Hoje Macau 3 MAR 2016 #3765

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEXTA-FEIRA 3 DE MARÇO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3765

hojemacau JUSTIÇA SÃO JANUÁRIO NO BANCO DOS RÉUS

Parto com dor

LIGA DE ELITE

DUELO AO SÁBADO PÁGINA 13

PONTE DO DELTA

O caso remonta a 1 de Novembro de 2010. Uma grávida, prestes a dar à luz, dirigiu-se ao hospital Conde de São Januário. Medicada com Citocitol, fármaco que induz contrações, no dia seguinte continuava sem sinais de progresso no trabalho de parto. As complicações prolongaram-se até

PÁGINA 4

OPINIÃO

Os maus

dar à luz na tarde de 2 de Novembro. Sem pulso, o bebé teve de ser reanimado, tendo passado 24 minutos sem oxigénio no cérebro, o que terá alegadamente resultado na paralisia profunda de que sofre. A família acusa o hospital e a equipa médica de negligência. O caso segue em tribunal.

ISABEL CASTRO

SOFIA MARGARIDA MOTA

h Madame Paiva Modo de perguntar

PÁGINA 7

JOSÉ SIMÕES MORAIS

PAULO JOSÉ MIRANDA

FESTIVAL LITERÁRIO

A HORA DAS LETRAS EVENTOS

CHINA | POLUIÇÃO

Vítimas ao ataque

MARGARIDA SARAIVA AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

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HÁ VIDA EM ARTE ENTREVISTA

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Incógnitas há muitas


2 ENTREVISTA

MARGARIDA SARAIVA

Margarida Saraiva dedica a vida e o tempo à arte. A fazer curadoria no Museu de Arte de Macau, tem a carreira marcada pela dedicação à investigação e à educação. Há três anos fundou a Babel, associação que se dedica à arte contemporânea numa vertente pedagógica, sem esquecer questões ambientais O seu nome tem estado, ultimamente, associado à curadoria. Como é que apareceu esta vertente no seu trabalho? Estudei História de Arte e depois Museologia. Trabalhei muito tempo como investigadora, mas era um trabalho que acabou por ser tornar aborrecido por sentir que tinha pouco contacto com as pessoas. Foi então que comecei a trabalhar voluntariamente em educação e a fazer cursos de artes para crianças. A minha função dentro do Museu de Arte de Macau (MAM) passou a estar mais ligada à educação do que à investigação. Entretanto, decidi criar a Babel para fazer mais coisas e a curadoria acabou por se lhe seguir. Sou curadora das pinturas históricas e contemporâneas do MAM e, em Abril, vai ser inaugurada a primeira exposição com esta função. O que podemos esperar desta exposição? É um trabalho centrado na mulher. A exposição divide-se em dois momentos: um baseado em pinturas, aguarelas e gravuras históricas que vão até meados do séc. XX com agenda para Abril e, perto do final do ano, tem lugar um segundo momento que inclui obras feitas apenas por artistas mulheres de Macau. O primeiro momento dá uma visão

“É necessário avançar com coragem” do papel da mulher na sociedade e a forma como ela é apresentada ao mundo da história da arte. A história da arte reforça o papel que a mulher deve ter. Temos obras sobre os dez trabalhos da mulher na sociedade chinesa, o casamento, a mulher na publicidade e o seu papel na família. Temos também retratos a óleo de mulheres proeminentes na sociedade local. É uma visão alargada daquilo que existe na colecção do museu. Vamos incluir também cerâmicas e tentar que a exposição não se feche, tentei uma abordagem interdisciplinar. A colecção do Museu de Arte de Macau situa-se, de um certo ponto de vista, na confluência de duas tradições artísticas muito diferentes. Temos obras que são maioritariamente de tradição chinesa e outras de tradição ocidental. Juntar as duas coisas na mesma exposição não é fácil, mas penso que consegui encontrar o fio à meada. Porquê o tema? Uma forma de intervenção? É absolutamente evidente que o papel da mulher continua a ser subvalorizado na sociedade contemporânea local. Nessa perspectiva, vale a pena pensar acerca desse assunto, até para estimular a criação artística entre as mulheres. Como é que vê o panorama dos museus e espaços de exposições em Macau? Macau tem espaços óptimos. A ideia de que não os há é uma falsa questão. A arte, hoje em dia, não precisa de galerias da mesma forma que as instituições não precisam de ter um lugar físico. O que é necessário é criar conteúdos porque há muitas instituições com espaços sem nada e que estão cheias de equipamentos sem ser utilizados. O que realmente interessa é criar conteúdo de qualidade e, quem for capaz de o fazer, tem as portas abertas em todas as instituições. Há também a cidade

inteira que pode ser uma galeria gigante e que é um espaço fantástico a precisar de arte em todo o lado. Onde estão os artistas para esses espaços? Nenhuma cidade do mundo trabalha apenas com os artistas locais. É preciso criar sinergias e, nesse particular, os curadores podem dar uma ajuda: pôr as pessoas a trabalhar em conjunto. Colocar pessoas que sabem mais a comunicar com aquelas que possam ter menos oportunidades, os que têm mais conhecimento e menos capacidade económica com o inverso. É preciso fazer um caleidoscópio para que as coisas brilhem. Mas, para isso, é preciso fazer e querer. É necessário avançar com coragem, que é uma coisa que, por vezes, falta. Falta capacidade de visão, falta coragem na realização e falta capacidade de criar esse tal caleidoscópio.

“É absolutamente evidente que o papel da mulher continua a ser subvalorizado na sociedade contemporânea local.” É aí que se insere a Babel? Gostava de trabalhar de uma forma interdisciplinar nas vertentes da arte contemporânea, da arquitectura e do ambiente com uma missão educativa, ou seja, com o objectivo de gerar oportunidades de aprendizagem reais, concretas, eficazes e, de alguma forma, inesquecíveis para jovens de Macau. O primeiro projecto que fizemos foi o “Influxos”. É uma ideia que envolve pessoas de Pequim, Macau e Portugal. É um projecto em movimento em que cada edição

SOFIA MARGARIDA MOTA

FUNDADORA DA BABEL

tem início em lugares diferentes. Juntamos estudantes da área do cinema e da arte contemporânea num processo criativo comum. Apresentamos aos alunos a forma como os artistas contemporâneos têm introduzido o cinema nas suas obras. Por exemplo, um filme pode ser concebido para ser projectado numa bola de gelo gigante que está permanentemente a derreter e, neste caso, a forma como vemos o filme, como o pensamos ou o escrevemos é diferente do que se aprende numa escola de cinema – e também não se aprende numa escola de artes onde as disciplinas ainda estão muito divididas. Com o “Influxos” queremos criar uma oportunidade que seja inesquecível, não só pelo facto de permitir aos alunos de várias partes do mundo trabalharem num projecto comum, mas também por promover uma abordagem mais experimental do que a que propõem, hoje em dia, as universidades. Foi um projecto muito bem-vindo pela parte do Instituto Cultural e, como tal, não tivemos dificuldade para que fosse financiado, porque vai ao encontro de toda uma política de promoção das indústrias culturais. Como é que tem sido a adesão, especialmente dos estudantes do território? Os alunos são, até agora, escolhidos pelas universidades e cabe às instituições decidirem o método de selecção. Estamos agora a pensar abrir, nas próximas edições, candidaturas independentes. Mantemos o modelo em que há uma participação fechada e, ao mesmo tempo, abrimos espaço a alunos que mostrem o portfólio para poderem ser seleccionados. O novo modelo tem a vantagem de abrir o leque de participações. O sucesso do projecto regista-se quando alunos de Macau descobrem que sabem pouco e que vale a pena investir em estudos em Pequim ou em Portugal. O con-

fronto com a necessidade de mais conhecimento é muito importante para os alunos que nunca saíram do território. O “New Visions” é outro projecto da Babel, mas com foco na divulgação. As exposições em Macau são sempre colectivas. É evidente que, numa mostra colectiva, não se consegue ver a qualidade da obra de um artista. As exposições colectivas são muito boas porque mostram muita gente. Isto é óptimo para pôr nos relatórios que as instituições têm de fazer umas para as outras, para justificar gastos e preencher formulários. Dá muito jeito dizer que uma exposição


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e impressos em tela de modo a circularem pelas escolas de Macau. O objectivo é dar a conhecer os principais arbustos da cidade à população mais jovem. É uma forma de sensibilização para as questões ambientais. Macau é muito densamente povoado e construído, mas não conseguimos ver as árvores. Quando andávamos a fazer o livro era impossível fotografar as árvores inteiras. Há sempre muito ruído e as plantas estão cobertas de pó. Este foi o trabalho que abriu as hostes na área do ambiente.

“Não quero cá trazer um artista que depois se vá embora sem deixar rasto. É fundamental que os jovens locais possam trabalhar em conjunto com artistas que vêm de fora.”

teve 30 artistas, mas o que é que realmente as pessoas viram do trabalho de um criador ou o que é que o artista beneficia com a participação? Quisemos deliberadamente criar uma oportunidade dirigida a jovens artistas locais e trazer a este espaço pessoas que nunca tivessem tido oportunidade de fazer uma exposição individual. Como é que se processa? Não se trata apenas de uma exposição. Cobrimos todos os gastos de produção da exposição, o que também é uma coisa rara em Macau. As instituições normalmente têm espaços, gastam todo o dinheiro na sua manutenção e acabam por não ter meios para apoiar os artistas.

O resultado é que os artistas que quiserem expor têm onde fazê-lo, mas têm de pagar do seu bolso toda a produção da obra. Isto não acontece em mais nenhuma profissão. O objectivo, aqui, é ainda produzir um livro. Aqui não há produção de

“Há a cidade inteira que pode ser uma galeria gigante e que é um espaço fantástico a precisar de arte em todo o lado.”

um discurso crítico sobre a arte e, como tal, as exposições são apenas acerca de pôr obras na parede. Não há o pensamento do porquê de estarem expostas, de como estabelecem um diálogo entre si, como se ligam ao que é produzido na China e como se articulam com o que se faz no mundo. A qualidade das obras depende de uma malha de referências em relação às quais se situam e que lhes permite produzir discurso crítico visual a um nível mais alargado. Foi neste sentido que quisemos fazer um catálogo que produza esse discurso crítico. É um livro com muito texto que nos permite, a longo prazo, escrever a história da arte contemporânea de Macau.

As preocupações da Babel associam a arte ao ambiente. Como é que se concretiza esta vertente? Relativamente ao ambiente, acabámos de participar na produção do livro “Árvores e Grandes Arbustos de Macau”, de António Paula Saraiva. O lançamento está previsto para este mês. Trata-se de um livro técnico e é a mais completa compilação sobre as árvores de Macau, numa edição trilingue e com ilustração de artistas portuguesas. Os desenhos são feitos a lápis e aguarela. Originalmente, a intenção era a produção de 256 gravuras mas não houve orçamento para tanto. Já fizemos uma exposição no Instituto Internacional, e os desenhos vão ser digitalizados

Este ano tencionam criar uma instalação num espaço público em grande escala que conta com a participação de um arquitecto japonês. O que é que vai acontecer? Na área da arquitectura temos o “Macau Arquitecture Promenade” (MAP) em que intervimos em espaços da cidade. É um projecto que não é tão linear quanto os anteriores. Enquanto o “Influxus” e o “New Visions” vão de encontro às linhas de acção governativa, o MAP vai mais à frente. Não é definível. A edição de 2017 não está garantida. Temos o programa finalizado, mas ainda não temos orçamento suficiente para avançar. Contamos com a vinda de um artista japonês que resulta de uma parceria que a Babel tem com o Departamento de Arquitectura da Universidade de São José. Surgiu, desta forma, a possibilidade de trazer um arquitecto que trabalha com questões modulares no espaço público. Chama-se Kengo Kuma. Temos o arquitecto satisfeito com a ideia de cá estar e queremos também trabalhar com os alunos da universidade no desenvolvimento do design final da instalação. Não quero cá trazer um artista que depois se vá embora sem deixar rasto. É fundamental que os jovens locais possam trabalhar em conjunto com artistas que vêm de fora. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


4 POLÍTICA

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CALÇADA DO GAIO GOVERNO DIZ-SE PRUDENTE

E

Ponte do Delta AU KAM SAN QUESTIONA CUSTOS PARA MACAU

Contas são um mistério O deputado Au Kam San pretende saber o valor total que Macau terá de suportar face às derrapagens orçamentais com a construção da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. E questiona o silêncio do Executivo sobre o assunto

A

a ponte sobre o Rio das Pérolas’e, quando questionado sobre se aquele montante seria suficiente, apenas afirmou ‘vamos ver à medida que andamos’, sem acrescentar mais nenhuma informação para o público”, lembra Au Kam San.

E AS LIGAÇÕES?

Para Au Kam San, há também muito para explicar sobre o custo das instalações físicas da ilha artificial. O projecto é da responsabilidade do Governo local, tendo as obras sido entregues a empresas da China Continental. Contudo, “não foram revelados pormenores quanto ao montante das despesas relativas a essa parte do empreendimento. Qual é o montante das despesas com essas obras? E quando é que as mesmas vão estar concluídas?”, inquiriu.

“O público tem vindo a ser iludido e completamente deixado às escuras.” Au Kam San destaca ainda o facto de serem necessárias duas ligações para unir a futura ilha artificial aos novos aterros e também à península, além de serem “indispensáveis as infra-estruturas rodoviárias situadas na zona dos novos aterros, que estão relacionadas com essas duas ligações”. Também para estes projectos o deputado deseja saber detalhes. “Quando é que vai ser iniciada a construção dessas três ligações? E quando é que estará

concluída? Qual é o orçamento para cada uma das referidas ligações?”, perguntou.

UM MILAGRE

Na interpelação escrita, o deputado defende também que “Macau tem passado ao lado da construção da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, pois “olhando para o que está a acontecer, até agora nada se mexeu”. “Segundo o secretário Raimundo do Rosário, Macau vai tomar medidas necessárias para que a ponte seja aberta à circulação automóvel em finais do corrente ano. Mas ninguém acredita que, em dez meses, possa estar concluída a ligação do troço de Macau da ponte sobre o Rio das Pérolas, no qual se inclui o edifício da inspecção alfandegária de Macau.” O deputado duvida ainda que “estejam prontos os canais aquáticos que estabelecem a ligação da ilha artificial à zona dos novos aterros e a conexão desta área com a península de Macau, bem como as obras de infra-estruturas desses dois canais localizados nos referidos novos aterros”. Au Kam San questiona mesmo se “vai haver algum milagre” para que todos esses projectos sejam edificados a tempo e horas. Ainda assim, “até ao momento, a maior incógnita continua a ser o encargo da construção do troço de Macau da ponte sobre o Rio das Pérolas, e o montante da derrapagem orçamental e da despesa que Macau vai ter de assumir. E, além disso, ainda o montante das despesas com as infra-estruturas rodoviárias para a ligação entre essa ponte e a península de Macau”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

os pareceres relativos a novas construções, assim como reconstruções, em zonas de interesse patrimonial. Além disso, a entidade tem mantido contacto estreito com a UNESCO, através da Administração Estatal de Património Cultural, a fim de salvaguardar o património cultural. Acrescenta-se ainda que, de acordo com informações apresentadas pelo responsável pela direcção da obra, o edifício já se encontrava construído até ao 15.º piso, com uma altura de 45,75 metros. Como tal, a partir da entrada em vigor do citado despacho, o Executivo avisou o proprietário para suspender a obra. O prédio, nesse momento, já tinha crescido mais cinco andares.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

nova ponte que vai ligar Hong Kong, Zhuhai e Macau deverá receber os primeiros veículos ainda este ano, tendo um orçamento superior a cem mil milhões de yuan. Porque o projecto foi sofrendo atrasos e derrapagens orçamentais, com Hong Kong a anunciar, recentemente, que as duas regiões administrativas especiais teriam de investir mais na obra, o deputado Au Kam San questionou o Governo sobre o valor da factura que será suportada pela RAEM. Numa interpelação escrita, o deputado lembra que o orçamento inicial do projecto estava estimado em 38 mil milhões de yuan, sendo que 15,73 mil milhões seriam financiados pelas três regiões onde a ponte vai ser construída. Por sua vez, os restantes 20 mil milhões de yuan “seriam pagos através do crédito bancário a ser contraído pelo consórcio do empreendimento”. “De acordo com essa estrutura de financiamento, Macau teria de assumir 1,980 mil milhões de yuan. Porém, com a contínua derrapagem orçamental que se tem verificado nesse empreendimento, qual vai ser, afinal, o montante da despesa que Macau vai ter de assumir?”, questiona Au Kam San. O deputado alerta ainda sobre o silêncio do Governo sobre esta matéria, defendendo que “o público tem vindo a ser iludido e completamente deixado às escuras”. “Quando o membro do Governo responsável pela tutela desse projecto, Raimundo do Rosário, foi questionado sobre o assunto, apenas respondeu que o ‘Governo tem verba já cabimentada para

M resposta a interpelação escrita do deputado Ng Kuok Cheong relativa à obra embargada na Calçada do Gaio, o Governo garantiu estar a agir com “a maior prudência”. Em questão está a suspensão da construção no n.º 1820 da supracitada rua. Na resposta pode-se ler que o Executivo “mantem o diálogo com os serviços responsáveis pela área da cultura”, tendo chegado à conclusão de que “ainda não estão reunidas as condições” para que os trabalhos sejam retomados. A construção situada nas imediações de património reconhecido pela UNESCO previa atingir uma altura que colocaria em risco a vista das imediações do Monte da Guia e do Farol da Guia. O caso levou o Governo a promulgar regulação, o Despacho n.º 83/2008, que estabelece a altura dos edifícios construídos, ou em fase de construção, de forma a respeitarem o património de interesse histórico. A resposta a Ng Kuok Cheong afirma que o Instituto Cultural (IC) tem cumprido rigorosamente

COMUNIDADES CONSELHEIROS REÚNEM COM VÍTOR SERENO

Os membros do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) estiveram ontem reunidos com o cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno. Segundo um comunicado, o encontro serviu para a apresentação da agenda provisória da Reunião do Conselho Regional da Ásia e Oceânia, que será realizado no consulado no final deste mês. Segundo a nota do CCP, Vítor Sereno defendeu que o conselho “tem um papel muito importante servindo como elo de proximidade da nossa comunidade, bem como dos portugueses residentes no interior da China”. Os representantes do CCP afirmaram que vão manter o apoio ao nível da promoção da cultura, à “questão da continuidade dos aposentados de Macau no usufruto da isenção de IRS”, na renovação de documentos e ajuda ao nível do investimento em Portugal por parte de empresários chineses.


5 POLÍTICA

hoje macau sexta-feira 3.3.2017

VIAGEM IPIM NO BRASIL E EM PORTUGAL PARA FALAR DE AMBIENTE MA comitiva de 50 membros, liderada pelo presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), inicia no próximo domingo uma visita ao Brasil e a Portugal de intercâmbio so-

bre protecção ambiental. Segundo um comunicado oficial, a visita, organizada pelo Governo de Macau e que decorre até dia 12, tem lugar no âmbito das negociações comerciais, principalmente nas áreas de investigação e inter-

Leong Veng Chai entregou um pedido de debate na Assembleia Legislativa sobre a subida das taxas de veículos, questionando se esta é “razoável”. O deputado teme que mais aumentos venham a acontecer

câmbio sobre protecção ambiental e gestão de águas marítimas. Da delegação fazem parte representantes das nove províncias do Grande Delta do Rio das Pérolas e de Macau e de Hong Kong (conhecido como grupo “9+2”). O

périplo tem como objectivo “o fortalecimento do papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa”. A comitiva deslocar-se primeiro ao Brasil, com o programa a incluir uma visita à Agência Brasileira de

Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ministério do Planeamento, Orçamento e Gestão, bem como a projectos de protecção ambiental da zona do Rio Amazonas.

AL PEDIDO DEBATE SOBRE AUMENTO DAS TAXAS DE VEÍCULOS

Polémica a reboque GCS

U

N

ÃO basta uma reunião com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, um protesto e uma marcha lenta para encerrar o assunto. A questão do aumento das taxas de veículos continua a gerar reacções negativas, o que levou o deputado Leong Veng Chai a apresentar na Assembleia Legislativa (AL) uma proposta de debate sobre a matéria. Questionando se o aumento das taxas “é razoável”, o número dois de José Pereira Coutinho pretende esclarecer uma situação onde afirma existirem interesses por detrás. “Espero que, através de um debate, todos os deputados possam apresentar as suas opiniões, de modo a ir ao encontro da opinião pública e evitar suspeitas sobre a existência da transferência de interesses entre o Governo e entidades privadas”, pode ler-se na proposta. Leong Veng Chai espera ainda que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, “possa reunir amplamente os conhecimentos, a fim de tomar uma decisão resoluta”. As actualizações das taxas para a remoção de veículos dos lugares de estacionamento ocupados de forma ilegal passaram das 120 para as 750 patacas para as motas. No caso dos veículos, estes começaram a pagar 1500 patacas, bastante mais do que as anteriores 300. O maior aumento regista-se no caso dos veículos pesados e especiais, já que os valores subiram de 450 para seis mil patacas. “Em 2017 também aumentaram substancialmente as despesas

Estão também previstos encontros de intercâmbio com empresas do domínio da protecção ambiental, à semelhança do que vai suceder em Portugal. No caso da visita a Portugal não são, no entanto, facultados mais detalhes sobre a agenda da delegação.

o desenvolvimento em flecha da economia, a inflação faz com que os preços dos produtos do dia-a-dia estejam em constante aumento. Contudo, os salários dos residentes não só não conseguem suportar a subida em flecha, como estes também vão ter de suportar a subida do valor das taxas, aumentando, cada vez mais, o custo de vida das famílias.” O deputado recorda que, na maioria das vezes, não existem mais alternativas a não ser andar de mota ou de carro. “Os residentes que são utentes dos transportes públicos não conseguem prever com segurança o período necessário para chegar ao trabalho e às escolas, por isso, são obrigados a utilizar motas ou automóveis para se deslocarem.”

VIDA DIFÍCIL

para o desbloqueamento e a remoção de veículos por parte das empresas de parquímetro. Além disso, em várias taxas, registou-se um aumento para o dobro ou mais. Há, por isso, suspeitas de transferência de interesses”, acusa Leong Veng Chai.

NOVAS SUBIDAS?

O deputado recorda declarações de Lam Heong Sang, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), quanto à possibilidade de aumento progressivo das referidas taxas. “O director da DSAT revelou, ao ser entrevistado por jornalistas,

que era possível que as referidas taxas continuassem a aumentar. Se os cidadãos ignorarem este caso, que nunca antes tinha acontecido, será que o Governo vai continuar a aumentar outras taxas da mesma forma, ou seja, através de um despacho do Chefe do Executivo e sem realização de uma consulta pública?”, questionou Leong Veng Chai.

Um argumento que tem sido utilizado nos protestos é o de que muitas famílias não têm capacidade financeira para suportar estes aumentos, pois já convivem com uma elevada inflação. Algo que Leong Veng Chai também expõe na sua proposta de debate. “Nos últimos 17 anos, os rendimentos dos residentes só aumentaram ligeiramente. Com

Leong Veng Chai espera ainda que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, “possa reunir amplamente os conhecimentos, a fim de tomar uma decisão resoluta”

Leong Veng Chai considera também que ainda não existem lugares de estacionamento suficientes, apesar das promessas já feitas pelo Executivo nesse sentido. “Nestes 17 anos o número de veículos registados em Macau teve um aumento constante. De acordo com os dados publicados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos de 2016, esse número atingiu os 250 mil. Nas Linhas de Acção Governativa para o presente ano, apenas se refere que vão entrar em funcionamento quatro novos auto-silos públicos, onde só se vão disponibilizar 3600 lugares de estacionamento”, refere. Para Leong Veng Chai, “a actual rede de trânsito é desequilibrada”, sendo que, sem vagas de estacionamento suficientes para todos os veículos, “torna-se mais difícil a vida dos cidadãos”. “Para melhorar a qualidade de vida, de que ponto devemos partir? Porque é que o Chefe do Executivo não compreende as dificuldades dos cidadãos? Isto é que é ‘melhor servir a população’?”, remata o membro do hemiciclo. A proposta já foi admitida na AL, mas ainda não há uma data para a sua votação. Caso seja aprovado pelos deputados, o debate será posteriormente agendado. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 90/AI/2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 93/AI/2017

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor SUYANGLING, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W67795xxx , que na sequência doAuto de Notícia n.° 35/DI-AI/2015, levantado pela DSTa 14.04.2015, e por despacho da signatária de 16.02.2017, exarado no Relatório n.° 100/DI/2017, de 24.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Avenida Panorâmica do Lago Nam Van, n.° 744-S, Wu Keng Hou Teng, Bloco 3, 8.° andar C, Macau onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa porescrito,oferecendonessaalturatodososmeiosdeprovaadmitidosemdireitonãosendoadmitidaapresentaçãodedefesaoudeprovasforadoprazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.-------------------------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor HAN WENHUI, portador do passaporte da RPC n.° E05566xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 136/DI-AI/2014 levantado pela DST a 05.11.2014, e por despacho da signatária de 16.02.2017, exarado no Relatório n.° 102/DI/2017, de 25.01.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 761, Edf. Chung Yu, 11.° andar C, Macau onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.---------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Fevereiro de 2017.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Fevereiro de 2017.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 94/AI/2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 98/AI/2017

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora, ZHAN YANPING, portadora do passaporte da RPC n.° G21519xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 136.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 05.11.2014, e por despacho da signatária de 16.02.2017, exarado no Relatório n.° 103/DI/2017, de 25.01.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 761, Edf. Chung Yu, 11.° andar C, Macau.------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.---------------------------------------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora HUNG Yi Ling, portadora do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong n.° P9445xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 124/DI-AI/2014 levantado pela DST a 06.10.2014, e por despacho da signatária de 16.02.2017, exarado no Relatório n.° 107/DI/2017, de 25.01.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Marítimo n.os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 4, 4.° andar E, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Fevereiro de 2017.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Fevereiro de 2017. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

EDITAL Edital n.º :21/E-BC/2017 Processos n.ºs :1097/BC/2012/F e 1220/BC/2010/F Assunto :Início de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local :Rua da Ribeira do Patane n.º 183, Edf. Yau Wai, partes do terraço sobrejacentes às fracções 14.º andar J e L, Macau Rua da Ribeira do Patane n.º 183, Edf. Yau Wai, escada comum entre as fracções 14.º andar I, J, L, M, N, O, P, e Q e o terraço, Macau Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados os donos das obras e os proprietários dos locais acima indicados, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Processo n.º 1097/BC/2012/F. Local: Rua da Ribeira do Patane n.º 183, Edf. Yau Wai, partes do terraço sobrejacentes às fracções 14.º andar J e 14.º andar L, Macau Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que nos locais acima indicados realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra Parte do terraço sobrejacente à 1.1 fracção 14.º andar L Parte do terraço sobrejacente à 1.2 fracção 14.º andar L 1.3 2.

Parte do terraço sobrejacente à fracção 14.º andar J

Instalação de um suporte metálico e gradeamento de vidro na parte do terraço sobrejacente à fracção. Instalação de um suporte e cobertura metálicos na parte do terraço sobrejacente à fracção. Construção de um compartimento com suporte, chapa e cobertura metálicos na parte do terraço sobrejacente à fracção.

2.1

4. 5. 6.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

Processo n.º 1220/BC/2010/F. Local: Rua da Ribeira do Patane n.º 183, Edf. Yau Wai, escada comum entre as fracções 14.º andar I, J, L, M, N, O, P, e Q e o terraço, Macau Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra

3.

Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

Escada comum entre as fracções 14.º andar I, J, L, M, N, O, P, e Q e o terraço

Instalação de um portão metálico na escada comum.

Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas nos pontos 1 e 2 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. Considerando a matéria referida nos pontos 3 e 4 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).

RAEM, 24 de Fevereiro de 2017

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man


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SOCIEDADE

Justiça ALEGADA NEGLIGÊNCIA MÉDICA PODE TER PROVOCADO PARALISIA CEREBRAL

Relato de um parto acidentado

E

NCONTRA-SE em julgamento no Tribunal Administrativo um caso por erro e negligência médica num parto que resultou em paralisia cerebral profunda do bebé. O processo foi instaurado pela família em 2013 contra o Centro Hospitalar Conde de São Januário, o médico, Hua Ng Yao, e a enfermeira, Vong Iok Lin. Os pais do menino, que hoje tem seis anos, reclamam uma indemnização superior a quatro milhões de patacas. Tudo começou na madrugada do dia 1 de Novembro de 2010, por volta das cinco da manhã, quando rebentaram as águas à futura mãe. O casal apressou-se a seguir, esperançoso, para o hospital. A partir daí, tudo correu mal no nascimento do primeiro filho do casal. A grávida foi medicada com Citocitol, um fármaco que induz as contracções que preparam o feto para o parto natural. Neste momento, adianta salientar que a futura mãe teve uma gestação sem incidentes e entrou na unidade hospitalar com um bebé saudável. Mesmo depois de um dia inteiro com indução, não havia sinais de progresso no trabalho de parto, sem dilatação do colo do útero. No dia 2 de Novembro continuou a ser dada medicação à parturiente, ainda sem resultados. Este tipo de fármaco provoca contracções que podem causar stress ao bebé. Como tal, entre as 12h e as 14h começam a registar-se alterações nos batimentos cardíacos do feto, alegadamente sem que a equipa médica tomasse conta da situação. A enfermeira que acompanhou a grávida administrou-lhe oxigénio. Esta situação, de acordo com Malcolm Griffiths, especialista inglês em obstetrícia que testemunhou ontem em tribunal, “indicia que alguém ficou preocupado, apesar da medida não ter qualquer mérito médico”.

PARAGEM CARDÍACA

Algo não estava a correr bem. De acordo com a testemunha ouvida ontem no Tribunal Administrativo, à preocupação da enfermeira devia

Os pais de uma criança nascida no São Januário moveram um processo por negligência médica contra a unidade hospitalar e a equipa que acompanhou o parto. Em causa estão alegadas más práticas médicas momentos antes do nascimento que originaram a paragem cardíaca do recém-nascido, que terão resultado em paralisia cerebral cérebro, algo que, alegadamente, resultou na paralisia cerebral profunda do recém-nascido.

CONTESTAÇÃO VIRAL

ter sido correspondida com uma reavaliação médica. Em vez disso, continuou-se com a medicação, até que tudo descambou. Às 15h34 deu-se a primeira bradicardia no feto, o que significa uma diminuição do ritmo cardíaco que, num bebé, reduz a circulação sanguínea. Malcolm Griffiths esclareceu que mais de 10 minutos desta situação são o suficiente para provocar danos irreversíveis no cérebro, por falta de irrigação de sangue. Os normais batimentos cardíacos de um feto estão entre os 110 e os 160 por minuto, sendo que abaixo dos 100 já há um esforço considerável para um bebé. Neste caso, os batimentos chegaram aos 60 por minuto. Esta questão, de acordo com a testemunha, deveria ter alertado

a enfermeira para a gravidade da situação. Nesta altura, foi reduzida a medicação de indução, mas a resposta deveria ter sido mais robusta, ou seja, parar totalmente a medicação, chamar o médico e

Malcolm Griffiths esclareceu que mais de 10 minutos desta situação são o suficiente para provocar danos irreversíveis no cérebro

começar a preparação para a cesariana. Porém, o bebé recuperou o ritmo cardíaco, “milagrosamente”, segundo a análise de Malcolm Griffiths. Segundo a testemunha ouvida pelo colectivo de juízes, se nesta altura tivesse sido chamado um médico, talvez hoje a criança não sofresse da paralisia profunda que a deixou completamente incapacitada para a vida. Porém, isso não aconteceu. Às 15h59, o ritmo cardíaco do feto voltou a descer para níveis graves de bradicardia, onde se manteve até ao parto, às 16h16. Em resultado desta ocorrência, o bebé nasceu sem pulso, tendo sido reanimado sete minutos depois. Ou seja, esteve 24 minutos sem oxigénio no

A contra-argumentação do São Januário, além de ter recorrido ao lugar-comum de que a paralisia cerebral pode ter várias causas, sustentou-se num vírus que a mãe terá contraído. Para ser mais concreto, o citomegalovírus. A hipótese foi afastada pelo especialista em obstetrícia e ginecologia chamado pelos autores do processo. Numa observação às análises realizadas à mãe, Malcolm Griffiths garantiu que esta estava imune ao vírus, provavelmente contraído durante a adolescência, afastando o argumento dos réus. Para o obstetra inglês, não se encontra aí a razão da paralisia cerebral profunda. De resto, os réus argúem que o parto correu com toda a normalidade, que foram seguidos à risca os procedimentos do hospital, não havendo nada a apontar à equipa médica envolvida no parto. Porém, o resultado foi uma criança totalmente dependente que não se senta, não come sozinha, não anda, que usará fraldas a vida inteira e que apenas consegue comunicar com os olhos para dizer sim, ou não. Um menino sem qualquer tipo de autonomia. De acordo com o que o HM apurou, o médico, Hua Ng Yao, tem outro processo no mesmo tribunal também devido a um incidente que resultou em paralisia cerebral, felizmente, não tão profunda como este caso. É de salientar que depois deste segundo incidente, o clínico saiu do Conde de São Januário, estando agora a trabalhar no Kiang Wu. O julgamento prossegue no Tribunal Administrativo. João Luz

info@hojemacau.com.mo


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Apoios SUBSÍDIO PROVISÓRIO DE INVALIDEZ DEVERÁ PASSAR A PENSÃO

Para um sistema mais justo A Comissão para os Assuntos de Reabilitação discutiu ontem a possibilidade de tornar permanente o subsídio provisório de invalidez. O plano para tornar a cidade mais acessível a quem tem dificuldades de locomoção também esteve em debate. As regras não vão chegar ao sector privado

de invalidez, sendo o valor mensal de 3450 patacas”, indicou Choi Siu Un. Este ano, o prazo de atribuição do subsídio foi alargado até 31 de Dezembro de 2017. A lei que consagra este tipo de apoio entrou em vigor em 2010 e há mais de dois anos que tem estado a ser analisada. A Comissão para os Assuntos de Reabilitação acredita que a mudança resultará na simplificação

das operações, com vantagens para os beneficiários.

SÓ INSPIRAÇÃO

Em cima da mesa esteve ainda o projecto sobre as “normas para a concepção de design universal e livre de barreiras”. Macau acordou tarde para a necessidade de acabar com os obstáculos a quem tem dificuldades de locomoção, mas não só – as directrizes es-

A

proposta partiu do Fundo de Segurança Social e foi ontem debatida na Comissão para os Assuntos de Reabilitação. Na primeira sessão plenária do ano, propôs-se que seja eliminada uma das condições exigidas para o pedido de atribuição da pensão de validez. Se a sugestão for acolhida, deixa de ser necessária a obtenção da qualidade de beneficiário antes da verificação da invalidez. Com esta alteração à legislação em vigor, pretende-se que os portadores de deficiências possam ter direitos iguais em termos de protecção social. “Vamos propor que o subsídio provisório de invalidez passe a pensão de invalidez”, sintetizou o chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social (IAS). “Por isso, as pessoas que reúnem as condições podem passar a receber a pensão

SAÚDE DUAS MÃOS CHEIAS DE PROPOSTAS PARA INSTITUTO DE ENFERMAGEM

O Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas recebeu esta semana 11 propostas no âmbito do concurso público para a construção do Instituto de Enfermagem do futuro Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. Segundo dados enviados à imprensa, decorrido o processo de abertura das propostas, dez foram admitidas e uma foi excluída. O edifício do Instituto de Enfermagem tem uma área de implantação de cerca de três mil metros quadrados, projectada com 16 pisos, mais uma cave com três andares, perfazendo uma área bruta de construção de cerca de 33.600 metros quadrados. A cave será utilizada como parque de estacionamento, sendo que os restantes pisos projectados acima do rés-do-chão serão utilizados como salas de ensino, escritórios e residências para professores e estudantes, bem como um centro de actividades. O prazo máximo de execução é de 850 de trabalho. Prevê-se que a execução da empreitada tenha início ainda no primeiro semestre deste ano.

tão a ser pensadas também para quem transporta malas e empurra carrinhos de bebé. Agora, a Administração quer arrepiar caminho e ter o processo concluído até ao final deste ano. No entanto, o projecto diz apenas respeito às instalações com intervenção do erário público. “As normas vão ser aplicadas primeiro nas obras públicas e nas obras subsidiadas. Uma vez implementadas

SOCIEDADE

as instruções, devem ser respeitadas pelos serviços públicos”, garantiu Choi Siu Un. Questionado sobre a obrigatoriedade de aplicação destas regras em construções a serem feitas, no futuro, pelo sector privado, o chefe de departamento do IAS não respondeu directamente. Disse apenas que as directrizes “servirão de padrão para que haja um ambiente sem barreiras”. Além disso, funcionarão como um “exemplo para as instituições particulares”. Serão elas a decidir se querem ou não facilitar a vida a quem, por exemplo, não consegue subir umas escadas.

Com esta alteração, pretende-se que os portadores de deficiências possam ter direitos iguais em termos de protecção social Em meados do mês passado, a Administração fez cinco sessões de recolha de opiniões sobre este projecto, tendo ouvido 25 entidades que lidam com a reabilitação, 230 pessoas portadoras de deficiência, e 12 organizações profissionais e associações comerciais.

MAIS DOIS AUTOCARROS

O serviço de autocarros de reabilitação foi outro assunto abordado no encontro que contou com a presença do secretário Alexis Tam. Neste momento, existem sete veículos em circulação que, por ano, providenciam 30 mil viagens. “Estes autocarros são utilizados com marcação prévia. Agora, estamos a planear traçar outro projecto sem marcação prévia. Estamos ainda a pensar no circuito, porque tem que ver com a rede de transportes públicos, pelo que tem de ser estudado”, declarou Choi Siu Un. A Caritas Macau vai dar o apoio necessário ao projecto. O IAS – que financia os autocarros – está ainda a planear a introdução de mais duas viaturas. “As instituições particulares vão ajudar-nos a gerir este serviço”, rematou o chefe do Departamento de Solidariedade Social.

RESIDÊNCIA IPIM RECEBE MENOS PEDIDOS EM 2016

O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) recebeu, no ano passado, menos pedidos de fixação de residência. De acordo com uma nota à imprensa, em 2016 foram submetidos 305 processos relativos a quadros dirigentes e técnicos especializados, o que representa uma diminuição de 93 por cento em comparação com o ano anterior. Também nos pedidos de residência por investimentos e projectos de investimento relevante se verificou uma quebra – foram 24, menos 55 do que em 2015. Ao todo, chegaram ao IPIM 329 novos processos. No ano passado, o IPIM aprovou 99 pedidos relativos a quadros dirigentes e técnicos especializados e quatro pedidos por investimentos.


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CIDADE ECRÃ 37.º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEM

EVENTOS

Os dias dos livros TIAGO ALCÂNTARA

Rota das Letras arranca amanhã

M

AIS de 70 convidados, incluindo mais de 50 escritores, de cerca de 25 países, marcam presença no Rota das Letras, que arranca amanhã, em Macau, “com expectativas muito altas”, disse o subdirector do festival, Hélder Beja. A sexta edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras decorre entre sábado e 19 deste mês, e junta autores internacionais, do universo lusófono e chinês, num programa com mais de 100 eventos, incluindo exposições, filmes e concertos. Além de sessões para o público em geral, o festival também vai às escolas. Este ano o programa passa pela ficção chinesa contemporânea, bem como pelo romance histórico, poesia, ensaio e literatura infantil, entre outros. “As expectativas são muito altas. Acho que é um programa muito bom, em termos de ‘line-up’ e de temas. Se o festival pudesse ter todos os anos um programa perto do que este vai ser já seria fantástico para os próximos anos. Não vai ser fácil continuar a manter esse nível, mas vamos tentar”, afirmou o responsável. A banda desenhada é um dos destaques, com uma sessão logo após a cerimónia de abertura e uma exposição do cartoonista português radicado em Macau Rodrigo de Matos. “É uma sessão que também faz aquilo que gostamos de fazer sempre que é a ponte entre diferentes culturas. Portanto, temos representados vários países, com a presença de um autor chinês – o Dick Ng –, do Filipe Melo [Portugal] e de dois autores francófonos: o Philippe Graton e o Clément Baloup, que também tem ascendência vietnamita e trabalha muito sobre o Sudeste Asiático”, disse.

ROMANCES, CRÍTICA, ESPECTÁCULOS

Na primeira semana, Hélder Beja destaca, “no programa lusófono, a passagem novamente por Macau de José Rodrigues dos Santos, de Raquel Ochoa e de João

Morgado”, observando a “presença forte do romance histórico com estes três autores”. Outro dos autores confirmados, que a organização do Rota das Letras queria trazer a Macau há algum tempo, “é Pedro Mexia, poeta, crítico literário, enfim, um intelectual fantástico”. Na literatura chinesa, o festival recebe pela primeira vez “Lo Yi-Chin, um autor bastante importante de Taiwan, que venceu o ‘Dream of Red Chamber’, o maior prémio de literatura de Hong Kong”. Também durante a primeira semana estão agendadas sessões, incluindo nas escolas, com a “autora da literatura infantil Qin Wenjun, que é uma das maiores autoras de literatura da China”. “Depois temos o fim-de-semana com muitos espectáculos, vários filmes durante a noite: a Clara Law – cineasta que nasceu em Macau – também vai mostrar dois filmes, a Sofia Leite, de Portugal, vai mostrar dois documentários – um sobre a Cesária Évora, com a presença do ministro da Cultura [de Cabo Verde], o Abraão Vicente, que também estará por aqui a dar várias sessões”, disse Hélder Beja.

“O RUIDO NA

OS FINALISTAS DO BOOKER

O subdirector do festival sublinhou que “apesar de haver autores internacionais na primeira semana, a segunda torna-se ainda mais internacional, com a visita de Madeleine Thien e de Graeme Burnet, dois finalistas do Booker Prize”. É também na segunda semana que o Rota das Letras recebe “Yu Hua, o autor chinês talvez mais destacado desta programação de 2017, a jovem autora ZhangYueran, que também é uma das principais autoras chinesas da programação, e depois, no que toca a autores lusófonos, o Bruno Vieira do Amaral, Prémio Saramago”. À excepção de Timor-Leste, há “representantes dos vários países da lusofonia e também de lugares que, já não estando ligados a Portugal também ainda têm algumas ressonâncias portuguesas”, como é o caso da Jessica Faleiro, de Goa. “Vamos ter um autor da Guiné-Bissau [Abdulai Silá], uma autora moçambicana, a Deusa d’África, também conhecida como activista cultural – organiza um festival de poesia além de escrever –, um autor cabo-verdiano, o Abraão Vicente, e de São Tomé e Príncipe temos também a Inocência Mata, que está a viver em Macau”, disse. A escritora brasileira Natália Borges Polesso, cujo livro de contos “Amora” lhe valeu o Prémio Jabuti de 2016, também estará no festival, tendo sido uma das últimas presenças confirmadas.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA AMERICANA • Don DeLillo

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Aos 28 anos, David Bell é o sonho americano tornado realidade. Lutou para chegar ao topo, sobreviveu às purgas do escritório e aos escândalos para se tornar num executivo televisivo. O mundo de David é feito de imagens que surgem nos ecrãs americanos, das fantasias que encantam a imaginação da América. E depois o sonho - e a fabricação do sonho - tornam-se pesadelo. No ponto mais alto do seu sucesso, David propõe-se a redescobrir a realidade. Com uma câmara nas mãos, viajar por todo o país numa tentativa louca e comovente de capturar, impor, um ideal para si e para o passado, presente e futuro da América.

D

IA1 de Março, 16h30, o ecrã do grande auditório Manuel de Oliveira no Teatro do Rivoli abriu-se para o formato 2:39.1. A projecção de “Comboio de Sal e Açúcar”, filme de Licínio de Azevedo, com argumento a partir do livro com o mesmo nome que o mesmo autor escreveu, começa. É uma viagem iniciática e transformadora de 93 minutos, onde a contenção

e a exuberância do continente África são expressão da voz humana sitiada em corpos e almas em guerra com as trevas e as visões de luz. Em 1988, a independência de Moçambique, a afirmação do direito de soberania e consequente anulação do estatuto de território colonizado pelo império português desde o séc. XV, tinha 13 anos. No entanto, o mundo da geopolítica, dividido entre livre e

marxista, mantinha em África uma guerra pelo poder. É em Novembro de 1989, com a queda do muro de Berlim, que se precipita o fim de uma visão do mundo divido em dois blocos ideológicos e políticos. Em 1988, em Moçambique, a guerra colonial continuava, eram outras as potências mandatárias, é sabido, e o nome dado à guerra outro.

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O MAPA E O TERRITÓRIO • Michel Houellebecq

Se a história deste romance nos fosse contada por Jed Martin, talvez ele começasse por falar da avaria da caldeira do seu apartamento, num dia 15 de Dezembro. Ou dos solitários Natais passados com o pai, um arquitecto famoso que sonha construir cidades fantásticas mas ganha a vida a projectar resorts de férias. Talvez não falasse do suicídio da mãe quando tinha apenas sete anos, porque são muito ténues as recordações que dela guarda. Mas mencionaria certamente Olga, uma lindíssima russa, que conheceu por ocasião da primeira exposição do seu trabalho fotográfico baseado nos mapas de estradas Michelin.


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MA DO PORTO

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EVENTOS

AO MATA MAS O MEDO SIM”

Comboio de Sal e Açúcar

Moçambique está em plena guerra civil. A viagem no comboio puxada pela locomotiva D 67, que liga Nampula ao Malawi, é uma oportunidade de comércio para as mulheres com a sabedoria da exigência da sobrevivência num mundo de terror e delinquência com força normativa. Trocam sal por açúcar e garantem desta forma a subsistência das famílias. Uma viagem a 5km/h

numa linha sabotada, que expõe e torna vulnerável todos aqueles que a fazem, uma viagem em que se confronta a esperança e o pesadelo da guerra. Lorenzo Esposito, programador do Festival de Locarno, festival em que o filme esteve seleccionado, escreveu: “Um relógio que já não marca o tempo. A câmara mergulha no cais de uma estação perdida. Um grande grupo de

pessoas, maioritariamente mulheres e crianças, ali se sentam em silêncio à espera. (...) trabalhadores, observados de longe por um grande contingente militar trabalham para fortalecer o comboio que parte. (...) um Western africano. Estamos a bordo de um comboio de amor e guerra, em direcção ao Inferno ou ao Céu, onde as mulheres têm que se defender da raiva dos soldados, apesar de algumas

se apaixonarem por eles e darem à luz os seus filhos (...) o caminho é longo e perigoso, mais de 700 quilómetros que tresandam a sangue e a morte, interrompidos por sabotagens contínuas: assaltos por milícias ao serviço de senhores da guerra e ataques suicidas por tropas sem nome. (...) Os picos de violência, as mortes mais dolorosas e até os duelos pareciam ansiar fugir para fora do ecrã. São restringidos, não por serem anti-espectaculares, mas para contar a história da dignidade melancólica de um povo roubado dos seus sonhos e esperanças.” Sim, Western africano, tal como “Apocalypse Now” (Coppola, 1979) é um a Western no Vietname, ainda que aqui sejam bem menos os planos americanos (o plano western por definição), embora sejam claramente assumidos no momento do combate final entre o herói, o tenente Taiar, que mais que a guerra sonha a paz, a agronomia e a tranquilidade de uma vida normal em família como modo de vida, e o bandido, o Alferes Salomão, que tornou a guerra sem lei a marca do seu carácter. É Licínio de Azevedo quem diz sobre estes dois personagens que “o Taiar é um tenente com mentalidade moderna, científica, que estudou numa academia militar na Ucrânia, ex-União Soviética, e que tem um pensamento diferente por ser jovem e ter recebido formação fora do país. O seu antagonista é o alferes Salomão, que ganhou a sua patente na guerra. É um grande combatente, mas tem um visão mais fechada. Sente-se dono do mundo, dono das mulheres, do comboio.”

Licínio Azevedo, cineasta formado pelo Instituto Nacional de Cinema de Moçambique, nos anos que se seguiram à independência, teve como professores Jean Rouch, Godart, Ruy Guerra, é mestre nesta sua assinatura cinematográfica, capaz de uma contenção, de um fechamento dum comboio que se move enclausurado num carril a céu aberto, num jogo permanente de tensão entre a escuridão e o desejo da luz. E não é fácil resistir à grandiosidade da expansão territorial do continente africano, mas Licínio Azevedo consegue permanecer perto das almas dos homens e mulheres, sem que o fora de campo deixe de estar presente no ecrã, não estando. Por vezes, quando a respiração da narrativa o permite, temos um plano geral da exuberância do território africano mas, quase sempre, num trabalho de grande assertividade, são personagens construídos com uma sabedoria de fino

A viagem no comboio é uma oportunidade de comércio para as mulheres com a sabedoria da exigência da sobrevivência num mundo de terror e delinquência com força normativa

recorte, que a câmara nos dá a ver e sentir. Ainda sobre o universo do personagens, diz-nos o cineasta: “Neste filme há três grupos de personagens: os militares que protegem e controlam o comboio, entre os quais há os bons e os maus; os trabalhadores dos caminhos-de-ferro que permitem que o comboio siga o seu caminho e que são a intelligentsia; e os civis, sobretudo mulheres, que viajam e que representam a luta humana mais básica: a sobrevivência. É como um microcosmos onde coexistem muçulmanos, cristãos e animistas, numa atmosfera de traições, ataques e morte, mas também de esperança renovada. ‘Quando o sol nasce todas as esperanças se renovam’, já dizia o meu velho Hemingway. E assim se vai mantendo o equilíbrio, porque dentro do comboio todos os passageiros arriscam as vidas. Durante a guerra temos tendência a diferenciar os bons e os maus, mas isso nem sempre é fácil. Aqueles que atacam o comboio são terríveis mas, por vezes, aqueles que o deveriam proteger são piores.” Há personagens outros, bem desenhados, magistrais, o Caravela, uma espécie de assistente de maquinista, padre e febril nas suas preces religiosas, ou comandante, carismático, animista, líder incontestado. O filme, uma co-produção entre Portugal, Moçambique, França e Brasil, chega ao Fantasporto após selecção em Locarno e um prémio no Egipto. Veremos o que o 37.º Festival Internacional de Cinema do Porto lhe pode oferecer. Rui Filipe Torres

info@hojemacau.com.mo

ALBERGUE EXPOSIÇÃO NO FEMININO

O

Dia Internacional da Mulher, comemorado a 8 de Março, é assinalado com a inauguração da exposição “28 +28”.Ainiciativa, organizada peloAlbergue SCM em conjunto com a Galeria 57 Macau, reúne 28 obras de 28 artistas no feminino. O dia dedicado à mulher, que ganhou reconhecimento internacional

em 1977, é para a organização “uma ocasião destinada a recordar que, apesar de todos os avanços obtidos, a promoção da igualdade dos géneros e a eliminação de todas as formas de discriminação das mulheres é uma luta inacabada”. A mostra reúne 28 obras mulheres artistas provenientes de nove países

e territórios de língua portuguesa: Macau, Portugal, Moçambique, Brasil, Angola, Timor Leste, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Os trabalhos apresentam uma variedade de estilos e temas de modo “a testemunhar a relevância

da contribuição das mulheres para a arte contemporânea”, lê-se na nota enviada à comunicação social. De acordo com a organização, o evento, que ocorre pela segunda vez no território, representa “um diá-

logo que se insere no passado de Macau e é uma das fundações da sua projecção para o futuro”. A mostra integra obras de Ana Jacinto Nunes, Graça Morais, Gracinda Candeias, Maria João Franco, Xaneca, Ana Silva, Carmen Gusmão, Fátima Pena, Joey Ho e Lai Sut Weng.


12 CHINA

hoje macau sexta-feira 3.3.2017

ADVOGADOS PROCESSAM AUTORIDADES POR ALTOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO

Ar de poucos amigos

O

advogado Cheng Hai quer receber do Governo de Pequim uma compensação pelo “desgaste emocional” e danos para a saúde provocados pelas vagas de poluição que frequentemente atingem a cidade. “Há quem pense que, com o desenvolvimento económico, a poluição atmosférica é inevitável, mas isso é um erro”, disse Cheng, de 64 anos, citado pela Associated Press. “Temos leis que protegem a qualidade do ar e níveis altos de poluição podem ser evitados se estas foram devidamente aplicadas”, acrescentou. As palavras de Cheng ilustram o crescente descontentamento da classe média chinesa com a poluição que afecta a maioria das cidades do país. O tema deve voltar a ser debatido durante a sessão anual daAssembleia Nacional Popular, órgão máximo legislativo da China, três anos após o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ter declarado “guerra à poluição”. Desde então, as autoridades encerraram fábricas a carvão e retiraram os veículos mais antigos e poluentes das estradas. Dados oficiais revelam que essas medidas têm surtido efeito, com a qualidade do ar em Pequim a melhorar todos os anos, desde 2013. No entanto, a concentração média de partículas PM 2,5, as mais finas e suscep-

tíveis de se infiltrarem nos pulmões, em Pequim, continua a ser sete vezes acima do nível máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde. “Somos vítimas da poluição e temos o direito de pedir ao Governo um pedido de desculpas e uma compen-

sação”, afirmou o advogado Yu Wensheng, de 50 anos e natural de Pequim, citado pela AP. As acusações de que as autoridades falham em lidar efectivamente com a poluição são importantes para mostrar que o Governo não está acima da lei, afirmou Yu.

“Somos vítimas da poluição e temos o direito de pedir ao Governo um pedido de desculpas e uma compensação” YU WENSHENG ADVOGADO

“Se o Governo não é condicionado pela lei, que mais o poderá condicionar?”, questionou Yu, que em 2014 esteve detido, acusado de apoiar os protestos pró-democracia em Hong Kong e advogados dos Direitos Humanos. O grupo de advogados tentou ainda processar a província de Hebei, que confina com Pequim, e a cidade portuária de Tianjin, a 120 quilómetros da capital. Dizem que os processos visam sobretudo chamar a atenção para a inércia do Governo.

PRÓS E CONTRAS PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 116/AI/2017 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LAI XIAOMAI, portadora do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W92049xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 59.2/DI-AI/2014 levantado pela DST a 23.05.2014, e por despacho da signatária de 30.11.2016, exarado no Relatório n.° 750/DI/2016, de 16.11.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 1163-C, La Oceania, 17.° andar B, Macau.-------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Fevereiro de 2017. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Três décadas de acelerado desenvolvimento económico permitiram retirar da pobreza centenas de milhões de chineses, mas tiveram efeitos devastadores para o ambiente do país. Só este ano, Pequim vai gastar 2,7 mil milhões de dólares (2,5 milhões de euros) a combater a poluição. Parte do dinheiro será destinado a encerrar ou modernizar mais de 3.000 fábricas poluentes, substituir o uso de carvão por energias limpas e retirar das estradas 300.000 veículos altamente poluentes.

ESTADO ISLÂMICO DIVULGA VÍDEO A AMEAÇAR A CHINA

U

M vídeo do Estado Islâmico parece mostrar recrutas da minoria muçulmana uigur chinesa ameaçando “vingar a opressão”, alimentando a afirmação de que Pequim vive uma crescente ameaça de terror jihadista. O vídeo de meia hora foi divulgado por uma divisão estadual islâmica no oeste do Iraque, de acordo com o grupo SITE Intelligence, que monitora a actividade jihadista online. O vídeo com legenda em árabe e uigur, mostra os combatentes uigures no campo de batalha, bem como várias execuções, disse o SITE Intelligence. “Vocês chineses que não entendem o que as pessoas dizem!”, disse um dos militantes antes de uma execução, de acordo

com a tradução do SITE. “Nós somos os soldados do Califado, e iremos até aí para esclarecer como é a língua das nossas armas, para derramar sangue como rios e vingar os oprimidos, se Allah permitir”, acrescentou. O recrutamento por grupos de jihadistas do Médio Oriente tem colocado Pequim em alerta, particularmente na sua região noroeste de Xinjiang, que faz fronteira com o Paquistão e o Afeganistão e é o lar da maioria muçulmana uigur. De acordo com dois estudos recentes, mais de 100 cidadãos chineses juntaram-se ao grupo na Síria, e as autoridades chinesas dizem que cerca de 300 uigures estão a lutar pelo movimento jihadista na Síria e no Iraque.

ADVOGADOS DE ACTIVISTA DENUNCIAM ALEGADA ENTREVISTA SUA A JORNAL

O

S advogados de um proeminente activista chinês que defende os Direitos Humanos na China denunciaram ontem uma alegada entrevista sua, publicada por um jornal estatal, como um caso de abuso de poder. O jornal Global Times cita na edição de ontem Jiang Tianyong a admitir que a informação que este divulgou anteriormente, de que o advogado Xie Yang foi torturado pela polícia, é falsa. Xie está detido desde Julho de 2015, na sequência de uma campanha lançada por Pequim contra activistas e advogados que defendem direitos civis na China. Jiang foi detido em Novembro, após visitar a

Jiang Tianyong

mulher de Xie, e é acusado pelas autoridades de subversão do poder do Estado. Em 2009, foi destituído de funções como advogado, mas prosseguiu com o activismo e ajudou a divulgar as condições dos advogados detidos durante a campanha. Também ele foi detido e espancado pela polícia, devido ao seu envolvimento como advogado em alguns dos casos mais sensíveis na China, incluindo o do activista cego Chen Guangcheng e membros do movimento espiritual Falungong. Os advogados de Jiang denunciaram numa carta aberta que não foram autorizados a falar com este, com a justificação de que um encontro poderia resultar na fuga de segredos de Estado e questionaram em que condições o Global Times foi autorizado a entrevistar o seu cliente. O advogado Chen Jinxie disse ontem que a mulher de Jiang planeia processar o Global Times por divulgar “informações falsas” sobre o seu marido.


13 DESPORTO

hoje macau sexta-feira 3.3.2017

LIGA DE ELITE

ANTEVISÃO da jornada por João Maria Pegado

Duelo de Titãs

J

OGO grande este sábado ,Benfica de Macau Vs Monte Carlo às 16:00.Pelo que se tem visto durante as últimas cinco jornadas bem se pode dizer que este jogo decidirá quem chegará ao fim da primeira volta do campeonato como líder. As duas formações no que se tem visto até agora, estão à frente das restantes. Poderíamos acrescentar o CPK a esta questão da liderança da primeira volta, que começou com grandes ambições para esta prova, mas terá que resolver o problema da finalização. Até lá Benfica e Monte Carlo são os candidatos. O Benfica, que surpreendentemente empatou com o Cheng Fung logo na segunda jornada, vê neste embate a possibilidade de recuperar

desse desaire e resgatar a primeira posição no grande primeiro teste à equipa de Henrique Nunes. Já a equipa de Cláudio Roberto segue invicta somando por vitórias todos os seus jogos, e até já teve um embate mais complicado onde resolveu bem(2-0 CPK).O Monte Carlo tem aqui a oportunidade de consolidar a sua posição de líder do campeonato e

os treinadores estão cientes da importância da conquista de pontos neste jogo. Ambas as equipas estão na máxima força para este encontro e por isso o jogo irá decidir-se por detalhes com a equipa que estiver mais concentrada no processo defensivo e mais letal na parte ofensiva a levar a melhor. As equipas a nível de sectores estão equilibradas de formas diferentes. Se a

O Benfica, que surpreendentemente empatou com o Cheng Fung logo na segunda jornada, vê neste embate a possibilidade de recuperar desse desaire e resgatar a primeira posição no grande primeiro teste à equipa de Henrique Nunes

nível do sector defensivo o Benfica leva vantagem com a experiência da sua linha de quatro mais o guarda-redes, os canarinhos, com excepção de Paulo Cheang e o guarda-redes Ho Man Fai, são menos experientes. Onde os canarinhos parecem levar vantagem é no seu meio campo, onde estão os grandes reforços desta época. Leandro Tanaka e Anderson de Oliveira, muito fortes fisicamente e bons tecnicamente vão ter que medir forças com Edgar Teixeira e, à partida, também com Cuco. No sector atacante vamos ter a precisão do ataque dos pupilos de Henrique Nunes contra a velocidade e criatividade dos jogares de Cláudio Roberto. Abordagem ao jogo, pela necessidade de pontuar e

a sua maneira de jogar, o Benfica assumirá o controlo do jogo e será de esperar um Monte Carlo com as linhas recuadas para poder explorar a velocidade do contra ataque. Excelente jogo que iremos assistir e deixo desde já a recomendação para se o leitor não tiver nada para fazer durante a tarde de sábado, desloque-se ao estádio da Taipa e veja um bom espectáculo de futebol do melhor que há no território.

OUTROS DESTAQUES

Nos restantes jogos destaque para o Kei Lun Vs CPK sexta feira às 20:30, equipas que não querem perder o comboio da liderança e para tal querem somar os 3 pontos nestes jogo, mais um bom jogo a não perder. Antes do jogo grande da jornada, no sábado às 14:00 Sporting

ONZES PROVÁVEIS

deixar os encarnados a não dependerem só dos seus jogos para chegarem à liderança, ficando com cinco pontos de atraso. Jogo de capital importância apesar de estarmos ainda no início, mas num campeonato onde as equipas grande não perdem muitos pontos ambos

De Macau Vs Lai Chi têm um jogo importantíssimo confronto na luta pela permanência. Agora com nova direcção,os pupilos de Nuno Capela querem dar um presente ao novo Presidente Dr. Lívio Borges. Para domingo e no fecho da jornada mais dois jogos, Cheng Fung Vs Development 14:00, a equipa de João Rosa quer dar um pontapé na crise e voltar às vitórias e pela frente terá os jovens da associação motivados com a conquista dos primeiro ponto na jornada anterior. Por último às 16:00, Policia Vs Ka I, a equipa de Ka Li Man quer continuar na senda de vitórias e o Ka I somar pontos preciosos para a manutenção. Jornada 6 do campeonato da Liga Elite que promete com bons jogos.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 84/AI/2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 99/AI/2017

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN CHENGHUA, portador do Passaporte da RPC n.° E28842xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 77/DI-AI/2015, levantado pela DST a 13.07.2015, e por despacho da signatária de 16.02.2017, exarado no Relatório n.° 92/DI/2017, de 23.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Nossa Senhora do Amparo n.° 1, Edf. Tin Iok, 2.° andar A onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEONG IAT LON, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 73194xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 133/DI-AI/2014 levantado pela DST a 23.10.2014, e por despacho da signatária de 16.02.2017, exarado no Relatório n.° 108/DI/2017, de 03.02.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua da Barca n.° 81, Edf. Si Keng, 1.° andar B onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Fevereiro de 2017.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Fevereiro de 2017.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

N

O artigo da semana passada, com o título Boémio macaense suicida-se em Paris, focamos a vida de Branca Lachmann através de dois autores, um romancista, Camilo Castelo Branco, que diz ser ela uma polaca de nascimento e outro, o historiador Padre Manuel Teixeira, que a refere como “filha bastarda do Grão-duque Constantino, da Rússia, sendo uma judia polaca” e “favorita do Sultão de Constantinopla, espia da Alemanha e veio a casar com o alfaiate Francisco Hyacinthe Villoing”. É da tradução deste padre historiador, de um artigo escrito por Peter Flectwood-Hesketh e publicado na revista Country Life de 25 de Setembro de 1969, que complementamos com informações mais detalhadas o anterior texto. “Ester Paulina Blanche Lachmann nasceu em Moscovo, sendo filha de um pobre alfaiate Martins Lachmann e de sua mulher Ana Maria Klein, judeus refugiados da Polónia. Sobre o seu nascimento aparecem duas datas: - uma, a de 7 de Maio de 1826, dada pelo livro Genealogisches Handbuch der Fürslicher Haüser;” outros, como Frederich Loliée (que em 1914 publicou a relação completa da sua vida), “dão o ano de 1819 – uma diferença de 7 anos”, a qual foi usada por Peter Flectwood-Hesketh. (...) “Aos 17 anos, Teresa – nome que adoptou [somente em Paris] em vez de Ester – casou com Antoine François Hycacinthe Villoing, jovem alfaiate francês tão pobre como ela (ainda que no Handbuch aparece como banqueiro), de quem teve um filho. O jovem casal trabalhava longas horas no rés-do-chão mal iluminado dum prédio de Moscovo. No entanto, Teresa convenceu-se que esta vida não era para ela. Resolvida a alcandorar-se um dia ao pináculo mais elevado da riqueza e do triunfo e fixando uma linha de que nunca mais se desviou, ela, numa bela manhã, lançou-se sozinha para o mundo, abandonando o marido e a sua criança. Dizem que era dotada duma bela figura, pescoço grego, cabelo espesso castanho-aloirado e olhos soberbos. Com estes atributos, uma inteligência astuta, uma vontade indomável e uma energia quase ilimitada, abriu o seu caminho de capital em capital – Berlim, Viena, Constantinopla – e aí por 1841 chegou à estância alemã de Ems. Aqui encontrou Heinrich Herz, pianista e compositor já célebre, e sentiram-se atraídos imediatamente um pelo outro. Ela tinha 22 anos, ele 35 e depressa Teresa passou a viver com ele como sua <esposa> em Paris, cidade dos seus sonhos, ingressando no

José Simões Morais

Blanche Lachmann, a tal Madame Paiva

Heinrich Hertz

seu meio musical e intelectual. Teresa tornara-se, no entanto, uma boa música e com Herz ficaram patronos de muitos jovens profissionais que eram convidados a fazer sua estreia parisiense no

Aqui [Ems] encontrou Heinrich Herz, pianista e compositor já célebre, e sentiram-se atraídos imediatamente um pelo outro. Ela tinha 22 anos, ele 35 e depressa Teresa passou a viver com ele como sua “esposa” em Paris

salon Herz”. [Heinrich Hertz (18031888), um dos mais célebres pianistas e compositores do seu tempo, nascera em Viena, na Áustria, mas adoptou a França como seu país, onde fez a sua vida, sendo professor no Conservatório de Paris. Como na Europa os tempos não eram muito propícios para os judeus, escondeu essa sua origem.] “Herz estava próspero. Fundou uma fábrica de pianoforte [em 1830], construiu uma casa e um salão de concertos [o salon Herz criado em 1838 na rua de la Victoire, onde muitas vezes Berlioz e Offenbach deram concertos], mas nem os seus recursos bastavam à extravagância de Teresa”, segundo Hesketh. Tal levou Henri Herz em 1848 a “fazer uma tournée na América para recuperar a sua fortuna, deixando Teresa com a criança que tinha dele. Esteve ausente cinco anos e nesse intervalo, os seus parentes puseram Teresa na rua, mas ela levou consigo muitas das suas pertenças”. Aqui ajustamos tais informações com as de Camilo Castelo Branco que refere, “Ligada primeiro a Herz, pianista célebre, sob a falsa estampilha de esposa, chegou a sentar-se entre as duquesas nos saraus de Luís Filipe. Depois, desvelado o segredo da sua concubinagem, foi expulsa afrontosamente dos círculos também falsamente carimbados de honestidade, e fugiu para Londres, deixando ou levando o pianista”. Compreender-se-á pois a razão dos pais de Herz a terem colocado fora de casa, quando o seu filho se encontrava em digressão pela América e por isso, se desfaz a dúvida que Camilo colocou se terá ou não levado o pianista com ela para Londres. Também o que refere Peter Flectwood-Hesketh sobre o filho que teve de Herz parece ser produto de uma confusão pois este, como mais à frente refere, faleceu em 1862 com 25 anos, sendo assim a data de nascimento a de 1837, logo ainda do tempo em que vivia com o alfaiate. A esse filho [Antoine de seu nome] pagou a educação, apesar de nunca mais o ter visto. Como se pode ler mais à frente nesse artigo, a filha que teve com Herz nascera em 1841/42 e

viria a morrer em 1854 com 12 anos. No entanto, há fontes que indicam essa filha, Henriette ter nascido aproximadamente em 1847 e falecido a 1859.

MILIONÁRIA EM LONDRES

Ainda antes de ter ido para Londres, a senhora Villoing (pois o seu esquecido marido apenas faleceu a 15 de Junho de 1849) retornou à “pobreza, estando demais a mais desesperadamente doente. Teófilo Gautier visitou-a e ela ameaçou suicidar-se; mas prometeu que, se recuperasse, havia de construir um dia a casa mais linda de Paris. Outros foram também em auxílio de Teresa. O jornalista Jules le Comte ajudou-a a ingressar no mundo da moda, ao passo que a sua amiga Ester Guimont apresentou-a a Camilo, famoso modista, que, pressentindo uma cliente promissora, colocou à sua disposição toda a sua indumentária”, segundo refere Peter Flectwood-Hesketh. Agora sim, em Londres sozinha no seu camarote de ópera, “ameaçada por uma segunda catequese de fome, ajuntou a sua fulminante formosura um vestuário de espaventos, sentou-se langorosamente num camarote de Covent-Garden”, como refere Camilo Castelo Branco. “Ornamentada resplendentemente, atraiu depressa a atenção da jeunesse dorée, tirando bom proveito dos amorosos sucessos. Com a confiança restaurada e os cofres repletos, regressou a Paris em 1848”, como refere Flectwood-Hesketh e com ele continuando, “Surgindo novamente como figura conspícua na ópera, Teresa tornou-se objecto de lisonja na imprensa ligeira e entre os seus admiradores não havia nenhum mais devoto do que o jornalista napolitano Angélico Florentino”. Com a morte do marido, que se estabelecera num recanto de Paris sem nunca interferir na vida dela, faltava agora apenas a Thérèse um título para lhe dar a dignidade, digna da sua opulência. Encontrou tal em Albino Francisco de Paiva de Araújo, que Flectwood-Hesketh diz ser “marquês de Paiva Y Aranja com quem se casou em Passy em 5 de Junho de 1851.” Mas quem era este macaense, que Thérèse Esther Blanche Lachmann conhecera em Baden-Baden? Os jornais portugueses transcrevendo parte de “notícias, com outras particularidades romanescas e algumas anedotas um pouco boulevardières, revelam não terem obtido perfeito conhecimento do português que deu canonicamente o seu apelido Paiva àquela mundana”, como refere Camilo Castelo Branco.


15 hoje macau sexta-feira 3.3.2017

em modo de perguntar

Paulo José Miranda

Catarina Santiago Costa

“Tenho sempre um especial interesse pela poesia feminina” Tens dois livros de poesia editados, ambos pela Douda Correria e ambos em 2016, Estufa e Tártaro (acerca do qual se escreveu recentemente aqui no Hoje Macau). Consideras que são livros diferentes, isto é, com estéticas diferentes, ou antes pelo contrário, há uma continuidade do primeiro livro no segundo? Estufa foi editado em Dezembro de 2015; Tártaro, em Junho de 2016. O que se passou foi que, aquando do lançamento da Estufa, já o Tártaro estava na gaveta da Douda Correria. O segundo não prolonga nem completa o primeiro. Estufa foi escrito sem saber que era livro, teve de ser cortado à catanada e depois muito cinzelado; o Tártaro nasceu, como o próprio nome indica, caoticamente. Talvez de tão impetuoso, parecia impossível de ser mexido e de uma deformidade fatal. Teve de dormir para ser cirurgicamente cortado e colado. A parceria com a Douda Correria é para continuar? Não sei o que o futuro trará mas sei que a Douda Correria dança um pas de deux com os seus autores. Editora livre que é, não dita sentenças nem espera (muito menos exige) exclusividade. Quase todos os autores da Douda relacionam-se com outras editoras. Mas confesso que gosto de ser convidada e foi isso que o Nuno Moura fez, convidou-me a enviar-lhe a Estufa. Quando chegou a vez do Tártaro, já me sentia confortável para o enviar por iniciativa própria. Há neste momento, em Portugal, muitas jovens mulheres a publicar poesia, e com qualidade. Sugeres alguma explicação para isso? Na minha opinião, o aumento consistente da educação e da emancipação das mulheres, que, como sabemos, são processos lentos e demoram décadas a produzir resultados palpáveis. O importante é que, mais ou menos jovens, não faltam poetas vivas para encher as estantes dos leitores: Regina Guimarães, Ana Luísa Amaral, Rosa Maria Martelo, Adília Lopes, Cláudia R. Sampaio, Raquel Nobre Guerra, Rosalina Marshall, Maria

Sousa, Inês Dias, Rita Taborda Duarte, Ana Tecedeiro, Matilde Campilho, Joana Emídio Marques e tantas, tantas mais.

“Só digo que escrevi um livro quando não há ponto de retorno, quando já ali está, mesmo que venha a ser sujeito a alterações” Quais as tuas afinidades electivas, na poesia? Tenho sempre um especial interesse pela poesia feminina, especialmente a de americanas do século XX - Sylvia Plath, Anne Sexton, Sharon Olds... E, apesar de ser do século XIX, também tenho uma fixação pela Emily Dickinson, que tem poemas de uma mística sensual que me cativam – há ali um contraste que gera um equilíbrio estranho.

“Não faltam poetas vivas para encher as estantes dos leitores” A Emily Dickison é uma poeta extraordinária. E, para além da mística sensual, com a que te identificas, há também uma solidão imensa naquelas páginas. Sim, era uma monja confinada ao domicílio, que chegou a frequentar um seminário, e que convoca uma sensualidade e um erotismo místicos que verte na sua poesia. O resultado é uma contenção explosiva. Atesta-o, por exemplo, este poema (aqui, na tradução do Jorge de Sena): “Morri pela Beleza – mas mal eu / Na tumba me acomodara, / Um que pela Verdade então morrera / A meu lado se deitava. // De manso perguntou por quem tom-

bara… / – Pela Beleza – disse eu. /– A mim foi a Verdade. É a mesma Coisa. / Somos Irmãos – respondeu. // E quais na Noite os que se encontram falam – / De Quarto a Quarto a gente conversou – / Até que o Musgo veio aos nossos lábios – / E os nossos nomes – tapou.” Estás a escrever um novo livro? Penso que sim. Mas ainda não tenho a certeza. O que te leva a não ter a certeza? Tenho escrito em torno de um tema que me tomou – não o determinei mas constato que estou cativa daquele lugar. Mas só digo que escrevi um livro quando não

há ponto de retorno, quando já ali está, mesmo que venha a ser sujeito a alterações. Ainda estou naquele estágio em que posso implodir tudo. Para além da poesia, escreves prosa, ficção ou ensaio? Por minha iniciativa, escrevo sempre poesia. Mas já escrevi notícias, fiz entrevistas, press releases, sempre em trabalho. Fui convidada a escrever um texto dramático infanto-juvenil em conjunto com a Teresa Coutinho (actriz) e o Pedro Moura (guitarrista) para a Trupe do Bichos. Estou a gostar imenso da experiência. Mas não tenho nenhum projecto em prosa no horizonte.


16 OPINIÃO

hoje macau sexta-feira 3.3.2017

um grito no deserto

SHAWN LEVY, NIGHT AT THE MUSEUM: BATTLE OF THE SMITHSONIAN (2009)

N

O dia 26 de Fevereiro apresentei um seminário sobre as “Relações da China com o Vaticano” numa iniciativa da revista que dirijo. O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, representante da Diocese de Hong Kong, e o Cardeal John Tong Hon, ex-colaborador do Centro do Espírito Santo de Hong Kong, participaram como oradores convidados. O Cardeal John Tong Hon tem 500 artigos publicados sobre o relacionamento da China com o Vaticano que alimentaram imensos debates e discussões. Por seu lado, o Cardeal Joseph Zen é um homem de posições bem definidas e um pastor fiel aos princípios da fé. Um dos motivos que determinou o convite ao Cardeal Joseph Zen foi proporcionar aos cristãos de Macau a possibilidade de entrarem em contacto com as suas diversas perspectivas sobre esta matéria. Durante os preparativos do seminário vários amigos partilharam comigo a preocupação sobre a possibilidade do Cardeal Joseph Zen não poder entrar em Macau. Na verdade, nunca me inquietei com este assunto e, lembrei-me das famosas palavras do Presidente Roosevelt, “só devemos temer o medo”. Estas palavras continuam a ser aplicáveis aos dias de hoje, porque se ultrapassarmos os nossos medos, já não há mais nada a temer! Quando os preparativos chegaram ao fim, o Cardeal Joseph Zen entrou em Macau sem problemas e o seminário foi um completo sucesso. Embora tenha exigido um grande esforço, compensou ver que os cristãos de Macau puderam assistir a debates de grande sabedoria e à queda de barreiras invisíveis. Chip Tsao, um ilustre académico de Hong Kong, também citou Roosevelt num dos seus artigos, “Só um optimista insensato pode negar a realidade ameaçadora que vivemos”. Na minha opinião, o verdadeiro optimista deve, em primeira mão, compreender as realidades ameaçadoras e depois acreditar nas suas capacidades e na sua coragem para derrotar a escuridão e lutar para que a luz regresse. O Cardeal Joseph Zen é um verdadeiro optimista porque, embora reconheça a crise, está disposto a encará-la com coragem e, sujeitando-se a críticas, luta para despertar aqueles que ainda não se aperceberam dos perigos da situação. Apesar das suas pequenas dimensões, Macau ganhou um lugar na História moderna. Sun Yat-sen deu os primeiros passos como revolucionário em Macau. O Instituto Cultural restaurou recentemente a Antiga

Lembrando Roosevelt

PAUL CHAN WAI CHI

Farmácia Chong Sai e abriu-a ao público. Foi aqui que Sun Yat-sen prestou serviço como médico. Macau é considerado como um dos principais centros missionários do Extremo Oriente a desenvolver trabalho na altura do Natal. É também a porta de entrada de muitos missionários que vêm pregar na China. Depois da fundação da República Popular, na década de 50, grandes grupos de missionários estrangeiros foram expulsos do País. Alguns deles fixaram-se em Macau, como o missionário e Padre Jesuíta Luis Ruiz Suárez S.J., que contribuiu para aumentar o trabalho de caridade e para o desenvolvimento da educação. A Santa Sé encara o papel da Diocese de Macau como um agente de ligação entre a Igreja Católica e a China. Embora as relações entre a China e o Vaticano sejam tratadas ao mais alto nível, Macau é indissociável desta discussão.

Lembrei-me das famosas palavras do Presidente Roosevelt, “só devemos temer o medo”. Estas palavras continuam a ser aplicáveis aos dias de hoje, porque se ultrapassarmos os nossos medos, já não há mais nada a temer! O Cardeal Joseph Zen revelou-nos toda a sua generosidade durante a visita a Macau, e provou-se que os receios que certas pessoas alimentavam se devem a uma falta de conhecimento sobre a realidade dos Governos da RAEM e da China. O desenvolvimento das relações entre a China e o Vaticano não está dependente de optimismos nem de pessimismos, mas sim de empenho e coragem. Esta posição é defendida pelo Cardeal John Tong Hon num dos seus artigos, onde afirma “ambas as partes (a China e o Vaticano) precisam de confiar uma na outra, de paciência e de diálogo para resolver os problemas de boa fé e sem comprometer os princípios de cada uma delas.” É sem dúvida uma tarefa extremamente difícil que requer comunicação, negociações e boa vontade. Já que o Cardeal Joseph despendeu algum do seu tempo para vir a Macau, penso que no mínimo os residentes não devem desperdiçar as suas boas intenções. No meu próximo artigo vou falar-vos da demissão de Jason Chao da vice-presidência da Associação de Novo Macau e da sua saída de membro da associação. Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático


17 hoje macau sexta-feira 3.3.2017

contramão

ISABEL CASTRO

Os maus e os outros AMERICAN BROADCASTING COMPANY, ONCE UPON A TIME

isabelcorreiadecastro@gmail.com

F

OI um acontecimento raro sobre um episódio que, infelizmente, nada tem de invulgar. Esta semana, os jornais de Macau publicaram uma corajosa carta de uma residente do território que conta um episódio assustador que teve com a polícia. Em termos muito sucintos, devido a uma multa por excesso de velocidade – da qual não teve conhecimento e que deu origem a um julgamento à revelia –, a autora da carta acabou na esquadra, identificada e detida, depois de ter sido levada pela polícia à chegada a Macau. Pelo modo como todo o processo decorreu, sentiu-se ultrajada e humilhada. Por considerar injusto o tratamento que teve, deu voz à sua indignação, coisa pouco frequente por estas bandas. Quase sempre por cansaço, outras vezes por sabermos de que nada adianta, habituámo-nos a engolir os sapos tal e qual nos são colocados no prato. Crus e amargos, sem direito a sobremesa para adoçar a boca. A partilha da carta nas redes sociais teve o resultado que se esperava: a indignação de uns foi acompanhada por relatos de outros acerca de episódios semelhantes. O caso

desta residente não é único, não se tratou de um equívoco no modo de lidar com um cidadão, não foi (apenas) um problema de comunicação. É uma questão de atitude. Há várias histórias do género, com algumas diferenças de contexto, de objecto, da natureza da prevaricação. Em todas elas, sobressai um facto: a polícia de Macau, em termos gerais, tem tendência a tratar um condutor que comete a maluqueira de andar a 74 quilómetros à hora numa estrada em Coloane como se estivesse a lidar com um bandido a sério, daqueles maus e feios e muito, mas muito perigosos. Não sei o que é que se anda a ensinar na escola da polícia da terra, mas há um princípio que deveria ser trabalhado: os agentes das forças de segurança existem para servir a população. É neste conceito abrangente que cabe tudo o resto: a prevenção, a protecção, a acção, o combate ao que não vai de encontro à lei.

Um doente que estaciona cinco minutos à frente da farmácia não foi branquear capitais através da aquisição de paracetamol

Aos agentes policiais deveria ser também incutida a noção de que é necessário separar o trigo do joio. Uma contravenção ao volante não é o mesmo que um sequestro num quarto de hotel por dívidas de jogo. Um condutor que ultrapassa o tempo do parquímetro não é um doidivanas a 150 quilómetros à hora no Iao Hon, à procura de velhinhas para atropelar. Um residente desesperado por um lugar de estacionamento, que aguarda por um lugar vazio à porta de um auto-silo, não é um agiota. Um pai que pára o carro à porta de uma escola para ir apanhar o filho não é um serial killer. Um doente que estaciona cinco minutos à frente da farmácia não foi branquear capitais através da aquisição de paracetamol. A polícia não pode ser vista como o bicho-papão da cidade, pelo que não pode comportar-se como tal. Multas para passar e multas por pagar devem ser tratadas como aquilo que são. Os direitos dos cidadãos devem ser respeitados, começando pela informação. Fala-se hoje menos português, mas é inadmissível que um polícia desate aos berros em chinês quando o seu interlocutor, visivelmente, não percebe a língua. Há que ensinar que o excesso de zelo é de evitar, porque facilmente descamba em abuso de poder. E que medo e respeito não devem ser confundidos porque são conceitos incompatíveis: é impossível respeitar alguém de quem se tem, apenas e só, medo pela farda que veste.

OPINIÃO


18 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau sexta-feira 3.3.2017

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente TEATRO MUSICAL – “THREE PHANTOMS” Parisian Theater - Até 26/3

MIN

16

MAX

22

HUM

50-80%

EURO

8.40

BAHT

EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

O CARTOON STEPH

PROBLEMA 189

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 188

UM FILME HOJE

THE GIRL WITH ALL THE GIFTS SALA 1

SALA 3

Filme de: Colm McCarthy Com: Gemma Arterton, Sennia Nanua, Paddy Considine 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Filme de: Gore Verbinski Com: Dane DeHann, Mia Goth, Jason Isaacs 14.30, 21.00

SALA 2

SALA 3

Filme de: Chad Stahelski Com: Keanu Reeves, Ian Mcshane, Ruby Rose, Common 14.30, 21.30

Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.15

SALA 2

SALA 3

Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 16.45, 19.15

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Filme de: Keizo Kusakawa 17.15, 19.15

THE GIRL WITH ALL THE GIFTS [C]

JOHN WICK: CHAPTER TWO [C]

LA LA LAND [B]

A CURE FOR WELLNESS [C]

SUDOKU

DE

C I N E M A

1.16

PU YISIA

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau

Cineteatro

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1

EXPOSIÇÃO “ENTRE O OLHAR E A ALUCINAÇÃO” DE JOÃO MIGUEL BARROS Creative Macau (Até 25/3)

0.22

Um defeito que vem com a linguagem complexa de onde brotam analogias, o simbolismo, o excesso de tempo e reflexão e a propensão para arranjos de palavras como bouquets de significado. Animais não sofrem destas aflições de alma, destes devaneios líricos, somos a biologia terra-a-terra. Talvez os golfinhos e os elefantes sejam poetas. Assim como todos os outros bichos que fazem amor, em vez de se reproduzirem mecanicamente. Talvez seja um problema de memória, uma necessidade que surge com o nascimento da escrita, com o pendor para a transcendência e todos os outros atributos humanos que parecem doentios a um felino médio. Nós não precisamos de odisseias, não temos os diabólicos problemas caninos de Fausto, Gilgamesh deve ser um movimento qualquer, Ilíada soa a doença do foro auditivo, Shijing deve ser o resultado natural de bexiga cheia e Shakespeare deve significar habilidade para cuspir. É tudo muito confuso e inútil para um bicho felpudo. Uma epopeia para mim é ter de me lamber todos os dias para tomar banho, ou ver uma gata apetitosa e perceber o vazio no lugar em que guardava o meu desejo. A única métrica que conheço é o meu andar gingão, o único ritmo que entendo são as sucessões de miados para que alguém me abra uma porta. De resto, floreados e devaneios não são para mim. Pu Yi

“MOONLIGHT” | BARRY JENKINS | 2016

Há erros que vêm por bem e podemos agradecer todos à consultora que se enganou com os envelopes na cerimónia dos Óscares. “Moonlight” é, sem sombra de dúvidas, um grande filme sobre a história de um menino negro que é diferente de todos os outros e que atravessa grandes adversidades na vida, com uma mãe dependente de drogas e as agressões sucessivas dos colegas. Se “La La Land” é bonitinho e banal, “Moonlight” é poderoso e diferente, fazendo-nos reflectir. Andreia Sofia Silva

LA LA LAND [B]

KANCOLLE THE MOVIE [B]

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 PERFIL

SOFIA MARGARIDA MOTA

hoje macau sexta-feira 3.3.2017

TAM KAM CHUN, CONSTRUTOR DE BARCOS EM MINIATURA

N

O fazedor de pequenas memórias

AS mãos de Tam Kam Chun a história não morre, não pode morrer. Onde outrora havia barcos grandes, feitos no seio de uma indústria bem-sucedida, há hoje barcos pequenos, que já não servem para transportar pessoas e mercadorias, mas sim para transportar memórias de um tempo que foi e já não volta. Este artesão dedica-se a fazer barcos em miniatura, mas foi durante décadas construtor de juncos de madeira. Primeiro na península, junto ao Mercado Vermelho, e depois em Lai Chi Vun. Quis o destino que continuasse a trabalhar no ofício de uma vida, mas hoje as suas mãos trabalham pequenos pedaços de madeira que não são para vender, mas para contar histórias. “Como já estou reformado e continuo a ter interesse por isto, então faço estas miniaturas, para que as pessoas possam conhecer um pouco desta indústria”, contou ao HM. É na imensidão do vazio do estaleiro Son Weng, já sem actividade, que diariamente vai trabalhando nas suas peças. “Este estaleiro não é meu, mas de uma pessoa que conheço. Como os estaleiros ficam sem funcionamento, então um amigo emprestou-me este local.” O trabalho com as miniaturas começou “há pouco tempo”, mas os barcos de grande

dimensão começaram a sair das suas mãos quando ainda nem tinha 20 anos. Recorda de então tempos áureos, de quando havia trabalho e cada um aprendia as antigas técnicas como podia. “Não trabalhava num lugar fixo, estava em qualquer estaleiro, onde fosse preciso. Não tive um mestre fixo e os que faziam os barcos comigo também não tinham. Aprendíamos uns com os outros. Perguntávamos sempre onde era precisa mão-de-obra e íamos aprendendo.” O rigor acabaria por vir com o tempo. “Precisava de observar a técnica dos profissionais e com a passagem do tempo ia descobrindo a maneira correcta para fazer barcos. Só aí me tornei profissional.” Na época, construir barcos era uma opção natural. “Antes não havia muitos trabalhos que pudéssemos escolher e tínhamos de ganhar dinheiro para a família. O meu pai também fazia barcos e tinha contacto com esta indústria. Então decidi começar.”

o objectivo é mesmo contar um pedaço da história. “Muitos perguntam-me se vendo as miniaturas, mas levo muito tempo, dez dias ou até meio ano. O objectivo é mostrar como era a indústria antes. A estrutura das minhas miniaturas é diferente dos barcos reais, mas tento esforçar-me e imitar a forma original. São as mesmas técnicas que usava para os barcos.” Se as suas mãos enrugadas ainda são capazes de construir barcos, as mãos dos mais novos demorariam a aprender o ofício. Os tempos são outros e os interesses também, assegura. “Não há muitos jovens que queiram aprender a fazer barcos, porque esta indústria já não garante o rendimento. Além disso são precisos vários anos para dominar esta técnica. Os jovens têm de estar mesmo interessados na indústria naval. Levei três anos a aprender as técnicas mais básicas, mesmo quem está interessado não tem hoje as condições suficientes para trabalhar”, aponta.

IGUAL AO ORIGINAL

OUVIR PRIMEIRO

Muitos dos que se deparam com Tam Kam Chun a trabalhar no estaleiro perguntam se ele pretende vender os pequenos barcos que faz. Mas para este antigo construtor naval

Anunciada a demolição dos estaleiros onde trabalhou uma vida inteira, Tam Kam Chun não aceita que o fim chegue de forma súbita. “Os estaleiros são a última amostra que

existe sobre esta indústria, vou ter pena se o Governo decidir demolir tudo. O mais importante é que o Governo não fez qualquer planeamento ou consulta sobre isto, para que nós possamos saber se vale ou não manter isto.” Mesmo que o Governo destrua e construa de raiz, “um novo estaleiro não vai ter história”, considerou. “Na sociedade há várias vozes contra a decisão do Governo e acho que não se pode manter essa decisão. Quero que Governo desenvolva a parte do turismo na zona de Lai Chi Vun.” Para Tam Kam Chun, a população deveria ter a última palavra, mesmo que fosse contra a manutenção dos estaleiros. “A indústria naval tem uma grande história, que continuou até aos dias de hoje. Os cidadãos também precisam de avaliar se vale a pena manter. Se disserem que não vale a pena, então concordamos. Mas não queria que o Governo demolisse os estaleiros. O Governo diz sempre que quer salvaguardar a história e o património, mas agora quer destruir isto.” Andreia Sofia Silva (com S.M.M. e V.N.)

info@hojemacau.com.mo


Magia negra feita às escondidas no aeroporto malaio Atlântido

sexta-feira 3.3.2017

Kim Jong-nam COREIA DO NORTE ATRIBUI MORTE A ATAQUE CARDÍACO SUÉCIA RESTABELECE SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO

O

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Governo sueco anunciou ontem que vai restabelecer o serviço militar obrigatório, sete anos depois de o ter abolido, para fazer face à falta de soldados e justificando com a falta de segurança na região. A medida, que abrange tanto homens como mulheres, implicará que 13.000 jovens nascidos em 1999 sejam chamados no próximo dia 1 de Julho para se alistarem e depois realizarem provas e 4.000 devem começar a 1 de Janeiro a formação militar obrigatória, de 11 meses de duração. O Ministério da Defesa sueco estima que apenas 1.500 das 4.000 vagas disponíveis venham a ser ocupadas por recrutas, já que as restantes deverão ser preenchidas por pessoas que se alistaram voluntariamente. “Temos tido problemas para encontrar pessoal para as unidades militares de forma voluntária e há que resolver este problema. Assim, é necessário reactivar o serviço militar”, afirmou o ministro da Defesa, o social-democrata Peter Hultqvist. A decisão, que conta com o apoio da maioria da oposição no parlamento, era esperada após um relatório favorável do Ministério da Defesa, que calcula que a partir de 2023 poderão ser necessários mais 8.000 soldados por ano. A Suécia, país associado da Aliança Atlântica, tomou várias medidas nos últimos anos para reforçar a sua defesa, justificando com o agravamento da segurança na zona devido às tensões com a Rússia. O parlamento sueco aprovou, por exemplo, o aumento do orçamento para a Defesa em 5% entre 2016 e 2020 para modernização do armamento, instalar um regimento permanente na ilha báltica de Gotland e melhorar a vigilância subaquática, além de permitir que a NATO possa colocar tropas no país.

E tudo Pyongyang negou

U

M emissário da Coreia do Norte negou ontem que Kim Jong-nam, meio-irmão do líder do país, Kim Jong-un, tenha sido assassinado com veneno e atribuiu a sua morte

em 13 de Fevereiro a um ataque de coração. Ri Tong Il, embaixador da Coreia do Norte na ONU, que dirige uma delegação norte-coreana enviada à Malásia para reclamar o cadáver, negou a versão malaia Embaixador Norte Coreano, Ri Tong II

numa declaração à imprensa diante da embaixada norte-coreana, segundo o canal televisivo Channel News Asia. O embaixador adiantou que a vítima tinha um historial médico de problemas cardíacos e pressão sanguínea alta e assegurou que há fortes indícios de que a sua morte se deveu a um ataque de coração, adiantou a mesma fonte. Ri disse ainda que se a causa da morte fosse o veneno VX, como disseram as autoridades da Malásia, deveriam enviar-se amostras do agente tóxico para a Organização para a Proibição deArmas Químicas.

OUTRA VERDADE

A Malásia indicou, com base numa autópsia preliminar, que Kim Jong-nam morreu minutos depois de duas mulheres, uma indonésia e uma vietnamita, terem lançado para o seu rosto o agente VX, no aeroporto internacional de Kuala Lumpur, a 13 de Fevereiro. A polícia malaia crê que ambas foram recrutadas por quatro norte-coreanos que fugiram do país no mesmo dia 13 de Fevereiro, horas após o incidente, e pediu a ajuda da Interpol para os localizar. Siti Aisyah, de 25 anos e nacionalidade indonésia, e Doan Thi Huong, de 28 e oriunda do Vietname, foram formalmente

EUA PROCURADOR-GERAL DE TRUMP FALOU COM EMBAIXADOR RUSSO DURANTE CAMPANHA

O

novo procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, manteve duas conversas com o embaixador da Rússia durante a campanha eleitoral. A conclusão é do Departamento de Justiça, mas Sessions nega. Os democratas já pediram a sua demissão. Sessions não divulgou que manteve essas comunicações na audiência da sua confirmação no Congresso, em Janeiro, quando foi questionado se «alguém ligado» à campanha presidencial tinha tido contacto com os russos, mas segundo a porta-voz do Departamento de Justiça, Sarah Isgur Flores, «as suas respostas não foram ambíguas»: «Ele foi questionado durante a audiência sobre comunicações entre a Rússia e a campanha de Trump - não sobre os encontros que teve como senador ou membro da Comissão de Forças Armadas.»

Sessions manteve mais de 20 conversas com embaixadores estrangeiros na qualidade de membro da Comissão do Senado, e duas interacções, separadas, com o embaixador da Rússia, Sergey Kislyak, de acordo com o Departamento de Justiça, uma no Verão e outra já no Outono. O procurador-geral disse na confirmação desconhecer contactos com os russos: «Não tenho, não mantive comunicações com os russos, não estou em condições de comentar sobre isso.» Ainda assim, os democratas exigem que peça escusa da investigação federal em curso sobre a influência russa nas eleições, mas a líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, acusou Jeff Sessions de «mentir sob juramento» e exigiu que renuncie ao cargo.

A agência oficial norte-coreana KCNA escreveu que a alegação, no relatório da autópsia, de que pequenas quantidades do veneno extremamente tóxico foram detectadas no cadáver é “um absurdo” a que falta “rigor científico e coerência lógica” acusadas de homicídio na Malásia na quarta-feira e podem ser condenadas à pena capital se forem consideradas culpadas. Horas depois de as duas mulheres suspeitas do ataque serem formalmente acusadas, a agência oficial norte-coreana KCNA escreveu que a alegação, no relatório da autópsia, de que pequenas quantidades do veneno extremamente tóxico foram detectadas no cadáver é “um absurdo” a que falta “rigor científico e coerência lógica”.

NOVA AVALANCHE FAZ PELO MENOS TRÊS MORTOS NOS ALPES Uma avalanche fez pelo menos três mortos esta quinta-feira em Val Veny, nos Alpes italianos. O incidente deu-se pouco antes das 13, atingindo cerca de vinte praticantes de desportos de inverno que frequentavam o local. Segundo o jornal italiano “Corriere Della Sera” foram outros desportistas que deram o alerta e apressaram-se a prestar os primeiros socorros, incluindo escavar a neve à procura de vítimas soterradas. A agência Socorro Alpino confirmou a notícia através da sua conta oficial de Twitter, indicando que se encontram dois helicópteros no local para transportar os feridos. Esta é a segunda avalanche mortal no espaço de duas semanas nos Alpes. Um incidente na estância de Tignes, em França, fez quatro mortos no dia 13 de Fevereiro. Antes, a 19 de Janeiro um hotel ficou totalmente soterrado e cerca de duas dezenas de pessoas morreram na região de Pescara, em Itália, noutra avalanche.


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