Hoje Macau 3 JUN 2015 #3343

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Director carlos morais josé

Cavacada no laranjal

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Agência Comercial Pico • 28721006

ccp | eleições

Rita Santos confessa-se página 5

turismo

Apostas no património página 7

transportes

Motoristas de aluguer pub

página 3

www.hojemacau.com.mo

Mop$10

q u a r ta - f e i r a 3 d e j u n h o d e 2 0 1 5 • ANO X i v • N º 3 3 4 3

Vitório Cardoso, conselheiro nacional do PSD, acusou o consulado de Macau de favorecer o PS, acrescentando que tal facto teria merecido “uma chamada de atenção” de José Cesário. O PSD/Macau contraria esta tese mas o secretário das Comunidades Portuguesas não desmente. É a guerra pelos postos portugueses na RAEM. Páginas 4-5 e editorial

hojemacau ensino reconhecimento académico com portugal

Língua de facto Da primeira reunião da Subcomissão da Língua Portuguesa e Educação saiu a decisão de se criar um acordo para facilitar o reconhecimento de graus académicos e diplomas entre a RAEM e Portugal. A Escola Portuguesa de Macau pode vir a ser chamada a intervir no processo de validação de documentos.

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diário de bordo

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hoje macau quarta-feira 3.6.2015

por carlos morais josé

ontem macau

“[O CPU] é um dos conselhos que devia ser reestruturado, porque não funciona, quer pelo tamanho quer pela falta de objectividade, e também devido ao facto do volume de trabalho ser muito grande”

Cesário, o entalado A chicana política já nos habituou a todo o tipo de inanidades: ataques de carácter, vilezas sobre a família, insultos sobre as opções sexuais, etc.. De facto, a politiquice mede-se pelo nível de baixeza praticado, pela medida dos egos no confronto com o interesse público. Mas o que raramente se vislumbra é um político dar tiros sérios nos pés como acontece no caso do conselheiro nacional do PSD Vitório Cardoso, responsável pela página no Facebook do PSD/Macau. De facto, o que ressalta das suas afirmações no jornal “O Diabo”

édito é que o PSD, através de Pereira Coutinho e Rita Santos (talvez de Miguel Bailote), usaram e abusaram do consulado de Macau para os fins partidários do PSD, com a aquiescência e mesmo o apoio do secretário das Comunidades Portuguesas José Cesário. Só pode ser neste sentido a leitura da alegada “chamada de atenção” por parte de Cesário a Vítor Sereno, quando este se limitou a atenuar o efeito de uma feia mentira política, a saber, que o não recenseamento poderia implicar a perda da nacionalidade e do passaporte. Segundo Cardoso,

estariam Rita Santos e Coutinho a fazerem o seu trabalho partidário laranja ou para a sua lista de candidatos ao Conselho das Comunidades em pleno consulado, tendo para isso mentido à população portuguesa de etnia chinesa, quando (vejam lá que chatice!) o cônsul resolveu esclarecer que não existia qualquer obrigatoriedade no recenseamento eleitoral. Ou seja, segundo Cardoso, a acção de Vítor Sereno, militante do PSD e ex-membro do governo de Passos Coelho, serviu os interesses do PS. Para ele, o consulado deveria ser a base onde um partido político tem

Troika, Merkel e Hollande reuniram-se em Berlim para apresentarem a Atenas “uma última oferta”. País pode entrar em incumprimento na sexta-feira. Governo grego diz que não pode fazer mais concessões aos credores

toda a legitimidade para mentir a eventuais apoiantes, ameaçando-os com algo que nunca poderá acontecer. Voltaremos, noutra ocasião, a este assunto. No caso vertente, o mais engraçado é que Vitório Cardoso acaba por entalar um dos seus mentores, José Cesário, pois atribui-lhe um comportamento partidário, na alegada “chamada de atenção” a Vítor Sereno, quando em causa estão os interesses do Estado português. Isto como se não bastassem as desconfianças que as sete viagens a Macau de Cesário têm provocado.

horah

Carlos Marreiros • Sobre o Conselho de Planeamento Urbanístico

“Os promotores de Jogo estão a virar-se mais para os tribunais nestes anos recentes” Site da IUOE • Sobre o aumento das dívidas de Jogo

“De acordo com a lógica e julgamento da decisão deste caso, os médicos podem vir a ser acusados crimes penais todos os dias” Sociedade Pediátrica de Macau • Sobre o caso de dois médicos acusados negligência

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“Deve-se, em conjunto, preservar o património e desenvolver a economia. Contudo, acredito que o ponto fundamental é prestar atenção à salvaguarda. Proteger mais o património é um princípio fundamental para o desenvolvimento sustentável de Macau” Hao Yufan, director da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau | P. 7

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hoje macau quarta-feira 3.6.2015

Há cada vez mais empresas e condutores individuais a disponibilizarem serviços de transporte para residentes, não só para levar crianças à escola, como para fazer deslocações para o aeroporto, entre outras situações. O mau serviço de táxis, de autocarros públicos e o trânsito são as razões apontadas para o florescimento desses negócios

grande plano

Transportes Mau serviço de táxis e autocarros fomenta negócio privado

O meu motorista de aluguer

“Macau ganhou com o desenvolvimento económico, mas não aprendeu com as experiências das outras regiões, como em Hong Kong, em que fazem obras durante a noite. Aqui fazem as obras quando há grandes movimentos de trânsito” Ben Choi Da empresa de transportes On Chon

sobretudo residentes que saem à noite e não querem conduzir o seu carro, devido ao excesso de álcool. “Muitos taxistas não transportam essas pessoas porque têm medo que elas vomitem no carro ou provoquem estragos. E 99% dos nossos clientes são assim”, referiu ao HM, que defende que o negócio não surgiu devido aos problemas com táxis e autocarros. “Normalmente recebemos chamadas de clientes que já nos conhecem e que ligam quando mais precisam, temos muita procura”, acrescentou. Para Ben Choi, um dos maiores problemas de Macau é o trânsito. “Macau ganhou com o desenvolvimento económico, mas não aprendeu com as experiências das outras regiões, como em Hong Kong, em que fazem obras durante a noite. Aqui fazem as obras quando há grandes movimentos de trânsito e isso causa grandes engarrafamentos. Isso é da responsabilidade

A

s dificuldades em apanhar um autocarro ou um táxi para deslocações tão simples como levar os filhos à escola, ou apanhar um avião e um barco estão a levar algumas empresas e condutores a disponibilizarem um serviço de transporte privado virado para residentes. Muitos deles são publicitados no Facebook e os preços não vão além das 200 patacas, dependendo do percurso e serviço procurado. A página “Made Solutions”, de Henri Kaner, é disso exemplo. A publicidade na rede social começou a ser feita esta semana, chegando mesmo a oferecer serviços de transporte até à praia de Cheock Vá. Ao HM, Henri Kaner explica que tem transportado também muitos residentes para o terminal de ferry ou aeroporto. “Tenho vindo a ter muitos pedidos de pessoas que querem transporte para o terminal de ferry ou de autocarros, pessoas que estão a ir de férias. Muitas delas marcam o transporte de regresso. Alguns pais contactam-me para transporte escolar para o próximo período lectivo. De facto, os meus clientes queixam-se mais da falta de parques de estacionamento, uma vez que é muito difícil estacionar em Macau”, referiu.

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sector desde Janeiro. Actualmente ainda há muitos táxis que escolhem os clientes, mas nada que se compare aos meses anteriores. Se o serviço se mantiver como está agora, talvez daqui a uns anos a reputação do sector possa estar garantida. Mas para além de não terem boa reputação, não temos táxis suficientes em Macau”, explicou ao HM. “Macau é um sítio onde é fácil deslocarmo-nos e as pessoas poderiam pensar ‘ah, vou apanhar um táxi em vez de ter o meu carro’, mas a questão é que a qualidade dos táxis é má, o cheiro, a postura dos taxistas... Está melhor, mas ainda não é suficiente. Isso faz com que as pessoas comecem a pensar que vale mais pagar para ter um serviço privado de transporte”, adiantou. Quanto aos autocarros públicos, Scott considera que o facto de se ter de esperar por dois ou três autocarros numa paragem pode originar estes negócios. “Nas

“Nas primeiras horas da manhã, os autocarros demoram a chegar e os pais precisam de levar as crianças para a escola. Estes serviços podem dar uma ajuda” Andrew Scott Presidente da Associação dos Passageiros de Táxi de Macau

Mas essa não será a principal razão. “A má situação do sector dos táxis deixa espaço para que surjam este tipo de negócios, apesar de eu não querer competir com os táxis. O meu serviço pretende dar resposta à procura de transporte,

“A má situação do sector dos táxis deixa espaço para que surjam este tipo de negócios, apesar de eu não querer competir com os táxis” Henri Kaner Da empresa “Made Solutions”

em que os passageiros podem optar por carregar bagagem, para levar as crianças à escola, serviços que os táxis não conseguem providenciar.” Henri Kaner confessa que algumas pessoas, na sua maioria estrangeiros, preferem pagar mais pelo mesmo percurso em vez de terem a preocupação de apanhar um táxi. “Para transportar crianças, tenho todos os meios de segurança, algo que os táxis não têm”. Já Ben Choi, da empresa de transportes On Chon, transporta

do Governo, que não parou de emitir licenças de condução. Mas já começou a criar medidas como retirar os veículos abandonados ou estudar o número de parques de estacionamento”, apontou.

Táxis melhoraram

Para Andrew Scott, presidente da Associação dos Passageiros de Táxi de Macau, o mau serviço de táxis, o pobre serviço de transporte público e o trânsito caótico nas estradas podem explicar o aumento deste tipo de serviço. Mas não só. “Isso pode dever-se ao mau serviço de táxis, mas não diria que é a principal causa. Mas há dois problemas com os táxis. Um deles é a má reputação, apesar de notarmos alguma melhoria do

primeiras horas da manhã, os autocarros demoram a chegar e os pais precisam de levar as crianças para a escola. Estes serviços podem dar uma ajuda.” No geral, Andrew Scott considera que o território já sofreu melhorias significativas no sector dos táxis, apesar de ainda não estarmos no ponto ideal. “Em Janeiro, Wong Sio Chak (Secretário para a Segurança) implementou medidas e houve uma ligeira mudança e reforço, principalmente à noite. No início estava bastante céptico até que ponto essa situação iria durar, mas conseguiram manter essas melhorias e dou os meus parabéns ao Governo por isso.” Andreia Sofia Silva

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política

Vitório Cardoso, conselheiro nacional do PSD, escreveu que o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas terá feito “uma chamada de atenção” a Vítor Sereno, por ter sido referido que o recenseamento não era obrigatório. Cardoso chega mesmo a dizer que a intenção era favorecer o PS. José Cesário não desmente. PSD/Macau não concorda

A

última visita de José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, não terá servido apenas para fazer um balanço do funcionamento das entidades locais. Segundo um artigo de opinião de Vitório Rosário Cardoso, conselheiro nacional do Partido Social Democrata (PSD) para o círculo fora da Europa, publicado no jornal “O Diabo” e reproduzido na página oficial do PSD/Macau no Facebook, Cesário terá feito uma “chamada de atenção” ao cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno. Em causa terá estado a questão do recenseamento eleitoral e o facto de ter sido referido que não é um acto obrigatório e que os cidadãos portugueses não perdem a nacionalidade se não o fizerem. Isto, porque tinham sido espalhados rumores de que, caso não se recenseassem, as pessoas poderiam perder a nacionalidade e Vítor Sereno fez um esclarecimento público sobre o caso. “O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas realizou na semana passada a sétima visita a Macau e uma das chamadas de atenção teve como destinatário o actual chefe de missão do Consulado-Geral de Portugal em Macau, devido a uma situação relativa à publicação de uma nota da não obrigatoriedade do recenseamento eleitoral numa página online da missão diplomática, situação que por coincidência só iria favorecer o Partido Socialista (PS)”, escreveu Vitório Cardoso,

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Conselheiro nacional acusa Consulado de “favorecer PS”. PSD/Macau discorda

O lado escuro da laranja

Cardoso move-se facilmente nos círculos restritos do partido laranja em Portugal e chegou a ser falado como o representante de Portugal junto do Fórum Macau, cargo que actualmente é desempenhado por Vítor Sereno. O cônsul de Portugal em Macau escusou-se a comentar a questão, referindo que não se pronuncia sobre “conteúdos de páginas partidárias”.

num artigo intitulado “O vício de António Costa em jogar com o destino dos portugueses” e “medo socialista do voto das comunidades portuguesas”. Segundo Vitório Cardoso, “é sabido que quantos mais eleitores recenseados houver em Macau, potencialmente mais humilhante poderá vir a ser a derrota socialista, e há muito que os portugueses de Macau estão mobilizados para fazer uma demonstração de força e barragem ao PS”. Contactado pelo HM, José Cesário não quis comentar essa eventual “chamada de atenção”. “Não comento essas coisas nem comento o jornal “O Diabo”, nem um artigo de opinião (risos). Não faço comentários, por amor de Deus. Essas coisas não se comentam, se não transformam-se em notícia e não o são”, disse apenas, não esclarecendo se chegou ou não a “chamar a atenção” a Vítor Sereno.

O silêncio de Coutinho

O artigo de opinião n’O Diabo fazse acompanhar por duas fotografias de Rita Santos e José Pereira Coutinho, também conhecidos por militarem no partido laranja, em pleno trabalho de apoio à campanha para o recenseamento. O próprio deputado e presidente da ATFPM já tinha acusado o consulado de nada ter feito em prol do recenseamento, criticando a mesma publicação feita pelo consulado-geral. Mas escusou-se a comentar a opinião de Vitório Cardoso ao HM e ligação que é feita ao PS. “Não vou entrar em mais polémicas desta natureza, não tem nada a ver comigo. Mantenho o que disse. Não tem interesse, porque o que queremos é resolver os problemas do consulado, que é a melhoria do atendimento ao público.”

“Ligações perigosas”

Contudo, é do conhecimento geral que Vitório Cardoso é uma figura muito próxima de José Cesário, que o propôs para delegado de Portugal junto do Fórum Macau, o que levanta a suspeição de que a posição explícita do conselheiro nacional não teria sido publicada sem a “benção” de José Cesário. Fonte do PSD em Macau disse ainda ao HM que existe um movimento de extrema-direita dentro do partido, transversal ao CDS, que procura tomar os principais cargos ligados a Macau, sendo Vitório Cardoso um dos principais pontas-de-lança. “Não sei se José Cesário se apercebe deste movimento mas a verdade é que tem feito o seu jogo”, sublinhou a mesma fonte. Por outro lado, surgem interrogações de outra ordem, que questionam as razões do excesso de proximidade de Cesário a Macau, a Vitório Cardoso e à extrema-direita. “Não se compreende muito bem como um homem com a experiência política de José Cesário se envolve nestas ligações perigosas, que estão a dinamitar a credibilidade do PSD em Macau”, concluiu a nossa fonte.

Posição do PSD-Macau diferente

O HM contactou Miguel Bailote, presidente da comissão política do PSD-Macau, para saber se a posição do partido seria a mesma que a de Vitório Cardoso. E não é. “[Vitório Cardoso] tem o direito de dar a sua opinião e isso não tem a ver com a nossa posição. O recenseamento não é obrigatório e, por se dizer isso, não se está a beneficiar nenhum

PS/Macau fala de clarificação

partido. O PSD-Macau não tem nada a ver com isso”, referiu Bailote, assumindo apoiar a campanha de promoção ao acto de recenseamento. “Aplaudimos o trabalho que o cônsul tem feito, porque é um dever cívico e acho que as autoridades portuguesas devem fazer um esforço para trazer a comunidade ao recenseamento. O PSD é um partido que

preza pela pluralidade de opiniões. Isso não quer dizer que seja a posição oficial do PSD, pelo menos esta é a posição do presidente da comissão política, neste caso eu”, disse ainda. Apesar de Miguel Bailote se referir a Vitório Cardoso como um simples militante do PSD, a verdade é que Vitório é mais do que isso. Próximo de José Cesário, Vitório

“O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas realizou na semana passada a sétima visita a Macau e uma das chamadas de atenção teve como destinatário o actual chefe de missão do Consulado-Geral de Portugal em Macau, devido (...) à publicação de uma nota da não obrigatoriedade do recenseamento eleitoral (...) , situação que por coincidência só iria favorecer o PS” Vitório Cardoso Conselheiro nacional do PSD

Já Tiago Pereira, líder do PS/Macau, distancia-se destes comentários e distancia o seu partido. “O PS naturalmente é sempre a favor da participação democrática dos cidadãos, o PS não receia o acto cívico das comunidades portuguesas no estrangeiro. Isso não é uma situação que favoreça o PS, de todo”, começou por esclarecer. Para Tiago Pereira, a questão não é partidária. “O que está em causa é um acto de clarificação do cônsul-geral de Portugal em Macau sobre eventuais equívocos relativos a determinados rumores que pelos vistos seriam que o recenseamento eleitoral era um acto obrigatório. Se foi isso que aconteceu o dr. Vitor Sereno apenas quis clarificar a situação, fez o que se esperaria da parte do cônsul. Não percebo como é que isso pode contrariar o espírito do Governo português fazendo o apelo ao voto”, sublinhou. Por outro lado, Tiago Pereira recusa-se a “tecer comentários quanto à posição que Vitório Cardoso tem em relação aos resultados eleitorais”. “O PS nunca teme o voto popular e apelará sempre ao voto cívico”. Andreia Sofia Silva

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política 5

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CCP ATFPM apresenta amanhã candidatos a eleições

ficando que “é o conselheiro, mais antigo da comunidade portuguesa”. Por isso, adianta Pereira Coutinho, terá que se candidatar. “O perfil tem que ser um perfil com características de disponibilidade temporal e de uma grande vontade de contribuir em termos de voluntariado para ajudar a resolver os problemas dos cidadãos”, clarificou Pereira Coutinho.

As confissões de Rita Apesar de já ter intimado as pessoas a recensearem-se para recolher votos, Rita Santos dá o dito por não dito. Já Pereira Coutinho não esconde: terá que se candidatar ao Conselho das Comunidades Portuguesas. Amanhã acontece uma reunião em que será apresentada a lista para as eleições, que segundo o presidente, deve corresponder ao “perfil”

“T

odos os cidadãos portugueses residentes no estrangeiro são obrigados a recensear-se para poder eleger os Conselheiros das Comunidades Portuguesas o que não acontecia nas eleições de 2008 (…). Penso que devem ter visto nos jornais de Macau que tenciono ser candidata nas eleições do CCP no corrente ano”, assim começa uma mensagem partilhada por Rita Santos na rede social WeChat. A ex-Secretária Geral do Secretariado Permanente do Fórum Macau tentou assim recensear pessoas e recolher votos para uma candidatura que agora não confirma. “Sei que já alguns jornais escreveram, mas não me quero adiantar agora. Isso causou mau estar, [os membros da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau] ficaram aborrecidos ”, disse Rita Santos ao HM.

Entretanto, a ATFPM, liderada por José Pereira Coutinho, reúne amanhã para permitir aos corpos gerentes da associação “analisar e dar as suas opiniões quanto ao perfil dos candida-

tos às próximas eleições do Conselho das Comunidades Portugueses” (CCP). Em declarações ao HM, Pereira Coutinho assume que o perfil pretendido pela associação encaixa tanto na

Comissão de Desenvolvimento Democrático de Macau, liderada pelo deputado Au Kam San, vai, como nos anos passados, fazer uma nova vigília no dia 4 de Junho para lembrar o dia do Massacre de Tiananmen. A ter lugar no Leal Senado, a vigília inclui cinco solicitações ao Governo Central. Que os “familiares de vítimas possam ter direitos em lamentar a morte dos seus em público”, que os “feridos e familiares de vítimas do movimento possam ter o direito de aceitar apoio e doações da sociedade” e que se acabe com a perseguição aos feridos e familiares das vítimas são algumas das solicitações, que se juntam a outros

pessoa de Rita Santos, como na do próprio deputado. “O perfil que pretendemos, antes de encaixar na pessoa da Rita Santos, encaixa no meu, porque o exemplo tem que vir de cima”, defende, justi-

A falta de competição na corrida a este Conselho já é normal e, questionado sobre o assunto, Pereira Coutinho diz não saber quais as listas que poderão vir a surgir. Mas mostra-se confiante. “Nem estou preocupado”, afirma. No caso de encabeçar uma lista vencedora, o deputado

Pereira Coutinho Deputado

explica que “é preciso criar uma nova geração”. Uma equipa jovem e dinâmica, acompanhada por pessoas experientes, “como por exemplo o Fernando Gomes”, é a ideia que deixa no ar. “Ao longo dos últimos 13 anos, o Gabinete do Conselho tem recebido um grande volume de trabalho e de atendimento dos membros da comunidade portuguesa para as questões consulares. Nesse sentido, a ATFPM tem servido de ponte de ligação entre o Consulado-Geral e a comunidade para ajudar a resolver os problemas”, explicou Pereira Coutinho. “Não podemos estar dependentes das mesmas pessoas, temos que criar uma nova geração e do meu lado, conto com a juventude, apoiada por pessoas experientes”, remata. Pereira Coutinho indica ainda que há muito trabalho a fazer em Macau. “Os conselheiros têm que resolver os problemas que existem aqui, servir as comunidades radicadas cá em Macau”. Filipa Araújo

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4 de Junho Vigília volta à Praça do Leal Senado

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Plano em acção

“O perfil que pretendemos, antes de encaixar na pessoa da Rita Santos, encaixa no meu, porque o exemplo tem que vir de cima”

dois: “libertar todos os presos políticos desde o protesto na Praça da Paz Celestial de 1989” e “publicar a verdade do Massacre de Tiananmen e apurar responsabilidades”. Segundo o comunicado da Comissão, também em Macau “existem pessoas conscientes que participam na vigília, à procura de justiça para as vítimas do Massacre”. O incidente aconteceu há 26 anos na praça mais importante de Pequim. À China é pedido que reescreva a história e Au Kam San assina por baixo. “A China não tolera que o Japão não admita as agressões [contra os chineses] e mate a população da China, mas no Massacre de Tiananmen, as autoridades chinesas da altura mataram os próprios chineses, isso é que não deve ser tolerado” afirmou Au Kam San, presidente da Comissão. Nesta quinta-feira, como de costume, a vigília regressa ao Leal Senado às 20h00. F.F.

Turismo Macau e China com acordo para criar comissão conjunta

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Governo e a Administração Nacional do Turismo da China assinaram ontem um acordo que prevê a criação de uma comissão conjunta para impulsionar os trabalhos na área do turismo. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, assegurou que a assinatura de mais um acordo entre Macau e a China vai permitir um “reforço dos trabalhos” na área da cooperação turística entre o território e outras regiões chinesas. A assinatura do acordo teve lugar de manhã e foi a directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes que esteve presente em representação do território. “O nosso objectivo é impulsionar a transformação de Macau num centro de turismo e lazer”, disse Helena de Senna

Fernandes. “O memorando entre Macau e a China foi assinado há mais de dez anos e por isso é que assinámos este”, sublinhou. O acordo cria, então, uma comissão conjunta de trabalhos “para impulsionar a construção de Macau num centro mundial de lazer e turismo” e pretende fortalecer os laços entre as várias regiões vizinhas, estando

determinado que haverá reuniões frequentes para delinear estratégias de fomento. “A partir de hoje, Macau pode, através das suas características e dos recursos históricos e culturais insubstituíveis, articular com as restantes regiões, tendo em conta o desenvolvimento de cada uma bem como as suas vantagens, e complementarem-se umas às outras”, disse o director da Administração Nacional do Turismo, Li Jinzao. Para Alexis Tam, a assinatura é “uma medida bastante importante para o desenvolvimento da RAEM”. Em comunicado, o Governo explica que um dos objectivos do Turismo é estimular a “divulgação no mercado internacional” de forma a “atrair mais turistas de outros países”. L.S.M.


6 política

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Ensino subcomissão da língua com acordo para reconhecimento académico

Finalmente há luar

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ortugal e Macau vão assinar um memorando de entendimento para a implementação de um acordo que venha facilitar o reconhecimento de graus e títulos académicos entre ambos. A disponibilidade foi assegurada na primeira reunião da Subcomissão da Língua Portuguesa e Educação, no Instituto Camões, onde Portugal disse estar também disponível para oferecer formação a profissionais chinesas em sectores como o Direito e a Saúde. De acordo com o que o HM apurou, do encontro – onde marcaram presença Ana Paula Laborinho, presidente do Camões, e Sou Chio Fai, coordenador do Gabinete de Acesso ao Ensino Superior da RAEM – saíram algumas medidas concretas a implementar: em cima da mesa está a troca de informações sobre o funcionamento do ensino superior de cada país, para que se possa vir a reconhecer graus académicos e diplomas. “Portugal e Macau mostraram-se disponíveis para assinar um memorando que

António Falcão

A EPM pode vir a ser chamada a validar habilitações de alunos estrangeiros que queiram aprender Português, no âmbito do reconhecimento de graus académicos que Macau e Portugal vão implementar através de um acordo. Decisões que saíram da primeira reunião da Subcomissão da Língua Portuguesa e Educação

negoceie um acordo que facilite [esse] reconhecimento”, disse ao HM fonte próxima do processo. Neste âmbito, foram discutidas formas de agilização do processo de reconhecimento de habilitações de alunos finalistas do ensino se-

cundário local, cuja língua veicular não seja a portuguesa. A Escola Portuguesa de Macau poderá ser chamada a intervir neste processo de validação de documentos, “por ser a entidade competente na concessão de equivalências de

Fórum Macau debate oportunidades para China e PLP

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NALISAR as oportunidades, desafios e modelos de cooperação internacional no sector de infra-estruturas iniciadas pela estratégia estatal de “Uma faixa, uma rota” e a integração económica regional são os assuntos em destaque no Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa no próximo dia 5 de Junho. O evento acontece no Centro de Convenções e Exposições do Venetian, à margem do 6º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas. “Serão debatidos temas sobre as políticas de investimento da China na construção de infra-estruturas no mercado externo, em particular nos Países de Língua Portuguesa, as políticas e estratégias de investimento no sector de infra-estruturas [desses países], o financiamento na construção de infra-estruturas, as modalidades e o acesso ao financiamento do Banco de Desenvol-

vimento da China para os projectos de construção de infra-estruturas”, indica um comunicado à imprensa. Durante o Fórum será ainda feita a apresentação sobre o funcionamento do Fundo da Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de

Língua Portuguesa. “O Encontro constitui ainda uma oportunidade para destacar o papel de Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, pode ler-se num comunicado.

habilitações literárias de sistemas educativos estrangeiros”.

À distância

Mas, a cooperação vai mais longe, já que da parte portuguesa foram prometidos cursos de preparação

Alimentos Maior importação do continente na agenda

A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, pondera alargar o número de importações agrícolas do interior da China para Macau. O assunto foi debatido em Pequim, onde a Secretária se juntou ao director da Administração Estatal de Supervisão de Qualidade, Inspecção e Quarentena da China, Mei Kebao, para falar sobre a questão. Outro dos assuntos focado foi a possibilidade de substituir as aves de capoeira vivas por animais congelados, de forma a minorar o risco de doenças contagiosas como são o vírus H1N1, algo que já tem vindo a ser discutido. Além disso, as duas partes “propuseram um mecanismo a longo prazo” para o reforço do reforço mútuo no sentido de avanços técnicos e troca de informações no âmbito da segurança alimentar.

para o acesso ao ensino superior de alunos da RAEM e a formação de professores, que poderá ser feita directamente de Portugal. “Há disponibilidade para preparar acções de formação de professores de língua não materna, com o carimbo do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua de Portugal”, apurou o HM. Estas poderão ser levadas a cabo à distância ou em acções de intercâmbio com os professores, sendo que foi deixada a ideia da criação de um centro de ensino de Português à distância. Segundo informações obtidas por este jornal, para uma formação inicial de docentes, está ainda a realização de estágios pedagógicos integrados, para aqueles que frequentam instituições de ensino superior na RAEM e que queiram tornar-se professores de Português. Neste âmbito, espera-se ainda a criação de um portal para alunos das escolas luso-chinesas para o desenvolvimento da língua, bolsas para estudantes de tradução e, então, a formação de profissionais chineses “em áreas que interessam à RAEM”, como são a comunicação social, o Direito e a Saúde. Cursos de preparação para alunos que queiram aceder ao ensino superior são outra das ofertas da parte lusa, que fala, ao que apurámos, da criação de “uma espécie de ano zero”, que inclui programas conjuntos entre instituições de ensino.

Consórcios e mobilidades

Na reunião, foi ainda abordada a mobilidade de docentes e alunos, bem como a o estatuto do estudante internacional e, ao que o HM apurou, foi ainda debatida a cooperação na área da investigação e Ciência. “Quer-se criar actividades conjuntas entre universidades e centros de investigação de Portugal e Macau, para se levarem a cabo projectos de investigação e encontros científicos”, disse fonte ao HM. O Fundo de Desenvolvimento para as Ciências e Tecnologias será, da parte da RAEM, a entidade competente por isto. Macau como plataforma para o ensino da Língua Portuguesa é algo que não gera dúvidas a Portugal, que até fez notar “o empenho das autoridades da RAEM” na elevação do Português. Por isso mesmo, através das informações fornecidas ao HM é possível perceber que há interesse em reforçar a colaboração entre as instituições de Macau e as portuguesas, como o são a Direcção Geral de Ensino Superior e o GAES. De fora, não fica ainda a hipótese de consórcios com o Instituto Português do Oriente e as instituições de ensino superior, para a aprendizagem da Língua Portuguesa. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


sociedade

hoje macau quarta-feira 3.6.2015

O

património de Macau vai, futuramente, ser uma das atracções mais fortes de Macau para turistas de todo o mundo, mas também os custos para a sua protecção vão aumentar. Quem o defende é o director da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM), HaoYufan, que ontem marcou presença num seminário sobre o 10º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau na Lista do Património Mundial da UNESCO. “Acredito que uma melhor preservação do património pode ajudar ao desenvolvimento económico e aumentar a atractividade de [Macau] como um centro internacional de turismo”, começa por apontar Hao Yufan. “Deve-se, em conjunto, preservar o património e desenvolver a economia. Contudo, acredito que o ponto fundamental é prestar atenção à salvaguarda. Proteger mais o património é um princípio fundamental para o desenvolvimento sustentável de Macau. A maior parte dos turistas que cá vem, vem obviamente pelo jogo e casinos, mas também para ver a história e cultura da cidade. Esta cultura e história são também uma fonte importante de turistas.” Apesar de considerar que a situação da protecção do património é, no geral, “boa”, Yufan admite que é necessário equilibrar o desenvolvimento económico e a salvaguarda da história. Posição partilhada por outra professora, do Instituto de Formação Turística, que diz mesmo ser necessário criar um plano no âmbito do turismo. “É urgente que o Governo crie um ‘master-plan’ para o turismo, de forma a conseguir equilibrar o

Património pode atrair turistas. Custos para preservação vão aumentar

“Precisamos de um master plan” tiago alcântara

O património pode vir a ser o motivo principal por que turistas vêm a Macau, mas devese apostar mais na sua protecção. A ideia é defendida por académicos, que dizem que os custos da salvaguarda dos edifícios inscritos na UNESCO vão aumentar com mais construção e turistas e que é preciso um plano para controlar os visitantes

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desenvolvimento económico e a preservação do património. Também é preciso criar prazos para essa protecção, nomeadamente, na dos prédios, na cor... O que vemos hoje é que alguns dos prédios protegidos têm apenas a fachada e, dentro, está tudo demolido. Outros podiam ser melhor restaurados”, aponta Penny Wan. A professora diz que em Macau existem formas de preservação diferentes e, ainda que não aponte se estas são boas ou más, considera que “há espaço para melhorias”.

Mais responsabilidade, mais custos

O equilíbrio entre o desenvolvimento económico-social e a protecção do património foi preci-

samente o foco principal do evento, organizado pelo Centro de Estudos de Macau da UM. No seminário, estiveram dez académicos e especialistas para discutir as relações ou conflitos entre estas duas áreas. “Tem de haver uma relação harmoniosa entre as duas. Acho que a situação de protecção do património é, no geral, boa. Este é um momento importante – por ser o 10º aniversário e o primeiro desde

a implementação da lei – para dizer que a situação até tem estabilizado e melhorado”, defendeu o director da Faculdade de Ciências Sociais, que diz ainda que a nova Lei de Salvaguarda do Património é uma boa indicação de que o Governo está a prestar atenção à situação. Da mesma opinião, é Penny Wan. “O Governo tem feito o esforço, mas precisamos de profissionais. E a lei deveria ter mais

“É urgente que o Governo crie um ‘masterplan’ para o turismo, de forma a conseguir equilibrar o desenvolvimento económico e a preservação do património” Hao Yufan Director da Faculdade de Ciências Sociais da UM

linhas orientadoras, [até] para os proprietários de imóveis.” Hao Yufan não tem dúvidas de que “Macau vai ser visto não apenas como uma cidade de casinos, mas como um local histórico e cultural no mundo”, mas deixa um alerta: a vinda de mais turistas e o aumento da construção vão fazer aumentar os custos e o fardo na preservação do património”. O director da Faculdade de Ciências Sociais considera, contudo, que com esforço entre a sociedade e o Governo, a cultura de Macau pode ser bem preservada. “Se nos próximos dez anos os edifícios ainda vão ser icónicos? Sim, e até daqui a vinte anos”, remata. Joana Freitas (Com Flora Fong) joana.freitas@hojemacau.com.mo

Coloane Moradores reclamam contra criação de novo posto

Silêncio, paz e segurança O novo posto de migração na Ponte-Cais em Coloane ainda não nasceu e já está a criar reacções. Uma residente e dona de uma mercearia na zona explica que a construção do posto poderá trazer alterações negativas. Na visão de Lam, apesar de aumentar a circulação de pessoas e visitantes a Coloane, as visitas dos iates poderão acabar com o silêncio característico da zona e colocar a segurança dos residentes em causa. Além disso, a moradora critica a postura do Governo em não consultar a população sobre o assunto. Chang, uma moradora há mais de 60

anos em Coloane, mostrou-se preocupada com o possível aumento de confusão, devido ao maior número de visitantes. Durante a reunião plenária do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, um dos vogais, Ku Man Tat, disse que é necessário que o Governo preste atenção ao novo espaço. O vogal sugere que seja controlado o número de iates e visitantes do novo posto, evitando o “incómodo e ruído para os residentes”. “Espero ainda que este posto não se torne um novo caminho para possíveis imigrantes ilegais”, disse.

Recorde-se que este novo posto de migração, com funcionamento de 24 horas, destina-se exclusivamente a pessoas que entrem ou saiam de Macau em embarcações de recreio. A iniciativa faz parte do grupo de medidas de Promoção da Cooperação Zhongshan-Macau e prevê-se que o posto tenha capacidade para 50 locais de atracagem de barcos de recreio.Até ao momento ainda não há calendário de implementação da medida, que será provisória. Filipa Araújo

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


8 sociedade

A quebra nas receitas pode vir a piorar se o Governo decidir implementar a proibição total de fumar nos casinos. É o que dizem funcionários do Jogo, que ontem apelaram ao Governo que pense duas vezes

hoje macau quarta-feira 3.6.2015

Tabaco Associação pede manutenção de fumo nas salas VIP

Contra o “golpe fatal”

“Não estamos contra o regime de proibição do fumo nos casinos, mas devem ser disponibilizados mais espaços, para a sobrevivência [dos casinos]”

A

Associação de Mediadores do Jogo e Entretenimento de Macau quer que o Governo não proíba o fumo nas salas VIP dos casinos. Oito representantes da associação reuniram-se ontem com Lionel Leong, juntamente com o deputado Zheng Anting, para apelar a que não se implemente a proibição, já que esta, dizem, pode ser fatal para a indústria. “É possível que não possamos recuperar da situação de quebra das receitas das salas VIP e esperamos que o sector não piore ainda mais quando não haja salas para fumadores. Não estamos contra o regime de proibição do fumo nos casinos,

Kwok Chi Chung Presidente da Associação de Mediadores do Jogo e Entretenimento de Macau

mas devem ser disponibilizados mais espaços, para a sobrevivência [dos casinos]”, disse Kwok Chi Chung, presidente da associação. O encontro com o Secretário para a Economia e Finanças surge dias depois de um outro com Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sobre o mesmo assunto. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Kwok Chi Chung

referiu que as salas VIP já se deparam com problemas no negócio e o fim do fumo vai representar um “golpe fatal” para o sector. Zheng Anting afirmou que essas opiniões não têm como objectivo “criar posições diferentes na sociedade”, mas espera que o Governo estude a questão com base nos resultados económicos, emprego e saúde dos residentes.

Kwok Chi Chung explicou que Lionel Leong disse que “não trabalha directamente com essa questão”, mas terá incentivado o sector “a continuar a lutar por essa causa”.

Ouvir o povo

Segundo um comunicado emitido pelo gabinete de Lionel Leong, é referido que “não só o Chefe do Executivo, como o Secretário

Tabagismo Alexis Tam reforça decisão de proibição

Steve Wynn prevê que o seu novo casino, Wynn Palace, no Cotai, inagure a 31 de Março do próximo ano. De acordo com a Macau Business, que citou o Macao Daily News, Steve Wynn deu uma entrevista onde referia que a data de abertura depende do número de TNR existentes e de mesas que o Governo vai autorizar que o casino tenha. O dirigente do grupo disse ainda que cerca de 32 mil milhões do investimento total vão ser utilizadas para construir estruturas não relacionadas com Jogo.

Para prevenir e controlar O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, reforçou uma vez mais a posição de proibição total do tabagismo nos casinos. Durante a sessão de trabalho, na passada segunda-feira, com a Comissão de Prevenção e Controlo de Doenças Crónicas, o Secretário defendeu que o controlo do tabagismo é uma medida de relevo para a prevenção e controlo de doenças crónicas, ideia que foi ao encontro da opinião dos membros da Comissão em causa. “É firme posição do Governo defender a saúde da sua população (...). O controlo do tabagismo é uma medida de relevo para a prevenção

kelsey wilhelm

Cotai Steve Wynn aponta Março de 2016 para abrir novo casino

para os Assuntos Sociais e Cultura manifestaram, por diversas vezes, que o aumento das receitas do Jogo não poderia ser feito à custa da saúde dos residentes, trabalhadores dos casinos e turistas”.

e controlo das doenças crónicas. O Governo vai empenhar-se com firmeza na concretização dos trabalhos de proibição total do tabagismo e não será alterada a posição de proibição total do tabagismo nos casinos. Esta ideia adquiriu o apoio de todos os membros da Comissão”, pode ler-se num comunicado. Durante a sessão de trabalho, Alexis Tam defendeu ainda que a urbanidade tem mudado o estilo de vida, aumentando, por isso, os hábitos não saudáveis que por sua vez levam a uma aceleração do envelhecimento da população. Assim, afirmou, as doenças crónicas não transmissíveis são, nos tempos

O Secretário afirma que “no decurso do processo legislativo a sociedade vai ser amplamente auscultada, com diferentes vozes dos sectores industriais e os seus trabalhadores”. Lionel Leong adiantou, contudo, que é inevitável que os promotores de Jogo se defrontem com dificuldades na exploração da sua actividade face à queda das receitas. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

que correm, “um grande problema no âmbito de saúde pública”. O Governo fará, então, uma maior aposta na prevenção deste tipo de doenças. “Visto que o custo da assistência médica se torna cada vez mais alto, e tendo em vista a racionalização dos recursos públicos, os membros concordaram com que para além de promover o plano de prevenção precoce e tratamento precoce, deve-se continuar a intensificar os trabalhos de divulgação de informações educativas e publicitárias em relação à prevenção das doenças crónicas junto de pessoas de diferentes camadas sociais e idades, bem como ajudar os cidadãos saudáveis e os portadores da doença crónica a estabelecerem hábitos de vida saudáveis”, garante a Administração. F.A.


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tiago alcântara

Air Macau arrenda quatro aviões

A Air Macau vai arrendar quatro novos aviões à China Aircraft Leasing Group Holdings Ltd. para continuar os seus voos enquanto renova a frota. De acordo com notícia da Macau Business, a Bolsa de Hong Kong foi informada pela empresa de aluguer de que o Airbus A320 seria entregue à companhia este ano ou no próximo. A mesma notícia explica que a renovação deverá estar completa em 2020, já que a Air Macau está a fazer a troca de cada um ou dois aviões por ano. A companhia espera ter 24 aviões até 2018.

Trabalhadores ilegais encontrados na ZAPE As autoridades descobriram 11 trabalhadores ilegais num hotel na ZAPE. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau os operários eram responsáveis pelas obras de remodelação do espaço e eram oriundos da China continental e de Hong Kong. Recebiam de salário entre 300 e 1100 patacas por dia.

Lusa José Costa Santos abandona cargo de delegado em Macau

Aviação “Não há condições” para criação de regras de protecção de passageiros

Desprotegidos até ver

Não há consenso, logo não há forma como criar leis que protejam melhor os passageiros. É o que diz o director da Autoridade de Aviação Civil de Macau, numa resposta a Kwan Tsui Hang

A

Autoridade de Aviação Civil (AACM) afirmou que actualmente não há condições para implementar regulamentos como os de protecção dos direitos dos passageiros no caso destes sofrerem prejuízos por cancelamento ou atraso nos voos. A confirmação surge mesmo sabendo-se que já existe um regime que obriga as operadoras a indemnizar os passageiros lesados. Numa interpelação escrita, a deputada Kwan Tsui Hang criticou o facto do território estar carente de regulamentos ou instruções para a protecção de direitos de

passageiros em caso de atraso, cancelamento e mudança no local de aterragem dos voos. Em resposta, o director da AACM, Chan Weng Hong, lembra que em 2010 a autoridade elaborou um regulamento administrativo que estabelece os direitos mínimos dos passageiros do transporte aéreo em caso de recusa de embarque, cancelamento ou atraso de voos. Depois de consultar opiniões do sector, foi feita uma “revisão adequada” do documento, que foi depois entregue ao Conselho Executivo. Nessa altura, foi também sugerida uma revisão que tivesse em conta uma maior protecção dos

clientes. Assim, a AACM realizou mais uma consulta ao sector, mas as opiniões recolhidas demonstram que “é difícil aumentar a protecção a passageiros”, como refere o responsável.

Em busca de equilíbrio

Chan Weng Hong afirmou ainda que o regulamento deve equilibrar a protecção de direitos de passageiros e a operacionalidade do sector, evitando conflitos e beneficiando mutuamente os clientes e as operadoras. Portanto, actualmente não há condições para aprovar o regulamento. Mesmo assim, o director defende que o Regime de

Responsabilidade Civil dos Transportadores e Operadores Aéreos explica que, caso as companhias provarem que já têm medidas justas ou não podem tomar medidas para evitar o acontecimento de danos aos passageiros, as operadoras devem assumir a responsabilidade de pagar uma indemnização. Por fim, afirmou que vai acompanhar a tendência de desenvolvimento de direitos de consumidores de aviação civil, comunicando com os sectores sobre a legislação de regulamento numa altura adequada no futuro. Flora Fong

Flora.fong@hojemacau.com.mo

O actual jornalista e delegado da agência de notícias Lusa, José Costa Santos, vai abandonar o cargo no próximo mês. A notícia foi confirmada por Nuno Simas, director-adjunto da Direcção de Informação, ao HM. “Sim, confirmo (...). O processo de substituição ainda está em curso”, disse Nuno Simas. O HM sabe que o processo de candidatura para o novo delegado acontece internamente e até dia 12 deste mês. O novo representante da agência no território deverá entrar em funções a 1 de Setembro deste ano. José Costa Santos abandona assim o cargo que ocupa há 12 anos.

Vietnamita encontrada morta nos Serviços de Migração

Uma mulher foi encontrada morta na cela de detenção no edifício dos Serviços de Migração, num caso que terá sido de suicídio por enforcamento. Segundo a rádio Macau, esta era a terceira vez que a mulher tinha sido detida por imigração ilegal, sendo que ia ser repatriada para o Vietname, de onde era natural. Estava à espera da conclusão do processo quando se enforcou. As autoridades policiais dizem que vão rever as instalações das celas para que não se repitam casos semelhantes.


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eventos

hoje macau quart

Fotografia Exposição no MAM ilustra cheias da década de 80

Barcos-Dragão do HM em corridas a partir de sexta-feira

As corridas de barcos-dragão estão à porta e as competições começam já este mês, tanto fora do território, como em Macau. A cerimónia tradicional do Pai San – benção – dos barcos-dragão do HM teve lugar no domingo passado e a nossa equipa juntase às outras equipas de Macau para uma corrida que terá lugar nos Lagos Nam Van, a 13, 14 e 20 de Junho. Esta sexta-feira e sábado, os barcos partem para Zhuhai, para uma competição de convite de 600 metros, preparando-se para competir na semana seguinte na Regata Internacional de Barcos-dragão de Macau, que acontecem entre no fim-de-semana de 13 e 14 de Junho e também no dia 20. Em Xangai, a competição acontece dias 17,18 e 19, havendo ainda competição internacional em Cantão, nos dias 25,26 e 27. Dia 28, Huizhou recebe os barcos para a competição pública de barcos de dragão da China. Em Setembro há ainda competição em Yunnan e Outubro em Hong Kong.

Instituto Ricci Fórum sobre “Capitalismo dos Casinos”

“A Sociedade, Economia e Política do Capitalismo dos Casinos em Macau: Crise ou Oportunidade?” é o tema do fórum que acontece hoje, pelas 18h30, no Instituto Ricci. O professor e director do Departamento de Ciências Sociais do Instituto de Educação de Hong Kong, Sonny Shiu-Hing, é o orador escolhido para conduzir a actividade. O académico é conhecido por escrever sobre as políticas de Hong Kong e Macau, focando-se nos aspectos da governação, crime transfronteiriços, cooperação entre autoridades e democratização. O académico já leccionou em diversos institutos internacionais, tais como no Canadá, Austrália e Londres, além de Hong Kong e Macau. A entrada é grátis mas os interessados devem marcar lugar contactando o Instituto Ricci.

FRC Workshop sobre patentes no dia 10 de Junho

A Fundação Rui Cunha organiza, em conjunto com a Associação Asiática de Advogados de Patente (APAA, na sigla inglesa), um workshop singular constituído por três painéis. Todos eles dizem respeito à protecção e conservação das patentes e contam com a intervenção de sete diferentes especialistas, começando por José Luís Sales Marques, Presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, Anton Blijlevens, da firma de advogados neozelandesa AJ Park, o jurista e deputado Gabriel Tong, Michael Flint, Fernando Simões, Gonçalo Cabral e Frederico Conde. A “Cirurgia de Patentes APAA” realiza-se das 10h00 às 16h00 do próximo dia 10 de Junho, na própria Fundação. Estarão também presentes o presidente da APAA Internacional, CW Kwong, e Nuno Sardinha da Mata, presidente da APAA no território. A iniciativa tem entrada gratuita, mas lotação limitada, pelo que a organização pede aos interessados que reservem lugares.

Se Macau ainda continua a ter cheias quando chove, na década de 1980 as coisas eram bem piores. Choi Vun Tin, fotógrafo local que se dedica sobretudo a documentários em imagens, resolveu parar no tempo a vida dessa altura e mostra-nos agora retratos das enchentes no Bairro do San Kio

I

naugurou esta semana no Museu de Arte de Macau (MAM) a exposição “Chuvadas e Cheias”, da autoria de Choi Vun Tin. A mostra reúne mais de três dezenas de imagens do fotógrafo local e estará patente até 8 de Novembro. Choi Vun Tim é um fotógrafo natural de Macau que tem vindo, apesar das condições meteorológica adversas, a documentar as inundações ocorridas no bairro do San Kio desde a década de 1980. Agora, o fotógrafo mostra a colecção de imagens, que ilustram a vida dos residentes em dias de enchente. “É uma surpresa, mas as inundações não alteravam substancialmente a vida diária

“É uma surpresa, mas as inundações não alteravam substancialmente a vida diária e os residentes do San Kio continuavam a ir à escola, ao trabalho ou às compras, como era habitual”

À venda na Livraria Portuguesa Crianças Felizes • Magda Gomes Dias

Magda Gomes Dias, especialista em Coaching eAconselhamento Parental, através de uma linguagem prática e directa, e recorrendo a exemplos do dia-a-dia e muitas sugestões, apresenta-nos um livro fundamental para desfrutarmos a 100% da relação com os nossos filhos. Porque se a relação parental for equilibrada, pacífica e saudável, sobrar-nos-á tempo para vivermos em conjunto a felicidade de sermos pais e filhos.

mam

A chuva cai, a chuva cai, lá for

e os residentes do San Kio continuavam a ir à escola, ao trabalho ou às compras, como era habitual. As cheias eram uma ocorrência frequente para os seus antepassados e para eles também e, por isso, adoptavam uma atitude positiva, que caracteriza bem a estoicidade, adaptabilidade e simplicidade da maioria da população de Macau das décadas de 1970 e 1980”, explica a organização em comunicado.

Da memória

A ideia da exposição é também preservar uma certa memória colectiva da vida que se levava em Macau nas décadas passadas e que no presente, apesar de ainda acontecerem incidentes semelhantes, já se vê alterada devido às modificações do ambiente urbano e do estilo de vida. Choi Vun Tim iniciou os estudos de Fotografia em 1968, na YMCA chinesa de Hong Kong. Primeiro desenvolveu os seus conhecimentos e técnica através de trabalhos criativos e participação em concursos. Os títulos profissionais que viria a obter mais tarde nas várias associações de fotografia “atestam bem a sua técnica apurada e estilo artístico muito próprio”, revela a organização, composta pelo MAM, Instituo CuLtural e Instituo para os Assuntos Cívicos e Municipais.

Seguindo as influências da fotografia documentário típica da YMCA chinesa, as suas principais inspirações

artísticas eram cenas de rua e da vida diária. Temas que fizeram dele “um vulto nos primórdios do desenvol-

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

Os Bebés Também Querem Dormir • Constança Cordeiro Ferreira

O que nos diz o choro do bebé? Porque é que alguns bebés são tão difíceis de acalmar? Como podemos todos descansar melhor? A vida com um bebé ao colo não tem de ser feita de lutas para dormir, cólicas, choro permanente, inseguranças e medos. Há estratégias que fazem a diferença e técnicas para os momentos SOS, para que os pais e o bebé se entendam na perfeição, criando uma ligação única. Considerada a “Fada dos bebés”, Constança Cordeiro Ferreira mostra, neste livro, como cada bebé tem, dentro de si, um verdadeiro manual de instruções e ajuda-nos a compreender os sinais.


eventos 11

ta-feira 3.6.2015

“Portugal na Queda da Europa” O professor Viriato Soromenho-Marques apresenta hoje no Clube Militar a sua mais recente obra, “Portugal na Queda da Europa”. Das 18h15 às 19h30, o autor estará presente naquele espaço para falar com os presentes. Doutorado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, Viriato Soromenho-Marques é actualmente professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, regendo as cadeiras de Filosofia Social e Política e de História das Ideias na Europa Contemporânea. Nascido em Setúbal, o autor tem, com este livro, um objectivo simples: “partilhar com o leitor as dúvidas, mas também os resultados positivos do estudo e da investigação, traduzidos em teses e hipótese de trabalho, sobre as causas profundas e próximas desta crise, bem como sobre os possíveis caminhos de saída”, como se pode ler na introdução do livro.

Sob ameaça

“Há mais de três anos que a vida dos portugueses foi

VERÍSSIMO DIAS

ora a chuva cai

Viriato Soromenho-Marques apresenta livro no Clube Militar

completamente alterada pela entrada em vigor do chamado programa da troika, com o seu respectivo crédito de emergência. Este pedido de ajuda não se tratou, apenas, de mais um evento de aperto financeiro como aqueles que Portugal havia conhecido em 1977 e em 1983. Nem sequer é comparável com a bancarrota de 1892. É bastante

mais grave do que qualquer um desses precedentes históricos. (...) Este livro fala sobre uma situação que é ameaçadora para o país e para a Europa no seu conjunto.” Viriato Soromenho-Marques foi bolseiro do Deutscher Akademischer Austauschdienst em Bremen (1986) e Berlim (1988). Em 1994 visitou os EUA, no âmbito do

International Visitor Program. Regressou a esse país em 1997 no quadro de uma bolsa de pós-doutoramento. É membro de várias sociedades e organizações científicas em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente da Sociedade Portuguesa de Filosofia, da International Society for Ecological Economics, da American Political ScienceAssociation e daAssociação Portuguesa de Ciência Política. É o correspondente em Portugal da organização alemã de estudos ambientais Ecologic.

 Desenvolve desde 1978 actividade no movimento associativo ligado à defesa do ambiente, tendo sido presidente da QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza. 

O académico é ainda autor de três centenas de estudos, abordando temas filosóficos, político-estratégicos e ambientais. A apresentação da obra terá introduções a cargo de Tiago Pereira e do embaixador Carlos Frota. O evento tem o apoio do Clube Militar de Macau e do Instituto de Estudos Europeus de Macau.

“Semana de Taiwan” em Macau apresenta cultura da Formosa

Da música ao estilo de vida M úsica, café, vídeos e livros de Taiwan chegam a Macau para a “Semana de Taiwan”, a primeira actividade do género realizada no território e que tem como objectivo mostrar o estilo de vida dos residentes da Formosa. O evento acontece de 18 a 22 de Junho na Casa Memorial de Sun Yat-Sen e promete trazer música, arte e cultura de Taiwan, de forma a mostrar à população de Macau o que de melhor se faz nesta ilha chinesa. As actividades incluem âmbitos que vão do tradicional para o moderno e vão ser focar-se nos diversos estilos de vida que podem ser encontrados em Taiwan, contando ainda com a presença de artistas da Formosa e da China continental.

Lien Chou, designer de interiores e director-executivo da companhia Brandston Parnership Lighting Design, Wang Xin Xin, da música nacional de Nan-Guan – um tipo de música de sudoeste da China, Li Chienfu, cantor proveniente de Taiwan e conhecido pela canção “Descendentes de Dragão” e ainda Jacky Lai, vencedor de uma competição mundial de torrefacção de café, também da origem taiwanesa, são alguns dos presentes.

Outros sons

sença de alguns residentes que viveram ou trabalharam no San Kio. Fica patente até Novembro e tem entrada livre. J.F.

M

Pintura ao vivo com finalista do “Secret Walls” no Capsule Macau

acau acolhe este sábado um encontro de pintura e músico ao vivo. A partir das 16h00 e até às 20h00, o espaço Capsule Macau recebe Alex Wong, também conhecido como Abstract Odd Fruits. Alex Wong é um dos finalistas da competição “Secret Walls”, que teve lugar em Hong Kong e que

junta artistas que têm como objectivo final mostrar o que valem durante uma hora em murais brancos. Os participantes têm tempo limite para mostrar a sua criatividade, que é depois julgada pelo público e por juízes convidados. Alex

Wong conseguiu chegar às rondas finais, tendo ficado entre outros três artistas que vão voltar a competir a 12 de Junho. “No Capsule Macau vamos poder ver o Alex Wong aka Abstract Odd Fruits pintar ao vivo, lado a lado com

No que toca à música, haverá concertos da banda de Nan-Guan Wan Xin Xin, juntamente com um grupo taiwanês de a cappella, os “Voco Novo A”. Os

música ao vivo de alguns dos melhores Djs de Macau”, pode ler-se no comunicado da organização. Entre os Djs estão Saiyan, Zuju, Burnie e Raverben. “Esta é uma experiência urbana que o Capsule Macau traz ao território e que junta

as mentes criativas de artistas de Macau e de Hong Kong.” A entrada é livre, sendo que há bebidas grátis o dia todo. O Capsule, que fica no Beco Da Arruda, promete que esta vai ser uma festa com “boa música, arte de qualidade e boas vibrações”.

Flora Fong

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vimento da fotografia de documentário local”. Amostra foi inaugurada a 30 de Maio, contando com a pre-

concertos acontecem às 20h00 de quinta e sexta-feira, dias 18 e 19. Seminários com temas diversificados vão também ocupar o espaço da Casa Memorial de Sun Yat-Sen durante os dias 19 a 21 de Junho, das 15h00 às 20h00 com músicos e o comentador cultural de Macau, Lei Chin Pang, bem como com o dono da livraria Pinto-Livro, Anson Ng. Além destas actividades, espaço ainda para exposições com temas como a poluição e consumo, uma série de oito curtas-metragens e apresentação de livros.


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hoje macau quarta-feira 3.6.2015

Anúncio Concurso público da empreitada de « Projecto de decoração do novo escritório do Fundo de Pensões » 1. Entidade que põe a obra a concurso: Fundo de Pensões. 2. Modalidade do concurso: concurso público. 3. Local da obra: novo escritório nas fracções E - H do 13.º andar e A - H do 14.º andar do Fortune Business Centre, Macau. 4. Objecto da empreitada: obras de decoração do novo escritório do local acima mencionado. 5. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade da proposta é de 90 dias, a contar da data do acto público do concurso, prorrogável nos termos previstos no programa de concurso. 6. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. 7. Caução provisória: MOP$420.000,00 e pode ser prestada por depósito em dinheiro, por garantia bancária ou por seguro-caução aprovado nos termos legais. 8. Caução definitiva: a caução definitiva é de 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, em reforço da caução definitiva a prestar). 9. Preço base: não há. 10. Condições de admissão: inscrição na DSSOPT na modalidade de execução de obras. 11. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Divisão Administrativa e Financeira do Fundo de Pensões, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.os 181-187, Centro Comercial Brilhantismo, 20.º andar, Macau, até às 17:45 horas do dia 23 de Junho de 2015. 12. Local, dia e hora do acto público: Sede do Fundo de Pensões, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.os 181-187, Centro Comercial Brilhantismo, 20.º andar, Macau, no dia 24 de Junho de 2015, pelas 10:00 horas. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes no acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. 13. Visita às instalações: Os concorrentes deverão comparecer no átrio do Fortune Business Centre, no dia 5 de Junho de 2015, pelas 15:00 horas, para visita ao local da obra a que se destina o objecto deste concurso. 14. Local, dia e hora para exame do processo e obtenção da cópia: O projecto, o caderno de encargos, o programa do concurso e outros documentos complementares podem ser examinados, na Divisão Administrativa e Financeira do Fundo de Pensões, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.os 181-187, Centro Comercial Brilhantismo, 20.º andar, Macau, durante as horas de expediente, desde o dia da publicação do anúncio até ao dia e hora do acto público do concurso. No local acima referido poderão ser solicitadas até às 17:00 horas do dia 23 de Junho de 2015, cópias do processo de concurso ao preço de MOP$1.000,00 por exemplar, ao abrigo do n.º 3 do artigo 52.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M. 15. Prazo de execução da obra: O prazo de execução não poderá ser superior a 60 dias. 16. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: - Preço Global da empreitada e Lista de Preços Unitários.....................50% - Prazo de execução razoável.................................................................30% - Plano de trabalhos: i. O nível de discretização das actividades elementares...................3% ii. A interdependência das actividades elementares...........................3% iii. A adequabilidade e efectividade dos prazos de execução.............4% - Experiência em obras semelhantes......................................................5% - Material................................................................................................5% 17. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes deverão comparecer na Divisão Administrativa e Financeira, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.os 181-187, Centro Comercial Brilhantismo, 20.º andar, Macau, a partir 3 de Junho de 2015, inclusive, e até à data limite para entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Fundo de Pensões, aos 28 de Maio de 2015. A Presidente do Conselho de Administração

Ieong Kim I

Concurso Público n.º 4/2015 da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para a Prestação dos Serviços de Condomínio do Centro de Formação para os Trabalhadores dos Serviços Públicos Nos termos previstos no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 18 de Maio de 2015, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a aquisição dos serviços de condomínio do Centro de Formação para os Trabalhadores dos Serviços Públicos. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, Macau, nos dias úteis, das 9,00 às 17,30 horas, para a obtenção da cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento da importância de MOP100,00 (cem patacas) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela página electrónica do SAFP, em http://www.safp.gov.mo/. A inspecção dos locais de trabalho e sessão de esclarecimento deste concurso terão lugar no próximo dia 17 de Junho de 2015, pelas 10,30 horas, no auditório do Centro de Formação para os Trabalhadores dos Serviços Públicos, sito na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção n.ºs 336–342, Centro Comercial Cheng Feng, 7.º andar, Macau. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o programa e o caderno de encargos deste concurso, devem

apresentá-las até às 17,30 horas do dia 11 de Junho de 2015, de acordo com a forma estabelecida no respectivo programa do concurso, para que as dúvidas sejam esclarecidas na sessão de esclarecimento. O prazo para a apresentação das propostas termina às 17,30 horas do dia 29 de Junho de 2015, não sendo aquelas admitidas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido no balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, entregando uma garantia bancária no valor de MOP80.000,00 (oitenta mil patacas), a favor da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública ou efectuar um depósito em dinheiro no banco indicado, para efeitos de caução provisória deste concurso. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 30 de Junho de 2015, pelas 10,30 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 26 de Maio de 2015. O Director, subst.º Kou Peng Kuan

Concurso Público n.º 5/2015 da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para a Prestação dos Serviços de Segurança do Centro de Formação para os Trabalhadores dos Serviços Públicos Nos termos previstos no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 15 de Maio de 2015, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a aquisição dos serviços de segurança do Centro de Formação para os Trabalhadores dos Serviços Públicos. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, nos dias úteis, das 9,00 às 17,30 horas, para a obtenção da cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento da importância de MOP100,00 (cem patacas) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela página electrónica do SAFP, em http://www.safp.gov.mo/. A inspecção dos locais de trabalho e sessão de esclarecimento deste concurso terão lugar no próximo dia 17 de Junho de 2015, pelas 09,30 horas, no auditório do Centro de Formação para os Trabalhadores dos Serviços Públicos, sito na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção n.ºs 336–342, Centro Comercial Cheng Feng, 7.º andar, Macau. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o programa e o caderno de encargos deste concurso, devem apresentá-las até às 17,30 horas do dia 11 de

Junho de 2015, de acordo com a forma estabelecida no respectivo programa do concurso, para que as dúvidas sejam esclarecidas na sessão de esclarecimento. O prazo para a apresentação das propostas termina às 17,30 horas do dia 24 de Junho de 2015, não sendo aquelas admitidas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido no balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, entregando uma garantia bancária no valor de MOP48.000,00 (quarenta e oito mil patacas), a favor da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública ou efectuar um depósito em dinheiro no banco indicado, para efeitos de caução provisória deste concurso. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 25 de Junho de 2015, pelas 10,30 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.ºs 188-198, Edifício Vicky Palza, 4.º andar, Macau. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 26 de Maio de 2015. O Director, subst.º Kou Peng Kuan


china

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A bordo seguiam 406 passageiros e 47 tripulantes na sua maioria idosos com idades compreendidas entre os 60 e os 80 anos

Mais de 440 desaparecidos após naufrágio

Tragédia no Yangtze Cidade Proibida vai limitar visitantes diários a 80 mil

M

ais de 440 pessoas que viajam a bordo do navio naufragado na segunda-feira à noite no rio Yangtze, na China, a maioria idosos entre os 50 e 80 anos, continuavam desaparecidas cerca de 17 horas depois do acidente. Um balanço difundido cerca das 15:00 pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua indicava cinco mortos confirmados e doze pessoas resgatadas. O naufrágio poderá ser o pior do género registado em décadas na China, disse a Xinhua. Mergulhadores conseguiram salvar uma mulher de 65 anos que se encontrava dentro do navio, mas ao início da manhã de ontem (hora local), o vento forte e a chuva estavam a dificultar as operações de busca e salvamento. O acidente ocorreu na segunda-feira à noite, cerca das 21:30, quando o navio “Dongfangzhixing” (Estrela do Oriente) foi atingido por ventos de 130 quilómetros à hora.

Vertiginoso

O capitão e o engenheiro-chefe da embarcação, entretanto detidos, disseram que o barco se afundou “no espaço de um a dois minutos”. “Foi tão rápido que o capitão nem teve tempo de dar sinal de alerta”, disse Wang Yangsheng,

funcionário superior do Centro de Socorro Marítimo de Yuegang, citado pela agência Xinhua. Na altura, seguiam a bordo 406 passageiros e 47 tripulantes. As idades dos passageiros vão dos três aos 83 anos, mas a maioria está na casa dos 60 e 70. O barco, com 76 metros de comprimento e quatro andares, seguia de Nanquim para Chongqing, duas das grandes cidades atravessadas pelo rio Yangtze. Mais de uma centena de barcos e quase cinco mil pessoas, entre as

“Foi tão rápido que o capitão nem teve tempo de dar sinal de alerta” Wang Yangsheng Funcionário superior do Centro de Socorro Marítimo de Yuegang

quais 1.840 soldados e 1.600 agentes da polícia, foram mobilizados para as operações de busca e salvamento, indicou a imprensa oficial.

Pequim rejeita reavaliar movimento pró-democracia de Tiananmen

A

China reafirmou ontem que “o progresso económico” do país “demonstrou que a via de desenvolvimento” escolhida pelo Partido Comunista Chinês “está certa”, rejeitando qualquer reavaliação dos sangrentos acontecimentos de há 26 anos. “O governo e o povo chineses já chegaram a uma conclusão acerca dos incidentes políticos da década de 1980”, disse a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, ao ser questionada sobre uma petição das “Mães de Tiananmen” reclamando a reabilitação do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen. Considerado pelo governo como “uma rebelião contra-revolucionária”, o referido movimento, iniciado por estudantes das universidades de Pequim, foi esmagado pelo exército no dia 4 de Junho de 1989. Centenas

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O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, deslocou-se também ao local do naufrágio, uma zona com 15 metros de profundidade, situada em Jianli, na província de Hubei. Com quase 20 anos de serviço e capacidade para transportar 534 pessoas, o “Dongfangzhixing” fazia regularmente passeios turísticos no Yangtze, o terceiro maior rio do mundo a seguir ao Nilo e ao Amazonas, com 6.300 quilómetros de extensão. Não há registo de residentes de Macau a bordo. de pessoas morreram e milhares de outras foram presas ou exilaram-se. Mais de um quarto de século depois, a China é hoje a segunda economia mundial, à frente do Japão e dos mais desenvolvidos países europeus, e a maior potência comercial do planeta. “O progresso económico provou que a via de desenvolvimento seguida pela China está certa e tem o apoio de 1.300 milhões”, disse também a porta-voz do MNE chinês. O número exacto de pessoas mortas durante a repressão militar do movimento de 1989 continua a ser segredo de estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200. Nos casos de Ding Zilin e de Zhang Xianling, as mais conhecidas figuras do grupo, os filhos tinham 17 e 19 anos, respectivamente.

A Cidade Proibida, antiga residência dos imperadores da China, vai limitar a 80 mil o número de visitantes diários, na tentativa de travar a massiva entrada de turistas no complexo, uma das principais atracções de Pequim. Segundo a agência Xinhua, o grande número de visitantes dificulta os trabalhos de conservação do complexo e tanto a arquitectura como as relíquias do museu sofrem consequências. O novo limite entra em vigor a partir do próximo dia 13 de Junho. A fim de evitarem longas filas e assegurarem a sua entrada, recomenda-se aos turistas que reservem a visita ao museu através da Internet, disponível em chinês e em inglês. A Cidade Proibida, património mundial da UNESCO, atrai mais de 15 milhões de visitantes anualmente, segundo dados oficiais.

Hong Kong Mala de mão arrematada em leilão por 222 mil dólares

Uma mala de pele de crocodilo da Hermès bateu o recorde como a mais cara a ser vendida em leilão, depois de ser arrematada por 22.912 dólares norte-americanos, esta segunda-feira, em Hong Kong. O preço final da mala – adquirida por um licitante asiático – foi aproximadamente 15% superior ao estimado inicialmente pela Christie’s. A mala, cor-derosa e parte da série “Birkin”, em homenagem à actriz e cantora Jane Birkin, tem um fecho de ouro e diamantes cravejados e mede 35 centímetros de largura por 25 de altura. O leilão decorreu num “ritmo alucinante do início ao fim”, disse a Christie’s em comunicado.


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artes, letras e ideias

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WANG CHONG

王充

OS Discursos Ponderados DE WANG CHONG

Invenções sobre a morte – 25 & 26 Yin Qi, chefe máximo da região militar de Huaiyang, era conhecido pela sua dureza e crueldade. Sabendo da sua morte, seus inimigos quiseram queimar seu cadáver. Todavia, o cadáver escapou em direcção ao lugar onde deveria ser sepultado: dotado de consciência [o morto] soube que iria ser queimado e se transformou em espírito para escapar à sua sorte. *** A isto respondo: dizem que o cadáver desapareceu porque Yin Qi se teria transformado em espírito, sendo, por isso, capaz de reagir contra os que ameaçariam o seu cadáver. No entanto, se quiséssemos explicar toda a desaparição por intervenção de espíritos, por que não afirmar que as três montanhas que desapareceram na dinastia Qin, ou os nove tripés que desapareceram no final da dinastia Zhou, terão sido dotados de consciência*? Outros funcionários, sabendo dos planos dos inimigos de Yin Qi, poderão ter movido o corpo e, temendo que a ira do povo se voltasse contra eles, pretendido que o cadáver teria partido por seu próprio pé. Para fugir são precisas pernas. Porém, ao morrer, o sangue seca e as pernas deixam de puder mover-se: como poderia, então, o cadáver de Yin Qi ter fugido? Em Wu foi cozinhado o corpo de Wu Zixu; com os Han, o de Peng Yue foi desmembrado e macerado. Estes suplícios foram igualmente merecidos, mas tanto um homem como o outro foram incapazes de escapar ao seu castigo. Dizer que só Yin Qi conseguiu chegar ao seu túmulo é perder o sentido da realidade e argumentar sem prova. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

* Trata-se uma crença corrente à época Han. Os nove tripés aqui mencionados teriam sido forjados na dinastia Xia para proteger o império de influências maléficas. A sua desaparição teria sido uma manifestação da insatisfação celeste como regime demasiado severo do Primeiro Imperador (260210 a.C.).

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


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artes, letras e ideias 15

Por que não afirmar que as três montanhas que desapareceram na dinastia Qin terão sido dotadas de consciência?


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desporto

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Motociclismo “TT World Series” não deverá integrar Macau

cgpm

Sem vantagens à vista

das clássicas “North West 200” ou o “Grande Prémio de Ulster”. Mervyn Whyte, director da North West 200 e convidado do Grande Prémio de Macau no ano passado, explicou à imprensa do seu país a razão. “Parte do problema é que nós temos o nossos próprios patrocinadores e a TT World Series quer ser um parceiro comercial global, o que irá levantar muitos e diferentes problemas, pois irá afectar a promoção da prova, a publicidade do circuito, etc”, disse.

“Sem voluntários não temos nada e falando como fã, penso que se tornarmos estas corridas num negócio, tudo isto desaparece” Carlos Barreto Director de Prova do Grande Prémio de Motos de Macau

A

formação de um campeonato mundial de motociclismo, quiçá juntando as clássicas da especialidade, como a Ilha de Man TT, a North West 200 ou o Grande Prémio de Macau, poderia ser uma mais valia para a modalidade. Porém, na prática, deverão ser mais as desvantagens que a competição “TT World Series” poderá trazer às provas notáveis do calendário inter-

nacional, incluindo aquela que se disputa anualmente no Circuito da Guia. E, neste tema, o mundo do motociclismo de estrada parece estar em plena sintonia. Em 2011, o departamento de desenvolvimento económico do governo da Ilha de Man iniciou um estudo, que até ao final de 2014 já tinha custado mais de dois milhões de patacas, para compreender a viabilidade de organizar um campeonato do mundo de

provas de estrada com base na mítica prova localizada nas ilhas dependentes da Coroa Britânica. O estudo está praticamente concluído, faltando apenas apontar um promotor à altura do desafio. De 1949 a 1976, a Ilha de Man foi a casa da prova inglesa do Campeonato do Mundo de Motociclismo (agora MotoGP), sendo a prova retirada do calendário devido ao boicote de alguns pilotos, que consideraram o

ANTÓNIO JOSÉ DA LUZ FRANCISCO Missa do 7º Dia A família enlutada de António José da Luz Francisco pede rezar uma Missa do 7º Dia, por sua alma, na Sé Catedral, hoje, 03 de Junho de 2015 , pelas 18:00 horas. Antecipadamente se agradece a todos quantos queiram associar-se ao piedoso acto.

circuito demasiado perigoso. Continuando “a solo”, a prova cresceu e mediatizou-se. A ideia deste projecto do governo local passa por expandir a marca “Ilha de Man” um pouco por todo o globo, obtendo também retorno comercial suplementar na organização de eventos noutras paragens através de patrocinadores, direitos de televisão e licenciamento. O plano do “TT World Series” projecta reunir duas dezenas de participantes a tempo inteiro em corridas a disputar na Austrália, América do Sul, África do Sul e Sudeste Asiático, com algumas corridas de testes no final de 2016, para um início em força do campeonato em 2017 e 2018. O primeiro conceito apresentado, que pretendia combinar as provas mais relevantes do motociclismo de estrada num só campeonato, teve uma reacção negativa por parte dos fãs da modalidade, tanto nas redes sociais, como em fóruns de conversação, e até pessoas influentes no motociclismo mundial continuam reticentes à ideia inicial. Entre eles, os organizadores

O Director de Prova do Grande Prémio de Motos de Macau desde 1999, Carlos Barreto, também não vê qualquer vantagem que, por exemplo, a prova do território fizesse parte do calendário do “TT World Series”. Integrando a comitiva de Macau que foi convidada a visitar a North West 200, o português da RAEM disse ao jornal local Ballymoney Times: “falando pessoalmente, eu vejo a possibilidade da North West, TT e Macau como parte de uma series mas não como parte da TT World Series”. Barreto frisa que “é importante manter a identidade de cada evento”, pois “sem voluntários não temos nada e falando como fã, penso que se tornarmos estas corridas num negócio, tudo isto desaparece”. Ainda à mesma publicação, Barreto salientou que “se as coisas não funcionam nos dois ou três primeiros anos, todos se vão embora e perdemos tudo”, deixando claro que, do seu ponto de vista, as mais emblemáticas provas de estrada “são todos eventos diferentes em lugares diferentes e que têm em comum de ajudarem a promover os seus países”. Este ano o Grande Prémio de Motos de Macau vai para a sua 49ª edição. Sérgio Fonseca

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Jesus ainda sem proposta para renovar

Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus reuniram-se esta senda-feira à tarde no Estádio da Luz dando início ao processo de conversações com o intuito de resolver o futuro do comando técnico encarnado. Segundo A BOLA, formalmente não houve uma proposta da SAD para o treinador. Foi uma conversa relativamente rápida, de pouco mais de meia hora, em que não se falou de dinheiro. Vieira e Jesus dialogaram, essencialmente, sobre o projecto para o futebol, projecto esse que a SAD quer obrigatoriamente alterar face a uma perspectiva de menor investimento. Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira vão continuar a conversar nas próximas horas e é ponto assente para ambos que é preciso chegar rapidamente a uma decisão. Seja ela positiva ou negativa, tendo em conta que neste momento todos os cenários estão em aberto.

Aguero é o próximo galáctico pretendido pelo Real Madrid O avançado argentino Sergio «Kun» Aguero (Manchester City) é o reforço galáctico que o Real Madrid pretende contratar para a nova temporada. De acordo com o as, goleador argentino esteve em destaque no City, onde terminou a época com 26 golos na Premier League e foi novamente o melhor marcador da competição inglesa. O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, está determinado em relançar o seu projecto e acredita que um jogador com o valor de Aguero poderá fazer a diferença no ataque «merengue»


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O que fazer esta semana Hoje Filme “Renoir” (Le French May) Galaxy Cinemas, 21h10 Bilhetes a 90 patacas

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Cinema

Exposição “Agora os bichos não dormem”, de Ana Jacinto Nunes Albergue SCM, 18h30 (até 26/06) Entrada livre

san andreas

Espectáculo “Tributo a Macau” pela banda Sunny Side Up Centro Cultural de Macau, 20h00 Entrada livre

Sexta-feira

Diariamente Exposição “Ao Risco da Cor Claude Viallat e Franck Chalendard” Galeria do Tap Seac (até 9/08) Entrada livre Exposição “3 Black Suits” (até 14/06) Fantasia 10, Calçada de São Lázaro, 15h00 Entrada livre

Exposição “Valquíria”, de Joana Vasconcelos (até 31 de Outubro) MGM Macau, Grande Praça Entrada livre

Sala 2

Sala 3

Filme de: Elizabeth Banks Com: Anna Kendrick, Skylar Astin, Rebel Wilson, Adam DeVine 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Filme de: Brad Peyton Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 19.30

san andreas [b]

3 de JUNHO

Nasce Raul Castro. Morrem Kafka e Rossellini

Concerto Chick Corea e Herbie Hancock Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes das 180 às 580 patacas

Exposição “A Última Fronteira: Mistérios do Oceano Profundo” (até 31/05) Centro de Ciência de Macau

falado em japonês legendado em chinês e inglês Filme de: Tadayoshi Yamamuro 14.30, 16.30, 21.30

tdragon ball z: resurrection “f” [b]

Aconteceu Hoje

Filme “Serial Bad Weddings” (Le French May) Galaxy Cinema, 21h10 Bilhetes a 90 patacas

Exposição de Artes Visuais de Macau (até 2/8) Pintura e Caligrafia Chinesas Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00 Entrada livre

Filme de: Brad Bird Com: George Clooney, John Walker, Britt Robertson 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

pitch perfect 2 [b]

Filme “Clouds of Sills Maria” (Le French May) Galaxy Cinema, 20h40 Bilhetes a 90 patacas

Exposição “De Lorient ao Oriente Cidades Portuárias da China e França na Rota Marítima da Seda” Museu de Macau (até 30/08) Entrada livre

Sala 3

tomorrowland [b]

Amanhã

Exposição “Who Cares” (até 28/07) Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre

Sala 1

h o j e h á fil m e “Lula, Filho do Brasil” (Fábio Barreto, 2009) Este é um filme que retrata a vida do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e que mostra a difícil trajectória até ao poder político. Filho de uma família problemática, pobre, com uma mãe corajosa (interpretada por Glória Pires), Lula foi trilhando o seu caminho aos poucos, começando como trabalhador metalúrgico até se tornar dirigente sindical e mais tarde líder do Partido dos Trabalhadores. Imprescindível para conhecer não só a história do homem que liderou o Brasil entre 2003 e 2011 mas também de um país em mutação. Andreia Sofia Silva

• A 3 de Junho de 1931 nasce Raul Castro, militar e político cubano. É o irmão mais novo do ex-presidente cubano Fidel Castro e substituiu o irmão no cargo em 2008. A 31 de Julho de 2006, Raul Castro assumiu o cargo de presidente do Conselho de Estado durante a transferência temporária de poder em virtude da doença de Fidel Castro, cargo que viria a assumir com plenos poderes a 24 de Fevereiro de 2008. Os irmãos participaram activamente em algumas manifestações estudantis. Em 1953, Raul foi um dos integrantes do Movimento Revolucionário 26 de Julho, que atacou o Quartel de La Moncada. Como pena, passou 22 meses na prisão. Durante o seu posterior exílio no México, participou dos preparativos da expedição Granma, desembarcando em Cuba em Dezembro de 1956. Neste dia, mas em 1977 morre Roberto Rossellini, realizador de cinema. Filho de um arquitecto rico, este famoso realizador italiano iniciou-se no cinema em 1934. Na década de 1950, envolveu-se num escândalo ao manter um romance com a actriz Ingrid Bergman, que engravidou do cineasta quando ainda estava casada com o primeiro marido. Rossellini trabalhou como supervisor de filmes, como “L’Invasore”, de Nino Giannini, e “Benito Mussolini”, de Pasquale Prunas. Fez-se notar no final da Segunda Guerra Mundial com três obras-primas: “Roma, città aperta”, “Paisà” (1946) e “Germania anno zero”, tornando-se um dos expoentes do neo-realismo do cinema italiano. Faleceu em 1977, aos 71 anos, com um ataque cardíaco. Anos antes, a 3 de Junho de 1924, morre o escritor chechénio Franz Kafka. Autor de romances e contos, considerado pelos críticos como um dos escritores mais influentes do século XX, Kafka ficou conhecido por obras como “A Metamorfose”, “O Processo” e “O Castelo”. Obras repletas de temas e arquétipos de alienação e brutalidade física e psicológica, conflito entre pais e filhos, personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos e transformações místicas. Neste dia, em 1926 era estabelecido em Portugal um regime militar.

fonte da inveja

Faz o que te apetece desde que o outro também goste.

João Corvo


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opinião

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António Conceição Júnior

urbanidades

O princípio do flamingo

A

s crises ou “ajustamentos” que ciclicamente têm assolado a história da economia de Macau tomam agora algum corpo com as opiniões de sectores da população sobre a distribuição dos cheques de comparticipação pecuniária. Desde há muitas décadas que o orçamento do Território tem tido como seu grande pilar os jogos de fortuna e azar. Em 1937, Kou Ho Neng e Fu Lou Yong criaram a “Tai Hing”, que ganhou o exclusivo do jogo e teve no hoje vetusto e anacrónico Hotel Central não só o centro do jogo em Macau como também o do entretenimento, fosse o restaurante de comida chinesa com ópera à hora do meio-dia, fosse o salão de dança, hoje apenas habitado pelos fantasmas da memória. Em 1962 Stanley Ho, Henry Fok, Yip Hon e Teddy Yip ganhavam o monopólio do jogo. Progressivamente, o governo de Macau ia beneficiando, com cada renovação do contrato de jogos, de maiores fundos. Simultaneamente, os velhos ferries Tak Shing, Tai Loi e Fatshan, pertença da Tai Hing, eram substituídos por hidroplanadores e, mais tarde, por jactoplanadores, propriedade da S.T.D.M. Faz parte dos primórdios da con-

cartoon por Stephff

A diversificação económica exógena à participação das operadoras afigura-se quase impossível, como também pensar em Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer é pura utopia

cessionária o agora tão falado Hotel Estoril, dos anos 1960, seguindo-se-lhe o Hotel Casino Lisboa, nos inícios dos anos 1970. Aos poucos, as fábricas de têxteis iam fechando, as quotas de exportações iam-se dissolvendo com a abertura de indústrias do outro lado da fronteira, e a cidade mantinha-se, apesar disso, reconhecível na sua forma de vida. Macau ficou, desde então, dependente do jogo como principal indústria, uma fórmula que chamo de Princípio do Flamingo, ave que repousa sobre uma perna, porque a economia do Território dependia e depende, praticamente em exclusivo, dessa actividade.

ilhas

Com a sua liberalização, os valores envolvidos na primeira década e meia de operações romperam todos os recordes, colocando Macau como capital mundial do jogo e enchendo os cofres do governo de montantes inauditos. É a febre e a excitação de uma cidade que se vê catapultada para os máximos de lucros e de visitantes, mais se reforçando a indispensabilidade do Princípio do Flamingo na economia local. Numa escassa década e meia, a transformação de Macau é absolutamente radical, afirmação porventura LaPallissiana, mas nem por isso menos verdadeira. E é aqui que entra o termo diversificação, numa economia que, após a ascensão já sabida, se procura ajustar, segundo os especialistas, sendo que, mesmo com ajustamentos, ainda proporciona elevadíssimos lucros, se comparados com o período pré-liberalização. Sucede que num cenário destes, em que quase todos os recursos e formatações se viraram para o jogo, a diversificação, a existir, não poderá contar com parceiros mais bem preparados que as próprias operadoras. Esquecê-las é um erro, pensar que se pode diversificar sem elas é outro, porquanto a sua expansão e sobrevivência requer isso mesmo. Teria sido interessante que, desde logo, se tivesse compreendido as potencialidades das operadoras no que toca ao seu know how no capítulo da gestão de recursos humanos, de operações, e pudessem estar integradas nos contratos cláusulas que envolvessem estágios para quadros, no que diz respeito a direcção e gestão em geral. Poderá parecer, à primeira vista, impraticável, contudo a formação de quadros em empresas privadas ofereceria uma experiência muito qualificada. A diversificação económica exógena à participação das operadoras afigura-se quase impossível, como também pensar em Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer é pura utopia, enquanto não se encontrarem soluções viáveis e moralizadoras das diversas maleitas que inquinam a qualidade de vida. Isto é, como pode existir um Centro Mundial de Turismo e Lazer quando o trânsito e consequente poluição são o que são, quando a cidade no seu todo é um pejamento desordenado, quando os objectivos passam ainda pela oferta de 14 mil habitações e especulação imobiliária, ou quando da nobreza do centro da cidade uma antiga barbearia é subtraída em favor de uma vulgar joalharia ou uma tabacaria histórica por outra banalidade idêntica numa progressiva e avassaladora erradicação de tudo o que conferia identidade própria a Macau. Pergunto-me, assim, se o Território tem capacidade para definir, esclarecer e operar esse objectivo de se configurar num Centro Mundial de Turismo e Lazer. Para já o que prevalece é, seguramente, o Princípio do Flamingo.


ócios / negócios

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“My Chef”, serviços de consultoria alimentar e eventos André Sá Correia, fundador

“Os sítios por onde passei influenciaram muito a minha cozinha” Em Macau já se podem organizar jantares e festas sem ter que mexer uma colher que seja na cozinha. A “My Chef” chegou em 2013 e veio para ficar e mostrar que as festas se fazem, mesmo sem mãos, cabeça ou jeito para a cozinha

Inspirações dos tempos modernos

“A ideia principal é a de ter o chef em casa de acordo com as experiências e restrições do cliente”, continua o chef a dizer, em declarações ao HM. São igualmente tomadas em atenção as vontades e desejos dos clientes e todos os tipos de gastronomia são bem-vindos, embora a chinesa não entre no menu. “Não faz sentido confeccionar comida chinesa em Macau”, refere o fundador. As

viço de catering, oferece também “kitchen managment”, área que mexe com a estrutura física das cozinhas e da forma como esta pode ser estudada de forma a facilitar a movimentação das pessoas nela e a própria confecção dos alimentos.

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iz-se que é pela boca que se conquista um homem, mas neste caso parece ter sido um homem que conquistou o mercado. André Sá Correia tem 32 anos, é natural do Funchal, mas é por estes lados que pretende continuar. Pelo menos por mais uns anos. É que além de trabalhar a tempo inteiro numa empresa de renome do território, criou – juntamente com outro sócio – a “My Chef”. Já lá vão quase dois anos e meio, mas a empresa parece ir de vento em popa e embora não seja já a única a oferecer serviços de consultoria alimentar, “kitchen management” e menus especialmente criados para festas e jantares, foi certamente a pioneira. “Quando criámos a ‘My Chef’, não havia nenhuma empresa a oferecer estes serviços aqui em Macau”, começou por explicar André Sá Correia ao HM. Neste momento existem outras empresas com um conceito semelhante, mas a concorrência não parece assustar o jovem chef. “A My Chef é única”, descreve ao HM. O português tirou o curso de Artes Culinárias e Processamento Alimentar na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Macau era local de passagem, já que veio “de férias e para estudar o mercado”. A jornada até 2012, explica, “foi longa e intensa” e o território serviu como poiso de descanso. Além de ter passado pelo Instituto de Formação Turística, desempenhou funções como consultor alimentar para o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes. A ideia foi estabelecer, durante alguns meses, um menu de comida saudável e atractiva para os mais novos. “Foi um projecto muito giro e interessante”, confessa.

“A ideia principal é a de ter o chef em casa de acordo com as experiências e restrições do cliente”

influências, essas, são mediterrânicas, com recursos a alimentos frescos como são as frutas tropicais, o peixe e os vegetais. Uma das fases mais importantes da vida de André, para a sua carreira, foi aquele que teve Itália como pano de fundo. “Vivi em Roma cinco anos e isso mudou completamente a minha perspectiva e a minha maneira de olhar para os ingredientes e os produtos, pelo que foi das etapas da minha vida que teve mais influência na minha gastronomia”, disse o chef. Antes de vir para Macau, o português trabalhava no restaurante The Oitavos, localizado no Guincho. O estabelecimento fazia por vezes alguns serviços ao domicílio deste género, mas a verdadeira inspiração partiu da série televisiva Chef’s Table, que percorre a casa, cozinha e história de vida de conhecidos mestre da culinária internacional. Desta vez, André Sá Correia quis transportar o seu talento para a casa de terceiros, de todos aqueles que quisessem ter um pouco de Portugal e do Mediterrâneo nas suas casas. “Os sítios por onde passei

influenciaram muito a minha cozinha”, acrescentou André Sá Correia. Um dos problemas geralmente levantado por chefs europeus em Macau é a falta ou dificuldade em arranjar produtos de matriz ocidental ou vegetais com as mesmas características dos da Europa. No entanto, essa não parece ser uma barreira para este chef. “É preciso trabalhar com o facto de que às vezes os produtos simplesmente deixam de existir e uma vez feitos os menus, temos que os arranjar”, explica ao HM. “Naturalmente não estou à espera ter em Macau produtos sazonais, por isso às vezes é preciso pedir com uma ou duas semanas de antecedência”, continua.

A flexibilidade que sai bem

A “My Chef” funciona com diferentes equipas de pessoas, já que apenas duas delas trabalham na empresa a título permanente. “Só duas outras pessoas é que normalmente fazem todos os trabalhos comigo e o resto do pessoal é contratado com base no tipo de serviço pedido”, esclarece. É que a “My Chef” não ataca só no paladar: além do ser-

André Sá Correia trabalha com arquitectos e outros especialistas nestes outros serviços. Este é igualmente o serviço que os clientes requerem para criar conceitos de cozinha ou decoração de espaços. André está grato à formação superior que teve, já que considera ter-lhe dado “uma bagagem diferente” do que talvez um simples curso de cozinha teria dado. Com conhecimentos de produção alimentar, confecção culinária e outras áreas, André Sá Correia tem capacidade para se inserir em diferentes tipos de ambientes.

Uma multidão nunca é demais

A“My Chef” organiza, na maioria das vezes, jantares para um mínimo de quatro ou seis pessoas, até 20 quando sentadas. No entanto, André Sá Correia confessa já ter criado menus e serviço de catering para cerca de 200 pessoas em eventos com jantar volante. Questionado pelo HM sobre os orçamentos, o chef esclarece que um jantar com menu completo de quatro a seis pratos para dez amantes de cozinha, pode custar entre 500 e 700 patacas. O vinho também pode estar incluído no cardápio, mas obriga a uma ligeira subida do preço. Os restantes serviços de consultoria e “kitchen management” podem ser consultados na página de Facebook da empresa, que se encontra apetrechada com uma série de fotografias de recentes trabalhos, contactos e uma breve introdução aos serviços oferecidos. Leonor Sá Machado

leonor.machado@hojemacau.com.mo


hoje macau quarta-feira 3.6.2015

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Presidente angolano visita a China

Agricultura é que mais ordena O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, deverá visitar a China “muito em breve”, para reforçar as relações entre os dois países, anunciou esta segunda-feira o embaixador chinês em Luanda. Gao Kexiang falava aos jornalistas depois de se reunir em Luanda com o Presidente angolano, tendo transmitido uma mensagem do homólogo chinês, Xi Jinping, envolvendo esta visita oficial à China. O diplomata acrescentou que a mesma visita pretende “aprofundar ainda mais o bom relacionamento entre a China e Angola”, que se baseia sobretudo na vertente económica. A China conta também com uma comunidade superior a 260.000 nacionais a residir emAngola, sobretudo trabalhadores nas grandes obras em curso no país, mas também empresários, com negócios de várias dimensões. Por outro lado, a China compra praticamente metade do petróleo exportado por Angola,

que por sua vez beneficia de linhas de crédito que permitiram iniciar a reconstrução do país, com o fim da guerra civil, em Abril de 2002. A confirmação desta visita surge numa altura em que a imprensa privada angolana relata que o Governo estará a negociar com a China um incremento na linha de financiamento (entre Estados), com o interesse chinês, depois das grandes obras públicas, agora voltado para a agricultura em Angola. Ainda no palácio presidencial, em Luanda, o Presidente angolano recebeu segunda-feira em audiência separada o representante especial do Presidente da Rússia para os Assuntos Africanos e Médio Oriente. Mikhail Bogdanov transmitiu a garantia do Presidente Vladimir Putin de manter os níveis de cooperação bilateral e estreitar as relações económicas entre a Rússia e Angola, mas também reforçar a componente de formação de quadros angolanos.

Blatter renuncia à presidência da FIFA

Joseph Blatter renunciou, esta terça-feira, ao cargo de presidente da FIFA na sequência do escândalo de corrupção que abalou o edifício do futebol mundial. « Apesar dos membros da FIFA me terem eleito para um novo mandato, esse mandato parece não ter o apoio de ninguém no Mundo. É por isso que vou solicitar, o mais rápido possível, um congresso extraordinário para a eleição de um novo presidente. Não vou concorrer. Ficarei em posição de me concentrar em reformas profundas. Há muitos anos que reclamamos reformas, mas não têm sido suficientes», começou por dizer o líder do organismo que tutela o futebol mundial, reforçando a necessidade de reformas na estrutura do futebol. «Os interesses da FIFA são-me muito queridos. É por isso que tomei esta decisão. O que conta para mim é a instituição FIFA e o futebol pelo Mundo inteiro. Precisamos de uma limitação de mandatos. Lutei por essas mudanças, mas os meus esforços foram contrariados», sustentou.


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