Hoje Macau 29 MAR 2016 #3540

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

TIAGO ALCÂNTARA

TERÇA-FEIRA 29 DE MARÇO DE 2016 • ANO XV • Nº 3540

MOP$10

hojemacau ATENTADO FAZ MAIS DE 70 MORTOS NO PAQUISTÃO

MARCO MUELLER

ENTREVISTA

ASSEMBLEIA

Agenda inédita PÁGINA 4

OPINIÃO Quem foi, foi TÂNIA DOS SANTOS

h

Quatro ou cinco filmes BOI LUXO

LANDMARK

Quem quer comprar? PÁGINA 8

UNIVERSIDADE DE MACAU

´ MAQUINAS PENSANTES EVENTOS

O terror parece estar definitivamente instalado no quotidiano do planeta. Depois dos atentados na Turquia e em Bruxelas foi agora a vez da capital do Punjab ser atingida por mais um bombista suicida. Das mais de 70 vítimas mortais, a maioria são mulheres e crianças. GRANDE PLANO

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A TODA A BRIDA

Domingo sangrento


2 GRANDE PLANO

PALMIRA ESTÁ DE VOLTA

O

regime sírio declarou o fim de quase um ano de domínio jihadista de Palmira, ao anunciar este domingo ter reconquistado a totalidade da cidade património mundial da UNESCO ao grupo Estado Islâmico (EI), que sofre assim uma das — se não a — mais pesada derrota militar desde que proclamou o seu “califado” na Síria e Iraque, indica o jornal Público. “A libertação da cidade histórica de Palmira é uma conquista importante e uma nova indicação do sucesso da estratégia do exército sírio e dos seus aliados na guerra contra o terrorismo”, afirmou o Presidente Bashar al-Assad, citado pela televisão estatal. A derrota em Palmira faz o EI perder de uma vez só o seu mais importante palco mediático na Síria e um território estratégico. Os jihadistas perderam cerca de 400 combatentes só nestas três semanas da campanha por Palmira, muitos deles reforços enviados dos seus bastiões em Deir Ezzor e da cidade que reclamam como capital, Raqqa, que ficam assim expostos ao avanço das forças de Damasco. Regime e milícias aliadas perderam menos de metade dos homens: 188, segundo contas da organização oposicionista Observatório Sírio para os Direitos Humanos. O Público diz ainda que a Rússia foi fundamental para o sucesso militar em Palmira, já que, mesmo depois de Vladimir Putin anunciar a retirada de grande parte das suas forças na Síria, a aviação russa redobrou a ofensiva sobre os jihadistas na cidade, enquanto as milícias libanesas do Hezbollah e o exército sírio avançavam lentamente sobre os campos armadilhados pelo EI.

TERRORISMO

72

MORTOS E CENTENAS DE FERIDOS EM ATENTADO EM LAHORE

TERROR SEM D

EVERIA ter sido um domingo normal no Parque Gulshan-e-Iqbal, em Lahore, no Paquistão. Centenas de pessoas comemoravam a Páscoa, que terminava três dias de feriados. Outros aproveitavam a folga para passear. Mas um bombista suicida escolheu a data propositadamente para tirar a vida a, até agora, 72 pessoas. Mais de três centenas ficaram feridas. A maioria das vítimas era mulheres e crianças. O ataque em Lahore prova que nem só o Daesh (Estado Islâmico) está a declarar guerra ao mundo. Pelo menos sozinho. O atentado terrorista deste domingo foi reivindicado por um grupo talibã paquistanês, o Jamaat-ul-Ahrar, que assumiu em tempos ter ligações com o Daesh. O grupo admitiu já que o atentado foi perpetrado contra a minoria cristã paquistanesa, reunida no parque no final deste domingo de Páscoa. Contudo, como aconteceu num ataque em Março de 2015 na mesma cidade – a segunda maior do Paquistão -, poderá haver muçulmanos entre as vítimas, como avançam os média internacionais.

“O alvo eram os cristãos”, disse o porta-voz desta facção, Ehsanullah Ehsan, citado pela agência Reuters. “Queremos mandar ao primeiro-ministro, Nawaz Sharif, a mensagem de que entrámos em Lahore. Ele pode fazer o que quiser, mas não será capaz de nos travar. Os nossos bombistas vão continuar estes ataques.” O grupo já assumiu responsabilidades por outros atentados,

No ataque deste domingo naquela que é a capital de uma das províncias mais ricas do Paquistão, Punjab, o bombista suicida terá feito explodir pelo menos oito quilogramas de explosivos “apenas a uns metros” de baloiços para crianças

que normalmente têm como alvo o exército, a polícia, o governo e interesses ocidentais. Mas cristãos e outras minorias religiosas também entram na lista desde há 15 anos, quando o Paquistão se juntou a uma campanha norte-americana contra o extremismo islâmico, depois dos ataques de 2001 às Torres Gémeas, nos EUA. Em Dezembro de 2014, por exemplo, um grupo de talibãs armados matou mais de 134 crianças numa escola militar em Peshawar. No ataque deste domingo naquela que é a capital de uma das províncias mais ricas do Paquistão, Punjab, o bombista suicida terá feito explodir pelo menos oito quilogramas de explosivos “apenas a uns metros” de baloiços para crianças. De acordo com o jornal Pakistan Today um superintendente da polícia, Muhammad Iqbal, deu ainda conta que a bomba estava carregada de “esferas [em metal] para provocar um maior número de ferimentos e mortes”.

ANTECEDENTES E COBARDIA

Lahore é também a cidade onde Shahbaz Sharif, chefe da província de Punjab, nasceu. Sharif

anunciou três dias de luto e apelou a que os responsáveis pelo atentado sejam levados à justiça. O responsável condenou o ataque e definiu-o como sendo “um acto cobarde”. De acordo com os média internacionais, o bombista suicida foi identificado como sendo Yousuf, nascido em 1988 no Paquistão. A informação foi retirada de um documento de identificação recuperado perto do corpo do homem. Relatos de testemunhas citados por diversos jornais dão conta de que dezenas de crianças e mulheres foram levadas para o hospital em táxis ou riquexós, devido à falta de ambulâncias. Amanat Masih foi uma das pessoas que levou três filhos e duas crianças ao parque – perdeu um sobrinho e dois filhos. “Estávamos aqui apenas para aproveitar o bom tempo e ter uma boa tarde. Que tipo de pessoas têm como alvo inocentes e crianças num parque?”, disse, citado pelas agências internacionais enquanto “era assistido por uma enfermeira”. A detonação da bomba aconteceu ao início da noite de domingo. “Quando a explosão aconteceu,


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TREGUAS ´

REACÇÕES

• “Portugal condena mais este atentado e reafirma o seu compromisso com a luta internacional contra o terrorismo. É mais um atentado bárbaro. Além do que é comum a todos os atentados terroristas, atacar pessoas indefesas, este atentado visou especificamente uma minoria religiosa e muitas crianças.” AUGUSTO SANTOS SILVA Ministro dos Negócios Estrangeiros português

“Quando a explosão aconteceu, as chamas eram tão grandes que chegavam ao topo das árvores e vi corpos a voar pelos ares” HASAN IMRAN TESTEMUNHA as chamas eram tão grandes que chegavam ao topo das árvores e vi corpos a voar pelos ares”, disse à Reuters Hasan Imran, uma testemunha que passeava perto do local no momento da detonação. “Tudo estava a tremer, havia pó em todo o lado e choros. Depois de dez minutos fui lá fora e vi carne humana nas paredes de minha casa”, descreveu Javed Ali, que vive em frente ao parque. “Há muitas pessoas a receberem tratamento no teatro de operações e tememos que o número de vítimas aumente consideravelmente”, alertou à Reuters um conselheiro de Saúde no governo regional de Punjab, Salman Rafique.

O atentado coincide com várias manifestações violentas em outras partes no país, que têm acontecido desde a execução de Mumtaz Qadri, no final de Fevereiro. Este foi condenado à morte depois de assassinar Salman Taseer, o governador da província de Punjab de quem era guarda-costas e que era tido como uma das mais populares vozes a favor da reforma das leis de blasfémia, quando pessoas são condenadas por criticarem o Islão, Alá ou o Corão. A execução por enforcamento de Mumtaz Qadri incendiou a parte mais extremista da comunidade muçulmana paquistanesa, que se opõe ao actual governo. Depois do ataque de domingo, o governo de Punjab fechou todos os parques públicos, sendo que também centros comerciais da cidade foram encerrados. O exército foi chamado a controlar multidões fora do local do atentado ao mesmo tempo que centenas de manifestantes atearam vários fogos diante do Parlamento e arremessaram pedras contra a polícia. Mais de 60 pessoas, a maioria polícias, ficaram feridas. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

• “Este atentado lança uma sombra de angústia na festa da Páscoa e é um horrível massacre de dezenas de inocentes. Atinge com uma violência fanática os membros das minorias cristãs. Mais uma vez, o ódio homicida atinge vilmente as pessoas que menos se podem defender.” FEDERICO LOMBARDI Porta-voz do Vaticano • “Terroristas cobardes tiveram como alvo mulheres e crianças, o que é extremamente condenável e lamentável.” NARENDRA MODI Primeiro-Ministro indiano • “Enquanto cristãos em todo o mundo celebravam a Páscoa, um ataque terrorista chocante em Lahore relembrava-nos que o terrorismo é um problema à escala global” JULIE BISHOP Ministro dos Negócios Estrangeiros australiana

Bombista suicida em jogo de futebol

Iraque Atentado do EI perpetrado por adolescente

S

EXTA-feira, estádio de futebol em Iskanderiyah, no Iraque. Um adolescente fez-se explodir, matando 32 pessoas e deixando cerca de 84 feridos, 12 em estado crítico. A explosão ocorreu quando a taça estava a ser entregue à equipa vencedora e o atentado foi já reivindicado pelo Estado Islâmico. “Dos mortos, 17 são rapazes com idades entre os dez e os 16 anos”, segundo as autoridades. “O suicida abriu caminho entre a multidão para chegar ao centro dos acontecimentos e fez-se explodir quando o presidente da câmara entregava os prémios aos jogadores”, contou à AFP Ali Nashmi, de 18 anos. O presidente da câmara, Ahmed Shaker, é um dos mortos – assim como um dos seus guardas pessoais e cinco elementos da polícia. Iskandariyah fica a cerca de 40 quilómetros da capital iraquiana. A federação iraquiana de futebol publicou um comunicado a condenar o atentado: “O futebol é uma força

poderosa e o nosso jogo sobreviveu sempre, mesmo quando houve conflitos no mundo. É uma cobardia usar recintos onde se joga futebol e se pratica desporto para realizar odiosos actos de violência; é injusto e vergonhoso.” O EI tem estado a sofrer derrotas às mãos do exército iraquiano que está a ser apoiado pelas Unidades de Mobilização Populares, uma milícia xiita, e por elementos da coligação internacional que combate o EI, com os americanos a realizarem raides aéreos. Está em curso uma grande operação do exército de Bagdad para recuperar Nínive (Norte) e a sua capital, Mossul, que é a segunda cidade mais importante do país e a capital do EI no território que ocupa no Iraque. Foi em 2014 que o EI realizou uma ofensiva que lhe permitiu conquistar importantes partes do território do Iraque, a Norte e a Sul de Bagdad. As derrotas estarão, agora a levar o Daesh a intensificar atentados como este.

Bruxelas ainda conta vítimas mortais

Quase todos os mortos identificados. Números podem subir

A

S autoridades forenses belgas identificaram formalmente 28 vítimas mortais dos atentados de terça-feira em Bruxelas, enquanto três famílias esperam ainda a verificação oficial após uma análise de ADN. O número oficial de mortos dos atentados da semana passada no aeroporto e no metro de Bruxelas subiu para 31 e poderá aumentar, de acordo com a mais recente informação do Centro de Crise da Bélgica. A actualização dos últimos dados, publicada no domingo pelo Centro de Crise da Bélgica, não inclui os terroristas suicidas, oficialmente três até agora. As autoridades precisaram que, das vitimas identificadas até ao momento, 15 morreram nas explosões no aeroporto internacional de Zaventem. Dessas, seis têm nacionalidade belga e nove são estrangeiros, de Estados Unidos, Holanda, Suécia, Alemanha, França e China. No ataque ao metro de Maelbeek, a poucos metros das instituições comunitárias, foram identificadas até agora 13 vítimas, dez das quais belgas e três estrangeiras, de Itália, Suécia e Reino Unido.

O Centro de Crise precisou que as nacionalidades dos estrangeiros podem diferir dos dados divulgados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, já que algumas das vítimas podem ter dupla, ou mesmo tripla, nacionalidade, como a espanhola Jennifer Scintu Waetzmann (alemã e italiana também). “Identificamos então, formalmente, um total de 28 vítimas. Três famílias esperam no entanto a identificação formal do seus entes queridos. Nesses casos estamos à espera dos resultados de uma análise de ADN”, informou o Centro de Crise. O número pode ainda subir já que “algumas vítimas que acabaram por morrer em diferentes hospitais não estão ainda incluídas nos números mais recentes”, como alertou o Centro de Crise. Nos atentados de Bruxelas ficaram feridas 340 pessoas de 19 países. Destas, 101 continuavam ontem internadas, 662 delas nos Cuidados Intensivos e metade com queimaduras graves. Os três bombistas suicidas, dois no aeroporto e um no metro, não entram na contagem do número de vítimas mortais. LUSA/HM


4 POLÍTICA

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AL GOVERNO VAI AMANHÃ RESPONDER A PERGUNTAS DOS DEPUTADOS

Vamos lá ver as soluções

O

Executivo vai amanhã à Assembleia Legislativa (AL) para responder a diversas interpelações dos deputados. Segurança e ampliação de infra-estruturas são temas em destaque, num hemiciclo que vai versar ainda sobre construções em Coloane e políticas monetárias. Poderá ser desta que os representantes do Governo vão indicar quando vão avançar as obras da Estação de Tratamento das Águas Residuais (ETAR) de Macau, que está sobrecarregada desde 2009. Como relembra Ella Lei, que interpelará os responsáveis sobre a questão, esta situação já levou a que, em 2014, “cerca de 85 mil metros cúbicos de água fossem lançados directamente ao mar sem passar pelo processo normal de tratamento biológico” e apenas passando por um processo de purificação simples. “Esta água ultrapassa gravemente os parâmetros e vai levar ao agravamento da poluição das águas costeiras de Macau”, atira a deputada, que quer ver respondida a questão de quando é que vai ser concluída a negociação entre Governo e empresa vencedora do concurso público para obras de ampliação em 2011. De resíduos vai falar também Leong Veng Chai, que quer

GCS

Tem lugar amanhã um plenário dedicado a responder a perguntas dos deputados que, num raro momento, vai ter em discussão temas que não estão relacionados com habitação e terrenos. A sobrecarga de infra-estruturas, os desperdícios do erário público e lacunas nas leis são as questões que imperam

ouvir da boca da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental quando é que vão ser implementadas medidas que diminuam o desperdício de alimentos e transformem os resíduos alimentares em diferentes recursos. Mas, a questão da ampliação de infra-estruturas não passa apenas pela ETAR, mas também pela pressão nas fronteiras, assunto a ser levado ao hemiciclo por Mak Soi Kun. O deputado quer saber quais as

medidas do Executivo para acabar com as intermináveis filas de espera nas fronteiras, especialmente nas Portas do Cerco, para quem passa de carro. Wong Kit Cheng também se debruça sobre o alargamento de espaços, este direccionado às instalações desportivas públicas. A segurança nos templos vai ser tema desencadeado por Kwan Tsui Hang que, depois do incêndio em Na Tcha, quer saber se há

possibilidade de se implementar uma administração centralizada em todos os espaços de culto de Macau. Algo que foi já contestado pelos administradores dos templos, que são, neste momento, dirigidos por diferentes associações. Já Kou Hoi In e José Chui Sai Peng vão questionar os representantes do Executivo sobre o problema da falta de electricidade nos bairros antigos, depois da Companhia de Electricidade de Macau ter

prometido a entrada em funcionamento de novas subestações eléctricas e, até agora, “isso não ter acontecido”.

DINHEIRO É PROBLEMA

O desperdício do erário público e as medidas de apoio aos residentes são também temas que os deputados querem ver melhor esclarecidos na sessão de amanhã com representantes do Governo. Em tempos de contracção na economia, Ho Ion Sang leva ao hemiciclo os gastos

com a aquisição de bens e serviços, muitos deles desnecessários como aponta um relatório do Comissariado de Auditoria. O deputado quer perceber quem vai, afinal, ser responsabilizado por estas adjudicações e “o que vai ser feito para reforçar a gestão das receitas e despesas do Governo”. O mesmo tema, que deverá ser respondido pelos serviços da tutela de Lionel Leong ou pelo próprio Secretário para a Economia e Finanças, vai também ser levantado por Song Pek Kei. No âmbito da economia, destaque ainda para as interpelações de Si Ka Lon – sobre o “plano de incentivo à aposentação antecipada” – e de Melinda Chan, que versa sobre o montante das atribuições para a segurança social, tema que não viu ainda uma conclusão apesar de estar em discussão no seio do Conselho de Concertação Social há anos. As leis e questões políticas não vão também faltar no plenário marcado para as 15h00, com Ng Kuok Cheong, por exemplo, a trazer ao hemiciclo a questão da criação de órgãos municipais. Se o Governo vai avançar com a consulta pública sobre isto é uma das questões que o deputado da bancada pró-democrata quer ver respondidas. Da mesma bancada, mas de Au Kam San, partem questões sobre construções em Coloane, a área verde de Macau, e do vice-presidente da AL, Lam Heong Sang, vão ser feitas perguntas sobre o motivo que levou o Governo a não ter ainda criado um regulamento administrativo previsto na Lei de Contratação de Trabalhadores Não-Residentes, em vigor há seis anos, e que diz respeito ao limite de contratação de locais. Joana Freitas

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JUSTIÇA MACAU COOPERA COM SUPREMO TRIBUNAL POPULAR

O

Chefe do Executivo, Chui Sai On, reuniu na passada sexta-feira com Shen Deyong, vice-presidente do Tribunal Supremo Popular e Juiz Conselheiro. Segundo um comunicado oficial, será feita uma aposta na formação jurídica no território. Shen Deyong terá referido que o Supremo Tribunal Popular “irá envidar todos os esforços e contribuir para a prosperidade, estabilidade e desen-

volvimento de Macau, bem como para o desenvolvimento positivo no apoio judiciário mútuo e no trabalho de intercâmbio entre as partes sendo o passo seguinte um reforço na área da formação”. Shen Deyong disse ainda que “dez anos depois da sua última visita a Macau verifica a existência de um desenvolvimento acelerado da economia e de uma sociedade estável e harmoniosa”. Para o Juiz

Conselheiro desta entidade judicial da China, o princípio de “Um país, dois sistemas” continua a vigorar em Macau, “o que representa uma importante referência e demonstra o papel dos tribunais locais, dos diferentes níveis, na garantia do funcionamento transparente da sociedade”. Chui Sai On defendeu que a independência judiciária é um “valor manifestado em pleno na RAEM”,

sendo que “no processo de desenvolvimento da cidade as instituições judiciais têm desempenhado um papel de enorme responsabilidade salientando os esforços demonstrados pelo Tribunal de Última Instância (TUI), pelos outros tribunais e pelo Ministério Público, uma forma de constatar o alto nível de justiça e credibilidade praticado”. O Chefe do Executivo referiu ainda que tanto ele como o Exe

cutivo “respeitam o actual sistema sem interferências e que o Governo apenas apoia as entidades judiciais através de recursos de forma a garantir o bom funcionamento e aperfeiçoamento das mesmas”.


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POLÍTICA

Turismo MECANISMO DE ALERTA AVANÇA ESTE ANO TRABALHO WONG KIT CHENG QUESTIONA ATRASO NA REVISÃO DA LEI

A deputada Wong Kit Cheng criticou o Executivo pelo facto de estar há mais de dois anos a rever a Lei das Relações do Trabalho e do processo ainda não estar concluído. Tendo sido convidada do programa Macau Talk, do canal chinês da Rádio Macau, a deputada referiu que não foi sequer apresentado um calendário para a apresentação do diploma na (AL). “A criação da licença de paternidade foi uma medida anunciada nas últimas duas Linhas de Acção Governativa, mas as leis relacionadas com o trabalho têm de ser debatidas pelo Conselho Permanente de Concertação Social e o Governo ainda não avançou qualquer calendário”, apontou. Wong Kit Cheng lembrou que já existe um consenso quanto à criação de cinco dias de licença de paternidade e pede que o Governo se foque na comunicação entre departamentos públicos, por forma a implementar a revisão da lei o mais depressa possível.

Património na sombra

Regular e organizar

A

directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, garantiu que o mecanismo de alerta de turismo deverá ser implementado este ano através de regulamento administrativo. Citada pelo Jornal do Cidadão, a directora confirmou que 74 países ou regiões serão integradas na lista de avaliação do mecanismo. Helena de Senna Fernandes disse ainda que as despesas

Macau”, indicou Helena de Senna Fernandes.

com o seguro de turismo não deverão ser influenciadas por este mecanismo, porque as seguradoras vão adicionar mais cláusulas nos contratos visando a nova medida. A decisão de implementar um mecanismo de alerta foi avançada em Novembro do ano passado. “Temos como referência o sistema de alerta de turismo de Hong Kong, das regiões vizinhas e do interior da China, depois fazemos um sistema apropriado à situação de

PELOS AJUSTES

Segundo o Jornal do Cidadão, o Conselho de Estado da China divulgou novas orientações de cooperação na zona do Delta do Rio das Pérolas que incluem a autorização de mais vistos individuais para Macau com partida de outras cidades chinesas. Helena de Senna Fernandes referiu que a DST vai ajustar a estratégia de promoção para atrair mais visitantes com vistos individuais do interior da China, sobretudo fora da província de Guangdong. Questionada sobre a queda do número de excursões provenientes da China nos primeiros dois meses do ano, Senna Fernandes garantiu que isso não se deve aos desacatos ocorridos na zona de Mong Kok, em Hong Kong, tendo prometido uma maior promoção de Macau como destino turístico em países como a Coreia do Sul. Lam U Tou, secretário da Associação Choi In Tong Sam, afirmou ao mesmo

Urbanismo Exigida protecção de paisagens antes de Plano Director

M

ANUEL Wu Iok Pui, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), considera que o Governo tem de implementar regras para a protecção das paisagens antes da elaboração do Plano Director do território, por forma a proteger as características tradicionais de algumas ruas e vistas de Macau. O membro do CPU defendeu, ao Jornal do Cidadão, que a construção do edifício que alberga o Gabinete de Ligação do Governo Central, que tapa a vista do Farol da Guia, é um bom exemplo de que como a legislação local falhou na protecção completa do património cultural. Manuel Wu Iok Pui lembrou que, ainda que seja uma construção feita dentro da lei, é também irracional. O responsável considera que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) deveria permitir a construção desse edifício com um máximo de 90 metros de altura, apesar deste limite não ultrapassar o permitido no despacho do Chefe do Executivo. Para Manuel Wu Iok Pui, o Governo deveria olhar para os exemplos de outras cidades estrangeiras para manter as paisagens urbanas e conservar as

vistas mais importantes. “As instruções devem ser preparadas pelo Instituto Cultural (IC) em conjunto com a DSSOPT, porque cabe a esta aprovar as plantas de construção e o IC tem a responsabilidade de dar sugestões ao nível do património para a sua protecção”, referiu. O membro do CPU lembrou que o Plano Director deverá entrar em vigor daqui a três a cinco anos, sendo que o desenvolvimento da região está a avançar rapidamente. As novas instruções serviriam para proteger as paisagens históricas antes da conclusão do Plano Director. Para o responsável, caso não sejam criadas, as principais paisagens de Macau ficarão escondidas atrás dos prédios. T.C.

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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2015 nos termos do disposto na alínea c) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 31 de Março solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, través do nº 85995343 ou 85995344 caso não recebam a mencionada notificação.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 15 de Março de 2016. O Presidente do Júri, Iong Kong Leong

jornal que não discorda da política do Governo Central de incluir mais cidades da China na lista de atribuição de vistos individuais, mas pediu que o Governo melhore a estrutura do turismo em Macau. Para Lam U Tou, é necessária uma gestão coordenada com Pequim em relação às excursões realizadas. “Os turistas são levados a fazer compras depois de uma viagem aos pontos turísticos mais importantes ou vão aos monumentos. Embora isso traga mais consumo para Macau, também traz mais pressão e conflitos, o que prejudica a imagem do turismo. Isso faz com que as excursões normais não consigam manter-se em Macau ao mesmo tempo”, disse Lam U Tou. Wu Keng Kuong, secretário da Associação da Indústria Turística de Macau, disse que a capacidade de acolhimento de turistas não vai ser influenciada com o aumento dos vistos individuais. Tomás Chio

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6 SOCIEDADE

hoje macau terça-feira 29.3.2016

Mega Maldives Airlines AACM ANALISA OPERAÇÕES DA EMPRESA

Até Abril voos mil

A Autoridade de Aviação Civil garante estar a avaliar o modo de funcionamento da Mega Maldives Airlines para saber se a companhia aérea tem condições para operar em Macau. Conselho dos Consumidores já está a tratar de queixas que surgiram depois de mais um incidente com a empresa

O

S atrasos sucessivos protagonizados pela Mega Maldives Airlines no último fim-de-semana já levaram a Autoridade de Aviação Civil (AACM) a agir. Segundo a publicação da Macau Concelears, a AACM garante que “vai fazer uma ampla consideração” quanto à continuação das operações da companhia aérea no território. A entidade confirmou que os voos se mantêm, para já, a funcionar até final do mês de Abril, sendo depois conhecida uma decisão sobre a continuação ou o fim dos voos da companhia em Macau. Mais de 200 passageiros, a maior parte do interior da China e uma dezena de Macau, deveriam ter embarcado na Mega Maldives Airlines na passada quinta-feira com destino a Palau, mas o voo foi sendo sucessivamente adiado. Parte dos passageiros apanhou o voo para a ilha, mas segundo a TDM

muitos não apanharam o voo por falta de aviso por parte da companhia. Alguns passageiros aceitaram as indemnizações oferecidas pela companhia aérea, no valor de 700 dólares norte-americanos, tendo ficado alojados em Macau e regressado ao continente. Ontem ao final da tarde, e segundo o canal chinês da Rádio Macau, o director da AACM, Chan Weng Hong, assegurou que já pediu à Mega Maldives Airlines para entregar um relatório sobre o incidente. Como a sede da Mega é nas ilhas Maldivas,

Chan Weng Hong diz que quando acontecem problemas técnicos, a reacção da empresa demora sempre a chegar. Entretanto o Conselho dos Consumidores (CC) já reagiu ao caso. Em comunicado, a entidade garante que vai estar atenta às consequências dos atrasos junto dos passageiros, estando já a avaliar as queixas recebidas. O CC garante que tem vindo a manter contactos com a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e com a AACM para a resolução do caso, tendo já transferido as queixas dos consu-

Mais de 200 passageiros, a maior parte do interior da China e uma dezena de Macau, deveriam ter embarcado na Mega Maldives Airlines na passada quinta-feira com destino a Palau, mas o voo foi sendo sucessivamente adiado

midores para a entidade congénere do interior da China. O Gabinete de Gestão das Crises de Turismo (GGCT) recebeu, até ao passado dia 26, dois pedidos de ajuda por parte dos visitantes, bem como quatro contactos de outros serviços relacionados com o caso. Por se tratar de um caso de “conflito entre consumidores e fornecedores de serviços”, a DST promete “continuar a seguir atentamente este caso de atraso de voo charter”. O GGCT nunca chegou a intervir directamente no caso, dado que, apesar do clima de tensão vivido no aeroporto, nunca foi posta em causa a segurança dos passageiros.

VACINAS REJEITADA LIGAÇÃO A COMÉRCIO ILEGAL NA CHINA

Os Serviços de Saúde (SS) emitiram um comunicado onde garantem que Macau não recebeu vacinas envolvidas num caso de comercialização ilegal destes produtos ocorrido no interior da China. O organismo garante que “as vacinas que são utilizadas em Macau não estão relacionadas com esta situação”. Ainda assim os SS afirmam que vão “acompanhar a evolução do caso e manter contactos estreitos com as autoridades de saúde competentes do interior da China, no sentido de controlar de forma rigorosa a qualidade das vacinas a serem utilizadas em Macau”. Actualmente o Programa de Vacinação de Macau abrange vacinas que previnem 13 doenças, sendo que todas são adquiridas através de concurso público. Os SS garantem que “entre os critérios de selecção de vacinas, o preço não constitui o único factor a ser considerado. São também tidos em conta como factores de consideração primordial na escolha dos produtos a boa reputação, a qualidade e a segurança das vacinas.”

SITUAÇÃO HABITUAL

Um funcionário do Aeroporto Internacional de Macau, que não quis ser identificado, disse à Macau Concelears que não é a primeira vez que a Mega Maldives Airlines regista atrasos e falhas mecânicas. O ano passado uma avião da mesma companhia aérea registou um atraso de dois meses por ter quebrado uma asa, problema que só seria reparado pelos Serviços de Aviação Boeing Shangai. A Macau Concelears citou ainda notícias na imprensa chinesa sobre casos semelhantes ocorridos em 2012, quando um voo com destino às Maldivas não conseguiu chegar a Pequim, após três tentativas. O mesmo funcionário referiu que a forma como a Mega Maldives Airlines lidou com o assunto é negativa para o sector da aviação, questionando as razões para o Governo continuar a permitir as operações da empresa em Macau. A.S.S./F.F.

METEOROLOGIA PREVISTAS SEIS TEMPESTADES TROPICAIS

RUA DA FELICIDADE VERDE OUTRA VEZ MACAU CONCEALERS

Os Serviços Metereológicos e Geofísicos prevêem entre quatro a seis tempestades tropicais este ano, sendo que a primeira poderá surgir na primeira quinzena de Junho. Segundo um comunicado, a última tempestade poderá surgir em finais de Outubro, “relativamente mais tarde do que o normal”.

HOTEL LISBOA MP ESTUDA SENTENÇA PARA DECIDIR RECURSO

• As janelas e portas vermelhas da Rua da Felicidade voltaram a ser pintadas de verde, mostra uma fotografia da publicação Macau

Concealers. A chefe do Departamento de Património Cultural do Instituto Cultural, Leong Wai Man, já tinha dito este mês que três casas

na Rua da Felicidade foram reparadas para regressarem à aparência original, algo que vai ser feito em toda a rua e que inclui tornar

as janelas e as portas verdes de novo. Esta seria a cor original da rua, antes das casas serem pintadas de vermelho nos anos 90.

O Ministério Público (MP) ainda não decidiu se vai recorrer da sentença do caso do Hotel Lisboa. Numa resposta citada pela Rádio Macau, o Gabinete do Procurador Ip Son Sang refere que o MP está ainda a analisar a sentença do Tribunal Judicial de Base que ditou a condenação de Alan Ho e dos outros cinco arguidos por crimes de exploração de prostituição. Os arguidos foram ilibados do crime de associação criminosa de que vinham acusados, crime que poderia leválos à prisão entre cinco a 12 anos. MP e advogados têm um prazo de 20 dias para interpor recurso.


7 hoje macau terça-feira 29.3.2016

Pac On EDIFÍCIO DO GOVERNO PARA DIMINUIR ARRENDAMENTOS NO PRIVADO

Com armazém e tudo “Em resposta à necessidade dos serviços governamentais face ao desenvolvimento das suas actividades, o Governo planeou a construção de um edifício multifuncional com escritório, armazém, fábrica e parque e estacionamento, no terreno situado na Estrada de Pac On, na Taipa, ao lado da Rua da Felicidade”

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Parque de estacionamento, fábrica, escritórios e mais. Vai ser assim o novo edifício do Governo no Pac On, que tem como objectivo deixar de arrendar espaços no privado

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novo edifício do Governo que vai nascer no Pac On vai ser composto por escritórios, armazém, fábrica e parque de estacionamento. Isso mesmo confirmou o Executivo numa resposta ao HM, onde diz ainda que a ideia é poupar nas diversas rendas pagas por organismos públicos. Conforme tinha sido avançado na semana passada, um dos lotes recuperado em 2015 pelo Governo no Pac On vai servir para a construção de um “edifício multifuncional” para o próprio Executivo. O concurso público para design e construção foi aberto na quarta-feira e decorre até Maio. O despacho publicado em Boletim Oficial (BO) indicava que o Executivo quer que seja construído um “Edifício Multifuncional do Governo no Lote O1 dos Aterros de Pac On”, sendo que é o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) quem põe a

RESPOSTA DAS OBRAS PÚBLICAS

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Centro de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa em Macau vai ser inaugurado na quinta-feira para fomentar as oportunidades de negócios para as empresas do universo lusófono, anunciou o Governo. O Centro vai abrir oficialmente a 31 de Março com cerca de 700 produtos alimentares vindos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste, incluindo alimentos naturais, petiscos, alimentos enlatados, café e bebidas alcoólicas, refere um comunicado do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).

deu números, mas o HM sabe que são pelo menos cerca de 600 milhões anuais, conforme avançado em Maio do ano passado por este jornal. Em 2009, o Comissariado de Auditoria aconselhava o Governo a fazer precisamente estes prédios para que não houvesse estas despesas. O lote 01 do Pac On foi um dos terrenos não aproveitados dentro do prazo acordado que viu declarada a sua caducidade pelo Executivo. Tem 4392 metros quadrados e foi concedido à Sociedade Fábrica de Isqueiros Chong Loi (Macau), que perdeu também em tribunal depois de ter interposto um recurso. O Executivo garante ainda que antes do início desta obra o tema será debatido no Conselho do Planeamento Urbanístico, mas também diz que “os requisitos do projecto satisfazem as opiniões de planeamento”. O prazo máximo da obra é de 450 dias, mas ainda não há data para que esta comece, uma vez que o concurso decorre até Maio. Joana Freitas

obra a concurso público. Agora, o Governo explica que a ideia com o novo espaço é substituir os espaços arrendados pelos vários serviços públicos por este único.

“Em resposta à necessidade dos serviços governamentais face ao desenvolvimento das suas actividades, o Governo planeou a construção de um edifício

EDIFÍCIO DE DOENÇAS EM AVALIAÇÃO AMBIENTAL Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse na semana passada que o projecto do Edifício de Doenças Infecto-Contagiosas, que vai nascer ao lado do Centro Hospitalar Conde de São Januário, está já em fase de avaliação

SOCIEDADE

ambiental “e por isso as respectivas obras ainda não foram iniciadas”. Num comunicado, Raimundo do Rosário afirmou contudo que, de acordo com a Lei do Planeamento Urbanístico, não existe nenhum regulamento específico que determine a necessidade de dis-

cutir todas as obras governamentais no Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), pelo que este não deverá passar pelo grupo. Até porque, disse ainda o Secretário, “o projecto do edifício destinado às doenças infecto contagiosas existe antes da criação deste Conselho”.

Tap Seac recheado

PLP Centro de Exposição de Produtos abre quinta-feira

“Com vista a desempenhar a função de plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, o Centro é composto por dois andares com uma área de cerca 390 metros quadrados. A inauguração do espaço, no centro comercial da Praça do Tap Seac segue o lançamento, a 1 de Abril de 2015, do Portal para a Cooperação na Área Económica,

Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa(www.platformchinaplp.mo). Organizado pelo Ministério do Comércio da República Popular da China e pela Secretaria para a Economia e Finanças, e coordenado pelo IPIM, o portal é composto por uma base de dados de quadros e serviços profissionais bilingues (Chinês-Português), base de dados dos produtos alimentares

multifuncional com escritório, armazém, fábrica e parque e estacionamento, no terreno situado na Estrada de Pac On, na Taipa, ao lado da Rua da Felicidade”, indica a resposta das Obras Públicas.

RENDAS DE MILHÕES

O Governo tem sido criticado por gastar milhões em rendas aos privados, sendo que Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, admitiu no hemiciclo serem “chocantes” os valores pagos pelo Executivo. Leong não

dos países de Língua Portuguesa, informação sobre convenções e exposições, informação económica e comercial e legislação dos vários países.

OUTRAS LIGAÇÕES

Já em Janeiro deste ano, o IPIM instalou em Fuzhou, no interior da China, “a primeira zona de exposição de produtos alimentares dos países de Língua Portuguesa”. “A par disso, o IPIM irá analisar a viabilidade de instalação da “Zona de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa” nos seus gabinetes de ligação em Shenyang, Hangzhou,

joana.freitas@hojemacau.com.mo

AREIA SEM DATA

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inda não há data para que seja retomada a importação de areia para a Zona A dos novos aterros. Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, disse que houve uma paragem e neste momento “ainda não se sabe quando serão retomados os trabalhos”.

Chengdu, Guangzhou e Wuhan”, refere o comunicado. As trocas comerciais entre a China e os países de Língua Portuguesa caíram 24,38% em Janeiro, face ao mesmo mês do ano passado, totalizando 6,15 mil milhões de dólares, segundo dados oficiais divulgados este mês. Comparando com o mês anterior, o comércio entre a China e os países de Língua Portuguesa recuou 18,69%. A China comprou a esses países bens avaliados em 3,80 mil milhões de dólares – menos 3,69% – e vendeu produtos no valor de 2,35 mil milhões de dólares, menos 43,9% face a Janeiro de 2015. LUSA/HM


8 SOCIEDADE

hoje macau terça-feira 29.3.2016

PEARL HORIZON POLYTEC CONFIANTE PREPARA PRÉ-VENDA DE FRACÇÕES

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culpa nos atrasos na construção do Pearl Horizon é do Governo e a empresa está confiante de que vai conseguir vencer em tribunal. É o que a Polytec diz em comunicado à Bolsa de Hong Kong, onde anuncia um aumento de oito milhões nas receitas da empresa, que ascenderam a

52 milhões de dólares de Hong Kong. “As fundações estavam concluídas, contudo, devido a atrasos significativos em autorizações e licenças ao longo dos anos, a construção não pôde ser completada antes do final do prazo de concessão. Apesar de ter sido pedido mais tempo ao Governo,

este não autorizou e, por isso, os trabalhos tiveram de ser suspensos. Recorremos aos tribunais de Macau a pedir uma compensação de tempo e, com base em opiniões legais que recebemos, temos motivos legais fortes para obter uma compensação de tempo, a fim de continuar e concluir o projecto.”

A Doca dos Pescadores vai ser o espaço primordial para a Macau Legend que quer ver-se livre do hotel Landmark. A quebra nas receitas deu o mote para a venda da propriedade e o dinheiro arrecadado já tem destino: a expansão na península, no Sudeste Asiático e nos PLP

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A moda está na Doca

FOCOS TRAÇADOS

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AVID Chow quer vender o Landmark, na Avenida da Amizade, depois de ter visto quebras de 20,7% nas receitas da Macau Legend. Num comunicado à Bolsa de Valores de Hong Kong, o director-executivo e co-presidente da empresa diz que a venda do hotel, que sofreu obras recentemente, será “uma importante transacção”. “O ano passado provou ter sido desafiante. A combinação da situação económica da China, o aumento da capacidade dos novos hotéis e casinos de Macau e a mudança no perfil dos visitantes de Macau foram factores que tiveram um impacto negativo nos negócios do Jogo e extra-Jogo”, começa por dizer Chow no comunicado ao Heng Seng Index. “É importante, durante este período, que [a Macau Legend] gira de melhor forma os seus recursos, para assegurar liquidação e continuar a tirar proveito

das oportunidades de expandir o negócio no estrangeiro. Acho que esta estratégia [de vender o hotel] é do melhor interesse dos accionistas.” A performance de operação do Landmark “decresceu”, como admite a Macau Legend, que diz, contudo, ter-se notado o oposto no Harbourview Hotel, o mais recente da companhia. O foco da empresa está, agora, na Doca dos Pescadores, onde vai nascer o Legend Palace Hotel, e em Cabo Verde. “O Harbourview contribui para receitas de 115,2 milhões de dólares de HK, no âmbito extra-Jogo, e o negócio continua a crescer desde a abertura do hotel. Quando completarmos o segundo novo hotel, que vai integrar um espaço de cinco estrelas com casino, vamos acrescentar mais lojas, restauração, hotel e jogo à península de Macau e isto permitirá ao grupo ser mais competitivo no mercado do jogo VIP e de massas.” A construção do Legend deverá estar concluída em Junho, sendo que este deverá ser aberto no final do ano. A este segue-se o Legendale Macau, também construído no mesmo local.

“Faz sentido que nos livremos do Landmark, incluindo o casino, e nos foquemos mais nos novos hotéis, casinos e outras infra-estruturas turísticas na Doca dos Pescadores. O dinheiro que vamos receber pela venda vai permitir a expansão do negócio no estrangeiro sem correr muitos riscos.” DAVID CHOW

As receitas da Macau Legend ascenderam a 1,43 mil milhões de dólares de HK, um decréscimo de 20,7% face ao ano anterior. A maior queda foi nas receitas do Jogo, que diminuíram quase 30%. Já o relacionado com extra-jogo viu um aumento de 1,4%, para 538 milhões de patacas. Além de Cabo Verde, onde Chow constrói um hotel na ilha de Santa Maria, a Macau Legend quer ainda expandir para o “Sudeste Asiático e países de Língua Portuguesa”. “Faz sentido que nos livremos do Landmark, incluindo o casino, e nos foquemos mais nos novos hotéis, casinos e outras infra-estruturas turísticas na Doca dos Pescadores. O dinheiro que vamos receber pela venda vai permitir a expansão do negócio no estrangeiro sem correr muitos riscos.” Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

A feira de emprego promovida pela Sands China nos passados dias 21 a 23 de Março deu origem a 600 contratos de trabalho, lê-se num comunicado da operadora de Jogo. A feira aceitava apenas candidatos locais, sendo que 95% dos trabalhos disponíveis estava fora do âmbito do Jogo.

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Macau Legend DAVID CHOW PÔS LANDMARK À VENDA

A empresa diz ainda acreditar que vai ser marcada uma audiência em tribunal “para breve” e assegura ainda que vai também abrir um programa de pré-venda para as fracções dos edifícios que vão nascer nos lotes T e T1, também na Areia Preta, e que deverão estar prontos em meados de 2017.

SANDS FEIRA DE EMPREGO COM 600 CONTRATADOS

SJM JAI ALAI REABRE COM NOVOS EQUIPAMENTOS

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Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vai reabrir o Jai Alai com novos espaços ainda este ano. A confirmação foi feita por Ambrose So, director-executivo da empresa, num almoço de Primavera oferecido aos média na semana passada. “No final deste ano de 2016 vamos reabrir o Jai Alai, com novas lojas, alojamento, infra-estruturas de entretenimento e de jogo”, frisou So. O espaço, perto do Oceanus, deverá ter 130 quartos de hotel e 45 mesas de jogo, conforme relembra o site GGRAsia. Na quinta-feira, o responsável da SJM disse ainda estar confiante na recuperação da economia de Macau. “O ano passado foi desafiante para Macau e para a indústria do Jogo, mas estamos optimistas para que o clima melhore em 2016. Agora que entramos no ano do Macaco, podemos esperar um ano dinâmico, recheado de desafios, mas também de oportunidades”, disse, no evento que contou com mais de uma centena de membros da imprensa. So elogiou as políticas do Governo Central para Macau – como a ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e ‘Um Centro, Uma Plataforma’ – e assegurou que a construção do Grand Lisboa Palace, o primeiro empreendimento da operadora no Cotai, vai continuar “a seguir em frente”, sendo que este deverá abrir em 2017. J.F.


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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA LINHA ABERTA RECEBEU 41 PEDIDOS DE AJUDA

SOCIEDADE

TIAGO ALCÂNTARA

hoje macau terça-feira 29.3.2016

O Instituto de Acção Social (IAS) recebeu 41 pedidos de ajuda de casos de violência doméstica, desde o lançamento da linha telefónica disponível 24 horas em Novembro do ano passado. A linha, criada quando o IAS assinou um compromisso com 12 unidades de serviços de apoio familiar e comunitário, recebeu, segundo uma resposta dada ao HM, um total de 52 chamadas até dia 21 de Março. O IAS afirmou ainda que depois de receber os pedidos de ajuda, faz uma avaliação profissional, oferecendo serviços de apoio conforme as necessidades, podendo este ser emocional, financeiro, de abrigo ou transferência de casos para as autoridades.

VIOLAÇÃO DE REGRAS EM ESTALEIROS FAZ OITO MORTES

Das 11 mortes registadas no ano passado em estaleiros de construção, oito deveram-se à violação de regras de saúde e segurança, anunciou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), citada pela revista Macau Business. Lam Iok Cheong, chefe do Departamento de Saúde e Segurança do organismo, disse em conferência de imprensa que as empresas onde estes acidentes fatais tiveram lugar foram multadas num total de 50 mil patacas. “A penalidade referente à violação das regras de saúde e segurança que resultam em acidentes mortais na área da construção tende ainda a ser reduzida”, admitiu contudo o responsável, adiantando que “a pena mínima aplicada à violação da saúde e segurança laboral é de mil patacas e a máxima de 15 mil”. Quando ocorrem situações fatais ou incidentes graves a penalidade pode ser triplicada para um mínimo de três mil patacas.

DSAL RECEBEU 182 QUEIXAS DE TRABALHADORES DE “JUNKETS”

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) recebeu em 2015 queixas de 182 trabalhadores de sociedades de promoção de jogo, avança a rádio Macau. Segundo a DSAL, as queixas resultaram do encerramento de 18 sociedades de junkets. Até Fevereiro deste ano havia 69 antigos funcionários de junkets que estavam à procura de trabalho, 15 dos quais já conseguiram entretanto encontrar uma nova ocupação.

Coloane CCAC INVESTIGA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIO DE LUXO

A prova dos nove

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Comissariado contra a Corrupção (CCAC) já se encontra a investigar a construção de um edifício habitacional de luxo junto ao Alto de Coloane, na Estrada do Campo, depois de ter recebido uma denúncia sobre eventuais irregularidades no processo. Em declarações ao Jornal do Cidadão, André Cheong, Comissário, disse que o facto do CCAC ter iniciado um processo de investigação “não significa que existam problemas”, sendo que o mesmo só foi iniciado depois de uma análise

preliminar a uma queixa recebida e com base na Lei Orgânica do CCAC. André Cheong referiu que existem “elementos básicos” para iniciar uma investigação. Questionado sobre o tempo de duração do processo, André Cheong disse “ser difícil” avançar já com um calendário, mas por se tratar de um caso que envolve o interesse público “o CCAC vai acelerar a investigação2. No início do mês a Associação Novo Macau (ANM) pediu ao CCAC uma investigação ao projecto, apontando que as restrições

IEC IONG EM ABRIL

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à altura de construção do edifício foram “eliminadas” em 2012. A ANM apontou que, em 2011, a altura máxima permitida para o edifício era de 11,6 metros, mas que, um ano depois, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) aprovou a construção de um prédio com um limite máximo de cem metros de altura, com a duração de um ano.

ndré Cheong falou ainda do processo de investigação relativo ao terreno da antiga Fábrica de Panchões Iec Long, em Coloane, o qual deverá ser publicado em Abril, sendo que Fevereiro foi a data inicialmente apontada para a publicação do relatório. André Cheong pediu à população para ter paciência e explicou que estão em causa questões jurídicas “complicadas”, que envolvem vários contratos assinados e o próprio Governo, sendo, por isso, necessário auscultar mais opiniões jurídicas.

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

IAS CONFIRMADAS148 FAMÍLIAS À ESPERA PARA ADOPÇÃO DE CRIANÇAS

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Instituto de Acção Social (IAS) afirmou que actualmente existem 148 famílias na lista de pedidos de adopção de crianças. Nos últimos 15 anos, apenas 33 casos de adopção em Macau foram de sucesso.

Ao canal chinês da Rádio Macau, a assessora técnica superior da Divisão de Serviços para Crianças e Jovens do IAS, Wong Wai Ying, afirmou que o número de crianças abandonadas dos últimos anos está abaixo de dois dígitos.

Aresponsável revelou que, entre o ano de 2000 e 2015, foram 33 os casos de sucesso, incluindo dois pedidos de estrangeiros. O IAS avalia situações como a saúde, economia, contexto familiar, capacidade de cuidados e os planos futuros.

Wong Wai Ying explica que as famílias têm um ano de período para a tentativa de adopção, sendo que os processos após essa avaliação “podem demorar um a dois anos”. Como o HM já noticiou, contudo, demoram mais. F.F.


10 ENTREVISTA

MARCO MUELLER

hoje macau terça-feira 29.3.2016

Frequenta a China desde os 16 anos e já dirigiu os Festivais de Veneza e de Roma, criou o de Pesaro e colaborou com o Rota da Seda e o de Pequim. Já tentou organizar festivais por aqui sem nunca ter sido possível. Mais de 20 anos depois este chega finalmente. Um festival que promete ter “apostas imprevisíveis” e que Marco Mueller espera ser uma missão histórica para Macau

“Gosto da ideia de que não devemos dar muitos passos à frente do público. Devemos deixá-lo acompanhar. Andar um ou dois passos à frente, tudo bem. Muito mais não”

“Em frente a todo o gás, em todas as direcções” É um poliglota. Aprendeu em pequeno, mas como? (risos) Fui criado em Roma, a minha mãe era brasileira e parte da família grega. Saíram com o início do fundamentalismo muçulmano. A família do meu pai tem origens na Lorena e quando a região passou para a Prússia mudaram-se para a Suíça por ser multicultural. Daí falar Francês, Alemão, Português e Italiano. No primeiro ano do liceu decidi acabar com as línguas da casa e fui estudar Chinês.

feudais, disseram-me, e deram-me a possibilidade de estudar literatura de massas na Manchúria. E fui. Só havia um professor, mas era óptimo. Ensinava estética tradicional, uma disciplina perigosa, de vanguarda, e foi que ele quem me explicou como a estética da poesia tradicional pode entrar no cinema. Em Janeiro de 77 comecei a poder ver cinema de género dos anos 50 e 60. Incrível. Foi como descobrir um continente submerso e decidi continuar.

Por que razão alguém pretende estudar Chinês nessa época? Nunca fui marxista leninista, mas fui marxista “desleninista”. Era o tempo dos movimentos estudantis e das filosofias orientais. Lia Mao Tse Tung e os sutras budistas em Chinês, no original.

Como aconteceu isso? Quando terminei o doutoramento houve um princípio de abertura no regime e distribuíram mais de cem filmes.

Mao Tse Tung aparecia como um herói para um jovem como o Marco? Claro. Mas também os bodhisattvas e os mestres do desenho chinês. E veio para a China com 16 anos. Como estudante de Chinês, mais tarde ou mais cedo isso iria acontecer.Ainda por cima a Itália foi dos primeiros países ocidentais a estabelecer relações diplomáticas com a China. Fui para Pequim no primeiro grupo de estudantes bolseiros. Com a Revolução Cultural em curso, como foi o impacto? Não havia nada. Os estrangeiros não podiam entrar nas bibliotecas e 90% dos livros eram proibidos para nós. Então comecei a ver dois filmes por dia. Dos que podia arranjar... Sim, claro. Policiais romenos, melodramas da Coreia do Norte, grandes espectáculos históricos albaneses... Não tinha alternativa. Ficou desiludido? Sim. Tinha-me formado em Antropologia, especialidade em Musicologia, e pensava que ia fazer a pós-graduação no Instituto de Ciências Sociais. Era um ninho de demónios

Casou-se também na China. É verdade, em Julho de 76. Sui generis. Frente a um comité revolucionário. Os estrangeiros apenas podiam casar-se no Comité do Bairro de Chaoyang. Corria a campanha contra a liberalização burguesa, por isso não havia táxis, apenas autocarro, e a cerimónia foi só a assinatura. Nem fotos eram autorizadas e festa nem pensar. Fizemos uma clandestina, claro. Comprámos umas coisas em segredo, como uma garrafa de champanhe soviético. Quando saiu da China? Em 77. Mas voltei em 78 e desde então tenho voltado regularmente. O programa universitário obrigava-me a escolher outro país mas recusei, saí da universidade e organizei o meu primeiro festival de Cinema, o de Pesaro, um dos grandes festivais do cinema novo e a primeira vez que um lote de filmes chineses foi mostrado na Europa. Como a selecção era demasiado diplomática decidi desenvolver uma retrospectiva do cinema chinês. Pequim não enviava cópias, então fui à procura. Em Havana descobri uma sala, na Chinatown, chamada Aguila de Ouro, onde tinham uns 30 filmes dos anos 30. Depois, no teatro chinês de São Francisco, o World Cinema Theatre que aparece no final do filme do Orson Wells “A Dama de Xangai”, encontrei mais uma enorme colecção.

TIAGO ALCÂNTARA

DIRECTOR DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE MACAU

Que descobriu nesse espólio? Uma mescla entre o cinema social e Hollywood. Sempre foi assim. O cinema de Xangai nos anos 30 era isso: a Hollywood do Oriente. Acha que está tentar voltar a ser? Sim. Estão a tentar mas o meu primeiro amigo entre os cineastas chineses, Xie Jin, falecido há quatro anos (suspira), e uma pessoa com uma cultura completa de cinema, tinha um sonho: juntar o cinema soviético com o de Hollywood. Porquê? Porque adorava o cinema de género e entendia que o cinema devia ser popular, entretenimento antes de ser outra coisa qualquer. É a sua visão também? Sim, gosto da ideia de que não devemos dar muitos passos à frente do público. Devemos deixá-lo acompanhar.Andar um ou dois passos à frente, tudo bem. Muito mais não. Esteve como consultor do Beijing International Film Festival (BJIFF) mas deixou. O que correu mal? O sistema das quotas. Era muito difícil obter qualquer tipo de resposta. Não entendo a razão e isso não funciona. Mas gostei da experiência e foi, com certeza, uma oportunidade de perceber os hábitos do público chinês. Anos antes do BJIFF dizia que este se podia transformar num hub comercial. Não é possível... Não é. A grande diferença entre Pequim, Xangai, o Rota da Seda e o Festival de Macau é aqui podermos ter uma relação normal com os distribuidores. Se ele quiser mesmo o filme vai discutir por uma quota. Em Pequim era muito difícil porque a decisão não era nossa, era política. Também fala de Macau como plataforma para o mercado chinês. Todavia, o sistema de quotas ainda lá está. Que muda, como vai funcionar essa plataforma? Os distribuidores não tinham ligação com os eventos e com a distribuição

“A excitação em relação aos nossos planos aqui é podermos convidar os grandes distribuidores de filmes chineses da China e da região. É o local ideal para organizar uma mostra menos previsível do que aquilo a que estão habituados” comercial mundial. Então a excitação em relação aos nossos planos aqui é podermos convidar os grandes distribuidores de filmes chineses da China e da região. É o local ideal para organizar uma mostra menos previsível do que aquilo a que estão habituados. Para quem viu a China nesses idos anos 70, nomeadamente as restrições da Revolução Cultural, e a vê agora acha que existe alguma recuperação desse passado neste momento? O ano passado em Pequim não foi muito difícil. Existiam três níveis de censura e conseguimos aprovar 90% dos filmes seleccionados. Não senti


11 ENTREVISTA talentos se vão religar em Macau é um sinal muito positivo. A razão pela qual os cineastas locais devem ficar satisfeitos com este festival é essa possibilidade de contacto? Sem dúvida. O facto dos Asian Film Awards terem vindo a ser apresentados em Macau é mais um sinal para a indústria que Macau não serve apenas para jogar. Na condição, claro, que se acredite na possibilidade de fazer remixes num lugar como este. Que terá de acontecer no final do festival para dizer que correu bem? Três coisas: os cinemas estiveram cheios, caso contrário não faz sentido e é uma das razões pelas quais quero assumir este desafio. A noção que vários filmes entraram no caminho certo para o reconhecimento num mercado mais vasto e sermos capazes de aumentar o interesse em Macau de forma a que cumpra o seu papel histórico de atingir mercados como os do Japão, Coreia, Índia e Sudoeste Asiático.

grandes dificuldades, mas claro que estou a par das notícias. Como veio parar a Macau? A primeira vez em 94, era Luís Mergulhão então presidente do ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual). Convidou o Paulo Branco e depois a mim por conhecer o meu trabalho sobre o cinema português. Viemos a Macau com a ideia de inventar um festival de cinema. Nunca aconteceu pois na altura ou havia aeroporto ou havia festival. Voltei com o Peter Lam, estava já no Festival de Veneza. Ele queria uma relação entre o Festival e o Venetian mas, para mim, isso era diplomaticamente muito difícil. A terceira vez foi quando Pansy Ho me convidou para organizar um evento de cinema na Torre de Macau. Depois a ideia não continuou. Qual a visão para este festival? Um ponto focal. A política da China precisa de uma diferenciação com pólos distintos. Macau tem uma herança cultural que se coaduna com os objectivos. Um exemplo: os suíços-italianos. Vejo-os como mediadores entre culturas que não se relacionavam. As pessoas de Macau são isso também: mediadores. Acha que este festival pode vir a ser mais importante do que o de HK, Pequim ou Xangai? Não quero saber disso. Estou mais preocupado em colaborar. O Golden

Horse (Taiwan), por exemplo, está a fazer um excelente trabalho com o workshop de projectos e também queremos fazer um semelhante. Por isso propusemos que o nosso seja um sumário de todos os workshops feitos na área. Decididamente, quero alguém do festival de Hong Kong no comité de selecção. Vamos ter programações diferentes e pretendemos colaborar com todos estes festivais. Que tipo de programação podemos esperar para Macau? Cinema de género, filmes populares, mas originais. Bastante vanguardistas, cutting edge. Que legado o festival deixará para a cidade? Tentar juntar os diferentes grupos de espectadores da cidade com uma oferta menos previsível. Oferecer filmes que não aparecem no circuito comercial da região. Por isso vamos ter uma retrospectiva onde dez dos melhores realizadores asiáticos de género vão seleccionar um filme que não seja nem americano nem da Ásia Oriental. Há dias falava com dirigentes do Centro Nacional do Filme Francês e diziam-me que nos anos 80 e 90 existiam filmes franceses em Hong Kong e mesmo na China, mas nos últimos anos não vendem nem um. Temos de mudar isso. Diversidade cultural? Sim, mas no universo do cinema

popular. Vai ser uma oportunidade única nesta cidade tão especial, tão vocacionada para servir como plataforma de trocas e contactos em todas as direcções. Um festival que funciona tem de ter como lema “em frente a todo o gás mas em todas as direcções”. Se quisermos sentir profundamente o que se passa à nossa volta temos de agir assim. Vai ser a tempo inteiro? Vou dedicar a maior parte do meu tempo ao festival, sim, mas há algo que nunca deixarei de fazer: dar aulas. É a única forma dialogar com os mais jovens, de perceber o que eles vêem,

“Macau pode vir a ser o lugar onde se vem para resumir o ano. Um festival em Dezembro não significa apenas que acontece após as grandes convenções do sector na Ásia mas também que podemos anunciar coisas para o novo ano”

se vão ao cinema ou não, ou quando decidem ir. O mês passado levei a minha turma de 75 à fronteira entre a Itália e a Suíça onde temos a melhor sala do país para vermos o último do Tarantino (“Hateful Eight”), uma produção em 70mm. Aí eles perceberam a diferença que é ir ao cinema. Perguntava-lhes quantos pagavam 12 francos para irem ao cinema. E daquele grupo praticamente nenhum ia. Depois de verem o “Hateful Eight” no grande ecrã perceberam a diferença para os ecrãs pequenos. Não existe uma indústria em Macau. Para os que aqui fazem filmes que tipo de relação devem esperar com este festival? Muito próxima. Quando falo nos workshops que vão sumarizar tudo que foi feito durante o ano na região também temos de abordar a experiência local. A Tracy (Choi), por exemplo, está a filmar, não sei quem acabará primeiro se ela, se a Emily [Chan] ou o Ivo [Ferreira]. Mas facto de existir mais do que um filme, alguns já filmados, e vários grandes documentários tranquiliza-me porque senão seria um suicídio tentar organizar uma operação num lugar que fosse desprovido de cineastas, de cinema. O filme da Tracy, por exemplo, junta profissionais de primeira categoria, de Taiwan, Hong Kong... Ela própria estudou em ambos os lados mas não deixa de ser uma história de Macau. Por isso, a ideia que de todos estes

Daqui a cinco ou seis anos quando as pessoas se referirem ao festival de Macau que gostaria que dissessem? Hoje todos dizem que Cannes é o festival a não perder na Europa. O mesmo acontece com Toronto, nas Américas. Macau pode vir a ser o lugar onde se vem para resumir o ano. Um festival em Dezembro não significa apenas que acontece após as grandes convenções do sector na Ásia mas também que podemos anunciar coisas para o novo ano. Que significará para um cineasta receber um prémio aqui? Que o filme teve um reconhecimento mais vasto em termos de mercado e de audiência. Mesmo os prémios de Cannes às vezes são escondidos pelos distribuidores porque têm medo que passe a ideia de ser um filme difícil, mais um arthouse... É por isso que estamos a construir um escritório da indústria aqui. Como tentou fazer em Roma? Sim, é uma coincidência mas fiquei contente em saber que a Lionsgate, os produtores dos “The Hunger Games”, está a preparar algo para Macau nos próximos dois anos. Mas, disseram-me eles, a melhor experiência num festival foi comigo, em Roma, quando lhes arranjámos sete mil fãs para a estreia do “Catching Fire”. Vai voltar a fazer um filme? Não me parece. Nem como actor? Isso pode acontecer amanhã (risos). Como figurante, talvez (mais risos). Voltar a produzir não. Tiro muito mais gozo com os potenciais efeitos multiplicadores que um festival pode criar do que tiraria a fazer filmes. Manuel Nunes

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12 CHINA

hoje macau terça-feira 29.3.2016

AINDA A CARTA QUE APELA À DEMISSÃO DE XI JINPING

Famílias em xeque Depois de uma carta anónima supostamente escrita por membros do Partido ter surgido nas redes sociais a pedir a demissão de Xi Jinping, Pequim contra-ataca detendo familiares de supostos autores. Há ainda mais jornalistas desaparecidos

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ISSIDENTES chineses a viver no estrangeiro revelaram que as autoridades na China detiveram os seus familiares, como parte de uma repressiva campanha lançada após a publicação de uma carta crítica do Presidente chinês, Xi Jinping. Chang Ping, jornalista radicado na Alemanha, revelou que os seus dois irmãos e a irmã mais nova foram detidos, devido à suspeita de que ele terá participado na redacção de uma carta anónima que apela à demissão de Xi. Após Chang ter referido aquela missiva num artigo e numa entrevista à Radio France Internationale, vários familiares seus “foram sujeitos a investigação, perseguição e ameaças”, afirma o próprio, num comunicado difundido pelo portal chinachange.org. “A polícia pediu à minha família que me contactasse e que exigisse que eu parasse imediatamente de publicar qualquer artigo crítico do Partido Comunista Chinês (PCC)”, refere. Chang, ex-jornalista do jornal chinês Southern Weekend, mudou-se para a Alemanha após ser sujeito a crescente pressão pelas autoridades por apelar ao Governo chinês por mais abertura e tolerância.

MAIS DESAPARECIDOS

Um caso semelhante ocorreu na semana passada quando três familiares do jornalista radicado em Nova Iorque Wen Yunchao foram detidos pelas autoridades na província de Cantão. Ambos os jornalistas negaram ter qualquer relação com a referida carta. O documento foi publicado no portal oficial do Governo chinês “Wujie News” a 4 de Março, na véspera do início da sessão anual da Assembleia Nacional Popular

TAIWAN CRIANÇA DE TRÊS ANOS DECAPITADA NA RUA

Uma criança de três anos foi decapitada ontem num aparente ataque ao acaso numa rua de Taipé, em frente da mãe e em plena luz do dia, informou a polícia municipal citada pela imprensa local. Um homem de cerca de 40 anos foi detido, depois de ter sido identificado pela mãe da rapariga como o presumível autor do ataque, ocorrido quando as duas se dirigiam a uma estação de metro no bairro de Neihu. Segundo relatos citados na imprensa, o homem agarrou a criança por trás e decapitou-a com uma faca. Horas depois, dezenas de pessoas juntaram-se frente à esquadra de polícia para onde o suspeito foi levado, aparentemente com a intenção de o agredir, segundo imagens da televisão ETB. Segundo a agência estatal Central News Agency, o suspeito, de apelido Wang, tem cadastro por delitos relacionados com droga e foi submetido no passado a um tratamento psiquiátrico.

LUCROS DA INDÚSTRIA SOBEM 4,8% ATÉ FEVEREIRO

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S lucros da indústria chinesa interromperam uma série de sete meses seguidos de perdas e subiram 4,8% em Janeiro e Fevereiro, revelam os dados domingo tornados públicos pelo Instituto Nacional de Estatística chinês. De acordo com os dados, os lucros das indústrias chinesas aumentaram 4,8% em Janeiro e Fevereiro, para 120 mil milhões de dólares, alicerçados no processamento petrolífero, maquinaria eléctrica e produtos alimentares, sectores em que 28 dos 41 grupos industriais apresentaram lucros. No ano passado, os lucros tinham caído 2,3%, o que ajuda a explicar o abrandamento da economia

chinesa (órgão legislativo) e apagado logo a seguir. Entretanto, quatro membros da equipa do “Wujie News” encontram-se desaparecidos desde a semana passada, segundo disse um jornalista daquele órgão à agência France Presse. O conhecido jornalista chinês Jia Jia, que vive em Hong Kong, esteve detido vários dias, após ter questionado o director daquele portal sobre a carta.

“VÁ-SE EMBORA CAMARADA”

Na China, o “papel dirigente” do PCC é um “princípio

cardeal” e críticas aos líderes do partido na imprensa são praticamente inexistentes. A referida carta começa por admitir algumas melhorias graças à campanha anti-corrupção lançada por Xi Jinping, mas de seguida ressalva que, devido à centralização de poderes pelo actual Presidente - o mais forte líder chinês das últimas décadas -, se está “a assistir a problemas sem precedentes”. Politicamente, Xi “debilitou o poder de todos os órgãos do Estado”, inclusive a autoridade do primeiro-

“A polícia pediu à minha família que me contactasse e que exigisse que eu parasse imediatamente de publicar qualquer artigo crítico do Partido Comunista Chinês” CHANG PING JORNALISTA RADICADO NA ALEMANHA

-ministro, Li Keqiang, lê-se naquela missiva. A mesma nota refere que a política externa chinesa abandonou o princípio ditado pelo antigo líder Deng Xiaoping de “esconder a força” e aponta como exemplo a crise na Coreia do Norte e a transferência de capacidade militar dos EUA para a Ásia. No plano económico, cita a crise no mercado de capitais chinês e o excesso de capacidade de produção na indústria pesada como sinais de fracasso e critica ainda, a nível ideológico e cultural, o recente apelo de Xi à lealdade dos meios de comunicação oficiais para com o PCC. “Em resultado, camarada Xi Jinping, sentimos que não possui as qualidades necessárias para liderar o Partido e a nação rumo ao futuro e que não está apto para o cargo de secretário-geral” do PCC, conclui.

chinesa, que tem tido um forte impacto nos países fornecedores da segunda maior economia do mundo. “Os sectores industriais ainda enfrentam muitas dificuldades”, dizem os responsáveis estatísticos, na declaração que acompanha os números, e na qual se lê, segundo a Bloomberg, que “primeiro, há um forte declínio nos lucros para os minérios e materiais não tratados, e em segundo o inventário continua bastante extenso”. Os lucros da indústria chinesa tinham caído 4,7% em Dezembro face ao ano anterior, registando a sétima queda seguida, e em Agosto tinham caído 8,8%, a maior descida dos últimos quatro anos.

HONG KONG LIVROS E REVISTAS PROIBIDOS NA CHINA SAEM DO AEROPORTO

O

número de livrarias no aeroporto de Hong Kong vai passar de 16 para dez em Abril, estando previsto o encerramento de algumas lojas populares entre chineses por venderem livros e revistas proibidos na China continental. A notícia saiu domingo no South China Morning Post que confirmou a redução do com as autoridades do aeroporto. A administração do aeroporto justificou que há “mudanças nos hábitos” dos viajantes, referindo a influência da tecnologia, e rejeitou motivações políticas na decisão. A cadeia de Singapura Page One, vai fechar todas as seis livrarias que tem

no naquele aeroporto e a francesa Relay, com dez livrarias, passará a ter apenas cinco. Lojas de roupa vão aparecer no seu lugar. As restantes cinco livrarias passarão a ser de uma cadeia da China continental, Chung Hwa, “com forte ‘background’da China continental”, segundo explicou ao jornal Lisa LeungYuk-ming, professora do departamento de estudos culturais de uma universidade de Hong Kong. As licenças da Relay e da Page One para o aeroporto de Hong Kong terminam em Abril. Um porta-voz da Page One disse àquele jornal que os novos espaços propostos pelo aeroporto não eram “adequados”.


13 hoje macau terça-feira 29.3.2016

A

China tem quase 100 milhões de “crianças deixadas para trás”, os filhos do vasto exército de trabalhadores migrados nas cidades, num fenómeno que “coloca grandes desafios à gestão social”, avança ontem a imprensa estatal chinesa. A estimativa, feita pelo professor da Beijing Normal University, Song Yinghui, e citada pelo jornal oficial Global Times, corresponde a um terço do total da população chinesa menor de idade, que cresce sem acompanhamento dos pais. O académico detalha que 60 milhões permanecem nas suas casas, normalmente no campo, devido ao alto custo de vida nos centros urbanos ou a restrições na autorização de residência, que limita o acesso a vários serviços básicos, como a educação e saúde pública. Já 36 milhões são população flutuante não registada no censo demográfico, destacou Song. Estas crianças apresentam riscos mais elevados de serem abusadas física ou sexualmente, cometerem suicídio, registarem desempenho escolar inferior e dificuldades de PUB

Sozinhos em casa Quase cem milhões de crianças crescem longe dos pais

desenvolvimento emocional, estando mais propensas a ter comportamentos criminosos na idade adulta, aponta o Global Times.

UMA DÉCADA EM ESPIRAL

Ao longo da última década, o fenómeno agravou-se, fruto do acelerado processo de urbanização que transfigurou a China de uma sociedade rural para uma em que mais de metade da população vive nas cidades. Em Junho passado, quatro irmãos chineses, com idades entre os cinco e os 14 anos, abandonados pelos pais durante meses, morreram após terem ingerido pesticida no sudoeste da China, num caso que a polícia afirmou tratar-se de suicídio. O incidente levou o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, a pedir “o fim destas tragédias” e a prometer castigar responsáveis incapazes de ajudar famílias com problemas semelhantes. A China é a nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitantes. Em 2011, pela primeira vez, a percentagem da população urbana do país excedeu os 50%, somando 690 milhões.

CHINA TAIWAN INVESTE EM NANQUIM

O presidente da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), Morris Chang, vai assinar um contrato com o Governo da cidade chinesa de Nanquim para realizar o maior investimento taiwanês na China, informou ontem a agência CNA. A TSMC prevê investir 3.000 milhões de dólares na instalação de um centro de fabrico de ‘chips’ de 12 polegadas em Nanquim, no leste da China, indicou a agência noticiosa de Taiwan, citando fontes da empresa. A unidade deve iniciar a sua produção na segunda metade de 2018. Este projecto, o segundo da TSMC na China, vai fabricar cerca de 20.000 ‘chips’ por mês, com tecnologia de 16 nanómetros, ou seja, não tão avançada como a de 10 nanómetros que a TSMC utiliza nas fábricas de Taiwan e será o maior investimento de Taiwan na China.


14 EVENTOS

hoje macau terça-feira 29.3.2016

Eles andam aí Centro de Ciência acolhe exposição de dinossauros

“D

INOSSAUROS em carne e osso” já podem ser vistos no Centro de Ciência de Macau. Uma exposição “espectacular e única”, como indica a organização, que tem como objectivo dar uma melhor compreensão ao público sobre esta espécie que terá assumido o domínio do planeta durante cerca de 160 milhões de anos e cujo desaparecimento ainda hoje permanece envolto em controvérsia. Esta é a oportunidade de entrar em contacto com as diferentes espécies, com o seu comportamento e habitat, bem como com o papel que desempenharam nesta era geológica – a Mesozóica. Para o efeito estão à disposição dos visitantes 14 réplicas mecânicas de dinossauros, jogos interactivos de realidade virtual e realidade aumentada, 72 modelos de dinossauros em escala reduzida e livros electrónicos referentes à exposição.

PARA TODOS

Para enriquecer a experiência, o Centro de Ciência de Macau alarga ainda o leque de actividades oferecidas, sendo que tem preparadas diferentes acções tendo em vista um público de todas as idades. Entre elas destacam-se a organização de palestras como a colaboração com escolas locais, palestras científicas, workshops para

famílias, visitas guiadas dramatizadas, teatro científico e concursos de desenho e de escrita. Em destaque está um convite de regresso ao passado com a exibição do filme premiado na cúpula do planetário - “Dinossauros ao Entardecer: as origens do voo 3D” convida o público a acompanhar a vida e extinção destes “míticos” seres. A organização sublinha ainda a realização do Concurso Multimédia e o Concurso de Pintura de Dinossauros enquanto forma de promoção da exposição, em que terão sido superadas as expectativas com a recepção de 1500 trabalhos dos mais pequenos através da participação de 47 escolas primárias locais e cujos vencedores estão expostos no átrio do Centro. Outra novidade vai para os guias da exposição, em que o visitante pode ser surpreendido com a companhia de estudantes locais com idades compreendidas entre os 8 e 12 anos dentro da iniciativa formativa de “Pequenos Comunicadores de Ciência”. A exposição estará patente até 11 de Setembro.

Depois do sucesso do programa AlphaGo da Google, a inteligência artificial (IA) está na ordem do dia. Na passada semana, o prof. Lionel Ni, vice-reitor da Universidade de Macau (UM), deu uma palestra onde explicou o fenómeno. Para o professor, por muito inteligente que as máquinas sejam, os humanos não precisam de ter medo delas. Mas reconhece que milhões de empregos vão desaparecer

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA ALMA MINHA GENTIL • Rosa Lobato Faria, Pedro Sousa Pereira

“Alma Minha Gentil”, que nos recorda o ambiente trágico de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, bem podia ter sido o embrião de uma peça de teatro, de uma ficção televisiva ou cinematográfica, caso houvesse em Portugal condições para a concretizar e caso Rosa Lobato de Faria se tivesse demorado mais tempo entre nós, seus leitores e seus amigos, para testemunharmos a pujança e pluralidade do seu talento criador.

UM CONFERÊNCIA SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A MAQUINA A VAPOR DO SEC. XXI P ´

´

ARECIA mais um acontecimento trivial, mas quando o AlphaGo derrotou o tricampeão Europeu de Go a comunidade científica começou a perceber que as mudanças que se esperavam bem mais para frente vão começar bem mais depressa. Apenas meses antes vários especialistas entendiam que precisaríamos de mais uns dez anos para tal ser possível. Para se ter uma ideia, o Go é um jogo muito mais complexo que o xadrez, com cerca de 10170 posições possíveis no tabuleiro (no universo existem apenas 1080 átomos). A grande diferença nestes sistemas de IA é terem por

base o que se chama Deep Neural Networks, uma espécie de cérebros humanos, o que permite às máquinas aprenderem de uma forma estonteante. Tal como nós, as máquinas agora aprendem por associação de conceitos a imagens e situações com a vantagem de terem acesso directo à designada Biga Data. Basicamente esta define-se por toda a informação que vamos produzindo e colocando online diariamente. Para se ter uma ideia do volume que isso representa, um estudo de 2013 elaborado pela SINTEF (a maior organização independente de pesquisa da Escandinávia) estima que 90% de toda a informação no mundo tenha sido criada nos

dois anos anteriores, sendo duplicada a cada ano e meio. Estas notícias fazem muitos temer pelo futuro robótico que se anuncia, onde as máquinas irão substituir os humanos, quiçá, ameaçar a nossa a existência. Mas em relação a isso, o prof. Lionel Ni tem uma postura tranquila garantindo que “as máquinas não vão causar problemas aos humanos” afirmando mesmo que, “com a tecnologia actual, as máquinas não vão suplantar a inteligência humana”.

MILHÕES DE EMPREGOS EM RISCO

A IA vai, todavia, destruir milhões de postos de trabalho e nesse aspecto o prof. não discorda. Quando con-

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

DIÁRIO DA QUEDA • Michel Laub

Prémio Brasília de Literatura Prémio Bravo
Finalista dos Prémios Portugal Telecom, São Paulo de Literatura e Zaffari & Bourbon. Nomeado um dos melhores jovens escritores brasileiros pela revista Granta “Diário da Queda” conta a vida de três homens: um avô sobrevivente do Holocausto nazi, para quem, depois da sua prisão em Auschwitz, não há vida possível; um pai entrincheirado no passado familiar; um narrador hesitante entre a reverência às suas origens e o impulso para se libertar delas. Sobre o pano de fundo da comunidade judaica, a narrativa avança e recua ao ritmo de uma trama pessoal. A meio da sua vida, o narrador projecta-se num momento-chave das memórias de adolescente — a queda do seu amigo João, excluído entre os excluídos — e acha-se igualmente desamparado. Serve-lhe o diário para forjar uma ideia de si mesmo, mas também para apaziguar e às vezes incendiar a memória de família.


15 EVENTOS

hoje macau terça-feira 29.3.2016

CINEMATECA PAIXÃO PALESTRA SOBRE MONTAGEM CINEMATOGRÁFICA IC

A Cinemateca Paixão vai ser palco da palestra intitulada “Como pode uma história ser contada através da montagem cinematográfica?”, proferida pelo “experiente” produtor de Hong Kong, Wong Hoi, no dia 23 de Abril, das 15h00 às 17h00 horas. Wong Hoi irá abordar o processo de montagem cinematográfica, tendo como foco não só os aspectos técnicos inerentes, como o lado criativo que a compõe. O público é convidado a entrar na construção de todo um universo cinematográfico. Fazem parte da filmografia do orador a edição de “Inisharu D”, “Bodyguards and Assassins” e “As The Light Goes Out”. Com “Cold War” foi vencedor do prémio de Melhor Montagem na 32ª edição dos Hong Kong Film Awards e no 50º Festival de Cinema da Ásia-Pacífico. É ainda referência o seu trabalho em diversas produtoras televisivas de Hong Kong. A entrada é livre mas limitada a 60 lugares pelo que se aconselha a reserva online antecipada através do site do IC, até às 12h00 do dia 22 de Abril.

IEEM BIOESTATÍSTICA DISCUTIDA EM SEMINÁRIO

frontado com o exemplo do sistema “Amélia” da IPsoft, em beta testes em várias grandes empresas mundiais e que irá substituir todos os serviços de assistência ao cliente e de telefonistas, estimando-se na ordem dos 250 milhões de postos de trabalho a serem extintos em todo o mundo quando estiver em pleno funcionamento, o catedrático ironiza dizendo que “pode ser que tenhamos todos mais tempo para ir de férias e passar tempo com as famílias”. Segundo o académico, apenas os empregos “low tech” estão em risco e aponta a inovação como o caminho a seguir.

NOVO MOTOR A VAPOR

“As maiores empresas estão a contratar todos os que podem para trabalhar

nesta área. Os meus alunos nos Estados Unidos estão todos empregados,” disse à audiência que enchia o auditório da UM confirmando a grande procura de profissionais para a área da IA. “É um grande avanço tecnológico”, diz o professor, “como a invenção do motor a vapor”, garante, o que diz bem do potencial revolucionário desta nova tecnologia. “É claramente uma nova ferramenta” diz o académico mas reforça que “a inovação tecnológica deve ajudar a humanidade e a pesquisa científica não deve trazer desastres nem a máquina deve tornar o homem inútil” reconhecendo, todavia, que os “computadores não erram” pois não têm emoções como nós. Mas será que podem vir a ter já que podem aprender, quisemos saber, mas Lionel recusa-se a acreditar nisso.

SALÁRIO PARA NÃO TRABALHAR UM

Lionel Ni

A propósito das potenciais rupturas que esta tecnologia pode vir a criar nos sistemas sociais pelo mundo fora, vários cientistas, onde se inclui o Andrew Ng, Cientista Chefe da Baidu e fundador do projecto de Deep Learning “Google Brain”, Andrew Ng, defendem que os governos devem começar a pensar seriamente na possibilidade de criarem um rendimento garantido para toda a população. “Existe uma forte possibilidade de que a IA vá criar desemprego massivo”, disse Ng na última Cimeira de Deep Learning realizada já este ano. Em relação a

esta solução Lionel Ni vai adiantando que “é um problema dos políticos” mas reconhece que “impostos mais altos para a indústria para distribuir mais dinheiro pelas pessoas poderão ter de vir a ser considerados”. Contrariamente a outros seus colegas que entendem que os avanços tecnológicos a partir de agora serão parabólicos e não lineares, o prof. Lionel Ni entende que “as mudanças irão ser graduais”. Manuel Nunes

info@hojemacau.com.mo

O próximo dia 2 de Abril, das 13h30 às 18h30, será dedicado à investigação e prática médica sob o ponto de vista estatístico, com a realização do seminário “Bioestatística para a prática e investigação médica” a cargo do Professor Duarte Trigueiros, “reconhecido investigador” com inúmeros trabalhos publicados. A ter lugar no Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), o seminário visa a promoção da capacidade de interpretação de valores nos artigos científicos associados a estudos médicos e epidemiológicos ou qualquer outro trabalho que requeira familiaridade com a bioestatística e análise de probabilidades. É ainda objectivo facilitar a identificação de padrões, limites e resultados em ensaios clínicos. O final conta com um jantar convívio. A entrada é livre.

UM CONFERÊNCIA SOBRE “PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA”

É já no dia 8 e 9 de Abril que a Universidade de Macau, em conjugação com a Universidade de Lisboa e a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, vai apresentar uma conferência internacional para discutir a aprendizagem do Português como segunda língua. O objectivo, diz a organização, é o de estimular a ligação entre universidades asiáticas no ensino e aprendizagem do idioma. Assim, vão ser discutidos na conferência a interacção na sala de aula, perfil dos estudantes chineses, métodos de ensino do Português como segunda língua, ensino por conteúdos, análise e produção de materiais didácticos, Português para propósitos específicos, proficiência e avaliação, ensino de e política de idiomas na China, tradução como ferramenta de ensino, novas tecnologias, design do curriculum para ensino de língua estrangeira, formação de professores para contextos asiáticos, ensinar Português como uma língua transnacional e literatura e cultura na segunda língua.

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EDITAL Edital n.º :43/E-BC/2016 Processo n.º :462/BC/2011/F Assunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local :Rua de Corte Real n.º 23, Edf. Siu Tak, 3.º andar, sala 406 (CRP: F3), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que fica notificado HAU SEK CHON, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT em 22 de Maio de 2015, apurou-se que no local acima indicado existem as seguintes obras não autorizadas: Obra 1.1 1.2

Instalação de pala metálica e gaiola metálica na parede exterior do edifício junto à janela da fracção. Instalação de gradeamento metálico no corredor comum junto à fracção.

Situação da obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício.

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício.

2. As janelas acima referidas são consideradas acessos em caso de operações de salvamento e de combate a incêndios, não podendo ser obstruídos com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.) de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto pontos de acesso ao edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 3. Nos termos do n.º 7 do artigo 87.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. 4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. 5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 22 de Março de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man


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luz de inverno

Boi Luxo

Quatro ou cinco filmes, dissemelhantes

N

O seguimento da moda britânica do filme de acção com marginais, uma sub-espécie da longa e provinciana tradição realista das ilhas, recomenda-se, com um pequeno frisson mas com um entusiasmo comedido, Catch me Daddy, de Daniel Wolfe. Uma história de uma noite apenas, passada no Yorkshire, começada pela fuga de Leila, uma adolescente ajudante de cabeleireiro de origem paquistanesa para junto do namorado Aaron que vive numa roulotte. A perseguição que lhe movem dois grupos, um por dinheiro e o outro por honra, a instâncias do pai, envergonhado perante o comportamento da filha, dura toda a noite e mostra um mundo cinzento e pleno de desajustes sociais. Outros dois filmes em que este complexo marginal (suburbia/cabeças rapadas/caras de mau) se exibe como pano de fundo, de maneira exemplar mas em modo francês, são Deephan, 2015, de Jacques Audiard e Bande de Filles, 2014, de Céline Sciamma, já aqui suficientemente elogiado noutra edição desta página. Existe já uma estética do filme chinês de actividade mineira. Exemplos são Mangjing/ Blind Shaft, de Li Yang, 2003, ou a primeira parte do penúltimo filme de Jia Zhengke, 2013, Tian zu Ding/A Touch of Sin. Consiste num cortejo já familiar, a inexpressividade dos rostos, masculinos e femininos, dos mineiros, as doenças associadas a esta profissão, os imensos riscos de desabamento, a poluição, a desumanidade, a fealdade dos lugares de extracção e de tudo, a magnitude olímpica da intervenção sobre a terra, etc. Em Beixi Moshuo/Behemoth, de Zhao Liang, um documentário de 2015 (estreado no Festival de Veneza do mesmo ano e que consta do programa do HKIFF que decorre neste momento*), esta actividade enquadra-se em dois outros complexos: o do contraste que as feridas que a exploração mineira estabele-

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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ce com a verdejante paisagem original que destrói e o da exploração de uma terra que é ocupada, a da Mongólia Interior - uma troca do verde pelo negro. Este segundo complexo torna muito mais dolorosa a ferida que expõe. As imagens mais dilacerantes são aquelas em que se sobrepõe às estepes do norte a destruição causada pela ganância do invasor. O estilo de Zhao Liang é económico, minimalista, documental e artístico. O impacto do filme é muito grande. Este é um filme sobre uma Marca, uma marca indelével sobre o corpo dos mineiros, sobre o corpo social e sobre a paisagem, seguindo um trajecto inspirado na tripartição de A Divina Comédia. O Paraíso, onde chegamos com o homem que carrega consigo um espelho, é uma cidade desumanizada e deserta (penso que a famosa cidade de Ordos), sinal de um futuro disfórico muito próximo. A mola de L’Enlèvement de Michel Houellebecq, um telefilme de Guillaume Nicloux de 2014, é a sua improbabilidade. A improbabilidade do rapto do divertido autor e dos acontecimentos que se sucedem durante a sua captura. É muito útil por nos dar a conhecer o escritor através de um procedimento inesperado (provavelmente inspirado por um desaparecimento do autor em 2011). Houellebecq come, fuma, bebe, resmunga, discute e fornica como se tivesse esquecido a sua condição de raptado. Pouco esperada a bonomia com que o escritor francês se deixa levar e o modo como se relaciona com os seus raptores. Inesperadamente leva-nos a lugares e a discussões para que não nos julgávamos convocados. Será que Michel foi raptado em 2011? Ter-se-á divertido? Uma das marcas mais persistentes do cinema alemão das últimas décadas é o interesse por obras de conteúdo abertamente político. O período da segunda grande guerra, a divisão da Alemanha e o terrorismo urbano

fornecem vasto material. A análise política de filmes é um costume próprio à crítica alemã. Os nomes de Fassbinder, Kluge, Syberberg, Schlöndorff, Schroeter, von Trotta, Sanders-Brahms ou Uli Edel facilmente se associam a este interesse. Favoreço alguns filmes políticos dos anos 60 e 70 em que ao empenho social e político se junta uma marca densa do cinema e da literatura em língua alemã – uma extrema melancolia. Da mistura entre a agressividade e a melancolia dimana uma estética muito particular. Grande favorito é Das zweite Erwachen der Christa Klagers/The second Awakening of Christa Klagers, 1978, de Margarethe von Trotta, ou Nicht Versöhnt oder Es hilft nur Gewalt, wo Gewalt herrscht/Not Reconciled or Only Violence helps Where Violence Rules, 1965, de Straub. Deutschland im Herbst/Germany in Autumn, de 1978, é um filme colectivo icónico. Inspirado pelos acontecimentos que rodearam o rapto de Hanns-Martin Schleyer pelas R.A.F. (Rote Armee Fraktion), em 1977, é puro cinema político dos anos 70, agressivo e glacial, urgente e com cara de poucos amigos, carregado de um desejo bestial de culpar e de expor, guerrilhamente em cima do acontecimento. Se aqui me não alargo no seu elogio é porque em breve este poderá incluir-se num texto (outro) sobre Fassbinder (curiosidade: a parte de Rainer Werner, a mais longa e que inclui discussões acaloradas com a mãe e o namorado, foi filmada apenas num fim de semana **). Vivemos num tempo de reaparecimento de actos de terrorismo. Como tal, alguns filmes desta época têm uma actualidade inesperada. Na Áustria, que atravessa actualmente um período de vigor (Henckel von Donnersmerck, Haneke e Jessica Hausner, de quem eu gosto tanto), os interesses têm sido outros (nomeadamente, como há pouco aqui foi notado, a propensão para o cinema experimentalista com Peter Kubelka, Kurt Kren ou Peter Tscherkassky).

VALIE EXPORT é um artista feminista austríaca de muitas faces - happening, body art, performance art - influenciada pelo movimento Actionismo de Viena. Algumas das suas atrevidas performances ganharam muitos inimigos. Mas ela está nesta página a propósito de um filme favorito - Die Praxis der Liebe/The Practice of Love, 1984. Judith Wiener é uma repórter que denuncia situações de melindre e em Die Praxis der Liebe há uma cor amarelada que é a cor ao mesmo tempo da sedução e da desilusão, uma insistência pastosa que é irresistível. É o apelo do Norte e da solidão mesmo quando, como é o caso de Judith, se tem dois homens, um dos quais traficante de armas. Mas, sobretudo, passados 30 anos, esta história de VALIE EXPORT ganhou o apelo de um tempo disfarçado, o tempo de uma temperatura aparentemente acolhedora mas, afinal, envolventemente fria, o tempo dos enigmáticos anos 80, da cor macia e ameaçadora, muito voluptuosa, do Betamax e do VHS e do visionamento doméstico em solidão. Entalado entre o desejo da revolução e a posterior apatia, hoje não nos resta senão retirar da década de 80 uma melancolia opressiva e sem contornos bem definidos e uma sensualidade de televisão. * este filme sincrético, de características documentais e de art-house, Tharlo, um filme tibetano de 2015, ou Jia/The Family, de Shumin Liu, também de 2015, seriam bem vindos, assim como muitos outros documentários que na China foram recentemente banidos, a um local que se está a revelar, como se suspeitava, uma verdadeira desilusão: a Cinemateca Paixão. ** ver o artigo de Dietrich Leder em The Cinema of Germany, 2012, ed. por Joseph Garncarz e Annemone Ligensa, um livro que inclui um conjunto de artigos sobre filmes alemães escolhidos segundo uma perspectiva muito pertinaz: a da sua popularidade à altura da exibição.


18 (F)UTILIDADES TEMPO

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?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

DEBATE SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL Fundação Rui Cunha, 18h30 Entrada livre

MIN

15

MAX

21

HUM

60-90%

EURO

8.95

BAHT

Sábado

DEBATE SOBRE BIOESTATÍSTICA Instituto de Estudos Europeus, 13h30 Entrada livre

Diariamente

EXPOSIÇÃO DE DINOSSAUROS Centro de Ciência de Macau

O CARTOON STEPH

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 56

PROBLEMA 57

UM FILME HOJE C I N E M A

SUDOKU

DE

HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau

Cineteatro

1.23

NÃO PRECISO DE TRAZER A MALA CHEIA

ABERTURA DO ESPECTÁCULO BROADWAY Macau Studio City

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau

YUAN

AQUI HÁ GATO

Sexta-feira

EXPOSIÇÃO “COLOUR EXCHANGE” (ATÉ 10/04) Casa Garden

0.22

Já lá vai o tempo em que tinha de pedir a uns amigos meus, gatitos viajados, para me trazerem umas iguarias portuguesas na mala. Um queijinho ou um belo pão congelado. Ou mesmo um bacalhau. Mas hoje em dia isso não é preciso. Eu próprio posso ir à Padaria Portuguesa buscar o meu pão, comprar queijos de várias zonas de Portugal e até comer isto tudo com um belo vinho tinto. Até já posso comer umas belas conservas da nova loja que abriu há dias. Macau cada vez tem mais sítios onde podemos comprar produtos portugueses e até mantém as velhas e tradicionais mercearias onde o comerciante fala umas palavras de Português (isso até as rendas deixarem). Esse fenómeno não diz apenas respeito ao número crescente de portugueses que aqui vivem e ao facto do Português ser língua oficial, mas mostra como Portugal se quer cada vez mais afirmar pela qualidade da sua gastronomia, sobretudo no mercado chinês. Pena é que todas as apostas naquilo que é português tenham vindo da esfera privada, de portugueses com dinheiro e vontade para investir. De Macau apenas brotam restaurantes com comida lusa, onde a qualidade fica muito aquém do preço que se paga. O Governo local continua a não dar assim muito apoio a algumas coisas que por aqui se tentam fazer e lembro-me do exemplo do Lvsitanvs como sendo o mais flagrante. Pode ser que as Casas-museu da Taipa mudem o cenário. Pu Yi

“KUNG FU PANDA 3” (JENNIFER YUH NELSON, ALESSANDRO CARLONI 2016)

A saga continua: o panda Po regressa aos treinos de Kung Fu, mas desta tem de passar de aluno a mestre. Só que Po vai ter à sua frente muita distracção, quando o seu pai verdadeiro volta para o conhecer e o leva a uma vila recheada de pandas. Estes, como ele, são demasiado trapalhões para aprender algo, mas uma ameaça iminente faz aguçar-lhes o engenho... ou talvez nem tanto. Mais uma história animada que, como sempre, vem recheada de humor. Joana Freitas

BATMAN V SUPERMAN: DAWN OF JUSTICE SALA 1

BATMAN V SUPERMAN [C]: DAWN OF JUSTICE

Filme de: Zack Snyder Com: Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Laurence Fishburne 14.30, 18.30, 21.15

KUNG FU PANDA 3 [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Alessandro Carloni, Jennifer Yuh 14.15, 16.00, 17.45, 19.30 SALA 2

LONDON HAS FALLEN [C] Filme de: Babak Najafi

Com: Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman 21.30 SALA 3

ZOOTOPIA [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 14.15, 16.05, 19.45, 21.30

ZOOTOPIA [3D] [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 17.55

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau terça-feira 29.3.2016

sexanálise

Quem foi, foi

DEREK CIANFRANCE, BLUE VALENTINE

TÂNIA DOS SANTOS

Q

UEM foi outrora um amante e o deixou de o ser, junta-se à colecção daqueles que deixámos para trás, mas que, ainda assim, preenchem histórias e as memórias românticas/sexuais de uma vida. As separações e os divórcios vão acumulando um manancial de pessoas popularmente conhecidas por ‘ex’. Pessoas com quem partilhámos grandes momentos de intimidade, sem roupa, com gemidos, outros sorrisos e às vezes choros. E agora já não se partilha: é a morte do conjunto, da sinergia. O fim de relacionamentos românticos traz a dor de perda e a necessidade de um processo de luto, com a excepção que ninguém morreu, só o relacionamento. Morrem relacionamentos, partem-se corações, fala-se de dor e chora-se (bastante) por ela, perdemo-nos em ataques de ansiedade e em negativismo. A vida nunca será a mesma. E com corações partidos criam-se mundos de vidas, de músicas, literatura e arte. Não só pela necessidade de ventilação pelo criador, mas pela partilha que poderá levar a tantos outros corações a se sentirem entendidos. Há sempre corações a precisarem de cura. Independentemente da duração do relacionamento, cada um de nós desenvolve-se e cresce em função desta ligação que apareceu com a mais bela história de amor e de sexo e que, por várias razões, pode torna-se num thriller de ansiedade e tristeza. Acabar com um relacionamento traz dificuldades emo-

cionais, por mais psicologicamente apto que uma pessoa se possa sentir. A nossa identidade é moldada e incorporada na coisa que se cria. A coisa que se cria é uma vida a dois que, ao terminar, obriga a um renascimento individual. Torna-se num período de negociação de identidade, e o luto não é só do desaparecimento do outro, mas do desaparecimento de si próprio com o outro. Não admira, portanto, que mesmo com relacionamentos que estejam com os pés para a cova e a morte esteja mais do que anunciada, que a tristeza persista. Para os não-pessimistas a cisão permite mudança e oferece-nos liberdade para fazermos aquilo que nos dá na gana. Mas o desconhecido não deixa de ser o desconhecido, nem deixa de ser assustador para muitos.

“Acabar com um relacionamento traz dificuldades emocionais, por mais psicologicamente apto que uma pessoa se possa sentir. A nossa identidade é moldada e incorporada na coisa que se cria. A coisa que se cria é uma vida a dois que, ao terminar, obriga a um renascimento individual”

O que deixámos no passado são pessoas que muito provavelmente nos tocaram nus e com quem fodemos continuamente. Por isso, para além de um coração partido temos um sexo destroçado. Os órgãos nunca mais se tocarão, os corpos nunca mais se enrolarão nos lençóis que trocaram em conjunto. Porque se há um coração em sofrimento e uma cabeça num constante diálogo interno de raiva, insatisfação e de auto-comiseração, o sexo demorará a encontrar uma nova via de expressão. Depois de um hábito sexual, por mais excitante que seja diferença, o sexo sente-se arrancado do conforto que é estar com alguém de quem se gosta e de quem se conhece as manhas (sexuais). Os popularmente conhecidos como ‘rebound’ são aqueles engates de pouca ligação emocional: uma ligação estritamente sexual na esperança que o acto faça esquecer o anterior amante e amor. O problema, e muitos esquecem-se disso, é que não se trata de uma forma de resolução eficaz, bom sexo não vai cuidar uma ferida emocional da mesma forma que um sentimento de satisfação pessoal vai em muito influenciar sexo potencialmente espectacular, ou seja, alta auto-estima resulta em sexo fantástico, mas sexo fantástico não vai necessariamente contribuir para um aumento de auto-estima, especialmente quando nos sentimos emocionalmente debilitados por uma separação. Se há dicas para emocionalmente ultrapassar separações, com alguma certeza afirmo que não há dicas para o luto sexual por aí. O pénis e a vagina precisam de ser ouvidos e entendidos, de alguma forma. No remoinho maniaco-depressivo onde o coração e o cérebro se encontram em permanente conflito, quanto espaço o sexo precisa?

OPINIÃO


Miniatura / O poeta assinou com o velho carimbo chinês / e a criança contemplou / atraída / o sinal bonito / e a matriz / que o fez / Não se podia dizer / onde vibrava mais a poesia / se no papel de arroz / se nos olhos encantados/ do petiz”

terça-feira 29.3.2016

Beatriz Basto da Silva

SOUTH CHINA MORNING POST

Angola ACTIVISTAS COM PENAS ENTRE DOIS E OITO ANOS DE PRISÃO

Os condenados de Luanda

O

tribunal de Luanda condenou ontem a penas entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efectiva os 17 activistas angolanos julgados por co-autoria de actos preparatórios para uma rebelião. Os activistas, que estavam a ser julgados desde 16 de Novembro, foram igualmente condenados por associação criminosa pelo tribunal. No caso do ‘rapper’ luso-angolano Luaty Beirão, a pena, em cúmulo jurídico também por falsificação de documentos, foi de cinco anos e seis meses de cadeia. Domingos da Cruz, um dos réus, foi condenado enquanto líder do associação criminosa a oito anos e seis meses de prisão. Defesa e Ministério Público anunciaram recursos da decisão. Os activistas recusaram sempre as acusações imputadas e garantiram em tribunal que os encontros semanais que promoviam – foram detidos durante uma destas reuniões, a 20 de Junho - visavam discutir política e não qualquer acção de destituição do Governo ou actos violentos. Estavam acusados pelo Ministério Público (MP), ainda, da co-autoria de actos preparatórios para um atentado contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. Contudo, na fase das alegações finais, o MP angolano

deixou cair esta acusação, mas pediu a condenação ainda pelo crime de associação de malfeitores.

DA METODOLOGIA

Dos 17 jovens em tribunal, dois aguardaram sempre desfecho do processo em liberdade, enquanto os restantes 15 cumpriram prisão preventiva entre Junho, altura da detenção, e 18 de Dezembro, quando foram revistas as medi-

das de coação, passando então a prisão domiciliária. Manuel Chivonde “Nito Alves”, 19 anos, estudante universitário, estava em prisão domiciliária, mas em Janeiro foi condenado sumariamente a seis meses de prisão efectiva por injúrias no tribunal, enquanto Nuno Dala, de 31 anos, professor universitário e investigador, regressou igualmente à cadeia, por se recusar a comparecer no

No caso do ‘rapper’ luso-angolano Luaty Beirão, a pena, em cúmulo jurídico também por falsificação de documentos, foi de cinco anos e seis meses de cadeia

julgamento, alegando falta de tratamento médico dos Serviços Prisionais, tendo iniciado a 10 de Março uma greve de fome. O luso-angolano Luaty Beirão, de 34 anos, músico e engenheiro informático de profissão - que promoveu uma greve de fome de 36 dias contra a sua detenção - é um dos rostos mais visíveis do grupo de 13 activistas em prisão domiciliária, tal como o professor universitário e jornalista Domingos da Cruz, de 32 anos, autor de um livro que os activistas estudavam nas reuniões semanais promovidas em Luanda e utilizado como prova pela acusação neste processo. Igualmente em prisão domiciliária, sem exercerem qualquer actividade há quase dez meses, estão Afonso “M’banza Hanza”, 30 anos, professor ensino primário, José Hata, 31 anos, professor do segundo ciclo, Sedrick de Carvalho, 26 anos, jornalista, Benedito Jeremias, 31 anos, funcionário público, Nélson Dibango, 33 anos, cineasta, Fernando António Tomás, 33 anos, mecânico, e Osvalgo Caholo, 26 anos, tenente da Força Aérea Angolana. A estudante universitária Laurinda Gouveia, de 26 anos, e a secretária Rosa Conde, de 28 anos, foram constituídas arguidas no mesmo processo em Setembro e aguardaram em liberdade provisória.

JAPÃO CIENTISTAS CRIAM CORAÇÃO ARTIFICIAL COM CÉLULAS ESTAMINAIS

I

PUB

NVESTIGADORES da universidade de Osaka, no oeste do Japão, criaram um coração com células estaminais para melhorar o estudo dos efeitos secundários dos medicamentos, noticiou ontemo diário Asahi. Para criar este pseudocoração, os cientistas combinaram células miocárdicas e outras células desenvolvidas a partir de células de pluripotência induzida (iPS, sigla em inglês) humanas, em que a manifes-

tação de determinados genes é induzida. Estas células têm a capacidade de se diferenciar em qualquer tecido de um organismo adulto, o que poderá vir a permitir a reconstrução de tecidos ou órgãos de doentes e, como neste caso, ajudar na investigação de medicamentos. Para o estudo “in vitro” dos efeitos secundários adversos que produzem no coração determinados anti-cancerígenos, os cientistas

precisavam de criar condições idênticas ao interior do corpo humano, mas as técnicas usadas até aqui destruíam as células. O problema foi ultrapassado pela equipa da universidade de Osaka, liderada pelo professor de biociência Mitsuru Akashi, com o desenvolvimento de uma técnica que permite aglomerar células, usada na construção do coração artificial. Quando o tecido foi exposto a um fármaco anticancerígeno,

os cientistas observaram que o ritmo cardíaco do coração artificial se manteve praticamente inalterado, mesmo quando a concentração do agente era 50 vezes superior à normal. De acordo com os investigadores, o efeito adverso do agente poderá reduzir-se drasticamente, uma vez que as células do coração produzido artificialmente interagem umas com as outras de forma complexa, mas semelhante à de um coração verdadeiro.

XI JINPING EM PRAGA PARA ACORDO ESTRATÉGICO

O Presidente chinês, Xi Jinping chegou ontem à República Checa para estabelecer um acordo estratégico “amplo” e impulsionar os investimentos, na primeira visita oficial a um país da Europa central e de leste. Xi e o seu homólogo checo, Milos Zeman, assinarão um Memorando de Cooperação Estratégica e Acordo sobre Investimentos, avança a imprensa local. Num artigo difundido pela imprensa checa, o líder chinês enaltece o carácter “amplo” da cooperação e cita, em concreto, as oportunidades nos sectores nuclear, financeiro, aviação, ciência e tecnologia e agricultura. No último ano, o grupo financeiro chinês CEFC Europa investiu 740 milhões de euros na República Checa, garantido a participação em numerosas empresas locais. Xi lembrou que a China é o segundo maior parceiro comercial daquele país, logo a seguir à União Europeia. “O intercâmbio cultural e de recursos humanos está a florescer”, acrescentou o Presidente chinês, que recorda que, em 2015, 300.000 turistas visitaram a República Checa.

MAN. UNITED EM LEIRIA PARA VER RENATO SANCHES

A imprensa noticia que o Manchester United enviou um observador ao Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, para assistir ao jogo entre Portugal e Bélgica, que preparam o Euro-2016. Escreve o Daily Mirror que o olheiro dos ‘red devils’ tem indicações para tirar notas sobre Renato Sanches, médio do Benfica que se estreou pela equipa das Quinas no desafio com a Bulgária, na última sextafeira. O jovem de 18 anos está há muito referenciado em Old Trafford e, recorda a mesma fonte, uma proposta de 40 milhões de euros foi recusada pelo Benfica no passado mês de Fevereiro.


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