JOGO | SANDS
ADEUS, LAS VEGAS GRANDE PLANO
TNR
TOCA A SUBTRAIR PÁGINA 5
HONG KONG | FRONTEIRAS
IFFAM | PROJECT MARKET
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EVENTOS
ABRIR DEVAGAR
OS 14 ELEITOS
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QUARTA-FEIRA 28 DE OUTUBRO DE 2020 • ANO XX • Nº4639
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
Cortar na gordura As quebras nas receitas do jogo vão obrigar a um corte nos subsídios atribuídos pela Fundação Macau às associações locais. A conclusão foi apresentada por Mak Soi Kun, após uma reunião entre membros do Governo e a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças da AL, a que preside. O deputado salientou as diferenças sociais entre uma creche e uma prova de vinhos para justificar as escolhas de financiamento que terão de ser feitas e condenou os desperdícios de recursos em jantares com mesas vazias. PÁGINA 4
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DITADURA DO PREFIXO NUNO MIGUEL GUEDES
A VER O MAR E COMBOIOS
JOÃO PAULO COTRIM
2 grande plano
28.10.2020 quarta-feira
SAINDO DE SHELDON ADELSON PODE COLOCAR À VENDA CASINOS DO NEVADA
Num negócio que pode chegar aos 6 mil milhões de dólares, a Las Vegas Sands pode estar perto de abandonar a mítica capital de Nevada para se focar no mercado asiático. Las Vegas já representava apenas 15 por cento das receitas do grupo, o que pode justificar a venda. Analistas ouvidos pelo HM encaram a saída de Las Vegas como o reconhecimento da importância de Macau e da potencialidade do mercado asiático para o futuro do grupo
A
LÉM dos clarões de luzes que iluminam o Strip, imagens mais emblemáticas de Las Vegas incluem os cartazes que anunciam a saída da cidade nascida no deserto do Nevada. Esse sinal pode indicar o caminho do grupo Las Vegas Sands Corp., que segundo uma notícia avançada ontem pela agência Bloomberg, pode estar a abandonar a capital do Nevada. Um representante da Las Vegas Sands confirmou à Bloomberg que o grupo estaria na fase inicial da discussão sobre a possível venda, mas que nada estaria finalizado. Dessa forma, o império de Sheldon Adelson teria como foco o mercado asiático, com a venda dos activos que detém na capital do Nevada, nomeadamente o Venetian Resort Las Vegas, o Palazzo e o Sands Expo Convention Center,
que estão todas num local muito apetecível no mundo do jogo: o Strip. As fontes da agência noticiosa adiantam que no total, a alienação deste património pode resultar na entrada de mais de 6 mil milhões de dólares nos cofres do grupo liderado por um dos homens mais ricos do mundo – estima-se que a fortuna de Adelson seja de cerca de 29,7 mil milhões de dólares. Albano Martins não adianta, peremptoriamente, uma explicação para a possível saída do mercado norte-americano, por estarem demasiadas variáveis em jogo. “Negócios de bilionários ou multibilionários são sempre difíceis de perceber. Neste caso, um dos problemas é perceber se o mercado de Las Vegas já deu o que tinha a dar, ou se a decisão de sair foi tomada por questões de
“Um dos problemas é perceber se o mercado de Las Vegas já deu o que tinha a dar, ou se a decisão de sair foi tomada por questões de natureza política.”
GONÇALO LOBO PINHEIRO
JOGO
ALBANO MARTINS ECONOMISTA
natureza política”, analisa Albano Martins. O economista destaca o envolvimento de Adelson com Donald Trump como um factor negativo na região onde o grupo tem a larga maioria dos seus interesses financeiros. Importa recordar que Adelson, além de ser um histórico doador de fundos para políticos do partido republicano norte-americano, foi amplamente generoso com a campanha que terminou com Trump na Casa Branca e, mais recentemente voltou a contribuir para o financiamento da corrida
eleitoral do Presidente para mais quatro anos na Casa Branca. O analista Ben Lee, em declarações à Bloomberg, aponta ao “insignificante crescimento do mercado norte-americano” como uma oportunidade para o grupo se “despachar das propriedades nos Estados Unidos”, também “porque representam 15 por cento das receitas, mas 80 por cento fardo regulamentar que o grupo suporta”.
FUTURO A ORIENTE
A retoma económica na Ásia, com o aumento das receitas, foi um dos resultados operacionais que animou o terceiro trimestre do grupo, facto reconhecido por Adelson no relatório divulgado pelo grupo. "Os resultados do terceiro trimestre não são representativos da actual trajectória da operação, dado que a emissão de vistos só foi retomada em todas
as províncias da China quase no final de Setembro. Desde então, as fases iniciais da recuperação têm sido muito encorajadoras", afirmou Sheldon Adelson. "Na 'semana dourada' de Outubro, assistimos a uma significativa recuperação em diferentes segmentos das nossas operações em Macau", acrescentou o responsável. A Marina Bay Sands, em Singapura, também conseguiu resultados animadores para o grupo Em princípio, a venda dos activos em Las Vegas não deve ser movida por falta de liquidez. É a leitura que Albano Martins faz da “jogada” do magnata norte-americano, apesar de não descartar totalmente a hipótese. “A Ásia é a área de crescimento económico neste século, apesar
Desde segunda-feira até ontem, depois da notícia da Bloomberg, as acções do grupo dispararam em flecha na bolsa de Nova Iorque, com uma valorização máxima de 12 por cento, que se fixou em 3,1 por cento no fecho do mercado
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quarta-feira 28.10.2020
LAS VEGAS da covid-19, portanto, é natural que queiram aumentar a influência aqui”, comenta. Neste aspecto, importa recordar que, no início do ano, a Sands desistiu da construção de um casino no Japão devido a condições descritas como “desfavoráveis” à fixação no mercado nipónico. O encaixe financeiro da venda dos activos em Las Vegas pode-
ria servir para financiar outros projectos, como por exemplo a construção de um edifício em Nova Iorque, algo que Sheldon Adelson já comentou em diversas ocasiões.
REACÇÃO EM CADEIA
Entretanto, desde segunda-feira até ontem, depois da notícia da Bloomberg, as acções do grupo dispararam em flecha na bolsa de
Nova Iorque, com uma valorização máxima de 12 por cento, que se fixou em 3,1 por cento no fecho do mercado. A dimensão financeira pode ser outra das dimensões da estratégia da Sands. “Não me chocaria, absolutamente nada, se houvesse um reposicionamento das acções e dos activos que estão na bolsa de valores de Nova Iorque”, perspectivou o advogado especialista em jogo, Carlos Lobo. O jurista refere que, num contexto financeiro em que se tornou comum as empresas lançarem ofertas públicas iniciais, algo que a Sands China não pode fazer por já estar cotada na bolsa de Hong Kong, encara como possível o “reposicionamento financeiro” do grupo para mercados onde opera. A realidade das receitas residuais do grupo em Las Vegas agigantou-se com a crise trazida pela pandemia, incluindo no negócio das convenções. Sem haver uma ideia de quem poderá ser o eventual comprador dos casinos da Las Vegas Sands, uma coisa é certa: há mais de meio século que o local onde está situado o Venetian faz parte do imaginário da cidade. O icónico Sands Hotel and Casino teve entre proprietários gangsters famosos e figuras da cultura pop norte-americana, como
Para Carlos Lobo, a venda dos activos do grupo nos Estados Unidos é reveladora do posicionamento da Sands: “É o reconhecimento e a demonstração que Macau tem um peso enorme no grupo”
Meyer Lansky e Frank Sinatra. Foi também paradeiro habitual de figuras como Dean Martin, Jerry Lewis, Sammy Davis Jr e Howard Hughes, o último proprietário antes de Sheldon Adelson.
CONCESSÕES NO HORIZONTE
Para Carlos Lobo, a venda dos activos do grupo nos Estados Unidos é reveladora do posicionamento da Sands. “É o reconhecimento e a demonstração que Macau tem um peso enorme no grupo”, comenta. Quanto à venda das propriedades em Las Vegas, o jurista entende que este é o momento apropriado para vender os activos no Nevada “e focar as operações na Ásia, tem lógica, É um acto declaradamente estratégico no sentido de dizer ‘Macau e Singapura é que importam, é onde está o crescimento futuro. Portanto, vamos é para
lá’. Obviamente, é uma aposta no mercado da China e no crescimento desse mercado.” Outra leitura que se pode depreender da saída da Sands de Las Vegas é o optimismo do grupo na revalidação da concessão de jogo em Macau. Albano Martins acha que só se um grupo “chatear” muito a China perderá a licença para explorar o jogo em Macau. “É muito complicado separar zonas de jogo que ficam para o Governo, é muito difícil tecnicamente de operar. Só iria gerar confusão no mercado. Não acredito que consigam dar a volta a isso a tempo de esta nova concessão. O economista alarga a sua previsão até 2049, até quando as actuais concessionárias devem manter licenças para operar. No ano passado, os casinos de Macau geraram 63 por cento das receitas do grupo, com Singapura a ocupar o segundo lugar com 22 por cento dos ganhos da Sands. As receitas da Sands China caíram 92,1 por cento para 167 milhões de dólares no terceiro trimestre deste ano, comparativamente a igual período de 2019. Os prejuízos líquidos foram de 562 milhões de dólares, quando no terceiro trimestre do ano passado os casinos em Macau da operadora registaram resultados líquidos de 454 milhões de dólares. Já as perdas em termos de EBITDA (lucros antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) atingiram os 233 milhões de dólares, comparativamente aos 755 milhões de dólares registados no período homólogo de 2019, de acordo com os resultados financeiros da companhia Las Vegas Sands, comunicados à bolsa de valores de Hong Kong. João Luz com agências info@hojemacau.com.mo
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28.10.2020 quarta-feira
FUNDAÇÃO MACAU ASSEMBLEIA LEGISLATIVA ALERTA ASSOCIAÇÕES PARA ÉPOCA DE CORTES
Acabou-se o marisco RÓMULO SANTOS
O deputado Mak Soi Kun denunciou os desperdícios dos subsídios da Fundação Macau e criticou as associações que fazem jantares com mesas vazias. Nos primeiros nove meses, a fundação registou perdas de quase 7 mil milhões de patacas
O
presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun, avisou que a quebra nas receitas do jogo vai levar a Fundação Macau a cortar nos subsídios às associações. As declarações foram prestadas após uma reunião com membros do Governo para analisar a utilização de dinheiro da fundação liderada por Wu Zhiliang. Face a este cenário, o deputado apontou que terá de haver escolhas e que certos eventos, que até aqui eram financiados, podem simplesmente deixar de receber qualquer comparticipação. “Por exemplo, uma actividade de degustação de vinhos tem um carácter diferente do financiamento para uma creche. Nestes dois projectos, sabemos que há um valor social diferente. E as regras [da Fundação Macau], que no futuro vão ser mais apertadas
e rigorosas, vão ter em conta esse aspecto”, afirmou Mak Soi Kun. O deputado apelou ainda contra os desperdícios nos apoios da Fundação Macau, apresentando dois exemplos. Num primeiro caso, o deputado referiu que não faz sen-
Emprego Ella Lei quer formação para a indústria financeira “Como vai garantir a prioridade dos residentes no acesso ao emprego?”, questionou Ella Lei em interpelação escrita. A pergunta não é nova, mas desta vez foca-se na indústria financeira. A deputada frisou que com a subida do desemprego e do subemprego, os residentes esperam que o Governo adopte mais medidas para proteger o emprego dos cidadãos locais. Ella Lei sublinhou que nos últimos anos Macau se focou no desenvolvimento da indústria financeira, dando o exemplo da criação de um centro de liquidação RMB, para apontar
tido as associações organizarem palestras com oradores vindos de fora, se estes apenas fizerem discursos de 20 a 30 minutos. Segundo Mak Soi Kun, uma intervenção tão curta não justifica que a viagem seja paga, assim como a estadia.
Apesar de não ter conseguido ler os números, que considerou “complicados”, Mak Soi Kun apontou que vai haver um mecanismo para fazer um balanço da “eficiência” dos apoios da Fundação Macau
que o sector vai precisar de recursos humanos. Assim, defendeu que “Macau deve formar pessoal local para se juntar à indústria”. Por outro lado, descreveu que em Junho deste ano o número de trabalhadores estrangeiros na indústria financeira era 1.036, dos quais 724 não eram profissionais especializados, e que as autorizações de trabalhadores não residentes tinham aumentado. “Os alunos graduados devem ser qualificados para assumir as posições relevantes depois de formação adequada”, defendeu.
A
proposta de alteração à lei de bases de segurança interna começou ontem a ser discutida na especialidade pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) e, de acordo com o seu presidente, Chan Chak Mo, a possibilidade de rever o diploma a fundo é um cenário que irá depender apenas da vontade do Governo. Isto, os artigos sobre os critérios que permitem barrar a entrada de pessoas ao chegar a Macau não foram discutidos durante a reunião.
No segundo exemplo, apontou aos jantares das associações que não preenchem todos os lugares nos restaurantes: “No passado havia associações que tinham encontros de confraternização [financiados pela Fundação Macau], e durante o jantar as mesas não estavam todas cheias. Isso era um desperdício de recursos”, considerou.
João Santos Filipe (com N.W.)
RECEITAS EM QUEBRA
Na reunião foram ainda apresentadas as contas da Fundação Macau, que entre Janeiro e 30 de Setembro
Até à próxima
Preocupação sobre entradas barradas é questão colocada “a nível pessoal”
“Não houve discussão, mas houve um deputado que propôs a possibilidade de alterar toda a lei de bases, por exemplo quanto ao impedimento de entrada nas fronteiras. Como essa possibilidade não foi discutida cabe ao Governo fazer essa alteração, se for necessário. A questão foi colocada a nível pessoal, durante a reunião, por um dos deputados”, frisou Chan Chak Mo.
deste ano registou perdas de 6,82 mil milhões de patacas. Neste período houve uma quebra nas receitas de 72 por cento, passando de 4,03 mil milhões de patacas para 1,13 mil milhões de patacas. Já as despesas, foram de cerca de 8,1 mil milhões de patacas, que se dividem em despesas correntes de 1,23 mil milhões de patacas e ainda 6,87 mil milhões de patacas do total dos 10 mil milhões do Fundo de Apoio ao Combate à Epidemia. Apesar de não ter conseguido ler os números, que considerou “complicados”, Mak Soi Kun apontou que no futuro vai haver um mecanismo para fazer um balanço da “eficiência” dos apoios cedidos pela Fundação Macau. O trabalho de avaliação sobre o sucesso dos projectos financiados nunca foi feito desde 2001, altura em que a fundação foi criada. “O representante da Fundação Macau disse-nos que desde 2001, e até ao momento, não foi feito nenhum trabalho de avaliação de eficiência do financiamento. Disse também que é um trabalho que deve ser reflectido e que merece ser feito”, indicou. A mesma reunião serviu ainda para discutir a integração dos fundos de desenvolvimento educativo, fundo do ensino superior e fundo de acção escolar. Também neste aspecto, os deputados exigiram um maior rigor e supervisão.
Aprovada na generalidade no passado dia 16 de Outubro, a proposta do Governo tem como objectivo principal articular com o novo Regime da Protecção Civil, através de ligeiras modificações, tais como a alteração da designação de alguns serviços públicos, actualização das competências e transferência do comando das operações para o secretário para
a Segurança, quando anteriormente essa responsabilidade era do comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários (SPU).
SINAIS DO TEMPO
Recorde-se que o diploma aprovado na generalidade mereceu os votos contra de Sulu Sou, Ng Kuok Cheong e Au Kam San, por não ser claro quanto aos critérios que permitem barrar a entrada de pessoas nas fronteiras. Dirigindo-se na altura a Wong Sio Chak, Sulu Sou apontou que se perdeu uma oportunidade para rever, a fundo, um
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diploma criado há 18 anos, que tem vindo a ser utilizado para impedir a entrada em Macau de activistas, jornalistas, académicos, juristas e escritores. No mesmo dia, o deputado vincou ainda que, enquanto não for revista, a lei vai continuar a ser alvo da comunidade internacional. Em resposta, o secretário para a Segurança garantiu que Macau segue as práticas internacionais quando a polícia não indica as razões concretas que estão por trás das interdições de entrada. P.A.
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quarta-feira 28.10.2020
DSAL MACAU PERDEU 11.801 TNR DESDE JANEIRO ATÉ SETEMBRO
JUSTIÇA TSI DECIDIU QUE UM TRABALHADOR FOI DESPEDIDO SEM JUSTA CAUSA
O
Tribunal de Segunda Instância (TSI) decidiu que uma associação despediu um trabalhador sem justa causa, havendo lugar a indemnização. Depois de cerca de oito anos de serviço, o médico foi despedido sem lhe ser dada explicação. De acordo com um comunicado do gabinete do presidente do Tribunal de Última Instância, o trabalhador apresentou queixa junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais por falta do pagamento de indemnização de antiguidade por despedimento sem justa causa. O Tribunal Judicial de Bases condenou a associação a uma multa de 7.500 patacas por uma contravenção, bem como ao pagamento de uma indemnização de 187.000 patacas ao trabalhador. A decisão motivou um recurso da associação para o TSI. Nesta instância, considerou-se que houve um erro na apreciação das provas, e que o empregador alegou ter cessado o contrato por o trabalhador ter cometido erros várias vezes. Mas este factor não teve influência na decisão. O TSI entendeu que o importante era se o fim da relação laboral seguiu as regras, e não a explicação oral do recorrente. Sem a notificação da explicação, o despedimento era considerado injustificado. Assim, o tribunal decidiu manter a contravenção. Como o empregador tinha pago um mês de salário de compensação, o TSI permitiu o desconto de 33.800 patacas no pagamento da indemnização. S.F.
U
M estudo da Associação dos Jovens de Macau de Jiangmen, que analisou o emprego dos jovens durante a pandemia, revela que mais de 90 por cento dos inquiridos concorda com as medidas impostas pelas empresas para responder à crise. As licenças sem vencimento ocupam 37 por cento dos casos, enquanto que a concessão de férias pagas aos trabalhadores ocupa 12 por cento. Os casos em que os patrões pediram aos seus trabalhadores para gozarem dias de férias do próximo ano representaram 35 por cento. Aassociação entrevistou empregados, residentes de Macau, com idades compreendidas entre os 18 e os 45 anos, em 607 inquéritos válidos. Os entrevistados com salários acima das 20 mil patacas mensais
Há ir e não voltar
Entre Janeiro e Setembro, Macau perdeu 11.801 trabalhadores não residentes, havendo actualmente 181.697 a viver no território. Só o sector hoteleiro conta agora com menos 7.400 bluecards. Entretanto, sessões de apoio da DSAL resultaram na contratação de 170 residentes
quanto à proveniência, o Interior da China continua a ser o principal “fornecedor” de mão-de-obra importada de Macau, sendo naturalmente onde se registaram também as maiores quebras. Assim sendo, dos actuais 181.697 TNR em Macau, 114.594 são da China, 31.673 das Filipinas e 12.708 do Vietname, com a maioria a trabalhar em hotéis, restaurantes e similares (47.497) e na construção (27.451). Recorde-se que, desde Março, está em vigor a medida que proíbe a entrada de estrangeiros em Macau.
EQUILIBRAR A BALANÇA
A descida mais acentuada registou-se no ramo dos “hotéis, restaurantes e similares” que, entre Janeiro e Setembro, perdeu, no total, 7.410 bluecards
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E acordo com o relatório mensal da Direcção dos Serviços para osAssuntos Laborais (DSAL), Macau contava até ao final de Setembro com 181.697 trabalhadores não residentes (TNR), ou seja, menos 11.801 relativamente a Janeiro, altura em que estavam em Macau 193.498 trabalhadores com bluecard. Segundo os dados publicados ontem pela DSAL e divulgados pela TDM-Rádio Macau, a descida mais acentuada registou-se no ramo dos “hotéis, restaurantes
e similares” que, entre Janeiro e Setembro, perdeu, no total, 7.410 bluecards, contando agora com 47.497 trabalhadores. Quanto ao número de empregados domésticos, no final de Setembro existiam 29.218, representando uma queda de 1705 relativamente desde o início do ano. A perda de TNR foi sentida também noutros ramos, como as “actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços” (menos 1.268), “comércio por grosso e a retalho” (menos 990), “transportes, armazenagem e comunicações” (menos 897),
Resignação covid-19 37% dos jovens esteve em licença sem vencimento
“indústrias transformadoras” (menos 454) e “actividades imobiárias e serviços prestados às empresas” (menos 429). Em sentido contrário registou-se um aumento no número de TNR nos sectores da “construção” (mais 1335), “saúde e acção social (mais 110) e “actividades Financeiras” (mais 13). Contas feitas, em termos anuais, no final de Setembro, o número de TNR era de 181.697, menos 11.773 relativamente a Setembro de 2019, altura em que estavam 193.470 TNR no território.Afunilando a análise
representam 44 por cento dos inquiridos, enquanto 53 por cento disse ganhar menos de 20 mil patacas. Os que ganham menos de 20 mil patacas afirmaram sentir mais stress devido à nova situação económica em comparação com os inquiridos que ganham acima desse valor. Os trabalhadores em regime freelance e da construção civil apresentaram maiores níveis de stress, com uma média de 3 pontos de 0 a 5.
MELHORAR CARTÃO DE CONSUMO
A nível das condições de trabalho, os aspectos negativos apontados são os salários (25 por cento) e sistema de promoção na empresa (18 por cento). Quanto aos aspectos positivos, foram destacados a carga de trabalho, comunicação e relação com colegas. Além disso, 70 por cento espera que a sua empresa
Através de um comunicado divulgado ontem, a DSAL revelou também que, no total, 170 residentes conseguiram emprego após participarem nas oito sessões de apoio ao emprego promovidas pelo organismo entre 3 de Setembro e 8 de Outubro. “Foram registados um total de 400 participantes, dos quais 170 foram contratados através da entrevista in loco, representando uma taxa de sucesso de 42,5 por cento”, pode ler-se numa nota oficial. Segundo a DSAL, das profissões fazem parte empregados administrativos, recepcionistas de hotéis, vendedores, empregados de mesa, consultores de beleza, cozinheiros, seguranças, empregados de limpeza, auxiliares de construção civil, entre outros. Adicionalmente, o organismo refere que a remuneração das profissões “está em conformidade com o nível do mercado de trabalho” e que, durante as sessões, foi ainda prestado aconselhamento sobre técnicas de entrevista e enviado pessoal para fiscalizar as entrevistas, a fim de dar apoio na procura de emprego aos candidatos que pretendem trabalhar naquelas profissões. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
implemente flexibilidade de horários. Quanto às medidas de apoio implementadas pelo Governo, 82 por cento disse que a distribuição de 15 mil patacas aos profissionais liberais foi o maior apoio, enquanto que o cartão de consumo recebeu 61 por cento das respostas. Ainda assim, os inquiridos apontam críticas, uma vez que 45 por cento considera que a medida do cartão de consumo precisa de ser melhorada no que diz respeito ao período de utilização, emquanto 44 por cento pede mudanças no subsídio de desemprego. Apenas 16 por cento dos entrevistados afirmaram que a formação subsidiada pelo Governo deu apoio na procura e valorização de emprego. A.S.S. / N.W.
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28.10.2020 quarta-feira
IAS REGISTADOS 34 CASOS DE VÍCIO DE JOGO NO PRIMEIRO SEMESTRE TIAGO ALCÂNTARA
Mudar de rumo
Na primeira metade do ano houve menos pedidos de ajuda por indivíduos afectados pelo vício do jogo, e foram também menos os casos de jogadores com dívidas. Embora a percentagem de casos ligeiros tenha aumentado, os de grau elevado desceram para 17,24 por cento
A
Mulheres Associação entende que urbanismo pode evitar abuso sexual
Cheong Leng Leng, secretária-geral da Associação Geral das Mulheres, defendeu que as mulheres devem participar activamente no planeamento urbano, para contribuir para a eliminação de pontos cegos em locais públicos e evitar crimes de natureza sexual. A posição foi defendida em declarações ao Jornal do Cidadão, num artigo em que a dirigente argumenta pela igualdade de género nas tomadas de posição e na atribuição de habitação.
Casa de Vontade Firme do Instituto de Acção Social (IAS) registou 34 casos de pessoas afectadas pela dependência do jogo entre Janeiro e Junho deste ano. É uma descida de 44,3 por cento, comparativamente ao mesmo período de 2019, em que tinham pedido ajuda 61 pessoas. Desde 2011 que não se registava uma percentagem tão baixa dos jogadores sinalizados com dívidas. Os dados do IAS revelam que no primeiro semestre do ano, 55,88 por cento dos casos envolviam pessoas com
dívidas. No mesmo período do ano passado, a percentagem de pessoas nesta situação era de 75,41 por cento. O quadro com os dados de Janeiro a Junho de 2020 mostra que, de entre os endividados, 5,26 por cento tinha entre 250 mil e 500 mil patacas por liquidar, e cerca de 47 por cento devia montantes entre as 100 mil e as 250 mil patacas. Mais de um quinto das pessoas que pediram ajuda gastaram em média entre 10 mil e 50 mil patacas por mês no jogo. Uma percentagem que aumentou comparativamente ao ano passado, tal como a de
PUB
quem gastou entre cinco a 10 mil patacas. Importa referir que o volume de pessoas que recorreram ao jogo principalmente para desanuviar foi de 20,27 por cento. Por outro lado, a percentagem de quem o faz para a resolução de problemas financeiros bai-
O volume de pessoas que recorreram ao jogo principalmente para desanuviar foi de 20,27 por cento
Edital (28/FGCL/2020) Nos dos pedidos: 225/2016, 228/2016, 230/2016, 232/2016, 233/2016, 234/2016, 236/2016, 237/2016, 241/2016, 242/2016, 243/2016, 244/2016, 245/2016
Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos pedidos acima referidos, “WING CHI (INTERNACIONAL) LIMITADA”, com sede na Rua Cidade de Sintra, Wynn Macau, Casino Wynn Macau, Macau, o seguinte: Relativamente aos 13 ex-trabalhadores (Kuok Chi Chong, Chen Ningning, Lai Man I, Wong Lai Kuan, Sio Meng Fong, Fong Fan Nao, Pong Sou Ang, Sun Lai Kuan, Ho Tai Seng, Cheong Kai Fong, Ao Kin Hou, Lam Ka Chong e O In Hong), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo para pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 28 de Agosto de 2020, deliberou, nos termos do artigo 6.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa aos ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $2 223 847,40 (Dois milhões duzentas e vinte e três mil, oitocentas e quarenta e sete patacas e quarenta avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento do adiantamento para aquele ex-trabalhadora, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.º da referida Lei, após efectuado o pagamento do adiantamento, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 22 de Outubro de 2020 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong
xou a fasquia dos 20 por cento, enquanto 16,22 por cento joga por entretenimento. Sobressai a quantidade de casos de residentes envolvidos – mais de 97 por cento dos indivíduos tinha bilhete de identidade da RAEM. É o volume mais alto de entre os anos apresentados nesta tabela do registo central, com dados desde 2011. Também aumentou de 10 para 26,47 por cento a percentagem de indivíduos que reside em Macau entre dez a vinte anos. Cerca de 70 por cento dos casos reportados na primeira metade deste ano são homens. A faixa etária entre os 30 e os 39 anos foi a que mais procurou ajuda junto do IAS devido à dependência do jogo. As informações disponibilizadas dão ainda a conhecer que comparativamente ao cômputo geral de 2019 há mais menores de idade a procurar apoio, num volume de 2,94 por cento.
MENOS CASOS GRAVES
Dos 34 jogadores sinalizados pelo IAS, verifica-se uma quebra da percentagem de casos graves de distúrbio do jogo – tanto em comparação com o período homólogo de 2019 como com o ano passado no geral – para 17,24 por cento. Por outro lado, os casos de vício do jogo de grau ligeiro aumentaram, assim como os de grau moderado. São visíveis mudanças em relação à situação de trabalho dos jogadores. Cerca de 20,6 por cento eram estudantes, domésticos ou aposentados, um volume maior do que os 8,18 por cento do ano passado. A subida destas situações foi acompanhada da descida para 67,65 por cento de quem está empregado. O bacará manteve-se como o jogo mais popular, sendo o preferido de metade dos indivíduos. Foi seguido pelas máquinas de póquer, cuja utilização aumentou para 11,36 por cento. As apostas no futebol e basquetebol surgem depois, bem como o Sic Po Cussec, que perdeu popularidade. Salomé Fernandes
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TSI SS CONDENADOS A PAGAR 1,5 MILHÕES POR MORTE DE PACIENTE
O
Tribunal de Segunda Instância (TSI) manteve a decisão de condenar os Serviços de Saúde (SS) ao pagamento de uma indemnização superior a 1,5 milhões de patacas pela morte de um homem de 71 anos, submetido a três cirurgias. A informação consta de um acordão do TSI
divulgado ontem pela TDM-Rádio Macau. O caso remonta a 2012, altura em que o homem foi submetido a uma cirurgia Whipple laparoscópica (menos evasiva) no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), depois de ter sido diagnosticado cancro das vias biliares.
Após complicações, os médicos decidiram realizar mais duas operações da mesma natureza, no espaço de dois dias. Contudo, apesar de ter recuperado a consciência e apresentar sinais vitais estáveis, o homem viria a morrer 20 dias depois da terceira operação.
Após analisar o caso, o Tribunal Administrativo deu como provado o nexo de causalidade entre a morte do paciente e a realização sucessiva de três laparoscopias. Isto porque, se no primeiro caso a técnica foi considerada adequada, nas duas interveções seguintes a técnica foi a “opção
menos adequada” devido às hemorragias. De acordo com o recurso apresentado pelos SS ao TSI, a morte do paciente “terá sido uma consequência directa do tipo de cancro diagnosticado” e que a cirurgia alternativa poderia ter agravado ainda mais a condição do doente.
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quarta-feira 28.10.2020
DSEC Mais 76 espaços de restauração em 2019 tos similares, incluindo espaços de restauração em mercados. Quanto aos trabalhadores deste sector, contabilizaram-se 34.034 pessoas, mais 4,1 por cento em relação a 2018. Já as despesas, foram de 11,88 mil milhões de patacas, mais 3,4
A partir de Novembro, os residentes de Hong Kong que pretendam voltar ao território a partir do Interior da China estão dispensados de fazer quarentena. A novidade foi avançada por Carrie Lam, no mesmo dia em que confirmou que a “bolha de viagem” com Singapura deverá avançar também no próximo mês
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ODE muito bem ser um primeiro sinal de que estão para breve mais medidas de relaxamento nas fronteiras de Hong Kong. A partir de Novembro, os residentes de Hong Kong que estejam no Interior da China, estão dispensados da realização de quarentena de 14 dias aquando do regresso ao território. A medida foi anunciada ontem por Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, avançou o South China Morning Post (SCMP). Em declarações proferidas antes de uma reunião semanal do Conselho Executivo, Carrie Lam referiu ainda que, apesar da entrada em vigor da isenção, o número de entradas estará sujeito a um sistema de quotas dado que apenas dois postos fronteiriços estão actualmente em funcionamento.
por cento. Os dados da DSEC mostram ainda que o valor acrescentado bruto, que reflecte o contributo económico do sector, foi de 4,67 mil milhões de patacas, um crescimento de 8,7 por cento em termos anuais.
SS Medicamento para a rinite vai ser recolhido Os Serviços de Saúde (SS) solicitaram a retirada de um lote de medicamentos para a rinite fabricados no Vietname da marca “Witt Cestasin Capsules”. “Os SS detectaram que os limites microbianos do
medicamento prescrito “Witt Cestasin Capsules” com o lote n.º 1010319 ultrapassam os critérios farmacológicos fixados”, pode ler-se num comunicado divulgado ontem. Dado que o lote de me-
dicamentos é fornecido exclusivamente a farmácias comunitárias, os SS já solicitaram às farmácias, empresas de importação e exportação e de venda a retalho para “procederem à recolha imediata
K.Y. CHENG/SCMP
Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que, em 2019, surgiram mais 76 espaços de restauração em Macau por comparação com 2018, existindo um total de 2.419 restaurantes e estabelecimen-
dos mesmos”. Quem já tiver adquirido ou aviado receitas do medicamento deve entrar em contacto com as farmácias onde foi feita a aquisição.
SIN FONG GARDEN PROPRIETÁRIOS CONTINUAM SEM FUNDOS PARA RECONSTRUÇÃO
O
HK ISENÇÃO DE QUARENTENA PARA RESIDENTES REGRESSADOS DA CHINA
Primeiros passos “É um bom começo. Apenas estão operacionais os postos fronteiriços da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e da Baía de Shenzhen, o que quer dizer que o número de hongkongers com permissão de entrada será restrito. No futuro, as fronteiras serão reabertas de uma forma ordeira”, sublinhou Carrie Lam, de acordo com o SCMP. Referindo-se ao esforço que está a ser feito para relançar o sector do turismo através do retorno progressivo de visitantes a Hong Kong, a responsável partilhou também a esperança de vir abrir mais fronteiras em breve. No entanto, lembrou que essa
será sempre uma decisão que está dependente da cooperação com as autoridades do Interior da China. “Estamos a trabalhar arduamente, ouvindo as preocupações de todas as partes envolvidas no sector turístico. Quanto à travessia de fronteiras entre Hong Kong e a China, é necessário que haja consentimento mútuo, porque tecnicamente estamos prontos”, acrescentou Carrie Lam. Recorde-se que, à excepção de três, todos os postos fronteiriços da região vizinha estão encerrados desde Fevereiro e, desde então, todos os visitantes provenientes da China, Macau e
“É um bom começo. (...) No futuro, as fronteiras serão reabertas de uma forma ordeira.” CARRIE LAM CHEFE DO EXECUTIVO DE HONG KONG
Taiwan estão obrigados a fazer uma quarentena de 14 dias para entrar em Hong Kong.
BOLHA DE FELICIDADE
Carrie Lam confirmou ainda que a bolha de viagem entre Hong Kong e Singapura, que permitirá a circulação entre os dois territórios sem que para isso seja necessária a realização de quarentena, deverá ser uma realidade já no próximo mês de Novembro. De acordo com a Chefe do Executivo de Hong Kong, para circular entre os territórios, o viajantes terão apenas de apresentar um resultado negativo no teste à covid-19, não sendo impostas quaisquer restrições acerca do motivo das viagens. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
Governo planeia lançar benefícios fiscais para as empresas que se dediquem a actividades de inovação científica e tecnológica há mais de um ano. A proposta de lei discutida pelo Conselho Executivo prevê benefícios ao nível do imposto complementar de rendimentos, imposto do selo sobre transmissões de bens imóveis, contribuição predial urbana, e do imposto profissional. A ideia é os benefícios serem aplicados ao imposto complementar de rendimentos e ao imposto profissional a partir de 2021. A proposta engloba na “inovação científica e tecnológica” actividades como a tecnologia informática, inteligência artificial, biomedicina, medicina tradicional chinesa, conservação energética e protecção ambiental e a engenharia marinha. O pedido por benefícios deverá ser analisado por uma Comissão de Avaliação, com representantes da Direcção dos Serviços de Finanças, da Direcção dos Serviços de Economia, e do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, bem como por indivíduos com mérito no sector industrial e comercial e académico, ambas dentro da área da ciência e tecnologia.
8 eventos
Cinema m 28.10.2020 quarta-feira
IFFAM MAXIM BESSMERTNY E SAM LEONG EM DESTAQUE NOS PRÉMIOS “PROJECT MARKET”
Maxim Bessmertny
Mattie Do
ORQUESTRA DE MACAU CONCERTOS CANCELADOS OU COM DATAS ALTERADAS
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ÁRIOS concertos protagonizados pela Orquestra de Macau (OM) e agendados para os meses de Novembro e Dezembro serão cancelados ou agendados para outras datas devido à pandemia da covid-19, uma vez que alguns dos músicos não conseguem viajar para Macau. É o caso do programa do con-
certo “Tchaikovsky N.º 1”, previsto para o dia 21 de Novembro, pelas 20h, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau, e que foi alterado para o Concerto para Piano n.º 1 em Si bemol menor, op. 23, de Tchaikovsky e para Sinfonia n.º 5 de Beethoven. O concerto, dirigido pelo Director Musical da
OM, Lu Jia, contará com a colaboração da mais recente estrela do piano, Tianxu Na. Os espectadores que compraram bilhetes para este concerto podem solicitar o respectivo reembolso através da devolução dos bilhetes intactos até 3 de Novembro, ou assistir à actuação com os bilhetes que já possuem.
Em relação aos concertos “Uma Vida Sinfónica - Tributo a Tchaikovsky” e “Grande Música Maluca”, originalmente programados para 4 de Dezembro e 12 de Dezembro, respectivamente, serão cancelados. A OM irá ainda realizar o concerto “Música na Fundação Oriente”, no dia 5 de Dezembro, na Casa
Garden, em duas sessões, pelas 14h30 horas e 17h, apresentando várias obras, incluindo o Quinteto para Clarinete em Lá Maior de Mozart e o Trio de Cordas em Dó Menor de Beethoven. A entrada para o concerto efectuar-se-á mediante a apresentação de bilhetes gratuitos, disponíveis a partir do dia 3 de Novembro.
mundo
eventos 9
quarta-feira 28.10.2020
“The Darter”, de Sam Leong, e “Marlin”, de Maxim Bessmertny, fazem parte do cartaz de 14 filmes seleccionados para a quinta edição dos prémios “Project Market”, do Festival Internacional de Cinema de Macau, que acontece entre os dias 3 e 5 de Dezembro
A
quinta edição dos prémios “Project Market”, que integram o Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa) está de regresso entre os dias 3 e 5 de Dezembro e já são conhecidos os 14 filmes seleccionados para a competição. De Macau, destacam-se as produções “The Darter”, de Sam Leong, e “Marlin”, de Maxim Bessmertny. Destaque ainda para os filmes “Ash Valley”, de Shu Zhu; “Death’s Bride”, de Antonio Morales; “Fellow Travelers”, de Haolu Wang e “Mars Express”, de Jérémie Perin, entre outros. Segundo a organização do IFAAM, esta é uma competição que acontece “num período desafiante” e pretende ser “um encontro entre culturas, apresentando uma série de filmes que revelam “um elevado nível de talento e que misturam vários elementos da Ásia e do mundo ocidental”. Os projectos seleccionados concorrem a prémios pecuniários, sendo o mais elevado o de “Melhor
Projecto”, no valor de 15 mil dólares americanos. O prémio mais baixo, no valor de cinco mil dólares americanos, é o “Espírito de Macau” [Macau Spirit Award], que visa “reconhecer o projecto que melhor integra as diferentes culturas” e que tem como objectivo de “celebrar a natureza glamourosa e inclusiva de Macau”.
A quinta edição dos prémios “Project Market”, que integram o Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa) está de regresso entre os dias 3 e 5 de Dezembro e já são conhecidos os 14 filmes seleccionados para a competição
Além dos prémios pecuniários, os realizadores têm a oportunidade de se conhecerem e partilharem experiências. Ao seleccionar estes 14 filmes, o júri teve a preocupação de juntar “talentos já estabelecidos e interessantes novos realizadores”. De frisar que, devido à pandemia, esta edição dos prémios realiza-se online.
REGRESSO DE MATTIE DO
Depois de ter participado na primeira edição dos prémios “Project Market”, Mattie Do está de regresso com “Entaglement”, um filme com pinceladas de horror e mistério. Eric Khoo, já distinguido no Festival de Cinema de Cannes, também foi seleccionado com o filme “Prisoners of the Pacific”, onde trabalhou na qualidade de produtor. Junxiang Huang foi o realizador da película. Por sua vez, Christopher Doyle é também um dos nomes presente na lista dos 14 filmes com a comédia “Peaches”, realizada por Jenny Suen. A ficção científica ganha espaço em filmes como “Fellow Travelers”, produzido por Camille Gatin e rea-
lizado por Haolu Wang. “Fellow Travelers” é uma adaptação do conto de Alastair Reynolds, autor britânico nascido em 1966. Simon Jaquemet “explora a intersecção das emoções humanas e inteligência artificial” com o filme “Electric Chid, enquanto que o francês “Jérémie Perin” traz um filme de ficção científica e género noir intitulado “Mars Express”. Já Shu Zhu apresenta o seu primeiro filme “Ash Valley”, depois de uma série de bem sucedidas curtas-metragens. Konstantina Kotzamani é outra das realizadoras presentes na lista dos filmes seleccionados para os prémios “Project Market”, com o seu filme de estreia “Titanic Ocean”. Romeo Candido, realizador e produtor filipino e canadiano, integra esta lista com “The Dragon Returns”, um filme que nos traz uma história de fantasia: Bruce Lee é chamado para uma missão importante, a de salvar o seu velho amigo Chuck Norris da prisão.
FRC Noite de jazz marcada para sábado
A Fundação Rui Cunha apresenta no próximo sábado, dia 31, às 21h, o espectáculo “Noite de Jazz ao Sábado” dedicada à Butter Jazz Duet & Mac Jazz Combo Ft. Special Guest. Carol Chin será a voz do espectáculo, fazendo-se acompanhar por músicos como José Li Silveirinha, Nelia Choi Rodrigues e Charlotte Lei, entre outros. O Butter Jazz Duet é composto pelos membros séniores da Associação de Promoção do Jazz de Macau, como Ao Chon Fai e Johnny Yau, que vão liderar a cena de abertura e conduzir um grupo de estreantes, “readaptando temas clássicos para perpetuar a herança do jazz e a beleza da música.” O Macau Anglican College colabora com a FRC na organização deste evento.
Feira de Artesanato IC recebe candidaturas até 5 de Novembro
O Instituto Cultural (IC) recebe, a partir de hoje e até ao dia 5 de Novembro, candidaturas para a Feira de Artesanato do Tap Seac, que decorre entre os dias 20 e 22 e 27 e 29 de Novembro na praça do Tap Seac. A “Feira de Artesanato do Tap Seac” organiza 36 workshops de artesanato criativo, incluindo nove sessões destinadas às famílias. Cada pessoa pode inscrever-se num máximo de dois workshops, mas apenas uma vez em cada um (apenas as crianças serão contadas para os workshop familiares). Os candidatos serão seleccionados por sorteio electrónico e notificados a 9 de Novembro. Os resultados da selecção serão anunciados na “Página electrónica da Feira de Artesanato do Tap Siac” e na página “Craft Market” no Facebook em www.facebook.com/ MacaoCraftMarket.
MUSEU DE MACAU EXPOSIÇÃO DE POSTAIS DISPONÍVEL EM REALIDADE VIRTUAL
O
Museu de Macau, lançou uma versão online em realidade virtual (RV) da exposição “Memória do Passado - Exposição da Colecção de Postais do Museu de Macau”. Segundo um comunicado divulgado ontem pelo Instituto Cultural (IC), através do website
do Museu de Macau ou da digitalização de um código QR, os interessados podem “desfrutar de uma experiência interactiva de 360 graus”, percorrendo o espaço da exposição e “navegar pelas informações detalhadas de cada objecto”. Desta feita, o público poderá dispor de uma vi-
são de 360 g raus da sala de exposições localizada no 3º andar do Museu de Macau, “movendo-se em qualquer direcção ou aumentando e diminuindo o zoom” através do seu dispositivo. Os visitantes virtuais poderão também podem clicar nos objectos da exposição para ver as fotogra-
fias e legendas em alta definição, entre outros detalhes. Além disso, será também possível assistir a dois filmes concebidos especialmente para esta mostra. De acordo com o IC, a iniciativa vai no sentido de “promover activamente o desenvolvimento de museus virtuais”, tirando
partido da tecnologia para proporcionar experiências “diversificadas” e “interessantes” a residentes e turistas. Recorde-se que o Museu de Macau já reabriu todas as suas áreas expositivas depois do encerramento forçado devido às medidas de prevenção epidémica.
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28.10.2020 quarta-feira
EDITAL Edital n.º: Processo n.º: Assunto: Localização:
05/DSO/2020 6269.03 Notificação do dia final de despejo Terreno com a área de 2 170 m2, designado por lote «O4b», situado na ilha da Taipa, na zona de aterros do Pac On, no cruzamento da Avenida Son On com a Rua Heng Lon.
Chan Pou Ha, directora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do «Código do Procedimento Administrativo», faz-se saber por este meio à “Polymar Internacional – Fibras Ópticas, Limitada”e aos demais ocupantes desconhecidos, o seguinte: 1.
Através do ofício n.º 0855/6269.03/DSO/2016, de 7 de Setembro de 2016, foi notificado a “Polymar Internacional – Fibras Ópticas, Limitada”o despacho do Sr. Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de 5 de Setembro de 2016, que ordenou à mesma no prazo de 60 dias a contar da recepção da notificação, o despejo do terreno mencionado em epígrafe, e as benfeitorias por qualquer forma incorporadas são revertidas para a RAEM, livre de quaisquer ónus ou encargos, sem direito a qualquer indemnização. No dia 14 de Setembro de 2016, foi também afixado no local acima mencionado o ofício supra citado.
2.
Dado que não se desocupou o terreno no prazo fixado, nos termos do n.º 2 do artigo 179.º da Lei n.º 10/2013 «Lei de terras» e do artigo 56.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M «Regulamento Geral da Construção Urbana», esta Direcção de Serviços irá proceder coactivamente à execução substituta do despejo desde 28 de Novembro de 2020 com os outros Serviços Públicos na colaboração das Forças de Segurança de Macau. As respectivas despesas constituirão encargos dos interessados.
3.
De acordo com os artigos 8.º e 9.º do «Código do Procedimento Administrativo», ficam comunicados os interessados que as despesas de execução
substituta de despejo do terreno mencionado em epígrafe poderão atingir a $750.000,00 (setecentas e cinquenta mil patacas), mas as despesas exactas serão definidas conforme o montante de liquidação da obra que tem a ver com o nível de complexidade da obra, a quantidade de objectos existentes nas parcelas, a inflação, etc. 4. 5.
Para os efeitos das referidas despesas de execução substituta, a acção de despejo não pode ser cancelada quando tenha sido iniciada. Para mais informações, os interessados podem, munidos do seu documento de identificação, dirigir-se pessoalmente ao Departamento de Gestão de Solos da DSSOPT, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 18.º andar durante o horário de expediente. A Directora de Serviços, Chan Pou Ha 22 de Outubro de 2020
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quarta-feira 28.10.2020
A
China prometeu ontem uma retaliação "legítima e necessária" para "proteger a sua soberania e interesses de segurança", depois de Washington ter anunciado a venda de 100 sistemas de defesa marítima Harpoon e 400 mísseis a Taiwan. "A China insta os Estados Unidos a cessarem todas as suas vendas de armas a Taiwan. Reservamo-nos o direito de adoptar retaliações legítimas e necessárias, para proteger a nossa soberania e interesses de segurança", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, em conferência de imprensa. O Governo de Donald Trump notificou na segunda-
TAIWAN PEQUIM PROMETE RETALIAÇÃO CONTRA OS ESTADOS UNIDOS POR VENDA DE ARMAMENTO
Cenas do próximo capítulo -feira o Congresso dos Estados Unidos sobre esta venda - que inclui 400 mísseis de superfície RGM-84L-4 Harpoon Block II - para aprovação. O negócio está avaliado em 2,37 mil milhões dólares. Além dos sistemas de defesa costeira Harpoon e 400 mísseis RGM-84L-4 Harpoon Block II adicionais, a nova venda inclui quatro mísseis RTM-84L-4 Harpoon Block II e 25 camiões de radar. A esta venda junta-se uma outra no valor de 1.800 mi-
“A China insta os Estados Unidos a cessarem todas as suas vendas de armas a Taiwan. Reservamo-nos o direito de adoptar retaliações legítimas e necessárias, para proteger a nossa soberania e interesses de segurança.” WANG WENBIN PORTA-VOZ DO MNE CHINÊS
lhões de dólares, anunciada na semana passada, para três lotes de armas que incluem mísseis SLAM-ER e unidades HIMARS, um sistema ligeiro de lançamento de mísseis múltiplos, segundo avançou a agência EFE, que cita fontes do Ministério da Defesa de Taiwan. Na segunda-feira, a China anunciou já sanções contra os fabricantes norte-americanos Lockheed Martin, Boeing Defense e Raytheon.
RESPOSTA À RESPOSTA
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan expressou o seu "mais profundo pesar" pelas "ameaças de Pequim". "Taiwan está a trabalhar para manter a paz e a estabilidade na região", apontou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joanne Ou, na
segunda-feira, em comunicado. A porta-voz disse que o negócio é uma "resposta à pressão da China". "O nosso governo tem a responsabilidade de proteger a sua população", disse.
De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, a venda inclui material "necessário para permitir que (Taiwan) mantenha capacidade de autodefesa suficiente".
Taipé garante que, em Outubro, "pelo menos 19 aeronaves militares chinesas entraram na Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan (ADIZ)" e que, "em Setembro, caças J-16 chineses cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan ou entraram no ADIZ de Taiwan". O jornal South China Morning Post de Hong Kong assegurou recentemente que "Pequim está a avançar com a militarização da sua costa sudeste para se preparar para uma possível invasão de Taiwan". O jornal citou fontes não identificadas do Exército de Libertação Popular, as forças armadas do país, que afirmaram terem já sido instalados mísseis hipersónicos de meio alcance DF-17 na região.
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Edital (29/FGCL/2020) Nos dos 71/2016, 78/2016, 85/2016, 94/2016
INTERNET EXIGIDA RECTIFICAÇÃO AOS OPERADORES DE REDES MÓVEIS PARA ACABAR COM “CAOS”
A
Administração do Ciberespaço da China exigiu ontem aos fornecedores de serviços móveis do país que executem uma série de "rectificações especiais e centralizadas", face a "preocupações sociais" perante o "caos" na Internet. As oito empresas afectadas são a Huawei, Oppo, Vivo, Xiaomi, Sogou, 360, QQ e UC. Estas terão até ao próximo dia 9 de Novembro para "fazer uma revisão e rectificação" dos seus serviços, visando controlar a disseminação de "rumores, sensacionalismo ou publicação de informações negativas que violem os valores fundamentais do socialismo".
Os requisitos incluem a "proibição de informações em contas pessoais de redes sociais que violem as normas, além de exageros, insultos ou referências a temas delicados", a fim de "evitar problemas que alterem a ordem da comunicação na Internet". As empresas devem enviar ao regulador uma lista detalhada das rectificações e aguardar a aprovação pelas autoridades competentes. Após este processo de rectificação, o regulador chinês do ciberespaço afirmou que "assumirá firme responsabilidade" por "navegadores móveis que continuem a apresentar problemas pendentes".
pedidos: 66/2016, 72/2016, 73/2016, 79/2016, 80/2016, 86/2016, 87/2016,
67/2016, 74/2016, 81/2016, 88/2016,
68/2016, 75/2016, 82/2016, 89/2016,
Edital (30/FGCL/2020) 69/2016, 76/2016, 83/2016, 90/2016,
70/2016, 77/2016, 84/2016, 91/2016,
Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos pedidos acima referidos, “WONG MENG IEK E.I., TITULAR DO ESTABELEMENTO DE COMIDAS KAM WAN HIN”, com sede na Rua Cidade de Sintra, Casino Wynn Macau , Macau, o seguinte: Relativamente aos 27 ex-trabalhadores(Wu Pingzhen, Yee Ling To, Huang Huiqin, Zhong Haimei, Fan Kin On, Ou Guoyong, Huang Ying, Xie Yanna, Wu Zhongyi, Lu Jianjie, Su Jianwei, Chen Liangping, Yu Yanlan, Mo Enping, Su Jingao, Su Jingke, Zhang Ting, Fu Lihong, Chen Ruilan, Chen Jinhong, Chen Cailing, Lu Ningkai, Yu Yamao, Yang Wenquan, Yang Shaosheng, Huang Jiasu E Lau Oi Wa), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo para pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 15 de Setembro de 2020, deliberou, nos termos do artigo 6.º da Lei n.º 10/2015(Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa aos ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $323 421,43(Trezentas e vinte e três mil quatrocentas e vinte e uma mil patacas e quarenta e três avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento do adiantamento para aquele ex-trabalhadora, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.º da referida Lei, após efectuado o pagamento do adiantamento, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 22 de Outubro de 2020 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong
Nº de pedido: 114/2020
Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo DecretoLei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos pedidos acima referidos, “PITA PAN MACAU, LDA”, com sede na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n˚600, Edifício First International Commercial, 12˚ Andar, Sala 5, Macau, o seguinte: Relativamente ao ex-trabalhador Ribeiro Martins Dolores Santiago, no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo para pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 15 de Setembro de 2020, deliberou, nos termos do artigo 6.º da Lei n.º 10/2015(Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa aos ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $34 776,90(Trinta e quatro mil setecentas e setenta e seis mil patacas e noventa avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos àqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.º da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 22 de Outubro de 2020 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong
12
h
Divina Comédia Nuno Miguel Guedes
28.10.2020 quarta-feira
Não quero possuir a
A ditadura do prefixo
E
U sei, sei: muitas vezes o leitor duvida dos pequenos episódios que aqui descrevo. Uma conversa aqui, um jantar acolá … Percebo: quem é este fulano que tem uma vida social entre a misantropia e o convívio entre génios? Bom, esse leitor – que sei ser apenas um e conheço o endereço e estou a caminho – tem razão. Muitas vezes utilizo recortes de conversas que aconteceram ou não apenas para ter a vossa atenção para o que vos quero dizer. Não são mentiras, apenas artifícios de escrita para ganhar a vossa complacência até ao final do texto. Toda a escrita, digo eu, tem de ser sedução mesmo que – ou se calhar sobretudo…queira divulgar a mais recente teoria de física quântica. Só que há alturas em que a realidade e a matéria das palavras escritas coincidem. Isso é que é raro para mim, que não tenho o talento para pescar os pequenos peixes que podem cintilar. Mas enfim, este início foi mesmo verdade, juro. Disse-me um moço amigo de amigos, criatura daquelas a que não se resiste e com quem a conversa se solta facilmente: «Sou um ex-vegan». Conseguiu explicar tranquilamente, perante as minhas mandíbulas separadas pela incredulidade, que não conseguiu resistir aos prazeres da carne (essa, mas no forno e com uma boa molhanga) e que os seus princípios éticos não foram feridos pela mudança de dieta. Melhor ainda, vivia bem com isso e, acredito, com mais paladar. Se vos conto isto não é apenas pelo facto do meu interlocutor ter viajado de um lugar de onde eu pensava não ser possível regressar, dada a rigidez das práticas e o dogmatismo das ideias: é sobretudo porque é alguém que vive bem com o recuo - que vive bem com o prefixo, que neste caso é “ex”. Sabem do que falo, amigos. Esse prefixo é maldoso e pode criar fanáticos. Um ex- fumador, um ex- bebedor, um ex-dependente, um ex-crente sincero de alguma coisa que terá praticado. Há uma tentação imediata de uma vez livres de algo que lhes tolhia a vida passarem ao proselitismo, à negação descabelada, ao paternalismo ou no limite a uma combinação de todos com um toque de moralismo autoritário. São escravos do prefixo. Daí que seja bonito o que este amigo me contou. “Ex” significa muitas coisas: de fora, sem, antigo. Mas em muitas situações o estar fora é apenas uma oposição ao lugar onde antes se estava. E em outras em que o prefixo é utilizado – exagero, exaltação – é exactamente o contrário. E olhem, o advérbio de modo que acabei de utilizar não me deixa mentir. A vida, amigos, está semeada com este prefixo: ex-amores, ex-infância, ex-ideais,
ex-nós. A ideia da existência assim nos obriga, até o ex final, que se resume a estar ex-vivo. Mas pelo meio e se pudermos tenhamos a força de recuar e duvidar do que o prefixo nos ofereceu. Diria mesmo ser-lhe grato. Porque amigos, quem tem
um “ex” qualquer na sua história de vida é sinal disso mesmo: viveu e não necessita de o proclamar porque isso é aquilo que ninguém irá poder tirar, instante após instante. Como esta ex-crónica que o passou a ser a partir de agora mesmo.
Porque amigos, quem tem um “ex” qualquer na sua história de vida é sinal disso mesmo: viveu e não necessita de o proclamar porque isso é aquilo que ninguém irá poder tirar, instante após instante
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
quarta-feira 28.10.2020
terra mas ser um com ela
A ver o mar e comboios
Diário de um editor
SANTA BÁRBARA, LISBOA, DOMINGO, 18 OUTUBRO Para onde quer que atire os olhos, para o branco no alcatrão a dizer bicicleta, seta de sentido ou jogo da macaca, para o verde farfalhudo e inusitado da colina, o fragmento recortado de castelo vindo de nenhures para desaparecer, a quadrícula espelhada e funcionária do prédio público, o candeeiro torto, a voluta do puxador no móvel sinuoso, as lombadas hieráticas, enfim, a experiência interior, o resultado acaba sendo o mesmo: vejo-me um belo condutor de paragens de autocarro. De tão quedo, chego até a pensar que vou a lugares. HORTA SECA, LISBOA, SEGUNDA, 19 OUTUBRO Dou por mim a fazer malabarismos com a brasa, a batata quente e o fragmento de lava em está feita a editora, isto enquanto avanço no fio da navalha. Olhar para o abysmo provoca a queda, há que seguir em frente, mesmo sem vislumbrar sítio, lá no horizonte, onde ter pé. Talvez a vida fosse sempre assim, e acreditássemos que os planos tornavam os dias mais sólidos. Nunca assim foi, jamais será. Desato, portanto, a disparar projectos em todas as direcções da frente. Alguns são ideias antigas, de puro interesse pessoal, outros procuram responder às circunstâncias. Disso falaremos adiante, desde que o chão, mesmo entretecido de nós por desatar, não me escape. O essencial da noite acabou sendo a amizade, mas discutia-se como passar para imagens em movimento uma mudança de pele. E de lugar. A cidade encolhe, a pensar que cresce. E impiedosamente amachuca papéis, destrói monumentos, sacrifica íntimas correspondências com os múltiplos passados. Não voltaremos a ser os mesmos. Tenho brincado com os fins do mundo que vão acontecendo no entorno de cada um, mas percebo agora que se trata disso mesmo. Não estamos entre parêntesis, o caminho risca-se em linhas compostas de três pontos. No carro que me deposita em casa, as vozes da rádio levaram-me a outros tempos, quando a crença ainda fazia parte das ferramentas. Custou-me a adormecer. SANTA BÁRBARA, LISBOA, TERÇA, 20 OUTUBRO A generosa insistência do último moicano da tribo da carta manuscrita Tiago [Manuel] trouxe-me a beira-mar, tão rica de cambiantes que parece aquele
bra e assombração. A infância desponta a cada frase, irrigando a palavra, que brilha no orvalho, na nuvem, na cor. E a dor, ainda ela. A relação com os editores está representada tão só na versão amarga, causada pelos inevitáveis atrasos, pela desatenção, agravamentos da sensação partilhada amiúde de que era escritora ignorada. A entrada de um certo 15 de Outubro anuncia: «os livros não irão aparecer! Como me explicou o novo director do departamento, já estava esgotado o lote das saídas. De resto não tinha sido ele a contactar-me porque só há pouco tomara conta do cargo e não fazia parte da programação que tinha elaborado. Além disso era uma autora pouco vendável (não estava em causa a qualidade, claro) e não havia nada a fazer. Há quanto tempo a vida vinha a escorraçá-la e a bater-lhe?» Muito comum na sua prosa, este atravessar da primeira para a terceira pessoa, como que a afastar-se de si para se ver melhor. Luísa Dacosta pagou o preço de ser autora para as infâncias, preconceito que afasta os bem pensantes de cada época, e que, neste caso único, escondeu obra única que se mantém requintada como manhã de litoral. «O meu livro caiu no silêncio e na indiferença», escreve. «Ninguém noticiou. Ninguém disse, ainda, nada.» Ninguém ainda nada parece ser o exacto quotidiano da edição.
TIAGO MANUEL
João Paulo Cotrim www.torpor.abysmo.pt
ouro de cobrir peitos de Viana. Luísa Dacosta, também nesta recolha diarística de «Um Olhar Naufragado» (ed. Asa), descreve como ninguém os múltiplos mares, que aquele atlântico não é sempre o mesmo. «O mar é hoje uma ondulação quebrada de espelhos a reflectir o sol e um céu, alto e claro. Entre céu e mar há como que um balão de luz, transparente, bola de sabão, não irisada. Duas velas, ao longe, dão-me asas e tornam-me gaivota.» Em cada lugar que visita há-de descobrir um rio ou a subtileza das orlas marítimas. «Mar achãozado, sem ondas. Azul clarinho. Quieto, na tarde morrente. Um campo de água, semeado a miosótis.» A volúpia da descrição também a aplica à flora, mais riqueza deslumbrante, a contaminar o vocabulário, jardim de palavras que soube cultivar com esquecida mestria. E à casa, a grande da infância. «Manhã de névoa, perfurada pela ronca, que é para mim um som de búzio e infância. À beirada, a areia tem já um tom quente e solar, mas as águas, quie-
tas, da maré vaza estão prisioneiras da névoa e dos penedos, onde as gaivotas, aninhadas, parecem nenúfares, brancos, de corolas fechadas. Não há linha de horizonte, nem apelos de longe. Só este chamamento, doloroso, constante e incansável.» Passo a mão pelo veludo do detalhe exposto e acuso o toque. O mano Tiago, na ilustração que abre o volume (algures na página), desenhou rosa cercada por ondas de espinhos, espelhando os tons sensíveis destas páginas líquidas. A morte e a dor são presenças dialogantes, nunca afastadas nem pelas manifestações de afecto, ou pelas retribuições da comunidade escolar, e, sobretudo, dos seus leitores infanto-juvenis de várias idades. Na maré da atenção vem os amigos, a pintura, a actualidade política, os seus autores, Pessanha e Cecília Meireles. (Macau também aparece com a alegria do bom acolhimento, ou não fosse a casa do seu poeta.) E o feminino visto de muitos ângulos, sobretudo os mais negros, tendo o homem por qualquer coisa entre som-
HORTA SECA, LISBOA, QUARTA, 21 OUTUBRO Peguei sem querer no livrinho e logo senti o inverso. Diálogos cortantes a empurrar vertiginosamente uma narrativa de personagens inteiriças, sem sombra de banalidade. Surpresa em texto adulto, que, não sendo sobre nada, cresce à volta do ser mulher, mãe, voz e figura. Talvez gato a rasgar palco com as garras. «Um Tigre à Porta da Sé» (ed. Nova Mymosa), da Mónia [Camacho], obrigou-me a desligar o telefone até saber o que ainda não descobri da cantora marroquina que deseja mudar de pele, de país. Ser daqui. E faz de uma estação de comboios o seu lugar. Para mal dos nossos pecados, contém ainda chefe de estação perplexo, jornalista embeiçado e polícia filósofo. «Todas as vidas têm, num qualquer canto, um jardim. Um oásis. Mas em alguns casos é preciso semeá-lo primeiro. Era isso que ia fazer. / O mundo dobra-se ao meio quando é preciso.» Estou capaz de acreditar, um instante que seja.
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Um filme de: Ishidate Taichi 14.15, 21.15
Um filme de: Marco Pontecorvo Com: Stephanie Gil, Sonia Braga, Joaquim de Almeida, Goran Visnjie 19.30
VIOLET EVERGARDEN: THE MOVIE [B]
DORAEMON THE MOVIE: NOBITA’S NEW DINOSAUR [A]
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FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Imai Kazuaki 16.45, 19.00
Um filme de: Ric Roman Waugh Com: Gerard Butler, Morena Baccarin, Scott Glenn 14.15, 21.30
Um filme de: Ryuhei Kitamura Com: Ruby Rose, Jean Reno, Louis Mandylor, Rupert Evans 14.30, 16.30, 21.45
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Cerca de 230 mil toneladas de plástico são deitadas fora anualmente no mar Mediterrâneo, estima um novo estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza ontem divulgado, que alerta para o risco da duplicação dos números em 2040. O trabalho, que se baseia na compilação de dados de estudos feitos no terreno e na
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Cineteatro
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GREENLAND [B]
THE WAR WITH GRANDPA [B] Um filme de: Tim Hill Com: Robert de Niro, Uma Thurman, Christopher Walken 16.30, 19.15
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pegada de plástico marinho calculada pela organização, estima o fluxo de plástico de 33 países em torno da bacia do Mediterrâneo, concluindo que 229 mil toneladas de plástico são desperdiçadas anualmente no mar, uma quantidade equivalente a mais de 500 contentores de navios.
UM LIVRO HOJE Um grupo de 10 jornalistas foi convidados a escrever, num registo assumidamente pessoal, sobre as suas experiências na cobertura das manifestações de Hong Kong. Por isso, neste tipo de ensaios o leitor não deve esperar a objectividade e o rigor que caracteriza o jornalismo, quando bem feito. Ao invés os jornalistas apresentam as impressões e memórias que guardam depois de vários meses na linha 55 da frente. A cereja no topo do bolo passa pelo facto de também um jornalista do Interior, que compreensivelmente pediu para permanecer anónimo, dar o seu contributo. João Santos Filipe
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quarta-feira 28.10.2020
ai, portugal, portugal ANDRÉ NAMORA
E
O gangue do alcatrão
M tempos que já lá vão convivi com jornalistas e senti o amor que colocavam no que faziam. O jornalismo tem que se lhe diga quando praticado com a investigação à verdade. Recordo-me do caso Watergate que levou ao fim político de Richard Nixon. Na altura, foi um grande escândalo, o mundo tremeu, a América chorou de vergonha e o mundo ficou a saber que o jornalismo tem muita força quando aborda os temas com surpresa suprema e indiscutível. Encontrava-me numa mesa de café com amigos quando um deles afirmou: “É pá, isto do Nixon foi uma grande caxa”! “Caxa”? O que era isso, indaguei e explicaram-me que se tratava de uma notícia verdadeira que podia derrubar montanhas. Uma “caxa” era algo que o jornalista apresentava ao chefe e quando lhe mostrava, ouvia logo “Tens a certeza disto? Olha que é muito grave!”. O chefe arriscava e a manchete de jornal provocava que a edição esgotasse. Foi assim ao longo dos anos. Anos que passaram mas que infelizmente cada vez menos nos têm surpreendido cada vez menos por não existirem tantas “caxas”. Há quem diga que os jornais agora são de sociedades multinacionais, que os jornalistas são uns jovens receosos de tudo e todos, ganhando mal e cheios de medo de perderem o emprego. Pode existir menos qualidade no que se lê nas páginas dos jornais, mas vê-se que continuamos a ler jornalistas com um grande nível literato e com histórias que são autênticas “caxas”. Então, o escândalo do ex-juiz Rui Rangel que colocava as namoradas a escrever os acórdãos de um tribunal superior e que não passava de um corrupto que envergonhou todos os magistrados, não foi uma “caxa” que deu brado? As “caxas” continuam a existir e a mostrar ao mundo que o pateta do Trump que tanto mal diz da China, afinal tem uma conta bancária num banco chinês e negócios com a China. Ao lembrar-me destas histórias das “caxas” conclui que o que tinha acabado de saber, mesmo não sendo jornalista, tinha uma “caxa” na mão e que valia a pena colocá-la ao conhecimento dos meus leitores de Macau, já que em Portugal nenhum jornal faz a mínima ideia do que se passa. E o que se passa é que no seio da Guarda Nacional Republicana (GNR) anda tudo doido. Trata-se de um gangue de malfeitores profissionalmente organizados que têm ganho milhões de euros em prejuízo de centenas de portugueses. Uma autêntica mafia à qual chamam “o gangue do alcatrão”. Imaginem que acabaram de construir um armazém de grandes dimensões para a guarda de pneus e que ao lado do armazém tem de ter um espeço equivalente a um campo de futebol bem alcatroado para os camiões carregar e descarregar. No escritório aparece-lhe um Alberto qualquer a dizer-lhe que tem uma empresa de alcatroamento e que lhe pode fazer o trabalho de terraplanagem e alcatroamento. Falam em custos e o Alfredo adianta-se logo a elucidar que normalmente as
empresas da especialidade levam entre 20 e 50 mil euros conforme a dimensão do terreno, mas que devido à pandemia o negócio tem andado mal e que ele lhe faz o trabalho por cinco mil euros. O empresário esfrega logo as mãos de contente e concorda com a empreitada proposta. No entanto, o Alberto diz logo que lhe terá de pagar adiantado para as despesas de compras de materiais. O empresário concorda e passa um cheque de cinco mil euros. Alberto, informa que no dia seguinte lá estarão as máquinas e que as obras terão início. Na verdade, no dia seguinte chegam ao local as monstruosas máquinas e camionetas empregues nos trabalhos deste género de alcatroamento de grandes superfícies junto de hipermercados, fábricas, estações de transportes
públicos, zonas industriais, arruamentos e até parqueamentos ao redor de estádios de futebol. Os trabalhos decorreram e passadas três semanas, o empreiteiro sobe a escritório para falar com o empresário e apresentar a conta dos trabalhos no valor de 30 mil euros... - Mas, desculpe, deve haver um grande engano da sua parte, senhor empreiteiro!? - Não, não me parece que haja qualquer problema. Então, o senhor não encomendou a obra? Eu recebi um telefonema no meu escritório que avançasse com as máquinas para alcatroar toda este seu terreno e foi o que fiz como o senhor assistiu estes dias todos... - Mas... Mas, desculpe, eu recebi aqui o senhor Alfredo a comunicar-me que tinha uma empresa especializada nestes trabalhos e que me faria a obra por cinco mil euros e até me pediu para lhe pagar adiantado, o que fiz em dinheiro vivo...
No seio da Guarda Nacional Republicana (GNR) anda tudo doido. Trata-se de um gangue de malfeitores profissionalmente organizados que têm ganho milhões de euros em prejuízo de centenas de portugueses. Uma autêntica mafia à qual chamam “o gangue do alcatrão”
- Pois é, meu caro amigo, o senhor foi aldrabado e esse Alfredo é um dos muitos vigaristas que andam por aí a aldrabar centenas de empresários que precisam de ter as suas superfícies alcatroadas... usam sempre o mesmo estratagema... quando veem um local por alcatroar, contactam com o patrão, contam essa mesma história do bandido, mamam a massa adiantada e depois telefonam para as empresas especializadas que avancem para determinado sítio a fim de executar a obra... - Você nem me diga uma coisa dessas... - Digo-lhe e mais ainda: isto é o “gangue do alcatrão” que é um polvo enorme que tem andado a por a GNR e a Guarda Civil a entrarem em loucura, porque não conseguem apanhar os fulanos... a vigarice é em Portugal e em Espanha... os fulanos têm ganho uma fortuna milionária... já imaginou as centenas de trabalhos que têm sido feitos nos dois países com um início deste calibre, onde aparece um aldrabão a propor um trabalhinho baratinho e levam logo o dinheirinho adiantado... Isto está muito bem organizado e têm ganho milhões... *Texto escrito com a ANTIGA GRAFIA
Conhecimento é poder. Thomas Hobbes
PALAVRA DO DIA
Saúde Wong Kit Cheng pede legislação sobre transplante de órgãos
Malásia Mais de 10.000 polícias em quarentena
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ONG Kit Cheng quer saber quando é que o Governo vai arrancar com o processo legislativo sobre o transplante de órgãos. Em interpelação escrita, a deputada recorda que já se passaram quatro anos desde que o Executivo disse que ia acelerar a definição de normas para transplantes. “Quando vai ter início o processo legislativo, para dar mais esperança aos doentes que estão à espera de transplantes e aos seus familiares?”, quis saber. Reconhecendo o papel do transplante de órgãos para doentes graves, a deputada lamenta que em Macau o seu desenvolvimento esteja “a ser lento”, explicando que se enfrentam obstáculos devido à falta de um sistema de espera e de normas para a concretização da doação, além de razões de natureza técnica. Por outro lado, Wong Kit Cheng indicou que o número de candidatos à doação de órgãos tem abrandado, explicando que até 8 de Outubro o total de candidatos era de 4.622, mas que apenas 3.000 tinham formalizado o registo nos Serviços de Saúde. A deputada questionou qual o ponto de situação para a facilitação das formalidades de candidatura através da revisão legislativa. O transplante renal é uma realidade, mas a deputada quer também saber se Macau já sabe que técnicas são necessárias para o transplante hepático. “Vão ser realizadas acções de formação sobre a transplantação de outros órgãos?”, questionou.
quarta-feira 28.10.2020
Sem passaporte de defesa Imunidade adquirida por quem contraiu a doença “diminui muito rapidamente”, diz estudo
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M estudo britânico revelou que a imunidade adquirida por pessoas que tiveram o novo coronavírus “diminui muito rapidamente”, especialmente em pacientes assintomáticos, e pode durar apenas alguns meses. De 20 de Junho a 28 de Setembro, o Imperial College London e o Instituto Ipsos Mori acompanharam 350.000 pessoas seleccionadas aleatoriamente na Inglaterra, testando-as regularmente para verificar se tinham anticorpos contra a covid-19. “Durante este período, a proporção de pessoas com teste positivo para anticorpos covid-19 diminuiu 26,5 por cento” o que, segundo o estudo, “sugere uma redução dos anticorpos nas semanas ou meses após a infecção”. “A imunidade diminui rapidamente”, disse Helen Ward, professora de saúde pública do Imperial College London. Numa primeira fase, os investigadores descobriram que, entre o final de Junho e início de Julho, cerca de 60 em cada mil pessoas tinham anticorpos detectáveis. Mas nos testes realizados em Setembro o valor já era bem diferente: apenas 44 por mil pessoas tinham os anticorpos. Estes dados sugerem que o número de pessoas com anticorpos diminuiu em mais de um quarto entre o Verão e o Outono. O estudo também mostra que “as pessoas que não apresentaram sintomas relacionados com covid-19
têm a probabilidade de perder os seus anticorpos detectáveis mais rapidamente do que aquelas que apresentaram os sintomas”. A proporção de anticorpos em pessoas com teste positivo para o vírus diminuiu 22,3 por cento ao longo dos três meses, quando essa redução chegou a 64 por cento naquelas que não declararam ter sido atingidas pela covid-19. Se todas as faixas etárias são afectadas por esse declínio da imunidade, mas principalmente os idosos: entre Junho e Setembro, a proporção de pessoas com mais de 75 anos com anticorpos diminuiu 39 por cento, quando para os jovens entre os 18 e os 24 anos a redução foi de 14,9 por cento. “Este estudo é uma parte crucial da pesquisa, ajudando-nos a entender como os anticorpos covid-19 evoluem
O estudo também mostra que “as pessoas que não apresentaram sintomas relacionados com covid-19 têm a probabilidade de perder os seus anticorpos detectáveis mais rapidamente do que aquelas que apresentaram os sintomas”
ao longo do tempo”, disse o secretário de Estado da Saúde James Bethell. No entanto, “ainda não se sabe se os anticorpos conferem um nível eficaz de imunidade ou, se essa imunidade existe, quanto tempo dura”, disseram os investigadores, enfatizando a importância de continuar a cumprir as directrizes de saúde.
VACINAS DE SALVAÇÃO
A virologista Wendy Barclay, do Imperial College London, explicou que “este novo coronavírus parece comportar-se de maneira bastante semelhante aos coronavírus sazonais que existem em humanos há décadas, senão centenas de milhares de anos”. Podemos ser “reinfectados a cada ano ou a cada dois anos” por esses coronavírus sazonais devido ao declínio da imunidade, frisou em declarações à Rádio Times. Perante um possível risco de reinfecção pelo novo coronavírus, a professora não é favorável ao conceito de «passaportes de imunidade», que visa permitir que pessoas curadas do novo coronavírus levem uma vida normal. “No momento, esta não é uma boa ideia porque a qualidade da resposta do anticorpo pode variar de indivíduo para indivíduo”, disse a professora Barclay. A virologista disse ainda “estar optimista quanto às vacinas porque as vacinas funcionam de maneira diferente” e podem conferir imunidade mais longa.
A Malásia colocou em quarentena mais de 10.000 agentes da polícia, cerca de 10 por cento da força de trabalho, para travar a expansão da covid-19, depois de pelo menos 200 agentes terem sido infectados. O ministro do Interior do país, Hamzah Zainudin, disse ontem que a elevada taxa de infecção entre os 100.000 agentes da polícia torna difícil o desempenho das suas funções, uma vez que têm de estar em contacto constante com a população. “A expansão da epidemia de covid-19 está a tornar-se mais preocupante e muitos dos que estão na linha da frente estão expostos ao risco de contágio”, disse o ministro, segundo a agência noticiosa estatal Bernama. “Embora usem máscaras”, acrescentou, “o trabalho exige que comuniquem com as pessoas de perto”. A medida foi anunciada numa altura em que a Malásia sofre a sua terceira vaga de covid-19, a mais agressiva, com quase 10.000 casos activos.
Web Summit José Mourinho vai ser premiado
A Web Summit, cimeira tecnológica, anunciou ontem que o treinador de futebol português José Mourinho vai ser premiado com “Web Summit Innovation in Sport”, durante o evento que decorre ‘online’ entre 2 e 4 de Dezembro. Em comunicado divulgado, a organização da Web Summit anunciou ontem que “José Mourinho será premiado com o ‘Web Summit Innovation in Sport’ durante o evento”. O prémio ‘Web Summit Innovation in Sport’ “é a marca internacional de excelência na comunidade empresarial desportiva, reconhecendo pessoas e organizações que incorporaram com sucesso tecnologia na busca da excelência”, salienta. Entre os anteriores vencedores estão o jogador de futebol Ronaldo, que foi quatro vezes eleito o melhor jogador pela FIFA.