MOP$10
SEXTA-FEIRA 30 DE OUTUBRO DE 2020 • ANO XX • Nº4641
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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
CHINA
DESTINO TRAÇADO GRANDE PLANO
MP | AU KAM SAN
RESIDÊNCIA
0 SUSPEITO ANUNCIADO
DESCUBRA OS ERROS PÁGINAS 4-5
PÁGINA 9
hojemacau ANOS
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Prolongamento Mais 20 dias. É o tempo que resta aos arguidos do caso IPIM, bem como ao Ministério Público, para recorrerem da sentença aplicada pelo Tribunal Judicial de Base. O alargamento do prazo leva a que a apresentação de recurso tenha de ser agora efectuada até 18 de Novembro.
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ÚLTIMA
MULHERES DE ITÁLIA O MOTIVADOR DESEJÁVEL LAOWAI FEVER • GONÇALO M. TAVARES
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QUARENTENA (I)
OPINIÃO • CARLOS MORAIS JOSÉ
2 grande plano
30.10.2020 sexta-feira
A CERTEZA CHINA
PLANO QUINQUENAL FOCADO NA AUTO-SUFICIÊNCIA E POLÍTICAS AMBIENTAIS
Terminou ontem a quinta sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista da China que discutiu o plano estratégico do país para os próximos cinco anos (2021-2025). O futuro deve trazer afastamento dos objectivos económicos aferidos pelo crescimento do PIB, corte drástico nas emissões de carbono, auto-suficiência na produção tecnológica, segurança alimentar e aposta no consumo interno
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O clássico “Five Years”, David Bowie canta “the news guy wept and told us the earth was really dying”, traduzido à bruta “o pivot do noticiário disse-nos que a Terra estava a morrer”, restando cinco anos. Ora bem, o facto é que a actualidade mostra um mundo em profunda convulsão, sem estratégia conjunta para problemas globais, com uma pandemia a varrer vidas e recursos. No meio deste cenário, terminou ontem a quinta sessão plenária Comité Central do Partido Comunista da China, com o plano quinquenal em cima da mesa, destinado a traçar o futuro para os anos entre 2021 e 2025. Apesar de as decisões da cúpula do partido apenas se tornarem públicas, oficialmente, quando a minuta do plano político para os
próximos cinco anos for submetida à Assembleia Popular Nacional, que reúne no próximo ano, a estratégia pode ser aferida pelas publicações nos jornais oficiais. A meta derradeira é a chamada “modernização socialista”, que implicará o rumo das políticas seguidas a nível nacional, provincial, assim como nas empresas controladas pelo Estado. A agência Xinhua escrevia ontem que “a China é um país que cumpre a sua palavra, assim que ficar estabelecido o plano para os próximos cinco anos, tanto o Governo Central como os governos locais fazem tudo para assegurar a sua implementação”. Um artigo extenso do jornal oficial Global Times aponta para o afastamento da medida que afere o sucesso económico com base no crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB). Pela primeira vez, desde 2002, Pequim reviu em baixa este ano a previsão de crescimento, que era de 6,5 por cento. Para já, o Global Times cita economistas chineses que perspectivam a perda de importância
“A China é um país que cumpre a sua palavra, assim que ficar estabelecido o plano para os próximos cinco anos, tanto o Governo Central como os governos locais fazem tudo para assegurar a sua implementação.” AGÊNCIA XINHUA
das metas de crescimento sustentadas no PIB, “mantendo em níveis mais baixos, à volta de 5 por cento, ou mesmo deixando de apontar uma meta específica”. No mercado financeiro, são esperadas medidas para libertar e baixar taxas de juro de forma a combater a desigualdade no acesso ao crédito, alargando as vantagens alcançadas apenas por grandes empresas estatais que conseguem crédito em bancos públicos, enquanto o sector privado enfrenta grandes dificuldades para conseguir empréstimos em condições vantajosas.
MUDANÇA DE CICLO
O jornal indica que o Governo Central pode afastar-se do modelo de crescimento puramente quantitativo, para se focar na optimização estrutural da economia, baseada na inovação e no investimento, “face
aos anos difíceis que se avizinham”. Um dos economistas citados, Wang Yiwei, da Renmin University of China, refere “está a ocorrer uma mudança na filosofia dos decisores políticos, porque o crescimento rápido já não é representativo da força da economia chinesa”. O conceito de “circulação mútua” é outro dos pontos-chave, que Xi Jinping já mencionou em Maio. A estratégia assenta no aprofundamento da “circulação doméstica”, ou seja, na produção, distribuição e consumo suportado por inovação tecnológica doméstica. Este ciclo interno terá o impulso adicional da exportação. Estes são alguns dos mecanismos de defesa do Governo Central para responder às dificuldades dos próximos 10 a 15 anos, face à possibilidade de intensificar as tensões entra China e Estados Unidos, ris-
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NO CAOS
grande plano 3
de carbono, algo que deverá sair reforçado no plano quinquenal. O Global Times refere que os objectivos de emissões de carbono devem ser reforçados, com políticas de combate às alterações climáticas, citando fontes do Ministério da Ecologia e Ambiente. Quanto aos que apontam que a verdadeira aposta da China é o crescimento económico, o Global Times argumenta, categorizando o cepticismo como críticas ocidentais, que a China conseguiu cumprir oito dos nove objectivos ambientais definidos no plano quinquenal anterior. “O objectivo que falta conquistar, assegurar boa qualidade de ar em 337 cidades, durante mais de 84,5 por cento dos dias de 2020, será conseguido como foi planeado”, escrever o jornal oficial.
“Enquanto a Administração Trump vira as costas às questões ambientais e climáticas, a China atinge grandes progressos e desenvolvimentos na gestão ambiental... [como] a neutralidade de carbono e assumir as responsabilidades de um país central na resposta global à crise climática.” GLOBAL TIMES
cos do ressurgimento da pandemia e uma crise financeira global. Como se viu no discurso de Xi Jinping em Shenzhen, um dos motores da economia é a aposta na inovação tecnológica, missão que se tornou ainda mais urgente desde as medidas restritivas à tecnologia chinesa, com imposições dos Estados Unidos a cortar a oferta de componentes essenciais as empresas como a Huawei. Como tal, é expectável que surja a aposta na produção de semicondutores, no desenvolvimento da tecnologia de telecomunicações 5G, computação em nuvem, veículos autónomos, robótica fabril e inteligência artificial.
VARAS DE PORCOS
Uma das aparentes e mais ousadas propostas que podem sair do plano quinquenal é a entrada na classe média de mil milhões de chineses,
algo que a Xinhua descreve como fruto “da magia dos planos quinquenais da China, sustentados na continuidade”. A agência oficial aponta a redução da pobreza como um exemplo de política de longo prazo, implementada desde os anos 1980.
Pequim vai tentar reconstruir a reserva de cereais, promover a produção doméstica de produtos agrícolas, diversificar o leque de abastecedores internacionais e repor os stocks de carne de porco
“No final de 2019, o número de chineses a viver abaixo do limiar da pobreza desceu para 5,51 milhões, quando em 2012 eram 98,99 milhões. A China está a caminho de erradicar a pobreza extrema até ao fim de 2020, tornando-se no primeiro país do mundo a acabar com a pobreza extrema”, escreveu ontem a Xinhua. Um dos pontos essenciais será garantir segurança alimentar, principalmente depois de o país ter atravessado problemas devido à escassez de carne de porco, resultante do surto de peste e das disrupções provocadas pela guerra comercial. Assim sendo, Pequim vai tentar assegurar a reconstrução da reserva de cereais, promover a produção doméstica de produtos agrícolas, diversificar o leque de abastecedores internacionais e repor os stocks de carne de porco.
Outra meta ousada do Governo Central é corrigir os desequilíbrios em termos de oportunidade entre populações rurais e urbanas, nomeadamente através da abertura para fixação de residência de cidadãos oriundos de povoações rurais em cidades. A ideia é responder à escassez de mão-de-obra em centenas de cidades chinesas, em vários níveis de desenvolvimento industrial, ao mesmo tempo que se aumenta o consumo. Por outro lado, serão apresentadas reformas na gestão de terrenos para permitir aos agricultores conseguirem aceder a maiores parcelas de terra, abrindo o mercado imobiliário de propriedades rústicas.
VERDES ANOS
O Presidente Xi Jinping traçou 2060 como a meta para a China atingir níveis zero de emissões
O artigo publicado ontem no jornal do partido não desperdiça a oportunidade para picar o adversário. “Enquanto a Administração Trump vira as costas às questões ambientais e climáticas, a China atinge grandes progressos e desenvolvimentos na gestão ambiental, sendo expectável que as medidas vigorosas prossigam no 14.º plano quinquenal para atingir a meta da neutralidade de carbono e assumir as responsabilidades de um país central na resposta global à crise climática”. O vice-ministro da Ecologia e Ambiente, Zhao Yingmin, recordou o trabalho feito nesta matéria, cerca de uma semana antes das reuniões do Politburo. O governante apontou que as emissões de gases com efeito de estufa per capita caíram 18,2 por cento desde 2015, salientando que entre 2016 e 2020 a China alcançou os maiores progressos em termos ambientais. João Luz com agência info@hojemacau.com.mo
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ESDE que foi criada, a Comissão de Gestão do Tratamento de Queixas apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos recebeu um total de 21 reclamações, avançou ontem o secretário para a Administração e Justiça em sessão plenária. A Comissão foi criada em 2017 e, de acordo com André Cheong, já todas as queixas foram tratadas. A informação foi dada em resposta a uma interpelação oral de José Pereira Coutinho, que quis saber que medidas vão ser introduzidas para melhorar o sistema e proteger os queixosos, nomeadamente de “despedimentos abusivos e injustificados, da não renovação dos contratos de trabalho, de transferências internas para outros departamentos, ou mesmo, da não distribuição de tarefas”. O secretário frisou que os trabalhadores não podem ser prejudicados pelo exercício do direito de queixa, e que podem dizer à Comissão se entenderem que foram tratados injustamente. No entanto, alertou que há dificuldades em acompanhar queixas anónimas, apesar de não serem postas de parte. O deputado Pereira Coutinho descreveu que os 21 casos são “uma parte insignificativa” e que há vários problemas por resolver, insistindo em mecanismos para tratamento de queixas de forma sigilosa para evitar retaliações. Sobre este ponto, Sulu Sou reconheceu que é preferível apresentar queixa em nome próprio, mas observou que também os gabinetes de deputados recebem queixas anónimas. André Cheong declarou que a apresentação de queixas é um assunto “complicado”, explicando que grande parte das que abordam assuntos “muito importantes” são antes dirigidas ao Comissariado Contra a Corrupção. S.F.
Psiquiatria Espera média de 18 dias para consultas
Erros teus, RESIDÊNCIA LEI WAI NONG ENCAMINHOU 24 PROCESSOS PARA A JUSTIÇA
GCS
Serviços Públicos Comissão recebeu 21 queixas desde 2017
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A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Iong, defendeu ontem que a acessibilidade a serviços de saúde mental “é bastante elevada”, destacando que existem consultas externas em centros de saúde e são subsidiadas instituições para serviços psicológicos gratuitos na comunidade. “Nos primeiros três trimestres de 2020, o tempo médio de espera para a primeira consulta externa especializada de psiquiatria [foi] de 18 dias”, declarou. Sobre o aumento dos casos de suicídio, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, revelou que face ao ano passado houve uma subida associada a doenças crónicas, mas que houve apenas mais um caso ligado a doenças psicológicas.
EMPREGO SULU SOU PEDE MENOS NÃO RESIDENTES NO ENSINO
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ULU Sou defendeu ontem uma redução dos docentes não residentes. “O Governo deve rever e reduzir o número dos professores não residentes, e observar os princípios da prioridade na contratação de trabalhadores locais e da localização do ensino, dando mais oportunidades de emprego e progressão aos talentos locais da área do ensino”, indicou o deputado. No entanto, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura,
Elsie Ao Ieong, indicou que no ano lectivo de 2019/2020, houve apenas 4,7 por cento de docentes não residentes. Além disso, os não residentes representaram 2,6 por cento dos quadros médios e superiores de gestão das escolas. Por outro lado, a responsável referiu que no âmbito do “plano de intercâmbio de docentes excelentes do Interior da China para Macau” têm vindo em média para o território 24
professores por ano lectivo, mas que “nenhum deles foi contratado pela DSEJ (Direcção dos Serviços de Educação e Juventude) para permanecer em Macau”. O deputado Sulu Sou quis também saber como se encontra o cumprimento por parte das escolas das instruções emitidas pela DSEJ sobre a dedução da indemnização por despedimento das contribuições nas escolas par-
ticulares, bem como a exigência de devolução do dinheiro aos professores despedidos sem justa causa desde Setembro de 2013. “Prevê-se que a maior parte das escolas possa concluir os trabalhos de eliminação da cláusula e de devolução do montante em causa, antes do final de Novembro de 2020, tendo algumas escolas referido que necessitam de tempo para o respectivo tratamento”, respondeu Elsie Ao Ieong. S.F.
assembleia legislativa 5
sexta-feira 30.10.2020
, má fortuna
Desde que assumiu o cargo de secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong diz que foram detectadas irregularidades em mais de vinte processos de fixação de residência. Na Assembleia Legislativa, foram vários os deputados a pedir maior rapidez nas renovações dos BIRs
A
O longo do mandato do novo Governo foram encontradas irregularidades em mais de duas dezenas de processos de fixação de residência no território. “Após a minha tomada de posse alterei 202 pedidos, e encontrámos 24 em que havia irregularidades e enviámos os casos à justiça”, disse ontem o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. A informação foi avançada em debate na Assembleia Legislativa, face a interpelações orais sobre a demora dos processos de apreciação e renovação de Bilhetes de Identidade de Residente (BIR). O impacto das demoras na renovação junto dos requerentes foi o tema central abordado por Mak Soi Kun, que explicou que desde que submeteu a sua interpelação recebeu informações de haver BIRs que já estão a ser renovados. Zheng Anting defendeu que o Governo deve rever o regime do direito de residência e aperfeiçoar a legislação, para definir claramente os requisitos da imigração de técnicos especializados. “A caducidade do bilhete de identidade e a impossibilidade
de renovação do documento têm afectado o trabalho e a vida normal de muitos desses imigrantes, e impedido o planeamento da sua vida futura”, disse o deputado. O secretário indicou que pede aos colegas 30 minutos a uma hora para verem todos os documentos dos interessados. Alertou, porém, para a necessidade de o Governo ser “rigoroso” e a possibilidade de serem pedidos documentos adicionais. Indicou ainda que vai definir uma calendarização para apreciação dos pedidos. “Se o serviço ultrapassar esse prazo para dar uma resposta ao interessado há que fundamentar. Espero que me possam dar algum tempo para melhorar todo esse procedimento”, disse. Lei Wai Nong reconheceu a necessidade de melhorias, mas
“Estamos numa situação epidémica e vamos ter um novo posicionamento.” LEI WAI NONG SECRETÁRIO PARA A ECONOMIA E FINANÇAS
escudou-se na mudança de contexto. “Estamos numa situação epidémica e vamos ter um novo posicionamento”, disse, apontando a necessidade de perceber quais os quadros qualificados de que Macau precisa e como conseguem apoiar o desenvolvimento do território e coordenar-se com os quadros locais. O responsável indicou que Macau não rejeita profissionais qualificados que sejam necessários. Mas deixou uma ressalva: “precisamos de dar oportunidade aos nossos residentes”.
RIGOR E REPERCUSSÕES
O tema gerou a intervenção de vários deputados. No âmbito da educação, Agnes Lam indicou que as entidades de ensino superior estão a ser “gravemente” afectadas pela situação. Apontou que há pessoas à cerca de um ou dois anos à espera da renovação do BIR, com filhos já no ensino primário, e que tem colegas que não conseguem levantar o dinheiro que têm nos bancos. Sulu Sou foi uma voz dissonante, indicando que há pessoas que consideram ser “fácil” obter a residência. O deputado recor-
ÁGUA GOVERNO QUER LEI PARA LIDAR COM INFILTRAÇÕES
O
Executivo entende que é preciso uma nova lei para resolver os casos de infiltrações de água, nomeadamente dificuldades de acesso às fracções para inspecção e reparação. O secretário para a Administração e Justiça disse ontem que está prevista uma consulta pública para o segundo semestre de 2021. Dados do Centro de Interserviços para Tratamento
de Infiltrações de Água nos Edifícios, citados por André Cheong, apontam que desde 2009 o centro recebeu 19.922 pedidos de assistência. Destes, “2.902 não puderam ser resolvidos por coordenação, representando um valor de 15% do total de pedidos”. Entre as causas estão proprietários incontactáveis e outros que não colaboram na inspecção, recusando fazer reparações.
Apesar de considerar que existe “espaço de melhoria” no processo de acompanhamento das queixas do Centro, André Cheong defendeu que “o cerne da questão reside na forma como se deve resolver a inspecção e reparação das fracções suspeitas de infiltrações de água”. Assim, propõe-se que se houver motivos para
acreditar que a infiltração tem origem na fracção vizinha, mas os proprietários não estiverem contactáveis ou recusarem colaborar, as pessoas afectadas podem avançar com acção judicial ou arbitragem para tentar aceder à fracção. As consequências podem passar por suspensão do fornecimento de água e pagamento de uma indemnização. S.F.
dou a investigação ao Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). “O Governo deve ser mais rigoroso na apreciação”, disse, acrescentando que já se passaram dois anos desde o relatório do Comissariado Contra a Corrupção. Já Wong Kit Cheng, frisou que deve ser dada uma data aos interessados para saberem quando vão ter uma resposta. E Song Pek Kei apontou que se a falha é cometida por trabalhadores do Governo devem ser culpabilizados os requerentes. A deputada defendeu que o Governo “deve ponderar a sério” o problema dos atrasos nos pedidos e reflectir sobre as repercussões que a demora pode ter no desenvolvimento de Macau. O secretário para a Economia e Finanças indicou que com a colaboração dos interessados considera possível fazer alguns ajustamentos, podendo ser acelerada a apreciação dos pedidos. Salomé Fernandes
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30.10.2020 sexta-feira
Notificação Edital
Notificação Edital
Chan Weng Hong, Presidente da Autoridade de Aviação Civil, faz saber que, tendo-se esgotado todas as tentativas de notificação pessoal, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n. º 57/99/M de 11 de Outubro, procede-se à notificação edital de朱崇武, portador do Salvo-Conduto para deslocação a Hong Kong e Macau n.º C4374XXXX, residente em 中國江蘇省常州市鐘樓區香 江華廷小區6甲603, China, nos seguintes termos: Por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 28 de Fevereiro de 2020, foi instaurado procedimento administrativo a朱崇武, para averiguação dos factos ocorridos no dia 11 de Dezembro de 2019, relativamente à utilização de uma aeronave não tripulada na Praça Flor de Lótus, objecto do relatório da Polícia de Segurança Pública Ref. 1323/COIUTIP/2019P, datado de 13 de Dezembro de 2019, que são susceptíveis de constituir infracção administrativa do previsto na alínea d) do artigo 6.º da Portaria n.º 233/95/M, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 295/2010, na alínea i) do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 52/94/M, e no parágrafo 67. do Regulamento de Navegação Aérea de Macau, aprovado pela Ordem Executiva n.º 64/2019, relativo às restrições às operações com aeronaves não tripuladas na zona de controlo de tráfego aéreo de Macau.
Chan Weng Hong, Presidente da Autoridade de Aviação Civil, faz saber que, tendose esgotado todas as tentativas de notificação pessoal, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n. º 57/99/M de 11 de Outubro, procede-se à notificação edital de (1) Liu Minghui, portador do Passaporte n.º EH19xxxxx, emitido pela República Popular da China, residente em “中國廣州市碧桂園”; (2) Kim Woong-Hee, portador do Passaporte n.º M345xxxxx, emitido pela República da Coreia, residente em Busan, República da Coreia; (3) Ko Jui-yu, portador do documento de viagem de Taiwan n.º 3521xxxxx, emitido em Taiwan, residente em “台灣苗栗”; (4) Lee Sungwoo, portador do Passaporte n.º M123xxxxx, emitido pela República da Coreia, residente em Seoul, República da Coreia, nos seguintes termos:
Nos termos do disposto no artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 52/94/M da RAEM, as infracções administrativas relevantes são sancionáveis com multa de 2.000 até 20.000 patacas. Mais se notifica que o processo pode ser consultado nas instalações da Autoridade de Aviação civil, sitas na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, 336-342, Centro Comercial Cheng Feng, 18º andar, em Macau, durante as horas normais de expediente. Notifica-se ainda, que nos termos do n.º 2 do artigo 87.º e do n.º 1 do artigo 93.º do CPA, o interessado dispõem de 25 dias a contar do dia seguinte ao dia da fixação do presente edital, para juntar documentos e pareceres ou requerer diligências de prova úteis para o esclarecimento dos factos com interesse para a decisão e para se pronunciarem sobre o conteúdo do respectivo processo em audiência de interessados. E para constar, se lavrou o presente edital que vai se fixado nos lugares de estilo e publicado em dois jornais mais lidos da Região Administrativa Especial de Macau, um em língua chinesa, outro em língua portuguesa. Autoridade de Aviação Civil de Macau, aos 30 de Outubro de 2020 O Presidente, Chan Weng Hong
(1) Por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 8 de Outubro de 2019, foi instaurado procedimento administrativo a Liu Minghui, para averiguação dos factos ocorridos no dia 21 de Setembro de 2019, a bordo da aeronave da companhia aérea Air Asia, com a matrícula FD760, objecto do relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) com a Ref.ª 3379/2019/ DPA, datado de 21 de Setembro de 2019, que são susceptíveis de constiuir infracção administrativa prevista e punida na alínea 4) do n.º 1 do artigo 4.º do Regulamento Administrativo n. º 31/2003. (2) Por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 9 de Outubro de 2019, foi instaurado procedimento administrativo a Kim Woong-Hee, para averiguação dos factos ocorridos no dia 25 de Setembro de 2019, a bordo da aeronave da companhia aérea Air Busan, com a matrícula BX381, objecto do relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) com a Ref.ª 3426/2019/ DPA, datado de 25 de Setembro de 2019, que são susceptíveis de constiuir infracção administrativa prevista e punida na alínea 2) do n.º 1 do artigo 4.º do Regulamento Administrativo n. º 31/2003; (3) Por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 25 de Novembro de 2019, foi instaurado procedimento administrativo a Ko Jui-yu, para averiguação dos factos ocorridos no dia 20 de Novembro de 2019, a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau, com a matrícula NX615, objecto do relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) com a Ref.ª 4084/2019/DPA, datado de 20 de Novembro de 2019, que são susceptíveis de constiuir infracção administrativa prevista e punida na alínea 2) do n.º 1 do artigo 4.º do Regulamento Administrativo n. º 31/2003; (4) Por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 8 de Janeiro de 2020, foi instaurado procedimento administrativo a Lee Sungwoo, para averiguação dos factos ocorridos no dia 16 de Dezembro de 2019, a bordo da aeronave da companhia aérea Air T’way, com a matrícula TW107, objecto do relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) com a Ref.ª 4412/2019/DPA, datado de 16 de Dezembro de 2019, que são susceptíveis de constiuir infracção administrativa prevista e punida na alínea 2) do n.º 1 do artigo 4.º do Regulamento Administrativo n. º 31/2003. Nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, as infracções administrativas acima mencionadas são sancionáveis com multa de 5.000 até 50.000 patacas. Mais se notifica que os processos podem ser consultados nas instalações da Autoridade de Aviação civil, sitas na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, 336-342, Centro Comercial Cheng Feng, 18º andar, em Macau, durante as horas normais de expediente. Notifica-se ainda, que nos termos do n.º 2 do artigo 87.º e do n.º 1 do artigo 93.º do CPA, os senhores Liu Minghui e Ko Jui-yu dispõem de 25 dias e os senhores Kim Woong-hee e Lee Sungwoo dispõem de 35 dias, a contar do dia seguinte ao dia da fixação do presente edital, para juntar documentos e pareceres ou requerer diligências de prova úteis para o esclarecimento dos factos com interesse para a decisão e para se pronunciarem sobre o conteúdo dos respectivos processos em audiência de interessados. E para constar, se lavrou o presente edital que vai ser fixado nos lugares de estilo e publicado em dois jornais mais lidos da Região Administrativa Especial de Macau, um em língua chinesa, outro em língua portuguesa. Autoridade de Aviação Civil de Macau, aos 30 de Outubro de 2020 O Presidente, Chan Weng Hong
política 7
sexta-feira 30.10.2020
AL COMISSÃO REJEITA DISCUTIR CARREIRAS DA FUNÇÃO PÚBLICA
GGCT Gabinete de Crises integrado nos Serviços de Turismo
O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) vai ser integrado na Direcção de Serviços de Turismo, de forma a melhorar a prestação de serviços. O anúncio foi feito, ontem, após uma reunião do conselho do Executivo, o que implica que a DST fica responsável pela resposta a crises no sector do turismo. Por outro lado, foi igualmente anunciado que a DST passa a ser um serviço com autonomia administrativa, o que faz com que não precise de autorização dos Serviços de Economia na altura de alocar gastos para crises imprevisíveis. “Antes tínhamos de passar pelos Serviços de Finanças para utilizar o orçamento em questão de gestão de crises. Mas estas verbas tem um carácter urgente, e com esta autonomia podemos ser mais flexíveis” explicou Maria Helena de Senna Fernandes, directora da DST sobre as mudanças.
Poucas espingardas
Pereira Coutinho revelou que a maioria dos deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública rejeitou discutir a revisão das carreiras da função pública numa decisão que considera “injusta”. Os procedimentos de fixação de residência e a reforma da administração pública serão os temas a analisar pela comissão
A
Comissão de Acompanhamento para osAssuntos da Administração Pública rejeitou a proposta apresentada por José Pereira Coutinho para discutir a revisão do regime de carreiras da função pública. A informação foi transmitida ao HM pelo próprio, referindo que a maioria dos deputados presentes na reunião realizada ontem votaram contra a discussão de um tema “importante” e que “tem vindo a afectar a moral dos funcionários”. De acordo com Pereira Coutinho, durante a reunião, dos 10 deputados presentes, somente dois votaram a favor da realização da discussão, nomeadamente o próprio e Sulu Sou. Do lado dos que votaram contra, além de Si Ka Lon, presidente da comissão, contaram-se também os votos dos deputados de Zheng An Ting, Vong Hin Fai, Chui Sai Peng, Angela
José Pereira Coutinho, deputado “Esta rejeição deixou-me triste e muito desapontado.”
Leong, Pang Chuan, Lao Chi Ngai e Lei Chan U. “Esta rejeição de 8 votos contra e somente 2 votos a favor, deixou-me triste e muito desapontado. A questão está directamente relacionada com a justiça que deve ser incutida no arcaico regime das carreiras”, afirmou Pereira Coutinho. O deputado dá o exemplo do regime das carreiras dos médicos dos centros de saúde que entram com índice 560 e que, após 30 anos
ADMINISTRAÇÃO FUSÃO DA DSEJ E DSES ARRANCA EM FEVEREIRO
A
partir de Fevereiro vai entrar em funcionamento a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), que resulta da fusão da Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) com a Direcção de Serviços de Ensino Superior (DSES). O nome foi revelado ontem, após uma reunião do Conselho do Executivo, pelo porta-voz e secretário para a Administração e Justiça André Cheong. Com esta alteração, é extinto um cargo de director e de um subdirector, face aos
actuais quatro subdirectores, dois por cada serviço que vai ser fundido. A DSESJ vai contar assim com cerca de 1530 funcionários. “A fusão não tem como princípio despedir os trabalhadores. O objectivo com a fusão das entidades é aperfeiçoar a estrutura, reduzir a burocracia e aproveitar melhor os recursos humanos”, garantiu André Cheong. “Não vai haver despedimentos”, prometeu o secretário. Na conferência de imprensa apenas esteve presente Lou Pak Sang, director da DSEJ. O director substituto da DSES,
de trabalho, apenas têm “um ligeiro ajustamento horizontal e não vertical ao índice 600”. “Temos graves problemas nas carreiras dos condutores, adjuntos técnicos, técnicos, e demais pessoal especializado que ganham muito mal. Uma tremenda injustiça”, reforçou o deputado.
FOCO NO IPIM
Na parte aberta à comunicação social, Si Ka Lon revelou que os procedimen-
tos de fixação e residência afectos ao Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e a restruturação de serviços públicos previstos na reforma administrativa serão os temas a ser analisados pela Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública. De acordo com o deputado, a decisão de acompanhar os mecanismos de fixação de residência
por investidores, quadros dirigentes e técnicos especializados prende-se com a necessidade de facilitar os termos exigidos para a renovação de contratos. “Decidimos acompanhar o assunto do IPIM que tem a ver com a fixação de residência porque há muitos quadros qualificados e técnicos especializados que não têm documentos, nomeadamente médicos e contabilistas. Se não tiverem documento de identificação válido não conseguem renovar os seus contratos (…) e eles estão com essas dificuldades”, começou por explicar Si Ka Lon. Sobre a reforma da administração pública, o deputado avançou que, seguindo o desenvolvimento “faseado” previsto pelo Governo, a comissão irá acompanhar a restruturação de serviços públicos, eventuais sobreposições de funções, as fusões entre serviços e os trabalhos a desenvolver após a agregação. Exemplo disso, são as fusões da DSEJ com a DSES e a passagem da DST para a tutela da Economia e Finanças. Si Ka Lon revelou ainda que assuntos como a rede de drenagem subterrânea, a segurança das colinas, as burlas telefónicas ou a revisão da lei de protecção dos animais foram abordados na reunião e que serão acompanhadas no futuro. Pedro Arede e Andreia Sofia Silva pedro.arede.hojemacau@gmail.com
CHEQUE PECUNIÁRIO ACADÉMICOS DEFENDEM REVISÃO NO MÉTODO DE ATRIBUIÇÃO Chang Kun Hong, não compareceu ao encontro com os jornalistas. Por sua vez, Lou Pak Sang revelou que no âmbito da fusão vão ser encerrados os Centro de Educação para Adultos e o Centro de Actividades para Estudantes Universitários. Já o Centro de Actividades Juvenis da Areia Preta e o Centro de Actividades de Polivalentes do Lago vão ser suspensos. Estas alterações vão colocar em causa 31 postos de trabalho, mas segundo o Governo não haverá despedimentos e poderão ser integrados na DSEDJ.
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OR ocasião de uma sessão de debate organizada pela Associação Aliança de Povo de Instituição de Macau sobre o plano de participação pecuniária, os académicos Andrew Fong e Larry So sugeriram que o Governo reveja o método de atribuição dos montantes envolvidos. O objectivo passa por fazer uma distribuição mais justa e adequada às possibilidades do Governo, variáveis ao longo dos anos. Para Andrew Fong, o Governo
deve implementar um mecanismo de longo prazo capaz de ajustar os montantes a distribuir, de acordo com o excedente do Governo e o nível de inflação. Além disso, Fong defende que, à semelhança de algumas regiões vizinhas como Singapura, os montantes mais elevados devem ter como destino as famílias mais pobres e os idosos. Por seu turno, Larry So lembra que o actual regime é “pouco avançado” e que foi pensado para
quando a economia de Macau era “boa”. Sobre a possibilidade de o montante dos cheques pecuniários vir a ser distribuído, em parte, através do cartão de consumo, Larry So considera não ser uma medida acertada pois impede aliviar encargos importantes para as famílias como as rendas. Opinião semelhante é partilhada pela presidente da Aliança do Povo, Nick Lei, que considera que a distribuição de dinheiro é “mais flexível”. N.W.
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E acordo com o Comissariado contra a Corrupção (CCAC), um investigador da Polícia Judiciária (PJ) é suspeito do crime de abuso de poder por acesso indevido a dados pessoais, nomeadamente às informações de migração de um homem e uma mulher. O caso remonta a 2019 e foi denunciado por uma das vítimas. “O referido investigador criminal, para satisfazer os seus interesses pessoais e sem autorização do seu superior hierárquico, terá acedido, várias vezes, aos dados de
PJ Três não residentes detidos por tráfico de “Ice”
CCAC ANDRÉ CHEONG DIZ QUE A LEI É PARA “QUALQUER PESSOA”
Tolerância zero GCS
O Comissariado contra a Corrupção revelou o caso de um investigador da PJ suspeito de aceder a dados de migração sem autorização. Noutro caso, um funcionário do IAM é suspeito de falsificação de documentos. O secretário para a Administração e Justiça defende que não há desculpas para contornar a lei, qualquer que seja o cargo
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André Cheong, secretário para a Administração e Justiça “Este caso mostra que em Macau existe lei e que ela é aplicada a qualquer pessoa.”
migração respeitantes ao referido residente e à amiga deste último”, pode ler-se na nota de imprensa divulgada ontem. Convidado a comentar o caso à margem de uma apresentação do Conselho Executivo,André Cheong, secretário para aAdministração e Justiça frisou que, independentemente dos cargos ou dos departamentos onde trabalham, os cidadãos que violam a lei serão punidos. “Este caso mostra que em Macau existe lei e que ela é aplicada a qualquer pessoa, quer sejam cidadãos com cargos comuns ou
A Polícia Judiciária (PJ) deteve três suspeitos, todos não residentes, do crime de tráfico de droga no bairro do Iao Hon. A PJ encontrou cerca de 14 gramas de “Ice” no valor de 44 mil patacas, e 43 mil patacas em dinheiro, montante que seria o resultado da venda do estupefaciente. Os suspeitos são oriundos do Vietname. A PJ recebeu uma informação na semana passada sobre um “vietnamita que estaria a vender drogas no Iao Hon aos seus compatriotas”. Na noite de quarta-feira, a PJ interceptou o primeiro suspeito e encontrou oito embalagens de metanfetaminas, com 4.9 gramas, escondidas na máscara do indivíduo, bem como 34 mil patacas que seriam “rendimentos da [venda] de droga”. Mais tarde, a PJ deteve mais dois suspeitos e descubriu duas embalagens de “Ice” de 5.4 e 4.2 gramas cada, e 9,6 mil patacas em dinheiro. Os três homens “admitiram o abuso de drogas e o primeiro confessou que vendeu a droga no valor de 500 patacas por cada 0,06 gramas”.
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outros funcionários que interagem com dados pessoais. Se violarem as leis vão ser punidos”, vincou o também porta-voz do Conselho do Executivo, André Cheong. Contactada pelo HM sobre as medidas a tomar a nível interno após a divulgação do CCAC, a PJ revelou que, após tomar conhecimento do caso, “foi instaurado um processo disciplinar” e que o organismo irá “reforçar a supervisão dos funcionários”. Segundo o CCAC, o investigador em causa terá praticado o crime de abuso de poder e o crime de acesso indevido, tendo o caso
Polícia Judiciária (PJ) deteve 31 residentes de Macau por envolvimento numa rede criminosa que alegadamente se dedicava ao roubo de dados de cartões de crédito, que eram usados para comprar créditos em jogos online, para serem comercializados. Do total dos detidos, 15 são estudantes do ensino secundário e universitário. O cabecilha do grupo continua a monte. De acordo com informações divulgadas ontem pela PJ e que resultaram de uma operação conjunta com as autoridades de Hong Kong, terão sido roubados dados de mais de 500 cartões de crédito, 145 emitidos por bancos de Macau. Para desviar as informações dos cartões de crédito, foram utilizadas contas de Apple ID angariadas nas redes sociais através de
sido encaminhado para o Ministério Público (MP) para efeitos de acompanhamento. Caso venha a ser acusado, o homem poderá ser punido com pena de prisão até 3 anos pelo crime de abuso de poder e com pena de prisão até um ano, pelo crime de acesso indevido.
CARIMBO DOURADO
No mesmo comunicado, o CCAC revelou também ter concluído uma investigação sobre um funcionário do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), suspeito de ter alterado a informação nos documentos de
Um belo trinta e um
Mais de três dezenas de detidos por burla informática
phishing. Em troca de cada furto de dados, os membros recebiam entre 20 e 25 patacas. Obtidas as informações, o dinheiro era usado para adquirir créditos em jogos online, sendo que após “apetrechadas”, as contas eram posteriormente enviadas ao cabecilha do grupo para ser comercializadas. No decorrer da investigação da operação “Soaringstar”, a PJ revelou que a rede lucrou 600
mil patacas com o esquema. Dos 31 residentes detidos, três são estudantes com idades entre os 19 e 21 anos, da mesma universidade e considerados “membros-chave”. Dos restantes 28 membros detidos, 13 são estudantes universitários e dois são estudantes do ensino secundário. Segundo a PJ, a polícia de Hong Kong deteve cinco pessoas por envolvimento no esquema.
consulta de preço num processo de aquisição de bens e serviços. Isto depois de o IAM ter descoberto que o nome da empresa adjudicatária não batia certo com o carimbo que constava num dos documentos do processo, acabando por devolver o documento ao trabalhador para acompanhar a situação. No entanto, o funcionário procedeu, na mesma, à liquidação indicada. “Para fugir à responsabilidade disciplinar que poderia vir a ser imputada por falhas no desempenho das suas funções, alterou, sem autorização, o documento de consulta de preço e procedeu à liquidação com base deste documento, o que consubstancia a suspeita da prática do crime de falsificação praticado por funcionário”, pode ler-se no comunicado do CCAC. Considerando o caso “inaceitável”, por colocar o interesse próprio em primeiro lugar, André Cheong diz não haver desculpas para não se cumprir as regras. “O nosso trabalho tem de ser feito de acordo com a legislação e temos de cumprir as regras. Durante o trabalho, qualquer acto ilegal ou de abuso de poder ter tolerância zero, tanto por parte dos órgãos judiciais como durante a investigação”, referiu o secretário. No seguimento do caso, que foi também encaminhado para o MP, o IAM emitiu um comunicado onde revela que foram “instaurados processos disciplinares” e que irá prestar “toda a colaboração” durante a investigação. “[O IAM] continuará a reforçar a consciência dos trabalhadores (...) de modo a criar uma equipa de trabalhadores que desempenhem fielmente as funções de que estão investidos e sejam honestos e dedicados para com o público”, pode ler-se na nota. Pedro Arede com J.S.F. e S.F.
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde os suspeitos irão responder pela prática do crime de burla informática. Caso sejam acusados, os suspeitos poderão ser punidos com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa.
PREOCUPAÇÃO SUPERIOR
A Direcção dos Serviços do Ensino Superior manifestou “grande preocupação” em relação ao caso, apelando para que os estudantes tenham cuidado. “Ao mesmo tempo que desfrutamos das facilidades proporcionadas pela Internet e pelas diversas aplicações, devemos ter cuidado com a mistura de informações do mundo cibernético, com as suas armadilhas e evitar sermos seduzidos para a prática de actividades ilegais”, pode ler-se na nota. P.A.
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sexta-feira 30.10.2020
IAM Obras com prazo alargado, mas sem avanços Uma casa-de-banho no Reservatório levantou polémica no Facebook, após um utilizador se ter queixado que depois do local ter sido vedado para obras não houve avanços nos trabalhos. Segundo uma fotografia publicada pelo utilizador, o prazo de con-
cretização do projecto era 24 de Outubro, depois das obras terem começado a 24 de Agosto, contudo o prazo foi ultrapassado e o aviso foi substituído com uma notificação que traça como data limite 22 de Novembro. Na publicação, o utilizador perguntou ainda porque é
que a construtora pode prolongar o prazo sem aparente supervisão. O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) lançou um programa de obras para renovar 83 casas-de-banho. Em Julho, o IAM indicou que o prazo médio de obras é de cerca de 60 dias.
IAM Mais lugares de churrasco a partir de amanhã O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) disponibiliza, a partir deste sábado, 31 de Outubro, mais de uma centena de lugares de churrasco nos vários parques do território, após avaliar “a utilização e o fluxo de pessoas nos espaços”. Desta forma,
no parque da praia de Hac-Sá, em Coloane, serão disponibilizados 105 grelhadores, 55 destinados a marcação prévia do lugar e 50 para utilização por ordem de chegada. No Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen estão disponíveis 12 grelhadores, tal como
o Parque Natural da Taipa Grande. Relativamente ao Parque Natural da Barragem de Hac-Sá, estarão disponíveis 11 grelhadores. O horário de utilização dos espaços é entre as 11h30 e as 23h59. Os grelhadores ficam reservados para os primeiros 30
MINISTÉRIO PÚBLICO AU KAM SAN FOI OUVIDO DEVIDO A QUEIXA DA PJ POR DIFAMAÇÃO
O respeitinho é bonito
Depois de ter dito que acreditava que a PJ fazia escutas ilegais, Au Kam San foi alvo de um ultimato: ou pedia desculpas ou levava com uma queixa. Agora é suspeito da prática do crime de difamação e foi ouvido há duas semanas no Ministério Público
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deputado Au Kam Sam foi ouvido pelo Ministério Público (MP), no âmbito da queixa da Polícia Judiciária (PJ) por difamação. Em causa estão as declarações prestadas pelo deputado em 2018, ao jornal Ou Mun, em que disse acreditar que a PJ fazia escutas ilegais. O democrata revelou ao HM que foi chamado pelo MP para prestar declarações há duas semanas: “Em 14 de Outubro, o Ministério Público chamou-me para prestar declarações. O MP já lançou o processo penal, ou seja, anunciou que sou suspeito”, contou Au Kam San. “Sobre os pormenores do caso, e como sou um dos envolvidos, não é conveniente divulgar as informações porque o processo encontra-se em segredo de justiça”, completou. O caso teve origem há dois anos, em Outubro de 2018, quando Au Kam San afirmou acreditar que a PJ fazia escutas de forma ilegal, ou seja sem a autorização de um juiz. Como exemplo, o deputado recordou um episódio de 2009, quando um homem numa conversa telefónica ameaçou imolar-se numa esquadrada de Macau. No entanto, quando chegou à tal esquadra, os agentes estariam à sua espera com extintores. Face às acusações, a PJ defendeu-se com o facto de o homem ir a gritar que se pretendia imolar,
quando se deslocava para o local. Após as declarações de Au, a força da autoridade que se encontra sob a tutela do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, lançou
“Em 14 de Outubro, o Ministério Público chamou-me para prestar declarações. O MP já lançou o processo penal, ou seja, anunciou que sou suspeito.” AU KAM SAN DEPUTADO
um ultimato: ou pedia desculpa ou era apresentada queixa por difamação. Como o democrata recusou retratar-se, a PJ avançou para a justiça. A PJ pretende assim obrigar Au Kam San a responder em tribunal pela prática do crime de difamação, punido com prisão até 6 meses ou multa de 240 dias.
DEMOCRATA SUSPENSO?
Apesar da queixa, como deputado, Au Kam San está protegido por imunidade parlamentar. Por isso, caso haja acusação formal e visto que a moldura penal do crime não implica suspensão automática do mandato, o membro da Assembleia Legislativa só será julgado após
deixar o hemiciclo. O mandato actual termina em Agosto, mas Au poderá ser reeleito nas legislativas do próximo ano, que deverão decorrer em Setembro. No entanto, os outros deputados podem, a pedido dos tribunais, votar a suspensão do mandato de Au Kam San, à semelhança do que aconteceu com Sulu Sou, que foi suspenso para responder pela acusação do crime de desobediência. Esta não é a única queixa a decorrer contra Au Kam San por difamação. Em Julho de 2017, o deputado entregou uma queixa no Comissariado contra a Corrupção a pedir uma investigação ao secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, Li Canfeng, então director das Obras Públicas, e os respectivos antecessores, Lao Sio Io e Jaime Carion. Em causa estavam as escolhas de recuperar alguns terrenos, mas permitir que outros ficassem na posse das concessionárias. Na sequência de ver o seu nome ligado a práticas de corrupção, Raimundo do Rosário apresentou queixa na PJ. Sobre este processo, Au Kam San disse não haver desenvolvimentos. O deputado já tinha sido ouvido em Setembro de 2017 como suspeito. João Santos Filipe e Nunu Wu Joaof@hojemacau.com.mo
minutos contados a partir da sessão da marcação prévia, e os indivíduos que façam marcação prévia devem chegar ao local até ao meio-dia ou às 18h30 do próprio dia. Se exceder o período reservado a vaga será automaticamente desocupada, explica o IAM.
ENSINO IPM ASSINA PROTOCOLO COM UNIVERSIDADE DE CABO VERDE
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Instituto Politécnico de Macau (IPM) e a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) assinaram ‘online’ um protocolo de cooperação para formação de quadros e elevar o nível de investigação científica. Em comunicado, o IPM e a Uni-CV indicaram esperar “desenvolver cooperações nas áreas da formação de quadros inovadores, do aprofundamento do intercâmbio académico, assim como da elevação do nível de investigação científica”. As duas partes acrescentaram pretender “implementar a partilha de vantagens e de recursos, possibilitando a formação conjunta de mais quadros altamente qualificados” para as iniciativas chinesas ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O presidente do IPM, Marcus Im Sio Kei, considerou que o instituto tem dado “a mesma importância ao ensino e à investigação”, com a criação do Centro de Investigação de Engenharia em Tecnologia Aplicada à Tradução Automática e Inteligência Artificial, do Centro Internacional Português de Formação e com a abertura de cursos de mestrado e de doutoramento. Já a reitora da Uni-CV, Judite Medina do Nascimento, disse esperar “o reforço do intercâmbio académico, tanto entre professores, como entre estudantes das duas instituições, bem como o desenvolvimento de intercâmbio e de cooperação no âmbito de cursos de licenciatura e de mestrado/doutoramento”. O IPM é “um importante parceiro de cooperação” da Uni-CV e a assinatura deste protocolo vai servir como “um novo ponto de partida para uma cooperação profunda e frutífera”, acrescentou. S.F.
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30.10.2020 sexta-feira
Um livro que é UM ROMANCE DE HENRIQUE DE SENNA FERNANDES FOI TEMA DE
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Centro Cultural de Macau (CCM) recebe em Dezembro a iniciativa “AconchegARTE no Inverno”, destinada ao público infantil. O primeiro espectáculo, intitulado “Brincadeirinhas no Banho”, tem como objectivo mostrar as lides do teatro de marionetas aos bebés e acontece entre os dias 22 e 27 de Dezembro. Nesta iniciativa “os pequenitos entre os quatro e 15 meses vão ser livres de explorar o que os rodeia ao som de música tocada ao vivo”. Trata-se de uma “experiência intimista que vai deixar os pais encantados com as reacções das suas crianças, estimulando-lhes a imaginação e soltando-lhes a mente”, descreve o Insti-
tuto Cultural. Os bilhetes para este espectáculo podem ser adquiridos a partir de domingo, 1 de Novembro. No dia de Natal, 25 de Dezembro, acontece o “brindARTE no Natal”, um “novo projecto de animação cultural que junta artistas locais de diversos quadrantes para criar uma tarde repleta de emoções para as famílias”. O evento arranca com um mini-concerto do Clube das Cantigas do CCM, seguindo-se a actuação de um “grupo de pequenitos hip-hoppers que vai animar o público com as altas vibrações de um mini espectáculo de dança urbana”, entre outras actividades com entrada gratuita.
DGArtes Reforço de 1,173 milhões de euros
O Ministério da Cultura vai reforçar as verbas disponíveis para os três concursos do programa de apoio a projectos da Direção-Geral das Artes (DGArtes) em 1,173 milhões de euros, anunciou ontem o Governo. Fonte do gabinete da ministra da Cultura disse à agência Lusa que as linhas reforçadas são as de Criação e Edição, de Programação e Desenvolvimento de Públicos e de Internacionalização, sem explicitar como serão distribuídas as novas verbas pelas três áreas que, no total, tinham uma dotação de 2,8 milhões. As candidaturas aos três programas de apoio a projectos abriram no final de Maio e encerraram no dia 2 de Julho, tendo a DGArtes estabelecido o final de Novembro como prazo para a divulgação dos resultados, apesar de a ministra da Cultura, Graça Fonseca, antes ter apontado o mês de Setembro.
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O ano que marca o décimo aniversário da morte de Henrique de Senna Fernandes, considerado um dos maiores romancistas macaenses, a Universidade de Macau (UM) voltou a recordar a sua obra “Amor e Dedinhos de Pé” através de uma palestra online destinada a alunos de mestrado. “Crescer e Amadurecer na Macau do Século XX: Amor e Dedinhos de Pé, de Henrique de Senna Fernandes, como duplo Bildungsroman” é o nome da palestra ontem proferida por Rogério Miguel Puga, académico da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito da iniciativa “Palestras Interdisciplinares - Rostos de Macau”. O professor universitário abordou essencialmente a evolução pessoal e social dos dois protagonistas de “Amor e Dedinhos de Pé”, Victorina Vidal [Vira Pau Osso] e Francisco Frontaria [Chico Pé-Fede], explicado pelo termo “duplo Bildungsroman” que, na crítica literária, significa que estamos perante um “romance de formação”. Trata-se de “um romance que acompanha a educação PUB
ANTÓNIO FALCÃO
CCM “ACONCHEGARTE NO INVERNO” EM DEZEMBRO
“Crescer e Amadurecer na Macau do Século XX: Amor e Dedinhos de Pé, como duplo Bildungsroman” é o tema da palestra online ontem proferida versidade Nova de Lisboa. O académico abordou o crescimento pessoal e gonistas do romance do autor macaense, Chico Pé-Fede e Vira Pau Osso
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é uma auto-crítica
, de Henrique de Senna Fernandes, por Rogério Miguel Puga, da Unie a mudança social dos dois prota-
formal do protagonista desde que nasce até à fase adulta e isso acontece em ‘Amor e Dedinhos de Pé’. Por isso é que se chama ‘duplo Bildungsroman, porque há dois protagonistas”, explicou Rogério Miguel Puga ao HM. No romance, Francisco Frontaria “cai e atinge o fundo do poço, perdendo a sua fortuna e indo para a cidadela, o bairro chinês”. Pelo contrário, Victorina Vidal “passa do anonimato para ser uma mulher rica e poderosa de Macau”. “Ele era um estroina e tinha de sofrer”, destaca Rogério Miguel Puga, que considera que o romance de Henrique de Senna Fernandes acarreta quase “uma lição moral judaico-cristã de disciplina no que diz respeito a ele”. “A doença de dedinhos de pé, de que ele sofre e que ela depois trata, metaforiza quase um ritual de passagem de Francisco para se tornar um homem responsável”, acrescenta o académico.
SOCIEDADE DE FACHADA
Mas “Amor e Dedinhos de Pé” não é apenas um olhar sobre o desenrolar de duas personagens. É também um livro que traz uma mensagem à sociedade de Macau, defende Rogério Miguel Puga. “Leio uma auto-crítica no
HOJE MACAU
PALESTRA ONLINE
“Amor e Dedinhos de Pé” não é apenas um olhar sobre o desenrolar de duas personagens. É também um livro que traz uma mensagem à sociedade de Macau, defende Rogério Miguel Puga romance. No inicio do século XX a sociedade de Macau era muito conservadora mas existiam doenças sexualmente transmissíveis. Havia todo o mundo da prostituição, era uma sociedade de fachada que não era bem aquilo que aparentava ser. É muito interessante esse exercício de auto-crítica, quase de carnavalização da sociedade.” O personagem Francisco Frontaria “é vítima dessa sociedade conservadora que o renega para o bazar chinês”, enquanto que Victorina Vidal “passa de uma mulher controlada pela família para alguém
que herda uma fortuna de familiares de Xangai, tornando-se uma mulher independente que depois recebe Francisco em sua casa e o trata”. “Ele [Francisco Frontaria] passa pela Macau portuguesa e católica e pela Macau chinesa, para depois se reerguer refeito, homem. Os percursos deles [de Francisco e Victorina] são idênticos: ele cai e ela ascende, mas ela ascende para o poder ajudar, e ajuda-o. Eles depois acabam unidos. Há depois a questão da auto-imagem da mulher, do crescimento interior, são características fundamentais do romance. Há uma ordem inicial, o caos e a desordem e depois a ordem é reposta”, descreve o académico. “Amor e Dedinhos de Pé” tem também “uma dimensão etnográfica”, uma vez que o leitor encontra “uma descrição do carnaval em Macau, de vários usos e costumes da sociedade macaense e isso também é muito interessante”, aponta Rogério Miguel Puga. O ciclo de palestras da UM prossegue no próximo dia 11 de Novembro com Leonor Diaz de Seabra, que irá falar do tema “Macau e Brasil: Contactos Culturais”. Mónica Simas, da Universidade de São Paulo, fala no dia 26 de Novembro de “A Quinta Essência, de Augustina Bessa Luís: imaginários do passado de Macau em circulação”. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
POLÓNIA CHEONG KIN MAN NA SEMANA DE ARTE DE POZNAN
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HE Etymology of a Dream” é o nome do vídeo de Cheong Kin Man que integra a Semana de Arte de Poznan, na Polónia, que começou esta semana. O artista de Macau, actualmente radicado na Alemanha, junta-se assim a um grupo de artistas asiáticos que mostra o seu trabalho dentro do projecto “Life dimension in art”. O objectivo é revelar “as reflexões dos artistas da Ásia sobre a pandemia do novo coronavirus”. O vídeo de Cheong Kin Man constitui, assim, “uma metáfora da mentalidade”, onde se “desconstroem algumas imagens de intimidade para deixá-las depois serem reconstruídas tal como foram num sonho”. “The Etymology of a Dream” não é mais do que uma tentativa de recordar a vida como era no período pré-pandemia e como somos hoje enquanto seres humanos. “Ainda se lembram de onde estavam no Ano Novo Chinês de 2020? Onde estavam no regresso do Ano Novo Lunar? Uma reunião familiar, ou bebendo e rindo com amigos? Lembram-se de onde estavam? Nova Iorque, Munique, Banguecoque (…) Quando a memória retrocede, o tempo passou depressa e parece um sonho que tivemos na noite passado”, descreve uma nota de imprensa. A Cheong Kin Man juntam-se artistas como os Group Y2K, de Taiwan, Vermont Coronel Jr. das Filipinas, Yuree Kensaku, da Tailândia, Duyi Han, da China / Nova Iorque, KHAIRULLAH RAHIM, de Singapura, e Cowper Wang, de Taiwan.
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INDONÉSIA MIKE POMPEO LANÇA FARPAS À CHINA SOBRE LIBERDADE RELIGIOSA
Crónicas de guerra
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secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, acusou ontem o Partido Comunista Chinês (PCC) de ser o “maior perigo para o futuro da liberdade religiosa”, devido à repressão exercida sobre muçulmanos, cristãos e outros grupos religiosos. Pompeo, em visita oficial à Indonésia, lembrou que o PCC está a tentar apagar a identidade da minoria étnica de origem muçulmana uigur, através da esterilização de mulheres e da separação de famílias, sob o pretexto da luta contra o terrorismo e a erradicação da pobreza. “Eu sei que o Partido Comunista Chinês tentou convencer a Indonésia a fechar os olhos, para não ver os tormentos que os seus companheiros muçulmanos estão a sofrer”, disse Pompeo, durante um comício organizado pela Nahdlatul Ulama, a maior organização muçulmana da Indonésia. Mais de um milhão de uigures foram internados em campos de doutrinação, na região de Xinjiang, extremo noroeste da China, onde são obrigados a renunciar à sua própria língua, cultura e fé, segundo organizações de defesa dos Direitos Humanos. A China afirma que estes campos são “centros de treino vocacional”, destinados a ajudar os uigures a encontrar empregos e afastá-los do extremismo religioso. O Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, realizou esta semana um périplo por nações do Índico e do Pacífico, parte da campanha do Governo de Donald Trump contra a China. Em Jacarta, Pompeo alertou ainda para a “agressividade” da China no mar do Sul da China, que Pequim reivindica quase na totalidade, apesar dos protestos dos países vizinhos. O secretário de Estado norte-americano chegou à Indonésia oriundo das Maldivas, onde anunciou que os Estados Unidos vão abrir, pela primeira vez, uma embaixada no arquipélago do Oceano Índico, um movimento que reflecte a crescente apreensão
norte-americana com o aumento da influência chinesa na região. “O Partido Comunista Chinês mantém o seu comportamento ilegal e ameaçador”, disse Pompeo, poucas horas depois de acusar
“Eu sei que o Partido Comunista Chinês tentou convencer a Indonésia a fechar os olhos, para não ver os tormentos que os seus companheiros muçulmanos estão a sofrer.”
a China de ser “predatória”, durante uma visita ao Sri Lanka.
O OUTRO LADO
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, disse que a verdadeira intenção do secretário de Estado é “fazer com que a China volte a uma era de pobreza e estagnação e deixar o mundo cair no abismo do confronto e divisão”. A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, em torno do comércio, tecnologia, a soberania do mar do Sul da China ou questões de direitos humanos. Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.
MIKE POMPEO SECRETÁRIO DE ESTADO NORTE-AMERICANO
COVID-19 TAIWAN COMPLETA 200 DIAS SEM TRANSMISSÃO LOCAL
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AIWAN está há 200 dias sem casos de transmissão local de covid-19, sendo um dos poucos territórios a manter a pandemia sob controlo, numa altura em que as infecções aumentam em todo o mundo. A última vez que a ilha diagnosticou um caso com origem local foi a 12 de Abril. Desde então, as únicas infec-
ções registadas provinham de pessoas chegadas do estrangeiro, os chamados casos “importados”. Taiwan impõe uma quarentena de 14 dias para todas as pessoas que chegam ao território. Desde o início da pandemia, Taiwan diagnosticou 522 infecções pelo novo coronavírus, que provoca-
ram sete mortes.O sucesso da ilha no combate à doença tem sido atribuído à resposta rápida das autoridades, que começaram no final de Dezembro a medir a temperatura dos passageiros provenientes de Wuhan, a cidade chinesa onde a doença terá começado, tendo proibido a sua entrada a partir de 21 de Janeiro.
Apesar do baixo número de infecções, a imprensa local tem questionado casos de residentes que tiveram resultado positivo no teste à covid-19 depois de saírem do território. Na quarta-feira, Taipé informou que as autoridades do Japão e da Tailândia diagnosticaram infecções em três pessoas que deixaram recentemente a ilha.
HONG KONG ACTIVISTA PRÓ-INDEPENDÊNCIA ACUSADO PELO TRIBUNAL DE SECESSÃO
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activista pró-independência Tony Chung foi ontem acusado de secessão por um tribunal de Hong Kong, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim ao território, após dois dias de detenção. O activista, de 19 anos, foi detido há dois dias por polícias à paisana, num café a poucos metros do Consulado dos Estados Unidos em Hong Kong, onde se pensa que tentava pedir asilo, segundo um comunicado de um grupo designado “Amigos de Hong Kong”, até aqui desconhecido, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP). O jovem fundou em 2016 o grupo de estudantes pró-independência “Student Localism”, dissolvido antes da entrada em vigor da lei da segurança nacional, em Junho. Chung, que já tinha sido detido no final de Julho com mais três activistas, por suspeita de promover a independência do território em publicações nas redes sociais, foi uma das primeiras vítimas da lei da segurança nacional, PUB
tendo então sido libertado sob fiança. O activista é acusado de secessão, lavagem de dinheiro e conspiração para publicar material separatista. Chung, que esteve sob custódia policial até à comparência em tribunal, esta manhã, vai ficar detido até ao julgamento, tendo-lhe sido negado o pedido de fiança. A lei da segurança nacional imposta por Pequim à antiga colónia britânica pune actividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua, e levou vários activistas pró-democracia a refugiar-se no Reino Unido e Taiwan.
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Ofício dos Ossos Valério Romão
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OJE venho aqui falar-vos de uma pequena criatura que se tem multiplicado de forma galopante a despeito do aparente anacronismo da sua expansão. Em pleno século XXI, assistimos a esta proliferação sem fim à vista de uma das actividades humanas mais inúteis do catálogo histórico das actividades humanas: o motivador profissional. O motivador começa por aderir entusiasmado à fé capitalista, na esperança que esta lhe faça pelo bolso o mesmo que uma vida inteira de confessionário pode fazer pela alma. Ele acredita piamente na tese segundo a qual o sucesso depende do esforço. Toda e qualquer contrariedade advém de um esforço mal dirigido ou de um esforço em falta. No mundo do motivador profissional, não há contexto, não há acaso, não há pontos de partida melhores do que outros. É uma espécie de Ratatouille do mundo dos empreendedores: “toda a gente pode enriquecer”. Em breve, acumula fracasso atrás de fracasso. Mas não deixa de professar a fé. Aliás, o motivador está para o capitalismo como o padre católico para a igreja de Roma: um pequeno farol onde se vêem espelhadas as virtudes professadas pela casa-mãe. Decidiu desde cedo que a sua falta de conhecimento geral dos princípios económicos elementares ou do negócio específico onde empata tempo e
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A minha pátria é
O motivador desejável dinheiro nunca seriam um problema. O entusiasmo é o ingrediente secreto através do qual espera transformar qualquer empreitada num glorioso sucesso à escala planetária. O Bill Gates desistiu da faculdade para ir fazer dinheiro; o Steve Jobs também. O conhecimento, aliás, está sobrevalorizado, pensa. A mola pela qual se galga a escadaria do sucesso é o entusiasmo irrestrito. O motivador pode perder a fé em tudo, menos nisso. Mas até o mais tonto dos motivadores acaba por entretanto perceber que não tem puto jeito para aquilo em que se implica todos os dias. Isso do negócio não é para ele. Ele bem tenta, com todas as suas forças, mete lá dinheiro, mete lá tempo, mete lá contactos, arrebanha tudo a quanto chega num abraço geral para que a coisa dê certo, mas a coisa teima em cair da árvore antes do tempo e apodrecer no chão.
Este é o ponto crucial para as aspirações do motivador. Deprimido pela sucessão de falências, o motivador precisa apenas de um pequeno empurrão para descobrir o seu verdadeiro talento. Ele porventura não nasceu para o negócio propriamente dito mas para catalisar a energia daqueles cujo sucesso depende apenas de um esforço suplementar. O motivador, por muito que queira, não sabe jogar à bola; não tem talento para isso, tem dois pés esquerdos. Mas pode ser um excelente treinador. Pode ser o treinador cujo toque de Midas transforma uma equipa banal de programadores numa startup de sucesso com aspirações a ser deglutida pelo Google a troco de uma generosa compensação monetária. O motivador, antes de se fazer à estrada, tem de dar um jeitinho ao currículo. Há que expurgá-lo das dezenas de infor-
De livrinho debaixo do braço e empestando toda e qualquer rede social com a banalidade das suas tiradas, o motivador vai promovendo cursos, workshops e masterclasses. Sonha com o dia em que encherá um pavilhão atlântico ou em que conhecerá os seus heróis de além-mar
túnios e empolar – até à caricatura – os pouquíssimos sucessos. Nada que não esteja habituado a fazer desde sempre (o motivador tem de ter algo do mentiroso patológico, do obsessivo, do sociopata – de preferência, um pouco dos três – ou não funciona). Ajeitado o currículo, o fato e o cabelo, o motivador atira-se furiosamente ao word para lá plasmar a sua versão das “regras essenciais para o sucesso”, que não diferem das inúmeras versões que, ao longo do tempo, foram entupindo as prateleiras das livrarias um pouco por toda a parte. Se tiver alguma estaleca, o motivador consegue arranjar um par de palavras em inglês para passar por conceitos fundamentais. Todo o motivador que se preze tem de apregoar a descoberta de um ingrediente secreto. E os ingredientes secretos, como se sabe, falam a língua de Sua Majestade. De livrinho debaixo do braço e empestando toda e qualquer rede social com a banalidade das suas tiradas, o motivador vai promovendo cursos, workshops e masterclasses. Sonha com o dia em que encherá um pavilhão atlântico ou em que conhecerá os seus heróis de além-mar. Por enquanto, pelo menos, já consegue pagar algumas contas. É a primeira vez que tira algum dinheiro de um negócio. Sigam-me para mais receitas.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
sexta-feira 30.10.2020
onde o vento passa
FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO
entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares
Mulheres de Itália (8) Azelia está a correr na rua a grande velocidade e tem um saco de plástico na mão. Azzurra tem três anos e está a tentar apanhar uma formiga sem a matar, mas já matou muitas porque os seus dedos ainda não são hábeis. Babila tem as calças em baixo e sentada na sanita lê a “Origem das Espécies” de Darwin e ri-se às gargalhadas, não se sabe bem porquê. Bambina brinca com as suas amigas adolescentes e finge caminhar como uma modelo acentuando o movimento das ancas para o lado. Tem pouco peito e por isso estica a blusa e diz: isto sou eu quando for uma mulher e tiver um marido parvo. Barbara discute com uma colega de trabalho, mas por vezes leva a mão à barriga porque tem uma úlcera e não está curada. Hesita entre chamar um nome feio à colega ou à dor que tem na barriga. Bartolomea tem uns binóculos para observar pássaros para a sua empresa, mas usa os mesmos binóculos para espreitar uma adolescente que vive no prédio em frente e que se despe todos os dias à mesma hora para tomar banho. Basilia acaba de arrotar à frente do namorado e fica muito corada e pede desculpa, e mesmo se o namorado se ri e diz que não tem importância, ela fica desorientada e cada vez mais vermelha e, subitamente, começa e gritar de uma forma descontrolada como se estivesse com medo de alguma coisa. Bassilla está a trazer da cozinha um copo de água para o avô que está cego, perdeu a memória e que grita com todos e a insulta: Puta, Bassila, puta! Batilda joga ténis, mas magoou-se no pulso e agora está a dizer a uma amiga que por causa disso desde ontem aprendeu a masturbar-se com a mão esquerda mas que não está contente. Beata tem quarenta anos, um cancro, e quando entra na sua empresa obriga todos os funcionários a levantarem-se à sua passagem e a dizerem: bom dia, Senhora. Beatrice adormeceu e vai faltar ao primeiro dia de trabalho. Vai ser despedida por causa disso e a mãe vai dizer-lhe: sempre foste muito pior que a tua irmã. Ela vai rir dessa frase mas não a vai esquecer.
ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES
16
h
30.10.2020 sexta-feira
´
expectoracão Sara F.Costa
D
The Laowai fever
AVID trabalhava num gabinete de arquitetura na Califórnia mas decidiu trocar a terra da liberdade por outro tipo de liberdade mais individual numa terra menos livre. Como quem troca o bom tempo californiano por um frio seco na esperança de, mesmo assim, se vir a sentir mais quente. Após um divórcio doloroso, deixou as duas filhas adolescentes com a mãe por uns tempos e veio estabelecer-se em Pequim. Costumava aparecer nos workshops bimensais de poesia que eu organizava com o Colectivo Artístico Spittoon. O homem de 43 anos vestia-se de forma sóbria, como quem estava habituado a trabalhar num escritório de arquitectos. Trazia sempre vários poemas para a devida sessão de análise, interpretação e crítica construtiva com o resto da comunidade literária que se juntava no internacional Zarah Café, na zona hip de Gulou. Eu seguia o David nas redes sociais mas não lhe era muito próxima. Os meses foram passando e o David começou a frequentar mais eventos sociais em Pequim, começou a praticar mais desporto - cross-fit, montanhismo, passeios conjuntos de bicicletas. Decidiu, a certa altura, criar a sua própria plataforma comunitária para encontros sociais com as mais variadas atividades entre os locais e os expatriados, estando ele no centro de toda a ação (e atenção). Faço scroll pelos momentos do Wechat. Vejo uma foto em que David tem o cabelo rapado dos lados e uma poupa punk pintada de verde. Veste apenas umas calças de desporto e um colete de pele. Faz o sinal V com os dedos e uma boquinha de peixe. Num dos vídeos está a rebolar por um monte e ouvem-se diversas vozes femininas com um inglês muito chinês
a lembrarem-no do quão maluco e engraçado ele é. Riem-se, essencialmente. Filmam-no enquanto parece cair deliberadamente. Noutro vídeo, David está a atravessar uma passadeira na zona de Gulou, movendo-se com as mãos enquanto eleva as pernas. David não é verdadeiramente o nome da pessoa que efetivamente conheci mas é definitivamente alguém real. David sofre de um dos fenómenos menos estudados na história da sociologia, tão pouco estudados que me permitem patentear o conceito altamente inovador na área. David sofre de “Laowai fever”. Tal como o David, milhares de brancos ocidentais apanham esta patologia ao fim de alguns meses de China. Podem ser pessoas que se costumavam vestir na Zara mas que agora só compram roupa em lojas de moda coreana. Mulheres que subitamente só querem vestidos com folhos e canetas
“Tal como o David, milhares de brancos ocidentais apanham esta patologia ao fim de alguns meses de China. Podem ser pessoas que se costumavam vestir na Zara mas que agora só compram roupa em lojas de moda coreana.”
que cor-de-rosa iguais às que usavam na escola primária. Homens que não podem dispensar o fato de treino da Supreme e os óculos de massa grossa. Podem mesmo ser pessoas que, tal como muitos jovens chineses, decidem que preferiam ser coreanos, de uma maneira geral. Há muitas possibilidades. É uma passagem entre o normal para o excêntrico e este fenómeno psicológico, quase sociológico - porque de grupo - fascina-me. Há um processo mental que antecede a mudança drástica da forma de vestir, dos dedos em V e das selfies carinhas-de-peixe, mas esse processo é para mim, ainda, um enigma. Para sistematizar a análise da mudança súbita de comportamento do “estranja” (laowai) teremos de partir de alguns pressupostos. O Laowai em questão quando chega à China parece ainda manter-se no estado em se encontrava e que antecede o rótulo de laowai. As transformações ocorrem gradualmente. Há várias hipóteses teóricas levantadas por curiosos observadores ao longo destes anos de abertura da China ao estrangeiro. Depois de falar com alguns sujeitos do sexo masculino que se enquadram no perfil, cheguei à conclusão que estes se sentem “mais confiantes” desde que chegaram à China. “O nível de atenção que passamos a ter por parte do género feminino é uma grande influencia para melhorar os níveis de auto-estima.” diz um anónimo Laowai que entrevistei para este artigo. Mas será apenas o aumento de capital erótico proveniente do exotismo étnico justificação para tanta excentricidade? “Numa cidade com mais 20 milhões de habitantes, ninguém olha para ninguém. Há todo o tipo de pessoas. A mega metrópole faz-me sentir mais livre para ser quem realmente sou” - continuou. Uma espécime do género feminino afirmava, por sua vez “Gosto de me vestir como uma princesa. No ocidente, a mulher é muito sexualizada com roupas justas e decotadas”, “Não achas que a infantilização de uma mulher adulta é, também, uma forma se sexualização fetichista?” A esta questão ela não me respondeu. Lembrei-me de como os asiáticos eram, estatisticamente, os maiores fãs de Ariana Grande. Será o choque cultural tão grande que deixa os estrangeiros confusos em relação à sua identidade? Será a solidão e o isolamento que os levam a criar dezenas de atividades? Será esta vida de expatriado um prolongamento da experiência Erasmus? Muitas perguntas, poucas respostas. Eu só vos aviso: o fenómeno está para ficar. Já o observo desde 2008. Quando eu voltar da China vestida de Sweet Gothic Lolita, não se surpreendam. É só uma pequena febre de alguém que vem de fora.
(f)utilidades 17
sexta-feira 30.10.2020
TEMPO
MUITO
NUBLADO
MIN
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BARBÁRIE EM NICE
50
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5 7
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7 53
5 4 7 2 2 7 1 3 6 6
4 1 3 7 6 6 2 5 3
1 3 5 7 6 5 2 7
1 5 6 4 3 7 2 1
6 3 5 4 2 7 5 1
7 2 6 3 5 1 4
3
7 7 1 6 2 4 3
65-90% ´
O número de mortos após um ataque com faca em Nice subiu para três e a procuradoria antiterrorista anunciou a abertura de uma investigação por assassínio e tentativa
2 7 1 5 5 4 6 3 3
Cineteatro 50
SALA 1
7 3 1 6 5 4 2
COME PLAY [B]
2 1 4 7 3 5 6
C I N E M A
Um filme de: Jacob Chase Com: Azhy Robertson, Gillian Jacobs John Gallagher Jr. 14.30, 16.30, 21.30
VIOLET EVERGARDEN: THE MOVIE [B] Um filme de: Ishidate Taichi 19.00 SALA 2
I STILL BELIEVE [B]
Um filme de: Jon Erwin, Andrew Erwin Com: KJ Apa, Britt Robertson Shania Twain 16.45
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 51
1 5 2 6 6 3 4 4 7
2 6 4 1 6 5 7 4
PROBLEMA 52
3 6 54 4 1 7 3 5 2
51
3 5 2 3 4 1 6
HUM
•
EURO
9.34
BAHT
de assassínio, noticia a AFP. Fonte policial disse à agência francesa que duas pessoas, um homem e uma mulher, foram mortas na igreja de Notre-Dame, onde ocorreu o ataque,
0.25
YUAN
1.18
e uma terceira vítima, gravemente ferida, morreu num bar perto da igreja, onde se tinha refugiado. Pelo menos uma das vítimas mortais foi degolada.
2 1
S U D O K U 52 1 2 7 3 4 6 5 2 6 7 4 5 1 3 5
26
4 7
49
4 2 5 3 3 6 7 6
MAX
52
1 5 6 4 7 2 3
4 2 5 5 3 1 1 7 6 7 5 3 3 4 7 2 6 4 www. hojemacau. 6 1 2 com.mo 54
5 2 3 1 6 7 4
3 7 2 5 4 6 1
4 6 5 3 2 1 7
6 4 7 2 1 3 5
55FILME HOJE UM
7 4 1 3 6 2 5
7 3 1 6 7 6 5 2 3 4 1 3 1 5 6 7 2 2 4 6 7 3 5 2 6 7 1 4 7 6 2 3 1 4 4 5 3I STILL2BELIEVE 2 1 4 3 5 7 6 1 5 4 7 6 3 6 2 4 1 1 7 6 4 2 5 3 2 3 1 4 5 7 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 1 6 2 5 5 3 7 1 4 6 2 5 7 3 2 4 6 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; 5 1e Carmo;7Rita Taborda 3 Duarte; Rosa Coutinho6Cabral;4Rui Cascais; 3 Rui Filipe 7 Torres;1Sérgio2Fonseca;5Valério Romão Colunistas António 6 Conceição 4 7 1 Namora; 2 David5 Paulo Maia Júnior; André Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; 3 7 GCS;5XinhuaSecretária 4 deredacçãoePublicidade 4 Madalena 2 1daSilva(publicidade@hojemacau.com.mo) 5 6 3 7 Assistentedemarketing 4 Vincent2VongImpressão 6 5Tipografia3Welfare1 Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
4 5 2 6 1 3 7
FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Imai Kazuaki 16.45, 19.00
FATIMA [B]
Um filme de: Marco Pontecorvo Com: Stephanie Gil, Sonia Braga, Joaquim de Almeida, Goran Visnjie 19.30 SALA 3
THE WITCHES [B]
Um filme de: Robert Zemeckis Com: Anne Hathaway, Octavia Spencer Stanley Tucci, 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
3 1 5 2 7 4 “Nunca fui julgado por pensa5 Frase 7 bela2 e dura 1 por3um 6 mentos.” arguido, Abbie Hoffman, no julga4 6 2 3 mento1 que definiu o rumo5 da política norte-americana da segunda metade 7 3 4 6 1 5 do século passado e matou, em definitivo, os anos 60 (mais do que 4 5 3 7 6 2 o hedonismo vazio da era do Disco Sound). “The Trial of the Chicago 6 2 7 3 4 1 7” é um filme de tribunal sobre o direito de expressão e os limites da 2 6 1 4 5 7 violência de Estado. Retrata a vitória do bem contra o cinzento, a naftalina, o pudor puristas dos carniceiros e 57 engrenagem que atrasa o a velha progresso do mundo. Bom filme de Aaron Sorkin, protagonizado por Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Michael Keaton e Frank Langella no papel do intragável juiz que personifica. João Luz
59
6 4 7 2 1 5 3
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THE TRIAL OF THE CHICAGO 7 | AARON SORKIN | 2020
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DORAEMON THE MOVIE: NOBITA’S NEW DINOSAUR [A]
6 2 3 7 5 4 1
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3 1 4 6 2 5 7
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4 6 5 2 1 7 3
18 opinião
30.10.2020 sexta-feira
um grito no deserto PAUL CHAN WAI CHI
O inquebrantável iceberg
E
XISTE uma canção popular cantonesa, muito famosa, intitulada “Quebrar o Iceberg”, mas a letra fala sobretudo da possibilidade de derreter o gelo com amor, sem indicar um método específico para destruir o iceberg. Se um navio de 1.000 toneladas conseguisse quebrar um iceberg, o Titanic não teria afundado. Os icebergs flutuam na água e apenas10% do seu volume emerge à superfície. É impossível quebrar estas gigantescas massas de gelo de forma abrupta, no entanto há neste mundo quem o tente fazer. Na antiga China, as relações entre os governantes e o povo era comparada à dos navios com o oceano. Os navios têm de ser sustentados pela água para se manterem à superfície e poderem navegar. Se os marinheiros não tiverem um bom conhecimento das correntes, a embarcação afunda. Numa perspectiva científica actual, se a água gelar, pode recorrer-se aos barcos quebra-gelo para resolver o problema; mas quando se forma um iceberg, não há forma de quebrar esta montanha gelada. Um quebra gelo que tentasse investir contra um iceberg teria a sua sorte traçada. O tempo começa a arrefecer em Outubro, mas os icebergs políticos e económicos já apareceram em Hong Kong e em Macau. Dia 1 de Outubro, em Hong Kong, houve manifestações e confrontos nas ruas de Causeway
Bay. As medidas de combate à epidemia e a lei de segurança nacional não foram capazes de acabar com o desagrado da população. A polícia foi novamente chamada para manter a ordem. O ambiente de festa dos festivais de Outono foi desta vez perturbado pelos conflitos entre a polícia e os manifestantes, que pudemos ver em directo nos ecrãs das televisões. Depois de várias detenções, as ruas voltaram a ficar pacíficas. Mas terá o problema ficado resolvido? Depois de ter assistido à forma desabrida com que Carrie Lam proferiu o seu discurso, fiquei bastante preocupado por ela. Quebrar o gelo não quer dizer necessariamente quebrar o iceberg, mas sim fazer tudo o que está ao nosso alcance para o derreter. Em vez de elogiar os agentes pela determinação e bravura com que puseram fim aos motins, teria sido preferível criar uma Comissão de Inquérito independente para avaliar de forma justa a actuação dos agentes e não imolá-los numa colisão contra o iceberg. O iceberg político em Hong Kong não dá mostras de vir a derreter nos anos mais próximos, porque houve quem se lembrasse de colocar o navio “Hong Kong”, com 7 milhões de pessoas a bordo, num universo
Na situação actual, sitiado pelo iceberg, Macau tem de confiar no Chefe do Executivo para encontrar uma boa estratégia que lhe permita libertar-se do gelo
gelado. A coragem política demonstrada não deixa de ser impressionante, mas é totalmente desprovida de sensatez. Por enquanto, fica a dúvida se iremos assistir à destruição do iceberg ou do navio, mas acredito que em breve o saberemos. Em Macau, o Lago Nam Van não consegue albergar um iceberg político. O ar gelado transportado pelo iceberg económico, que surgiu no início deste ano e que por cá continua instalado, fez baixar a temperatura de Macau para níveis nunca antes vistos. Durante a “Semana Dourada” na China continental, que teve início a 1 de Outubro, o número de turistas continentais que visitaram Macau caiu em mais de 80 por cento, em comparação com o ano anterior. Os esforços do Governo para trazer turistas para o centro da cidade revelaram-se inúteis, e a afluência nos Casinos caiu a pique. Para enfrentar o iceberg económico trazido pela epidemia, o Governo da RAEM propôs-se utilizar mais 20 mil milhões de patacas das reservas fiscais, para fazer face às despesas dos últimos dois meses de 2020. É previsível que a economia doméstica não vá melhorar a curto prazo, nem que o iceberg económico vá derreter tão depressa. Vinte anos após o regresso de Macau à soberania chinesa, e com os esforços de grupos de peritos, de académicos e de consultores das maiores organizações, a diversificação moderada da economia acabou por não passar de um projecto de investigação caríssimo. Na situação actual, sitiado pelo iceberg, Macau tem de confiar no Chefe do Executivo para encontrar uma boa estratégia que lhe permita libertar-se do gelo.
Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático
opinião 19
sexta-feira 30.10.2020
A outra face
CARLOS MORAIS JOSÉ
P
ASSAR por uma quarentena só na aparência significa quedar-se encerrado num quarto sem janelas e contacto físico com o exterior. Uma quarentena é, sobretudo, uma odisseia interior. Esqueçam o espaço, as geografias ignotas. Hoje dou por mim velejador solitário, errante num mar interno, sem bússola ou GPS, ignorante das rotas, sob um apagado céu, que a razão desconhece. Não há final nem destino. Só um tempo circular, lento e espiralado, que se impõe como amigo em tão parca expedição. E, na surpresa dos percursos, quantas ilhas, quantos monstros, quantas deusas, quantos sustos, que desertos, que aldeias, se expõem nesta nave à deriva sem recursos? As horas derretem-se lentamente de encontro às paredes brancas. Moby Dick! — Afasto estas ideias! Sou eu, mas sou também, mais que nunca, o que me observa e me julga, o que fero me aquilata e questiona as acções. Estas parecem agora longínquas, como se outro as tivesse cometido. Quem era aquele que lá fora, mergulhado na cidade descrente, andava e falava e duvidava? Em que estava ele realmente naquela hora metido? Alguma coisa, ainda que ínfima, terá valido um pouco a pena, nessa vida de cisterna, na razão flutuante, no arremesso pedante? Finalmente, o que sou eu, neste preciso instante, e o que posso fazer? Nada. Sobra viver. De todos esses momentos, lembro com especial horror a frequência do deserto. E chamo deserto ao estado de abulia, de embrutecimento, de erosão da vontade, em que o pensamento se detém no vazio, em que absurdo pairo neste limitado espaço, sem uma ideia, um desejo, um qualquer objectivo. E sou eu, unicamente eu, na amável dor desta constância. Tudo se ergue na distância, mas tudo me advém, sem ter real importância. Fico pasmado na cama, fito o tecto e talvez além dele e sinto que não passo desse olhar prisioneiro. E é daí, desse limite impotente, que emerge o desespero. Bem tenta a razão acalmar, dizer “são só uns dias”, mas ao assim consolar, entendo que tal falar ainda mais me atordoa. “Falas de mais”, resmungo, “ó verso de poço sem fundo.” E outras vozes se detêm, em cacofonia de sentidos e exclamações abrasivas. Quem aqui fala?! Quem grita, quem se revolta, quem obedece, quem padece e quem esmola pelo futuro?! E abúlico esqueço, recostado no vazio, nas margens daquele rio que, lá fora, insiste sempre passar. E sonho que sou ribeiro, afluente do mundo, em constante devaneio, direitinho ao mar profundo.
Quarentena (I)
Revejo mentalmente os quadros de Hieronymus Bosch e vejo que me relatam: sou aqueles seres ambulantes ou eles deambulam em mim. Sou as visões do inferno, a obra do padre eterno, a mulher oferecida, uma leitura sem fim. Refaço em sobressalto as notas de uma sonata, os dedos pelo piano, o inquieto violino. E descubro, naquele tom de avidez, que não a ouvira nunca, salvo este acesso de angústia e danada nitidez. E todos os livros que li, versos que sempre amei, histórias que percorri, ideias que partilhei, se apresentam como ecos de um mundo incompreensível. E resta o sentido vago de um sentido impossível.
Um dia, ainda outro, outro dia se acumula. Maldigo a água do rio, que livre se entrega ao mar. E eu, fechado, sou lago em que teimo navegar
Procuro oásis diário, onde erguer a minha tenda, clamo pelo rebanho, que se assume refractário, busco sem cessar a água, a mágoa da salvação. Passaram mais duas horas ou assim reza a clepsidra, tão sedenta de atenção. E, mentalmente, reproduzo esse som que não existe. Pingue sem pongue, somente pingues e os intervalos vazios a marcar a sua vez. E é neles que me sustenho e tento recuperar um laivo de lucidez. Sou, por aqui afinal, o portador dessa luz, a chama infatigável de uma vela descartável, que impiedosa se assombra do meu risível engenho. E de novo, na abulia da cruz, só pasmado me detenho. Lá fora, ao que parece, chora o vento e tomba a chuva. Mas não é esta janela tão irreal como o ecrã por onde deslizo a esmo e nesse passo me encontro dotado a mais de mim mesmo? E não será a loucura esse mero transbordar? Que parte de mim é essa, em espuma pelo chão, que me esqueci de limpar? Acordo e lavo tudo, inundado de pudor. E saio da abulia, no riso de quem a si já não fia e, finalmente, abre a porta que ficara esquecida no fundo de um corredor.
Lá fora, ao que parece, chora o vento e tomba a chuva. Nenhum tufão se compara ao mal que aqui assoma, à desordem embutida num cérebro quase doente e temente da retoma. E, demente, danço o tango, danço o samba e o bolero. Com companheira invisível, marco os passos, afino as voltas e expurgo o desespero. Será hora de jantar? Fica o tempo, a contradança, a resumir a criança que, por instantes, regressa. Não quero. Não tenho pressa. Só uma sede me abrasa, ao longo destas jornadas. Sonho que volto a casa e em leito ínvio me deito, rodeado de camélias e velas amordaçadas. Um dia, ainda outro, outro dia se acumula. Maldigo a água do rio, que livre se entrega ao mar. E eu, fechado, sou lago em que teimo navegar. Já não dou pelo poente, só tenho olhos pr’á foz, extingue-se aquela voz, o suplício final de um destino amargurado. Telefono para o jornal. “Está lá”, questiono. “Sim. Está cá.” Desligo mais descansado. Um dia, ainda outro, outro dia se acumula...
“Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos.” Jean-Paul Sartre
Hotelaria Hóspedes chineses aumentam 200% entre Agosto e Setembro
PALAVRA DO DIA
Tempo de desconto Alargado prazo recorrer no caso IPIM. Glória Batalha substitui Pedro Leal
O
prazo para recorrer da sentença do caso do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) foi prolongado por mais 20 dias, depois de o Ministério Público (MP) e alguns arguidos o terem requerido. Segundo o HM apurou, a extensão do prazo foi aceite e o dia limite para a apresentação, que estava agendado para ontem, deve passar para 18 de Novembro. O facto de o MP ter pedido para alargar o prazo aponta a forte hipótese de recorrer da decisão do Tribunal Judicial de Base. No entanto, ao HM, o organismo liderado por Ip Son Sang limitou-se a responder que ainda está a “analisar o processo”, o que faz com que não possa “por agora”, prestar “informações detalhadas”. Até ontem o recurso do MP ainda não tinha entrado no tribunal. Quanto a Jackson Chang, o ex-presidente do IPIM foi condenado a dois anos de prisão efectiva pela prática de quatro crimes de violação de segredo e três crimes de inexactidão de elementos no preenchimento da declaração de rendimentos. Ao HM, o advogado de Chang, Álvaro
SMG Ciclone tropical “Goni” no mar do sul da China na próxima semana
Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) revelaram ontem a chegada de uma nova tempestade tropical ao Mar do Sul da China. “Goni” é o nome atribuído ao ciclone tropical que deverá entrar na parte central do mar do sul da China no início da próxima semana. “Goni” formou-se esta ontem a oeste do Oceano Pacífico e nos próximos dias “o sistema tropical vai aproximar-se das Filipinas”. PUB
Lusofonia Exportações para Macau caem 19,3% até Setembro
A
D
ADOS da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que em Setembro o número de hóspedes do Interior da China foi de 131 mil, um aumento de 197,9 por cento face a Agosto. A DSEC explica o aumento com a retoma da a emissão de diversos tipos de vistos para os residentes do interior da China entrarem em Macau”. No entanto, este número diminuiu 82,6 por cento em relação a Setembro de 2019. Ainda assim, os hotéis do território tiveram em Setembro uma ocupação 81 por cento inferior a Setembro de 2019. No total, ficaram hospedadas em Macau 212 mil pessoas. Relativamente aos hóspedes locais houve um decréscimo de 49,1 por cento face a Agosto, tendo-se situado nas 63 mil pessoas. Este número explica-se com o fim das férias de Verão, mas, em termos anuais, houve um crescimento de 25,4 por cento. O período médio de permanência dos hóspedes situou-se em 1,5 noites, idêntico ao de Setembro do ano precedente. Ataxa de ocupação média de quartos de hóspedes (excluindo os destinados à observação médica) foi de 16,7 por cento, menos 67,9 pontos percentuais em termos anuais.
sexta-feira 30.10.2020
Rodrigues, afirmou que a defesa ainda está a trabalhar no recurso, mas que vai ser apresentado nos próximos dias. Caso a decisão da primeira instância se mantenha, Jackson Chang, que foi absolvido dos crimes de associação criminosa, corrupção activa e passiva e branqueamento de capitais, tem apenas de cumprir mais sete meses de prisão, uma vez que foi o único arguido que aguardou o julgamento em prisão preventiva. Glória Batalha também vai recorrer. A ex-vogal do IPIM foi condenada a um ano e nove meses de prisão efectiva pela prática de um crime de abuso de poder e dois de violação de segredo. Contudo, o recurso será elaborado por Bernardo Leong, e não por Pedro Leal. Após a sentença do julgamento, Glória Batalha optou por mudar
O facto de o MP ter pedido para alargar o prazo aponta a forte hipótese de recorrer da decisão do Tribunal Judicial de Base
de advogado, uma decisão que o anterior causídico da condenada, Pedro Leal, disse “aceitar e compreender”.
PROCESSO COM 26 ARGUIDOS
Entre os arguidos mais mediáticos do megaprocesso consta ainda Miguel Ian, ex-director-adjunto do Departamento Jurídico e de Fixação de Residência por Investimento do IPIM, condenado por sete crimes de falsificação de documento, com uma pena de quatro anos de prisão efectiva. À saída do julgamento, o advogado de Miguel Ian, Jorge Ho, considerou a condenação demasiado pesada e já tinha dito que era muito provável que houvesse recurso. Entre os 26 arguidos do processo, 19 foram julgados culpados e sete ilibados. Segundo o tribunal, os empresários Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua, marido e mulher, criaram uma associação criminosa para vender autorizações de fixação de residência e foram condenados com penas de 18 anos e 12 anos de prisão. O cabecilha, Ng Kuok Sao, encontra-se fora de Macau e foi julgado à revelia.
S exportações dos países lusófonos para Macau desceram 19,3 por cento entre Janeiro e Setembro, em comparação com o período homólogo de 2019, anunciou ontem a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC). Os países de língua portuguesa exportaram para a RAEM mercadorias no valor de 514 milhões de patacas, de acordo com um comunicado. Em contrapartida, o bloco lusófono importou produtos no valor de dez milhões de patacas, um aumento de 740,8 por cento, em relação a igual período do ano passado. Nos primeiros nove meses deste ano, Macau exportou mercadorias no valor de 7,87 mil milhões de patacas, ou menos 16,2 por cento em comparação com igual período de 2019. O défice da balança comercial nos nove primeiros meses do ano cifrou-se em 48,12 mil milhões de patacas, menos 6,4 mil milhões de patacas em termos anuais. No período homólogo de 2019, o défice tinha sido de 54,5 mil milhões de patacas. Entre Janeiro e Setembro, o valor total do comércio externo de mercadorias foi de 63,8 mil milhões de patacas, ou menos 12,9 por cento, em relação aos 73,3 mil milhões de patacas no mesmo período de 2019.
João Santos Filipe (com P.A.)
joaof@hojemacau.com.mo
Grand Lisboa Palace Abertura adiada para o primeiro trimestre de 2021 A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) revelou ontem que a inauguração do empreendimento Grand Lisboa Palace será no primeiro trimestre de 2021. A SJM espera que as inspecções à obra estejam concluídas no próximo mês de Novembro. A data de inauguração foi alterada várias vezes, a última
previsão foi 20 de Dezembro deste ano. Relativamente às contas do terceiro trimestre, a operadora teve receitas de 841 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), uma queda de 89,6 por cento face ao igual período de 2019. Os primeiros nove meses do ano, até 30 de Setembro, a operadora teve receitas de 5,113
milhões de HKD, menos 79,4 por cento face aos primeiros nove meses de 2019. No jogo VIP, as receitas foram de 200 milhões de HKD, uma quebra de 93,1 por cento face ao ano passado, enquanto as apostas no mercado de massas originaram receitas de 690 milhões de HKD, menos 89,1 por cento.