Hoje Macau 28 JAN 2016 #3502

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

Vichyssoise de reflexão EVENTOS

Que ricos estudos

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ASSÉDIO VERBAL

Neo-realismo microscópico MANUEL AFONSO COSTA

Cuidado com a língua

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OPINIÃO Cem anos

CRECHES | UM

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TIAGO ALCÂNTRA

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

hojemacau CENTRO DE DOENÇAS MORADORES QUEIXAM-SE À OMS

Barulho de cartas Apesar da promessa do Governo de reunir com os moradores da zona onde vai ser construído o futuro Centro de Doenças Infecto-contagiosas, os residentes asseguram já ter uma carta escrita pronta a seguir para a Organização Mundial de Saúde. A ATFPM junta-se ao baralho e já enviou também uma missiva a Alexis Tam. PÁGINA 6

TURISMO

Dar nas vistas GRANDE PLANO

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

VERGÍLIO FERREIRA

LEOCARDO

MOP$10

QUINTA-FEIRA 28 DE JANEIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3502


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TURISMO DST QUER EVENTOS DE SUCESSO E MAIS VISITANTES INTERNACIONAIS

A DST assegura ter vários planos na manga para atrair mais visitantes e oferecer diferentes produtos a quem nos visita. Para espaços diversos estão planeadas actividades como as prometidas para as Casas-Museu da Taipa e haverá mesmo uma consulta pública em Maio para o plano de desenvolvimento do turismo

AUMENTOS DE 1% NO NÚMERO DE TURISTAS

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elena de Senna Fernandes prevê que, no Ano Novo Chinês, Macau receba “mais ou menos” o mesmo número de visitantes, ou seja, pouco mais de um milhão. “A nossa previsão é de mais ou menos a do ano passado. Não vai haver grandes aumentos”, apontou, frisando que no caso de existir um aumento, não ultrapassará os 1%. Esta, diz, é uma previsão “muito optimista”. O mesmo número é apontado para o número total de visitas para o presente ano. Macau recebeu pouco mais de 30 milhões de turistas em 2015 e receberá esse número em 2016. “Ainda é cedo, mas as melhores expectativas é [uma subida] na ordem de 1%”, referiu.

WEI ZHAO QUER MAIS ESTUDANTES NA UM

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reitor da Universidade de Macau (UM), Wei Zhao, afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que está gradualmente a planear uma forma de atrair mais estudantes de outros países. É possível ser criada uma bolsa de estudo, mas nada é certo. Para já, apontou, o uso de recursos financeiros e humanos da UM deve, principalmente, servir para atrair estudantes locais e só depois os estudantes estrangeiros.

BONITO DE SE VISITAR

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M turismo inteligente, diversificado com cooperação regional e organizações internacionais são alguns dos pontos de “trabalho em foco” que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) promete concentrar-se no decorrer deste ano. A “ligeira diminuição anual” de 2,6% no número total de visitantes de Macau é reflexo dos tempos que se vivem e não preocupam a DST. A pasta do Turismo quer, para 2016, uma aposta no planeamento turístico e um impulso na construção do Centro de Lazer. Para isso, explica a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, o organismo vai “promover a elaboração do ‘Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau’”. “Vamos avançar com uma consulta pública em Maio deste ano”, apontou, e depois disso será elaborada “uma proposta aprofundada do plano”. A directora não nega a necessidade de avaliar a

eficácia dos grandes eventos e festividades. Saber que eventos correram bem, “como o Festival de Luz”, e substituir os que não correram bem, como o caso do programa Sentir Macau Passo a Passo, actualmente cancelado, é uma das intenções de Helena de Senna Fernandes. Sendo que para isso é necessário apostar no trabalho de sinergias, tanto locais, como internacionais.

MAIS VIAS

A hipótese de conectar mais linhas aéreas ou férreas a Macau está em cima da mesa para que o território consiga atingir um dos seus grandes propósitos: tornar-se um Centro de Turismo e Lazer. “Podemos fazer

TIAGO ALCÂNTARA

GRANDE PLANO

eventos com as sinergias, do Instituto Cultural (IC) e do Instituto do Desporto (ID). Mas para se concretizarem, para ter realmente maneira de trazer visitantes, temos de ter linhas aéreas e de comboio. Tem de ser um esforço”, afirmou a directora aos meios de comunicação. Durante a apresentação, a responsável indicou ainda que os visitantes de Singapura e Malásia serão a grande prioridade do Governo.

TOMAR CAFÉ CÁ FORA

Questionada sobre o projecto apresentado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, da revitalização da zona das Casas-Museu na Taipa, com restaurantes e esplanadas,

Helena de Senna Fernandes não acredita que o projecto esteja pronto este ano, mas “qualquer coisa” será feita. “Estamos a fazer o possível para ter pelo menos qualquer coisa este ano. Vamos fazer os possíveis para acelerar o projecto, mas não é de um dia para outro. Há muitas componentes que queremos introduzir. Estamos a fazer tudo para fazer com que este projecto seja um sucesso”, indicou. Em cima da mesa está também a hipótese de estender este conceito a outros locais. “Estamos também a ver com outros bairros, outros parceiros, a possibilidade de implementar [estas ideias] em diferentes locais de Macau. O nosso trabalho é em conjunto

ORÇAMENTOS PARA 2016 317 milhões de patacas PIDDA: 22,3 milhões de patacas Fundo de Turismo (projectos, eventos, promoções): 1,13 mil milhões de patacas Para funcionamento da DST:


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Uma casa com regras

Maior fiscalização e revisão às leis que regulam mundo hoteleiro

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com o IC [e com o ID]. Será mais acelerado. Vamos trabalhar em consonância com eles”, referiu.

PACOTES OK

Até ao momento, são três os hotéis que “submeteram os papéis para o processo de licenciamento” e “sete de alojamento mais económico”, perfazendo um total de mais três mil quartos para Macau. “Acho que a oferta, este ano, vai aumentar. Há possibilidade de continuar a oferecer bons preços para pacotes e atrair diferentes pessoas para passar a noite em Macau”, referiu a directora. Ainda assim, muitos são os futuros hotéis que ainda não submeteram a candidatura para o licenciamento. “Há possibilidade de oferecer bons pacotes. Com a nossa experiência do ano passado, achamos que neste momento os hotéis estão mais virados para atrair turistas de diferentes países. Porque eles antigamente só [recebiam] turistas chineses.

Mas em 2015 tivemos uma queda na ordem de 4% [dos turistas vindos da] China, o que leva a pensar que, além da China, devemos ir mais longe. Foi sempre uma aposta da DST”, frisou.

TURISMO INTELIGENTE

A DST quer ainda apostar na promoção do turismo inteligente, reforçando a cooperação entre os sectores da cultura e desporto “a fim de promover os eventos de Macau, tirando vantagem do efeito sinergético, para desenvolver Macau como ‘Cidade de Eventos e Festividades’”. Há ainda um novo lema: “Sentir Macau Ao Seu Estilo”, que pretende promover a diversificação da origem dos visitantes e os produtos turísticos. Senna Fernandes quer aproveitar “ao máximo a Internet e as redes sociais para a promoção turística e optimizar as aplicações para telemóvel e as funções do serviço de áudio guia”, rematou. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

“Podemos fazer eventos com as sinergias, do Instituto Cultural (IC) e do Instituto do Desporto (ID). Mas para se concretizarem, para ter realmente maneira de trazer visitantes, temos de ter linhas aéreas e de comboio” “Acho que a oferta, este ano, vai aumentar. Há possibilidade de continuar a oferecer bons preços para pacotes e atrair diferentes pessoas para passar a noite em Macau” HELENA DE SENNA FERNANDES DIRECTORA DOS SERVIÇOS DE TURISMO

UBORDINADA à grande meta defendida pelo Governo – tornar Macau num Centro de Turismo e Lazer – a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) promete implementar um sistema de acreditação dos serviços de qualidade para as agências de viagens, atribuindo prémios às melhores qualificadas. Mas não fica por aqui: a DST quer ainda implementar medidas de fiscalização e revisão do diploma que regula os hotéis e os estabelecimentos de restauração. “É importante implementar as medidas de fiscalização”, apontou a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, à imprensa, depois da conferência anual do organismo, que aconteceu ontem. Simplificando, a Direcção quer criar um sistema de acreditação para motivar as agências a prestarem um serviço de qualidade aos turistas. Quanto melhor forem, mais prémios recebem. Caso não consigam, irão poder aceder a formações, organizadas pelos serviços, para se melhor prepararem. “Por um lado, estamos a pensar [implementar estas medidas] para as agências de viagens que [fazem] um bom trabalho [na promoção] de Macau e prestam um bom serviço, para serem também encorajadas”, apontou a directora. “Mas também vamos implementar a nossa fiscalização”, referiu. Questionada sobre as recompensas às agências

de viagens que atingissem bons resultados, Helena de Senna Fernandes indicou que a DST vai oferecer “um prémio monetário” àquela que “atingir o melhor de todos”. “Além disso vai haver distinções para as agências de viagens e vamos ainda oferecer oportunidades de promoção para esses estabelecimentos, como fazemos com o sector da restauração”, indicou.

REVER É PRECISO

Durante a conferência, a directora explicou os quatro passos idealizados pela sua direcção para o presente ano. Helena de Senna Fernandes confirmou a necessidade de rever o diploma que “regula os hotéis e os estabelecimentos de restauração”, prestando apoio ao “processo legislativo relacionado com o projecto de diploma que regula as agências de viagens e a profissão de guia turístico”, sem deixar descurar o “combate à prestação ilegal de alojamento”. Questionada sobre o andamento do processo de revisão, Helena de Senna Fernandes garantiu ter o trabalho feito. “Da nossa parte já está feito o rascunho do diploma. Agora temos que ver quando é que isto vai entrar em sistema de legislação. Ainda há uma série de etapas para seguir”, referiu. Para já, a directora não sabe determinar quando é que a proposta poderá estar pronta. “Não posso dizer porque não está nas nossas mãos”, apontou. F.A.


4 POLÍTICA

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DSAJ CONCORDA COM REGULAMENTAÇÃO DE ASSÉDIO SEXUAL VERBAL

Cuidado com as bocas A DSAJ admite ser complicado criminalizar o assédio sexual verbal, até porque diferentes países e regiões têm leis distintas sobre o assunto, mas concorda com a sua criminalização. Nem que por isso os tribunais fiquem mais sobrecarregados presidida por Cheong Ham. Alguns participantes da consulta questionaram sobre a matéria de prova e penalização relativa aos crimes sexuais, tendo outros apontado que a proposta apenas criminaliza os actos físicos, mas exclui actos de assédio sexual através de linguagem, imagens ou mensagens. Cheong Ham admitiu que, por vezes, o assédio verbal pode ser mais grave do que o assédio sexual físico e deu um exemplo real: uma mulher “sofreu danos psicológicos depois de um colega” a assediar verbalmente. A mulher exigiu que a situação acabasse, mas isso não aconteceu, sendo que, como não é crime, continua a ser vítima do que o responsável diz ser “tortura mental”.

TIAGO ALCÂNTARA

Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) concorda com a regulamentação do crime de assédio sexual verbal na revisão que está a ser feita pelo Governo ao Código Penal. Isso mesmo confirmou o chefe substituto do Departamento de Estudos do Sistema Jurídico e Coordenação Legislativa do organismo, Cheong Ham, que falou do assunto na primeira sessão de consulta pública, esta semana. A criminalização do assédio sexual verbal, além dos crimes de assédio e atentado ao pudor, está a ser pedida por diversos deputados, com Wong Kit Cheng a demonstrar ser uma defensora acérrima desta criminalização. A DSAJ admite que a legislação em causa é uma “dor de cabeça”, mas o organismo assegura que vai regulamentar o que chama de “importunação sexual” com “múltiplas abordagens”, de modo a incluir diversos tipos de actos. Segundo o Jornal Ou Mun, a primeira sessão de consulta pública sobre a proposta da revisão ao Código Penal para criar novos tipos de crimes sexuais aconteceu na terça-feira passada, tendo sido

“O objectivo é mostrar tolerância zero perante o assédio sexual, de forma a que não se permita mais assédio físico nem verbal”

NÃO ESTÁ FÁCIL

Cheong Ham afirma que esta revisão vai ter em conta as múltiplas abordagens possíveis de assédio sexual e diz que a DSAJ vai incluir não só uma revisão à lei, como a coordenação e intervenção de organismos públicos para ajudar as

CHEONG HAM DSAJ

As caras de sempre

Comissão de Avaliação das Remunerações mantém quase todos os membros

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ESDE ontem que estão em funções os membros da Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, que tem como objectivo propor ao Governo o valor dos aumentos dos salários da Administração. A nomeação foi feita em Boletim Oficial e tem a duração de dois anos, sendo que quase todos os membros já pertenciam ao organismo.

Hao Yufan continua como presidente. O reitor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Macau vê assim renovada a sua nomeação, à semelhança do economista e ex-deputado Ieong Tou Hong. Quem também se mantém são Agnes Fok, Paulo Tse, U Kin Cho e Tina Ho Teng Iat, ex-deputada e empresário, que representam o patronato, através da Associação Comercial de Macau. Representando os trabalhadores – através da Federação das Associações dos Operários de Macau – estão Lee Chong Cheng e Lei Kong Weng, que vêem a sua nomeação renovada por mais dois anos.

NOVIDADES

Joana Maria Noronha, subdirectora dos Serviços de Administração e Função Pública, é das poucas caras novas, assumindo funções como

secretária-geral da Comissão. Pang Kung Hou, que representa a Associação de Pessoal Civil da Administração Pública de Macau, Mok Soi Tou, em representação da Associação de Ex-Estudantes de Administração Pública de Macau e Kot Man Kam, da Associação Desportiva dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau são outros dos nomeados. José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública, deixou a Comissão há dois anos, tendo tecido diversas críticas ao trabalho do grupo, por considerar que a actualização salarial proposta não era representativa da realidade. Pereira Coutinho nunca mais fez parte da Comissão. O HM tentou contactar o também deputado para uma reacção às renovações e novas nomeações, mas não foi possível. J.F.

vítimas. O responsável fala ainda na possibilidade de serem criadas linhas orientadoras para que a sociedade saiba o que é o assédio sexual, como já tinha sido pedido. “O objectivo é mostrar tolerância zero perante o assédio sexual, de forma a que não se permita mais assédio físico nem verbal”, indicou, acrescentando que não é fácil legislar, uma vez que há diversas formas de olhar para o assédio verbal. “Tendo em conta informações de diferentes países, cada país ou região tem uma forma diferente de regulamentar o assédio verbal. Em Hong Kong, o Conselho de Igualdade de Oportunidades tem instruções e mecanismos de acompanhamento. Em Taiwan, pune-se através de medidas administrativas. Caso seja criminalizado, além de aumentar os trabalhos de órgãos judiciais, os actores e vítimas precisam de perder tempo para que aconteça a investigação criminal”, alertou.

ARQUITECTO NOMEADO PARA O LECM

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

O Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, nomeou o arquitecto José Maneiras para presidente da mesa da assembleia geral do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM), em representação do Governo. Ao Peng Kong será o presidente da direcção, enquanto que Tam Lap Mou será vogal da direcção. Todas as nomeações têm efeito até 2018.


5 POLÍTICA

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Auditoria CHUI SAI ON DEFENDE SONDAGENS E CONSULTAS

Estudar os maus estudos

C RENDAS DO GOVERNO PREOCUPAM DEPUTADOS

Os membros da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas continuam a querer ouvir explicações do Governo sobre o arrendamento de espaços comerciais privados para a instalação de serviços públicos. Para Mak Soi Kun, presidente da Comissão que relembrou que no ano passado foram gastos mais de 600 milhões de patacas neste sentido, os deputados querem mudar uma situação que surgiu há vários anos. “Com o PIB a subir e a prosperidade registada no comércio, o Executivo já devia ter revisto esta situação há muito tempo, mas tem tido uma reacção muito morosa. De qualquer forma, o Governo disse-nos que irá haver uma cooperação entre os vários serviços no sentido de construir armazéns num terreno situado no Pac On”, referiu Mak Soi Kun.

NOMEADOS MEMBROS DO CONSELHO DO DESPORTO

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, nomeou ontem os dez membros do Conselho do Desporto. Segundo o despacho publicado em Boletim Oficial, Duarte Alves, presidente do Benfica de Macau, é um dos nomes que fará parte deste órgão consultivo. O mandato dos membros prolonga-se até 2018.

VICE-DIRECTOR DO GABINETE DE LIGAÇÃO VAI SAIR Zheng Zhentao vai deixar o cargo de vice-director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. A notícia é avançada pela agência Xinhua, citada na Rádio Macau, que indica que Zheng Zhentao, de 54 anos, estava em Macau desde Março do ano passado, onde desempenhava funções de vice-director do Gabinete de Ligação. Não há ainda nome para o substituir.

H U I Sai On, Chefe do Executivo, reagiu ontem pela primeira vez ao relatório do Comissariado de Auditoria (CA) que denuncia abusos cometidos pelos serviços públicos na realização de estudos. À margem da cerimónia de inauguração do edifício de doenças infecto-contagiosas em Coloane, o Chefe do Executivo garantiu que vão ser tomadas medidas e que há margem para melhorias. “O Governo dá grande importância a este relatório e pessoalmente falei hoje [ontem] com os Secretários. Vamos aprender com as sugestões do relatório e alguns serviços já tomaram algumas medidas e vão ter em conta as sugestões, como por exemplo o Fundo dos Pandas. É um tempo muito importante para fazermos uma reavaliação e um estudo aos serviços que são adjudicados. Vamos poder ponderar como vamos dirigir os serviços públicos”, explicou aos jornalistas. Chui Sai On disse ainda que há um espaço para melhoria. “Em termos estratégicos teremos de ver quais os trabalhos que têm de ser melhorados em relação às adjudicações”, frisou, apontando que a grande parte dos estudos encomendados pelo Governo tem de ser feita. “Macau é uma cidade de rápido desenvolvimento e há muitos estudos que precisamos de fazer. Em termos de Administração, os estudos a nível interno são importantes para lançarmos

‘É um tempo muito importante para fazermos uma reavaliação e um estudo aos serviços que são adjudicados. Vamos poder ponderar como vamos dirigir os serviços públicos” CHUI SAI ON CHEFE DO EXECUTIVO

GCS

O Chefe do Executivo garante que já reuniu com os Secretários para melhor responder às sugestões do Comissariado de Auditoria sobre o relatório que denuncia abusos nas adjudicações para estudos. Alexis Tam diz ter gasto apenas 600 mil patacas em dois estudos

políticas. Mas os Secretários vão reavaliar os processos”, explicou. Questionado sobre se acredita existirem abusos cometidos na Função Pública, Chui Sai On negou. “Acho que não, não podemos dizer que as consultas não são qualificadas. Os meus colegas são empenhados e dedicados e um estudo é um princípio antes da política ser lançada”, rematou.

ALEXIS GASTOU 600 MIL

Depois da inauguração do Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, frisou a importância da realização de estudos por parte dos departamentos públicos, afirmando que a existência destes sobre o Turismo, por exemplo, é algo necessário. “É importante a Direcção dos Serviços de Turismo (DST)

realizar o estudo [do Plano Geral de Desenvolvimento de Turismo de Macau, que custa 18 milhões de patacas], porque o Gabinete de Estudo das Políticas trabalha directamente com o Gabinete do Chefe do Executivo. Existem estudos porque existem necessidades, temos diferentes âmbitos e, por isso, diferentes estudos”, referiu Alexis Tam, apresentando dados do seu Gabinete. “Da minha parte gastei apenas 600 mil patacas em dois estudos”, esclareceu.

Para o Secretário, é normal os estudos apresentarem diferentes valores. “Não devemos ponderar o montante apenas para depois comparar os estudos feitos. Um estudo de um milhão de patacas terá uma menor profundidade do que um estudo de 20 milhões, por isso é que há serviços públicos que aplicam esses montantes para contratar empresas profissionais”, disse Alexis Tam. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

ALFÂNDEGA NOVO DIRECTOR ANUNCIADO ESTE MÊS

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uestionado sobre o nome que irá suceder ao da falecida Lai Man Wa na direcção dos Serviços de Alfândega, Chui Sai On prometeu anunciar o nome até ao final deste mês.


6 SOCIEDADE

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USTOU 340 milhões de patacas ao Governo e está oficialmente inaugurado desde ontem. O Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane, que servirá de apoio ao futuro centro de doenças infecto-contagiosas junto ao hospital, enquanto espaço de internamento, tem oito andares e capacidade para 60 camas. Contudo, os Serviços de Saúde (SS) confirmaram que o centro não terá

pessoal médico permanente, o qual será transferido do São Januário conforme as necessidades. “No momento em que não há surtos o pessoal médico trabalha nas enfermarias normais, não vai haver pessoal permanente”, disse Lei Chin Ion, director dos SS. Kuok Cheong U, director do Conde de São Januário, frisou que existe “pessoal suficiente para o centro”, tendo confirmado o

GCS

INFECÇÕES NOVO ESPAÇO EM COLOANE SEM PESSOAL PERMANENTE projecto de contratar todos os anos mais pessoal médico. “Pretendemos um aumento de pessoal entre 10 a 15% até 2020, data da entrada em funcionamento do novo hospital. Esse recrutamento inclui também a formação”, referiu. Alexis Tam disse ainda que a construção do novo hospital está a ser feita “dentro da normalidade” e conforme o novo calendário já anunciado. A.S.S.

Centro de Doenças MORADORES PONDERAM ENTREGAR CARTA À OMS

Vozes que chegam ao céu O Governo confirmou ontem que vai reunir com os moradores que estão contra a construção de um centro de doenças infecto-contagiosas ao lado do hospital público, mas estes prometem entregar uma carta à Organização Mundial de Saúde

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revolta pela construção do novo centro de doenças infecto-contagiosas que vai ser erigido ao lado do Hospital Conde de São Januário continua e desta vez os moradores prometem avançar com outras medidas. Cheong, porta-voz do movimento e morador no local, confirmou ao HM que vai ser enviada uma carta à Organização Mundial de Saúde (OMS). “Já preparámos uma carta para a OMS, que vamos enviar brevemente, e depois disso possivelmente vamos tentar falar com o director dos Serviços de Saúde (SS)”, disse o responsável.

MAIS SÓCIOS NA ATFPM?

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s moradores que serão vizinhos do futuro centro de doenças infecto-contagiosas começaram sozinhos esta luta, mas agora já contam com o apoio da ATFPM. Cheong garantiu que pediram apoio a Pereira Coutinho e Leong Veng Chai por serem muito populares, frisando ainda que irá tornar-se sócio, ainda que não seja funcionário público. “Não sou sócio da Associação, mas apoio muito o seu trabalho e vou considerar tornar-me membro”, disse ao HM, confirmando que outros moradores poderão seguir esse exemplo. “Não falei com eles sobre esta questão, mas acredito que estariam interessados. Talvez haja discussões posteriores, é o que posso dizer por agora”, referiu. Questionado sobre se o apoio a esta causa vai levar mais sócios à ATFPM, Pereira Coutinho disse apenas que “as pessoas são livres de fazerem o que quiserem”.

À margem da inauguração do Centro Clínico de Saúde Pública, ontem em Coloane, Lei Chin Ion, director dos SS, confirmou que está a ser pensada uma reunião com os moradores. “Estamos a preparar-nos para convidar os moradores da zona para conhecer o espaço de isolamento, bem como os responsáveis da escola. Vamos convidar as pessoas para visitarem o centro e para terem respostas sobre a questão do isolamento”, disse em conferência de imprensa. Para Cheong, esta iniciativa do Governo de nada vale. “Apesar do Governo parecer estar a querer comunicar com os nossos representantes, a verdade é que nunca falou connosco directamente. Ninguém me ligou ou a outras pessoas do meu prédio para falar sobre isto. Dizem que querem reunir-se connosco, mas apenas estão a tentar parecer que fazem as coisas certas, mas não fazem”, frisou. O grupo conta com o apoio da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM). Ao HM, José Pereira Coutinho, presidente, confirmou a entrega de uma carta a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, antes do pedido à OMS. “Vamos enviar uma carta ao Secretário para ver se nos pode atender e dialogar para saber quais as opções que podem ser viáveis. Quando o Comissariado da Auditoria (CA) diz que o Governo gasta muito dinheiro em estudos, nesta questão tão importante os moradores não foram ouvidos”, frisou.

CENTRO NO COTAI

Cheong é o porta-voz de um movimento de protesto que já

Viajar para curar

Hepatite C Portugal continua a pagar tratamento de residentes

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S doentes portugueses com residência em Macau que estão a ser tratados em Portugal com o novo medicamento contra a Hepatite C, o Sofosbuvir, não poderão transferir os processos para Macau, numa altura em que o território estará prestes a receber o novo medicamento. A garantia foi dada ontem pelo director do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Kuok Cheong U, em conferência de imprensa. “Não rejeitamos se o doente decidir sair de Macau para fazer o tratamento mas é o próprio doente que suporta os seus encargos”, referiu o director. Ana Rute Santos, antiga doente de Hepatite C tratada em Macau com o Interferon (medicamento com mais efeitos secundários), garantiu ao HM que o marido, que padece da mesma doença, já fez o pedido para receber o Sofosbuvir em Portugal e que os médicos que acompanham o caso em Macau nada sabem da vinda do novo medicamento. Os portugueses que decidiram sair de Macau fizeram-no porque não havia forma de serem tratados no território com este medicamento, que tem uma taxa de cura de 90%.

CHEFE AUTORIZA

conta com mais de 300 apoiantes no Facebook e que já emitiu uma petição com 700 assinaturas. Os moradores pedem que o novo centro de doenças infecto-contagiosas seja construído no Cotai ao lado do novo hospital das ilhas. Essa seria, diz, uma das melhores opções. “Colocar o centro aqui perto de residentes e da escola é muito perigoso, o nosso prédio fica apenas a três metros e não sabemos o que pode acontecer. Há um lugar para construção no Cotai, o novo hospital está em construção e é

bastante afastado de uma zona residencial. Acredito que o projecto poderia ser melhor nessa zona”, adiantou Cheong. Pereira Coutinho falou ainda dos centros semelhantes construídos em cidades vizinhas. “As orientações da OMS e da República Popular da China é de que todos estes centros têm de estar fora das zonas populosas. Mesmo em Hong Kong os hospitais com esses centros de isolamento estão dentro desse limite”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Num comunicado, os Serviços de Saúde (SS) divulgaram que já existe uma lista de 18 doentes que irão ser tratados com o Sofosbuvir, sendo que para cada doente o Governo estima gastar um milhão de patacas. A lei determina que os SS só podem autorizar pedidos até 500 mil patacas, pelo que será o Chefe do Executivo a dar a referida autorização. “Já autorizei a utilização do medicamento para a Hepatite C e se o montante ultrapassar o limite terei de pedir autorização ao Chefe do Executivo. Os medicamentos já estão em fase de encomenda”, explicouAlexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. O medicamento deverá chegar este mês. Até agora apenas um doente de Macau está a ser tratado com o Sofusbuvir mas em Hong Kong, já que os SS entenderam que o seu caso carecia de intervenção urgente. A.S.S.


7 hoje macau quinta-feira 28.1.2016

A empresa detida pelo Governo que serve para gerir os negócios de Macau na Ilha da Montanha passou de 400 milhões de patacas como capital social para mais de dois mil milhões

Macau INVESTIMENTO E DESENVOLVIMENTO COM INJECÇÃO DE 86% DE CAPITAL

Cresce e aparece

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Macau Investimento e Desenvolvimento S.A. recebeu uma injecção de capital de mais 86% do valor que tinha face à altura em que foi criada. A empresa, detida maioritariamente pelo Governo, passa assim a ter um capital social de quase três mil milhões de patacas, proveniente do erário público. A autorização foi promulgada já no dia 18 de Fevereiro, mas só ontem foi tornada pública, através da publicação em Boletim Oficial (BO) do despacho assinado pela Chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, O Lam. “O capital social é de 2,97 mil milhões de patacas, dividido

e representado por 296.800 acções ordinárias, com o valor nominal de dez mil patacas cada uma, totalmente subscritas e realizadas em dinheiro”, pode ler-se. A Macau Investimento e Desenvolvimento foi criada em 2011, tendo como accionistas a RAEM, com 94%, o Fundo de Desenvolvimento

Industrial e de Comercialização (3%) e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (3%). A sociedade comercial, que é uma sociedade anónima, tem como linhas de orientação “promover o desenvolvimento sustentável e os negócios no exterior de Macau”, realizando “projectos de investimen-

to” e foi criada propositadamente para ficar responsável pela exploração e gestão da área da Ilha da Montanha e dos projectos a desenvolver conjuntamente entre a RAEM e a região vizinha.

GÉNESIS

“A Sociedade tem como objecto principal a concep-

Vai fazer-se luz

assessor da Comissão Executiva da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), Un Iok Meng, confirmou ao jornal Ou Mun que a empresa está a planear construir mais três subestações de electricidade ao lado do hospital Conde de São Januário, do futuro hospital no Cotai e ainda junto à ilha artificial da ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau. O plano deverá custar mil milhões de patacas, incluindo 500 milhões para a melhoria da rede eléctrica, tendo os planos já sido aprovados pelo Executivo. O responsável da CEM confirmou que a construção da subestação ao lado do hospital Conde de São Januário deverá ficar concluída no primeiro trimestre do próximo ano. “A CEM está a seleccionar a localização das subestações nas zonas antigas, que vão ficar junto aos depósitos de lixo e sanitários públicos. A empresa quer terminar a construção das instalações

ção, gestão e exploração de espaços destinados à implantação física de empresas e entidades não empresariais, bem como a prestação directa ou indirecta de serviços de apoio a clientes. Pode ainda prosseguir quaisquer outras actividades, industriais, comerciais ou de prestação de serviços, desde que tal seja deliberado e expressamente autorizado em assembleia geral e pode desenvolver e estabelecer acordos de cooperação com entidades públicas ou privadas, bem como participar no capital de sociedades, em consórcios ou outras formas de associação”, explicava ainda o Governo aquando da criação da empresa. O HM tentou perceber junto do Governo e do IPIM a razão para o aumento de mais de dois mil milhões e meio de patacas, mas não foi possível até ao fecho desta edição. O capital social pode ainda ser reduzido ou aumentado por “deliberação da Assembleia Geral”.

“O capital social é de 2,97 mil milhões de patacas, dividido e representado por 296.800 acções ordinárias, com o valor nominal de dez mil patacas cada uma, totalmente subscritas e realizadas em dinheiro” DESPACHO DO GOVERNO

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Uma árvore a crescer

CEM quer investir mais de mil milhões em instalações

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SOCIEDADE

FIC Financiados 70 projectos envolvendo 112 milhões de patacas

durante o período de quebra económica em Macau, para que possamos ter uma boa preparação para o próximo ano económico”, explicou ainda. O assessor confirmou que há um plano para o fomento de centrais de carregamento de veículos movidos a electricidade. “Por forma a coordenar com as medidas de protecção ambiental lançado pelo Governo, vamos construir dezenas de instalações de carregamento para veículos eléctricos em sete parques de estacionamento públicos”, explicou.

MAIS BARATO ?

A CEM está ainda a ponderar baixar as tarifas da electricidade. “Cerca de 80% da electricidade de Macau é comprada através da Companhia da Rede Eléctrica do Sul da China. Todos os anos a CEM discute os preços com esta companhia e, tendo em conta o declínio do preço do petróleo no último ano, a comissão executiva já apresentou um pedido para baixar as tarifas da electricidade, mas a companhia ainda não deu uma resposta”, explicou o assessor. Un Iok Meng garantiu ainda que é objectivo a produção de electricidade em Macau através do gás natural, sendo que, desta forma, a CEM terá mais condições para negociar com a empresa chinesa. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

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Fundo das Indústrias Culturais (FIC) afirmou estar ainda a apreciar seis projectos candidatos aos apoios financeiros atribuídos pelo Executivo. Desde a criação do FIC, em 2013, 70 projectos já foram aprovados. Num almoço oferecido à comunicação social, ontem, o presidente do Conselho de Administração do FIC, Leong Heng Teng, e as vogais Davina Chu e Mok Ian Ian apresentaram os trabalhos feitos nos últimos dois anos. Em 2015, o FIC recebeu 41 projectos candidatos que foram qualificados para a fase de avaliação, tendo dez deles sido aprovados - a taxa de aprovação foi de 24%, valor semelhante ao do ano 2014, que foi de 26%. Entre todos os projectos aprovados, metade solicitou a modalidade de apoio financeiro de “empréstimos sem juros” e a outra pediu “o pagamento total do projecto”. Davina Chu explicou que, apesar de terem sido aprovados dez pro-

jectos, dois deles foram cancelados por razões pessoais dos candidatos, sendo que só oito entraram em funcionamento: três são da área do Design criativo, três de exposições e espectáculos culturais e um de média digital. Olhando para os dados de 2014 e 2015, o FIC já celebrou acordos com 69 candidatos e o valor total de apoio financeiro atribuído ronda os 112 milhões de patacas. Mok Ian Ian frisou a importância do intercâmbio com os responsáveis de projectos candidatos, além das sessões de comunicação com as empresas beneficiárias. O FIC está a considerar criar um “fórum dos sectores profissionais” para troca de experiências. Além disso, uma página do Facebook e um número público do Wechat do FIC serão lançados no próximo mês. Mok Ian Ian espera uma maior transparência de informações. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


8 SOCIEDADE

hoje macau quinta-feira 28.1.2016

Creches UM RECEBE MILHÃO E MEIO POR ESTUDO POR SER A ÚNICA “COMPETENTE”

Ganha quem sabe

Depois da Auditoria apontar o dedo ao altos preços de estudos, opiniões e consultas adjudicados pelo Governo, o IAS admite a atribuição de mais um estudo por ajuste directo, com um custo superior a um milhão, à UM. A razão? É a única “competente”

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

Universidade de Macau (UM), mais precisamente a Faculdade de Ciências de Educação, é a “única instituição de ensino superior locar” capaz de realizar o “estudo sobre a procura dos serviços das creches e planeamento da respectiva política”. Quem o diz é o próprio Instituto de Acção Social (IAS), entidade que requereu a consulta, que foi atribuída por ajuste directo à instituição. O Governo encomendou um estudo – sem concurso público – para conhecer “os possíveis factores que influenciam a escolha da forma de cuidar das crianças por parte dos encarregados de educação da RAEM”, para “analisar os motivos e a esperança dos mesmos para porem as suas crianças nas creches” e para “avaliar as necessidades dos serviços de creches de 2018 a 2022”, bem como para estudar e planear as políticas da área. Para isso, explica o IAS numa resposta ao HM, precisava de uma entidade competente e experiente para proceder ao

estudo desta natureza, tendo sido a UM a entidade escolhida.

SEM ALTERNATIVAS

Um vez mais o Governo seleccionou, por ajuste directo, a UM para a elaboração do estudo, por considerar que esta é a “única instituição de ensino superior local que não só tem instituído um curso de formação profissional de educação infantil, como também possui uma equipa docente profissional e vários centros de estudos a ela subordinados”. O estudo em causa tem um custo de cerca de um milhão e 400 mil patacas e estará pronto em Dezembro deste ano. A situação das creches em Macau é tema recorrente, muito devido à falta de vagas e recursos humanos, sendo que o Governo já assegurou que vai não só construir mais destes espaços, como abrir mais vagas. O Governo alterou também o sistema das salas, passando estas a acolher no máximo 30 crianças, em vez de 28. Filipa Araújo

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Pequeninos e viciados Jovens começam a jogar e a apostar antes dos 18 anos

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maioria dos menores gosta de Jogo e de apostas, o que preocupa o Centro de Aconselhamento sobre o Jogo e de Apoio à Família de Sheng Kung Hui. Num estudo feito a cerca de 1385 jovens, 74% dos inquiridos disse que começou a apostar e a jogar antes dos 18 anos. A dependência da internet, alertam os responsáveis do Centro, cria mais possibilidades de ser viciado em jogos de apostas, fora ou dentro dos casinos. O relatório ontem divulgado pelo Centro mostra que os inquiridos, com idades entre os 13 e 25 anos, jogaram pela primeira vez antes dos 18 anos, sendo a idade média de iniciação aos 15 anos. No ano passado, 19,21% destes

entrevistados admite ter jogado com dinheiro, sendo que 2,38% deles participam também em jogos online. A maioria admite ainda ter começado a jogar na internet antes dos 21 anos. Para o Centro, estas respostas mostram a possibilidade de haver jovens dependentes do jogo sem se aperceberem dessa realidade. Cerca de 61,35% destes jovens ganhou interesse pelo jogo devido à internet, até porque 11% deles admite que começou a jogar por ser gratuito. Ainda assim, o dinheiro está sempre envolvido na “jogatana”, que abrange qualquer tipo de jogo – online, dentro ou fora dos casinos e até em casa. Os dados mostram que os jovens jogam não só porque se sentem “aborrecidos”,

mas também pela vontade de ganharem mais dinheiro.

COM CONSCIÊNCIA

Wong Wai Chan, uma das principais investigadoras do Centro, indicou na conferência de imprensa de ontem que “os jovens sabem que os jogos podem causar um efeito negativo” e que a maiorias deles concorda que a técnica e a sorte não ajudam a vencer. “Os jovens gostam normalmente de jogar póquer e mahjong”, frisou, acrescentando que os familiares e amigos também participam. Mais de 70% desses jovens afirma que vai

continuar a jogar no próximo meio ano. Outro investigador, Chan Chio Weng, sublinhou que 21,24% dos entrevistados navegou na Internet mais de cinco horas por dia, sendo que 145 jovens são viciados em jogos online. Ip Kam Po, presidente do Centro, sugere que haja mais preocupação com estes jovens, especialmente os que demonstram o vício de jogar na internet, uma vez que este é o primeiro passo para passar a apostar noutro tipo de jogos. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

COORDENADOR DO GPDP ALERTA PARA PERIGO DAS “PEGADAS DIGITAIS”

No preâmbulo do último boletim do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), dedicado à “big data”, o Coordenador Vasco Fong alerta para o facto de “as transacções online, as conversas na Internet e os comentários nas redes sociais serem plataformas onde se compila um grande volume de dados pessoais”. Para Fong, os retalhistas online e as entidades que adoptam sistemas informáticos com registo de utilizador recolhem imensos dados pessoais, pelo que o Coordenador alerta a população para não negligenciar, “como tem acontecido até aqui”, a protecção dos seus dados. Com o rápido desenvolvimento da “big data”, diz Vasco Fong, os problemas de privacidade anteriormente ocultos têm vindo a ser revelados e a compilação e análise dos dados reunidos poderá provocar um grande impacto na nossa privacidade. Na opinião do Coordenador do GPDP, “num contexto de globalização de tecnologias informáticas, é necessário reforçar a cooperação entre vários sectores sociais, para procurar soluções em conjunto.” Segundo a IBM, “big data” é um termo utilizado para descrever toda a informação que está a ser gerada à nossa volta e a todo o momento. Cada processo digital e troca nas redes sociais produz essa informação e os sistemas, sensores e telefones móveis transmitem-na.


9 hoje macau quinta-feira 28.1.2016

MENOS 42 PROMOTORES LICENCIADOS

Macau conta, neste momento, com 141 promotores de jogo licenciados, menos 42 do que no ano passado. Os números são da Direcção de Inspecção de Coordenação de Jogos (DICJ), que ontem publicou a lista de junkets licenciados em Boletim Oficial. Da lista, continua a fazer parte a Dore – que viu uma funcionária de uma das suas salas envolvida no caso de furto de mais de 300 milhões de patacas –, a Tak Shun e a Sun City, entre outras, sendo que 20 dos promotores são indivíduos sem qualquer ligação a empresas. No início do ano, Paulo Chan, director da DICJ, já tinha indicado que 35 junkets deixaram de estar autorizados a operar em Macau na sequência das novas exigências implementadas após o caso Dore e que passavam pelo controlo contabilístico e financeiro dos promotores de jogo.

SOCIEDADE

ATRASO NA CONSTRUÇÃO DO WYNN PALACE PODE VALER INDEMNIZAÇÃO

A construtora do Wynn Palace poderá ter de vir a pagar uma indemnização à operadora se atrasar ainda mais a abertura do novo casino no Cotai. Numa carta enviada aos média e à Bolsa de Hong Kong, assinada por Steve Wynn, a empresa diz que a Leighton Contractors poderá ter de pagar “200 mil dólares americanos por dia” que a obra se atrasar. A Wynn já reviu a abertura do casino para 25 de Junho e sublinha “a importância” que tem que o casino abra neste dia. A operadora já disse que vai retirar o pagamento de um milhão de dólares americanos do mês de Dezembro e prevê que “é possível o pagamento adicional de 6,2 milhões de dólares” até final de Janeiro. “A potencial responsabilidade agregada nos termos do contrato poderá chegar a 200 milhões de dólares americanos e a empresa não está mais elegível para receber o bónus de conclusão antecipada, no valor de cerca de 38 milhões de dólares”, pode ler-se.

Atentos à indústria

Jogo AARON FISCHER PREVÊ ESTABILIZAÇÃO

Para o ano será melhor M

G2E chega a Macau em Maio com novidades

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analista Aaron Fischer, da consultora asiática CLSA, afirmou que 2016 vai ser o “ano de estabilização” do sector do Jogo em Macau, prevendo que as receitas dos casinos retomem o crescimento no final do ano. “Esperamos que as receitas de jogo cresçam 1%”, disse Aaron Fischer, definindo 2016 como “o ano de estabilização” do sector. Porém, Fischer divide o ano em duas partes, em que a primeira pauta-se pela actual toada negativa de quedas anuais homólogas e uma segunda marcada pela recuperação. Já para 2017, antecipa um crescimento mais significativo de 12%. À luz das previsões apresentadas esta semana, em Macau, os casinos do território vão fechar Janeiro com uma diminuição de 21% nas receitas, as quais devem registar um crescimento nulo (0%) em Fevereiro. Já em Março, segundo a CLSA, os casinos devem voltar a sofrer uma diminuição das receitas de jogo a dois dígitos (12%), com a queda em termos anuais homólogos a ser menos pesada em Abril (4%) e em Maio (3%). Junho figura como o ponto de viragem, depois de um primeiro semestre ainda “bastante difícil”, com o regresso à senda do crescimento (5%), uma tendência que a consultora antecipa que continue até ao final de 2016, com as receitas a subirem 7% em Julho, 11% em Agosto e Setembro, 7% em Outubro, 16% em Novembro e 9% em Dezembro, fechando com um crescimento médio anual de 1%.

EFEITO COTAI

Falando aos jornalistas, o analista da CLSA justificou as previsões de

21%

previsão de quebra de receitas dos casinos para Janeiro retoma das receitas na segunda metade do ano com a abertura de novos projectos de três das seis operadoras de jogo no Cotai. Sobre o impacto do abrandamento da economia da China – que registou em 2015 o ritmo de crescimento mais baixo dos últimos 25 anos (6,9%) –, Aaron Fischer comentou que “há razões para estar cauteloso a curto prazo”, apesar de acreditar que os novos empreendimentos “vão aumentar o número de visitantes” não apenas da China, mas de outras partes da Ásia.

Instado a comentar o impacto dos desfalques em salas de jogo VIP, Aaron Fischer apontou que este sector deve continuar a contrair-se. “Continuamos muito cautelosos no VIP, mas optimistas no mercado de massas”, afirmou. Sobre o facto de as operadoras não terem anunciado aumentos salariais – como costuma suceder anualmente, regra geral, em linha com os da Administração Pública de Macau –, mas antes bónus, o analista defendeu que as empresas encontraram “um bom equilíbrio” entre reduzir os custos globais com os recursos humanos e aumentar os rendimentos dos trabalhadores. Numa avaliação global, Aaron Fischer entende que o mercado de jogo de Macau continua “em boa forma”. HM/Lusa

ACAU vai acolher entre 17 e 19 de Maio a 10.ª edição da Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), que serve de montra à indústria dos casinos e junta anualmente operadores de diferentes partes do mundo. A G2E Asia vai contar com a participação de 180 expositores, 25% dos quais em estreia, com 80% de fora de Macau. “A mostra continua a evoluir, em consonância com os ritmos de mudança da indústria, e é por essa razão que continua a ser tão relevante e a razão pela qual a indústria de jogo e de entretenimento, em toda a Ásia, confia no G2E Asia como a plataforma certa para levar o negócio para a frente”, afirmou Josephine Lee, vice-presidente executiva da Reed Exhibitions Greater China, empresa que organiza a exposição. Um exemplo disso – de acordo com o que foi apresentado ontem em conferência de imprensa – prende-se com a realização de um evento complementar à G2E Asia, inserido na mostra, dedicado ao comércio a retalho. A feira também tem em destaque a zona “iGaming”, cuja área vai mais do que duplicar face à edição anterior, contando com 38 expositores, metade dos quais de novas empresas. Macau vai ter um “pavilhão” em que vai ser mostrado o que de melhor a região tem para oferecer em matéria de jogo e entretenimento, servindo como facilitador do desenvolvimento de oportunidades de negócio,

indicou a organização, segundo a qual, anualmente, 95% dos operadores de casinos da Ásia marcam presença no G2EAsia.

TENDÊNCIAS E PROJECÇÕES

Durante o evento vai também ser divulgado um “white paper” que tem por objectivo facultar um melhor entendimento sobre as tendências de jogo, operações dos casinos, perfil e comportamento dos jogadores e oferecer projecções sobre tendências futuras para os casinos nos mercados da Ásia-Pacífico. O G2E Asia vai englobar o “The All Asia Dealers Championship”, um torneio que distingue os melhores croupiers e que, na edição inaugural, – em 2015 – juntou mais de 300 pessoas, incluindo mais de 60 croupiers de 16 equipas de toda a Ásia. À semelhança do passado, vão ser entregues os “Asian Gaming Awards”, que reconhecem o contributo significativo para a indústria por parte dos seus principais intervenientes: operadores, reguladores, prestadores de serviços ou fornecedores. Adicionalmente, vão ser seleccionados 18 jovens executivos de empresas de jogo da Ásia pelo seu talento e potencial para moldar a indústria nos próximos anos. O G2E Asia bateu em 2015 o recorde de 9867 visitantes, oriundos de 79 países e regiões, a par com 161 empresas expositoras. HM/LUSA


10 EVENTOS

Namorar à luz dos néons Fadas, luzes e muito amor nas vésperas do Ano Novo Chinês

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CALENDÁRIO • ILUMINAÇÕES ESPECIAIS: 7 a 29 de Fevereiro, das 18h00 às 22h00 • VIDEO MAPPING: Casas Museu da Taipa, 12 a 22 de Fevereiro, a cada meia hora entre as 19h00 e as 22h00 • JOGO INTERACTIVO: após cada sessão de vídeo mapping. Cada jogo tem a duração de 15 minutos

Lunar (Dia de Aniversário para todos) e o Dia dos Namorados Chinês (Festival de Lanternas). As instalações luminosas prometem 9999 rosas que estarão dispostas nas Casas Museu e na Freguesia de Nossa Senhora do Carmo – na Escadaria da Rua do Cunha, na Calçada do Quartel, na Av. Carlos da Maia, na Rua da Restauração, na Calçada do Carmo, no Jardim do Carmo

e na Escadaria do Largo do Carmo. O sapato de cristal da Cinderela serve de tema para a exibição de vídeo mapping em 3D numa história de reencontro de uma rapariga com um príncipe que viaja no tempo, em Macau, na noite do dia dos namorados. O jogo interactivo acontece após cada exibição de vídeo mapping e será ligado por via de uma bicicleta.

CONCERTO DE SÃO VALENTIM ANTECIPADO

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Concerto do Dia de S. Valentim, pela Orquestra Chinesa de Macau, que estava originalmente programado para o dia 14 de Fevereiro, foi antecipado para o dia 13, sábado, pelas 14h00 horas, continuando a acontecer na Igreja de Santo António. Com o intuito de promover a cultura chinesa, a Orquestra irá apresentar

uma série de obras conhecidas, como a “Virgem Maria”, “Louvar a Deus”, “Amazing Grace”, “O Teu Doce Sorriso”, “Por Causa do Amor” e “Os Ratos Adoram o Arroz”, entre outras, de modo a promover a música chinesa. A entrada é gratuita e os bilhetes começam a ser distribuídos no local uma hora antes da actuação.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA PROSAS APÁTRIDAS • Julio Ramon Ribeyro

Muitas vezes divertidos, às vezes melancólicos, mas sempre profundos e íntimos, os fragmentos que compõem estas Prosas Apátridas permitem-nos aceder ao universo de um narrador maravilhoso. O leitor tem nas suas mãos o testemunho espiritual de um dos grandes autores hispânicos do século XX.

PARA O VAMOS

VERGÍLIO FERREIRA NASCEU HÁ CEM AN

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OMEMORA-SE hoje o centenário do nascimento do autor de “Manhã Submersa” ou “Esplanada sobre o Mar”, no seio de uma obra extensa onde a reflexão sobre a condição humana, as grandes interrogações do homem ou a procura de sentido para a vida foram uma tónica dominante. Para assinalar a efeméride dos cem anos de nascimento de Vergílio Ferreira, a Câmara Municipal de Gouveia inicia hoje um ciclo de um ano de comemorações para assinalar a vida e obra de uma das figuras incontornáveis das letras portuguesas. O programa arranca com três dias consecutivos de actividades onde se incluem

o lançamento da reedição das obras de Vergílio Ferreira (pela editora Quetzal), a reposição de um busto na praça de São Pedro (no centro da cidade de Gouveia), a inauguração de uma exposição e a realização de um colóquio. Nascido em Melo, aldeia do concelho de Gouveia, no ano de 1916, o escritor viu os pais emigrarem para o Canadá quando tinha apenas nove anos ficando ele em Portugal com os irmãos mais novos. Uma experiência dolorosa que exorciza em “Nítido Nulo”. Aos 12 anos, após uma peregrinação a Lourdes, entra no seminário do Fundão e por lá fica seis anos. Uma experiência que mais tarde viria a dar origem a “Manhã Submersa”,

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

A CIDADE DE ULISSES • Teolinda Gersão

Um homem e uma mulher encontram-se e amam-se em Lisboa. A sua história, que é também uma história de amor por uma cidade, levará o leitor a percorrer múltiplos caminhos, entre os mitos e a História, a realidade e o desejo, a literatura e as artes plásticas, o passado e o presente, as relações entre homens e mulheres, a crise civilizacional e a necessidade de repensar o mundo.

LAURO ANTÓNIO, MANHÃ SUBMERSA

S Serviços de Turismo organizam, em conjunto com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), realizam de 7 a 29 de Fevereiro, nas Casas Museu da Taipa e noutros pontos de Macau, um espectáculo de luzes com o objectivo de atrair visitantes para umas férias prolongadas e proporcionar um programa de lazer aos residentes. Assim, vão surgir instalações luminosas em mais de dez locais, mas o evento prevê ainda espectáculos de vídeo mapping 3D e um jogo interactivo para crianças. Os contos de fadas e as histórias de amor são o tema deste evento que pretende interligar, a 14 de Fevereiro, a véspera de Ano Novo Lunar, o Dia de São Valentim, o sétimo dia do Ano Novo

Apaixonado por questões existenciais, Vergílio Ferreira foi quem um dia disse que “o amor afirma, o ódio nega”. “Mas por cada afirmação há milhentas de negação. Assim o amor é pequeno em face do que se odeia. Vê se consegues que isso seja mentira. E terás chegado à verdade”


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ONDE S?

NOS

um livro que retrata a vida de um conjunto de seminaristas oriundos de famílias pobres que se encontram num beco sem saída, entre uma suposta perspectiva de vida boa mas cheia de limitações em contraste com uma suposta liberdade em más condições de vida. Em 1980, Lauro António viria a trazer a história para o cinema e Vergílio Ferreira desempenha mesmo um dos principais papéis, ironicamente o de Reitor do Seminário. Até se formar em Filologia Clássica em 1940, Vergílio que apenas deixou o seminário quatro anos antes - dedica-se à poesia, nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta-Corrente e, em 1939, escreve o seu primeiro romance, “O Caminho Fica Longe”. Depois foi professor estagiário no Liceu D.João III em Coimbra e aí arranca a sua carreira docente que o levou a leccionar em Faro e no liceu de Gouveia (período em que escreveu “Manhã Submersa), acabando por se fixar no Liceu Camões até ao final da sua carreira. Em 1992, recebe pelo conjunto da sua obra o “Prémio Camões” entre muitos outros galardões ao longo da sua vida. Faleceu no dia 1 de Março de 1996 em Lisboa e foi sepultado no cemitério de Melo, sua terra-natal, com o caixão virado para a Serra da Estrela, conforme era seu desejo.

“NÃO SE PODE ESQUECER VERGÍLIO”

Em declarações à Lusa, a escritora Lídia Jorge, diz que Vergílio Ferreira precisa de ser

lembrado e queixa-se do quase esquecimento a que o autor tem sido sujeito, dizendo que como o “mundo está organizado, neste momento, é muito difícil recuperar figuras como [a de] Vergílio Ferreira”, que considera “estarem um pouco afastadas, injustamente”. A escritora acrescenta ainda que “a escola e a universidade estão a descurar muito a obra de Vergílio, inclusive o romance ‘Aparição’ que é fundamental para os rapazes, entre os 16 e os 17 anos, que encontravam nessa obra uma grande projecção interior e aprendiam muito com esse livro, que desapareceu, e praticamente já não se lê”.

 “Está a ser uma perda muito grande. Do ponto de vista estilístico, [Vergílio Ferreira] é irrepreensível, tem humor na escrita, tem caricatura, por alguma coisa era um admirador do Eça de Queiroz. Não é um sarcástico, mas um irónico, ele ensina”, rematou. Antes de morrer, Vergílio Ferreira contou a Lídia Jorge o enredo do romance que contava ainda escrever. “É essa alegria de narrar que devia ser sublinhada” nestas celebrações, defendeu a autora.
 “Fixei muito bem a história e pensei: é um livro semelhante aos outros, a história é a mesma, e, com o impacto da morte [dele], que aconteceu dois ou três dias depois, não fui capaz de a contar. A história era a mesma: a impossibilidade de amar a mulher, uma adoração pela mulher que desaparece, era a mesma fixação literária, que dá a impressão que nunca leu Freud”.

EVENTOS

HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Cardo-santo Nome botânico: Cnicus benedictus L. Sinonímia científica: Carbeni benedicta; Carduus benedictus; Centaurea benedicta L. Família: Asteraceae (Compositae). Nomes populares: CARDO-BENTO.

O

OBRA COMPLETA • Ficção

1943 O Caminho Fica Longe 1944 Onde Tudo Foi Morrendo 1946 Vagão “J” 1949 Mudança 1953 A Face Sangrenta 1954 Manhã Submersa 1959 Aparição 1960 Cântico Final 1962 Estrela Polar 1963 Apelo da Noite 1965 Alegria Breve 1971 Nítido Nulo 1972 Apenas Homens 1974 Rápida, a Sombra 1976 Contos 1979 Signo Sinal 1983 Para Sempre 1986 Uma Esplanada Sobre o Mar 1987 Até ao Fim 1990 Em Nome da Terra 1993 Na Tua Face 1995 Do Impossível Repouso 1996 Cartas a Sandra

• Ensaios

riginário da Índia, o Cardo-santo é espontâneo na Europa mediterrânica onde habita em terrenos secos e pedregosos. Encontra-se ainda na Ásia, América do Norte e do Sul. Muito espinhoso, atinge mais de meio metro de altura no seu caule erecto, avermelhado e viloso; as folhas são grandes, denteadas, pubescentes e um pouco coriáceas, com nervuras bem marcadas na página inferior e, as flores, reunidas em capítulos terminais, são amarelas e rodeadas de espinhos avermelhados. Muito cultivado na Europa durante a Idade Média, este cardo, santo ou bento, deve o seu nome às suas virtudes medicinais, muito especialmente aos seus supostos efeitos contra a peste negra que, nessa época, assolou a Europa. No século XV, foi usado para combater as enxaquecas do imperador germânico Frederico III e, no século seguinte, foi imortalizado como planta medicinal por Shakespeare, na sua peça Muito Barulho por Nada. Também Olivier de Serres, célebre agrónomo francês do século XVI, o referiu: «A semente do Cardo-santo, em pequena quantidade em vinho branco, fortifica a memória». Actualmente, a ciência confirmou algumas das suas propriedades e usos. Em fitoterapia são usadas as partes aéreas floridas.

Composição

Lactonas sesquiterpénicas amargas (cnicina, benedictina), lignanos lactónicos amargos, flavonóides (glucósidos do apigenol, campferol e luteol), óleo essencial, fitosteróis, poliacetilenos, goma e óleo gordo; conteúdo importante de mucilagem e taninos, sais minerais em abundância (enxofre, potássio) e vitaminas (B1). Cheiro desagradável que desaparece com a secagem, sabor amargo e salgado.

Acção terapêutica

• Diários

1980 Conta-Corrente I 1981 Conta-Corrente II 1983 Conta-Corrente III 1986 Conta-Corrente IV 1987 Conta-Corrente V 1992 Pensarww 1993 Conta-Corrente-nova série I 1993 Conta-Corrente-nova série II 1994 Conta-Corrente-nova série III 1994 Conta-Corrente-nova série IV 2001 Escrever (póstumo)

Considerado um bom tónico amargo, o Cardo-santo estimula as secreções salivares e gástricas, tonifica o estômago e auxilia a expulsão de gases; descongestiona e desinflama o fígado e o pâncreas, aumentando a produção de bílis e enzimas digestivas; promove o esvaziamento da vesícula biliar. Todos estes efeitos se traduzem num aumento do apetite e melhoria da digestão, útil em caso de falta de apetite, atonia digestiva, digestões pesadas, escassez de sucos no

estômago (hipoacidez gástrica), flatulência, cólicas, vómitos, inflamação da vesícula, insuficiência hepática ou pancreática e ainda na anemia, esgotamento, doenças debilitantes e convalescença. É igualmente recomendado na diarreia e vermes intestinais que ajuda a combater. Na diabetes, reduz o nível de glicose no sangue. Pela actividade diurética e depurativa, o Cardo-santo tem indicação nas afecções do aparelho urinário, retenção de líquidos, hipertensão, gota e reumatismo, sendo também analgésico. Como expectorante, é usado na constipação, catarro, bronquite e asma. Promove a sudação auxiliando a baixar a febre, tendo ainda actividade tónica e antibiótica (eficaz contra Brucella, Shigella, Escherichia coli e Staphylococcus). Os extractos têm acção anti-inflamatória potente (equivalente à indometacina) e antitumoral (cancro do abdómen, estômago, intestino, colón, baço, mama e leucemia).

Como tomar

Uso interno: • Infusão das partes aéreas floridas: 1 colher de chá por chávena de água fervente, 5 minutos de infusão. Tomar 2 ou 3 chávenas por dia. Como digestivo, tomar ½ hora antes das refeições. Pode adoçar-se com mel ou açúcar escuro, se a tisana for demasiada amarga e difícil de beber. • Em ampolas, xarope ou drageias, o Cardo-santo participa em diversas fórmulas digestivas e diuréticas. • As folhas jovens podem ser ingeridas cruas em saladas. As flores, colhidas em botão, podem ser usadas em substituição do coração da Alcachofra. As raízes podem ser cozinhadas como uma hortaliça. • O Cardo-santo é usado como aromatizante no Bénédictine, famoso licor dos monges beneditinos. Receita – Vinho medicinal de Cardo-santo Deixar em maceração 50 gramas de flores num litro de vinho, durante 30 dias. Filtrar e engarrafar. Tomar 1 colher de sopa antes das principais refeições.

Precauções

Respeitar as posologias indicadas – doses não terapêuticas podem provocar irritação das mucosas digestivas, com náuseas, vómitos e diarreias. A planta pode produzir reacções alérgicas, sendo contra-indicada em pessoas alérgicas ao Cardo-santo ou plantas da família das Compostas e durante a gravidez. Deve ser evitada durante a lactação e em caso de úlcera gástrica. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


12 CHINA

hoje macau quinta-feira 28.1.2016

IMPRENSA ACUSA GEORGE SOROS DE DECLARAR GUERRA AO YUAN

Na mesma moeda

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PEQUIM QUER CONSTRUIR CENTRAIS NUCLEARES FLUTUANTES

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China planeia construir duas centrais nucleares flutuantes como parte dos seus esforços para duplicar a sua capacidade atómica até 2020, revelou ontem a Autoridade de Energia Atómica da China. O objectivo é facilitar a exploração de recursos marinhos, explicou Xu Dazhe, presidente do organismo. “A China está empenhada em tornar-se uma potência marítima e por isso iremos definitivamente fazer uso dos recursos oceânicos”, disse em conferência de imprensa. O uso de energia nuclear no mar não é desconhecido – porta-aviões e submarinos com mísseis são frequentemente abastecidos com energia nuclear – mas fazê-lo com objectivos civis parece não ter precedentes, apesar de notícias de um projecto russo em desenvolvimento. Pequim incluiu a construção das duas centrais nucleares marinhas, pela China General Nuclear Power Corporation (CGN) e pela China National Nuclear Corporation (CNNC), no seu 13.º plano quinquenal para 2016-2020, anunciaram as duas empresas no início do mês. A central da CNNC deve entrar em funcionamento em 2019 e a da CGN no ano seguinte, de acordo com comunicados das empresas. Estas centrais podem disponibilizar energia a plataformas offshore de exploração de gás e petróleo, e também a áreas remotas e ilhas em desenvolvimento.

imprensa estatal chinesa publicou ontem vários comentários mordazes em reacção às afirmações do magnata e filantropo norte-americano George Soros no Fórum Económico Mundial de Davos, acusando-o de “declarar guerra” à moeda chinesa, o yuan. Em declarações à agência Bloomberg, Soros afirmou que a economia chinesa - cujo ritmo de crescimento abrandou para o nível mais baixo dos últimos 25 anos (6,9%) - irá enfrentar maiores dificuldades. “Uma ‘aterragem dura’ é praticamente inevitável”, notou o magnata, utilizando a expressão que designa um abrandamento repentino da economia. Soros, que alguns países acusam de contribuir através dos seus negócios para a crise financeira asiática de 1997, apontou a deflação e o excesso de dívidas como os motivos para uma diminuição acentuada.

O yuan, cujo valor é controlado por Pequim, depreciou por oito vezes desde Agosto passado, enervando os mercados e conduzindo a uma fuga de capital. A agência oficial chinesa Xinhua escreveu ontem que Soros previu problemas económicos na China “por várias vezes no passado”. “Ou os vendedores a descoberto não fizeram o seu trabalho de casa ou estão a tentar criar pânico intencionalmente para conseguir lucros”, acusou a agência. O Global Times, uma publicação em inglês do grupo Diário do Povo, o órgão oficial do Partido Comunista Chinês, acusa os “ocidentais” de “não acei-

tarem as responsabilidades pela confusão” que geraram na economia global.

HOSTILIDADES ABERTAS

Os comentários surgiram depois de a edição internacional do Diário do Povo ter publicado na terça-feira um artigo na primeira página intitulado “Declarar guerra à moeda chinesa? Haha”. Soros publicamente “declarou guerra à China”, acusa o jornal, num texto que foi amplamente reproduzido nas redes sociais chinesas. “Eles utilizam muitas palavras de ordem, mas será que a imprensa oficial sabe que os investidores chineses estão em chamas”, reagiu um internauta no Sina Weibo, o Twitter chinês.

“Ou os vendedores a descoberto não fizeram o seu trabalho de casa ou estão a tentar criar pânico intencionalmente para conseguir lucros” AGÊNCIA OFICIAL CHINESA XINHUA

Em 1990, George Soros entrou na história, ao liderar os especuladores numa aposta contra a moeda britânica, a libra, que lhe garantiu lucros de mais de mil milhões de libras. “Os chineses adiaram muito” a transição para um modelo de crescimento com maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações”, afirmou Soros, apesar de reconhecer que Pequim tem “maior latitude” do que outras economias, devido às suas enormes reservas cambiais, as maiores do mundo, com mais de três biliões de dólares.

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LUCROS DA INDÚSTRIA RECUAM 2,3% EM 2015 AVISO REGIME PARA A SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE CONSULTA DAS EMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS RENOVAÇÃO DE INSCRIÇÃO NA D.S.S.O.P.T. Nos termos do disposto no nº 1.8 da Descrição do Funcionamento do Regime para a Sistematização do Processo de Consulta das Empreitadas de Obras Públicas (2011), avisase, por este meio, a todos os construtores civis e empresas que aderiram ao aludido Regime para procederem, no período compreendido entre 1 à 29 de Fevereiro de 2016, durante as horas de expediente, na Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, a renovação da respectiva inscrição, caducando findo este prazo. O impresso para o pedido de renovação poderá ser pessoalmente levantado na DSSOPT, encontrando-se também disponível para download no portal electrónico desta DSSOPT (www.dssopt.gov.mo), sendo ainda aceite fotocópia do aludido impresso. Assim sendo, ficam desde já notificados os construtores civis e empresas sobre a renovação da respectiva inscrição, pelo que não serão individualmente notificados quanto a este assunto. Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 22 de Janeiro de 2016. O Director dos Serviços, LI CANFENG

As principais empresas industriais da China acumularam lucros de 6,4 biliões de yuan em 2015, uma queda de 2,3% face ao ano anterior, informou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês. Trata-se da primeira diminuição nos ganhos do sector secundário chinês, desde que as autoridades começaram a publicar este indicador em 2011. Nos dois anos anteriores, os lucros aumentaram 3,3% e 12,2%, em termos homólogos, respectivamente. Desde Maio, os lucros das firmas com receitas anuais superiores a 20 milhões de yuan, têm vindo a cair e em Agosto chegaram a recuar 8,8%. As empresas mineiras e do sector energético - especialmente do carvão e petróleo - foram as que apresentaram um pior desempenho, enquanto a indústria tecnológica contrariou a tendência negativa. A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento. Em 2015, o sector terciário representou pela primeira vez mais de metade da economia chinesa, à frente da indústria e agricultura.

EUA E CHINA “ACELERAM” ESFORÇOS PARA ACORDO SOBRE COREIA DO NORTE

Os Estados Unidos e a China vão empreender um “esforço acelerado” para chegar a um acordo relativamente a uma nova resolução das Nações Unidas sobre a Coreia do Norte, disse ontem o secretário de Estado norte-americano. John Kerry afirmou que os dois países membros do Conselho de Segurança vão “trabalhar juntos para tentar chegar a um entendimento sobre uma resolução firme que introduza novas medidas significativas para reduzir a capacidade da Coreia do Norte de desenvolver os seus programas de mísseis balísticos nucleares”. No início deste mês, Pyongyang realizou o seu quarto teste nuclear.


13 hoje macau quinta-feira 28.1.2016

C

ERCA de 200 pessoas manifestaram-se ontem em Manila, durante a visita do imperador japonês, exigindo “justiça” para as mulheres filipinas usadas como escravas sexuais pelo exército nipónico durante a II Guerra Mundial. O casal imperial japonês começou, na terça-feira, uma visita histórica de cinco dias ao arquipélago por ocasião do 60.º aniversário da retoma das relações diplomáticas entre os dois países. As Filipinas, que estiveram sobre o domínio dos Estados Unidos, sofreram entre 1942 e 1945 uma ocupação brutal do exército japonês. Esta ocupação foi marcada pelo recrutamento forçado para bordéis de milhares de filipinas, apelidadas de “mulheres de conforto”. Segundo a associação Lila Pilipina, apenas 70 destas mulheres estão ainda vivas. Sete mulheres estiveram ontem entre o grupo de 200 pessoas que se manifestaram junto ao palácio de Malacanang, em Manila, onde o imperador Akihito foi oficialmente recebido pelo Presidente Benigno Aquino.

Desculpas para quando ? “Mulheres de conforto” filipinas pedem justiça ao Japão

“Falem ao vosso Governo das avós filipinas que lutam pelos seus direitos”, disse ao megafone uma das antigas “mulheres de conforto”, Narcisa Claveria, de 85 anos, dirigindo-se ao imperador.

COMPENSAÇÕES COREANAS

“Falem ao vosso Governo das avós filipinas que lutam pelos seus direitos” NARCISA CLAVERIA 85 ANOS, DIRIGINDO-SE AO IMPERADOR AKIHITO

Em Dezembro, Tóquio concluiu um acordo com Seul sobre o mesmo assunto, oferecendo “desculpas sinceras” e 1.000 milhões de ienes para um fundo de compensação às escravas sexuais coreanas da II Guerra Mundial. No entanto, de momento, não há nenhum acordo deste tipo em cima da mesa para as Filipinas, e um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros filipino disse à AFP que o tema não será abordado durante a visita de Akihito. O Japão é um dos maiores investidores estrangeiros nas Filipinas.

REGIÃO

TAILÂNDIA CATORZE MORTOS E ESCOLAS FECHADAS DEVIDO AO FRIO Pelo menos 14 pessoas morreram na Tailândia devido à onda de frio que assola o país tropical desde o início da semana e que já obrigou algumas províncias a encerrar escolas, informaram ontem as autoridades. Fontes do Departamento para a Prevenção e Redução de Desastres disseram à agência Efe que se registaram 12 mortes na quarta-feira devido à queda das temperaturas no norte e nordeste do país, enquanto outros dois corpos foram encontrados na segundafeira numa província da região central. O organismo explicou que as vítimas sofriam de doenças crónicas ou relacionadas com o sistema respiratório. O director do Gabinete para a Educação Primária da província de Nan, Chatchai Taptimon, justificou a suspensão das aulas até esta quinta-feira como uma medida de precaução para algumas escolas localizadas em zonas montanhosas, segundo o jornal Bangkok Post. Nesta província, no norte do país, as temperaturas desceram ontem abaixo dos dez graus centígrados.

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Revisão do Código Penal Crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais Consulta Pública No período de 23/12/2015 a 22/02/2016 Locais para obtenção do documento: 1. Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça; 2. Centro de Informações ao Público; 3. Centro de Serviços da RAEM; 4. Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e respectivos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação. Para consulta e descarregamento do texto para consulta: Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça: http://www.dsaj. gov.mo Meios de apresentação de opiniões e sugestões: Endereço electrónico: info@dsaj.gov.mo; ou consultation@dsrjdi.gov.mo Fax: (853) 2871 0445 ou (853) 2875 0814 Endereço postal: Rua do Campo, n.º 162. Edifício Administração Pública, 15.º - 20.º andar, Macau; ou Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.º 398, Edifício CNAC, 6.º andar, Macau.

Aviso de remoção dos veículos abandonados Os veículos abaixo identificados encontram-se estacionados há já vários anos no parque de estacionamento privado dos “Jardins Nova Taipa”, cuja gestão pertence à “Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa”, após ter sido enviado cartas aos proprietários e deixado avisos nos veículos e nas estradas dos prédios dos Jardins da Nova Taipa e não se tendo verificado, por parte dos proprietários, qualquer intenção de remoção dos mesmos, vimos assim avisar os respectivos proprietários para, dentro de 30 dias contados do presente aviso, procederem às diligências necessárias para efectuar a remoção dos referidos veículos. Se, decorrido o referido período, os veículos não forem removidos, a Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa ver-se-á forçada a faze-lo por si própria e a reclamar judicialmente todas as despesas resultantes dessa remoção e, bem assim, todos os prejuízos que a situação acima referida lhe causou. Número da chapa de matrícula dos veículos: CM- 35592, CM-53420, CM-55919, CM-8541, CM-5440, MA-74-28, CM-8278, CM-36641, CM-37373, MA-68-67, CM-19038, MA-23-64, MB-62-45, MB-51-31, MA-70-74, CM-35091 e MC-43-73. Para qualquer esclarecimento favor contactar a comissão: (TEL: 28830490) Atenciosamente, Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

Neo-realismo microscópico

CARLOS DE OLIVEIRA nasceu no Brasil em Belém do Pará a 10 de agosto de 1921 e faleceu em Lisboa no dia 1 de julho de 1981. Apesar de nascer no Brasil veio com apenas dois anos para Portugal com a família, que se instalou em Cantanhede, perto de Coimbra, onde o pai exercia medicina. A partir de 1933 instala-se em Coimbra a fim de prosseguir os estudos, primeiro secundários e depois superiores, concretamente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se formou em Ciências Histórico-Filosóficas. É em Coimbra que dá os primeiros passos na actividade literária e no comprometimento político, tendo conhecido e feito amizade com membros do grupo neorrealista de Coimbra,

Joaquim Namorado, João José Cochofel e Fernando Namora. É assim que publica o primeiro livro de poesia, intitulado “Turismo”, com ilustrações de Fernando Namora e integrado na colecção poética de 10 volumes do “Novo Cancioneiro”, iniciativa colectiva que, em Coimbra, assinalava o advento do movimento neorrealista. Ao formar-se troca Coimbra por Lisboa, vindo com regularidade à Gândara, na zona de Cantanhede. Em 1943 publica o seu primeiro romance, Casa na Duna, segundo volume da colecção dos Novos Prosadores, editado pela Coimbra Editora. No ano de 1944 surge o romance Alcateia, que viria a ser apreendido pelo regime. Participa com regularidade nas revistas Seara Nova e Vértice e

em 1953 publica Uma Abelha na Chuva, o seu quarto romance, unanimemente considerado, uma das mais importantes obras da literatura portuguesa do século XX. Em 1968 publica dois novos livros de poesia, Sobre o Lado Esquerdo e Micropaisagem, e colabora na adaptação ao cinema de Uma Abelha na Chuva, filme realizado por Fernando Lopes. Em 1971 sai O Aprendiz de Feiticeiro, conjunto de crónicas e artigos, e Entre Duas Memórias, livro de poemas, com o qual lhe foi atribuído o Prémio da Casa da Imprensa. Finisterra, o seu último romance, sai em 1978, tendo como paisagem de fundo a sua Gândara. A obra proporcionalhe o Prémio Cidade de Lisboa, no ano seguinte. Devo destacar ainda a publicação de os Pequeno Burgueses.


15 hoje macau quinta-feira 28.1.2016

Fichas de leitura

O

romance anda à volta de duas tramas passionais, antagónicas e complementares; A relação entre Álvaro Silvestre e Maria dos Prazeres e entre Jacinto e Clara. As linhas relacionais são de vária ordem, social, mental e histórica que o autor entretece muito bem através do recurso a dois tropos apropriados porque centrados no tempo, a analepse e a prolepse. A mim porém interessa-me mais outra história que não estas de que o romance dá conta. Pessoalmente, interessa-me mais a história intelectual do autor, pois é ela que descodifica os momentos particulares. Procedo mentalmente à releitura da obra de Carlos de Oliveira, mas agora às avessas. Explico melhor. É através da leitura de Finisterra, último romance do autor, e da paixão intelectual que me suscitou que eu entrei no coração e no cérebro da obra deste muito particular romancista e poeta do neo-realismo português e que portanto encontrei a chave para ir de novo ao encontro dos seus livros mais importantes, como é o caso deste Abelha na Chuva. Portanto em resumo, eu descubro o autor em Finisterra e a partir daí sigo para a compreensão dos primeiros livros, que penso não ter compreendido na altura do meu primeiro contacto. A chave consistirá no seguinte. Há um título de um livro de poesia de Carlos de Oliveira que me aparece como sendo o núcleo da descoberta. Aliás todos os títulos e subtítulos da poética de Carlos de Oliveira abrem pistas para a compreensão da sua obra romanesca. Agora estou contudo a referir-me ao livro intitulado Micropaisagem. De facto, o prefixo micro do vocábulo é a luz que de repente alumia o caminho. Carlos de Oliveira é um neo-realista microscópico, o que quer dizer que realiza na sua obra o abandono do neo-realismo sem a intenção de o fazer. Carlos de Oliveira é um observador que percebeu que a realidade não se deixa ver à vista desarmada. A partir daí toda a sua panóplia de recursos se centra na análise e dissecação do detalhe, provavelmente como mais nenhum outro autor português. O que acabo de dizer aparece provocatoriamente explícito em Finisterra, logo nas primeiras páginas, perturbadoras diga-se de passagem. Só depois de o ter surpreendido neste livro percebi que afinal isso, a que me refiro, estava disseminado por toda a obra. Quando digo micro estou a subentender a aplicação exaustiva deste conceito a rigorosamente tudo: os cenários (as paisagens), o tempo, as narrativas, as caracterizações das personagens e até as próprias intrigas. É tudo constituído ao microscópio. O autor não gosta de ser enganado pela ilusão das aparências, ou seja pelo que parece e geralmente não é.

Oliveira, Carlos de, Uma Abelha na Chuva, Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1994 Descritores: Literatura Portuguesa, Romance, 180, (1) p.: 20 cm

O neo-realismo de Carlos de Oliveira deve portanto muito já às hermenêuticas da suspeita e em particular à obra de Claude Lévy Strauss: O conhecimento da realidade só se constrói através do acesso ao que a realidade parece negar ao senso comum. Mas a abordagem do autor da Gândara não se situa no plano de uma artificialidade conceptual, mas antes, permanecendo em solo realista, apertando a malha da rede de observação, até ao limiar do invisível, ou seja do microscópico. Fazem-me sorrir as interpretações dos romances considerados neo-realistas através da metodologia tradicional do marxismo, inventariando estereótipos sócio-económicos. É o tipo de análise que ultraja a inteligência de Carlos de Oliveira, a finura do seu espírito, que volto a insistir é ainda na poesia que se encontra incandescente. Releiam-se as micropaisagens e sobretudo os poemas de Entre Duas memórias, para se perceber melhor o que digo. A descodificação imediata dos signos, passando com ligeireza da sua dimensão denotativa para a dimensão co-

notativa e ideológica só pode provocar um sorriso. Exemplos retirados a esmo de sítios diversos da crítica: A tensão entre as personagens exprime a temática geral da opressão. A abelha simboliza a imperfeição, embora a colmeia seja sempre apresentada como uma organização quase perfeita. Não se percebe como. A antinomia mel/fel por si só também nada explica. A abelha também significa fertilidade e labor. Os signos são todos ambivalentes. Finalmente a chuva como força destrutiva. Poderá ser, mas também é a chuva que lava e remove os detritos acumulados e protege do perigo das águas estagnadas. Uma boa chuvada lava tudo e tudo remove, tudo leva na enxurrada. Parece-me a mim que na obra do poeta de Sobre o Lado Esquerdo os signos são de uma outra ordem, quer de grandeza, quer de significação. São a meu ver essencialmente poéticos e testemunhas de uma perspectiva ontológica que justamente não se reduz ao esquematismo da representação social. Uma Abelha na Chuva exprime imediatamente a precari-

Manuel Afonso Costa

dade existencial, a fragilidade da utopia laboriosa, o império de realidades que não se esgotam nas análises sociológicas, economicistas ou não. Há uma frase de Rosana Cristina Zanelatto Santos que não posso deixar de fazer minha: Tudo o que é real dissolve - se na chuva. Isto a propósito, claro, deste livro. E cheguei talvez ao ponto mais sensível da minha análise: Logo que um autor de génio aprofunda a descrição, análise e compreensão da realidade, faz estilhaçar imediatamente os quadros mentais da estética neo-realista. Aconteceu assim com Vergílio Ferreira e aconteceu assim também com Carlos de Oliveira. O génio particular deste autor reside no facto de que ao contrário de Vergílio Ferreira ele não abandonou o solo de um realismo radical, e antes pelo contrário aprofundou-o através de uma poderosa lente microscópica, que lhe permitiu ver muito por debaixo da exterioridade das coisas, nos sedimentos subcutâneos ínfimos que sustentam a realidade. A verdade é que é aí nos alicerces dessas colunas que mergulham profundamente o subsolo, que deixam de se ver as formas conjunturais das pertenças sociais e começa a ver-se um pântano difuso e vago onde mergulha a condição humana, mais do que a condição social. É claro que Carlos de Oliveira deixa ver e mostra as duas, a macroscópica digamos assim e a microscópica. Então porque é que esta é mais importante e eu comprometo mais o autor a partir deste objectivo. Por uma razão muito simples, porque esta é que é a marca da sua originalidade. Porque esta é a dimensão que ele inventou. Porque o seu trabalho tanto poético como romanesco se realizou nesta aposta. E não foi fácil, sabe-se, tanto que só se realizou plenamente no seu último romance; ou seja em Finisterra; daí o valor simbólico desse texto notável. Finisterra é o auge de uma poderosa intuição estética que só se concretiza à beira da morte do escritor. Mas antes tarde que nunca. Por vezes é o contrário que acontece, logo na primeira obra o autor concretiza a intuição e o génio. Agora se percebe por que é que eu aconselho a ler o Carlos de Oliveira do fim para o princípio, tanto a poesia como a prosa. Por motivos que não vêm agora ao caso, foi o que aconteceu comigo. O primeiro texto em prosa em que eu descobri Carlos de Oliveira foi em Finisterra e o primeiro livro de poesia foi Entre Duas Memórias. Só depois li ou compreendi, tendo voltado a ler, o resto da sua obra. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


16 DESPORTO

hoje macau quinta-feira 28.1.2016

Algarvios históricos Taça da Liga Portimonense segue com Benfica para as ‘meias’

O

feito do Portimonense, primeira equipa do escalão secundário nas ‘meias’ da Taça da Liga de futebol, e a goleada do Benfica (6-1) na defesa do título marcaram esta terça-feira o arranque da derradeira ronda da fase de grupos. A vitória dos algarvios em Paços de Ferreira, por 3-2, afastou o Sporting da disputa do troféu, apesar do 1-0 a favor dos ‘leões’ em Arouca, ao passo que os ‘encarnados’ deixaram pelo caminho o Moreirense, em cujo terreno sobressaiu o argentino Gaitán, com dois golos, após mais de um mês afastado, por lesão. Só com vitórias no Grupo C, o emblema de Portimão tornou-se na primeira equipa da II Liga a qualificar-se para as meias-finais da prova, deixando pelo caminho dois clubes de primeira: os ‘leões’ e o Paços de Ferreira, adversário desta noite. Os algarvios até estiveram a perder por 2-0, com golos dos pacenses Roniel (6 minutos) e José Manuel (27), mas deram a volta, por intermédio de Fidelis (44),

ou Famalicão, uma vez que o FC Porto já está afastado da prova. O Sporting terminou esta terceira fase com seis pontos, contando com os três agora somados, no terreno do Arouca, onde venceu graças ao golo solitário do holandês Marvin Zeegelaar, aos 80 minutos.

MARÉ VERMELHA

Cícero (71), na própria baliza, e Fabrício (74). Assim, o Portimonense jogará o acesso à final frente a Marítimo

O Benfica, que terminou o Grupo B só com vitórias, defrontará o Sporting de Braga ou o Rio Ave. Pelo oitavo ano consecutivo nas meias-finais, os vencedores de seis das oito edições da prova golearam os ‘cónegos’, com o brasileiro Talisca em destaque, ao marcar três dos golos, aos 12 (de grande penalidade), 14 e 83 minutos. O argentino Nico Gaitán (20 e 90 minutos) e o mexicano Raul Jiménez (30) marcaram os outros golos do Benfica, que fez o pleno de vitórias, enquanto Iuri Medeiros (25) reduziu para o Moreirense, que terminou na terceira posição da ‘poule’, com quatro pontos, os mesmos do Nacional (segundo), e a cinco das ‘águias’.

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Aviso de recrutamento Pretende admitir, mediante contrato individual de trabalho, nos termos do “Novo Estatuto de Pessoal do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, homologado pelo Despacho n° 49/CE/2010, trabalhadores para os seguintes cargos: 1.

Um Técnico Superior de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de Jardinagem e Arborização, referência n°0101/DEVUSZVJ/2016) 2. Um Técnico de 2.ª classe, 1.º escalão (Área Administrativa, referência n°0201/DLA-SAL/2016) 3. Um Adjunto-técnico de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de gestão e protecção dos animais, referência n°0301/DPJSZVJ/2016) 4. Dois Operários qualificados, 3.º escalão (Área de electricista, referência n°0401/DEU-SCEU/2016) 5. Um Operário qualificado, 3.º escalão (Área de canalizador, referência n°0501/DOA-SCEU/2016) Documentos de candidatura: • Relativamente às condições, os documentos necessários e os pormenores do concurso, constantes do aviso, podem ser obtidos na página electrónica (http://www.iacm.gov.mo/p/recruit/) deste Instituto ou consultados nos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação; • Os respectivos boletins de candidatura deverão ser entregues no prazo de vinte dias, ou seja até ao dia 17 de Fevereiro de 2016, a contar do primeiro dia útil imediato ao da publicação do presente aviso; • Os interessados ao concurso obrigam-se a entregar pessoalmente o boletim de inscrição devidamente preenchido e assinado e os documentos referidos no aviso de concurso, no prazo acima referido e dentro das horas de expediente, nos seguintes Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação. Locais dos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação: Ø Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte – Rua Nova da Areia Preta, n° 52, Centro de Serviços da RAEM (Tel. 2847 1366) Ø Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas – Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n° 75 K (Tel. 2882 5252) Ø Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central – Rotunda de Carlos da Maia, nos.5 e 7, Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3º andar (Tel. 8291 7233) Ø Posto de Atendimento e Informação Central – Avenida da Praia Grande nos 762-804, China Plaza, 2° andar (Tel. 2833 7676) Ø Posto de Atendimento e Informação de T’oi Sán – Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, n° 127, r/c, Edf. D. Julieta Nobre de Carvalho, bloco “B” (Tel. 2823 2660) Ø Posto de Atendimento e Informação de S. Lourenço – Rua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4° andar (Tel. 2893 9006) Horário de expedicate: Centro de Prestação de Serviços ao Público: 2ª a 6ª feira, das 09:00 às 18:00 horas, sem interrupção ao almoço. Posto de Atendimento e Informação: 2ª a 6ª feira, das 09:00 às 19:00 horas, sem interrupção ao almoço. Macau, aos 21 de Janeiro de 2016. O Presidente do Conselho de Administração Vong Iao Lek

WWW. IACM.GOV.MO

TÉNIS ANUNCIADO INQUÉRITO SOBRE RESULTADOS COMBINADOS

As autoridades do ténis mundial anunciaram ontem a abertura de um inquérito independente para investigar os alegados resultados combinados e que envolveriam vários jogadores do ‘top-50’ mundial. Num comunicado conjunto, a Federação Internacional de Ténis (ITF), os circuitos masculino (ATP) e feminino (WTA) e o comité dos quatro torneios do ‘Grand Slam’ explicaram que o inquérito servirá para reforçar a integridade do jogo. As entidades pediram ainda aos governos de todo o mundo que criminalizem os resultados combinados. A 17 de Janeiro, na véspera do início do Open da Austrália, primeira prova do ‘Grand Slam’ da temporada, a BBC revelou que 16 tenistas que integraram o ‘top-50’ mundial na última década, incluindo vencedores de ‘majors’, estiveram envolvidos em jogos com resultados combinados.

OPEN DA AUSTRÁLIA ANDY MURRAY NAS MEIAS-FINAIS

O tenista britânico Andy Murray, número dois do ‘ranking’ mundial, qualificou-se ontem para as meias-finais do Open da Austrália, primeiro ‘Grand Slam’ da temporada. Murray, finalista em Melbourne em 2010, 2011, 2013 e 2015, superiorizou-se ao espanhol David Ferrer, em quatro ‘sets’, pelos parciais de 6-3, 6-7(5), 6-2 e 6-3, numa partida que durou três horas e 19 minutos. O britânico vai, assim, disputar a sua sexta meia-final em Melburne Park, onde nunca foi campeão.


17 (F)UTILIDADES

hoje macau quinta-feira 28.1.2016

TEMPO

C H U VA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

“VOLTA À TERRA” IN DOCLISBOA POR JOÃO PEDRO PLÁCIDO Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

? MIN

12

MAX

16

HUM

85-99%

EURO

8.73

BAHT

Sábado

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” Museu de Arte de Macau Entrada livre

Diariamente

O CARTOON STEPH DE

SUDOKU

HISTÓRIA NAVAL Arquivo Histórico de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA Museu de Arte de Macau Entrada a cinco patacas

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 18

PROBLEMA 19

UM LIVRO HOJE

Cineteatro

C I N E M A

THE BIG SHORT SALA 1

THE 5 WAVE [B] TH

SALA 3

Estava na Taipa, no outro dia, e senti-me mal. Estava longe do centro e, então, pensei em ir de metro ao hospital do Cotai. Mas, de repente, lembrei-me: caramba, aqui nem há hospital, nem metro. Existo há pouco mais de quatro anos e, recordo-me como se fosse hoje, dos casinos do Cotai que nasceram assim de repente, que nem ervas daninhas, em menos de dois anos. Pumba: é só querer e pronto. Uma vez que o novo hospital das ilhas é no mesmo sítio dos casinos, não percebo porque está a demorar tanto tempo. Desde que nasci que ouço as pessoas a falar do hospital. Desde que nasci que os ouço a falar do metro. Desde que nasci que nem um, nem outro estão sequer a meio. Não percebo isto. Fala-se destas duas obras há tanto tempo que, nos sonhos que desenrolaram na minha cabeça por causa da febre, alucinei: pensei que, dez anos depois, já tínhamos um hospital onde podíamos ir de metro. Tudo pela população, não é? Depois acordei para a realidade. A realidade é que vou morrer sem ver o novo hospital. E isto se tiver uma vida longa. Porque se tiver uma vida curtinha, amigos, nem o metro vou estrear. Porque é que demoramos tanto tempo a ter acesso a essas duas construções? Não sei. Não percebo isto. Pu Yi

“ISHMAEL” (DANIEL QUINN, 1992)

Este é um daqueles livros que pode mudar as nossas percepções. A história de um homem e de um gorila. Um homem que tinha o desejo secreto de mudar o mundo e um gorila que ao ganhar consciência de si próprio começa a deduzir e reflectir sobre a vida, tornando-se num estudioso de Ecologia, da vida, da liberdade e da condição humana. Um dia encontram-se por via de um anúncio de jornal que reza assim: “Professor procura aluno. Este deve ter o desejo sincero de salvar o mundo”. O professor é o gorila, o aluno o homem. Uma viagem socrática às raízes dos nossos preconceitos, numa reflexão sobre a forma de vida na Terra e onde se explora o maior problema enfrentado pela humanidade: como salvarmos o mundo de nós próprios. Há quem diga que existem livros que lemos antes de “Ishmael” e os livros lidos depois e é bem capaz de ser verdade. Fernando Eloy

THE BIG SHORT [C]

Filme de: J. Blakeson Com: Chloe Grace Moretz, Nick Robinson, Ron Livingston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Filme de: Adam Mckay Com: Christian Bale, Brad Pitt, Ryan Gosling, Steve Carell 14.30,16.45, 21.30

SALA 2

SALA 3

FALADO EM MANDARIN LEGENDADO EM CHINÊS E INGLES Filme de: Luo Lu Com: Shu Qi, Eddie Peng Yuyan, Hao Lei, Lynn Hung 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLES Filme de: Wilson Yip Wai Shun Com: Donnie Yen, Lynn Xiong, Max Zhang 19.30

THE LAST WOMAN STANDING

1.22

NÃO PERCEBO ISTO

“FADO CAMANÉ” IN DOCLISBOA POR BRUNO ALMEIDA Consulado de Portugal, 18h30 Entrada livre

EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” Casa Garden Entrada livre

YUAN

AQUI HÁ GATO

Sexta-feira

BIENAL DE DESIGN Museu da Transferência de Soberania Entrada livre

0.22

IP MAN 3 [C]

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18 OPINIÃO

hoje macau quinta-feira 28.1.2016

RUI TAVARES

in Público

OLIVIER LAURENCE, HAMLET

O pior de dois mundos

E

NTRE aqueles que assistem ao degradar do estado de direito democrático na Europa há muitos que perguntam: “então e a UE só persegue a Hungria (e agora a Polónia)? por que não andam atrás de outros estados-membros?” Isso nunca foi exactamente verdade. No passado, houve medidas e casos controversos com a França, a Itália e com a Áustria. Mas a partir de anteontem isto é ainda menos verdade. Nesta passada segunda-feira foi levado à Comissão das Liberdades do Parlamento Europeu (mais conhecida por LIBE) o caso da Dinamarca e das suas novas lei anti-refugiado, que obrigam os refugiados a entregar os seus bens pessoais que trouxerem consigo, até ficarem apenas com 1340 euros e, no máximo, alguma jóias de valor pessoal, como as alianças de casamento.

O debate em LIBE foi, como já antes nos casos húngaro e polaco, emotivo e inflamável, principalmente a partir do momento em que se descobriu que, além deste confisco, a Dinamarca também vai impedir os refugiados de pedirem uma reunificação familiar durante os primeiros três anos de asilo. De uma assentada, violam-se dois princípios da Convenção Europeia de Direitos Humanos: o direito à propriedade e o direito à vida familiar. Há quem negue à UE a possibilidade de fazer alguma coisa neste caso, uma vez que a Dinamarca tem uma derrogação especial em relação às políticas europeias de imigração, como tem em relação ao euro. A questão, no entanto, não está aí: o problema das novas

leis dinamarquesas está acima de tudo na violação de direitos das pessoas. Nenhum país pode entrar na UE sem respeitar os direitos humanos, de acordo com os critérios de adesão ironicamente baptizados com o nome da capital dinamarquesa, os “Critérios de Copenhaga”. Daí procede que um país da UE que viole direitos humanos de uma forma sistemática está a minar os pilares da União. O caso dinamarquês prova que estavam correctos os alertas lançados quando este processo de degradação começou na Hungria. Foi dito a tempo que a ausência de acção decisiva iria contaminar outros países europeus. Mas, na verdade, o caso dinamarquês não demonstra apenas a

“É que não só algo vai podre no reino da Dinamarca, como na União Europeia como um todo. E no outro lado do Atlântico também, onde Sarah Palin não só apoiou Donald Trump como decidiu apoiar a neta de Le Pen e compará-la a Joana d’Arc”

contaminação geográfica. Ele é também uma mutação do fenómeno. Os casos da Hungria e da Polónia foram, até agora, principalmente casos de violação dos princípios do estado de direito. O caso dinamarquês é mais profundo: violação do princípio do respeito pela dignidade humana. Estamos a chegar ao osso. Ao contrário do que se pensa, a União Europeia pode fazer muito num caso destes. Mas também um estado individual pode agir. Qualquer estado-membro da União pode levar outro a tribunal, sob o artigo 259TFUE, nomeadamente por violação dos valores da União. Até agora isto nunca foi feito, mas deveria ser tentado. É que não só algo vai podre no reino da Dinamarca, como na União Europeia como um todo. E no outro lado do Atlântico também, onde Sarah Palin não só apoiou Donald Trump como decidiu apoiar a neta de Le Pen e compará-la a Joana d’Arc. É o pior de dois mundos. Os racistas e xenófobos unem-se para lá de fronteiras. É altura de os defensores dos direitos humanos o fazerem.


19 hoje macau quinta-feira 28.1.2016

OPINIÃO

bairro do oriente

Vichyssoise (falando de frio...)

I Tem feito frio em Macau, por estes dias. Mais do que isso: um frio de rachar, e segundo os tipos que vá-se lá saber porquê andam a par destas coisas, este é “o Inverno mais frio dos últimos 60 anos”. Ou será dos últimos oitenta? Por mim podiam ser duzentos anos, e isso lá interessa? Mal me lembro do que foi o jantar ontem (ou se jantei, sequer, pensando bem), quanto mais do último Inverno tão ou mais frio que este. Sei que não temos tido frio q.b., e se há uma coisa que gosto, ou melhor dizendo, que não odeio no que toca ao clima aqui em Macau é o frio. Isso mesmo, a-do-ro o frio, e o Inverno, e os invernos frios. Quanto mais frios melhor. Imagino um Inverno tão frio, tão frio, que o simples facto de se andar na rua durante mais de dez minutos faria surgir uma pequena estalactite na ponta do nariz. Isto contando que não chova, é lógico, pois o que torna o Inverno de Macau tão especial em relação ao de Portugal, citando um exemplo familiar, é o facto de não chover. Ou pelo menos de não chover tanto, e já que toco nesse ponto, tem chovido amiúde, nestes dias em que fomos finalmente abençoados pela fada polar – razão têm os antigos: Macau já não é o que era. A chuva chateia, mas o que mais chateia não é a chuva em si, mas as pessoas à chuva. Porque carga de água se torna tão pertinente abrir um guarda-chuva quando a pluviosidade é tão insignificante que demoraria meia-hora ou mais para encher um simples penico? E o que leva as pessoas a andar por debaixo das varandas com o guarda-chuva aberto? Eu só recorro a esse objecto abjecto quando se torna mesmo impossível não o fazer. tipo, durante a “reprise” do dilúvio, estão a ver? Não me importo de andar debaixo de uns chuviscos, e pronto, helas, ficar um pouco molhado. Sem ofensa, mas se há coisa de que não tenho medo é água. Celebremos portanto o frio, enquanto podemos. Agora pode ser um transtorno na hora de levantar o rabo da cama de manhã, mas havemos de suspirar por ele quando em poucos meses andarmos com a roupa colada ao corpo, findo o Inverno e chegado o Inferno. II Por falar em coisas frias, lembrei-me agorinha mesmo da Vichyssoise, aquela sopa chocha feita com creme de vegetais, natas e ervas aromáticas, e que se serve... fria. Será que quero antes dizer...Gaspacho?!?! Chicas calientes, fiesta y feria, si, si, me gusta??? Não, isso é que era bom – Vichyssoise, que se como não bastasse o facto de ser tão deprimente como sopa, ainda requer uma consulta no dicionário “online” para saber como se escreve. A Vichyssoise entrou no vocabulário dos portugueses que se interessam mais por essas coisas da política por alturas dos finais do milénio passado, aquando das negociações entre dois figurões na altura cabeças-de-cartaz das duas maiores forças

ROLAND EMMERICH, THE DAY AFTER TOMORROW

LEOCARDO

partidárias com vista a uma coligação para enfrentar o Governo de então, mas que em nada deu, de tão fanfarrões que eram (e são) os personagens em questão, e na ementa do jantar do (des)acordo estava a tal Vichyssoise – pelo menos foi o que um deles nos deixou saber, o queixinhas. Entretanto o outro tornou-se no último

domingo o novo Presidente da República de Portugal, imaginem. Nem mais, e falo do mesmo que anos antes tinha atravessado parte do Tejo a nado no contexto de uma candidatura à Câmara Municipal de Lisboa, que perderia para um tal Sampaio, que por acaso se viria também a tornar PR. Fico com a ideia de que esta deve ser uma

“Sei que não temos tido frio q.b., e se há uma coisa que gosto, ou melhor dizendo, que não odeio no que toca ao clima aqui em Macau é o frio. Isso mesmo, a-do-ro o frio, e o Inverno, e os invernos frios. Quanto mais frios melhor”

das profissões em Portugal para a qual são exigidos menos atributos. RIP República. III Entretanto em Macau o Bispo foi afastado e substituído por outro que “não fala Português”, e “ai Jesus que afronta”, blá blá blá, balelas. Foram alegados “motivos de saúde”, para a substituição do clérigo. Preocupante. Será a mesma “doença” de que padecem um certo Procurador e um certo ex-secretário-adjunto, e cujo sintoma mais evidente é o “súbito desaparecimento”, acompanhado de “repentina falta de protagonismo”? Será que estamos na presença de uma epidemia? E pior que isso, será que se pega? Habemos o caldo entornado. Amén.


a marca da esteira tatua as costas, / segue-nos como sombra / uma pele que se alheou de nós”

Rui Cascais

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PORTUGAL CINCO CASOS DE VÍRUS ZIKA CONFIRMADOS

Portugal registou cinco casos de vírus Zika, transmitido por picada de mosquitos infectados e associado a complicações neurológicas e malformações em fetos, todos eles importados do Brasil, segundo fonte do instituto que realiza as análises. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), que faz o diagnóstico de doença por vírus Zika, os cinco casos detectados em Portugal referem-se a cidadãos que contraíram a infecção quando estavam no Brasil, tratando-se, portanto, de casos importados. O vírus Zika é transmitido aos seres humanos por picada de mosquitos infectados, não se transmitindo de pessoa para pessoa.

Dúvidas metódicas

Hong Kong Secretário questiona sequestro de livreiro

O

secretário para a segurança de Hong Kong afirmou ontem aos deputados no Conselho Legislativo que era demasiado cedo para dizer se o livreiro desaparecido desde Dezembro foi levado ilegalmente para a China pela polícia chinesa. O livreiro Lee Bo, funcionário da Causeway Bay Books e da editora Mighty Current, especializada na edição e venda de livros críticos do regime chinês, é um dos cinco editores

estabelecidos em Hong Kong que desapareceram no final do ano passado. Lee Bo foi visto em Chai Wan (Hong Kong) a 20 de Dezembro e as autoridades do interior da China informaram na semana passada a polícia da antiga colónia britânica de que ele se encontrava no interior da China. O secretário para a segurança de Hong Kong, Lai Tung-kwok, instou a população a não concluir que Lee Bo tinha sido sequestrado apenas com base num comentário publicado no jornal chinês Global Times que tinha sugerido que “agentes de segurança poderosos” tinham formas de contornar as leis locais, escreve a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK). Numa sessão de perguntas e respostas do Conselho Legislativo, o secretário para a Segurança disse que o governo local está a acompanhar um pedido da polícia de Hong Kong para um encontro com Lee. Este e outros quatro livreiros estabelecidos em Hong Kong desapareceram nos últimos meses. Lee e Gui Minhua foram ambos confirmados no interior da China. Os paradeiros dos restantes três indivíduos continuavam desconhecidos à data.

quinta-feira 28.1.2016


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