Hoje Macau 27 MAR 2020 # 4496

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SEXTA-FEIRA 27 DE MARÇO DE 2020 • ANO XIX • Nº4496

COVID-19

QUARENTENAS E ZHUHAI PÁGINA 4

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ESCOLA PORTUGUESA

PÁGINAS 6-7

PÁGINA 9

ÉPOCA DE CAÇA

HORAS POLÉMICAS

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hojemacau

Frágil O impacto da covid-19 faz-se também sentir junto de um dos grupos sociais mais vulneráveis: as crianças com necessidades educativas especiais. O encerramento das escolas impôs a quebra de rotinas e os pais lutam, como podem, com os poucos recursos terapêuticos que possuem, para tentar minimizar os efeitos da crise sobre o delicado desenvolvimento dos seus filhos. PÁGINAS 2-3

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RÓMULO SANTOS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ


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STÃO suspensas das vivências do dia-a-dia as imagens de crianças em uniformes a conversar junto aos portões das escolas. As salas de aula foram transferidas para casa. Mas se a educação continua, embora em moldes diferentes, o mesmo nem sempre se pode dizer da rotina e das sessões de terapia, necessárias ao desenvolvimento de crianças com necessidades educativas especiais. O problema foi levantado em Hong Kong, e por cá também há quem sinta o impacto da falta de terapia. Iker, que tem autismo, já pegou na almofada para a escola e perguntou por ela, sem perceber porque não pode ir. Julene, a sua mãe, nunca deixou de trabalhar, e recebeu e-mails da terapeuta da fala do filho a mostrar disponibilidade para ajudar, com recomendações de trabalhos que pode desenvolver com a criança, e aproveita os fins-de-semana para preparar esses materiais.

“Alguns pais disseram-me, que não podem ir ao hospital porque é arriscado, enquanto outros disseram que ‘é impossível pôr-lhes a máscara e, por isso, não nos deixam entrar nos autocarros’.” SARA CHIANG PSICOTERAPEUTA NO CENTRO DE SAÚDE MENTAL DO HOSPITAL KIANG WU

Mas as diferenças sentem-se na mesma, nomeadamente pela mudança de espaço. “Às vezes em casa não lhe apetece, fica chateado e nervoso porque vê os irmãos lá e quer brincar, quer fazer outras coisas que faz normalmente em casa e não é a mesma coisa”, descreveu a mãe ao HM. “Claro que há coisas que ele piorou, porque antigamente ele sabia dizer os nomes todos dos colegas da turma, e agora, às vezes, vou mostrando as fotos dos colegas (...) e ri-se, mas não consegue dizer. Tenho de o relembrar sempre”, explicou. Este exercício de memória é algo que a mãe planeia fazer diariamente. “Acho que se deixarmos de puxar por ele, vai regredir”, disse, apesar de indicar que a preocupação é atenuada pelo facto de ter um bom acompanhamento em casa, acrescentando que Iker “tem a sorte de ter irmãos mais velhos que podem puxar por ele”. As mudanças não são, porém, apenas ao nível da memória: “ele está fechado em casa e às vezes fica chateado”. Assim, em duas das semanas em que a situação do vírus em Macau parecia estar a melhorar, mãe e filho foram dar uma

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SEM CHAO DEBAIXO DOS PES COVID-19

TERAPIA DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS CONDICIONADA

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Há apoio emocional e acompanhamento por parte de terapeutas, mas nem sempre chegam para evitar o impacto que o novo coronavírus tem sobre as crianças com necessidades educativas especiais, à conta do encerramento das escolas e da quebra das rotinas. Com opções terapêuticas limitadas, há quem observe crianças a perder memória ou a alterar o seu comportamento na reintegração de conhecimentos

volta num trilho ao domingo para o menino fazer exercício, andar um pouco e diversificar actividades. Sara Chiang, psicoterapeuta no Centro de Saúde Mental do Hospital Kiang Wu, disse ao HM que geralmente crianças com necessidades educativas especiais são vistas cerca de uma vez por semana para garantir que a terapia é providenciada com regularidade. “No entanto, muitos casos pararam

de ter terapia durante quase dois meses devido à covid-19. Alguns pais disseram-me, que não podem ir ao hospital porque é arriscado, enquanto outros disseram que ‘é impossível pôr-lhes a máscara e, por isso, não nos deixam entrar nos autocarros’”. A psicoterapeuta partiu do exemplo de crianças com autismo, que têm problemas sensoriais que dificultam o quotidiano, como

lavar os dentes, comer ou dormir, para explicar que parar a terapia pode levar a uma melhoria mais lenta nos comportamentos, capacidades sociais e ferramentas de comunicação das crianças. O autismo tem características como rigidez e teimosia, levando várias crianças a insistirem fazer determinadas actividades diariamente, sob pena de ficarem frustradas. Algo que se pode reflectir

em, por exemplo, apanhar um determinado autocarro. “Acho que a situação do covid-19 também cria frustração e emoções instáveis, e alguns deles podem ter dificuldade em perceber porque é que não podem ir à escola ou sair para brincar”, explicou Sara Chiang.

QUEBRA DE ROTINA

A psicoterapeuta acredita que muitas crianças, com ou sem neces-


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têm feito um bom trabalho, agora a preocupação central é saber se o tempo perdido será compensado no Verão. Entretanto, o filho tem tido acompanhamento fora da escola, nomeadamente através do Centro de Apoio Psico-Pedagógico e Ensino Especial, da Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ). De acordo com Sofia Santos, foi o próprio organismo a contactar os pais, e Rico começou essa terapia quando a situação se apresentou um pouco mais calma.

À DISTÂNCIA DE UMA CHAMADA

A DSEJ explicou que para os estudantes com necessidades educativas especiais, as escolas mantêm o princípio de suspensão das aulas, optando por plataformas

“É uma coisa que não conseguimos fazer sozinhos em casa [terapia da fala], é muito difícil. E também não temos ambiente para terapia ocupacional.” SOFIA SANTOS MÃE DE UM FILHO COM AUTISMO

sidades educativas especiais, estão em casa desde o Ano Novo Chinês para evitar contacto desnecessário com outras pessoas. “Muitos pais queixaram-se que as crianças têm jogado videojogos diariamente por muitas horas, mas os pais não sabem como pará-los uma vez que não há mais nada que possam fazer quando não podem sair à rua. Acho que o maior impacto de não haver escola é que as crianças perderam a sua rotina diária e disciplina, por exemplo trabalhos de casa regulares e a hora de ir dormir”, explicou. Dos casos que acompanha no hospital, Sara Chiang observa que a maioria dos pais tem emprego a tempo inteiro e que quando as crianças vão à terapia, por vezes, são levadas por empregadas domésticas ou os avós. “Compreendo que isto seja difícil de controlar porque muitos pais têm de trabalhar (...), mas a formação dos pais é muito crucial em termos de atingir objectivos de tratamento”, comentou. No seu entender, “a formação de pais em Macau ainda não é muito popular, mas também acredito firmemente que, se os pais puderem passar mais tempo com os filhos em casa, podem definitivamente ajudá-los”. Aponta que as capacidades de cuidado pessoal, como idas à casa-de-banho ou vestir roupa podem ser melhoradas mesmo quando não há escola, e que o mesmo pode acontecer com brincadeiras ou com exercícios para desenvolver capacidades sociais.

“Agora com dois meses e tal sem escola, com certeza que há alguma diferença”, referiu Sofia Santos, mãe de Rico, uma criança que tem autismo. A mãe nota que apesar do filho comer e dormir bem, parece não ter tanta paciência para a reintegração de alguns conhecimentos. Neste aspecto, Sofia Santos sublinha a importância das rotinas e aponta que qualquer criança – com ou sem necessidades especiais – deve ter o mesmo problema. Entre as maiores dificuldades a mãe destaca ausência de terapia

da fala. “É uma coisa que não conseguimos fazer sozinhos em casa, é muito difícil. E também não temos ambiente para terapia ocupacional”, disse Sofia Santos. Apesar de receber directrizes dos terapeutas sobre as actividades a desenvolver em casa, “é diferente de ter uma terapia”. Algo que associa também ao conforto que as crianças sentem em casa e o facto de já não terem obrigatoriedade em cumprir o horário quando há escola. Reconhecendo que os profissionais que acompanham o filho

multimédia para dar aos estudantes uma aprendizagem diversificada. Ao HM, a DSEJ declarou que os terapeutas continuam a dar “regularmente, acompanhamento terapêutico aos alunos que necessitam dos serviços de terapia da fala, terapia ocupacional ou fisioterapia, através de telefone, vídeo e videoconferência”. Para além disso, os pais recebem conselhos sobre treinos em casa e serviços de consultas, comunicando com os professores que lhes fornecem “um plano integrativo de aprendizagem e de tratamento”. Reconhecendo o papel dos pais “na eficácia do tratamento dos seus filhos”, o organismo governamental acrescentou que as terapias se vão focar na educação parental, para apoiar os pais a continuarem a dar treinos em casa e o apoio que as crianças precisam. “A DSEJ

“Os assistentes sociais têm oferecido apoio emocional, enquanto os terapeutas têm prestado aos encarregados de educação conselhos e informações sobre os treinos domiciliários adequados a cada situação.” INSTITUTO DE ACÇÃO SOCIAL

acredita que a cooperação entre pais/encarregados de educação e escolas pode promover, de forma eficaz e contínua, o desenvolvimento e o crescimento saudável dos alunos”, defendeu. A situação também chega aos menores de três anos, caso em que o responsável pelos serviços de intervenção precoce para crianças portadoras de transtornos no desenvolvimento é o Instituto de Acção Social (IAS). Esta entidade também reconheceu que “a suspensão dos serviços de tratamento causará, a curto prazo, transtornos aos utentes e aos encarregados de educação e, consequentemente, afectará o progresso do tratamento das crianças”. Assim sendo, o IAS tem coordenado com os serviços

sociais diurnos – nos quais se incluem os serviços de intervenção precoce subsidiados – para manter o acompanhamento por via telefónica, junto dos encarregados de educação dos utentes, sobre o ponto de situação dos treinos em casa. “Os assistentes sociais têm oferecido apoio emocional, enquanto os terapeutas têm prestado aos encarregados de educação conselhos e informações sobre os treinos domiciliários adequados a cada situação, para que os exercícios de revisão e os treinos possam ser realizados em casa. Pensa-se que estas medidas serão benéficas para o desenvolvimento e o progresso das crianças. Em simultâneo, alguns serviços produziram e disponibilizaram, nas suas páginas eletrónicas, vídeos sobre a realização de brinquedos simples, fornecendo mais actividades em casa para a diversão entre pais e filhos”. O IAS descreveu ainda que a participação dos pais no treino das crianças sempre foi valorizada, e que no passado houve acções de formação e actividades para que os encarregados de educação tivessem em conta as particularidades do desenvolvimento das crianças e fizessem treinos em casa, de forma a melhorar a relação entre pais e filhos e as capacidades dos mais novos. Salomé Fernandes (com N.W.)

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AVALIAÇÃO AO DOMICÍLIO

A representante observou que mais de 700 residentes manifestaram vontade de regressar a Macau nos próximos dias, tendo em conta a situação epidémica do local onde estão, e já forneceram informações dos seus voos.Assim sendo, apontou a necessidade de preparar mais hotéis para observação médica por incapacidade de prever qual será a evolução epidémica. Inês Chan disse ainda que estão a ser feitas avaliações a pessoas que estão em quarentena domiciliária, mencionando a hipótese de ter hotéis em reserva no caso de ser necessário proceder a algumas transferências.

COVID-19 PROCURA DE HOTÉIS MAIORES PARA OBSERVAÇÃO MÉDICA

Concentrado de quarentena

Para facilitar o trabalho, o Executivo prefere recorrer a hotéis maiores para quem fica sob observação médica. Se por um lado, são precisos quartos para quem chega, por outro, há hipótese de serem transferidas pessoas cujo domicílio não reúne condições

Zhuhai Residentes de Macau sujeitos a quarentena

A partir das 6h de amanhã, os residentes de Macau, Hong Kong e Taiwan, que entrarem na província de Guangdong passam a ter de fazer o teste de ácido nucleico e ficam obrigados a 14 dias de quarentena. A medida foi anunciada pelo Centro de Controlo de Prevenção da Epidemia da Província de Guangdong, confirmada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, de acordo com o canal chinês da TDM – Rádio Macau. Até à altura do fecho da edição não foi possível apurar com certeza as excepções a esta regra como, por exemplo, se é aplicável a residentes de Macau que residam em Zhuhai. Segundo a TDM – Rádio Macau, estão excluídos da medida motoristas que façam o transporte de bens de emergência entre as regiões.

Saúde Rumor desmentido

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus emitiu ontem um comunicado a desmentir um rumor em que se afirmava que alguns profissionais do Serviço de Urgência do hospital público tinham sido infectados com a covid-19. “Isto não é verdade”, descreve a nota. “Os profissionais de saúde do Serviço de Urgência do CHCSJ possuem excelentes condições de protecção e estão a sujeitos a directrizes de protecção rigorosas”, acrescenta.

HOJE MACAU

utilização de hotéis pequenos para observação médica é um plano de reserva. Pretendem-se hotéis que permitam uma maior concentração de pessoas para evitar deslocações dos trabalhadores e para que “haja uma melhor gestão dos que estão em quarentena”, disse ontem Inês Chan, dos Serviços de Turismo. Vão ser feitos estudos para avaliar a viabilidade de usar hotéis em complexos de resort para efeitos de observação médica, uma vez que é necessário dividir uma zona exclusiva para o funcionamento das quarentenas de forma a “reduzir ao máximo o impacto para os restaurantes e outras lojas”. Alguns hotéis já perguntaram sobre como deve funcionar a observação médica e vão comunicar com os responsáveis. “Quanto à parte dos complexos, têm de discutir se têm vontade de fazer ou não esta divisão”, apontou Inês Chan, que esclareceu que a separação tem de ser física e não apenas de um corredor. Assim, reiterou a necessidade de os engenheiros serem consultados para estudarem a planta e disposição das lojas de forma a confirmar a viabilidade técnica da separação. Os restantes estabelecimentos dos complexos poderão continuar a funcionar, mas poderá haver ajustamentos, embora a representante da DST indique “não serão significativos”. Em resposta aos jornalistas, Inês Chan disse que a negociação com os hotéis para discutir se há condições para serem usados para observação médica “envolve sempre muitos problemas”, um dos quais o preço. No entanto, frisou que esse é um assunto menos discutido. O Hotel Royal Dragon passou ontem a ser usado para observação médica. O espaço designado pelo Governo tem 144 quartos, e mantiveram-se as promessas de procurar mais instalações.

HUBEI DISPONIBILIZADO APOIO A RESIDENTES DE MACAU

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Leong Iek Hou, do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, disse que tem vindo a ser feita uma avaliação às casas de quem está em quarentena domiciliária para verificar se reúnem condições. Caso estas não se verifiquem, as pessoas são encaminhadas para outros locais onde terminarão o período de quarentena restante.

MAIS DOIS CASOS

Há dois novos casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, comunicou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. São dois trabalhadores não residentes de nacionalidade filipina que no dia 17 de Mar-

ço chegaram a Macau, vindos das Filipinas, através de Hong Kong, no voo CX930. Com base nas medidas da altura ficaram em isolamento domiciliário. O primeiro caso refere-se a um homem de 31 anos de idade, que durante o isolamento não

“Vão ser feitos estudos para avaliar a viabilidade de usar hotéis em complexos de resort para efeitos de observação médica.” INÊS CHAN SERVIÇOS DE TURISMO

trabalhou nem saiu, ficando num quarto independente com casa de banho privativa. Já o segundo caso, diz respeito a uma mulher de 37 anos, que não trabalhou nem saiu, ficando num quarto sozinha em isolamento. Após terem sido considerados como casos suspeitos, foram ontem à noite confirmados como o 32.o e o 33.o casos em Macau. As pessoas com quem dividiam casa foram considerados como contactos gerais e submetidos a testes virais de ácido nucleico no Centro Hospitalar Conde de São Januário e serão enviados para observação médica nos hotéis designados. Salomé Fernandes

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INDA há cerca de 96 residentes de Macau na Província de Hubei. No entanto, a região já tomou medidas de maior abertura, “já têm meio de transporte para sair”, explicou ontem Inês Chan. A representante da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) disse que os residentes aí retidos foram já informados de que se precisarem de documentos para saírem será providenciada ajuda, acrescentando que o Gabinete de Assuntos de Macau e Hong Kong em Hubei também pode prestar apoio. De acordo com Inês Chan, alguns residentes já estão a sair, havendo informações de que alguns se deslocaram a outras cidades do Interior da China. E frisou que regressar à RAEM é uma escolha “deles”. “Se regressarem têm de cumprir as medidas que Macau já tomou, como observação médica”, disse. Por outro lado, Lei Wai Seng, médico adjunto da direção do Centro Hospitalar Conde São Januário respondeu que “a melhor medida é a permanência no local, porque quanto mais circulação, mais infecção”. No entanto, frisou que não recusou entrada a qualquer residente, e que cabe a estes reflectirem sobre o seu percurso e segurança. Aproveitou ainda para reiterar o apelo à sociedade para “prestar mais compreensão a estas pessoas”, declarando que “não podemos discriminar estas pessoas”. Lei Wai Seng deu como exemplo os estudantes no estrangeiro, apontando que uns optaram por regressar por entenderem que o risco no estrangeiro é mais elevado, enquanto outros optaram por permanecer fora.


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Executivo explicou ontem à 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa o funcionamento do mecanismo da interconexão de dados previsto na proposta de alteração à lei que regula as competências e autoridade da Polícia Judiciária (PJ). E os membros da Comissão concordaram com os esclarecimentos, indicou ontem o presidente do grupo de deputados. Face aos mecanismos de fiscalização existentes, Ho Ion Sang comentou que “todas estas garantias creio que são suficientes”. As autoridades vão poder aceder a informações de interesse criminal através da interconexão de dados sem autorização prévia do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP), ainda que haja uma notificação inicial a este organismo. Quando os outros serviços públicos tiverem também prevista interconexão de dados, basta as partes notificarem o GPDP. Caso esta matéria não esteja não esteja regulada no outro serviço, enquanto a PJ procede à notificação a outra parte tem de pedir uma autorização ao GPDP. Além disto, o presidente da Comissão destacou a existência

PJ FISCALIZAÇÃO EM CONEXÃO DE DADOS SATISFAZ DEPUTADOS

Um livro aberto

Perante as explicações do Governo sobre o funcionamento e mecanismos de fiscalização da interconexão de dados prevista na proposta de alteração à lei que regula as competências da Polícia Judiciária, os deputados da 1ª Comissão da AL não revelaram oposição de directrizes internas da PJ, permitindo uma “dupla fiscalização”. Por um lado, é preciso fazer um pedido por escrito para ser autorizado pelo superior hierárquico, e por outro haverá trabalhadores específicos para fazerem a interconexão de dados, que precisam de assinar um documento. Os serviços só precisam de comunicar a interconexão de dados ao GPDP na primeira vez, mecanismo justificado com o argumento de que “não há uma conexão de dados ilimitada” e “tem de estar relacionado com um caso”, a par da necessidade

de a PJ estar em cumprimento das suas atribuições. A nível sancionatório, se alguém recolher dados de forma não autorizada, pode incorrer num processo disciplinar e noutro penal.

PROVAS DE ABERTURA

Ho Ion Sang, presidente da 1ª Comissão Permanente da AL “O Governo deu o exemplo de um agente da PJ que ‘talvez por situação de curiosidade’, acedeu ao sistema sem autorização do seu superior hierárquico.”

De acordo com Ho Ion Sang, o Governo deu o exemplo de um agente da PJ que “talvez por situação de curiosidade”, acedeu ao sistema sem autorização do seu superior hierárquico. O caso foi descoberto por existir um registo em tempo real no sistema. “O Governo referiu que houve um processo disciplinar,

mas não referiu se houve um processo criminal. Apenas disse que havia este exemplo. Portanto, pode fiscalizar todos estes casos e se alguém entrar nesse sistema é muito fácil de encontrar provas”, defendeu. Frisando haver limites quanto aos dados a recolher, descreveu que se prevê “uma fiscalização e garantia a vários níveis”, e que o GPDP vai fazer uma fiscalização “à priori, intermédia e no final”. A discussão ontem em sede de Comissão alargou-se a outros temas, tendo o Governo dito que no futuro haverá um regulamento administrativo sobre matérias como as competências de algumas divisões e departamentos. Os deputados questionaram a necessidade de a Divisão de Estudo das Políticas de Segurança do Estado e de a Divisão Geral de Assuntos relativos à Segurança do Estado disporem de autoridade de polícia criminal. “O Governo está aberto a ouvir as nossas opiniões e vai por isso ponderar se é adequado estar inserido nesse artigo”, descreveu Ho Ion Sang. Salomé Fernandes

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A velocidade possível

Wong Sio Chak diz que abertura do posto fronteiriço depende de obras complementares

Segundo Wong Sio Chak tratam-se apenas de “pequenas reparações”, cujos custos só serão conhecidos depois de ser feita uma avaliação no final. Ao mesmo tempo, vincou, estão a ser feitos trabalhos de coordenação com vários serviços públicos para testar o funcionamento das operações previstas ao GCS

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secretário para Segurança Wong Sio Chak revelou ontem que a abertura do posto fronteiriço de Hengqin (Ilha da Montanha) vai acontecer o quanto antes, estando agora dependente da realização de testes e da conclusão de obras de aperfeiçoamento, após terem sido detectados “alguns problemas” durante uma visita de acompanhamento aos trabalhos, realizada pelo próprio e pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “Já tive a oportunidade de inspeccionar as obras, bem como o secretário Raimundo. As duas partes estão a tentar fazer algumas obras complementares. Por se tratarem de obras de aperfeiçoamento há sempre contratempos e, por isso, apresentámos muitas sugestões”, explicou ontem Wong Sio Chak, depois de ter marcado presença na reunião da 1ª comissão de acompanhamento da Assembleia Legislativa (AL).

nível da segurança entre Macau e Zhuhai. No entanto, o secretário recusou-se a avançar uma data para a abertura do posto fronteiriço. “A entrada em funcionamento depende das obras. Apesar de não haver necessidade de passagem de fronteiras neste momento devido à situação da epidemia (...), vamos

tentar que o funcionamento aconteça o mais breve possível”, sublinhou, garantindo que o objectivo é que aconteça ainda durante este ano. Recorde-se que no início do ano o Governo apontou a abertura do posto fronteiriço de Hengqin para o primeiro semestre de 2020. Entretanto, o parecer da

proposta de lei sobre as normas para a aplicação do direito da RAEM sobre o posto fronteiriço de Hengqin já foi concluído pela 2ª comissão de acompanhamento da AL.

APOIO EM MARCHA

Questionado sobre os incentivos a dar para o pessoal da linha da frente que tem actuado no primeiro plano de combate ao novo tipo de coronavírus, Wong Sio Chak reforçou que a intenção tem vindo a ser demonstrada pelo próprio Chefe do Executivo, tendo já sido dadas instruções aos secretários Segundo Wong Sio Chak, os funcionários públicos que obtenham avaliação de desempenho “Excelente” podem receber licença por mérito ou prémio pecuniário. Já para os agentes de segurança (PJ e CPSP) estão a ser equacionados benefícios para efeitos de acesso ou progressão de carreira e Menções de Mérito Excepcional. P.A. e S.F

Aviso de pedido para junção de restos mortais em sepultura perpétua Eu, Yang Daiying (楊代英), nos termos da alínea 3) do n.º 1 e dos n.ºs 2 a 4 do artigo 26.º -A do Regulamento Administrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, apresento o pedido da junção das cinzas de Ho Kin Yip (何建業) na sepultura n.º CN-1-E-0267 do Cemitério Municipal de Coloane. O defunto cujos restos mortais se pretende juntar, era filho do falecido já ali depositado, Hó Hei Kei (何以基). Venho por este meio informar as pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 26.º -A do Regulamento Administrativo acima referido de que podem apresentar objecção por escrito ao IAM no prazo de 30 dias, contados a partir da data da publicação do aviso. A objecção escrita deve ser entregue no escritório dos assuntos relativos a cemitérios da Divisão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517. Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito no prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado. Aos 27 de Março de 2020 Yang Daiying


6 assembleia legislativa

GCS

Ataque aos casinos

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Questionado compromisso de concessionárias “estrangeiras” com a Pátria e Macau

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RÓMULO SANTOS

S grandes empresas “estrangeiras” em Macau são “más” e só pensam nos seus lucros, sem se comprometerem com o bem-estar da população. Foi este o conteúdo da intervenção antes da ordem do dia de Mak Soi Kun. Após Ho Iat Seng ter admitido, na terça-feira, a dificuldade em encontrar hotéis para a quarentena e ter recordado às concessionárias do jogo que a sua responsabilidade social tem de ser mostrada nestas alturas, Mak acusou as operadoras de só pensarem nos lucros: “Depois de ouvir o Chefe do Executivo, os cidadãos acham que as grandes empresas estrangeiras são más, e, neste caso, só sabem ganhar dinheiro em Macau e não contribuem”, começou por relatar. Mak Soi Kun apontou exemplos, como o sector da construção civil, a que pertence, e realçou que todos estão a esforçar-se no combate à pandemia do covid-19, sem olhar aos lucros. Porém, a excepção são as operadoras: “Todos os sectores sociais envidaram esforços para doações em dinheiro e material, sem pensar nos custos económicos. […] Será que eles [sectores] não sabem que os prejuízos económicos representam dinheiro? Só as grandes empresas de capital estrangeiro é que sabem?”, questionou. O deputado indicou que as concessionárias são as grandes beneficiadas, mas fogem das responsabilidades: “As empresas do sector do jogo, que é o predominante em Macau, ganham muito dinheiro todos os anos, mas precisam que alguém lhes fale para assumirem as suas responsabilidades sociais durante a ocorrência de grandes incidentes? Isto é demais!”, acusou. Por este motivo, indicou que as grandes empresas não devem ser beneficiadas pelas políticas do Governo. “Através desta epidemia, creio que todos podem saber que a maioria dos cidadãos está disposta a contribuir com abnegação, o que demonstra ainda mais a gratidão e o amor dos residentes de Macau e das micro, pequenas e médias empresas pela Pátria e pela RAEM”, justificou. “Assim, alguns cidadãos sugerem que as futuras políticas económicas do Governo não se devem limitar às empresas de capital estrangeiro”, sublinhou. Em Macau há seis concessionárias, entre as quais três tem capitais norte-americanos, nomeadamente MGM, Wynn e Sands China.

Chan Wa Keong, deputado “O conceito de segurança nacional não pode ficar-se pelo simples slogan, havendo antes que contar com acções reais.”

Caça a cisnes e rinocerontes AL DEPUTADOS NOMEADOS QUEREM MEIOS PARA COMBATER ASSOCIAÇÕES POLÍTICAS E CIVIS

Os académicos Davis Fong, Pang Chua e o advogado Chan Wa Keong querem que sejam criadas leis para combater as “associações políticas e civis” vistas como ameaças à “segurança nacional”

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S deputados Chan Wa Keong, Davis Fong e Pang Chua defendem a criação de mais mecanismos legais para actuar contra associações políticas e civis, de forma a complementar a Lei da Segurança Nacional. O apelo foi deixado ontem na Assembleia Legislativa, numa intervenção antes da ordem do dia lida pelo advogado Chan Wa Keong, após o primeiro encontro, esta semana, com Ho Iat Seng no comando da Comissão de Defesa da Segurança do Estado.


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sexta-feira 27.3.2020

PACOTE DE BENEFÍCIOS • Isenção, por seis meses, do imposto de turismo a hotéis, health clubs, saunas, massagens e karaokes • Dedução no imposto complementar de rendimentos num limite de 300 mil patacas • Subida do montante fixo anual do rendimento de trabalho não colectável de 25 para 30 por cento • A percentagem de devolução do imposto profissional de 2018 sobe para 70 por cento e até a um limite de 20 mil patacas • Isenção de contribuição predial urbana de 2019 para casas em nome de residentes locais • Dedução de 25 por cento na contribuição predial urbana para hotéis, escritórios, espaços comerciais e industriais • Isenção do imposto do selo para alvarás e licenças administrativas e devolução dos montantes já pagos • Isenção do imposto de circulação, ou devolução dos montantes já pagos, para veículos com fins comerciais, de escolas ou autocarros públicos • Os donativos em Macau e no Interior da China para combater a pandemia passam a ser deduzíveis nos impostos sobre os rendimentos

PREÇOS APELO AO CONTROLO

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“Há que avançar com a regulamentação de diplomas complementares à Lei de Segurança Nacional, recorrendo-se a meios jurídicos, à observação perspicaz e a estudos meticulosos para prevenir os actos prejudiciais à segurança nacional por parte de determinadas associações políticas e civis em Macau”, sublinhou Chan. O advogado citou mesmo as expressões do Presidente Xi Jinping, no ano passado, quando apontou a necessidade do povo chinês estar alerta aos “cisnes negros” e “rinocerontes cinzentos”, tanto a nível externo como interno. A primeira expressão foi entendida como um aviso para eventos difíceis de prever com grande impacto para os mercados financeiros e a segunda como os riscos identificados, que as pessoas optam por ignorar. Ambos foram encarados como desafios à legitimidade do Partido Comunista Chinês, num contexto de desaceleração económica. “Há que manter a consciencialização para prevenir e resolver os riscos internos e externos, e estar alerta para os incidentes do tipo “cisne negro” e “rinoceronte cinzento”, avisou ainda Chan.

MAIS ACÇÕES

No entanto, ambos os legisladores deixaram ainda um aviso à sociedade de Macau, não basta juras de amor, é preciso passar aos actos de defesa: “Falar sem actuar não contribui para a prosperidade do Estado. O conceito

de segurança nacional não pode ficar-se pelo simples slogan, havendo antes que contar com acções reais”, atirou. Já no âmbito da epidemia do covid-19, Chan pediu obediência e um esforço conjunto da população, sem dissidências nem rumores: “Os residentes de Macau devem articular-se com o Governo na execução da lei, abstendo-se de desobedecer, de inventar, acreditar ou transmitir rumores, devem sim unir-se para combater, em conjunto, a epidemia, salvaguardando a própria segurança, a segurança da RAEM e a segurança nacional”, defendeu. Na intervenção, Chan Wa Keong, Davis Fong e Pang Chua apontaram ainda os limites da actuação política: “Há que garantir a intocabilidade do limite político, isto é, o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’e assegurar a absoluta estabilidade da nossa base constitucional, composta pela Constituição e Lei Básica”, frisou. Para cumprir este princípio, os deputados pediram um reforço dos poderes do Executivo: “O Governo da RAEM tem de aumentar as competências na governação de acordo com a lei e ter por base a salvaguarda da segurança e dos interesses do País, da RAEM e dos residentes, construindo, mediante constantes aperfeiçoamentos e balanços, um sistema de governação científica”, indicaram como missão a cumprir. João Santos Filipe

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s deputados Ho Ion Sang e Zheng Anting apelaram a uma maior fiscalização da venda de produtos nos mercados e supermercados, que dizem ter subido depois de ter sido anunciada a criação do cartão de consumo, que vai valer 3 mil patacas para cada residente. Nas intervenções antes da ordem do dia, Zheng protestou ainda contra o facto do petróleo ter sofrido quebras acentuadas nas últimas semanas, mas essa redução não se reflectir nos preços pagos pelas pessoas que abastecem os seus veículos.

AL Excedente em 2019

A Assembleia Legislativa terminou um ano de 2019 com um saldo positivo de 8,1 milhões de patacas. As contas foram aprovadas ontem na sessão do Plenário por unanimidade. Segundo os números apresentados, as receitas foram de 182,4 milhões de patacas e as despesas de 174,3 milhões de patacas. A maior fatia da despesas foi com o pessoal, que se cifrou em 149,9 milhões de patacas, seguida com despesas de funcionamento contabilizadas em 21,3 milhões de patacas.

Trabalho Pedidas multas pesadas em casos de acidente

O deputado ligado ao Operários de Macau defendeu a necessidade de tornar as multas para infracções relacionadas com acidentes de trabalhos mais pesadas. A ideia foi exposta ontem na Assembleia Legislativa, depois de um acidente no empreendimento turístico Galaxy que vitimou três pessoas e causou quatro feridos. De acordo com Leon Sun Iok, as multas actuais variam entre 2.500 e 15.000 patacas, valores que o legislador considerou “dos anos 90” e insuficientes para dissuadir os riscos que se correm na ânsia de acelerar os trabalhos.

Orçamento de “guerra”

Lei Wai Nong aponta estratégia de protecção de empregos e de pequenas e médias empresas

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Assembleia Legislativa aprovou ontem por unanimidade o orçamento rectificativo apresentado pelo Governo, que prevê um défice de 38,950 mil milhões de patacas. Este valor tem em conta o pacote de estímulo à economia, assim como uma redução das receitas do jogo de 260 mil milhões de patacas para 130 mil milhões, à luz da pandemia do covid-19. Em resposta às dúvidas dos deputados, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, destacou a importância de proteger o sector das Pequenas e Médias Empresas, que é visto como chave para a resistência à crise. “Temos de salvaguardar as PME durante este período. Não sou um especialista nesta matéria, mas conto com a minha equipa neste aspecto.Actualmente as PME ocupam 90 por cento do tecido empresarial e garantem 40 por cento dos postos de trabalho. Se estabilizarmos a situação das PME vamos conseguir estabilizar a sociedade”, sustentou Lei. “O importante é assegurar o emprego permanente dos cidadãos. Mesmo que haja uma redução nos salários, mantemos as pessoas com rendimentos”, apontou. O secretário mostrou-se optimista na capacidade de resposta à pandemia, mas reconheceu que após esta fase é necessário diversificar a economia. “Posso dizer que nunca tínhamos enfrentado uma situação como esta. […] Mas, vai chegar a Primavera. Vamos conseguir ultrapassar esta fase, temos de insistir”, sublinhou. No debate, as deputadas Agnes Lam e Song Pek Kei questionaram o Executivo sobre a necessidade de injectar ainda mais dinheiro na economia, além dos apoios anunciados. A hipótese não foi afastada: “Neste momento a situação está sempre a evoluir e a alterar-se. Se houver outras necessidades não descartamos a possibilidade de voltar à Assembleia Legislativa para apresentar outro orçamento retificativo”, reconheceu. Com um défice de quase 40 milhões de patacas, o Governo vai ter de recorrer à reserva financeira que em Fevereiro era de 577,6 mil milhões de patacas. Na AL, o secretário apelou à responsabilidade dos deputados face às propostas despesistas: “Esta reserva financeira é o resultado de uma poupança de 20 anos e vamos gastá-la de forma responsável. Mas no futuro vamos enfrentar muitos desafios e incertezas. Vamos ter de estar preparados para em tempos incertos fazer coisas certas”, justificou. J.S.F.


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27.3.2020 sexta-feira

Aviso ﹝N.º 8/2020﹞

Aviso ﹝N.º 9/2020﹞

Assunto: Notificação de audiência Local: Largo da Cordoaria, Macau, Barraca n.º 11-07-21-019-001 (assinalada na planta em anexo)

Assunto: Notificação de audiência Local: Largo da Cordoaria, Macau, Barraca n.º 11-07-21-019-002 (assinalada na planta em anexo)

São por esta via notificados os ocupantes e demais pessoas da barraca acima referida que, após investigação deste Instituto, se verificou que Leong Peng, morador da barraca n.º 11-07-21-019-001, faleceu; nos termos do n.º 1 e da alínea a) do n.º 3 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, e por despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0185/DHP/DFHP/2020, foram cancelados os elementos de registo de Leong Peng que residia na barraca n.º 1107-21-019-001. Além disso, de acordo com averiguações deste Instituto, verificou-se que a barraca n.º 11-07-21-019-001 se encontra abandonada por período superior a 45 dias consecutivos. De acordo com a alínea e) do artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, pode proceder-se à demolição da edificação informal, quando se verifique o seu abandono por período superior a 45 dias consecutivos ou desocupação em resultado de operação de controlo. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve ser apresentada contestação por escrito sobre o facto acima referido e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas no prazo de 10 dias a contar da data de publicação do presente aviso. Se não for apresentada contestação por escrito, no prazo acima referido, ou a mesma não for aceite por este Instituto, ao abrigo do disposto da alínea e) do artigo 17.º e dos artigos 21.º, 24.º e 28.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, será realizada, por este Instituto, a demolição da barraca. Para consulta do processo, poderá dirigir-se ao Instituto de Habitação, sito na Rua do Canal dos Patos, Edifício Cheng Chong, r/c L, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar a Divisão de Fiscalização de Habitação Pública, através do tel. n.º 2859 4875.

São por esta via notificados os ocupantes e demais pessoas da barraca acima referida que, após investigação deste Instituto, verificou-se que a barraca n.º 11-07-21-019-002 se encontra abandonada por período superior a 45 dias consecutivos. De acordo com a alínea e) do artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, pode proceder-se à demolição da edificação informal, quando se verifique o seu abandono por período superior a 45 dias consecutivos ou desocupação em resultado de operação de controlo. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve ser apresentada contestação por escrito sobre o facto acima referido e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas no prazo de 10 dias a contar da data de publicação do presente aviso. Se não for apresentada contestação por escrito, no prazo acima referido, ou a mesma não for aceite por este Instituto, ao abrigo do disposto da alínea e) do artigo 17.º e dos artigos 21.º, 24.º e 28.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, será realizada, por este Instituto, a demolição da barraca. Para consulta do processo, poderá dirigir-se ao Instituto de Habitação, sito na Rua do Canal dos Patos, Edifício Cheng Chong, r/c L, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar a Divisão de Fiscalização de Habitação Pública, através do tel. n.º 2859 4875. Instituto de Habitação, aos 25 de Março de 2020

Instituto de Habitação, aos 25 de Março de 2020 O Presidente, Arnaldo Santos

O Presidente, Arnaldo Santos


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TIAGO ALCÂNTARA

sexta-feira 27.3.2020

Covid-19 Taxista sem máscara motiva queixa

Catarina Terra, encarregada de educação “A escola é privada e ninguém deixou de pagar propinas. Se as escolas privadas em Portugal se preocupam em dar a matéria de forma interactiva, porque é que a EPM não está a seguir esse modelo?”

ESCOLA PORTUGUESA DE MACAU PAIS DEFENDEM MAIS HORAS DE AULAS NO ENSINO À DISTÂNCIA

Fraca carga horária

Alguns encarregados de educação querem que os alunos da Escola Portuguesa de Macau tenham mais horas de aulas online. A maioria tem duas aulas por dia de 40 minutos cada, mas há quem defenda o cumprimento integral do horário escolar

O

ensino à distância na Escola Portuguesa de Macau (EPM) funciona há cerca de três semanas devido à pandemia da covid-19 que decretou a suspensão das aulas presenciais. Ainda assim, há encarregados de educação a defender que os alunos deveriam ter mais horas de aulas por semana. Filipe Regêncio Figueiredo, encarregado de educação e presidente da Associação de Pais da EPM (APEP), é um deles. “São dadas duas aulas por dia de 40 minutos cada. Acho que é pouco, mas também acho que não deveriam ser dadas todas as aulas, mas sim as que têm matérias mais importantes ou onde haja necessidade de maior acompanhamento.” Catarina Terra, encarregada de educação de dois alunos no 5º e 8º ano, questiona as razões pelas quais a EPM não cumpre na íntegra o calendário escolar na plataforma online. “Já estamos na terceira semana e não houve um aumento do número de aulas. Conheço alunos que estão em escolas privadas

em Portugal onde as aulas por videoconferência estão a respeitar o horário escolar. Além disso há aulas suplementares na parte da tarde para ajudar com os trabalhos de casa.” “Porque é que na EPM os professores não dão mais do que uma aula por semana, quando isso é manifestamente insuficiente? E os próprios alunos também precisam de acompanhamento para os trabalhos de casa, que não existem desde Fevereiro”, disse ainda ao HM. Um outro encarregado de educação, que não quis ser identificado, diz que há “professores que não fazem nada”. “Mandam trabalhos e nem corrigem. Todos sabemos que a falta de feedback ou de avaliação é, além de desmotivadora, um dos principais obstáculos para o avanço na matéria. O sistema de videoconferência está a correr bem, mas deveria ser aproveitado para as disciplinas em que é necessário mais acompanhamento, como português, matemática ou ciências”, frisou. Este pai fala de problemas nas aulas do ensino primário.

“Há professores que se esforçam e mandam uns filmes, mas há outros que mandam umas fichas e não as corrigem. Deviam ser todos obrigados a fazer os filmes e correcções. Há pais nervosíssimos porque vêem o ano a terminar e os miúdos não sabem as letras e não se avança na matéria.”

EM ANÁLISE

Confrontado pelo HM com estas preocupações, Manuel Machado, director da EPM, adiantou que eventuais alterações a este modelo dependem das directrizes da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). De frisar que não há ainda uma data definida para o regresso às aulas presenciais, tendo em conta o ressurgimento de novos casos de infecção com a covid-19 no território. “Em função da situação que se vive em Macau, e tendo em conta as normas da DSEJ, decidiremos como proceder até à altura em que as aulas serão retomadas.” Apesar da APEP ter feito um pedido para não se avançar para a interrupção das aulas online no período da Páscoa, Manuel Machado

vai manter essa regra. Questionado sobre a falta de interacção por parte de alguns professores com os alunos, o director da EPM prefere “não comentar questões internas nos jornais”. “Desde que a escola implementou o ensino online que tem sido cumprido o horário normal através da plataforma Google Classroom. Os professores, nos seus horários, estão presentes nessa plataforma para tratarem das questões que há a tratar, ensinar matérias e corrigir trabalhos”, disse. Manuel Machado recorda que, “quando se iniciaram as aulas por videoconferência [decidiu-se realizar] uma sessão semanal por cada disciplina”. No entanto, “há várias disciplinas em que já foi dada mais do que uma sessão, fruto da necessidade em avançar com os programas e de acordo com as necessidades dos alunos”, rematou o director da EPM. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus recebeu ontem uma queixa contra um condutor de táxi que não estaria a usar máscara durante o serviço. Além desta denúncia, dirigida ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) foram ainda registados mais 63 casos, sobre medidas de migração, medidas de isolamento, atestado médico, medidas de migração para portadores de documentos estrangeiros, do Interior da China e TNR, exame médico e medidas de migração para residentes da RAEM. Já na Direcção dos Serviços de Turismo (DST), foram registadas 33 queixas, com destaque para as situações relacionadas com os indivíduos em isolamento, onde consta “a má atitude dos serviços do hotel” ou dificuldades na “formas de deslocação a Hong Kong”. Das 08h00 do dia 25 de Março até às 08h00 do dia 26 de Março de 2020, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus recebeu, no total, 486 pedidos de informação.

Autocarros Roubos rendem mais de 100 mil patacas

Um homem proveniente da China continental é suspeito de ter perpetrado vários assaltos no interior de autocarros públicos em Macau. Segundo informações divulgadas ontem pela Polícia Judiciária (PJ), o homem terá estado envolvido em pelo menos nove casos de roubo de propriedade privada em autocarros públicos, como telemóveis e carteiras, no valor total de 115 mil patacas. O homem, um agricultor de 54 anos, foi detido no passado ontem, ao tentar sair de Macau. De acordo com a PJ, apesar de não ter colaborado com a polícia, o homem trazia consigo moeda estrangeira e vários telemóveis, cuja posse não foi capaz de justificar. O homem foi acusado de roubo, na sua forma agravada e transferido para o Ministério Público.

Droga Pedido aumento de penas para tráfico

Cheong Sok Leng, vice-presidente do Centro de Política de Sabedoria Colectiva, ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau, defendeu o aumento das penas por tráfico de droga, incluindo a aplicação, sem excepções, da medida de prisão preventiva aos suspeitos. A responsável disse estar preocupada que as associações criminosas se aproveitem dos adolescentes para a venda de drogas em Macau, pedindo maior cooperação com as autoridades de Hong Kong. Ontem, a Polícia Judiciária (PJ) detectou mais um caso de alegado tráfico de droga entre Hong Kong e Macau. Este mês já houve sete casos de tráfico de droga entre os dois territórios em que os suspeitos têm idades compreendidas entre 16 e 33 anos. Todos eles alegaram estar sem emprego ou com dívidas.


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27.3.2020 sexta-feira

BNU PRESIDENTE ADMITE QUEDA ATÉ 20 POR CENTO NOS RESULTADOS DE 2020

E tudo o vírus levou

Carlos Álvares, presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) admitiu ontem que os resultados para este ano podem cair entre os 10 e os 20 por cento. A revisão em alta das perdas, surge depois da situação pandémica do novo tipo de coronavírus estar a “alastrar em todo o mundo”

O

presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau admitiu ontem que os resultados da instituição podem cair, este ano, entre 10 e 20 por cento devido ao impacto económico da pandemia da covid-19. “No ano passado o crescimento foi de 24 por cento, o que foi bastante interessante. Acredito que este ano os resultados do banco possam cair entre os 10 e os 20 por cento”, afirmou à Lusa, Carlos Álvares, líder da instituição que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos. “Inicialmente estimava não ser superior a 10 por cento”, uma previsão que teve de rever face “à gravidade (…) e ao alastrar da situação em todo o mundo”, explicou. A margem financeira do banco tem-se comportado razoavelmente bem, semelhante ao ano passado, mas as comissões caíram e os custos aumentaram, explicou o responsável, lembrando, por exemplo, que a queda significativa na área das comissões explica-se facilmente: “há muito menos transações, não há viagens ao estrangeiro, as pessoas não utilizam os cartões”. Por outro lado, “o banco teve um cuidado muito grande com as pessoas, com a sua equipa, e isso obviamente reflecte-se em termos de custos”, acrescentou. Um factor positivo, ainda com base nos dados de Fevereiro, é que a instituição não sen-

do negócio dos casinos e com a abertura dos vistos individuais para os turistas chineses”, salientou. Carlos Álvares sublinhou ainda que o banco tem “quotas interessantes nos casinos” e “no sector governamental”, mas não entre as micro, pequenas e médias empresas (PME), “trabalhando activamente” apenas com três mil das cerca de 40 mil que operam em Macau. “Por outro lado, também abrimos linhas especiais para pagamento de salários e para pagamento de rendas e também para investimento [em] equipamento médico e tem havido alguma procura, mas não é uma coisa brutal”, frisou.

SER RESPONSÁVEL

O presidente do BNU defendeu que o Governo foi rápido a tomar medidas de apoio às empresas e população. “Se somarmos a tentativa do aumento do consumo, a protecção das PME e o aumento dos gastos públicos com obras, penso que está a tocar os diferentes pilares que fazem com que a economia ande, depois é (…) ver a dose que será necessário utilizar”, comentou.

“O banco teve um cuidado muito grande com as pessoas, com a sua equipa, e isso obviamente reflecte-se em termos de custos.” CARLOS ÁLVARES PRESIDENTE DO BNU

tiu um aumento no crédito malparado.

CONDIÇÕES ÚNICAS

"O Governo (…), a associação de bancos e todos os bancos concederam perío-

dos de carência de capital por seis meses para quem o pediu e, portanto, até à data não sentimos situações de incumprimento que levassem ao aumento de imparidades”, indicou.

A “almofada financeira em Macau” dá “condições únicas para resistir a este problema gravíssimo que alastra por todo o lado”, mas muito irá depender da “capacidade de recuperação

Em relação à responsabilidade social que o chefe do Governo de Macau exigiu neste momento de crise aos grandes agentes económicos no território, as operadoras que exploram o jogo, Carlos Álvares elencou uma lista de açcões promovidas pelo banco que custaram cerca de 4,5 milhões de patacas no ano passado em vários sectores da sociedade.

Macau Solidário 105 mil patacas em menos de 48 horas

A comunidade portuguesa em Macau já arrecadou 105 mil patacas em menos de 48 horas para comprar material médico para Portugal associado ao combate do surto da covid-19. O valor foi avançado à agência Lusa pelo presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU), Carlos Álvares. O dinheiro angariado, num tão curto espaço de tempo, "é animador", disse a presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, uma das entidades que pertence ao movimento solidário que se propõe recolher fundos para adquirir equipamento de protecção para os profissionais de saúde em Portugal e material, que garanta mais testes para despistar a covid-19. O movimento junta quase duas dezenas de entidades e personalidades e, em cerca de 12 dias quer apoiar Portugal “no esforço de guerra” face ao surto do novo coronavírus, estabelecendo como prioridade a aquisição de equipamento que proteja todos aqueles que estão na linha da frente e a capacidade nacional de detecção de casos, explicaram os seus membros.

Lixo Pedida instalação de contentor de compressão

Chao I Sam, chefe de uma delegação da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), pede que seja instalado em breve um contentor rápido de compressão de lixo na zona norte da península de Macau, para que o lixo de zonas residenciais não fique tanto tempo na rua sem ser recolhido. Chao I Sam faz esta exigência uma vez que ocorreu uma avaria no anterior sistema de recolha automática de resíduos sólidos. A responsável alertou que os caixotes do lixo estão sempre cheios e abertos, existindo um risco para a saúde pública, constituindo também uma desvantagem no combate à covid-19. Chao I Sam pede também que seja feita a desinfecção dessas zonas com mais frequência.


sociedade 11

sexta-feira 27.3.2020

Tempo Fim-de-semana de chuva e trovoada

A chuva vai chegar no fim-de-semana e promete ficar por mais uns dias. A culpa, segundo a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos é de uma frente que vai chegar à costa meridional da China a partir de amanhã, prevendo-se para o fim de semana a ocorrência de aguaceiros e trovoada. Além disso, também a temperatura deverá descer, sendo esperadas temperaturas mínimas de 19 graus. No início da próxima semana a chuva deverá manter-se, prevendo-se que o tempo na região seja pautado por períodos de aguaceiros dispersos. Aconselha-se, por isso, à população que preste atenção às condições meteorológicas.

Ano para esquecer Fitch estima que MGM China pode ter quebras superior a 30 por cento

O

impacto negativo da pandemia de covid-19 está a afectar quase todos os sectores da economia, com as concessionárias a não serem excepção. Nessa linha, a agência de rating Fitch estima que a MGM China Holdings Lts deve registar quebras de receitas na ordem dos 31 por cento no final de 2020, de acordo com uma nota publicada na passada quarta-feira, citada pelo portal GGRAsia. A Fitch considera que a operadora pode mesmo registar uma queda de 50 por cento nos resultados operacionais, ou seja, antes das deduções financeiras e fiscais, no final do ano. Prevendo um 2020 fraco, a Fitch baxou o rating da MGM China de BB para BB-, à semelhança do que aconteceu com a sua congénere norte-americana a MGM Resorts International. Importa referir que a nota BB já é considerada por

investidores como uma nota especulativa. A agência justificou a apreciação em parte por entender que o grupo diminuiu a sua flexibilidade financeira na sequência da “severa disrupção no mercado global do jogo causado pelo surto do novo coronavírus”. Outro factor que ajudou à descida de notação é a incerteza quanto à profundidade e duração da pandemia, isto partindo do princípio que o sector do jogo irá começar a recuperar no final deste ano, ou no início de 2021. Ainda assim, a Fitch sublinha a posição favorável de que a MGM China beneficia em termos de liquidez, com capacidade para amortecer o choque que se prevês para 2020.

CONTRASTE ANUAL

No mês passado a MGM China revelou que fechou o ano de 2019 com uma receita líquida de 2,9 mil milhões de dólares americanos mais 19 por cento em comparação com 2018.

Em destaque estiveram os resultados do MGM Cotai, a funcionar desde Fevereiro de 2018, responsável por uma receita de 1,326 mil milhões de dólares americanos em 2019, quase o dobro do montante arrecadado em 2018. Já o MGM Macau registou 1,578 mil milhões de dólares americanos em 2019, o que representa uma perda nas receitas homólogas. Em 2018 tinha alcançado 1,721 mil milhões de dólares. O grupo disse ter registado no último trimestre de 2019, um aumento de 6 por cento na receita líquida, fixando-se em 727 milhões de dólares americanos. No quarto trimestre do ano, o MGM China aumentou em 31 por cento as receitas obtidas através do jogo de massas e uma diminuição de 20 por cento nas receitas do jogo VIP, devido à “redução de 33 por cento no volume de negócios no MGM Macau”.

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Anúncio 【20/2020】

De acordo com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, são por esta via notificados os mediadores imobiliários / agentes imobiliários / infractores constantes da tabela em anexo: De acordo com os n.ºs 1 e 2 do artigo 38.º da Lei n.º 16/2012 (Lei da actividade de mediação imobiliária), alterada pela Lei n.º 7/2014, os mediadores imobiliários / agentes imobiliários / infractores referidos no anexo devem apresentar contestação, por escrito, no prazo de 15 dias a contar da data da publicação do presente anúncio, e todas as provas testemunhais, materiais, documentais e demais meios de prova que sejam favoráveis ao seu contraditório. Caso a contestação não seja apresentada no prazo fixado, ou a justificação constante da mesma não seja aceite por este Instituto, nos termos do n.º 2 do artigo 30.º ou do n.º 3 do artigo 31.º da mesma lei, pode ser punido com multa. Se pretenderem consultar o processo, poderão dirigir-se à Delegação de Cheng Chong do Instituto de Habitação, sita na Estrada do Canal dos Patos, n.º 220, Edifício Cheng Chong, r/c L, Macau, durante as horas de expediente, ou ligar para o telefone n.º 2859 4875 para obter informações. Instituto de Habitação, aos 17 de Março de 2020. O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Nip Wa Ieng

N.º do processo

83/ MI/2018

98/ MI/2019

Designação do mediador imobiliário / agente imobiliário/ infractor

Anexo N.º da licença / licença provisória / documento de identificação

Acto ilegal e fundamento jurídico Exercer a actividade de mediação imobiliária na qualidade de agente imobiliário sem ser titular de licença válida

N.º do bilhete de identidade Violação do n.º 1 do artigo 3.º da de residente da República “Lei da actividade de mediação MO, GOUMEI Popular da China: 44122419860926XXXX imobiliária” Nos termos do n.º 2 do artigo 30.º da mesma lei, pode ser punido com multa de 20 000 a 100 000 patacas Alteração aos requisitos para o exercício da actividade – o administrador, director ou gerente, 盈灃地產一人有 não é titular de licença válida MI-10002343-0 限公司 de agente imobiliário, não deu conhecimento ao Instituto de Habitação, no prazo de dez dias a contar da data da alteração

COMPANHIA DE SERVIÇOS E 110/ MI/2019 CONSULTORIA POWER LINK LIMITADA

AGÊNCIA DE 05/ FOMENTO MI/2020 PREDIAL CHUN KEI LIMITADA

MI-10002280-5

Violação da subalínea (1) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Nos termos do n.º 3 do artigo 31.º da mesma lei, pode ser punido com multa de 5 000 a 25 000 patacas Alteração aos requisitos para o exercício da actividade – o administrador, director ou gerente, não é titular de licença válida de agente imobiliário, não deu conhecimento ao Instituto de Habitação, no prazo de dez dias a contar da data da alteração

MI-10001748-3

Não ter comunicado ao Instituto de Habitação a cessação da contratação de um agente imobiliário, no prazo de 10 dias a contar da data da ocorrência do facto Violação das subalíneas (1) e (3) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Nos termos do n.º 3 do artigo 31.º da mesma lei, pode ser punido com multa de 5 000 a 25 000 patacas por cada infracção


12 coronavírus

(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

18171 Em estado crítico

503274

121227

Infectados (total cumulativo)

COM MAIS CASOS 81285

Itália

74386

E.U.A.

68594

Espanha

56188

Alemanha

39502

Irão

29406

França

25233

Suiça

11593

Reino Unido

9529

Coreia do Sul

9241

Holanda

6412

Bélgica

6235

Áustria

6001

Portugal

3544

Canadá

3409

Noruega

3233

Austrália

2806

Israel

2666

Brasil

2563

Suécia

2554

Turquia

2433

Curados

Co novel

359754 Infectados

(total cumulativo)

China

27.3.2020 sexta-feira

(casos activos)

43 Curados

60 PORTUGAL

Mortos

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal

3544

Brasil

2563

Macau

31

Moçambique

5

países com casos de nCov

Angola

3

Guiné-Bissau

4

países sem casos de nCov

Timor-Leste

1

Cabo Verde

4

São Tomé e Principe

0

PORTUGAL

Infectados (casos activos)

23 MACAU

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China

81285

China | Macau

33

China | Hong Kong

453

China | Taiwan

252

Coreia do Sul

9241

Japão

1307

Vietname

153

Laos

6

Cambodja

96

Tailândia

1045

Filipinas

707

Myanmar

3

Malásia

2031

Indonésia

893

Singapura

631

Borneo

114

3441

Infectados (casos activos)

10 Curados

HONG KONG

339 Infectados

Macau

(casos activos)

4

HONG KONG

110 Curados

Hong Kong

Mortos


sexta-feira 27.3.2020

ovid-19 l coronavírus

22342

coronavírus 13

21732 Casos suspeitos

Mortos

0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:

+1000

• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia

Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

400000 150000 100000 75000 50000 25000 12500 0

20

40

60

dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 67800 1370 1275 1232 1018 990 935 760 631 576 538 480 414 337 318 296 294

MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 162 77 18 13 1

MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 3 1 0 0 0


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ANÚNCIO 【N.º 32/2020】 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome N.º do boletim de Nome N.º do boletim de candidatura candidatura TANG MAN CHOU 31201700485 IONG SOK KEI 31201708344 CHAN IOK UN 31201707799 TOU KA HANG 31201709173 HO WAI LONG 31201705921 WU HO LEONG 31201709455 Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017. Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 8 de Outubro de 2019, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não os fizeram. De acordo com artigo 5.º, nº. 3 do artigo 9.º, alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017, e em conformidade com os despachos do signatário, exarado nas Propostas n.os3766/DHP/DHS/2019, 3776/DHP/DHS/2019, 3774/DHP/DHS/2019, 3769/DHP/DHS/2019, 3772/DHP/DHS/2019 e 3770/DHP/DHS/2019, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH. Caso queiram contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, podem reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou podem apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 23 de Março de 2020. O Presidente, Arnaldo Santos

27.3.2020 sexta-feira

ANÚNCIO 【N.º 33/2020】 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome N.º do boletim de Nome N.º do boletim de candidatura candidatura LAM CHI CHING 31201702136 NG NGOU SENG 31201709451 LAM PAK KUN 31201704258 CHAO WENG KUONG 31201708502 WONG KAM U 31201707256 ----Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017. Tendo este Instituto informou-os por meio de ofícios, com os n. os 1909090095/DHS, datada de 12 de Setembro de 2019, 1909130094/DHS, 1909140059/DHS, datada de 17 de Setembro de 2019, 1909190041/ DHS, datada de 27 de Setembro de 2019 e 1909270134/DHS, datada de 30 de Setembro de 2019, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção dos referidos ofícios, mas não fizeram a entrega das suas contestações. De acordo com artigo 5.º, nº. 3 do artigo 9.º, alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017, e em conformidade com os despachos do signatário, exarado nas Propostas n.os 3801/DHP/DHS/2019, 3627/DHP/DHS/2019, 3698/DHP/DHS/2019, 3800/DHP/DHS/2019 e 3779/DHP/DHS/2019, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH. Caso queiram contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, podem reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou podem apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 23 de Março de 2020. O Presidente, Arnaldo Santos


china 19

sexta-feira 27.3.2020

A

China voltou ontem a criticar o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, por se referir ao covid-19 como “vírus de Wuhan”, a cidade chinesa de onde é originário o novo coronavírus, que provocou uma pandemia mundial. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang considerou que a referência ao “vírus de Wuhan” representa um esforço para “estigmatizar a China e desacreditar os esforços” do país, numa “tentativa de desviar a atenção e fugir às responsabilidades”. “[Mike Pompeo] tem um motivo muito sinistro”, disse Geng aos jornalistas, em conferência de imprensa. O porta-voz defendeu ainda os esforços da China para combater o vírus e negou que Pequim estivesse a tentar fugir às responsabilidades pela origem do surto. A China foi acusada de ocultar informações sobre o surto durante o seu estágio inicial, e vários diplomatas chineses sugeriram abertamente que o vírus

PEQUIM CRÍTICAS A MIKE POMPEO POR REFERÊNCIAS AO “VÍRUS DE WUHAN”

pode ter tido origem nos Estados Unidos, apesar de não apontarem evidências científicas. Pompeo insistiu que o vírus seja identificado como “vírus de Wuhan” durante uma reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países que compõem o G7.

Propagar o estigma

POR TODO O LADO

A Organização Mundial da Saúde alertou para que não se designe o vírus pelo seu local de origem e até o Presidente norte-americano, Donald Trump, deixou de se referir ao novo coronavírus como “vírus chinês”, face a comportamentos discriminatórios contra asiáticos e norte-americanos de origem asiática. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000. Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Geng Shuang considerou que a referência ao “vírus de Wuhan” representa um esforço para “estigmatizar a China e desacreditar os esforços” do país, numa “tentativa de desviar a atenção e fugir às responsabilidades”. PUB HM • 2ª VEZ • 27-3-20

HM • 2ª VEZ • 27-3-20

G20 Xi pede corte das taxas alfandegárias O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem aos países do G20 para baixarem as taxas alfandegárias e facilitarem o comércio como sinal de confiança para a economia mundial face à pandemia provocada pelo novo coronavírus. Durante uma cimeira por videoconferência das 20 maiores economias do planeta, Xi “apelou aos membros do

G20 para reduzirem os direitos alfandegários, levantarem barreiras e facilitarem as trocas comerciais”, noticiou a agência oficial Nova China. Xi Jinping “apelou a todos os membros do G20 para tomarem medidas colectivas, a enviarem um sinal forte e a restabelecerem a confiança para favorecer a retoma económica mundial”.

Covid-19 Espanha devolve testes pouco fiáveis Espanha devolveu à China testes rápidos para detectar pessoas infectadas com o novo coronavírus, depois de verificar que a sua qualidade não correspondia ao anunciado, visto terem uma sensibilidade de 30 %por cento quando deveriam ter de 80 por cento. “Este lote

enviado não corresponde ao que veio nos certificados de qualidade da CE. Tivemos de os devolver”, disse ontem numa conferência de imprensa o director do Centro de Coordenação de Alertas e Emergência Sanitária do Ministério da Saúde espanhol, Fernando Simón.

Aviação Reduzidas ligações com o exterior A China vai impor, a partir de domingo, uma redução drástica nos voos internacionais, devido à pandemia do novo coronavírus, anunciou ontem a Administração Nacional de Aviação Civil chinesa. Em comunicado, a Administração informou que cada companhia aérea chinesa poderá realizar apenas uma ligação de ida e volta por semana para cada país. No

mesmo espírito, uma empresa estrangeira também só poderá voar uma vez por semana para os seus destinos fora da China. O país está preocupado com os casos “importados”, sobretudo chineses que tentam regressar ao país, à medida que a doença se alastrou além-fronteiras. No total, a China detectou já 500 casos de infecção entre recém-chegados.

ANÚNCIO ACÇÃO DESPEJO nº.

CV2-19-0051-CPE

ANÚNCIO 2º Juízo Cível

Autores: 1. CHAN IP KEI (陳業基); e sua mulher 2. IEONG KAM SI (楊金絲); ambos residentes em Macau, na Rua da Ribeira do Patane, nºs 23 a 25A, Edifício “Lok Si”, do Rés-do-Chão “C” e “D”. Réu: LEI PENG KEONG (李炳強), de sexo masculino, com última residência conhecida em Macau, na Rua de Brás da Rosa, nº 63, Jardim “Cheong Meng – Kam Seng Kok”, 14º andar I, ora em parte incerta. *** Faz saber que, por este Juízo, correm éditos de 30 (TRINTA) DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu LEI PENG KEONG (李炳強), para no prazo de quinze (15) dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, o pedido formulado na petição inicial nos mencionados autos, que resumidamente consistem que: 1) ser decretada a cessação por resolução do contrato de arrendamento celebrado com o Réu, com fundamento na falta de pagamento pontual das rendas; b) ser o Réu condenado a entregar imediatamente aos Autores, livre de pessoas e devoluta de bens, a fracção autónoma designada por “A-R/C”, do rés-do-chão “A”, para comércio, do prédio situado em Macau, na Rua da Concórdia, nºs 27 a 55, Rua do Conselheiro Borja, nºs 9 a 15, Rua do General Castelo Branco, nºs 10 a 16, Rua Um, Bairro da Concórdia, nºs 28 a 56, Edifício “Wang Fai”, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o nº 21493, a folhas 102 do Livro B50, inscrita na matriz predial, sob o nº 37612, registada a favor dos Autores sob a inscrição nº 15762G; e c) ser o Réu condenado no pagamento das custas judiciais e em procuradoria, tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. A falta da contestação no dito prazo não implica serem considerados reconhecidos os factos alegados pelos Autores, e o processo segue com os ulteriores termos até final à sua revelia. Na contestação, pode deduzir em reconvenção o seu direito a benfeitorias ou a uma indemnização, e ainda que é obrigatória a constituição de advogado Macau, aos 20 de Março de 2020. ***

Execução Ordinária nº.

CV2-19-0061-CEO

2º Juízo Cível

Exequente: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A. (中國工商銀行(澳門)股份有限公司), com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18.º andar. Executada: LOI NGA CHENG (呂雅青), feminino, com última residência em Macau, na Avenida de Vale das Borboletas, n.º 141, Edifício “Koi Nga” – Bloco VIII, 25.º andar “BS”, Coloane, ora ausente em parte incerta. *** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando a executada LOI NGA CHENG, para no prazo de vinte (20 dias), decorrido que seja o dos éditos, pagar ao exequente a quantia de Setecentas e Quinze Mil, Quinhentas e Quarenta e Uma Patacas e Sessenta e Cinco Avos (MOP 715.541,65) e legais acréscimos, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de, não o fazendo, ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. Macau, em 20 de Março de 2020. ***


20

h

tonalidades António de Castro Caeiro

O

S corpos dos mortos amontavam-se. Criaturas meio-mortas cambaleavam. Juntavam-se à volta de todos os fontanários. Os lugares sagrados encontravam-se pejados de cadáveres. À medida que a catástrofe passava todos os limites, os homens, sem saberem o que lhes ia acontecer, tornavam-se completamente indiferentes a tudo, fosse sagrado ou profano. (Tucídides H. 2, 52.3-4). Os homens atreviam-se, agora, a fazer às claras o que, anteriormente, procuravam fazer sem dar nas vistas. O rápido desaparecimento das pessoas e daquela maneira atroz, o prejuízo dos melhores e o benefício dos piores levava que tudo esbanjassem, sobretudo no que desse prazer. A riqueza era tida como coisa de um só dia. Perde-se a vergonha e a honra. A conduta tinha como única regra o gozo do presente. Apenas o gozo é honroso e útil. O medo dos deuses e das leis dos homens não constituía limite algum ao modo de viver “Ninguém esperava viver o tempo suficiente para ser levado a jul-

27.3.2020 sexta-feira

A injustica , avanca , hoje a passo firme

A peste III gamento por causa das suas ofensas, antes sentiam que uma pesada pena havia já sido lavrada contra todos eles, estando suspensa sobres as suas cabeças. Pelo que, antes que lhes caísse em cima, era justo que não pensassem noutras coisa senão em gozar a vida.” Toda a especulação acerca da origem e das causas da doença, se é que é possível encontrar causas capazes de produzir tão grande devastação, é deixado ao cuidado de outros, leigos ou profissionais.1 A descrição, identificação, isolamento e reconhecimento do decurso e história clínica da doença bem como dos seus sintomas tem como único objectivo

a possibilidade de poderem ser reconhecidos, caso a doença volte a aparecer. É isso que Tucídides pretende. Em causa está a possibilidade da prevenção, da profilaxia. Os indícios estão no passado. Mas são indícios no interior do horizonte humano. O seu rastreio é por mor do futuro. Não enquadra nenhum outro interesse senão esse. O estatuto ontológico da investigação não visa nenhuma apreensão do que se passou, mas o reconhecimento possível do que poderá vir a passar-se. É talvez o destino da res humana e da nossa condicio estender-nos entre o que se passou e o que poderá vir a passar-se. Mas se a causa fác-

A descrição, identificação, isolamento e reconhecimento do decurso e história clínica da doença bem como dos seus sintomas tem como único objectivo a possibilidade de poderem ser reconhecidos, caso a doença volte a aparecer. É isso que Tucídides pretende

tica se encontra objectivamente dada, é do futuro que ela abre. Talvez a causa final não esteja identificada. Mesmo com as 17 ocorrências do substantivo em Th.. Mas ela opera de modo tão fundamental que não permite por defeito de finitude o seu reconhecimento ou isolamento. Em causa não está nenhuma disputa de estilo literário, mesmo quando em causa estão formulações líricas, trágicas, técnicas. A narrativa não é um conto. O que se pretende é examinar com transparência o que terá acontecido, porque o que aconteceu será possivelmente o que poderá acontecer outras vezes no futuro, de acordo com a constituição humana. Tem em vista a utilidade. Não o prazer.” O que Tucídides escreve é sempre por mor do futuro. É uma posse para a eternidade. As causas da Guerra terão de ser reconhecidas para a podermos evitar. Os sintomas da doença habilitar-nos-ão ao tratamento eventual ou à prevenção profilática. 1. Trad. David Martelo


ARTES, LETRAS E IDEIAS 21

sexta-feira 27.3.2020

entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares

FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO

Poemas do Oriente

O OUTRO

O direito, o esquerdo. Leis, aquilo que está ao lado direito do homem, e a possibilidade da eventual bondade. O esquerdo, o diabo. Mas há um terceiro lado que mistura tudo.

OBSERVAÇÃO

Não tocar nos acontecimentos, ouvi-los. Vida própria como um objecto que não pode ser tocado, destino que pede silêncio, cumprimento delicado da cabeça. Ou vida como matéria de artesanato, as tuas mãos determinam a forma final de cada dia. Conflito ou negociação. No calor, água; no frio, fogueira. O carteiro não pára, o homem nunca está contente.

AQUILO QUE NÃO OCUPA ESPAÇO O mais forte pode ser vencido, o mais inteligente e rápido também, o mais rico pode ter menos uma moeda do que um forasteiro, mas aquilo que não ocupa espaço, não fala, não tem expectativas, não tem também rival.

RECORDANDO DIAS DE AGOSTO EM KYOTO 1. Kyoto, em agosto. Exausto, pede para descansar. Se parares de avançar, morres, se continuares a avançar, morres. O que fazer, então? Pergunta. Salta ou escavar. Não avançar e não deixar de avançar. Como de saltar te cansas, acabarás a escavar. Não avanço, não deixo de avançar. 2. Ele não quer morrer. Em pleno agosto, quarenta graus; com as mãos escava à sombra de uma árvore. Acabará no inverno como se o frio fosse um local, um sítio a que se chega escavando, com a paciência certa.

ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES

3. Uma árvore que dá tempo como outras dão cerejeiras. Dia de sol tremendo. Calada e quieta e até surda ela acompanha e dela recebo o mínimo. Sombra como outro fruto nesses dias de agosto em Kyoto - o mais antigo e o que mais acalma. Dá sombra, a árvore, comida que ainda existe para o cansaço seguinte, fruto que não consegues roubar ou sequer mudar de posição. Cerejeira e sombra, o local da escrita nesses dias de agosto em Kyoto.


22 (f)utilidades TEMPO

27.3.2020 sexta-feira

AGUACEIROS

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PESADELO AMERICANO

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3 1

5 4 9

4 6 2 9 5 9

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1 3 7 9 2 6 8 5 4 4 1 2 9 8

8 4 2 1 5 3 7 7 9 6

4 8 2 3

7 5 6 3 2 1 4 8 6 9

9 2 1 8 3 6 4 5 4 7 1 7

4 7 9 3 8 1 5 3 6 2 2 1

3 6 8 4 7 2 1 9 8 7 5

HUM

8 5 - 1 0 0 %´ •

14.30, 19.30

Um filme de: David S. F. Wilson Com: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan, Toby Kebbel, Guy Pearee 15.30, 21.00

THE INVISIBLE MAN [C]

BLOODSHOT 28[C]

8 BIRDS OF PREY [C]5 9

6 1 5 7 6 2

Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.00

(FALADO EM THAI LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS) Um filme de: Nawapol Thamrongrattanarit Com: Chutimon Chuengeharoensukying, Sunny Suwanmethanont

3 31 6 3 7 30 8 2 4 1 9 1 5 2 2 4 8 8 7 7 6 9 4 1 5 3 5 7 2 1 3 www. 8 6 hojemacau. 4com.mo 9 1 8

33

EURO

8.76

4 5

Um filme de: Leigh Whannell Com: Elisabeth Moss, Adis Hodge, Storm Reid 17.00 SALA 3

4

THE TURNING [C] Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 15.00, 20.15

1

9 5 6

A BEAUTIFUL DAY IN THE NEIIGHBORHOOD [B] Um filme de: Marielle Heller Com: Tom Hanks, Mattaew Rhys, Chris Cooper 17.45

1 4 8 7 2

8 1

BAHT

da China, em relação ao número de infectados. De acordo com uma projecção comunicada, no início do mês, ao Congresso norte-americano, entre 70 a 150 milhões de pessoas poderão ser infectadas nos EUA, que conta perto de 327 milhões de habitantes.

0.24

YUAN

1.12

VIDA DE CÃO

OS IDIOTAS Seguindo o caminho inverso da obra de Dostoievski, o mais longe possível da pureza de espírito que torna um ser humano impróprio para a sociedade, os idiotas de hoje são um perigo para a humanidade. Bolsonaro diz que o covid-19, que matou mais de 22 mil pessoas à hora em que escrevo esta coluna, não passa de um resfriadinho e que o que é preciso é voltar ao trabalho. Isso da vida pode parecer muito bonito, mas a economia precisa de sacrificar uns quantos no divino altar do lucro. Isto, numa altura em que o novo coronavírus alastra pelo Brasil livremente. Donald Trump recomenda em conferência de impresa medicamentos contra a malária que não foram testados como medicação contra o covid-19, com base no relato de provas anedóticas, porque é um “smart guy” e tem “bom feeling” que pode revolucionar a farmacologia. O resultado foi a morte por envenenamento de, pelo menos, um seguidor cego do homem laranja. Trump começou por dizer que isto não é nada, que o novo coronavírus é menos perigoso que a gripe normal, para no passo seguinte entrar em pânico, apontando culpas para onde está virado. Estes tipos têm em mãos as vidas de bem mais de 500 milhões de pessoas. A arrogância e cálculo político estão bem acima de qualquer preocupação com saúde pública, não olham para a comunidade científica como algo legítimo, mas como inimigos que vaticinam inconveniências. Votar nestes gajos vai muito além de atirar um calhau à janela do establishment, é um tiro no pé, para ser simpático. Temo pelos povos que governam. João Luz

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SALA 1

HAPPY OLD YEAR [B]

2 1 2 5 6 1 7 9 9 3 8 3 4

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7 5 2 7 9 2 4 6 3 5 1 9 7 3 4 9 8 2 3 7 4 Cineteatro C I N E M A

SALA 2

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6 7 6 8 9 4 5 9 2 7 8 2 1 3

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 26

26 5 29 9 6 6 7 4 2 1 3 8

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3

PROBLEMA 27

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MAX

Os Estados Unidos registaram na quarta-feira 1.031 mortes causadas pelo novo coronavírus, de acordo com uma contagem da Universidade norte-americana Johns Hopkins. O país conta ainda 68.572 casos da doença, o que coloca o país em terceiro lugar, logo atrás de Itália e

8 4 1 6 3

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UM FILME HOJE O filme que estreou no passado dia 7 de Março nas salas de cinema portuguesas retrata a história de amor entre o ex-primeiro-ministro Francisco de Sá Carneiro e Snu Abecassis, fundadora da editora Dom Quixote. Trata-se de um retrato fiel de como este casal rompeu com o conservadorismo da sociedade da época, ao mesmo tempo que faz uma boa ligação histórica a momentos importantes da política portuguesa do pós-25 de Abril. Talvez falte alguma garra ao actor 32 que desempenha o papel de Francisco Sá Carneiro (Pedro Almendra), 9 5 em3 contraste 6 7 com 8 o4 bom desempenho de Inês Castel2 6 Andreia 7 4Sofia9Silva1 8 -Branco.

SNU | PATRÍCIA SEQUEIRA | 2019

5 1 9 2 4 8 2 1 7 6 3 9 1 5 3 5 2 8 4 7 3 6 8 1 4 3 2 5 7 9 6 8 9 BLOODSHOT 6 5 1 3 7 9 5 8 2 9 4 3 6 1 7 1 3 2 3 2 8 1 5 4 4 3 6 8 1 7 9 5 2 1 9 9 Propriedade 4 7 Fábrica 8 de6Notícias, 2 Lda Director Carlos Morais 1 7 Editores 9 João 2 Luz;5José C.6Mendes3Redacção 8 Andreia 4 Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 6 Colaboradores 9 Anabela 1 António Cabrita; António deJoséCastro Canas; Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo 1 M.Tavares; 9 6João4Paulo 8Cotrim;3José Drummond; José Navarro 3 9 Andrade; 1 José 7 Simões 6 Morais; 2 Luis 5 Carmelo; 4 Michel 8 Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e 8 Duarte; 5 Rui7Cascais; Rui Filipe Torres; SérgiodeFonseca; Carmo; Rita Taborda Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo 4 Rasquinho; 7 2 Paul5Chan9Wai Chi;1Paula Bicho; Tânia dos 6 8 Steph 5 Grafismo 3 4Paulo1Borges,7Rómulo9Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Santos2 Cartoonista 3 Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada 7 4 5 1 8 9 2 6 3 8 Calçada 3 5 6 2 7 9 de Santo7Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo 6 3

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opinião 23

sexta-feira 27.3.2020

um grito no deserto

PAUL CHAN WAI CHI

O

O mais alto responsável

antigo mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, anunciou que se retiraria da corrida a representante do Partido Democrata nas Presidenciais deste ano, por falta de apoio entre os membros do Partido. Esta decisão foi tomada depois de ter gasto mais de 600 milhões de dólares na campanha. O que será que torna o poder tão apelativo? Será uma questão de promoção pessoal ou a vontade de servir o povo? São duas possibilidades. Mas se os politicos não tiverem cuidado, assumir um alto cargo pode, em última análise, conduzi-los ao descrédito e à ruína das suas carreiras públicas. Prefiro designar aqueles que se encontram à frente de um país ou de uma região como “o mais alto responsável”, por me parecer a forma mais apropriada. Demasiadas pessoas receberam ao longo da História o epíteto de “grande líder”, no entanto a maioria acabou por não realizar nada de verdadeiramente “grande”. Também não será muito apropriado apelidá-los de “líderes supremos”, já que a incompetente liderança de alguns causou a sua própria morte. Designar aqueles que ocupam o mais alto cargo político como “responsável máximo” é uma forma de lhes conferir o sentido de responsabilidade. Os políticos têm de ser responsáveis por todas as suas acções. Se não querem assumir essa responsabilidade, então porque é que se dão ao trabalho de encetar uma carreira política? A epidemia de covid-19, que teve início em Wuhan, na China, já se espalhou por todo o globo. É um novo coronavírus com características semelhantes à gripe e ao vírus da SARS (Síndrome Respiratório Agudo Grave). Este novo surto tem feito mergulhar muitos governos no caos e representa um desafio às capacidades governativas do “responsável máximo” de cada país e de cada região, particularmente para os governos da China, de Taiwan, Hong Kong e Macau. Tsai Ing-Wen, a actual “responsável máxima” de Taiwan, que ganhou a eleição presidencial a 11de Janeiro último, teve de enfentar a crise da covid-19 pouco depois da sua reeleição. As lojas e as escolas continuam a funcionar embora o Governo tenha impedido os estrangeiros de entrar no país. Apesar de a sociedade ainda estar a funcionar, a prevenção e o controlo da doença em Taiwan têm sido bastante eficazes, registando-se até à data apenas 200 casos confirmados. Este facto demonstra que as medidas adoptadas têm sido correctas, apesar do arrefecimento das relações com a China ter causado uma

quebra no turismo, o que em certa medida tem ajudado a manter o baixo número de infectados. Tsai Ing-Wen e o seu braço direito Chen Shih-chung, têm dado provas de idoneidade e de responsabilidade. Por outro lado, na RAE de Macau, o desempenho de Ho lat-seng tem sido amplamente apreciado pela população. No discurso que proferiu há poucos dias, explicou que, depois de bem informado, podia tomar medidas decisivas e rápidas, como ficou provado pelas acções atempadas que tomou para evitar a propagação do vírus. O

encerramento temporário dos casinos e de todas as salas de espectáculo evitou a contaminação comunitária da covid-19 e beneficiou a população. Estas medidas deixaram os opositores Ho lat-seng sem argumentos para o criticar. Com as reservas que Macau acumulou nos últimos 20 anos, Ho lat-seng pôde gerir a situação sem ter de abrir as portas e fazer entrar pessoas infectadas da China, e ainda conseguiu fazer regressar a casa os residentes que estavam no estrangeiro. No primeiro teste a que foi submetido após assumir o cargo, Ho lat-seng passou com

O sacrifício imposto a Wuhan e a Hubei salvou efectivamente o país, mas o que é que os responsáveis fizeram nos dez dias que mediaram entre a declaração do primeiro caso e a implementação das medidas de isolamento? Ainda continua a faltar uma resposta a esta pergunta Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático

nota elevada. Agora, o outro desafio que tem pela frente, é a recuperação económica no período pós-epidemia. Para isso, é preciso esperar que a China retome o regime dos “Vistos Individuais” para os continentais que queiram visitar Macau, o que significa que a retoma depende dos turistas vindos da China. No computo geral, Ho lat-seng tem evidenciado claramente estar à altura das responsabilidades do seu cargo. A “mais alta responsável” de Hong Kong é Carrie Lam, que possui uma personalidade particular. Cada acção que empreende, embora bem intencionada, tem-se revelado contraprudecente. Por exemplo, durante a agitação criada pelo” Movimento Contra a Lei de Extradição”, que até hoje ainda não se encontra completamente solucionada, Carrie Lam recorreu à estratégia do “uso da força para combater a violência e prender agitadores para parar o caos”. Esta estratégia só fez com que a violência e as prisões fossem aumentando, tendo sido detidos diariamente inúmeros jovens. Com Hong Kong ainda mal recuperado deste período conturbado, os esforços de Carrie Lam para impedir a propagação da covid-19, tentando impôr aos outros as suas convicções pessoais, não tiveram bom resultado. Quando se impede os bares de vender alcoól, não é normal que passem a vender outras bebidas? Esta decisão de Carrie Lam foi muito pior do que determinar o encerramento temporário dos bares. A forma como o Governo continua a lidar com a compensação económica das pessoas afectadas por esta crise não é a melhor, a distribuição de 10.000 HKD pelos residentes não vai remediar a situação. Hong Kong tem mais casos confirmados de covid-19 do que Taiwan e do que Macau, mas o Governo fechou as portas aos residentes destas duas regiões, de forma a transferir a sua responsabildade para os outros, mas acreditando que está a cumprir a sua missão. Carrie Lam, como “responsável máxima” de Hong Kong, poderá tornar-se na “maior devedora” e o momento da “liquidação” está a chegar. Wuhan foi a primeira cidade da China a ser posta em isolamento devido ao surto de covid-19, e Hubei a província onde se registou o maior número de casos a nível nacional. O sacrifício imposto a Wuhan e a Hubei salvou efectivamente o país, mas o que é que os responsáveis fizeram nos dez dias que mediaram entre a declaração do primeiro caso e a implementação das medidas de isolamento? Ainda continua a faltar uma resposta a esta pergunta. E só encontrando a resposta e a verdade podemos ficar a saber quem é realmente responsável. Tornar-se o “mais alto responsável” é o sonho de muitos políticos. Mas aqueles a quem falta capacidade, sabedoria, personalidade forte e ideais sólidos, apenas estão a ir ao encontro de dificuldades. E o pior de tudo é que irão partilhar essas dificuldades com os outros.


Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade. PALAVRA DO DIA

Esopo

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DIÁRIO SEM BORDO

A banhos

E

STOU de folga. No momento em que assinalo meia quarentena cumprida, percebo-me cansada. A descrição do parto da oitava filha de Lu Shangguan e do primeiro de uma jovem mula ainda está por acabar de ler. O Mo Yan merece mais. O espanhol “Plataforma” ainda não está visto. Tentei ver “Freud”, uma ´série que ansiava por ser entusiasta do senhor ,- que com certeza teria uma explicação para o fenómeno actual da corrida ao papel higiénico - e acabei desiludida. Tenho trabalhado o que posso e feito umas coisas a mais. Ainda não tive pausas. É hoje. Enchi a banheira e esperei ver a espuma escorrer um bocadinho para fora até fechar a água. Recordei o peso de uma outra espuma, espessa e aromática, de um banho em Istambul, e chorei os céus e a terra fechados. Um dia, se o mundo ainda rodar, vou-lhe dar três voltas. Pelo meio, vou repetir a espuma dos Hamam e fazer um pirete à espuma dos dias, com todo o respeito pelo Boris Vian. Ainda era dia quando mergulhei. Por vezes faço-o, mas mais lá para a madrugada. É um entretém em que deposito a esperança num sono rápido. Hoje não. Vesti uma

Enchi a banheira e esperei ver a espuma escorrer um bocadinho para fora até fechar a água. Recordei o peso de uma outra espuma, espessa e aromática, de um banho em Istambul, e chorei os céus e a terra fechados

túnica chinesa e lamentei não ter uma cabaia. Ainda assim consegui ter o gosto de apertar aqueles dois botões, redondos e delicados, do lado esquerdo da gola direitinha que molda o pescoço. Vi e segui escrupulosamente o vídeo da Rita. Anunciado como uma série de exercícios para os “velhotes”, diz ela. Pareceu-me que à semelhança da quarentena, devia ser uma rotina obrigatória para todos. Mais logo vou enviá-lo aos meus pais e amigos. Acho que que lhes vai fazer bem. A Rita faz bem às pessoas. A Sara continua preocupada e a Marta desiludida. O João, a Luana e o Pedro contam-me histórias. A Natacha corre atrás do petiz que, felizmente alheio, não se coíbe de explorações.

Quando o telefone toca

No outro dia ligaram-me. “Boa tarde, sou da polícia e queria dizer-lhe que não pode sair do quarto”, ouvi num inglês perfeito. “Não estou a contar fazê-lo” repliquei só para não ficar calada. Seria óbvio que a viabilidade de sair era nula. Aliás, se punha a cabeça de fora para conversar com esta minha boa vizinhança, alertavam-me logo que tinha ultrapassado a linha que marca a porta e, por conseguinte, a minha fronteira. Nunca gostei de fronteiras. “Muito bem. Pode dizer-me o seu nome?”, continuou a voz, penso que para confirmar que eu sabia quem era e que correspondia ao nome no papel que imagino que teria nas mãos com a minha identificação. Respondi. “Obrigada, boa noite”, rematámos. Hoje está nevoeiro, mas o final do dia é atropelado pelo sol. Volto segunda-feira, já apostada numa recta final. Bom fim-de-semana Macau, 26 de Março de 2020 M.M.

sexta-feira 27.3.2020


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