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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 3 DE ABRIL DE 2012 • ANO XI • Nº 2584
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ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA THE NEW YORKER
Macau no centro das atenções da intelectualidade norte-americana CENTRAIS
Francisco Manhão demolidor para as associações da função pública
“Os nossos representantes fracassaram” O presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau diz que a apresentação de várias propostas por parte das associações foi “um disparate”, que só beneficiou o Executivo. “É muito fácil o Governo, com várias propostas, decidir depois dar os 6% sem os retroactivos...” Pereira Coutinho não comenta. PÁGINA 3
GALGOS SEM ABRIGO
ANIMA em choque com atitude do Canídromo PÁGINA 4
SHOW MULTIMÉDIA
O dia em que a mulher de Noé não entrou na Arca PÁGINA 14
HISTÓRIAS CIRCULAM
Bo Xilai associado a provas falsas e torturas PÁGINA 6
política
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terça-feira 3.4.2012
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GONÇALO LOBO PINHEIRO
Dia Mundial do Autismo assinalado com pedido de apoio
Apelo à formação Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
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O Dia Mundial do Autismo, segundo a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), José Pereira Coutinho não quis deixar passar a data em branco. O deputado da Assembleia Legislativa (AL) instou ontem o Governo a adoptar uma política de inclusão ao nível educativo de crianças e jovens com este tipo de perturbação. Através de uma interpelação escrita, questiona o Executivo sobre se está na calha algum tipo de reforço de recursos humanos para que os assistentes estejam mais familiarizados com as pessoas autistas e as
necessidades adjacentes a esta doença. “Vai o Governo reforçar o ensino estruturado com contratação de terapeutas da fala e psicólogos com experiência no re-
lacionamento com os membros da família, de modo a autonomizar as capacidades individuais dos autistas?” O deputado aponta ainda que não existem,
em Macau, dados oficiais sobre o número de cidadãos autistas, mas assegura que a situação deverá ser preocupante dado o aumento dos pedidos de apoio, que, no entanto, não especifica. “As dificuldades são acrescidas quando o apoio é quase inexistente.” Recorde-se que recentemente foi criada a Associação de Autismo de Macau (AAM) – que Pereira Coutinho também realça -, cujo objectivo é precisamente colmatar as lacunas na prestação de apoio a autistas e famílias. É a primeira associação do género no território, que desconhece também a quantidade de portadores da disfunção que residem na RAEM, mas que afirma querer trabalhar no diagnóstico precoce, através de uma intervenção na pré-escola. Agora, o deputado junta-se à causa e pede ajuda ao Governo. “São necessárias unidades de ensino especializado estruturadas dentro das escolas quer do ensino privado, quer do oficial.”
DESPEDIDA COM ANIMAÇÃO
Chui Sai On sem dizer por que não autorizou Ho a depor
Chefe em silêncio O
Governo não diz por que razão não autorizou Edmund Ho a depor em tribunal na altura do julgamento do empresário Pedro Chiang, um dos processos conexos ao escândalo de corrupção de Ao Man Long. Edmund Ho foi chamado testemunhar pela defesa do empresário - que acabou por ser condenado por corrupção activa -, mas o Chefe do Executivo não autorizou que o antigo líder do Governo fosse a tribunal. Em resposta a mais uma interpelação de José Pereira Coutinho, deputado da Assembleia Legislativa, o Governo
evoca o facto de o assunto já ter sido motivo de uma interpelação para se descartar de dar resposta à mesma questão, que Coutinho diz que não lhe foi respondida. Em Janeiro do ano passado, questionou o Governo sobre a causa de ter sido negada a autorização para o depoimento. O deputado queria saber quais os fundamentos para a recusa. Sem resposta a esta interpelação fica ainda uma outra questão: por que demorou o Governo quase um ano a responder à primeira interpelação de Coutinho, quando as regras dão 30 dias ao Executivo para o fazer. - J.F.
Shuen Ka Hung fez questão de se despedir dos jornalistas no último dia de trabalho na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Depois de uma foto mais formal com os órgãos de comunicação social do território, o ex-director mostrou-se animado e bem disposto, resultando na imagem que pode ver.
terça-feira 3.4.2012
política
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Francisco Manhão critica comissão dos trabalhadores da Função Pública
O presidente da APOMAC tece duras críticas ao processo de negociação entre a Função Pública e o Governo. Francisco Manhão considera que a apresentação de várias propostas por parte das associações foi “um disparate”
ANTÓNIO FALCÃO
“Uma negociação fracassada”
Recurso pronto este mês Depois da resposta negativa de Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, a APOMAC deve entregar este mês o recurso junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI). “Vamos apresentar o recurso no TSI e muito provavelmente vai ser a 20 ou 21 deste mês.” A luta pela atribuição dos subsídios de residência aos aposentados que se fixaram em Portugal continua. “Não há qualquer disposição a dizer que não têm esse direito, isso para mim é o mais importante.”
Salários novos já em Maio
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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O tempo em que assumiu a vice-presidência da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), entre 1992 e 1995, Francisco Manhão não se recorda de ter reivindicado aumentos na Função Pública com várias propostas em cima da mesa, sem uma discussão prévia. É essa a crítica que o agora presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) vem levantar ao processo de negociações entre a Comissão de Deliberação das Remunerações da Função Pública e o Governo. “Tenho a certeza que os nossos representantes fracassaram”, disse ao Hoje Macau. “Apresentaram três propostas e nenhum sindicato faria uma coisa destas, é um grande disparate. Temos uma comissão constituída em nome dos funcionários públicos, reivindicar individualmente não vem ao acaso. Deveria ser como anteriormente
fazíamos, em que se apresentava uma proposta e depois discutia-se.” Confrontado com estas críticas, o deputado e presidente da ATFPM, José Pereira Coutinho, recusou-se a tecer comentários. “Está tudo nos jornais”, disse apenas. Para o presidente da APOMAC, a apresentação de uma proposta diferente por cada associação só veio facilitar o trabalho do Governo. “É muito fácil o Governo, com várias propostas, decidir depois dar os 6% sem os retroactivos... não há discussão. Os representantes da Função Pública não conseguem vencer porque não têm votos suficientes, não há voz na matéria. Não havendo voz na matéria, não deveria ser aceite este desafio.”
Neste contexto, a criação de uma comissão de avaliação por parte do Executivo foi “uma jogada muito inteligente.” “A parte do Governo tem sempre maioria, enquanto os trabalhadores, com apenas três representantes, nunca chega para vencer qualquer discussão dentro daquela comissão.”
“QUANDO É QUE VÃO RECEBER?”
O homem que comanda os destinos da APOMAC considera que, apesar da questão dos retroactivos ser importante, era fundamental discutir outros assuntos. “A coisa mais importante que deveria ser discutida na altura era o aumento dos vencimentos e não uma actualização. A primeira
discussão deveria ser o aumento, e depois, sim, a actualização, para acompanhar o nível de vida.” Depois da aprovação na generalidade dos aumentos da Função Pública e da reunião da 3ª Comissão da Assembleia Legislativa (AL) (ver caixa), Francisco Manhão chama a atenção para o factor tempo. “Os funcionários públicos é que ficam a perder. Dizia-se que era uma situação que tinha de ser resolvida rapidamente, para que houvesse uma actualização o mais rápido possível. Já estamos no mês de Abril e ainda não temos nada de concreto. Quando é que eles vão receber? É um ponto de interrogação bastante grande.”
Cheang Chi Keong, presidente da 3ª Comissão da Assembleia Legislativa (AL) confirmou ontem que tanto os deputados como o Governo querem acelerar o processo de actualização dos salários da Função Pública, sendo que as novidades poderão surgir a 1 de Maio. “Esperamos assinar o parecer no dia 12 de Abril. Vamos ver para quando vai ser agendado o plenário, por decisão do presidente da Assembleia Legislativa, e depois segue-se a publicação da lei, mas estamos convencidos que vai dar tempo para a entrada em vigor em Maio.” À saída do debate, Pereira Coutinho voltou a frisar que os retroactivos já constavam no debate inicial com o Governo. “Nós começamos a desconfiar das pessoas que estão na comissão, porque quando (...) concordam com a retroactividade e a propõem ao Governo e depois vem a Florinda dizer que não, ficamos num impasse. Isto significa que no futuro vou ter de exigir actas para saber o que é que foi assinado, se as pessoas concordaram, porque carece de muita transparência o funcionamento interno da comissão.”
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AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 1.
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Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei nº. 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Localização dos terrenos: - Avenida do Almirante Lacerda, n.os 29 a 33, (Edifício Industrial Man Lei); - Avenida Leste do Hipódromo, n.os 123 a 159M, Rua Graciosa, n.os 8 a 66, Rua do Mercado de Iao Hon, n.os 160 a 186 (Edifício Wa Mau). 2. Agradecemos aos contribuintes que, no prazo de 30 dias após a recepção da notificação do pagamento, ou, até 12/04/2012, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício Finanças, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais. 3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, proceder-se-á à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 2 de Março de 2012. A Directora dos Serviços de Finanças, Vitória da Conceição
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 210/AI/2012 -----Por não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LIU CHUAN que, na ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ sequência da Acusação n.º 00026, de 06.01.2012, levantada pela DST, por violar, sem justa causa, o dever de colaboração descrito no disposto na alínea 2) do n.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 3/2010, e por despacho da signatária da Directora dos Serviços de Turismo, Substituta, de 27.01.2012, exarado no Relatório n.º 47/DI/2012, de 19.01.2012, foi determinada a aplicação de uma multa de $3.000,00 (três mil patacas), nos termos do n.º 5 do artigo 10.º da Lei n.º 3/2010.---------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.º 1 do artigo 16.º da Lei n.º 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n° 2 do artigo 16° do mesmo diploma.--------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.º 2 do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.º da Lei n.º 3/2010.--------------------------------------------------------------------Haverá lugar à execução imediata de decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito naAlameda Dr. Carlos d’Assumpção n.ºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18° andar, Macau-------Direcção dos Serviços de Turismo, em Macau, aos 29 de Março de 2012.--------------------------------------------------- O Director dos Serviços, João Manuel Costa Antunes
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sociedade
Joana Freitas
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OI um acordo breve e de curta duração. A ANIMA rompeu a colaboração anunciada no sábado com o Canídromo de Macau, que permitiria aos cães corredores que terminam a vida activa terem um futuro além das corridas. Os galgos seguiriam para adopção em vez de serem abatidos, como é feito actualmente. O números de animais abatidos no Canídromo pertencente à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) ascende a mais de 800 por ano. Os cães de competição – que pertencem a donos privados e são, na sua maioria, importados da Austrália -, seriam adoptados através de um programa de doação internacional, que incluía, entre outros, China, Hong Kong, Austrália e Estados Unidos. Aquilo que foi encarado como uma boa notícia – depois de uma luta intensa – não chegou sequer a ser uma medida efectiva. O primeiro galgo chegava ontem à ANIMA. Tal não aconteceu. “Anunciámos o acordo mesmo a nível internacional e o Canídromo ofereceu-se para fazer chegar o primeiro aniPUB
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ANIMA quebra acordo com Canídromo dois dias depois de anunciá-lo
Galgos perdem abrigo
do Canídromo e dos donos dos cães. Essas chefias foram as que reuniram connosco.” Apesar de não ter a certeza, perante a questão do Hoje Macau sobre como seria o processo de abate, Albano Martins assume que o animal poderia ser abatido mesmo no próprio dia em que se decide o fim da sua vida activa ou num outro dia específico. Uma coisa é certa, essa é uma decisão do dono, cujo processo não demora, com quase toda a certeza, três semanas.
LUTA ANTIGA
mal à ANIMA na segunda-feira”, explicou Albano Martins ao Hoje Macau. “Hoje [ontem] qual não é o meu espanto quando pergunto se eles o trariam ou a ANIMA o ia buscar e nos dizem que afinal já não ia.” Segundo o presidente da asso-
ciação, os responsáveis encarregues de fazer os contactos com a ANIMA alegaram que o processo de libertação dos animais para o abrigo e posterior adopção só poderia estar concluído em três semanas. “Disseram que precisavam de autorização das chefias
O acordo celebrado com o Canídromo – “depois de duas reuniões bem conseguidas, dirigidas pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos” – não teve portanto qualquer sucesso. Aquilo que ainda sábado foi visto como “um passo em frente” pelo Canídromo ficou afinal onde já estava. Para os galgos que chegam ao território e são obrigados a correr por apostas, a esperança volta a desaparecer
pelas mãos dos próprios donos. A ANIMA assegura agora que não vai entrar em mais negociações com o Canídromo, a menos que o Governo obrigue o local de corridas a ser mais responsável . Albano Martins diz mesmo que vai pedir ao Executivo que permita menos importação de galgos para o território. Recorde-se que esta luta para salvar os animais na reforma não é nova. Ainda o ano passado, o Governo de Chui Sai On recebeu uma petição para que terminassem as corridas de galgos no território e, há três semanas, a Animals Austrália pediu ao executivo australiano para acabar com as exportações de cães para Macau. O Hoje Macau tentou contactar o Canídromo para obter alguma reacção mas foi impossível por barreiras linguísticas. As receitas provenientes das apostas – que incluem as corridas de galgos – ascendem a mais de mil milhões de patacas por ano.
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Para promover a transição do sistema 2G para o 3G, a CTM já tem pacotes especiais para clientes. Estão também prometidas MOP 200 a quem entregar o seu telemóvel velho para reciclagem
sociedade
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CTM chama cidadãos à rede 3G
Velhos telemóveis valem dinheiro
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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ARA garantir que os seus clientes fiquem a par das mudanças que vão ocorrer em Julho deste ano, com a passagem da rede 2G para 3G, a CTM criou iniciativas para informar o público. Além dos pacotes especiais para idosos, a empresa tem uma parceria acordada com a Sociedade de Ecologia de Macau. Todos os clientes que entregarem os velhos telemóveis para reciclagem, e que sejam subscritores do sistema 3G, recebem da empresa MOP 200. A pensar nos clientes seniores, a CTM vai ainda lançar um plano mensal para os que aderirem à rede 3G, cujas tarifas prometem ser mais baixas dos que os actuais serviços 2G. Está também garantida a presença de diversos voluntários em lojas, para explicar as informações junto do público. Estas medidas foram ontem anunciadas num evento que reuniu
sete representantes de associações locais que estarão a trabalhar em conjunto com a CTM.
CUMPRIDORES
Vandy Poon, director-executivo da empresa, garantiu aos jornalistas que todas as lojas estão a
informar os clientes de que a rede 2G vai deixar de existir em Julho, ao contrário do que foi noticiado acerca dos procedimentos assumidos por algumas lojas. “A CTM tem estado a seguir as regras escrupulosamente e temos voluntários para, de forma transparente, dar
apoio a todos os clientes.” Uma informação, aliás, que o Hoje Macau já tinha confirmado no terreno, quando investigou o tema. Questionado sobre o apagão ocorrido no mês passado, Vandy Poon garantiu que a CTM está a tomar medidas adicionais de precau-
ção, ao nível da rede. “Submetemos o relatório no final de Fevereiro e verificámos todas as medidas para garantir a estabilidade da rede e todos os procedimentos de emergência. Temos estado a seguir em frente e a aplicar algumas medidas para evitar que a situação volte a acontecer.”
Coutinho satisfeito com Lei do Metro Ligeiro. Mas com pressa
“Já deveria estar cá fora”
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deputado José Pereira Coutinho mostra-se satisfeito sobre o passo em frente tomado pelo Governo no que diz respeito à legislação sobre o Metro Ligeiro (ML). Em declarações ao Hoje Macau, o deputado considera que a medida “é positiva” mas que surge tarde. “Já deveria ter sido feita há mais tempo. A lei já deveria estar cá fora, para que as pessoas possam saber com o que podem contar em termos de segurança e transporte.” Recorde-se que o debate aconteceu no mês passado, quando o deputado reuniu com os
membros do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT). Como membro da Associação para o Desenvolvimento da Comunidade de Macau (ADCM), Coutinho assume que foi o primeiro a levantar a questão, quer gerou consenso da parte do GIT. “Sugerimos e concordámos que deveria ter existido primeiro uma legislação específica nesta matéria, e depois então atribuir o concurso de adjudicação do metro.” O responsável lembrou ainda o processo de construção da ponte que irá estabelecer a ligação entre Macau, Zhuhai e Hong Kong. “Em Hong Kong o metro tem uma
legislação própria. Sendo depois articulado com a ponte, se acontecer alguma coisa teremos de ir pela via legal, que não existe.” Na mesma reunião, o GIT assumiu que toda a obra estaria a ser feita de acordo com a lei vigente, ideia que ficou reforçada na entrevista cedida na passada semana ao Hoje Macau. “Na fase da construção, verificámos que já há leis existentes no sistema com as quais podemos trabalhar. Mas existe a necessidade de uma lei especifica”, afirmou André Ritchie.
FALTA PLANO GERAL
A juntar às vozes das áreas da economia e da
arquitectura ouvidas na semana passada, também Pereira Coutinho aponta falhas ao actual projecto do metro. “Vai ter um impacto estrutural ao nível do ambiente, da segurança e da qualidade dos serviços”, considerando o político que deveria ser subterrâneo. “Ainda vamos a tempo, face à dimensão do território. Vai afectar o património, a visibilidade e alguns percursos. Mesmo pondo de parte os gastos feitos até ao momento, justifica-se ter o metro totalmente subterrâneo. Vale mais sofrer agora, do que ficarmos arrependidos.” - A.S.S.
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nacional
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Saída de Bo Xilai expõe denúncias de investigações conduzidas sob tortura
Eliminar o espírito vermelho Apoio a deficientes aumenta
A previdência social dos portadores de deficiência apresentou em 2011 uma melhoria visível, de acordo com um relatório divulgado recentemente pelas autoridades chinesas. Segundo o texto, o sistema de segurança social rural beneficiou, no ano passado, 68% da população deficiente, abrangendo cerca de 12 milhões de indivíduos com deficiência. Outras 2,6 milhões pessoas foram beneficiadas pelo sistema de previdência social urbano. O número de instituições voltadas para os deficientes é agora de 3.900, que abrigam 119 mil pessoas.
Taiwan abre portas ao continente
Mais dez cidades da parte continental da China foram autorizadas para que os seus residentes façam visitas a Taiwan como turistas individuais, segundo um acordo alcançado no domingo pelos dois lados do Estreito. Os residentes de Tianjin, Chongqing, Nanquim, Hangzhou, Guangzhou e Chengdu vão poder visitar Taiwan como turistas individuais a partir de 28 de Abril, não havendo ainda datas definidas para os cidadãos de Jinan, Xi’an, Fuzhou e Shenzhen.
A
cidade de Chongqing está a ser palco de uma purga política poucas vezes vista na China desde os protestos da praça Tiananmen em 1989. O objectivo é eliminar o espírito vermelho da Revolução Cultural, representado pelo legado de Bo Xilai, antigo líder local que caiu em desgraça. “O show de Chongqing acabou”, disse o comentador político Wang Kan ao jornal Estado de S. Paulo. As canções revolucionárias começaram a sair de cena. As mini-séries “comerciais”, que foram banidas há um ano para dar lugar a “concertos vermelhos” e programas revolucionários, voltaram aos ecrãs de televisão. Acima de tudo, o drama político colocou em xeque os métodos utilizados na campanha contra o crime organizado, que levou à detenção de quase 5 mil pessoas e deu visibilidade nacional a Bo e ao seu braço direito, o chefe da polícia Wang Lijun. Todos os dias aparecem novas denúncias de que muitas das investigações foram conduzidas sob tortura, com provas fabricadas e desrespeito pelos procedimentos legais básicos. Um estudioso da Revolução Cultural e ex-editor de uma revista dedicada à história do Partido Comunista, He Shu, acredita que a operação anti-máfia era o elemento que mais aproximava o período de Bo dos anos de terror vividos pela China entre 1966 e 1976. “Como Mao Tsé-tung, Bo ignorou a lei e criou grupos especiais de investigação, sem definir claramente o que era considerado crime.”
AINDA VENERADO
Da mesma maneira que Mao, Bo soube electrizar a população. Carismático e dono de um estilo
próprio num mar de líderes inexpressivos, continua a ser venerado por grande parte da população de Chongqing, mesmo depois do seu afastamento. As cerca de 15 pessoas abordadas pela reportagem do jornal brasileiro na cidade de Chongqing foram unânimes em manifestar admiração pelo ex-governante. O combate ao crime, a melhoria das infra-estruturas urbanas e as políticas sociais são as principais razões que justificam o apoio ao líder afastado. Estes eram também os ingredientes do “Modelo de Chongqing” que Bo pretendia usar como referência para entrar no Comité Permanente do Politburo, o grupo de nove pessoas que dirige a China e cujos novos membros serão
definidos no congresso do PC no fim do ano. Integrante da poderosa facção dos “pequenos príncipes”, formada por filhos de heróis revolucionários, Bo era um dos favoritos, apesar da oposição do actual primeiro-ministro, Wen Jiabao, feroz crítico da Revolução Cultural e um dos líderes da facção rival à do ex-chefe de Chongqing. Na opinião de Wang Kan, Bo seria um dos nove se o ex-comandante da sua operação anti-máfia não tivesse pedido asilo político no Consulado dos EUA em Chengdu, em Fevereiro, num gesto que chocou os chineses.
HISTÓRIA DE FILME
As razões de Wang Lijun continuam nebulosas, mas o enredo
cinematográfico ganhou mais um personagem na semana passada, depois de Londres ter pedido à China que reabra a investigação sobre a morte do britânico Neil Heywood, ocorrida em Chongqing em Novembro. Heywood era próximo da família de Bo, mas tinha entrado numa disputa comercial com a mulher do ex-líder, a advogada Gu Kailai. O britânico que morava em Pequim apareceu morto num quarto de hotel em Chongqing. A polícia concluiu que a causa da morte teria sido o consumo excessivo de álcool, apesar dos seus amigos garantirem que ele não bebia. Não houve autópsia e o corpo foi cremado na China. Segundo a Reuters, o rompimento entre Bo e Wang Lijun ocorreu depois deste ter levantado a suspeita de que o britânico tinha sido envenenado e que o homicídio teria o envolvimento de Gu Kailai. O maior paradoxo da campanha de nostalgia maoista promovida por Bo Xilai em Chongqing é o facto da sua família ter sido vítima dos horrores da Revolução Cultural. O pai foi preso e torturado, e a sua mãe foi assassinada por guardas de Mao. O próprio Bo esteve preso de 1968 a 1972. Como tudo o que envolve a cúpula do PC, o destino de Bo é um mistério. Não há informações sobre a sua localização, nem mesmo sobre as razões do seu afastamento. Um detalhe, porém, revela a intensidade da disputa interna e o apoio de Bo Xilai dentro do partido: ainda mantém a sua cadeira entre os 25 integrantes do Politburo, a segunda instância na hierarquia do poder na China.
Vice-primeiro-ministro apela a desenvolvimento sustentável da Ásia
Aprofundar as reformas
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vice-primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou ontem aos líderes asiáticos para envidarem esforços conjuntos com o objectivo de promover o desenvolvimento sustentável da região, durante a abertura do Fórum Boao para a Ásia. Os países asiáticos deverão promover o crescimento interno e manterem-
-se abertos e inclusivos, procurar vantagens mútuas e resultados que sejam benéficos para todos, bem como promover a solidariedade e a harmonia, de modo a alcançar um desenvolvimento sustentável e pacífico, defendeu o responsável. Neste contexto, Li Keqiang garantiu que a China vai aprofundar as reformas para transformar o seu mode-
lo de crescimento e promover o crescimento económico e desenvolvimento social. Segundo Li, muitos países asiáticos têm ainda um baixo nível de desenvolvimento, existindo uma grande disparidade no continente. A China tem como prioridade a abertura a outros países asiáticos e quer promover o mecanismo de
cooperações com a Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático). Mais de 2.000 líderes políticos, empresários e académicos participam no Fórum Boao, na ilha chinesa de Hainão e que este ano é subordinado ao tema “A Ásia num Mundo em Mudança: Em direcção a um desenvolvimento sustentável”.
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OIS indicadores da actividade industrial na China, divulgados domingo, mostraram resultados contraditórios sobre o ritmo de crescimento da segunda maior economia do planeta. Enquanto a Federação de Logística e Compra da China (China Federation of Logistics and Purchasing, CFLP, na sigla em inglês), um órgão estatal, informou que o índice dos gerentes de compras (Purchasing Managers Index, PMI, na sigla em inglês) subiu de 51 em Fevereiro para 53,1 em Março, o maior nível em 12 meses, o banco HSBC relatou uma queda no mesmo indicador. De acordo com o HSBC, o PMI caiu de 49,6 em Fevereiro para 48,3 em Março, o quinto mês consecutivo abaixo da linha dos 50 pontos, o que indica uma contracção da actividade industrial. O PMI oficial é um indicador que analisa o comportamento de diferentes sectores da indústria em 820 empresas chinesas. O vice-presidente da CFLP, Cai Jin, disse que as exportações estão melhores do que o esperado, sugerindo que os EUA e as economias da União Europeia estão a caminho da recuperação.
nacional
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Dados opostos da economia põem em causa crescimento
Quem define o tom dos mercados dências no sector exportador do que o índice oficial. Hongbin Qu afirmou numa nota divulgada pelo HSBC que os dados confirmam a contínua desaceleração do crescimento, provocada pelo enfraquecimento das exportações. Segundo o indicador, as exportações caíram pelo segundo mês consecutivo. Houve, segundo o relatório do HSBC, um declínio do emprego na indústria, em Março, embora o mercado de trabalho chinês continue no patamar mais forte dos últimos três anos.
De acordo com o vice-presidente da CFLP, o índice foi impulsionado pela produção de carros, tabaco e de produtos electrónicos. Os dados oficiais mostram sinais de contracção da actividade nos sectores têxtil, equipamentos industriais especializados e indústrias de metais ferrosos. O mercado esperava que o índice ficasse abaixo dos 51 pontos.
SEM DESCANSO
O director do departamento de investigação económica da consultoria ANZ Greater China, Liu Ligang, afirmou que a leitura de Março reforçou a expectativa de que o crescimento do PIB da China, para o primeiro trimestre, ficará dentro do esperado. Ligang não espera que o banco central chinês afrouxe a política monetária no curto prazo. “Não esperamos cortes de juros no curto prazo e o aumento do depósito compulsório (dinheiro que os bancos deixam depositado no ban-
OUTRA AVALIAÇÃO
co central) deve ser adiado para Maio ou Junho”, disse Liang à agência Xinhua. Na avaliação do economista Hongbin Qu, do
HSBC, o resultado do PMI de Março confirma a desaceleração do crescimento da economia. O índice do HSBC reflecte mais as ten-
O economista do HSBC afirmou que são esperados esforços do governo para estimular a economia, como a redução de impostos, o aumento da despesa estatal e o afrouxamento das condições de crédito na primeira metade do ano, que possam levar a uma retoma do crescimento no segundo semestre - o mundo olha com atenção
o desafio chinês de manter o crescimento económico sem despertar pressões inflacionárias. “São os indicadores das economias chinesa e americana que estão a definir o tom dos mercados financeiros, nas últimas semanas, depois da crise grega sair um pouco da atenção dos investidores”, avalia Luciano Rostagno, economista sénior do banco alemão WestLB, em São Paulo. No ano passado, a China cresceu 9,2%, um patamar elevado comparado com outros países do mundo, mas abaixo do ritmo que o país tinha vindo a crescer nos últimos anos - cerca de 10%. O problema é que no último trimestre do ano passado houve uma desaceleração do ritmo, com um crescimento de 8,9%, quando o governo subiu um pouco os juros para deter a inflação. Para este ano, o governo chinês prevê que a economia cresça 7,5%, um número que preocupa o mercado.
Foxconn vai aumentar salários. Empregados dizem que querem trabalhar mais
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Apple faz acordo histórico
EPOIS dos escândalos sobre as práticas laborais a que a Foxconn - fornecedora de peças para a Apple – submete os seus funcionários na China, surge um novo dado surpreendente: os trabalhadores da empresa querem trabalhar mais, e não menos, de acordo com as informações do site Business Insider. Um relatório divulgado pela organização Fair Labor indicou que a Foxconn precisava de construir mais dormitórios e de contratar mais funcionários para diminuir a carga horária dos actuais trabalhadores. A justificação para o desejo de trabalhar mais é a necessidade de mais dinheiro. De acordo com o relatório, 48% dos trabalhadores acreditam que trabalham um número de horas razoável, contra os 18% que acham que trabalham demais. Porém, 34% afirmaram que querem trabalhar por mais tempo. O estudo conclui que mais de 80% dos funcionários estão satisfeitos com o número de horas laborais
ou gostariam de passar ainda mais tempo no trabalho. As notícias sobre a qualidade do trabalho dos funcionários da Foxconn teve eco no mundo na mesma altura em que o CEO da Apple, Tim Cook, visitou
a empresa na China e se comprometeu a fazer com que a Foxconn cuide melhor dos seus trabalhadores. A Apple e a Foxconn fecharam um acordo na semana passada para melhorar as condições de trabalho de 1,2
milhão de pessoas que trabalham a montar iPhones e iPads.
BOAS NOTÍCIAS
O presidente da companhia, Terry Goy, já disse que a empresa vai continuar a elevar os salários dos trabalhadores chineses e a cortar as horas extraordinárias. Goy afirmou ainda que a Foxconn construirá uma nova unidade de tecnologia avançada em Hainan. O magnata de 61 anos disse que a Foxconn aumentaria o salário global dos trabalhadores já que alguns empregados das fábricas em Shenzhen se queixaram de que não teriam dinheiro suficiente caso as horas extras fossem reduzidas. O acordo entre a Apple e a Foxconn foi uma decisão histórica que pode mudar a maneira como as companhias ocidentais fazem negócios com a China. O acordo prevê contratar milhares de novos trabalhadores, eliminar horas extras ilegais e melhorar os protocolos de segurança.
Preço da gasolina em Taiwan pega fogo
O preço da gasolina em Taiwan sofreu ontem um aumento de 10,7%, o maior dos últimos quatro anos, perante a escalada dos preços internacionais do petróleo. O ministro da Economia de Taiwan, Shih Yen-shiang, afirmou em conferência de imprensa que esta subida reflecte a alta dos preços do petróleo e que era necessária para evitar que a petrolífera estatal CPC incorresse num grave défice. “Não foi uma decisão fácil, mas um país que depende muito da importação de petróleo não pode subsidiar o seu consumo durante muito tempo”, defendeu o governante. Desde Dezembro de 2010 que o Governo de Taiwan subsidia a gasolina para estabilizar os preços de consumo. No ano passado, a petrolífera estatal CPC registou perdas de cerca de MOP 9 mil milhões devido aos subsídios.
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nacional
terça-feira 3.4.2012
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Mundo junta-se na Conferência Internacional sobre o Nuclear
Pequim recebe especialistas Maria João Belchior info@hojemacau.com.mo
Combate à droga proveniente do Afeganistão
Os países membros da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) devem reforçar a colaboração na luta contra as drogas, tendo como alvo o Afeganistão. A decisão foi tomada ontem durante o terceiro encontro entre responsáveis pelo combate às drogas dos países membros da OCS, realizado em Pequim. A plantação de papoila e a produção de ópio continuam em alta no Afeganistão e o tráfico de drogas está extremamente activo, declararam os responsáveis da OCS. A polícia chinesa obteve resultados visíveis no combate ao tráfico na região chamada de Nova Lua de Ouro. De 2009 a 2011, a China detectou 711 casos de tráfico de heroína, além de capturar 775 suspeitos e apreender 2.900 quilos de drogas.
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MA feira internacional sobre a indústria nuclear abre esta próxima terça-feira em Pequim com uma das maiores exposições feitas sobre o sector. Um evento marcado para durar de 3 a 6 de Abril vai trazer a Pequim algumas das maiores empresas e especialistas do sector do nuclear a nível mundial. Organizado pela Sociedade Nuclear Chinesa, a Corporação para a Energia e Industria Nuclear e a Comissão Comercial do Município de Pequim, o encontro terá, além da exposição internacional aberta ao público em geral, vários seminários a decorrer, dirigidos a especialistas. A Autoridade para a Energia Atómica na China, a Corporação Nuclear Chinesa, assim como a Corporação de Engenharia e
Construção Nuclear aparecem na lista dos patrocinadores do evento a nível nacional. De França à Coreia do Sul, as maiores organizações dedicadas à energia nuclear vão passar por Pequim durante esta semana. Os participantes pretendem debater quais as vantagens da energia nuclear e trocar ideias sobre novos equipamentos e questões de segurança. O desastre nuclear da central de Fukushima, no ano passado, levantou muitas questões sobre os riscos das centrais
nucleares. Um grande número de países escolheu parar a construção de mais reactores nucleares enquanto os estudos não forem conclusivos sobre o que aconteceu em Fukushima.
AUTO-SUFICIÊNCIA
A China continental dispõe de 14 reactores nucleares em funcionamento, estando mais de 25 em construção actualmente. O objectivo de aumentar a capacidade nuclear em mais de cinco vezes até 2050 faz com que a
China não esteja a equacionar o abandono desta área. Através de vários investimentos, o país tem vindo a tornar-se auto-suficiente na concepção de construção de reactores nucleares. Depois de em Março do ano passado, altura do desastre nuclear do Japão, Pequim ter anunciado uma inspecção rigorosa a todas as centrais em funcionamento, a palavra-chave voltou a ser o investimento no sector e a China quer relançar o programa nuclear. Atraindo centenas de participantes a Pequim, a Feira Nuclear Internacional pretende também ajudar a relançar a credibilidade de um sector energético que estava, até há pouco, entre os mais seguros no mundo. Depois da Feira em Pequim em Abril, em Maio acontece na capital o Oitavo Congresso Nacional de Energia Nuclear que vai seguir também no debate sobre as oportunidades que continuam a existir no sector nuclear, agora numa fase pós-Fukushima.
terça-feira 3.4.2012
região
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Confiança empresarial japonesa mantém-se negativa no primeiro trimestre... e outra má notícia
Perigo de tsunami gigante
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confiança das empresas japonesas manteve-se nos quatro pontos negativos no primeiro trimestre do ano, à semelhança dos últimos três meses do ano passado, de acordo com os dados do Banco do Japão ontem divulgados. Segundo o último relatório de conjuntura económica do Banco do Japão, o índice de confiança dos grandes produtores nipónicos foi afectado, entre Janeiro e Março, pela valorização do iene, que prejudica as exportações, e pelos efeitos negativos sobre os investimentos japoneses causados pelas inundações na Tailândia. O índice registado no primeiro trimestre ficou abaixo do que era esperado pelos analistas, que prognosticaram um ponto negativo, segundo o diário económico Nikkei. No que se refere às empresas não manufactureiras,
o índice de confiança melhorou um ponto para os cinco pontos positivos. As empresas manufactureiras esperam que a sua confiança melhore entre Abril e Junho até três pontos negativos, enquanto as não manufactureiras prevêem que o seu índice de confiança se mantenha nos cinco pontos positivos. Estes dados revelam que os empresários japoneses não estão plenamente confiantes nas perspectivas económicas, apesar de o Banco do Japão ter ampliado o seu programa de créditos a baixos juros para o crescimento industrial. Segundo o Banco do Japão, a actividade económica do país mantém-se “mais ou menos estagnada”, apesar de revelar alguns sinais de recuperação, e a reconstrução das zonas devastadas pelo tsunami de Março do ano passado permitiu uma “melhoria moderada” do investimento empresarial.
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Coreia do Norte reduziu a altura mínima exigida aos soldados de 145 para 142 centímetros, uma vez que a geração actual sofre de raquitismo devido à fome que atinge o país desde a década de 90, informou um jornal sul-coreano. “Há muitos rapazes pequenos que não têm a altura exigida (…), o Exército passou então a aceitar todos os que têm 142 centímetros ou mais”, declarou uma fonte norte-coreana citada pelo “Daily NK”, um jornal online de desertores norte-coreanos. Todos os jovens de 16 ou 17 anos têm de cumprir o serviço militar obrigatório na Coreia do Norte, por um mínimo de 10 anos. As mulheres em bom estado de saúde também têm de cumprir o serviço militar, mas por menos tempo. O Exército norte-coreano conta com 1,2 milhões de soldados, sendo o quarto maior do mundo em número de efectivos.
TRANSFERÊNCIA DE PODER
Entretanto foi anunciado o dia 11 de Abril como a data em que se realizará uma conferência especial do partido dominante, previsivelmente destinada a concluir a transferência do poder para o novo líder, Kim Jong-Un. A 15 de Abril, Pyongyang
Entretanto a imprensa japonesa noticiou no domingo que um painel de especialistas considerou, depois de rever projecções, que um tsunami com uma altura de 35 metros poderá atingir o Japão, na sequência de um sismo de forte magnitude.
NOVAS ESTIMATIVAS
Se um sismo de magnitude 9 ocorrer na fossa de Nankai, enormes zonas do centro ao oeste do Japão podem ser inundadas, com ondas de altura igual ou superior a 20 metros. Na cidade de Kuroshio, no sudoeste da prefeitura de Kochi, o tsunami pode atingir os 34,4 metros, o maior nível projectado dos cenários analisados, indicou o painel. Já junto na zona da central nuclear de Hamaoka - agora desactivada - na prefeitura de Shizuoka, o tsunami poderá atingir os 25 metros, galgando o paredão de 18 metros que os operadores se
encontram a construir neste momento. Os especialistas observaram que a projecção é para o “pior tsunami possível”, frisando que “a probabilidade de ocorrer é extremamente baixa”. Nas previsões anteriores, em 2003, nenhuma área poderia ser atingida por um tsunami com mais de 20 metros. Contudo, as previsões foram actualizadas na sequência do sismo de magnitude 9 de 11 de Março de 2011 e do tsunami que destruiu o nordeste e causou perto de 19 mil mortos. Ondas com mais de 15 metros de altura atingiram cidades como Ishinomaki, Soma e Ofunato. O painel vai continuar a estudar a extensão das áreas que podem ser atingidas e ficar submersas na sequência de um tsunami, enquanto o governo vai examinar os planos de emergência no caso de desastre com base nas mais recentes estimativas agora divulgadas.
Exército da Coreia do Norte reduz altura mínima exigida aos soldados
Pequenos ajustes
comemora o centenário do nascimento do presidente fundador, Kim Il-Sung, avô do actual líder norte-coreano. Será lançado um satélite entre 12 e 16 de Abril para assinalar a data. Reuniões dos comités do partido nas Forças Armadas, nas províncias, cidades e condados elegeram Jong-Un como um dos
delegados, “reflectindo a vontade unânime e o desejo de todos os membros do partido, servidores e povo”, indicou a agência de notícias oficial. Os analistas afirmam que a reunião do Partido dos Trabalhadores da Coreia deverá nomear Jong-Un para o cargo de secretário-geral do partido,
anteriormente ocupado pelo seu pai, Kim Jong-Il, que morreu em Dezembro do ano passado. Jong-Un tem sido proclamado o “grande sucessor”, mas até agora só foi formalmente nomeado para um dos cargos do pai, o de comandante supremo das Forças Armadas. Em separado, Pyongyang reunirá a 13 de Abril a sessão anual do seu parlamento, que tem o poder de nomear um chefe para a Comissão de Defesa Nacional, o mais alto órgão de decisão do Estado altamente militarizado. Kim Jong-Il presidiu anteriormente a esta comissão e não é claro se o seu filho irá suceder-lhe no cargo. O anúncio da Coreia do Norte do lançamento de um foguete para colocar em órbita um satélite foi condenado pelos Estados Unidos, pela Coreia do Sul e por outros Estados, que o consideram um pretexto para um teste de mísseis de longo alcance proibido pelos Estados Unidos. Tal anúncio pôs também em causa um acordo com os Estados Unidos anunciado a 29 de Fevereiro, nos termos do qual a Coreia do Norte concordava em suspender o enriquecimento de urânio e os testes de mísseis de longo alcance em troca de ajuda alimentar.
Apelo em Timor-Leste por “eleitores nas urnas”
O director-geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) de Timor-Leste, Tomás Cabral, disse ontem que o mais importante para a segunda volta das eleições presidenciais é garantir que todos os eleitores chegam às urnas. “O mais importante é a presença dos eleitores nas urnas”, disse à agência Lusa Tomás Cabral. Segundo afirmou, na primeira volta houve dificuldades provocadas pelo mau tempo que tornaram muitos locais inacessíveis e dificultaram a chegada às urnas dos eleitores. “Na primeira volta tivemos dificuldades devido às estradas e à chuva. O temporal também não ajudou.” Na madrugada de 17 de Março um forte temporal foi sentido por todo o país provocando a queda de dezenas de árvores, feridos ligeiros e três mortos. Na primeira volta, a taxa de abstenção foi de 21,8%.
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reportagem
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Filme “Macao”, com Robert Mitchum e Jane Russel
“Perguntei-lhe onde se ia esconder e ele sorriu-me. ‘Por toda a China’, disse-me. ‘Conduzi por todo o lado, sozinho. Às vezes ficava em hotéis de cinco estrelas, outras vezes em lugares mais apertados. O que gostava mais era da Mongólia Interior’, contou-me.”
“Hong Kong tornou-se um melhor porto e Macau encontrou alternativas: ópio, prostituição e jogo. Até recentemente, Macau parecia-se tanto mediterrâneo como chinês, com igrejas católicas barrocas e filas de cafés escondidos por palmeiras caídas. Nestes dias, a cidade também evoca um toque de Golfo Pérsico.”
terça-feira
“O City of Dreams cheira a perfume, cigarros e champô. Os jogadores chineses raramente bebem quando o jogo está em causa e os sussurros baixos são interrompidos de vez em quando por alguém a dar um murro na mesa de satisfação ou sucesso.”
a 3.4.2012
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reportagem
The New Yorker escreve artigo sobre Macau
A cidade que nunca dorme já não está na América Joana Freitas
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ERÃO de 2007. Siu Yun Ping, um barbeiro de 50 anos, saía da sua aldeia em Hong Kong para chegar a Macau, atraído pelo jogo. Era apenas este, de toda a China, o local onde era permitido – legalmente – apostar num casino. A história não mostra novidades, para quem está pelo menos deste lado do Rio das Pérolas, e também o cenário parece banal, mas a situação levou Macau a ocupar oito páginas da revista norte-americana ‘The New Yorker’. Num artigo ontem publicado, Evan Osnos descreve, através da vida de Siu Yun Ping, o mundo dos casinos e suas alegadas ligações a tríades, a vida boémia dos chineses em Macau e o azar que vem do jogo. “A cidade foi uma colónia portuguesa durante quase 500 anos e, quando voltou ao controlo chinês, foi-lhe permitido manter as tradições libertinas e extravagantes que
“Há uma geração, Macau era produtor de panchões, brinquedos e flores de plástico. Hoje, as fábricas desapareceram, os cidadãos da classe média ganham mais do os europeus e o fosso entre ricos e pobres é grande e continua a alargar-se. Os edifícios não têm tecto. Debaixo dos pés, o chão está cheio de panfletos com caras, que prometem a companhia de raparigas de todos os continentes.”
“Macau é animado pela fórmula de ambição, velocidade e risco, mas o volume de receitas, e as pessoas que por lá passam, destilou a mistura num extracto tão potente que pode fazer com que essa fórmula seja a sua maior força ou a sua maior fraqueza.” levaram W. H. Auden a apelidá-la de ‘a erva daninha da Europa Católica’.” Macau, escreve, não chamava a atenção dos americanos, até 1953, quando Howard Hughes produziu “Macao” – um filme com a sensual Jane Russell, que transformava o território em tiros, em becos, sampanas e uma mancha fabulosa na costa tropical chinesa. Em 2006, as receitas dos casinos subiram e ultrapassaram
Las Vegas, posicionando Macau como a capital mundial do jogo. É nisto que Evan Osnos pega para noticiar uma Macau ligada a tríades e para frisar que muito mudou, mas não as tradições. Caracteriza a região como um local de pecado, onde facilmente se perde a cabeça pela fortuna. Na primeira pessoa, descreve o território, fala da história passada e de cenários e pessoas actuais. Conjuga tudo com a vida real de Siu Yun Ping e explica porque perde Las Vegas o terreno face a Macau. “Em termos de negócios, esta é a história de um bater de asas de uma borboleta que ajudou a produzir um furacão. Na última década, Macau tem sido um alvo fiável para as operadoras e investidores americanos. Mas, nos últimos dois anos, os riscos têm-se tornado mais evidentes.” Osnos recorda os recentes casos de zaragata entre operadores, enumera as salas VIP e fala do barbeiro que para enriquecer teve de pagar um preço.
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vida
terça-feira 3.4.2012
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DSPA e Universidade Tsingua assinam acordo ambiental
Macau aposta em estudos verdes
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Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) e o Instituto de Ciências e Engenharia Ambiental da Universidade Tsinghua, em Pequim, assinaram a “Carta de Intenção de Cooperação sobre Estudos da Política e Tecnologias Ambientais e Formação da Capacidade de Desenvolvimento Ambiental”. O objectivo deste acordo é realizar a concepção da “Administração Científica” estabelecida, reforçar a cooperação e actividades formativas de pessoal nas áreas de gestão e tecnologias relacionadas. Na cerimónia de assinatura estiveram presentes os representantes do director da DSPA, Cheong Sio Kei, e o director do Instituto de
Ciências e Engenharia Ambiental, da Universidade Tsinghua, Hao Jiming, que é também o Académico da Academia de Engenharias da China. A assinatura da carta de intenção de cooperação demonstrou a determinação das duas partes de consolidar os existentes laços dos parceiros nas áreas relacionadas, nomeadamente sobre os estudos de gestão e ciências e tecnologias ambientais, desenvolvimento e formação de capacidades profissionais ambientais, entre outras. As duas partes prometeram continuar a alargar, aprofundar e fortalecer as actividades, quer nos estudos sobre diversas áreas ambientais, quer na formação de pessoal, quer no intercâmbio e cooperação técnica, estabelecendo sustentamento tecnocientífico sólido para a execução da missão da preservação ambiental, estimulando por forma o desenvolvimento sustentável de Macau.
Cientistas criam composto que descontamina radiação de líquidos
Sabia que...
A pílula mágica
... 84% do lixo doméstico é reciclável?
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MA equipa de cientistas está a desenvolver uma pílula que pode absorver e reduzir a concentração de substâncias radioactivas de líquidos como leite, água e sumos, informou a Sociedade Americana de Química. A cápsula poderá ser utilizada em grande escala por empresas alimentícias e consumidores comuns para evitar as dúvidas sobre a contaminação radioactiva de alimentos. Os criadores citaram as preocupações actuais sobre
o terrorismo com material radioactivo ou após o acidente nuclear de Fukushima, que contaminou alimentos em áreas próximas à usina afectada pelo terramoto e posterior tsunami do dia 11 de Março de 2011 no Japão. “Desenvolvemos (a pílula) para a descontaminação radioactiva de água e bebidas de um composto que na sua origem se desenvolve para a exploração dos oceanos na busca por urânio e para retirar metais pesados e urânio de água contaminada”, declarou
Allen Apblett, professor da Universidade de Oklahoma. A pílula está composta por nanopartículas de óxidos metálicos, que reagem com certos materiais radioactivos e os absorvem, de modo que uma vez retirada a cápsula se reduz a concentração de substâncias perigosas. A cápsula pode atrair os actinídeos da tabela periódica, que são radioactivos, entre eles plutónio e urânio, além de outras partículas como chumbo, arsénio e estrôncio, relacionados normalmente com ions radioactivos derivados da fissão nuclear. Os investigadores asseguram que nos testes preliminares em laboratório a nova tecnologia permitiu reduzir a concentração de materiais radioactivos a níveis não detectáveis, mas não detalharam se a pílula funciona com altas concentrações. Os responsáveis pela invenção estão a tentar avançar na comercialização da pílula, que por enquanto seria utilizada principalmente para eliminar chumbo, cádmio e estrôncio de suplementos dietéticos com cálcio.
terça-feira 3.4.2012
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Manifesto de cientistas pede discussão na Rio+20
Deslindado o mistério que perdura deste 1888
Cobrar mais pelo ambiente
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IENTISTAS ligados à área ambiental do mundo todo lançaram recentemente, em Londres, um manifesto a pedir mais atenção às questões ambientais na Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que será realizada em Junho. Com 3000 signatários, a “Declaração do Estado do Planeta” diz que não basta procurar um “ideal distante” e cobra agilidade dos políticos contra a crise ambiental. “As questões que estão a ser debatidas na Rio+20 são as mesmas debatidas há 20 anos, mas agora é ainda mais urgente enfrentá-las”, afirma o texto do encontro “Planet Under Pressure”, última reunião de cientistas antes da Rio+20. A declaração lembra que a degradação ambiental cresceu nas últimas décadas, a despeito dos acordos
feitos na Eco-92, como a convenção de mudanças climáticas. “O rascunho zero da Rio+20 [esboço do documento final do encontro] joga a solução para o futuro. Já fizemos isso há 20 anos e só o que se viu foi aumento da emissão de dióxido de carbono, aumento da perda de espécies e 800 milhões de pessoas com fome. Precisamos sair
da mesa de negociação para acções práticas”, diz o biólogo Fabio Scarano, um dos brasileiros que participaram do encontro.
BRASIL ASSEGURA DISCUSSÃO PROFÍCUA
O Governo brasileiro já afirmou que a Rio+20 tratará dos três pilares do desenvolvimento sustentável (ambiental, social e eco-
nómico) e que as críticas da comunidade científica não se justificam. “Considero uma vitória do ambientalismo promovermos uma conferência baseada nos três pilares, não apenas com foco no ambiental”, disse Samyra Crespo, secretária do Ministério do Meio Ambiente. Os ambientalistas estão ressentidos por não serem as estrelas da Rio+20, como foram na Eco-92. A falta de discussões sobre ambiente e clima na Rio+20 já tinha sido abordada noutras reuniões de cientistas. No Fórum Mundial da Água, há duas semanas em Marselha, na França, a necessidade de metas sobre água potável e direito à água nas discussões foi destacada. “Vou levar o tema para a conferência”, afirmou na ocasião o francês Brice Lalonde, secretário executivo da Rio+20.
Macau Sã Assado
PENHORAR É ENCANTADOR • Quando uma loja de penhores se torna num “lugar dourado e encantador”, tudo é possível. Aqui, pelos vistos, tudo é possível. Macau sã assim, mas também sã assado.
Os girassóis de Van Gogh H
AVIAum mistério de teor biológico nos girassóis envasados que Vincent van Gogh pintou. Parte das plantas desenhadas em 1888 pelo artista holandês eram mutantes, e uma equipa conseguiu agora deslindar o funcionamento desta mutação que dava um aspecto diferente à planta. O artigo que explica este fenómeno foi publicado na revista PLoS Genetics. O girassol parece uma flor, mas na verdade são muitas flores agregadas, por isso chama-se inflorescência. Cada estrutura que se assemelha a uma pétala grande e amarela não é mais do que uma flor modificada, incapaz de produzir sementes. Por dentro também existem inúmeras pequenas flores em forma de tubo, que estão arrumadas em círculos concêntricos. Podem ser polinizadas e dar sementes. A estrutura é muito eficiente na polinização e várias espécies diferentes de plantas da família dos girassóis evoluíram neste sentido. Adisposição natural do girassol é de uma circunferência externa de grandes “pétalas” e várias circunferências até ao centro de pequeninas flores. Mas existem indivíduos mutantes que apresentam um gradiente de grandes “pétalas” desde a parte mais externa até ao centro da inflorescência. Estas duplas flores, como lhes chamaram os cientistas, estão representadas numa série de quadros de Van Gogh. Uma equipa da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos, fez vários cruzamentos destas variedades de girassol para compreender o funcionamento dos genes por trás do fenómeno.
GENE CONTROLADOR Foto: Vanessa Amaro
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A equipa, liderada por John Burke, já sabia que estas modificações tinham de estar associadas a um gene que
controla a forma das flores. Através de uma análise genética, os investigadores perceberam que, na planta mutada, parte deste gene não funcionava bem. O mecanismo que naturalmente restringia as flores que se parecem com grandes “pétalas” à parte exterior da inflorescência ficava desligado nas plantas com a mutação e todas as estruturas que deveriam tornar-se pequenas flores acabavam por se diferenciar em “pétalas”. O resultado era um indivíduo infértil. Mas os cruzamentos desvendaram ainda uma segunda mutação, que provocava no girassol o efeito inverso das duplas flores. Neste caso, na inflorescência só se desenvolviam pequenas flores tubulares. As grandes “pétalas” que normalmente estavam na parte exterior foram substituídas por flores tubulares amarelas um pouco maiores. A equipa descobriu que a causa desta mudança era uma alteração do gene que controla a forma das flores e inutilizava completamente o seu funcionamento. “Além de ter interesse do ponto de vista histórico, esta descoberta permite-nos compreender a base molecular de uma característica que é importante a nível económico”, sublinhou Burke. E assim ficámos a perceber como é que parte dos girassóis de Van Gogh era, afinal, infértil.
*NOTA DA REDACÇÃO O Hoje Macau substituiu a rubrica “Click Ecológico” por outra, intitulada “Macau sã assado”. O desafio serve para mostrar diversos aspectos do quotidiano caricato do território. Os nossos leitores ficam assim convidados a enviar fotos para o e-mail info@hojemacau.com.mo, em assunto “Macau sã assado” e uma breve legenda. As fotos devem retratar os momentos mais engraçados e insólitos do dia-a-dia de Macau e deverão ser identificadas com o nome do seu autor.
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cultura
terça-feira 3.4.2012
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Joana é a protagonista do “Planeta Azul”, a recriação de um mito bíblico
Mulher de Noé recusa-se a entrar na Arca
Rita Marques Ramos rita.ramos@hojemacau.com.mo
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M dilúvio, de acordo com o Antigo Testamento, foi o castigo de Deus para com a Humanidade que se invadia de maldade e que não cumpria o propósito da sua criação. Segundo o mito bíblico, foi a Noé, “um homem justo e cabal entre a sua geração”, que ficou incumbida a tarefa da procriação, e por isso foi-lhe ordenado que construísse uma arca para salvar a sua família e todos os animais. Saskia Boddeke e Peter Greenaway decidiram adaptar a história aos tempos modernos e sobretudo, chamar a atenção para as catástrofes decorrentes da má actuação da Humanidade face ao meio-ambiente. Cerca de 17 pessoas, incluindo actores, bailarinos e músicos, vão dar vida ao “Oceano Azul”, um espectáculo multimédia cuja narração fica a cargo de Joana, a mulher de Noé. “É como se tivéssemos a organizar o nosso próprio dilúvio,
a primeira inundação aconteceu e agora Deus está a olhar para nós [Humanidade] e a ver como lentamente estamos a destruir o planeta, e a organizar uma nova inundação, mas, ainda assim, está disposto a dar-nos uma outra oportunidade, é a mulher de Noé quem não quer dar essa oportunidade, recusando-se a entrar na barca”, resume Saska Boddeje, realizadora do espectáculo, que decorre amanhã, às 20h, no Centro Cultural de Macau. Existe uma mensagem de condenação da actuação humana mas existe também uma palavra de esperança. Os embaixadores dessa esperança são os filhos - a nova geração - que acreditam poder fazer melhor, convencendo a mãe de que terão um melhor papel.
“NÃO É UM ESPECTÁCULO MORALISTA”
O espectáculo vive dos actores e das imagens videográficas, que se entrecruzam e criam grande intensidade em palco, chamando a uma “consciencialização pública sem dar quaisquer respostas”, garante Boddeke, que clarifica “este não é um espectáculo moralista”. Apresentado em Hong Kong no mês passado, chega outra vez aos palcos depois de três anos, quando fez a última digressão em Espanha e Itália. “Eu estava um pouco apreensiva de voltar a fazê-lo e a vê-lo, mas acho que continua muito forte, e deixa-me muito orgulhosa”, refere a realizadora e produtora dos conteúdos videográficos, acreditando que, se o público de Macau for como o da RAEHK, “são mais abertos do que os europeus para além de se mos-
digital e a ideia, conta a cenógrafa, Annete Mosk, “é mostrar um envolvimento conjunto, da equipa, por isso, o cenário cresce de uma forma orgânica e, tendo sido criada uma segunda vida, tentámos perceber como é que as diferentes imagens se podiam integrar” numa composição, em episódios, entre actores e vídeo.
HOJE MACAU
Saskia Boddeke é a co-realizadora do novo espectáculo multimédia, exibido no Centro Cultural de Macau nesta quartafeira, que satiriza os problemas ambientais através do mito bíblico “A Arca de Noé”
2012 NÃO É O FIM DO MUNDO
Saskia Boddeke, realizadora, e Annete Mosk, cenógrafa do “Planeta Azul”
JUST IN TIME, de Peter Greenaway Peter Greenaway, pintor, realizador de cinema britânico e artista multimédia, é reconhecido internacionalmente pelas suas narrativas pouco convencionais - que se inspiram na pintura - a essência do cinema, que começou na época do holandês Rembrandt, no século XVII - vai levar uma das suas últimas criações cinematográficas a Portugal. Just in Time é o nome da nova curta-metragem, que será exibido na programação da comemoração de Guimarães como Capital Europeia da Cultura. “Vai ser uma curta-metragem de um santo, e o Peter quer contar a história desde os tempos medievais até hoje, tendo sido toda a filmagem adaptada historicamente”, diz cenógrafa Annete Mosk que também participa neste projecto. “O tempo cronológico é um dia, mas passam-se várias épocas num só dia”, foi tudo o que Mosk pôde desvendar. O realizador mostra assim, mais uma vez, neste trabalho uma viagem de descoberta para além do contexto cinematográfico convencional. Peter Greenaway ficou reconhecido com os filmes O Cozinheiro, o Ladrão, a Mulher e o Amante Dela e o Contrato, a primeira longa-metragem narrativa finalizada em 1982 que mereceu aplauso da crítica.
trarem mais atentos e conscientes destas questões ambientais”. A história, que está naturalmente mais enraizada na cultura e religião predominante do Ocidente, pode apelar aos visitantes orientais porque “ todos vivemos o mesmo mundo [com os mesmos problemas
ambientais], basta olharmos pela janela”, refere Boddeke. “Nós temos um ‘capítulo’ de animais, de como os comemos, e realizei que a audiência ficou muito chocada em Hong Kong”, refere. Os personagens não são deste universo mas agarrados de mundo
Quando confrontada pela imprensa sobre se o espectáculo mudou em função daquele, que se denomina o ano em que o mundo acaba, Saskia Roddeke garante que não houve qualquer adaptação, desde a altura em que conceberam o espectáculo para a Expo 2008 em Saragoça, Espanha. “A mensagem mantém-se contemporânea mas é mais urgente do que nunca”, confidencia, “estamos a fazer um muito mau trabalho e já é sabido há muito tempo e nada tem sido alterado, é triste”. “Há um conteúdo social muito forte e tudo o que fazemos traz sempre algum senso de consciência”, garante a realizadora, que cria em palco as narrativas, para que se possa “pôr em frente a um espelho e enfrentar o problema”, e nesse sentido, gosta que as pessoas também o possam fazer, embora não sejam dadas respostas, pois as pessoas devem fazer as suas próprias considerações. “O espectáculo mudou-me porque, por exemplo, agora não como vegetais que vêm de fora, como comida local no meu país de residência, na Holanda”, diz Roddeke, ao mesmo tempo em que não se inibe de culpas enquanto agente integrado na humanidade.
Residente lança livro sobre gastronomia macaense
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Os truques culinários de Macau
Instituto Internacional de Macau (IIM) publicou o “Livro de Receitas da minha Tia/Mãe Albertina”, da autoria de Cintia Conceição Serro, natural e residente em Macau. Ex-funcionária pública, Cintia Serro aprendeu os segredos da Culinária Macaense da sua tia, a quem afectivamente sempre tratou por tia-mãe. Foi da D. Albertina Borges, de 92 anos, de quem legou algumas receitas antigas, tornando-se numa mestre da arte de bem cozinhar. O livro, que tem o apoio
também da Fundação Macau e do Instituto Cultural de Macau, tem cerca de 200 páginas profusamente ilustradas, contendo uma selecção de muitos pratos tradicionais, alguns menos conhecidos.
PATRIMÓNIO IMATERIAL EM TORONTO
Aproveitando uma presença da autora em Toronto, a Casa de Macau desta cidade organizou, no dia 18 deste mês, o lançamento do livro em que não faltaram acepipes da culinária macaense.
No uso da palavra, Cintia Serro, em português e inglês, afirmou que o seu livro representava a culminação de um sonho, esperando que o seu trabalho seja um contributo valioso para a promoção e divulgação da tão apreciada gastronomia macaense. A autora referiu ainda que a publicação do livro foi possível graças ao apoio recebido não só de amigos e familiares, mas sobretudo do IIM, na pessoa do seu presidente, Jorge Rangel, que se fez representar na cerimónia
pelo secretário-geral, Rufino Ramos. A oportunidade de divulgar os segredos da centenária gastronomia macaense e a iminente classificação desta como património imaterial da RAEM, foram as razões principais que presidiram a intervenção do IIM na publicação deste valioso livro que será lançado, em Maio em Macau, na resposta de Rufino Ramos, que louvou o papel da comunidade macaense da diáspora, em actividades conducentes ao fortalecimento da identidade colectiva.
terça-feira 3.4.2012
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“Guerra de empresários e clubes não me deixou ficar em Portugal” GONÇALO LOBO PINHEIRO
passagem pelo Oriental, treinado então pelo Fernando Chalana. Depois fui para o futebol croata. Mais tarde, surgiu a oportunidade de regressar a Portugal e ao Torreense e foi isso que fiz. Joguei na Liga Intercalar mas quando estava pronto para me estrear no campeonato, pois assinei dois anos de contrato, aconteceram diversos problemas extra-jogo envolvendo direcções de clubes e empresários, e tive de voltar para a Croácia pois o meu clube não libertou o meu passe. Uma guerra de empresários e clubes não me deixou ficar em Portugal.
É a primeira vez que joga em Macau. Que tal, está a gostar? Sim. No início foi um pouco difícil mas agora está tudo a correr bem. É outra cultura, muito diferente da minha e daquela que sempre estive habituado pelos países que passei. Depois de jogar no Brasil joguei sempre na Europa que, como se sabe, é muito diferente daqui. Monte Carlo está a ser uma boa aposta? Acredito que foi a melhor. Desde o presidente Firmino Mendonça até ao nosso roupeiro, são todas pessoas maravilhosas. Sempre me deram o apoio necessário para eu estar aqui a desenvolver o meu futebol. Todos dão muito apoio aos jogadores estrangeiros e não tem faltado nada.
Acho que não cabe a mim e a nenhum outro jogador apontar ou dizer mal dos árbitros de Macau. Sabemos que eles fazem o melhor que sabem e podem
O que lhe pediu o mister Paulo Bento? Com o passar do tempo foi-me conhecendo e hoje já não me pede muita coisa. Já sabe como jogo e como me encaixo no seu esquema táctico. Acima de tudo, ele pediu-me para fazer o que mais gosto e sem medo, jogar futebol. Sinto-me à vontade dentro e fora de campo. Sinceramente, é um dos melhores treinadores com quem já trabalhei. O Gil, jogador do Ka I, com quem jogou na Croácia, influenciou-o a aceitar o convite de Macau? Sim e muito. Conheço o Gil há muitos anos e estivemos juntos em diversos países. É um irmão em que tenho toda a confiança, mesmo jogando numa equipa adversária. Já tinha estado para vir para Macau quando, há dois anos, o Gil me convidou. Tinha contrato no Luxemburgo e não pude vir. E o que vê nesta oportunidade? O Gil também me falou nisso, na possibilidade que temos de evoluir aqui, perto de Hong Kong e da China. O que acha do futebol de Macau? Não devo ser o único a pensar isto. Macau é um trampolim para algo melhor. Penso que o futebol do território tem tudo para ser mais forte e mais profissional, mas ainda
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Entrevista Fabrício, 27 anos, jogador de futebol
Gonçalo Lobo Pinheiro um dos bons valores da Liga de Elite deste ano. Fabrício, avançado veloz e tecnicista do Monte Carlo, falou ao Hoje Macau. Contou-nos que o futebol de Macau tem tudo para ser mais forte e que o Monte Carlo ainda sonha com o título. O brasileiro acredita que até final do campeonato a luta a três – com o Ka I e o Benfica – deve ser bastante renhida. O futuro, esse, é uma incógnita mas muito dificilmente este “globetrotter” do futebol permanecerá em Macau.
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Não recebeu outros convites de Portugal? Não. Tenho noção que não tive tempo para me mostrar. Joguei um jogo contra o Estrela da Amadora, joguei também 15 minutos contra o Sporting mas lesionei-me. Uma fatalidade, portanto.
é preciso mudar muitas coisas para que o futebol se torne mais forte. Algum comentário às arbitragens? Acho que não cabe a mim e a nenhum outro jogador apontar ou dizer mal dos árbitros de Macau. Sabemos que eles fazem o melhor que sabem e podem. E os relvados de Macau? O campeonato começou mal nesse aspecto pois o campo do MUST é péssimo. Quando passámos para o Estádio de Macau o relvado estava perfeito mas com o passar do tempo já está a descascar todo. São muitos jogos em pouco tempo. Já conhecia os estrangeiros que jogam em Macau?
Só o Gil, o Robson, que indiquei ao Monte Carlo a contratação, e o Baba que também conhecia de Portugal. Os restantes conheci aqui e são pessoas maravilhosas. Os estrangeiros que chegam a Macau são uma maior valia para o futebol do território? Sim. O futebol de Macau, infelizmente, depende muito dos estrangeiros. Os jogadores locais sentem-se mais seguros connosco. Trazemos mais experiência, mais raça e mais força. Voltando à sua carreira. Onde começou a jogar futebol? Comecei no Atlético Goianiense, no Brasil. Joguei no meu país até aos 18 anos. Depois emigrei.
É portanto um jogador emigrante. [Risos] Verdade. Considero-me assim. Aprendi muita coisa a jogar em diversos países e nunca me arrependi de ter deixado o Brasil para jogar, apesar das saudades dos meus. Se quiser regressar, acha que tem mercado no Brasil? Quem manda são os empresários. Conheço vários e eles sabem onde e como tenho jogado. Já recebi propostas para regressar ao Brasil mas achei que não seria a melhor altura. Jogou em Portugal no Torreense. Como tudo aconteceu? Antes já tinha tido uma rápida
Está com 27 anos. Como acha que vai ser agora o seu futuro? Estou com o meu pensamento no Monte Carlo, onde quero dar tudo. O clube pretende ser campeão e eu quero continuar a ajudar nisso. Depois, não sei, mas vou para outro lado. Mas tem a noção que o Monte Carlo depende de terceiros para ser campeão. Sabemos disso. Contudo, no futebol, não há vencedores antes do final do campeonato. Sabemos da nossa qualidade e também sabemos da qualidade dos nossos adversários. A receita é continuara a trabalhar. A recta final da Liga de Elite de 2012 será, portanto, disputada a três com o Ka I, Monte Carlo e Benfica? Acredito nisso. São as três equipas que mostram, desde o início, que estão a jogar para serem campeãs.
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futilidades
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[ ] Cinema
Cineteatro | PUB SALA 2
WRATH OF THE TITANS
WRATH OF THE TITANS [3D] [C] Um filme de: Jonathan Liebesman Com: Liam Neeson, Ralph Fiennes 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
THE SECOND WOMAN [B]
(Falado em cantonense e mandarim legendado em chinês e inglês) Um filme de: Michael Sucsy Com: Channing Tatum, Rachel McAdams 14.30, 16.30, 19.30
THE HUNGER GAMES [C]
Aqui há gato
22:00 22:30
INFORMAÇÃO TDM
RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Nativos Digitais 15:00 A Hora de Baco 15:30 Grande Reportagem-SIC 16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco 17:45 Vingança 18:30 Correspondentes 19:15 Documentário – A Rua dos Condes 20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:15 Ingrediente Secreto 22:45 Portugal no Coração ESPN 30 13:00 15:00 18:00 19:00 19:30 20:00 20:30 21:00
11th Annual Predator Intl’ 10-Ball Championship European Top 12 Semifinals & Finals Tour Of Qatar 2012 (Delay) Baseball Tonight International 2012 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 The Football Review Great Teams Mundialito De Clubes - Beach Soccer Flamengo vs. Vasco De Gama
Sportscenter Asia 2012 AFC Champions League 2012 Tianjin Teda vs. N agoya Grampus Eight
STAR SPORTS 31 13:00 The S-League Show 13:30 Engine Block 2012 14:00 FIM Ice Racing World Championship 2012 15:00 HSBC Sevens World Series 2011/12 17:25 SBK Superbike World Championship 2012 19:25 (LIVE) AFC Champions League 2012 Tianjin Teda vs. Nagoya Grampus Eight 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Spirit Of Golf 22:30 Golf Focus 2012 23:00 Masters Official Films 2011 FOX MOVIES 40 12:10 Cars 14:10 True Justice 15:40 X-Men: The Last Stand 17:25 Perfect Catch 19:10 I Am Number Four 21:00 Avatar 23:45 Love & Other Drugs HBO 41 12:00 13:05 15:00 16:35 19:05 22:00 00:00
Luck Repo Men Stomp The Yard Vertical Limit Casino Sanctum Halloween: H20
CINEMAX 42 13:00 14:30 16:00 18:00 19:30 20:00 22:00 23:45
The Funhouse The King Of Fighters Jet Pilot Into The Badlands Epad On Max Kindergarten Cop Stripes Bird On A Wire
HORIZONTAIS: 1-Filosófico. 2-Entrar em cabalas. Poeira. 3-Manifesta o riso. Falta (Pref.). Naquelas. 4-Letra grega. Contracção dos pronomes Te e O. Ajunteis. 5-A febre-amarela (Ant.). Nordeste (abrev.). 6-Oferecei, Três (Pref.). Notas, observas. 7-Cidade bíblica. Extraíeis. 8-Zunir (os ouvidos). Funesta. Sozinho. 9-República Árabe Unida (Extinta). Ceda gratuitamente. Tratamento que se dá na China a certas pessoas. 10-Suflixo, o m. q. INO. Feita a sementeira. 11-Avaliásseis o peso. VERTICAIS: 1-Produtora. 2-Imposto de Ciruclação (abrev.). Tornariam oco. 3-Casa, pátria (Fig.). Sorri. Desfolhado. 4-Falecimento. Sua pessoa. Hipótese. 5-Sua (Arc.). Escolherdes. 6-Olé!. Imposto sobre o rendimento colectivo (sigla.). Nome de mulher. 7-Roubariam (Gír.). Existes. 8-Expressão do rosto. Concede. Canais de irrigação. 9-Naquela. Distingue, divisa, Caminhai. 10-Retábulos. Nesse lugar. 11-O que possui, possuidor.
SOLUÇÕES DO PROBLEMA HORIZONTAIS: 1-FILOSOFAL. P. 2-CABALAR. PO. 3-P. RI. AN. NAS. 4-RO. TO. ADAIS. 5-OCROPIRA. NE. 6-DAI. TRI. VES. 7-UR. SACAVEIS. 8-TINIR. MA. SO. 9-RAU. DE. LI. R. 10-IM. SEMEADA. 11-Z. PESASSEIS. VERTICAIS: 1-F. PRODUTRIZ. 2-IC. OCARIAM. 3-LAR. RI. NU. P. 4-OBITO. SI SE. 5-SA. OPTARDES. 6-OLA. IRC. EMA. 7-FANARIAM. ES. 8-AR. DA. VALAS. 9-L. NA. VE. IDE. 10-PAINES. AI. 11-POSSESSOR. S.
Pu Yi
TDM 13:00 TDM News - Repetição 13:30 Jornal das 24h 14:45 RTPi DIRECTO 15:45 Liga Sagres: Benfica - Braga (Repetição) 17:20 Lost Sr.5 (Perdidos Sr.5) 18:00 Música Movimento (Repetição) 18:35 Contraponto (Repetição) 19:35 Amanhecer 20:30 Telejornal 21:00 TDM Desporto 22:10 Passione 23:00 TDM News 23:30 Sexta às 9 00:00 Telejornal (Repetição) 00:30 RTPi DIRECTO
Su doku [ ] Cruzadas
Confesso que dei um salto, acordei sobressaltado e até estremeci com os gritos aqui da redacção. Eram oito e meia. Não é que gritos sejam algo que não seja comum por aqui por estas bandas. Estes meus tios passam a vida a falar alto, a rir aos berros e a gozar uns com os outros. Eu sou mais calmito, se bem que às vezes também gosto de farra. Mas ontem não. Queria dormir, na minha almofadita, ‘sogadito’. Não consegui. Às oito e meia, que normalmente é a hora em que até está silêncio na redacção, alguém gritou “olha o genérico, olha o genérico”. E logo vem um “hey” em uníssono. Acordei e nem queria acreditar. O telejornal da TDM moderno. Tinha saltado dos tempos áureos do 25 de Abril para a modernidade. Para a tecnologia. Para a imagem com qualidade, pelo menos à vista. Assim até a mim deu vontade de ver as notícias. Rapidamente me ajeitei na almofadita e estive a ver. Eles por aqui lá gritaram um bocadito no início e bateram palmas e tudo. Parece que afinal isto dos jornalistas se curtirem uns aos outros até vem ao de cima de vez em quando. Eu gostei. Gostei. O telejornal cativou toda a gente ontem, paginadores incluídos. Até o Jorge Silva estava mais catita, não que eu repare nisso, claro. É que gato sou eu. Mas sim. Boa, TDM. Parabéns. Agora é sempre para a frente.
(Falado em cantonense legendado em chinês e inglês) Um filme de: Ann Hui Com: Andy Lau, Deannie Yip 21.30
Um filme de: Gary Ross Com: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson 14.15, 16.45, 19.15, 21.45
[Tele]visão
PARABÉNS TDM!
A SIMPLE LIFE [A]
SALA 1
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA UMA FAZENDA EM ÁFRICA • João Pedro Marques
Uma Fazenda em África acompanha a vida e as histórias dos primeiros colonos numa terra brutal, trazendo à superfície os sucessos e desaires, os perigos e as surpresas da sua fixação num território inóspito e selvagem. Baseado numa investigação histórica meticulosa e tendo como pano de fundo a colonização de Moçâmedes, este novo romance de João Pedro Marques levanos por uma África simultaneamente enternecedora e inclemente, carregada de exotismo e em cujos trilhos a aventura e o amor caminham de mãos dadas.
MANUAL DA GRAVIDEZ SEMANA A SEMANA • Vários
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REGRAS |
Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR
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Jorge Rodrigues Simão
perspectivas
Urbanismo sustentável (2)
O
S planeadores urbanísticos acolheram o conceito de desenvolvimento sustentável com entusiasmo, uma vez que parece encaixar perfeitamente com modelos de planeamento idealizados, oferecendo oportunidades do negativo, prática usual no planeamento funcionalista, e permite uma dedicação contínua na gestão urbana que os fortalece como profissionais. Uma última razão para o êxito do conceito, não apenas entre as referidas classes de pessoas, mas também entre a população em geral, é de tipo psicológico. A crise ecológica e as suas consequências (redução da biodiversidade, alterações climáticas) criam ansiedade na população, que pode ser mitigada com o sentimento da existência de um plano alternativo, o desenvolvimento sustentável, que permitirá atenuar, se não solucionar definitivamente esta crise. Outra razão que explicaria esta grande aceitação, seria a ambiguidade do termo “desenvolvimento sustentável”, que conduz a interpretações diversas que podem associar-se facilmente a pensamentos políticos de direita como de esquerda. Existem dois modelos extremos, entre os quais podem encontrar-se múltiplas posições intermédias. O pensamento político de direita produziu a optimista “Teoria da Modernização Ecológica”, segundo a qual a saída para a crise ecológica seria possível, através da adaptação dos processos de produção e de consumo a critérios ecológicos e a necessidades ambientais; a crença nas possibilidades da ciência e da tecnologia, para melhorar os processos produtivos, desde a perspectiva ambiental através de uma maior eficiência; a promoção do mercado como o meio mais efectivo para assegurar as respostas e a flexibilidade necessárias à melhoria do meio ambiente; a percepção de que os movimentos ambientais podem ser incorporados nos processos de tomada de decisões; a fé de que as empresas multinacionais, como promotoras da economia global, actuarão como agentes da mudança e a diminuição da oposição ao movimento de
modernização ecológica como impraticável, por falta de apoios e consequentemente, de valor marginal. A “Teoria da Modernização Ecológica” entende que o meio ambiente e a economia não se encontram em conflito, uma vez que a protecção ambiental só pode ser assegurada através do desenvolvimento económico. Neste quadro, a função do Estado é a de facilitar as condições para que o mercado funcione e a de proporcionar as regras e os modelos para a protecção do meio ambiente. Esta perspectiva, naturalmente, é bem aceite pela economia liberal e entre os apoiantes dos sistemas de valores conservadores, que prevalecem no mundo ocidental. No outro extremo, existe a concepção de desenvolvimento sustentável, diametralmente oposta e que foi formulada pelo sociólogo alemão Ulrich Beck, em 1992 no seu livro “Risk Society: Towards a New Modernity” e conhecida pela “Teoria da Sociedade de Risco”. Esta tese defende que existe um conflito irreconciliável entre as procuras da economia e as necessidades ecológicas, vaticinando o controlo autoritário e prevendo a catástrofe, se não forem alteradas as tendências actuais, pelo que a transformação social será necessária se quisermos assegurar a sobrevivência da espécie humana. É qualificada de utópica e idealista, dado oferecer poucas soluções. Os planeadores urbanísticos podem encontrar-se em qualquer das posições intermédias entre estes dois pensamentos em função dos seus valores, de forma que o conceito operativo de desenvolvimento sustentável será o que cada um preferir. Os defensores da “Teoria da Modernização Ecológica” concebem que um maior desenvolvimento produzirá no final, um meio ambiente adequado e uma sociedade mais rica. O único problema para o planeamento, é como regular adequadamente a protecção do meio ambiente nos aspectos em que a economia não está limitada. Os planeadores “verde-escuro”, por seu lado, pensam que o desenvolvimento, tal como é entendido actualmente, produz impacto ambiental “per si” e não terão de dedicar
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É preciso reinventar a cidade, para a tornar mais habitável e que a população volte a sentirse parte integrante, porque é agradavelmente habitável. Ademais, a cidade deve ser sustentável, de forma que a sua gestão não só deve dirigir-se a melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes, mas que deve contribuir na medida das suas possibilidades, a potenciar o novo paradigma do desenvolvimento sustentável. a maior parte dos esforços a tudo planear, mas sim a promover os valores sociais da sustentabilidade. Entre estes dois pensamentos encontram-se a maior parte dos planeadores urbanísticos, que não podem ficar à margem da tensão existente entre o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente. Em definitivo, os responsáveis políticos serão os que determinarão o equilíbrio entre a protecção e o desenvolvimento, e será necessário o estabelecimento de parâmetros que limitem o significado concreto em cada nível do planeamento. É necessário, pois, reformularem-se os modelos de organização e desenvolvimento das cidades contemporâneas se pretendermos reflectir e encontrar soluções para a actual situação do estado da cidade. É preciso reinventar a cidade, para a tornar mais habitável e que a população volte a sentir-se parte integrante, porque é agradavelmente habitável. Ademais, a cidade deve ser sustentável, de forma que a sua gestão não só deve dirigir-se a melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes, mas que deve contribuir na medida das suas possibilidades, a potenciar o novo paradigma do desenvolvimento sustentável.
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Helder Fernando
à flor da pele
Os anjos também caem I Há o calor das multidões, os seus afectos - e há a frieza dos poderes e seus desafectos. Há o afecto individual e colectivo do cidadão comum - e há a sobranceria, a indiferença, inexpressão, a frieza no sangue do governante. Quando o sangue arrefece, parece não existir vida.Alguém escreveu sobre alguém que com sangue arrefecido nas veias não sabe dar, nem compreender e muito menos, se for caso disso, perdoar. Quando as veias se enchem de sangue quente e circulante, alguma coisa pode mudar. Como a correria louca das águas se insistem em reprimi-las, travando-as. A inexpressão de rosto, o afrouxado discurso, a tíbia visita de corpo presente, não aumenta poder ao poder, apenas o mostra, isolado, dentro de uma redoma baça, desinteressante. O poder não tem de ser exercido por artistas de variedades, por palavrosos inconsequentes, por vendedores de paraísos. Mas tem de se afirmar como pioneiro e timoneiro, não andar a reboque - às vezes dos próprios interesses de clã. O poder, precisamente por ser poderoso e gostar de o ser, deve travar todos os combates possíveis e necessários para justificar estar onde está. Se não o fizer, é um poder sem justificação e sem matéria de prova. É apenas poder porque lá o colocaram, porque a força de circunstâncias o permitiu e possibilitou. Quando, esgotado o tempo de validade, essas circunstâncias deixarem de sê-lo, esse poder, seja ele qual for e tenha a dimensão que tiver, já lá não está - e ninguém o vai lamentar, pelo contrário.
A grande China não dorme. No município de Chongqing, em plena província de Sichuan, que tem talvez mais de 32 milhões de habitantes, o seu líder foi agora afastado. Pesquisa-se e fica-se com a ideia de que o carismático Bo Xilai, de 62 anos, mantinha vivo um certo espírito da denominada “revolução cultural” Os que entendem não ter opinião a não ser a opinião em vigor, coitados, andarão manietados, baralhados e embrulhados em si próprios. Incharão, incharão, incharão, engolirão, engolirão, engolirão. Até rebentarem. Sem nunca alguém os ter visto, seriamente, e não com truques de pipi de bairro, tomar posições firmes por causas ou ter um gesto de revolta. Para esses, o caminho é o da nuvem esvoaçante e silenciosa, movem-se consoante os ventos, obedecem consoante o lamiré imposto. Os poderes instituídos - que tanto se aproveitam desta gentinha - deviam desprezá-los. Poderão ser os próximos traidores, quando as marés forem outras. Esta gentinha nada tem a ver com aqueles que, por convicção e frontalmente, defendem uma ideia, seja situacionista ou navegue em outras águas. O prezado leitor, muito bem saberá distinguir as opiniões e os vassalos sem opinião - por isso são vassalos. II Mais e mais observado e respeitado o grande universo da lusofonia. Todos os dias há notícias desse firmar cultural, económico e afectivo. Saiamos, cada um, dos naturais cir-
cuitos internos, e, como rotina, dediquemos alguma atenção aos meios de comunicação social internacionais. Escritores, poetas ou ficcionistas, músicos, artistas plásticos, cientistas do espaço dos países de língua portuguesa, se afirmam com brilhantismo. Qualquer de nós pode elencar longo catálogo, ciclicamente renovado, de nomes e obras realizadas por ilustres deste espaço. Realizam e justificam muito do nosso orgulho em pertencermos a esta tão grande, tão colorida e tão afectiva família. III Completa-se hoje um quarto de século, uma data provavelmente na memória dos “social-democratas”, mas não somente, mais ou menos acima dos 40 anos de idade, que se evaporou a maioria Cavaco Silva no Governo português. Actualmente, o senhor está na Presidência da República, também por força dos votos democraticamente expressos. Que haja alguém a ajudá-lo a terminar com a máxima dignidade possível o seu alto mandato. IV A grande China não dorme. No município de Chongqing, em plena província
de Sichuan, que tem talvez mais de 32 milhões de habitantes, o seu líder foi agora afastado. Pesquisa-se e fica-se com a ideia de que o carismático Bo Xilai, de 62 anos, mantinha vivo um certo espírito da denominada “revolução cultural”, manipulando a programação televisiva a ponto de influenciar a que série ditas “comerciais” fossem totalmente substituídas por “concertos patrióticos” e outros programas encomiásticos e putativamente “revolucionários”. Para além disso, ter-se-á “descoberto” que no combate à criminalidade organizada de que Bo se gabava de encetar sem tréguas, muitas das investigações e interrogatórios foram efectuados utilizando métodos de tortura. Este, não era um político inexpressivo, pelo contrário, tinha o que dizem “um estilo muito próprio”. Pelos vistos, um estilo que provinha de situações menos transparentes. Como o alegado envolvimento, por via de sua mulher, a advogada Gu Kailai, na morte algo estranha, em Novembro passado, do residente britânico em Pequim, Neil Heywood, num quarto de hotel em Chongqing. O britânico era amigo do casal Bo Xilai-Gu Kailai. Preparava-se para ser um “pequeno príncipe” e olhava com gula para uma cadeira mais alta na estrutura hierárquica do poder central. Terá sido guloso demais. Quem sabe se foi exemplar para toda a China, este exemplo de queda de um “anjo” só aparentemente intocável?
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Pedro Correia
SEGUNDA, 26 Nunca os economistas
estiveram tanto em voga: quanto maior é a crise, mais eles rivalizam com os futebolistas enquanto campeões da permanência nos ecrãs televisivos. A esmagadora maioria limita-se a dizer-nos o que todos já sabemos, embora o diga com indisfarçável convicção: que as coisas estão más, que a situação é difícil, que a recuperação será lenta e penosa, que os problemas sociais poderão multiplicar-se, que a criação de emprego é um objectivo prioritário mas de concretização problemática. Ouço este corrupio de génios a desfilar na pantalha, noite após noite, e questiono-me por que motivo não terão eles surgido com a sua palavra avisada e esclarecida quando o rumo dos acontecimentos era ainda incerto e a prosperidade parecia prolongar-se em rota ascendente ao contrário do que sucedeu depois. Há um velho aforismo que me vem à memória em momentos destes: depois da batalha, todos somos generais. E lembro-me de outro: Deus criou os economistas para que os meteorologistas tivessem credibilidade. Estamos bem entregues com tantos génios a velar por nós.
«Todo governo é um acto de depravação.» «Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.» «Fiquem tranquilos os que estão no poder nenhum humorista atira para matar.» «Jamais diga uma mentira que não possa provar.» «O que vive repetindo a palavra indubitável é, indubitavelmente, um mentiroso.» «Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que nas mulheres fica muito melhor.»
«O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde.» «O homem é um animal inviável. Graças a Deus. Senão o mundo seria de uma monotonia insuportável.» «Claro que não se pode evitar o nascimento nem a morte. Mas não dá para melhorar um pouco o intervalo?» Millôr, homem que a sorrir nos fazia pensar. O homem que nos ensinou que “viver é desenhar sem borracha”. O homem que parecia eternamente jovem
caderno diário deixou-nos agora, aos 88 anos. Despeço-me dele quase como de uma pessoa de família: há 40 anos que o lia - sempre com gosto, sempre com prazer, sempre com proveito. Procuro um obituário digno desse nome na imprensa portuguesa e quase nada encontro - a excepção, nesta busca não exaustiva, é um bom texto de Isabel Coutinho no Público. Quase tudo o resto é prosa seca e árida e estéril, misto de agência e Wikipédia, corta-e-cola, repetindo os mesmos factos, os mesmos dados. Sem emoção, sem brilho, sem colorido, sem sombra de graça. Millôr merecia mais. Merecia melhor do que estes parágrafos de amanuenses produzidos provavelmente por quem nunca o leu nem se sentiu mais pobre de espírito por isso.
QUINTA, 29 Prestes a fazer 60 anos, Isabella Rossellini - que chegou a ser um dos grandes símbolos eróticos do cinema - confessa sem rodeios numa entrevista que já começa a sentir o peso da idade. E confirma aquilo que outras actrizes vêm referindo nestes tempos em que a imagem comanda a vida: há cada vez menos lugar para mulheres maduras na indústria cinematográfica, sedenta de rostos imaculados. Inesquecível intérprete de Blue Velvet (1986), a filha de Ingrid Bergman e Roberto Rosssellini afirma nesta entrevista ao El Mundo: “Não somos educados para aceitar a velhice.” Nada mais certo. Gabriel García Márquez, hoje um respeitável ancião de 85 anos, escreveu em tempos que “o segredo de uma boa velhice é fazer um pacto honrado com a saudade”. Devíamos aprender com ele e alguns outros sábios contemporâneos. Para aceitarmos cada fase da existência como uma dádiva e não como um fardo. Infelizmente tudo à nossa volta nos induz em sentido contrário - a começar pelo cinema. “Envelhecer faz parte da vida”, sublinha Isabella Rossellini, protagonista de uma película estreada há poucos meses: Três vezes vinte anos, de Julie Gavras, com William Hurt também no elenco. Um filme que recorre à ironia para nos falar do envelhecimento. Talvez a melhor abordagem seja mesmo esta. Até porque tristezas não pagam dívidas. Nem apagam rugas.
TERÇA, 27 A frase da semana: «Conhecer bem Homero, Dante, Shakespeare e também Céline reforça-nos contra o vendaval das mais perigosas superstições, incluindo as de Homero, Dante, Shakespeare e Céline.» (Fernando Savater, no El País de hoje) QUARTA, 28 Millôr Fernandes foi talvez o primeiro escritor brasileiro com quem travei conhecimento, ainda criança, através da secção ‘Pif Paf’, do Diário Popular. Eu era ainda muito miúdo mas já tinha o gosto dos jornais: no cinzento Portugal pré-25 de Abril, as prosas de Millôr (nome que não tardei a fixar), as piadas de Millôr, os bonecos de Millôr tinham um colorido muito próprio. Sendo brasileiro, era um autor universal. E um cultor inigualável do nosso idioma, além de um genial produtor de frases que tinham um duplo condão: faziam-nos sorrir e faziam-nos pensar. Os últimos textos que li dele foram na Veja, onde tinha há muito uma página com nome próprio. Sem nunca perder a irreverência, sem nunca perder a verve. A idade aguçou-lhe o engenho, a malícia, a arte do trocadilho inteligente que tantas vezes lhe permitiu fintar a feroz censura das décadas de 60 e 70. Tenho anotadas nos meus cadernos várias frases dele. Eis algumas: «Deus fez o mundo. O homem o faz imundo.» «Nunca ninguém perdeu dinheiro apostando na desonestidade.» «Hay gobierno, soy contra. No hay gobierno, también soy.»
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Prestes a fazer 60 anos, Isabella Rossellini - que chegou a ser um dos grandes símbolos eróticos do cinema - confessa sem rodeios numa entrevista que já começa a sentir o peso da idade
SEXTA, 30 Uma senhora mais jovem pergunta a outra, talvez com idade para ser mãe dela: - E já sabe o resultado da biópsia? Mais adiante, um jovem à conversa com uma amiga: - Acabei o mestrado. Agora já só penso em ir lá para fora. Lisboa, 2012: frases ouvidas ao acaso da rua...
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terça-feira 3.4.2012
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c a rtoon por Steff
ELEIÇÕES NO MYANMAR
Três viúvas e duas filhas de Bin Laden condenadas a prisão
As três viúvas e duas das filhas de Osama bin Laden foram condenadas, por um tribunal paquistanês, a 45 dias de prisão e à expulsão do país, por residência ilegal, após cumprimento da pena. “O juiz anunciou um mês e meio de prisão para as cinco acusadas. A condenação foi anunciada hoje [ontem]. Impôs também uma multa de 10 mil rupias”, revelou Zakarya Ahmad Abd al-Fattah, irmão da mulher mais nova de Bin Laden. As mulheres do falecido líder da Al-Qaeda - duas sauditas e uma iemenita - tinham sido detidas depois do ataque norte-americano em Abbotabad que matou Bin Laden. Mohammed Amir Khalil, advogado das viúvas e das filhas do terrorista, explicou que o tribunal considerou o tempo de cadeia que as mulheres já tinham cumprido (desde 3 de Maio de 2010), e que serão expulsas do país assim que terminarem a pena agora decretada.
Mona Lisa é mais nova do que se pensava
O Museu do Louvre, em Paris, alterou a idade do quadro “Mona Lisa”, do pintor italiano Leonardo Da Vinci. Isto por causa de um outro quadro descoberto no Museu do Prado, em Madrid. A tela do museu espanhol, feita por um aluno do famoso pintor, foi pintada ao mesmo tempo que Da Vinci dava vida a “Mona Lisa”. Estudos científicos realizados nas duas pinturas dizem que o pintor trabalhou no retrato até morrer, em França, em 1519. “Mona Lisa” terá, então, sido pintada entre 1503 e 1519, e não entre 1503 e 1506.
Música de “Titanic” dá enjoos a Kate Winslet
A actriz Kate Winslet, que ficou mundialmente famosa graças a ter participado no filme “Titanic” diz que, passados quase 15 anos, a música “My Heart Will Go On”, interpretada por Céline Dion, lhe dá vontade de vomitar. Em entrevista à MTV, a propósito da estreia da versão 3D do título, Winslet diz que não suporta mais a música. “Gostava de poder dizer: ouçam-me todos! É a canção da Céline Dion! Mas não consigo. Tenho de me sentar com má cara devido a um nó no estômago”, comentou. A actriz afirmou que é perseguida sempre que vai a um restaurante ou bar com pianista que toca a música conforme os clientes. A chegada de Kate Winslet é normalmente acompanhada da música da canadiana.
Macau e Hainão juntos pelo Turismo
À chegada a cerimónia de abertura da reunião anual do Fórum Boao da Ásia 2012, Chui Sai On disse que Hainão, ilha chinesa, e Macau podem fortalecer os laços de cooperação na área do turismo. O planos surgem em consonância com o que foi definido nas Linhas Gerais do Planeamento para a Reforma e Desenvolvimento da Região do Delta do Rio das Pérolas, de tornar Guangdong, Hong Kong e Macau como destino integrado de turismo regional de nível mundial. O Chefe do Executivo teve um encontro com o secretário do Comité Provincial do PCC, Luo Baoming, onde ambos defenderam que as entidades competentes dos dois territórios devem avaliar planos de cooperação na área do turismo.
Especialistas oncológicos dizem que falta quase tudo
Portugal faz pouco pelo tratamento do cancro
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SPECIALISTAS oncológicos dizem que o cancro é a doença que mais vai atacar na próxima década e o país está cada vez menos preparado para se defender. “Na oncologia falta fazer quase tudo: não existe um plano oncológico nacional, uma rede de referenciação ou normas orientadoras e muitas vezes os doentes são reencaminhados para outras unidades porque o hospital não estava preparado para os tratar ou tinha constrangimentos como o tempo de espera e os tipos de cirurgia e medicamentos disponíveis”, afirma o presidente da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão, António Araújo. O especialista é um dos autores (ao lado do administrador hospitalar Adalberto Campos Fernandes e do oncologista Sérgio Barroso) do documen-
to de reflexão sobre o cancro em Portugal, apresentado em Lisboa para alertar o Governo. “O cancro é a doença que mais vai crescer na próxima década e que usa medicamentos inovadores e muitos dispendiosos com maior frequência e é preciso manter a equidade no acesso e no tratamento dos doentes, sobretudo nesta fase de grandes constrangimentos”, afirma António Araújo. E deixa um alerta: “O ministro da Saúde tem de pôr em prática todos os planos falados nos últimos anos”. Por exemplo, programas nacionais de rastreio dos cancros da mama, do colo do útero e do cólon-rectal. No documento - que reúne contributos de especialistas, dirigentes, associações de doentes e outros elementos do sector - , é proposta a concentração dos tratamentos nos hospitais mais diferenciados e com mais casos
e um financiamento exclusivo para a oncologia, inclusive por tipo de cancro.
INFORMAR OS DOENTES A TODOS OS NÍVEIS
Os especialistas defendem ainda que é urgente informar claramente os doentes sobre os hospitais onde são feitos os vários tipos de tratamentos e assegurar que todas as unidades seguem as mesmas linhas de orientação terapêutica, que têm de ser auditadas. Tudo isto, com a necessária poupança em tempo de crise, “mas de forma racional”, salienta o especialista. Ao Expresso, o oncologista afirmou ainda que a situação actual só “não é preocupante em termos de qualidade por que as falhas têm sido colmatas por cada médico a título individual”. Contudo, “é preciso que seja o sistema a cumprir esse papel e não os oncologistas”.
Queda de avião mata 31 pessoas e provoca 12 feridos graves
Um avião despenhou-se na Sibéria, com 43 pessoas a bordo, sendo que já há 31 mortos confirmados pelas autoridades (número provisório). Além das perdas humanas, assinalam-se 12 feridos em estado grave, o que pode fazer crescer o número de vítimas mortais da queda deste ATR-72. Dmitri Medvedev, chefe de Estado russo, já decidiu adiar um encontro que tinha agendado com a oposição sem assento parlamentar. Os 12 feridos foram, entretanto, transportados noutros aviões, que partiram do aeroporto de Tiumen para uma unidade hospitalar. As autoridades russas apontavam 32 perdas humanas, num primeiro balanço, mas corrigiram esse número. As investigações já tiveram início, com o Comité para a Aviação da Rússia a iniciar os trabalhos, mas sem adiantar, até ao momento, qualquer razão que possa ter estado na origem da queda do avião. O ATR-72 voa há 20 anos.
“Angry Birds” vai ter série animada e filme
O universo do videojogo “Angry Birds”, a aplicação desenvolvida pelo estúdio finlandês Rovio que se tornou um fenómeno de popularidade nas plataformas móveis, vai ter direito a uma série de animação e a um filme. O anúncio foi feito por Nick Dorra, responsável pela área de animação da Rovio, durante a conferência MIPTV, onde o executivo apresentou a estratégia futura da empresa mais focada no entretenimento do que apenas nos videojogos. Segundo Nick Dorra, está já em desenvolvimento uma série de desenhos animados protagonizada pelos personagens de “Angry Birds”. Esta série vai ter 52 episódios semanais com uma duração não superior a três minutos, que serão baseados nos videojogos.