MOP$10
TERÇA-FEIRA 28 DE ABRIL DE 2020 • ANO XIX • Nº4515
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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
COVID-19
COMEÇAR DE NOVO RÓMULO SANTOS
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IPIM
CRIME
JULGAMENTO ADIADO
O BANDIDO VOLTA A CASA
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hojemacau
Pilares da terra Acelerar o desenvolvimento do sector financeiro, tornando-o mais moderno, através da exploração do mercado de obrigações, da gestão de fortunas e da locação financeira, foram algumas das principais ideias expostas pelo secretário para a Economia e Finanças, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa da tutela. Lei Wai Nong, que fala do sector financeiro como “um dos pilares da economia de Macau”, reitera ainda a aposta no turismo para fortalecer as bases económicas do território.
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PÁGINAS 2 A 4
MILLER E KEROUAC LAWRENCE FERLINGHETTI
CRASH
AMÉLIA VIEIRA
SER OUTROS PAULO JOSÉ MIRANDA
BEETHOVEN II MICHEL REIS
2 LAG
2020
TRAVES MESTRAS SECTOR FINANCEIRO SERÁ BASE DA DIVERSIFICAÇÃO ECONÓMICA
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“
sectorfinanceiro possui condições objectivas (…) para a diversificação horizontal do panorama industrial, devendo o ritmo do desenvolvimento desse sector ser acelerado”, defendeu o secretário para a Economia e Finanças lei Wai Nong na abertura do debate sectorial das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a pasta que tutela. Referindo não ser “notório o progresso da diversificação económica local”, Lei Wai Nong adiantou que esse caminho passa agora pela modernização do sector financeiro, apontando baterias à exploração do mercado de obrigações, gestão de fortunas e à locação financeira. Para o secretário, o objectivo do mercado de obrigações é criar o mais rápido possível “um mercado financeiro moderno”, ao passo que a aposta da gestão de fortunas deve focar-se no aproveitamento das “diversas medidas de apoio do Governo Central a favor de Macau”, nomeadamente na exploração de negócios de “carácter bidireccional, Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Já o incentivo à locação financeira deve passar pela adesão proactiva de empresas locais aos projectos da Grande Baía e da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. Simultaneamente, frisou Lei Wai Nong, deve ainda ser criada legislação “para o sector financeiro moderno” e ainda estabelecer e aperfeiçoar “os alicerces das tecnologias de Macau”. “O sector financeiro tem sido um dos quatro pilares da economia de Macau, com um peso no PIB entre 6,6 por cento e 7,0 por cento. Paralelamente (…) tem também criado muitas oportunidades de emprego de alto valor acrescentado para o mercado
de trabalho local”, apontou o secretário. A indústria de convenções e exposições é outra das áreas em que Macau deve apostar. Segundo o secretário “apesar de ter um peso no PIB inferior a 1 por cento”, possui “um efeito impulsionador relevante”, tendo contribuído para trazer “rendimentos consideráveis” em diversos sectores da economia. Para
materializar a aposta, Lei Wai Nong voltou a apontar na direcção da Ilha de Hengqin e a cooperação que deve ser levada com o território valorizando as vantagens institucionais de Macau e gerando “rendimentos económicos através do modelo de ‘um evento, dois locais’”.
TURISMO SEMPRE
Depois de referir que a base económica de Macau está
RÓMULO SANTOS
A exploração do mercado de obrigações, a gestão de fortunas e a locação financeira vão ocupar um papel fulcral da diversificação económica de Macau. Lei Wai Nong reiterou ainda que a aposta no turismo será a chave para revitalizar a economia segundo o plano apresentado para as Linhas de Acção Governativa da pasta da Economia e Finanças
Lei Wai Nong revelou que, no total, 1593 pessoas perderam o emprego até ao dia 14 de
terça-feira 28.4.2020
firme, é capaz de resistir a eventuais crises como a pandemia da covid-19 e goza ainda da vantagem de ter “o forte apoio da pátria-mãe”, Lei Wai Nong reiterou que vai apostar no sector do turismo para revitalizar a economia do território. O objectivo é incentivar os visitantes a permanecer mais tempo e consumir mais em Macau. “A nossa meta é: permanecer mais uma noite, gozar mais um dia divertido”, referiu o secretário. O secretário admitiu que o Governo prever lançar medidas “vantajosas” para os turistas que podem vir a incluir descontos em restaurantes e taxas de acomodação mais baixas. Além disso, em resposta a uma intervenção do deputado Ma Chi Seng sobre a intergração de eventos desportivos de grande envergadura nas actividades turísticas, Lei Wai Nong considerou “o turismo desportivo muito
importante”, pois permite abarcar várias dimensões, incluindo as Pequenas e Médias Empresas (PME).
DESEMPREGO INCOMODA
No debate de ontem, alguns deputados mostraram-se preocupados com a situação do emprego dos residentes. Quando questionado por Sulu Sou sobre que medidas estão a ser tomadas para lidar com os desempregados
“O sector financeiro tem sido um dos quatro pilares da economia de Macau, com um peso no PIB entre 6,6 por cento e 7,0 por cento.” LEI WAI NONG SECRETÁRIO PARA ECONOMIA E FINANÇAS
e pessoas em situação de licença sem vencimento, Lei Wai Nong revelou que, no total, 1593 pessoas perderam o emprego até ao dia 14 de Abril. O secretário fez questão de afirmar que estas pessoas já se dirigiram à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) de forma a receber o subsídio de desemprego, no valor de 150 patacas por dia. “Além deste subsídio de desemprego, queremos uma recolocação. Conseguimos já ajudar 769 trabalhadores a mudar de posto de trabalho, do sector da construção e do sector de venda a retalho”, afirmou Lei Wai Nong. De acordo com o governante existem ainda 7900 estudantes prestes a entrar no mercado de trabalho, sendo que o Executivo está em contacto com grandes empresas com o objectivo de facultar aos recém graduados um estágio de três meses.
LEI SINDICAL MAIS PERTO
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ei Wai Nong revelou ontem que será feita uma consulta pública ainda em 2020 com o objectivo de avançar com a lei sindical. “Quanto à lei sindical, já dissemos que o Governo vai lançar o projecto de lei. Esperamos que no terceiro trimestre possamos lançar o documento de consulta e que os 770 mil habitantes possam apresentar as suas opiniões”, sublinhou o secretário para a Economia e Finanças durante o debate das LAG da sua tutela.
Outra forma de mostrar preocupação relativamente aos postos de trabalho dos residentes chegou pela voz do deputado Au Kam San, referindo que os trabalhadores não residentes (TNR) ocupam um peso excessivo no mercado de trabalho de Macau. “Os
TNR constituem 40 por cento da população activa de Macau e deviam servir apenas para suprir a falta de trabalhadores locais. Não é isso que tem vindo a ser feito. Como podemos aliviar esta ameaça?”, perguntou o deputado. Questionado várias vezes sobre esta questão durante o debate, Lei Wai Nong apontou que é impossível que Macau dependa apenas dos trabalhadores locais. “Os TNR são parte complementar dos trabalhadores locais. Tendo em conta o estado da economia, não podemos depender só dos trabalhadores locais até porque não querem fazer alguns trabalhos, como, por exemplo, na segurança ou nas limpezas”, referiu o secretário.
“O DIABO ESTÁ NO PORMENOR”
Questionado sobre a renovação dos contratos de concessão do jogo que terminam em 2022, o secretário para a Economia e Finanças confirmou que até ao final do ano será realizada uma consulta pública. Lei Wai Nong afirmou ainda que o Governo irá “aproveitar bem o tempo” para acompanhar detalhadamente os trabalhos relacionados com o lançamento do novo concurso. “Quanto aos contratos de jogo, todos estão atentos. Iremos prepararmo-nos bem para seguir com o processo. Não queremos fazer de forma geral, mas detalhadamente porque ‘o diabo está no pormenor’. Temos de saber como estabelecer a relação”, referiu o secretário. “Iremos auscultar as opiniões da sociedade, lançando em tempo oportuno toda a documentação para a realização da consulta pública respectiva, recolhendo opiniões e conjugando ideias construtivas para a elaboração da nova lei do jogo”, acrescentou. Aos deputados, Lei Wai Nong referiu ainda que a realização da consulta pública irá ter em conta “elementos relacionados com as actividades correlativas não jogo, responsabilidade social das concessionárias de jogos, apoio prestado pelas concessionárias de jogo a favor das PME e das microempresas”. Pedro Arede
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Covid-19 China dá “forte garantia” de recuperação
Na apresentação das LAG para a tutela da Economia e Finanças, Lei Wai Nong afirmou que actualmente o cenário do Interior da China oferece garantias de estabilização económica. “Actualmente, o cenário favorável registado no Interior da China no que concerne à prevenção e controlo da situação epidémica tende a tornar-se cada vez mais solidificado, proporcionando assim uma forte garantia para a plena recuperação da ordem socioeconómica do país”, apontou. Para os trabalhos da fase de revitalização económica, o Governo de Macau reservou já 3,2 mil milhões de patacas do Fundo Específico de Apoio ao Combate da Epidemia (no valor total de 10 mil milhões de patacas). Lei Wai Nong referiu ainda que nos primeiros dois meses de 2020, o número de visitantes de Macau diminuiu 56,9 por cento em termos anuais, enquanto as receitas do jogo registaram também uma descida homóloga de 60 por cento. “Estes dados reflectem uma inevitável queda notória da economia de Macau”, acrescentou.
Trabalho Casos de grávidas despedidas
Wong Kit Cheng afirmou ontem conhecer casos de mulheres que foram despedidas por estarem grávidas. A denúncia surgiu durante uma intervenção da deputada onde pediu que a revisão da lei laboral devia incluir maiores compensações para as grávidas. “Precisamos de aumentar as compensações para as grávidas, porque, muitas vezes, são despedidas por causa da gravidez durante esta pandemia. Na futura alteração da lei das relações de trabalho, podemos introduzir mais medidas nesta área”, afirmou Wong Kit Cheng durante o debate da tutela da Economia e Finanças das Linhas de Acção Governativa. Em resposta, Lei Wai Nong não avançou se a questão vai ser contemplada na lei laboral.
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RÓMULO SANTOS
4 LAG
PREVISÕES SECRETÁRIO RECUSA AVANÇAR COM NÚMEROS
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Lei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças “O Governo não dispõe de condições para pagar as rendas pelas empresas e apenas podemos dar subsídios para que possam subsistir.”
COVID-19 DEPUTADOS PEDEM TERCEIRA RONDA DE APOIOS PARA EMPRESAS
Soube-me a pouco
Alguns deputados defenderam ontem uma terceira ronda de apoios a empresas no âmbito da crise gerada pela covid-19. No entanto, o secretário para a Economia e Finanças disse esperar pelo regresso à normalidade e pela necessidade de usar o erário público de forma racional
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O dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Economia e Finanças, vários deputados defenderam que o Governo deve apostar numa terceira ronda de apoios tendo em conta as profundas dificuldades com que se deparam as empresas. No entanto, Lei Wai Nong, não quis comprometer-se com uma decisão.
“Isso diz respeito ao erário público e temos de o gastar de forma correcta, e só assim é que podemos sair dessas dificuldades. Estamos a dar atenção à situação da pandemia e das pequenas e médias empresas (PME). Primeiro temos de voltar à normalidade nos negócios nas relações com Hong Kong e o Interior da China”, frisou o secretário da tutela.
1,7
O deputado José Pereira Coutinho foi um dos membros do hemiciclo que fez o pedido. “Quais são as medidas e propostas para as empresas que vão enfrentar a situação de encerramento? É possível fazer uma terceira ronda de medidas de apoio?”, questionou.
NÃO CHEGA
Também a deputada Song Pek Kei alertou para o facto de muitas em-
presas considerarem que os apoios já criados “não satisfazem as suas necessidades”. “Falo de empresas com mais de 100 trabalhadores, mas que não chegam ao estatuto das concessionárias. Sem turistas, os salários podem ter sido reduzidos a um quarto. Haverá ou não novas medidas para estabilizar a economia e o emprego?”, inquiriu. Lei Wai Nong assegurou que o Governo não tem capacidade para pagar as rendas suportadas pelas PME. “O Governo não dispõe de condições para pagar as rendas pelas empresas e apenas podemos dar subsídios para que possam subsistir.” Uma das medidas já anunciadas diz respeito à criação de uma linha de crédito com juros bonificados no valor de 10 mil milhões de patacas. Encontra-se também em vigor o Plano de Apoio a PME da responsabilidade da Direcção dos Serviços de Economia, ao qual se candidataram quase três mil empresas.
RESERVA FINANCEIRA INVESTIMENTOS EM BOLSA GERARAM PERDAS
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HAN Sau San, director da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), disse ontem que, devido à pandemia da covid-19, o investimento da Reserva Financeira da RAEM em mercados bolsistas gerou 1,7 mil milhões de patacas de prejuízo. “Estamos a fazer um investimento mais conservador e reduzimos [o investimento] em acções, que actualmen-
MIL MILHÕES
te ocupam apenas uma fatia de 10 por cento, quando antes era de 14 por cento. Investimos em obrigações com menos risco e também em depósitos.” O responsável espera que o saldo da Reserva Financeira da RAEM seja positivo no final deste ano, apesar da crise. “As oscilações no mercado bolsista foram muito elevadas e não queremos que a reserva tenha um saldo
negativo. Prevemos que até ao final do ano ainda possamos ter um pequeno saldo positivo.” Chan Sau San comparou a crise económica causada pela covid-19 com a Grande Depressão de 1929. “Esta conjuntura mundial é muito rara na história. A maior economia do mundo pode chegar a uma situação semelhante à de 1929 e a taxa de desemprego pode atingir os 20 por cento”, concluiu.
deputado Joey Lao pediu ao secretário para fazer uma previsão dos valores do Produto Interno Bruto (PIB), do número de turistas e da taxa de desemprego para este ano. No entanto, Lei Wai Nong não quis comprometer-se com números. “É muito difícil comprometer-me sobre qual a parte do trabalho que vou concluir nos próximos oito meses, sobretudo nesta fase da pandemia. Colocámos aqui os trabalhos que podemos concluir e não queremos passar um cheque careca a todos. Tenho três perspectivas: bom, menos bom e mau. É melhor trabalharmos em aspectos como o consumo e o investimento. Ao invés de apresentar uma previsão dos números é melhor dizer que tipo de trabalhos iremos concluir.” O secretário para a Economia e Finanças disse “não ter medo” de fazer previsões, mas assumiu ter uma “orientação diferente”. “Você quer uma previsão mas eu não consigo prever os números. Prevejo apenas uma orientação para as diferentes indústrias. A diversificação da economia é um trabalho contínuo e no próximo mandato terá de haver uma continuação”, acrescentou. Outro responsável do Governo adiantou que os novos valores do PIB vão depender da “modalidade e da forma como vai ser adoptada a cooperação regional no futuro”.
Andreia Sofia Silva e Pedro Arede info@hojemacau.com.mo
Edi Van AS / DSE Governo vai contactar trabalhadores sobre fusão O secretário Lei Wai Nong disse ontem que os trabalhadores da empresa de capitais públicos Macau Edi Van SA serão contactados sobre a fusão com a Direcção dos Serviços de Economia (DSE). “Ainda estamos a avaliar qual o grupo de trabalhadores que pode ir para a DSE e iremos contactar os trabalhadores”, referiu.
O relatório das Linhas de Acção Governativa para este ano dá conta da fusão da DSE com o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia e a Transferência Electrónica de Dados – Macau Edi Van S.A., passando a designar-se Direcção dos Serviços de Desenvolvimento da Economia e das Ciências e Tecnologia.
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ACAU estava ontem há 19 dias sem casos novos registados. Mas um paciente que já tinha tido alta hospitalar, e cumpria o período de convalescença no centro clínico do Alto de Coloane, voltou a testar positivo para o novo tipo de coronavírus durante o fim-de-semana. Trata-se do 15º caso detectado no território, um trabalhador não residente das Filipinas, com 31 anos. O homem, considerado um caso importado, tinha tido alta hospitalar no dia 12 de Abril e foi encaminhado para o centro no Alto de Coloane. Os testes de ácido nucleico voltaram a dar positivo treze dias depois, por duas vezes. O seu período de convalescença vai ser prolongado, e o utente vai ficar no centro clínico até aumentar a imunidade e testar negativo por duas vezes. Mesmo depois do isolamento segue-se um período de auto-gestão de saúde em casa. Lo Iek Long, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), disse que o quadro clínico do paciente é considerado estável, não apresentando desconforto ou sintomas. De acordo com o médico, a nível internacional, quando um paciente volta a testar positivo as autoridades não iniciam um novo tratamento porque se a pessoa desenvolver um “bom sistema imunitário”, passa a conseguir lidar com a situação. No entanto, é preciso “algum tempo para a remoção do vírus do seu corpo”. Ainda faltam resultados para confirmar se a pessoa está contagiosa ou se há risco de transmissão comunitária. “Olhando para os dados mundiais, só 2 a 4 por cento dos doentes voltaram a testar positivo. O mais importante é que tomamos todas as medidas de prevenção possíveis. Nos outros lugares, os pacientes que voltam a testar positivo vão regressar a casa. No entanto, em Macau tomamos uma medida diferente, continuam a ficar no Alto de Coloane”, explicou o médico, acrescentando que “não vai haver risco para a comunidade”. O centro clínico do Alto de Coloane tem pacientes com sintomas ligeiros e outros em convalescença. De acordo com Lo Iek Long, as equipas são iguais à do hospital público e existem equipamentos
COVID-19 PACIENTE COM ALTA VOLTOU A TESTAR POSITIVO
Um passo atrás
Depois de ter tido alta hospitalar e a um dia de terminar o isolamento no centro clínico no Alto de Coloane, um paciente voltou a testar positivo para a covid-19. Com mais uma alta hospitalar ontem registada, restam 13 doentes internados
CAPACIDADE PARA ANÁLISES
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ma das metas das autoridades é aumentar a capacidade de análise das amostras, disse ontem Lo Iek Long. Mas já se registaram desenvolvimentos. Antes eram analisadas diariamente cerca de 600 amostras, um número que actualmente ascendeu a duas mil amostras. De acordo com o médico, foram iniciadas colaborações com outras instituições nessa área. Recorde-se que passaram a ser feitos testes de ácido nucleico pelo menos uma vez a professores que não saíram de Macau.
semelhantes. O paciente só terá de ser encaminhado para o CHCSJ se apresentar febre ou sintomas. O incidente não é exclusivo de Macau. Na Coreia do Sul, por exemplo, mais de 200 pessoas voltaram a testar positivo para o novo tipo de coronavírus depois de terem recuperado.
MAIS UMA ALTA
Por outro lado, ontem registou-se mais uma alta hospitalar. Foi o 13º caso registado no território, e diz respeito a uma residente de Macau, estudante no Reino Unido. A jovem, que tinha sido levada para o CHCSJ depois de lhe ser detectada febre na fronteira, deu positivo a 17 de Março e esteve 42 dias internada. Nos dias 24 e 26 de Abril os testes deram negativos, resultados que determinam que passe à fase de convalescença no centro clínico durante 14 dias. Ainda há 13 doentes internados, todos eles com sintomas ligeiros, disse Lo Iek Long. Entretanto, 20 pessoas estão em convalescença em Coloane. Nos hotéis designados para observação médica restam 70 pessoas, das quais 44 são residentes de Macau e 15 trabalhadores não residentes (TNR). A política das autoridades em relação aos TNR cuja relação laboral cessou mantém-se. Quando não podem sair de Macau por motivos de “força maior”, os casos são tratados individualmente para prolongar a sua estadia no território. Salomé Fernandes
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O período de convalescença da paciente, que voltou a dar positivo depois de ter alta hospitalar, vai ser prolongado de forma a não ter contacto com a comunidade
ENSINO DEFENDIDA EXCLUSÃO DE TESTE NUCLEICO A DOCENTES QUE FICARAM NA RAEM
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reitor da Escola da Associação para Filhos e Irmãos dos Agricultores defende que os professores que ficaram em Macau durante a pandemia devem ser excluídos da obrigação de fazer o teste nucleico, noticiou o Ou Mun. Vong Kuoc Ieng acha compreensível que
as medidas lançadas com carácter de urgência definam que professores e alunos transfronteiriços sejam testados para despistar a infecção por covid-19, mas entende que professores e alunos que não saíram de Macau não precisam de fazer o teste nucleico. Isto porque a situação
se encontra estável e não há risco de surto na comunidade. O reitor também defende a comunicação antes do lançamento de medidas sobre o sector educacional, para que o regresso às aulas decorra sem percalços. A primeira fase dos testes vai abranger cerca de cinco mil
funcionários das escolas, professores e alunos transfronteiriços, por parte da Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude. A escola liderada por Vong Kuoc Ieng tem mais de cem estudantes transfronteiriços e, nesta fase, serão ainda incluídos os professores e
funcionários responsáveis pelas entrevistas à entrada de crianças. Ainda assim, o reitor reconhece que a situação ideal seria todos os professores e alunos serem testados antes de o regresso às aulas acontecer. O responsável pela instituição de ensino
afirmou conhecer casos de alunos que foram à China Continental antes do Ano Novo Chinês e que só vão voltar para Macau para o regresso das aulas, pelo que defende que têm de ser examinados. Caso contrário, podem infectar colegas e professores. N.W.
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COTAI WATER JET EMPRESA APOSTA NO LAY-OFF E EM FÉRIAS PARA LIDAR COM CRISE
Duas bóias de salvação A falta de viagens de ferry entre Hong Kong e Macau, devido à crise gerada pela covid-19, obrigou a empresa Cotai Water Jet a tomar medidas. O portal HK01 noticiou ontem que será aplicada a medida de lay-off a 80 trabalhadores, enquanto os restantes ficam sujeitos a férias ou a licença sem vencimento
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Cotai Water Jet, uma das operadoras de viagens de ferry do território, a par com a TurboJet, decidiu colocar 80 trabalhadores em regime de lay-off devido à suspensão de viagens entre Hong Kong e Macau. Segundo uma notícia do portal HK01, citada pela Macau News Agency, os trabalhadores são, entre outras funções, mecânicos ou pessoal de tripulação, oriundos de Hong Kong. A empresa vai ainda dar férias aos restantes trabalhadores ou colocá-los em regime de licença sem vencimento. Desde 4 de Fevereiro que as viagens de ferry entre os dois
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taxa de desemprego entre Janeiro e Março deste ano fixou-se nos 2,1 por cento, uma subida de 0,4 pontos percentuais face ao período homólogo de 2019, de acordo com dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A taxa de desemprego do primeiro trimestre deste ano foi a maior em quase oito anos, superando o segundo trimestre de 2012 que registou uma taxa de 2 por cento. A taxa de desemprego nos países da OCDE foi de 5,037 por cento, enquanto na zona Euro foi de 7,37 por cento no primeiro trimestre de 2020. Entre a população activa de residentes, a percentagem de desempregados foi de 2,9 por cento, uma subida de 0,6 por cento em relação à taxa de desemprego verificada no primeiro trimestre de 2019. Quanto à taxa de subemprego, fixou-se nos 0,8 por cento entre Janeiro e Março deste ano, o dobro da taxa verificada no período homólogo de 2019. A população activa totalizou 405.800 pessoas nos primeiros três meses do ano, com uma
A empresa Cotai Water Jet, uma das operadoras de viagens de ferry do território, a par com a TurboJet, decidiu colocar 80 trabalhadores em regime de lay-off devido à suspensão de viagens entre Hong Kong e Macau
territórios estão suspensas, mas há muito que o sector vinha a sofrer uma quebra no número de passageiros, causada pela abertura da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e pelos protestos de Hong Kong.
Esta aquisição surgiu no âmbito de um plano de reestruturação que “combina os serviços de ferry e de autocarro existentes com aqueles providenciados pela China Travel International, com o objectivo de criar uma ‘nova plataforma de serviços’ na zona do Delta do Rio das Pérolas”, segundo um comunicado então divulgado. Em 2019 a TurboJet registou perdas de lucros de 39 por cento, na ordem das 122 milhões de dólares de Hong Kong. A.S.S.
PERDAS E MUDANÇAS
Também a TurboJet, ligada ao grupo Shun Tak, de Pansy Ho, tem vindo a enfrentar problemas laborais devido à diminuição do número de viagens. Na sequência dessa crise, a empresa avançou com corte salariais para todos os que têm vencimentos acima dos 10 mil dólares de Hong Kong, algo que tem obrigado a um acompanhamento por parte de sindicatos de Hong Kong.
Efeito colateral
Primeiro trimestre do ano com taxa de desemprego mais alta desde 2012
taxa de actividade de 70,5 por cento. Quanto aos empregados, no primeiro trimestre do ano contavam-se 397.400 pessoas, mais 10.200 do verificado no período homólogo de 2019. A DSEC justifica a subida devido
“ao número de trabalhadores não residentes que viviam em Macau ter subido, pelo facto de alguns, que viviam originalmente no exterior, passarem a habitar no território, antes da nova medida de entrada em
Em Março, foi notícia a aquisição de 21 por cento da Shun Tak - China Travel Shipping Investments por parte da Dalmore, subsidiária da China Travel International, por 437 milhões de dólares de Hong Kong. A TurboJet está sob alçada da Shun Tak - China Travel Shipping Investments.
Macau ser implementada em 20 de Fevereiro de 2020”.
MÉDIAS E MINIS
A população desempregada no período analisado totalizou 8.500 pessoas, mais 2.000 do que no primeiro trimestre de 2019. No primeiro trimestre de 2020 a mediana do rendimento mensal da população empregada fixou-se em 16.000 patacas, menos 1.000, em termos trimestrais. A média do rendimento mensal da população empregada nas lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos manteve-se nas 20.000 patacas, enquanto os trabalhadores do sector da construção receberam em média 14.000 patacas, menos 3.000 patacas em relação ao primeiro trimestre de 2019. Recorde-se que o conceito económico de pleno emprego, quando todos os cidadãos habilitados a trabalhar conseguem arranjar trabalho, implica taxas de desemprego mais altas que 3 por cento. João Luz
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TNR Menos 1.859 face a Fevereiro
No final de Março de 2020, havia 189.518 trabalhadores não residentes (TNR) em Macau, indicam dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública, divulgados pela Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais. Este número representa uma quebra em comparação aos dois meses anteriores. São menos 1.859 em comparação ao final de Fevereiro e menos 3.980 face a Janeiro. O ramo dos hotéis e restaurantes – o que mais emprega TNR – deixou de ter, desde finais de Janeiro, 1.743 pessoas com esse documento. Em sentido inverso, há mais famílias com empregados domésticos.
Artesanato criativo IC aceita propostas para cursos online
O Instituto Cultural (IC) está a aceitar candidaturas para o programa intitulado “Ensino Online do Artesanato Criativo”, que visa apoiar “de forma diversificada o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas de Macau”, aponta um comunicado. Desta forma, é dada a oportunidade a profissionais desta área para “ensinar técnicas artesanais e divulgar as suas obras criativas, através do ensino online, enriquecendo, deste modo, a vida dos residentes e colaborando com o público na luta contra a epidemia”. As propostas podem ser entregues entre os meses de Maio e Outubro deste ano, estando este programa aberto a profissionais com experiência no ensino. Após a avaliação das candidaturas, o IC atribuirá um valor a cada seleccionado para a produção de vídeos didácticos. Estas produções estarão depois disponíveis no website do IC e nas redes sociais para que seja disponibilizada uma plataforma de ensino online.
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julgamento de Jackson Chang, ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), devia ter arrancado ontem à tarde, no Tribunal Judicial de Base, mas acabou adiado para 21 de Maio devido à ausência injustificada de cinco arguidos. Na sessão compareceram apenas nove dos 26 acusados no processo, havendo ainda 12 pessoas que concordaram ser julgadas em ausência ou à revelia. Entre os cinco ausentes sem justificação não constou nenhuma das pessoas mais mediáticas. Um arguido apresentou mesmo uma declaração médica devido a doença respiratória, mas o tribunal considerou que não era suficiente, pelo que pediu outro comprovativo. No caso de voltar a faltar, o arguido arrisca-se a ser multado por ausências sem justificação, tal como os restantes quatro envolvidos. Apesar das várias ausências, os principais arguidos estiveram presentes, como Jackson Chang, que está em prisão preventiva, Miguel Ian, ex-director adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Residência do IPIM, Glória Batalha, ex-vogal executivo, e a mulher de Jackson Chang, Angela Ip. Jackson Chang está acusado da prática de 18 crimes, entre eles um de associação criminal, quatro de corrupção passiva para acto ilícito, três crimes de abuso de poder, seis de branqueamento de capitais, e três relacionados
EMPREGO PARA A FAMÍLIA
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egundo a acusação, uma das companhias do empresário de Macau e arguido no processo Ng Kuok Sao, contratou os serviços da mulher de Jackson Chang, Angela Ip, numa primeira fase, e depois da filha, Júlia Chang. O jornal Ou Mun escreveu ainda que Angela esteve na companhia entre 2012 e 2015, com um salário de 15 mil patacas. Por sua vez, Júlia foi contratada depois da saída da progenitora com um salário semelhante, além de ajudas de custos que poderiam chegar a duas mil patacas. A acusação aponta que Angela não teria qualificações para o cargo, com habilitações literárias que param no ensino secundário, apesar de ter recebido 10 por cento da acções da empresa e ter sido vice-directora.
JUSTIÇA JULGAMENTO DO EX-PRESIDENTE DO IPIM ADIADO POR AUSÊNCIA DE ARGUIDOS
Arranque em falso
A ex-vogal do IPIM, Glória Batalha, e o ex-director adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Residência, mostraram-se disponíveis para serem ouvidos em tribunal. A sessão foi adiada para 21 de Maio
DEPÓSITOS E AMANTE
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a acusação consta ainda que Angela Ip terá alegadamente depositado 500 mil patacas na promotora de jogo SunCity, onde o dinheiro ficou a render juros. Além disso, Jackson Chang terá recebido subornos através da suposta amante, que foi constituída como a décima arguida e surge identificada como Zeng Chunmei. Este dinheiro nunca era colocado nos bancos, mas em outras “instituições”, como operadoras de jogo, ou investido em bens de valor elevado.
com inexactidão dos elementos da declaração de rendimentos e riqueza injustificada.
EMPRESAS DE FACHADA
Segundo a acusação, que tem 213 páginas e foi ontem revelada pelo jornal Ou Mun, um casal de empresários de Macau, nomeadamente os arguidos Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua, criaram uma rede constituída por várias empresas. As companhias serviam para fazer investimentos fictícios ou recrutamento de indivíduos de fachada, de forma a criar uma base legal para a atribuição de vistos pelo IPIM com recurso ao sistema de imigração por investimentos relevantes ou de por fixação de residência de técnicos especializados. Ao mesmo tempo, o casal de Macau contava com a ajuda de dois arguidos do Interior, que procuravam pessoas interessadas em fixar-se na RAEM e que estavam disponíveis para pagar.
O Ministério Público acredita que, pelo menos desde 2011, Jackson foi contactado pelos empresários para facilitar os processos de venda de autorização de residência a troco de pagamentos. Nestas movimentações foi alegadamente ajudado pela mulher e, segundo a acusação, com benefícios de mais de 10 milhões de patacas. O mesmo terá acontecido, a partir de 2014, com Miguel Ian, que por contornar objecções aos pedidos de residência tinha contrapartida o acesso a fracções
Apesar de não ter começado o julgamento, a juíza Leong Fong Meng deixou antever que o processo vai durar meses
de habitação no Interior a preços abaixo dos praticados no mercado.
GLÓRIA E MIGUEL VÃO DEPOR
Apesar de não ter começado o julgamento, a juíza Leong Fong Meng deixou antever que o processo vai durar meses. Segundo o jornal Ou Mun, vão ser ouvidas mais de 90 testemunhas, entre as quais 10 investigadores do Comissariado Contra a Corrupção, responsável pela investigação, e 16 funcionários do IPIM. Também os arguidos Miguel Ian e Glória Batalha mostraram intenção de responder às perguntas do tribunal, no início do julgamento. Já Jackson Chang não deverá estar disponível para prestar depoimento na abertura do julgamento, mas a defesa, liderada pelo advogado Álvaro Rodrigues, afirmou que no tempo apropriado o ex-presidente vai prestar os esclarecimentos necessários. A defesa de Jackson Chang fez um pedido para que o rela-
tório da investigação do CCAC, que sugere várias alterações aos procedimentos de atribuição de residência do IPIM por investimento ou contratação de técnicos especializados, seja inserido no processo. A defesa acredita que consegue provar que várias dessas sugestões partiram mesmo de Jackson Chang, não só com recurso ao relatório em causa mas também devido a anexos, que estão na posse do IPIM. João Santos Filipe Nunu Wu info@hojemacau.com
COUTINHO IMPEDIDO
A
defesa de Jackson Chang tinha arrolado José Pereira Coutinho como testemunha abonatória. No entanto, segundo a informação prestada pelo tribunal, a Assembleia Legislativa recusou levantar a imunidade do deputado, que assim ficou impedido de depor. A defesa aceitou a decisão, e referiu que em termos probatórios o deputado não seria questionado sobre factos do processo, que desconhece.
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sociedade 9
terça-feira 28.4.2020
CRIME CABECILHA DE GANGUE DE ASSALTANTES NOS ANOS 90 TRANSFERIDO PARA MACAU
Mau filho à casa torna
Passado mais de um quarto de século, o cabecilha responsável por quatro assaltos à mão armada, entre 1991 e 1994, regressou a Macau depois de cumprir pena no Interior. O homem, detido em Coloane, aguarda julgamento pelo roubo de um táxi e auxílio e acolhimento de imigrantes ilegais
O
cabecilha de um grupo criminoso que espalhou o terror em Macau entre 1991 e 1994, numa vaga de assaltos à mão armada, foi ontem transferido para a RAEM depois de cumprir pena no Interior da China. O indivíduo, residente de Macau, com 55 anos, de apelido Mak, era o responsável pela compra de armas, por escolher os locais e planear os assaltos. No currículo local, Mak tem quatro crimes, que se conheça. O primeiro ocorreu em 29 de Janeiro de 1991, quando liderou uma equipa de cinco homens no assalto a um banco na Taipa, que rendeu ao gangue 170 mil patacas. Passado pouco mais de três meses, a 5 de Maio de 1991, de novo cinco homens assaltaram uma sala de jogo no antigo Casino Lisboa, levando fichas e dinheiro num montante total de 5,46 milhões de patacas. O grupo tomou-lhe o gosto e a 26 de Novembro, pouco mais de meio ano depois, voltou a assaltar a mesma sala de jogo, desta feita levando 3,4 milhões de patacas em fichas e numerário. Depois deste último golpe, as autoridades não têm registo de mais crimes violentos praticados por Mak, nem o HM conseguiu apurar junto da Polícia Judiciária (PJ), se o residente terá saído do território. Porém, em Maio de 1994 voltaria ao radar das autoridades policiais depois de liderar um grupo de dez homens no assalto a um casino na Taipa.
ASSALTO NAS ILHAS
No dia 11 de Maio de 1994, o alvo de Mak foi o casino do Hyatt Regency Macau, que actualmente tem no nome Regency Art Hotel Macau. Segundo uma notícia da RTP da época, às 3h23 da manhã, seis homens mascarados e armados com metralhadoras AK-47 e pistolas roubaram cerca de 30 milhões de patacas. Ontem, a PJ corrigiu a quantia para 34 milhões de patacas. No decurso do assalto, foram disparados oito tiros para o ar e, sob coacção das armas, os funcionários do casino foram obrigados a
CARNE DE PORCO PREÇOS SUJEITOS A CONTROLO
A
Às 3h23 da manhã, seis homens mascarados e armados com metralhadoras AK-47 e pistolas roubaram cerca de 30 milhões de patacas. No decurso do assalto, foram disparados oito tiros para o ar e, sob coacção das armas, os funcionários do casino foram obrigados a abrir os cofres
abrir os cofres. Não se registaram feridos, mas dois jogadores desmaiaram com a comoção. Durante a fuga, os assaltantes deixaram cair no chão quase um milhão de patacas, e escaparam para Coloane num táxi roubado. Mais tarde, o dono do táxi foi encontrado amarrado numa mata. Os assaltantes, que há altura se presumia terem fugido para o Interior da China, abandonaram o carro, onde deixaram armas e um engenho explosivo que não foi detonado. Mak viria a ser detido na China onde foi condenado a pena de morte pelos crimes de assalto à mão arma-
da e posse ilegal de armas, pena que viria a ser posteriormente atenuada. O residente cumpriu a sanção até ontem no Interior, antes de ser transferido de volta para Macau para ser julgado pelos crimes do roubo do táxi, auxílio à imigração clandestina e acolhimento de imigrantes ilegais, seus cúmplices nos assaltos. Os crimes não prescreveram, apesar de terem ocorrido há mais de 25 anos, porque os prazos para tal não correm durante o período em que o arguido cumpre pena noutra jurisdição. Mak arrisca-se a ser condenado pela justiça de Macau a uma pena
entre 3 a 15 anos se for provado que no roubo do táxi foram usadas armas de fogo, entre dois e oito anos por auxílio à imigração ilegal e até dois anos de cadeia se for condenado pelo crime de acolhimento. O arguido encontra-se detido no estabelecimento prisional de Coloane a aguardar julgamento. O jornal Exmoo avança que três outros indivíduos envolvidos na vaga de crimes foram transferidos para Macau para serem julgados pela justiça da RAEM. João Luz
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carne de porco vai ser sujeita a um “controlo apertado dos preços”, avançou a TDM Rádio Macau. A iniciativa do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) pretende reduzir as diferenças de valor entre a venda a grosso e a retalho, bem como as variações de preços praticadas nos mercados. “Vamos atenuar essa situação com um controlo mais apertado dos preços. Isto é vamos ver quem vende mais barato e consoante esses números vamos escolhendo e, futuramente, se calhar [a distribuição da carne vai ser nesse sentido: vender mais para quem vende mais barato; vender menos para quem vende mais caro ou mesmo nem vender”, afirmou o presidente do IAM, José Tavares, citado pela rádio. O responsável defendeu que no contexto da luta contra a epidemia é preciso controlar um pouco a situação já que “há pessoas que não têm a mesma sensibilidade” e procuram vender o produto ao preço que querem, algo que “não é recomendável”. Na sexta-feira, o secretário para a Administração e Justiça reconheceu que os preços da carne de porco subiram desde o início do ano, devido à gripe suína. André Cheong explicou então que o fornecimento a Macau se situava entre os 140 a 160 porcos por dia quando antes este número podia ascender aos 200. E alertou que o problema não seria resolvido num curto espaço de tempo.
IAM Feira da Taipa foi suspensa
O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) suspendeu a primeira fase deste ano da Feira da Taipa, que era previsto acontecer num total de oito dias entre 3 de Maio e 21 de Junho. A decisão teve por base evitar a concentração de pessoas de forma a diminuir os riscos de propagação de epidemia, comunicou o IAM. Ainda não é conhecida a nova data para a realização do evento.
10 coronavírus
(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)
TOP 20 DOS PAÍSES
57539 Em estado crítico
3015411
888548
Infectados (total cumulativo)
COM MAIS CASOS 987916
Espanha
229422
Itália
197675
França
162100
Alemanha
157946
Reino Unido
152840
Turquia
110130
Irão
91472
Rússia
87147
China
82830
Brasil
63328
Canadá
46895
Bélgica
46687
Holanda
38245
Suiça
29164
Índia
28380
Perú
27517
Portugal
24027
Ecuador
22719
Irlanda
19262
Suécia
18926
Curados
Co novel
1918929 Infectados
(total cumulativo)
E.U.A.
28.4.2020 terça-feira
(casos activos)
1357 Curados
928 PORTUGAL
Mortos
PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)
Portugal
24027
Brasil
63328
Moçambique
76
Angola
26
Guiné-Bissau
53
Timor-Leste
24
Cabo Verde
109
São Tomé e Principe
4
PORTUGAL
países sem casos de nCov
Infectados (casos activos)
13 MACAU
PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)
China
82830
China | Macau
45
China | Hong Kong
1038
China | Taiwan
429
Coreia do Sul
10738
Japão
13441
Vietname
270
Laos
19
Cambodja
122
Tailândia
2931
Filipinas
7777
Myanmar
146
Malásia
5820
Indonésia
9096
Singapura
14423
Borneo
138
24027
países com casos de nCov
Infectados (casos activos)
32 Curados
HONG KONG
247 Infectados
Macau
(casos activos)
4
HONG KONG
787 Curados
Hong Kong
Mortos
coronavírus 11
terça-feira 28.4.2020
63991
ovid-19 l coronavírus
Casos suspeitos
207934 Mortos
0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:
+1000
• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia
Ocorrências nas áreas afectadas
Dados actualizados até à hora do fecho da edição
Covid-19 vs SARS
CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO
3.000.000 150.000 100.000 75.000 50.000 25.000 12.500 0
20
40
60
dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto
80
dias
100
dias
120
dias
REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi
INFECTADOS 68128 1582 1276 1268 1019 991 937 787 653 579 561 913 593 638 328 355 254
MORTOS 4512 8 22 1 4 6 1 7 0 6 3 13 8 7 6 1 2
REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete
INFECTADOS 277 184 168 147 197 189 146 139 106 76 194 75 1038 426 18 45 1
MORTOS 3 2 6 2 0 3 2 2 1 3 1 0 4 6 0 0 0
12 china
28.4.2020 terça-feira
PETRÓLEO INVESTIDORES CHINESES PERDEM MAIS DE MIL MILHÕES DE EUROS
Futuros sem futuro
I
NVESTIDORES num produto financeiro baseado em futuros de petróleo, oferecido pelo Banco da China, perderam o equivalente a 1.302 milhões de euros, após o colapso dos preços do crude, informou ontem a imprensa chinesa. Segundo o portal de notícias Caixin, mais de 60.000 pessoas investiram, no total, 4,2 mil milhões de yuan em contas com margens de garantia de 100 por cento, através de um dos maiores bancos estatais chineses. Após o colapso do preço do barril do WTI - conhecido popularmente como petróleo do Texas - para um preço histórico de 37,63 dólares negativos, em 21 de Abril, os investidores passaram a dever 5,8 mil milhões de yuan ao banco, para além de terem perdido
de 10%, graças à subida dos preços. O ICBC foi forçado a interromper as vendas desses investimentos em 13 de Março, depois de o número de compradores ter disparado e a cota de câmbio de moedas estrangeiras autorizada pelo Governo se ter esgotado, segundo fontes do banco citadas pela Caixin.
Um investidor que comprou 3,9 milhões de yuan daquele produto registou uma perda acumulada de 9,2 milhões de yuan, após o colapso do preço do crude para valores negativos
o investimento inicial. Num exemplo partilhado nas redes sociais chinesas, um investidor que comprou 3,9 milhões de yuan daquele produto registou uma perda acumulada de 9,2 milhões de yuan, após o colapso do preço do crude para valores negativos. O investidor acabou assim por ficar a dever 5,3 milhões de yuan ao Banco da China para além de perder o montante investido. PUB
HM • 1ª VEZ • 28-4-20
ANÚNCIO Proc. Acção Ordinária n.º
CV2-20-0011-CAO
2º Juízo Cível
AUTORA: Un Pui Ha (袁佩霞), feminino, casada, residente em Macau, na Rua Nova nº 11, edf. Pou Wan, 3º andar G. RÉUS: 1. Herdeiros Incertos de Lam Chak Kwong (林澤光之不確定繼承人); 2. Herdeiros Incertos de Ng Vai Keng (伍惠琼之不確定繼承人); 3. Interessados Incertos (不確定利害關係人). *** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando os réus acima indicados, para no prazo de trinta (30) dias, decorrido que seja o dos éditos, contestarem, querendo, o pedido formulado na petição inicial nos mencionados autos, que resumidamente consistem que: declarada a aquisição da autora, por usucapião, do prédio sito na Rua Nova nº 11, edf. Pou Van, 3º andar G (Descrito na Conservatória do Registo Predial sob o nº 12745, a fls. 75v do Livro B34), no que diz respeito a parte pertencente originalmente aos Lam Chak Kwong e Ng Vai Keng (ou seja metade indivisa do prédio acima indicado) e o direito resultante da concessão por arrendamento do bem imóvel em causa (a restante metade), entre os quais incluindo mas não se limitando a qualquer domínio útil e a quaisquer outros direitos devidos sobre o terreno em causa; ordenado o cancelamento do registo inscrito na conservatória do Registo Predial de Macau a favor dos Lam Chak Kwong e Ng Vai Keng; e para efeito do registo, a propriedade dos Lam Chak Kwong e Ng Vai Keng passar a ser registada na Conservatória do Registo Predial de Macau em nome da autora. Conforme tudo melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta secretaria nas horas normais de expediente, de que a falta da contestação, não implica o reconhecimento dos factos articulados pelos autores e ainda que é obrigatória a constituição de advogado – artº 74º do C.P.C.M. Macau, aos 02 de Abril de 2020. *****
Os investidores chineses não podem aceder aos mercados internacionais de futuros de petróleo, face a restritas regras nos fluxos de capital impostos pelas autoridades da China, mas podem investir através de produtos financeiros oferecidos por bancos comerciais. As estimativas de um gestor de portfolios de futuros citadas pela Caixin colocam as posições combinadas do Banco da China, do Banco Comercial e Industrial da China e do Banco de Construção da China - os três maiores vendedores deste produtos financeiros - em cerca de 2.767 milhões de euros. Desde Março, com a queda do petróleo para cerca de 20 dólares por barril, face à guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, estes produtos atraíram mais de 100.000 investidores chineses, que apostaram numa recuperação dos preços do petróleo. Em 2019, aqueles que compraram produtos financeiros à base de petróleo obtiveram retornos de mais
ARREFECIMENTO GERAL
A razão pela qual os clientes do Banco da China perderam muito mais do que os clientes dos outros bancos foi porque esses bancos tiveram permissão para fechar posições ou reinvesti-las nos contratos no mês seguinte antes da queda. O Banco da China congelou as contas dos investidores na noite de 20 de Abril, quando o crude estava a ser negociado a cerca de 11 dólares por barril, mas nas horas seguintes o preço colapsou e os investidores não só perderam o dinheiro como ficaram endividados. Quando chegou a hora de pagar os montantes pendentes em 22 de Abril, os investidores foram cobrados pelo banco em vez de receberem retornos, já que o crude estava a ser negociado a preços negativos. Apesar dos protestos dos clientes, o Banco da China defende que agiu de acordo com as regras estipuladas nos contratos.
AUSTRÁLIA EMBAIXADOR CHINÊS AMEAÇA COM BOICOTE APÓS EXIGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO
O
embaixador chinês em Camberra avisou ontem o Governo australiano de que os apelos por uma investigação sobre as origens do novo coronavírus podem desencadear um boicote a produtos e universidades da Austrália entre consumidores chineses. Em entrevista ao The Australian Financial Review, Cheng Jingye disse que a pressão da Austrália para que seja feita uma investigação é "perigosa". "Recorrer à suspeita, recriminação ou divisão num momento tão crítico só pode minar os esforços globais no combate contra a pandemia", argumentou. O ministro da Saúde da Austrália, Greg Hunt, disse que um inquérito independente é do interesse da Austrália e do mundo. "Três milhões de pessoas foram infectadas e
mais de 200.000 morreram, é claro que deve haver uma investigação independente", apelou Hunt, citado pela imprensa australiana. "Ter um grande evento cataclísmico global e não o analisar pareceria muito estranho. Portanto, temos que tomar medidas que não são apenas do interesse da Austrália, mas também do interesse da humanidade", acrescentou. O Governo australiano pediu uma investigação sobre a origem do novo coronavírus e mudanças na Organização Mundial da Saúde devido a alegadas falhas no tratamento da pandemia. O ensino é a terceira maior indústria exportadora da Austrália e a China é a principal origem de estudantes estrangeiros no país. O país asiático é também o maior parceiro comercial da Austrália.
ENSINO MILHÕES DE ALUNOS REGRESSAM ÀS SALAS DE AULAS
O
S alunos do último ano no ensino médio e básico voltaram ontem a ter aulas presenciais na China, ao fim de dois meses de encerramento das escolas, devido às medidas de prevenção contra a propagação do novo coronavírus. O ministério da Educação chinês informou que a maioria das escolas de ensino médio e secundário
retomaram as aulas, mas apenas para alunos do último ano, visando a preparação para os exames de acesso ao ensino secundário e superior, respectivamente, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. Segundo a televisão estatal CGTN, só em Pequim, 49.000 alunos do ensino secundário voltaram ontem a ter aulas presenciais,
visando a preparação para o 'gaokao', o exame de acesso ao ensino superior na China, que foi adiado por um mês, para os dias 7 e 8 de Julho. No entanto, no distrito de Chaoyang, que inclui o centro da capital chinesa, o retorno dos estudantes não foi integral, já que esta área foi designada de alto risco, devido a um surto nos últimos
dias originado por um estudante chinês que regressou dos Estados Unidos. A Xinhua informou ainda que as escolas vão sujeitar os alunos a "medidas usuais de controlo e prevenção da epidemia", que incluem medições de temperatura e a obrigação do uso de máscara cirúrgica ou de protecção respiratória.
O jornal oficial China Daily indicou ainda, através da sua conta oficial no Twitter, que "trinta províncias e municípios da China, incluindo Pequim e Xangai, reabriram as suas escolas". Durante as semanas em que as escolas estiveram encerradas, muitos estudantes chineses continuaram a ter aulas via ‘online'.
terça-feira 28.4.2020
a crianca mergulha na infância como no mar ´
Tradução de EMANUEL CAMEIRA Ilustração de PATRÍCIA GUIMARÃES
C
OMO Kerouac, aprendi a falar francês antes de inglês e, também como ele, fui um católico falhado. No caso de Kerouac, pode-se dizer que foi um católico falhado transformado em budista. Associei-me aos escritores Beat publicando-os. No início, eu não era membro da Geração Beat. Não os conheci na Universidade de Columbia ou em Nova Iorque, na década de 1940. Quando Allen estava no Colégio Columbia, em Nova Iorque, e pessoas como Burroughs e Corso estavam talvez em Times Square ou em qualquer outro lugar, eu morava em França com uma família francesa e ia para a Sorbonne. À época, não conhecia nenhum Americano e certamente nunca tinha ouvido falar de poetas Beat. Isso só aconteceu quando cheguei a São Francisco e abri a livraria City Lights com um amigo, em 1953. Os poetas reúnem-se naturalmente em livrarias e, mais cedo ou mais tarde, os poetas, os escritores Beat nova-iorquinos chegaram à City Lights. Foi assim que os conheci e que comecei a publicá-los. Primeiro foram Allen Ginsberg, Gregory Corso, Kenneth Rexroth (que não foi um membro da geração Beat; foi uma espécie de pater familias em São Francisco. Ele foi a mais importante figura tutelar de todos os poetas de São Francisco naqueles anos). Limitar-me-ei então à curta experiência que tive com o Jack. Não foi muito profunda – não o conheci muito bem. (Se soubesse que ele seria tão famoso, teria estado mais atento!) Conforme se conta nas várias biografias de Jack, foi apenas na Costa Oeste, e desde que vim para São Francisco, que os nossos caminhos se cruzaram. Por volta de 1960-61, reuni-me com o Jack e ele entregou-me o manuscrito de O Livro dos Sonhos. Fiz uma selecção, que é a que consta na edição publicada pela City Lights e que teve muitas reimpressões. Anos mais tarde, Ann Charters compilou um conjunto dos seus Poemas Dispersos, que está também publicado na City Lights. É dessa altura, do início dos anos 1960, quando O Livro dos Sonhos saiu, o meu primeiro contacto real com o Jack. Depois ele veio para oeste, basicamente para sair de Nova Iorque e para não beber tanto. A ideia era que ele chegasse ao aeroporto de São Francisco, no sul da cidade; eu deveria apanhá-lo lá e levá-lo directamente para sul, para a minha cabana em Big Sur, de modo a que ele não se envolvesse demasiado na cidade, a ponto de ser sugado para um qualquer bar, onde encontraria velhos amigos e começaria a beber. Aguardava então pelo seu telefonema na livraria, na City Lights, esperei várias horas até que, finalmente, há este ligeiro alvoroço. Ouço dizer que o Jack está na porta ao lado, no bar Vesúvio. Claro que se cruzara lá com velhos companheiros, mas estava combinado que, naquela noite, jantaríamos em Big Sur com o Henry Miller.
h
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“Como Henry Miller e Jack Kerouac nunca se conheceram!” LAWRENCE FERLINGHETTI [1987]
De onde vivia, em Partington Ridge, Miller iria de carro até à costa, até Carmel Highlands, até à casa de um amigo chamado Effron Doner. Nós desceríamos até à costa, encontrando-nos para jantar. Bem, eram cerca de duas ou três horas da tarde e o Jack ainda estava a beber no bar ao lado, quando disse: “Bom, quanto tempo levamos até lá?” “Bem, são umas três horas de carro, Jack.” Então ele disse: “Temos muito tempo!” Num instante, são qua-
tro horas e ele ainda bebe. São cinco horas e Jack diz: “Bem, vamos lá abaixo ligar, dizer-lhes que estamos um pouco atrasados”. Ligámos então às cinco horas e dissemos: “Só para dizer que estamos a sair agora, estaremos aí pelas oito, com certeza”. Isto continuou e, por volta das seis horas, ligámos novamente e dissemos: “Vamos sair agora”. Às sete, ainda andávamos pelo Vesúvio e telefonámos para dizer: “Está tudo bem? Podemos pôr-nos aí em duas horas; seja como for, indo na gáspea, estaremos aí pelas dez”. Enfim, acabei por desistir da ideia e o Jack nunca saiu do bar. De qualquer modo, parti, desci sozinho para Big Sur e fui para a minha cabana, bastante isolada naquilo que é ainda um desfiladeiro selvagem, sem electricidade. Por volta das três da manhã, o Jack chega de táxi. Segundo sei, vem num desde São Francisco, que fica a cerca de 150 milhas, e chega ao campo. O táxi só poderia ir tão longe nesta estrada de terra. O Jack começou a andar a pé para encontrar a minha cabana por volta das três da manhã. Não sei que horas eram; com a sua lanterna de guarda-freio nas linhas férreas, arrastou-se pelo prado tentando dar com a minha cabana. Bem, nunca a encontrou. Na manhã seguinte, fomos dar com ele desfalecido no prado. Dormia no prado aberto, com a lanterna ao lado. Tan-
Miller estava fortemente atraído pela escrita do Jack. Se pararmos para pensar, há muitos aspectos de Kerouac, alguns dos mesmos temas, que cativaram Miller verdadeiramente: a canção da estrada larga, uma imensa joie de vivre. Miller tinha esse entusiasmo pela vida, que era realmente a sua marca registada
to quanto sei, nunca conheceu Miller depois disso. Miller estava fortemente atraído pela escrita do Jack. Se pararmos para pensar, há muitos aspectos de Kerouac, alguns dos mesmos temas, que cativaram Miller verdadeiramente: a canção da estrada larga, uma imensa joie de vivre. Miller tinha esse entusiasmo pela vida, que era realmente a sua marca registada. O apelo do topo da montanha, o desejo de o alcançar; em Henry Miller, até uma ligeira atracção pelo Budismo, acreditem ou não. Também é possível comparar o Pela Estrada Fora, de Jack, com o Pesadelo de Ar Condicionado, de Miller. Sempre realista, Miller estava realmente cativado. Creio que mais do que qualquer outro dos livros de Jack, Os Vagabundos da Verdade foi o que mais o entusiasmou. Um aspecto mais. Quando se fala de Kerouac, refere-se amiúde Thomas Wolfe. E essa foi uma das principais empatias que tive com o Jack, uma afinidade com Thomas Wolfe. Eu próprio tinha estudado na Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, porque Thomas Wolfe tinha ido para lá. Chamava-se Pulpit Hill, em Look Homeward Angel, de Thomas Wolfe, e por isso tive esse grande amor, especialmente por Look Homeward Angel, que era o livro de Wolfe de que o Jack mais gostava. Comecei a pensar na visão que Thomas Wolfe tinha da América. Era muito parecida com a visão da América tida pelo Jack. Acho que, actualmente, há um enorme ressurgimento do interesse em Kerouac, pelo menos nos Estados Unidos. Há uma nostalgia por uma América que foi realmente destruída. Uma América que agora existe apenas nas pequenas, destruídas estações rodoviárias Greyhound, nas abandonadas e poeirentas cidades dos arredores. Era uma visão arrebatadora da América que, no caso do herói de Thomas Wolfe, Eugene Gant, foi vista da janela de um comboio de alta velocidade. Em Kerouac, a visão foi a mesma, só que a partir da janela de um carro em movimento… Tradução de: “How Henry Miller and Jack Kerouac never met!” in Un Homme Grand – Jack Kerouac at the Crossroads of Many Cultures (eds. Pierre Anctil, Louis Dupont, Rémi Ferland e Eric Waddell), Carleton University Press, Ottawa, 1990, pp. 69-72
14
h
Amélia Vieira
T
EMPO transfigurado. David Cronenberg já em 1996 nos mostrara uma estranha contaminação entre orgânico, humano e mecânico no campo da criação, este filme, que parte do romance de James Ballard, escritor inglês nascido em Xangai, precipitou logo interrogações fortes de uma era no seu limite pela mão do mestre do terror fantástico quando os seus instintos estavam certamente ao rubro fazendo da imagem do desastre uma via sem remição. São estes testemunhos que mais tarde podemos conjugar em dias assim, estes, que nos estão doendo como um membro amputado, reposto por uma "prótese" que faz com que todos coxeiem, que leis abissais não permitem equilíbrios. Nascemos de facto para enfrentar o impensável! Preparados estávamos então para o previsível das coisas iguais – que, parecendo mudar, apenas se deslocam - e mesmo aí a fita do tempo cinematográfico deste feiticeiro escutava com os olhos a observância do recado, aquele dispositivo de segurança que deveria soltar-se. Já não estamos na dilatória mórbida desse prazer à Breton que nos seus conturbados automatismos psíquicos achava então que uma obra de arte até podia ser dar um tiro para trás e ver em quem aleatoriamente acertava - estranhos prazeres- têm as almas assassinas, Cronenberg, mostra-nos outra configuração do abismo.
28.4.2020 terça-feira
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Crash O abismo pode ser tão fundo como os mais fundos desejos irrevelados, e se deste panegírico sair um deles, é porque está em fase de expansão como um vírus aquele desejo da lei manifestada que faz que se cumpra o arco da vertigem, assim como um barco que na fase oblíqua é sugado pela água, desaparecendo. Nenhum estado agudo se mantém para além de uma certa inclinação, e na sucção, a velocidade das estrelas. Nestes caminhos somos todos estrangeiros, peregrinos, somos a corrente aberta ao ilimitado, necessitamos dos códigos para não soçobrar aos dias que não resolvem já nada, mas que são ainda os membros fantasmas que carregam a nossa memória de outros porventura muito felizes. Vamos para a janela cantar, possivelmente até com aqueles que do canto nunca se abeiraram. Os mamíferos que não bebem leite materno somos nós em grande escala na medida em que não temos mais nenhu-
ma capacidade de sucção energética para abastecer a anatomia, mas o grande mal provocado a outros da mesma natureza deve ter feito um corredor de antecâmaras letais para o nosso prazeroso e entediante veículo da "felicidade" tão admoestado de canibalismos vários que as carcaças luziam pelo chão do mundo como se fossemos acessórios estimáveis. Se éramos muitos, também nos utilizámos bastante. Cada "membro" nosso era suporte de uma armação com toneladas de ferro que os dias laboriosos do capital multiplicaram em bichas de muitas cabeças galvanizadas pelo estertor das aglomerações; diria que há muito que já demos em doidos, mas pouco atentos aos sinais, passámo-los todos por entre gritantes evidências. Dos enroscados membros, só faltou a Cronenberg enroscar cabeças! Mas não faltará o seu transplante numa antecâmara que prevê a viagem ao tempo da Revolução Francesa para ver como se encaixam
O abismo pode ser tão fundo como os mais fundos desejos irrevelados, e se deste panegírico sair um deles, é porque está em fase de expansão como um vírus aquele desejo da lei manifestada que faz que se cumpra o arco da vertigem, assim como um barco que na fase oblíqua é sugado pela água, desaparecendo
tantos cérebros em corpos diferentes, sim, que a máquina do tempo está aí, e com ela adaptações formidáveis da plasticidade humana. - Reflexões de reclusos nesta hora bastarda em que nos dão a comer a intranquila paz dos segregados- Choque em cadeia faz um estigma gigantesco que será interrompido pela imprevisibilidade motora de cada paciente...podendo ser que morra, que se reerga, que seja assintomático, mas que desliza sem dúvida para a sua hora grave mesmo que fique intacto no meio dos escombros do "ferro-velho" do mundo. Teríamos que recorrer ao mestre e pedir-lhe uma nova interpretação para comprovar a eficácia do domínio das provas, ou, tirar esta dura impressão de que não mais voltaremos a um qualquer lugar que julgáramos seguro, se estamos preparados, a carne, essa será sempre fraca. E frágil é aquela que chega à Europa! Essa a quem a mesma Europa "lavou as suas mãos" deixando-a a morrer às suas portas. Um Exterminador não é um terrorista, e essa diferença vamos ter de saber redimensionar para não morrermos inocentes dentro da própria malvadez, a pior espécie de inocência, aliás, e que os dias de reclusão possam parecer imposições do destino que pede agora a cada um que aborde as coisas por ângulos diferentes, e se não se pode fazer mais nada dentro deste estado confinado, ainda assim podemos saber perdoar-nos e agradecer uma vida que foi boa quantas vezes à custa de tantas que por serem mais frágeis são agora as mais ameaçadas.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
terça-feira 28.4.2020
uma asa no além Paulo José Miranda
Ser outros
B
passando na bunda. O que ela queria dizer, era como será viver sem ser para os outros? Como será viver sem ter de ralar tanto, sem ser todo o dia afastada de si mesma. Como seria ser alguém, pensa ela envergonhada.» Mas Dayana não pensa só em ter tempo para ela ou no sonho de viver sem ralar tanto. Pensa também em como seria viver sendo desejada o tempo todo, como as actrizes de novela, as garotas das revistas. Pensa numa vida frívola, em contraposição à vida de trabalho e preocupações que tem. Página 36: «O mundo todo à sua volta lembrava-lhe que ela não queria ser ela. O mundo cuspia na sua cara.» Há um momento no romance, à página 197, em que Dalva e Dayana estão sentadas uma ao lado da outra num ônibus, à noite, de volta para casa. «Dalva
olhava para Dayana e, apesar de lhe invejar a juventude, pensava que não queria estar na pele dela, não queria voltar atrás no tempo. Viver de novo todo o sofrimento, que Dayana ainda não sabia que existia e estava lá, adiante, esperando por ela.» O romance passa-se no Leblon através de duas personagens que não são de lá, mas onde passam grande parte do tempo a trabalhar – no caso de Dalva, é quase a vida toda dela – e que sonham o que seria serem realmente dali. Sonham o que seria serem outras pessoas, aquelas que têm tempo para si mesmas. Bruna Barbosa usa o Leblon, não apenas porque é o espaço onde sempre viveu, mas porque compreende que é o espaço onde quem trabalha projecta os seus sonhos. O Leblon
Há ao longo do romance a ideia de que na base da vida humana está uma injustiça que ninguém tem forças para mudar. Como, imagine-se, alguém morrer aos trinta e três anos devido a um assalto. Sentimos também nas páginas de Bruna Barbosa um lamento pelo Rio de Janeiro, a cidade que há muito tempo deixou de ser maravilhosa DIEGO BARAVELLI
RUNA Barbosa nasceu, cresceu e estudou no bairro do Leblon. Depois de cursar jornalismo na UFRJ, rumou a Buenos Aires onde viveu por uns anos e fez o doutorado. Aos trinta e dois anos, em 2007, regressou ao Rio para escrever o seu único romance intitulado Gostava de Ser Outra e morreu pouco depois, vítima de assalto no Túnel Acústico Rafael de Mascarenhas, quando vinha de uma festa em casa de uma amiga na Barra da Tijuca. A narrativa de Bruna Barbosa é construída através de duas personagens que trabalham no Leblon: a doméstica Dalva e a garçonete Dayana. Que têm em comum estas personagens? O quererem ser outras pessoas que não elas. Ao longo do romance seguimos os seus pensamentos, imaginando serem outras mulheres, imaginando se a vida delas fosse outra. A doméstica Alva, que vive num pequeno quarto de empregada e vai a casa, na Rocinha, apenas uma vez por semana, ou de quinze em quinze dias. Lemos logo à página 16, quando a sua patroa grita com ela, deitada no sofá com um copo de champanhe na mão: «Voltava entristecida para a copa, pensando “Porque Deus fez eu ser eu e não ser ela? Porque Deus fez eu para ter desaforo todo o dia, ralar todo o dia?” // Sim, porquê, Deus? Porquê deixas ainda os pobres sendo humilhados e ofendidos dois mil anos depois de teu filho ter pisado a Terra? Porquê, Deus, não escutas a angústia daquela pobre mulher, que não sabe usar as palavras para Te dirigir a sua tristeza, a sua consternação? Porquê, Deus, permites esta injustiça? Porque permites a pobreza, a doença, a tristeza, a injustiça? Porquê, Deus? Porque não fazes com que Dalva seja outra e não ela? Porque não fazes com que Dalva não precise de ser humilhada para ganhar o arroz com feijão do dia-a-dia?» Metade das duzentas e trinta e sete páginas do livro, é este dia-a-dia de Dalva em casa da patroa, a sua tristeza, resignação e, em alguns momentos, como o que citamos anteriormente, uma vontade de ser outra. À página 47, lê-se: «Haverá miséria maior do que não querer ser quem se é? Haverá miséria maior do que viver consigo mesmo como se em prisão perpétua, sem esperança de ser liberta em vida?» O caso de Dayane não difere muito do de Dalva, embora a sua vida tenha outras particularidades. Também Dayana gostaria de não ter de ralar o dia todo e ter tempo para si, pois trabalha 9 horas numa lanchonete, inclusivamente dois sábados por mês, mais as quatro horas que gasta em transportes para ir e vir de casa à lanchonete. Lê-se à página 34: «“Como será viver podendo fazer o que se quer durante o dia?”, pensava Dayana, prensada no metro entre vários corpos, sentindo mãos lhe
tem uma carga simbólica grande no Brasil, que é aqui aproveitado ao limite por Bruna Barbosa. Não apenas como símbolo de riqueza e de boa-vida, mas também como símbolo de ser outro. O Leblon assume claramente no romance o espaço de ser outro do Brasil. Outros símbolos haverá, evidentemente, mas o Leblon é o ser outro próximo a Bruna Barbosa. Numa entrevista ao jornal Globo, a escritora afirmou que sem a experiência de Buenos Aires não teria tido o distanciamento necessário para escrever o livro. «De repente, quando regressei, estava em casa mas ela era estranha. Não no sentido de não a reconhecer, mas de ver outros lados que nunca tinha visto. Como alguém que nunca se dera conta de um objecto em casa dos pais. E o que reparei como nunca o tinha feito foi naqueles que trabalham aqui e têm de voltar para as suas favelas. Aqueles que vivem o tempo todo no Leblon mas não são daqui. Como nos olham eles? E como conciliam ver a nossa vida aqui e depois voltarem para as favelas?» Há ao longo do romance a ideia de que na base da vida humana está uma injustiça que ninguém tem forças para mudar. Como, imagine-se, alguém morrer aos trinta e três anos devido a um assalto. Sentimos também nas páginas de Bruna Barbosa um lamento pelo Rio de Janeiro, a cidade que há muito tempo deixou de ser maravilhosa.
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28.4.2020 terça-feira
Compositores e Intérpretes através dos Tempos Sinfonia nº5 em Dó menor, Op. 67
A
Quinta Sinfonia de Ludwig van Beethoven é uma das composições mais populares e mais conhecidas em todo o repertório da música erudita europeia, além de ser uma das sinfonias mais executadas hoje em dia. Trata-se da primeira sinfonia de Beethoven composta em tonalidade menor, o que só voltaria a acontecer em 1824 com a Sinfonia n.º 9, em Ré menor op. 125. A Sinfonia n.º 5 em Dó menor é ainda hoje considerada um “monumento” da criação artística. O escritor e crítico musical E. T. A. Hoffmann descreveu-a como “uma das obras mais importantes de todos os tempos”. Beethoven fixou-se em Viena, a capital austríaca, em 1792. Em 2 de Abril de 1800, a sua Sinfonia nº 1 em Dó maior, Op. 21 é estreada nessa cidade. Porém, no ano seguinte, o compositor confessa aos amigos que não está satisfeito com o que tinha composto até então, e que tinha decidido seguir “um novo caminho”. Finalmente, entre 1802 e 1804, começa a trilhar esse ambicionado caminho, com a apresentação da Sinfonia nº 3 em Mi bemol Maior, Op. 55, intitulada “Heróica”, em 1805, uma obra sem precedentes na história da música sinfónica, e que marca o início do período Romântico na história da música. Os anos seguintes à “Heróica” foram de extraordinária ferti-
Michel Reis
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Que destino?
lidade criativa, e viram surgir numerosas obras-primas: a Sonata para Piano nº 21 em Dó maior, Op. 53, intitulada Waldstein, entre 1803 e 1804; a Sonata para Piano nº 23 em Fá menor, Op. 57, intitulada Appassionata, entre 1804 e 1805; o Concerto para Piano nº 4 em Sol Maior, Op. 58, em 1806; os Três Quartetos de Cordas, Op. 59, intitulados Razumovsky, em 1806; a Sinfonia nº 4 em Si bemol Maior, Op. 60, também em 1806; o Concerto para Violino em Ré Maior, Op. 61, entre 1806 e 1807; e a Sinfonia nº 5 em Dó Menor, Op. 67, entre 1807 e 1808. A Quinta Sinfonia teve um largo processo de maturação. Os primeiros esboços datam de 1804, após a conclusão da Terceira Sinfonia. No entanto, Beethoven interrompeu o seu trabalho na Quinta para trabalhar noutras composições, nomeadamente as citadas e ainda na Missa em Dó Maior. A preparação final da obra foi levada em paralelo com a Sexta Sinfonia, que foram estreadas no mesmo concerto. Quando Beethoven a compôs já estava a
chegar aos 40 anos e a sua vida pessoal estava marcada pela angústia que lhe causava o aumento da sua surdez mas, apesar disso, tinha entrado num processo imparável de “fúria criativa”. A Europa estava decisivamente marcada pelas guerras napoleónicas, a agitação política na Áustria e a ocupação de Viena pelas tropas de Napoleão em 1805. A obra passou à história como “Sinfonia do Destino”, começando com o distintivo motivo de quatro notas ‘curto-curto-curto-longo’ (ta-ta-ta-taa), repetido duas vezes. Este título deve-se ao secretário e biógrafo de Beethoven, Anton Schindler. Segundo Schindler, quando perguntou ao compositor pelas quatro contundentes notas do início da Quinta Sinfonia, Beethoven respondeu: “Assim toca o destino à porta”. Jens Dufner, musicólogo do Arquivo Beethoven de Bona, no entanto, não dá demasiada credibilidade às palavras de Schindler. “Anton Schindler é uma figura duvidosa”, refere. “Embora tenha
Quando Beethoven a compôs já estava a chegar aos 40 anos e a sua vida pessoal estava marcada pela angústia que lhe causava o aumento da sua surdez mas, apesar disso, tinha entrado num processo imparável de “fúria criativa”
sido uma testemunha directa do que se pode tomar como sério, apresentou a sua relação com Beethoven de maneira diferente da que realmente era. Com o passar do tempo foi-se esforçando por fazer parecer que tinha uma relação muito estreita com o compositor e foi adornando os seus relatos com acontecimentos inexistentes”, assegura Dufner. Ao contrário da Quinta, a Sexta Sinfonia, sim, tem um título dado pelo próprio compositor. Em 1809, Beethoven comunica ao seu editor que o título da Sinfonia em Fá Maior é “Sinfonia Pastoral”. Isto é algo que está bem documentado”, diz Dufner, “o que não sucede com a Quinta e o suposto título do destino”. A obra foi estreada no dia 22 de Dezembro de 1808 no Theater an der Wien, num monumental concerto de quatro horas que consistia exclusivamente em estreias de Beethoven, e que foi dirigido pelo próprio compositor.As duas sinfonias apareceram no programa numeradas ao contrário da ordem pela qual as conhecemos hoje: a Sexta foi a primeira e a Quinta apareceu na segunda metade. Os quatro andamentos da Sinfonia caracterizam-se pela homogeneidade orquestral, sendo, ao mesmo tempo, um exemplo de alternância: o primeiro andamento, revelando grande tensão, denunciada pelas cordas e elevada a um dramatismo extremo; o segundo andamento revela solenidade, numa marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza; o terceiro andamento, uma crispação; o quarto andamento expressa triunfo e magnificência. A sinfonia depressa adquiriu a condição de peça central no repertório. Como emblema da música clássica, foi tocada nos concertos inaugurais da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque no dia 7 de Dezembro de 1842, e no da Orquestra Sinfónica Nacional dos Estados Unidos no dia 2 de Novembro de 1931. Na América Latina, o concerto inaugural da Orquestra Sinfónica Nacional do Peru em 1938, no Teatro Municipal de Lima, incluiu esta obra. Marcando um ponto de ruptura tanto pelo seu impacto técnico como emocional, a Quinta tem tido uma grande influência nos compositores e críticos musicais, e inspirou a obra de compositores tais como Johannes Brahms, Piotr Ilyich Tchaikovsky, Anton Bruckner, Gustav Mahler e Hector Berlioz. A Quinta permanece junto à Terceira e Nona sinfonias como a obra mais revolucionária de Beethoven. SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Ludwig van Beethoven: Symphony No. 5 in C minor, Op. 67 • Berliner Philharmoniker, Herbert von Karajan Deutsche Grammophon, 1993
desporto 17
terça-feira 28.4.2020
vais para a vitória”, afirma Huff que para além da Volkswagen, defendeu as cores oficiais da Chevrolet, Lada e Honda.
MAIS ORIENTE
GP MACAU ROB HUFF APONTA PARA MAIS UMA VITÓRIA NO CIRCUITO DA GUIA
Pronto para a décima
Rob Huff é, a par com Michael Rutter, o piloto que mais vitórias celebrou no Circuito da Guia. O piloto britânico contabiliza nove títulos, todos alcançados em provas do Grande Prémio de Macau pontuáveis para o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC). No final da época passada, Huff viu-se surpreendentemente sem lugar na Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) de 2020, mas apesar disso, o campeão do mundo de carros de Turismo de 2012 rapidamente deixou claro que gostaria de regressar à RAEM em Novembro
N
AS duas últimas temporadas, Huff conduziu um dos Volkswagen Golf GTi da Sébastien Loeb Racing (SLR) na WTCR, mas no final do ano transacto, a Volkswagen Motorsport resolveu repentinamente parar com todos os apoios às actividades desportivas com veículos a combustão. Curiosamente, Huff e a SLR iriam estrear esta temporada um novo Golf GTi. Esta decisão da marca alemã ditou a retirada da WTCR por parte da equipa da estrela dos ralis Sébastien Loeb, o que deixou Huff sem um volante no mundial para este ano. Com quinze anos de experiência a competir ao mais alto nível
nas corridas de carros de Turismo, Huff rapidamente encontrou um lugar para estar activo esta temporada, assinando pela equipa Lestrup Racing Team, para conduzir um Golf GTi no campeonato escandinavo da especialidade. A esta competição, Huff juntará este ano participações esporádicas em corridas de clássicos e também na China. O regresso a Macau em Novembro nunca foi posto em causa e o piloto, que nasceu no dia de Natal, está disposto a voltar, se conseguir reunir as condições necessárias para uma participação condigna. Isto é, um binómio equipa-carro capaz de vencer, mesmo sem contar com o apoio oficial de uma marca.
“Se fizermos Macau, certamente só estarei interessado em participar com uma equipa e um carro que possa vencer a corrida”, clarificou Huff ao HM. “Mas há algumas equipas privadas muito profissionais por aí e com a SLR éramos efectivamente isso, contra
“Se fizermos Macau, certamente só estarei interessado em participar com uma equipa e um carro que possa vencer a corrida.” ROB HUFF PILOTO
algumas equipas com mais apoio de fábrica por trás.” Mesmo quando a Corrida da Guia deixou de estar na rota do WTCC, Huff quis sempre participar no maior evento desportivo do território, tendo corrido em 2016 e só não repetiu a presença em 2017, porque os regulamentos da altura não o permitiram. Esta é uma das pistas favoritas do inglês e uma daquelas que mais alegrias lhe deu ao longo da sua carreira. “Ao longo dos anos, venci com uma variedade de carros em Macau. Tem sido um ‘terreno de caça’ de muitos sucessos para mim, e quando estou lá carrego uma grande quantidade de confiança e claro que isso ajuda quando procuras velocidade e
A presença de Huff no continente asiático tem sido bastante regular ao longo da última década, principalmente como “Driver Coach” de pilotos menos experientes. Recentemente Huff colocou um pé no lado empresarial do automobilismo e, em parceria com o empresário-piloto de Hong Kong Alex Hui, fundou a Teamwork Huff Motorsport. Depois de uma passagem pelo campeonato TCR UK, a recém equipa do inglês sediado no Dubai vai colocar as suas atenções principalmente no continente asiático. “Estamos certamente a planear para que a Teamwork Huff Motorsport corra muito mais na Ásia este ano. Especialmente, dado que provavelmente não será muito fácil competir na Ásia e na Europa ao mesmo tempo nas circunstâncias actuais”, explica Huff que considera que “o mercado asiático, em termos de carros de turismo tem crescido muito rapidamente, com programas fortes no TCR China e Ásia”. Devido à crise sanitária em curso, a equipa que tem as suas oficinas em Zhaoqing e que participou este ano numa ronda do TCR Malásia com um Audi, ainda não revelou exactamente o seu programa desportivo, mas o seu proprietário admite que “esperamos ser parte deste crescimento e desenvolvimento da região”.
CHINA EM CRESCIMENTO
O piloto de 40 anos tem sido uma presença habitual nos últimos anos em provas soltas na categoria principal do Campeonato Chinês de Carros de Turismo (CTCC), juntando-se ao piloto de Macau Rodolfo Ávila aos comandos dos Volkswagen Lamando oficiais. Huff reconhece que “o CTCC cresceu nos últimos anos. A introdução de ‘wild cards’ internacionais ajudou a construir a imagem do campeonato e ajudou também as equipas a se concentrarem mais em encontrar os melhores talentos nacionais”. A chegada de outros pilotos internacionais de topo à mais popular competição chinesa de automobilismo, como Alex Fontana, Colin Turkington ou Pepe Oriola, segundo Huff “significa que há agora também (no campeonato) muitos pilotos competitivos da China, Hong Kong e Macau, o que garante que há lutas aguerridas, mas também um grande espectáculo, e com programas desportivos totalmente de fábrica, o que é algo raro em campeonatos nacionais.” Sérgio Fonseca
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2 6 7 8 9 5 5 2 1 3 4
SALA 1
HUM
4 5 - 8 5´%
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EURO
8.65
acrescentando que está optimista de que o país vai continuar no caminho do sucesso. Desde as 23:59 de ontem, o Governo da Nova Zelândia baixou o nível de alerta 4, que estava em vigor há quatro semanas que determinava o encerramento de todas as actividades e a quarentena da população, para o nível 3.
C I N E M A
4 8 6 2 5 3 9 1 7
FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Stephen Gaghan Com: Robert Downey Jr., Antonio Banderas, Michael Sheen 15.30, 21.00
SALA 2
7 9 2 4 1 8 6 1 3 5 7
44 Cineteatro DOLITTLE 9 [A] 3 5 7 1 2 7 9 BIRDS OF PREY [C] 6 4 8 1 FANTASY 4 ISLAND8 [C] 2 6 3 5
1 2 9 5 3 7 6 4 8
Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.30
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 45
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5 9 6 1 7 7 4 8 6 2 3
2 7 4 1 6 9 3 8 8 5
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PROBLEMA 46
45 3 48 8 6 5 2 1 5 4 7 4 9
8 3 6 4 9 5 7 1 4 7
MAX
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S 4U2 D 1 8O 9 3K6 U 5 9 8 6 1 3 7 4 3 2 5 8
20
BAHT
0.24
YUAN
1.12
VIDA DE CÃO
QUE FINJAM... Uma família de Macau está retida na Coreia do Sul porque o Governo exige um teste com resultado negativo à covid-19, requisito que não consegue cumprir por não encontrar testes para as duas filhas. O Governo de Macau não faz testes a quem quer viajar e não se compreende como esperam que o Governo da Coreia do Sul vá testar os residentes de Macau. Incongruências à parte, choca-me a facilidade com que alguns agentes do Executivo falam dos seus cidadãos como se fossem uma cambada cheia de má-fé. Na conferência de imprensa, foram feitas perguntas sobre a família retida. Como o Governo não abre uma excepção, a família está em prestes a ter os vistos expirados e dar-se o cenário de serem expulsos. Para onde? Ninguém sabe. Alvis Lo deu um ar mais humano ao assunto e admitiu que não conseguia responder ao cenário. É médico, é normal e pareceu-me preocupado. Porém, a responsável do turismo colocou em causa a palavra da cidadã que se queixou. Deu a entender, sem o afirmar, que a família não queria pagar pelos testes. Já quando foi a questão de ir buscar os residentes a Wuhan houve diferentes opiniões no Executivo, que até passaram para fora. Havia responsáveis que achavam que os residentes deviam ser entregues à sua sorte. Agora, voltamos a ouvir vozes semelhantes. É verdade que o grande atractivo de trabalhar no Governo não é o espírito de serviço, mas antes o ordenado e os privilégios. Não sou hipócrita para condenar a escolha e até acho sinal de inteligência. Mas finjam que têm algum serviço de missão e que não olham para a população como um bando de trapaceiros, principalmente quando estamos a falar de menores. João Santos Filipe
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A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern , disse ontem que o país venceu a batalha contra a covid-19, uma vez que se têm registado poucos casos de infecções locais no país. "Não há grandes infecções locais na Nova Zelândia. Vencemos a batalha", disse Ardern, aos jornalistas em Wellington,
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Um filme de: Jeff Wadlow Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 14.30, 17.00, 20.45 SALA 3
Um filme de: Regis Roinsard Com: Lambert Wilson, Olga Kurylenko, Riccardo Scamarcio 15.00, 20.15
Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 18.15
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UM FILME HOJE
BURN WITH US | COCKROACH STUDIOS | 2020
5 6 7 3 2 “Não nos vejam como amotinadores, mas como um grupo de estudantes universitários que fala por 3 2 4 1 8 Hong Kong”. É este o mote, gritado momentos antes de começarem a cair as granadas de gás pimenta lançadas pela Polícia, para o documentário sobre o cerco à Universidade Politécnica. Mais do que uma 8 7 5 6 9 narrativa explicativa, que não existe no sentido tradicional do documentário, este é um filme que vale exclusivamente pela fotografia, sem endeusamentos ou embelezamentos. João Santos Filipe 6 9 3 2THE TURNING 1 1 8 6 4 5 2 4 Fábrica 8 de9Notícias, 7 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Propriedade Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 7 Lobo 1 Pinheiro; 9 5 Gonçalo Gonçalo4M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; 4Romão; 3 Jorge1Rodrigues 8 Simão; 6 Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje João Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 9 5 2 7 3 Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
opinião 19
terça-feira 28.4.2020
macau visto de hong kong
DAVID CHAN
N
Dividendos em quarentena II
A sexta-feira passada, o Hongkong and Shanghai Banking Corporation efectuou uma reunião com os accionistas em Londres. Durante o encontro a direcção do HSBC declarou ter consciência de que a decisão de suspender o pagamento dos dividendos tinha desagradado aos accionistas. A direcção lamenta o sucedido e sublinha que, quando se ultrapassar o impacto da epidemia na economia, o pagamento dos dividendos será revisto. Nesse mesmo dia, a comunicação social fez saber que o HSBC tinha doado 60 milhões para, em conjunto com instituições de solidariedade social, apoiar idosos e comunidades afectadas pela pandemia. Foram doadas 65.000 embalagens com alimentos e 13.000 embalagens com equipamentos de protecção. Esta acção inclui formação na área de protecção civil, primeiros socorros, prevenção da epidemia, etc. Teve como alvo 43.000 pessoas carenciadas. Como é sabido, o HSBC está a seguir as directrizes do Governo britânico no sentido de acumular fundos suficientes que permitam suportar as consequências do surto epidémico, e por isso não está a pagar dividendos aos accionistas. Esta decisão dividiu a opinião pública. Há quem advogue que se o HSBC não vai pagar os dividendos, deveria ao menos pagar os bónus das acções, para que os investidores tivessem alguma compensação.AShareholders Alliance (Aliança de Accionistas) espera conseguir juntar pelo menos 5% dos accionistas para pressionar o conselho administrativo a convocar uma reunião geral extraordinária. Esta reunião seria convocada ao abrigo da Lei Comercial de Hong Kong para discutir a questão do pagamento de dividendos. Outra acção prevê o envio de uma carta por cada accionista dirigida ao HSBC e à Comissão Reguladora para a Segurança Financeira de Hong Kong, exigindo a resolução do problema. É evidente, que irão surgir várias propostas no sentido de proceder legalmente contra o HSBC, mas a Lei Comercial de Hong Kong não obriga ao pagamento de dividendos, mesmo que a empresa tenha tido lucro no ano anterior, pelo que a probabilidade destas acções virem a ser bem sucedidas será baixa. Um membro do Conselho Legislativo de Hong Kong dirigiu-se por escrito ao Gabinete Financeiro e do Tesouro e à Comissão Reguladora para a Segurança Financeira solicitando uma intervenção junto do Governo britânico a fim de proteger os direitos dos accionistas minoritários.
Depois de ter tomado em consideração todas estas manifestações de desagrado, o HSBC, para além de ter lamentado o sucedido e de prometer rever assim que possível o pagamento dos dividendos, está a conceder empréstimos especiais aos clientes afectados pela pandemia, e a implementar um plano para adiar o pagamento das hipotecas. Algumas destas medidas são muito benéficas para os clientes. Na situação que vivemos, os trabalhadores estão preocupados com o desemprego e os empregadores com a falência dos seus negócios, todos precisam do apoio dos bancos. No entanto, a situação dos accionistas é diferente. Estão obviamente desapontados
com esta decisão. O HSBC distribuia dividendos quatro vezes por ano. Muitos investidores compraram acções do HSBC com a expectativa de receberem um rendimento fixo. Sobretudo em Hong Kong, muitos accionistas contavam com os dividendos do HSBC como um suplemento às suas reformas. Ao perderem este suplemento é natural que fiquem desagradados. As acções de solidariedade social do HSBC são meritórias, mas estas acções divergem dos objectivos dos accionistas. Os próprios accionistas têm objectivos pessoais diferentes. Para alguns, o mais importante são os dividendos, outros procuram nego-
Claro que a forma mais eficaz de acabar com a insatisfação dos accionista era pagar-lhes os dividendos, mas essa decisão iria colocar o HSBC numa posição embaraçosa, pois implicava desobedecer às directrizes do Governo britânico
ciar com as acções. Estes últimos querem comprar acções a preços baixos e vendê-las por valores mais elevados. O impacto das medidas de solidariedade do HSBC nos accionistas é bastante questionável. A maior parte dos accionistas aposta nos proventos que obtém com os dividendos, nesse sentido, as medidas de solidariedade são uma panaceia em troca do não pagamentos desses montantes. Claro que a forma mais eficaz de acabar com a insatisfação dos accionista era pagar-lhes os dividendos, mas essa decisão iria colocar o HSBC numa posição embaraçosa, pois implicava desobedecer às directrizes do Governo britânico. É evidente que os accionistas ficaram descontentes por não lhes terem sido pagos os dividendos habituais e o HSBC não pode tomar decisões contrárias às ordens que recebe do Governo. Só nos resta esperar que as novas políticas do HSBC possam reduzir o descontentamento dos accionistas.
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
O avarento vive sempre na pobreza.
A
União Europeia rejeitou ontem liminarmente ter cedido a pressões de Pequim para ‘suavizar’ as referências à China no seu mais recente relatório sobre desinformação no quadro da pandemia da covid-19, garantindo que expõe sem interferências os factos sobre ‘fake news’. Segundo várias publicações que tiveram acesso a um ‘rascunho’ do relatório do Serviço Europeu de Acção Externa (SEAE), o documento original era muito mais crítico relativamente à actuação das autoridades chinesas do que a versão final que acabou por ser publicada, com atraso, na última sexta-feira, 24 de Abril. De acordo com o jornal New York Times, o relatório do SEAE, o corpo diplomático da UE, foi alterado depois de pressões da China para que a linguagem fosse “suavizada”, apontando a publicação norte-americana que foram retiradas referências como a que aludia a uma “campanha de desinformação global” empreendida pelas autoridades chinesas, com o intuíto de “desviar as culpas do surto da pandemia e melhorar a sua imagem internacional”. O jornal indica também ter tido acesso a um correio electrónico enviado por um diplomata europeu a colegas na véspera da publicação do relatório, no qual este escreve que “os chineses já estão a ameaçar com reacções se o relatório for publicado”. Ontem, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, no qual o assunto esteve em destaque, o porta-voz principal para os Negócios Estrangeiros rejeitou vigorosamente as notícias sobre a cedência a pressões de Pequim, apontando que “não houve alterações e não houve várias versões do documento que foi tornado público”.
Ambiente Cobra avistada na Guia não é venenosa
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Circulou ontem um vídeo de uma cobra no parque da Guia. Nas imagens, o réptil é visto a atravessar o caminho pedonal junto a máquinas para a prática de desporto, que não estavam a ser usadas. O pessoal do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) foi ao local investigar, mas a cobra já tinha deslizado para parte incerta, pelo que não foi encontrada. De acordo com a resposta do IAM ao HM, trata-se de uma espécie comum em Macau que não é venenosa, nem ataca as pessoas caso não seja incomodada.
terça-feira 28.4.2020
PALAVRA DO DIA
Horácio
UE NEGADA CEDÊNCIA A PRESSÃO CHINESA SOBRE DESINFORMAÇÃO
Práticas e teorias do nosso trabalho relativamente à desinformação consulte este sítio de Internet”, declarou. “Por isso, refuto e contesto em absoluto quaisquer acusações de que estamos a ceder a qualquer tipo de pressão externa”, insurgiu-se. Insistindo que estes relatórios sobre desinformação, que têm sido actualizados regularmente à luz das últimas tendências observadas a nível global, não hesitam em “nomear os actores” que promovem as ‘fake news’, o porta-voz lembrou também que estes relatórios são feitos com base em fontes abertas, pelo que nem faria sentido tentar ‘maquilhar’ os factos. “Atendendo a que trabalhamos com fontes abertas e basicamente com informação que está aí fora ao dispor de toda a gente que queira verificar, pensar que omitir ou não dizer algo vai fazer com que isso desapareça ou agradar a alguém é não só ingénuo, mas até absurdo, peço desculpa”, declarou o porta-voz.
OUTRAS NARRATIVAS
Segundo Peter Stano, tal como acontece em muitas instituições e organizações, incluindo órgãos de comunicação social, há documentos que são para “consumo interno” – o que era o caso daquele a que tiveram acesso algumas publicações – e outros elaborados de forma autónoma para publicação externa, que são sujeitos a procedi-
mentos editoriais, caso do relatório publicado na sexta-feira. “O SEAE lidera as actividades com o objectivo de expor a desinformação. Fazemo-lo regularmente através de um site dedicado a tal, com o endereço www.euvsdisinfo. eu , e eu espero francamente que quem quer que tenha dúvidas sobre a transparência e a qualidade
De acordo com o relatório actualizado publicado na passada sexta-feira sobre desinformação no quadro da pandemia da covid-19 – que se segue a outros documentos já publicados em 19 de Março e 1 de Abril -, “apesar do seu impacto potencialmente grave na saúde pública, fontes oficiais e estatais de vários governos, incluindo a Rússia e - em menor grau - a China, continuaram a visar amplamente as narrativas de conspiração e a desinformação, tanto junto das audiências públicas da UE como da vizinhança mais ampla”. Focado sobretudo nas campanhas de desinformação fomentadas pelo Kremlin, o relatório aponta que “há também provas de um esforço coordenado por parte de fontes oficiais chinesas no sentido de desviar qualquer responsabilidade pelo surto da pandemia, de divulgar anúncios e entregas de assistência bilateral, com sondagens em certos países a mostrar que a China é vista como mais útil no combate à pandemia do que a UE”.
COVID-19 RÚSSIA ULTRAPASSA A CHINA COM MAIS DE 87.000 INFECTADOS
A
Rússia diagnosticou, até ontem, mais de 87.000 casos de covid-19, o que excede o número de pessoas infectadas na China, onde o número oficial é de 83.912, anunciou ontem a universidade norte-americana Johns Hopkins. Nas últimas 24 horas, a Rússia detectou 6.198 novos casos do coronavírus causador da covid-19, em 84 regiões, de acordo com o relatório diário publicado ontem pelo gabinete de crise que gere a emergência de saúde no país. Com esta subida, o total de infectados na Rússia atingiu as 87.147 pessoas, enquanto o número de mortes pela doença é de 794, com 50 novas mortes nas últimas 24 horas. De acordo com a universidade John Hopkins, o número de infectados na China é de 83.912 pessoas, o que coloca o país asiático, onde a doença teve origem, no 10.º lugar na lista dos países do mundo com mais pessoas infectadas. A Rússia, que ocupa a nona posição daquele ‘ranking’, viu a sua capital, Moscovo, tornar-se o principal foco de infecção no país, tendo sido diagnosticados, desde domingo, 2.871 casos da doença, o que eleva o número total de infectados na cidade para 45.351. Por outro lado, a Rússia está entre os países líderes em número de testes realizados na população para detectar a infeção, tendo realizado, até ontem, mais de três milhões de exames, segundo as autoridades. O porta-voz de Kremlin, Dmitri Peskov, disse, em entrevista a um jornal, que a Rússia ainda não atingiu o auge da doença e que só deverá aproximar-se do pico em meados de Maio. Paralelamente, o primeiro-ministro do país, Mijaíl Mishustin, anunciou “um terceiro pacote de medidas” para ajudar as empresas a enfrentar as consequências da pandemia. O chefe do governo acrescentou que, à medida que a situação da epidemia melhorar em algumas regiões, será necessário considerar o levantamento de restrições à operação das empresas.