Hoje Macau 30 JUN 2016 #3603

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Director carlos morais josé

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quinta-feira 30 de junho de 2016 • ANO Xv • Nº 3603

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hojemacau

É mesmo aqui ao lado IStambul

O atentado da noite de terça-feira no terceiro mais movimentado aeroporto da Europa fez pelo menos 41 mortos e 239 feridos

Agência Comercial Pico • 28721006

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grande plano

CCAC

Doação a Jinan arquivada página 5

Hospital ilhas

Canídromo

opinião

Nem data Ninguém Vacina nem tem nada a orçamento ganhar Pequenas coisas Leocardo

página 7

Página 8

h

Manuel afonso costa


2 grande plano

Turquia Quase meia centena de mortos em atentado terrorista

Terror volta ao O Aeroporto Internacional de Atartuk foi alvo de um atentado terrorista perpetrado por três bombistas suicidas, numa altura em que o país vive o período do Ramadão. A Europa já mostrou a sua solidariedade para com a Turquia, enquanto o mundo aguarda um ponto de viragem na luta contra o terrorismo

“Não temos nenhum medo. Quero sublinhar isto: perante uma tal imposição, não baixaremos a cabeça de forma alguma” Mevlüt Çavusoglu ministro turco dos Negócios Estrangeiros

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Europa voltou a mergulhar num cenário de sangue e horror com mais um ataque terrorista ao início da noite desta terça-feira (madrugada de quarta-feira em Macau). Desta vez o alvo foi Istambul, capital da Turquia, mais precisamente o Aeroporto Internacional de Atartuk, sendo que até ao fecho desta edição, as autoridades turcas já tinham contabilizado um total de 41 mortos e mais de cem feridos, naquele que é o quarto atentado terrorista que Istambul sofre desde o início do ano. Três bombistas suicidas fizeram-se explodir num atentado que terá sido organizado pelo Estado Islâmico (também conhecido por Daesh), segundo disseram fontes policiais à agência de notícias Dogan. Mas fontes do Governo turco colocaram também a hipótese do ataque ter sido orquestrado pelos independentistas do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). O ataque aconteceu naquele que é um dos três aeroportos mais movimentados da Europa e a base de operações da companhia aérea Turkish Airlines. Só o ano passado passaram por este aeroporto mais de 61 milhões de pessoas. Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, lamentou o ataque. Após os acontecimentos, o presidente reuniu-se de emergência com o primeiro-ministro, Binali Yildirim, e com o responsável das forças armadas, o General Hulusi Akar. “O ataque que teve lugar durante o mês sagrado do Ramadão prova que os terrorista têm como alvo civis inocentes. O único objectivo dos ataques é minar a Turquia pelo derramamento de sangue e causando dor”, lê-se no comunicado divulgado, citado pela CNN Turk. Para o presidente turco, o ataque “só ajuda a produzir propaganda” contra o país, recorrendo ao “sofrimento de pessoas inocentes”. O responsável deixou ainda uma mensagem de esperança: “espero que o ataque ao aeroporto de Ataturk seja um ponto de viragem na luta comum em todo o planeta,

com os países ocidentais a liderar o combate às organizações terroristas”, acrescentou. “As bombas de [ontem] em Istambul, tendo em conta o carácter perigoso do terrorismo, podem acontecer em qualquer cidade no mundo, em qualquer aeroporto. Para os grupos terroristas não há diferenças entre Istambul, Londres, Berlim, Ancara ou Chicago.”

UE apoia terrorismo?

O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlüt Çavusoglu, afirmou ontem que o pedido da União Europeia (UE) à Turquia para modificar a sua legislação anti-terrorista significa um “apoio ao terrorismo”, noticiaram ontem meios de informação do país. “Numa altura em que estamos imersos na luta contra organizações terroristas como o PKK ou o Daesh, dizerem-nos para modificarmos a nossa legislação anti-terrorista sob pena de não se aprovar a eliminação dos visas significa apoiar o terrorismo”, afirmou o Ministro, citado pela agência Efe. A cadeia turca de televisão CNN Türk e a agência semi-oficial Anadolu fizeram ontem, de acordo com a Efe, eco das declarações do Ministro, proferidas em Viena, durante um jantar com representantes da sociedade civil e empresários turcos, depois de participar numa conferência internacional sobre a Líbia na segunda-feira na capital austríaca. “Não temos nenhum medo. Quero sublinhar isto: perante uma tal imposição, não baixaremos a cabeça de forma alguma”, insistiu o chefe da diplomacia turca. A redefinição do “terrorismo” na legislação turca em termos mais precisos é uma das 72 exigências da UE para eliminar a necessidade de visas aos cidadãos turcos e uma das cinco que Ancara ainda não cumpre. Apesar deste compromisso constar no acordo assinado em 2013, o governo turco tem-se recusado ultimamente a cumpri-lo, justificando que não pode permitir-se fazê-lo num momento de conflito com a guerrilha curda e com o Estado Islâmico.

A acusação de “colaboração com o terrorismo” é utilizada de forma corrente nos tribunais turcos contra pessoas críticas em relação ao governo, ainda que não sejam ou tenham sido protagonistas de violência.

Situação turca “mais grave”

Líderes europeus e mundiais já comentaram mais um atentado terrorista ocorrido meses depois dos incidentes de Bruxelas e Paris. François Hollande, presidente francês, referiu que aquilo que aconteceu no Aeroporto Internacional de Ataturk “torna ainda mais grave a situação na Turquia”. Em comunicado, Hollande considerou que este se trata de “um acto de violência intolerável e que reforça a determinação comum para combater todas as formas de terrorismo”, tendo ainda deixado várias condolências aos familiares das vítimas. Do lado dos Estados Unidos, a Casa Branca também já reagiu através de um comunicado oficial. “O Aeroporto Internacional Ataturk, tal como o aeroporto de Bruxelas que foi atacado no início do ano, é um símbolo das ligações internacionais e dos laços que nos ligam. Mantemo-nos firmes quanto ao nossos apoio à Turquia, que é nosso aliado na NATO e parceiro, tal como todos os nossos amigos e aliados em todo o mundo, enquanto combatemos a ameaça do terrorismo.” O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, condenou o atentado, considerando-o como “mais uma inaceitável demonstração da barbárie dos que recusam a paz”. “O Presidente da República condena veementemente o terrível atentado de Istambul, mais uma inaceitável demonstração da barbárie dos que recusam a paz, a liberdade e a democracia, e apresenta sentidas condolências à Turquia e às famílias de todas as vítimas de diversas nacionalidades”, pode ler-se no comunicado publicado na página oficial da Presidência. A.S.S. com agências


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aeroporto “Espero que o ataque ao aeroporto de Ataturk seja um ponto de viragem na luta comum em todo o planeta, com os países ocidentais a liderar o combate às organizações terroristas” Comunicado

“O único objectivo dos ataques é minar a Turquia pelo derramamento de sangue e causando dor” Comunicado das autoridades turcas

Atentado não afectou residentes de Macau

O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo emitiu um comunicado ontem em que afirma estar a “acompanhar de perto o desenvolvimento da situação” do ataque na Turquia. Com base nas informações já recolhidas junto do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na RAEM “não há indicações que residentes de Macau tenham sido afectados”. Para além disso, o Gabinete não recebeu pedidos de informação ou assistência até ao fecho desta edição.

Nani fora do país

Aparentemente será o Valência o destino do internacional português Nani, mas a razão que o fez sair da Turquia foi a instabilidade no país. Segundo o jornal turco AMK Sport, a transferência do jogador foi pedida pelo próprio, que estava há já alguns meses sozinho na Turquia, com a família a voltar para Portugal devido aos vários atentados terroristas que vão assolando o país. A mudança já foi confirmada por Aziz Yildirim, Presidente do Fenerbahce.

A culpa é das redes sociais?

Instituições e particulares queixam-se de promoção de ataques na internet

A

s redes sociais são usadas por milhões de pessoas em todo o mundo, que as consideram vantajosas, mas são também veículos para fomentar ataques como o de Istambul, alertam instituições e particulares. Muitas destas entidades acabam por levar estas redes sociais à justiça. O Google (YouTube), o Facebook e o Twitter são três das redes sociais que estão agora acusadas em tribunal de permitirem aos grupos jihadistas difundirem a sua ideologia e recrutar membros. A queixa foi apresentada há menos de duas semanas pelo pai de uma estudante californiana, morta nos atentados de Paris, em Novembro do ano passado. Na terça-feira, imprensa especializada divulgou notícias de que o YouTube e o Facebook já estariam a bloquear, de forma automática, vídeos com conteúdos extremistas, algo que vários governos têm pedido com insistência. Aas redes sociais têm contraposto o pedido com a liberdade de expressão. Quando se comemora, hoje, o Dia Mundial das Redes Sociais, o tempo é também de alertas para os malefícios que lhes podem estar ligados. O próprio director da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), John Brennan, já admitiu que as redes sociais tornam mais difícil o combate ao terrorismo. As novas tecnologias podem também, nas palavras do responsável, ajudar os grupos terroristas a coordenar acções, ajudar na divulgação da propaganda e inspirar apoiantes um pouco por todo o mundo. Nessa convicção, há menos de duas semanas, o norte-americano Reynaldo Gonzalez apresentou no Tribunal Federal da Califórnia do Norte uma queixa contra três das principais redes sociais (YouTube, Twitter e Facebook), depois de a sua filha, Nohemi Gonzalez, ter

morrido nos atentados de Paris do ano passado.

Com consciência

Na queixa afirma-se que as redes sociais têm apoiado, até de forma consciente, a ascensão do grupo extremista Estado Islâmico, permitindo-lhe perpetrar vários ataques, incluindo o de 13 de Novembro, na capital francesa. E acrescenta-se na queixa que, no fim do ano de 2014, o auto-designado Estado Islâmico tinha 70 mil contas no Twitter, das quais pelo menos “79 oficiais”, e que colocava “pelo menos 90 ‘tweets’ por minuto”. “O Estado Islâmico utiliza o Google (YouTube) e o Facebook da mesma maneira”, lê-se na queixa, na qual se pede às redes sociais em causa uma indemnização. A primeira audição está marcada para 21 de Setembro, no Tribunal Federal de Oakland. Na verdade, a utilização pelo Estado Islâmico das novas tecnologias e das redes sociais é conhecida. O grupo extremista faz propaganda em várias línguas, incluindo em Português, e, no último número da sua publicação, com 68 páginas, faz ameaças de morte, “sem piedade ou remorso”, aos “não crentes”, lembra os últimos atentados, diz que “Paris foi um aviso, Bruxelas foi um lembrete” e acrescenta: o que está para vir é pior e “mais devastador”.

Sem parar

Nas redes sociais há estudos que indicam que só o Estado Islâmico coloca mais de cem mensagens no Twitter em cada minuto e que através das novas tecnologias conseguiu para a sua causa dezenas de milhar de potenciais terroristas. Hoje há países onde o Facebook é proibido, ou outros (como Israel, na semana passada) que anunciaram a criação de leis para restringir o seu uso. E hoje, provavelmente, as redes sociais vão de novo ser acusadas na sequência dos ataques no aeroporto de Istambul. Apesar de comemorarem o seu dia. HM/LUSA


4 Política

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Hoje Macau

Seguir sem agradar

Lei dos Animais votada na especialidade na próxima semana

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Petições Pedida habitação e mercado em Seac Pai Van

Frescos e apartamentos O Chefe do Executivo recebeu ontem uma petição da Associação Poder do Povo, que pede mais habitações públicas. Já o grupo Aliança da Juventude pede a construção de um mercado junto ao complexo de habitação pública de Seac Pai Van

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êm sido dias agitados na sede do Governo e especialmente para Chui Sai On, graças à entrega de petições. Ontem mais duas associações entregaram cartas ao Chefe do Executivo com reivindicações de cariz social. A Associação Poder do Povo entregou uma petição com cinco pontos, sendo que a principal medida passa pela exigência da construção de habitação pública nos terrenos do caso La Scala, já revertidos para o Governo. AAssociação espera que este projecto possa estar concluído em 2019, antes que Chui Sai On termine o seu mandato. O grupo defende ainda que o Governo deve recuperar todos os terrenos que actualmente estão por desenvolver, incluindo os que estão localizados na zona do lago Nam Van. Para a Poder do Povo, o Governo deve apostar na

construção de mais habitações públicas nessa zona e criar um calendário para o projecto. A petição deste grupo fala ainda na necessidade de medidas que possam travar a especulação imobiliária, tal como a criação de um imposto para os apartamentos privados que estão vazios. E propõe um valor: os apartamentos que estão vazios há mais de um ano, com uma área de mil pés quadrados, devem pagar cerca de 60 mil patacas. Cheong Weng Fat, responsável pela Poder do Povo, disse ao HM que a desocupação das casas se deve aos

especuladores imobiliários. “Se o Governo lançar este imposto os especuladores vão começar a ponderar a situação no mercado”, disse, tendo referido ainda que o Executivo não pode passar “um cheque sem cobertura” à população. Segundo as contas da Poder do Povo, os terrenos desocupados poderiam servir para a construção de cem mil fracções de habitação pública.

Mercado em Coloane

No mesmo dia, o grupo Aliança da Juventude também entregou uma petição a Chui Sai On a pedir a construção de

A Associação Poder do Povo entregou uma petição com cinco pontos, sendo que a principal medida passa pela exigência da construção de habitação pública nos terrenos do caso La Scala

um mercado no complexo de habitação pública em Seac Pai Van. O Governo já tinha confirmado a criação de um centro de compras nesta zona, mas a Aliança da Juventude considera que o centro não satisfaz as expectativas dos moradores, os quais têm medo da chegada de um grande nome do retalho e do seu monopólio. “Os moradores da zona vão aos mercados de são Lourenço e do Patane comprar os produtos frescos, o que é bastante inconveniente. Precisamos de um mercado tradicional para podermos comparar os preços nas várias bancas e evitar o estabelecimento de um monopólio. A criação de um mercado tradicional também pode servir de oportunidade à criação de negócios mais pequenos”, disse um dos representantes dos moradores. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

proposta de Lei de Protecção dos Animais será votada na especialidade na próxima segunda-feira, em plenário da Assembleia Legislativa (AL), depois de trazer muita controvérsia. Será necessário introduzir melhorias no futuro, indicam os deputados, que emitiram esta semana o parecer sobre a proposta de lei. Depois de 28 reuniões de discussão na especialidade pela 1.ª Comissão Permanente da AL, presidida pela deputada Kwan Tsui Hang, o grupo de trabalho entregou o parecer ao hemiciclo. A lei parece não agradar a todos os intervenientes. Ao todo foram ouvidas 80 opiniões, ao longo de dois anos, que não foram suficientes para se chegar a um acordo, como refere o grupo de trabalho no parecer final. “É de referir que se trata da primeira lei da RAEM sobre a protecção dos animais e que o âmbito de protecção consagrado na proposta de lei é

bastante abrangente. Mesmo que a Comissão, com base no respeito pelas diferentes opiniões, tenha tido um amplo diálogo com o Governo, tenha apreciado cuidadosamente a proposta de lei e equilibrado, o mais possível, os diversos interesses, as opiniões da sociedade são bastante diversificadas, algumas contrárias ou até totalmente opostas, ao que acresce a definição de uma lei que tem de ter por base a situação real de Macau e as condições de aplicação da lei por parte do Governo, sendo portanto impossível satisfazer todas as exigências”, pode ler-se no documento. Por isso mesmo, defende a Comissão, é necessário introduzir melhorias após a entrada em vigor, com base na experiência obtida na sua aplicação. A Comissão não indica quanto tempo depois da aprovação deverão ser feitas alterações. Filipa Araújo

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Si Ka Lon pede mais rigor na protecção do património

O deputado Si Ka Lon afirmou, numa interpelação escrita, que apesar de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, defender que o Instituto Cultural (IC) está a trabalhar bem – referindo-se ao caso da queda de parte do telhado da igreja de São Agostinho - a realidade não é essa. Depois de uma inspecção, o IC descobriu que mais quatro monumentos classificados estão em risco de queda. Isto, defende, testemunha que o Governo precisa de melhorar os seus trabalhos de protecção do património. Portanto, o deputado gostaria de saber se o Governo vai assumir um papel de administrador independente, já que esta protecção depende de associações privadas. Além disso, o número dois do deputado Chan Meng Kam quer saber porque é que a Lei de Salvaguarda do Património Cultural só foi lançada sete anos depois da entrada de Macau na lista de Património Mundial da Humanidade. Em remate, Si Ka Lon pergunta como é que o Governo vai melhorar a gestão e fiscalização do património.


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Política

Caso Jinan CCAC diz não ter havido qualquer ilegalidade

Representante, mas nem sempre Está arquivada a investigação aos cem milhões de yuan atribuídos por Macau à Universidade de Jinan: o CCAC diz não terem sido detectadas ilegalidades, nem transferência de interesses. Apesar de Chui Sai On e outros membros da Fundação ocuparem também uma posição na Universidade, estes “não a representam”, diz o organismo

O

Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) diz não haver qualquer ilegalidade na atribuição pela Fundação Macau (FM) de cem milhões de yuan à Universidade de Jinan. É a conclusão a que chega o organismo liderado por André Cheong, que diz ainda não existirem conflitos de interesses porque Chui Sai On e outros membros das duas instituições não representam a instituição de ensino superior. “O CCAC considera que a Universidade de Jinan é um instituto público criado por um serviço público do interior da China e dedicado a actividades de ensino superior. (...) A concessão do financiamento está em conformidade com as finalidades da FM e os respectivos procedimentos legais, pelo que não existe violação de quaisquer normas legais relativas a impedimentos”, começa por dizer o CCAC, que acrescenta que, por isso, “não existem indícios que demonstrem qualquer situação de transferência de interesses”. A atribuição de dinheiro à universidade da China por Macau levantou polémica, com várias associações e deputados a pedirem esclarecimentos ao Governo, principalmente pela ligação de Chui Sai On, Chefe do Executivo que é também presidente do Conselho de Curadores da Fundação e vice-presidente do Conselho da Universidade de Jinan, às duas instituições envolvidas. O Executivo justificou a doação com o facto de que “diversos talentos da Função Pública” local terem estudado na instituição.

É daqui, mas não é

“Não foram delegados nos membros do Conselho de Administração poderes para representar a Universidade no pedido de financiamento junto da Fundação Macau. Nestes termos, não podem ser qualificados o Chefe do Executivo e alguns membros do Conselho de Curadores como representantes da Universidade”, CCAC

Calor afasta pais dos filhos maiores do Senado

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Associação dos Pais dos Filhos Maiores deixou de protestar na zona do Leal Senado esta terça-feira. Ao HM, a presidente da Associação, Lei Yok Lam, confirmou que foi o calor que os afastou do local.

A Macau Youth Dynamics, contudo, não ficou satisfeita e apresentou uma queixa ao CCAC, pedindo uma investigação por considerar que existia transferência de interesses. O organismo diz que instaurou um processo e realizou investigações, tendo até ouvido “os indivíduos envolvidos”. Uma das acusações era a de que representantes de associações tradicionais e individualidades do sector comercial, alguns deles simultaneamente membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, “fazem parte do mesmo grupo de interesses e há suspeitas de conluio entre os mesmos”. O CCAC considera que esta é apenas uma conjectura por parte da Associação.

“O tempo está muito quente e tenho medo que nos cause alguns problemas de saúde. Estamos a pensar utilizar outro método de protesto.Ainda não resolveram o nosso problema e vamos continuar a sair à rua. De certeza

que vamos continuar a manifestar-nos até que tudo fique resolvido”, referiu. Ao HM, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, António José de Freitas, garantiu estar satisfeito com o fim do protesto, por considerar

Outra das razões para o CCAC considerar que não houve qualquer ilegalidade ou sequer transferência de interesses – apesar da Associação indicar uma violação ao Código de Procedimento Administrativo dado não ter sido pedida escusa pelo Chefe do Executivo – prende-se com uma questão de interpretação da lei. É que, para o organismo, apesar de ser vice-presidente da Universidade, Chui Sai On não a representa. “O ponto crucial consiste em analisar, juridicamente, se o Chefe do Executivo e alguns membros do Conselho de Curadores da Fundação podem ser considerados ‘representantes’ da Universidade de Jinan, sabendo-se que os mesmos exercem, em regime de acumulação de funções, os cargos de vice-presidente e de administradores do Conselho de Administração daquela universidade e, consequentemente estão sujeitos a impedimentos. (...) De acordo com os Estatutos do Conselho de Administração da Universidade, compete-lhe apoiar o Gabinete para os Assuntos dos Chineses Ultramarinos junto do Conselho de Estado na gestão, não tendo

que o espaço voltou a ter melhores condições para receber os turistas. Segundo um acórdão do Tribunal de Última Instância (TUI), a Associação apenas tinha permissão para estar no Leal Senado até ao passado dia 20 de Março. Lei Yok Lam confirmou ainda ao HM que a 17 de Agosto

Dinheiro ainda não chegou

N

um comunicado, o CCAC indica ainda que o dinheiro atribuído à Universidade de Jinan não foi ainda entregue. Apesar do Conselho de Curadores da Fundação já ter aprovado o pedido, estão ainda “por negociar os pormenores sobre a execução do financiamento” e só depois de um acordo sobre esta situação é que vai ser atribuído o valor. O dinheiro serve para projectos de desenvolvimento do campus da Universidade e para a construção de um edifício de Comunicação Social.

porém competência legal para representá-la fora da mesma. Não foram delegados nos membros do Conselho de Administração poderes para representar a Universidade no pedido de financiamento junto da FM. Nestes termos, não podem ser qualificados o Chefe do Executivo e alguns membros do Conselho de Curadores como representantes da Universidade”, conclui o CCAC. A Macao Youth Dynamics dizia ainda que é demonstrativo “que as autoridades do interior da China pediram publicamente dinheiro ao Governo da RAEM” e que por isso foi violado o artigo da Lei Básica que indica que Macau mantém finanças independentes e que as suas receitas não são entregues ao Governo Central. Já no entender do CCAC, a expressão “são entregues” da Lei Básica “refere-se a um mecanismo através do qual os governos locais entregam ao Governo Central, obrigatoriamente e nos termos da lei, as suas receitas financeiras”, algo que difere, para o organismo, da expressão “conceder financiamento”. O CCAC acabou por arquivar o caso. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

os manifestantes vão saber se haverá ou não acusação por desobediência qualificada por parte do Ministério Público (MP). A presidente da Associação terá tentado entrar na Assembleia Legislativa como visitante em Agosto do ano passado, mas a sua entrada foi negada. A.S.S./A.K.


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Novo hospital não vai estar pronto durante mandato de Chui Sai On

O Hospital das Ilhas não tem data de finalização. A informação foi ontem adiantada por Raimundo do Rosário, que justifica a incógnita com o impasse no projecto

Gcs

Ainda não é desta

O

Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou ontem que “não é possível dizer quando é que o hospital das ilhas ficará concluído”. A declaração foi feita após uma reunião com a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, que debateu o ponto da situação das obras do novo Complexo Hospitalar. Raimundo do Rosário adiantou, num revés do previsto, que “em 2019 não será com certeza”. Outra incógnita é o orçamento, sendo que “se o projecto não está feito”, “não se consegue saber” os custos. Sem previsões nem orçamento, o Secretário prefere “não se comprometer” com datas. Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS), reiterou as palavras de Raimundo do Rosário, insistindo na necessidade de revisão e ajuste permanente do projecto. Estes ajustes acontecem devido à submissão sucessiva da construção aos cerca de dez serviços públicos que têm a seu cargo a análise do projecto. Após a emissão de cada um dos pareceres, o projecto volta para optimização e reajuste. O director dos SS confirma a impossibilidade de apontar uma data para a conclusão do novo hospital, referindo que estão em curso os trabalhos de optimização do Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST) sendo estes um recurso alternativo para os utentes. Lei Chin Ion argumenta ainda que estes ajustes repetidos tencionam apontar para a construção de um hospital direccionado para o futuro da medicina, de modo a que não fique rapidamente desactualizado.

Não há duas sem três

Esta é a segunda fase de apreciação do projecto para o Complexo Hos-

Sociedade

em que se realiza a apreciação por parte de vários serviços públicos: as Obras Públicas, os bombeiros, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, serviços energéticos, etc, que emitem um parecer acerca da planta que analisam. Emitido o parecer, a papelada regressa ao projectista para reajuste. O processo repete-se sucessivamente “num vai e vem” – como caracterizou Raimundo do Rosário - entre serviços e projectista que parece não ter fim. Ho Ion Sang considera ainda que a fonte destes atrasos é essencialmente devida à “falta de coordenação entre os próprios serviços que os emitem.” Para colmatar este problema o Governo terá dado um prazo limite de dez dias para a emissão de pareceres, que não se tem mostrado eficaz. Não será o prazo que está em causa, mas as múltiplas viagens que o processo faz entre serviços que não comunicam. Salvaguarda ainda que o projectista também deveria ter cumprido sempre com as adaptações sugeridas, o que parece não ter acontecido. A construção do hospital tinha sido uma promessa deixada por Chui Sai On, Chefe do Executivo, que vai terminar o segundo mandato sem que Macau tenha o segundo hospital público. Sofia Mota

info@hojemacau.com.mo

Caso de legionella pode estar ligado a Macau

“Em 2019 não será com certeza” Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas pitalar das Ilhas, sendo que uma terceira não está fora de questão. Para Ho Ion Sang, presidente da Comissão de Acompanhamento, o facto de se recorrer ao emitir de pareceres por cerca de dez serviços públicos faz com que o projecto tenha que ser revisto conforme as faltas que vão sendo apontadas. “Não é um edifício simples de habitação e portanto leva o seu tempo” disse ainda Raimundo do Rosário para justificar o segundo ajuste e admitir uma eventual terceira etapa. Para já, este projecto está dividido em duas fases: uma de gestão e que foi adjudicada em Fevereiro à empresa de Hong Kong Aecom Asia Company Limited e uma de

medição de trabalhos e materiais. Esta última prevê a abertura de concurso no terceiro trimestre deste ano sendo que só pode ser concretizada após as devidas rectificações. Se anteriormente foi dado a saber da intenção de ter a primeira fase concluída em 2019 e a segunda em 2020, neste momento não se sabe quando serão finalizadas.

Patacas sem limites

O orçamento é também uma incógnita na medida em que não há projecto efectivo para pôr em acção. A saga que começou em 2009 preveria um montante de dez mil milhões de patacas para a construção do complexo hospitalar. Sete anos depois Ho Ion Sang admite que este não é um número actualizado, sendo que até à data já lá vão cerca de 970 milhões de patacas gastas. “Não é possível prever o custo da obra visto ainda não existir um projecto final” adianta, reiterando a dependência dos números, por

exemplo, dos materiais a utilizar ou das empresas que irão assumir as próximas fases. Ho Ion Sang destaca que algumas das infra-estruturas já estão a ser concretizadas. Das já concluídas, o deputado destaca o edifício dedicado à enfermagem e à residência dos trabalhadores. Estão ainda em curso as fundações do hospital geral e o edifício da Administração, sendo que o laboratório central ainda está por iniciar. Depois da conclusão das fundações é previsto dar-se início à construção das caves e à super-estrutura, obra que englobará 17 a 18 pisos.

Vai e vem

Os múltiplos problemas que este projecto tem sofrido estarão associados a esta primeira fase , que engloba a concepção e elaboração de plantas que está sob a alçada dos Serviços de Saúde e a revisão e apreciação por parte do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). É ainda a parte do processo

Os Serviços de Saúde foram alertados, na passada terçafeira, pelo Centro de Protecção de Saúde do Departamento de Saúde da RAEHK para a detecção de legionella numa cidadã de 77 anos de idade que esteve hospedada no Hotel St. Regis em Macau. A mulher terá sido internada num hospital privado em Hong Kong no passado dia 25 após ter apresentado alguns sintomas que acabaram por confirmar o diagnóstico positivo às “legionella pneumophila IgM”. O estado de saúde da doente foi considerado clinicamente estável. A doente esteve hospedada no hotel do território entre os dias 14 e 18 de Junho, tendo usado a piscina do espaço. Quer os seus familiares quer as pessoas que partilham a habitação não manifestaram sintomas e os Serviços de Saúde consideram este caso como um caso isolado já que não houve registo, até ao momento, de outros casos similares. Os Serviços de Saúde já recolheram amostras de água no local que estão a ser analisadas pelo Laboratório de Saúde Pública. Os resultados irão estar disponíveis em meados do próximo mês.


8 sociedade

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Canídromo Yat Yuen com menos de cinco milhões em lucros

Fracções mínimas Num ano, a Yat Yuen atingiu lucros de apenas 4,9 milhões de patacas, uma fracção que não atinge sequer o que um casino faz num dia. O encerramento do espaço ganha força para a ANIMA, que diz não perceber que mais valia tem o local com estes números

O

C a n í d r o m o fechou o ano passado com apenas 4,9 milhões de patacas em lucros, menos 81,7% face a 2014. Os dados foram ontem anunciados em Boletim Oficial, no relatório de contas da

Confiantes no futuro

Informações de 2014 mostram que os resultados transitados de 2014 ascenderam a 525,8 milhões de patacas, sendo que os do ano passado mostram que foram de 525,9 milhões. Feitas as contas, os lucros da Yat Yuen ascenderam a 4,9 milhões de patacas, o que, para Albano Martins, economista e presidente da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais,

Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen). Os dados não revelam concretamente os lucros obtidos pela empresa, nem as receitas brutas, mas informações da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicam que, no total, as receitas brutas ascenderam a 125 milhões de patacas, menos 20 milhões do que em 2014.

não justifica a manutenção do espaço. “Vale a pena ter tanto espaço alocado numa actividade que só dá isso?”, questiona, contactado pelo HM, explicando ainda que só num dia os casinos de Macau fazem entre 400 a 600 milhões de patacas. “Em três horas, fazem todas as receitas do Canídromo”, acrescenta também.

Duas estrelas na avenida

O

mento, mas não o foi desde sempre. O lote foi concedido primeiramente à Companhia de Transportes de Passageiros Macau e Ilhas Lda, cujos representantes eram os empresários Ng Fok e Wong Chu Keong, como é possível verificar em BO datados de 1992 e 1994. Não foi possível ao HM apurar quando foi feita a transmissão para a Huge Rich. O lote foi utilizado para a construção de um edifício de 27 pisos destinado a comércio, escritórios e estacionamento, mas em 2013 a concessionária apresentou na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas

e Transportes (DSSOPT) projectos de alteração de obra para a instalação de um hotel de duas estrelas e estacionamento, mantendo-se, contudo, o edifício actual no local.

A favor

A Comissão de Terras emitiu parecer favorável ao deferimento do pedido em 2015 e, por despacho do Chefe do Executivo, foi autorizado o pedido de revisão da concessão. Chiang Kin Tong, filho de Pedro Chiang, foi quem assinou o contrato como “representante” da empresa. É também Chiang Kin Tong quem é responsável pelas

No relatório de contas, assinado por Angela Leong, número um da Sociedade de Jogos de Macau, a Yat Yuen não se mostra preocupada com o possível encerramento do Canídromo no final deste ano – pedido que tem vindo a ser feito por diversas associações de protecção animal devido aos maus tratos aos cães que lá correm e que inundou recentemente a imprensa internacional. “O Canídromo constitui um marco da história do jogo e cultural de Macau, tendo-se desenvolvido durante mais de meio século”, começa por indicar a empresa, admitindo contudo que já foi “outrora” um dos pilares económicos

“Vale a pena ter tanto espaço alocado numa actividade que só dá isso?” Albano Martins economista e presidente da ANIMA de Macau. A Yt Yuen considera também que o espaço contribuiu para a diversificação e desenvolvimento do turismo e do sector de jogo de Macau, ainda que o local esteja, como revela a imprensa local e internacional, quase sempre vazio. “Olhando para o futuro (...), com novas ideias, [o Canídromo empenha-se a dar] um novo impulso para o desenvolvimento sustentável a longo prazo e contribuindo no propósito de promover Macau como Centro Internacional de Turismo e Lazer”, indica ainda o relatório. Opinião contrária tem a ANIMA, que acredita que é desta, 51 anos depois de operação, que o local vai fechar. De acordo com o jornal Ponto Final, o Conselho do Planeamento Urbanístico falou esta semana num reaproveitamento geral do local e o aproveitamento do espaço para outras finalidades, na eventualidade disto acontecer. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Nam Kwong arrecada mais de 11 milhões

Prédio na Rodrigo Rodrigues transformado em hotel

Governo permitiu à Huge Rich Investments Limited, do filho de Pedro Chiang, a criação de um hotel de duas estrelas na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues. A autorização foi dada através de um despacho publicado em Boletim Oficial, que prevê a revisão do contrato de concessão de um lote com 812 metros quadrados. O terreno, que se junta na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues e na Rua de Xangai e onde está construído o “Edifício de Seguros da China Vida”, pertence à Huge Rich Investments, registada nas Ilhas Virgens Britânicas, por arrenda-

As contas da Yat Yuen publicadas em BO mostram que há ainda cerca de 410,8 milhões de “adiantamentos a pagar”, o que pode indiciar a distribuição de dividendos, e ainda cerca de 29 milhões de “sócios e sociedades associadas” no activo não corrente, que podem indicar que o capital da empresa não foi atingido. Para Albano Martins, que refere que dentro dos lucros se incluem 4,86 milhões ganhos com a compra e venda de galgos, menos os custos de cerca de 20%. “Fazem dinheiro com compra e venda de carne para canhão”, considera ao HM, referindo-se à polémica que tem assombrado o Canídromo pela morte de mais de 300 animais por ano.

A

empresas do pai, envolvido e condenado no caso de corrupção do ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long e actualmente em Portugal. O arrendamento é válido até 2 de Junho de 2019, sendo que a renda anual é de 137 mil patacas. O hotel terá 10.973 metros quadrados e a empresa tem 36 meses para alterar a finalidade do edifício. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Companhia de Gás Natural Nam Kwong conseguiu mais de 11,8 milhões de patacas com a venda de gás natural no território, em 2015. Os dados da empresa foram ontem publicados em Boletim Oficial, no relatório de contas relativo ao ano passado e onde se podem verificar a existência de “prejuízos” no valor de mais de 22,2 milhões de patacas. Até 31 de Dezembro de 2015, as obras de construção e o investimento em activos custaram à empresa 264,4 milhões de patacas, sendo que o volume de vendas do gás natural ascendeu a mais de um milhão de metros cúbicos.

A Nam Kwong diz ter assegurado o funcionamento de gás natural em Coloane, Cotai, novo campus da Universidade de Macau na ilha da Montanha e Taipa. A empresa afirma ainda que está já a “fornecer gás natural aos autocarros de Macau” e apresenta. “Em 2015, foram concluídos cerca de seis quilómetros de instalação, o total das redes é mais de 30 km e as redes principais de gás natural já cobriram a maioria das zonas de Taipa e Cotai, satisfazendo as necessidades do aumento dos usuários”, pode ler-se no relatório da empresa, onde esta se compromete, para este ano, a construir novas instalações. J.F.


9 hoje macau quinta-feira 30.6.2016

sociedade

Detenção PSP garante tratamento adequado. Mãe refuta

Criança quase ilegal

Tudo calmo

A autoridade garante que durante o tempo em que esperou na carrinha “a jovem permaneceu calma”, sendo que aquilo que foi referido na internet e imprensa de que a mesma chorou com pânico, devido à verificação de documento por agentes, não corresponde à realidade. “Ela apenas chorou após a chegada da mãe ao local. Os agentes desta corporação apenas cumpriram as competências conferidas por lei e praticaram a lei com uma atitude imparcial e justa,

“Ela apenas chorou após a chegada da mãe ao local. Os agentes desta corporação apenas cumpriram as competências conferidas por lei”

HOJE MACAU

A

P o l í c i a de Segurança Pública (PSP) já reagiu ao caso da menor de 13 anos que foi apanhada numa operação STOP sem o respectivo BIR, tendo referido que apenas cumpriu a lei e sempre comunicou com a jovem em Inglês. “Como [a menor] não conseguiu apresentar qualquer documento de identificação, o agente levou-a à carrinha de 12 lugares desta corporação e colocou-a num lugar que ficava junto à porta da viatura e que não estava mais ninguém sentado ao seu lado. Além disso, durante a permanência na viatura, o agente não teve qualquer contacto físico com a referida jovem e encontrava-se também uma agente a guardar fora da viatura e a porta da carinha não estava trancada. Posteriormente, o agente permitiu à jovem comunicar com a sua a família através de telemóvel e, cerca de 15 minutos depois, a mãe da jovem chegou ao local, onde se demonstrou bastante nervosa e excitada”, pode ler-se num comunicado da PSP.

Comunicado da PSP

conforme o procedimento estabelecido. No presente caso, não se verificou qualquer irregularidade”, defendem no comunicado.

Outra história

Confrontada pelo HM com estas declarações, Julene Goitia Soares, a mãe da menor, continua a apresentar uma versão diferente dos acontecimentos. “É verdade tudo o que disse. Quando cheguei a minha filha já estava a chorar dentro da carrinha e acho que não havia necessidade nenhuma de a pôr dentro de uma carrinha,

porque ela só tem 13 anos. Poderia, por exemplo, ter ficado num carro à parte com uma agente. Não tinha ninguém com ela e estava numa carrinha com homens adultos, parecia que tinha cometido um crime. Pegaram no braço dela para sair da carrinha o que é injusto, porque ela não fez nada. A partir do momento em que a polícia vê que se trata de uma menor tem de pedir o número de telefone aos pais”, referiu. “Se me tivessem ligado logo eu não ficava chateada, mas não foi isso que fizeram. Perguntaram

“Quando cheguei a minha filha já estava a chorar dentro da carrinha e acho que não havia necessidade nenhuma de a pôr dentro de uma carrinha, porque ela só tem 13 anos” Julene Goitia Soares mãe da menor se ela tinha passaporte e ela disse que tinha o BIR, mas que estava com a mãe. Foi aí que a puseram na carrinha e não falaram mais com ela”, concluiu Julene Goitia Soares, que continua à espera do resultado de uma queixa já apresentada por alegado mau comportamento das autoridades. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

DSEJ sem pedidos de ajuda para educação inclusiva

A directora do Centro de Apoio Psicopedagógico e Ensino Especial da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Chow Pui Leng indicou, ao jornal Ou Mun, que o organismo governamental ainda não recebeu pedidos de ajuda para os alunos com deficiência mental. À mesma publicação, a directora indicou que a ajuda será dada a quem a pedir, sendo que será ainda introduzida Educação Inclusiva naquelas escolas que tiverem condições e vagas. Actualmente existem 30 escolas primárias e 20 escolas secundárias com educação inclusiva. Conforme noticiado anteriormente, a Escola do Santíssimo Rosário foi sancionada, no ano lectivo 201617, o que significa que existe menos uma escola com educação inclusiva. A directora afirmou ainda que a DSEJ está a ajudar os estudantes da Escola do Santíssimo Rosário na transferência de escolas depois da suspensão.

IFT confiante com novo campus

O Instituto de Formação Turística (IFT) diz que o novo campus da universidade na Taipa, que irá estar em funcionamento a partir de Agosto, vai permitir à instituição a oferta de um “ensino mais diversificado, bem como ter instalações mais espaçosas e adequadas à qualidade de ensino”, adianta a instituição num comunicado. As instalações situadas na Estrada Coronel Nicolau de Mesquita serão suspensas amanhã. A instituição congratula ainda o Governo pela cedência da ex-biblioteca da Universidade de Macau, de um edifício para o pessoal e de dois laboratórios ao IFT.

Comércio externo cai 20,1%

O valor do comércio externo de mercadorias caiu 20,1% até Maio, face ao período homólogo do ano passado, atingindo 32,32 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), nos primeiros cinco meses, Macau exportou bens avaliados em 4,28 mil milhões de patacas – menos 5,5% –, enquanto as importações foram 28,04 mil milhões de patacas – menos 21,9%. O défice da balança comercial situou-se em 23,75 mil milhões de patacas. Em termos de destino, aumentou o valor das exportações para a China (711 milhões de patacas, mais 5,6% em termos anuais), enquanto o de Hong Kong diminuiu (2,56 mil milhões de patacas, menos 9,2%). Significativas quebras foram registadas também nos valores exportados de mercadorias para a União Europeia (79 milhões de patacas), menos 28,5%.

Aberto concurso público para ponte entre Zona A e península

O Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) anunciou ontem a abertura de um concurso público para uma ponte que vai ligar a Zona A dos novos aterros à Rotunda da Amizade. De acordo com um despacho publicado em Boletim Oficial (BO), e assinado pelo coordenador substituto do Gabinete, Cheong Ka Lon. A nova via de acesso será uma “ponte de ligação” e vai ser construída entre a “Rotunda da Amizade, norte da Zona A dos novos aterros urbanos e áreas marítimas entre os dois lados”, como se pode ler no despacho do BO. Aptas para a candidatura estão todas as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes para execução de obras, sendo que estas têm de entregar as propostas até ao dia 21 de Julho. A construção tem de ser feita até ao final do mês de Novembro do próximo ano e o preço apresentado nas propostas conta 40% da avaliação.


10 CCM “Senhor Satie de Papel” inaugura InspirARTE 2016

eventos

Bebes ao palco Hoje Macau

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O primeiro dos espectáculos de Verão preparados pelo CCM começa já hoje. Vem da Polónia e é completamente dedicado aos bebés. Os pais são convidados a estarem calados e a deixarem as crianças usufruírem. No final, os mais pequenos saltam todos para o palco para uma sessão de brincadeira. A música é de Erik Satie, mas não só

B

eata Bablinska e Monika Kabacinska são as caras e as mentoras do Teatr Atofri, uma companhia com quase nove anos que chega da Polónia. A proposta é trabalhar para um público menor. Mesmo. A peça “Senhor Satie de Papel” é pensada e concebida para bebés até aos 24 meses e estreia hoje, no Centro Cultural de Macau (CCM). “Na Polónia, quando começámos, não existia nada disto no

“Música, movimento e canto, é esta a nossa proposta” Monika Kabacinska,Teatr Atofri

próximo das crianças. Divertem-se imenso”. Mas nem só de Satie vive o espectáculo. “Também improvisamos ao piano”, diz Beata, admitindo que o fazem inspiradas na música de Satie com “composições muito curtas”. As duas recorrem ainda a outras fontes. “Os bebés vão ouvir música a que não estão habituados. Também usamos música popular polaca, barroca, renascentista e mesmo alguma música moderna composta hoje”, revela Monika. As cores utilizadas também alinham pelo princípio da simplicidade: “Não usamos muitas cores, apenas branco, amarelo, azul e vermelho. Um estilo Mondrian”, explica Monika.

Pais mal comportados

panorama teatral”, explica Beata, adiantando contudo que “este tipo de teatro para bebés já tem uma longa tradição com cerca de 40 anos na Europa, em países como a Alemanha, a Itália, a Áustria e a Dinamarca”. As artistas não pretendem ser educadoras, apesar de já o terem sido. “Éramos as duas educadoras, eu já ensinava dança, e resolvemos avançar com o projecto. Mas não

procuramos passar mensagens com esta peça. Apenas que as crianças se divirtam”, diz Monika.

Simplificar e imaginar

Gostam muito de utilizar música porque “tem um impacto muito grande junto das crianças”, como garante Beata. Para este espectáculo escolheram, maioritariamente, música do compositor francês Erik Satie.

À venda na Livraria Portuguesa Highlander - Desejo de um Escocês • Maya Banks

Incapaz de regressar para uma família que a crê morta ou abandonar os habitantes da fortaleza à mercê de um novo senhor, Genevieve McInnes escolhe adoptar a vida pacífica de uma abadessa. Mas a sensualidade rude de Bowen desperta nela o desejo secreto de ceder à tentação das suas carícias.

6 de Abril ‘96 • Sveva Casati Modignani

“6 de Abril ’96” é um romance empolgante dedicado às mulheres: as que lutaram por assumir as rédeas do seu próprio destino e as que hoje usufruem das conquistas alcançadas então.

“Escolhemos a música dele porque é simples e visual e isso inspirou-nos”, diz Beata. Para as artistas polacas, “o poder mágico da música pode iluminar a mente das crianças, marcando-as de forma positiva em muitos aspectos”. “Música, movimento e canto, é esta a nossa proposta”, complementa Monika, que confessa também que “após nove anos podemos dizer com segurança que cantar é algo muito

“Esperamos que levem com elas boas imagens artísticas e música. Queremos que as crianças abram a cabeça”, diz Monika, que garante que, para que as crianças consigam mesmo absorver a experiência, torna-se absolutamente essencial que os pais, ou os acompanhantes, dos bebés se refreiem de tentarem explicar às crianças o que estão a ver. “Os pais são o problema. Especialmente os avós”, explica Beata. Isto porque, continua, “têm o hábito de explicarem às crianças o que estão a ver. Na Polónia então é horrível”. A este propósito relatam-nos que uma vez em França o apresentador do espectáculo fez o aviso certo ao lembrar pais e avós (“normalmente os piores”, atalha Beata) que as crianças são estudantes profissionais pois sabem como aprender, já que apenas fazem isso. “Não precisam de lhes explicar o que estão a ver”, diz Beata, “deixem-nas sentir e concluir por elas próprias”.

O prazer de destruir

Passada quase uma década desde que começaram a fazer tournées pelo mundo, já contactaram crianças de diversas culturas. Mas reagirão todas da mesma forma? “Os chineses e os turcos são muito barulhentos, não faço ideia porquê”, diz Monika a rir, adiantando ainda ter notado que, apesar do banzé, “os chineses são muito

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

Nós Somos os Mouros • Vários autores

Seis leituras desenhadas da presença árabe na península ibérica, por ter sido aqui que em tempos morou o jardim paradisíaco árabe, mas também o de uma pacífica convivência entre as três religiões mono, tantas vezes mais histéricas que estéreo. Com edição em português na Assírio & Alvim e em castelhano nas Ediciones de Ponent, ficam, pois, disponíveis seis singelas histórias, de dez pranchas cada, dramaticamente actualizadas pelas circunstâncias.


11 hoje macau quinta-feira 30.6.2016 focados. Falam a todo o momento mas focam-se no que estão a fazer”. Para além disso, não notam diferenças de maior e consideram que comum mesmo são os comentários que elas vão fazendo durante a peça. “Interrogam-se, debatem, apontam... o feedback é extremamente rápido”, diz Monika. O cenário e os adereços são todos feitos de papel. Um papel especial que trazem da Polónia, 50% pergaminho, explicam-nos, e as crianças vão ter oportunidade de destruir parte dele na cena final. Quando iniciaram a performance foram gravados alguns filmes com as crianças a rasgarem o papel e os resultados foram fabulosos. “É tão engraçado ver como elas se divertem a destruir o papel”, diz Beata. O espectáculo encerra com uma reunião de 15 minutos com as crianças onde elas são convidadas a irem para o palco brincar. A comunicação é basicamente gestual com algumas frases curtas e muito directas. “Também usamos algumas palavras de poesias muito conhecidas na Polónia e combinamo-las com outras ideias”, explica Monika.

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Crepúsculos e jardins

O excêntrico

E

rik Satie foi um influente e excêntrico compositor francês que viveu na viragem do século XIX. Aclamado como “o pioneiro da música moderna em França”, Satie inseriu nas suas composições um som diferente, tendo até chegado a usar uma sirene e garrafas de leite quando compôs Parade, cujas partituras foram utilizadas num Ballet de Jean Cocteau coreografado por Leonide Massine e cenografia e figurinos de Pablo Picasso. A natureza humorística de Satie também transparece nos títulos que escolhia, como o da peça “Prelúdios Flácidos”.

O espectáculo acontece hoje e amanhã pelas 17h00 e sábado e domingo, com sessões às 11h00, 15h00 e 17h00. A duração é de aproximadamente 45 minutos e o preço dos bilhetes é de 180 patacas para adultos e de 200 patacas para adultos acompanhados por crianças. Manuel Nunes

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eventos

Duas exposições arrancam em Julho na Creative Macau

N Artes Marciais em Macau

De 11 a 14 de Agosto vai ter lugar o primeiro encontro de wushu em Macau. A notícia foi dada a conhecer pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam que adianta esperar que o evento integre o programa turístico, cultural e desportivo da RAEM. A intenção é que se concretize enquanto iniciativa anual e que possa vir a representar uma marca de sucesso à semelhança do Grande Prémio de Macau.

o próximo mês a Creative Macau tem duas exposições preparadas. A primeira, já está em exibição e intitula-se “Transiente” e traz-nos a pintura de Sofia Arez. Sai de cena a 23 de Julho para, quatro dias depois, a 27, estrear a segunda. Esta chama-se “Vizinhança” e exibirá pinturas e desenhos de Laura Che, estando patente ao público até ao dia 20 de Agosto. “Transiente” é, segundo a artista, “um trabalho sobre o valor do crepúsculo, o florescer e o cantar da escuridão, num mundo cada vez mais iluminado”. Para Sofia Arez, “precisamos do mundo das sombras, daquelas coisas que não podem ser facilmente explicadas, que suspeitamos, ou imaginamos, mas não sabemos e de todas as áreas da vida que são definidas por graduações de incerteza”. O trabalho da artista é guiado pelo seu interesse na natureza, percepção e ascetismo. Nasceu em Lisboa em 1972 e é mestre de Pintura pela Universidade de Lisboa. Vive e trabalha em Macau e tem vários dos seus trabalhos em colecções privadas e públicas como as

da Fundação Oriente, Museu Arqueológico do Carmo e Jersey Museum, entre outros.

Nas alturas

“Vizinhança” traz-nos um jardim aberto no topo de um prédio de dois andares que a sua autora considera “uma associação de prazer com os seus aspectos e pontos de vista particulares”. Um trabalho que reflecte sobre a nova geração citadina “onde todos andam saturados do trabalho” para o que, clama Laura Che, “a forma mais eficiente de relaxar e limpar a mente é fugir da vida agitada num local agradável e relaxante”. Uma apaixonada pela arte, Laura Che tem uma ligação forte ao Design de Moda e de interiores bem como ao Design Espacial e de Produto. Para além da pintura também cria ilustrações para crianças. Participante activa nas exibições colectivas promovidas pela Creative Macau desde o princípio do século, Laura Che surge agora com a sua primeira exposição individual. M.N.


12 China

hoje macau quinta-feira 30.6.2016

Hong Kong Esperados 100 mil em marcha do aniversário da transição

Ex-Presidente de Cabo-Verde chega a Pequim em Julho

Activistas saem à rua

O ex-Presidente da República e Presidente do Instituto Pedro Pires para a Liderança (IPP), Comandante Pedro Pires deslocase em Julho à China no quadro da celebração do “Ano de Amizade e Intercâmbio Cabo Verde – China”. Segundo informações do IPP, a visita tem em vista o aprofundamento da amizade e da cooperação sino-cabo-verdiana, a promoção da cooperação entre instituições públicas e privadas dos dois países (nos âmbitos diplomático, económico, cultural e da educação, entre outros), e a pesquisa de novas oportunidades. Pedro Pires terá uma agenda muito preenchida em Pequim, incluindo o Encontro dos Estudantes e Emigrantes Cabo-verdianos na China, um encontro com Embaixadores Africanos acreditados na China e uma visita à Escola Profissional de Changping, entre outros. De Pequim, o presidente do IPP ruma a Macau, onde irá também realizar uma série de contactos com entidades locais e marcará presença na inauguração da exposição bilingue “Vida e Obra de Amílcar Cabral”

A

Frente Civil dos Direitos Humanos, que organiza a marcha anual em Hong Kong, pelo aniversário da transição para a China, a 1 de Julho, estima a participação de 100.000 pessoas na manifestação de sexta-feira, segundo a imprensa local. A marcha vai ser liderada pelo livreiro Lam Wing-kee, que esteve desaparecido e regressou recentemente a Hong Kong, e por outros dois residentes da antiga colónia britânica – Ching Cheong e Lau Shan-ching – que no passado também estiveram presos na China, escreve a Hong Kong Free Press (HKFP). Ligado a uma editora que publicava em Hong Kong livros críticos do regime chinês e sobre a vida privada de líderes chineses, Lam Wing-kee esteve oito meses detido e diz ter sido sequestrado por “forças especiais” do interior da China após ter passado a fronteira de Hong Kong para a cidade de Shenzhen no ano passado. Ching Cheong foi detido em 2005 por cerca de mil dias por alegados crimes de espionagem enquanto trabalhava para o jornal de Singapura The Straits Times, e o ativista Lau Shan-ching foi preso em 1981, pelo período de dez anos, por ajudar activistas chineses na cidade de Guangzhou, acrescenta a HKFP. “Os três trabalharam durante muito anos pela democracia, liberdade e direitos humanos, e foram encarcerados e privados das suas liberdades porque foram corajosos o suficiente para falar [contra o regime chinês]”, disse Jimmy Sham Tsz-kit, da Frente Civil dos Direitos Humanos.

Guerra ao número

O tema da marcha deste ano é “At war with 689” [Em guerra com o 689], em alusão ao número de votos com que o actual chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, foi eleito em 2012, escreve o South China Morning Post. O chefe do Governo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado por 1.200 membros, representativos dos vários setores da sociedade, dominado por elites pró-Pequim. A China prometeu sufrágio directo nas próximas eleições para o chefe do executivo em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderia escolher o seu representante máximo mas apenas

Lam Wing-kee

O tema da marcha deste ano é “At war with 689” [Em guerra com o 689], em alusão ao número de votos com que o actual chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, foi eleito entre o universo de candidatos escolhidos numa pré-seleção por um comité, uma reforma política que viria a ser chumbada pelo Conselho Legislativo de Hong Kong em junho do ano passado. Uma marcha sai para as ruas anualmente na antiga colónia britânica a 1 de Julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China. Os manifestantes, que partem às 15:00 locais (08:00 em Lisboa) do Parque Victoria, na zona de Causeway Bay, até à sede do Governo, em Admiralty, vão também reivindicar o sufrágio universal, um plano de pensões de reforma

universal, assim como a definição padronizada das horas de trabalho, e o fim de ‘elefantes brancos’ nos projectos de infra-estruturas da cidade. No mesmo dia da marcha, os grupos ‘localists’ Hong Kong Indigenous, Hong Kong National Party e Youngspiration vão realizar uma concentração junto ao Gabinete de Ligação, pelas 19:00 locais.

Heróis dos livros

Estes grupos enaltecem o livreiro Lam Wing-kee como um herói, pela coragem em falar contra o regime chinês, e instam a população a aparecer e a agir contra “os

raptos das pessoas de Hong Kong pelo Governo chinês”. Antiga colónia britânica, Hong Kong foi devolvida à República Popular da China em 1997, sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que promete manter os sistemas sociais e económicos da cidade durante 50 anos, detendo o estatuto de Região Administrativa Especial. Nos últimos anos têm aumentado os receios quanto à erosão das liberdades de Hong Kong, tendo o desaparecimento, no final de 2015, de cinco livreiros, que trabalhavam para a mesma livraria e editora, incluindo Lam Wing-kee, contribuído para o aumento dos receios.

Homem salva mil animais do Festival de Carne de Cão

Marc Ching é o fundador da “Animal Hope and Wellness Foundation”, e conseguiu salvar mil cães que seriam comidos durante o Festival de Carne de Cão. O evento acontece todos os anos durante 10 dias na cidade de Yulin, na China. Ching foi para o festival onde começou a trabalhar na tentativa de resgatar os cães mantidos em alguns dos cativeiros e matadouros. Com a ajuda da namorada conseguiu resgatar e transportar os animais até aos Estados Unidos da América, onde estão a ser tratados. Cerca de 10 milhões a 20 milhões de cães são mortos a cada ano na China para terem a sua carne transformada em comida. E o festival em Yulin tornou-se sinónimo da prática… aproximadamente 10 mil cães são mortos durante o evento todos os anos


13 hoje macau quinta-feira 30.6.2016

A

manutenção da paz no estreito de Taiwan “representa uma parte muito importante na segurança regional”, independentemente do partido que governe a ilha, disse na terça-feira a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, em visita ao Paraguai. “Independentemente do partido que esteja no poder em Taiwan, temos sempre um único e comum objectivo que é manter a paz e a estabilidade no estreito”, destacou Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista (PDP). Nesse sentido, explicou estar “certa” de que todas as partes interessadas na manutenção da paz no estreito de Taiwan “vão ajudar, de uma outra forma”, a prosseguir esse objectivo. “Todas as partes vão trabalhar de forma comum, tendo em conta que a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan representa os máximos interesses para todas as partes pertinentes”, afirmou a chefe de Estado.

Palavra de Presidente

que foi a base política das relações bilaterais nos últimos anos. Ao abrigo do “Consenso de 1992”, as duas partes reconhecem que existe apenas uma China, mas cada um dos lados faz a sua própria interpretação desse princípio. Taipé disse, em reacção, que irá manter as portas do diálogo abertas e fez um apelo para que “ambas as partes cooperem na protecção dos direitos e bem-estar” dos cidadãos de ambos os lados do estreito de Taiwan. O anúncio da suspensão das comunicações teve lugar quando a Presidente de Taiwan viajava para o Panamá, onde participou, no fim de semana, na abertura da ampliação do Canal, donde seguiu depois para o Paraguai. O Paraguai é o único país da América do Sul que mantém laços diplomáticos com o Governo de Taipé, e o primeiro país onde Tsai se desloca enquanto chefe de Estado, depois de ter tomado posse no passado dia 20 de Maio, numa cerimónia que contou com o Presidente paraguaio, Horacio Cartes. A América Latina e o Caribe constituem o principal ‘bastião’ diplomático de Taiwan na sua disputa de soberania com a China, já que 12 dos 22 aliados diplomáticos da ilha pertencem a essa região do mundo, incluindo o Paraguai.

Paz no estreito de Taiwan é importante para segurança regional

“Independentemente do partido que esteja no poder em Taiwan, temos sempre um único e comum objectivo que é manter a paz e a estabilidade no estreito” Tsai Ing-wen Presidente de Taiwan

Canais entupidos

Tsai Ing-wen, que se encontra de visita oficial no Paraguai até quinta-feira, também falou sobre a recente suspensão de comunicações oficiais entre Taipé e Pequim. “Vamos continuar a dialogar com a China, apesar de neste

Neste sentido, sublinhou que Taiwan vai utilizar todos os recursos disponíveis “para que essa diferença de posturas se possa manter no caminho da paz”.

momento, temporariamente, os canais de negociações oficiais se encontrarem interrompidos. Todavia, ainda existem outras opções de comunicação e diálogo”, disse.

China

A China justificou a sua decisão, anunciada no domingo, de suspender todas as comunicações com Taiwan com a recusa, por parte de Tsai Ing-wen de aceitar o chamado “Consenso de 1992”,

pub HM • 2ª vez • 30-6-16

ANÚNCIO

EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto

: 74/E-BC/2016 :38/BC/2011/F :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Travessa da Barra n.º 6, Edf. Vila Va Tou, Bloco 2, terraço sobrejacente à fracção 5.º andar D (CRP:D5), Macau.

Local

Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados o(s) dono(s) da obra e proprietário(s) do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local 1. acima indicado realizou-se a seguinte obra não autorizada: Obra 1.1

2.

Assine-o Telefone 28752401 | Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo

www.hojemacau.com.mo

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

Construção de um compartimento com cobertura metálica, gradeamento Infracção ao n.º 4 do artigo metálico, paredes em alvenaria de tijolo e 10.º, obstrução do caminho janelas de vidro no terraço sobrejacente à de evacuação. fracção 5.º andar D.

Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

3.

Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício.

4.

Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI.

5.

O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).

RAEM, 23 de Junho

de 2016

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man

PROC. INTERDIÇÃO N.º

CV1-16-0072-CPE

1.º Juízo Cível

REQUERENTE: O MINISTÉRIO PÚBLICO. REQUERIDO: SUN MENG LEONG, do sexo masculino, nascido a 27 de Fevereiro de 1998, em Macau, titular do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da R.A.E.M., residente em Macau, na Rua Nova da Areia Preta, Edif. Kuong Wa San Chun, Bloco 1, 16º andar B. *** A MERETÍSSIMA JUIZ DO 1.º JUÍZO CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M. FAZ SABER QUE, foi distribuída neste Tribunal, em 15 de Junho de 2016, uma Acção Especial de Interdição por Anomalia Psíquica, com o número acima indicado, que o Ministério Público move contra SUN MENG LEONG, a fim de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., aos 22 de Junho de 2016.


h artes, letras e ideias

14

fichas de leitura

Manuel Afonso Costa

Segredos da existência

B

elo e comovente, “O Deus das Pequenas Coisas” é a história de três gerações de uma família de Kerala, Índia. Os gémeos Estha e Rahel, a sua mãe, avó, tio, prima e Velutha, o deus da perda e das pequenas coisas. Mas, numa noite de Junho, os fantasmas regressam à casa da História. A história começa no estado de Kerala, no Sul da Índia, onde coabitam grandes fés: cristianismo, hinduísmo, islamismo e marxismo. Ali, em 1969, na estrada para Cochim, um Plymouth azul fica retido no meio de uma manifestação de trabalhadores. No carro estão os gémeos Rahel e Estha, então com sete anos - e assim começa a sua história. Os dois crescem entre caldeirões de geleia de banana e pilhas de grãos de pimenta, na fábrica da avó cega. Armados com a inocência invencível das crianças, tentam inventar uma infância à sombra da ruína que é a sua família; a mãe, a solitária e adorável Ammu, o delicioso tio Chacho, a inimiga Baby Kochamma e o fantasma de uma mariposa que um dia pertenceu a um entomologista imperial. Rahel e Estha descobrem que As Coisas Podem mudar num só dia, que as vidas podem ter o seu rumo alterado e assumir novas, e feias, formas. Descobrem que elas podem até deixar de ser para sempre. Aqui vai um cheirinho delicioso de O Deus das Pequenas Coisas: “Rahel chega a Ayemenem numa tarde chuvosa de Junho – as monções começaram. Maio já vai longe e o cheiro dos frutos maduros também. A vegetação parece subir enroscada nas paredes quando Rahel entra em casa, uma casa vazia com «a varanda da frente deserta». «O Plymouth azul-celeste com barbatanas cromadas ainda estava parado lá fora e Baby Kochamma ainda estava viva lá dentro».

Roy, Arundhati, O Deus das peguenas coisas ASA, Porto, 1999 Descritores: Literatura, Índia, 301 p., ISBN: 9724119378 Cota: 821.21-31 Roy

Rahel regressa a casa, vinda da América, para uma viagem pelo passado, as memórias que marcaram para sempre a família que a amou e a desprezou. Para lembrar a mãe, Ammu, que amava de noite o homem que os filhos amavam de dia – Velutha, o deus da perda e das pequenas coisas. E para reencontrar Estha, o irmão gémeo – «gémeos biovulares; ‘dizigóticos’, chamavam-lhes os médicos» –, que se refugiou numa pesada mudez desde que «tudo» aconteceu”. Assim começa O Deus das Pequenas Coisas, …

LICENCIADA EM arquitectura, Roy Arhundati nasceu em Kerala, na Índia, em 1961. Cedo se dedicou à escrita de guiões para cinema. O Deus das Pequenas Coisas, que foi publicado em 1997, é o seu primeiro romance e por enquanto o único e com ele a autora recebeu o Booker Prize do mesmo ano. “Este prémio é sobre o meu passado. Não sei se escreverei outro livro. Estou à espera que o barulho na minha cabeça pare”, disse, em várias entrevistas. Apesar de não ter, ainda, escrito e publicado mais romances ou novelas é abundante a sua actividade intelectual como o demonstra a sequência de obras que refiro a seguir: The End of Imagination. Kottayam: D.C. Books, 1998. ISBN 81-7130-867-8; The Cost of Living. Flamingo, 1999. ISBN 0-375-75614-0. Contém os ensaios “The Greater Common Good” e “The End of Imagination”; The Greater Common Good. Bombay: India Book Distributor, 1999; The Algebra of Infinite Justice. Flamingo, 2002; Collection of essays: “The End of Imagination”; “The Greater Common Good”; Bombay, 1999; “The Algebra of Infinite Justice,” Flamingo, 2002. Collection of essays: “The End of Imagination,” “The Greater Common Good,”, “Power Politics”, “The Ladies Have Feelings, So...,” “The Algebra of Infinite Justice,” “War is Peace,” “Democracy,” “War Talk” e “Come September.” “Power Politics”, Cambridge: South End Press, 2002; “Power Politics. Cambridge: South End Press, 2002. Foreword to Noam Chomsky, For Reasons of State. 2003. An Ordinary Person’s Guide To Empire. Consortium, 2004. Public Power in the Age of Empire Seven Stories Press, 2004. The Checkbook and the Cruise Missile: Conversations with Arundhati Roy. Entrevista por David Barsamian. Cambridge: South End Press, 2004. Introduction to 13 December, a Reader: The Strange Case of the Attack on the Indian Parliament. New Delhi, New York: Penguin, 2006. The Shape of the Beast: Conversations with Arundhati Roy. New Delhi: Penguin, Viking, 2008. Listening to Grasshoppers: Field Notes on Democracy. New Delhi: Penguin, Hamish Hamilton, 2009. https://pt.wikipedia.org/wiki/Especial:Fontes_de_livros/9780670083794

Mas quem é esse Deus das Pequenas Coisas? “O deus das pequenas coisas é a inversão de Deus. Deus é uma coisa grande e está sempre numa posição de domínio e de controle. O deus das pequenas coisas pode ser a forma como as crianças vêem as coisas ou a vida dos insectos nos livros, os peixes ou as estrelas – é um não-aceitar do que pensamos ser as fronteiras dos adultos”, explica Roy. Em resumo, O Deus das Pequenas Coisas é portanto a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal. Uma história feita de muitas histórias. A história dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa, Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby Kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo Padre Mulligan. Estas são as pequenas histórias de uma família que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes coisas permanecem

por dizer. O Deus das Pequenas Coisas é uma apaixonante saga familiar que, pelos seus rasgos de realismo mágico, levou a crítica a comparar Arundhati Roy com Salmon Rushdie e García Márquez, e lhe valeu o Booker Prize. Eu lembro-me da época em que eu próprio descobri a metafísica avassaladora das pequenas coisas e a paixão que passou a acompanhar-me nessa vertigem de nomear e descrever a realidade anódina e anónima, esse mundo que exige a nossa vocação para se tornar real, para existir enfim. Em boa verdade esse é o segredo da literatura no sentido genérico de poiesis. Novalis dizia que quanto mais poético, mais verdadeiro. E é este mundo das pequenas coisas, das coisas aparentemente sem importância que é o mais poético e até o mais autenticamente nosso. Ter acesso a esse mundo, aos segredos minúsculos da realidade é ter acesso aos segredos da existência, aos mistérios do mundo. Toda a grande poesia contemporânea, que é agora sempre uma poética da média rés, explora as criações demiúrgicas dos deuses das pequenas coisas. Arundhati Roy teve esse mérito, o de mostrar, sem equívocos, uma tendência generalizada da arte contemporânea, em particular das artes efabulatórias onde o dizer mais se confunde com o nomear, no sentido literal do verbo que será sempre como dar vida e evidenciar um mundo esquecido, apagado por detrás dos acontecimentos mais espectaculares embora muitas vezes redundantes no seu fulgor. Vale a pena trazer aqui e agora a panóplia das coisas às quais muitas vezes pouco ligamos distraídos que estamos com as “grandes coisas”, digo-o ironicamente pois a minha vida enriqueceu-se com essas coisas como o cheiro dos frutos ou a memória de como chovia naquele certo dia em que muitas mais coisas aconteceram, grandes e pequenas, mas o que ficou foi a intensidade da chuva, a luz que ao chover se dissipava. As pequenas coisas são também as que por se dizerem impediram que outras se dissessem e ao adquirirem uma eleição votaram outras ao silêncio. Aqui para nós, as pequenas coisas acabam por ser as coisas que a argúcia e a imaginação promoveram e nesse sentido deram vida e é justamente por isso que um escritor é sempre um demiurgo, mas também um iconoclasta e um ser apocalíptico.

*No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


15 hoje macau quinta-feira 30.6.2016

a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 18. O estripador “Meu Amor. Tenho tantas saudades tuas. Faz-me um favor. Coloca a minha música e canta comigo: “Yan jim jeui liu ye gang sam / Joi je yat hak do mo jip gan / Si seung fong chi joi yiu ham / Maau teun ya gang sam // Chang bei po seui gwo dik sam / Yeung nei gam tin hing hing tip gan / Do siu ngon wai kap yi man / Tau tau dik joi saang // Ching naan ji gam / Ngo keuk kei sat suk yu / Gik dou yung yi sau seung dik neui yan / Bat yiu bat yiu bat yiu jau loi jau heui / Ching jan sik ngo dik sam // Yu ming baak ngo / Gai juk ching yun yit lyun / Je go yung yi sau seung dik neui yan / Bat yiu dang / Je yat hak ching yit man // Cheung ye yau nei jeui ya jan / Yeung ngo jung yu jaau dou seun yam / Bat gun yat chai si yi man / Faai lok si ching yan // Chang hoi pa liu je yat saang / Si nei chi jung gam sam kaau gan / Ngo fong ji yung yau jeuk yun fan / Cheung gin ngo seun sam // Chang bei po seui gwo dik sam / Yeung nei gam tin hing hing tip gan / Do siu ngon wai kap yee man / Tau tau dik joi saang // Ching naan ji gam / Ngo keuk kei sat suk yu / Gik dou yung yi sau seung dik neui yan / Bat yiu bat yiu bat yiu jau loi jau heui / Ching jan sik ngo dik sam // Yu ming baak ngo / Gai juk ching yun yit lyun / Je go yung yi sau seung dik neui yan / Jung chi yat saang ya fo bun dik yit man // Cheung ye yau nei jeui ya jan / Yeung ngo jung yu jaau dou seun yam / Bat gun yat chai si yi man / Faai lok si ching yan // Ching naan ji gam / Ngo keuk kei sat suk yu / Gik dou yung yi sau seung dik neui yan / Bat yiu bat yiu bat yiu jau loi jau heui / Ching jan sik ngo dik sam // Yu ming baak ngo / Gai juk ching yun yit lyun / Je go yung yi sau seung dik neui yan / Bat yiu dang / Je yat hak ching yit man // Cheung ye yau nei jeui ya jan / Yeung ngo jung yu jaau dou seun yam / Bat gun yat chai si yi man / Faai lok si ching yan. 1

Por vezes gostava de poder acreditar em cartomancia. Acreditar que existe algo premonitório numa coisa completamente alienatória como uma sequência de cartas. Ou em astrologia. Acreditar que de cada vez que olho para as constelações algo se mexe a meu favor. Ou numa outra coisa qualquer que me desse a sorte que nunca senti ter. Por vezes gostava de poder acreditar em tudo isto se realmente significasse felicidade. Quando assim o não é tenho medo e recuso-me a acreditar. Ontem cruzei-me com esta estranha mulher na casa de chá. Ela olhou para mim, deitou umas cartas na mesa e disse-me que tudo é em vão. Que a confirmação de reunião do meu coração com o da minha alma gémea precisa de dez anos de romance para se confirmar. Dez anos. Nós estamos assim escondidos vai para um ano e meio. Ainda falta muito. Ela disse-me que era tudo em vão porque esse ciclo iria ser quebrado. É inacreditável.

Tudo o que tenho sofrido durante este período com este homem. Neste casamento. Onde tudo tem sido amargo ou sem sabor. E tu. Tu que me fazes acreditar na felicidade. Tu que adocicaste a minha vida. Tu, e só tu. E o acreditar que seremos felizes e que o seremos muito, muito felizes. Voute contar uma outra coisa para perceberes esta minha súbita ansiedade. É sobre a tua mãe. Mas não fiques triste com ela. Tenta perceber que ela é de outra geração e que, na realidade só quer o melhor para ti. A tua mãe sempre se opôs ao meu relacionamento contigo mas eu também sempre acreditei que com tempo a iria conquistar. Sabes que ela encontrou-se comigo antes de eu vir para o Japão e insistiu que a nossa reunião está errada. Mas está errada porque as estrelas o assim dizem. Porque as estrelas não o querem. Que as nossas datas de nascimento não se conjugam e que esta nossa insistência nos acabará por trazer má sorte. Tenta percebê-la. Tu és filho e ela quer proteger-te. Na altura disse-lhe a brincar que as estrelas estavam tontas e não voltei a pensar muito nisso. Mas ontem, com este estranho encontro, voltei a ouvir o eco da voz da tua mãe. Se assim for é realmente uma história triste. Na realidade sempre odiei esse tipo de adivinhação que não deixa espaço para nada mais. Como se o destino fosse a única coisa que conta. E o que é mesmo o destino? Pergunto eu. Com apenas algumas palavras pode-se arruinar uma pessoa. Pode-se arruinar um par de amantes profundos. E tu meu doce? Acreditas em superstições? ‘Baby’, vamos chegar a acordo, ok? Não importa quantos obstáculos tivermos diante de nós vamos sempre segurar a mão um do outro e passar o resto da nossa vida juntos, ok?

Casar, sei eu agora, que é uma coisa fácil. Mas casar com alguém que te ame a vida inteira, que te respeite, que respeite a tua família, que lute pelo amor todos os dias, que seja sempre compreensivo, isso é difícil. Estou tão ansiosa. Eu acredito em nós. Acredito que quando duas pessoas se apaixonam elas irão tentar o seu melhor para ficar juntos. Não importa o quão difícil a estrada é. Promete-me que não desistes de mim. Que se eu desaparecer tudo farás para me encontrar de novo. Querido, eu sou sincera. Aqui, nesta terra, tão longe de onde estás. Que não te posso ver se assim o quiser. Não quero acreditar nestas premonições. Querido, talvez em todo mundo as pessoas tenham que sofrer. Talvez em todo o mundo exista traição. Mas que digo eu que traio o meu marido contigo. Mas não posso considerar isto traição. A maior traição é ter-te encontrado e não fazer tudo para ficar contigo. A maior traição é para contigo. A maior traição é para comigo. Sabes que por vezes julgo que o meu marido é gay. O que realmente me choca. Como pôde ele casar-se comigo? Nada lhe interessa em mim. A ele só lhe interessa a carreira. E eu sou apenas uma capa. Um instrumento para o reconhecimento dele na sociedade. Porque passa ele mais tempo com o seu assistente que comigo? Tudo isto me deixa imensamente triste. Parece que tudo está errado. Mas serei tola? Mas estarei errada? Estarei errada porque te amo? Então que posso eu fazer? Quando penso em ti tudo é beleza. Tudo é tão puro a meus olhos. Meu amor eu ainda sou apenas uma menina. Uma menina simples que não se quer enganar. Por isso hoje vou-lhe dizer tudo e amanhã volto para ti. Volto para que me contes as tuas histórias. Para que suspires e me digas que me amas a cada frase. Para que me confortes sempre que eu estiver em baixo. E a fraude deste meu casamento terá os seus dias contados. E será mais fácil de o terminar. Porque não posso mais viver com esta dor. Não posso mais perder o nosso tempo. Porque este homem não me valoriza. Porque tu existes e eu quero desfrutar a minha vida feliz, a cantar e a dançar e a portar-me como uma adolescente. Para sempre adolescente. E acreditar que tanto a tua mãe como esta mulher com quem me cruzei estão erradas. E acreditar nas cores. E acreditar na aventura. E acreditar que o amor tudo conquista. E acreditar na beleza. E acreditar na juventude em diferentes idades. E acreditar. E acreditar.

Amanhã vou acordar e vou acreditar que sou muito bonita. Que sou positiva, activa e aberta e que enquanto estiveres a ler esta carta eu vou estar no avião que me levará de volta a ti. Vou acreditar que esta inquietação é por saudades. Tantas saudades. Amanhã vou acordar e serei apenas e só tua e quando chegar iremos nos beijar como fogo. A tua princesa. Daphne 1. “Mulher frágil” por Faye Wong – Ficamos lenta-

mente bêbados à medida que a noite se adensa / Neste momento em que estamos tão perto um do outro / Trémulos parecem os meus pensamentos / Contradições que crescem profundas // Mesmo que o meu coração tenha sido quebrado uma vez / Hoje deixo-te gentilmente aproximares-te dele / Que reconfortante embora que também existam dúvidas / Secretamente a crescer dentro de mim // O amor é difícil de resistir / Eu sou de facto / Uma mulher frágil que é realmente fácil de magoar / Por favor não, por favor não, por favor não apareças e de repente desapareças / Por favor tem pena e aprecia o meu coração // Se me compreendes / Então continua o teu amor / Com esta mulher frágil que facilmente se magoa / Não esperes mais / Beija-me apaixonadamente // Contigo hoje à noite. É difícil de acreditar mas é real / Eu sou finalmente capaz de recuperar a minha fé / Apesar de toda a incerteza / Na felicidade dos amantes // Eu estive uma vez com medo desta vida / És tu quem eu posso finalmente apoiar-me / Eu sei que devo abraçar este destino / Que irá ajudar-me a reconstruir a minha confiança // Mesmo que o meu coração tenha sido quebrado uma vez / Hoje deixo-te gentilmente aproximares-te dele / Que reconfortante embora que também existam dúvidas / Secretamente a crescer dentro de mim // O amor é difícil de resistir / Eu sou de facto / Uma mulher frágil que é realmente fácil de magoar / Por favor não, por favor não, por favor não apareças e de repente desapareças / Por favor tem pena e aprecia o meu coração // Se me compreendes / Então continua o teu amor / Com esta mulher frágil que facilmente se magoa / Até ao fim desta vida a beijar-mo-nos como fogo // Contigo hoje à noite. É difícil de acreditar mas é real / Eu sou finalmente capaz de recuperar a minha fé / Apesar de toda a incerteza / Na felicidade dos amantes // O amor é difícil de resistir / Eu sou de facto / Uma mulher frágil que é realmente fácil de magoar / Por favor não, por favor não, por favor não apareças e de repente desapareças / Por favor tem pena e aprecia o meu coração // Se me compreendes / Então continua o teu amor / Com esta mulher frágil que facilmente se magoa / Não esperes mais / Beija-me apaixonadamente // Contigo hoje à noite. É difícil de acreditar mas é real / Eu sou finalmente capaz de recuperar a minha fé / Apesar de toda a incerteza / Na felicidade dos amantes (tradução livre)


16

h

Amélia Vieira

E

M mil novecentos e noventa e quatro publiquei um livro com este título «Vernais» ponto vernal, os eixos, também os há, venais, e não são pontos, mas poças, lodo e caos. Mas acontece que nos pontos vernais também nos desintegramos quais agentes teletransportados em energia nova, cujo resultado físico nos molda os dias, os sonos e a mente. Chegados aqui, nem dos sonhos nos lembramos, pois que se dorme estranhamente e não fomos habituados a contemplar o fresco sabor das sombras, a sombra é tão imprescindível como as mais luminosas auroras. Disse Heidegger: “A sombra profunda salva a palavra poética da demasiado grande claridade. A frescura e a sombra respondem ao Sagrado. Essa sobriedade não renega o espírito. A sobriedade é o acto fundamental, sempre pronto, da abertura ao Sagrado”. Mas ao atravessarmos o chão do vernal instante, elas quase se desfazem, e se a noite as traz não nos cobre de sossego, a noite é ainda um dia que se apagou ligeiramente, e de tão curta, nela se extinguem os sonhos. O ciclo vernal das fogueiras no Hemisfério Norte e a combustão vivida neste instante faz-nos muito perto da combustão do Sol, pois de Solstícios se tratam, e se o de Dezembro nos religa ao velho culto de Mitra ainda na Caverna, agachados para a noite eterna, que subitamente não só desaparece, como volta a crescer, este é bem mais desabrido, magnânimo e até voraz. Fogueiras no Verão, labaredas no calor... e a Europa está ainda repleta de altares para todos eles num rito de cromossoma memória como as enguias. São as rotas peregrinas desaguando nos antigos cultos primitivos onde, de forma velada ou explícita, muitos vão ainda prestar graças a essa força ígnea que terá a sua finitude, mas que atesta o enigma da felicidade de se estar vivo. Nós que ardemos, que somos combustão e fome, desejo e vontade, raiva e paixão, estamos muito atentos a esta “poeira” de Civilização dominante, e tal como a estrela, somos também áridos, quentes, ferventes, secamos, ficamos cinza, implodimos. Dante sabia que o seu Inferno era o círculo mais baixo da graduação da matéria e que ao nono ciclo mudaria para a transmutação da manifestação da luz onde o esperava o seu Amor e a que chamou evidentemente de Paraíso. Apolo, em si, já é tão belo que a luz que representa e a sua varonil silhueta fazem do homem a parte

bosh, Carroça de feno

Vernais

eleita para os antigos gregos. Elas, as deusas, eram sempre cobertas com cabelos e mantos, a nudez solar sempre como símbolo do desassombro. Chamava-se Febo e os homens, os solares representantes do disco, iniciavam seus próprios efebos. Deviam ter sido lindas as festas em sua homenagem e o que restava de Lua era tapado nos gineceus das Ilhas. Depois, vieram as cinzas... e a imagem de Saturno parece imperar, Saturno o frio, o comedor dos filhos, o ancião de barba branca em contraste com o eternamente jovem deus sol. É um sol velho este Saturno, nascido das coisas do tempo e com ele as religiões abrâamicas ganham novo fôlego, se o velho pai se prepara para matar o filho, ele também marca o fim do rito do sacrifício infantil, mas eles já não são deuses, nem jovens, nem belos e atingem o seu cume na morte do Filho pelo Pai calado que insolitamente o fará ressuscitar. É um patriarcado de parricidas e filícidas, uma saga de homens que se eliminam, um masculino saturnino envelhecido pela combustão de um astro e, voltando a Dante, nele vamos encontrar a contemplação serena de um pai mais amoroso que lhe assegu-

ra o livre arbítrio no seu Canto XXVII do Purgatório: «A ajudar-te, deixa-te andar pelos campos por entre as flores e a verdura pois que não ouvirás mais os meus conselhos, conselhos de pai sábio ao seu menino. A tua vontade é livre inteira e pura; constituo-te senhor do teu destino.» Ele agora há-de chegar ao rosto feliz da amada sem o rosto triste de Madalena e as formas de uma relação nunca esclarecida. Este “cordeiro” está também unido a um outro ponto vernal o Equinócio da Primavera e com as primícias do Outono vêm as festas do perdão, mas estas, tem um trago mais a sangue, esse elemento tão unido às estrelas e que não arde, e escorre, como os cultos do sacrifício, o vinho, a morte... Nos Solstícios, o sangue estanca, as labaredas avançam, as luzes somam-se em luz, e parece até secarem os pântanos. Os pontos Vernais com que se destilam os mais finos licores do Universo, sabem-nos bem. Como este é um ponto onde a noção de uma força masculina está exaltada, a própria história de João Baptista, recai nesta data, afirma, é claro, um mito pagão de fartura e de colheitas, mas tam-

bém a personalidade indómita do patriarcado face ao feminino que na busca de uma rigidez de princípios renuncia por puritanismo às tentativas de sedução de uma jovem mulher bela. A sua vingança é terrível, pois que ao rejeitar a vida que esta lhe oferece a dele foi ceifada. Este símbolo masculino que recai no ponto vernal parece não ser por isso muito solar, o Sol é “Invictus.” Festejavase um aniversário nesta célebre dança. E todos os pontos se juntam numa roda vernal com todas as promessas de uma vida eterna que não irá acontecer, a não ser, assim, no pico do astro que brilha enquanto ele mesmo não entrar na rota do seu desaparecimento. O Sol está mais velho! Ele também amadurece. Os seus cultos, menos expressivos, é certo, mas a memória é um zénite difícil de vencer por que ela é feita de todas estas partículas, e sabe bem ver o mundo girar, mesmo que saibamos que desaparecemos muito antes da data prometida que ele tem com todo o Universo. Acabamos cada vez mais por combustão, por inceneração, a arder no braseiro da fornalha, que o corpo é um vasto manto de líquidas lembranças que no fim convém esquecer.


17 hoje macau quinta-feira 30.6.2016

Caminho para a final Guerreiro e André Gomes condicionados

A

selecção portuguesa de futebol realizou ontem o último treino antes da partida de quinta-feira com a Polónia, dos quartos de final do Euro2016, mantendo-se a dúvida sobre a participação de Raphael Guerreiro e André Gomes no apronto. Raphael Guerreiro e André Gomes trabalharam de forma condicionada no último

treino que a selecção portuguesa de futebol realizou em Marcoussis, França, antes do jogo dos quartos de final do Euro2016, com a Polónia. O lateral e o médio, que tinham falhado os dois últimos treinos, devido a problemas musculares, surgiram pela primeira vez esta semana no relvado do Centro Nacional de Râguebi francês, no qual se limitaram a fazer treino de reintegração.

De resto, nos 15 minutos abertos aos jornalistas, ambos trabalharam à parte dos restantes atletas, sempre sob a supervisão do fisioterapeuta António Gaspar, e permanecem em dúvida para o embate com a Polónia, marcado para quinta-feira, em Marselha.

De resto tudo bem

Já os restantes jogadores treinaram sem limitações,

desporto

Hulk está na China para assinar pelo Shangai SIPG

incluindo João Moutinho, que trabalhou normalmente pelo segundo dia consecutivo, depois de ter falhado o embate dos ‘oitavos’, coma Croácia. Da parte da tarde, a selecção nacional viaja de avião para Marselha, às 17:15, sendo que a partir das 19:45 o seleccionador Fernando Santos e um jogador falarão em conferência de imprensa, no Estádio Vélodrome. Já os polacos vão treinar no palco do jogo, às 18:30 locais, depois de o treinador Adam Nawalka e um atleta fazerem a antevisão do encontro dos quartos de final, às 17:15. No sábado, na cidade francesa de Lens, a equipa das ‘quinas’ bateu a Croácia, nos oitavos de final, por 1-0, graças a um tento de Ricardo Quaresma, aos 117 minutos, que colocou os comandados de Fernando Santos no ‘top 8’ da prova. A ‘equipa das quinas’ defronta quinta-feira a Polónia, no primeiro jogo dos quartos de final do Europeu de 2016, marcado para as 21:00 locais, no Estádio Velódrome, em Marselha.

O

avançado brasileiro Hulk, antigo jogador do FC Porto, deverá assinar na quinta-feira contrato com o Shangai SIPG, anunciou ontem o clube chinês de futebol, treinado pelo sueco Sven-Goran Eriksson. “Amanhã [quinta-feira], Hulk realizará exames médicos. Em seguida o Shangai SIPG assinará o contrato com ele”, refere o clube na rede social Sina Weibo, acrescentando que organizará uma conferência de imprensa para apresentar o jogador “quando estiverem cumpridas todas as formalidades”. Hulk, que desde a época 2012/13 representava o Zenit São Petersburgo, deverá, segundo a imprensa russa, protagonizar a mais cara transferência do mercado asiático, com os chineses a pagarem 55 milhões ao clube russo.

Em 2012, Hulk, transferiu-se do FC Porto para o Zenit São Petersburgo, num negócio que rondou os 60 milhões de euros. No início de 2016, o médio brasileiro Alex Teixeira protagonizou a mais cara transferência do mercado asiático, trocando os ucranianos do Shakhtar Donetsk pelos chineses do Jiangsu Suning. Fotos publicadas ontem pela imprensa chinesa mostram o avançado brasileiro, de 29 anos, a ser recebido por adeptos do Shangai SIPG no aeroporto de Xangai. Hulk ingressou no FC Porto na época 2008/09, oriundo do Tokyo Verdy, da liga japonesa, tendo conquistado três títulos de campeão português, uma Liga Europa, além das três vezes a Taça de Portugal e outras tantas a Supertaça.

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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 22/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 10 de Junho de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Um Aparelho de Laser de CO2 aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 29 de Junho de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP38,00 (trinta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 29 de Julho de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 1 de Agosto de 2016, pelas 10,00 horas, na sala do «Auditório» situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP29.200,00 (vinte e nove mil e duzentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 23 de Junho de 2016

O Director dos Serviços Lei Chin Ion

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 20/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 8 de Junho de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Material de Consumo Clínico para o Serviço de Anatomia Patológica dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 29 de Junho de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 47,00 (quarenta e sete patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm. gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 15 de Agosto de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 16 de Agosto de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP 18.000,00 (dezoito mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/ Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 23 de Junho de 2016

O Director dos Serviços Lei Chin Ion


18 (F)utilidades tempo

hoje macau quinta-feira 30.6.2016

?

nebulado

O que fazer esta semana Hoje

min

26

max

31

hum

70-95%

euro

8.858

baht

Diariamente

Exposição “Edgar Degas – Figures in Motion” MGM Macau Exposição “Artes Visuais de Macau” Instituto Cultural (até 07/08)

o cartoon steph

Exposição “ Exposição do 70º Aniversário” - Han Tianheng Centro Unesco de Macau – (até 07/08) Exposição “Color” 2016 Centro de Design de Macau Exposição “Pregas e dobras 3” de Noël Dolla Galeria Tap Seac – (até 09/10)

C i n e m a

THE SECRET LIFE OF PETS Sala 1

Sala 2

Filme de: Chris Renaud, Yarrow Cheney 14.15, 16.00, 17.45, 19.30

Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE SECRET LIFE OF PETS [A]

Alice through the looking glass [b] Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 21.30

Solução do problema 116

problema 117

Um LIVRO hoje

Sudoku

de

Exposição “Cnidoscolus Quercifolius” - Alexandre Marreiros Museu de Arte de Macau (até 31/07)

Cineteatro

1.21

História interminável

ABERTURA DA Exposição “O Pintor Viajante na Costa Sul da China” de Auguste Borget Museu de Arte de Macau, 18h00

Exposição “Reminescent – Portugal Macau” Galeria Dare to Dream (até 22/07)

yuan

aqui há gato

ABERTURA DA Exposição “Nova linguagem pictórica”de Natália Gromicho Casa Garden, 18h30

Exposição “Dinossauros em carne e osso” Centro de Ciência de Macau (até 11/09)

0.22

Sou gato e gozo de boa saúde. Ainda bem, porque ao que me consta se andasse aqui à espera que os serviços de veterinária se construíssem como os hospitais que estão em projecto, nem as minhas sete vidas me valiam. Soube há pouco da história interminável do hospital das ilhas. Sete anos, como sete vidas, é o tempo que projectos e planos têm andado literalmente aos papéis de um lado para o outro. Tudo para uma saúde actualizada que se desactualiza a cada dia e que por este andar quando a planta estiver aprovada, se isso um dia acontecer, já a Ciência tem a pílula da longevidade a ser vendida no quiosque mais perto de si. Entretanto para mim não há destas coisas. As clínicas privadas da minha área acho que prezam mais a saúde das bichezas e lá vão andando, ainda que nem seja preciso licença para se ser veterinário por cá. Caras, com certeza, porque não há estado que lhes pegue. Fossem parte dos milhões que têm andado no daqui para ali de projectos para uma saúde mais integrada, e quiçá, talvez me pudessem incluir a mim e aos meus. Mas cá vamos andando “com a cabeça entre as orelhas” alguns e outros com ela enfiada na areia à espera que um hospital nasça ainda este século. Pu Yi

“Moonwalking with Einstein: A arte e a Ciência de Lembrar Tudo” (Joshua Foer, 2011)

“Moonwalking with Einstein” é o relato da odisseia de um ano que Foer empreendeu para melhorar a sua memória. Para o efeito, utiliza as últimas soluções científicas, histórias culturais e truques de mentalistas. Aprende técnicas antigas de académicos medievais para memorizar livros inteiros e outros métodos há muito esquecidos para descobrir o potencial de melhorar dramaticamente a memória. Para além de ser um excelente trabalho jornalístico, este livro chama-nos a atenção para o quanto as nossas memórias nos influenciam. Manuel Nunes

INDEPENDENCE DAY: RESURGENCE [b]

Sala 3

THE LEGEND OF TARZAN [B] Filme de: David Yates Com: Alexander Skarsgard, Samuel L. Jackson, Margot Robbie 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quinta-feira 30.6.2016

opinião

bairro do oriente

O

referendo da última semana que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia teve mais que esse efeito, que agora temos como certo que realmente se concretizará: ensinou-nos também um pouco mais sobre nós próprios, sobre os outros, e sobretudo do que cada um espera retirar para si daquilo que no fundo é suposto pertencer a todos. O efeito imediato do Brexit teve um impacto alarmante, com mais incidência nos mercados, e todas as previsões apontavam para o mais negro dos cenários. Este despertar em sobressalto levou a que nos dias seguintes surgisse um novo neologismo condizente com a surpresa de quem foi dar este salto no escuro e deu consigo a pensar que se calhar fez a escolha errada - o “bregret”, uma sensação de arrependimento que bate mais forte que a ressaca comum. É como acordar no dia seguinte e a última coisa que se lembra da noite anterior foi aquela primeira bebida, ainda a procissão ia no adro. Exactamente isso que estão a pensar, sim, mas aqui não basta um mero “check-up” médico para afastar os piores receios. Esta é uma aventura cujas consequências não a deixarão apagar-se da memória. Será necessário aprender a viver com elas. Se há um responsável máximo por aquilo que tanto pode vir a ser um simples virar de página da História, como um terrível equívoco é sem dúvida alguma o primeiro-ministro britânico David Cameron, que doravante poderá muito ser referido como “aquele pateta que feriu de morte o projecto da construção europeia” - mas terá sido mesmo de morte? Agora que as potências mundiais extra-UE começam a digerir a “brain and kidney pie” que o eleitorado britânico lhes serviu em dose cavalar, é de altura de adaptar as relações do Reino Unido a esta nova realidade, que os restantes elementos da União querem ver concretizada “o mais brevemente possível”. E de facto convém que assim seja, uma vez que manter um membro “morto” pode levar a que os restantes gangrenem, mas em condições normais seria quase uma certeza que a UE iria funcionar sem o Reino Unido, e não era mais ou menos isso que acontecia? Os britânicos nunca estiveram de alma e coração na União, rejeitaram o Euro, e basicamente estavam ali descontentes por não conseguirem retirar as o maior número de benefícios enquanto evitavam compromissos – no fundo resiste ainda na velha Albion uma certa mentalidade imperialista, arrogante e supremacista. Foi com essa arrogância que Cameron procurou um estatuto dentro da

Vacina anti-britânica bean, mel smith (1997)

leocardo

“A UE tem pecado por não atender às necessidades dos cidadãos europeus, e é pena que tenha que acontecer a saída de um dos seus principais elementos para se repensar o projecto. Mas será que se uma das pernas está manca, temos mesmo que cortá-la?” UE que os dotasse de mais regalias, mas mediu mal o momento, e acabou dar um tiro não no pé, mas nas duas pernas. Do muito que li sobre o Brexit nestes seis dias, há duas opiniões que me pareceram pertinentes, e vindas de quem tem uma perspectiva que nos pode dizer mais a nós, portugueses: Miguel Esteves Cardoso, ou MEC, o português mais britânico do mundo, e Lucy Pepper, britânica de North Devon, no sudoeste de Inglaterra, mulher dos sete ofícios de quem tenho a inexcedível honra de trocar impressões de quando em vez (dentro daquilo que permite a sua típica arrogância britânica, que no caso dela é encantadora). Frontal como sempre, MEC fala de dois Reino Unidos: o cosmopolita, europeísta e de horizontes mais largos, e do outro, conservador, tradicionalista, fechado e retrógrada, e sugere a criação de dois estados: um dentro da UE, com os 48% que optaram pela permanência concentrados nas áreas metropolitanas de Londres e Manchester, e os restantes anti-europeístas numa área que se chamaria “Reino Unido da Inglaterra e do País de Gales”, onde se proibiria “toda e qualquer imigração”. Lucy Pepper, que vive em Portugal porque “é provavelmente

o melhor país do mundo para se viver”, e “muito dificilmente consegue imaginar-se a viver noutro lugar” (é adorável, a sério!) fala das diferenças entre as duas campanhas, e de como os apologistas do Brexit faziam uso do ódio, do medo, quase como em jeito de chantagem. Convém referir que estes dois cronistas se encontram à direita do compasso político. E foi exactamente no aspecto que ambos MEC e Lucy Pepper referiram que se decidiu por uma saída sem retorno do Reino Unido, que paradoxalmente poderá deixar de o ser a médio prazo caso a Escócia e o País de Gales decidam eles próprios referendar a saída dessa união, nem que seja com o pretexto de quererem continuar ligados à UE. E isto que sirva de aviso aos restantes estados membros, pois com uma eventual implosão da União e sem a respectiva coesão entre os seus membros, não há limites para o que poderá acontecer em países como a Bélgica, Itália e especialmente a Espanha, onde os movimentos separatistas ganhariam força com o argumento de que mais nada os impediria de alcançar uma total autonomia. E isto pode acontecer a bem, mas o mais provável é que corra muito mal.

De Portugal e dos portugueses tenho observado um misto de apreensão e optimismo irresponsável. Quem como eu se lembra de como era o país e de quão distante estava o resto da Europa, apesar de geograficamente próxima, não olha com bons olhos um eventual retrocesso que nos vetaria a um estatuto ainda mais periférico que o actual. Dos outros que acreditam que isto é uma boa ideia, tudo o que oiço em constante “replay” é a colectânea “Os maiores êxitos do Populismo Saudosista Lusitano”, mas isto tem uma razão de ser. Um dia destes lia uma notícia que dava conta das implicações do Brexit no campeonato inglês de futebol, a Premier League, e de como os jogadores comunitários iam passar a contar como estrangeiros. Num dos comentários lia-se qualquer como “como se isso tivesse interesse para mim, que tenho que viver com 600 euros por mês depois de uma vida a trabalhar”. É este o problema dos portugueses em particular, quando falam do 25 de Abril, por exemplo, e de como as coisas lhes correram mal, como se a liberdade que foi conquistada em nome de todos os tivesse a eles como “convidado especial”. Certamente que os que souberam aproveitar o bem que adveio de sermos os donos do nosso próprio destino, e integrados no seio de outros como nós com o propósito de nos tornarmos ainda mais fortes temem o que pode sair deste Brexit. De facto a UE tem pecado por não atender às necessidades dos cidadãos europeus, e é pena que tenha que acontecer a saída de um dos seus principais elementos para se repensar o projecto. Mas será que se uma das pernas está manca, temos mesmo que cortá-la?


“Sentam-se nos bancos dos jardins / A verem passar a vida / E olham disfarçadamente / os corpos jovens das mulheres. / Olhá-las de frente é-lhes interdito / Pois as mulheres jovens são sagradas / E os olhos dos velhos são impuros. / O que lhes dói não é envelhecer / Mas existir e já não pertencer”

Hospital regista 6% de crianças com problemas cognitivos

L

ei Pui Yi, médica do Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica do hospital Conde de São Januário, disse no programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau que cerca de 6% das crianças são diagnosticadas com problemas cognitivos ou de desenvolvimento, percentagem que se traduz em 400 bebés por cada sete mil nascimentos. A especialista defende que a maior parte dos problemas ocorridos em Macau estão relacionados com terapia da fala e atraso cognitivo. Para Lei Pui Yi, Macau continua a ter falta de terapeutas nesta área,

apesar de, conforme disse no programa de rádio, o Governo já ter lançado vários cursos e financiado formações. Tai Wa Hou, director do Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica, aberto no início deste mês, disse no Macau Talk que a abertura do espaço vai permitir um correcto diagnóstico da criança, com a consulta no médico especialista, no espaço de duas semanas. Caso seja descoberto um problema de saúde, o Instituto de Acção Social (IAS) e a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) irão acompanhar os casos.

John Ashe morreu com garganta esmagada por haltere

U

m haltere que lhe esmagou a garganta. Foi esta a causa de morte de John Ashe, ex-presidente da Assembleia Geral da ONU que aguardava julgamento ao lado do empresário de Macau Ng Lap Seng. De acordo com a Associated Press, Ashe estaria a fazer pesos quando o halter caiu e lhe esmagou a garganta, como revela a autópsia feita na semana passada. A médica que revelou a conclusão não deu mais detalhes por não ter sido “quem efectuou o exame”, mas assegura que esta foi a conclusão da autópsia e da investigação da polícia. Responsáveis da ONU tinham dito anteriormente que

Ashe morreu de ataque cardíaco. As autoridades, bem como o advogado de Ashe, Jeremy Schneider, asseguram que a morte foi acidental. O representante da ONU era acusado de ter recebido dinheiro de Ng Lap Seng como forma de lhe ser atribuída a construção de um centro da organização em Macau. Entretanto, uma notícia avançada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post dava conta esta semana que um advogado no caso assegurou em tribunal que Ng Lap Seng estaria a negociar a criação do centro juntamente com “oficiais” do Governo Central, mas não foram dados quaisquer detalhes.

quinta-feira 30.6.2016

José Maria Rodrigues

Brexit Díli fala com Lisboa e Londres sobre luso-timorenses

Isto toca a todos

T

imor-Leste está em contactos preliminares com as autoridades portuguesas e inglesas para acompanhar a situação dos luso-timorenses no Reino Unido, na sequência do referendo de saída da União Europeia, disse ontem o chefe da diplomacia timorense. “Estamos em contacto com as autoridades inglesas sobre o processo que vai decorrer até 2018. E estamos em contacto com Portugal para ver quais são os passos, em caso de haver uma alteração da lei laboral na Inglaterra em relação aos cidadãos da UE”, disse Hernâni Coelho. “Estamos a antecipar possíveis acontecimentos depois desta decisão do referendo. Mas neste momento ainda é cedo demais para especular sobre o que vai acontecer. Estamos em contactos preliminares, mas temos que ver como decorrem agora as negociações e se implementa esta decisão”, sublinhou. O ministro dos Negócios Estrangeiros timorense disse que os dados indicam que residam no Reino Unido cerca de 16 mil cidadãos portugueses naturais de Timor-Leste.

Remessas de peso

Anualmente milhares de timorenses, beneficiando da lei da nacionalidade portuguesa, deslocam-se ao consulado em Díli para obter nacionalidade portuguesa que usam, na maioria dos casos, para ir trabalhar para o Reino Unido. As remessas que enviam para Timor-Leste, como ocorre com emigrantes timorenses noutros locais, são significativas para muitas famílias timorenses. As contas do Governo indicam que os luso-timorenses no Reino Unido podem mandar em média para Timor-Leste cerca de 30% do seu salário, que rondará um valor aproximado de 2.000 dólares. Isso implicaria que, mensalmente, chegariam a Timor-Leste remessas do Reino Unido de milhões de

dólares, valor que Hernâni Coelho admite ser difícil estimar com certeza. Mais claro, por exemplo, são os dados das remessas dos cerca de 2.000 trabalhadores timorenses

pub

16.000 cidadãos portugueses naturais de Timor-Leste a viver no Reino Unido

que estão na Coreia do Sul - no âmbito de um programa bilateral - e que enviam para Timor-Leste anualmente entre 10 e 12 milhões de dólares. Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido deve sair da UE, depois de o ‘Brexit’ (nome como ficou conhecida a saída britânica da União Europeia) ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira. Logo na sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a sua demissão, com efeitos em outubro, e os líderes da UE defenderam uma saída rápida do Reino Unido. O Conselho Europeu reúne-se na terça e quarta-feira em Bruxelas para analisar os cenários pós-Brexit.


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