY COM MENOS 60% DE LUCROS
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PUB
TIAGO ALCÂNTARA
grupo Galaxy Entertainment anunciou ontem ter registado lucros de 4,2 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2015, menos 60% face a 2014. Em comunicado, o grupo indica que ao longo do ano passado gerou receitas de 51 mil milhões de dólares de Hong Kong, valor que traduz uma descida de 29%, enquanto o EBITDA ajustado – lucros antes de impostos, amortizações e depreciações – atingiu 8,7 mil milhões de dólares de Hong Kong, menos 34% em termos anuais. O grupo Galaxy inaugurou em 2015 a segunda fase do seu complexo no Cotai. “Estamos cautelosamente optimistas em relação aos resultados de Macau e ao mercado no médio e longo prazo. Apesar de ser ainda cedo para dizer que ‘batemos no fundo’, especialmente devido ao ambiente macroeconómico volátil, o crescimento sequencial das receitas de jogo de Macau no último trimestre de 2015, juntamente com um número saudável de visitantes no período do Ano Novo Chinês de 2016, representam uma potencial estabilização do mercado”, afirmou o presidente do Galaxy Entertainment Group, Lui Che Woo. As receitas dos casinos estão em queda desde Junho de 2014. Os casinos fecharam 2015 com receitas de 230.840 milhões de patacas, uma queda de 34,3% face a 2014. O Galaxy tem também previsto para este ano o arranque das obras de construção da terceira e quarta fase de expansão do mesmo complexo. Em paralelo, o grupo mantém os planos para um resort numa parcela de 2,7 quilómetros quadrados, na Ilha da Montanha, que não contempla, porém, a componente de jogo. LUSA/HM
Sou / apenas / mas sou / quanto baste / Não busco o pleno / não serei o quase”
Cecília Jorge
ÁUSTRIA DEFENDE PORTUGAL A RECEBER REFUGIADOS DA GRÉCIA
Directos ao assunto
A
S autoridades austríacas consideraram ontem que será melhor para Portugal «receber directamente da Grécia» refugiados, na sequência da disponibilidade para receber mais pessoas feita pelo primeiro-ministro, António Costa, à Alemanha, Grécia, Itália, Áustria e Suécia. “A oferta é um bom sinal de solidariedade europeia. Estamos a conversar sobre os detalhes, mas pensamos que o melhor é Portugal receber directamente refugiados da Grécia”, disse à agência Lusa fonte do governo austríaco. Recordando a chegada de milhares de pessoas por dia à Áustria no ano passado “superior à quota de Portugal” definida no mecanismo europeu de recolocação, a mesma fonte precisou que Portugal deve, por “razões logísticas”, receber directamente dos centros de registo (hotspots) mais candidatos a protecção internacional. O governo austríaco espera poder nos próximos dias avançar mais informações sobre as conversações mantidas entre Viena e Lisboa sobre os refugiados.
PARA ALÉM DA QUOTA
António Costa enviou cartas a homólogos de alguns dos Estados-membros da União Europeia (UE) mais pressionados pelos fluxos migratórios, disponibilizando-se para receber mais cerca de 6.000 refugiados além da quota comunitária. Deste modo, Portugal poderia vir a acolher mais de 10 mil refugiados. De acordo com fonte do Executivo socialista, o chefe de Governo enviou na segunda semana de Fevereiro cartas à Grécia, Itália, Áustria e Suécia, nos mesmos termos da proposta apresentada no início do mês à chanceler alemã, Angela Merkel. “Até Abril temos 500 vagas até Julho temos mil e a partir de Outubro temos 1.500 vagas nas universidades, temos cerca de mil vagas nos institutos politécnicos, temos cerca de 850 vagas nas escolas profissionais e no sector agrícola temos 2.500 lugares já
sexta-feira 26.2.2016
PYONGYANG AMEAÇA SEUL E WASHINGTON
A
Coreia do Norte ameaçou ontem «transformar Washington e Seul num mar de fogo» como resposta às próximas manobras militares dos Estados Unidos e Coreia do Sul, o que agrava a já tensa situação entre os aliados e o regime de Kim Jong-un. Pyongyang classificou os exercícios militares conjuntos programados em território sul-coreano como «uma declaração de guerra», considerando que apontam contra a sua «liderança revolucionária», de acordo com um comunicado divulgado pelo jornal Rodong, do Partido dos Trabalhadores. O regime norte-coreano também ameaçou em «transformar em cinzas as instalações militares dos EUA tanto na região da Ásia e do Pacífico, como em território continental americano». É habitual que todos os anos a Coreia do Norte faça este tipo de ameaças antes de os seus «inimigos» realizarem os exercícios militares «Key Resolve» e «Foal Eagle» nos meses de Março e Abril. No entanto, desta vez o conflito pode agravar-se mais do que o habitual devido à tensa situação vivida na península coreana após os seu quarto teste nuclear de Pyongyang, a 6 de Janeiro, após os realizados em 2006, 2009 e 2013.
HONORIS CAUSA PARA PROFESSOR DA UM
“Estamos a conversar sobre os detalhes, mas pensamos que o melhor é Portugal receber directamente refugiados da Grécia” GOVERNO AUSTRÍACO
identificados”, especificou o primeiro-ministro na semana passada, em Bruxelas. Ao abrigo da recolocação comunitária, Portugal voluntariou-se para receber 4.486 pessoas: 4295 pessoas ao abrigo do mecanismo de recolocação e 191 pessoas ao abrigo da reinstalação - ou seja, provenientes de países fora da UE). Na próxima semana, Portugal deverá receber mais 37 refugiados, que se juntam aos 30 que já chegaram ao país. Segundo os últimos dados divulgados pela Comissão Europeia na quarta-feira, de um total de 160 mil pessoas a recolocar durante dois anos, foram distribuídas 598.
O professor Pai Hsien-yung, considerado uma das figuras mais proeminentes da literatura contemporânea chinesa e também como o “pioneiro da melancolia”, foi ontem galardoado com o título de Doutor de Letras Honoris Causa pela Universidade de Macau (UM), como reconhecimento pelo seu contributo para a literatura mundial e a ópera Kun, avança a UM em comunicado. A citação foi apresentada por Hong Gang Jin, reitora da Faculdade de Artes e Humanidades. Na alocução, a académica considerou Pai como “um indiscutível magnata da literatura”. A cerimónia foi presenciada por uma série de académicos e pesquisadores de renome da China, Taiwan, Macau, Estados Unidos, Austrália e de países do Sudoeste Asiático.