Hoje Macau 3 JUL 2020 # 4560

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

CONCERTO

CANTAR EM PATUÁ

SEXTA-FEIRA 3 DE JULHO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4560

MOP$10

hojemacau

EVENTOS

BAÍA DA PRAIA GRANDE

Em defesa da paisagem PÁGINA 7

OPINIÃO

ÚLTIMO QUILÓMETRO

CASO IPIM

A rota do dinheiro PÁGINA 9

DEPRESSÃO EM NEPTUNO

SARA F. COSTA

BIOMBOS E MONTE FUJI

GONÇALO M. TAVARES

RECORDAR É VIVER?

ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO

h

HISTÓRIA E HOMENS

PUB

VALÉRIO ROMÃO

Para pior já basta assim Ao fim de seis meses desde o anúncio do primeiro caso de covid-19 em Wuhan, a pandemia do novo coronavírus já fez cerca de 500 mil mortos e infectou mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, a situação está longe de chegar ao fim e ‘‘o pior ainda está por vir’’. Os cenários mais graves situam-se agora nos EUA, Brasil e Índia. GRANDE PLANO

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PAUL CHAN WAI CHI


2 covid-19

PANDEMIA

3.7.2020 sexta-feira

“O PIOR ESTÁ AINDA POR VIR” SEIS MESES DE UMA PANDEMIA QUE ESTÁ LONGE DE TERMINAR

Seis meses depois do anúncio do primeiro caso de infecção por covid-19, o mundo conta já com mais de meio milhão de mortos e mais de 10 milhões de infectados. Depois do surto na Europa com focos graves em Espanha e Itália, as situações de maior gravidade actualmente situam-se na Índia, EUA e Brasil


covid-19 3

sexta-feira 3.7.2020

“Não podemos continuar a permitir que o combate a este vírus se torne um combate ideológico. Cada pessoa, cada político, precisa de se olhar ao espelho e pensar se está a fazer o suficiente para travar este vírus.” MICHAEL RYAN OMS

e condições, tememos o pior. Temos de nos concertar e combater este perigoso vírus”, defendeu. “A nossa mensagem continua a ser a mesma, não se trata de um país, dois países ou três países”, salientou Ghebreyesus.

600 MIL NA ÍNDIA

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E S DE que o primeiro caso de covid-19 foi anunciado, em fins de Dezembro de 2019 na China, a pandemia já provocou mais de 511 mil mortos e mais de 10,5 milhões de contaminados em 196 países e territórios. Seis meses depois, a situação está longe de estar controlada. O director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, alertou na quarta-feira que “o pior ainda está por vir” e que “a realidade é que isto ainda está longe de acabar”. “Globalmente, a pandemia está a acelerar”, frisou o director-geral da OMS, que disse estarmos a lidar com um vírus “rápido e assassino”. Neste contexto, é preciso “evitar as divisões” porque “quaisquer diferenças podem ser exploradas” pelo novo coronavírus, acrescentou. Na próxima semana a OMS deverá enviar para a China uma equipa para “compreender como começou [o novo coronavírus] e o que se pode fazer no futuro” para o mundo se preparar para lidar com ele. “Com 10 milhões de casos e meio milhão de mortos, a não ser que resolvamos os problemas que identificámos, de falta de unidade nacional e solidariedade global e de um mundo dividido que está a ajudar o vírus a espalhar-se, o pior ainda está por vir. Lamento dizer isto, mas com este tipo de ambiente

A situação continua a estar muito complicada em alguns países e regiões. No caso da China, surgiu um novo surto em Pequim num mercado abastecedor, o que obrigou a novas medidas de confinamento. Ontem o país identificou três novos casos de covid-19 em 24 horas, um em Pequim e dois em Xangai. Até à data, registaram-se 329 infectados, segundo dados oficiais. O número de casos activos no país fixou-se em 416, entre os quais sete em estado grave. A Comissão de Saúde da China não relatou novas mortes. Já a Índia ultrapassou os 600 mil casos de infecção desde o início da pandemia, tendo registado ontem 19.148 infecções no espaço de 24 horas. A nova contagem oficial é de 604.641 casos, com 100 mil registados só nos últimos quatro dias. O ministro da Saúde indiano indicou ainda que o novo coronavírus já matou 17.834 pessoas no país desde o início da pandemia. Os estados das cidades de Mumbai e Nova Deli continuam entre os mais atingidos. No caso dos EUA, registaram-se ontem 706 mortos e 48.830

“Globalmente, a pandemia está a acelerar”, frisou o director-geral da OMS, que disse estarmos a lidar com um vírus “rápido e assassino”

infectados no espaço de 24 horas, de acordo com um balanço da Universidade Johns Hopkins. O país contabiliza 128.028 óbitos e 2.678.202 casos desde o início da pandemia, segundo o balanço realizado pela agência de notícias Efe. A média de novos casos diários nos Estados Unidos está desde a semana passada acima dos 40 mil, muito por causa da propagação do novo coronavírus nos estados do sul e oeste, como Florida, Texas, Califórnia e Arizona. Nova Iorque continua a ser o estado mais fortemente afectado pelo coronavírus nos Estados Unidos, com 394.079 casos confirmados e 32.043 mortes, um número apenas inferior ao do Brasil, Reino Unido e Itália. No Brasil a situação também está longe de ser controlada, com a marca dos 60 mil mortos ultrapassada e mais de 1,4 milhões de casos de infecção confirmados. Esta quarta-feira, o director-executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, declarou que se deve evitar a politização do vírus. “Não podemos continuar a permitir que o combate a este vírus se torne um combate ideológico. Não conseguimos vencê-lo com ideologia. Cada pessoa, cada político, precisa de se olhar ao espelho e pensar se está a fazer o suficiente para travar este vírus”, defendeu.

A Índia ultrapassou os 600 mil casos de infecção desde o início da pandemia, tendo registado ontem 19.148 infecções em 24 horas “Quando dizemos que é preciso evitar a politização do vírus, isso vai nos dois sentidos. Como indivíduos ou como sociedades, podemos ter de apoiar e encorajar um governo que não escolhemos e do qual não gostamos. Essa é a dificuldade e o desafio da unidade nacional contra um inimigo comum e nós não temos tempo para perder”, afirmou. Depois de seis meses, a OMS reitera a receita para conter a transmissão, nomeadamente quanto ao papel que cada indivíduo deve tomar, dizendo-lhes que “não estão indefesas” e que são responsáveis pelo que acontece às pessoas com que estão em contacto, salientou Tedros Ghebreyesus. Suprimir a transmissão comunitária com medidas de distanciamento e higiene, salvar vidas dos mais vulneráveis tratando todos os casos, acelerar a investigação de vacinas e tratamentos e atingir um patamar de “liderança política e moral” são as outras prioridades apontadas pela OMS. A.S.S. com agências

AS GRANDES ETAPAS DOS SEIS MESES DE CRISE 31 de Dezembro de 2019 - A PRIMEIRA MORTE As autoridades chinesas avisam a OMS sobre casos de pneumonia de origem desconhecida em Wuhan, onde residem cerca de 11 milhões de habitantes. A 7 de Janeiro as primeiras análises permitem identificar um novo tipo de coronavírus. A 11 do mesmo mês, Pequim anuncia a primeira morte. As primeiras contaminações são anunciadas e prolongam-se por Janeiro fora.

23 de Janeiro - QUARENTENA EM WUHAN A França confirma três casos, os primeiros na Europa. Dois dias depois da quarentena decretada na cidade de Wuhan, praticamente toda a província de Hubei está isolada do mundo, com mais de 56 milhões de pessoas confinadas.

28 de Janeiro - URGÊNCIA INTERNACIONAL São conhecidos e confirmados mais dois novos casos de transmissão do novo coronavírus fora da China. Um na Alemanha e outro no Japão. Vários países começam a repatriar os seus cidadãos da China. A OMS classifica a epidemia como “uma urgência de saúde pública internacional».

7 de Fevereiro - A MORTE DO MÉDICO LI WENLIANG Um médico de Wuhan, de 34 anos, Li Wenliang, sancionado por ter dado o alerta para o surgimento do vírus, morre com a nova doença. Fora de Hubei, várias metrópoles chinesas impõem aos habitantes a permanência em casa.

15 de Fevereiro - PRIMEIRA MORTE FORA DA ÁSIA Um turista chinês de 80 anos, hospitalizado em França desde fins de Janeiro, acaba por morrer, tornando-se a primeira vítima mortal da pandemia fora da Ásia. Os cancelamentos de reuniões internacionais e de competições desportivas multiplicam-se, enquanto são suspensos voos para a China. A aceleração das contaminações é significativa em Itália, Coreia do Sul e Irão.

6 de Março - ITÁLIA CONFINADA A epidemia ultrapassa os 100 mil casos confirmados no mundo. Dois dias depois, a 8 de Março, Roma impõe o confinamento no norte de Itália, que seria estendido pouco depois a todo o país.

11 de Março - DECLARAÇÃO DE PANDEMIA A OMS qualifica a covid-19 como “pandemia”. Os mercados bolsistas mundiais registam quedas históricas. Governos e bancos centrais anunciam fortes medidas de apoio à economia.

13 de Março - FRONTEIRAS ENCERRAM O Presidente norte-americano, declara o estado de emergência. A França entra em confinamento a partir de dia 17. A Alemanha apela à população para se manter em casa e o Reino Unido apela ao distanciamento pessoal. Numerosos países encerram as suas fronteiras. A União Europeia (UE) decide encerrar as suas fronteiras externas a 17 de Março.

19 de Março - A CRISE EM ITÁLIA A Itália torna-se o país com o maior número de mortes, enquanto se multiplicam os anúncios de confinamentos nacionais e locais.

2 de Abril - METADE DA HUMANIDADE CONFINADA É ultrapassada a barreira simbólica do milhão de casos confirmados oficialmente e o mundo está dividido. Metade da humanidade – mais de 3.900 milhões de pessoas – está confinada. A Europa torna-se o continente mais afectado, mas a epidemia explode nos Estados Unidos. A 8 de Abril o confinamento na cidade de Wuhan é levantado.

26 de Abril - CASOS DIMINUEM NA EUROPA O número de mortos ultrapassa os 200 mil. Nos países europeus com mais óbitos regista-se uma leve diminuição de casos após o início gradual das restrições e dos confinamentos. A 11 de Maio a França e a Espanha começam a sair do confinamento, seguidas pela Itália e Grécia.

7 de Junho - AMÉRICA LATINA EM CRISE O número de mortos ultrapassa os 400 mil, enquanto a pandemia progride na América Latina. O Brasil é o segundo país mais afectado, após os Estados Unidos, com 50.000 mortes a 22 de Junho, enquanto o ressurgimento do novo coronavírus na China obriga Pequim a voltar a confinar vários bairros.


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‘Um País, Dois Sistemas’”. Esta lei preenche as lacunas em termos da defesa da segurança nacional que existiam no território há 23 anos”, explicou Vong Hin Fai. Apontando que esta é uma lei “necessária, oportuna e lógica” para assegurar a integridade, segurança, prosperidade e estabilidade social de Hong Kong, Chui Sai Peng acredita que o princípio “Um País, Dois Sistemas” “vai sair reforçado”, de forma a contribuir para que, juntamente com Macau, o território possa acelerar o desenvolvimento da Grande Baía no panorama nacional. A deputada Song Pek Kei considerou ainda “intolerável” a tentativa de danificar o princípio “Um País, Dois Sistemas” através dos protestos decorridos no ano passado, perpetrados por forças externas ou empenhadas em desafiar a segurança nacional. Já Zheng Anting faz questão de sublinhar que a entrada em vigor da nova lei da segurança nacional não entra em conflito com a manutenção dos direitos e liberdades da população de Hong Kong nem com o normal decorrer das actividades económicas do território. Ao invés, considera que a lei “fornece as garantias necessárias” para a manutenção dos contactos com o exterior.

RÓMULO SANTOS

BANCOS ASSOCIAÇÃO APRESENTOU RELATÓRIO AO CHEFE DO EXECUTIVO

3.7.2020 sexta-feira

L

I Guang, presidente da Associação de Bancos de Macau (ABM), reuniu ontem com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, num encontro que serviu para analisar a situação da banca no contexto da pandemia da covid-19 e soluções para a crise. Segundo um comunicado oficial, o responsável máximo pela ABM apresentou um relatório “sobre as operações e números do sector bancário, relativo ao período decorrido desde o início da epidemia”, ainda que os dados não tenham sido divulgados. Li Guang adiantou que “a banca tem apoiado a execução das Linhas de Acção Governativa, o combate à epidemia e a manutenção da estabilidade do sector financeiro, tendo lançado serviços financeiros de emergência e electrónicos, bem como prestado a sua colaboração ao Governo, aquando da aquisição de materiais para o combate à epidemia”. Além disso, os bancos “conseguiram igualmente, de acordo com a evolução da epidemia e quando tiveram as devidas condições de prevenção, garantir os serviços básicos, tendo funcionado mesmo na altura mais complicada”. AABM diz ter planos para realizar, em Macau, uma conferência internacional sobre serviços financeiros, com o intuito de elevar o nível do sector. Ho Iat Seng disse acreditar que, “após a estabilização da situação epidémica nas regiões adjacentes, as perspectivas de recuperação económica de Macau tornar-se-ão mais optimistas”. O mesmo comunicado dá ainda conta de que o Chefe do Executivo defende que a participação de Macau na Grande Baía, “especialmente com os projectos em Hengqin (Ilha da Montanha), possa funcionar como uma importante alavanca para o desenvolvimento da economia”.

Senado Apoio a protestos de Hong Kong sem participantes

Um evento de apoio aos protestos denominado de Hong Kong agendado para a passada quarta-feira no Largo do Senado, não contou com qualquer paticipante, apesar de a polícia se ter dirigido ao local. O evento, denominado“sing with you” foi convocado por uma página de apoio através da rede social Facebook. Para além de cântico de músicas associadas aos protestos, o programa do evento destinava-se ainda à defesa do princípio “um país, dois sistemas” e da implementação da democracia em Macau. De acordo com o jornal Cheng Pou, apesar de não ter sido feito qualquer aviso prévio, as autoridades compareceram no evento, que não contou com a presença de qualquer participante.

EXEMPLO A SEGUIR

Vong Hin Fai, deputado “A RAEHK viveu momentos de grande agitação social e actos de rebelião independentistas que colocaram em risco o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”

SEGURANÇA NACIONAL LEI GERA CONSENSO ENTRE DEPUTADOS

A uma só voz

A opinião é unânime entre os parlamentares da RAEM. A nova Lei de Segurança Nacional de Hong Kong é um veículo para garantir a prosperidade e a estabilidade social no território sem beliscar liberdades. Para os deputados, Macau é a prova disso mesmo, tendo chegado a altura de reforçar a importância da segurança nacional também dentro de portas

A

implementação da Lei de Segurança Nacional em Hong Kong tem sido acolhida de forma positiva pelos deputados de Macau. Para além de assegurar que o território vizinho tem agora os alicerces necessários para “pôr termo à agitação social” de que tem sido alvo, os deputados são da opinião de que Macau deve

aperfeiçoar o mecanismo de segurança nacional interno, em vigor desde 2009. Em declarações ao jornal Ou Mun, Ho Ion Sang afirma que a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong tem o condão de “complementar de forma eficaz as lacunas legais” sobre a matéria e que Macau deve aperfeiçoar o seu regime interno, “continuando a elevar o conhecimento da po-

pulação sobre a lei de segurança nacional”. Deputados como Vong Hin Fai ou Chui Sai Peng, são da mesma opinião, acrescentando que a lei é uma base importante para a manutenção do princípio “Um País, Dois Sistemas”. “A RAEHK viveu momentos de grande agitação social e actos de rebelião independentistas que colocaram em risco o princípio

Referindo-se a Macau como exemplo de estabilidade social, onde a lei de segurança nacional já foi implementada e vigora desde 2009, deputados como Mak Soi Kun ou Angela Leong são da opinião que o diploma deve ser difundido de forma mais eficaz no seio da população e das gerações mais novas, para reforçar o sentimento de identidade e coesão nacional. “A lei de segurança nacional criou os fundamentos para a prosperidade e estabilidade social de Macau”, começou por dizer Mak Soi Kun ao jornal Ou Mun. “Os professores têm de aprofundar os seus conhecimentos sobre a história moderna da China. Além disso, para que as novas gerações conheçam a segurança nacional, percebam a sua importância e cumpram automaticamente as obrigações e responsabilidades de a defender, o seu conteúdo deve ser incluído em materiais didáticos”, acrescenta. Por seu turno, Angela Leong lembra que o sucesso da concretização da lei de segurança nacional em Macau durante mais de 10 anos é a prova que o mecanismo “garante a felicidade e a estabilidade da população”, ao mesmo tempo que contribuiu para “aumentar o sentimento de pertença, identidade nacional e coesão social”. Pedro Arede e Nunu Wu info@hojemacau.com.mo


política 5

sexta-feira 3.7.2020

TIAGO ALCÂNTARA

CAPITAIS PÚBLICOS COUTINHO PEDE METAS OBJECTIVAS

O

Ho Ion Sang, deputado “Estes contratos são importantes para o consumidor sobretudo nas situações em que não sabe quem é o operador”

É

m a i s um passo rumo à exigência. A proposta de lei sobre a protecção dos direitos e interesses do consumidor prevê que os chamados contratos especiais passem a apresentar obrigatoriamente informações relativas a 21 parâmetros. A ideia é garantir que, nos negócios feitos distância, fora dos estabelecimentos ou em forma de pré-pagamento, os clientes possam estar cientes de todos os dados, tanto sobre o prestador do serviço, como do bem a adquirir. A informação foi anunciada ontem após a reunião da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) que está a analisar a proposta de lei de protecção dos direitos e interesses do consumidor. Ho Ion Sang, que preside à comissão, revelou ainda que o aumento da exigência, materializada no aumento de 12 para 21 alíneas das informações pré-contratuais que passam a ter de ser fornecidas, é uma forma de proteger os consumidores neste tipo situações. Como exemplos, foram referidos casos em que são feitas entregas periódicas de botijas de gás ou outros produtos, como leite.

Contrato tem sempre razão

CONSUMO MAIS RIGOR PARA PRESTADORES DE SERVIÇOS

Os contratos celebrados à distância, fora dos estabelecimentos ou em forma de pré-pagamento vão ser mais rigorosos. A nova lei dos direitos do consumidor prevê a obrigatoriedade de apresentar 21 informações pré-contratuais, por escrito. Em caso de pré-pagamento, como acontece nos ginásios, ainda serão mais os detalhes a apresentar “Estes contratos são importantes para o consumidor sobretudo nas situações em que não sabe quem é o operador. Além disso, o consumidor antes da celebração desse contrato não pode verificar o estado ou a dimensão do produto. Por isso é obrigatório facultar todas as informações (…) sobretudo porque nos contratos celebrados fora do estabelecimento ou à distância, o consumidor não pode discutir o preço”, explicou o deputado. Segundo Ho Ion Sang, as informações têm de ser

fornecidas ao consumidor por escrito, “em tempo útil e de forma clara, precisa e compreensível” e atendendo às características dos “diferentes tipos de bens ou serviços”. Das informações a prestar, fazem parte os elementos como a identificação do operador comercial e do estabelecimento, o número de contribuinte, telefone, fax, preço e unidade de medida do bem e ainda, descontos ou encargos suplementares de transporte a aplicar. De fora ficam os prestadores de serviços onde

existem diplomas próprios, como no sector bancário, seguros, saúde ou financeiro.

GARANTIAS FUTURAS

Já as compras efectuadas em regime de pré-pagamento, como por exemplo, a prática desportiva em ginásios, para além das 21 alíneas, terão de prever informações adicionais. Segundo Ho Ion Sang, “porque o serviço é pago antes de ser prestado ao longo do tempo”, o cliente tem o direito de obter, à

partida, o comprovativo de venda e os dados exactos acerca do valor a pagar. “Os contratos em forma de pré-pagamento têm de prestar informações adicionais, porque o consumidor tem de saber o montante total a pagar previamente, informações sobre benefícios ou descontos oferecidos e ainda obter comprovativo de compra e a forma de execução do contrato”, apontou o deputado. Para os três tipos de contratos especiais ficou ainda definido existe um “período de reflexão” de sete dias, nos quais a compra pode ser anulada livremente. “O consumidor pode não saber o estado do bem e durante o processo não ter pensado bem sobre a sua compra e assim tem este período para pensar melhor”, acrescentou Ho Ion Sang. Sobre quem fica responsável por assumir os encargos de transporte em caso de devolução de um bem, o deputado esclareceu que essa é uma matéria deve também ser esclarecida, de antemão, pelo operador. Pedro Arede

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deputado José Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre a necessidade de estabelecer metas para as empresas de capitais públicos, a fim de assegurar a transparência. “Vai o Governo exigir que as empresas referidas nas instruções sejam celebrados contratos de gestão em que se definam anualmente as metas objectivas, quantitativas e mensuráveis no âmbito da boa governação dos fundos públicos para evitar deficiente gestão e falências?” Pereira Coutinho quer também saber “como será elevada, na prática, a transparência dos dados operacionais das empresas com capitais públicos mencionadas”, com destaque para o controlo das excepções criadas nas “instruções para a divulgação pública de informações por empresas de capitais públicos”. Na interpelação, o deputado destaca também o facto de as novas instruções serem “relevantes na transparência governativa, abuso de poderes, falências imprevistas e diminuição dos casos de corrupção”, uma vez que não existe em Macau uma lei especial de acesso à informação por parte dos cidadãos.

Obras IAM quer estudo sobre uso de betume

O Instituto para os Assuntos Municipais está a planear incumbir um estudo a instituições académicas do Interior da China sobre a utilização de betume nas vias de Macau para aumentar a durabilidade do pavimento e o nível da tecnologia de manutenção, disse o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Em resposta a uma interpelação escrita de Song Pek Kei sobre obras viárias, o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) explicou que a selecção de materiais e soluções são escolhidas em função do local e do volume de trânsito. “Segundo alguns cidadãos, é frequente que depois de concluída uma obra numa via se inicie logo outra, um fenómeno de repetição de escavações nas rodovias que é raríssimo no mundo”, tinha escrito a deputada. Lam Hin San indica que o Governo tem recorrido a entidades especializadas quando adjudica serviços de controlo de qualidade.


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3.7.2020 sexta-feira

NOTIFICAÇÃO N.° 447/AI/2020

NOTIFICAÇÃO EDITAL

N.º: 40/2020

(Pagamento da multa)

Lai Kin Lon, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos dos artigos 14.º e 15.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 – Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho, conjugados com n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, à notificação da infractora da Notificação n.º IA-481/2020/ DIT, a sociedade “CLINICA DE MEDICINA CHINESA PATTERN, LIMITADA”, (Registo Comercial, n.º SO45862), para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do dia seguinte ao da publicação do presente notificação edital, proceder ao pagamento da multa da aludida notificação, no valor de Mop$15.000,00 (quinze mil patacas), por prática das infracções previstas o disposto do n.º 6 do artigo 63.º da Lei n.º 7/2008 – “Lei das relações de trabalho”, e a multa aplicada conforme os termos da alínea 9) do n.º 1 do artigo 88.º da mesma Lei. Por outro lado, deve a infractora apresentar ao DIT os comprovativos dos pagamentos acima referidos nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do prazo acima referido. A infractora poderá, dentro das horas de expediente, levantar a cópia do respectivo despacho, a notificação, e a guia de depósito para pagamento da multa no Departamento de Inspecção do Trabalho da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, podendo também, mediante requerimento por escrito, consultar o respectivo processo (N.º 29/2019). Decorridos os prazos acima referidos, a falta de apresentação do documento comprovativo do pagamento da multa implica a remessa, nos termos legais, das cópias dos respectivos documentos acompanhadas do comprovativo de cobrança coersiva à Reparticão das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para ser efectuada cobrança coersiva. Nos termos dos artigos 145.º, 149.º e 155.º do CPA, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, o infractor pode impugnar a referida decisão da Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, pelos seguintes meios: a) No prazo de 15 (quinze) dias a contar do dia seguinte ao da publicação do presente notificação edital, mediante reclamação para a Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho; b) No prazo de 30 (trinta) dias a contar do dia seguinte ao da publicação do presente notificação edital, mediante recurso hierárquico necessário para o Director dos Serviços para os Assuntos Laborais. A decisão punitiva acima referida não é susceptível de recurso contencioso. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 29 de Junho de 2020. O Chefe de Departamento, Lai Kin Lon

-----Atendendo a que não é possível proceder à respectiva notificação pessoal, pela presente notifiquese LAU HING CHU, proprietária da fracção autónoma situada na Taipa, Rua de Aveiro n.° 53, Wui Keng Fa Un, Bloco 1, 10.° andar E (correspondente no prédio ao bloco 2), que no dia 03.07.2020 caducaram as medidas provisórias que foram aplicadas à referida fracção na sequência do Auto de Notícia da DST n.º 2/DI-AI/2020,de 04.01.2020.------------------------------------------------------------------Para mais informações, o ora notificado pode comparecer nas horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.º andar.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Junho de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

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sociedade 7

Piscinas Ajustes à lotação máxima a partir de hoje

A partir de hoje, a Piscina Olímpica passa a permitir lotação máxima de 260 utentes, enquanto as piscinas do Parque Central da Taipa e do Parque de Hác-Sá passam para um limite de 230 pessoas, de acordo com um comunicado divulgado ontem pelo Instituto do Desporto (ID). Quem se deslocar à Piscina de Cheoc-Van terá de se conformar com a capacidade máxima de 160 pessoas. De resto, a Piscina Dr. Sun Iat Sen ajusta a capacidade para 100 pessoas, as Piscinas do Carmo ficam com limite de 70 utentes, e as piscinas do Centro Desportivo Tamagnini Barbosa e do Centro Desportivo do Colégio D. Bosco ficam com lotação esgotada se ultrapassarem as 50 pessoas. O ID anunciou ainda que as gaivotas a pedal da Anim’Arte NAM VAN vão regressar ao lago a partir de amanhã. Apesar do relativo alívio, o ID sublinha que a máscara continua a ser obrigatória, assim como a medição da temperatura corporal e a apresentação do “Código de Saúde de Macau” do próprio dia.

Embalagens DSPA equaciona limitação e proibição de poliestireno

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) está a estudar a possibilidade de limitar ou mesmo proibir o uso de poliestireno, muito usado para fazer produtos como embalagens de comida para take-away, talheres de plástico ou embalagens de noodles. Segundo o jornal Cheng Pou, estão a ser recolhidos dados, não existindo ainda uma data para a elaboração da lei em questão. Chan Kwok Ho, chefe do Centro de Gestão de Infra-estruturas Ambientais da DSPA, apresentou esta ideia na quarta-feira no âmbito de uma reunião do Conselho de Serviços Comunitários da Zona Central, onde se debateram as medidas para a redução de resíduos sólidos. Foram também apresentadas, na mesma reunião, as estatísticas relativas à reutilização de resíduos electrónicos domésticos. Entre Janeiro e Maio deste ano, houve uma taxa de reutilização de 92 por cento.

RÓMULO SANTOS

sexta-feira 3.7.2020

BAÍA DA PRAIA GRANDE NOVO MACAU QUER PRESERVAÇÃO DE PAISAGEM HISTÓRICA

Sem arranhar o céu

Menos edifícios e mais instalações recreativas e áreas sustentáveis. É esta a sugestão da Associação Novo Macau para a margem sul de Macau e as zonas C e D da Baía da Praia Grande. O objectivo passa por não destruir a paisagem histórica

A

A s s ociação Novo Macau (ANM) defende que apesar do projecto do corredor verde na margem sul de Macau – que liga o Centro de Ciência e a Deusa Kun Iam até à Barra – já ter começado, essa área deve ser projectada em conjunto com as zonas C e D da Baía da Praia Grande. “Esperamos que o Governo possa desenhar um plano urbano com o uso de terrenos focado em instalações recreativas, sustentabilidade ambiental, lazer e áreas comerciais pequenas”, explicou Winston Cheang, da ANM. A ideia passa por “preservar a paisagem histórica nesta área, que é completamente diferente dos edifícios altos em Zhuhai”. Prevê-se que em Setembro seja lançada a consulta pública sobre o Plano Director. Antes disso, a ANM quer apresentar o seu conceito ao Governo. A começar pela

necessidade de o Executivo definir o planeamento urbano de uma área geral em vez se focar em pequenos pontos. Relativamente à zona em causa, a associação observa que “a localização geográfica é muito importante, e tem valor estratégico para manter o desenvolvimento sustentável da cidade”. A título de exemplo, a Novo Macau mostrou imagens de Singapura e da costa em Hong Kong com um misto de zonas recreativas, vegetação e áreas comerciais. Para Winston Cheang, deve manter-se a “paisagem histórica original” da zona, até porque a construção de edifícios altos para uso habitacional não iria representar um número “muito elevado” de fracções em Macau.

CORREDORES GARANTIDOS

Em causa está também a altura permitida para edifícios na zona, com a associação a apontar que

na consulta pública dos novos aterros de 2015 não foi proposto um limite máximo. “Isso significa que podem construir edifícios até 160 metros. Estamos muito preocupados com esta questão”, disse Rocky Chan.

“Esperamos que o Governo possa desenhar um plano urbano com o uso de terrenos focado em instalações recreativas, sustentabilidade ambiental, lazer e áreas comerciais pequenas.”

Assim, a única restrição prende-se com a segurança da aviação, que é de 160 metros. Winston Cheang descreveu que vários edifícios com cerca de 30 ou 40 andares “bloqueiam completamente a paisagem original e o corredor paisagístico que se vê aqui”. Note-se que a conferência de imprensa convocada ontem pela ANM foi feita junto à Capela da Nossa Senhora da Penha, com vista para os novos aterros. Por outro lado, a ANM recordou que se planeava construir uma área administrativa e jurídica na Zona B dos Novos Aterros, apelando a que o Governo procure outras opções para a construção dos tribunais. Salomé Fernandes

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WINSTON CHEANG ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU

JOGO FONG KA CHIO PEDE CÍRCULO TURÍSTICO COM CIDADES SEGURAS

O

deputado Fong Ka Chio considera “urgente” impulsionar as actividades económicas da sociedade e diz que Julho é um mês “melhor” por se tratar de um período de férias. O deputado falou ontem à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa sobre as quebras nas receitas do jogo. Em dois dos três últimos meses, as receitas do jogo foram inferiores a 800 milhões de patacas, com quedas de 96 a 97 por cento em termos anuais. “Acom-

panhamos sempre a proporção de contribuição de residentes e não residentes. (...) A participação da população local contribuiu 2 a 3 por cento”, disse, apontando que este período “deve ser o ponto mais baixo” até ao momento. Em Junho, os casinos registaram receitas de 716 milhões de patacas, em contraste com os 23,8 mil milhões do período homólogo de 2019. O legislador entende que a prevenção epidémica deve ser permanente e que se deve colaborar com outras

cidades mais seguras para criar um círculo turístico. Em declarações aos jornalistas, Fong Ka Chio recordou que o turismo, e outros sectores com ele relacionados, contribuíram para mais de 50 por cento do PIB, o que reitera a dependência do território deste sector quando noutros países e regiões do mundo a proporção se fica pelos 10 por cento. “Precisamos de compreender esta situação. Macau pode fazer mais, oferecer mais recursos ou medidas

para aliviar a perda de recursos de zonas vizinhas se abrirem a fronteira. Por exemplo, podemos criar mais ofertas para os visitantes de Macau, com vista a reduzir o custo da sua visita”, declarou. Além disso, o deputado sugere que a política turística de Guangdong-Hong Kong e de Guangdong-Macau sejam tratadas separadamente, por Hong Kong ser um centro de tráfego internacional e enfrentar mais riscos.


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MACAU-CHINA CRITÉRIOS ADUANEIROS PODEM SER ESTIMULANTES PARA PORTUGAL

De braços bem abertos

China e Macau alargaram critérios de origem de produtos que beneficiam da isenção das taxas aduaneiras, medida que pode ser estimulante para as empresas portuguesas, disse à Lusa o presidente da Associação de Jovens Empresários China-Portugal

T

ODOS os produtos que possam ter origem portuguesa e que se possam encaixar no acordo... serão sempre medidas estimulantes ao acréscimo das nossas relações comerciais. Teremos de prestar atenção aos códigos tarifários e à sua designação de mercadorias para ver o que se pode contemplar”, afirmou à Lusa Alberto Carvalho Neto. Na quarta-feira entraram em vigor alterações de melhoria aos critérios de origem de sete itens de mercadorias do Acordo sobre Comércio de Mercadorias no âmbito do CEPA. “O acordo CEPA, é essencialmente composto por medidas de facilitação, promovendo o comércio na Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, (abrangendo todo o Interior da China) elevando o nível de facilitação do comércio na região”, explicou. Trata-se, portanto, de “um motor de desenvolvimento do comércio de mercadorias entre os territórios, de forma a promover o desenvolvimento da diversificação da economia de Macau, apoiando a capacitação e instalação de empresas de forma a poderem usufruir isenção ou redução de direitos aduaneiros, actuando desde os procedimentos alfandegários às medidas sanitárias”, acrescentou. Ou seja, os prestadores de serviços da região Administrativa Especial de Macau (RAEM), como as empresas portuguesas, têm acesso ao mercado comercial do interior da China, beneficiando praticamente das mesmas condições de acesso que os investidores chineses. Em resposta à Lusa, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) detalhou que dos sete itens agora

outras carnes, miudezas e sangue da espécie suína.

A MARCA M

Macau deve aumentar a sua abrangência e colaboração com os lusófonos, através da “criação da marca M, ou seja, produtos provenientes dos países de língua portuguesa em que a fórmula de cálculo e as limitações de processos fossem ligeiramente alteradas” revistos estão abrangidos produtos como enchidos e produtos semelhantes, de carnes, miudezas comestíveis ou sangue animal, preparações alimentícias à base de

enchidos, preparações ou conservas de pernas traseiras da espécie suína, preparações ou conservas de pernas de frente da espécie suína e preparações ou conservas de

Aeroporto Tráfego de passageiros aproxima-se de valores de 1996 O número de passageiros do Aeroporto Internacional de Macau nos primeiros seis meses do ano atingiu praticamente valores de 1996, quando o aeroporto tinha apenas um ano de funcionamento. Desde Janeiro que passaram pelo aeroporto cerca de 939 mil passageiros, um valor aproximado dos cerca de 1,3 milhões de passageiros transportados em 1996, segundo dados divulgados pela

CAM - Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau. Em Maio deste ano, realizaram-se 238 voos comerciais, o que representa uma quebra de 96,2 por cento. Nos primeiros cinco meses do ano realizaram-se um total de 8.811 voos comerciais, menos 70,2 por cento face ao igual período de 2019. Quanto à carga aérea transportada foi de 10.441 toneladas, menos 31,5 por cento.

O presidente da Associação de Jovens Empresários China-Portugal esclareceu, contudo, os produtos que mais têm beneficiado com o CEPA são obras de arte, obras de cobre e colecção, “e depois mais para o fim os produtos processados, dentro destes, os típicos bolinhos de Macau”. “Conclusão, não é assim tão abrangente a produtos típicos portugueses”, já que “o nível de processamento para se chegar ao valor regional exigido é muito elevado face aos custos de montagem de uma indústria típica”, por causa dos custos de mão-de-obra, ao preço por metro quadrado e às dificuldades de espaço de armazenamento. Na opinião de Alberto Carvalho Neto, o acordo CEPA poderia ser muito mais bem aproveitado, através de uma “estreita relação com os países de língua portuguesa”. Para isso, frisou, Macau deve aumentar a sua abrangência e colaboração com os lusófonos, através da “criação da marca M, ou seja, produtos provenientes dos países de língua portuguesa em que a fórmula de cálculo e as limitações de processos fossem ligeiramente alteradas”. E assim, sublinhou, “poder de uma vez por todas estimular o aparecimento de indústrias agroalimentares, promovendo a vinda de material a granel e o embalamento e empacotamento” como o caju proveniente da Guiné Bissau, que actualmente sai do país e vai “para torrefação e embalamento para a Índia, Vietname e Malásia e é vendido para o interior da China com margens de 300 por cento”.

TRANSPORTES MENOS 12,4% DE NOVAS MATRÍCULAS ATÉ AO FIM DE MAIO

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URANTE os primeiros cinco meses do ano, o número de veículos com novas matrículas foi de 4.280, menos 12,4 por cento em relação aos primeiros cinco meses de 2019, de acordo informação divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Quanto ao número total de veículos, entre Janeiro e o fim de Maio de 2020, registou-se um ligeiro aumento de 0,7 por cento face aos primeiros cinco meses do ano passado. Se considerarmos apenas o mês de Maio, as matrículas novas de veículos ligeiros caíram 7 por cento, valor que contrasta com a subida significativa de motociclos, de 64,2 por cento para um total de 670 veículos de duas rodas. Durante o mês de Maio ocorreram 743 acidentes de viação, que resultaram em 260 feridos. Olhando para o número agregado desde o início do ano, no fim de Maio os acidentes de viação totalizaram 3.445 e o número de vítimas 1.202. Ao longo desse período, três pessoas perderam a vida nas estradas de Macau. Quanto ao movimento de automóveis nos postos fronteiriços, durante o mês Maio foram menos 89,9 por cento, em relação ao ano passado, com quase 46 mil movimentos. A maior queda verificou-se nos automóveis ligeiros, quase 95 por cento, com os pesados de carga a caírem 12,9 por cento, muito menos em relação aos números de 2019 porque “durante a epidemia a carga não parou de entrar nem de sair nos postos fronteiriços”, explica a DSEC. Importa referir, que o peso da carga que entrou em Macau em contentores cresceu em Maio 666,6 por cento, para 1.098 toneladas, aumento significativo, mas que se explica com a descida da entrada de produtos por via marítima. J.L.


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A

investigadora do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), Fy Fong, mostrou ontem em tribunal como Sheng Hong Fong, arguida no caso do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), simulou a compra de acções no valor de 3,6 milhões de patacas. O objectivo da operação era assegurar que a empresária via o seu investimento na RAEM avaliado em 13,38 milhões de patacas, valor que lhe asseguraria a residência. Foi em 2014 que Sheng Hong Fong entrou em contacto com o empresário Ng Kuok Sao – acusado de ser o líder da associação criminosa que vendia autorizações de residência através do IPIM – com o intuito de começar o processo para se fixar em Macau. Sheng era proprietária de uma participação de 40 por cento num restaurante de “hot pot”, com outros três sócios, uma das quais detinha 50 por cento, Jiang Xiaoting, e os restantes dois, Kuong Lei Fa e Lei Chi Io, com um somatório de 10 por cento. Após a primeira análise do processo, Sheng foi informada que esse investimento não era suficiente e que tinha de ultrapassar os 13 milhões de patacas. Como os 40 por cento apenas equivaliam a 10,2 milhões de patacas, a empresária resolveu comprar as participações de Kuong Lei Fa e Lei Chi Io, o que fez com que chegasse aos 13,4 milhões de patacas, com negócio avaliado em 3,2 milhões de patacas. Todavia, a investigadora do CCAC, Fy Fong, apresentou documentos de salas de jogo VIPe bancos que provam que pelo menos 2,3 milhões de dólares de Hong Kong utilizados na compra acabaram por regressar a Sheng. Tanto no pagamento feito a Kuong Lei Fa como a Lei Chi Ion o percurso foi o mesmo, em duas tranches: a primeira de 700 mil dólares de Hong Kong e a segunda com um milhão. No passo inicial, Sheng retirava o

HOJE MACAU

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CASO IPIM INVESTIGADORA MOSTROU CIRCUITO DO DINHEIRO EM COMPRA FICTÍCIA

Efeito bumerangue

A empresária Sheng Hong Fong simulou a compra de acções, no valor 3,6 milhões de patacas, a duas sócias para poder cumprir critérios para receber residência em Macau. No entanto, após obter os recibos da compra, o dinheiro voltou para a conta de Sheng dinheiro da conta que tinha numa sala VIP da empresa junket Guangdong. O numerário era depois depositado

“Se ela [Sheng Hong Fong] tivesse feito o câmbio para patacas teria pago pela operação. E ela não queria perder dinheiro.” INVESTIGADORA DO CCAC

na sua conta pessoal no Banco da China e posteriormente transferido para as contas de Kuong e Lei.

DINHEIRO DEVOLVIDO

Com esta operação eram gerados recibos para comprovar o negócio de compras de acções. No entanto, no dia seguinte aos pagamentos, Kuong e Lei levantavam o dinheiro e depósitos com o mesmo valor entravam na conta de Sheng no Guangdong Group. Ainvestigadora do CCAC recorreu ainda a uma conversa

de WeChat entre Elaine Iu, secretária de Ng Kuok Sao, e Sheng em que foi pedido à empresária que gerasse recibos porque o negócio tinha de aparentar ser real junto do IPIM. Além disso, Fy Fong levantou dúvidas pelo facto de as operações serem feitas em dólares de Hong Kong, quando o contrato de compra de acções tinha sido acordado em patacas. “Sheng não tinha conta em patacas, só em dólares de Hong Kong e em divisas estrangeiras. Também nas

salas VIP só aceitam dólares de Hong Kong”, apontou a investigadora. “Se ela tivesse feito o câmbio para patacas teria pago pela operação. E ela não queria perder dinheiro”, considerou Fy Fong.

“SUBORNO” VAI E VEM

Como parte do processo para obter residência, Sheng Hong Fong pagou 500 mil patacas de caução ao empresário Ng Kuok Sao. O montante seria alegadamente utilizado para os custos de “compra” de residência

e o pagamento de subornos a pessoas do IPIM, como Jackson Chang. No entanto, o dinheiro foi devolvido por volta de Setembro de 2017, uma vez que Sheng estava descontente por estar desde 2014 à espera para obter residência. Foi também nessa altura que Sheng nomeou um novo representante junto do IPIM. Segundo os documentos apresentados ontem em tribunal, estas duas decisões foram tomadas quando o processo já tinha sido aprovado e numa altura em que tanto Ng como Sheng não tinham sido informados pelo IPIM. A investigadora foi questionada sobre a razão que terá levado Jackson Chang a não informar os alegados membros da associação criminal, uma postura que foi explicada com a mudança do Governo, entre 2014 e 2017, quando Lionel Leong substituiu Francis Tam. João Santos Filipe

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Olhares femininos Maus Hábitos recebe exposição sobre “a temática da mulher” de fotógrafas da China e de Macau

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espaço Maus Hábitos Espaço de Intervenção Cultural, no Porto, inaugura na próxima quinta-feira, 9 de Julho, uma exposição que junta fotografias de cinco fotógrafas da China e de Macau, subordinada à “temática da mulher e do feminino”. Patente até 30 de Agosto, a mostra “Outros Portos Outros Olhares” é organizada pela associação Saco Azul e pelo espaço Maus Hábitos, e tem curadoria de Clara Brito e Gu Zhenqing, apresentando 25 fotografias de Margarida Gouveia, MinaAo, Peng Yun, Xing Danwen e O Zhang. Segundo explicou à Lusa Clara Brito, a ideia é “mostrar trabalho artístico de artistas de Macau e da China”, e apresentar visões de fotógrafas femininas. “O objectivo é repensar a mulher enquanto sujeito político, no âmbito mais geral, e trazer isso para o debate. Poder, desta maneira, discutir uma temática que é actual e ver qual é a gramática dos femininos contemporâneos”, afirmou. Mais distante do eixo central da mostra está o trabalho de O Zhang, uma vez que esta fotógrafa chinesa está sediada nos Estados Unidos e documenta “várias famílias norte-americanas que adoptaram crianças chinesas, na sua maioria mulheres”. “Questiona o papel das mulheres numa família nova, num novo país, de acolhimento, e que acção e impacto mais forte na sociedade, incluindo em termos políticos, podem ter estas futuras mulheres, quando crescerem, estando acolhidas numa outra cultura, de valores e referências completamente distintos”, acrescenta Clara Brito. Assim, há obras de Xing Danwen, “uma das primeiras chinesas que se auto-fotografa, e que fotografa outras mulheres”, à procura de escapar

ao habitual olhar masculino, aproximando-se do debate sobre “uma narrativa visual que mostra as visões destas mulheres, como se vêem e se querem documentar, representar e ser vistas”.

CARACTERES E SIGNIFICADOS Esse “novo olhar sobre as mulheres, com maior luz, de relevância e de presença”, marca também o trabalho de Peng Yun, de “curiosidade feminina”, ou de Margarida Gouveia, nascida em Lisboa, “que olha para si como podendo ser uma autora fora dela mesma”, ou as “várias facetas, de mulher, mãe e artista” de Mina Ao. “Uma das coisas presentes na exposição são os caracteres chineses. Um deles representa a palavra medo e, outro, a palavra prazer. Prazer não só no sentido mais vago, mas enquanto força de vida e presença activa. (...) É esta dicotomia de emoções que também se pretende mostrar e discutir”, revela a curadora. No Maus Hábitos, “as pessoas vão encontrar fotografias que narram e questionam esta temática”, porque “as mudanças culturais são sempre as mais difíceis” e, numa sociedade “onde as visões masculinas” são predominantes, assim como a ocupação de cargos de poder, é importante debater e “dar voz e olhar às mulheres”. Clara Brito adianta ainda que, neste “contexto muito particular com a pandemia de covid-19”, estão a ser pensados formatos para “poder mostrar conteúdos e debater”, sobretudo através da Internet, e “dar voz às artistas e outras pessoas que trabalham estes temas”. “Outros Portos - Outros Olhares” pode ser visto de 9 de Julho até 30 de Agosto, no Maus Hábitos, entre as 12:00 e as 23:00, de terça-feira a sábado, e das 12:00 às 16:00 de domingo.

O

p atu á vai subir ao palco este fim de semana num evento organizado pelo Instituto Cultural (IC). Gabriel, o projecto a solo de Delfino Gabriel, visa “promover mais a língua patuá, mas de uma maneira mais interactiva, através da música”, disse o artista ao HM. Encontrou na música uma forma de as filhas aprenderem a língua e de divulgar esse elemento cultural ao público em geral. “Não é uma língua que se fale diariamente, mas também faz parte do património cultural intangível de Macau”, observou. O concerto integra o programa dos “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas zonas do Porto Interior e da Taipa”, do IC, que neste fim de semana tem lugar nas Casas Museu da Taipa entre as 16h e as 18h. Gabriel foi convidado para actuar enquanto artista local. Gabriel também tenta promover o patuá junto da comunidade chinesa de Macau, para dar a conhecer a diferença em relação ao português. E comentou que na sua idade “uma pessoa agora tenta fazer coisas que tenham valor para a próxima geração”. Do lado dessa comunidade sente que há curiosidade. “Como eu falo cantonês conseguimos ter um canal de comunicação”, explicou. Mas se esse é o primeiro patamar, o artista explica que o segundo passa por “conseguir promover isso mais também para os turistas que vêm cá”, por assumir que a economia se “vai restabelecer” e que a língua “faz parte da nossa história”. A sua participação num vídeo dos Dóci Papiaçám fez com que o papel da música como veículo de aprendizagem sobressaísse. As filhas, que também participaram, repetiram várias em casa uma música envolvida no projecto. Algo que o motivou fazer música “de uma maneira mais organizada e com um objectivo, para elas também aprenderem”.

“SINGLE” AINDA ESTE MÊS

Nem todas as músicas de Gabriel são em patuá, o português e o cantonês também integram o seu trabalho musical. E o português também assume um papel no seu processo criativo. “Faço tudo em português primeiro. Penso e escrevo em português, e depois tento traduzir para patuá, porque o meu dicionário de patuá é muito limitado”, explicou, observando que

Gabriel o tradut

CONCERTO MÚSICA EM PATUÁ EM ESPECTÁCULO NAS CASAS MU


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l, tor

USEU DA TAIPA

Gabriel sobe ao palco na tarde de domingo na zona das Casas Museu da Taipa, onde vai cantar em patuá, uma vertente da cultura macaense que quer promover. O artista vai lançar uma música ainda este mês, focada na dependência dos telemóveis

também procura apoio com a tradução junto de amigos. No final de Julho vai lançar o seu primeiro “single”, cujo tema se foca na dependência do telemóvel, pelo foco constante das pessoas nas redes sociais e a verificarem mensagens em vez de comunicarem: “uma pessoa parece que está a usar isso para conectar, mas acaba por se desconectar muito da realidade, da família”. Gabriel conjuga a música com a vida familiar e o trabalho. Pretende lançar um “EP” no próximo ano em Macau, uma vez que já tem outras duas músicas a caminho e vai passar depois para a fase de gravação. Salomé Fernandes

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CAMÕES CRIADA LINHA DE APOIO À TRADUÇÃO E EDIÇÃO DE OBRAS EM PORTUGUÊS

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OI ontem assinado um protocolo entre o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) que cria uma linha de apoio à tradução e edição de obras em português. O protocolo visa promover a tradução e edição no estrangeiro de obras escritas em língua portuguesa, por autores portugueses e por autores dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, através de apoios financeiros e de bolsas para tradutores. “Este novo instrumento destina-se a editoras estrangeiras e nacionais que apresentem candidaturas para a publicação de obras destinadas aos mercados e públicos no estrangeiro, podendo cada editor submeter mais do que uma candidatura. Para além de propostas editoriais de iniciativa das editoras, a linha contempla ainda uma modalidade de apoio à tradução e edição de obras referenciais da

literatura portuguesa que, a par do apoio à tradução e edição, prevê igualmente a aquisição de exemplares”, lê-se num comunicado. Segundo a mesma fonte, a linha de apoio à tradução e edição visa “estimular o conhecimento e a divulgação internacional do património bibliográfico em língua portuguesa e dos seus autores”, assim como “proporcionar um conjunto de recursos e de acervos para bibliotecas portuguesas ou internacionais, cátedras, centros de língua portuguesa e culturais ou universidades”, especialmente os que tenham protocolos de colaboração com o instituto Camões. Outro objectivo desta linha é dar visibilidade a “autores e obras da literatura em língua portuguesa” nos mercados editoriais internacionais e “articular a difusão de autores e obras da literatura em língua portuguesa com as acções no âmbito da participação em feiras internacionais do livro, festivais literários e outros eventos internacionais».

Música McCartney, Stones e Ed Sheeran querem apoio do Governo britânico Paul McCartney, Rolling Stones, Coldplay e Ed Sheeran estão entre os artistas que pediram ao Governo britânico para apoiar a área dos espectáculos musicais, perante o impacto causado pela paralisação do sector, com a pandemia da covid-19. Cerca de 1.500 artistas, entre os quais Dua Lipa, Eric Clapton, Beverley Knight e Little Mix, entregaram uma carta ao ministro britânico da Cultura, Oliver Dowden, na qual enumeram as dificuldades que músicos, técnicos e promotores de espectáculos estão a enfrentar. Na carta divulgada ontem, destacam

o prolongamento da “queda” da actividade até 2021, uma vez que todos os festivais e concertos foram cancelados. Milhares de postos de trabalho foram suprimidos, sublinham. “Sem fim à vista para o distanciamento social e sem um apoio financeiro do Governo, o futuro de concertos e festivais e das centenas de milhares de pessoas que neles trabalham, parece desolador”, escrevem os artistas. Os subscritores da carta pedem um “calendário claro” sobre o regresso à actividade, apoio financeiro e a eliminação do IVA, sobre a venda de bilhetes.

Tate Britain Anunciados dez artistas com bolsas do Prémio Turner A organização do Prémio Turner, uma das mais importantes distinções mundiais da arte contemporânea, anunciou ontem os nomes dos dez artistas que vão receber uma bolsa de 10 mil libras, em substituição do galardão. De acordo com um comunicado divulgado pela Tate Britain, os artistas seleccionados pelo júri são Liz Johnson Artur, Oreet Ashery, Shawanda Corbett, Jamie

Crewe, Sean Edwards, Sidsel Meineche Hansen, Ima-Abasi Okon, Imran Perretta, Alberta Whittle e a organização Arika. No final de Maio, a Tate Britain tinha anunciado que, devido às restrições causadas pela pandemia da covid-19, este prémio anual, no valor de 40 mil libras, não seria entregue como habitualmente, mas transformado em bolsas de criação para dez artistas.


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“Embaixada chinesa no Reino Unido Se o lado britânico mudar unilateralmente a regra actual, isto constituiria uma violação da sua própria posição e do direito internacional.”

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C h i n a ameaçou ontem retaliar perante a decisão do Reino Unido de expandir os direitos de imigração dos residentes de Hong Kong, na sequência da promulgação da lei de segurança nacional na antiga colónia britânica. Vários países ocidentais condenaram a aprovação da lei, que visa punir “actos de secessão, subversão, terrorismo e conspiração com forças estrangeiras para comprometer a segurança nacional”. O texto foi ratificado pelo Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, um órgão submetido ao Partido Comunista Chinês (PCC). A Ordem dos Advogados de Hong Kong manifestou “profunda preocupação” com a lei, advertindo que a formulação do diploma, muito vaga, compromete a independência do poder judicial na antiga colónia britânica.

HONG KONG PEQUIM LANÇA AMEAÇAS FACE A DECISÃO BRITÂNICA DE FACILITAR IMIGRAÇÃO

Lá se fazem, cá se pagam Londres protestou contra o que considera uma violação do acordo sino-britânico, que permitiu a transferência da soberania do território para a China, em 1997, sob o princípio ‘um país, dois sistemas’, que deveria garantir até 2047 a autonomia do território e liberdades desconhecidas na China continental. Em resposta, o Reino Unido anunciou a intenção de ampliar os direitos de imigração para residentes de Hong Kong, permitindo o acesso à cidadania britânica a milhões de titulares do “passaporte britânico no exterior”. “Se o lado britânico mudar unilateralmente a regra actual, isto constituiria uma violação da sua própria posição e do direito internacio-

nal”, apontou a embaixada chinesa no Reino Unido, em comunicado. “Nós opomo-nos veementemente e reservamo-nos ao direito de tomar as medidas apropriadas”, acrescentou.

OUTRAS OFERTAS

Também o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse que o seu país está a considerar “muito activamente” oferecer-se para acolher residentes da região semiautónoma da China, considerando a situação “muito preocupante”. Taiwan, que funciona como um Estado independente, apesar de Pequim considerar a ilha uma província sob a sua jurisdição, abriu um escritório para

ajudar os habitantes de Hong Kong a fixarem residência no seu território. O documento surgiu após repetidas advertências do regime comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalada em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas. Os críticos do texto estão convencidos de que se trata do prelúdio de uma vasta campanha de repressão na cidade.

PREOCUPAÇÕES LEGAIS

Para a Ordem dos Advogados de Hong Kong, o texto dilui a separação entre o sis-

tema judicial independente de Hong Kong e a justiça na China continental, onde os tribunais são controlados pelo Partido Comunista. Numa análise de cinco páginas, os advogados observaram que os delitos são muito vagamente definidos, “podendo ser usados de forma arbitrária e de maneira que infrinja desproporcionalmente os direitos fundamentais, incluindo a liberdade de consciência, expressão e reunião”. Denunciando “a total ausência de consultas dignas desse nome”, a Ordem diz-se “preocupada” com os poderes de vigilância estendidos à polícia, em particular em matéria de escutas telefónicas, sem supervisão judicial, da possibilidade de

BÉLGICA “PREOCUPAÇÕES” COM RISCO DE ESPIONAGEM NAS UNIVERSIDADES

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Bélgica está “preocupada” com o risco de espionagem nas suas universidades, dando conta da presença de estudantes chineses em áreas como a Tecnologia de Defesa, susceptíveis de fornecer às Forças Armadas de Pequim “todas as informações” que obtêm. A inquietação é evocada no último relatório anual da Segurança de Estado, os serviços se informações civis da Bélgica, ontem divulgado.

“Os estudantes de diversos institutos de investigação militar (como os da Universidade Nacional de Tecnologias de Defesa da China) têm sido enviados para vários países da Europa Ocidental, entre eles a Bélgica, para adquirirem conhecimentos essenciais sobre vários desenvolvimentos militares”, sublinha-se no relatório. No documento, que reporta a 2019, refere-se que as universidades belgas ligadas à investigação são vistas como uma “mina de

ouro” nos temas em questão.“Os estudantes e os investigadores entregam, depois, todas as informações e conhecimentos adquiridos nas universidades belgas ao exército do seu país. Actualmente, são várias as dezenas desses estudantes militares que estão activos nas universidades belgas”, acrescenta-se no relatório. A Segurança do Estado não avança com quaisquer dados precisos sobre a presença de estudantes chineses no país, mas

o “número dois” dos serviços de informações civis, Pascal Pétry, reconhece, intrinsecamente, que “deve ser dada uma atenção particular” à Bélgica, lembrando que acolhe as principais instituições da União Europeia (UE). “O interesse da China é o de estimular os jovens investigadores a penetrar em instituições interessantes na Bélgica e felicitá-los no regresso ao seu país se tiverem obtido informações úteis”, assegurou Pétry, em declarações ao diário La Libre Belgique.

realizar julgamentos à porta fechada, ou por Pequim ter a palavra final na interpretação do texto. Os críticos do novo texto denunciam, em particular, o facto de a China ter jurisdição sobre certos assuntos abrangidos pela lei, o que contraria a ideia de um território soberano do ponto de vista judicial. Milhares de manifestantes protestaram contra a promulgação da lei na quarta-feira, dia que marcou o 23º aniversário da entrega da soberania do território à China. Apolícia respondeu usando canhões de água, gás lacrimogéneo e gás pimenta. Quase 400 manifestantes foram presos, incluindo dez sob a nova lei.

Covid-19 Três novos casos, um em Pequim e dois importados

A China identificou três novos casos de covid-19 entre quarta e quinta-feira, um em Pequim e dois oriundos do exterior, anunciaram ontem as autoridades. Pequim detectou um surto do vírus no início do mês passado, num mercado abastecedor da cidade, somando até à data 329 infectados, segundo dados oficiais. Os dois casos importados foram diagnosticados em Xangai, a capital financeirado país. O número de casos activos no gigante asiático fixou-se em 416, entre os quais sete em estado grave. A Comissão de Saúde da China não relatou novas mortes em todo o país. De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia a China registou 83.537 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).


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sexta-feira 3.7.2020

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grupo chinês de tecnologia ByteDance, que desenvolveu o TikTok, pode sofrer perdas superiores ao equivalente a 5.326 milhões de euros, depois de a aplicação de partilha de vídeos ter sido bloqueada na Índia. O número foi avançado pelo portal noticioso Caixin, que cita fontes da empresa, e constitui um montante superior às perdas combinadas registadas pelas outras 58 aplicações chinesas banidas pelas autoridades indianas, num período de renovadas tensões entre Nova Deli e Pequim. Com mais de 120 milhões de utilizadores, a Índia é o maior mercado do TikTok a seguir à China. Violentos confrontos ocorridos, no mês passado, entre tropas dos dois países, nas montanhas dos Himalaias, resultaram na morte de pelo menos 20 soldados indianos. Analistas preveem que a tensão entre os dois países vizinhos acelere a cooperação entre Nova Deli e os Estados Unidos, e outros parceiros estratégicos, visando contrariar a crescente assertividade da política externa chinesa. Na Índia, o TikTok foi descarregado 611 milhões de vezes, no primeiro trimestre de 2020, quase o dobro do total registado em 2019. PUB

Caro bloqueio Veto da Índia ao TikTok pode custar mais de 5 mil milhões de euros à ByteDance

Na segunda-feira, o executivo indiano anunciou o bloqueio de 59 aplicações móveis chinesas, por serem “prejudiciais à soberania e à integridade” do país. As autoridades asseguram que aquelas aplicações são usadas para “roubar e transmitir clandestinamente e sem autorização dados dos utilizadores para servidores localizados fora da Índia”. A recolha de dados é usada para “criar perfis de elementos hostis à segurança e defesa nacionais” da Índia e, portanto, constitui uma “profunda preocupação que requer ação imediata”, defendem. O director do TikTok na Índia, Nikhil Gandhi, anunciou em comunicado que vai reunir com as autoridades para abordar o assunto e defendeu que a empresa cumpre todos os requisitos da lei indiana e que não partilha informações com o Governo chinês.

QUEIXAS SÍNICAS

A ByteDance - que possui cerca de 2.000 funcionários na Índia anunciou em Abril do ano passado um investimento equivalente a 888 milhões de euros no mercado indiano, durante os próximos três anos. A empresa abriu ainda um centro de dados para armazenar localmente as informações dos seus utilizadores indianos.

A embaixada da China em Nova Deli considerou a decisão “selectiva e discriminatória”. “Adecisão contraria os requisitos de que os processos sejam justos e transparentes, abusa das leis de segurança nacional e pode ser suspeita de violar as regras da Organização Mundial do Comércio”, apontou.

Com mais de 120 milhões de utilizadores, a Índia é o maior mercado do TikTok a seguir à China “Apelamos à Índia que mude as suas práticas discriminatórias, trate todos os investimentos e prestadores de serviços da mesma forma e crie um ambiente de negócios aberto e justo”, acrescentou. A China é a maior defensora do conceito de “soberania do ciberespaço”, pelo que exclui vários órgãos de comunicação ou portais estrangeiros, incluindo Facebook, Twitter ou Instagram, da rede chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores.


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Expectoracão ´

Sara F. Costa

3.7.2020 sexta-feira

Estão podres as palavras

A depressão e outros lugares em Neptuno

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ICO em casa porque a casa sou eu. Protejo-me nas quatro paredes diagnosticadas com perturbações mentais. Alguém me disse que se um esquizofrénico e um borderline (limítrofe) fossem para uma ilha, o esquizofrénico continuava a ser esquizofrénico mas o boderline não iria revelar sintomalogia. O seu pilar intermediário influente é calculado pela armadura interpessoal. O cálculo da armadura de flexão em vigas nem sempre considera a largura do pilar intermediário influente. Isto é, se a casa for o silêncio e o pensamento o turista que aproveita o alojamento local para experimentar novas identidades, o escoamento de ideias pode perfeitamente fazer-se pelo saneamento público das convenções sociais, sem demais complicações. É isso, sonho em ser lugar-corpo fragmentado entre geografias. Extraterrestre holístico. Não dá. Tenho de tomar a fluoxetina, fluxo de palavras nas áreas suburbanas do cérebro. Cá vai: passei pela infância despercebida. Claro, havia censores pendurados ao longo dos corredores que iam dar aos outros. Palavras que quando chegavam já vinham em ferida ou, se não feriam, pousavam em feridas como álcool. Ardia. Quando ardia, eu gritava. Qualquer um gritaria. Mas para quem passa na rua e ouve esta gritaria toda dentro de casa, não compreende, enerva-se. As vigas estão lá, está tudo pintado, porque é que esta casa tão normal é tão imprevisível. Barulhenta. Música sempre muito alta na cave dissociativa, janelas que se partem sozinhas porque autodestrutivas, flores a crescerem na extremidade dos transtornos, belas telas penduradas no quarto onde a casa vai para se abandonar continuamente. Que casa é esta que não sabe o que ser, sendo sempre tanta coisa e nada em simultâneo? Às vezes, tem toda a mobília que consegue comprar, rebenta pelas costuras de tanta estante, arcas, peças em estilo Hepplewhite, cómodas, toucadores, cadeiras sem espaldar, chaise longue para a psicanálise doméstica. Outras é só vazio. Ouvem-se martelos a destruir paredes de pladur, alcatifas rasgadas com as mãos. - Habitará ali algum demónio? Perguntam-se os vizinhos. - Será ele quem cuida do jardim? Alguns dizem conhecer um jardim tropical que rodeia aquela casa, com aves-do-paraíso, hibiscos, orquídeas fluorescentes. Várias pessoas relatam

a visão deste jardim. À entrada lê-se numa placa romântica “Neptuno”. É um jardim único, soberbo, sobrepõe-se a muitas das coisas já conhecidas. Muitos, nunca o encontram. A personalidade, essa, que é suposto ser fixa, definida, perturba-se ou, nou-

tras palavras, propõe-se a transformar o acto de perturbar - temporário, por natureza - num acto fixo: um distúrbio. Há escadas entre os factores genéticos do ladrilho. Há estruturas cerebrais específicas para lidar com determinados comportamentos emo-

Alguns dizem conhecer um jardim tropical que rodeia aquela casa, com aves-do-paraíso, hibiscos, orquídeas fluorescentes. Várias pessoas relatam a visão deste jardim. À entrada lê-se numa placa romântica “Neptuno”. É um jardim único, soberbo, sobrepõe-se a muitas das coisas já conhecidas. Muitos, nunca o encontram

cionais, como o Sistema Límbico. O limbo, núcleo rochoso ao redor do trauma, esse lugar fora dos limites do céu onde não existe a remissão do pecado (original?) mas existem diversas camadas de nuvens, tempestades ciclónicas. Neptuno não consegue receber a radiação solar necessária para fornecer energia às elevadas turbulências da sua atmosfera. Assim, é esta casa-corpo, mente erigida por um qualquer arquitecto de Neptuno, misantropo e empático, violento e frágil. Um paradoxo consciente. Vou para a cama com o arquitecto, antagonista dos receptores dopaminérgicos. Mantemos afinidade com os receptores serotoninérgicos. É agora que vou tratar das orquídeas. Em Neptuno, rego orquídeas contínuas, num jardim tropical, Jardim-Ilha onde sou sã para sempre.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

sexta-feira 3.7.2020

FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO

entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares

Biombos e Monte Fuji a partir da pintura de MV

1. Os biombos japoneses são formas de tapar e anunciar. De súbito, uma parede móvel que ali está, não para existir, mas para anunciar o que está por trás. Não é muro e daí vem a sua diferença absoluta. Não é para impedir a passagem física, é para impedir um itinerário óptico. O olhar vai no seu caminho e a meio é interrompido. Um biombo. Uma espécie de véu, portanto: esse impedimento de ver é o início de um erotismo evidente. O biombo como aquilo que eu posso desviar com as mãos, tal como o véu por cima do corpo da mulher ou à frente do seu rosto. O biombo como uma armadura, não para balas ou lâmina, mas para a simples ansiedade. Uma armadura elegantíssima, leve, transportada facilmente por donzelas de braços alvíssimos e frágeis. O biombo num espaço obriga também a uma nova circulação, a desvios permanentes; e três biombos num espaço constroem uma micro-cidade com cruzamentos e opções sucessivas exigidas ao caminhante de pequena escala que é o ocupante de uma casa. A leveza que tapa, a leveza que tapando diz: atrás de mim está o importante. O biombo. 2. O monte Fuji ali está como repto atirado, desde há muito, aos pintores: estou parado, vê se me consegues captar. O monte Fuji como aquilo que foge ao pintor e à máquina fotográfica ou de filmar. Não é como um objecto: uma montanha é instável como uma nuvem que tivesse ganhado peso. E, subitamente, o que parece estável torna-se resistência ao movimento. Uma montanha não está parada, está constantemente nesse movimento de resistência ao movimento explícito que muda a posição das coisas. Diga-se, desde já: a força que é necessária para ter a imobilidade do Monte Fuji. Quem consegue estar assim parado? Uma força atirada para o tempo e não para o espaço; uma intensidade: uma acumulação. O Monte Fuji.

ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES


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tonalidades António de Castro Caeiro

3.7.2020 sexta-feira

Recordar é viver?

O

RTEGA Y Gasset fala das alturas da vida para referir aquilo que nós designamos em Português para falar do tempo, quando dizemos: naquela altura. Quando dizemos naquela altura referimos um tempo passado. Como se constitui? É porque podemos circunscrevê-lo temporalmente como já passado, uma fase que já acabou: o liceu, uma relação amorosa, uma viagem, umas férias, uma época da vida que resulta da intercepção de diversas actividades e da ligação com diversas pessoas, momento histórico relevante? Como nos aparece? A qual dos eus aparece? A mim, mas a quem de mim? A mim como sou agora no presente? Ou sou eu quem lá vou? Encontramo-nos num qualquer ponto do tempo como se houvesse um compromisso, a meio caminho, a meio tempo? Como se dá essa visita? E para aparecer, está morto e enterrado para nós? Percebemos que as disposições estão mortas, que não nos damos com determinadas pessoas, os estados de espírito mudam com a presença e ausência de pessoas, os momentos da vida trazem vibrações diferentes, já nem nos lembramos bem de como era nessa altura pelo menos não inteiramente. Há um “cheirinho” de como era então para nós. Abre-se-nos, revela-se-nos de como estávamos agora a um eu mais sóbrio ou diferente ou pelo menos a uma versão de nós que pode perceber a verdade dos acontecimentos. Haverá só uma verdade? A verdade? A quem aparece o passado que é exumado na vibração, ondulação, estado, espírito, sopro, anelo, modo, modulação, com a voz própria que tinha tido então. Como podemos escutá-lo musicalmente? Ou como mergulhamos? Dá-se esse mergulho na dimensão da época nessa altura não é apenas uma invocação representativa. Conseguimos ir lá pela disposição. É o elemento que faz a homogeneização, que faz o transporte, o elo comum, o transporte temporal faz-se no modo modulação vocalização. Não se faz de nenhum outro modo, descemos ou subimos, transitamos para essa época ou não através do modo maneira modulação ou não transitamos. Como com as nossas próprias vidas, pode estar presente o espírito daquela época e somos assim transportados para lá ou vem até

O passado inteiro virtual tem um poder total sobre a nossa vida. Expulsa a situação presente

nós e modifica completamente a cidade inteira a nossa vida presente. A actualidade é a linha de surf ou o lençol de água com a temperatura e a corrente que nos leva e isola das outras linhas de água com temperaturas diferentes e correntes em direcções diferentes, mas estamos sempre inexoravelmente na constituição de um tempo unidirecional ainda que perdidos em diversas alturas que parecem descarrilar como carruagens de um mega comboio que embateu e vemos todas as épocas ao mesmo tempo sem perceber a sua repartição cronológica. Tal como o tempo das nossas vidas também não tem uma datação exacta a não ser grandes épocas: a infância, o princípio das nossas vidas, o princípio da juventude, a idade adulta ou então o tempo do trauma. A nossa vida distingue-se entre o tempo do trauma que é o que marca a iniciação trágica a que só sobrevive quem encontra uma possibilidade de superar ou então se afunda e vê apenas a possibilidade perdida do que poderia ter sido e não foi. O dia de ontem está a uma altura mais baixa ou mais alta? O dia de amanhã está a um nível mais alto ou mais baixo do que o dia de hoje? Não estamos no tempo da superfície, estamos num tempo de profundidade ou de relação não compreensível com a superfície e com a profundidade. Quando aparecem memórias de infância não as vemos como olhamos para postais com paisagens ou fotos com pessoas que já morreram. Ao aparecerem têm o poder daqueles aparelhos que agora inventaram com o poder de criar uma realidade virtual que fazem a pessoa que mete o capacete na cabeça com o ecrã incorporado mergulhar no oceano imaginário que está na sala de estar. O passado inteiro virtual tem um poder total sobre a nossa vida. Expulsa a situação presente. Lembra-nos as músicas que ouvíamos, o que fazíamos, as pessoas com quem nos dávamos, a malta do liceu, o ano escolar, a nossa casa de adolescentes. Tudo está organizado pela brisa marítima que efectivamente se faz sentir e quimicamente transforma todas as moléculas do meu ser mudando o meu corpo presente no meu corpo passado, ressuscitando o meu corpo passado no meu corpo presente, transfigurando a Terra e o Universo, fazendo-o ser como era. Recordar é viver?


ARTES, LETRAS E IDEIAS 17

sexta-feira 3.7.2020

ofício dos ossos Valério Romão

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Á um aroma de fim do mundo neste 2020. É um ano que parece condensar em si tudo quanto de mau teria de ser distribuído por pelo menos meia dúzia de anos para ser razoavelmente normal. A grande anomalia negativa – uma pandemia de nome manso – tem vindo a fazer sobressair em cada um de nós os aspectos de personalidade que o dia-a-dia normalmente não exige. As circunstâncias excepcionais revelam as pessoas, sobretudo o seu aspecto moral, e a ética é fundamentalmente imprevisível, por mais que à mesa do café se jurem as acções mais nobres. Há quem ache que, passados três meses de semi-isolamento bem comportado, já chega. A economia está de rastos. A maior parte das pessoas está a ser obrigada a fazer contas à vida e a racionar (ainda mais) as despesas. Há obviamente uma casta de criaturas que passa por isto sem que as suas finanças sejam minimamente beliscadas. São aqueles cuja conchinha protectora lhes permite entrar e sair de casa pela garagem e ver da cidade apenas o que o percurso do costume lhes mostra através do vidro lateral do banco traseiro. Até nisso esta

A história está cheia de homens crise tem sido cruelmente reveladora: a maior parte de nós pode perder o pouco que constituiu como barreira para a indigência num espaço de meia dúzia de meses. Ter uma casa e comida na mesa é um trabalho a tempo inteiro. Não há anos sabáticos para o sobrevivente. Não há almoços grátis. O pouco que somos capazes de fazer numa alegria despreocupada surge nos breves intervalos da nossa fixação apreensiva no futuro e no que ele nos reserva. Embora o Facebook seja território estupidamente fértil para toda a sorte de especialistas poliédricos – num

Quanto tempo mais será preciso para desparasitar a realidade dos nossos medos subconscientes?

dia as alterações climáticas, no outro a epidemiologia estatística – a verdade é que imediatamente por baixo de uma espuma muito superficial de dados e citações o que se salta à vista é uma ignorância confrangedora. Uma ignorância como laivos de bully, que se defende da sua própria insegurança atacando em todas as direcções, como um bêbedo socando o ar em seu redor. Uma ignorância que acha os factos desinteressantes e as explicações insuficientes. Uma ignorância que se foca aquém ou além do que está a acontecer e não no que está a acontecer. Uma ignorância que atira para cima da mesa toda a espécie de conspirações descabeladas. Uma ignorância que por detrás de qualquer acontecimento vê parte de um plano mais vasto de domínio, mentira e controlo. Não chega ser uma pandemia, foi criada. As máscaras não são apenas uma forma de determos a

propagação do vírus, são uma forma de controlo. Um medicamento não é só um medicamento, é uma decisão política. E deste espartilho com que se vestem para interpretar o mundo, zangados e tristes, acusam os restantes de medo infundado. Andámos séculos para conseguir expurgar da natureza Deus e o diabo e os seus inúmeros agentes. Newton ensinou-nos que as maçãs não caem por nos quererem dizer coisas, mas por causa da gravidade. A medicina contemporânea mostrou-nos que o desrespeito às leis de Deus não causa doenças; as bactérias e vírus sim. Quanto tempo mais será preciso para desparasitar a realidade dos nossos medos subconscientes? Ou dar-se-á o caso de sermos estruturalmente incapazes de viver sem estarmos sempre a tentar encontrar, mesmo que o facto se apresente pornograficamente nu, o lado escondido das coisas?


18 (f)utilidades TEMPO

MUITO

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33 Cineteatro SALA 1

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Um filme de: Tod Robinson Com: Sebastian Stan, William Hurt, Christopher Plummer 14.30, 16.45, 19.00, 21.30 SALA 2

# LAMHERE [B]

FUKUSHIMA 50 [B]

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HUM

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C I N E M A 2 32 1 52 7 4 64 3

THE LAST FULL MEASURE [C]

FALADO EM FRANCÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Eric Lartigau Com: Alain Chabat,, Doona Bae, Blanche Gardin 14.30, 19.30

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 30

7 1 3 6 2 4 5 4

PROBLEMA 31

S U 3 U 6 4D7 O1 K 2 5 31

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75-98%

Pelo menos 275 elefantes morreram nos últimos meses na região turística do Delta do Okavango, norte do Botsuana, segundo informação das autoridades e de organizações não-governamentais,

MORTES ENIGMÁTICAS

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MAX

1 3 6 2 5 7 47 6

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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Setsuro Wakamatsu Com: Koichi Sato, Ken Watanabe 16.45, 19.00 SALA 3

BEYOND THE DREAM [C] Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terence Lau, Cecilia Choi 14.30, 17.00, 19.15

INHERITANCE [C]

Um filme de: Vaughn Stein Com: Lily Collins, Simon Pegg, Connie Nielsen 21.30

EURO

9.00

BAHT

que suspeitam de uma doença misteriosa. “Recebemos um relatório sobre 356 elefantes mortos no Delta Norte do Okavango e até agora confirmámos a morte de 275 paquidermes”, disse o

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4 1 5 2 3 7 6

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UMA SÉRIE HOJE5 4 1

A política é uma constante da série, que também inclui ho36tortura e esquemas micídios, de drogas. Apesar de estar na netflix, é lançado apenas um episódio por semana. Salomé Fernandes

2 3 6 1 4 7

1 5 7 6 3 2

YUAN

1.12

director de parques nacionais e vida selvagem do Botswana, Cyril Taolo, citado pela agência France Presse.”A causa da morte está a ser determinada”, acrescentou.

6 5 7 3 1 4 2

34

5 2 3 6 7 Já havia um filme de Bong Ho5 baseado 2 7 Joon 7 no4roman-3 ce gráfico, e agora chegou a série. Sete anos depois de 4 7 6 1 4 o5 mundo ficar praticamente congelado, a humanidade que 64 3 está5concentrada 2 1a sobreviveu bordo de um comboio, dese15 4 proteger 2 7pessoas5 nhado para 3 do evento catastrófico, que 3 6 1 a5circular2 está perpetuamente à volta do mundo e onde as 7 1 diferenças 3 so-6 4 1 entre4 classes ciais se torna mais evidente.

0.25

SNOWPIERCER | 2020

6 2 4 3 7 5

5 2 4 7 3 1 6 4 3 7 5 2 1 6 1 7 3 5 6 2 4 5 2 1 4 3 6 7 3 4 34 6 2 5 BEYOND 7 THE DREAM 1 3 7 6 2 5 4 1 7 5 1 63 4 37 2 6 4 3 1 7 2 5 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 4 1 7 Colaboradores 3 2 Anabela 6 Canas;52António 2 5 4 6 1 7 3 Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo3 M.Tavares; Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 5João Paulo Cotrim;7JoséCabral; 6 3 2 Gonçalo 46 Lobo 11Pinheiro; 1 Rui2 5 Fonseca; 4 Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Miranda; Paulo Maia5 e Carmo;7 Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cascais;3 Rui Filipe6 Torres; Sérgio João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje www. Macau; hojemacau. 2 6 5 Morada 1 Lusa; 7GCS;Xinhua 4 Secretária 3 deredacção4ePublicidade 1 Madalena 6 daSilva 5 (publicidade@hojemacau.com.mo) 7 4 3 2AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare com.mo Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo 5 6 5 7


opinião 19

sexta-feira 3.7.2020

um grito no deserto PAUL CHAN WAI CHI

U

O último quilómetro

M quilómetro são 1.000 metros e uma pessoa normal leva em média entre 10 a 15 minutos a percorrê-lo. Mas é preciso não subestimar o esforço que é necessário para o fazer. Certa vez, sofri por ter acreditado num mapa turístico publicado na China, que não levava em consideração as encostas e os declives. É preciso muito mais do que 15 minutos para subir uma encosta com 1000 metros. O Campo IV da Rota do Everest situa-se a 8.000 metros acima do nível do mar e é a última paragem antes da escalada de 844 metros até ao pico da Montanha. No entanto, muitos alpinistas morreram quando tentavam vencer esta última etapa. Em 2012, Tsai Ing-Wen (a actual Presidente de Taiwan) perdeu a eleição. Nessa altura disse aos seus apoiantes que “se encontrava apenas a um quilómetro de atingir o palácio presidencial” e que esperava que todos a apoiassem para atingir o seu objectivo. O quilómetro, neste caso, levou quatro anos a ser percorrido e acabou por ser eleita em 2016. O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China aprovou a Lei da República Popular da China sobre Segurança Nacional, aplicável à Região Administrativa Especial de Hong Kong, que terá efeito imediato a partir de 30 de Junho de 2020. A Lei foi adicionada ao Anexo III da Lei Básica de Hong Kong. Será que esta Lei representa os últimos 1.000 metros empreendidos pelo Governo local para parar a violência e abrandar a curva de distúrbios na cidade? 2020 ia ser o ano decisivo para a China continental declarar que a sociedade como um todo se tinha transformado numa “sociedade de abundância e bem-estar”. No entanto, a China foi gravemente atingida pela epidemia do novo coronavírus, enquanto a evolução da doença no resto do mundo conhecia situações ainda mais tensas e complicadas. As reformas e a abertura da China estão a passar por uma zona de águas muito agitadas e o país encontra-se actualmente a percorrer os últimos 1.000 metros desta jornada, recheados de dificuldades e de perigos. A forma como ultrapassar o desafio será crucial para determinar o sucesso ou o fracasso deste grandioso projecto. Macau é conhecido como um exemplo da implementação da política “um país, dois sistemas. Para além do sucesso que teve com a prevenção e controlo da covid-19, o confinamento da cidade provocou uma enorme crise no sector do jogo e do turismo. Durante os últimos seis meses, a taxa de desemprego local atingiu a marca dos 3.4%, apesar do Governo ter atribuído enormes verbas para apoiar os negócios locais e os trabalhadores. E como é que o Governo vai lidar com situações que já vinham de trás, como as pessoas em situação de semi-emprego, com as baixas sem vencimento e com as centenas de diplomados acabados de sair dos colégios e das Universdades? O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, convoca os cidadões para o trabalho conjunto e para a

travessia dos últimos e atribulados 1.000 metros, mas quanto tempo vai ainda durar esta jornada? Taiwan afastou-se mais da China continental desde 2016. A recondução de Taiwan e da China ao caminho da “reunificação pacífica” só será possível se se conseguir ultrapassar o fosso ideológico que os separa. Em Hong Kong, após a vigência dos dois últimos Chefes do Executivo, Leung Chun-ying e Carrie Lam, a cidade foi-se progressivamente afastando do caminho da “Independência” para enveredar pelo da “destruição mútua”. Se este curso não for invertido, no final dos últimos 1.000 metros vai estar um beco sem saída. Estes dois Chefes do Executivo colocaram-se a si próprios num caminho sem retorno. Mas actualmente Carrie Lam ainda tem uma hipótese, que apenas depende da

Espero que o Governo de Macau possa aprender esta grande lição e que compreenda que a dependência exclusiva da indústria do jogo e do turismo, criada pela Política de Visitas com Vistos Individuais, apenas pode conduzir Macau a um beco sem saída

coragem que tenha para lidar com as reivindicações de cariz social e da sua capacidade para encontrar soluções. Se a manutenção da ordem e da estabilidade social e a contenção da indignação popular tiver de passar apenas pelo uso da lei e da força, temo que ainda estejamos a viver na Dinastia Qing. A China tem uma população de mais de 1.4 biliões de pessoas, e qualquer problema pode causar enorme instabilidade, além disso é preciso não esquecer que 2022 é o ano em que o país passar por uma mudança de líder. A prática é o meio de testar a verdade. Se a alternância de poder for bem-sucedida, acredito que a China possa atingir uma nova fasquia durante os próximos anos. O Chefe do Executivo de Macau disse que poderia haver novidades em Julho. No entanto, o Governo de Hong Kong anunciou que as medidas de quarentena vão permanecer até 7 de Agosto. Neste caso, esperemos que o Governo de Guangdong possa revitalizar a economia de Macau, enquanto nicho turístico, e através da reactivação da Política de Visitas com Vistos Individuais, para que Macau possa sobreviver à travessia dos últimos e difíceis 1000 metros. Espero que o Governo de Macau possa aprender esta grande lição e que compreenda que a dependência exclusiva da indústria do jogo e do turismo, criada pela Política de Visitas com Vistos Individuais, apenas pode conduzir Macau a um beco sem saída. Seja como for, só aqueles que completarem os últimos 1000m podem vislumbrar o futuro no horizonte.

Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático


Nunca chegamos aos pensamentos. São eles que vêm. PALAVRA DO DIA

Heideggers

sexta-feira 3.7.2020

EUA CÂMARA DOS REPRESENTANTES APROVA SANÇÕES CONTRA A CHINA

A

O perigo da segunda vaga Itália defende restrições a viajantes de fora da União Europeia para prevenir novos contágios pelo coronavírus

O

ministro da Saúde de Itália afirmou ontem não poder afastar uma segunda vaga da pandemia de covid-19 no país e justificou as limitações aos viajantes de países fora da UE com a prevenção de novos contágios. “A comunidade científica não descarta [uma segunda vaga] “, disse Roberto Speranza à televisão RAI. “Esperamos que não aconteça, mas, perante o risco, devemos manter as regras de precaução, ou seja, usar máscara, evitar ajuntamentos e lavar as mãos”, acrescentou, apontando também

o reforço do sistema de saúde. O ministro defendeu a decisão de manter restrições aos viajantes provenientes de países que não integram a União Europeia, apesar da recomendação de abertura de fronteiras a 15 países terceiros aprovada na terça-feira pelo Conselho Europeu. “Esperamos poder chegar mais longe dentro de algumas semanas, mas por agora temos de ter cautela”, disse, frisando que em Itália e na Europa “a curva mudou consideravelmente, mais isso não aconteceu no resto do mundo”. “Passámos uns meses difíceis… Não podemos eliminar as

restrições. Seria um erro correr riscos que não podemos enfrentar, a comunidade científica está completamente de acordo com a precaução”, acrescentou.

SOB CONTROLO

Itália abriu na terça-feira fronteiras aos viajantes de países que não integram o espaço europeu de livre circulação Schengen, mas com restrições. As viagens estão limitadas a motivos de trabalho, estudo, saúde ou absoluta urgência, e os viajantes serão sujeitos a uma quarentena de duas semanas. Itália já tinha aberto, a 3 de Junho, as fronteiras aos países do

espaço Schengen. Depois de meses de forte propagação do novo coronavírus, Itália, que chegou a ser o país mais afectado do mundo, regista actualmente números que apontam para que a situação epidemiológica esteja sob controlo. Segundo os dados mais recentes da Proteção Civil, nas últimas 24 horas registaram-se 24 mortes associadas à covid-19 e 182 novos casos de infecção. Desde o início da pandemia no país, em Fevereiro, Itália regista quase 35.000 mortos em mais de 240 mil casos.

DIPLOMACIA TAIWAN E SOMALILÂNDIA REFORÇAM COOPERAÇÃO MÚTUA

T

PUB

AIWAN anunciou quarta-feira que vai abrir uma representação na autoproclamada República da Somalilândia, reforçando os laços entre os dois Estados soberanos, mas que não são reconhecidos por muitos actores internacionais. Citado pela agência France-Presse, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph

Wu, explicou que os dois territórios decidiram, em Fevereiro, abrir escritórios mútuos para aumentar a cooperação, em particular na agricultura e nos sectores mineiros e da saúde. “Estamos a milhares de quilómetros de distância, mas partilhamos um amor profundamente enraizado pela liberdade e pela democracia”,

escreveu quarta-feira o ministro taiwanês na plataforma Twitter. O Presidente da autoproclamada República Somalilândia, Musa Bihi, também ‘tweetou’ o anúncio e afirmou que o seu Governo irá abrir, em breve, uma representação em Taipei. Antiga Somália britânica, a Somalilândia fundiu-se com a

antiga Somália italiana na independência da actual Somália, em 1960. Depois anunciou a secessão e autoproclamou-se independente em 1991. A Somalilândia tem o seu próprio Governo, o seu exército próprio e imprime a sua própria moeda. É também considerada bastante mais estável do que a restante Somália.

Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou quarta-feira, por unanimidade, um documento que prevê sanções automáticas contra as autoridades chinesas que violem as obrigações internacionais daquele país sobre a autonomia de Hong Kong. O texto, que é um pouco diferente daquele já aprovado na câmara alta do Congresso norte-americano, também por unanimidade, em 25 de Junho, será submetido a nova votação precisamente no Senado. O diploma terá ainda se ser promulgado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para entrar em vigor, noticia a agência de notícias France-Presse (AFP). O projecto foi promovido e apoiado por republicanos e democratas, que querem aumentar a pressão sobre Pequim e ir além das medidas já comunicadas pelo Governo dos Estados Unidos, desde que a China aprovou a nova lei de segurança nacional para Hong Kong. Este texto permitiria a Washington punir qualquer entidade ou pessoa que contribuísse concretamente para a violação das obrigações chinesas. Os autores citam o exemplo de “líderes do Partido Comunista Chinês responsáveis pela imposição de uma lei de segurança nacional em Hong Kong” ou mesmo forças policiais envolvidas na repressão de manifestantes naquela antiga colónia britânica. Além disso, os bancos que realizam “transações significativas” com pessoas ou entidades sancionadas seriam alvo de punições. No final de Maio, Washington já tinha imposto a revogação do estatuto comercial preferencial de Hong Kong. O Governo chinês disse ontem que a lei de segurança nacional de Hong Kong, “fortalece a fórmula ‘um país, dois sistemas’”, além de garantir “prosperidade e estabilidade” na região.

Lisboa Município pede fim do financiamento às touradas

A Câmara de Lisboa defendeu ontem a criação de legislação que impeça o financiamento público de espectáculos que “causem sofrimento animal”, salientando que as touradas incluem “actos de violência”. Numa moção “pelo fim de espectáculos com sofrimento animal”, apresentada pelo vereador do BE, é referido que a CML insta “o Governo e a Assembleia da República a adoptar legislação que não permita o financiamento público de eventos que causem sofrimento animal”. Este ponto da moção foi aprovado com os votos favoráveis de BE, PS e PSD e os votos contra do PCP e do CDS-PP.


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