Hoje Macau 28 DEZ 2016 #3722

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUARTA-FEIRA 28 DE DEZEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3722 PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

JOGO

FICHAS NIPÓNICAS

DROGA FILHOS DE PEREIRA COUTINHO DETIDOS

Pereira Coutinho diz-se sereno quanto ao seu futuro político após a detenção dos seus dois filhos, de 31 e 27 anos, no passado dia 21, por suspeitas de tráfico de droga. Os dois jovens teriam con-

sigo um quilo de marijuana, segundo informação da PJ. O deputado e líder da ATFPM, separa as águas e afirma que não teme consequências políticas desta situação.

URBANISMO

PÁGINAS 8 E 9 AFA

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Verdes anos

GRANDE PLANO

Porto sentido PÁGINA 7

AFA | ANIVERSÁRIO

A MONTRA DA LIBERDADE EVENTOS

OPINIÃO

Desafios RUI FLORES

h O vazio e os sábios Filmes proibidos WANG CHONG

JULIE O’YANG

CHINA

Era uma vez um sufrágio PUB

PÁGINA 12


2 GRANDE PLANO

Primeiro era Las Vegas, depois chegou Macau. Com a liberalização do sector, o território passou a ser o principal centro de jogo do mundo. Esta semana, entrou em vigor a lei que legaliza os casinos no Japão. Há uma ameaça a médio prazo para o território? Os analistas locais dizem que não

ANÁLISE LEGALIZAÇÃO DO JOGO NO JAPÃO

AS FICHAS DOS OUTROS

O

secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, garante estar atento e promete que vai prestar atenção ao desenrolar da situação; os analistas locais não mostram grande desassossego em relação ao futuro da principal indústria do território, pelo menos a médio prazo. Depois de, em meados deste mês, ter sido aprovada a legislação que legaliza o jogo no Japão, o diploma entrou esta semana em vigor. Ainda vai ser necessário definir uma série de regras, mas sabe-se já do interesse dos grandes grupos internacionais do sector, incluindo daqueles que estão presentes em Macau. Os magnatas norte-americanos contribuíram,

de resto, para que o jogo deixasse de ser proibido em solo nipónico. À semelhança da decisão tomada em Singapura, a lei japonesa não autoriza a construção de casinos independentes – vão ter de estar integrados em resorts. Os investimentos da Las Vegas Sands e da malaia Genting na cidade-Estado transformaram Singapura no terceiro centro de jogo do mundo, a seguir a Macau e a Las Vegas, em tempos o líder no que toca a casinos. O analista Grant Govertsen acredita que o Japão será um mercado muito diferente dos outros na Ásia, por uma simples razão: o país tem muita população e um produto interno bruto elevado, pelo que não terá de estar dependente de apostadores da China, e de outros países, para que as mesas de apostas estejam cheias. “O jogo será mais direccionado para os locais do que para os turistas.” Para a académica Hester Cheang, o Japão pode ser um potencial competidor para Macau, uma vez que “é um destino turístico popular e tem mais para oferecer além dos casinos”. A especialista recorda que o país é muito procurado para o chamado turismo de compras e “quem vai às compras poderá sempre entrar num casino para jogar”. Além disso, nota ao HM a directora do Centro de Pesquisa e Ensino do Jogo do Instituto Politécnico de Macau, os operadores e as entidades oficiais responsáveis pelo sector podem “retirar ilações das experiências do Vietname, de Singapura e de Macau”. Não obstante a cautela que o território deverá ter, Cheang relativiza o impacto, recordando que entre a China e o Japão existem fricções políticas que podem condicionar

“Se Macau conseguir manter a dinâmica que tem, a nova legislação do Japão pode não influenciar de forma determinante.”

Grant Govertsen assina por baixo e dá um exemplo: se um grupo de apostadores da China Continental que, num ano, vem cinco vezes a Macau, mudar de destino numa dessas viagens e for ao Japão, tal não trará um impacto considerável aos operadores locais. A transferência de receitas, estima, não deverá ser superior a dois ou três por cento.

HESTER CHEANG ACADÉMICA

A GRANDE OPORTUNIDADE

a vontade de eventuais apostadores chineses em visitar casinos nipónicos. Depois, há ainda que ter em consideração as flutuações cambiais entre yen e yuan, que podem fazer do Japão um destino demasiado caro. “Se Macau conseguir manter a dinâmica que tem, a nova legislação pode não influenciar de forma determinante”, acrescenta. O Japão terá dificuldades em representar uma real concorrência para uma cidade em que o jogo já está enraizado, com infra-estruturas estabelecidas e onde existe uma forte cultura, remata a académica.

O banco de investimento CLSA estima que, quando as salas de jogo estiverem em operação, as receitas do jogo no Japão poderão chegar aos 25 mil milhões de dólares norte-americanos por ano. É um valor quatro vezes superior às receitas de Las Vegas mas, ainda assim, abaixo dos 28,9 mil milhões de dólares arrecadados em Macau no ano passado.


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AINDA VEM LONGE

Uma das razões do entusiasmo de Wynn e de outros grandes operadores do sector é o apetite – histórico, de resto – dos japoneses pelos jogos de fortuna e azar. Quem vive ou visita o Japão pode apostar em corridas de barcos e de bicicletas, assim como de cavalos, indústria que rendeu 25 mil milhões de dólares em 2015, segundo os números oficiais. Existem ainda mais de 10 mil salas de jogo equipadas com máquinas pachinko, muito populares no país, que têm contornado a

a corrida de Fórmula 1 à noite – aumentaram as receitas dos hotéis para 3,2 mil milhões de dólares de Singapura em 2015, contra os 1,6 mil milhões registados em 2009, um ano antes da abertura do primeiro casino. A cidade-Estado decidiu tentar evitar o jogo patológico entre os seus residentes, obrigando os locais ao pagamento de 100 dólares de Singapura em cada ida ao casino. No Japão, ainda não se sabe se será aplicada uma restrição deste género, mas os analistas acreditam que não deverá ser esse o caso. À Bloomberg, um professor da Universidade de Comércio de Osaka, Toru Mihara, assinalou que o dinheiro dos casinos deverá vir, em primeiro lugar, dos japoneses. “As receitas provenientes de apostadores estrangeiros serão um bónus. Não há necessidade de enfatizar os VIP chineses. Se quiserem vir, serão bem-vindos.” Toru Mihara entende que o principal mercado será constituído por clientes da classe média-alta, incluindo advogados e homens de negócios.

GCS

Para as empresas do sector, aponta Govertsen, o Japão é a grande oportunidade de fazer negócio dos próximos tempos. Tudo leva a crer que a hipótese não será desperdiçada por operadores como a Las Vegas Sands e a MGM Resorts International, que fizeram um forte lobby para as mudanças legislativas que agora aconteceram. “O Japão vai ser uma Singapura em tamanho grande”, comentou à Bloomberg Daniel Cheng, o vice-presidente para a Ásia do Hard Rock Cafe International. “Poderá mesmo ultrapassar Macau”, avisa. A multinacional norte-americana de casinos e cafés está já à procura de parceiros para se candidatar a uma licença de jogo no Japão. A MGM tem uma equipa a trabalhar em Tóquio e tem estado a patrocinar espectáculos de kabuki para ganhar visibilidade. Quanto à Wynn Resorts, que tem dois casinos em Macau, está igualmente desejosa de participar na novidade nipónica. “Para nós, a oportunidade é totalmente japonesa e totalmente deliciosa”, afirmou o magnata Steve Wynn, citado também pela Bloomberg. “Claro que os operadores de Macau estão interessados, tal como todo o mundo, tendo em conta que o Japão é uma enorme oportunidade para captar apostadores que não jogam em lado algum”, vinca Grant Govertsen.

Lionel Leong

proibição do jogo com a entrega de produtos aos vencedores, que podem, depois, trocar os bens por dinheiro noutros locais. No ano passado, os apostadores deixaram nestas salas de jogo 196 mil milhões de dólares, menos 30 por cento do que há uma década. Os deputados japoneses têm agora um ano para trabalhar nos detalhes de funcionamento dos casinos, antes de ser aberto o concurso para as licenças de jogo. “É difícil fazer projecções porque a lei que entrou em vigor não nos diz nada em concreto, não estabelece o regime fiscal, o número de licenças ou a localização das mesmas”, sublinha ao HM Grant Govertsen. “Seria como fazer uma previsão da indústria em Macau há 15 anos, apenas baseada na informação que o jogo iria ser liberalizado.” Ainda de acordo com as estimativas do CLSA, a abertura de dois resorts integrados em grandes centros populacionais poderá significar receitas na ordem dos 10 mil milhões de dólares, com uma previsão de 25 mil milhões a partir do momento em que as salas de jogo estiverem espalhadas pelo resto do país. No entanto, é bem provável que seja necessária ainda uma década para a construção das infra-estruturas necessárias. Grant Govertsen diz que, numa perspec-

tiva optimista, 2022 poderá ser o ano da primeira inauguração de um casino japonês. Para já, Singapura parece ser o modelo que o Japão pretende adoptar. Em 2014, o primeiro-ministro Shinzo Abe esteve nos dois resorts integrados da cidade-Estado, para ver os casinos, os hotéis, os centros de convenções, os centros comerciais, os teatros e o parque temático que nasceram com a legalização do jogo. No ano passado, os casinos em Singapura conseguiram receitas de 4,8 mil milhões de dólares. O centro de exposições e convenções da Sands, com 120 mil metros qua-

“É difícil fazer projecções porque a lei que entrou em vigor não nos diz nada em concreto, não estabelece o regime fiscal, o número de licenças ou a localização das mesmas.” GRANT GOVERTSEN ANALISTA

drados, tem mais 50 por cento do tamanho da maior infra-estrutura do género de Tóquio. Para o analista do CLSA Jay Defibaugh, os resorts integrados vão permitir que os próprios casinos ganhem uma maior escala mais rapidamente. “Estamos a falar de milhares de pessoas que vão estar perto das mesas de jogo quando se deslocarem a um centro de convenções”, constata.

Evitar uma dependência nos grandes apostadores da China Continental é visto como sendo uma atitude sensata, sobretudo porque Pequim tem estado a tentar controlar a saída de capitais

SINGAPURA COM POUCA CHINA

A luz verde dada aos casinos é uma vitória política de Shinzo Abe, depois de anos de discussão em torno do assunto. Mas não foi uma empreitada fácil: faltou o apoio popular. De acordo com um estudo recente divulgado pela estação pública NHK, apenas 12 por cento dos inquiridos estavam a favor do fim da proibição do jogo, com 44 por cento a mostrarem oposição. Os políticos acabaram, no entanto, por ceder à perspectiva da criação de postos de trabalho e do encaixe fiscal. Os deputados pensam ainda no número de turistas que o jogo poderá levar ao arquipélago. Singapura recebeu 15 milhões de turistas no ano passado, quase o triplo da população da cidade-Estado. Os resorts integrados e os eventos que lhe estão associados – incluindo

Evitar uma dependência nos grandes apostadores da China Continental é visto como sendo uma atitude sensata, sobretudo porque Pequim tem estado a tentar controlar a saída de capitais. Singapura tem sofrido com a diminuição das viagens para o exterior de jogadores chineses com muito dinheiro: no resort da Genting, os VIP significaram 36 por cento das receitas do terceiro trimestre deste ano, quando na primeira metade de 2014 garantiram 63 por cento do dinheiro arrecadado. Em Macau, o segmento VIP caiu 46 por cento desde 2013, altura em que mais significado teve para o sector. H.M.


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hoje macau quarta-feira 28.12.2016

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO PARA “OBRA DE REMODELAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DA CIVA NO 2.° À 5.° ANDARES” 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13.

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Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Modalidade de concurso: Concurso Público. Local de execução da obra: Centro de Inspecções de Veículos Automóveis no Cotai. Objecto da Empreitada: Novas instalações de CIVA no 2° ao 5° andar. Prazo máximo de execução: 150 dias de trabalho ( Cento e cinquenta dias de trabalho) (Para efeitos da contagem do prazo de execução das obras da presente empreitada, somente os domingos e os feriados estipulados na Ordem Executiva n.º60/2000 não serão considerados como dias de trabalho.). Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. Caução provisória: $1 000 000,00 ( Um milhão de patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). Preço Base: não há. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição ou renovação. Neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição ou renovação. A sessão de esclarecimentos relativa à empreitada será realizada em 4 de Janeiro de 2017 (quarta -feira), pelas 10:00 horas, no local da obra, sendo o local de encontro na entrada do Centro de Inspecções de Veículos Automóveis no Cotai. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau; Dia e hora limite: dia 18 de Janeiro de 2017 (quarta -feira), até às 12:00 horas. Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Local, dia e hora do acto público do concurso : Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 17º andar, Macau; Dia e hora: dia 19 de Janeiro de 2017 (quinta -feira), pelas 9:30 horas. Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 13 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Línguas a utilizar na redacção da proposta: Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) devem estar redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, quando noutra língua, devem ser acompanhados de tradução legalizada, a qual prevalece para todos e quaisquer efeitos. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo: Local: Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 17º andar, Macau; Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas) Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso mediante o pagamento de $1 130,00 (Mil cento e trinta patacas). Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: Factores de Avaliação Preço da obra Prazo de execução da obra Plano de trabalhos Parte relativa à técnica Experiência e qualidade em obras semelhantes Integridade e honestidade Pontuação final = Pontuação da parte relativa ao preço x Pontuação da parte relativa à técnica. Parte relativa ao preço

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Proporção 12 2 2 2.6 1.4

Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 17º andar, em Macau, a partir de 4 de Janeiro de 2017 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomarem conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Macau, aos 22 de Dezembro de 2016.

O Director dos Serviços Li Canfeng

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO PARA “EMPREITADA DAS NOVAS INSTALAÇÕES DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE - Aquisição de Mobiliário” 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11.

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Entidade responsável pelo concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Modalidade de concurso: Concurso Público. Local de colocação das mobílias: Instalações do Tribunal Judicial de Base situadas no lote C2 da zona C da Baía da Praia Grande, junto à Avenida Doutor Stanley Ho. Objectivo: Aquisição de Mobiliário para as instalações do Tribunal Judicial de Base. Prazo máximo para o fornecimento das mobílias: 45 dias (quarenta e cinco dias) Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável nos termos previstos no Programa de Concurso. Caução provisória: $100 000,00 ( Cem mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro ou garantia bancária aprovada nos termos legais. Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação, a prestar após a adjudicação mediante depósito em dinheiro ou garantia bancária aprovada nos termos legais. Condições de admissão: As entidades que exerçam actividades relacionadas com o objecto do concurso e que constam da certidão de registo comercial ou do recibo último de pagamento da contribuição industrial. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: - Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, situada na Estrada de D. Maria II, nº33, R/C. - Dia e hora limite: Dia 9 de Janeiro de 2017 (segunda-feira), até às 12:00 horas. Local, dia e hora do acto público do concurso: - Local: Sala de reunião da DSSOPT, situada na Estrada de D. Maria II, nº33, 17º andar. - Dia e hora: Dia 10 de Janeiro de 2017 (terça-feira), pelas 9:30 horas. Para os efeitos previstos no artigo 27º do Decreto-Lei n.º63/85/M, os concorrentes ou os seus representantes deverão estar presentes no acto público do concurso para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Línguas a utilizar na redacção da proposta: Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, caso os documentos acima referidos sejam elaborados noutra língua, devem os mesmos ser acompanhados de tradução legalizada, a qual prevalece para todos e quaisquer efeitos. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo: - Local: Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, situado na Estrada de D. Maria II, nº33, 17º andar. - Hora: Horário de expediente (das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas). Na Secção de Contabilidade da DSSOPT poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $130,00 (Cento e trinta patacas) por exemplar. Local, dia e hora para entrega das amostras: - Local: Instalações do Tribunal Judicial de Base situadas no lote C2 da zona C da Baía da Praia Grande, junto à Avenida Doutor Stanley Ho. - Dia e hora: Dia 16 de Janeiro de 2017 (segunda-feira), das 9:00 às 12:00 horas. Critérios de avaliação de propostas e sua proporção: - Preço: 40%; - Prazo para entregar os objectos, incluindo os tempos de montagem: 5%; - Qualidade e adequação: 40%; - Certificação ambiental: 15%. Esclarecimentos adicionais: Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, situado na Estrada de D. Maria II, nº33, 17º andar, a partir de 28 de Dezembro de 2016 (inclusive) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Em caso de encerramento destes serviços por causa de tempestade ou outras causas de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas ou a data e a hora do acto público do concurso estabelecidas serão alterados de acordo com os pontos nºs 5.6.3 e 7.1 do Programa de Concurso. Macau, aos 15 de Dezembro de 2016.

O Director dos Serviços Li Canfeng


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POLÍTICA

CHAN MENG KAM ENTÃO E OS BILINGUES? deputado da bancada de Fujian interpelou o Executivo sobre a actual situação de talentos bilingues em português e chinês. Aquando da 5ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, o primeiro-ministro Li Keqiang apontou para a necessidade de estabelecer pontes linguísticas

que auxiliem aos contactos económicos. Na altura, deu-se particular relevo às áreas das finanças, da contabilidade e do direito. De acordo com Chan Meng Kam, não existe um plano governativo para a formação em língua portuguesa. “Existem em Macau cerca de

Lam Heong Sang quer uma lista de sectores em que trabalhadores importados não entram; Ella Lei pretende obter do Governo todos os dados relativos a recursos humanos recrutados ao exterior. Os deputados do sector laboral voltam ao ataque, em nome dos que são de cá

O

FERECE um diagnóstico ao Governo e a receita para resolver a maleita: diz Ella Lei que o descontentamento social motivado pelos trabalhadores não residentes se deve à opacidade com que a Administração lida com o assunto. A deputada considera que são insuficientes os dados disponibilizados sobre os recursos humanos recrutados ao exterior, existem falhas na fiscalização e a legislação peca por ser incompleta. Na interpelação a Chui Sai On, a representante dos Operários recorda que há “um acto administrativo que define que os empregadores devem cumprir a garantia do número mínimo de trabalhadores locais”, para depois lamentar o facto de as autoridades nunca terem revelado o número de não residentes por empresa e por sector de actividade. Esta situação tem, como consequência, que “a garantia surta pouco efeito”, alega. A deputada entende que falta “um princípio para aprovação” dos pedidos de importação de mão-de-

77 mil alunos do ensino secundário, dos quais apenas 3800 estudam português. Ora isto representa uma percentagem abaixo dos cinco por cento”, contextualizou o também empresário ligado ao sector do jogo. Como tal, é necessário o impulsionamento da aprendizagem da língua de Camões

com um plano de longo prazo, acrescentou. Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, prometeu que nas Linhas de Acção Governativa do próximo ano esta questão será abordada, nomeadamente com a instalação de um centro de formação de docentes de

português, em parceria com instituições estrangeiras. Será, também, aumentado o número de vagas para as bolsas de mérito para os alunos que pretendam estudar a língua ao nível do ensino superior. Para tal, as dez escolas públicas de Macau serão uma boa plataforma para avançar com os estudos.

Para já, as intenções ainda não passaram para a realidade, uma vez que ainda não se sabe como serão implementadas. A.K.

Não residentes DEPUTADOS ESCREVEM AO GOVERNO A PEDIR NOVAS MEDIDAS

Eles não desistem GCS

O

-obra, pelo que “as autoridades, na verdade, ajustam a proporção dos trabalhadores locais livremente”, o que faz com que seja “impossível à sociedade julgar a racionalidade das aprovações” concedidas. Ella Lei frisa que a situação actual causa insatisfação ao sector laboral, mas recorre a outro argumento: também a parte patronal está descontente com o que tem vindo a acontecer. “Algumas empresas recebem muitas mais quotas do que outras, em termos proporcionais”, aponta. “As dúvidas da sociedade nunca ficaram resolvidas. Continua a existir a ideia de que há parcialidade na aprovação dos pedidos.” Para a deputada, falta também transparência nos dados relativos ao tipo de funções desempenhadas por trabalhadores não residentes. A dirigente dos Operários pretende ainda saber que salários auferem. “Com a falta de transparência, é inevitável que o Governo seja acusado de estar a autorizar pedidos de aprovação às escondidas”, alerta. “A Administração nunca divulgou junto da população uma

análise sobre os recursos humanos do território, bem como um plano para impulsionar a formação dos profissionais locais.” A rematar a interpelação, Ella Lei pergunta se o Executivo vai divulgar todos os detalhes sobre o quadro actual da importação de mão-de-obra. “As autoridades argumentam que existem muitos sectores em Macau e que a existência de um limite unificado de trabalhadores não residentes não é viável. Os pedidos de importação estão a ser aprovados conforme a situação específica das empresas. Por isso, o Governo conhece muito bem os números e a proporção entre residentes e não residentes”, vinca Ella Lei, que quer conhecer estes dados.

MUDAR A LEI

O colega de bancada de Ella Lei, Lam Heong Sang, também escreveu ao Executivo acerca da necessidade de defesa do proletariado detentor de BIR. Numa interpelação oral, o vice-presidente da Assembleia Legislativa alertou para as lacunas da lei da contrata-

ção dos trabalhadores não residentes, que foram descobertas depois da entrada em vigor do diploma. Depois de uma revisão legal, o deputado pretende elencar os tipos de emprego onde deveriam ser proibidos trabalhadores contratados ao exterior. Lam Heong Sang gostaria também de ver um limite ao recrutamento deste tipo de mão-de-obra, assim como gostaria que fosse reforçado o regime de fiscalização. De acordo com o dirigente dos Operários, esta medida visa assegurar a garantia dos mais

“Com a falta de transparência, é inevitável que o Governo seja acusado de estar a autorizar pedidos de aprovação às escondidas.” ELLA LEI DEPUTADA

básicos interesses laborais, com o acesso a um salário estável e ao regime de previdência. Na interpelação, o deputado menciona a possibilidade de implementação de um mecanismo de substituição dos trabalhadores não residentes por residentes. Além disso, salienta a necessidade de acabar com a hipótese de a mão-de-obra estrangeira deixar de trabalhar na empresa que fez o pedido de bluecard. Lam Heong Sang acrescenta também a pertinência de aumentar as penas para quem infringe as leis do trabalho. O deputado alerta ainda para a inércia governativa neste domínio, uma vez que, em meados de 2015, o Executivo mostrou vontade de rever as leis laborais, em especial no que toca à contratação de trabalhadores não residentes. Nesse sentido, questiona se já há um calendário para a apresentação da proposta de alteração à lei. Angela Ka

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hoje macau quarta-feira 28.12.2016

ANÚNCIO Faz-se saber que, em relação ao concurso público para «Obras de melhoramento das instalações eléctricas da 2.ª fase do Edifício Hou Kong Fa Un», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 47, II Série, de 23 de Novembro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.2 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Instituto de Habitação, aos 9 de Dezembro de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 50/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 7 de Dezembro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de um sistema de Elastografia Hepática Ultrassónica aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 28 de Dezembro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1.º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP38,00 (trinta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S.(www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 51/P/16

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 13,00 horas do dia 27 de Janeiro de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 2 de Fevereiro de 2017, pelas 15,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP30.000,00 (trinta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 16 de Dezembro de 2016. O Director dos Serviços Lei Chin Ion

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 7 de Dezembro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Uma Ecografia Ultrasónica aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 28 de Dezembro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1.º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP41,00 (quarenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 2 de Fevereiro de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 3 de Fevereiro de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP50.000,00 (cinquenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 16 de Dezembro de 2016 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 683/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 687/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora ZHAN YANPING, portadora do passaporte da RPC n.° G21519xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.°136.1/DI-AI/2014, levantado pela DST a 05.11.2014, e por despacho da signatária de 19.09.2016, exarado no Relatório n.° 623/ DI/2016, de 13.09.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 761, Edf. Chung Yu, 11.° andar C, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.--------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifiquese o infractor YANG, JIANG, portador do passaporte da RPC n.° E21184xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 139.1/DI-AI/2014, levantado pela DST a 19.11.2014, e por despacho da signatária de 05.09.2016, exarado no Relatório n.° 583/DI/2016, de 22.08.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida do Infante D. Henrique n.° 29, Edf. Va Iong, 8.° andar D, Macau.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 7 de Dezembro de 2016.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 7 de Dezembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


7 hoje macau quarta-feira 28.12.2016

SOCIEDADE

Urbanismo MEMBRO DO CPU PEDE PROTECÇÃO DO PORTO INTERIOR

TÁXIS ESTÁ LÁ? NÃO ESTÁ

Uma das linhas telefónicas do serviço de radiotáxis vai deixar de funcionar a partir do próximo sábado. O vicepresidente da Associação Geral dos Proprietários de Táxis de Macau anunciou que o número 28939939 vai ser desligado, sendo que se mantêm outros dois (28283283 e 85000000). O dirigente estima que cerca de mil taxistas vão ser afectados com a decisão, tomada por causa de os equipamentos serem “obsoletos”. A linha em questão foi criada há 22 anos.

MALÁRIA DOIS CASOS COM PORTUGUESES RESIDENTES EM ANGOLA

Dois portugueses com residência permanente em Angola testaram positivo a malária em Macau, afirmaram ontem os Serviços de Saúde. Num comunicado, a reportar a ocorrência dos casos importados de malária, os Serviços de Saúde indicam que os dois pacientes, com nacionalidade portuguesa e residência permanente em Angola, são pai e filho, com 63 e 30 anos, respectivamente. Chegaram ao território no dia 22 para passar férias e, pouco tempo depois, começaram a ter febre. Recorreram ao serviço de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o seu quadro clínico teve uma “evolução variável”. Os dois casos foram classificados como importados e também como os primeiros registados em Macau desde o início do ano.

O

sector do comércio de Macau apelou ao Governo que dê autorização para a importação de mão-de-obra na área dos transportes. A necessidade de condutores de veículos de mercadorias está na génese do pedido feito pelo secretário-geral da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, Leng Sai Vai, divulgado pelo Jornal do Cidadão. A ideia não é a abertura do mercado de trabalho a não

Antes que as casas caiam Manuel Pui Ferreira exige medidas de defesa ao espólio arquitectónico do centro histórico de Macau, um tesouro entalado entre o progresso económico e a identidade cultural

A

cidade velha está repleta de pequenos tesouros urbanísticos que se degradam a olhos vistos. Uma das zonas mais problemáticas é o Porto Interior, com inúmeros edifícios em avançado estado de degradação. Tendo a protecção do património histórico em vista, Manuel Pui Ferreira, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), pretende que se faça um levantamento dos prédios a necessitar atenção dos serviços. Algo que tenha mais força do que a actual licença, concedida pela Obras Públicas, que habilita o proprietário a realizar obras. Em declarações prestadas ao Jornal do Cidadão, Manuel Pui Ferreira defendeu ainda que será necessária legislação para proteger o património arquitectónico do Porto Interior. Actualmente, quem comece obras sem a devida licença incorre apenas numa sanção administrativa. Uma penalização que, de acordo com o membro do CPU, não representa qualquer tipo de persuasão, “não surte efeito dissuasor suficiente”. Pui Ferreira sabe por experiência própria que houve edifícios que sofreram remodelações profundas que alterarem a génese histórica, sem terem sido apresentadas plantas de condições urbanas ao CPU. Nesse caso, o dirigente sugere um agravamento da punição para quem prevarique, nomeadamente através de acusação do foro penal. Na entrevista ao Jornal do Cidadão, Pui Ferreira lembrou um caso concreto do edifício Column On Lee, onde o proprietário simplesmente retirou a tabuleta que

distinguia o imóvel como sendo de elevado valor arquitectónico. Na altura, o dono do prédio ignorou a licença de construção das Obras Públicas, e antecipou-se à sugestão do Governo, e do Instituto Cultural, para a manutenção da fachada. Para o dirigente da CPU este é um “caso que mostrou, mais uma vez, a falha de supervisão das Obras Públicas, e uma clara falta de comunicação entre os serviços”. Casos como este podem lançar um perigoso precedente, “encorajando

os proprietários a começarem a obra antes de pedirem licença”, rematou à publicação de língua chinesa.

TRÊS IDEIAS

Este é um dos maiores perigos que o património arquitectónico de Macau sofre: protecção do seu espólio versus capitalização dos bens imóveis pelos seus proprietários. É por isso que a distinção de património de interesse cultural é, na maioria das vezes, mal recebida pelos donos.

Manuel Pui Ferreira defendeu que será necessária legislação para proteger o património arquitectónico do Porto Interior

Tendo em conta um planeamento urbano equilibrado, que respeite o interesse histórico, Manuel Pui Ferreira sugere a adopção de três medidas. Em primeiro lugar, deve exigir-se às Obras Públicas o anúncio da lista de edifícios que apresentam problemas estruturais. Também se deve fazer uma avaliação completa ao Porto Interior a fim de verificar quais os imóveis com características a preservar, elaborando uma classificação de níveis de restauro, seguindo as práticas de cidades vizinhas. Finalmente, o conselheiro estabelece como meta fundamental a elaboração de um quadro legal que proteja a cidade inteira, permitindo a protecção dos traços arquitectónicos tão característicos de Macau.

Comércio precisa de gente ao volante Dirigente do sector apela à importação de motoristas

residentes para a condução de autocarros ou de táxis, mas sim permitir que recursos humanos importados, não sendo condutores profissionais, possam transportar, por exemplo, mercadorias. Leng Sai Vai refere os funcionários de armazéns a quem é solicitado o transporte de produtos em situações

pontuais. “Estamos numa sociedade em desenvolvimento e o sector do comércio carece deste tipo de funcionários, sendo que o mais importante é sempre não prejudicar o emprego dos condutores profissionais locais”, ressalvou o dirigente associativo, citado no jornal de língua chinesa.

Para Leng Sai Vai, é fundamental que a própria sociedade analise e defina o âmbito dos condutores profissionais e as suas funções “porque apenas os motoristas de autocarro e de táxis precisam de certificação para exercer os seus cargos”. No pedido que o secretário-geral fez ao Executivo,

é sublinhado o equilíbrio no emprego entre residentes e mão-de-obra importada. “Se a importação de motoristas afectar a taxa de desemprego dos residentes, o próprio mecanismo de substituição de trabalhadores não residentes que está em vigor pode resolver a situação”, disse. No caso de não se tratarem

de condutores profissionais, “seria importante pensar na autorização de funções de motorista a mão-de-obra importada”. Leng Sai Vai salientou ainda que a autorização para este tipo de trabalhadores ligados à logística local “não vai afectar o emprego dos residentes, visto que a taxa de desemprego de Macau é muito baixa e tem-se mostrado estável”.


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Preferiu não esperar pelo próximo plenário da Assembleia Legislativa para falar sobre o assunto. Os dois filhos de Pereira Coutinho foram detidos por suspeita de tráfico de droga, mas o deputado diz-se tranquilo em relação ao futuro político e agradece o apoio que tem recebido

F

OI o último a entrar numa sala que estava cheia – metade eram jornalistas, os outros eram sócios da ATFPM – e fê-lo sob uma chuva de aplausos. José Pereira Coutinho vive “momentos difíceis”, com a detenção dos dois filhos por suspeitas de tráfico de droga, e decidiu chamar os jornalistas à sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública

COUTINHO DIZ QUE NÃO TEME CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS DA DETENÇÃO DOS FILHOS

“NAO ESTOU PRE ˜

de Macau para agradecer o apoio que tem recebido. “Esta conferência de imprensa foi convocada por mim para agradecer às pessoas. Recebi telefonemas da Austrália, da Europa, de Hong Kong, do Interior da China, foram mensagens de solidariedade e de apoio moral. Não tenho outra forma de agradecer a atenção que as pessoas têm para com aquilo que está a acontecer neste momento com a minha família”, afirmou. No passado dia 22, a Polícia Judiciária (PJ) divulgou uma nota à imprensa em que anunciou ter detido “os líderes de um grupo criminoso de tráfico de droga local, que colaborava com um grupo criminoso de tráfico transfronteiriço”. No mesmo comunicado, em que identificaram os suspeitos como sendo “dois irmãos de apelido Kou”, as autoridades explicavam que a detenção, que aconteceu a 15 deste mês, surgiu na sequência de uma denúncia. À PJ chegou a indicação de que os dois irmãos iriam à zona norte para a obtenção de estupefacientes. Os suspeitos foram detidos no local e a Judiciária apreendeu quatro sacos de marijuana, com um peso total de um quilograma. A PJ acredita que a droga iria ser vendida em estabelecimentos de diversão nocturna. No mesmo dia, foi detido um terceiro suspeito perto de um casino no Cotai.

O TRIGO E O JOIO

Alegando o segredo de justiça a que “estão obrigados todos aqueles que são conhecedores do caso”, Pereira Coutinho não fez comentários sobre a questão pessoal que levou à realização da conferência de imprensa, tendo apenas confirmado que o filho mais velho está detido preventivamente, enquanto o mais novo se encontra sob termo de identidade e residência. O deputado preferiu não tecer comentários sobre a posição que tomou relativamente à recém-apro-

HOJE MACAU

SOCIEDADE

vada lei da droga, que introduz penas mais pesadas para o consumo e tráfico de estupefacientes. “Pedia o grande favor de respeitar a privacidade da minha família”, disse, na declaração inicial que fez. “Não são figuras públicas ou que tenham estado nos meios de comunicação social no passado. Eles precisam de sossego e de paz para que possamos ultrapassar estes momentos difíceis das nossas vidas.” “Neste momento, o processo está sob investigação”, prosseguiu. “Nada mais poderei avançar,

“Aguardo serenamente porque confiamos na justiça e, com o tempo, as coisas vão-se consolidando e vai transparecer aquilo que, de facto, se passou.” PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

aguardo serenamente porque confiamos na justiça e, com o tempo, as coisas vão-se consolidando e vai transparecer aquilo que, de facto, se passou”, acrescentou. Em resposta a um jornalista, o presidente da ATFPM refutou ter de assumir responsabilidades por causa da eventual conduta criminosa dos filhos e chamou à colação o caso Ho Chio Meng. O antigo procurador foi nomeado pelo Chefe do Executivo, mas ninguém assacou responsabilidades ao líder do Governo, argumentou.


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OCUPADO” “A minha conduta não vai mudar minimamente nas funções que exerço e que terei de cumprir mais um ano como deputado à Assembleia Legislativa. Vou continuar a ser a mesma pessoa, a exercer com consciência as minhas responsabilidades e não esperem de mim facilidades porque tenho um compromisso com os cidadãos de Macau: cumprir rigorosamente o meu mandato”, prometeu. Questionado sobre as eventuais repercussões políticas de um caso que é pessoal, a nove meses das eleições legislativas, Pereira Coutinho diz estar tranquilo. “Macau é pequeno, as pessoas conhecem-se umas às outras. Não estou minimamente preocupado com o resultado que vier das eleições do próximo ano, porque acredito que, num regime democrático, temos

de saber viver com aquilo que as pessoas pensam sobre quem está a trabalhar para servir Macau”, declarou. “Digo honesta e sinceramente que em nada me está a afectar porque acredito que as pessoas de Macau sabem ver a diferença das coisas. Uma coisa é eu ter de assumir responsabilidades de um caso concreto, da situação concreta. Outra coisa é pessoas adultas – estamos a falar de um rapaz de 31 anos e outro de 27 – que terão de assumir perante a lei as suas responsabilidades.” A confiança do deputado é, segundo explicou, alicerçada nas mensagens que tem recebido nos últimos dias.

PAZ E ELOGIOS

O presidente da ATFPM contou ainda que houve pessoas próximas

hoje macau quarta-feira 28.12.2016

que o aconselharam a esperar pelo próximo plenário da AL para explicar “a meia dúzia de pessoas” o que aconteceu. “Eu disse que não, que queria fazer esta conferência de imprensa. A única coisa que quero é paz, é descanso para a minha família”, desabafou, garantindo no entanto estar “psicológica e emocionalmente em forma para enfrentar os futuros desafios” que terá de enfrentar no exercício das suas funções políticas. “Quanto ao futuro, Deus saberá fazer e decidir da melhor forma. Não estou minimamente preocupado.” Na mesa que serviu para a conferência de imprensa estavam vários membros da ATFPM, num gesto de solidariedade para com Pereira Coutinho. A mais interventiva foi Rita Santos: a presidente da mesa da assembleia-geral fez

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 688/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAM SOI KAI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 50456xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 7/DI-AI/2015, levantado pela DST a 16.01.2015, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 02.09.2016, exarado no Relatório n.° 569/DI/2016, de 22.08.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Praceta de Miramar n.° 11, Jardim San On, Bloco 1, 13.° andar E, Macau onde se prestava alojamento ilegal.--------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Dezembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 705/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora CHEN KUNWEI, portadora do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W93528xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 146.1/DI-AI/2014, levantado pela DST a 26.11.2014, e por despacho da signatária de 11.10.2016, exarado no Relatório n.° 620/DI/2016, de 05.10.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada em Macau, na Avenida da Amizade n.° 779-D, Edf. Chung Yu, 10.° andar F.-------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Dezembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

um discurso emocionado em que não faltaram lágrimas. Rita Santos fez um rasgado elogio a José Pereira Coutinho, que conhece dos tempos do liceu. Recordou o passado difícil do deputado, a infância passada no Seminário de São José pelas dificuldades que a família teve de enfrentar após a morte prematura do pai, dizendo que “aprendeu com os padres a ser uma pessoa honesta”. A dirigente da ATFPM lembrou ainda que, desde 1998 – ano em que convidou Coutinho para se juntar à associação – que é visível o empenho do deputado para o bem-estar da população: “Resolve todas as questões que lhe são trazidas com dedicação e amor”. “Está a passar por uma situação muito difícil. Gostaríamos que continuasse a ter força para trabalhar em prol de Macau”, disse Rita Santos, que acabou por dar a tónica pessoal ao encontro com os jornalistas. “Quem o conhece sabe que está sempre a falar da mulher, dos filhos e do orgulho que tem no neto”, sublinhou. “Não queremos que o nosso líder seja fraco. Ele prometeu-nos que vai continuar a trabalhar”, exclamou, fazendo alusões à “pressão social na Internet” que a dirigente deseja que acabe. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com

SOCIEDADE

ZONA NORTE INCÊNDIO DESTRÓI 89 MOTOCICLOS

O alerta foi recebido pela Polícia Judiciária (PJ) pouco depois das 5h de ontem: estavam a arder as motas estacionadas em frente ao Edifício Jardim San Pou, na Avenida Norte do Hipódromo. As autoridades já excluíram a possibilidade de fogo posto, depois de terem analisado as imagens do sistema de videovigilância. De acordo com a PJ, ficaram seriamente danificados 89 motociclos. Dois moradores da zona tiveram de ser transportados para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, devido à inalação de fumo. O incêndio afectou ainda seis lojas perto do parque de estacionamento onde deflagraram as chamas. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a Escola Hou Fai, que fica nas imediações, esteve ontem de portas fechadas, uma vez que entrou fumo para o interior do estabelecimento de ensino. O caso continua em investigação.


10 EVENTOS

AFA LIBERDADE ARTÍSTICA MARCA EXPOSIÇÃO DE ANIVERS

OFICINAS NAVAIS O SONHO DE KWOK WOON

É

inaugurada na próxima sexta-feira a exposição “Velejar no Sonho”, um conjunto de trabalhos de Kwok Woon que poderá ser visto nas Oficinas Navais N.º1, na Barra. A mostra, composta por mais de 40 obras do artista, é a primeira exposição a ter lugar naqueles estaleiros, cuja denominação original é “sala de máquinas do estaleiro de Carlos I”. No passado, servia de local de produção e manutenção de barcos e tem, afirma a organização, “um significado histórico especial”. Expor a obra de Kwok Woon no antigo estaleiro

mostrou-se pertinente visto ser um artista com “uma relação estreita com o quotidiano e a cultura de Macau”, lê-se no comunicado que anuncia o evento. “Velejar no Sonho” apresenta as obras de maior relevo produzidas entre os anos 80 e 90, e que marcaram um período inovador em que Kwok Woon procedeu à recolha de materiais com características locais para explorar novas possibilidades de criação. O resultado é um conjunto de trabalhos que, através de técnicas diversas, mostram uma reflexão acerca

da miscigenação cultural em Macau. Kwok Woon viveu entre 1940 e 2003. Com a vinda para Macau, em 1980, foi um dos membros fundadores do Círculo dos Amigos da Cultura de Macau e dedicou-se à promoção do desenvolvimento das artes visuais. Em 1997, fundou e dirigiu o Centro Internacional de Artes Visuais de Macau, tendo sido um marco “na exploração e exibição de meios de expressão artística para intercâmbio cultural”. A abertura da exposição está marcada para as 18h30.

CINEMATECA PAIXÃO O EFÉMERO NUM FILME

“T

HIS monster beauty is not eternal” é o filme de José Drummond que, após ter estreado em Berlim em 2015, é hoje projectado na Cinemateca Paixão. “O conceito do filme anda à volta da ideia dos álbuns de música”, explica. É uma película composta por vários capítulos sendo que cada um deles funciona como se se tratasse de uma faixa de música em que “o espectador, tendo o álbum por inteiro, pode escolher o tema que quer ouvir”, diz o autor ao HM. Enquanto um todo, existe uma narrativa que liga as várias partes da película, “ainda que seja orgânica”. Um filme que fala de um promessa seguida de um desencontro e consequente desencanto em que, de alguma forma, surge o alerta para “a crescente incapacidade das pessoas em exprimirem

as suas emoções”. “Temos cada vez mais dificuldades em dizer o que sentimos e ninguém está para ouvir a tristeza dos outros”, refere Drummond. O objectivo é sublinhar a existência de emoções negativas que necessitam de ser expressas “para que se possa ter alguma esperança na vida, caso contrário caminhamos a passos largos para uma apatia geral”. “This monster beauty is not eternal” é exibido hoje como prelúdio à exposição que o autor vai inaugurar a 20 de Janeiro na Casa Garden. “Podemos considerar este filme como o primeiro capítulo da exposição porque alguns dos trabalhos que lá vão estar têm elementos do vídeo”. A película é exibida às 19h e conta com uma conversa após a projecção. S.M.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA NEGROS ANOS • Zhang Jie A obra-prima da escritora que verteu numa epopeia sublime a história da China no século XX Para atingir o seu objectivo de poder e impedir a modernização, o comunismo maoista violou os sentimentos mais sagrados, estruturantes, da cultura da China, lançando os filhos contra os pais, impondo a toda a sociedade uma violentíssima convulsão. Estes são os negros anos descritos por Zhang Jie. Violência dilacerante cuja lembrança ainda hoje ensombra o coração da China, mas que não conseguiu desintegrar a textura intima da irredutível humanidade do povo chinês.

A Art for All Society assinala mais um aniversário com uma exposição sem tema. Uma ideia que, segundo o curador José Drummond, deu oportunidade aos artistas de revelarem melhor a sua individualidade criativa, sem constrangimentos

U

MA exposição livre e capaz de mostrar a identidade de cada autor que a compõe. Esta é a ideia da mostra que assinala o nono aniversário da Art For All Society (AFA), que decorre até sexta-feira no Art Garden, na Avenida Rodrigo Rodrigues. O evento, que conta com a curadoria de José Drummond, teve na génese “propor aos artistas que encontrassem uma solução própria para contribuir para o aniversário da AFA”. “Esta opção faria mais justiça ao trabalho de cada um até porque, muitas vezes, estar a limitar os artistas a um determinado tema pode ser constrangedor”, disse José Drummond ao HM. O objectivo foi mostrar, de for-

ma representativa, o trabalho de cada um dos membros da associação. O resultado foi um conjunto de obras que acabam por fazer sobressair trabalhos marcados pela liberdade de criação. “Em virtude dessa liberdade, a exposição é uma montra interessante do que se faz em Macau, especialmente pela diversidade que a própria arte local tem”, referiu o curador. Uma das características que pontua as artes plásticas locais e que, de algum modo, a caracteriza é precisamente a diferença que se pode ver em cada uma das criações porque “em Macau é difícil encontrar dois artistas que sejam semelhantes ou que estejam na mesma linha”. Drummond atreve-se mesmo a dizer que é uma arte “em que não há modas ou estilos e há realmente um trabalho individual em que cada um explora a sua expressão, sendo que, se podem existir elos de ligação entre um ou outro artista, existe, ainda assim, uma voz única em cada um”. Para o curador, este aspecto poderia até ser encarado de uma forma negativa mas, no caso de Macau, até acaba por ser benéfico. “Este hipotético desapego a modas, tendências ou estilos acontece essencialmente por existir uma outra coisa que poderia

AFA

Nove anos de con

ser negativa: o não ter um verdadeiro mercado de arte, uma história de arte ou uma série de estruturas”, apontou. Por outro lado, é um aspecto que foge à influência do crescimento recente das indústrias culturais, na medida em que é um fenómeno que “causa algum constrangimento aos artistas”. Para o artista plástico, estas indústrias

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NÃO HÁ PALAVRAS • Zhang Jie Não Há Palavras para exprimir a força de um sentimento que arrasta consigo a alma e muitas vez a seca ao ponto de a tornar para sempre árida; ou que, pelo contrário, a enche ao ponto de extrava apagando a razão. Esse amor inexprimível está aqui, nas páginas deste romance: homens e mulhe mercê dos sentimentos, que vivem as suas vidas unidos e separados por vicissitudes e paixões - te como fundo um país imenso, antiquíssimo, de civilização rica e complexa, que mudou com inaud rapidez e violência no breve espaço de um século. Trata-se de um fresco memorável que remete p grandeza de Doutor Jivago, de Boris Pasternak: leve e poderoso, surpreende a cada página – um m de histórias individuais e colectivas, reconstituído, reconstruído e oferecido à memória e ao futur


11 hoje macau quarta-feira 28.12.2016 PUB

SÁRIO

ntemporaneidade

podem obrigar os criadores a produzirem trabalhos “mais comerciais”.

UM CAMINHO DIFÍCIL

Os nove anos que estão a ser comemorados pela AFA não tiveram um trajecto facilitado. “Ao longo deste tempo foram muitas as dificuldades e começaram logo por ter tido de mudar, pelo menos quatro vezes, de localização, o que acaba por ser muito negativo”, explicou José Drummond. As dificuldades que a associação foi encontrando limitaram o trabalho e as possibilidades de afirmação. “A inquietude a prazo e em prazos de dois anos, em que cada vez que se muda de espaço volta a fazer-se obras, por exemplo, impossibilita o planeamento a médio prazo”, disse.

• MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

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Para o curador, o grande destaque do trabalho desenvolvido está precisamente no que a AFA tem feito pelos próprios artistas. Ao olhar para o início, José Drummond recorda que a realidade artística da altura era muito diferente. “Além dos espaços institucionais – e mesmo estes eram em muito menor número do que hoje –, existiam mais uns três espaços onde os artistas se podiam mostrar e nenhum deles tinha a perspectiva de um espaço expositivo que pudesse colmatar a lacuna da galeria comercial”, explicou ao HM.

“Em virtude dessa liberdade, a exposição é uma montra interessante do que se faz em Macau, especialmente pela diversidade que a própria arte local tem.” JOSÉ DRUMMOND CURADOR

Com a AFA, os artistas tiveram um espaço que, além de aberto à experimentação, também podia ser usado para a venda de trabalhos. “A questão da venda, na altura, foi importantíssima para que alguns deles pudessem começar a ter estúdios e a ser mais reconhecidos, especialmente na sociedade local”, explicou o curador. Nove anos depois, há artistas que, através do trajecto ao qual a AFA deu início, passaram a ser reconhecidos, alguns mesmo internacionalmente. Mas o caminho ainda não acabou e Macau precisa de mais e melhor no panorama de arte local e, essencialmente, na arte contemporânea. O aspecto prioritário para Drummond é a formação com uma “aposta na educação na área artística, especialmente com uma visão contemporânea”. “No que respeita à formação, é usual ver membros da AFA a darem workshops dentro das instalações da associação de modo a motivar energias e a estender o leque de acções na sociedade.” Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

EVENTOS


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 28.12.2016

HONG KONG VÍRUS DA GRIPE AVIÁRIA FAZ VÍTIMA MORTAL

U

M homem de 75 anos morreu em Hong Kong, duas semanas após ter sido hospitalizado devido ao vírus H7N9, estirpe da gripe aviária que lhe foi diagnosticada depois duma visita ao interior da China, anunciaram ontem as autoridades. O idoso de Hong Kong, que se deslocou a Changping, na província de Guangdong no final de Novembro, morreu no dia de Natal, segundo um comunicado divulgado ontem pelas autoridades de saúde da antiga colónia britânica, citado pelo jornal South China Morning Post. A causa exacta da morte ainda é desconhecida, mas sabe-se que o homem tinha outros problemas de saúde. Inicialmente, quando deu entrada no hospital, no dia 9, foi diagnosticado com pneumonia, mas um teste, realizado posteriormente, deu positivo para o vírus H7N9. Na semana

passada, as autoridades declararam tratar-se do primeiro caso importado de gripe aviária deste Inverno. O secretário para a Saúde de Hong Kong, Ko Wing-man, afirmou, na quarta-feira, que o idoso reconheceu ter visitado um mercado onde adquiriu galinhas, que foram abatidas no local, depois de inicialmente ter negado qualquer contacto recente com aves de capoeira ou visitas a mercados. O paciente ficou em isolamento depois de o seu estado ter sido classificado como grave. Pelo menos 51 pessoas que tiveram contacto próximo com o idoso, incluindo os familiares que viviam com ele e o pessoal médico, foram colocados sob vigilância médica. Este foi o 17.º caso importado do vírus H7N9 confirmado em Hong Kong.

MANIFESTANTES DE ALDEIA DEMOCRÁTICA CONDENADOS À PRISÃO

Noves fora nada A experiência democrática da pequena aldeia do sul da China resultou na condenação de nove aldeões acusados de perturbarem a ordem social e de efectuarem uma assembleia ilegal

CATÓLICOS CHINESES REUNIDOS EM PEQUIM

A

nona conferência dos católicos da China, um encontro que se realiza a cada seis anos, arrancou ontem em Pequim, informou a Administração Estatal de Assuntos Religiosos, num período de reaproximação entre a China e o Vaticano. A reunião, que decorre durante três dias, conta com a participação de membros da Associação Patriótica Chinesa, a igreja católica aprovada pelo Estado, e a igreja “clandestina”, que jura lealdade ao Vaticano. O último encontro foi condenado pelo Vaticano, que argumentou que membros da igreja leal a Roma terão sido forçados a participar. Esta edição ocorre, contudo, num período de reaproximação entre a China e a Santa Sé, que cortaram relações diplomáticas em 1951. Na segunda-feira, a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Es-

trangeiros, Hua Chunying, frisou a “vontade sincera” de Pequim em reforçar os laços com o Vaticano. “Queremos seguir a mesma via do Vaticano e promover as relações e um diálogo bilateral construtivo”, disse. Pequim e a Santa Sé divergem sobretudo na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. Um total de 365 delegados católicos, procedentes de diferentes regiões do país, assim como representantes do Governo chinês, e de outras religiões, participam da Conferência Nacional de Representantes Católicos. Fang Xingyao, presidente da Associação Patriótica Chinesa, disse no discurso de abertura que o encontro servirá para rever o trabalho desenvolvido pelos católicos chineses desde a última conferência e estabelecer objectivos para os próximos anos.

N

OVE residentes da aldeia chinesa de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China, foram presos por “perturbar a ordem social”. A vaga de detenções surge após em Setembro passado a aldeia ter sido palco de protestos violentos, motivados pela condenação do chefe local, Lin Zulian, por desvio de fundos públicos. Com 13.000 habitantes, aquela localidade costeira do

sul da China tornou-se um símbolo de resistência popular em 2011, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas do país. Protestos contra a expropriação ilegal de terras culminaram com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, e a eleição de um novo comité de aldeia

por sufrágio directo. Em Setembro passado, a detenção de 13 residentes de Wukan intensificou os protestos, motivando confrontos com a polícia, que acabou por bloquear o acesso à aldeia.

NOTA DE CULPA

Nove aldeãos foram agora condenados a penas de

Os réus foram também condenados por difundir informações falsas, perturbar a circulação de transportes públicos e interromper os serviços públicos

prisão, entre dois e dez anos, por realizarem uma “assembleia ilegal”, um desfile e manifestações que “perturbaram gravemente a ordem social”. Os réus foram também condenados por difundir informações falsas, perturbar a circulação de transportes públicos e interromper os serviços públicos, segundo um comunicado emitido na segunda-feira através do ‘site’ do Tribunal de Haifeng. “A situação foi tão grave, que fábricas e empresas tiveram de interromper a sua produção, tendo sofrido grandes perdas”, lê-se naquela nota. As manifestações foram suscitadas pela condenação de Lin Zulian, o chefe local da aldeia, que encabeçou os protestos, em 2011, antes de ser eleito por sufrágio directo. Liu foi condenado em Junho passado a três anos de prisão por corrupção, depois de confessar ter aceitado subornos no valor de 590.000 yuan. Os protestos de 2011, em Wukan, foram inicialmente vistos apenas como um levantamento popular, semelhante às dezenas de milhares que todos os anos ocorrem na China. A morte de um dos líderes dos protestos, sob custódia da polícia, contudo, levou os residentes a bloquear as estradas que davam acesso à aldeia, conseguindo expulsar as forças de segurança durante mais de uma semana. O Partido Comunista Chinês decidiu então recuar e fazer concepções raras, incluindo investigar as disputas de terra e permitir aos locais organizar eleições livres. Lin Zulian, 70 anos, foi então nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores.


13 hoje macau quarta-feira 28.12.2016

A

China reafirmou ontem o desejo de explorar o espaço, num livro branco em que confirma os planos para aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua e lançar a primeira sonda a Marte. “Explorar o vasto cosmos, desenvolver a indústria espacial e converter a China num poder espacial é um sonho que perseguimos incessantemente”, lê-se no livro branco divulgado por Pequim. O documento, que detalha os planos espaciais do país para os próximos cinco anos, refere que o programa espacial chinês tem fins pacíficos e visa garantir a segurança nacional e realizar pesquisas científicas. Pequim põe grande ênfase no desenvolvimento da sua indústria espacial, que considera um símbolo de desenvolvimento e afirmação no cenário internacional. O objectivo do país, ainda que não mencionado no documento, é enviar um astronauta à Lua.

Dá-me espaço

O livro branco reitera os planos da China para colocar a sua primeira sonda em Marte, até 2020, visando explorar e trazer amostras do planeta Vermelho

Arrancam trabalhos para aterrar sonda no lado mais afastado da lua e em Marte

ciais tripuladas, o programa chinês, suportado pelo exército do país, tem alcançado um rápido progresso. A China realizou a sua primeira missão espacial tripulada em 2003. Uma década depois aterrou uma sonda na Lua. No mês passado, dois astronautas chineses regressaram à Terra, após 30 dias no espaço, onde viveram e trabalharam no laboratório espacial

Tiangong-2, na mais longa e sexta missão tripulada da China. Pequim quer pôr uma tripulação permanente no espaço até 2022, que está prevista operar ao longo de pelo menos uma década. O livro branco reitera os planos da China para colocar a sua primeira sonda em Marte, até 2020, visando explorar e trazer amostras do planeta Vermelho.

CORRIDA CONTRA O TEMPO

Enquanto a Rússia e os Estados Unidos têm mais experiência com viagens espa-

A missão visa também explorar o sistema de Júpiter e “conduzir pesquisas em questões científicas importantes, como a origem e evolução do sistema solar, e procurar vida extraterrestre”. Em 2018, a China quer também tornar-se o primeiro país a aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua. O livro branco diz que aquela sonda, a “Chang’e-4”, visa obter conhecimento sobre a formação e evolução da Lua.

CHINA

MONGÓIS PROTESTAM CONTRA A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Centenas de mongóis exigiram esta segunda-feira que o Governo adopte medidas contra a poluição atmosférica, uma das principais causas de mortes prematuras no país, protestando em Ulan Bator, apesar do frio. Os manifestantes reuniram-se numa praça pública em frente à sede do governo, envergando cartazes com palavras de ordem como “O fumo é um assassino silencioso” e “Não podemos respirar”. “Estamos desesperados e organizamos estes protestos para que as autoridades se apercebam da nossa raiva e frustração”, afirmou Purevkhuu Tserendorj, um dos organizadores dos protestos, citado pela Associated Press. Segundo as Nações Unidas, a poluição atmosférica está relacionada com as três doenças que mais causam mortes prematuras na Mongólia.

PUB HM • 1ª VEZ • 28-12-16

EDITAL

ANÚNCIO Execução Ordinária n.º

CV2-16-0117-CEO

2º Juízo Cível

Exequente: INTERNACIONAL PROMOTOR DE JOGO SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA (國際博彩中介人一人有限公司), com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº 201, Edifício San Kin Yip Comercial Centre, 8º andar J Executado: LI JUN (李軍), masculino, maior, com última residência conhecida na China, 中國北京市朝陽區京順路109號院2號樓, ora ausente em parte incerta. *** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando o LI JUN, para no prazo de vinte (20) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$25.787.500,00 (Vinte e Cinco Milhões, Setecentas e Oitenta e Sete Mil, Quinhentas Patacas), o montante acima aludido deve ser acrescido de juros, à taxa anual de 29,25% e 2% de juros comerciais, a contar de 1 de Março de 2014 até ao pagamento integral da dívida. Até no dia 10 de Junho de 2016, o executado deve pagar ao exequente os juros, no valor de MOP18.391.256, 42. Pedido alternativo: Caso o Mm. o Juiz não entender que os juros moratórios dos dois recibos de MARKER devem ser acrescidos a 2% juros comerciais, assim calcula-se os juros de mora fixados pelo exequente e executado (ou seja o triplo de juro legal estabelecido em Macau, ou seja 29,25%) até à data do pagamento integral da dívida. Até no dia 10 de Junho de 2016, o executado deve pagar ao exequente os juros, no valor de MOP$17.214.216,01. Condenar ao executado o pagamento das custas judiciais, designadamente os honorários da mandatária do exequente, ou no mesmo prazo, deduzirem oposição por embargos ou nomearem bens à penhora, sob pena de, não o fazendo, ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. E ainda que é obrigatória a constituição de advogado caso sejam opostos embargos ou tenha lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos do processo declarativo. Macau, aos 24 de Novembro de 2016. ***

Notificação da decisão final relativa à reparação de prédio em mau estado de conservação Edital n.º : 61/E-AR/2016 Processo n.º : 50/AR/2016/F Local : Estrada de Cacilhas n.º 18, Edf. Yee Cheong Garden, Macau. Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, faz saber que ficam notificados os condóminos, inquilinos ou demais ocupantes do edifício acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, as paredes exteriores do edifício acima indicado encontram-se em mau estado de conservação e carecem de reparação , pelo que, nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, ficam os interessados notificados da decisão final relativa à sua reparação. No uso das competências delegadas pela alínea 12) do n.º 2 do Despacho n.º 11/SOTDIR/2016, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 21, II Série, de 25 de Maio de 2016, o Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT, Lai Weng Leong, homologou o Auto de Vistoria acima indicado através de despacho de 1 de Julho de 2016. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 8 de Julho de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a sua reparação. Nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do RGCU e por despacho de 12 de Dezembro de 2016, ordena aos interessados que procedam, no prazo de 60 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à sua reparação. Para o efeito, de acordo com as disposições do RGCU, os interessados deverão apresentar nestes Serviços o Pedido da Aprovação de Projecto (de Alteração) da Obra de Reparação / Conservação, no prazo de 10 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. O impresso do respectivo pedido está disponível na página electrónica da DSSOPT. Findo o prazo acima referido, caso os interessados não tenham dado cumprimento à respectiva ordem, esta Direcção de Serviços aplicar-lhes-á a multa prevista nos artigos 66.º e 67.º do RGCU. Na falta de pagamento voluntário da despesa, nos termos do n.º 1 do artigo 142.º do CPA, proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças. Nos termos do n.º 1 do artigo 59.º do RGCU e das competências delegadas pelos n.os 1 e 4 da Ordem Executiva n.º 113/2014, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2014, da decisão do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 12 de Dezembro de 2016

O Director dos Serviços Li Canfeng

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h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Os sábios e os seus comentadores não escrevem no vazio.

Resposta aos críticos –1&2

P

OR que razão, de Confúcio e Mozi, até Xunzi e Mencius, julgaram os santos e sábios necessário consagrar suas vidas e as suas forças à transmissão de um ensinamento? * * * Eu respondo que se os santos nos deixaram os Clássicos, e os sábios os seus comentários, foi para corrigir as práticas corrompidas e trazer a povo de volta à verdade. Assim, os treze mil livros mencionados nos Seis Catálogos exaltam a virtude e vilipendiam o vício, interditam a irresponsabilidade, estimulam os indolentes, e tentam trazer de volta ao caminho os desgarrados. Se Confúcio escreveu os Anais é porque as pessoas estavam corrompidas: neles louvava o mínimo mérito e denunciava o mínimo erro, eliminava a desordem, colocava tudo no seu lugar, de modo a que o povo e seus príncipes se comprometessem com a moral. De modo a vencer a dissipação e a frivolidade, nada se pode deixar passar: uma brecha não colmatada causa uma

inundação; uma rede não remendada e os peixes se escapam. Se a moralidade dos Zhou não se tivesse corrompido, se o povo não tivesse caído na barbárie, Confúcio não nos teria deixado os Anais. Do mesmo modo, se as doutrinas de Mozi e Yang Zhu não tivessem alterado o sentido das tradições, Mencius não teria escrito a sua obra. E, sem o declínio do reino Han e a degradação das suas leis e instituições, Han Fei não teria composto a sua. Se o Imperador Gaozu não tivesse defendido que o império se governa como se toma, ou seja, pelas armas, Lu Jia não lhe teria apresentado as suas Considerações. Enfim, se as realidades não tivessem sido perdidas de vista, se a confusão não se tivesse instalado nos espíritos, as Discussões de Huan Tan não teriam visto a luz do dia. Os sábios e os seus comentadores não escrevem no vazio; têm boas razões para assim agir. Aquilo que perseguem é um fito educativo, uma educação graças à qual serão reencontrados os justos princípios. Foi também para esse efeito que se estabeleceu a biblioteca de Lantai, onde se coleccionam e fixam os textos de todas estas obras. Dong Zhongshu redigia tratados técnicos nos quais atribuía as catástrofes

naturais e aparecimento de prodígios aos desregramento político. Uma vez terminados, os apresentou ao Imperador Wudi, mas, por ciúme, Zhufu Yan atacouos, provando a sua falsidade de sentido num escrito que também apresentou ao Imperador. Este, levou Dong Zhongshu perante as autoridades judiciais, que concluíram da sua estupidez e o condenaram à morte...o que não impediu o Imperador de proclamar o seu indulto. Se o Imperador perdoou e manifestou mesmo respeito para Dong Zhongshu, que no entanto discutia calamidades e prodígios, que teria dito de uma obra como Os Discursos Ponderados, que não aborda nenhum desses temas tabu, que somente examina se os factos são ou não verdadeiros e não os aceita se não tiverem realmente ocorrido? Tal é o papel do sábio: consagra as suas forças a promover a educação e faz a glória regressar à governação. Quando se retira, reflecte e discute, mostra o bom caminho a todos que são incapazes de se reformar sozinhos e que, sem a sua ajuda, nunca teriam consciência da sua perdição. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 28.12.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

Filmes proibidos na República do Povo O TOP MAIS Porque estamos naquela altura do ano. 10. Ano Novo (1999) realizado por Zhang Yuan conquistou o galardão de Melhor Realização na 56ª edição do Festival de Cinema de Veneza. Uma história de amor e tolerância contada a partir do olhar do protagonista, que aqui nos fala dos 17 anos obscuros da sua vida. Zhang Yuan foi castigado por denegrir a imagem do socialismo. 9. O Papagaio Azul (1993) realizado por Tian Zhuangzhuang conquistou todos os prémios mais importantes do Festival de Cinema de Tóquio. Num ambiente carregado e melancólico, fala-nos do destino do individuo no quadro alargado do contexto histórico. 8. Viver (1994) é baseado no romance homónimo de Yu Hua. O argumento centra-se na Guerra Civil e na Nova China nascida após a fundação da RPC. A história, contada através das diversas tragédias que se sucedem na vida do protagonista, reflecte períodos conturbados que, aparentemente, nunca deixaram de flagelar o povo chinês. Prémio do Júri no Festival de Cinema de Cannes. Realizado por Zhang Yimou. 7. Carteiro (1995) realizado por He Jianjun, acabou de ser rodado na Europa e estreou no Festival de Cinema de Roterdão. O filme “ofende os quadros superiores chineses”. 6. Palácio Oriental, Palácio Ocidental (1996) prémios para Melhor Realização, Melhor Argumento e Melhor Adaptação ao Cinema – 6ª edição do Festival de Cinema da Argentina. Baseado no romance de Wang Xiaobo, analisa a homossexualidade na China contemporânea. 5. O Artesão Carteirista (1997) realizado por Jia Zhangke. Exemplo perfeito da razão pela qual os filmes chineses ven-

中国十大禁片 cedores de prémios internacionais não terem nada a ver com o mercado cinematográfico local.

trágica história de amor passada na Xangai dos nossos dias. Realizado por Lou Ye.

4. Mr. Zhao (1998) filme de estreia de Lu Le que, à semelhança de Zhang Yimou, passou com sucesso de fotógrafo a realizador de cinema.

2. Do Lado de Fora (2000), Prémio do Júri no Festival de Cinema de Cannes. Realizado por Jiang Wen, expõe sem reservas o militarismo japonês e acusa figuras políticas proeminentes.

3. Rio Suzhou (2000), medalha de ouro no Festival de Cinema de Roterdão. Uma

1. As Bicicletas de Pequim (2000) realizado por Wang Xiaoshuai, conquistou o Urso

de Prata no Festival de Cinema de Berlim. A história de um jovem de 17 anos vindo do campo para trabalhar em Pequim como estafeta, a quem roubam a bicicleta. PS: Dicas culturais: Ben Hur foi proibido na China por conter “propaganda a crenças supersticiosas, nomeadamente o Cristianismo”. Avatar foi proibido na China porque os seus conteúdos podiam levar as audiências a pensar em deportações forçadas e por apelar à violência. O versão não editada de Avatar em DVD pode encontrar-se em qualquer loja da especialidade na China. As Lojas Walmart chinesas utilizam imagens do filme nos ecrãs de definição de imagem das televisões.


16 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau quarta-feira 28.12.2016

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje PROJECÇÃO “THIS MONSTER OF BEAUTY IS NOT ETERNAL” DE JOSÉ DRUMMOND Cinemateca Paixão, 19h

MIN

10

MAX

15

HUM

50-75%

EURO

8.35

BAHT

Diariamente EXPOSIÇÃO DE KRISTINA MAR E GERALDE ESTADIEU Creative Macau, (Até 30/12) EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02) EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02) EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau

Cineteatro

C I N E M A

ASSASSIN’S CREED SALA 1

YO-KAI WATCH THE MOVIE 2 [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Takahashi Shigeharu 14.15, 18.00

ASSASSIN’S CREED [C]

Filme de: Gareth Edwards Com: Felicity Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn, Donnie Yen 19.15 SALA 3

SING [A]

Filme de: Justin Kurzel Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard 16.00, 19.45, 21.45

FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 14.15, 17.45, 19.45

SALA 2

YO-KAI WATCH THE MOVIE 2 [A]

ROUGE ONE: A STAR WAR STORY [B] Filme de: Gareth Edwards Com: Felicity Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn, Donnie Yen 14.15, 16.45, 21.45

ROUGE ONE: A STAR WAR STORY[3D] [B]

UM LIVRO HOJE

Filme de: Scott Hicks Com: Addison Timlin, Jeremy Irvine, Harrison Gilbertson 21.45

Como todas as sequelas esta é mais uma que vem baixar a qualidade e a honra da obra-prima de origem. Ouvi falar, em surdina, que existe outro ser chamado Pu Yi. Os humanos daqui conspiram pelos cantos sobre uma mulher com o meu nome. UMA MULHER! A ignomínia! Primeiro capam-me, às tantas ainda sugerem que sou um lady-cat. Ao que parece, uns jornalistas a quem concedo espaço passaram o Natal na Tailândia, mais precisamente na ilhas Phi Phi. Além da pele mais escura, trouxeram a memória de uma tal de Pu Yi, fada de massagens tailandesas. Sorriso cândido, voz doce, mas mãos de pedra, impiedosas, capazes de destruir todos os nós musculares e angústias acumuladas no corpo. O que me impressiona mais é a forma doce como falam desta mulher que os espezinhou, que lhes levou ao limite da torção dos membros, que esticou todas as extensões musculares. Enquanto falam da massagista, tiram-me de cima das secretárias, só porque não os deixo usar os computadores e os telefones. Mas o golpe mais rude são as piadas sobre trocarem um Pu Yi por uma Pu Yi. Se não gostam das minhas arranhadelas, das unhadas, das coreografias que faço entre as secretárias, por que gostam da pressão das mãos, da porrada? Será do óleo? Também posso meter as patas em azeite ou assumir ares mais musculados. Estou a brincar, jamais concederia, só peço para não abusarem dos limites do meu orgulho, porque eu sou o verdadeiro, o único. Pu Yi

DON DELILLO | LIBRA

“Libra” é um marco incontornável na obra de Don DeLillo. Neste livro, o escritor norte-americano entra na cabeça de Lee Harvey Oswald, o suposto assassino do presidente John F. Kennedy. Humaniza Oswald, mostra-o desde criança como alguém pleno de falhas, não muito inteligente, mas com uma vontade genuína de operar mudança, de se tornar relevante. “Libra” mistura factos históricos com suposições imaginadas. Apresenta o assassinato como uma conspiração que deu para o torto, mas que tinha como objectivo alterar a política externa da administração Kennedy em relação a Cuba. Mais um dos livros em que De Lillo pega na realidade e a molda com o vigor da sua brilhante escrita.. H.M.

FALADO EM CANTONENSE Filme de: Takahashi Shigeharu 16.05

FALLEN [B]

PROBLEMA 145

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 144

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

1.14

RÉPLICA

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1, 18h30

EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)

YUAN

AQUI HÁ GATO

Sexta-feira

EXPOSIÇÃO “O TEMPO CORRE” DE LAI SIO KIT Casa Garden (Até 08/01)

0.22

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


17 hoje macau quarta-feira 28.12.2016

dissonâncias ruiflores.hojemacau@gmail.com

Os desafios da prosperidade

O

Tratado de Roma que criou a então Comunidade Económica Europeia faz 60 anos em Março. Quando a Europa caminha para uma idade próxima da reforma, aqueles que acreditam no projecto europeu têm muito que fazer para mostrar que a União não é um daqueles funcionários que já não tem capacidade para se regenerar e abraçar novos projectos. Desde a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, aquilo que se denomina agora União Europeia (UE) terá contribuído para o período de paz mais longo da história da Europa e para o desenvolvimento das instituições democráticas – condição sine qua non para a adesão ao projecto europeu – em vários países que se encontram hoje na linha da frente da defesa de algumas das políticas europeias. A criação do mercado único europeu, no qual a circulação de pessoas, bens, serviços e capitais é assegurada – um mercado constituído por quase 510 milhões de pessoas –, o modelo do Estado social e o apoio às regiões periféricas e mais pobres da Europa contribuíram para a melhoria das condições de vida de dezenas de milhões de pessoas. São europeias algumas das principais marcas mundiais – de automóveis, de computadores, de bancos, de seguradoras –, que alcançaram dimensão global pela sua integração no espaço regional europeu. Embora seja mais fácil criticar do que elogiar – a Europa enquanto projecto comum de 28 Estados tem estado na mira de populistas e nacionalistas – o que é facto é que a União tem contribuído para vários feitos que convém ter sempre em consideração quando se fazem balanços. Em ano de eleições muito importantes para o futuro da Europa, 2017 vai trazer legislativas na Holanda e na Alemanha e presidenciais em França, os desafios à solidariedade europeia vão ser imensos. Os defensores da integração europeia vão ter de trabalhar arduamente nos próximos meses para enaltecer as virtudes do projecto europeu a populações cada vez mais descrentes nos méritos da integração económica, monetária, fiscal e política. A ideia de que o projecto europeu está em crise parece por estes dias ser uma evidência. Mas foi este mesmo projecto, baluarte da paz, da economia de mercado, dos direitos humanos e da democracia, que serviu de fonte de inspiração para outras organizações internacionais um pouco por todo o mundo. No entanto, os movimentos populistas têm ganho adeptos nas últimas duas décadas, mas mais notoriamente nos últimos cinco anos, à custa de um discurso anti-Europa, anti-imigração, pró-nacionalista, pró-soberanista. Aqueles que concluem que

FRANK CAPRA, IT’S A WONDERFUL LIFE

RUI FLORES

a União é um projecto que só funciona em tempos de expansão económica parecem estar por cima. Fazer o contraponto a esta argumentação não é fácil, sobretudo quando o objectivo primeiro dos partidos do centro – aqueles mesmos que trouxeram a Europa até este estado de coisas – é também o de ganhar eleições. A crescente onda populista que marcou 2016 – as mensagens políticas do “leave” tinham essas características, apelando aos sentimentos mais básicos dos britânicos e prometendo um Reino Unido mais forte sozinho, abrindo a porta à saída de imigrantes do país – vai estar presente nas campanhas políticas do próximo ano. Logo, em Março, na Holanda, o discurso anti-imigrantes vai ser repetido por Geert Wilders, o presidente do Partido da Liberdade, que, à semelhança do seu congénere austríaco, tem estado a ganhar adeptos de uma forma espectacular.

A ideia de que o projecto europeu está em crise parece por estes dias ser uma evidência. Mas foi este mesmo projecto, baluarte da paz, da economia de mercado, dos direitos humanos e da democracia, que serviu de fonte de inspiração para outras organizações internacionais um pouco por todo o mundo

Em Abril e Maio, com a primeira e segunda voltas da eleição presidencial, Marine Le Pen vai procurar explorar ao máximo a desilusão dos franceses com a actual situação económica e prometerá uma França que não se dobra a Bruxelas. Uma França sem euro – ou mesmo sem União Europeia –, pois Le Pen já ameaçou também com a realização de um referendo. Na Alemanha, as hipóteses de vitória do partido Alternativa para a Alemanha são nulas. Mas, o discurso anti-imigração pode, tal como na Holanda, contribuir para fragmentar o parlamento e obrigar a soluções governativas mais imaginativas. O problema com todas estas eleições e com as mensagens anti-Europa, anti-imigração, anti-solidariedade é que os valores que têm contribuído para o avanço da UE vão estar permanentemente em xeque. O que, quando passam 60 anos sobre a assinatura do Tratado de Roma, não augura nada de bom para aquilo que é hoje a Europa. Um pouco como a Organização das Nações Unidas que, desde a sua criação, em 1945, se expandiu a várias áreas de intervenção, desde os direitos humanos, manutenção de paz, apoio às instituições do estado de Direito, ambiente, assuntos laborais… um sem número de actividades, também a União Europeia, enquanto entidade supranacional, tem, ao longo dos últimos 60 anos, abraçado cada vez mais áreas e regulado cada vez mais áreas de actividade – sobretudo económicas – que favorecem as condições de expansão do mercado. Tendo em conta o estado a que as coisas chegaram agora, a ideia de que a Europa deve aproveitar os “ataques” de que tem sido alvo, para se repensar, não é de todo despropositada. Afinal, o grande objectivo comum, como sintetiza a recentemente aprovada Estratégia Global da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, é o da prosperidade dos seus povos. E eles parecem estar a precisar de ser de novo convencidos dos méritos do projecto.

OPINIÃO


18 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 28.12.2016

sexanálise

BILLY WILDER, THE APARTMENT

2016 chegou ao fim

TÂNIA DOS SANTOS

M

AIS um ano que passou. Acho que a maioria irá concordar que o ano não correu muito bem. Para o espírito português tendencialmente pessimista e trágico, tudo o que aconteceu neste querido 2016 deixou os nossos corações de sobressalto, a esperar sempre o pior. A expectativa é de que o ano de 2017 não venha a piorar estas ansiedades, mas que tranquilize... Nós queremos histórias felizes. Nós queremos conquistas justas e inclusivas. O ano passado de 2015 acabei o ano com um artigo que revia as grandes vitórias legais de inclusão e de desenvolvimento do domínio sexual e de género. Houve alguns desenvolvimentos interessantes, não houve? Foram aprovadas leis (por todo o mundo), e popularizaram-se trends, que suscitaram saudáveis discussões sobre o tema do sexo e do género. Este ano não consigo estar tão satisfeita. A verdade é que, a meu ver, houve um retrocesso severo na forma como certas temáticas sexuais foram abordadas. Podem

olhar de perto para o que está acontecer na Polónia sobre o aborto, ou para os Estados Unidos com a nova presidência e a assuntos relacionados com homossexualidade, educação sexual e outros temas que são considerados polémicos. Talvez o 2017 nos traga mais coisinhas boas, mais abertura para falar daquilo que temos vergonha e pouco à vontade – mas que deve ser discutido. Mas claro que nem tudo foi assim tão mau: - Fu Yuanhui foi a rainha dos Jogos Olímpicos porque falou sobre a m-e-n-s-t-r-u-a-ç-ã-o, o período, o Benfica, o sangue entre as pernas, aquela altura do mês. Não falou assim tanto quanto isso, mas referiu-o de boca cheia! Sem vergonhas; - Sun Wenlin e o seu parceiro Hu Mingliang tentaram pedir recurso a uma tentativa de legalizar o casamento homossexual, foi recusado, mas foi considerado um dos maiores momentos pelo movimento LGBTQ+ na China; - Houve a oportunidade de fazer sexo com o planeta, colectivamente, numa instalação

O ano 2017 que vos traga marotices de todos os tipos, inspiradas pela imaginação, sabedoria e educação do que é uma sexualidade livre, consentida e bem informada

artística em Novembro em Sydney, uma oportunidade de divulgar formas de amor pelo planeta e a eco-sexualidade. - Na Turquia, depois de muita manifestação e indignação nas ruas, foi possível parar uma proposta lei que iria absolver violadores se estes casassem com as suas vítimas. Uma vitória para a voz popular feminina. - Houve uma maior preocupação (e.g. graças a um jornal britânico e à sua rubrica vaginal dispatches) com as questões vulvares e vaginais. Tentou-se perceber como se parece, como cheira, como reage. O mistério feminino desvenda-se no entendimento anatómico e fisiológico das partes femininas que precisa de uma atenção contínua e que irá continuar para o ano 2017. Nem tudo foi mau, mas muita coisa foi má, e para não alimentar o pessimismo não irei listar essas coisas tristes. Queremos pensar no futuro, no optimismo e na esperança que servem de combustível para todos movimentos de luta e justiça em todos os campos da nossa vida, incluindo no sexual. Depois de um Natal cheio de comida, e já que andamos a rebolar de doces e coisas boas, desejo a todos uma passagem de ano cheia de amor e, quiçá, cheia de sexo se assim vos aprazer, para queimarem essas calorias extra. O ano 2017 que vos traga marotices de todos os tipos, inspiradas pela imaginação, sabedoria e educação do que é uma sexualidade livre, consentida e bem informada. Porque já chega 2016! Não podemos mais contigo. 2017: chega bem rápido.


19 ÓCIOSNEGÓCIOS

hoje macau quarta-feira 28.12.2016

#MATTERS, MARCA DE JOALHARIA CLARA YUNG, CRIADORA

Clara Yung já tinha uma paixão por roupa antiga quando decidiu criar a sua própria marca de joalharia. A #Matters pretende trazer algo de novo a quem usa as jóias da marca, que não passa apenas pelo estilo

S

ÃO fios debruados a ouro com pedras que pretendem transmitir algo de novo a quem as usa. São clássicas mas, ao mesmo tempo, contemporâneas. É assim a #Matters, marca de joalharia criada por Clara Yung. Esta não foi a primeira incursão de Clara Yung no mundo do estilo e beleza: é proprietária da Old Town Vintage, uma loja de roupa localizada junto ao Bairro de São Lázaro que vende peças antigas, que fazem lembrar os anos 60, 70 ou 80. A joalharia da #Matters é vendida no mesmo espaço e pretende ser um complemento a este tipo de roupa. “Criei esta marca porque tinha a intenção de criar as minhas próprias jóias, para que pudessem coincidir com a minha loja de roupas vintage [Old Town Vintage]. A marca foi criada na Primavera do ano passado”, conta. Com a marca surgiu ainda um website para a divulgação das jóias que, diz a de-

signer, “tem recebido muitas reacções por parte das pessoas”. “Estou também à procura de oportunidades no envio de joalharia por encomenda”, conta Clara Yung ao HM. Com uma paixão por este tipo de trabalho artesanal, Clara Yung quis criar algo único e com qualidade, diferente

“Criei esta marca porque tinha a intenção de criar as minhas próprias jóias, para que pudessem coincidir com a minha loja de roupas vintage.”

FACEBOOK

Pedras com estilo

do que se vende por aí ou do outro lado da fronteira. “Sou uma apaixonada por cristais e cheguei à conclusão de que a maioria das pulseiras ou colares feitos com cristais são bastante rudimentares. Queria ter as minhas próprias pulseiras e colares, e por isso comecei a desenhar as minhas jóias.” Os colares e pulseiras da #Matters são, assim, feitos com peças em ouro. “Uso fio em ouro e pedras em ouro para criar uma pulseira. Adoro criar pulseiras com pedras feitas ao estilo japonês, adicionando um toque mais europeu.”

TRANSMITIR ENERGIA

Clara Yung tem uma noção diferente do papel que as jóias devem ter para quem as compra. Não basta comprar porque uma jóia é bonita ou tem um valor elevado, há que transmitir algo. Foi essa ideia que levou ao nome dado à marca.

“Decidi pôr o nome ‘#Matters’ porque é uma palavra que significa substância. São coisas que estão ao nosso alcance e nas quais podemos tocar, mas têm, ao mesmo tempo, um lado espiritual. Não quero apenas que os meus clientes melhorem o seu estilo com os meus produtos, também quero que se melhorem a si mesmos enquanto pessoas, ao nível da mente e da auto-confiança, para que possam obter energia a partir dos cristais”, explica a criadora. Apesar de ambas as marcas de Clara Yung estarem localizadas num dos espaços icónicos de Macau, a Old Town Vintage e a #Matters são sobretudo negócios online, cuja venda de faz através de um contacto prévio. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

#MATTERS • Rua de Manuel Arriaga 64-A, Macau


E se metendo os políticos a trabalhar, fossem os comerciantes a administrar? Atlântido

FILIPINAS TUFÃO MATA SEIS PESSOAS E DEIXA 18 DESAPARECIDAS

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ELO menos seis pessoas morreram e 18 estão desaparecidas devido à passagem do tufão Nock-Ten pelas Filipinas durante a época natalícia, informou ontem o Governo. A tempestade atingiu primeiro as províncias orientais no dia de Natal, inundando ruas e campos, destruindo casas e danificando navios, ao cruzar o arquipélago. O incidente mais grave envolveu o barco MV Starlight Atlantic, que naufragou ao largo da província de Batangas, matando uma pessoa e deixando 18 membros da tripulação desaparecidos, segundo a guarda costeira. Cinco outras pessoas morreram em cheias ou devido à queda de objectos. O Nock-Ten deixou várias províncias sem electricidade, não havendo ainda uma data para quando a energia será reposta. Mais de 429 mil pessoas foram preventivamente deslocadas das suas casas em zonas vulneráveis e mais de 330 voos foram cancelados

devido ao tufão, que causou também danos em casas e infra-estruturas. “Vimos muitas casas destruídas pelos ventos fortes. Infra-estruturas como escolas e hospitais também. Ainda estamos à espera de saber o número exacto de casas que foram destruídas e qual é exactamente o custo dos danos”, disse Mina Marasigan, porta-voz da agência de gestão de desastres das Filipinas. Espera-se que o Nock-Ten traga fortes chuvas e ventos à capital, Manila, onde moram 13 milhões de pessoas, apesar de o tufão ter perdido força entretanto. Entre 15 e 20 tufões atingem todos os anos as Filipinas na época das chuvas, que começa em Junho e termina em Novembro. O tufão mais poderoso e mortal que atingiu as Filipinas foi o Haiyan, que deixou 7.350 pessoas mortas ou desaparecidas e destruiu cidades inteiras em áreas densamente povoadas do centro das Filipinas, em Novembro de 2013.

IFFHS FERNANDO SANTOS ELEITO MELHOR SELECCIONADOR DO MUNDO

Primeiro treinador a ser Campeão da Europa com a selecção de futebol de Portugal, o também português Fernando Santos foi, esta terça-feira, eleito pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) como o melhor seleccionador do mundo, em 2016. Candidato igualmente ao título de Treinador do Ano da FIFA, Fernando Santos somou um total de 199 pontos, deixando a confortável distância o segundo classificado, o seu congénere da Islândia, Lars Lagerback, com apenas 71 pontos, e Joachim Low, seleccionador do Alemanha, com 62 pontos. Em termos de clubes, a IFFHS coroou o treinador do Atlético Madrid, Diego Simeone, como o melhor técnico de 2016, atribuindo-lhe 133 pontos, contra 108 do rival do Real Madrid, Zinedine Zidane, e 86 pontos do italiano Claudio Ranieri, treinador do actual campeão inglês Leicester City. De salientar que, desta linha, consta apenas um português, Leonardo Jardim, técnico do Mónaco, que, com apenas três pontos, ficou empatado com o francês Laurent Blanc, ambos no 12.º posto.

BÉLGICA POLÍCIA EVITOU SEIS ATENTADOS NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS

A polícia da Bélgica conseguiu evitar seis atentados nos últimos dois anos, apesar de este ano ter sofrido ataques terroristas no metro e no aeroporto de Bruxelas que causaram 32 mortos, disse o chefe de departamento judicial. «Em dois anos, desde Novembro de 2014, evitámos pelo menos seis atentados. E em estreita colaboração com os serviços secretos. Trabalhámos muito juntos para lá chegar», disse Eric Jacobs em entrevista ontem publicada no diário La Dernière Heure. O responsável adiantou que após o ataque contra a capital belga, as forças policiais recorreram ao apoio dos serviços de segurança estrangeiros.

quarta-feira 28.12.2016

Japão MAIS MEDIDAS PARA PREVENIR MORTES POR EXCESSO DE TRABALHO

Epidemia laboral

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Governo do Japão adoptou uma série de medidas de emergência para prevenir as mortes por excesso de trabalho, após a morte de dois funcionários da agência de publicidade Dentsu. As medidas, aprovadas na segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e noticiadas ontem pelo jornal económico Nikkei, têm como objectivo aumentar a vigilância sobre as empresas para garantir que cumprem o regulamento das horas extraordinárias. As autoridades japonesas vão fazer inspecções surpresa às empresas e vão publicar os nomes daquelas onde se tenham registado mortes relacionadas com o excesso de trabalho, ou “karoshi”, bem como das empresas que obriguem os seus funcionários a trabalhar mais horas extraordinárias que as recomendadas por lei (80 por mês). No passado mês de Outubro, o Governo publicou um relatório em resposta a dois casos de “karoshi” que revelou que quase um quarto dos funcionários no Japão pode exceder esse limite. O pacote de medidas, que entrará em vigor em Janeiro, inclui algumas para aconselhar as empresas sobre as normas laborais e para promover a atenção médica e psicológica aos funcionários que precisem dela, por cansaço ou stress laboral.

DO “KAROSHI”

A preocupação com o excesso de trabalho no Japão reapareceu depois de, em Outubro, as autoridades terem classificado como “karoshi” o suicídio de uma funcionária de 24 anos da Dentsu, empresa líder do sector publicitário no país asiático. A jovem chegou a trabalhar até 105 horas extra por mês, apesar dos registos da Dentsu mostrarem um cômputo dentro do limite legal. A família denunciou que a empresa forçou a jovem a registar menos horas que as realmente cumpridas.

A preocupação com o excesso de trabalho no Japão reapareceu depois de, em Outubro, as autoridades terem classificado como “karoshi” o suicídio de uma funcionária de 24 anos da Dentsu PUB

Afuncionária, que morreu em Dezembro do ano passado e tinha entrado sete meses antes para a empresa, deixou testemunho sobre as duras condições de trabalho na sua conta de Twitter, onde detalhava dias de 20 horas diárias. Dias depois da confirmação deste caso de “karoshi” foi estabelecido que a morte, em 2013, de outro trabalhador de 30 anos da mesma empresa aconteceu também devido ao excesso de trabalho. O Governo japonês aprovou em 2015 uma lei para travar a epidemia de excesso laboral, ainda que a falta de rigor no registo das horas extraordinárias por parte das empresas e a disponibilidade dos funcionários para alargar as suas jornadas para receber bónus dificulte o controlo sobre esta prática.


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