AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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MOP$10
TERÇA-FEIRA 30 DE AGOSTO DE 2016 • ANO XV • Nº 3646
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
SI KA LON
PLÁSTICOS
Governo Os sacos surdo da nossa e mudo insatisfação PÁGINA 5
PÁGINA 7
COSTA NUNES
Agitação Jogos Olímpicos no jardim Solidão TÂNIA DOS SANTOS
PÁGINA 7
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hojemacau JOGO RELATÓRIO
A dança das mesas As contas do Daiwa Capital Markets e do Deutsche Bank sugerem que o limite de 3% nas mesas de jogo já terá sido superado e alertam para desigualdades futuras.
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GRANDE PLANO
OPINIÃO
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PAULO JOSÉ MIRANDA
2 GRANDE PLANO
RELATÓRIO GOVERNO JÁ TERÁ ULTRAPASSADO LIMITE DE 3% NAS MESAS E “HAVERÁ
JOGO DE RISCO
Contas do Daiwa Capital Markets e do Deutsche Bank indicam que o Governo já terá ultrapassado o limite de 3% nas mesas de jogo. As empresas analistas indicam que o Wynn Palace teve a menor distribuição de mesas da história, o que faz com que algumas das operadoras se venham a debater com uma redistribuição ou mesmo redução destes elementos. Haverá ainda “desigualdades” aquando da renovação dos contratos
O
banco de investimento Daiwa Capital Markets defende que nem tudo foram rosas na abertura do empreendimento Wynn Palace, no Cotai. Mais: o facto do Wynn registar a mais baixa distribuição de mesas da história (150) fez com que se tivessem atingido os limites apontados pelo Governo no crescimento de mesas a 3% até finais de 2017. Um outro relatório do Deutsche Bank indica o mesmo. “O objectivo do Governo é limitar o crescimento das mesas a 3% ano a ano, mas os números oficiais mostram que as recentes alocações de mesas de jogo (incluindo as do Wynn Palace) já ultrapassaram esse limite até ao final de 2017”, pode ler-se no relatório do Dawa, que cita como fontes a própria Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Para os analistas Jamie Soo e Adrian Chan, que se
responsabilizam pelo relatório, isso poderá originar uma redistribuição ou mesmo redução das mesas de jogo no ano de 2020, data em que as licenças das operadoras começam a ser revistas. O banco insiste que, já no ano de 2015, o limite tinha sido ultrapassado pelo Governo por 1,1%. Os números são ligeiramente diferentes dos do Deutsche Bank, que, contudo, indica também essa ultrapassagem. Numa análise ao sector do Jogo, datada de 26 de Agosto, os analistas do banco de investimentos consideram que “a actual alocação de mesas esgotou o limite anual de 3% até finais de 2017”, sendo que “as operadoras que ainda têm empreendimentos por inaugurar enfrentam riscos mais elevados”. “A recente alocação de 150 mesas de jogo da Wynn foi significativamente mais baixa face às expectativas e de facto foi a mais baixa na
história das operadoras com recentes aberturas”, lê-se ainda no documento ao qual o HM teve acesso. “Tendo em conta a crescente desigualdade entre operadoras, acreditamos que as mesas de jogo enfrentam um risco de redução ou de reajustamento (no período) da revisão das concessões”, acrescentam os analistas. A análise alerta para o facto das mudanças nas mesas de jogo poderem a ser um dos maiores factores de discussão na hora de rever as licenças com as operadoras. “Acreditamos que a avaliação da distribuição das mesas de jogo vai tornar-se cada vez mais crítica dado os recentes desenvolvimentos do sector. As questões relacionadas com a distribuição das mesas deverá ser um dos factores de discórdia na renovação das licenças em 2020/2022. Acreditamos que os riscos vão surgir em duas formas: o risco
de redução em todas as mesas e ainda o risco de um reequilíbrio entre as operadoras.”
DESIGUALDADES E MONOPÓLIOS
Para o Daiwa Capital Markets, a Wynn e a MGM são as operadoras que mais vão sofrer com uma eventual redução do número de mesas, dado existirem desigualdades na forma como estas têm sido distribuídas. Caso haja uma redistribuição das mesmas, a Sands China e a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vão sofrer mais, porque “têm as maiores vantagens em termos
de distribuição de mesas e enfrentam os maiores riscos de redução nos anos de 2020/2022”. “Vemos uma desigualdade entre as operadoras de Jogo na forma como as mesas têm sido distribuídas. Se olharmos para a distribuição feita em 2014 (antes das aberturas da fase dois do Cotai), há uma disparidade entre as operadoras em termos de quantas mesas de jogo foram garantidas face ao capital investido. A SJM destaca-se como sendo a operadora com a mais baixa contribuição em termos de despesas de capital e aquela que teve a
maior alocação de mesas de Jogo, o que pode ter a ver com questões relacionadas com o legado deixado pelo antigo monopólio detido pela empresa (Sociedade de Turismo e Diversões de Macau). Se retirarmos o factor SJM, as outras operadoras com mais investimentos em termos do mercado de mesas investiram também valores semelhantes por cada mesa de jogo que foi distribuída. A empresa que mais gastos por mesa teve foi a Melco Crown”, frisam os analistas. Jamie Soo e Adrian Chan afirmam ainda que “não é lógico” que duas
“O objectivo do Governo é limitar o crescimento das mesas a 3% ano a ano, mas os números oficiais mostram que as recentes alocações de mesas de jogo (incluindo as do Wynn Palace) já ultrapassaram esse limite até ao final de 2017”
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DESIGUALDADES”
CASINO NO “THE 13”?
O
Deutsche Bank adianta a possibilidade do Hotel The 13 poder vir a ter mesas de jogo. Ao HM, há três meses, o hotel não negou essa possibilidade, mas da parte da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos esta sempre foi negada, com o organismo a garantir recentemente ao HM que não tinha ainda recebido qualquer pedido para casinos em Coloane, nem especificamente desta empresa. Agora, o relatório indica que o hotel – com 200 quartos – terá 66 mesas com capacidade para 528 jogadores. E aponta até uma data: de Outubro a Dezembro. O HM tentou ontem pedir esclarecimentos junto do Governo sobre esta questão, mas não foi possível até ao fecho da edição. Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, não nega essa possibilidade sempre que é questionado pelos jornalistas. Contudo, recorde-se que o Executivo anunciou há cerca de três
anos querer retirar todas as salas de jogo e casinos das proximidades das habitações. O The 13 fica em frente ao complexo de habitação pública de Seac Pai Van. Anteriormente, fonte ligada à empresa tinha dito ao HM que o hotel não iria ter casino por ter “desistido de enveredar por esse caminho”. Também na apresentação do espaço no mais recente comunicado da empresa não é mencionado qualquer espaço de jogo. O hotel vai ter 200 quartos, termas, mordomos e Rolls-Royce para transporte dos clientes. O espaço deverá abrir no final do Verão. J.F.
PEREIRA COUTINHO FALA EM “SATURAÇÃO” sector não jogo, comparando com a Sands China ou a Melco Crown. Mesmo que a operadora não receba nenhuma mesa para o Lisboa Palace, terá investido menos do que metade por mesa, por comparação com a média do sector”, dizem os analistas, O Daiwa Capital Markets fez as contas e conclui que a Wynn “foi a que mais gastou com mesas de Jogo, ultrapassando quatro vezes a SJM”. “É ainda de realçar que, apesar de só ter aberto portas há cinco meses, a Melco Crown conseguiu
“Tendo em conta a crescente desigualdade entre operadoras, acreditamos que as mesas de jogo enfrentam um risco de redução ou de reajustamento” RELATÓRIO DO DAIWA CAPITAL MARKETS
mais 60% de mesas (250 para o Studio City) do que a Wynn (150 mesas para o Wynn Palace). Para seguir esta falta de lógica, a Wynn detém a concessão original que foi estendida à Melco Crown”, defendem. Os números do Deutsche Bank indicam a mesma coisa: a SJM foi a operadora com mais mesas desde sempre, contando actualmente com um total de 1786, seguida pela Sands (com 1525). A Wynn fica quase em último lugar, não fosse a MGM: se a operadora de Steve Wynn tem 421 mesas, já a do leão fica-se pelas 416. Em termos de contabilização das mesas, desde o ano 2005, o Deutsche Bank aponta para um crescimento que, em 2014, anda na “ordem dos 4,3%” e “dos 5,2%”, prevendo um que o crescimento só fique abaixo dos 3% em 2018. O banco alemão vê Macau crescer das 4791 mesas em 2010 para as 6264 em
2016. Já os analistas do Dawa não deixam de criticar a postura do Executivo. “O Governo parece estar a adoptar uma postura mais ‘avarenta’ em relação à distribuição de mesas de Jogo face há dois ou três anos, dando mais prioridade às contribuições que as operadoras têm dado à economia local com o sector não jogo. Contudo, em vez de verificar a desigualdade existente na distribuição de mesas de Jogo, a abertura dos novos empreendimentos vai piorar ainda mais a situação”, concluem. O HM tentou ontem pedir esclarecimentos junto do Governo sobre esta questão, mas não foi possível até ao fecho da edição. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
C
ONVIDADO pelo Daiwa Capital Markets a comentar a análise feita ao sector, o deputado José Pereira Coutinho falou da existência de “saturação”. “Sem dúvida que estamos a ver sinais de saturação em termos de mesas e estruturas de jogo. É difícil conciliar o número de mesas já existente com a distribuição feita pelas operadoras, tendo em conta o Plano de Desenvolvimento Quinquenal para cinco anos, que prevê uma diversificação económica e
TIAGO ALCÂNTARA
das sub-concessões (Sands China e Melco Crown) tenham distribuído um maior número de mesas de jogo do que uma das três concessões (Wynn). “A SJM recebeu a maior distribuição de mesas de Jogo face à mais baixa contribuição em termos do sector não jogo e com o mais baixo investimento. Após a abertura do Lisboa Palace, apontada para 2017, acreditamos que a SJM vai continuar a ser a operadora mais bem posicionada em termos do rácio investimento-mesas de jogo, apesar de ter a mais contribuição em termos do
a transformação de Macau como destino internacional de turismo e lazer, com menos jogo e mais entretenimento”, pode ler-se no relatório da Dawa. Já o relatório do Deutsche Bank aponta para uma questão que parece dar base às declarações de Pereira Coutinho: não é só o número de mesas que importa, mas a capacidade que estas têm em conjunto com as slot-machines. Por exemplo, as contas do banco alemão mostram que, em 2005, Macau contava com quase 1400 mesas e 3400 slots, mas estas davam lugar a 14.525 jogadores. Em 2010, esse valor subiu para 4791 e pouco mais de 14 mil slots, permitindo que mais de 52.300 pessoas pudessem sentar-se e jogar ao mesmo tempo. O banco prevê que este ano, haja 68.621 lugares para jogadores entre as mais de 17 mil slots e 6264 mesas. A.S.S./J.F.
4 POLÍTICA
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AL DEPUTADOS COM MAIOR PARTICIPAÇÃO E MAIS PEDIDOS DE DEBATE
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O geral, os deputados estão mais participativos nos trabalhos da Assembleia Legislativa (AL), tendo sido até apresentado nesta sessão legislativa mais pedidos de debates que no período de 1999 a 2013. É o que consta dos números fornecidos no Relatório de Actividades da V Legislatura da AL, onde se verifica contudo que a taxa de assiduidade diminui, bem como a das pessoas que quiseram encontrar-se com os legisladores. Entre 1999 e Outubro de 2013, os deputados apresentaram 20 pedidos de debate. Estes – que versam sobre temas de interesse público e que obrigam o Governo a deslocar-se ao hemiciclo para prestar contas sobre um determinado assunto, se aprovados – foram mais do que os apresentados pelos deputados desde 2013 até este ano. Só nesta sessão legislativa, a terceira – que durou de Outubro de 2015 até agora – os deputados apresentaram dez pedidos de debate. Segundo o relatório analisado pelo HM, seis deles viram ser-lhes dada luz verde para que os representantes do Executivo tivessem de comparecer no plenário. Ainda assim, cinco deles foram reprovados, já que os votos contra venceram aqueles que queriam debater questões como os terrenos revertidos ao Governo, as construções em Coloane, a concessão de obras públicas e a remodelação do Museu do Grande Prémio. Os números mantêm-se altos na entrega de interpelações orais, com a V Legislatura – de 2013 a 2016 – a bater o recorde de participações deste género dos deputados, quando comparado com todos os anos anteriores. Esta terceira sessão não conta ainda com o mês de Outubro, mas atingiu já a entrega de 619 interpelações escritas (a média da primeira e segunda sessões é de 685) e de 77 interpelações orais (mais 14 do a sessão anterior).
NA MÉDIA
Durante esta sessão legislativa foram admitidas naAL 11 propostas de lei –
GCS
Números que não enganam
(de 2013 a 2015). A taxa média de assiduidade dos 33 deputados foi de 94,16% e foi Cheung Lap Kwan quem faltou mais. O deputado eleito pelo sufrágio indirecto faltou a dez plenários e só esteve numa das 26 Comissões que analisam as leis na especialidade e numa das dez que acompanham os assuntos da Administração Pública. Chan Chak Mo é o senhor que se segue no que às faltas ao plenário diz respeito: perdeu oito das reuniões, ficando apenas atrás de Melinda Chan, que não foi a sete das reuniões plenárias.
Os números mantêm-se altos na entrega de interpelações orais, com a V Legislatura – de 2013 a 2016 – a bater o recorde de participações deste género dos deputados, quando comparado com todos os anos anteriores “Realizaram-se nesta sessão legislativa 154 reuniões das Comissões e a taxa média de assiduidade situou-se nos 84,55%”, indica ainda o relatório.
MENOS DE FORA
apresentadas pelo Governo – e quatro projectos de lei, estes apresentados por deputados. Aqui, os números não batem os diplomas apresentados pelo Executivo na primeira sessão, quando 16 propostas de lei foram submetidas para aprovação, nem a segunda sessão, quando o Governo apresentou 14 propostas e os deputados oito projectos de lei. A segunda sessão viu ainda chegarem seis propostas de lei da primeira, um a menos do que este terceiro período de AL.
FAOM ALERTA PARA PROBLEMAS NOS EXAMES DE CONDUÇÃO
Ângulos mortos nos exames de condução na Taipa são causados pelas obras e pelo crescimento de árvores que bloqueiam a vista. A informação foi dada por Leong Meng Ian, directora do escritório das ilhas da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), ontem, ao Jornal do Cidadão. Neste sentido Leong Meng Ian apela ao Executivo para que resolva estes problemas o mais rapidamente possível de modo a evitar acidentes e alerta ainda para a existência de carros estacionados que afectam ainda mais a utilização das ruas pelos alunos que estão a aprender a conduzir.
Aindaassim,onúmerodediplomas que foram realmente aprovados fica na média: nove leis viram ser-lhes dada luz verde pelos deputados, o mesmo número que na primeira sessão da AL e só menos dois do que segunda. Esta terceira sessão tem ainda pendente a admissão de um projecto de lei: o polémico pedido de Gabriel Tong para alterar a interpretação da Lei de Terras. Nesta sessão, mais uma vez, José Pereira Coutinho não conse-
gui a aprovação da Lei Sindical. Mas ficam gravadas como tendo sido aprovadas neste período de AL diplomas como o contra a violência doméstica, o erro médico e de execução de bens.
GAZETEIROS MAS NÃO MUITO
A média de plenários foi semelhante aos anteriores (42), ainda que os deputados tenham demonstrado menos presença na AL face às duas sessões legislativas anteriores
O nível de participação dos cidadãos e o de entrega de petições desceu nesta sessão legislativa. De 2013 a 2014 houve 99 pessoas atendidas nas instalações da AL, onde falaram com deputados, número que cresceu de 2014 a 2015, para 115. Nesta sessão, foram apenas 68 os cidadãos que se apresentaram nos dias de encontro com os legisladores. O número de petições também desceu da segunda para a terceira sessões legislativas: se, no período passado foram oito as petições entregues por associações, estas desceram para metade nesta última sessão. Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
5 hoje macau terça-feira 30.8.2016
POLÍTICA
BIBLIOTECA CENTRAL “NÃO SE APLICA À ACTUALIDADE” velho tribunal já não é o lugar adequado para Biblioteca Central porque a proposta já remonta há dez anos.” É o que afirma a docente da Universidade de Macau (UM) e presidente da Associação Energia Cívica Agnes Lam. As afirmações
são feitas à margem de uma Mesa Redonda que aconteceu no domingo, organizada pela Associação a que preside. Agnes Lam solicita ainda ao Governo que reconsidere o plano para a nova biblioteca, cujo orçamento aponta para um montante de 900 milhões
Malditas prestações
de patacas, como avançado pelo HM. A presidente refere ainda a falta de transparência que considera existir acerca do avanço deste projecto. “Neste assunto as informações fornecidas pelo Governo são muito poucas”, afirma.
Para a docente é claro que “depois de dez anos de desenvolvimento da cidade e da instalação de bibliotecas em várias zonas, Macau já não terá necessidade, como há dez anos, de um espaço deste tipo em grande escala”. Por outro lado, a dirigente associativa também
não considera que face à recessão económica que Macau está a passar este seja um investimento adequado. “Quando temos dinheiro de sobra podemos construir, mas quando não, é preciso reconsiderar propostas.” A possibilidade de voltar a existir uma consulta
pública para o projecto também é sugerida, sendo que para Agens Lam tendo existido mudanças à proposta original - a actual deverá também ser discutida, até porque “o plano do passado já não se adapta aos dias de hoje”, conclui. A.K. (revisto por S.M.)
TIAGO ALCÂNTARA
“O
Lesados do Pearl Horizon manifestam-se no banco
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NTEM de manhã, cerca de trinta pequenos proprietários de fracções do Pearl Horizon reuniram-se frente ao Banco Tai Fung para solicitar a redução ou dispensa dos juros bancários contraídos para aquisição de casas. De acordo com a PSP, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já teria sido notificado de que este grupo de proprietários pretendia organizar duas manifestações, uma ontem e uma amanhã, em prol dos seus direitos. Como o período de pré-aviso de manifestação não foi dado com tempo de antecedência suficiente, o IACM acabou por apenas autorizar a desta quarta-feira. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, um funcionário do banco referiu que ontem de manhã dois proprietários foram ao banco para discutir acertos no que diz respeito às prestações. Com a discussão que se começou a gerar foram atraídas cada vez mais pessoas, o que acabou por interferir no funcionamento normal da entidade bancária, tendo esta chamado a polícia. Segundo alguns dos proprietários reunidos no local e que estão neste momento a pagar um empréstimo por aquisição de casas no Pearl Horizon, que não está construído e cujo terreno foi retirado À empresa, a entidade bancária pode seguir o exemplo de outras e reduzir ou acabar com os juros que estão neste momento a desembolsar.
À ESPERA DE MEDIDAS
Ao HM, o presidente da Associação Kou Meng Pok afirmou que o Banco da China já permitiu a redução da parte das obrigações de juros dos proprietários, mas frisa que estes consideram que as medidas não irão resolver o problema “enquanto não exista um plano concreto por parte do Governo”. Lo, que é dona de uma fracção e está neste momento a pagar uma prestação de 20 mil patacas mensais afirma que “o banco aprovou o pedido no passado mês de Setembro e que ficou sem a casa em Fevereiro deste ano” pelo que considera que “o banco já deveria saber isso e ainda assim, aprovou o pedido”. A. K. (revisto por SM)
Si Ka Lon “GOVERNO FALHA NA RESPOSTA AOS CIDADÃOS”
Ouvidos moucos
Numa entrevista concedida ao canal de televisão MASTV, o deputado Si Ka Lon alerta para o facto de muitos departamentos públicos não estarem orientados para os cidadãos, falhando nas respostas a dar
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deputado Si Ka Lon considera que, no que toca aos assuntos públicos, muitos departamentos da Função Pública não conseguem cumprir o requisito de constituírem um “Governo orientado para o serviço (aos cidadãos)”. Para o deputado, que falou no programa “O panorama de Macau”, do canal MASTV, há quem esteja no Governo para “procurar o sucesso de forma rápida e a obtenção de benefícios imediatos”, alguém que quer manipular para impulsionar as suas ideias políticas, prejudicando os interesses dos cidadãos. Falando do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da
RAEM, Si Ka Lon referiu que o Governo prometeu melhorar o regime de consulta pública e desenvolver as decisões científicas. Contudo, “continuam a existir departamentos governamentais que ignoram o sofrimento dos cidadãos e que manipulam as forças políticas conforme sua vontade, respondendo de forma
vaga aos pedidos dos cidadãos”, defendeu o número dois de Chan Meng Kam na Assembleia Legislativa (AL).
ONDE ESTÁ A CIÊNCIA?
Si Ka Lon dá como exemplo os cidadãos que se têm queixado da acumulação de lixo nas ruas da Avenida do Almirante Lacerda,
“Continuam a existir departamentos governamentais que ignoram o sofrimento dos cidadãos e que manipulam as forças políticas conforme sua vontade” SI KA LON DEPUTADO
sendo que, nos últimos dois anos, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) tem sido repetidamente contactado, sem sucesso. “Os serviços do IACM deveriam responder aos cidadãos no máximo de 15 dias, mas os cidadãos recebem sempre respostas do mesmo tipo, que o organismo está a acompanhar ou a tratar o caso”, acusou o deputado. Si Ka Lon referiu-se ainda ao projecto do Metro Ligeiro. “Embora a conclusão do projecto não seja ainda conhecida, o Governo já fez a pré-compra das carruagens para avaliação e não quis revelar os custos da manutenção. As carruagens estão postas de lado, sem funcionar, e são necessários gastos dos cofres públicos para evitar que se transformem em sucata? Qual será o grau cientifico que foi tido em conta para tomar esta decisão? Não conseguimos ver”, questionou. O deputado eleito pela via directa falou ainda da constante renovação das habitações públicas. “Os moradores já pediram várias vezes ao Governo que não são necessárias inúmeras renovações, mas continuam a não ser ouvidos e continuam a ser ignorados”, rematou. Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo
6 SOCIEDADE
hoje macau terça-feira 30.8.2016
“Não há problema de capital”
Jockey Club já entregou proposta para recapitalização
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Jockey Club assegura que já entregou ao Governo uma proposta para repor a situação de bancarrota por que passa a empresa. A resposta da empresa chega depois de, há duas semanas, o HM ter avançado com a notícia de que o Jockey Club violou a lei devido a ter contas que não batem certo com o que é obrigatório com o Código Comercial e que levariam empresas à dissolvência ou administradores à prisão. Mas o director-executivo da empresa, Thomas Li, diz que nem sequer há problemas de capital. “Primeiro, os nossos accionistas têm investido, por isso não há problema de capital.” Li assegura que, a partir de Setembro, vai ser renovado o sistema de apostas – utilizado há mais de 20 anos – e que vão ser injectados “dez milhões de patacas”, mas não pode dar mais detalhes porque o plano já foi entregue por Angela Leong, vice-presidente e deputada, ao Governo. O responsável não deixou, contudo, de justificar que o valor das apostas foi de cerca de 600 milhões e que “tanto as apostas locais, como as do estrangeiro caíram cerca de 30%”. “Tem a ver com a situação geral. Com esta situação mundial, ninguém consegue evitar isso, todos os sectores foram afectados”, frisou.
COM HISTORIAL
Como o HM avançava há duas semanas, a DICJ assegurou que o Jockey Club teria até hoje para “apresentar uma proposta com vista a solucionar a questão em causa”. A questão em causa, contudo, não é de agora. A Macau Jockey Club apresentou prejuízos de 88 milhões de patacas só no ano passado altura em que o seu capital social era inferior a metade do original, apresentando a empresa dívidas de milhões de patacas. De acordo com o Código Comercial, o administrador da empresa que apresentar capital social inferior à metade viola a lei, devendo propor a dissolvência da empresa ou injectar o capital social novamente em 60 dias. Tal não aconteceu. Mais ainda, de acordo com o mesmo Código, se não se respeitar a regra de injecção de capital ou propor a dissolvência, o administrador é punido com pena de multa ou de prisão de três meses. A questão reside ainda no facto de que a empresa terá contas a negativo desde, no mínimo, 2005. Em 2014, por exemplo, as perdas foram de 54 milhões de patacas. Em 2013, foram de mais de 41 milhões. A Macau Jockey Club viu o seu contrato estendido até Agosto de 2017. Joana Freitas
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CINCO MILHÕES PARA SONDAGEM
O Laboratório de Engenharia Civil de Macau está encarregue da sondagem geotécnica no solo da Avenida de Venceslau de Morais, onde vai nascer habitação pública. A entidade vai receber 5,7 milhões de patacas pelo serviço, de acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial. Este será o primeiro passo para a construção de prédios de habitação pública no local onde está actualmente a Central Térmica da CEM, na Areia Preta.
Poderá Macau estar representado com uma equipa de atletas nas competições olímpicas? A resposta é não, a menos que as regras mudem. É o que diz o treinador Au Chi Kun, que deu alento aos atletas para participarem nos Jogos, mas não com a camisola da região vestida
Olímpicos VESTIR AS CORES DE MACAU NÃO É PARA JÁ
Um sonho adiado
M
UITOS atletas gostariam de vestir as cores da bandeira de Macau nos Jogos Olímpicos, mas isso não é possível a não ser que as regras mudem. É o que diz Au Chi Kun, treinador, que salienta contudo que Macau não é caso único. Durante a actividade mensal das Mesas Redondas Cívicas organizadas pela Associação Energia Cívica, no passado domingo, o treinador e atleta sénior foi questionado sobre a eventualidade de Macau estar representado nos Jogos Olímpicos. O responsável referiu que “essa possibilidade será muito baixa a não ser que haja uma enorme mudança nas medidas actuais do Comité Olímpico Internacional”. Au Chi Kun deu exemplos de situações similares à de Macau. “O caso da Escócia que também só pode participar
nos Jogos com o nome de Grã-Bretanha” é um deles. Durante a conversa, o atleta afirmou ainda que “embora os atletas de Macau não possam participar nos Jogos com o nome de ‘Macau, China’, se houver um atleta local capaz de atingir o nível olímpico no seu resultado individual as associações desportivas que o representam podem e vão candidatar-se por ele”.
“Devem aumentar o seu nível competitivo e mostrar que enquanto atletas de Macau são capazes de participar nos Jogos” AU CHI KUN TREINADOR
Há sempre situações particulares que fogem à regra e, já antevendo essas possibilidades, o Comité Olímpico já permite a participação de atletas oriundos de países cuja situação política não lhes permite estar representados nas competições. Foi o caso da equipa de refugiados existente nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, este ano. Ainda assim, o treinador deixou uma mensagem de encorajamento aos atletas locais, dizendo que “devem aumentar o seu nível competitivo e mostrar que enquanto atletas de Macau são capazes de participar nos Jogos”. Au Chi Kun salientou o caso de Hoi Long, um atleta de triatlo, que tem capacidade para se qualificar e para participar nos próximos Jogos olímpicos a acontecer em 2020, em Tóquio. Angela Ka
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POLÍCIA ACOMPANHA CASO DE VENDA DE BILHETES
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Instituto do Desporto (ID) assegura estar a acompanhar o caso dos bilhetes para assistir às actividades dos atletas olímpicos que estão a visitar a RAEM e que acabaram por estar à venda no site
de vendas online Taobao. Em resposta ao HM, o organismo diz que as autoridades já estão atentas à situação. “Foi reportado e transferido para as autoridades policiais competentes para averiguação e procedimentos
inerentes”, frisam. O ID promete ainda continuar a acompanhar o caso. A imprensa local dava ontem conta que muitos dos residentes que aguardavam na fila do Pavilhão Polidesportivo do Tap Seac não consegui-
ram adquirir os ingressos, distribuídos gratuitamente pelo Governo. Vendo aqui uma possibilidade de negócio, houve quem tivesse colocado alguns bilhetes à venda no site de compras online Taobao.
7 hoje macau terça-feira 30.8.2016
Achou que não conseguia, que queria mudar, é uma questão de escolha que respeitamos” MIGUEL DE SENNA FERNANDES PRESIDENTE DA APIM
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Costa Nunes EX-DIRECTORA DEIXA MESMO JARDIM-DE-INFÂNCIA
Mudança de ciclo
Nem directora, nem educadora. Vera Gonçalves vai mesmo deixar o Costa Nunes, recusando o convite da direcção para continuar. As aulas começam dia 12, mas os pais só são avisados hoje Aquando da notícia de nomeação de Lola Flores do Rosário como nova directora do Costa Nunes, Senna Fernandes fez rasgados elogios à ex-directora. “Vamos ter mais uma turma e vamos precisar muito dela. A Vera apareceu numa altura importante para a APIM mas agora o universo é outro. Quando assumiu funções havia poucas crianças e não havia a abertura que o Costa Nunes hoje tem”, apontou.
formados oficialmente hoje, com um envio de email por parte da direcção da APIM. Ontem o HM falou com Lurdes de Sousa, presidente da Associação de Pais, que
confirmou só ter tomado conhecimento da informação pelos jornais. Os pais não sabem sequer a composição das turmas, quais serão as educadoras de infância do
seu filho ou quais os materiais necessários, sabe o HM. “Faz muita diferença para a organização dos pais em casa”, começa por dizer a responsável. “A Associa-
TIAGO ALCÂNTARA
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ERA Gonçalves, directora do jardim-de-infância Dom José da Costa Nunes entre 2009 até o ano lectivo de 2014/2015, vai mesmo deixar a instituição de ensino, tendo recusado o convite da nova direcção da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) para ficar como educadora de infância. “Não tem problema nenhum, respeitamos sempre as decisões das pessoas. A direcção esteve sempre aberta à sua continuação. Achou que não conseguia, que queria mudar, é uma questão de escolha que respeitamos”, disse ao HM Miguel de Senna Fernandes, presidente da APIM.
INÍCIO ATRIBULADO
A APIM emitiu ontem um comunicado que anuncia o arranque das aulas no Costa Nunes para o dia 12 de Setembro, mas a verdade é que os pais só vão ser in-
S estabelecimentos comerciais que não cobrarem por sacos de plástico deverão estar sujeitos a multas que podem ir das 600 às mil patacas. É o que sugere o Governo na proposta para a redução destes sacos, onde se pode ver que a maioria concorda com o pagamento de pelo menos uma pataca por saco. Foram ao todo recebidas 1924 opiniões, desde que o tema foi posto em consulta pública em Fevereiro do ano passado. Segundo o Governo, “a maioria destas opiniões revela uma atitude positiva” face às propostas que passam por cobrar taxas por cada saco de plástico nos estabelecimentos comerciais, apesar de haver quem não apoie, como indica o Executivo. Há também dúvidas sobre quais os locais que devem cobrar por estes sacos, sendo que o Governo aponta como principais as lojas
Boas taxas Maioria concorda com pagamento de sacos de plástico
de venda a retalho, os supermercados, lojas de conveniência, farmácias, armazéns de venda ao público, lojas de prendas de produtos alimentares, padarias e pastelarias e lojas de produtos de maquilhagem, beleza e higiene.
SOCIEDADE ção de Pais ainda não foi contactada pela escola. No nosso email não tenho recebido e-mails dos pais nesse sentido, mas a informação tem de ser verificada. Foi-nos dito que as obras iam ser feitas durante o mês de Agosto e a escola estava, de facto, a precisar de obras, porque estava com muitas infiltrações”, disse. Lurdes de Sousa promete contactar a direcção do jardim-de-infância, encabeçada por Lola Flores do Rosário, o mais depressa possível, por forma a agendar uma reunião. Miguel de Senna Fernandes confirmou o adiamento das aulas do dia 7 para 12 devido às obras e algumas burocracias. Mas tudo o resto está em ordem. “Vamos ter uma nova coordenadora para as actividades extra-curriculares e uma enfermeira a tempo inteiro, e vamos fazer mais remodelações em termos de pessoal. O corpo docente mantém-se o mesmo, saiu um ou outro agente de ensino cujas vagas já estão colmatadas. Temos todas as condições para termos um bom ano lectivo”, concluiu. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Na proposta, sugere-se que os sacos de plástico utilizados por razões de higiene e de segurança alimentar estejam isentos da cobrança de taxas, mas propõe-se a introdução de um regime regulador, “incluindo a fiscalização aos estabelecimentos de retalho e multa de valor fixo aos estabelecimentos comerciais infractores”, que vai até às mil patacas.
MAIS CONSCIÊNCIA
A ideia do Governo é minimizar em 50% o uso do plástico, sendo
que só através de legislação é que esta medida poderá entrar em vigor. “Espera-se que, através de legislação, sejam definidas as responsabilidades dos estabelecimentos comerciais, dos consumidores e do Governo. Simultaneamente, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental irá continuar a fortalecer, persistentemente, a elevação da consciencialização e a aprofundar as medidas voluntárias, no sentido de criar uma atmosfera de redução de plástico, para que os cidadãos e o respectivo sector possam adoptar, o mais cedo possível, as respectivas medidas”, indica o organismo. Houve ainda quem pedisse ao Governo a introdução de sacos plásticos biodegradáveis e a isenção de cobrança de taxas nestes casos. Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
BARCO AFUNDA COM CINCO PESSOAS A BORDO
Um barco afundou ontem ao largo do Terminal Marítimo do Porto Exterior. Os cinco tripulantes a bordo foram resgatados e já estão em casa. O acidente deveu-se à quebra do braço do guindaste da embarcação, que fazia obras de manutenção das bóias, e que fez tombar o barco, levando a que se afundasse. A circulação de ferries foi afectada, mas volta hoje ao normal. Os cinco homens estão todos bem. Apenas um foi encaminhado para o hospital apresentando ferimentos numa mão. O acidente provocou atrasos na circulação de barcos e 22 embarcações foram afectadas. A navegação será reposta hoje, ao final da tarde, após ser retirado o barco que afundou. Até lá os ferries fazem um desvio que demora mais dez minutos que o normal. Os homens a bordo, com idades entre os 18 e os 55 anos, eram todos do continente, para onde foram transportados depois de serem assistidos no hospital público.
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FIMM ABERTAS INSCRIÇÕES PARA WORKSHOPS, ENCONTROS E PALEST
EVENTOS COMITIVA OLÍMPICA CHEGA A MACAU
SOFIA MOTA
• Chegou ontem à RAEM a delegação de medalhados olímpicos chineses. Entre os 64 atletas e delegados foi sem dúvida Fu Yuan Hui - a nadadora que traz o Bronze - que mais provocou reacção por quem esperava a equipa no Terminal Marítimo. Os residentes podem agora acompanhar três dias na companhia das estrelas do desporto chinesas.
APRENDER C
O Aguardavam a Comitiva cerca de 250 crianças
Atletas entram com Alexis Tam
Treinadora e atleta vencedora do Ouro (segundas na fila)
Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) deste ano não vai resumir-se apenas a espectáculos e conta com diversos workshops, master classes, palestras e encontros com “músicos de renome”, que actuam nesta que é a 30ª edição do festival. Todos os cidadãos se podem inscrever como participantes ou observadores. Entre as diversas actividades, destacam-se as master classes com músicos de renome. Em Outubro, no dia 8, reserve o sábado das 14h30 às 16h00 para a master class de percussão com Colin Currie. O líder do Colin Currie Group vai apresentar obras de Steve Reich e ensinar técnicas de percussão de bongo e marimba. Percussionista, solista e músico de câmara, Colin Currie colabora regularmente com “as maiores orquestras e maestros mundiais”, como indica o Instituto Cultural. Em 2006, fundou o Colin Currie Group, aclamado pela execução de música de Steve Reich e convidado a actuar em todo o mundo. Colin ganhou o Prémio de Jovem Artista da Royal Philharmonic Society, em 2000, recebeu o Prémio Borletti-Buitoni Trust, em 2005, e o Prémio de Instrumentista daRoyal Philharmonic Society, em 2015. As inscrições, ao preço de cem patacas, acontecem até dia 9 de Setembro e o limite de vagas é de quatro pessoas, sendo que é aconselhável que tenham já conhecimentos e experiência em percussão. Há, no entanto, espaço
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA HOTEL • Paulo Varela Gomes
Distinguida dos colegas pelo sorriso, Fu Yuan Hui foi sem dúvida a atleta mais aguardada
Colin Currie
Neste romance os leitores poderão ler a história de um estranho hoteleiro, do seu enigmático hotel, de uma passagem secreta e em tempos obstruída, do vício pouco ortodoxo de que o hoteleiro é vítima e cúmplice, das duas mulheres com as quais mantém relações ambíguas, da perplexidade ou inocência dos hóspedes. Mas a vida de Joaquim Heliodoro não é linear, a sua história cruza-se com arquitectura, curiosidade e pornografia, bem como com os problemas que daí derivam ou aí conduzem.
RUA DE S. DOMINGOS
AS VITÓRIAS IMPOSSÍVEIS NA HISTÓRIA DE PORTUGAL • Alexandre Borges
Ao longo de 900 anos de vida, Portugal nunca deixou de vencer. E alcançou as vitórias mais impressionantes precisamente quando as condições lhe eram mais adversas. Estas são dez histórias extraordinárias de Portugal. Dez grandes vitórias alcançadas em inferioridade numérica, militar, desportiva ou económica. Dez episódios protagonizados por Portugueses de diferentes tempos, em diferentes lugares, movidos por diferentes razões, com o mesmo resultado: o triunfo. Contra todas as apostas.
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TRAS
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COM OS MESTRES para 50 observadores, que pagam uma taxa de 40 patacas.
OUTRAS TÉCNICAS
Salto para o dia 15, das 19h30 às 21h00, altura em que Zhang Hongyan vai ensinar técnicas de Pipa, no Conservatório de Macau. A “rainha da Pipa” vai ensinar os apreciadores de Pipa a melhorarem as suas técnicas de interpretação. Os lugares são para três pessoas, sendo que poderá haver 50 observadores. Zhang Hongyan é professora e coordenadora de cursos de pós-graduação no Conservatório Central de Música e actuou em toda a China, tendo sido a primeira instrumentista a dar um concerto com uma orquestra sinfónica ocidental usando
um instrumento chinês. Recebeu o Prémio Asiático de Gravação das Artes e Ciências, em 2006, e a sua gravação de clássicos de pipa foi inscrita permanentemente na Biblioteca do Congresso dos EUA e no American Folklife Center em 2007. Segue-se um workshop de Piano com Adriano Jordão. O português foi o primeiro director artístico do FIMM e, no dia 22, das 14h30 às 16h00, convida os interessados a uma master class de piano “num estilo vívido e delicado”. Adriano Jordão é um pianista contemporâneo formado pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa e tem actuado em concertos por toda a Europa, Ásia e Américas e colaborado com numerosas
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S 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
orquestras sinfónicas mundiais. A sua carreira musical tem sido reconhecida internacionalmente e tem granjeado diversas distinções em Portugal e no estrangeiro, incluindo o Primeiro Prémio no Concurso Internacional de Piano Debussy, em França. O workshop está limitado a três participantes, sendo o prazo de inscrição o dia 23 de Setembro. Há ainda lugar para 50 observadores. Todas as inscrições devem ser feitas no site do IC, organizador do evento. Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
Adriano Jordão
EVENTOS
FRC COM CONCERTO DE MÚSICA BARROCA E CLÁSSICA
Dia 3 de Setembro a Fundação Rui Cunha recebe um concerto de música barroca e clássica. Mais do que um espectáculo, o evento – organizado em conjunto com a Macau Educational Centre of Culture and Arts – tem “um carácter didáctico”, como refere a organização. “Além de ouvirmos este tipo de música, ouviremos também os professores Lao Yi Ham e Ma Lei falarnos da mudança marcante no mundo da música que se deu entre os séculos XVI e XVIII, com o aparecimento da música barroca e clássica, que trouxe mais recursos fazendo nascer novos ritmos instrumentais, tornando a música cada vez mais bela e fazendo surgir ilustres génios”, indica a FRC, referindo que a actividade se vai debruçar, por exemplo, em autores como Jan Ladislav Dussek, Ludvig van Beethoven e Wolfang Amadeus Mozart. O evento está marcado para as 16h00 e tem entrada livre.
10 CHINA
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MARANHADOS de fios eléctricos, paredes descascadas, rabiscadas com anúncios, e tralha amontoada nas escadas: são estes os “atributos” de um dos mais caros bairros de Pequim, cujo preço por metro quadrado ronda os 11.000 euros. Construído nos anos 1980, o bairro número 42 da Dongzhongjie é uma herança do passado operário da capital chinesa, com as paredes de tijolo nu e as escadas em betão a dar-lhe um aspecto inacabado. O pátio resume-se a um espaço estreito, sem verde, quase todo ocupado por automóveis. Um detalhe, contudo, torna este lugar apetecível: a propriedade aqui confere, à criança do comprador, vaga numa das melhores escolas básicas de Pequim, a Shijia Shiyan. Os alunos daquele estabelecimento de ensino “têm maiores probabilidades de acesso directo à prestigiada Beijing Erzhong (Escola Secundária Número Dois de Pequim)”, explica Xing, um agente imobiliário local. A Beijing Erzhong aceita todos os anos cerca de 800 alunos; muitos são filhos de quadros do Governo. É assim que, naquele quarteirão degradado, um T1 de 58 metros quadrados custa 4,6 milhões de yuan, bem acima do metro quadrado mais caro de Lisboa - cerca de sete mil euros. “E vende-se muito bem!”, afirma Xing, que garante que, só no último mês, a sua agência negociou quatro apartamentos naquela área. “Comprar casa aqui é a única forma de obter uma vaga na Shijia Shiyan”, garante. O fenómeno, comum às grandes cidades da China, desvirtua os princípios do ensino público gratuito no país, um legado da revolução comunista e visto como “crucial à meritocracia chinesa”. “A política que garante ao aluno vaga na escola básica da sua área de residência foi pensada para que houvesse igualdade no sistema”, explica à Lusa Lu Xiaoli, investigadora na área da Educação. Mas, o que acontece é “apenas outra forma de injustiça”, realça. “Os filhos das famílias que não conseguem pagar por uma casa nas
Pequim NO REGRESSO ÀS AULAS, PRÉDIOS DEGRADADOS VALEM MILHÕES
Minha rica casinha imediações das melhores escolas são excluídos”, acrescenta. Fruto da pressão gerada por mais de 30 anos da política de filho único, os casais chineses investem, em média, dois terços dos seus rendimentos na educação dos filhos, segundo estimativas chinesas.
“Comprar casa aqui é a única forma de obter uma vaga na [escola] Shijia Shiyan” XING AGENTE IMOBILIÁRIO Zhang Jian, por exemplo, vendeu o apartamento de 110 metros quadrados onde vivia há 10 anos, no norte do município de Pequim, por 230 mil euros, e comprou um T1 de 56 metros quadrados por 340 mil euros, no centro da capital. “Não quero que a minha filha seja inculta como eu”, explica à Lusa.
CAROS ESTUDOS
Numa das sociedades mais competitivas do mundo, garantir que a criança frequenta uma escola básica prestigiada é, porém, apenas o início de um dispendioso percurso. De acordo com um relatório da Organização para a Cooperação
“Os filhos das famílias que não conseguem pagar por uma casa nas imediações das melhores escolas são excluídos” LU XIAOLI INVESTIGADORA NA ÁREA DA EDUCAÇÃO
e Desenvolvimento Económico (OCDE), a República Popular da China é o país com mais estudantes além-fronteiras - 459.800, o dobro de há dez anos. Mais de metade - 273.439 - frequentam universidades norte-americanas, apesar dos custos elevados. Consultada pela Lusa, uma conhecida agência chinesa que
intermedeia a ida de estudantes para os EUA, estimou os gastos entre 35.000 e 65.000 dólares por ano lectivo. De um total de quase dez milhões de adolescentes que este ano se submeteu ao Gaokao - o exame de acesso ao ensino superior na China - apenas 3,25 milhões conseguiram entrar na universidade. E, entre aqueles,
só alguns milhares obtiveram vaga numa universidade chinesa de topo, garantia de um bom futuro profissional ou académico. Perante estes números, Zhang Jian faz prontamente as contas: “Gastei um pouco de dinheiro, mas se a minha filha não frequentasse uma boa escola, as perdas seriam para toda a vida”. Lusa
ANUNCIADAS NOVAS REGRAS PARA SERVIÇOS DE CRÉDITO ON LINE
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S autoridades chinesas anunciaram novas regras para as plataformas ‘online’ que disponibilizam serviços financeiros, proibindo-as de servir de intermediárias de crédito, após consecutivas fraudes terem abalado o sector na segunda maior economia do mundo.
Os regulamentos ditados pela Comissão Reguladora do Sistema Bancário da China (CBRC, na sigla inglesa) determinam que estas plataformas podem apenas servir como “intermediárias de informação, em vez de intermediárias de crédito”. As medidas, citadas pela imprensa oficial, proíbem as empresas que facilitam
empréstimos entre pessoas (P2P, na sigla em inglês) de dar garantias “implícitas” sobre os seus investimentos e exige que designem um banco como depositário do dinheiro dos investidores. As instituições ou indivíduos ficam também sujeitos a um valor máximo no crédito obtido através destes intermediários.
Os regulamentos surgem após várias destas plataformas terem entrado em incumprimento e encerrado, na China, revelando-se gigantescos esquemas “Ponzi”. O caso mais mediático resultou na detenção de 26 pessoas acusadas de fraude e angariação ilegal de fundos, por alegado envolvimento num esquema
que ludibriou cerca de 900 mil pessoas em mais de sete mil milhões de euros. As autoridades acusam a empresa de colocar projectos no seu portal e pagar aos credores mais antigos com o dinheiro de novos investidores. Lançado em 2014, o Ezubao era a quarta maior plataforma P2P.
Segundo dados citados pela imprensa chinesa, no primeiro semestre deste ano, 512 plataformas P2P foram encerradas, devido a irregularidades, enquanto 1.778, 43,1% do total, são consideradas “problemáticas”.
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GRUPO VAI PRODUZIR MOTORES A JACTO
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China lançou oficialmente este fim de semana um conglomerado para produzir motores a jacto, que terá quase 100.000 trabalhadores, numa altura em que Pequim procura tornar-se uma potência do sector da aeronáutica. O grupo, designado Aero Engine Corporation of China (AECC), foi registado com um capital de 50 mil milhões de yuan, e incorporou várias empresas
estatais chinesas, incluindo a Aviation Industrial Corp. of China (AVIC). O estabelecimento desta empresa foi um “movimento estratégico”, visando tornar a China numa potência do sector da aeronáutica e modernizar o aparelho militar, afirmou o Presidente chinês, Xi Jinping, citado pela agência oficial Xinhua. A China não fabrica motores a jacto de grande porte para fins comercias e o único
LUCROS DA SINOPEC RECUAM MAIS DE 20% NO PRIMEIRO SEMESTRE
avião comercial chinês, o C919, é equipado com motores da CFM International, um consórcio entre a norte-americana General Electric e a francesa Safran. Segundo a Xinhua, o melhor avião da força aérea chinesa utiliza motores feitos na Rússia. Com a criação deste conglomerado estatal, a China quer recuperar o atraso no sector, desenvolvendo a sua própria indústria aeronáutica.
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ALEGADO ASSASSINO EM SÉRIE CAPTURADO
O estripador de Gansu O alegado autor de 11 assassinatos na China e na Mongólia, foi detido, na sexta-feira, na província de Gansu. O homem assumiu a autoria de crimes cometidos entre 1988 e 2002. As vítimas eram mulheres jovens, vestidas de vermelho. A sua identificação foi um golpe de sorte
A
polícia de Gansu, província do noroeste da China, capturou um alegado assassino em série, acusado de ter violado e assassinado 11 vítimas, entre as quais uma menina de oito anos, avançou a imprensa estatal. Gao Chengyong, de 52 anos, foi detido na sexta-feira, quando se encontrava num supermercado, na cidade de Baiyin, onde ocorreram nove dos 11 assassinatos. De acordo com o ministério de Segurança Pública da China, o suspeito confessou os crimes, cometidos entre 1988 e 2002, em Gansu e na região autónoma da Mongólia Interior. A polícia alega que todas as vítimas de Gao correspondiam a um perfil: raparigas novas, que vestiam roupa vermelha na altura em que ocorriam as mortes. O assassino seguia as vítimas até à casa onde elas moravam com o propósito de as violar, matar e mutilar. Segundo relatos na imprensa chinesa, as notícias sobre os assassinatos terão causado uma onda de pânico na região, levando a que muitas mulheres deixassem de sair de casa sozinhas. Em 2004 as autoridades ofereciam uma recompensa a quem desse informações sobre o autor dos crimes, mas sem efeito. Devido ao “modus operandi” de Gao, que envolvia mutilar as vítimas, a imprensa chinesa refere-se a este como “Jack, o
CHINA
petrolífera chinesa Sinopec, a principal refinadora da Ásia, registou uma queda dos lucros de 21,6%, no primeiro semestre do ano, em termos homólogos, devido à queda do preço do petróleo nos mercados internacionais. Entre Janeiro e Junho, a empresa somou 19,92 mil milhões de yuan em lucros, de acordo com um comunicado enviado no domingo à bolsa de Hong Kong, onde está cotada. “Na primeira metade de 2016, os preços do petróleo bruto no mercado internacional registaram uma queda acentuada, face à primeira metade de 2015, atingindo o seu valor mais baixo”, explicou a empresa. A queda no preço foi acompanhada por um aumento de 4,4% no consumo de produtos derivados do petróleo na China. O declínio do preço do petróleo atingiu também os outros dois grandes produtores da China. O maior produtor petrolífero da China, a PetroChina, anunciou na semana passada uma queda de 97,9% dos lucros, no primeiro semestre do ano, face ao mesmo período do ano passado, para 531 milhões de yuan. O maior produtor de petróleo e gás em alto mar, a CNOOC, reportou prejuízos líquidos de 7,74%, nos primeiros seis meses do ano. Em Julho, Angola foi o maior fornecedor de petróleo da China, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia, com as vendas a aumentarem 23,3%, face ao mês anterior, para 4,27 milhões de toneladas, segundo dados oficiais.
DEZ MORTOS EM ACIDENTE DE AUTOCARRO Estripador” da China, numa referência ao assassino em série não identificado que agia em Londres, no final do século XIX. Em Lisboa, na década de 90 também um assassino foi denominado “estripador”. Na altura foram mortas três prostitutas em Lisboa. A identidade do autor permanece desconhecida.
GOLPE DE SORTE
Segundo a polícia que traçou o perfil do autor; “O suspeito tem uma perversão sexual e odeia mulheres”, acrescentando que “vive só, não é sociável, mas é
Todas as vítimas de Gao correspondiam a um perfil: raparigas novas, que vestiam roupa vermelha na altura em que ocorriam as mortes
paciente”. A polícia acabou por identificar o autor dos crimes através da recolha do ADN, impressões digitais e pegadas. Acontece que quem foi detido e sujeito a exames periciais foi um familiar do presumível autor, um tio. Detido em Março por crimes menores foi sujeito a testes de ADN que acabaram por coincidir com as provas recolhidas nos locais dos crimes do “estripador”. Depois de feita uma triagem, as autoridades chegaram até Gao, que assumiu a autoria dos crimes. Depois da sua detenção a região respira de alívio.
Dez pessoas morreram e 32 ficaram feridas, após o autocarro em que viajavam, na região autónoma de Guangxi, sul da China, ter capotado, informou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O acidente ocorreu às 10:00 horas, nas imediações de Nanning, a capital de Guangxi, quando o autocarro se despistou, acabando por embater contra as grades de protecção da via e capotar. Cinco dos feridos encontram-se em estado grave, com lesões cerebrais e na coluna vertebral, enquanto um corre perigo de vida, segundo o médico do Hospital da Universidade de Medicina de Guangxi, citado pela Xinhua. As investigações preliminares assinalam que o acidente poderá ter ficado a dever-se a algum problema de saúde repentino do condutor, que foi uma da vítimas mortais.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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A misericórdia da solidão
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ASCIDO em Lisboa, em 1972, Rui Almeida tem seis livros de poesia editados e muitos poemas ainda inéditos. Lábio Cortado (Livrododia, Torres Vedras, 2009), Caderno de Milfontes (volta d’mar, Nazaré, 2011), Leis da Separação (Medula, Coimbra, 2013), Temor Único Imenso (Labirinto, Fafe, 2014), A solidão como um sentido, seguido de Desespero (Lua de Marfim, Lisboa, 2016) e Muito, Menos (Companhia das Ilhas, 2016). Rui Almeida é um poeta pessimista. Não no sentido de pensar que o mundo vai piorar, mas no sentido de ter a consciência de que tudo é já o pior, porque tudo é uma construção humana, tudo é o humano: “Perdes sempre / Quando vives. Perdes tudo / O que nunca foi teu. És / Apenas
o vazio desolado / Em busca de mais vazio. / Nada há senão perder.” Este tom, de um poema inédito de Almeida, é o leitmotiv da sua poesia, se não da sua vida, que importa tanto aqui como a última camada de electrões do átomo de Bório. Entramos na poesia de Rui Almeida como se entrássemos na cabeça de um Diógenes de Sinope (o Cínico) radical. Se Diógenes percorria as ruas da antiga Atenas durante o dia, com uma candeia acesa, a ver se encontrava um homem honesto, Rui Almeida percorre as páginas dos seus livros em busca daquilo que mostre de uma vez por todas que o humano não presta, que o humano não vale a tinta que o descreve. Não se sabe se escreve para provar que está errado, se para nos mostrar
que está certo, já que muitos dos pessimistas são optimistas falhados, optimistas que não deram certo. Mas o que sabemos, com certeza, a certeza que é possível ter através das palavras, é que ele busca incessantemente em seus poemas a origem do mal humano, aquilo que faz ou fez com que a vida seja um contínuo desespero, uma contínua injustiça. E a poesia torna-se tão mais pujante, mais forte, quanto o poeta se furta a efeitos retóricos de descrições inúteis, porque redundantes, e remete-se ao essencial. De facto, há nestes poemas, concomitantemente, uma aproximação ao pensamento filosófico e um afastamento do mundano e do quotidiano. Como se nos dissesse: falar de uma taberna, de uma
paragem de autocarro ou das árvores de um jardim não passa de redundâncias para enunciar o vazio; o vazio não precisa de nada para ser enunciado. E essa é que é a dificuldade, que parece ter sido ultrapassada ou contornada por Rui Almeida: “És / Apenas o vazio desolado / Em busca de mais vazio. / Nada há senão perder.” Nada há senão perder. Para quê então enunciados que, para o poeta, parecem não passar de máscaras carnavalescas do vazio e não do vazio ele mesmo, ou tão-somente do mais próximo que podemos chegar-lhe com palavras? Almeida já o havia escrito em A solidão como um sentido, seguido de Desespero: “E sempre o desespero, / (...) A criar atrito e dor. / Sem nome a dor, sem Limite amparado // Por uma lingua-
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máquina lírica
gem.” Descrições em poemas são, para Almeida, adivinha-se nos seus versos, rodas auxiliares para bicicletas. Mas, e também se suspeita, não como forma de aprendizagem, mas como forma de nos proteger da realidade, criando uma paisagem, campestre ou urbana, que serve de amortecedor ou de entretenimento para o que realmente acontece no humano. Mesmo quando há descrições nos seus poemas, não são verdadeiras descrições, mas abstractos, como no exemplo destes versos de Temor Único Imenso, à página 8: Diante das aves caem migalhas, Silenciosos pedaços do mundo, A prometer sustento. Para as aves, Fazem parte da existência, do Convívio com tudo o que existe sempre. Com as migalhas que caem, as aves Se alimentam, se divertem, se lembram Que são aves pequenas, que a queda É apenas o assombro de ser Não mais do que ave e ave pequena. Aves, aqui, é tão abstracto como dizer pedra ou chão ou céu ou mar. Mar, aliás, que é palavra recorrente nos poemas de Almeida e, a maioria das vezes, uma pedra tão abstracta como ave. E tudo vai sempre dar ao nada, ao vazio, ao não se ser, como neste poema, também inédito: “Voltam o silêncio e o deserto, Palavras frequentes, demasiado Frequentes, comuns como sobras De dias passados, o sabor gasto Na boca sem saber que dizer. Silêncio e deserto, apenas palavras, Apenas a desilusão de uma outra vida, Limite incerto, viragem súbita Para fazer algo mais, para alcançar O inesperado. Outra coisa, nada.” E à página 28 do mesmo livro, escreve: “Cinco aves pousam nos ramos nus / De uma árvore no inverno. Pousam / Devagar trazendo o sopro, trazendo / A distância dos lugares de onde chegam.” Aves e árvores (mais um abstracto) são instrumentos para dizer distância e nada. Lugares de onde chegam e ramos nus de uma árvore no inverno, nós nos afastando de nós mesmos, nos deixando por todos os lugares em fomos até à árvore nua no inverno, que não passa da sorte que nos espera. Sente-se, na poesia de Rui Almeida, metafísica e abstracta, no uso da linguagem, que a existência não nos serve, está-nos apertada, precisávamos de um número acima. E muito provavelmente aquilo que mais choca
a nossa sensibilidade – pois como escreveu Miguel de Unamuno, “não se é pessimista por ler livros pessimistas, é por se ser pessimista que se lê livros pessimistas” – encontra-se no início do primeiro poema aqui citado: “Nunca voltarás a ter / Aquilo que viste.” Nestes dois versos, que iniciam o poema, vemos aqueles velhos nos bancos do jardim, junto a nossa casa, ou no caminho par ao trabalho, a seguirem com os olhares as pernas magras e belas da rapariga, que os calções curtos deixam ver ao passar. E, de repente, dói-lhes algo não se sabe onde; dói-lhes a vida perdida, não se sabe onde; dói-lhes o futuro que não volta. Nunca voltarão a ter o que viram. Porque aquilo que agora vêem, as belas pernas da rapariga a passar, não estão realmente a ver; não é a ver, é o visto. Aquelas pernas que passam são o já visto, muito tempo lá atrás, e não o a ver, aqui e agora. Através dos versos ficamos a sentir que o que dói aos velhos, que vêm passar a beleza, não é não a ter, mas não se terem a eles mesmos. “Nunca voltarás a ter / Aquilo que viste” explode como sentença fúnebre, macabra, aterradora. Como se fosse o eco de um verso de um poema de A solidão como um sentido, seguido de Desespero: “A saudade de nunca teres existido.” Nunca existimos, não porque o que desaparece não existe, mas porque o que foi já não é. Ter existido é uma aberração do existir; e o próprio existir só existe na confrontação com a consciência de ter existido. Esta aporia existencial continua ainda no mesmo livro, à página 11: “Lado a lado, a solidão / E a memória queimada / Da infância. Falhas / Na superfície lisa do tempo.” Lado a lado, podemos dizer, a existência e o ter existido. A identificação da existência com solidão não tem carga ética, mas ontológica. E por isso mesmo passível de nos ajudar a carregar o nosso ter existido ao longo do tempo, como neste verso de Lábio Cortado: “– respirar é o acto de misericórdia permitido ao corpo.” E veja-se neste “respirar”, para além do concreto que é no verso, o abstracto que também não deixa de ser: aquilo que só a cada um de nós nos diz respeito, que só a cada um de nós pode interessar e que só cada um de nós pode resolver.; ninguém pode respirar por nós. A solidão não é um castigo, é a misericórdia que nos é permitida. Estamos diante de uma poesia, toda ela ainda por descobrir, porque recente, eivada de metafísica, de abstracto – que aqui nesta poesia é o concreto sem entretenimento – e um convite a mergulhar na solidão. Porque no fundo somos todos abstractos uns dos outros como as
aves das árvores, como a morte, como o Outono, como nestes versos com que o poeta inicia o livro Temor Único Imenso: “Eram de novo as aves e morriam / Doutras armas porém do mesmo modo / Eram de novo e era Outono”. Tudo será sempre da mesma maneira, a morte, as aves, as árvores, os humanos com suas armas,
Paulo José Miranda
que só diferem na forma como matam, mas não no matar. A redundância da descrição fica completamente às claras nestes versos agora citados, principalmente no primeiro verso do livro: “Eram de novo as aves e morriam”. Para os leitores frequentadores da filosofia contemporânea, já há muito que se coçam de Wittgenstein. E, sem dúvida, estamos perante uma poesia de braços abertos ao solipsismo, que não pretende construir pontes ou descobrir ligações entre um humano e um outro. Uma poética, quase toda ela – com excepção de Caderno de Milfontes – a fazer ver as sombras. A fazer ver que os outros são sombras de nós, que nós somos sombras de nós, quando com os outros, a fazer ver que nós somos sombras de nós mesmos quando sozinhos, embora sem chão ou sem parede para a sombra caminhar. Rui Almeida jamais poderia dizer, como Rimbaud, “Je suis un autre”, pois para Almeida “eu” ou “outro” são o mesmo abstracto que não nos levam ao respirar, à solidão misericordiosa e pessoal. Termine-se, com o poema que abre o livro Lábio Cortado: “Suave, devastadora, a sombra deste tempo De pernas dormentes por não caminharem. Esta coisa de estar parado a assistir a nada, Consciente da cor de cada objecto à minha frente Enquanto a visibilidade se fecha dentro de um candeeiro. Não são crianças que oiço, nem pássaros, São os pés de quem sabe andar e se desloca, É o riso de quem reage à sedução e ao modo do desejo. O peito está vazio e abandonei-o – respirar é o acto de misericórdia permitido ao corpo. Penso até à exaustão naquilo que podia ter sido. Demasiado cedo me reconheci como vivente, Como servo do movimento e das funções vitais. Não renego a força que em mim surge Nem me permito a queda na tentação da morte. Os braços são pequenos demais para a coragem, Isso que nem sei que seja ou de que me valha. O roubo é uma solução como outra qualquer Para viabilizar a vontade ou o impulso do gesto. O risco é projectar a voz para além do mar; Para além de tudo o que de imenso se estende Diante de um homem que tem olhos perdidos. Como se perde a distância? – é esta a pergunta Sussurrada no momento em que se desiste E da qual nasce a sede que permite a resposta. É no candeeiro que extingo o excesso do pensamento; Não reconheço à luz os efeitos salvíficos A que a aparência poderia levar-me. Prefiro o vazio sistemático da brancura Diluído no ar que me envolve e que respiro.”
14 (F)UTILIDADES TEMPO
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NEBULADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente
MIN
25
MAX
31
HUM
65-95%
•
EURO
8.93
BAHT
EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12) ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)
C I N E M A SOLUÇÃO DO PROBLEMA 68
PROBLEMA 69
UM FILME HOJE
SALA 1
BEN-HUR [C]
Filme de: Timur Bekmambetov Com: Morgan Freeman, rodrigo Santoro, Jack Huston 14.30, 19.15
SHIN GODZILLA [B]
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Hideaki Anno Com: Yutaka Takenouchi, Hiroki Hasegawa, Satomi Ishihara 16.45, 21.30 SALA 2
TRAIN TO BUSAN [C]
FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok,
Choi Woo-sik 14.30, 19.15, 21.30
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)
BEN HUR
1.2
AQUELE SORRISO INCÓMODO
EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)
Cineteatro
YUAN
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “THE RENAISSANCE OF PEN AND INK - CALLIGRAPHY AND LETTERING ART DE AQUINO DA SILVA Armazém do Boi (até 18/09)
EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10)
0.23
Já todos sabemos que temos um novo empreendimento turístico cá no burgo, o Wynn Palace. Outra coisa não seria de esperar. Mais do mesmo, com uma inauguração de luxo, e uma oferta para os turistas do continente que em nada diverge de outros complexos de Jogo. Continua a não se diversificar e os números não enganam. Li as notícias nos jornais e vi um Steve Wynn optimista, outra coisa também não seria de esperar. Mas houve algo que me fez confusão. O sorriso do Chefe do Executivo na inauguração de mais um casino. Naquela fotografia ficaram todos bem, só não fica bem o que o sorriso de Chui Sai On não mostra: que há um novo hospital por construir há anos, que não há transportes decentes nesta cidade, que se constrói para depois ficar tudo na mesma. Aquele sorriso choca-me pelo facto de mais casinos estarem prestes a inaugurar e tudo o resto faltar. O Governo pode sorrir e cortar as fitas, não pode é ignorar o que continua a acontecer, ou, pelo contrário, o que não acontece. Temos um Metro Ligeiro cheio de problemas, um novo terminal que demorou dez anos a construir, um trânsito caótico, as ruas que nos dão ansiedade por não conseguirmos andar nelas... Pu Yi
“ONDAS DE PAIXÃO” (LARS VON TRIER)
Lars Von Trier é o realizador polémico que vê os seus filmes imbuídos de sentimentos contraditórios. Independentemente dos boatos que à volta do homem e do realizador se criam, “Ondas de Paixão” é uma obra prima perturbadora que dá o ouro a Emily Watson. No filme, interpreta Bess McNeill, uma jovem mulher que casa com Stelan Skargard no seio de uma Escócia profundamente religiosa do início dos anos 70. O marido sofre um acidente que o deixa imobilizado e manipula a esposa para que esta experimente outras camas e partilhe com ele as fantasias. A esposa devota acredita que assim poderá curar o marido e embarca no abismo. Sofia Mota
CHIBI MARUKO CHAN - A BOY FROM ITALY [B] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Jun Takagi 16.45 SALA 3
THE LETTERS [A]
Filme de: William Riead Com: Juliet Stevenson, Max Von Sydow, Rutger Hauer 14.30, 19.15
THE BFG [B]
Filme de: Steven Spielberg Com: Mark Rylance, Ruby Barnhill, Penelope Wilton, Jemaine Clemente 16.30, 21.30
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15 hoje macau terça-feira 30.8.2016
OPINIÃO
sexanálise
Jogos Olímpicos
MERVYN LEROY, MILLION DOLLAR MERMAID
TÂNIA DOS SANTOS
A
GOSTO é de praia e férias, mas Agosto de anos bissextos também é de Jogos Olímpicos de Verão. Este Rio 2016 proporcionou material para conversa na área feminista e sexual. Dois pontos importantes que foram debatidos foram o tom pouco igualitário dos comentadores e a menstruação de Fu Yuanhui. Os comentadores e os jornalistas que trabalharam ao serviço dos jogos olímpicos, de vários países, revelaram-se, um tanto ou quanto, machistas. A surpresa persiste porque vivemos no ano de 2016, mas parece que as pessoas estão um pouco... desactualizadas. Desde a fazerem comentários sobre o corpo das atletas até atribuírem o seu sucesso aos seus maridos, ouviu-se de tudo. O escrutínio sensato pôs-se de mãos à obra, criticando severamente as bestialidades que se foram dizendo. E ainda bem. Tema também de grande debate foi a menstruação da nadadora chinesa Fu Yuanhui. Após uma prova que correu pior, a atleta, muito naturalmente, falou sobre a menstruação e as dores que estava a sentir para um canal chinês. De imediato tornou-se numa sensação das redes sociais chinesas – e não chinesas. Não só pelas suas fantásticas expressões faciais, mas porque puseram as pessoas na China a pensar sobre como é que se nada com a menstruação (sem deixar a piscina toda vermelha) e na chatice que será estar
“A Yuanhui que se orgulhe da sua medalha, das suas palavras e o seu jeito de ser. O seu jeitinho está a atirá-la para a fama, divulgando a menstruação e o tampão” menstruada quando se compete em provas de alta competição. Como o tampão é ainda um objecto alienígena na China, isso justifica muitas das reacções de surpresa pela população chinesa. Se és estrangeira a viver na China continental bem sabes que não é um objecto de bem comum. Eu, por exemplo, via-me obrigada a levar a minha mala carregadinha deles. Era simplesmente impossível encontrar esses algodões em supermercados locais. O que nos poderia safar de momentos sangrentos, especialmente quando nos impõem actividade extrema (e.g. nadar)? Pouco ou nada, porque tampões são uma caça ao tesouro feminino alucinante. Há quem diga que é a medicina chinesa que desaconselha por ser demasiado intrusivo e há quem diga que é puro desconhecimento – desconhecimento esse que não gera procura e por isso não gera produção. Mas não se preocupem, porque o momento de ribalta do tampão está em pura ascensão: espera-se, muito em breve, produção nacional chinesa. Este tampão ‘awareness’ deve-se muito em parte a um simples comentário público de que a menstruação teria
aparecido no dia anterior a Yuanhui. Se calhar ela até estava a usar um copo menstrual (copinho de silicone reutilizável que retém o fluxo menstrual e que deve ser esvaziado e limpo a cada 3-4 horas): a divulgar nas próximas olimpíadas. No ocidente o choque nada teve que ver com o método de retenção de fluxo debaixo de água, mas o facto de se falar do período. Sim, o tabu do período volta a atacar. Não há ninguém a pensar muito sobre a menstruação, muito menos em mulheres atletas de alta competição. Falar sobre menstruação é inconveniente, desconfortável e nunca será visto como ‘simples’. Os estudos que entendem a relação entre menstruação e performance são incrivelmente escassos, num mundo onde muitas mulheres são treinadas na sua modalidade por homens. O tabu persiste, mas a Fu Yuanhui é agora descrita no wikipédia como a protagonista da menstruação no Rio 2016. Os Jogos Olímpicos deveriam ser daqueles eventos que promovem cooperação e compreensão entre nacionalidades e diferenças (enquanto se está a competir para estabelecer quem é melhor - irónico). Mas, por alguma razão, os ideais de privilégio do homem branco conseguem desvendar-se nestas pequenas coisas: nas bocas, nas descrições e nas reacções. O que nos salva é o bom senso de tantos muitos, que refilam quando há comentários machistas e que dizem as coisas que têm que ser ditas. A Yuanhui que se orgulhe da sua medalha, das suas palavras e o seu jeito de ser. O seu jeitinho está a atirá-la para a fama, divulgando a menstruação e o tampão. Quanto aos comentadores, esperemos que reformulem o seu discurso – e isso veremos em quatro anos.
“
Tens a alma cheia de ipomeas / e de acácias rubras / e de chagas de melancolia nos muros velhos / Teus longos braços novos de betão e vidro / rompem a bruma matinal / por sobre os restos da antiga beleza.”
Fernando Correia Marques
CHINA TROCA DE SECRETÁRIO-GERAL NO TIBETE
Mudança de turno
O
Partido Comunista da China (PCC) anunciou a nomeação de Wu Yingjie como novo secretário-geral da organização no Tibete, um cargo sensível, por se tratar de uma das regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo. Segundo um comunicado difundido no fim de semana, Wu substituirá Chen Quanguo, que abandona os seus cargos no comité central do PCC na região, por razões não detalhadas. Wu fez quase toda a sua carreira na região autónoma do Tibete, onde já foi vice-governador e chefe da propaganda. Assim como o seu antecessor é da etnia chinesa maioritária Han. O PCC anunciou também a substituição dos secretários gerais das proPUB
víncias de Hunan e Yunnan, no sul do país, por dois aliados do Presidente chinês, Xi Jinping, que trabalhou junto com este na sua época como principal responsável do partido em
terça-feira 30.8.2016
Xangai, a “capital” económica da China. As mudanças ocorrem num ano em que se celebra o XIX Congresso do PCC, durante o qual se esperam mudanças no Politburo do
partido, a cúpula do poder na China. O Tibete, que foi durante muito tempo independente, foi ocupado por tropas chinesas, em 1951. O líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, que Pequim acusa de ter “uma postura separatista”, vive exilado na vizinha Índia, na sequência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa em 1959. O Governo chinês defende que a imposição do regime comunista libertou os tibetanos de uma “servidão feudal” e “uma teocracia muito distante da civilização moderna”, enquanto seguidores do Dalai Lama acusam Pequim de tentar destruir a identidade religiosa e cultural do Tibete.
MAIS 31 MIL CASAS NA RAEM
O
número de casas continua a aumentar em Macau e cerca de 31.500 ainda estão em projecto ou fase de construção. Os dados foram ontem divulgados pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em comunicado de imprensa. O Governo dá a conhecer que no terceiro trimestre de 2016 foram licenciados 51 fogos habitacionais em cerca de 13 empreendimentos. Na calha ainda está o grosso das casas que poderão vir a ser habitáveis, sendo que Macau está com 98 empreendimentos ainda em construção dentro dos quais se inclui ou não vistoriados ou que estão nesse processo agora. No seu total, estes edifícios darão origem a cerca de 11 mil habitações. Além destes estão ainda em fase de projecto uma série de empreendimentos que no seu todo poderão vir a proporcionar à população cerca de 20.406 lares. A DSSOPT adianta ainda que na área da hotelaria
estão neste momento 15 estruturas em construção que no seu todo trarão a Macau mais de 8500 quartos.