Hoje Macau 30 DEZ 2016 #3724

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SEXTA-FEIRA 30 DE DEZEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3724

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

GCS

PERSONALIDADE DO ANO | RAIMUNDO DO ROSÁRIO

MOP$10 PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

LEI SINDICAL

ESPERA SENTADO PÁGINA 5

BLOGUE

As pontes de Ortet

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EVENTOS

JOGO

BOAS ENTRADAS PÁGINA 9

O fazedor Chegou e deitou mãos à obra. Agiu, decidiu e respondeu com racionalidade aos desafios da terra que bem conhece. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas sai com nota alta do ano que agora finda.

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ESPECIAL 2016

EVENTOS

ENSINO

Reduzir a burocracia

h Inês PÁGINA 7

PAULO JOSÉ MIRANDA


especial 2016

PERSONALIDADE DO ANO

REVELAÇÃO

GCS

• RAIMUNDO DO ROSÁRIO

O Secretário para os Transportes e Obras Públicas chegou, viu e... convenceu. E porquê? Porque – vejam lá bem! – é capaz de tomar decisões, algo que há muito não se via pelas bandas do seu pelouro. Ao segundo ano da sua presença no Governo, as coisas parece que querem andar, ainda que emperradas pelas areias do costume. Ele não diz que não sabe, não diz que não pode e não teme atirar o prazo das obras para as calendas, quando esse é o seu triste destino. É o caso do metro ligeiro, entre outras. Raimundo do Rosário conhece bem os interesses locais, demasiado bem para ser optimista. Mas, nesta RAEM do quanto-menos-te-mexes-melhor, foi uma lufada de racionalidade, desassombro e eficácia, bem necessária depois da Era Glacial que se seguiu ao incidente Ao Man Long e ao empata-obras que o substituiu. Ninguém espera que faça milagres ou que os milagres se façam por si, mas deverá manter a mesma postura e demonstrar a mesma vontade em defender o interesse público se quiser terminar em 2019 a sua passagem pelos mais altos cargos do Governo da RAEM com uma nota extremamente positiva. Depois da sua presença em Lisboa, na delegação de Macau, será o final dourado de uma distinta carreira como servidor da coisa pública.

• LI KEQIANG

A presença do primeiro-ministro expôs as fraquezas do Governo local que, além de ser manso e garantir a mansidão popular, pouco efectuou no sentido de implementar os desígnios de Pequim. De tal modo que Li Kequiang não se coibiu de, em “édito-rei”, exigir as medidas que há muito deveriam estar longe do papel e das intenções. Os governantes coraram e a oligarquia encolheu os ombros, pois pouco disto lhe interessa. Todos disseram que sim e as cabeças ficaram a abanar até o pó da carruagem de Li assentar no fim da estrada. Depois, a partilha do bolo continua. A ver vamos se o discurso criativo do primeiro-ministro cai em saco roto ou não.

GOVERNANTE DO ANO GCS

RALHETE DO ANO

• LIONEL LEONG

O Secretário para a Economia e Finanças é o homem das “missões impossíveis”: uma, diversificar a economia de Macau; duas, convencer os empresários locais a dotarem-se de uma postura contemporânea e menos ambiciosa. Outro deixaria correr o marfim, mas Lionel Leong tem-se distinguido pelo modo como está por dentro dos dossiês e parece por isso levar a sério as suas hercúleas tarefas. A cadeira no Olimpo ainda está à vista.

EVENTO DO ANO • FÓRUM MACAU

A presença de primeiro-ministros e outros figurões já seria suficiente para destacar este evento, cuja importância para a RAEM é, sobretudo, apreciada por quem o vê de fora. As medidas anunciadas por Li Keqiang foram muito bem recebidas por todos os países participantes e, sobretudo, por quem ficou à porta a roer as unhas: São Tomé e Príncipe. De tal modo que, entretanto, a ilha já se divorciou da ilha e arranjou casório com o continente. O Fórum desempenha o seu papel...

INSTITUIÇÃO DO ANO • CENTRO BOM PASTOR

A aprovação da Lei da Violência Doméstica foi uma grande vitória para as organizações que por ela combateram e nenhuma esteve mais perto da linha da frente do que o Centro Bom Pastor, dirigido pela irmã Juliana Devoy. Se esta lei foi aprovada e se hoje as pessoas gozam de protecção contra a violência como nos países civilizados, tal deve-se muito aos incessantes esforços desta instituição e da sua face mais conhecida.

GCS

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• WONG SIO CHAK

Raramente a polícia é trampolim para mais altos voos, mas o ano de 2016 revelou um Wong Sio Chak, ex-director da Judiciária e agora Secretário para a Segurança, de peito firme e asas abertas, angariando apoios ao supremo cargo da RAEM. Nesse sentido, é uma revelação. A prosseguir nessa heróica senda, faz tremer os liberais pela sua postura, um tanto ou quanto militarizada, e a visão, que partilha sem pudor, de uma sociedade securitária, talvez demasiado regrada, uma espécie de Singapura retardada e fora do tempo. Treme a Macau do laissez-faire, laissez-passer, um dos traços identitários mais fortes desta terra. Temem os que preferem um mundo de “amplas liberdades democráticas”, tal qual Álvaro Cunhal nos ensinou.

DESILUSÕES DO ANO • FESTIVAL DE CINEMA

Pariu um rato. Mais uma vez o que poderia ter sido e até parecia que iria ser, não chegou a ser nem metade. Filmes premiados com salas vazias e, sobretudo, uma irrelevância final, muito por fruto da exclusão de Marco Muller, que chegou a ser confrangedora. Macau demonstrou não ter capacidade para aquilo que anunciou. O Governo, depois da casa desfeita, ainda quis pôr um freio na bizarra situação. Conseguiu mas o cavalo não chegou a sair da estrebaria. Prometeu muito. Pariu um rato. Porque a rolha foi roída pelo rei da Rússia.

• HOTEL ESTORIL

Convidar e desconvidar Siza Vieira não lembra a ninguém. Ah... não... espera... aconteceu a Oeste de Pecos, onde afinal nada parece haver de novo. A não ser os novos estudos, as novas consultas e os novos concursos.

ARTISTA DO ANO • IVO M. FERREIRA

O filme “Cartas da Guerra”, baseado na obra epistolar de António Lobo Antunes, está a ter uma visibilidade única, se pensarmos que se trata de uma obra de um residente de Macau e que, além das críticas esfuziantes, foi pré-seleccionado para os Óscares. Ivo M. Ferreira mostra até que ponto é possível existirmos e que este céu cinzento da descrença local bem pode esperar. Ele vai ali, já volta.


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FIGURA INTERNACIONAL DO ANO • ANTÓNIO GUTERRES

Alvíssaras! O secretário-geral da ONU é português e os portugueses conhecem bem a sua capacidade para o diáologo e, de um modo geral, para a conversa, para a conversinha e mesmo para a converseta. Este é, aliás, um traço comum ao puro lusitano. Pode ser que esta capacidade, aliada a um também lendário malabarismo númerico, façam de António Guterres o homem com o perfil certo para o cargo. O mundo parece pensar que sim.

VERGONHA DO ANO • HO CHIO MENG

É muito aborrecido, para não dizer chato, saber que o Procurador da RAEM foi preso e acusado de 1500 e tal crimes. Não sei... é assim uma sensação desagradável pensar que o responsável máximo pela defesa dos interesses públicos andava a meter a mão em massa que não lhe pertencia nem era suposto pertencer. A sua detenção foi um golpe duro na credibilidade do sistema judiciário de Macau. E, se pensarmos que este senhor foi um dia putativo candidato a Chefe do Executivo, colhendo apoios nas mais variadas paróquias, que isto nos sirva de lição para um futuro não muito longínquo.

LIVRO DO ANO • O DELTA LITERÁRIO DE MACAU

O livro do consagrado e respeitado professor José Carlos Seabra Pereira, publicado pelo Instituto Politécnico de Macau, constituti um marco na crítica literária de Macau. Nele são referidos e apreciados os principais autores que escreveram ou escrevinharam por estas terras, num esforço que se reconhece praticamente exaustivo e titânico. Até hoje nada tinha sido escrito assim.

EXPOSIÇÃO DO ANO • AD LIB

A craveira internacional de Konstantin Bessmertny é um dado de facto mas a sua arte, inquietação e reflexão não descansam à sombra de louros justamente recolhidos. A exposição que apresentou no Museu de Arte de Macau é um exemplo maduro da sua capacidade artística e da imaginação crítica a que nos habituou.

FILME DO ANO • SISTERHOOD

Ainda longe da exigência técnica e plástica de “Cartas da Guerra”, “Sisterhood” é um enunciado corajoso e desassombrado de Tracy Choi, luminosa crueza na sociedade morna, hipócrita e desenxaibida de Macau. A realizadora mostra mão e um sentido próprio para o seu trabalho. Espera-se mais.

PRÉMIOSESPECIAIS O QUE MAIS IRÁ ME ACONTECER DO ANO HELENA DE SENNA FERNANDES

• E de repente cailhe no colo um festival internacional de cinema, cujo director desapareceu misteriosamente, embora para parte certa. A directora dos Serviços de Turismo teve de assumir a cabeça do animal. Salvou-a ver extensamente filmes “nos aviões” e a persistência com que repete o seu filme favorito: “Música no Coração”.

O VOU FAZER SE ME DEIXAREM DO ANO

ALEXIS TAM • O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura lançou uma

mão-cheia de projectos mas, cada um deles, praticamente sem excepções, foi contestado pelas auto-denominadas “forças vivas da população”. E Alexis Tam, sistematicamente, recuou e fez mais consultas que, é como quem diz, lavou daí as mãos. A sua pele deve estar seca.

O PÊNDULO DE FOUCAULT DO ANO

HO IAT SENG • A eterna reserva moral da RAEM, enquanto presidente da

Assembleia Legislativa, revelou-se um homem com uma desmedida tendência para a harmonia e para o consenso. E também para prudência quando tal é necessário. De tal modo que é capaz de embalar e fazer adormecer um frasco de anfetaminas.

O VIRA O DISCO E TOCA O MESMO DO ANO NG KUOK CHEONG

• Os acontecimentos em Hong Kong retiram cada vez mais margem de manobra aos democratas locais. E Ng Kuok Cheong é um bom exemplo disso: este ano a sua criatividade levou-o a quer discutir o sufrágio universal na Assembleia Legislativa, como tem feito todos os anos. E, como todos os anos, levou uma nega quase geral.

O GRANDE SALTO EM FRENTE DO ANO

CASINOS • Jogo a cair, receitas a baixar, e os casinos de Macau a investir como

cães danados. No Cotai, se juntarmos os trapinhos recentes de todos eles, a coisa vai parar à módica quantia de 17 mil milhões de patacas. Isto quando as renovações das licenças estão em águas de bacalhau. É o que se chama uma aposta.

O AUSLÄNDER RAUS! DO ANO

ELLA LEI & CIA • Quando toda a gente sabe que Macau parava sem mão-de-

-obra estrangeira e que precisamos, como de chao-min para a boca, de gente qualificada e não só, a deputada Ella Lei e Cia. continuam a defender que a causa das causas é expulsar os trabalhadores alienígenos. Isto numa cidade onde o desemprego não atinge os dois por cento. De facto, o ridículo não mata e a perda de tempo também não.

O CENTRO É ONDE EU QUISER DO ANO SONG PEK KEI • O Governo quer uma Biblioteca Central no centro da

cidade. Parece lógico. Pois. Mas nem para todos nasce esse sol. A deputada Song Pek Kei entende que a biblioteca central deve ser nos novos aterros. O problema é que deixava de ser central, capisce? Não? Pois...

O A GENTE MANDA E MAINADA DO ANO TÁXIS • As multas não os demovem, os fiscais não lhes metem medo. Eles são os taxistas de Macau. Fazem o que querem e ao Governo mostram... o pirilau. Por essas ruas acima, navegam como querem, cobram o que lhes apetece e nada de levantar a grimpa que ainda te partem o focinho. São a prova de que este é um Estado falhado.


4 POLÍTICA

hoje macau sexta-feira 30.12.2016

Emprego GABINETE DE LIGAÇÃO PEDE LIBERALIZAÇÃO DE POLÍTICAS EM MACAU

Recados que vêm do Norte

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MPORTAR ou não importar motoristas, eis a questão. O debate tem estado aceso nos últimos tempos, mas ontem Yao Jian, vice-director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, mostrou qual é a posição de Pequim, ao referir que deve ser implementada uma abertura apropriada às políticas laborais em Macau, tendo sempre como base a garantia de emprego a quem é cá residente. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Yao Jian falava à imprensa à margem da cerimónia da assinatura de um acordo de cooperação entre a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e a Associação de Bancos de Macau. “A FAOM desempenha um papel essencial quanto às políticas de protecção dos trabalhadores locais. Em primeiro lugar, é preciso garantir o emprego local e apoiar o desenvolvimento dos residentes locais. Com base nisso, deve-se permitir que mais pessoas participem e possam competir. Só quando existe competição é que pode haver desenvolvimento”, disse. Para Yao Jian, o futuro de Macau deve passar por uma “abertura apropriada e uma concessão; se não, não vai existir futuro”.

CONTRA E A FAVOR

Wong Peng Kei, presidente da Federação dos Negócios de Táxis de Macau, diz ao HM concordar parcialmente com Yao Jian. Para

TIAGO ALCÂNTARA

Em resposta à polémica sobre a importação de motoristas, o vice-director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau defendeu uma maior competição, tendo sempre o emprego dos locais como base. O sector continua a exigir que o Governo de Macau seja firme na actual posição

ele, os motoristas de entregas em empresas privadas devem ser considerados “condutores privados” e poderá pensar-se na importação de mão-de-obra para esta área específica, por forma a evitar mais disputas entre patrões e empregados.

Contudo, para o sector dos motoristas de autocarros e táxis, não deve ser, para já, equacionada a hipótese de importação. “Estes tipos de condutores são considerados motoristas industriais, são sectores insubstituíveis. Se se autorizar a contratação de não

“Deve-se permitir que mais pessoas participem e possam competir. Só quando existe competição é que pode haver desenvolvimento.”

residentes, nada mais vai restar em Macau”, apontou. Chio Pou Wan, secretário-geral da Associação Geral dos Empregados do Ramo de Transportes de Macau, ligada à FAOM, considera que Yao Jian ter-se-á referido à orientação geral das políticas laborais de Macau, mas não apenas à política dos condutores. Ao HM, defendeu que o Governo deve ser firme na posição de não permitir a autorização da mão-de-obra não residente no sector, assim como combater as situações “não saudáveis”, como as infracções dos motoristas não residentes, portadores de licenças especiais, que também circulam em Macau. Chio Pou Wan adiantou ainda que “dever-se-ia deixar o caminho para as pessoas de Macau”, uma vez que os condutores profissionais de Macau são, no geral, acima da meia-idade e não são bem qualificados. “O caminho certo do Governo é atrair mais residentes locais a entrar no sector, com uma melhor garantia de reforma e sistema de previdência, para que a situação seja melhorada na sua raiz,” disse. Questionado sobre a alegada falta de motoristas privados para o trabalho de entrega de mercadorias, o responsável referiu que, pelo que lhe é possível saber, não há problemas em termos de recursos humanos. Esta é, isso sim, uma “área severamente afectada pelas infracções”. A FAOM e a Associação dos Bancos de Macau assinaram ontem um acordo com o intuito de reforçar a formação aos funcionários bancários locais e promover o desenvolvimento de sistema financeiro específico. Yao Jian considera que o acordo fornece aos jovens de Macau meios e espaço de desenvolvimento.

YAO JIAN VICE-DIRECTOR DO GABINETE DE LIGAÇÃO DO GOVERNO CENTRAL

Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

ILHA DA MONTANHA NOVAS MEDIDAS PARA AS PME DE MACAU

O

Conselho de Gestão da Nova Zona da Ilha da Montanha apresentou ontem, em conferência de imprensa, uma série de medidas que visam facilitar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas de Macau naquela zona chinesa. Entre as novidades está um “método experimen-

tal” da zona de comércio livre da Ilha da Montanha, destinado às PME da RAEM, e o “sistema de imposto automático de visão remota”, segundo noticiou o canal chinês da Rádio Macau. O método experimental conta com 36 artigos, abrangendo temas como apoios às finanças, ao

empreendedorismo dos jovens e à garantia dos talentos. As PME de Macau vão ainda usufruir de um regime fiscal especial: o imposto sobre o rendimento vai ser de 15 por cento. Além disso, no método experimental, incluem-se medidas como apoios à residência e ao capital inicial para a constituição de

empresas, e a organização regular da contratação da mão-de-obra necessária. A implementação do “sistema de imposto automático de visão remota” tem como objectivo facilitar a vida às empresas de Macau e de Hong Kong no que toca às contribuições fiscais dos dois lado da fronteira. Existem cerca de 1500

empresas das duas regiões administrativas especiais: as autoridades chinesas esperam que, através dos acordos assinados com os bancos de Macau, os contribuintes possam utilizar o sistema electrónico automático para tratar dos seus impostos.

MOTORISTAS CPCS QUER CHEGAR A CONSENSO ENTRE PATRÕES E EMPREGADOS

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ONFRONTADO com as declarações do responsável pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), garantiu ontem, à margem de uma reunião do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), que o objectivo é atingir um consenso quanto à possibilidade de importação de motoristas. “Ouvimos estas solicitações mas, da parte do Governo, o que pretendemos é criar uma plataforma e atingir um consenso entre a parte laboral e patronal. Também estamos a pedir a ambas as partes para fornecerem mais informações, sobre a organização de bolsas de emprego e mais estatísticas, para que possamos tomar uma decisão.” Wong Chi Hong explicou que a DSAL apenas pode promover mais acções de formação para atrair mais locais para esta profissão. Apesar de ter dito que são poucas as pessoas a frequentar esses cursos, o responsável dosAssuntos Laborais acabou por referir que o número de motoristas até registou um aumento. “Até agora não temos um número significativo de pessoas que realizem estas acções de formação para motorista profissional, mas o que pretendemos é aumentar o número de pessoas interessadas. Vamos dar mais medidas beneficiárias para atrair mais pessoas. Conforme as estatísticas reparamos que houve um aumento do número de motoristas profissionais.” Lei Chan U, representante dos trabalhadores e membro da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), mostrou reservas quanto à possibilidade de importação. “Acho que temos de salvaguardar os direitos dos trabalhadores. Estamos a tentar ter um consenso com a parte das associações e não é a questão de ceder ou não, o mais importante é salvaguardar direitos. Se importarmos mais motoristas não residentes, isso vai influenciar os trabalhadores locais. Como devemos resolver o problema? O Governo deve fornecer mais dados para servirem de referência”, rematou. A.S.S.


5 POLÍTICA

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SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE FÓRUM MACAU DIZ QUE SIM

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Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) tem uma “atitude aberta” à entrada de São Tomé e Príncipe, que restabeleceu esta semana relações diplomáticas com Pequim. “São Tomé e Príncipe é um dos membros familiares da lusofonia, pelo que o secretariado permanente tem uma atitude aberta quanto à

sua participação no Fórum Macau. Caso a parte santomense apresente o pedido, o secretariado permanente está disposto a submeter aos países participantes do Fórum para efeitos de discussão”, indicou à Lusa o Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau. No dia 20 deste mês, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a

O Conselho Permanente de Concertação Social debateu ontem a necessidade de estudar a implementação da lei sindical. Todos concordam com o estudo da lei, mas os patrões estão contra a legislação. O concurso público e a realização do estudo vão demorar quase dois anos a serem concluídos

Lei sindical CONCERTAÇÃO SOCIAL ANUNCIA CALENDÁRIO PARA ESTUDO DA QUESTÃO

O

Governo anunciou nas Linhas de Acção Governativa (LAG) a realização de um estudo sobre a necessidade de implementação da lei sindical e, ontem, o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) debruçou-se sobre o assunto. Uma coisa é certa: o único ponto em que patrões e empregados estão de acordo é na realização do estudo, que irá demorar cerca de 500

observador nas reuniões do Fórum e de, em 2013, ter enviado, pela primeira vez, um representante com a categoria de ministro. São Tomé e Príncipe suspendeu relações com Pequim em 1997, reconhecendo Taiwan. No entanto, o Presidente Manuel Pinto da Costa visitou a China em pelo menos duas ocasiões. Quando São Tomé decidiu reconhecer Taiwan, a ilha era

um dos quatro “tigres asiáticos”, ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura. Apoiada numa pujante economia, Taiwan investia muito dinheiro na expansão do seu espaço político internacional. Mas os tempos mudaram e a República Popular da China tornou-se na segunda maior economia mundial, com as maiores reservas cambiais, no valor de 3,44 biliões de dólares.

Uma espera de 500 dias GCS

O responsável disse ainda que as associações já desempenham o seu papel de porta-vozes dos trabalhadores. “Diferentes associações e canais têm os seus meios para a apresentação de opiniões. A parte patronal opõe-se à implementação da lei sindical. Isto é muito claro e desde sempre foi assim. A única coisa em que concordamos é na realização de um estudo por parte de uma entidade académica.”

“Temos a posição de que não vamos deixar a lei sindical passar, achamos que não é uma ocasião oportuna para fazer a lei.” CHOI YOK LUM PATRONATO dias (quase dois anos) a ser feito, juntamente com a elaboração do concurso público e adjudicação. A necessidade de 500 dias foi explicada por Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). “Precisamos de saber quais as condições e requisitos para a implementação da lei sindical, e só assim podemos aumentar a possibilidade de legislar sobre esta matéria. Pretendemos ter políticas e medidas que beneficiem do desenvolvimento

CINCO DIAS DE PATERNIDADE

L

República Popular da China. Seis dias depois, na segunda-feira, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país. São Tomé e Príncipe encontrava-se, até agora, excluído do Fórum Macau devido às relações com Taiwan. Na V Conferência Ministerial, em Outubro, não esteve qualquer representante de São Tomé, apesar de o país ter participado como

ei Chan U, representante dos trabalhadores e membros dos Operários, afirmou que a parte laboral deseja a implementação de cinco dias de licença de paternidade no sector privado, bem como 90 dias de licença de maternidade. “Estamos a favor de cinco dias úteis, e insistimos porque os funcionários públicos também têm cinco dias de licença de paternidade remunerados. Em Hong Kong serão cinco dias e esta é uma tendência mundial. Quanto à licença de maternidade estamos a favor de 90 dias, porque assim podemos seguir as convenções internacionais, onde se estabelece 98 dias. Devemos seguir o Governo quanto à proposta dos 90 dias, e depois passo a passo chegar aos 98.”

de Macau”, disse aos jornalistas no final do encontro.

UM ESTUDO INÚTIL?

Com base nas declarações de Choi Yok Lum, representante do patronato, o consenso será difícil de atingir, mesmo com o estudo feito. “Temos a posição de que não vamos deixar a lei sindical passar, achamos que não é uma ocasião oportuna para fazer a lei.” “Esta proposta de lei foi apresentada várias vezes na Assembleia Legislativa e foi sempre chumbada, o que quer dizer que Macau não reúne condições para a elaboração da lei sindical”, acrescentou Choi Yok Lum. “Estamos de acordo com a proposta do Governo de adjudicar este projecto de estudo a uma terceira parte, a uma instituição académica, mas achamos que há que ter em consideração as opiniões das diferentes partes quanto ao método de fazer o estudo, orientações e destinatários.”

ESTUDAR MONTANTES A

DSAL vai entregar, nos próximos meses, inquéritos para perceber o impacto do salário mínimo junto dos trabalhadores de limpeza e segurança, e das respectivas empresas. A revisão do valor do salário mínimo poderá ser uma possibilidade, confirmou Wong Chi Hong. “Vamos fazer uma revisão e precisamos de ter estatísticas e fundamentos. Só depois é que vamos decidir se vamos aumentar ou não.” Choi Yok Lum, representante dos patrões, falou de um profundo impacto. “Após a implementação do salário mínimo houve um impacto muito profundo para a sociedade de Macau. Houve muitos conflitos com a implementação da lei. Esperamos que, com este estudo, o Governo possa obter alguns fundamentos e saber qual o impacto.”

Lei Chan U, representante dos trabalhadores e membro da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), mostrou-se a favor da legislação, até porque os deputados da FAOM (Kwan Tsui Hang, Ella Lei e Lam Heong Sang) entregaram recentemente uma proposta de lei no hemiciclo, que também foi chumbada. “Se a iniciativa legislativa partir do Governo será mais adequado”, defendeu. “Estamos a entrar na fase de estudo e este foi o resultado decidido pelo CPCS. Estamos de acordo com a realização do estudo preliminar, mas achamos que o Governo deve elaborar esta lei porque, de acordo com o Artigo 27.o da Lei Básica, deve legislar sobre este assunto. Esperamos que o Governo possa acelerar o processo de elaboração da lei sindical”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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hoje macau sexta-feira 30.12.2016


7 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

Ensino infantil DSEJ ANUNCIA MELHORIAS DO SISTEMA DE REGISTO CENTRAL

Poupar na papelada

entrevistas, dinheiro que não é devolvido.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

Os Serviços de Educação e Juventude anunciaram ontem um sistema simplificado de registo central no ensino préescolar. A ideia é evitar esperas e burocracias

MAIS DINHEIRO PARA TODOS

O

registo central para o ensino infantil implementado este ano lectivo vai continuar em 2017 com promessas de mais eficácia e rapidez. A informação foi dada ontem pelos Serviços de Educação e Juventude. “A medida foi aperfeiçoada e foi possível simplificar o processo de modo a que seja apenas preenchido um formulário e com garantia de ingresso”, disse o chefe da divisão de educação pré-escolar e ensino primário, Kong Chi Meng. O representante acrescentou ainda que este é um procedimento que “evita as filas de espera e garante a entrada das crianças no ensino pré-escolar”. Feito o balanço do primeiro ano de implementação, os representantes da DSEJ mostram-se satisfeitos. “De acordo com os resultados dos inquéritos realizados no ano lectivo de 2016/2017, a iniciativa obteve o apoio de 97 por cento das escolas e de 98 por cento dos pais ou encarregados de educação, tendo alcançado os resultados desejados”. Para o registo online, estão incluídas todas as escolas do território, incluindo as internacionais, e para o próximo ano lectivo as inscrições decorrem já entre 5 e 20 de Janeiro. O Governo prevê que ingressem cerca de 6500 crianças no ensino infantil em 2017 e garante que “as vagas escolares para o ano lectivo de 2017/2018 são suficientes, pelo que os pais ou encarregados de educação podem ficar tranquilos relativamente à inscrição”. O modelo mantém-se: os encarregados de educação podem escolher seis escolas para inscrever os seus filhos. As inscrições em

SOCIEDADE

cada escola não têm valor limitado apesar de as vagas o serem. A medida causou polémica este ano e, em Fevereiro passado, Lam (nome fictício), directora de um jardim-de-infância que preferiu não ser identificada, afirmou ao HM que não concorda com este processo. A directora referia na altura que a escola que dirige tem 170 vagas para o ensino infantil, mas que houve 1300 candidatos pela via do registo central. Como é obrigatório fazer entrevistas com todos os alunos, a medida levou a um aumento de trabalho dos docentes. “Os professores dão aulas e agora precisam de utilizar o tempo livre e os fins-de-semana

para preparar as entrevistas com os candidatos”, referia, considerando que “nem tudo pode ser resolvido com dinheiro, as

Para o registo online estão incluídas todas as escolas do território, incluindo as internacionais. As inscrições decorrem já entre 5 e 20 de Janeiro

medidas ou políticas devem ser razoáveis”. No entanto, o Governo disse ontem que o sistema vai continuar a ser o mesmo, sendo que, por entrevista feita, atribui um subsídio de 100 patacas às escolas que fazem parte do ensino gratuito. No processo relativo a este ano lectivo, vários estabelecimentos de ensino privados (mas cujas propinas são subsidiadas pela DSEJ) cobraram aos encarregados de educação mil patacas por entrevista. Atendendo a que é difícil garantir uma vaga na escola desejada, a despesa pode chegar às seis mil patacas para assegurar a realização das

Na conferência de imprensa ontem realizada, a DSEJ anunciou que pretende alargar a rede escolar de ensino gratuito sendo que, para o próximo ano lectivo, aponta uma subida das despesas em cerca de 14 por cento, alcançando os 2,6 milhões de patacas. O objectivo é permitir o acesso ao ensino gratuito a cerca de 68 mil alunos do ensino não superior. Para 2017/2018 está ainda previsto o aumento de bolsas para os residentes que pretendem especializar-se em áreas tidas como necessárias para o preenchimento dos quadros locais. A DSEJ referiu que, no ano passado, foram dadas 250, sendo que este ano o número ascendeu às 390 e, para 2017, “ainda não se sabe”. O processo de candidatura decorre no mês de Junho e é feito em coordenação com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior. O organismo adianta que o número tenderá a subir tendo em conta que as áreas consideradas são também mais abrangentes. Além dos cursos associados à tradução e à aprendizagem de português, fazem parte das necessidades de formação específica locais o preenchimento de vagas no ramo da educação especial, a assistência social e a psicologia. O valor das bolsas a serem atribuídas varia das 4560 patacas mensais a cerca de sete mil. Também se prevê um aumento do programa de subsídio de propinas para residentes de Macau que frequentam o ensino na província de Guangdong. Vão ser sete as cidades abrangidas e se, o montante despendido no início da medida foi de dois milhões de patacas, este ano chegou aos dez milhões, sendo que, para o ano lectivo de 2016/2017 as previsões apontam para os 18 milhões. Estes apoios vão beneficiar cerca de quatro mil crianças e adolescentes que estudam na China Continental. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


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hoje macau sexta-feira 30.12.2016

EDITAL Edital n.º :159/E-BC/2016 Processo n.º :181/BC/2013/F Assunto :Demolição de obras não autorizadas pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local :Travessa da Encosta n.º 46, Edf. Keng Fung Hou Teng (Bo Fung Court), fracção 2.º andar C (CRP:C2), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados Man Siu Ki e Long, Inês, do seguinte: 1.

ANÚNCIO

Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra Instalação de cobertura plástica e suporte metálico em frente do pódio da fracção. Instalação de portão metálico no corredor comum em frente da entrada 1.2 da fracção. Construção de um compartimento com cobertura plástica, suporte 1.3 metálico e janelas de vidro no pátio da fracção. 1.1

Faz-se saber que, em relação ao concurso público para «Obras de melhoramento das instalações eléctricas da 2.ª fase do Edifício Hou Kong Fa Un», publicado no

1.4 Instalação de janelas de vidro no pódio da fracção.

Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 47, II Série, de 23 de Novembro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.2 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades,

2.

3.

pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Instituto de Habitação, sito na

4.

Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Instituto de Habitação, aos 9 de Dezembro de 2016.

5.

O Presidente,

6.

Arnaldo Santos

Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício. Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, obstrução do caminho de evacuação. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por ofício n.º 11105/ DURDEP/2016 de 15 de Agosto de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram qualquer resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. Sendo os corredores comuns do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Além disso, o pódio acima referido é considerado ponto de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruído com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 6) do n.º 1 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, por despacho de 16 de Dezembro de 2016 exarado sobre a informação n.º 10054/DURDEP/2016, ordena aos donos das obras ou seus mandatários que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição dos locais afectados, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido de demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação e aos interessados e aos utentes que procedam à remoção de todos os materiais e equipamentos aí existentes e à desocupação dos locais acima referidos. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Além disso, findo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias, a DSSOPT dará início aos trabalhos de demolição e de desocupação, os quais, uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado ficarão depositados num local a indicar à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas, e nos termos do n.º 7 do mesmo artigo, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração e/ou de segurança do edifício. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI e das competências delegadas pelo n.º 4 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, da decisão referida no ponto 3 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 16 de Dezembro de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man


9 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

Jogo ANALISTAS ACREDITAM EM SUBIDA ENTRE SETE E 10 POR CENTO EM 2017

Melhor do que a encomenda Depois de três anos de descidas consecutivas, o sentido vai mudar: os analistas da Bloomberg acreditam que 2017 vai ser um bom ano para os casinos. O mercado de massas ocupa o lugar deixado vago pelos grandes apostadores

A

S contas são da Bloomberg, que ouviu vários especialistas na matéria: no ano que aí vem, as receitas dos casinos de Macau vão aumentar sete por cento, com o segmento de massas a garantir a subida. Em Novembro, o número de visitantes da Coreia do Sul, do Japão e dos Estados Unidos aumentou, repara a agência, ajudando a minimizar a quebra de turistas da China Continental. Por outras palavras, o cenário tem vindo a compor-se. A Morgan Stanley consegue ser ainda mais optimista: a previsão inicial de dois por cento foi revista em alta para um crescimento das receitas brutas de 10 por cento. A Bloomberg recorda que a indústria do jogo assistiu a uma recuperação no Verão, com a inauguração dos novos empreendimentos da Sands e da Wynn Resorts, mais virados para o turismo do que para os apostadores VIP. Além disso,

o território tem conseguido defender-se da competição regional que surgiu com os casinos na Coreia do Sul e nas Filipinas. “Existem mais razões para visitar agora Macau do que há dois anos e é por isso que está a aumentar o número de noites passadas no território”, afirma o analista Richard Huang, da Nomura Holdings. Com a perspectiva de abertura de novos empreendimentos, existe a expectativa de que o mercado de massas continue a crescer.

O número de excursionistas que visitou o território em Novembro desceu 6,5 por cento relativamente ao período homólogo do ano passado. No entanto, face a Outubro, registou-se uma subida de seis por cento. No total, o número de turistas em excursões que escolheram Macau como destino no mês passado foi de 728 mil. Destes, quase 600 mil eram provenientes da China Continental, e 27 mil da Coreia do Sul, números que denotam uma descida em termos anuais de 7,5 por cento e 5,5 por cento, respectivamente. Já os visitantes oriundos de Taiwan subiram um por cento para 38 mil. Segundo os dados ontem divulgados pelos Serviços de Estatística e Censos, nos 11 primeiros meses deste ano, visitaram Macau quase sete milhões de excursionistas ou seja, menos 25,1 por cento face a idêntico período de 2015.

A 1 de Janeiro, o Governo deverá divulgar as receitas totais de 2016. Os 10 analistas consultados pela Bloomberg estimam um valor na ordem dos 222,8 mil milhões de patacas, o que significará uma diminuição de 3,5 por cento em relação a 2015 (ano em que caíram 34 por cento). “Sem dúvida que, nestes meses, Macau tem estado mais animado do que no último par de anos”, afirma Grant Govertsen, analista do Union Gaming Group. Mas o Governo tem ainda um longo caminho a percorrer para conseguir tornar-se menos dependente das receitas do jogo, apesar dos esforços para a diversificação económica. “É claro que o facto de haver uma Torre Eiffel em Macau traz mais pessoas para o mercado. Mas a actividade principal continua a ser o jogo”, vinca Govertsen.

ACÇÕES A SUBIR

As acções das operadoras de Macau subiram este ano, numa antecipação à recuperação do sector, com a MGM China a valorizar 52 por cento e a Galaxy Entertainment a subir 36 por cento em Hong Kong. Ainda assim, o magnata da Galaxy, o milionário Lui Chee-woo, dizia há pouco mais de dois meses que ainda é cedo para se dizer que o pior já passou, preferindo esperar por um “crescimento mais sustentado”, alicerçado no segmento de massas e não no segmento VIP. Já Lawrence Ho mostra-se mais optimista: “Estamos em fase de recuperação. Não vai ser igual à que aconteceu depois da crise financeira mundial. Desta vez, vai ser uma recuperação mais natural”. H.M.

Os analistas consultados pela Bloomberg estimam um valor na ordem dos 222,8 mil milhões de patacas para 2016

NOVEMBRO EXCURSIONISTAS EM QUEDA

SOCIEDADE

(DES)EMPREGO NEM MAIS, NEM MENOS

As taxas de desemprego e de subemprego de Macau mantiveram-se, entre Setembro e Novembro, nos 1,9 por cento e nos 0,7 por cento, respectivamente, quando comparando com o período anterior, de Agosto a Outubro. Segundo a informação divulgada ontem pelos Serviços de Estatística e Censos, a população activa local era de 393.100 indivíduos e a taxa de actividade registou 71,9 por cento, ou seja, menos quatro mil pessoas em comparação com os dados anteriores. Em termos de ramo de actividade, o número de empregados da construção civil diminuiu, enquanto o da área educação e do comércio a retalho aumentou. A população desempregada era composta por 7600 residentes, o que representa uma subida de 100 pessoas relativamente ao período anterior. Já o número de desempregados à procura do primeiro emprego diminuiu 4,5 por cento, representando 14,7 por cento do total da população desempregada. Em comparação com o período de Setembro a Novembro de 2015, a taxa de actividade diminuiu 1,3 pontos percentuais; já a taxa de desemprego manteve-se no mesmo nível e a taxa de subemprego subiu 0,1 pontos percentuais.

PENSIONISTAS PROVA DE VIDA FAZ-SE EM JANEIRO

São mais de 90 mil os beneficiários da pensão para idosos e invalidez de Macau que têm de efectuar a prova de vida em Janeiro. A medida, de carácter anual, pode ser feita nos locais definidos pelo Governo a partir da próxima segunda-feira. Para os residentes que vivem em Guangdong, a prova de vida pode ser levada a cabo através das instituições de segurança social daquela província. Os residentes que estão na restante China Continental ou em Hong Kong podem entregar o processo por correio dirigido ao Fundo de Segurança Social ou através de terceira pessoa, no território.


10 CHINA

hoje macau sexta-feira 30.12.2016

INVESTIMENTO DE QUASE MEIO BILIÃO DE EUROS NA EXPANSÃO DA REDE FERROVIÁRIA

Muita terra, muita terra...

VICE-CHEFE DO ESTADO-MAIOR INVESTIGADO POR ALEGADA CORRUPÇÃO

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vice-chefe do Estado-Maior chinês está a ser investigado por corrupção, tornando-se o mais alto posto do exército ainda no activo a ser atingido pela campanha anti-corrupção em curso na China, anunciou ontem o ministério da Defesa. Wang Jianping, Vice-Chefe do Estado-Maior e antigo chefe da polícia militar, é suspeito de ter aceitado subornos, avançou ontem o porta-voz do ministérioYangYujun, citado pela agência oficial Xinhua. “Esforçamo-nos por pôr em prática um sistema em que ninguém se atreva a praticar corrupção ou a corromper”, visando “construir umas forças armadas fortes”, disse Yang Yujun. Três outros generais, incluído dois antigos vice-presidentes da Comissão Militar Central (CMC), o braço político do exército, foram acusados de corrupção na China, mas quando estavam já aposentados. Um deles, Guo Boxiong, vice-presidente da CMC entre 2003 e 2013, foi condenado a prisão perpétua por ter aceitado subornos. Xu Caihou, que deteve o mesmo posto, foi também investigado por corrupção e ficou detido à espera de julgamento mais de um ano, até que morreu em 2015 devido a um cancro. A queda de Guo e Xu ilustra a amplitude da campanha anti-corrupção lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder em 2013.

China vai investir 3,5 biliões de yuan (482.000 milhões de euros) até 2020 no desenvolvimento da sua rede ferroviária, sobretudo na expansão da malha de alta velocidade, anunciou ontem o ministério chinês dos Transportes. O número foi avançado pelo vice-ministro Yang Yudong, durante a apresentação do Livro Branco dos Transportes, que serviu ainda para rever o desenvolvimento do sector nas últimas seis décadas e traçar os objectivos para os próximos anos. A rede ferroviária chinesa de alta velocidade atingiu este ano os 19.000 quilómetros - mais do que todos os outros países combinados. A primeira linha - 120 quilómetros entre Pequim e Tianjin

- começou a funcionar em 2008, quando a capital chinesa organizou os Jogos Olímpicos. Os novos planos incluem a expansão da rede de alta velocidade em cerca de 11.000 quilómetros até 2020, detalhou Yang Yudong.

SEMPRE A ABRIR

Na quarta-feira, o país inaugurou a mais extensa linha de alta velocidade, entre o leste e o oeste do país - 2.252 quilómetros-, que liga as cidades de Xangai e Kunming. O responsável frisou ainda que a China vai continuar a impulsionar projectos do sector além-fronteiras, dentro da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda. A iniciativa, anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping,

inclui a construção de ligações ferroviárias de alta velocidade entre a Ásia e a Europa. Yang detalhou alguns planos já em marcha, como a construção de linhas, algumas de alta velocidade, no Laos, Indonésia, Sérvia, Paquistão e Etiópia.

A rede ferroviária chinesa de alta velocidade atingiu este ano os 19.000 quilómetros - mais do que todos os outros países combinados

POLÍCIA ABATE QUATRO PESSOAS APÓS ATAQUE A ESCRITÓRIOS DO PCC

Q

UATRO pessoas foram abatidas pela polícia depois de detonaram explosivos em escritórios do Partido Comunista Chinês em Xinjiang, nordeste do país, causando um morto e quatro feridos, no que as autoridades locais descreveram como um atentando terrorista. A informação, avançada pelo Tianshan Net, um portal de notícias gerido pelo Partido Comunista Chinês (PCC), é a

primeira, em vários meses, a reportar um ataque mortal na região, a que os jornalistas têm mais dificuldade de aceder nos últimos anos. Xinjiang é frequentemente palco de conflitos entre a minoria étnica muçulmana Uigur e a maioria Han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional. Segundo o Tianshan, os quatro atacantes invadiram as instalações do partido no

condado de Moyu e detonaram explosivos caseiros, causando um morto e quatro feridos. A polícia considerou o incidente um “atentando terrorista” e abateu-os a tiro. Em Julho de 2009, conflitos étnicos em Urumqi, a capital de Xinjiang, causaram 197 mortos e mais de 1.500 feridos, a maioria dos quais Han, a principal etnia da China, levando as autoridades a decretar fortes medidas de segurança.

As medidas foram reforçadas nos últimos anos, face aos ataques na região e outras partes da China, cometidos por separatistas Uigures que aderiram ao terrorismo islâmico, segundo Pequim. Em Novembro de 2015, a polícia matou 28 alegados terroristas, que terão atacado uma mina de carvão controlada por membros da etnia Han, na prefeitura de Aksu, matando 11 civis e cinco polícias.

O livro branco reafirma ainda a meta, já prevista no Plano Quinquenal para a economia chinesa entre 2016 e 2020, de investir na construção de mais 30.000 quilómetros de malha ferroviária nos próximos anos. A rede ferroviária chinesa terá então 123.500 quilómetros de extensão. O plano prevê ainda aumentar as ligações dos comboios inter-cidades e suburbanos, visando reduzir o tempo de viagem entre as grandes metrópoles chinesas e os subúrbios. Destaque ainda para a construção de redes de transporte interurbano no delta do rio das Pérolas, num passo importante para a integração das regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong com a província de Guangdong.

ABERTA PONTE MAIS ALTA DO MUNDO

A China inaugurou ontem a ponte mais alta do mundo, erguida 565 metros acima do rio Nizhu e que liga as províncias de Yunnan e Guizhou, informou ontem a televisão estatal CCTV. Com 1.341 metros de comprimento e um custo de construção de mil milhões de yuan, a ponte Beipanjiang começou a ser construída em 2013 e foi concluída em Setembro passado. Mais de mil engenheiros e operários chineses participaram na construção. Trata-se da ponte com maior distância vertical entre a sua plataforma e a superfície terrestre inferior. A altura é equivalente a uma torre de 200 andares, segundo o departamento de transporte de Guizhou. A Beipanjiang ultrapassou assim a ponte do Rio Si Du, localizada também na China, e que se ergue 496 metros acima da água.


11 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

O

Ministério Público da Coreia do Sul convocou ontem o embaixador do país em França devido a uma alegada “lista negra” com milhares de artistas, no âmbito da investigação do caso de corrupção que levou à destituição da Presidente. A equipa especial do Ministério Público quer questionar Mo Chul-min, secretário para a Educação e Cultura em 2013 e 2014, sobre uma alegada “lista negra” criada durante a sua administração que incluía nove mil artistas considerados hostis ao Governo da Presidente, Park Guen-hye, sendo-lhes por isso negado apoio estatal. Em 2014, os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Busan entraram em confronto com o autarca local, que tentou bloquear um documentário sobre o naufrágio do ‘ferry’ Sewol, que fez mais de 300 mortos, um desastre parcialmente atribuído à incompetência do Governo e à corrupção. O autarca de Gwangju admitiu recentemente que foi pressionado pelo Governo para excluir uma pintura que satiriza Park da feira de arte bianual da cidade em 2014. A alegada lista negra inclui algumas das figuras culturais mais

Passado de censura Justiça sul-coreana analisa “lista negra” de artistas

Mo Chul-min

famosas do país, como o realizador de “Oldboy”, Park Chan-wook, e o poeta Ko Un. Ambos terão sido incluídos na suposta lista por comentários críticos ao Governo e por apoiarem candidatos da oposição em eleições presidenciais e autárquicas,

segundo Do Jong-hwan, deputado da oposição que revelou a lista aos jornalistas.

ALTA PRESSÃO

Grupos de artistas afirmam que os nomes na lista viram-lhes ser inexplicavelmente negado apoio

de programas governamentais e interdito o acesso a instalações do Estado. O antigo ministro da Cultura Yoo Jinryong, que deixou o cargo em Julho de 2014, afirmou numa entrevista recente que a lista negra foi actualizada várias vezes antes de sair e entregue ao seu ministério pelo hoje embaixador em França ou por outros secretários presidenciais. Cho Yoonsun, a actual ministra da Cultura, que desempenhou o cargo de secretário para os assuntos políticos de Junho de 2014 a Maio de 2015, negou a acusação de Yoo de que esteve envolvida na elaboração da lista, garantindo que nunca a viu. O Ministério Público acusou Park de conluio com uma amiga para extorquir dinheiro e favores de algumas das maiores empresas do país e de permitir que essa amiga, Choi Soon-sil, manipulasse assuntos de Estado. O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 9 de Dezembro, decisão que terá de ser ratificada

REGIÃO

pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva. O tribunal tem até seis meses para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo. A equipa especial do Ministério Público começou a investigar as alegações sobre a lista negra na sequência de uma queixa de um grupo de artistas.

A alegada lista negra inclui algumas das figuras culturais mais famosas do país, como o realizador de “Oldboy”, Park Chanwook, e o poeta Ko Un Os investigadores também convocaram Kim Jae-youl, chefe da unidade de ‘marketing’do desporto do grupo Samsung, dado que olham ainda para as alegações de que o gigante sul-coreano patrocinou a amiga da Presidente Choi Soon-sil para receber favores do Governo.

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Notificação edital (07/FGCL/2016) N.o de pedido: 2016000354

Notificação edital (08/FGCL/2016) N.o de pedido: 2016000336

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n. 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor do número de pedido acima referido, “Lin Jibiao” (Proprietário do Jin Xi Club), com sede na Avenida Padre Tomás Pereira 889, Casino Greek Mythology, 2º andar, V6, Taipa, Macau, o seguinte: Relativamente ao antigo trabalhador Lei Iap Wun do devedor, no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo do pagamento de créditos emergentes das relações de trabalho, este Fundo, em 18 de Novembro de 2016, deliberou, nos termos do artigo o 6. da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento de créditos para o antigo trabalhador acima referido, no valor total de noventa e nove mil, seiscentas e cinquenta e duas patacas e cinquenta avos (MOP 99 652,50). Mais se informa ao devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento do créditos para aquele requerente, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento de créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 19 de Dezembro de 2016. O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Subst.º Chan Un Tong

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor do número de pedido acima referido, “Zhang Shilin”, com sede na Avenida Leste do Hipódromo 229 - 305, Victor Garden, R/C, lojas I, J, M, Macau, o seguinte: Relativamente ao antigo trabalhador Chan Cheong Heng do devedor, no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo do pagamento de créditos emergentes das relações de trabalho, este Fundo, em 18 de Novembro de 2016, deliberou, nos termos do artigo 6.o o da Lei n. 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento de créditos para o antigo trabalhador acima referido, no valor total de dezassete mil e quinhentas patacas (MOP 17 500,00). Mais se informa ao devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento de créditos para aquele requerente, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento de créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 19 de Dezembro de 2016. O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Subst.º Chan Un Tong

Notificação edital (09/FGCL/2016)

Notificação edital (10/FGCL/2016)

o

N.o de pedido: 2016000350

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n. 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor do número de pedido acima referido, “Wong Hei” (Proprietário do Heymman Engineering), com sede no Beco do Marinheiro 23 - 25B, Ka On Kok, 2º andar B, Macau, o seguinte: Relativamente ao antigo trabalhador Ho Tong do devedor, no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo do pagamento de créditos emergentes das relações de trabalho, este Fundo, em 18 de Novembro de 2016, deliberou, nos termos do o artigo 6. da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais) , efectuar o pagamento de créditos para o antigo trabalhador acima referido, no valor total de sete mil e setecentas patacas (MOP 7 700,00). Mais se informa ao devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento do créditos para aquele requerente, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento do créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 19 de Dezembro de 2016. O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Subst.º Chan Un Tong o

N.o de pedido: 2016000344

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor do número de pedido acima referido, “Ou Mun Chu San Un Chong Sek Chit Kai Iao Hang Cong Si”, com sede na Rua de Jorge Álvares 1AB - 1AC, Edf. Kuong Lei, 1º andar, loja AB, Macau, o seguinte: Relativamente ao antigo trabalhador Un Kam Seng do devedor, no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo do pagamento de créditos emergentes das relações de trabalho, este Fundo, em 18 de Novembro de 2016, deliberou, nos termos do artigo o 6. da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), de efectuar o pagamento de créditos para o antigo trabalhador acima referido, no valor total de cento e sessenta e oito mil, quinhentas e trinta e cinco patacas e quarenta avos (MOP 168 535,40). Mais se informa ao devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento do créditos para aquele requerente, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento de créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 19 de Dezembro de 2016. O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Subst.º Chan Un Tong


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hoje macau sexta-feira 30.12.2016

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13 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

EVENTOS

CULTURA MUSEUS GRÁTIS JÁ A PARTIR DE JANEIRO DO PRÓXIMO ANO

A

partir do próximo domingo o Museu de Macau terá entrada livre para os portadores de Bilhete de Identidade de Residente de Macau. Mas que não se pense que as boas notícias são só para residentes: também os turistas poderão visitar, sem ter de pagar, o Museu de Arte

de Macau e o Museu da História da Taipa e Coloane. Inaugurado em 1998, o Museu de Macau é um edifício com três andares que mostra aos visitantes os vários aspectos da cidade. Atravessa a história de Macau, os principais elementos da sua economia e

Há muito que Luís Ortet, jornalista e editor, conversa com chineses para perceber onde vive. Os apontamentos deram lugar a um blogue que, por sua vez, dará lugar a um projecto com colaboradores que irão transmitir os seus pontos de vista. É assim o “Extramuros”, já disponível online

comércio, as culturas tradicionais, as cerimónias religiosas e os festivais populares. O Museu de Arte de Macau, inaugurado em 1999, é o maior espaço destinado à exibição de obras artísticas da cidade.Além das exposições permanentes, o local oferece aos visitantes o

encontro cultural resultante de intercâmbios com museus e organizações culturais do Interior da China, e de outros países. O Museu da História da Taipa e Coloane, que ocupa as antigas instalações da Câmara Municipal das Ilhas, abriu em 2006 após um projecto

de renovação. No seu espólio conta com relíquias e artefactos arqueológicos encontrados em escavações realizadas em Coloane. Os visitantes podem também aprender um pouco sobre a arquitectura do local, assim como detalhes sobre a história dos sectores da agri-

NOVO PROJECTO DE LUÍS ORTET VISA CRIAR PONTES COM CULTURA CHINESA

Um mundo mais simples

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ARA escrever sobre a China uma vida não bastará. Para perceber a cultura chinesa são então necessários pedaços de tempo, papel, caneta e muitas conversas, para que se possa compreender um mundo tão diferente do ocidental. Foi o que pensou Luís Ortet. O jornalista e editor, há décadas radicado em Macau, mantém o hábito de conversar com chineses para treinar o seu mandarim. Foi daí que nasceu a ideia de criar o “Extramuros – A China além da China” (www. extramuros.me), que começou por ser um blogue de apontamentos dessas conversas, mas que já se transformou num website, administrado pela jornalista Catarina Domingues, e que conta com colaborações do artista Rui Rasquinho e da docente da Universidade de Macau Márcia Schmaltz. Há ainda colaboradores de origem chinesa. “O objectivo dessas conversas que mantenho é treinar a língua, mas o tema das conversas é a cultura chinesa.

cultura e artesanato da Taipa e Coloane. O Museu de Macau e o Museu da História da Taipa e Coloane estão abertos das 10h às 18h. O Museu de Arte de Macau pode ser visitado entre as 10h e as 19h horas, excepto às segundas-feiras, dia em que está encerrado.

Coisas que acontecem em Macau e na China, no mundo, e vamos falando sobre isso. Comecei então a reunir uma série de apontamentos sobre essas conversas. Senti que seria de alguma utilidade tornar isso público, e daí nasceu a ideia de ter um blogue”, explicou ao HM Luís Ortet. Para além dos desenhos de Rui Rasquinho sobre alguns caracteres chineses, há a ideia de escrever sobre livros. “Outra faceta é tentar ter chineses a colaborar, e já temos chineses a escrever. Vamos ter publicações sobre livros. Estamos a acompanhar o projecto da Associação dos Amigos do Livro [presidida por Rogério Beltrão Coelho].” João Guedes, jornalista da TDM, será

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

um dos colaboradores, confirmou Luís Ortet. “Aquela ideia inicial de apenas ter um suporte para publicar os meus apontamentos deu origem a uma coisa que me ultrapassa. Neste momento sou apenas um dos contribuidores. A ideia é: as conversas que tenho com amigos chineses desde há anos é no sentido de lhes tentar explicar as nossas ideias ocidentais, e eles tentarem explicar-me como é que eles pensam. Isso não é fácil porque eles são muito reservados e têm medo de ferir as pessoas, são muito cuidadosos”, disse o jornalista. Para Luís Ortet, o seu mais recente projecto é como se fosse “uma

pessoa a espreitar para o outro lado do muro, isto é, para outra realidade”.

PERCEBER O QUE SOMOS

O projecto, unicamente escrito em português, poderia ganhar outra dimensão ao ser escrito em chinês, defendeu Luís Ortet. “A minha esperança é que um dia haja uma espécie de Extramuros em chinês, para os chineses. Chineses que venham falar connosco, portugueses, que nos peçam para escrever no blogue deles.” No contexto da relação com a comunidade chinesa, Luís Ortet considera que os portugueses devem hoje, 17 anos após a transferência de soberania, olhar melhor para o seu papel em Macau.

“Temos de pensar bem o que é ser português em Macau nesta altura. Há 17 anos a ideia era que íamos embora, mais tarde ou mais cedo. Em Macau, tecnicamente, somos emigrantes. Somos de Portugal e viemos para aqui num dado momento, mas o que se está a passar é que a presença portuguesa em Macau faz parte da República Popular da China, faz parte da realidade política de Macau”, observa. “Qualquer pessoa que vá para o Reino Unido aprende a língua e insere-se nos costumes ingleses. Nós aqui falamos português, não falamos chinês, mas vivemos na China. Isto faz parte de uma forma que encontrámos para viver. Sabemos, em termos políticos, o que se passa em Macau, porque está escrito na Lei Básica que o português é língua oficial, mas os jornais foram além disso: todas incluem jornalistas chineses”, apontou. Para Luís Ortet, em 1999, “estávamos a viver a prazo e não sabíamos qual ia ser o futuro”. “Mas já conhecemos 17 anos de futuro, pós-transição, e conseguimos criar uma maneira de estar em Macau em que preservamos a nossa identidade e lutamos por ela. Somos os portugueses da China, mas não nos integrámos no sentido de aprender a língua. Criou-se uma dinâmica própria e que já faz parte de Macau”, rematou o mentor do “Extramuros”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

O ASSASSÍNIO DE LINCOLN - O CHOCANTE CRIME QUE MUDOU A AMÉRICA PARA SEMPRE • Bill O’Reilly, Martin Dugard

Na primavera de 1865, a sangrenta saga da Guerra Civil americana chega finalmente ao fim. As generosas condições do presidente Lincoln para a rendição de Robert E. Lee destinam-se a realizar o seu sonho de curar uma nação dividida e os Confederados são autorizados a reintegrarem-se na sociedade americana. Porém, um homem e o seu bando de cúmplices assassinos, não ficaram apaziguados. No meio das celebrações patrióticas em Washington D.C., John Wilkes Booth assassina Abraham Lincoln no Teatro Ford. Segue-se uma furiosa caça ao homem e Booth transforma-se imediatamente no fugitivo mais procurado do país. A empolgante perseguição termina num intenso tiroteio e numa série de execuções ordenadas pelo tribunal - incluindo a da primeira mulher executada pelo governo norte-americano, Mary Surratt.

A VIDA LOUCA DOS PRESIDENTES DE PORTUGAL • vários autores

De tudo se encontra neste livro. Poetas e escritores, crentes e ateus, bem casados e adúlteros, mal-amados e nas graças do povo, com uma legião de herdeiros e também com filhos ilegítimos, que destruíram as suas famílias, mas também aqueles que as souberam honrar e ainda as mulheres fortes que fizeram desses presidentes verdadeiras figurais políticas. Descubra os homens que, desde 5 de Outubro de 1910 até aos dias de hoje, construíram e erigiram a República Portuguesa.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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José Simões Morais

Coleccionadores de arte em Macau

E

M seguimento do artigo O Museu Comercial e Etnográfico Luís de Camões, regressamos ao tema para referir o processo até à sua criação. Para coleccionar os produtos da região a enviar para Portugal fora em 1879 criada uma Comissão, “que por serem, ao tempo, os indivíduos de mais destaque na terra e conhecedores mais profundos dos produtos nativos, melhor garantia ofereciam para uma escrupulosa e minuciosa selecção dos artigos pedidos pelas duas instituições metropolitanas”, segundo refere Luís Gonzaga Gomes. E com ele continuando, “O Leal Senado da Câmara de Macau, da presidência de Domingos Clemente Pacheco, na ilusória persuasão de que uma exposição permanente dos principais produtos chineses em dois estabelecimentos públicos do reino poderiam estimular o gosto das pessoas que viviam na metrópole pelos produtos fabricados na China, concorrendo, assim, para promover e fomentar o comércio directo entre esta província e Portugal continental, apressou-se a contribuir com três caixas de artigos destinados ao Museu Colonial e outras tantas para o Museu da Universidade de Coimbra”. Estes e outros artefactos reunidos pela Comissão, antes de serem enviados, foram expostos no Leal Senado a 2 de Maio de 1880 e passados vinte dias ficava pronta a lista numerada dos 581 objectos, descrevendo para que serviam, o preço de custo de cada um e algumas observações. Continuou-se depois o trabalho de coleccionar objectos para os museus do país e a segunda remessa foi efectuada em 1882, seguindo para Portugal no navio de guerra África. Na carta de despedida de Macau, José Alberto Corte Real, a 10 de Julho de 1883 refere, “Logo que tive a honra de ficar encarregado dos negócios diplomáticos na China, Japão e Siam, dirigi aos cônsules portugueses nestas três nações e na Oceânia uma circular, acompanhado de um questionário, em que lhes pedia esclarecimentos tendentes a saber se nos distritos das suas jurisdições consulares, haveria alguns objectos ou monumentos antigos relativos às relações dos portugueses, pedido este que eu fazia com o meu pensamentos no Museu Municipal também, o qual por pertencer à única munici-

Enquanto não se arranjou instalações próprias para o museu, ficou este instalado na Casa do Jardim da Gruta de Camões, actual Casa Garden, na parte contígua à ocupada pela Direcção das Obras Públicas palidade portuguesa estabelecida nesta parte da Ásia, me parecia e parece o ponto mais adequado para reunir e guardar estes monumentos. (...) A meu pedido, havia o Ex.mo ex-Governador de Timor, Bento de França Salema organizado uma comissão encarregada de coligir novos produtos para o Museu Municipal de Macau.” Nessa carta fica-se a saber dever “existir em Lisboa documentos valiosos, alguns que foram comprados pelo Ministério da Marinha em 1875, pertencentes à livraria do falecido José de Torres, os quais não sei se serão parte dos ou os mesmos que foram em tempo mandados pelo Comendador Lourenço Marques para Lisboa, e cuja notícia não se sabe até que data retrocede, ignorando-se também o destino que tiveram”. Lamentava-se ainda Corte Real, na mesma carta, serem os objectos até então coleccionados “muito poucos e de pequeno valor”. Mais à frente refere, “O pequeno número de objectos que agora envio a V. Ex.a (Presidente do Leal Senado) representam costumes, indústrias, manufacturas de Timor e a existência incontestável de jazigos auríferos naquela tão rica quanto desaproveitada ilha; as duas facas, assim toscas, são uma espécie de moeda ou mercadoria tipo de que os indígenas

se servem nas suas transacções. Envio mais um pequeno número de jornais chineses e siameses escritos nas línguas nativas, dos quais eu procurava fazer colecção para Macau, por me parecer também que uma secção bibliográfica desta natureza seria valiosa para o futuro, e mais remeto alguns selos e timbres siameses, os quais juntos a outros espécimes iguais e análogos eu destinava para uma secção numismática...” Esse princípio de “trabalho que eu tinha em mãos e que a pouco e pouco ia fazendo, poderão servir de norte a quem por ventura julgar a sua continuação útil”. “Pensei sempre que o Museu Municipal de Macau, constituindo um estabelecimento de grande utilidade para o comércio e para a instrução popular, à semelhança de muitas municipalidades das nações mais civilizadas do mundo, poderia conter também uma secção histórica de grande valor, não somente para Macau, mas também para as tradições de nação portuguesa nesta parte do extremo oriente...” MUSEU POR INSTALAR A iniciativa de Corte Real para dotar a província de um museu não vingou e o jornal Independente de 8/8/1883 refere, <apenas sobre a porta de um húmido e escuro quarto o letreiro – Museu

Municipal>. No entanto, a 9 de Setembro desse mesmo ano registava-se o envio de duas caixas proveniente de Sião, contendo objectos para o Museu, remetidas pelo encarregado do Consulado de Portugal. Já em 1899, o Museu da Sociedade de Geografia recebeu do Sr. Dr. Lourenço Pereira Marques uma numerosa colecção etnográfica chinesa composta por aproximadamente mil objectos. Para além dos que ele ofereceu vinham outros, como costumes, adornos, utensílios da vida e sociedade chinesa doados por João Maria Placé da Silva e velhos ídolos enviados pelo Sr. Camilo Pessanha. Com o advento da República foi criado, em 4 de Novembro de 1910 por Portaria Provincial do Governador Eduardo Marques, pela primeira vez o “museu histórico, etnográfico, fisiográfico, comercial e industrial sobre a designação de Museu Luiz de Camões contendo uma secção de carácter histórico, referente principalmente à colónia de Macau e outra secção destinada à representação da província de Timor, sobre os seus diversos aspectos e sobretudo do ponto de vista agrícola e industrial. Foi então, nomeada uma comissão (...) constituída por duas categorias de vogais, natos e nomeados, sendo os primeiros, o Secretário Geral do Governo, o Director das Obras Públicas, o Chefe do Serviço de Saúde, o Presidente do Leal Senado, o Reitor do Liceu Nacional e o Reitor do Seminário de S. José. Para os da segunda categoria foram nomeados o bacharel Camilo d’Almeida Pessanha, o dr. Lourenço Pereira Marques, o Capitão Eduardo Cirilo Lourenço e o intérprete-sinólogo Carlos da Rocha Assunção”, como refere Luís G. Gomes. Compreende-se que com tão numerosas individualidades esta comissão “estava condenada ao malogro, pois era impossível reunir tanta gente, sobrecarregada com tantos afazeres profissionais, (...) tanto mais que muitos deles deveriam ser completamente alérgicos às coisas de arte ou de história.” Enquanto não se arranjou instalações próprias para o museu, ficou este instalado na Casa do Jardim da Gruta de Camões, actual Casa Garden, na parte contígua à ocupada pela Direcção das Obras Públicas.


15 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

em modo de perguntar

Paulo José Miranda

Inês Fonseca Santos

“O meu tempo é o da espera” És poeta, escritora de livros para crianças, onde tens sido distinguida com prémios, e apresentas neste momento um programa na televisão “Os Livros”, acerca de livros. Qual a principal diferença entre escrever para crianças e escrever poesia? Para além de “Os Livros”, também edito e apresento o “Todas as Palavras”, sendo que neste caso o programa é partilhado com o Luís Caetano e a Ana Daniela Soares. Não há grande diferença, na verdade. Se houver, é meramente formal. A poesia e a literatura infanto-juvenil são irmãs gémeas, gémeas siamesas, para ser rigorosa, porque nascem do mesmo “zigoto”, do mesmo ovo. Que normalmente é a imaginação e o espanto, sobretudo no que diz respeito ao modo de nos relacionarmos com o mundo e com a linguagem. Em suma, poesia e literatura para a infância e a juventude partilham da mesma natureza e em ambas é possível aproximarmo-nos das essências, questionando a regra, libertando-nos dela. De qualquer modo, o teu livro de poesia A Habitação de Jonas, acerca do qual escrevi aqui no jornal e pelo qual tenho grande apreço, tem um tom de “realidade” que não é próprio para crianças. Claro. Mas não é para crianças. Os outros, ditos “para crianças”, é que são para todos. Seja como for, o que disse na resposta anterior, tem a ver com a criação, com as “ferramentas” e os “truques” e os “recursos” que tem ao dispor quem escreve poesia e quem escreve literatura “para crianças”. Recentemente lançaste um novo livro para crianças, que é também uma biografia, de José Saramago, com ilustrações de João Maio Pinto, na editora Pato-Lógico. Que te levou a este projecto, o autor, o género biografia ou a literatura para crianças? O livro é co-editado pela Pato Lógico e pela INCM. A editora Pato Lógico, em parceria com a INCM, tem uma colecção de biografias para os mais novos que se chama “Grandes Vidas Portuguesas”. É nessa colecção que está integrado o livro “José Saramago — Homem-Rio”. Escrevi-o porque o André Letria, editor da Pato Lógico, me convidou a fazê-lo. Aceitei de imediato precisamente por me permitir somar

todas essas parcelas que referes: a literatura para os mais novos, a biografia, a obra de um grande escritor e ainda a criação de um álbum ilustrado, que é sempre um desafio acrescido, uma vez que temos que escrever deixando espaço para que alguém acrescente significados com imagens. Esta combinação de parcelas permite que o livro não fique confinado a um só território, pois, em rigor, não estamos perante uma biografia convencional; tentei escapar a isso precisamente por ser um álbum ilustrado para a infância e a juventude. Tive que escolher o que contar e, mais importante, como contar. Tens dois livros de poesia – escrevi neste jornal acerca do teu segundo e último livro – As Coisas (Abysmo, 2012) e A Habitação de Jonas (Abysmo, 2013). Para quando um novo livro de poesia?

Para breve, espero. Tenho um livro por acabar há uns anos. Chama-se “Suite Sem Vista”. E um outro que reúne poemas dispersos, publicados em antologias e revistas, e alguns inéditos. Este aguarda que lhe ponha ordem, se é que tal é possível; o outro aguarda algumas palavras. Costumo ser uma pessoa organizada, excepto quando escrevo. Escrever é, na essência, uma actividade livre. Por isso, só escrevo quando preciso mesmo de escrever, quando não há maneira de escapar àquela qualquer coisa em mim que se quer transformar em palavras, para lembrar Paul Claudel. O meu tempo é o da espera. Tens alguma ideia de programa, que gostasses de fazer na TV, acerca de livros ou de livros e crianças? Tantas, que terias que pedir mais páginas de jornal para as podermos partilhar todas. Resta saber se essas ideias cabem numa televisão...

Sei que estiveste uma vez em Macau, tinhas acabado de ser mãe há pouco tempo. Como sentiste essa tua experiência? Fui a Macau para um encontro de poetas lusófonos e chineses, a convite do Centro Nacional de Cultura. Foram muito intensos esses dias em Macau por vários motivos. Partilho os bons: ter ficado muito amiga do Luís Quintais, um dos poetas com quem fiz essa viagem e que eu já lia há muitos anos, mas não conhecia pessoalmente; ter conhecido um lugar onde o meu Pai viveu uns tempos e sobre o qual escreveu e me contou histórias; ter partilhado poemas e experiências com pessoas que desconhecem em absoluto as línguas que eu sei falar; ter sentido o medo e a adrenalina de ser estrangeira; e ter sentido que, em qualquer sítio do mundo, estamos sempre com os nossos, estamos sempre a regressar a eles, a casa.


h Dias de Oceania

P

ORQUE se arruma pelo som, no lugar da melancolia. No lugar escancarado - aqueles dias repentinos - como uma janela. Varrido de uma ventania. Uma pressa. Arrasadora. Que tudo desarruma. Talvez pelo Natal. Que chega sempre depressa demais. E porque ventania rima vagamente com melancolia. Com apatia. Talvez por essa veste de insularidade que se usa mesmo em dias de festa. Talvez porque um naturalista, médico e farmacêutico naval, empolgado pela anatomia e taxonomia dos beija-flores em longa viagem pelo Pacífico - o naturalista - envolveu numa falsa ideia continental aquilo que eram, afinal e nada mais que conjuntos de ilhas, isoladas e plenas na sua inviolada insularidade. Talvez porque somos assim também. Falsamente aglomerados num conjunto de que mentalmente, e a intervalos irregulares, um se escapa como num voo ansioso pelas águas circundantes. Como um batedor da alma. Só em verificação de segurança e de haver espaço. De haver esperança de espaço. Depois. De silêncio final e vazio de excessos. De gente. De coisas que não são. Porque vendo bem a encontramos na mesma gaveta da rebeldia, discreta e surda rebeldia estoica e subliminar. Na mesma arrumação se junta por acasos insondáveis a nostalgia, o que é menos estranho, a fobia, a alegria, a utopia, a correria e a euforia. Essa sim. Remexendo distraidamente soltou-se, ligeiramente colada de tanto tempo sem uso à utopia e à melancolia, À alquimia. Retirei lentamente e descolei com cuidado umas das outras, sem evitar rasgar um pouco as pontas. Fragilizadas de humidade e seca. A alquimia a que este ano retirei as mãos. Nem um doce delas se desenrolou. Se distraiu. Talvez no receio de estragar de lágrimas ou de não lhe dar o tempo que não tinha. De cozedura. De fritura. Nem um doce fiz neste natal nem nada. Um desenho. Fiz para quem me fez o seu natal há muitos anos. E só. Para lhe levar antes do esbaforido splash no meio da Oceania. Mas é Oceânia. Gosto tanto deste nome. Topónimo belo e antiquado. Oceano com o sufixo “ia”. Como um vasto desenrolar de vagas numa pradaria volante. Ondulante, a vogar pelo tempo da memória. Qualquer coisa que alarga o conceito inicial e o desfaz do corrente e sólido limite espacial, atirando-o ao vento como se incerto, numa deriva acima da crosta enrugada de continentes outros e terrestre. Essa sim continentalmente ancorada ao planeta como uma pele envelhecida de rugas de expressão. Da Oceânia resta um vago recorte na matéria do mar. Vago e perdido no meio de um Oceano que é de calmaria intemporal. Sons que reúnem em si o eco e o reverberar das cordas de um instrumento musical. Sons possíveis de dizer, muito acima da garganta que grita outros mais crus e cavos, mais a ecoar no céu. Da boca. E daí para cima em toda a zona do pensamento mas

com vibração em todo o peito, na barriga. De um insólito corpo - búzio. Ou antes, talvez, caixa de ressonância de uma guitarra clássica. Pleno. Como um fogo a alastrar do centro da palavra. Natal. Também é palavra para se dizer um pouco acima da linha da garganta. Tem outro som de distante eco no tempo e no espaço de fantasia. Outra palavra saída da mesma gaveta do mês de dezembro. E depois, naqueles momentos de olhar em torno, nada mais do que anseio de acalmia. E de novo a rimar com melancolia. Mas tirando ser como é, Natal é em si um tempo bom. Era para ser. E de espaço e luz de estrela caminhante uma vez de muitos em muitos anos e depois a memória da luz acompanhada pelo fervor de quem nela acreditou. Estrela que não era estrela mas o que importa se era de luz. E foi. E há-de ser de novo quando voltar do espaço para onde foi. Tempo de memória e tempo de história. Mas lembra-me sempre espaço talvez uma imagem da mitologia que encenou presépios a fingir toda uma distância caminhada até ao Menino. O que é que o Natal tem a ver com o amor? Essa outra palavra de tonalidade contrária e som aveludado e sóbrio. Essa palavra a olhar para o interior que rima com ela. E o oposto a tudo o resto. Talvez uma e outra, palavras, faces de um mesmo dinamismo psíquico que nos atira para dentro em amplitude e profundidade e para um espaço amplo como reflexo figurado deste. Invisível, imenso como o outro. Ambas palavras tão falsamente ligadas por nós doridos, frouxos ou equívocos inábeis. Misturadas como num desvario de histeria colectiva. Não existem mais em magia em lugar nenhum do tempo de um ano, do que noutro de outro tempo desse mesmo ou outro ano. Noite de Natal, ou a vida numa câmara escura. Uma família mergulhada numa tina de químicos a tornar-se visível com toda a nitidez progressiva. A revelar-se. Em tudo o que existe nos outros dias. Passou uma estrela. Incidiu no papel emulsionado. Sensibilizou na medida do tempo, da intensidade da luz e da sensibilidade do papel. O revelador reproduz contrastes ou nuances subtis. Lentamente. E há um tempo de paragem. O limite daquilo que se suporta numa noite qualquer de natal. Lava-se profusamente a folha de papel. Lava-se até desaparecer todo o vestígio de qualquer químico. Ou a fotografia continuaria a evoluir em tons cada vez mais escuros. Indiferenciados. Até à noite total. Passou a estrela. Não voltará tão cedo. Não já no imite do possível. Resta a fantasia de cada um. Divergente. O que é pena. É isso o Natal. Depois sair para as ruas as estradas entre ilhas de gente, de súbito, desaparecida. O silêncio em tudo em todos os lugares. Esse silêncio em que era preciso parar tudo antes do Natal. Antes, dois dias antes, parar. A tempo de decidir cada detalhe entre ilhas. Cada ponte. E depois. Depois quando vem afinal o silêncio, é bom e triste. Sempre. E. Parar então para pensar para onde foi o Natal depois de tudo…

ANABELA CANAS

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17 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

de tudo e de nada

Anabela Canas


18 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 30.12.2016

Anúncio 【Nº 112/2016】 Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se, por este meio, o promitente-comprador de habitação económica abaixo indicado: Nome SOU KA MAN

Anúncio O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCT para à 1ª vez do ano 2017 (1)

O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004 da RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.

Número do boletim de candidatura 2120123011

Após investigação efectuada pelo Instituto de Habitação (IH), verificou-se que o promitente-comprador acima referido, depois de assinar o contrato-promessa de compra e venda da fracção de habitação económica e de receber a chave da fracção, é suspeito de não a ter ocupado efectivamente e com carácter permanente até agora, não cumprindo, as cláusulas 12.a e 21.a do contratopromessa de compra e venda e nomeadamente o artigo 5.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica): “1. As fracções destinamse exclusivamente a habitação própria do promitente-comprador ou do proprietário e dos respectivos agregados familiares. 2. Considera-se habitação própria a ocupação residencial efectiva e com carácter permanente da habitação por parte das pessoas referidas no número anterior.”, pelo que este Instituto irá resolver o contrato-promessa de compra e venda da referida fracção. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, o referido promitente-comprador deve apresentar, por escrito, contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou demais provas, no prazo de 10 (dez) dias, a contar da data de afixação do presente edital; caso não proceda à entrega dentro do prazo referido, considera-se ter renunciado ao seu direito, não sendo aqueles considerados.

(2) Alvos de Patrocínio (i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos e centros de investigação e desenvolvimento (I&D); (ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para actividades de I&D científico e tecnológico; (iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos; (iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com actividades de I&D; (v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM. (3) Projecto de Apoio Financeiro (i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do conhecimento científico e tecnológico; (ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a competitividade das empresas; (iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial; (iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia; (v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia, considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico; (vi) Pedidos de patentes. (4) Valor de Apoio Financeiro (1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00) (2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00) (5)

O Presidente, Arnaldo Santos

Data do Pedido Alínea (1) do número anterior Todo o ano Alínea (2) do número anterior A partir do dia 3 até 16 de Janeiro de 2017 (O próximo pedido será realizado no dia 2 ao 16 de Maio de 2017)

(6)

Forma do Pedido Devolvido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 273 /2004,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 47 de 22 de Nov., para o FDCT. Endereço do escritória: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n° 411-417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Para informações: tel. 28788777; website: www.fdct.gov.mo.

Em caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar a Sra. Zhang, através do telefone. n.º 2859 4875 (Ext. 358), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 23 de Dezembro de 2016.

Fins

(7)

Condições de Autorizações Por despacho do Chefe do Executivo nº 273 /2004, processa o 《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》. O Presidente do C. A. do FDCT, Ma Chi Ngai 2016 / 12 / 30


19 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

TEMPO

MUITO

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NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

MIN

12

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20

HUM

50-75%

EURO

8.06

BAHT

EXPOSIÇÃO DE KRISTINA MAR E GERALDE ESTADIEU Creative Macau, (Até 30/12) EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT EXPOSIÇÃO “O TEMPO CORRE” DE LAI SIO KIT Casa Garden (Até 08/01)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02) EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02) EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau

Cineteatro

C I N E M A

ASSASSIN’S CREED SALA 1

YO-KAI WATCH THE MOVIE 2 [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Takahashi Shigeharu 14.15, 18.00

ASSASSIN’S CREED [C] Filme de: Justin Kurzel Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard 16.00, 19.45, 21.45 SALA 2

FALLEN [B] Filme de: Scott Hicks

Com: Addison Timlin, Jeremy Irvine, Harrison Gilbertson 14.30, 16.15, 18.00, 19.45, 21.30

UM FILME HOJE

Como é que um gato faz um balanço anual? Exacto! O único conceito temporal que tenho é a hora de comer, a altura de chatear os humanos e o tempo que durmo. Meses e semanas são medidas sem tradução, também não entendo retrospectivas, ou ponderações de longo alcance. Não percebo esta obsessão bípede com balanços, revisões, calendários e outras fracções de tempo. Tirando o nascer e o pôr-do-sol, qual o intuito da semana, da quinzena, do mês? Quem foi Gregório XIII? E o Imperador Huangdi, que deu ao mundo o primeiro calendário? Esta gente não tinha mais nada com que se entreter? Isto para não falar da grande questão. O que é o tempo? De que é feito, porque existe? Tenho quase a certeza que aquele senhor de cadeira de rodas, que fala como um robot, teve algo que ver com o assunto. Às tantas, até escreveu sobre isso e, como parece uma pessoa concisa, aposto que foi uma história breve, porque não há tempo a perder. Mas o que se perde quando se perde tempo? Todas estas questões irritam-me o pêlo, mesmo para um felino que não faz mais do que reflectir e lamber-se. Mas há um homem nestas coisas do tempo que eu respeito, um tipo que reconhecia a genialidade dos gatos, apesar de usar um penteado estranho e de ter o hábito de meter a língua de fora. Um tipo relativamente inteligente. Gostaria de ver o que diria se lhe pedissem um balanço do ano. Às tantas atirava-se para um buraco negro. Pu Yi

ELLE | PAUL VEROHEVEN | 2016

Andreia Sofia Silva

SING [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 14.30, 16.30, 19.30

Filme de: Justin Kurzel Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard 21.30

1.11

O mais recente filme do realizador de “Instinto Fatal” começa de maneira agressiva, violenta. O telespectador não tem sequer tempo para respirar no início, mas fica, de imediato, rendido à história. Isabelle Hupert interpreta uma mulher que é violada em casa por um desconhecido e que, a partir daí, tenta levar uma vida normal, sempre em busca do homem que a violentou. As sucessivas descobertas mostram a frieza que tem na relação com os homens e dão à película a pitada certa de suspense. “Elle” já é considerado um dos melhores filmes do ano, e nós concordamos.

SALA 3

ASSASSIN’S CREED [C]

PROBLEMA 147

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 146

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

YUAN

UM BALANÇO FELINO

Diariamente

EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)

0.21 AQUI HÁ GATO

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1, 18h30

E EXPOSIÇÃO “ÁRVORES E ARBUSTOS DE MACAU” DE CATARINA FRANÇA E MAFALDA PAIVA Instituto Internacional de Macau (Até 13/01)

(F)UTILIDADES

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20 OPINIÃO

hoje macau sexta-feira 30.12.2016

bairro do oriente

ALAN J. PAKULA, ALL THE PRESIDENT’S MEN

Deixem-se de disparates

P

ODIA ser esta a minha mensagem de ano novo para os leitores do Hoje Macau, mas isto seria injusto para a grande maioria deles, os que têm a cabeça bem assente num par de ombros – pelo menos penso que são a grande maioria. Mas não, prefiro antes explicar o que quero dizer com aquela mensagem colocada em tom tão grave na forma de título: 2016 entrará para a História como “o ano de todos os disparates”. Tivemos o Brexit na Europa, umas eleições muito “sui generis” nos Estados Unidos, a lembrar os clássicos “western” americanos, de “cowboys” contra peles vermelhas, e talvez o mais grave de tudo: a ascensão da “mentira” ao estatuto de “verdade alternativa”. Daí o ano do disparate – foi fértil em disparates, e na forma como tantas vezes se deu a eles provimento.

Tudo isto tem a ver com um defeito inato dos media convencionais: dão as notícias. Não dão boas ou más notícias, nem pouco mais menos, ou conforme o gosto do freguês. Dão notícias, ponto, e uma característica que salta a vista das notícias é que “nem todas agradam a toda a gente”. Os profissionais deste media, alguns financiados por dinheiros públicos, precisam de dar as notícias, e da competência ou falta dela nesta função depende a sua credibilidade, e quase sempre o próprio emprego. Os profissionais

O politicamente correcto é o que impede que oiçamos aquilo que não gostamos de ouvir, especialmente porque é irrelevante, atroz, e não serve nenhum outro fim que não seja o de agredir

dos media dão as notícias para garantir o seu sustento, e é-lhes indiferente que a notícia agrade ou não à maioria, e muito menos a ele próprio. É assim a realidade, crua e nua. E o que seria se os chatos dos jornalistas SÓ nos dessem notícias que nos fizessem felizes? Sei lá, que estavam a chover rebuçados de um arco-íris, por exemplo? Seria bestial, apenas se fosse possível. Este seria o cenário ideal para dar asas à fantasia e deixá-la voar, mas as notícias que as pessoas procuram e querem nelas acreditar sem procurar confirmar se são ou não credíveis são muito, mas muito menos idílicas. E é aqui que entram os “social media”. O que são, afinal? Mentirosos encartados e com uma agenda pérfida – é isto que são os “social media”. Já está, e para os mais distraídos – que são cada vez mais, infelizmente – recordo que este é um artigo de opinião, e na minha opinião quem vive da calúnia pura e simples, na sua forma mais intriguista e venenosa devia estar preso. Os “social media” alegam que os media convencionais “escondem a verdade”, a mando “da nova ordem mundial” (?), e que anda tudo “ao serviço das grandes corporações”. Tal como os próprios “social media”, com a diferença de que as “grandes corporações” deles são outras que não as da concorrência. Basta entrar em qualquer desses depositórios de calúnia e verificar os patrocinadores que aparecem nos cantos do ecrã. É daquelas coisas que aconteceu em 2016, também: um ataque de miopia colectiva que não deixou muita gente ver o que está mesmo à frente do seu nariz. Pode ser que alguns leitores, e arrisco que seja a maioria, esteja a notar neste artigo um tom “algo agressivo”, enquanto outros poderão estar a apreciar aquilo que tem vindo a ser designado por “desrespeito pelo politicamente CORRECTO”. Reparem como destaquei o “correcto” naquela frase: desde quando é que algo “correcto” pode estar errado e merecer esse desprezo?! Enlouqueceram de vez? O politicamente correcto é o que impede que oiçamos aquilo que não gostamos de ouvir, especialmente porque é irrelevante, atroz, e não serve nenhum outro fim que não seja o de agredir. Apesar da natureza e condutas criminosas dos “social media”, os media convencionais não estão de todo isentos de culpa. Talvez estejam demasiado acomodados, ou mecanizados, mas o mundo que nos é dado a conhecer parece estar à beira do fim. Ficamos com a impressão de que o tempo e os recursos se estão a esgotar, e que precisamos de deitar as mãos ao que resta, e esquecemo-nos dos mais fracos e necessitados. É o mundo que temos: o mundo dos humanos. Humanos que dão uma visão do mundo cheia de defeitos próprios...dos humanos. E nem eles têm a culpa que em 2016 as celebridades tenham caído como tordos. Feliz 2017, e vá lá, juizinho.

LEOCARDO


21 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

contramão

ISABEL CASTRO

A perfeição ETTORE SCOLA, FEIOS, PORCOS E MAUS

isabelcorrreiadecastro@gmail.com

N

ÃO foi um ano bom por esse mundo fora. Morreu gente que é imortal, elegeram-se pessoas tortas, fizeram-se guerras estúpidas, tão estúpidas como todas as outras guerras de que reza a história, a comprovar que nós, os comuns mortais, não aprendemos. Morreu gente sem nome a tentar chegar a uma terra nova, a fugir da miséria, a fugir de onde nunca quis sair, com as raízes ainda agarradas ao corpo. Houve gente morta por quem mata só porque sim, numa outra guerra estúpida que nos diz, todos os dias, que os homens não sabem nada uns dos outros. Nós, por cá, tudo bem. Não há mal grave que dure por aqui. Os nossos dilemas, colocados em perspectiva, são coisas pequenas, leves, a roçar a insignificância. Os nossos males não têm armas nem sangue, não nos invadem a casa, não nos deixam

com o coração nas mãos, com medo de fecharmos os olhos e de nunca mais os podermos abrir. Mas com as dores dos outros podemos nós bem. Por mais que, num exercício quase religioso, façamos a relativização da nossa dor perante o sofrimento alheio, é-nos impossível fugir ao dramatismo das pequenezas do quotidiano. Porque é o nosso quotidiano e é nele que respiramos. E porque é dos homens quererem sempre mais. Ainda bem. Sucede que, por estes lados do mundo, a medida da perfeição está ali ao virar da esquina, como se fosse facilmente atingível. A malta contenta-se com pouco na cidade onde tudo, ou quase tudo, podia ser infinitamente melhor. Resmunga-se, mas baixinho, não vá o vizinho ouvir e perceber exactamente o que acabou de ser resmungado. Critica-se, mas sempre com um elogio no princípio e no fim, como se de uma moldura se tratasse, para que as bordas do reparo não provoquem rasgos nas sensíveis almas criticadas.

Enquanto o emprego for certo e houver bacalhau no Natal, nós por cá tudo bem

Por estes lados do mundo, nunca sou eu que penso – são eles, a população, o povo. O povo é que não gosta, a população é que diz que é melhor ter cuidado, eles é que estão descontentes com o rumo da situação. Nunca sou eu que penso porque não tenho coragem de pensar. E também nunca somos nós, que a colectividade caiu em desuso. Com as dores dos outros podemos nós bem e até com as dores daqueles que nos deviam ser próximos, mas não são. Por aqui, encobrimos histórias feias, não lavamos roupa nos jornais, os cafés às vezes servem de lavandaria mas rapidamente se esconde a roupa, mais o detergente, quando a palavra dita ousa ser perigosa para o estado feliz em que nos encontramos, nós, gente sem guerras nem sangue, nem ideias e muito menos opiniões. Passou mais um ano que foi mau, mas nós por cá tudo bem. Enquanto o emprego for certo e houver bacalhau no Natal, nós por cá tudo bem. Engolimos tudo com um tinto e preparamo-nos para a contagem decrescente, conta-se baixinho e grita-se baixinho, dançar é que não que ainda pensam que sou louca, olhem que bem comportados que somos todos nós, tão assim, tão de bem com tudo. Com as dores dos outros podemos nós bem.

OPINIÃO


22 OPINIÃO

hoje macau sexta-feira 30.12.2016

um grito no deserto

TOM HOOPER, THE KING’S SPEECH

Assinalar o regresso de Macau à soberania chinesa

E

STE ano, em que se celebra o 17º aniversário do regresso de Macau à soberania chinesa, a Associação de Novo Macau não organizou nenhuma manifestação para se manter a par da nova realidade social. Em vez disso, apostou no incentivo à consciência cívica, exortando os jovens residentes que atingiram a idade de 18 anos a recensear-se, já que as próximas eleições para a Assembleia Legislativa estão à porta. Só através do voto podem os macaenses escolher as pessoas certas para deputados e ajudar a diminuir os efeitos negativos da corrupção eleitoral. O Governo da RAEM não cancelou o mega-espectáculo realizado no Estádio de Macau, e a Associação de Novo Macau não se opôs. Os macaenses puderam desfrutar da actuação de artistas famosos de Hong Kong pela módica quantia de 50 patacas. As pessoas pareciam estar felizes, embora a verdadeira felicidade seja ainda uma miragem.

Em Macau os preços do sector imobiliário e dos alugueres de casas não desceram, apesar dos ajustes económicos na China. Os macaenses parecem ter-se habituado à inflação e aos transportes públicos sobrelotados. Por seu lado o Governo continua a valorizar a diversidade do desenvolvimento no discurso, mas não nas acções. Com lojas por alugar na Rua de São Paulo e com a desvalorização contínua do Yuan, os macaenses parecem ficar à margem do “tal desenvolvimento”. A forma como as pessoas se sentem inconscientemente felizes não é decididamente bom sinal.

Macau necessita de promover a educação cívica e de criar uma sociedade civil sólida. Discursos vazios de sentido são prejudiciais para os países e também para Macau

Durante a cerimónia do hastear da bandeira e no banquete celebrativo oficial, que assinalaram o Dia do Regresso de Macau à Soberania Chinesa, o hino nacional chinês fez-se ouvir. No hino existe um verso que diz, “quando a Nação chinesa atinge os momentos de maior perigo”. Por enquanto em Macau as pessoas ainda não chegaram aos momentos de maior perigo. Mas se continuarem indiferentes, depois não será tarde demais? Na verdade, o dia de Macau deveria ser assinalado em retrospectiva e reflexão. No último fim de semana fui a Hong Kong devido a alguns compromissos. Um deles era uma conferência académica promovida pela Universidade de Pedagogia de Hong Kong e subordinada ao tema “A Juventude das RAEs de Hong Kong e Macau: Identidade, Educação para a Cidadania e Participação Cívica – Conferência de 2016”. Estiveram presentes muitos académicos de Hong Kong, da China continental, de Macau e Taiwan, nos quais se incluía o Professor Byron Weng, jurista de grande reputação. A conferência versava o sentimento de identificação da juventude de Hong Kong e de Taiwan com a China continental. Concluiu-se que estes jovens se sentem cada vez mais afastados da China, apesar de toda uma série de reformas políticas. Para ultrapassar este problema, deve ter-se em consideração os aspectos culturais da China, mais do que propriamente os aspectos políticos. Os académicos chineses consideraram unanimemente que o conceito de “Um País, Dois Sistemas”, requer modificações de forma a ajustar-se às novas realidades sociais. No entanto, os académicos vindos de Macau insistiram na preservação do conceito original, ou seja, “Hong Kong governado pelos seus habitantes, Macau governado pelos seus habitantes e desfrutando de um elevado grau de autonomia”. Após aturadas discussões, a visão idealista dos macaenses conquistou a aprovação da maioria dos participantes. No domingo compareci no seminário “Pensar a Missão dos Cristãos e a Problemática de uma Sociedade em Ruptura”. O Professor Associado Chan Ka Lok, da Universidade Baptista de Hong Kong, ex-membro do Conselho Legislativo da cidade, foi um dos oradores. O Professor Ka Lok fez uma intervenção sobre “a reconstrução da sociedade civil”, advogando que esta deve partir das comunidades. A visita de dois dias a Hong Kong valeu o esforço, mas deixou-me exausto. Macau necessita de promover a educação cívica e de criar uma sociedade civil sólida. Discursos vazios de sentido são prejudiciais para os países e também para Macau. Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático

PAUL CHAN WAI CHI


23 hoje macau sexta-feira 30.12.2016

PERFIL

ANDREA PRADO, VISUAL MERCHANDISER

“C

Da Amazónia para a selva urbana

OMO eu vim do Brasil, achava que a China ficava no fim do mundo.” As palavras são de Andrea Prado, que hoje recorda o quão Macau lhe parecia longínquo ao chegar. Algo com que não sonhava, quando saiu de Belém, no belíssimo estado do Pará. Tinha, na altura, 15 anos. Com laços familiares em Portugal, o pai de Andrea sempre acalentou mudar-se para a Europa. Assim foi, chegaram a Portugal, alugaram um carro e percorreram o país de norte a sul durante dois meses, com particular detalhe para o norte. Passaram vários dias em cada cidade para as experimentar, para as provar. Lisboa, Coimbra, Porto, Braga, Guimarães, as principais cidades, até porque o pai de Andrea “tinha de trabalhar e não dava jeito ir para uma aldeia”. Quando chegou a altura de decidir, o Porto foi o sítio eleito por acharem que era mais fácil a integração. “Era uma cidade fácil de atingir, de conquistar e muito romântica. Além disso, conheci os filhos de uns amigos do meu pai, que eram meio artistas, e deram-nos CD dos Bandemónio e dos Delfins”, lembra. Lisboa não dava para Andrea, era muito dispersa, e tinha-se de usar mais o carro. Entretanto, vieram os estudos de design de moda e o amor. Casou-se com Simão,

arquitecto. Na altura começava a rebentar a crise em Portugal e, com um filho a caminho, a vida em Portugal começava a perder encanto. Uma situação complicada para um casal em que ambos são profissionais liberais. Ele no atelier de arquitectura, ela no atelier de design de moda. “Quando a crise começou, o mercado da moda foi o primeiro a ser afectado, as coisas supérfluas são deixadas mais à parte”, recorda. Estava na altura de fazer as malas outra vez.

RUMAR A ORIENTE

A resolução estava tomada, restava saber para onde ir. Chegaram a ponderar o Brasil mas, como o marido de Andrea tinha residência de Macau, o casal pensou que seria mais fácil a mudança e integração. Quando chegou, não tinha qualquer expectativa de Macau, até porque a Ásia era um mundo novo. Num ápice a distância para o Brasil aumentou consideravelmente. Tinha uma ligeira ideia de sujidade e desorganização, o que acabou por bater certo. Mas não conhecia o outro lado, o factor surpresa de um contexto cultural completamente diferente. “Acho piada às discrepâncias e às desigualdades de uma cidade tão confusa e descomposta. Já estive em muitos sítios,

mas aqui as coisas são tão desreguladas, e têm um lado cómico que podemos achar exagerado ou mesmo excêntrico”, lembra a visual merchandiser. Na adaptação, o facto de a cidade ainda manter a língua portuguesa nas placas das ruas e nos serviços foi algo que ajudou bastante, não é a mesma coisa que “ir para Zhuhai ou Shenzhen”, acrescenta. Por outro lado, Andrea fala de um sentimento de clausura. “Para onde quer que vás tens de passar fronteiras, pagar vistos, dá um pouco a sensação de prisão.” Além disso, a designer não acha piada à forma como se “constrói e destrói sem a mínima consciência, plano ou organização, sem se pensar na população de forma coerente”. Muito diferente dos anos da Macau romântica e charmosa que o seu marido conheceu, do glamour do Hotel Lisboa, e da cidade que parecia muito mais pequena, quando o Cotai não existia.

MÃOS À OBRA

Nos primeiros tempos ficava muito em casa com o bebé e não foi fácil encontrar emprego. Primeiro surgiu-lhe uma proposta para o Studio City como técnica de guarda-roupa para espectáculos. Ficou na dúvida, até que

lhe surgiu a possibilidade de trabalhar na Prada como visual merchandiser, onde está há dois anos. Hoje em dia, o trabalho é das melhores coisas de Macau, onde trata das montras da Prada, assim como de todo o arranjo visual de produtos nas lojas, em coordenação com as vendas e distribuição. Se o emprego é um mar de rosas, criar o filho de três anos em Macau não tem sido nada fácil. “É uma cidade suja, muito poluída, e uma criança que vá para um parque não pode brincar na relva, só no alcatrão”, comenta Andrea. Essa foi uma das razões que fizeram a família mudar-se para Coloane, para ter mais espaço, mais verde, mais liberdade. Se por um lado, é fácil encontrar uma babysitter, a preços baixos, Andrea não vê nisso uma vantagem assim tão grande. “Se fosse em Portugal poderia deixar com a minha irmã, ou encontrar uma escola com a qual me identificaria mais em termos de métodos de ensino e pedagogia”, confessa. João Luz

info@hojemacau.com.mo



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