DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
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QUINTA-FEIRA 26 DE MAIO DE 2016 • ANO XV • Nº 3579
hojemacau
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ARTFUSION
A criar talentos EVENTOS
UNIÃO EUROPEIA
MUDANÇA DE PIQUETE PÁGINA 5
h Amor sem repouso MANUEL AFONSO COSTA
Lusifenix AMÉLIA VIEIRA
Longe de casa JOSÉ DRUMMOND
ECONOMIA
O jogo da Moody’s PÁGINA 9
OPINIÃO
Toga e malhete LEOCARDO
MOP$10
VENEZUELA TESTEMUNHOS DE UMA HISTÓRIA DE “TERROR”
A fome saiu à rua GRANDE PLANO
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Os dias passam devagar para quem está na Venezuela: a maior crise que o país já enfrentou tem levado vidas, trazido fome e parece estar longe de chegar ao fim. Venezuelanos dão o testemunho do que se passa e falam de uma história de “terror”
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Á não se vive. Sobrevive-se. A Venezuela está, neste momento, a passar por uma crise sem precedentes, que deixa milhões à fome, sem acesso a bens essenciais e a medicamentos. Bebés recém-nascidos morrem diariamente e o Governo mantém-se impávido. É por isso que, para Maritza Margarido, lá “não se vive. Sobrevive-se.” “É um país em guerra.AVenezuela atravessa agora o pior momento da história. Não há comida e quando há, não há como pagar a preços tão elevados”, começa por explicar ao HM. Não há produtos de primeira necessidade em nenhum supermercado e, quando chegam alguns, as pessoas têm que “ir para a fila”. Fila essa que se estende por quilómetros, como provam imagens que Maritza envia ao HM e que tira da varanda de sua casa. E como os média, os poucos que falam do assunto devido à falta de abertura/conhecimento da situação, relatam. Cada pessoa tem um dia específico para ir às compras. O de Maritza
VENEZUELA FOME E INSEGURANÇA NUM PAÍS QUE JÁ NÃO É O QUE ERA
PATRIA SEM PAO ´
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é a sexta-feira e começa às duas ou três da manhã. Nem pensar faltar à chamada. “As pessoas só podem adquirir esses produtos no dia que lhes foi designado e segundo o número de bilhete de identidade. A mim calhou-me a sexta-feira. Para fazer as compras é através de impressão digital e, mal a coloquemos, ficamos bloqueados não podendo fazer as compras em mais lado nenhum, nem voltar a comprar nada até que volte a ser a nossa vez. Isto é controlado pela identificação digital”, conta a portuguesa nascida na Venezuela, ao HM. A escolha de ir cedo para a fila é justificada pelo facto de os primeiros a entrar poderem ser os mais “sortudos” – se o supermercado abrir às 8h00, na hora seguinte pode já não haver bens para comprar. Quem faltar no dia que lhe foi indicado, por exemplo por estar a trabalhar, não tem outra solução que não a de esperar até à semana seguinte. E quem consegue comprar os poucos produtos que ainda vão existindo corre o risco de ser assaltado à saída do supermercado, num país onde a lei também parece já não existir.
Mas os preços dos barris de petróleo desceram mais de metade de um ano para o outro – 88 dólares por barril foram, agora, substituídos por 35 dólares. Consequentemente, o dinheiro já não chega aos cofres do governo que, por si, também não sabe como gerir receitas. E nunca soube. A crise actual no país é difícil de explicar. À pergunta como é que a Venezuela chegou à situação em que está, as respostas que nos são dadas são semelhantes: má gestão financeira há décadas. “O governo justifica-se com a questão do petróleo, mas acho que
“A Venezuela atravessa agora o pior momento da história. Não há comida e quando há, não há como pagar a preços tão elevados” MARITZA MARGARIDO PORTUGUESA NASCIDA NA VENEZUELA
À MINGUA
Um dos grandes lemas de Nicolás Maduro, presidente do país, para ‘enfrentar’ a crise é que “Deus providenciará”. Mas Deus não está a providenciar. A Venezuela tem a maior reserva de petróleo das Américas, sendo que este produto equivale a 95% das exportações do país. As receitas do ouro negro, como relembra a BBC, foram até utilizadas para financiar alguns programas sociais, possibilitando a construção de um milhão de casas para os mais pobres.
MARITZA MARGARIDO
GRANDE PLANO
Fila para obtenção de alimentos
foi é má gestão dos governos, tanto do Chavez, como do Maduro. É o resultado da corrupção”, diz-nos Marisol Arroz da Silva, portuguesa nascida na Venezuela e radicada em Macau. O mesmo diz Eliana Calderón, venezuelana a morar em Macau, que concorda com Maritza quando esta fala em “sobrevivência” no país. Eliana vê um país a deteriorar-se ao longo dos anos, onde já quase não há humanidade, segurança pessoal ou tranquilidade. “Já não há estado civil, está destruído. A Venezuela já não é o país maravilhoso que foi dos anos 50 aos 90”, refere ao HM, relembrando que há pessoas a sobreviver “umas às custas das outras” e tudo muito graças ao chavismo e madurismo que imperam no país (ver texto secundário). Hugo Chavez, que governou a Venezuela de 1999 até 2013, criou medidas de controlo dos preços para os bens necessários em 2003, com o intuito de que os mais pobres pudessem também ter acesso a açúcar, café, leite, arroz, óleo de milho e farinha. Mas essa decisão foi vista como forma de chamar seguidores, além de ter tido repercussões ingra-
tas: produtores queixaram-se de que essas novas regras os faziam perder dinheiro: alguns recusaram-se a providenciar produtos para os supermercados públicos, outros pararam mesmo a produção. Resultado? A importação passou a ser ainda mais necessária à Venezuela. Hoje, a inflação chega agora quase aos 200%. O bolívar venezuelano desceu 93% e as pessoas estão a comprar produtos com uma moeda que nada vale – 300 bolívares equivalem a 70 cêntimos de dólar americano. Como nos conta Maritza, “o salário mínimo é irrisório e insuficiente para o que quer que seja”. Ainda que tenha aumentado recentemente, o preço dos produtos continuam a subir, “sendo a situação igual ou pior do que antes”. Algumas famílias passam fome, porque agora “comer é um luxo”, como dá conta uma família de cinco pessoas ao New York Times. No seu frigorífico têm cinco bananas, meio pacote de farinha, meia garrafa de óleo de milho, uma manga e meio frango. “O povo tem criado um mercado informal nos bairros onde vive a que chamamos de ‘bachaqueros’, onde, depois de adquirirem os produtos no mercado normal aos preços regulamentados, as pessoas os vendem na rua até cem vezes acima do valor real”, continua a descrever Maritza. “Estou a referir-me a produtos como carne, leite, açúcar, farinha, papel higiénico ou produtos de higiene pessoal, entre outros.” A população também utiliza a troca directa, com as redes sociais a serem invadidas com “pessoas pedindo medicamentos e produtos essenciais”. Notícias do New York Times, Daily Mail e The Guardian
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Comida para cinco dias
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REUTERS
MARITZA MARGARIDO
Carro que não conseguiram roubar
Para onde vais?
Um governo inactivo e os seguidores que ainda acreditam
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dão conta de testemunhos que indicam que “cães abandonados têm desaparecido das ruas” e que as pessoas estão a caçar pombos para comer. O governo diz que muitos dos bens estão a ser levados para a Colômbia, o que levou a que Maduro ordenasse o encerramento parcial da fronteira com o país, em Agosto de 2015. Os bens podem não sair. Mas, assim, também não entram. E as pessoas nem sabem o que se passa. “Os meios de comunicação não dizem nada, tudo o que se passa no país sabemos pelas redes sociais. A televisão proibiu que se mostre o que se passa e o mundo inteiro sabe melhor do que nós. Sem contar que levam os nossos filhos, que se manifestam pacificamente, presos e maltratam-nos”, diz-nos Maritza.
SAÚDE MALPARADA
“A morte de bebés é o pão nosso de cada dia.” É assim que Osleidy Canejo, médico no Hospital de Caracas, descreve a situação vivida nos estabelecimentos de saúde do país. Hugo Chavez, antecessor de Maduro, dizia muitas vezes no seu discurso que “não há água, nem luz, mas há pátria”. Mas a pátria está a precisar de electricidade. Ao New York Times, médicos explicam que as mortes de recém-nascidos acontecem logo pela manhã – só num dia há testemunhos de sete bebés que morreram por falta de electricidade que alimente os ventiladores. “Alguns são mantidos vivos à mão, com médicos a bombearam ar durante horas para os manter a respirar”, refere o jornal. Maritza diz-nos que não há medicamentos, pílulas anti-concepcionais, anti-alérgicos. Não há medicamentos para os doentes de SIDA, cancro ou para aqueles em diálise.
“Já não há estado civil, está destruído. A Venezuela já não é o país maravilhoso que foi dos anos 50 aos 90” ELIANA CALDERÓN VENEZUELANA A MORAR EM MACAU “As pessoas ricas vão buscar a sua medicação à Colômbia. Quando entramos aqui numa farmácia as prateleiras estão vazias, para não mencionar que não existem medicamentos para crianças.” Fotogalerias dão conta de métodos de desenrasque - dois homens que foram alvo de cirurgias nas pernas têm os membros elevados com recurso a duas garrafas de água cheias que contrabalançam o peso – e de agonia. “Homem sem metade do crânio há mais de um ano ainda espera tratamento pós-cirurgia”, pode ler-se na legenda. O Canada Times fala de um depoimento de um médico que confessa que os instrumentos utilizados em operações cirúrgicas são “esterilizados” e “reutilizados até não darem mais”, porque deitá-los fora está fora de questão. Mas, para Maduro, a dúvida é só uma: “que algures no mundo, além de Cuba, o sistema de saúde seja melhor que na Venezuela”.
BOMBAS PRESTES A EXPLODIR
Em declarações aos média, os venezuelanos identificam-se como “bombas prestes a explodir”. Ma-
ritza Margarido fala de um país sem lei, onde “se pode matar e nada acontece”. Um estado fome, onde o que se passa “não é terrorismo”, mas quase, como refere Eliana Calderón. Raptos e mortes nas ruas são uma realidade, como nos relata relembrando uma visita que tentou fazer à sua cidade, Mérida, há um ano e meio. Uma cidade tranquila, mas, agora, isolada. “Chego ao aeroporto e temo poder ser assaltada. Podemos ser marcados por causa do carro onde vamos, podemos ter armas apontadas. Isto não é vida e não é fácil de aceitar para um sítio que era tranquilo.” Também Maritza nos diz que “os bandidos são mais poderosos do que as armas da polícia”. Matam por um relógio ou um telefone. Sequestram pessoas e roubam carros para poder pedir resgates e, quando não os conseguem, matam ou atiram à rua os primeiros e incendeiam os segundos. Como Maritza Margarido “infelizmente” sabe bem. “O meu filho foi sequestrado com a noiva e sua família em Setembro de 2015, num sequestro que aqui se chama de “sequestro relâmpago”. Andaram durante cinco horas num carro com a cabeça enfiada no meio das pernas, foram ameaçados e espancados. Ainda me ligaram a pedir resgate mas depois acabaram por ter a sorte de ser libertados num bairro perigoso de Caracas. Vivemos isto e este receio todos os dias. Tiveram sorte em não ser mortos, o que acontece muito”, diz-nos. Um “terror”, como classifica Eliana Calderón. Joana Freitas (com F.A. e S.M.)
joana.freitas@hojemacau.com.mo
ARA Eliana Calderón não há dúvidas que a mudança na Venezuela só poderá acontecer com “um novo governo” e “com ajuda militar”. A venezuelana radicada em Macau diz que esta é a única solução que vê, mas notícias sobre o que se passa no país mostram que os militares parecem também ser a solução de Nicolás Maduro. É que o presidente da Venezuela acredita que o país pode vir a ser invadido por forças exteriores, ainda que não haja evidências – ou ameaças - de que tal virá a acontecer. “Naquilo que foram descritos como os maiores exercícios militares alguma vez vistos em solo venezuelano, no fim-de-semana passado, o presidente declarou orgulhosamente que mais de 500 mil tropas das forças armadas e milícias civis leais ao Governo participaram na ‘Operação Independência 2016’”, indica uma notícia desta semana da BBC.
“Nunca estivemos mais preparados do que isto”, disse Maduro, acompanhado pelo General Vladimir Padrino Lopez, Ministro da Defesa, que disse haver “aviões espiões dos EUA” a violar o espaço aéreo venezuelano por duas vezes este mês. Desde o colapso económico do país que Maduro pouco fala da crise. O responsável dedicou muito do seu tempo a elogiar os pontos fortes da Venezuela – por exemplo por esta “ser” a maior potência ao nível do petróleo, ainda que o preço do barril tenha descido a pique – e a acusar
outros países de se meterem na sua política.
COMIDA POR VOTOS
Segundo a agência Associated Press, é verdade que há países a meterem-se na política da Venezuela. São eles o Brasil e a Argentina, ainda que estes se digam apenas preparados para servir de “mediadores para uma possível reconciliação”. A imprensa internacional, e alguns venezuelanos, criticam a inacção do governo de Maduro face à crise que se vive, tido como sendo o único “a não perceber a urgência” de fazer algo. A declaração de “estado de emergência” saiu da boca de Maduro, mas apenas face ao golpe que este se diz vítima: a oposição recolheu cerca de dois milhões de assinaturas, num país de 30 milhões, para que se faça um referendo para retirar o presidente do poder antes do final do seu mandato em 2019. Mas a problemática pode ir mais longe, como explica ao HM Eliana Calderón. “Nós venezuelanos é que temos destruído o nosso país, eu incluída que saí de lá, fugi”, começa por dizer, admitindo que se sente culpada mas que pensou primeiro na segurança do filho e na sua própria. “Mas o grande problema é que os venezuelanos sofreram lavagem cerebral, primeiro com o chavismo, depois com o madurismo. Uma lavagem cerebral muito grande”, diz-nos. “É verídico, é incrível como as pessoas são fracas, há cultos de seguidores [dos líderes].” Nem a morte de Chavez há três anos fez terminar essa “lavagem”. O motivo? “Quando se dá comida grátis em vez de se trabalhar, sem ser preciso lutar, os seguidores querem mais, ficam à espera”, indica Calderón. A votação em Maduro é tida como um desses casos, onde comida foi distribuída em troca de votos, ainda que tenha havido manifestações contra o seu governo. J.F.
BECO COM SAÍDA?
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om nacionalidade portuguesa, Maritza Margarido tem a “sorte” de ter um “plano B que a maioria não tem”, que é mudar-se para Portugal. Ainda assim, mantém-se no país. Tanto Maritza, como Marisol Arroz da Silva, nascida na Venezuela mas a morar em Macau, respondem à pergunta que parece ser óbvia – porque é que quem lá vive não foge – da mesma forma. “Muitos já foram. Eu tenho uma filha de 28 anos que vive no Panamá há um ano, eu ainda estou aqui porque tenho o meu filho de 24 anos. No meu caso já conversei com ele e estamos organizar tudo para sair, mas não é possível explicar o quão difícil é deixar para trás uma vida [inteira], a sua história, a sua casa, as suas memórias, os seus hábitos”, confessa Maritza ao HM. “É uma situação complicada, a riqueza de uma vida e a família está lá”, indica-nos Marisol.
4 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 26.5.2016
Questão fracturante Falta de meios contra a corrupção nas eleições preocupa jovens
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Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau considera que é preciso dar mais atenção à implementação da Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa (AL), depois de concluída a revisão. A Associação questiona se os agentes policiais e a penas para actos ilegais serão suficientes para combater as ilegalidades. Em declarações ao jornal Ou Mun, Wong Man Pan, subchefe da Comissão de Estudo e Investigação da Associação, mostra-se a favor do aperfeiçoamento da regulamentação da propaganda eleitoral e o reforço do combate à corrupção nas eleições. A proposta de revisão da lei, que agora está em consulta pública até dia 5 de Junho, vai ao encontro da opinião da Associação. Ainda assim, o grupo questiona se Macau tem recursos humanos nas Forças de Segurança, para não só lidarem com os trabalhos do quotidiano, mas também com
DSAJ PLANO PARA PRODUÇÃO CENTRALIZADA DE LEIS FEITO ATÉ 2019
Tudo nos conformes
O Governo promete implementar até 2019 um plano para garantir que a produção de leis é feita de forma coordenada, sendo que as orientações internas para a elaboração de diplomas serão lançadas “a curto prazo”
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S Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) prometem lançar entre 2017 e 2019 o plano que irá garantir uma elaboração centralizada das leis. Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, o director da DSAJ, Li Dexue, confirmou que este plano irá abranger leis e regulamentos administrativos, os quais devem corresponder ao conteúdo do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM. A ideia é que este plano abranja todo o processo até à entrega da lei na Assembleia Legislativa (AL). Liu Dexue respondeu que o novo plano deverá levar a um aumento da qualidade e eficácia dos
trabalhos de produção legislativa, bem como a criação de um modelo unificado de criação de leis.
LINHAS INTERNAS EM BREVE
Já as orientações internas para a produção de leis deverão ser lançadas em breve. “As orientações já entraram na fase final de apreciação e prevemos que as possamos implementar a curto prazo. Portanto não há necessidade de fazer uma regulamentação nesse sentido através de uma lei”, explicou Li Dexue. O director da DSAJ afastou a possibilidade de criar mais um diploma sobre esta matéria por se tratar de um “acto normativo”, que abrange trabalhos internos da Função Pública, que visa esclarecer
as competências dos serviços das cinco tutelas do Governo. Na sua interpelação, o deputado Si Ka Lon lembrou que actualmente a DSAJ participa em projectos legislativos que “implicam políticas importantes e técnicas complexas”, mas pediu mais detalhes. Li Dexue explicou que as “políticas importantes” estão relacionadas com trabalhos de revisão ou elaboração de leis que envolvem diversos departamentos públicos. As “técnicas complexas” dizem respeito à revisão dos principais Códigos ou a elaboração de leis importantes que estão relacionadas com assuntos da população. Flora Fong (revisto por A.S.S.)
flora.fong@hojemacau.com.mo
as ilegalidades que possam surgir durante as eleições. Sendo que a Comissão de Assuntos Eleitorais da AL não é, actualmente, um órgão permanente, Wong Man Pan questiona-se sobre se o funcionamento e execução da lei acontecerá da forma mais adequada. O subchefe não afasta a hipótese de “pouca competência” por parte da comissão, visto a sua natureza temporária e a rotatividade de quatro em quatro anos. O dedo foi ainda apontado para a questão do aperfeiçoamento dos requisitos para a candidatura e para as disposições sobre a incompatibilidade dos deputados. Wong Man Pan considera que a revisão faz sentido, mas em casos em que o candidato não declarar os seus possíveis cargos políticos noutros países, muito dificilmente o Governo conseguirá investigar. É preciso, remata, investigar com maior detalhe esta questão. F.F. (revisto por F.A.)
CHINA E MACAU REFORÇAM COOPERAÇÃO FACE A CONTRABANDO
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Administração Geral da Alfândega da China e os Serviços de Alfândega de Macau assinaram um novo acordo de cooperação que visa o estabelecimento de “contactos mais estreitos quanto à prevenção e combate dos crimes de contrabando nas águas marítimas sob jurisdição da RAEM e nas fronteiras terrestres”, aponta um comunicado oficial. As duas entidades criaram “mecanismos permanentes de comunicação emergente” para reforçar o combate “contra as ligações entre os crimes de contrabando e defesa”. Foi ainda simplificado o processo de apresentação de
documentos na passagem de mercadorias por Macau, com vista à promoção de uma economia mais diversificada. “A confirmação de passagem, emitida pelos Serviços de Alfândega, passará a abranger, além do que está previsto no Acordo-Quadro de Cooperação Económica, também todos os acordos preferenciais de comércio que estão a ser aplicados no Interior da China. Através da partilha de dados, as duas partes vão acelerar a apreciação dos pedidos apresentados pelas empresas, proporcionando condições que facilitem a passagem alfandegária”, aponta o comunicado.
MAIS DOIS TERRENOS RECUPERADOS
Mais dois terrenos foram recuperados pelo Governo, um na Taipa, com 2170 metros quadrados, e outro nos NAPE, com 6480 metros quadrados. Por despacho em Boletim Oficial, Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, publica a decisão de recuperação dos terrenos por falta de aproveitamento. O terreno na Taipa, concedido à Polymar Internacional – Fibras Ópticas, Limitada, destinava-se à construção de um edifício industrial, de um piso, para instalação de uma unidade fabril destinada à produção de cabos de fibras ópticas, a explorar directamente pela concessionária. O terreno nos NAPE, da concessionária Fomento Predial Golden Bowl, deveria ter sido aproveitado para a construção de um edifício de duas torres com 13 pisos, destinado às finalidades de comércio, habitação e estacionamento. As concessionárias podem agora pedir recurso da decisão.
5 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 26.5.2016
UE CARMO CANO DE LASALA SUBSTITUI VINCENT PIKET
Adeus Pequim Carmo Cano de Lasala será a nova chefe do Gabinete da União Europeia em Hong Kong e Macau, iniciando funções já em Setembro. A terminar o mandato, Vincent Piket deixa um registo de “excelentes relações” com Macau
RELAÇÃO POSITIVA
José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, analisa a relação e cooperação com o ainda chefe do Gabinete da UE em Hong Kong e Macau como “muito” positiva.
De nacionalidade espanhola, de Lasala é formada em Filosofia e Artes pela Universidade de Zaragoza “Em termos de cooperação, o trabalho feito com Vincent Piket tem sido muito frutuoso. Portanto o espírito de cooperação que existe, dentro das áreas que nós conhecemos e trabalhamos e também no que diz respeito às relações com a Câmara do Comércio, tem sido extremamente positivo e feito com uma grande abertura e um espírito de excelente relacionamento”, frisou. Vincent Piket, aponta Sales Marques, sempre se esforçou para manter essa relação especial. “Ele sempre demonstrou ter uma atenção especial com Macau e às organizações com as quais eu também trabalho, nomeadamente o Instituto [de Estudos Europeus] e a Universidade de Macau”, rematou. Assumindo não conhecer o trabalho nem a pessoa da futura chefe, que deverá tomar posse no início de Setembro, José Sales Marques espera manter as boas relações.
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INCENT Piket, chefe do Gabinete da União Europeia (UE) em Hong Kong e Macau termina agora o seu mandato. A sucessora será Carmo Cano de Lasala, actual chefe do gabinete da UE da China e Mongólia em Pequim, apurou o HM. “Sim, confirmamos a ida de Carmo Cano de Lasala”, frisou o gabinete da UE da China e Mongólia em Pequim ao HM. De nacionalidade espanhola, de Lasala é formada em Filosofia e Artes pela Universidade de Zaragoza, em Espanha. A futura representante começou a sua carreira em 1992, como vice-presidente da Embaixada de Espanha em Addis Abeba, na Etiópia. Em 1995 assumiu funções como vice-presidente da Embaixada de Espanha em
Accra, no Gana. Seguiram-se as embaixadas de Bucareste e Cazaquistão. Em Agosto de 2006, viaja até Pequim para o departamento dos Negócios Estrangeiros de Espanha na Ásia. Em 2011 assume o lugar de número dois da delegação da UE, passando em Janeiro de 2014 para chefe do Gabinete.
Vincent Piket
Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
ATFPM ENTREGOU 28 CARTAS NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS
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Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) entregou um total de 28 cartas na sede do Governo nos últimos três anos, tendo participado em dez manifestações sobre “matérias que preocupam os trabalhadores da Administração Pública e os residentes”. Os números foram avançados por Rita Santos no
discurso de tomada de posse enquanto membro reeleito da direcção da ATFPM. José Pereira Coutinho mantém-se como presidente. A cerimónia da tomada de posse contou com a presença da Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan. Em três anos, a ATFPM resolveu cerca de 13 mil queixas, relacionadas
com a área “social, económica, cultural e relacionados com despedimentos sem justa causa”, entre outros, assegura ainda. A Associação afirma ter sentido “um aumento significativo do número de sócios”, sendo que actualmente tem mais de 15 mil. Rita Santos disse ainda que a ATFPM atendeu mais de 26 mil pessoas, uma média diária de 25.
Sabedoria estrangeira
Alexis Tam quer grupo de especialistas a apoiar Macau na área da Saúde
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Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, quer criar um grupo de especialistas para ajudar e apoiar os Serviços de Saúde (SS), com o apoio da Comissão Nacional de Planeamento Familiar e Saúde. A ideia foi apresentada à própria Ministra da Comissão, Li Bin, durante a estada dos membros do Governo de Macau em Genebra, para a participação na 69ª Assembleia Mundial de Saúde, que teve início na passada segunda-feira. “Assim, caso seja necessário, a Comissão irá deslocar-se a Macau, com uma junta médica especializada, de forma a orientar as operações, consultas técnicas e discussão sobre doenças”, pode ler-se num comunicado do Gabinete do Secretário.
IR E VIR
O mesmo documento avança ainda que serão organizadas “oportunidades para que os profissionais dos SS possam fazer estágios no interior da China, de forma a aumentar os seus níveis profissionais e técnicos”.
Está ainda prevista a realização de um plano de simulacro, entre as entidades, ainda este ano, “assim como outras actividades de cooperação no âmbito da gestão de crises”. Durante o encontro com Ko Wing-man, director dos Serviços para aAlimentação e Saúde de Hong Kong, ambas as partes admitiram a necessidade de “expandir a cooperação”, tanto na formação de profissionais, como na resposta a emergências de saúde pública, transferência de pacientes, gestão hospitalar e doação e transplante de medula óssea.
NOVAS ASSINATURAS
O Governo assinou ainda um memorando de cooperação, pela primeira vez na área da Saúde, com o Ministério da Saúde de Singapura, para reforçar os laços entre as entidades, incluindo “o intercambio académico”. Subordinada ao tema “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, a 69ª Assembleia Mundial da Saúde termina no próximo sábado e conta com a participação de 194 países-membros. F.A.
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Notificação n° 19/DLA/SAL/2016
Notificação sobre a instauração de processos para remoção de publicidade ou de suportes publicitários ilegais Considerando que não se revela possível notificar os interessados, por ofício ou outras formas, para efeitos dos artigos 10° e 58° do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo DecretoLei n° 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico, pela presente, nos termos do n° 2 do artigo 72º e do artigo 93° do “Código do Procedimento Administrativo”, os proprietários, possuidores ou detentores, pessoas ou entidades responsáveis pela distribuição de mensagens publicitárias e anunciantes em suportes publicitários dos estabelecimentos, abaixo mencionados, do seguinte: Verificando-se a existência da instalação de publicidade e de suportes publicitários sem as licenças válidas emitidas pelo IACM, este Instituto tem o direito de, nos termos da alínea 1) do n° 2 do artigo 33º do “Regulamento Geral dos Espaços Públicos”, aprovado pelo Regulamento Administrativo nº 28/2004, ordenar os proprietários, possuidores ou detentores, pessoas ou entidades responsáveis pela distribuição de mensagens publicitárias e anunciantes em suportes publicitários, para que cada qual remova os materiais e suportes publicitários ilegais, dentro do prazo fixado. Nos termos do n° 2 do artigo 144º do “Código do Procedimento Administrativo” e do n° 3 do artigo 33º do “Regulamento Geral dos Espaços Públicos”, se os materiais ou suportes publicitários não forem removidos no prazo fixado, este Instituto pode executar a remoção directamente ou por intermédio de terceiros, cabendo a esses responsáveis as respectivas despesas de remoção. De acordo com o n° 2 do artigo 33º, n° 1 do artigo 37º do “Regulamento Geral dos Espaços Públicos”, conjugados com o n° 6 do artigo 3º do “Catálogo das Infracções” do Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, os interessados que não procedam à remoção dos materiais ou suportes publicitários no prazo fixado, este Instituto pode sancioná-los com uma multa que varia entre as $700,00 (setecentas) patacas e as $5.000,00 (cinco mil) patacas. Proprietário, possuidor ou detentor, pessoa ou entidade responsável pela distribuição de mensagens publicitárias e anunciante em suportes publicitários
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Nº do auto de notícia e sua data
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1048/DFAA/ SAL/2015 2015-09-02
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454/DFAA/ SAL/2014 2014-06-20
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779/DFAA/ SAL/2014 2014-10-31
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712/DFAA/ SAL/2014 2014-10-07
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682/DFAA/ SAL/2014 2014-10-20
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643/DFAA/ SAL/2014 2014-09-08
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706/DFAA/ SAL/2014 2014-09-26
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714/DFAA/ SAL/2014 2014-10-09
Os interessados supramencionados poderão apresentar a sua defesa por escrito, no prazo de 10 dias, contado a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, no “Centro de Serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, sito na Avenida da Praia Grande, nos 762-804, Edifício China Plaza, 2o andar. Para qualquer informação ou consulta dos processos, podem dirigir-se à Divisão de Licenciamento Administrativo dos Serviços de Ambiente e Licenciamento, sito na Avenida da Praia Grande, nos 762-804, Edifício China Plaza, 3o andar. (Nº de telefone para consulta: 8795 2708/ 8795 2709) Aos 11 de Maio de 2016 O Vice-Presidente do Conselho de Administração Lei Wai Nong WWW. IACM.GOV.MO
7 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 26.5.2016
Jogo JORGE GODINHO DEFENDE INCLUSÃO DE LOTARIAS NOS CASINOS
“Há que eliminar monopólios” No livro “Direito do Jogo – Volume I” o académico Jorge Godinho defende o fim do monopólio das apostas desportivas e lotarias Pacapio, sugerindo a sua inclusão nos casinos e a implementação de “resorts integrados” com vários tipos de jogos. O académico fala ainda na eliminação de algumas medidas actualmente impostas
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ORGE Godinho, académico da Universidade de Macau (UM), sugere no seu mais recente livro que o Governo deve apostar na integração das apostas desportivas e lotarias Pacapio nos casinos.Aobra “Direito do Jogo – Volume I” foi ontem apresentada na Fundação Rui Cunha (FRC). No livro, o autor fala da necessidade de “eliminar monopólios”. “As concessionárias dos jogos de fortuna e azar em casino deveriam poder oferecer apostas desportivas à cota, que actualmente são a segunda maior fonte de receita. Este monopólio deve acabar. Se vários casinos tiverem um ‘sports book’, como sucede em Las Vegas, tudo leva a
crer que a receita fiscal das apostas desportivas poderia aumentar bastante”, indica. Numa altura em que existe uma desaceleração nas
“As concessionárias dos jogos de fortuna e azar em casino deveriam poder oferecer apostas desportivas à cota, que actualmente são a segunda maior fonte de receita”
receitas do jogo de fortuna e azar, Godinho considera que as apostas desportivas parecem ser a maneira mais óbvia e fácil de gerar receitas adicionais. “Seria errado renovar esta concessão novamente em regime de exclusivo”, pode ler-se. O académico acredita ainda que a abertura do sector das apostas desportivas irá gerar mais receitas. “É um sector para o qual existe procura e que não depende de junkets ou agentes. Parece justo que aqueles que investiram milhões em edifícios gigantescos sejam autorizados a operar apostas desportivas”, defendeu. A ideia é acabar com as concessões feitas por tipos de jogo. “Cabe passar a atentar sobretudo no espaço que é o [resort integrado], que deve poder ter várias formas de jogo e não apenas jogos de fortuna ou azar”, refere o autor na obra. Jorge Godinho pede que “as apostas desportivas necessitam de passar a ter um quadro legal próprio, acabando-se com a ficção de que se trata de uma lotaria”.
DISCUTIR TNR CROUPIERS
O especialista deixa ainda outras considerações sobre o futuro do sector, pedindo o fim das subconcessões de jogo aquando da renovação dos contratos.
“As subconcessões devem pura e simplesmente acabar, passando as três actuais subconcessionárias a concessionárias plenas. Algumas outras operadoras actuais devem também passar a concessionárias: todos sabemos que na prática há hoje de facto mais do que seis subconcessionárias.” Quanto às salas VIP e junkets, “a regulamentação deve ser ampliada e reforçada”. Jorge Godinho levanta ainda a possibilidade de poder ser discutida a entrada de trabalhadores não residentes (TNR) para o cargo de croupier.
CONDENADA A PAGAR PARTE DE TRATAMENTO HOSPITALAR
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Tribunal de Segunda Instância (TSI) condenou uma croupier a pagar parte do tratamento e internamento ao hospital Kiang Wu, absolvendo a seguradora de cobrir a totalidade dos custos. Segundo o acórdão ontem divulgado, o TSI rejeitou o recurso apresentado pela croupier por “não ter sido dado como provado que o desmaio foi motivado por nervosismo no trabalho”.
O caso aconteceu há seis anos, quanto a croupier “sofreu uma síncope, tendo desmaiado no interior de uma sala de jogo durante o trabalho”. Foi transferida para o Kiang Wu. No hospital foram-lhe diagnosticadas “hemorragia cerebral e hipertensão, que lhe provocaram, como sequela, uma deformidade funcional do membro inferior esquerdo”. Os seis dias de internamento e o tratamento feito em regime de consulta externa resultaram numa conta superior a 72 mil patacas. A seguradora, porém, só pagou pouco mais de 35 mil patacas. A croupier decidiu ir para tribunal exigir uma indemnização superior a 120 mil
patacas e chegou a ganhar o caso, mas a seguradora recorreu da decisão por considerar que “a sentença do tribunal se encontra inquinada do vício de erro na apreciação da prova, pois o desmaio sofrido pela [croupier] na sala de jogo foi motivado por doenças de que a autora sofria anteriormente”. Depois de analisar o depoimento dado por dois médicos, o TSI decidiu a favor da seguradora, considerando que a análise feita pelo médico escolhido pelo Ministério Público, que serviu de base à primeira decisão dos juízes, não comprovava que o desmaio da croupier tinha ocorrido devido ao trabalho. A.S.S.
“Há uma série de outras questões que devem ser esclarecidas ou abolidas. Uma delas é o limite ao número de mesas de Jogo. Outra tem a ver com os croupiers: deve haver uma discussão séria sobre se a actual restrição à contratação de croupiers não residentes deve continuar. Quanto ao tabagismo, parece desproporcional e danoso não admitir sequer salas de fumo como nos aeroportos”, remata o autor. Ao HM, Jorge Godinho não quis fazer comentários sobre o futuro panorama do sector nem sobre o recente
relatório de revisão intercalar do Jogo, apresentado pelo Governo. Referiu apenas que este tipo de relatórios “não deveria ser uma coisa esporádica mais sim um exercício regular”. O livro “Direito do Jogo – Volume II”, que versa sobre a parte administrativa e regulatória, deverá ser lançado daqui a um ano. O autor espera ainda lançar o terceiro volume, sobre a parte penal e a prevenção do branqueamento de capitais, daqui a dois anos. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
ZONA DE LAZER ABRE COM GRAFFITI LOCAL
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grupo artístico GANTZ 5 vai ser responsável pela criação de trabalhos de graffiti na zona “Anim’Arte Nam Van”, que será desenvolvida na nova zona de lazer dos lagos Nam Van. Segundo um comunicado, o objectivo é “inspirar a atmosfera cultural e
criativa e embelezar as instalações da zona do lago Nam Van”, sendo que o Instituto Cultural (IC) promete “convidar grupos artísticos locais para desenvolverem arte na promenade da mesma zona”. O GANTZ5 existe desde 2004. A obra de graffiti, que terá como tema “Descoberta”, será realizada entre este mês e o próximo. “Com o desenvolvimento desta área, o IC visa injectar criatividade e uma nova vitalidade na promenade
do lago Nam Van, através da colaboração com grupos artísticos”, pode ler-se no comunicado. A ideia é criar num espaço que tem estado subaproveitado “uma ampla praça com um ambiente animado e distinto, e proporcionar, tanto a residentes como a turistas, experiências e serviços turísticos mais diversificados, bem como explorar mais elementos de cultura, turismo e lazer de Macau”. O novo espaço abre em Junho.
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Macau providencia
São Januário diz não ser necessário encaminhar jovem com cancro para HK
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EM CIMA DA MESA
Num comunicado, o hospital afirma que os médicos já apresentaram uma proposta detalhada da cirurgia, em dois encontros com a paciente e a família, bem como apresentação sobre as complicações e riscos. O relatório indicava ainda o acompanhamento posterior à operação. O hospital público, refere o documento, espera que a paciente
e a família “compreendam a viabilidade do tratamento em Macau”. Apesar desta iniciativa, o hospital de Hong Kong já agendou a operação em causa para o dia 30 de corrente mês. E, por isso, a família espera que o São Januário encaminhe a paciente e o tratamento para esse hospital, até porque acusam o centro hospitalar de nunca ter apresentado uma solução. Os SS insistem em não mandar a jovem para a região vizinha, argumentando que deve ser respeitado o regime de serviços médicos no exterior e o diagnóstico dos médicos de Macau. A tentativa de contacto, por parte do HM, a Taco, irmã da doente, não foi bem sucedida. A familiar não quis prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto, no entanto partilhou na sua página da rede social Facebook, que “considera que o encaminhamento de tratamento [da irmã] para fora não significa que o hospital público não tenha capacidade [para a tratar]”. Taco argumenta que existem muitos poucos casos em Macau e, por isso, os médicos têm pouca experiência no combate à doença. A família diz ainda que o tratamento noutra região poderá trazer um resultado bastante diferente, já que depende dos conhecimentos e casos repetidos. Flora Fong (revisto por F.A.)
flora.fong@hojemacau.com.mo
MENOS NEGÓCIOS A RETALHO
O volume de negócios do comércio a retalho caiu 11,2% no primeiro trimestre face ao período homólogo do ano passado, atingindo 14,73 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o valor representa ainda uma queda comparativamente ao último trimestre do ano passado. Os decréscimos mais significativos, em termos anuais homólogos, no volume de negócios foram registados nos automóveis (-48,4%); motociclos, peças relacionadas e acessórios (-44,3%); artigos de comunicação (-22,7%); calçado (-19,0%) e relógios e joalharia (-18,3%). Apesar disso, os relógios e joalharia representaram 20,8% do total do volume de negócios, indica a DSEC. O volume de vendas do comércio a retalho diminuiu 8,7% em termos anuais, com diminuições mais acentuadas também no volume de vendas de automóveis (-50,6%) e de motociclos, peças relacionadas e acessórios (-46,5%). PUB
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 280/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor ZHANG BINHUA, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W6688xxxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 90/DI-AI/2014, levantado pela DST a 22.07.2014, e por despacho da signatária de 10.05.2016, exarado no Relatório n.° 327/DI/2016, de 25.04.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 15.° andar A, Macau onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 10 de Maio de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
TIAGO ALCÂNTARA
Centro Hospitalar Conde de São Januário assegura que já apresentou uma proposta detalhada sobre a operação à jovem residente diagnosticada com um tipo de cancro raro, depois da família desta se queixar da falta de acompanhamento das autoridades. Sio Oi, uma jovem de Macau, padece de lipossarcoma mixóide. A jovem terá recorrido ao hospital público, assim como a outros hospitais em Cantão, Pequim e Hong Kong. Apesar de controlada durante vários anos, a doença voltou em força no início deste ano. Perante a situação, o Hospital Queen Mary, da região vizinha, sugeriu que se fizesse uma cirurgia o mais rápido possível. Sio Oi pediu de novo a ajuda do São Januário para ter a oportunidade de ser encaminhada para tratamento em Hong Kong, mas o hospital público assegurou que poderia fazê-lo em Macau.
FÓRUM SOBRE INFRA-ESTRUTURAS ARRANCA EM JUNHO
Negócios à vista Está na recta final a preparação de mais uma edição do Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-Estruturas, que promete ser uma plataforma privilegiada de cooperação financeira internacional
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RRANCA a 2 de Junho no Venetian o 7º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF), numa co-organização da Associação de Construtores Civis Internacionais da China (CICA) e do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Segundo Irene Lau, vogal-executiva do IPIM, a iniciativa prevê uma participação superior a 1400 convidados e representantes de mais de 60 países contando com cerca de 50 dirigentes governamentais. São ainda esperadas mais de 600 instituições financeiras nacionais e estrangeiras, associações industriais internacionais, construtores civis, empresas de consultoria e de engenharia, entre outros.
MUITA ACTIVIDADE
A 2 de Junho, a tarde é preenchida por dois fóruns temáticos dedicados aos
temas “Presente e Futuro: Exploração de novos modelos e novas oportunidades de cooperação entre os sectores industrial e financeiro” e o “2º Fórum China – CELAC” onde estarão presentes dirigentes dos países ao longo do percurso “Uma Faixa, Uma Rota” nomeadamente da América Latina e Caraíbas. Para o segundo dia estão também agendados nove fóruns em que será dado enfoque ao desenvolvimento de novas oportunidades para as empresas de engenharia da China e em que, tendo em mira os países desenvolvidos, estarão também em cima da mesa as relações de cooperação entre a China e a Austrália e Reino Unido. Há ainda espaço para o debate de projectos especiais, encontros ministeriais e mesas redondas para os presidentes das câmaras de comércio internacionais. Foi ainda apresentada a necessidade de encontro e implementação de “medi-
das pragmáticas” por parte dos governos, instituições financeiras e prestadores de serviços internacionais de modo a “aliviar o estrangulamento financeiro de projectos de infra-estruturas”. Isto porque, de acordo com as previsões do Centro Global de Infra-Estruturas dos G20, em 2030 haverá um défice de financiamento capaz de atingir os mil ou dois mil milhões de dólares no mercado de investimento da área, como indica Yu Xiaohong, vice-presidente da Associação de Construtores Internacionais da China para quem o evento é “relevante porque facilita, eficazmente, a cooperação entre a China e o mundo no âmbito do desenvolvimento de infra-estruturas”. Ao mesmo tempo, diz, materializa ainda novos horizontes para a tão falada diversificação económica de Macau. Estarão cerca de 12 representações dos PLP, onde se inclui Portugal, Angola, Timor-Leste e Moçambique.
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agência norte-americana de notação financeira Moody’s baixou o rating da economia de Macau do nível Aa2 para Aa3. Ainda que Macau continue no grupo dos países ou regiões com estabilidade financeira e baixos riscos associados ao crédito, a descida deve-se ao “acentuado enfraquecimento da economia, com o crescimento ainda altamente volátil”, aliado à “limitada resposta” governamental à queda das receitas do jogo. “A perspectiva negativa reflecte as incertezas que rodeiam a trajectória de crescimento, [e] a resposta política”, além das consequências nas reservas orçamentais da região administrativa especial, cuja economia é altamente dependente do jogo, um sector que há quase dois anos regista consecutivas quedas nas receitas.
Economia RATING A BAIXAR. GOVERNO DESVALORIZA
Está tudo bem tária e Cambial de Macau (AMCM) desvaloriza esta ligeira descida no rating, referindo as agências de rating internacionais “concordam que a situação económica de Macau se mantém, em princípio estável”. O Governo lembrou ainda que a nota Aa3 também foi atribuída pela Moody’s à zona do interior da China e à Bélgica. “A AMCM reiterou que a situação financeira e económica da RAEM se mantém, em princípio, está-
TUDO ESTÁVEL
Numa nota oficial divulgada ontem, a Autoridade Mone-
vel, dispondo de condições para fazer face às evoluções económicas”, sendo que o Governo “não tem quaisquer dívidas”. “As bases da economia geral de Macau continuam a manter-se positivas; não obstante o contexto marcado pelo ajustamento profundo da economia, designadamente, sob a conjuntura de o Produto Interno Bruto total ter registado um decréscimo de 20,3% no ano de 2015,
“A AMCM reiterou que a situação financeira e económica da RAEM se mantém, em princípio, estável, dispondo de condições para fazer face às evoluções económicas”
o mercado de emprego mantém-se estável, a taxa de desemprego continua a situar-se em níveis inferiores a 2,0%, enquanto que o PIB per capita continua a ascender a USD71.984, nível relativamente elevado em termos mundiais”, explicou a AMCM. Também a agência admite que o perfil de crédito de Macau continua “muito forte” em comparação com a maioria das economias avaliadas, ainda que note que o crescimento da RAEM “está altamente dependente do sector do jogo, que representa 58,3% dos resultados económicos aos preços de produção actuais”. A.S.S. (com Lusa)
Tradicionalmente inaptos
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SOCIEDADE
S casinos tradicionais, em que os clientes apenas se focam no jogo, sofrem um impacto maior com a proibição de fumar do que os casinos “ao estilo Las Vegas”, mais orientados para o lazer, revela um estudo. Os três anúncios relacionados com restrições ao tabaco dentro dos casinos – os dois primeiros relativos a restrições parciais e o terceiro sobre uma proibição total que ainda não foi implementada – foram associados a alterações no valor das acções das operadoras. Nos chamados “casinos tradicionais” verificaram-se perdas acumuladas entre 1 e 6% entre o retorno esperado das acções e o realmente obtido, após os anúncios entre 2011 e 2015, enquanto aqueles “ao estilo de Las Vegas”, mais focados no lazer, verificaram valorizações entre 1,4 e 4,8%, segundo o estu-
Casinos sem lazer sofrem mais com proibição de fumo
do sobre o impacto da proibição do fumar na indústria do jogo. O trabalho, de três investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, sublinha que a maioria dos espaços detidos pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e pela Galaxy Macau foi construída entre 1987 e 1992 e tem fracos sistemas de ventilação e tetos baixos, herdados de uma altura em que “uma proibição de fumar era inconcebível”. Como a renovação destes espaços tradicionais para acomodar sistemas de ventilação é extremamente complexa, as restrições ao uso de tabaco podem até fazer alguns casinos encerrar. “Em contraste, a Sands China e a Wynn Macau foram estabelecidas depois de 2004 e desenharam os seus casinos com infra-estruturas modernas e excelente ventilação”, estando ao
corrente de restrições ao fumo em países como os Estados Unidos.
LIGADOS AO FUMO
Os “casinos tradicionais” “focam-se no jogo e geram 97 a 99% das suas receitas com jogos”, aponta o estudo, descrevendo os clientes como “apostadores chineses tradicionais, estereotipados como jogadores ‘hardcore’”. “Existe uma forte associação entre jogar e fumar entre estes apostadores. Antes das restrições, os jogadores sopravam fumo em praticamente todas as mesas de bacará de Macau (…) Entre 80 e 90% dos apostadores masculinos identificava-se como fumador activo”, é descrito. Já os casinos “ao estilo de Las Vegas”, atraem “numerosos jogadores em lazer da classe média alta chinesa, particu-
larmente mulheres, que mais frequentemente jogam para socializar e por divertimento, do que para ganho financeiro”. Estes clientes fumam “muito menos”, indica o estudo publicado este mês. Segundo os investigadores, as restrições ao tabaco influenciam o potencial lucrativo de um casino de várias formas, a começar pela perturbação dos padrões de comportamento dos jogadores, que, ao interromperem para se deslocarem a um local onde podem fumar, têm oportunidade para reavaliar as apostas. Por outro lado, as regulações relacionadas com a qualidade do ar podem resultar em despesas extra em obras e em multas. Em última instância, os jogadores podem passar a preferir outros destinos menos regulamentados. LUSA/HM
TNR CONTINUAM EM FORÇA
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ACAU contava, no final de Abril, com 181.363 trabalhadores contratados ao exterior, uma redução ligeira face a Março, mas um aumento em termos anuais homólogos, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP), o universo de mão-de-obra importada sofreu em Abril uma contracção ligeira (menos 73 trabalhadores) em termos mensais. Contudo, num intervalo de um ano, o mercado laboral ganhou 4586 trabalhadores não residentes, crescendo 2,5% face a Abril de 2015. O universo de mão-de-obra importada equivalia a 45,7% da população activa e a 46,6% da população empregada, estimadas no final do primeiro trimestre. O interior da China continua a ser a principal fonte de trabalhadores recrutados ao exterior, com 116.707 (64,3% do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar (24.963) num pódio que se completa com o Vietname (14.630). O sector dos hotéis, restaurantes e similares continua a figurar como o que mais absorve mão-de-obra importada (47.362), seguido do da construção (43.854).
10 EVENTOS
LAURA NYÖGÉRI
“Menos preconceito e
DIRECTORA ARTÍSTICA DO ARTFUSION
Veio para Macau de férias para dar uma “mão” à Casa de Portugal. As férias já duram há sete anos, tempo durante o qual Laura se tem dedicado a agitar as águas da cultura local. Cruzar artes, tendências e culturas é a sua motivação para descobrir novos mundos e aproximar as pessoas. Porque Macau tem talento, “muito talento”, diz
2017. Devo ir acompanhá-los na área da contra-regra ou produção, ainda temos de definir. Mas não quero largar Macau nem o Artfusion.
Já cá está há algum tempo. Como começou a experiência de Macau? Era suposto serem umas férias que se transformaram em sete anos (risos). Um convite da Casa de Portugal para o projecto “Lebab”, baseado no livro de Fernando Sales Lopes, “Terra de Lebab”. Fizemos um casting com os miúdos mas depois o projecto foi alterado e não se concretizou. Daí surgiu um grupo de artes performativas que acompanhou a Casa de Portugal (CPM) ao longo de cinco anos. Estive envolvida em vários documentários sobre festividades locais, o Doc “Olhar Macau” também com a CPM. Depois decidi criar o Macau Artfusion. O objectivo era a fusão com o trabalho de outros grupos locais. Juntar as várias culturas no palco. A primeira performance foi com o grupo Axe Capoeira, do mestre Eddy Murphy, com dança contemporânea. A partir daí continuámos a desenvolver o projecto com base no conceito de fusão de artes e acabámos por nos lançar com o Grupo de Danças e Cantares Portugueses Macau no Coração. Apesar de ser um grupo tradicional, acolheu tendências contemporâneas e alguma criatividade, mais extravagância. Trabalhamos em fusão com eles. Já fizemos espectáculos em que unimos folclore com dança contemporânea. Mas também temos os nossos projectos. Então o Artfusion é uma secção do Macau no Coração... Somos o núcleo jovem. Um grupo
de artes performativas composto por crianças, jovens e também adultos. Promovemos a educação através da dança, drama, expressão corporal e artes plásticas. Temos aulas a decorrer semanalmente e depois os nossos alunos têm a oportunidade de participar em espectáculos, paradas e workshops. Promovemos muito a troca de experiências com pessoas de outros grupos. Trazemos profissionais de diversas origens para partilhas de experiência. Já tivemos artistas do “House of Dancing Water” e de vários países. A ideia é passar mensagens de motivação porque muitas das crianças, ou jovens, sonham com um futuro nas artes de palco. Sabemos que não fácil e às vezes perdem motivação. Mas ao verem os sonhos deles realizados noutras pessoas acreditam. Mas há um passado antes de Macau... (risos) Há. Estudei Publicidade e Marketing na Escola Superior de
SALES LOPES DIXIT
“F
oi brilhante”, assegura o presidente do júri do “Artfusion Got Talent”. “Ver as coisas germinarem, crescerem e florirem é sempre uma experiência emotiva como a Laura disse”, acrescenta. Um espectáculo que, apesar de não ser propriamente um processo alheio, nos garante tê-lo surpreendido. “Ver os mais crescidos, que já vêm desde que a Laura chegou, hoje com 14–15 anos, e perceber como a arte está lá dentro, como a assumem, é impressionante” diz Sales Lopes. “Valeu a pena todo este trabalho.”
Comunicação Social em Lisboa mas nunca trabalhei numa agência de publicidade. Comecei por trabalhar na Valente Produções, em Lisboa, e a partir daí começou o meu contacto com o mundo do cinema, da televisão, da publicidade. Foi aí que começou a minha paixão pelos bastidores. A adrenalina deste tipo de trabalho, a criatividade, todos os dias diferente. Para além disso, o lado humano, sempre muito importante para mim porque adoro pessoas. Foi uma experiência muito, muito boa. Também trabalhei com diversas associações na área dos jovens e das crianças em expressão corporal e criatividade porque fiz uma pós graduação em Criatividade, Comunicação e Imagem. Assim, acabei por desenvolver conhecimentos de formação em teatro, o que me deu instrumentos novos e assim vim parar a Macau. E é para continuar? Por enquanto é para continuar. Há possibilidade de ir um pouco lá para fora mas continuando a fazer coisas em Macau. Surgiu uma oportunidade que, em princípio, vai ser agarrada. Tenho de encontrar forma de equilibrar tudo. É segredo ou podemos ficar a saber? Sim, é uma oportunidade boa, com o Cirque do Soleil. Estão em tournée com o espectáculo “Avatar” e vão estar na Ásia a partir de Março de
Artfusion. Há quanto tempo e como tem sido? Existe há dois anos mas não tem sido fácil. É muito complicado. Principalmente os espaços de ensaio, conjugar as disponibilidades dos alunos... Mas devo muito ao apoio incansável dos pais e à Macau no Coração que tem sido a nossa mãe. Depois temos pessoas que têm trabalhado connosco que nos têm ajudado a encontrar o melhor caminho para que isto continue a acontecer. Há um trabalho de equipa muito grande de pessoas que se voluntariam para ajudar nas várias áreas, assim como os fotógrafos que nos ajudam a mostrar o nosso trabalho, criando um impacto muito maior. Sem todas estas pessoas o resultado e o sucesso alcançados não seriam o mesmo. E quem paga todo este esforço? O sustento surge da Macau no Coração. Sempre que têm convites do Turismo ou de outras entidades isso permite-nos apresentar projectos. Não apenas do folclore tradicional porque assim a associação tem uma oferta maior de produtos e de serviços de animação. Qual o objectivo da Artfusion? Continuar este cruzamento de culturas e de grupos locais. Já conseguimos trazer até nós muitos alunos chineses. A maioria são portugueses, mas 40% já são chineses o que para nós é muito gratificante. Alguns não falam sequer Inglês ou Português e as aulas acabam por ser um modo de desenvolverem a capacidade linguística. Sempre que há um espectáculo há sempre alguém a querer colocar os miúdos no grupo e estamos completamente esgotados. O semestre termina em final de Junho, reinicia em Setembro e já temos lista de espera para inscrições. Trabalham normalmente onde? No estúdio do Macau no Coração e no do Hiu Kok. Projectos concretos na calha e outros que tenham realizado recentemente.
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EVENTOS
e mais criatividade” Participámos há pouco no Festival Hush para animar o evento. Tivemos um espaço para pintura de caras, adereços e caracterização. Realizámos também o “Artfusion Got Talent” neste passado fim-de-semana e, em Junho, vamos ter um conjunto de actividades de animação da zona de Nam Van que o Turismo está a querer acordar culturalmente. Vão ser paradas e interacção com as pessoas. Além disso, vamos animar
“A ideia é passar mensagens de motivação porque muitas das crianças, ou jovens, sonham com um futuro nas artes de palco”
o público durante as Regatas de Barcos Dragão. Para os alunos são actividades extra-curriculares? Sim e os espectáculos em que nos vemos envolvidos são uma oportunidade para pôr em prática os conhecimentos que os alunos vão adquirindo. Há possibilidade de virem a dar classes nas escolas de Macau? Por enquanto não. Temos apenas dois anos e estamos ainda a tentar encontrar o nosso caminho. Mas esse tipo de possibilidades têm de ser geridos pela Macau no Coração. Para já cedem-nos espaço e apoio. Dão-nos a possibilidade de podermos fazer acontecer. Vamos com muita calma.
Este fim-de-semana tiveram um espectáculo. Como foi? Houve talento? Muito positivo. Não só pelas performances, o empenho e o trabalho de meses mas principalmente a dedicação das famílias e dos amigos presentes. Não foi daqueles espectáculos de “uau” atrás de “uau” mas foi muito emotivo, muito intimista. Criámos um ambiente causal que resultou. Queríamos tirar o conceito
“Temos verdadeiros artistas com capacidades enormes para fazerem coisas fantásticas. É preciso oportunidades para mostrarem o seu trabalho”
de competição do evento daí que não houve vencedores nem vencidos e todos saíram com o sentimento de missão cumprida. Houve muita dedicação em palco, muita emoção, muita criatividade e era esse o nosso objectivo. Dar instrumentos para que pudessem criar algo deles para partilharem com as pessoas. Quais foram as categorias? Teatro, canto e dança. A dança teve mais participantes. Teatro foi apenas uma apresentação mas o guião foi escrito por uma das alunas e foi extraordinário. Mas gostava que o Sales Lopes falasse sobre isso porque eu estive demasiado dentro do projecto. (ver caixa) Quantos números em palco? Catorze. Além disso houve um número de abertura preparado pelos mais pequenos (24) e depois as actuações dos adolescentes. Tivemos solos, duplas e triplas. Na segunda parte abrimos com um número conjunto dos “Artfusion Teens” e depois cinco actuações dos mais pequenos. O final foi um número com todos os alunos. São quase 40 entre os quatro e os 16 anos. Aqui tenho de dar o meu aplauso a todos os nossos alunos e que permitem ao Artfusion existir. Sem eles, sem a sua dedicação nada, mas mesmo nada, seria possível. São a alma do Artfusion e é por eles que continuaremos a criar e a recriar. A possibilidade de se transformar num espectáculo de televisão? É algo a explorar. A ideia surgiu apenas o ano passado mas como temos uma agenda carregada esteve algum tempo na prateleira. Além disso a dificuldade dos espaços obrigou a que tivéssemos apenas 75 bilhetes para venda e esgotou em três dias.
FICHA Grupo de Danças e Cantares Portuguesa Macau no Coração - Núcleo Artfusion Direcção Executiva: Ana Maria Manhão Sou Direcção Artística: Laura Nyögéri Produção: Daê Enedino, Adriano Gaspar MELISSA RITO
Caracterização: Joana Chio, Isabel Pinto, Sara Figueira
Mas sim, podemos pensar nisso se existir a oportunidade. Macau tem talento? Tem imenso talento. Acho é que as pessoas precisam de mais oportunidades. Não falo apenas nas áreas que trabalho mas também em cinema, televisão, música... Temos verdadeiros artistas com capacidades enormes para fazerem coisas fantásticas. É preciso oportunidades para mostrarem o seu trabalho. Muitas vezes não fazem mais porque não sabem se têm condições. Se derem mais recursos podemos todos ir mais alto. Quem deve dar esses recursos? Acho que cada vez mais o Turismo e o Instituto Cultural são fontes de recursos, falo em termos de associações. Estão a começar a perceber o potencial das associações. Estes novos projectos de animação que o turismo está a promover podem dar mais oportunidades aos grupos locais. Como vê o Artfusion daqui a dez anos? Talvez como uma escola de Artes Performativas com as diversas áreas a funcionar. Desde a dança ao teatro, às artes plásticas. Essa seria a ambição maior mas não sei se é possível. Em Macau, às vezes as coisas são um bocadinho difíceis, outras vezes mais fáceis de acontecer. Além disso, os miúdos crescem e saem de Macau. Vêm sempre novos mas as coisas mudam. Mas sempre com o intuito de cruzar as diferentes comunidades. Não torná-lo português, ou chinês, ou outra coisa qualquer, mas conseguir manter este conceito de cruzar grupos locais. E se tivesse de sumarizar o que vocês são numa frase? Uma fusão de artes. O nome define mesmo o que somos. Para que é que isso serve? Para juntar mais as pessoas, para criar um bocadinho mais de tolerância e de abertura, menos preconceito, mais criatividade, mais originalidade, inovação. Ao mesmo tempo manter as raízes e o tradicional porque cada grupo tem a sua identidade e o seu conceito mas conseguir criar algo de novo a partir daí é o desafio. Manuel Nunes
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12 CHINA
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Hong Kong FILHA DE LIVREIRO PEDE AJUDA AOS EUA
Amigo americano
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f i l h a de Gui Minhai, um dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceram no final do ano passado, pediu ajuda às autoridades norte-americanas para pôr termo à detenção “não oficial e ilegal” do seu pai na China. Angela Gui falava na terça-feira, em Washington, perante a Comissão Executiva do Congresso sobre a China, foi ontem divulgado. Gui Minhai, livreiro naturalizado sueco e co-proprietário da editor Mighty Current, não regressou da Tailândia, aonde se deslocou de férias em Outubro de 2015. A filha do livreiro disse à comissão que lhe foi negado acesso consular ou representação legal. “Passaram oito meses desde que o meu pai e os
seus colegas foram detidos. Ainda ninguém me disse onde é que ele está, como é que está a ser tratado ou qual é a sua situação legal”, afirmou Angela Gui. “Não é clara o motivo pelo qual o meu pai está sob custódia chinesa. Não sei qual é a razão oficial, contudo parece-me bastante claro que é por causa do seu trabalho e suponho que é por causa disso que todos os seus colegas também estão lá, ou estiveram lá”, declarou.
A sua detenção “não oficial e ilegal” é “especialmente chocante pelo facto de o meu pai ter apenas nacionalidade sueca” , afirmou. Crónica dos desaparecimentos Entre Outubro e Dezembro do ano passado, cinco funcionários ligados à editora Mighty Current e à livraria Causeway Bay Books – que publicava e vendia livros críticos de Pequim, – desapareceram em circunstâncias misteriosas.
“Passaram oito meses desde que o meu pai e os seus colegas foram detidos. Ainda ninguém me disse onde é que ele está, como é que está a ser tratado ou qual é a sua situação legal” ANGELA GUI FILHA DE GUI MINHAI
Gui Minhai desapareceu em Pattaya (Tailândia) em Outubro. Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por desapareceram no mesmo mês quando se encontravam no interior da China. Lee Bo desapareceu em Dezembro em Hong Kong. Todos reapareceram depois sob tutela das autoridades chinesas, na China continental, não havendo registo, no caso dos dois que estavam em Hong Kong e na Tailândia, de quando e onde cruzaram a fronteira. Todos surgiram também na televisão chinesa a confessar crimes ou terem ido à China voluntariamente para colaborar com investigações policiais. Organizações de defesa dos direitos humanos, familiares e amigos consideram que as confissões foram feitas sob coação. Alguns dos livreiros foram libertados, regressaram a Hong Kong e pediram às autoridades locais que deixem de investigar os respectivos desaparecimentos, tendo regressado quase de imediato ao interior da China.
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Cepticismo académico Estudantes pessimistas com salário depois do curso
Direcção dos Serviços de Turismo Anúncio A Região Administrativa Especial de Macau, através da Direcção dos Serviços de Turismo, faz público que, de acordo com o Despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 17 de Maio de 2016, se encontra aberto concurso público para adjudicação do serviço de “Transporte de Material Pirotécnico, Morteiros e Materiais Sobressalentes destinados ao 28.º Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau”. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
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Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Turismo. Modalidade do procedimento: Concurso público. Local de execução dos serviços: Locais mencionados no Caderno de Encargos. Objecto dos serviços: Transporte de Material Pirotécnico, Morteiros e Materiais Sobressalentes destinados ao 28.º Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau. Prazo de execução: Cumprimento das datas constantes no Caderno de Encargos. Prazo de validade das propostas: Noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso. Caução provisória: MOP140.000,00 (cento e quarenta mil patacas), a prestar mediante garantia bancária ou depósito em numerário, em ordem de caixa ou cheque visado, emitido à ordem do “Fundo de Turismo”, efectuado directamente na Divisão Financeira da Direcção dos Serviços de Turismo ou no Banco Nacional Ultramarino de Macau, através de depósito à ordem do Fundo de Turismo, na conta número:「8003911119」devendo ser especificado o fim a que se destina. Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação. Preço base: Não há. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar até às 17:45 horas do dia 14 de Junho de 2016. Local, dia e hora do acto de abertura das propostas: Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito no 14.º andar da sede dos serviços, pelas 10:00 horas do dia 15 de Junho de 2016. Os concorrentes ou os seus representantes legais deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para os efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.° do Decreto-Lei n.° 63/85/M, de 6 de Julho. Os concorrentes ou os seus representantes legais poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto de abertura das propostas. Adiamento: Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora de abertura de propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. Critérios de apreciação das propostas: Critérios de adjudicação Factores de ponderação Preço 50% Flexibilidade dos prazos da prestação 20% Garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço 20% Experiência de fornecimento de serviço afinsà DST 10% Local, dias, horário para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso: Local: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar, além disso ainda se encontra igualmente patente no website da Direcção dos Serviços de Turismo (http://industry.macaotourism.gov.mo), podendo os concorrentes fazer “download” do mesmo. Dias e horário: Dias úteis, desde a data da publicação do presente anúncio até ao dia e hora limite para entrega das proposta e durante o horário normal de expediente.
Direcção dos Serviços de Turismo, aos 20 de Maio de 2016. Director dos Serviços, Subst.o Cheng Wai Tong
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S universitários de Hong Kong esperam receber salários mais baixos após terminarem os cursos do que estimavam há um ano, revela um estudo ontem citado pelo jornal South Chiba Morning Post. As conclusões do inquérito foram reveladas pouco depois de a economia de Hong Kong ter contraído 0,4% nos primeiros três meses do ano comparado com o trimestre anterior, a queda mais acentuada desde 2011. A mais recente taxa de desemprego mantém-se nos 3,4%, a mais elevada em dois anos. O estudo da Universum, uma companhia de ‘branding’ empresarial baseada na Suécia, inquiriu mais de 5.500 estudantes de seis universidades de Hong Kong entre Setembro do ano passado e Janeiro deste ano.
VALORES EM QUEDA
Os estudantes esperavam um salário anual de 214.934 dólares de Hong
Kong, cerca de 18.000 dólares de Hong Kong por mês. Os valores representam uma queda de 4,8%, em comparação com os resultados do inquérito anterior, a maior desde que a Universum começou a realizar estes estudos em Hong Kong, em 2009. Stephen Ching Tang-foon, professor associado da Faculdade de Economia e Finanças da Universidade de Hong Kong, considera que o pessimismo pode ser fruto do abrandamento económico sentido na cidade e no mundo. Os estudantes estão também a optar por um ambiente de trabalho atractivo ao
invés de privilegiarem a reputação e imagem das empresas. Um bom ambiente de trabalho lidera uma lista de 40 atributos valorizados num empregador, enquanto outros três factores relacionados com as pessoas e a cultura, constam no ‘top 10’, como líderes que apoiam o desenvolvimento dos trabalhadores e que permitem que integrem interesses pessoais no seu horário, bem como um ambiente dinâmico e criativo. Na mesma linha, 64% dos inquiridos colocaram o equilíbrio entre a vida e o trabalho entre os três principais objectivos de carreira.
13 hoje macau quinta-feira 26.5.2016
MAR DO SUL G7 QUER MANUTENÇÃO DO “ESTADO DE DIREITO” Os líderes do G7 que se reúnem a partir desta quinta-feira no Japão têm previsto assinar uma declaração sobre a necessidade de manter o “estado de Direito” no Mar do Sul da China em resposta às reivindicações da China. O texto vai incluir os “três princípios” propostos pelo primeiroministro japonês, Shinzo Abe, durante a cimeira asiática de segurança de Singapura em 2014, declararam ontem fontes próximas do G7 à agência nipónica Kyodo.Os três princípios incluem esclarecer as reivindicações territoriais com base na legislação internacional, não usar a força ou a coação para alcançar os objectivos, e procurar a resolução
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Contra a xenofobia
Japão aprova lei que visa erradicar “discurso do ódio”
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Parlamento japonês aprovou ontem uma lei que visa acabar com o “discurso do ódio”, as diatribes xenófobas proferidas nas ruas ou publicadas na internet que estimulam a aversão contra as comunidades estrangeiras. Votaram a favor os eleitos dos partidos no poder e a maior parte da oposição na câmara baixa do Parlamento nipónico. Para respeitar liberdade de expressão, no texto da lei não se interdita nem se punem os propósitos discriminatórios. Ao invés, solicita-se às autoridades e à sociedade que os combata. A lei cria instâncias judiciárias e recursos suplementares para apoiar a defesa das vítimas do discurso xenófobo ou discriminatório, para além de fazer a apologia de uma melhor educação e do incitamento da
sociedade a rejeitar abertamente termos e expressões racistas, muitas vezes propagados nas redes sociais. São qualificados como discurso do ódio “os propósitos públicos que se dirijam abertamente contra o corpo, os bens ou ainda as liberdades das pessoas originárias de países ou regiões outras que não o Japão, convidando a excluí-los da sociedade”. “Os discursos do ódio, que negam a dignidade e a igualdade dos homens, fazem um número crescente de vítimas, crianças e adultos que são feridos para sempre”, começou por sublinhar, de acordo com a agência France Presse, o deputado que propôs o texto, Toshio Ogawa, eleito por um partido do centro-esquerda, numa sessão de apresentação e defesa da proposta de lei na comissão parlamentar de Justiça.
DIREITA VOLVER
São qualificados como discurso do ódio “os propósitos públicos que se dirijam abertamente contra o corpo, os bens ou ainda as liberdades das pessoas originárias de países ou regiões outras que não o Japão, convidando a excluílos da sociedade”
Nos últimos anos, Tóquio e outras cidades japonesas têm assistido a importantes campanhas xenófobas levadas a cabo por grupos de extrema-direita, nomeadamente contra a comunidade sul-coreana. A nova lei visa, por exemplo, eliminar a segregação na entrada de clubes de ‘karaoke’, estádios ou outros locais públicos de diversão e lazer que ousam por vezes afixar à porta um “reservado a japoneses”. Nos finais de Agosto de 2014, numa reunião do comité do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos destinada a debater acções de combate à descriminação racial, muitos membros mostraram-se muito preocupados com o discurso do ódio no Japão.
REGIÃO
de disputas por meios pacíficos.Abe falava em resposta à situação turbulenta vivida naquela zona marítima, onde a China mantém com países como o Vietname, Malásia ou Filipinas disputas sobre a soberania de várias ilhas. Abe tem interesse em que o tema figure na agenda da cimeira, dado que Tóquio mantém com Pequim outra disputa territorial relativamente às desabitadas ilhas Diaoyu na versão chinesa, administradas pelo Japão.Já a China instou o país vizinho a não tentar incluir a questão na agenda, argumentado que poderão ficar por terra os esforços para melhorar a deteriorada relação entre ambos.
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hoje macau quinta-feira 26.5.2016
fichas de leitura
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
hoje macau quinta-feira 26.5.2016
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Manuel Afonso Costa
Não há repouso para o amor O
romance Em Nome da Terra é uma longa carta de João para Mónica. Mónica já morreu e João é um juiz reformado e enclausurado, por vontade dos filhos, numa casa de repouso. A casa lar é assim uma preparação para o repouso eterno, um treino, uma transição suave para o irremediável. Será talvez um purgatório, mas sem um significado religioso, de que não estou certo. A carta é uma declaração de amor, esse sim eterno e sobretudo sem repouso. Para o amor ou para a memória dele não haverá nunca repouso. Provavelmente repousar do amor será desistir de tudo. Nem mesmo no purgatório, João desiste. A carta é também um pretexto para que João se encontre através do que perdeu, mas também através do que sobrevive. Não se pense que ele perdeu apenas Mónica. Não, ele perdeu a juventude, ele perdeu a fé, a ilusão, a esperança. Ele perdeu-se no meio de tantas perdas que foram acontecendo que talvez tenha perdido a própria identidade. Então como recuperá-la, partindo do princípio que é possível recuperar o que se perdeu. São muitas perdas, é verdade, mas há também o que persiste, mesmo se persiste apenas na memória. É o que persiste que permite o exercício de reflexão. O que permite recuperar ou salvar para que se possa levar a cabo o exercício de preservação da identidade e a auto consciência de uma vida, é a memória, contudo não uma memória enciclopédica e avulsa de tudo e de nada, mas sim a memória do amor. A carta é, portanto, também pragmati-
Ferreira, Virgílio, Em Nome da Terra, Quetzal, Lisboa, 2009. Descritores: Romance, Memória, Morte, Corpo, Envelhecimento, Amor, ISBN: 9789725647912.
camente uma terapia. Através da carta, João resiste e de facto o que dentro da carta constitui o tema em torno do qual se organiza a resistência contra a alienação, contra o esquecimento, contra a morte é o amor. O amor é tão poderoso que a sua simples memória pode, se não
VERGÍLIO FERREIRA nasceu na aldeia de Melo, no Distrito da Guarda a 28 de janeiro de 1916 e faleceu em Lisboa no dia 1 de Março de 1996. Formou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em Filologia Românica. Em 1942 começou a sua carreira como professor de Português, Latim e Grego. Em 1953 publicou a sua primeira colecção de contos, “A Face Sangrenta”. Em 1959 publicou a “Aparição”, livro com o qual ganhou o Prémio “Camilo Castelo Branco” da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1984, foi eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. As suas obras vão do neorrealismo ao existencialismo. Considera-se geralmente que o romance Mudança assinala justamente a mudança de uma fase para outra. Na fase final da sua carreira pode-se dizer que Vergílio Ferreira tocou as fronteiras de um puro niilismo. Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e além disso, recebeu o Prémio Camões, no mesmo ano. Obras principais: Mudança (1949), Manhã Submersa (1954), Aparição (1959), Para Sempre (1983), Até ao Fim (1987), Em Nome da Terra (1990) e Na tua Face (1993). O autor faleceu em 1996, em Lisboa. Deixou uma obra incompleta, Cartas a Sandra, que foi publicada após a sua morte. A partir de 1980 e até 1994 foram sendo publicados os seus diários, com a designação de Conta Corrente. Deve ainda salientar-se a publicação do conjunto de ensaios intitulado O Espaço do Invisível entre 1965 e 1987.
salvar, pelo menos adiar o que se augura inevitável e fatídico, ou seja o fim. A consciência do fim é contudo mais poderosa que a esperança e as forças de resistência, e daí que não se possa evitar o sarcasmo, a ironia e até um certo desespero. O desespero seria porém avassalador, à margem deste exercício amoroso da memória. Assim, é um desespero mitigado por uma ironia, paredes meias com a mágoa. “Querida. Veio-me hoje uma vontade enorme de te amar. E então pensei: vou-te escrever. Mas não te quero amar no tempo em que te lembro. Quero-te amar antes, muito antes. É quando o que é grande acontece. E não me digas diz lá porquê. Não sei. O que é grande acontece no eterno e o amor é assim, devias saber. Amase como se tem uma iluminação, deves ter ouvido. Ou se bate forte com
a cabeça. Pelo menos comigo foi assim. Ou como quando se dá uma conjunção de astros no infinito, deve vir nos livros. Ou mais provavelmente esse tempo nunca pôde existir, que é quando realmente existe o que vale a pena existir. Vou pensar melhor a ver se eu próprio entendo. Ponho-me a lembrar o que passou e o que me lembra é só a tua presença forte ao pé de mim. E depois acabou. Deves ter achado que era de mais e então acabou. Foste para não sei onde e estás lá fixa quando te lembro. Na realidade foi tudo muito mais devagar. Mas tudo quanto foi acontecendo foi o modo circunstancial de haver agora eternidade acima dessa cir cunstância — expliquei-me? Querida. Na realidade houve o nosso encontro terrestre e houve …” O texto organiza-se assim em torno de três ideias fortes, a memória, o corpo, e a morte e acima delas e de algum modo à margem, como se não fosse dali, o amor. A memória é o instrumento, aquilo de que o autor se serve para alimentar o ludíbrio, uma vez mais; o autor, o narrador, o personagem, aqui como paradigma de qualquer pessoa, como acontece sempre aliás. O corpo é a outra face da morte, o corpo representa a vida. É natural que exista entre eles uma enorme tensão. Irreconciliável diria eu. Sempre que a beleza do corpo está a morte não consta e vice versa, em cada atentado ao corpo, ao seu poder e à sua beleza, ouve-se imediatamente o riso escaninho da morte. Finalmente há o amor. A memória se não trouxesse consigo o amor, seria redundante. A memória de uma vida sem o amor lá dentro, é coisa de arquivistas, amanuenses, exercício de deve e haver, fait divers sem substância, nada. Só o amor traz de volta a transcendência, o sonho, a utopia, a ideia de uma escatologia salvífica tornada imanente e humana. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.
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Amélia Vieira
Lusifenix S
ABEMOS muito bem como a História é por vezes uma narrativa transversal aos acontecimentos mais vastos e aos conhecimentos mais rigorosos. Ela entra no nosso imaginário como uma narrativa heróica, dado que é narrada sucessivamente pelos vencedores numa transcrição proporcional a um estado, diríamos, que infantil, de quem a ouve e apreende enfaticamente. A forma pedagógica, que ao longo de décadas foi imposta, configura-se em muitas vertentes, também, um embuste ou impostura. Penso mesmo que a nível da índole nacional tivesse existido um desânimo durante gerações ao serem confrontadas sistematicamente com heroicidades e grandezas que o quotidiano e a contemporaneidade não dão. Este extravasar épico pode anular a combatividade do momento, desmotivar as gentes, causar-lhes complexos de menoridade e daí o ontem, o antigamente, o de fora, o do lado. Tudo menos nós, que em histórias sabemos uns dos outros e da triste figura de alguns. E vamos aos longínquos bancos de escola buscar a origem do Mundo: a romanização. Para trás, quem aqui vivia eram povos pré-históricos, indómitos, incapazes de lidar com tão extraordinária civilização que, como bem sabem, os Impérios fazem o favor de educarem. Dito isto, o que ficava da franja explicativa das populações autóctones era pouca ou nenhuma. Sabemos vagamente dessa gente, que ao contrário do que se disse ou diz, foi gente que lutou contra a invasão do corpo estranho com as armas e os arremessos que tinha enquanto povos locais e sabe-se como o etnocentrismo dos historiadores greco-romanos se recusou a reconhecer a língua destes povos. E entra o celta a propósito de tudo e de nada, hordas da Europa central, mas que nada têm de facto a ver com o que se passa abaixo dos Pirenéus e que não passa de uma variante local de pangermanismo com subjacente carga antissemita. E aqui entra o legado fenício, a lembrar que os lusitanos integravam o império púnico contra Roma. Este povo que
teve o monopólio das viagens mediterrânicas durante séculos e que fizeram mil anos antes das Descobertas a circum-navegação de África, que atracaram na costa portuguesa, sobretudo na costa Oeste, e aqui deixaram todas as marcas, heranças, língua , usos costumes e misticidade. É deste lado navegável e navegador, deste lado semita até Cartago, que somos herdeiros sem interrupção, com as alianças contra o invasor, que fizemos acordos, e foi sempre com aqueles que traem que se perdeu autonomia, como
fizerem com os assassinos de Viriato, a quem, imaginem, no imaginário distante o remetemos para um caçador-recolector atirando pedregulhos às hostes inimigas, tão civilizadas! Para acentuar o nevoeiro adensa-se o estranho sentimento de passagem, em que povos vários passaram por aqui, povos passantes, para que haja nele um Messias unificador. E não deixa de ser curioso que na época imperial romana a língua na Andaluzia era ainda a fenícia e toda a costa Oeste portuguesa e zonas do Alentejo guardem firmes, quais emblemas de resistência este passado longínquo. Nazaré alberga um povo que é semita e toda a costa parece o legado cananita onde não faltam os escondidos irmãos hebreus. De celtas, nem vê-los, mas tudo vai lá ter como “bolha” romântica tão ao gosto do fim do século XIX. Se os atributos dos olhos azuis e do cabelo louro fosse tão reducionista, entraríamos nas tribos de ciganos com olhos de esmeralda e de muitos sírios e povos até do Norte de África, a celtibizálos. A celticidade é uma menorização do europeísmo transversal; por outro lado, não há de facto nenhum legado escrito desse povo, ao contrário dos Hispanos e dos Fenícios, de onde partiu a invenção da escrita alfabética, bem como o suporte de escrita que precedeu o pergaminho começado a ser usado em Biblos. Fenecemos a nossa Fenícia ancestral no mar enredemoinhado da História de tal ordem alterada, dada sem noção antropológica quase nenhuma, que pensamos estar a ler narrativas de Alexandre Herculano. Penso que a noção de estratégia é muito importante para os homens que são guerreiros, só que o facto de ocuparem anteriormente as terras não fazia deles extermina-
Falámos uma língua que mandaram calar, fazemos acordos ortográficos para quem não fala connosco, obedecemos a dogmas de mercado vindas de fora. Nós fazemos de tudo, excessivamente, para ficarmos sempre mais pobres
dores dos que lá estavam, e temos de saber que os que fugiam para os baldios tinham espaço suficiente para as fugas. Acontece que sempre nos foi dada a História da perspectiva do senhor, da supremacia do invasor, e o costumeiro hábito de com ele alinhar ao ponto de se achar que os Frades franceses de Cister ajudaram as populações rurais a plantar legumes. Nada mais errado, pois que era gente que não trabalhava braçalmente. Só a partir do Calvinismo é que o trabalho deixa de ser uma exclusão e um anátema divino, e todos passam a ter o dever e o direito de o concretizar. Deixar que o estrangeiro se instale e retenha o dom daquilo que em nós faz cultura é uma doença da própria nacionalidade, obedecendo um pouco aos mitos fundadores do senhor e do pai. O desconhecimento total das fontes bíblicas da segunda invasão romana pelo Catolicismo fez ainda mais estragos. Era um fenómeno estranho, ainda hoje é arrepiante a incapacidade de compreensão desta realidade. Estivemos sempre próximos dos povos semitas, é certo, e nós entrelaçamos heranças. A cultura hebraica era íntima, dado que a primeira terra de “leite e mel” tinha sido a Fenícia conquistada por eles. Por isso nos nossos sonhos profundos dormita a história de Sem e o porquê de se ser servo. Muitos atribuem esta parte do mundo aos herdeiros de Noé mas, chegados ao estudo exegético do texto bíblico, este legado produziu duras trevas de desconhecimento amargo. Mais uma vez e em face das situações nos amargou a boca para a denúncia, e também os cleros que, ao contrário do que se afirma, eram de um obscurantismo ofensivo, sem grande cultura e conhecimento dos factos. Muito trabalho há para fazer na busca daquilo que nos instrui, não academicamente, mas celularmente. Falámos uma língua que mandaram calar, fazemos acordos ortográficos para quem não fala connosco, obedecemos a dogmas de mercado vindas de fora. Nós fazemos de tudo, excessivamente, para ficarmos sempre mais pobres.
17 hoje macau quinta-feira 26.5.2016
a saga da taipa
José Drummond
Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 14 - O HOMEM SEM ROSTO
O
que descobriste no resto da casa? A viúva tem estado aqui perdida em memórias de coisas e parece querer nos propor uma saída. Ela ainda não percebeu que estás aqui. Esse é o nosso trunfo. Recordas-te de como para todos os movimentos que fizeste esboçavas uma versão preliminar para me mostrar? Uma pintura que tinha por base todos os desenhos, todos os movimentos. O que ela não sabe é que não foi apenas dor. Foi também prazer. Nas ondas ondulantes de luz e verde escuro. Naquele dia que tanto querias pintar a plantação de chá. Depois da separação. Recordas-te de como quando ainda eras estudante de liceu, e não tinhas ideia nenhuma do que querias ser quando fosses grande? Não tinhas ideia de como a pintura te iria envolver. A viúva fala-me do filho. De como ele terá fugido para Kyoto, e que, em seguida, se terá perdido. Ele perdeu-se à tua procura. Mas o que permanece na minha mente são os campos de chá. Lembras-te de como as folhas se aveludavam, às vezes, ao final da tarde, às vezes, ao meio-dia, às vezes, à noite. Por isso a visão daquela plantação de chá, aquela tristeza da despedida, nos teus olhos muito abertos. Duas consonantes, de repente pressionadas por encostas verdes. Os teus olhos uma vez discretos tocaram o meu coração. Naquela tarde, ao longo da linha ferroviária, havia montanhas, lagos, o mar, e, por vezes, até mesmo nuvens tingidas com cores sentimentais. Mas talvez esta melancolia não seja verde. Talvez nem seja melancolia. Talvez sejam apenas as sombras que são melancólicas. Sombras tardias e através delas a dor. Sombras como pe-
quenas encostas, bem cuidadas, com sulcos profundamente desenhados. Sombras que não a natureza em estado selvagem. E as linhas de arbustos de chá. Arredondados os arbustos. E ao fundo, rebanhos de ovelhas. Mas sabes, afinal talvez esta melancolia seja mesmo verde. De um verde suave. A única coisa que eu preciso agora é uma vida de contemplação. Lembras-te de quando apareceste à porta daquela cabana? Era inverno, e eu não fazia a barba ou cortava o cabelo desde que te tinhas ido. Lembras-te que quando chegou a primavera eu cortei o cabelo e fiz a barba e nesse mesmo dia comecei a construir uma varanda. E por essa varanda podia-se ver apenas um jardim. O nosso jardim. Uma varanda completamente coberta pelo nosso jardim. Aquele que tratámos como se dele dependesse a nossa existência. Como se tudo dele dependesse. O dia e a noite. Eu e tu. E, consequentemente, o fac-
to de eu conseguir ou não ver-te. Um jardim, cortado por um corredor principal, oblongo, com cerca de metade sempre banhada pelo luar. Um jardim, onde até mesmo os degraus que davam até à porta traseira da cabana, tinham cores diferentes de tudo o resto à volta. Nesse jardim uma azália branca com bordo escarlate floresceu na sombra, e parecia estar sempre a flutuar. O seu bordo escarlate ficava perto da varanda e ainda tinha pequenas pétalas frescas. Embora que escurecidas pela noite essas pétalas brilhantes soltavam um perfume próprio. A metade do jardim que não era banhada pelo luar tinha uma cobertura de musgo. Uma cobertura que servia um longo banco de pedra onde nos sentávamos. Como esse jardim se tornou tão familiar. Estávamos acostumados a vê-lo a todas as horas. Tu sempre sentada, com a cabeça levemente abaixada, com os olhos fixos na metade enluarada do jardim. E, eu? Eu, como tu, simplesmente viciado a tudo isto, como miséria e dor. A viúva deu-me uma droga qualquer e começo a sentir-me tonto. Estou aqui preso. Preso agora num lugar diferente e de modo diferente. Estou preso e ainda não percebi porque raio está ela contar esta história do seu passado. O que poderá ter tudo isso a ver com a nossa situação. Não consigo manter-me acordado se não continuar a falar contigo. Lembras-te quando de repente uma pintura diferente apareceu nas tuas telas? O tom abstracto que não deixava perceber se eram peixes na água ou nuvens no céu. Eu nunca havia visto aquela combinação de cores. Certamente que aquela pintura era um passo bem diferente da pintura tradi-
cional de flores que nos havias habituado. Uma pintura sem formas reconhecíveis e com cores ainda mais fortes e mais variadas do que as que usavas nas pinturas de flores. Provavelmente porque era composta por muitas linhas horizontais. À primeira vista não parecia haver muita harmonia nas cores. É claro que não havia nada aleatório ou casual sobre isso. Talvez por isso deixava em aberto a possibilidades de uma qualquer outra interpretação. Por um lado eu sempre quis pensar que existiam talvez sentimentos subjectivos aparentemente escondidos. Muito tempo olhei à procura do coração da imagem. Não o encontrei. Um dia fiquei assustado quando aquilo que li foi ciúme. Gradualmente comecei a ler naquela pintura não o crepúsculo da vida mas a realidade da tua existência. Não eram peixes na água nem nuvens no céu. Era um auto-retrato teu nesta tua nova forma.
18 (F)UTILIDADES TEMPO
MUITO
hoje macau quinta-feira 26.5.2016
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Amanhã
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Sábado
TEATRO “ALGUÉM EM ‘FORAGIDOS DO PÂNTANO’” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 150 e as 200 patacas ÓPERA “MACBETH” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as cem e as 350 patacas
O CARTOON STEPH
ÓPERA “MACBETH” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as cem e as 350 patacas “COPPIA” COM MANUELA AZEVEDO, HÉLDER GONÇALVES E VÍTOR HUGO PONTES Teatro Sands, 15h00 (FAM) Bilhete entre as cem e as 200 patacas
Diariamente
EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau EXPOSIÇÃO “ARTS FLY” Broadway Macau (até 28/06)
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 95
EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 7/08)
UM LIVRO HOJE
EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06)
Cineteatro
C I N E M A
PROBLEMA 96
SUDOKU
DE
Domingo
EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 19/06)
1.21
CONCORRÊNCIA PARA QUÊ?
“COPPIA” COM MANUELA AZEVEDO, HÉLDER GONÇALVES E VÍTOR HUGO PONTES Teatro Sands, 20h00 (FAM) Bilhete entre as cem e as 200 patacas
EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06)
YUAN
AQUI HÁ GATO
TEATRO “ALGUÉM EM ‘FORAGIDOS DO PÂNTANO’” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 150 e as 200 patacas
“COPPIA” COM MANUELA AZEVEDO, HÉLDER GONÇALVES E VÍTOR HUGO PONTES Teatro Sands, 20h00 (FAM) Bilhete entre as cem e as 200 patacas
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Ainfância deve ser sempre o tempo mais feliz e ingénuo da vida das pessoas. Mas aqui se calhar não é. Com apenas dois anos, os pais querem que os miúdos tenham lugares nas creches, porque receiam que mais tarde já não hajas vagas nas mais conhecidas entre os grupos de pais e escolas. Querem que os putos entrem no jardim-de-infância o mais rápido possível, para que o filho aprenda mais e comunique mais com as pessoas, desenvolvendo as suas capacidades mais cedo do que qualquer outra crianças. Não que seja um problema que a criança se desenvolva – o problema é que a competição começa logo pela creche: tem de ser a melhor, para que mais tarde se integre a melhor escola. O problema, comum em Hong Kong e Macau, é que as crianças começam a ser alvo de concorrência social desde pequenino, quando no infantário ou aprendem 50 mil caracteres - sem que haja o equilíbrio de aprender a brincar – ou são uma vergonha. Aqui estamos na China! Quando soube da diferença entre o sistema educativo aqui e no ocidente, fiquei com vergonha de Macau. Em Portugal nenhuma criança aprende a escrever – pelo menos ao nível de ter que passar de ano - no jardim de infância! No território, o Governo não permite aos professores que ensinem miúdos do primeiro ano do infantário a escrever caracteres, mas isso acontece na mesma! Uma professora partilhou recentemente comigo que a forma de ensino não é boa. Não há provas de que, quanto mais cedo as crianças aprendam, mais competentes ficam no futuro. Brincar mais faz com que se sintam bem no crescimento e inovem na criatividade. Porque é que o Governo não promove mais isso, em vez de deixar o problema continuar? Pu Yi
“NEUROMANCER” (WILLIAM GIBSON, 1984)
Foi o primeiro vencedor da tripla coroa da ficção científica — os prémios Nebunal, Philip K. Dick e Hugo. Um livro onde o Matrix é um mundo dentro de outro mundo: a representação de cada byte de data no ciberespaço. Quando o melhor ladrão de data é chamado a dar caça à mais poderosa inteligência artificial a orbitar a Terra, entra numa aventura incrível. Publicado há mais de 30 anos, foi este livro que popularizou a ideia de ciberespaço: uma “alucinação consensual” criada por milhões de computadores interligados. O que antes parecia incrivelmente futurista, é hoje estranhamente familiar. Manuel Nunes
THE JUNGLE BOOK SALA 1
X-MEN: APOCALYPSE [C] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 14.30, 16.40, 21.50
X-MEN: APOCALYPSE [C][3D] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 19.15 SALA 2
THE JUNGLE BOOK [B]
Filme de: Jon Favreau 14.30, 16.30, 21.30
THE JUNGLE BOOK [3D] [B] Filme de: Jon Favreau 19.30 SALA 3
LIKE FOR LIKES [B] FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Park Hyun-Gene Com: Lee Mi-Yeon, Yoo Ah-in, Choi Ji-Woo, Kim Ju-Hyeok, Kang Ha-Neul 14.30,16.45, 19.15, 21.30
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19 hoje macau quinta-feira 26.5.2016
bairro do oriente
Romance de toga e malhete
S
EGUI com relativo interesse a última troca de “plaisanteries” entre o Presidente da Associação de Advogados de Macau (AAM) e o Conselho de Magistrados – com o interesse que se pode arranjar, quer dizer, digamos que “espreitei”. No entanto retive duas afirmações, veiculadas na imprensa esta semana, e ambas emanadas do lado do Conselho através de um comunicado. Na primeira lê-se que as declarações (do presidente da AAM) “prejudicam a imagem dos órgãos judiciários”. Ahem. Permitam-me uma analogia futebolística/ circense: numa equipa onde o guarda-redes é anão, insiste-se na táctica do jogo aéreo. À luz de certos acontecimentos recentes, e quando durante este “jogo falado” vêm à liça conceitos como “transparência” ou “infalibilidade”, penso que para bom entendedor, etc., estamos conversados. Quanto à outra afirmação, juro que me fez rir: as declarações do presidente da AAM “são completamente contrárias à verdade”. Existe 1 (uma) palavra que transmite esta mesma ideia, sem prejuízo do seu sentido: “mentira”. O mais irónico é que neste pequeno exemplo complica-se o que se podia muito bem simplificar, enquanto no essencial há uma (perigosa) tendência para simplificar o que é – e deve ser porque assim é que está certo – complicado. Nós, do lado de fora da intriga deste romance que não é de capa e espada, mas antes de toga e malhete, sabemos que esta animosidade entre o Presidente da AAM e os órgãos judiciais do território já não é de agora, e habituámo-nos a ver o primeiro a assumir uma postura “crítica”, e terá ele razão? Bem, o que o temos visto fazer é basicamente procurar salvaguardar a qualidade do Direito que se pratica na RAEM, pelo menos da maneira que sabe, enfim. Podemos às vezes não concordar com a forma ou com o tom, mas imaginem que estava o senhor a ralhar com uma criança de seis anos que molhava os dedos num copo de água, preparando-se para de seguida os enfiar numa tomada, ao mesmo tempo que avisava que “se podia magoar a sério”, o que faziam? Diziam-lhe “ó cavalheiro, não seja chato, e deixe lá a criança brincar à vontade”? Claro que não, e aqui o cenário afigura-se muito, mas muito mais sério. Exigir que os juristas de Macau tenham conhecimentos de Direito de Macau? Faz sentido. Pedir transparência na avaliação dos magistrados? Critérios mais exigentes? Claro, afinal não se está ali a brincar ao faz-de-conta. Conhecimentos linguísticos, nomeadamente de Língua Portuguesa? Alto e pára o baile, e aqui está o busílis
DAVID DOBKIN, THE JUDGE
LEOCARDO
da questão, o batalhão da tropa com que se insiste em mangar, os dedos molhados do puto traquinas enfiados na tomada. Amiúde escutamos ou lemos por aí certas declarações, e algumas vezes partindo de quem supostamente devia ter a cabeça em cima dos ombros, que a Língua Portuguesa “é uma das razões” do atraso da Justiça, bem como de muitos outros problemas, e tudo por culpa da falta de tradutores – ou lá o que é. Embrulhando tudo isto em papel de rebuçado, diz-se que o Português “atrapalha”, e eu próprio não podia concordar mais com esta ideia. Claro que “atrapalha”, da mesma forma que os alarmes “atrapalham” os gatunos, ou a sogra “atrapalha” se está em casa quando visitamos a namorada. “Atrapalha” ao ponto dos trapalhões sugerirem que se emitam sentenças apenas numa das línguas oficiais apenas (nem preciso dizer qual), ou vão ainda mais longe, ponderando mudar o sistema jurídico de Macau – para um outro que “atrapalhe” menos, suponho. Isso de mexer num sistema jurídico tem que se lhe diga, e vai muito mais além do simples obstáculo linguístico. Há normas, processos, jurisprudência, todo um mecanismo que não se pode alterar como quem muda um sinal de trânsito mal colocado, e ainda por cima obliterando a língua original da matriz do Direito, por Juno! Existe um rol de figuras
“Sabemos que esta animosidade entre o Presidente da AAM e os órgãos judiciais do território já não é de agora, e habituámo-nos a ver o primeiro a assumir uma postura “crítica”, e terá ele razão?”
jurídicas que não existem na China, e por muito que se encontre uma tradução, nunca é a mesma coisa. Por exemplo, a figura do arresto, em chinês é qualquer coisa como “假 扣押” (“ka kau hak”, em cantonês), que se for analisado caracter por caracter, exprime mais ou menos a ideia, de que se trata de um tipo de “apreensão”, mas não traduz a essência, que é qualquer coisa de intraduzível. O caracter do meio, por exemplo, quer dizer “fivela”, como a que temos no cinto. Literalmente trata-se de “prender com uma fivela” e depois “cobrar”, que é o sentido do terceiro caracter. Para um leigo que não entenda nada de Direito e só domine a língua chinesa, isto é uma coisa de outro planeta. As instituições de crédito, os bancos, são outro bom exemplo: na hora de lavrar uma escritura de hipoteca onde os valores são avultados, opta-se sempre por fazê-lo em língua portuguesa. Pode ser que alguém saiba de uma ou outra excepção, e não seria de admirar, mas pronto, uma medalha para esses heróis, mas depois não chorem, como fazem agora os proprietários do Grand Horizon. Comprar, vender, e sobretudo especular fracções para habitação que ainda nem sequer existem e acabar depenado, com uma mão cheia de nada. Devem ser estes os tais que se queixam que a matriz portuguesa do Direito de Macau “atrapalha”. Claro que não faltarão bajuladores que achem que seria o máximo mudar isto tudo, pois afinal “é uma das herança de um passado colonialista” (até me custa escrever isto). Duvido que a maioria destes, ou mesmo um deles, saiba a sorte que tem, e de que essa herança é na verdade um tesouro. Felizmente ainda vão tendo a mesma credibilidade do gato que mia a pedir carapaus, pois a própria China sabe bem o que a casa gasta, e não lhe interessava nada alterar o estado de coisas recorrendo a um “breve momento de caos”, que pode não ser tão breve quanto isso. Tem a sua graça, esta pequena guerra de palavras, mas não posso deixar de ficar apreensivo. E que tal tapar as tomadas, antes que dêem choque?
OPINIÃO
“
Se houvesse um deus, / um feiticeiro, / um santo, / Que para sempre vos quebrasse o encanto, / Os lagos silenciosos e parados / Morreriam de dor / inanimados! / Os cisnes exultavam de vaidade, / Mas choraria a Lua de saudade / E os poetas não cantavam, / nunca mais, / A poesia das noites orientais!”
quinta-feira 26.5.2016
Maria Anna Acciaioli Tamagnini
MESTRADO SOBRE MULHERES, PAZ E SEGURANÇA
Professora Jolie
TALIBÃS ANUNCIAM NOVO LÍDER
O
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mullah Habatullah Akhundzada foi designado por unanimidade o novo líder dos talibãs, como sucessor do mullah Mansur, morto num ataque de um drone norte-americano na semana passada, anunciou a rebelião islamita afegã em comunicado, «O mullah Akhtar Mansur caiu como mártir, vítima de um disparo de drone americano», disseram os insurrectos em comunicado divulgado na internet. «O mullah Haibatullah Akhundzada foi nomeado novo líder do Emirado Islâmico (como se autodenominam os talibãs) de forma unânime pela shura», acrescenta o comunicado. «Tolos os membros da shura juraram fidelidade», afirma a nota, segundo a qual a shura (conselho central) estava reunida desde domingo. A eleição do mullah Haibatullah Akhundzada representa uma pequena surpresa, já que não estava entre os favoritos. O mullah Haibatullah terá dois auxiliares, o mulah Yacub, filho do mullah Omar, fundador dos talibãs, e Sirajuddin Haqqani, chefe da rede insurgente com o mesmo nome, um grande aliado dos talibãs. O novo líder dos talibãs tem cerca de 50 anos e é natural do sul do Afeganistão. De acordo com um analista afegão, o mullah Haibatullah tem o perfil de um erudito religioso.
A
NGELINA Jolie vai ser professora na London School of Economics (LSE). O curso ministrado por ela e outros três professores convidados durará um ano e será pioneiro na sua área, anunciou a LSE. Também o ex-MNE britânico está no corpo docente convidado. A actriz e enviada especial do Alto Comissariado
da ONU para os refugiados (ACNUR) foi convidada como professora visitante. De acordo com um anúncio da escola, Jolie ministrará num novo curso de mestrado sobre mulheres, paz e segurança. As inscrições para o curso – que durará um ano - arrancam no Outono. Este será o primeiro do género a nível mundial, coordenado pelo Centro para a Mulher,
Paz e Segurança da universidade, criado no ano passado também por Jolie e pelo antigo secretário dos Negócios Estrangeiros britânicos William Hague. “É vital que alarguemos a discussão sobre como avançar nos direitos das mulheres e acabar com a impunidade por crimes que afectam as mulheres de forma desproporcionada, como a violência sexual em ambientes de guerra. (…) Estou ansiosa por ensinar e aprender com os alunos, além de partilhar as minhas próprias experiências sobre trabalho com Governos e as Nações Unidas”, afirmou a embaixadora em comunicado.
CAMINHO PARALELO
Também Hague dará aulas neste mestrado. Segundo a Reuters, esta é mais uma experiência de colaboração entre Jolie e o antigo responsável dos Negócios Estrangeiros, que desde 2011 vêm desenvolvendo iniciativas conjuntas. Em 2014, também em Londres, organizaram a primeira conferência global subordinada à violência sexual sobre mulheres. O corpo docente visitante é ainda composto por Jane Connors, da Amnistia Internacional e Madeleine Rees, secretária-geral da Liga Internacional da Mulher para a Paz e Liberdade. Os professores vão proferir palestras, participar em workshops com peritos e em eventos públicos. A LSE foi fundada em 1895 e é uma das mais prestigiadas universidades de ciências sociais do mundo. Conta cerca de 9.600 alunos de 140 países, tendo saído das suas fileiras um total de 16 prémios Nobel da Economia, Paz e Literatura.
VIOLÊNCIA EM COMÍCIO DE TRUMP
Manifestantes lançaram na terça-feira pedras e garrafas contra a polícia que protegia o centro de convenções de Albuquerque (Novo México) onde Donald Trump, o aspirante candidato republicano às presidenciais norte-americanas, falou num comício. A polícia informou sobre o incidente na sua conta de Twitter, negando informações avançadas pela imprensa, de que os agentes teriam recorrido a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes ou realizado disparos nos arredores do centro de convenções. Imagens das estações de televisão mostram centenas de manifestantes que passaram as barras metálicas colocadas pela polícia e atearam alguns fogos na rua, muitos deles com bandeiras do México.
SUÉCIA MANTÉM MANDADO CONTRA ASSANGE
Um tribunal de Estocolmo manteve ontem o mandado de captura europeu emitido pela Suécia contra Julian Assange, por não concordar com a comissão da ONU que considerou o fundador da WikiLeaks vítima de uma «detenção arbitrária». «O tribunal considera que Julian Assange continua a ser suspeito de violação (...) e que se mantém o risco de fuga ou que evite de alguma forma ser julgado ou condenado», de acordo com um comunicado oficial. O tribunal acrescentou não ter encontrado qualquer novo elemento que justifique a suspensão do mandado de captura emitido contra Assange.
BENFICA ÁGUIAS AVANÇAM POR RAFA
A BOLA noticia esta quarta-feira que Rafa Silva é o preferido do Benfica para preencher o lugar que será deixado em aberto por Nico Gaitán. O extremo do SC Braga, 23 anos, é um dos nomes melhor colocados na agenda da SAD encarnada para reforçar o plantel na próxima época, e o processo pode conhecer desenvolvimentos nos próximos dias. Jorge Mendes, que se encontra em Inglaterra para concretizar o ingresso de José Mourinho no Manchester United, é esperado em Portugal a breve trecho para fechar este processo.
PEDRO MARTINS É TREINADOR DO GUIMARÃES
Pedro Martins é o novo treinador do Vitória de Guimarães, da I Liga portuguesa de futebol, anunciou ontem o clube antes da conferência de imprensa de apresentação. O técnico, de 45 anos, substitui Sérgio Conceição no comando técnico vitoriano, após ter orientado Marítimo, entre 2010/11 e 2013/14, e Rio Ave, em 2014/15 e 2015/16, no escalão máximo do futebol nacional. Pedro Martins, que regressa a um clube por onde passou como futebolista, em 1994/95, atingiu a Liga Europa tanto nos madeirenses, em 2011/12, como nos vila-condenses, em 2015/16, tendo ainda disputado pela equipa da foz do Ave a fase de grupos da competição, em 2014/15.