Hoje Macau 28 NOV 2016 #3705

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THIS IS MY CITY

A pressão MACAU, que mora CIDADE ao lado OCUPADA PÁGINA 7

EVENTOS

LAG 2017

Viagem a Cuba

Destino da casa Espírito amarela do mundo OPINIÃO RUI FLORES

PÁGINA 6

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MANUEL AFONSO COSTA

hojemacau

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

APEP | ELEIÇÕES

Fidel até ao fim 1926-2016 GRANDE PLANO PUB

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 28 DE NOVEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3705

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ


2 GRANDE PLANO

FIDEL CASTRO EL COMANDANTE MORRE AOS 90 ANOS DE IDADE

LA MUERTE NO VAL E

Fidel Castro foi uma figura incontornável do século XX. Amado e odiado, devolveu a dignidade ao povo cubano, erradicou o analfabetismo, as doenças endémicas e a miséria. Por outro lado, fomentou o culto da personalidade, perseguiu dissidentes, quer fossem políticos, poetas ou artistas. Foi a esperança de pobres e oprimidos em todo o mundo, um farol de resistência ao imperialismo. A sua morte não o apagará da memória dos povos

“O

comandante-chefe da revolução cubana morreu esta noite às 22:29”, disse Raúl Castro, presidente de Cuba, na televisão, na passada sexta-feira. “Fidel lutou para alcançar o bem-estar, a paz, a honradez, a verdade e a satisfação das necessidades de toda a Humanidade, não apenas dos cubanos”, disse Ismael Mendes Boulet, luso-descendente, filho do marinheiro oriundo da Lousã, no distrito de Coimbra, que Fidel Castro condecorou em 1979, nos 20 anos do triunfo da Revolução Cubana. “Nestes momentos de dor para todo o país, incluindo a nossa família, posso afirmar que Fidel Castro é e será sempre o comandante-em-chefe da Revolução Cubana”, adiantou Ismael, engenheiro mecânico de aeronaves e major reformado das Forças Armadas Revolucionárias (FAR) de Cuba.

Fidel “foi muito importante para Cuba”, onde “não vai haver nenhuma mudança” de regime na sequência da sua morte, vaticinou. “Temos a certeza de que não vai acontecer nenhuma mudança, mas sabemos que começa uma nova época para Cuba. Este é um momento histórico para os cubanos: alguns ficam contentes, outros tristes, mas nenhum fica indiferente”, acrescentou. O líder histórico “decidiu a vida dos cubanos durante mais de meio século, para o bem ou para o mal”, salientou. “Muitos fugiram da ilha porque não concordavam com a revolução, outros ficaram porque acreditavam na revolução e em Fidel. Mas ele sempre esteve presente na vida dos cubanos”, enfatizou Liber Mendes Corzo.

REVOLUÇÃO NA ALMA

Fidel Castro Ruz nasceu em 1926. Aos 13 anos, já mostrava uma disposição rebelde: liderou uma greve de lavradores no canavial do

pai, um latifundiário, pois dizia-se chocado com o contraste entre a vida confortável que tinha e a miséria da população. Aluno de escolas jesuítas, estudava até desoras, decorava páginas só de lhes passar os olhos, estava sempre entre os melhores. Era forte em Psicologia, História, principalmente da Revolução Francesa, e um apaixonado de Rousseau e Diderot, mas também bom nos números. Tinha uma mania estranha: depois de ler uma página, rasgava-a e deitava-a fora. A vida política começa na Universidade de Havana, onde entra em Setembro de 1945, na Federação dos Estudantes Universitários (FEU), repartindo a militância com o estudo de Direito. Cuba era nesse tempo um alvoroço, cheia de zaragatas, golpes, conspirações, gangsterismo, comércio de favores, bordéis com clientes certos: os Marines. É nesses anos que mergulha na vida e nas memórias do “apóstol” José Martí, Bolívar, Antonio Jose de Sucre. É nesses anos que sobe, desce e discursa, já então aos borbotões, na Escalinata, de acesso à escola. No meio de conjuras, jornais clandestinos e programas radiofónicos de curta duração, lá acaba o curso e abre um escritório em Havana, onde defende causas de operários em Melena del Sur ou de camponeses em Santa Cruz del Norte, frequentemente sem levar nada. Tem uma ideia fixa: derrubar Batista. Então candidatou-se a deputado nas eleições de 1952. O seu partido liderava nas sondagens, mas a votação foi cancelada quando o general Fulgencio Batista criou um golpe militar e assumiu o poder. Fidel Castro passou a defender a luta armada. Em 26 de Julho de 1953, ele e o seu irmão Raúl comandaram um ataque ao quartel de Moncada. Oito revoltosos morreram no combate. Oitenta foram executados pelo exército. Os dois irmãos foram presos. No julgamento, Fidel fez o primeiro grande discurso, chamado “A história me absolverá”. Dois anos depois, Fidel e Raúl foram amnistiados. Exílio no México, a casa de María Antónia, o en-

contro com um jovem argentino que andava a conhecer o mundo, um tal Guevara, que começava ou acabava as frases com “che”, que tanto pode ser o nosso “pá”, como “olá” ou “caramba”; treinos físicos em inocentes ginásios e de tiro em quintas emprestadas, fintas aos agentes de Havana; e um iate chamado Granma, a cair de podre no porto mexicano de Tuxpan. Numa madrugada de Novembro de 1956, o barco, de 12 metros e com uma capacidade máxima para 25 pessoas, largou a abarrotar de presuntos, laranjas, leite condensado e 82 homens. Uma semana depois chegava às costas de Cuba, com a ajuda, entre outros, de um mapa que o Movimento 26 de Julho conseguira de um navio português. Desembarque, pântanos, mosquitos, combates, emboscadas de toca-e-foge, Sierra Maestra. Em Dezembro de 1958, a revolução triunfou e o ditador Batista fugiu. Viria a morrer de indigestão, em Elvas, no Portugal de Salazar, onde se exilou. Em Fevereiro de 1959, Castro prestava juramento

como primeiro-ministro e formava o primeiro governo marxista do Ocidente. Havana aproxima-se de Moscovo, os Estados Unidos eriçam-se; vem o embargo, uma sucessão de episódios que marcaram a ilha e o mundo: a Baía dos Porcos, em 1961, a crise dos mísseis um ano depois, a exportação da revolução, a morte de Che na Bolívia, atentados, a aventura angolana, enquanto mesmo assim tomava forma uma sociedade que erradicaria o analfabetismo e faria da saúde um direito elementar, bem como a habitação. O novo regime procedeu à nacionalização da economia da ilha, seguindo as práticas dos regimes ditos comunistas.

MAIS DE 600 TENTATIVAS DE ASSASSÍNIO

Dos famosos charutos explosivos ao veneno deitado numa taça de gelado, a CIA e os grupos de cubanos no exílio passaram 50 anos a inventar maneiras de matar Fidel Castro. Nenhum plano foi bem sucedido, mas um dos seus leais seguranças estima em 634 as tentativas de


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E NADA atentado – algumas ridículas, outras mortalmente sérias – feitas para tirar a vida a El Comandante. Avisada de que Castro era um entusiástico mergulhador, a CIA desenvolveu um plano astuto, investindo num enorme volume de moluscos com vista a encontrar uma concha suficientemente grande para conter uma quantidade letal de explosivos. A ideia era pintar os moluscos de cores vivas para atrair a atenção de Castro debaixo de água. Este plano terá sido abandonado enquanto se desenvolvia um outro que passava por preparar um fato de mergulho infectado com um fungo que iria provocar uma doença de pele debilitante. As tentativas de homicídio começaram na presidência de Eisenhower e continuaram nas administrações de Kennedy e Lyndon Johnson, mas foi durante o mandato de Nixon que se registou o maior número de sempre: 184.

“NÃO POSSO FAZER ISTO, FIDEL”

Outra tentativa passou por contratar uma ex-amante a quem a CIA

entregou pílulas de veneno que ela deveria deitar numa taça de gelado. Os comprimidos derreteram-se e a mulher percebeu que não resultaria tentar metê-las à força na boca de Fidel enquanto ele dormia. Segundo relatou, Castro adivinhou as suas intenções e ofereceu-lhe a sua própria pistola para que ela pudesse terminar o trabalho. “Não posso fazer isto, Fidel”, respondeu-lhe. As operações da CIA continuaram com testes com bactérias venenosas que seriam vertidas no seu chá ou café, um chafariz tóxico, um batido de chocolate envenenado com botulina que seria servido no antigo Havana Hilton. Houve até um plano não mortal que passaria por desacreditar o chefe de Estado deitando-lhe um spray com LSD durante a gravação de um programa de rádio que, supostamente, o iria expor a uma humilhação nacional quando fosse para o ar. As mais sérias tentativas de assassinato aconteceram quando Fidel Castro viajava para o estrangeiro. Já no ano 2000, durante a sua visita ao Canadá, foi abortado um plano que consistia em colocar 90 quilos de explosivos debaixo do palco onde iria discursar. Mas o seu corpo de segurança pessoal fez as suas próprias verificações antes dele chegar e pôs fim ao atentado. Além de recorrer aos seus próprios operacionais e a resistentes ao regime cubano, a CIA também tentou recorrer a figuras do submundo da máfia americana para consumar o homicídio. Uma vez, um suposto atirador foi apanhado junto à Universidade de Havana. Outra, um ataque à granada foi abortado durante um jogo de basebol. Questionado uma vez sobre se usava coletes à prova de bala, o comandante respondeu: “Eu tenho um colete moral”. A sua capacidade para sobreviver, apesar das inúmeras tentativas para o eliminar, deram origem a muitas piadas. Como aquela que conta como ele recusou a oferta que lhe fora feita de uma tartaruga das ilhas Galápagos, ao saber que elas viviam 100 anos: “É o problema dos animais, nós afeiçoamo-nos a eles e depois eles morrem”. Hasta siempre. HM/Agências

A HISTÓRIA E AS PALAVRAS • “Condenarem-me não importa, a História absolver-me-á”. 16 de Outubro 1953, no julgamento sobre o assalto ao quartel de Moncada • “Esta é a Revolução Socialista e democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes. E essa revolução socialista defenderemos com armas.” Abril de 1961, quando Fidel Castro se refere, pela primeira vez, ao carácter socialista da Revolução Cubana. • “Os homens morrem, o Partido é imortal”. 26 de Julho de 1973 • “O que faz falta são nervos de aço nestes tempos de genocídio e Cuba tem-nos. O império sabe-o”. 24 de Julho de 2008 • “Nos Estados Unidos existe um profundo racismo e o pensamento de milhões de brancos não consegue reconciliar-se com a ideia de que uma pessoa negra [Barack Obama], com mulher e filhos, ocupe a Casa Branca, que se chama assim: ‘Branca’”. 12 de Outubro de 2008 • “Com [Barack] Obama podemos discutir onde ele quiser (…) mas deverá ter em mente que a teoria da cenoura e do bastão não funciona no nosso país”. 5 de Dezembro de 2008 • “O modelo cubano não serve, nem para nós.” 9 de Setembro de 2010, na revista norte-americana The Atlantic • “A nossa revolução foi confrontada pelo império mais poderoso do mundo, o império ‘yankee’(...) É um império bárbaro e muitos dos seus líderes são bárbaros (...) É o império mais agressivo”. 28 de Setembro de 2010 • “Depois do Prémio Nobel [da Paz], há que conceder [a Obama] o prémio de maior encantador de serpentes de todos os tempos.” 22 de Novembro de 2010 • “Nós, os revolucionários cubanos, cometemos erros e iremos cometer sem dúvida outros, mas nunca cometemos o erro de sermos traidores.” 20 de Janeiro de 2011 • “Não confio na política dos Estados Unidos, nem na troca de palavras com eles, sem que isto signifique, muito menos, uma rejeição de uma solução pacífica dos conflitos”. 27 de Janeiro de 2015, quando se pronunciou, pela primeira vez, sobre o restabelecimento de relações diplomáticas com os Estados Unidos.

A luta continua Um mundo de mensagens

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presidente chinês Xi Jinping declarou que Fidel Castro “viverá eternamente”, numa mensagem lida na televisão após o anúncio da morte do líder cubano. “O povo chinês perdeu um camarada bom e sincero”, declarou Xi. Um comentário na Televisão Central Chinesa (CCTV) dizia que Cuba foi “o primeiro país no hemisfério ocidental” a estabelecer relações diplomáticas com Pequim. “Fidel Castro admirava Mao Zedong e... lamentava não o ter conhecido”, acrescentava o comentário, que descreveu as duas nações como “bons camaradas”. O ex-presidente brasileiro Lula da Silva lamentou a morte do ex-presidente cubano Fidel Castro afirmando que ele era “o maior de todos os latino-americanos”. Lula sentiu a morte de Fidel como “a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível, do qual jamais me esquecerei”. “Para os povos de nosso continente e os trabalhadores dos países mais pobres, especialmente para os homens e mulheres de minha geração, Fidel foi sempre uma voz de luta e esperança”, disse. O Papa Francisco manifestou pesar pela morte do líder cubano e, num telegrama dirigido ao seu irmão Raúl, disse que vai rezar pelo seu descanso. “Ao receber a triste notícia do falecimento do seu querido irmão, o excelentíssimo senhor Fidel Alejandro Castro Ruz, ex-presidente do Conselho de Estado e do governo da República de Cuba, expresso os meus sentimentos de pesar”, afirma o papa. No telegrama, o Papa estende os seus pêsames aos restantes familiares do líder histórico cubano, assim como ao governo e ao povo “dessa amada nação”. “Ao mesmo tempo, ofereço preces ao Senhor pelo seu descanso

e confio a todo o povo cubano a materna intervenção de Nuestra Señora de la Caridad del Cobre, padroeira desse país”, acrescentou. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que com a morte do histórico líder o “mundo perde um herói para muitos” e que o seu “legado será julgado pela História”. “Com a morte de Fidel Castro, o mundo perdeu um homem que foi um herói para muitos. Alterou o rumo do seu país e a sua influência chegou muito mais além”, lê-se num comunicado, referindo que o legado desta “figura revolucionária do século XX” irá ser “julgado pela História”.

DA ÍNDIA A PORTUGAL

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, enviou as suas “mais profundas condolências” a Cuba, após saber da morte do histórico líder cubano, Fidel Castro, e disse que “a Índia chora a perda de um grande amigo”. “Que a sua alma descanse em paz. Apoiamos o governo e o povo cubanos nesta trágica hora”, escreveu o governante. Modi acrescentou que “Fidel Castro foi uma das personalidades mais emblemáticas do século XX”. O Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, enviou uma mensagem de condolências ao governo e ao povo de Cuba, no seguimento da morte de Fidel Castro, lembrando o papel do ‘Comandante’ na luta contra o ‘apartheid’. “O Presidente Castro identificou-se com a nossa luta contra o ‘apartheid’, inspirou o povo cubano a juntar-se na nossa guerra; o povo cubano, sob a liderança do Presidente Castro, juntou-se à nossa luta”, disse o Presidente Zuma no sábado. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, manifestou pesar e transmitiu “solidariedade” e condolências aos comunistas, povo de Cuba e familiares do falecido “camarada” Fidel Castro, acrescentando que a melhor homenagem “é prosseguir a luta” pela “liberdade”, “paz” e “socialismo”. “A melhor forma de honrar a memória do camarada Fidel Castro, é prosseguir a luta pelos ideais e o projecto a que se consagrou até ao fim da sua vida, é fortalecer a solidariedade com Cuba e a sua revolução socialista exigindo o incondicional respeito pela soberania da Ilha da Liberdade, o imediato fim do criminoso bloqueio norte-americano e a restituição ao povo cubano de Guantánamo”, garantiu o líder comunista português.


4 POLÍTICA

hoje macau segunda-feira 28.11.2016

LAG PAULO CHAN QUIS ABRIR CONCURSO PARA MAIS INSPECTORES DE JOGO

Com os pés para a reforma O director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos disse no hemiciclo que quis abrir um novo concurso público para o recrutamento de mais inspectores de jogo logo após a tomada de posse. Paulo Chan explicou que muitos já entraram na idade da aposentação

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deputado Leong Veng Chai voltou a abordar a questão da falta de inspectores de jogos no segundo dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a tutela da Economia e Finanças. Paulo Chan, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), não avançou o número de funcionários em falta para colmatar as necessidades, mas garantiu que, assim que tomou posse, pensou na necessidade de abertura de um novo concurso de recrutamento.

“Sou muito novo no sector do jogo e ainda estou a aprender, mas isso não quer dizer que não me esforce para saber da questão. Quando tomei posse como director, insisti na abertura de um concurso público para o recruta-

mento de novos trabalhadores, para que possamos aliviar a pressão sentida pelos trabalhadores.” Paulo Chan deu ainda explicações para a falta de inspectores nos casinos, os quais realizam turnos de seis horas para garantir

“Não somos polícia criminal. Quando verificamos alguma situação comunicamos com a Polícia Judiciária. Tem sido este o modelo adoptado.” PAULO CHAN DIRECTOR DA INSPECÇÃO E COORDENAÇÃO DE JOGOS

um serviço de 24 horas. “Ao longo de dez anos ou mais tivemos um desenvolvimento inesperado, foi muito grande, e os nossos colegas têm vindo a trabalhar arduamente. A maioria dos inspectores atingiu 30 anos de serviço. Já pediram a aposentação. Com a saída dos experientes sentimos uma falta de inspectores”, adiantou.

NÃO É DE AGORA

Numa entrevista concedida ao HM, e publicada na passada quinta-feira, João Vieira, presidente da Associação Sindical dos Inspec-

tores de Jogo, disse que há muito que se nota a falta de trabalhadores e a diminuição de regalias devido a esse facto, nomeadamente não poderem gozar fins-de-semana. João Vieira falou da necessidade de um estatuto próprio para estes profissionais, pois não têm estatuto equiparado aos polícias, mas vêem-se muitas vezes confrontados com situações em que têm de agir como autoridade, sem no entanto terem competências para tal. Os inspectores não têm ainda direito de uso e porte de arma, apesar de se dizerem confrontados com várias situações de insegurança. Ainda assim, Paulo Chan deixou no ar a ideia de que o actual sistema deverá manter-se. “Os nossos inspectores trabalham 24 horas, não somos polícia criminal, e quando verificamos alguma situação comunicamos com a Polícia Judiciária. Tem sido este o modelo adoptado nos últimos anos. Temos mantido um diálogo forte com os accionistas e todos os trabalhadores”, disse o rosto pela DICJ. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

TRABALHADORES TEMEM INFRACÇÕES

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DICJ confirmou que ainda não há uma decisão final quanto às sanções a aplicar aos trabalhadores dos casinos que violem a entrada nos espaços de jogo na futura lei que proíbe os funcionários de se deslocarem a outros casinos. “Temos vindo a estabelecer contactos e já anunciamos as medidas às concessionárias. Pensamos em adoptar a aplicação de uma infracção administrativa, mas muitos mostraram-se preocupados com esta medida, pois as pessoas temem perder o emprego. Mas esta é uma medida para evitar que os trabalhadores dos casinos joguem, por serem uma classe de alto risco”, disse Paulo Chan. Quanto à retirada das slot machines das zonas residenciais, não está ainda concluída. “As casas de slot machines pararam de funcionar e o Governo está a monitorizar a situação para que essas casas possam sair das zonas residenciais.”

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Executivo quer contratar uma instituição académica para realizar um estudo sobre a viabilidade de implementação da Lei Sindical no território. A garantia foi dada por Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, no segundo dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da economia e finanças.

Ainda não é desta

Governo vai encomendar estudo sobre lei sindical

“Vamos encomendar um estudo a uma instituição académica para vermos a viabilidade de implementação desta lei. Além disso, vamos fazer um estudo comparado para ver que desafios enfrentaram

outras jurisdições na implementação da lei sindical. Depois de termos todo este material iremos entregar ao Conselho Permanente de Concertação Social”, disse o Secretário.

O Governo não deu, portanto, garantias de apresentação de uma lei sindical, apesar do projecto de lei já ter sido chumbado oito vezes no hemiciclo. José Pereira Coutinho, Jorge Fão e deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) foram os autores dos projectos de lei ao longo destes anos. Ng Kuok Cheong foi o primeiro deputado a levantar a questão. “A

lei sindical já está legislada nas regiões vizinhas, menos em Macau. Será que vão legislar sobre esta matéria?”. Já o deputado Tsui Wai Kwan defendeu que este “não é o momento oportuno” para implementar a legislação. “Deve ser feita uma consulta pública sobre a lei sindical mais alargada porque não devemos sacrificar os direitos de toda a população.” A.S.S.


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ONG Kit Cheng lamenta que a proposta de lei de Alteração do Código Penal não abranja o assédio sexual feito verbalmente. A deputada e vice-secretária da Associação Geral das Mulheres, em declarações ao Jornal do Cidadão, considerou que o crime de ultraje não impede o assédio através de palavras. “O Governo considera que o crime de ultraje pode servir como recurso aos actos PUB

As palavras também contam Revisão do Código Penal traz melhoras mas diploma ainda tem falhas

de assédio sexual, mas é sempre crime privado, não conseguindo servir a função de supressão,” referiu, lamentando que não haja alterações neste ponto. Questionada pelos jornalistas se a opção tomada pelo Governo foi a solução que implica uma mais fácil recolha de provas, Wong Kit Cheng respondeu que quando o assédio sexual verbal é realizado de forma repetitiva, não será difícil a recolha de evidência criminal. Para a criminalização dos actos de importunação sexual, a deputada considerou que a proposta do diploma consegue preencher as lacunas anteriores. “A Lei não apresentava definições claras acerca deste tipo de ofensas e acabava por ser muito difícil a obtenção de provas de modo a criar um processo. Agora, com uma melhor definição da natureza do crime é mais fácil a recolha dessas provas”. Wong Kit Cheng dá como exemplo casos que recebe na Associação da qual é vice-secretária em que “são recebidos inúmeros pedidos de ajuda de pessoas vítimas de importunação e assédio de cariz sexual mas, como a lei não contava com uma definição

HOJE MACAU

A proposta de lei de Alteração do Código Penal traz novidades e é mais completa mas ainda apresenta falhas. O reparo é feito pela deputada Wong Kit Cheng que considera que devem ser incluídos os crimes de assédio sexual verbal

POLÍTICA

clara do acto, a maior parte das queixosas acabavam por desistir porque sentiam que seria impossível terem qualquer apoio”, explicou.

NOVIDADES LEGAIS

“O Governo considera que o crime de ultraje pode servir como recurso aos actos de assédio sexual, mas é sempre crime privado, não conseguindo servir a função de supressão.” WONG KIT CHENG DEPUTADA

Foi conhecida na passada sexta-feira a proposta de lei de “Alteração ao Código Penal”. O documento conta com a introdução de três novos crimes: importunação sexual, crime de recurso à prostituição de menores e crime de pornografia de menores. Aproposta prevê também as revisões relativas aos regimes de agravação que, além de abrangerem os três novos crimes, incluem circunstâncias agravantes quando as vítimas têm até 16 anos, ao contrário dos 14 anos previstos actualmente, ou são “pessoas incapazes ou diminuídas”. No que respeita ao crime de violação, o documento passa a incluir a prática de sexo oral e a não diferenciar o género do agente que pratica o acto. Angela Ka com Sofia Mota info@hojemacau.com.mo


6 POLÍTICA

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LAG ANTIGO EDIFÍCIO DO GCS DEVERÁ SER UM CENTRO DE EXPOSIÇÕES

O fim das teias de aranha O Secretário para a Economia e Finanças confirmou que o edifício que albergou o Gabinete de Comunicação Social deverá servir de centro de exposições para produtos Made in Macau ou para lojas com carácter não permanente. Só faltou o calendário

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Governo tomou finalmente uma decisão para a utilização das antigas instalações do Gabinete de Comunicação Social (GCS), um edifício de cor amarela actualmente vazio, localizado no Leal Senado. Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, confirmou na Assembleia Legislativa (AL) que há duas soluções pensadas para o edifício. “O edifício era usado para formação de trabalhadores por parte dos Serviços de Administração e Função Pública e temos pensado que poderia ser atribuído ao Instituto de Promoção do Comércio e Investimento, ou outras entidades, mas verificámos que existem várias deficiências. O rés-do-chão funcionava como garagem mas trata-se de uma zona pedonal, onde não é permitida a entrada de viaturas. Estamos a pensar reabilitar as instalações para que sirvam como uma pop-up store [lojas com carácter não permanente] ou um centro de produtos de Macau para exposição e venda.” Para o Secretário, esta medida vai permitir que “as pessoas conheçam os produtos Made in Macau”. “Queremos promover ainda mais a área das indústrias culturais e criativas”, acrescentou Lionel Leong, sem avançar um calendário para o arranque do novo projecto.

PROMESSAS ADIADAS

Com 24 metros de altura, o edifício foi construído na década

“Qual é o ponto da situação da ocupação do edifício do GCS?” NG KUOK CHEONG DEPUTADO

de 80 e estará a ser gerido pela Fundação Macau. Em 2008, Ho Kuai Leng, membro do conselho de administração desta entidade, confirmou que ali iria nascer um espaço cultural com apenas quatro andares, projecto que iria levar à demolição do edifício. Quase dez anos depois, ainda nada foi feito. À data, Ho Kuai Leng prometeu que o projecto ficaria concluído em 2010, sendo que iria albergar também espaços para exposições e uma sala de leitura. Num trabalho recente publicado pelo HM, James Chu, criativo local, propôs que o edifício fosse transformado numa segunda C-Shop, uma vez que apenas existe um espaço do género junto à praça Jorge Álvares. “Claro que o Governo deveria abrir mais espaços como este. Há muitas boas localizações que estão a ser ocupadas pelo Governo e há espaços que estão vazios”, sugeriu. A questão da desocupação do edifício foi levantada pelo deputado Ng Kuok Cheong no segundo dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Economia e Finanças. “Sobre o edifício desocupado onde estava o GCS, foi feita uma avaliação do valor das rendas que estão na zona? Se calhar uma loja que está ao lado do edifício pode ter hoje outro valor. Qual é o ponto da situação da ocupação do edifício do GCS?”, questionou o membro da AL. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

VIVA MACAU LIONEL LEONG SEM JUSTIFICAÇÕES

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deputado Leong Veng Chai levantou a questão da falida companhia área Viva Macau e do empréstimo de 200 milhões de patacas que terá de ser reavido pelo Governo. “No caso da Viva Macau, as respostas são sempre iguais. Qual é o conteúdo do documento de garantia, para confirmar se esse crédito pode ser reembolsado? O Governo tem de recuperar esse crédito, já passaram oito anos”, referiu o deputado. Contudo, o Secretário Lionel Leong não deu uma res-

posta, tendo referido que o Governo “precisa de fazer contas”. O caso está em tribunal e, no ano passado, também por ocasião da apresentação das Linhas de Acção Governativa, o Governo disse ter de esperar por uma decisão judicial. A Viva Macau deixou de operar em 2010. À data, o director dos Serviços de Economia, Sou Tim Peng, disse ser necessário avaliar “quais os bens do fiador” para “poder continuar a recuperar o dinheiro emprestado”.

Este ano, no âmbito da divulgação dos Panama Papers, ficou a saber-se que Ngan In Leng, fundador da Viva Macau, usou a sua dupla nacionalidade para criar duas empresas offshore, sendo que a China não aceita o uso de dupla nacionalidade. A Viva Macau começou a operar há dez anos e o objectivo era a operação de uma companhia aérea de baixo custo, com uma subconcessão da Air Macau. A.S.S.

Uma questão de tufões Leonel Alves quer regime de trusts até 2019

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deputado Leonel Alves defendeu no hemiciclo que Lionel Leong deve aprovar até ao fim do seu mandato o regime fiscal dos trusts [um meio de investimento], considerando ser algo fundamental para que o território seja um centro financeiro internacional. “Faço aqui um apelo para que questões tão importantes como a protecção dos direitos dos consumidores e o regime fiscal dos trusts [sejam resolvidas]. Não podemos passar a bola para a colega da Administração e Justiça [Sónia Chan] e ficar à espera desse agendamento. O seu mandato continua depois de 2019, mas o que interessa é que essas leis não estão no calendário do relatório das Linhas de Acção Governativa.” “Quando diz que este é um assunto em discussão com a outra tutela, em que fase está, na verdade? O processo de revisão da lei de consumidores já está numa fase avançada e não se percebe porque não está nesta lista. Quanto ao processo dos trusts, não sei em que fase está. Espero que seja uma questão resolvida durante o seu mandato”, acrescentou o deputado.

DESCUBRA AS DIFERENÇAS

Leonel Alves comparou mesmo a ausência do regime de trusts às diferenças registadas nas classificações dos tufões. “Temos um regime de trusts em Hong Kong, temos outro na China. Tudo isto faz lembrar o tufão oito em Hong Kong e Zhuhai, mas em Macau temos o tufão sinal três. É uma anormalidade. Se queremos que Macau seja um centro financeiro com outra pujança, internacional, necessariamente o regime de negócios fiduciários tem de estar implantado. Temos de ter um regime que registe, que diga quais os requisitos para obter a licença para operar uma empresa de trusts, qual a entidade que supervisiona e qual o direito que vai regular as relações entre o prestador e o beneficiário do trust.” Por forma a responder a questões levantadas pelo direito de Macau, Leonel Alves apontou uma solução. “Pode haver um problema estrutural, pois o regime jurídico de Macau não prevê a figura do trust. Os negócios fiduciários não são tratados como são em Hong Kong. Podemos seguir o exemplo do Luxemburgo, um centro financeiro importante e internacional, e que tem o direito de matriz continental europeia. O caminho está traçado, é seguir o que os outros fazem, com um modelo jurídico parecido com o nosso.” Lionel Leong prometeu apenas continuar a dialogar com Sónia Chan. “Temos de reforçar os contactos com a outra tutela. Quanto à lei de protecção de consumidores, está nas mãos dos Serviços para os Assuntos de Justiça. Os responsáveis reúnem quase todos os meses para avançarem os trabalhos relacionados com essa lei”, rematou o Secretário. A.S.S.


7 SOCIEDADE

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EPM LISTA A NÃO QUER SER “INSTRUMENTO DE PRESSÃO SOBRE A ESCOLA”

O outro lado da barricada A Lista A, candidata à Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau, assume que não pretende ser um “instrumento de pressão sobre a escola”. Num comunicado intitulado “fazer mais e melhor pelos nossos educandos”, a lista liderada por Valéria Koob assume ser de “continuidade” e querer contribuir com “propostas razoáveis” TIAGO ALCÂNTARA

ELA primeira vez desde há vários anos que as eleições para a Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEP) contam com duas listas concorrentes. O acto eleitoral decorre amanhã, terça-feira, e após o debate realizado pela lista B, chegou a vez da lista A dizer de sua justiça. Num comunicado, o grupo liderado por Valéria Koob afirma representar uma “candidatura de continuidade, assente na experiência associativa dos elementos que o compõem”. Trata-se de um “grupo de pais voluntários e empenhados, ciente dos bons resultados já alcançados, mas procurando sempre exponenciá-los, uma vez que há sempre espaço para melhorias”. A lista assume ainda não pretender pressionar a direcção da EPM, actualmente composta por Manuel Machado e Zélia Mieiro. “Sabemos que há sempre espaço para evoluir, mas também temos a noção da realidade e das limitações de acção de todos os interessados, bem como do papel de uma associação de pais. A lista A pretende que a APEP continue a ser uma voz colectiva e não um mero instrumento de pressão sobre a escola ou os docentes para realização de objectivos individuais. A aposta é no diálogo e não na crítica. Na participação e não no confronto. Na união de esforços e não na divisão dos pais.” A ausência de uma cantina com condições, o ensino da língua chinesa e o ensino especial são três apostas nas quais a lista A deseja ver melhorias. “Esta candidatura não se propõe atingir objectivos fantasiosos, pretendendo, no espaço limitado do seu mandato, contribuir com propostas razoáveis para melhorar o projecto educativo da EPM, nomeadamente, as questões relacionadas com a renovação e maximização das instalações da escola, com comunicação entre a comunidade educativa, o ensino da língua chinesa, o acompanhamento dos alunos com necessidades especiais e o serviço de refeições.” A lista A pretende ainda realizar um inquérito para a auscultação de opiniões. “Tais objectivos serão, caso esta candidatura seja eleita, precedidos de uma auscultação

TRABALHO GRATUITO

A

Fundação Escola Portuguesa de Macau (FEPM) não tem encargos financeiros com os membros dirigentes e funcionários. A informação é dada por Roberto Carneiro, presidente do conselho de administração da FEPM em comunicado enviado à comunicação social pela direcção da Escola Portuguesa (EPM). “O exercício de funções dos membros do conselho de administração é gratuito (...) e não tem qualquer funcionário remunerado ao seu serviço, pelo que o encargo orçamental, até ao momento, é nulo”, lê-se. A direcção da instituição de ensino, salienta ainda no mesmo documento, que a EPM faz questão de manter uma comunicação constante com os encarregados de educação dos seus alunos de modo a esclarecer e resolver qualquer situação “que considerem sensível ou problemática”.

“A lista A pretende que a APEP continue a ser uma voz colectiva e não um mero instrumento de pressão sobre a escola.” LISTA A EM COMUNICADO

rigorosa da comunidade educativa, sendo os resultados deste inquérito a realizar o principal norte da nossa acção.”

EXCELÊNCIA COM CERTEZA

Manuel Gouveia, candidato pela lista B, questionou nos últimos dias, em várias entrevistas e no debate público que foi realizado na Livraria Portuguesa, o lugar de excelência que é atribuído à EPM, tendo referido que é necessária uma auditoria externa às contas da escola. A lista A prefere frisar que

“é hoje comummente aceite que a EPM é uma escola de referência em Macau e a nível internacional, como o comprovam os resultados nos exames nacionais, o número de alunos inscritos e o aumento do número de alunos cuja língua materna não é a língua portuguesa”. A lista liderada por Valéria Koob acrescenta ainda que tem existido no seio da instituição educativa “um clima de paz social, de diálogo e de colaboração entre todos os elementos da comunidade educativa nela se in-

cluindo pais, alunos, professores, direcção e Fundação da Escola Portuguesa”. “A candidatura da lista A para a APEP pretende ser o rosto das preocupações de todos os encarregados de educação, membros e não membros da APEP, levando as suas inquietações a quem de direito, pugnando com realismo e bom senso, pela optimização dos serviços prestados pela EPM”, conclui o comunicado. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

ILEGAIS IMIGRANTES ESCONDIDOS NO AUTOCARRO

A

Polícia Judiciária (PJ) deteve o condutor de um autocarro turístico da China suspeito de pertencer a uma rede criminosa que terá feito entrar e sair da cidade dezenas de imigrantes ilegais. Segundo a PJ, o grupo, com

origem na China Continental, fez entrar ou sair ilegais para ou de Macau em 21 ocasiões, num espaço de um mês. Em nota enviada à Agência Lusa, a Judiciária explicou que há duas semanas recebeu a informação de que

um grupo criminoso recorria a condutores de autocarros turísticos, com matrículas tanto da China como de Macau, para possibilitar entradas e saídas ilegais. Na quinta-feira, o homem de 38 anos foi detido ao atra-

vessar a fronteira, tendo sido encontrado um imigrante ilegal no autocarro. A PJ “acredita que a rede criminosa operou durante cerca de um mês e ajudou a fazer passar clandestinamente imigrantes pelo

menos 21 vezes – sete vezes a entrar Macau e 14 vezes a sair de Macau”, indica-se no comunicado. De cada vez, “havia um ou dois imigrantes ilegais escondidos num compartimento secreto do autocarro” e cada

imigrante rendia entre 30 a 50 mil patacas, divididas entre o grupo e o condutor. A Judiciária diz acreditar que há mais condutores envolvidos e já pediu ajuda às autoridades da China para localizar outros suspeitos.


8 PUBLICIDADE

hoje macau segunda-feira 28.11.2016

Aviso O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, doravante designado por IACM, publica, nos termos da alínea 2) do n.° 3 do artigo 11.° e do n.° 3 do artigo 13.° da Lei n.° 4/2016 “Lei de Protecção dos Animais”, o seguinte: De acordo com o n.° 3 do artigo 11.° da referida Lei, o dono, ao passear seu cão em espaços públicos ou em partes comuns de condomínios, deve conduzi-lo, munido da marca de identificação definida na licença, por uma trela ou transportá-lo em gaiola ou em outro meio adequado para o seu transporte. Além do mais, o cão que seja considerado perigoso pelo IACM, deve ser acompanhado por adulto, usar açaime ou coleira de cone e estar, ainda, sujeito aos meios de protecção adequados indicados pelo IACM na respectiva licença. Considerando que, por Despacho do Chefe do Executivo n.º 335/2016, de 11 de Outubro, é proibida a aquisição, criação, reprodução ou importação de certas raças de cães, o IACM declara que são considerados perigosos os cães a seguir discriminados: (1) Mastiff tibetano; (2) Cão de fila brasileiro e os seus híbridos; (3) Dogue argentino e os seus híbridos; (4) Pit bull terrier e os seus híbridos; (5) Tosa inu e os seus híbridos; (6) Cão que possua cadastro por lesões causadas a pessoas ou a animais, anotado na respectiva licença. Mais, o IACM define, nos termos do n.° 3 do artigo 13.° da Lei n.° 4/2016, as seguintes regras especiais para a criação dos animais proibidos pelo Despacho do Chefe do Executivo supracitado: O dono, ao passear qualquer cão das raças enunciadas no n.° 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 335/2016, e que reúna os requisitos de criação estipulados no n.° 2 do mesmo Despacho, em espaços públicos ou em partes comuns de condomínios, além de cumprir as disposições da alínea 2) do n.° 3 do artigo 11.° da Lei n.° 4/2016, deve, ainda, conduzi-lo por uma trela de comprimento não superior a 1,5 metros. O presente aviso entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação. Aos 28 de Novembro de 2016.

O Presidente do Conselho de Administração José Tavares

WWW. IACM.GOV.MO

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 656/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 671/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor DU GENMENG, portador do passaporte da RPC n.° E15075xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 27/DI-AI/2015, levantado pela DST a 20.03.2015, e por despacho da signatária de 22.11.2016, exarado no Relatório n.° 735/DI/2016, de 07.11.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Bragança n.° 350, Urbanização da Nova Taipa - Fase I, Bloco 26, 5.° andar I, Taipa onde se prestava alojamento ilegal. -----No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 22 de Novembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora XIA AIJIN, portadora do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W76571xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 134.1/DI-AI/2014, levantado pela DST a 30.10.2014, e por despacho da signatária de 18.08.2016, exarado no Relatório n.° 557/DI/2016, de 08.08.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Xangai n.° 75-D, Edf. I Keng Fa Un, I Pou Kok, 16.° andar E, Macau.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. -----A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 22 de Novembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

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MONTEPIO GERAL DE MACAU ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA Nos termos do Artº 34º, nº 1 , al. b) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua Sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 15 de Dezembro de 2016, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos: 1º - Discussão e aprovação do Orçamento do Montepio Geral de Macau para 2017; e 2º Outros assuntos de interesse da Associação. No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará nos termos do seu nº 2 no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados. Montepio Geral de Macau, aos 22 de Novembro de 2016. A Presidente da Assembleia Geral, Rita Botelhos dos Santos


9 GRAFITES NO CONSULADO

O edifício do Consulado de Portugal foi encontrado com grafites ilegais. Em comunicado, o Instituto Cultural (IC) dá a conhecer a situação, sendo que adverte que este tipo de acção, que afecta o património cultural, é criminalmente punida. As autoridades já se deslocaram ao local, segundo anunciou ontem o canal de rádio chinês da TDM. O IC sublinha que vai colaborar com os trabalhos de reparação dos danos causados.

SOCIEDADE

TIAGO ALCÂNTARA

hoje macau segunda-feira 28.11.2016

IH APOIA MAIS DE 300 COMISSÕES DE GESTÃO PREDIAL

Segundo os dados estatísticos publicados ontem pelo Instituto de Habitação (IH), registaram-se, até à data, mais de 280 comissões de gestão predial que se estabeleceram e entraram em funcionamento com o apoio da entidade. No primeiro semestre deste ano, o organismo recebeu 1.296 pedidos de apoio, sendo que 1.247 pedidos já foram respondidos. Em comunicado, o IH também refere que o Plano de Apoio Financeiro para a Administração de Edifícios estabelecido pelo Governo em 2008 registou 384 aprovações de pedidos e o valor de financiamento atingiu 1,5 milhões de patacas. A iniciativa tem como objectivo o apoio aos pequenos proprietários a organizarem as comissões de gestão predial e o estabelecimento de um fundo de reserva comum.

FARMÁCIA CHONG SAI ABRE NO FINAL DO ANO

A abertura da Farmácia Chong Sai foi adiada até ao final do ano. O atraso nas obras do espaço adquirido pelo Instituto Cultural (IC) deve-se à descoberta de uma estrutura de pedra durante as obras de recuperação e que é suspeita de poder dar mais informações históricas. A informação é dada por Ung Vai Meng, presidente do IC, em declarações ao Jornal do Cidadão, em que adiantou ainda que a abertura do espaço irá coincidir com a comemoração do 150º aniversário de Su Iatsen, fundador da farmácia, um momento em que também serão expostas as descobertas arqueológicas feitas durante o período de recuperação.

TEMPLO A-MÁ APROVADO PLANO DE REPARAÇÃO

O plano de reparação do Templo de A-Má está aprovado e foi entregue à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) onde aguarda aprovação de obra. A informação foi dada a conhecer por Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC) em declarações ao Jornal do Cidadão. Ung Vai Meng prevê ainda que as obras vão ter inicio em breve. O orçamento não é conhecido mas o presidente do IC garante que as despesas não vão ser inteiramente assumidas pela Associação do Templo. O pavilhão principal do Templo A-Má sofreu um incêndio em Fevereiro e está fechado desde então. Ung Vai Meng disse ainda que o relatório de avaliação da Igreja de Santo Agostinho ainda não está terminado.

TRIBUNAL DECLARA CADUCIDADE DE TERRENO DA STDM

Prazos são prazos

O

Tribunal de Segunda Instância (TSI) declarou sexta-feira oficiosamente a caducidade do contrato de concessão do terreno localizado em Macau entre a Estrada de Santa Sancha e Calçada das Chácaras da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM). A decisão surge após o recurso contencioso por parte da STDM alegando que o despacho que decretara a caducidade da parcela, padecia de “vícios”, nomeadamente “erros sobre os pressupostos de facto e de direito e a violação do principio da igualdade”. O terreno em causa foi concedido a 15 de Março de 1988,

e o prazo de aproveitamento inicialmente estabelecido no contrato terminou em 14 de Março de 1989. Mais tarde veio a ser prorrogado até 14 de Novembro de 1992. Posteriormente, a Divisão de Fiscalização do então Departamento de Edificações Urbanas constatou que uma parte do terreno concedido correspondia ao passeio público, não edificável, pelo que se procedeu a uma série

de formalidades para apurar a área edificável, sendo que a entidade concessionária teve de interromper os trabalhos que haviam sido iniciados. Desde aí, a STDM entregou vários projectos de arquitectura que nunca vieram a ser autorizados, não tendo as autoridades fixado um novo prazo de aproveitamento do terreno. Como tal, o tribunal colectivo indicou que, devido a um erro

Para o TSI, o facto de a 14 de Março de 2013 o prazo máximo dos 25 anos de concessão ter sido excedido, faz com que o processo de caducidade seja efectivo

da entidade pública relativo à área edificável, a recorrente não podia, sem culpa sua, iniciar os seus trabalhos nem concluir o aproveitamento do terreno no prazo contratualmente estabelecido que findava em 1992.

VOLTE-FACE

Após uma primeira análise o TSI reconheceu que poderiam ter existido erros sobre os pressupostos de facto e de violação de leis, havendo, no entanto, “uma causa prejudicial que torna inútil os efeitos da decisão favorável do recurso contencioso”. Para o TSI, o facto de a 14 de Março de 2013 o prazo máximo dos 25 anos de concessão ter sido excedido, faz com que o processo de caducidade seja efectivo. É a chamada caducidade preclusão, ou seja, “uma caducidade legal que é excluída da disponibilidade das partes.” O terreno em causa tinha cerca de mil metros quadrados e seria aproveitado para a construção de uma moradia unifamiliar, com três pisos.


10 Festival THIS IS MY CITY 2016 ARRANCA NA SEXTA-FEIRA COM BALLA E RUI REININHO

EVENTOS

N

ASCEU de forma espontânea, entre duas lojas, no coração da cidade chinesa, para além da muralha. Manuel Correia da Silva e Clara Brito, ambos designers, tinham um espaço no Beco da Melancia; o fotógrafo António Falcão era o proprietário da livraria Bloom, no Largo do Pagode do Bazar. A Macau dos festivais era sobretudo institucional, com os cartazes do costume. Fazia falta outro tipo de cultura – a dos livros, a de uma certa música, a das ideias, a dos conceitos. A vontade de um punhado de gente resultou num

MARINA SILVA

A CIDADE QUE AIND Balla

acontecimento que, logo nos primeiros anos, contou com a adesão de muito público. O interesse de quem se juntava aos finais de tarde e noites no bazar levou a uma maior organização: o This is My

City (TIMC) foi crescendo, chamando gente de fora, e assim passaram dez anos, ocupando diferentes espaços, sempre na cidade. A edição que assinala a década prolonga-se ao longo de PUB

AVISO sobre a formulação dos pedidos de apoio financeiro para actividades no âmbito do Quyi (para o ano de 2017) 1.

Âmbito de aplicação Espectáculos de óperas chinesas e de canções clássicas e populares a se realizarem durante o período compreendido entre os dias 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2017.

2.

Requisito para o pedido de apoio financeiro Instituições constituídas em Macau sem fins lucrativos e que funcionem nos termos legais. Instituições / Projectos que não são considerados prioritários ou que não lhes serão atribuídos subsídios (1) Instituições sem fins lucrativos com menos de um ano de funcionamento; (2) Projectos que não correspondem aos objectivos do requerente institucional; (3) Projectos a se realizarem fora da RAEM.

3.

4.

Prazo para formulação do pedido Desde dia 1 até ao dia 31 de Dezembro de 2016. Os pedidos formulados fora do prazo não serão admitidos.

5.

Documentos necessários à instrução do pedido Entrega do formulário “Requerimento de Apoio Financeiro” devidamente preenchido, acompanhado dos documentos descritos na Parte C do respectivo formulário. Para mais informações, o requerente pode consultar o “Aviso sobre as novas medidas para apoiar as actividades no âmbito de Quyi” (2016) e os “Guias Gerais para Pedido de Apoio Financeiro para Actividades no âmbito de Quyi” (Versão 2015), publicados pela Fundação Macau em 27 de Outubro de 2015. As informações, os formulários e os respectivos exemplares estão disponíveis no website da Fundação Macau.

6.

Serviços de atendimento e apoio à instrução do pedido Durante o prazo acima referido, os funcionários desta Fundação estarão disponíveis no “Balcão de Pedidos de Subsídios para as Actividades no âmbito do Quyi” para prestar um atendimento rápido e eficaz. O representante do Requerente deverá trazer o “Certificado da Composição dos Corpos Gerentes da Associação” emitido pela Direcção dos Serviços de Identificação; a fotocópia do seu B.I.R.; as informações sobre a conta bancária do Requerente e o carimbo da instituição, para tratar do pedido na Fundação Macau. Podia marcar o horário de atendimento com os nossos funcionários. Local para entrega do pedido: Avenida de Almeida Ribeiro, N.ºs 61-75, Circle Square, 7.° andar, Macau

Horas de expediente: Contacto:

De segunda a quinta-feira: das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45; sexta-feira: das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30 (à excepção dos dias feriados em Macau e das tolerâncias de ponto)

Linha Directa:

87950965 (Dra. Ao), 87970981 (Dr. Cheong) ou 87950969 (Dra. Chan)

E-mail:

ds_info@fm.org.mo

Website:

www.fmac.org.mo

duas semanas e arranca com música, que chega de Portugal. É talvez o ponto mais forte do programa, aquele que mais público será capaz de captar: a organização traz à cidade o projecto Balla, “num formato inédito”, com um convidado especial: Rui Reininho, a voz dos GNR. “Tem algumas figuras que fazem também parte desta cidade”, destaca Manuel Correia da Silva, responsável pelo evento. A abrir o concerto da próxima sexta-feira, dia 2 de Dezembro, vai estar o trio de Macau “Turtle Giant”, constituído por Beto, Frederico Ritchie e António Conceição. O palco escolhido para o início desta edição é um regresso ao início de tudo: o TIMC volta ao Largo do Pagode do Bazar. “O This is My City tem sempre tentado ocupar o espaço da cidade: o que acontece não é dentro de paredes. Mesmo aqueles que não pensam em participar passam por nós, e podem usufruir e experienciar daquilo que oferecemos”, aponta Correia da Silva. O concerto no bazar começa às 18h30. Ainda na sexta-feira, mas já no Kampek, outro tipo de música: DJ Balla e Rui Reininho, promete a organização, vão proporcionar aos que se juntarem à festa “uma noite para não esquecer”. O japonês DJ Shintaro também vai actuar.

IMAGENS E IDEIAS

A 6 de Dezembro, o TIMC aproveita a passagem por Macau do projecto “No Trilho dos Naturalistas”, um documentário constituído por quatro episódios coordenador por António Gouveia. Na Casa Garden vai ser mostrada uma parte deste projecto: “Angola 58’” é realizado por André Godinho. O projecto conta com a participação de Alexandra Cook, uma professora de Filosofia da Universidade de Hong Kong com um forte interesse em estudos ambientais. Três dias depois, a 9 de Dezembro, o regresso do PechaKucha: um formato

“O This is My City tem sempre tentado ocupar o espaço da cidade: o que acontece não é dentro de paredes.” “Estamos cá, fazemos um óptimo saldo, mas sentimos que se fecha um ciclo.” MANUEL CORREIA DA SILVA DESIGNER

de intervenção pública que junta a projecção de imagens às ideias deixadas por vários oradores, num tempo fixo que permite um maior dinamismo. O TIMC trouxe este tipo de palestras a Macau pela primeira vez em 2010. O Albergue SCM recebe de novo a edição de 2016, a partir das 18 horas. À mesma hora, no mesmo espaço, são projectadas várias curtas-metragens do realizador Maxim Bessmertny. À semelhança do que já tinha acontecido no ano

Turtle Giant

passado, também em 2016 o This is My City organiza um Instameet. O tema é a cidade – o evento do TIMC vai ter uma página própria. O encontro acontece no dia 10, entre as 12h e as 18h, no Macau Design Center.

PENSAR AO LADO

De regresso à Casa Garden, no dia 13 de Dezembro, para uma exposição e uma palestra sobre um projecto de pesquisa acerca de uma cidade que nos é próxima: Shenzhen. “Unidentified Acts of Design”, de Luisa Mengoni e Ole Bouman, explora a ideia do design que surge fora das quatro paredes de um estúdio. Os autores vão estar presentes para uma discussão sobre “actos de design fora do formato”. Manuel Correia da Silva desdobra o conceito: nesta sessão, vai debater-se “aquilo que se tem passado em Shenzhen com o impacto da tecnologia”. “O tecido industrial de Shenzhen absorveu muito do topo da tecnologia. Há franjas que se estão a construir em torno dessa tecnologia, com criativos de todo o mundo que vão para lá para criarem os seus produtos e as suas start-ups, com todo o impacto que tem tido naquela cidade”, refere. Esta palestra vai ao encontro de um dos objectivos do TIMC – pensar Macau no


11

DJ Shintaro

contexto dos vizinhos. “Acho que é importante. Macau tem de ser uma cidade mais para fora. Temos de começar no Delta e achamos que Shenzhen deverá ser o primeiro passo, a conhecer e a ligar, PUB

Dez anos depois dos encontros espontâneos no bazar, Manuel Correia da Silva faz um balanço “muito positivo” do evento. “São dez anos na cidade pós-99, que tem 17. Fazemos parte desta nova cidade. Não somos muito mais novos do que ela”, nota. “Fomos capazes de fazer algo que, de espontâneo, se tornou parte de um espaço que fomos capazes de ocupar, com um festival que

um evento que nunca quis ser mainstream. “Não queríamos esse papel, já está ocupado e não é

o nosso. Mas em Macau, não se sendo mainstream, às vezes é muito difícil sobreviver. Fomos capazes de o fazer, estamos cá, fazemos um óptimo saldo, mas sentimos que se fecha um ciclo”, continua o presidente da +853, a associação que organiza o festival. Numa década, assinala Correia da Silva, “a cidade mudou muito e, por isso, não faz sentido manter o festival como ele é hoje em dia”. O público não sentirá a necessidade de reflexão que os organizadores entendem ser necessária. “Não sabendo exactamente o que vai acontecer no futuro, há

L ui

s oni

O FIM DE UM CICLO

tem um formato diferente, que se propôs apresentar um conteúdo diferente”, continua o designer e responsável por

Música, ideias, imagens. O This is My City chegou bem de saúde à edição número 10, mas quem o organiza pensa em mudanças para o futuro. Até lá, vive-se Macau en g

para que possamos estar mais actualizados, regionalizados e internacionalizados”, defende Correia da Silva.

EVENTOS

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DA E NOSSA ´

hoje macau segunda-feira 28.11.2016

algo que é certo: as coisas não vão continuar a ser como foram, achamos que temos de revitalizar-nos, adaptar-nos e, por isso, estamos a trabalhar com essa ideia, pelo que queremos que esta edição sirva para marcar esse ponto”. I.C.


12 CHINA

hoje macau segunda-feira 28.11.2016

TREZE DETIDOS APÓS QUEDA DE ANDAIME QUE FEZ 74 MORTOS

A

S autoridades chinesas detiveram treze pessoas na sequência da queda de um andaime numa central eléctrica em obras no sudeste da China, que causou 74 mortos, num dos mais graves acidentes laborais dos últimos anos no país. O acidente ocorreu às 7:00 de quinta-feira na cidade de Fengcheng,

O

presidente da Dagong, a maior agência chinesa de ‘rating’, considera que as regras orçamentais europeias a que Portugal está obrigado “são necessárias”, mas defende que “o próximo passo” deve ser “desenvolver os factores internos de competitividade”. “De facto, Portugal esteve numa situação difícil quanto à dívida pública e acho que as regras orçamentais da Europa são necessárias nestas situações. Mas acho que o próximo passo para Portugal é pensar em como aumentar a competitividade interna”, afirmou o líder da Dagong Global Credit Rating Group, Guan Jianzhong, em entrevista à Lusa. Para Guan Jianzhong, a questão chave para Portugal é o país perceber “como reforçar os factores internos

província de Jiangxi, e deixou ainda dois feridos, depois de tubos de ferro, barras de aço e pranchas de madeira colapsarem sobre os trabalhadores. As autoridades não revelaram ainda detalhes sobre os detidos, mas o operador da central eléctrica, a Jiangxi Ganneng, e a empresa de engenharia, a Hebei Yineng, que já

tem um historial de acidentes laborais fatais, estão sob investigação. A Yineng conseguiu contratos para construir plantas em mais de doze províncias da China, na Turquia e Malásia, segundo informações citadas pela Associated Press (AP). A imprensa estatal revela que o acidente ocorreu durante uma

mudança de turnos, o que terá contribuído para um maior número de vítimas. Os trabalhos estavam a ser realizados em três turnos, visando completar o projecto antes da chegada dos meses mais frios de Dezembro e Janeiro, revelaram os trabalhadores sobreviventes, citados pela impren-

sa oficial. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou aos governos locais para que aprendam com o sucedido e punam os responsáveis. “Face à vaga recente de acidentes laborais, o conselho de Estado chinês deve realizar inspecções nos locais de trabalho, para reduzir riscos”, afirmou Xi.

DAGONG DIZ QUE PORTUGAL DEVE REFORÇAR COMPETITIVIDADE INTERNA

Os passos em frente

da economia, especialmente nas formas de criar crescimento, de desenvolver a competitividade central de Portugal como economia”.

“Acho que isto vai ser um grande teste para os líderes em Portugal. O ambiente interno em Portugal é robusto, mas é mesmo

na questão da competitividade que têm de apostar”, considerou, acrescentando que as medidas que têm sido adoptadas pelo Governo socialista de António Costa lhe dão “esperança quanto à recuperação da economia”. Questionado sobre se Portugal não deveria potenciar a competitividade externa e as exportações, o presidente da Dagong reiterou que “a questão central é qual é a competitividade de Portugal internamente”. Sublinhando que “a abertura do mercado é um pré-requisito” para o crescimento, mas que “não vai

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Anúncio 【N.º 201611-2】 Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), a DSSOPT vai proceder-se à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para as zonas não abrangidas por plano de pormenor mas inseridas nos lotes abaixo indicados: ─ Processo N.º: 90A137, Terreno junto ao Beco da Carpideira-Macau; ─ Processo N.º: 94A007, Rua dos Ervanários no 10 e Beco da Rosa no 1-Macau; ─ Processo N.º: 2007A036, Escada do Caracol no 7-Macau; ─ Processo N.º: 2008A003, Travessa de Chan Loc nos 24-26-Macau; ─ Processo N.º: 2010A067, Terreno junto à Avenida de Vale das Borboletas (Zona Industrial de Seac Pai Van–Lote SC1)-Coloane; ─ Processo N.º: 2010A077, Terreno junto à Estrada do Altinho de Ká Hó-Coloane; ─ Processo N.º: 2015A049, Terreno da Zona E1 do Nova Aterro-Taipa; ─ Processo N.º: 2015A076, Rua de S. Paulo no 8-Macau; ─ Processo N.º: a, Terreno da Zona E1 do Nova Aterro-Taipa; ─ Processo N.º: 2016A015, Terreno junto ao extremo Norte da Zona E1 do Novo Aterro-Taipa; ─ Processo N.º: 2016A047, Rua de Marques de Oliveira no 44 e Rua de Martinho Montenegro no 25 (Antiga Rua de Marques de Oliveira no 19)-Macau. Para efeitos de referência, os projectos de PCU para as zonas dos lotes supracitados que não estão abrangidas por plano de pormenor já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontram-se afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http://urbanplanning.dssopt.gov.mo). O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 28 de Novembro de 2016 e 12 de Dezembro de 2016. Caso os interessados e a população queiram apresentar as opiniões sobre os referidos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor, deverão preencher o formulário O011,o qual pode ser descarregado nos websites http://urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt.gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios: ─ Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau, durante o horário de expediente nos dias úteis ─ Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo limite de entrega é contado a partir da data de envio indicada no carimbo do correio) ─ Fax: 2834 0019 ─ Email: pcu@dssopt.gov.mo Serão consideradas as opiniões respeitantes aos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor elaborados para os lotes, quando forem apresentadas de acordo com as exigências acima indicadas. Para mais informações podem pesquisar o website http://urbanplanning.dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queiram contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800). O Director da DSSOPT Li Canfeng

NOTA AINDA BAIXA

Actualmente, a Dagong classifica Portugal com ‘BB’, uma nota considerada lixo, mas a um nível da escala de investimento, sendo esta avaliação feita apenas com base na informação que é pública, uma vez que se trata de um ‘rating’ (nota) não solicitado. O presidente da Dagong disse que “há sinais de melhoria” a nível macroeconómico em Portugal e que “estes sinais positivos têm de ser tidos em conta no ‘rating’ de Portugal no longo prazo”, mas alertou para a necessidade de “olhar também para o desempenho orçamental”.

AGRADECIMENTO Organizado pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, APDCGM, foi dado por fim no dia 24NOV, a Exposição “POLE POSITION” de Fotografia e de Pintura de José L.R. Estorninho, após ter estado patente ao público desde o passado dia 18 NOV, no Circle Hall da Venetian Cotai. A Comissão Organizadora gostaria de enaltecer e agradecer publicamente todos os apoios e patrocínios que nos permitiram apresentar esta mostra ao público, na sua primeira apresentação pública da APDCGM, em particular dos vários serviços do Governo de Macau, designadamente do Instituto Cultural e do Instituto do Desporto da RAEM, bem como da Direcção dos Serviços de Turismo, e bem assim de instituições privadas, designadamente, o Banco Nacional Ultramarino de Macau, Comendador Ng Fok, e Companhia Construtora Man Kan. De igual modo queremos agradecer à gerência do Sands Venetian todo o apoio, total disponibilidade e facilidades concedidas na utilização do espaço para esta exposição, sem o que dificilmente a poderíamos apresentar ao público com a qualidade desejada. A APDCGM aproveita também esta oportunidade para agradecer publicamente, e manifestar o nosso especial apreço a Sua Exa. o Senhor Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Dr. Vitor Sereno, por ter aceite o convite para Presidente Honorário desta associação. A exposição “POLE POSITION” é totalmente dedicada ao Circuito da Guia, particularmente aos intrépidos pilotos que anualmente se reúnem neste traçado histórico e único para disputar uma das mais antigas e prestigiadas provas automobilísticas do Mundo, razão pela qual esta associação tem defendido, desde a primeira hora, a inclusão deste circuito citadino ímpar na lista do património mundial da UNESCO. No caso de tal anseio se concretizar, esta será mais uma razão para nos orgulharmos de Macau, com a conquista de mais um lugar na lista do Património mundial. Bem hajam!

Macau, aos 25 de Novembro de 2016

resolver os problemas, Jianzhong defendeu que deve “promover a inovação na economia como sendo um novo elemento interno” de crescimento.

A Comissão Organizadora

“O ambiente interno em Portugal é robusto, mas é mesmo na questão da competitividade que têm de apostar” GUAN JIANZHONG DAGONG “É preciso olhar para a receita do Governo e também para o pagamento da dívida pública. Isso também vai ser tido em conta na nossa avaliação”, afirmou

Guan Jianzhong, acrescentando que as políticas “que o Governo tem estado a pensar (...) são sinais positivos para a economia” e que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) “comprova isso mesmo”. Já quanto ao sistema financeiro, o presidente da Dagong entende que este “é um instrumento para o crescimento”, admitindo que é “uma das maiores preocupações” para a agência de ‘rating’ que dirige. Sublinhando que o executivo tem “planos importantes para a economia”, Guan Jianzhong alerta que, “sem um sistema financeiro robusto, a implementação destas medidas vai ser difícil”.

OS BONS PROJECTOS

Segundo o presidente da Dagong, as empresas chinesas estão disponíveis para investir e não estão à procura de sectores específicos, até porque a China tem “uma diversidade grande de investidores”. “A questão é os projectos disponíveis em Portugal. Vocês têm de ter bons projectos, investimentos onde se possa investir e também é preciso resolver o problema da assimetria da informação”, recomendou Jianzhong, acrescentando que é necessário garantir que os investidores têm acesso a “informação credível”. Sublinhando que esta situação “não é só em Portugal, é em toda a Europa”, e apontando que o problema é que “a informação não está sempre disponível e que, por vezes, a informação que os investidores querem ver não tem uma fonte credível”, o líder da agência de ‘rating’ chinesa diz que “a Dagong pode ter um papel e ser uma ponte entre a China e Portugal no financiamento destes projectos”.


13 hoje macau segunda-feira 28.11.2016

CHINA

O investimento do grupo chinês, a ser aplicado nos próximos cinco anos, deverá abranger áreas tão diversas como a agricultura ou as indústrias transformadoras

O

grupo chinês Huafeng prevê investir mil milhões de dólares em Angola, em sectores que vão desde a agricultura à pecuária, pescas e indústria transformadora, conforme acordo de investimento assinado com o Governo angolano. O investimento, segundo informação divulgada sexta-feira em Luanda, será implementando num prazo de até cinco anos, nas províncias de Luanda, Moxico, Malanje, Lunda Norte, Huambo, Cuando Cubango, Benguela e Lunda Sul. O acordo para o investimento do grupo chinês, celebrado quinta-feira, em Luanda, com a Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), em representação do Estado angolano, prevê a criação de 1.500 postos de trabalho directos, em várias áreas. Já com sede em Luanda e interesses na construção civil, reparação automóvel, exploração florestal e outras indústrias em Angola, aquele grupo privado chinês é presidido por Zhan Qiaoyang e empregava em 2013 quase um milhar de pessoas. De acordo com a imprensa local, um dos primeiros projectos deste contrato será a construção

HUAFENG PREVÊ INVESTIR MIL MILHÕES DE DÓLARES EM ANGOLA

Grande empregador de um centro de formação especializada no ramo de produção de sementes agrícolas, em Luanda, bem como a criação de gados bovino e suíno, aves, peixes. Está também prevista a construção de uma fábrica de fertilizantes e outra de medicamentos, de acordo com a mesma informação.

gicos da China, para promover o desenvolvimento nacional. Abraão Gourgel discursava no encerramento do Fórum de Investimento Angola-China, promovido pela UTIP e que durante dois dias reuniu na capital angolana mais de 450 empresários chineses, tendo resultado na assinatura de

DESEJOS DE MINISTRO

O ministro da Economia de Angola reiterou a 8 de Novembro, em Luanda, o desejo angolano de contar com o capital e recursos intelectuais, de gestão e tecnoló-

SISMO DE MAGNITUDE 6,5 ATINGE XINJIANG

U

M sismo de magnitude 6,5 na escala de Richter atingiu sexta-feira a região chinesa de Xinjiang (noroeste), não existindo até ao momento relatos de danos pessoais ou materiais, segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS). Esta região tem uma forte actividade sísmica e é regularmente atingida por tremores de terra. O hipocentro (ponto do interior da crosta terrestre, onde se origina um terramoto) foi identificado a uma profundidade

de 12 quilómetros abaixo da superfície, numa zona remota a cerca de 170 quilómetros da cidade chinesa de Kachgar, na fronteira com o Tadjiquistão e Quirguistão, de acordo com o USGS (sigla em inglês). A província vizinha de Qinghai foi atingida em meados de Outubro passado por um sismo de magnitude de 6,4. Até ao momento, não existem relatos de eventuais danos materiais ou de vítimas, segundo a agência noticiosa chi-

nesa estatal Xinhua. As autoridades do Paquistão informaram igualmente que o sismo foi sentido na província de Khyber Pakhtunkhwa, na região noroeste do território paquistanês, indicaram os serviços nacionais de gestão de desastres. Não existem informações sobre possíveis danos nesta área. O USGS referiu que só uma área relativamente pequena terá tido a percepção da forte intensidade do tremor de terra.

acordos de intenção e tramitação de projectos de investimentos privados, avaliados em mais de 1,2 mil milhões de dólares. O ministro afirmou que as infra-estruturas continuam a ser as prioridades do Governo de Angola, que conta com uma maior participação do sector privado, inclusive

O acordo para o investimento do grupo chinês (...) prevê a criação de 1.500 postos de trabalho directos, em várias áreas

o estrangeiro, sob certas condições e com as garantias adequadas. Segundo Abraão Gourgel, os sectores do agro-negócio, da indústria, da geologia e minas, comércio externo e turismo dispõem também de oportunidades de investimento com taxas de retorno diferenciadas e grande potencial de crescimento. “O Estado angolano continuará, para esse efeito, a assegurar as necessárias garantias jurídicas aos investidores privados, bem como a implementar os quadros regulatórios adequados à protecção dos interesses nacionais”, referiu o governante. Para Abraão Gourgel, o fórum permitiu dar início a um novo momento das relações económicas e empresariais bilaterais entre Angola e a China, o “momento do investimento directo privado chinês emAngola”.

FAZER A PRIMEIRA AUTO-ESTRADA DA GUINÉ-BISSAU

A

China está pronta para construir os primeiros 16 quilómetros de auto-estrada da Guiné-Bissau, entre a capital e a localidade de Safim,

aguardando apenas por uma decisão das autoridades para avançar, anunciou sexta-feira o embaixador chinês no país. Wang Hua fez o anúncio numa entrevista à Rádio Nacional da Guiné-Bissau em que adiantou que o seu governo já mobilizou 13,6 milhões de euros e aguarda apenas “por um sinal da parte guineense para avançar com o projecto”. O diplomata destacou que a intenção das duas partes foi analisada e acordada, através de um memorando, rubricado num recente fórum entre a China e países lusófonos que decorreu em Macau.

Wang Hua referiu que devido à mudança de primeiro-ministro na Guiné-Bissau, na última semana, o governo chinês aguarda que a nova equipa esclareça se pretende ou não dar continuidade ao acordado pelo anterior executivo. “Tecnicamente não há problema e financeiramente também não”, observou, sublinhando que uma equipa de peritos chineses já se encontra em Bissau para trabalhos preliminares. Ainda de acordo com o embaixador chinês, a auto-estrada a ser construída em direção ao norte do país terá duas vias com três faixas de rodagem cada.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Espírito do mundo

O

mundo transporta no seu seio uma dualidade (dicotomia) que nada nem ninguém pode superar (que é insuperável). NATUREZA E ESPÍRITO representam os dois pólos de uma realidade que é non facientia unum. O ser da natureza consiste cada vez mais em ser objecto de representação, de conhecimento científico, de exploração técnica. O ser do homem consiste em se colocar como sujeito face ao mundo concebido como um objecto essencialmente estranho ao homem, mudo no que diz respeito ao seu destino. A posição do homem era muito clara quer face ao cosmos antigo quer face ao universo teofânico da Idade Média. Mas com a ruína do universo medieval, tudo se desmoronou: --- O lugar do homem que se tornou problemático e --- O universo que se esvaziou progressivamente da sua substância. Agora a situação do homem é a de um ser afastado de tudo, profundamente isolado no seio de um mundo infinitamente aberto que exclui qualquer sentimento de simpatia entre o eu pensante (sujeito) e as coisas. É nisto que consiste em larga medida o desencantamento do mundo. É o fim de uma relação amorosa. “It’s all in pieces, all coherence gone” cf. John Donne. E é também esse o sentido da obra de Pascal, … ambos autores do BARROCO exprimem a dolorosa perda da totalidade. O sentimento de perda da sensação de totalidade. Daí o sentimento concomitante de estranheza. A perda da totalidade destrói a intimidade. O Universo serve agora para calcular e medir. É uma exterioridade! Já era! Mas agora inapropriável globalmente. O facto de se reduzir a cacos inviabilizando uma reconstrução possível provoca um vazio que nada pode preencher, e uma tristeza incurável. Em tempos o Mundo fora considerado como um testemunho de Deus. Como o signo por excelência da existência de uma Inteligência ordenadora e fonte de todo o Valor. Ora o que anacronicamente procuraram fazer todos os grandes apologistas do século XVIII foi Restaurar, ressuscitar,

HEGEL nasceu em Stuttgart a 27 de Agosto de 1770 e faleceu em Berlim a 14 de Novembro. Hegel encontra a sua posição na história da filosofia no seio do chamado Idealismo Alemão, representando por um lado o seu apogeu, o idealismo absoluto e a transição para a Filosofia do Romantismo. Estudou na Tübinger Stift, (seminário da Igreja Protestante, em Württemberg). A sua Fenomenolgia do Espírito desenvolve a ideia dialéctica de que o espírito humano se mani-

festa através de um conjunto de contradições e oposições que acabam por se integrar numa poderosa síntese. Todos os elementos se integram unem-se, no quadro de superações sistemáticas, o que significa que os elementos em confronto não se eliminam. Exemplos de tais contradições incluem aqueles entre natureza e liberdade e entre imanência e transcendência. Deste ponto de vista ele é o grande filósofo da Modernidade, da ideia de progresso e de totalidade do Espírito.

um paradigma já obsoleto. Nesse plano a primeira grande reflexão existencial sobre o tema pertenceu ao Barroco. O que veio depois é empobrecedor. Já nenhuma certeza ontológica emana do curso do mundo. O estupor desencantado de Pascal diante da solidão gelada do Universo culmina no verso de Rimbaud: “não somos do mundo!” , ou “nós não pertencemos ao mundo”. É então que Vico, face à dúvida cartesiana (barroca), viu na HISTÓRIA o único firmum et mansurum ao qual o homem poderia aceder. Única realidade considerada ao alcance do conhecimento do homem dado que produzida por ele aparece ao homem, no dealbar da modernidade, como a grande fonte de certeza de si, ao mesmo tempo englobante e totalizante… Face ao desaparecimento de Deus, face à natureza emudecida e inaudível, o homem opunha este fragmento dérisoire do tempo que ele conseguiu fazer seu e do qual espera extrair a verdade o seu ser assim como a norma da sua acção com vista ao futuro. Hegel até extrairá daqui a via do Absoluto. Hegel propõe um grande sistema filosófico em que o mundo, como Espírito, se encontraria em um processo histórico contínuo de racionalidade e perfeição cada vez maiores. A teleologia proposta por Hegel será explicitada tanto na análise da totalidade do universo, quanto nos diversos processos e desenvolvimentos que o constituem, através do método dialéctico, em que as tendências contrárias (tese e antítese) se entrechocam resultando em uma síntese, por definição mais perfeita e completa que as anteriores. Hegel tem como mérito a criação de uma nova tendência na filosofia: a de abordar os diversos assuntos a partir da investigação de sua génese ao longo da história. “Na história, o pensamento está subordinado aos dados da realidade, que mais tarde servem como guia e base para os historiadores. Por outro lado, afirma-se que a filosofia produz suas Ideias a partir da especulação, sem levar em conta os dados fornecidos. Se a filosofia abordasse a


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fichas de leitura

história com tais Ideias, poder-se-ia sustentar que ela ameaçaria a história como sua matária-prima, não a deixando como é, mas moldando-a conforme essas Ideias, construindo-a, por assim dizer, a priori. Mas, como se supõe que a história compreenda os acontecimentos e acções apenas pelo que são e foram e que, quanto mais factual, mais verdadeira ela é, parece que o método da filosofia estaria em contradição com a função da história.” (HEGEL) Ao contrário de uma possível contradição metodológica entre essas ciências, Hegel afirma que a história do mundo só pode ser contada e contemplada à medida que ela se valha da filosofia. É pela especulação e reflexão racional que a filosofia se sustenta. E haja em vista que “na história do mundo as coisas aconteceram racionalmente”, (HEGEL, 2001: 53) vislumbramos o início dessa união entre as ciências supracitadas. Para provar a existência de uma razão no mundo, Hegel dá-nos o exemplo de Anaxágoras, cujo feito foi observar que há um sistema solar no qual os planetas giram ao seu redor. Porém, diz Hegel, ao grego não foi possível inferir qualquer racionalidade sendo contemplada, pois no seu tempo ela estava ainda velada. Percebe-se claramente que a história do mundo hegeliana visa, portanto, uma teleologia. Ora, sendo uma teleologia comandada pela razão, não iria ela ser contra qualquer doutrina religiosa? Não para Hegel, já que ele vê em Deus a Razão Absoluta. Aliás, Razão e Deus são termos correlatos e, pode-se dizer, significam uma mesma coisa: requisito lógico do mundo, cujas potencialidades inerentes se manifestam no decorrer da história. Metodologicamente, Hegel assim compreende o estudo da história do mundo: “devemos tentar seriamente reconhecer os caminhos da providência, os seus significados e as suas manifestações na história, e seu relacionamento com o nosso princípio universal[1]” (HEGEL, 2001:57) (“Reconhecer os caminhos da providência” implica uma certa passividade daquele que estuda ou quer conhecer a história passada; não é a toa que ele emprega o verbo contemplar em sua obra.) Se assim é, qual o objectivo final do mundo? Dissemos acima que o mundo, para Hegel, deve ser pensado racionalmente, que todos acontecimentos históricos passados foram necessários; donde seu aspecto teleológico. Esse plano divino é manifestado ao mundo median-

Hegel, Georg Wilhelm, Friedrich, A Razão na História (Introdução à Filosofia da História Universal), Edições 70, Lisboa, 1995. Descritores: História da Filosofia, Historicidade e historicismo, Espírito, 223 p., ISBN: 972-44-0906-6. Cota: A-4-13-9

te o “Espírito de um povo”, visando a Ideia de Liberdade. Ou seja, esta Ideia é a força motriz da história, ao passo que o Espírito de um povo é expressão de uma realidade histórica finita, que por processos dialécticos busca sobrepujar as potencialidades infinitas da Ideia. Pelo carácter objectivo do “Espírito de um povo”, as subjectividades que constituem uma nação e até mesmo as dos próprios indivíduos, são consideradas por Hegel apenas como um primeiro passo do movimento dialéctico. Todas as paixões particulares servem para serem aniquiladas, dando lugar à universalidade de que a Ideia de Liberdade necessita. Nem mesmo os heróis, aqueles que serviram de exemplo para uma mudança do Espírito de uma época à outra, tinham consciência da objectividade de suas paixões, pois “a história do mundo dá início ao seu objectivo geral – compreender a Ideia de Espírito – apenas em uma forma implícita (ansich), ou seja, como Natureza, como um instinto muito profundo e inconsciente” (HEGEL, 2001: 71). Torna-se preciso, então, compreender a ligação entre o particular e o universal, – entre o subjectivo e o geral – cujo casamento propicia a história do mundo. Sendo a Ideia, condição lógica para o mundo, ela não está contida nele. Ou melhor, ela não necessita dele para sua preservação. Enquanto tese, a Ideia “é o universal, o imanente, o representado” (HEGEL, 2001: 72), isto é, ela não tem ao quê se comparar. É necessário, pois, um outro lado cujas qualidades neguem o conteúdo da Ideia. Este outro lado é chamado por Hegel de consciência, Ego, ou átomo. Estes conceitos são a “negatividade infinita” da Ideia. Eles são sua finidade e sua forma. É desta lógica dialéctica que Hegel vê surgir o mundo, como síntese entre a Ideia e o Ego[3]. O mundo é composto pela Natureza e pelo Espírito. O primeiro, o campo da necessidade, o segundo da liberdade. Enquanto aquele se manifesta mediante a natureza; este se caracteriza, em uma primeira instância, por meio do indivíduo.

É pela característica da liberdade que o homem é um ser moral. Tal facto implica “em que ele cumpra os deveres de sua posição social” (HEGEL, 2001:76), além de ter a consciência de pertencer a um determinado “Espírito de um povo”. Pois “o indivíduo não cria o seu conteúdo, ele é o que é, expressando tanto o conteúdo universal quanto o seu próprio conteúdo”. (HEGEL, 2001: 77) . Ou seja, a ligação entre o subjectivo e o geral, dá-se neste momento. A união supracitada, segundo Hegel, só se manifesta por meio do Estado. Esta instituição abarca todo o conjunto moral de seus indivíduos. Só através de sua presença é possível falar em liberdade e auto-consciência no indivíduo. Porque “a Ideia de liberdade necessariamente implica lei e moral”. (HEGEL, 2001, 92). O Estado é o campo das objectividades. Um espaço pontual no qual podemos assinalar e nos referir quando pensamos na História do mundo. Enquanto o indivíduo morre, o Estado, através de abstracções, permanece. Isto é, apesar do Estado grego morrer com o povo grego, ele permanece historicamente. A sua “morte”, deu lugar, concordando com Hegel, a outro Estado mais perfei-

Manuel Afonso Costa

to, mais consciente de si e tendo seus indivíduos com o conceito da Ideia de Liberdade mais aflorado e rígido. Por se tratar apenas de um texto de apontamentos sobre a referida obra de Hegel, pararemos por aqui. Entretanto, deixaremos uma última citação de Hegel que confirma a enorme função que o Estado tem para seu sistema filosófico: “O Estado é a realização da Liberdade, do objectivo final absoluto, e existe por si mesmo. Todo o valor que tem o homem, toda sua realidade espiritual, ele só a tem através do Estado. (HEGEL, 2001:90) Karl Popper, crítico de Hegel em A sociedade aberta e seus inimigos, opina que o sistema de Hegel constitui uma justificação vagamente dissimulada do governo de Frederico Guillermo III e da ideia hegeliana de que o objectivo ulterior da história é chegar a um Estado que se aproxima ao da Prússia do decénio de 1831. Esta visão de Hegel como apólogo do poder estatal e precursor do totalitarismo do século XX foi criticada minuciosamente por Herbert Marcuse em Razão e revolução: Hegel e o surgimento da teoria social, arguindo que Hegel não foi apólogo nem do Estado nem da forma de autoridade, simplesmente porque estes existiram; para Hegel, o Estado deve ser sempre racional. Arthur Schopenhauer desprezou Hegel por seu historicismo e tachou sua obra de pseudofilosofia. A filosofia da história de Hegel está também marcada pelos conceitos da “astúcia da razão” e do “escárnio da história”. A história conduz os homens que crêem conduzir-se de per si, como indivíduos e como sociedades, castigando suas pretensões, de modo que a história-mundo, ao fazer troça deles, produz resultados exactamente contrários e paradoxais aos pretendidos por seus autores, a despeito de, nos períodos finais, a história se reordenar e, em um cacho fantástico, retroceder sobre si mesma e, com sua gozação sarcástica e paradoxal convertida em mecanismo de criptografia, cria também ela mesma, sem querer, realidades e símbolos ocultos ao mundo e acessíveis tão-somente aos cognoscentes, id est, àqueles que querem conhecer. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


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h

Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

YAO ZUI «Xu Huapin»

Continuação da Classificação dos Pintores

É inútil esperar pela resposta do mundo (a poeira que cai) se não se souber a canção completamente. Ao consultar os registos mais antigos (os que foram oferecidos a Huangdi no rio pelo dragão) descobrir-se-á que a pintura existia antes da escrita, e no Lin Shan (ou seja o Yijing) percebe-se que as palavras (ou seja os caracteres escritos) tiveram origem em imagens. Hoje em dia toda a gente considera os caracteres de traços de aves (a mais antiga escrita lendária) como inferior à escrita de dragão1. Declínio e renascimento seguiram-se em sucessão, porque quando Chui2 cortou o dedo já não restou nenhuma habilidade.

1 - Os traços de pássaros ou os traços de dragão referem-se ao surgimento mítico dos caracteres e da pintura chinesa. A pintura e a caligrafia serão depois sempre afirmadas como artes irmãs, pela sua natureza, princípios e técnicas. Zhang Yanyuan, por exemplo, no «Lidai Ming Hua Ji» dirá: «Caligrafia e pintura são nomes diferentes que designam um mesmo fenómeno.». Uma lenda atribui essa origem ao mítico herói cultural Fuxi (ou Paoxi); num comentário ao Yijing descreve-se como ele «olhando para cima observou figuras nos céus. Olhando para baixo, observou modelos na terra. Observou as marcas dos pássaros e dos animais e a sua adequação na terra. Perto, ele desenhou a partir do seu próprio corpo. Mais longe, desenhou a partir das coisas. A partir daí ele inventou os oito trigramas de modo a compreender a potência do que é numinoso e do que é luminoso, e de modo a categorizar as circunstâncias reais das dez mil coisas.» (Traduzido para inglês por W.J. Peterson, «Making Connections», Harvard Journal of Asiatic Studies, 42, 1982, 67-116, p.111) Uma outra lenda atribui a

paternidade dos caracteres a Huangdi, o lendário imperador Amarelo, que os teria recebido de um dragão saído das águas do Huanghe, o rio Amarelo. Os mais antigos exemplos de escrita chinesa, por outro lado, estão datados de c. 1400-1200 a. C., encontrados na capital da dinastia Shang (c.1500-1050 a. C.), em Anyang, no norte da Província de Henan. 2 - Chui, tal como referido no «Zhuangzi,» (Cfr. tradução de Giles, p.242) era um artesão que conseguia desenhar círculos com as mãos mais facilmente do que com um compasso; os seus dedos pareciam acomodar-se tão naturalmente à coisa em que estava a trabalhar que se tornava desnecessário nela fixar a sua atenção. Tal como o cozinheiro do Príncipe Hui que podia dizer: «Trabalho agora com o meu espírito, não com os meus olhos», (Cap. III) as suas faculdades mentais permaneciam no Um. Na noção daoísta, o «Um» é expressão do Absoluto, anterior à fragmentação «origem do inumerável e a génese das criaturas».


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Amélia Vieira

Não entres docilmente nessa noite escura «Do not go gentle into that good night»

E

este foi o ano em que sem nos apercebermos, os sons foram lembrados para celebrar os poetas. Dylan Thomas, o quase ainda romântico escritor inglês, nascido no início do século passado, anda distante do movimento surrealista, mas próximo do círculo iniciado nos finais do século XIX por Freud e também do legado das expressões míticas que tanto se fizeram sentir em Yeats como em T.S. Eliot. Estava aberto assim o dilema entre o eu poético e a vertente da natureza social e todo este riquíssimo desocultar da psique, conjuntamente com a raiz da herança céltica deu uma poesia absolutamente intransponível na sua dimensão de vínculo cultural. Chegados aqui, todos sabemos então que o Prémio Nobel da Literatura que não tendo, é claro, a importância capital tão discutida, pois que também é certo que o tempo em que vivemos é todo ele o da relatividade quase absoluta, tanta, que a poesia passou a ser feita por agentes que ou não devem entender do que se trata ou tudo tem efectivamente uma outra interpretação. Bob Dylan, nascido Robert Allen Zimmerman, deve o seu nome a Dylan Thomas. Aqui foi efectivamente o Prémio em Poesia que se fez sentir na vontade de ser e na qualidade de se ter tornado quem foi, o que denota a justa forma de saber homenagear. Há um conflito de posição face ao estereótipo do criativo, como aquele que se faz a si próprio numa auto-suficiência ilusória: no fundo, acaba por ser uma atitude mais política que poética norteando os dados para um conjunto de influências que ajudem a sua causa numa espécie de campanha que norteará o “eleito”. O que se passou com este Prémio foi singular e emblemático pela justa forma de saber ver que o mensageiro que soube tão bem interpretar a mensagem é a título abrangente o depositário do Poema. Dylan Thomas morreu jovem, tinha trinta e nove anos, tendo publicado o seu primeiro livro aos vinte «Eighteen-Poems». Teve trabalhos, sim, mas aos trinta e dois anos tornara-se poeta a tempo inteiro pois que não há poetas a tempo parcial, nem a vida de um

criativo é uma felicidade ingénua à boa maneira do antigo S.N.I. dos «pintores de fim de semana»: talvez até, que para escrever somente isto: “clama, clama, contra o apagar da luz que finda, que a velhice arde e brada ao término do dia”, se precise muito mais que pendor e, mesmo que se morra novo, se tenha experienciado por lucidez a pavorosa passagem do tempo. Não por acaso o tema da morte é tão significativo nesta poesia e acaba por ser o motor de uma tradição poética europeia que Bob Dylan, que humildemente não se considera poeta, soube trazer nessa herança, e não mais que ouvi-lo para saber da contingência entre os movimentos vitais de criação e de destruição. O homem quando nasce, como expressamente nos diz, « é suficientemente idoso para morrer».

Neste poeta há sem dúvida referências bíblicas, tal como em Eliot na «Quarta-feira de Cinzas», e também em toda a estrutura dos poemas vamos desvendando o conhecimento simbólico, que, tal como em Dylan, o torna muito mais simbolista que metafórico. Estamos no campo em que descemos do ego cardíaco e nos adentramos no mistério comum que nos inunda de respeito. Saídos da esfera da perturbação vamos entrando nos assombros e nos próprios abismos de olhos abertos, essa lucidez tão cara a um poeta: E a morte perderá o seu domínio. Nus, os homens irão confundir-se. Com o homem no vento e na lua do poente; Quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos.

Hão-de nos braços e pés brilhar as estrelas. Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido; Mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir. Mesmo que os amantes se percam , continuará o amor. E a morte perderá o seu domínio. Mesmo que os amantes se percam... sim, o amor continuará e os amantes reencontrar-se-ão, talvez, num tempo descarnado das suas pobres vísceras, mesmo que tudo se perca. Perder é depor as armas e estar mais desperto da essência e no sopro longo do Verbo lá está o amor: “ no fim, ainda que os lábios aceitem as trevas, porque se esgotou o raio das suas palavras, eles não entram docemente nessa noite serena”. E se mais andarmos vamos até ao rei Artur e Guinevere - a das longas tranças - a Ilha das Maças: “e o tempo deixava-me acenar e subir, dourado, na grande luz dos meus olhos: era, venerado por todos, o príncipe das cidades das maças”. Pois que já nem temia os dias brancos como cordeiros que lhe viessem erguer o tempo, nem a vida do lado de fora de um reinado mítico acrescentaria mais luz que a doce lã das ovelhas; sim, temos aqui a sacralidade do poeta orando na versicular legenda da escrita e talvez seja esta noção tão íntima que transmite a maravilhosa manifestação de que estamos diante do inesperado que traz em si todo o silêncio antes de reflectirmos o que devemos dizer quando aceitamos as dádivas. Há aspectos que se isolam ao alcançarem a plenitude, e nós, a quem tanto foi tirado em troca de nada, convém que nos devolvam todas estas noções e um mundo onde elas possam de novo caber, ampliando o sentido do que está retido nestas vozes. Por isso: - NÃO ENTRES DOCILMENTE NESSA NOITE SERENA que te querem dar, como um Prémio, de que não foste obreiro nem construtor. A vida que nos dão foi-nos imposta, requer-se a vida conquistada, para quando menos esperarmos podermos saber o significado de todas as palavras.


18 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau segunda-feira 28.11.2016

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO – MACAU E A LUSOFONIA” Arquivo de Macau (Até 4/12)

?

NUBLADO

MIN

12

MAX

19

HUM

65-85%

EURO

8.46

BAHT

EXPOSIÇÃO “BELIEVE IN ART” IFT Café (Até 5/12) EXPOSIÇÃO “UM AMANHÃ MELHOR” Edifício do Antigo Tribunal (Até 7/12) EXPOSIÇÃO CONJUNTA DE PINTURA DE WANG LAN E GU YUE

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “TRINTA E TRÊS ANOS NA RÁDIO – DO LOCUTOR LEONG SONG FONG Academia Jao Tsung-I (até 02/2017)

PROBLEMA 129

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 128

C I N E M A

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

Cineteatro

1.15

BANHOS PARA TODOS

Armazém do Boi (Até 4/12)

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “URBAN HIKES”

Fundação Rui Cunha (Até 8/12)

0.22

Está frio. De dia para dia, está cada vez mais frio. Como se não bastasse, às vezes chove. Frio, chuva, trânsito, pessoas (muitas), num cenário que quase não me afecta. Aproveito a temporada para nem sair desta redacção, quente e protegida. É como se fosse um período de hibernação. No entanto não deixo de ver pela janela a angústia ampliada daqueles que não podem fugir ao dia a dia do Inverno local, que às vezes se confunde com inferno. Guarda chuvas a baterem nas cabeças de todos com varetas a interagir com os olhos alheios e banhos em cada autocarro ou táxi que passa. É outra característica cá do burgo: a invisibilidade das pessoas no passeio. Ali, encolhidas e abrigadas o quanto podem, apanham, a cada passagem de um transporte no seu imenso descuido, vários duches por dia. Frio e chuva, há quem goste. A mim não me afecta, mas francamente, não podiam ter mais cuidado com aqueles, que pode ser cada um de vós, quando andam na estrada e nas poças de água que fazem parte dela? Pu Yi

ANTHOLOGY | JOHN LEE HOOKER

São 60 gravações. São 60 temas para que não fique nenhum de parte. É um som para ter sempre à mão e que conta com o blues único de John Lee Hooker. Um disco para qualquer ocasião, porque com tanto e tão bom não há momento que possa ficar fora dele. Sofia Mota SHUT IN SALA 1

SHUT IN [C] Filme de: Farren Blackburn Com: Charlie Heaton, Naomi Watts, Jacob Tremblay 14.15, 18.00, 21.45

YOUR NAME [B] FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Makoto Shinkai 16.00, 19.45

Alison Sudol, Ezra Miller 14.15, 16.45, 19.15, 21.45 SALA 3

SHOW ME YOUR LOVE [B] FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Ryon Lee Com: Nina Paw, Raymond Wong, Ivana Wong, Michelle Wai 14.30, 16.30, 21.30

SALA 2

FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] [3D]

Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler,

Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Ezra Miller 19.00

FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B]

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau segunda-feira 28.11.2016

OPINIÃO

dissonâncias ruiflores.hojemacau@gmail.com

A

Viagem à Cuba de Fidel

SSISTI a um dos “famosos” longos discursos de Fidel Castro. Foram duas horas de uma intervenção laudatória dos feitos da revolução cubana, acompanhada de ataques constantes ao “imperialismo norte-americano”. Em pleno Verão de 1996, em reportagem para a Antena 1 da Radiodifusão Portuguesa, segui um grupo de militantes e simpatizantes comunistas, de Portugal, que foram passar três semanas a Cuba, com o objectivo primário de ajudar nos campos de uma cooperativa agrícola da província de Holguín, no sudeste da ilha. O embargo imposto pelos Estados Unidos da América condicionava de sobremaneira o acesso de Cuba a produtos químicos, fertilizantes, pesticidas. As ervas daninhas abundavam, portanto. E eram retiradas dos campos agrícolas por brigadas de “agricultores”, em grande número, à mão, que limpavam os terrenos de uma ponta à outra, para proteger as plantações. Todos os anos o governo cubano premiava a província que tinha alcançado os melhores resultados de produção agrícola, numa lógica de competição interna entre as várias regiões do país, que era depois celebrada com uma cerimónia com a presença do líder cubano. O título da região com melhor desempenho agrícola era entregue aos dirigentes locais e a população podia ver o comandante em chefe e apreciar a sua capacidade oratória. No discurso a que assisti, Fidel exultava com os feitos alcançados pelo socialismo cubano. E rejubilava com as medalhas que estavam a ser ganhas pelos atletas cubanos nos jogos olímpicos de Atlanta. Dizia ele que cada medalha valia por duas. Não apenas eram medalhas olímpicas mas eram também conquistadas “em solo gringo”. No âmbito desta visita organizada pela Associação de Amizade Portugal-Cuba, além de alguns dias em Holguín, na “finca” agrícola e em Guardalavaca, passámos alguns dias em Havana, na Sierra Maestra e em Santiago. Impressionou-me o nível de educação dos cubanos. A estatística mostra que Cuba é dos países do mundo que maiores taxas de literacia possuem. A estatística é naturalmente importante, mas o contacto diário na rua é algo que dá uma visão mais palpável. As funções profissionais que tenho desempenhado têm-me levado a diversos países em vários continentes. Tenho privado com vários líderes políticos e responsáveis governamentais, além de funcionários e de “cidadãos comuns”. A cultura geral, o conhecimento do mundo que a quase totalidade dos cubanos ostentava, é de facto acima da média.

LAURENT CANTET, BENICIO DEL TORO, SEVEN DAYS IN HAVANA

RUI FLORES

Só praticamente na véspera de regressar a Portugal é que consegui que um dos meus interlocutores – um jovem estudante, estafado de promessas de dias melhores – falasse para o gravador e dissesse o que outros me foram dizendo. Que lhes faltava a liberdade Isso sentia-se em Havana, entre as pessoas que se encontravam pelas ruas entre a Bodeguita del Medio e La Floridita ou no Malecón, mas também nos bares com música ao vivo em Santiago ou em Holguín. Todos os trabalhadores da “finca”, por exemplo, eram licenciados, em diversas áreas, incluindo médicos e engenheiros, com oscilações salariais muito reduzidas. O investimento na educação efectuado pelo governo cubano foi a todos os títulos notável. Esse investimento extraordinário na formação dos seus quadros, mas também na saúde, permitiu-lhe por outro lado exportar solidariedade na forma de pessoal médico. Assisti a isso, por exemplo, em Timor-Leste, logo a seguir à independência, onde durante anos trabalharam algumas centenas de médicos quer na capital, em Díli, quer no interior do país, às vezes sem qualquer tipo de equipamento além do seu conhecimento sólido – afinal o país tinha acabado de se livrar do jugo da Indonésia, tinha visto grande parte das suas infraestruturas destruídas na sequência da acção das milícias em fúria com o resultado do referendo – e o investimento na saúde não chegava a todo o lado. Vi médicos cubanos a

trabalhar também na Serra Leoa e na Guiné-Bissau, muito antes de a cooperação Sul-Sul se ter transformado num slogan. O investimento na educação contribuía, por outro lado, para uma autêntica formatação ideológica. Por outras palavras, assegurava que o discurso hegemónico fosse assimilado e repetido por quem passava pelas faculdades – e era a quase totalidade da população. Os comités de defesa da revolução faziam o resto e controlavam quem ousasse pensar diferentemente. Apenas alguns resistiam. Nada que George Orwell não tivesse imaginado. Por esses tempos, Cuba estava finalmente a abrir-se. Os restaurantes privados, dos cidadãos, nas suas próprias casas, os “paladares”, tinham sido autorizados recentemente. E espalharam-se como cogumelos em terra húmida. Sem guias nem estrelas Michelin, ia-se de casa em casa, por ouvir aqui e ali, que se comia bem. E comia-se invariavelmente lagosta grelhada, acompanhada por arroz com feijão, por 10 USD. Aliás, o peso cubano era como se não existisse. A moeda em circulação era o dólar americano. E com ele podia

comprar-se quase tudo. Desde a refeição no “paladar” ao charuto que se adquiria no chamado mercado negro, que era tão fácil de aceder quanto perguntar na recepção do hotel onde se poderia comprar cubanos puros, genuínos, que eram retirados das fábricas pelas pessoas que precisavam de dólares para viver. A caixa de 25 charutos ficava em 25 USD. Era o número mágico do 1 USD. A cuba libre, o rum añejo, tudo custava 1 USD. Excepto a lagosta. A abertura seria lenta, naturalmente. Ainda não tinha chegado, por exemplo, ao culto religioso. A catedral de Havana estava fechada a cadeado. E o lixo acumulado na sua escadaria era sinal de que não era um edifício assim muito frequentado. Durante as três semanas que passei em Cuba falei, naturalmente, com muitos cubanos. A maior parte – sobretudo os próximos da linha hegemónica – repetia os números do sucesso da revolução. Alguns outros, no entanto, não alinhavam pelo mesmo diapasão. Falavam do medo. Do controlo que o partido exercia sobre eles. Das dificuldades económicas que sentiam. De o peso não valer nada. Diziam-no com receio de serem escutados por um qualquer controlador de bairro – o elemento fulcral da força do partido. Só praticamente na véspera de regressar a Portugal é que consegui que um dos meus interlocutores – um jovem estudante, estafado de promessas de dias melhores – falasse para o gravador e dissesse o que outros me foram dizendo. Que lhes faltava a liberdade.


A justiça está cada vez mais parecida com o nevoeiro Atlântido PUB

Li You(direita)

Um tigre em derrapagem Executivo chinês com ligações a antigo assessor presidencial condenado

O

executivo chinês que alegadamente ofereceu o Ferrari com que o filho dum antigo assessor presidencial sofreu um acidente mortal foi sexta-feira condenado a quase cinco anos de prisão por uso ilegal de informação privilegiada e outros crimes. Um tribunal do nordeste da China considerou Li You, antigo presidente executivo do Founder Group, um dos maiores grupos chineses do ramo da tecnologia, culpado do uso ilegal de informações privilegiadas e outros crimes. Li foi condenado a quatro anos e meio de prisão e multado em 750,2 milhões de yuan, refere o comunicado difundido pelo tribunal intermédio de Dalian. Fundado em 1986 com financiamento da Universidade de Pequim, o Founder Group opera nos sectores da informática, saúde, imobiliário, finanças e comércio de recursos naturais. Segundo o jornal Beijing News, Li e o antigo presidente da empresa Wei Xin estão ligados ao braço direito do antigo Presidente da China Hu Jintao, Ling Jinghua, que em Julho passado foi condenado a prisão perpétua por obtenção ilegal de segredos de Estado e abuso de poder.

EM QUEDA

Ling Jihua caiu em desgraça quando o seu filho Ling Gu morreu ao volante de um Ferrari, em Março de 2012, num episódio que abalou a liderança chinesa e coincidiu com o período de transição na cúpula do poder na China. Os jornais chineses escreveram anteriormente que o Ferrari

que Ling Gu conduzia foi-lhe oferecido por Li You. Quase quatro anos depois daquele acidente, muitos pormenores continuam a ser segredo de Estado, mas sabe-se que Ling Gu seguia no carro com duas mulheres, uma delas totalmente nua, que ficaram feridas no acidente. Ling Jihua terá recebido 6,43 milhões de yuan em subornos de Wei, avançou a agência oficial chinesa Xinhua, acrescentando que Ling sabia que Wei dava também dinheiro ao seu filho.

Li e o antigo presidente da empresa Wei Xin estão ligados ao braço direito do antigo Presidente da China Hu Jintao Dez outros executivos do grupo Founder foram também punidos hoje por uso de informações privilegiadas, ocultar informações financeiras e tentar obstruir a investigação. Após ascender ao poder, em 2012, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma campanha anticorrupção, considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista. Aquela campanha resultou já na punição de um milhão de membros do Partido Comunista da China.

segunda-feira 28.11.2016


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