Hoje Macau 26 SET 2016 #3664

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MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 26 DE SETEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3664

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

SOFIA MOTA

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

hojemacau AMBIENTE TODOS SOMOS RESPONSÁVEIS

Mãos à obra

Um cacho de Bahamas PÁGINA 4

TEOLOGIA

O leigo solitário GRANDE PLANO

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

UMA CASA PARA VÍTIMAS PÁGINA 8

LMA

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

Um mês a bombar

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EVENTOS

Pintores antigos Diário de Pequim XIE HE

ANTÓNIO GRAÇA DE ABREU

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Um grupo de cidadãos andou ontem a recolher lixo na praia. Chui Sai On confessa que precisamos de “orientação” da China. Macau parece acordar para os problemas ambientais. PÁGINAS 5 E 9


2 GRANDE PLANO

TEOLOGIA SÃO RAROS OS ALUNOS NÃO ORDENADOS INSCRITOS NESTE CURSO

O LADO LEIGO DA À

entrada do Seminário de São José somos avisados por uma aluna do curso de psicologia, que ali tem aulas: “quase ninguém estuda teologia, não conheço alunos”. Ali, onde também decorrem as aulas da Faculdade de Estudos Religiosos, da Universidade de São José (USJ), há uma maioria de alunos que um dia serão padres, freiras, missionários em nome de Deus. Vêm de vários países para terem formação em várias religiões, seja catolicismo ou budismo. O director da faculdade, Arnold Monera, também nos alerta não só para os poucos alunos de Macau mas também para a quase inexistência de leigos, ou seja, pessoas que não querem seguir a vida religiosa. Em todos estes anos, apenas um aluno de Macau se tornou na excepção à regra, para além de outro estudante que acabou por mudar-se para o Canadá. Quem é este leigo com interesse pela religião? Andrew Leong licenciou-se em gestão hoteleira, o curso que, à partida, garantia um emprego certo. Mas a vontade e o interesse falaram mais alto e este aluno está hoje na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, a fazer o mestrado na área da religião. Apesar de ser especialista no Antigo Testamento, Andrew confessou, em entrevista por e-mail, que tem interesse sobre várias áreas. “Interessam-me muito as áreas da religião, como a Liturgia e a Teologia Moral, que nos diz como cada um deve viver a sua vida na Terra. Gosto também da história da Igreja, pois sem sabermos o passado comum da fé em comunidade, ninguém pode conhecer a sua identidade. Gosto ainda da Teologia Sistemática e dos Estudos Bíblicos, já que tudo começa aí”, contou ao HM o estudante, que é católico. Andrew Leong refere ser um curioso por natureza. “Isso tem a

Macau, território onde desaguaram um dia jesuítas e outros cristãos, tem hoje uma única universidade católica. A Faculdade de Estudos Cristãos da Universidade de São José oferece um programa abrangente, mas apenas um aluno de Macau fez essa escolha por gosto, sem querer seguir a vida religiosa. É especialista em Antigo Testamento e está a fazer o mestrado na Bélgica ver com a minha personalidade, porque gosto muito de várias disciplinas, mesmo fora da teologia, como a história da China, filosofia, cosmologia e até estudos do Holocausto. Mas se tivesse de escolher uma área, seria os estudos da bíblia. Não só porque tudo começa nas escrituras, mas informa-nos como formulamos a liturgia, a teologia moral e como devemos avaliar a história da Igreja.” “Estudar teologia nunca foi um objectivo quando era criança, nem sequer um sonho de carreira, nada disso. A minha primeira licenciatura foi em gestão hoteleira, e ganhei alguma experiência nessa área. Contudo, quando acabei o curso, soube que havia uma faculdade de teologia criada recentemente e o director da altura convenceu-me a tirar o curso. Demorei um verão inteiro até tomar uma decisão. A grande motivação surgiu porque durante toda a minha infância e adolescência a fé cristã não me foi apresentada de uma maneira sistematizada e coerente, e muitos dos meus colegas e amigos até achavam algo irracional e inaceitável. Mas para mim desde o início que fazia algum sentido.

Então decidi seguir esse percurso”, contou ainda Andrew Leong.

O LUGAR DA BÍBLIA

Andrew Leong confessa-se fascinado pela Bíblia, livro escrito pelos discípulos de Jesus Cristo, que poucos compreendem, diz. “É como se fosse uma grande pintura que se observa de diferentes ângulos, onde se encontra sempre algo de diferente. É também como um espelho, em que

cada um se pode encontrar. É como uma janela, onde podemos olhar para o passado, presente e futuro.” Em Lovaina, Andrew confessa que tem um contacto permanente com novas ideias e novos pontos de vista. Tem sido “uma experiência dura, desafiante”, mas não se mostra arrependido. O aluno pretende voltar a Macau e tornar-se académico nesta área. “Quero contribuir de alguma forma

e promover mais os estudos em religião. Como católico, e uma vez que temos um novo bispo (Stephen Lee), que tem energia e muitos planos, penso que posso contribuir com o que for necessário, sobretudo na promoção da leitura da Bíblia. Quero promover um ambiente de leitura para que as pessoas saibam como recebemos a bíblia, e também focada para pessoas de outras religiões, sobretudo para aquelas que têm diferentes perspectivas. Gostaria que o público de Macau soubesse mais sobre a fé cristã, a qual está muito ligada à história da nossa região.”

CURSO PARA TODOS

Numa sociedade onde coexistem várias religiões, as pessoas parecem afastadas do seu estudo. No seu gabinete, no Seminário de São José, Arnold Monera confessou ao HM que gostaria de atrair mais leigos para o curso, que actualmente tem umas dezenas de alunos. “Estes programas académicos não estão reservados apenas a alunos que queiram ser padres ou freiras. Claro que a maioria dos nossos alunos são seminaristas, que se estão a preparar para o sacerdócio, ou irmãs que vão entrar numa congregação. Neste momento temos um aluno de Hong Kong a estudar teologia.

Este ano não conseguimos abrir o mestrado porque tivemos menos de dez alunos, o que faz com que não seja financeiramente viável para a universidade. Mas ao nível do doutoramento temos dois pastores protestantes a estudar. Esperamos que haja mais leigos a estudar na nossa licenciatura.” Com cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento, os programas académicos abrangem várias religiões. “No nosso mestrado não nos centramos no cristianismo. Falamos do hinduísmo, islamismo, budismo. Vivemos numa altura em que temos de ter consciência da beleza e da existência das várias religiões. A Ásia é o sítio onde um grande número de religiões se correlaciona”, defendeu Arnold Monera. Andrew Leong encontra uma explicação para a ausência de alunos. “Se olharmos para a maioria das áreas que as pessoas de Macau estudam na universidade, descobrimos que são muito centradas na carreira, como a hotelaria, o Direito ou cursos de economia. Os estudantes de Macau e os seus pais preferem não estudar numa área que não lhes garante um bom futuro (com riqueza), então áreas como a teologia, ou a filosofia, psicologia, não são escolhidas.”

O OPOSTO DA CIÊNCIA

Mas há ainda uma razão relacionada com a própria cultura


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RELIGIAO ˜

“Para a cultura chinesa, a religião é exactamente o oposto da ciência, e os discursos religiosos parecem-se com contos de fadas e lendas. Por isso é tido como algo que não se pode estudar ou explicar.”

chinesa. “Para a cultura chinesa, a religião é exactamente o oposto da ciência, e os discursos religiosos parecem-se com contos de fadas e lendas. Por isso é tido como algo que não se pode estudar ou explicar. Esse ponto e a mente prática das pessoas são duas das razões pelas quais as pessoas de Macau não estão interessadas em estudar esta área”, disse o estudante. Para Arnold Monera, o facto da faculdade ter programas académicos apenas em inglês, e sem alunos do continente, torna-se ainda mais difícil captar a atenção de novos estudantes. “E o inglês não é uma língua oficial em Macau, então a maior parte dos estudantes vão para Taiwan, é mais fácil para eles, porque podem estudar em chinês. Não sei se num futuro próximos possamos disponibilizar cursos em cantonês. Para além disso, o catolicismo é uma religião que existe em Macau mas não tem tantos seguidores como o budismo. Em termos dos jovens não há muito interesse em fazer estudos religiosos, porque acreditam que é dominado por padres e freiras, mas é uma área que está aberta a toda a gente.” Arnold Monera, filipino, é ele próprio leigo. É casado e especialista em Novo Testamento. Mantém o sonho de um dia a USJ poder ter alunos vindos da China. “Os estudantes chineses poderão ter interesse em estudar esta área, porque a religião tem a ver com os primórdios da humanidade. O ser humano é uma pessoa religiosa, e se retirarmos a religião perdemos uma parte importante da nossa existência. A religião tem sempre um lugar na sociedade, em qualquer sítio, não se pode erradicar”, concluiu.

“No nosso mestrado não nos centramos no cristianismo. Falamos do hinduísmo, islamismo, budismo. Vivemos numa altura em que temos de ter consciência da beleza e da existência das várias religiões.”

Andreia Sofia Silva

ANDREW LEONG

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, algo que aconteceu em Dezembro desse ano. Chui Sai Cheong participou ainda em algumas operações da empresa, tal como a assinatura de dois documentos, sendo que um deles determinou o fim da cooperação com a Mossack Fonseca.

PROJECTOS EM MACAU

A Hopewell Holding Limitada participou, desde os anos 90, no mercado imobiliário, tendo estado ligada à Urbanização do Jardim da Nova Taipa, concluída em 1996, e ainda na primeira e segunda fase do empreendimento Nova City, as quais foram concluídas nos anos de 2006 e 2007. Enquanto a Hopewell Holdings Limitada, desde os anos 90 já participou na construção dos projectos de habitação de Macau, incluindo a Urbanização Jardim Nova Taipa concluída em 1996, e a 1ª e 2ª fases da Nova City, concluídas no ano 2006 e 2007 respectivamente. De acordo com os relatórios anuais da empresa de Hong Kong, entre os anos de 2000 e 2003, a filial offshore é sua propriedade na totalidade e tem funcionado com o objectivo principal de fazer investimentos financeiros na China. A publicação Hong Kong 01 não encontrou quaisquer dados que a Yee Shing International Limited possa ter feito em Hong Kong, Macau ou Interior da China.

Bahama Leaks CHUI SAI ON JURA “HONESTIDADE” NO EXERCÍCIO DO CARGO

Limpinho, limpinho...

Os nomes de Chui Sai On e Chui Sai Cheong surgem nos Bahama Leaks como antigos membros da Yee Shing International Limited, uma empresa offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. O Chefe do Executivo já referiu que governa Macau “com absoluta honestidade”

A

mais recente divulgação de ficheiros de empresas offshore feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), intitulada Bahama Leaks, revela que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o seu irmão e deputado indirecto, Chui Sai Cheong, foram membros do conselho de administração de uma empresa offshore, a Yee Shing International Limited, estabelecida nas Ilhas Virgens Britânicas, e que seria a filial da Hopewell Holdings Limited, empresa estabelecida em Hong Kong. À Rádio Macau, o Chefe do Executivo garantiu “absoluta

honestidade” no cargo que ocupa, tendo explicado ainda que se desfez “de todos os cargos ocupados em organizações sociais e empreendimentos particulares antes de tomar posse no Governo”. Chui Sai On disse ainda que tem vindo a “defender a lei e servindo o bem comum”, tendo referido ainda que “não responde por outras organizações ou indivíduos”. Também Chui Sai Cheong deu explicações ao jornal Ou Mun, referindo que renunciou ao lugar no conselho de administração da empresa em Julho de 2012, um ano antes da implementação do Regime Jurídico da Declaração de Bens Patrimoniais e Interes-

ses. Para o deputado indirecto e empresário, não havia, portanto, necessidade de declarar esta posição na empresa. De acordo com o mesmo regime, Chui Sai Cheong disse ser accionista e membro do conselho de administração de 18 empresas, sendo que a Yee Shing International Limited não consta na lista. Segundo a publicação Hong Kong 01, os ficheiros divulgados pelo consórcio de investigação referem-se ao período entre 1993 e 2010. Em 1993 a Hopewell Holdings Limited incumbiu o escritório de advogados Mossack Fonseca de fazer o registo da filial nas Ilhas Virgens Britânicas.

À data, a Hopewell era o único accionista, sendo que os directores fundadores da empresa offshore eram Chui Sai Cheong e Lee Hsien Wu, administrador não executivo e assessor, que deixou o cargo de director executivo da empresa em 2011. Em 2010, os escritórios da Mossack Fonseca deixaram de representar a empresa offshore. A Hong Kong 01 noticia ainda que Chui Sai Cheong renunciou temporariamente do seu cargo entre 1994 e 1997, tendo, nesse ano, retomado o cargo antes de o deixar definitivamente em 2012. Já Chui Sai On diz ter abdicado da sua posição a 30 de Julho de 1999, meses antes de assumir o cargo de

NÃO SURPREENDE

Convidado a comentar o caso, Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), garante não estar previsto a realização de qualquer protesto, uma vez que, aos olhos da lei, não é ilegal criar uma empresa offshore. “É difícil protestar porque tecnicamente não estão a fazer nada de errado. Chui Sai Cheong deixou a empresa antes da publicação do seu património e bens, então vamos protestar sobre o quê? Mas é difícil dizer que já não existe qualquer ligação”, disse ao HM. Para Scott Chiang, o impacto político será reduzido, uma vez que “não é surpreendente que exista essa ligação” de Chui Sai On e Chui Sai Cheong ao mundo off-shore. “Importa olhar para o que estará em causa por detrás disso. Haverá mais ligações que não conhecemos. Claro que esta empresa teria algum interesse, mas não sabemos quando nem sobre qual projecto. Não é surpreendente para as pessoas, não vai haver uma reacção dramática, mas só vem confirmar o que já suspeitávamos”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Angela Ka

info@hojemacau.com.mo


5 POLÍTICA

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Numa visita ao território, o vice-Ministro da Protecção Ambiental do Governo Central ouviu do líder do Executivo que Macau está a caminhar para um desenvolvimento social equilibrado com a protecção do ambiente. Mas Chui Sai On disse a Huang Runqiu que a RAEM precisa do continente

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HUI Sai On admitiu que Macau precisa do “apoio e orientação” da China no que toca à protecção ambiental. Num encontro no território com o vice-Ministro da Protecção Ambiental, Huang Runqiu, o líder do Governo trocou impressões sobre a necessidade de haver um equilíbrio entre protecção ambiental e desenvolvimento social. Um comunicado do Gabinete de Chui Sai On dá conta que o Chefe do Executivo destacou a importância de existir um intercâmbio entre a RAEM e o continente, de forma que a Macau possa “adquirir experiências de trabalho na área da protecção ambiental”. Chui Sai On fez mesmo questão de falar sobre o Plano Quinquenal da RAEM, que diz ter como um dos temas mais destacados o da protecção ambiental.

SECRETÁRIA FALA DE OBRAS

S

ónia Chan garantiu que 80% dos problemas detectados pelo CA estão resolvidos. Ainda assim, citada pela TDM, a Secretária para a Administração e Justiça, diz que “o resto dos problemas só será resolvido através de obras de construção”. Sónia Chan diz que o IACM já fez um plano que será posto em curso e que versa, tal como frisava o Instituto, na manutenção e limpeza dos espaços.

O

Ambiente CHUI SAI ON DIZ QUE MACAU PRECISA DE “ORIENTAÇÃO” DA CHINA

Verde que te quero verde

“[O Chefe do Executivo] disse estar atento à procura de um equilíbrio entre o desenvolvimento sócio económico e os cuidados a ter com o ambiente e revelou que o Plano Quinquenal serve para reforçar e implementar a protecção ambiental, promover uma vida verde e acelerar a estruturação da cidade como um espaço propício aos seus residentes”, frisa o comunicado do Governo. O assunto foi alvo de crítica da parte de ambientalistas e deputados, que dizem ver promessas mas nada de concreto sobre o ambiente no Plano Quinquenal. O capítulo dedicado a este assunto fala de medidas, ainda que não apresente datas específicas para cada uma delas. Por exemplo, ao que o HM analisou, pode ver-se no documento que o Governo quer fazer um planeamento sobre a utilização de veículos eléctricos, incluindo os autocarros públicos, algo que já tem vindo a ser prometido. Melhorar os combustíveis para os automóveis, criar um plano para os materiais de construção (algo que tem vindo a ser feito há cerca de dois anos), diminuir as emissões a partir da fonte e plantar árvores ao longo do traçado do metro são outros dos objectivos. Durante o encontro, Huang Runqiu referiu ainda a necessidade de existir uma “cooperação contínua” no âmbito da prevenção e tratamento da poluição atmosférica, entre Guangdong, Hong Kong e Macau. O mesmo responsável afirmou que esta visita já representou, por si, “um intercâmbio sobre as principais acções a realizar, o sistema e a política a implementar no sector”. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

Instituto para osAssuntos Cívicos e Municipais (IACM) vai levar a cabo a formação do seu pessoal para melhorar as instalações de lazer sob a sua alçada. É o que diz o Instituto, num comunicado enviado depois de ter sido dado a conhecer um relatório do Comissariado deAuditoria (CA), que não poupava nas críticas ao organismo dirigido por José Tavares. O documento, semelhante à resposta dada pelo Instituto ao CA, a entidade indica que “tem empenhado esforços constantes”

Casa roubada, funcionários à porta IACM forma pessoal para evitar problemas detectados pelo CA

no sentido de optimizar as instalações municipais de lazer, “de modo a torná-las mais adequadas ao uso dos cidadãos”. Mas o IACM admite que é ainda possível introduzir melhorias, algo que vai fazer “o mais rapidamente possível”. Os primeiros passos são a limpeza de todas as instalações e a formação de trabalhadores. “De acordo com a proposta do CA, o IACM

intensificará, o mais rapidamente possível, a frequência da limpeza de todas as instalações de lazer e a formação dos trabalhadores, como forma de elevar as suas capacidades de comunicação e de tratamento apropriado de problemas que envolvam riscos imediatos para os cidadãos”, indica. “A par disso, através do aperfeiçoamento do actual meca-

nismo de fiscalização por rondas e supervisão e gestão do serviço adjudicado, o IACM irá reforçar a gestão e aperfeiçoar, de forma contínua, o trabalho.” O CA falava em desperdício de dinheiro, falta de condições para os utentes e até riscos de segurança nos diversos parques desportivos e zonas de lazer do IACM. O Comissariado dizia mesmo que havia

um “elevado número de problemas” não só de nos equipamentos, como face às condições de higiene. Tal como o IACM já tinha referido na resposta que deu ao Comissariado, vai ser estabelecido um mecanismo para gerir e fazer a manutenção das instalações, algo que vai acontecer com a obtenção do Certificado Internacional de Gestão de Qualidade ISO. J.F.


6 POLÍTICA

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GCS

FUNÇÃO PÚBLICA CRIADA NOVA FEDERAÇÃO QUE ABRANGE SETE ASSOCIAÇÕES

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Erro médico CONSELHO DA ESPECIALIDADE CONTINUA SEM RESPOSTAS

Vai formosa e não segura Com data marcada para Fevereiro, a Lei do Erro Médico, recentemente aprovada, continua a suscitar algumas questões. A obrigatoriedade de seguro, que é a mais falada entre as associações profissionais da especialidade, ainda não está regulamentada e foi o mote da discussão da reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos

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questão do seguro obrigatório a ser efectivado por todos os profissionais de saúde, que está prevista no novo diploma do erro médico, foi o tópico que mais dúvidas suscitou na reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos (CAM), que teve lugar na passada sexta-feira e onde foram esclarecidos e discutidas as orientação do Regime Jurídico bem como as principais dúvidas por parte das Associações da especialidade. Com a entrada em vigor do diploma agendada para o próximo mês de Fevereiro, os profissionais de saúde são obrigados a fazer um seguro que “visa proteger tanto médicos como utentes”, afirmou Rui do Amaral, assessor jurídico dos Serviços de Saúde (SS), após o encontro. Segundo o jurista esta é uma medida que “pretende proteger ambas as partes sem que ninguém fique prejudicado em caso de prova de erro médico”. No entanto, a medida ainda não está regulamentada e aguarda aprovação do Conse-

lho Executivo da proposta, que ainda aguarda definição por parte da Autoridade Monetária de Macau (AMM), sendo que Rui do Amaral garante que os interesses de cada especialidade “serão devidamente salvaguardados porque o objectivo do executivo é o de não agravar a responsabilidade que já existe e que estaria garantida no âmbito do quadro penal”.

UMA PECHINCHA QUE PODE IR AOS 3 MILHÕES

A possibilidade de não existência de capacidade financeira para abarcar com o pagamento do prémio do seguro essencial para o exercício de funções foi outra das questões ligadas a esta matéria. O problema não é tido como relevante para os SSM na medida em que, e partindo da experiência registada em situações semelhantes,

serão prémios que “não envolvem valores muito elevados”, apesar de indefinidos. O director dos SSM, Lei Chin Ion, apontou, para justificar os valores baixos e baseado em situações idênticas, um valor máximo registado de cerca de 3 milhões de patacas para um seguro deste género. No entanto, esta é ainda uma questão que aguarda a devida regulamentação por parte da AMM, sendo que é uma medida em que o valor vai variar segundo a especialidade exercida e o tipo de entidade responsável. “No caso de hospitais, o seguro tem um valor mais elevado, mas esse tipo e estrutura também são entidades com maior capacidade para poder cobrir essas despesas, e nas clínicas mais pequenas com menor número

QUEM ESPERA, DESESPERA

O

diploma referente ao erro médico começou a ser discutido em 2000, bem como outros que datam de há cerca de 16 anos. “Há muitos diplomas da saúde à espera de serem adiantados” e desde 2008 já foram regulamentados mais de 80, considerados de carácter fundamental.

de especialidades, obviamente que os valores serão mais reduzidos”, remata Rui do Amaral.

24 HORAS PARA A QUEIXA

A questão da notificação obrigatória em caso de suspeita de erro médico num prazo máximo de 24 horas e a definição de “fortes indícios” de que este tipo de situação tenha ocorrido também forma assuntos abordados pelas associações da especialidade e alguns membros do conselho que ainda não consideram que estejam devidamente definidas. A justificação adiantada pelo jurista dos SSM prende-se com o facto de que dada a abrangência do tema era necessário incluir no Regime uma definição de erro médico que fosse “o mais alargada possível porque não poderia ser feita de outra forma”. “Este ainda é um processo inicial e só como o decorrer do tempo e com a prática é que se poderão efectivar mais pormenores”, remata Rui do Amaral. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

OI criada no passado sábado a Federação das Associações dos Trabalhadores da Função Pública (MCSF), a qual incluirá sete associações. Segundo o Jornal do Cidadão, o presidente da federação, Lei Wa Pao, referiu que as associações abrangem todas as áreas do funcionalismo público, considerando a nova entidade representativa do sector. O objectivo da federação é estabelecer uma ligação entre os funcionários públicos por forma a contribuir para a realização de boas políticas. Num seminário realizado após a cerimónia, Yin Yifen, professor associado do Centro de Estudos Políticos, Económicos e Sociais do Instituto Politécnico de Macau (IPM), defendeu que o desempenho dos grupos interdepartamentais do Governo não tem sido satisfatório,

estando aquém das exigências dos cidadãos. Para Yin Yifen, os problemas vêm da falta de consideração que os diversos serviços têm pelo trabalho em conjunto. Isto porque os grupos interdepartamentais acabam por não estabelecer uma ligação entre si, realizando, de forma separada, os trabalhos e gestão de políticas. Yin Yifen defendeu ainda que a eficiência da cooperação dos departamentos está restringida, pois as leis e regimes não conseguem acompanhar todos os trabalhos em agenda. Para o responsável, a chave para melhorar este mecanismo será coordenar os diversos interesses entre departamentos para garantir um equilíbrio dos interesses, bem como a existência de um melhor enquadramento jurídico. A. K. (revisto por A.S.S.)

FSS PROMOVE DECLARAÇÕES ELECTRÓNICAS

O

Fundo de Segurança Social (FSS) vai começar a ter serviço de declarações electrónicas. A ideia é “articular” o sistema com o governo electrónico que o Governo quer implementar e com a informatização dos serviços públicos. A partir de 1 de Novembro, o FSS começa a implementar o sistema, depois do Conselho Executivo ter dado luz verde ao Regulamento Administrativo do Serviço de Declarações Electrónicas do Fundo de Segurança Social. “As declarações electrónicas apresentadas estão sujeitas aos

prazos, penalidades e regras processuais estabelecidas para a entrega em formato de papel.Apar disso, a entrega dos documentos de suporte legalmente exigidos, conforme o caso, deve ser efectuada através de meios electrónicos. As declarações electrónicas enviadas e processadas têm o mesmo valor e produzem os mesmos efeitos jurídicos que as declarações apresentadas em formato de papel”, indica um comunicado do Governo. O Regulamento prevê ainda que as declarações electrónicas sejam efectuadas por empregadores.


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REUMATOLOGISTA CHEGOU A PROPOR CRIAÇÃO DA ESPECIALIDADE

Cartas de guerra Rui Melo, o médico reumatologista que está de saída do São Januário, chegou a propor um projecto de implementação da especialidade, mas tal nunca avançou. Em carta enviada a Alexis Tam, o médico denunciou problemas no funcionamento do serviço de medicina interna crescente envelhecimento da população, utilizando os directores dos centros de saúde e mesmo os médicos para estarem presentes no auditório do edifício dos SS.”

Kuok Cheong U terá ficado “com as cópias do projecto de implementação da especialidade e o nome de patologias que poderia receber e tratar dentro do hospital”.

O PROBLEMA NA MEDICINA INTERNA

Logo nos primeiros meses de trabalho Rui Melo terá começado a ser avisado pelas chefias. O director do serviço “reclamou do baixo número de consultas e ponderou que eu devia passar a cooperar no internamento da medicina interna”. Este disse mesmo, segundo a carta de Rui Melo, que Macau “não necessitava” da especialidade de reumatologia. Rui Melo afirma ter recusado participar no internamento de doentes, por achar “não ter idoneidade para praticar a especialidade de medicina interna”. “Não iria colocar em risco a saúde dos doentes nem a minha boa prática clínica, além daquele serviço não ter falta de especialistas e de internos para aquelas actividades”, escreveu ainda. O médico alertou ainda Alexis Tam para os problemas no atendimento a doentes reumatológicos. Logo nas primeiras semanas de trabalho, Rui Melo teve conhecimento da existência de duas especialistas em medicina interna, as quais realizam “cada uma delas,

MÁ FORMAÇÃO

Rui Melo deixa ainda uma crítica ao funcionamento do hospital público. “A presença de elementos mal formados, do ponto de vista pessoal, cultural e técnico, e que estão à frente de algumas direcções de serviços médicos, impedem a aplicação de qualquer acção técnica de qualidade nos SS.” O médico fala da existência de situações de “boicote” aos profissionais vindos do exterior. “Se é para os SS continuarem a recrutar profissionais qualificados no exterior, mas com a a mediocridade local dos mal formados a quererem boicotá-los e a expulsá-los, acaba sendo um grande desperdício de dinheiro e de tempo para o Governo da RAEM e de prejuízo moral, profissional e financeiro para quem vem abraçar o desafio profissional num novo ambiente de crescimento e que necessita, cada vez mais, de profissionais qualificados”, escreveu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

E

m Portugal, o médico brasileiro viu os seus contratos com os hospitais de Seia e Bragança serem rescindidos, mas ao HM explica as razões. Em Seia, Rui Melo ter negociado um orçamento para a comparticipação de doentes reumatológicos, o qual acabaria por ser negado pela nova administração do hospital. “Optei por não concordar em referenciá-los para os Hospitais da Universidade de Coimbra, e não tive o meu contrato renovado”, disse. No caso de Bragança, Rui Melo afirma ter sido vítima de um “mal entendido” entre o presidente do conselho de administração e a comissão da farmácia, “ao não aceitar a compra de novos medicamentos e impor limites ao número de doentes que poderiam ser tratados”. “Optaram por não estender o contrato entre aquela unidade e a minha clínica privada, que era prestadora do serviço.” Rui Melo, que foi acusado de passar doentes para a sua clínica, tem um processo em tribunal contra o hospital, que acusa de difamação.

• Na notícia publicada na passada sexta-feira era afirmado que Rui Melo vira o seu contrato rescindindo, o que não é correcto. Na verdade, o seu contrato não foi, pura e simplesmente, renovado.

E

O director pediu então a Rui Melo para ter “calma” e aguardar “um tempo para que a situação pudesse modificar-se”.

RUI MELO EXPLICA SAÍDAS DOS HOSPITAIS PORTUGUESES

O HOJE ERROU

STÁ escolhido o novo arrendatário para o rés-do-chão da Santa Casa da Misericórdia (SCM), espaço anteriormente arrendado ao Governo, onde funcionava o 1º Cartório Notarial. O Grupo Popular foi o escolhido pela SCM para ocupar o espaço com a Farmácia Popular. Segundo um comunicado enviado pela SCM, a mesma estará aberta ao público a partir do dia 1 de Abril de 2017. A renda que o Grupo Popular irá pagar será de 700 mil patacas men-

um período de consulta por semana chamada de “reumatologia” sem terem qualquer diferenciação para tal”. O médico terá então pedido para tratar destes doentes, o que foi recusado. “Solicitei a possibilidade de distribuição dos utentes que estão em seguimento nas outras duas consultas, pois os doentes são observados num período inferior de 15 minutos por cada uma das médicas, tendo cada uma um número avultado mínimo de 30 doentes por consulta, colocando em risco a qualidade do serviço prestado.”

Saúde com história

Farmácia Popular com museu abre portas em 2017

sais, valor abaixo do 1,2 milhão de patacas pago pelo Executivo. A nova renda foi afixada consoante o valor oficial da inflação. Está ainda “prevista a comparticipação da Irmandade nos resultados do exercício anual da Farmácia Popular, a partir de um montante previamente acordado.”

A nova Farmácia Popular será também um local com história, estando prevista a concretização de um projecto do arquitecto Carlos Marreiros. Esta será “uma farmácia com uma componente museológica”, sendo recriado “a ambiência que viveu, desde a sua fundação, e de quando o farmacêutico Henrique

Maria Nolasco da Silva a dirigia, através de fotografias da época e adereços de outros tempos.” A SCM afirma ter tido “a preocupação de respeitar a vocação histórica e cultural, e sobretudo de assegurar a dignidade do edifício – integrado no património de Macau reconhecido pela Unesco – e de divulgar a história desta farmácia pioneira e os laços que a ligam à Irmandade.” A.S.S.

SCM

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médico reumatologista que não viu o seu contrato ser renovado pelos Serviços de Saúde (SS) revela agora a carta que enviou ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, a 18 de Agosto deste ano, uma semana depois de ter sido notificado de que o seu contrato não iria ser renovado. A carta, divulgada pelo próprio médico ao HM, mostra que Rui Melo chegou a propor um plano de implementação do serviço de reumatologia no Centro Hospitalar Conde de São Januário, o qual funciona inserido no serviço de medicina interna. A proposta de mudanças terá sido feita junto do director do serviço logo em 2014, na primeira semana de trabalho do médico. “Apresento-lhe um plano de implementação da especialidade, pois o mesmo (director) nem sequer tinha planeado a minha actuação. Começo a fazer três períodos de consulta com muitas lacunas abertas no meu horário. Volto a conversar com o mesmo no sentido de ampliar a minha área de actuação (executar técnicas da especialidade e colaborar no serviço de radiologia)”, escreveu Rui Melo. À data, o director do serviço terá solicitado “um prazo para analisar e discutir as minhas propostas”. Na sua carta, o médico brasileiro defendeu a “necessidade de divulgação da especialidade para os centros de saúde, a fim dos clínicos gerais poderem referenciar, o mais precocemente, os casos de patologia do músculo”. Tal plano terá sido exposto a Kuok Cheong U, director do hospital. “Sugeri fazer umas sessões de esclarecimento sobre a importância da especialidade, tendo em conta o número de habitantes e o

SOCIEDADE


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Violência Doméstica AGM QUER OFERECER ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO A BAIXO CUSTO NO FINAL DO ANO

Uma casa sem agressões

A Associação Geral das Mulheres quer arrendar casas a baixo custo e a prazo limitado para as mulheres vítimas de violência doméstica. A ideia é que estas consigam tornar-se independentes depois de serem ajudadas, para que não regressem a partilhar um tecto com os seus agressores

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Associação Geral das Mulheres (AGM) vai começar a oferecer acolhimento temporário a mulheres vítimas de violência doméstica no final do ano. Foi o que indicou aAssociação numa iniciativa para a promoção da divulgação da Lei de Combate e Prevenção da Violência Doméstica, que entra em vigor no próximo mês. Dados da Associação mostram que, em 11 anos de serviço, a linha aberta do

Centro de Solidariedade Lai Yuen, sob a alçada da AGM, recebeu cerca de 4200 chamadas telefónicas pedidos de

ajuda de mulheres vítimas de violência doméstica, enquanto o seu centro ofereceu serviços a 543 mulheres e 349 crianças “maltratadas”. Segundo o jornal Ou Mun, entre estas 70% foram violentadas pelo marido. Mais ainda, 60% sofriam abusos há mais de cinco anos e 30% há mais de uma década. A responsável da AGM apresentou ainda informações de que 70% das mulheres que ligaram para a linha aberta também chamaram também a polícia para pedir ajuda,

mas apenas 20% dos casos deu seguimento à situação até o agressor ser acusado pelo tribunal. Os principais factores que contribuíam para esta baixa percentagem, indica ainda a Associação, são medo face à saúde psicológica das crianças envolvidas, o acreditar no arrependimento dos agressores ou a necessidade de procurar outro alojamento caso as mulheres denunciassem o agressor. Por isso mesmo, a AGM referiu também que vai lançar no final do ano um plano

do serviço de acolhimento temporário a curto-prazo, oferecendo alojamentos temporários às mulheres. Estes locais funcionarão como casas e serão pagos pelas vítimas, ainda que sejam “de rendas a baixo custo”. O período de alojamento pode ir de 14 dias a três meses. Wong Kit Cheng, vice-presidente da AGM, e Ho Fun Ngan, directora do Lai Yuen, referiram que já em 2008 a AGM tinha sugerido ao Governo o fornecimento do alojamento por mais tempo

Para não mais adiar

Cuidado com o mosquito

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Rejeitadas consultas públicas para Biblioteca Central

projecto para a nova Biblioteca Central de Macau não vai ser posto à auscultação da sociedade. É o que diz o presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, que afirma estar esperançoso de que os cidadãos apoiem a construção. À margem de uma actividade de promoção de Macau em Hong Kong, o presidente do Instituto indicou que o projecto não deverá ser alvo de consulta pública, para evitar mais atrasos. “O projecto vai contribuir significativamente para a evolução da geração futura e para a construção da qualidade cultural de Macau”, frisou, acrescentando que, se o projecto continuar a ser adiado, Macau vai “ficar para trás” em termos culturais. “Se se realizar mais uma consulta pública, o projecto vai ser ainda mais adiado e discutido por mais alguns anos. Como o Governo já fez, há dez anos, a consulta e os estudos relacionados com a construção, o Governo não vai repetir o processo, senão nada vai ser feito”, indicou.

Foi em 2007 que o edifício foi oficialmente entregue ao IC e os dois anos seguintes foram períodos para os concursos de desenho do novo espaço. Concurso que deu problemas e que levou a que, em 2010, o Governo abandonasse o projecto e o recomeçasse do zero. Em 2012 foi concluído o planeamento da primeira fase das obras. Em 2014, o estudo prévio do novo projecto foi entregue às Obras Públicas e o ano passado, o IC fez um plano sobre os livros e equipamentos a adquirir. Este ano foi criado um grupo de trabalho entre o IC e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e i novo concurso público para o projecto vai ser lançado no início de 2017, estando a iniciativa aberta apenas a arquitectos locais. O espaço deverá abrir em 2021. O responsável do IC reiterou que, em meados do Outubro, o organismo vai fazer uma exposição dos conceitos de construção da nova biblioteca que nascerá no antigo tribunal e nessa altura os cidadãos podem expressar as suas opiniões. A.K. (com J.F.)

para as mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, devido à dificuldade em ajudar todas as mulheres que procuram asilo no Lai Yuen. Muitas mostravam estarem estáveis quando moravam no centro, mas depois de se tornarem independentes não sabiam o que fazer, acabando por viver novamente com os agressores. O novo plano proposto pelo centro, dizem as responsáveis, pode permitir às mulheres terem mais tempo para se preparem para evitar que regressem a partilhar uma casa com os perpetradores de maus tratos. Angela Ka (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo

Campanhas de prevenção de dengue e zika

EGUNDO um relatório divulgado pelos Serviços de Saúde, verificou-se uma redução nos índices de propagação de mosquitos responsáveis pela contaminação do vírus Dengue e Zika. De acordo com a mesma informação, durante o mês deAgosto a percentagem de propagação ficou-se pelos 55,8% enquanto que em período homólogo do ano anterior tinha sido de 68,9%. Em relação à península de Macau, os bairros sociais de Fai Chi Kei e do Porto Interior registaram valores mais elevados com 70,4% e 55,2% respectivamente. Coloane registou o valor mais alto com 65,1%. Macau continua a ser considerada uma região com elevado grau de disseminação da doença, com as autoridades sanitárias a fazerem apelos à população para continuarem a limpar as águas estagnadas. A doença por vírus de Zika continua a expandir-se e nos países do Sudeste Asiático foram já detectados casos de infecção local sobretudo em Singapura onde já foram registados mais de 300 casos.

Em Macau foram entretanto, detectados 9 casos importados. Perante esta situação, as autoridades competentes reforçaram a eliminação de mosquitos em alguns locais de Macau, considerados de higiene mais duvidosa e continuam a apelar à população que siga à risca as medidas de prevenção, caso viaje para zonas onde o vírus está activo. Nomeadamente, utilizando repelentes e roupas que cubram o corpo.

VACINAÇÃO GRATUITA

Este ano também foram detectados mais casos de gripe que no ano anterior. E por essa razão as autoridades deram início à campanha de vacinação gratuita, nos centros de saúde e hospitais. As vacinas são dadas aos grupos considerados de risco e começam por todos os que têm idade igual ou superior a 60 anos. Dia 1 de Novembro é a vez da população entre os 50 e os 59 anos. Ao todo foram encomendadas 120 mil doses da vacina quadrivalente, que protegem contra dos tipos de gripe A e dois de gripe B.

Conforme dados registados na 36ª semana de Agosto a taxa de positividade da presença do vírus influenza verificada em pacientes com gripe, pelo Laboratório de Saúde Pública dos Serviços de Saúde, foi de apenas 2,2%. Mas à 37ª e 38ª semana a taxa aumentou para 25% e 31,4% respectivamente. Sendo assim e de acordo com os registos do Programa Vigilância Sentinela em cada mil pessoas que recorrem aos serviços de urgência a gripe é detectada em 26/48 pessoas, número muito superior aos registados no ano anterior em que a doença ficava-se pelos 8 a 9 casos. Os serviços apelam a que a população recorra a medidas de prevenção para travar o infecção da gripe e de outras doenças do trato respiratório. A administração da vacina é assim essencial bem como uma alimentação equilibrada, hábitos de higiene e a manutenção de uma boa ventilação do ar. O recurso ao uso de máscara impõem-se nos casos em que haja sintomas da doença ou quando em contacto com doentes diagnosticados.


9 SOCIEDADE

hoje macau segunda-feira 26.9.2016

Ambiente INICIATIVA VOLUNTÁRIA LIMPA PRAIA DE COLOANE

O lixo do nosso descontentamento

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agenda apontava para as três da tarde de ontem para preencher um domingo de limpezas. No final, o prémio foi de mais de 120 quilos de lixo, distribuídos por 50 sacos depois de uma tarde “a assar”. Numa iniciativa da Associação Green Future, em parceria com o Instituto Politécnico de Macau (IPM), foi realizada a segunda acção voluntária de limpeza de uma pequena praia localizada nas traseiras do templo Tam Kong, em Coloane. Nem o sol abrasador que se fazia sentir, nem o facto de ser o dia de descanso, demoveram os cerca de 80 voluntários que compareceram à iniciativa. De todas as idades e das mais diversas proveniências foram pegando no material que lhes estava reservado – sacos, pinças e luvas – e , divididos em equipas, começaram a colecta. Aseparação do lixo era feita logo de início. Uns ficaram com os plásticos, outros com as esferovites e os restantes com todo o tipo de lixo que ia aparecendo. Ao longe,

SOFIA MOTA

Foram ontem recolhidos cerca de 120 quilos de lixo numa pequena praia de Coloane. A limpeza foi levada a cargo por um grupo de voluntários que juntou gerações e nacionalidades, tudo para dar o exemplo e alargar consciências do que se anda a fazer no mundo em que se vive

pareceria uma actividade de apanha de conchas à beira do mar, mas não, mais do que as “peles” de crustáceos, eram os desperdícios de todos que se acumulam na chegada das ondas.

MALDITO PLÁSTICO

“O plástico é, sem dúvida, o pior”, afirma Shirley, a representante do IPM, instituição coorganizadora. Satisfeita com a primeira edição, que teve lugar em Junho, especialmente com os mais de 100 voluntários que na altura apareceram, Shirley considera que, mais do que estas iniciativas, é necessário educar para a prevenção. “O que vemos mais por aqui são garrafas de plásticos, esferovites, essencialmente vindos de comida vendida para fora, e muitos pauzinhos”, desabafa para justificar que não há uma educação para um consumo responsável. “Vamos comprar um chá e só por isso temos um copo de plástico, uma tampa para esse copo, uma palhinha e um saco para trazer o copo, tudo isto por apenas um chá. Não faz sentido!”. Com este género

de iniciativas “as pessoas não são apenas informadas do que se está a passar mas veem, pelos seus próprios olhos, o que estão a fazer ao mundo em que vivem, e isso tem outro impacto”, afirma. A ideia é partilhada pela engenheira química portuguesa, Rita Correia, que trabalha no território há sete anos. “Macau tem piorado muito e acredito que com atitudes como esta e no efeito em cadeia que podem ter, possamos estra a fazer uma coisa importante para um mundo melhor”, afirma. Já conta com a segunda participação enquanto voluntária nesta iniciativa e considera que mais do que o acto de limpeza em si, só o facto de existirem pessoas que dispensam o seu tempo para ali estar já é, por si, um movimento cívico em assumir a responsabilidade e fazer melhor”. Por outro lado, o facto das pessoas apanharem o lixo que produzem faz com que acabem por perceber gravidade de muitos dos pequenos actos do dia-a-dia. “Se calhar depois de ver tanta embalagem de esferovite recolhida, a próxima vez que forem comprar limões

Há medidas legislativas a serem tomadas, à semelhança do que já acontece noutros países, nomeadamente no que concerne à limitação no uso de plásticos e de alguns tipos de esferovite

não trazem aqueles que estão em couvettes e acham isso um despropósito”. É através da acção que se aprende, considera, “e coisas como esta ajudam a ter noção da realidade”.

MEDIDAS DE CIMA

Apesar de alguma afluência por parte dos filhos da terra, Rita Correia é da opinião que ainda é “muito pouco” e considera que “o Governo de Macau devia ser o primeiro a fazer mais e a promover este tipo de iniciativas”. Podia continuar a ser uma campanha de voluntariado mas, tal como os voluntários que vão correr as maratonas e depois lhes é oferecido um buffet, também neste tipo de iniciativas deveria acontecer qualquer coisa idêntica, em que as pessoas que participam para um Macau melhor tivessem algum tipo de “recompensa” pelo seu civismo”. Por outro lado, há medidas legislativas a serem tomadas à semelhança do que já acontece noutros países, nomeadamente no que concerne à limitação no uso de plásticos e de alguns tipos de esferovite. Sem uma acção “de cima” qualquer medida para proteger o espaço que nos rodeia é muito lenta, defende a engenheira química.

por isso estamos aqui, ao ar livre, e a ajudar por uma praia mais limpa”, explicam as duas amigas de origem filipina.Ali, consideram-se mais úteis e já é a segunda vez que passam a folga na limpeza costeira. A prioridade é “ter um ambiente melhor, porque é essencial a uma boa vida”, afirmam. Há mais de 14 anos em Macau, as preocupações com o crescendo de poluição são muitas mas “é com actividades como esta que todos também podem contribuir”. Por entre o cantonês e o português ou inglês, ouvia-se um grupo de jovens em mandarim. São estudantes de tradução e vêm de diferentes regiões da China continental. Assumiram como porta-voz a colega Yolanda, de Qingdao. Apesar de proveniências diferentes, aqueles cerca de 10 jovens universitários são ex-

Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

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EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local

: 71/E-BC/2016 :172/BC/2016/F :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Avenida da Longevidade n.º 17, terraço do edifício Seng Yee (terraço sobrejacente à fracção 616), Macau.

Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados o(s) dono(s) da obra e proprietário(s) do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizou-se a seguinte obra não autorizada: Infracção ao RSCI e motivo Obra da demolição Construção de cobertura e suporte Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, 1.1 metálicos no terraço. obstrução do caminho de evacuação. 2.

Sendo o terraço do edifício considerado caminho de evacuação, deve o mesmo conservar-se permanentemente desobstruído e desimpedido, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores no referido espaço, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desse espaço enquanto caminho de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

3.

Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício.

4.

Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI.

5.

O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).

UMA FOLGA ÚTIL

Trocaram o dia de folga na limpeza das casas dos outros para ajudar a limpeza na praia. “Gostamos de gastar a nossa folga em coisas que nos tragam uma recompensa maior do que apenas andar por aí, e

perientes neste tipo de acções. “Desde o ensino secundário que sou voluntária em acções para protecção ambiental, e os meus colegas também” afirma Yolanda, ao mesmo tempo que, com orgulho, refere o conhecimento que tem acerca da maior consciência dos problemas ambientais e da urgência em prevenir o pior. “Somos todos activistas ambientais”, explica, enquanto adianta preocupações relacionadas com as notícias das mortes de parte da fauna marinha devida aos plásticos e a relevância social e pedagógica deste tipo de iniciativas, que, “apesar de serem em pequena escala, valem o que valem e são sempre alguma coisa”.

RAEM, 22 de Junho de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man


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LMA UM MÊS COM MÚSICA PARA TODOS OS

EVENTOS TIS PROMOVE FEIRA INTERNACIONAL

Mais de 40 universidades do mundo inteiro vão estar representadas na Feira Internacional, promovida pela Escola Internacional de Macau, (TIS) a realizar-se no dia 23 entre as 13.30 horas e as 16 horas, na sala Multiusos. Representantes de diversas instituições foram convidados a estar presentes, dando assim a oportunidade aos alunos de conversarem com os responsáveis de cada uma das universidades, proporcionando um conhecimento mais aprofundado sobre os cursos, as regras de admissão e as oportunidades de bolsas de estudo. “Os estudantes têm a oportunidade de falar com representantes das universidades tornando assim o processo de admissão mais realista e excitante”, disse Josu Hubert, representante da TIS. Esta é a sexta vez consecutiva que o evento se realiza. Com 1168 alunos inscritos, oriundos de 40 países, esta escola oferece acompanhamento desde a creche até ao 12º ano, conferindo no final o diploma Alberta High School que é reconhecido pelas universidades em todo o mundo.

MÚSICA APOIA ASSOCIAÇÃO DE SÍNDROME DE DOWN

Pelo terceiro ano consecutivo o disco Macau Original Melodies foi gravado e a cerimónia de lançamento foi no sábado passado, na Torre de Macau. Este ano a Associação de Síndrome de Down foi a escolhida e todos os lucros da venda do disco irão reverter a favor desta causa. Durante a cerimónia os utentes da associação foram envolvidos e participaram na actuação tocando tambores. Por sua vez os cantores, que dão a voz a esta causa, cantaram o tema chave “My Sweethearts”. Este disco é gravado pela terceira vez consecutiva e destina-se a apoiar causas solidárias. Vários artistas de renome juntam-se para apoiar uma associação onde são convidados também nomes que, não sendo músicos, são rostos mediáticos. O sentido é o de chamar a atenção da sociedade para esta realidade e promover a inclusão dos mais desfavorecidos. A cerimónia terminou com uma sessão de autógrafos. O disco já está à venda nas lojas da especialidade e nas plataformas digitais.

Vêm da Suécia, Canadá, Pequim ou Japão para preencher um cartaz “abrangente” e darem muita música na LMA. A integração do jazz já é um facto e foi ainda anunciada a intenção de iniciar acções de formação na área do som

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UEREMOS fazer um especial épico este mês”, são as palavras de Vincent Cheong ao HM ao apresentar o cartaz do “Live in October” da Live Music Association (LMA), que quer trazer a Macau mais música e de todo o lado. A diversidade, que vai ocupar o palco do 11º andar do edifício industrial da Av. Coronel Mesquita, é uma “oportunidade para dar a escolher ao público o que quer ver e ouvir”, avança o responsável pelo espaço e homem de vários ofícios ligados à arte do território. O cartaz abre com o violino de Jaron Freeman, que vem do Canadá, acompanhado por The Opposite of Everything. O dia seguinte é dedicado ao rock japonês e em dose dupla. São os nipónicos Buddhagetta e Touch My Secret. O Japão volta a marcar presença a 21 de Outubro com a música electrónica que leva ao palco Based on Kyoto. A cena rock de Pequim estará presente no dia seguinte com os Elenore e o seu brit rock. 26 de Outubro é serão de jazz com os suecos Music Music Music e a trazer sons argentinos estarão os norte americanos Cuarteto Tanguero, que prometem uma noite de tango. O mês de música

do LMA termina a 29, desta feita com sonoridades do punk electrónico de Pequim pelos Future Orients.

INTERNACIONALIZAR POR AÍ

A aposta é no sentido de trazer à RAEM mais nomes internacionais. A tarefa não é fácil, mas a LMA está empenhada em concretizar esta missão e Outubro é um ensaio dessa possibilidade. “É um mês em que há muitos festivais, tanto na China Continental como em Taiwan, e nós estamos atentos às bandas que os integram para depois fazermos a nossa proposta para que venham à RAEM”. Esta é uma forma que facilita, tanto em custos como em logística, a vinda de mais diversidade musical ao território e é uma aposta que Vincent Cheong pretende ganhar. “É bom para todos”, afirma, “porque os músicos também gostam de tocar o mais possível e dar-se a conhecer a outras plateias e, desta forma, é também uma oportunidade de trazer ao público de Macau mais música independente e reconhecida”.

SONS DA TERRA POR CONFIRMAR

Os músicos da terra não são esquecidos, no entanto ainda não há confirmações. A ideia é que ocupem o palco com o preenchimento de “primeiras partes” dos espectáculos ou com os sons que

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA EXCALIBUR • Bernard Cornwell

OUTUBR ´ EPICO

Artur esmagou a revolta de Lancelote, mas o preço foi elevado. A traição de Guinevere deixou-o fragilizado e os seus inimigos saxões pretendem aproveitar-se dessa vulnerabilidade. O caos ameaça dominar a Bretanha. Mas Artur já deu provas do seu génio militar e, à medida que a próxima batalha se aproxima, prepara-se para abrir caminho até à vitória em Monte Badon e reconquistar a mulher que perdeu. Mas quais serão as consequências das intrigas de Mordred, agora o herdeiro ao trono da Bretanha, e da magia da sacerdotisa Nimue, que querem exterminar Artur? Não perca a conclusão da trilogia dos Senhores de Guerra, a saga em que Cornwell dá nova vida ao mito arturiano, combinando com perícia a lenda e os factos históricos.

Vincent Cheong

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O MERCADOR DE LIVROS MALDITOS • Marcello Simoni

Não é comum um livro reunir o consenso da crítica e dos leitores, mas O Mercador de Livros Malditos conquistou uns e outros. Mais: ambos afirmam que se trata de uma das mais interessantes estreias dos últimos anos. O Mercador de Livros Malditos é uma história envolvente, marcada por intrigas, segredos ocultos durante séculos e mistérios que vão para lá do conhecimento de sábios e de alquimistas. Ao longo das suas páginas o leitor viaja por Itália, França e Espanha no rasto do Uter Ventorum, um livro raro, desmembrado em quatro partes e protegido por intrincados enigmas que, uma vez resolvidos, permitem evocar os anjos e a sua divina sabedoria. Um romance enigmático como O Nome da Rosa e empolgante como Os Pilares da Terra, vencedor dos prémios literários mais prestigiados de Itália: Prémio Bancarella 2012 e Prémio Literário Emilio Salgari.


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S GOSTOS

hoje macau segunda-feira 26.9.2016

RO seguem os concertos e tomem conta da mesa de mistura enquanto DJs. Vincent Cheong refere que a composição do cartaz prevê essa integração “e neste momento só faltam as confirmações porque esta é uma oportunidade para os locais partilharem o palco com nomes internacionais”. Por outro lado, tendo em conta o panorama actual do que se faz por cá, o responsável pelo LMA considera que esta é uma oportunidade de concretizar uma necessidade, a de “abrir mentes na música da terra, porque é necessário que exista uma maior abertura das bandas locais ao que se faz nos outros sítios e mesmo na cena musical em si”, afirma.

JAZZ À PORTA

Rock punk, electrónica ou música experimental são já géneros que quem frequenta o LMA tem em mente quando olha para um cartaz da casa. Mas o espaço dedicado à música ao vivo

A Associação pretende dar início a uma componente formativa com a realização de workshops. A prioridade no momento está em oficinas de “engenharia de som”. Os profissionais da área não são suficientes em Macau

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não se quer ficar por aí e o jazz é agora uma das prioridades para compor os programas futuros e que começa já a partir de Outubro. “Trazendo jazz achamos que podemos chegar a um outro tipo de audiência”, justifica o programador enquanto adianta que o concerto agendado dos suecos Music Music Music é o pontapé para uma presença mais assídua deste género musical e nada como a presença de “uma banda muito reconhecida” para selar mais uma etapa. Mas para o futuro não se projecta apenas a continuidade de “meses épicos”. A Associação pretende dar início a uma componente formativa com a realização de workshops. A prioridade no momento está em oficinas de “engenharia de som”. Para Vincent Cheong os profissionais da área não são suficientes em Macau, “muitas vezes quando são necessários técnicos de som para os espectáculo, os que existem já estão ocupados pelo que é fundamental a formação de mais profissionais para que estejam as pessoas certas a fazer o som certo”. Por outro lado, o responsável pela LMA considera que há muitos interessados em aprofundar conhecimentos no que respeita à componente técnico da música e da sua engenharia, mas depois “não há nada no que respeita à formação”. As portas da casa abrem às 21h30 e os bilhetes têm o valor de 120 patacas, com excepção do espectáculo de dia 29, que por ser duplo, terá o custo de 150 patacas. Sofia Mota

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EVENTOS


12 CHINA

hoje macau segunda-feira 26.9.2016

Cuba LI KEQIANG ASSINA 30 ACORDOS BILATERAIS

Mais amigos do que sempre

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primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, de visita a Cuba, salientou a importância da cooperação económica e comercial, assinando cerca de 30 acordos durante o seu encontro, no sábado, com o Presidente da ilha, Raúl Castro. Li e Castro conversaram sobre as “excelentes relações entre os dois países, os principais projectos de cooperação” e o fortalecimento dos vínculos bilaterais, segundo uma nota oficial sobre o encontro. Após a reunião, os dois líderes presidiram a assinatura de cerca de 30 instrumentos jurídicos para favorecer a cooperação, incluindo um protocolo que oficializa a redução da dívida da ilha para com a China, segundo a televisão estatal cubana. Foram também assinados acordos que fixam doações chinesas para a modernização das alfândegas cubanas e para a compra de painéis solares, bem como um acordo para um “projecto de reforma ligado à imprensa e materiais gráficos”. Estes acordos abrangem também áreas como ambiente, informática, indústria, biotecnologia, energias renováveis e sector bancário. Li, que chegou a Havana no sábado para uma visita que se estende até segunda-feira, disse que entre os objectivos da sua viagem está a “intensificação

da confiança mútua política” e a “injecção de uma nova dinâmica às relações bilaterais”. Para o primeiro-ministro chinês, Cuba “conquistou êxitos extraordinários na construção e desenvolvimento nacionais, opondo-se resolutamente à ingerência externa e resistindo ao contínuo bloqueio estrangeiro” dos Estados Unidos. Cuba e a China mantêm relações estreitas, com um intercâmbio que nos primeiros nove meses de 2015 chegou aos 1.596 milhões de dólares, um crescimento de quase 57% em relação ao ano anterior, de acordo com dados oficiais. Em 2014, o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou Cuba, para onde começaram a realizar-se voos direitos a partir da China no final de 2015.

O primeiro-ministro chinês chegou a Cuba após participar na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque e de uma visita ao Canadá. A sua estadia em Cuba estender-se-á até hoje, segunda-feira. Cuba e China mantêm relações muito próximas, nas quais o país asiático figura como o segundo maior parceiro comercial da ilha, com trocas comerciais de US$ 1,596 mil milhões, nos primeiros nove meses de 2015, o que representa um crescimento de quase 57% em relação a 2014, de acordo com dados oficiais. A chegada de Li ocorre numa semana de intensa actividade bilateral para o governo cubano, que nos últimos dias também recebeu na ilha o presidente do Irão, Hassan Rohani, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

TAIWAN AGENTE DUPLO CONDENADO A 18 ANOS DE PRISÃO

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M tribunal de Taiwan condenou um antigo funcionário dos serviços secretos a 18 anos de prisão por trabalhar como ‘agente duplo’ e espiar para a China. Wang Tsung-wu foi condenado na quinta-feira pelo Supremo Tribunal de Taiwan por envolvimento em espionagem bem como violação das leis nacionais de segurança e inteligência. O tribunal não divulgou mais informação, alegando restrições relacionadas com a segurança nacional. Segundo a imprensa local, Wang foi alegadamente ‘con-

vertido’ pela China quando foi para lá enviado como agente secreto do Gabinete dos Serviços Secretos Militares de Taiwan. Wang espiou a mando de Pequim durante mais de uma década, segundo a imprensa. O homem foi recrutado pela China em 1995 e passou informação confidencial antes de se reformar em 2005. Wang também recrutou o coronel reformado Lin Han em 2013 para ajudar a recolher informação, de acordo com o jornal de Hong Kong Apple Daily. Lin viajou para Singapura e para a Malásia para se en-

contrar com agentes chineses e transmitiu informação sobre as identidades de agentes do gabinete de Taiwan e as suas missões, segundo o jornal de Taipé Liberty Times. Wang recebeu cerca de 90 mil dólares e Lin cerca de 70 mil pela informação que passaram. Lin foi condenado a seis anos de prisão por violar as leis nacionais de informação, segundo o tribunal. Taiwan e China espiam-se mutuamente desde que se separaram em 1949, no final da Guerra Civil.

No investir é que está o ganho

Mais de mil biliões em novas infra-estruturas

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China anunciou esta semana projectos de infra-estruturas no valor total de mil biliões de yuans, segundo a agência oficial chinesa Xinhua, numa medida de Pequim para contrariar o abrandamento económico. A economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,7 por cento no segundo trimestre do ano, o ritmo mais lento desde a crise financeira de 2009, mas dentro da meta apontada pelo governo para a totalidade do ano - entre 6,5% e 7%. O investimento em grandes obras públicas é um dos principais motores de crescimento económico da China, com um contributo de 29,4% em 2015. Se-

gundo a Xinhua, só na província de Sichuan, no sudoeste da China, foram anunciados nove novas auto-estradas no valor conjunto de 128,8 mil milhões de yuans. Na Região da Mongólia Interior, no norte, foram anunciados 336 projectos, avaliados em 739,6 mil milhões de yuans, incluindo infra-estruturas, parques industriais e expansão dos centros urbanos. Nos primeiros oito meses do ano, o investimento em infra-estruturas cresceu 19,7%, em termos homólogos, de acordo com dados do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, citados pela agência oficial Xinhua. Lian Ping, economista chefe do Bank of Communications,

afirmou à agência que “um aumento de 20% não é suficiente para estabilizar o crescimento” e que a taxa “deve fixar-se entre 22% e 23%.”. A Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planeamento económico do país, revelou também uma lista de parcerias público-privadas, no valor total de 2,14 biliões de yuan, segundo a Xinhua. Vários indicadores da economia chinesa registaram uma melhoria este mês, incluindo a produção industrial e as vendas a retalho, impulsionadas pelo investimento público em infra-estruturas e aumento das vendas no sector imobiliário.

Corrupção e abuso de poder

Ex-chefe de segurança interna finalmente acusado

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ROMOTORES chineses acusaram na passada sexta-feira o ex-director de segurança interna Zhou Yongkang de corrupção, abuso de poder e revelação intencional de segredos de Estado, abrindo caminho para que seja julgado, numa potencial exposição dos trâmites internos do Partido Comunista. Zhou, de 72 anos, é a autoridade chinesa mais graduada a ver-se envolvida num escândalo de corrupção desde que o partido chegou ao poder em 1949. A decisão de processar Zhou ressalta o compromisso do presidente chinês, Xi Jinping, em combater a corrupção nos níveis mais altos do governo. Na denúncia, Zhou é acusado de “tirar vantagem de sua posição e buscar benefícios para outros”, “aceitar ilegalmente os activos de outras pessoas”, “abusar de poder” e “causar grandes perdas contra a propriedade pública, o Estado e o povo”, disse a Procuradoria Suprema do Povo da China num comunicado publicado no seu portal. “O impacto sobre a sociedade é vil, as circunstâncias são especialmente sérias”,

disse o órgão, sem dar mais detalhes sobre as denúncias. Segundo o comunicado, os supostos crimes de Zhou foram cometidos durante décadas, incluindo o período em que ocupou os cargos de director-geral da China National Petroleum Corporation (CNPC), de chefe do partido na província de Sichuan, no sudoeste do país, e de ministro de segurança pública, bem como de membro do Comité Permanente do Politburo. Zhou foi informado sobre seus direitos legais e ouviu as opiniões do seu advogado, acrescentou o comunicado, sem especificar o local onde Zhou, que não aparece em público desde Outubro de 2013, se encontra detido. Nenhuma data foi marcada para o julgamento, mas os media disseram no mês passado que a China conduziria um julgamento público, com a intenção de preservar a transparência. Especialistas legais dizem, no entanto, que o partido corre o risco de que Zhou ameace revelar segredos de Estado. No ano passado, a China anunciou a prisão de Zhou e sua expulsão do partido, acusando-o de vários crimes, desde aceitar propina a vazar segredos estatais.


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INTERNAUTAS REAGEM A IMAGENS DE SECÇÃO DA GRANDE MURALHA PAVIMENTADA

Pior a emenda que o soneto

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OTOS de uma secção da Grande Muralha da China transformada numa recta lisa e plana, coberta de cimento, após os trabalhos de restauro, motivaram esta semana duras críticas por parte dos internautas chineses. Situado na província de Liaoning, nordeste da China, o trecho Xiaohekou, cuja construção remonta a 1381, compõe oito quilómetros daquele monumento, considerado património da humanidade pela Unesco. As imagens postas a circular nas redes sociais mostram que o seu piso acidentado e degraus irregulares, onde ervas brotavam, foram pavimentados, dando lugar a uma longa faixa branca de betão. “Isto parece obra de um grupo de pessoas que nem o ensino básico completou”, afirmou um internauta no Sina Weibo, o Twitter chinês. “Se as obras serviram para isto, o melhor era terem rebentado com tudo”, disse. Outro internauta reagiu assim: “Um tratamento tão mau dos monumentos deixados pelos nossos ancestrais! Como é que pessoas com

um nível de cultura tão baixo podem ocupar posições de liderança?”. Em declarações à televisão estatal CCTV, o próprio vice-director do departamento de Cultura de Liaoning admitiu que o resultado da reparação “é bastante feio”. A Grande Muralha, construção da Dinastia Ming, não é uma estrutura única, integrada, mas sim uma construção por secções que se estende por milhares de quilómetros

a partir de Shanhaiguan, na Costa Leste de Jiayuguan, atravessando as areias do deserto de Gobi. Em alguns locais a estrutura está tão deteriorada que as estimativas da sua extensão total variam entre 9.000 e 21.000 quilómetros, dependendo se as secções que entretanto desapareceram são incluídas ou não. Os trabalhos de restauração de Xiaohekou foram iniciados em 2012, visando “evitar maiores

danos e degradação”, devido “a problemas graves na estrutura e inundações”, e completados em 2014, segundo um comunicado difundido pela Administração Estatal de Património Cultural. O organismo governamental anunciou já uma investigação sobre quem aprovou e conduziu os trabalhos de reparação, afirmando que irá punir seriamente os responsáveis. Mais de 30% da Grande Muralha da China desapareceu ao longo do tempo, devido a condições meteorológicas adversas e à actividade humana, como a retirada de tijolos para construção de casas, segundo estimativas divulgadas pela imprensa estatal. De acordo com regulamentos citados pelo jornal oficial Global Times, retirar tijolos da Grande Muralha é punível com multa até 5.000 yuan, mas a vegetação e o turismo continuam a contribuir para deteriorar a mais longa construção humana do mundo.

DEZ DETIDOS POR BOATOS CONTRA AS FORÇAS ARMADAS

As autoridades chinesas prenderam dez pessoas por espalharem boatos online, prejudiciais para a imagem das forças armadas, entre eles, a presença de tríades e brigas internas, divulgou o Ministério da Defesa no sábado. Os dez foram investigados por órgãos militares e de segurança pública, por espalharem boatos em fóruns de internet da China e aplicativos de mensagens para telemóveis, disse o Ministério de Defesa Nacional em comunicado. “Usar a internet para criar e espalhar boatos sobre as forças armadas é ilegal por isso vamos continuar a investigar e reprimir essas acções. Esperamos que os utentes da internet cumpram a lei,” referiu o Ministério.O comunicado refere ainda que as dez pessoas confessaram a divulgação dos boatos e expressaram arrependimento, depois de serem submetidos a uma “detenção administrativa”, um termo que significa normalmente 15 dias atrás das grades e “educação”. As forças armadas têm sido um dos focos da campanha do presidente chinês Xi Jinping contra corrupção, com diversos oficiais graduados a ser incriminados.

Luzes, câmaras, milhões

Feios, porcos e maus

O

A

Empresa do homem mais rico da China anuncia parceria em Hollywood

conglomerado chinês Wanda Group anunciou que vai investir na produção de filmes da Sony Pictures, em mais um passo que visa converter o grupo num importante operador da indústria cinematográfica de Hollywood. Fundado no final da década de 1980 em Dalian, no nordeste da China, o Wanda Group começou por se impor no sector imobiliário, mas nos últimos anos passou a investir também no cinema e no turismo. O acordo é o primeiro do grupo dirigido por Wang Jianlin - o homem mais rico da China -, com um dos principais estúdios de Hollywood e um marco importante na sua conversão num peso pesado da indústria do entretenimento. “A aliança vai permitir reforçar o poder de influência do Wanda na indústria de cinema global, e estabelecer um bom precedente para os

produtores de filmes chineses nos seus investimentos além-fronteiras”, afirmou a empresa em comunicado. A mesma nota refere que irá “empenhar-se por destacar elementos chineses nos filmes em que investir”, sem acrescentar mais detalhes. O grupo Wanda mediatizou-se nos últimos anos pelos investimentos em grandes activos na Europa e Estados Unidos da América. Em 2012, adquiriu a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA e da britânica Odeon & UCI Cinemas, presente no mercado português, onde é o segundo maior distribuidor. No ano passado, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares (3.240 milhões de euros). Wang Jianlin financiou a pro-

dução do filme “Spotlight”, Óscar da Melhor Fotografia deste ano. O grupo detém ainda uma participação de 20% no clube de futebol espanhol Atlético de Madrid e a empresa Triathlon Corporation, proprietária dos direitos de provas desportivas de resistência como Ironman, mas o seu principal foco tem estado em Hollywood. Wang“temtodoHollywood na mira” e “talvez o seu próximo passo seja trabalhar directamente com todos os ‘Big Six’”, os seis maiores estúdios de cinema de Hollywood, refere o comunicado. Em Maio passado, o grupo abriu o seu primeiro parque temático, um investimento de 3,35 mil milhões de dólares, localizado na cidade de Nanchang, capital da província de Jiangxi, numa tentativa de competir com o novo parque da Disney, inaugurado no mês seguinte, em Xangai.

Cinco detidos por despejo de centenas de toneladas de lixo num lago

polícia chinesa deteve cinco pessoas por alegado envolvimento no despejo ilegal de centenas de toneladas de lixo no lago Tai, um popular destino turístico na cidade de Suzhou, na costa leste da China. Pilhas de entulho e lixo doméstico, com sete metros de altura, e amontoadas num espaço equivalente a três campos de basquetebol, terão sido encontradas em Julho passado nas margens do lago, segundo a imprensa local. O jornal Shanghai Daily detalha que mais de 22 mil toneladas de lixo foram transportadas, por oito barcos, a partir de Xangai, a “capital” económica da China, que fica a 100 quilómetros de distância. Situado no delta do rio Yangtsé, o Tai é o terceiro maior lago de água doce da China, com 2.400 quilómetros quadrados, servindo como fonte de

água potável para várias comunidades locais. Dois representantes da Jinlu Construction and Engineering, a empresa de construção responsável pelo despejo, a pessoa que terá forjado o aterro sanitário, e dois funcionários encarregues de supervisionar aquela área, foram detidos. Estão acusados de causar danos ambientais e incumprimento do dever. O caso ilustra o impacto ambiental da rápida urbanização da China e aumento dos índices de consumo que, segundo os analistas, não são acompanhados pelo desenvolvimento de sistemas de processamento de lixo. Segundo dados citados pelo jornal oficial Global

Times, só o município de Xangai, cujo número de residentes supera os 24 milhões, produziu no ano passado 89 milhões de toneladas de resíduos de construção. A mesma fonte detalha que a “capital” económica da China gera, em média, 20.000 toneladas de lixo doméstico por dia. Em Dezembro passado, um deslizamento de terras num parque industrial em Shenzhen, o centro da indústria tecnológica da China, situado na província de Guangdong, que confina com Macau e Hong Kong, resultou na morte de 70 pessoas e enterrou 33 edifícios. O acidente deveu-se à excessiva acumulação ilegal de resíduos de construção em montes com 100 metros de altura. O governo de Shenzhen admitiu, na altura, as dificuldades em processar os 30 milhões de metros cúbicos de entulho que a cidade gera anualmente.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

XIE HE

Sempre existiram pinturas boas e más; mas a arte como tal será sempre arte, seja antiga ou moderna. Aqui vou analisar alguns pintores de tempos antigos e modernos e classificálos de acordo com os Seis Princípios atrás referidos, mas omitindo observações introdutórias e evitando entrar em qualquer discussão sobre a origem da pintura. De acordo com a tradição, ela tem origem em seres divinos, mas estes nunca foram vistos ou escutados. Primeira Classe. 5 Homens. Lu Tanwei de Wu. Época de Song Ming Di. Ele demonstra o supremo de racionalidade e de carácter; aquilo que ele fez supera toda a explicação por palavras.

Nele se fundem todos os seus predecessores e dele nascem todos os vindouros. Ele é único desde os tempos antigos ou modernos, o que permanece no mais alto grau; qualquer elogio que se lhe faça ficará sempre aquém. Ele era verdadeiramente valioso e superior, absolutamente excepcional e além de qualquer definição. Será sempre uma injustiça coloca-lo na primeira classe. Cao Buxing1 de Wuxing. Época de Sun Chuan. Das obras de Cao Buxing quase nada resta; apenas uma das suas pinturas de dragões consta na Colecção Imperial. Se examinarmos o seu estilo não poderemos dizer que é vã a sua fama.

1- A fama de Cao Buxing, certamente pela raridade da sobrevivência das suas obras, terá tido curta duração. Yao Zui (c.550) escrevendo no Xu Huaping, logo a seguir a Xie He desvaloriza-o totalmente (in Osvald Sirén, The Chinese on the Art of Painting, p. 221). Dong Qichang (1555-1636) que se escusava a analisar os pintores famosos de nome mas cujas obras desconhecia, observa: «Os mestres da antiguidade estão longe de nós. Cao Buxing e Wu Daozi pertencem a um período que está mais próximo de nós e no entanto nunca vemos uma pintura de qualquer deles. Como poderá então ser possível ver algo de homens como Gu Gaizhi ou Lu Tanwei? Aqueles que discutem a pintura devem tomar como medida coisas que realmente viram.» (Osvald Sirén, idem, p.144)

«Guhua Pinlu»

Memória e Classificação dos Pintores Antigos


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diário (secreto) de pequim (1977-1983)

NANNING, 22 de Abril de 1978 Viagem curta de avião desde Kunming, uma hora de voo. Estamos agora na província de Guangxi que tem por capital a cidade de Nanning, nas margens do Yongjiang, um dos principais afluentes do rio das Pérolas, a uns seiscentos quilómetros de Macau, a trezentos e cinquenta de Hanói. A região é habitada sobretudo pelos zhuang, a maior de todas as minorias nacionais chinesas ainda algo aparentada com os tailandeses. Mas a influência han na região, ou seja dos chineses propriamente ditos, é muito antiga e hoje os zhuang correspondem apenas a um terço da população de Guangxi, absorvida, aculturada pelo mundo chinês. Com o grupo de estrangeiros meus companheiros de viagem e de trabalho nas Edições de Pequim, visitámos a Universidade de Nanning e sentimos o entusiasmo com que fomos recebidos pelos estudantes da Faculdade de Línguas Estrangeiras que estudam inglês há vários anos e que jamais tinham tido a possibilidade de falar com um cidadão inglês ou norte-americano. Até eu dei o meu melhor para conversar com os estudantes na língua de Shakespeare. Nanning, apesar da presença dos zhuang e outras minorias, é uma cidade predominantemente chinesa, verde e bonita. Em volta do rio são muitos os jardins, bambuais, palmeiras, flores e relvados e, nos subúrbios da capital de Guangxi, existem pequenos bosques e lagos. Em Janeiro de 1958, quando aqui teve lugar uma conferência do Comité Central do Partido Comunista, Mao Zedong nadou por duas vezes nas águas deste rio Yongjiang. Tinha sessenta e cinco anos, havia lançado o movimento Anti-Direitista de 1956, criado as comunas populares em 1957 e

preparava-se para avançar com o desastre do Grande Salto em Frente. Mao Zedong quis mostrar o vigor físico de um sexagenário na força da vida e, -- apesar do clima subtropical da terra, em Janeiro a temperatura em Nanning não ultrapassa os 15 graus --, o timoneiro não receou o frio e lançou-se à natação no rio, acompanhado no banho por uns tantos seguranças militares. Tudo foi filmado, mostrado por toda a China e, no local onde Mao iniciou a jornada aquática, foi construído um pavilhão da Natação de Inverno. Hoje, as margens do rio, algo poluído, são a grande praia para as gentes de Nanning. A região de Guangxi foi um ponto importante no apoio ao Vietname do Norte quando do recente conflito sangrento entre os Vietname do Sul, do Norte e os norte-americanos. Na altura, a cidade estava completamente fechada à presença de estrangeiros. Por aqui eram canalizados poderosos meios militares e todo o tipo de auxílio, em combustíveis, armas, comida, vestuário, com que os chineses apoiavam os exércitos e a população vietnamita, o que garantiu a subsistência e sobrevivência do povo vietnamita, dos vietcong e do regime de Ho Chi Minh. GUILIN, 24 de Abril de 1978

Guilin é um lugar de eleição nas viagens à China, um deslumbramento diante da recortada e sumptuosa paisagem de rios, lagos e estranhas montanhas. A magnificência do lugar não

terá a ver com Guilin propriamente dita, mas com as visões fantásticas da descida de barco pelo rio Li, ou Lijiang. Em paisagens de magia, não será de esquecer o quotidiano difícil das gentes, a dura e extremada labuta diária, o pasmo e as doenças. Num passado não muito distante, a malária, a cólera, a lepra eram uma constante na região. Guilin fica no sul da China, na província de Guangxi ou região autónoma, na nomenclatura actual. A cidade é antiga e considera-se que começou a ganhar importância no reinado de Qin Shihuang (entre 221 a.C. e 209 a.C.), o primeiro imperador e unificador do império.

A cidade tem alguma indústria mas vive sobretudo do turismo. São milhares de turistas que diariamente chegam a Guilin para depois fazerem os 83 quilómetros de barco na descida pelo Lijiang até à originalíssima cidadezinha de Yangshuo, já perto do rio Xijiang, o braço oeste do rio das Pérolas. Aqui, tal como acontece na vizinha província de Guangdong, come-se tudo o que mexe, está parado e parece comestível, tudo o que anda no ar e não é avião, tudo o que anda na terra e não é comboio, tudo o que anda no mar e não é navio. Ainda tudo o que tem quatro pernas e não é mesa. Podemos bem imaginar a riqueza da cozinha de Guilin… As especialidades locais podem começar por uma sopa de cobra perfumada com ervas aromáticas, depois um

estufado de gato selvagem (ou proveniente das casas e dos telhados da cidade) com gengibre, continuando o banquete com perna de pangolim (um animal protegido, em vias de extinção) frita no wok com pimentão picante. E mais uns tantos petiscos como caldeirada de enguias, peixe do rio em molho de soja e ananás, pombos de escabeche com açafrão e canela e, delícia das delícias, um cozido de pedaços de cão com cenoura e rebentos de bambu. Deixemos a cozinha típica da região, e vamos até à gruta da Flauta de Cana rasgada pela água do tempo. É semelhante às nossas grutas calcáreas de Alvados e Mira Daire, um pouco maior e, como os chineses adoram excessos da mais variada espécie, resolveram iluminar tudo por dentro, num exagero barroco que transforma as grutas num pitoresco festival de luz e cor. Vale a pena ver. Depois é tempo de descer o rio Lijiang até a vila de Yangshuo. O rio corre devagar, abençoado pelo esvoaçar da brisa e pelo chilrear dos pássaros, a viagem fluvial faz-se, sossegada e límpida, entre bambuais, arrozais dourados e montes de pedra cobertos pelo veludo verde dos séculos, entre bosques de acácias e osmantos, à sombra da penedia gigantesca que sobe até ao céu. 26 de Abril de 1978, nos céus, sobre a província de Hunan Voando no avião chinês nos grandes espaços sobre montes e montanhas da província de Hunan, penso num pintor louco que um dia pegou em todas as bisnagas de tinta amarela, castanha e verde existentes no mundo. Despejou o conteúdo dos tubos ao acaso sobre uma imensa paleta que era um pedaço sinuoso da terra. Foi a suprema inundação da cor, verdes, castanhos, amarelos formaram colinas e montanhas, os líquidos

António Graça de Abreu

escorreram e surgiram vales nublados, florestas azuis e rios de prata. Vieram depois os homens que regaram tudo com toneladas de suor e adubaram a terra com incontáveis manchas de sangue. Lá em baixo, adivinha-se hoje uma ou outra bandeira vermelha flutuando no topo dos socalcos dourados e fitas de água faiscantes onde cresce o arroz de cada dia. De cima, vejo sobretudo o colorido esfuziante das montanhas e, na imensa serrania escalavrada e inóspita, adivinho por única colheita, o trigo e as lágrimas das gentes. PEQUIM, 25 de Maio de 1978 Pequim, cinco e meia da manhã. Saio de bicicleta. Sãs as rodas que me levam a toda a parte, e não deixa de ser saudável pedalar 15 ou 20 quilómetros, em terreno plano, iniciando o percurso quando o sol começa a doirar a cidade.

Pequim tem sete milhões de habitantes e três milhões de bicicletas que inundam ruas e avenidas ao longo de todo o dia. Saio cedo para ver e fotografar os chineses no taijiquan (leia-se taitchichuan) matinal. Não é preciso comprar bilhete para assistir ao espectáculo deste povo que se espalha por aqui e por acolá, nos relvados, nos jardins, nas alame-

das, debaixo das árvores, em grupos de dez ou vinte pessoas, ou mesmo um ou outro indivíduo isolado. Estão alinhados e profundamente imersos no ritmo lento dos movimentos do corpo. Executam uma luta fantástica e estilizada contra um inimigo imaginário. Parece que estamos a assistir a um combate de boxe filmado em câmara lenta, com um pugilista que golpeia o vácuo. Os ingleses chamam ao taiqiquan o “shadow box”, o boxe das sombras, o que não deixa de ter a sua razão de ser. São sobretudo pessoas de meia e terceira idade que o praticam como meio de conservar a saúde. O objectivo é obter a unidade e harmonia entre o espírito e as diferentes partes do corpo. Cada pessoa move, simultaneamente, o tronco, os braços e as pernas com grande lentidão mas com muita flexibilidade e ritmo. Os golpes, os socos contra o tal inimigo imaginário são precisos e o corpo está sujeito a um total controlo da mente. Os músculos estão soltos, cada gesto organizado faz parte de uma série complexa de exercícios que podem ter 24, 32 ou 64 movimentos. Só os craques se aventuram no taijiquan 64 ou ainda no mais completo de todos, o de 88 movimentos. A respiração é calculada, o que reforça o controlo subjectivo do sistema nervoso e a velocidade de circulação do sangue. Surpreende a agilidade e aparente simplicidade com que tudo é executado. Há pessoas com mais de sessenta anos que levantam o pé com facilidade e tocam com ele na testa. O taijiquan é uma prática desportiva praticada todas as madrugadas e manhãs por dezenas e dezenas de milhões de chineses. Esta forma de entender o desporto como educação e equilíbrio entre corpo e espírito tem raízes profundas na filosofia chinesa, na tão difícil arte de saber viver.


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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 503/AI/2016

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público, de acordo com o n.º 4 do ponto 5.º dos Regulamentos para a prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como auditor de contas, contabilistas registado e técnico de contas, elaborados nos termos do artigo 18.º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, do artigo 13.º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e da alínea 3) do artigo 1.º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que se encontra afixada, na sobreloja da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande nºs 575, 579 e 585, e colocado no respectivo “Web-site”, no local à CRAC e para efeitos de consulta, a lista provisória dos candidatos à prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como Auditor de Contas, Contabilistas Registado e Técnico de Contas no ano 2016, elaborada e homologada por deliberação do Júri designado para o efeito. Em caso de dúvidas, agradecemos o contacto com a CRAC, durante as horas de expediente, através do telefone número 85995343 ou 85995344.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 12 de Setembro de 2016 O Presidente do Júri, Iong Kong Leong

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LU ZHAOYUN, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.º W46391xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 145/DI-AI/2013 levantado pela DST a 11.12.2013, e por despacho da signatária de 19.09.2016, exarado no Relatório n.° 608/DI/2016, de 06.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Pequim n.º 36, Edf. I Chan Kok, 9.º andar B.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo DecretoLei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Setembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 508/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 509/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAM SOI KAI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 50456xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 3/DI-AI/2015 levantado pela DST a 09.01.2015, e por despacho da signatária de 14.09.2016, exarado no Relatório n.° 547/DI/2016, de 06.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Luis Gonzaga Gomes n.° 136, Edf. Lei San, 15.° andar E onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo DecretoLei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor HU CHUANZHONG, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W87663xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 3.1/DI-AI/2015 levantado pela DST a 09.01.2015, e por despacho da signatária de 14.09.2016, exarado no Relatório n.° 548/ DI/2016, de 06.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Luis Gonzaga Gomes n.° 136, Edf. Lei San, 15.° andar E.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo DecretoLei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Setembro de 2016.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Setembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 516/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAM SOI KAI, portador do Bilhete de Identidade de Residentet Permanente da RAEM n.° 50456xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 38/DI-AI/2015, levantado pela DST a 21.04.2015, e por despacho da signatária de 19.09.2016, exarado no Relatório n.° 617/DI/2016, de 12.09.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Luís Gonzaga Gomes n.° 136, Edf. Lei San, 7.° andar B, Macau onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. -----------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Setembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 529/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora KHUAT THI HAO, portadora do Passaporte da Vietnam n.° B7819xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 128.1/DI-AI/2013, levantado pela DST a 11.11.2013, e por despacho da signatária de 29.09.2014, exarado no Relatório n.° 707/DI/2014, de 10.09.2014, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Bruxelas N.° 169, Jardim Nam Ngon, Bloco 4, 7.° andar Q.----------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.-----------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Setembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


17 (F)UTILIDADES

hoje macau segunda-feira 26.9.2016

TEMPO

POUCO

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

MIN

26

MAX

32

HUM

60-90%

EURO

8.96

BAHT

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12) ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 86

PROBLEMA 87

UMA SÉRIE HOJE

SUDOKU

DE

C I N E M A

1.19

CAVALOS DE CORRIDA

EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10)

Cineteatro

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “INSPIRAÇÃO INOVADORA”, DE MAK KUONG WENG Jardim Lou Lim Iok (até 16/10)

EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10)

0.22

Já tenho uns quantos anos, mas há ainda muitas coisas que me faltam descobrir. Desde que aqui vivo, que é desde que me conheço como gato, que, sempre que passo em frente ao Jockey Club na Taipa, me questiono que tipo de actividade se passam lá. Ouvi falar em corridas de cavalos e apostas, não percebia muito bem o que é que isso queria dizer. Decidi então acabar com a dúvida e fui espreitar, no sábado, quais as actividades que lá se passavam. Mal entrei senti um cheiro estranho, nunca tinha sentido antes. Explicaram-me que era o cheiro dos cavalos. Queria muito ver as corridas, até porque já as tinha visto nos filmes e aquilo tem uma áurea clássica, quase romântica. Subi ao balcão e, lá ao fundo, consegui ver uns senhores muito pequeninos, que são os jockeys e que são quem monta os cavalos. Quando correm, é difícil distinguir uns dos outros, por isso, usam cores garridas e “caps” que são todos diferentes. Assim, os apostadores conseguem perceber em quem “depositaram” as suas esperanças, para o bem e para o mal. O único senão da prova é que a corrida propriamente dita é muito rápida. São uns segundos de adrenalina, mas eu não queria ser o cavalo daquela corrida. Muito stress, muito calor e não deve ser nada bom ter o freio “entalado” na garganta. Ainda assim, foi uma experiência e agora já posso dar a minha opinião de gato informado. Mas vou guardá-la para mim, porque apesar deste ser um artigo de opinião, a minha costela de jornalista veio ao de cima. Pu Yi

“QUANTICO” (JOSHUA SAFRAN)

Uma série que segue um grupo de jovens recrutas do FBI com todas as suas experiências, mas que segue também esses mesmos jovens quando são já agentes formados. Um deles (ou será que são mais?) está envolvido no maior ataque terrorista desde o 11 de Setembro. Numa catadupa de flashbacks, percebe-se que há alguém que não está a dizer a verdade. Ou será que ninguém está? Joana Freitas

EQUALS SALA 1

EQUALS [B]

Filme de: Drake Doremus Com: Kristen Stewart, Nicholas Hoult, Guy Pearce, Jacki Waever 14.15, 17.45, 21.30

NINE LIVES [A]

Filme de: Barry Sonnenfeld Com: Kevin Spacey, Jennifer Garner, Christopher Walken 16.05, 19.45 SALA 2

SULLY [B]

Filme de: Clint Eastwood, Aaron Eckhart Com: Tom Hanks 14.15, 16.00, 17.45, 21.45

TRAIN TO BUSAN [C]

FALADO EM COREANO LEGENDADO

EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 19.30 SALA 3

BLAIR WITCH [C]

Filme de: Adam Wingard Com: James Allen McCune, Brandon Scott, Callie Hernandez 14.30, 18.00, 21.30

S STORM [C]

FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: David Lam Com: Louis Koo, Julian Cheung, Vic Chou, Ada Choi 16.15, 19.45

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau segunda-feira 26.9.2016

GONÇALO PESSA Esquerda.net

EPOIS do caso da contratação de Maria Luís Albuquerque pela Arrow Global, voltamos este Verão a ver um militante do Partido Social Democrata a passar a porta que nunca para de girar entre o poder político e a alta finança. A contratação de Durão Barroso pela Goldman Sachs deixou-o de baixo de uma chuva de críticas, até agora 63 mil pessoas assinaram uma petição exigindo regras mais restritivas sobre as carreiras de ex comissários europeus e 140 mil pedem que sejam tomadas medidas exemplares contra Durão Barroso, nomeadamente a suspensão da sua pensão paga pela comissão europeia1. Em resposta, Jean-Claude Junker reiterou à Provedora da Justiça da UE que Barroso passaria a ser recebido na Comissão, “não como ex-presidente, mas como lobista”. Mas qual é o problema de titulares de cargos de decisão política seguirem as suas carreiras profissionais como e onde mais lhes convier depois de abandonarem essas funções? Bom, para o PSD parece não haver problema nenhum. Recordemos como Pedro Passos Coelho ficou orgulhoso do valor de Maria Luís Albuquerque “ser reconhecido por uma empresa importante (...) e que, normalmente, só recruta gente com prestígio e valor” a propósito da relação bem lucrativa entre a ex-ministra das finanças e um fundo que especula sobre dívidas soberanas, e não nos esqueçamos do “espectáculo que não abona nada em favor das instituições europeias” que Luís Montenegro viu na retirada de mordomias pela Comissão Europeia ao agora administrador do maior banco de investimento do mundo. De facto, observando o historial das relações dos maiores partidos com a alta finança, percebemos que saltitar entre funções públicas de decisão política e altos cargos nos sectores que, directa ou indirectamente, se tutelou não só não parece ser um problema para os maiores partidos, como de tanta prática passou a quase-regra. Para 363 militantes partidários de PSD, PS e CDS, a nomeação ou eleição para um cargo político foi o melhor investimento nas suas carreiras profissionais. Mas, para quem nunca teve nem pretende ter a sua carreira profissional agenciada por partidos e pelo poder político, a promiscuidade entre o poder económico-financeiro e o político é um perigo óbvio para a sociedade e para a democracia. A este propósito, sintetizo aqui 3 das principais e mais preocupantes razões sobre o novo emprego de Durão Barroso. 1. Privilégio para o sector financeiro no processo do Brexit. A Goldman Sachs, em

PEDRO ALMODÓVAR, MATADOR (1986)

D

Barroso à imagem da UE

conjunto com outros 4 mega-bancos de investimento, aliou-se ao governo britânico para assegurar que Londres continue o centro financeiro internacional que é. É óbvio que a lista de contactos que Durão Barroso criou enquanto presidente da Comissão Europeia será muito útil à Goldman Sachs para condicionar o processo do Brexit e assegurar que os capitais continuem a circular livremente, que as condições para atividades especulativas perdurem e que, no fundo, o processo de desvinculação do Reino Unido da UE seja feita com os interesses do setor financeiro em primeiro plano. 2. Menor capacidade regulatória sobre o sistema financeiro. É sabida a aversão da banca de investimento à regulação financeira. Ora

Qual é o problema de titulares de cargos de decisão política seguirem as suas carreiras profissionais como e onde mais lhes convier depois de abandonarem essas funções?

quando a Goldman Sachs, paladina da desregulamentação total dos mercados financeiros e fundamentalista da livre circulação de capitais, conta nas suas hostes com o presidente da Comissão Europeia que participou no desenhou e na negociação da estrutura da regulação na Europa, passa a conhecer com detalhe cada ponto fraco dessa regulação. Por exemplo, em 2013 a Comissão Europeia, na altura presidida pelo senhor Barroso, propôs a criação de uma “European Union financial transaction tax”, a ser introduzido no início de 2014. Entretanto, por falta de vontade dos países-membros, o processo tem vindo a ser adiado. Com Barroso como administrador, a Goldman Sachs passa a conhecer os meandros da negociação deste imposto e pode eventualmente bloquear a sua instituição caso a discussão da sua aprovação ganhe força. 3. Menos Democracia, Mais Crise. Numa União Europeia de desenvolvimento divergente, que segue uma tendência de concentração de poder e riqueza no centro da Europa e de esvaziamento da democracia dos estados, este é mais um episódio que aclara a promiscuidade que existe entre a UE e os grandes negócios do capital financeiro. Recordemos como há três meses atrás a Goldman Sachs foi considerada culpada pela

justiça norte-americana de vender gato por lebre no mercado de títulos garantidos por hipotecas, ficando provado que a sua especulação em torno da qualidade destes títulos contribuiu de forma decisiva para a bolha do sector imobiliário que produziu a grande recessão de 2008. Apesar da sua história de actividades fraudulentas, a quantidade de dirigentes de instituições europeias que passaram pela Goldman Sachs é extensa, de Van Miert a Mário Draghi, de Mário Monti a Carlos Moedas. Uma Europa que pune os seus cidadãos com austeridade e empobrecimento em resposta à crise financeira, e premeia os seus dirigentes com enormes remunerações nas grandes corporações que nos conduziram a esta crise é uma Europa disfuncional e sem futuro. Se julgamos que ainda vamos a tempo de a curar desta perversão, é preciso acabar com as portas giratórias, aumentando o período de nojo em que um ex-dirigente da UE não possa trabalhar para empresas privadas de sectores estratégicos ou sectores que tutelou directa ou indirectamente, bem como devolver aos estados a soberania sobre os seus sectores financeiros, subordinando os seus interesses aos interesses dos povos europeus. A dúvida é mesmo se ainda vamos a tempo.


19 hoje macau segunda-feira 26.9.2016

OPINIÃO

macau visto de hong kong

N

O passado dia 12 o website de Hong Kong “www.stheadline.com” divulgou uma notícia sobre um conflito entre Albert Leung Sze Ho e a Ordem dos Advogados. Albert é advogado e foi processado pela Ordem porque queria exercer uma segunda profissão como terapeuta de escultura corporal. A Ordem dos Advogados de Hong Kong é o organismo responsável pela regulamentação desta actividade na cidade. Na área de consultoria jurídica existem dois grupos profissionais, os advogados e os solicitadores. De uma forma geral, o solicitador é responsável por compra e venda de propriedades, testamentos, recrutamentos e trabalho documental, ao passo que o advogado se ocupa do contencioso. O advogado, que também pode ser designado como causídico ou patrono, representa o seu cliente em Tribunal. Em Hong Kong estes dois grupos são representados por duas organizações diferentes, os advogados pela Ordem e os solicitadores pela Sociedade Legista de Hong Kong. O litígio teve início quando Albert apresentou um requerimento à Ordem na esperança de ser autorizado a exercer uma segunda profissão como terapeuta de escultura corporal. A escultura corporal é um tipo de Naturopatia que pretende corrigir a postura do corpo, através de métodos não dolorosos, eficazes e não-invasivos. Este conjunto de técnicas e de tecnologias terapêuticas surte efeito imediato. Esta técnica destina-se a corrigir distorções do esqueleto, nomeadamente da coluna vertebral e da anca, podendo eliminar ou atenuar corcundas, dores dorsais, torsão da cintura, desnível dos ombros, pernas com comprimentos diferentes, seios desiguais, pregas no pescoço etc. A formação de terapeutas nesta área não tem limite de idade, nem requer qualquer especialização em particular. Independentemente da formação académica, é possível candidatarmo-nos ao curso e passar a adquirir esta competência. Em Hong Kong, quando um advogado pretende exercer uma segunda profissão é necessário que solicite com antecedência autorização da Ordem. Se tal não for feito, é considerado violação da conduta profissional e incorre numa acção disciplinar. A remoção da carteira profissional é a penalização mais grave que pode ser aplicada, ficando consequentemente impedido de exercer advocacia. Albert apresentou este pedido, mas viu-o recusado pela Ordem. Os parágrafos 4 e 23 do Código de Conduta da Ordem dos Advogados consagram os princípios mais relevantes desta matéria. O parágrafo 4

Acumular carreiras TAYLOR HACKFORD, THE DEVIL’S ADVOCATE

DAVID CHAN

Em Hong Kong, quando um advogado pretende exercer uma segunda profissão é necessário que solicite com antecedência autorização da Ordem. Se tal não for feito, é considerado violação da conduta profissional e incorre numa acção disciplinar. estipula que os advogados devem, acima de tudo, manter a sua dignidade e reger-se pelo código de conduta profissional. O parágrafo 23 estipula que a advocacia deverá ser a principal ocupação dos membros. Caso alguém queira dedicar-se a uma segunda ocupação, esta nunca poderá prejudicar os interesses dos clientes.

A Ordem dos Advogados considerou que a terapia de escultura corporal não é compatível com o exercício do direito e, por isso, o pedido apresentado por Albert foi recusado. O Secretário Honorário do Conselho da Ordem descobriu que a escola de terapia de escultura corporal em que Albert se tinha inscrito pertencia a uma empresa

privada de Hong Kong, e que para ingressar no curso apenas era necessário o ensino secundário. Foi ainda apurado que esta escola disponibiliza diversos mini-cursos na área das terapias e da cosmética. Na sequência do indeferimento ao seu pedido, Albert apelou da decisão. Alegou, em primeiro lugar, que esta infringe o Artigo 33 da Lei de Bases de Hong Kong que confere aos cidadãos o direito à livre escolha da carreira; e, em segundo lugar, alegou que a Ordem não tinha apresentado razões válidas para sustentar a sua recusa. Como o caso está a decorrer no Tribunal de Recurso de Hong Kong, é preferível não emitirmos opinião sobre as partes em litígio. Limitemo-nos a considerações de ordem geral. As questões que mais preocupam as pessoas nestas matérias são os honorários dos advogados, pagos através de taxas de justiça, e a qualidade dos serviços legais. O direito de aprovar, ou rejeitar, o exercício de uma segunda profissão está reservado à Ordem. É fácil de entender que ninguém fica satisfeito se vir os seus rendimentos serem controlados por outrem. O rendimento de um advogado advém das taxas de justiça e de outras fontes. Se porventura o advogado não obtiver rendimentos suficientes de outras fontes, e não tiver fortuna pessoal, é-lhe difícil manter-se dignamente. Se a fonte de outros rendimentos for limitada, a probabilidade de o advogado aumentar os seus honorários é alta. Embora não tenhamos acesso a números que o provem, suspeitamos que esta é uma das razões para as taxas de justiça serem tão elevadas em Hong Kong. Por outro lado, temos de respeitar a decisão tomada pela Ordem. É absolutamente correcto afirmar que a Ordem é o órgão apropriado para defender a reputação e a dignidade da profissão. Se esta não o fizer, quem o fará? Não há dúvida que exigir aos seus membros que mantenham a dignidade e elevados padrões de conduta profissional é uma atitude correcta. Os clientes só beneficiarão com isso e a qualidade do serviço é defendida. É natural que a maior parte das pessoas queira taxas de justiça baixas e uma qualidade de serviço elevada. Desta forma um maior número poderá ter acesso à justiça. Contudo, taxas baixas podem lesar os interesses dos profissionais, até porque esta é uma carreira que exige muita dedicação. Rendimentos baixos nunca são desejáveis. O ideal será implementar-se taxas razoáveis de forma a contentar todas as partes envolvidas. Será que a decisão da Ordem infringiu o direito à livre escolha de carreira? Esta é uma resposta que só pode ser dada pelo Tribunal, e não por nós. Esperemos pela sua decisão. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


cristal de água/esta nascente/curva de corpo/formada/na pureza/destas fragas/não é bastarda/ nasceu/em pranto/e desassossego/rompeu/caminhos/nascentes/nos olhos/do horizonte/fonte da vida/verbo e ser/consequente” Alberto Eduardo Estima de Oliveira

PRIMEIRO CASO DE COCAÍNA LÍQUIDA EM MACAU

A Polícia Judiciária detectou aquele que é o primeiro caso de transporte de cocaína em estado líquido para o território. O suspeito é um homem do Peru, que passou por Abu Dabi e Banquecoque antes de entrar em Macau. A cocaína, cujo destino era Hong Kong, valia no mercado dez milhões de patacas. O homem carregava meia centena de sacos no corpo, que totalizavam 1,6kg. Foi em São Paulo, no Brasil, que o homem engoliu a droga – a mando de um homem no Peru, segundo as autoridades. A PJ diz que o suspeito confessou ter sido a segunda vez que traficou drogas para Macau sob ordens do mesmo grupo. Receberia cinco mil patacas por este transporte.

POLÍCIA DEIXA ARMA EM SANITÁRIO PÚBLICO

Um cidadão de Macau encontrou uma arma de um polícia num sanitário público. O caso ocorreu no dia 21 deste mês, de acordo com a publicação Macau Concealers, e o homem que encontrou a pistola – nos NAPE – fez uma denúncia às autoridades. Segundo um comunicado da PSP, divulgado dois dias depois do caso vir a público, a arma pertencia a um agente da Divisão de Tráfego, que se esqueceu da arma “descuidadamente” depois de ir à casa de banho. A PSP diz que o polícia começou a trabalhar em 1999. O organismo já iniciou um procedimento disciplinar.

AEROPORTO NOVO RECORDE EM SETEMBRO

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Mais de 630 mil passageiros passaram pelo aeroporto de Macau em Setembro, “o mês mais movimentado de sempre” em quase 21 anos de operação, foi anunciado. Os 630 mil passageiros representam um aumento de 10% em relação a Agosto de 2015, segundo um comunicado da administração do Aeroporto Internacional de Macau. Mais de cinco mil aviões passaram pela pista do aeroporto, ou mais 2,8% do que há um ano. No acumulado desde Janeiro, o aeroporto regista este ano um total de 4,8 milhões de passageiros e 42 mil movimentos de aeronaves, mais 16% e 5% comparando com igual período de 2015. Os três maiores mercados, divididos em interior da China, Taiwan, e sudeste asiático, apresentaram crescimentos de 2,5%, 21% e 24%, respectivamente. Os passageiros em trânsito registaram um crescimento de 50% e representam actualmente 10% de todos os movimentos, segundo o comunicado. O Aeroporto Internacional de Macau fechou 2015 com um recorde anual de mais de 5,8 milhões de passageiros, um aumento de 6,4% comparativamente a 2014, segundo dados revelados em Janeiro.

segunda-feira 26.9.2016

VISITANTES AOS MILHÕES

RECEITAS DAS OPERADORAS DESCERAM EM TODOS OS SECTORES

Uma triste crise

N

ÃO foram apenas as receitas do Jogo que baixaram em 2015, mas todo o sector a ele afecto sofreu baixas. Dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) indicam que as receitas de restauração e até de câmbios de moeda caíram mais de 10%. No ano passado, as receitas globais das operadoras foram de 233,23 mil milhões de patacas, menos 34,1% face a 2014. A maioria (231,5 mil milhões) diziam respeito a receitas de Jogo, que tiveram uma queda semelhante às receitas globais. Mas, e como também aconteceu com o sector hoteleiro,

estas não foram as únicas quedas registadas em 2015. O dinheiro acumulado pela restauração baixou em 10,6%, tendo as receitas totalizado 548 milhões de patacas, e com o câmbio de moedas caiu 24,6% (76 milhões de patacas em receitas). As despesas globais do sector cifraram-se em 101,87 mil milhões de patacas, tendo diminuído 32,5% em relação a 2014. As despesas foram principalmente para compras de mercadorias, comissões e ofertas a clientes, tendo caido 45,1%, para 56,99 mil milhões de patacas. “Entre as despesas de exploração, as efectuadas em bens e serviços proporcionados gratui-

tamente a clientes, por exemplo alojamento em quartos de hotéis e restauração, situaram-se em 9,81 mil milhões de patacas, diminuindo 14,1%, em termos anuais, enquanto as despesas realizadas em marketing e publicidade foram de 3,91 mil milhões de patacas, descendo 27,6%”, indica ainda a DSEC. Em sentido inverso, as despesas com funcionários subiram em 5%, para quase 20 mil milhões de patacas. Dados do início do ano mostravam que, apesar de haver menos empregados na indústria do Jogo, eram mais bem pagos: eram 56.217 (menos 3% do que no ano anterior), mas com salários que subiram mais de 4%. J.F.

ENTENA AUTORIDADES ESCONDEM NOME DE AGÊNCIA DE VIAGENS

A

S autoridades rejeitam dar o nome da agência de viagens de turismo envolvida no acidente com um autocarro de turismo na Rua da Entena. O HM tenta, há mais de um mês, saber qual a empresa envolvida no acidente que vitimou mais de 40 pessoas, mas depois das questões deste jornal serem constantemente passadas de departamento para departamento – por “não serem da competência” dos diversos serviços envolvidos, a PSP rejeita dar a informação. Desde poucos dias após o acidente do início de Agosto que o HM tenta saber a quem

pertencia o autocarro de turismo que transportava turistas de Shenzhen. Da PSP, as nossas questões foram enviadas para a Direcção dos Serviços de Turismo e daqui para a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes – tudo organismos que estão envolvidos no tratamento do caso. Depois destes, o HM foi novamente notificado para contactar a PSP, que finalmente respondeu, ainda que sem sucesso. “Face [a que] o caso a que refere se encontra na fase de instrução processual, esta Polícia não tem nada a referir neste momento”, indica uma resposta da PSP.

A autoridade não adianta mais detalhes, por exemplo se a “fase de instrução processual” é em tribunal ou interna à PSP. Segundo diversos comunicados do Governo, as situações respeitantes ao incidente estão a ser tratadas por acordos entre os turistas e a agência de viagens, que tem, segundo o Executivo, prestado auxílio no que concerne, por exemplo, à estadia dos turistas e familiares em Macau. Até agora é público que apenas o condutor está a ser acusado pelo Ministério Público, não se sabendo se a empresa irá também a tribunal. J.F.

Macau recebeu 20,44 milhões de visitantes entre Janeiro e Agosto, um valor semelhante ao registado no período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de visitantes do interior da China (13,56 milhões) e de Hong Kong (4,26 milhões) diminuiu 0,6% e 2,6%, respectivamente, em termos anuais. Já o universo de visitantes da Coreia do Sul (422.379) e de Taiwan (717.742) subiu 12,8% e 10,4%, respectivamente, face aos primeiros oito meses do ano passado. O número de visitantes de países mais distantes, como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido aumentou, de acordo com a DSEC. Só no mês de Agosto chegaram a Macau 2,88 milhões de visitantes – menos 5% em termos anuais e mais 3,1% em termos mensais –, dos quais 1,97 milhões oriundos da China (menos 5,5% em comparação com o mesmo mês de 2015). Macau recebeu no ano passado 30,71 milhões de visitantes, menos 2,57% face a 2014, registando a primeira queda anual desde 2009.

PARQUÍMETROS COM TROCO E PAGAMENTO ELECTRÓNICO

Vão ser substituídos cerca de 11 mil parquímetros em Macau. A operação, que será feita por fases, tem início já no próximo mês de Outubro. O anúncio foi feito na passada sexta-feira pelo director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, à saída da reunião do Conselho Consultivo do Trânsito. As novas máquinas estarão aptas a aceitar o tradicional pagamento em moedas e pagamentos electrónicos. A novidade é o facto das máquinas passarem a dar troco. Quanto ao aumento de preços, que foi discutido à porta fechada, ainda não há números definidos para as novas tarifas. Estão também programadas para este ano mais duas medidas na área do trânsito na RAEM. Por um lado, os autocarros terão um novo centro de inspecções com capacidade para 600 veículos diariamente e, por outro, o aumento de veículos em Macau será reduzido para uma meta de 3% ao ano, valor inferior ao que ocorre actualmente que está nos 3,5%. A operação de substituição dos parquímetros está a cargo da actual concessionária e não acarretará despesas ao orçamento público.


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