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QUINTA-FEIRA 30 DE MARÇO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3784
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MELINDA CHAN | DEPUTADA
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Macau precisa de mudanças
ENTREVISTA
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MELINDA CHAN DEPUTADA
“Nós, as mulheres, temos as mesmas capacidades” A deputada Melinda Chan ainda não dá certezas quanto à sua candidatura nas próximas eleições para a Assembleia Legislativa. Ao HM, falou do caminho que percorreu e das suas prioridades. E apontou ideias pelas quais quer continuar a lutar É candidata às próximas eleições legislativas? Ainda estou a pensar. Tenho de reunir uma equipa e depois tenho de verificar o mais importante: saber se as pessoas também querem que eu continue. Não sou só eu que tenho de querer, o mais importante é sentir que sou apoiada. Passou a ser deputada quando o seu marido, David Chow, deixou a Assembleia Legislativa (AL). Sente que foi um legado que herdou? Candidatei-me pela primeira vez em 2009. O meu marido tinha sido deputado desde 1996, ainda antes da transferência de Administração. Eu já estava, desde 2002, à frente da associação de beneficência Sin Meng. Em 2009, existiram duas razões para que me sentisse motivada a candidatar-me à AL. Por um lado, David Chow reformou-se da função de deputado. Com a sua
saída, as pessoas que ele representava ficariam sem um porta-voz que protegesse as suas opiniões. Era minha responsabilidade continuar o trabalho, até porque muitos dos problemas da altura ainda estavam sem solução. Por outro, ao lidar com os membros da associação que representam diferentes classes da população com necessidades também diferentes, senti que tinha a responsabilidade de trabalhar com eles. Na altura, que necessidades exigiam uma intervenção mais urgente? A segurança social, especialmente no que dizia respeito às pensões dos idosos. O montante era então de 1700 patacas e, na minha opinião, tinham de ser aumentadas para, pelo menos, três mil patacas. Ouvi dizer que seria uma missão impossível por ser um aumento muito grande. Mas certo é que consegui. Os cuidados hospitalares também eram urgentes. A população idosa tinha de esperar muito tempo para ser atendida. A lei do erro médico, recentemente aprovada, também foi uma luta. Outra causa que sempre tive foi a legislação contra a violência doméstica. O início da discussão na AL foi muito difícil e o mais importante era fazer entender aos deputados o que estava em causa. Tem lidado com portadores de deficiência na sua associação. As necessidades com os deficientes também são muitas. A ideia de aumentar os seus rendimentos ou os apoios financeiros do Governo não é suficiente. O cuidado para com esta população deve ser tido desde que nascem e começa no rastreio. É necessário formar equipas médicas capazes de os acompanhar e ajudar a obter ferramentas para que um dia possam ser o mais autónomos possível. O sistema educativo deve acompanhar estes cuidados e fornecer meios para acolher portadores de deficiência. Deve existir um ensino especial munido de profissionais e especialistas. Também acho que temos feito muitos progressos, mas o Governo deveria investir mais
recursos financeiros na criação de toda uma estrutura capaz de ajudar esta população. Deveria ser dada em dois sentidos: cuidados médicos e educação especial. A percentagem de fundos dirigida a esta população em Macau ainda é muito reduzida.
“Sou a favor da criação da lei sindical, mas temos de resolver outro tipo de problemas antes para que seja viável.” Em 2013, dizia que uma das suas prioridades era a reforma de Administração Pública. Como correu este trabalho? O problema da Administração Pública de Macau é, acima de tudo, a lentidão. Tudo o que se pretenda fazer implica demasiada burocracia. Precisamos de mudanças no sentido de diminuir o número de procedimentos. As decisões têm de ser mais rápidas na base. Por exemplo, a ponte Hong Kong-Macau- Zhuhai, irá abrir, em princípio, no final deste ano, mas, dadas as complexidades burocráticas, temo que o troço de Macau não possa estar aberto ao mesmo tempo que os outros. Macau vai ficar mais tempo isolado e gostava que isto não acontecesse. Já vivo aqui há cerca de 50 anos, já é a minha terra e gostava de ver o seu desenvolvimento mais fluido porque Macau é um bom sítio. Outra questão que não me agradava, por exemplo, há 30 anos, era a comparação de Macau a Hong Kong como se o território vizinho fosse a cidade grande e Macau um pequeno lugar. Mas penso que isso está a mudar. No entanto, tem de ser uma mudança apoiada e com consciência por parte de todo um Governo e de políticas que o permitam. Como é que vê Macau enquanto “plataforma”?
Macau é muito especial porque temos vários contrastes que dificilmente se encontram noutros lugares. Temos a cultura chinesa e a ocidental dentro de uma cidade pequena. Temos património mundial a conviver com os casinos e hotéis de cinco estrelas. As pessoas podem ter contacto com coisas muito diferentes num pequeno espaço. Faz parte da identidade de Macau e até o Governo Central dá ao território uma denominação especial enquanto plataforma. Não nos podemos também esquecer que, aqui, convivemos com a língua portuguesa, pelo que temos uma situação privilegiada e que devemos usá-la da melhor maneira. Como? Podemos pensar em formas de melhorar o conceito de plataforma, tendo em mente a utilização da língua portuguesa. Na China Continental, mesmo em Cantão, há muitas fábricas que exportam os seus produtos. Macau podia ser o local de excelência a considerar na exportação dos produtos entre o Continente e os países de língua portuguesa enquanto plataforma logística. Hong Kong, por exemplo, tem um porto marítimo conhecido historicamente pelas trocas comerciais. Macau tem uma grande vantagem linguística e como tal podia investir no desenvolvimento de estruturas logísticas. Isto é só um exemplo de como podemos tirar o maior partido da “plataforma”. O território pode ter o mesmo papel que Hong Kong, mas enquanto o território vizinho leva muita coisa para o Continente, nós podíamos fazer o inverso: levar para os países
“Muitos países começam a ter mulheres como líderes. Penso que é muito positivo que a tendência esteja a acontecer em Hong Kong.”
de língua portuguesa. Posteriormente, poderíamos aproveitar os mercados em desenvolvimento e que estão muito perto de nós, como o Camboja e o Laos. Além de um porto para o efeito, podemos ainda usar a ponte que está a ser construída, desde que salvaguardemos a liderança nos processos logísticos. Também existe o problema do aeroporto. É muito pequeno e já não se adequa nem às necessidades turísticas enquanto centro de turismo mundial, nem às necessidades para transporte de cargas. Macau deveria ser uma plataforma comercial e logística. A lei sindical não tem chegado a consensos. A sua opinião também não tem sido clara. Como é que vê uma futura implementação do diploma no território? Sou a favor da criação da lei sindical, mas temos de resolver outro tipo de problemas antes para que seja viável. Macau é diferentes de outras regiões porque tem muitas associações de trabalhadores. No mesmo tipo de emprego, há várias associações. Este é um dos problemas. Há cerca de 700 associações neste momento, não seria fácil ter uma entidade de defesa, como um sindicato que agradasse a todas elas porque têm ideias e interesses diferentes. Por exemplo, só para os enfermeiros há várias e a questão é: quem é que os passaria a representar? Outra questão tem que ver com os financiamentos. Noutras regiões, os sindicatos não são subsidiados pelo Governo e têm de ir buscar os fundos aos associados. O que é que se pode fazer em Macau neste sentido, sendo que as associações são financiadas pelo Executivo? Em terceiro lugar, também gostaria de ver claro um outro assunto: se existirem associações sindicais e estas terminem a actividade, para onde vai o dinheiro que lhes pertence? Vai ser dividido pelos seus membros? Seria justo dividir o património pelos seus membros. Isto tem de estar definido por lei. Quando estas questões estiverem devidamente clarificadas, votarei a favor do diploma. Não sou em nada contra os princípios sindicais, mas
SOFIA MARGARIDA MOTA
ENTREVISTA
3 hoje macau quinta-feira 30.3.2017 www.hojemacau.com.mo
tem de existir um limite nas associações sindicais e não sei como isso iria acontecer em Macau. Se vamos ter uma nova lei, deve ser justa para ambas as partes. Se se candidatar nas próximas eleições, quais serão as suas prioridades? Em primeiro lugar, estarei sempre junto daqueles que têm mais dificuldades em expressar-se. Por isso, estarei, mais uma vez, a lutar pela inserção da população portadora de deficiência. Esta população não tem capacidades para lutar pelos seus direitos. Penso também que Macau precisa de algumas mudanças e continuarei a reivindicar mais rapidez na administração pública. Quero, se possível, trabalhar na área dos negócios, essencialmente
na variedade de emprego. Este objectivo está associado a um bom funcionamento da segurança social. Para termos um bom sistema, temos de garantir uma economia viva e diversificada. O Governo já disse que não podemos estar apenas dependentes dos casinos e que temos de ser diversificados. Eu quero pegar nesta ideia e promovê-la. Lido com muitos jovens que, depois de irem para a faculdade, regressam a Macau e não têm trabalho nas suas áreas porque não existem. Acho que é muito importante alargar os sectores de empregabilidade além do jogo e do turismo. É preciso promover mais escolhas e mais tipos de negócios. Considera que a imigração rouba empregos aos locais numa
sociedade em que o desemprego é residual? A mão-de-obra estrangeira é importante para o desenvolvimento de Macau No que respeita a quadros
“As pessoas saem da universidade sem experiência, é necessário que a adquiram com pessoas que a tenham, e ter peritos de fora a dar formação ajuda muito.”
especializados, o território precisa de chamar peritos de fora para trabalhar e, ao mesmo tempo, formar os nossos residentes. Precisamos de tempo para desenvolver as nossas capacidades. As pessoas saem da universidade sem experiência, é necessário que a adquiram com pessoas que a tenham, e ter peritos de fora a dar formação ajuda muito. Por outro lado, no que respeita a trabalho ligado ao serviço na hotelaria e construção, Macau precisa de importar mão-de-obra porque não temos pessoas para esse tipo de serviço. No domingo passado, Carrie Lam venceu as eleições em Hong Kong. Que comentário faz? Fiquei muito contente. Penso que é uma mulher muito trabalhadora e boa para as pessoas. Tendo em
conta o seu trabalho nos últimos anos, tem mostrado que é responsável. Muitos países começam a ter mulheres como líderes. Penso que é muito positivo que a tendência esteja a acontecer em Hong Kong. Nós, mulheres, temos a mesma educação e as mesmas capacidades, pelo que espero que esta igualdade se comece a sentir na política. Também penso que as mulheres têm sensibilidade para coisas que os homens não têm. O que acha da possibilidade de existir em Macau a eleição do Chefe do Executivo através de sufrágio universal? Macau irá ter o sistema de voto universal, só não sabemos quando. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
4 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 30.3.2017
Lusofonia SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE ADERE AO FÓRUM MACAU
Eis o país que faltava São Tomé e Príncipe faz, a partir de ontem, parte do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. O país deixou de ter relações com Taiwan e passou a estar próximo de Pequim. Ficou também mais perto de Macau
“A
partir desta reunião, São Tomé e Príncipe já é um país participante do nosso Fórum”, disse ontem a secretária-geral do secretariado permanente do Fórum Macau, Xu Yingzhen, no final da reunião em que foi aprovada a integração do país, três meses depois do corte das relações diplomáticas com Taiwan. Segundo Xu, todos os membros concordaram com a integração de São Tomé. “O nosso Fórum fica mais completo, já temos todos os
países de língua portuguesa neste fórum. Desejo que São Tomé possa beneficiar deste mecanismo”, disse. Quanto a uma possível adesão da Guiné Equatorial, a secretária-geral disse não ter qualquer notícia. “Não foi um tema discutido na reunião”, indicou. O próximo passo será a escolha do delegado e participação nas actividades. “Depois desta reunião já pode participar activamente em todas as acções do secretariado permanente, mas como membro novo tem de ter tempo para estudar e penPUB
HM • 1ª VEZ • 30-3-17
ANÚNCIO Declaração de Herança Vaga n.º CV2-17-0012-CPE 2º Juízo Cível
Requerente: Ministério Público Requerida: LEONG IOK IN aliás LIANG YU YEN aliás LUONG NGOC YEN (梁玉燕), viúva, nascida em 14 de Novembro de 1940, filha de LEONG NUN e de LAO MUI, falecida em 18 de Novembro de 2016, com última residência no Lar de Cuidados “Sol Nascente” da Areia Preta. *** FAZ-SE SABER, que nos autos de Declaração de Herança Vaga, deixada pela requerida, são citados por éditos de 30 (trinta) dias, os interessados incertos para deduzirem a sua habilitação como sucessores daquele falecida, para no prazo de 30 (trinta) dias, depois de findar o prazo dos éditos, bem como a citação dos credores desconhecidos, para reclamarem os seus créditos no prazo de 15 (quinze) dias, após findar o prazo dos éditos, que começa a contar-se da data da afixação do último edital, nos termos do disposto nos art.ºs 197.º n.º 1 e n.º 2, 194.º, 196.º, 1031.º n.º 1 e 1033.º n.º 1 do C.P.C.M..
Macau, em 20 de Março de 2017. ***
sar em quais actividades lhes convém participar”, explicou. No dia 20 de Dezembro, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China. Seis dias depois, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país. São Tomé e Príncipe encontrava-se, até agora, excluído do Fórum Macau devido às relações com Taiwan. Criado em 2003 por Pequim, o Fórum Macau tem um Secretariado Permanente e reúne a nível ministerial a cada três anos. Na V Conferência Ministerial, em Outubro último, não esteve qualquer representante de São Tomé, apesar de o país ter participado como observador nas reuniões do Fórum e de, em 2013, ter enviado, pela primeira vez, um representante com a categoria de ministro.
FUNDO ANTES DE JULHO
Xu Yingzhen disse ainda que a mudança da sede do fundo chinês de mil milhões de dólares destinados a investimentos de e para o universo lusófono para Macau deve acontecer na primeira metade deste ano. “O Banco de Desenvolvimento da China está
a discutir com o Governo da RAEM para acelerar os passos para trazer a sede principal para Macau. Acho que na primeira metade deste ano vai estar aqui”, afirmou. Amudança da sede do fundo para Macau foi anunciada em Outubro do ano passado e esperava-se que pudesse acontecer ainda em 2016. Já em Janeiro deste ano, a directora-geral da empresa de gestão do fundo, Jin Guangze, disse que a equipa estava “a trabalhar nos aspectos jurídicos” para que tal se “concretize o mais rápido possível”. O fundo, com o valor global de mil milhões de dólares, aprovou até agora três projectos, em Angola, Moçambique e Brasil. O projecto de construção de uma estância turística em Cabo Verde, que vai inaugurar a indústria de jogo no país, do empresário de Macau David Chow estava, em Janeiro, “na fase de análise, mas quase a finalizar”, estando em causa o financiamento em 20 milhões de dólares. “Já finalizámos quase todas as etapas, só falta uma aprovação para poder arrancar esse projecto”, disse na altura Song Feng, diretor-geral adjunto do departamento de gestão do fundo.
Sei o que fizeste na última visita Relatórios sobre viagens oficiais no portal do Governo
A
ideia é que o sistema fique “centralizado”, ainda que estejam a ser estudadas as alterações necessárias. Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), adiantou à deputada Ella Lei que, numa primeira fase, os relatórios relativos às viagens oficiais realizadas por funcionários públicos serão publicados no portal do Governo. Ainda assim, não foi avançada qualquer data para a entrada em vigor de novas medidas. “O Governo está a fazer trabalhos de estudo com base nas directrizes definidas. Em 2016, foram recolhidas informações junto dos departamentos públicos, tendo já sido feita uma classificação desses dados. Foi ainda iniciado um estudo sobre o regulamento de divulgação de informações do Governo que se aplica no território.” O regulamento a que se refere Kou Peng Kuan diz respeito a um despacho emitido pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, que determina as instruções relativas à publicação dos resultados das deslocações ao exterior, em vigor desde o passado dia 1 de Fevereiro. Esta é, actualmente, a única legislação que define que os serviços públicos são obrigados a divulgar os relatórios sobre visitas
de trabalho e seminários realizados fora de Macau. Contudo, para Ella Lei, é necessária uma maior transparência no processo de divulgação de informações. “A Administração deve exigir que os resultados das visitas de estudo e seminários das deslocações em missão oficial de serviço dos trabalhadores da Função Pública, bem como os apoios e gastos suportados pelo erário público, sejam publicados na Internet em formato de documento electrónico”, defendeu.
NÃO HÁ UNIFICAÇÃO
Na resposta à interpelação escrita da deputada, Kou Peng Kuan admitiu que, “para já, o Governo não tem normas unificadas para a realização de estudos”, sendo que os departamentos públicos “vão utilizar as formas adequadas com base na situação em questão”. O responsável máximo pelos SAFP disse ainda que “o Governo dá muita importância aos trabalhos de divulgação das informações”, algo que “visa não só assegurar o direito à informação dos cidadãos, mas também fomentar a participação dos cidadãos na discussão de políticas”. Tudo para “aumentar a qualidade das políticas, o desenvolvimento económico e a qualidade dos serviços”, rematou. V.N./A.S.S.
5 hoje macau quinta-feira 30.3.2017
CAEAL COMISSÃO GARANTE LIBERDADE DE EXPRESSÃO
O dito e o não dito GCS
Vinte dias depois de a Associação de Imprensa de Língua Portuguesa e Inglesa de Macau ter solicitado esclarecimentos à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, o pedido continua sem resposta. Mas fica a promessa de que vai haver diálogo com os jornalistas
quer oferecer aos portadores de deficiência visual mais escolhas para que possam votar pessoalmente. Nesse sentido, vão ser criadas assembleias de voto de simulação para este segmento do eleitorado. É de salientar que, em eleições anteriores, os invisuais exerceram o seu direito de voto por intermédio de uma pessoa de confiança, normalmente um familiar ou um amigo.
Victor Chan refere que tem de “ver a situação real” e que a comissão não pode reunir com todas as associações
P
ARECE prosseguir a indefinição sobre o que distingue propaganda eleitoral e livre exercício do jornalismo no discurso da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). No passado dia 8 de Março, a comissão realizou uma palestra com os media sobre as consequências das alterações à lei eleitoral, dando eco às preocupações de alguns deputados com a actuação da comunicação social. Aí, foi referido que os conteúdos que dirigem a atenção do público para algum candidato, que fomentem o voto, ou o desencorajem, podem ser alvo de sanção durante o período de proibição de campanha eleitoral. Não foram mencionados quaisquer critérios sólidos na avaliação dos conteúdos informativos. Ora, uma entrevista acarreta, obviamente, atenção sobre o que é dito por um entrevistado, sendo impraticável atingir igualdade de tratamento entre candidaturas. Como tal, essa palestra levantou questões sobre a liberdade de imprensa, motivando um pedido para uma reunião da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) à comissão. Até à hora de fecho desta edição, não tinha sido dada qualquer resposta à solicitação. Ontem, à margem de uma reunião da comissão, Victor Chan, membro da CAEAL e porta-voz do Executivo, fez referência ao encontro de 8 de Março para sustentar que “a situação ficou clara”. O problema é que foi, exactamente, na sequência dessa palestra que nasceram as dúvidas que originaram o pedido de reunião da AIPIM.
POLÍTICA
O membro da comissão referiu que a associação “não tem questões novas” e que será mantida “uma relação estreita” com a associação – não explicou, porém, em que moldes será garantida esta comunicação. José Carlos Matias, presidente da AIPIM, refere que foi “enviado um email com um pedido formal de reunião à CAEAL”, ao qual ainda “não foi dada resposta oficial”. A associação aguarda, assim, uma reacção da comissão presidida por Tong Hio Fong. Ainda a propósito das dúvidas que subsistem entre os media de língua portuguesa e inglesa, o porta-voz do Executivo garante que, mesmo depois das alterações à lei eleitoral, “será salvaguardada a liberdade de imprensa”. Questionado sobre se a reunião com a AIPIM acontecerá, Victor Chan não faz promessas: o também director do Gabinete de Comunicação Social refere que tem de “ver a situação real”, e que a comissão não pode reunir com
todas as associações, uma vez que têm de ser tidos em conta o tempo e a agenda de todos os membros da CAEAL.
AMBIENTE NA CAMPANHA
No que toca aos assuntos discutidos na reunião da comissão, foi anunciado o contacto com uma associação dos direitos dos portadores de deficiência visual, onde foram discutidas as dificuldades
que este segmento da população pode ter no momento de votar. Nesta matéria, o presidente da CAEAL, Tong Hio Fong, refere que serão realizadas reuniões com “representantes de mais três associações” de direitos dos invisuais de forma a “recolher mais opiniões e preocupações”. Em causa estão questões como o design do boletim de voto, tendo sido anunciado que a CAEAL
Foram discutidos, também, os efeitos que a campanha eleitoral pode ter no ambiente, nomeadamente pela poluição sonora que pode provocar. Como tal, a CAEAL reuniu com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental e pediu aos serviços a elaboração de um estudo para aferir até que ponto os decibéis da propaganda eleitoral podem ser prejudiciais. Esta medida incide, particularmente, nos eventos de campanha ao ar livre, assim como na circulação de camiões apetrechados com megafones. Nestes casos, prevê-se que seja implementada a imposição de limites de volume. Como a CAEAL conta com um aumento do número de eleitores, foram discutidas a possibilidades do aumento das assembleias de voto, assim como a sua relocalização para zonas mais densas em termos de população, como o norte de Macau. Procura-se a eficiência, a facilidade de funcionamento dos locais de votação e o conforto do eleitor. Neste capítulo, é de referir que existem no território 33 assembleias de voto, estando a ser equacionadas a criação de mais uma ou duas, suplentes. João Luz
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GOVERNAÇÃO CHEFE DO EXECUTIVO NA ASSEMBLEIA A 21 DE ABRIL
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, vai à Assembleia Legislativa no próximo dia 21, para responder às perguntas dos deputados sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) e assuntos sociais, foi ontem anunciado. Como tem vindo a ser hábito, a sessão plenária deverá prolongar-se por três horas. O líder do Governo está presente normalmente três vezes por ano no hemiciclo. Tradicionalmente, as presenças na AL destinam-se a apresentar as LAG para o ano seguinte e responder aos deputados sobre as políticas anunciadas. A terceira deslocação à AL realiza-se normalmente no Verão, antes das férias dos deputados.
6 hoje macau quinta-feira 30.3.2017
Portugal aqui tão perto MUST assina acordo com Faculdade de Medicina de Lisboa
A
Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) e a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa assinam no próximo domingo um memorando de entendimento. Segundo um comunicado, a nova cooperação é celebrada no âmbito da 36.ª edição do Fórum Médico Internacional Sino-Luso, cujo tema é “Boas práticas na Educação Médica e Habilidades Cirúrgicas». Madalena Patrício, presidente da Associação Europeia em Educação Médica e directora do Departamento de Educação Médica da Universidade de Lisboa, estará presente na iniciativa. O memorando será assinado nas instalações da Fundação Stanley Ho. Citado pelo mesmo comunicado, Manson Fok, director da Faculdade de Ciências da Saúde da MUST, explica que a realização destes fóruns anuais pela universidade privada visa responder à ausência de uma faculdade de Medicina em Macau. “Não temos uma faculdade de Medicina em Macau. Nos últimos sete anos, fizemos um imenso esforço para formar os prestadores de serviços médicos. O nosso ensino de saúde só terá qualidade consoante as pessoas que o conceberem e gerirem. Temos vindo a convidar especialistas de renome internacional para falar neste fórum, para atrair docentes na área da medicina para inspirar a próxima geração de Macau, em termos de valor e ética”, apontou. Manson Fok diz ainda esperar que seja possível, “nesta década, ver grandes avanços ao nível da formação médica e cirurgia, bem como na investigação e inovação”, acrescentou. Já Madalena Patrício afirmou ser “óptimo poder estar envolvida e participar neste fórum com oradores de elevada qualidade”. “É muito bom poder ter este apoio para uma melhoria da educação na área da saúde em Macau, em conjunto com os países de língua portuguesa”, concluiu.
São Januário HOSPITAL VOLTA A SER ACREDITADO POR ENTIDADE AUSTRALIANA
Venham mais quatro anos Foi ontem formalizada a acreditação do Centro Hospitalar Conde de São Januário pelo Conselho Australiano de Normas de Saúde. A distinção não é nova. Foi agora prolongada por mais quatro anos
D
ECORREU ontem a cerimónia de entrega do certificado de acreditação, por mais quatro anos, ao Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). A distinção foi atribuída pelo Conselho Australiano de Normas de Saúde (ACHS, na sigla em inglês). O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura realçou que, para que a distinção alcançada, “todos os 47 critérios das três áreas de avaliação foram aprovados”. Entre os parâmetros constam a assistência médica, os serviços de apoio e a administração institucional. Os critérios de avaliação tiveram em conta o funcionamento de quatro serviços: a informação ao público, a participação por parte dos utentes nos cuidados de assistência médica, a prevenção de recaídas e a gestão dos actos de vigilância nos cuidados médicos. Em todos, o São Januário teve a classificação de nível quatro que corresponde a uma “realização extensiva”, disse Alexis Tam. De acordo com o secretário, as avaliações mais positivas dadas pelo ACHS registaram-se nas acções para a redução de listas de espera. A causa, afirmou, foi a “criação de consultas externas nocturnas”. À acção juntou-se o alargamento da divulgação de informação médica à comunidade, e a criação dos centros de avaliação conjunta pediátrica e de avaliação e tratamento da demência. John Smith, presidente da ACHS, recordou o processo de avaliação que teve lugar em Outubro de 2016, em que foi identificado “um alto desempenho por parte do CHCSJ”. O responsável foi mais longe e sublinhou a qualidade dos serviços de informação que a entidade tem disponíveis, “o forte compromisso para com
TIAGO ALCÂNTARA
SOCIEDADE
a participação da comunidade e a minimização de recaídas”. A ACHS já existe há mais de 40 anos e é acreditada pela International Society for Health Care (ISQua) desde 1997. Actualmente, opera em cerca de 20 países e tem, como membros, mais de 1600 instituições hospitalares e dedicadas aos cuidados de saúde.
MELHORAS DE MILHÕES
O CHCSJ conta também com novos equipamentos e estruturas de vanguarda na área da imagiologia. Em visita guiada, o director do centro hospitalar, Kuok Cheong U, fez questão de mostrar a convidados e jornalistas as novas aquisições.
Em todos os critérios de avaliação, o São Januário teve a classificação de nível quatro, que corresponde a uma “realização extensiva”
CLASSIFICAÇÃO QUANTO ANTES
A
lexis Tam quer que os procedimentos de avaliação para a classificação dos estaleiros de Lai Chi Vun possam estar concluídos antes do período de um ano previsto por lei. “Vou dar ordens ao Instituto Cultural (IC) para que o procedimento de classificação possa ser acelerado”, disse ontem, à margem da cerimónia de acreditação do São Januário. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura esclareceu que o IC irá trabalhar com a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água e com as Obras Públicas, sendo que, por ora, estão suspensas as obras de demolição. Já há trabalho agendado a partir de Abril. “Vamos ter uma reunião com o Conselho do Património Cultural para ouvir as opiniões dos profissionais”, explicou. No entanto, Alexis Tam não deixou de ressalvar que uma futura classificação está dependente do processo de avaliação. Quanto ao futuro, caso os estaleiros sejam classificados como património cultural, o secretário já tem uma ideia. “É o maior conjunto deste tipo de instalações do sul da China e podemos requalificar o local, transformando-o numa zona de turismo e lazer, e oferecer aquela zona aos residentes.”
O hospital tem agora um novo aparelho de rastreamento de cancro da mama. A ideia é, afirmou, conseguir diagnósticos cada vez mais precisos e com maior antecedência, de forma a permitir intervenções precoces. Ainda na mesma área está em funcionamento uma sala para operações híbridas, ou seja, evasivas e não evasivas e que podem ser assistidas numa outra sala, criada para o efeito, por outros especialistas. No total, o Governo investiu mais de 37 milhões de patacas: a sala de angiografia teve um custo de 33 milhões de patacas e o equipamento de rastreio de cancro mamário envolveu 4,4 milhões. Sofia Margarida Mota
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7 hoje macau quinta-feira 30.3.2017
O
assistente do empresário de Macau Ng Lap Seng, Jeff Yin, está em negociações com a justiça norte-americana, anunciou ontem a sua advogada. De acordo com a agência Reuters, as negociações para transacção de culpa, que envolvem Yin e a acusação, foram dadas a conhecer numa carta apresentada pela defensora do assistente junto do Tribunal Federal de Manhattan, onde está a correr o caso. Ng Lap Seng e o assistente Jeff Yin foram detidos em 2015, acusados de envolvimento num caso de corrupção que tinha como figura central o antigo presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas John Ashe, que morreu em Junho de 2016, enquanto aguardava julgamento. A acusação diz que o empresário de Macau subornou o diplomata em mais de 500 mil dólares, para que, entre outros aspectos, Ashe o apoiasse na construção de um centro de convenções em Macau. A advogada de Yin, Sabrina Shroff, está a tentar adiar os prazos determinados pelo tribunal de modo a que o seu cliente, de 31 anos, possa considerar a proposta feita pela acusação, PUB
Talvez salvar a pele Assistente de Ng Lap Seng em negociações com a acusação
As negociações para transacção de culpa surgem numa altura em que já começou a contagem decrescente para o julgamento, marcado para 15 de Maio
que é “complexa” e envolve “imposições e responsabilidade civil”. As negociações para transacção de culpa surgem numa altura em que já começou a contagem decrescente para o julgamento, marcado para 15 de Maio. Ng Lap Seng e Jeff Yin arriscam “uma pena de prisão substancial”, qualifica a Reuters. Não se sabe quais são os crimes que Yin terá de admitir nesta proposta de transacção de culpa, caso aceite a oferta que lhe está a ser feita. É acusado de corrupção passiva, branqueamento de capitais e crimes fiscais relacionados, sendo que responde ainda por ter violado a legislação norte-americana aplicável à corrupção no estrangeiro. Ng Lap Seng, fundador da empresa de imobiliário Sun Kian Ip Group, com sede em Macau, negou os crimes que lhe são imputados. Um dos advogados do empresário recusou tecer comentários sobre o processo de negociações de Jeff Yin.
SOCIEDADE
JUSTIÇA MP DIZ QUE DONO DA POLYTEC BENEFICIOU HO CHIO MENG
O Ministério Público (MP) jogou ontem uma nova carta no julgamento do antigo procurador da RAEM, no dia em que foi retomada a audiência no Tribunal de Última Instância. De acordo com a Rádio Macau, a acusação diz que Or Wai Shuen, proprietário da Polytec, beneficiou a mulher de Ho Chio Meng. Em causa está a compra de um apartamento no Villa de Mer, na Areia Preta, vendido em 2009 a um dos empresários arguidos no processo conexo ao do ex-procurador. A fracção terá sido transaccionada com um desconto de dois milhões de dólares de Hong Kong e acabou por ser transferida para a mulher de Ho, também ela arguida. Ainda segundo a emissora, Ho Chio Meng explicou que a casa era para o pai, tendo admitido que foi a mulher quem fez a aquisição por não quer o seu nome envolvido. O caso envolve recibos sobre o dinheiro que não chegou a ser pago e que terá sido depositado na conta da empresa pelo próprio Or Wai Shuen. O MP acusa a companhia de ter falsificado documentos e de os ter escondido do Comissariado contra a Corrupção.
O HM ERROU Na edição desta terça-feira, na notícia referente ao Corpo de Bombeiros (CB), com o título “Mangueiras a postos”, o nome do comandante do CB não está correcto. Onde se lê Ma Io Weng, deve ler-se Leong Iok Sam. Aos visados e aos leitores, as nossas desculpas.
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hoje macau quinta-feira 30.3.2017
Governo da Região Administrativa Especial de Macau Direcção dos Serviços de Finanças
Edital Considerando a impossibilidade de notificar por ofício os interessados, notifica-se pelo presente edital, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo DecretoLei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, as seguintes pessoas colectivas de utilidade pública administrativa que devem apresentar junto da DSF os relatórios anuais e contas dos exercícios findos de 2011 a 2015, nos termos da alínea a) do artigo 11.º da Lei n.º 11/96/M, de 12 de Agosto, no prazo de 60 dias, contados da data de emissão deste edital. PESSOAS COLECTIVAS DE UTILIDADE PÚBLICA ADMINISTRATIVA (NOME EM CHINÊS)
PESSOAS COLECTIVAS DE UTILIDADE PÚBLICA ADMINISTRATIVA (NOME EM PORTUGUÊS)
1.
澳門葡國童軍會
GRUPO DE ESCUTEIROS LUSÓFONOS DE MACAU
2.
澳門新一代協進會
ASSOCIAÇÃO DA NOVA GERAÇÃO DE MACAU
3.
觀音堂/普濟禪院
ASSOCIAÇÃO DE PIEDADE E DE BENEFICIÊNCIA POU CHAI SIM IUN OU KUN IAM TONG
4.
澳門青賢社
ASSOCIAÇÃO VIDA POSITIVA
5.
澳門協青青年會
GRUPO BRAVEZA DE MACAU (EM ABREVIATURA: B.G.M.)
6.
澳門輔助救傷會
ASSOCIAÇÃO DE SOCORRISTAS VOLUNTÁRIOS DE MACAU
Para mais informações, os interessados podem, durante as horas de expediente, contactar os funcionários, Sra. Ung e Sra. Lai, desta Direcção, através do telefone n.º 85990508/85990507. Aos 30 de Março de 2017. O Director dos Serviços Iong Kong Leong
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SOCIEDADE
Negócios RECEITAS DA MACAU LEGEND SUBIRAM 2,5 POR CENTO
Mais no jogo, menos no resto O dinheiro arrecadado pela empresa de David Chow em actividades fora dos casinos sofreu uma quebra no ano passado. O jogo acabou por equilibrar as contas. O empresário mostra-se confiante em relação a 2017. De Portugal, ainda não há novidades
O
grupo Macau Legend anunciou receitas no valor de 1471,5 milhões de dólares de Hong Kong em 2016, mais 2,5 por cento que no ano anterior. De acordo com um comunicado divulgado na noite de terça-feira, o grupo indicou que as receitas de jogo subiram 6,1 por cento para 952,4 milhões de dólares de Hong Kong. As receitas do segmento não-jogo desceram 3,7 por cento para 519 milhões de dólares de Hong Kong. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 215,6 milhões de dólares de Hong Kong, menos 19,7 por cento em termos anuais. O Macau Legend opera três casinos em Macau sob a bandeira da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). Um dos casinos abriu este ano e não conta para as contas de 2016. Na mesma nota, a empresa de David Chow informou que o projecto em Portugal, de requalificação da frente ribeirinha de Setúbal, “aguarda o preenchimento de certas pré-condições”. A empresa assinou um memorando de entendimento com a Câmara de Setúbal, mas, em Dezembro, o Ministério do Mar português afirmou desconhecer o acordo e sublinhou não estar em curso qualquer transferência de terrenos nesse sentido.
OPTIMISMO EM CURSO
Em relação ao resort integrado, com jogo, em Cabo Verde, a Macau Legend informou que as obras já começaram. O resort “vai ser desenvolvido em duas fases, e o hotel, casino e
David Chow
edifício de escritórios devem estar terminados nos próximos dois anos”, indicou o comunicado. “Continuamos muito confiantes no nosso projecto em Cabo Verde e somos encorajados pelo contínuo aumento da chegada de turistas, bem como os novos projectos de resorts e instalações que estão a ser introduzidas no mercado”, afirmou Chow. A 1 de Setembro de 2016, o grupo Macau Legend adquiriu a gestão e operação de um casino-resort no Laos, o Savan Vegas Hotel and Entertainment Complex, que tem 90 mesas de jogo, 466 slots e 472 quartos de hotel. Os trabalhos de renovação e expansão devem começar no próximo mês, indica o comunicado. Sobre Macau, Chow disse que “apesar do fraco início em 2016, as condições do mercado
(…) parecem ter estabilizado e estamos a ver melhorias recentes tanto no mercado de massas como no VIP”. A 27 de Fevereiro, a Macau Legend inaugurou o hotel-casino Palace Hotel, o segundo projecto aberto nos últimos dois anos na Doca dos Pescadores, com cerca de 70 mesas de jogo, incluindo 15 novas concedidas pelo Governo. “Estamos optimistas sobre o que resta de 2017, à medida que a economia da China estabiliza, as infra-estruturas que ligam Macau à região melhoram e atracções turísticas não-jogo são adicionadas ao mercado”, afirmou David Chow. A empresa completou o design do quarto hotel na zona da Doca dos Pescadores e espera começar as obras em meados de 2018.
AMBIENTE LIXO NA CHINA EM 2019
CEM LUCRO DE 746 MILHÕES DE PATACAS
O
R
aterro na província de Guangdong destinado aos resíduos das construções de Macau deverá entrar em funcionamento em 2019. A data é avançada pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), em resposta ao deputado Si Ka Lon, que interpelou o Governo sobre a matéria. Na missiva enviada em Janeiro, Si Ka Lon recordava que, com o contínuo crescimento populacional e as muitas obras de grande dimensão espalhadas pelo território, aumentou significativamente o volume de lixo doméstico e de resíduos resultantes das construções. Fazendo também referência ao mais recente incêndio no aterro sanitário, “uma situação que deixou a população preocupada”, o deputado pedia pormenores sobre o plano de cooperação com
a província de Guangdong anunciado em 2014, projecto este que continua por concretizar. Na réplica, a DSPA explica que o Conselho de Estado deu permissão ao Governo da RAEM para tratar dos resíduos resultantes da construção civil através da cooperação regional, explicando que, neste momento, a Administração está a discutir com as autoridades do Continente a forma como executar e gerir o projecto. Falta ainda decidir o local concreto de Guangdong para onde vão ser enviados os resíduos produzidos em Macau. A DSPA diz ainda que, com os trabalhos legislativos que estão a ser feitos em relação aos resíduos de construção, o Governo espera que a quantidade de lixo produzida durante as obras seja reduzida. V.N./ I.C.
EALIZOU-SE ontem a assembleia-geral da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), que serviu para aprovar as declarações financeiras e o relatório anual da concessionária, relativos ao ano de 2016. A empresa fechou o ano com lucros líquidos na ordem dos 746 milhões de patacas, tendo sido investidos mais de 660 milhões de patacas em “infra-estruturas essenciais e activos importantes”, aponta o comunicado ontem divulgado. O objectivo desses investimentos é “apoiar o ritmo de desenvolvimento da RAEM e responder sempre à crescente procura de energia”. Os projectos de infra-estruturas visam “melhorar a capacidade de transmissão e distribuição da rede energética, e melhorar a segurança do fornecimento de energia”.
No ano passado, o consumo de energia aumentou 5,8 por cento face a 2015, sendo que a electricidade importada da China aumentou 6,2 por cento, perfazendo 81,9 por cento de toda a energia consumida no território. Em Março, foi reiniciado o fornecimento de gás natural na central de Coloane B, esperando a CEM “um aumento expectável na proporção de energia produzida localmente”. Para este ano, a concessionária pretende focar-se em “três áreas principais para o desenvolvimento do negócio”, onde se incluem reuniões com o Executivo sobre a “construção de novos geradores de turbina a gás de ciclo combinado”. Será ainda analisada a expansão da rede de postos de carregamento de veículos eléctricos nas diferentes zonas do território.
SEGURANÇA IACM COM MEDIDAS NOVAS PARA CARNE DO BRASIL
O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) irá ajustar os procedimentos de importação da carne brasileira, de forma a garantir a segurança dos consumidores. Empresas que não constem da lista sob investigação do Governo do Brasil, e que estejam em conformidade com os requisitos de segurança alimentar e inspecção sanitária, vão poder vender os seus produtos em Macau. O IACM tem mantido contacto com as autoridades brasileiras, continuando a proibição de importação de carne de 21 empresas que levantaram suspeitas de falta de higiene e condições sanitárias relativamente aos produtos que comercializam. O instituto garante que irá continuar a realizar inspecções sanitárias neste domínio. Caso se registe alguma situação suspeita, o IACM irá reter os produtos e não permitir a sua importação, de modo a garantir a segurança alimentar dos consumidores.
IMPOSTO PROFISSIONAL DEVOLUÇÕES VÃO COMEÇAR AMANHÃ
No cumprimento do programa de devolução do imposto profissional, o Executivo vai proceder à devolução de 60 por cento da colecta da referida taxação referente ao ano de 2015. A restituição irá até ao limite de 12 mil patacas e será entregue aos contribuintes do imposto profissional que reúnam os requisitos legais e sejam portadores de BIR. O montante total das devoluções é de cerca de 683 milhões de patacas. O número de beneficiários abrangidos este ano ronda os 144.200, o que representa um aumento de cerca de 13 mil contribuintes, em relação ao ano passado. A partir de amanhã começam as transferências bancárias para o universo de contribuintes que recebem através desta modalidade, o que corresponde a 78,4 por cento do universo de pessoas que beneficiam desta medida.
´ 10
Música MARCEL KHAL
EVENTOS
GUE
Películas do passado e do presente Cinemateca Paixão mostra filmes de Macau a partir do dia 14
É
já nos próximos dias 14 e 28 de Abril que a Cinemateca Paixão acolhe uma das suas primeiras iniciativas, no âmbito da nova gestão. O ciclo de filmes “Panorama do Cinema de Macau” vai mostrar o que já se filmou por cá no tempo da Administração portuguesa e o que se tem vindo a fazer desde 1999. Na visão dos gestores da Cinemateca Paixão, esta iniciativa visa “permitir aos cidadãos de Macau um melhor conhecimento do passado e do presente do cinema [local]”, sendo que serão transmitidos “filmes importantes, produzidos
antes e depois da transferência de soberania de Macau, assim como as mais recentes longas e curtas-metragens, filmes de animação e documentários com características especificamente locais”. O público poderá assistir, logo no dia 14, pelas 21h30, ao filme “Sisterhood”, de Tracy Choi, que venceu o prémio do público no Festival Internacional de Cinema de Macau. Nesse dia passa também “Ontem mais uma vez”, às 16h30. Além dos filmes, a Cinemateca Paixão vai também promover o seminário “Cinema de Macau, Presente e Futuro”, com entrada
SEMINÁRIO CONSTITUCIONALISMO EUROPEU EM FOCO
O Programa Académico da União Europeia para Macau organiza hoje um seminário sobre a génese e estruturas institucionais da União Europeia. O evento conduzido por Paulo Ferreira da Cunha, professor da Universidade do Porto, tem como título “Perspectivas constitucionais: Da Constituição Europeia ao Constitucionalismo Global”. Desde o início do projecto europeu, a questão de uma lei fundamental que unifique os Estados membros tem sido alvo de discórdia. O problema prende-se com a chegado ao federalismo europeu, enquanto se prossegue pela via da integração legislativa. Uma das questões levantadas será saber até que ponto o Tratado de Lisboa é um tratado constitucional. A palestra será dada em inglês, na Faculdade de Direito da Universidade de Macau, a partir das 15h.
Audiobook ditado pela Companhia Nacional de Música sendo que a primeira parte – Álvaro de Campos, Fernando Pessoa (Ortónimo), Ricardo Reis (4 odes), Alberto Caeiro (Três poemas de “O Guardador de Rebanhos”) – é recitada por João Villaret e a segunda – Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos; Alguns «Poemas Inconjuntos” – por Mário Viegas.
N
Há quem diga que é “o Bob Dylan do Médio Oriente”. O músico e compositor Marcel Khalife está em Macau a 17 de Junho. O libanês vai explicar no Centro Cultural de Macau porque é que deu a volta ao oud
PINTURA EXPOSIÇÕES PARA ABRIR O APETITE
A sala S2 da Galeria junto ao Lago Nam Van recebe a exposição “Puzzle City x Comer – Exposição Dupla de Bunny Lai e Julia Lam”, que será inaugurada no próximo sábado, às 12h. A mostra consiste numa colecção de pinturas a óleo das duas jovens artistas locais. Bunny Lai explora o tema da complexidade arquitectónica dos edifícios antigos de Macau, em confluência com a modernidade dos prédios mais recentes. A pintora inspira-se na forma como o tecido urbano reflecte os sinais distintivos das várias épocas que a cidade atravessa. Quanto às peças apresentadas por Julia Lam, o foco é a culinária macaense. A inspiração para esta colectânea de obras partiu das ilustrações que a artista fez para o livro de Cecília Jorge “Livro Ilustrado da Cozinha Macaense de Macau”. A exposição estará patente ao público até ao dia 7 de Maio.
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA FERNADO PESSOA POR JOÃO VILLARET E MÁRIO VIEGAS (AUDIOBOOK) • Fernando Pessoa
gratuita. As inscrições devem ser feitas até ao dia 10 de Abril através do email cinemathequepassion@ gmail.com. Na secção “Revisitar os clássicos” serão transmitidos os filmes “A Macau de Ah Ming”, dia 15 de Abril às 14h30, bem como o filme “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau”. Dia 16 de Abril, às 16h30, é dia de transmitir o filme “A Trança Feiticeira”, uma adaptação da obra do escritor macaense Henrique de Senna Fernandes. Serão ainda projectados filmes inseridos na “Série Histórias de Macau” e “Pegadas da Cidade”, bem como curtas-metragens recentemente produzidas. “Antes da transferência de administração para a República Popular da China, em 1999, um grupo de cinéfilos de Macau, juntamente com estudantes recém-formados que regressavam do estrangeiro, começara a realizar os seus próprios filmes independentes, sem grandes preocupações comerciais. Era este o protótipo dos filmes aqui realizados”, lê-se no folheto de promoção do evento. Após 2000, o panorama do cinema local mudou. “O Governo da RAEM começou a apoiar substancialmente o cinema local, tanto em termos de política cultural, como em termos de financiamento, levando um grupo cada vez mais alargado de pessoas a envolverem-se na realização de documentários, filmes de animação e curtas-metragens. Foi assim que as duas últimas décadas viram surgir todo um conjunto de cineastas talentosos”, escrevem os gestores da Cinemateca. A.S.S.
ÃO têm semelhanças na música, mas sim na forma como encaram a política. É por isso que, em certos circuitos, Marcel Khalife é equiparado a Bob Dylan, mas no contexto do Médio Oriente. A música que faz tem contornos políticos, porque canta a liberdade. A emissora NPR contextualiza: Khalife distinguiu-se por traduzir poesia em música. Durante anos, colaborou com o poeta palestiniano nacionalista Mahmoud Darwish. “Tudo começou quando acabei o conservatório de música em Beirute. A guerra civil tinha rebentado no Líbano. Eu queria mudar o mundo com a música”, contou Marcel Khalife à estação de rádio. A guerra civil deixou o músico cercado na sua terra natal, Amchit. “Não tinha nada na minha solidão, a não ser as colecções de poesia de Mahmoud Darwish”, recorda. “Disse para mim mesmo: tenho de fazer música com estes poemas. Desde então que a minha carreira musical tem estado ligada à poesia de Mahmoud Darwish.” Por altura da Primavera Árabe, a música de Marcel Khalife serviu de linguagem à revolução. À época, explicava que aquilo que estava a acontecer no mundo árabe era uma inevitabilidade, que “deveria ter acontecido há muito tempo”, por ser necessário “sair da estagnação”. Mas o compositor não alimentava
ARQUITECTURA CICLO DE SEMINÁRIOS NO ALBERGUE
A arquitectura continua na ordem do dia no Albergue SCM. Com a organização conjunta da Associação dos Arquitectos de Macau e da Associação dos Engenheiros de Macau, realizam-se três seminários conduzidos pelo Professor Andrea Vanossi, do Politecnico di Milano, nos dias 3, 5 e 6 de Abril. O local escolhido para acolher os eventos é o Hall D1 do Albergue SCM. No primeiro dia do ciclo, o seminário terá como tema a “Implementação do programa BIM no processo de construção”. A 5 de Abril, o tema abordado será “Estudos em design paramétrico e as suas aplicações no futuro”. No dia seguinte, e a encerrar o ciclo, acontece o seminário “Casos de estudo: As novas torres de Zaha Hadid e Daniel Libeskind em Milão”. As palestras começam todas às 19h. Os interessados podem inscrever-se até amanhã juntos das associações mencionadas, ou no Albergue SCM.
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1937 - O ATENTADO A SALAZAR • João Madeira
Esta é a extraordinária história, quase cinematográfica, do único atentado contra a vida de António de Oliveira Salazar, que o historiador João Madeira nos conta ao longo destas páginas. Por pura sorte, António de Oliveira Salazar escaparia sem um arranhão deste atentado. No final, enquanto uns lhe pediam repouso, mantendo a pose bem afivelada, sorriu e respondeu: «Como fiquei vivo terei de continuar a trabalhar». Reconstituindo factos, o livro segue a investigação policial que imediatamente foi montada com exames, inspeções, denúncias e teses contraditórias e se torna numa verdadeira caça ao homem. É preciso encontrar culpados, a todo o custo. E é então que surge o fantástico «grupo terrorista» do Alto do Pina.
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LIFE TOCA NO CENTRO CULTURAL DE MACAU
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ERRA, OUD, PAZ ilusões: “Nenhuma revolução no mundo tem resultados positivos de um dia para o outro”.
DA ERUDIÇÃO
Nascido em Junho de 1950, Marcel Khalife estudou oud, o alaúde árabe. Terminou o conservatório em 1971 e desde então que tem dado uma nova vida ao instrumento de corda, cuja origem remonta aos primeiros séculos da civilização árabe. Logo no início da carreira, deu aulas em conservatórios e universidades, mas cedo começou a levar a música do Médio Oriente a outras paragens, incluindo à Europa e aos Estados Unidos. Conhecido por ser um instrumentista exímio, consegue libertar-se das restrições que o oud impõe, dizem os críticos. Em 1972, Khalife cria um grupo em Amchit, com o objectivo de recuperar o património musical libanês. PUB
Quatro anos mais tarde, surge o Marcel Khalife’s Al Mayadine Ensemble e a carreira do compositor ganha projecção internacional. Tem um vasto currículo no que toca a participações em festivais internacionais, em todos os continentes. Da obra do músico libanês, destaque ainda para a composição de instrumentais que foram interpretados por várias orquestras e formações, tanto no Médio Oriente, como no Ocidente. A música que faz deu ainda origem a um novo tipo de dança dentro da cultura libanesa. Dedica-se também, há mais de 30 anos, à escrita de livros sobre música. Tem editados mais de 20 álbuns e DVDs. No comunicado enviado à imprensa, o Centro Cultural de Macau (CCM) destaca que a contribuição de Marcel Khalife para promover as artes e a cultura foi reconhecida através de diversos galardões, como o Prémio
EVENTOS
A guerra civil deixou o músico cercado na sua terra natal, Amchit. “Não tinha nada na minha solidão, a não ser as colecções de poesia de Mahmoud Darwish”, conta Marcel Khalife Palestina para a música em 1999, a designação de Artista para a Paz da UNESCO, em 2005, e o prémio da Academia Charles Cross, em 2007. A anteceder o concerto, o CCM organiza um tertúlia durante a qual “serão desvendados os mistérios do oud, um instrumento com uma tradição antiga”.Asessão é apenas em cantonês. Os bilhetes para o espectáculo são colocados à venda no próximo domingo. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
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hoje macau quinta-feira 30.3.2017
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 4/P/17 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 10 de Março de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Um Conjunto de Instrumentos Médicos de Cirurgia Geral aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 29 de Março de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 154,00 (cento e cinquenta e quatro patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 10/P/17
respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 15 de Maio de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 16 de Maio de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP198.000,00 (cento e noventa e oitenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 23 de Março de 2017. O Director dos Serviços Lei Chin Ion
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 11/P/17 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 10 de Março de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Um Sistema de Cirurgia Oftalmológica aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 29 de Março de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1.º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP40,00 (quarenta patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São
Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 10 de Março de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento, Substituição e Ensaio do Sistema de Ar Condicionado VRV ao Edifício da Clínica Psiquiátrica da Taipa dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 29 de Março de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1.º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP48,00 (quarenta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes devem estar presentes no Edifício da Clínica Psiquiátrica da Taipa, no dia 3 de Abril de 2017, às 10,00 horas para visita de estudo ao local da instalação dos equipamentos a que se destina o objecto deste concurso.
As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 4 de Maio de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 5 de Maio de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP360 000,00 (trezentas e sessenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 22 de Março de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 12/P/17
Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 28 de Abril de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 2 de Maio de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP23.000,00 (vinte e três mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 23 de Março de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 10 de Março de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de um Sistema de Raio-X Móvel (C-ARM) aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 29 de Março de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP41,00 (quarenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São
Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 2 de Maio de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 4 de Maio de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP60.000,00 (sessenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 23 de Março de 2017. O Director dos Serviços Lei Chin Ion
13 hoje macau quinta-feira 30.3.2017
O
ministro da Economia português, Manuel Caldeira Cabral, quer atrair investimento chinês para o sector produtivo em Portugal, depois de a China ter comprado nos últimos anos importantes activos portugueses. “Neste momento, estamos a realçar as oportunidades que existem de atrair investimento na área produtiva, que complemente o investimento das empresas chinesas em activos”, afirmou em Pequim Caldeira Cabral. A China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca. O ministro português defende que o objectivo agora é que os chineses “venham produzir para dentro da Europa a partir de Portugal”. “Portugal é hoje um país que se afirma também pelo conhecimento, diferenciação da sua produção, qualidade da sua indústria e posição estratégica, que é uma vantagem e uma boa porta de entrada para as empresas chinesas no mercado europeu”, disse. Manuel Caldeira Cabral participou na China no Fórum Asiático BOAO, conhecido como ‘Davos asiático’, na província de Hainan, extremo sul do país. O evento, que reuniu empresários, investidores, empresas e organizações internacionais, teve nesta edição como tema “Globalização e livre-comércio na perspectiva asiática”, e contou
MINISTRO DA ECONOMIA PORTUGUÊS QUER CHINA A INVESTIR NO SECTOR PRODUTIVO
Ponha aqui o seu pézinho
empresas europeias e estrangeiras que estão na China como empresas nacionais”.
VALOR ESTRATÉGICO
com a presença de 80 ministros de vários países.
CONTRA O PROTECCIONISMO
Numa altura em que as tendências populistas se alastram por vários países ocidentais, o fórum serviu para reforçar a nova postura pró-globalização adoptada por Pequim. “O tema foi a globalização e eu penso que foi no sentido de seguir a intervenção do Presidente da China [Xi Jinping] no [Fórum Económico Mundial de] Davos, uma intervenção muito forte a favor da globalização”, explicou o ministro português.
“A mensagem que levei de Portugal é que é um país que está aberto ao comércio, quer estar envolvido no comércio internacional e não acredita neste novo proteccionismo”, revelou. A retórica pró-globalização dos líderes chineses parece contrastar com as suas políticas internas, que continuam a impedir as empresas estrangeiras de participar em vários sectores do mercado chinês ou a forçá-las a fazer parcerias com empresas locais e transferir tecnologia chave. Caldeira Cabral diz, no entanto, que presenciou em BOAO o “empenho das autoridades
chinesas em abrir o mercado em áreas-chave como, por exemplo, a área das compras públicas, em que querem, cada vez mais, tratar as
O ministro português defende que o objectivo agora é que os chineses “venham produzir para dentro da Europa a partir de Portugal”
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MERCEDES E VOLKSWAGEN CHAMAM À REVISÃO UM MILHÃO DE VEÍCULOS
O
S fabricantes de automóveis alemães Mercedes Benz e Volkswagen vão chamar à revisão quase um milhão de veículos na China, informou ontem a Administração-Geral de Supervisão da Qualidade, Inspecção e Quarentena do país. A Mercedes vai chamar quase 400 mil veículos de diferentes modelos, produzidos entre Maio de 2015 e Fevereiro de 2017, devido à preocupação de que partes do circuito de ignição possam sobreaquecer sob condições extremas, detalharam as autoridades. Num comunicado separado, a Volkswagen disse que vai chamar à revisão mais de 572 mil veículos no país asiático, devido a potenciais problemas causados por derrames a partir do tejadilho. No início do mês, a Volkswagen revelou que iria chamar à revisão quase 680.000 carros da marca Audi na China, devido a defeitos
CHINA
EDITAL Notificação relativa à audiência sobre reparação de prédio em mau estado de conservação Edital n.º : 10/E-AR/2017 Processo n.º : 1/AR/2013/F Local : Rua dos Hortelãos n.ºs 33-121, Avenida da Longevidade n.ºs 479-531, Praça das Portas do Cerco n.º 322, Edf. Jardins San Pou, Macau.
na bomba de refrigeração, que poderiam resultar num incêndio no motor. Em Janeiro, a Volkswagen chamou à revisão mais de 342 mil carros nos Estados Unidos devido ao mesmo problema. Desde 2015 que a empresa tem estado sob supervisão, devido ao escândalo de instalação de um ‘software’ em 11 milhões de carros para manipular os testes de emissões poluentes dos veículos.
Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, faz saber que ficam notificados os condóminos do prédio acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, os elementos de construção (paredes exteriores, arcada do rés-do-chão e 1.º piso do parque de estacionamento) do eixo A-H/1-2 da área do prédio acima indicado ficaram queimados e danificados devido a um incêndio de motociclos, pelo que, nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do DecretoLei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, ficam os interessados notificados da audiência relativa à sua reparação. No uso das competências delegadas pela alínea 12) do n.º 2 do Despacho n.º 11/SOTDIR/2016, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 21, II Série, de 25 de Maio de 2016, o Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT, Lai Weng Leong, homologou o Auto de Vistoria acima indicado através de despacho de 23 de Março de 2017. Notificam-se os interessados que no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir da data da publicação do presente edital, devem dar cumprimento à ordem emanada no Auto de Vistoria, ou apresentar no mesmo prazo, conforme o disposto no artigo 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, as alegações escritas relativas à decisão de reparação do prédio acima indicado, podendo requerer diligências complementares acompanhadas de documentos. Se findo o prazo acima referido os interessados não derem cumprimento à respectiva ordem nem apresentarem quaisquer alegações escritas, tal não afecta a decisão tomada por esta Direcção de Serviços. Além disso, caso necessário, esta Direcção de Serviços aplicará aos infractores a multa estabelecida nos artigos 66.º e 67.º do citado diploma legal. Os interessados podem consultar o processo durante as horas normais de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau. RAEM, 23 de Março
de 2017
O Director dos Serviços Li Canfeng
A nova visão global de Pequim ganha forma através da iniciativa Nova Rota da Seda, um gigante plano de infra-estruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático. Segundo as autoridades chinesas, aquela iniciativa vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas, cerca de 60% da população mundial. Durante a visita que fez à China, em Outubro passado, o primeiro-ministro português, António Costa, destacou a importância estratégica do porto de Sines, apelando à inclusão deste na Nova Rota da Seda. Caldeira Cabral admitiu que “há um interesse muito grande do Governo chinês e das empresas chinesas pela posição estratégica que Sines tem, sendo o porto mais próximo do Pacífico, devido à rota que passa pelo canal do Panamá”. “O que realçamos aqui é que Portugal, com todos os seus portos, e em especial o porto de Sines, pode ser a porta de entrada da China para a Europa”, concluiu.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Duelo de gigantes
A
propósito, além de Fitzgerald, Hemingway privou com Ezra Pound (1885 – 1972), e Gertrude Stein (1874 – 1940), sendo um dos membros da comunidade de escritores expatriados em Paris conhecida como “geração perdida”, nome inventado e popularizado por Gertrude Stein. Entre todos talvez tenha sido Gertrude Stein, que, pelo seu estilo, mais tenha influenciado o escritor Hemingway. Há um facto que me intriga e deixo aqui à discussão. Estou a pensar na hiperbólica fama de Hemingway. Ele é provavelmente o escritor oriundo dos Estados Unidos, mais popular e mais conhecido. É um verdadeiro fenómeno mediático à escala internacional com simpatias em todos os continentes. Foi um grande escritor, sem dúvida, mas quer pelo volume da obra ou pela sua qualidade, terá sido superior a Twain, muito mais antigo, mas também Faulkner, Fitzgerald, Steinbeck, Salinger que são autores da mesma época, com excepção de Salinger que é um pouco posterior e havendo ainda Melville, Burroughs, Bellow, todos em épocas diferentes mas igualmente icónicos para as suas épocas. E se pretendermos explorar o tema da vida aventureira a questão é a mesma não faltam na literatura americana vidas exemplares desse ponto de vista. Mas reconheço que nesse plano Heminngway seja insuperável sobretudo pela imensa variedade de lugares, paixões e não me refiro apenas às paixões amorosas, actividades etc. Dever-se-á ao facto de ter desenvolvido uma técnica narrativa muito enxuta, quase cinematográfica, “onde as personagens se movem em quadros e os detalhes mais pormenorizados se
ERNEST MILLER HEMINGWAY nasceu em Oak Park no dia 21 de Julho de 1899 e suicidou-se com uma espingarda de caça em Ketchum no dia 2 de Julho de 1961, depois de uma vida das mais acidentadas, variadas e aventureiras da História da Literatura. Casou quatro vezes, tendo filhos de pelo menos duas mulheres, teve amantes e não parou muito tempo em lugar nenhum embora houvesse lugares aos quais regressava religiosamente como Cuba e Espanha. Trabalhou como correspondente de guerra em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), tomando deliberadamente partido pelos republicanos e dessa experiência inspirou-se para escrever o clássico, entretanto logo passado ao cinema, Por Quem os Sinos
Dobram, com Ingrid Bergman e Gary Cooper. No fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), instalou-se em Cuba. Poucos anos antes do suicídio, escreveu O Velho e o Mar que é segundo alguns critérios a sua obra prima. Com ela ganhou o Prémio Pulitzer de Ficção, em 1953 e o Prémio Nobel da Literatura em 1954. Há muitos elementos da sua obra que remetem para uma dimensão autobiográfica, Espanha, Paris, Cuba, a Guerra Civil, a Primeira Guerra Mundial, etc. Em Itália durante a Primeira Guerra Mundial, onde serviu como motorista de ambulância na Cruz Vermelha, apaixonou-se pela enfermeira Agnes Von Kurowsky, que viria a ser sua inspiração para a criação da heroína de Adeus às Armas de 1929, a inglesa Catherine
Barkley. O seu segundo casamento em 1927 foi com a jornalista de moda Pauline Pfeiffer, com quem viria a ter dois filhos, mas as outras paixões da vida, os touros, a caça e a pesca levavam-no para longe dos lares que ia construindo e na época em que ainda vivia com Pauline, apaixonou-se, em Cuba, por Jane Mason, que era casada com o director de operações da Pan American Airways. Hemingway e Jane tornaram-se amantes. Porém em 1936, apaixonou-se de novo, desta vez, pela jornalista Martha Gellhorn, e esta nova paixão conduziu-o ao seu segundo divórcio. Com tantos casamentos, divórcios e paixões Hemingway confirmava a previsão que lhe fez Scott Fitgerald, de que iria precisar de uma mulher para cada livro.
evidenciam apenas na estrutura da narração”? Penso que o segredo estará na intersecção de tudo isto. Escolhi escrever sobre O Velho e o Mar, para começar a escrever sobre Hemingway. Tinha lido alguns contos, bons, e o Adeus às Armas que não me entusiasmou por aí além. Como procuro sempre uma razão, ou mais, para o entusiasmo ou para a decepção, pequena ou grande, provavelmente terei que admitir que tendo o Adeus às Armas (1929) sido mais ou memos contemporâneo do Viagem ao Fim da Noite de Céline (1932) e tendo eu gostado incomparavelmente mais de Céline, que achei mais moderno e literariamente mais poderoso, do ponto de vista narrativo, mas também, no plano semântico e da modernidade. O Viagem ao Fim da Noite é um romance de vanguarda para a sua época, modelo tal como o autor, não só por este romance mas pelo conjunto da obra, para a Beat Generation, que contudo não produziu nenhum escritor da grandeza de Céline. Mais tarde com a Morte a Crédito Céline afirma-se como um escritor muito à frente do seu tempo. Um génio, portanto, que nem a atoarda de Sartre querendo fazer crer que ele teria colaborado com Hitler, o que é mentira, ofuscou a grandeza e carácter inovador da sua obra. Nada disto descobri em Hemingway, quando li o Adeus às Armas. Mas adiante. Regressemos ao Velho e o Mar e façam-se as perguntas certas, para ver o que é que o pequeno texto tem para nos dizer. Porém começo pela história, antes de mais. A personagem principal são duas, um peixe, um grande peixe parece um espadarte, isso sem dúvida e Santiago, velho pescador cubano de à volta de 80 anos que não consegue pescar nada há 85 dias. Será da velhice, o seu amigo e grande admirador, o jovem rapaz Manolim, diz-lhe que não. Diz-lhe que não e irá mantê-lo mesmo quando as coisas se complicarem ainda mais, tal é o seu respeito, admiração e amor pelo velho. E sobretudo fé nas suas qualidade e na sua experiência. Lá mais para o fim da história fará mesmo menção de passar a pescar com o velho, pois este é simplesmente o melhor. Se não é a idade então o que é. Para o rapaz e sobretudo para o velho, de antes quebrar que torcer, só pode ser o azar ou a falta de sorte como se preferir. O velho não é apenas velho, é doente de
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fichas de leitura
mazelas várias, o que não é nada anormal, o próprio Hemingway, na época em que escreve O Velho e o Mar é já hipertenso, diabético e sofre de depressão e hemocromatose, sendo que esta é que é a grande responsável pelo resto de toda a morbidez. Hemingway, sabe o que é a dor e o sofrimento, o enfraquecimento e o desalento que a doença pode provocar. Mas mesmo assim, com o seu cancro de pele e as tonturas, o velho lobo do mar luta contra a sua sorte e num desses dias de ir ao mar dá-se o que se pode considerar o encontro de uma vida, assim o narra o velho, o encontro com aquele espadarte de mais de cinco metros e de pelo menos 700 quilos. Vai ser uma luta sem quartel, uma luta que só não é olhos nos olhos, face a face, frente a frente por causa do elemento mediador, o mar e a sua profundidade, embora a espaços os seus olhos se tenham cruzado com um misto de espanto, de temor e de respeito. É uma luta de gigantes, dignos um do outro, esta, entre um belo exemplar da dignidade da natureza e um bom exemplar da humanidade. É uma luta sem quartel e sem direito a compaixão, mas as apóstrofes que o lobo (humano) dirige ao peixe são comoventes e de uma altíssima humanidade, mas ainda assim, sem compaixão. É uma luta de vida ou de morte e que ganhe o melhor. Num certo momento o peixe, que arrasta o pescador e o barco para o alto mar e para uma profundidade calculada, vem à superfície e de um salto fixa com o olhar o seu predador. Tudo parece conduzir a uma espécie de consciência animal instintiva, homóloga da humana consciência intelectual e raciocinante. É tudo isto que o velho narra as mais das vezes num solilóquio monótono mas para o leitor arrebatador. A partir da página 39, se não me engano, o romance, se assim lhe posso chamar, pois me parece sobretudo um conto, torna-se imparável e foi o que me aconteceu, só parei sessenta páginas depois quando Hemingway deu por terminada a história. Se a luta entre o pescador e o peixe, as suposições mútuas, as suspeitas por reenvio sistemático, como se fossem lógicas na medida em que o pescador se aproxima do peixe e faz o peixe aproximar-se do pescador, um naturaliza-se e o outro humaniza-se, só assim a luta se tornou numa luta entre iguais, em respeito, em amor quase, mas sem contemplações, sem compaixão, repito, uma luta até ao fim. Ou o homem acaba por matar o peixe como é sua vontade e seu destino, ou o peixe acaba por destruir o homem, porém dirá o autor, sem o vencer, pois um homem pode ser destruído, mas jamais
Hemingway, Ernest, O Velho e o Mar, Livros do Brasil, Lisboa, 2011 Descritores: Literatura Norte Americana, Tradução e Prefácio de Jorge de Sena, Ilustrações de Bernardo Marques Cota: 82-31 Hem vencido. “Esta é a história de um homem que convive com a solidão, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e a inabalável confiança na vida”. É bem verdade que “A história de Hemingway representa a luta que o homem trava para a sua sobrevivência e os aspectos que influenciam essa luta como a experiência, a persistência, a confiança, a amizade e também a sorte”. Mas não é menos verdade que o peixe luta pela sua mesma sobrevivência e mais radical ainda pois é contra a morte que luta e também ele conta com a sua experiência, persistência e ainda sorte. O peixe não saberá o que isso é, mas tudo está cegamente amalgamado no seu instinto vital. De qualquer forma apesar da ligeira superioridade instrumental do velho, se atendermos ao meio em que o combate se trava, favorável ao peixe, podemos dizer que se trata de uma luta justa e digna. A narrativa exacerba a resistência tenaz que o peixe oferece e as dificuldades físicas do velho, para equilibrar os pratos da balança. Na parte final, depois de ter vencido o peixe e o ter amarrado ao dorso do seu barco, o velho pescador vai ter de se haver com um predador sem escrúpulos, os tubarões que se vão revezando até não ficar do peixe senão a sua carcaça. É com um esqueleto que Salvador chega completamente extenuado à praia e finalmente à enxerga da sua cabana. A luta final desesperada e condenada à derrota é uma luta desigual e inglória. Os únicos momentos de catarse moral acontecem quando Salvador defendendo com galhardia e heroísmo a sua presa consegue matar alguns tubarões, usando para tal todos os seus recursos, embora nós pressintamos desde o início qual seria o desenlace, que em última análise também acaba por ser justo. Fiel ao pessimismo de Hemingway, que Jorge de Sena procura atenuar, senão mesmo negar no prefácio, e que a mim me parece iniludível até por que são várias as metonímias e parábolas confirmativas do seu pessimismo etológico, ao longo do texto: as andorinhas do mar, os ouriços marinhos, as tartaru-
gas, os peixes voadores e os respectivos assassinos, os falcões sobretudo, mas todos, pois no mar todos podem ser algozes e vítimas. Ninguém está a salvo. E pergunto eu e no seio da humanidade alguém estará a salvo no meio de predadores ainda mais sofisticados!? Mas no mar, não há ética, nem moral que possam salvar. A própria ética e moral plasmada na luta titânica entre o pescador e o peixe, é uma moral e uma ética à superfície e válida no plano das regras formais de um certo cavalheirismo, pois algures numa zona mais profunda e mais irracional e é aí que mergulha a vida e os seus poderes básicos e primários, todos os princípios soçobram, mesmo, infelizmente, os humanos entre os homens. Para voltar a Céline é evidente que o pessimismo em Hemingway não é tão truculento, radical, cínico e desapiedado como no autor francês, nem tão metaforicamente cruel como por exemplo em Tennesse Williams, no texto Bruscamente no Verão passado, mas é uma forma de pessimismo, ainda assim. Do ponto de vista do estilo, o de Hemingway, tornou-se paradigmático. O autor usa um estilo directo, sem
Manuel Afonso Costa
quaisquer artifícios literários, quase pobre nos seus recursos, mais aparentemente pobre do que realmente pobre. Hemingway tinha a escola jornalística, que há que reconhecer, foi muito útil para domesticar os excessos do fluxo de consciência. Alguém definiu Hemingway como sendo o animal falante, pejorativamente, no sentido de caracterizar alguém que usa uma narrativa quase infantil. Mas o famoso crítico literário Cyril Connoly afirmou a propósito deste texto : “Leia o livro O Velho e o Mar imediatamente. Após alguns dias, leia-o novamente e irá verificar que nenhuma página desta bela obra-prima poderia ter sido escrita melhor ou de forma diferente”. Melhor elogio não se pode fazer. E este é o estilo de Hemingway, aquele que o imortalizou, sobretudo nos contos de A Capital do Mundo, de 1936. A história vive de si mesmo, o narrador não acrescenta nada da sua lavra e diz portanto o que as cenas exigem para ficarem objectivamente bem descritas. As caracterizações das personagens são sumárias, os enredos explícitos e intuídos desde o início. Não é de suspense artificial e grandes surpresas que vive a intriga e contudo a narrativa agarra-nos. Que mais se pode dizer. E neste conto a receita é a mesma: O mar e a sua fauna vivem esplendorosamente (…) “Mas vivem sem a mínima poetização panteísta, sem a mínima deliquescência antropomórfica”. Alguns escritores, alguns narradores, procuram deixar nas suas obras a marca do seu virtuosismo, poético e literário, Hemingway pretende esconder-se por detrás da história que se vai desenvolvendo quase por si através de um descritivismo objectivo. Hemingway dissimula-se e ninguém dá por ele. Não há digressões psicológicas, culturais ou intelectuais, análises complexas, pelo contrário poderíamos até condenar a assunção por vezes de uma total insignificância. Hemingway mostra o que está a acontecer sem procurar narrar como se a narrativa correspondesse a uma metalinguagem ou explicação de segundo grau. Ou se gosta ou não se gosta. “A abolição do melodrama exprime-se no olhar despojado do narrador e na exiguidade da acção”. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.
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diários de próspero
António Cabrita
Almas tenras 23/03/2017 Diz Solzhenitsyn sobre um amigo, nos diálogos que teve com o cineasta Alexander Sokurov (https://www.youtube. com/watch?v=U-9i5rQ-7ds&t=1727s), em 1998: “Ele tem uma alma tenra, amável e pura”. O primeiro adjectivo faz-me imaginar que, na cadeia dos seres, as almas variam de consistência, desde as cremosas como leite-creme às duras como o aço. Já conheci almas de puro minério, tipos ruins e ufanos disso. Em África conheci o mal. Simples acaso, tive sorte na Europa e lá se camuflará mais o que aqui será exposto? É irrelevante, lidei aqui com o problema, desde situações de ostracismo a cenas de extrema crueldade que, tanto pessoal como profissionalmente, vivi ou presenciei. Ter resistido ao cinismo que quer infiltrar, espesso, a personalidade por causa do inusitado que nestas regiões se enfrenta foi claramente uma das provações da minha vida. Ora, o fabuloso destas conversas com o autor de o Arquipélago de Gulag é perceber que quando fala do amigo no fundo fala de si. Metem-no no Gulag durante anos (num dos dias trabalhou a -35 graus) e o homem toca harpa. Confiscam-lhe os seus cinco diários de guerra e o homem toca harpa. Interrogam-no, torturam-no, por mesquinhez e maldade, censuram-lhe os livros, o homem toca harpa. Obrigam-no a viver uma miséria vexatória. Consegue que os seus manuscritos saiam clandestinamente do país e uns anos depois ganha o Prémio Nobel. Nem lhe serve de nada ter-se abstido de ir a Estocolmo, o regime soviético expulsa-o em 1974. Passa a viver em Vermont, nos EUA. Em 1996 regressa à Rússia. E a criatura que no documentário se apresenta é a mansuetude em pessoa, sem um grama de ressentimento, sem poses, sereno, capaz de uma compaixão e de uma compreensão sobre os seus verdugos que desconcerta. Entretanto, os direitos da venda internacional de o Arquipélago de Gulag, aplica-os em auxiliar os que como ele viveram tal inferno. Pior, com convicção recusa, apesar da insistência de Sokurov, dar qualquer relevo à crueldade humana na textura das comunidades humanas e contrapõe: “se um homem cruel encontrar um homem bom perde terreno para se exercitar e acaba a sua natureza por atenuar-se!”. O que me faz lembrar como para Saramago era a bondade a primeira qualidade do humano.
mésticos é inferior a ter a capacitação técnica para os inventar e reproduzir; que uma cultura laica, no interior da qual cada qual pode escolher livremente a sua crença, é superior a uma cultura que de antemão sujeite o pensamento a uma forma única, condicionando-lhe os possíveis e as virtualidades; que a astronomia exige mais estudo e uma propensão para o pensamento abstracto mais complexos do que aqueles a que obrigam a astrologia, etc., etc.
O chato com a grandeza, quando a encontramos, é que não possamos imitá-la
O chato com a grandeza, quando a encontramos, é que não possamos imitá-la. Leio, entretanto, que está a sair em Portugal uma nova tradução do Arquipélago de Gulag. 26/03/2017 Uma é loura, outra morena – as minhas filhas. A loura tem nove e a morena doze. A loura ensaia uma peça na viola-d’arco. A outra discute a lei da gravidade com a mãe. A loura interrompe um acorde e pergunta: - Não percebo nada, afinal os raios são atraídos ou caem na terra - como as maçãs das árvores? - Que raio de pergunta... - redargue a morena. - Se for por causa da gravidade caem, não têm escolha. Uma coisa atraída ainda tem escolha. - Não, olha os teus ímanes… são atraídos e não têm escolha. - Mas a Miranda da minha turma era atraída pelo Vitor e preferiu não o beijar, quando ele lhe pediu… Ela sentia-se atraída mas escolheu…
- Que têm os raios a ver com as pessoas? - Pois, por isso acho esse Newton um chato, faz-nos querer ligar maçãs com raios e agora com pessoas… E sabes, para mim, que as maçãs caiam não vejo nisso nada de especial… o que me intriga é que elas adocem. Cala-se e volta a atacar o seu trecho na viola-d’arco. Até que o rosto se lhe ilumina e vota o baixar o arco. E atira sorridente: - Já sei para que pode servir a gravidade? - Diz lá, deve ser boa… - Foi a gravidade quem engravidou a Miazinha (a nossa gata)… E lança uma gargalhada. 27/03/2017 Umas das consequências mais erróneas que se segue ao abandono dos «mitos do progresso» é deduzir-se daí que nada é passível de evolução, pelo que não haveria culturas mais avançadas do que outras. É o pretexto para uma abjecta preguiça que degenera numa violência não declarada. Cansa ter de explicar o óbvio: ser um mero utilizador de gadgets e electrodo-
Em resultado do pensamento débil do relativismo vejo, junto dos meus alunos, que se galvanizou um retorno total à superstição e à feitiçaria – mergulham na “tradição”. Nenhum aluno em dramaturgia me apresenta o esboço de uma história urbana. Lembrava uma aluna num colóquio que teve lugar na universidade, na semana passada, como os temas se socorrem invariavelmente «do caminho fácil do exotismo», ou seja, encharcam-se em histórias de curandeiros. Está presente no quotidiano, é relatado sem crivo nos media. Em 2008 tive de explicar pacientemente a três turmas na universidade que era deveras improvável que uma mulher pudesse ter parido um bule e três chávenas, como foi noticiado em todas as televisões do país, e em 2011 o parlamento da vizinha Suazilândia aprovou uma lei que proibia as bruxas de voarem acima de cento e cinquenta metros de altitude para não chocarem com as aeronaves. Não melhorou desde então. Simultâneos ao assomo da superstição, crescem os sinais de riqueza material - o parque automóvel de Maputo abisma pela presença maciça de últimos modelos e de carros de luxo -, de aumento da pobreza - sou assediado diariamente por uma dúzia de pedintes - e da inflação – um pequeno frasco de molho de soja custa hoje uns inefáveis 10 dólares - enquanto, agora mesmo, se assiste a um surto de cólera em todo o país; o que demonstra que, pelo menos em termos preventivos, os curandeiros trabalham pouco.
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TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 20 MAX 24 HUM 80-98% • EURO 8.62 BAHT 0.23 YUAN 1.16
O QUE FAZER ESTA SEMANA Sábado
AQUI HÁ GATO
ESPINHA NA GARGANTA
CINEMA | “RIGHT NOW, WRONG THEN” Cinemateca Paixão | 21h30 | Até 12/4, sempre às 21h00 CINEMA | “OVER THE FENCE” Cinemateca Paixão | 16h30 | Até 12/4, sempre às 23h30
Domingo
CONCERTO “THE BRIDGE – THE MACAU JAZZ CLUB LEGENDARY BAND” Live Music Association | 20h00 EXPOSIÇÃO “AFTERWARDS – WORKS BY LEE SUET-YING” Armazém do Boi | 16h00 | Até 22/4
Diariamente
O CARTOON STEPH DE
EXPOSIÇÃO | “ANSCHLAG BERLIM – DESENHO DE CARTAZES DE BERLIM” Galeria Tap Seac EXPOSIÇÃO “MARIONETAS ASIÁTICAS – VOZES DA TERRA” Casa Garden | Até 15/4 INSTALAÇÃO “SEARCHING FOR SPIRITUAL HOME II”, DE YEN-HUA LEE Armazém do Boi | Até 7/5 EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1 | Até 23/4 EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)
Cineteatro
C I N E M A
PROBLEMA 8
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 7
UM DISCO HOJE
SUDOKU
EXPOSIÇÃO “MAORGANIC - WORKS BY ALAN IEON, TKH, JACK WONG, RUSTY FOX” Armazém do Boi | 16h00 | Até 22/4
Falta de ar, obstrutiva aflição, glóbulos oculares que buscam saída para os cantos das salas, para a restauro da paz da respiração desimpedida. Um ser humano com uma espinha entalada na garganta é como um bovino em pleno rodeo, um escoicear de tormentos a regurgitar incómodos da goela. Não há miolo de pão para as espinhas figurativas, nem regurgitação possível. Ou as engolem e mandam para baixo, ou morrem de asfixia. De qualquer forma, nem sempre as opções estão ao alcance do dono da garganta, por vezes é a espinha que dita o destino, a vida ou a morte. Também pode acontecer que nada de especial aconteça, que apenas arranhe um pouquinho, mesmo que não dê indícios de expulsão. Pode beber-se um copo de água e esperar que ela desça o escorrega do esófago até ao esquecimento estomacal. Também se pode seguir a histérica via do alarido, como quem tem o achaque mais estridente, de braços no ar a correr como uma galinha sem cabeça. Há gargantas que exclamam um justiceiro congestionamento espinhal, que se colocam a jeito, demasiado constritas a emborcar sardinhas sem olhar a meios. Como ouro pleno de inércia esquelética sobre o azul do portão da canalização digestiva. Eu, gato, vivo a comer espinhas, marcham que é uma maravilha. Ostento o sorriso felino de total liberdade de nunca ser importunado por espinhas. Mio à lua as alegrias de ter a goela mais livre da cidade. Pu Yi
“NOT TOO LATE” | NORAH JONES | 2007
O terceiro álbum de estúdio da cantora norte-americana Norah Jones é uma agradável surpresa para quem o ouve. Com uma onda de jazz contemporâneo com laivos de música pop (mundo no qual a cantora entraria de forma mais directa nos trabalhos discográficos seguintes), “Not Too Late” é para ouvir a qualquer hora do dia. Destaque para “Broken” e “Thinking About You”. Andreia Sofia Silva
GHOST IN THE SHELL
GHOST IN THE SHELL [B]
Filme de: Sunao Katabuchi 14.15, 19.15
Filme de: Rupert Sanders Com: Scarlett Johansson, Takeshi Kitano 14.30, 16.30, 21.30
SWORD ART ONLINE THE MOVIE: ORDINAL SCALE [B]
SALA 1
GHOST IN THE SHELL [3D][B] Filme de: Rupert Sanders Com: Scarlett Johansson, Takeshi Kitano 19.30 SALA 2
IN THIS CORNER OF THE WORLD [B] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Filme de: Tomohiko Ito 16.45, 21.45 SALA 3
POWER RANGERS [B] Filme de: Dean Israelite Com: Bryan Cranston, Elizabeth banks, Naomi Scott 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
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bairro do oriente
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Eibar
A
cinco de Agosto último passei a maior parte do dia em Donostia (San Sebastián), aproveitei para visitar Irun, e para a terminar em beleza fui jantar a Eibar, onde cheguei ao final da tarde. Parecia uma excelente ideia fazer tudo em apenas um dia, uma vez que de Irun a Eibar a distância é de 74 km, que de carro fazem-se bem em menos de uma hora. O que eu estava longe de imaginar é que a linha férrea do Euskotrain parava em todas as estações e apeadeiros, e a viagem acabou por demorar mais de duas horas. Mas posso dizer que valeu a pena a viagem, apesar de no fim do dia ter sido obrigado a despender 70 euros num táxi de regresso à minha sede em Bilbau, mas posso dizer que fiquei a conhecer a província de Gipuzkoa, uma das três que compõem o País Basco espanhol, juntamente com Viscaya e Aláva. O que mais posso dizer, quando durante todo o percurso tinha o mar do lado direito, e do esquerdo bosques, alternados com pastagens e campos a perder de vista, com montanhas ao fundo? Pontualmente parávamos numa ou outra pequena localidade, e deparava com alguma indústria pesada. Nada que destoasse da idílica
paisagem – por cada metalurgia, estaleiro ou ferro velho, vi centenas de ovelhas, praia e mar a perder de vista. E foi já perto da hora de jantar que cheguei à estação de Eibar, e em menos de dez minutos a pé estava em plena Plaza Untzaga, no centro da cidade. Parecia uma daquelas praças em estilo espanhol, quadrada com uma fonte ao centro, mas nem por isso menos digna de registar em fotografia. Enquanto o fazia um senhor, penso que um eibarrés, abanava a cabeça em sinal de aprovação, e de seguida disse-me que “foi nesta praça que se declarou pela primeira vez a república”. E de facto foi – a segunda república, em 1931. A população de Eibar alinhou com os liberais nas guerras Carlistas, e da então Praça Afonso XIII fizeram a Praça da República. Durante a Guerra Civil Espanhola a audácia foi severamente castigada, e a cidade de Eibar ficou quase totalmente destruída. Vieram os anos 70 e Eibar ganhou um impulso económico e populacional, e depois da crise da década, estabilizou e hoje
vive da indústria e serviços. Jantei por lá – pintxos, o que mais? – e além da enorme afabilidade dos locais, algo mais me chamou a atenção; por todo o lado, quer nos cafés, nas varandas e nas praças se viam bandeiras da S.D. Eibar, o clube de futebol local que em 2014 disputou pela primeira vez na sua história o escalão principal do futebol espanhol. Um feito espantoso, para uma cidade com 27 mil habitantes, e desportivamente na sombra dos gigantes Athletic Bilbau e Real Sociedad. O problema é que o pequeno Eibar não tinha o dinheiro para cobrir as exigências da liga, nem se queria endividar, e foi aí que surgiu uma ideia pioneira: formar uma sociedade desportiva e vender acções em todo o mundo. E assim graças a uma bem elaborada campanha pela internet, existe desde a Austrália aos Estados Unidos quem seja proprietário do clube, que é o orgulho da cidade que tanto passou para poder ter pão, e agora tem direito ao seu “circo”. Amei Eibar, e vou um dia lá voltar.
“Foi nesta praça que se declarou pela primeira vez a república”. E de facto foi – a segunda república, em 1931. A população de Eibar alinhou com os liberais nas guerras Carlistas, e da então Praça Afonso XIII fizeram a Praça da República. Durante a Guerra Civil Espanhola a audácia foi severamente castigada, e a cidade de Eibar ficou quase totalmente destruída
OPINIÃO
A contra-informação do MH370 ainda continua.
quinta-feira 30.3.2017
Atlântido
PEQUIM PRESSIONA WASHINGTON A CUMPRIR COM ACORDO DE PARIS
A
China instou ontem os Estados Unidos a cumprirem com os compromissos doAcordo de Paris, que Washington ratificou durante o mandato de Barack Obama, e que o novo líder norte-americano, Donald Trump, poderá vir a anular. “Acreditamos que todas as partes devem cumprir os seus compromissos e implementar o acordo”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Lu Kang. Trump assinou na terça-feira um decreto presidencial, visando anular as políticas ambientais e acabar com o legado contra as alterações diplomáticas de Obama, com o objectivo de alcançar a independência energética do país e a criação de empregos. O porta-voz chinês reafirmou o compromisso da China na luta contra as alterações cli-
máticas e assegurou que o país está “decidido” a cumprir com as suas obrigações a “cem por cento”. Lu recordou ainda que o Acordo de Paris, queTrump ameaçou abandonar, não foi fácil de conseguir: “É um marco na luta global” contra as alterações climáticas, disse. “Todas as partes [envolvidas] realizaram contribuições positivas, incluindo a China e os EUA”, acrescentou. O porta-voz assegurou que a China não será afectada pelas acções de outros países: “Quer continuem comprometidos ou não, a China está decidida a cumprir com os seus objectivos”. Lu recusou comentar se o Presidente chinês, Xi Jinping, abordará este assunto durante o seu primeiro encontro com Trump, que se deve realizar na próxima semana, nos EUA.
PJ DETÉM CINCO JOGADORES E UM MEMBRO DOS SUPER DRAGÕES
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A Polícia Judiciária deteve na passada madrugada, cinco futebolistas da Liga 2, a maior parte deles do Oriental, e um membro dos Super Dragões, a claque do FC Porto, por suspeita de corrupção activa e passiva. Foram ainda constituídos oito arguidos, todos com ligações à indústria do futebol, pela presumível prática dos crimes de associação criminosa, corrupção activa e corrupção passiva, no âmbito da «lei da corrupção desportiva». Também foi apreendido diverso material relacionado com a prática da actividade criminosa em investigação, numa operação que contou com a colaboração da EUROPOL e de entidades estrangeiras de monitorização de jogos e a importante cooperação com a Federação Portuguesa de Futebol. Esta operação da Unidade de Combate à Corrupção da PJ, com 70 inspectores em mais de 15 buscas, surge na sequência de uma outra, denominada Jogo Duplo, que decorre há cerca de um ano e que tem como objecto o fenómeno da corrupção no desporto como instrumento do “match fixing” de competições oficiais de futebol.
China CONFIRMADA DETENÇÃO DE ACTIVISTA DE TAIWAN DESAPARECIDO
De Macau para a prisão Os receios da família e da Amnistia Internacional tinham razão para existir. Lee Ming-che, um activista de Taiwan que passou por Macau a caminho de Cantão, desapareceu mal cruzou a fronteira. As autoridades do Continente confirmaram ontem que está detido por “actividades prejudiciais à segurança nacional”
A
S autoridades chinesas disseram ontem que um activista de Taiwan, que desapareceu há uma semana ao passar a fronteira de Macau para a China, está detido e a ser investigado por suspeita de “actividades prejudiciais à segurança nacional”. O activista pró-democracia Lee Ming-che, de 42 anos, passou a fronteira de Macau no dia 19 deste mês e nunca apareceu num encontro, que estava previsto para mais tarde nesse dia, com um amigo em Zhuhai. O porta-voz do Escritório para os Assuntos de Taiwan, Ma Xiaoguang, disse que Lee Ming-che se encontrava de boa saúde, mas não deu informações sobre onde estava detido ou outros termos da sua detenção, escreve a Associated Press. “Em relação ao caso de Lee Ming-che, porque ele é suspeito de levar a cabo actividades prejudiciais à segurança nacional, a investigação está a ser tratada de acordo com os procedimentos legais”, disse o porta-voz Ma Xiaoguang numa conferência de imprensa. A Amnistia Internacional (AI) disse que a detenção de Lee aumenta as preocupações quanto ao aumento da repressão sobre o activismo legítimo e instou as autoridades a fornecerem mais detalhes sobre a sua detenção. “A detenção de Lee assente em vagas ideias sobre segurança nacional preocupa todos os que trabalham com organizações não-governamentais na China. Se a sua detenção estiver apenas ligada ao seu activismo legítimo, ele deve ser imediata e incondicionalmente libertado”, disse Nicholas Bequelin, director da AI para a Ásia Oriental numa resposta por email à Associated Press.
e é uma forma de comunicação extremamente popular na China, onde outras redes sociais como o Twitter estão bloqueadas.
SAÚDE FRÁGIL
Na terça-feira, um colega de Lee disse que o activista deverá ter atraído a atenção dos serviços de Segurança da China depois de ter usado a rede social WeChat para discutir as relações China-Taiwan. Cheng Hsiu-chuan, presidente da Wenshan Community College, em Taipé, onde Lee trabalhou no ultimo ano como
director de programa, disse que Lee usou o WeChat “para ensinar” um número desconhecido de pessoas sobre as relações China-Taiwan sob o governo da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. “Para a China, o que ele estava a ensinar seria visto como sensível”, disse Cheng. O WeChat tem centenas de milhões de utilizadores activos
Um colega de Lee disse que o activista deverá ter atraído a atenção dos serviços de Segurança depois de ter usado a rede social WeChat para discutir as relações China-Taiwan
Segundo a Associated Press, vários pedidos de informação foram feitos através de canais oficiais e privados para obter informação sobre o activista, sem sucesso. De acordo com notícias divulgadas desde o seu desaparecimento, o activista sofre de problemas de saúde como pressão arterial elevada. Na última década, Lee viajava todos os anos para a China para ver amigos, disse Cheng, ao acrescentar que o activista falava de direitos humanos em privado, mas nunca em eventos públicos. Em meados de 2016, no entanto, as autoridades chinesas fecharam a conta de WeChat de Lee e confiscaram uma caixa de livros publicados em Taiwan sobre assuntos políticos e culturais, disse Cheng. Na sua mais recente viagem, Lee planeava ver amigos e obter produtos de medicina chinesa para a sogra em Taiwan, disse a mulher do activista, Lee Ching-yu, que deveria ficar em Cantão até ao passado dia 26. “Quero que o Governo da China actue como um país civilizado e me diga o que estão a fazer com o meu marido e com que bases legais e, como um país civilizado, o que estão a planear fazer com ele”, acrescentou. Dezenas de advogados têm sido interrogados ou detidos no âmbito de uma campanha contra advogados dissidentes lançada em Julho de 2015.