DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
SEXTA-FEIRA 3 DE JUNHO DE 2016 • ANO XV • Nº 3585
hojemacau
BPG
MOP$10
Toma lá mais capital PÁGINA 7
OPINIÃO
Polícias e fianças DAVID CHAN
CPU
Reservas olímpicas PÁGINA 8
h
Ocupação de Hong Kong
JOSÉ SIΜÕES MORAIS
O tempo do meio
ANABELA CANAS
HABITAÇÃO
PRÉDIOS E ESPAÇOS VAZIOS REINAM EM MACAU
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
PUB
A CASA DO POLVO Muito se fala da necessidade de construção de mais habitação, mas os espaços vazios proliferam pela cidade. Numa luta entre senhorios que querem ganhar mais e uma população sem capacidade para pagar o que é pedido, ninguém fica a ganhar. GRANDE PLANO www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau
2 GRANDE PLANO
Casas vazias, espaços abandonados e locais sem vida. Uma luta de interesses entre proprietários que querem ganhar mais, residentes que não suportam os custos de fracções e um Governo que “não dá o exemplo”
E
STAMOS na rua da Praia do Manduco, onde o Mercado de São Lourenço traz, a esta parte tão antiga do Porto Interior, um movimento diferente de todas as outras ruas de Macau. Há fruta, legumes frescos e ali, no meio da rua, junto à nova loja que abriu na semana passada, começa a venda das flores. Como se estivesse protegida pelos prédios, esta rua sente os passos de centenas de pessoas por dia. Deixamos o olhar subir, olhamos para a esquerda e
HABITAÇÃO PRÉDIOS ABANDONADOS E FRACÇÕES VAZIAS DEVEM SERVIR PARA A COMUNIDADE
UM TECTO SO ´
deparamo-nos com um prédio que grita por vida. “Está abandonado há pelo menos três anos”, começa por explicar Finn, agente de imobiliário do primeiro estabelecimento em que entramos. O construtor é de Macau, anda por cá, mas parece que esqueceu aquele seu projecto. “Ele queria fazer um bom negócio. Queria que o Governo lhe desse autorização para construir um prédio maior, mas não conseguiu”, esclarece. Apesar de não ver satisfeita a sua vontade, o prédio está ali, a implorar que alguém o habite. As paredes não contam histórias de ninguém, o piso não sabe o sabor dos passos e as campainhas nunca soaram. A culpa, essa, “é do mercado imobiliário”. É que este construtor acha que os preços não vão ao encontro do seu agrado e por isso mais vale ter um prédio desabitado do que ganhar algum dinheiro. Como estes há mais, muitos mais. Na segunda agência imobiliária em que entramos – só na rua principal eram quatro, fora nas ruas transversais – os jovens empresários parecem pouco interessados em falar sobre o assunto. Respostas monossilábicas de “sim” e “não”,
“A verdade é que pelos apartamentos em causa ninguém vai dar o preço que eles [proprietários] pedem, assim sendo, os apartamentos ficam vazios” PUN AGENTE IMOBILIÁRIO
não parecem querer dar resposta às nossas questões. Fracções vazias é o que mais há, mas os profissionais não querem explorar as razões que levam os proprietários a deixar as casas assim.
SILÊNCIO DOS CULPADOS
O mesmo não acontece com Pun, também ele agente imobiliário, que nos conta que nesta zona há muitos trabalhadores não residentes. “Há apartamentos vazios porque como temos muitos TNR aqui e os contratos de trabalho não são renovados, ou acabam, eles vão embora e deixam a casa vazia”, conta, apressando-se em dizer que esta não é a única razão. “A principal é o preço. Os senhorios pedem preços muito altos para as casas e [os arrendatários] não têm capacidade para pagar o que é pedido”, explica.
Pun continua o seu discurso lamentando a atitude dos proprietários. “A verdade é que pelos apartamentos em causa ninguém vai dar o preço que eles pedem, assim sendo, os apartamentos ficam vazios”, remata. Algo que parece não importar a este empresáris que, por norma, não têm apenas um apartamento. Como sabe Joe, representante imobiliário de um empresário do interior da China, que só no condomínio The Praia, no Fai Chi Kei – uma das zonas mais populosas do mundo – é proprietário de 12 apartamentos. “Ele nem sequer sabe quem é que lhe paga a renda e de que apartamento se trata, porque todos os inquilinos fazem o depósito na conta dele”, conta-nos uma ex-inquilina, não sabendo se todos os apartamentos estão arrendados e a quem o preço da renda foi aumentado em mais de 100% passados dois anos de contrato. A Ilha Verde e Areia Preta são as zonas com mais fracções vazias. Pelo menos é o que dita a experiência do agente imobiliário Tom. “Há muitas casas vazias nos prédios que são velhos”, aponta, sem esquecer também os espaços destinados ao comércios e até os edifícios industriais. Mas isso são águas separadas. Numa viagem até à Taipa, sem ser preciso procurar muito, surge, na primeira paragem, Sio, agente com anos de negócio. “Não tenho muitas casas vazias, mas tenho
7,3% do total das fracções de Macau estão vazias
algumas, especialmente no prédio Nam San”, diz. “É difícil arrendar porque os senhorios não querem que os inquilinos paguem, por exemplo, menos de 10.500 dólares de Hong Kong por um T2, que nem sequer vale isso. Claro que as pessoas não querem arrendar e os proprietários preferem ficar sem ter a casa arrendada do que receber menos”, apresenta. Há ainda, conta entre sussurros de segredo, quem prefira arrendar os apartamentos a grupos de pessoas, como por exemplos, às comunidades de filipinos, porque “sabem que podem subir os preços porque eles vão pondo mais gente lá em casa”. Ao dividir a renda por mais pessoas o valor irá “subir até àquele que os senhorios querem”.
CONTAS FEITAS
Sio parece não querer falar muito sobre o assunto e pede para não colocarmos o nome completo. “Isto aqui nunca se sabe.” É verdade,
“As pessoas não querem arrendar e os proprietários preferem ficar sem ter a casa arrendada do que receber menos” SIO AGENTE IMOBILIÁRIO
3 hoje macau sexta-feira 3.6.2016 www.hojemacau.com.mo
NOSSO “Numa cidade onde há carência de espaço não faz sentido que haja zonas que estão abandonadas, à espera que alguma coisa aconteça” MARIA JOSÉ DE FREITAS ARQUITECTA nunca se sabe, nem o Governo sabe quanto apartamentos estão efectivamente vazios. Nos últimos dados divulgados, em Abril deste ano, a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) revelou que 7,3% do total das fracções de Macau estão vazias, tanto ao nível comercial, como habitacional. Numa resposta ao deputado e presidente da União Geral das Associações de Moradores (Kaifong), Ho Ion Sang, o organismo indicou ainda que irá lançar um índice sobre os preços do imobiliário no segundo semestre do ano. O Governo explica que actualmente existem 18.862 fracções desocupadas, mas só as que se conhecem. É que a própria DSEC, pela voz do seu director, Ieong Meng Chao, admite que as informações sobre a área total dos imóveis, bem como sobre o número de imóveis antigos é
“insuficiente”. Por isso, explica, o Governo “ainda não tem condições completas” para lançar estatísticas sobre quanto é a área total dos imóveis desocupados.
SOLUÇÕES À VISTA
A questão coloca-se em cima da mesa: se, por um lado, temos uma sociedade - representada pelos seus grupos, associações e deputados - que tantas e tantas vezes apela à necessidade de construção de habitação, por outro temos milhares de casas vazias, abandonadas e esquecidas. “Esta é a questão. É que por tudo e por nada a sociedade pede habitação ao Governo. Noto muito isso. Pede-se, principalmente, muita habitação social e se calhar há unidades de Seac Pai Van que estão desabitadas. Não percebo se são as pessoas que não gostam do que têm à disposição, se o Governo devia inverter ou estudar os parâmetros que presidem à habitação social, como por exemplo as áreas”, começa por explicar Maria José de Freitas, arquitecta. Lançando a questão aos profissionais da área, a resposta parece ser óbvia. O Governo deve aproveitar estes edifícios para habitação, antes de construir mais. Como? “É preciso fazer um levantamento exaustivo dessas situações e realmente começar por aqui, verificar aquelas que já são edifícios de habitação e estão abandonadas, seja qual for a razão, e depois todas as zonas,
nomeadamente na Areia Preta, onde estão edifícios industriais abandonados. Nestas, o Governo deve fazer concursos de ideias entre os arquitectos, para que se possa fazer a recuperação em lotes e unidades habitacionais”, explicou a arquitecta, frisando que só assim se rentabiliza os espaços que estão desocupados. “Numa cidade onde há carência de espaço não faz sentido que haja zonas que estão abandonadas, à espera que alguma coisa aconteça e que nunca mais vai acontecer”, apontou. Por sua vez, Ben Leong Chong In, secretário da Associação dos Arquitectos de Macau, acredita que Macau precisa de sugestões sociais. Este é um problema e deve ser resolvido. Nas fracções privadas o Governo, diz, poderia rever a política de imposto. Poderia ainda ser fomentada a vontade dos proprietários arrendarem os seus espaços. “É preciso ainda mudar a lei”, diz, ou criar uma que não permita que isto aconteça, reforça.
EXEMPLOS DO LADO
Bem aqui ao nosso lado, Hong Kong tem em mãos esta questão. Quem o recorda é o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, que tem participado nos debates. Discute-se muito o uso das unidades abandonadas, principalmente as industriais, para habitação. A questão é que é necessário alterar o Regulamento da Construção Urbana, de maneira a que seja possível modificar estas unidades em habitação, sem ter de demolir totalmente o edifício. “O Governo tem de ter melhor mecanismos de controlo [de espaços vazios]”, apontou o arquitecto, frisando que não é segredo que muitos proprietários não vendem para deixar aumentar os preços. “Isto seria realmente prioritário. Isto acontece em muitas cidades europeias. Paris, Lisboa, Londres. As zonas industriais foram aproveitadas para habitação. Isto faz sentido, para que não sejam
zonas mortas, para serem zonas activas na vida urbana”, acrescenta Maria José de Freitas.
A TORCER O NARIZ
O ditado já é velho. Não se pode agradar a gregos e troianos. E do outro lado da moeda existe sempre uma opinião contrária. Quando questionado sobre a necessidade de criar um mercado sem especulação e com a intervenção do Governo, o deputado Leong Veng Chai defende o mercado livre de Macau, portanto “o Governo não pode estar a interferir muito nos imóveis privados”. Ao Governo cabe as habitações públicas e é nessas que se deve focar, diz, sendo mais rigoroso. “Estas é que devem ser construídas”, explica. A possibilidade da criação de um imposto para todas as habitações vazias é uma ideia que não desagrada ao deputado Au Kam San, mas, tal como o seu colega legislador, também ele considera que o Governo não deve mexer no que é privado. “O Governo tem responsabilidades para com os prédios públicos e esses ele não pode deixar vazios. Com uma sociedade capitalista como a nossa, os proprietários têm o direito total sobre os seus imóveis. É muito difícil o Governo mexer neste assunto”, indicou, mostrando que pouco ou nada se poderá fazer.
DE LÁ DE CIMA
Seguindo a regra de que se ensina com exemplo e não com palavras,
“Com uma sociedade capitalista como a nossa, os proprietários têm o direito total sobre os seus imóveis. É muito difícil o Governo mexer neste assunto” AU KAM SAN DEPUTADO
Ella Lei, deputada, aponta o dedo ao Governo. É que não é novo que muitos escritórios que pertencem à Administração, para os seus serviços, estão ao abandono. Se o Governo o faz porque é que os privados não o podem fazer? Como num carregar de ferida, Ella Lei diz que para além de mudar de postura, o Executivo deve rever quais os seus recursos reais e reutilizá-los. “O Governo tem de usar os seus recursos da melhor forma”, não podendo exigir uma coisa que nem o próprio faz. Reaproveitar espaços, criando apartamentos maiores, onde as famílias possam estar mais próximas, numa sociedade que cada vez está mais envelhecida traz benefícios claros. Segundo Francisco Vizeu Pinheiro esse benefícios são evidentes, pois quanto mais perto as famílias estiverem – numa cultura que tanto defende os laços familiares – mais se auxiliam mutuamente. Enquanto isto, há portas que continuam fechadas, janelas que nunca se vão abrir e residentes a viver à espera de um tecto. Filipa Araújo (com J.F.)
Filipa.araujo@hojemacau.com.mo
Tomás Chio
info@hojemacau.com.mo
4 POLÍTICA
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
TIAGO ALCÂNTARA
Para regular práticas comuns Exigida mais fiscalização na avaliação de imóveis
L
Serviços como deve ser A Comissão para a Administração Pública volta a reforçar a necessidade de criar um mercado justo no sector das telecomunicações. Os deputados querem que o Governo estude o contrato de concessão atribuído à CTM, para anular o monopólio
A
Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública, presidida por Chan Meng Kam, quer que o Governo estude o contrato de concessão dos activos da telecomunicações, ou seja, a prestação de serviços públicos de telecomunicações. “Em 2009, com a liberalização do mercado, os activos passaram a pertencer ao Governo”, começou por esclarecer de imediato o presidente da Comissão, no final do encontro que decorreu na manhã de ontem. Mas compete à Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) geri-los, de forma exclusiva. A concessão termina este ano, explicou, mas o contrato indica que a concessão poderá ser automaticamente renovada, nas mesmas condições, por
outro período de cinco anos, até 31 de Dezembro de 2021. A Comissão esclarece que não quer que a concessão seja terminada, quer sim que o Governo promova a concorrência justa no sector, dando oportunidade a outras operadoras, por exemplo, de gerir os activos. “Esperamos que o Governo promova a concorrência justa (...) Não pode permitir à CTM que defina os custos de arrendamento da rede às outras
operadoras. (...) não é justo para as outras operadoras, não é um mercado livre”, disse Chan Meng Kam. O Governo comprometeu-se a analisar o contrato de concessão nas próximas semanas até ao novo encontro com a Comissão, ainda neste mês de Junho.
BANDA BARATA
Questionado sobre as tarifas praticadas em Macau
“Esperamos que o Governo promova a concorrência justa (...) Não pode permitir à CTM que defina os custos de arrendamento da rede às outras operadoras. (...) não é justo para as outras operadoras, não é um mercado livre” CHAN MENG KAM DEPUTADO
- ponto de preocupação da Comissão – Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, quis esclarecer que “exceptuando a banda larga, [os preços dos] serviços móveis normais são próximos dos praticados aqui na região. Alguns são ligeiramente mais altos, outros ligeiramente mais baixos, mas achamos que estamos mais ou menos alinhado”. O serviço de banda larga tem margem para mudar e baixar os preços . “Foi dito à Comissão que no terceiro semestre deste ano deverá haver uma revisão de baixa”, explicou o Secretário. Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
sável, citado pelo jornal Ou Mun. Para além de reforçar a fiscalização, Leong Keng Seng defende que o Governo deve criar multas para o sector, as quais deverão culminar com o cancelamento das suas licenças, prática semelhante a Hong Kong. Leong Keng Seng sublinhou que a prática da Building Agency é comum a todo o sector. “A avaliação de casas tem sido feita por empresas diferentes, e normalmente existe uma diferença de 5%. Caso a diferença seja superior, e como os avaliadores trabalham desta forma, é muito perigoso para o mercado, influenciando o sector financeiro”, referiu. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo
LEI DE TERRAS RAIMUNDO NÃO COMENTA INCONSTITUCIONALIDADE
O
Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, não comenta as declarações da advogada Manuela António sobre a eventual inconstitucionalidade da Lei de Terras. O Secretário falava depois da reunião com a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública, ontem de manhã, e disse “não comentar” o assunto, ou qualquer outro assunto para além daquele que fora assunto da reunião. Esta semana, Manuela António afirmou, ao HM, que a Lei de Terras é contra a Lei Básica. “A alteração à Lei de Terras, a lei vigente, viola de forma clara a Lei Básica”, disse a advogada. Mas, mais do que isso, é a
GCS
Telecomunicações DEPUTADOS PEDEM CONCESSÃO JUSTA
EONG Keng Seng, presidente da Associação de Avaliação da Propriedade de Macau, considera que o Governo deve criar uma regulamentação para o sector relativa ao sistema de licença para avaliadores. O responsável deu como exemplo o caso da Building Agency, que não só recolheu capital de forma ilegal como também fixou preços de casas acima do valor real. “Em Macau temos licenças para advogados e engenheiros, mas não temos uma licença para os avaliadores de propriedades. Como a qualidade do sector não é suficiente, já que existe apenas alguém que cria a empresa e que oferece um serviço de avaliação aos clientes, isso causa confusão ao sector”, disse o respon-
interpretação errada que se está a fazer da lei em causa. “Acho que há confisco. A Lei Básica diz que se vai proteger e respeitar a propriedade privada (artigo 6º) e isso não está a acontecer. A interpretação que se está a fazer, ou alguns artigos da lei em causa, é uma violação à Lei Básica”, apontou ao HM. Também na segunda-feira passada, o deputado Fong Chi Keong, disse, em sessão plenária da Assembleia Legislativa, ser necessária a revisão à lei em causa.
5 POLÍTICA
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
Regime de Garantias GOVERNO NÃO VAI REPESCAR DIPLOMA
Em nome dos outros Dar prioridade às necessidades da população é mais importante que trazer de novo o Regime de Garantias que iria dar subsídios aos titulares de altos cargos e que dava imunidade ao Chefe do Executivo, dizem os SAFP estava a ser analisada, numa acção que Chui Sai On via como “desarmonia social”. Na altura, o Chefe do Executivo falava em ser necessário ouvir mais opiniões da sociedade, ainda que defendesse que o Regime era necessário. Uma das questões mais polémicas, e que deu o moto para duas manifestações, era a imunidade atribuída ao líder do Governo.
GCS
O
Governo não se sente preparado para lançar novamente o Regime de Garantias dos Titulares do Cargo de Chefe do Executivo e dos Principais Cargos. É o que dizem os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), numa resposta ao HM. “O Chefe do Executivo já manifestou que neste momento não estão reunidos os requisitos para se reiniciar a respectiva proposta de lei”, começa por indicar o organismo. A razão é simples: há outros prioridades. “O Governo da RAEM vai proceder, prioritariamente, aos trabalhos legislativos relacionados com a vida da população” e, por isso, a polémica lei ficará de fora da agenda, para já. O Regime de Garantias serviria para todos os titulares dos principais cargos e para o Chefe do Executivo, estivessem eles em efectividade, reformados ou até a aguardar posse. A proposta de lei chegou a dar entrada na Assembleia Legislativa (AL), entregue pelo Governo, tendo sido retirada pelo Chefe do Executivo após aquela que foi a maior manifestação de sempre nas ruas de Macau desde a transferência de soberania. Mais de 20 mil pessoas manifestaram-se em frente ao hemiciclo, quando a proposta
“O Chefe do Executivo já manifestou que neste momento não estão reunidos os requisitos para se reiniciar a respectiva proposta de lei” SAFP Chui Sai On disse, contudo, que gostaria de ver a proposta de lei ser elaborada antes do fim do mandato. Recentemente, numa visita à China, o líder do Governo disse que havia muito a fazer face a assuntos sociais e às condições de vida da população, algo que os SAFP voltam agora a reiterar. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
A
melhor controlar a situação de pessoas que procuram trabalho na qualidade de turistas. Uma nova proposta de lei deverá, contudo, ser apresentada ainda este ano. Wong Chi Hong, director da DSAL, referiu que o Governo tem vindo a estudar o assunto e que as propostas até agora apre-
sentadas incluem “vantagens e desvantagens”. O organismo governamental já tinha apresentado uma proposta ao Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) e, depois de ter recolhido opiniões do lado dos patrões e empregados, a DSAL está agora
Pedida lista de responsáveis de departamentos públicos
O
deputado Si Ka Lon interpelou o Governo sobre a necessidade de elaborar uma lista de nomes de funcionários públicos com autoridade nos departamentos públicos. Tudo para que haja uma classificação das responsabilidades, já que, segundo Si Ka Lon, há sempre desculpas para que queixas e pedidos dos cidadãos não tenham o devido seguimento. O deputado lembrou que, a partir de 1999, alguns departamentos governamentais passaram as responsabilidades para outros departamentos quando foram detectados problemas. Si Ka Lon deu como exemplo a construção do novo hospital, já que os Serviços de Saúde (SS) afirmam que são os departamentos de Obras Públicas que têm conhecimento da fase do projecto e não sabem em que fase está a construção e vice-versa.
O deputado, parceiro político de Chan Meng Kam na Assembleia Legislativa, considera que o Governo deve elaborar esta lista, numa altura em que está a proceder à fusão de vários departamentos, para que a população possa saber quais os funcionários que de facto têm responsabilidades neste campo. “Os departamentos não podem apresentar a desculpa de que, na hora de tratar as queixas, os problemas são tratados por outros departamentos”, apontou. Si Ka Lon referiu ainda que o Governo pode simplificar processos administrativos, tendo dado como exemplo o que já acontece em Cantão. Na cidade chinesa vizinha existe uma plataforma online, um serviço one-stop, que trata de todas as queixas de vários serviços do Governo. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo
PUB HM • 2ª VEZ • 3-6-16
ANÚNCIO
NOVA PROPOSTA PARA AGÊNCIAS DE EMPREGO ESTE ANO Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) referiu, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que ainda está à espera de mais opiniões de associações e do sector laboral para avançar com a revisão do licenciamento das agências de emprego, por forma a
Nomes ao alto
a alterar a proposta, para que a possa apresentar novamente este ano. Ella Lei questionou o Executivo sobre as medidas a adoptar para dificultar a procura de emprego por parte de estrangeiros, exigindo ainda um aperfeiçoamento do sistema de importação de mão-de-obra. T.C. (revisto por A.S.S.)
AUTOS DE INTERDIÇÃO CV3-16-0023-CPE 3º Juízo Cível REQUERENTE: O MINISTÉRIO PÚBLICO.-----------------------REQUERIDA: WONG CHU WAI, feminino, residente em Macau na Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau “Casa, Luz da Estrela” sito em Seak Pai Wan, Edifício Koi Nga, 1º e 2º Bloco, r/c, em Coloane.---------------------------------------------------------------------***** FAZ-SE SABER que, foi distribuída neste Tribunal, em 26 de Abril de 2016, uma Acção de Interdição, com o número acima indicado, em que é Requerida, WONG CHU WAI, feminino, residente em Macau na Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau “Casa, Luz da Estrela” sito em Seak Pai Wan, Edifício Koi Nga, 1º e 2º Bloco, r/c, em Coloane, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.--------------------------------Macau, 23 de Maio de 2016.
6 PUBLICIDADE
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
NOTIFICAÇÃO EDITAL (Trabalho ilegal – Exercício do direito de defesa)
Nº : 50/16
NOTIFICAÇÃO EDITAL
(Trabalho ilegal – pagamento das multas)
Nº : 51/16
Considerando que se revela ser impossível notificar, nos termos dos artigos 10.º e 58.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os indivíduos abaixo mencionados, por ofício, telefone, pessoalmente, ou outra forma, Ng Wai Han, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho (DIT) e Lei Sio Peng, Chefe de Divisão de Protecção da Actividade Laboral, mandam que se proceda, nos termos do n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, conjugado com o artigo 94.º do mesmo Código, à notificação dos indivíduos abaixo mencionados, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte ao da publicação do presente édito, exercerem por escrito os seus direitos de defesa, em virtude de terem eventualmente cometidos infracção ao disposto ao Regulamento Administrativo n.º 17/2004, de 14 de Junho – “Regulamento sobre a Proibição do Trabalho Ilegal” e à Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”. Os eventuais infractores abaixo mencionados poderão levantar, dentro das horas de expediente, a respectiva Nota de Culpa no DIT, sito na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, em Macau, sendo também facultada a consulta dos respectivos processos. Findo o prazo acima referido, os processos seguirão as respectivas tramitações nos termos do Código do Procedimento Administrativo.
Considerando que se revela ser impossível notificar, nos termos do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, do artigo 68.º e do n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, HUANG ZICHENG (titular de Salvo Conduto para Hong Kong e Macau da República Popular da China), por ofício, telefone, pessoalmente ou outra forma, sobre a matéria de que vai acusada pela eventual infracção à Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes, e para efeitos de procedimento da aplicação da respectiva multa, Ng Wai Han, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho (DIT), notifica, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do CPA, o aludido infractor, do teor da decisão sancionatória em causa, no seguinte:
1. Relativamente ao processo n.º 8477/2015: DENG, YONGQIANG (titular de Título de Identificação de Trabalhador Não Residente), apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade ao empregador diferente daquele para o qual esteja autorizado, a trabalhar, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 2 do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores não Residentes”.
1. Por ter comprovado a acção de HUANG ZICHENG, bem como a culpa do infractor, ao abrigo da alínea 2) do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes, nos mesmos termos legais da mesma lei, foi aplicada a infractor, a pena de multa de MOP$5.000,00 (cinco mil patacas);
2. Relativamente ao processo n.º 3065/2015: “COMPANHIA DE CONSTRUÇÃO E ENGENHARIA FULL GOLD LIMITADA” (N.º DE REGISTO: SO 46220), não sendo titular de autorização de contratação válido, é suspeita de aceitar a prestação de trabalho por trabalhador não residente, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 1 do n.º 1 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro - “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”.
2. Informa-se ainda que, nos termos do n.º 2 do artigo 17.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008, de 29 de Outubro – Normas de Funcionamento das Acções Inspectivas do Trabalho, conjugado com as alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 145.º e os artigos 149.º e 155.º do CPA, o acto administrativo em causa podem ser impugnados, no seguinte:
3. Relativamente ao processo n.º 8058/2015: CHEUNG, CHOI LIN (titular do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong), é suspeita de ter exercido actividade em proveito próprio, sem a competente autorização administrativa para esse efeito, cometendo eventualmente infracção ao disposto na alínea 4 do artigo 2.º, conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 17/2004, de 14 de Junho – “Regulamento sobre a Proibição do Trabalho Ilegal”. 4. Relativamente ao processo n.º 277/2015: a). ZHOU, HUAN (titular de Título de Identificação de Trabalhador Não Residente), apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade ao empregador diferente daquele para o qual esteja autorizado a trabalhar, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 2 do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”. b). HE, WEIJIE (titular de Título de Identificação de Trabalhador Não Residente), apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade ao empregador diferente daquele para o qual esteja autorizado a trabalhar, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 2 do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”. c). WEN ZHIQIANG (titular de Título de Identificação de Trabalhador Não Residente), apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade ao empregador diferente daquele para o qual esteja autorizado a trabalhar, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 2 do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”. d). LIANG, QINGZHANG (titular de Título de Identificação de Trabalhador Não Residente), apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade ao empregador diferente daquele para o qual esteja autorizado a trabalhar, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 2 do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”. e). MENG, JINMING (titular de Título de Identificação de Trabalhador Não Residente), apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade ao empregador diferente daquele para o qual esteja autorizado a trabalhar, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 2 do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”. f). LIN, ZHICHENG (titular de Título de Identificação de Trabalhador Não Residente), apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade ao empregador diferente daquele para o qual esteja autorizado a trabalhar, o referido facto constitui eventualmente infracção ao disposto na alínea 2 do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 26 de Maio de 2016. Chefe de D.I.T., Ng Wai Han
a) Mediante reclamação para a autora do acto (A Chefe do DIT), no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do dia seguinte ao da presente notificação; ou
b) Mediante recurso hierárquico necessário para o superior hierárquico da autora do acto (Director da DSAL), no prazo de 30 (trinta) dias, a contar do dia seguinte à da presente notificação edital. Por outro lado, nos termos do n.º 4 do artigo 150.º, conjugado com o n.º 1 do artigo 156.º do CPA, o direito acima referido é exercido por meio de requerimento, no qual devem ser expostos os fundamentos (de facto e de direito), juntando os documentos considerados convenientes, não sendo o acto acima mencionado susceptível de recurso contencioso. 3. Mais fica notificado que, nos termos do artigo 34.º da Lei n.º 21/2009, de 27 de Outubro – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes, e da alínea e) do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, conjugado com os n.ºs 1 e 2 do artigo 15.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008, de 29 de Dezembro – Normas de Funcionamento das Acções Inspectivas do Trabalho, o aludido infractor deve, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da presente notificação edital, comparecer na DSAL para o levantamento da guia de depósito a favor do Fundo de Segurança Social de pagamento da multa e proceder ao seu pagamento. Ficam ainda notificados que, nos 5 (cinco) dias subsequentes aos do prazo acima referido deverão entregar nestes serviços, o documento comprovativo desse pagamento, sob pena das cópias de todos os documentos acompanhados do comprovativo de cobrança coerciva serem remetidos à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para cobrança coerciva nos termos legais. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 26 de Maio de 2016. A Chefe de Departamento, Ng Wai Han
7 hoje macau sexta-feira 3.6.2016
FO MONJARDINO EXPLICA MAIOR PARTICIPAÇÃO NO BANCO PORTUGUÊS GESTÃO
acontecer dadas as convulsões que houve no Banco Espírito Santo, que tem vendido todas as participações que não são interessantes para eles. E esta não seria. Neste momento não é a melhor altura para a Fundação Stanley Ho fazer mais investimentos no sector financeiro, que não é um sector rentável e que tem bastantes problemas. Sendo muito pequena, não fazia sentido fazer este esforço”, explicou Carlos Monjardino.
“Há uma necessidade de aumento de capital”
A
Fundação Oriente (FO) vai passar a deter quase 90% do Banco Português de Gestão (BPG). Em declarações ao HM, Carlos Monjardino explica o aumento da participação e considera a situação normal numa fase em que a banca portuguesa atravessa dificuldades. “Trata-se apenas de um aumento de capital e a Fundação vai subscrever uma parte importante do aumento do capital. Ainda não sei se os outros accionistas vão ou não subscrever algum capital”, apontou. “Toda a gente sabe que a situação da banca portuguesa e a banca europeia é complicada, por razões várias, que têm a ver com as novas regras do Banco Central Europeu. Os accionistas não estão numa situação cómoda, sejam eles qual forem, mas é uma situação que necessariamente terá de ser passageira. Em relação ao BPG, ou a outros bancos, há uma necessidade de aumento de capital e os accionistas que querem e podem acorrem a esse aumento.” Monjardino refere que “não há” quaisquer vantagens para a FO em aumentar a sua participação no BPG. “Há uma necessidade do banco ter os seus fundos próprios e a Fundação, que é o maior accionista, assume que tem de fazer o aumento de capital.” O Novo Banco, que detinha 2,6%, e a Fundação Stanley Ho, com 2,91%, vão assim deixar as suas posições. “É natural isso
Carlos Monjardino espera ter em Julho uma nova solução de aquisição para o Banco Português de Gestão. O presidente não-executivo do Banco, também presidente da Fundação Oriente, diz que houve um aumento de participação por necessidades de mais capital, mas também confirma o interesse de outras entidades em tomar posição no Banco
“Há uma necessidade do banco ter os seus fundos próprios e a Fundação, que é o maior accionista, assume que tem de fazer o aumento de capital”
MAIS 20% DE ESTUDANTES DE PORTUGUÊS
C
HAN Ka Man, chefe do Centro de Difusão de Línguas da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), disse que há mais estudantes de Português no presente ano lectivo, comparativamente ao ano anterior de 2014/2015. Chan Ka Man falava no programa Macau Talk, do canal chinês da Rádio Macau, indicando que no ano lectivo 2015/2016, 33 escolas privadas criaram o curso de Língua Portuguesa
e cerca de 3800 estudantes aprenderam a língua de Camões, ou seja, um aumento de 20% quando comparado com o ano lectivo anterior. A responsável acredita que estes são números que vão continuar a crescer nos próximos anos, sendo que, adiantou, já pediu à Escola Portuguesa para criar um curso extra-curricular e de nível avançado para os possíveis interessados. Chan Ka Man explicou ainda que a DSEJ irá subsidiar
as escolas que queiram criar cursos de Língua Portuguesa. “O número de cursos de Português está cada vez maior nas escolas privadas, há mais oportunidades para os profissionais desta língua. Neste momento os profissionais locais são suficientes para responder aos pedidos para estes cursos, mas, no futuro, a DSEJ vai considerar contratar mais professores de português”, acrescentou ainda Chan Ka Man. T.C./F.A.
SOCIEDADE
ACORDO EM JULHO
Segundo o que foi noticiado em Portugal, Carlos Monjardino pretende vender 50% do BPG, estando na calha a potencial compra por um investidor chinês. Ao HM, Monjardino garantiu que esse dossier só deverá ficar concluído em Julho. “Havia um calendário que se deve esgotar no próximo mês de Julho. Até agora tivemos longas conversas e estávamos numa fase em que íamos assinar um acordo, que não foi assinado. Se for, será só no mês de Julho. Mas há mais entidades interessadas em tomar uma posição no banco”, disse, sem revelar nomes. Questionado sobre eventuais incompatibilidades, por ser presidente da FO e presidente não-executivo do BPG, Monjardino ressalva: “se houvesse incompatibilidades eu não estava [nestes dois cargos]”. “Estou no BPG como presidente não-executivo, na altura a FO ficou com uma participação e disseram-me que eu era a pessoa mais indicada para ficar como presidente do Banco. Não há aqui nenhum conflito de interesses. Também sou accionista, muito pequenino, mas sou”, conclui Monjardino. O BPG registou prejuízos superiores a 89 milhões de patacas em 2015, tendo apenas um balcão em Lisboa e um escritório no Porto. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
DOIS RUSSOS DETIDOS POR USO DE CARTÕES FALSIFICADOS
A Polícia Judiciária (PJ) deteve dois russos no Porto Exterior por estes estarem a utilizar cartões falsificados. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a detenção foi feita na última quartafeira. Os homens estão suspeitos de utilizar várias vezes cartões falsificados para tirar dinheiro das máquinas de levantamento automático no território. Foram detidos quando estavam a tentar sair de Macau e a PJ encontrou cem cartões e peças de equipamento que ajudaram ao crime, como um computador portátil e leitores de cartões. Os dois homens pertencem a um grupo que desde 2014 se dedicava a retirar dinheiro dos ATM, tendo envolvido mais de dez bancos. A PJ suspeita que os dois russos regressaram a Macau no último mês. Consigo tinham 17 mil patacas.
8 SOCIEDADE
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
TIAGO ALCÂNTARA
PORTO INTERIOR PODERÁ MOSTRAR CULTURA PISCATÓRIA
L
CPU QUESTIONADA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO PÚBLICA NA TAIPA
Prédios que incomodam Alguns membros do Conselho do Planeamento Urbanístico mostraram reservas em relação à construção de um edifício de habitação pública na Taipa, junto ao Estádio Olímpico. O Secretário promete ouvir opiniões
A
construção de um edifício de habitação pública junto ao Estádio Olímpico, na Taipa, gerou dúvidas a alguns membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), que não querem ver destruídas as instalações desportivas já em funcionamento. “Temos de ver a questão da habitação pública porque muitas pessoas vão viver lá e é muito importante o problema da destruição das instalações públicas. Antes da construção deveríamos dar a conhecer à população esse projecto. É uma zona com muita concentração de recintos desportivos”, referiu um dos membros. “Tenho reservas quanto à escolha da localização”, apontou outro membro do CPU. A altura do prédio, que vai obrigar à demolição da antiga sede dos atletas nos Jogos da Ásia Oriental, poderá atingir os 90 metros. “Acho que não é muito adequado construir uma habitação pública numa zona
destinada a instalações desportivas. Penso que poderíamos reservar esse local para a construção de um edifício de actividades desportivas, escolas ou instituições sociais. Espero que o Secretário possa ponderar e não construir uma habitação pública nesta zona”, disse um dos membros do grupo. Outro dos participantes do CPU fez ainda referência ao facto de existir uma escola ali perto, o que poderia causar perturbação aos futuros moradores.
“Acho que não é muito adequado construir uma habitação pública numa zona destinada a instalações desportivas” MEMBRO DO CPU
Questionado à saída da reunião sobre este projecto, Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, garantiu que vão ser tidas em conta as opiniões. “Teremos sempre em conta as opiniões emitidas pelos membros do CPU. Os serviços vão analisá-las”, referiu.
HOTEL NA CASA AZUL?
A reunião de ontem do CPU discutiu ainda o aproveitamento de um terreno localizado em frente à sede do Instituto de Acção Social (IAS). O proprietário terá a intenção de construir um hotel na zona, localizada perto da praça do Tap Seac, mas um parecer do Instituto Cultural (IC) não terá sido favorável a esse projecto. “Os proprietários foram muito claros em relação à intenção de construir um hotel, mas o IC salientou que gostaria de utilizar o terreno para ter uma zona aberta ao público. Não houve consenso. Temos de tratar deste caso, dado que pertence a uma zona de protecção. O caso voltou a
ser entregue para ser debatido”, explicou o responsável da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Poderá estar ainda em causa a impossibilidade de aproveitamento do terreno por parte do proprietário, tendo sido discutida o possível pagamento de uma indemnização. Mas cá fora o Secretário para as Obras Públicas e Transportes explicou que está tudo em aberto. “O que está aqui em causa é a emissão de uma planta de condições urbanísticas. As Obras Públicas vão emitir uma planta e o proprietário é que tem que decidir o que quer fazer. Enquanto ele não tomar uma decisão, nós não podemos tomar a iniciativa”, referiu Raimundo do Rosário. Foi ainda analisado o edifício localizado ao lado da Cinemateca Paixão, na Travessa da Paixão, mas poucos detalhes foram avançados. O prédio, cor-de-rosa, deverá albergar um projecto ligado às indústrias culturais e criativas. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
OK Nam Tak, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, sugeriu que a zona do Porto Interior se transforme num espelho da cultura piscatória, com o desenvolvimento do sector do marisco. Citado pelo jornal Ou Mun, Lok Nam Tak defendeu na última reunião do Conselho que a zona do Porto Interior sempre foi muito conhecida por esta actividade, mas que neste momento apenas permanecem alguns portos antigos. Para este membro, o Governo deve catalisar para esta zona uma área dedicada ao marisco e à pesca, no âmbito da implementação do Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo. A ideia de Lok Nam Tak passa pelo estabelecimento de vários restaurantes criados por jovens, defendendo que existe esse interesse. Para este responsável, o Governo deve promover mais a cultura piscatória com passeios destinados aos turistas, apostando ainda na criação de restaurantes dentro dos barcos. Esta medida poderia, para Lok Nam Tak, atrair mais turistas e oferecer mais oportunidades de trabalho para os pescadores. T.C. (revisto por A.S.S.)
PEDIDOS DE AJUDA POR DEPENDÊNCIA DO JOGO AUMENTAM
Wu I Mui, chefe da Divisão de Prevenção e Tratamento do Jogo Problemático do Instituto dos Acção Social (IAS), disse ao canal chinês da Rádio Macau que o Sistema de Registo Central dos Indivíduos Afectados pelo Distúrbio do Vício do Jogo já registou mais de 750 casos só este ano. Do total, 90% destes casos são residentes do território, sendo os restantes de Hong Kong e do interior da China. Mais de 60% das pessoas com problemas são homens e, segundo a responsável, o número de casos aumentou 130 face ao ano passado só este ano. Alguns dos solicitadores conseguiram deixar o vício do jogo, mas também houve quem tivesse voltado a cair nas malhas da dependência. O IAS promete mais promoção do jogo responsável.
O HM ERROU Na notícia publicada na edição de ontem do Hoje Macau, sobre a criação da Associação para a Promoção do Desenvolvimento do Circuito da Guia, houve uma troca de nomes e dos respectivos cargos. Fernando Gomes e João Manuel Ambrósio desempenham funções na Assembleia-geral da Associação e não na direcção. Esta é presidida por José Luis Estorninho, como é referido, mas tem como vice-presidente Hélder José Moura dos Santos. Aos leitores e aos visados, as nossas desculpas.
9 hoje macau sexta-feira 3.6.2016
A agência Bloomberg escreve que a proibição de apostas telefónicas decretada pelo Governo não está a ser cumprida por todos os casinos. Casos de jogadores que apostam segundo instruções recebidas através de auriculares escondidos fazem parte da denúncia. Pereira Coutinho diz que o Governo está a ser demasiado brando com as operadoras
O
cenário é descrito pela agência económica Bloomberg. Um homem sozinho numa sala VIP de um casino mantém um auricular a funcionar via wireless, enquanto vai fazendo as apostas que um verdadeiro jogador lhe diz para fazer. Este jogador encontra-se na China continental e a aposta é feita após a proibição decretada pelo Governo. Promotores de Jogo com quem a Bloomberg falou garantem que muitas apostas telefónicas continuam a ser feitas em salas VIP de casinos da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e da Melco Crown. Os auriculares são escondidos e muitos desses aparelhos chegam a estar no meio do cabelo. A SJM não respondeu à agência, mas a Melco Crown garantiu que todas as regras estão a ser cumpridas. “Macau tem um mercado altamente regulado e a autoridade ligada ao sector do Jogo tem um regime regulatório muito restrito e tem vindo a monitorizar a situação de perto com as operadoras de Jogo. Podemos garantir que todas as instalações do nosso casino estão de acordo com as leis locais”, disse a operadora. A Bloomberg alerta para o facto da proibição não incluir sanções claras a aplicar aos
SOCIEDADE
ver um saudável desenvolvimento da indústria, aumentando as regulações para os promotores de jogo”.
PERMISSIVIDADE
Segredos de fora Proibição de apostas por telefone não é cumprida
potenciadores violadores da lei, frisando que só o ano passado as apostas por telefone geraram receitas na ordem dos 2,6 mil milhões de dólares americanos. É ainda citado um inquérito efectuado pela Forefront of Macau Gaming, no qual apenas 28% dos mil funcionários de casinos assumem que a proibição está a ser “estritamente executada”.
Na sua resposta, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) garantiu que todas as operadoras sabem das novas regras. “Se forem detectadas irregularidades face às leis de Macau, o Governo vai adoptar sérias medidas contra tais actividades”, disse o organismo. A entidade liderada por Paulo Chan assegura ainda estar a “analisar a possibilidade de rever a lei para promo-
A agência noticiosa falou com o deputado José Pereira Coutinho, tendo este referido que o Governo está a ser brando com as operadoras. “O Governo é demasiado amigável com as operadoras e não implementa verdadeiras sanções. O Executivo necessita de rever a lei caso haja problemas com as novas regulações. Devem bloquear quaisquer possibilidades da ocorrência de violações à lei.” O deputado alertou ainda para a possibilidade de ocorrência de casos de lavagem de dinheiro. “Há uma situação de permeabilidade à lavagem de dinheiro à qual o Governo deveria dar toda a atenção após a proibição. Uma regulação sem uma implementação efectiva vai criar um novo vazio na indústria e a indústria terá de encontrar um meio para evitá-lo.” Kwok Chi Chung, presidente da Associação dos Mediadores de Jogo e Entretenimento de Macau, falou de maiores problemas sentidos pelo sector. “O sector VIP já tem vindo a sofrer enormes constrangimentos. A proibição das apostas por telefone só veio piorar a situação do mercado.” A.S.S.
PUB
EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local
EDITAL
: 13/E-OI/2016 : 167/OI/2012/F : Demolição de obra não autorizada pela infracção às disposições do Regulamento Geral de Construção Urbana (RGCU) : Rua do Padre Eugénio Taverna n.º 229, Edf. Pat Tat Sun Chuen (亨利樓), fracção 3.º andar BA (CRP: BA3), Macau.
Edital n.º Processo n.º Assunto Local
: 57/E-BC/2016 : 355/BC/2012/F : Demolição de obra não autorizada pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) : Rua do Padre Eugénio Taverna n.º 229, Edf. Pat Tat Sun Chuen (亨利樓), fracção 3.º andar BA (CRP: BA3), Macau.
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que relativamente ao local acima indicado ficam notificados Lam Peng Chon e Chio Im U, do seguinte:
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que relativamente ao local acima indicado ficam notificados Lam Peng Chon e Chio Im U, do seguinte:
1.
1.
Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as obras não autorizadas abaixo indicadas, as quais infringiram o disposto no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei n.º 6/99/M de 17 de Dezembro e pelo Regulamento Administrativo n.º 24/2009 de 3 de Agosto, pelo que as mesmas são consideradas ilegais:
1.1
Obra
2.
1.1
Demolição de uma parte da parede exterior do edifício junto à fracção para ampliação do vão da janela e instalação de tubos de desenfumagem.
1.2
Alteração da rede de abastecimento de água na fracção.
De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 6 de Julho de 2015, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. 3. Assim, nos termos do n.º 6 do artigo 52.º do RGCU e no uso das competências delegadas pela alínea 6) do n.º 1 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, por meu despacho de 3 de Maio de 2016, exarado sobre a informação n.º 03263/DURDEP/2016, ordeno aos donos das obras ou seus mandatários que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição do local afectado, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido da demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 4. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos do artigo 56.º do RGCU, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Além disso, findo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias, a DSSOPT dará início aos trabalhos de demolição e de desocupação, os quais, uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro. 5. Nos termos do n.º 1 do artigo 65.º do RGCU, os infractores são sancionáveis com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas. 6. Nos termos do n.º 1 do artigo 59.º do RGCU e das competências delegadas pelo n.º 4 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, da decisão referida no ponto 3 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data da notificação. RAEM, 30 de Maio de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas:
1.2 2.
Obra
Infracção ao RSCI e motivo da demolição
Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Instalação de gaiola metálica junto à janela da fracção na parede exterior do edifício.
Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, obstrução do caminho de evacuação. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º do RSCI, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.
De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 6 de Julho de 2015, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. 3. Os corredores comuns são considerados caminhos de evacuação, devendo os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Além disso a janela acima referida é considerada ponto de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruído com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI. 4. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI, no uso das competências delegadas pela alínea 6) do n.º 1 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, por meu despacho de 3 de Maio de 2016 exarado sobre a informação n.º 03263/DURDEP/2016, ordeno aos donos das obras ou seus mandatários que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição do local afectado, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido da demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 5. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, notifica-se ainda que nos termos do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Além disso, findo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias, a DSSOPT dará início aos trabalhos de demolição e de desocupação, os quais, uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro. 6. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas, e nos termos do n.º 7 do mesmo artigo, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. 7. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI e das competências delegadas pelo n.º 4 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, da decisão referida no ponto 4 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 30 de Maio de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
10 CHINA
Q
UATRO empresas chinesas ganharam igual número de concursos públicos em Angola, para a electrificação de 420.000 residências num conjunto de empreitadas que ascendem a 840 milhões de dólares a financiar pela Linha de Crédito da China (LCC). O primeiro de quatro despachos presidenciais, todos de 25 de Maio e que aprovam as propostas de adjudicação das empreitadas envolve a Sinohydro Group que vai ficar responsável pela electrificação de 337.500 casas na província de Luanda, por 675 milhões de dólares. Na cidade do Huambo, a China Machinery Engeenering Corporation (CMEC) vai garantir o mesmo serviço electrificação de 30.000 ligações domiciliares por 60 milhões de dólares. O mesmo contrato adjudica à CBITEC para a cidade de Cabinda num total de 30.000 casas que vão agora receber energia eléctrica. Por último foi assinado o contrato com a China Tiesiju Civil Engineering Group,
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
CHINESES LEVAM ELECTRICIDADE A ANGOLA
Soma e segue Quatro empresas chinesas viram adjudicados contratos na área da electrificação pública de Angola, com a garantia previamente negociada pela Linha de Crédito da China, entidade financiadora. A empreitada pretende alargar o acesso ainda precário à electricidade em determinadas zonas do país que abrange 22.500 ligações domiciliares na cidade do Lubango e Matala, província da Huíla, com o valor de por 45 milhões de dólares. Todos estes contratos são feitos com financiamento da LCC, no valor global de 5,2 mil milhões de dólares negociados já em 2015 em que obrigava a contratação de empresas chinesas para assumir as obras. Estas ficam contudo obrigadas a indicar as empresas angolanas a PUB
subcontratar, “garantindo a preferência” por aquelas que se encontram sediadas nas respectivas províncias.
OBRAS NOSSAS
Ao abrigo desta linha de crédito do Estado chinês, o Governo angolano também autorizou a contratação de empresas da China para realizarem 23 obras públicas de abastecimento de água e reparação de estradas em oito províncias, por cerca de 550 milhões de dólares Com um forte défice de produção de electricidade face às necessidades, o que leva a constantes constrangimentos no fornecimento, Angola enfrenta ainda a inexistência de redes para abastecer as zonas mais rurais e grande parte das cidades são abastecidas por redes de geradores.
750
milhões de euros para levar electricidade a 420.000 casas angolanas O recenseamento da população realizado em 2014 cujos dados finais foram revelados no final de Março último, concluiu que o acesso à rede de electricidade é apenas garantido a 1,7 milhões de casas que representam 31,9% das habitações e que se situam quase exclusivamente em zonas urbanas, já que na área rural apenas 48.173 agregados familiares são abrangidos. O estudo identifica que na rede nacional as lanternas são a segundo principal fonte de iluminação. Servem mais de 1,752 milhões de famílias, 31,6% das famílias angolanas. Seguem-se, em alternativa, os candeeiros com 14,3% e os geradores com 9,3%.
Boas águas
Açores recebe ministro do Mar da China
O
presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, declarou ontem, após uma reunião com o ministro do Mar da China, que foram lançadas as bases para um “bom entendimento” entre a região e aquele país asiático. “A reunião de hoje (ontem) foi importante porque permitiu, ao mais alto nível, construir as bases para um bom entendimento que vem sendo já trabalhado e delineado ao longo dos últimos anos”, afirmou Vasco Cordeiro aos jornalistas, no final de uma audiência concedida a Wang Hong, em Ponta Delgada. Frisando que o encontro foi “muito produtivo”, o governante açoriano adiantou que a deslocação de Wang Hong permitiu um “melhor conhecimento daqueles que são os aspectos que os Açores também têm para oferecer, sobretudo no domínio do mar”. “Quer individualmente, quer em parcerias com outros países, temos condições para transformar, efectivamente, o mar num motor de desenvolvimento e de progresso para a nossa região”, disse, reconhecendo que a tarefa não é imediata ,as sim um
processo em construção permanente.
COM POTENCIAL
O ministro do Mar da China declarou, por seu lado, que existem condições para desenvolver a cooperação com os Açores, designadamente ao nível do mar, área de “muito potencial” no arquipélago. Wang Hong sublinhou ter uma visão comum com o presidente do Governo dos Açores sobre o mar salientado as “excelentes condições” que o arquipélago oferece em termos turísticos. O responsável chinês apontou também as potencialidades que existem em termos de cooperação científica, sendo que a 23 de Maio, este foi tema de um workshop em que Açores e China também cooperaram. A iniciativa contou com a participação de cerca de duas dezenas de investigadores de institutos da China e de vários departamentos da Universidade dos Açores. O secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, Fausto Brito e Abreu, declarou, na altura, que os institutos de oceanografia chineses estão a desenvolver projectos que se podem articular com estudos realizados pela academia açoriana.
11 CHINA
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
O
ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, insurgiu-se ontem contra um jornalista canadiano que durante uma conferência de imprensa em Otava questionou o dirigente sobre os direitos humanos neste país. Wang, que se encontra numa visita oficial ao Canadá, participou na quarta-feira num encontro com jornalistas locais após reunião com o seu homólogo canadiano, Stephane Dion. Quando um jornalista questionou Dion sobre os motivos que levam o Canadá a querer estreitar laços com a China, apesar do alegado desrespeito pelos direitos humanos, Wang qualificou-o de “irresponsável”. “Devo dizer que a sua pergunta está cheia de preconceitos contra a China e arrogância e é totalmente inaceitável. Questiono-me se entende a China. Já esteve na China? Sabe que a China retirou 600 milhões de pessoas da pobreza e que a China é a segunda maior
Estalou o verniz
LEDMAN DÁ UMA MÃO À II LIGA DE FUTEBOL LUSO
Ministro chinês contra jornalista canadiano
economia [mundial]?”, afirmou. Acrescentou ainda que o desenvolvimento da China não seria possível sem a protecção destes direitos, sendo que os mesmo estão incluídos na sua constituição. Wang pediu ainda ao jornalista para não fazer perguntas “de uma forma tão irresponsável”, enquanto ressalva que
“apesar de ouvirmos sugestões com boa vontade, rejeitamos acusações sem fundamento ou injustificadas”
ESPIÃO DO FRIO
A China mantém detido, desde 2014, o canadiano Kevin Garratt, acusado de espionagem. Garratt foi detido numa área próxima à fronteira
com a Coreia do Norte, com a sua esposa, Julia Dawn Garratt, que foi libertada em Fevereiro de 2015. O casal, que vivia na China há três décadas, geria um café na localidade de Dandong, próximo à Coreia do Norte. E foi acusado pelas autoridades chinesas de trabalhar para os serviços secretos canadianos. A detenção de Garratt ocorreu pouco depois de Otava acusar abertamente Pequim de atacar sistemas informáticos públicos e privados do Canadá, facto negado pela China. Dion afirmou na quarta-feira que abordou a situação de Garratt com Wang e que também falou da situação dos direitos humanos na China de forma “honesta e franca”.
O
presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional Portuguesa, Pedro Proença, classificou ontem, em Xangai, o patrocínio da II Liga, agora designada Ledman LigaPro, pela multinacional chinesa Ledman, como um “modelo de sucesso”. Para Pedro Proença, “o mercado europeu, nomeadamente o português, está esgotado, está no limite”, pelo que “é preciso encontrar acordos e parceiros em mercados alternativos”. “neste momento, é [na China] que existe negócio, indústria e grandes investimentos”. O acordo assinado em Fevereiro passado é válido por três temporadas e meia, mas Pedro Proença garante que “a perspectiva é trabalhar a mais longo prazo”. Com a entrada
no mercado chinês e asiático o objectivo de Pedro Proença é não só trabalhar no presente contrato como em todos os que possam advir “desta boa relação” conseguida através do contrato com a Ledman. Com sede em Shenzhen, uma das mais prósperas cidades chinesas, situada junto a Hong Kong, a Ledman é especializada no fabrico de painéis publicitários de alta resolução, utilizados sobretudo em estádios de futebol. Pedro Proença admitiu que a injecção de capital chinês ajudou a resolver a questão da sustentabilidade na II Liga, mas ressalvou que 80% dos patrocínios da competição continuam a ser oriundos de outras empresas. Quanto à possibilidade dos dez melhores clubes da II Liga passarem a receber todos os anos um jogador chinês, como avançou então o presidente da Ledman, o dirigente afirmou estar “totalmente ultrapassada”.
PUB
Aviso de recrutamento Pretende admitir, mediante contrato individual de trabalho, nos termos do “Novo Estatuto de Pessoal do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, homologado pelo Despacho n° 49/CE/2010, trabalhadores para os seguintes cargos: 1. 2. 3.
Um Técnico Superior de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de arquitectura paisagista e de jardins, referência n°1003/DPJ-SZVJ/2016) Um Operário qualificado, 3.º escalão (Área de carpintaria, referência n°1103/DOA-SCEU/2016) Um Auxiliar, 2.º escalão (Área de servente, referência n°1203/SAA/2016)
Documentos de candidatura: • Relativamente às condições, os documentos necessários e os pormenores do concurso, constantes do aviso, podem ser obtidos na página electrónica (http://www.iacm.gov.mo/p/recruit/) deste Instituto ou consultados nos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação; • Os respectivos boletins de candidatura deverão ser entregues no prazo de vinte dias, ou seja até ao dia 22 de Junho de 2016, a contar do primeiro dia útil imediato ao da publicação do presente aviso; • Os interessados ao concurso obrigam-se a entregar pessoalmente o boletim de inscrição devidamente preenchido e assinado e os documentos referidos no aviso de concurso, no prazo acima referido e dentro das horas de expediente, nos seguintes Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação. Locais dos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação: Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte – Rua Nova da Areia Preta, n.° 52, Centro de Serviços da RAEM (Tel. 2847 1366) Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas – Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n.° 75 K (Tel. 2882 5252) Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central – Rotunda de Carlos da Maia, n.os5 e 7, Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3.º andar (Tel. 8291 7233) Posto de Atendimento e Informação Central – Avenida da Praia Grande n.os 762-804, China Plaza, 2.° andar (Tel. 2833 7676) Posto de Atendimento e Informação de T’oi Sán – Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, n.° 127, r/c, Edf. D. Julieta Nobre de Carvalho, bloco “B” (Tel. 2823 2660) Posto de Atendimento e Informação de S. Lourenço – Rua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4.° andar (Tel. 2893 9006) Horário de expediente: Centro de Prestação de Serviços ao Público: 2.ª a 6.ª feira, das 09:00 às 18:00 horas, sem interrupção ao almoço. Posto de Atendimento e Informação: 2.ª a 6.ª feira, das 09:00 às 19:00 horas, sem interrupção ao almoço.
NOTIFICAÇÃO EDITAL
N.° 53 /2016
(Solicitação de Comparência da Trabalhadora) Nos termos das alíneas b) e c) do n.° 1 do artigo 6.° do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo DecretoLei n.° 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.° e n.° 2 do artigo 72.° do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro, notificase a senhora MAL LEE HTWE, ex-trabalhadora de patrão LEE KA FAI, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte à da publicação dos presentes éditos, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.° andar, a fim de ajudar investigações no processo n.°s 7059/2015, proveniente da queixa apresentada nestes Serviços, nomeadamente em 30 de Setembro de 2014, relativamente à matéria de salário em dívida. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais — Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 26 de Maio de 2016. A Chefe do Departamento,
Macau, aos 27 de Maio de 2016. O Presidente do Conselho de Administração José Maria da Fonseca Tavares
Ng Wai Han
12
PUBLIREPORTAGEM
PUBLICIDADE
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
Um bouquet de talento no Wynn Palace expressão a esta arte, reconhecendo que, para incentivar um sector de arte floral de primeira classe, é indispensável qualificar floristas locais.
NÃO é segredo que Macau se está a estabelecer como Centro Mundial de Turismo e Lazer, alargando cada vez mais as suas ofertas turísticas além-jogo. Citando um visitante da China “Entrar na parte antiga da cidade é como entrar num museu de arte”. Entre as diversas atraccões da cidade, um dos seus pontos fortes é a diversidade de flores que se descobrem por Macau e nos seus jardins. • Um dos melhores exemplos é a Exposição de Flores de Natal e a Exposição de Flores de Ano Novo Chinês, recentemente organizadas pelo IACM nos arredores das Casas-Museu da Taipa, que rapidamente se transformaram num grande sucesso, sendo muito bem recebidas pelos residentes locais e turistas. Por outro lado, é notório que, nas comemorações do Governo da RAEM, as flores sejam uma presença inevitável, revelando assim o grande apreço da cidade pela arte floral. Esta arte, que pode parecer simples para o olhar menos atento, exige na verdade competências técnicas específicas, entre elas uma grande sensibilidade estética e uma boa dose de criatividade.
Arte floral de primeira classe • Inaugurado em Macau há já uma década, o Wynn Macau tem, através do seu próprio Departamento de Arte Floral, estimulado este gosto. Os, os Padrões rigorosos no design desta arte, estão à vista, com bouquets e arranjos de flores espalhados quer pelo interior quer pelo exterior do Wynn Macau bem como do Encore. O Wynn Palace, um resort integrado com inauguração prevista ainda este ano, irá agora dar uma ainda maior
• Foi com este objectivo em mente que o Wynn Palace decidiu financiar, em colaboração com o Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do Instituto Politécnico de Macau, um curso de arte floral profissional, o qual despertou a atenção de mais de 300 residentes locais com interesse em seguir esta carreira profissional. A fim de possibilitar a aplicação prática das teorias de arte floral aprendidas no âmbito do curso, foi necessário restringir o número de vagas, sendo seleccionados 10 participantes, com base em entrevistas prévias.
Curso teórico-prático • Este curso de arte floral - o qual incluiu seis sessões, num total de 15 horas - abarcou diversos tipos de design, incluindo bouquets de noivas, arranjos florais para o dia-a-dia e design floral criativo. O curso foi ministrado pela gerente do Departamento de Arte Floral do Wynn Palace, a qual concebeu igualmente o programa e o design de cada sessão. • O curso que terminou a 9 de Março conseguiu empregar sete dos dez participantes, tendo estes passado com sucesso numa entrevista de emprego no Departamento de Arte Floral do Wynn Palace, tendo-lhes sido oferecida uma vaga no mesmo. Uma das contempladas foi a Mna Lou, a qual tem uma paixão por flores desde a infância. Tendo concluído o curso com distinção e sendo o seu talento devidamente reconhecido pela instrutora, Lou expressou a sua gratidão à Organização por ter permitido, através deste curso, criar as condições para o desenvolvimento de uma carreira interessante, abrindo igualmente o caminho para outros potenciais interessados na carreira de florista. • Após entrar no Wynn Palace, Lou espera poder trabalhar na área do design floral em grande escala e estudar com mestres desta arte, a fim de potenciar a sua experiência profissional nesta área e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento deste sector pioneiro em Macau.
13 hoje macau sexta-feira 3.6.2016
EVENTOS
CCM MARIA ANA BOBONE EM ESPECTÁCULO AMANHÃ
Fado e Oriente unidos Maria Ana Bobone está amanhã no Centro Cultural de Macau para mostrar “Fascínio por Portugal”, um espectáculo de música portuguesa com sons do Oriente. A convite da Orquestra Chinesa de Macau, a fadista regressa ao território 15 anos depois Leucemia. A receptividade a esta nova aventura foi “surpreendentemente boa.” Para o futuro salienta a necessidade de paragens para reflexão e tem nem cima da mesa a possibilidade de edição de um disco ainda este ano. Mas ainda não tem a certeza se o quererá fazer.
SOFIA MOTA
O
espectáculo que apresenta a fadista portuguesa Maria Ana Bobone em colaboração com a Orquestra Chinesa de Macau - e sob a batuta do maestro Pang Ka Pang – tem lugar amanhã, pelas 20h00, no Centro Cultural de Macau (CCM). Esta união não é pioneira, sendo que em 2014 Maria Ana Bobone e a Orquestra actuaram juntos em Lisboa, mas a fadista regressa ao território 15 anos depois. Maria Ana Bobone é reconhecida como uma das mais talentosas artistas da sua geração, tendo-se estreado no cantar do Fado aos 16 anos. Posteriormente conclui os cursos de Piano e de Canto do Conservatório Nacional de Música de Lisboa. O seu primeiro trabalho discográfico intitulado “Alma Nova”, viria a ser o início de uma carreira brilhante que corre palcos por todo o mundo. A mistura entre o Fado e uma orquestra com instrumentos tradicionais chineses é, como diz Maria Ana Bobone ao HM, uma relação que desde o início foi “muito boa”. “O que salva neste tipo de pontes é a linguagem universal da música que permite que culturas absolutamente diferentes se encontrem”, salienta, indicando o interesse deste tipo de comunicação quando se está e trabalha com pessoas com as quais não se consegue falar. O trabalho com o maestro Pang Ka Pang também é gratificante sendo ele “uma
EMBAIXADORES NACIONAIS
pessoa muito característica e que ilumina um palco”. Depois da primeira colaboração, esta segunda foi aprofundada para este espectáculo, que conta com um repertório essencialmente de Fado. Para a fadista é “fantástico o trabalho que a orquestra chinesa realiza com os instrumentos que a compõem sendo que oscilam entre as sonoridades que marcam a identidade do Oriente”. Maria Ana Bobone já esteve em Macau há 15 anos a convite da Fundação Oriente e integrada num espectáculo
com outros artistas. Desde essa primeira vez na RAEM até agora destaca a “evolução inacreditável” que vê e uma “diferença que demonstra vitalidade à volta de Macau e do investimento que aqui se faz”. Salienta, contudo, o gosto que sentiu pela Macau de há 15 anos em que sentiu que era “uma coisa mais pequena e mais intimista”.
OUTRAS CAUSAS
Numa carreira de relevo internacional com o Fado, a artista decidiu no disco “Smooth”, lançado no ano passado, sair do
trilho e arriscou numa vontade pessoal de fazer um álbum com outras canções. Uma “vontade que tinha desde sempre de ter esta experiência artística por outras linguagens musicais que era uma das coisas que não tinha feito profissionalmente”, como confessa. Sendo um projecto de carácter excepcional “podia e devia aliar-se a uma causa igualmente especial, que é a ajuda às pessoas com leucemia.” O disco contou com a produção de Rodrigo Serrão e as receitas revertem para a Associação Portuguesa Contra a
Levar o Fado ao mundo é um trabalho de “embaixador” em que se mostra o que se faz e quem se é. Da mesma forma, Maria Ana Bobone salienta que a Língua Portuguesa é a mais adequada ao género, não concebendo o mesmo enquanto tal se cantado noutro idioma. “Tenho uma alegria imensa em sentir que o Fado volta a estar popularizado por entre cada vez mais público de diferentes gerações”, diz, relembrando outros tempos em que as editoras recusavam trabalhos deste género musical argumentando que não vendia. Mas, diz, a situação actual é “uma grande lição para todos os que diziam e achavam isso, porque de facto o Fado vende e é das poucas coisas que vende hoje em dia”. Para amanhã, a artista afirma que tem preparado um “bom concerto esperando um gosto comum por parte do público”. Das canções fazem parte temas como “Auto-retrato”, “Fado Xuxu”, “José Embala o Menino”, “Nós as Meninas”, “Marião” e “Havemos de Ir a Viana”.
ABERTAS INSCRIÇÕES PARA FEIRA DE ARTESANATO DO NAM VAN
O
Instituto Cultural (IC) abriu ontem as inscrições para representação na Feira de Artesanato do Lago Nam Van, evento que decorrerá todos os fins-de-semana entre 11 de Junho de 2016 e 1 de Janeiro de 2017. As inscrições
para os stands são abertas a todos, desde que sejam residentes da RAEM e ligados a actividades culturais e criativas e que pretendam dar a conhecer as suas marcas e produtos. A iniciativa junta sinergias de diversas entidades
de modo a que a presente edição integre a restauração, actividades aquáticas, elementos culturais e criativos e espectáculos de arte no evento. Segundo a organização, o objectivo da iniciativa é proporcionar aos residentes e turistas
instalações de lazer “mais confortáveis”. Serão disponibilizados cerca de 20 stands que ficarão a cargo de operadores da Macau, interior da China e Hong Kong. Há ainda espaço para workshops e con-
certos ocasionais para “animar a feira”. A selecção dos interessados será feita tendo em conta critérios de originalidade e peculiaridade dos produtos. As inscrições são gratuitas e terminam a 8 de Junho.
FATBOY SLIM NO PACHA MACAU
O homem por detrás de “Praise You”, tema que ficou no top da tabela americana por 20 semanas em 1999, e que conta com uma carreira de destaque na mistura e criação de música electrónica vai estar em Macau a 15 de Julho. Fatboy Slim assume o comando no Pacha. O britânico Quentin Leo Cook conhecido por Norman Cook ou ainda como Fatboy Slim, depois de uma passagem como baixista da banda rock Housemartins, vê a sua carreira a solo a ressoar internacionalmente com o lançamento em 1998 de “The Rockafeller Skank”, tema do disco de platina nos Estados Unidos “You’ve Come a Long Way, Baby”. Por entre tocar discos, misturas e boa disposição vai estar agora na RAEM, numa noite com início marcado para as 21h00 e que oferece bar aberto às primeiras cem mulheres que cheguem ao evento. Os bilhetes até 5 de Julho têm o valor de 200 patacas sendo que posteriormente são de 250 patacas.
MÚSICA INDIE DE SINGAPURA NA LMA
A Live Music Association (LMA) traz de Singapura os .Gif, um dueto indie electrónico que navega entre vozes líricas e experimentais e sons saídos de uma espécie de penumbra vibrante. Composto por Weish e Din, a banda teve início em 2012 enquanto projecto de um hobby comum. Com a saída do EP “Saudade”, em 2013, os convites para festivais dentro e fora da Ásia surgiram e a crítica comparou-o-os a nomes como Portishead, Little Dragon, Björk ou The XX. Recentemente lançaram “Soma” já em LP. O espectáculo que se integra num digressão que passa por Hong Kong, Pequim, Taipei e Xangai tem lugar às 21h00 de 16 de Junho.
14 ENTREVISTA
EUNICE WONG CANTORA
Nasceu nos Estados Unidos, “porque era moda”. Cresceu em Macau, seguiu para a Birmânia e acabou por estudar e viver em Nova Iorque. Do processo saiu uma artista versátil, uma voz das que não aparece todos os dias, uma vontade deliberada de provocar e um som que dá para perceber não andar com más companhias. Ganhou pela segunda vez o subsídio do IC para novos álbuns e este sábado apresenta o mais recente, ao vivo, no Macau Design Centre, pelas 16h00. O segundo já está planeado
“Sempre soube que queria cantar” Saiu de Macau aos nove anos e depois foi para a Birmânia. Como foi isso? Os meus pais tinham um negócio lá, eles são chineses/birmaneses mas nascidos em Macau e vivi lá cinco anos. Que tal a experiência? Diferente. Adoro a Birmânia mas os contrastes são enormes. Os ricos, muito ricos, os pobres muito pobres. Quer dizer, os meus pais eram dos ricos, fui para escolas internacionais. Mas nasceu nos Estados Unidos... Era moda na altura ter os filhos nos Estados Unidos. Os meus primos nasceram na Austrália, no Canadá... Além disso, o lado da minha mãe é Hakka, meio cigano. Gostam de ser nómadas. Chegou aos Estados Unidos no princípio da puberdade. Como foi crescer em Nova Iorque? Foi em Brooklyn, no Harlem... Não estava preparada. Na Birmânia não tínhamos muitas notícias, internet... às vezes nem electricidade. Então de repente estou em Nova Iorque e há tudo. Cultura, música, hip-hop, drogas... muitas coisas que nem tinha ideia que existiam. Choque por uns tempos? Um bocadinho. Estava habituada a uma Escola Internacional onde nem sequer pensávamos em raças, até gostávamos das diferenças, e de repente em Nova Iorque é tudo por raças. Na altura, nem pensava se era chinesa ou outra coisa qualquer. Mas em Nova Iorque é assim, segregado. De alguma forma, isso levou-me até este meu disco, “Humanize”. É tipo um lembrete para toda a gente, do género “oiçam, eu faço este disco porque sou humana, não porque sou chinesa, ou americana ou isto ou aquilo”. Sentiu-se segregada, no mau sentido? De uma forma intensa. Então agora o que se considera? Cheguei a um ponto em que sinto que ‘quanto mais pensas nisso mais
te aborreces’ portanto adoptei a forma de me ver a mim e aos outros como humana em vez de tentar analisar de onde é que eles são ou assumir as suas vidas. Como começou a música? O meu pai é músico. A minha mãe não tem ouvido para os tons, por isso só posso ter herdado do meu pai. (risos) Ele toca guitarra e canta em bandas birmano/chinesas aqui e na Birmânia. Havia sempre música em casa. Ele toca muita música tipo Carpenters, Santana, The Beatles. Portanto cresci a ouvir isso e até estive em aulas de violino aqui em Macau, mas queria cantar. Sempre soube que queria cantar. Como começou a envolver-se mais a sério? Tinha uma banda de Rock quando estava no liceu em Nova Iorque. A “Just A pupil”, tinha um duplo sentido. Era eu e três colombianos. E tocavam o quê? New Rock, Pop Rock, adorávamos os Incubus e Rock Latino tipo Zurdok. E em Nova Iorque tocaram muito? Sim, ao longo dos anos toquei em muitos bares e cenas underground. Até tocámos no [clube] CBGB antes de o fecharem. E depois dos “Just A Pupil”, que aconteceu? Tivemos de nos separar. Os meus poemas, a minha direcção é sempre muito pessoal. Era teenager, escrevia muito sobre a “raiva dos adolescentes”, sempre muito zangada, e eles queriam fazer mais ‘dub reggae’, algo com o qual não estava muito familiarizada e depois fui para universidade e comecei a brincar com música electrónica. Comecei a produzir num computador, a fazer electrónica... Qual era o curso? Sociologia. No City College de Nova Iorque. Por isso vivi no Harlem uns cinco anos.
Como foi a experiência? Que tipo de vizinhança? Era muito hispânica. Porque existe East Harlem, West Harlem e Central Harlem. Central Harlem é muito negro, East Harlem é muito porto-riquenho, West Harlem é muito dominicano (risos).
O que quer dizer com saturado? Há mais artistas ‘indie’ em Hong Kong e a fazer música electrónica. Aqui ainda é novo. A atitude também é diferente, os artistas podem convidar bandas. Em Hong Kong há sempre muitos espectáculos a acontecer.
E caiu no lado dominicano? Sim. É incrível. Imensa comida dominicana. Música até às quatro da manhã com miúdos de três anos a correrem por todo o lado. Era divertido. Foi, decididamente, uma grande experiência.
Já tocou em Hong Kong? Sim, há ano e meio. Foi fixe. Trabalhei com os Soler e ajudei na mistura e produção de uma canção.
E entretanto fazia-se música electrónica no quarto... Entretanto fui interna para o Doug E. Fresh, um dos fundadores do beatboxing nos anos 80. Faz imensas cenas com a língua. É um verdadeiro ícone no Harlem. Qual era o trabalho? Promovia os artistas da editora dele, incluindo os filhos que têm um grupo de rap, também editei videoclips. Faz muitas coisas diferentes. Estudou Sociologia, canta, produz música e vídeos... Em Nova Iorque há muita gente assim. Que deitam as mãos ao assunto e fazem muitas coisas diferentes. A vida é em Nova Iorque? Sim, mas vim para Macau na esperança de conseguir organizar uma tournée asiática. Tem havido conversas reuniões com pessoas interessadas em organizar espectáculos na China. Venho cá uma vez por ano. Como vê as transformações que aqui acontecem? Muito orgulhosa. Antes tinha de dizer às pessoas onde era Macau mas agora isso não acontece. Não saber onde é Macau já é responsabilidade individual. Gosto que não esteja tão saturado como Hong Kong e continua a ser uma coisa nova. As pessoas continuam a achar Macau interessante. E as oportunidades também estão em aberto.
Ouvimos “Tame this heart”. É completamente diferente do que está a fazer agora... É mais independente. Um tema muito pessoal. Era uma coisa que tinha de fazer apesar de sair da Pop. As pessoas podem gostar ou não. Estava num sítio escuro, deprimida, mas a sentir-me extra criativa. Criava uma canção a cada 15 minutos, esse tipo de criatividade. Agora é mais Pop e comercial... Sim. Mas algumas das canções do álbum também já são antigas. E o que faz nestas canções? Componho e co-produzo. No vídeo de “Ain’t Nobody Else” há uma clara alusão a Bonnie & Clyde. A ideia é provocar? Sim, definitivamente. Penso que há diferentes tipos de artistas que se encaixam em nós pelo estilo musical. Acho que sou do tipo que te faz sentir alguma coisa estranha, que provoca e que deixa também o sentimento de desconforto. Fala-se que hoje não há estrelas rock. É tudo “pronto-a-servir”, receitas que se repetem. Os ‘rockers’ já não se atrevem. Concorda? Sim. Sinto que quanto maior se é, mais controlo se sente porque cada vez se tem mais a perder. Por isso os artistas precisam de segurança, querem sentir-se a salvo. Muitos músicos criam para o mercado adolescente. Depois penso nos meus jovens e rezo sempre pela sua estranheza e pela sua diferença.
15 hoje macau sexta-feira 3.6.2016 www.hojemacau.com.mo
“Melhor que uma editora. Não me limita”
Segundo álbum também conta com o apoio do IC
“H BRYAN SPITZER
Com a evolução de “Tame this heart” para “Humanize” não está também a pôr-se a salvo? De certa forma sim, mas esse tema é diferente. Não me preocupava quem gostasse ou não. Era um projecto muito pessoal. Lembro-me que era Inverno e queria sair daquilo, fazer outras coisas. Esse tema ajudou-me a mostrar o meu amor pelo ‘dubstep’ e pelos sons britânicos mais ‘dark’. Um tributo ao que tinha feito, ao passo que “Humanize” é mais um portfólio da minha melodia e das minhas letras. Está a seguir os passos de artistas como Madonna? Adoro-a. Ela é uma artista e faz as coisas com a certeza de que tudo o que faz é novo. Vocalmente acho que somos muito diferentes, mas a minha maior influência é Shirley Manson dos Garbage. Desde pequena que gosto muito dela. O que ouve agora? Gosto muito de Lana Del Rey, somos muito do mesmo estilo e também da mesma idade. Também há influência dos Blues.
Não, vivem em Macau e estamos a ensaiar. São maravilhosos. Conheci-os pelo boca a boca, a perguntar a amigos, e toda a gente foi muito receptiva. Houve alguma espécie de casting? Acho que felizmente segui o meu coração. Como vai ser o espectáculo em Macau? Vou ter um VJ, o Miguel Khan. Gostava de ter uma componente visual sólida. Obviamente que desta vez só terei bailarinos para algumas canções mas gostaria de ter muito mais. Era muito importante ter mais músicos em palco e instrumentos a tocar para a minha voz. Espero que o espectáculo também junte isso tudo. Quem desenvolve o conceito? Há um coreógrafo que me ajuda. Não há uma organização para a coreografia. Uma coisa completamente nova este espectáculo em Macau? Sim e a primeira vez com este lineup.
Nesta digressão que pretende na China, com temas em Inglês, como acha que as pessoas vão reagir? Tenho ouvido muita coisa acerca da China e acho que está faminta de novas culturas e novos sons.
Vive da música? Trabalhava em Nova Iorque. Trabalhava para uma empresa de cuidados de pele online. Eles apoiavam-me no horário e na pele também. (risos)
Que podemos esperar do vosso espectáculo? Com a saída deste álbum terei em palco um guitarrista que também é teclista, um DJ, bailarinos e eu.
Acham possível profissionalizar-se enquanto músico? Fazia anúncios para televisão e isso abriu-me os olhos para a produção musical. Na medida em que é produzida para enaltecer um objecto. Era como os negócios
Trouxe essas pessoas?
imobiliários. Só se ganha depois de vender e aí ganha-se muito, mas era muito arriscado e decidi afastar-me porque estava muito focada na criação musical gratuita. Quanto a ter uma carreira profissional, sim, penso que a terei. Quanto ao ganhar dinheiro, agora ele vem dos espectáculos. Onde se vê no futuro? Quero fazer muitos espectáculos. Estados Unidos, China... especialmente na China e na Ásia que estão a crescer. Quando for mais velha, vê-se como produtora, actriz, realizadora, ou nada disso? Gostaria de fazer mais projectos artísticos e de vídeo. Escultura, sei lá. Tenho muitas ideias estranhas. Há uma noites tive esta ideia de “Vershina” numa mistura de Versace com China, uma ideia de moda chocante. Mas enquanto estiver na música quero um tipo de trabalho das Nações Unidas, viajar pelo mundo, fazer salvamentos de emergência. Aprendi Francês na escola e recentemente soube que precisava disso para as Nações Unidas. Também pode usar o Francês nas canções... Pois, mas talvez o Português. E adoro o Casanova e talvez introduza algum jazz e alguma representação. Quero fazer muitas coisas. Manuel Nunes
info@hojemacau.com.mo
UMANIZE”, o álbum que Eunice agora apresenta, já tinha sido apoiado pelo Instituto Cultural em 2014. Agora o segundo também vai ser. Com este apoio, o novo trabalho, diz, “vai mudar tudo. Acho que vão passar a ver-me um bocado pela Ásia.” O prémio do IC, no valor de 215 mil patacas (a confirmar), vai permitir-lhe arrancar já para a produção do segundo álbum onde o Inglês não será total, como agora. “Estou excitada por poder incluir alguns temas em Mandarim.” Já sabe que vai trabalhar com alguns pesos pesados da Pop, como Jordan Jaeger que produziu “Cups” cantado por Anna Kendrick para o filme “Pitch Perfect”, entre outros trabalhos para artistas internacionais. “Conheci-o numa empresa onde costumava trabalhar”, conta, “fizemos um EP, eles gostaram, por isso agora vamos fazer um álbum. Estou super feliz.” Eunice explica que o IC “tem sido fantástico” com ela.
“Melhor que uma editora discográfica porque não limitam o que eu posso fazer.” O tema do próximo álbum vai ser “’The girl who’... Quero deixar assim aberto”, avança Eunice, “quero que as raparigas preencham a seu bel-prazer”. Com esta experiência, a artista espera que o trabalho fique mais inclusivo. “Quero envolver a minha audiência mais, criar mais proximidade.” Uma chamada à imaginação mas também, e sobretudo, ao sonho. “Cada tema vai ser dedicado a mostrar tudo o que uma rapariga pode fazer.” Em termos musicais também já está tudo muito claro. “Quero fazer produções mais minimais com mais camadas de vozes, usar vozes como instrumentos de apoios nas músicas.” A artista confessa ainda que “fascina-a ideia” de usar diversas línguas. “Parece-me a direcção correcta para um artista de Macau. Usar todas estas línguas. O Português, o Inglês, o Chinês. Nós podemos fazer isso.” M.N.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
16
A ocupação de Hong Kong
A
PÓS tomar Dinghai, os ingleses a 10 de Julho de 1840 bloqueiam o Rio Yangtzé (Changjiang), interrompendo assim o comércio no Grande Canal. Numa posição de força, em Agosto de 1840 seguiu a frota britânica para Norte e chegou ao porto de Tianjin, ameaçando Beijing. Qi Shan, então ainda Governador-geral de Zhili, disse-lhes que se eles retirassem para Guandong, aí seriam decididas todas as importantes questões. Concordaram os britânicos adiar essa negociação para Guangdong. O Imperador Dao Guang, apontando então Qi Shan como enviado especial, mandou-o a Guangzhou para conduzir as negociações, sendo ordenado a Lin Zexu que se demitisse, ficando sobre investigação. E continuando ainda com Bai Shouyi em An Outline History of China, “Ao chegar a Guangzhou, Qishan desmantelou as defesas costeiras e dispersou os homens armados que Lin Zexu tinha organizado para resistir aos britânicos. Em Janeiro de 1841, enquanto as negociações iam decorrendo, de repente, as forças britânicas atacaram e capturaram a fortaleza situada fora de Humen. Foi então que Qishan aceitou esboçar a Convenção de Chuanbi (Chuanbiyang fora de Humen), que requeria à China a cedência aos britânicos de Hong Kong e pagar-lhes uma indemnização pelo ópio destruído”. Após dois meses de armistício, foi ele quebrado a 6 de Janeiro de 1841, data, como Marques Pereira refere, do “Édito das autoridades de Cantão, ordenando que todos os ingleses fossem mortos, e os seus navios destruídos em toda a parte onde se vissem. Esta medida, decretada em meio do armistício que o almirante Elliot concedera desde 6 de Novembro anterior, deu lugar à imediata continuação da guerra”. Conhecida pela segunda Batalha de Chuenpee ocorreu a 7 de Janeiro de 1841 e segundo M. Pereira, “As forças navais inglesas tomaram os fortes de Tchuen-pi e Tai-cok-tau, com perda de 173 canhões e grande número de vidas por parte dos chineses”. Nessa batalha, o lado inglês era comandado por James Bremen com doze navios e mil e quinhentas tropas e o chinês tinha à frente Kuan Tien Pei (Guang Tianpei) com quinze barcos e dois mil soldados tropas. “O almirante Elliot prepara-se imediatamente para atacar os fortes da
Boca do Tigre, o que porém não leva a efeito, acedendo a um novo armistício que lhe é pedido pelo almirante chinês Kuan”, M. Pereira. Já Alfredo Dias refere a Circular de C. Elliot de 8 de Janeiro “onde se anuncia um pedido do comandante em chefe chinês para poder comunicar ao governo de Pequim as condições impostas pelos ingleses”. Charles Elliot exigia a entrega de HK. A 20 de Janeiro, em consequência da vitória inglesa, Qi Shan, o Comissário Imperial chinês, no Forte Shajiao (ChuanBi) teve de assinar o Tratado de Chienpu a pedir para terminar as hostilidades, assim como levantar “a suspensão ao fornecimento de abastecimentos à comunidade britânica”, segundo Alfredo Dias, que adita ser do dia 21 o “Edital do mandarim da Casa Branca baseado no despacho especial de Ke Shen” (Qi Shan). Nesse dia 20, o plenipotenciário inglês Charles Elliot assina uma circular dirigida aos súbditos de S. M. Britânica, onde diz que, por virtude da convenção de Chienpu (Chuenpee) que acabava de assinar com o comissário imperial Ki-chen (Qi Shan), “o Plenipotenciário de S. M. vai por este meio fazer público a conclusão dos arranjos preliminares entre o Comissário Imperial, e ele, debaixo das seguintes condições: 1) A cedência da ilha e porto de Hong Kong à Coroa Britânica. Serão pagos ao Império todas as despesas, e direitos que se seguirem aí do Comércio como se ele fosse tratado em Huangpu. 2) A indemnização de seis milhões de patacas do Governo Chinês ao Britânico; pagando-se já um milhão, e o remanescente anual em igual solução, que finda em 1846. 3) As relações oficiais entre os dois países seriam directas, dai em diante, e em termos de completa reciprocidade. 4) Abrir-se-á o Comércio do Porto de Cantão dentro de dez dias depois do ano novo chinês, e continuar-se-á em Huangpu até que se possam pôr em prática os ulteriores arranjos em o novo estabelecimento”, como esmiúça Alfredo Dias. Passados três meses, a 21 de Abril de 1841, Lorde Palmerston escreveu uma carta de reprimenda a Elliot, acusando-o de ser muito brando com as exigências que fizera no pequeno acordo com os chineses.
NÃO RATIFICADO PELO IMPERADOR
A 20 de Janeiro de 1841, o Reino Unido proclamava a soberania sobre Hong-Kong e a 26 desse mês, chegava o comandante Bremer para tomar pos-
se da ilha, ocupando-a. Segundo Bai Shouyi “Escandalosamente as forças britânicas ocuparam Hong Kong, parte do território da China”. No dia seguinte, 27 de Janeiro, em Cantão, houve um encontro entre o plenipotenciário Elliot com o Comissário Imperial Ki-chen (e foi ao saber dessas conversações com Qi Shan que, Palmerston acusa Charles Elliot de desobedecer às suas ordens e deitar as instruções para o lixo, sendo por isso, mais tarde, em Maio de 1841 apontado Henry Pottinger para o suceder no lugar de Plenipotenciário). Até lá, a 29 de Janeiro de 1841 Charles Elliot proclamou os
direitos de Sua Majestade Britânica sobre Hong Kong, confirmados pelas autoridades chinesas a 1 de Fevereiro, passando assim os habitantes de Hong Kong a serem declarados súbditos da Rainha Vitória. Mas a 11 de Fevereiro, Qi Shan recebeu em Cantão um decreto do Imperador Dao Guang (1821-1850), rejeitando as condições de 20 de Janeiro, que aceitara aos ingleses. Por isso, dois dias depois ocorreu a segunda entrevista de Qi Shan e Charles Elliot. E continuando com Marques Pereira, a 16 de Fevereiro “São declarados francos ao comércio os portos de Hong Kong e de Dinghai”.
17 hoje macau sexta-feira 3.6.2016
José Simões morais
Alfredo Dias alerta-nos para a visita de Elliot ao Governador de Macau a 19 de Fevereiro “e anuncia-lhe a reabertura das hostilidades e que receberam ordens do seu governo para tomarem como quebra de neutralidade qualquer acto praticado pelos chineses contra qualquer britânico em Macau”, assim como dá para 25 de Fevereiro, o recomeço da guerra. Já Marques Pereira diz, “depois do intervalo de um mês”, a 23 o reinício das hostilidades entre a Inglaterra e a China e no dia seguinte, as forças inglesas abandonaram a ilha de Chu-san. A 25 de Fevereiro, “As autoridades de Cantão oferecem recompensas a quem apresentar o corpo de um inglês, vivo ou morto, sendo o prémio de 50 000 patacas pela prisão dos chefes”, segundo M. Pereira. Refere Alfredo Dias para esta data, “Sir Gordon Bremer toma os fortes da Boca do Tigre, guarnecidos com 459 peças de artilha-
Hong Kong, 1890
ria. Morre, na defesa deles, o almirante chinês Kuan (Guang Tianpei)”. Adita Bai Shouyi, “Qishan recusou-se a enviar reforços e após uma brava batalha, todos os oficiais e soldados da fortaleza foram mortos pelos britânicos”. Por Portaria régia de 3 de Março foi aprovado “o regulamento policial da cidade e porto de Macau”, como refere Alfredo Dias e por aí se percebe o quanto as autoridades de Macau deveriam andar preocupadas para evitar que os chineses da cidade entrassem em conflito com os ingleses, pois, três dias antes, segundo Marques Pereira houvera a “Proclamação do soto-vice-rei de Cantão, por nome I, determinando melhor que nos éditos do dia 25 as recompensas pela apreensão de navios ou súbditos da rainha de Inglaterra”.
PRESSÃO SOBRE CANTÃO
Marques Pereira refere que “as hostilidades contra a cidade de Cantão, momentaneamente suspensas com a visita do mandarim prefeito ao plenipotenciário Elliot, continuam a 6 de Março 1841, e é ocupado pelas forças inglesas o chamado forte Napier. Tem a mesma data uma proclamação em que se promete poupar a cidade no caso em que o povo se mostre pacífico”. Segundo Alfredo Dias, é de 10 de Março o “Aviso inglês ordenando que nenhum navio pode entrar no rio de Cantão sem autorização do comandante chefe pois o porto de Cantão encontra-se ocupado militarmente pelos ingleses”. O Imperador Dao Guang, que considerara os termos do Tratado excessivos e lesivos para a posição de governação da Corte Qing, demitiu o Comissário Qi Shan e acusado de traição, em 12 de Março de 1841 saiu de Cantão preso, degradado de sua autoridade e honras. “Um decreto imperial, expressando pesar pela destituição imprudente de Lin, ordenou que Keshen e toda a sua família fossem executadas em Pequim”, como refere Montalto, que numa nota diz: “Para lá foi levado a ferros, mas foi-lhe poupada a vida. A sua imensa fortuna, que o governo confiscou, consistia em duzentos e setenta mil taéis em ouro, três milhões e quatrocentos mil em prata, dois milhões em dinheiro estrangeiro, numerosos bancos e casa de penhor e vastas propriedades de terras: o suficiente para pagar a indemnização aos ingleses”. O governo de Pequim declinou ratificar o acordo e declarou guerra à Inglaterra, enviando Yishan, um membro da casa real representante das forças mais corruptas do governo feudal, a Guangzhou para comandar as operações militares, como refere Bai Shouyi.
O Reino Unido proclamou a 26 de Janeiro de 1841 a soberania sobre Hong-Kong, quando os ingleses tomaram solenemente posse da ilha e a 1 de Maio foi publicado “o aviso público e declaração assinados por C. Elliot sobre os princípios e condições em que se distribuirá terreno na ilha de Hong-Kong, até determinação de Sua M. Britânica” A 18 de Março, “Tendo os chineses feito fogo sobre uma bandeira branca, os ingleses destroem uma flotilha de lorchas, ameaçam a cidade de Cantão, e retomam as feitorias, com perda de 461 canhões para o inimigo”, M. Pereira. A 20 de Março aceitam os ingleses um armistício, que Alfredo Dias diz ser a data da “Circular do plenipotenciário britânico anunciando um novo período de tréguas e a reabertura do comércio de Cantão”. No entanto, desse dia é o “Édito imperial dando conta da tomada da Boca do Tigre pelos ingleses e ordenando o extermínio de todos os bárbaros ingleses”. E continuando com Alfredo Dias, a 6 de Abril realiza-se a “Convenção entre Sir John Francis Davis e o vice-rei de Cantão Ji Jing para se franquear Cantão aos europeus num prazo de dois anos”. O novo enviado Yi Shan chegou a Guangzhou a 14 de Abril e tendo falhado na preparação da defesa da cidade, começou a chamar traidores aos habitantes. A 22 de Maio ocorreu a “Invasão e pilhagem das feitorias europeias de Cantão” e Elliot faz uma proclamação “ao povo de Cantão exortando-os a reclamarem a saída das tropas chinesas da cidade e avisando os comissários imperiais de se não saíssem no prazo de doze horas os ingleses apoderavam-se dos portos militares confiscando todas as propriedades para a rainha de Inglaterra”, e continuando com Alfredo Dias, ainda para esse dia a “Proclamação de C. Elliot ameaçando com a invasão de Cantão caso as tropas chinesas de outras províncias não abandonassem a cidade”. Assim, a 25 de Maio, refere M. Pereira, “As forças inglesas cercam a cidade de Cantão”, tendo a 27 levantado “o cerco de Cantão, mediante o resgate
de seis milhões de pesos”. Bai Shouyi diz, “Em Maio, quando os Britânicos ameaçam Guangzhou, Yishan demanda por paz e conclui a Convenção de Guangzhou com o inimigo aceitando o pagamento de uma indemnização de seis milhões de dólares de prata. A população chinesa sente-se ultrajada pela acção das tropas britânicas e pela capitulação dos oficiais Qing”. A 29 de Maio, as gentes de Sanyuanli mataram fora da cidade de Guangzhou alguns soldados britânicos que por ali andavam a pilhar e as aldeias vizinhas juntando-se, organizaram-se para os combater, sem medo nem temor pela morte. No dia seguinte, uma força de mil britânicos invadiu Sanyuanli e foi recebida por camponeses de 103 aldeias, que os cercaram e numa batalha corpo a corpo, mataram e feriram muitos do inimigo, sendo esta considerada na História moderna do povo Chinês o primeiro combate espontâneo contra a agressão estrangeira, como afirma Bai Shouyi. A 31 de Maio de 1841, “As autoridades de Cantão pagam cinco milhões de patacas aos ingleses e dão garantia do restante da soma que lhes é exigida”, e continuando com Marques Pereira, a 16 de Julho “Depois de paga por parte dos chineses a indemnização de seis milhões de patacas, e tendo saído do rio as forças do comando do Sir Gordon Bremer e de Sir Hugh Gough, restabelece-se, nesta data, o comércio inglês em Cantão” e “retiram daquela cidade as forças do seu comando”. Por Alfredo Dias fica-se a saber da “notícia pública (de 5 de Junho) aos súbditos britânicos declarando que a retirada das forças britânicas está dependente da saída dos três comissários imperiais de Cantão, uma vez que as tropas chinesas já o tinham feito”. O Reino Unido proclamou a 26 de Janeiro de 1841 a soberania sobre Hong-Kong, quando os ingleses tomaram solenemente posse da ilha e a 1 de Maio foi publicado “o aviso público e declaração assinados por C. Elliot sobre os princípios e condições em que se distribuirá terreno na ilha de Hong-Kong, até determinação de Sua M. Britânica”, de Alfredo Dias que refere a 10 de Junho a “Circular assinada por C. Elliot aconselhando os súbditos britânicos a fixarem-se em Hong-Kong” e do “Aviso público de C. Elliot de que há para aforrar por espaço anual cem lotes de terrenos fronteiros ao mar, em Hong-Kong, no dia 12”. Avisava “ainda, que a qualquer tentativa da China de interferir ou obstruir a liberdade comercial naquela ilha responder-se-ia com o bloqueio ao porto de Cantão”.
h O tempo do meio
P
AROU. Sem dar por isso. Como aquele momento na noite em que, exausta esta, esgotada do tempo que lhe compete, de repente pára. E dá-se aquele silêncio abrupto que cria uma leve suspensão, uma respiração retida por um segundo mais longo, uma espectativa sempre igual, e logo a seguir a cidade retumbante de frescura a acordar em sons que tiveram ali um breve intervalo. Os de ontem, os de amanhã. Tão mesmos e tão outros se esmiuçados. Extinguem-se os ruídos de hoje e, no espaço de uma respiração surgem os de amanhã. Ou os de ontem, nesse momento, dão lugar aos de hoje. O sono, pelo meio, a organizar os tempos. Parou o tempo. Entendi depois. Parou por aqui, finalmente no olhar mais aproximado de um fenómeno que já vinha longo. Longo demais. Como uma noite que se prolonga mais do que o esperado. Parou. Podia chamar-lhe um meio tempo. O meio do tempo. Ou a meia idade. Expressão estranha de gerações anteriores. Nunca gostei de meios termos, de meias idades ou de meias palavras. Quero ser jovem enquanto isso fôr real e depois envelhecer confortavelmente e sem drama. Depois. Mas é cedo. Entendi que é cedo e entendi em que estação estou afinal. Neste encontro de todas as perdas. Sempre tive idades estranhas. Onde habita a idade em nós é uma coisa misteriosa. Uns dias no espelho, outros na alma, outros ainda, no falível olhar dos outros. Sempre por excesso ou por defeito. E há sempre defeitos nas idades. O maior de todos nessa estranha e inexistente meia idade. Que se sente e julga a envelhecer mais do que em qualquer outra como se antes o tempo houvesse parado. A continuidade desse fio que nunca deixou de se desenrolar e um dia criou nós. Talvez só mesmo no cartão de identidade. A habitar ali. Em mim o coração anda sempre muito perto do cérebro, ou a mente a tender para o coração. Este eterno encontro que talvez se dê a meio caminho, embrulhado neste nó da garganta sempre em formação. Ou na melhor das hipóteses a saltar infantilmente à corda. Nas cordas vocais, talvez. Coisa pouco poética de dizer, talvez. A meio caminho entre o crânio e a caixa torácica. Thorakikós. Naquele ponto onde se forma o nó. O nó na garganta a explodir facilmente em miríades de palavras. Onde habita a idade, volto a perguntar-me. Nas mudanças do corpo, na descoloração da alma, dos cabelos e dos sentimentos, na
crispação da pele em rugas que marcam expressões que nunca houve. Não sei. Dos registos lineares e cromáticos, sim. Nas pintinhas das costas e nas ruguinhas da barriga. Sim. Mas, na maior parte dos dias, na vida. É aí que a idade é a envelhecer. Mas não nos sentimentos. Seja lá onde fôr que os situo. E as pessoas, as mágoas os desapontamentos tudo a envelhecer sem retorno. Os sonhos, as desilusões das ilusões. A criança das crianças. De tudo rescende um sentimento de perda. No tempo de todas as perdas. Já basta o corpo, os objectos. Nele e nisso um limbo de saída tenebrosa. Um tempo do meio em que o seguinte em nada parece poder reavivar. E foi aí que um dia o tempo parou. De exaustão e irresolução. Parou de desânimo. Deixar envelhecer na inércia de tudo, tudo. Ou esquecer. Ou o caminho do meio. Talvez mesmo como no Budismo, a distância entre a auto-indulgência e a morte. Respirar e reiniciar. Com tudo o que merece essa continuidade revista e actualizada. Com todas as quebras entre o hoje e o dia até ao qual a mágoa desidratou sentimentos. Com tudo o que não se pode querer perder, mas sem o lastro do passado naquele ângulo particular. O caminho do meio no tempo do meio. Um encontro para um destes dias. Há coisas a que o tempo de envelhecer não chega. Ver a imagem de uma criança a comer restos de comida do chão. Como um pássaro mas com a alma a pesar nos ombros e um olhar que não se pode descrever. Não é um bicho enternecedor. É parecida. Mas com uma capacidade infinitamente maior de sentir sofrimento e abandono. Estas coisas nunca envelhecem em mim. Não sei palavras para o que isto me faz sentir. Esmoreço. Encolho-me toda por dentro e odeio-me pelos meus pequenos problemas. Excesso de pessoas que perdi porque tive. De pessoas que nunca perdi porque nunca as tive. De pessoas que me desiludiram pelo muito que me deixaram iludir-me. E a vida. Fantasias boas. Memórias em despedida. Um privilégio afectivo. A pensar na Lua e como se desprendeu da Terra no impacto com um objecto desconhecido. E como ficou, como parte e perdida ali em cima, suspensa de uma eterna propensão melancólica com que sempre a olhamos. Perdida mas à distância do olhar como matéria simbólica de todos os sonhos. Presente, perdida, inalcançável. Ali. E a face visível, uma luz como o sorriso das noites. O lado que guardou o calor da
Terra original por mais tempo, e a plasticidade de ganhar mares enormes e de nomes bonitos. E a face oculta, tristemente arrefecida, e assim com menos mares, mares pequeninos, isolada e misteriosa até aos anos cinquenta. Como se este ímpeto sonhador guardasse a memória ancestral do planeta de que se soltou uma parte, da qual ficou e ficamos eternamente nostálgicos. Numa saudade cósmica e primordial. A olhá-la com amor. E a aguardar cada eclipse como ao momento raro de uma carícia visível. Sombria. Ou antes sóbria. E nesta estação de paragem, num destes anos, este jovem amante. Não demasiado jovem, mas para além do que imaginasse. Para além de qualquer sentido. Ou no final do sentido. E que nunca procurei, como a nada. A colar-me a um tempo estranhamente em busca de identificação e dificilmente mensurável. O tempo alegre de dois tempos. E ele chega. E descalça os sapatos sempre. Caminha na minha vida sem ruído e sem deixar pegadas. Descalço e naquela nudez única, que não passa além do corpo. E quando parte, deixa pouco mais do que um fio ténue e delicado, quase invisível. Com um pequeno nó. Fácil de desatar e muito fácil de reatar. E depois vai. Desce sempre a rua, num tempo sereno, até à próxima vez. O desenho do peito alongado vezes sem conto. Uma fantasia de espelho. E depois era o dele. A pele lisa e clara. E sei que me encontrei ali. Quando lhe encosto o rosto do lado do coração. Sei que me encontro ali. Não no coração. Mas no peito. Em silêncio. O silêncio em que me interrogo e a cada centímetro de mim, desde o lado em que tudo começa até à pontinha dos pés, a saber se sou eu. E sou, naquele lugar, no tempo medido, delimitado e concreto. O corpo acaba ali, e é nele que sou. Não sei onde começa. Em meio a toda esta nudez finita. Estanque. Fechada sobre si própria no escoar do desejo. Estas coisas não se dizem. Dizem-se as do amor e com toda a beleza das palavras que geram poesia. Quando dizem. Ou palavras turvas e arrepiadas à frustração que tudo corrói. Armas de arremesso. Sobre o outro que é tudo. Do amor, dizer outras coisas, tudo. Todas as coisas como por vezes avalanches, tornados, ciclones, catástrofes. Que será, só, sempre possível aprisionar-me numa gaiola que levo transportada na minha mão. Com medo de perder a chave. Em direcção ao infinito. E, de algum modo feliz. O feliz do acontecer. Sempre. Sendo amor, para sempre. E sem paradigmas. Aqueles raros, coincidentes com um nome
ANABELA CANAS
18
de pessoa. Incomum. Ímpar. Ou a face escondida da lua. O mistério da mansidão celeste de mares basálticos. Os negros mares desérticos. Encosto o rosto à mão, agora, enquanto penso. Um insecto voador e
19 hoje macau sexta-feira 3.6.2016
de tudo e de nada
enorme entra pela janela num momento qualquer e entretanto fico a segui-lo na sua evolução aleatória, aparentemente, supostamente, seguramente desejoso de voltar a sair. Que sei eu…Negro, de uma família desconhecida, com um
zumbido discreto. Parto do princípio de que deseja libertar-se de novo deste espaço da casa, que lhe aconteceu no acaso da sua deambulação misteriosa. E, nas múltiplas aproximações ao acaso da janela, acabou por sair.
Talvez como eu. Esquecendo o detalhe particular do que é aleatório. E retomando só o momento de querer e, depois, o de não querer. Não. Não poderia renascer, mas posso reiniciar. Com tudo. Esta fantástica metá-
Anabela Canas
fora da informática. Respirar. Reiniciar. Porque não me apetece. Não me apetece idade nenhuma como estação. A estação que me apetece, é esta, a melhor de todas. A estação de ser quase. Quase Verão. Quase, quase Verão.
20 PUBLICIDADE
hoje macau setxa-feira 3.6.2016
NOTIFICAÇÃO EDITAL
Anúncio 【 39/2016】
(Solicitação de Comparência do Trabalhador)
Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, são por esta via notificados os seguintes mediadores imobiliários:
N.º do processo
Designação do mediador imobiliário
31/MI/2016
COMPANHIA DE FOMENTO PREDIAL MAN HENG LONG LIMITADA
96/MI/2015 85/MI/2015
122/MI/2015
25/MI/2016
31/MI/2015
77/MI/2015
93/MI/2015
54/MI/2015
GRUPO HEI CHAN LDA HO HON TIM
PRINCE PROPERTY
CHONG FOK – SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA MAK HUI LING
WONG IONG FAT
KOU WENG IN
MAK SAP KAN
N.º da licença / da licença provisória
Infracção
Não comunicaram, previamente, no prazo de trinta MI-10001581-3 dias, a modificação do estabelecimento comercial, violando este acto o disMI-10001685-8 posto no n.º 1 do artigo 13.º da Regulamentação da Lei MI-10001531-4 da actividade de mediação imobiliária Não comunicou, previamente, no prazo de trinta dias, o encerramento do estabelecimento comercial, MI-10001617-1 violando este acto o disposto no n.º 4 do artigo 13.º da Regulamentação da Lei da actividade de mediação imobiliária Não comunicaram, no prazo de dez dias a contar da MI-10000887-6 data da alteração ou do conhecimento da mesma, a MI-10001473-4 alteração verificada quanto ao cumprimento dos requisitos para o exercício da actividade – não dispor de estabelecimento comercial, MI-10001727-8 violando este acto o disposto na subalínea (1) da alínea 1) do artigo 22.º da Lei da actividade de mediação imobiliária Não comunicou, no prazo de dez dias a contar da data da cessação, a cessação da sua actividade, violando MI-10001057-8 este acto o disposto na subalínea (4) da alínea 1) do artigo 22.º da Lei da actividade de mediação imobiliária Comunicou, após dez dias, a contratação de agentes imobiliários, violando este MI-10001414-6 acto o disposto na subalínea (3) da alínea 1) do artigo 22.º da Lei da actividade de mediação imobiliária
Nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 38.º da Lei n.º 16/2012 (Lei da actividade de mediação imobiliária), alterada pela Lei n.º 7/2014, os mediadores imobiliários supracitados devem apresentar a sua defesa por escrito, bem como provas testemunhais, materiais, documentais ou demais provas, no prazo de 15 dias, a partir da data de publicação do presente anúncio. Caso não apresentem defesa, por escrito, dentro do prazo estipulado ou a mesma não seja admitida por este Instituto, de acordo com o n.º 3 do artigo 31.º da mesma lei, são punidos com multa de cinco mil a vinte e cinco mil patacas (MOP 5 000 a 25 000). Caso haja necessidade de consultar os respectivos processos, poderão dirigir-se ao Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, durante as horas de expediente, ou ligar para Sr.ª Wu através do n.º 2859 4875 (extensão n.º 743). Instituto de Habitação, ao 1 de Junho de 2016. O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Nip Wa Ieng
N.° 52 /2016
Nos termos das alíneas b) e c) do n.° 1 do artigo 6.° do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.° e n.° 2 do artigo 72.° do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro, notificam-se os trabalhadores abaixo indicados: 1.
LI CHI WAH, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “LEIGHTON CONTRACTORS (ASIA) LIMITED” (Processo n.º 5410/2014);
2.
YU JIELIANG, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “COMPANHIA DE ENGENHARIA E DE CONSTRUÇÃO DA CHINA (MACAU) LDA” (Processo n.º 6962/2014);
3.
CHO SANG HEE, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “HONGJ IADE GINSENG CANJA DE GALINHA” (Processo n.º 8159/2014);
4.
HAMMAD MOHAMED CHAFER, trabalhador não- residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “MELCO CROWN (MACAU), S.A.” (Processo n.º 8252/2014);
5.
DU GIAN VINH, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “WYNN RESORTS (MACAU), S.A.” (Processo n.º 9461/2014);
6.
LEI KIN WA, então trabalhador residente da “WYNN RESORTS (MACAU), S.A.” (Processo n.º 9461/2014);
7.
LIN HUIMIN, trabalhadora não-residente então autorizada a prestar trabalho para a sociedade “HOTEL LISBOA” (Processo n.º 9491/2014);
8.
BANDONG GONZALO FLORES, trabalhador não- residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “VENETIAN COTAI - GESTÃO HOTELEIRA, LIMITADA” (Processo n.º 10331/2014);
9.
ORBESO IRENE GEMMA FRANCISCO, trabalhadora não-residente então autorizada a prestar trabalho para a sociedade “MCMAC (RESTAURANTES) COMPANHIA LIMITADA” (Processo n.º 10655/2014);
10.
LIN JINGUO, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “COMPANHIA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO SUN FOOK KONG – KUNG FAI LDA.” (Processo n.º 10813/2014);
11.
LIU YUANJIE, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “ENGENHARIA HSIN CHONG (MACAU) LIMITADA” (Processo n.º 93/2015);
12.
WU SHOUBING, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “GRUPO DE CONSTRUÇÃO TOP, LIMITADA” (Processo n.º 838/2015);
13.
LIN YIDUAN, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “COMPANHIA DE CONSULTORIA TOP DRSIGN, LIMITADA” (Processo n.º 2634/2015);
14.
LIN HUAICHUN, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO PREDIAL VITÓRIA, S.A.” (Processo n.º 2728/2015):
15.
YU SIU WAI, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a sociedade “COMPANHIA DE CONSTRUÇÃO GREAT HARVEST (MACAU) LIMITADA” (Processo n.º 4423/2015);
16.
CHAM FONG LAN, então trabalhadora residente da sociedade “VENETIAN MACAU S.A.” (Processo n.º 607/2016).
Para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecerem no Departamento de Inspecção do Trabalho, sito na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício Advance Plaza, 1.º andar, Macau, a fim de prestarem as declarações dos processos instaurados relativos ao acidente de trabalho em que os notificados foram vítimas. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais — Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 26 de Maio de 2016. A Chefe de Departamento, Ng Wai Han
21 hoje macau setxa-feira 3.6.2016
macau visto de hong kong
N
Desconfiança
O passado dia 28 de Maio, o website de Hong Kong “hk.apple.nextmedia.com” divulgou uma notícia, onde se fazia saber que a polícia local induzia pessoas libertadas sob fiança a desistirem do direito de processar o Governo e a Polícia de Hong Kong, por não terem sido reembolsadas do dinheiro pago pelas respectivas fianças. Podemos ler na Wikipedia a seguinte definição de fiança, “......a fiança é um depósito material ou uma garantia dada a um Tribunal a fim de requerer a libertação de um detido, no pressuposto de que o individuo voltará a apresentar-se para ser julgado. Em alguns casos o dinheiro da fiança pode ser restituído no final do julgamento, se o réu se apresentar em Tribunal sempre que solicitado, independentemente de ser considerado inocente ou culpado das acusações......” O Sr. Liu é o protagonista desta nossa história. A 25 de Maio o Sr. Liu apresentou-se na esquadra da polícia, de acordo com as condições impostas pela libertação condicional – apresentava-se sempre com regularidade. Nesse dia pediram-lhe que assinasse um documento de três páginas. Tratava-se de uma declaração, onde se podia ler, “Decido processar / não processar a Polícia e o Governo de Hong Kong, por não ter sido reembolsado do dinheiro pago pela minha fiança, no valor de 20.000 HKD, e peço / não peço uma indemnização.” O documento que o Sr. Liu recebeu para assinar já tinha as palavras “processar” e “peço” riscadas com uma cruz. O Sr. Liu sentiu que os seus direitos tinham sido infringidos e, como tal, mostrou o documento aos jornalistas e o caso foi tornado público. No início de Maio, foi roubada da esquadra de Polícia de Wanchai, Hong Kong, uma soma de 1milhão e 70 mil HKD. A polícia local suspeitou de um dos seus agentes. Na medida em que se tratava de um caso de roubo, a investigação foi imediata e a mulher do agente suspeito foi interrogada. Na altura afirmou que o marido não ia a casa já há alguns meses. Por outras palavras, não se conseguiu apurar nada a partir das declarações da mulher. Mas a polícia tinha algumas perguntas que ficaram sem resposta. Por exemplo, o suspeito era um agente. Não existia qualquer registo interno de que ele tivesse dividas. Além disso, se se tivesse reformado, teria recebido um valor de cerca de 1 milhão de HKD, pelo que 1milhão e 70 mil HKD, não lhe adiantava de muito. Mesmo assim alguns meios de comunicação avançaram que ele teria contraído créditos junto de algumas instituições bancárias, mas estas afirmações não ficaram provadas.
JOHN H. AUER, CITY THAT NEVER SLEEPS
DAVID CHAN
“A Polícia de Hong Kong é a fiel depositária do dinheiro das fianças, e, como tal, deve assumir todas as responsabilidades. Embora tenha havido polémica, as desconfianças foram acalmadas com os esclarecimentos posteriormente prestados” No entanto, a polícia de Hong Kong tem aparentemente um controlo muito apertado sobre os fundos de fiança à sua guarda. Os valores são colocados num cofre dentro da esquadra. O detentor da chave do cofre deve sujeitar-se previamente a testes de personalidade. O detentor da chave não pode ter dividas. Para além disso, enquanto estiver na posse da chave, este agente não pode sair da esquadra (nas horas de serviço, entenda-se). Se quiser lanchar, só pode ir à cantina, não pode ir ao “café da esquina”. Estas medidas evidenciam o rigor dos procedimentos. Alguns meios de comunicação anunciaram que o suspeito estaria actualmente em Macau, mas mais uma vez, nada ficou provado. O documento assinado pelo Sr. Liu foi alvo de duras críticas. Se o dinheiro das fianças desapareceu dentro da esquadra, é um problema, apenas e só, da polícia de Hong Kong. Mas ao vermos este documento, percebemos que a polícia tentou dividir responsabilidades com a pessoa que pagou a fiança! É um caso de injustiça óbvio. O primeiro problema foi o dinheiro ter desaparecido da esquadra, mas, tentar dividir responsabilidades com o cida-
dão comum, que não tem qualquer culpa do sucedido, passou a ser o segundo problema. É sem dúvida uma situação em que a polícia não “ficou bem na fotografia”. Os motivos desta actuação são, contudo, bastante evidentes. A hipótese de recuperar o milhão e 70 mil dólares é diminuta. Mesmo que o suspeito venha a ser apanhado, o dinheiro pode já ter sido gasto. Se o dinheiro não for recuperado, a polícia de Hong Kong será responsável pelas indemnizações. Por isso, levar os lesados a desistirem do reembolso da fiança, e a não levantarem um processo, parece ser, de momento, a única saída que resta à polícia de Hong Kong. Na sequência das duras críticas de que foi alvo, a corporação anunciou a dia 28 de Maio, que o caso não se voltará a repetir. Também foram apresentadas desculpas ao Sr. Liu pelos incómodos causados. Ficou ainda claro que os reembolsos das fianças estarão assegurados e que caso não seja possível recuperar a soma roubada, a Polícia de Hong Kong será responsável pela sua reposição. Não há dúvida que foi um acontecimento muito desagradável, a que ninguém gostaria de ter assistido. No entanto, a Polícia de Hong Kong é a fiel depositária do dinheiro das fianças, e, como tal, deve assumir todas as responsabilidades. Embora tenha havido polémica, as desconfianças foram acalmadas com os esclarecimentos posteriormente prestados. Esperamos que o suspeito seja encontrado o mais rapidamente possível e que o dinheiro possa ser recuperado, senão na totalidade pelo menos em parte significativa. Nessa altura o caso ficará encerrado. Esta fuga de verbas duma esquadra não deixou de ser uma excepção. Os procedimentos de guarda de valores à responsabilidade do Governo continuam a ser eficazes. Conselheiro Jurídico da Associação de Promoção do Jazz de Macau legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
OPINIÃO
22 (F)UTILIDADES TEMPO
POUCO
hoje macau sexta-feira 3.6.2016
?
NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje
MIN
27
MAX
33
HUM
70-95%
•
EURO
8.92
BAHT
Amanhã
FILME “OPERAÇÃO ÁRTICO” (FICVM) Centro Cultural, 16h30 FILME “FESTA DE DESPEDIDA” (FICVM) Centro Cultural, 21h30
O CARTOON STEPH DE
WORKSHOPS DIA DA CRIANÇA Fundação Rui Cunha, 15h00
Domingo
FILME “A MÚMIA DO PRÍNCIPE” (FICVM) Centro Cultural, 16h30 FILME “DEUS BRANCO” (FICVM) Centro Cultural, 19h30
Diariamente
EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau EXPOSIÇÃO “ARTS FLY” Broadway Macau (até 28/06)
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 99
EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 07/08) EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 19/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06) EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS DE ARQUITECTURA DA USJ Creative Macau (até 18/06) EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) EXPOSIÇÃO “REMINESCENT – PORTUGAL MACAU” Galeria Dare to Dream (até 22/07)
Cineteatro
14.30, 16.30, 21.30
Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 14.00, 16.40, 21.50
Filme de: Jon Favreau 19.30
X-MEN: APOCALYPSE [C]
X-MEN: APOCALYPSE [C][3D] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 19.15
THE JUNGLE BOOK [C] Filme de: Jon Favreau
UM FILME HOJE
No outro dia fui até à praia. Era um domingo de sol e decidi pegar num amiguito meu, cão sem raça, e fugimos até Cheok Van. Lá fiquei chocado com o facto de haver uma placa a dizer “proibido cães” e “proibido papagaios de papel”. Não pelo facto de não ser normal os cães não poderem estar na praia, quando esta tem gente, mas pelo facto dos putos não poderem brincar com papagaios de papel numa praia que está quase sempre deserta, porque ninguém curte ir para a praia em Macau. Mas também fiquei chocado pelo seguinte: há uma corda que separa o lado “balnear”, se é que as praias de Macau podem ter esse lado, do lado que está meio abandonado lá para um canto, onde não há vivalma. Eu e o meu amigo cão lá fomos, pensando que a placa de proibição seria só para a área com nadador-salvador. Estamos os dois na água e chega um homem aos berros. Manda-nos sair de imediato, porque o cão não pode estar ali. Porquê? “Porque suja a água, a areia e incomoda as pessoas.” Olhámos à volta e só não nos partimos a rir porque o caso é sério: a praia de Cheok Van estava repleta de plásticos, garrafas, peixes mortos, seringas, embalagens de medicamentos e sapatos velhos. Suja numa extensão de quilómetros. A água, toda a gente sabe o que é: mais escura é impossível e ninguém, a não ser cães, se atreve a entrar no mar. E ele está-nos a dizer que o facto do meu amigo estar a molhar as patas “sujava a água” e “incomodava” as pessoas, às 19h00 e onde se notava apenas uma mãe e uma criança, bem ao longe? Surreal. Irónico. Hilariante. A única razão pela qual o cão não deveria estar na praia era porque lhe podia fazer mal à pele. Não limpem a praia, não. E depois venham dar lições de moral a cães cujos donos sabem fazer com que se comportem e os levam à sanita antes de ir à praia. Pu Yi
“ANGRY BIRDS” (FERGAL REILLY E CLAY KAYTIS, 2016)
Red e as outros aves que não voam vivem pacificamente num paraíso, ainda que ele seja um pássaro com uma raiva constante. Um dia, chegam os porcos verdes que, liderados por Leonard, querem roubar todos os ovos da ilha. Para investigar este crime e conseguir recuperar os ovos, Red e os seus amigos Chuk e Bomb lideram as outras aves: criam um barco e atacam o Castelo dos Porcos... será que conseguem? Um filme baseado no popular jogo de telemóvel com o mesmo nome e que ataca agora o grande ecrã. Tomás Chio
C I N E M A
SALA 1
SALA 2
PROBLEMA 100
SUDOKU
CONCERTO DE EUNICE WONG Macau Design Center, 16h00
1.21
IRÓNICO, HILARIANTE
PALESTRA “CRIATIVIDADE SISTEMÁTICA: ENSINO E INOVAÇÃO ATRAVÉS DO DESIGN” POR ÁLVARO BARBOSA Universidade de São José, 18h30
CONCERTO DA ORQUESTRA CHINESA DE MACAU C/ MARIA ANA BOBONE Centro Cultural de Macau, 20h00
YUAN
AQUI HÁ GATO
FILME “JACKY NO REINO DAS MULHERES” (FICVM) Centro Cultural, 21h30 FÓRUM SOBRE INFRA-ESTRUTURAS Venetian, 10h00
0.22
THE JUNGLE BOOK [C][3D]
SALA 3
ANGRY BIRDS [C] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 14.30, 16.30, 19.30
ANGRY BIRDS [C][3D] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 21:30
www. hojemacau. com.mo
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
23 hoje macau sexta-feira 3.6.2016
PERFIL FACEBOOK
ANA RITA AMORIM, TRADUTORA E REVISORA
É
uma mulher do mundo e uma força da natureza. Ana Rita Amorim nasceu em Luanda, mas bem cedo voou para Portugal. “O meu pai era militar em Luanda e a minha mãe foi lá ter com ele. Por isso nasci lá, mas não estive muito tempo. Com três ou quatro ano voltámos para Portugal”, começa por contar ao HM. Ana Rita Amorim é tradutora e revisora no Museu das Telecomunicações e não tem dúvidas de que Macau é a sua casa. “Eu sou de Macau, sinto-me como macaense. Esta é a minha terra”, aprontou-se a colocar os pontos nos “is”. Foi aos 18 anos que Ana Rita, a viver em Portugal, decidiu “experimentar a vida”, fazer as coisas por ela. “Isto foi no início dos anos 90, foi numa altura em que Portugal ficou economicamente numa situação complicada, não se contratavam pessoas, era difícil arranjar um trabalho onde contratassem mais do que três ou seis meses. Havia trabalho, mas eram coisas temporárias, não nos dava segurança nenhuma”, recorda. Em 1997, surge a oportunidade de vir até cá. “Se não gostasse, sabia que passado dois anos com a transferência [de soberania] voltaria para Portugal, para ao pé da família. Pensei que seria uma experiência interessante”, conta. Sem ter de tratar de toda a burocracia inerente às fronteiras e
“Esta é a minha casa” documentação necessária, Ana Rita Amorim não hesitou e comprou uma viagem de vinda para Macau. “A ideia foi: ‘vou comprar um bilhete só de ida para me obrigar a ter que encontrar um trabalho lá para pagar o de volta’. Isto eu tinha de cumprir”, conta, mostrando o perfil de aventureira que tão bem a caracteriza.
DO OUTRO LADO
A chegada a Macau não se mostrou uma surpresa feliz. “Quando cheguei, odiei. Não gostei nada. Os dois primeiros três meses foram difíceis, não gostava de nada, estava tudo em obras, o clima não me agradava. Custou-me muito”, recorda. Contrariamente ao que pensava, a comunidade também não se mostrou fácil de conquistar. “A pessoa que chegava a Macau, nos anos 90, sentia-se quase que isolada. Existiam muitos portuguesas, mas parece que quase não os via. Sentia-me perdida e não falar a língua não ajudou”, aponta. A vida está sempre em mudança e, mesmo o que parece certo pode, de um dia para o outro, mudar. Foi isto que aconteceu com Ana Rita Amorim e a sua relação com o território. “Aconteceu uma coisa muito engraçada. Depois de arranjar trabalho e de me estar a tentar a habituar à vida de casa, saí de
Macau, fui viajar. Nesta primeira viagem de férias, dei por mim a sentir falta das pessoas daqui e de Macau. Houve uma mudança em mim”, recorda.
AMOR PARA SEMPRE
Entretanto as amizades começaram a ser cada vez mais fortes. “Quando dei por mim tinha-me apaixonado por Macau, pelas suas gentes, pelo trabalho, pelo cultura”, assume. Mais do que isso, Ana Rita Amorim encontrou o amor, um amor que momentos antes de poder ir estudar para a Escócia a fez ficar por aqui. Um amor que trazia consigo filhos e que Ana Rita Amorim assumiu como seus. “São meus filhos, são os meus filhos, todos”, faz questão de deixar claro. Não esquece que depois da transferência da soberania o seu contrato de trabalho não foi renovado. “Na altura foi difícil encontrar emprego. Mas eu não podia ir embora, tinha aqui tudo, a minha família. Eu já era de cá”, explica. Entre trocas, foi nos Correios de Macau que assumiu funções nos últimos dez anos, estando nos últimos sete no Museu das Comunicações. Local em que, diz, adora trabalhar.
VENCER SEMPRE
São 21 anos em Macau e de muita vida. “Eu já me sinto na cultura aqui, por exemplo,
a minha passagem do ano é no Ano Novo Chinês. Visto-me de vermelho. As tradições que sigo são as de cá”, partilha. Quem conhece Ana Rita Amorim percebe que a energia vive nela. Apaixonada por desporto, a tradutora não se recorda de uma modalidade que não tenha praticado. Aficionada por futebol, com 43 anos, é jogadora na equipa feminina de Macau Show di Bola. Mas, desengane-se quem ache que isto é tudo. É que Ana Rita não passa sem um bom treino de Crossfit. “Adoro desporto”, reforça. O amor é tanto que a jogadora gostaria de passar para treinadora. “No futuro gostava de tirar um curso de treinadora de futebol ou assistente. Acho que Macau não investe muito na parte feminina do futebol. As mulheres jogam até muito tarde com os homens e depois são um bocadinho largadas. Gostava de pegar nessas jogadoras e trabalhá-las. Isto tem futuro em Macau, porque aqui é um ponto de culturas”, remata. Mãe, mulher, profissional e atleta, Ana Rita Amorim veio para ficar e daqui não sai. Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
“
Ah quem me dera / estar aí / ter um rio / só para mim / Lentamente / armar a rede / e içar a esperança / Firme / sem estar em terra / Estendido na água / sem andar à deriva / E viver! / De costas voltadas / como tu” Fernando Correia Marques
IC
CELEBRIDADES EUROPEIAS CONTRA O «BREXIT»
TRIBUNAL NA ÍNDIA CONDENA 24 PESSOAS POR MASSACRE
U
M tribunal indiano condenou ontem 24 pessoas por um massacre durante conflitos religiosos há 14 anos, quando o primeiro-ministro, Narendra Modi, era ministro-chefe do estado de Gujarat. O juiz absolveu outras 36 pessoas por falta de provas relacionadas com a matança de 69 muçulmanos, que se tinham refugiado num complexo residencial na cidade de Ahmedabad durante os motins. Este massacre foi um dos piores episódios ocorridos nos dias de conflito em Gujarat, em 2002, que no total deixaram mais de mil mortos. O julgamento dos acusados pelo massacre foi adiado por diversas vezes devido a recursos e petições, tendo mesmo alguns dos réus morrido durante o processo. Narendra Modi foi na altura acusado de ter fechado os olhos à violência, o que sempre negou. A violência surgiu na sequência da morte de 59 peregrinos hindus num incêndio num comboio, a 27 de Fevereiro de 2002, inicialmente atribuído a muçulmanos. Os motins que se seguiram foram dos maiores confrontos religiosos ocorridos na Índia desde a independência do país da coroa britânica, em 1947. Mais de cem pessoas foram até hoje condenadas pela violência desses dias.
O momento do documento Postais de Macau revelam “prosa anónima” do mundo lusófono afro-asiático
M
AIS de 260 postais da “lusofonia afro-asiática” vão estar em exibição no Arquivo de Macau, revelando o “deslumbramento com as novas tecnologias e comunicações” das três primeiras décadas do século XX. Dos cerca de dez mil postais que fazem parte da colecção do Arquivo de Macau, mais de duas centenas foram seleccionados para a exposição “Memórias do Tempo – Macau e a Lusofonia Afro-Asiática em Postais Fotográficos”, que abre portas no dia 8 e que será complementada com uma palestra, no dia 15, do investigador Luís Sá Cunha. Os postais, “de toda a lusofonia menos Portugal e Brasil”, revelam os interesses da época (1900-1930), que “coincide com a explosão da primeira era industrial”, da qual nasceram máquinas a vapor, bem como motores para transatlânticos e caminhos-de-ferro, explicou o investigador à agência Lusa.
Para Sá Cunha, os postais devem ser encarados como uma “fonte complementar da história”, já que são a “prosa anónima do mundo”. “O que está ali são milhões de pessoas que escrevem umas às outras em termos muitos simples, vão derramando sentimentos, conhecimentos. Há coisas interessantes. O postal junta a informação da fotografia que retrata uma época com informações da parte escrita”, sublinhou.
IMAGENS VIVAS
O investigador dá exemplos: nos postais deAngola e Moçambique vêem-se portos, grandes barcos, caminhos-de-ferro; em São Tomé e Príncipe são roças de café e cacau “com caminhos-de-ferro em miniatura dentro das roças para transportar aqueles grãos”; em Cabo Verde vê-se, por exemplo, uma estação dos correios. “Aquilo era o furor da época, havia um certo deslumbramento com as no-
“O que está ali são milhões de pessoas que escrevem umas às outras em termos muitos simples, vão derramando sentimentos, conhecimentos. Há coisas interessantes. O postal junta a informação da fotografia que retrata uma época com informações da parte escrita” LUÍS SÁ CUNHA INVESTIGADOR PUB
sexta-feira 3.6.2016
vas tecnologias, com as comunicações, era isso que se fotografava. Todo o documento é momento”, disse. Já em Macau, “as imagens não são as mesmas”. “Aqui via-se a desigualdade, como a era industrial chegou a uns lados e não chegou a outros”, comentou, sem querer adiantar mais. Além das imagens, o texto no reverso também é revelador. Na exposição apenas cerca de dez estarão visíveis e Sá Cunha descreveu alguns conteúdos, como o de um postal vindo de Angola onde o autor escreveu: “Este prédio, todo em ferro desmontável, vale dois milhões de contos”. “São informações específicas. Em Moçambique e Angola começa a expandir-se a arquitectura de ferro, é um fenómeno arquitectónico, tudo isso interessa”, afirmou. Há também a descrição de uma pessoa que passou por Goa e “em quatro linhas, em inglês”, conta como ficou “espantada como num famoso centro médico estava a ser aplicada uma nova técnica de anestesia, que não era vulgar no mundo”. Noutro postal, “uma senhora descreve à família: ‘Embarcámos aqui, agora vamos para ali, depois fazemos ali escala’. Há uma viagem, os portos em que parava”. Ou em Timor-Leste, “um homem que estava perto de Díli dizia que ia comprar um fato branco, que era o que se usava lá”.
A actriz franco-norteamericana Julie Delpy, o treinador francês do Arsenal Arsene Wenger e o ‘chef’ português Luís Baena estão entre 140 personalidades europeias que ontem subscrevem uma «carta de amor ao povo britânico». «Reino Unido, por favor fica», lê-se na carta, publicada no suplemento literário do Times ontem, a pouco mais de duas semanas do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia de 23 de Junho. «Não são apenas tratados que nos unem ao vosso país, mas laços de admiração e afecto. Todos esperamos que votem pela renovação desses laços», afirmam.
SUZUKI SUSPENDE PARTE DA PRODUÇÃO NO JAPÃO
O fabricante automóvel japonês Suzuki Motor anunciou ontem a suspensão das operações em três linhas de montagem no Japão, devido a um acidente nas instalações de um fornecedor que também afectou a produção da Toyota. A Suzuki encerrou temporariamente essas fábricas devido à escassez de peças para o sistema de travões fabricadas pela Aisin Advics, que registou uma explosão numa das suas fábricas esta segundafeira, confirmou à Efe um porta-voz da empresa. A Suzuki Motor tem previsto retomar na segunda-feira a produção nas três linhas afectadas, localizadas em Shizuoka, centro do Japão, onde são sobretudo produzidos miniveículos (com motores inferiores a 660 centímetros cúbicos), acrescentou a mesma fonte. A Toyota Motor, que também usa componentes da fábrica afectada, suspendeu as linhas de produção em 14 das suas fábricas no Japão devido ao acidente, mas ontem anunciou o regresso à normalidade das mesmas. O acidente também afectou a produção de outras filiais operadas pela Toyota, como a Daihatsu.