Hoje Macau 27 JAN 2016 #3501

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUARTA-FEIRA 27 DE JANEIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3501

JAMES GALWAY

Um sopro do coração

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hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

CRIME

Unidos pelo Jogo GRANDE PLANO

GOVERNO QUER RESOLVER CONFLITOS FAMILIARES SEM TRIBUNAIS

Juízos de fora O Governo quer criar um quadro jurídico sobre a conciliação familiar, através da revisão do Código do Processo Civil, para que a pressão nos tribunais possa ser aliviada. A matéria passa

pela formação de um plano piloto de mediação para que os casais consigam encontrar um consenso nos casos de divórcio. A iniciativa deverá avançar ainda este ano.

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UM | INSTITUTO

Executivo ignora caso PÁGINA 7 PUB

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EVENTOS


2 GRANDE PLANO

SEGURANÇA

PEDIDA REVISÃO DA LEI INFORMÁTICA

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director da PJ, Chau Wai Kuong, voltou a referir que é necessária uma revisão à Lei de Combate à Criminalidade Informática, implementada em 2009. Tudo devido à ocorrência frequente de burlas na área do jogo online praticadas por residentes da China. “Estamos em contacto com a polícia de Zhuhai para saber se há mais equipamentos disponíveis que podem ajudar nessa matéria. Estamos a pensar fazer uma revisão da lei da segurança informática para ver se podemos fazer algo sobre isto. As pessoas que cometem este crime talvez não sejam residentes de Macau e podem pertencer a associações criminosas. Estamos a propor aos nossos superiores para darem mais opiniões nessa área, para que haja algum efeito. Nos casos graves queremos que as penas sejam mais graves”, disse Chau Wai Kuong aos jornalistas à margem do encontro anual com a imprensa. Não foi avançado um possível calendário para a revisão da lei. A.S.S.

CRIMES LIGADOS AOS CASINOS VOLTAM A AUMENTAR

PERIGO QUE VEM DE FORA Os crimes de agiotagem e sequestro relacionados com o Jogo voltaram a aumentar em 2015, bem como o número de residentes da China envolvidos em delitos no território


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O

S casinos continuam a ocupar um lugar negativo ao nível da segurança. Dados apresentados ontem pela Polícia Judiciária (PJ) relativos a 2015 mostram que aumentaram o número de crimes de agiotagem e sequestro ligados aos casinos, um acréscimo que tem vindo a verificar-se desde 2013. Enquanto isso, há cada vez mais residentes da China envolvidos em crimes praticados no território, a maior parte deles também ligados ao sector do Jogo. A PJ estima que o aumento dos casos relacionados com o Jogo foi de 38%, especificamente “todos os crimes ocorridos dentro dos casinos”. “Registou-se uma subida notável dos casos de sequestro resultante de agiotagem para o Jogo”, apontaram ontem os responsáveis. O ano passado ocorreram 366 casos, face aos 65 detectados em 2014. No total, os crimes de Jogo passaram de 3023 em 2014 para 3658 no ano passado. Apesar disso, as autoridades garantem que fora dos casinos a segurança da população mantém-se. “A maior parte destes casos foi resolvida por iniciativa da PJ e muitos deles aconteceram dentro dos casinos, o que demonstra que este tipo de crime não afectou a segurança fora dos casinos”, apontou Chau Wai Kuong, director da PJ. No ano passado um total de 1737 pessoas envolvidas em crimes de Jogo foram apresentadas ao Ministério Público (MP), sendo que 966 destes casos estão ligados à agiotagem.

MAIS ESTRANGEIROS

A par deste aumento, a PJ verificou ainda um aumento do número de estrangeiros a praticar crimes em Macau. Os números mostram

CONSUMO E TRÁFICO DE ESTUPEFACIENTES DIMINUIU

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O ano passado este número subiu para 5560. Mais 26,6% destes suspeitos foram apresentados ao MP, enquanto que foi registado um aumento de 28,2% no número de pessoas vindas do continente que foram mesmo detidas. “A maior parte é residente da China e está envolvido em crimes de Jogo e de burla por via de estações emissoras simultâneas. Precisamos da cooperação com as autoridades da China para resolvermos estes casos com a maior brevidade”, disse Chau Wai Kuong. O director da PJ garantiu que as burlas de incitamento ao jogo

“Registou-se uma subida notável dos casos de sequestro resultante de agiotagem para o Jogo” POLÍCIA JUDICIÁRIA que estas pessoas vêm sobretudo da China continental: em 2014, foram 4621 os residentes do continente envolvidos em crimes.

4621

residentes do continente envolvidos em crimes em 2014

online, prática ilegal em Macau, continuam a ocorrer com frequência. “Este tipo de crimes acontece com frequência junto aos postos transfronteiriços e as estações emissoras simultâneas estão localizadas em edifícios altos. As pessoas aproveitam as trocas de rede para emitirem mensagens de telemóvel sobre o jogo online. Há casos de residentes da China que transportam estes equipamentos nas mochilas. Isto afecta a imagem de Macau”, rematou Chau Wai Kuong. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

5560

residentes do continente envolvidos em crimes em 2015

Insegurança dentro de portas PJ quer recrutar mais agentes para Investigação

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director da PJ, Chau Wai Kuong, admitiu ontem que são necessários mais agentes na área da investigação não só para responder ao aumento dos crimes de Jogo mas também do número de visitantes. Dos actuais 700 agentes, a PJ pretende atingir a fasquia dos 900, sendo que este ano deverão ser abertos dois concursos públicos de recrutamento.

“A PJ como órgão de execução da lei notou as mudanças no sector do Jogo. Houve um aumento do número de casos e aumentámos o número de pessoal nos trabalhos de fiscalização e reforçámos os trabalhos de investigação. Iremos destacar mais pessoal para o posto transfronteiriço Flor de Lótus para reforçar as nossas acções no Cotai. Temos uma relação íntima

com os seguranças dos casinos que nos informam imediatamente dos casos. Neste momento temos 700 investigadores mas queremos chegar aos 900”, disse o director da PJ. A falta de recursos humanos continua a ser uma realidade. “Em relação aos crimes nos casinos vamos aumentar mais pessoal na área da investigação para com-

bater estes crimes. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) já disse que este ano teremos pouco mais do que 30 milhões de turistas e muitos deles vêm da China continental. Claro que não teremos pessoal suficiente para tantos visitantes e precisamos de recrutar mais agentes que trabalhem durante 24 horas”, rematou Chau Wai Kuong. A.S.S.

PESAR de estar em marcha um aumento das penas ao nível do consumo de droga, a verdade é que o ano de 2015 registou uma quebra tanto ao nível do consumo como do tráfico. Os dados apresentados ontem pela PJ revelam que o houve apenas 85 casos de tráfico em 2015, uma queda de 17,5% face a 2014. A PJ destacou um caso resolvido em Dezembro, com a apreensão de 9,3 quilos de cocaína no valor de 25 milhões de patacas, bem como quatro outros casos detectados no Aeroporto Internacional de Macau. Apesar disso, o tráfico oriundo de Hong Kong tem sido uma realidade cada vez mais visível. “É de salientar que os crimes de tráfico de droga que envolvem residentes de Hong Kong têm vindo a aumentar em 2015, por isso a PJ irá estreitar os contactos com a polícia de Hong Kong”, apontou Chau Wai Kuong, director. A cocaína, heroína e metanfetamina foram as drogas mais apreendidas. Quanto ao consumo, registaram-se 50 casos em 2015, face aos 114 casos de 2014. Ainda assim, a PJ admitiu que “os crimes ligados a estupefacientes são praticados de forma muito encoberta, por isso a PJ irá continuar a deslocar-se no seio da comunidade e a efectuar acções de prevenção criminal. Ao mesmo tempo será melhorada a preparação do trabalho de investigação criminal e os equipamentos que ajudam na detecção de droga”. A.S.S.

MAIS INVESTIGAÇÕES E MAIS SUSPEITOS NO MP

O ano de 2015 trouxe à PJ mais 5,3% de processos para investigação, num total de 110.305 casos. Enquanto isso, foram encaminhadas para o Ministério Público (MP) 343 casos, mais 30,7% face ao ano de 2014. Tendo o ano fechado com apenas um homicídio, verificou-se uma estabilidade no número de crimes informáticos, que continuaram a ser de 600. Já as burlas diminuíram 13,8%.


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 27.1.2016

COMISSÃO DOS ASSUNTOS DAS MULHERES E CRIANÇAS PODE SER DIVIDIDA

O trigo do joio

O Governo estará a ponderar dividir os assuntos das mulheres dos das crianças. A ideia já foi defendida por vários organismos, mas até agora nada tinha sido feito. A ideia é muito bem recebida pelos agentes dos sectores

A

Comissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças que o Governo diz que vai funcionar este ano, e que no ano passado era só Comissão das Mulheres, poderá, afinal, ser alvo de nova reforma, antes sequer da aprovação da revisão do regulamento da Comissão, apontada para 2016. Fonte envolvida no processo avançou ao HM que “a Administração está a ponderar separar os assuntos”, criando um departamento exclusivo para mulheres e outro para as crianças.

A

Do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ainda não houve confirmação, mas o HM sabe que já começaram os primeiros contactos para atingir esta meta. Questionados sobre a possibilidade, os agentes activos da duas áreas mostraram-se felizes com a abertura do Governo para uma medida, dizem, que devia ter sido avançada há muito tempo. Rita Borges, assistente social na associação Be Cool, concorda. “Concordo, sim. Acho que haver a separação dos direitos das

S deputadas Ella Lei e Wong Kit Cheng querem ver garantido o direito de amamentação dos recém-nascidos em espaços públicos e exigem que o Governo elabore regulamentos ou instruções para a criação de salas de amamentação. As deputadas apresentaram o pedido ao Executivo através de interpelações escritas. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a amamentação é a forma ideal de alimentação para um bom crescimento dos bebés, sendo também importante para a saúde das mães”, começa por justificar Wong Kit Cheng. Citando informações dos Serviços de Saúde (SS), a deputada da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), lembrou que a taxa de amamentação

crianças e dos das mulheres é importante”, apontou a profissional. A dependência entre os dois grupos é inevitável, pois “deve sempre existir uma ligação, com a

mulher, o homem, a criança, o conceito de família”, mas também é importante que existam “departamentos separados que se foquem em cada um deles”.

“Não se percebe porque é que estes dois grupos estão juntos, parece-me que ganham a conotação de grupos mais fracos e que precisam de protecção. Não concordo que se parta deste princípio” MELODY LU DOCENTE DE SOCIOLOGIA NA UNIVERSIDADE DE MACAU

Para Christiana Ieong, presidente do grupo Zonta Club, esta hipótese vem ao encontro daquilo que tem vindo a defender, desde sempre. “Ficarei muito feliz se se confirmar esta vontade do Governo. Numa entrevista ao vosso jornal e em tantas outras ocasiões defendi esta separação. Todos precisamos disto”, argumentou.

SEPARAR AS ÁGUAS

Apesar de muitas vezes ligados, os assuntos das mulheres são diferentes dos das crianças e precisam de soluções adequadas a cada caso. É preciso, aponta Christiana Ieong, que “a mudança aconteça”. Esta possibilidade mostra “a postura de mente aberta da pasta dos Assuntos Sociais e, mais do que isso, um passo em frente na protecção da sociedade”. Com a abertura do Governo, as Organizações Não Governamentais (ONG), diz, devem “unir forças e trabalhar juntas”. Melody Lu, docente de Sociologia na Universidade de Macau (UM), acredita que esta seria a melhor decisão do

Deputadas querem regulação para amamentação em espaços públicos fronteiriços faz com que muitas mães tenham de amamentar os seus filhos nas casas de banho, por forma a evitarem olhares estranhos.

DA LOGÍSTICA

“O Governo referiu em Dezembro do ano passado que está a elaborar instruções para regulamentar a criação de salas de amamentação em espaços públicos, para além de estudar o limite de publicidade ao

leite em pó. Quais serão as exigências para os equipamentos nessas salas?”, questionou Ella Lei. Wong Kit Cheng frisou ainda que o Executivo já tinha referido que iria garantir a protecção da amamentação das trabalhadoras na Lei das Relações Laborais, mas aquando do processo de revisão do diploma não foi mencionada essa sugestão. Se a deputada da UGAMM defende que os Serviços de Saúde (SS) devem avançar com o projecto, Ella Lei espera que o Governo torne a criação das salas de amamentação algo obrigatório. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

SIO TAK HONG DEIXA CARGO NO COMITÉ

Obrigatório dar de mamar passou dos 55% em 2003 para os 88,73% em 2014, sendo que apenas 20% das mães em Macau continua a dar de mamar para lá dos seis meses. Wong Kit Cheng considera, contudo, que a decisão das mães de amamentar ou não depende não apenas do seu estado de saúde, mas também do apoio e aceitação da sociedade. Wong Kit Cheng referiu que não é satisfatório que existam poucos estabelecimentos com salas de amamentação. Já a deputada Ella Lei, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defendeu que a falta desses espaços em parques, restaurantes ou postos

Governo. “Antes de tudo, não se percebe porque é que estes dois grupos estão juntos, parece-me que eles ganham a conotação de grupos mais fracos e que precisam de protecção. Não concordo que se parta deste princípio, de ver as mulheres em desvantagem (...)”, apontou. É de facto necessário separar os grupos, diz, e uma das razões apresentadas pela socióloga é a ligação entre mulheres e crianças, pois implicará que “tudo o que se fizer é em nome da família”. Algo errado, porque separar permitirá trazer outros assuntos que só às mulheres correspondem e vice-versa. “Devem ser vistos [os grupos] de forma diferente”, apontou. A junção dos grupos é “assumir-se que o papel da mulher é na família”, algo também errado para Melody Lu. “Acho que colocarmos estes dois grupos juntos é assumir que a [Comissão] só servirá para assuntos de família”, rematou.

Sio Tak Hong, fundador-presidente da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau, pediu a saída do cargo de deputado à Assembleia Popular Nacional e do Comité Permanente da Conferência Consultiva do Povo Chinês, onde representava a província de Guangdong. A notícia foi dada ontem na reunião da Assembleia Popular Nacional, segundo o canal chinês da Rádio Macau, sendo que Sio Tak Hong apresentou a ideia já há três anos por “não esperar manter vários cargos ao mesmo tempo”. O empresário de Macau só foi, contudo, autorizado este ano. Sio Tak Hong continua, contudo, a ser representante de Macau na Conferência Consultiva e membro do Conselho Executivo da RAEM.


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Para convencer os casais a tratar do conflitos familiares fora dos tribunais, a DSRJDI vai avançar com um plano de mediação ainda este ano e fará uma revisão ao Código de Processo Civil

A

Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) afirmou que vai introduzir, através da revisão do Código do Processo Civil e do regime relativo às despesas com processos judiciais, um quadro jurídico sobre conciliação familiar. O assunto passará pela elaboração de um plano piloto, da responsabilidade do Instituto de Acção Social (IAS), que, avança, será lançado este ano. Numa resposta a uma interpelação escrita da deputada Wong Kit Cheng, que questionava o andamento da criação de um regime PUB

Concílio piloto

Mediação familiar Governo quer quadro jurídico no CPC

completo de mediação familiar e o aconselhamento da utilização da conciliação através da atribuição de um subsídio, Chu Lam Lam, directora da DSRJDI, disse que a intenção do Governo era diminuir a pressão nos tribunais. A responsável quer que a conciliação permita que os casais encontrem um consenso sobre a questão de divórcio, sendo que, com o acordo entre as duas partes, “será menor a acumulação de ca-

sos” nos tribunais. A directora da DSRJDI indicou ainda que, depois de encontrar consenso com o IAS, a direcção irá avançar com trabalhos de formação de mediadores e todas as situações serão acompanhadas pelo instituto. “Em Maio de 2015, três assistentes sociais e um profissional jurídico do IAS aceitaram fazer uma formação de conciliação em Hong Kong. A DSRJDI forneceu ainda formação jurídica especializada a

“Em Maio de 2015, três assistentes sociais e um profissional jurídico do IAS aceitaram fazer uma formação de conciliação em Hong Kong. A DSRJDI forneceu ainda formação jurídica especializada a mais de 20 funcionários da mesma instituição” CHU LAM LAM DIRECTORA DA DSRJDI

POLÍTICA

mais de 20 funcionários da mesma instituição”, indicou.

AVANÇAR AGORA

Para implementar de forma eficaz o regime de mediação familiar, a directora apontou que o IAS está a planear lançar um plano piloto ainda este ano. Acção que contará com a cooperação entre serviços públicos e instituições de serviço social. No que toca à criação do quadro jurídico, a responsável da DSRJDI revelou que o organismo irá fazê-lo através da revisão do Código do Processo Civil e do regime de despesas de processo judicial. Chu Lam Lam explicou que a redução de despesas do processo judicial nos tribunais é um dos modelos mais directos e eficazes para que as partes entrem em acordo. A deputada quis ainda saber se o Governo irá liderar ou apoiar as instituições de serviço social na organização de cursos de formação sobre a mediação familiar. A directora da DSRJDI afirmou que até à fase actual, o organismo não tem um plano para tal, mas tudo dependerá de situação real no futuro. “Podemos estudar um ‘modelo local’ de formação de mediadores”, apontou. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


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SOCIEDADE

INSTITUTO DA UM NÃO FOI INVESTIGADO. GOVERNO DIZ NÃO HAVER INDÍCIOS DE VIOLAÇÃO À LEI BÁSICA

Uma questão de entendimento

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Governo decidiu não avançar com qualquer investigação à Universidade de Macau (UM) e ao Instituto de Investigação Científica Tecnológica da UM em Zhuhai por considerar que não há indícios que apontem para violação à Lei Básica no relatório do Comissariado de Auditoria (CA) lançado o ano passado sobre a instituição. A criação deste Instituto “comportou graves riscos”, segundo o CA, e embora advogados tenham defendido ao HM que a transferência de fundos de Macau para a região vizinha sem autorização viola a mini-constituição da RAEM, o Executivo diz que houve uma interpretação diferente. “A alegada violação da Lei Básica corresponde a uma interpretação que todavia não encontra qualquer reflexo no relatório do Comissariado de Auditoria”, diz ao HM o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, tutela responsável pela UM.

PERSPECTIVAS

Juristas contactados pelo HM o ano passado defendiam que existiria, de facto, essa violação da Lei Básica, uma vez que haveria mais do que uma “alínea” a indicar que a UM não respeitou nem a mini-constituição, nem o Código de Procedimento Administrativo. De acordo com a Lei Básica, a RAEM é dotada de um sistema fiscal independente, sendo que nenhuma das suas receitas pode ser entregue ao Governo Central. O mesmo é dizer que “qualquer receita colectável em Macau só pode ser utilizada em Macau”, como indicava um jurista ao HM. De acordo com o relató-

R

ESPONDENDO ao HM, o Gabinete de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, frisa ainda que está a ser criada uma nova fundação para a Universidade de Macau, denominada “por Fundação da Universidade de Macau”. Esta virá substituir a Fundação para o Desenvolvimento da UM (FDUM), criticada pelo Comissariado de Auditoria (CA) por

rio do CA, contudo, o espaço foi precisamente criado com dinheiro público de Macau. “Os recursos financeiros para a criação do Instituto de Investigação são provenientes de transferências do orçamento da RAEM para a UM”, lia-se no relatório do Comissariado, onde se revelava que, só na fase inicial, foram injectados 1,3 milhões de patacas como capital de investimento. No total, 2,4 milhões de patacas foi o valor do orçamento apresentado para cobrir despesas de funcionamento dos primeiros três anos. Além disto, o que poderia ser uma excepção para a utilização destes fundos de Macau na China, não o foi, porque a UM não terá pedido autorização às autoridades da RAEM ou de Pequim para a criação do Instituto. Algo que, de acordo com os profissionais ouvidos pelo HM no ano passado, teria de ser feito, como aliás foi para a Ilha da Montanha. A decisão sobre os limites físicos do espaço onde a RAEM tem jurisdição na Ilha da Montanha – e onde foi investido dinheiro público, nomeadamente com o campus da UM – teve de ser publicado em Boletim Oficial “como anexo à Lei Básica” e o despacho, publicado em 2012, concedia precisamente o espaço do túnel e do campus da UM a Macau, mas só depois de uma decisão do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, que “delegou” estes poderes à RAEM. A criação do Instituto em Zhuhai, contudo, foi apenas deliberada pelo Conselho da UM, como indicava a análise do CA. “O Conselho da Universidade deliberou em 24/8/2011 [que] a

GONÇALO LOBO PINHEIRO

A opinião de alguns é que a transferência de fundos para a criação do Instituto de Investigação Científica Tecnológica da UM em Zhuhai viola a Lei Básica, mas o Governo optou por não investigar o caso, porque no relatório que espoletou esta ideia não estava claramente descrita esta “interpretação”

INTERPRETAÇÕES

“A alegada violação da Lei Básica corresponde a uma interpretação que todavia não encontra qualquer reflexo no relatório do Comissariado de Auditoria” GABINETE DO SECRETÁRIO PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

Para te ver melhor Universidade vai ter nova Fundação

não ter qualquer controlo sobre a gestão e os gastos da Fundação, que recebe doações. A FDUM foi criada de forma independente da UM, que é sua beneficiária, e não há qualquer relação jurídica entre ambas.

UM é autorizada a estabelecer em Zhuhai uma base de investigação científica, sob a forma de companhia limitada e com capital exclusivo da UM”. Ainda que, devido a problemas na obtenção de fundos da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China, o Instituto de Investigação tivesse de mudar a forma jurídica sob a qual foi criado, tendo passado a ser uma entidade privada não empresarial (pessoa colectiva) e, segundo o que garante a UM, “financiado por docentes da UM”, houve capitais da UM que foram usados para a criação do Instituto, o que, para os juristas contactados pelo HM em 2015, não deixava dúvidas: “A UM não pode constituir um instituto público - tipo ‘sucursal’ - em Zhuhai nem sem a autorização do Governo da RAEM, nem sem a autorização do Governo Popular Central. Nem pode investir dinheiros públicos da RAEM atribuídos à UM em Zhuhai. [Isso] viola a Lei Básica, logo é ilegal.”

Com a nova fundação, diz o Gabinete de Tam, será permitida a “supervisão pela UM”, sendo que os membros do órgão serão nomeados pela universidade. De acordo com o Governo, “todo o património da FDUM será trans-

ferido para a nova Fundação, na medida em que a actual Fundação será extinta” – até Fevereiro do ano passado mais de 800 milhões de patacas pertenciam a este organismo. O HM quis saber ainda se o Governo poderá ter mais poder de fiscalização sobre a Universidade, mas o Gabinete do Secretário respondeu apenas que os poderes do Governo são aqueles

Agora, e depois de diversas tentativas para perceber se haveria, de facto, necessidade de investigação, o Gabinete de Alexis Tam responde ao HM, frisando que não houve essa interpretação do relatório do CA. O HM tentou perceber junto do Ministério Público e do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) se estão a levar a cabo qualquer investigação, como órgãos independentes, mas não foi possível receber resposta. O Instituto foi criticado pelo CA por não ser possível à Universidade controlar os gastos ou ter qualquer poder hierárquico sobre ele, entre outros factores. A UM ponderou encerrá-lo, mas Alexis Tam referiu ao Jornal Tribuna de Macau, a semana passada, que a decisão será tida até Junho, não tendo adiantado pormenores sobre qual será. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

actualmente “elencados na lei que estabelece o regime jurídico da UM”, criado em 2006. Segundo o Jornal Tribuna de Macau, que avançou com a notícia na semana passada, a questão do alojamento dos professores – criticada por existirem docentes que recebiam casas mesmo tendo a sua própria no território – está a ser revista, sendo que estará concluída no “segundo semestre”. J.F.


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 27.1.2016

Frio EPM PROÍBE ALUNOS DE ENTRAR NA ESCOLA SEM UNIFORME

Trajes da discórdia

Uma nota da direcção da Escola Portuguesa de Macau no Facebook proibia os alunos de entrarem nas instalações sem o uniforme, depois destes terem usado roupas normais na segundafeira. Na prática a ordem não se verificou, tendo sido distribuídas peças suplentes do uniforme suplentes. “A escola e a associação de pais têm peças de uniforme suplentes e os que não vinham de acordo com as regras (uniforme por debaixo de agasalhos quentes) tiveram de trocar a roupa que traziam e vestir as peças que lhes foram entregues. Depois seguiram para as aulas”, disse.

DSEJ EMITIU ORDEM

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Escola Portuguesa de Macau (EPM) decidiu proibir a entrada aos alunos nas instalações da instituição de ensino que não tivessem o uniforme vestido. A informação constava numa nota publicada na página oficial do Facebook da instituição, que ditava que a ordem era para ser cumprida a partir de ontem. “Notou-se um abuso por parte de alguns alunos relativamente à ausência de uniforme, trocando as peças do mesmo por outras bem mais ligeiras, no dia 25 de Janeiro. No dia 26, terça-feira, todos os alunos deverão vir devidamente uniformizados, sendo permitido apenas um agasalho mais forte. Quem não cumprir esta directiva irá a casa vestir-se de acordo com a mesma e só depois poderá permanecer na escola”, pode ler-se na nota assinada pela direcção. Ao HM, o presidente da Associação de Pais da EPM, Fernando Silva, confirmou a existência de

um “pequeno desentendimento entre a escola e os estudantes” e referiu que poderia abrir-se uma excepção. “Hoje [ontem] avisaram que os alunos não entravam se não levassem os uniformes por baixo de roupas mais quentes. Se me pergunta, acho que a escola tem problemas mais graves para resolver. Nestes dias [de frio], que são poucos, esta questão podia entrar no esquecimento e podiam dizer para pôr uma roupa mais quente. Abria-se uma excepção”, frisou. Apesar de garantir que a associação não recebeu queixas de pais, a verdade é que o HM teve conhecimento da mãe de uma aluna que ponderou fazer queixa da decisão caso a entrada da sua filha não fosse aceite na EPM no dia de ontem, algo que não veio a acontecer. Zélia Mieiro, vice-presidente da EPM, confirmou ao HM que nenhum aluno foi proibido de entrar na escola e que, afinal, foram fornecidas peças de uniforme

“No dia 26, terça-feira, todos os alunos deverão vir devidamente uniformizados, sendo permitido apenas um agasalho mais forte. Quem não cumprir esta directiva irá a casa vestir-se de acordo com a mesma e só depois poderá permanecer na escola” NOTA DA DIRECÇÃO DA EPM

O caso começou depois da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) ter emitido um aviso em Chinês para que as instituições de ensino mantivessem o uso dos uniformes durante a semana, apesar do mau tempo. “A DSEJ publicou um aviso só em Chinês para alertar as escolas que tivessem cuidado com as baixas temperaturas e referiam que os alunos fossem mais agasalhados, mas com roupas por cima do uniforme. Sei que ontem (segunda-feira) alunos não levaram o uniforme e isso não é aceitável. Iam com roupas normais que não tinham nada a ver com a escola”, explicou Fernando Silva. “Pessoalmente, como presidente da associação de pais, enviei o aviso traduzido, porque a direcção da escola não sabia de nada e perguntei o que iriam fazer. O que a escola impôs é que por cima do uniforme pudessem usar agasalhos ou casacos. Esta é uma questão da escola, pessoalmente acho que o aluno se for bem agasalhado e levar o uniforme por baixo não terá problemas”, acrescentou o presidente da associação de pais.

De quem é a culpa?

Habitação Ho Ion Sang quer ampliar garantia dos edifícios

O

deputado Ho Ion Sang disse ao jornal Ou Mun que o Regulamento Geral de Construção Urbana deve ser revisto por forma a prolongar o período de garantia dos edifícios de habitação pública caso haja necessidade de reparação de problemas nas partes comuns dos prédios. Para Ho Ion Sang, a revisão do diploma deve ainda clarificar as responsabilidades sobre os problemas que se venham a verificar. “A qualidade dos projectos públicos não é boa e o Governo poderia ter mais tempo para melhorar questões de concepção dos edifícios, os concursos, a construção e a manutenção dos edifícios. Apesar de ainda não ter uma ideia sobre a criação de uma lista negra de empresas de construção, o Governo podia rever o Regulamento Geral da Construção Urbana para prolongar o período de garantia para manutenção”, apontou o deputado ao diário chinês. Neste momento o regulamento apenas prevê uma garantia de cinco anos para os problemas de estrutura e dois anos para problemas menos graves. “O Governo já disse que a revisão do regulamento iria ser feita entre 2009 e 2010, mas até hoje não foi avançada qualquer novidade. Por isso os empreiteiros dos projectos acham que não têm responsabilidades na manutenção dos prédios”, acusou Ho Ion Sang.

NA PRÁTICA

O deputado levantou a questão falando do exemplo do Edifício do Lago, na Taipa, que, apesar

do pouco tempo de construção, já tem problemas nas canalizações e de queda de azulejos. “Esta não é a primeira vez que o edifício tem problemas e os moradores afirmaram que têm receio. O Governo já verificou que existem problemas e pediu aos concessionários para garantir a manutenção do prédio, mas os problemas continuam. O Governo ainda não divulgou os resultados da avaliação e as informações são limitadas”, frisou o deputado. Ho Ion Sang falou ainda do facto de não terem sido concluídos os trabalhos de assinatura de contratos com os proprietários das fracções, existindo uma lacuna quanto ao estabelecimento de uma associação de moradores. Desta forma, os moradores não conseguem ter os seus direitos protegidos, defendeu o deputado. “Como o Instituto da Habitação (IH) é o administrador do edifício, deve discutir com o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) e os concessionários dos edifícios por forma a clarificar a responsabilidade dos problemas para que seja dada uma resposta aos moradores”, apontou Ho Ion Sang. Recorde-se que o IH disse que a queda dos azulejos se deu por causa do “estado do tempo”, que ficou mais frio recentemente. O subdirector da Instituição de Engenheiros de Macau não acha a explicação aceitável, dizendo que o problema tem a ver com negligência nos materiais utilizados. Tomás Chio

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MUDANÇAS A CAMINHO

Na calha, indicou ainda Zélia Mieira, estão alterações às roupas da escola. “Temos tido problemas na execução dos modelos escolhidos e temos estado a fazer algumas adaptações que terão de estar concluídas antes do Ano Novo Chinês, para conseguirmos concretizar o nosso projecto, de modo a que no ano lectivo de 2016/2017 os alunos do 1º, 5º, 7º e 10º anos possam começar o ano com uniformes novos e do agrado deles”, disse ainda ao HM. Andreia Sofia Silva

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COLOANE DSAT DIZ SER PRECISO MELHORAR ESPAÇOS PEDONAIS

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) não vai, para já, construir passeios na Estrada do Altinho de Ká-Ho, que dá acesso ao trilho de Coloane, mas assume a necessidade de mudanças. “Neste momento não é possível construir passeios na estrada devido aos constrangimentos geográficos. Além disso, tendo em conta os factores da gestão de terrenos e da renovação dos trilhos, é necessária uma pesquisa geral e um planeamento para a melhoria do ambiente pedonal”, apontou o organismo ao HM. Um leitor que habitualmente frequenta o trilho alertou o HM, através do envio de fotos, para a insegurança do local devido à ausência de passeios para quem caminha a pé, pedindo a intervenção da DSAT.


9 hoje macau quarta-feira 27.1.2016

SOCIEDADE

Canídromo APAAM DIZ TER DÚVIDAS SOBRE JUSTIFICAÇÕES PARA FECHO

E se não for bem assim? TIAGO ALCÂNTARA

A APAAM vai organizar um Carnaval Canino no Canídromo, já que a STDM “quer contribuir para a sociedade”, e garante que não há contradição na realização do evento e o pedido de encerramento do espaço. A Associação garantiu que dois galgos vão até estar disponíveis para adopção e diz estar de pé atrás com os factos apresentados pelas associações que apelam ao encerramento

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Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM) diz ter dúvidas quanto à veracidade dos factos que são evocados para pedir o encerramento do Canídromo. A Associação foi questionada pelo HM sobre uma actividade de adopção que vai realizar nas instalações da Yat Yuen e sobre se a escolha do local poderia entrar em conflito com o pedido de encerramento que tem vindo a ser defendido pelas associações de animais locais. Mas a APAAM garante que o Carnaval Canino não é novo e que o local sempre foi utilizado. Da mesma forma, a vice-presidente da Associação interroga-se sobre a veracidade dos factos que servem de justificação para os pedidos de encerramento do espaço. “Há quem diga nas redes sociais que os galgos do Canídromo são alvo de eutanásia quando não conseguem correr mais de três vezes. Mas a APAAM questionou o Canídromo sobre isso e a resposta indica que, na verdade, cada galgo tem um dono específico e não é o Canídromo que decide se o animal é ou não abatido”, começa por explicar ao HM Josephine Lau, vice-presidente da direcção da Associação. A forma como os galgos são tratados no espaço da Yat Yuen tem sido polémica

e motivou mais de 300 mil assinaturas e cartas ao Chefe do Executivo, onde é pedido o encerramento do espaço. Associações de animais locais, como é o caso da Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA, e organizações internacionais juntaram-se à causa, sendo que notícias da imprensa internacional – como a rede de televisão australiana que entrou com uma câmara oculta no local - dão a entender que os galgos não têm condições suficientes. Mas o Canídromo nunca respondeu publicamente às acusações, nem quando questionado pelos média. Também o Jockey Club tem sido alvo de pedidos de encerramento, ainda que mais ligeiros.

FACTOS APURADOS

Mas, os dois sítios são realmente “maus para os animais”, como são acusados? Josephine Lau diz ter dúvidas e necessitar de provas. “Não há provas que mostrem que essas [acusações] são correctas”, referiu ao HM, acrescentando que “existem até galgos reformados que continuam a ser cuidados pelo Canídromo, desde que os donos mostrem vontade de financiar” esses cuidados. Para a responsável, “todos acham que o Canídromo é problemático”, mas para a APAAM isso não é bem assim. “As leis de Macau é que são [problemáticas]”,

argumentou. “Há vários anos, o Canídromo contactou-nos para [ajudarmos] na adopção de galgos reformados. No entanto, os galgos têm apenas a licença de corrida e o IACM exige que haja licença de cão doméstico para serem adoptados. O Canídromo quer que encontremos treinadores de galgos para ter a licença de cão doméstico. Até ao momento, um já foi adoptado”, complementa Josephine Lau. Quanto à questão do pedido de encerramento – algo que não vai acontecer com o Canídromo pelo menos até ao final deste ano, já que o contrato foi prorrogado – a responsável acha necessário esclarecer os factos antes de tomar uma decisão. “Pensando no ângulo dos animais, sem dúvida, o encerramento [deve acontecer]. Se se considerar que o tratamento dado aos galgos é [de facto mau], então fecha-se a porta, mas se só for pela eutanásia não espero o encerramento, prefiro que não se permita a importação de mais galgos. Mas acho importante que, dentro de um a dois anos, se resolva esta questão, bem como se arranjem mais funcionários [para o Canídromo].” Questionada sobre se a organização do Carnaval Canino no espaço da Yat Yuen no Fai Chi Kei poderá influenciar a visão da APAAM, a responsável diz que não. Até porque, admite, o evento acontece há sete anos no mesmo local, tendo sido o convite feito pelo Jockey Club, diz a Associação. “[Ele] contactou primeiro com a APAAM”, porque quer “contribuir para a sociedade de Macau”. Assim, a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), proprietária, permite a utilização tanto deste local, como do Jockey Club. O Carnaval Canino da APAAM vai ser realizado no dia 31 de Janeiro no Canídromo e no dia 14 de Fevereiro no Jockey Club. Haverá jogos e vendas para caridade, sendo que o próprio Canídromo, diz Josephine Lau, vai permitir aos cidadãos brincarem com dois galgos, de forma a que estes possam ser adoptados. Joana Freitas (com Flora Fong) Joana.freitas@hojemacau.com.mo

MAIS UMA IDOSA FALECIDA POR “HIPOTERMIA GRAVE”

Mais uma paciente morreu na sequência de hipotermia, informaram ontem os Serviços de Saúde (SS). A mulher, de 65 anos, sofria de cirrose e insuficiência renal, sendo que deu entrada no Hospital Conde de São Januário por causa das baixas temperaturas que se fizeram sentir. É a segunda morte esta semana decorrente de hipotermia, depois de uma idosa de 88 anos ter também sucumbido. A senhora que ontem faleceu morava sozinha, dizem os SS, mas foi transportada pelos familiares ao hospital público, ainda que já em estado de “hipotermia grave”. Os médicos ainda tentaram a reanimação, mas sem sucesso. Até ontem, outras sete pessoas deram entrada nos dois hospitais de Macau com hipotermia.

MURALHAS DA CIDADE VANDALIZADAS

O troço das antigas muralhas da cidade foi vandalizado com graffiti, levando à destruição da estrutura em “chunambo”, um material utilizado em Macau feito de argila, areia, terra, palha de arroz, pedras e conchas, e “à imagem geral do monumento”. Num comunicado à imprensa, o Instituto Cultural diz que encaminhou o caso para as autoridades policiais, uma vez que é uma violação da lei a execução de “inscrições ou de pinturas no património cultural imóvel”. Durante o ano passado, o IC reforçou os “trabalhos da promoção e fiscalização, realizando cerca de 400 inspecções”.


10 EVENTOS

SIR JAMES GALWAY SOBE AO PALCO DO CCM ESTA SEXTA-FEIRA

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Dois ícones da música mundial - James e Jeanne Galway – estão em Macau. Na sexta-feira o casal de mestres fãs do Rigoletto vão estar no Centro Cultural de Macau, mas não sem antes falarem da vida e da música que os fez cá chegar

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AMES Galway é sinónimo de flauta. “Um som único, inesquecível, que, por mais anos que oiça, nunca conseguirei imitar”, confessa Jeanne Galway, a esposa do artista há 32 anos e, também ela, considerada uma das melhores flautistas mundiais. Os dois conheceram-se em 1978 em Nova Iorque era Jeanne uma estudante finalista. Um dia, o mestre que todos ouviam na rádio vinha visitá-los. Foi o delírio. “Trouxe aquela energia forte dele que a nossa classe tanto precisava. Lembro-me como se fosse ontem: entrou, abriu a mala e tirou de lá uma série de flautas douradas que distribuiu pelos mais de cem alunos. Depois tocou e nós maravilhámo-nos.” Quisemos saber o que de tão especial tem o som de Galway, mas Jeanne ficou sem palavras apesar da sua expressão de profundo encanto quase as dispensasse. James Galway veio em seu socorro: “Eu explico”, disse, “é assim”, continua, “muita gente limita-se a soprar para a flauta mas este instrumento requer muito mais do que isso”. Para ilustrar a sua ideia, dá o exemplo dos Beatles, começando a trautear os primeiros versos de “With a Little Help From My Friends”. “Se eu cantasse fora de tom, será que te levantavas e te ias embora?”. “O segredo é esse”, diz, “desafinar”, garante. “Algo apenas a acessível a executan-

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA OS 50 GRANDES ACONTECIMENTOS DA HISTÓRIA • Hugh Williams

São 50 factos essenciais que alteraram o curso da História, recordando Jesus Cristo, Henry Ford, Vasco da Gama ou a Internet. Compilados pelo prestigiado especialista britânico Hugh Williams, estes 50 momentos são basilares para compreensão da sociedade em que vivemos hoje, recheados ainda de apontamentos curiosos e factos históricos que nunca sonhou descobrir. Um livro repleto de personalidades, locais, batalhas e objectos, descritos com rigor e entusiasmo e tornando vivas as passagens mais marcantes da nossa História.

CCM

Um mito que não vem

tes como Pavarotti, Callas... Foi isso que fez deles o que são.”

NÃO HÁ TV, HÁ FLAUTA

Tudo começou para James por falta de melhor para fazer. Só havia rádio e a televisão ainda não tinha chegado a Belfast, pelo que as pessoas criavam o próprio divertimento. “Na minha rua havia um tocador de trompete, dois que tocavam clarinete, um tocador de banjo, gaita de foles, eu, com a flauta, e mais uma série de gente que cantava. Havia até um que a gente chamava de

Bing Crosby (risos). E assim passávamos o tempo.” Tinha menos de nove anos. Aos 11 já começava a levar o assunto a sério e aos 13 tocava em pequenas orquestras de escolas. Teve sempre professores mas foi o seu tio Joe - que “tinha paciência para o aturar” - que o ajudou a dar os primeiros passos. Já o tio tinha aprendido com o avô de Galway. Assunto de família, portanto.

“KARAJAN? ÉRAMOS OS DOIS BONS”

Mais tarde, aos 21 era solista na ópera de Londres

onde ficou seis anos, “até não aguentar mais”, como confessa, seguindo-se a Sinfónica da BBC, a de Londres e a Royal Philarmonic, onde esteve já como solista, chegando depois a Berlim ainda antes de completar 30 anos, altura que enfrenta o lendário Herbert Von Karajan. Quisemos saber como foi e a resposta não tardou: “Éramos os dois bons no que fazíamos por isso não houve problema. Assim consegui o emprego.” E o maestro gostou tanto do trabalho dele que até criou

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CONTOS CARNÍVOROS • Bernard Quiriny

Um botânico enamorado da sua planta carnívora. Um padre argentino que tem a faculdade de se desdobrar em corpos diferentes. Onze escritores mortos que o leitor nunca leu. Uma mulher-laranja que se deixa literalmente beber pelos seus amantes. Uma sociedade de estetas fascinados pelas marés negras. Uma tribo de índios da Amazónia que nenhum linguista compreende. E o extraordinário Pierre Gould, que ressurge incessantemente em diferentes trajes e disfarces…


11 hoje macau quarta-feira 27.1.2016

m de Hamelin Não é todos os dias que se pode ter um acesso destes a um mestre, a grande particularidade deste projecto, mas os dois também fazem mentoria com vários dos seus alunos. “Às vezes tenho umas 20 mensagens para responder no Facebook”, confessa Jeanne. Um curso que começa “mesmo do princípio”, diz James, “desde [aprender] como tirar a flauta do estojo sem a danificar.” E não há falta de interessados: “a flauta é como uma doença”, garante. “Há imensos miúdos loucos por tocarem flauta.” Há também não tão miúdos, como uma aluna que começou a estudar flauta aos 70 anos. De resto, o legado de James Galway parece bem entregue aos seus ex-alunos na filarmónica de Los Angeles ou na orquestra sinfónica da BBC. “Estão por todo o lado e a gravarem”, afiança-nos. programas especiais para destacar a flauta.

“VAMOS JÁ A CORRER”

James Calway tem feito parcerias com os mais variados músicos, como Elton John, Stevie Wonder ou BB King. “Só depois de estar em palco com eles percebi a diferença entre mim e estas grandes estrelas”, diz James . Mas tocar com Ray Charles foi memorável: “Que concerto! Impressionante, impressionante com letras grandes, garanto. Quando ele começou a tocar os primeiros acordes de Geórgia... Meu Deus”, diz entusiasmado. Além destes casos, Galway adora colaborar com outros artistas, mas o critério de escolha é bastante importante, como diz Jeanne. “Depois de tocar com mestres como Karajan, o nível dele é muito alto”, pelo que se torna necessário um conhecimento prévio antes de se partir às cegas numa tournée. Galway dá o exemplo do músico que os acompanha nesta deslocação a Macau, Phillipe Moll, que é alguém com quem já toca há muitos

anos. “Mas, claro”, diz Jeanne “se o Roger Waters e os Pink Floyd nos ligarem para ir gravar, aí vamos a correr e depois esperamos que corra tudo bem”, brinca. Trabalhar com este tipo de artistas é “uma experiência incrível”, garante Galway, “é impressionante como eles têm um grupo tão organizado, onde tudo bate certo. Bandas como os Pink Floyd, Supertramp, os Beatles, ou outras do género têm níveis de execução e de harmonia de conjunto ao nível dos melhores quartetos de cordas de música clássica do mundo”, assegura o mestre flautista.

NUNCA É TARDE PARA COMEÇAR

A paixão que o casal nutre pelo ensino é uma das suas características salientes, que se materializa na sua escola virtual online (firstflute.com) onde ensina estudantes de todo o mundo. “Um projecto que surgiu por não existir uma escola tradicional de flauta com violino ou piano”, diz Jeanne, e que foi idealizada como um complemento às aulas que os alunos têm com o seu próprio tutor.

O MITO DO APITO

Diz-se que começou por tocar um apito ainda criança, mas Galway desmente por completo e conta o que de facto aconteceu: já estava na Filarmónica de Berlim quando se juntou com uns amigos e alugaram o Queen Elizabeth Hall para assim ficarem com o dinheiro todo dos bilhetes. “Ganhámos imenso dinheiro”, lembra-se divertido. Correu tudo pelo melhor: casa cheia, público em delírio, imensos encores, mas às tantas o tocador de cravo decidiu não tocar mais, “que nem músico clássico”, acrescenta Galway ironizando. Assim, para contentar o público, resolveu tocar umas coisas num apito - assim nasceu o mito.

MÚSICA? BEETHOVEN SEMPRE

Jeanne prefere os compositores românticos italianos, mas James vira-se mais para Wagner e, acima de tudo, Beethoven, “Ele é o meu gajo! Oiço muito Beethoven.” Também ouve outras coisas, claro, mesmo que a flauta pareça estar sempre presente, pois recomendou-nos vivamente o último álbum do flautista canadiano de jazz Bill McBirnie,

que faz “um trabalho impressionante”, diz Galway, “do melhor que pode haver”. Antes de nos despedirmos, Jeanne desafiou-nos a assistir ao concerto para percebermos o tal som inconfundível de que fala e depois irmos explicar a sensação ao camarim. Dá para recusar? A noite de sexta feira está reservada para assistir às composições de Philippe Gaubert, Cécile Chaminade ou do mestre do Barroco Marin Marais, entre outras lendas da música, tocadas pelos que serão os melhores flautistas do mundo. O concerto acontece às 20h00 de dia 29, sendo que os bilhetes custam entre as 150 e as 300 patacas.

EVENTOS

USJ ACOLHE PALESTRA SOBRE POLUIÇÃO FLUVIAL

A Universidade de São José vai acolher uma palestra do Prof. WenXiong, docente de Ciências da Vida na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong. Em análise vai estar a poluição fluvial com metais, um problema emergente em muitos estuários na China devido ao processo acelerado de industrialização. Nesta palestra, o reconhecido académico vai reflectir e apresentar dados sobre poluição de metais nos estuários do Sul da China e o seu impacto nos organismos locais. O professor Wang é um investigador de renome em Bioquímica e toxicidade de metais nos organismos aquáticos. Recebeu, em 2002, o prémio para Cientistas Jovens Distintos no Exterior entregue pela Fundação Nacional de Ciência da China entre várias outras distinções nacionais e internacionais. A palestra decorrerá no próximo dia 29, sexta-feira, pelas 19h00 e tem entrada livre.

BISCOITOS DA CARIDADE

Numa acção de angariação de fundos para caridade, o Centro de Design de Macau (CDM) propôs à chefe pasteleira local Betty, formada pela Le Cordon Bleu, que produzisse uns biscoitos especiais e à Shidu Art que produzisse umas caixinhas à altura. O resultado são umas colecções de prendas de Ano Novo sob o tema “bênção” e que incluem um sortido de três tipos de sabores de biscoitos de manteiga. Os lucros serão entregues à Orbis para que, conforme adianta a organização, aquela ONG os aplique nas suas acções de apoio em curso nos vários países em desenvolvimento onde actua. As caixas custam 168 patacas cada uma e podem ser adquiridas directamente no CDM, Travessa da Fábrica, nº5, ou via email para info@dcmacau.com.

CICLO DE PALESTRAS NA CINEMATECA PAIXÃO

Saber criticar é preciso mas entender o crítico também. Joyce Yang, crítica de cinema, e membro da associação de críticos de Hong Kong, vem a Macau no final do mês propor uma reflexão sobre o papel dos críticos no processo cinematográfico. A palestra, intitulada “Cinema X Crítica X Público: As Relações Triangulares de um Filme” será a primeira de uma nova série organizada pela Cinemateca Paixão, que ainda funciona em regime experimental. Para as próximas sessões são de esperar temas como planeamento e coordenação de festivais de cinema, marketing de cinema, montagem, efeitos sonoros para cinema, arte cinematográfica, figurinos de cinema ou realização. No que toca a Joyce Yang, estará connosco no próximo dia 30 de Janeiro (sábado), das 15h00 às 17h00 horas. A entrada é livre mas os lugares são limitados, pelo que têm de ser reservados até ao meio dia de sexta-feira através de um e-mail para info.dpicc@icm.gov.mo.

PACHA PROCURA DJS PARA TOCAR EM FESTA DE MADONNA Para assinalar a vinda de Madonna a Macau, o Pacha está a seleccionar DJs para a festa pós-concerto. Se se sente à altura, basta enviar para o Pacha uma breve descrição onde explica porque deve ser o novo “Rebel Heart DJ” junto com uma demo com as suas melhores misturas (via Soundcloud, ou algo parecido). Um painel de juízes irá seleccionar os melhores, sendo que serão escolhidos dois finalistas. O vencedor entrará no cartaz da “Rebel Heart Tour After Party” a acontecer no Pacha, sábado dia 20 de Fevereiro. O texto de apresentação e a demo devem ser enviados para charlesherbert@sc-macau.com ou pacha@scmacau.com até às 23h59 do dia 6 de Fevereiro.


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 27.1.2016

Ano Novo TRADIÇÕES CHINESAS VÃO DESFILAR POR LISBOA

O macaco na capital

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S celebrações do Ano Novo Chinês vão animar a cidade de Lisboa, a partir de sábado, com um desfile na Avenida Almirante Reis e com espectáculos de cultura chinesa na Praça Martim Moniz e no Jardim da Estrela. “A celebração de Ano Novo Chinês é já, em todo o mundo, um cartão cultural da nação chinesa”, afirmou o presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses, Choi Man Hin, explicando que os festejos em Lisboa “fazem a comunidade chinesa sentir-se em casa e o povo português também tem a oportunidade de apreciar a cultura e costumes do povo chinês sem sair de Portugal”.

Na apresentação do programa de celebrações do Ano Novo Chinês em Lisboa, que decorreu ontem, Choi Man Hin disse que “este ano os festejos ficam ainda maiores, mais ricos e com um maior número de elementos envolvidos”, destacando a participação de dois grupos vindos da China, a Companhia de Dança Huajin da província de Shanxi e a Companhia de Performance de Chongquing. A dança do dragão, a troca de máscaras e acrobacias são algumas das manifestações culturais da China que vão desfilar na Avenida Almirante Reis, no sábado, às 11:00, com início na Igreja dos Anjos e terminando na Praça Martim Moniz, onde às

“Queremos compartilhar esta festa com a sociedade portuguesa, com o povo português, um povo que trata muito bem a nossa comunidade em Portugal” SHU JIANPING CONSELHEIRO CULTURAL DA EMBAIXADA DA CHINA

13:00 decorrerá a cerimónia oficial das celebrações com um espectáculo de três horas. No domingo, entre as 15:00 e as 16:30 vai realizar-se um espectáculo no Coreto do Jardim da Estrela. “Queremos compartilhar esta festa com a sociedade portuguesa, com o povo português, um povo que trata muito bem a nossa comunidade em Portugal”, sublinhou o conselheiro cultural da Embaixada da China, Shu Jianping, adiantando que existem cerca de 20 mil chineses a viver em Portugal e que cerca de metade desta comunidade chinesa concentra-se na área metropolitana de Lisboa. Segundo Shu Jianping, as celebrações do Ano Novo Chinês já se realizam há muitos anos em Lisboa, de uma forma organizada, apontando que “se calhar há mais de 20 anos” e há três anos consecutivos na Praça Martim Moniz, “onde se concentram muitos empresários chineses”.

ALFACINHAS ORIENTAIS

Para o vereador das Relações Internacionais da Câmara

de Lisboa, Carlos Castro, celebrar o Ano Novo Chinês “é já uma parte integrante da própria identidade da cidade”. Com um discurso de defesa da inclusão social na capital portuguesa, Carlos Castro considerou que, “à medida que os anos vão passando, a festa vai aumentado e a inclusão vai subindo”, e aproveitou ser o signo do Macaco que preside o novo ano para referir que a ambição é fazer crescer estas celebrações na cidade de Lisboa. “Sejamos lisboetas ocidentais ou lisboetas orientais, todos somos lisboetas e este é um festival da cidade de Lisboa para todos os lisboetas, independentemente do local onde nasceram ou para onde irão viver no futuro. Enquanto aqui estiverem, todos somos lisboetas”, afirmou o autarca, frisando que a relação entre Portugal e China tem cerca de 500 anos. Questionado sobre o investimento na organização das celebrações, o

autarca Carlos Castro disse não saber o valor investido, explicando que grande parte dos custos é suportada pela comunidade chinesa em Portugal, existindo também apoio da Embaixada da China. O Museu do Oriente, em Lisboa, tem previsto um conjunto de actividades subordinadas ao Ano do Macaco dedicado às tradições e cultura chinesas, que decorrerá de 7 a 21 de Fevereiro. O Ano Novo Chinês inicia-se a 8 de Fevereiro, sob o signo do Macaco, sucedendo ao ano da Cabra, que pontificou durante a maior parte de 2015.

O responsável da Embaixada da China referiu ainda que há outras cidades portuguesas que vão celebrar esta data do calendário chinês como Portimão, Póvoa de Varzim e Vila Nova de Gaia. “Queremos fazer chegar a nossa alegria a todos os cantos de Portugal. Acho que isto é uma demonstração das boas relações entre a China e Portugal”, defendeu Shu Jianping. De acordo com o conselheiro cultural da Embaixada da China, o Ano Novo Chinês é celebrado em “mais de 140 países do mundo e mais de 400 cidades no mundo”, referiu.

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BRASIL POLÍCIA RESGATA CINCO CHINESES EM CONDIÇÕES DE ESCRAVIDÃO Anúncio Concurso Público “Serviços de Inscrição de Actividades de Férias dos anos 2016 e 2017 organizadas pelo Instituto do Desporto e pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude” Faz-se saber que em relação ao concurso público para o «Serviços de Inscrição de Actividades de Férias dos anos 2016 e 2017 organizadas pelo Instituto do Desporto e pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 2, II Série, de 13 de Janeiro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do ponto 3 do programa do concurso, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos encontramse disponíveis para consulta durante o horário de expediente, no balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n.o 818, Macau. Instituto do Desporto, 27 de Janeiro de 2016. O Presidente, José Tavares.

INJECTADOS 440 MIL MILHÕES DE YUAN NO SISTEMA FINANCEIRO

O Banco do Povo da China (PBOC, banco central) injectou ontem 440 mil milhões de yuan no sistema financeiro do país, a maior operação do género desde Fevereiro de 2013. É a quarta injecção de liquidez consecutiva desde a semana passada e coincide com as vésperas das férias do Ano Novo lunar, um período marcado pelo aumento do consumo. As operações foram realizadas através de acordos de recompra (‘repos’), um mecanismo que pressupõe a recompra posterior dos títulos vendidos dentro de um prazo estabelecido. Desde que, no dia 19 de Janeiro, o Gabinete Nacional de Estatísticas revelou um crescimento da economia chinesa de 6,9% em 2015 - o ritmo mais lento dos últimos 25 anos - o PBOC efectuou quatro injecções de liquidez. A instituição justifica as operações com a necessidade de garantir liquidez no sistema financeiro durante a principal festa das famílias chinesas, que começa no dia 8 de Fevereiro. Ainda assim, a quantia injectada neste período supera em muito a do exercício de 2015, que se fixou em 80 mil milhões de yuan.

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polícia brasileira resgatou cinco cidadãos chineses que trabalhavam no Rio de Janeiro em condições de escravidão, durante uma campanha contra o trabalho ilegal, avançou ontem a agência oficial Xinhua, citando as autoridades do Brasil. Três dos homens trabalhavam numa padaria em Copacabana, o popular distrito na zona sul do Rio de Janeiro, enquanto os restantes dois serviam num armazém de produtos importados em Bonsucesso, no norte da cidade. De acordo com a Xinhua, os cinco homens terão afirmado que trabalhavam sem receber salário como forma de saldar uma dívida contraída ilegalmente e justificar a sua ida para o Brasil. O resgate faz parte de uma campanha lançada em 2013 pela polícia brasileira visando combater o trabalho ilegal nas vésperas dos Jogos Olímpicos que se realizam este Verão no Rio de Janeiro.

Até ao momento, cerca de 20 cidadãos chineses foram resgatados, a maioria a trabalhar em padarias. Em Dezembro passado, a polícia da China desmantelou uma rede de tráfico humano que introduziu de forma ilegal cerca de 3.200 chineses em vários países da América do Norte e do Sul. Segundo a imprensa local, a rede terá lucrado 220 milhões de yuan com o esquema de emigração ilegal, que envolveu sobretudo pessoas na casa dos vinte anos à procura de emprego.


13 REGIÃO

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Avenida da amizade Díli Presidente indonésio condecorado por estreitar de relações

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Presidente timorense, Taur Matan Ruak, condecorou ontem o seu homólogo indonésio, Joko Widodo, com o grande colar da Ordem de Timor-Leste em reconhecimento do seu papel no fortalecimento das relações bilaterais. A condecoração foi atribuída durante a visita de oito horas que Widodo efectuou a Timor-Leste, a primeira desde que tomou posse e a quinta de um chefe de Estado indonésio ao país. O grande colar da Ordem de Timor-Leste é um grau conferido apenas a chefes de Estado estrangeiros que se distingam “pela sua acção em benefício da comunidade, de um país ou mesmo da Humanidade”. “O presidente da Indonésia, Joko Widodo, tem pautado a sua actuação desde a sua tomada de posse pelo estreitar das boas relações de

amizade entre a República Democrática de Timor-Leste e a República Indonésia”, refere o decreto da atribuição da condecoração lido na cerimónia de ontem. “Joko Widodo, quer a título pessoal quer na sua qualidade como Presidente da República da Indonésia, tem-se assumido como um bom amigo de Timor-Leste e dos timorenses contribuindo significativamente para a boa imagem de Timor-Leste junto da comunidade internacional”, sublinha o mesmo texto. O Presidente timorense recorda em particular

a questão da delimitação das fronteiras marítimas e terrestres entre os dois países, que tem tido um “grande impulso” do actual Presidente indonésio e refere que Widodo tem contribuído para a crescente relação de amizade e cooperação entre os dois países.

COM POMPA E CIRCUNSTÂNCIA

Taur Matan Ruak recebeu Widodo com honras militares no Palácio da Presidência ,onde ofereceu depois um almoço de Estado ao seu homólogo indonésio, a quem reiterou a solidariedade de Timor-Leste

“contra o bárbaro ataque terrorista” cometido este mês em Jacarta. “A grande dignidade e coragem com que a população de Jacarta e da Indonésia respondeu a este ato bárbaro - recusando-se a ser intimidada - é admirável e merece ser saudada por todos nós”, disse. O chefe de Estado, que ao contrário do seu homólogo indonésio não tem, no sistema timorense, funções executivas, reiterou a vontade dos dois países trabalharem para “continuar a resolver problemas residuais, intensificar as exce-

“O presidente da Indonésia, Joko Widodo, tem pautado a sua actuação desde a sua tomada de posse pelo estreitar das boas relações de amizade entre a República Democrática de Timor-Leste e a República Indonésia” DECRETO DA ATRIBUIÇÃO DA CONDECORAÇÃO

lentes relações de amizade (...) e alargar a cooperação mútua”. Num discurso em português - língua em que também foi lido o decreto de atribuição da condecoração - Taur Matan Ruak considerou que o “processo de paz e reconciliação” entre Timor-Leste e o seu antigo ocupante “é expressão genuína do sentimento de respeito mútuo e vontade de paz”. Timor-Leste e a Indonésia, disse, “cooperam para promover e garantir, de forma conjunta, a paz, estabilidade e segurança na região”, contribuindo “para a atmosfera de confiança que permite focar esforços nas

prioridades de desenvolvimento, em busca de mais bem-estar e prosperidade” para os dois países. Além do tema das fronteiras - já há acordo em 98% da fronteira terrestre - o chefe de Estado timorense referiu-se à “cooperação ampla e eficaz” entre os dois países em sectores tão diversos como as áreas política, económica e comercial ou técnico-científica, e sectores de relevo como a educação, protecção do ambiente, energia, turismo e transportes.

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Anúncio Concurso Público «Serviços de Assistência Técnica do Kartódromo de Coloane gerido pelo Instituto do Desporto» Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 14 de Janeiro de 2016, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para os Serviços de Assistência Técnica do Kartódromo de Coloane gerido pelo Instituto do Desporto durante o período de 6 de Abril de 2016 a 5 de Abril de 2018. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, Macau, no horário de expediente, das 9,00 às 13,00 e das 14,30 às 17,30 horas, para consulta do processo do concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento da importância de $ 500,00 (quinhentas) patacas ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na área de download da página electrónica: www.sport.gov.mo. Os interessados deverão comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para tomar conhecimento dos eventuais esclarecimentos adicionais. O prazo para a apresentação das propostas termina às 12,00 horas do di1a 24 de Fevereiro de 2016, quarta-feira, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Em caso de encerramento deste Instituto na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $ 80 000,00 (oitenta mil) patacas. Caso o concorrente opte pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na Região Administrativa Especial de Macau e à ordem do Fundo do Desporto ou efectuar um depósito em numerário ou em cheque (emitida a favor do Fundo do Desporto) na mesma quantia, na Divisão Financeira e Patrimonial na sede do Instituto do Desporto. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 25 de Fevereiro de 2016, quinta-feira, pelas 9,30 horas, no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, Macau. Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas por motivos de tufão ou de força maior ou em caso de encerramento deste Instituto na hora estabelecida para o acto público de abertura das propostas acima mencionadas por motivos de tufão ou de força maior, a data e hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data da sua abertura. Instituto do Desporto, aos 27 de Janeiro de 2016. O Presidente, José Tavares.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

As contradições abundam nas palavras dos sábio. Mas isso, os nossos letrados não compreendem.

Perguntas a Confúcio –1&2

O

S nossos letrados têm o hábito de levar à letra os ensinamentos dos seus mestres, de venerar o passado, de julgar que as doutrinas dos sábios [antigos] são acertadas sob todos os pontos de vista. Assim, aplicam-se no estudo das suas doutrinas, mas sem o menor espírito crítico. E, no entanto, mesmo nos seus escritos mais reflectidos e refinados, os sábios se enganam por vezes – que dizer então dos seus discursos improvisados! Tais discursos comportam erros, mas os nossos letrados revelam-se incapazes de os criticar; mesmo quando tais discursos são acertados, o seu sentido apresenta-se por vezes difícil ou velado, e esses letrados continuam igualmente incapazes de se questionarem.

De facto, as contradições abundam nas palavras dos sábios e nos seus escritos. Mas isso, os nossos letrados não compreendem. * * * Os nossos especialistas são da opinião unânime que os setenta discípulos de Confúcio o fazem chegar aos nossos letrados pelo seu talento, mas tal é absurdo. Julgam extraordinários esses discípulos por terem tido Confúcio por mestre e, quanto um tal sábio transmite a sua doutrina, é porque o seu talento é necessariamente excepcional. Mas na realidade os Antigos eram dotados dos mesmos talentos que os nossos [sábios] actuais; simplesmente, qualificamos os últimos de “eminentes” e descrevemos os sábios da Antiguidade como “santos” ou “maravilhosos”. Eis a razão pela qual consideramos que os setenta discípulos [de Confúcio] foram únicos na história.

Se os nossos letrados tivessem Confúcio por mestre, seriam todos verdadeiros Yan Hui e Min Ziqian e, sem Confúcio, estes dois discípulos não teriam sido melhores do que os nossos letrados. Dou por prova o facto de os discípulos de Confúcio não lhe terem posto a quantidade suficiente de perguntas. Quando não conseguiam explicar completamente as suas doutrinas, ou representar-se de imediato as suas ideias, deviam tê-lo interrogado de seguida, para que Confúcio desenvolvesse o seu pensamento. E, quando não compreendessem verdadeiramente suas palavras, deveriam criticá-las, de modo a ir ao fim das coisas. Quando Gao Yao expôs as suas ideias ao Imperador Shun, elas pareciam superficiais e inacabadas; Yu interrogou-o, criticou-o e aquilo que parecera superficial e grosseiro revelou-se profundo e claro. Graças a questões e críticas estimulantes, [Gao Yao] foi assim incitado a aprofundar

o seu discurso e tornar mais límpidas as suas ideias. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseiase na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


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De Pequim com fervor Dez clubes da II Liga portuguesa vão ter um jogador chinês

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S dez melhores clubes da II liga portuguesa de futebol passarão a receber todos os anos um jogador chinês, anunciou, em Pequim, Martin Lee, presidente da Ledman, a multinacional chinesa que patrocinará a competição. O acordo, que entra em vigor na próxima época, prevê ainda “uma taxa de utilização dos jogadores”, assegurou Lee perante mais de 150 jornalistas chineses, sem avançar um valor específico. “Iremos escolher os melhores atletas chineses para participar neste intercâmbio e formaremos uma equipa de profissionais portugueses para garantir que se integram em Portugal”, explicou o empresário. Já o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença, que fechou em Pequim o acordo com a Ledman, recusou confirmar aqueles números e apontou o intercâmbio de jogadores chineses como uma “possibilidade remota”. “Fundamentalmente, vai ser um patrocínio para a II Liga,

embora se abram portas para que abranja a Liga de Portugal como um todo”, explicou à agência Lusa o ex-árbitro internacional.

SONHO E AMBIÇÃO

Com sede em Shenzhen, uma das mais prósperas cidades chinesas, situada junto a Hong Kong, a Ledman é especializada no fabrico de painéis publicitários de alta

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resolução, utilizados sobretudo em estádios de futebol. É ainda patrocinadora das duas principais ligas de futebol da China e tem uma participação de 25 milhões de euros na Infront Sports & Media, empresa suíça que detém os direitos de transmissão dos jogos do Mundial da modalidade. O acordo prevê ainda que aquela companhia passe a deter os

direitos de imagem dos jogadores a actuar na II liga - que se passará a chamar Ledman LigaPro - e os direitos de publicidade dos jogos. “O futebol é uma parte do sonho chinês e nós, como empresa, queremos contribuir para o desenvolvimento da modalidade na China”, afirmou Martin Lee. Apoiado pelo presidente chinês, Xi Jinping, o “sonho chinês” para o futebol passa por três etapas: qualificar-se para a fase final do Mundial, organizar um Mundial pela primeira vez e um dia vencê-lo, proeza nunca alcançada por um país asiático. São metas audaciosas para um país que figura em 82.º lugar no ‘ranking’ da FIFA e cuja participação em Mundiais se resume à edição de 2002, disputada na Coreia do Sul e Japão. Já para o Mundial de 2018, o ‘gigante’ asiático está praticamente eliminado. Mas Pedro Proença prefere ver as coisas pela positiva: “Sabemos que o futebol passou a ser uma demanda do próprio Governo chinês e este protocolo abre novas portas aos profissionais portugueses”.

DESPORTO

OPEN AUSTRÁLIA FEDERER E SERENA WILLIAMS NAS MEIAS-FINAIS

Roger Federer qualificou-se, esta terça-feira, para as meiasfinais do Open da Austrália, ao vencer o checo Tomas Berdych em três sets: 7-6 (7/4), 6-2, 6-4. Na próxima eliminatória, o tenista suíço vai assim enfrentar ou o sérvio Novak Djokovic ou o japonês Kei Nishikori. No quadro feminino, foi Serena Williams quem também garantiu a passagem às meias-finais, depois de derrotar Maria Sharapova por 6-4 e 6-1 em hora e meia. Agora, a norte-americana terá pela frente a polaca Agnieszka Radwanska, que eliminou a espanhola Carla Suárez.


16 OPINIÃO

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perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

“Science is under attack like never before, especially by global warming alarmists. The alarmists would have us believe that doomsday is near, that a catastrophe awaits the Earth unless we stop pumping carbon dioxide (CO2) into the atmosphere by burning fossil fuels. It’s CO2 that is causing the climate to change, insist the believers. If we don’t do something about this pesky gas right now, our planet and our way of life will be destroyed. This is utter nonsense. Global warming may be real, but there’s hardly a shred of good scientific evidence that it has very much to do with the amount of CO2 we’re producing, or even that temperatures have risen as much as warmists say. Today’s climate change hysteria began 25 years ago with United Nations discussions that created the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).” Global Warming False Alarm: The Bad Science Behind the United Nations’ Assertion that Man-made CO2 Causes Global Warming Ralph B. Alexander

A

“21ª Sessão Anual da Conferência das Partes (COP 21 na sigla inglesa) ” da “Convenção -Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC) ”, mais conhecida por “Cimeira de Paris sobre o clima”, abreviadamente designada por “Cimeira”, que tamanha curiosidade e apreensão criaram ao mundo, quanto ao conteúdo e forma de documento a assinar, terminou por ficar assente que se trataria de um “Acordo” e não de um “Tratado” que requeria a expressa aprovação parlamentar dos países signatários, tendo iniciado os seus trabalhos, a 30 de Novembro de 2015, em Paris. O “Acordo de Paris”, abreviadamente designado por “Acordo”, era uma clara concessão ao presidente dos Estados Unidos, que se encontrava na impossibilidade de obter a ratificação do Congresso, caso fossem estabelecidas disposições específicas, com limites de redução da poluição ambiental. Tratava-se de um favor concedido pelo presidente francês ao presidente americano, pelo apoio activo na guerra contra o Estado Islâmico e todos os tipos de terrorismo islâmico, sendo um conflito lamentável e inoportuno com exigências peremptórias que podiam destruir ou atenuar os termos do “Acordo”, que face às informações e estudos científicos recentes era imperioso para o futuro do planeta. É de recordar que a “Cimeira” se realizou em condições adversas, pois a 13 de Novembro de 2015, tinham ocorrido os atentados terroristas de autêntica carnificina que fizeram cento e trinta mortos. O primeiro-ministro francês que presidiu aos trabalhos, advertiu que se manteriam as cláusulas de cumprimento obrigatório e que não existiriam metas a cumprir, em

CHRISTOPHER NOLAN, INTERSTELLAR

A Cimeira de Paris sobre o clima

matéria de emissões de carbono, que eram o tema central da reunião internacional. Ao contrário, o “Protocolo de Quioto’’ de 11 de Dezembro de 1997 continha metas explícitas de cumprimento obrigatório, para redução das emissões de carbono por parte dos países signatários. Os Estados Unidos não o ratificaram há dezoito anos, tendo a China e a Índia na altura, advertido que não aderiam, pois os países industrializados queriam reduzir a poluição que causaram, e impedir ao mesmo tempo, a industrialização das potências emergentes. A maioria dos cento e noventa e cinco países presentes, em Paris, estava preparada para aceitar compromissos reais de redução de carbono, incluindo a China. A Índia mostrou-se renitente. Tudo se conjugava para avançar mais além, pese as más previsões acerca do crescimento económico, que começa a ser chamado de episódios da III Guerra Mundial. As alterações climáticas estão a acontecer com intensidade crescente, e é perceptível para todos, independente do local do planeta onde se resida. As imagens por satélite da NASA,

A “Cimeira” pode ser um ponto de viragem na situação [aumento da temperatura], dado que a partir da data da sua aprovação existem verdadeiras bases ecológicas para salvar o planeta

reveladas a 29 de Dezembro de 2015, mostravam a forte intensidade do monstruoso fenómeno “El Niño”, que afectará o Oceano Pacífico durante 2016. As alterações climáticas estão a produzir efeitos em locais distantes entre si, com vagas de frio a atingirem de forma inusitada a Costa Leste dos Estados Unidos, passando pelo Japão, Taiwan, Coreia do Sul, China e tocando Hong Kong e Macau. Tal como os refugiados do Médio Oriente e do Norte de África, as alterações climáticas são um problema de extraordinária magnitude e se nada for feito de imediato, nos próximos vinte anos será incontrolável, o mesmo acontecendo aos refugiados que a Europa enfrenta, tendo o mesmo destino da Roma Imperial, que será a do colapso total às mãos de outros bárbaros. Os dados climáticos mundiais começaram a ser registados em 1880, tendo o recorde das altas temperaturas acontecido em 2014 e 2015, e cada ano desta década tem sido mais quente que o anterior. É verdade que aumenta a produção de energia eólica e solar na Europa, Estados Unidos e China. Mas será de igual forma a produção de energia a


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nível mundial? O uso do carvão nos últimos quinze anos, tornou-se mais intensivo, sendo 50 por cento da electricidade mundial e 30 por cento do total de energia consumida no mundo provenientes da queima do carvão. A concentração de dióxido de carbono é 40 por cento mais elevada do que no começo da Revolução Industrial. O objectivo da “Cimeira” parecia pouco realista, pois tratava-se de reduzir o aumento da temperatura global em dois graus, relativamente à temperatura existente antes da época do nascimento da indústria. Se a poluição continuar ao nível actual, a temperatura do planeta aumentará dois graus centígrados nos próximos trinta anos. O período para o incremento do uso de energias renováveis será muito maior, pelo que os governos deveriam subsidiar novas tecnologias energéticas, que transformem a indústria existente. É o alvo mais sensato a atingir e investir mais nesta direcção, é a política mais razoável. A iniciativa privada pode participar, pois está a constatar-se que ser verde pode ser um bom e sustentável negócio. É obrigatório explorar tecnologias para arrefecer o planeta.

O aquecimento pode ser retardado com um tipo de pulverização que lance finas partículas líquidas na estratosfera, ou utilizando cristais de sal, de forma que as nuvens sejam mais brancas e detenham com maior eficácia os raios solares. A “Cimeira”, apesar das dúvidas e preocupações, quanto ao sucesso das medidas difíceis que têm de ser tomadas, acabou por dar frutos. Os cento e noventa e cinco países aprovaram, a 12 de Dezembro de 2015, o “Acordo” final. O texto do “Acordo” alcançado após duas semanas de negociações deve ser ratificado por cinquenta e cinco países que representem pelo menos 55 por cento das emissões globais de gases de efeito de estufa. Trata-se do primeiro “Acordo”, em que os países desenvolvidos e em desenvolvimento se consensualizam, para gerir a transição para uma economia de baixo carbono, estabelecendo o objectivo de conseguir que o aumento das temperaturas se mantenha, bastante abaixo dos dois graus centígrados, e compromete os signatários a realizar todos os esforços para limitar o aumento da temperatura, a um grau e meio centígrado, por comparação com a era pré-industrial.

A “Cimeira” pode ser um ponto de viragem na situação, dado que a partir da data da sua aprovação existem verdadeiras bases ecológicas para salvar o planeta. O aumento até dois graus centígrados, como limite para o aquecimento global, era considerado por muitos activistas, como uma opção a longo prazo, que não permitia acções concretas. Os países para alcançar tais propósitos, comprometem-se a fixar a cada cinco anos, os seus objectivos nacionais para reduzir a emissão de gases de efeito de estufa. O texto do “Acordo” estabelece que os países ricos continuarão a prestar apoio financeiro aos países pobres, para ajudar a reduzir as suas emissões e adaptarem-se aos efeitos das alterações climáticas, ainda que não mencione montantes específicos. No entanto, os países ricos tinham-se, anteriormente, comprometido a conceder a título de financiamento, cem mil milhões de dólares anuais, até 2020. Ainda que, não se contemplem sanções para os países que não cumpram os seus compromissos, obriga-os a informar sobre as suas emissões e esforços para as reduzir, como incentivo ao cumprimento. As principais obrigações do “Acordo” são o do aumento da temperatura global dever estar muito abaixo dos dois graus centígrados; o de ser juridicamente vinculativo para os países signatários; a disponibilidade de recursos financeiros de cem mil milhões de dólares, a favor dos países em desenvolvimento, a partir de 2020, e o de ser revisto a cada cinco anos. As negociações sobre o conteúdo do projecto do “Acordo” terminaram dezasseis horas, após o prazo inicialmente fixado. As negociações concentraram-se no conteúdo ambicioso do “Acordo”, na diferença de assunção de responsabilidades dos países desenvolvidos, e quanto se facilitaria em termos de financiamento aos países em desenvolvimento. Após a apresentação do projecto, os ministros dos países participantes, reuniram-se em sessão plenária, para discutir o texto, fazendo algumas correcções, tendo-se seguido a aprovação final. O “Acordo” foi histórico e distinto do obtido na última “Cimeira do Clima de Copenhaga”, realizada, de 7 a 18 de Dezembro de 2009, e considerada de autêntico fracasso, pelas organizações não-governamentais ambientais por não ter efeito jurídico vinculativo, pelo que carecia de suficiente legitimidade que permitisse a execução do acordado. A outra grande diferença recai sobre o tema do aumento da temperatura global, pois na “Cimeira de Copenhaga” foi estabelecido o limite de dois graus centígrados, que há longo tempo se negociava, e que passou para muito abaixo desse valor, considerando a temperatura que existia antes da era industrial. O texto final assinado em Paris tem efeitos jurídicos nos países que se comprometem com o “Acordo”. O Secretário-geral da ONU afirmou que o “Acordo” é flexível, forte e universal. O

OPINIÃO

presidente francês disse tratar-se de um texto final sem precedentes, sendo o primeiro acordo universal na história das negociações sobre as alterações climáticas. O “Acordo” ainda que não seja perfeito para cada país se for analisado a partir dos interesses particulares de cada um, é importante para todos, porque protege os interesses do planeta. A organização não-governamental Greenpeace concordou com o texto final do acordo, pois colocava os produtores de petróleo no lugar dos errados da história. O primeiro-ministro inglês considerou o “Acordo” como um passo enorme para garantir o futuro do planeta, significando que todo o mundo se comprometeu em assumir a sua quota-parte, na cessação das alterações climáticas. Os Estados Unidos consideraram como sendo o acordo mais ambicioso da história sobre as alterações climáticas, e que estabelecia um marco permanente a longo prazo para a redução das emissões de gases de efeito de estufa, sendo o melhor momento para salvar o planeta dos efeitos das alterações climáticas. O presidente francês afirmou que a França iria rever em 2020 os seus objectivos, relativamente aos limites de emissão de gases de efeito de estufa, de forma a aumentar o seu compromisso na luta contra as alterações climáticas. Lançou um repto aos países que desejassem ir mais além do que o previsto no “Acordo”, para reverem até 2020 os seus limites, com vista a uma maior redução das emissões de gases de estufa, e aumentarem os seus compromissos financeiros. A França irá fazer essa revisão e proporá a outros países que aceitem voluntariamente o estabelecimento de um preço do carbono. O “Acordo de Paris” irá substituir a 1 de Janeiro de 2021, o “Protocolo de Quioto”, que entrou em vigor em 16 de Fevereiro de 2005, com compromissos juridicamente vinculativos de redução de emissões, para o período de 2008 a 2012. A “Emenda de Doha”, estabeleceu um segundo período de compromisso do “Protocolo de Quioto”, que teve início em 1 de Janeiro de 2013 e termina a 31 de Dezembro de 2020. Os danos causados ao planeta são irreversíveis e apesar de todo o optimismo filosófico, científico posto no conteúdo do “Acordo”, será muito difícil, senão impossível o seu cumprimento por falta de vontade política de muitos países e de autoridade internacional, que o fiscalize e execute efectivamente, pelo que existe uma certeza, que é o da humanidade ter de se adaptar a um planeta mais quente.


18 (F)UTILIDADES

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?

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 6 MAX 10 HUM 80-98% • EURO 8.71 BAHT 0.22 YUAN 1.22

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

AQUI HÁ GATO

IRRACIONAL, EU?

“MIO PENG FAI” IN DOCLISBOA POR PEDRO CARDEIRA Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

Amanhã

“VOLTA À TERRA” IN DOCLISBOA POR JOÃO PEDRO PLÁCIDO Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

Sexta-feira

“FADO CAMANÉ” IN DOCLISBOA POR BRUNO ALMEIDA Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

Sábado

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” Museu de Arte de Macau Entrada livre

O CARTOON STEPH

Diariamente

DE

SUDOKU

BIENAL DE DESIGN Museu da Transferência de Soberania Entrada livre EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” Casa Garden Entrada livre HISTÓRIA NAVAL Arquivo Histórico de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA Museu de Arte de Macau Entrada a cinco patacas

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 17

PROBLEMA 18

HOJE HÁ FILME

Cineteatro

C I N E M A

THE 5TH WAVE SALA 1

16.45, 21.30

Filme de: J. Blakeson Com: Chloe Grace Moretz, Nick Robinson, Ron Livingston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3

THE 5TH WAVE [B]

SALA 2

STEVE JOBS [B]

Filme de: Danny Boyle Com: Michael Fassbender, Kate Winslet, Seth Rogen 14.30, 19.15

THE BIG SHORT [C]

Filme de: Adam Mckay Com: Christian Bale, Brad Pitt, Ryan Gosling, Steve Carell

THE BIG BEE [C]

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLES Filme de: Yukihiko Tsutsumi Com: Yosuke Eguchi, Masahiro Motoki, Yukie Nakama 14.15, 16.45, 21.30

“UMA OUTRA MULHER” (WOODY ALLEN, 1988)

Mais um filme bucólico de Woody Allen em que este não entra. Uma mulher de rosto misterioso é escritora e casada com um médico. Enquanto passa os dias mergulhada na escrita do seu novo livro, começa a ouvir as histórias dos pacientes de um psiquiatra na sala ao lado da sua casa. De imediato os pensamentos de uma paciente invadem a sua mente e levam-na a alterar a forma como encara a sua própria vida. Um drama intenso e interessante. Andreia Sofia Silva

SALA 3

IP MAN 3 [C]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLES Filme de: Wilson Yip Wai Shun Com: Donnie Yen, Lynn Xiong, Max Zhang 19.30

Sou gato e sei que para vós humanos sou um animal irracional. Como não falo, nem a minha espécie é conhecida por organizar protestos, normalmente deixo passar essa mas, confesso, não deixo de gozar o meu prato quando oiço as vossas histórias incríveis e, claro, fico a achar que nós gatos somos muito mais racionais que vocês. Muitas histórias fazem-me pensar assim, mas a última, caros amigos, a última, se me pudesse rir acho que até dispensava coçar as costas contra o armário. Tenho ouvido aqui na redacção muita conversa sobre o caso do Hotel Lisboa. Todos os dias novos factos, provas, indícios... Ainda sou jovem mas, para além de várias vidas, tenho uma memória excelente e não sou parvo. Já os meus avós contavam o que se passava no Lisboa pois não passava despercebido nem a um gato. Tenho até um tio afastado que adoptou uma das meninas que ali trabalhavam. Uma gata da Mongólia, assim a descrevia o meu tio, que várias vezes o acompanhou ao quarto. “Era uma espécie de consolo contra a solidão”, orgulhava-se, pois os amigos dela ficavam sempre pouco tempo. Eu próprio várias foram as vezes que por aqueles corredores passei à procura de uma mongol que me afagasse. Não encontrei uma mongol mas encontrei uma amiga de Heilojiang que me dava sempre os meus biscoitos favoritos. Mas um dia tudo acabou. A polícia entrou por ali dentro e eu só não fui apanhado graças aos meu dotes felinos. Nunca mais soube da minha amiga. Às vezes ainda por lá passo esperançoso mas aquela agitação que tantas gerações de gatos puderam viver não existe mais, por isso não entendo como vocês, animais racionais, precisaram de tanto tempo para perceber algo que nós já conhecemos há gerações. Pu Yi

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; Aurelio Porfiri; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos; Thomas Lim Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 ÓCIOSNEGÓCIOS

hoje macau quarta-feira 27.1.2016

“CHURROS”, CAFÉ PALMIRA PENA, SÓCIA-GERENTE

“Nasceu da saudade de comer farturas” muito mesmos, e os portugueses também”, frisou, admitindo que é esta comunidade - a lusa - que o negócio pretende atrair. “Sim, quero que os portugueses provem e sintam o sabor a casa”, brincou. As farturas são, inegavelmente, o ex-líbris da casa. “Tenho recebido muitos comentários positivos, as pessoas que provam dizem que adoram”, diz, mostrando-se orgulhosa. Com os churros o processo é diferente. “Os churros depende sempre se a pessoa quer mais ou menos doce, não é como a fartura que não leva recheio”, esclareceu. Contrariando a ideia de que a cultura chinesa não gosta do excesso de doce, Palmira Pena garante que não mudou a receita e que ainda assim a comunidade chinesa tem-se mostrado muito satisfeita. “Acho que essa ideia não se confirma quando estamos a falar de farturas”, brincou. “Temos também outros produtos portugueses, como rissóis, bolos de bacalhau e bolas de Berlim, estas em tamanho mais pequeno porque este bolo é de facto muito doce”, apontou.

HOJE MACAU

Nasceu por brincadeira e veio tornar Macau muito mais doce. De caramelo, chocolate ou até simples, os churros de Palmira Pena não passam indiferentes a ninguém. Para os mais gulosos há ainda farturas e bolas de Berlim. A gerência garante qualidade e o sabor a casa

TUDO CASEIRO

U

M negócio que surgiu pela saudade. Assim começa por explicar Palmira Pena, uma jovem empreendedora, muito apaixonada por cozinha, que decidiu transportar da Europa um doce muito típico de alguns países: os churros e as farturas. “Uma vez estava em casa e apeteceu-me muito comer uma fartura. Bateu aquela saudade de comer farturas. Comecei a pensar – e como gosto tanto de cozinhar – decidi fazer eu mesma farturas para saber se conseguia”, relembra a sócia gerente do novo espaço “Churros”, na Taipa. Na impossibilidade de fazer em pouca quantidade, Palmira Pena acabou por decidir partilhar o que acabara de fazer com os amigos. “Decidi oferecer aos meus amigos e familiares e a reacção foi muito boa, mesmo sem saber o que era”, conta. A curiosidade despertou logo ali. “Começaram a perguntar se era uma espécie de fartura chinesa – que nós costumamos pôr na canja – e eu expliquei que não, que era uma fartura tipicamente portuguesa”, aponta. Este foi início que colmatou na abertura do novo espaço. “Os meus amigos começaram a pedir se lhes podia fazer umas farturas”, diz. O interesse foi tanto, e o feedback tão positivo,

que Palmira Pena começou a questionar a viabilidade de um negócio. “Porque razão não podia eu abrir uma casa de farturas? O que é que me impedia? Nada”, partilha. Garantindo que seria um negócio único, esta era a altura ideal para avançar com o projecto. “Quando é que nos passaria pela cabeça poder ter um sítio em Macau onde se pudesse comer uma boa fartura acompanhada por um óptimo café?”, brincou. A verdade é que o “Churros” não tem só farturas, mas aposta também no seu melhor acompanhante: o café. “Mas é café português, tudo o que estou a fazer é com produtos portugueses”, garante.

ESPAÇO PARA TODOS

A primeira questão surgiu no imediato. “Não fazia sentido abrir um espaço só com venda de farturas e café”, admitiu, dizendo que, por isso, foi necessário aumentar os tipos de negócio que lidera. Os churros surgiram logo por associação, muito também “por causa das crianças”. E o ano começou com a inauguração do espaço, na Vila da Taipa, entre as ruas “mais sossegadas de Macau”. Apesar do horário de encerramento ser às 20h30, o que tem acontecido é a equipa

de trabalho ter de fechar mais cedo. “Às vezes às 18h00 ou 19h00 temos de fechar porque já vendemos tudo, porque estamos cansadíssimos, porque já não dá mais”, aponta, mostrando-se muito satisfeita com o feedback. Com apenas duas mesas no espaço interior e uma com funções de esplanada, o “Churros” funciona maioritariamente em serviço de take-away. Com uma montra que não deixa ninguém indiferente com deliciosas gulosices, o pequeno espaço mostra a sua cozinha em aberto, podendo os clientes ver todo o processo. As visitas de turistas são imensas, assegura Palmira Pena. “Recebemos muitos turistas de Hong Kong que têm vindo aqui,

“Quero que os portugueses provem e sintam o sabor a casa”

As receitas são todas caseiras. “Não alterei a receita original das farturas, mas o recheio de chocolate e caramelo são receitas minhas. Quando estamos a vender explicamos à pessoa se é mais ou menos doce, como fica a combinação, que é para a pessoa poder escolher o que quer”, partilha. O caramelo é o recheio que tem liderado o top de preferências dos clientes. “Sim, é de facto o mais popular”. O segredo? Esse está “na massa”. “É a forma como nós fazemos a massa, esse é o grande segredo”, revela. Palmira Pena olha agora para as paredes à sua volta. Está orgulhosa daquilo que conseguiu e da equipa que tem. “Foi difícil arranjar um espaço, apesar de eu ter o beneficio de ser um negócio take-away, portanto foi mais fácil”, partilhou. Desengane-se quem ache que os churros são só espanhóis. “Não, a minha receita é completamente portuguesa. Isto não é espanhol”, brinca, partilhando a visita de uns espanhóis que preferiram os churros de Palmira do que os do seu país. Para já ainda não existe serviço de entrega ao domicilio, mas é um objectivo para o futuro. “Isso e um novo espaço mas no lado de Macau. Mas um passo de cada vez”, termina. O espaço fica na vila da Taipa, na Rua dos Clérigos. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


As macaenses, então, / São de uma tal elegância, / Que, até vestidas à china, / Notam-se logo à distância! / Quando olhamos para elas, / Que olhos repletos de encanto!... / Tão bonitos, tão perfeitos, / Que são de tentar um santo!”

quarta-feira 27.1.2016

José Joaquim Monteiro

MORREU O ACTOR JOSÉ BOAVIDA

VEÍCULOS ABANDONADOS NOS NOVA TAIPA “SERÃO REMOVIDOS”

J

OSÉ Boavida, de 51 anos, morreu esta terça-feira, às 00h30, no HospitalAmadora-Sintra. O actor estava internado há duas semanas, na sequência de uma paragem cardio-respiratória. De acordo com o agente do actor PauloAraújo, José Boavida não resistiu às sequelas de um AVC. No dia 7 de Janeiro, José Boavida perdeu os sentidos e caiu inanimado no chão. Nos dias seguintes permaneceu em “coma induzido” e com prognóstico “muito reservado”. Mariana, de 24 anos e filha do actor, ficou revoltada e acusou o INEM de negligência. “Os médicos dizem que o meu pai esteve demasiado tempo em paragem respiratória. O INEM demorou muito tempo a chegar ao local. Foram feitas duas chamadas, a primeira às 23h50, mas o meu pai só chegou ao hospital uma hora depois”, lamentou a jovem ao Correio da Manhã. José Boavida regressava sozinho de um jantar com amigos quando se sentiu mal e perdeu os sentidos. Contactado pelo CM, o INEM remeteu o esclarecimento para mais tarde. José Boavida nasceu em Castelo Branco, a 23 de Agosto de 1964. Na televisão portuguesa brilhou em 58 séries e telenovelas. Entre elas estão Telhados de Vidro, Inspector Max e Doce Fugitiva (TVI).

A lógica do serviço ONU Guterres considera “obrigação” candidatar-se a secretário-geral

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NTÓNIO Guterres admite que a corrida a secretário-geral das Nações Unidas “não é fácil” mas que, em todo o caso, está “inteiramente disponível e tranquilo” para a candidatura que deverá ser apresentada pelo Governo em Fevereiro. “Tudo o que aprendi ao longo da vida, em todas as enormes oportunidades que me foram oferecidas, cria-me a obrigação de estar disponível, numa lógica que foi sempre de serviço público e num mundo em situação muito difícil”, disse na noite desta segunda-feira, no Porto. O antigo primeiro-ministro e, desde o início do ano, também ex-alto-comissário para os refugiados da ONU falava num debate sobre a resposta europeia à crise dos refugiados, na Fundação de

Serralves. “Estas são coisas para as quais nunca se está preparado”, disse ainda sobre a sua candidatura ao lugar de topo na ONU. O Governo anunciou há uma semana que iria apoiar o nome de António Guterres como possível sucessor ao sul-coreano Ban Ki-moon, que termina o mandato no final deste ano. Segundo apurou o PÚBLICO, o Executivo liderado por António Costa faz já rondas diplomáticas para garantir apoios à campanha de Guterres.

PRÓS E CONTRAS

Conhecem-se alguns obstáculos à candidatura do ex-primeiro-ministro socialista: há vontade nas estruturas da ONU para que o próximo secretário-geral seja uma mulher e que, numa lógica de representação continental, venha de um país da Europa do Leste.

Mas Guterres, como admitiu no Porto, tem do seu lado fortes ligações na estrutura da organização. “Tive esta extraordinária oportunidade de trabalhar dez anos no apoio aos refugiados, algo que me abriu as portas a tudo quanto é vital nas relações internacionais”, sublinhou, citado pela agência Lusa. Guterres tornou-se alto-comissário do ACNUR em Janeiro de 2005. Foi reeleito cinco anos depois para um segundo mandato que terminaria em Junho deste ano. Por recomendação de Ban Ki-moon, porém, a sua liderança no órgão de protecção aos refugiados prolongou-se até ao final do ano. Quando começou o mandato, recorda, existiam 36 milhões de pessoas deslocadas por conflitos. Em Dezembro de 2015 esse número superava os 60 milhões.

São 17 os carros que estão estacionados “há já vários anos” no parque de estacionamento privado dos Jardins Nova Taipa, agora da responsabilidade da Comissão dos Condóminos do Edifícios Jardim Nova Taipa, e que correm o risco de ser removidos, caso os proprietários não os retirem nos próximos 30 dias. Num comunicado à imprensa, a Comissão indicou que já enviou cartas aos proprietários e deixou avisos nos veículos e nas entradas dos prédios. “Não se tendo verificado, por parte dos proprietários, qualquer intenção de remoção dos mesmos”, a direcção estipula um prazo de 30 dias até “procederem às diligencias necessárias para efectuar a remoção dos veículos”. Caso os proprietários não retirem os carros, a Comissão irá, por sua responsabilidade, remover os carros e reclamar judicialmente todas as despesas resultantes dessa remoção.

JARDIM DAS ARTES JÁ ESTÁ ABERTO AO PÚBLICO

Desde o início do mês que o Jardim das Artes, próximo da Rua Cidade de Sintra, está aberto ao público, depois de ter sido submetido a uma nova planificação e ao arranjo de algumas plantas, bem como obras de optimização. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) explica, em comunicado, que as vedações da área do jardim e um passeio para os peões recuaram para o interior do jardim.

SAÚDE EXECUTIVO QUESTIONADO SOBRE CENTRO DE FORMAÇÃO MÉDICA

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deputado Zheng Anting entregou uma interpelação ao Governo onde questiona os planos para a criação do centro de formação de médicos prometido pelo Governo e que poderá formar médicos especialistas. No documento, ZhengAnting lembrou que, a par do aumento da população, também têm aumentado o número de casos de cancro, doenças cardiovasculares ou diabetes, entre outras patologias, sendo que muitos cidadãos optam por procurar a cura em países estrangeiros. Para o deputado, a razão

principal para a fuga dos pacientes deve-se à falta de médicos especialistas. Frisando que o Governo está a tentar melhorar a situação dos recursos humanos e das instalações, o deputado defende que as medidas adoptadas não são suficientes, referindo ainda que mais de 2800 residentes procuraram médicos no estrangeiro. “O Governo já disse que tem um plano de recrutamento de 275 novos médicos especializados até 2018, mas a formação de

novos profissionais leva tempo e os médicos que trabalham no serviço público sentem uma grande pressão. Tenho dúvidas sobre se Governo consegue cumprir esse plano de acordo com o calendário e suspeito que o número de profissionais não vá responder aos pedidos dos cidadãos no futuro”, ressalvou. O Executivo já disse que não há condições para criar uma Faculdade de Medicina na RAEM, mas Zheng Anting relembra que o Governo prometeu uma instituição de ensino

para breve e questionou o Executivo sobre as outras medidas para atrair profissionais de saúde estrangeiros para trabalhar em Macau. “No futuro será cada vez mais importante ter uma medicina de excelência em Macau. Portanto, para que se melhore a qualidade dos serviços de saúde locais, o Governo tem planos para desenvolver os serviços?”, questionou o deputado à Assembleia Legislativa. T.C.


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