hojemacau
Fenómenos da terra
Enquanto em países e regiões como o Japão, Portugal, Singapura e Coreia do Sul, a taxa de mortalidade com a variante Ómicron da covid-19, em Abril de 2022, era de 0,38%, 0,58%, 0,11% e 0,13%, respectivamente, em Macau, no passado mês de Janeiro, os valores eram bastante inferiores, na ordem de 0,025%. O “milagre” da diminuição é justificado pelas autoridades com “as políticas de prevenção de epidemias” e as campanhas de incentivo à vacinação que “deram tempo ao sistema de saúde para se preparar”.
“Havia uma divisão muito forte”
“A Política Religiosa entre Lisboa e Macau: A presença de Jesuítas e Irmãs da Caridade nas décadas de 1860-70” é o nome da mais recente investigação que a historiadora Célia Reis apresentou no Centro Científico e Cultural de Macau.
A académica fala de um período em que as autoridades procuraram melhorar a educação dos macaenses, inclusivamente com a abertura de uma escola feminina. No entanto, a presença dos grupos religiosos gerou tensões políticas
Este projecto de investigação foi feito de forma independente. Como surgiu a ideia de estudar a presença de Jesuítas e Irmãs da Caridade em Macau neste período?
Este é, de facto, um projecto independente, pois continuo a fazer investigações sobre Macau [após a conclusão do doutoramento]. Este tema já me tinha surgido há algum tempo, tendo em conta os problemas que ocorreram em Macau com a presença dos religiosos.
Entre 1860 e 1870, como era a política religiosa entre a Metrópole e Macau?
Muito interessante. Primeiro, em Macau, estávamos perante uma preocupação, que é muito visível, de desenvolver o estudo e a instrução dos macaenses perante escolas que não existiam. É neste contexto que vão surgir as ordens religiosas, primeiro os jesuítas no Colégio de São Paulo, no seminário, e depois as Irmãs da Caridade, de São Paulo de Chartres, que vão
também abrir um colégio feminino a pedido de figuras locais. Em Portugal aconteceu um processo semelhante quando as ordens religiosas começam a regressar após a ordem de expulsão com o decreto de 1834. É também pela via da instrução que elas vão chegando, e isso também se verificou em Macau, primeiro com os jesuítas no seminário e depois com estas irmãs para o Colégio da Imaculada Conceição. Sobre estas irmãs, entram em Macau a pedido de determinadas figuras da comunidade macaense. Isto num período em que saem de Portugal depois de estarem envolvidas numa intensíssima polémica com as irmãs de São Vicente, também irmãs da caridade, mas de uma outra congregação. Isso vai gerar um diferendo entre a imprensa local e nacional e também entre as autoridades locais e nacionais.
Em que consistiu esse diferendo? Relativamente à imprensa encontramos jornais como “A Revolução de Setembro” [diário publicado em Portugal à época] que contesta fortemente esta presença [das irmãs da caridade], mas que o faz muito ligado às questões partidárias do próprio país, sobretudo contra a acção do ministro Mendes Leal. Quanto a este ministro, encontramos coisas interessantes. Ele tinha sido um dos mais fervorosos lutadores contra as irmãs de caridade em Portugal. O Governador Coelho do Amaral [José Rodrigues Coelho do Amaral] disse-lhe que iam abrir em Macau o colégio a pedido de pessoas locais, e o que o ministro Mendes Leal faz é, sobretudo, pedir informações. O Governador diz que não há problemas nenhuns com as irmãs, que são absolutamente necessárias, e o ministro acaba por aceder e permitir que elas continuem em Macau a desempenhar funções na instrução. Portanto, temos aqui uma polémica nacional, com os locais a defender a imprensa e as autoridades a defenderem as irmãs da caridade. Com os jesuítas foi um projecto um pouco diferente.
Em que sentido?
Os jesuítas começam a chegar ao seminário, mas não causam propriamente grandes problemas. Há uma espécie de continuidade da sua presença e, sobretudo pelas polémicas que se vão criar em torno de um jornal local, o “Ta-Ssi-Yang-Kuo”, e um outro que se publicava em Hong Kong, chamado o “Echo do Povo”. Vão ser polémicas religiosas muitíssimo mais latas sobre questões mais conservadoras que levam o outro jornal local a opor-se a políticas
“O seminário era um dos principais elementos de instrução, mas estava decaído, não servia essa necessidade de educação dos jovens locais. Estes tinham de recorrer a professores privados ou sair de Macau para estudar.”
mais conservadoras e, no meio delas, aos jesuítas. Um outro jornal que vem a seguir, o “Independente”, que penso vir muito na linha do “Ta-Ssi-Yang-Kuo”, também acrescenta oposição a estas figuras religiosas. Parece-me que existia nitidamente uma divisão muito forte entre a maioria dos portugueses que não estavam em Macau, contra os portugueses de Macau, os macaenses. Na maior parte dos casos, algumas figuras fugiam a esta divisão, mas parece-me que a polémica toda está relacionada também com esta clivagem social. No entanto, há ainda coisas que têm de ser complementadas com outros estudos sobre a sociedade local. Mas, claramente, havia uma divisão muito forte.
Falamos de um período em que a educação dos macaenses era um problema a resolver. A Igreja teve, portanto, um papel importante.
Exactamente. O seminário era um dos principais elementos de
instrução, mas estava decaído, não servia essa necessidade de educação dos jovens locais. Estes tinham de recorrer a professores privados ou sair de Macau para estudar. É nesse contexto que várias personalidades vão criar a escola macaense, aberta em 1862. Os próprios contestatários locais dizem que o Governo português [em Lisboa] se sentiu, finalmente, preocupado com o que deveria ser feito para os jovens macaenses, e vai reabrir o seminário. Isso num tempo em que o seminário tinha duas funções extremamente importantes: por um lado, a formação, pois funcionava verdadeiramente como um liceu para os rapazes de Macau, e depois a formação de sacerdotes que eram muito necessários para resolver os problemas do Padroado e pela necessidade de poder missionar. Durante vários anos temos estas
“Na década de 70 [do século XIX] elas [irmãs da caridade] têm o seu colégio, mas depois surge outro, o Colégio de Santa Rosa de Lima. Deixam de ter a mesma importância e força, e só saíram do território no início da década de 90, mas aí já não se falava delas com a mesma firmeza.”
duas instituições para rapazes, mas nenhuma instituição para raparigas, daí que o Colégio da Imaculada Conceição tenha sido pensado para as meninas. Este esteve ligado a personalidades como Bernardino de Senna Fernandes e a um senhor macaense de Xangai que deu também um grande donativo para o colégio, sendo um dos subscritores. Durante vários anos, o colégio funciona como um estabelecimento por subscrição dos beneméritos de Macau.
Bernardino de Senna Fernandes foi, aliás, uma figura importante na Administração local. Sim. Foi muito importante e uma figura muito destacada em toda estas questões sociais e políticas locais, e ainda económicas, nomeadamente sobre o comércio dos cules, do jogo e das finanças. Sobre a política externa, como o comércio dos cules, [existem estudos], mas sobre estas questões de política interna e de sociedade com os portugueses em Macau há partes ainda por estudar. Daí que tenha ficado interessada em fazer esta investigação.
Depois de 1870, como ficam estes diferendos entre grupos religiosos?
A minha questão tinha a ver com o período em que os jesuítas e as irmãs de caridade vieram para Macau, tendo chegado, precisamente, no início da década. Os jesuítas saíram no início da década de 70. Depois de várias confusões com o clero local, eles têm de sair de Macau quando se dá
Colégio da Imaculada Conceição esteve ligado a personalidades como Bernardino de Senna Fernandes e um senhor macaense de Xangai que também deu um grande donativo para o colégio.”
uma reorganização do seminário pois, neste processo, determina-se que os professores e o reitor têm de ser portugueses. Como vários deles eram estrangeiros, saíram, e um ou dois que eram portugueses saíram também por solidariedade. As irmãs de caridade mantiveram-se, mas muito contestadas. É interessante, pois verificaram-se alguns problemas políticos com elas, mas, entretanto, deixou de se ter tanta noção da sua posição. Na década de 70 [do século XIX] elas têm o seu colégio, mas depois surge outro, o Colégio de Santa Rosa de Lima. As irmãs da caridade deixam de ter a mesma importância e força, e só saíram do território no início da década de 90, mas aí já não se falava delas com a mesma firmeza. Daí a decisão de estudar esse período. Quando o Colégio de Santa Rosa de Lima foi criado, a comissão que estava ligada à organização do Colégio da Imaculada Conceição ainda tentou que os dois estabelecimentos ficassem ligados entre si a cargo das mesmas irmãs de caridade, mas não foi o que aconteceu.
Andreia Sofia Silva“O
Novo Bairro de Macau Metro quadrado vai custar 30 mil yuan
As habitações no Novo Bairro de Macau, na Ilha da Montanha, vão ter um preço de 30 mil yuan (35 mil patacas) por metro quadrado.
O preço foi confirmado por Peter Lam, presidente da empresa de capitais públicos Macau Renovação Urbana, em resposta a uma
interpelação do deputado Leong Sun Iok. Peter Lam também revelou que o projecto vai ter 5 mil metros quadrados divido em cerca de 60 espaços comerciais e que as pequenas e médias empresas de Macau vão ter acesso prioritário aos espaços. “Para a
captação de negócios e investimentos, serão consideradas, de forma prioritária, as pequenas e médias empresas e as marcas locais de Macau, para cumprir com o objectivo principal de satisfazer as necessidades diária dos inquilinos”, foi justificado.
Juventude Chan Meng Kam quer dinâmica em assuntos nacionais
O ex-deputado Chan Meng Kam considerou que os jovens de Macau devem ser mais activos no que diz respeito aos assuntos do país, ao desenvolvimento de Macau e na participação da resolução dos problemas da comunidade. A opinião foi dei -
COOPERAÇÃO ROCHA VIEIRA CONSIDERA QUE RELAÇÃO COM A CHINA
xada num evento da associação Aliança de Povo de Instituição de Macau, segundo o Jornal do Cidadão, que serviu para “estudar o espírito” das reuniões da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Além deste
É “UM TRUNFO”
Um às metido na manga
aspecto, o empresário apelou aos jovens para partilharem as suas opiniões com o Governo através dos mecanismos existentes e contribuírem para a governação de Macau, de acordo com a lei, e para a construção de uma economia diversificada.
ENSINO SUPERIOR SECRETÁRIA PROMETE APOSTA Asecretária
para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, promete que o Governo vai apostar ainda mais no ensino superior, para aumentar a competitividade regional.
“No futuro, o Governo da RAEM irá continuar a prestar atenção ao aperfeiçoamento dos trabalhos relacionados com o ensino superior de Macau, e a criar um sistema de ensino superior mais competitivo a nível regional”, prometeu a secretária.
AS “boas relações históricas” com a China são “um trunfo para Portugal”, que pode ajudar a melhorar os laços entre Pequim e a União Europeia, disse ontem o último governador da administração portuguesa de Macau.
Vasco Rocha Vieira realçou que a história do território deu “um conhecimento privilegiado” da China a Portugal, que pode “influenciar destinos, dar opiniões e aconselhar” Bruxelas na relação com Pequim.
O último governador de Macau (1991-1999) apontou que a China é “uma superpotência em afirmação” e que Lisboa pode “contribuir para que haja respeito, progresso e paz”, num mundo marcado por “uma instabilidade muito grande”.
Em Março, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse à Lusa que mantém com Portugal laços amigáveis, de longo prazo e “mutuamente benéficos”, “alinhados com os interesses de ambos os lados”.
A resposta surgiu depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, ter
afirmado que Portugal teria de “rever o significado do relacionamento político e económico” com a China, caso Pequim prestasse apoio militar à invasão russa da Ucrânia.
Rocha Vieira falou aos jornalistas depois de receber um doutoramento honoris causa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, que tinha sido atribuído em Abril de 2022, correspondente a 2021, mas que só foi agora entregue devido às restrições da pandemia de covid-19.
Aposta no português
O general disse que “um outro grande trunfo” para Portugal é o interesse na China pela língua portuguesa, sublinhando o número crescente de universidades chinesas que ensinam português.
No final de 2020, o Coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa da Universidade Politécnica de Macau, Gaspar Zhang Yunfeng, disse que havia cerca de 50 instituições de ensino superior com cursos de
português na China continental.
“A China está interessada em que o português se desenvolva (…) também para poder ter, através de Portugal, uma relação mais estreita com os países de língua portuguesa”, salientou Rocha Vieira.
O general, que é também curador da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (EPM), defendeu “mais interesse” por parte do Governo de Portugal e maior diálogo com o estabelecimento de ensino, “a mais importante instituição de matriz portuguesa” na região.
Em Fevereiro, o presidente da direcção da EPM descreveu “uma situação de esgotamento” e sublinhou que a escola “não pode continuar a crescer, sob pena de diminuir a qualidade do seu serviço educativo se não houver condições”.
Elsie indicou também que o Executivo, em parceira com “as instituições de ensino superior”, vai formar “diferentes tipos de quadros qualificados necessários ao desenvolvimento social” e promover “a diversificação adequada da economia de Macau, de modo a integrá-la melhor na conjuntura global de desenvolvimento nacional”.
Num discurso proferido na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), Elsie Ao Ieong U apelou à instituição para que mantenha uma conduta patriótica e que aproveite as oportunidades de desenvolvimento. “Desejo que a MUST continue a aproveitar as oportunidades de desenvolvimento, formando quadros qualificados de alta qualidade de Macau que tenham a pátria no coração e que possuam não apenas vastos conhecimentos, como também virtudes”, afirmou.
Por outro lado, elogiou a instituição: “A MUST é, hoje em dia, uma universidade abrangente que tem influência não só em Macau, mas também no Estado e no mundo. Em 2023, a MUST foi ainda classificada entre as 250 melhores universidades mundiais, conforme lista publicada pela revista Times Higher Education”, recordou.
O último governador da administração portuguesa, Rocha Vieira, está em Macau para receber um doutoramento honoris causa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau
“A China está interessada em que o português se desenvolva (…) também para poder ter, através de Portugal, uma relação mais estreita com os países de língua portuguesa.”ROCHA VIEIRA LUSA GONÇALO LOBO PINHEIRO
Um elefante branco no parque
Pereira Coutinho pede ponto de situação sobre Parque Industrial Transfronteiriço
serviços desenvolvidos, para as zonas geridas pela Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau (SDPIM).
“QUAL é o ponto de situação relativamente ao tipo de indústria do funcionamento das unidades fabris a exercer as actividades em pleno funcionamento na Zona de Macau do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau”, pergunta Pereira Coutinho, numa interpelação escrita divulgada ontem.
O deputado quer saber a situação das unidades fabris “instaladas nos terrenos concedidos por via dos contractos de arrendamento para fins industriais, ou outras por contratos de subarrendamento a outras fábricas”, assim como “informação relativa ao licenciamento ambiental, ao número de trabalhadores, e volume de exportações”.
Pereira Coutinho aponta baterias também ao Parque Industrial da Concórdia, afirmando que há praticamente duas décadas que a informação sobre os parques industriais é escassa, limitando-se a “notícias avulsas veiculadas pela comunicação social. Assim sendo, o deputado lamenta a falta de informação sobre a “qualidade e definição dos projectos, e dos
Questão de milhões Face à falta de informação, Coutinho perguntou qual a visão estratégica e os planos previstos pelo Governo para que o Parque da Zona de Macau do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau possa contribuir para a criação de novas pequenas e médias empresas, fomentar a modernização do parque industrial, contribuindo para a estabilização do mercado de emprego.
O deputado recorda que o Governo da RAEM injectou aproximadamente 400 milhões de patacas no fundo de construção do Parque da Zona de Macau do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau. Deste valor, 48,8 milhões de patacas foram gastos na construção de aterros, 105 milhões de patacas no Edifício do Posto Fronteiriço no Parque Industrial Transfronteiriço, 146 milhões de patacas no Edifício Industrial e 110 milhões de patacas para construir uma estação de tratamento de águas residuais.
A zona de Macau do referido parque entrou em funcionamento em Dezembro de 2006.
J.L.
Fai Chi Kei Obras de Estação
Elevatória arrancam até Junho
A construção de uma estação elevatória na Baía Norte de Fai Chi Kei deve começar até ao final Junho, de acordo com a informação revelada por José Tavares, presidente do IAM, em resposta a uma interpelação do deputado Lam Lon Wai. A infra-estrutura deverá ser acompanhada também da construção de box-culvert. Ambas têm como objectivo armazenar água das chuvas e evitar a situação de cheias. Sobre o impacto para o trânsito da zona, uma das grandes preocupações do deputado, Tavares prometeu que vai haver uma coordenação entre os órgãos da Administração Pública e as concessionárias para que os trabalhos sejam feitos “de forma ordenada” e para evitar “a escavação repetida e diminuir o impacto negativo para o trânsito e os utentes das vias rodoviárias”.
COMBUSTÍVEIS ELLA LEI ALERTA QUE PREÇOS CONTINUAM DEMASIADO ELEVADOS
Altamente inflamável
cada vez mais alta, a deputada considera que o Governo tem mostrado falta de vontade em cumprir as suas obrigações ao nível da supervisão dos preços dos combustíveis
APESAR de nos últimos meses o preço do barril de petróleo ter sofrido uma redução significativa, os consumidores não sentem a diferença nos postos de abastecimento. O alerta foi deixado pela deputada Ella Lei, ligada ao Operários, que pede às autoridades que assumam as funções de supervisão.
“Segundo as autoridades, em Macau, preço de venda no mercado de retalho em Março de 2022 e Março de 2023 era de 13,67 patacas por litro e de 14.16 patacas por litro, respectivamente, no que representou um aumento de 3,58 por cento”, começou por indicar a deputada. “Em comparação, no mesmo período, a média do preço dos três índices de referência do petróleo caiu
de 111,61 dólares americanos para 80,14 dólares americanos, o que representa uma redução do preço de 39,26 por cento”, revelou.
Para a deputada, os preços praticados em Macau são assim totalmente incompreensíveis. “Apesar de o preço final também estar relacionado com outros factores, como o preço de transporte ou os custos de exploração dos postos de abastecimento, o factor mais importante é o preço da matérias prima”, vincou Ella Lei. “Os preços dos combustíveis em Macau mantêm-se altos, ou até ficam mais caros, em vez de reflectirem a redução dos mercados internacionais”, acusou.
A legisladora pergunta ao governo o que tem feito para estudar e justificar uma variação que aparenta ser
desligada de qualquer lógica de um mercado concorrencial.
Dá cá aquela palha
Ella Lei apontou também o dedo às autoridades porque face às críticas da concertação de preços, se limitam a afirmar que permitem a entrada de novos distribuidores no mercado e a instalação de mais postos de abastecimento, sem que haja “efeitos significantes” na redução do preço.
Segundo a deputada, o Governo tem encontrado todo o tipo de desculpas para não fazer a recolha dos dados de supervisão
Sobre a supervisão, Lei deixa mesmo a entender que o Governo tem feito quase tudo para evitar assumir as suas funções e combater a concertação de preços dos distribuidores. Segundo a deputada, o assunto foi abordado na Assembleia Legislativa, mas o Governo tem evitado imitar o que melhor se faz nesta zona do mundo ao nível da supervisão dos distribuidores de combustíveis. Por outro lado, Ella Lei recorda que com a nova lei de protecção do consumidor as autoridades ficaram com todos os poderes necessários para perceber o peso de todos os factores que contribuem para o preço final dos combustíveis. Contudo, segundo a deputada, o Governo tem encontrado todo o tipo de desculpas para não fazer a recolha dos dados e muito e muito menos divulgá-los à população.
Face a uma inflação
PJ DETIDO POR TRANSPORTAR ÓLEO DE CANÁBIS EM NOODLE INSTANTÂNEO
UMresidente local foi detido depois de ter tentado entrar em Macau, vindo de Zhuhai, com óleo de canábis, escondido numa embalagem de sopa de fitas instantânea. De acordo com a versão da Polícia Judiciária (PJ), o homem comprou o óleo de canábis online, na Tailândia, e pediu que fosse transportado para Zhuhai dentro de um saco de molho das embalagens de sopa de fitas instantânea.
Contudo, as autoridades de Zhuhai terão percebido o conteúdo pacote e alertaram a PJ para a possibilidade de um residente de Macau ir tentar entrar no território com droga.
Quando o sujeito passou a fronteira para Zhuhai já estava a ser seguido, e no regresso, a PJ procedeu à sua detenção, num dos parques de estacionamento nas Portas do Cerco.
Foram descobertas 5,61 gramas do óleo de canabidiol, avaliadas em oito mil patacas no mercado negro. Após esta primeira busca, a PJ fez também investigações no carro e na casa do indivíduo, onde encontrou um cigarro electrónico com dois cartuchos que também continham óleo de canábis.
Por sua vez, o sujeito confessou que anteriormente tinha o hábito de consumir canábis. Porém, depois de regressar a Macau, em 2019, disse ter desistido do consumo, até que recentemente viu este tipo de produtos à venda na Internet.
No entanto, a PJ suspeita que o homem está envolvido no crime de tráfico de droga, pelo que foi indiciado pelo consumo ilícito e tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas.
MUST FUNDAÇÃO CONDENADA A PAGAR MAIS DE 680 MIL PATACAS A EX-PROFESSORA
Dar o seu a seu dono
A
fundação
proprietária da Escola Internacional de Macau recusou pagar mais de 841 aulas de trabalho extraordinário e deduziu do salário da docente o subsídio do Governo de desenvolvimento profissional
AFundação da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, em inglês) foi condenada a pagar mais de 680 mil patacas a uma antiga professora, devido à falta de pagamento de 841 aulas de trabalho extra. A informação consta de uma decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), tomada no final do mês passado, e que condenou a fundação ao pagamento de 50 mil patacas por duas violações à lei da contratação de trabalhadores não residentes.
Segundo o acórdão do tribunal, a trabalhadora não residente foi contratada pela Fundação da MUST para exercer as funções de professora do ensino primário, entre 2014 e 2019. A única instituição da fundação da MUST que disponibiliza este tipo de ensino é a Escola Internacional de Macau (TIS, em inglês).
Entre 2016 e 2019, ficou provado que a queixosa leccionou mais de 3.009 aulas, das quais 841 foram aulas extraordinárias não pagas. O número significa que uma em cada quatro aulas leccionadas pela docente correspondem a trabalho extra. Segundo os argumentos da MUST, a disciplina “English Language Learner” não conta verdadeiramente como aulas, porque servia para melhorar o inglês e não para aprender novos conteúdos. Seguindo esta lógica, a fundação argumentava que as aulas faziam parte de outras funções e estavam incluídas nos diferentes contratos entre as duas partes, que implicavam um salário que variou entre as 30.584 patacas e as 32.667 patacas mensais.
O Tribunal Judicial de Base e o TSI recusaram este entendimento.
Dedução do salário
Para o pagamento das 680 mil patacas, o tribunal teve também
COTAI INSCRIÇÕES PARA VER AVES MIGRATÓRIAS ABERTAS
ADirecção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) aceita, a partir de hoje, inscrições para a observação de aves migratórias nas Zonas Ecológicas do Cotai. O “Dia aberto ao público” acontece nos dias 15 e 29 deAbril, às 10h e 15h, contando com 100 vagas. A visita terá a duração de duas horas, sendo orientada
por guias. No dia 15 de Abril decorre, nos mesmos horários, o workshop “Actividade educativa sobre a natureza”, para pais e filhos, com dez vagas. O passeio “Observação de pássaros nas zonas húmidas” acontece a 29 de Abril, às 9h30 e 14h30, realizando-se pela última vez nesta época das aves migratórias, tendo 40 vagas
disponíveis. Entre 2022 e 2023, durante a época de passagem das aves migratórias, foram observados 34 colhereiros-de-cara-preta e cinco colhereiros-europeus no período de pico nas Zo-
em conta a dedução no salário da docente do subsídio de desenvolvimento profissional.
De forma a incentivar a formação contínua dos docentes, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) distribui dinheiro directamente aos professores das instituições com fins não-lucrativos.
No entanto, a fundação exigia à docente que declarasse o dinheiro recebido no âmbito do subsídio, que era depois deduzido do salário dos meses seguintes. Desta forma,
“A Fundação queria utilizar os subsídios do Governo para pagar o salário dos trabalhadores.”
nas Ecológicas do Cotai. À medida que a época das aves migratórias se aproxima do fim, os diversos tipos de aves migratórias vão, uns após outros, abandonando Macau, sendo necessário esperar pela próxima época de passagem das aves migratórias para as poder ver regressar de novo a Macau para passarem o Inverno.
a fundação da MUST utilizava o montante para cumprir as suas obrigações.
“O subsídio de desenvolvimento profissional é um apoio para os professores das instituições de ensino sem fins lucrativos apostarem no seu desenvolvimento profissional, para que participem em iniciativas de aprofundamento profissional e obterem outros graus de formação”, consideraram os juízes do TSI. “A Fundação queria utilizar os subsídios do Governo para pagar o salário dos trabalhadores”, foi acrescentado.
Face a estas duas queixas, a fundação da MUST foi condenada a pagar 680 mil patacas à ex-professora e mais 50 mil patacas, por ter cometido duas contravenções relacionadas com deduções ilegais no salário e o não pagamento de trabalho extraordinário. João Santos Filipe
Excursões Mais de duas mil desde Fevereiro
O território recebeu, entre o dia 2 de Fevereiro, data do regresso das excursões de turistas, e 23 de Março, um total de 2.048 excursões, disse Maria Helena de Senna Fernandes, directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Em declarações ao jornal Ou Mun, a responsável frisou que 60.431 turistas visitaram o território neste contexto, sendo que 542 excursões foram provenientes de Guangdong, contando com mais de 177 mil pessoas. Um total de 1.439 excursões foram realizadas com recurso a subsídios, tendo contado com 41.562 participantes. Helena de Senna Fernandes frisou que o número de excursionistas é apenas metade do que o registado em igual período de 2019, tendo-se verificado, no entanto, uma recuperação dos visitantes de Hong Kong em 70 por cento, enquanto nos visitantes do Interior da China houve uma recuperação de 50 por cento. A directora da DST disse que, no futuro, os trabalhos promocionais do turismo local vão ter como foco os mercados estrangeiros e de Taiwan.
TRIBUNAL DE SEGUNDA INSTÂNCIA
“NÃO há qualquer encobrimento de casos de morte causados por infecção por covid-19, sendo que o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus tem divulgado, ao longo dos anos, os casos de morte devido à infecção por covid-19”, asseguraram os Serviços de Saúde ao HM.
Ao longo dos três anos de pandemia, Macau registou 121 óbitos relacionados com infecções por covid-19. Depois do pico pandémico no Natal, na sequência do levantamento das restrições da política de zero casos de covid-19, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, admitia que cerca de 70 por cento da população de Macau estava ou já tinha sido infectada com covid-19. A governante ressalvou que não podia garantir com rigor o número de infectados, porque esta estatística dependia da declaração voluntária.
Partindo da estimativa de Elsie Ao Ieong, adiantada no início de Janeiro, nessa altura o número de infecções rondaria os 470.960 casos. Face ao número total de óbitos avançados pelo centro de coordenação de contingência, podemos verificar que a taxa de mortalidade relacionada com covid-19 em Macau foi de 0,025 por cento, percentagem francamente inferior comparada com outros países e regiões. Por exemplo, já com a ómicron a ser variante dominante, no final de Abril do ano passado, a taxa de mortalidade no Japão era de 0,38 por cento, em Portugal 0,58 por cento, em Singapura 0,11 por cento e na Coreia do Sul 0,13 por cento.
A baixa incidência de óbitos relacionados com covid-19 em Macau pode ser explicada pelas apertadas restrições fronteiriças, o elevado índice de vacinação e a primeira grande vaga de infecções se ter verificado com a variante ómicron, mais contagiosa, mas menos letal que as anteriores.
Neste domínio, as autoridades de saúde acrescentam que, “ao longo dos anos, as políticas de prevenção de epidemias de Macau
COVID-19 GOVERNO NEGA ENCOBRIMENTO DE NÚMERO DE MORTOS
O milagre de Macau
As autoridades de saúde precisam de mais tempo para avaliar “a taxa de excesso de mortalidade relacionada com a pandemia”. Apesar de o número de óbitos ter aumentado exponencialmente durante o maior pico de infecções por covid-19, Macau apresenta uma taxa de mortalidade muito abaixo de outros países e regiões
doenças respiratórias subiu quase 1.700 por cento face ao mesmo mês em 2022.
Sobre a metodologia usada pela RAEM neste campo, os SS indicaram ao HM que é baseada na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde da Organização Mundial de Saúde e nas disposições nacionais.
“As estatísticas da causa de morte devem ser definidas com base na ‘causa principal’. Se o doente sofrer de outras doenças, como sejam as de natureza crónica ou as de tumores em fase terminal, e vier a falecer devido à pneumonia causada pelo covid-19 ou, pelo agravamento das doenças crónicas, a causa principal da morte é a doença crónica ou que padeça previamente de tumor”, é explicado pelos SS.
Contas por fazer
das com covid-19 teriam morrido em Macau, independentemente da causa de morte, sem obter resposta.
Durante esta fase, as pessoas admitidas nos hospitais e instalações dos Serviços de Saúde, assim como os visitantes, teriam de ser testadas à covid-19, ou mostrar teste rápido de antigénio negativo. Ou seja, mesmo que a causa de morte não fosse atribuída à pandemia, seria possível saber quantos pacientes hospitalizados teriam testado positivo à covid-19 antes de ser declarado o óbito.
Os Serviços de Saúde acrescentam que para ter um panorama mais concreto sobre a mortalidade relacionada com a pandemia é preciso “avaliar o impacto da epidemia de doenças infeciosas no número de mortes numa região” e calcular a “taxa de excesso de mortalidade”.
“Ao longo dos anos, as políticas de prevenção de epidemias de Macau e da China têm sido consistentes, (...) de modo a evitar a ocorrência da epidemia, durante um período em que a força patogénica do vírus, é muito elevada.”
SERVIÇOS DE SAÚDE
e da China têm sido consistentes, com a adopção de políticas de prevenção de epidemias, com a meta dinâmica de infecção zero, de modo a evitar a ocorrência da epidemia, durante um período em que a força patogénica do vírus, é muito elevada”.
Além disso, os SS sublinham as campanhas de incentivo à vacinação contra a covid-19, que deram “tempo ao sistema de saúde de Macau” para se preparar, “de modo a minimizar o impacto da epidemia
do novo tipo de coronavírus em Macau”.
Mudança de paradigma
Apesar de o número de óbitos resultantes de doenças respiratórias ter aumentado significativamente em Dezembro e Janeiro, as autoridades não conseguem ainda contabilizar até que ponto a pandemia representou um factor determinante para o aumento. Recorde-se que em Janeiro, o número de óbitos provocados por
No ano passado morreram 2.992 pessoas em Macau. O registo não tem paralelo na história do território desde 1970, quando começaram a ser registados os dados oficiais.
O pico de mortes foi atingido em Dezembro, quando morreram 773 pessoas, recorde mensal face ao segundo pior mês, ocorrido em Janeiro de 2016, quando se registaram 250 óbitos.
Tendo em conta o pico pandémico de Dezembro e Janeiro, o HM perguntou aos SS e ao gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura quantas pessoas infecta-
Para tal é preciso contabilizar “o número de mortes no período de um ano após o surgimento da epidemia, com a diferença entre o número de mortes ocorridas no mesmo período e as que ocorreram por doenças infecciosas, incluindo as mortes relacionadas com a Covid-19, o agravamento das doenças crónicas, o impacto da pandemia no sistema de saúde e na sociedade”.
Neste domínio, as autoridades indicam que “Macau precisa de mais tempo para avaliar de modo objectivo, a taxa de excesso de mortalidade relacionada com a pandemia”. João Luz
GRIPE MAIS DE 90 CASOS NAS ESCOLAS NOS DIAS 23 E 24
OS Serviços de Saúde (SS) foram notificados na quinta-feira passada de 35 casos de infecção colectiva de gripe em quatro escolas e no dia seguinte foram reportados 57 casos do mesmo tipo de infecção em crianças em seis escolas. No total, os SS foram notificados na quinta e sexta-feira de 92 casos de
infecção colectiva de gripe, com a larga maioria destes casos a afectar crianças do ensino pré-primário.
Entre a quase centena de crianças infectadas, algumas foram submetidas a diagnóstico e tratamento médico em instituições hospitalares, mas apenas um menino foi internado. O doente em questão é aluno
da Escola Secundária Pui Ching que “necessitou ficar internado por repetição de febre alta”, as autoridades acrescentaram ontem que o seu estado clínico foi considerado estável.
A Pui Ching foi a escola mais afectada, registando 19 crianças doentes, com os restantes casos a envolver alunos do Colégio Dioce-
sano de São José, Colégio Yuet Wah (Secção Chinesa), Escola secundária Pui Va, Escola São Paulo, Escola Primária anexa à Escola Hou Kong, Escola Oficial de Seac Pai Van, Creche Internacional de São José, Escola da Associação para Filhos e Irmãos dos Agricultores e Jardim de Infância da Escola Kao Yip. J.L.
Sobre as tradições Chan e Terra Pura no budismo chinês
DO SÉCULO V ao século X a China presenciou a formação do que é hoje categorizado, historiograficamente, como as “oito escolas” do budismo setentrional. A esse conjunto pertencem as escolas Três Tratados, Tiantai, Mente Apenas, Guirlanda de Flores, Vinaya, Tântrica, Chan e Terra Pura. Muito resumidamente podemos dizer que as escolas Três Tratados e Mente Apenas são, diferente das outras, tradições indianas recebidas pelo budismo chinês. A escola dos Três Tratados é derivada diretamente da escola indiana Madhyamika , do monge Nagarjuna — considerado um santo, um “segundo Buda”.1 Tal escola foi levada à China pelo monge tradutor Kumarajiva.
A escola Mente Apenas, também de origem indiana, deve sua origem aos escritos dos irmãos Asanga e Vasubandhu (sécs. IV ou V). Na Índia tal escola é denominada Yogachara, que significa “aplicação do yoga”. Como seu nome deixa entrever, a escola Mente Apenas tem seu foco na noção de que todos os fenômenos são produtos da mente. Essas duas escolas indianas constituem o que se pode chamar de totalidade da tradição budista do norte — tradição que se difundiu do norte da Índia para a Ásia Central, China, Japão, Coreia, Vietname, Tibete e Mongólia.2
As demais escolas, todas de origem chinesa, acabaram por ser absorvidas pelas únicas tradições com alguma constância institucional ao longo da história. Essa absorção significa que, no seio das escolas ainda institucionalizadas, algumas de suas práticas e literaturas permanecem importante material de estudo. As escolas ainda existentes, como já é possível imaginar, são justamente as que nomeiam este texto: Chan e Terra Pura.
Entretanto, embora mestre Hsing-Yün diga textualmente que “actualmente na China, somente as escolas Ch’an e Terra Pura ainda dispõem de componentes institucionais”,3 devemos relativizar tal afirmação. Embora as duas tradições tenham, de fato, presença marcada no contexto chinês atual, há debates indicando que Terra Pura nunca se consolidou enquanto
escola institucional autônoma, sendo antes uma prática difundida e disseminada por muito do universo budista chinês.
Contrapondo tal problemática ao claro cenário budista japonês — em que há instituições Terra Pura fundadas por Honen (1133-1212, fundador da Escola da Terra Pura) e Shinran (1173–1263, fundador da Verdadeira Escola da Terra Pura) —, Mestre Sheng Yen é categórico: “não existe Escola da Terra Pura.”4 E isso porque, no contexto chinês, o que se evidenciava era um fato muito diverso do caso institucional japonês, em que templos são filiados a mosteiros cuja denominação responde diretamente às escolas da Terra Pura mencionadas. Na China, pelo contrário, templos e mosteiros não mantinham tais filiações estritas, e um templo era considerado “Terra Pura” quando seu abade orientava a prática da recitação do nome do Buda Amitabha. Tal recitação, esta sim, é a prática Terra Pura mais característica, que visa — soteriologicamente falando — fazer o devoto renascer na Terra Pura do Buda Amitabha, um reino criado pela compaixão desse buda, onde as condições para atingir a iluminação seriam consideravelmente facilitadas.
Tal recitação do nome — comumente escrita nien fo (ou nian fo, 念佛) — associava determinado templo à Terra Pura, se tal prática fosse nele difundida. Entretanto, por faltar o elemento institucional que caracterizaria uma escola, a prática de nian fo nem sempre sobrevivia a seu próprio incentivador, e após a morte do abade o templo passava a ser centro de outras práticas budistas, usualmente Chan.5
Uma suposta fusão entre escolas, portanto, não faria sentido nesse contexto fluido e não-institucional do budismo chinês. Por isso a revisão historiográfica de Robert Sharf6 questionou sobremaneira tal definição acadêmica, mostrando extensamente que no período medieval a China não possuía uma escola Terra Pura e outra Chan, mas ambas as formas de prática se apresentavam em conjuntamente, com maior ou menor prevalência a depender das circunstâncias.7
INQUIRIÇÕES SÍNICAS Paulo Maia e Carmo
A missão diplomática aos Jin recriada por Yang Bangji
Notas
1 HSING-YÜN, Venerável Mestre. Conceitos fundamentais do budismo. Sintra: Zéfiro, 2010, p. 161.
2 HSING-YÜN. Op cit. 2010, p. 159.
3 HSING-YÜN. Op cit. 2010, p. 169.
4 SHENG YEN. Master. The Dharma Drum Lineage of Chan Buddhism: Inheriting the Past and Inspiring the Future. Taipei: The Sheng Yen Education Foundation, 2010, p. 60.
5 SHENG YEN. Idem.
6 SHARF, Robert. On Pure Land Buddhism and Ch’an/Pure Land Syncretism in Medieval China.
In: T’oung Pao 88, no. 4-5, June, 2003, pp. 282-331.
7 Ainda hoje, tanto na China como em Taiwan, perguntar a um monge algo como “a que escola este templo pertence?” não parece fazer sentido. A resposta quase sempre evidencia que tais escolas e tradições budistas bem podem ter existido, historicamente, mas não é algo a que devamos nos apegar. O Reverendo Joaquim Monteiro também relata esse tipo de reação, que já pudemos presenciar tanto no Brasil quanto em Portugal ou Taiwan, em uma palestra disponível em vídeo: http://www. youtube.com/watch?v=a7w_ OV2yOjo&feature=youtu.be
WANG HUI (1632-1717), que foi convocado para a capital para dirigir uma das maiores e mais complexas pinturas feitas sobre um rolo de seda (67,8 x 2227, cm, tinta e cor, no Museu do Palácio Nacional, em Pequim) para ilustrar o alardo da corte na primeira Viagem ao Sul do imperador Kangxi realizada em 1689, imprimiu o seu prestigiante carimbo numa outra antiga pintura cuja não menor complexidade é de outra natureza.
Esta pintura onde também figura, entre outros, o ilustre carimbo do mestre de Suzhou Wen Zhengming (1470-1559) é um objecto raro da pintura narrativa de paisagens, resultado de um tempo e uma conjuntura histórica invulgar. O rolo a que, na ausência de qualquer inscrição contemporânea, é conferido o título Missão diplomática ao território dos Jin (rolo horizontal, tinta e cor sobre seda, 26,7 x 142,2 cm, no Metmuseum) mostrando um lugar aprazível entre montanhas envoltas em névoas, num estilo que suaviza as monumentais paisagens dos Song do Norte, ilustra afinal uma situação trágica. Que o coleccionador Chen Rentao (19061968) esclarece, num comentário colado no rolo:
«Estendendo esta pintura sente-se vivamente a humilhação do derrotado regime dos Song e a arrogância dos Jin, através do silêncio da tinta e do pincel.»
A sua autoria, na ausência de assinatura ou carimbo do autor, é atribuída a Yang Bangji (c.1110-1181), o fi-
lho de um alto funcionário de origem Han da dinastia Song que quando ela foi derrotada em 1127, e a corte foi de Kaifeng para o Sul estabelecendo a nova capital em Hangzhou, e a sua família executada, escapou escondido num mosteiro budista. Nascido em Huayin (Shaanxi) foi também funcionário, agora ao serviço dos Jin (Jurchens) e beneficiou como se percebe na pintura, do acesso a colecções privadas e às que ficaram guardadas em palácios imperiais, deixadas atrás pela dinastia em fuga.
Yang Bangji retrata um breve evento num posto de descanso no caminho que os diplomatas da dinastia Song do Sul faziam até à corte dos Jin, além da fronteira constituída pelo rio Huai, entre os dois grandes rios Huanghe e Changjiang. Três altos pinheiros crescem ao lado de uma construção com uma mesa no meio, já vazia, diante da qual quatro homens a cavalo, com as vestes e as cores que distinguem os graus que possuem os funcionários dos Song, como o púrpura do mais graduado ao verde ou branco, preparam-se para partir. Um homem de pé levanta o braço em despedida. À sua frente, do lado esquerdo dois cavaleiros com chapéus dos Jin vão enérgicos, um deles com um rolo às costas; do lado direito, músicos cujos instrumentos como as flautas típicas dos Jurchen mas também o qin dos Han, o que faz datar a pintura dos anos de 1141-61 quando os soberanos Xizong e Hailing que reinaram entre 1135 e 1161 adoptaram a complexa e fascinante cultura dos Song que Wang Hui continuou.
ESPIONAGEM CIDADÃO JAPONÊS VAI SER ALVO DE PROCESSO
Um caso nipónico
UM cidadão japonês detido na República Popular da China é suspeito de espionagem e vai ser processado, disse ontem o governo de Pequim.
“O cidadão japonês é suspeito de envolvimento em actividades de espionagem, em violação do Código Penal e da Lei Anti-Espionagem da República Popular da China”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim.
“As autoridades chinesas tomaram medidas coercivas” contra o suspeito com vista ao estabelecimento de um “processo”, disse a mesma porta-voz durante uma conferência de imprensa.
Ontem, antes das declarações do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Tóquio apelou à libertação “sem grandes demoras” do cidadão japonês.
A embaixada de Tóquio em Pequim foi informada “este mês de que um japonês, com idade entre os 50 e os 60 anos, tinha sido detido em Pequim por violar as leis chinesas”, disse ontem o porta-voz do Governo do Japão, Hirokazu Matsuno.
O porta-voz nipónico acrescentou que o consulado de Tóquio na capital da República Popular da China já pediu às autoridades de Pequim para “visitar” o cidadão japonês.
A história repete-se
O homem que foi detido é um empregado da companhia farmacêutica japonesa Astellas, confirmou à agência France Presse fonte da empresa, recusando-se a prestar mais declarações.
Segundo a imprensa de Tóquio, o cidadão detido trabalhava na República Popular da China há duas décadas.
MERCADO VENDAS DE CARROS USADOS COM FORTE EXPANSÃO
Nos primeiros dois meses deste ano, mais de 2,7 milhões de veículos de segunda mão foram negociados na China, um aumento anual de 5,68 por cento.
A agência de notícias japonesa Kyodo, indicou que se trata de um “antigo alto responsável da Câmara de Comércio e Indústria do Japão na República Popular da China” e que foi detido pouco antes da data que tinha previsto para “regressar”.
“A China é um país que respeita o Estado de Direito. Os cidadãos estrangeiros na China devem respeitar as leis chinesas. Os que não respeitam a lei e cometem crimes ou delitos são processados”, disse Mao Ning.
“Nos últimos anos, verificaram-se casos semelhantes em que estão implicados cidadãos japoneses. O Japão deve disciplinar melhor e ‘pôr na ordem’ os próprios cidadãos”, acrescentou Mao.
Em Outubro de 2019, um professor universitário japonês foi detido em Pequim e acusado de espionagem tendo sido libertado um mês depois da detenção.
BOSCH FÁBRICA DE COMPONENTES PARA AUTOMÓVEIS INAUGURADA
ALIBABA JACK MA REGRESSA
À CHINA APÓS UM ANO FORA
AS vendas de automóveis usados na China registaram uma recuperação robusta em fevereiro, impulsionadas pela crescente procura e forte recuperação do mercado após a Festa da Primavera, indica o Diário do Povo.
No mês passado, cerca de 1,46 milhão de veículos usados mudaram de mãos no país, um aumento de 35,48 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação de Distribuidores Automobilísticos da China.
O mercado de carros usados recuperou o forte ímpeto em Fevereiro e a procura reprimida continuará a trazer grandes oportunidades de mercado, avalia a associação, acrescentando que a nova política da China para incentivar operações comerciais em grande escala e padronizadas no sector promoverá o desenvolvimento saudável do mercado.
A associação expressou optimismo quanto às futuras perspectivas do mercado e observou que, à medida que as empresas de automóveis usados recuperam a confiança, espera-se que o mercado experimente uma recuperação gradual.
OGrupo
Bosch da Alemanha inaugurou a sua base de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e fabrico de componentes centrais de veículos de nova energia e direcção automatizada no último sábado em Suzhou, na Província de Jiangsu, leste da China.Com um investimento de mais de mil milhões de dólares, o projecto vai concentrar-se em pesquisa e desenvolvimento e na produção de novos componentes centrais de veículos de nova energia e múltiplas tecnologias vitais para direcção automatizada, o que deverá contribuir para a transformação e o desenvol-
vimento inovador da indústria automobilística de Jiangsu, indica o Diário do Povo.
Fornecedor global de tecnologia e serviços automóveis, a Bosch tem uma base sólida para a colaboração com Jiangsu. Cao Lubao, chefe do comité do Partido em Suzhou, disse que o início do novo projecto demonstra a confiança da Bosch nas perspectivas do mercado chinês e no desenvolvimento de Suzhou, o que pode aumentar a capacidade de apoio e a competitividade central da indústria automobilística local.
O Grupo Bosch opera em Jiangsu há mais de 20 anos, desenvolvendo mais de 10 empresas. Stefan Hartung, presidente do conselho de administração da Bosch, afirmou que estão otimistas com as perspectivas do mercado chinês e continuarão a fortalecer o investimento industrial, a pesquisa tecnológica e o cultivo de talentos.
Ofundador da gigante chinesa do comércio electrónico Alibaba, Jack Ma, regressou à China após uma ausência de mais de um ano, informou o jornal diário de Hong Kong South China Morning Post.
O empresário desapareceu da vida pública chinesa em 2020, depois de ter criticado o sistema de supervisão financeira do país, após os reguladores chineses suspenderem a oferta pública inicial da Ant Group, empresa tecnológica para o sector financeiro da Alibaba, ao abrigo de regulamentos mais restritivos para o sector.
Desde então, Ma tem-se mantido discreto. Vários meios de comunicação social internacionais escreveram sobre viagens que terá feito ao estrangeiro, nomeadamente a Espanha, Tailândia e Japão. O magnata chinês,
que se especulou estar detido, visitou ontem uma escola na cidade de Hangzhou, fundada por executivos daAlibaba em 2017, de acordo com uma reportagem exclusiva do South China Morning Post. Ma, que deixou a presidência da Alibaba em 2019, discutiu questões como a educação e a inteligência artificial durante a visita, ainda de acordo com o jornal.
O valor das acções da gigante do comércio electrónico subiram 4,28 por cento pouco depois das 13:00 horas locais na bolsa de Hong Kong, onde está cotada.Pequim permitiu ao sector tecnológico crescer durante anos sem apertada regulamentação, mas em 2020 iniciou uma campanha de controlo que resultou nos últimos anos em pesadas penalizações para várias empresas do sector.
O homem é empregado da companhia farmacêutica japonesa Astellas e foi um alto responsável da Câmara de Comércio e Indústria do Japão na República Popular da China. Estava prestes a regressar ao JapãoA embaixada de Tóquio em Pequim foi informada “este mês de que um japonês, com idade entre os 50 e os 60 anos, tinha sido detido em Pequim por violar as leis chinesas”, disse ontem o porta-voz do Governo do Japão, Hirokazu Matsuno
24 HORAS DE SPA DUARTE ALVES VAI LIDERAR EQUIPA CHINESA
Conquista das Ardenas
Na pretérita semana, a equipa chinesa Uno Racing Team foi a surpresa no anúncio oficial da lista de inscritos para a próxima edição das 24 Horas de Spa, a prova mais importante a nível mundial para carros da categoria FIA GT3. Por detrás deste projecto, está um engenheiro lusófono de Macau,
Duarte Alves
AS 24 Horas de Spa, que como o nome indica se disputam no célebre circuito belga de Spa-Francorchamps, são a prova “cabeça de cartaz” do SRO Motorsport Group, a entidade que organiza e promove as mais importantes competições de GT no mundo, incluindo a Taça do Mundo de GT da FIA do Grande Prémio de Macau. A edição de 2023 da prova das Ardenas reunirá setenta e duas viaturas de oito reputados construtores automóveis.
“Após tês anos fechados em época de pandemia, em competições de nível nacional, não é surpresa a vontade das equipas da região quererem competir além-fronteiras”, explicou Duarte Alves ao HM. “A GT World Challenge Asia é uma forte opção para as equipas e pilotos locais, mas com quatro provas no Japão, e a actual dificuldade de os nacionais chineses obterem visto de entrada no país, surgiu a hipótese de se tentar concretizar um sonho: competir na prova de resistência de GT3 mais conhecida do mundo.”
Com base operacional no Circuito Internacional de Zhuhai, a Uno Racing Team é uma das equipas habituais do panorama das corridas de GT da República Popular da China. No ano passado, a equipa inscreveu um Audi R8 LMS GT3 para Adderley Fong na Taça GT Macau do 69º Grande Prémio de Macau.
Questão cultural
Apesar de ainda não ter escolhido a sua formação de pilotos, a escolha de um experiente engenheiro de Macau para a chefia técnica do Audi R8 LMS
GT3 da equipa chinesa nesta aventura europeia, a primeira além-fronteiras, tem uma razão lógica e cultural.
“Uma primeira experiência fora da Ásia para uma equipa chinesa, é sempre um grande desafio. Tenho trabalhado com a Uno Racing Team há já vários
Euro2024 Portugal goleia Luxemburgo e lidera Grupo J
A selecção portuguesa de futebol isolou-se ontem na liderança do Grupo J de apuramento para o Campeonato da Europa de 2024, ao golear no Luxemburgo por 6-0, em encontro da segunda jornada. Cristiano Ronaldo, aos nove e 31 minutos, João Félix, aos 15, Bernardo Silva, aos 18, e os suplentes Otávio, aos 77, e Rafael Leão, aos 88, marcaram os golos do ‘onze’ comandado pelo espanhol Roberto Martínez. Num agrupamento que qualifica os dois primeiros para a fase final do Euro2024, Portugal passou a somar seis pontos, contra quatro da Eslováquia (2-0 à Bósnia-Herzegovina) e três de bósnios e da Islândia (7-0 no Liechtenstein).
MOTOGP MARC MÁRQUEZ FALHA GP DA ARGENTINA
Opiloto espanhol Marc Márquez (Honda) foi operado a uma fractura no polegar direito contraída domingo, no Grande Prémio de Portugal de MotoGP, num choque com Miguel Oliveira (Aprilia) e falha a próxima ronda do campeonato, na Argentina.
O piloto espanhol foi operado com sucesso ainda no domingo, no hospital Ruber Internacional de Madrid, devido à fractura no primeiro metacarpo do polegar da mão direita.
“A cirurgia consistiu numa redução da fractura e fixação interna da mesma com dois parafusos e decorreu sem incidentes”, anunciou a equipa da Honda, em comunicado, revelando que foi tomada a decisão, em conjunto com o piloto, de não participar na próxima prova, domingo, na Argentina, “para se concentrar plenamente na sua recuperação e chegar às próximas corridas nas melhores condições possíveis”.
O GP da Argentina será a segunda de 21 rondas do Mundial de Velocidade, que arrancou no passado fim de semana, em Portugal. O italiano Francesco Bagnaia (Ducati) lidera o campeonato de MotoGP, com 37 pontos, depois de ter ganho a corrida sprint de sábado e a prova principal, no domingo.
anos, temos tido sucesso nas competições nacionais”, recorda Duarte Alves. “Acredito também que devido às minhas origens lusófonas, sendo de Macau, falando a mesma língua, facilita muito a comunicação para um projecto como este.”
Transportar uma equipa de Zhuhai para o centro da Europa é sempre uma tarefa hercúlea, e colocá-la operacional numa corrida de nível mundial como esta, ainda eleva mais a fasquia. Recorrer a ajuda técnica experiente nestas andanças é quase uma obrigatoriedade.
“Sendo uma competição na Europa, e o tempo/custo excessivo, contamos também com algum apoio local, que é essencial para uma boa prestação”, reconhece o técnico macaense que nos últimos anos tem trabalhado para diferentes equipas no Sudeste Asiático.
“Estamos a falar de uma prova de nível mundial, portanto seria irrealista irmos sozinhos, sem um apoio básico de um grupo experiente de pessoas locais, com experiência nesta prova. Estou a falar em um ou outro mecânico e de uma base para se preparar o carro.” Sérgio Fonseca
Miguel Oliveira é 16.º, com três pontos, depois de ter sido obrigado a desistir na prova principal, quando era segundo classificado, após ser abalroado por Marc Márquez. Oliveira sofreu uma contusão na perna direita, enquanto a Márquez foi-lhe diagnosticada uma fractura no polegar da mão direita.
“Estamos a falar de uma prova de nível mundial, portanto seria irrealista irmos sozinhos, sem um apoio básico de um grupo experiente de pessoas locais, com experiência nesta prova.”
ARTE MUSEU DO PALÁCIO DE PEQUIM TERÁ CENTRO EM MACAU
Directamente da Cidade
MACAU terá, dentro de dois ou três anos, um centro que será a representação do Museu do Palácio, situado na Cidade Proibida, em Pequim. Segundo o jornal China Daily, este centro terá duas “principais funções”, nomeadamente a protecção do património cultural de Macau e a produção de peças culturais relacionadas com o museu que serão vendidas ao público. Dong Dan, directora do departamento de intercâmbio internacional do Museu do Palácio, disse que o objectivo é que “o centro de Macau seja diferente da nossa representação em Hong Kong, que exibe, na maioria, peças emprestadas de Pequim”.
Uma vez que Macau e Hong Kong são dois territórios muito próximos, Dong Dan entende que os turistas poderão visitar as peças na região vizinha e depois complementar a sua visita e experiência em Macau. A responsável acrescentou que a presença do Museu do Palácio em Macau visa divulgar mais a cultura chinesa.
O Museu do Palácio de Hong Kong já teve mais de 900 mil visitantes desde que abriu em Julho do ano passado, tendo expostas
900 peças emprestadas do museu em Pequim, nomeadamente trabalhos de caligrafia, cerâmica e artefactos culturais relacionados com as famílias dos imperadores chineses que outrora viveram na Cidade Proibida, símbolo do poder imperial e um dos locais históricos mais conhecidos em todo o mundo.
Ligação de longa data
Dong Dan lembrou à mesma publicação que “Macau é um destino turístico popular”, esperando que “os turistas de todo o mundo que visitam [o território] levem para casa os nossos produtos e aprendam mais sobre a cultura chinesa”.
Dong Dan lembrou que “Macau é um destino turístico popular”, esperando que “os turistas de todo o mundo que visitam [o território] levem para casa os nossos produtos e aprendam mais sobre a cultura chinesa”
Estes dados foram avançados numa conferência de imprensa que aconteceu na sexta-feira.
A implementação deste centro na RAEM não constitui uma novidade em termos de cooperação com o
Museu do Palácio, uma vez que o território já acolheu 31 exposições com peças e trabalhos cedidos pelo Museu do Palácio desde 1991.
A última mostra revelou as tradições imperiais da Dinastia Qing, que governou
o país entre 1644 e 1911, intitulando-se “Auspicious
Beginning: Spring Festival Traditions in the Forbidden City” [Um Começo Auspicioso: As Tradições do Festival da Primavera na Cidade Proibida].
Outro exemplo de uma exposição organizada em parceria com o Museu de Arte de Macau, em 2021, foi “Quintessência da Porcelana dos Fornos Imperiais da Dinastia Ming da Colecção do Museu do Pa -
O famoso e reputado Museu do Palácio, sediado na Cidade Proibida, em Pequim, vai ter um centro em Macau. A notícia é avançada pelo diário China Daily, que escreve que o projecto pode estar concluído no prazo de dois a três anos. O centro deverá focar-se na protecção do património e na produção de produtos criativos
Proibida
venientes da colecção do Museu do Palácio.
Escavações no estrangeiro
Além das duas regiões administrativas especiais, o Museu do Palácio tem procurado expandir a cultura chinesa para outros países, tendo estado envolvido, desde 2014, em projectos arqueológicos em países como a Índia, Quénia, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão e Quirguistão.
Este ano, o museu planeia avançar com uma cooperação de cinco anos com a Universidade de Durham, no Reino Unido, a fim de participar numa escavação arqueológica que irá decorrer na costa sudeste do Golfo Pérsico.
O Museu do Palácio de Hong Kong já teve mais de 900 mil visitantes desde que abriu em Julho do ano passado, tendo expostas 900 peças emprestadas do museu em Pequim
Estão também em andamento negociações com o Departamento de Arqueologia da Universidade de Teerão, no Irão, tendo Wang Xudong, director do Museu do Palácio, explicado na mesma conferência que todos estes projectos se baseiam nas relações de mútua amizade.
ESTÁTUAS de cera dos grandes protagonistas das corridas do Grande Prémio de Macau (GPM), mas também do automobilismo mundial, podem desde ontem ser visitadas no Museu do Grande Prémio, numa parceria com o Museu Madame Tussaud de Hong Kong, conhecido por apresentar ao público representações em cera das grandes personalidades mundiais nas mais diversas áreas.
A inauguração da mostra em Macau, que decorreu ontem, contou com a presença dos pilotos Michael Rutter e Robert “Rob” Huff, vencedores de provas nas várias edições do GPM.
Das oito estátuas de cera, cinco foram produzidas especialmente para esta colaboração com o Museu de Cera da Madame Tussauds, nomeadamente as de John MacDonald, Ron Haslam, Michael Rutter, Robert Huff e Edoardo Mortara, sendo que as restantes estátuas, de ícones como Ayrton Senna, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, foram reformuladas.
Estas estátuas “mostram a postura imponente dos pilotos nos seus fatos de
Estrelas de cera
Exposição do Madame Tussaud desde ontem no Museu do Grande Prémio
corrida”, sendo que as expressões do rosto e os gestos baseiam-se em fotografias tiradas aos pilotos durante diversas competições, incluindo quando correram ou na altura em que receberam os prémios em Macau. As estátuas dos pilotos Ron Haslam, Michael Rutter, Robert Huff e Edoardo Mortara foram produzidas próximo da sua altura real, tendo os equipamentos de corrida sido doados pelos próprios pilotos. O fato de John MacDonald foi feito com base em fotografias da sua passagem por Macau. As oito estátuas de cera dos pilotos estarão expostas ao lado dos seus veículos de corrida quando competiram em Macau, destacando o perfil de cada piloto e proporcionando aos visitantes uma experiência mais marcante.
Grandes vencedores Todos os oito pilotos são reconhecidos internacio -
nalmente e participaram no GPM, sendo que a maioria conquistou vários prémios no Circuito da Guia. John MacDonald fez a sua estreia no GPM em 1964, terminando em sexto lugar. Em 1965, MacDonald obteve a primeira das suas seis vitórias num Lotus 18 FJ no Circuito da Guia de Macau no 12º Grande Prémio de Macau. MacDonald mantém-se como o único piloto vitorioso das três corridas principais do Circuito da Guia, com quatro vitórias no GPM (1965, 1972, 1973, 1975), uma vitória no GPM de Macau em 1969 e uma vitória na primeira edição da “Corrida de 200 Milhas” em 1972 (conhecida actualmente como Corrida da Guia Macau).
No caso de Ron Haslam, conhecido como “o foguete”, passou por Macau, pela primeira vez, em 1981, quando venceu o GPM de Motos na 15.ª edição
da competição, ao volante de uma Honda RS1123. Em 1982 e 1983, Haslam obteve a sua segunda e terceira vitória em Macau, fazendo dele o segundo piloto a vencer três anos consecutivos. Entre 1985 e 1987, Haslam continuou a vencer a competição, resultando numa brilhante conquista de seis troféus em seis participações.
Ayrton Senna, piloto brasileiro falecido precocemente num acidente, venceu o 30.º GPM em 1983, ano da realização do primeiro GPM de Fórmula 3. Na sua primeira e única visita a Macau, Ayrton Senna venceu as duas mangas, muito disputadas, triunfando na corrida inaugural do GPM de Fórmula 3 e o seu recorde de volta mais rápida manteve-se durante sete anos.
lácio”, onde se apresentou uma selecção de 120 peças representativas dos fornos imperiais produzidas nos períodos de regência dos imperadores Hongwu a Wanli (1368–1620) da Dinastia Ming, todas pro -
“A cooperação na área da arqueologia é um sinal de amizade entre nações. Podemos enriquecer a nossa cultura aprendendo a partir dos outros, e iremos estar envolvidos em mais programas estrangeiros no futuro”, frisou. A.S.S.
Tap Siac Feira de Artesanato nos últimos fins-de-semana de Abril
O Instituto Cultural (IC) anunciou ontem que a Feira de Artesanato do Tap Siac terá lugar entre os dias 20 e 23 e 27 e 30 de Abril, quando serão organizados uma totalidade de 52 workshops de artesanato criativo, incluindo dez sessões destinadas a famílias, in-
cluindo “cerâmica, vidro, bonsai, pintura, acessórios e couro, entre outros, integrando diversão, criatividade e artesanato”. As inscrições para os workshops abrem hoje e terminam no dia 3 de Abril, segunda-feira, e custam 50 patacas cada um.
Já Michal Rutter, conhecido como o “Rei das Duas Rodas de Macau”, estreou-se no Circuito da Guia em 1994, tendo conquistado o seu primeiro pódio em Macau em 1996. A sua primeira vitória foi em 1998, no 32.º Grande Prémio de Motos de Macau, e a segunda vitória em 2000. Rutter continuou o seu caminho vitorioso, obtendo quatro vitórias consecutivas entre 2002 e 2005, igualando o recorde de seis vitórias detido pelo piloto Ron Haslam. Em 2011 e 2012, continuou a vencer e em 2019 obteve o recorde histórico de nove vitórias. A exposição está patente até ao dia 2 de Abril.
SUDOKU
CARRIE | BRIAN DE PALMA
“Carrie” chegou aos cinemas em 1976 e ainda hoje é um filme de culto, uma referência no género do terror. Protagonizado por Sissy Spacek, no papel de Carrie White, John Travolta, Piper Laurie e Amy Irving, a película gira em torno de uma aluna, vítima de bullying, que na sequência da primeira menstruação entra numa espiral descendente que culmina em momentos de puro horror. “Carrie” é um filme perturbante movido a extrema violência e sangue de vingança baseado num romance de Stephen King. João Luz
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RELATÓRIO MUNDIAL DE FELICIDADE DE 2023
NO “RELATÓRIO Mundial de Felicidade” de 2023, publicado pelas Nações Unidas, aparecem nos 10 primeiros lugares: a Finlândia, a Dinamarca, a Islândia, Israel, os Países Baixos, a Suécia, a Noruega, a Suíça, o Luxemburgo e a Nova Zelândia. Todos os países nórdicos com sólidos sistemas de segurança social estão incluídos na lista, e a Finlândia, o “país dos mil lagos”, encabeça a lista desde 2018, com uma pontuação de 7.8.
Em relação aos países asiáticos, Singapura surge em 25º lugar, com 6.5 pontos, Taiwan em 27º, o Japão em 47º, a China continental em 64º, com 5.8 pontos e Hong Kong/China em 82º, com 5.3 pontos.
O relatório foi divulgado pela agência financiada pela ONU “Sustainable Development Solutions Network”, em resultado de entrevistas realizadas com 1.000 pessoas de cada país e região. Os inquiridos deveriam avaliar a qualidade das suas vidas tendo em consideração vários factores, como o PIB per capita, apoios sociais, esperança de vida, liberdade, generosidade e o entendimento que têm sobre a corrupção nos seus países.
O relatório abrange 137 países e regiões, e foram entrevistadas mais de 100.000 pessoas. Neste relatório, existem alguns pontos que merecem ser destacados.
Em primeiro lugar, após três anos de pandemia, o índice de sentimentos positivos subiu para 0,66, muito acima do índice dos sentimentos negativos, que se ficaram pelos 0,29. Este facto está relacionado com diversos aspectos, ocorridos durante o período em que as pessoas estiveram fechadas em casa, como a melhoria das relações de vizinhança, a descoberta de pessoas em que podemos confiar, etc. O relatório assinala que, embora a epidemia tenha criado muitos problemas, também gerou um sentimento de comunhão a nível global. Estes indicadores mostram que as pessoas geralmente concordam com a forma como se lidou com a epidemia e os seus impactos têm vindo a diminuir gradualmente.
Em segundo lugar, é importante reparar que o nível médio de felicidade nas pessoas de classe média excede o das pessoas de classes mais elevadas. Em qualquer lado, as pessoas com rendimentos mais elevados têm menos problemas financeiros, ou mesmo nenhuns. Ao contrário, as pessoas com rendimentos mais baixos enfrentam geralmente problemas financeiros. É certo que o bem-estar destes grupos é fortemente influenciado pela economia. A classe média, como o seu nome indica, situa-se entre estes dois grupos. Representa a maioria da sociedade. Os problemas económicos afectam-na sempre. O facto de ter um rendimento médio faz com que receba menos apoios
Frank Martela acredita que a felicidade depende de “prestar mais atenção ao que nos satisfaz, e menos àquilo que nos faz ser bem-sucedidos.
O primeiro passo para a felicidade é definir os nossos próprios padrões em vez de os comparar com os dos outros.”
sociais. Este relatório mostra que o índice de felicidade deste grupo social aumentou, o que reflecte o aumento da sua satisfação social, um factor que garante a estabilidade.
Em terceiro lugar, os inquiridos indicaram que estão mais satisfeitos com as suas relações familiares e sociais. Não é difícil especular sobre as razões dessa satisfação. Durante a epidemia, todos passaram mais
tempo em casa com os familiares e dependendo muitas vezes da ajuda dos amigos. Além disso, outros indicadores que contribuem para o índice de felicidade são: o sentimento da importância da vida e do controlo que temos sobre ela e a satisfação com o nosso bem-estar material e espiritual. Isto mostra que a felicidade não provém apenas de factores económicos, mas também de factores sociais e emocionais. A satisfação espiritual faz-nos entrar noutro domínio. É fácil perceber que estes factores não podem ser quantificados, mas existem e afectam os níveis de felicidade de todos.
Quando o relatório foi publicado, todos ficaram a saber o índice de felicidade do seu próprio país ou região. Note-se que para a elaboração deste relatório foram entrevistadas apenas 1.000 pessoas em cada zona, pelo que as suas conclusões apenas podem ser usadas como referência. Não sabemos com toda a certeza qual o grau de precisão desta classificação.
É certo que, não é apenas o Governo que pode contribuir para a felicidade dos cidadãos, a sociedade também tem um papel muito importante. É por isto que países com sistemas de segurança social sólidos registam altos índices de felicidade colectiva.
A felicidade de cada um depende do seu próprio esforço. Como já foi mencionado, a felicidade depende de muitos factores subjectivos. Uma má relação com familiares e amigos pode afectar os níveis de felicidade. Este factor não pode ser alterado pela sociedade. Portanto, a felicidade deve ser criada pela sociedade e pelos indivíduos.
Todos querem ser felizes, mas a forma de o conseguir varia de pessoa para pessoa. Se pensarmos que a felicidade depende do amor à nossa família, então devemos “amá-la todos os dias um pouco mais”, para que a nossa felicidade também aumente. Desde que os nossos familiares sintam que o nosso amor por eles aumenta, o seu amor por nós também aumentará. Se enveredarmos por este caminho, o índice de felicidade em termos globais vai certamente aumentar em 2024.
“Amar mais de dia para dia” faz-nos felizes, mas no fim de contas, seremos, como os finlandeses, o povo mais feliz da Terra? Frank Martela é investigador interdisciplinar doutorado em Filosofia e Estudos Organizacionais. É responsável pela área de psicologia da felicidade e professor na Universidade de Aalto, na Finlândia, tendo-se especializado na questão do sentido da vida. Frank Martela disse que os finlandeses não comparam os seus haveres com os dos seus vizinhos e que não ostentam os seus bens pessoais. Frank Martela acredita que a felicidade depende de “prestar mais atenção ao que nos satisfaz, e menos àquilo que nos faz ser bem-sucedidos. O primeiro passo para a felicidade é definir os nossos próprios padrões em vez de os comparar com os dos outros.”
Será que o leitor aceita este conselho do filósofo do país mais feliz do mundo?
Em primeiro lugar, estabelecer os nossos próprios padrões e não nos preocuparmos com comparações com os padrões alheios? Daqui, desejo a todos dias cada vez mais felizes.
Estrada de Cacilhas
Deslizamento de terra danifica carro estacionado
Um deslizamento de terra na encosta junto ao Edifício Baguio Court na Estrada de Cacilhas, perto do Reservatório, danificou um carro que se encontrava no parque de estacionamento. A situação verificou-se no domingo à tarde. Segundo o jornal Ou Mun, ninguém ficou ferido no acidente, no entanto, este tipo de deslizamentos de terra acontece praticamente todos os anos naquela zona. Face ao sucedido, Mok Chio Kuan, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, alertou o Governo para a necessidade de fazer a manutenção da área, uma vez que se aproxima a época de tufões e há risco de ocorrerem acidentes com consequências mais graves. A conselheira apelou também ao Executivo para se certificar de que sistema de drenagem dos muros está desobstruído.
COREIA DO NORTE MÍSSIL BALÍSTICO DISPARADO ONTEM
ACoreia do Norte disparou ontem pelo menos um míssil balístico para o Mar do Japão, anunciou o exército sul-coreano.
“A Coreia do Norte disparou um míssil balístico não identificado na direcção do Mar do Leste”, indicou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, usando o nome coreano para o mar do Japão, num comunicado citado pela agência France Presse.
Este lançamento ocorre poucos dias depois de a Coreia do Sul e dos Estados Unidos terem completado as maiores manobras militares conjuntas dos últimos cinco anos.
Pyongyang encara estas manobras como ensaios para uma invasão e defendeu na sexta-feira que os exercícios recentes, batizados “Freedom Shield” (Escudo da Liberdade, em português), são um treino para uma ocupação da Coreia do Norte.
O exército norte-coreano respondeu realizando manobras militares, nomeadamente testando aquilo que disse ser um novo “drone de ataque nuclear subaquático”, e lançando o segundo míssil balístico intercontinental deste ano. Após um ano recorde de testes de armas e um aumento de ameaças nucleares da parte de Pyongyang, Seul e Washington reforçaram a cooperação em matéria de segurança.
No ano passado, a Coreia do Norte declarou-se uma potência nuclear “irreversível” e o líder Kim Jong Un apelou recentemente a um aumento exponencial da produção de armas, incluindo armas nucleares tácticas.
ÍNDIA PROTESTOS SUSPENDEM SESSÃO PARLAMENTAR
Acâmara baixa do Parlamento indiano suspendeu ontem a sua sessão após protestos no hemiciclo contra a destituição do deputado Rahul Gandhi, um dos mais importantes líderes da oposição na Índia.
Rahul Gandhi, líder do Partido do Congresso Indiano, foi destituído na sexta-feira da Câmara Baixa do Parlamento [Lok Sabha], um dia depois de ser condenado à prisão por difamar o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Os integrantes do opositor Partido do Congresso, vestindo camisas pretas e lenços, interromperam a sessão de ontem na câmara baixa, levando o presidente da casa a suspender os debates. “Quero conduzir a Câmara com dignidade. Os trabalhos da Câmara estão suspensos até as 16:00”, anunciou o seu presidente, Om Birla.
A Câmara decidiu na sexta-feira que Gandhi não poderia mais ocupar um assento no hemiciclo após a sua condenação judicial.
Regras da ditadura
OPresidente de Israel pediu ontem ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para “actuar com responsabilidade e coragem” e pôr fim “de imediato” ao processo legislativo da polémica reforma judicial que está a dividir o país.
“Pelo bem da unidade do povo de Israel, pelo bem da responsabilidade necessária, peço que ponham fim ao processo legislativo de imediato”, afirmou Isaac Herzog, em comunicado, quando o país regista as maiores manifestações de sempre e se encontra à beira de uma greve geral.
“Toda a nação está profundamente preocupada. A nossa segurança, economia, sociedade - todos estão sob ameaça”, alertou Herzog. “Acorda agora!”
Na noite passada, Netanyahu demitiu o ministro da Defesa, de-
pois de Yoav Gallant ter pedido publicamente o fim da reforma judicial, na primeira voz crítica do Governo.
A decisão do primeiro-ministro levou mais de 600 mil pessoas para as ruas em protestos maciços e improvisados em várias cidades israelitas.
As universidades de todo o país fecharam “até nova ordem” em protesto e espera-se que os sindicatos apelem para uma greve geral.
A reforma judicial desencadeou uma das mais graves crises internas de Israel, ao unir, em oposição generalizada, líderes empresariais, funcionários judiciais e mesmo militares do país.
Uma aparente calma regressou às ruas do país depois de uma noite de protestos, em que milhares de manifestantes acenderam fogueiras na principal autoestrada de Telavive,
bloqueando a passagem, bem como em outras em todo o país.
Última palavra
A peça central da revisão é uma lei que dará à coligação governamental a última palavra sobre todas as nomeações judiciais. Outras leis podem dar ao parlamento a possibilidade de anular decisões do Supremo Tribunal e limitar a revisão judicial das leis.
Netanyahu e aliados disseram que o plano vai devolver o equilíbrio entre os ramos judicial e executivo e controlar o que consideram ser um tribunal intervencionista com simpatias liberais.
Mas críticos advertiram que as leis vão eliminar o sistema de controlos e equilíbrios de Israel e concentrar o poder nas mãos da coligação governamental, acrescentando que Netanyahu, a ser julgado por acusações de corrupção, tem um conflito de interesses.
Um tribunal de Gujarat, estado de origem de Modi, condenou Gandhi a dois anos de prisão por ter declarado durante a campanha eleitoral de 2019 que “todos os ladrões têm o apelido Modi”. Gandhi foi libertado sob fiança no mesmo dia, depois de os seus advogados anunciarem a intenção de recorrer da sentença. Gandhi, de 52 anos, é um dos mais importantes membros do Partido do Congresso, uma formação que já dominou a política indiana, mas que perdeu o protagonismo à medida que o conservador Partido Bharatiya Janata (BJP, partido de Modi) conquistou a maioria hindu do país.
“Por favor, entendam porque fui destituído” da Câmara Baixa. Fui destituído porque o primeiro-ministro (…) tem medo do próximo discurso que virá sobre Adani, disse Gandhi aos jornalistas. “Estou aqui a defender a voz democrática do povo indiano. Não tenho medo destas ameaças”, acrescentou Gandhi.
O Governo de Modi é regularmente acusado de usar a lei para atingir e silenciar os seus críticos.