Hoje Macau 28 JUN 2017 #3841

Page 1

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUARTA-FEIRA 28 DE JUNHO DE 2017 • ANO XV • Nº 3842

PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau Fundação Macau compra Palácio Sommer a curador A Fundação Macau comprou o Palácio Sommer, em Lisboa. O dono era Liu Chak Wan, um dos membros do seu conselho de curadores. Mas, garantem, sem que tenha lucrado com o negócio. O objectivo da fundação parece ser para ali transferir a Delegação da RAEM. PÁGINA 9

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

Os magnatas e os seus filhos Stanley Ho, Li Ka-Shing, Shin Kyuk-ho. São os nomes de três dos homens mais ricos da Ásia, cuja idade obriga à reforma. A questão está em saber se os seus herdeiros conseguirão manter os impérios. PÁGINA 7

CHINA EXPLICA O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Morse Lei, especialista em resíduos

“Metade do lixo é desperdício alimentar” PUB

PÁGINAS 12-13

ENTREVISTA

SOFIA MARGARIDA MOTA

A RAEM produz mil toneladas de lixo por dia. Estes resíduos foram pesados, analisados e estudados por Morse Lei. Que, no final, chegou a tristes conclusões sobre o modo como tratamos o que deitamos fora.


2 ENTREVISTA

MORSE LEI SOFIA MARGARIDA MOTA

EMPRESÁRIO E INVESTIGADOR DE GESTÃO DE RESÍDUOS

Com uma vida profissional dedicada à gestão de resíduos, Morse Lei está prestes a defender uma tese de mestrado assente numa mudança de paradigma. O aluno do Instituto de Ciências do Ambiente da Universidade de São José quer minimizar o papel dos aterros e das incineradoras. Em vez disso, propõe a transformação do lixo orgânico em energia limpa “Em Macau produzimos mais de mil toneladas de lixo por dia, desse número total mais de 500 toneladas são desperdício orgânico resultante de alimentação.” “Sabemos que o Governo se prepara para construir uma nova incineradora até 2021. Mas se continuarmos a apostar nestas técnicas onde vamos parar?”

“Produzimos mais de mil toneladas de lixo por dia” Quais as principais conclusões do seu trabalho de tese de mestrado? Fiz uma análise de peso ao lixo de Macau. Em Março deste ano analisei os resíduos oriundos de casas particulares e áreas comerciais. Separámos os vários tipos de lixo que vão parar aos contentores: madeira, papel, vidro, metal, latas de alumínio, plástico, tecidos e resíduos de comida. No final pesámos tudo. Foi algo que deu muito trabalho até chegarmos aos

números. Em 2012, fez-se uma análise semelhante e a porção de desperdício alimentar era 49 por cento nas áreas comerciais, como casinos, hotéis e restaurantes. Usei o mesmo sistema e comparei com esses valores. Em Março deste ano, o desperdício alimentar em áreas comerciais era de 51 por cento do lixo produzido. Em áreas residenciais era de 48 por cento. Chegámos a estes números a partir de uma amostra de 6,2 toneladas. É normal que casinos, restaurantes e

hotéis tenham maior percentagem de desperdício alimentar. Para se ter uma ideia, em Macau produzimos mais de mil toneladas de lixo por dia, desse número total mais de 500 toneladas são desperdício orgânico resultante da alimentação. Eu produzo, você produz, todos produzimos. Como não estamos numa cidade com muita indústria, esta é a grande parcela de desperdício. Para que este estudo tivesse resultados fidedignos tive de ter em conta diversos factores, como,

por exemplo, a temperatura do dia em que analisámos a amostra, os níveis de humidade e os valores de precipitação. Estas variáveis são importantes porque alteram o peso do lixo. O que acontece a este lixo? A recuperação de desperdício em Macau é de um valor inferior a 0,2 por cento. Pegamos no lixo que produzimos e metemo-lo em aterros e nas incineradoras. Um dos parâmetros de análise que fiz


3 hoje macau quarta-feira 28.6.2017 www.hojemacau.com.mo

foi uma comparação entre o total de desperdício incinerado em 2005 e 2015. Em 2005, os centros de incineração queimaram cerca de 278 mil toneladas. Em 2015 o total foi 509 mil toneladas, isto representa um aumento significativo de cerca de 82 por cento. Por aqui incinera-se tudo, excepto o desperdício resultante da construção, porque algum desse material não se consegue queimar. Tudo o que colectamos e que possa ser queimado vai para aí, incluindo o desperdício alimentar. Algum deste desperdício alimentar vai para um pequeno centro de compostagem, mas é uma percentagem mínima. Se olharmos para os números oficiais, por este centro passam duas toneladas diariamente. De acordo com a informação oficial lançada pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, no ano passado, em Macau o lixo alimentar era de mais de 40 por cento. Durante o mestrado recolheu exemplos do exterior. Quais as ilações retiradas dessas viagens? Fiz uma visita a Portugal, à cidade do Porto, onde visitei sete centrais municipais de compostagem, incineração, digestão anaeróbia e aterros. Foi uma experiência muito boa, ter a oportunidade para sair de Macau e regressar com sabedoria que possa ser aplicada aqui. Estudei o princípio europeu e português do poluidor-pagador e as capacidades pedagógicas deste princípio. Também fui a Hong Kong onde visitei uma central que vai separar desperdício orgânico, com uma capacidade para lidar com 200 toneladas por dia. O que eles vão fazer é gerar energia, reciclar toda a matéria orgânica e transformá-la em biogás, converter em electricidade, ou em gás para uso doméstico. Qual a alternativa que propõe ao modelo actual de gestão de resíduos? O meu estudo procurou encontrar um guia para a validação estratégica dos compostos orgânicos para Macau. Primeiro, temos de ter em conta que vivemos um problema de falta de recursos de terras. Precisamos encontrar um pedaço de terreno para instalar uma central de separação de lixos mecânica. Este é o primeiro passo para que o desperdício seja recuperado. Actualmente, temos uma economia linear de recuperação, quando produzimos desperdício alguém o recolhe e coloca-o no aterro ou na incineradora. Queremos fazer mais do que isto. Para tal, há que olhar para fora e aprender com Portugal, com Hong Kong e o resto do mundo. Podemos escolher todo o lixo

“A recuperação de desperdício em Macau é de um valor inferior a 0,2 por cento. Pegamos no lixo que produzimos e metemo-lo em aterros e nas incineradoras.”

Mas há que enfrentar o inevitável, que esta é a tendência, temos de desenvolver um modelo de gestão sustentável de lixos. Esse modelo deve ser circular e transformar o desperdício em energia limpa, com menos impacto para o ambiente. A electricidade produzida pode fornecer a rede pública e alimentar a central de produção energética para a tornar auto-sustentável. Outra possibilidade que devemos aproveitar é pegar na compostagem digerida e transformá-la em fertilizante.

“As pessoas nunca pensam no lixo. Hoje em dia, a maioria das cidades, também na China, estão rodeadas por lixo. As pessoas vivem em cima de lixo.”

orgânico, separá-lo, tanto o lixo produzido comercialmente, como o residencial, e ter uma estratégia para tratá-lo. Precisamos de um plano, ao nível governamental, para compostagem e digestão anaeróbia, assim como para a produção de biogás. Temos de saber o que o Governo quer fazer, sei que estão a elaborar um estudo sobre biogás.

Qual a percentagem de energia que pode entrar na rede pública através deste processo? Essa é a questão. Podemos tentar saber, aliás, esse será o meu próximo estudo. Quero estudar o consumo energético, a produção e quanta energia pode ser gerada a partir de 200 toneladas diárias de biomassa e chegar a um modelo económico que

nos beneficie, que seja compensatório. Acho que este plano é exequível, também temos de calcular quanto calor pode gerar, o investimento de energia e de trabalho necessários até chegar ao output, à rentabilidade. Sente que há abertura das autoridades para implementar esta política?

Sim. Aliás, o Governo tem uma empresa de consultoria a trabalhar nesta matéria. Mas a consultoria é uma coisa separada da concretização, sabem o que há a fazer mas não sabem como implementar, não conhecem as limitações do território, nem da cultura de Macau. Este é um desafio para o qual toda a sociedade tem de juntar esforços e conhecer os seus respectivos papéis. Acho que este modelo circular pode beneficiar muito Macau. Testemunhei as mudanças na cidade, o crescimento do turismo para mais de 30 milhões de visitantes anuais. Desde 2003, a cidade mudou drasticamente. O boom económico também trouxe alguns problemas, como a habitação, por exemplo. Neste sentido a sustentabilidade de Macau depende muito da gestão de lixos. Em termos de acções concretas, o que se pode fazer? Temos de ter prioridades, uma hierarquia de gestão de lixos. O primeiro patamar é a prevenção, ou seja, minimizar o desperdício. Reutilização, reciclagem, recuperação e, por último, o descarte, que é a solução menos preferível. Hoje em dia, quem compra um iPhone faz parte do sistema linear económico, que obriga o consumidor a comprar o novo telefone. Em termos industriais, a Apple produz para algo que vai substituir algo que vai para o lixo. Isto é o oposto de sustentabilidade. Em Macau, que é uma microeconomia, temos de minimizar o uso de aterros e incineração. Sabemos que o Governo se prepara para construir uma nova incineradora até 2021. Mas se continuarmos a apostar nestas técnicas onde vamos parar? O que acontece se a população e os turistas aumentarem? Precisamos de outro modelo, precisamos de uma estratégia para reduzir o lixo orgânico, isso é o mais importante. Até onde este problema pode chegar? Como sabemos, a população mundial não pára de crescer e essa inevitabilidade traz três grandes problemas. O primeiro é o acesso à água, o segundo é a falta de proteínas na alimentação e o terceiro é o lixo. As pessoas nunca pensam no lixo. Hoje em dia, a maioria das cidades, mesmo na China, estão rodeadas por lixo. As pessoas vivem em cima de lixo. Todo este desperdício polui rios e oceanos, afecta a biodiversidade e destrói habitats. Temos de empregar mais tempo e devoção a tratar do lixo, é um tema importantíssimo. João Luz

info@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

A

imagem de Lao a ler um livro sobre dez figuras históricas que se destacaram na guerra sino-japonesa, na praça do Tap Seac, está carregada de simbolismo. Bem perto, ali ao lado, está patente uma exposição de fotografias sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota”. É como se fosse o passado do país a misturar-se com o presente, sem esquecer o futuro espelhado mesmo ali, mas que ainda não conhecemos. O que a política “Uma Faixa, Uma Rota” poderá trazer para Macau é ainda uma espécie de utopia, e Lao não está, de facto, muito confiante. “Macau só depende do jogo, não há muitas indústrias e não é claro o que poderemos ganhar com isto no futuro”, apontou ao HM. Sobre a acção do Executivo, apresenta algumas críticas. “O Governo tem muito dinheiro, gastou muito no projecto do metro ligeiro, mas ainda não vimos muitos resultados. Mais valia fazer investimentos no estrangeiro”, frisou. Na exposição que o Governo decidiu instalar em vários pontos do território, mostram-se os principais objectivos que Pequim tem para os países que integram a chamada Rota da Seda. Em português e chinês, fala-se na cooperação com Fujian e Guangdong, no desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, na plataforma com o mundo lusófono. Para Yang, reformado, todas estas ideias fazem sentido e devem ser acolhidas. “Trata-se de uma política nacional e temos de a apoiar, porque vai trazer benefícios”, defendeu. Yang não diz quais são, mas assume: “Se Macau ficar sem o apoio da China, não é nada”.

CENTENAS DE VISITANTES

Disponível para visita do público desde o passado sábado, a exposição no Tap Seac tem atraído centenas de visitantes. No primeiro dia passaram pela praça 200 pessoas, ontem à tarde já tinham sido feitas 122 visitas. Uns passam de fugida, outros ficam a ler com mais atenção. Topee Au decidiu passar por lá quando saiu do centro de saúde localizado ali ao lado. “Não sei o que

ELEIÇÕES LISTA DE GUANGDONG CONFIRMADA

Os dois deputados eleitos em 2013 pela União de Macau-Guangdong estiveram esta semana na Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa para receberem a carta de confirmação da comissão de candidatura. Mak Soi Kun e Zheng Anting foram acompanhados pelo mandatário da lista. Ian Soi Kun explicou à imprensa de língua chinesa que no próximo dia 10 vão ser divulgados os nomes dos candidatos e o programa político da lista. Nas últimas eleições, a União de Macau-Guangdong, com fortes ligações à comunidade oriunda de Jiangmen, conseguiu quase 12 por cento dos votos (16.251).

DEMOCRACIA PEQUIM SEM RÉPLICA

“Uma Faixa, Uma Rota” AS VISÕES DOS LOCAIS SOBRE A POLÍTICA

As fotografias do futuro É uma política nacional e tem de ser acolhida por Macau, um território que vive do jogo e que não tem mais indústrias para desenvolver. Fomos ouvir o que os visitantes da exposição fotográfica “Uma Faixa, Uma Rota” têm a dizer sobre o plano que a China quer dar ao mundo o Governo de Macau vai fazer para desenvolver esta política, porque o Governo só dá dinheiro”, frisou. “Penso que esta política da China vai permitir aumentar as receitas dos casinos por causa do maior fluxo de pessoas. Isso é bom mas, ao mesmo tempo, também é mau, porque para mim as apostas são uma coisa que não se deve fazer”, reiterou.

PROPAGANDA OU INFORMAÇÃO?

Apesar de a exposição não estar disponível em inglês, o australiano Stephen Anderson tem uma opinião formada sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota”. Sobre a exposição, não sabe dizer se é informativa ou se é apenas mais uma forma de propaganda.

“Tem prós e contras mas, no fim de contas, isto serve para informar as pessoas. Será importante ter uma sociedade trilingue em Macau, e é bom que as pessoas aprendam um pouco sobre esta política”, defendeu. Stephen Anderson afirmou ainda que as gerações mais jovens vão acabar por retirar mais benefícios da política que a China quer desenvolver. “Esta política tem um enorme potencial. Para Hong Kong será bom sobretudo para desenvolver o sector financeiro, para criar uma base mais sólida. Quanto a Macau, se olharmos em termos históricos, sempre houve uma ligação ao mundo lusófono, com países como Angola e o Brasil”, lembrou.

Ainda sobre os benefícios que a política “Uma Faixa, Uma Rota” poderá trazer para o território, Stephen aponta para os sectores do turismo e de tudo o que não esteja directamente relacionado com as mesas de apostas. “Pequim tem demonstrado uma atitude muito positiva em relação a esta política”, frisou.

“Macau só depende do jogo, não há muitas indústrias, e não é claro o que poderemos ganhar com isto no futuro.” LAO RESIDENTE DE MACAU

Além da Praça do Tap Seac, a exposição estará patente até ao dia 30 de Julho em locais tão diversos como o Leal Senado, a zona de lazer do Edifício Lok Yeung Fa Yuen (Rua do General Ivens Ferraz), o jardim junto ao mercado do Iao Hon ou o espaço aberto ao lado do Parque do Jardim da Cidade das Flores (perto da Rua de Coimbra). Segundo um comunicado oficial, o objectivo desta mostra de 80 fotografias é “dar a conhecer melhor, através de imagens, a todos os sectores da sociedade, a importância e significado da participação e contributo de Macau na iniciativa nacional da ‘Faixa e Rota’”. Andreia Sofia Silva e Vítor Ng info@hojemacau.com.mo

Os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San enviaram ontem um comunicado às redacções em que lamentam o facto de o Governo Central não ter dado qualquer resposta a uma carta enviada a Pequim aquando da deslocação a Macau do presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zheng Dejiang. Na missiva, os dois pró-democratas defendiam a importância da revisão do regime político do território, que contrasta com o acelerado desenvolvimento da economia. Ng e Au sublinharam ainda que a lentidão do processo democrático faz com que a Assembleia Legislativa não represente efectivamente a população, uma vez que são apenas 14 os deputados eleitos por via directa, num universo de 33 tribunos. A rematar, defendiam que os políticos nacionais devem prestar atenção à reforma do sistema político, sem a qual não será possível garantir a implementação bemsucedida do princípio “Um país, dois sistemas”.


5 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

O

deputado José Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre a necessidade de criar maiores condições de integração dos deficientes auditivos, não só no sistema educativo, como na sociedade. Na visão do deputado, “os cidadãos portadores de necessidades educativas especiais, nomeadamente os que são portadores de surdez, têm sido extremamente marginalizados da sociedade”. Coutinho fala de “enormes desafios na aprendizagem escolar até à integração social pela via profissional”, uma vez que os jovens que não conseguem ouvir “têm de enfrentar enormes obstáculos sociais, desde a discriminação no emprego até à integração social”. Como exemplo, é apontada a falta de intérpretes de língua gestual na TDM. Há “um

défice na visualização de programas televisivos emitidos com intérpretes na emissão”, escreveu Pereira Coutinho. Para o membro da Assembleia Legislativa, é também importante a interpretação “aquando da apresentação anual das Linhas de Acção Governativa pelo Chefe do Executivo”. Em relação às escolas, o deputado questiona o Governo se vai adoptar “medidas legais e administrativas para que as pessoas portadoras de surdez tenham acesso ao sistema educativo geral desde o infantil até ao ensino secundário e universitário, em igualdade de oportunidades face aos seus concidadãos”. Coutinho exige ainda que sejam criadas novas medidas para garantir um igual acesso ao mercado de trabalho, bem como uma “protecção adequada no acesso à habitação social”. A.S.S.

HABITAÇÃO ZHENG ANTING PEDE CONDIÇÕES PARA BAIRROS HISTÓRICOS

A

PESAR do desenvolvimento que Macau teve na última década, Zheng Anting considera que os residentes que moram nas zonas históricas da cidade enfrentam dificuldades várias no que toca às condições das suas residências. Assim sendo, o deputado interpelou o Governo e pediu que seja dado acompanhamento e atenção das autoridades para melhorar as condições de habitabilidade nos bairros antigos de Macau. ZhengAnting destaca a zona de Iao Hon como uma das mais problemáticas no que diz respeito ao estado das casas. “O lixo está em todo o lado, nas coberturas, fios eléctricos e no espaço entre os prédios”, revela o deputado que ainda elenca problemas de canalização entre os que mais queixas originam. Esta é uma situação que motiva preocupa-

ções, principalmente tendo em conta que estas condições podem trazer péssimas consequências como a transmissão de doenças contagiosas. Zheng Anting chega mesmo a argumentar que a saúde e a segurança dos residentes que vivem nestas zonas estão ameaçadas. Em 2005, o Governo prometeu levar a cabo a reconstrução dos bairros antigos. No entanto, mais de dez anos depois, as autoridades continuam sem um calendário para os trabalhos de restauro nas zonas históricas de Macau. Nesse sentido, Zheng Anting exige do Governo medidas de curto prazo para a manutenção e reparação de moradias na área de Iao Hon, assim como a calendarização dos trabalhos e planeamento urbanístico da zona. V.N./ J.L.

Novos aterros ZONA A CONCLUÍDA ATÉ FINAL DO ANO

O futuro está ali

O Governo foi ontem à Assembleia Legislativa dar explicações sobre a construção dos novos aterros. A zona A ficará concluída até ao fim deste ano e a habitação pública na zona norte do aterro já está a ser pensada. As ligações à zona A também serão concluídas em breve

O

S trabalhos de construção e planeamento dos novos aterros estão a decorrer a bom ritmo. Foi esta a ideia deixada ontem após a reunião que o Executivo teve com a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa. A zona A dos novos aterros deverá estar concluída até ao final deste ano, com alguns projectos paralelos, como a ponte de ligação com a península e a ligação com a ilha artificial, a ficarem prontos entre Setembro e Dezembro. Segundo referiu o deputado Ho Ion Sang, que preside à comissão, o Governo já está a pensar no planeamento das habitações públicas da zona norte do aterro A. “Vai ser criada na zona A uma zona subterrânea de esgotos e canalizações. Só em 2019 é que será elaborado o plano direc-

GCS

SURDEZ COUTINHO EXIGE MAIOR INTEGRAÇÃO

abertura ao trânsito da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, adiantou ainda Ho Ion Sang. Questionado sobre os problemas ocorridos com o fornecimento de areia, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, garantiu que já está tudo resolvido. O aterro da zona A terá um total de 32 mil habitações, sendo 28 mil delas públicas e as restantes destinadas ao mercado privado. O Governo não adiantou mais informações sobre a possibilidades de os restantes aterros virem a ter habitação privada.

FALTAM ESTUDOS

tor de Macau e o Governo vai, antes disso, realizar gradualmente as obras de habitação, sendo que os projectos ainda têm de passar pelo Conselho do

E DEPOIS DA BARRA?

A

POLÍTICA

construção do metro ligeiro na península continua a ser uma incógnita e, para já, só há novidades sobre o acesso até à zona da Barra. O deputado Ho Ion Sang avançou a informação de que o concurso público para a construção da estação nessa zona será iniciado este ano, sendo que a ligação será feita através da Ponte Sai Van. “O Governo está a fazer tudo de acordo com o que já tinha revelado e vai rever os itinerários. Tudo depende dos prazos das propostas apresentadas e dos valores, e só depois é que o Governo consegue ter um calendário”, explicou.

Planeamento Urbanístico”, disse o deputado. As obras do aterro A, que tem uma dimensão de 138 hectares, vão ficar concluídas “em paralelo com a

EDIFÍCIOS DA ZONA B VÃO RESPEITAR REGRAS DA UNESCO

R

aimundo do Rosário não soube precisar a altura que os edifícios administrativos e judiciais vão ter mas, diz Ho Ion Sang, os projectos vão estar de acordo com as directrizes da UNESCO. “O Governo não disse qual será a altura dos edifícios do campus judiciário, mas penso que as exigências da UNESCO vão ser mantidas e que os prédios não vão ser muito altos.” O aterro B vai ficar localizado junto ao casino MGM e os trabalhos de planeamento já estão a decorrer. “Estamos em reuniões com os utilizadores dessa área e esperamos este ano retomar esses projectos”, disse Raimundo do Rosário.

Perto da zona A ficará ainda a quarta ligação entre a península e as ilhas da Taipa e Coloane, que também estará situada junto ao aterro E1. Sobre este projecto, Ho Ion Sang adiantou que o Executivo “ainda está a efectuar estudos ecológicos e que só depois é que pode activar os planos”. Apesar de ainda não haver certezas sobre se a quinta travessia entre Macau e as ilhas será feita através de um túnel ou de uma ponte, as Obras Públicas também já começaram a estudar este assunto. Segundo explicou o presidente da comissão, a quinta travessia deverá ficar localizada junto à ponte Governador Nobre de Carvalho, perto dos aterros D e B, onde estará localizada a zona destinada aos edifícios da Administração e dos tribunais. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

OS OUTROS ATERROS

S

egundo Raimundo do Rosário, os restantes aterros também deverão ver a sua construção concluída no próximo ano. A zona C termina este ano, enquanto a zona D deverá estar concluída em 2018. Já a zona E, localizada junto à Ponte da Amizade, também fica concluída este ano. Aqui vai nascer um posto de manutenção de helicópteros e algumas zonas para a instalação de postos policiais.


6 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 28.6.2017 PUB

Concurso Público n.º 8/2017 da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para a Prestação dos Serviços de Condomínio do Edifício Vicky Plaza

Concurso Público n.º 9/2017 da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para a Prestação dos Serviços de Segurança do Edifício Vicky Plaza

Nos termos previstos no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 16 de Junho de 2017, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a aquisição dos serviços de condomínio do Edifício Vicky Plaza. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, nos dias úteis, das 9,00 às 17,30 horas, para a obtenção da cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento da importância de MOP100,00 (cem patacas) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela página electrónica do SAFP, em http://www.safp.gov.mo/. A inspecção dos locais de trabalho e sessão de esclarecimento deste concurso terão lugar no próximo dia 14 de Julho de 2017, pelas 11,00 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o programa e o caderno de encargos deste concurso, devem apresentá-las até às 17,30 horas do dia 12 de Julho de 2017, de acordo com a forma estabelecida no respectivo programa do concurso, para que as dúvidas sejam esclarecidas na sessão de esclarecimento. O prazo para a apresentação das propostas termina às 17,30 horas do dia 2 de Agosto de 2017, não sendo aquelas admitidas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido no balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, entregando uma garantia bancária no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas), a favor da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública ou efectuar um depósito em dinheiro no banco indicado, para efeitos de caução provisória deste concurso. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 3 de Agosto de 2017, pelas 10,30 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 22 de Junho de 2017.

Nos termos previstos no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 16 de Junho de 2017, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a aquisição dos serviços de segurança do Edifício Vicky Plaza. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, nos dias úteis, das 9,00 às 17,30 horas, para a obtenção da cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento da importância de MOP100,00 (cem patacas) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela página electrónica do SAFP, em http://www.safp.gov.mo/. A inspecção dos locais de trabalho e sessão de esclarecimento deste concurso terão lugar no próximo dia 14 de Julho de 2017, pelas 10,00 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o programa e o caderno de encargos deste concurso, devem apresentá-las até às 17,30 horas do dia 12 de Julho de 2017, de acordo com a forma estabelecida no respectivo programa do concurso, para que as dúvidas sejam esclarecidas na sessão de esclarecimento. O prazo para a apresentação das propostas termina às 17,30 horas do dia 31 de Julho de 2017, não sendo aquelas admitidas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido no balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, entregando uma garantia bancária no valor de MOP70.000,00 (setenta mil patacas), a favor da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública ou efectuar um depósito em dinheiro no banco indicado, para efeitos de caução provisória deste concurso. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 1 de Agosto de 2017, pelas 10,30 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 22 de Junho de 2017.

O Director, Kou Peng Kuan

O Director, Kou Peng Kuan

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 22/P/17

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 13 de Junho de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Prestação de Serviços de Pulverização do Óleo Larvicida aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 28 de Junho de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP36,00 (trinta e seis patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm. gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 24 de Julho de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 25 de Julho de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP55.440,00 (cinquenta e cinco mil, quatrocentas e quarenta patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo, de 18 de Maio de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos para a Convenção das Farmácias», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 28 de Junho de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1.º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP84,00 (oitenta e quatro patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes deverão comparecer na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau no dia 3 de Julho de 2017 às 16,30 horas para uma reunião de esclarecimentos ou dúvidas referentes ao presente concurso público, nomeadamente sobre o Sistema Electrónico de Convenção de Medicamentos. As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 14 de Agosto de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 15 de Agosto de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100 000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 22 de Junho de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

Serviços de Saúde, aos 22 de Junho de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

Activista sem medo

Scott Chiang não teme repercussões políticas e pessoais depois de ter sido impedido de entrar em Hong Kong. Em causa, está uma resposta na mesma moeda ao que Macau fez aos activistas vizinhos

H

ONG Kong está a seguir o exemplo de Macau da pior maneira”, diz Scott Chiang ao HM em reacção ao bloqueio da sua entrada na região vizinha, na passada segunda-feira. Para o activista pró-democrata local, o facto de não lhe ter sido autorizada a entrada em Hong Kong tem que ver com uma resposta de reciprocidade. Em causa estão os acontecimentos do início de Maio em que dois activistas pró-democracia da RAEHK foram expulsos de Macau, horas depois de terem entrado na cidade. Na altura decorria no território a visita do presidente da Assembleia Popular Nacional. Por outro lado, afirma Scott Chiang, “Hong Kong e Macau são parte da China mas não devem ser tão submissos a Pequim”, sendo que “é muito triste que isto esteja a acontecer”. No entanto, e no que respeita a consequências futuras, o activista de Macau diz não ter receios e garante que vai continuar com as actividades políticas em que está envolvido, como a luta

outros e as pessoas podem pensar que Macau negou a presença a activistas de lá e que agora, em Hong Kong, estão a fazer o mesmo com os activistas de cá”, apontou.

OSSOS DO OFÍCIO

por uma maior democracia no território. “Fazemos as coisas porque achamos que valem a pena ser feitas, porque não há mais quem as faça e penso que não mudará muito a minha vida”, refere o também presidente da Novo Macau. Scott Chiang considera ainda que as acções que toma e as estratégias políticas que adopta “não podem assentar no ser ou não ser bem-vindo em Hong Kong”. O maior impacto pode mesmo ser junto da opinião pública. “Pode ter um impacto maior na perspectiva dos

Apesar de achar que a interdição que lhe foi feita no início da semana não terá consequências pessoais, Scott Chiang salvaguarda que, para o público em geral, pode ser alvo de diferentes interpretações. “As pessoas podem pensar que eu seja problemático e, por isso, podem vir a não me achar adequado em determinadas situações”, sublinha. “Estas são as consequências com que temos de lidar” enquanto activista, acrescenta. Chiang considera que poderá eventualmente ter inconvenientes menores que têm que ver mais com a opinião alheia do que com consequências políticas directas. “Para o observador ocasional, esta pode ser uma situação que o leve a pensar que, por exemplo, eu e o Sulu Sou somos como os independentistas de Hong Kong”. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

CTM CHAN PEDE RAPIDEZ NO ACORDO COM A MTEL

A

falta de interligação dos serviços de telecomunicações entre os dois operadores de rede fixa motivaram Chan Meng Kam a interpelar o Governo. O deputado pretende que o processo negocial seja acelerado de forma a não prejudicar os consumidores. Na interpelação escrita, é argumentado que o acordo entre a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) e a MTel deveria servir para impulsionar o sector local e alcançar a interligação entre as duas companhias. Um dos problemas prende-se com a revelação de que, mesmo alcançado este objectivo, a

velocidade da transmissão de dados chegará apenas aos 100 Mbytes por segundo. De acordo com Chan Meng Kam, os consumidores locais são os grandes prejudicados pela lenta velocidade de ligação à Internet. Nesse sentido, o deputado interpela o Governo a procurar que seja encontrado um consenso entre as duas empresas o mais rapidamente possível. A base legal apresentada pelo tribuno foi o regulamento administrativo 41/2004, onde se estatui que o Executivo tem o direito a interferir no caso entre a CTM e a MTel e a procurar a conclusão do negócio.

GCS

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 21/P/17

Bloqueio em Hong Kong não traz consequências maiores a Scott Chiang

“Face aos problemas existentes no sector de telecomunicações, parece que o Governo não tem claro qual a sua função e como desempenhar as competências definidas na lei para proteger os benefícios públicos”, diz Chan Meng Kam na interpelação. O deputado questiona ainda o Executivo sobre a utilidade de um acordo que, depois de dois anos de negociação, teima em chegar a um consenso. V.N./ J.L.


7 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

SOCIEDADE

HOMENAGEM RUI AFONSO LEMBRADO NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA

O auditório do Consulado Geral de Portugal recebe uma sessão de homenagem ao advogado Rui Afonso, na próxima segundafeira, às 18h15. De acordo com a Rádio Macau, foram feitos vários pedidos para que se organizasse uma iniciativa pública de evocação do antigo deputado e também ex-director dos Serviços de Administração e Função Pública. Sérgio de Almeida Correia, um dos dinamizadores da iniciativa, explicou à emissora que só agora se entendeu ser o momento mais adequado. A antiga presidente da Assembleia Legislativa, Anabela Ritchie, o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, e o presidente do Instituto Politécnico, Lei Heong Iok, devem marcar presença. A sessão de homenagem terá tradução simultânea português-chinês. Rui Afonso morreu no passado mês de Março.

BANCA FUNCIONÁRIOS NECESSÁRIOS DAQUI A TRÊS ANOS

Um estudo levado a cabo pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau alerta para a necessidade de quadros no sector bancário local. A pesquisa foi encomendada pela Comissão de Desenvolvimento de Talentos. De acordo com o relatório, de que dava ontem conta o canal chinês da Rádio Macau, de 2020 e 2023 haverá entre 749 a 1488 vagas para preencher. Por essa altura, também as seguradoras andarão a tentar recrutar pessoa, com 95 lugares disponíveis. O estudo sugere que seja feito um maior investimento no desenvolvimento das plataformas online dos bancos. Além disso, o sector é aconselhado a “aproveitar as oportunidades geradas pela política ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e pela construção da plataforma de comércio entre a China e os países de língua portuguesa”.

OBRAS PÚBLICAS LOTE T NÃO É O PEARL HORIZON

O director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes garantiu ontem que não há qualquer problema com o outro lote que a Polytec, empresa responsável pelo Pearl Horizon, está a desenvolver na zona norte da cidade. Li Canfeng sossegava assim os investidores e desmentia boatos que corriam acerca de eventuais irregularidades no processo de construção. Citado pelo canal chinês da Rádio Macau, o responsável pela DSSOPT frisou que os edifícios do Lote T “estão bem construídos”, refutando que seja “outro Pearl Horizon”.

Li Ka-Shing

Shin Kyuk-ho

Negócios HERDEIROS DE MAGNATAS COM PODER ACRESCIDO

Filho de quem?

São os descendentes dos grandes magnatas da região. Já têm poder e preparam-se para ter ainda mais. Herdam muita fortuna e património, que não são necessariamente sinónimos de sucesso garantido. O jeito para os negócios não está nos genes

O

aviso é feito pela Bloomberg aos investidores: não se deve assumir que os filhos dos grandes magnatas são iguais aos pais. O alerta surge a propósito da anunciada saída de cena de três dos principais magnatas da Ásia. Um deles é Stanley Ho, o homem que fez fortuna em Macau no tempo em que o jogo era um monopólio. Além de Stanley Ho – que deixou de ser, esta semana, o presidente da Shun Tak Holdings – também o milionário Shin Kyuk-ho abandonou a liderança da Lotte, a fábrica de pastilhas elásticas que transformou num dos principais grupos económicos da Coreia do Sul. Aqui ao lado, em Hong Kong, o Wall Street Journal diz que Li Ka-shing, o homem mais rico do território, deverá largar a presidência da CK Hutchison Holdings no próximo ano. Nos três casos, são os filhos dos magnatas que vão tomar conta dos negócios de família. Já tem sido assim nos últimos anos no

caso de Stanley Ho. Apesar de continuar a ser o presidente da SJM Holdings, o magnata está doente há vários anos. São publicamente conhecidos os problemas entre os seus vários filhos, fruto de quatro casamentos. Até 2015, a SJM foi o principal operador de casinos da Ásia. Foi entretanto ultrapassada pela Las Vegas Sands e pelo Galaxy Entertainment Group.

COMO MANTER A LEALDADE?

A Bloomberg sublinha que a história recente da Ásia não pode ser escrita sem se falar de homens como Ho, Li e Shin, que construíram edifícios, portos e fábricas, muitas vezes partindo do nada. O facto de terem sido pioneiros nas suas áreas de negócio e as ligações

políticas que cultivaram ajudaram na consolidação do poder e na construção das fortunas. Muitos investidores, incluindo de carácter institucional, têm sido leais a estas empresas. No entanto, as gerações que se seguem têm, por norma, dificuldade em manter os negócios dos progenitores. A afirmação da agência é sustentada por um estudo que analisou mais de 200 empresas familiares em Hong Kong, Singapura e Taiwan. Esta análise descobriu que, em média, um accionista que investiu 100 dólares numa destas empresas, cinco anos antes da partida do fundador, ficou com apenas 44 dólares após a sucessão. Segundo os autores do relatório, levado a

As ligações políticas e as redes em que os fundadores se moveram tendem a desaparecer à medida que os negócios vão passando para as mãos de gerações educadas em moldes mais ocidentais

Stanley Ho

cabo pela Universidade Chinesa de Hong Kong, é muito raro o valor perdido chegar a ser recuperado.

OUTROS TEMPOS

A Bloomberg admite, no entanto, que o maior factor para a erosão do valor destas empresas não consta dos relatórios anuais destas empresas. Os bens intangíveis, como as ligações políticas e as redes em que os fundadores se moveram, tendem a desaparecer à medida que os negócios vão passando para as mãos de gerações educadas em moldes mais ocidentais, menos habituadas aos modelos tradicionais de gestão. Depois, surgem ainda os desafios relacionados com um ambiente global cada vez mais competitivo. O caso de Stanley Ho é disso representativo: desde 1962 que detinha o monopólio do jogo de Macau, uma situação alterada em 2002 por decisão governamental. A liberalização do sector fez com que a sua sucessora, a filha Pansy Ho, não pudesse usufruir das mesmas vantagens. Há também segmentos destes negócios que faziam todo o sentido quando foram lançados, mas que correm o risco de serem ultrapassados: os transportes por via marítima e as telecomunicações são dois exemplos apontados. Os investidores estão cada vez mais interessados em apostar na chamada nova economia: tecnologia, biotecnologia e energias renováveis. O espírito empreendedor não é hereditário, vinca a agência. Resta aos herdeiros mostrarem que também eles são capazes de inovar, agora numa nova era.


8 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

ANÚNCIO 【N.º 107/2017】 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: N.º do boletim de candidatura

Nome

31201303995 HOI LIN TONG

N.º do boletim de abono de residência

Restituição do valor do abono

30201400358

34 650 patacas

Após as verificações deste Instituto, notamos que o total do rendimento mensal do agregado familiar de candidatos a habitação social acima mencionado ultrapassa o valor constante da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 473/2015, pelo que, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 473/2015, alínea 3 do artigo 2.º e n.º 1 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009 (Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social). Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 28 de Março de 2017, a solicitar ao interessado acima mencionado para apresentar por escrito a sua interpretação pelo facto acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não o fez. Nos termos dos artigo 5.º e alínea 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, e n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, e em conformidade com o despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0931/DHP/DHS/2017, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera por IH. Simultaneamente, foi cessado a concessão de abono de residência por o agregado familiar beneficiário ter sido excluido da lista geral de espera, e implicando a restituição do abono recebido a partir de Agosto de 2015 a Abril de 2017, no prazo de 30 dias a contar da data de publicação do presente anúncio, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 e n.º 3 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2016 (Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), e a decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta acima mencionada. Caso queira contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, pode reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou pode apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 26 de Junho de 2017. O Presidente, Arnaldo Santos

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO PARA A “OBRAS DE REORDENAMENTO DO BAIRRO SOCIAL DA TAIPA” [104/2017] 1.

Entidade promotora do concurso: Instituto de Habitação (IH).

2.

Modalidade do concurso: Concurso público.

3.

Local de execução da obra: Bairro Social da Taipa.

4.

Objecto da empreitada: Melhoria das instalações, substituição do revestimento do terraço ajardinado do rés-do-chão do Bairro Social da Taipa, do terraço de cobertura e de algumas partes do revestimento das paredes exteriores do Bairro, bem como renovação das guardas das paredes exteriores e das janelas de alumínio, entre outras.

5.

Prazo máximo de execução: 210 dias úteis (duzentos e dez dias úteis). O prazo de execução declarado pelos concorrentes deve seguir o estipulado no ponto 6 do Programa de concurso e nos pontos 5.1.2 e 5.2.2 das cláusulas gerais do Caderno de Encargos.

6.

Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, sendo prorrogável nos termos previstos no Programa de Concurso.

7.

Tipo de empreitada: Empreitada por série de preços.

8.

Caução provisória: $480 000,00 (quatrocentas e oitenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária legal ou seguro-caução.

9.

Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, em reforço da caução definitiva prestada).

10.

Preço base: Não há.

11.

Condições de admissão: Serão admitidas como concorrentes as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes para execução de obras, bem como as que à data do acto público do concurso tenham requerido a sua inscrição, sendo neste último caso a admissão condicionada ao deferimento do respectivo pedido de inscrição.

12.

Local, data e hora para entrega das propostas: Local: IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Data e hora limites: 24 de Julho de 2017 (segunda-feira), às 13H00. Em caso de encerramento deste Instituto na hora limite para a entrega das propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e hora limites estabelecidas para a entrega das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13.

Local, data e hora do acto público do concurso: Local: IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Data e hora: 25 de Julho de 2017 (terça-feira ), pelas 9H30. Em caso de adiamento da data limite para a entrega das propostas de acordo com o n.º 12 ou de encerramento deste Instituto na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M e para obterem esclarecimentos de eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14.

Línguas a utilizar na redacção da proposta: Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM; quando noutra língua, devem ser acompanhados de tradução legalizada, a qual prevalece para todos e quaisquer efeitos.

15.

Local e hora para exame do processo e preço para obtenção de cópia: Local: IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Hora: Horário de expediente (das 9H00 às 12H45 e das 14H30 às 17H00). Neste Instituto pode ser obtida cópia do processo do concurso público pelo preço de $1 000,00 (mil patacas).

16.

Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação: critérios de apreciação Parte do preço

- preço proposto

ponderação 12

- prazo de execução 1 Parte técnica

- plano de trabalhos

5

- experiência

2

Classificação final= nota da parte do preço X nota da parte técnica 17.

Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, a partir de 28 de Junho de 2017 e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Instituto de Habitação, Macau, aos 13 de Junho de 2017. O Presidente, Arnaldo Santos


9 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

TRABALHO DESEMPREGO NÃO MEXE

TURISMO MAIS VIAGENS À BOLEIA DAS ELEIÇÕES

A

A

S viagens de residentes de Macau durante este Verão deverão subir entre 20 a 30 por cento, em comparação com os números registados no ano passado. A previsão é do presidente da Associação da Indústria Turística de Macau. Citado pelo Jornal do Cidadão, Wu Keng Kuong explicou que, na origem do aumento do número de viagens, estarão as eleições legislativas de Setembro próximo, uma vez que várias entidades organizam deslocações, sobretudo para Guangdong. Já as viagens para a Europa deverão diminuir este ano. O responsável conta que os vários casos de terrorismo levam os residentes locais a evitar destinos europeus. Assim sendo, o Japão e a Coreia do Sul vão estar na lista de preferências das pessoas que passam férias fora do território. Há vários países do Sudeste Asiático que também são procurados e os casos recentes de violência na Tailândia não têm impacto junto da procura local, acredita Wu Keng Kuong. O presidente da Associação da Indústria Turística de Macau fez ainda referência ao facto de serem cada vez mais os residentes locais que optam por viajar sem estarem integrados em excursões. Quanto aos turistas que visitam Macau, o responsável não tem em perspectiva uma alteração significativa do tipo de visitantes. Wu destaca, porém, que os hotéis locais têm cada vez maior capacidade para atrair turistas, dada a diversidade de entretenimento existente no Cotai, bem como os preços praticados. Wu Keong Kuong comentou ainda o recente caso de uma criança que morreu vítima de afogamento numa piscina de uma unidade hoteleira no Cotai. O responsável não acredita que o caso tenha qualquer impacto junto dos turistas que procuram Macau.

SOCIEDADE

FUNDAÇÃO MACAU COMPROU PALÁCIO EM LISBOA A LIU CHAK WAN

Negócios internos

A

Fundação Macau (FM) comprou o Palácio Sommer, em Lisboa, a Liu Chak Wan, membro do conselho de curadores da instituição. A notícia foi avançada ontem pela Rádio Macau. De acordo com a emissora, o negócio, no valor de 70 milhões de patacas, foi proposto pelo próprio Liu Chak Wan à FM e terá sido concretizado no início de 2016. Porém, nunca foi anunciado. O Palácio Sommer, que ocupa uma área de 2634 metros quadrados no centro de Lisboa, no Campo Mártires da Pátria, foi adquirido pelo empresário de Macau com a intenção de converter o edifício do início do século XX num hotel de charme. Depois de desistir do projecto, Liu Chak Wan propôs a venda à FM. “Uma venda sem

obter mais-valias”, disseram à rádio fontes conhecedoras do negócio, que teve de receber o aval dos curadores da FM. O conselho de curadores é presidido pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, e tem entre outras competências aprovar a concessão de apoios financeiros de valor superior a 500 mil patacas. O preço pago a Liu Chak Wan, 70 milhões de patacas, está dentro dos valores que uma agência imobiliária, a Engel & Völkers, pedia pelo Palácio Sommer em 2013. Fonte da empresa do ramo imobiliário confirmou à emissora que o imóvel foi vendido por essa altura.

NOVA CASA DA DELEGAÇÃO?

O Palácio Sommer, com 18 divisões, foi projectado por um arquitecto italiano para residência da família

Sommer, tendo servido de cenário ao filme “A Casa dos Espíritos”, realizado por Bille August, em 1993, com Meryl Streep e Jeremy Irons. A Rádio Macau explica que existe um plano de reabilitação, uma vez que o imóvel precisa de obras de restauro. A FM ainda não aprovou esse plano, o que poderá acontecer nos próximos meses. Um dos cenários prováveis é que o Governo decida transferir para o Palácio Sommer a Delegação Económica e Comercial de Macau, em Lisboa, actualmente a funcionar na Avenida 5 de Outubro, em instalações consideradas reduzidas para a actividade da representação do território na capital portuguesa, nomeadamente ao nível cultural. A Rádio Macau procurou esclarecimentos junto da FM, mas não obteve resposta.

taxa de desemprego em Macau mantém-se em dois por cento. Os números mais recentes da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) foram divulgados ontem e dizem respeito ao período entre Março e Maio deste ano. Comparativamente com o período imediatamente anterior (de Fevereiro a Abril), não se registou qualquer alteração. Já a taxa de desemprego dos residentes desceu 0,1 por cento, estando agora em 2,6 por cento. A taxa de subemprego sofreu a mesma queda, fixando-se em 0,4 por cento. No período em análise, a população activa de Macau era constituída por 389.400 indivíduos e a taxa de actividade foi de 71,1 por cento. A DSEC salienta que a população empregada era de 381.800 pessoas, sendo que o número de residentes empregados se situou em 280.400 indivíduos. Estes números representam uma subida de 300 e 400 pessoas, respectivamente, em comparação com o período transacto. Em termos de ramos de actividade económica, verificou-se que aumentou o número de empregados tanto dos hotéis e similares, das lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos. Em sentido inverso estão os trabalhadores da construção civil, bem como dos restaurantes e similares. A população desempregada era composta por 7600 indivíduos, ou seja, menos 100 pessoas. O número de desempregados à procura do primeiro emprego representava 8,5 por cento do total da população desempregada, tendo descido 1,2 pontos percentuais. Em comparação com o período de Março a Maio do ano passado, a taxa de actividade e a taxa de subemprego decresceram 0,9 e 0,1 pontos percentuais, respectivamente. Já a taxa de desemprego subiu 0,1 pontos percentuais.


10 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

Ng Lap Seng JULGAMENTO DEVE DEMORAR ENTRE 4 A 6 SEMANAS

A teoria da inocência Já começou o julgamento do empresário de Macau Ng Lap Seng. O arguido está a ser julgado no tribunal federal de Manhattan. Acusado de corrupção, insiste na inocência e recusou duas transacções de culpa

F

ORAM feitas duas tentativas, ambas sem sucesso. Ng Lap Seng não aceitou qualquer das transacções de culpa que lhe foram propostas no âmbito do processo pelo qual responde nos Estados Unidos. Esta informação, transmitida pela acusação, marcou a audiência desta segunda-feira do tribunal federal de Manhattan, onde o empresário de Macau começou a ser julgado. A primeira sessão serviu ainda para o processo de selecção de jurados, um momento que, no sistema legal norte-americano, pode ser de extrema relevância para a decisão final.

Ng Lap Seng, de 69 anos, é acusado de ter corrompido embaixadores e funcionários das Nações Unidas com subornos de mais de 500 mil dólares norte-americanos, na esperança de conseguir apoios para criar um centro de conferências da ONU em Macau. A procuradora Janis Echenberg explicou ao juiz Vernon Broderick que foi proposta uma transacção de culpa em Maio, tendo sido rejeitada. Foi renovada este mês, igualmente sem sucesso. Este mecanismo da justiça norte-americana tem tido resultados no âmbito deste mega-processo. Ng Lap Seng foi detido em Setembro de 2015 depois de ter

feito várias viagens para os Estados Unidos. Levou com ele somas elevadas de dinheiro, tendo dito que os montantes se destinavam ao jogo, à aquisição de obras de arte e a obras de renovação de uma casa em Old Brookville, detida por um homem que as autoridades norte-americanas acreditam ser de um agente dos serviços secretos chineses. O magnata de Macau acabou por ser acusado de ter subornado John Ashe – um embaixador de Antígua que chegou a ser presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas –, e Francis Lorenzo, um diplomata dominicano. John Ashe morreu sem chegar a ir a julgamento. Quanto a Lorenzo, será uma das testemunhas-chave da acusação: numa fase anterior deste mega-processo, aceitou admitir a culpa.

AS PRIMEIRAS ALEGAÇÕES

Sabe-se há já algum tempo que a defesa acusou, por escrito, os Estados Unidos de estarem a utilizar a justiça para limitarem a crescente

HOJE MACAU

SOCIEDADE

influência chinesa nos países em vias de desenvolvimento que seriam beneficiados com o centro de conferências a construir em Macau. Por seu turno, a acusação sugere que Ng Lap Seng, à data dos factos membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, agiu a mando de Pequim. Não é a primeira vez que o empresário de Macau tem problemas com as autoridades norte-americanas. Na década de 1990,

terá estado ligado ao empresário chinês Charlie Trie, que tentou financiar a campanha de Bill Clinton. O juiz Vernon Broderick decidiu que este caso não cabe no âmbito do julgamento. O responsável pelo processo explicou aos 138 possíveis jurados que o julgamento deve durar entre seis a oito semanas. As alegações introdutórias deverão decorrer hoje (ainda terça-feira em Nova Iorque). HM

PUB

IRMANDADE DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACAU SUBSÍDIO DE PROPINAS Prosseguindo o apoio às famílias de menores recursos financeiros, vem a Irmandade tornar público que a partir do próximo dia 3 de Julho poderão ser levantados nos Serviços Administrativos desta Irmandade os boletins de candidatura ao subsídio de propinas a alunos da Escola Portuguesa de Macau e do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, para o ano lectivo de 2017/2018. Os boletins devidamente preenchidos devem ser devolvidos nos Serviços Administrativos, sitos na Travessa da Misericórdia, no.7, impreterivelmente, até ao dia 15 de Agosto do corrente ano. Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau, aos 21 de Junho de 2017. O Provedor, António José de Freitas


11 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

CHINA

Liu Xiaobo PEQUIM CRITICA “OBSERVAÇÕES IRRESPONSÁVEIS” DOS EUA

Firmemente contra a ingerência A China apressou-se a responder aos apelos dos EUA sobre a situação de Liu Xiaobo, aconselhando o país de Trump a meter-se na sua vida. Taiwan também se juntou ao coro.

A

REPÚBLICAPopular da China criticou ontem “firmemente” as “observações irresponsáveis” dos Estados Unidos sobre Liu Xiaobo, Prémio Nobel da Paz 2010, em “liberdade condicional médica” devido a um cancro de fígado. Os Estados Unidos instaram a China a conceder “liberdade de movimentos” a Liu Xiaobo, 61 anos, hospitalizado devido a um cancro em fase terminal. Condenado em 2009 a uma pena de 11 anos de cadeia por subversão, Liu Xiaobo, foi libertado após lhe ter sido diagnosticado,

no mês passado, um cancro no fígado em fase terminal, anunciou, na segunda-feira, o advogado Mo Shaoping. Liu Xiaobo estava na prisão de Jinzhou, em Liaoning, no norte do país e, segundo o Departamento da Administração das Prisões encontra-se sob regime de “liberdade condicional médica” no Hospital Número 1 da Universidade de Medicina da República Popular da China. “Nenhum país tem o direito de se ingerir ou de fazer observações irresponsáveis sobre os assuntos internos chineses”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Lu Kuang, durante uma conferência de imprensa

em Pequim. “A China é um país que se rege pelo Estado de Direito, onde todos são iguais perante a lei. Todos os países devem respeitar a soberania judicial da China e não devem utilizar casos individuais para atitudes de ingerência”, disse Lu Kuang questionado sobre a posição manifestada pelos Estados Unidos sobre Liu Xiaobo.

APELO AMERICANO

Uma porta-voz da embaixada norte-americana em Pequim disse à agência noticiosa France Presse que os Estados Unidos estão a tentar recolher mais informações sobre a situação de Liu Xiaobo, particularmente sobre o estado de saúde. “Apelamos às autoridades

ACESSÍVEIS INFORMAÇÕES SOBRE INVESTIDORES ESTRANGEIROS

A

China estabelecerá uma plataforma para publicar informações sobre investidores estrangeiros, uma medida que tem como objectivo melhorar os serviços, indicou na segunda-feira o Ministério do Comércio num comunicado. A plataforma publicará os registos de investimento estrangeiro, relatórios anuais conjuntos e arquivos de credibilidade de investidores estrangeiros, segundo o comunicado. As prioridades do governo mudarão da aprovação de investimento estrangeiro a regulamento e supervisão, num esforço para

criar um melhor ambiente para os investidores estrangeiros, de acordo com o comunicado. A plataforma aumentará a transparência e a previsibilidade da administração de investimento estrangeiro. O investimento estrangeiro directo na parte continental da China teve uma queda anual de 3,7% em Maio ficando nos 54,7 mil milhões de yuans, indicam dados do Ministério do Comércio. Nos primeiros cinco meses do ano, o fluxo de investimento estrangeiro directo foi 0,7% menor que no mesmo período de 2016, assinalou o ministério.

chinesas para que libertem Liu, mas também a mulher, Liu Xia, da prisão domiciliária de que é alvo”, sem nunca ter sido formalmente acusada de qualquer crime, afirmou. Liu Xia permanece em prisão domiciliária, em Pequim, desde 2010, privada de praticamente qualquer contacto com o exterior. Mesmo assim, a mulher de Liu Xiaobo deu a entender que o cancro no fígado de que padece o Nobel da Paz chinês é “inoperável”, num vídeo difundido na Internet, segunda-feira à noite. Ye Du, um amigo da família, confirmou a autenticidade da gravação, em declarações publicadas pelo jornal South China Morning Post, da Região Administrativa Especial de Hong Kong, acrescentando que o vídeo foi gravado nos últimos dois dias. Devido à situação de Liu Xiaobo, Taiwan pediu a Pequim para mostrar tolerância para com os activistas e a defender os direitos humanos. A República Popular da China deve garantir a “protecção dos direitos humanos básicos daqueles que pedem de forma pacífica reformas políticas e desenvolvimento democrático”, disse um porta-voz do presidente de Taiwan numa conferência de imprensa em Taipé.

O DAO DE LIU

S

ímbolo da luta pela democracia na China, Liu Xiaobo foi condenado depois de ter sido um dos promotores da chamada “Carta 08”, um manifesto a favor da introdução de reformas políticas democráticas e do respeito pelos direitos humanos no país, subscrito inicialmente por mais de 300 intelectuais, inspirado na “Carta 77” lançada por Vaclav Havel na antiga Checoslováquia socialista. Professor de Literatura na Universidade de Pequim, escreveu sobre a sociedade e a cultura chinesas, centrando-se na democracia e nos direitos humanos e era influente no meio intelectual. Liu foi um dos animadores do movimento estudantil pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989, tendo estado preso durante 21 meses após a violenta repressão dos protestos. Em 1996, foi condenado a três anos de “reeducação através do trabalho”, em resultado de mais acções de luta pelos direitos fundamentais. Foi novamente detido a 8 de Dezembro de 2008, dois dias antes da publicação, por ocasião do 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da “Carta 08”, embora a data formal da detenção tenha sido 23 de Junho de 2009, por suspeita de “alegadas acções de agitação destinadas a subverter o Governo e derrubar o sistema socialista”. Em 9 de Dezembro de 2009 foi oficialmente acusado de “incitar à subversão do poder do Estado” e no dia 25 do mesmo mês, após um julgamento que não cumpriu os padrões processuais internacionais mínimos, foi condenado a uma pena de 11 anos de cadeia. A Academia Nobel atribuiu-lhe em 8 de Outubro de 2010 o galardão da Paz, em reconhecimento da “longa e não-violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China”.

DESAVENÇA INDIANA GUARDAS CRIAM INCIDENTE

A

China pediu que a Índia retire imediatamente seus guardas fronteiriços que atravessaram a fronteira e que investigue a fundo o assunto, disse na noite da segunda-feira um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. De acordo com o porta-voz Geng Shuang, guardas fronteiriços indianos atravessaram a fronteira na seção de Sikkim e entraram em território chinês, obstruindo as actividades normais das forças chinesas na área de Donglang, obrigando a parte chinesa a tomar medidas de resposta. A secção de Sikkim na fronteira China-Índia foi definida por tratados, declarou Geng, afirmando que o governo indiano

confirmou em repetidas ocasiões por escrito que não há objecções. A China pediu à Índia que respeite os tratados fronteiriços e a soberania territorial da China para manter a paz e a estabilidade na fronteira compartilhada, assinalou Geng. Por causa deste evento, por motivos de segurança, a China teve que adiar a entrada de peregrinos oficiais indianos à China pelo passo de Nathu La Pass, disse Geng, acrescentando que a China informou a Índia através de canais diplomáticos. O Nathu La Pass localiza-se a 4.545 metros acima do nível do mar, entre o distrito de Yadong da Prefeitura de Xigaze, na Região Autónoma do Tibet, e o Estado indiano de Sikkim.


12 CHINA

Na abertura do Fórum Davos de Verão, em Dalian, o primeiroministro fez o balanço da situação económica chinesa e propôs as metas do país para o mundo. Li Keqiang garante que o crescimento não abrandará e mostrou-se um partidário indefectível da globalização.

Y “Nós somos capazes de desviar todos os tipos de riscos e garantir que o crescimento económico fique numa faixa razoável”

Li Keqiang META DE CRESCIMENTO DE 2017 VAI SER REALIZADA

NO MELHOR DOS MUNDOS

O

primeiro-ministrochinêsLi Keqiang disse nesta terça-feira que a China é totalmente capaz de completar os principais objectivos de crescimento deste ano, graças à transição económica estável. “A economia chinesa tornou-se mais estável e sustentável devido a melhorias na estrutura e eficiência”, disse Li ao discursar na abertura da Reunião Anual dos Novos Campeões 2017, também conhecida como Fórum Davos de Verão, em Dalian. O governo estabeleceu a meta de crescimento do PIB em cerca de 6,5% para o ano inteiro, mas no primeiro trimestre a segunda maior economia do mundo registou uma taxa de crescimento anual do PIB de


13 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

FÓRUM DAVOS DE VERÃO

R

ealizado de terça a quinta-feira, o Fórum Davos de Verão deste ano, intitulado “Alcançar o crescimento inclusivo na IV Revolução Industrial”, foca-se em como as inovações de tecnologia e política podem acelerar um estilo mais inclusivo do desenvolvimento económico que dá prioridade à criação de empregos significativos e ao desenvolvimento sustentável. Cerca de 1500 políticos, funcionários, empresários, académicos e representantes dos media de mais de 90 países e regiões discutirão os tópicos, que variam do crescimento inclusivo à nova revolução industrial. Estabelecido pelo Fórum Económico Mundial em 2007, o Davos de Verão é realizado anualmente na China, alternando entre Dalian e Tianjin.

6,9%, o mais rápido em 18 meses, superando a previsão. Além disso, a China manterá a taxa de inflação em aproximadamente 3% e a de desemprego urbano dentro de 4,5%. O primeiro-ministro acredita que uma forte China criará mais

oportunidades para o resto do mundo. O país importou US$ 1,6 biliões de produtos no ano passado, enquanto o número de viagens ao exterior chegou a 130 milhões. Ao mostrar a confiança, Li não receia admitir desafios. “Flutua-

ções pequenas e de curto prazo de indicadores económicos são inevitáveis, mas a tendência estável de longo prazo não vai mudar”, declarou, descartando a possibilidade de um abrandamento forçado da economia. “A China continuará impulsionando sua reforma estrutural no lado da oferta, melhorando a administração, garantindo o acesso mais fácil ao mercado, promovendo o empreendedorismo e inovação, controlando sectores saturados e estimulando o consumo”, prometeu Li.

RISCOS CONTROLADOS

Li Keqiang reiterou ainda que foram tomadas medidas para dissolver os pontos de risco. “Defenderemos um resultado sem riscos sistemáticos”, disse, apesar de admitir os riscos ocultos em algumas indústrias, mas enfatizou que a situação é geralmente controlável,

INOVAÇÃO GARANTE CRESCIMENTO

L

I Keqiang salientou que a China alcançou resultados acima da expectativa ao impulsionar o empreendedorismo e inovação em massa. “O número de entidades de mercado na China aumentou a um ritmo diário médio de 40 mil nos últimos três anos”, disse Li em um discurso na cerimónia de inauguração do Fórum Davos de Verão. Durante o período, 14 mil empresas foram registadas diariamente em média, com cerca de 70% delas activas nos negócios, e o número de novas empresas aumentou para 18 mil por dia em Maio este ano, de acordo com Li. O primeiro-ministro descreveu o empreendedorismo e a

financiamento arriscado e o sector bancário paralelo.

GLOBALIZAÇÃO JÁ

citando a baixa dívida do governo, alta poupança, suficiente capital bancário e cobertura das provisões. “Nós somos capazes de desviar todos os tipos de riscos e garantir que o crescimento económico fique numa faixa razoável”, disse Li, classificando a estagnação como o maior risco para a China. O governo formulou uma série de medidas para refrear os riscos no sector financeiro, especialmente uma campanha de redução da crédito com escrutínio rigoroso contra

inovação em massa como uma maneira efectiva para realizar o crescimento inclusivo, dizendo que “o processo junta e beneficia o povo extensivamente”. O novo ímpeto de crescimento, incluindo novas indústrias e novos modelos comerciais, contribuiu com cerca de 70% de todos os novos empregos criados nas cidades do país no ano passado, segundo o primeiro-ministro. “A regulação inclusiva e prudente” pelo governo estimulou o desenvolvimento rápido das indústrias e os modelos comerciais emergentes incluindo o comércio electrónico, o pagamento móvel e a partilha de bicicletas, disse Li. Ao mesmo tempo, “o empreendedorismo e a inovação em massa também ajudou a transformar os sectores tradicionais do país e acelerar a actualização da economia”, reforçou. Li Keqiang atribuiu o desempenho positivo à actual rees-

DIREITOS DE AUTOR PROTECÇÃO PRECISA-SE

A

CHINA

indústria de direitos de autor da China pediu uma melhor protecção dos seus direitos na internet. Os pedidos surgiram quando uma equipa de inspecção da Lei de Direitos de Autor, enviada pelo Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), se deslocou a Xangai para verificar a implementação da lei. As crescentes formas e canais de direitos de autor gerados pela expansão digital complicaram a autorização de direitos de autor, queixou-se Gao Yunfei, presidente da Shanghai Century Publishing (Group) Co., Ltd. Novas formas como a publicação digital devem ser levadas em consideração na revisão da lei e mais cláusulas devem ser acrescentadas para lidar com as novas tecnologias. “As infrações dos portais piratas tornaram-se num dos maiores problemas para a literatura da internet na

Os países devem defender com firmeza a globalização económica para obter crescimento inclusivo, declarou o primeiro-ministro. Para Li, “o livre comércio deve ser a base do comércio justo e impedi-lo não trará comércio justo”, afirmou. “As disputas comerciais devem ser tratadas de acordo com as situações diferentes em países diferentes”, indicou Li. “Com base no princípio de consulta equitativa, entendimento mútuo e acomodação, assim como tratamento igual sem discriminação, os países devem buscar interesses convergentes e complementar-se uns aos outros, usando as vantagens para obter resultados de benefício mútuo.” “Não devemos impor regras unilaterais em outros, nem politizar o comércio justo.”

-truturação económica do país. “A China não tomou medidas estimulantes nem seguiu o antigo caminho velho de depender de investimento e recursos. Pelo contrário, apostou na inovação e reforma a fim de transformar-se para uma economia orientada pelo consumo e serviços”, assinalou Li. O consumo contribuiu com 64,6% do PIB em 2016, enquanto o sector de serviços representou 51,6% do crescimento económico. “A procura nacional tornou-se um pilar significante (para a economia)”, concluiu Li.

China”, afirmou Wu Wenhui, director-executivo da China Reading Group, uma plataforma importante de leitura digital. Wu espera mais acções do governo, sem as quais as empresas não podem se desenvolver. Liu Binjie, presidente do Comité de Educação, Ciência, Cultura e Saúde Pública da APN, enfatizou o papel das novas tecnologias na melhoria do controlo da situação. A Lei dos Direitos de Autor será revista e emendada para facilitar o recurso à justiça por parte dos proprietários de direitos de autor prejudicados . “A revisão e a emenda da lei vão intensificar a protecção legal para os direitos e a cultura de propriedade intelectual”, indicou Liu. Em 2016, mais de 15 mil filmes e obras de televisão, bem como mais de 1,2 milhão de produtos auditivos e 1,12 milhão de trabalhos gráficos foram controlados por uma plataforma que protege os direitos de autor online em Xangai. Até o final de 2016, o valor total da indústria de direitos de autor online ultrapassou 560 mil milhões de yuans .


14 BOK ARTISTAS LOCAIS ABORDAM A SOCIEDADE E DESAFIAM OS SENTIDOS

EVENTOS FADA AZUL

XADREZ SOCIAL

JENUFA

São dois espectáculos de artistas locais que marcam a programação de hoje do festival de teatro experimental BOK. O teatro vai tratar alertar para a necessidade de comunicação. A música é um apelo à imaginação

E PAULA REGO MUNDO FANTÁSTICO NO COLOMBO

U

M minimuseu com 59 obras da artista portuguesa instala-se até Setembro na praça central do Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Paula Rego quer mostrar-se a (ainda) mais pessoas. “É uma fada que tem um lado muito masculinizado. [A pintura capta] aquele momento em que a fada azul promete ao Pinóquio, depois de ele ter feito muitos disparates, que se vai transformar num rapaz de carne e osso mas parece que há ali qualquer coisa de errado, o Pinóquio está hirto, com as mãos cerradas atrás das costas. Deve ter projectado todos os medos da infância.” Catarina Alfaro poderia contar a história de cada uma das obras de Paula Rego. Esta, A Fada Azul conta um

segredo ao Pinóquio (1995, papel sobre pastel montado em alumínio), é a imagem do cartaz da exposição que, a partir de hoje e até 27 de Setembro, se instala no coração do Centro Comercial Colombo, em Lisboa. É a primeira vez que a obra de Paula Rego é mostrada num espaço comercial. O Mundo Fantástico de Paula Rego, uma inusitada mostra de originais foi preparada pela curadora Catarina Alfaro, em diálogo com a artista. “Ela ao princípio ficou muito surpreendida. Depois pensou melhor e disse: “a minha obra vai ficar mais próxima das pessoas, vai chegar a pessoas que não vão aos museus e depois podem ir ver-me ao museu””, conta a curadora.

NTRAR nestes dias no edifício do antigo tribunal é não saber ao que se vai e, ainda assim, estar curioso para o que quer que possa acontecer. O festival BOK domina o espaço e promete pôr o público a experimentar novidades. Hoje, faz parte do programa teatro e música de artistas locais. Miki To e as “Water Singers” vão estar em palco para dois espectáculos que pretendem não deixar o público indiferente. “Moderation” é a peça da dramaturga local Miki To. É um espectáculo que usa o tabuleiro de xadrez chinês como metáfora para jogos de forças e de interesse sociais e políticos. Em palco vão estar, paralelamente, duas situações que se metaforizam mutuamente. Dois jogadores de xadrez de 1933 que se defrontaram antes da guerra com o Japão. Um chinês, outro nipónico, um com 19 anos, outro com 60. O mais velho, na altura, ganhou. Hoje, está na mesa um outro jogo. “O tabuleiro é o espaço onde a geração mais jovem de Macau tenta comunicar com as instituições locais, com um Governo que muitas vezes não a entende”, disse Miki To ao HM.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA OCCUPY • Noam Chomsky Desde o início do movimento Occupy, em 2011, Chomsky apoiou a crítica à corrupção empresarial e incentivou a participação cívica, em prol da igualdade económica, da democracia e da liberdade. Neste livro de protesto, um conjunto de intervenções e discursos dirigidos ao movimento Occupy, ilustrado por fotografias que retratam o ambiente vivido nas manifestações, o autor apresenta as exigências e os temas que levam gerações a manifestar-se, reflecte sobre as actuais desigualdades económicas e aponta vias para superar as políticas neoliberais e de austeridade.


15

´

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

`

EVENTOS

L E MUSICA AS ESCURAS Dois confrontos que mais do que jogos são, considera a dramaturga, interacções políticas e sociais. “Por vezes, jovens e Governo posicionam-se em lados opostos da sociedade, mas não podemos ver estas posições a preto e branco, não se trata disso. Temos de ver os cinzentos, temos de ver onde comunicam. Neste sentido acontecem os movimentos, tal como no xadrez”, explicou a dramaturga. A ideia apareceu com a observação da realidade vivida por muitos dos jovens de Macau. “Há pessoas que estão com ideias novas, que imaginam um futuro e que sabem o que querem fazer dele. No entanto, estas ideias não são muitas vezes as esperadas pela própria sociedade”, diz. É para alertar para a importância de ideias “mais frescas” que “Moderation” existe. “Esta frescura é importante e mostra que os jovens querem tentar algo de novo, mas estamos numa sociedade com demasiadas regras e gostava de, com esta peça, encorajar estes jovens a avançarem, a atreverem-se e não se deixarem sufocar pelo estabelecido”, confessou Miki.

DIFERENTES, MAS COM RESPEITO

Por outro lado, de acordo com a criadora de “Moderation”, “tal como num jogo, mesmo com o confronto, tem de existir o respeito e com isso espaço”. Em causa está aquilo que julga existir neste momento na sociedade local: o desrespeito pela diferença, sendo que é necessária “mais comunicação e, ao invés de se situarem em extremos opostos, Governo e socie-

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

CINERAMA PERUANA • Rodrigo Magalhães Um aprendiz de alfaiate tornado ensaísta de reduzida fama e menor proveito: Harry Heels. Dois irmãos, gémeos idênticos, enlutados e enfadados. Três assassinos que atravessam fronteiras sem nunca deixarem de regressar a casa. De uma maturidade literária verdadeiramente excecional, Cinerama Peruana desenvolve e articula estes três universos através de um tema comum: o do discípulo que ultrapassa o mestre.
Uma voz nova e surpreendente no panorama ficcional português.

dade precisam de arranjar uma forma de trabalhar para um lugar em que as diferenças sejam respeitadas”, explicou. Para a dramaturga, o festival Bok representa já um movimento que dá oportunidade à geração mais jovem PUB

de mostrar o seu trabalho no território.

SÓ SONS

Um concerto só de vozes e sons sem qualquer elemento visual é a proposta de “Picturesque”. O espectáculo é a primeira criação do grupo

“Water Singers” constituído por quatro alunas do curso de música do Instituto Politécnico de Macau. A proposta é dirigida à imaginação. As “Water Singers” existem desde 2014 e “Picturesque” é a primeira criação do ensemble feminino. O uso exclusivo do som foi uma escolha. “Pensamos que as pessoas, normalmente, imaginam mais o que olham do que o que ouvem, e o que é ouvido tem menos espaço na imaginação do que o que é visto”, explicou Bobo Loi. “Não é só música, o espectáculo tem vozes, efeitos de som, enfim, elementos que possam transportar as pessoas para dentro de si ou para uma viagem ao deserto, à floresta, à China ou à Europa”, rematou a intérprete. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


16 EVENTOS

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

A

S comunidades de matriz judaica portuguesa espalhadas pelo espaço lusófono são o tema do livro “Judeus e Cristãos Novos no Mundo Lusófono”. “São conjuntos de textos que organizei, estando uma parte alinhada pelo tema da pesquisa histórica dos judeus de matriz portuguesa na diáspora. Há ainda alguns textos centrados na literatura produzida por autores que tenham alguma ligação ao judaísmo português”, explicou à Agência Lusa a coordenadora do trabalho, Marina Pignatelli. De acordo com a investigadora do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), “há um texto, que está um pouco desgarrado mas que tem interesse e está ligado ao tema do judaísmo, que trata da imagem dos judeus no cinema português”. “O livro tem ainda textos mais etnográficos e antropológicos como o meu, centrado em Moçambique, que tratam mais das comunidades judaicas do presente”, sublinhou a coordenadora, doutorada em Ciências Sociais

A coordenadora disse que a ideia do livro surgiu quando decidiu pesquisar as comunidades sefarditas portuguesas, tendo descoberto uma pequena sinagoga em Maputo

Lançado livro sobre diáspora judaica lusófona

O mundo não chega com especialidade em Antropologia Cultural. Marina Pignatelli adiantou que o livro contém textos de 17 autores, em quatro línguas, nomeadamente português, espanhol, francês e inglês, que retratam as comunidades de matriz judaica portuguesa no Brasil, São Tomé e Príncipe, Moçambique e outros locais, como em Hamburgo ou na costa ocidental de África. “A diversidade das línguas dos autores dos textos do livro reflecte bem o interesse internacional que existe na área dos estudos judaicos em relação à matriz portuguesa do judaísmo”, referiu a autora. O investigador Tudor Parfitt, professor de estudos judaicos da Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade Londres e membro do Centro de Estudos Hebraicos e Judaicos de Oxford, considerado o “Indiana Jones” britânico, pela sua procura por comunidades judaicas em todos os cantos do mundo, é um dos autores presentes na obra.

ricano de Museus, onde foi incluída informação de todos os museus da Rede Portuguesa de Museus. De acordo com David Santos, o portal foi criado com diversos filtros que dão acesso aos países e respectivos museus por tipologias, fornecendo informação variada das suas características, história e colecções. “Esta plataforma também vai ser fundamental para os museus contactarem entre si e estabelecerem parcerias, fortalecendo a colaboração internacional e a criação de projectos”, sublinhou. David Santos recordou que, ao longo destes dez anos, o Ibermuseus desenvolveu vários projectos mas “o mais importante é, de facto, o RMI, pela sua dimensão, informação disponível e possibilidades de cooperação que facilita”.

A plataforma “possibilitará a investigação e o conhecimento da diversidade de instituições que formam este panorama diverso e fundamental para a preservação da memória”, acrescentou o subdirector-geral do património.

A coordenadora disse que a ideia do livro surgiu em 2010, quando decidiu pesquisar as comunidades sefarditas portuguesas, tendo descoberto uma pequena sinagoga em Maputo, com uma pequena comunidade e contactou Tudor

Portal de museus ibero-americanos inclui 144 portugueses

O

vembro de 2015, que contou com a presença de centenas de investigadores. Os textos do livro coordenado por Marina Pignatelli são de investigadores que participaram neste evento, realizado em Lisboa.

MACAU PRESENTE

Navegar para crer Registo de Museus Ibero-americanos (RMI), plataforma online que reunirá mais de nove mil museus de Portugal, Espanha e América Latina, incluindo 144 da Rede Portuguesa de Museus, vai ser lançado na quarta-feira, em Madrid. O subdiretor-geral do Património Cultural David Santos revelou que a criação desta plataforma internacional é um dos projectos mais importantes do Ibermuseus, proposto há uma década, no I Encontro Ibero-Americano de Museus, em Salvador da Baía, no Brasil. “É um projecto extremamente importante no sector dos museus porque dá acesso a informação ao público em geral sobre mais de nove mil museus e possui uma parte, mais restrita, para uso de investigadores e profissionais desta área”, explicou o responsável.

Parfitt que a orientou a investigar as comunidades sefarditas em Moçambique e sugeriu que após isso, organizasse um congresso e escrevesse um livro sobre o tema. Marina Pignatelli acabou por realizar o congresso em No-

O projecto RMI vai ser lançado oficialmente hoje, quarta-feira, às 19h, hora de Macau, no Museu da América, em Madrid, com o objectivo de “seguir o caminho da cooperação e do diálogo, com vista ao fortalecimento de políticas públicas para o desenvolvimento do sector, considerando os museus como verdadeiras ferramentas de transformação social”. Este projecto internacional do Ibermuseus - que reúne 22 países, incluindo Portugal - contou com a colaboração da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), representada no Observatório Ibero-Ame-

O Museu Machado de Castro, que inclui a colecção de arte chinesa doada por Camilo Pessanha, é um dos museus presentes nesta nova plataforma

“Os investigadores escreveram sobre as suas pesquisas mais recentes em torno do judaísmo de matriz portuguesa, no contexto de antigas colónias portuguesas ou noutros pontos da diáspora sefardita portuguesa”, disse a investigadora. “Quando se fala no termo sefardita, fala-se muito, em geral, da diáspora judaica espanhola que fugiu da perseguição da Inquisição em Espanha”, acrescentou. Para Marina Pignatelli, este livro serve para “marcar a presença e a importância da diáspora judaica de matriz portuguesa, os sefarditas portugueses, no mundo, tanto quanto a espanhola”. Em 1946, o rei Manuel I assinou o decreto de expulsão dos judeus de Portugal, como havia acontecido anos antes com os judeus em Espanha, que foram expulsos daquele país em 1492. “Esta matriz portuguesa mostra que o mundo sefardita não é só espanhol, está em paralelo 50/50 (português e espanhol), se quiser. Isto é visível no Brasil, Angola, Moçambique, Macau, Japão, Índia, entre outros locais”, afirmou. Outros investigadores que participam no livro são Florbela Veiga Frade, investigadora na Universidade Nova de Lisboa, Nancy Rozenchan, da Universidade de São Paulo, Asher Salah, da Universidade Hebraica em Jerusalém, o escritor são-tomense Orlando da Glória Silva Piedade, o pesquisador independente Saul Kirschbaum, o investigador da Universidade de Córdoba Marcos Pelayo e o autor francês Gérard Nahon, entre outros. A obra, de 388 páginas, é publicada pelas Edições Colibri e já está a venda ao público português.

Toda a informação sobre o projecto estará acessível no site do Registo de Museus Ibero-Americano. A par do lançamento oficial do RMI em Madrid, o momento vai ser celebrado no Brasil, no Peru e no México.


na ordem do dia 热风

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

17

Julie O’yang

A linguagem do cinema chinês: Idade 29 + 1

H

ONG KONG. Tempo: Presente. Christy Lam, interpretada por Chrissie Chau, é o protótipo da rapariga nascida e criada em Hong Kong. Aparentemente tem uma vida feliz. Tem namorado e é admirada no trabalho. No entanto, um mês antes de completar 30 anos, Christy fica a saber que o pai está gravemente doente e acabamos por perceber que afinal a sua vida amorosa não é nenhum mar de rosas. Para rematar, as coisas no trabalho sofrem um volte face muito negativo. Wong Tin-Lok, interpretada por Joyce Cheng, também está à beira dos 30. Wong tem uma vida completamente diferente. É baixota, gorducha, não tem dinheiro, não tem carreira nem namorado. Os seus seios só foram tocados pelos médicos. Wong tem cancro da mama, mas apesar disso sempre encarou a vida com um espírito optimista. Com os 30 anos na linha do horizonte, toma uma decisão arro-

A idade perturba as mulheres. E será que alguém tem o direito de limitar as mulheres colocando-lhes um rótulo etário, ou qualquer outro tipo de rótulo? jada; pega nas malas e enche-as com os sonhos de infância. Pela primeira vez na sua vida sai de Hong Kong e apanha um voo para Paris. As duas mulheres não se conhecem e as suas personalidades são diferentes como a noite do dia. Mas o destino intervém e Christy muda-se temporariamente para casa de Wong. Instalada no apartamento, Christy depara-se com o diário de Wong. Descobre que

partilham a data de nascimento e começa a desvendar pedaços da vida da dona da casa. À medida que os seus laços virtuais aumentam, Christy dá por si a admirar a forma como Wong aborda a vida, de tal forma que se vai identificando cada vez mais com esta perspectiva. A realizadora Kearen Pang彭秀慧 adaptou ao cinema com mestria esta peça de teatro, da sua autoria, estreada em 2005. Na versão para teatro as duas protagonistas eram interpretadas pela autora. Pang optou por manter a estrutura pouco convencional da história, o que mostra a sua auto-confiança, embora seguindo o registo mais realista do cinema. Esta transição foi facilitada por duas protagonistas perfeitas: Chau brinda-nos com um dos seus trabalhos mais sofisticados de sempre, embora Cheng acabe por arrebatar as atenções, com uma interpretação absolutamente tocante, cheia de alegria e de calor humano.

Para a maioria das mulheres, os 30 representam a “fronteira para o desconhecido”. A antevisão deste período da vida dá uma sensação de impotência, não só física como psicológica, devido a todo o tipo de pressões sociais. A realizadora Kearen Peng usa a câmara como se fosse um aparelho de raio-X para explorar as emoções, o trabalho e a vida das protagonistas. A idade perturba as mulheres. E será que alguém tem o direito de limitar as mulheres colocando-lhes um rótulo etário, ou qualquer outro tipo de rótulo? Kearen Peng abre graciosamente a sua alma a uma audiência mais vasta, com uma comédia repleta de sensibilidade e positivismo. O filme recebeu o Prémio de Melhor Realização no Festival de Cinema de Nice. Veja o trailer aqui: bit.ly/2sIivid 29+1 (2017), 1h 51min Comédia, Drama, Fantasia


18 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

ANÚNCIO DO CONCURSO DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO ANÚNCIO

ANÚNCIO 【N.º 106/2017】

A Região Administrativa Especial de Macau, através da Direcção dos Serviços de Turismo, faz público que, de acordo com o Despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 19 de Junho de 2017, se encontra aberto concurso público para adjudicação do “Serviço de aluguer de barcos de lançamento pirotécnico e barcos de apoio destinados ao 29.o Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau”.

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicada, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome AU YEUNG UT IENG

N.º do boletim de candidatura 31201305519

Após as verificações deste Instituto, notamos que a representante do agregado familiar de candidatos a habitação social acima mencionada prestou declaração inexacta para arrendar habitação, até à data do recebimento da chave, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009. Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 31 de Março de 2017, a solicitar à interessada acima mencionada para apresentar por escrito a sua interpretação pelo facto acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não o fez. Nos termos do n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009 e em conformidade com o despacho do signatário, exarado na Proposta n.o 0942/DHP/DHS/2017, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera por IH. Caso queira contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, pode reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou pode apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 23 de Junho de 2017. O Presidente, Arnaldo Santos

1.

Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Turismo.

2.

Modalidade do concurso: Concurso público.

3.

Objecto dos serviços: aluguer de barcos de lançamento pirotécnico e barcos de apoio destinados ao 29.o Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau.

4.

Prazo de execução: Obedecer às datas constantes no Caderno de Encargos.

5.

Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso.

6.

Caução provisória: MOP120.000,00 (cento e vinte mil patacas), a prestar mediante garantia bancária ou depósito em numerário, em ordem de caixa ou cheque visado, emitido à ordem do “Fundo de Turismo”, efectuado directamente na Divisão Financeira da Direcção dos Serviços de Turismo ou no Banco Nacional Ultramarino de Macau, através de depósito à ordem do Fundo de Turismo, na conta número:「8003911119」devendo ser especificado o fim a que se destina.

7.

Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação.

8.

Preço base: Não há.

9.

Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar até às 17H45 horas do dia 24 de Julho de 2017.

10.

Sessão de esclarecimento: Os interessados podem assistir à sessão de esclarecimento deste concurso público que terá lugar 15:00 horas do dia 4 de Julho de 2017, no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar, Macau.

11.

Local, dia e hora do acto de abertura das propostas: pelas 10:00 horas do dia 25 de Julho de 2017 no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar, Macau. Os concorrentes ou os seus representantes legais deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para os efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.° do Decreto-Lei n.° 63/85/M, de 6 de Julho. Os concorrentes ou os seus representantes legais poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto de abertura das propostas.

12.

Adiamento: Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora de abertura de propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora.

13.

Critérios de apreciação das propostas: Critérios de adjudicação Preço Fornecimento data da fabricação do barcos mais recente Experiência do concorrente Fornecimento do processo da descrição do trabalho e maior garantia de segurança e eficiência e maior flexibilidade dos prazos na prestação do serviço

14.

Factores de ponderação 40% 30% 10% 20%

Local, dias, horário para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso: Local: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar, além disso ainda se encontra igualmente patente no website da Direcção dos Serviços de Turismo (http://industry.macaotourism.gov.mo), podendo os concorrentes fazer “download” do mesmo. Dias e horário: Dias úteis, desde a data da publicação do respectivo anúncio até ao dia e hora limite para entrega das proposta e durante o horário normal de expediente.

Direcção dos Serviços de Turismo, aos 22 de Junho de 2017. A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes


hoje macau quarta-feira 28.6.2017

Diário de um editor

h

19

João Paulo Cotrim

Noites todos os dias JOAQUINA, LISBOA, 13 JUNHO De vez em quando, mergulho em apneia no grande oceano da música brasileira. As redes permitem pescar com fartura e nas profundezas do passado. Se feito ao desafio, como há um ano e muito por culpa da Elza Soares, então as agruras ganham o perfume da dama-da-noite. Incontáveis vozes femininas cantam em veludo os desamores e as pedras da calçada do quotidiano. E ao serviço de letras que constroem sabiamente contos, crónicas, poemas, aforismos. Cresceu-me o introito a propósito de uma daquelas noites que só o Junho alfacinha contém. Na Rua Joaquina, vila sobranceira a uma das minhas colinas preferidas, ainda que sejam muitas as dilectas, costuma acontecer festa rija e fado solto. Desta vez, na ressaca da noite sacrificada ao santo, estamos postos a celebrar a amizade, que o André [Gago] acaba de fazer comovida pelo discurso aniversariante. Eis que o puto Gaspar [Varela Silva], bisneto de Celeste Rodrigues, com primeiro concerto anunciado para Novembro, pega na viola portuguesa, deixa assobiar o vento nos caracóis, e ali mesmo celebra Dolores Duran, pois adora «A Noite do Meu Bem»: «Eu quero toda beleza do mundo/ Para enfeitar a noite do meu bem/ Ah! como este bem demorou a chegar/ Eu já nem sei se terei no olhar/ Toda pureza que eu quero lhe dar». O talento ouve-se a olhos vistos, mas custa a crer na força de vontade que prende o Gaspar às cordas. Pureza enfeitando a noite. FEIRA DO LIVRO, LISBOA, 18 JUNHO Sob sol inclemente e com o país mergulhado na tragédia, fecha mais uma edição da Feira. Por mais voltas que dê, vejo-lhe os modos e as maneiras a moribundar. Mais do que momento anual de ter ao alcance do entendimento e da bolsa o catálogo completo de cada editora, o armazém tornado montra, o rosto a vislumbrar-se muito para além da marca, aquilo está disforme venda de saldos ao ar livre. Tudo entalado entre isto e aquilo. A maltosa passeia, mas já não disfruta. Vai para comprar o barato, mais do que livro. Praças inteiras de maduros, mais ou menos anónimos, à espera de quem lhes reconheça o autógrafo. Barracas de farturas e fartura de barracadas. Talvez não haja volta a dar, apenas subir e descer. Sem dispensar uns encontrões, que andamos sem ver onde pôr os pés.

HORTA SECA, 19 JUNHO Acabo a «Marquesa de Alorna» contada aos pequenos, e nem tanto, pela Luísa Paiva Boléo e pelo André [Carrilho], minha vizinha na colecção «Grandes Vidas Portuguesas». O conto espraia-se sem floreados, acreditando bem a Luísa que a personagem se agiganta só com o estender dos factos. «Querida Leonor» foi grande figura, não restam dúvidas, antes páginas. Prometo visitá-las. O mister do André usa o esboço nos cenários de um modo que parece história, sugerindo apenas para que completemos nós. (Confira-se com a ilustração do terramoto de 1755, algures nesta página) Leonor surge de rosto definido em detalhes e de corpo enchendo o tempo e os lugares. Entre cenário e corpo, dá-se a aventura. HORTA SECA, LISBOA, 21 ABRIL Sem variação, mas com variantes, cada um que entra na minha oficina se espanta com a aparente desarrumação das mesas e das estantes. Não, o plural não é gralha, que são várias as mesas onde acumulo, sobretudo livros, mas também revistas e jornais e revistas, a repetição não é gralha, e cartazes e documentos, enfim, papel e pó. Esta acumulação resulta de um processo único, próximo do zen, desenvolvido com preguiça e

argúcia ao longo dos anos: se não estiver perto, esqueço. Por folha estará ao menos uma ideia, cada monte contém infinita potência de leitura ou de projecto. Preciso sopesar formatos, respirar grafismos, tocar a haste da letra, beber a imagem, mergulhar no pensamento, enfim, achar que posso ler, a qualquer momento. Esta proximidade define horizontes e estruturas, sem as colunas em altura desmorono, sem a visão dos tons infinitos e movediços do papel paraliso. Moro nos antípodas do origami, ess arte de, com dobras engenhosas, domesticar o espaço. Para que o mundo e as suas formas caibam na mão. E assim encolher o tempo. Aqui o caos parece congelar o tempo, propondo-lhe um labirinto. Não morro menos por isso. BELÉM, LISBOA, 22 JUNHO O Filipe [Raposo] deixa-me nas mãos uma «Inquiétude» em tons de amarelo. Os dias seguintes caminharão sobre pianos. As composições, quase todas

Aqui o caos parece congelar o tempo, propondo-lhe um labirinto. Não morro menos por isso

suas, resultam de dois anos de aprendizagens várias em Estocolmo, pelo que nos chegam com as marcas da viagem, pedaços de paisagem nas botas, as malas cheias de elementos, água e vento, fogo e céu. E palavras. Há voz, ligeira, que se toca como instrumento, pois não são canções. Contudo, este jazz das planícies (interiores, ainda que lá fora) tem, no que parece ser uma constante no trabalho do Filipe, fortíssima ligação à poesia. Ténue como corda de funâmbulo. A cada tema corresponde um poema, mesmo que seja só frase, no desdobrável que acompanha o disco, entre os quais o de Louise Bourgeois que forneceu o acertado título, metendo estudo nisto do desassossego. Logo me desperta o jogo de ler o poema e ir tentar descortinar as notas que cosem relações. Surge uma Leonor, acontece Grabato sobre o Cosmos página branca, e «coisas deixadas para trás» a pretexto de um haiku: «Enquanto com a manga/ varro a minha cama/ e me sento nela/ à tua espera/ a lua já se pôs». São degraus, estas teclas. HOJE MACAU, 23 JUNHO Saravá, António, que agora trazes novas tonalidades a estas páginas. Nós, os escravos do tempo, te saudamos ó grande intérprete das faldas e sinuosidades. Deixa ainda acrescentar que se fez pedra no charco o teu, tão breve quanto intenso, «É Um Clássico», na RTP2, aos sábados, pelas 21h22, mas a qualquer hora, como se vê agora televisão. Até te perdoo as mãos nos bolsos, se continuares a desfiar melancólica clareza com a perfumada alvura das manhãs que se sucedem às noites alfacinhas de Junho. HORTA SECA, 25 JUNHO Vejo desta coluna a semana que passou e são tantos os sítios onde gostaria de ter estado sem o conseguir que me arrisco a perder assunto, a perder o pé: as leituras que a Rita [Taborda Duarte] organizou na Leituria, o lançamento da Patrícia [Portela], a inauguração do Jorge [dos Reis], a festa dos vizinhos na rua Joaquina, a homenagem ao Bernardo Sassetti, que será doravante também uma sala-jardim, o Nuno [Saraiva] a mostrar originais das Festas, a visita guiada do Jorge [Silva] ao Pavia. Verdade fique dita, o social dói-me sempre algures.


20

h

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

A Poesia Completa de Li He

竹 入水文光動,插空綠影春。 露華生筍徑,苔色拂霜根。 織可承香汗,裁堪釣錦鱗。 三梁曾入用,一節奉王孫。

Bambu Os seus padrões de luz fazem estrias na água, Projectando-se pelo ar; um verdejante sombrear da primavera. Flores de orvalho pejam o jovem bambu, As suas raízes gélidas acariciadas por musgo colorido. Entrançado em tapetes, humedece com perfumado suor,1 Cortado em varas, captura ornamentadas escamas. Em tempos foi usado para chapéus de três camadas, Aqui te ofereço uma secção, meu príncipe.2

1 2

Nestes tapetes dormiam jovens donzelas. Na China Antiga, os príncipes usavam chapéus forrados com três camadas de bambu. Aqui, com uma secção de bambu, Li He está a oferecer simbolicamente os seus serviços a um príncipe.

Tradução de Rui Cascais • Ilustração de Rui Rasquinho Li He (790 a 816) nasceu em Fu-chang durante a Dinastia Tang, pertencendo a um ramo menor da casa imperial. A sua morte prematura aos vinte e sete anos, a par da escassez de pormenores biográficos, deixam-nos apenas com uma espécie de fantasma literário. A Nova História dos Tang (Xin Tang shu) diz-nos que He “nunca escrevia poemas sobre um tópico específico, forçando os seus versos a conformarem-se ao tema, como era prática de outros poetas [...] Tudo quanto escrevia era inquietantemente extraordinário, quebrando com a tradição literária.” Segundo um crítico da Dinastia Song, o alucinátorio idioma poético de Li He é a “linguagem de um imortal demoníaco.” A versão inglesa de referência aqui usada é a tradução clássica da autoria de J.D. Frodsham, intitulada Goddesses, Ghosts, and Demons, publicada em São Francisco, em 1983, pela North Point Press.


21 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

TEMPO

?

NEBULADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

MIN

28

MAX

33

HUM

60-90%

EURO

8.72

BAHT

Amanhã

TEATRO | FESTIVAL BOK “MODERATION” Edíficio Antigo Tribunal | 20h00 | Até sexta-feira TEATRO | FESTIVAL BOK “2.0 PICTURESQUE” Edíficio Antigo Tribunal | 20h00 | Até sexta-feira

Diariamente

EXPOSIÇÃO “25+10” DE RODRIGO DE MATOS Consulado de Portugal | Até 30/06

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “CONTELLATION” DE NICOLAS DELAROCHE Galeria do Tap Seac | Até 08/10 EXPOSIÇÃO “O MAR” DE ANA MARIA PESSANHA Casa Garden | Até 31/08 EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8 EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7

Cineteatro

C I N E M A

TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT SALA 1

Fime de: Pierre Coffin, Kyle Balda, Eric Guillon 16.30

Fime de: Michael Bay Com: Mark Wahlberg, Laura Haddock Anhtony Hopkings 14.00, 16.45, 21.30

TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT [3D][B]

TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT [2D][B]

THE MUMMY [2D][C] Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 19.30 SALA 2

RESIDENT EVIL: VENDETTA [C] Falado em inglês legendado em chinês Fime de: Takanori Tsujimoto 14.30, 21.45

DISPICABLE ME 3 [2D][A] Falado em cantonês

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 66

PROBLEMA 67

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “NOCTURNO” DE FILIPE DORES Albergue SCM | Até 09/07

EXPOSIÇÃO “AS MUDANÇAS DE HENGQIN” Armazém do Boi | Até 16/07

YUAN

1.14

O LIXO E AS MOSCAS

CINEMA | “DÉCALOGO – PRIMEIRO”, DE KRZYSZTOF KIESLOWSKI Cinemateca Paixão | 20h00 (Até 5 de Julho)

EXPOSIÇÃO “DESTROÇOS” DE VHILS Oficinas Navais, nº. 1 | Até 31/11

0.23

AQUI HÁ GATO

PALESTRA | “BREXIT: AN IRISH PERSPECTIVE”, COM PETER RYAN Fundação Rui Cunha | 18h30

EXPOSIÇÃO “COLOUR/SHAPE/LOVE” DE JOAQUIM FRANCO Macau Art Garden | Até 16/07

(F)UTILIDADES

Homens e mulheres deste planeta, ouçam com atenção a sabedoria felina que aí vem. Conheço os vossos múltiplos ritos de higiene, os mil duches que tomam, as toneladas de produtos que usam. Sei que vivem sob o signo da lavanda e da alfazema, da limpeza transformada em marketing, dos mil produtos que perfumam a vossa vida. Mas alguém tem de vos dizer a verdade. Há uma inevitável comparação entre vós e a espécie suína, essa população que come e dorme confortável no quentinho das suas próprias fezes. Vocês são porcos e não há lavanda suficiente neste mundo para remediar este facto, não existe essência pungente o suficiente para perfumar o fedor da vossa existência. As moscas deviam enojar-se convosco, os piolhos recusar o vosso abrigo, as lombrigas procurar anfitrião mais apropriado. A maior produção humana é a pestilência, o lixo, o desperdício orgânico e a mercantilização da morte. Esta é a vossa verdadeira apetência. Sei que não vos posso pedir que parem de sujar o planeta, pois isso está inscrito na vossa natureza, como a preguiça na minha. Vivemos numa montanha de fumegante lixo que não conhece abrandamento de produção. Isto vai continuar até se tornar numa questão existencialista. Ouçam o alerta deste gato que vos quer bem: para bem de todos, invertam a marcha que vos tornou na náusea do mundo. Pu Yi

CHELSEA GIRL | NICO

Há dias em que apetece ouvir um dos primeiros álbuns dos Velvet Underground, mas com uma voz feminina. São estes os dias que pedem que se vá buscar “Chelsea Girl”, de Nico. A sonoridade, até porque teve contributos da banda liderada por Lou Reed, é muito Velvet, as letras andam entre o drama e a esperança, e a voz é aquela que só Nico tem. O resultado é um álbum feito há muito e que parece ter sempre existido. Sofia Margarida Mota

Fime de: Michael Bay Com: Mark Wahlberg, Laura Haddock Anhtony Hopkings 19.00 SALA 3

A FAMILY MAN [2D][B] Fime de: Mark Williams Com: Gerard Butler, Gretchen Mol, Williem Dafoe, Allison Brie 14.30, 16.30, 21.30

OUR SEVENTEEN [2D][B] Falado em cantonês legendado em chinês e inglês Fime de: Emily Chan Nga Lei Com: Sean Pang, Angela Yuen, King Wu Kyle Li, Mary MA 19.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; Anabela Canas; Amélia Vieira; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; João Maria Pegado; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Manuel Afonso Costa; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fa Seong; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


22 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 28.6.2017


23 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

ÓCIOSNEGÓCIOS

NFLORIST SEONG LAO, GERENTE

Está de portas abertas há quatro anos e chegou com a promessa de produtos diferentes. A Nflorist rompe com a tradição local das floristas. O investimento foi feito na inovação, em designs mais arrojados e ofertas diversificadas. Sempre com o delicioso perfume das flores

Q

UANDO a primeira loja abriu as portas, Macau nunca tinha visto nada assim. O mundo das flores respondia a métodos tradicionais, com ramos e coroas pouco diferenciados. Os mentores da Nflorist tinham visto outras coisas lá fora e decidiram abrir um espaço com “estilos diferentes”. Quatro anos depois, a ideia provou ser bem-sucedida e o território mostrou que tem um mercado suficiente para este tipo de negócio. Na Nflorist há flores para todos os gostos, mas a aposta no design é visível: procura-se sobriedade para deixar respirar as pétalas. Este lado inovador já permitiu criar uma pequena cadeia de lojas: a Nflorist tem três espaços comerciais em diferentes pontos da cidade. I Seong Lao é a responsável pelo estabelecimento principal e explica como funciona esta florista diferente. “Os nossos produtos são feitos por designers de Taiwan que se responsabilizam pelas fases de design e produção. Cada obra é produzida à mão pelos floristas”, afirma. Na Nflorist abre-se espaço também à criatividade dos consumidores, que podem dizer o que pretendem. “Tratamos dos pedidos dos nossos clientes com todo o

Entre ramos convencionais e arranjos gigantes de rosas, há plantas para venda e até jardins portáteis, como o “Bottle Garden”

carinho e tentamos fazer o melhor com o nosso profissionalismo”, garante I Seong Lao. Os anos de funcionamento das várias lojas permitiram perceber quem é o público-alvo: pessoas entre os 20 e os 45 anos. Para o facto contribuirá o estilo em que apostou a Nflorist, mas também serem estas as gerações “mais activas em termos sociais”, justifica a gerente. À semelhança do que acontece no Ocidente, também no Oriente as flores ocupam um lugar central em momentos decisivos da vida, do nascimento à morte. Oferecem-se flores às mulheres que acabaram de ter filhos, às namoradas, aos estudantes recém-formados. As flores servem ainda para celebrar datas tradicionais como o Festival da Lua e para assinalar, com pompa e visibilidade, a entrada em funcionamento de novos negócios. Usam-se flores nas cerimónias religiosas, nos casamentos, em festas. Homenageia-se quem parte com pétalas. I Seong Lao explica que, independentemente da ocasião e do objectivo, as flores frescas são as mais procuradas na Nflorist. “Têm um significado positivo, cheio de energia. É algo directo e natural.” O mundo das flores é riquíssimo, “existem imensas opções e variedades, são muito atractivas”.

NFLORIST, SEONG LAO

O incrível mundo das pétalas

FRESCAS E ETERNAS

Em relação a planos para o futuro, I Seong Lao espera que a o negócio possa continuar a expandir-se pelo território, com a abertura de novos espaços. A gerente não tece comentários sobre a satisfação com o volume de vendas, preferindo abordar o assunto de outro prisma. “Uma loja de flores é um local onde se transmite felicidade e amor aos outros. Esperamos oferecer o melhor serviço possível aos clientes. Quando regressam à loja com um sorriso ou nos trazem notícias felizes é um grande incentivo ao nosso funcionamento”, declara. Outro objectivo da Nflorist é garantir que, de vez em quando, há novos produtos para oferecer a quem entra no espaço comercial. Entre ramos convencionais e arranjos gigantes de rosas, há plantas para venda e até jardins portáteis, como o “Bottle Garden”. “Neste dia-a-dia ocupado, queremos transmitir uma nova energia aos clientes”, diz I Seong Lao. “O Bottle Garden tem um sistema ecológico aperfeiçoado. Os clientes só precisam de pôr água uma vez por semana para terem esta beleza natural perto deles. Esperamos conseguir incutir a beleza e a energia a quem ama plantas como nós.”

As flores à venda na Nflorist chegam de vários países, incluindo destinos distantes como o Quénia e a Colómbia. Mais perto, Taiwan é uma das principais fontes de plantas. Na loja é ainda possível comprar flores eternas, oriundas do Japão. “Colaboramos com a empresa japonesa Earth Matters, para garantir a melhor qualidade desse tipo de flores”, sublinha a gerente. Submetidas

Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, 92 • Wan Yu Villas Ground floor & Attic I

a um processo químico no momento em que são colhidas, as flores eternas podem manter o aspecto durante meses ou anos. “Mas nós não limitamos as fontes dos nossos materiais”, ressalva I Seong Lao. “Esta diversificação é que permite satisfazer as diferentes necessidades dos nossos clientes.” Vítor Ng (com Isabel Castro) info@hojemacau.com.mo


24 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

“The purpose of terrorism is to destroy the morale of a nation or a class, to undercut its solidarity; its method is the random murder of innocent people.” Just and Unjust Wars: A Moral Argument with Historical Illustrations Michael Walzer

T

EMOS assistido aos mais diversos eventos mundiais, desde os atentados de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos até ao último ataque terrorista em Londres, a 3 de Junho de 2017. Temos vivido acontecimentos violentos e reais, de guerras a genocídios. No entanto, quando se trata de eventos simbólicos à escala mundial, ou seja, não apenas factos que têm a atenção da comunicação social a nível mundial, mas que representam um fracasso para a globalização, não encontramos nenhum. Durante a inércia da década de 1990, os eventos entraram em greve na expressão do escritor argentino Macedonio Fernández. A greve terminou e os acontecimentos não estão mais em risco e com os ataques ao World Trade Center, em Nova Iorque, podemos até dizer que temos diante de nós o evento absoluto, a mãe de todos os eventos, o evento puro que unifica em si todos os eventos que nunca aconteceram. Todo o jogo da história e do poder é interrompido por esse evento, mas também são as condições de análise. Temos que aprisionar o nosso tempo. Enquanto os eventos estavam estagnados, tínhamos que os antecipar e movermos mais rapidamente do que eles. Mas quando aceleraram, tivemos de caminhar mais devagar, embora sem permitir enterrá-los sob uma infinidade de palavras, ou reunir nebulosas de guerra, e preservar intacta a incandescência inesquecível das imagens. Tudo o que foi dito e escrito tem sido a evidência de uma aberração gigantesca para o evento em si e do fascínio que exerce. A condenação moral e a santa aliança contra o terrorismo estão na mesma escala que o prodigioso júbilo de ver essa superpotência global destruída, ou melhor, vê-la, em certo sentido, destruindo-se e suicidando-se em uma chama de glória, pois pelo seu poder infernal, fomentou toda essa violência que é endémica a nível mundial, e, logo, essa imaginação terrorista (involuntariamente) que habita em todos nós. O facto de termos sonhado com esse evento, pois todos, sem excepção, sonharam com o mesmo, porque ninguém pode evitar sonhar com a destruição de qualquer poder que se tornou hegemónico a um nível considerado inaceitável para a consciência moral ocidental. No entanto, é um facto, e que pode ser medido pela violência emotiva de tudo o que foi dito e escrito no esforço para o dissipar.

É possível dizer em simples pincelada que fizeram, o que desejávamos que fosse feito. Se tal não for levado em conta, o evento perderá qualquer dimensão simbólica. Torna-se um puro acidente, um acto puramente arbitrário, a fantasmagórica assassina de alguns fanáticos, e tudo o que restaria seria eliminá-los. Agora, sabemos muito bem que não é assim. O que explica todos os delírios contrafóbicos sobre exorcizar o mal. É porque está lá, em todos os lugares, como um objecto obscuro de desejo. Sem essa cumplicidade profunda, o evento não teria tido a ressonância e, a sua estratégia simbólica. Os terroristas, sem dúvida, sabem que podem contar com essa cumplicidade indescritível. Tal vai muito além do ódio pelo poder mundial dominante entre os deserdados e os explorados, entre aqueles que acabaram no lado errado da ordem global. Mesmo aqueles que compartilham as vantagens dessa ordem têm esse desejo malicioso nos seus corações. A alergia a qualquer ordem e poder definitivos são felizmente universal, e as duas torres do World Trade Center eram formas de realização perfeitas, nas suas dimensões, dessa ordem definitiva, não sendo necessário, um impulso de morte, um instinto destrutivo, ou mesmo de efeitos perversos e involuntários. Muito logicamente e inexoravelmente, o aumento do poder aumenta a vontade de destruí-lo. E foi parte da sua própria destruição. Quando as duas torres entraram em colapso, teve-se a impressão de que estavam a responder ao suicídio dos suicidas, com os seus próprios suicídios. Sempre foi dito que mesmo Deus não pode declarar guerra a si mesmo. O Ocidente simbolicamente, na posição de Deus (omnipotência divina e legitimidade moral absoluta), tornou-se suicida e declarou guerra a si mesmo. Os inúmeros filmes de desastres, testemunham essa fantasia, que claramente tentam exorcizar com imagens, afugentando tudo com efeitos especiais. Mas a atracção universal que exercem, que é parecido com a pornografia, mostra que a actuação nunca foi muito longe, bem como o impulso de rejeitar qualquer sistema que se torne mais forte, à medida que se aproxima da perfeição ou da omnipotência. É provável que os terroristas não tenham previsto o colapso das Torres Gémeas, mais do que os especialistas, pois muito mais do que o ataque ao Pentágono, teve um maior impacto simbólico. O colapso simbólico de todo um sistema surgiu por uma cumplicidade imprevisível, como se as torres, ao sucumbirem, cometessem suicídio, juntando-se para completar o evento. Em certo sentido, todo o sistema, pela sua fragilidade interna, deu uma mão amiga à acção inicial. Quanto mais concentrado o sistema se tornar globalmente, formando uma única rede, mais se torna vulnerável em um único ponto, pois é como o pequeno “hacker” filipino que havia gerido o mal, desde os recessos escuros do seu computador portátil, ao introduzir o vírus “Eu te amo”, que circundou o mundo devastando redes inteiras. Nos Estados Unidos foram dezoi-

to assaltantes suicidas que, graças à arma absoluta da morte, reforçada pela eficiência tecnológica, desencadearam um processo catastrófico global. Quando o poder global monopoliza a situação desta forma, quando há uma concentração tão assombrosa de todas as funções na máquina tecnocrática, e quando nenhuma forma alternativa de pensamento é permitida, qual é a outra forma existente para além da mudança por via da prática de actos terroristas? Foi o próprio sistema que criou as condições objectivas para essa retaliação brutal. Ao usar todas as cartas do jogo, forçou o outro a mudar as regras. E as novas regras são ferozes, porque as apostas são desumanas e para um sistema que tem excesso de poder, representando um desafio insolúvel, os terroristas respondem com um acto definitivo que também não é susceptível de troca. O terrorismo é o acto que restaura uma singularidade irredutível ao núcleo de um sistema de troca generalizada. Todas as singularidades (espécies, indivíduos e culturas) que pagaram as suas mortes, pela instalação de uma circulação global governada por um único poder, estão a vingar-se através dessa transferência da situação pela via terrorista. É o terror contra o terror e não há mais nenhuma ideologia por detrás. Estamos além da ideologia e da política. Nenhuma ideologia causa e nem mesmo a islâmica pode explicar a energia que alimenta o terror. O objectivo não é mais transformar o mundo, mas (como as heresias fizeram no seus dias) radicalizar o mundo pelo sacrifício. Enquanto o sistema pretende realizá-lo pela força, o terrorismo, como vírus, está em toda parte. Existe uma perfusão global do terrorismo, que acompanha qualquer sistema de dominação, como se fosse a sua sombra, pronto para se activar em qualquer lugar, como um agente duplo. Não é possível desenhar uma linha de demarcação em torno dessa situação. É no coração desta cultura que a combate, que a fractura visível e o ódio que permeia os explorados e os subdesenvolvidos, globalmente, contra o mundo ocidental, secretamente se conecta com a fractura interna ao sistema dominante. Esse sistema pode enfrentar qualquer antagonismo visível. Mas contra o outro tipo, que é de estrutura viral, como se toda a máquina de dominação segregasse o seu contra-aparelho, o agente do seu desaparecimento, contra essa forma de reversão quase automática do seu poder, o sistema nada pode fazer. O terrorismo é a onda de choque dessa reversão silenciosa. Este não é, portanto, um choque de civilizações ou religiões, e fere muito além do Islamismo e do Ocidente, sobre os quais estão a ser feitos esforços para concentrar o conflito, criando a ilusão de um confronto visível e uma solução baseada na força. Há, de facto, um antagonismo fundamental, mas que afasta o espectro da América, que é, talvez, o epicentro, mas em nenhum sentido a única incorporação, da globalização e o espectro do Islamismo, que não é a personificação do terrorismo, mas a

JEAN FAUTRIER, CABEÇA DE REFÉM

A imoralidade do terrorismo

globalização triunfante batalhando contra si. Nesse sentido, podemos falar de uma guerra mundial, não a Terceira Guerra Mundial, mas a Quarta e a única realmente global, uma vez que o que está em jogo, é a própria globalização. As duas primeiras guerras mundiais corresponderam à imagem clássica da guerra. A Primeira Guerra Mundial acabou com a supremacia da Europa e da era colonial. A Segunda Guerra Mundial acabou com o nazismo. A Terceira Guerra Mundial, que de facto ocorreu, sob a forma de guerra fria e dissuasão, acabou com o comunismo e a cada guerra sucessiva, avançamos para uma única ordem mundial. Actualmente, essa ordem, que praticamente atingiu o seu ponto culminante, encontra-se a lutar contra forças


25 hoje macau quarta-feira 28.6.2017

OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

O objectivo não é mais transformar o mundo, mas (como as heresias fizeram no seus dias) radicalizar o mundo pelo sacrifício. antagónicas espalhadas por todo o mundo, em todas as convulsões actuais. Uma guerra fractal de todas as células e singularidades, repugnantes sob a forma de anticorpos. Um confronto tão impossível de definir que a ideia de guerra deve ser resgatada de tempos

a tempos por situações espectaculares, como a Guerra do Golfo ou a guerra no Afeganistão. Mas a Quarta Guerra Mundial está em outro lugar. É o que assombra toda ordem mundial e dominação hegemónica e se o Islamismo dominasse o mundo, o terrorismo elevaria contra si, pois é o mundo que resiste à globalização. O evento do World Trade Center, esse desafio simbólico, é imoral e é uma resposta a uma globalização que é imoral. Teremos então de ser imorais para compreender esta dinâmica? Se quisermos ter algum entendimento de tudo o que está a acontecer em termos de terrorismo têm de ir um pouco além do bem e do mal. Quando, tivermos um evento que desafie não apenas a moral, mas qualquer forma de interpretação, devemos tentar abordá-lo

com uma compreensão do mal. Este é precisamente onde se encontra o ponto crucial, no total mal-entendido por parte da filosofia ocidental e do Iluminismo da relação entre o bem e o mal. Acreditamos ingenuamente que o progresso do bem, o seu avanço em todos os campos, como nas ciências, tecnologia, democracia, direitos humanos, corresponde a uma derrota do mal. Apenas poucos parecem ter entendido que o bem e o mal caminham juntos, como parte do mesmo movimento. O triunfo de um não oculta o outro, longe disso. Em termos metafísicos, o mal é considerado um acidente, mas esse axioma, do qual derivam todas as formas maniqueístas da luta do bem contra o mal, é ilusório. O bem não conquista o mal, nem o

inverso acontece, pois são ao mesmo tempo irreduzíveis entre si e inextrincavelmente inter-relacionados. Em última análise, o bem poderia frustrar o mal apenas deixando de ser bem, ao apoderar-se de um monopólio global do poder, dando origem, por esse mesmo acto, a uma reviravolta de uma violência proporcionada. O universo tradicional, continha um equilíbrio entre o bem e o mal, de acordo com uma relação dialéctica que mantinha a tensão e o equilíbrio do universo moral, não sendo diferente da forma como o confronto dos dois poderes na Guerra Fria mantiveram o equilíbrio do terror, não havendo nenhuma supremacia de um sobre o outro. Assim que houve uma extrapolação total do bem (hegemonia do positivo sobre qualquer forma de negatividade, exclusão da morte e de qualquer força adversa potencial - triunfo dos valores do bem), esse equilíbrio ficou perturbado. A partir desse momento, o equilíbrio desapareceu, e foi como se o mal recuperasse uma autonomia invisível, começando a desenvolver-se exponencialmente, tendo em termos relativos acontecido na ordem política com o desaparecimento do comunismo e o triunfo global do poder liberal, pois foi nesse ponto que emergiu um inimigo fantasmagórico, infiltrando-se em todo o planeta, deslizando por toda parte como um vírus que brota de todos os interstícios de poder que e radicado no Islamismo. Mas o Islamismo era apenas a frente móvel em que o antagonismo cristalizava. O antagonismo está em todos os lugares e em cada um de nós. Então, é o terror contra o terror. É o terror assimétrico. E é essa assimetria que deixa a omnipotência global totalmente desarmada, em desacordo consigo, só pode mergulhar na sua lógica de relações de força, mas não pode operar no terreno do desafio simbólico e da morte, algo da qual já não tem ideia, que a apagou da sua cultura. Até ao presente, este poder integrativo conseguiu em grande parte absorver e resolver qualquer crise e negatividade, criando, assim uma situação de desespero mais profundo (não só para os deserdados, mas para os privilegiados também, no seu conforto radical). A mudança fundamental agora é de que os terroristas deixaram de se suicidar sem nada em troca, pois produzem as suas mortes de forma eficaz e ofensiva, ao serviço de uma visão estratégica intuitiva que é simplesmente um senso da imensa fragilidade do oponente - uma sensação de que um sistema que chegou à sua quase perfeição pode ser inflamado pela menor faísca. Os terroristas conseguiram transformar as suas mortes em uma arma absoluta contra um sistema que opera com base na exclusão da morte, um sistema cujo ideal é o de nenhuma morte. Todo o sistema de morte zero é um sistema de jogo de soma zero. E todos os meios de dissuasão e destruição não podem fazer nada contra um inimigo que já transformou a sua morte em uma arma de contra-ataque. Os terroristas estão tão ansiosos por morrer como os demais cidadãos por viver, sendo este o espírito do terrorismo.


26 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

Relatório do Conselho de Administração A Companhia De Gás Natural Nam Kwong, Limitada assinou, com o Governo de RAEM, o “Contrato de Concessão do Serviço Público de Distribuição de Gás Natural”, de modo a explorar as actividades de serviço público, nomeadamente a instalação das redes de distribuição de gás natural e a distribuição de gás natural, cumprindo as responsabilidades e obrigações da sociedade detentora de exclusivo. De acordo com o relatório de auditores, até ao dia 31 de Dezembro de 2016, as obras de construção e o investimento em activos fixos custaram 296.890.590 patacas. O volume de vendas do gás natural da Companhia em 2016 foi de 10.050.263 de metros cúbicos. As receitas foram 60.040.635 patacas. O custo de venda foi de 27.527.971 patacas. Registou-se um prejuízo de 6.897.597 patacas no corrente ano, com resultados deficitários acumulados a exercícios anteriores de 74.740.044 patacas. Em 2016, a Companhia abordou planos de desenvolvimento da actividade, focalizando a prospecção de mercados, a construção de rede de linhas e o funcionamento da produção com segurança. Graças aos esforços de todos os trabalhadores, assegurou-se o normal funcionamento da estação e tubulação de gás natural, garantindo o abastecimento estável a diferentes consumidores. As políticas ambientais do Governo da REAM estimulou a consciencialização sobre a proteção ambiental dos sectores industrial e comercial e dos cidadãos de Macau, conjunto com a sua colaboração activa de acções concretas. Este ano, após a conclusão do primeiro projecto de substituição de combustíveis tradicionais por gás natural num hotel de turismo e lazer de grande escala, utiliza-se cada vez mais o gás natural nos restaurantes. Em 2016, foi concluída cerca de 13 km de instalação, o total milhagem das redes é mais de 43 km, as redes principais de gás natural continuam cobrir a maioria das zonas de Taipa e Cotai, e já satisfazeram as necessidades. A Companhia tem-se reforçando a gestão inteira, dando prioridade à segurança operacional. Realiza de forma periódica exercícios de emergência e inspecções dos riscos de segurança, elevando o nível de segurança na operação e a capacidade de responder às situações de emergência; Organiza acções de formação para os trabalhadores desenvolverem as suas competências profissionais. Avançar a construção de tecnologia da informação continuamente, a Companhia expandiu o Sistema de Informação Geográfica (GIS) de redes de gasoduto e utilização do Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados (SCADA), desenvolveu o sistema de atendimento ao cliente gradualmente, de modo a assegurar o funcionamento em segurança dos postos e redes, bem como o aumento da qualidade de serviço. Perspectivando o ano de 2017, a Companhia irá continuar a promover a construção da rede de gás, com a cobertura completa da rede principal de gás na zona do Cotai e o início da postura da rede de gás na Península de Macau. Ao mesmo tempo, a Companhia irá cooperar activamente com o utilização dos veículos a gás natural comprimido e o plano de desenvolvimento das Zonas dos Novos Aterros. A Companhia irá construir instalações novas do gás natural. Queria aproveitar essa oportunidade de manifestar, em representação da Companhia De Gás Natural Nam Kwong, Limitada (GAS), os agradecimentos pelas coordenações e auxílios dados pelo Governo da RAEM e diversos sectores da sociedade. Acreditamos que, sob os esforços do Conselho Administrativo e de todos os trabalhadores, a Companhia de Gás Natural Nam Kwong, Lda. irá cumprir com fidelidade o princípio empresarial de “Contributos para a sociedade e os sectores industrial e comercial de Macau benefício mútuo com clientes”.

de Macau. No nosso relatório, datado de 27 de Abril de 2017, expressámos uma opinião sem reservas relativamente às demonstrações financeiras. As demonstrações financeiras a que se acima se alude compreendem o balanço, à data de 31 de Dezembro de 2016, a demonstração de resultados, a demonstração de alterações no capital próprio e a demonstração de fluxos de caixa relativas ao ano findo, assim como um resumo das políticas contabilísticas relevantes e outras notas explicativas. As demonstrações financeiras resumidas preparadas pela gerência resultam das demonstrações financeiras anuais auditadas da sociedade. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras resumidas são consistentes, em todos os aspectos materiais, com as demonstrações financeiras auditadas da sociedade. Para a melhor compreensão da posição financeira da sociedade e dos resultados das suas operações, no período e âmbito abrangido pela nossa auditoria, as demonstrações financeiras resumidas devem ser lidas conjuntamente com as demonstrações financeiras das quais as mesmas resultam e com o respectivo relatório de auditoria. Ieong Lai Kun, Auditor de Contas KPMG Macau, 27 de Abril de 2017

Balanço 31 de Dezembro de 2016 (Em MOP) Activos não correntes Activos fixos tangíveis Activos relativos aos serviços exclusivos Activos relativos aos serviços exclusivos – em construção Recursos para obras Pré-pagamento da compra dos activos relativos aos serviços exclusivos

928,362 198,814,205 68,908,764 2,108,728 22,166

270,782,225 Activos correntes Quantias e outras por cobrar 6,813,575 Valores devidos de acionista 33,580,139 Valores devidos de partes relacionadas 2,618,447 Inventários 44,403 Caixa e equivalentes de caixa 202,756 Depósitos bancários penhorados 364,134

Passivos correntes Quantias e outras por pagar Valores devidos a partes relacionadas

Presidente do conselho de administração: Choi Kin No 27 de Abril de 2017.

2016

Valor liquido de activos correntes Passivos não correntes Empréstimo de accionistas por pagar

43,623,454 ---------------22,753,843 17,395,167 40,149,010 ---------------3,474,444 ----------------

Valor liquido de activos

201,996,713 ---------------72,259,956

Capitais e reserva Capitais Prestações suplementares Défice acumulado

50,000,000 97,000,000 (74,740,044)

Relatório de Auditor Independente sobre Demonstrações Financeiras Resumidas Para os accionistas da Companhia de Gás Natural Nam Kwong, Limitada (sociedade de responsabilidade limitada, registada em Macau) Procedemos à auditoria das demonstrações financeiras do Companhia de Gás Natural Nam Kwong, Limitada relativas ao ano de 2016, nos termos das Normas de Auditoria e Normas Técnicas de Auditoria da Região Administrativa Especial

Capital próprio

72,259,956


27 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 28.6.2017

sexanálise

TINTORETTO, SUSANA E OS VELHOS

O amor não escolhe idades

TÂNIA DOS SANTOS

J

Á diz a sabedoria popular que o amor não escolhe idades, seja isso porque o amor pode vir a qualquer fase das nossas vidas ou porque as nossas preferências amorosas não se prendem única e exclusivamente por sujeitos da mesma faixa etária. Se o amor não escolhe idades, o sexo também não escolhe idades. Não me venham cá com lenga-lengas de que relacionamentos com parceiros mais velhos ou mais novos são reflexo de ‘recalcamentos’, má resolução de processos de vinculação ou que possam ser encarados como problemas psico-emocionais. Aconselho muita calma nesses julgamentos. Todos já reparam que o mais recente presidente francês tem uma esposa com mais 24 anos do que ele. Por causa disso, o Macron já foi acusado de ter um casamento de fachada porque é um homossexual não assumido - casado com uma mulher só para satisfazer as expectativas heterossexuais. O que é que é problemático nesta discussão? Para mim, nem é a homofobia associada, mas o facto de uma mulher de 60 anos ser automaticamente cunhada como não desejável – porque raio um homem se sente amorosa e sexualmente por uma mulher com rugas? Deve ser homossexual! Pois, a assumpção social não é a regra, felizmente.

Olhemos agora para o mais recente presidente brasileiro, que tem uma esposa 43 anos mais nova do que ele. Alguém acha atípico? Nem pensar. Devem pensar que o dinheiro compra esposas belas, novas e jeitosas, mas ninguém dúvida da virilidade do homem, vulgo, da heterossexualidade do homem. Porque estar com uma mulher mais nova é mais natural do que estar com uma mulher mais velha. E assim o pessoal anda a julgar relacionamentos heterossexuais de acordo com as expectativas de beleza femininas. Porque, infelizmente, as mulheres (mais do que homens) têm um prazo de validade mais precoce. O que faz com que seja normal que homens com mais de 70 anos tenham mulheres jovenzinhas, mas o contrário seja mais criticado e duvidado até (!) - talvez seja altura de pôr essas ideias em causa, para paramos de encontrar homens que digam qualquer coisa como: ‘achei uma mulher de 50 anos sexy, o que é se passa comigo?’ Não se passa nada de errado com ninguém. Acho que ninguém dúvida que o cupido possa enviar umas setinhas românticas a casais com diferenças de idades de mais de 20 anos – e que possa haver paixão, tesão e desejo. Seja ele o

O que faz com que seja normal que homens com mais de 70 anos tenham mulheres jovenzinhas, mas o contrário seja mais criticado e duvidado até

mais velho ou ela a mais velha, sejam casais heterossexuais ou homossexuais. Os desafios, é que são uns quantos, sim. Os julgamentos do sociedade alheia podem não ser muito simpáticos – são mais vezes reprovadores que outra coisa. Os ditos ‘especialistas’ em relacionamentos cunham certas constelações relacionais como trágicas à partida. Mas na minha humilde opinião, o que me parece desafiador num relacionamento entre dois seres com uma grande diferença de idade (quasi-geracional) não se prende tanto com questões de maturidade-imaturidade (que todos sabem que não depende da idade). Por mais que os membros de um casal possam ser feitos um para o outro e encaixem na perfeição na forma de ser e de serem, uma pessoa de 25 anos e uma pessoa de 40 anos podem perspectivar objectivos de vida diferentes – e isso pode ser problemático. Se antes era dado adquirido que todos trabalhavam para terem uma casa, puderem casar e ter filhos, hoje em dia a imagem não se pinta bem assim, e a panóplia de possibilidades e de estilos de vida multiplicam-se. E as constelações, até as mais perfeitas, podem partir-se, por não estarem em sintonia com o que um e o outro querem fazer. Imaginem lá uma mulher de 35 anos a querer ter filhos com um homem de 25, que se calhar não se sente tão capaz de se aventurar na paternidade? O amor não escolhe idades, mesmo. E o amor também não escolhe tão acertadamente trajectórias de vida semelhantes e/ou momentos que possam estar em mais sintonia. Para além disso não há mais nada, nem daddy issues, nem complexos de Édipo mal resolvidos. Descompliquem!


“ Foi o amigo americano

Reconstruir um dinossáurio / não é recordar Marilyn Monroe / ou abrir um trilho na floresta”

Casal português preso em Timor reitera inocência

U

M casal português acusado de vários crimes financeiros em Timor-Leste defendeu ontem a sua inocência numa intervenção, a única que fizeram, na recta final do julgamento que ficou visto para sentença. Tiago e Fong Fong Guerra foram julgados pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais e falsificação documental sendo central ao caso uma transferência de 859 mil dólares, feita em 2011 por um consultor norte-americano, Bobby Boye. Nas alegações finais, e para os crimes de peculato e branqueamento de capitais, o Ministério Público pediu penas de prisão de 8 anos para cada um dos dois arguidos, além do pagamento de uma indemnização no valor de 859.706 dólares com juros desde 2011. A defesa pediu a absolvição do casal. Tiago Guerra lamentou o facto de todo o processo se ter prolongado quase três anos, recordando que sempre colaborou com a justiça e que dois anos antes de ser detido colaborou com a Comissão Anti-Corrupção (CAC) para dar informações solicitadas sobre um caso. “Sou uma pessoa formada com princípios éticos dos mais elevados, criado sempre a pensar na dignidade dos outros. Quando decidimos vir para este país viemos para ajudar. Custou-nos imenso, a mim pessoalmente, receber uma acusação tão grave como esta que afecta todos os princípios morais com que fui criado”, afirmou. “Custou-me muito, dada a mágoa e trauma que o caso causou a toda a família, à nossa saúde mental e física. Perdi 14 quilos na prisão, estive internado várias vezes, necessi-

to de operações que não posso fazer aqui”, relatou. Fong Fong Guerra, por seu lado disse que continua sem entender porque é que a procuradoria mantém que os dois arguidos conspiraram com o consultor americano Bobby Boye que foi condenado nos Estados Unidos por lesar o estado timorense. “A procuradoria insiste que nós conspiramos com o Bobby Boye. Somos honestos e abertos com tudo. Sempre fomos. Bobby Boye nunca nos disse nada sobre o seu trabalho, o que acontecia no seu trabalho no Governo”, disse. “Não é verdade que tenhamos conspirado nada com ele. Nós até pensamos que ele tinha uma filha a estudar nos Estados Unidos. Só depois é que percebi que era mentira. Sempre pensamos que era sul-africano-americano, e afinal era nigeriano”, considerou. Na sua declaração, Fong Fong Guerra referiu-se também ao impacto que o caso está a ter nos dois filhos do casal, de quem estão separados há quase três anos. “Se fossemos gananciosos então porque é que não continuámos a branquear dinheiro? Espero que os juízes nos dêem a justiça que merecemos. Já perdemos 3 anos do crescimento dos nossos filhos. Fomos punidos demais já só porque conhecíamos uma pessoa”, considerou. Esta foi a única declaração que os arguidos proferiram durante todo o julgamento em que a defesa prescindiu de quaisquer testemunhas. Jacinta Correia - que preside ao colectivo de juízes do Tribunal Distrital de Díli que ouviu o caso desde finais de Fevereiro - marcou a data de leitura da sentença para 24 de Julho.

António Augusto Menano

PUB

quarta-feira 28.6.2017


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.