Hoje Macau 27 JULHO 2023 #5300

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Apocalipse Miau

Há mais de 15 anos que não eram abatidos tantos gatos em Macau, com a contabilidade mortal a atingir 105 no primeiro semestre deste ano. A mortalidade poderá ser explicada pelo aumento de gatos capturados pelo IAM e a redução de adopções.

www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUINTA-FEIRA 27 DE JULHO DE 2023 • ANO XXI • Nº5300
UNIVERSIDADE DE MACAU OS HOMENS DO CHEFE COOPERAÇÃO VERDE E AMARELO
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6 hojemacau PUB.
HENGQIN SAÚDE SEM SINTONIA
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PÁGINA 7 OS MANDARINS E O FIM DAS VIAGENS MARÍTIMAS José Simões Morais

TIMOR-LESTE ANTÓNIO COSTA DEFENDE IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Volta ao sudeste asiático

Terminou ontem a curta visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Timor-Leste, inserida num périplo pelo sudeste asiático,

paragens

Indonésia e Filipinas. O governante argumentou que o português

de Timor, defendeu a aposta nas energias renováveis e visitou o Cemitério de Santa Cruz

Oprimeiro-ministro português, António Costa, chegou na terça-feira a Timor-Leste para uma visita oficial em que se fez acompanhar por outros membros do Executivo, nomeadamente a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e também o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Na sua primeira visita ao país na qualidade de primeiro-ministro, e também a primeira a decorrer em Timor desde que o novo Governo timorense tomou posse, a 1 de Julho, Costa destacou a presença da língua portuguesa num país onde o tétum é o idioma dominante. O governante disse mesmo que a língua “faz a identidade” do país do Sudeste Asiático. Num discurso perante dezenas de alunos do Externato São José, o chefe de Governo destacou a importância da língua portuguesa em Timor-Leste, o único país lusófono na Ásia.

O português “não é só mais uma língua, é a língua que faz a diferença”, defendeu. “É esta diferença que reforça a identidade de Timor-Leste, faz a identidade de Timor-Leste”, acrescentou. “Foi essa identidade que fez com que na luta armada, na acção diplomática, ou no trabalho cultural e educativo, tenham resistido ao invasor e recuperado a liberdade e a independência”, disse o primeiro-ministro, referindo-se à ocupação indonésia, entre 1975 e 1999. O primeiro-ministro defendeu ser “muito importante que o ensino da língua [portuguesa] prossiga e que se desenvolva”.

Na terça-feira, António Costa tinha confirmado o apoio ao alargamento do projecto bilateral dos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) –financiado conjuntamente por Portugal e Timor-Leste – a todos os postos administrativos no país. O primeiro-ministro prometeu ainda reforçar o apoio à Escola

Portuguesa de Díli, instituição que visitou ontem.

João Gomes Cravinho disse à Lusa que a “convergência entre aquelas que são as prioridades do Governo timorense e aquelas que são as mais-valias portuguesas, que vão passar, seguramente, (…) por um renovado ênfase na língua, no ensino, na formação”. Nos “próximos dois ou três meses”, disse o chefe da diplomacia portuguesa, os dois países vão começar a negociar um novo quadro da cooperação estratégica entre 2024 e 2028. A cooperação deverá apostar também “na descoberta de novas oportunidades (…) no quadro da economia azul”.

Na terça-feira o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse, no âmbito desta visita, que o país quer “colher da experiência, conhecimento e inovação dos portugueses” para desenvolver uma economia do mar sustentável. Gusmão lembrou ainda que o novo Governo quer definir “uma política nacional para a economia azul”.

“A partir do mar há todo um conjunto de sectores que se apresentam como um potencial instigador de desenvolvimento sustentável, desde os sectores tradicionais aos sectores mais recentes”, defendeu.

COMBATER ILEGALIDADES

A visita dos governantes portugueses a Timor-Leste incluiu ainda o diálogo sobre as ilegalidades cometidas no processo de emigração de milhares de timorenses para Portugal nos últimos meses. Costa disse que está a ser criado um modelo conjunto “para combater circuitos paralelos de imigração ilegal, tráfico de seres humanos e exploração de pessoas”. Ontem foi assinado um protocolo que permite “seguir uma boa prática” e “fazer formação no país de origem para as pessoas desenvolverem uma actividade profissional ou no país de origem ou em Portugal, mas já com formação feita”. “A única forma eficaz de combater a imigração ilegal e o tráfico de seres humanos é termos canais legais de migração. É isso que estamos a fazer e a construir”, frisou.

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“faz a identidade”
FOTOS ANTONIO DASIPARU | EPA | LUSA

Gusmão lembrou que “Portugal está também a apostar na economia azul, não só para gerar riquezas para a sua população, mas para reforçar o clima e o oceano”. “Gostaríamos por isso que também a nossa estratégia (…) pudesse colher da experiência, conhecimento e inovação dos portugueses, navegando juntos no estabelecimento de uma economia azul sustentável em Timor-Leste”, disse o primeiro-ministro timorense.

Outro objectivo do novo Executivo timorense é a descentralização, tendo o chefe de Governo dito que Portugal também pode ajudar nesta área. “A experiência portuguesa no domínio da administração pública e municipal é uma fonte de conhecimento e excelência que podemos absorver para avançar nesta nossa prioridade”, disse Gusmão.

Lembrar o massacre

Ontem António Costa esteve presente no Cemitério de Santa Cruz onde colocou flores na Cruz dos Mártires, em homenagem às mais de 300 vítimas mortais do massacre de 12 de Novembro de 1991, durante a ocupação indonésia. O governante português referiu, numa conversa com um dos sobreviventes do massacre, que “é bom manter a memória viva”. “É uma forma de os homenagear e também de dar força e consolidar os valores pelo qual deram a vida”, acrescentou o primeiro-ministro.

O português “não é só mais uma língua, é a língua que faz a diferença, [e que] reforça a identidade de Timor-Leste.”

ANTÓNIO COSTA

Antes, o timorense, que tinha 28 anos à data do massacre, dissera ao primeiro-ministro que a visita de António Costa “repete uma solidariedade” mantida com Portugal que espera que “continue a se fortificar”, já que “Portugal é um país que é irmão” e “sempre prestou um papel muito importante durante (…) a luta pela independência nacional”. Num dos momentos da visita, Costa deteve-se junto à sepultura do jornalista australiano Max Stahl, que morreu em Outubro de 2021, fundamental na cobertura do conflito armado em Timor-Leste, nomeadamente do massacre no cemitério.

A visita do Executivo português a Timor-Leste terminou ontem e incluiu ainda uma passagem pelo Parlamento Nacional, actualmente presidido por Fernanda Lay, a primeira mulher a ocupar o cargo em Timor-Leste. A agenda do primeiro-ministro português incluiu também a inauguração das novas instalações do Centro de Língua

Portuguesa na Universidade Nacional Timor Lorosa’e.

Apostas económicas

Uma vez que a visita da comitiva portuguesa a este lado do mundo tem também uma componente económica, João Gomes Cravinho adiantou ontem que Portugal “tem cartas a dar” no que toca à cooperação nas energias renováveis com o Sudeste Asiático. O diplomata disse que as energias renováveis estão entre “as indústrias do futuro”, numa “área em que todos os países estão à procura de atingir a neutralidade carbónica”. “Portugal tem cartas a dar nessa matéria, é um país procurado”, sublinhou. Finalizada a visita a Timor-Leste, a comitiva portuguesa partiu para as Filipinas. João Gomes Cravinho reúne hoje em Manila com o ministro da Energia filipino, Rafael Lotilla, no âmbito da primeira visita bilateral de um chefe da diplomacia portuguesa ao país. “Vamos fazer o mapeamento das potencialidades no relacionamento Portugal-Filipinas

também nas energias renováveis”, disse o ministro. A questão também já tinha sido discutida na segunda-feira, num encontro entre João Gomes Cravinho e a ministra dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Retno Marsudi. O desenvolvimento das energias renováveis é “um enorme desafio para a Indonésia”, país onde Portugal “já tem uma presença muito significativa, através das EDP Renováveis, no solar e também na transmissão de electricidade por cabo submarino”, disse o diplomata.

Depois de décadas de relações diplomáticas cortadas devido à ocupação de Timor-Leste, João Gomes Cravinho falou de “sementes para um futuro de maior proximidade económica” com a Indonésia. O ministro destacou o potencial de cooperação na economia do mar, “uma área de grande interesse para Portugal” e onde a Indonésia, um país com mais de 17.500 ilhas, tem “enormes potencialidades económicas”.

A economia azul pode também ser “uma área de grande cooperação” com as Filipinas, um país “com o qual Portugal tem relações amigas, mas com pouca concretização económica”, lamentou João Gomes Cravinho.

Amanhã o ministro português será recebido pelo homólogo filipino, Enrique Manalo, para debater o papel das Filipinas como coordenador das relações entre a UE e a Associação de Nações do Sudeste Asiático

(ASEAN). “Portugal tem de estar mais presente no Sudeste Asiático e este é um momento particularmente propício para isso”, disse João Gomes Cravinho, referindo-se à entrada de Timor-Leste na ASEAN.

Depois de décadas de relações diplomáticas cortadas devido à ocupação de TimorLeste, João Gomes Cravinho falou de “sementes para um futuro de maior proximidade económica” com a Indonésia

Os líderes dos actuais Estados-membros da ASEAN aprovaram em Maio um roteiro para a adesão plena deste país de língua oficial portuguesa ao bloco económico, que conta com 650 milhões de habitantes. “Isso abre portas para Timor[-Leste] e abre portas também para Portugal no Sudeste Asiático”, defendeu João Gomes Cravinho.

Na terça-feira António Costa, defendeu em Díli que as empresas portuguesas devem “aumentar a sua presença” em Timor-Leste e aproveitar a “enorme oportunidade” criada pela entrada do país na ASEAN.

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“Portugal ‘tem cartas a dar’ no que toca à cooperação nas energias renováveis com o Sudeste Asiático.”
JOÃO GOMES CRAVINHO

UM HO IAT SENG APOSTA EM DEPUTADOS DE CONFIANÇA PARA ÓRGÃOS DIRIGENTES

Os titulares do campus

O Chefe do Executivo promoveu

Kou Kam Fai a vice-presidente do Conselho da Universidade de Macau e nomeou

Ip Sio Kai para a Assembleia Geral da instituição. No pólo oposto, Susana Chou e o Bispo Stephen Lee ficaram de fora da Assembleia Geral

Apromoção de Kou Kam

Fai a vice-presidente do Conselho da Universidade de Macau e a escolha de Ip Sio Kai para membro da Assembleia da Universidade de Macau são algumas das alterações feitas pelo Chefe do Executivo, nos órgãos da instituição de ensino superior. As novidades foram reveladas ontem, no Boletim Oficial, e produzem efeitos para os próximos três anos.

No que diz respeito ao Conselho da UM, o órgão colegial máximo da instituição, destaca-se a promoção de Kou Kam Fai a vice-presidente.

O também director da Escola Pui Ching já fazia parte do órgão desde 2020, mas agora assume uma posição cimeira. Kou é um dos homens da confiança de Ho Iat Seng e em 2021 também foi nomeado deputado pelo actual Chefe do Executivo.

O conselho vai continuar a ser presidido pelo empresário da construção civil Peter Lam, que também dirige empresa de capitais públicos Macau Renovação Urbana.

SALÁRIO MÍNIMO ASSOCIAÇÃO DE CONDOMÍNIOS PEDE CAUTELA

PERANTE a intenção do Governo de aumentar o salário mínimo para um valor entre 34 e 36 patacas por hora, quando actualmente está nas 32 patacas por hora, a Associação de Administração de Propriedades de Macau pede moderação e defende que a medida pode colocar em risco várias empresas.

Em declarações ao jornal Ou Mun, Lui Tit Leung, vice-presidente executivo da Associação de Administração de Propriedades de Macau, traçou um cenário difícil em que o aumento salarial pode contribuir para o encerramento de várias empresas de pequena dimensão.

No entanto, destacam-se as entradas de Eddie Wong Yue Kau, arquitecto e ex-membro do Conselho Executivo e Charles Li Xiaojia, banqueiro nascido em Pequim com passagens por instituições como Merrill Lynch, JP Morgan Chase ou a Hong Kong Exchanges and Clearing Limited, empresa responsável pela Bolsa da região vizinha. Também Aglaia Kong Chio Fai, académica especializada em tecnologia e start-ups, passa a integrar o conselho da UM.

No pólo oposto, saem Tong Chi Kin, ex-deputado e ex-membro do Conselho Executivo ligado aos Operários de Macau, Lei Pui Lam, ex-membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, e António Chui Yuk Lum, empresário e ex-chefe do gabinete da campanha eleitoral de Ho Iat Seng.

Anabela Ritchie, António José de Freitas, Frederico Ma Chi Ngai,

José Chui Sai Peng, Dominic Sio Chi Wai e Vong Hin Fai são alguns dos nomes que vão permanecer nos cargos mais três anos.

Susana Chou e Stephen Lee fora

Na Assembleia Geral da UM, órgão consultivo, também houve alterações, com as saídas de Susana Chou, empresária e ex-presidente da Assembleia Legislativa e Stephen Lee Bun Sang, actual Bispo de Macau.

As partidas foram colmatadas com a entradas de Ip Sio Kai,

Entre os membros do Conselho e da Assembleia Geral da Universidade de Macau constam seis deputados

Fundação Macau Candidaturas a apoios abrem terça-feira

Arranca na próxima terça-feira, 1 de Agosto, o processo de candidaturas aos três planos de atribuição de apoio financeiro da Fundação Macau (FM), destinados a projectos académicos, actividades comunitárias e intercâmbios. O prazo para entregar candidaturas termina a 3 de Setembro, mas os

candidatos podem apresentar documentação ainda até 15 de Setembro. No âmbito dos projectos académicos incluem-se “estudos académicos, edições académicas ou conferências e acções de formação”. Relativamente às actividades comunitárias, são aceites propostas para “palestras, workshops,

colóquios, acções de formação, exposições, concursos, publicações, actividades integradas e festivais de grande escala em bairros comunitários”. A FM poderá conceder ainda apoio financeiro à realização de “visitas de intercâmbio ao Interior da China, Hong Kong, Taiwan e outros países ou regiões”.

deputado eleito pela via indirecta pelo sector comercial e que preside à Associação de Bancos de Macau, além de ser administrador do Banco Tai Fung e vice-director-geral da Sucursal de Macau do Banco da China. Outra entrada foi de Carlos Ho, presidente do Banco Tai Fung.

Apesar das mudanças para os próximos três anos, membros como Maria Edith da Silva, Jorge Neto Valente, Alexandre Ma Iao Lai, Kou Hoi In, Stanley Au, Chui Sai Cheong, Paulo Tsé ou Chan Hong mantém-se na Assembleia da Universidade de Macau.

Em conjunto, o Conselho e a Assembleia Geral da Universidade de Macau passam a integrar seis deputados: Kou Hoi In, Chui Sai Cheong, Ip Sio Kai, Kou Kam Fai, Chui Sai Peng e Vong Hin Fai. João Santos Filipe

Lui Tit Leung levantou também dúvidas sobre o impacto da medida junto dos residentes, porque diz que actualmente 90 por cento dos empregados destas empresas são trabalhadores não-residentes. Porém, o vice-presidente justificou que os locais não vão beneficiar com o aumento, porque os trabalhadores com idade superior a 60 anos recebem sete mil a oito mil patacas por mês neste sector, enquanto alguns funcionários, com idades entre os 40 e 50 anos recebem entre oito mil a nove mil patacas por mês. Segundo o dirigente associativo, apenas os trabalhadores não-residentes e menos de dez por cento dos trabalhadores locais tendem a receber o salário mínimo.

AAssociação de Administração de Propriedades de Macau considera assim que as garantias dos trabalhadores locais são suficientes, pelo que não se justifica a medida de aumento salarial.

Lui Tit Leung revelou ainda que todos os anos as empresas fazem um orçamento para a gestão do condomínio, que tem de ser aprovado pelos administradores dos prédios. No entanto, com os custos do aumento salarial, a associação teme que as propostas sejam recusadas e que as despesas adicionais sejam assumidas pelas empresas de administração predial.

Empreendedorismo Calvin Chui reconduzido

O advogado Calvin Chui

Tinlop, filho de José Chui Sai Peng, e o deputado Pan Chuan foram reconduzidos para mais um mandato como vogais na Comissão de Apreciação relativa ao Plano de Apoio a Jovens Empreendedores. A novidade foi

avançada ontem através de publicação no Boletim

Oficial, num despacho assinado por Ho Iat Seng, que confirma a renovação dos mandatos de Lee Koi Ian, Cristina

Ho Hoi Leng, Carlos Lam

Ka Vai e Wong Heng

Hei. Os mandatos têm

a duração de um ano e Tai Kin Ip, director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico é o presidente da comissão. Nas ausências de Tai, a presidência é assumida por Chan Tze Wai, subdirectora da DSEDT.

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

OChefe do Executivo espera reforçar a cooperação com o Brasil na área da tecnologia a pensar no desenvolvimento da indústria de saúde, e em especial a nível dos equipamentos médicos. O desejo foi deixado num encontro entre Ho Iat Seng e o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Guilherme Coutinho Calheiros.

O encontro decorreu na terça-feira e, de acordo com a versão do Governo local, Ho Iat Seng destacou as relações “boas e históricas” entre as duas partes e apontou a área da saúde como uma das vias para o reforço da cooperação. Neste sentido, o Chefe do Executivo afirmou que “como o Brasil possui avançadas técnicas de investigação em equipamentos médicos”, será natural o reforço da cooperação “na área de big health”. O líder do Governo local adiantou ainda que a RAEM está pronta para este passo ao indicar que “os quatro laboratórios de referência do Estado criados em Macau aumentam a capacidade de investigação científica de Macau”.

Por outro lado, o Chefe do Executivo apontou que vai “continuar a apoiar as empresas do Interior da China a expandir no mercado lusófono” assim como “ajudar os países de

ENCONTRO BRASIL E MACAU QUEREM REFORÇAR COOPERAÇÃO TECNOLÓGICA

Olha que coisa mais linda

Ho Iat Seng recebeu o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Guilherme Coutinho Calheiros. A cooperação na área da saúde foi um dos principais pontos da agenda

e referiu que o “Brasil visa fortalecer a investigação na área da inovação científica, bem como a cooperação na área da medicina com Macau”.

O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia terá também sublinhado que o Brasil procura “fortalecer a investigação na área da inovação científica, bem como a cooperação na área da medicina”, além de outras áreas que domina, como a aeronáutica e astronáutica.

O Chefe do Executivo prometeu que vai “ajudar os países de língua portuguesa a entrar, em conjunto, no grande mercado do Interior da China”

língua portuguesa a entrar, em conjunto, no grande mercado do Interior da China”. Esta foi uma promessa deixada no âmbito do compromisso de que Macau vai “desempenhar da melhor forma o seu papel de Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Uma aventura na praia

Urbanista Chan Chio I defende estudo de impacto ambiental em Hac Sá

Aurbanista Chan Chio

I considera que o Governo deve rever o actual regime de avaliação do impacto ambiental em Macau. A posição foi defendida depois de o Governo ter avançado com a proposta de construção do Campo de Aventuras Juvenis da Praia de Hac Sá, sem que se conheça qualquer estudo sobre o impacto das obras e das construções numa zona verde.

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, durante o programa Fórum Macau, Chan afirmou que o projecto de construção na área de 10 hectares está a levantar muitas dúvidas,

porque não foram apresentados dados sobre o impacto do projecto no ambiente.

A urbanista, que também é membro do Conselho do Planeamento Urbanístico e da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau, justificou que a lei actual não exige o estudo sobre o impacto ambiental durante a elaboração do projecto, apenas no momento anterior às obras. Segundo Chan, este procedimento está a ser seguido pelo Governo, mas precisa de ser revisto.

Para a urbanista, como há cada vez mais consciência ambiental, os estudos deviam ser feitos com a concepção do projecto, de forma

a evitar futuras polémicas. “Como a sociedade tem cada vez mais consciência ambiental, a avaliação do impacto ambiental deve ser iniciada mais cedo, ou seja, os efeitos para o ambiente e para o trânsito devem ser analisados antes de serem propostos projectos,” defendeu.

Evitar risco ambiental

Em relação às futuras obras, com custo estimado em 1,4 mil milhões de patacas, Chan Chio I reconheceu que actualmente não há um plano de pormenor em Coloane e que o Plano Director de Macau define aquele local como uma zona ecológica

Ho Iat Seng também afirmou que Macau “tem a língua como vantagem”, pelo que “servirá, como sempre, de ponte na promoção da cooperação amigável, a longo prazo, entre a China e o Brasil”.

Potencial de cooperação

Por sua vez, Guilherme Calheiros considerou o potencial de cooperação “enorme”

de lazer. Por isso, a urbanista pediu ao Governo para revelar mais detalhes sobre o mapa de desenvolvimento da ecologia do local.

Face ao risco de Hac Sá se tornar cada vez mais um local para turistas e menos para residentes, a urbanista sugeriu ao Governo que apresente planos para controlar o fluxo de visitantes depois da inauguração do Campo de Aventuras Juvenis da Praia de Hac Sá, com vista a evitar grandes multidões.

O Fórum da Ou Mun Tin Ton também contou com a participação do presidente da Associação para o Estudo da Ecologia de Macau, Leong Kun Fong, que defendeu que a construção e utilização do terreno não podem causar mais prejuízos ambientais naquela zona. N.W. / J.S.F.

Guilherme Calheiros elogiou igualmente o Fórum

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para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa por considerar ser “uma plataforma vital de cooperação internacional que alcança resultados de sucesso” e que promove “a cooperação diversificada nas áreas de intercâmbio económico e comercial, bem como a formação de quadros qualificados”.

O secretário do Governo do Brasil prometeu ainda todo o apoio na realização da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, que deverá acontecer este ano. João Santos Filipe

Execução Ordinária n.º CV2-19-0025-CEO 2º Juízo Cível

Exequente: WONG CHENG IO (黃貞堯), masculino, de nacionalidade chinesa, residentes em Macau, na Rua de Francisco Xavier Pereira, n.°71, Edifício Pak Keng, 2.º andar A.

Executado: CHAN WA KEONG (陳華強), masculino, de nacionalidade chinesa, residentes em Macau, na Rua da Alegria, n.°57, Edifício Oi Wa, 4.º andar E.

Nos autos supra identificados, foi designado o dia 27 de Setembro de 2023, pelas 09:45 horas, neste Tribunal, para a venda por meio de propostas em carta fechada, o bem abaixo identificado.

IMÓVEL A VENDER

Denominação da fracção autónoma: “E4” do 4.º andar “E”.

Situação: Em Macau, na Rua de Alegria n.ºs 53 a 59.

Fim: Para habitação.

Número de matriz: n°.071692.

Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n°.11790, a fls.168 do Livro B31.

O valor da base da venda: MOP$ 1,790,000,00 (Um Milhão, Setecentas e Noventa Mil Patacas), correspondendo a 60% do valor da avaliação do imóvel.

Os preços das propostas devem ser superiores ao valor da base da venda acima indicado. ***

Os interessados na compra devem entregar a sua proposta em carta fechada, com indicação nos envelopes das propostas, a seguinte expressão “proposta em carta fechada”, “2º Juízo Cível” e o “Processo Número: CV2-19-0025-CEO”, na Secção Central deste Tribunal, até o dia 26 de Setembro de 2023, até 17:45 horas, podendo os proponentes assistir ao acto da abertura das propostas.

É fiel depositário Sr. Mak Tek San, com domicílio profissional em Macau, na Avenida Dr. Mário Soares, Edifício Finance and IT Center of Macau, 9.º andar D, Macau, que está obrigado, durante o prazo dos edital e anúncio, a mostrar o bem imóvel a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção.

Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do imóvel supra referido, podem, querendo, exercerem o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do art° 787° do C.P.C.M. Macau, aos 10 de Julho de 2023. *****

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O
HM
ANÚNCIO
Juiz
• 2ª vez • 27-7-23
GCS

O deputado ligado à comunidade de Jiangmen espera que hospitais e clínicas possam marcar consultas transfronteiriças, para satisfazer as necessidades de residentes que circulam diariamente entre as duas zonas. Além disso, critica a inconveniência de repetir exames médicos dos dois lados da fronteira

Odeputado Zheng Anting apelou às autoridades para que tomem medidas para implementar o reconhecimento mútuo dos processos médicos entre instituições de saúde de Macau e de Hengqin. Numa opinião partilhada no jornal Exmoo, o representante da comunidade de Jiangmen considera que ainda há muito para fazer no campo da saúde de forma a tornar mais fácil a vida dos residentes que se deslocam entre Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada todos os dias.

Um dos aspectos em que considera ser necessário melhorar é o reconhecimento mútuo dos processos médicos. Segundo as explicações do legislador, actualmente os residentes têm de repetir no Interior os exames médicos feitos

ALGUNS deputados da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) acreditam que o Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital vai praticar preços mais elevados do que as outras instituições de saúde locais. A informação consta do parecer da comissão que terminou ontem a discussão do diploma.

Apesar de ter sido construído com fundos públicos, o hospital vai ter a liberdade para praticar os preços que entender, quando seja considerado que está a prestar “cuidados de saúde privados”.

SAÚDE ZHENG ANTING QUER SINCRONIA MÉDICA ENTRE MACAU E HENGQIN

Uma integração saudável

Kiang Wu, foi lançado há oito anos, mas que desde então não teve mais desenvolvimentos.

Marcação de consultas

Por outro lado, o deputado defendeu a criação de um mecanismo que permita a marcação de consultas em Macau, a partir das instituições médicas de Guangdong e vice-versa.

Zheng Anting destacou que a articulação do sistema e dos serviços de saúde entre a Ilha da Montanha e Macau é o assunto mais importante para os residentes

Segundo o legislador, se fosse possível realizar marcações transfronteiriças de consultas, os serviços seriam muito mais convenientes para os residentes que vivem entre as duas regiões. Para implementar este sistema, o deputado defendeu a criação de um programa piloto na Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin.

em Macau, e vice-versa, porque as instituições não reconhecem os resultados.

A repetição dos exames é considerada excessiva e redundante, não só devido à necessidade de pagar duas vezes pelo mesmo exame, a maior parte das vezes com resulta-

Custos de vida

dos iguais, mas também pelo tempo perdido antes do tratamento. Para responder ao problema, Zheng Anting propõe o reconhecimento entre instituições, assim como a possibilidade de os processos clínicos serem transferidos entre Macau e o Interior, para as

Deputados acreditam que novo hospital das Ilhas vai ter preços mais caros

Segundo as explicações do Governo à comissão, consideram-se “cuidados privados” todas as situações em que os residentes se apresentem no novo hospital, sem terem sido encami-

nhados pelos Serviços de Saúde. Nessas situações, até as pessoas que normalmente têm serviços gratuitos vão ter de pagar.

No entanto, quando o hospital é utilizado por

instituições terem acesso ao historial clínico dos pacientes.

O deputado de Jiangmen recordou mesmo que o Programa Piloto eHR (Electronic Health Record), que permite a partilha dos processos entre o Centro Hospitalar Conde de São Januário e o Hospital

utentes enviados pelos Serviços de Saúde, aplicam-se as taxas normais, que podem ser gratuitas ou a preços mais reduzidos.

Face a este modelo, o parecer aponta que alguns deputados, não identificados, argumentaram que os preços vão ser mais caros do que os actualmente praticados. Os representantes do Governo, de acordo com o parecer, não negaram o cenário, e insistiram que o Centro Médico vai ter a liberdade para definir os preços. Os mesmos terão ainda reconhecido que não haverá preços abaixo daqueles que se encontram no mercado, e que os cidadãos

podem adquirir um seguro de saúde para fazer face às despesas médicas.

Votação na segunda-feira

Aproposta de lei será votada na especialidade na próxima segunda-feira em sessão plenária na AL. Na agenda constam ainda votações sobre o regime jurídico do sistema financeiro, legislação relativa às técnicas de procriação medicamente assistida e a alteração à lei de base dos Serviços de Polícia Unitários. Será ainda analisado pelos deputados o projecto de simples deliberação do plenário sobre a segunda alteração orçamental da AL para este ano.

Zheng Anting espera assim que o Governo acelere a articulação do sistema e dos serviços de saúde entre a Ilha da Montanha e Macau, destacando que é o assunto mais importante para residentes locais e também um factor para medir as metas do desenvolvimento da Grande Baía. Nunu Wu e João Santos Filipe

Suicídio Ho Ion Sang pede explicações ao Governo

O deputado Ho Ion Sang pediu ao Governo para explicar porque se suicidam tantas pessoas em Macau. O pedido surge depois de nos últimos dias terem sido registados vários casos consecutivos de suicídio. Segundo o jornal do Cidadão, o deputado dos Moradores sugeriu ao Governo que avalie a forma como pode apoiar mais eficazmente os grupos vulneráveis, e que estude a relação entre as dificuldades financeiras, familiares e mentais dos mais jovens e o suicídio, para investir mais recursos em estratégias de prevenção. No entender de Ho Ion Sang, as pessoas que se suicidam não são apenas as que sofrem de problemas mentais, mas também há quem o faça por sentir angústia e confusão em relação ao futuro. O deputado propõe ao Governo que reforce a aposta na educação para que os residentes mantenham um bom estado da saúde mental.

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“Doksuri” Içado sinal 1 de tempestade

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) içaram ontem à noite o sinal 1 de tempestade tropical dada a entrada na área de vigilância do “Doksuri” a menos de 800 quilómetros de Macau. A previsão dos SMG é que o “Doksuri” venha a ter uma “ampla circulação e intensidade forte”. Localizado perto das Filipinas, a tempestade está já na categoria de super tufão, movendo-se para as áreas entre a costa leste da província de Guangdong e a província de Fujian. O tempo muito quente tem-se mantido desde ontem, levando as autoridades a içar o sinal de alerta laranja. Esperam-se ainda aguaceiros, trovoadas e rajadas de vento associados a estas condições meteorológicas. Relativamente à qualidade do ar deverá manter-se “muito insalubre” ainda hoje. Os SMG aconselham a redução das actividades ao ar livre, especialmente para pessoas com doenças cardíacas e respiratórias, bem como grávidas, crianças e idosos.

Acidente Atropelada na passadeira por autocarro

Uma mulher foi ontem atropelada na Rua Nova à Guia, quando atravessava na passadeira, de acordo com o Corpo de Polícia de Segurança Pública. O acidente aconteceu por volta do meio-dia, quando a mulher estava perto de uma paragem de autocarro e tentou atravessar a rua, acabando por ser atingida por um autocarro da Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM). A vítima de 61 anos apresentou ferimentos no cotovelo direito e na anca esquerda, e foi transportada para o Hospital Conde São Januário para receber tratamento. O condutor do autocarro, que tem cerca de 20 anos, está a ser investigado pela polícia, por não ter cedido a passagem a um peão na passadeira.

ANIMAIS ABATE DE GATOS ATINGE NÚMERO MAIS ALTO DESDE 2007

Meio ano mortal

número de gatos capturados pelo IAM está a subir. Nos primeiros seis meses deste ano foram apanhados 253 gatos, entre os quais cinco com chips, ou seja, com dono registado. No ano passado por esta altura, tinham sido apanhados 225 gatos, entre os quais dois com chips.

Seis meses chegaram para tornar 2023 no ano mais negro desde 2007 no que diz respeito ao abate de gatos, com 105 mortes. A juntar à trágica

estatística, enquanto a captura de gatos subiu, a adopção desceu

No pólo oposto, a adopção de felinos está a diminuir. Na primeira metade do ano passado, tinham sido adoptados 161 animais, porém, este ano houve menos 40 adopções, ou seja, 121. As eternas vítimas

Também o número de cães abatidos está a registar uma tendência de crescimento, com 88 abates em seis meses. Em comparação, no ano passado até Junho tinha havido 63 abates caninos.

Ao contrário do que normalmente acontece, 2023 está a ser um ano atípico, porque na primeira metade do ano houve mais gatos abatidos do que cães.

NA primeira metade deste ano, o número de gatos abatidos pelos serviços do Instituto para os Assuntos Municipais superou todos os registos anuais desde 2007. Os dados constam da página electrónica da inspecção sanitária animal de Macau, e mostram uma tendência de crescimento de abates de animais em comparação com o passado mais recente.

Ao nível do abate de gatos, este ano está a bater todos os recordes desde 2007, com a morte de 105 felinos em seis meses, número que contrasta com o verificado no

ano passado, quando o número de gatos mortos tinha ficado abaixo da centena, com 79 casos. Março deste ano foi o mês mais mortal para os felinos, com um total de 29 abates. Este valor é mais elevado do que o total

Ao contrário do que normalmente acontece, 2023 está a ser um ano atípico, com mais gatos abatidos do que cães

de abates dos anos de 2018 (24 abates), 2017 (21), 2016 (11), 2015 (24), 2014 (19), 2013 (26), 2012 (11), 2010 (10) e 2009 (6). Em Abril e Maio também foram registados vários abates com 25 e 27 ocorrências, respectivamente.

Os números deste ano apenas são comparáveis a 2007, quando houve um total de 124 gastos abatidos. As estatísticas oficiais apresentam os dados até 2003, mas não discriminam entre as mortes de cães e gatos, pelo que impedem mais comparações.

Este nível de abates acontece numa altura em que também o

ECONOMIA AGÊNCIA IMOBILIÁRIA PREVÊ QUEBRA DE 5% NO PREÇO DA HABITAÇÃO

Aagência imobiliária Jones Lang LaSalle (JLL) prevê que o preço das casas em Macau possa registar, este ano, uma quebra de cinco por cento. Segundo o portal Macau News Agency (MNA), que cita a análise intercalar do mercado efectuada pela JLL, o valor das habitações de média

e grande dimensão, bem como das residências do segmento de luxo, aumentou apenas, em termos anuais, quatro e 1,3 por cento, respectivamente. Tendo em conta estes valores, a JLL apela ao Governo para reduzir algumas das restrições existentes no mercado imobiliário, tendo em conta

o menor crescimento da economia chinesa e também a nível mundial.

Oliver Tong, director-geral da JLL para os mercados de Macau e Zhuhai, disse que “embora os preços das casas tenham registado um crescimento moderado no primeiro semestre de 2023,

os actuais indicadores de mercado não são favoráveis ao mercado imobiliário, e os preços das casas caíram mais de dez por cento em relação ao que eram antes da pandemia”.

O responsável frisou ainda que “nas actuais condições de mercado, os preços

Caso a média actual de abates caninos se mantenha até ao final do ano, deverá haver cerca de 176 mortes, o que significaria o valor mais elevado desde 2015, quando foram mortos 336 cães. Este número está muito longe do recorde, que foi registado em 2010, quando foram abatidos 718 cães no território, uma média de quase 60 abates por mês.

O aumento do número de abates reflecte a tendência do aumento de cães capturados. Até ao final de Junho foram capturados 206 cães, entre os quais nove com chips. No ano passado, pela mesma altura, o número de caninos capturados tinha totalizado 125, entre os quais 11 com chip.

Quanto ao número de adopções, na primeira metade do ano 94 animais encontraram famílias novas, mais 21 caninos do que no ano passado, quando foram adoptados 73 cães. João Santos Filipe

da habitação vão estar sob pressão devido à subida das taxas de juro, à flutuação do mercado de acções, à fraca economia global e a uma recuperação económica na China continental abaixo do esperado, o que vai afectar a recuperação económica de Macau”, acrescentou.

sociedade 7 quinta-feira 27.7.2023 www.hojemacau.com.mo

Os mandarins e o fim das

AS VIAGENS marítimas conduzidas por os eunucos eram na visão dos mandarins, Oficiais Civis da Corte, um desperdício de dinheiro e levavam à pobreza o país e a população, pois sendo realizadas a nível oficial, os ganhos ficavam para a Corte e os mercadores, que nelas não participavam, também nada recebiam. Sem a distribuição dos lucros e o retorno do dinheiro pelo país, a população estava depauperada pelas taxas em tributos que pagava. Os mandarins ressentiam-se do pouco poder que detinham quando o Imperador estava sobre a influência dos eunucos, mas ao conseguirem tê-lo a seu favor, voltavam à política confucionista e decretavam o fim das viagens marítimas. Para não alimentar algum desejo dos Imperadores de relançar as expedições marítimas, os Oficiais queimaram a documentação do Palácio e deixaram os juncos a apodrecer, diminuindo assim a frota. Sete anos depois da chegada da sétima viagem de Zheng He, a grande frota chinesa em 1440 estava reduzida a metade, ficando com apenas 1700 juncos.

Mandarins

O Oficial Civil Xia Yuanji (1366-1430) estivera ao serviço dos dois primeiros imperadores da dinastia Ming, Hongwu e Jianwen, como ministro das Finanças e no reinado de Yongle opunha-se à realização das viagens marítimas e às campanhas contra os Mongóis no Norte. A razão evocada era a falta de dinheiro, e por se declarar contra o Imperador foi preso em 1421. Já no reinado de Hongxi (1424-1425), o Imperador, educado por oficiais do mandarinato, ministros confucionistas que o apoiavam, sendo aconselhado por Xia Yuanji, ao chegar ao trono a 7 de Setembro de 1424 ordenou o fim das expedições marítimas de Zheng He e no dia seguinte, libertou Xia Yuanji da cárcere, oferecendo-lhe pelos préstimos três títulos.

O Imperador seguinte, Xuande (1426-1435), neto de Yongle e educado por os Grandes Eunucos, no ano da sua entronização abriu a Escola Neishutang em Beijing para os eunucos puderam estudar, pois estava-lhes vedado o acesso ao recrutamento para a Administração, que só podia ser feito por via das escolas e exames públicos.

Quando Xuande ordenou a realização da sétima viagem, Xia Yuanji manifestou-se contra a opinião da Corte, criticando as viagens marítimas. Após

Xia Yuanji morrer em 19 de Fevereiro de 1430, o Imperador deu-lhe o título de Grande Preceptor.

No ano 9.º do reinado de Xuande, dia 21 do nono mês de Jiayin ( 甲寅) (1434), Xuande decretou para a zona Sul da China, devido à pobreza e estado de fome da população, que se as províncias não pudessem oferecer produtos como tributo, ficavam desobrigadas a enviá-los, mas os materiais necessários na construção dos juncos para navegar no mar, ou sua reparar, esses teriam de ser enviados. Daqui se percebe estar o Imperador Xuande (Propagação da Virtude) interessado em manter as viagens marítimas. Mas três meses depois, no primeiro dia do primeiro mês de Yimao (乙卯), ano 10.º do reinado de Xuande, o governo de Nanjing recebia da corte imperial um édito, a dizer ser obrigatório parar de enviar todos os tributos provinciais ligados com as coisas precisas para as viagens marítimas. Dois dias depois, a ordem de suspender tudo o relacionado com essas viagens estendeu-se às restantes províncias e nesse mesmo dia [31 de Janeiro de 1435] faleceu o Imperador Xuande, cujo nome era Zhu Zhanji (1399-1435) e conhecido com o nome de templo Imperador Xuanzong.

Tal ocorreu por estar o Imperador já doente e quem terá dado essas últimas duas ordens fora Yang Shiqi (杨 士奇1364-1444), um dos três Chanceleres [os outros dois eram Yang Rong (1371-1440) e Yang Pu (1372-1446)], que nesse período se encontravam no poder a ajudar no governo o Imperador Xuande. Conhecidos por os três Yang, eram já altos oficiais na corte do Imperador Yongle.

Yang Shiqi, no reinado de Jianwen, fora escolhido na Corte para escrever o livro Ming Taizu Shilu (明太祖实录) a contar a História de Hongwu, o primeiro Imperador Ming. O Imperador Yongle selecionou-o para professor dos filhos e seu conselheiro e quando empreendeu as campanhas no Norte contra os mongóis, colocou-o a ajudar o filho Zhu Gaochi na governação do país, ainda a capital estava em Nanjing. Yongle morreu e o Imperador Hongxi deu a Yang Shiqi três cargos, tomando-o como seu oficial conselheiro e consultor (nei ge, 内阁) para os oficiais militares e os civis. O Imperador Xuande incumbiu-o de narrar a História do seu pai, Hongxi, no livro Ming Renzong Shilu (明仁宗实录). Já no reinado de Yingzong, com idade avançada ficou

VIA do MEIO 27.7.2023 quinta-feira 8
Dois mandarins, dinastia Ming

viagens marítimas (XIX-1)

Wang Zhen era tratado como o Professor por o primeiro filho de Xuande, Zhu Qizhen (1427-1449), tendo-se desenvolvido entre ambos uma relação de amizade que se tornou mais forte quando aos 8 anos de idade [a 7 de Fevereiro de 1435] se tornou o Imperador Zhengtong (1435-1449). Após 8 meses, o Imperador colocou Wang Zhen na posição de Shi Lijian, lugar de topo nos doze departamentos que regulavam a vida dos eunucos no Palácio Imperial. Proibiu os eunucos de pedirem aos governos provinciais tributos para o Imperador, pois eram eles apenas que aproveitavam essas ofertas obrigatórias.

Gozando de todo o poder, Wang Zhen encorajou o Imperador de 22 anos a liderar as tropas com meio mi-

lhão de homens para em território do Celeste Império fazer frente ao invasor mongol Esen Taishi (1407-1454), que em Agosto de 1449 invadira Datong. Esen Taishi, no período do khan Taisun (1433-1452), era quem na verdade governava a dinastia Yuan do Norte na Mongólia e pretendia restaurar o Império Mongol. Já o khan Taisun da casa Borjigin, após conseguir a união das tribos mongóis dos Oirats, estava mais interessado em ter relações de amizade e paz com a dinastia Ming. Mas o seu comandante Esen, devido à recusa dos Ming em negociar com os mongóis, mesmo após ter submetido três forças de Guardas Imperiais em Gansu, para retaliar liderou em 1449 uma invasão ao território Ming.

com o encargo de escrever o livro Ming

Xuanzong Shilu (明宣宗实录) sobre o Imperador Xuande, mas em 1444 Yang Shiqi morreu e o Imperador Yingzong ofereceu-lhe o título póstumo de Taishi (Grande Preceptor).

Eunuco para entrar na Corte

O Imperador Yingzong (1435-1464), com o nome Zhu Qizhen nasceu a 29 de Novembro de 1427 e morreu a 23 de Fevereiro de 1464, sendo o sexto e o oitavo Imperador da dinastia Ming. Com oito anos, em 1435 começou a reinar como Imperador Zhengtong (1435-1449) e escolheu o seu professor eunuco Wang Zhen para o ajudar na governação, em conjunto com os outros dois Yang [Yang Rong

e Yang Pu] e a avó, a Imperatriz Viúva Zhang, pois casada com o Imperador Hongxi. Foram eles nos primeiros anos do reinado do jovem Imperador que decidiram todos os assuntos do governo do país. Quando em 1442 a Imperatriz Viúva faleceu, tinha já dois anos antes morrido Yang Rong e em 1444 morreria Yang Shiqi e em 1446 Yang Pu, ficando assim Wang Zhen a dominar a corte Ming.

Wang Zhen (王振, ?-1449), nos Exames Imperiais (Keju) atingira o grau de Juren, mas não conseguindo chegar ao título superior de Jinshi, cortou o pénis e assim como eunuco pôde entrar na corte Ming como professor no Neishutang, escola criada para os eunucos em 1426 no Palácio Imperial por o Imperador Xuande.

VIA do MEIO 27.7.2023 quinta-feira 9 das
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Simões Morais

Festejos em paz

Delegação chinesa em Pyongyang para celebrar fim da Guerra da Coreia

MNE MINISTÉRIO

Não há nada a dizer

A diplomacia chinesa recusou comentar o afastamento de Qin Gang do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. Além disso, o ministério apagou ontem do portal várias referências ao ex-ministro, que foi afastado do cargo na terça-feira e permanece desaparecido de cerimónias públicas há um mês

“SOBRE este assunto, a agência [noticiosa oficial] Xinhua já publicou informações. Podem consultá-las”, respondeu a porta-voz do ministério, Mao Ning, referindo-se ao despacho publicado pela imprensa estatal, na terça-feira.

A Xinhua citou um comunicado do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, de apenas uma frase, a informar sobre a substituição de Qin pelo antecessor Wang Yi. O comunicado não apresenta nenhuma razão para a substituição ou desaparecimento de Qin Gang. Não é ainda claro se Wang Yi, que desempenhou as funções de ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2013 e 2022, vai ocupar o cargo interinamente, até que um funcionário mais novo seja designado.

Depois de desaparecer da vida pública, e de ter sido demitido, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang desapareceu também do website do ministério, com todas as referências e informações a seu respeito a serem apagadas.

O portal exibia, até ontem, várias ligações com informação sobre a acti-

vidade diplomática de Qin, entretanto apagadas. Na secção “Actividades dos líderes do Ministério”, agora coberta por notícias sobre o trabalho dos vice-ministros Ma Zhaoxu e Deng Li, as menções a Qin Gang também desapareceram.

No motor de busca interno do site, uma pesquisa pelo nome “Qin Gang” também não apresenta resultados.

Passagem breve

Qin foi demitido na terça-feira e substituído pelo antecessor Wang Yi, anunciou o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional.

Não é ainda claro se Wang Yi, que desempenhou as funções de ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2013 e 2022, vai ocupar o cargo interinamente, até que um político mais novo seja designado

No portal do Ministério, mantêm-se os registos sobre a actuação de Wang, durante o primeiro mandato como ministro dos Negócios Estrangeiros, entre 2013 e 2022, o que sugere não ser prática comum retirar da página conteúdos relacionados com ex-governantes.

Qin Gang não aparece em público desde 25 de Junho, dia em que se reuniu em Pequim com responsáveis do Sri Lanka, da Rússia e do Vietname, e, desde então, tem estado ausente de vários eventos diplomáticos, suscitando variadas especulações sobre o seu paradeiro e sobre a sua situação.

Com 57 anos, Qin Gang foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros em Dezembro passado. Anteriormente, tinha sido embaixador em Washington e é fluente em inglês.

A nomeação ocorreu na altura em que Pequim terminou a política ‘zero covid’, que manteve as fronteiras do país encerradas durante quase três anos.

Além de receber dignitários estrangeiros em Pequim, incluindo o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, Qin Gang efectuou deslocações à Europa, a África e à Ásia Central.

COMÉRCIO SECRETÁRIA AMERICANA QUER VISITAR CHINA ESTE VERÃO

Asecretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, disse na terça-feira que pretende visitar a China neste Verão e garantiu que seu país precisa de fazer negócios com o gigante asiático. “Precisamos de fazer negócios com a China e onde quer que possamos (...), mas ao

mesmo tempo precisamos de nos proteger”, disse Raimondo durante uma conversa no Wilson Center, em Washington. Raimondo deu como exemplo a incursão da cadeia norte-americana de cafetarias Starbucks no mercado chinês e uma estratégia do Departamento do Comércio

para promover a exportação de produtos de beleza e de saúde para a China. “Não existe qualquer risco para a segurança nacional e criam postos de trabalho nos EUA”, afirmou.

Ao mesmo tempo, a directora da pasta do comércio esclareceu que o seu Governo está a manter os “olhos aber-

UMA delegação chinesa deslocou-se ontem à Coreia do Norte, para participar nas comemorações do 70.º aniversário do fim da Guerra da Coreia (1950-53), visando restaurar o intercâmbio entre os dois países aliados.

O grupo é chefiado por Li Hongzhong, vice-presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional e membro do Politburo do Partido Comunista Chinês.

A Coreia do Norte, que lançou uma tentativa de conquistar a Coreia do Sul, considera a assinatura do armistício um reconhecimento de vitória.

O conflito envolveu forças da recém-criada República Popular da China, auxiliada pela força aérea russa, enquanto a Coreia do Sul, os Estados Unidos e tropas de vários países, sob a direcção da ONU, lutaram para repelir a invasão. A fronteira entre as Coreias continua a ser das mais tensas do mundo.

Li Hongzhong carece do estatuto que transmitiria uma expressão completa de apoio chinês à Coreia do Norte, numa altura ambígua nas relações. A China foi convidada a enviar uma “delegação de alto nível” para participar das actividades comemorativas na Coreia do Norte, disse

a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, em conferência de imprensa.

“Acreditamos que a visita vai ser propícia para promover o desenvolvimento sólido e estável das relações [bilaterais], contribuir para a paz e estabilidade regional e criar condições para uma solução política da questão da península [coreana]”, acrescentou. A porta-voz lembrou que a China e a Coreia do Norte são “vizinhos amigáveis, ligados por montanhas e rios”.

Foguetes na festa Alguns especialistas disseram que a Coreia do Norte pode intensificar os testes com mísseis balísticos por volta do aniversário do armistício, que se celebra hoje.

A China aderiu às sanções impostas pelas ONU contra a Coreia do Norte, devido ao programa de desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos, mas continua a ser o aliado económico e político mais importante de Pyongyang.

A Coreia do Norte testou o primeiro míssil balístico intercontinental em três meses na semana passada. O regime ameaçou com “consequências chocantes”, contra o que chamou de actividade provocadora de reconhecimento dos Estados Unidos perto do país.

As visitas oficiais entre os dois países foram interrompidas quando a Coreia do Norte, cada vez mais isolada e empobrecida, fechou as suas fronteiras para impedir a propagação da covid-19.

tos” sobre possíveis ameaças do Governo chinês à concorrência estratégica. “Estamos a trabalhar para identificar que tecnologia (...) a China precisa para melhorar as suas capacidades militares, e estamos a ver como impedir, juntamente com os nossos aliados, a sua capacidade de a obter”, disse.

Mais de dois milhões de soldados chineses lutaram na Guerra da Coreia, conhecida na China como a “Guerra para Resistir à Agressão dos EUA e Ajudar a Coreia”. Segundo dados de Pequim, 197.600 soldados chineses morreram no conflito.

10 china 27.7.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
RECUSA COMENTAR AFASTAMENTO DE QIN GANG
Li Hongzhong

Defesa Japão e Itália em exercício conjunto

Japão e Itália vão realizar as primeiras manobras conjuntas com caças militares entre 2 e 10 de Agosto, disseram ontem à agência de notícias EFE as Forças de Autodefesa

Aérea japonesas. Os caças vão sobrevoar as zonas em redor da base aérea japonesa de Komatsu, na prefeitura de Ishikawa, no centro do Japão, para aprofundar os laços de segurança entre os dois países perante a ascensão militar da China. Quatro caças F-15 e um avião de transporte aéreo táctico participam nos exercícios do lado japonês, enquanto as forças armadas italianas vão enviar quatro caças e várias unidades de apoio para o território japonês, num número total de participantes de cerca de 160 soldados. As manobras aéreas bilaterais pioneiras entre os dois países surgem pouco depois de o Japão e a França terem efectuado exercícios semelhantes, em solo japonês, para reforçar laços de defesa.

Japão Nissan duplica lucros entre Abril e Junho

A japonesa Nissan Motor registou lucros líquidos de 105,5 mil milhões de ienes (cerca de 677 milhões de euros) entre Abril e Junho, cerca de 2,2 vezes mais do que no mesmo período de 2022. O lucro operacional do fabricante de automóveis aumentou 98 por cento em termos anuais para 128,6 mil milhões de ienes (826,2 milhões de euros), de acordo com o relatório financeiro trimestral da Nissan. As receitas de vendas da construtora subiram 37 por cento para 2,92 biliões de ienes (18,75 mil milhões de euros), no primeiro trimestre (Abril-Junho) do seu ano fiscal. Em conferência de imprensa, o presidente da Nissan, Makoto Uchida, descreveu os resultados como “sólidos”, destacando que a empresa está confiante em relação ao resto do ano, com a recuperação da produção e das vendas no Japão e na América do Norte.

Tailândia Filha de Thaksin Shinawatra diz que antigo PM vai regressar

A filha do antigo primeiro-ministro da Tailândia Thaksin Shinawatra anunciou ontem que o pai vai regressar ao país a 10 de Agosto, depois de 15 anos de exílio. O magnata, de 74 anos, que foi eleito duas vezes primeiro-ministro antes de ser deposto por um golpe militar em 2006, há muito que tinha manifestado o desejo de regressar à Tailândia. Condenado à revelia a dois anos de prisão por corrupção num processo que considerou político, Thaksin Shinawatra enfrenta numerosas acusações que remontam aos anos em que foi chefe de Governo. O regresso de Thaksin poderá inflamar uma situação política já tensa. O reino encontra-se numa situação de impasse político desde que o Senado, dominado pelos militares, impediu o líder do Partido do Movimento para a Frente (MFP) de se tornar primeiro-ministro, depois de o partido reformista ter ganho as eleições de Maio.

Milagre de 27 de Julho

O líder da Coreia do Norte visitou um cemitério militar em homenagem aos soldados mortos na Guerra da Coreia (1950-1953), na véspera do 70.º aniversário da assinatura do acordo do armistício, informaram ontem os meios de comunicação estatais

KIM Jong-un visitou na terça-feira o Cemitério dos Mártires da Guerra de Libertação da Pátria (nome dado à guerra na Coreia do Norte), nos arredores de Pyongyang, acompanhado pelo ministro da Defesa norte-coreano, Kang Sun-nam, e por outros militares norte-coreanos, disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.

Durante a visita, Kim disse que o “milagre de 27 de Julho” é uma “grande vitória de significado na história da humanidade, uma vez que infligiu uma desgraça e uma derrota eternamente indeléveis ao imperialismo norte-americano, o chefe da agressão, e impediu uma nova guerra mundial”, acrescentou a KCNA.

Foi a primeira vez que Kim apareceu publicamente nos últimos 37 dias, depois de ter participado numa reunião plenária em 19 de Junho, acompanhado pela irmã, Kim Yo-jong.

Nas imagens partilhadas pela KCNA, Kim pode ser visto a fazer uma vénia solene e a depositar uma coroa de flores no cemitério, antes de visitar também um cemitério dedicado às vítimas chinesas da guerra.

A Grande Guerra de Libertação da Pátria é o nome dado no país asiático à Guerra da Coreia, que terminou a 27 de Julho de 1953 com a assinatura de um cessar-fogo, considerado o mais

longo do mundo, por nunca ter sido, até hoje, seguido por um acordo de paz.

A Coreia do Norte costuma celebrar o aniversário desta guerra com um feriado chamado “Dia da Vitória”, já que a narrativa do regime afirma que foi um triunfo norte-coreano porque obrigou os Estados Unidos, a Coreia do Sul e as outras forças aliadas a pedir um armistício.

O conflito entre o Norte e o Sul, iniciado a 25 de Junho de 1950, causou milhões de mortos, sobretudo civis, e dividiu a península e famílias. A última reunião familiar transfronteiriça realizou-se em 2018, permitindo um encontro durante três dias.

Os dias de hoje

Actualmente, as tensões continuam vivas entre os dois países

Kim disse que o “milagre de 27 de Julho” é uma “grande vitória de significado na história da humanidade, uma vez que infligiu uma desgraça e uma derrota eternamente indeléveis ao imperialismo norte-americano, o chefe da agressão, e impediu uma nova guerra mundial”

vizinhos, enquanto a Coreia do Sul e os Estados Unidos reforçaram a cooperação militar.

A 21 de Julho, Seul advertiu Pyongyang que a utilização de armas nucleares significaria “o fim” do regime de Kim Jong-un, na sequência da ameaça de represálias nucleares feita pela Coreia do Norte perante os crescentes destacamentos militares norte-americanos na península. Nos últimos dois anos, a Coreia do Norte realizou um número recorde de testes de armamento, depois de ter fracassado a tentativa do ex-Presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) de chegar a um acordo com Kim Jong-un sobre desarmamento.

região 11 quinta-feira 27.7.2023 www.hojemacau.com.mo
COREIA DO NORTE KIM PRESTA HOMENAGEM A SOLDADOS MORTOS NA GUERRA

ARTE MACAU ARTISTAS PORTUGUESES EM MOSTRA NO ARMAZÉM DO BOI

As variações da fortuna

O Consulado-geral de Portugal em Macau apresenta, entre 1 de Agosto e 11 de Outubro, no Armazém do Boi, a mostra “A Metafísica da Sorte e a Ciência do Azar”. Inserida na “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, a exposição exibe obras de grandes artistas portugueses da colecção da Fundação Bienal de Arte de Cerveira

TRABALHOS de grandes nomes da arte portuguesa contemporânea, podem ser vistos a partir da próxima terça-feira, até 11 de Outubro, no Armazém do Boi. A exposição, que reúne um total de 27

obras, intitula-se “A Metafísica da Sorte e a Ciência do Azar”, é promovida pelo Consulado-geral de Portugal e Macau e co-produzida pelo Instituto Português do Oriente (IPOR).

Com curadoria de Helena Mendes Pereira e

Mafalda Santos, a mostra integra o cartaz da edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, sendo também uma representação da colecção da Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC).

O Armazém do Boi vai exibir trabalhos de artistas de oito países e quatro continentes, de diferentes gerações, entre eles Ana Hatherly, Ana Maria Pintora, Ana Vidigal, Ana Wever, Ângelo de Sousa, Gerardo Burmester, Helena Almeida, Henrique Silva, Inez Wijnhorst, Jaime Isidoro, Jayme Reis, João Gonçalves, José Rodrigues, Jusa, Kyria Oliveira, Mafalda Santos, Manuel Baptista, Manuel Dias, Nuno Nunes-Ferreira, Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez, Scoditti, Tales Frey, Tchelo, Tiago Estrada,

Zadok Ben-David e Zulmiro de Carvalho.

“A Metafísica da Sorte e a Ciência do Azar” conta ainda com a colaboração da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira e do

Turismo do Porto e Norte de Portugal. O IPOR descreve o evento como “um desafio colocado pelas autoridades da RAEM com uma participação portuguesa de elevada qualidade que per-

mitirá, também, assinalar a realização da edição de 2024 da famosa Bienal de Cerveira”.

A Bienal Internacional de Arte de Macau deste ano conta com a curadoria

12 eventos 27.7.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo

de Qiu Zhijie e centra-se no tema “A Estatística da Fortuna”, visando explorar a correlação entre ciência e religião através da exibição de obras artísticas de mais de 200 artistas de 20 países e territórios, em 30 mostras espalhadas pela cidade.

Geração das artes

Falecida em 2018, Helena Almeida é um dos mais conhecidos nomes da arte contemporânea portuguesa feita no feminino. Nascida em Lisboa em 1934, estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e em 1967, ainda no período do Estado Novo, expôs pela primeira vez, a título individual, na Galeria Buchholz, na sua cidade.

Apostando desde cedo na arte conceptual, Helena Almeida levou a sua própria identidade e corpo para os trabalhos que criou, tendo explorado géneros artísticos como o desenho, a pintura, a escultura e a performance.

Ainda assim, a fotografia acabou por ser central no seu trabalho. A sua constitui uma tomada de posição, chamando a atenção para o papel e o lugar da mulher.

Pedro Cabrita Reis, pintor e artista plástico, é outro

Feira de Outono já mexe

IC volta a lançar convite para a Feira de Artesanato do Tap Siac

ESTE ano celebra-se o 15.º aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac, um evento que tem vindo a ganhar popularidade na cidade, enchendo a praça no coração da península de barraquinhas com os mais variados produtos e muitas pessoas. Antecipando a feira que se realiza no Outuno, o Instituto Cultural (IC) lançou ontem o convite a todos os interessados para apresentarem produtos de marca associados à Feira de Artesanato do Tap Siac.

Os candidatos seleccionados “poderão conceber e fabricar produtos associados à Feira de Artesanato com o logotipo da mesma e serão qualificados para estabelecer stands onde poderão exibir e vender estes produtos durante a Feira de Artesanato do Tap Siac”, refere o IC.

A Feira de Artesanato do Tap Siac é uma iniciativa emblemática que se realiza anualmente, desde 2008, na Primavera e Outono, tendo como finalidade disponibilizar aos profissionais das indústrias culturais e criativas uma plataforma de exibição e comercialização dos seus produtos e de intercâmbio de experiências. O evento tem também como objectivo “apoiar e encorajar a criatividade e a inovação, promover a entrada dos produtos culturais e criativos de Macau no mercado e contribuir para a criação de uma feira cultural e criativa de referência na Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Ano de festa

Tomando como tema o 15.º

criativas de Macau, bem como comemorar o 15.º aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac. Os candidatos devem ser titulares do Bilhete de Identidade de Residente de Macau e ter idade igual ou superior a 18 anos. Os produtos devem ser originais e identificados com o logotipo da “Feira de Artesanato”.

Um total de 15 candidatos será seleccionado, com base em critérios como os “elementos culturais e criativos do produto; relação com o tema do 15.º Aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac; originalidade, design e conceito do produto; tipo, material e singularidade do produto; e plano de vendas e de promoção.

contando com curadoria de Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos

dos nomes bem conhecidos da arte portuguesa, tendo exposto pela primeira vez, em nome individual, em 1981. Desde então, tem apostado numa obra complexa que explora uma série de estilos artísticos, que passam não apenas pela pintura, mas também pelo desenho, escultura ou instalação. A expressão artística de Pedro Cabrita Reis costuma materializar-se em obras de grande dimensão que retratam objectos do dia-a-dia inseridos em ambientes enigmáticos.

Natural de Lisboa, Pedro Cabrita Reis desenvolveu

ainda diversos trabalhos de cenografia para teatro e intervenções, tendo sido responsável, por exemplo, pela decoração do “Frágil”, antigo bar lisboeta situado no Bairro Alto. O artista participou em exposições em todo o mundo, tendo sido distinguido em 2000 com o prémio de artes plásticas atribuído pela Associação Internacional de Críticos de Arte. De frisar que o trabalho de Pedro Cabrita Reis já integrou uma mostra colectiva em Xangai, em 2010, no Rockbund Art Museum.

Ana Vidigal, igualmente pintora e artista plástica, nascida na década de 1960, já expôs em Macau, em 1993, na Galeria de Exposições Temporárias do Leal Senado.

Formada em pintura, tal como grande parte dos artistas da sua geração, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1984, Ana Vidigal foi entre 1985 e 1987 bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Além dos trabalhos a título individual, Ana Vidigal tem-se dedicado a projectos públicos, como é o caso da execução dos painéis de azulejos para as estações do Metro de Lisboa de Alvalade e Alfornelos. Andreia Sofia Silva

O convite à apresentação de produtos decorrerá entre hoje e o dia 17 de Agosto, sendo aberto a todos os profissionais das indústrias culturais e criativas de Macau.

Aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac, o convite à apresentação de produtos de marca associada visa, através da concepção, produção, exibição e venda destes produtos, evidenciar a criatividade das indústrias culturais e

Os candidatos seleccionados poderão usar o logotipo da “Feira de Artesanato” para fabricar diferentes produtos aprovados pelo IC até ao fim da Feira de Artesanato do Tap Siac no Outono de 2023 e gerir um stand durante um período mínimo de uma semana. J.L.

HOJE MACAU eventos 13 quinta-feira 27.7.2023 www.hojemacau.com.mo
“A Metafísica da Sorte e a Ciência do Azar” é promovida pelo Consulado-geral de Portugal e Macau e co-produzida pelo Instituto Português do Oriente,

UM FILME HOJE

Em primeiro lugar, um facto: John Carpenter é Rei! Pronto, dito isto permitam-me sugerir “Vampires”, do mestre do terror e chunguito. O filme é uma mistura de “spaghetti western” com vampirada ao estilo típico de Carpenter. O protagonista do filme, Jack Crow, é representado por James Woods, num papel que rebenta a escala de mauzão, coadjuvando por um Baldiwn menor (Daniel) e com Sheryl Lee no papel de gaja boa imã do vampiro-mor. “Vampires” não tem um grande argumento, mas cumpre a primordial função de entretenimento que o cinema deve ter, longe dos clichés dos super-heróis que infestam os cartazes nos dias que correm. “Vampires” é daqueles filmes que envelhece logo no dia seguinte ao seu lançamento, mas continuo a adorá-lo. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B,

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14 [f]utilidades 27.7.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
VAMPIRES | JOHN CARPENTER

Ter nascido não é um erro, mas uma equação irresolúvel.

* Errar não é humano, é cósmico. Tudo isto se assemelha a um erro gigantesco.

*

Viemos das estrelas, mas a elas não voltaremos. A queda é irreversível.

*

Fomos abandonados por um Deus que nunca foi.

*

É patético o esforço de alguns filósofos quando pretendem convencer-nos do “prazer de viver”.

*

Espaço e tempo: os dois se conjugaram para me tramar.

*

O corpo é o embrulho de um presente envenenado.

*

O melhor do ser humano é a capacidade de se saber desprezível.

*

Quem que se crê livre é prisioneiro da sua própria arrogância.

*

Viver com intensidade é o mesmo que um incêndio em terra queimada.

*

O pior que pode acontecer é ter algum sucesso. Verás ser uma porta que te leva à vacuidade de tudo. Onde, afinal, já abundantemente te banhavas.

*

Omnia sunt sine ratione. Pensar é um exercício fútil quando em causa não está a sobrevivência ou o prazer.

*

A realidade é, em si mesma, infinita. Pretender dominá-la, compreendê-la em toda a sua extensão, é um sintoma de loucura.

* Teremos o dever de relatar o universo, mas a esse relato juntemos sempre uma imprescindível nota de humildade.

*

Por mais que me iluda, a razão regressa para me humilhar. Tenho então de a ouvir, eventualmente entender, mas nunca crer totalmente nos mundos que ela habilmente arquitecta.

*

A constante dúvida pinta-nos um mundo difícil, talvez horrível. Mas é com esse mundo que temos de saber viver.

* Acreditar numa verdade, é acreditar na exclusão, numa pobreza formatada da realidade.

* O século XIX acreditou na existência de génios. Depois um vento frio desembaciou o espelho.

*

O amor pelo outro é o reconhecimento da nossa profunda incompletude. Isso, por outro lado, dota-o de uma arrepiante e ficcionada beleza.

*

Carlos Morais José

EUFORISMOS

Digo-me: deve haver coisas que eu amo. E rio-me deste esforço tonto para não levar a arma à boca.

*

O desespero não é um sentimento. É uma condição. Advém da constatação do nada, ou seja, de um mero olhar à volta.

*

Ser poeira não é pessimismo, mas uma aspiração.

*

O espectáculo da natureza: quanto mais belo, mais deprimente; porque plasma ali mesmo à minha frente, sem qualquer piedade, a dimensão da minha insignificância.

*

O sublime é ofensivo.

*

O fedor a podre é a verdadeira metáfora do tempo.

*

Criar, criação, criadores, criativos! O melhor mesmo é criarem galinhas.

*

Quando a ideia de ouvir música te exaspera e o silêncio te deprime, o que hás-de então fazer?

*

O silêncio aporta um horror apocalíptico. Ninguém se quer ouvir demais.

*

Só o que é doloroso nos faz sentir realmente vivos. Resta saber se vale a pena.

*

Chego da rua, quero regressar a mim e não consigo. Constato então que, provavelmente, não existo.

*

Pensar é a doença da mente que nos faz perder a noção do ridículo.

*

São o desespero e a raiva que ainda me obrigam a andar. A ver se depois fico liso e triste, até a tristeza se tornar insuportável de tão inútil, tão parada, tão bovinamente melancólica.

*

A existência seria absurda se não fosse meramente cruel. *

O pensamento é o ópio de uma aristocracia inexistente.

*

Numa sociedade perfeita cairia a máscara da nossa utilidade.

*

A utopia conduz-nos ao silêncio dos mortos a haver.

*

D’après Shitao: Vemos o mundo pelos olhos dos mortos, embora não seja a barba deles o que nos cresce na face.

*

O êxtase que uma pintura me provoca é um processo lento. O tempo necessário para criar uma fantasia e nela me banhar para sempre.

*

No século XX, a arte fez uma estrondosa colecção de becos sem saída.

*

O minimal repetitivo exprime a sinceridade de quem compreende nada mais ter para dizer.

*

A imaginação foi sobrevalorizada enquanto se acreditava no indivíduo.

*

O individualismo é uma ambição ignorante. Talvez por disso ter consciência inicial, procurei melancolicamente ir colmatando essa falta.

*

O nojo de me saber gregário.

* Uma página em branco é o meu verdadeiro espelho.

*

Um raio de luz entra pela minha janela e volutas de fumo percorrem-no em silêncio. Para quê ir ao museu, se a arte não passa de uma contemplação do efémero?

*

Tudo o que nos dizem ser infinito, não o é porque nos dizem. Se fosse, ninguém teria a capacidade de dizê-lo. Pergunto-me então o que existirá realmente infinito por descobrir ou para além de qualquer possível descoberta. Indizível. Indefinível. Infinito.

*

Por vezes, obrigo-me a andar, a visitar as cidades. Só para mitigar o facto de saber que não deixo nunca de estar parado e a isso dar alguma justificação.

*

Algumas tribos praticavam um canibalismo ritual. A civilização não se dá ao incómodo da cerimónia.

*

Felizmente que quando comeram o Capitão Cook tiveram o bom gosto de não o cozinhar.

*

Existimos num único plano, num desenho em espiral que não chegamos a completar.

*

O narcisista não se olha ao espelho porque se crê belo. Quem regressa obsessivamente à sua imagem é porque tem medo, a cada momento, de ter deixado de existir.

*

Folheio mentalmente um cardápio de nuvens. Organizo por géneros, formas, comportamentos. Farto de me ver, invoco o vento, esqueço tudo, tudo se esvai.

*

Passeio atormentado pela consciência do erro, da sua inevitabilidade. Subo jardins, desço vales, desemboco em ruas largas, avenidas imperiais. Aí percebo que me enganei no caminho.

*

Por baixo de qualquer pensamento, por baixo de qualquer acção, resfolgam os monstros.

*

Estar sozinho não passa de uma reconfortante ilusão.

* Nasci, cresci, envelheci. Nada disto faz sentido.

vozes 15 quinta-feira 27.7.2023 www.hojemacau.com.mo
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Ataxa média de ocupação hoteleira do primeiro semestre nos empreendimentos de três a cinco estrelas foi de 82 por cento, ficando 10,3 por cento abaixo do registo dos primeiros seis meses de 2019, ou seja, antes da pandemia. Nesse primeiro semestre, a taxa de ocupação dos quartos de hotel foi de 92,3 por cento.

Segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), a taxa média de ocupação hoteleira, no primeiro semestre do ano passado, foi de apenas 40,2 por cento. Na primeira metade deste ano, a taxa de ocupação mais elevada registou-se nos hotéis de três estrelas, segmento de baixo custo, com 88,7 por cento. Os dados baseiam-se em 44 estabelecimentos ligados à Associação de Hotéis de Macau.

Estrela a estrela

Relativamente ao preço dos quartos, a tarifa média, no primeiro semestre, foi de 1.247 patacas, um montante oito por cento mais baixo face às 1.354 patacas registadas no primeiro semestre de 2019. Quanto aos hotéis de três estrelas, do segmento de baixo custo, apre -

Quartos crescentes

Ocupação hoteleira cresceu no primeiro semestre, mas ficou abaixo de 2019

sentaram uma tarifa média, por quarto, de 937,8 patacas.

A maior subida anual dos preços dos quartos verificou-se nos hotéis de quatro estrelas, com um aumento de 117,5 por cento para 937,1 patacas, tendo-se registado ainda uma taxa de ocupação de 77,4 por cento.

Por sua vez, as tarifas nos hotéis de cinco estrelas registaram o menor aumento face a 2022 (49,1 por cento), com um valor médio por quarto de 1.408 patacas. Nesta categoria, a taxa de ocupação hoteleira foi de 81,7 por cento no primeiro semestre.

Importa referir que Helena de Senna Fernandes, directora da DST, previu, no início deste mês, que a taxa de ocupação hoteleira poderá atingir uma média “superior a 80 por cento”, com a possibilidade de chegar aos “90 por cento” até Agosto. Andreia Sofia Silva

quinta-feira 27.7.2023

CPU Analisada construção de hotel em colina da Taipa

A construção de um hotel de 4 estrelas numa colina entre a rua Cidade de Lisboa e a Estrada de Sete Tanques, na Taipa, motivou ontem um conjunto de questões durante a apresentação de segunda versão do projecto preliminar da obra ao Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU). Segundo avançou a TDM – Rádio Macau, foram levantadas questões relativas às acessibilidades ao local, drenagem, design proposto com fundações à vista ao longo de parte da colina e localização, junto a uma zona residencial. A nova imagem do edifício apresentada ao CPU por representantes da equipa de projectistas prevê, numa segunda versão, que a obra reduza o volume das escavações na colina, de 28 mil metros cúbicos para 3.529 metros cúbicos.

“Pessoas que odeiam gatos voltarão como ratos na próxima vida.”
Faith Resnick PALAVRA DO DIA
PUB. Na primeira metade deste ano, a taxa de ocupação mais elevada registou-se nos hotéis de três estrelas, segmento de baixo custo, com 88,7 por cento dos quartos reservados

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