Hoje Macau 30 MAR 2016 #3541

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As regras do jogo PÁGINA 4

SEGURANÇA

Polícia debaixo de olho PÁGINA 8

IDOSOS

Esta terra não é para velhos GRANDE PLANO

OPINIÃO Palmyra libertada CARLOS MORAIS JOSÉ

Ficção? Já foi FERNANDO ELOY

EDIFÍCIO DE DOENÇAS

Discussão no plenário PÁGINA 5

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www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau HOJE MACAU

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

GONÇALO LOBO PINHEIRO

TÁXIS

São cada vez mais os idosos abandonados pelas famílias. Uma situação que, dizem, tem tendência para se agravar. PUB

MOP$10

QUARTA-FEIRA 30 DE MARÇO DE 2016 • ANO XV • Nº 3541

hojemacau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ


2 ABANDONADOS PELAS FAMÍLIAS NO CENTRO DE RECUPERAÇÃO DA FAOM

CORACAO QUEBRADO E

STÁ localizado na vila de Taipa e acolhe exclusivamente doentes transferidos do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), que estejam em estado estável, mas que ainda necessitam de reabilitação. O Centro de Recuperação da FAOM recebe-os e cuida deles: são pessoas que não possuem condições domiciliárias ou que ainda esperam pela instalação de equipamentos sociais para onde ir. A entrada assemelha-se a um centro qualquer onde pacientes repousam. Lá dentro existem actualmente 48 camas, mas vão ser acrescentadas mais sete “em breve”, como explica Leong Un I, directora do Centro, ao HM. A ideia é conseguir oferecer serviços a pelo menos 55 pacientes, até porque a população idosa – a maioria dos que aqui estão – não vai parar de crescer. “Entre os nossos pacientes, 70% são idosos que sofrem com doenças crónicas, doenças agudas, mas aceitaram tratamento ou submeter-se a cirurgia no hospital público. Aqui tratamos das questões clínicas, como medicina interna, terapia física, o ajustamento de nutrição e os medicamentos. O [paciente] mais comum é aquele que sofreu um acidente vascular cerebral e está paralisado”. Como diz Leong, o Centro tem uma natureza de alojamento temporário – de vários meses. Antes de receber cuidados, os pacientes precisam de assinar um documento onde se esclarece que os familiares devem procurar lares de idosos ou contratar trabalhadores domésticos para cuidar dos pacientes. Mas as coisas nem sempre são assim.

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FOTOS HOJE MACAU

Parece um centro de saúde comum, mas está cheio de histórias e problemas sociais. Tem pacientes, idosos, que foram abandonados pelas próprias famílias e que contam apenas com a ajuda e serviços de cuidado do Centro de Recuperação da Federação das Associações de Operários de Macau. A imagem pode parecer cruel, mas a responsável deste centro diz que a tendência é ainda para piorar

IDOSOS

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GRANDE PLANO

“Metade dos familiares dos pacientes cumpre essa regra. No entanto, uma parte não nos obedece nesse sentido. E os pacientes só têm uma escolha. A de ficar no Centro.”

FAMÍLIA DESPREOCUPADA

“[A família do senhor Wong] fugiu à responsabilidade e deixou-a para a sociedade e para o Governo. No entanto, todos os anos pedenos que escrevamos uma prova médica para que possam receber a pensão de invalidez e a pensão de idoso” “É um problema de ética nas famílias. Fogem da sua responsabilidade e deixam-na para nós, trabalhadores da saúde” LEONG UN DIRECTORA DO CENTRO DE RECUPERAÇÃO DA FAOM

O senhor Wong é um dos casos de abandono no Centro. Tem mais de 60 anos e já está no Centro da FAOM há dez anos, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral. Agora não consegue falar. E é a directora que nos explica a sua história: a família do senhor Wong está contactável, mas não quer cooperar com o Centro nem tem intenção de o levar para casa. Visita-o uma vez em cada dois meses, mas não considera sequer ajudar no tratamento ou cuidados de que ele precisa.

“[A família do senhor Wong] fugiu à responsabilidade e deixou-a para a sociedade e para o Governo. No entanto, todos os anos pede-nos que escrevamos uma prova médica para que possam receber a pensão de invalidez e a pensão de idoso. Quando o nosso Centro envia car-


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tas para pedir os pagamentos das despesas de cuidados – 350 patacas por dia quando a família tem condições para cuidar de paciente ou o alojamento já ultrapassa um certo tempo – a família nunca paga.” Leong Un I diz-nos ainda que, quando a família é contactada, há sempre uma atitude despreocupada da parte dos familiares do senhor Wong: ou estão a trabalhar, ou a cuidar dos netos. Não têm tempo para cuidar do paciente. A responsável disse que é possível recuperar as despesas através do tribunal, mas diz que esse não é o passo mais importante que o Centro quer dar.

E A CULPA?

Asenhora Lei tem 89 anos. É mais um caso de abandono recente. Já ficou uma vez no Centro, mas a família chegou a levá-la para casa. Pouco tempo depois, contudo, transportou a idosa para a Urgência do São Januário e esta foi novamente entregue ao Centro no início de Março. Desta vez perdeu o contacto com a família, que até agora nunca mais a visitou. Apesar da idade, a senhora Lei consegue expressar-se bem e consegue-nos explicar por si própria porque é que chegou à FAOM.

“Seria bom encontrar-me com eles [familiares], mas uns voltaram para a terra natal na China, outros não têm coragem de me vir visitar. Alguns não deixam os outros membros da família conhecer-me e receiam que lhes vá retirar a casa onde vivem” “Estou muito triste, porque sei que tenho casas para onde ir, mas não posso voltar” SENHORA LEI

“Vivia sozinha e vendia toalhas na rua. Uma vez caí ao chão e parti a perna e as pessoas transportaram-me para o hospital. Mas eu não sabia nada. Estava muito perto da minha casa mas não consegui lembrar-me do caminho. Acho que a minha memória já não está muito clara.” Mas a senhora Lei lembra-se muito bem que tem três casas em Macau: uma na Rua da Praia do Manduco, outra na Rua Nova e uma na Estrada de Coelho do Amaral. Mas não sabe ao certo quantos familiares a abandonaram. Ou sequer quantos tem. “Realmente é difícil de explicar”, continuou, quando lhe perguntámos sobre a família. “Seria bom encontrar-me com eles, mas uns voltaram para a terra natal na China, outros não têm coragem de me vir visitar. Alguns não deixam os outros membros da família conhecer-me e receiam que lhes vá retirar a casa onde vivem. Eu ainda sou a proprietária dessas casas, ainda pago a contribuição predial. Estou muito triste, porque sei que tenho casas para onde ir, mas não posso voltar.” Apesar de tudo, a senhora Lei mostra-nos um sorriso quando

lhe perguntámos sobre a sua vida actualmente. Agradece muito aos funcionários do Centro que cuidam dela e diz-nos até que, se não falássemos com ela, nem sequer iria falar sobre a sua família. “Todos aqui cuidam de mim como se fosse uma criança e conversam comigo. Sinto-me muito bem aqui.” A directora do Centro explica-nos que a família da idosa não deixou nenhum contacto. A FAOM tem apenas um contacto de um amigo da senhora, mas este não tem intenção de ser seu tutor.

PROBLEMA TENDENCIAL

A directora do Centro de Recuperação da FAOM assegura-nos que os casos de abandono já se tornaram um problema social em Macau. Pior ainda, é que a tendência, diz, é para que o número de casos aumente. “Ao longo de dez anos temos lidado com casos semelhantes. É um problema de ética nas famílias. Fogem da sua responsabilidade e deixam-na para nós, trabalhadores da saúde. Parece que já não têm nenhuma responsabilidade, mas nós somos apenas médicos e enfermeiros, os nossos trabalhos são tratar as doenças. Para os cuidados

diários é necessário o Instituto de Acção Social contactar os familiares, para que assumam novamente a responsabilidade”. Faz dez anos que o Centro da FAOM foi criado. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, visitou-o na semana passada e, num comunicado, o responsável deu conta da situação de abandono em que se encontram pacientes idosos, tendo dado de imediato indicações ao IAS para acompanhar estas situações. Alexis Tam afirmou ainda que o Governo promove activamente as políticas de “cuidados pela família, manutenção dos idosos no domicílio”. Tam quer que a sociedade de Macau perceba a necessidade do respeito e da valorização dos pais, permitindo aos mais idosos mais cuidados familiares e uma vida mais feliz. No final de 2015 a população total de Macau era composta por 646.800 pessoas, sendo que 9% eram idosos com mais de 64 anos. Por outro lado, a maioria da população tem entre 44 e 60 anos o que indica que o envelhecimento vai agravar-se no futuro. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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Táxis GRAVAÇÕES ÁUDIO OPCIONAIS. LICENÇAS PODEM SER RETIRADAS

Gravações de áudio opcionais e sanções que podem culminar na perda definitiva da licença para o taxista e para a empresa que detém os táxis. Eis as mudanças no Regulamento dos Táxis, cujo projecto de lei deverá estar concluído em finais de Abril. Ainda não há, contudo, consenso

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terceira reunião do ano do Conselho Consultivo do Trânsito, ocorrida ontem, debruçou-se sobre a revisão do Regulamento Relativo ao Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer (Táxis), tendo sido analisadas as alterações que já foram acrescentadas ao projecto de lei. Uma delas prende-se com introdução de gravações áudio no interior dos táxis, as quais serão opcionais. A decisão de não obrigar os taxistas a incluir gravações nos veículos coube aos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), com base num estudo, apontou Kuok Keng Man, coordenador do grupo especializado em transportes públicos e relações comunitárias. “O taxista pode escolher se quer ter uma gravação de voz durante o percurso e a pessoa que apanha o táxi também pode escolher se quer gravar a voz ou não”, disse o responsável à margem do encontro. Kuok Keng Man admitiu que há espaço para alterar esta medida e tornar as gravações áudio obrigatórias. “Acho que tudo depende da sociedade, se aceita as gravações ou não. Mas penso que as gravações voluntárias não é uma má medida. Também podemos impulsionar os

taxistas a optar pelas gravações e gradualmente, se virmos que a sociedade começa a aceitar esse acto, podemos pensar em transformar essas gravações em obrigatórias”, revelou. Quanto ao pagamento da instalação dos aparelhos para essas gravações, Kuok Keng Man apontou que o Executivo poderá apoiar financeiramente os taxistas que optarem por essa solução. “Ainda estamos a discutir quem se vai responsabilizar pelo pagamento. Se mantivermos essa medida como voluntária penso que o Governo

“O taxista pode escolher se quer ter uma gravação de voz durante o percurso e a pessoa que apanha o táxi também pode escolher se quer gravar a voz ou não” KUOK KENG MAN COORDENADOR DO GRUPO ESPECIALIZADO EM TRANSPORTES PÚBLICOS

pode tentar dar uma ajuda, porque realmente é bom encorajarmos os taxistas a terem [o sistema].”

SEM LICENÇA PARA SEMPRE

Kuok Keng Man revelou ainda que, tanto os taxistas em nome individual, como as empresas que detêm vários táxis podem perder a licença de forma definitiva caso as sanções sejam repetidas. No caso de oito sanções será suspensa a circulação do táxi durante sete dias, podendo aumentar para um mês e até para a perda da licença para sempre. “Se durante a suspensão da licença o taxista continuar a conduzir o táxi, nunca mais vai poder ter essa licença de táxi. Esta é uma das regras do projecto de lei”, disse. “As companhias de táxis também têm de assumir responsabilidades. Essas sanções vão ser iguais para os taxistas em nome individual ou para as companhias que detêm os táxis. Se uma companhia tiver mais de 30 táxis suspensos então perde o serviço. Se dentro de cem táxis houver 30 suspensos por infracção das regras, a licença vai ser cancelada e não vai poder mais prestar esse serviço”, reiterou Kuok Keng Man. O novo projecto de lei prevê ainda a introdução de polícias à paisana, ainda que o objectivo do

Tempo de poupar dinheiro Pedida reutilização de instalações públicas desocupadas

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G Kuok Cheong quer saber por que razão é que o Governo não reutiliza as instalações públicas que estão desocupadas no território, a fim de diminuir os gastos do erário público. Numa interpelação escrita, o deputado relembra que há milhões a ser gastos com arrendamentos do Executivo e questiona porque é que não são usados os espaços vagos situados em Macau. Ng Kuok Cheong dá como exemplo o prédio do Gabinete de Comunicação Social (GCS), que fica na Rua de São Domingos. O Executivo já terá dito, segundo o deputado, que este edifício não tem capacidade suficiente para os serviços públicos, mas

TIAGO ALCÂNTARA

Eu, motorista, não me confesso

até hoje este mantém-se desocupado. “Gostaria de saber se o Governo vai ou não renovar este prédio para ser um lugar onde pode oferecer os serviços públicos na Zona Central?”, pergunta. Ng Kuok Cheong relembra ainda que o Secretário para a Economia e Finanças já garantiu que vai acompanhar a situação do parque de estacionamento da antiga sede da Direcção dos Serviços para Assuntos Laborais, perto da Rotunda de Carlos da Maia, outro local ao abandono. “O Governo já pensou em abrir este parque ao público?”. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

Executivo seja alterar o ambiente do serviço. “Os polícias à paisana apanham um táxi e verificam se este está a ter uma atitude correcta ou não e verificam se há negociações de preço ou se dão outros percursos. A polícia não vai de propósito criar armadilhas para os taxistas, não há essa intenção.” As multas a aplicar nestes casos poderão variar entre as seis e as 12 mil patacas. Apesar do debate ainda não há um consenso no seio do Conselho Consultivo do Trânsito.

“Não temos um consenso, porque há membros que acham que estas medidas são demasiado exigentes. Depois, na prática, podemos verificar como vai ser a situação. Há membros que acham que podem implementar de forma mais justa as sanções, com imparcialidade, e não queremos que com essas multas assustar os taxistas que já têm uma boa atitude”, rematou Kuok Keng Man. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

CALENDÁRIO PARA ENQUADRAMENTO ORÇAMENTAL QUESTIONADO

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WAN Tsui Hang questionou ontem o Executivo sobre o novo calendário para a entrega da nova Lei de Enquadramento Orçamental, que deveria ter sido entregue àAssembleia Legislativa em finais do ano passado. A deputada quer saber porque é que esta não foi dada a conhecer dentro da data prevista, questionando se o Governo garante a entrega este ano. Kwan, que se senta no hemiciclo em representação da Federação das Associações dos Operários de Macau, relembrou que o Governo prometeu que ia entregar a lei depois da consulta pública realizada em Julho último, mas nada ainda se sabe sobre o diploma. A deputada perguntou numa interpelação escrita os motivos do atraso e relembrou que esta sessão legislativa tem apenas mais um ano.

A deputada também criticou o Governo sobre o facto das obras públicas estarem a gastar mais do que o previsto e recorda que relatórios de auditoria já revelaram que os departamentos governamentais utilizam “irracionalmente os cofres públicos”. Por isso mesmo, diz, a sociedade precisa mais da informação sobre a administração financeira do Governo, algo que só esta lei poderá trazer. T.C.


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POLÍTICA

Edifício de Doenças ENTREGUE PEDIDO DE DEBATE SOBRE LOCALIZAÇÃO

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S deputados Si Ka Lon e Song Pek Kei apresentaram um pedido de debate para que a Assembleia Legislativa (AL) discuta sobre a localização do novo edifício de doenças contagiosas que vai nascer ao lado do Centro Hospitalar Conde de São Januário. Os números dois e três de Chan Meng Kam consideram que a escolha do local para a construção do edifício ainda é polémica e querem, por isso, que um debate seja feito no plenário. Numa nota justificativa enviada aos meios de comunicação social, os deputados defendem que é necessário tomar precauções para a prevenção e controlo de doenças infecto-contagiosas, sendo Macau uma cidade internacional que recebe todos os anos mais de 30 milhões de visitantes e cuja densidade populacional é extremamente alta. Mas também se mostram dúvidas quanto ao espaço escolhido. “Construir um edifício de doenças infecto-contagiosas e proteger a vida e saúde da população é algo que já atingiu um consenso na sociedade, no entanto a escolha da localização é fruto de uma polémica muito quente”, apontaram. Os Serviços de Saúde (SS) defendem que o design do edifício corresponde às orientações da Organização Mundial de Saúde e que é segura a construção do edifício ao lado do hospital, sendo que, afirmam, será mais arriscado se este prédio estiver longe e for necessário transportar pacientes infectados. Contudo, Si Ka Lon e Song Pek Kei consideram que existem ainda muitas opiniões contrárias na sociedade que defendem que o edifício deve ser construído ao lado do Complexo de Cuidado de Saúde das Ilhas, “porque é longe das habitações e pode diminuir o impacto na vida da população”, ao mesmo tempo que “os pacientes podem ter um ambiente mais tranquilo para recuperar”.

OUTROS TEMORES

A localização do prédio não é, contudo, a única preocupação dos deputados: estes relembram ainda que a construção envolve a questão da demolição de seis edifícios e questionam se não será necessário menos tempo se o edifício for construído no Cotai. “Com base nestas razões, achamos que a escolha da localização do edifício de doenças infecto-contagiosas envolve o interesse público e apresentamos este pedido de debate”, indicaram na nota justificativa. Dezenas de moradores no local do hospital apresentaram fortes crí-

TIAGO ALCÂNTARA

AL metida ao barulho

Luzes às escuras Festival Governo não publicou resultado do concurso público

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Direcção dos Serviços de Turismo (DST) concedeu a uma empresa de publicidade a organização de duas sessões do Festival das Luzes, num contrato de cerca de 20 milhões de patacas. No entanto, o resultado do concurso público para a adjudicação do serviço nunca foi publicado. Segundo o anúncio do concurso publicado em Boletim Oficial (BO), analisado pelo HM, a DST exigia candidaturas de empresas para a adjudicação do serviço de organização de “espectáculos de projecção de luz a 3D”, num limite máximo de 20 milhões de patacas para a prestação desse serviço. A abertura do concurso fez-se em Setembro. As duas sessões do Festival das Luzes realizaram-se em Dezembro de 2015 e Fevereiro deste ano e, até ao momento, a DST não publicou o resultado do referido concurso. Segundo o jornal chinês All About Macau, a empresa que ganhou o concurso foi a Creation Advertising. A DST confirmou o nome, mas disse que a “lei não exige a publicação

do resultado do concurso público”.

TRANSPARÊNCIA OPACA

A All About Macau escreveu ainda que a Creation Advertising ganhou 19 contratos com a DST o ano passado, orçados em 50,4 milhões de patacas, destinados a eventos como a Parada de Carros Alegóricos do Ano Novo Chinês, cerimónias de prémios, exposições e convenções. Dos 19 contratos, sete foram conseguidos sem concurso público ou com consulta escrita pelo Governo. Lam Chong In, responsável pela empresa, é também presidente da Associação de Comércio e Exposições de Macau. Os deputados José Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong defenderam ao All About Macau que actualmente a adjudicação de serviços públicos a empresas não é feita de forma transparente, o que faz com que a população não consiga supervisionar o uso de dinheiros públicos. Os dois membros do hemiciclo pedem, por isso, que o Governo esclareça o público sobre o resultado do concurso público. F.F.

GOVERNO AVALIA CÁLCULO PARA PRÉMIO DE TERRENOS ticas face à construção do edifício e acusam o Governo de ter planeado o projecto sem comunicar com eles. No entanto, mais de 50 associações de médicos e enfermeiros declaram-se a favor da construção. O director do São Januário também já afirmou que “não há outra escolha para a construção deste edifício”. Se o debate for aceite pelo presidente da AL, Ho Iat Seng,

terá ainda de passar pela análise e votação dos deputados. Somente se for aprovado é que os representantes do Governo vão ser chamados ao plenário para falar sobre o assunto. Até ao fecho desta edição, e apesar do pedido ter sido feito a 24 de Março, ainda não tinha sido admitido na AL. Flora Fong

Flora.fong@hojemacau.com.mo

“Construir um edifício de doenças infecto-contagiosas e proteger a vida e saúde da população é algo que já atingiu um consenso na sociedade, no entanto a escolha da localização é fruto de uma polémica muito quente” SI KA LON E SONG PEK KEI DEPUTADOS

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HUI Sai On anunciou ontem que o Executivo está a levar a cabo um estudo sobre a possibilidade de revisão à Lei de Terras, no que ao cálculo do valor dos prémios dos terrenos diz respeito. “A Lei de Terras encontra-se em vigor desde o dia 1 de Março de 2014, ou seja há dois anos, e o Governo está a rever e estudar, de forma activa, o método e critério de cálculo do valor do prémio”, disse o Chefe do Executivo, citado em comunicado. A revisão deve-se, sobretudo, à queda nos preços e transacções no mercado imobiliário, face à venda e compra de casas. “Devido às tendências de descida de preço e número de transmissões no mercado imobiliário registadas recentemente, existem diversas opiniões sobre a questão de ajustamento ao prémio de terrenos, portanto o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, está a estudar, activamente, esta matéria”, frisou. O líder do Governo falou ainda sobre a possibilidade de abrir as reuniões do Conselho para a Renovação Urbana ao público mas disse apenas não haver um “regulamento para este efeito”, pelo que a solução é convidar os órgãos de comunicação social e fazer um balanço no final de cada reunião. J.F.


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hoje macau quarta-feira 30.3.2016

Aviso Abertura de Concurso Público – Atribuição de Moradias da RAEM aos Funcionários dos Quadros Locais de Nomeação Definitiva dos Serviços e Organismos Públicos 1. Nos termos do Decreto-Lei n.º 31/96/M, de 17 de Junho, com as alterações introduzidas pelo DecretoLei n.º 5/99/M, de 8 de Fevereiro, conjugado com o Despacho n.º 42/GM/96, de 12 de Junho, procedese à abertura do concurso público para atribuição de moradias da RAEM destinadas ao alojamento dos funcionários dos quadros locais, de nomeação definitiva, dos serviços e organismos públicos e respectivo agregado familiar. 2. O prazo de apresentação das candidaturas é de um mês, a contar do dia seguinte da data de publicação do presente aviso no <<Boletim Oficial da RAEM>>. O período de apresentação de candidatura é de 31/03/2016 a 29/04/2016. 3. As listas classificativas são válidas por um período de dois anos.

4. Os boletins de candidatura podem ser levantados ao balcão da Divisão de Administração e Conservação de Edifícios, localizada na Avenida da Praia Grande nº 575-579 e 585, Edifício de Finanças, rés-dochão no balcão das Relações Públicas, ou fazendo download do boletim de candidatura através do website da Direcção dos Serviços de Finanças (http://www.dsf.gov.mo). 5. Os boletins de candidatura devem ser entregues junto da Direcção dos Serviços de Finanças, durante as horas normais de expediente, conjuntamente com as respectivas certidões e declarações, sendo o local e o período de admissão a concurso de 31/03/2016 a 28/04/2016, às nove horas de manhã até às dezassete horas e quarenta e cinco minutos da tarde, no 1º andar do Edifício Finanças, e não se aceitarão candidaturas após as dezassete horas e trinta minutos da tarde do dia 29/04/2016. 6. As listas provisória e definitiva dos candidatos excluídos e admitidos são ordenadas por grupo e tipologia, e afixadas no local de exposição ao público no rés-do-chão do Edifício Finanças dentro do período determinado na lei. 7. Os requisitos gerais para a admissão do concurso são os seguintes: a) O candidato deve ser funcionário do quadro, de nomeação definitiva; b) O candidato só pode requerer moradia de tipologia compatível com o número actual dos membros do seu agregado familiar, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 10º do DecretoLei n.º 31/96/M; c) Ao candidato não pode, por si, por membro do seu agregado familiar, ou por interposta pessoa, ser atribuída qualquer moradia da RAEM ou ser arrendada qualquer moradia pertencente a outra entidade pública, salvo tratando-se de moradia reservada; d) O candidato não pode, por si, por membro do seu agregado familiar ou por interposta pessoa, a ter adquirido qualquer moradia da RAEM ou moradia de outra entidade pública, mesmo que já a tenha vendido no momento da apresentação da candidatura. e) O candidato ou qualquer membro do seu agregado familiar que consigo coabite, não pode ser proprietária de qualquer prédio habitacional situado na RAEM. f) Nem o candidato, nem nenhum membro do agregado familiar do candidato pode constar em mais do que um boletim de candidatura.

ANÚNCIO VENDA EM HASTA PÚBLICA Faz-se público que se vai realizar uma venda em hasta pública de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens que reverteram a favor da Região Administrativa Especial de Macau, nos termos da lei ou que foram abatidos à carga pelos serviços públicos. Os locais, dias e horas marcadas para visualização dos bens agora colocados à venda, para efeitos de prestação da caução e da hasta pública propriamente dita, são os seguintes: Visualização dos bens 1. Sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens Na tabela abaixo indicada encontram-se discriminados os lotes de sucata resultante de veículos, os lotes de bens e os lotes de sucata de bens, colocados à venda, bem como, a respectiva data, hora e local para visualização dos mesmos na presença de trabalhadores da Direcção dos Serviços de Finanças: No. de lote VS01, VSO2 (parte) MS01 VS02 (parte), VS03 VS04, VS05 MS02, MS03, MS04 BL02 (parte) IS01 L01 BL01, BL02 (parte) BL03

Local de armazenamento

Data de identificação

Horário (1)

Local (2)

Macau

06/04/2016

10:00am

Coloane

06/04/2016

3.00pm

Edifício Veng Fu Shan Chuen (Rua da Penha, n.º 3 – 3C, Macau) Parque de estacionamento provisório para veículos abandonados (Estrada de Flor de Lotus, Coloane)

Macau

07/04/2016

10.00am

Edifício Industrial Cheong Long (Ramal dos Mouros, n.º 11-21, Macau)

Nota (1) A visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens inicia-se, impreterivelmente, quinze minutos após a hora marcada, não sendo disponibilizada uma outra oportunidade para o efeito. Os interessados devem providenciar meio de transporte para se deslocarem ao local de armazenamento de cada lote. (2) Para se dirigirem aos locais de armazenamento de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens, devem os interessados concentrar-se nos locais acima indicados. Não há lugar à visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens no dia da realização da hasta pública, mas são projectadas fotografias dos mesmos através de computador. 2. As listas de bens podem ser consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica desta Direcção dos Serviços (website:http://www. dsf.gov.mo). As listas dos bens como descrição pormenorizada podem ser consultadas no 8.º andar do Edifício “Finanças”, sala 803. Prestação de caução Período: Montante: Modo de prestação da caução:

Realização da Hasta Pública Data: Horário: Local:

Desde a data do anúncio até ao dia 13 de Abril de 2016 $5,000.00 (cinco mil patacas) - Por depósito em numerário ou cheque, o qual será efectuado mediante a respectiva guia de depósito e paga em instituição bancária nela indicada. A referida guia de depósito será obtida na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; ou; - Por garantia bancária, de acordo com o modelo constante do anexo I das Condições de Venda. 14 de Abril de 2016 (quinta-feira) às 09:00 horas – registo de presenças às 10:00 horas – início da hasta pública Auditório, na Cave do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585.

Consulta das Condições de Venda As condições de Venda podem ser: - obtidas na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; - consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica da Direcção dos Serviços de Finanças (website:http//www.dsf.gov.mo).

O Director dos Serviços Iong Kong Leong

8. O número total das moradias a concurso é de 110, das quais 24 são de grupo “A” e 86 de grupo “B”.

9. As moradias do grupo “A” são destinadas ao alojamento dos funcionários públicos que integrem carreira de nível igual ou superior a 5, determinados na Lei n.º 14/2009, e as moradias do grupo “B” são destinadas ao alojamento dos restantes funcionários 10. Os boletins de candidatura são preenchidos de acordo com a situação actual e apresentados conjuntamente com os seguintes documentos: a) Fotocópia do documento de identificação do candidato e de todos os membros do seu agregado familiar; No caso de elemento do agregado familiar do candidato não portador de BIR, é necessário entregar a Declaração da coabitação (para elemento não portador de BIR), juntamente a certidão individual dos movimentos fronteiriços durante o período de doze meses que antecederam a entrega da presente candidatura, referente ao referido membro do agregado familiar, bem como o documento de visa para entrada; b) Certificado emitido pelos respectivos serviços sobre a situação jurídico-funcional, proventos recebidos não apenas pelo candidato, como igualmente dos membros dos seu agregado familiar que exerçam funções na administração pública; c) Declaração dos vencimentos provenientes do trabalho exercido no ano de 2015, auferidos por parte dos respectivos membros do agregado familiar que exerçam funções junto de entidade privada; d) Cópia da declaração do imposto complementar de rendimentos (modelo M/1 do Grupo A ou modelo M/1 do Grupo B) ou da declaração do imposto profissional (modelo M/5) (conforme seja o caso do membro do agregado familiar ser trabalhador por conta própria ou empregador); e) Declaração de rendimentos não provenientes do trabalho no ano de 2015, por parte dos membros do seu agregado familiar; f) Declaração de inexistência de rendimentos em 2015, por parte dos membros do seu agregado familiar; g) Declaração da situação de titularidade quanto à propriedade ou arrendamento, por parte do candidato e do seu agregado familiar; h) Fotocópia da certidão de casamento do candidato e dos membros do agregado familiar que sejam casados, declaração de união de facto ou declaração do estado civil; i) No caso de candidato divorciado com filhos com idade inferior a 18 anos pertencendo ao seu agregado familiar, é necessário entregar a cópia da sentença de regulação do poder paternal. Compete à Direcção de Serviços o fornecimento, conjuntamente com o boletim de candidatura, de exemplares para referência, respeitantes aos documentos indicados nas alíneas a), b) c), e) a h) atrás especificadas. A Direcção dos Serviços de Finanças, em 18/03/2016 A Presidente do Júri do concurso, Ho Silvestre In Mui.


7 hoje macau quarta-feira 30.3.2016

Interesses escondidos?

Violência Sexual JUIZ AFASTA CRIAÇÃO DE LEI CONTRA O ASSÉDIO

As pequenas coisas

Travessa do Pastor Pedida intervenção do CCAC

J

ERÓNIMO Santos, juiz no território, afasta a criação de uma lei contra o assédio sexual, por considerar que o Direito Penal vigente já protege a vítima ao nível dos crimes que possam atentar contra a sua liberdade. A ideia foi avançada aos jornalistas à margem de um debate sobre criminalidade sexual, ocorrido ontem na Fundação Rui Cunha (FRC). “Primeiro é preciso saber o que é o assédio sexual, porque pode comprometer muitas coisas. O Direito Penal não tem por função ensinar como se conquista e como se seduz, as pessoas são livres. Se no âmbito do trabalho, entre patrão e empregado, se disser ‘se não fazes isto não te dou horas extraordinárias’, não vejo que esta seja uma conduta que atente contra a liberdade da outra pessoa. É uma forma de sedução. Mas se se disser ‘se não fazes isto, despeço-te’, isso já está coberto com o crime de coacção sexual. Já há uma ameaça grave. Não é preciso criar a figura do assédio sexual para essas condutas. O que ficará de fora são coisas mínimas, margens que eu tenho muitas dúvidas que se justifique a integração no Direito Penal”, disse Jerónimo Santos. “Na realização das pessoas a sexualidade é importantíssima. Asfixiá-las, com normas pequeninas, com condutas demasiado pequenas, se calhar em vez de favorecer a liberdade, prejudica-a. Em privado as pessoas são livres de terem o comportamento sexual que quiserem. A lei não se deve intrometer, a meu ver. Para

L

matar um mosquito não vamos disparar um canhão”, defendeu.

LIVRES DE MUDAR

Questionado sobre se o sistema jurídico abrange todos os crimes de natureza sexual e protege as vítimas, Jerónimo Santos acredita que sim. “O sistema nunca é imutável, está completo, mas pode-se mudar. Se a sociedade muda o

Direito deve acompanhar. No nosso caso o sistema recrutou as condutas que têm uma dignidade penal, que é a liberdade e a auto-determinação”, disse. No debate participou ainda o médico legista Pedro Resende, a trabalhar no serviço de medicina legal do Centro Hospitalar Conde de São Januário desde 2012. Para o especialista, o serviço público

“Na realização das pessoas a sexualidade é importantíssima. Asfixiá-las, com normas pequeninas, com condutas demasiado pequenas, se calhar em vez de favorecer a liberdade, prejudica-a”

de saúde em Macau “dá resposta [aos crimes sexuais] até certo ponto”. “Aqui em Macau ainda pode ser feito bastante mais, porque não temos falta de recursos como existem noutros sítios. A especialidade de medicina legal está subaproveitada em Macau”, disse Pedro Resende, que defendeu a criação de um laboratório de polícia científica. Isto apesar de alertar para a pequena dimensão do território. “São precisos materiais, máquinas e os técnicos, mas para rentabilizar esse material é necessário haver casos suficientes.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

JERÓNIMO SANTOS JUIZ

JOGO MAIS PESSOAS À PROCURA DE AJUDA

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SOCIEDADE

AIS pessoas procuraram ajuda devido a problemas com o vício do jogo no ano passado. A notícia é do jornal Macau Business Daily, que aponta que 147 pessoas estiveram nesta situação em 2015, de acordo com um relatório do Instituto de Acção Social, citado pelo jornal. “O número de casos de problemas com o jogo ascendeu a 147 em 2015, quando era de 141 em 2014 e de 134 em 2013. No ano passado, 73% das pessoas eram do sexo masculino”, revela o jornal, que diz ainda que a idade média dos viciados é de 41 anos, sendo que há ainda registo de um jovem com 16 anos e um idoso com 82 anos. A maioria dos casos, indica o Business Daily, correspondia a residentes de Macau (84%), enquanto 7,5% eram de Hong Kong.

Os dados mostram que “menos de 30%” tinham educação superior. Outras 18% das pessoas eram dealers em casinos e 13% trabalhavam na indústria do Jogo. A problemática prende-se com diversos motivos: a maioria joga para “resolver problemas financeiros”, como indica o jornal, mas há outros que gostam de jogar como entretenimento, pelo desafio ou para matar o tempo.

PEARL HORIZON PROPRIETÁRIOS QUEREM PROTESTAR EM PEQUIM

Os proprietários do Pearl Horizon estão a pensar fazer uma manifestação na capital da China, Pequim, disse o presidente da União dos Proprietários do edifício, Kou Meng Pok. A continuação da construção do prédio é o único desejo de todos os proprietários, afirmou, mas se não houver resolução do problema, “podem vir a apanhar um voo para protestar em Pequim”. Kou Meng Pok disse que vai continuar a organizar manifestações e encontros até haver uma resolução e queixa-se que, desde a declaração da caducidade do lote onde estava a ser construído o edifício de luxo, nada tem sido resolvido, nem da parte do Governo, nem da Polytec. Segundo a Mastv, mais de 30 proprietários manifestaram-se no domingo passado na Praça das Portas do Cerco. Um dos manifestantes, com apelido Io, criticou o presidente do Grupo Polytec, Or Wai Shen, porque nunca se reuniu com os promitentescompradores. O Grupo Polytec já assegurou ser impossível perder em tribunal.

ENG Sai Hou, membro do Conselho Consultivo do Trânsito, pediu ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) para investigar o processo de transformação da Travessa do Pastor numa nova rua, por considerar que o caso pode estar ligado a interesses na área do imobiliário. Segundo o Jornal do Cidadão, o Governo tenciona transformar a Travessa do Pastor numa nova rua que estabeleça a ligação entre a Rua de Kun Iam Tong e a Estrada Coronel Mesquita, mas Leng Sai Hou acredita que essa medida não vai melhorar o trânsito entre a zona da Avenida Horta e Costa e a Areia Preta. O membro do Conselho suspeita que há especulação imobiliária neste caso, já que um agente vendeu um imóvel por mais de nove milhões de patacas. “Os imóveis estavam para venda na Travessa do Pastor e ninguém os comprou e é possível que a medida do Governo tenha sido divulgada em segredo”, disse Leng Sai Hou, que acredita que as casas foram compradas inicialmente para serem vendidas ao Governo a um preço mais elevado posteriormente. Leng Sai Hou acredita que o congestionamento de tráfego não se resolve pelo facto da Travessa do Pastor ser um espaço pequeno, sendo que o Governo vai gastar muito dinheiro para tratar de questões de propriedade de casas e terrenos na zona. O membro do Conselho acredita que o Executivo deve tornar pública a proposta de mudança da rua em questão e esclarecer se há ou não interesses de privados envolvidos, bem como qual será a eficácia do projecto no futuro. Para Leng Sai Hou, melhorar os transportes públicos é a melhor forma de resolver o congestionamento do trânsito. Tomás Chio

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8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 30.3.2016

Forças de Segurança QUEIXAS CONTRA AGENTES AUMENTARAM 65% EM 2015

Mau polícia, bom polícia

A

S Forças de Segurança foram alvo de mais queixas no ano passado, maioritariamente por razões que se prendem com a forma de actuação de agentes policiais e “denegação da justiça”. De acordo com o último relatório da Comissão de Fiscalização da Disciplina (CFD) das Forças de Segurança, o aumento nas queixas foi de 65% face ao ano anterior. “A CFD recebeu em 2015 um total de 73 queixas, tendo verificado um aumento de quase 65% em relação a 2014”, explica o organismo, que justifica a subida com o facto de haver mais acções de promoção e publicidade a este órgão. Dos 73 casos contam-se principalmente queixas por causa de “irregularidades de procedimento legal, atitude dos agentes, denegação de justiça e má conduta”, como admite a CFD, que acrescenta ainda que subiram também as queixas de insatisfação face à aplicação da Lei de Trânsito Rodoviário. “[Estas] aumentaram substancialmente, de 12 casos para 32 casos. A CFD admite que uma das causas poderá estar relacionada com o reforço das operações da PSP contra as infracções dos taxistas e condutores que exerceram actividades não autorizadas de transporte de passageiros.”

AMIGOS, AMIGOS

A Comissão explica que emitiu recomendações a agentes policiais, muito por causa de casos concretos que admite terem sido encontrados. Passaram de quatro para 14 em 2015 e “todas mereceram atenção da polícia e tiveram resposta positiva”. Isto não impediu, contudo, que no ano passado tenham sido descobertos várias casos de “violações graves do dever disciplinar”. Da falta de imparcialidade à atitude rude dos agentes, os casos são dados a conhecer pelo próprio organismo. “São recorrentes as queixas de mau acolhimento nos postos policiais, especialmente de suspeitos e de pessoas a expulsar de

Atitude rude, imparcialidade ou procedimentos mal feitos: a Comissão de Disciplina das Forças de Segurança está de olho na polícia e deixa recomendações

sito – que passam multas – quem está na mira da CFD, mas não só. “[Os agentes de fiscalização de trânsito] devem ter uma atitude policial igual para situações iguais, por forma a não se dar aos cidadãos uma imagem de conduta selectiva e de favorecimento pessoal. A CFD tomou conhecimento da intervenção de agentes policiais em conflitos de natureza privada, designadamente quando neles estão envolvidos seus familiares e amigos. A CFD recomenda que, [nestes casos], o agente deve de imediato informar do facto o seu superior hierárquico. O agente policial deve abster-se de corresponder a pedidos pessoais de intervenção em quaisquer conflitos ou resolução de crimes.”

VAMOS EQUIPA

Macau. Não obstante a situação particular em que esses cidadãos se encontram, a CFD recomenda um acolhimento sereno e humano, [uma vez que] os cidadãos não podem desmerecer da justiça. São [também] recorrentes as queixas de deficiente atendimento telefónico, ou porque o operador não tem conhecimentos para resolver a questão, ou porque é notória a falta de instrução quanto ao encaminhamento, sinalizando-se por vezes um atendimento rude, que contraria a urbanidade que é su-

posto o cidadão encontrar quando solicita ajuda de uma autoridade policial”, pode ler-se no relatório, onde fica ainda saber-se que a CFD recomendou a criação de um Protocolo de Atendimento para estas situações. “São recorrentes as queixas de arrogância policial no ano 2015, o que a CFD muito lamenta e censura.” A igualdade de tratamento é outro dos âmbitos onde é apontado o dedo a alguns agentes de segurança em Macau. Neste caso, são especialmente os agentes de trân-

PEDIDA INTERDIÇÃO DE ENTRADA “SÓ QUANDO NECESSÁRIO”

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O relatório é ainda dado destaque ao caso levado por Au Kam San à AL, quando um bebé de um ano foi impedido de entrar no território por agentes da PSP. A CFD diz compreender e apoiar a preocupação das autoridades de segurança, mas pede que estas recusas “devem ser excepção e apenas quando haja fundamentado perigo para a segurança interna, paz e tranquilidade públicas da RAEM, especialmente em ocasiões mais sensíveis”. A CFD diz ainda que deve ser dado conhecimento ao sujeito da interdição sobre os factos que fundamentam a decisão, algo que também não aconteceu nessa altura: os pais da criança não ficaram esclarecidos no momento, sendo que só mais tarde se veio a saber que o bebé tinha o mesmo nome de alguém impedido de entrar na RAEM.

Das 73 queixas recebidas no ano passado, 12 delas ainda estão em processamento devido “à sua complexidade”. Parte delas deu entrada apenas no final do ano – por exemplo, de Novembro a Dezembro de 2015 uma dúzia de queixas foram apresentadas. Do relatório da CFD fazem ainda parte recomendações, que passam, por exemplo, pela introdução de mais das passagens automáticas nos postos fronteiriços e “a extensão do universo de documentos elegíveis” para a utilização destas, de forma a “reduzir o contacto do agente com o cidadão em situações que, potencialmente, possam agravar o stress profissional, como sejam a gestão de multidões”. A CFD admite que, apesar das queixas serem imputadas a indivíduos, estas afectam a imagem de toda a polícia. Mas diz-se também “confiante” na melhoria da actuação, até porque “foram tomadas medidas pelas autoridades de segurança” para reduzir as motivos de insatisfação da população. “De um modo geral, a CFD concluiu que a disciplina geral das Forças de Segurança apresenta um bom nível e a situação melhorará, certamente”, remata a Comissão. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

UBER FAMILIAR

A Uber Macau lançou um serviço de carros de sete lugares em resposta à procura registada no território para o serviço. Até ao momento, estavam já disponíveis no território os serviços uberX, o mais económico, e o UberBLACK, que disponibiliza automóveis de luxo. Diz a ainda a empresa que “os passageiros e os condutores de Macau claramente adicionaram o serviço como uma das opções de transporte”. Trasy Lou Walsh, Directora Geral da Uber Macau, confessa mesmo que “têm recebido um enorme feedback de passageiros, especialmente daqueles com famílias” para o lançamento deste novo serviço de carrinhas. Esta actividade foi considerada ilegal pelo Governo, mas a empresa juntou-se a algumas agências de viagens para poder operar sob licença.

VACINAS DO GOVERNO SÃO SÓ PARA OS DE CÁ

O Governo lançou ontem um comunicado onde assegura que as vacinas adquiridas pelos Serviços de Saúde “são destinadas gratuitamente aos residentes e não são distribuídas aos nãoresidentes”. “Os visitantes de Macau apenas podem aceder, por conta própria, à administração de vacinas e somente em casos urgentes, como por exemplo em caso de ferimentos, será administrada a vacina contra o tétano”, explica o organismo, que justifica o comunicado por terem sido manifestadas “preocupações” da parte da população. Preocupações que chegam devido ao escândalo relacionado com o fornecimento de vacinas na China continental e que levaram a população a pensar “que os cidadãos do interior da China podem recorrer ao território”. Os SS dizem que há vacinas suficientes e relembram que o Plano de Vacinação inclui vacinas que previnem 13 doenças, além de ter ainda “uma reserva de vacinas e instrumentos contra a evolução das doenças infectocontagiosas”.


9 hoje macau quarta-feira 30.3.2016

G

UILHERME Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), revelou, em entrevista ao Jornal Tribuna de Macau, que o edifício onde se localiza a Escola Portuguesa de Macau (EPM) vai ser incluído na lista de imóveis a classificar como tendo valor patrimonial. “A Escola Portuguesa está na lista proposta para a conservação geral. Quando houver condições poderemos

A decisão que faltava EPM Marreiros diz que classificação deve prever ampliação

avançar [com o processo da EPM]. Na minha opinião, a escola é muito bonita”, disse Ung Vai Meng. Contactado pelo HM, o arquitecto Carlos Marreiros, autor de um projecto de restauro realizado na escola, defende que o processo de classificação deve contemplar uma futura ampliação do edifício. “O facto do edifício vir a ser classificado deve prever a ampliação da escola, porque esta precisa de mais valências. A escola tem sido procurada pelo seu valor do ensino e pelo interesse que a língua e cultura portuguesas têm sido objecto em Macau. É uma escola procurada não apenas pela comunidade portuguesa mas também por outras comunidades. O bom desempenho da escola e o nível de ensino têm feito aumentar a procura e naturalmente que a escola precisa de outros espaços lectivos, administrativos e para actividades extra-curriculares, que neste momento não tem”, defendeu o arquitecto. Carlos Marreiros acredita que a EPM até pode crescer em altura

ANTÓNIO FALCÃO

Carlos Marreiros aplaude a decisão do Governo de incluir o edifício da Escola Portuguesa de Macau na lista de imóveis para classificar, mas defende que esta deve contemplar a ampliação do actual espaço para a criação de “novas valências”

na actual zona onde se encontra o pavilhão gimnodesportivo. “É uma área próxima de edifícios com algum volume e o actual pavilhão não tem a delicadeza funcional e de arquitectura que o conjunto na área sul (zona de entrada) tem. Pode ser feita uma ampliação até em altura e, por isso, a classificação do edifício vem em

boa hora, porque se criarão desde já condições arquitectónicas e urbanísticas para o futuro desenvolvimento da nova ala da EPM”, acrescentou.

SOCIEDADE

de um edifício com a assinatura de Chorão Ramalho e um exemplo da arquitectura modernista. “Parece-me uma decisão importante, por se tratar de uma obra emblemática do arquitecto Chorão Ramalho, que fez outras obras em Macau, também elas classificadas, como é o caso das vivendas na Coronel Mesquita. Acho óptimo pelo lado urbano, porque pelos prédios de grande volume que se estão a erguer, um pedaço de arte no meio da cidade fica sempre bem. Concordo com essa decisão”, rematou. O HM contactou ainda Rui Leão, arquitecto que, juntamente com Carlota Brunni, assinou o projecto da sala de leitura da EPM, reconhecida pela UNESCO, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter uma reacção a esta notícia. Na altura do prémio da UNESCO Rui Leão disse que a classificação do edifício da EPM seria “um passo fundamental e um sinal importante que as comunidades portuguesa e macaense esperam para se reconhecer que há interesse em preservar o património e as condições para assegurar esse compromisso”. Andreia Sofia Silva

MAIS APOIO

Também o arquitecto Nuno Roque Jorge se mostrou satisfeito com a decisão do Executivo, por se tratar

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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ANÚNCIO Por este anúncio, fica o guarda Cheong Ka Fai notificado da acusação que contra si foi porduzida nos autos do processo disciplinar, nos termos do n.º 2 do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 60/94/M, de 5 de Dezembro, e do n.º 2 do artigo 333.º do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 87/89/M, de 21 de Dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 62/98/M, de 28 de Dezembro. O arguido poderá consultar ou pedir cópia da acusação na Direcção dos Serviços Correccionais, sita na Rua de S. Francisco Xavier, Coloane, Macau, e apresentar a sua defesa escrita no prazo não superior a dez dias, contados da data da publicação. Direcção dos Serviços Correccionais, aos 04 de Março de 2016. A Instrutora, Ho Fai In

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 15 de Março de 2016 , se encontra aberto o Concurso Público para o «Fornecimento e Instalação de Quatro Portais de Detecção de Radiação para os Transeuntes aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 30 de Março de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 39,00 (trinta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 28 de Abril de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 29 de Abril de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP 48 000,00 (quarenta e oito mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 22 de Março de 2016 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 3/P/16

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 16/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 15 de Março de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Um Sistema Automático Completo de Análise dos Grupos Sanguíneos aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 30 de Março de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP39,00 (trinta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes deverão comparecer no “Centro de Transfusões de Sangue de Macau” situado na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.º 335-341, Edifício “Hot Line”, 2.° Andar, Macau no dia 7 de Abril de 2016

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 15/P/16

às 11,00 horas para visita às instalações a que se destina o objecto deste concurso. As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 3 de Maio de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 4 de Maio de 2016, pelas 10,00 horas, na sala do «Auditório» situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP44.000,00 (quarenta e quatro mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 23 de Março de 2016. O Director dos Serviços Lei Chin Ion

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 15 de Março de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Material de Consumo Clínico para o Serviço de Patologia Clínica dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 30 de Março de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 48,00 (quarenta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 30 de Maio de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 31 de Maio de 2016, pelas 10,00 horas, na sala do «Auditório» situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP 26,200.00 (vinte e seis mil e duzentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/ Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 22 de Março de 2016. O Director dos Serviços Lei Chin Ion


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NOVA PUBLICAÇÃO DIVULGA CULTURA DE MACAU, PORTUGA

EVENTOS

Abril, prémios mil

Venetian Gala de Música Chinesa no Cotai Arena

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Venetian Macau será, pelo quinto ano consecutivo, palco de mais uma gala de entrega de Prémios de Música da China, que comemora a sua 20ª edição no próximo dia 15 de Abril, na Cotai Arena. Segundo a organização, é objectivo desta iniciativa prestar a devida homenagem aos músicos com contribuições significativas para a indústria ao longo dos últimos 20 anos, bem como aqueles que pretendem continuar com o legado. Uma cerimónia em três actos é o que será apresentado esta ano, sendo destacadas pela organi-

zação uma primeira parte dedicada à “saudação aos vinte anos e ao sonho inicial” que compreenderá as actuações de novos artistas de uma selecção de clássicos que iniciarão a cerimónia de forma a homenagear aqueles que se têm dedicado “arduamente ao fortalecimento da industria musical chinesa”. Num momento final será apresentado o “Prémio de Carreira”, como reconhecimento do trabalho daqueles que integram a história dos Prémios de Música da China. Entre os convidados destacados estão Sandy Lam, Jacky Cheung, Andy Lau, Aaron

Kwok, Alan Tam, Jonathan Lee and Sun Nan. Foram ainda anunciados em conferência de imprensa em Xangai no passado 13 de Março os nomeados para Cantor e Cantora Mais Populares, numa lista que inclui nomes como Hebe Tian, Della Ding, Eason Chan e Wang Feng. Um outro destaque da organização remete para o encontro entre jovens talentos e artistas já com carreiras consolidadas, bem como para as presenças de artistas provindos da cena musical japonesa. O evento será ainda transmitido ao vivo no Canal V que abrange não só a totalidade do território chinês como de diversos países asiáticos. A cerimónia começa às 20h00.

NATUREZA MORTA EM EXPOSIÇÃO NA DARE TO DREAM

E

STARÁ patente de 1 de Abril a 15 de Maio, na Galeria Dare to Dream, a exposição de desenho e pintura de Marco Szeto. Com trabalho reconhecido entre

Macau e Hong Kong, o artista demonstra o seu interesse na aplicação de uma micro-visão da realidade, de “um exame feito em profundidade, com exageros, camadas,

intromissões e sucessivas desconstruções sucedidas de reconstruções, em busca de uma nova relação entre homem e espaço”. Com recurso à caneta de tinta e de bambu, aguarela, pastel, óleo, tinta da china e colagem, o autor chega à possibilidade de criar uma experiência inesperada e um forte impacto visual, como indica a organização. Esta abordagem vai ao encontro da visão do artista perante o conflito, a contradição e a harmonização na sociedade moderna, bem como à convergência e contraste que se registam através dos tempos e que nada têm em comum com as expressões realistas tradicionais ou a lógica espacial. Num permanente deambular entre o Oeste e a China, entre o abstracto e o figurativo, esta exposição apresenta a natureza morta sob várias abordagens consumando-se como um trabalho raro e de visita obrigatória. A entrada é livre.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA FERNADO PESSOA POR JOÃO VILLARET E MÁRIO VIEGAS (AUDIOBOOK) • Fernando Pessoa

Audiobook ditado pela Companhia Nacional de Música sendo que a primeira parte – Álvaro de Campos, Fernando Pessoa (Ortónimo), Ricardo Reis (4 odes), Alberto Caeiro (Três poemas de “O Guardador de Rebanhos”) – é recitada por João Villaret e a segunda – Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos; Alguns «Poemas Inconjuntos” – por Mário Viegas.

HA VIDA EM ´

“mART” dá nome à publicação que se ded à cultura, de cá e de lá, dando o pontapé pa comunicação na área. É a nova revista digi residentes da RAEM: Luciana Leitão, Sofi

M

ACAU dispõe agora de uma nova publicação totalmente virada para a cultura da casa e não só. Chama-se “mART” e, segundo Luciana Leitão, co-fundadora do projecto, a ideia terá nascido de um desejo partilhado com Sofia Jesus de criar uma revista cultural que abrangesse de uma forma diferente as actividades da região. Não contentes com a restrição geográfica, viram em “mART” um projecto capaz de ser uma ponte de partilha com o que se vai passando em Lisboa e daí passaram para a Europa e outras partes do mundo, representado a capital portuguesa uma “metáfora”. Se, numa fase inicial a edição em papel estava em cima da mesa, a edição em formato digital foi ganhando pontos pelas vantagens que apresentava, não só a nível prático e custos inerentes, como enquanto plataforma capaz de uma maior acessibilidade e partilha. E também como portadora de uma maior diversidade de linguagens, incluindo conteúdos multimédia. A esta ideia veio juntar-se Sérgio Rola, a “cara” gráfica da “mART”.

PRIMEIROS PASSOS

Estando ainda num processo embrionário, que Luciana

Leitão apela de “teste”, a publicação ainda é predominantemente preenchida com conteúdos de Macau, onde residem os seus fundadores, mas já com alguns “pozinhos de Lisboa”. O objectivo

é um futuro crescimento com a possibilidade de uma equipa maior e em que uma divisão equitativa entre a proveniência de conteúdos seja possível. Ainda acerca desta fase, Luciana sublinha

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

1937 - O ATENTADO A SALAZAR • João Madeira

Esta é a extraordinária história, quase cinematográfica, do único atentado contra a vida de António de Oliveira Salazar, que o historiador João Madeira nos conta ao longo destas páginas. Por pura sorte, António de Oliveira Salazar escaparia sem um arranhão deste atentado. No final, enquanto uns lhe pediam repouso, mantendo a pose bem afivelada, sorriu e respondeu: «Como fiquei vivo terei de continuar a trabalhar». Reconstituindo factos, o livro segue a investigação policial que imediatamente foi montada com exames, inspeções, denúncias e teses contraditórias e se torna numa verdadeira caça ao homem. É preciso encontrar culpados, a todo o custo. E é então que surge o fantástico «grupo terrorista» do Alto do Pina.


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AL E NÃO SÓ

M “mART”

dica exclusivamente ara a inovação da ital criada por três fia Jesus e Sérgio Rola

ao HM a satisfação perante a aceitação do público, não só português mas também fornecida pelo feedback dos leitores chineses. A responsável salienta que os mesmos têm referido o aspecto inovador da publicação, não só a nível de forma como também de conteúdo dado o carácter único na região. O barómetro das reacções neste momento é, essencialmente, o Facebook, visto que a “mART” é uma coisa nova “e ainda não entrou na rotina das pessoas”. Assim, a rede social serve de referência pelo progressivo aumento de partilhas e seguidores.

Acerca da opção por uma publicação em Inglês, Luciana Leitão adianta que numa fase inicial o objectivo até seria uma abordagem trilingue – Chinês, Português e Inglês - mas, dadas as dificuldades nomeadamente no que respeita à qualidade de conteúdos em Chinês, optaram por atingir todo e qualquer público que entenda o Inglês e que abrange também uma comunidade cada vez mais internacional que também reside em Macau. Umas das características distintivas da “mART” prende-se com a colaboração bilateral entre artistas portugueses e de Macau. Relativamente a esta iniciativa de carácter trimestral e materializada pela rubrica “showcase” é impulsionada a interactividade entre os intervenientes, bem como entre os diferentes agentes culturais. Neste sentido é lançado, pela edição, um tema para o qual são convidados artistas a fazer uma pequena “amostra” do seu trabalho tendo como referência a ideia proposta. Para o futuro, para além da continuação do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, é ambição da “mART” dar forma a uma secção do site que albergue perfis de artistas, associações e agentes culturais, capaz de, quem sabe, vir a servir de base de dados de modo a confluir numa maior interacção e comunicação. Novidades para breve passam também pela criação de uma newsletter e de uma agenda online. Fazem parte da equipa da “mART”, para além dos fundadores, Maria Caetano e Clara Tehrani e a publicação está disponível em http:// martmagazine.net/.

FILME DE ACÇÃO ESTREIA EM MACAU

O filme de acção de Hong Kong “The Bodyguard” vai estrear em Macau nesta sextafeira, dia 1 de Abril. O filme conta a história de um oficial reformado e de uma menina, sua vizinha, que sempre se refugiava em casa do agente, a quem fazia lembrar a sua neta desaparecida. Os actores de Hong Kong Sammo Hung e Andy Lau são os protagonistas do filme. A actividade vai ter lugar no Cinema do Galaxy, às 18h30, organizada pela Associação Star Rise Cultural and Creative, e vai contar com presença de artistas de Hong Kong e Macau, tais como Joey Mak e Nuno Wong e Sally Victoria Benson. Os bilhetes já estão à venda, sendo que as receitas dos bilhetes do primeiro dia de exibição do filme vai ser doado à organização Médicos Sem Fronteiras.

IC CONVIDA ARTISTAS PARA ANUÁRIO DE TEATRO E DANÇA

O Instituto Cultural deu início ao processo de recolha de informação que integrará o Anuário de Teatro de Macau 2015 e o Anuário de Dança de Macau 2015 e convida, para isso, artistas e associações artísticas locais a darem as respectivas informações acerca das suas actividades até 31 de Maio de forma a constarem destes documentos. Farão parte dos anuários todo o conjunto de actividades e espectáculos locais e estrangeiros, intercâmbios, competições, seminários, cursos e workshops, exposições, estudos, publicações relacionadas, fotografias e vídeos, serão submetidos a selecção pela sua objectividade e autenticidade.

hoje macau quarta-feira 30.3.2016

EVENTOS

HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Chá-de-Java Nome botânico: Orthosiphon aristatus (Blume) Miq. Sinonímia científica: Orthosiphon spicatus Bak.; Orthosiphon stamineus Benth. Família: Lamiaceae (Labiatae). Nomes populares: ORTOSSIFÃO; ORTOSSIFON. Com caules erectos e pouco ramificados, crescendo até um metro de altura, o Chá-de-Java é uma planta exótica de aroma agradável e aspecto curioso. Dos caules quadrangulares de cor castanha violácea, nascem folhas pecioladas pontiagudas, dentadas e em forma de losango, pubescentes na página inferior; as inflorescências, dispostas em espiga, são constituídas por flores bilabiadas de cor púrpura, azulada ou branca e o fruto é um tetraquénio oblongo, áspero e rugoso. Em língua vernácula é designada por “bigodes-de-gato”, devido aos seus compridos estames azuis-violáceos, muito salientes. Originário da ilha de Java (Indonésia), o Chá-de-Java disseminou-se pelo Sudeste asiático e Austrália, sendo actualmente também cultivado. Com uma longa tradição medicinal nos países de origem, esta erva foi introduzida na Europa por viajantes holandeses nos finais do século XIX. Em fitoterapia são usadas as folhas e as extremidades dos caules, por vezes, também as flores. Composição Sais minerais em abundância, com destaque para os sais de potássio, flavonas lipofílicas (escutelareína, eupatorina, salvigenina, sinensetina, isosinensetina) e heterósidos flavónicos, ácidos fenólicos (cafeico, dicafeiltartárico, chicórico, rosmarínico) e diterpenos (ortossifol A e B); contém ainda cromenos (metil-ripariocromeno A, um composto amargo), saponósidos triterpénicos (beta-amirina), fitosteróis (beta-sitosterol), taninos, betaína, colina, inositol e vestígios de óleo essencial de composição muito complexa (beta-cariofileno, beta-elemeno, beta-selineno). Acção terapêutica Diurético e depurativo, o Chá-de-Java aumenta a quantidade de urina e a excreção renal de cloretos, ácido úrico e ureia; tem actividade antioxidante, anti-inflamatória e antiespasmódica suave, e alcaliniza a urina prevenindo a formação de cálculos de ácido úrico; antibacteriano, inibe o crescimento de diferentes microrganismos

(Escherichia coli, Klebsiella, Proteus e Pseudomonas). Tem indicação na oligúria (diminuição da excreção da urina), albuminúria, insuficiência renal, cálculos nos rins ou bexiga, inflamação das vias urinárias e como adjuvante nas infecções bacterianas do tracto urinário (cistite, uretrite, infecções recorrentes); como diurético, tem uma acção comparável à da furosemida (um fármaco de síntese), e pode ser usado na hipertrofia benigna da próstata, síndrome pré-menstrual, edemas por insuficiência venosa, ascite, hiperuricemia, gota, reumatismo e hipertensão. Outras propriedades Com acção protectora do fígado, o Chá-de-Java aumenta ainda a produção de bílis no fígado e facilita a sua excreção da vesícula para o duodeno, beneficiando situações de mau funcionamento ou inflamação da vesícula e cálculos biliares. É também usado na hipercolesterolemia, aterosclerose e diabetes, por reduzir o colesterol e o açúcar no sangue. É uma erva muito recomendada nos regimes de emagrecimento. Como tomar Uso interno: • Infusão: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente, 10 a 15 minutos de infusão. Tomar 3 ou 4 chávenas por dia, antes das refeições. A infusão, de intenso sabor amargo, pode ser aromatizada com flor de Laranjeira ou Hortelã-pimenta. • Em simples ou fórmulas, o Chá-de-Java encontra-se em ampolas, xarope, gotas, saquetas para infusão, cápsulas ou comprimidos, para a litíase renal e biliar, infecções urinárias, hipertrofia benigna da próstata, síndrome pré-menstrual e emagrecimento. • Durante o tratamento, beber líquidos em abundância. Precauções Contra-indicado em caso de edemas por insuficiência cardíaca ou renal e na obstrução das vias biliares. Não deve ser administrado durante a gravidez e lactação por falta de dados que estabeleçam a sua segurança. Embora não estejam descritas interacções com medicamentos, não se recomenda o seu uso concomitante com diuréticos de síntese. Planta sem efeitos tóxicos; no entanto, pode ocasionar perturbações gástricas pelo seu conteúdo em taninos e constituintes amargos. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


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13 hoje macau quarta-feira 30.3.2016

CHINA

Taiwan ASSASSÍNIO DE CRIANÇA DEBILITA OPOSIÇÃO À PENA DE MORTE

Debate capital

O recente assassínio de uma criança aqueceu o debate sobre a pena de morte em Taiwan. O movimento abolicionista reforçou o activismo mas os defensores ficaram ainda mais motivados pelo macabro episódio. A grande maioria da população, por seu lado, pretende que a pena se mantenha

A

decapitação de uma menina, esta segunda-feira, em frente da mãe e em plena luz do dia, desencadeou a ira social em Taiwan e os opositores da pena capital têm evitado defender claramente a sua posição, que anteriormente já não granjeava apoio popular. O director executivo da Aliança de Taiwan contra a Pena de Morte, Lin Hsin-yi, declarou à imprensa e escreveu na sua página no Facebook que estava “muito, muito, muito triste” pela tragédia e que gostaria de encontrar formas de pôr fim a este tipo de incidentes. Freddy Lim, conhecido por ser líder da banda de “death metal” Chthonic, ex-homem forte da Amnistia Internacional em Taiwan e

agora deputado do Partido Novo Poder, questionado se o assassínio da menina poderá afectar a sua oposição à pena capital, disse já propôs reformas do sistema penal e uma maior protecção das crianças e familiares das vítimas. Na frente favorável à pena de morte, as vozes são mais contundentes, algo visível na Internet, onde se pede a execução automática de condenados por “homicídio com dolo” e que os

A

seguradora Anbang, que foi apontada como candidata à compra do Novo Banco, melhorou a oferta pela rede hoteleira Starwood, posicionando-se para fechar o maior investimento de sempre de uma empresa chinesa nos Estados Unidos da América. O consórcio liderado pelaAnbang, que inclui ainda o grupo privado de investimento norte-americano JC Flowers & Co. e o chinês Primavera Capital Group, reviu em alta a sua oferta, para 14 mil milhões de dólares (82,75 dólares por acção), anunciou o Starwood em comunicado. A concretizar-se, será o maior investimento de sempre de uma empresa da China nos Estados Unidos da América, depois de em 2013 o produtor de carne de porco chinês WH Group ter pago 7,1 mil milhões de dólares pela Smithfield Foods.

MARRIOTT NA LUTA

A nova proposta supera a da gigante norte-americana Marriott International (79,53 dólares por acção), que esteve perto de anunciar um acordo para a fusão com o grupo dono das marcas Sheraton e Westin na semana passada.

assassinos “paguem pelo que fizeram” com a morte. A deputada do Partido Kuomintang Wang Yu-min pediu apoio público para a sua proposta de penas de morte e prisão perpétua automáticas para assassinos de menores de 12 anos, a qual vai ser debatida na próxima quinta-feira. A nova presidente da mesma formação política, Hung Hsiu-chu, atacou os que se opõem à pena capital e perguntou se, após o brutal assassínio, ainda eram capazes de apoiar “a abolição da pena de morte”. Segundo a agência estatal Central News Agency, o suspeito do crime de segunda-feira, de apelido Wang, tem cadastro por delitos relacionados com droga e foi submetido no passado a um tratamento psiquiátrico.

Segundo relatos citados na imprensa, o homem, de 33 anos, agarrou a criança por trás e decapitou-a com uma faca, num aparente ataque ao acaso numa rua de Taipé.

A

polícia chinesa acusou os familiares de um dissidente chinês a viver no estrangeiro do crime de incêndio florestal, após este ter referido num artigo e entrevista uma carta crítica do Presidente da China. “O Gabinete de Segurança Pública de Xichong [província de Sichuan] abriu uma investigação de acordo com a lei a Zhang e aos seus dois filhos”, revelaram as autoridades através da conta oficial no Sina Weibo, o Twitter chinês. O pai e os dois irmãos mais novos de Chang Ping, jornalista radicado na Alemanha, estão sob investigação por terem alegadamente causado um incêndio, após acenderem incenso como

MAIORIA DO CONTRA

Taiwan regista taxas de criminalidade baixas, com menos de três homicídios por cada 100.000 habitantes. Em 2015 foram registadas seis execuções, contra cinco em 2014, precedidas por uma moratória na aplicação da pena capital entre 2006 e 2009. Todas as sondagens de opinião em Taiwan mostram um apoio maioritário contra a abolição da pena de morte. Na mais recente, realizada em meados de Fevereiro pela Universidade Chung Cheng, 83% dos inquiridos defendeu a sua manutenção.

O jogo do monopólio

Anbang aumenta oferta por rede hoteleira norte-americana

Num outro comunicado, a Marriott reafirmou o seu compromisso para a aquisição do Starwood: “Estamos confiantes de que o acordo de fusão anunciado anteriormente é a melhor direcção para ambas as empresas”, informou.

POLÍCIA ACUSA FAMILIARES DE DISSIDENTE DO CRIME DE INCÊNDIO FLORESTAL

A empresa advertiu ainda os accionistas da Starwood para a capacidade da Anbang em concluir a transacção, “com particular foco na capacidade de financiamento do consórcio e do calendário para todas as aprovações regulatórias necessárias”.

ASTORIA É DELES

Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e activos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o seu ‘site’ oficial. Em 2014, tornou-se mundialmente famosa ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1.950 milhões de dólares, considerada a maior venda de sempre no sector hoteleiro dos EUA. Em Agosto passado, não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.

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parte de uma cerimónia de culto aos antepassados. Os homens são acusados de terem queimado 40 mu de floresta (2,6 hectares), num incêndio que levou cerca de uma hora a extinguir, detalha a polícia. Num comunicado difundido pelo portal chinachange.org, Chang revelou que os seus dois irmãos e a sua irmã mais nova foram detidos devido à suspeita de que ele terá participado na redacção de uma carta anónima que apela à demissão do Presidente Xi Jinping. No comunicado, as autoridades não mencionam a sua irmã.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

WANG CHONG

“Tão alvo que a fuligem não o enegrece”.

Perguntas a Confúcio 54 & 55

B

I Xi convidou Confúcio, convite que este último quis aceitar. Zilu, desagradado, disse-lhe: “Mestre, não disseste em tempos: ‘O homem honesto não frequenta a casa de pessoas que cometem o mal pessoalmente’. Bi Xi rebelou-se contra a praça forte de Zhongmou e agora queres ir visitá-lo? Como é possível?” O Mestre respondeu: “De facto, foi o que disse. Todavia, não é verdade que também se diz: ‘Tão duro que a pedra não o mói, tão alvo que a fuligem não o enegrece?’ Serei eu apenas uma abóbora amarga, esquecida no pátio, e que ninguém come?” [NT – A interpretação tradicional desta expressão é a de algo, ou alguém, sem préstimo] * * * Para questionar Confúcio, Zilu apoia-se num antigo dizer do Mestre, dizer cujo fito era sensibilizar os discípulos relativamente de encontrar bons modelos de conduta. Zilu recorre a este dizer em jeito de reprimenda. Confúcio entende-o claramente: não qualifica as suas palavras passadas como vãs, nem as rejeita como inaplicáveis, mas reconhece tê-las dito. No entanto, deveria ter-se conformado a elas, em vez de sequer considerar aceitar o convite de Bi Xi! Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG


15 hoje macau quarta-feira 30.3.2016

a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 6. O HOMEM SEM ROSTO

Q

UANDO a viúva ficou em silêncio, ouviu-se claramente o chilrear de um pássaro através da vidraça. Um som que se prolongou durante algum tempo, até que se ouviu um bater de asas e o pássaro voou para um qualquer outro lugar. As pálpebras da viúva tremem de raiva quando fala. Por momentos está em silêncio. Mantém a calma. Pouco depois perde-a e os lábios mexem, e as pálpebras tremem de raiva. Tenta recordar-te. Quem poderá saber da nossa existência? Quem poderá ter encomendado este trabalho? Observa bem o espaço. O que poderá ser usado para nos libertar? Tem que existir alguma coisa. Tem que existir uma saída. A viúva não vai ficar o tempo todo nesta sala. Quieto nesta sala sombria. A viúva continua a remexer nos armários. Ali daquele lado existe uma pequena janela. Existe esperança. Uma esperança diferente daquela que vivi nos dias seguintes aos teus olhos se apagarem. Uma esperança que perdi na base da colina, atrás da casa. Atrás de um alto monte de terra. Uma casa com a entrada escondida por ervas daninhas. Uma casa modesta. Uma casa onde me escondi até esquecer que nome era o meu. Até esquecer que nome era o teu. Entre as ervas daninhas floresceu um grupo de flores de cor azul. Violetas. De um azul forte. Um azul brilhante. O que a viúva não sabe é que nessa casa, com a entrada escondida, uma estranha aparição surgiu uma vez à porta. Uma estranha mulher que parecia estar em baloiço. Para frente e para trás. Parecia que estava realmente em baloiço. Talvez fosse por causa da paisagem ao fundo. Uma paisagem com grossas folhas e sobrepostas camadas de gelo. Grossas folhas que antecipavam uma cadeia

de montanhas nevadas. Nevadas como só as montanhas podem ser e com aquela sensação de imensidão que só as montanhas possuem. Essa estranha mulher parecia em baloiço mas podia ser o fundo. Lembro-me que eu próprio me senti em baloiço. Em baloiço com aquela cascata de montanhas nevadas que eram de um branco-neve fria. E eis que o frio da neve tornou-se cor quente soltando uma música inebriante. A mulher começou a soltar sons. Consonantes.

desvanecer-se nesse movimento tinha os mesmos olhos consonantes. Essa estranha aparição tinha os teus olhos e eu levei esses olhos até uma sala ao fundo da casa. Uma sala onde comemos bagas de uvas e todas as pétalas das violetas de azul forte que floresceram por entre as ervas daninhas. Essa mulher não me mostrou logo todo o seu rosto. Não me mostrou logo tudo. Demoraram meses até que ela me mostrasse as marcas dos meus dedos no seu pescoço. No teu pescoço. O que a viú-

As consonantes dos teus olhos que ao chocarem na neve não eram mais um uniforme branco. Estas consonantes não eram um uniforme branco mas sim muitas cores harmonizadas. Eram consonantes com muitas cores e muitas outras tonalidades dentro de cada cor. Com variações de vermelho, e verde, e azul, e roxo, e amarelo, e muitas outras cores, e muitos outros tons. Talvez fossem os pinheiros vermelhos. Os mesmos pinheiros que se erguiam para além do telhado de palha. Essa estranha aparição que parecia em baloiço, para frente e para trás, e que parecia

va não sabe é que tu voltaste para nunca mais me deixares. O que a viúva não sabe é que me acompanhas para todo o lado e que estás agora aqui sentada no sofá e que tudo vês, e que tudo ouves, e que tudo sentes. A viúva desloca-se a espaços, para observar a sopa que tem no fogão. Ali ao fundo existem umas portas de vidro deslizantes. Penso que dêem para a casa-de-banho. Levanta-te e vai até lá. Espera até que ela aqui volte e investiga se existe algo que possamos usar. Podes olhar-te ao espelho para te certificares de que não há problemas

com a tua aparência. Enquanto isso investiga o espelho. Vê se é grande e se o poderemos de algum modo utilizar. Investiga se tem banheira. E depois segue até ao corredor e investiga o resto da casa. A viúva respirou fundo várias vezes antes de dizer. “Tu vais ser o meu último trabalho. Uma vez que faça isto desapareço”. Vai já. Vai agora que ela se inclina sobre mim. Estamos aqui agora, mas não amanhã. Eu amanhã nem vou saber quem sou, nem vou voltar a ter um nome diferente, nem uma cara diferente, nem sequer te vou conseguir ver. Vai agora. Por favor. Não consigo sacudir a consciência. Sinto a minha respiração a aumentar ao mesmo tempo que o meu bater de coração acelera. Sinto uma gota de suor. Um formigueiro na pele. Sinto a droga que ela me injectou começar a fazer efeito. Não quero ter nenhuma premonição. Mas sinto algo de mau. Como um aviso. Desta vez é diferente. Estou a ficar demasiado tenso. Não quero dar indícios de medo à viúva. Olha. Ela vai aumentar o som da televisão. Vai agora. “A polícia revelou que foi descoberta uma outra mulher grávida morta na Vila da Taipa. A mulher, também com 32 anos, foi igualmente encontrada com o abdómen aberto. O marido terá chamado a polícia depois de ter chegado a casa e ter encontrado a mulher na sala de jantar do apartamento. O feto, de 7 meses, foi encontrado deitado ao lado dela, dando ideia que o assassino não teve tempo para o levar como nos casos anteriores. A polícia está agora num impasse, procurando por novos indícios, depois de ter preso um suspeito de 23 anos que havia confessado ser o responsável dos anteriores casos. Em relação à rapariga da ponte não existem mais desenvolvimentos.”


16 (F)UTILIDADES TEMPO

hoje macau quarta-feira 30.3.2016

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Sexta-feira

ABERTURA DO ESPECTÁCULO BROADWAY Macau Studio City

Sábado

MIN

16

MAX

21

HUM

65-98%

EURO

8.94

BAHT

Diariamente

EXPOSIÇÃO DE DINOSSAUROS Centro de Ciência de Macau

FUTEBOL O ex-jogador do Barcelona e actual treinador do Southampton, Ronald Koeman, presta uma última homenagem à lenda do futebol Johan Cruyff, falecido no passado dia 24, vítima de cancro. Cruyff tinha 68 anos.

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 57

PROBLEMA 58

UM DISCO HOJE C I N E M A

SUDOKU

H HORA

HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau

Cineteatro

1.23

RABOS DE FORA

PALESTRA SOBRE CINEMA ASIÁTICO, AMERICANO E EUROPEU DA CREATIVE MACAU Centro Cultural de Macau, 10h00 às 17h00 Entrada livre

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau

YUAN

AQUI HÁ GATO

DEBATE SOBRE BIOESTATÍSTICA Instituto de Estudos Europeus, 13h30 Entrada livre

EXPOSIÇÃO “COLOUR EXCHANGE” (ATÉ 10/04) Casa Garden

0.22

“Se parece um pato, anda como um pato e grasna como um pato, deve ser um pato”. Adoro esta expressão. Podia ser gato em vez de pato mas o resultado seria o mesmo: eloquente e descritivo de situações que, por mais que as pretendam encobrir, não deixam de ser o que são. É o caso das livrarias que vão encerrar no aeroporto de Hong Kong. Por mais que a autoridade aeroportuária venha dizer que são apenas sinais do tempo (leia-se, as pessoas estão a deixar os suportes convencionais) os meus bigodes eriçam-se à referência, o que é sempre sinal que alguma coisa não bate certo. Cheira a pato, portanto. O negócio não funciona para as lojas livres mas funciona para as da China. O negócio não funciona mas até ao momento nem a Page One, nem a Relay estão a pensar em fechar ou, pelo menos, não dizem nada parecido. Antes pelo contrário: segundo li, a Page One vai desistir do aeroporto apenas porque os locais propostos não eram adequados à actividade. Pelo que fui lendo, e ouvindo, ao longo destes anos que levo a viver numa redacção de jornal, confesso que sempre achei que o princípio “Um País, Dois Sistemas”, tinha uma certa aura de brilhantismo político, mas depois dos recentes acontecimentos o brilho é tanto como o das velhas tijelas de cobre, esverdeadas, que deixam um sabor terrível na boca se nos atrevermos a lambê-las. Vai ser mais triste viajar a partir de Hong Kong. Em breve será como viajar a partir de aeroportos chineses do continente onde entrar numa livraria é como visitar as ruínas de Palmira. Desaparecem os livreiros, agora as livrarias. E ninguém tem culpa. Como nós, os gatos, quando nos escondemos mas Pu Yi deixamos o rabo de fora.

“UNKNOWN PLEASURES” (JOY DIVISION, 1979)

Foi com este álbum que os Joy Division e Ian Curtis se mostraram ao mundo. É extremamente fácil ouvi-lo do início ao fim e nem é preciso ser-se um grande fã do movimento pós-punk para perceber que estamos perante um grande disco, que tem lá dentro a “Disorder”, a “She’s Lost Control”, a “Wilderness” ou a “Transmission”. Que, no fundo, tem tudo para nos encher os ouvidos e o espírito com bons Andreia Sofia Silva sons.

BATMAN V SUPERMAN: DAWN OF JUSTICE SALA 1

BATMAN V SUPERMAN [C]: DAWN OF JUSTICE

Filme de: Zack Snyder Com: Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Laurence Fishburne 14.30, 18.30, 21.15

KUNG FU PANDA 3 [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Alessandro Carloni, Jennifer Yuh 14.15, 16.00, 17.45, 19.30 SALA 2

LONDON HAS FALLEN [C] Filme de: Babak Najafi

Com: Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman 21.30 SALA 3

ZOOTOPIA [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 14.15, 16.05, 19.45, 21.30

ZOOTOPIA [3D] [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 17.55

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


17 hoje macau quarta-feira 30.3.2016

OPINIÃO

a outra face

CARLOS MORAIS JOSÉ

O

exército sírio libertou Palmyra das mãos dos bárbaros e, para surpresa geral, a destruição não foi tão maciça como se temia. É certo que alguns dos principais monumentos foram dinamitados, o grau de vandalismo e os seus efeitos estão ainda por calcular. Contudo, dizem as notícias, poderia ser bem pior. A pergunta que me assalta é: Porquê? Qual a razão (ou acaso) que terá poupado o grosso das ruínas de Palmyra? Que fenómeno terá detido a barbárie, que os homens do Daesh trazem acantonada no coração? Estando ali, entre ruínas pagãs, deveriam ter arrasado tudo, destruído radicalmente os

Palmyra libertada vestígios de outras crenças, incendiado os restos e espalhado as cinzas aos ventos do deserto. Isso não aconteceu. A destruição foi significativa mas não foi total. A mão bárbara suspendeu o acto, não o levou até ao fim. Porquê? Numa visita a um templo de Angkor Wat, junto a uma enorme estátua de um buda, um guia contava que, durante o regime

despótico, um destacamento de Khmers Vermelhos se preparava para a destruir mas que uma voz, vinda do artefacto, fôra por todos ouvida, pondo em fuga os soldados de Pol Pot. Não sei se em Palmyra sucedeu a mesma coisa. Se uma voz ressoou do interior das pedras, das colunas, dos arcos, evitando a sua destruição. No entanto, a ter existido,

“A História resiste, não somente como memória de factos, de reinos ou de actos heróicos. Resiste, sobretudo, a Beleza e é ela que nos permite aceder às partes mais interessante dos humanos que nos antecederam. Era esta beleza intemporal, inesgotável enquanto fonte de informação e incomparável enquanto fonte de deleite, que dormia prisioneira em Palmyra, depois de ter sido violada pelo Daesh. Agora terá de ser gentilmente acordada”

prefiro acreditar que essa voz veio do fundo da consciência daqueles homens: é o rumor da História à qual todos pertencemos e sem a qual faríamos muito menos sentido. Eles saberiam, no fundo, que se estavam a destruir a si mesmos, a uma parte da sua identidade e isso soa tão indiscutivelmente ao Mal como um crime cometido contra o próprio sangue. Não terá sido nada disto. Talvez falta de explosivos. Talvez demasiadas mulheres para violar, talvez demasiados sábios para cortar a cabeça. Talvez outra razão qualquer. Seja ela qual for, a História resiste, não somente como memória de factos, de reinos ou de actos heróicos. Resiste, sobretudo, a Beleza e é ela que nos permite aceder às partes mais interessante dos humanos que nos antecederam. Era esta beleza intemporal, inesgotável enquanto fonte de informação e incomparável enquanto fonte de deleite, que dormia prisioneira em Palmyra, depois de ter sido violada pelo Daesh. Agora terá de ser gentilmente acordada.


18 hoje macau quarta-feira 30.3.2016

chá (muito) verde

E

FERNANDO ELOY | 义來

Ficção? Já foi

SCREVIA há tempos nesta página que vivíamos tempos interessantes convicto de atravessarmos um período de profunda transição onde grande parte do que temos vindo a assumir como pressupostos de vida se vêem em profunda crise. Admitia estarmos à beira de uma revolução. Não necessariamente daquelas com ao tiro e à bomba (quer dizer...) mas uma profunda remodelação de forma de vida. Todavia, não pensava que a coisa pudesse ser tão dramática. Lia a semana passada um artigo (http://bit.ly/aistatus) de Scott Santens, escritor, activista e psicólogo (scottsantens.com), uma explanação brilhante sobre o estado actual da Inteligência Artificial (IA), um assunto que, aliás, o Hoje Macau (HM) abordou na edição de ontem. Basicamente, argumenta ele que, e copio do artigo de ontem, “quando o AlphaGo derrotou o tricampeão Europeu de Go a comunidade científica começou a perceber que as mudanças que se esperavam bem mais para frente vão começar bem mais depressa. Apenas meses antes, vários especialistas entendiam que precisaríamos de mais uns 10 anos para tal ser possível.” Argumenta ainda Santens, com base num estudo do Bank of America do final do ano passado sobre a revolução robótica (http:// bit.ly/botrevolution), que esta conquista é apenas mais um sinal que passámos do paradigma da evolução tecnológica linear para uma evolução parabólica, significando isso que a partir de agora tudo vai acontecer a um ritmo muito mais acelerado. Scott faz ainda referência a vários sistemas de inteligência artificial actualmente em desenvolvimento, com especial destaque para o “Amélia” da IPsoft, em beta teste em várias grandes empresas mundiais, que irá substituir todos os serviços de assistência ao cliente e de telefonistas, estimando-se na ordem dos 250 milhões de postos de trabalho (!) a serem extintos em todo o mundo. “Amélia”, descreve Santens, aprende em segundos o que a nós, humanos, leva meses e fala mais de 20 idiomas. Mas há mais: um estudo da Universidade de Oxford prevê que nos próximos 20 anos cerca de metade dos empregos nos Estados Unidos venham a ser entregues a máquinas porque elas já não se vão limitar a actividades mecânicas e repetitivas mas chegar muito mais longe. Até às artes... Isto leva-nos à questão essencial: se as máquinas vão fazer o nosso trabalho, nós vamos fazer o quê? Se as empresas vão ter trabalhadores gratuitos, para onde vai o dinheiro? Scott encontra-se no grupo, onde se

ALEX GARLAND, EX MACHINA

OPINIÃO

Torna-se absolutamente necessário que todos, e não apenas os governos, em casa, nas escolas, entre grupos de amigos comecemos a debater o advento da Inteligência Artificial pois quanto mais se pensa mais são as questões que se levantam inclui Andrew Ng, cientista chefe da Baidu e fundador do projecto de Deep Learning “Google Brain” entre muitos outros, que advoga o rendimento universal garantido para toda a gente e a necessidade urgente que os governos têm de se debruçar sobre o assunto. Porque vai ser um problema, algo que vai transfigurar a vida na Terra sem comparação com algo visto no passado. Por isso, torna-se absolutamente necessário que todos, e não apenas os governos, em casa, nas escolas e entre grupos de amigos comecemos a debater o advento da IA pois quanto mais se pensa mais são as questões que se levantam. Como vamos reagir ao ócio? Como vão reagir as máquinas? Que vamos fazer com a nossa vida? Como é a vida quando o trabalho desaparecer?... Isto, claro, partindo do princípio que as máquinas não nos vão tomar como um vírus e acabar connosco como, aliás, Stephen Hawking e até Bill Gates temem. Para já, sinto apenas reforçada a ideia de que o discurso político do crescimento económico está morto e enterrado e tem de ser substituído pelo discurso da distribuição, pelo da mudança de paradigma de vida.

Mesmo após a pesquisa que efectuei, parece-me irreal escrever sobre isto. Mas não é. A verdade é que estamos prestes a entrar na realidade de “2001: Odisseia no Espaço”, “Ex Machina”, “Matrix” e “Exterminador” todos juntos e de uma assentada. Porque não é apenas a IA em plena evolução pois, como a Boston Dynamics está farta de provar, os robots já mexem e andam quase como nós. Ao ponto da Google querer vender esta sua divisão pois as imagens do seu mais recente robot, o Atlas, estão a apavorar meio mundo. Em boa verdade, não é muito difícil imaginar um bicho daqueles com uma arma nas mãos deixando-nos a pensar no que andarão a fazer os produtores de armamento no segredo dos seus laboratórios... Stephen Hawkins, no final do ano passado, disse mesmo que as máquinas podem acabar connosco porque são muito inteligentes. De facto, quando ainda brandimos Corões e Bíblias para provar um qualquer ponto invisível no céu e destruímos o meio ambiente para ganhar mais uns trocos, esta assumpção não tem nada de extraordinário. Estamos perante uma revolução como nunca foi vista. O prof. Lionel Ni, no artigo de ontem do HM, comparava a emergência da IA com a invenção da máquina a vapor mas eu acho que ele está ser demasiado comedido. Para mim, o que aí vem situa-se para além do domínio do que consideramos fantástico. Com uma pequena diferença: é híper real e está aí, a bater-nos à porta. Já não é ficção.

MÚSICA DA SEMANA

David Bowie – Saviour Machine (1970) Your minds are too green, I despise all I’ve seen You can’t stake your lives on a Saviour Machine I need you flying, and I’ll show that dying Is living beyond reason, sacred dimension of time I perceive every sign, I can steal every mind Don’t let me stay, don’t let me stay My logic says burn so send me away


19 ÓCIOSNEGÓCIOS

hoje macau quarta-feira 30.3.2016

“IES”, RESTAURANTE LARRY CHEN, PROPRIETÁRIO

“Estamos concentrados no melhor ” se optar por comida italiana diariamente. “Por exemplo, a comida tradicional francesa não é uma comida que se coma todos os dias, até porque é mais sofisticada e, por vezes, até mais cara. A comida italiana não é assim, é uma comida que se pode comer todos os dias”, apontou. Variados tipos de massa, pizza, pão e sobremesas fazem parte da oferta da casa, que garante a qualidade e sabor dos seus pratos. Todos os dias existe um menu diário com opções variadas e a um preço simpático. Uma das vantagens do espaço é que está aberto até tarde. “Uma das nossas particularidades é essa. Não fechamos a parte das refeições ou café. Ou seja, as pessoas podem vir aqui só para beber um café, ou um chá, ou uma sobremesa, mas também comer refeições a qualquer hora”, clarificou.

IES

O espaço desliga o cliente do mundo lá fora. Cor, luzes e decoração tornamse elementos fundamentais que, aliados aos sabores, nos fazem voar até Itália. Assumindo uma aposta na aparência dos pratos, e fazendo jus ao sabor, a nova surpresa da gerência é “o pão”

O

negócio está-lhe no sangue. Larry Chen traz consigo uma grande bagagem de trabalho na área de restauração, mas “esta é a primeira vez que tem um negócio mais pequeno”. “Sempre trabalhei em restaurantes, mas eram grandes e com muita saída, desta vez decidi apostar num espaço mais pequeno, mas criando condições para crescer e se espalhar para fora de Macau”, começa por partilhar com o HM aquele que é um, dos dois, sócios do restaurante “IES”. Entre o Teatro D. Pedro V e as antigas instalações da Polícia Judiciária, o “IES” não passa despercebido. Uma porta de madeira dá entrada a um espaço acolhedor, com dois andares, e carregado de cheiro a comida caseira. Bem no centro, no balcão, está uma equipa que rasga um sorriso sempre que um cliente chega. A atenção à nacionalidade dos que acabam de chegar é um ponto de dedicação da equipa, até porque, explica o proprietário, cada cultura tem os seus hábitos.

A CRESCER

Aberto há menos de um ano, “IES” – nome que surge de “IExpresso” – quer “criar um café com comida decente”, como explica Larry Chan. “Queremos criar uma marca que se possa estender para outros horizontes. Por isso é que criámos localmente uma marca sofisticada, moderna, com traços e uma atmosfera italiana”, acrescenta. Mas não estamos só a falar do espaço. “Obviamente também falamos da comida, do café, das sobremesas, todo o conjunto”. Macau, aponta o sócio-gerente, é tão diversificado que “mesmo com a competição louca que se sente nos dias de hoje”, o território “é um mercado emergente” e

A GRANDE APOSTA

“Queremos criar uma marca que se possa estender para outros horizontes. Por isso é que criámos localmente uma marca sofisticada, moderna, com traços e uma atmosfera italiana”

por isso precisa de novos espaços e novos conceitos. “Aqui [em Macau] é possível encontrar um pouco de tudo. Seja comida portuguesa, seja chinesa... Mesmo as pessoas que vêm de Hong Kong ou do interior da China, mesmo que seja uma viagem curta, conseguem encontrar aqui em Macau uma grande diversidade”, acrescentou.

PASTA E PÃO

Uma breve passagem de olhos pelo menu facilmente nos remete para um restaurante italiano. A razão é simples, “a comida italiana não é cara, pode ser consumida todos os dias e os asiáticos estão ligados à massa”. Larry Chan explica que a vantagem deste tipo de gastronomia para com outras nacionalidades é a possibilidade de

É o pão a menina dos olhos do “IES”. A abertura de uma padaria foi a grande aposta do gerente para este ano. “A padaria abriu há poucos meses, estamos a tentar crescer”, apontou, explicando que existem variadíssimos tipos de pão dependendo dos gostos e necessidades de cada cliente. Mas desengane-se quem acha que abrir um negócio em Macau, principalmente na área de restauração, é fácil. “É muito difícil”, partilha o empreendedor. Principalmente, diz, por causa da falta de recursos humanos dispostos a trabalhar na área. “É muito difícil encontrar pessoas que estejam prontas a oferecer um serviço bom e de qualidade, portanto isto não nos facilita o trabalho. E depois existe a concorrência, antigamente poucos ligavam ao mercado da restauração, agora há muito interesse”, apontou. O trabalho nos casinos é também um dos grandes entraves ao negócio. “Trabalhar num casino é mais fácil do que trabalhar na restauração”, apontou. Ainda assim, Larry Chan não está nada arrependido de ter arriscado num novo negócio. “Eu gosto disto, é um bom desafio. Abri vários restaurantes no passado, não em Macau, mas não estou arrependido, acho que é um desafio. É divertido, gosto desta combinação de café com comida. Gosto disto”, reforçou, sonhando expandir o “IES” para Hong Kong, Singapura e Taiwan. “Por agora, eu e a minha equipa, queremos dar tudo por tudo para os nossos clientes. O feedback tem sido bom, mas estamos concentrados no melhor que podemos fazer”, rematou. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


Escrevo nas constelações / o espaço abolido / no flanco de um naufrágio / sem barco e sem mar, / a liberdade de uma aliança / entre mim e o reflexo / da lua a pratear / na tempestade / estrelas de bonança...”

quarta-feira 30.3.2016

Jorge Arrimar

MAIS TNR EM FEVEREIRO

Macau tinha, em Fevereiro, 182.109 trabalhadores contratados ao exterior, mais 5% que no mesmo mês do ano passado, mantendo-se a China continental como o principal local de origem, seguida das Filipinas, segundo dados oficiais ontem divulgados. Em relação ao mês de Janeiro, registou-se um ligeiro aumento de 0,4%, ou mais 694 trabalhadores, de acordo com o Gabinete para os Recursos Humanos. A maioria dos trabalhadores não residentes vem da China (116.282 ou 64% do total). Destes, 63% trabalha no sector da construção e em hotéis e restaurantes. O segundo país de onde chega mais mãode-obra são as Filipinas (25.120 ou 14%), sendo que quase metade (11.976) trabalha como empregado doméstico junto de famílias. A completar o pódio está o Vietname, com 15.030 trabalhadores (8% do total de não residentes), a maior parte (8.156 ou 54%) também como funcionários domésticos. O sector que concentrava mais trabalhadores não residentes (48.083 ou 26%) em Fevereiro era o dos hotéis, restaurantes e similares. PUB

F

OI detido o homem que desviou esta terça-feira o avião da companhia aérea Egyptair, afirmou o ministros dos Negócios Estrangeiros cipriota na rede social twitter. O homem tinha sido anteriormente identificado, na mesma rede social, como Seif Eldin Mustafa. A televisão estatal cipriota afirma que o sequestrador rendeu-se perante as autoridades, tendo abandonado o avião com as mãos no ar. Os passageiros e a tripulação foram libertados e saíram do avião em segurança. Depois de sair da rota definida, o Airbus A-320 que inicialmente fazia a ligação entre a cidade de Alexandria e o Cairo atravessou o Mediterrâneo e aterrou no aeroporto de Larnaca, em Chipre. Algum tempo depois, o sequestrador começou a libertar os passageiros. O primeiro-ministro egípcio, Sherif Ismail, afirmou que o sequestrador é de nacionalidade egípcia e que fez alguns pedidos confusos. “A certa altura, pediu para se encontrar com representantes da União Europeia, depois pediu para ir para outro aeroporto, mas nada em específico”, afirmou Ismail, citado pela Reuters.

TERRORISMO AFASTADO

O Presidente cipriota já desmentiu que o incidente – pouco frequente

Ameaças a bordo Detido sequestrador do avião egípcio

desde as apertadas medidas de segurança a bordo adoptadas após os atentados de 11 de Setembro de 2001 – tenha motivações terroristas. “Não é nada que tenha a ver com terrorismo”, esclareceu Nicos Anastasiades. Também o ministro dos Negócios Estrangeiros cipriota, Alexandros Zenon, descartou a possibilidade de estarem em causa motivações terroristas. “Aquilo que clarificamos é que não se trata de terrorismo. Ele [o sequestrador] parece ser uma pessoa instável, num estado psicológico instável

e o problema está a ser tratado em conformidade com a situação”, afirmou Zenon, citado pela Reuters. No Cairo, o ministro da Aviação Civil egípcia confirmou que no voo entre Alexandria e o Cairo seguiam 55 passageiros “de várias nacionalidades”. Num comunicado, o ministério da Aviação Civil afirmou que no avião estavam 21 passageiros estrangeiros, entre eles oito norte-americanos, quatro britânicos, quatro holandeses, dois belgas, um francês, um italiano e um sírio.

As circunstâncias do sequestro e as motivações do sequestrador permanecem um mistério. Os órgãos de comunicação social cipriotas avançam, no entanto, que o desvio foi feito por motivos pessoais, adiantando que o sequestrador pretendia entrar em contacto com a ex-mulher, de nacionalidade cipriota. Contam que terá atirado uma carta para fora do avião e pedido para que aquela fosse entregue à ex-mulher. Há também informações de que teria pedido um tradutor e asilo político.


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