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SEXTA-FEIRA 27 DE JANEIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3743
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
hojemacau
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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
SALÁRIO MÍNIMO
Em busca de consensos PÁGINA 6
h
Perguntar PAULO JOSÉ MIRANDA
Sentido único ANABELA CANAS
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TAÇA DO MUNDO DE GT
Fogo cruzado PÁGINA 16
JUSTIN CHEONG
ACTIVISTA NOS EUA PUB
ENTREVISTA
KUNG HEI FAT CHOI!
Olá mundo cruel PUB
Ano do Galo. Mas que bicho se atreve a nascer num ano destes?
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ANO NOVO LUNAR
GRANDE PLANO
O primeiro dia do Ano Novo Lunar na China ocorre a 28 de Janeiro de 2017 mas o início do ano, sob a égide do Galo, um dos 12 animais que representam os ramos terrestres, terá início no Princípio da Primavera (Lichun). Devido aos ajustamentos do calendário solar, este ano acontece a 3 de Fevereiro. Neste artigo, seguimos as previsões de Lei Koi Meng (Edward Li).
N
o zodíaco chinês, o Galo (no quotidiano chamado em mandarim Ji, 鸡) denomina-se nos ramos terrestres You (酉) e este ano está conectado com o caule celeste Ding (丁), o Elemento Fogo. O nome do ano é Ding You (丁酉, em cantonense Ting Yao), Tímido Galo ou Galo Solitário que, no ciclo de 60 anos, (60 Jia Zi, 六十甲子) corresponde ao número 34. Como o ramo terrestre You é sempre metal e o caule celeste corresponde este ano a Ding, o Elemento Fogo, encontra-se portanto o metal por baixo do fogo, que desta vez é yin, ao contrário do fogo yang do ano que está a terminar. Ano emocionalmente complicado, por trazer muitos riscos, que devem ser evitados, requer um grande esforço pessoal e exige que se saia da zona de conforto pois, refugiando-se aí, será um ano difícil, com desapontamentos e conflitos. O Tai Soi (o Deus de cada um dos 60 anos do ciclo) deste ano lunar de 2017 é Tang Jie, capitão da dinastia Tang.
Galo • Máxima para o ano: Só pelo
amor, a sua vida fará sentido e encontrará uma direcção. • A palavra que definia o Galo em 2016 era Cansado, já para este ano é Crescer. Os nativos de Galo, como se encontram no ano do seu signo,
têm um ano Fan Tai Soi, isto é, contra o Tai Soi. Galo com galo leva à luta entre galos. Tem o seu coração aprisionado, mas contará com duas estrelas da sorte: Jin Gui, a estrela do Cofre Dourado, que trará sorte em assuntos financeiros e acumulação de ganhos, e a estrela Jiang Xing (General) está ligada à autoridade e ao poder. Tendo o quarto ou escritório virados para Oeste evite permanecer neles. • Carreira: Se trabalha por conta de outrem, com a ajuda da estrela da sorte do General vai ser promovido e obter um melhor salário. Se é patrão contará com uma boa cooperação dos seus empregados e um grande apoio dos seus parceiros, ou sócios. É promissor criar o seu próprio empreendimento. • Amor: Com o coração aprisionado, não é bom ano para as relações conjugais, ou encontrar um parceiro. Estando a carreira em franco progresso, nela se vai envolvendo e tenderá a esquecer a família, o que poderá levar à linha vermelha. Tente não se deixar invadir por essa possível relação complicada, pois irá atrapalhar a sua carreira, bem como a relação em causa. É um ano para a carreira, não perca tempo a encontrar um parceiro amoroso. Saúde: Com o ano contra o Tai Soi, estará também sobre a influência de duas más estrelas, Jian Feng (Fio da Lâmina da Espada), operação clínica, e Fu Shi (Corpo Morto), que representa morte, que poderá ocorrer por
É preciso desastre, especialmente para os nativos que nasceram no Outono e Inverno. Nos meses de Abril, Maio, Agosto e Setembro precisa de ter mais cuidado e, por isso, sugere-se no início do ano ir ao Templo oferecer sacrifícios a Tai Soi. • Dinheiro: Ano de desenvolvimento, de revolução e de mudança. Vai atingir um novo estádio na sua carreira, pelo que será bafejado com mais dinheiro. Mas note que, como é um ano bastante emotivo, o dinheiro não lhe trará Felicidade e precisará de se enriquecer pelo espírito.
Cão • Máxima para o ano: Não im-
porta trovoada, vento ou chuva. Sol no seu coração é suficiente. • A palavra deste ano para os nativos de Cão é Esperar. Não vai conseguir encontrar um caminho para seguir. Não terá estrelas da sorte para o ajudar. Mesmo sem saber, provocará problemas, tanto a si como aos outros. Deverá ter paciência, observar, mas não tomar nenhuma acção. • Carreira: Este ano a sua mente não está clara e sente-se sem grande energia. Sem ideias, facilmente segue as dos outros e, por isso, comete erros. Aprecie a sua liberdade. Se faz alguma coisa é mau, por isso mantenha-se quieto. Menos é mais. • Amor: Sem grande apoio para o amor, não tome iniciativas, espere que elas surjam. Faça amizades, mas não espere encontrar a sua cara-metade. • Saúde: Devido à má estrela Bing Fu (Sinal de Doença) vai sentir uma tristeza e pressão dentro de si. Tenho cuidado para resolver esse modo de estar, vá correr, saia e divirta-se. É conveniente fazer um exame clínico. Não coloque altas as expectativas, a vida simples é o caminho da Felicidade. Relaxe e estude mais. Cuidado ao sair para o exterior. • Dinheiro: Ano para esperar. Ninguém o pode ajudar, apenas você sozinho vai tratar de si. É fácil ser magoado pelos seus colegas de trabalho e amigos. É um ano de trabalho para ganhar o sa-
lário, mas nada mais conseguirá. Boa saúde e segurança é o objectivo do ano.
Porco • Máxima para o ano: Céu e
Terra não são fáceis de mudar, mude-se a si mesmo. • A palavra para este ano é Retornar. Os nativos de porco estiveram na mó-de-cima, mas este ano o sentido é inverso. Por isso, deve o caminho ser feito passo a passo e, como não vai ter ajuda, irá andar e trabalhar sozinho.
Ano emocionalmente complicado, por trazer muitos riscos, que devem ser evitados, requer um grande esforço pessoal e exige que se saia da zona de conforto • Carreira: Tem apenas uma estrela da sorte, Tian Yi Gui Ren, ligada à criatividade. Traz uma elevada expectativa/aspiração mas à sua volta ninguém o ajuda e, sem ela, correcto tempo, correcto lugar e um bom parceiro, não terá hipóteses. Por isso, entre os factos e os desejos há um grande fosso, encontrando-se estes muito separados. Não pense prosseguir sempre para a frente; com um passo atrás consegue uma melhor visão e com clareza percebe o que à frente se encontra. Por isso, este ano não poderá fechar-se em si: deverá abrir a sua mente, o seu coração e pedir ajuda aos outros. Se cortar pela raiz o problema, quando ele ainda está no início, este resolve-se. Terá quatro más estrelas: a estrela Tian Gou, que o levará a facilmente criar conflitos, representa acidentes, gastos monetários imprevisíveis, alguém o engana, ou casa assaltada; a estrela Diao
Ke, que se relaciona com a morte de um familiar; a estrela Qiu Yu, que levará a ter problemas com a justiça, por isso, quando assinar algum documento deve ter muito cuidado; e a estrela Po Sui que se refere a uma separação. Assim, cada passo é dado sobre uma camada fina de gelo, pronto a quebrar. • Amor: A vaga emocional é grande. Os casais devem ser pacientes entre eles, pois uma pequena discussão pode aumentar e levar à separação. Para as pessoas singulares, a quinta e a décima segunda Lua são bons meses para desenvolver as relações; mas não tenha pressa, nem force para que aconteçam: siga o destino como ele é apresentado. • Saúde: Com tantas más estrelas, que o colocam sob grande pressão, controle as suas emoções, relaxe mais, viaje mais e trabalhe menos. Coloque-se fora do centro da crise. Durma mais, estude mais, faça mais exercício físico e espere pelo momento certo. • Dinheiro: Se não tiver grandes expectativas, poderá ter boas surpresas.
Rato • Máxima para o ano: Ouça o
coração e o mundo mudará. • A palavra para os nativos é Alegria, Contentamento. É nativo de um dos quatro bafejados animais do zodíaco chinês deste ano e contará com a protecção de cinco estrelas da sorte. • Carreira: Tem três estrelas da sorte: Tian De e Fu Xing, estrelas protectoras que lhe limparão o caminho, assim como Fu De, que lhe trará riqueza material e protecção. Protegido por estas três estrelas, terá a ajuda de muita gente e boas relações com quem à sua volta se encontra. Ainda não terminou de pensar e já as coisas estão feitas! Assim, este ano basta seguir os seus planos, que facilmente os atingirá. Importante é a acção e não só falar. • Amor: Contará aqui também com duas estrelas da sorte. A auspiciosa superestrela Tian Xi (Celeste Virtude), que transforma pequenos infortúnios em bons acontecimentos e que, ampliada
ter galo pela Xian Chi, propicia o casamento e boas relações com todas as pessoas. Um bom ano para casar. Para os solteiros, deve usar as horas entre as 5 e as 7 da tarde e conseguirá o que pretende. Se já for casado/a poderá ter um filho/a. • Saúde: Cuidado com pequenos acidentes, como cair. Não fale muito, pois poderá criar discussões. As mulheres grávidas devem tomar cuidado e os homens com problemas de próstata. Nascidos em 1960 e 1984 poderão necessitar de fazer uma cirurgia. Não abuse da bebida e comida. • Dinheiro: Terá ajuda de alguém no trabalho e, quanto mais se esforçar, mais vai ganhar.
Búfalo • Máxima para o ano: Encon-
trando-se no cume, imagina-se a continuar a subir a montanha. Quando está no sopé, imagina-se a nadar no oceano. Juntando os dois, surge a Sabedoria. • A palavra para este ano é Imenso. O Galo e Búfalo combinam-se muito bem, por isso terá dupla Felicidade. É nativo de um dos quatro animais, dos doze do zodíaco chinês, para quem este ano será promissor. • Carreira: Terá cinco estrelas da sorte a ajudar. A Jin Gui (Cofre Dourado) traz sorte em assuntos financeiros e acumulação de ganhos e, em conjunto com Jiang Xing (General) e Ba Zhuo (Oito Assentos), ligadas à carreira e poder, leva a que ninguém o pare. Não importa qual seja o seu desejo, conseguirá sempre atingir o que pretende. Vai ser ajudado por imensas pessoas importantes e conseguirá encontrar um parceiro para cooperar. A sua posição tornar-se-á mais alta e com isso, mais pessoas o respeitarão. Já as outras duas estrelas da sorte, Tian Jie e Jie Shen, ajudarão a resolver os problemas. Se quiser vento, terá vento; se quiser chuva, terá chuva. • Amor: Terá um ano com uma vida emocionante e muita gente gostará de si. Mas com a má estrela Bai Hu (Tigre Branco), sobretudo a parte feminina, deverá ter muito cuidado para não se apaixonar por pessoas casadas, devendo transferir essa relação para uma amizade e daí, com apoio, tirar
proveitos. Não perca tempo com ciúmes, só lhe criam problemas. • Saúde: Atenção! Está sobre a influência de duas más estrelas: Bai Hu e Xue Ren (Fio da lâmina com sangue). Por vezes não terá uma mente clara e nesses momentos poderá facilmente sofrer acidentes. Deve no início do ano ir ao templo oferecer sacrifícios ao Tai Soi. Quando não se sentir contente ou precisar de ajuda,
!
procure as pessoas amigas nativas de Rato, Galo e Serpente. • Dinheiro: Um bom ano para bater um novo recorde na carreira, logo o dinheiro também virá com abundância.
Tigre • Máxima para o ano: Não seja o
número 1, seja Único. Viver coloca-o a voar.
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• A palavra do ano é Florescer. Sem grandes ondas no passado ano, neste é um dos quatro animais que se encontram no topo. Cumprimente-se a si mesmo. • Carreira: Com quatro estrelas da sorte, Zi Wei e Long De, que representam conquistar poder e ser promovido, coloca o tigre com asas, sendo por isso muito bom ano para a carreira. Como gosta de criar novos negócios, terá grande apoio e a sua posição social subirá três degraus, progredirá na carreira, tornar-se-á famoso e rico. As outras duas estrelas da sorte são Ci Guan (Perfeitas palavras) e Guo Yin Gui Ren (Carimbo do país, poderoso), que fazem quando falar ser logo reconhecido e aceite, por isso terá rápido apoio dos outros. Aja pela sua especial via. Mas terá também duas más estrelas, Tian E (Catástrofes
provenientes do Céu) e Bao Bai (Perdedor, falhar) o que quer dizer que, por vezes, ocorrerão algumas mudanças que não poderá controlar. Significa isso dever projectar planos de longo prazo e escutar mais ideias. Quanto mais pressa, menos velocidade. • Amor: Mesmo sendo este ano a sua carreira o principal ponto, haverá tempo para se dedicar à família. Os solteiros devem lembrar-se que a segunda, a sexta e a décima segunda Lua lhes dará hipóteses de encontrar a sua cara-metade. • Saúde: Não trabalhe excessivamente fora de horas e sobre stress. Para os nascidos em 1950, 1974 e 2010, cuidado pois estão sobre a ameaça de uma lâmina, isto é, uma provável operação cirúrgica. No Outono e Inverno coma mais carneiro, que o tornará mais calmo e relaxado. • Dinheiro: Trabalhando mais, mais recebe.
Coelho • Máxima para o ano: Se esti-
ver com boa sorte, avance, mas com azar, fique quieto. • A palavra para este ano é Espera. O Coelho, animal no lugar oposto a Galo, para este ano encontra-se também ele contra o Tai Soi (Chong Tai Soi, que significa mudança e ir contra), assim vai deixar algo e o novo tomará lugar ao velho. Se tiver o seu quarto, ou escritório, virado a Oeste evite aí permanecer. • Carreira: A estrela da sorte Tai Ji Gui Ren significa que haverá alguém a ajudá-lo. Como ano de mudança, para bom ou mal só depende como o encara. Assim, seguindo as mudanças, poderá tentar reorganizar a sua companhia, mudar de casa, decorá-la de novo, emigrar, mudar de emprego... O caminho é de árduo trabalho, mas mudar é melhor que ficar quieto. As más estrelas são Da Hao (gastar uma fortuna) e Yue Kong (mês vazio), significando que as mudanças lhe levarão imenso dinheiro e terá decisões muito difíceis. Quando as coisas estão fora da sua possibilidade, fique de fora. Importante é manter o que tem e, na mudança, encontrar uma nova direcção. • Amor: Grandes ondas na parte emocional, por isso deverá ter muito cuidado. Os casais terão entre eles de ter muita paciência, transformando os grandes problemas em pequenos, senão o divórcio. Se quiser reparar a relação, faça-o na sexta e décima primeira Lua. Os solteiros Continua na página seguinte
4 GRANDE PLANO
hoje macau sexta-feira 27.1.2017
devem gozar a sua liberdade, pois não é ano destinado a encontrar parceiro. • Saúde: O Galo, com direcção Oeste, representa metal e o Coelho, cuja direcção é Leste, representa madeira, por isso este ano o metal corta a madeira. Assim, precisa no início do ano ir ao templo fazer sacrifícios ao Tai Soi. O oitavo mês é o mais perigoso. Quem nasceu no Outono e Inverno deverá ter muito cuidado com o fígado, mãos e pés. Se for condutor de veículos deverá tomar redobradas precauções. • Dinheiro: Ano de mudança. Para o bem ou para o mal só depende como o avalia e da sua decisão. Importante é a saúde e não o dinheiro, por isso mantenha-se em segurança.
cientes amigos e interiormente estiver estável, não quererá saber de nada mais. • Carreira: A superestrela da sorte Tai Yin (a Lua, que reverte ocorrências negativas em positivas, pois em paz combina bem yin e yang) permite-lhe criar um negócio com um seu colega de sexo oposto. A estrela da sorte Hong Luan (Sorte no Amor) representa, para os homens, a sua esposa ser a sua Riqueza e, para as mulheres, o marido ser o seu Poder. Assim, com um bom casamento terá uma vida fácil e feliz, e aliadas com a estrela Tian Chu (Cozinha do Céu), uma comida saborosa. Por isso, goze a vida e não se preocupe com o restante. • Amor: Com as duas boas estrelas Tai Yin e Hong Luan não perca a hipótese deste ano casar ou pelo menos encontrar a sua cara-metade. Para os casados, será um ano de grande harmonia. • Saúde: Cuidado com o útero, bexiga e próstata, especialmente para os nascidos em 1954 e 1990. No sexto e décimo primeiro mês tenha muita atenção pois está propenso a ter acidentes. Sendo um ano animado, cheio de convívios sociais, não abuse da comida e bebida e especialmente da vida nocturna. Importante é fazer exercício físico. • Dinheiro: Com uma relação harmoniosa terá abundância, mas não é ano de pensar em fazer dinheiro. Goze a sua liberdade com amigos e tire prazer da vida.
Dragão • Máxima para o ano: Quando
olha desde o cume, nada lhe retira a vista; abrindo o seu coração sente a pulsação, sendo daí que provem o Bem ou o Mal. • A palavra para este ano é Paz. Como combina com Galo (Liu He, seis que combinam em cooperação e em paz), este ano para os nativos do Dragão é como estar sentado num barco a pescar, em segurança, paz e sem problemas. • Carreira: Muitas pessoas cooperam e apoiam. As estrelas da sorte Yue De e Di Jie podem ajudá-lo a resolver problemas, transportá-lo de uma posição perigosa para uma segura e colocá-lo num lugar de onde pode seguir em frente. Vai chegar a um novo patamar. • Amor: Duas estrelas da sorte, Xian Chi e Yue De, combinam-se e tornam este um bom ano para casar ou para o nascimento de uma criança. Realize uma segunda lua-de-mel. Aos solteiros, usem o seu fogo para captar a pessoa certa. • Saúde: Sem grandes problemas, apenas não deve trabalhar intensamente e ficar nervoso. Relaxe, abra o seu coração e fale mais com as pessoas. Os nascidos em 1940 e 2000 facilmente terão acidentes, por isso, tenha cuidado quando sair de casa. • Dinheiro: É um ano para transformar os seus inimigos em amigos. Com a Paz conseguirá mais e use a bondade para ter harmonia, o que lhe trará dinheiro e felicidade.
Serpente • Máxima para o ano: Descons-
trua a sua imagem para encontrar a verdadeira. • A palavra para este ano é Prestígio. Em ano de Galo, serpente é um dos três animais que com ele estão em harmonia (San He, três
Cabra • Máxima para o ano: O valor
que se combinam). É também um dos quatro animais que este ano se encontram no topo. • Carreira: As quatro estrelas da sorte – San Tai (Ter o Carimbo) e Jiang Xing (Estrela do General, ligada à carreira, autoridade e ao poder) – colocam-no a dominar, numa muito importante posição, com poder de decidir e de chefiar os seus subordinados. Já as estrelas da sorte, Jin Gui (Cofre Dourado, que traz sorte em assuntos financeiros e acumulação de ganhos, logo todo o dinheiro vem parar à frente da porta) e Di Jie (Resolve o problema e previne desastres) levam a um desenvolvimento tão rápido que logo atinge o topo. Precisa de não ser impetuoso e acalmar-se, só assim pode manter a sua boa sorte por longo tempo. Mas com as más estrelas, Wu Gui (Cinco fantasmas, que representa as pessoas que nas suas costas lhe fazem mal) e Guan Fu, deve tomar muito cuidado e não colocar como garantia a sua palavra.
• Amor: Ano de boas relações. Os solteiros, na quinta e nona Lua, terão grandes possibilidades de encontrar a pessoa certa, mas com um ano tão bom na sua carreira, coloque essas boas relações viradas para o seu trabalho. • Saúde: Sem grandes problemas, apenas necessita de se preocupar com as suas impetuosas emoções. Tenha calma e não entre em competições. • Dinheiro: Excelente momento para ganhar dinheiro e fazer bons investimentos, pois terá múltiplas e diferentes maneiras de o conseguir. Deve lembrar-se que cooperação e paz criam tudo o que pretende e necessita.
Cavalo • Máxima para o ano: É vence-
dor se não pensar no que ganha ou no que perde. • A palavra para este ano é Emoção. Terá duas grandes estrelas da sorte para o ajudar emocionalmente, por isso se tiver sufi-
de umas pessoas não está conectado com o quanto tem ou ganha, mas quanto não gasta. • A palavra para este ano é Sereno/Tranquilo. Terá um enorme espaço para fazer o que deseja, sem exteriores problemas. • Carreira: A estrela da sorte An Lu (Dinheiro Sombra) significa que conseguirá muito dinheiro fora das suas expectativas e ninguém vai saber que o tem. Já a estrela da sorte Hong Yan (Sorte no Amor) promove uma vida emocionante e socialmente feliz. É um ano relaxante, em que poderá fazer tudo o que quiser. Mas deve contar com a má estrela Qiu Yu (Aprisionado), pois será o seu inimigo ao bloquear-se dentro de si. Abra o coração e liberte-se, sentir-se-á livre. • Amor: Ano para se apaixonar e casar. Os casais estão como peixes dentro de água. As boas relações com os amigos permitem-lhe uma boa cooperação. Sensível às emoções, este ano elas não o irão abalar. • Saúde: É melhor fazer exames clínicos para detectar e prevenir problemas de coração e no sistema sanguíneo. Tenha especiais
cuidados com problemas nos membros inferiores, que o afectarão no andar. Controle as emoções e não se feche; saia de casa, encontre-se com amigos ou família, e com eles desabafe as suas tristezas, verá o Sol brilhar. • Dinheiro: Pode fazer tudo o que deseja, pois conseguirá tudo o que aspira e, mesmo sem prestar atenção, consegue ganhar. Ano de dinheiro e amor. Não precisa de perguntar o que os outros pensam de si, viva sem receio e partilhe os seus proveitos.
Macaco • Máxima para o ano: Aceite as
mudanças, rejeite ser picuinhas e hipercrítico. • A palavra para este ano é Florescente. Pode passar todo este ano com um sorriso na boca. Terá uma activa vida social, de boas relações com pessoas diferentes. O seu desenvolvimento segue a sua vontade. • Carreira: A superestrela da sorte Tai Yang (Sol) torna-o muito activo e encantador, o que poderá ajudar a não ter problemas no emprego. Se o seu sócio for do sexo oposto combina muito melhor. Já a estrela da sorte Xian Chi, propiciadora do casamento e de boas relações entre as pessoas, permite cooperar com diferentes profissões e poderá mostrar o seu talento como chefe. Agarre esta hipótese para tentar criar grupos de diferentes áreas profissionais e coloque-se como maestro. Mas terá duas más estrelas, Hui Qi (Energia Suja) e Tian Kong (Vazio Céu), o que significa não dever tomar decisões, pois quando alcança esse objectivo, logo tomará outra decisão e assim quererá mais e mais. • Amor: As duas estrelas da sorte, Tai Yang e Xian Chi, tornam o amor maior que o Céu. O amor dá-lhe uma grande confiança e é bom ano para casar, ter filhos e tornar-se chefe. Use a sua facilidade de falar e comunicar para criar boas relações, que o ajudarão a encontrar importantes apoios. Mas, cuidado, não misture amor com outras relações, pois tal só lhe trará problemas. • Saúde: Atenção ao seu aparelho reprodutor, útero, bexiga, próstata e pele. Os nascidos em 1944, 1980 e 2004 deverão tomar cuidado para tentar evitar os acidentes. Uma activa vida social faz esquecer a sua saudável vida regrada. Não crie discussões, pois estas só trazem problemas e, com uma pacífica actuação, soluciona-os. • Dinheiro: É ano para realizar os desejos há muito tempo aguardados. O Amor dá a hipótese de o dinheiro ir chegando até si. Não precisa de trabalhar duramente, pois conseguirá o que deseja, harmonia e Amor. A carreira poderá atingir o apogeu.
5 hoje macau sexta-feira 27.1.2017
O Índice de Percepção da Corrupção, divulgado esta semana, coloca Hong Kong na 15.ª posição, ainda no grupo dos países com elevados níveis de corrupção. Macau não foi avaliado, mas Albano Martins e Eric Sautedé estimam que a posição seria pior face à região vizinha
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certo que Macau não costuma constar nos índices internacionais, mas se tivesse sido avaliado para o mais recente Índice de Percepção da Corrupção, divulgado esta semana, a detenção do ex-procurador da RAEM, Ho Chio Meng, teria sido suficiente para colocar o território nos piores lugares do ranking. Hong Kong ficou em 15.º lugar, ainda no grupo dos países com elevada corrupção, mas a meio caminho das jurisdições com maior transparência. O economista Albano Martins acredita que Macau estaria próximo dessa posição, mas numa situação pior. “Se Hong Kong está nesse nível, Macau estaria num nível bastante pior. Estaria provavelmente nos primeiros 20. O caso da detenção do ex-procurador da RAEM só demonstra o embaraço e até que ponto é que a corrupção facilmente entra naqueles que supostamente seriam os combatentes pela limpeza. Só esse caso atirava Macau para o fundo”, defendeu ao HM o economista. Além disso, “em relação a Hong Kong, o sistema de Macau permite a corrupção mais facilmente, é mais permissivo”, defende. Ainda assim, a RAEM “nunca estaria como a China”, acredita Albano Martins. O académico Eric Sautedé, actualmente a residir em Hong Kong, estima que Macau estaria numa posição próxima da Coreia do Sul, que está no 52.o lugar. “Quando realizei, em 2009, um inquérito que incluía uma questão sobre a percepção da corrupção,
Índice Corrupção MACAU ESTARIA PIOR FACE A HONG KONG
Embaraços múltiplos 49 por cento dos inquiridos acreditavam que era algo difundido. Com base nos meus resultados de 2009, penso que Macau poderia andar à volta da posição 50 no ranking, não muito longe da Coreia do Sul.” O académico justifica essa estimativa com o facto de Ho Chio Meng estar a ser julgado por mais de 1500 crimes, além de Lai Man Wa, antiga directora dos Serviços de Alfândega, “ter cometido suicídio em circunstâncias muito duvidosas”. Eric Sautedé acredita que fazem falta mais estudos e inquéritos sobre este tema. “Macau teria uma pior posição e os poucos estudos que existem indicam isso, embora comecem a ficar ultrapassados. Infelizmente, não temos estudos suficientes que nos garantam que esta tendência é, de certa maneira, fundamentada. Deveríamos questionar porque é que o Comissariado contra a Corrupção parou
de encorajar a realização de mais inquéritos.”
CHINA EM MÁ POSIÇÃO
Apesar da campanha anticorrupção levada a cabo pelo Presidente Xi Jinping, a verdade é que os resultados não parecem ser ainda os desejados no país. O Índice de Percepção da Corrupção coloca a China na 79.ª posição. Para o especialista em Ciência Política, “é uma questão de vida ou morte”. “Estamos perante perdas de milhões e milhões e, claramente, esta é uma questão que tem de ser resolvida, daí a popularidade de Xi Jinping, apesar da repressão às liberdades individuais. O problema é que esta questão tem de ser endereçada ao sistema político, para que haja uma motivação política [para que não exista corrupção], e não em termos de mudança do sistema.” Depois, tanto Hong Kong, como Macau, “de uma forma muito diferente, são verdadeiros espaços
“Macau teria uma pior posição e os poucos estudos que existem indicam isso, embora comecem a ficar ultrapassados.” ERIC SAUTEDÉ POLITÓLOGO de branqueamento de capitais para certos interesses da China”, defende Sautedé, que acredita que “a diversificação da economia, aliada à diminuição dos junkets, não é uma escolha, mas sim algo imperativo”. A análise levada a cabo por Kate Hanlon, da consultora que realizou o índice, mostra que a China melhorou a sua posição em três pontos, devido à sua campanha anticorrupção, mas que tal “não pode acontecer sem
POLÍTICA
uma transparência e supervisão independente”. “Os esforços para lutar contra a corrupção devem incluir uma aproximação à sociedade civil e ao sector privado”, lê-se ainda no relatório.
ÁSIA-PACÍFICO EM MAUS LENÇÓIS
Olhando para a Ásia, só Singapura surge nos lugares cimeiros em termos de transparência, atingindo quase as posições dos países da Europa do Norte, considerados os menos corruptos do mundo (Dinamarca, Noruega ou Suécia, por exemplo). Os países da Ásia-Pacífico, como é o caso da Tailândia, Filipinas ou Camboja, continuam a não estar ficar bem no retrato. Kate Hanlon considera que tais posições se devem aos “incompreensíveis governos, falta de supervisão, insegurança e reduzido espaço para a sociedade civil”, o que faz com que “as acções anticorrupção acabem por ser marginalizadas nestes países”. “Os escândalos de corrupção de governantes, que se juntam aos casos de corrupção comuns, continuam a reduzir a confiança do público nos seus governos, bem como os benefícios da democracia e o estado de Direito”, conclui a analista. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
6 hoje macau sexta-feira 27.1.2017
Vamos ver se dá Trabalhadores do jogo em risco de não terem aumentos
O
O deputado lembra os bons resultados que as concessionárias têm vindo a obter em termos de receitas. “No terceiro trimestre do ano passado, registou-se um aumento significativo das receitas das empresas de jogo, mas estas não manifestaram qualquer intenção de actualizar salários. E com a pressão da inflação, muitos trabalhadores do jogo deparam-se com dificuldades na sua vida.” As queixas apresentadas a Coutinho falam ainda de excesso de trabalho nos casinos e o não cumprimento dos feriados conforme a lei das relações laborais. “Segundo muitos trabalhadores do jogo, as empresas exigem-lhes trabalho contínuo, mais de dez dias durante o período da semana dourada, e mudam o dia de descanso semanal para dias de feriados obrigatórios. Muitos dos trabalhadores não podem, assim, gozar os feriados obrigatórios a que têm direito, o que resulta no fenómeno da coincidência dos feriados”, rematou. A.S.S.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
d e p u t a d o José Pereira Coutinho entregou uma interpelação ao Governo onde fala do facto dos trabalhadores do jogo poderem não receber aumentos salariais no próximo ano. “O meu gabinete tem recebido muitas queixas de trabalhadores do sector do jogo. Segundo eles, as seis empresas do sector todos os anos actualizam os salários, no entanto, já os informaram de que no próximo ano não vai haver actualização devido à queda das receitas, e que só haverá ajustamentos em consonância com a dinâmica do mercado nos próximos meses.” Coutinho pede, por isso, que o Executivo intervenha junto do sector. “As empresas do jogo todos os anos actualizam os salários, mas isso não vai acontecer no próximo ano, portanto os trabalhadores vão ter de enfrentar as pressões da inflação. De que medidas dispõe o Governo para convencer as empresas da equidade e justiça da actualização salarial que deve ser feita?”, questionou.
SI KA LON QUESTIONA PLANEAMENTO DOS ATERROS SANITÁRIOS
O deputado Si Ka Lon entregou uma interpelação ao Governo onde questiona o planeamento dos aterros sanitários, após ter sido confirmado, em 2014, uma cooperação do território com a província de Guangdong, a fim de construir um aterro sanitário na zona de Taishan. O deputado recorda que, até ao momento, ainda não teve conhecimento dos trabalhos efectuados pelas autoridades, questionando porque é que as obras do futuro aterro sanitário ainda não arrancaram. Si Ka Lon quer saber se o Executivo já chegou a um consenso sobre este assunto e qual será o calendário a decidir em conjunto com Guangdong.
Salário mínimo LIONEL LEONG FALA EM RESPEITO PELAS OPINIÕES DAS PARTES
Esforço para o consenso O secretário para a Economia e Finanças quer cumprir a promessa feita em relação ao salário mínimo universal, mas deu ontem a entender que é necessária uma posição unânime para que o diploma vá para a frente. Lionel Leong recordou que a última palavra será sempre dos deputados
U
M dia depois de o assunto ter estado a ser discutido em sede de concertação social, com os representantes do patronato a mostrarem-se pouco entusiasmados com a ideia, Lionel Leong voltou a falar da implementação do salário mínimo no território. Em comentários feitos à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa (AL), o secretário para a Economia e Finanças explicou que, no que toca à plena implementação do salário mínimo, “o Governo vai respeitar as opiniões da sociedade e da AL, iniciando de forma pragmática os trabalhos de consulta e os procedimentos legislativos”. “Na elaboração de diplomas que têm grande importância para a vida da população, o Governo deve proceder, sem dúvida alguma, à consulta pública”, defendeu, citado em comunicado oficial. Seguir-se-á a entrega da proposta ao
GCS
POLÍTICA
Conselho Executivo e à AL, “depois de analisadas e ponderadas as opiniões e sugestões recolhidas”. Lionel Leong vincou que o Executivo espera que a implementação do salário mínimo se concretize no prazo de três anos, contados a partir da entrada em vigor da lei referente aos trabalhadores de limpeza e de segurança. No entanto, sublinhou que a data de entrada em vigor do diploma “tem de respeitar as opiniões da sociedade e o processo legislativo, designadamente as opiniões dos deputados”. O governante referiu ainda que os trabalhos para o salário mínimo universal estão directamente ligados ao balanço que está a ser feito sobre a legislação que se aplica a apenas parte dos trabalhadores. O Executivo já deu início aos trabalhos da revisão da lei do salário mínimo para os empregados do sector
A entrada em vigor do salário mínimo “tem de respeitar as opiniões da sociedade”, avisa Lionel Leong
da limpeza e segurança de empreendimentos habitacionais.
POR QUE FOGEM OS JUNKETS?
Leong respondeu ainda a questões relacionadas com os promotores do jogo, tendo afirmado que “o aperfeiçoamento contínuo da fiscalização junto dos promotores de jogo é favorável ao desenvolvimento saudável e ordenado do sector”. Confrontado com a queda do número de junkets, o secretário indicou que “há promotores de jogo que entram e saem de Macau”, considerando que a diminuição poderá estar relacionada com várias causas, entre elas a “maior atenção do Governo ao sector com o lançamento de instruções internas”. Os junkets poderão estar a abandonar a actividade no território devido a maior regulamentação, mas Lionel Leong também não exclui a possibilidade de que as mudanças se devam ao ambiente económico. Há uma década que não se registava um número tão baixo de promotores autorizados a trabalhar em Macau. “Independentemente das razões, o Governo tem de elevar as condições de acesso ao mercado por parte dos promotores de jogo, no sentido do sector registar um desenvolvimento de maior qualidade, mais honesto, saudável e ordenado”, concluiu o secretário.
LEI DO RUÍDO AS DÚVIDAS DE WONG KIT CHENG
A
deputada Wong Kit Cheng interpelou o Governo quanto à implementação da lei de prevenção e controlo do ruído ambiental, alegando que a sociedade tem questionado a sua eficiência. Escreveu a deputada que “muitos cidadãos dizem que existem dificuldades na obtenção de provas porque,
quando a polícia chega ao local, já não existe barulho”. Wong Kit Cheng citou estatísticas que mostram que, desde a entrada em vigor da lei até Setembro de 2016, as autoridades receberam um total de 12.811 queixas mas, apesar de 90 por cento dos casos terem sido tratados, só em 177 situações foi possível
acusar os infractores da lei. Para a deputada, os números provam que a execução da lei não está a corresponder à realidade. Sobre o caso ocorrido no bar Sky 21, na noite da passagem de ano, a deputada considera que existem problemas de comunicação entre a Direcção dos Serviços da Pro-
tecção Ambiental (DSPA) e a Polícia de Segurança Pública, questionando que medidas podem ser adoptadas, antes da revisão da lei, para melhorar essa comunicação. Wong Kit Cheng defende ainda que a DSPA deve ter fiscais a trabalhar durante a noite para tratar e reagir a eventuais queixas que possam surgir.
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SOCIEDADE
Trânsito NÚMERO DE SINISTRADOS DIMINUIU EM 2016
Diz que andam mais seguros O número de veículos a circular nas ruas de Macau aumentou em quase dois mil no ano passado. Porém, o número de feridos e mortos em acidentes desceu. Estes foram alguns dos factos apresentados pelo Conselho Consultivo do Trânsito
O
ano passado foi mais seguro nas estradas de Macau em comparação com o que se passou em 2015. A redução dos feridos foi na ordem dos 12,8 por cento. Em 2016 ficaram feridas em acidentes de viação 4631 pessoas, enquanto no ano transacto tinham sido 5291. No que toca a fatalidades, em 2015 registaram-se 15 mortos, número que caiu 40 por cento, no ano passado, para nove vítimas mortais. A informação foi dada aos jornalistas por Kou Kun Pang, membro do Conselho Consultivo do Trânsito (CCT), à saída da primeira sessão do organismo realizada este ano. No entanto, o número de veículos a circular nas artérias rodoviárias de Macau continua a aumentar. Os veículos ligeiros tiveram uma pequena subida de 0,17 por cento, enquanto os motociclos subiram 1,4 por cento, totalizando um crescimento da frota em 0,82 por cento. Ou seja, cerca de 249 mil veículos circulavam em Macau em 2015, sendo que este número subiu para 251 mil no ano transacto.
Kou Kun Pang garantiu que, em termos de transportes públicos, se pretende “optimizar as carreiras e incentivar as pessoas a fazer correspondências”, ou seja, a mudarem de carreiras. Outra das promessas deixadas foi o aumento das dimensões dos autocarros para veículos de maior porte. Ainda neste capítulo, acrescenta-se ainda que haverá um reordenamento do itinerário das carreiras 7 A e 26. Quem costuma apanhar o autocarro na Rua D. Belchior Carneiro terá de andar mais um pouco e apanhar o transporte na Praça Tap Seac, uma vez que essa paragem funcionará apenas para largada de passageiros, e não tomada. Esta medida, no entanto, foi anunciada como provisória.
Só na Taipa são 447, enquanto na península de Macau são mais de 200. De entre as obras, a que tem maior envergadura é a que chegará à zona do Centro Hospitalar Conde de São Januário através de um elevador. No plano das obras, o DSAT vai lançar outras medidas, nomeadamente o aumento das taxas para escavações. Kou Kun Pang acrescentou ainda que vão “incentivar os empreitei-
OBRAS RODOVIÁRIAS
Outro dos assuntos focado na sessão do CCT foi o número de obras a decorrer nas vias rodoviárias. De momento, estão em marcha 711 intervenções que prosseguirão este ano.
ros a realizar obras durante a noite e nos feriados”, medidas que têm em vista a conclusão das obras o mais rapidamente possível. Outra obra sugerida durante a sessão foi a remoção da barreira que encerra as arcadas do Instituto Cultural. A proposta não teve qualquer objecção por parte dos membros do conselho. Foi também discutida na sessão do CCT uma medida muito contestada pelos cidadãos de Macau: a questão dos parquímetros. O membro do organismo que falou à comunicação social anunciou que, desde o dia 1 de Janeiro, com as novas medidas de remoção e bloqueamento, o número de condutores que alimentam os parquímetros subiu para 50 por cento. É de salientar que, no ano passado, o mesmo número era de 40 por cento. Para Kou Kun Pang isto significa que “as pessoas ganharam o hábito de pagar, sendo que a polícia irá continuar a fiscalizar e a passar multas quando necessário”. João Luz
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GRIPE AVIÁRIA AUTORIDADES ABATEM MAIS DE 18 MIL AVES
A
S autoridades de Macau anunciaram ontem que iriam abater 18.261 aves, depois de ter sido detectado o vírus da gripe das aves numa amostra, uma medida que vem acompanhada da suspensão de venda dos animais em época de Ano Novo chinês. Este é pelo menos o quarto caso de abate de aves por gripe aviária em menos de um ano (e o que implica mais animais), sendo a segunda
vez consecutiva que tal acontece em época de ano novo lunar, quando há uma maior procura por galinhas, um ingrediente essencial nos banquetes festivos. No entanto, o Governo continua sem calendário para a prometida proibição da venda de aves vivas. O vírus, de subtipo H7, foi detectado numa amostra de duas mil galinhas vivas no mercado abastecedor de Macau, o
que levou as autoridades a activarem o plano de contingência, que inclui o abate de todas as aves presentes, neste caso 18.261 – 14.021 galinhas e 4240 pombos. Além do abate e da limpeza especial do mercado abastecedor, a venda de aves vivas fica suspensa por, pelo menos, três dias. Segundo o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, “o condutor, que teve contacto directo [com
as aves], voltou à China. Agora estamos a investigar se houve mais pessoas que tiveram contacto”. O último caso de abate de aves de capoeira (cerca de 10 mil) pelo mesmo motivo foi no mês passado e gerou o primeiro caso de infecção humana, num dono de uma banca de venda de aves por grosso. O homem entretanto recuperou. As autoridades ainda não sabem qual a prove-
niência dos animais infectados, e não revelaram qual o fornecedor dos lotes infectados anteriores, mas o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais garantiu que não foi sempre o mesmo. José Tavares disse ainda que, apesar de a substituição de aves vivas por refrigeradas ser um “objectivo” do Governo, não há ainda qualquer calendarização para essa medida.
DESEMPREGO UMA DÉCIMA A MAIS EM 2016
A taxa de desemprego manteve-se abaixo dos dois por cento no ano passado, fixando-se em 1,9 por cento, mais uma décima do que em 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos, a taxa de desemprego entre os residentes foi mais elevada – atingindo 2,7 por cento, mais duas décimas do que em 2015. A mediana do rendimento mensal da população empregada situou-se em 15 mil patacas; enquanto a dos residentes em 18 mil, ou seja, em níveis idênticos aos de 2015. No quarto e último trimestre de 2016, a população activa era composta por 392.600 pessoas, das quais 385 mil tinham trabalho – menos 500 em termos anuais homólogos. Em termos trimestrais, contudo, o universo de empregados ‘encolheu’ em 9200 trabalhadores. Do universo de 7.600 desempregados, 8,9 por cento estavam à procura do primeiro posto de trabalho, indicam os mesmos dados.
JOGO SANDS CHINA GANHOU MENOS NO ANO PASSADO
A operadora de jogo Sands China registou no ano passado uma quebra de 15,9 por cento nos lucros, em comparação com 2015, de acordo com um comunicado à bolsa de Hong Kong. Segundo a empresa, no total do ano foram gerados 6,69 mil milhões de dólares norte-americanos em receitas, menos 2,5 por cento que em 2015, e lucros de 1,22 mil milhões de dólares, menos 15,9 por cento do que no ano anterior. Olhando apenas para o último trimestre de 2016, os lucros desceram 7,9 por cento para 348 milhões, com as receitas a apresentar uma subida de 12 por cento, para 1,86 mil milhões de dólares. A Sands China destaca o contributo do novo ‘resort’, o Parisian, que abriu a 13 de Setembro do ano passado, para os resultados trimestrais, tendo gerado receitas de 344 milhões de dólares. No total, a empresa destaca que desde que começou a operar em Macau, em 2004, já investiu cerca de 13 mil milhões de dólares na cidade.
8 ENTREVISTA
JUSTIN CHEONG ACTIVISTA DE MACAU
Acabou de sair do centro de detenção onde esteve preso. Como está a sua situação agora? Ontem [terça-feira] obtivemos uma vitória porque fomos a tribunal e tive muitas pessoas a apoiar-me, incluindo alguns estudantes. O juiz, que inicialmente me queria deportar, mudou de atitude e achou que não deveria expulsar-me do país. Então atribuiu-me uma fiança de 1500 dólares, o que é considerado um valor muito baixo. Paguei de imediato e fiquei livre. Penso que me poderei candidatar à cidadania americana e que o processo será aprovado em breve. É casado com uma americana. Porque é que é tão difícil obter a cidadania? Creio que não foi um processo legal, mas sim totalmente político. O juiz, desde o primeiro dia, sabia que eu era um activista político, que estava a desafiar as autoridades na luta pelos direitos dos imigrantes. Ele não concordava comigo e, há sete meses, decidiu não me atribuir uma fiança. Fiquei preso no centro de detenção, em risco de ser deportado. Mantivemos a luta e mantivemos contacto com a
“Ser deportado não era nossa coligação irmã, sediada no Reino Unido. Tivemos um grupo de imigrantes organizado dentro do centro de detenção e também um grupo de amigos cá fora a apoiar-nos. Tínhamos maiores possibilidades de sermos soltos e foi isso que aconteceu. Organizaram um grupo de apoiantes à minha volta e, graças a isso, o juiz e o próprio sistema legal sentiram que tinham de me deixar sair. Foi por ser quem sou, um activista político, que tive um mau momento. Tal também se deve à campanha de Donald Trump contra os imigrantes, que está a fazer com que cada vez mais imigrantes sejam deportados, sobretudo os chineses.
Justin Cheong nasceu em Macau, mas cedo foi para os Estados Unidos estudar. A residir em Oakland, lidera a BAMN, uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos dos imigrantes sem cidadania americana. Esteve preso e em risco de ser deportado, mas ganhou a batalha. No dia em que saiu em liberdade, falou com o HM
Enquanto estava detido, Donald Trump venceu as eleições. Espera então um cenário ainda mais difícil para os imigrantes, especialmente os chineses? Sim. Penso que ele está preparado para uma campanha massiva e para reunir apoiantes que defendam a sua agenda neste sentido, para trazer cá para fora o ataque aos imigrantes. Ao mesmo tempo, há também uma oportunidade no meio disto tudo, porque as pessoas estão muito revoltadas e isso significa que a BAMN [Coligação para Defesa de Acções Afirmativas, Integração, Direitos dos Imigrantes e Luta pela Igualdade por Qualquer Meio Necessário] tem a oportunidade de liderar e organizar estas pessoas e vencer a luta dos direitos civis e dos imigrantes. O facto de eu ter vencido este caso, com o apoio de toda a coligação, claro, é um exemplo de que podemos lutar e ganhar, mesmo que Trump seja agora o Presidente dos Estados Unidos. A China deveria fazer algo nos casos de deportação dos imigrantes chineses? O Governo simplesmente não deveria cooperar com as deportações decretadas pelas autoridades norte-americanas. Definitivamente não deveriam perseguir essas pessoas quando elas regressam à China. Como foi a vida no centro de detenção? Foi vítima de racismo por parte das autoridades? Foi um período difícil. É como se estivéssemos mesmo numa prisão e retiram-nos todos os direitos. Mas o mais importante é que temos união entre todos nós, conheci pes-
“Expulsar os imigrantes devido a uma crise económica não faz qualquer sentido.” soas de todo o mundo, e há casos impressionantes. Apoiámo-nos e mantivemos o espírito de luta. Os guardas e a instituição tentaram quebrar o nosso espírito de união,
pois o ambiente é de constante tortura psicológica. Ficamos presos durante muito tempo sem qualquer razão aparente, mesmo que não tenhamos cometido qualquer
crime. Há pessoas detidas que só lutam pela liberdade e pelos seus direitos, pela democracia, porque no centro vivem numa espécie de campo de concentração, são perseguidas e enviadas para os seus países. O maior desafio na vida da prisão é a pressão psicológica que temos de enfrentar diariamente. O sistema legal está constantemente
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“Foi por ser quem sou, um activista político, que tive um mau momento. Tal também se deve à campanha de Donald Trump contra os imigrantes.”
contra nós, mas mantemos a união entre todos. Mantivemos uma verdadeira fraternidade no centro de detenção. Foi preso enquanto Barack Obama era ainda Presidente. Acredita que na era Obama a situação dos imigrantes em risco de deportação não era assim
tão diferente em relação ao que poderá ser na era Trump? Tivemos muitas concessões e programas durante a Administração Obama por causa dos movimentos de defesa dos imigrantes. Quando ele foi eleito havia muitos jovens imigrantes, latinos, muçulmanos, negros, que votaram nele, em 2012 ele aprovou um programa intitu-
Caso a deportação fosse decretada, poderia optar por regressar à China, a Macau, a sua terra natal, ou Portugal, por ser também portador de passaporte português. Qual seria a sua escolha? Não iria desistir do caso e ira recorrer dessa decisão até às últimas consequências. Especialmente nesta fase, o juiz tentou mostrar que cometi crimes só porque fiz uma marcha pública a favor dos direitos dos imigrantes. Para mim ser deportado não era uma opção, iria ficar nos Estados Unidos para continuar este movimento porque é influente, até em termos internacionais. O que podemos fazer aqui terá impacto em todo o lado, tal como a marcha das mulheres contra Donald Trump, que aconteceu também em Macau. Que relação mantém com Macau, território que deixou com 18 anos para estudar? Acompanha a situação política? É difícil seguir a situação política a esta distância, mas sei que a qualidade de vida diminuiu bastante. Sei que há muitos imigrantes do Continente que vão trabalhar e penso que têm sido explorados. Sei também que há uma campanha anticorrupção a ser levada a cabo pelo Governo chinês e que tem tido um grande impacto na eco-
IVAN BROADHEAD, SCMP
uma opção”
lado DACA [Deferred Action for Childhood Arrivals]. As pessoas que atravessavam a fronteira com menos de 17 anos podiam ter um estatuto de trabalhador, uma carta de condução. Essa foi uma das maiores vitórias que o movimento dos imigrantes obteve durante a Administração Obama. Cerca de dois milhões de pessoas foram deportadas durante o seu Governo, um número bastante elevado, mas conseguiram ficar no país, graças ao DACA, 700 mil pessoas, que actualmente correm riscos. O Governo tem as informações destas pessoas, que não são ainda cidadãos americanos. Caso Donald Trump decida cancelar este programa, então estas pessoas estarão em risco de deportação. Após a eleição de Trump, várias pessoas, incluindo a nossa organização, pediram a Barack Obama para garantir a residência a essas 700 mil pessoas. Eles podem trabalhar e conduzir, mas não têm qualquer outro estatuto. Obama não fez isso e pensamos que o Partido Democrata tem falhado totalmente em relação a estas pessoas. A única hipótese que temos nesta fase é criar um movimento independente com vários grupos de pessoas, a BAMN está pronta para liderar esse processo e evitar a opressão das pessoas.
ENTREVISTA
A HISTÓRIA DO FILHO DE UM TAXISTA
E
m Novembro, a revista de domingo do South China Morning Post (SCMP) abordou a luta dos imigrantes chineses nos Estados Unidos pela igualdade de direitos. Lá contava-se a história de Justin Cheong, de 26 anos, na altura preso no centro de detenção Chippewa County Jail. A sua detenção havia ocorrido meses antes quando estava a caminho de Washington, para apresentar uma moção no congresso nacional da federação dos professores americanos, em que exigia igual acesso ao sistema público de educação por parte dos imigrantes. Casado com a americana Liana Mulholland, filho de um taxista de Macau e graduado na Universidade de Berkeley, Califórnia, Justin descobriu, aquando da sua detenção, que o seu casamento não tinha sido devidamente registado no departamento de segurança interna, escreveu o SCMP. Considerado “persona non grata” pelas autoridades americanas, devido ao seu activismo, Justin começou então uma batalha pela permanência no país, que parece ter agora chegado ao fim.
nomia e no ambiente político em Macau. Sei que há muitas questões que Macau está a enfrentar neste momento, que também são parte de uma crise global.
sociedade, contribuem para ela. Condeno a discriminação que é feita contra esses trabalhadores, que penso terem tantos direitos como os locais.
Além dos imigrantes chineses há também imigrantes filipinos e indonésios com salários muito baixos. Há também um discurso político sobre a necessidade de saída dos trabalhadores não residentes e a manutenção do emprego para os locais. É a mesma táctica que Donald Trump está a adoptar para com os imigrantes, com ataques racistas. Expulsar os imigrantes devido a uma crise económica não faz qualquer sentido, porque é uma fase em que há uma exploração dos direitos dos trabalhadores, com baixos salários e mais horas de trabalho. Espero que haja mais serviços públicos, maior regulação e assistência para as suas necessidades do dia-a-dia. É necessário que seja concedida a residência a estes imigrantes pois, para a BAMN, as pessoas que vivem numa sociedade, que trabalham de forma justa e legal, que têm filhos nas escolas, por que não podem ter a cidadania do país onde vivem? Já são parte da
A sua família está em Macau? Como têm seguido a sua história? A minha família está em Macau, mas há seis anos que não visito o território. Eles apoiam o meu trabalho como activista, sobretudo a minha irmã. Penso que nem sempre os pais concordam com aquilo que os filhos fazem, mas aprendem a respeitar. Em Hong Kong está neste momento em curso um movimento pró-democracia. Acredita que algumas mudanças poderão acontecer num futuro próximo? Tem de haver uma liderança forte e independente do movimento de massas, e penso que isso pode mudar algo. Não tenho seguido a situação de perto, mas não deveríamos apenas lutar pela democracia. A política e a agenda de Hong Kong têm de ser decididas pela população, em prol de uma maior igualdade. Eles têm o direito de decidir o seu futuro. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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11 CHINA
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NOVA LISTA DE EXPORTAÇÕES INTERDITAS PARA A COREIA DO NORTE
Guia de proibições
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China proibiu as exportações para a Coreia do Norte de materiais e tecnologias que possam ser utilizados para construir equipamento militar, como componentes para desenvolver mísseis ou sensores, informou ontem o ministério do Comércio. A lista, composta sobretudo por produtos químicos e ligas raras, inclui também programas informáticos, maquinaria, câmaras de alta velocidade e motores de aviões. O ministério explicou que as medidas, que entraram em vigor na quarta-feira, estão em linha com as últimas sanções contra o regime de Pyongyang, aprovadas pelas Nações Unidas em Novembro, em resposta a ensaios nucleares. O jornal oficial Global Times sugere que a aprovação da lista, nas vésperas da passagem do ano novo lunar na China, terá sido feita por nesta altura, no ano passado, a Coreia do Norte ter testado o lançamento de um míssil e, em 2013, ter realizado o seu terceiro teste nuclear.
RECADOS DE PEQUIM
O anúncio “é também um aviso para o lado norte-coreano não realizar outro teste nuclear durante o festival da Primavera”, disse Jin Qiangyi, especialista
na Universidade Yanbian, usando outro termo para o ano novo lunar, citado pelo jornal. A China é o principal parceiro comercial e fonte de ajuda económica da Coreia do Norte, mas a postura de Pyongyang, que tem desafiado as Nações Unidas com testes com mísseis balísticos e armas atómicas, tem resultado
num afastamento entre os dois países comunistas. No entanto, Pequim teme uma queda do regime, que poderia levar uma enorme vaga de refugiados a entrar no país e ao estabelecimento de tropas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul junto às suas fronteiras. No início do mês, o Presidente norte-americano, Donald Trump, queixou-se
O anúncio “é também um aviso para o lado norte-coreano não realizar outro teste nuclear durante o festival da Primavera.” JIN QIANGYI ESPECIALISTA NA UNIVERSIDADE YANBIAN
que a China “não ajuda com a Coreia do Norte”, apesar de beneficiar dos laços comerciais com os EUA. O novo secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, acusou mesmo a China de fazer “promessas vazias” na questão da Coreia do Norte e ameaçou impor sanções contra empresas chinesas que violem as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. “Se a China não cumprir com as sanções aprovadas pelas Nações Unidas, será apropriado que os EUA ponderem acções que forcem ao cumprimento”, afirmou Tillerson, no início deste mês.
Cuidado com as provocações
China boicota cadeia de hotéis japonesa
A
S autoridades e operadores turísticos chineses lançaram um boicote à cadeia de hotéis japonesa APA, após esta ter recusado retirar dos seus quartos livros que negam o massacre de Nanjing, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. “A Administração Nacional de Turismo da China pediu a todas as empresas e portais chineses que oferecem serviços turísticos para que suspendam os seus negócios com a APA”, afirmou esta semana uma porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. Uma pesquisa pelo nome daquela cadeia hoteleira em alguns dos principais portais de agências de viagem chinesas, incluindo a Ctrip, Qunar ou Tuniu, não dá hoje nenhum resultado. “A decisão foi adoptada em resposta à provocação de forças de extrema direita do Japão”, justificou a porta-voz Hua Chunying. “Com este boicote, a empresa pagará
o preço pelo seu comportamento irresponsável”, acrescentou. A decisão surge depois de a APA ter colocado exemplares do livro “A História Real do Japão”, que negam o massacre de Nanjing, nos quartos dos seus hotéis. Durante um período de seis semanas, em 1937, estima-se que tenham sido mortos mais de 300 mil chineses, durante a ocupação de soldados do Japão na então capital da China, num dos maiores massacres da Segunda Guerra Mundial. Num comunicado publicado na semana passada, a APA recusou remover os livros, argumentando com a “liberdade de expressão”, e defendeu que estes servem o “propósito de permitir aos leitores conhecer as interpretações verdadeiras e factos da História moderna”. Os cidadãos chineses são quem mais visitou o Japão, em 2016, preenchendo 26% do total de turistas, segundo dados oficiais.
LUCROS DA INDÚSTRIA SUBIRAM 8,5% EM 2016
Os lucros das principais empresas industriais da China subiram 8,5%, em 2016, anunciou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês, no maior aumento dos últimos três anos. Graças aos programas de estímulo lançados por Pequim, que aumentou os gastos com infra-estruturas, o sector secundário chinês recuperou da queda homóloga dos lucros de 2,3%, registada em 2015, detalhou a mesma fonte. O especialista do GNE He Ping associou ainda o aumento dos lucros a uma melhoria na rentabilidade das empresas do ramo industrial, com um aumento em termos homólogos de 5,97%. Sectores que registaram perdas nos últimos anos, como o carvão e o aço, triplicaram os seus lucros em 2016, destacou a agência de estatísticas, impulsionados pelos estímulos lançados por Pequim e pela redução do excesso de capacidade de produção. Os dados do GNE são feitos a partir dos resultados de empresas com receitas anuais superiores a 20 milhões de yuan.
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PEDALA 500 KM NA DIRECÇÃO ERRADA
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M trabalhador migrante chinês que decidiu regressar à terra natal de bicicleta, para festejar o ano novo lunar, pedalou 500 quilómetros em sentido contrário, até a polícia o avisar de que estava enganado. Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, o homem trabalha na província de Shandong, leste da China, e queria chegar a Qiqihar, no extremo norte do país, para festejar a passagem do ano lunar com a família. Milhões de trabalhadores migrantes empregados nas prósperas cidades do litoral regressam nesta altura a casa, para a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao Natal nos países ocidentais. Sem dinheiro para pagar um bilhete de comboio ou avião,
o homem, cujo nome não é identificado, optou por tentar regressar de bicicleta. Pouco familiarizado com os mapas e incapaz de entender os sinais de trânsito, acabou a pedalar em sentido contrário. Por seguir de bicicleta na auto-estrada, foi interceptado na província de Anhui pela polícia, que o avisou de que ia no sentido errado. O homem já levava mais de um mês a pedalar, resistindo a temperaturas negativas. Os polícias e residentes da zona onde foi interceptado acabaram por reunir dinheiro para pagar o seu bilhete de comboio de regresso a casa.
COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2016 nos termos do disposto na alínea 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 10 de Fevereiro, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, através do nº 85995343 ou 85995344, caso não recebam a mencionada notificação. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 16 de Janeiro de 2017 O Presidente do Júri, Iong Kong Leong
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14 Ano novo lunar CALENDÁRIO DE FESTIVIDADES
EVENTOS
Q
UEM chegar este fim-de-semana ao Terminal Marítimo do Porto Exterior terá uma surpresa à sua espera: a dança do dragão e do leão, assim como as actuações dos deuses da fortuna, felicidade, longevidade e prosperidade. Haverá também a distribuição de lai-si e lembranças. Este é um pequeno exemplo da exuberância que pintará o território de vermelho e dourado. Com os tradicionais panchões a rebentar um pouco por toda a parte. Um dos pontos altos das festividades será a Parada de Celebração do Ano do Galo, que se realiza na próxima segunda-feira e no dia 4, um dos eventos que deverá atrair mais turistas. O cortejo parte do Centro de Ciência de Macau, às 20 horas, passa no Avenida Dr. Sun Yat Sen e termina na Praça do Largo Sai Van, por volta das 22 horas. Este ano o tema da parada será a “Homenagem dos pássaros à Fénix pela chegada da Primavera”, no qual será representado um bando de aves que se concentram em Macau para assistirem ao eclodir do ovo para o nascimento da Fénix Dourada. Acredita-se que esta cerimónia trará felicidade, prosperidade, longevidade e sorte a quem assistir, ou seja, é um espectáculo a não perder. Além disso, serão distribuídas lembranças a quem passar por lá, cortesia da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Um detalhe que vale a pena destacar na parada é a presença da marcha de Alfama, vencedora da 84.ª edição das Marchas Populares de Lisboa, em 2016.
DIVERSIFICAR PARA ATRAIR
As festividades do ano novo chinês costumam atrair muitos turistas para Macau, fenómeno que já se faz sentir nos passeios das principais artérias da cidade. A diver-
O GALO SAI A RUA `
Por estes dias a cidade engalana-se de vermelho, dourado e com o multicolorido das flores por toda a parte para receber o ano novo lunar. O HM dá-lhe a conhecer os eventos que Macau tem para oferecer por estes dias
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA
Um dos pontos altos das festividades é a Parada de Celebração do Ano do Galo
sificação da oferta cultural é uma das apostas da DST. O objectivo é tornar a cidade apelativa a mais visitantes que não passem apenas pelo território para jogar e regressar imediatamente a casa. Em 2016, mais de um milhão de turistas entraram no território por esta altura, o que representou um aumento de 4,04 por cento em relação ao ano anterior. De acordo com dados divulgados pela Autoridade de Aviação Civil de Macau, foram autorizados mais 40 voos charter de e para a RAEM durante este período. Os charters fretados para responder ao fluxo turístico, são de e para a China, Taiwan, Japão, Coreia do Sul e Vietname. Outro dos eventos de destaque são os Auspícios do Dragão Dourado, que ocorrem amanhã, pelas 11 horas, no Largo das Ruínas de São Paulo. Quem for à cerimónia assistirá à vivificação do dragão dourado gigante, e dos leões, à queima de panchões e distribuição de “lai-sis”.
Noutra dimensão cultural, abriu ao público, na passada quarta-feira, a exposição das tradições do ano novo lunar na província de Guangdong, Hong Kong e Macau, intitulada “Uma Brisa Primaveril nas Terras Verdejantes do Sul”. A exposição estará patente ao público até ao dia 19 do
próximo mês, na Galeria de Exposições Temporárias do IACM e no Pavilhão Chun Chou Tong do Jardim Lou Lim Ioc, com entrada livre. A mostra reúne elementos das três regiões, sendo que da província de
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
O LIVRO DE AGUSTINA • Agustina Bessa-Luís Esta é uma autobiografia que evoca a família e a vida da escritora sensivelmente até ao 25 de Abril, simultaneamente um retrato de um Portugal desaparecido e um livro indispensável para compreender as raízes da escrita da mais importante escritora portuguesa viva, um dos vultos marcantes da cultura portuguesa contemporânea. Começa por recordar os avós, segue para o pai «brasileiro», jogador inveterado, personagem romântica por excelência. A mãe aparece como uma figura mais apagada. Mas há também uma tia em que inspirou a «Sibila» e uma galeria de outros secundários. Em criança, Agustina isola-se nos livros, num cinema que o pai explorava, no exemplo de uma professora. Sente-se com vocação para a escrita, e o pai apoia a sua carreira literária. Aos quinze anos produz os seus primeiros romances. Lê muito. Entretanto peregrina por terras do Norte: Amarante, Gaia, Maia, Póvoa, Vila do Conde, e também por Coimbra, onde decide casar, e finalmente o Porto. No seu estilo incomparável, Agustina deambula pelo passado e auto-retrata-se pelo caminho. Abundantemente documentada por fotografias familiares de época do espólio pessoal da autora, numa edição em elegante formato, cartonada, mas de preço acessível ao leitor médio, esta nova edição permite agora divulgar junto do grande público um texto que fora anteriormente publicado numa edição limitada e numerada e em formato de luxo.
NOS SONHOS COMEÇAM AS RESPONSABILIDADES • Delmore Schwartz
Nos Sonhos Começam as Responsabilidades é uma obra-prima da literatura americana. Uma avaliação confirmada pelos leitores em todo o mundo, mas também por grandes escritores como Vladimir Nabokov, T.S. Eliot ou Saul Bellow. Um adolescente, cujo nome nunca saberemos, assiste à projecção de um filme...
15 EVENTOS
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O apagar da memória COD lança obra de Mário Mesquita Borges
A
portugalidade encontra-se num progressivo desvanecimento em Macau. Essa é uma das ideias mestras do livro “Macau, as Últimas Memórias de Portugal”, de Mário Mesquita Borges. A obra, que vai ser apresentada no próximo dia 8, às 18h30, no auditório do Consulado Geral de Portugal, traça um futuro negro, reminiscente, para a cultura lusa no território. O ex-jornalista, hoje professor universitário na Universidade Católica, considera que as instituições que tentam promover Portugal na RAEM não estão a fazer o suficiente para manter viva uma herança com quatro séculos de história. Para Mário Mesquita Borges, a língua, a cultura e o património de génese portuguesa estão nas mãos dos próprios macaenses. “A sobrevivência da língua reside então, e não PUB
Guangdong serão exibidas xilogravuras, lanternas com imagens, requintados recortes de papel, caroços de azeitona esculpidos, papagaios de Yangjiang, bordados em contas de vidro, esculturas de barro, trajes regionais de ópera, assim como trajes étnicos e acessórios do povo Yao. Da Hong Kong podem ver-se itens do ritual Tai Ping Hung Chiu, varinhas de adivinhação de Wong Tai Sin, lanternas utilizadas no salão ancestral em honra dos meninos recém-nascidos, o unicórnio Hakka e rodas de pino do templo de Che Kung em Sha Tin.
A representar Macau na exposição são exibidas várias imagens da cidade na altura em que era pequena e ribeirinha, assim como artefactos que evocam o passado, tais como mealheiros, calendários, panchões, fogos-de-artifício, envelopes vermelhos de lai si, caixas de doces, etc.. Na realidade, não faltam razões para celebrar o ano novo lunar em Macau, com muita cor e eventos um pouco por toda a cidade. Portanto, Kung Hei Fat Choi. João Luz
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PANDAS BEBÉS PARA O PÚBLICO VER
É
a primeira apresentação pública do par de pandas bebés nascidos em Macau. Os pandas gémeos – que completam sete meses de vida – podem ser vistos primeira vez pelo público a partir de hoje e até ao próximo dia 12, apenas durante duas horas por dia. “Jian Jian” e “Kang Kang”, ambos do sexo masculino e cujos nomes ditos em conjunto significam “saúde”, foram os primeiros nascidos no território, sendo filhos do mais recente casal de pandas gigantes oferecido pela China.
só, na permanência e uso institucional, mas na sua presença diária, na sua continuidade prática.” Este desvanecer cultural, em troca da crescente “sinização”, foi o resultado natural da transferência de poderes, mas também de outros factores externos. O mandarim é uma língua em crescendo de importância por todo o mundo, portanto, não é de estranhar que em Macau o ensino tenha privilegiado a língua de Confúcio, em detrimento da de Camões, mesmo entre macaenses. Outros sinais de desaparecimento luso da região
são a perda de importância da Igreja Católica, assim como “o decréscimo da miscigenação com o português de origem europeia ocorrido ao longo das últimas décadas, e a integração, em fluxo contrário, com os chineses”. Como é óbvio, na origem desta mudança não se encontram unicamente razões culturais e económicas, mas também políticas. “Poucos meses depois da transferência de poderes, a presidente do Instituto Cultural afirmou que a instituição tinha como missão para o ano entretanto iniciado (2000) a divulgação e valorização da cultura chinesa no território com o objectivo de que a população de Macau conheça melhor as suas origens”, contextualiza o autor na obra. O livro, que promete lançar discussões, é publicado na colecção Cadernos Hoje, da editora COD. J.L.
16 DESPORTO
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Q
TAÇA DO MUNDO DE GT EM MACAU NÃO GERA CONSENSOS
Palco da Discórdia O resultado não foi de todo do agrado das marcas rivais, tendo a Porsche e a Mercedes-Benz mostrado o seu desagrado pela decisão da direcção de prova, ameaçado até não regressar e levar a prova a discussão no próximo Conselho Mundial da FIA. Infelizmente, até ao fecho desta edição, e mesmo após várias insistências do HM, não foi possível obter um comentário sobre o assunto da federação internacional.
DILEMA DE WEISSACH
Em 2016 construtor de Weissach foi o primeiro a assumir a participação oficial na prova. Este ano, a Porsche, a principal derrotada em 2016, ainda não confirmou se regressará ao Circuito da Guia. Primeiro, porque a equipa oficial do construtor de Weissach está de volta ao Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC), cuja prova do Bahrein coincide mais uma vez na data com o Grande Prémio de Macau. Segundo, a Porsche, que apostou forte em 2016, não gostou do final desse fim-de-semana. Para Frank-Steffen Walliser, o responsável máximo da Porsche Motorsport, se a prova recebeu o título de Taça do Mundo da FIA, então “deve ser claro que é o acto principal e que há tempo suficiente para fazer o que é necessário. E ficar sem tempo numa
GCS
UANDO o Eurosport Events e então Comissão do Grande Prémio de Macau não renovaram o contrato para o regresso em 2015 do Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) ao Circuito da Guia, a Taça do Mundo de GT da FIA foi apresentada com pompa e circunstância como “cabeça de cartaz” do evento. Todavia, depois de duas edições, ambas disputadas em Macau, a prova, que ainda não consta do calendário internacional da Federação Internacional do Automóvel (FIA), está sob fogo cruzado. No seguimento do aumento do envolvimento dos grandes construtores automóveis na categoria GT3, a FIA achou por bem criar um troféu para colocar as marcas frente-a-frente numa categoria inicialmente concebida para pilotos e equipas privadas. Quando Baku, a capital do Azerbaijão, optou por acolher o Grande Prémio da Europa de Fórmula 1, em vez desta Taça do Mundo, a FIA encontrou em Macau o palco ideal para a sua realização. “O objectivo da Taça GT Mundial da FIA é trazer os carros de GT melhores e mais rápidos, bem como acolher equipas e pilotos para correrem num local com prestígio. Quando a FIA considerou pensar num circuito para realizar o primeiro evento mundial, pretendíamos atrair o melhor, tinha que ser apelativo para os fabricantes e para os pilotos, e poder oferecer algo especial”, proferiu Christian Schacht, Presidente da Comissão de GT da FIA, no dia da apresentação da taça. Contudo, após duas edições, a localização da prova está a ser posta em questão pelos intervenientes. Para se perceber porquê é preciso recuar até Novembro de 2016. A corrida de 18 voltas teve apenas quatro e terminou com o carro vencedor virado ao contrário e o público a assobiar a decisão de dar por finalizada a corrida com apenas quatro voltas cumpridas. Um acidente logo na volta inicial, que danificou as barreiras de protecção na Curva dos Pescadores, obrigou à amostragem da bandeira vermelha. No recomeço, e como a reparação necessária foi longa, apenas 15 minutos extra foram atribuídos à corrida. Earl Bamber, em Porsche, colou-se ao então primeiro classificado Laurens Vanthoor e passou-o. Na vã esperança de recuperar o lugar, o piloto belga exagerou na Curva do Mandarim. O piloto da Audi passou por cima do corrector interno, perdeu o controlo do carro, bateu nas barreiras de protecção do lado oposto e o Audi R8 levantou voo, terminando de rodas no ar. Apesar do aparatoso acidente, intensamente partilhado nas redes sociais, Vanthoor não se aleijou, saiu pelo próprio pé e ainda celebrou o triunfo.
Taça do Mundo FIA não é apropriado”, disse o responsável germânico. Questionada pelo HM, sobre se tem planos para voltar à RAEM em 2017 ou a comentar o que pensa da própria corrida, a Porsche Motorsport ficou-se por um lacónico “não comento”.
AUDI ALINHA
A Audi foi das primeiras marcas a apostar na renovada prova de GT da RAEM, até mesmo antes desta ter o estatuto mundial que hoje tem. O sul da China continua a ser um mercado importantíssimo e não foi por acaso que 500 convidados estiveram presentes numa cerimónia realizada pela Audi no hotel JW Marriott durante o evento. “O Grande Prémio de Macau marca uma das datas mais importantes no nosso calendário e é um importante palco de testes para a nossa tecnologia de ponta”, disse o director da Audi Hong Kong, Rene Koneberg, na abertura desta mesma cerimónia. Portanto não é com surpresa que o construtor de Ingolstadt defenda o regresso às ruas do território da prova. “Para um evento excepcional como a Taça do Mundo FIA de GT, precisas também de uma pista especial. Não há dúvida de que o circuito de Macau tem essa condição. É uma pista com o seu próprio ADN, como o Nürburgring Nordschleife na Alemanha ou Bathurst na
Austrália”, afirmou ao HM, Chris Reinke, director da competição-cliente da Audi Sport. Contudo, o dirigente alemão realça que “a forma como a corrida se desenrolou em 2016 esteve longe de ser perfeita. Mas eu penso que devemos olhar para os procedimentos de corrida em primeiro lugar, em vez de questionar se Macau é o local certo para este evento”. Mesmo depois ao escândalo das emissões poluentes que está a abalar o Grupo VAG e com reflexos negativos na competição automóvel, o autónomo departamento de competição-cliente da Audi mantém-se a funcionar e para tal, no fim do dia, o que mais importa para os alemães é que a Taça do Mundo continue, independentemente do circuito ou país. “No final do dia, cabe ao promotor escolher a pista adequada para a Taça do Mundo da FIA, e depois nós iremos comprometer-nos com este evento, seja em Macau ou num qualquer outro lugar”, exalta Reinke.
OS OUTROS
A Mercedes-Benz, a Lamborghini, a Aston Martin e a McLaren foram os outros fabricantes que estiveram presentes nas edições passadas desta prova. Se para a Mercedes-Benz, vencedora da Taça em 2015 com Maro Engel, a prova de Macau é usada também com o propósito
de promover a marca desportiva AMG, já o mesmo não se pode dizer dos outros construtores. “A Lamborghini só está envolvida na competição cliente, não entramos como equipa oficial”, esclareceu uma fonte oficial do construtor italiano ao HM. “Se uma das nossas equipas quiser participar na Taça do Mundo, como em 2016 a FFF Racing Team, então teremos todo gosto em apoiá-los, como é habitual”, informou. Já os dois construtores britânicos não repetiram a experiência de 2015 em 2016 por falta de equipas parceiras na região, como noticiado anteriormente pelo HM.
PILOTOS A FAVOR
“É algo que nós temos que pensar no futuro com a FIA, se é que realmente querem continuar a fazer a Taça do Mundo nesta pista, porque o resultado não é representativo e não é bom para os fãs”, desabafava o francês Kevin Estre, piloto da Porsche e segundo classificado na corrida do ano passado, após a corrida. Apesar de todas as limitações do Circuito da Guia, para Álvaro Parente, o único piloto com licença desportiva de Portugal a ter participado nesta prova, em 2015, faz todo o sentido manter Macau como palco deste evento. “O Circuito da Guia é muito exigente e muito diversificado e onde os pilotos ainda podem fazer a diferença. Acho que é um grande palco para realizar a Taça do Mundo”, disse o piloto da McLaren GT ao HM. Contudo, para o portuense “talvez se tenha que dar mais alguma importância à competição – com mais tempo de pista – e talvez devam exigir pilotos mais experientes. No entanto, o ano passado foi um piloto muito experiente que causou a situação mais caricata”. A opinião do piloto português é partilhada por vários colegas de profissão, a começar pelo próprio LaurensVanthoor que acabou por ser o principal responsável por este debate. “Esta é uma pista onde os melhores pilotos de GT e marcas devem competir”, disse aos jornalistas o belga vencedor da prova, momentos depois do episódio do fim-de-semana de Novembro. “Foi uma corrida infeliz e foi bom que a tenham parado”, lamentou, realçando que “no entanto, talvez devêssemos ter a certeza que haverá uma almofada maior de tempo para fazer a corrida. No final, foi o que aconteceu, não nos foi dada a oportunidade de ir novamente para a pista. É claro que haverá sempre “Safety-Cars” e bandeiras amarelas...”, conclui o vencedor da Taça do Mundo, que um mês depois do Grande Prémio de Macau trocou a Audi pela rival Porsche. Sérgio Fonseca
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em modo de perguntar
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Paulo José Miranda
Estelle Valente
“Gosto de fotografar aquilo que não existe” Nasceste em França, onde cresceste e estudaste economia, mas acabaste por vir para Portugal, terra dos teus pais, e tornaste-te fotógrafa. Hoje és mais conhecida por ser a fotógrafa oficial da cantora de fado Gisela João. Que te levou a vir para Portugal e deixar a economia para te tornares fotógrafa? Porque é que larguei tudo em França para vir viver para Lisboa? Essa deve ser a pergunta que mais me fizeram até hoje e, como muita coisa na minha vida, não tem uma resposta racional. É algo que sentia em mim há muitos anos. Sabia que o meu destino, o meu « fado», era aqui. É difícil explicar. Precisei de quase dez anos para tomar essa decisão. Temos várias vidas na nossa vida e eu já tive muitas. Não tenho medo da mudança, de mudar de área. Gosto sempre de experimentar coisas novas. A fotografia nasceu um pouco dessa mudança. Quando cheguei a Lisboa não conhecia quase ninguém e tinha uma sede de descoberta. Comecei a sair sozinha, a eventos culturais, à noite, e a máquina fotográfica foi naquela altura a minha companhia. Deu-me uma segurança e foi fundamental para o meu crescimento, eu que sou uma pessoa bastante tímida. E dessa companhia nasceu uma paixão. Comecei a fotografar muito. Depois aconteceu um daqueles encontros que mudam a vida de uma pessoa: e o meu encontro com a Gisela João foi um deles. Ela não era conhecida na altura e comecei a fotografá-la. Depois saiu o primeiro álbum dela e foi o impacto que foi. Desde então crescemos juntas. No panorama actual da música existem poucos casos assim e, por isso, tudo isto me parece único. Ela é a minha Musa, ela é a minha principal fonte de inspiração. Eu vejo nela todas as musas de Gainsbourg. Fotografas sempre a preto e branco, e especialmente pessoas. Isso deve-se apenas a compromissos profissionais ou é esse o modo como entendes a fotografia? A arte, e aqui a fotografia, é um pouco o reflexo daquilo que somos e muito das nossas imperfeições. E por isso as minhas
diata. Essa possibilidade de construir um poema visual. Agrada-me o facto de ter vários olhares sobre uma foto. Digo sempre que numa fotografia há três histórias: a história real do momento que estou a fotografar, a história « inventada » que eu quero contar e que muitas vezes as pessoas não percebem e, por fim, a terceira história, a da pessoa que está a olhar para a foto e cuja imaginação pode ser estimulada por esse olhar. O mais bonito é que acabam por ser sempre três histórias diferentes. E é essa magia que me fascina na fotografia. Por isso é que criei há alguns anos um blog onde convido « amantes da escrita » a escrever um texto (um poema ou um conto) inspirado numa foto minha. O resultado tem sido fascinante e muito inspirador ao ver o que as pessoas imaginaram perante uma foto minha sem eu nunca ter pensado nisso nem ter tido a mesma leitura.
fotos são frequentemente melancólicas, sombrias, misteriosas, poéticas, paradas no tempo. Isso deve ser um pouco aquilo que sou. E só o preto e branco me permite isso. Também poderá ter a ver com a noite que eu associo muito aos tons pretos e brancos. O que me fascina na noite é que tudo parece possível, como se não existissem limites. E também vejo isso no meu preto e branco. Com o preto e branco consigo transmitir exactamente aquilo que quero, a história que quero contar.
O que me interessa mais na fotografia é a ausência, é justamente poder contar a história de alguém sem ele estar presente fisicamente
É algo mais forte, com mais contraste e impacto. Gosto de brincar com as sombras, ao fim ao cabo com a minha própria sombra, com o meu lado escuro. O facto de fotografar pessoas deve-se ao meu percurso profissional, foi assim que as coisas foram acontecendo ao trabalhar muito com a Gisela e no Teatro São Luiz, onde tenho feito imensos retratos. Mas confesso que o que me interessa mais na fotografia é a ausência, é justamente poder contar a história de alguém sem ele estar presente fisicamente. Gosto de fotografar aquilo que não existe, eu sei que pode parecer estranho. A minha liberdade de imaginação é muito maior nesse caso. O que é que mais te fascina na fotografia? No fundo, e isso poderia ser aplicado a outros fotógrafos, muitas das tuas fotografias são como poemas. A liberdade de poder contar uma história de uma forma directa e ime-
E o que te fascina tanto em Lisboa? A luz, sem dúvida. Por vezes as pessoas que vivem aqui não têm essa noção mas Lisboa tem uma luz diferente, uma luz que penetra e que transforma a tua alma. E essa luz mudou-me de uma forma que dificilmente consigo explicar.
Quero seguir o meu instinto, foi sempre ele que me guiou até hoje Quais os teus projectos para este ano e quais os sonhos? A minha vida é feita de sonhos! Projectos concretos tenho alguns, que não posso revelar ainda, mas posso dizer que em breve haverá uma (ou duas) exposições em Lisboa, e provavelmente a edição de um livro. E um projecto com uma passagem por Paris, como não podia deixar de ser. Acima de tudo, quero fugir do óbvio e daquilo que toda gente espera. Quero seguir o meu instinto, foi sempre ele que me guiou até hoje.
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h Sentido
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ADA a reler. Como se sempre uma leitura nova. Quanto muito na música, eternizar na repetição obsessiva uma mesma emoção a distender-se sem querer o abandono. O caminho sempre em frente, afinal mesmo aí. Naquele momento em que a alma se nos cansa de si e segue. A fugir mesmo devagarinho mas em frente. Porque não há outra maneira de enfrentar o tempo. Senão deixá-lo correr para trás, como já visto da janela de um comboio. Sob a forma de casas, ou árvores. E de caminho Kant. Já nem me lembro porquê ao retomar este texto. Mas deixo a referência que fica sempre bem. Um filósofo. Nem sei muito bem já, se ainda aprecio filosofia. Mas não apetece um caminho morto. Um nome morto. Referencial só numa camada. De caminho Husserl. Mas nada disto é válido hoje. A filosofia morreu antes da cidade cibernética se instalar em torno. Exigente à adaptação de uma nova espécie que somos, ainda ancorada na anterior. É a era da linguagem mediatizada ao ponto da entropia total. Nunca tão grande indiferenciação entre os planos do real e da ficção. Nunca tão grande ambiguidade no encontro. No discurso. No desencontro. Nunca tão grande necessidade de rigor face à sua impossibilidade. A cibernética cidade frenética da comunicação. Da fuga. O que é gosto é vida. Em cada Kant, em cada canto, em cada cante. Caminhos são ideias boas de que me cerco com o tempo devido. Vazios como uma solidão expressa, mas a iludir um olhar exterior. Porque nem sempre. Vazio é o aberto e desconhecido. Que, em alguma medida, estrutura a viabilidade de uma existência. Que seria de quem, lúcido de finitude, não esquecesse todos os dias. Todos os caminhos. Não se esquecesse do ser finito, falível, anódino mesmo para si, preso a determinismos vários e, por mais que adiado sem hora, irremediável. Então vazio e pleno, de imprevisto e indeterminadamente possível, faces de uma moeda consciente de vida. E de existência. Vazio em aberto. Num caminho. Para isso o silêncio. Às vezes. Liberto. A deixar ver o invisível. Seguir o invisível. Nuns dias. Noutros o visível necessário. Pequenas e grandes coisas aqui e ali. Chamar-lhe um nome ou sonho, talvez. A vida move-se, mas no
erro de paralaxe. Que se compra em finitude e que se compra em eternidade. Há um erro para tudo e há um preço para tudo. Paradoxal. É o que nos anima numa, para viver como se real fosse a outra. Nos dois sentidos. No sentido alternado de ambas, inimigas inseparáveis, se descobre a hábil eficácia de cada parte. Outra vez a desesperante questão do indominável. No sentido. Desde há dias fiquei em casa na companhia dos ácaros. São uma boa companhia porque não se veem, não se sentem, não se pressentem. Mas sabe-se que existem. Uma parte de mim é pobre. Dedica-se a assuntos de limpeza, enquanto reflecte Deleuze, Derrida, Duras, Descartes. Por ordem alfabética e na desordem dos pensamentos atropelados por Caim de cada um, e enquanto se produz ordem na vida material. Ou é isto a vida, e nada suja as mãos na transumância de sentidos distraídos do pó de limpeza como do pó dos tempos. Dos micróbios, mesmo. Não visíveis. Esquecidos. Talvez não existam. Uma parte de mim não mora em mim. Vem e vai todos os dias incerta. Como chamar-lhe obsessão. Obsessão de morte, obsessão de amor, obsessão de me ver espalhada nas palavras que me perseguem por dentro. Não gosto de pontos traumáticos de interrogação. Reticências. E a liberdade no seu curso natural. Sempre uma ideia fetiche. Do recomeço assinalado de cruz. A cada um o seu visível, a cada um o seu invisível. A não querer olhar para trás. Olhar para além e para longe na cegueira irredutível do vazio que se oferece a preencher. Como uma melodia mas em silenciosa aparência. Já um passo para além da dor. Uma bolha transparente e exterior. Entre mim e a dor sentida. Está ali a dor. A bolha casulo da dor. Em torno. Sangrada à força de mim. Está ali e isola-me de tudo. Fora. Eu também. Como expulsa de casa. Da bolha enorme. Da dor. E de repente vazia. A bolha. Eu. Do lado de fora de uma bolha vazia. Há um caminho depois. Como voltar a ingerir a dor. Para de dentro não obstruir o caminho. Talvez. E perder o pé. E ficar a flutuar simplesmente num intervalo de dor. Entre a não dor, a dor, e a ausência estranha da dor. Sem saber depois. Mas é como se se me virasse o ser do avesso e não é bom. Há que voltar. Aos sentidos e
ao sentir. Mas não àquele apego também estranho à dor como se nela se consolidasse a pessoa que nos falece e falece para não voltar. Excepto, parece, na dor. Por agora. O que é isto de não estar cá mais, é o que nem corpo nem alma admitem de repente. É isso. E de novo e sempre a imagem do caminho que se esconde e que é sem retorno como sempre. Na infância, era a fuga. No sonho. Dentro do sonho, digo. E o temor dos sonhos da noite. Todas as noites a rezar, como a rezar, que o sonho fosse da morte. Não por a amar, só mesmo pelo branco ecrã vazio em vez de todas as possibilidades de sonhos maus. E na
fuga, conduzia um carro. O que era do meu pai. Eu sei o que isso é. Aquela irreprimível necessidade de domínio. Do real. Que escapa tanto a uma criança. E depois. Sempre, também. Eu brincava com bonecas, mas no sonho de sempre conduzia um carro. Em fuga. Sempre de noite. Escadarias da cidade, incluídas. Sem pessoas. Só aquelas de quem fugia. E depois, há muitos anos quando comecei a conduzir um carro andava como se a pé, com mil cuidados mas pelos caminhos de sempre na cidade. Ao fim de uns tempos não há quase o carro diferente do corpo. Mais uma roupa. Sapatos rápidos para andar e não
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de tudo e de nada
Anabela Canas
único sofrer do frio. Não era preciso pensar a cidade inscrita a direito num mapa de memória. Ali ao fundo a casa de. Virando à esquerda, o jardim. Um cotovelo de rua entre a mercearia e o terreiro de brincar. O caminho do 50. O do 46. Um dia começou tudo a desarrumar-se em estratégias e percursos indirectos, a cidade a tornar-se desconhecida na sua esquadria natural e a fragmentar-se em percursos. A esconder-se em túneis. A tornar-se misteriosa para além dos novos caminhos de andar. De carro. Saber que para virar à esquerda muito do inverso lhe deve anteceder. E no registo fragmentado de novas memórias, a cidade cada vez mais desconhecida. Em
sítios novos sobra a noção de percurso a sobrepor-se a uma lógica de ruas, cruzamentos e curvas. Deixei de reconhecer a cidade inteira mas sim partes dela. Abstractas dentro dela. Como um novo mapa imaginário, desenhado numa teia de sentidos proibidos, ou obrigatórios, grandes curvaturas em hélice para chegar a um plano superior. De estrada. Não poder voltar atrás. Circulares fora do espaço. Uma cidade de estradas ladeadas de um nada superior ou inferior. Quando daqui ali era tão em linha recta. Dantes. Depois a pensar para trás nos caminhos. Conduzir um carro entre janelas sobre estradas e caminhos. E um
dia pensei reconhecer no caminho de sempre, um sinal do caminho inverso. Noutro dia, do mesmo caminho salta um outro sinal, invertido em tudo, e de novo, do caminho inverso. Na cidade alienada por percursos indirectos, e sempre os sentidos obrigatórios e sentidos proibidos, ir não é já o inverso necessário do voltar. Senão no paradigma de destino. Não no percorrer do caminho. Ir e vir na rotina dos dias. No hábito de horas a repetir sem outra semelhança. E um dia, reparar também que mesmo o mesmo caminho de ir e voltar, se apresenta desconhecido de si. O de ir, com as marcas de si e do ir. O de voltar, com as marcas de outras marcas como desconhecidas umas das outras. As marcas do voltar. Uma curva, na frente um letreiro x. Sempre. Voltar naquilo que descia, subindo. E antes, ter ido e ir, naquilo que sobe, descendo. A outra curva irreconhecida na primeira. Um outro letreiro Y na frente. Outro, sim mas que está ali sempre. E um dia, dizia, reconheço no letreiro à direita, o letreiro do lado esquerdo. Esquisito e semelhante. E o que curva à esquerda, invertido na curva à direita de outras horas. É o espanto. Nunca antes se tivera reconhecido no mesmo caminho e da mesma rua e estrada, um na inversão do outro. Talvez a velocidade que não é a dos pés e do olhar coordenado ao tempo desses. Um olhar por detrás de vidros e rápido e atento a outra fatia do real e assaltado de sinais soltos interrompidos na sua sequência geográfica e lógica. Antes. Durante. Depois. O que fica para trás, estranho enquadramento invertido no espelho retrovisor. É o espanto. Como se leva anos a reconhecer um lugar em outro. Alienados num percurso que os afasta de si enquanto lugar único. Preferir caminhar. Também. Como conduzir ou ser-se conduzido. Num carro. Caminhos diferentes sempre. Os olhos. A pensar nas janelas do comboio, dantes, a realidade a correr para trás. E dia após dia reconhecer no caminho de ir sempre a ausência de sinais do caminho da volta. Mais tarde. Ao entardecer que também era marca de um olhar diferente. Ou porque me sentava do outro lado. Ou porque pensava em outras coisas. E mesmo os poucos sinais reconhecíveis, a parecer outros. Num caminho, No caminho de voltar. Ou, na realidade dois caminhos simé-
tricos de ir. Sempre de ir. Mas fraca e indistinta simetria. Não há cainho de voltar. Dois destinos nas pontas de uma linha. Mas sentido único, de cada vez. E umas vezes segue-se o caminho do visível, outras o do invisível… Como um fenómeno divertido nos dias, a não pensar. Para ir acontecendo. Sempre tive um fraquinho pelo fenómeno. O real como se nos apresenta independentemente de tudo o que contrarie essa intuição. Sempre dividida em queda. Uma propensão para a verdade provisória da ciência. Sempre a aguardar a sua substituição por uma cortina nova de tecido fresco. E tudo o que deriva em todas as outras águas. E uma verdade baseada na não contradição. O princípio. Não se abala uma verdade que se ancora nos dados da consciência. Um lugar de conforto a ver bem. Despido dos acidentes próprios de um mundo real. Que realidade, é a questão fugidia a que não podendo fugir, se precisa de ligar a algo. A um plano definido de entre os estratos do real. De todo o real possível de pensar. E depois pensar se aquilo dos caminhos únicos. Se aquilo dos sentidos únicos. Se é assim com os sentimentos. Os amores quando são caminhos que seguimos pelo dar ou pelo receber. Mas no amor, tudo se mistura depois e antes e não deveria haver esse traçado da geometria, essa matemática de vectores. Caminhei algumas vezes em sentidos contrários entre sentimentos entre impressões. Decisões. E também aí nada num sentido é reconhecível no outro como inverso. Sempre o espanto abrupto de um dos sentidos sem a colagem do outro. Sempre o espanto como se o caminho fosse um. Mas não será. Aí, caminhos talvez sempre outros. O de ida e o de voltar. Outras vezes sim, e a mesma admiração. A vida exige demais e pela minha voz confusa e equivocada. Do tempo, talvez, desconfio muito e que muito. Não sei é porquê. Não fazer as contas a nada. E estou na hora do post-it amarelo. Caminhos. Dois pontos. Não confundir o papelinho da fantasia com o da ilusão. Post-it a prender no espelho. O da maresia e o da solidão - este no frigorífico. Ou vontade com vocação. Difícil, este. Talvez na janela…Que dá para a rua. Ela própria diferente no ir e no voltar, dela, em sentido contrário ao meu. A ir.
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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS E D I TA L DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS DO IMPOSTO PROFISSIONAL RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2016 1.
Em conformidade com o disposto no artigo 10.º, n.º 1 do Regulamento do Imposto Profissional, avisam-se todos os contribuintes do 1.º Grupo (assalariados e empregados por conta de outrem) e do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – sem contabilidade devidamente organizada – do referido imposto, que deverão entregar, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2017, na Repartição de Finanças de Macau, em duplicado, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5, de todos os rendimentos do trabalho por eles recebidos ou postos à sua disposição no ano antecedente, podendo os contribuintes inscritos como utilizadores do “Serviço Electrónico” destes Serviços declará-lo através da página electrónica DSF (www.dsf.gov.mo).
2. Ficam dispensados da apresentação da referida declaração os contribuintes do 1.º Grupo cujas remunerações provenham de uma única entidade pagadora. 3.
Os contribuintes do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – com contabilidade devidamente organizada conforme n.º 1 do artigo 11.º do mesmo Regulamento – deverão entregar, a partir de 1 de Janeiro até 15 de Abril de 2017, na Repartição de Finanças de Macau, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5 e o Anexo A, em duplicado, juntamente com os seguintes documentos: a) Balanços de verificação ou balancetes progressivos do razão geral, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização e de apuramento dos resultados do exercício; b) Mapa modelo M/3 de depreciações e amortizações dos activos fixos tangíveis e intangíveis e mapa modelo M/3A da discriminação dos elementos alienados a título oneroso e dos abatidos a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos; c) Mapa modelo M/4 do movimento das provisões a que se refere a alínea e) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos.
4.
Todas as entidades patronais deverão entregar nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2017, na Repartição de Finanças de Macau, uma relação nominal, em duplicado, conforme o modelo M3/M4, dos assalariados ou empregados a quem, no ano anterior, hajam pago ou atribuído qualquer remuneração ou rendimento.
5.
Conforme o Regulamento do Imposto Profissional, a falta da entrega da declaração de rendimentos e das relações nominais dos empregados ou assalariados, ou a inexactidão dos seus elementos, será punida com a multa de 500,00 a 5.000,00 patacas.
6.
Os impressos da declaração e das relações nominais são disponíveis no 2.º Centro de Serviços do Edifício “Finanças”, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Atendimento Taipa.
Aos 2 de Dezembro de 2016. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong
O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais deseja a todos um bom Ano Lunar do Galo
WWW. IACM.GOV.MO
KUNG HEI FAT CHOI O Banco Nacional Ultramarino deseja à população de Macau um Próspero Ano Novo Lunar do Galo
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OPINIÃO
contramão
ISABEL CASTRO
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ROUBEN MAMOULIAN, DR. JEKYLL AND MR. HYDE
isabelcorrreiadecastro@gmail.com
P
ODERÃO pensar que sou antiquada, démodé, fora do tempo: gosto de homens que sabem ser cavalheiros. Assim como gosto de mulheres a sério, aprumadas. Com isto não quero dizer que não compreenda o disparate e que dele não participe. Na vida há espaço e tempo para tudo, incluindo para o palavrão que, dito na hora e no local certos, tão bem faz à alma, por ser purificador ou, pelo menos, bastante analgésico. Mas escrevia eu que gosto de cavalheiros. Isto não tem que ver com desigualdade de género, antes pelo contrário. O meu entendimento de cavalheirismo implica, antes de mais, que os homens respeitem as mulheres. E respeitem os compromissos. Respeitem os outros. Por isso são cavalheiros. Também as mulheres a sério, as que são aprumadas, respeitam os homens. E respeitam os compromissos. E respeitam os outros. O respeito é mesmo muito bonito. O cavalheirismo é uma forma de vida, de pensar, de estar, de agir com os outros e para com os outros. É uma forma de se ser
social. Devemos aos cavalheiros o facto de termos uma sociedade mais ou menos organizada. Foram eles que fizeram o favor de nos estruturarem, para que seja possível a convivência mínima. Há mulheres a sério que também contribuíram neste processo, apesar de serem em número inferior ao desejável. Mas não é isso que agora interessa. O cavalheirismo é, por norma, acompanhado de gentileza, uma qualidade mais ou menos em desuso para ambos os sexos. Cavalheirismo e gentileza são, porém, características que não se devem confundir. O que hoje me importa mesmo é o que o cavalheirismo tem de tão especial e o que, na ausência dele, irremediavelmente se perde. Há exactamente uma semana, assisti em directo à tomada de posse de Donald Trump, o estranho ser que, de candidato a candidato alvo de muito e merecido gozo, passou a Presidente da maior economia mundial. Aquilo que deveria ser uma festa teve contornos fúnebres, pelas expressões de quem lá esteve, pelo clima que se percebia no ar, pelos protestos que aconteceram à mesma hora. Pelo discurso que fez, pelo tom do discurso que fez, por aquilo que anunciou, pelo modo como se comportou. A semiótica das palavras é importante, como é importante a semiótica das imagens. Donald Trump é a antítese do cavalheiro. Não vale a pena elencar aqui o que ele
já fez, desfazendo; ou o que desfez, existindo. Para quem dúvidas tivesse, numa semana demonstrou de que farinha é feito. Não passa de um vendedor de banha-da-cobra pintado de dourado, um homem que imagina que basta querer para que o poder lhe responda aos desejos. Quem o apoia ainda não percebeu o que vai acontecer, mas talvez um dia destes avance no discurso e ouça o que se seguiu ao ‘American first’ que tantos orgasmos mentais provocou naquele eleitorado babado de contentamento.
Quero acreditar que, um dia destes, a coisa resolve-se, de uma forma ou de outra. Mas até lá temos a antítese do cavalheiro na Casa Branca É cedo para imaginar o futuro, mas certo é que o que vem por aí não será coisa boa. É dar tempo ao tempo, sendo que o tempo não será longo. As alucinações, como é sabido, vêm e vão, sendo que há remédios vários para elas. Mas, até lá, é esta a realidade e não vai soltar-nos. Como se dá o caso de vivermos
todos no mesmo mundo, o que acontece lá longe também nos interessa, porque o mundo vai sendo feito de muitos equilíbrios, de jogos de poder que devem seguir regras comuns. Neste momento, ninguém sabe exactamente quais são, mas todos nós vemos o que se está apostar. Quero acreditar que, um dia destes, a coisa resolve-se, de uma forma ou de outra. Mas até lá temos a antítese do cavalheiro na Casa Branca. Como não sabe ser cavalheiro, como não passa de uma espécie de humano que, infelizmente, não beneficiou das vantagens de uma educação para o cavalheirismo, Donald Trump faz o que lhe dá na real gana, nas mais variadas dimensões da sua desinteressante mas insistente existência. Um dia destes, o mundo muda outra vez mas, até lá, muito será desfeito, para entretenimento das agências de notação financeira, para a desgraça de muitos e o regozijo de outros tantos. O problema é que a figura que está ali no topo, na abertura dos noticiários, no centro do mundo, esparramado num sofá na Casa Branca, não é um cavalheiro. E como não é um cavalheiro, alinhou o discurso e os actos pelo nível subterrâneo, que é onde vivem os seres cujos olhos não têm qualquer préstimo. A contaminação do estilo será a pior consequência de todas. Donald Trump é a antítese do cavalheiro.
22 (F)UTILIDADES TEMPO
POUCO
hoje macau sexta-feira 27.1.2017
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Sábado
DJ SET CNY FT. MANTIS (THE MANTIS PROJECT / BANG CLUB) Kam Pek Entrada gratuita
MIN
15
MAX
22
HUM
45-85%
•
EURO
8.55
BAHT
EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02)
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017) EXPOSIÇÃO “I’M TOO SAD TO TELL YOU”, DE JOSÉ DRUMMOND Casa Garden, (Até 24/02) EXPOSIÇÃO “OBSERVAÇÕES”, DE MANUELA MARTINS Casa Garden (Até 04/02) PROBLEMA 166
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 165
LA LA LAND SALA 1
POKÉMON THE MOVIE 19: VOLCANION AND THE MECHANICAL MARVEL [A] FALADO EM CANTONÊS COM LEGENDAS EM INGLÊS Filme de: Kunihiko Yuyama 14.15, 16.00, 17.45
LA LA LAND [B]
Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 19.30
LA LA LAND [B]
SALA 3
SALA 2
FALADO EM CANTONÊS Filme de: Ron Clements, John Musker 14.00,16.05, 18.10, 20.15
Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 14.30, 21.30, 23.30
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C][3D]
Os aromas são uma das benesses que os sentidos nos oferecem, estão ligadas intimamente ao paladar, e tudo o que tem que ver com sabores eu gosto. Gosto de me lambuzar e transportar os cheiros do que comi nos bigodes, mas esta altura do ano é o apocalipse dos cheiros. Daí estar a oferecer o meu nariz por uma semana por total exaustão olfactiva, a aguardar por um milagre à Gogol. A juntar aos habituais incensos, tudo se queima, por esta altura, principalmente neurónios. Rebentam-se panchões envoltos em papel vermelho, a cor do auspício, o que me parece óbvio. Já as explosões que me arrancam da minha reflectiva letargia são um incómodo insuportável. Suspeito que foi com este intuito que a China inventou a pólvora, mas é só um palpite. Todas estas comemorações estão envoltas num simbolismo que só os humanos conseguem imprimir nas coisas, tudo tem um significado ulterior, nada pode ser inócuo ou acidental. Mas tenho de confessar que as flores matam-me. Cada uma com o seu significado, sempre em torno da riqueza e da sorte. Uma espécie de botânica avara, que empesta a cidade com os aromas de uma capela fúnebre. É uma proeza incrível esta de transformar perfume em odor, um truque só ao alcance da mente humana. Esta é a altura do ano em que tenho alguma pena do meu eterno rival canino, mas depois recordo-me que eles se cumprimentam a cheirar o rabo um dos outros. Pu Yi
“O NARIZ” | NICOLAU GOGOL
“O Nariz” é um dos contos clássicos da literatura russa, carregado de humor e de absurdo, que inspirou uma ópera composta por Dmitri Shostakovich. A narrativa envolve o nariz de um oficial, o Major Kovaliov, que decide sair da cara que habitava para seguir uma vida independente. A naturalidade com que o facto surreal é tratado no conto antecipa o absurdismo da “Metamorfose” de Franz Kafka, e das obras de Boris Vian ou Albert Camus. É um conto fundamental na obra de Gogol, e um maiores da literatura russa. João Luz
Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 16.30
Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.30, 22.00
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C]
UM LIVRO HOJE
SUDOKU
DE
C I N E M A
1.16
OFEREÇO NARIZ
EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1
Cineteatro
YUAN
AQUI HÁ GATO
Diariamente
EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)
0.22
MOANA [A]
52 Hz, I LOVE YOU [B] FALADO EM MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Wei Te-Sheng Com: Van Fan, Chic Tanaka, Min-Hsiung 22.30
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
23 hoje macau sexta-feira 27.1.2017
PERFIL
CRISTIANO CANNATA, GERENTE DE RESTAURAÇÃO
É
De Manhattan à Praia Grande
um longo caminho. Nascido e criado em Florença, Cristiano Cannata é um rookie de Macau com uma longa história de trabalho longe da sua terra natal. Começou a trabalhar no território a 1 de Outubro do ano passado e, para já, não podia estar mais satisfeito com a opção profissional e pessoal que fez. “Pela primeira vez em muitos anos, chego ao meu apartamento, fecho a porta e tenho a sensação de que estou em casa”, conta. “É a segurança, o ambiente, as pessoas que aqui vivem”, justifica. O manager do Caffe B, um restaurante italiano junto ao Lago Sai Van, veio do Laos para Macau. Mas a história das viagens deste homem, que assume ter espírito nómada, começou em 2001. “Descobri que a Europa era um pouco apertada para mim e segui os meus sonhos. Mudei-me para os Estados Unidos, para Nova Iorque, com uns trocos no bolso.” Antes de entrar em detalhes sobre os anos norte-americanos, faz uma declaração: “Tenho de dizer que Nova Iorque foi a melhor escola possível em termos de trabalho”. Até se abrirem as portas do universo da hospitalidade, Cristiano Cannata quis ser técnico de medicina dentária. Foi para isso que estudou, depois de ter começado a trabalhar, em tempo parcial, num laboratório. Tinha apenas 13 anos. “Ia à escola de manhã e depois aprendia uma profissão”, recorda. A partir do momento em que a idade lhe deu a possibilidade de entrar em bares e
clubes, surgiu mais um part-time. Foi então que apareceram novas perspectivas. Os ataques de 11 de Setembro de 2001 adiaram a viagem para os Estados Unidos, mas em 2002 era trabalhador a tempo inteiro num bar em Nova Iorque. De empregado de bar passou a gerente, do bar saltou para o restaurante, foi empregado de mesa, tornou-se no responsável máximo pelo espaço onde trabalhava. O caminho fez-se até que, em 2006, aconteceu “a grande mudança” da vida do italiano, uma mudança ainda maior do que a ida para a América.
MARAVILHOSA TURQUIA
“Trabalhava no Paper Moon, em Manhattan, e tive a oportunidade de abrir um restaurante do mesmo grupo em Ancara, na Turquia. Precisavam de um gerente. Fui para a Turquia e descobri o país. Foi amor à primeira vista”, diz. Projecto em andamento, regressou a Nova Iorque em Junho de 2007, onde acabou por ficar mais três anos e meio. Questões familiares puseram um ponto final no sonho americano: voltou para Itália, mas o regresso a casa fez-se de forma temporária. Passados três meses tinha, de novo as malas feitas. O destino que se seguia já era conhecido. Com contrato assinado com uma multinacional italiana, foi abrir um espaço na Turquia. Istambul, explica, tem muitos pontos de encontro com Itália. “É uma cidade muito cosmopolita. É Nova Iorque com 2000 anos de história.”
Dois anos depois desta nova mudança, a empresa pediu-lhe para ir para Miami. “Não gosto da Florida. Ofereceram-me um lugar em Ibiza, mas acho que já sou demasiado velho para ir para lá”, sorri. A experiência que se seguiu foi a estreia na Ásia. “Fui para o Laos.” Cannata não esconde que sentiu um choque cultural e civilizacional, “vindo da civilização para um sítio que é, tecnicamente, terceiro mundo”. Mas o italiano, que sempre trabalhou em projectos com uma ligação ao seu país, acredita que “tudo acontece por uma razão”. A descoberta da Ásia permitiu-lhe perceber que, “às vezes, corremos em demasia”.
MACAU DO NADA
Os três anos e meio no Laos – com um intervalo de oito meses entre os dois restaurantes que abriu no país – serviram para que a Ásia lhe ficasse “na pele”. Ainda tentou prolongar a estadia, mas pouco mais havia para fazer. “No meu trabalho, é preciso motivação. Vender o mesmo menu e ver os mesmos clientes durante três anos torna-se um pouco pesado. Não havia nada mais que pudesse desenvolver”, afirma. Em Março deixou o Laos e, mais uma vez, era a Turquia que se perspectivava no horizonte, “para um projecto grande” que, lamenta o italiano, foi cancelado por causa da situação política no país. “Foi aí que dei por mim à procura de emprego. Macau surgiu do nada.” O que Cristiano Cannata sabia de Macau era apenas “de filmes antigos e que era a
Las Vegas da Ásia”. Mas veio até cá para uma entrevista e achou a empresa “muito sólida”. “É uma empresa japonesa. O projecto é muito interessante, há oportunidades de crescimento, e gosto muito de Macau”, resume. “Sinto-me muito seguro, é uma cidade limpa, multiétnica, com pessoas muito interessantes”, acrescenta o manager. O facto de aqui existirem muitas nacionalidades agrada a um homem que já passou por contextos culturais muito distintos. “Os anos de Nova Iorque ensinaram-me a lidar com sociedades multiétnicas. Basta andar no metro e ir do sul para o norte que, dependendo da paragem onde se está, o sotaque pode ser completamente diferente, com comunidades diferentes. É preciso ter uma mente muito aberta”, observa. “Gosto desse lado em Macau, de ser multiétnico, mas sem o ritmo apressado de vida que se encontra em Hong Kong ou em Nova Iorque.” O facto de ser um rookie faz com que ainda lhe seja difícil fazer uma avaliação justa do território. Mas já detectou uma falha: para certas coisas, é preciso ir a Hong Kong. “Ando à procura de uma livraria e ainda não encontrei. Mas não tenho muito tempo para explorar a cidade, por isso talvez a culpa seja minha.” Estas “pequenas coisas” não diminuem a sensação de paz que aqui encontrou. Macau dá a ideia de ser a casa.