Hoje Macau 28 FEV 2016 #3762

Page 1

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

TERÇA-FEIRA 28 DE FEVEREIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3762

EUA | CHINA

hojemacau

Duelo em Hamburgo GRANDE PLANO

Direito de resposta PÁGINAS 22-23

SEGURANÇA

Os crimes do costume PÁGINA 9

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

h

Olhar-se ao espelho PAULO JOSÉ MIRANDA

Mafra a Património MICHEL REIS

TATIANA LAGES

LIGA DE ELITE

WIFI GO I COMISSARIADO DA AUDITORIA ARRASA SERVIÇO

PÁGINA 7

PUB

PÁGINA 17

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

Má onda

ESTATUTO DE LÍDER


2 GRANDE PLANO

Os avanços e recuos nas relações entre Estados Unidos e China vão conhecer um novo episódio: o encontro, frente-a-frente, entre os dois líderes. Desde as primárias republicanas, Trump tem abalado a estabilidade diplomática entre as duas potências. Os líderes devem encontrar-se em Julho, à margem da cimeira do G20 de Hamburgo

PERSPECTIVA REUNIÃO ENTRE DONALD TRUMP E XI JINPING À VISTA

TIRA-TEIMAS E V ISUALIZE este número: 1,12 biliões de dólares. Damos uma ajuda, são 12 zeros. Esta é a soma no pano de fundo das relações sino-americanas. Trata-se da dívida soberana norte-americana que Pequim detém, isto depois de vender grande parte desses títulos de dívida para fortalecer o yuan em tempo de desaceleração do crescimento económico. Os dados são da Secretaria do Tesouro, demonstrando que a China já não é a maior detentora de dívida americana, tendo sido ultrapassada pelo Japão. Esta pedra no sapato de Washington é um dos factores que deve ser tido em conta com a chegada de Donald Trump à Casa Branca. O homem que quer renegociar tudo, para que a América volte a ser grande, não tem parado de falar na China desde as primárias republicanas, quase sempre de forma pouco diplomática e descuidada. Pois bem, avista-se um encontro com Xi Jinping à margem da próxima cimeira do G20, a realizar-se em Hamburgo no próximo mês de Julho, de acordo com fontes citadas pelo South China Morning Post. Ao longo dos anos, Pequim tem financiado Washington com somas exorbitantes de dinheiro, naquilo que poderá ser o maior elefante na sala do mundo da economia política mundial. Usando outra analogia elefantina, quando Donald Trump entra na loja de porcelana da geopolítica, começa a partir a loiça toda. Nomeadamente, pondo em causa a política “uma só China”, no que diz respeito a Taiwan, mas também acusando Pequim de manipulação de moeda. Aliás, há dias, o magnata nova-iorquino rotulou os chineses de “campeões mundiais de manipulação cambial”, em declarações prestadas à Reuters. Esta alegação surge depois da Administração norte-americana ter tentando apaziguar as relações entre as duas maiores potenciais

Donald Trump, em declarações prestadas à Reuters, rotulou os chineses como os “campeões mundiais de manipulação cambial”

económicas mundiais. Em mais uma demonstração de incoerência, é de salientar que, escassas horas antes, o novo Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, afirmara que a Casa Branca não tinha planos para rotular a China como um país que manipula moeda.

FRENTE-A-FRENTE

Também na questão de Taiwan, Trump voltou atrás na aproximação à histórica pedra no sapato da diplomacia chinesa. Depois de colocar em causa a política “uma só China” múltiplas vezes, numa chamada com Xi Jinping, o Presidente norte-americano inverteu marcha e garantiu continuar a política seguida por Washington na questão formosina. Na sequência da chamada, o Presidente chinês terá dito que “os dois países estão totalmente aptos a tornarem-se bons parceiros”, de acordo com a agência Xinhua. A maior constância de Donald Trump tem sido a inconstância. Nesse aspecto, torna-se urgente uma reunião entre os dois líderes, sem tweets incendiários pelo meio. “Pequim tem mantido contactos com a equipa de Trump sobre a possibilidade de uma reunião bilateral e

Washington tem expressado opiniões semelhantes”, revela fonte citada pelo South China Morning Post. No entanto, a incerteza é um dos traços da administração Trump, que tem revelado grande cepticismo, mesmo algum desdém, em relação a reuniões multinacionais. O isolacionismo tem sido uma imagem de marca da permanente

campanha da nova Administração, profundamente marcada pela presença próxima de Steve Bannon. O vice-presidente do Instituto de Relações Internacionais Chinesas, Yuan Peng, afirmou ao South China Morning Post que um encontro entre os líderes é


3 hoje macau terça-feira 28.2.2017 www.hojemacau.com.mo

M HAMBURGO essencial para mudar o tom e o rumo da relação entre Pequim e Washington. O analista disse mesmo “tratar-se de uma urgência para que os países possam trabalhar no futuro próximo”. Do outro lado do espectro, James Woolsey, antigo director da CIA e ex-conselheiro de Trump em matérias de segurança nacional, aponta o mesmo caminho, dando a ideia de que quanto mais cedo a reunião acontecer, melhor. “A chave é não deixar a retórica azedar as relações entre os dois países, para se começar a trabalhar de imediato”, comentou ao matutino de Hong Kong. É de salientar que Woolsey se demitiu por

“A chave é não deixar a retórica azedar as relações entre os dois países, para se começar a trabalhar de imediato.” JAMES WOOLSEY ANTIGO DIRECTOR DA CIA E EX-CONSELHEIRO DE TRUMP

discordar das declarações do Presidente acerca dos serviços secretos norte-americanos.

VISITA A WASHINGTON

Trump tem reiterado a ideia de que nos negócios é importante a relação pessoal, o confronto cara a cara. Tal como no reino animal, quando dois machos alfa se encontram o embate pode resultar em cooperação ou sangue. Nesse sentido, Gal Luft, director do americano Instituto de Análise à Segurança Global, uma organização norte-americana, afirma que é fundamental os líderes “estabelecerem ligações pessoais, conhecerem-se”. O analista acrescenta que a “química pessoal que emergirá, ou não, poderá ditar a relação entre os dois países”. A coincidir com o 45.º aniversário da histórica visita de Richard Nixon à China, que marcou a normalização das relações diplomáticas entre os dois países, Pequim enviou o seu diplomata n.º 1, Yang Jiechi, a Washington. O conselheiro de Estado chinês estará hoje em reuniões com as contrapartes norte-americanas, diz um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros à Xinhua. De acordo com uma fonte ligada ao Partido Comunista Chinês (PCC), citada pela agência oficial, o assunto no topo da agenda será a discussão da altura para a primeira reunião entre

No caso de Donald Trump seguir a via do isolacionismo e não comparecer em Hamburgo para a cimeira do G20, uma hipótese bem possível, o encontro com Xi Jinping poderá acontecer à margem da próxima reunião da APEC

os dois Presidentes. Outro dos pontos na ordem de trabalhos será a situação na Coreia do Norte. Neste aspecto, as dúvidas também se mantêm, uma vez que o Presidente norte-americano repetiu, várias vezes, que usaria a questão de Taiwan para renegociar a posição chinesa em relação a Pyongyang. No caso de Donald Trump seguir a via do isolacionismo e não comparecer em Hamburgo, uma hipótese bem possível para o encontro com Xi Jinping é a próxima reunião da APEC, a cimeira de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico, a realizar-se no Vietname. Também é possível que a visita de Yang Jiechi resulte num encontro fora de reuniões multinacionais.

APERTO DE MÃO

Para Xi Jinping, uma reunião com Donald Trump em Julho reveste-se de um significado especial, uma vez que

o líder chinês tem razões para sentir alguma ansiedade em estabilizar as relações entre as duas potências antes da reunião do congresso do PCC, em Outono. A normalização das relações com Washington é um trunfo que o actual líder chinês, por certo, gostaria de levar para o encontro em Pequim que definirá a liderança chinesa. Entretanto, já se especula sobre o que dirá nas entrelinhas o primeiro aperto de mão entre Trump e Xi Jinping. Depois do excesso de análise do cumprimento do magnata nova-iorquino ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e ao primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, já muito se especula sobre as conclusões a tirar na forma como Xi Jinping saudará Trump. Apesar dos apertos de mão vigorosos do Presidente norte-americano, no plano geopolítico vingam as questões económicas, militares e diplomáticas. Neste capítulo, Pequim tem tido a tarefa ingrata de tentar chegar à comunicação com uma Administração que responde de forma inconsistente e errática em matérias demasiado sensíveis. Para o vice-presidente do Instituto de Relações Internacionais Chinesas, Yuan Peng, a pior incerteza é não saber com quem contactar em Washington e como, atendendo a que Donald Trump tem demonstrado pouco interesse em usar os típicos canais diplomáticos. “E se acontece algo, uma urgência, quem contactamos?”, interroga-se Yuan Peng. A questão ganha outra dimensão com o uso descuidado de Donald Trump das redes sociais, onde não se coíbe de improvisar sobre matérias sensíveis sem qualquer apoio de consultores, nomeadamente, enquanto assiste a programas da Fox News. Até a reunião se realizar, tudo pode acontecer, com o mundo em suspenso, aguardando as cenas dos próximos capítulos. João Luz

info@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

hoje macau terça-feira 28.2.2017

Administração NG KUOK CHEONG VOLTA À CARGA COM CONCESSÕES E AQUISIÇÕES

O filme do costume No dia em que o Comissariado da Auditoria divulgou mais um relatório em que aponta o dedo ao modo como a Administração lida com a aquisição de serviços, o deputado Ng Kuok Cheong interpelou o Governo sobre o processo de adjudicações, concessões e compras. Continua tudo por fazer, diz

irregularidades só acontecem e continuam a existir por não haver fiscalização pública. Porque a população não tem acesso aos termos em que são feitas as compras da Administração, escreve Ng Kuok Cheong, os serviços públicos podem negociar como entenderem, dando ainda a entender existir conluio entre Governo e empresários – uma acusação que, de resto, tem vindo a fazer há já vários anos. Para o deputado, a única forma de resolver a questão é através da divulgação atempada dos dados sobre as aquisições, adjudicações e concessões. “O Governo tem de aceitar a fiscalização dos cidadãos”, sublinha.

PROMESSA POR CUMPRIR

N

ÃO é a primeira vez que Ng Kuok Cheong escreve sobre o assunto: há muito que o deputado defende que o Governo deve tornar públicos os dados sobre as aquisições de bens e serviços, bem como das adjudicações e ajustes directos. Ontem, voltou a enviar uma interpelação escrita ao Executivo. O pró-democrata começa por recordar que, nos últimos anos, não faltaram relatórios do Comissariado da Auditoria (CA) a levantar suspeitas de violação da lei por parte de vários serviços públicos. O CA, prossegue o deputado, tem vindo a demonstrar preocupação em relação ao modo como é tratado o erário público. Ng Kuok Cheong lembra, a seguir, que os responsáveis pela Economia e Finanças e pela Administração e Justiça justificaram, na Assembleia Legislativa, que os problemas encontrados na aquisição de bens e serviços, bem como na adjudicação de obras, se devem à falta de conhecimentos jurídicos dos funcionários públicos que lidam com a matéria. Para o deputado, a explicação não é convincente, acrescentando que as

O

deputado Ho Ion Sang apela ao Governo para a concretização de medidas que regulamentem a poluição luminosa de Macau. O representante dos Moradores de Macau, ligado aos Kaifong, quer dados concretos e científicos que promovam uma regulamentação capaz de ser devidamente cumprida. O deputado adverte que as instruções dadas pelo Executivo até ao momento não são vinculativas e, como tal, impossibilitam a concretização eficaz das referidas normas. Ho Ion Sang relembra que, em 2008, o Governo definiu as

O deputado recorda que, nos últimos anos, não faltaram relatórios do Comissariado da Auditoria a levantar suspeitas de violação da lei por parte de vários serviços públicos

O pró-democrata recorda ainda que, no debate das Linhas de Acção Governativa, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, prometeu que, a partir de 2017, os serviços da sua tutela iriam disponibilizar online as informações relativas aos projectos de adjudicação. “Os restantes secretários nada disseram e a promessa ainda está por cumprir”, lamenta o deputado. Ng Kuok Cheong aproveita a interpelação para perguntar quando é que Raimundo do Rosário vai dar instruções para que passem a ser públicos os dados sobre os projectos de aquisição dos serviços com valor superior a um milhão de patacas, bem como das obras públicas que ultrapassem os 10 milhões. Por fim, o deputado sugere que todos os serviços públicos forneçam as informações relativas a esta matéria à Direcção dos Serviços de Finanças, para que “deixem de governar cada um à sua maneira” e possam ser disponibilizadas através de um só site. Ng Kuok Cheong pergunta ao Chefe do Executivo se pondera a possibilidade de um mecanismo centralizado deste género.

Apaguem as luzes Ho Ion Sang pede menos poluição luminosa

“Instruções para controlo da poluição luminosa proveniente dos painéis publicitários, das iluminações decorativas e dos monitores LED no exterior dos edifícios”, e afirmou que iria proceder ao tratamento das queixas que incidiam na referida poluição e à sua medição da mesma. O objectivo era elaborar relatórios para o

estabelecimento de normas na instalação de painéis luminosos e de lâmpadas reflectoras. Ho Ion Sang questiona o Governo acerca dos resultados dos estudos que terá feito em 2012 e 2013 no NAPE, e da base de dados da poluição luminosa naquela zona, de modo a fundamentar cientificamente a elabora-

Vítor Ng (com Isabel Castro) info@hojemacau.com.mo

ção futura de normas e estratégias de controlo. O tribuno confronta ainda o Executivo quanto ao estado dos trabalhos relativos à legislação da prevenção da poluição luminosa, e pergunta se tenciona criar mecanismos de interligação e cooperação com as regiões vizinhas. Para o efeito, o representante dos Moradores exemplifica com a situação de Zhuhai em que “a Torre Centro situada em Shizimen, Zhuhai, tem emitido diversos feixes de luz, o que não tem agradado aos residentes de Macau”. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

Taishan com atenção garantida Acordo com Guangdong sobre segurança nuclear está para breve

O

secretário para a Segurança de Macau disse ontem que o mecanismo de comunicação sobre segurança nuclear entre a província chinesa de Guangdong e Macau “deve ser assinado em breve”. As declarações de Wong Sio Chak são feitas depois de, na semana passada, a Associação Novo Macau ter pedido mais explicações aos governos de Macau e de Guangdong sobre o atraso na construção da central nuclear de Taishan, localizada a menos de 70 quilómetros de Macau. No final de Julho de 2016, o Governo de Macau anunciou a criação de um mecanismo de troca permanente de informação com a região vizinha chinesa de Guangdong para acompanhar o funcionamento da central nuclear de Taishan, que deveria começar a operar em 2017. Na altura foi referido que Macau tem um plano de contingência para uma situação como esta, actualizado em 2011 e que estava de novo em fase de “aperfeiçoamento”, dada a aproximação da entrada em funcionamento da central de Taishan. A este propósito, foi revelado que Macau e Guangdong já tinham pedido autorização ao Governo Central para criar um mecanismo de troca de informação permanente entre as duas regiões para acompanhar o funcionamento da nova central. Ontem, Wong Sio Chak disse que ele próprio tem estado em contacto com as autoridades da província chinesa de Guangdong, indicando “que deve ser assinado em breve um mecanismo de comunicação sobre segurança nuclear entre Guangdong e Macau”, mas sem avançar mais detalhes. “A polícia de Macau tem dado muito atenção às situações do centro nuclear dos países vizinhos de Macau, mas já há muitos anos, temos este mecanismo para prevenir alguns casos graves afectados por esse centro nuclear”, afirmou. O secretário para a Segurança acrescentou que o mecanismo de comunicação sobre a central de Taishan “é para manter”. “No ano passado, a polícia de Macau conseguiu obter um contacto com o Governo de Guangdong, fizemos uma visita para estudar e obter mais informações e, no início deste ano, ainda em Janeiro, [Choi Lai Hang, do Gabinete Coordenador de Segurança] também teve contacto com os dois centros que se responsabilizam na área do centro nuclear de Hong Kong para trocarem experiências”, disse. “Acho que em breve iremos assinar um acordo”, acrescentou, ao referir-se ao “documento de mecanismo”.


5 hoje macau terça-feira 28.2.2017

J

ASON Chao está de saída da Associação Novo Macau (ANM), não por divergências com o organismo, mas porque pretende implementar um projecto de monitorização eleitoral. A informação foi dada ontem, num encontro com a comunicação social, em que o vice-presidente demissionário da ANM fez saber que se trata de “um novo projecto independente e será lançado em Abril”. A ideia resulta de uma reflexão acerca da sociedade civil do território. “O que observei da experiência do meu trabalho anterior é que a sociedade civil de Macau não tem uma boa infra-estrutura, ao contrário de Hong Kong que, ao nível civil, é uma sociedade muito enérgica”, afirmou. Para já, Jason Chao avança sozinho na fiscalização das eleições e não adianta nomes com quem pretenda fazer parcerias. “Espero formar uma equipa, mas para já avanço apenas comigo. Não estou a trabalhar com ninguém ainda, mas espero ter pessoas a colaborar neste projecto”, referiu. Na calha está a “fiscalização” de todo o processo eleitoral que inclui várias acções. Referindo-se à participação nas actividades ligadas às campanhas, o objectivo é “ter pessoas que participem e que a elas tenham acesso”. O intuito é tornar pública toda a informação recolhida e, em caso de recusa na obtenção, o facto também será comunicado. Por outro lado, este tipo de plataforma não existe no território e não é função que se possa pedir a ninguém “porque o empenho e intervenção na sociedade civil tem de ser feito de forma voluntária.” Jason Chao lembra as legislativas de 2013, em que participou, para dizer que “presenciou situações de abuso de poder e de censura para com a Novo Macau”. O activista local sentiu que não tinha qualquer tipo de apoio e pretende, com o novo projecto, ter uma palavra a dizer de forma independente. Os pormenores, no entanto, são ainda desconhecidos, sendo que “toda a informação será divulgada no momento certo”. Jason Chao explicou ainda que não será uma plataforma

Jason Chao ACTIVISTA PROMETE FISCALIZAR PROCESSO ELEITORAL

De um lado para o outro O vice-presidente da Associação Novo Macau, Jason Chao, agora demissionário, tem na manga um novo projecto. A implementação de um sistema de monitorização que garanta a transparência das eleições é a nova meta. Entra em acção a partir de Abril

POLÍTICA semelhante à da vizinha Hong Kong, a Thunderbolt, promovida por um dos cofundadores do movimento de desobediência civil “Occupy Central”, Benny Tai Yiu-ting. Para Jason Chao, o importante é monitorizar as eleições e não fazer “engenharia da eleição”.

ADEUS DEFINITIVO

O ainda dirigente associativo não pensa voltar a fazer parte de uma associação de cariz político. “É improvável que regresse”, afirmou. As razões, apontou, são de foro pessoal e têm que ver com a sua personalidade e condição de saúde recentemente diagnosticada. “Há sete meses fui a um psiquiatra em Hong Kong e fui diagnosticado com síndroma de Asperger, uma subcategoria do espectro do autismo”, disse.

Para já, Jason Chao avança sozinho na fiscalização das eleições e não adianta nomes com quem pretenda fazer parcerias

O REI QUE VÁ À LUTA

A

Associação Novo Macau (ANM) vai continuar com o trabalho que tem vindo a desenvolver e mantém os objectivos, sendo que, com a saída de Jason Chao, vão registar-se mudanças no que respeita à aproximação dos problemas diários da população. “Claro que temos uma agenda partilhada com as ideias do Jason Chao, mas com algumas pequenas alterações”, afirmou o vice-presidente Scott Chiang. Para ilustrar o caminho que a entidade pretende seguir, Scott Chiang refere as áreas

de interesse do membro demissionário e a sua aplicação aos “novos” objectivos. “Jason Chao tem uma forte ligação aos direitos humanos e à liberdade individual, que são temas sem popularidade em Macau. Haverá algumas alterações a este nível. Não vamos deixar estes assuntos, mas pretendemos chegar a um maior número de pessoas e partilhar dos mesmos interesses”. A ideia é continuar a lutar por uma sistema democrático mas de forma a intervir na vida da população. “Temos lutado pela

democracia, mas a maioria dos residentes tem outro tipo de problemas que lhes afectam o quotidiano. O que temos de fazer é juntar os vários pontos: temos um mau sistema que leva a más políticas que, por sua vez, levam aos problemas de tráfego”, exemplificou. Scott Chiang não adianta nomes para concorrer às próximas eleições dando a entender que o papel poderá caber ao presidente Sulu Sou. “O rei tem de montar o seu cavalo e ir para a batalha”, disse.

Jason Chao admite que a síndrome interfere no contacto com outras pessoas e, “no processo de eleições em Macau, as interacções pessoais com os residentes são muito importantes”. O activista não se sente apto a integrar este tipo de actividades, pelo que prefere trabalhar de forma independente e longe dos holofotes da política. “Gosto de trabalhar para a excelência e para a implementação de novas ideias, por isso, desta vez, dado que a Novo Macau tem tido cada vez mais interessados em se associar, parece-me uma boa altura para escolher um papel que melhor se encaixe em mim”. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


6 PUBLICIDADE

hoje macau terça-feira 28.2.2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 61/AI/2017

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS

Aviso

Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2016 nos termos do disposto na alínea 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 3 de Março solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, através do nº 85995343 ou 85995344 caso não recebam a mencionada notificação. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 14 de Fevereiro de 2017 O Presidente do Júri, Iong Kong Leong

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora QIN GUIRONG, portadora do Passaporte da RPC n.° E24879xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 33/DI-AI/2016, levantado pela DST a 12.03.2016, e por despacho da signatária de 07.02.2017, exarado no Relatório n.° 70/DI/2017, de 18.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Berlim n.° 102, Tai Fung, Bloco 5 (Edf. Tsui Fung), 9.° andar U onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ----------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 07 de Fevereiro de 2017.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 81/AI/2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 88/AI/2017

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor YANG JIANG, portador do passaporte da RPC n.° E21184xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 139.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 19.11.2014, e por despacho da signatária de 06.02.2017, exarado no Relatório n.° 87/DI/2017, de 23.01.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida do Infante D. Henrique n.° 29, Edf. Va Iong, 8.° andar D, Macau.-------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora HUANG, Shandan, portadora do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong n.° R3230xxx , que na sequência do Auto de Notícia n.° 44/DI-AI/2015, levantado pela DST a 24.04.2015, e por despacho da signatária de 07.02.2017, exarado no Relatório n.° 97/DI/2017, de 23.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Paris n.° 239, Seng Hoi Hou Teng, Bloco 2, 4.° andar I, Macau onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ---------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 06 de Fevereiro de 2017.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 07 de Fevereiro de 2017.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


7 hoje macau terça-feira 28.2.2017

SOCIEDADE

H

Á problemas no que respeita aos trabalhos de planeamento, à fiscalização dos serviços de operação, à instalação de pontos de acesso sem fios e das respectivas liquidações.” O resumo é feito pelo Comissariado da Auditoria (CA), que ontem divulgou um relatório sobre o sistema de banda larga sem fios, o WiFi GO. O serviço começou a ser instalado em 2010, com o objectivo de disponibilizar a cidadãos e turistas acesso gratuito à Internet. O sistema tem vindo a ser instalado de forma faseada em espaços do Governo, em instalações públicas, nos principais postos fronteiriços e em pontos turísticos. De acordo com o CA, que realizou a auditoria entre Janeiro e Maio de 2016, o Executivo gastou, até Março do ano passado, 160 milhões de patacas. Este dinheiro foi investido na instalação da rede, nos serviços de operação e no pagamento de despesas relacionadas com os circuitos alugados. Com o estudo, o Comissariado da Auditoria pretendia avaliar a qualidade do serviço. Desde logo chegou à conclusão de que o carácter “vago e abrangente” dos “objectivos gerais e específicos” do planeamento do WiFi GO fez com que “não existisse uma direcção concreta quanto à sua execução, podendo ter conduzido à instalação arbitrária e até indiscriminada de pontos de acesso”. O sistema era uma das apostas da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT), entretanto extinta. “Dadas estas circunstâncias, será difícil determinar, com certeza, em que momento é que os objectivos propostos pela DSRT foram alcançados”, indica o relatório do CA, que não encontrou fundamentos para a selecção da maior parte dos pontos de acesso ao serviço. A auditoria avaliou também o sistema de fiscalização adoptado pela DSRT, que se revelou “imperfeito e insuficiente, pois não era capaz de assegurar a qualidade do serviço WiFi GO”. Dos 183 pontos de acesso escolhidos pelo comissariado, 30 tinham uma qualidade de ligação “insatisfatória”. Os pontos de acesso ao ar livre obtiveram uma taxa de aprovação de 48,6 por cento nos testes de ligação e de velocidade. Em termos gerais, foram aprovados 66,6 por cento dos pontos testados. “Porém, a qualidade da ligação é pouca satisfatória, constituindo um desperdício do erário público”, considera o CA. Em vez de se dar a ideia de que se está numa cidade internacional, o serviço “afecta a experiência dos turistas, deixando-os com uma percepção negativa em relação à imagem de Macau”.

PROBLEMAS COM A LEI

Os problemas não terminam aqui. De acordo com a auditoria, em

Internet COMISSARIADO DA AUDITORIA DIVULGA RELATÓRIO SOBRE WIFI GO

Dinheiro sem rede

É um serviço que entra na lógica da ‘cidade inteligente’, mas que é problemático. O Governo gastou, pelo menos, 160 milhões de patacas no sistema de banda larga sem fios. O Comissariado da Auditoria analisou o WiFi GO e não gostou do que viu. Há serviços pagos que não foram sequer instalados seis das oito fases de instalação do WiFi GO, o número de dispositivos instalados foi inferior ao previsto nos contratos. O Governo gastou mais 422 mil patacas do que era suposto, uma vez que as 25 obras em questão, que não chegaram a ser realizadas, foram pagas pela DSRT. Trata-se de uma situação “desrazoável e desfavorável” para a Administração, sublinha o CA, que explica o que esteve na origem deste desfasamento entre serviços pagos e recebidos: os contratos fixavam um preço total e não incluíam cláusulas de revisão. O problema passou despercebido durante anos porque a DSRT não fez qualquer menção nos documentos de liquidação. “Só depois de ter sido apontado pelo CA, durante a auditoria, é que a DSRT introduziu pela primeira vez num novo contrato de aquisição, uma cláusula de revisão do preço”, lê-se ainda no relatório. A DSRT defendeu-se dizendo que algumas das obras previstas para certos locais não foram realizadas de acordo com os planos iniciais, tendo sido transferidas para

outros locais. O CA consultou os projectos de execução mas, como não mencionavam o valor previsto, “qualquer ponderação objectiva dos preços das obras se tornaria difícil”. O comissariado acrescenta que “é de estranhar o facto de a DSRT transferir as obras de instalação para outros locais não previstos no contrato sem ter tido a devida autorização escrita”. Perante este cenário, “obviamente que a DSRT não agiu de acordo com a lei”.

PENSAR NO FUTURO

Quanto às sugestões, o CA sugeriu que a DSRT – que, entretanto, se

O WiFi GO “afecta a experiência dos turistas, deixando-os com uma percepção negativa em relação à imagem de Macau”

juntou aos Correios – deve efectuar um estudo que tenha em conta o desenvolvimento global de Macau, definindo de forma exacta “os efeitos concretos e os objectivos que se pretendem alcançar com o serviço WiFi GO”. Além de uma boa selecção dos pontos de acesso, recomenda-se a definição de mecanismos que garantam a eficácia económica do serviço e a criação de um regime de fiscalização que permita assegurar a qualidade do sistema. O comissariado deixa ainda conselhos sobre o modo como devem ser firmados os contratos entre serviços públicos e fornecedores de serviços: “É necessário definir com maior detalhe possível o conteúdo das prestações estipuladas no contrato, bem como a forma de cálculo do preço”. Em situações de incerteza, a Administração deve evitar fixar um preço total, optando por uma forma de cálculo que “permita assegurar que o pagamento seja efectuado de acordo com os bens e/ou serviços efectivamente recebidos ou prestados”, sugere o CA.

Em suma, “o papel a exercer pelo WiFi GO não é claro”, sendo que “não está nitidamente definido quais são os principais beneficiários deste serviço: se os cidadãos, se os turistas”. A auditoria permitiu concluir que “as situações verificadas levaram a que, apesar do avultado investimento público neste serviço ao longo dos anos, os resultados concretos alcançados ficassem aquém das expectativas”, resultado para o qual contribuem os problemas técnicos, nomeadamente no acesso à Internet e na instabilidade do sinal de wi-fi. Não esquecendo que o serviço gera “críticas entre cidadãos e turistas”, o Comissariado da Auditoria frisa que, pelo facto de os problemas nunca terem sido “adequadamente resolvidos”, um serviço pensado para beneficiar a população acabou por ser “inútil”, afectando a confiança do público “também em relação a outros projectos do Governo”. Por fim, recomenda-se que se tenha uma perspectiva conjuntural do sistema WiFi GO, atendendo a que tanto o sector privado, como alguns serviços públicos disponibilizam também eles gratuitamente o serviço de wi-fi. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com


8 SOCIEDADE

hoje macau terça-feira 28.2.2017

Justiça ANTÓNIO LAI NÃO ASSINOU AUTO DE DECLARAÇÕES NO CCAC

CRECHES INSCRIÇÕES ACONTECEM EM ABRIL E MAIO

RETALHO VOLUME DE NEGÓCIOS CAIU EM 2016

O volume de negócios do comércio a retalho atingiu 57,51 mil milhões de patacas em 2016, caindo pelo segundo ano consecutivo, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), registouse uma diminuição de 6,6 por cento face a 2015. Decréscimos significativos foram registados nos volumes de negócios de automóveis (-45,7 por cento), e de motociclos e suas peças e acessórios (-35,2 por cento), devido ao aumento do imposto sobre os veículos que entrou em vigor no final de 2015 e ao ajustamento da economia de Macau, de acordo com a DSEC. Verificou-se ainda que os volumes de negócios de artigos de comunicação (-19,0 por cento) e de relógios e joalharia (-14,0 por cento) desceram. Em sentido contrário, subiu o volume de negócios de artigos de couro (+6,1 por cento); produtos cosméticos e de higiene (+5 por cento) e vestuário para adultos (+4,1 por cento). O volume de vendas do comércio a retalho também diminuiu, com uma quebra anual de 5,5 por cento.

Não disse o que disse O antigo chefe de gabinete de Ho Chio Meng, António Lai, deixou ontem em tribunal a ideia de que foi induzido pelo Comissariado contra a Corrupção, na fase de investigação do processo. Vai daí, recusou-se a assinar o seu depoimento

O

ex-chefe de gabinete de Ho Chio Meng, António Lai, recusou-se a assinar o auto de declarações no Comissariado contra a Corrupção (CCAC). De acordo com a Rádio Macau, que tem estado a acompanhar o julgamento do processo conexo ao do antigo procurador, António Lai, arguido, sugeriu mesmo que o depoimento foi induzido. Segundo o que diz o CCAC, o antigo número dois de Ho Chio Meng foi claro nas explicações que deu

aquando da inquirição. O arguido disse que o ex-procurador escolheu as empresas que, durante dez anos, ficaram com todos os contratos de obras, bens e serviços do Ministério Público (MP). É esta a informação que consta no auto de declarações que António Lai se recusou a assinar por “não concordar” com o que está escrito. O facto não impediu que a acusação pedisse ao tribunal para ler o depoimento, alegando que as declarações foram depois confirmadas no MP. Para a acusação, António Lai

está a contradizer-se porque, confrontado em tribunal com contratos muito específicos – alguns com mais de dez anos – tem vindo a alegar falhas de memória. No auto de declarações do CCAC consta que o antigo número dois de Ho Chio Meng identificou as empresas alegadamente sugeridas pelo ex-procurador e quais os serviços prestados. Ontem, o arguido esclareceu que nunca soube o nome das empresas e explicou que foi “o funcionário do CCAC” que lhe mostrou uma lista com o nome

DÚVIDAS SOBRE A CONTRADIÇÃO

Apesar de se ter recusado a assinar o auto de declarações, António Lai confirmou parcialmente o depoimento quando foi ouvido pelo MP, às quatro da manhã: declarou que Ho Chio Meng lhe “deu a entender” quais as empresas a escolher. Já em tribunal, o ex-chefe de gabinete apenas mantém que o antigo procurador indicou Wong Kuok Wai para ser o empreiteiro e fornecedor do MP. O empresário, primeiro arguido no processo, era quem dava a cara pelas dez empresas que ficaram com as adjudicações do MP, contextualiza a Rádio Macau. Segundo a emissora em língua portuguesa, António Lai tem vindo também a afirmar que houve casos em que Ho Chio Meng “entregou cotações” – o que foi lido pelo arguido como um sinal em como o ex-procurador queria que fossem escolhidas aquelas empresas. O tribunal tem dúvidas, pelo que vai analisar se o António Lai está ou não a contradizer-se.

ANTÓNIO FALCÃO

O Instituto da Acção Social (IAS) publicou ontem um conjunto de informações sobre a admissão de crianças nas creches subsidiadas pelo Governo. Em Macau, existem 36 creches que contam com o apoio da Administração, sendo que 31 delas permitem fazer a inscrição através da Internet. Este ano, o período para as inscrições decorre em Abril e Maio. Os detalhes de cada estabelecimento foram divulgados esta segunda-feira. O IAS apela aos pais e encarregados de educação que, “de acordo com o desenvolvimento físico e mental das crianças e as necessidades concretas das famílias, devem escolher as maneiras adequadas dos cuidados a prestar às crianças”. O organismo sublinha que, “relativamente às crianças com idade inferior a dois anos, sempre que existam condições, é melhor que sejam tratadas em casa”.

das companhias, tendo-lhe dito que “Ho Chio Meng estava envolvido”. “Têm de ver o ambiente [em que o depoimento foi prestado]”, frisou.

F

OI ontem inaugurado, com pompa e circunstância, o Hotel e Casino Legend Palace. O complexo é mais uma valência da Macau Legend Development, propriedade de David Chow e, em dia de inauguração, não faltaram as personalidades ilustres do território e a tradição chinesa. O novo hotel de cinco estrelas é uma construção em homenagem ao facto de “Macau ser conhecido pela Monte Carlo do Oriente”. “A construção é, assim, inspirada na cidade europeia”, frisou David Chow no discurso de abertura. “Estou feliz por abrir este hotel que foi feito em 13 meses. Penso que é um

Monte Carlo aqui tão perto Legend Palace Hotel abriu com promessa de diversificação

tipo de estrutura completamente nova em Macau e que é uma opção diferente para atrair muitas pessoas ao território”, afirmou ao HM à margem do evento. A cerimónia contou ainda com a presença de Vítor Sereno. O cônsul de Portugal não deixou de referir a sua particular satisfação por este ser mais um evento em que o protagonista tem nacionalidade portuguesa. “David Chao é um cidadão português e fico muito satisfeito por apostar neste empreendimento e na

diversificação pedida pelo Governo da RAEM e da China Continental”, disse. Já Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, apontou ao HM a importância de um novo hotel na península. Para a directora, “esta parte de Macau, a península, não tem tido muitas aberturas de espaços como este e, por isso, pode contribuir para novos produtos para os turistas”. Senna Fernandes contrapõe com a situação do Cotai, onde se tem registado a abertura de unidades

hoteleiras, salientando que “é importante ter aqui um produto tão diversificado como este”. O novo empreendimento conseguiu autorização para 15 mesas de jogo, conta com 223 quartos, e vários espaços comerciais e de restauração.

DOCAS PARA TODOS OS GOSTOS

O Legend Palace integra o complexo da Doca dos Pescadores e “reflecte o compromisso da empresa nem promover o desenvolvimento do turismo no território”, frisou o proprietário.

David Chow acrescenta ainda a intenção em reforçar a marina e, desta forma, “concretizar a política do turismo individual, através de embarcações de recreio”. Paralelamente, a Macau Legend Development pretende continuar os trabalhos de iluminação na cobertura recentemente construída na “boulevard” do recinto, promover a exibição de obras a serem expostas no Museu dos Dinossauros e, desta forma, promover a oferta de novos produtos fora do sector do jogo. Na calha estão também a construção de uma Casa da Ópera e de um Centro de Exposições. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


9 SOCIEDADE

hoje macau terça-feira 28.2.2017

Segurança APRESENTADAS ESTATÍSTICAS SOBRE A CRIMINALIDADE

A delinquência associada ao sector do jogo continua a representar a maior preocupação para as autoridades policiais de Macau. O ano passado viu os crimes de usura e cárcere privado subirem, principalmente, perpetrados por não residentes no território

O

Crime aumenta nos casinos

S casinos são a maior fonte de rendimento do território, mas também o foco de maior crescimento de criminalidade violenta, em particular o crime de sequestro que subiu 22,9 por centro em 2016, em relação ao ano transacto. Apesar de, nos últimos seis meses, as receitas do sector do jogo terem subido, a indústria ainda enfrenta alguns sinais de instabilidade que deixa os casinos mais vulneráveis à criminalidade. Esta é uma das razões elencadas pelo secretário para a Segurança para justificar os números apresentados ontem à comunicação social. Wong Sio Chak promete, no entanto, que “as autoridades policiais vão manter-se atentas ao

A

S receitas da Administração de Macau aumentaram seis por cento em Janeiro, em termos anuais homólogos, impulsionadas pela subida da verba encaixada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo, indicam dados oficiais. De acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração de Macau fechou o primeiro mês do ano com receitas totais de 8,998 mil milhões de pata-

TOP SECRET

ajustamento da indústria, contando com o auxílio da segurança privada dos casinos”. O secretário adiantou ainda que, segundo os dados fornecidos pela Polícia Judiciária (PJ), a maioria dos ofensores não são residentes em Macau. Wong Sio Chak aproveitou para tranquilizar a sociedade, referindo que como a “maioria dos casos aconteceu dentro dos próprios casinos, não existe motivo para alarme”. O secretário completou que, “no fundo, as ocorrências não se reflectem na segurança da sociedade de Macau”. Neste caso, o sequestro foi uma das manchas na apresentação das autoridades, registando uma subida de

SEM RASTO

À

margem da apresentação dos números da criminalidade de 2016, as autoridades referiram-se ao caso do pintor tibetano, Tashi Norbu, que terá sido barrado à entrada em Macau. Wong Sio Chak começou por dizer que não iria comentar casos concretos por motivos de sigilo e segurança. Leong Man Cheong, comandante da PSP, esclareceu quanto à alegada proibição de entrada no território do pintor de origem tibetana que “não houve registo do pedido de entrada”. O responsável da polícia acrescentou: “Ele nunca tentou entrar no território, portanto, não percebo de onde veio essa notícia”.

O

secretário para a Segurança referiu-se ao caso do assassinato de Kim Jong-nam quando foi questionado pelos jornalistas, afirmando que a polícia de Macau “está atenta ao caso”. Wong Sio Chak explicou que será “garantida a segurança a cidadãos e turistas”, mas não se iria pronunciar sobre o caso concreto. “É o nosso trabalho, temos de manter alguma confidencialidade no que estamos a fazer”, comentou o governante.

22,9 por cento em 2016, totalizando 504 casos, face aos 410 do ano anterior. Este tipo de crime representou 60 por cento dos incidentes de criminalidade violenta ocorridos em Macau, fazendo-a crescer 11,3 por cento em relação a 2015. Em suma, no ano passado registaram-se 840 casos de crimes violentos. O sequestro é um crime que anda de mãos dadas com a usura, não sendo por isso de estranhar que a agiotagem tenha subido 32,5 por cento em 2016, totalizando 469 casos.

SÓCIOS CRIMINOSOS

Outro dos tipos de crime que viu uma subida considerável foram as ocorrências ligadas a associações

criminosas, que cresceram 19 por cento, para um total de 32 casos. Wong Sio Chak explicou que este aumento ocorreu porque foram realizadas “mais investigações, nomeadamente contra a imigração ilegal”. Também os abusos sexuais de crianças registaram uma subida enorme, de 60 por cento, para 16 casos, em relação às 10 ocorrências de 2015. Em sentido inverso estiveram os furtos de viaturas, que desceram 22,2 por cento, a burla também diminuiu 32,9 por cento, enquanto os assaltos a residências também baixam 32,1 por cento em 2016. No ano passado, Macau teve apenas um homicídio registado, re-

Melhor do que a encomenda Receitas públicas voltaram a subir em Janeiro

cas, estando cumpridas em 9,9 por cento. Os impostos directos sobre o jogo foram de 7,258 mil milhões de patacas, reflectindo um aumento de 7,7 por cento face ao primeiro mês do ano passado e uma execução também de 9,9 por cento face ao Orçamento autorizado para 2017. A importância do jogo reflecte-se no peso que de-

tém no orçamento: 80,6 por cento nas receitas totais, 80,7 por cento nas correntes e 94,7 por cento nas derivadas dos impostos directos. Já na rubrica da despesa verificou-se uma queda de 28,9 por cento face ao primeiro mês de 2016, para 2,615 mil milhões de patacas – influenciada por um declínio de 29 por cento nos gastos correntes –, com

a taxa de execução a corresponder a 3,1 por cento. No primeiro mês do ano não foram despendidas verbas ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) – cujo valor orçamentado para 2017 é de 15,256 mil milhões de patacas. Entre receitas e despesas, a Administração de

petindo o singular número de 2015. Os casos de roubo tiveram um decréscimo de 13,3 por cento em 2016, totalizando 98 ocorrências. Outro dos itens em destaque na apresentação foi a circulação de moeda falsa em Macau, que registou uma subida de 65,5 por cento para um montante total de sete milhões de patacas. No entanto, as autoridades esclareceram que o crescimento deste tipo de crime se deveu ao trabalho de polícia desenvolvido, até porque em 2015 tinham sido apreendidas notas falsas num montante de 11 milhões de patacas. No total, a polícia de Macau instaurou 14387 inquéritos criminais em 2016, o que representou um acréscimo de 5,4 por cento.

Macau acumulou assim um saldo positivo de 6,383 mil milhões de patacas – com a ‘almofada’ financeira a aumentar 32,7 por cento em termos anuais homólogos para um valor que excede o previsto para todo o ano, colocando a taxa de execução em 114,7 por cento do orçamentado. Os valores das receitas e despesas referentes ao Orçamento aprovado e respectiva execução, que é mensalmente divulgada, incluem apenas os “serviços centrais”, ou seja, a

João Luz

info@hojemacau.com.mo

conta Central do Governo, excluindo organismos autónomos, como a Autoridade Monetária ou a Fundação Macau, por exemplo. O aumento da receita pública – que volta a crescer após meses de quedas anuais homólogas – encontra-se em linha com o desempenho da indústria de jogo que tem vindo a mostrar sinais de recuperação desde a segunda metade do ano passado.


10 CHINA

hoje macau terça-feira 28.2.2017

ESTRATÉGIA DE ERRADICAÇÃO DA POBREZA ELOGIADA POR GUTERRES

Uma década de luta

O

secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, salientou há dias em Munique, que o desenvolvimento é um canal importante para prevenir conflitos, sobretudo no que diz respeito à frágil situação internacional. Guterres referiu também que a China foi o país que mais contribuiu na erradicação da pobreza no mundo, na última década. A China, cuja população supera os 1,3 mil milhões, é o país com maior número de população pobre erradicada, além de ser um dos países a cumprirem mais cedo os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODB). Nos últimos 30 anos, mais de 700 milhões de chineses foram retirados da pobreza, com o número da população em situação de miséria a cair para 558 milhões em 2015, um total de 70% da população retirada da pobreza no mundo inteiro. Xi Jinping, logo após assumir o cargo, apresentou o plano ambicioso de erradicar até 2020 toda a população pobre no critério actual, de modo a tornar o país numa sociedade modestamente confortável, indica o órgão de comunicação estatal, China Daily. Para o efeito, a China estabeleceu um mecanismo do combate à pobreza a cinco escalões. Durante os quatro anos entre 2013 e 2016, a China retirou por ano mais de 10 milhões de pessoas da miséria, totalizando em 55,6 milhões de indivíduos.

Concretamente, a estratégia chinesa na erradicação da pobreza frisa a precisão na assistência de famílias, planeamento, uso de fundos, acesso a medidas, entre outros, para que os programas de combate à pobreza atinjam todas as pessoas desfavorecidas. A estratégia supracitada não só abre um novo capítulo para a missão chinesa do combate à pobreza, mas também oferece um exemplo piloto a muitos países menos desenvolvidos, afirma a publicação.

DIRECTIVAS PRESIDENCIAIS

Durante os quatro anos entre 2013 e 2016, a China retirou por ano mais de 10 milhões de pessoas da miséria, totalizando em 55,6 milhões de indivíduos

O Presidente Xi Jinping apresentou uma série de propostas em relação à cooperação global na luta contra a pobreza, tais como “acelerar o processo global de erradicação da pobreza”, “reforçar a cooperação na luta contra a pobreza”, e “melhorar o ambiente internacional de desenvolvimento”, entre outras, tendo sido galardoado com a resposta positiva da ONU e alguns países em desenvolvimento. Para além disto, a China tem procurado realizar cooperações sul-sul, prestando assistência a outros países em desenvolvimento, sem adicionar qualquer condição política, visando apenas ajudar os países menos desenvolvidos a erradicar a pobreza. Nos últimos uns 60 anos, a China tem oferecido um total de 400 mil milhões de yuans de assistência a 166 países e organizações internacionais, assim como enviou mais de 600.000 pessoas em missões de ajuda humanitária.

PEQUIM QUER QUE REINO UNIDO DEIXE DE INTERFERIR EM HK

A

China pediu na sexta-feira que o Reino Unido deixe de interferir nos assuntos de Hong Kong depois do governo britânico ter publicado o último Relatório Semestral para o Parlamento sobre a sua antiga colónia. “Nos últimos 20 anos desde o retorno de Hong Kong, o governo central chinês implementou de forma integral os princípios de ‘Um país, dois sistemas’, ‘as pessoas de Hong Kong administram Hong Kong’ e o seu alto grau de autonomia, aderindo estritamente à Constituição e à Lei Básica, e apoiando plenamente o chefe do Executivo e o governo da Região Administrativa Especial (RAE) na administração da governação baseada na

lei”, disse o porta-voz do Ministério do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Geng Shuang, citado pelo China Daily. Geng assinalou que Hong Kong é uma Região Administrativa Especial da China e que os assuntos da região são matérias domésticas da China em que nenhum país estrangeiro tem direito de interferir. “O governo britânico publicou o chamado Relatório Semestral para o Parlamento sobre Hong Kong de forma regular desde o retorno da região, a que nos opomos consistente e firmemente”, acrescentou Geng. “Pedimos que a parte britânica não publique o relatório e não interfira nos assuntos de Hong Kong”, indicou.

SETE DETIDOS POR INCÊNDIO QUE FEZ DEZ MORTOS

As autoridades chinesas detiveram sete pessoas devido a um incêndio que deflagrou num hotel do centro do país, que fez dez mortos, informou ontem a imprensa oficial. Operários da construção e empreiteiros figuram entre os detidos por suspeita de negligência, informou a agência noticiosa Xinhua. O incêndio deflagrou na manhã de sábado no HNA Platinum Mix Hotel em Nanchang, capital provincial de Jiangxi, fazendo dez mortos, incluindo três hóspedes e sete operários. Três dos nove feridos hospitalizados encontravam-se em estado crítico na sequência do incêndio que deflagrou durante obras numa sala de ‘karaoke’.

PUB

AVISO Renovação da licença da agência de viagens e atenção para a garantia bancária e o seguro da responsabilidade civil profissional 1.

Faz-se público que a renovação da licença da agência de viagens deve ser requerida até 30 dias antes do termo do seu prazo de validade e que a renovação da licença, quando requerida fora do prazo, está sujeita a uma taxa adicional, nos termos do estipulado no Decreto-Lei n.º 48/98/M, de 3 de Novembro, com a nova redacção dada pelo Regulamento Administrativo n.º 42/2004. As informações das formalidades e das taxas estão disponíveis na página electrónica da Indústria Turística de Macau desta Direcção de Serviços: http://industry.macaotourism.gov.mo/license/.

2.

Nos termos do mesmo diploma, as agências devem ainda apresentar anualmente na Direcção dos Serviços de Turismo os documentos comprovativos de estarem em vigor a caução e o seguro; e o não cumprimento determina o encerramento temporário imediato da agência.

3.

Chama-se a atenção dos titulares da licença da agência de viagens de que a licença bem como a caução e o seguro devem estar válida e em vigor e que a renovação da licença bem como a actualização da caução e do seguro devem ser realizadas no prazo legalmente estipulado. A par disso, devem dar cumprimento à disposição respeitante à obrigatoriedade da presença do director técnico na agência durante o seu funcionamento.

Para esclarecimento, poderá ser contactada a Divisão de Licenciamento por via telefónica: 2831-5566, por fax: 2833-0518 ou por correio electrónico: dl@macaotourism.gov.mo. A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes

AVISO Renovação da licença de estabelecimentos de sauna e/ou massagem e de estabelecimentos do tipo de “health club” ou de “karaoke” Chama-se a atenção dos titulares das licenças dos estabelecimentos referenciados em epígrafe de que a renovação da licença deve ser requerida nesta Direcção dos Serviços antes do termo do seu prazo de validade e que a licença caduca quando não houver renovação antes do termo da validade. Após a caducidade da licença, caso o interessado queira continuar o exercício da actividade, deve requerer o novo licenciamento. As informações das formalidades e das taxas estão disponíveis na página electrónica da Indústria Turística de Macau desta Direcção de Serviços: http://industry.macaotourism.gov.mo/license/. Para esclarecimento, poderá ser contactada a Divisão de Licenciamento por via telefónica: 2831-5566, por fax: 2833-0518 ou por correio electrónico: dl@macaotourism.gov.mo. A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes


11 hoje macau terça-feira 28.2.2017

O

grupo terrorista filipino Abu Sayyaf divulgou ontem o vídeo da execução de um refém alemão de 70 anos, Juergen Kantner, decapitado após o fim do prazo definido para o pagamento do resgate. O vídeo, de 1:43 minutos e difundido pelo portal SITE Intel Group, mostra um suposto membro do grupo terrorista a decapitar Kantner com uma foice e a exibir a sua cabeça perante as câmaras. Pouco depois da divulgação do vídeo, um responsável do governo filipino, Jesus Dureza, confirmou a morte do alemão. “Lamentamos e condenamos fortemente a decapitação barbárica de mais uma vítima de sequestro”, disse Dureza em comunicado. “Até ao último momento, muitos sectores, incluindo as Forças Armadas das Filipinas esgotaram todos os esforços para salvar a sua vida. Todos demos o nosso melhor. Mas foi em vão”, disse. PUB

Horror partilhado Abu Sayyaf divulga vídeo da decapitação de refém alemão

Fontes militares no sul do país dizem não ter ainda encontrado o corpo da vítima. O Abu Sayyaf exigia o pagamento de um resgate

de 30 milhões de pesos filipinos (565.000 euros) antes da tarde de domingo como condição para libertar Juergen Kantner, sequestrado em

Novembro do ano passado, em águas do estado malaio de Sabah, adjacente ao sul das Filipinas, depois de piratas terem abordado o iate

em que viajava com a sua mulher, que foi morta a tiro.

EM ACÇÃO

O Abu Sayyaf intensificou a sua actividade no último ano com o sequestro de dezenas de pessoas nas águas do sudoeste das Filipinas e nordeste da Malásia, muitas delas tripulantes de embarcações que navegavam na zona. Em meados deste mês, as Forças Armadas das Filipinas desaconselharam o pagamento do resgate, argumentando que tal significaria o encaixe de uma avultada verba que permitiria ao Abu Sayyaf reforçar a sua capacidade militar e comprar o apoio das comunidades nas quais se esconde na ilha de Mindanao, no sul das Filipinas. O Abu Sayyaf, uma das organizações terroristas mais activas nas Filipinas e que jurou lealdade ao autoproclamado grupo Estado Islâmico (EI), também decapitou no ano passado dois canadianos (John Ridsdel e Robert Hall) por não ter recebido o resgate que exigiu no prazo imposto.

REGIÃO

“Lamentamos e condenamos fortemente a decapitação barbárica de mais uma vítima de sequestro” JESUS DUREZA RESPONSÁVEL DO GOVERNO FILIPINO Ao Abu Sayyaf, criado em 1991 por um grupo de ex-combatentes da Guerra do Afeganistão contra a antiga União Soviética, é atribuída a autoria de alguns dos mais sangrentos atentados dos últimos anos nas Filipinas e de inúmeros sequestros, através dos quais se financia. O grupo rebelde mantém em seu poder outros 20 reféns: sete malaios, seis vietnamitas, quatro filipinos, dois indonésios e um holandês, segundo as autoridades do país.


12 EVENTOS

hoje macau terça-feira 28.2.2017

AS ESTATUETAS

Óscares MUSICAL DE CHAZELLE COM MAIS ESTATUETAS. “MOONLIGHT” É O MELHOR FILME

La La quase tudo O musical “La La Land”, com seis estatuetas, arrecadou o maior número de prémios da 89.ª edição dos Óscares. Mas foi derrotado por “Moonlight” na categoria de melhor filme. A entrega do prémio principal ficou marcada por uma confusão de envelopes

“L

A La Land” partiu como favorito aos prémios da Academia de Hollywood, com 14 nomeações, mas afinal conquistou seis estatuetas: a de melhor realizador (Damien Chazelle), de melhor actriz principal (Emma Stone), a melhor banda sonora original, a melhor canção original (“City of Stars”), a melhor produção artística e a melhor fotografia. Além de ter ficado aquém das nomeações alcançadas – que puseram o musical lado a lado com “Titanic” (1997), por exemplo –, “La La Land” falhou na obtenção do prémio mais importante da noite, o de melhor filme, com “Moonlight” a sagrar-se vencedor apesar de um primeiro anúncio errado que dava a vitória ao musical, numa confusão com o envelope que marcou o final da cerimónia. “Moonlight”, contracenado por Mahershala Ali e Naomie Harris, conta a história de um jovem afro-americano que luta para encontrar o seu lugar à medida que cresce em Miami, pelo que o derradeiro Óscar da noite acaba por responder, em par-

te, às críticas da falta de diversidade entre os premiados nos últimos anos.

NOVOS, LONGOS E DIFERENTES

A 89.ª gala dos Óscares, que decorreu no Teatro Dolby, em Los Angeles, ficou ainda marcada por uma série de estreias e recordes. Damien Chazelle, de 32 anos, que conquistou o Óscar com “La La Land: Melodia de Amor”, tornou-se no mais jovem realizador a ser distinguido; Mahershala Ali, que venceu o Óscar de melhor actor secundário pela sua interpretação em “Moonlight”, foi o primeiro actor muçulmano a receber uma estatueta dourada; enquanto “O Herói de Hacksaw Ridge”, realizado

Além de ter ficado aquém das nomeações alcançadas, “La La Land” falhou na obtenção do prémio mais importante da noite

por Mel Gibson, conquistou o de melhor mistura de som, naquele que foi o primeiro Óscar em 21 nomeações para Kevin O’Connell. “O.J. Made in America”, com quase oito horas, venceu na categoria de melhor documentário, transformando-se no filme mais longo a receber um Óscar, destronando “Guerra e Paz”, a adaptação russa que venceu, em 1969, a estatueta de melhor filme estrangeiro (467 minutos contra 431 minutos).

POLÍTICA E AUSÊNCIAS

Destaque ainda para os Óscares das categorias de melhor filme estrangeiro e de melhor documentário em curta-metragem. “O Vendedor”, do realizador iraniano Asghar Farhadi, que tinha declarado que não iria estar presente na cerimónia em protesto pelas medidas anti-imigração de Donald Trump, recebeu o prémio para melhor filme estrangeiro; enquanto “Os Capacetes Brancos” (“The White Helmets”), sobre os voluntários que resgatam vítimas da guerra na Síria, conquistaram a estatueta de melhor documentário em curta-metragem.

• MELHOR FILME: “Moonlight” • MELHOR REALIZADOR: Damien Chazelle, “La La Land” • MELHOR ACTOR: Casey Affleck, “Manchester by the sea” • MELHOR ACTRIZ: Emma Stone, “La La Land” • MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO: Mahershala Ali, “Moonlight” • MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA: Viola Davis, “Vedações” • MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO: “Zootrópolis” (Byron Howard, Rich Moore e Clark Spencer) • MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL: “Manchester by the sea” (Kenneth Lonergan) • MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO: “Moonlight” (Barry Jenkins) • MELHOR FILME ESTRANGEIRO: “O Vendedor” (Asghar Farhadi, Irão) • MELHOR DESENHO DE PRODUÇÃO: “La La Land” (David Wasco e Sandy Reynolds-Wasco) • MELHOR FOTOGRAFIA: “La La Land” (Linus Sandgren) • MELHOR GUARDA-ROUPA: “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” (Colleen Atwood) • MELHOR MONTAGEM: “O Herói de Hacksaw Ridge” (John Gilbert) • MELHORES EFEITOS VISUAIS: “O Livro da Selva” (R. Legato, A. Valdez, A. R. Jones e Dan Lemmon) • MELHOR CARACTERIZAÇÃO: “Esquadrão Suicida” (Al. Bertolazzi, G. Gregorini e C. Nelson) • MELHOR MONTAGEM DE SOM: “O Primeiro Encontro” (Sylvain Bellemare) • MELHOR MISTURA DE SOM: “O Herói de Hacksaw Ridge” (Kevin O’Connell, Andy Wright, Robert Mackenzie e Peter Grace) • MELHOR BANDA SONORA: “La La Land “ (Justin Hurwitz) • MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: “City of Stars” (Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul, “La La Land”) • MELHOR DOCUMENTÁRIO: “O.J. Made in America” (Ezra Edelman e Caroline Waterlow) • MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM: “The White Helmets” (Orlando von Einsiedel e Joanna Natasegara) • MELHOR CURTA-METRAGEM: “Sing” (Kristof Deák e Anna Udvardy) • MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO: “Piper” (Alan Barillaro e Marc Sondheimer)

A cerimónia foi também palco de vários discursos políticos, a começar pelas várias intervenções do anfitrião, Jimmy Kimmel, sobre o facto de os Estados Unidos serem hoje um país “dividido”, passando pela declaração lida pela astronauta iranian Anousheh Ansari em nome de Farhadi, até às frases de apresentadores como Gael García Bernal que, enquanto mexicano e ser humano, se mostrou “contra qualquer tipo de muro” que estabeleça uma separação. A meio da gala, Kimmel enviou, através do Twitter, uma mensagem ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, em menos de 10 minutos, foi partilhada por mais de 150 mil utilizadores. “Olá Donald Trump. Estás por aí?”, escreveu Kimmel na sua conta no Twitter, durante a cerimónia transmitida em directo por televisões de todo o mundo, após perceber que o Presidente dos Estados Unidos, um utilizador activo das redes sociais, ainda não tinha comentado nada no Twitter, duas horas depois do início da gala.


13 hoje macau terça-feira 28.2.2017

PUBLIREPORTAGEM

Sands China ao serviço da comunidade macaense durante o Ano Novo Chinês LIMPEZAS DE PRIMAVERA EM COLABORAÇÃO COM IDOSOS E APOIO À LOJA SOCIAL DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACAU

P

• SANDS CHINA APOIA A LOJA SOCIAL DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACAU Durante o Ano Novo Chinês um grupo de 40 Cares da Sands China dedicou algum do seu tempo livre à Loja Social da Santa Casa da Misericórdia de Macau e distribuiu cerca de 350 cabazes alimentares a famílias desfavorecidas, bem como as suas bênçãos para o Ano do Galo.

ara dar as boas vindas ao Ano do Galo, Embaixadores da Boa Vontade (Cares) da Sands China participaram nas actividades de limpeza da Primavera, um trabalho executado lado a lado com idosos sem família; em Janeiro e Fevereiro colaboraram também na distribuição de cabazes alimentares a famílias desfavorecidas na Loja Social da Santa Casa da Misericórdia de Macau. • SANDS CHINA PARTICIPA NAS LIMPEZAS DE PRIMAVERA AO LADO DE IDOSOS QUE VIVEM SÓS Em Janeiro, um grupo superior a 70 Cares visitaram o bairro de habitação social de Seac Pai Van, em Coloane, onde passaram várias horas a ajudar idosos sem família nos trabalhos da limpeza de Primavera. Este é o oitavo ano consecutivo que os Cares da Sands China auxiliam idosos sem família nas limpezas anuais que antecedem o Ano Novo Chinês. Os voluntários visitaram 50 habitações – o dobro face ao ano anterior – e transportaram consigo os materiais de limpeza para varrer, esfregar e aspirar as casas. Enquanto limpavam, estiveram à conversa com os moradores e ajudaram-nos a preparar a vinda do Ano do Galo. Como é já tradição, os Cares levaram aos moradores, como presente de Ano Novo, cabazes que incluíam diversos bens essenciais; óleo, cereais e massas, e um conjunto de produtos de higiene. Todos estes artigos tinham sido previamente embalados por membros das equipas da Sands. Cada caixa de produtos de higiene continha sabão, champô, amaciador, escova e pasta de dentes. Os idosos visitados pelos Embaixadores da Boa Vontade são todos beneficiários do Programa de Tele-Assistência Peng On Tung, dirigido pela União Geral das Associações de Moradores. A Sands China apoia este programa desde 2010, tendo contribuído até à data com mais de 1,2 milhões de patacas e ajudado mais de 1.800 idosos.

• Os Cares da Sands China visitaram 50 lares em Seac Pai Van, Coloane, a 15 de Janeiro. Passaram algum tempo à conversa com os moradores, idosos que vivem sós. Ajudaram-nos nas limpezas que antecederam o Ano do Galo, e distribuíram cabazes com presentes de Ano Novo.

• Os Cares da Sands China ajudaram a distribuir cabazes alimentares a famílias desfavorecidas a 4 de Fevereiro na Loja Social da Santa Casa da Misericórdia de Macau, deixando bênçãos e votos de felicidade para o Ano do Galo.

• Sábado passado, o Presidente da Sands, o Dr. Wilfred Wong, entregou um cheque de 300.000 patacas à Loja Social da Santa Casa da Misericórdia de Macau.

Este é o quinto ano consecutivo em que a Sands China apoia esta instituição, apoio este que também incluiu um donativo de 300.000 patacas para ajudar as famílias necessitadas a enfrentar dificuldades financeiras. Os cabazes alimentares continham bens essenciais como arroz, massa, bolachas, comida enlatada, óleo alimentar, pasta de dentes, gel de banho, entre outros. Vários milhares de lares de bairros desfavorecidos recebem todos os meses alimentos e bens essenciais distribuídos pela Loja Social desde a sua abertura em 2013, uma ajuda contra as dificuldades provenientes do aumento do custo de vida. A Sands China tem sido um dos maiores patrocinadores desta iniciativa, tendo contribuído com um total de 1,4 milhões de patacas desde 2013, o suficiente para providenciar cerca de 1.500 cabazes alimentares. O programa da Boa Vontade da Sands China pretende facultar aos seus funcionários uma oportunidade de servir a comunidade local através da organização de actividades comunitárias e iniciativas destinadas a criar um Macau melhor. Conta actualmente com um conjunto de membros que ascende aos 1.500 voluntários, oriundos de todos os empreendimentos detidos pela empresa – a Sands Macau, o The Venetian de Macau, o Plaza de Macau, a Sands Cotai Central e o The Parisian de Macau. Desde o início deste programa, em Agosto de 2009, os Cares da Sands China já contribuíram com mais de 10.000 horas de voluntariado ao serviço da comunidade, distribuídas por mais de 100 actividades. A Sands China Ltd. considera que iniciativas como esta são fulcrais para a sua devoção às causas sociais e ao seu envolvimento comunitário.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

O que se torna tempo não poderás somá-lo é abissal e infinito esperar que nasça o princípio no interior do que só vês de fora. Não, não podes somá-lo entre os dedos idênticos nem à verdade nem à carne, o que se torna tempo é este exacto instante que se cumpriu se perdeu. O termo devir aparecia já à página 47: “como se soubesses o devir do tempo / (...)”. Não há, contudo, ou parece não haver um sentido positivo neste devir, em Joana Emídio Marques. O devir é negro, sombrio, onde a morte mesma não é abrigo. Escreve à página 29: “O Ser não devolve o não Ser / o símbolo não devolve o sentido.” Ou ainda nos versos finas do poe-

JOANA EMÍDIO MARQUES

R

ITORNELOS, Abysmo, 2014, é o primeiro e único livro publicado pela poeta Joana Emídio Marques, até à data. O livro é composto de três partes: “Ritornelos”, com 52 poemas; “Cânticos da Floresta”, com 14 poemas; e “Litanias”, com 8 poemas. E entre cada poema da primeira parte do livro encontramos as belas ilustrações de Bárbara Fonte (nas duas partes finais do livro, as ilustrações aparecem no início e não entre poemas). Uma vez mais, o título do livro dá-nos alguma indicação fenomenológica acerca daquilo que nos mostra. Ritornelos é um termo musical (dois pontos seguido de uma barra vertical), que indica a repetição de uma parte da partitura, isto é, a repetição da sua execução musical. Pode também tratar-se da indicação de um refrão. Aqui, e partindo da sua função musical, a palavra remete para uma ideia próxima da do devir e não da repetição, como se se tratasse da vida como uma repetição infinita, mas sempre diferente. Em suma, um voltar atrás, não da mesma maneira – isso seria um eterno retorno – mas sempre de modo diferente. Múltiplos modos diferentes e nenhum melhor do que o anterior, pois trata-se de um devir sombrio, como se o infinito ou a repetição do infinito não passasse do eco de uma gargalhada de Deus: “(...) tudo isto / que se repete repetindo-se / eco da gargalhada de Deus.” (p. 51) O devir aparece-nos logo nos primeiros versos: “Acordando infinitamente / para o que há-de vir / (...)” Embora seja ao ritornelo 25, da primeira parte, página 57, que o devir se assume em toda a sua pujança:

Deus é o nada a


15 hoje macau terça-feira 28.2.2017

máquina lírica

Paulo José Miranda

olhar-se ao espelho ma à página 63: “Um homem cai / num buraco aberto pelo tempo / mergulha / na láctea corrente de lírios e desaparece. / Depois outro e outro ainda / até não haver qualquer rumor / que não seja o da Babilónia / bebendo sofregamente / na corrente fluvial os lírios de leite.” Esta presente consciência da perda, contínua consciência de uma falta de sentido, ou pelo menos de uma qualquer possibilidade de alcançá-lo, vê-lo-emos melhor no final deste texto. Por ora, mostremos como no humano, a única possibilidade de fuga, que seria a invenção do outro, a transformação do outro numa amplificação do eu, acaba sempre por se virar contra nós, porque é sempre nas palavras e na necessidade que elas têm de sentido que o outro vive, como escreve a poeta no belo ritornelo 39: Eras agora voltas ao fogo à tarde de experimentar estar entre os reflexos. Eras agora a voz vem desmembrar o passado em presente. Eras sem acidente que evocasse o princípio. Eras, quando eu era eu te designava te existia. Este poderoso poema, imerso numa ontologia do devir, em que tornar-se é o único lugar disponível, repete a palavra “eras”, como expressão fundamental do humano. “Eras”, segunda pessoa do pretérito imperfeito do verbo ser, sugere a ideia de nevoeiro, a ideia de estarmos imersos num ambiente em que não vemos o que está a acontecer, ambiente próprio da memória e da literatura – era uma vez –, que pressupõe um nunca ter sido. Este ver, em cada um de nós, simultaneamente uma memória de outro e um nunca ter sido, revela-nos antes de mais como um ser de palavra, um ser de continua transformação através da palavra, que é o modo como a consciência tem acesso ao que não é a própria consciência, um reflexo de si mesma, que é já um outro. Dito de outro modo: “Eras / agora voltas ao fogo / à tarde de experimentar estar entre os reflexos”; cada um de nós é para nós mesmos um reflexo derivado de se experimentar, isto é, um reflexo derivado dos outros. “Eras” é uma expressão reflexa de nós mesmos, aqui e agora e no tempo, que também ele só existe numa permanente mudança, “o que se torna tempo / é este exacto instante / que se cumpriu / se perdeu.” (25, p. 57) Por isso, Beirute – no ritornelo 27 – somos todos nós e todos os tempos do mundo. Beirute será ainda amanhã,

quando amanhã talvez nem exista; Beirute será ainda no início dos tempos, quando este talvez não tenha sequer existido. “Beirute / e já não há carne que possa chamar um nome / (...) // E já não há carne / a que se possa chamar um nome. / Só Deus atravessando uma palavra, / carregando-a nos braços / devolvendo-a ao sono, anuncia: / Beirute.” A capital da Síria, para além do que hoje é, para além do que foi ao longo dos tempos, assume também aqui o símbolo de não sentido do mundo, de não sentido do humano. Estamos continuamente entre, a caminho de nos tornarmos nós mesmos – em sentido nietzschiano – e de nos tornarmos nada; um nada que já fomos e que tornaremos a ser. Mas também encontramos a identidade entre devir e existência na segunda parte do livro, em “Cânticos da Floresta”. À página 131, cântico 3, Joana Emídio Marques escreve: “Já não sou a minha carne / e o carrossel gira, / gira, gira, gira, / passa por ti e não pára. / Já não sou a tua carne / és Outra, és Tu.” No fundo, a vida não pode ser vivida a não ser que seja uma criação. Melhor seria dizer, como se adivinha que a poeta diga, a vida só pode ser vivida se imaginada, como quem agora lança uma linha ao mar e imagina um peixe no futuro. Mas, para além desta sombra de Nietzsche, evidentemente um Nietzsche apropriado pela poeta, ou até mesmo um Nietzsche à revelia da poeta, estende-se também uma solidão enorme, onde o início do cântico 4, à página 133, o enuncia de modo belo e aterrador: “Aqui / na casa das cadeiras vazias / (...)”. Este aqui somos nós na beira da página, e sempre na beira da vida. Mas esta solidão, que é reflexo da impossibilidade de reconciliação com o espelho, com os outros, connosco – e qual nós, aquele que estamos para ser, aquele que fomos ou aquele que vamos sendo? – já se encontrava desde o início do livro, em todo o primeiro poema, que começa “Acordando infinitamente / para o que há-de vir / as horas caminham no sentido contrario ao dos pássaros” (e poucos livros terão um início tão próximo da perfeição), e o poema termina “E agora onde me vão eles enterrar?” Esta impossibilidade de reconciliação, seja com o que for ou com quem for, ancora num imenso solipsismo, fazendo deste livro, já longe de Nietzsche, um devir negro, um devir sombrio. Este solipsismo, encontra-se enunciado de modo mais metafísico ao poema 3 da primeira parte do livro: “Entre os possíveis e as coisas / não ser nada, / nem sequer inclassificável.” Por isso, podemo-lo dizer agora, a presença contínua de Deus ao longo do livro nos aparece mais como nada do que como Todo. Deus é a solidão perfeita, redonda, sem mácula, sem passado, sem futuro, sem lembrança ao rés da pele, sem desejo. Quando se escreve Deus, neste livro, escreve-se nada

e solidão. Deus surge no livro apenas ao poema 16, com os seguintes versos: “No fim da penumbra / Deus chamou-te a olhar / três noivas-cilindro / erguendo sobre o mundo seus corpos brancos / seus corpos-silo / prostrado na solidão dos milénios.” Aparece depois várias vezes ao longo do livro e, quando não aparece literalmente, aparece em metonímias, sinédoques, antonomásias. Mas sempre significando o misterioso absoluto e infinito nada. Deus é o nada que se olha no espelho. O silêncio a parte musical do nada. Porque a solidão, que é o nada fazendo-se humano, tem também o seu lado musical, o silêncio, e que percorre as páginas deste livro, como não poderia deixar de ser, sendo ele tão musical, desde o título ao último verso. Recuperemos agora aquilo que mostrámos atrás acerca da consciência de uma falta de sentido, ou pelo menos de uma qualquer possibilidade de alcançá-lo. Este livro de Joana Emídio Marques, uma espécie de itinerário de Deus a Deus (que é o nada a olhar-se ao espelho), começa com os versos já citados, “Acordando infinitamente / para o que há-de vir”, e termina com este “Se acordar agora adormecerei?”, perfazendo formalmente um percurso no sonho. Toda a existência é sonho, ou parece ser um sonho, algo que não é nem ser, nem não-ser. Ritornelos mostra-nos que nunca chegaremos a saber se existimos ou se sonhamos, se estamos vivos a caminho da morte ou mortos a caminho da vida. O devir, o nada, a solidão... o que é este mundo? O que é eu? Por quê a vida? “ – Eu Sou, / gritei depois de morta.” (p. 107) Terminamos com um poema de Joana Emídio Marques, o cântico 8, à página 139: Não sou eu que vivo, mas a flor que dando-se às eternidades pretéritas respira no que desconhece a beleza inaugural do dia. Já não sou eu que vivo mas o tempo estranhado pelo sem-tempo em madrugadas tão plenas que tecem caminhos. Um dia, quando voltar da morte e me detiver em frente à janela que me puxa par adentro do segredo e do mistério ter-te-ei despido. Já não sou eu que vivo e se gritar afogo-me no meu próprio eco neste campo de escombros átomos explodindo nas carnes das casas. Já não sou eu que vivo mas o grito o milagre nos corredores da noite nas mãos dadas a ninguém. Entranhas de Deus espalhadas sobre a tua ausência.


16

h

O

dossier de candidatura do Palácio Nacional de Mafra e respectiva tapada a Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), foi entregue ao comité internacional desta organização no dia 27 de Janeiro de 2017, correspondendo a uma etapa histórica neste complexo e exigente processo, que permitirá a tomada de decisão da UNESCO. Constando da lista de bens patrimoniais portugueses a serem alvo de processo de classificação proposta pela Comissão Nacional da UNESCO desde 2004, o monumento voltou a constar da listagem em 2016, depois de uma recomendação da UNESCO em 2013 para que fossem actualizadas as listas dos estados-membros, a cada 10 anos, pré-requisito para a inscrição de bens na Lista do Património Mundial. Em 2014, a Câmara de Mafra constituiu uma comissão municipal, composta pelo director do Centro Cultural de Belém, ex-secretário de Estado da Cultura e vereador Elísio Summavielle e por outros dois vereadores, destinada a elaborar a candidatura do Palácio Nacional a património mundial da UNESCO. A candidatura a património mundial pretende contribuir para a valorização e promoção monumental e ambiental daquele conjunto arquitectónico, ao contribuir para a atracão de turistas e para o desenvolvimento socioeconómico do concelho. O dossier de candidatura, designado Real Edifício de Mafra, foi coordenado pelo município e pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) da República Portuguesa, com a colaboração do Palácio Nacional, Escola das Armas, Tapada Nacional e Paróquia de Mafra. Caso venha a ser atribuída a classificação, os parceiros querem fazer coincidir o anúncio da UNESCO com as comemorações dos 300 anos do lançamento da primeira pedra do palácio, que se assinalam este ano e têm o ponto alto a 17 de Novembro. Estas comemorações estão a ser alvo de um vasto programa de actividades que teve início a 17 de Novembro de 2016. Datado do início do século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra, situado a 28km de Lisboa, mandado construir pelo Rei D. João V em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana Josefa, Arquiduquesa de Áustria ou, há quem diga, a cura de uma doença de que sofria, é o mais importante monumento representante do barroco em Portugal, nomeadamente do barroco joanino. A sua construção foi iniciada em 1717 e concluída em 1755, ano em que ocorreu o grande terramoto na capital portuguesa. Os trabalhos começaram no dia 17 de Novembro de 1717 como um modesto projecto para abrigar 13 frades franciscanos, mas o ouro do Brasil come-

hoje macau terça-feira 28.2.2017

Michel Reis

Palácio e Tapada de Mafra candidatos a Património Mundial da UNESCO çou a entrar nos cofres portugueses; e Dom João V e o seu arquitecto alemão Johann Friedrich Ludwig (conhecido em Portugal por João Frederico Ludovice), iniciaram planos mais ambiciosos, não se poupando a despesas. Construído em pedra lioz da região, o edifício colossal ocupa uma área de perto de quatro hectares (37.790 m2), compreendendo 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. A sua construção empregou 52 mil trabalhadores. Tal magnificência só foi possível devido ao ouro do Brasil, que permitiu ao monarca por em prática uma política mecenática e de reforço da autoridade régia. O monumento é uma referência do pensamento urbanístico, arquitectónico e natural da civilização ocidental, quer enquanto unidade, congregando um paço real, uma basílica, um convento, um hospital monástico, um jardim e uma tapada, quer devido aos seus equipamentos de prestígio, entre os quais se conta uma das mais notáveis e ricas bibliotecas europeias do século XVIII, abrangendo todas as áreas de estudo; a mais importante colecção de escultura

barroca em Portugal e fora de Itália, da autoria de mestres italianos e portugueses da época (no reinado de D. José I, que precedeu D. João V, foi criada em Mafra uma importante Escola de Escultura, sob a direcção do mestre italiano Alessandro Giusti, de que são exemplo os retábulos de mármore da Basílica); dois carrilhões, os maiores do mundo, constituídos por 119 sinos afinados musicalmente entre si; encomendados na Flandres a dois fundidores de sinos diferentes e pesando o maior 12 toneladas, num total de 217 toneladas; e o único conjunto conhecido de seis órgãos de tubos concebidos para utilização simultânea, instalado na basílica, encomendados por D. João VI, no final do séc. XVIII, para substituir os primitivos que estavam degradados. Estes instrumentos foram construídos pelos dois mais importantes mestres organeiros portugueses da época – António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes – tendo sido terminados entre 1806 e 1807. Criada em 1747, a Tapada possui mais de 500 animais de 60 espécies diferentes, entre gamos, veados, javalis, aves como a águia de Bonelli ou o bufo real, répteis como salamandras, tritões e cobras e uma floresta de 800

hectares. Algumas das árvores são consideradas de interesse público, como o castanheiro-da-índia, a olaia e o sobreiro. Nunca tendo sido residência permanente da Família Real, o Palácio de Mafra foi até ao fim da monarquia frequentemente visitado pelos monarcas, que aqui vinham celebrar algumas festas religiosas ou caçar na Tapada. Foi também em Mafra que o último Rei de Portugal, D. Manuel II passou a sua última noite no país antes da sua partida para o exílio aquando da implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.

MUDANÇA DE ESTATUTO

Decretado Monumento Nacional pelo Decreto de 10 -1-1907 e pelo Decreto de 16-6-1910, o Paço Real é transformado em museu, abrindo logo em 1911 com a designação de Palácio Nacional de Mafra que mantém até hoje. O Convento foi incorporado na Fazenda Nacional quando da extinção das ordens religiosas em Portugal, a 30 de Maio de 1834 e, desde 1841 até aos nossos dias, foi sucessivamente ocupado por diversos regimentos militares, sendo actualmente sede da Escola das Armas. Para além desta escala verdadeiramente europeia, o monumento constitui, inquestionavelmente, um referencial identitário do Concelho de Mafra, não só porque tão grandiosa construção inaugurou uma nova fase no desenvolvimento deste território, mas também porque o posicionou num patamar superior de visibilidade nacional e internacional. Em 2010, foi concluído o restauro dos seis órgãos históricos do monumento, um conjunto único em todo o mundo, e que representou um investimento de 1milhão de euros. Os instrumentos estiveram a ser restaurados durante 11 anos, sob a supervisão do mestre organeiro português Dinarte Machado. Por Portaria publicada no Diário da República em 17 de Setembro de 2015, o Governo de Portugal autorizou a Direcção-Geral do Património Cultural a celebrar contrato destinado à operação de Reabilitação dos Carrilhões e Torres Sineiras do Palácio Nacional de Mafra. Em 2015, a DGPC lançou o concurso público no valor de 2,3 milhões de euros para as obras de restauro dos carrilhões e sinos do monumento, o maior conjunto sineiro do mundo que está em risco. A garantia desta recuperação era fundamental para o Estado e a Câmara de Mafra poderem candidatar o monumento a património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). A tutela apontou na altura o prazo de conclusão para o final de 2017 , data que coincide com as comemorações dos 300 anos sobre o lançamento da primeira pedra do monumento, mas que afinal não se irá concretizar.


17 hoje macau terça-feira 28.2.2017

LIGA DE ELITE

ANÁLISE da jornada por João Maria Pegado

O líder manteve o estatuto

Monte Carlo 2 - 0 Kei Lun

com destaque para Nicholas Torrão que conseguiu mais um hat-trick reforçando a liderança nos melhores marcadores. Os leões do território averbaram mais uma derrota mas novamente mostraram uma boa imagem contra um candidato ao título(Sporting 0 vs 2 CPK). O CPK conseguiu os três pontos com uma noite inspirada de Diego

Patriota marcando os dois golos do jogo com o golo da tranquilidade a vir novamente de bola parada.

JOGADOR DA JORNADA • #20 NICHOLAS TORRÃO (SMB) Pela segunda vez consecutiva é o nomeado e não há como o não ser. Está atravessar um excelente momento de forma e a maneira como finaliza é de uma subtileza só alcance dos avançados de categoria. Sem dúvida o melhor jogador desta primeiras cinco jornadas.

SEXTA-FEIRA GORDA

EQUIPA DA SEMANA

Na sexta-feira realizou-se o jogo de maior cartaz,(Monte Carlo 2 vs 0 Kei Lun) com a liderança em jogo, já que com uma vitória o Kei Lun poderia chegar ao primeiro lugar. O Monte Carlo começou por mostrar que queria resolver essa questão rápido tentando chegar à vantagem cedo. Apresentando-se na sua variação de sistema conforme o momento do jogo, que tanto pode estar no 5-2-3 quando tentava pressionar a primeira fase de construção do Kei Lun, como depois de o Kei Lun passar essa fase de construção recuava as linhas e colocava-se num 5-4-1 e foi num desses momentos de pressão à primeira fase de construção do adversário que provocou o erro do central do Kei Lun, que num mau atraso ao guarda redes, deixa Hougaro Da Silva no um para um

MACAU BOLINHA BOLÃO

EM grandes surpresas, foi assim que se realizou mais uma jornada da Liga de Elite. Destaque para os primeiros pontos dos Development Team e do Lai Chi. A equipa da associação(Development 0 vs 0 Polícia)conseguiu este ponto saboroso e teve talvez o seu melhor jogo até ao momento, a equipa da Polícia com este empate consegue o terceiro jogo sem derrotas e sem sofrer golos um registo sem dúvida bastante bom para a equipa de Ka Li Man que assim segue no 5º lugar da tabela. O Lai Chi foi a outra equipa a conseguir o primeiro ponto da prova,(Lai Chi 2 vs 2 Chen Fung) contra a equipa de João Rosa que volta a desiludir depois do empate na segunda jornada com Benfica o que poderia antever uma boa prestação, principalmente com equipas que lutam pela permanência, mas a verdade é que já desperdiçaram 5 pontos contra essas mesmas equipas estando neste momento em 6º lugar a um ponto da Polícia. Já o Lai Chi e os Development Team garantiram um ponto importante na luta pela sobrevivência na 1ªDivisão encurtando para dois pontos a distância para Sporting de Macau e KA I que se encontram com 3 pontos. KA I que perdeu com o Benfica de Macau(KA I 0 vs 5 Benfica) e assim confirma o seu decréscimo de rendimento averbando a quarta derrota seguida depois da vitória na ronda inaugural contra o Sporting. O Benfica de Macau por seu turno continua seguro na perseguição do líder com nova goleada e novamente

TATIANA LAGES

S

DESPORTO

com Jorge Tavares que facilmente o contorna e faz o primeiro golo da partida logo aos 23 minutos. Estava alcançado o primeiro objectivo de marcar cedo. O jogo decorria num ritmo algo lento talvez pelo frio que se fazia sentir à hora do jogo com algumas boas oportunidades para os dois lados do campo, quando numa bola nas costas da defesa do Kei Lun, Diego Souza derruba o jogador do Monte Carlo que se isolava e o árbitro assinala falta e mostra vermelho ao jogador do Kei Lun mesmo no final da primeira parte. Pior não poderia ser para equipa de Josecler que chegava ao intervalo a perder por um golo e com menos um elemento. Nos segundos 45 minutos da partida poderíamos pensar que o Monte Carlo iria facilmente resolver a questão mas não foi bem assim. O Kei Lun demonstrou um coração imenso e mesmo com menos um, lancou-se para a discussão do jogo onde dois jogadores sobressaíram : Taylor Gomes a fazer a ligação com o ataque da sua equipa e na baliza Jorge Tavares que ia mantendo o resultado na margem mínima. Mesmo antes do golo da tranquilidade do Monte Carlo, auto golo do defesa do Kei Lun ao tentar cortar um remate de Miguel Noronha, o Kei Lun teve duas excelentes oportunidades para empatar que se o conseguisse teria com certeza complicado o jogo para os pupilos de Cláudio Roberto. Destaque ainda para uma grande penalidade falhada por Neto que poderia ter feito o 3-0 que seria um resultado demasiado desnivelado para o que se passou dentro das quatro linhas. Em suma, excelente atitude do Kei Lun mas tem que melhorar a sua organização defensiva. O Monte Carlo conseguiu o mais importante que era manter a liderança do campeonato, mas terá que melhorar também alguns aspectos na sua forma de defender porque na próxima jornada será o Benfica de Macau, que com Nicholas Torrão na forma soberba em que se encontra, não desperdiçará as oportunidades que o a equipa canarina ofereceu ao Kei Lun. Algo para o técnico trabalhar esta semana antes do grande jogo na próxima jornada.


18 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau terça-feira 28.2.2017

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente TEATRO MUSICAL – “THREE PHANTOMS” Parisian Theater - Até 26/3

MIN

15

MAX

21

HUM

45-90%

EURO

8.46

BAHT

EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

O CARTOON STEPH

PROBLEMA 186

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 185

UM LIVRO HOJE

MANCHESTER BY THE SEA SALA 1

THE SPACE BETWEEN US [B] Filme de: Peter Chelsom Com: Gary Oldman, Asa Butterfield, Brit Robertson, Carla Gugino 14.30, 16.45, 21.30

A LA LAND [B] Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.15

Com: Keanu Reeves, Ian Mcshane, Ruby Rose, Common 19.15

Passa-se em Orão, cidade argelina em quarentena devido à peste trazida por ratos. É uma cidade que vive para a riqueza e em que os habitantes estão, de repente, isolados do exterior. Agora, são as relações e a ausência delas que ganham destaque. Mais um livro de Albert Camus que retrata, desta feita, o absurdo vivido no colectivo. Uma obra exímia acerca da condição humana e do sofrimento que a acompanha. Sofia Margarida Mota

Filme de: Gore Verbinski Com: Dane DeHann, Mia Goth, Jason Isaacs 14.30, 21.15

KANCOLLE THE MOVIE [B]

Filme de: Kenneth Lonergan Com: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler 14.15, 16.45, 21.30

RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C]

Filme de: Chad Stahelski

A PESTE | ALBERT CAMUS

A CURE FOR WELLNESS [C]

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Filme de: Keizo Kusakawa 17.15

JOHN WICK: CHAPTER TWO [C]

Inverdade, facto alternativo, diz que disse e afinal nada afirmou. Sou um gato branco, um jacaré, um avião, um corpo que não conhece razão, a negação da veracidade. Nesta altura posso dizer o que bem me entender, uma vez que parece que a certeza morreu ou está ferida de morte.As imagens são manipuladas para mostrar um ângulo, a realidade é editável, maleável, capaz de assumir a forma que o freguês bem entender. Mesmo quando podemos ver as coisas com os nossos próprios olhos, se o desmentido for alto o suficiente a alucinação penetra na psique dos influenciáveis. Hologramas de factos inundam-nos os sentidos, políticos mentem com quantos dentes têm. Nada é confiável e a comunicação morre no receptor, tornando tudo baço, impossível de discernir. Publicidade vende-nos milagres por 99,99 patacas por mês. Religiões mercantilizam paraísos, lugares intangíveis à razão, onde tudo será maravilhoso, se pagarmos por rendição e culpa eterna da natureza que nos faz bichos. Humanos, comprem, acreditem, desinformem-se até à desgraça, o verdadeiro valor de tudo perde-se neste calvário de marketing e crença, porque a noção de verdadeiro escapa-se entre as nossas patas. Por isso, minto dizendo a verdade. Sou um peixe, um ser alado, uma bifana com mostarda. Tudo menos um gato preto. Pu Yi

SALA 3

SALA 2

MANCHESTER BY THE SEA [C]

SUDOKU

DE

C I N E M A

1.16

FAKE CAT

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau

Cineteatro

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1

EXPOSIÇÃO “ENTRE O OLHAR E A ALUCINAÇÃOO” DE JOÃO MIGUEL BARROS Creative Macau (Até 25/3)

0.22

Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 19.15

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau terça-feira 28.2.2017

sexanálise

TÂNIA DOS SANTOS

Pêlos, para que vos quero?

G

ANHEI consciência da obsessão contemporânea pelos pêlos femininos quando me apercebi que fotografias de mulheres de bikini, com pêlos a saírem dos lados da linha do razoável, são censuráveis. Tentem publicar uma fotografia nas redes sociais de alguém com uns pêlos púbicos à vista desarmada e vejam o que acontece. Os pêlos (os púbicos, especialmente) são grotescos, são obscenos, são um atentado à nossa ideologia anti-pêlo! Não fossemos nós parte do grupo que objectifica a forma feminina como se não houvesse amanhã – o amanhã vem sempre, com exigências cada mais absurdas de como os nossos pêlos se devem comportar. Claro que esta não é uma perspectiva particular de agora, há evidências de que já existiriam sofisticadas técnicas de remoção de pêlos durante o apogeu da civilização egípcia, por exemplo. A partir daí as mulheres de ‘classe’ tiveram períodos de maior ou menor pressão para se depilarem, de forma a parecerem mais ‘limpas’. A ideia é de que o pêlo é sinónimo de sujidade, e no entanto esta relação pêlo-sujidade não é tão absurda, os pêlos de facto são os causadores dos odores indesejáveis. Na bela puberdade bem que nos assustámos da forma como começamos a cheirar, e de como os pêlos começaram a crescer como que plantados pelas nossas pernas, sovacos e genitais. Para os rapazes ainda cresce na cara (a chatice que não há-de ser fazer a barba...)! Por isso, se os pêlos aparecem em tempos conturbados como a puberdade, é normal que o relacionamento com estes seja de particular dificuldade, dentro das diferenças de género. Os rapazes/homens quase que fazem rezas para que qualquer pelito apareça no buço – e assim ser carregado com respeito e orgulho. Ai pêlos que vos quero para confirmar a minha virilidade! Mas para as meninas/ mulheres os pêlos são reprimidos – em todas as áreas. O que é confuso, e surpreendente, porque são a forma mais natural de assinalar a nossa maturidade sexual. Se desde muito cedo as raparigas começam a ver as miúdas em placards gigantes a apresentarem pernas totalmente lisas de pêlos, e sovacos macios, quando começam a entrar no mundo do sexo deparam-se com outras ausências, principalmente, de pêlos púbicos. Parece anedota, mas a verdade é que os rapazes, frutos de uma educação pornográfica, não estão à espera que as miúdas tenham pêlos lá em baixo. Isto, no mundo ocidental, claro,

porque nem todas as mulheres foram apanhadas na obsessão que é de ter uma vulva lisa, macia e sem pêlos. O que os investigadores começam a reparar (a correlacionar) é que quem mais depila as partes de baixo tem maior tendência para apanhar uma DST’s. Não é uma informação que me surpreenda especialmente, porque os pêlos não são tão inúteis para serem perpetuamente retirados assim que avistam a luz

Os pêlos podem constituir uma temível floresta negra para quem se aproxima das zonas íntimas femininas, mas não passam disso mesmo, uma floresta negra mas útil e protectora

do dia. Pensem lá nos pêlos do nosso nariz que conseguem prevenir imensas infecções e doenças. Podemos também ponderar que se usamos lâminas em zonas tão íntimas podem causar micro-lacerações, o ambiente ideal para infecções se propagarem... Os pêlos podem constituir uma temível floresta negra para quem se aproxima das zonas íntimas femininas, mas não passam disso mesmo, uma floresta negra - mas útil e protectora. Quanto às outras zonas corpóreas, há quem diga que vivamos tempos mais simpáticos para dispor com alguma segurança os nossos tão naturais pêlos. Há quem o faça a pintar os pêlos das axilas com cores exuberantes, há quem tire fotografias das suas pernas peludíssimas com o hashtag ‘as princesas têm pêlos’ e publiquem pelas redes sociais. Há tentativas, de facto, de normalizar o pêlo feminino, mas caramba – é difícil. Por mais que tente não passar a lâmina pelas pernas de duas em duas semanas, sinto que vou ser julgada por ter estes naturais folículos pilosos que me fazem sentir mais próxima do mundo dos primatas... do que do complexo mundo feminino.

OPINIÃO


20 OPINIÃO

hoje macau terça-feira 28.2.2017

macau visto de hong kong

SIDNEY LUMET, 12 ANGRY MEN

Ninguém escapa ao braço da lei

O

DIA 22 de Fevereiro foi o dia do Juízo Final para Donald Tsang, antigo Chefe do Executivo de Hong Kong. Foi acusado de conduta indevida durante a governação e condenado a 20 meses de prisão. Andrew Chan, juiz do Supremo Tribunal, não autorizou a liberdade condicional devido à gravidade das acusações. A Wikipedia faz uma breve descrição do caso de Tsang: “Em 5 de Outubro de 2015, “Tsang foi confrontado com duas acusações de conduta indevida durante o exercício de cargo púbico pela Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC) (CCAC em Macau). A 11 de Outubro de 2016, o Tribunal da Relação de Hong Kong (High Court), deliberou a favor da acusação e decidiu que Tsang deveria enfrentar uma acusação adicional por aceitação de benefícios e por suposta violação do Regulamento para a Prevenção do Suborno. O julgamento, que contou com a presença de um júri, teve início a 10 de Janeiro tendo o réu declarado-se inocente de todas as acusações. A 17 de Fevereiro o júri considerou Tsang culpado de uma das acusações de conduta indevida (da primeira) e inocente da segunda. Por enquanto o júri foi inconclusivo quanto à acusação de aceitação de benefícios por parte de terceiros. Foi condenado a 20 meses de prisão no dia 22 de Fevereiro.” O sistema jurídico de Hong Kong é diferente do de Macau. A presença de um júri para crime graves foi estipulada através do artigo 86 da Lei Básica da cidade. O júri é composto por jurados. Os jurados são pessoas comuns que terão de ser residentes em Hong Kong. O processo de selecção tem duas fases. Inicialmente a escolha é feita pelo Tribunal e depois o grupo seleccionado é sujeito à aprovação do réu. A rejeição de um jurado por parte do réu não precisa de

ser justificada. No entanto este direito tem um limite, o réu só pode rejeitar no máximo cinco pessoas. Devido à seriedade deste caso o júri foi composto por nove jurados. Para que o veredicto seja proferido, o júri tem de tomar uma decisão maioritária. Ao juiz cabe apenas decidir a pena a aplicar, caso o réu tenha sido declarado culpado. O South China Morning Post divulgou a 11 de Novembro de 2016 as três acusações imputadas a Donal Tsang nos seguintes termos: “A primeira das três acusações alega que Tsang, enquanto exerceu as funções de Chefe do Executivo e presidiu ao seu gabinete, o Conselho Executivo, revelou conduta indevida por ter ocultado transacções comerciais com Wong Cho-bau relativas ao aluguer de uma penthouse. Na altura, Tsang era responsável pela atribuição de licenças para concessão de espaço radiofónico, lê-se na acusação. Na segunda incriminação de conduta indevida, Tsang é acusado de ter sugerido a nomeação do designer de interiores - Barrie Ho para um prémio e uma distinção honorífica atribuídos pela cidade. Estes acontecimentos tiveram lugar entre Dezembro de 2010 e Julho de 2011.” A terceira acusação é a aceitação de benefícios por parte do Chefe do Executivo”. O júri não chegou a um veredicto quanto a esta última acusação e por isso o Secretário da Justiça pediu um novo jul-

Mesmo um antigo Chefe do Executivo não está à margem da lei, não existe excepção para esta regra. A mensagem “todos devem obedecer à lei” foi claramente transmitida. O respeito pelo Estado de Direito em Hong Kong está bem patente nesta situação

gamento. O novo julgamento está provisoriamente agendado para o próximo mês de Setembro. É previsível que Tsang entreponha recurso para anular esta decisão. Este caso é de vital importância para Hong Kong. Antes do mais, porque é a primeira vez que um representante do mais alto cargo oficial de Hong Kong é processado judicialmente pelo ICAC. A sua condenação é uma mensagem clara para que todos entendam que a corrupção é ilegal e estritamente proibida em Hong Kong. Mesmo um antigo Chefe do Executivo não está à margem da lei, não existe excepção para esta regra. A mensagem “todos devem obedecer à lei” foi claramente transmitida. O respeito pelo Estado de Direito em Hong Kong está bem patente nesta situação. Para além disto, a condenação de Tsang funciona como um aviso para todos os governantes de Hong Kong porque, para além da sentença normal, será implementada uma sentença preventiva para impedir que casos semelhantes venham a acontecer no futuro. A sentença preventiva é um castigo adicional imposto ao réu. É aplicada para impedir a ocorrência de casos similares posteriormente. Esta punição só pode ser aplicada em situações especiais. O caso de Tsang pertence a esta categoria. Acresce ainda que, a sentença preventiva em conjunto com a condenação de Tsang são uma prova inequívoca para todos os investidores, em especial para os investidores estrangeiros, da coragem do Governo de Hong Kong na luta contra o suborno e a corrupção. Neste momento Tsang está na prisão. Devido ao seu estatuto, é natural que tenha uma cela só para ele e que não esteja em contacto com os outros prisioneiros. O novo julgamento terá lugar em Setembro. Por agora não fazemos ideia de qual será o veredicto. Fiquemos atentos aos desenvolvimentos. Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Jazz legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

DAVID CHAN


21 hoje macau terça-feira 28.2.2017

CARTA AO DIRECTOR

AD IMPOSSIBILIA NEMO TENETUR P

odia ser uma cena de filme, uma passagem de telenovela ou de qualquer outra narrativa de ficção. Mas foi real, uma realidade extravagante e à medida da desproporção que tanto se tem exibido nos tempos que correm. Aconteceu-me aquilo que, infelizmente, aconteceu já a tantos outros residentes de Macau, e é tão absurdo que me sinto impelida a deixar estampada a perplexidade e indignação sobre o desajuste da actuação das autoridades da RAEM. Desembarcava no terminal marítimo da Taipa após a longa viagem que começa do outro lado do mundo e termina quase 24 horas depois. Se a viagem é habitualmente cansativa, pior ainda com gripe, febre e ouvidos bloqueados, o que foi o caso. Ansiando por um antipirético, um duche quente e uma boa noite de sono, colocava o polegar direito na máquina de identificação destinada a residentes e que abre portas automaticamente após o devido reconhecimento. As portas não abriram, nada que não possa acontecer. Chegou um polícia, o que é normal nestas circunstâncias em que compete às autoridades desbloquear a situação. Só que toda a normalidade acabou nesse preciso momento e o que se seguiu foi, aos meus olhos, pura aberração. O polícia conduziu-me a uma sala ao canto esquerdo de quem chega ao terminal e deu-me indicações para ali ficar. Saiu e deixou-me na sala com algumas cadeiras vazias e um balcão de atendimento sem ninguém. Aturdida pela viagem, gripe e ouvidos bloqueados, tudo me parecia estranho e no vago estava longe de imaginar o que viria a seguir. Não terá passado muito tempo até que um segundo polícia, do lado de dentro do balcão e com uns papéis na mão, me diz num inglês rudimentar “you go court”. Nada me ocorria, absolutamente nada que me levasse a pensar em tribunais. Julguei, por momentos, tratar-se de um caso antigo em que fui roubada, mas esse caso estava resolvido e encerrado. Teria algo ficado por esclarecer? Entre os pontos de interrogação e exclamação que se erguiam, não conseguia perceber coisa alguma a não ser que tinha de ir a tribunal. Continuei a aguardar por informações ou esclarecimentos. A espera foi longa até que surge um novo dado transmitido no mesmo inglês tosco, mas suficiente para perceber que estava relacionado com o

carro ou com a condução. Enquanto a espera prosseguia contactei por telemóvel alguns amigos contando o absurdo de estar na polícia do terminal marítimo da Taipa por qualquer coisa que se tinha passado com o carro, alguma multa por pagar, ou algo do género... fosse o que fosse, “pelo amor da santa”, não haveria outra forma de me darem conhecimento? A espera continuava longa. A dada altura e num inglês um pouco mais elaborado sou informada de que seria levada num carro da polícia para a esquadra número 3 e que não poderia usar mais o telemóvel a partir do momento em que entrasse nesse veículo. Não queria crer! O que teria eu feito de tão danoso para ser levada à polícia e ser privada da liberdade de deslocação e de comunicação? Incrédula, angustiada e consumida por tudo o que se estava a passar, fiz a última chamada antes de entrar no carro da polícia. Pela voz de um amigo que domina o cantonês e que falou directamente com o agente da autoridade, fiquei a saber que tinha um mandado de detenção! Um mandado de detenção dirigido a uma pessoa que tem os seus direitos, cumpre os seus deveres, uma pessoa de bem que respeita a lei e os bons costumes. É muito grave! Que teria eu feito de tão atentatório para ser detida à chegada à RAEM e conduzida num carro da polícia à esquadra número 3 em Macau? Estava em choque total. Passavam-me pela cabeça flashes saídos do X-Files, do Twilight Zone, Histórias insólitas, do incrível... Com a mala de viagem, entro na esquadra número 3. Vejo homens e mulheres virados contra uma parede, um polícia a fotografar e a tirar as impressões digitais aos detidos, outras pessoas a serem levadas para uma sala onde ficavam trancadas. Face ao cenário penso: era só o que me faltava fazerem-me isto também! E não é que o fizeram?! Contra tudo o que me era possível supor, fui fotografada, tiram-me as impressões digitais e trancaram-me numa cela onde outras pessoas, como eu detidas, aguardavam o momento seguinte. Qual foi afinal a minha culpa? Soube na esquadra. Ultrapassei a velocidade permitida numa estrada em Coloane que tem por limite máximo 60 km. O radar registou 74 km ao passar o meu carro. Foi em Maio de 2016 e nunca soube da infracção até ao momento em que fui detida. Por-

quê? Porque mudei de casa e a notificação da multa por excesso de velocidade foi enviada para a morada anterior. Ao mudar de casa fiz a actualização de morada em todos os documentos, incluindo a carta de condução, mas escapou-me um documento: o registo de propriedade automóvel. Foi precisamente esse o documento usado pelas autoridades para chegarem ao meu contacto, mesmo sabendo do meu número de telemóvel que constava do processo escrito em chinês e que me foi mostrado na polícia. Com a multa por pagar, o caso seguiu os trâmites habituais previstos na lei e acabou em tribunal, onde fui julgada à revelia em Novembro de 2016, tendo sido condenada ao pagamento de uma multa de mil patacas ou 10 dias de pena de prisão, caso a multa não fosse paga. Tudo isto aconteceu sem que alguma vez pudesse sequer suspeitar, muito menos saber, que estava obrigada ao pagamento de uma multa ou a ser julgada em tribunal. Entre a infracção cometida e o julgamento à revelia, estive sempre em Macau, a trabalhar no mesmo sítio onde trabalho há mais de 30 anos e sem a mínima intenção de fugir à lei ou às autoridades. Por que é que me trataram como se fosse uma foragida? Ad impossibilia nemo tenetur, ou seja, ninguém está obrigado ao impossível. Ora, para mim era impossível executar uma ordem que nunca conheci e que nunca me chegou. Senti-me tratada como criminosa e por tal humilhada. E para quê tanto aparato em torno de uma situação que, no final, se resolveu na esquadra da polícia com o pagamento da multa e custas do tribunal acrescentadas à conta? Tenho por princípio e norma cumprir as minhas obrigações. Pergunto, estará a RAEM a cumprir as obrigações que lhe competem tratando desta forma os seus cidadãos? Quantos residentes da RAEM foram já importunados à saída de Macau ou à entrada por questões deste género? Sei que não sou caso único e, espantosamente, até há quem ache normal este procedimento das autoridades. Preocupante entendimento. Para mim é completamente defeituoso e por isso não posso calar-me. Ana Isabel Dias Residente Permanente da RAEM


22 DIREITO DE RESPOSTA

Exmo. Senhor Director : Relativamente à reportagem sobre o Centro UNESCO de Macau, publicada no V/ Jornal no dia 23 de Fevereiro de 2017 e onde está escrito: “a fraca divulgação e a pouca utilização do lugar perdido no meio do NAPE / pouco respeito por um dos edifícios que melhor deveria defender a cultura em Macau”, vem esta Fundação, na sua modesta opinião, afirmar que o que foi dito naquela reportagem não corresponde à verdade. No dia 21 de Fevereiro de 2017, uma jornalista do V/ Jornal questionou esta Fundação com a seguinte pergunta: “What kind of project Macau Foundation is developing for this space?” e “Does Macau Foundation is thinking to expand activities in UNESCO Center in Macau, to promote more heritage?”. Como na altura a Fundação não se apercebeu qual era a “verdadeira intenção” da questão colocada, deu como resposta as informações resumidas sobre a situação da utilização diária do Centro UENSCO e não foram dados, efectivamente, muitos pormenores sobre os trabalhos desta Fundação e do Centro UNESCO. Futuramente esta Fundação gostaria de reforçar e aperfeiçoar as suas comunicações com o V/ Jornal, dado o interesse do V/ Jornal sobre as actividades da Fundação Macau. Para que o V/ Jornal e o público tenham o correcto conhecimento sobre os trabalhos da Fundação Macau, nomeadamente na promoção da concretização dos objectivos da UNESCO em Macau, entende esta Fundação dever esclarecer os seguintes pontos:

hoje macau terça-feira 28.2.2017

1. O Centro UNESCO de Macau é uma subunidade da Fundação Macau. Com o desenvolvimento desta Fundação não é somente o Centro UNESCO de Macau mas antes a Fundação Macau, no seu conjunto, que assume a concretização dos objectivos da UNESCO. Assim, ao longo dos últimos anos, a Fundação Macau tem vindo a manter contactos assíduos com a UNESCO, efectuando muitos dos seus trabalhos para prosseguir o cumprimento das missões da UNESCO em Macau, nomeadamente: • Organização, várias vezes, de grupos de estudantes de Macau para participar no “Festival das Artes de Crianças da Ásia Oriental” (sigla em inglês: CPAF); • Apoio ao “Prémio de Protecção de Património Cultural da Ásia-Pacífico da UNESCO” (UNESCO Asia-Pacific Awards for Cultural Heritage Conservation), sendo a Escola Portuguesa de Macau uma das entidades premiadas; • Para além disto, a Fundação Macau tem colaborado na conferência internacional em Macau, juntamente com o Comité da Ásia-Pacífico “Memória do Mundo da UNESCO” (MOWCAP), organizando todos os anos representantes para participar nas reuniões internacionais promovidas por este Comité, dando assistência aos seus membros tanto na participação nas reuniões realizadas no Interior da China como no apoio aos contactos necessários entre o País e a UNESCO; • Através da concessão de subsídios às associações locais, a Fundação Macau promove, de uma forma muito dinâmica, o desenvolvimento da educação, ciência e tecnologia, e cultura da sociedade do Território; • A Fundação Macau está neste momento a preparar o “Programa de Estágios na UNESCO dos Finalistas do Ensino Superior de Macau” com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior e a Comissão de Desenvolvimento de Talentos, de modo a apoiar os jovens que mais se distinguem nos estudos para poderem realizar estágios na sede ou nas delegações da UNESCO. • A Fundação Macau dedica todo o seu esforço para promover a

conservação e o desenvolvimento da história e cultura de Macau. É desejo da Fundação Macau fazer uma apresentação de alguns dos seus trabalhos referentes à preservação, organização e promoção do patrimómio intangivel de Macau que é, efectivamente, uma das área mais importantes para a UNESCO. Ao longo dos últimos anos, a Fundação publicou ou apoiou a edição de um grande número de colectâneas de arquivos e documentos históricos de Macau depositados na China, em Portugal e noutros países do mundo, incluindo as chapas sínicas da Torre de Tombo e os mapas

espalhados pelo mundo, para além da edição da Cronologia da História de Macau. A Fundação, tem vindo a dedicar muito esforço aos trabalhos editoriais do Projecto “Memória de Macau” e à “Colectânea das Crónicas das 10 Artes – Tomos de Macau”. O Projecto “Memória de Macau” foi iniciado no ano de 2012, dando eco ao Projecto “Memória do Mundo” da UNESCO, que foi iniciado no ano de 1992, tendo como objectivo promover a conservação dos elementos histórico-culturais em todo o mundo. O Projecto “Memória de Macau” implica a criação dum banco de dados de multimédia na plataforma de internet para disponibilizar a interacção com o público interessado, procedendo-se para


23 hoje macau terça-feira 28.2.2017

tal à recolha, organização e integração dos dados histórico-culturais de Macau do passado ao presente espalhados pelo mundo e a sua digitalização para serem preservados futuramente. Os trabalhos da “Colectânea das Crónicas das 10 Artes – Tomos de Macau” também arrancaram em 2012, sendo este um trabalho de grande relevância ligado às artes e cultura locais. Trata-se de uma cooperação entre a Fundação Macau e o Centro de Desenvolvimento das Artes e Cultura Étnicas e Folclóricas do Ministério da Cultura da China, com vista a recolher e organizar todos os elementos disponíveis sobre as artes e cultura folclóricas tradicionais de Macau, de modo

a promover e conservar a riqueza multicultural popular e mostrar as realizações de Macau no âmbito das artes e cultura. A publicação compreende canções e músicas folclóricas, música instrumental, óperas, baladas, contos, provérbios e danças, entre outros temas. Estes dois importantes projectos contam com mais de uma centena de especialistas, académicos e estudantes na participação dos trabalhos. Depois dos esforços dedicados ao longo dos últimos cinco anos, já se compilaram 6 dos tomos da “Colectânea” que foram já definitivamente aprovados. Quanto ao Projecto “Memória de Macau”, prevê-se a publicação dos resultados no fim deste ano.

A Fundação Macau, além de promover, com grande esforço, a organização, estudos e investigação e publicação das fontes histórico-culturais de Macau, também incentiva e apoia muitas acções das associações ligadas à conservação histórico-cultural local como, por exemplo, os apoios que foram dados, desde o ano de 2008, à Associação de História Oral de Macau para realizar projectos como, por exemplo, “Estudos de História Oral do Bairro da Rua de Felicidade de Macau, Estudos da História Oral das Tendas de Jornais de Macau e a Exposição das Tendas de Jornais de Macau, entre outras acções. Por outro lado, a Fundação promoveu e apoiou a candidatura “Os Arquivos da Diocese de Macau” para concorrer à “Memória do Mundo” da Região Ásia-Pacífico, assim como a organização dos “Arquivos e manuscritos do Templo Kong Tac Lam de Macau” que também foram integrados na “Memória do Mundo”, ainda apoiou a digitalização destes arquivos tão preciosos e as instituições locais para desenvolverem actividades, tais como palestras, conferências e estudos para a conservação dos patrimónios culturais e na formação de embaixadores do património. Finalmente, e para concluir, a Fundação, há uns tempos atrás, organizou a acção estudantil “Passeio de Estudo pelo Centro Histórico de Macau” que contou com a participação de mais de 20 mil estudantes e professores oriundos de mais de 40 escolas e o Concurso Escolar de “Perguntas sobre o Património Mundial de Macau” que contou com 77 equipas concorrentes. Estas actividades evidenciam que a Fundação tem vindo a apoiar, sem reservas, a conservação do Património Cultural de Macau. 2. Com o espaço quase totalmente ocupado, o Centro UNESCO de Macau é utilizado não só para organizar as próprias actividades da Fundação Macau como também é cedido a outras instituições e grupos para as suas actividades de diferentes categorias e modalidades. Em 2015, no Centro UNESCO de Macau realizaram-se um total de 35 exposições, 14 seminários / concertos / cerimónias de atribuição de prémios, sendo a taxa de utilização do espaço de 322 dias. Em 2016, foram realizadas lá 41 exposições, 7 seminários / concertos / cerimónia de atribuição de prémios, sendo a taxa de utilização do espaço de 311 dias. Acresce-se que, no Centro UNESCO de Macau foi instalado o “Centro de Acon-

DIREITO DE RESPOSTA

selhamento ao Ensino Superior (FM – AECM)” que presta diariamente informações aos estudantes, tendo recebido um total de 38,923 consultas. Pelo tudo o que aqui foi exposto, é notório que a Fundação não pode concordar de modo algum com o título – Centro UNESCO, um espaço sub-aproveitado: Esquecimento Global nem com o teor da reportagem: “Centro UNESCO com pouca utilização/ fraca divulgação e com pouca utilização do lugar perdido no meio do NAPE / pouco respeito por um dos edifícios que melhor deveria defender a cultura em Macau”. Quanto ao edifício do Centro UNESCO, a Fundação planeou há alguns anos atrás uma obra de ampliação, contudo, devido às exigências do planeamento urbano naquela zona, a obra não foi aprovada pelos serviços competentes. Actualmente, a Fundação procede à manutenção e reparação do Centro UNESCO regularmente e sempre que as necessidades o justifiquem, pois a taxa de utilização do Centro UNESCO é muito alta e, por esta razão, é desejo da Fundação, no futuro, aperfeiçoar e optimizar aquelas instalações que o fará no momento certo e mais adequado para melhor servir a sociedade. 3. Actualmente, as notícias sobre as actividades realizadas no Centro UNESCO, em língua chinesa e portuguesa, estão disponíveis no website desta Fundação. Se pretender adquirir informações sobre as actividades realizadas no Centro UNESCO, pode ser consultado o website desta Fundação (http://www.fm.org. mo). O antigo website do Centro UNESCO de Macau (http://www.unesco.org. mo) já não funciona, desde o mês de Outubro do ano passado, mas se clicar na opção “Actividades do Centro” no antigo website será redireccionado para o website desta Fundação. O antigo website do Centro UNESCO irá ser eliminado mais tarde. Para terminar, a Fundação aproveita a oportunidade para agradecer o V/ Jornal para advertir e chamar a nossa atenção aos nossos trabalhos. Com os melhores cumprimentos e um abraço amigo. Macau, 24 de Fevereiro de 2017. O Presidente do Conselho de Administração, Wu Zhiliang


Regulamentação das temperaturas: autocarros com motoristas só em cuecas. Atlântido

PORTUGAL APELA NA ONU À “TOTAL ABOLIÇÃO” DA PENA DE MORTE

P

PUB

ORTUGAL exortou ontem na ONU os países que ainda praticam a pena de morte a estabelecerem uma moratória ‘de facto’ como um primeiro passo para a “total abolição” da pena capital. “Portugal rejeita todas as motivações e argumentos que tentam justificar a aplicação da pena de morte. Apelamos aos países retencionistas para que estabeleçam uma moratória ‘de facto’ como um primeiro passo para a total abolição da pena de morte”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, na sessão de abertura da 34.ª reunião do Conselho dos Direitos Humanos, em Genebra. O governante destacou a importância que Portugal atribui à “evolução da pena de morte”, recordando que o país é pioneiro na abolição desta pena, o que fez “há precisamente 150 anos”. Portugal tem defendido esta posição em relação à Guiné Equatorial, país que aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 2014, mediante o compromisso de abolir a pena capital. Na sua intervenção, o chefe da diplomacia portuguesa destacou o papel do Conselho dos Direitos Humanos – em que Portugal está a desempenhar um mandato de três anos -, numa altura em que se observam “violações e abusos dos direitos humanos e da lei humanitária internacional”, salientando quatro exemplos. Santos Silva apontou a “trágica situação na Síria”, a “deterioração da situação dos direitos humanos no Sudão do Sul, onde se regista violência sexual e matança por motivos étnicos, e que exige um escrutínio próximo da comunidade internacional”, e exprimiu ainda preocupação com a situação no Iémen, “onde os direitos humanos são violados devido ao conflito”. “Portugal continua a acompanhar com atenção os desenvolvimentos nos territórios ocupados da Palestina e lamentamos o contínuo agravamento da situação no terreno”, disse ainda o número dois do Governo.

TAILÂNDIA VAI ERGUER EDIFÍCIO PARA A CREMAÇÃO DO DEFUNTO REI

Ao serviço de sua Majestade

M

AIS de quatro meses depois da morte do rei Bhumibol Adulyadej, a Tailândia lançou ontem, com grande pompa, a obra do monumento para a cremação do monarca, que deve ter lugar no próximo Outono. A poucos metros do grande palácio, enquanto monges budistas ecoam mantras, os generais no poder na Tailândia, após o golpe de Estado de Maio de 2014, presidiram à cerimónia durante a qual foram colocados os primeiros pilares do edifício. A data de cremação do rei Bhumibol Adulyadej não foi ainda oficialmente divulgada mas, segundo fontes governamentais, deve ter lugar em Outubro ou Novembro, altura em que termina o ano de luto nacional. Organizada no grande palácio de Sanam Luang, em pleno ‘coração’ da capital, Banguecoque, a cremação real será um enorme evento. Apesar de o orçamento não ter sido divulgado publicamente, as autoridades prevêem gastar milhões de euros por essa ocasião.

SETE DÉCADAS DE UNIÃO

Bhumibol Adulyadej, de 88 anos, que morreu em Outubro do ano passado, depois de uma longa doença, pondo fim a um reinado de

sete décadas em que personificou a unidade do país que lhe valeu o título do mais antigo monarca em exercício, era profundamente venerado. Bhumibol Adulyadej chegou ao poder em 9 de Junho de 1946, depois da morte do irmão mais velho, o rei Ananda Mahidol, vítima de um acidente com arma de fogo, no palácio real de Ban-

guecoque. O acidente ficou até hoje por explicar. No início do reinado, já depois da abolição da monarquia absoluta no país, em 1932, o papel do rei foi ensombrado por uma série de líderes militares fortes. Mas com o apoio de outros membros da família real e alguns generais, Bhumibol Adulyadej fortaleceu o papel da monarquia, com uma série de visitas às províncias mais remotas e através de numerosos projectos de desenvolvimento agrícola. Apresentado como um semideus e benfeitor da nação, as suas imagens são omnipresentes no país e o culto da personalidade foi reforçado após o golpe de Estado de 22 de Maio de 2014, realizado pelos militares em nome da defesa da monarquia. A família real tailandesa está protegida por uma das leis sobre lesa-majestade mais severas do mundo, e nos últimos dois anos, os processos por crimes de ofensa à monarquia multiplicaram-se e as sanções aumentaram. Sem qualquer prerrogativa constitucional, Bhumibol Adulyadej exerceu uma enorme autoridade moral e foi sempre visto como a única personalidade capaz de unir os tailandeses.

RICO PERCURSO

A cremação real será um enorme evento. Apesar de o orçamento não ter sido divulgado publicamente, as autoridades prevêem gastar milhões de euros

BANCO HAITONG VAI REDUZIR NÚMERO DE TRABALHADORES

Oficialmente, o rei está acima da política, mas Bhumibol interveio em alturas de grande tensão 1973, 1981 e 1992 -, assistindo a numerosos golpes militares, 19 constituições e ainda mais primeiros-ministros, para encontrar soluções não-violentas em algumas crises. Nascido em Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos), Bhumibol Adulyadej viveu e estudou na Suíça até final da Segunda Guerra Mundial. Em 2006, recebeu do então secretário-geral da ONU Kofi Annan o primeiro prémio de mérito de Desenvolvimento Humano. A Bhumibol Adulyadej sucedeu o seu filho Maha Vajiralongkorn que foi proclamado rei da Tailândia no início de Dezembro.

O banco Haitong (ex-BES Investimento) vai levar a cabo um programa de saída de trabalhadores através de rescisões por mútuo acordo, com o qual espera reduzir até 80 pessoas, disseram hoje à Lusa fontes sindicais. A informação da reestruturação foi prestada aos sindicatos no final da semana passada e, de acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Rui Riso, foi justificada com a alteração do modelo de negócio e está relacionada com uma redução de efectivos que o grupo Haitong está a fazer em todo o mundo. Já o presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, Paulo Marcos, disse à Lusa que esta redução vai afectar trabalhadores que estão fora de Portugal, nomeadamente no Reino Unido.

terça-feira 28.2.2017

BENFICA JÚLIO CÉSAR E FILIPE AUGUSTO AVANÇAM PARA A TAÇA

R

ODAR mas pouco na Taça de Portugal. A primeira mão da meia final da Taça, que esta terça-feira as águias jogam no Estoril, não vai conhecer mudanças profundas na equipa que Rui Vitória tem na mente para a Amoreira. Segundo A BOLA, haverá alterações, mas tudo indica que apenas pontuais, ou seja modificar a estrutura base. As águias apostam forte em chegar à final do Jamor e não querem dar passos em falso neste confronto que se mede a duas mãos. Na baliza poderá estar uma das poucas mudanças na agenda do treinador de 46 anos: Ederson deverá dar o lugar a Júlio César. No meio campo, Pizzi tem acumulado desgaste nas últimas partidas, é o elemento com mais encontros, só batido em minutos por Nélson Semedo, daí que Rui Vitória se sinta tentado a dar-lhe repouso tendo em conta os compromissos que se seguem, em Santa Maria da Feira no sábado, e em Dortmund na quarta-feira, dia 8 de Março. Filipe Augusto, reforço de Inverno, é a hipótese provável para assumir o comando junto de Samaris, grego que deve permanecer titular tendo em conta a ausência de Fejsa, ainda a recuperar de entorse do tornozelo esquerdo. Nos flancos Cervi e Carrillo estão na expectativa para subirem à equipa, podendo render Salvio e Zivkovic. Na frente Mitroglou recebe Jonas de volta. Uma dupla goleadora.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.