Hoje Macau 29 NOV 2016 #3706

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

TERÇA-FEIRA 29 DE NOVEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3706 PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

ESCOLA PORTUGUESA

VOTOS E QUEIXAS

FORÇAS DE SEGURANÇA ESTATUTO VAI SER REVISTO

O da guarda! Recursos humanos escassos e condições de trabalho pouco atractivas são algumas das razões que levam o Governo a mexer no estatuto das Forças de Segurança de Macau. A

OPINIÃO O salto quântico Genitália

JORGE RODRIGUES SIMÃO

TÂNIA DOS SANTOS

concorrência do privado e os novos desafios do território contribuem também para que o Secretário da tutela anuncie medidas para atrair novos elementos para o sector.

IMIGRANTES ILEGAIS

O processo da lei PÁGINA 4

PÁGINA 5

GENEALOGIA JORGE FORJAZ

´ AS RAIZES ˆ DA EXISTENCIA ENTREVISTA

ALBERGUE SCM

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´

PÁGINA 9

h

Fera Oculta PAULO JOSÉ MIRANDA

CHINA

Centrais inúteis PÁGINA 12

IPM | TRADUÇÃO

UMA CONSTANTE DA VINDA PUB

EVENTOS


2 ENTREVISTA

JORGE FORJAZ

Há 20 anos, publicou um trabalho que julgava ter dado por concluído. Mas duas décadas depois do “Famílias Macaenses”, Jorge Forjaz apresentou uma reedição, que só a Internet tornou possível. São mais 80 capítulos de um livro onde cabem os filhos da terra que quiseram fazer parte dele

“O Arquivo Histórico de Macau, nestes últimos 20 anos, recebeu imensa documentação nova, está muitíssimo bem organizado e permitiu-me trabalhar lá.”

“É a família que dá braços” “O português, que é um especialista em intercomunicação à escala universal, aproveitou com grande vantagem para ele os ritos chineses.”

Na sequência de uma iniciativa do Albergue SCM, surgiu a oportunidade de fazer uma nova edição, revista e aumentada, de uma obra que já era considerável. Como foi fazer este trabalho? Vim cá, por iniciativa do Albergue, fazer uma conferência sobre os 15 anos da publicação das “Famílias Macaenses” – uma reflexão sobre o efeito do projecto, o impacto que tinha tido nas comunidades macaenses. A sala esteve cheia, trocaram-se opiniões e, a certa altura, Carlos Marreiros perguntou-me se eu nunca tinha pensado em fazer uma segunda edição. É uma obra que, do ponto de vista gráfico e editorial, não é fácil, não se arranja um editor com facilidade. Além disso, tinha encerrado o meu capítulo de Macau, estava já dedicado a outro tipo de investigações, e tinha oferecido toda a documentação a uma universidade em Los Angeles, ao arquivo “Old China Hands”, que tem como objectivo a preservação da memória ocidental na China. Também não se justificava actualizar a obra – que são três grossos volumes – só para acrescentar uns casamentos e uns nascimentos. Tinha de haver realmente uma alteração muito substancial para justificar a reedição. A minha primeira reacção foi dizer que não seria possível. Era preciso que houvesse nova documentação, novas fontes para explorar que permitissem alterar substancialmente o texto original.

e para ali, com os encargos e, acima de tudo, com a demora que isto implica. Escreve-se uma carta, está-se três meses à espera da resposta, que não é satisfatória, escreve-se outra e, com isto, passou meio ano. Nestes 20 anos, aconteceram a Internet e o email. A Internet permitiu o acesso aos arquivos. Usando o exemplo de uma família de Macau: sabia que o primeiro [elemento da família] tinha nascido em Lisboa. Tomava nota de todas essas coisinhas, como vivo nos Açores tinha de ir a Lisboa, estava lá 15 dias, ia aos arquivos de Lisboa; depois apanhava um comboio e estava dois dias no Porto, mas havia algo em Guimarães. Alugava um automóvel e ainda ia lá a ver o arquivo. Hoje não preciso de nada disso: estou nos Açores, em minha casa, abro a Internet e encontro a documentação toda online. Faço quase tudo em casa.

Que alteração foi essa que justificou a reedição? Houve um aspecto nestes últimos 20 anos que alterou tudo, sobretudo para uma pessoa que faz uma obra como a minha, sobre uma comunidade que está espalhada pelo mundo inteiro. Conheço muitos genealogistas em Portugal que fazem trabalhos sobre Évora, Estremoz, eu fiz sobre Angra do Heroísmo e sobre a Terceira – é um trabalho sobre pessoas que vivem todas na Terceira. É mais complicado fazer um estudo sobre uma comunidade cuja origem é este pequeno território, mas o palco em que se movimenta é o mundo inteiro. Há 20 anos, o contacto com todas essas pessoas foi feito como se fazia no séc. XIX: através de centenas ou até mesmo de milhares de cartas para aqui

Foi possível descobrir então mais informação sobre as famílias macaenses. Fez uma diferença enorme, porque permitiu-me o acesso a uma documentação que nunca tinha visto, porque não era possível ver. Quando se vive longe, como é o meu caso, não posso andar de um lado para o outro constantemente – teria custos astronómicos e era fisicamente impossível. Para aquilo que era possível fazer entre 1990 e 1996, hoje, olhando para trás, parece-me impossível ter conseguido fazer este trabalho. Viajei pelo mundo inteiro antes da publicação: fui à Austrália, ao Brasil, à América do Norte – sobretudo Califórnia, Toronto e Vancouver –, a Singapura. Percorri tudo isto à procura do rasto de toda esta gente. Não tinha sequer

ALBERGUE SCM

GENEALOGISTA

um computador portátil, só tinha um em casa nos Açores, o que significa que, quando vinha para Macau para trabalhar, tinha de imprimir tudo e andar com os papéis atrás de mim. Lembro-me de me perguntarem na Califórnia quantas pessoas tinha a minha equipa. E eu fiz assim [abriu as mãos]. Disseram-me: ‘Só 10 pessoas?’. E eu respondi: ‘Não, dez dedos”. Realmente estávamos na Idade da Pedra comparando com o que acontece hoje. O acesso à nova documentação permitiu-lhe encontrar que tipo de informação? Permitiu perceber quem foi a primeira pessoa [da família] a vir para Macau – aconteceu em muitos casos. É algo que as pessoas gostam muito de saber – quem são os seus antepassados, de onde é que vieram. Nenhuma das pessoas que vieram para cá teve a consciência de que estava a contribuir para a construção de uma comunidade. E para a globalização. Vinham para cá para o serviço militar – acabava e regressavam a Portugal, como aconteceu com a maioria – ou vinham como juízes, vinham fazer uma comissão de serviço. Chegavam cá e acabavam por ficar. Nunca ninguém veio de Portugal para ficar em Macau o resto da vida, para casar aqui e dar início a uma nova família. Foi sempre o produto do acaso. Casavam e ficavam, até porque quando chegavam cá solteiros ficavam imediatamente debaixo de olho dos pais das meninas solteiras que cá viviam, porque não havia muitos candidatos. Os que eram militares de carreira faziam comissões bem maiores do que era costume, mas depois acabavam por regressar a Portugal. Por exemplo, a família Senna Fernandes tem dois ou três casamentos com pessoas de Portugal que fizeram aqui as suas comissões, e acabaram por ir todos para Portugal. Mas os que vinham em serviço militar, os militares que não eram profissionais, quando passavam à disponibilidade saíam da tropa e estabeleciam-se. Já tinham arranjado uma namorada, casavam com uma chinesa ou com uma macaense e nunca mais regressavam. A maior

parte dessa gente nunca mais voltou a Portugal – quer do séc. XVII, do séc. XVIII, do séc. XIX e mesmo do séc. XX. Isso é que é interessante: uma comunidade que vinha e não regressava, mas mantinha sempre acesa a chama portuguesa. Há aqui pessoas que falam português, têm nomes portugueses, são católicas, cantam o hino nacional, e o antepassado deles que veio para cá nasceu em 1720 ou em 1770. Agenealogia anda à procura de datas e traçam-se percursos a partir daí, mas é possível ir mais longe e construir uma história.

“Há uma certa surpresa quando lhes digo que o avô e a avó não eram casados. As pessoas reagem pelo espírito da época e não pelo espírito de hoje.”


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ralmente, mas se falarmos do quarto, quinto ou sexto avô, de quem é que veio para Macau, não sabem. Esta era a realidade antes da publicação do “Famílias Macaenses”, porque agora sabem. Mas raramente peço informação sobre os antepassados, porque as pessoas – com a melhor boa vontade e com uma enorme boa-fé – dão informações erradas. Por norma, só falo com as pessoas sobre os antepassados depois de já saber mais do que é suposto elas saberem. Normalmente o que peço são dados sobre os vivos; os mortos é negócio meu. Quanto às ilegitimidades e aos vários casamentos, em Macau há uma situação muito original: os casamentos segundo os ritos católicos e os casamentos segundo os ritos chineses. O português, que é um especialista em intercomunicação à escala universal, aproveitou com grande vantagem para ele os ritos chineses. Então, tinha um casamento português e mais três ou quatro chineses. Quando as pessoas sabem e as coisas são muito claras, não há problema; às vezes, há uma certa surpresa quando lhes digo que o avô e a avó não eram casados. Hoje em dia, é banal, mas antigamente não era. As pessoas reagem pelo espírito da época e não pelo espírito de hoje. Mas isso nunca foi um problema: se virmos bem, praticamente todas as famílias foram marcadas por isso. O que é excepção passa a ser quase a regra e, sendo a regra, faz parte das características do ser macaense.

Claro. Fala-se muito em história – na história económica, na história da arquitectura... Mas por trás de tudo isto tem de haver a história das pessoas, porque sem elas não há economia ou arquitectura, não há nada, e tudo se faz para as pessoas. Quem é essa gente? Como é que essa gente vivia aqui? Que tipo de vida é que fazia? Quantos filhos é que tinham? Casavam ou não? Os filhos morriam muito. Penso muitas vezes no aspecto da mortalidade infantil: hoje, temos um filho ou dois; antigamente as pessoas tinham 10 e 15 filhos, mas morriam oito, nove ou 10. Quem é que hoje poderia tolerar um desgosto desses? É necessário que não se sofresse na altura o mesmo que hoje, que é um desgosto para a vida inteira. Aquelas famílias todas tinham muitos filhos que morriam, mas a sociedade não vivia toda em luto permanente. Tinha de haver um sistema de autodefesa – um antropólogo poderá estudar isso melhor – para enfrentar a morte das crianças. Voltando à Internet. Além da consulta dos arquivos, permitiu-lhe evitar o trabalho de envio de centenas de cartas.

Quando decidi fazer a nova edição, mandei uma mensagem para as casas de Macau do mundo inteiro, pelo que em cinco minutos ficaram a saber que havia este projecto. Desafiei-as para que comunicassem aos associados que este trabalho ia ser feito para que, sabendo da primeira edição, do que lá faltava e do que não chegou a ser publicado, da família que não chegou a ser incluída ou das datas que entretanto aconteceram, me mandassem as informações. Podia ter funcionado melhor, porque há sempre pessoas que deixam para amanhã e acabam por não enviar. Há muita gente que vai ficar com pena agora quando vir o livro, que podia ser maior, sendo que é enorme quando comparando com o primeiro. Na primeira edição aconteceu o mesmo: escreveram-me cartas no dia a seguir à publicação, a dizerem-me que quando houvesse uma reedição tinha ali novos dados, que eu já tinha pedido mas que nunca tinham mandado, talvez por não acreditarem que o livro iria ser publicado ou não saberem quem era o autor. Agora todos sabem quem sou e acreditam no projecto. O outro aspecto importante foi a organização doArquivo Histórico de

“Em Macau, há 40 famílias Silva que não têm nada que ver umas com as outras. Só o capítulo Silva são quase 400 páginas.” Macau que, nestes últimos 20 anos, recebeu imensa documentação nova, está muitíssimo bem organizado e permitiu-me trabalhar lá, coisa que praticamente não fiz há 20 anos. No contacto que tem com os membros das famílias, e atendendo que a história social de Macau é muitas vezes marcada por alguma ilegitimidade – filhos de vários casamentos em simultâneo, por exemplo – sentiu dificuldades no contacto com os descendentes? Mostram-se disponíveis para falar da história familiar? Raramente as pessoas têm informações muito precisas sobre os antepassados – sabem os pais e os avós, natu-

Neste trabalho sobre Macau, há alguma história que o tenha marcado de forma especial? São tantas. A obra tem mais de 380 capítulos. Como se sabe, o nome Silva é dos mais comuns em Portugal. Três pessoas que se chamam Silva não são necessariamente parentes. Em Macau, há 40 famílias Silva que não têm nada que ver umas com as outras. Só o capítulo Silva são quase 400 páginas – é um livro. Isto serve para dar ideia da dimensão. Quanto às histórias, quando cheguei cá, para mim Macau era só isto. Tinha uma vaga ideia de que havia uns macaenses em Hong Kong e mais nada. Para mim, Macau eram três ou quatro famílias de que ouvia falar em Portugal: os Senna Fernandes, os Nolasco e pouco mais. Mas, como noutros sítios, aqui havia a alta sociedade, a média sociedade, a baixa sociedade – não faço juízos de quem é quem. A mim interessa-me se responde àquilo que é a minha definição de macaense. Lembro-me de ter falado com uma pessoa a quem disse que estava a pensar fazer um trabalho sobre as famílias macaenses, que me disse: ‘Não é preciso, isso já está feito. O Padre Manuel Teixeira já fez isso. Somos só seis ou sete famílias’. Deste número passaram a

15, depois a 20, a 30 e acabou com 280 ou 300 – já nem sei quantas são. Depois é que tomei consciência de que, para perceber Macau, é preciso perceber Cantão, Hong Kong e Xangai. São os quatro pontos essenciais da comunidade macaense. O que é interessante verificar é como todas estas pessoas, dispersas desta maneira, mantiveram sempre uma ligação fortíssima com Portugal. Uma das histórias mais engraçadas tem que ver com a revolução republicana de 1910: logo a seguir à proclamação da república houve uma festa no Clube Lusitano de Xangai em que já lá estava a bandeira verde e vermelha. E mais: houve uma família de lá que baptizou o filho com o nome ‘Bernardino Machado’, o nome do primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros da república. As pessoas imediatamente assumiram a nova situação portuguesa, pessoas que eram bisnetas e trinetas de portugueses, e que nunca foram a Portugal. Até que ponto pode ser importante o conhecimento da história pessoal? O que se pode retirar hoje de se saber de onde se vem? Um dos países da Europa onde há mais estudos genealógicos é a Polónia. Porquê? É o país europeu mais sacrificado nas suas fronteiras: a Rússia retirou-lhe um bocado, a Alemanha outro, deixou de ser independente, depois avança a fronteira, depois recua a fronteira. Mas as pessoas vivem sempre na mesma cidade: um dia eram alemãs, noutro dia eram russas, o nome tinha de ser mudado, depois emigram para a América e já nem sabem bem o que é que são. Vivem obcecadas pelas suas origens. Com fronteiras definidas há mil anos, não temos essa noção. As pessoas podem não saber a sua genealogia, mas têm a perfeita consciência da sua origem. O polaco tem imensas angústias existenciais. A genealogia é a primeira explicação para saber quem sou. Há umas pessoas que me dizem que não querem saber, que tanto lhes faz. Mas se lhes disser que a família é uma cambada de bandidos, dizem-me logo que não me autorizam que fale mal dela – afinal, a família tem um valor, que é um sentimento de pertença a uma comunidade, a uma terra, a uma tradição, a uma religião, a uma gastronomia, a uma língua. É a família que dá braços para prender tudo isto. A maior parte das pessoas tem uma pequena memória familiar, mas tem sempre grande curiosidade em ir um pouco mais longe. A genealogia dá resposta à pergunta que cada um faz a si próprio: quem sou eu? Nestas famílias macaenses, só houve um ou dois casos de pessoas que não queriam saber, que me disseram que não me respondiam. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com


4 POLÍTICA

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GCS

PRODUTOS PERIGOSOS VÃO PARA NOVO ATERRO

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LAG 2017 GOVERNO VAI UNIFORMIZAR LEGISLAÇÃO SOBRE IMIGRAÇÃO ILEGAL

Uma lei, menos processos O Secretário para a Segurança deseja uniformizar já para o ano duas leis e dois regulamentos administrativos na área da imigração, para que haja apenas uma lei e um regulamento. Com esta medida, Wong Sio Chak quer reduzir o número de processos em tribunal

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Governo pretende rever e uniformizar já no próximo ano os diplomas referentes aos “princípios gerais do regime de entrada, permanência e autorização de residência”, e à “lei da imigração ilegal e da expulsão”, sem esquecer dois regulamentos administrativos. O objectivo é uniformizar os diplomas de combate à imigração ilegal para que exista uma lei e um regulamento administrativo. “Espera-se que, dentro do corrente ano, se possa definir claramente o rumo a seguir e elaborar a proposta de revisão, por forma a tentar dar início ao processo legislativo em 2017”, disse ontem o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, no âmbito do primeiro dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a sua tutela. Durante a sessão, Wong Sio Chak levantou a ponta do véu quanto ao conteúdo dos futuros diplomas. “Vai haver uma fusão dos dois diplomas, datados de

2003 e 2004, e a primeira coisa é articulá-los, porque vamos ter uma área marítima muito maior. Temos de ver como podemos fazer essa articulação e reduzir o número de processos nos tribunais.”

MENORES MAIS PROTEGIDOS

Além disso, vão ser criadas novas regras que visam o pessoal da aviação. “As empresas de aviação, os passageiros e a tripulação poderão dar uma lista às autoridades para que estas consigam dispor destes dados. Alguns passageiros asiáticos vão para Hong Kong, já que muitos refugiados escolhem Hong Kong. A segurança pública pode ser afectada”, explicou o Secretário. Os novos diplomas visam ainda uma melhor protecção dos

menores. “A saída de menores deve ser denunciada. Actualmente o limite é de 12 anos, mas se os encarregados de educação entenderem que os filhos não podem sair de Macau devem comunicar connosco.” O objectivo é, segundo Wong Sio Chak, controlar os casos de adolescentes que vão para o outro lado da fronteira consumir drogas. “Há situações de jovens que vão à China consumir estupefacientes. Teremos de discutir ainda o assunto no Conselho Executivo, pois trata-se de um conteúdo complexo”, rematou.

HÁ FUGAS?

A deputada Ella Lei falou da situação dos imigrantes ilegais nos estaleiros, apontando que existem fugas de informação que

Os novos diplomas visam ainda uma melhor protecção dos menores. “A saída de menores deve ser denunciada”, defendeu Wong Sio Chak.

levam a que os trabalhadores sem documentação sejam afastados antes da chegada dos inspectores. Wong Sio Chak admitiu que isso poderá acontecer. “Não tenho provas, mas não afasto totalmente essa hipótese. Mas confio nos meus colegas. De facto, a fiscalização nocturna nos estaleiros leva a uma grande insegurança”, acrescentou. Ainda assim, houve uma redução no número de ilegais detectados: de um total de 467 encontrados entre Janeiro e Setembro do ano passado, passou-se para 371 em igual período deste ano. O Secretário para a Segurança admitiu que, em muitos casos, é difícil encontrar provas, tendo adiantado que a Polícia Judiciária tem, desde 2012, um projecto de lei na área do ADN. “Esse diploma ainda não está agendado, a Assembleia Legislativa tem estado ocupada, mas estou mesmo preocupado com esta matéria”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, deixou ontem a resposta que há muito os importadores de substâncias perigosas esperavam: vai mesmo existir um espaço definitivo para albergar esse tipo de produtos, além do actual armazém provisório na Ilha Verde. Para isso, o Governo Central terá de conceder mais um aterro para essa construção. “A longo prazo, e juntamente com o apoio do Governo Central, queremos ter um pedaço de terra retirado ao mar para o armazenamento de produtos. Macau é um território muito pequeno e vai sempre faltar espaço para esse armazenamento”, garantiu Wong Sio Chak. O Secretário adiantou ainda que na zona de Ka-Hó, em Coloane, será pensada a construção de “um depósito de explosivos”, esperando que seja “possível iniciar as obras o mais depressa possível”. Wong Sio Chak confirmou ainda que muito tem sido feito no seio do Governo para resolver esta questão. Após vários encontros, chegou-se à conclusão de que existe uma falta de coordenação, sem esquecer uma base de dados sobre os produtos perigosos. “Não existe uma classificação e uma quantidade de isenção, e temos de criar uma base de dados sobre os produtos perigosos. Temos de criar um mecanismo para acompanhar a entrada desses produtos, quantos são usados e quantos sobram.” Por forma a criar essa base de dados, serão criados despachos e regulamentos. “Temos de pedir aos serviços públicos para declararem todos os dados. Vamos ainda criar um regulamento administrativo para regular o sector privado, para que nos possam facultar esses mesmos dados, porque não basta um despacho do Chefe do Executivo. Pretendemos ainda que haja um sistema uniformizado de fiscalização”, rematou Wong Sio Chak. A.S.S.

GOVERNO DEIXA CLARO QUE NÃO VAI LEGALIZAR UBER

Wong Sio Chak confirmou ontem que a legalização da Uber ou de outras plataformas móveis para apanhar um táxi não será um objectivo a atingir em 2017. “Vamos reforçar o patrulhamento em várias praças de táxi, nas proximidades dos hotéis, lançando, também, uma fiscalização nocturna, tendo por finalidade autuar quaisquer actos ilícitos praticados por aqueles profissionais, bem como continuar a fiscalizar e a autuar o transporte ilegal de passageiros, nele incluindo actividades de transporte ilícito de passageiros através de uso de aplicações móveis, para garantir a segurança de deslocação da população e turistas”, referiu o Secretário para a Segurança.


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PROTECÇÃO CIVIL ALARGADAS COMPETÊNCIAS AOS SPU

O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, confirmou, no primeiro dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa para a sua tutela, que os Serviços de Polícia Unitários vão ser alvo de uma reestruturação, passando a ter “competências de protecção civil e de resolução de contingências”, por forma a promover “a melhoria da respectiva coordenação”. Quanto ao Centro de Operações de Protecção Civil, vai ser alvo de mudanças, sendo que as novas instalações deverão estar concluídas no próximo ano. O objectivo é “reforçar a capacidade de resolução conjunta de contingências”.

ILHAS POLÍCIAS NAS RUAS A PENSAR NO TURISMO

Wong Sio Chak explicou no hemiciclo que a Polícia de Segurança Pública (PSP) vai criar a polícia turística das ilhas, que passará a “exercer funções nas principais zonas turísticas”. Além disso, vão ser “disponibilizados nos pontos turísticos importantes de Macau os ‘pontos de polícia itinerantes’, a fim de prestar serviços convenientes aos turistas”.

ELOGIOS O SUCESSO DE WONG SIO CHAK

No primeiro dia de debate das Linhas de Acção Governativa para a área da Segurança ocorreu algo pouco habitual: os elogios dos deputados em relação aos trabalhos da tutela. Wong Sio Chak levou respostas e dados, o que agradou a muitos membros do hemiciclo, que lhe fizeram rasgados elogios, ao contrário do que acontece com os restantes secretários. “Devíamos todos aprender consigo e com a sua atitude de trabalhador. A população confia no seu trabalho e no que é feito pelas corporações. O secretário promove uma boa imagem junto da população”, disse o deputado Mak Soi Kun, a título de exemplo.

POLÍTICA

LAG 2017 GOVERNO VAI REVER ESTATUTO DAS FORÇAS DE SEGURANÇA

O trabalho que ninguém quer

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UITOS jovens anseiam trabalhar na Função Pública, mas essa não é a realidade vivida no seio das Forças de Segurança de Macau (FSM). O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, admitiu ontem na Assembleia Legislativa (AL) que as condições de trabalho continuam a ser pouco atractivas e que, por forma a colmatar essa falha, vai ser revisto o estatuto das FSM. “O grupo de trabalho específico do estatuto do pessoal das FSM vai aperfeiçoar as normas do articulado, tentando submeter ao Governo a proposta de entrada em procedimento legislativo no ano de 2017”, disse no seu discurso. “A nossa profissão não é atraente e vamos ver o estatuto ao nível da cibersegurança, criminalistas e especialistas da área forense da Polícia Judiciária”, acrescentou o Secretário. A falta de recursos humanos foi uma das questões mais abordadas pelos deputados no debate de ontem das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Segurança. Ho Ion Sang foi o primeiro a abordar o assunto, alertando para o trabalho advindo da gestão das novas áreas marítimas. “Temos áreas marítimas para gerir e novos acessos. O Secretário percebe que vão existir vários desafios no futuro. Sei que as sub-unidades da sua tutela fizeram os orçamentos, mas continua a ser insuficiente o recrutamento de pessoal. Quais os planos que vão ser adoptados?”, questionou.

Com dificuldades no recrutamento de pessoal e sem recursos humanos suficientes para os novos desafios da tutela, o Governo vai rever o estatuto das Forças de Segurança para poder atrair novos trabalhadores que foram realizados os concursos públicos. Vamos perder 184 trabalhadores no próximo ano. Em 2018 vão ingressar 519 pessoas, mas vamos perder 236 trabalhadores. Com base nestes números, vemos que a tensão em relação aos recursos humanos é enorme.”

Muitos dos candidatos acabam por desistir a meio do processo de recrutamento O Secretário disse mesmo que muitos dos candidatos acabam por desistir a meio do processo de recrutamento. “Em cada concurso público, além dos exames, temos de realizar acções de formação, e só isso demora cerca de 18 meses. Só depois é que os novos funcionários podem começar a trabalhar nos serviços. No total demora três anos e esse é um grande desafio. Há outras profissões mais atraentes, e se nos serviços correccionais contratarem 50 por cento do pessoal já é bom, a média anual é de apenas 50,8 por cento. A PJ tem pouco mais de 70 por cento e essa percentagem de sucesso no recrutamento também não é a ideal. Há candidatos que depois não aparecem para as provas porque têm trabalhos melhores no privado”, concluiu.

AS PREVISÕES

Wong Sio Chak levou números para o hemiciclo, relativos às previsões das necessidades de pessoal. “Nos próximos três anos vamos necessitar de mais 1121 trabalhadores. Esta avaliação já foi feita e foi com base nisso

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

TERRORISMO DE OLHOS NOS ATAQUES

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Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, admitiu ontem no hemiciclo que poderá ser criada uma divisão própria para lidar com casos de terrorismo no seio das Forças de Segurança. “Temos de discutir melhor em sede do Conselho Executivo e da própria Assembleia Legislativa. Espero que possam apoiar esta ideia.”

A deputada Angela Leong levou a questão do terrorismo para o debate de ontem, exigindo ao Governo a elaboração de um manual para que a população possa lidar e prevenir ataques de terrorismo. “Se houver um ataque terrorista isso vai afectar gravemente a sociedade e o turismo. Quais os riscos de Macau ser atacado e que medidas devem

ser tomadas em caso de ataques de bomba e por esfaqueamento? Deve haver um manual com as medidas a serem tomadas.” Wong Sio Chak confirmou que esse projecto não deverá ser implementado, pelo menos para já. “Damos toda a atenção a essa matéria, as Forças de Segurança têm de ter um sentido de risco.

Os ataques terroristas parecem muito afastados, mas também estão próximos, por isso é que temos de pensar nesta vertente. Mas se o manual chega às mãos dos residentes e alunos, a minha preocupação é se isto vai causar o pânico. Macau é uma cidade segura e com isto vamos causar instabilidade e pânico. Não quer dizer que

a polícia não trabalhe sobre isso. Temos feito troca de informações e simulacros, que não são divulgados. Temos uma lei do financiamento ao terrorismo e a proposta de lei já está na AL. Se no futuro tivermos de fazer este tipo de manual, podemos estudar a matéria”, concluiu. A.S.S.


6 hoje macau terça-feira 29.11.2016

A comissão eleitoral de Macau vai avaliar a fidelidade dos candidatos a deputados através da análise de “opiniões” manifestadas, em particular, no que toca à soberania da China, e propor que renunciem a essas convicções, revelou ontem o Governo

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E alguém teve opiniões pró-independência anteriores, a comissão vai avaliar e perguntar se [o candidato] tem vontade de renunciar a essas ideias”, disse ontem a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, frisando que a comissão eleitoral só se vai debruçar sobre opiniões PUB

A comissão é que sabe Sónia Chan receia surpresas pró-independência

expressas após a entrada em vigor da revisão da lei eleitoral da Assembleia Legislativa. Na semana passada, foi anunciado um aditamento à revisão da lei, actualmente em análise na Assembleia Legislativa (AL), sendo introduzida a obrigatoriedade de uma declaração de fidelidade à Região Administrativa de Macau e à Lei Básica por parte dos candidatos a deputados. O aditamento surgiu na sequência da interpretação que o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) fez recentemente sobre Hong Kong e que impediu dois deputados independentistas de assumir o cargo. A sinceridade dessa declaração será avaliada pela Comissão dos Assuntos Eleitorais. “A comissão vai avaliar estas situações, vai haver um mecanismo para rever a situação, para ver se o candidato quer manter a posição ou não. Se o candidato disser ‘A partir deste momento quero renunciar’, penso que a comissão vai aceitar”, afirmou Sónia Chan, após uma reunião

com a comissão da AL que está a analisar o diploma. Quem se encontre nesta posição terá possibilidade de recorrer de uma eventual decisão da comissão, disse a governante. Questionada sobre se a defesa da independência de Macau é o único tema que pode pôr em causa da fidelidade de um candidato a deputado, a secretária respondeu que, ainda que “o principal, o mais importante, seja a soberania do país [China]”, está a em causa o apoio a qualquer ideia que contrarie a lei fundamental de Macau, “todo o texto da Lei Básica”. Sónia Chan admitiu que não se conhece qualquer “situação” de apologia da independência de Macau, mas lembrou que “há situações inesperadas”, dando como exemplo o caso de “um deputado que se quis candidatar a uma assembleia de outro país”, referindo-se a José Pereira Coutinho, que em 2015 se candidatou a um assento na Assembleia da República portuguesa.

GCS

POLÍTICA

“Vamos observar a situação de Hong Kong. Houve uma orientação nítida da APN. Penso que se [os candidatos em Macau] fizerem uma declaração sincera, não há problema”, sublinhou, indicando que este aditamento à lei não foi exigido pelo Governo Central.

SEM PROBLEMA

O presidente da comissão da AL que analisa a revisão da lei eleito-

ral, Chan Chak Mo, afirmou que a questão de declaração de fidelidade não é vista como problemática pelos deputados: “A nossa situação é diferente da de Hong Kong. Não há qualquer problema com o juramento, por isso, não vamos discutir mais”. O deputado informou ainda que a comissão pretender terminar o seu parecer sobre o diploma no próximo dia 9, podendo depois seguir para votação final no hemiciclo. A 12 de Outubro, os deputados independentistas de Hong Kong Baggio Leung e Yau Wai-ching, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, prestaram juramento, mas pronunciaram a palavra China de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Os juramentos foram considerados inválidos e, já este mês, o Comité Permanente da APN considerou que os dois deputados pró-independência não podiam repetir o juramento do cargo e tomar posse.


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Multas há muitas

SOCIEDADE

GOOGLE STREET VIEW

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Estacionamento ilegal aumentou 26 por cento

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S casos de viaturas mal estacionadas dispararam nos primeiros dez meses deste ano. De acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP), houve mais 26 por cento de ocorrências deste género em comparação com os mesmos meses de 2015. Já em relação ao número de condutores apanhados ao volante a falar ao telemóvel, registou-se uma diminuição de 18 por cento. Os dados foram apresentados ontem pela PSP durante o programa de antena aberta do canal chinês da Rádio Macau. O comandante da corporação, Leong Man Cheong, explicou que os agentes detectaram, em média, 2600 casos por dia de carros e motas mal estacionados. Ao todo, entre Janeiro e Outubro, foram passadas 790 mil multas. Leong Man Cheong frisou que, apesar da reduzida dimensão do território, a densidade populacional é muito elevada e há 250 mil viaturas em circulação. Quanto à utilização do telemóvel durante a condução, foram multadas 2500 pessoas. No programa de rádio foram deixados ainda números sobre a passagem nas fronteiras. A PSP contou 130 mil milhões de entradas e saídas em 10 meses, o que faz uma média diária de 440 mil pessoas. O número é sinónimo de um aumento anual de dois por cento. Os responsáveis presentes na antena aberta salientaram que as autoridades policiais têm estudado a viabilidade dos novos métodos utilizados nos postos fronteiriços. Este ano, o sistema de passagem automática foi alargado aos trabalhadores não residentes e a titulares do salvo-conduto electrónico. Os números mais recentes apontam para a utilização deste sistema por 1,6 milhões de não residentes. Neste momento, 55 por cento das pessoas usa o sistema de passagem automática.

POLÍCIA ATENTA

Um dos ouvintes da emissora queixou-se do que entende ser uma insuficiente patrulha da polícia nas zonas residenciais. O comandante da PSPdiscordou da crítica: diz Leong Man Cheong que os cidadãos muitas vezes não dão pela presença da polícia porque os agentes estão à paisana. Para provar que o policiamento dos bairros está a surtir efeitos, o comandante recordou que, entre Janeiro e Setembro, registaram-se menos crimes contra o património, com os casos de assalto a diminuírem 16,5 por cento.

TÚNEL DA COLINA DA TAIPA GRANDE NÃO VAI SER CONSTRUÍDO PARA JÁ

A espera da nova ponte `

As Obras Públicas não vão avançar com a construção de um túnel de ligação ao Pac On enquanto não houver um plano final para a quarta ligação entre Macau e a Taipa. Mas garantem que estão atentas aos problemas do trânsito: até já há um estudo

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S preocupações de Chan Meng Kam foram manifestadas no início de Setembro; a resposta ao deputado chegou agora. A Direcção dos Serviços para os Transportes e Obras Públicas não vai avançar tão cedo para a construção de um túnel na Colina da Taipa Grande. A obra tinha sido anunciada pelo Governo em 2009: a ideia seria desviar os veículos da Ponte da Amizade para o Cotai. A construção do túnel iria permitir uma ligação directa entre a península e a zona onde estão os principais casinos do território, evitando que passassem pela área onde está o Aeroporto Internacional de Macau e o Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, que entra em funcionamento em Fevereiro próximo, caso os planos do Governo se concretizem. Foi precisamente na sequência do anúncio da conclusão do terminal que Chan Meng Kam voltou a defender a urgência da construção do túnel. Mas as Obras Públicas entendem que não é este o momento adequado para avançar com a empreitada: “Deve estar coordenada com o plano de

reorganização da rotunda do Pac On e com a planta final da quarta ligação entre Macau e a Taipa, para que se possa fazer uma análise detalhada”, lê-se na resposta ao deputado. As Obras Públicas admitem que não existe, neste momento, qualquer calendário para a obra anunciada há já sete anos, limitando-se a indicar que vai ser necessário ajustar “a proposta de design e o plano de construção”.

O QUE É O TRÂNSITO?

Na interpelação enviada ao Executivo, Chan Meng Kam alertava ainda para os “congestionamentos frequentes do trânsito na rotunda do Pac On”, que “funciona como um gargalo, porque as vias são muito estreitas”.

As Obras Públicas admitem que não existe, neste momento, qualquer calendário para a obra anunciada há já sete anos

Uma vez que a Administração tinha já afirmado que a rotunda em questão vai ser reformulada em articulação com a entrada em funcionamento do novo terminal marítimo, o deputado quis saber dos detalhes desta reorganização, perguntando também se vai ser possível dar resposta às necessidades em termos de trânsito, que serão cada vez maiores. As Obras Públicas reconhecem que “o Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa vai causar pressão”. No entanto, e apesar de estar para breve a inauguração da nova estrutura, ainda não se conhecem os detalhes da reorganização da rotunda. A direcção de serviços limita-se a explicar que já contratou uma empresa de consultadoria para estudar o plano de tráfego na zona em questão, explicando que já no passado seguiram indicações dadas por estudos do género, propostas que resultaram no alargamento da rotunda do Pac On. Na resposta a Chan Meng Kam, fica no entanto a garantia de que está reservado espaço e vão ser garantidas condições para a construção de um viaduto no local e para o Túnel da Colina da Taipa Grande. A.K./I.C.


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Aviso O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, doravante designado por IACM, publica, nos termos da alínea 2) do n.° 3 do artigo 11.° e do n.° 3 do artigo 13.° da Lei n.° 4/2016 “Lei de Protecção dos Animais”, o seguinte: De acordo com o n.° 3 do artigo 11.° da referida Lei, o dono, ao passear seu cão em espaços públicos ou em partes comuns de condomínios, deve conduzi-lo, munido da marca de identificação definida na licença, por uma trela ou transportá-lo em gaiola ou em outro meio adequado para o seu transporte. Além do mais, o cão que seja considerado perigoso pelo IACM, deve ser acompanhado por adulto, usar açaime ou coleira de cone e estar, ainda, sujeito aos meios de protecção adequados indicados pelo IACM na respectiva licença. Considerando que, por Despacho do Chefe do Executivo n.º 335/2016, de 11 de Outubro, é proibida a aquisição, criação, reprodução ou importação de certas raças de cães, o IACM declara que são considerados perigosos os cães a seguir discriminados: (1) Mastiff tibetano; (2) Cão de fila brasileiro e os seus híbridos; (3) Dogue argentino e os seus híbridos; (4) Pit bull terrier e os seus híbridos; (5) Tosa inu e os seus híbridos; (6) Cão que possua cadastro por lesões causadas a pessoas ou a animais, anotado na respectiva licença. Mais, o IACM define, nos termos do n.° 3 do artigo 13.° da Lei n.° 4/2016, as seguintes regras especiais para a criação dos animais proibidos pelo Despacho do Chefe do Executivo supracitado: O dono, ao passear qualquer cão das raças enunciadas no n.° 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 335/2016, e que reúna os requisitos de criação estipulados no n.° 2 do mesmo Despacho, em espaços públicos ou em partes comuns de condomínios, além de cumprir as disposições da alínea 2) do n.° 3 do artigo 11.° da Lei n.° 4/2016, deve, ainda, conduzi-lo por uma trela de comprimento não superior a 1,5 metros. O presente aviso entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação. Aos 28 de Novembro de 2016.

O Presidente do Conselho de Administração José Tavares

WWW. IACM.GOV.MO


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TRABALHO MÃO-DE-OBRA IMPORTADA VOLTA A CAIR

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O sector dos hotéis, restaurantes e similares absorve a maior fatia de mão-de-obra importada (49.446), seguido do da construção (36.810). É precisamente nesta área que está a haver a maior diminuição de trabalhadores não residentes: eram 36.810 no final de Outubro, quando em Setembro eram 39.347 e em Outubro de 2015 eram 45.472. No espaço de um ano, foram inaugurados três resorts com ca-

sinos (Studio City, Wynn Palace e Parisian) que tinham estado em construção. A mão-de-obra importada equivalia a 46,1 por cento da população empregada de Macau estimada no final de Junho. O universo de trabalhadores não residentes galgou os 100 mil pela primeira vez em 2008. O pico foi atingido em Junho último, com 182.459 trabalhadores contratados ao exterior.

SOCIEDADE

OUTUBRO PORTA DE SAÍDA ABERTA PARA 38 ILEGAIS

mão-de-obra importada voltou a diminuir em Outubro, pela segunda vez consecutiva desde 2010, na comparação homóloga com o ano anterior, de acordo com dados ontem divulgados. Segundo as informações da Polícia de Segurança Pública, disponíveis no portal dos Serviços para os Assuntos Laborais, os trabalhadores não residentes (TNR) de Macau eram 178.215 no final do mês passado, menos 3920 do que mesmo mês de 2015.

Em Setembro, o número de TNR havia já caído 474 em comparação com o período homólogo de 2015 – tinha sido a primeira diminuição, em termos anuais homólogos, desde Novembro de 2010. Ainda em relação a Setembro, no final de Outubro os TNR eram menos 2062. A China continua a ser a principal fonte de mão-de-obra importada de Macau, com 114.223 trabalhadores, seguida das Filipinas (26.177) e do Vietname (14.803).

Decorrem hoje as eleições para a Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau mas, até ontem, a Lista B não tinha tido acesso ao caderno eleitoral e à base de dados dos associados. A direcção da escola também foi contactada para ceder alguns documentos

EPM LISTA B NÃO TEVE ACESSO A DADOS SOBRE ASSOCIADOS DA APEP

A Polícia de Segurança Pública de Macau, em operações da corporação ou em conjunto com outros serviços do Governo, descobriu 38 trabalhadores ilegais durante o mês de Outubro. Ao todo, foram levadas a cabo 293 acções de fiscalização. As operações incluíram visitas a obras de construção civil, a residências, e a estabelecimentos comerciais e industriais.

Silêncio pré-eleitoral

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ÃO hoje a votos duas listas para a liderança da Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEP) mas, até ontem, a Lista B, liderada por Manuel Gouveia, não tinha ainda recebido os dados dos cadernos eleitorais e dos associados, na posse de alguns membros da Lista A. “Constitui uma grave ofensa ao princípio da boa-fé e da igualdade. A Lista A, por via de alguns elementos dos diversos órgãos sociais ainda em funções, tem acesso ao caderno eleitoral e à base de dados dos associados para os contactar directamente. A minha candidatura está afectada, sem dúvida! Vamos ver o resultado”, disse ao HM Manuel Gouveia. O candidato pela Lista B já havia enviado na semana passada um email a pedir essas informa-

ções, exigindo uma resposta até à passada sexta-feira, 25 de Novembro, mas até ao fecho desta edição ainda não tinham sido enviadas as informações a Manuel Gouveia. O HM tentou por diversas vezes chegar à fala com Valéria Koob, candidata presidente da direcção da Lista A, para que pudesse explicar a ausência de informações cedidas à Lista B mas, até ao fecho desta edição, não foi possível estabelecer contacto.

CARTA À DIRECÇÃO

Manuel Gouveia tem vindo a exigir publicamente uma audito-

ria externa às contas e custos da EPM, bem como da Fundação EPM, tendo essas declarações gerado uma reacção por parte da direcção da escola, que confirmou, em comunicado, que os dirigentes da fundação nada recebem por aquele trabalho. Ainda assim, o líder da Lista B enviou uma carta à direcção da escola a exigir uma série de documentos e informações. No documento, ao qual o HM teve acesso, lê-se que o candidato pretende saber, entre outras informações, “o montante anual de

“Constitui uma grave ofensa ao princípio da boa-fé e da igualdade. A minha candidatura está afectada.” MANUEL GOUVEIA CANDIDATO DA LISTA B

investimento em equipamento didáctico ou pedagógico, nos laboratórios de ciências e salas de estudo”, desde o ano lectivo de 2013/2014. Manuel Gouveia deseja ainda saber dados sobre o acompanhamento que é dado aos alunos com necessidades educativas especiais, cópias dos estatutos de pessoal e manuais de procedimentos. O líder da Lista B pretende também obter dados sobre quantas horas são distribuídas aos professores afectos ao núcleo de apoio e assessoria da direcção, e “quantas horas de trabalho efectivo prestam nessa função”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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IPM LANÇADO PRIMEIRO CONCURSO IN

EVENTOS

Crescimento inesperado Debate propõe reflexão sobre o rumo da imprensa portuguesa

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estado actual e o futuro da imprensa portuguesa em Macau são o foco do debate agendado para a próxima sexta-feira no Clube Militar. A iniciativa integra a comemoração dos 25 anos do jornal Ponto Final e este é o primeiro grande tema que a publicação se propõe debater. Apesar de ter como conteúdo principal a imprensa, dada a sua pertinência social, a iniciativa é dirigida a todos. “É um momento não só para o encontro de jornalistas, como também da comunidade civil, até porque a questão da liberdade de imprensa é uma questão que acaba por ser transversal àquilo que é o segundo sistema de Macau”, explica Marco Carvalho, director do Ponto Final, ao HM. A data escolhida não foi ao acaso e teve como fim poder integrar a presença de João Figueira. O professor

da Universidade de Coimbra é também o autor da obra que “passa em revista os últimos 15 anos da imprensa portuguesa na região”. Da análise que fez, João Figueira conclui que, ao contrário do que teria sido de esperar, o jornalismo português em Macau está cada vez mais dinâmico. Marco Carvalho recorda que a imprensa em língua portuguesa de Macau tinha sido “praticamente condenada à morte” ainda em 1999,

num artigo publicado pelo jornal Público. “No entanto, 17 anos depois, o que vemos é o contrário”, refere. “Não só mostra uma dinâmica própria e que era difícil de prever, mas também tem vindo a multiplicar-se.” O director do jornal ilustra a situação actual que, para além dos três diários, apareceram recentemente novas publicações, como é o caso do semanário Plataforma Macau e de uma série de projectos que, apesar de não serem em

língua portuguesa, são feitos por jornalistas portugueses. “Possivelmente, nunca como neste momento, quase 17 anos depois da transferência de administração, se abordou tanto e de uma forma tão científica o estado da imprensa de língua portuguesa em Macau”, sublinha, enquanto faz referência aos apontamentos dispersos acerca do assunto que existiam no passado. O terceiro elemento do debate é José Carlos Matias, representante da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau e que está a organizar um inquérito local acerca da liberdade de imprensa. “É um tema que está na ordem do dia e que começa a ter alguma pertinência tendo em conta a evolução em termos políticos que sucede em Hong Kong e mesmo em Macau”, defende Marco Carvalho. Em suma, “é para saber o rumo da imprensa portuguesa que o Ponto Final organiza este debate”. S.M.

CURTAS MIGRAÇÕES PELO OLHAR DOS ALUNOS DA UM

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tema “As Migrações” dinamizou os alunos da Universidade de Macau (UM) e deu origem a 20 filmes que vão participar na terceira edição do concurso de curtas-metragens. A iniciativa é do Programa Académico da União Europeia para Macau, em colaboração com o departamento de Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais da UM. “Os alunos da disciplina de produção de vídeo são convidados a fazerem curtas-metragens de cinco minutos acerca de um tema seleccionado”, explica ao HM Rui Flores, elemento da organização e do júri do concurso. No ano passado, o tema foi “O Desenvolvimento”, em que a escolha teve por base “o alinhamento com o ano europeu do desenvolvimento”. A edição de 2016 teve em conta a situação actual da Europa

e do que se passa um pouco por todo o mundo. “Achámos que seria interessante sugerir aos alunos que falassem sobre migrações também sob a perspectiva de Macau”, explica o organizador. Para Rui Flores, o tema é actual e encaixa no próprio contexto da região. “É um território que ao longo dos anos tem sido construído com migrantes e a sua presença é extremamente importante para o seu próprio desenvolvimento.” As razões do sucesso do número de filmes recebidos podem ter que ver, segundo o organizador, com a visibilidade que os alunos sentem que os trabalhos têm com a sua participação. Por outro lado, o tema em si poderá ter contribuído para a grande participação até porque “mesmo a grande parte dos nossos alunos chineses têm pais que não são

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA ÁLVARO CUNHAL •José Pacheco Pereira UMA BIOGRAFIA POLÍTICA VOL 2 Este livro descreve a actividade política de Cunhal – essa sempre foi, e é, a intenção original do autor. Muita dessa actividade só se compreende no quadro da história do PCP e da oposição à ditadura, que não está feita de todo e, em alguns casos, está feita ao contrário, para esconder o que aconteceu e não para o revelar. No essencial, o PCP dos anos quarenta é Cunhal, como o vai voltar a ser nos anos sessenta. Por isso, escrever a biografia política de Cunhal é também fazer a história do PCP, nela valorizando o desvio que a personalidade de outros homens trazem ao cânone de Cunhal.

de Macau, pelo que é uma temática que acaba por lhes dizer muito”. “Segundo sei, a técnica que foi mais usada foi a do documentário em que os alunos recorreram a familiares e amigos que são migrantes em Macau”, refere. As películas vão ser exibidas na quinta-feira pelas 19h e o prémio para o vencedor será de cinco mil patacas, com a oportunidade de ver o filme exibido na extensão de Macau do conhecido festival Doclisboa. O júri é constituído por Timothy Simpson, director adjunto da Faculdade de Ciências Sociais da UM, Patrícia Ribeiro, do Instituto Português do Oriente, João Francisco Pinto, da TDM e Rui Flores, gestor executivo do Programa Académico da União Europeia para Macau. S.M.

MACAU DAS ´ LINGUA O primeiro concurso mundial de tradução de portuguêschinês vai acontecer pela mão do Instituto Politécnico de Macau. A ideia é motivar alunos de todo o mundo para a aprendizagem do par linguístico e chamar a atenção para a importância de Macau como plataforma bilingue

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

MARCELO REBELO DE SOUSA • Vítor Matos Marcelo viajou pelo país salazarista com o pai Baltazar, subsecretário de Estado, governador-geral de Moçambique e futuro ministro. Esteve na fundação do Expresso com Francisco Pinto Balsemão. Foi um dos primeiros militantes do PPD. Hoje tem o número três no cartão do partido. Mas esta obra original traz-nos também a visão do homem profundamente católico, divertido e excêntrico, que alimenta a pequena intriga e a grande conspiração, sobre o qual se construíram algumas lendas, algumas delas verdadeiras como a que dorme o mínimo, faz directas a corrigir exames, dita dois textos em simultâneo, ou que escreve com as duas mãos ao mesmo tempo... A sua mãe, Maria das Neves, com quem tinha uma relação profunda, criou-o para altos desígnios. Em Janeiro de 2016 há eleições presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa, um racionalista puro, calculista e com aversão ao risco espera um sinal da Providência divina para se decidir a avançar…


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NTERNACIONAL DE TRADUÇÃO

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Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai promover o primeiro concurso mundial de tradução português-chinês. A iniciativa, que conta com o apoio do Gabinete para o Ensino Superior de Macau (GAES), pretende usar o território enquanto plataforma para preconizar uma das características de Macau – a coexistência e entendimento entre duas línguas. “O tema da tradução é uma constante desde a chegada dos portugueses ao território e actualmente assume especial importância não só no que respeita à Administração e à área jurídica, como também para um melhor entendimento do quotidiano da cidade”, explicou ontem Lei Heong Iok, presidente do IPM, na conferência de imprensa de apresentação do concurso. Já para Sou Chio Fai, coordenador do GAES, a iniciativa tem como principal função a atracção de estudantes interessados no par linguístico em causa e chamar a atenção para o território. O dirigente alerta ainda para a constante necessidade de tradutores, sendo que “é preciso formar mais quadros bilingues não só

na área da tradução, mas com experiência em algum tipo e especialização. Por exemplo, pessoas com experiência na área empresarial, financeira, em engenharia ou em arquitectura”, referiu ao HM, à margem da conferência.

SÃO TODOS BEM-VINDOS

O concurso é dirigido às instituições de todo o mundo que façam parte da Associação SOFIA MOTA

AS

PUB

“O tema da tradução é uma constante desde a chegada dos portugueses ao território.” LEI HEONG IOK PRESIDENTE DO IPM

de Megadados Linguísticos (LBDA, na sigla inglesa), às instituições de ensino superior de Macau e de Portugal, e àquelas que integrem cursos de tradução ou de áreas afins. A distinção dos vencedores tem uma recompensa que se espera apetecível. O primeiro prémio leva para casa 100 mil patacas, o segundo 80 mil e o terceiro 50 mil. Foi ainda criado um prémio especial para as equipas das instituições de Macau em que o primeiro classificado tem direito a 50 mil patacas e o segundo a metade do valor. Para participar, os alunos interessados deverão constituir uma equipa que poderá ter dois ou três estudantes e devem ter um orientador da sua escola. O professor que irá orientar os trabalhos premiados tem também direito a um prémio. As inscrições podem ser feitas até 31 de Janeiro no site do IPM, sendo que vão ser dados três meses para a concretização dos trabalhos de tradução. Os vencedores são conhecidos no próximo mês de Agosto. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

EVENTOS


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MILHÕES DESPERDIÇADOS EM CENTRAIS A CARVÃO “INÚTEIS”

Denúncias ecologistas Serão cerca de 460 mil milhões de euros gastos em centrais desnecessárias. A acusação parte da Carbon Tracker Initiative, uma ONG britânica que examina as implicações financeiras das alterações climáticas

A

China, primeiro emissor mundial de gases com efeitos de estufa, prevê gastar milhões de euros em centrais eléctricas a carvão de que não precisa, denunciou ontem uma associação ecologista. O gigante asiático poderá gastar 460 mil milhões de euros nem centrais a carvão que vão continuar inutilizadas, estima um relatório da Carbon Tracker Initiative, uma organização que analisa as consequências financeiras das alterações climáticas. Em Julho, as capacidades das centrais de carvão na China totalizavam 895

A construção de centrais a carvão continua a ritmo acelerado, a uma média de duas novas instalações por semana este ano gigawatts (GW), mas essas 2.689 ‘fábricas’ “são apenas utilizadas durante metade do tempo”, advertiu o relatório. No entanto, a construção de centrais a carvão continua a ritmo acelerado, a uma média de duas novas instalações por semana este ano.

As centrais já em construção acrescentariam 205 GW ao parque existente e os projectos adicionais outros 405 GW suplementares.

SEM JUSTIFICAÇÃO

Para a ONG de Londres, trata-se de “uma má aloPUB

MONTEPIO GERAL DE MACAU ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA Nos termos do Artº 34º, nº 1 , al. b) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua Sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 15 de Dezembro de 2016, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos: 1º - Discussão e aprovação do Orçamento do Montepio Geral de Macau para 2017; e 2º Outros assuntos de interesse da Associação. No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará nos termos do seu nº 2 no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados. Montepio Geral de Macau, aos 22 de Novembro de 2016. A Presidente da Assembleia Geral, Rita Botelhos dos Santos

cação de capital, de uma magnitude nunca antes vista”. Um anterior relatório da Greenpeace referia a existência em Julho de 300 GW de capacidades excedentárias nas centrais a carvão. “Para que estas capacidades adicionais fossem justificadas, até 2020, era preciso que a produção de energia aumentasse pelo menos 4% ao ano e que as centrais funcionassem a 45% das suas capacidades”, disse a Carbon Tracker Initiative. Ora, a trajectória da segunda economia mundial sugere o inverso: o seu consumo energético não aumenta mais do que 3% ao ano, contra os 10% registados há alguns anos. O carvão, de que a China é o primeiro consumidor mundial, continua a ser um carburante indispensável da sua economia, fornecendo 60% da sua electricidade. O consumo do país duplicou no período 20042014, superando as quatro mil milhões de toneladas por ano.

PEQUIM DESEJA QUE CUBA “PROSSIGA COM AS ASPIRAÇÕES DE FIDEL”

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China disse ontem desejar que o Governo e o povo de Cuba “prossigam com a vontade e as aspirações de Fidel Castro” e alcancem novos feitos, numa reacção à morte do histórico líder cubano. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang revelou que Pequim está a preparar uma representação oficial para participar nas cerimónias fúnebres, que se realizam no próximo domingo. Fidel Castro morreu na noite de sexta-feira, aos 90 anos. Geng recordou que tanto o presidente chinês, Xi Jinping, como o primeiro-ministro, Li Keqiang, enviaram as suas condolências ao Governo cubano. Na zona exterior da embaixada de Cuba em Pequim foram ontem deixados ramos de flores e mensagens de condolências, enquanto imagens de

Fidel e do seu irmão, Raúl Castro, foram penduradas nos muros das instalações. Apesar da afinidade ideológica entre ambos os regimes, as relações bilaterais atravessaram um período de tensão entre os anos 1960 e 1980, devido à proximidade de Havana a Moscovo, com quem Pequim manteve uma forte rivalidade. Cuba foi, no entanto, o primeiro país da América Latina a estabelecer relações diplomática com a China, que é actualmente o principal credor e segundo maior parceiro comercial do país.

PRIMEIRA DIRECTIVA PARA PROTECÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA

O Governo da China emitiu a primeira directiva estatal para a protecção dos direitos de propriedade no país, com o objectivo de “aumentar a confiança da sociedade e promover a justiça social”, anunciou ontem a agência oficial Xinhua. A directiva, publicada no domingo pelo Comité Central do Partido Comunista da China e pelo Conselho de Estado (Executivo), estabelece novas normas para proteger melhor a propriedade privada, já que reconhece a existência de alguns problemas nesse sentido. Entre eles cita uma “débil protecção dos direitos de propriedade intelectual”, num país conhecido pelas cópias e falsificações de produtos de marcas internacionais, assim como “a violação da propriedade pública por parte do poder”. A directiva pede sanções para responsáveis governamentais que violem os direitos de propriedade, a melhoria das regulações sobre as expropriações, compensações “justas e adequadas” nos casos de requisição de bens privados, e evitar um excessivo uso dos “interesses públicos” como desculpa.

ESTÚDIO DE CINEMA VAI CUSTAR DOIS MIL MILHÕES DE DÓLARES

O Governo da China anunciou planos para construir um estúdio de cinema avaliado em mais de dois mil milhões de dólares, no que é descrito como o mais recente exemplo chinês para impulsionar e expandir a sua influência cultural. A imprensa estatal informou que o estúdio, no município de Chongqing, vai incluir um parque temático e infra-estruturas turísticas. A construção vai começar no início do próximo ano e tem um custo estimado de 15 mil milhões de yuan. Responsáveis disseram que já há acordos operacionais com vários parceiros estrangeiros. O parque vai adoptar o nome de um dos programas com a assinatura do Presidente chinês, Xi Jinping: “Uma faixa, uma rota”. A China já é o segundo maior mercado da produção de filmes e o país com o maior operador de salas de cinemas. Mas os responsáveis chineses e as empresas estabeleceram como prioridade reduzir as importações de filmes ocidentais, tornando mais competitivos os filmes produzidos no país.


máquina lírica

Paulo José Miranda

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ERA Oculta, de Vasco Gato, editado pela Douda Correria em 2014, é um livro peculiar por várias razões, mas duas delas saltam de imediato à vista: livro pequeníssimo, de 13 páginas escritas, divididas em cinco poemas, e dedicado ao filho que estava para nascer. O nascimento de um filho, embora não salve o mundo, nem produza nenhuma ruptura ontológica, desata nos pais uma vontade de que as coisas sejam diferentes do que têm sido. Não uma diferença na vida pessoal, embora aqui e ali também a vida pessoal pudesse estar mais afinada – “(...) Gostaria no entanto de te receber / num outro lugar / não neste boi tombado / que dá pelo nome de vinte e um / peso morto arrastado pelos cornos / apenas para que não o devassem / as moscas / (...)” –, mas uma diferença universal, ou, para não sermos tão absolutistas, uma diferença nacional – “Perdoa a falta de graça / o tom melancólico a guerra / mas é que vivo numa época / que como muitas antes dela / repetiu os subsídios ao nojo / bateu o sangue em castelo / (...)” – isto é, a consciência do mal do mundo não aumenta, mas agudiza-se. Agudiza-se através daquele ser prestes a nascer, como se fosse uma parte do poeta (e da sua mulher) onde o mundo se faz sentir mais, onde o mundo mais dói ou passa a doer mais. É sabido, um filho é o calcanhar de Aquiles dos pais em relação ao mundo. E, do centro desta vulnerabilidade, desta dor, Vasco Gato escreve meia dúzia de poemas onde mais do que a vontade de mudar o mundo, ou de que o mundo seja diferente, como por exemplo no poema de Jorge de Sena “Carta A Meus Filhos Sobre Os Fuzilamentos De Goya”, se desenha o absurdo do mundo, a geografia do absurdo do mundo. Logo no primeiro poema: “(...) Sei que haverás de te deslocar timidamente por estas ruas e prédios que bocejam dos nomes que lhes deram e que contigo terão uma razão mais forte para conspirarem na longa malha inanimada em que se decidem os bichos a que chamamos homens e que tão pobremente os têm habitado – garanto-te – à excepção de uma ou outra carne mais obstinada em escapar à bala comum Para tudo isto terás tempo ainda que rapidamente te dês conta de que tudo é já tão tarde eu próprio lamento o tempo que esperei (...)” Apesar do cenário não ser brilhante, apesar de trazer o filho a estas ruas não muito famosas de amor, de todos os amores que as palavras inventaram e aos quais também escondem, apesar de saber que inventa um filho para “o fruto magro que hás-de roer noite dentro / nalgum bairro de pormenor / quando o escasso amor que te deram / for o alimento oportuno / de um amor mais desenvolto”, ainda assim o poeta reconhece que não perdeu tempo em dar ao mundo esta sua invenção, uma invenção conjunta com a mãe do filho, tal como singularmente está inscrito no início do livro: “Com a Inês / para o Rodrigo”. Há assim neste pequeno livro duas defesas: a da paternidade e a da linguagem. A defesa da paternidade não implica necessariamente a obrigação da paternidade, mas a de alguém que reconhece, pessoalmente e não universalmente, à laia de teoria, ser melhor ser pai do que não ser, como podemos ler no verso citado anteriormente “(...) eu próprio lamento o tempo que esperei (...)” ou “(...) a mulher que transpôs comigo / o limiar do cinismo (...)”. Assim, a paternidade não produz uma ruptura ontológica, mas pode produzir uma ruptura ética, como a que se descreve neste livro: a transposição do limiar do cinismo. E é nesta corda

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Fera Oculta DE VASCO GATO

ainda assim não deixaria de recebê-lo, se fosse seu filho. Esta estranha ligação que alguns de nós, humanos, temos com o desconhecido, quer seja o poema quer seja o nascimento de um homem, fica bem expresso na metáfora certeira que Vasco Gato usa para dizê-lo: nadar. “(...) Ouço-te nadar sempre nestes meus dias / de náufrago (...)”. Nadar não é existir, nada-se, enquanto se espera por vir à existência. Nada-se enquanto não se alcança esta terra perdida, indecifrável, que é o mundo, a vida, a existência, o estarmos aqui de mãos fechadas uns para os outros, desconfiados que a comida não chegue, desconfiados que o amor não chegue, desconfiados que a vida não chegue. Por isso, este pequeno livro torna-se o tesouro mais bem guardado que alguém pode deixar a quem chega à vida. De desconhecido para desconhecido, de poema para uma existência a vir, de agora para o futuro. Nunca um livro foi uma tão perfeita imagem de um vir à existência, como este de Vasco Gato. Eis o último poema do livro, VI, onde tudo é dito de modo perfeito: Que não te enganem os que compram as horas por atacado para do teu suor extraírem a bandeira de um país que nunca será o da atenção que nunca será o da morada mas sempre e sempre o território homeopático da extinção em que os troféus são joelhos vergados à condição de cera para os soalhos do progresso cujo verdadeiro nome é despovoamento

ética, esticada entre o que agora se passa e o que o poeta espera para o filho, embora não espere nada que não exista agora, apenas que não piore a um ponto irrespirável – “Os momentos em que a claridade / é um capricho dos eléctricos / e os corpos se demoram nas praças / como se de facto houvesse alma / e devêssemos salvá-la / da crueldade e do tédio / são esses os momentos que te desejo / nalguma cidade futura / nalguma encruzilhada de gente (...)” –, é aqui que os poemas se estendem do princípio ao fim. A linguagem, e apesar dos versos do poema V – “(...) / como se fosse possível / ir de verbo / ao segredo de uma boca // Não guardes por isso destes poemas / o que certamente está aquém / das águas que / te trazem / (...)” –, tem uma luz própria: a misteriosa luz que leva o poeta a registar esta passagem em livro. Apesar de um poema como este – “(...) não receies por isso deus nenhum / nem eternidade nenhuma / a tua carne é o único tesouro / (...)” –, onde parece exaltar a transitoriedade, a carne, o poeta não esquece que tudo é mistério, que tudo é inexplicável, que tudo é estar à deriva. “(...) Ninguém sabe ao certo com que esmero será capaz de arrombar a frágil película das horas a pilhar esse instantes de fraternidade com o espanto de existir (...)” Este livro, talvez mais do que qualquer outro livro, faz vir à consciência o problema da escrita em geral e da poesia em particular. A realidade é uma página por escrever num mundo sem escrita. Uma vontade que vem não se sabe de onde. E mesmo que alguém soubesse o que é um poema, ainda assim não deixaria de escrevê-lo, se fosse pela sua mão. E mesmo que alguém soubesse o que é um homem,

Vender-te-ão o conforto a perseverança o brio como se tivéssemos por fito a acumulação de tempo sem o fruirmos boca a boca desesperadamente garantir o futuro dir-te-ão sem repararem na estupidez do repto pois que poder temos nós sobre as válvulas biológicas do nosso prazo para nos arrogarmos a garantir o que quer que seja quanto mais o sumo fruto da inexistência esse futuro-cano-enfiado-na-boca para ser disparado sem falta de manhã e ao deitar Em volta sucedem-se clarões e abismos inóspitos os elementos torcem-se na pesca à linha dos lugares fundamentais há uma convulsão de panoramas para o brevíssimo turismo dos olhos mas o importante é a matemática mesquinha do sangue que furtamos uns aos outros a medalha de carne pútrida com que esperamos aparecer nas fotografias da época Que se foda a época digo-te já que se foda a sépia dos futuros eu quero aparecer no dia do teu nascimento desarmado como uma árvore sem outra missão que não amparar-me o susto e dizer-te baixinho bem-vindo ao continente dos frágeis podes parar de nadar


14 DESPORTO

hoje macau terça-feira 29.11.2016

O

GP Kart CONCORRENTES ESTRANGEIROS RECEBEM SUBSÍDIOS

Macau na máxima força AAMC

território voltará novamente a apostar forte no Grande Prémio Internacional de Kart de Macau. O evento organizado desportivamente pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC), que ressuscitou em 2015, terá novamente como cabeça de cartaz o Campeonato CIK FIA Ásia-Pacífico KZ e será tutelado pela Comissão Internacional de Kart da Federação Internacional de Automobilismo (CIK-FIA). E este ano Macau vai fazer-se representar com os seus três melhores pilotos de karting da actualidade. João Afonso, que o ano passado foi o único representante da RAEM na prova, regressa com a equipa de Hong Kong CKS Kart Racing. O piloto que mais títulos nacionais de Karting possui optou por um conjunto chassis-motor Parolin/TM Racing. Também à partida vai estarAndy Chang Wing Chung, que ainda há quinze dias disputou a Taça do Mundo de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau. Apesar de já ter completado o seu percurso no karting, Chang tem a escola toda da disciplina, tendo sido no passado piloto de fábrica da TonyKart, para além de conhecer muito bem o Kartódromo de Coloane. Chang apostará no conjunto chassis-motor Parolin/ TM Racing, como o jovem português Yohan Sousa. Por fim, e a competir pela equipa Advance Racing de Hong Kong, vai estar o jovem de 15 anos Charles Leong Hon Chio. A maior esperança do automobilismo de Macau e que este ano já subiu ao pódio em corridas de monolugares, está a recuperar ainda de um acidente na última prova do

Infante, em Coloane, e um serviço vaivém gratuito entre o hotel e o kartódromo. O transporte, em Macau, e o desalfandegamento do material e equipamento das equipas no território também será executado a custo zero. A lista provisória de inscritos conta com 28 concorrentes, entre eles Ma Qing Hua, o primeiro e único piloto chinês que participou numa sessão oficial de treinos da Fórmula 1.

PROGRAMA RECHEADO

Campeonato de Karting da China, realizada em Pequim, onde fracturou um braço.

PACOTE ATRACTIVO

A edição de 2015, ganha pelo italiano Lorenzo Camplese (Parolin/TM Racing/Bridgestone – Chassis/Motor/Pneus), ficou ligeiramente aquém no que respeita à qualidade do leque e número de pilotos

internacionais à partida. Na tentativa de atrair mais e melhores participantes, Macau voltou a colocar à disposição dos concorrentes estrangeiros um pacote de incentivos. De acordo com uma comunicação da CIK FIA, a AAMC irá de novo oferecer incentivos aos concorrentes internacionais. Um subsidio de 3,000 dólares norte-

Este ano Macau vai fazer-se representar com os seus três melhores pilotos de karting da actualidade

-americanos, cerca de 24,000 patacas, será entregue a cada concorrente que se inscrever na prova e marcar presença à partida. Este pagamento só será realizado aos participantes em Macau. Para ajudar à deslocação das equipas, por cada concorrente inscrito, serão oferecidos dois quartos duplos por cinco noites no Hotel Pousada Marina

Para além da prova do Campeonato CIK FIA Ásia-Pacífico KZ, o programa da edição de 2016 do Grande Prémio conta ainda com as seguintes provas registadas no calendário internacional: “Taça Macau”, para a categoria KZ, e a “Taça AAMC”, para a categoria Max Sr. Depois da visita à RAEM no primeiro fim-de-semana de Junho, o Campeonato Open Asiático de Karting (AKOC, na sigla inglesa) regressa neste mesmo fim-de-semana e traz a nata do karting do sudeste asiático nas categorias Rotax Max Júnior & Sénior, ROK Sénior, X30, 125 Júnior, 125 Sénior e Veteranos Open. O orçamento da edição deste ano não foi ainda revelado ao público em geral, mas de acordo com dados publicados em Boletim Oficial, o Fundo de Desenvolvimento Desportivo apoiou, através da AAMC, a edição de 2015, em 2,499,084 patacas. A edição de 2016 do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau decorre de 7 a 10 de Dezembro no Kartódromo de Coloane. Sérgio Fonseca

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PIZZI «SINTO-ME FORTE E CONFIANTE»

P

CONVOCAÇÃO ASSEMBLEIA GERAL ELEITORIAL Nos termos da lei e dos estatutos sociais, em virtude de cessação antecipada de mandato da Direcção, convoco a Assembleia Geral Eleitoral do SPORTING CLUBE DE MACAU (SCM) para reunir em sessão extraordinária, no próximo dia 14 de Dezembro, entre as 18:00 e as 20:00, no Átrio do Consulado Geral de Portugal em Macau, na Rua Pedro Nolasco da Silva, para a eleição intercalar da Direcção do SCM. Nos termos estatutários, as candidaturas são apresentadas até ao sétimo dia que precede a data marcada para a eleição e terão de ser propostas por, pelo menos, 10 (dez) sócios com capacidade eleitoral e vir acompanhadas dos termos de aceitação dos candidatos. Macau, 28 de Novembro de 2016 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Frederico Rato

IZZI foi eleito pelos adeptos o homem do jogo com o Moreirense, após uma exibição muito positiva, coroada com dois golos. Ao bisar, o médio soma agora sete golos em todas as provas e é já o melhor marcador do Benfica. «Recebo este prémio como sendo o fruto do meu trabalho e, mais importante, fruto do trabalho dos companheiros», referiu Pizzi, à Benfica TV. «Estou a atravessar um bom momento. Sinto-me bem, forte e confiante. Mas sou apenas mais um a querer ajudar o Benfica», frisou, juntando que o actual momento «é fruto do trabalho conjunto de toda a uma equipa».

Pizzi falou de um «bom jogo contra uma equipa complicada». «O Benfica procurou o resultado desde o primeiro minuto, foi dominador, marcou três golos, não sofreu e fez uma boa exibição», realçou o médio, reconhecendo que as águias quiseram virar a página do jogo com o Besiktas, na Turquia (3-3). Desapontante para quem tinha chegado ao 3-0: «Vínhamos desse jogo e queríamos muito vencer e dar uma grande alegria aos muitos benfiquistas que voltaram a dizer sim à equipa. Foi um bom jogo, com golos e bom futebol. As pessoas ficaram contentes e nós estamos felizes.»


15 hoje macau terça-feira 29.11.2016

TEMPO

C H U VA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO – MACAU E A LUSOFONIA” Arquivo de Macau (Até 4/12)

?

FRACA

MIN

16

MAX

19

HUM

70-95%

EURO

8.45

BAHT

EXPOSIÇÃO “BELIEVE IN ART” IFT Café (Até 5/12) EXPOSIÇÃO “UM AMANHÃ MELHOR” Edifício do Antigo Tribunal (Até 7/12) EXPOSIÇÃO CONJUNTA DE PINTURA DE WANG LAN E GU YUE

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “TRINTA E TRÊS ANOS NA RÁDIO – DO LOCUTOR LEONG SONG FONG Academia Jao Tsung-I (até 02/2017)

PROBLEMA 130

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 129

C I N E M A

SHUT IN SALA 1

SHUT IN [C] Filme de: Farren Blackburn Com: Charlie Heaton, Naomi Watts, Jacob Tremblay 14.15, 18.00, 21.45

YOUR NAME [B] FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Makoto Shinkai 16.00, 19.45

Alison Sudol, Ezra Miller 14.15, 16.45, 19.15, 21.45

1.15

Hoje estou irritado. Irritação de gato que não tem explicação. Atiço-me por nada e por tudo e depois paro, ali em frente à janela, sem saber o que se passa. Vejo a cidade passar enquanto o sol se vai. Ao fundo o lago está tranquilo com uma montagem de luz e uma cor bonita que engana o frio. Em baixo o lufa-lufa natural de carros para aqui e acolá e o frenesim de quem começa a sair do trabalho. Fico ali, sentado, especado. E aos poucos, com o dia a ir embora, a fúria também se vai. Hoje mordi jornalistas da redacção, mordi as mãos que às vezes me afagam e miei a bandeiras despregadas só porque sim. Agora, depois de ver o mundo passar e a saber que amanhã vai estar tudo igual, vejo a chateação a ir embora e sinto-me um imbecil. Amanhã, se acordar com o humor descompensado, penso em aproveitar o dia de Outono com cheiro a Inverno à janela. Afinal, ao olhar para a realidade do mundo, todos os meus problemas são parvos. Pu Yi

O RETRATO DE DORIAN GRAY | OSCAR WILDE

O livro de Oscar Wilde questiona o preço a pagar pela imortalidade. Desejada por muitos, Dorian Gray consegue que o amante e artista transfira a sua finitude e o que com ela vem, para uma pintura. Enquanto o retrato envelhece, o jovem deslumbrado por um mundo hedonista e de luxo, continua intacto. Mais que um romance, uma reflexão. Sofia Mota

SALA 3

SHOW ME YOUR LOVE [B] FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Ryon Lee Com: Nina Paw, Raymond Wong, Ivana Wong, Michelle Wai 14.30, 16.30, 21.30

SALA 2

FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] [3D]

Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler,

Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Ezra Miller 19.00

FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B]

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

Cineteatro

YUAN

HUMORES

Armazém do Boi (Até 4/12)

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA

0.22 AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “URBAN HIKES”

Fundação Rui Cunha (Até 8/12)

(F)UTILIDADES

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


16 OPINIÃO

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“It was 250,000 years before the world’s population reached 1 billion, around 1800. But it took only a dozen years for mankind to add its latest billion, passing 7 billion in October 2011, by the United Nations’ official count. This is megachange: change on a grand scale, happening at remarkable speed. It is all around us. Technology is spreading astonishingly fast – think of the internet, mobile phones and the oceans of information now captured on computers or transmitted via social networks such as Facebook and Twitter. The global economy is tilting towards Asia in front of our eyes. All this is having a deep impact on people’s lives, businesses’ strategies, countries’ politics and the planet’s prospects”. Megachange: The World in 2050 D. Franklin and John Andrews

EDWIN L. MARIN, TALL IN THE SADDLE

O salto quântico (II)

A

excepcional evolução, também, pode ter lugar periodicamente na política. Os terramotos políticos não são tão raros, como ficou demonstrado pela vitória considerada improvável de Donald Trump, em 8 de Novembro de 2016. A média terminou na área da economia, após 2008, devido à grande recessão, e é de acreditar que será difícil criar um crescimento económico robusto e sustentado como defende Tyler Cowen no seu livro “Average Is Over: Powering America Beyond the Age of the Great Stagnation”. O passado não é prólogo do futuro. Ao invés, uma série de factores reduzirão a prosperidade, a menos, que medidas substanciais sejam tomadas para reverter a actual situação. Estendendo essa noção, damos com a teoria desenvolvida por James K. Galbraith no seu livro “The End of Normal: The Great Crisis and the Future of Growth” que ao analisar o desempenho macroeconómico, afirma que as pessoas não devem projectar o crescimento económico da década de 1950 até ao ano 2000 para o futuro. Muitas das situações que deram origem a um forte desenvolvimento desapareceram, e será difícil manter as tendências passadas no futuro próximo. O economista Robert Gordon argumenta no seu livro “The Rise and Fall of American Growth” que estamos a assistir a uma grande mudança nos padrões de crescimento, e que o desenvolvimento dramático, que marcou o período de 1870 a 1970 terminou, não existindo maiores avanços na produtividade do trabalho ou na inovação societária, e com o envelhecimento da população e o aumento da

desigualdade, o nível de vida dos Estados Unidos tende a estagnar ou mesmo a cair, e correr através de cada uma dessas noções, é ideia de que algo de grande está para acontecer no período actual. Os padrões sociais, económicos e políticos já não são estáveis e estão a criar mudanças rápidas e transformadoras. As pessoas necessitam de estar preparadas para um tipo de mudança, maior do que o normalmente imaginado. Até que possamos entender melhor esses movimentos tectónicos, será difícil para os indivíduos e sociedades como um todo, lidar com o seu extraordinário impacto. A nível internacional, existem inúmeros sinais de grandes desenvolvimentos e mudanças de alianças. Durante a maior parte das últimas sete décadas, fortes normas internacionais pareciam garantir a santidade das fronteiras nacionais, pois dada a agressão generalizada sofrida durante a II Guerra Mundial,

com a sequente enorme perda de vidas, as nações modernas, em geral, abstiveram-se de invasões estrangeiras. Os países não querem arriscar conflagrações internacionais e os altos custos humanos que daí resultam. As organizações a nível global fazem grandes esforços para desencorajar os países a não violarem os direitos soberanos de outros países, na esperança de manter a paz e conservar as relações amistosas, em toda a ordem internacional.

No entanto, essa norma antiga e tradicional está a ser quebrada constantemente. Os líderes ocidentais estavam despreparados em 2014, quando a Rússia invadiu e anexou a Crimeia e deslocou-se para a parte oriental da Ucrânia, com o objectivo declarado de proteger os interesses russos. A Crimeia tinha sido cedida à Ucrânia em 1954, pela então União Soviética e tinha-se tornado em uma parte vital daquele país. A península no Mar Negro usava moeda ucra-

“A mudança para a multipolaridade apresenta sinais de um aumento da instabilidade, com várias potências a jogarem para adquirir vantagem, e nenhuma a deter o poder único, não tendo a China, Rússia, Europa ou os Estados Unidos a capacidade de ditar as directrizes da geopolítica e geoeconomia”


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OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

niana e tinha representação no parlamento nacional. Apesar da condenação internacional da anexação, a Rússia, recusou-se a inverter o curso dos acontecimentos. Os líderes ocidentais usaram uma retórica apaixonada contra a anexação, impuseram sanções comerciais e bancárias ao invasor e aumentaram a ajuda à Ucrânia. Ao longo de dois anos, o mundo ainda não descobriu como mudar a realidade factual, e alguns líderes queriam enviar tropas para contrariar o que consideravam uma flagrante agressão russa. A China conjuntamente com o seu rápido crescimento económico, tornou-se muito mais activa nos assuntos regionais e globais, impondo limites às organizações estrangeiras e multinacionais que operam dentro das suas fronteiras, e discutiu a soberania japonesa sobre as Ilhas Senkaku no Mar da China Oriental. Apesar de esses locais terem sido controlados pelo Japão por um longo período

de tempo, a China afirmou os seus direitos territoriais, após a descoberta de reservas de petróleo, afirmando que as suas prerrogativas geográficas são anteriores às do Japão. Os militares chineses enviaram barcos e aviões para a região para proteger as suas reivindicações geográficas, e instalaram mísseis terra - ar em uma ilha disputada. Além disso, a China construiu sete ilhas artificiais em recifes no Mar da China Meridional, e declarou a soberania chinesa sobre os doze milhas ao redor de cada ilha. A expansão das reivindicações territoriais chinesas complicou as operações militares americanas na região, e ameaçou a capacidade de alguns navios comerciais de navegar livremente por essas paragens. Os temores aumentaram quando a China começou a instalar longas pistas de aviação, quartéis militares e mísseis nas Ilhas Paracel. A maioria dos países vizinhos são aliados e parceiros comerciais dos Estados

Unidos, preocuparam-se, acreditando que tais mudanças fossem um sinal das ambições geopolíticas por parte da China, que procurava estender esses direitos territoriais a quase oitenta por cento do Mar da China Meridional. A situação colocou a China em contenda com o Vietname, Malásia e Filipinas que tinham soberania sobre partes dessa via fluvial. As revoltas da Primavera Árabe atraíram praticamente todos os governos e comentadores políticos. A maioria foi surpreendida em 2010, quando protestos de rua irromperam na Tunísia e provocaram manifestações em vários países do Médio Oriente. As queixas contra a incompetência e corrupção dos regimes autoritários, em todo o mundo árabe, eram efectuados por pessoas comuns, milhares das quais foram para nas ruas em um extraordinário conjunto de protestos. Tal como agiram em outros períodos, os governos moveram-se para suprimir

as queixas e prender os manifestantes. Mas os movimentos políticos derrubaram vários líderes autoritários que pareciam entrincheirados no poder, nomeadamente o presidente Hosni Mubarak no Egipto. É de notar que quase nenhum analista político experiente, antecipou a série de revoluções que rapidamente varreram o Norte de África e o Médio Oriente, ou seja, havia governos provisórios na Tunísia, Líbia e Egipto. A Síria e o Iémen caíram em devastadoras guerras civis, enquanto as facções rivais disputavam o poder político e económico, e a Líbia enfrentou um tumulto semelhante, após a queda e execução de Muammar Kadafi. Através destes e de outros exemplos, é de argumentar que muitas das forças sociais, económicas e políticas que foram constrangidas a mudanças internacionais em grande escala tornaram-se fracas. Alianças políticas, económicas e militares antigas quebraram-se e novas estão a surgir, ou em alguns casos, novas alianças não se apresentam tão aparentes. O grande conflito de poder, que parecia inimaginável na era nuclear, voltou como um possível perigo. A ideia de que as nações limitariam as suas reivindicações territoriais deu lugar a um jogo amplo entre as mesmas, testando fronteiras geográficas e violando as normas tradicionais. A ordem mundial pós-1989, dominada pelos Estados Unidos, desenvolveu-se em uma China ascendente, uma Rússia agressiva e actores não estatais violentos, como o Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS), Al Qaeda, Al Shabaab e Boko Haram. Os últimos grupos aplicam leis religiosas estritas nos territórios que controlam, e empregam práticas primitivas, como a violação sistemática, a escravidão sexual e a governança feudal. As limitações ao poder ocidental são aparentes, e a capacidade dos Estados Unidos e da Europa para tomarem medidas eficazes é seriamente circunscrita. O globo, em essência, passou de um mundo bipolar durante a Guerra Fria, para um unipolar após o colapso da União Soviética, quando os Estados Unidos se tornaram o poder dominante, e desde 9 de Setembro de 2001, para um mundo multipolar, reflectindo o surgimento de novos poderes e actores não-estatais. As ordens mundiais bipolares e unipolares geralmente são estáveis, por causa do domínio de um número limitado de poderes, que muitas vezes podem controlar os conflitos locais e regionais. No entanto, a mudança para a multipolaridade apresenta sinais de um aumento da instabilidade, com várias potências a jogarem para adquirir vantagem, e nenhuma a deter o poder único, não tendo a China, Rússia, Europa ou os Estados Unidos a capacidade de ditar as directrizes da geopolítica e geoeconomia.


18 OPINIÃO

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macau visto de hong kong

N

O passado dia 21 o Irish Times publicou um artigo sobre uns desacatos que envolveram Rainer Garner, um dos directores executivos da Daimler, uma marca alemã fabricante de automóveis, e um cidadão chinês. Uma das principais exportações da Daimler para a China são os motores da Mercedes-Benz. Rainer Gartner foi director executivo da sucursal chinesa da Daimler durante mais de um ano. Antes tinha trabalhado em Seul como director executivo da Daimler Trucks Korea, sendo também responsável pela produção do modelo Mercedes-Benz Guard, os carros com placas blindadas da Daimler. No anterior Domingo, dia 20, estava Rainer a tentar arrumar o seu Mercedes numa zona de estacionamento em River Garden, em Pequim, quando um outro condutor local começou a fazer marcha atrás para tentar pôr o carro no mesmo espaço. A discussão começou, cada um reclamando do direito a arrumar o carro no referido local. Durante a discussão este alto quadro da Daimler terá dito, “Estou na China há mais de um ano e a primeira coisa que aprendi é que os chineses são todos uns filhos da mãe.” As pessoas que passavam e que ouviram estas afirmações acercaram-se de Garner e começaram a discutir com ele, e foi aqui que Rainer sacou de um spray de gás pimenta e os atacou. Do ataque resultou um ferido. As pessoas envolvidas no caso, por se terem sentido atacadas física e psicologicamente, divulgaram amplamente o sucedido na internet. A Daimler apressou-se a emitir um comunicado para esclarecer a situação, “Na Daimler, sempre respeitámos os povos e as culturas dos países onde nos instalamos, e o mesmo princípio é válido na China. Trabalham na empresa muitos cidadãos chineses responsáveis e estamos empenhados em colaborar juntos no sentido do progresso da sociedade chinesa.” A empresa adiantou que o incidente estava a ser investigado e que seriam tomadas medidas em conformidade. Acrescentou ainda, “Lamentamos profundamente o que se passou. A empresa não se identifica de forma alguma com as afirmações proferidas durante a discussão .” Sabe-se que as pessoas envolvidas estão a preparar um processo contra Rainer Garner. Não há dúvida que o que foi dito por Garner é inaceitável para qualquer cidadão chinês. Possivelmente noutros locais a expressão “filho da mãe”, não terá uma conotação tão negativa como na China, mas aqui

TONY KAYE, AMERICAN HISTORY X

Xenofobia e outras considerações

DAVID CHAN

é altamente insultuosa. E é claro que quem a ouviu se sentiu atingido e ficou furioso. O artigo a que nos temos vindo a referir não explicava porque é que Garner recorreu ao spray de gás pimenta. Geralmente este gás é utilizado para dispersar multidões. Regra geral não provoca danos físicos, nas em circunstâncias muitos especiais pode ser letal.

Desentendimentos e discussões acontecem constantemente em toda a parte.Se nos desentendemos com alguém é natural que o ataquemos. Mas se o ataque passar a ser dirigido ao grupo étnico a que essa pessoa pertence, o caso já muda de figura

Aqui levantam-se duas questões. Em primeiro lugar somos levados a perguntar porque é que Garner teria o spray de gás pimenta. Segundo a lei de alguns países o gás pimenta pode ser visto como uma arma. Sem licença, o seu uso é proibido . Este será um dos principais motivos que levam o caso à justiça. Em segundo lugar é preciso saber porque terá sido usado. Estavam muitos cidadãos chineses no local, mas Garner estava sozinho. Será que estas pessoas quiseram atacar Garner? Os gritos, a forma rude como falou, podem ter instigado as pessoas. Mas a instigação é um elemento subjectivo e a sua avaliação vai depender em grande parte das declarações de Garner. Se ele afirmar que pressentiu sinais de agressão iminente, não é de admirar que tenha usado o spray para se defender. O caso está a ser investigado e a polícia vai ter de encontrar respostas para estas questões. Só assim se poderá fazer justiça, quer para os cidadãos chineses quer para Garner. Este caso alerta-nos para a noção de “respeito”, um elemento vital no relaciona-

mento entre seres humanos. Independentemente de quem venha a ganhar o processo, Garner não deveria ter insultado os chineses enquanto povo. Desentendimentos e discussões acontecem constantemente em toda a parte. Se nos desentendemos com alguém é natural que o ataquemos. Mas se o ataque passar a ser dirigido ao grupo étnico a que essa pessoa pertence, o caso já muda de figura. Quanto mais pessoas foram chamadas à liça, mais complicada fica a situação. Na sequência destes acontecimentos a Daimler despediu imediatamente Garner. O caso está a ser investigado pela polícia. Será melhor que os ânimos se acalmem, bem como as acusações mutuas. Quanto mais ruído houver pior será para ambas as partes. A melhor forma de resolver o assunto será esquecer e perdoarem-se uns aos outros. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


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OPINIÃO

sexanálise

TÂNIA DOS SANTOS

DAVID ROBERT MITCHELL, IT FOLLOWS

O

S monólogos da vagina tornaram-se numa peça de extrema importância nos anos 90 porque a divulgação da condição vaginal (feminina) era necessária. Necessária na altura, e necessária ainda hoje. Cada vez mais as vulvas e as vaginas são expostas teórica e praticamente para melhor entender o lado lunar, ou o lado feminino. Dos genitais do sexo feminino podemos falar sem parar – há uma série de crónicas que falam daquilo que todos nós já deveríamos saber, mas tínhamos demasiado medo de perguntar. Homens, mulheres e todo o espectro por igual. Como é toda uma zona por vezes escondida por um arbusto negro, mas até mesmo quando totalmente descoberta, o mistério reina a sua caracterização. Qual é o aspecto normal de uma vulva? Qual é o seu cheiro? Porque saem umas coisas esquisitas da vagina? Se formos explorar as profundidades inconscientes que a vagina suscita, facilmente deparamo-nos com uma imagem suja. Daí que haja uma perspectiva hiper-higienizante do órgão sexual feminino. Por isso temos que limpá-lo continuamente com a gama de produtos detergentes existentes. Os duches vaginais que nos tentam ser incutidos são mais problemáticos do que saudáveis. Aliás, os anúncios a pensos higiénicos mostram que são desenhados para manter esta limpeza incolor e livre de cheiros. Isso só mostra um grande desconhecimento em relação ao que se passa ali em baixo. A vagina tem um sofisticado sistema de auto-limpeza e sabe cuidar-se de si própria, mas tem as suas particularidades. Se não soubermos que são normais, nunca seremos capazes de aceitá-las. O mesmo se passa com o aspecto físico da vulva. É tão desconhecida ao ponto de todos saberem desenhar um pénis e ninguém saber desenhar uma vulva. Nunca se viu uma vulva escrevinhada na porta de uma casa de banho pública, por exemplo. Sendo desconhecida, ninguém sabem muito bem ‘o que é normal’ e acreditam que certas especificidades vulvares podem ser atípicas. E assim as labioplastias crescem em popularidade como nunca. As mulheres agora recorrem a cirurgia plástica para aperfeiçoar as suas vulvas ao reduzir o tamanho dos lábios menores e maiores – ainda que ninguém saiba o que é que a normalidade aparenta. Mas se soubéssemos que as diferenças anatómicas são desproblemáticas, talvez esta necessidade exacerbada de controlo

Genitália corpóreo fosse menos acentuada. Como se fosse extremamente simples de lidar com a questão – coisa que nunca é! Se há mulheres a reduzir o tamanho dos seus lábios genitais, há outras a aumentá-lo. Manualmente! Puxam-se os lábios vulvares porque acreditam que é visualmente estimulante e que aumenta o prazer sexual. Uma prática em países da África subsariana. Como não é muito fácil ‘olhar’ para os genitais femininos de uma perspectiva pessoal sem ajuda de um espelho, o auto-conhecimento é dificultado no processo, em combinação com todo o nosso bem conhecido tabu do sexo. Vivemos numa sociedade tão dependente de imagens e da sua estética que não será de admirar que a vulva também seja alvo de alguma expectativa de beleza, mesmo que seja totalmente desconhecida. Não que o pénis não seja alvo de alguma expectativa também, especialmente de tamanho. Mas é que no caso das mulheres, tratam-se de expectativas de uma zona do corpo que já temos dificuldades de aceitar de qualquer forma. Acrescentar-lhe uma exigência que tende a retirar muito das suas características (como a labioplastia), reflecte o quão problemática é a relação entre a vulva e o mundo. Sejamos honestos, os órgãos genitais não são espectacularmente bonitos – mas podem sê-lo se houver algum cuidado e dedicação em aceitá-los, exactamente como são.

“Sejamos honestos, os órgãos genitais não são espectacularmente bonitos – mas podem sê-lo se houver algum cuidado e dedicação em aceitálos, exactamente como são” É claro que não quero ignorar condições patológicas que atrapalham o nosso bem-estar e a nossa vida sexual. Há cenários onde o tamanho dos lábios menores da vulva pode ser causa de desconforto e se for esse o caso, um aconselhamento médico é recomendado. Mas acho que a nossa obsessão estética deve ter limites, se já vivemos como escravos de expectativas de beleza inatingíveis é muito ingrato que uma vulva sofra de tal pressão. Há muitos projectos que tentam divulgar a diversidade vulvar para percebermos que a normalidade não é um conceito estanque. Muito menos quando vemos tendências para lábios mais reduzidos e outras tendências para lábios aumentados. Interessam-nos vulvas felizes, despreocupadas e positivas. Fica aqui a dica: labialibrary.org.au


Cães e gatos em Macau dão de comer a muita gente. Atlântido PUB

Forças Unidas António Guterres quer ONU com “respeito total pelos direitos humanos”

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NTÓNIO Guterres afirmou ontem desejar que as forças de manutenção da paz da ONU sejam “melhor treinadas” e comprometidas com o “respeito total pelos direitos humanos”, afirmando que quer uma organização “mais centrada nas pessoas”. “Precisamos que as nossas forças de manutenção da paz estejam melhor equipadas, melhor treinadas e mais atentas às necessidades e ao respeito total pelos Direitos Humanos”, afirmou Guterres, numa conferência de imprensa em Pequim. O próximo secretário-geral da ONU defendeu uma organização “mais ágil” e “menos burocrática”, capaz de “evitar situações dramáticas”, como as que “recentemente assistimos de violação dos direitos das mulheres e das crianças”. Os Capacetes Azuis da ONU foram este ano atingidos por um escândalo de alegados abusos sexuais, incluindo violações de crianças, durante missões de manutenção da paz, nomeadamente na República Centro-Africana e na República Democrática do Congo. Guterres disse ainda desejar que os diferentes instrumentos da ONU “trabalhem com o mesmo objectivo” e são sujeitos a “avaliação pública e independente”.

ELOGIOS SÍNICOS

O antigo primeiro-ministro de Portugal, que reuniu ontem com o ministro dos Negócios

Estrangeiros chinês, Wang Yi, enalteceu o contributo da China para a organização que dirigirá a partir do próximo ano. “A China é hoje um dos maiores financiadores da ONU e das suas acções. Ao mesmo tempo, está a dar um contributo muito importante para as nossas missões de manutenção da paz e para mais iniciativas que serão anunciadas em breve”, disse. Pequim é o maior contribuinte para as forças de manutenção da paz, entre os membros permanentes do Conselho da Segurança, contando com mais de 30.000 elementos, em 29 diferentes missões. Guterres considerou que o país asiático “é hoje um pilar sólido do multilateralismo no mundo” e um “fantástico motor de crescimento da economia mundial”, que “precisa de paz e segurança”. Pequim pode ser um “mediador muito importante”, unindo partes que “estão envolvidas ou que suportam conflitos, em diferentes partes do mundo”, realçou. O português vai assumir o lugar de secretário-geral das Nações Unidas, por um período de cinco anos, a partir de 1 de Janeiro de 2017. A deslocação a Pequim sucede uma visita a Moscovo, onde reuniu com o Presidente russo, Vladimir Putin, parte de um périplo pelas cinco capitais dos países-membros permanentes do Conselho da Segurança da ONU.

terça-feira 29.11.2016


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