Hoje Macau 28 ABR 2016 #3561

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUINTA-FEIRA 28 DE ABRIL DE 2016 • ANO XV • Nº 3561

INSTITUTO SALESIANO

Futuro sem História

DEIXA ANDAR

PENSÕES ILEGAIS DEPUTADOS DESCARTAM CRIMINALIZAÇÃO

O Governo falou e os deputados mudaram de ideias. Depois de anos a defender a criminalização das pensões ilegais, o hemiciclo foi sensível aos

argumentos do Executivo. Em causa está a sobrecarga de trabalho da Polícia de Segurança Pública que passaria a ter de lidar com a questão.

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GRANDE PLANO

ENSINO

Os atalhos académicos PÁGINA 4

FAM que dá em fartura EVENTOS

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Exílio e desgraça

MANUEL AFONSO COSTA

BRASIL

Fascismo, nem PT, nunca mais! DIREITO DE RESPOSTA


2 GRANDE PLANO

O edifício mais antigo do Instituto Salesiano vai ser demolido. A decisão parece não agradar a todos que consideram que a história arquitectónica de Macau se está a perder. Um edifício que está escondido e que não mereceu a atenção do IC, aponta um membro do CPU “Entre os dias 8 e 11 de Abril, o nosso grupo de reconstrução discutiu de forma franca com os representantes do IC e da DSSOPT. Explicámos o nosso ponto de vista e agradecemos muito que o IC não tenha qualquer exigência em manter o edifício da parte da escola antiga” CARTA DO DIRECTOR DO INSTITUTO

SALESIANOS DEMOLIÇÃO DE EDIFÍCIO ANTIGO É “ACABAR” COM HISTÓRIA DE MACAU

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um caso muito mal contado. É assim que alguns membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) classificam a decisão de avançar com a primeira proposta do Instituto Cultural (IC) para o Instituto Salesiano, onde se fala na manutenção da fachada do edifício que se vê da rua, mas não há qualquer referência ao edifício mais antigo da escola - aquele que outrora recebeu o dormitório e a cantina para os rapazes. Este edifício tinha inicialmente três andares e foi construído antes de 1922 com uma estrutura de madeira e tijolo. Em 1931, parte do prédio é reconstruído a betão, tendo em atenção a construção inicial e as suas características. Este é o edifício da polémica. Por partes: um grupo de ex-estudantes do Instituto entregou uma petição à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que a recolheu, para que o novo projecto – há muito pedido pela própria administração do Instituto – contemplasse o edifício mais antigo, mantendo-o ou reconstruindo respeitando as suas características. A petição, entregue no final de 2015, reuniu menos de cem assinaturas. “O Governo recebeu a petição mas nada fez”, começa por explicar ao HM Lam Iek Chit, membro do CPU, que se mostra contra a decisão do Governo. Lam referia-se ao primeiro projecto apresentado pelo IC que não contemplava o edifício, deixando que o mesmo fosse demolido. Opção bastante criticada durante a reunião do CPU, em que vários membros explicaram que

o prédio em causa deveria ter sido tido em conta e que uma nova versão da proposta do Governo deveria assumir a sua importância, obrigando o Instituto a mantê-lo ou a reconstruí-lo, respeitando as suas características.

OBRIGADO, MAS NÃO

Em contra resposta, o director do Instituto, Jacob Tu Fu Keng, convidou o Governo e os membros do CPU a visitar o espaço, algo que não está acessível ao comum residente de Macau, que não pode entrar no local sem autorização da administração. Atendendo ao pedido de alguns membros do CPU, o Governo apresentou uma nova proposta, onde o IC obrigava o Instituto a ceder ao pedido de manutenção ou reconstrução do prédio, respeitando as suas características arquitectónicas. Em reacção, a “equipa de construção do Instituto” e a sua administração entregaram

“Não concordo, acho que o prédio deveria ficar. Eles podiam arranjá-lo para aumentar o número de salas de aula e até de condições para os alunos mas deixarem estar as suas características” CHARLES EX-ALUNO em mãos uma carta ao Governo, à qual o HM teve acesso. Carta esta datada de 18 de Abril, antes da segunda reunião onde foi decidido o futuro do colégio.

“Entre os dias 8 e 11 de Abril, o nosso grupo de reconstrução discutiu de forma franca com os representantes do IC e da DSSOPT. Explicámos o nosso ponto de vista e agradecemos muito que o IC não tenha qualquer exigência em manter o edifício da parte da escola antiga”, escreveu o director, referindo-se ao edifício em causa. “Assim, esperamos que o CPU possa discutir e aprovar novamente o caso do Instituto Salesiano tendo em conta ‘a proposta original’”, pode ainda ler-se na carta. O director garantiu ainda que prometia manter a “estátua de Santa Maria e um banco que está situado no corredor do edifício”. Ainda que com algumas vozes contra, a revisão ao projecto não foi aprovada pelo CPU e a “proposta original” foi a opção escolhida.

UM QUESTÃO DE TEMPO

“Não concordo, acho que o prédio deveria ficar. Eles podiam arranjá-lo para aumentar o número de salas de aula e até de condições para os alunos mas deixarem estar as suas características”, partilhou ao HM Charles, ex-aluno do Instituto, acrescentando que toda a história do espaço é contada e mantida por aquele prédio, visto o edifício referente ao ensino secundário – o último de todo o espaço – ter sido demolido para ser construído um novo em 1999, com a assinatura do arquitecto Carlos Marreiros. Tom, também ex-aluno do Instituto, não assinou a petição, mas concorda que o tenham feito. “Acho que é preciso criar as condições para haver mais salas de aulas. Há algumas instalações


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que têm de ser melhoradas, estão velhas. Não me parece que esta obra possa demorar mais tempo, porque há muito tempo que a ideia de renovação existe”, conta, indicando que já na altura em que era aluno, em 2010, o espaço precisava

“Se for possível manter as características do edifício e ao mesmo tempo melhorá-lo, com certeza que concordo. Aquilo é a nossa história, antes e depois de nós” TOM EX-ALUNO

de obras. “Se for possível manter as características do edifício e ao mesmo tempo melhorá-lo, com certeza que concordo. Aquilo é a nossa história, antes e depois de nós”, argumentou.

FIM DO QUE FOMOS

“Demolir a parte da escola que tem mais de cem anos é uma profunda perda. Expliquei tudo na última reunião do CPU: pedir à escola que reconstrua conforme as características originais não é difícil, nem coloca em causa o espaço e as metas da [administração] da escola”, apontou Lam Iek Chit. Apesar do urbanista entender que aquele edifício não está visível à população, não quer dizer “que não se deva manter”. “No futuro as pessoas vão deixar de ter construções que possam [mostrar] o que

“Demolir a parte da escola que tem mais de cem anos é uma profunda perda. (...) No futuro as pessoas vão deixar de ter construções que possam [mostrar] o que foram os traços arquitectónicos de Macau” LAM IEK CHIT URBANISTA, MEMBRO DO CPU

foram os traços arquitectónicos de Macau”, acrescentou. Lam não consegue entender como é que o IC não considera necessária a preservação do edifício. Quando quisermos, argumentou, contar a história da religião em Macau não temos arquitectura que a mostre. “Esta mensagem antiga deve ser deixada para o território, para as gerações futuras”, adiantou.

MAL ARGUMENTADO

Relativamente à decisão final, Lam considera que a argumentação do IC não é suficientemente forte. “Acredito que se, tanto o IC como o CPU, tivessem em conta o acesso do público ao edifício – por não conseguirem ver – não era necessário proteger, mas não pode ser assim, porque aquele edifício faz parte do nosso conteúdo histórico de Macau, faz parte de um todo,

é um sítio importante, tem valor, ali foram formados muitos talentos que trabalham agora para Macau”, frisou. Um dos argumentos apontados na última reunião foi a necessidade de decisão rápida para não prejudicar os alunos e as suas aulas. Questionado sobre o assunto, o urbanista acha que não se justifica. “Para os outros membros esperar mais dois ou três meses para debatermos o assunto é muito. Nem a escola quer esperar esse tempo. Assim como não quer o edifício. Não posso fazer nada para definir como é que a escola deve ou não fazer. Não está nas minhas mãos”, rematou. A decisão está tomada. O edifício vai abaixo. O que se segue ainda ninguém sabe. Filipa Araújo (com Flora Fong e Tomás Chio) filipa.araujo@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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Universidades DOUTORAMENTO EM ENSINO NÃO VAI EXIGIR TESE

Já chega as aulas

Com o novo Regime do Ensino Superior quem frequentar um doutoramento com a finalidade de ensinar não terá de realizar uma tese, bastando-lhe a aprovação na parte curricular. Deputados dizem que não se trata de facilitismo

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Governo vai tornar possível a realização de um doutoramento com a finalidade de ensino sem que seja necessária a realização de uma dissertação. Para os doutoramentos com a finalidade de investigação mantém-se a obrigatoriedade de realização da tese. A decisão foi conhecida após mais uma reunião da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que está a analisar o Regime do Ensino Superior na especialidade. “Julgávamos que o doutoramento seria sempre destinado à área de investigação, mas o Governo disse-nos que em outros países também há cursos de doutoramento com a finalidade de ensino. Este tipo de doutoramento não exige dissertação. Já é uma tendência mundial, mas isso não existe em Macau. Trata-se de uma flexibilidade

DIREITOS HUMANOS GOVERNO NEGA CONCLUSÕES DE RELATÓRIO AMERICANO

GCS

O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, disse ao canal chinês da Rádio Macau que rejeita as conclusões contidas no último relatório sobre os direitos humanos divulgado pelo Congresso norteamericano, garantindo que as informações sobre os refugiados são “irracionais e incorrectas”. O Secretário garantiu que tudo tem sido feito de acordo com a lei e que há uma protecção dos direitos dos residentes e estrangeiros no território. O relatório refere que Macau tem ainda casos por resolver de pedidos de asilo, sendo apontadas queixas de maus tratos por parte das autoridades, abusos a crianças e vários casos de violência doméstica, tendo saído há um mês.

para no futuro não ter de ser alterado o Regime do Ensino Superior novamente”, explicou o deputado Chan Chak Mo, que preside à Comissão. Questionado sobre se a ausência de dissertação visa facilitar o acesso de docentes ao ensino superior, Chan Chak Mo garantiu que não. “Não tem a ver com a facilidade de introdução de docentes, não é apenas para facilitar professores ou doutores, quem cumprir esses requisitos pode tirar o doutoramento. Frequenta apenas as cadeiras.”

TEMPOS POR DEFINIR

O que também ainda não está definido na proposta de lei é a duração que terão licenciaturas, mestrados e doutoramentos. “Só há uma duração mínima de três ou quatro anos e parece-nos que não há uma duração máxima. [Por isso], perguntámos se, [nesse caso], isso pode causar um problema [ao nível] da integridade da proposta de lei. O Governo disse-nos que vai ponderar e estudar sobre esta matéria, porque diz que é difícil definir uma duração máxima, dado que há vários cursos de mestrado e doutoramento com várias áreas.” Também neste ponto a lei deverá visar a autonomia de cada universidade ou politécnico. “O Governo disse que há dificuldades e referiu que, mesmo não havendo duração máxima, há casos excepcionais em que a duração do mestrado

CCP CONSELHEIROS REUNIRAM COM PRESIDENTE DA REPÚBLICA

José Pereira Coutinho, Rita Santos e Armando de Jesus, conselheiros das Comunidades Portuguesas tiveram ontem um encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa. Segundo um comunicado do CCP, os conselheiros reuniram ainda com o PrimeiroMinistro português, António Costa, tendo feito um balanço dos trabalhos desenvolvidos pelo organismo. “Os trabalhos consistem em promover as relações económicas e comerciais entre Portugal, China e Macau, manter uma boa relação constitucional com o Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, dando apoio na renovação dos bilhetes de identidade, passaportes e outros documentos, bem como a realização de actividades culturais e económicas.” O HM tentou chegar à fala com Pereira Coutinho e Rita Santos, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.

RESIDENTES PODEM PEDIR VISTO PARA ÁFRICA DO SUL EM HONG KONG

O Consulado-geral da República da África do Sul situado em Hong Kong já deu autorização para que os residentes de Macau, titulares do passaporte da RAEM, possam requerer o visto de entrada no país africano na região vizinha. Segundo um comunicado, “o pedido deve ser feito pessoalmente pelo próprio interessado”.

Este tipo de doutoramento não exige dissertação. Já é uma tendência mundial. (...) Trata-se de uma flexibilidade para no futuro não ter de ser alterado o Regime do Ensino Superior novamente” CHAN CHAK MO 2.ª COMISSÃO PERMANENTE DA AL se pode prorrogar. Cabe à própria instituição definir”, disse Chan Chak Mo. O Regime vai ainda prever o diploma de associado para trabalhadores que desejem fazer um curso de dois anos, podendo depois ser integradas no terceiro ano de uma licenciatura. “Em Macau há cerca de 60% de pessoas que não conseguem frequentar um curso superior porque não conseguem conciliar os horários. Mas o Governo quer criar o diploma de associado para estas pessoas. Se serão integradas no terceiro ano de uma licenciatura? Tudo vai depender dos critérios de cada universidade”, explicou o deputado. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

SUSANA WONG CONTINUA À FRENTE DAS ÁGUAS

O Chefe do Executivo renovou a comissão de serviço de Susana Wong como directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, pelo período de um ano. Susana Wong tem estado à frente deste departamento desde 1999, quando ainda era Capitania dos Portos. Fluente em Cantonês, Mandarim, Inglês e Português, Susana Wong foi a primeira chinesa nativa e a primeira mulher a dirigir este departamento. Em 2006, foi encarregue de supervisionar o abastecimento de Água de Macau, o que expandiu significativamente suas responsabilidades. Formada em Electrónica pela Universidade de Zhongshan em 1989, seguiu ainda nesse mesmo ano para Portugal onde passou um ano a estudar o idioma. Em 1990, Wong entrou para o Conselho Municipal (Leal Senado) e pouco depois foi transferida para a Administração Marítima. Em 1995, foi a única candidata ao mestrado em Administração de Segurança Marítima na World Maritime University, em Malmo, Suécia.


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POLÍTICA

Talentos notários

Governo propõe novas regras para notariado privado

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Pensões ilegais DEPUTADOS AFASTAM HIPÓTESE DE CRIMINALIZAÇÃO

Mudança de paradigma Os deputados afirmam que vão deixar de insistir na criminalização das pensões ilegais, depois do Governo ter defendido que essa hipótese iria sobrecarregar os recursos da PSP. A decisão final será tomada daqui a dois meses

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questão do alojamento ilegal em Macau tem um novo episódio: depois de anos a defender a criminalização das pensões ilegais, os deputados que compõem a Comissão para os Assuntos da Administração Pública decidiram voltar com a palavra atrás. “O certo é que a Comissão, depois de ouvir os esclarecimentos do Governo, deixou de insistir na criminalização, passando antes a exortar os serviços envolvidos a focarem-se mais nos resultados da resolução de problemas no pressuposto de se manterem as medidas administrativas vigentes e de avaliarem a adequação da atribuição das competências da execução da lei”, pode ler-se no mais recente relatório da Comissão sobre o assunto, ontem tornado público pela Assembleia Legislativa. Essa mudança de opinião deve-se ao facto do Governo considerar que uma criminalização das pensões ilegais irá sobrecarregar

os actuais recursos humanos e logísticos da Polícia de Segurança Pública (PSP). “Os representantes do Governo adiantaram que se [esse] acto ilegal for criminalizado, todos os trabalhos de fiscalização que hoje são assegurados por vários serviços públicos vão passar a ser assumidos pela PSP. Mas esta dispõe de recursos limitados, por isso é uma preocupação saber se vai ser capaz de cumprir eficazmente as suas funções.”

MAIS EFICAZ?

O Executivo referiu ainda que a aplicação de sanções como o corte do fornecimento de água e luz são mais eficazes, ainda que só 10% das multas tenham sido pagas nos últimos anos. “Para além disso os efeitos da repressão dos actos de prestação ilegal de alojamento podem piorar, uma vez que a adopção de procedimentos administrativos, solução que se aplica hoje, é comparativamente mais célere. Apesar de só terem sido cobradas 10% das multas, o certo é que este procedimento é de extrema e imediata eficácia na proibição de prestação ilegal de alojamento”, indica o relatório. Isto é precisamente o contrário que tem sido constantemente defendido pelos deputados, à semelhança da falta de poder de quem executa a lei, que é a Direcção dos Serviços de Turismo. (ver página 7) A Comissão presidida pelo deputado Chan Meng Kam garante que dentro de dois meses o Governo vai apresentar uma solução definitiva. “O Governo prometeu à comissão que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e a PSP vão concluir, no prazo de dois meses, um acordo, no sentido de se analisar de forma

“Os representantes do Governo adiantaram que se [esse] acto ilegal for criminalizado, todos os trabalhos de fiscalização que hoje são assegurados por vários serviços públicos vão passar a ser assumidos pela PSP” COMISSÃO PARA OS ASSUNTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

aprofundada a situação actual da exploração das pensões ilegais e de se proceder a uma avaliação plena dos efeitos das sanções administrativas e criminais no âmbito da execução da lei, de abordar e estudar a transferência das competências de execução da lei e ainda estudar a possibilidade de criminalização do acto de prestação ilegal de alojamento.” A Comissão pretende levar a revisão da Lei da Proibição de Prestação de Alojamento Ilegal ao hemiciclo até Agosto, mês em que chega ao fim a sessão legislativa. “A Comissão deseja que o Governo termine o mais rápido possível o processo de revisão da lei, para que a respectiva proposta possa ser submetida a esta AL, para efeitos de apreciação, ainda durante esta sessão legislativa”, refere o relatório. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Conselho Executivo anunciou ontem novas regras para o notariado, depois de concluir a proposta de lei relativa à alteração do Estatuto dos Notários Privados. Exercer advocacia na RAEM há mais de cinco anos é a principal novidade. Aapresentação do Conselho Executivo foi ontem feita por Leong Heng Teng, porta-voz daquele órgão. Questionado sobre qual o número ideal de novos notários, Leong escusou-se a adiantar números dizendo que “terá a ver com as necessidades do mercado e estará dependente de novas conversações com os agentes” que já existem. Satisfazer a necessidade da população à actividade notarial e elevar a qualidade dos serviços notariais é a preocupação subjacente a este novo regime proposto pelo Governo que irá alterar o Estatuto dos Notários Privados. As principais alterações previstas são a mudança das regras de acesso às funções de notário privado e o regime de concurso. Assim, relativamente à elegibilidade, a proposta de lei do Governo propõe que apenas se possam candidatar ao curso de formação para notários privados advogados com mais de cinco anos consecutivos de exercício de funções de advocacia na RAEM. A medida, justifica o Governo, prende-se com “as exigências éticas e deontológicas da actividade que deve ser independente e imparcial”. A proposta sugere ainda que apenas se possam candidatar às funções de notário privado os advogados que não tenham sido suspensos preventivamente nem condenados em processo disciplinar pela Associação dos Advogados de Macau, em pena superior à de censura. Neste âmbito, propõe-se ainda que os advogados que pretendam esta função apenas necessitam de apresentar um requerimento. Relativamente às competências, que a Associação de Advogados requeria para acabar com o exclusivo dos públicos em certos procedimentos não existe qualquer alteração.

ACTUALIZAÇÕES

O regime do concurso também poderá vir a ser alvo de alteração caso a lei venha a ser aprovada. Neste capítulo, o Governo propõe o curso de formação inclua “direito registal” e que o número mínimo de aulas passe de 50 para 75. É ainda sugerido que no aviso de abertura do concurso conste o número de licenças a atribuir. Actualmente, existem em Macau 201 advogados a praticarem durante esse período, ou mais anos consecutivos, na RAEM, portanto é desse universo que sairão os futuros notários privados que se juntarão aos 57 existentes. A lei vai agora para a Assembleia Legislativa para análise e aprovação. Não se sabe se ainda entra em vigor este ano. Manuel Nunes

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6 SOCIEDADE

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Jogo ESTUDO DE AVALIAÇÃO INTERCALAR DIVULGADO EM MAIO

A base do mercado

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Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) vai publicar o estudo da avaliação intercalar do sector do jogo no próximo mês, anunciou ontem o director do organismo. Paulo Chan explicou que ainda estão a ser recolhidas opiniões, sendo que um dos focos é a discussão sobre as exigências de entrada dos mediadores de jogo com o sector. Paulo Chan, director da DICJ, disse ao canal chinês da Rádio Macau que o conteúdo do estudo é uma exposição da situação e da realidade do sector actual, sendo que o organismo quer que o sector “se possa desenvolver com mais qualidade”. Paulo Chan sublinhou ainda que não vai realizar uma consulta pública sobre o estudo, uma vez que este serve como “uma explicação”, uma apresentação do sector. No entanto, vai novamente ouvir

opiniões depois da divulgação do estudo, ainda que do sector. O director foi questionado sobre o aumento das exigências de entrada para os mediadores de jogo, mas disse que não há consenso sobre a medida. Ainda assim, admite, a maioria concorda em aumentar as exigências financeiras para os junket, que passam de cem mil patacas para dez milhões. O estudo foi feito pelo Instituto de Estudos sobre a Indústria de Jogo da Universidade de Macau, que entregou um relatório preliminar no fim do mês de Setembro do ano passado. O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, chegou a referir que o estudo iria ser apresentado o ano passado. Este servirá de base à renovação das licenças de Jogo, que expiram em quatro anos.

OUTRAS CONCLUSÕES

Este ano fica ainda concluído o relatório sobre as contas dos

promotores de Jogo. Depois de uma análise da empresa de consultoria financeira japonesa Daiwan Securities Group ter indicado que a Wynn e a Melco poderem ter a correr mais riscos devido a casos como a Dore, de onde foram desviados 300 milhões de dólares por uma funcionária, Paulo Chan desvaloriza e diz que esse foi um caso sem precedentes e que é preciso esperar pelo tribunal para esclarecer o problema. A mesma análise estima ainda que as dívidas incobráveis de promotores de Jogo chegam pelo menos a 30 mil milhões dólares de Hong Kong, mas Paulo Chan diz que não entende como é que a Daiwan conseguiu os dados, ainda que a “DICJ esteja a enviar pessoal de auditoria para verificar as contas dos promotores para fazer o relatório”. Flora Fong (revisto por Joana Freitas) flora.fong@hojemacau.com.mo

Tomás Chio

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Esperança no que aí vem Operadoras “cautelosas” esperam por nova ponte e mais visitantes

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campanha anti-corrupção continua a ser um dos factores apontados para a quebra das receitas pelas operadoras de Jogo, que assumem que a lei anti-fumo também tem prejudicado o negócio. Todas se dizem confiantes no futuro, principalmente para continuarem com investimentos, ainda que “com cautelas”. “Um número de factores continuou a influenciar a opinião dos mercados e a afectar as receitas, entre os quais um programa governamental de combate à corrupção na China continental, o abrandamento da economia chinesa, as restrições ao fumo em Macau e preocupações relacionadas com a liquidez e volatilidade nos mercados financeiros”, aponta o Galaxy, secundado na opinião pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM). “O decréscimo das receitas do jogo deveu-se a diversos factores, designadamente o rápido crescimento durante um período prolongado, um certo abrandamento da economia na China e algumas medidas administrativas agora implementadas no país”, indica a empresa de Stanley Ho. Nos relatórios anuais, ontem publicados no Boletim Oficial, todas as operadoras demonstram quebras nas receitas: as da Melco Crown desceram 28% face a 2014, para 4,16 mil milhões de dólares, e a SJM conseguiu 50 mil milhões de patacas, uma diminuição de 38,7%. Já a Wynn arrecadou receitas líquidas de 19,7 mil milhões de patacas, menos 35,1%. A empresa estima que os custos de construção do seu novo complexo no Cotai sejam de 32 mil milhões de patacas e até Dezembro já investiu 27 mil milhões de dólares de Hong Kong. A Sands de Sheldon Adelson fala em receitas de 54,7 mil milhões de patacas, menos 28,3%.

PONTES E BARCOS

O número de visitantes de Macau - que registou um decréscimo de 2,6% - é outro dos factores apontados, além do facto de ter havido menos apostas no mercado VIP. “Houve uma reestruturação significativa no âmbito do mercado VIP que se deveu a uma queda das receitas neste segmento, desafios em relação à liquidez e questões relativas ao seu próprio controlo interno. Isto resultou numa redução no número de promotores de jogo a operar em Macau e contribuiu para o declínio anual de 45% nas receitas VIP”, indica a Galaxy. A empresa “encontra-se encorajada por comentários positivos do Governo em relação ao futuro do sector”, mas diz-se “cautelosamente optimista face à estabilização do mercado”. A “facilitação dos vistos de trânsito” e a abertura de novos resorts ajuda, bem como o

WYNN E SJM CONFIANTES NA ESTIMATIVA EXTRA-JOGO

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Wynn e a SJM afirmaram ontem estar confiantes na proposta do Governo de que as receitas extra jogo cheguem aos 9% até 2020. O valor faz parte do Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM. Ao canal chinês da rádio, Linda Chan, directora de operações da Wynn, confirmou ter confiança em atingir esta meta. Para Angela Leong, directora-executiva da SJM “não é difícil aumentar as receitas” extra jogo até esse número.

desenvolvimento de infra-estruturas como a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a vizinha Ilha da Montanha. “Deverão impulsionar uma nova onda de visitantes a Macau a médio-longo prazo”, afirma a Galaxy, que identifica como “parte crítica” a redistribuição de mesas devido ao limite imposto pelo Governo. A SJM também partilha da opinião de que as novas-infraestruturas vão ajudar a indústria, mas alerta: “há dificuldade em se prever, com rigor, quanto tempo irá demorar este período de ajustamento”. No relatório anual, a Melco diz continuar em busca de novas oportunidades na área do jogo “ou demais áreas com esta relacionadas”. A empresa fala ainda de uma expansão na área comercial do City of Dreams, prevista para abrir no primeiro semestre deste ano. Só a Galaxy, contudo, tem planos para Macau e região vizinha. A operadora faz questão de relembrar que “possui a maior área contígua de terrenos para aproveitamento” e em duas novas fases no Cotai vai ter mais um milhão de metros quadrados, onde vão nascer “empreendimentos mais direccionados para o mercado de massas e famílias”. Em Hengqin, a operadora vai erguer “ um novo centro de lazer e negócios e está a considerar a possibilidade de desenvolver um resort de luxo numa parcela de terreno com 2,7 quilómetros quadrados”. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


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V

ÁRIAS fracções do Edifício de Habitação Pública do Lago estavam a ser utilizadas como pensões ilegais. Os apartamentos da Taipa estavam a ser publicitados no site Airbnb – um serviço online para alugar acomodação – e foram depois colocados no Facebook. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e o Instituto de Habitação (IH) estão a acompanhar o caso, mas ainda não conseguiram confirmar quais as fracções envolvidas. “Uma cama individual”, “um quarto para duas pessoas”, “um beliche”. São estas as hipóteses para acomodação, a ser alugados a preços que variam entre cem e as 500 patacas. Conforme o HM apurou, as informações já foram eliminadas no site. A este jornal, a DST afirmou que recebeu denúncias de alguns proprietários do Edifício do Lago na terça-feira passada, apontando que pelo menos duas fracções estão envolvidas. O organismo está a investigar o caso e vai manter contacto com o IH. No entanto, a DST diz que ainda não conseguiu perceber quais são as fracções e apela a quem tiver conhecimentos sobre o caso que o denuncie à DST ou ao IH.

Habitação Pública FRACÇÕES COMO PENSÕES ILEGAIS

Lucros fáceis

SEM FUNDAMENTOS

O organismo liderado por Helena de Senna Fernandes acrescenta ainda que se houver indícios fortes mostrando que as fracções estão a ser utilizadas como alojamento ilegal, vai, de acordo com a lei, bloquear as fracções. Mas apenas com base nas informações da internet, não há fundamentos para acusação. Ao canal chinês da Rádio Macau, o IH defendeu que se as ilegalidades forem verdadeiras, vão ser tratadas “com rigor”. Os proprietários de pensões ilegais podem ser multados e a punição máxima poderá ser a cessação de contratos de compra e venda. O IH referiu que desde a entrada em vigor da alteração da Lei de Habitação Económica, em Agosto de 2015, foram descobertos 40 casos de ilegalidades, incluindo cinco em que se suspeita sobre o funcionamento de pensões ilegais. Flora Fong

Flora.fong@hojemacau.com.mo

GOVERNO ABRE CONCURSO PARA ARRENDAMENTO DA C-SHOP

O Governo decidiu abrir um concurso público para atribuir o arrendamento da C-Shop, espaço pensado para a venda de produtos Made in Macau localizado na zona da Praia Grande. O objectivo é a “adjudicação do arrendamento da C-Shop para a exploração de uma loja de comercialização de produtos culturais e criativos originais de Macau”. O prazo de arrendamento será de quatro anos e a caução de dois meses de renda. Os candidatos terão de estar inscritos na Direcção dos Serviços de Finanças e na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis há dois anos. O capital social deve ter uma participação superior a 50% de residentes de Macau.

IC CONCURSO PARA GESTÃO DA CINEMATECA PAIXÃO

O Instituto Cultural (IC) abriu um concurso público para a “prestação de serviços de operação” da Cinemateca Paixão. No próximo dia 18 de Maio os concorrentes poderão realizar uma visita ao local, sendo que a apresentação da “proposta operacional trienal e do plano operacional para o primeiro ano” tem uma importância de 45% na escolha do candidato. O preço tem um peso de 35%, enquanto que a “experiência profissional do concorrente e das pessoas indicadas como director de operações e consultor da Cinemateca” vale 20%.

SOCIEDADE

PLANO QUINQUENAL HO ION SANG DESAPONTADO

H

O Ion Sang, deputado, sente-se desapontado com o Plano Quinquenal apresentado terça-feira pelo Governo. O deputado considera que as medidas sobre a habitação não foram apresentadas de forma clara. Também Chan Meng Kam acredita que o projecto tem espaço para melhorar e, aponta, o próprio Governo deve revê-lo durante a sua implementação. O Governo colocou o plano em consulta pública nos próximos dois meses. Ho Ion Sang considera que este tem pontos positivos e negativos, admitindo ao Jornal Ou Mun que caso o Governo cumpra aquilo que diz a sociedade tem motivos para sorrir. Ainda assim, o deputado considera que o Governo podia detalhar algumas informações, dando mais explicações sobre as medidas de habitação, que é, admite, o tema que mais o preocupa. O também presidente da União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong) exemplificou que o Governo de Hong Kong divulgou medidas de habitação para cada ano, incluindo o número de habitações públicas e privadas. “Tudo é claro”, frisou. No caso de Macau, diz, o Governo publicou apenas alguns assuntos relativamente à reserva de terrenos e construção de habitação pública, mas sem dados suficientes. Para o deputado o Governo já gastou muito dinheiro para investigar e estudar a situação da habitação, mas não apresenta dados claros sobre o futuro. “Este plano não é suficiente para a questão da habitação. O Governo não pode fugir desta questão”, apontou. Chan Meng Kam, também deputado, relembrou o primeiro plano elaborado em Macau, há 16 anos, depois da transferência de soberania do território e considera esta medida um grande avanço. O deputado sublinhou que o mais importante é a forma como será implementado o plano. “Todos os planos têm de ser ajustados e melhorados durante a sua implementação, portanto espero que o Governo possa rever os problemas que surjam com a implementação deste”, apontou. T.C. (revisto por F.A.)


8 FAM ARRANCA ESTE FIM-DE-SEMANA 27ª EDIÇÃO

EVENTOS

“PRODUÇÃO INDEPENDENTE” EM WORKSHOP

Para os amantes da produção e realização de cinema, vai ter lugar no sábado, das 14h30 às 17h30, um workshop subordinado ao tema “Produção Independente” na Sala de Conferências do Centro Cultural de Macau. É objectivo da iniciativa a revelação dos meandros da produção de cinema na região e vão ser abordados temas como as tarefas do produtor, a partilha de experiências na área, a situação local bem como o estudo de casos. O valor de participação é de 150 patacas e a actividade será ministrada em Cantonês.

ARTES A POTES “Sonho de Uma Noite de Verão”

JANTAR CONVÍVIO DO COLÉGIO D. BOSCO

A Direcção do Centro dos Antigos Alunos do Colégio D. Bosco de Macau vai promover, à semelhança dos anos anteriores, o Jantar Anual de Convívio a ter lugar no restaurante “Federal”, a 18 de Maio pelas 19h30. As inscrições já estão abertas aos interessados e têm o valor de 300 patacas.

MÚSICA DOS ANDES NA TORRE DE MACAU

A Associação de Intercâmbio ÁsiaPacífico e América Latina de Macau (MAPEAL) tem vindo a trabalhar na promoção da expressão cultural sul-americana na região e é neste contexto que a RAEM irá receber os “SISAY” às 12h45, hoje, na Torre de Macau. “SISAY” é uma banda já muito premiada que, segundo a organização, se concretiza enquanto embaixadora da cultura e música do Equador. As suas interpretações pretendem criar uma sonoridade inovadora, marcada pela mistura entre o tradicional, latino e mesmo jazz dos Andes. O resultado é uma criação musical repleta de vida e de energia. Já correram mundo em diversas digressões, sendo no momento considerados um dos maiores representantes da música do Equador e dos Andes na Ásia. O espectáculo conta com entrada livre e para os que desejem jantar hoje e amanhã no Tromba Rija, também na Torre de Macau, podem contar com a presença dos “SISAI” entre as 18h30 e as 21h15.

S

OB o mote do “Tempo” e da passagem do mesmo em data que celebra a morte do dramaturgo William Shakespeare, está agendado para abrir as hostes do Festival de Artes de Macau (FAM) o “Sonho de Uma Noite de Verão” pela Shakespeare Theatre Company que vem dos Estados Unidos. Segundo a organização, a peça integra, sob a direcção e encenação de Ethan McSweeny, a mistura de sonhos e realidade em que “é utilizada alguma da mais provocante e deslumbrante poesia dramática” do autor. O espectáculo tem lugar nos dias 30 de Abril e 1 de Maio, às 20h00. Ainda no Dia do Trabalhador, pelas 16h00 e 16h30, a produção abre as

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA OS QUATRO COMANDANTES DA CAMA VOADORA • David Machado

Ilustrações de Margarida Botelho O projecto parecia simples: Ernesto, Natália, Rufino e Heitor estavam decididos a atravessar o Oceano Atlântico na cama de Ernesto, que voaria suspensa por quatro enormes molhos de balões. Contudo, surgiram logo imprevistos. Onde guardar tantos balões? Como conduzir a cama para o rumo pretendido? E que fazer em caso de tempestade? Recorrendo à ajuda do sábio Professor Maior, todos juntos vão embarcar numa viagem inesquecível, vivendo momentos emocionantes e descobrindo que tudo é possível e infinito com muita imaginação e vontade de sonhar…

portas dos bastidores aos interessados em conhecer os adereços e cenários mais de perto. A participação é limitada a 25 pessoas por horário, segundo a ordem de inscrição. A rubrica “Essência e Tradição” vai ocupar o Cinema Alegria no domingo às 19h30, com o espectáculo “A luta de Mu Guiying na Cidade de Hongzhou”. Uma peça que enquadra o canto e as artes marciais num transbordar de vitalidade enquanto narra a história de um casal guerreiro durante a dinastia Song do norte. A peça é interpretada pelo Grupo Juvenil de Ópera Cantonesa dos Kaifong. Na dança, haverá “Prazo de Validade”, no edifício do Antigo Tribunal no sábado e domingo, pelas 20h00. É uma coreografia que “combina uma va-

riedade de artes e instalações visuais” e retrata a possibilidade de deterioração da relação entre indivíduos. Depois do espectáculo de dia 30 está ainda agendada uma conversa com o público.

TODOS JUNTOS

O FAM não esqueceu a família e a 1 e 2 de Maio, numa produção da Casa de Portugal em Macau, é apresentado “Em Cantos” , que conta com seis mini histórias acompanhadas de música que lhes vai dando a devida vida. Este é um momento que convida crianças entre os seis meses e os três anos de idade a virem no colo dos pais para ver e ouvir a actriz e encenadora Elisa Vilaça, acompanhada por Tomás Ramos de Deus em viagens de encantar. Este momento tem lugar no auditório do

conservatório de Macau e conta com três apresentações diárias, às 11h00, 15h00 e 17h30. Ainda para os mais pequenos, 5 e 6 de Maio pelas 20h00 no edifício do Antigo Tribunal tem lugar a “Montagem de Animais” que vem do Reino Unido e junta ciência e fantoches para criar uma série de “esculturas performativas”. Aqui, os artistas procedem à montagem e animação de um conjunto de animais particularmente construídos com materiais invulgares. Após o espectáculo é lançado o convite ao público para, pessoalmente, explorar os objectos e o seu funcionamento. O FAM continua até final de Maio. Hoje Macau

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UM HOMEM VERDE NUM BURACO MUITO FUNDO • David Machado

Ilustrações de Carla Pott Para Simão e Celeste, as tardes são sempre o melhor momento do dia. Assim que chegam da escola, os dois irmãos correm para o parque de carvalhos que se estende diante de sua casa e entram no mundo encantado das brincadeiras sem fim. Um dia, convidam alguém especial para brincar com eles, um homem verde, luminoso e muito pequenino. Imaginação e fantasia é coisa que não lhes falta e, num segundo, o parque transforma-se na terra de todos os perigos e aventuras.


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Este fim-de-semana marca o início da 27ª edição do Festival das Artes de Macau (FAM) e, na semana de abertura, haverá espectáculos que integram teatro, música, dança e produções a pensar na família

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O

féretro do Prémio Nobel da Literatura regressou assim em definitivo à casa onde Neruda foi enterrado, na Isla Negra, três anos depois de um juiz ter ordenado a sua exumação para apurar se o poeta havia sido assassinado em 1973, quando se preparava para fugir do país e liderar no exílio a resistência ao golpe militar que instalou Pinochet no poder. O funeral concluiu uma homenagem de três dias, iniciada no passado domingo em Santiago do Chile, onde os restos mortais do maior poeta chileno e figura cimeira da literatura mundial do século XX passaram os últimos três anos à guarda do Serviço Médico Legal (SML) chileno. Neruda, que foi um político proeminente e membro do Partido Comunista chileno, morreu aos 69 anos numa clínica de Santiago em 23 de Setembro de 1973, poucos dias depois do golpe militar que levou ao poder Augusto Pinochet, aparentemente em resultado de um cancro da próstata de que padecia, explicação então aceite pelos seus próximos. Em 2011, o Partido Comunista chileno apresentou em tribunal uma queixa, exigindo que a morte do

EVENTOS

Crime sem provas Chile enterra restos mortais de Pablo Neruda

poeta fosse investigada. A queixa teve por base declarações de Manuel Araya, antigo motorista do escritor, segundo as quais Pablo Neruda teria sido envenenado. O corpo do autor de “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada” e de “Confesso que vivi” foi exumado em 8 de Abril de 2013 e os exames e perícias médico-legais afastaram numa primeira instância a intervenção de terceiros na sua morte.

SEM CONCLUSÕES

Não obstante estes primeiros resultados, o juiz responsável pela investigação, Mario Carroza, manteve aberto o processo por considerar que os resultados não eram conclusivos e ordenou a realização de novos exames. A equipa de especialistas internacional que examinou os restos mortais de Neruda deverá divulgar as suas conclusões em Maio próximo. Familiares de Pablo Neruda levantaram a hipótese de a sua

morte estar relacionada com a inoculação do “estafilococo dourado”, uma bactéria altamente agressiva e resistente à penicilina, que acelerou a sua morte. Esta bactéria foi utilizada frequentemente pela ditadura militar de Pinochet (1973 -- 1990) para eliminar os opositores do regime. O advogado que levou à exumação dos restos mortais de Neruda, Eduardo Contreras, admitiu esta segunda-feira à agência France Press que o tempo passado sobre a morte do poeta torna virtualmente impossível provar a intervenção de terceiros na mesma. “Apesar de todas as provas apontarem para um crime, será tecnicamente muito difícil prová-lo”, afirmou. Sem o esclarecimento absoluto das causas da morte, os restos do poeta regressam assim ao túmulo que os albergaram historicamente, ao lado do corpo da sua terceira e última mulher, Matilde Urrutia, na Isla Negra, uma estância balnear chilena, onde Neruda viveu.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Exílio e desgraça. A ruptura trágica D

ISGRACE, em língua portuguesa desgraça, não me refiro ao título do livro, mas ao conceito, subentende uma perda da Graça. A Graça não é uma palavra ambígua. Procede do termo latino gratia, gratus, que como se sabe nobilita aquele que a possui, como se fosse um dom. Em todos os casos os conceitos ganham a dimensão semântica do que lhes é simétrico e sendo assim a graça é qualquer coisa que se recebe e ao mesmo tempo a gratidão que se exprime, como no caso do nome recebido pelo baptismo. A Graça é o dom que se recebe mas que se exprime como se fosse nativo. Em qualquer dos casos não tem preço nem valor de troca, é inalienável e grátis. É grátis e gratificante. O conceito de Graça anda muitas vezes na perspectiva de uma compreensão da condição feliz ligado ao conceito de Ventura, pelo que aquele que a perde passa a ser um desgraçado, cúmulo de desventura e infelicidade. A desgraça exprime portanto uma situação radical e não é um conceito ligeiro numa fenomenologia da condição humana. É provavelmente o conceito mais radical para exprimir uma perda irreparável e até definitiva, pois o Estado de Graça é da ordem da estruturalidade do Ser. Coetzee mediu bem as consequências da sua escolha. A África do Sul há muitos anos que não vivia em estado de graça, provavelmente nunca terá vivido, mas só agora no período post apartheid soltou os demónios que a habitavam e mostrou a sua imensa e constitutiva Desgraça. Esse é o momento em que ontologia e história se reencontram nos indivíduos sem os mecanismos ideológicos e repressivos de amortecimento, sem os alibis jus-

Coetzee, J.M., Disgrace, Penguin Books, New York, 2000. Descritores: Literatura Sul Africana, Ficção, O Politicamente Correcto, 220 p., ISBN: 0-14-029640-9. Cota: 821.111(68) -31 Coe

O ESCRITOR SUL-AFRICANO John Maxwell Coetzee nasceu no dia 9 de fevereiro de 1940 na cidade do Cabo numa família de origem alemã e inglesa e recebeu o prémio Nobel de Literatura em 2003, sendo o quarto escritor africano a receber esta honraria e o segundo no seu país depois de Nadine Gordimer, em 1991. Coetzee estudou Língua Inglesa e Matemática e veio a doutorar-se em linguística das línguas germânicas na Universidade do Texas, em Austin, com uma tese sobre os primeiros trabalhos de Samuel Beckett no ano de 1968. Actualmente depois de ter leccionado na Universidade em Búfalo no Estado de Nova Iorque, fixou-se na Austrália ensinando na Universidade de Adelaide. Era filho de um advogado e de uma professora primária e cresceu num meio afastado da vida urbana, marcado por alguma rudeza, no seio de uma família disfuncional, como são afinal quase todas as famílias, e é disso que nos dá conta no livro, Infância. As suas obras mais importantes são porém no domínio da literatura de ficção e delas eu destacaria: À Espera dos Bárbaros, Vida e Tempo de Michael K .” (Booker Prize de 1983), Desgraça” (Booker Prize de 1999), Homem Lento, Diário de um Ano Ruim e Verão.

tificativos. Disgrace é portanto mais do que uma narrativa com agentes sociais determinados, é o relato de uma epopeia numa situação post lapsária acompanhado do relato das várias formas de sobrevivência perante a desgraça ou a queda. Como é que indivíduos desgraçados lutam ainda pela dignidade numa sociedade doente, decadente, desgraçada ela também. Talvez que seja essa a intriga --- no sentido de intrigante ---, do romance. O romance ocorre no ambiente pós-apartheid, mas o que o jus-

tifica é ainda a presença tutelar do mal que o apartheid simbolizava. Este é considerado o melhor romance de J. M. Coetzee. O livro conta a história de David Lurie, um professor de literatura que não sabe como conciliar a sua formação, o seu desejo e as suas frustrações com as normas politicamente correctas e portanto hipócritas da universidade onde lecciona. Disgrace navega portanto no mar turbulento das relações sociais, de género e de raça no ambiente agora clarificado da sociedade da República da África do Sul. Os elementos mais presentes na estrutura de Disgrace são a inversão de forças ocorrendo em várias situações, cujos resultados são as muitas perdas e o deslocamento da identidade dos brancos em oposição ao fortalecimento dos negros; a associação da figura do protagonista com imagens demoníacas; e o reconhecimento do fim do apartheid e seus resultados como consequência da circularidade da história, levando a um pessimismo revelado na análise que o autor faz da sociedade branca sul-africana e do futuro que a espera. Percebe-se que os elementos possibilitadores do mal presentes em outros do seus romances se reposicionam, transmutam-se, vestem outros discursos, mas não desaparecem. Constróise uma nova abordagem, em que há a reversão da história construída pelos mais fortes, cujo resultado havia sido o apagamento ou a distorção da história dos mais fracos. Desgraça leva o leitor a perceber que não importando de que lado se está, a vitória de uns significa a derrota para outros. Isso implica não só a reescritura da história, mas a redefinição dos discursos permitidos e daqueles proibidos. Coetzee, no romance em questão, reconhece a culpa histórica dos seus antepassados, mas retrata uma sociedade em que as inversões se deram em todas as esferas, inclusive na agência da violência, o que acarretou profundas transformações na subjectividade dos sujeitos envolvidos nesse processo. Observa-se no romance de J. M. Coetzee a figuração de uma tragicidade possível no mundo contemporâneo, porém com incidência distinta dos exemplos gregos (sem, contudo, perder pontos de contacto). Quando


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fichas de leitura

se fala em trágico, aqui, remete-se ao termo conforme a acepção moderna, formulada no romantismo alemão, que em linhas gerais se refere à afirmação da individualidade ante o mundo. Tal afirmação resulta quase sempre no aniquilamento do indivíduo. Em Desgraça, o cenário desse aniquilamento (o evento trágico) é a África do Sul pós-apartheid. Ao ler este livro não pude evitar o sentimento de que algures existiria uma certa semelhança com a Mancha Humana de Philipe Roth e contudo não existe nenhuma proximidade de tempo e lugar, quer dizer relativamente ao tempo global, sim, é o mesmo, mas o tempo global é uma abstracção, é sempre de espaço tempo que se trata. E, nesse plano as diferenças são enormes. Ainda assim o destino das personagens principais dos dois romances, ambos curiosamente universitários e ambos apanhados na ratoeira da nova ideologia do “politicamente correcto”, é parecido. Gostaria ainda de deixar aqui uma pista sobre o meu próprio texto que possa ajudar o leitor a descodificar melhor o breve excurso sobre a questão da ‘Graça’. Para lá da inevitável relação com a literatura teológica, sobretudo patrística e com Santo Agostinho em particular, tive muito em conta um texto de Giorgio Agamben, do livro Profanações, intitulado Genius. Existe na relação de cada pessoa com o seu Génio uma gravidade e um cuidado que em mim conecta com o sentimento de perigo (trágico) associado à eventual perda da Graça. Vivemos, provavelmente, nesta fronteira, tão precária, por vezes de modo algo leviano e porém o essencial da nossa vida estará eventualmente aí, nessa relação misteriosa com uma forma de transcendência que nos é constitutiva. “Os latinos denominavam Genius o deus ao qual cada homem se encontra confiado no momento do nascimento. A etimologia é transparente e permanece ainda visível na proximidade de ‘Génio’ e do verbo engendrar” (Agamben). O tema é muito exaltante e através dele podemos fazer esse itinerário que vai ao encontro do conceito de ‘Graça’, passando naturalmente pela célebre frase de Heráclito: “O carácter de um homem é o seu Daimon” (ethos anthropó daimon). Heidegger viria na Carta Sobre o Humanismo a explorar esta frase num sentido mais próximo da ideia de Graça cristã ao dizer que o “homem mora enquanto homem na proximidade de Deus”. Isso resulta do facto de que Heidegger ao procurar encontrar uma fundamentação ontológica para a ética, isto é para o ethos, conferindo-

-lhe a dignidade de um lugar, melhor de uma morada, isto é, de uma relação de vizinhança, forçou talvez o sentido heraclitiano da frase, mas seguramente não muito tendo em conta que o sábio de Éfeso gostava de se exprimir na proximidade da linguagem dos Mistérios e ele mesmo atribuía ao carácter o sentido da morada mais íntima do homem. O estado de graça confere essa vizinhança e essa morada, radicalmente, a sua perda adquire portanto a conotação de uma expulsão da morada e portanto de um exílio, etc. etc. Ora uma das palavras que na

cultura grega exprimia e exprime ainda a ideia de felicidade, é Eudaimonia, que justamente exprime a ideia de um bom Daimon. Assim se percebe portanto a relação que pretendemos estabelecer entre a transcendência e o mundo, entre a ontologia e a ética. Os romances que citei exploram ambos esta problemática. Quando alguma coisa se rompe e não se devia ter rompido, quando um elo se quebra e uma vizinhança vital se deteriora, algo de trágico pode ocorrer… Em Disgrace e na Mancha Humana é de exilados que se trata. Agora, porém,

Manuel Afonso Costa

trata-se de um exílio sem a ambivalência construtiva que eu geralmente lhe atribuo, mas de uma queda, de uma perda da vizinhança com o Génio ou o Daimon. O ser desconecta da Graça… e portanto o que pode sobrevir é da ordem da Desgraça. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


12 CHINA

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LUCROS DA INDÚSTRIA CRESCERAM 7,4%

Já esteve pior Apesar das nuvens negras que têm pairado sobre a economia, o primeiro trimestre deste ano mostra sinais positivos. Todavia, He Ping, do Gabinete de Estatística avisa que a subida tem a ver com os baixos resultados registados no ano passado

O

S lucros das principais empresas industriais da China aumentaram 7,4%, no primeiro trimestre deste ano, face ao mesmo período de 2015, para 1,3 biliões de yuan, segundo dados oficiais divulgados ontem. Entre Janeiro e Fevereiro, as empresas do sector secundário chinês com receitas anuais superiores a cerca de 2,6 milhões de euros lucraram mais 4,8%, em termos homólogos, revertendo

a tendência negativa do ano anterior. No mês de Março aquele índice subiu 11,1%, para 561.240 milhões de yuan. Um porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, He Ping, atribuiu a melhoria dos dados ao aumento das vendas, a quedas menos acentuadas nos preços dos produtos e aos esforços do Governo para reduzir as despesas da indústria. Apesar da recuperação, He advertiu que parte do crescimento dos lucros deve-se à comparação com os

resultados baixos registados no ano passado, quando os lucros registaram uma queda homóloga de 2,7%. Março trouxe vários sinais positivos para a economia chinesa, numa altura em que Pequim lança várias políticas visando manter o crescimento económico.

MAIS PRODUÇÃO, MAIS RETALHO

A actividade manufactureira expandiu pela primeira vez em nove meses, enquanto as vendas ao exterior da China aumentaram 18,7%, em

termos homólogos, segundo dados oficiais. As vendas a retalho avançaram 10,5%, face ao mesmo mês do ano passado.

O preço de novos fogos de habitação voltou também a subir nos últimos meses depois do Banco Central aprovar diversas medidas (sobretudo a redução do

Março trouxe sinais positivos para a economia chinesa, numa altura em que Pequim lança várias políticas visando manter o crescimento económico

pagamento inicial), visando facilitar a concessão de hipotecas para a compra da primeira ou segunda casa. A China é a segunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos da América, e o principal motor de recuperação da economia global após a crise financeira de 2008. A economia chinesa cresceu 6,9% em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.

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PEQUIM PEDE ACÇÕES A TÓQUIO PARA MELHORIA DE RELAÇÕES

A

China pediu na terça-feira ao Japão para cumprir as suas intenções de desenvolver o relacionamento entre os dois países e tomar medidas concretas para melhorar as relações bilaterais. Num discurso proferido a 25 de Abril, Fumio Kishida, ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, fez comentários positivos sobre a melhoria e o desenvolvimento das relações no futuro entre a China e o Japão. Assuntos como a expansão

OLHA OS ROBÔS!

militar da China e suas actividades marítimas também fizeram parte do discurso. “Notamos sinais positivos enviados pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Kishida, no seu discurso. Esperamos agora que o Japão o ponha em prática e faça esforços concretos para melhorar e desenvolver as relações bilaterais”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

O gigante asiático pretende triplicar a sua produção anual de robôs utilizados no sector manufactureiro para 100 mil em cinco anos, disse na terça-feira o regulador da indústria. De acordo com o Ministério da Indústria e Tecnologias de Informação, a China planeia também vender robôs de serviço no valor de mais de 30 mil milhões de yuans em 2020 devido à procura crescente nos sectores médico, da educação e do entretenimento. A iniciativa de desenvolvimento da indústria robótica inscreve-se no 13º Plano Quinquenal (2016-20) e tem por objectivo elevar a qualidade dos equipamentos fabricados, disse Xin Guobin, vice-ministro da Indústria e Tecnologias de Informação. Segundo o ministério, a China produz actualmente cerca de 33 mil robôs industriais.

“No entanto, é lamentável que o Japão continue a apontar o dedo à China nalguns assuntos”, comentou Hua. “As actividades da China no Mar do Leste da China e no Mar do Sul da China estão justificadas e são legítimas e, portanto, são irrepreensíveis”, indicou Hua. “O Japão não se deve intrometer nos assuntos do Mar do Sul da China”, afirmou. “O Japão, como país fora da região, deve colocar-se na posição correcta, deixar de procurar defeitos na China e de seguir um certo país para destabilizar a região”, advertiu a porta-voz.


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?

(F)UTILIDADES

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 23 MAX 29 HUM 70-95% • EURO 9.03 BAHT 0.22 YUAN 1.23

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

DOCUMENTÁRIO “FIRST COUSIN ONCE REMOVED”/ “SISTER KIM”/“32+4” Cinemateca Paixão, 19h30

AQUI HÁ GATO

PROMESSAS E SONHOS

DOCUMENTÁRIO “DEATH OF A JAPONESE SALESMAN” Cinemateca Paixão, 14h30 EXPOSIÇÃO “NARRATIVAS”, DE PARK SEUNG HOON Casas-Museu da Taipa, 18h30 (até 26/06) Entrada livre

Amanhã

DOCUMENTÁRIO “FIRST COUSIN ONCE REMOVED” Cinemateca Paixão, 14h30 DOCUMENTÁRIO “TAXI” Cinemateca Paixão, 19h00

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO DE EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTIN MGM Art Space (até 20/11) Entrada livre CONCERTO PARA VIOLINO DA OM E SAYAKA SHOJI Torre de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 100 e 200 patacas

Sábado

DOCUMENTÁRIO “DEATH OF A JAPONESE SALESMAN” Cinemateca Paixão, 21h30 “SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO” PELA SHASKEPEARE THEATRE COMPANY Centro Cultural de Macau, 20h00 (repete domingo) Bilhetes entre 120 a 380 patacas

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 77

PROBLEMA 78

Diariamente

UM LIVRO HOJE

EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05)

Há livros tão importantes que o seu título, ou alguma frase do seu bojo, ficam para sempre gravados no léxico diário. É o caso deste. Quantas vezes não foi já usado para exprimir os espantos do progresso? Porque é um trabalho fundamental, visionário e que, apesar de escrito há 84 anos, continua assustadoramente actual. O relato de uma sociedade organizada segundo princípios científicos, um mundo de pessoas programadas em laboratório e adestradas para cumprir seu papel numa sociedade de castas biologicamente definidas no nascimento. Um mundo onde a literatura, a música e o cinema têm apenas a função de consolidar o conformismo. Um universo que louva o avanço da técnica, a linha de montagem, a produção em série e a uniformidade. Manuel Nunes

EXPOSIÇÃO “LA VIE EN MACAU”, DE ANTONIO LEONG Albergue SCM (até12/06)

EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin EXPOSIÇÃO “AS DIMENSÕES DO SONHO E ARTE” Fundação Rui Cunha (até 12/05)

Cineteatro SALA 1

C I N E M A

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [B] Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 14.30, 18.30, 21.15 SALA 2

BUDDY COPS [C]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Peter Chik Com: Bosco Wong,

SUDOKU

DE

DOCUMENTÁRIO “DEATH OF A JAPONESE SALESMAN” Cinemateca Paixão, 21h00

O que estou a fazer eu num dia como hoje, mas daqui a cinco anos? Se calhar estou na mesma casa, a comer a mesma espécie de peixe e a brincar com o meu brinquedo favorito, mas já com um dono diferente. Não sei, não tenho a certeza, nem quero fazer a mim próprio promessas que depois posso quebrar, como o nosso Governo faz quase sempre. É verdade que há a necessidade de se lançar um plano quinquenal de desenvolvimento para mostrar as capacidades que Macau tem e para que as pessoas tenham confiança. Mas, se virmos o que o Executivo tem feito, não creio que as promessas sejam todas concretizadas, conforme o calendário. Tenho vários bons exemplos: os novos aterros, até ao momento, ainda não têm areia para avançar com obras. Como é que podemos dar a esperança de que as pessoas vão lá ter habitações daqui a cinco anos? E a protecção ambiental, que é o aspecto que desaponta mais a população? E o gás natural, a água reciclada e o uso de carros eléctricos, que estão sempre na lista de trabalho mas ainda longe da vida quotidiana das pessoas? E o metro ligeiro, que parece um fantasma que sempre está perto de nós mas de facto não está? Mas é assim: todos têm sonhos para realizar, seja eles reais ou surreais. O que interessa não é só o resultado, mas também o processo. Vamos ver como se vai fazer para que Macau ganhe o que necessita mesmo. Pu Yi

“ADMIRÁVEL MUNDO NOVO” (ALDOUS HUXLEY, 1932)

King Kong Li, Charmaine Fong 14.15, 21.45

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [3D] [B]

Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 16.15, 19.00

THE BOY [C]

Filme de: William Brent Bell Com: Laura Cohan, Rupert Evans 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


14 DIREITO DE RESPOSTA

Exmos. Senhores, Jornal HOJE MACAU

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FASCISMO, NEM PT, NUNCA MAIS! Por Jane Martins e Jorge Serrao

Venho por este meio solicitar a V.Exas., a publicação do texto abaixo, ao abrigo do Direito de Resposta, relativamente ao conteúdo da página 19 (Opinião) publicado no vosso jornal no dia 24 de Abril de 2016. Com os melhores cumprimentos. Jane Martins Não é tarefa para amadores analisar a complexidade brasileira, em seus aspectos políticos, econômicos e militares. Tal missão também não pode ser cumprida, com a mínima honestidade intelectual, por quem se mostra claramente contaminado pelo vírus da ideologia radical, seja de extremas direita ou esquerda. Torcedores fanáticos de certas tendências totalitárias - que sempre escondem suas verdadeiras adorações e intenções - fracassam na crítica ácida e covarde aos seus adversários de ideias. No discurso, parecem libertários. Mas, na prática, namoram com o autoritarismo em pele de cordeiro.

Quem quiser conhecer como funciona ação deletéria da ideologia comunista sobre a cabeça dos brasileiros encontra farta literatura e material de estudo. Veja os vídeos de Olavo de Carvalho no Youtube. Leia livros documentais como “Orvil - Tentativas de Tomada do Poder” - ISBN 978-85-8013058-4) e “Cadernos da Liberdade - Uma visão do mundo diferente do senso comum modificado - ISBN 85-903934-1-0). Estas fontes de informação, fruto de pesquisa acadêmica séria, revela documentos que mostram como a esquerda promove seu fascismo no Brasil, cometendo vários crimes (inclusive contra a liberdade), através de uma entidade transnacional chamada “Foro de São Paulo” - fundada por Lula da Silva e Fidel Castro, em 1990, para realizar a revolução comunista na América Latina.

O primeiro fato objetivo sobre a realidade brasileira é que aquele país achado pelos portugueses vive uma pseudodemocracia, desde 1985, quando os militares deixaram o poder e alguns generais aceitaram que um vice-presidente (José Sarney), não eleito pelo colégio eleitoral da Câmara dos Deputados, assumisse o lugar do falecido Presidente Tancredo Neves, que seria o mandatário legítimo. Desde então, assistimos a um dantesco espetáculo de antidemocracia neste regime chamado de Nova República, que agora agoniza com a gestão incompetente e corrupta do Partido dos Trabalhadores - na gíria das seguradoras brasileiras, sinônimo de “Perda Total”. Por que o Brasil não é uma Democracia? Resposta objetiva: porque não temos segurança do Direito, porque não temos os cidadãos exercendo o controle social da máquina estatal, porque sofremos a influência direta de organizações criminosas, travestidas de políticas, na administração da coisa pública. Além disso, as eleições brasileiras são uma “caixa-preta”, já que o moderno sistema eletrônico de votação não permite uma simples e honesta auditoria, via recontagem impressa de votos. Como também não temos um sistema distrital ou distrital misto para a escolha dos parlamentares, a dogmática urna eletrônica acaba escolhendo representantes sem legitimidade - o que se reflete na baixa qualidade do parlamento brasileiro. O Brasil antidemocrático se parece com uma nação sob regime fascista quando temos a combinação destruidora da falta de legitimidade na política com o discurso

É por isso que se pode afirmar, sem medo de errar objetivamente, que os militares no poder (entre 1964 e 1985) foram mais eficientes e honestos que os 13 anos de desgoverno do Partido dos Trabalhadores. Se eles erraram com o Ato Institucional número 5 (AI-5) e com a censura burra à imprensa, acertaram no investimento em infraestrutura que permitiu o Brasil ser o gigante que é hoje. A História registra e documenta que nenhum dos presidentes generais saiu do poder com fama de corrupto ou ladrão. A imagem de «ditadores» foi construída, habilmente, pela propaganda ideológica de esquerda, que tomaria o poder deles a partir de 1985 e hoje leva o Brasil ao precipício, sob um regime falsamente democrático no formato, porém nazista em sua prática de politicagem em conluio com o crime organizado.

radical (de esquerda ou de direita) obtendo hegemonia e controle sobre a máquina estatal. O Brasil é hoje desgovernado por dirigentes que são crentes fanáticos de seitas ideológicas que acreditam que o socialismo/comunismo são o caminho para controlar um país. Tal crença alimenta um Capitalismo de Estado, no qual os “socia-

BATER NA RELVA Há um ditado japonês que fala de “bater na relva para fazer sair as serpentes”. Ei-las: eis o ovo da serpente em todo o seu esplendor, a descrição do Brasil como República de Weimar, a implorar por um Hitler que nos livre dos comunistas, dos socialistas, dos “vagabundos”, dessa “bahianada”, e ponha na ordem os fazendeiros/ capitalistas.

listas” ou “comunistas” tomam conta dos aparelhos ideológicos do Estado, e dirigem os rumos da nação conforme tal vontade de um pequeno grupo radical. Isto não é democracia. É fascismo disfarçado, porque o “duce” é eleito pelo voto direto (daquele sistema de votação eletrônica que não aceita questionamento de resultado).

Não serei eu a responder a esta apologia das maravilhas da ditadura militar. A resposta é dada por centenas de intelectuais brasileiros, artistas, académicos, activistas, obrigados a deixar o seu país ou a frequentar as acolhedoras prisões do coronel Ustra. Outra resposta é dada pelos números da economia brasileira, pela imagem do país no exterior, pela lista de gente perseguida e torturada, etc.. Conhecemos bem em Portugal este discurso. De facto, Salazar não era

O jornalista estrangeiro que fizer tais estudos, com a mínima seriedade e ética intelectual, vai constatar o perigo de defender o regime criminoso do PT. Qualquer outro argumento, apenas na retórica ideológica, acabará classificado como “piada de português” (um preconceito indesejável para qualquer escritor que se pretenda sério). Jane Martins é presidente da Casa do Brasil em Macau. Jorge Serrao é jornalista, editor-chefe do site Alerta Total.

corrupto. Não precisava. Hitler também não. Pinochet não sei. Valerá mesmo a pena explicar a quem não quer ouvir, a quem não quer saber, a quem não quer ler a História, que as ditaduras estabelecem as redes de interesses que constituem as malhas da corrupção, garantidas pela omissão de um sistema judicial independente e por uma sociedade ferozmente dividida, ainda herdeira do esclavagismo? Segundo os subscritores desta resposta (parte dela copiada de um blogue de

radicais contra o PT), foi o advento democrático, primeiro, e o PT, depois, quem inventou a corrupção no Brasil — isto é tão bom... — apresentado como facto “objectivo”. Está tudo dito, não é? Eles são o que são e a democracia dá-lhes direito a serem assim, enquanto não nos entrarem em casa para nos queimar os livros e revistar as gavetas. Mais palavras para quê? Bati na relva e as serpentes mostraram as suas cabeças. Carlos Morais José


15 hoje macau quinta-feira 28.4.2016

OPINIÃO

bairro do oriente

Q

Ele disse (Um soco nos pulmões)

UEM é Português está cá por Macau já há algum tempinho e não se cinge à sua “bolha” ou “mundinho” (eh, eh), e convive amiúde com a fauna local, acaba por detectar certas tipicidades linguísticas que lhe podem parecer um tanto ou quanto “estranhas” – digamos que se entra em “choque cultural”, que é algo que deixa sempre os apreciadores deste tipo de picuinhices de antenas no ar. “Ah ah, olha que giros que eles são...até parecem gente, não é?”. Já sei, já sei, “ninguém disso isto”, claro, mas quantas vezes não pensaram, ah? Hipócritas...bem, voltando à vaca fria, ou na sua versão local, ao búfalo de água asiático frio. Um dia destes enquanto contribuía para o progresso e desenvolvimento da RAEM, estavam duas colegas minhas na amena cavaqueira ao mesmo tempo que trabalhavam no duro (convém salvaguardar as criaturas, pobrezitas), quando a certo momento uma delas faz um comentário que terá sido entendido pela outra como “atrevido”, uma vez que esta retorquiu com uma expressão que considero assaz curiosa: “dou-te um soco nos pulmões”, ou em chinês, “頂你個 肺”. Mais ou menos isto, uma vez que no linguajar cantonês corrente isto dito soa a qualquer coisa como “téng lei gó fái”, sendo “téng” o verbo “socar”, ou “esmurrar”, e “fái” o correspondente ao principal órgão do aparelho respiratório, o “pulmão”. Mas atenção, que isto é dito com uma ligeireza que possivelmente é daquelas coisas que “saem”, como “ai Jesus, Deus me livre” para nós, e as duas lá concluíram a galhofa na paz dos anjinhos, sem uma nuvem de afronta ou desaforo no horizonte – “Dou-

SYLVESTER STALLONE, ROCKY II

LEOCARDO

-te um soco nos pulmões, ah ah!”. Que simpático, deveras. Claro que para os padrões ocidentais algo como “dou-te um soco nos pulmões” leva-nos inevitavelmente a projectar visualmente esta ideia, e ao notar uma reacção da minha parte, a minha colega

“Isto do “ele disse” parece ser uma coisa “normal” por estas bandas, e creio que nem sequer se pensa em algo tão sério como a assumpção das responsabilidades, e quanto mais se colocam em causa valores como a própria dignidade”

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Aviso Faz-se público que, por despacho da Ex. Senhora Secretária para a Administração e Justiça, de 5 de Abril de 2016, e nos termos do disposto na Lei n.º 14/2009 (“Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos”) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011 (“Recrutamento, selecção, e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos”), se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de 1 (um) lugar de auxiliar do 1.º escalão (área de servente), da categoria de auxiliar, em regime de contrato administrativo de provimento da carreira de auxiliar da Direcção dos Serviços de Identificação. O aviso de abertura encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n. º 17, II Série, de 27 de Abril de 2016 e o prazo para a apresentação de candidaturas é de vinte dias, a contar do primeiro dia útil imediato ao da publicação do respectivo aviso no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau. As informações sobre a candidatura e os documentos necessários encontram-se disponíveis no sítio da DSI (http://www.dsi.gov.mo/), para consulta. ma

Direcção dos Serviços de Identificação, aos 19 de Abril de 2016. A Directora, Ao Ieong U

estranhou, e lá lhe expliquei que nós portugueses, e (creio que) Ocidentais em geral temos igualmente expressões semelhantes para aquele contexto em particular, mas nada de tão gráfico, e ao ponto de especificar o órgão a ser atingido pelo tal soco “a fazer de conta”. Penso que a terei deixado meio sem jeito, ou talvez tenha dado a entender que a civilização dela é mais propensa para a barbárie, ou que fica mal a uma senhora usar este tipo de linguagem, sei lá, e a este ponto deixem-me que vos diga, e em jeito de desabafo, que o melhor é não pensar muito no assunto. Sejam vocês mesmos, pronto, e usem o critério que acharem mais indicado. Afinal não estamos aqui perante o dilema de tapar nus artísticos em vésperas da visita de altos dignatários da República Islâmica do Irão, pois não? Tudo isto é para ser levado “na desportiva”, lá está, mas há contudo um hábito local ao qual não me consigo habituar, e pode-se mesmo dizer que me causa uma certa...”espécie”, para não dizer coisa pior. Quando vamos a uma repartição pública e

quejandos só para dar um exemplo prático, escutar a expressão “gói huá” – ele/ela disse. Isto acontece normalmente quando pedimos uma informação, ou um esclarecimento, e na dúvida o funcionário que nos atende pede ajuda a um colega, regressando a nós começando por nos elucidar com um “ele disse”, ou “o meu colega disse” – e isto é tão frequente que é preciso andar-se mesmo “desligado” para não reparar. Como agiria o leitor perante esta situação, digamos, em Portugal, por exemplo? E que tal: “Ai sim, então importa-se que eu fale antes com o seu colega, uma vez que para pombo-correio você não leva lá muito jeito”? Pode ser que eu esteja apenas a ser “esquisito”, mas isto irrita-me tanto como aqueles médicos que dizem aos familiares de um doente às portas da morte qualquer coisa como “agora está nas mãos de Deus”. Dá vontade de perguntar onde é que podemos encontrar este tal senhor Deus, uma vez que gostaríamos de ficar a par da situação, e já agora não ser tratados como tótós. Mas isto do “ele disse” parece ser uma coisa “normal” por estas bandas, e creio que nem sequer se pensa em algo tão sério como a assumpção das responsabilidades, e quanto mais se colocam em causa valores como a própria dignidade. “É assim”, e pronto, e pode ser que esteja a chover a cântaros lá fora, que se disserem isto a alguém que ainda não saiba, e este no caso de o transmitir a terceiros cuidará sempre por começar a frase com “ele disse”. A propósito, não viram no último fim-de-semana a entrevista com a secretária da tutela (esta tutela, é preciso dizer mais?). Tive a ligeira impressão que as respostas seriam sempre as mesmas, independentemente de quais fossem as perguntas. Acredito mesmo que só não tivemos um festival de “ele disse” porque...bem, não havia ninguém que pudesse dizer mais, fosse do que fosse. Ah sim, e tudo isto que vos acabei de contar, “ele disse”. Ele, pronto, agora puxem vocês pela cabeça.


Quando só formos / a vela alta / e diluída / sem mastro nem / flâmula ardendo, / que âncora ainda / anunciará / na desmemória / outro Oriente?”

José Augusto Seabra

quinta-feira 28.4.2016

TAXA DE DESEMPREGO ABAIXO DOS 2%

A

taxa de desemprego fixou-se em 1,9% no primeiro trimestre do ano, de acordo com dados oficiais ontem divulgados, que apontam para 7700 pessoas desempregadas, 6,3% das quais procurava o primeiro emprego. A taxa de desemprego dos primeiros três meses do ano representa um ligeiro aumento de 0,2% em relação ao mesmo período de 2015, quando se fixou em 1,7%. Segundo os Serviços de Estatística e Censos, a população activa de Macau era de 396.600 pessoas e a empregada de 389.000, num total de 646.800 habitantes. Em termos

de ramo de actividade, os Serviços de Estatística dão conta de uma descida do número de empregados nos hotéis e similares, lotarias, outros jogos de aposta e actividades de promoção de jogos, mas não apresentam números. Amediana do rendimento mensal entre Janeiro e Março fixou-se em 15 mil patacas, sendo superior para os residentes de Macau, que auferiram 18 mil. No sector das lotarias, outros jogos de aposta e actividades de promoção de jogos a mediana alcançou as 19.500 patacas e no sector da construção fixou-se nas 15 mil patacas.

ESTALEIROS DE COLOANE PROPOSTA DE MANUTENÇÃO ENTREGUE

HOTEL CENTRAL ENCERRADO

Fim de uma lenda?

D

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E acordo com informação veiculada ontem pelo Jornal Tribuna de Macau, após um longo braço de ferro entre proprietário e arrendatário, o Hotel Central foi encerrado esta segunda-feira por ordem do Tribunal Judicial de Base (TJB). A contestação prendia-se com os valores do arrendamento tendo, inclusivamente, o hotel já encerrado temporariamente o ano passado após uma ordem de despejo emitida pelo Tribunal por falta de pagamento da renda de Janeiro. O inquilino interpôs recurso junto do Tribunal de Segunda Instância, algo que permitiu que o hotel se mantivesse em actividade até esta semana. Este último contrato de arrendamento tinha sido celebrado em 2002, com o pagamento das rendas a cada trimestre, sendo o valor mensal fixado em 144.500 dólares de Hong Kong. No anúncio do TJB, colocado à porta do edifício, pode ler-se que o hotel volta à posse dos proprietários, a Forth Sino Limited e a Gain New Limited. Edifício histórico, onde se criaram as primeiras imagens do

Macau fantástico e exótico das mesas de jogo e dos luxos orientais que atravessaram o mundo, há muito que o glamour se tinha esbatido. Apesar de apresentar bom aspecto por fora, o velho hotel estava completamente arruinado por dentro e praticamente votado ao abandono.

LUGAR DE MEMÓRIA

Inaugurado a 22 de Julho de 1928, então como Presidente, passou a Central em 1932 e, dez anos mais tarde, o dobro dos andares foram acrescentados aos seis originais passando aos actuais 12. Foi o primeiro edifício de Macau a ter elevador e o mais alto da cidade até meados dos anos 80 e, durante muito tempo, foi mesmo o mais alto de todas as possessões ultramarinas portuguesas. Viveu a sua época de ouro entre os anos 30 e 40, sendo muitas as histórias de cenas ali passadas e também a lista de visitantes ilustres como John Wayne, entre muitos outros. Além de sobressair na paisagem urbana, o Hotel Central foi também destaque no livro de viagens “Thrilling Cities” de Ian

Fleming, autor de James Bond. Descrevia o autor “um lobby luminoso e andares luxuosos onde o ambiente de jogo reinava”. Era então propriedade de Fok Chi Ting, antigo presidente da Companhia Hou Heng e considerado um inovador no sector do jogo introduzindo espectáculos, fruta grátis, decorações sumptuosas e até pacotes modernaços de estadia com bilhetes de ferry. Os mais velhos lembram-se bem como era. Mesmo durante a II Grande Guerra. “Apesar da guerra e da miséria cá fora pelas ruas, entrar naquele hotel era como uma viagem a um mundo de fantasia, onde tudo era bonito, tudo fascinante e nada faltava”, revelou ao HM um dos frequentadores do espaço nos meados de 40. “E o perfume das bailarinas....” acrescentou. Terá sido também no Hotel Central que o Comendador Ho Yin organizou o chá gordo de pelo menos um dos seus casamentos. Resta agora saber o destino deste iconográfico edifício. Manuel Nunes

info@hojemacau.com.mo

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) confirmou em resposta ao HM que já recebeu uma proposta para a manutenção urgente dos estaleiros de Lai Chi Vun, localizados em Coloane. A proposta foi apresentada pelo responsável do estaleiro “Lok Hap”, o qual está em risco de cair em breve. A DSAMA indicou que está actualmente a apreciar a proposta, mas o organismo não avançou mais informações sobre o que foi apresentado. Conforme já foi noticiado, este é um dos históricos estaleiros de construção naval localizados em Coloane que está em risco iminente de queda. A DSAMA já havia garantido que, caso não fosse entregue uma proposta de manutenção do estaleiro até ontem, iria ser feita uma intervenção.

SISTEMA PARA AJUDAR PARA JOVENS EMPRESÁRIOS

O Jornal do Cidadão escreveu na sua edição de ontem que o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, está a ponderar sobre a criação de um sistema que faça o acompanhamento dos jovens empresários que usufruem dos subsídios para as Pequenas e Médias Empresas (PME). “A economia de Macau está numa fase de ajustamento e o mercado precisa de novidades. Os jovens podem ter uma melhor carreira na área do empreendedorismo e o Governo está a estudar um novo sistema de acompanhamento, para que possam ser observados os desempenhos das empresas destes jovens, os sucessos e as falhas”, referiu o Secretário. Lionel Leong prometeu ainda um reforço das medidas de apoio para os jovens que pretendem iniciar um negócio.

M+PAY JÁ ESTÁ A FUNCIONAR

Segundo o Jornal Ou Mun, a primeira plataforma de pagamento a terceiros “M+Pay”, serviço da empresa MacauPass, começou a funcionar na última terça-feira. Neste momento, a plataforma funciona através do seu site e aplicação para Android, estando previsto o lançamento em breve para o sistema operativo iOS. Com este serviço os residentes podem comprar produtos, pagar despesas e fazer doações. Os utilizadores da MacauPass podem fazer um registo no site criando uma conta, com um tecto máximo de cinco mil patacas, ligado ao seu número de telemóvel. Lao Kin Keong, um dos responsáveis da MacauPass disse que, até agora, a “M+Pay” apenas tem ligação com a Macau Market, uma plataforma comercial online. A empresa, acrescentou, está a discutir com outras plataformas online estrangeiras como o Taobao, do interior da China, e pretende concluir os acordos já este ano.


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