Hoje Macau 31 MAR 2020 # 4498

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

TERÇA-FEIRA 31 DE MARÇO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4498

PEDRO ASCENSÃO

SFAM PHOTO/SHUTTERSTOCK

hojemacau

A VIDA SÃO DUAS NOITES ÓBITO

ECONOMIA

À BEIRA DO ABISMO

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PÁGINAS 2-3

OPINIÃO

OLAVO RASQUINHO

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Ocupado

UM ILUSTRE MACAENSE

O futuro Instituto de Enfermagem do Kiang Wu, no Hospital das Ilhas, foi transformado em Centro Temporário de Isolamento. O edifício, com capacidade para 192 camas, viu a sua estreia ser antecipada face ao aparecimento contínuo de novas infecções da covid-19. Casos de quarentena ou de alto risco podem agora ser transferidos para esta nova unidade de cuidados de saúde, que alberga já 26 pessoas.

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A OBRA MAIS ÍNTIMA MICHEL REIS

DEMIS ROUSSOS EM LIVRO

PAULO JOSÉ MIRANDA


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ECONOMIA

A DURA ESTRADA CHINA PREPARA ESTÍMULO, ENQUANTO ZONA EURO TEM RECESSÃO NO HORIZONTE

Além da crise de saúde pública, a pandemia do novo coronavírus lançou a economia global num novo precipício. Enquanto a China se prepara para apresentar um plano de estímulos económicos, um pouco à semelhança dos Estados Unidos, a Europa actua de forma descoordenada com cada país a procurar mitigar a crise à sua maneira. O FMI já prevê um cenário de recessão semelhante à crise de 2009

A

S repercussões da pandemia que varre o mundo inteiro vão muito além da trágica situação de saúde pública. Além de deixar a descoberto muitos dos pontos fracos de instituições e governos, terá consequências económicas que já se começam a vislumbrar.

“O desenvolvimento económico, especialmente a recuperação das cadeias de abastecimento, enfrentam novos desafios à medida que os casos de infecções importadas aumentam. São precisas fortes medidas macro-económicas para reduzir o impacto e expandir a procura doméstica.” POLITBURO DO PCC

O Governo Central da República Popular da China comprometeu-se com medidas que deixam antever que Pequim se prepara para lançar um pacote de estímulos económicos de larga escala, para contrariar o impacto económico da pandemia. Assim sendo, Pequim deverá aumentar o défice orçamental e colocar à venda dívida soberana, o que permite aos governos locais vender obrigações de financiamento de infra-estruturas. De acordo com a Xinhua, na semana passada o Politburo do Partido Comunista Chinês reuniu e aprovou as medidas com o objectivo de estabilizar a economia. A agência oficial chinesa não deu mais detalhes quanto a possíveis estímulos fiscais. Importa recordar que a China ainda não divulgou o orçamento para 2020 devido à crise pandémica que forçou ao adiamento das anuais reuniões políticas e parlamentares de Pequim e que o défice orçamental não excede os 3 por cento há mais de uma década. A capacidade produtiva da China tem sido fortemente afectada neste trimestre pelo encerramento de fábricas e paralisia de transportes. Além disso, com o

mercado global também a sofrer com a pandemia, a procura externa de produtos chineses caiu igualmente. De acordo com a Xinhua, o relatório da reunião do Politburo acrescentou que “o desenvolvimento económico, especialmente o retorno das cadeias de abastecimento, enfrentam novos desafios à medida que os casos de infecções importadas aumentam”. Com a economia global paralisada, Pequim vira-se para dentro. “São precisas fortes medidas macro-económicas para

reduzir o impacto e expandir a procura doméstica”, projecta o relatório. Outro ponto fundamental foi a manutenção dos objectivos de crescimento económico, que já eram algo contidos, para a “construção de uma sociedade moderadamente próspera” em 2020. Num comunicado diferente, também divulgado na sexta-feira passada, o Banco Popular da China apelou a uma melhor coordenação das políticas macro-económicas, ao mesmo tempo que sublinhou que irá garantir a liquidez neces-

sária para ajudar a economia real e evitar riscos de inflação.

MUNDO PARADO

A consultora Oxford Economics divulgou ontem um relatório onde estima que a economia da zona Euro vai enfrentar uma recessão de 2,2 por cento enquanto a economia mundial vai estagnar este ano devido à pandemia da covid-19. “A pandemia do novo coronavírus vai infligir uma profunda recessão na economia mundial, e em muitas das principais economias, durante a primeira metade


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PELA FRENTE

desafiante, mas a actividade vai recuperar depois das medidas de distanciamento social” e beneficiando também com a combinação dos estímulos monetários e orçamentais e da despesa discricionária”, lê-se no documento, que antecipa um crescimento de 5,3 por cento da economia mundial no último trimestre deste ano e uma média de 4,4 por cento em 2021. As previsões, alertam, são particularmente incertas neste período, mas os analistas apontam ainda que num cenário de agravamento da pandemia, imposição de mais restrições sociais e mais stress nos mercados financeiros, a economia mundial poderia ter um crescimento negativo de 1,3 por cento, com a zona Euro a cair 3,2 por cento, os EUA 2,6 por cento e até a China poderia ver o PIB retrair 0,9 por cento.

RECORDAR 2009

deste ano”, lê-se numa nota enviada aos investidores, e que a agência Lusa cita, na qual se prevê que a zona euro caia 2,2 por cento, os Estados Unidos 0,2 por cento e a China cresça apenas 1 por cento.

“Já está claro que estamos numa recessão igual ou pior que a de 2009.” KRISTALINA GEORGIEVA DIRECTORA-GERAL DO FMI

No relatório, que já vai na segunda actualização devido à progressão da pandemia, os analistas desta consultora britânica escrevem que “para o conjunto do ano o crescimento global deve descer para zero” e acrescentam que “no primeiro trimestre, a economia mundial deve contrair-se a um ritmo mais rápido do que durante a crise financeira de 2009, caindo cerca de 2 por cento e sendo provável uma nova queda de 0,4 por cento no segundo trimestre”. A estagnação prevista para o total do ano na economia mundial

“marca o segundo valor mais baixo dos últimos 50 anos, só superado pela severidade da crise financeira de 2009”, apontam os analistas, que lembram que a previsão anterior à pandemia, para o crescimento mundial, era de 2,5 por cento. Apesar do panorama sombrio para a primeira metade do ano, esta consultora estima que a recuperação económica seja “muito forte, segundo a experiência histórica”, antevendo que uma forte recuperação da actividade económica no final do ano. “A perspectiva de evolução a curto prazo é extremamente

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que “já está claro” que a economia mundial entrou “numa recessão, igual ou pior que a de 2009” devido à pandemia de covid-19. “Já está claro que estamos numa recessão igual ou pior que a de 2009”, afirmou Georgieva, numa conferência de imprensa por vídeo na sede da instituição financeira internacional, para avaliar o impacto económico da expansão global do coronavírus. A líder do FMI disse esperar uma recuperação em 2021 desde que os governos adoptem medidas adequadas e “coordenadas”. Georgieva apontou ainda a grande necessidade de financiamento dos países emergentes, avançando um número de 2,5 mil milhões de dólares, mas salientou que “é uma estimativa baixa e conservadora”. Mais de 80 países solicitaram já assistência financeira à instituição, segundo Georgieva. “Exortamos os países a intensificarem agressivamente as medidas de confinamento”, afirmou. “Podemos reduzir a duração desta crise”, acrescentou. Georgieva também se congratulou com a aprovação de um pacote de apoio à economia norte-americana num montante de cerca de 2 mil milhões de dólares, sublinhando a necessidade de atenuar o impacto da pandemia na maior economia do mundo, obrigada a suspender a

sua actividade como aconteceu em muitos outros países. “É importante para o povo norte-americano. É também importante para o resto do mundo, dada a importância dos Estados Unidos”, considerou.

A TÍTULO DE EXEMPLO

A economista chefe da OCDE, Laurence Boone, considerou ontem “pertinente” a emissão de dívida comum na zona Euro alertando que falta coordenação entre os planos dos vários estados membros que estão a agir de forma unilateral. Em entrevista à publicação francesa Les Echos, Boone explica que “é pertinente a ideia sobre instrumentos comuns capazes de financiar - de forma solidária - os gastos de saúde ou relacionados com a gestão por causa do coronavírus”. Trata-se de um mecanismo “importante porque na União Europeia fazem-se poucas transferências numa altura em que o vírus afecta todos sendo que os países não têm todos os mesmos meios de enfrentar” o problema, assinalou a responsável da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

A economista chefe da OCDE sublinha que a disparidade entre os planos apresentados pelos vários países europeus e a “evidente falta de coordenação na gestão da crise” tem de ser corrigida Para Laurence Boone, os países da União Europeia podem vir a utilizar o mecanismo sobretudo porque o Banco Central Europeu (BCE) já “cumpriu a sua parte” oferecendo condições de financiamento o que, afirmou, “tranquilizou” os mercados permitindo absorver as novas emissões de dívida que se preveem. A economista francesa sublinha que a disparidade entre os planos apresentados pelos vários países europeus faz com que seja complicado fazer uma avaliação. “Outro exemplo da falta de coordenação na Europa relaciona-se com as ideias sobre as paralisações laborais (a tempo parcial), mas ninguém o está a fazer da mesma forma fazendo com que as empresas estejam a tomar medidas diferentes nos vários países”, acrescentou. Em termos gerais, Boone insiste que a “evidente falta de coordenação na gestão da crise” tem de ser corrigida. João Luz (com agências) info@hojemacau.com.mo


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Contra as expectativas e devido à pandemia da covid-19, o edifício do Instituto de Enfermagem do Kiang Wu no Hospital das Ilhas foi estreado para receber pessoas que se encontram em quarentena

O

único edifício do Hospital das Ilhas já construído foi transformado num Centro Temporário de Isolamento. O prédio, que vai ser o Instituto de Enfermagem do Kiang Wu, tem capacidade para 192 camas e passou a receber recuperados em quarentena e pessoas de alto risco ou de contacto próximo com os infectados. As camas para os casos suspeitos vão ficar entre os andares 11.º e 15.º, e têm 96 quartos. Além disso, o 10.º andar tem capacidade para receber material médico necessário para os tratamentos e isolamentos. “Como este é um edifício do Governo podemos ocupá-lo durante um período prolongado [...] Todas as pessoas de contacto próximo estão a ser transferidas para este centro temporário, o que permite

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HOSPITAL DAS ILHAS EDIFÍCIO RECEBE CENTRO TEMPORÁRIO DE ISOLAMENTO

Trunfo na manga que o Centro do Alto de Coloane seja utilizado apenas para receber os casos confirmados com sintomas leves”, afirmou Lo Iek Leong, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), sobre a medida. “Esta alteração não foi feita com base numa revisão das estimativas sobre o número de infectados. Mas temos de ter capacidade de olhar para o futuro. Não nos podemos limitar a responder, caso haja um aumento repentino, temos de nos preparar”, sublinhou. Numa altura em que Macau regista 39 casos, 21 dos quais ainda a receber tratamento, já há 26 pessoas no centro temporário. Ainda de acordo com Lo Iek Leong, o facto de o edifício não ter sido entregue à instituição ligada à família de Chui Sai On, e estar na posse do Executivo, faz com que não haja direito a qualquer pagamento.

PERIGO DE VIDA

Ontem foi igualmente feito um ponto da situação da saúde do pa-

ciente de 50 anos, que se encontra a lutar pela vida, após ter sido identificado como o 18.º caso. Segundo Lo Iek Leong, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), os níveis de oxigénio no sangue do

“Todas as pessoas de contacto próximo estão a ser transferidas para este centro temporário, o que permite que o Centro do Alto de Coloane seja utilizado apenas para receber os casos confirmados com sintomas leves.” LO IEK LEONG MÉDICO PUB

homem continuaram a diminuir, o que levou a que houvesse necessidade de intubação. “Houve um agravamento do estado de saúde do paciente em estado grave devido à falta de oxigénio”, anunciou Lo Iek Leong. “Normalmente quando respiramos, a proporção de oxigénio no ar que entra no nosso corpo é de 21 por cento. Com o ventilador começamos a aplicar uma proporção de 40 por cento de oxigénio ao paciente, ontem [no domingo] já aumentámos para 80 por cento, mas mesmo assim apresenta falta de oxigénio. Tivemos de fazer uma intubação”, explicou o médico. Quanto às hipóteses do homem sobreviver, Lo recusou fazer um prognóstico na conferência de imprensa: “Não fazemos esse tipo de avaliação”, respondeu, quando questionado. Sobre as medidas que levam a que o paciente se encontre em estado grave, Lo apontou que neste caso se deve principalmente à idade de 50 anos, o que faz com que esteja exposto a mais riscos.

FIM-DE-SEMANA TURÍSTICO

Também ontem foi tornado público o percurso da residente de Hong Kong, com nacionalidade filipina,

SEM TESTES POLÉMICOS

A

pós a empresa Shenzhen Bioeasy Biotechnology ter estado debaixo de polémica devido à qualidade dos testes rápidos vendidos para Espanha, que terão de ser devolvidos, Lo Iek Leong, médico adjunto da Direcção do CHCSJ, explicou que o material vindo para Macau foi adquirido em Xangai. “Segundo a informação que domino, os teste que temos são provenientes de uma empresa com sede em Xangai e não de Shenzhen”, explicou. Já em relação ao stock de testes, Lo afirmou que a RAEM tem material suficiente para três meses, embora sem dizer um número concreto.

que foi identificada como infectada, após uma visita a Macau, entre 22 e 27 de Março. A mulher de 40 anos esteve no Bar Roadhouse, no hotel Galaxy Broadway, na noite de 26 de Março, além das deslocações já conhecidas ao Mercado de São Domingos e ao restaurante Jollibee, a 25 de Março. Além destes espaços, a mulher visitou a gelataria Haagen Dazs, a loja da Fortress, ambas no Leal Senado, e o Edifício Kwong Heng, Rua da Ribeira do Patane n.º 137, onde cozinhou e jantou com amigos. A viagem para Macau e a partida foram feitas através dos autocarros dourados, que atravessam a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A passagem da residente de Hong Kong resultou em que oito pessoas fossem consideradas de contacto próximo e colocadas em isolamento. O Executivo coloca a hipótese de que o número de contactos próximos seja maior, mas admite que não consegue identificar todas as pessoas. No entanto, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença, apelou à calma: “Não estamos a falar da existência de mais casos, mas de pessoas de contacto próximo, que não são doentes e não contam como risco de propagação”, apontou. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

CPSP Mais dois casos de quarentena violada

De acordo com o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) houve mais dois casos de quarentenas domiciliárias violadas, que fizeram com que os infractores fossem levados para hotéis. “Duas pessoas viviam em casa, mas vinham sempre ao lóbi de entrada do edifício buscar os artigos que eram entregues pelos seus familiares”, afirmou Ma Chio Hong, chefe da Divisão de Operações e Comunicações. “Como estas duas pessoas violaram a lei, no dia 28 de Março, foram submetidas aos hotéis designados para fazerem quarentena obrigatória”, acrescentou. Face ao casos crescentes, as autoridades apelam a quem esteja em casa de quarentena que respeite as suas obrigações.


política 5

terça-feira 31.3.2020

FRONTEIRA SECRETÁRIO PARA A SEGURANÇA ADMITE DIFICULDADES E ANUNCIA LINHA ABERTA PARA ESCLARECER DÚVIDAS

Entropia nas Portas do Cerco

Para esclarecer as dúvidas em torno das novas restrições fronteiriças com a província de Guangdong foi criada uma linha de contacto em Zhuhai. Wong Sio Chak admite dificuldades de execução, mas garante que tudo está a ser feito para assegurar os interesses dos cidadãos de Macau, a quem pede compreensão competência de Zhuhai, ficando o Governo de Macau apenas responsável pela sua divulgação. Dirigindo-se aos residentes de Macau, o secretário pediu, por isso, compreensão.

FOTO CRÉDITO NOME FOTÓGRAFO

A

O final de três dias da entrada em vigor das novas medidas, 21 residentes de Macau foram submetidos a observação médica em Zhuhai. O anúncio foi feito ontem pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que assumiu ser “natural” existirem ainda dúvidas e dificuldades na execução das novas regras, em funcionamento desde sexta-feira. Sobretudo, tendo em conta a situação epidémica global, que obriga à tomada de medidas excepcionais. “Todas as regiões ou países têm implementado as suas estratégias. Estas medidas não têm precedentes e por isso é preciso tempo e pessoal para concretizar todos os pormenores. Também percebemos que os cidadãos têm preocupações, queixas e dúvidas. É natural”, apontou Wong Sio Chak, à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa. Recorde-se que desde as seis da manhã de sexta-feira os visitantes chegados à Província de Guangdong vindos de Macau, Hong Kong e Taiwan passaram a fazer o teste da covid-19 e a ficar 14 dias de quarentena. A decisão foi transmitida ao Governo de Macau algumas horas antes do anúncio oficial. Colocando a tónica das decisões na administração de Zhuhai e do Interior da China, Wong Sio Chak referiu que o Governo “tem mantido contactos estreitos (…) para transmitir as opiniões dos cidadãos de Macau” e que esse

“Quero pedir a compreensão de todos os cidadãos, pois estas medidas foram implementadas à pressa e na sua execução vão existir desvios e dificuldades.” WONG SIO CHAK SECRETÁRIO PARA A SEGURANÇA

é precisamente o seu papel, em termos de coordenação. No seguimento de uma reunião entre representantes do Governo e o vice-presidente do município de Zhuhai, Zhang Yisheng, para discutir as questões que preocupam os cidadãos de Macau, o secretário anunciou que foi criada uma linha

aberta em Zhuhai para esclarecer de forma directa os pormenores relacionados com a execução das novas medidas de entrada. “Esta é uma linha aberta de Zhuhai e para os cidadãos é melhor, pois permite que compreendam a implementação das medidas. A linha aberta é de Zhuhai e está disponível para

todos, quer sejam residentes do Interior da China, quer de Macau”, explicou Wong Sio Chak.

APELO À COMPREENSÃO

Numa altura em que as excepções à quarentena obrigatória de 14 dias levantam muitas dúvidas, Wong Sio Chak referiu que estas são da

“Quero pedir a compreensão de todos os cidadãos, pois estas medidas foram implementadas à pressa e na sua execução vão existir desvios e dificuldades. Mas para a protecção de ambos os governos, continuamos a recolher as opiniões dos cidadãos e a transmiti-la”, partilhou. As excepções anteriormente anunciadas são vistas caso a caso pelas autoridades do Interior e incluem menores de 14 anos, idosos com mais de 70, comerciantes, transportadores de bens essenciais e condutores de carros com matrículas duplas.

PJ REMUNERAÇÃO SUPLEMENTAR NÃO INCLUI TECTO MÁXIMO DE HORAS

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AI ser concedida uma remuneração suplementar para o pessoal das carreiras especiais da Polícia Judiciária (PJ) que trabalhe, pelo menos, 44 horas semanais. No entanto, não existe um limite máximo, nem serão contempladas outras compensações. Foi esta a conclusão a que chegaram ontem os deputados da 1ª Comissão Permanente da Assem-

bleia Legislativa (AL), após uma reunião com membros do Governo. “Esta remuneração suplementar corresponde ao índice 100 da tabela indiciária da Administração Pública, mas há um requisito. Este trabalhador tem de ultrapassar, semanalmente, as 44 horas de trabalho para receber a remuneração suplementar. Isto é, até pode atingir 80 ou 100

horas semanais, que continua sempre a receber o mesmo índice”, explicou Ho Ion Sang, que preside à comissão. O deputado esclareceu ainda que esta remuneração suplementar inclui o dever de disponibilidade permanente e as contingências específicas inerentes a um trabalho de investigação e que, por isso, outros subsídios contemplados na Ad-

ministração Pública, nomeadamente, o subsídio de disponibilidade, subsídio por turnos ou até a compensação por trabalho extraordinário, têm de ser postos de lado neste caso. “O ingresso na PJ é mais exigente e isso reflecte-se na sua remuneração e também nas suas horas de trabalho. Na carreira geral da Administração Pública trabalha-se 36

horas, mas na PJ são 44 horas”, apontou Ho Ion Sang. Em causa na proposta de lei está a criação de novas carreiras no âmbito da ciência forense, a introdução de alterações à carreira de investigador criminal, com a adição das categorias profissionais de inspector chefe e investigador criminal chefe e ainda, alterações ao índice salarial. P.A.

Pedro Arede

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MGM/SJM Isenção de impostos sobre lucros

Foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) dois despachos que decretam a isenção do pagamento do imposto complementar de rendimentos relativamente aos lucros gerados pela MGM Grand Paradise SA e pela Sociedade de Jogos de Macau. Assinados pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, os despachos decretam a isenção a partir de amanhã, 1 de Abril, até 26 de Junho de 2022.


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FUNDAÇÃO MACAU DEPUTADOS COM DÚVIDAS SOBRE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS

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projecto “Novo Bairro de Macau” destinado a residentes da RAEM e a ser desenvolvido em Hengqin, não vai mobilizar fundos do Governo. Na Assembleia Legislativa, o presidente do Conselho de Administração da Macau Renovação Urbana S.A., Peter Lam, declarou que serão angariados capitais “através de empréstimos bancários”. A informação foi avançada em resposta a uma interpelação oral do deputado Leong Sun Iok, que pediu mais informações sobre o projecto anunciado no ano passado. De acordo com Peter Lam, haverá 27 torres residenciais, que terão entre 22 e 26 andares, providenciando cerca de quatro mil unidades residenciais. Destas, 200 são destinadas a “pessoas talentosas”. Os requisitos do Governo Municipal de Zhuhai implicam que pelo menos 80 por cento das fracções sejam T2 e prevê-se que as restantes sejam T3. Sabe-se agora que podem comprar apartamento os portadores de Bilhete de Identidade de Residente da RAEM, maiores de idade. Haverá ainda outros critérios, nomeadamente sobre a posse de outras propriedades, e a venda também só vai poder ser feita a residentes. “Para evitar a especulação, só têm direito de adquirir uma única fracção”, indicou ontem o representante. Mas ainda estão a ser ultimados detalhes. A Macau Renovação Urbana já deu início ao estudo preliminar sobre o projecto, incluindo uma estimativa do orçamento, mas os valores não foram adiantados. Peter Lam disse, porém, que nas unidades residenciais “o preço de

HENGQIN “NOVO BAIRRO DE MACAU” SEM FUNDOS PÚBLICOS

Torres a erguer

Sem capital público envolvido, o projecto “Novo Bairro de Macau” vai incluir cerca de quatro mil fracções habitacionais para residentes em 27 torres residenciais. Mas o deputado Sulu Sou reiterou as dúvidas sobre o envolvimento da Macau Renovação Urbana S.A num projecto que se localiza em Hengqin venda vai ser perto do custo do projecto”, por ser um plano conjunto entre os Governos de Zhuhai e de Macau. Não haverá pré-venda. No terreno, vai aplicar-se a lei do Interior da China. Os futuros moradores vão poder requerer matrícula única para circular entre Macau e Hengqin, e deverão ter benefícios fiscais. Ao nível dos serviços públicos, prevê-se que o projecto inclua 18 escolas primárias e 12 creches, usufruindo os estudantes de en-

“Tenho aqui uma grande dúvida: esta sociedade anónima passa a tratar dos assuntos do Interior da China e não da renovação urbana de Macau?” SULU SOU DEPUTADO

sino gratuito. Além disso, haverá um centro de saúde com cerca de mil metros quadrados, explorado segundo o sistema adoptado actualmente em Macau, um centro para idosos com cerca de 800 metros quadrados, e centros familiares e instalações desportivas. Depois da aquisição dos direitos de utilização do terreno, o projecto tem de ficar concluído no espaço de 48 meses.

ENTRE DOIS LADOS

O envolvimento da Macau Renovação Urbana voltou a ser questionado pelo deputado Sulu Sou, reiterando que o objectivo quando a sociedade foi constituída era tratar dos assuntos de renovação locais. “Tenho aqui uma grande dúvida: esta sociedade anónima passa a tratar dos assuntos do Interior da China e não da renovação urbana de Macau?”. Além disto, o pró-democrata quis saber como é possível fiscalizar o âmbito de investimento, apontando parecer não existirem limitações.

Sulu Sou disse ainda que parece não haver calendário para a renovação da habitação na zona do Iao Hon, e afirmou que os moradores querem permanecer na sua área, considerando que morar em Hengqin é apenas uma “segunda escolha”. Neste sentido, perguntou ainda quantas pessoas da sociedade estão a tratar do projecto “Novo Bairro de Macau”, e quantas se dedicam ao projecto principal. Uma pergunta que ficou sem resposta. Por sua vez, o responsável pela Macau Renovação Urbana garantiu que os trabalhos nunca pararam e que enquanto empresa de capital público o dinheiro é usado “com toda a cautela e rigor”, e que vai haver “fiscalização de vários níveis”. “Posso dizer que cumprimos todos os diplomas legais, mas não posso facultar mais pormenores”, rematou. Salomé Fernandes

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Fundação Macau é um organismo público e todos os seus actos administrativos devem ter uma base legal. Se for fixado um valor pelo Órgão Executivo, a Fundação Macau vai cumprir o disposto na lei”, disse um representante da entidade na Assembleia Legislativa. em resposta a uma interpelação oral do deputado Sulu Sou, que apontou falhas à concretização da lei sobre o direito de associação, nomeadamente à publicação caso as associações beneficiem de apoios superiores a um valor a fixar pelo Chefe do Executivo. No âmbito dos problemas apontados pelo Comissariado da Auditoria, a Fundação Macau reconheceu que “há margem de melhoria”. Quanto às questões colocadas pelo deputado Pereira Coutinho sobre o aumento de transparência, o representante da Fundação apontou para a falta de um regime de contabilidade para entidades sem fins lucrativos em Macau. Já Pang Chuan quis saber em que situações é concedido ou recusado subsídio a organizações e associações, enquanto Mak Soi Kun frisou que a população quer saber “qual o destino do dinheiro” utilizado para tentar perceber se os beneficiários conseguiram chegar aos resultados previstos. Em resposta, o representante da Fundação frisou que “a taxa de indeferimento (de pedidos) é cada vez maior”. Pereira Coutinho perguntou ainda se alguém vive na residência adquirida pela Fundação Macau em Portugal há alguns anos. Neste ponto, o representante da entidade indicou que se ponderou destinar a fracção comprada ao delegado do Governo da RAEM em Lisboa. Mas apontando tratar-se de um “monumento”, explicou que o projecto só foi aprovado recentemente e ainda não se conhece quando podem começar as obras.


óbito 7

terça-feira 31.3.2020

PEDRO ASCENSÃO, EX-DIRECTOR DO COSTA NUNES, FALECEU ESTE DOMINGO

A vida são duas noites Ex-director do jardim de infância D. José da Costa Nunes, Pedro Ascensão morreu este domingo vítima de cancro. Depois de vários anos dedicado à educação de corpo e alma, primeiro em Portugal e depois em Macau, Pedro dedicou-se à vida de empresário, sempre com duas paixões: a culinária, no café Xina, e a música, com os bares Che Che e Mico

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ARA beber um copo fora do ambiente de jogo, havia os bares do Pedro. Primeiro o Che Che, atrás das ruínas de São Paulo, onde se fumaram vários cigarros na calada da noite à porta e se ouviu boa música lá dentro. Depois apareceu o Mico, na mesma rua, mas uns metros mais acima. O Che Che continuou de portas abertas, com outra gerência e o mesmo espírito independente. Pelo meio funcionou o Café Xina onde Pedro Ascensão revelou a sua paixão pela cozinha. Uma vida numa rua. Empresário e ex-director do jardim de infância D. José da Costa Nunes, Pedro Ascenção morreu este domingo vítima de cancro. Discreto mas frontal, será pouco conhecido da nova geração da comunidade portuguesa, mas para quem vive em Macau desde os anos 90 era uma figura incontornável. Sempre esteve ligado ao mundo da noite, primeiro no antigo bar

e chinesa. Pedro Ascensão não fazia questão que o seu espaço fosse muito conhecido e chegava a rejeitar alguns clientes a altas horas da noite. “Há muitas pessoas que acham que ele tinha mau feitio, mas também era uma pessoa muito generosa e muito amigo do seu amigo. A verdade é que depois as pessoas ultrapassavam essas coisas”, acrescentou Cristina Ferreira, que considera Pedro Ascenção “uma figura de Macau”. Como empresário sempre manteve espaços diferentes e marcantes na vida nocturna do território. “Os bares dele sempre tiveram excelente música. Ele tinha um gosto musical muito bom e não gostava que as pessoas colocassem música no bar”, frisou Cristina Ferreira. A amiga recorda o Che Che, um “bar mais mediterrânico”, e depois o Mico, com “um conceito mais urbano”. Num território onde todos os espaços nocturnos foram fechando portas à mercê da abertura dos casinos, Pedro Ascensão “foi um resistente”. “Encontrou um espaço que era o único alternativo em Macau. Manteve o seu cantinho, à sua medida, com a sua clientela”, aponta Cristina Ferreira.

“O QUE FEZ FOI MÁGICO”

Rio, nas docas, e depois no bar do Jazz Clube de Macau, do qual foi presidente. Mas Pedro Ascensão foi também, durante anos, educador de infância; primeiro em Portugal e depois em Macau, no Costa Nunes, logo a seguir à transferência de soberania.

UM PAPEL IMPORTANTE NO COSTA NUNES

Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), entidade gestora do Costa Nunes, destaca o papel que Pedro Ascensão teve na gestão da escola. “Reconheço-lhe um papel importante nos primeiros anos do Costa Nunes na RAEM em termos

da estabilização do funcionamento do estabelecimento de ensino pré-primário. Não o cheguei a conhecer a nível profissional, mas como pessoa sempre foi muito discreto com ideias fortes. Foi um bom amigo de quem lamento a morte”, disse ao HM. Cristina Ferreira, uma amiga de longa data, recorda-se do período em que Pedro Ascensão esteve à frente do Costa Nunes. “Como educador

sempre teve uma atitude muito profissional, e também gostava muito do cargo de gestão. O Pedro tinha a sua profissão mas depois tinha a outra parte, pois sempre gostou muito de cozinhar e de música.”

O BAR DO CANTO

Tanto o Che Che como o Mico sempre foram bares de circulação restrita, com clientes das comunidades portuguesa, macaense

“É parte importante da história dos bares de Macau, e foi uma das razões pelas quais eu quis ficar com a gerência do Che Che. O que ele fez foi mágico para esta cidade.” GABRIEL YUNG GERENTE DO BAR CHE CHE

Gabriel Yung, actual gerente do bar Che Che, assume que Pedro foi uma pessoa importante na sua vida. Gabriel começou por ser cliente e não conseguiu ver um dos seus bares preferidos fechar portas. “Quando tinha cerca de 25 anos costumava ir ao Che Che com alguns amigos. Sempre falámos muito. Ele era uma pessoa muito interessante que contava muitas histórias. O que ele viveu, a forma como tratou as pessoas, mudou a minha vida.” A abertura do bar Che Che foi uma lufada de ar fresco na vida nocturna do território. “Ainda hoje não há muitos bares onde possamos ir, ouvir boa música. O mais importante é o espírito das pessoas, um sítio onde possam comunicar. É parte importante da história dos bares de Macau, e foi uma das razões pelas quais eu quis ficar com a gerência do Che Che. O que ele fez foi mágico para esta cidade”, contou ao HM. Agora, aos 54 anos, finou-se essa magia, que fazia de Pedro Ascenção um personagem único da comunidade portuguesa de Macau. O que nos fica, além da sua memória e da sua obra, é uma profunda saudade. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


8 coronavírus

(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

28427 Em estado crítico

752854

156321

Infectados (total cumulativo)

COM MAIS CASOS 145542

Itália

101739

Espanha

85195

China

81470

Alemanha

63079

Irão

41495

França

40174

Reino Unido

19522

Suiça

15526

Bélgica

11899

Holanda

11750

Coreia do Sul

9661

Áustria

9377

Turquia

9217

Portugal

6408

Canadá

6320

Noruega

4393

Israel

4374

Brasil

4316

Austrália

4245

Suécia

4028

Curados

Co novel

547721 Infectados

(total cumulativo)

E.U.A.

31.3.2020 terça-feira

(casos activos)

43 Curados

PORTUGAL

140 Mortos

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal

6408

Brasil

4316

Moçambique

8

Angola

7

Guiné-Bissau

4

Timor-Leste

1

Cabo Verde

6

São Tomé e Principe

0

PORTUGAL

países sem casos de nCov

Infectados (casos activos)

29 MACAU

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China

81470

China | Macau

39

China | Hong Kong

642

China | Taiwan

306

Coreia do Sul

9661

Japão

1866

Vietname

203

Laos

8

Cambodja

107

Tailândia

1524

Filipinas

1546

Myanmar

8

Malásia

2626

Indonésia

1414

Singapura

879

Borneo

127

6225

países com casos de nCov

Infectados (casos activos)

10 Curados

HONG KONG

520 Infectados

Macau

(casos activos)

4

HONG KONG

118 Curados

Hong Kong

Mortos


terça-feira 31.3.2020

28566

ovid-19 l coronavírus

coronavírus 9

Casos suspeitos

36230 Mortos

0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:

+1000

• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia

Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

400000 150000 100000 75000 50000 25000 12500 0

20

40

60

dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 67801 1475 1276 1254 1018 990 935 760 631 576 538 480 414 337 318 296 294

MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 162 77 18 13 1

MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 3 1 0 0 0


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31.3.2020 terça-feira

MONTEPIO GERAL DE MACAU ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA Nos termos do Artº 34º, nº 1, al. a) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 14 de Abril de 2020, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos: 1ª – Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2019 e do parecer do Conselho Fiscal; e 2ª – Outros assuntos de interesse da Associação. No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados. Montepio Geral de Macau, aos 25 de Março de 2020. A Presidente da Assembleia Geral, Rita Botelho dos Santos

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda época de prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2019 nos termos do disposto na alínea 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 2 de Abril, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Chio, através do nº 85995344, caso não recebam a mencionada notificação. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 19 de Março de 2020. O Presidente do Júri, Iong Kong Leong

Fidelidade Macau Vida – Companhia de Seguros, S.A.

Anúncio

Nos termos da Ordem Executiva nr. 175/2019, foi autorizada a constituição da Fidelidade Macau Vida – Companhia de Seguros, S.A. para o exercício da actividade seguradora, explorando os ramos vida e gestão de fundos de pensões, com efeitos a partir de 31 de Março de 2020. De igual modo, foi autorizada a transferência para esta seguradora de todo o património afecto à sucursal “Fidelidade - Companhia de Seguros, S.A. (Ramo Vida), incluindo todos os direitos e obrigações associados os contratos de seguro de vida. Nos termos do despacho da Autoridade Monetária de Macau, de 19 de Dezembro de 2019, foi confirmado que a partir de 31 de Março de 2020 a Fidelidade Macau Vida – Companhia de Seguros, S.A. assumirá todos os direitos e obrigações associados à gestão de fundos de pensões da “Fidelidade - Companhia de Seguros, S.A. (Ramo Vida)”, incluindo todos os contratos de adesão colectiva e de adesão individual a fundos de pensões. Neste contexto, já devidamente informámos todos os clientes. Reafirmamos que não haverá qualquer impacto nos direitos e obrigações inerentes a todos os referidos contratos de que beneficiam os tomadores de seguro, pessoas seguras e beneficiários dos contratos de seguros de vida, bem como entidades patronais, trabalhadores, associados, contribuintes, participantes e beneficiários dos contratos de adesão. Para qualquer esclarecimento, estamos disponíveis através do telefone (853) 2833-9472. Digitalize para mais informação


china 11

terça-feira 31.3.2020

A

China considerou ontem “cínicas” as declarações da secretária de Estado francesa para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, que acusou Pequim de estar “a instrumentalizar” a ajuda chinesa que dá a outros países contra a pandemia de covid-19. A pandemia está, em termos gerais, suprimida no território chinês, com apenas um ou nenhum novo caso de origem local anunciados nos últimos dias. Nas últimas semanas, o Governo chinês ofereceu máscaras, roupas de protecção e luvas a países atingidos pela covid-19, além de enviar especialistas médicos, principalmente para a Itália. “Às vezes é mais fácil fazer propaganda, [passar] imagens bonitas e instrumentalizar o que está a acontecer”, disse Amélie de Montchalin no domingo, no programa “Questions politiques”, da France Inter, do jornal Le Monde e da France Télévisions. “Estou a falar sobre a China e sobre a Rússia, que encenam as coisas”, disse, sem, no entanto, dar exemplos concretos. A China foi acusada por alguns críticos de querer tirar proveito da ajuda que fornece, particularmente aos países europeus, para exaltar o seu modelo político. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China respondeu, entretanto, sublinhando que o país não percebe a razão das críticas. “Ouvi, várias vezes, ocidentais mencionarem a palavra ‘propaganda’ em relação à China. Gostaria de lhes perguntar: exactamente a que é que se estão a referir?”, questionou o porta-voz do ministério, Hua Chunying. “O que é que querem? Que a China fique de braços cruzados face a esta grave epidemia que está a afectar os outros países? Que se mantenha indiferente?”, referiu numa conferência de imprensa, ontem realizada. Os funcionários das fábricas chinesas de máscaras e de outros materiais de proteção estão actualmente a trabalhar em pleno para responder aos pedidos de países onde esses equipamentos estão em falta. “Os esforços [desses trabalhadores] devem ser respeitados e não denegridos”, disse Hua Chunying. A própria França encomendou “mais de mil milhões de máscaras”, sobretudo à

Hua Chunying, porta-voz do MNE chinês “O que é que querem? Que a China fique de braços cruzados face a esta grave epidemia que está a afectar os outros países? Que se mantenha indiferente?”

COVID-19 PEQUIM QUALIFICA CRÍTICAS DE FRANÇA SOBRE AJUDA COMO “CÍNICAS”

O mundo é um palco

A secretária de Estado francesa para os Assuntos Europeus classificou as acções chinesas de apoio a vários países como encenações com vista a promover a imagem do país. Pequim diz que as fábricas continuam a produzir materiais hospitalares sem parar, para dar resposta aos muitos pedidos que chegam de todo lado, inclusive de França, que encomendou “mais de mil milhões de máscaras” e que este esforço deve ser enaltecido e não denegrido China, segundo o ministro da Saúde, Olivier Véran. “Gostava de perguntar às pessoas que fazem comentários cínicos o que é que estão a fazer contra a pandemia?”, afirmou ainda Hua, acrescentando que a China espera que a pessoa em causa ofereça, por palavras e acções, benefícios à cooperação internacional (contra a covid-19)”.

COM DEFEITO

A França ofereceu, em Fevereiro, à China várias toneladas de equipamentos médicos, incluindo fatos de protecção, máscaras, luvas e desinfectantes. Entretanto, a embaixada chinesa em Haia garantiu

ontem que “não há qualquer consideração geopolítica” no seu apoio a outros países para combater o coronavírus e enfatizou que é “normal que alguns problemas surjam”, como aconteceu com o lote de 600.000 máscaras defeituosas recebidas pela a Holanda. O embaixador, Xu Hong, afirmou, em comunicado ontem divulgado, só ter tido conhecimento pela comunicação social do problema com “algumas máscaras compradas” à China pelo Governo holandês e assegurou que tem estado a acompanhar de perto a investigação nos Países Baixos, esperando que “este incidente isolado” não

afecte a cooperação entre os dois países. Metade de um lote de 1,3 milhões de máscaras usadas por profissionais de saúde para tratar doentes críticos infectados com a covid-19 foram consideradas defeituosas, colocando em risco médicos e enfermeiros. A maioria deste material não se encaixa bem no rosto ou tem membranas - os filtros que devem travar as partículas virais - que não funcionam corretamente. Segundo o Ministério da Saúde, o lote foi entregue com urgência pela China, já que o país estava, na semana passada, em estado de “gran-

de escassez” relativamente a este tipo de material. Todas as máscaras defeituosas distribuídas pelos hospitais já foram recuperadas, garantiu o ministério. Xu Hong não confirmou a qualidade defeituosa das máscaras compradas pelo Governo holandês a um fabricante chinês autorizado, mas oferece ajuda das autoridades de Pequim na investigação e pediu para que estes problemas sejam “resolvidos objectivamente”, sublinhando que “não devem ser politizados”.

TRÁGICOS NÚMEROS

“O vírus não conhece fronteiras e só fortalecendo a

solidariedade e a assistência mútua é que a comunidade internacional conseguirá vencer a batalha contra a pandemia”, lembrou Xu Hong. “A China continuará a apoiar plenamente os esforços holandeses para combater a pandemia e a trabalhar em conjunto para derrotar o novo coronavírus, que é o inimigo comum”, acrescentou. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 142.300 são considerados curados. Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia. O continente europeu, com mais de 396 mil infectados e perto de 25 mil mortos, é aquele onde se regista actualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 10.779 mortos em 97.689 casos confirmados até domingo.


12

h

31.3.2020 terça-feira

ouve-se o silêncio descer pelas vertentes da tarde

Compositores e Intérpretes através dos Tempos

Samuel Barber (1910-1981)

Michel Reis

The Lovers, for baritone, chorus and orchestra, Op. 43

GETTY IMAGES

A obra mais íntima

A

SSOCIAR Samuel Barber exclusivamente ao seu famoso Adagio for Strings, Op. 11 é ignorar tantas outras composições suas. Em The Lovers, Op. 43, o grande compositor americano musica tão magistralmente excertos do ciclo poético Vinte Poemas de Amor e uma Canção de Desespero do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), que eleva a sensualidade e a poesia do texto a novas alturas. A poesia de Neruda é amplamente considerada como alguma da poesia mais romântica alguma vez escrita, embora o seu erotismo permaneça controverso. Em 1971, no auge do período serialista da música clássica norte-americana, Barber aceitou uma encomenda do Girard Bank of Philadelphia de uma grande composição. Essa instituição financeira adoptou um programa pelo qual esperava contribuir “construtivamente

para aspectos socialmente orientados e culturais da comunidade e da nação”. Parece que Barber se havia recuperado da sua depressão anterior após o fracasso

Barber compôs The Lovers no seu estilo mais pessoal e lírico. Devido ao erotismo sem rodeios das letras assim como à extrema dificuldade das partes corais e orquestrais, a obra raramente é executada

que foi a estreia da sua ópera Antony and Cleopatra. O compositor tinha recusado uma encomenda monumental de Eugene Ormandy apenas dois anos antes. No entanto, criou uma peça maravilhosa para a comissão do Girard Bank, a sua última grande obra, composta por um prelúdio e nove andamentos que traçam a progressão de um caso de amor desde o começo alegre até ao fim doloroso. A oratória The Lovers, Op. 43 foi escrita para barítono solo, coro misto de 200 vozes e orquestra completa. A facto do texto ser considerado bastante erótico, juntamente com a associação de Neruda com o Partido Comunista, fez com que a obra fosse criticada pelos funcionários do Girard Bank. Barber respondeu da seguinte forma: “Meu Deus! Não há love affairs em Filadélfia?” O compositor trabalhou diligentemente em meados de 1971 na composição de The Lovers, certamente o seu

trabalho mais íntimo. A maior parte da peça foi composta em Capricorn, local onde vivia na época. De facto, um canto de pássaro ouvido aí inspirou o motivo de abertura do Prelúdio, que atravessa todo o trabalho. O compositor levou dois meses para compor a música e dois meses para orquestrar a peça. The Lovers foi estreada em 22 de Setembro de 1971 pela Philadelphia Orchestra, o barítono finlandês Tom Krause e o Temple University Chorus, dirigidos por Robert Page. Barber, sempre duvidando, enviou um amigo para a plateia no intervalo para julgar as suas reacções. Mas o público, juntamente com a crítica musical, apreciou muito o trabalho. Barber compôs The Lovers no seu estilo mais pessoal e lírico. Devido ao erotismo sem rodeios das letras assim como à extrema dificuldade das partes corais e orquestrais, a obra raramente é executada. A escrita vocal é baseada nos ideais do Lied Romântico Alemão. O Prelude, apenas para orquestra, abre com o motivo de três notas da chamada de pássaro na flauta. De seguida, um tema sensual é apresentado. A música cada vez mais dramática, leva ao primeiro andamento, “Body of a Woman” (Corpo de uma mulher). O solo de barítono entra no início desta música apressada. Essa emoção reflecte a antecipação presente no início de um caso de amor. “Lithe Girl, Brown Girl” é o título do segundo andamento, principalmente para vozes masculinas e orquestra. O próximo andamento, “In the Hot Depth of this Summer” (Na profundidade quente deste Verão), é para vozes femininas e orquestra. O coro e a orquestra completos são usados em ​​ “Close your Eyes” (Fecha os olhos), o quarto andamento. O caso de amor cresce através desses andamentos e atinge o seu auge no quinto andamento, “The Fortunate Isles” (As Ilhas Afortunadas). O relacionamento começa a desfaz-se no sexto andamento, “Sometimes” (Às vezes), no qual o solo de barítono retorna e, no oitavo andamento, “Tonite I Can Write” (Hoje à Noite Eu Posso Escrever), os amantes são separados.

SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Samuel Barber: The Lovers, for baritone, chorus and orchestra, Op. 43 • Dale Duesing, baritone, The Chicago Symphony Orchestra & Chorus, Andrew Schenck (World Premiere Recording) - Koch International Classics, 1991


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

terça-feira 31.3.2020

uma asa no além Paulo José Miranda

Demis Roussos em livro

A

DAM Aagaard foi um escritor dinamarquês que morreu no ano passado com 77 anos. Nasceu e viveu quase toda a vida em Copenhaga. Escreveu fundamentalmente peças de teatro e apenas um romance, ainda sem tradução em Portugal, cujo título é Aldrig Verden (1991), que podemos traduzir por «Nunca O Mundo». Este romance que na altura foi muito criticado na Dinamarca e na Alemanha tem uma passagem que podemos considerar como a que melhor descreve o jovem protagonista e celibatário, que é também o narrador: «Depois de ter lido os romances de Thomas Bernhard deixei de conseguir ler os de outros autores, por me parecerem todos uma espécie de Demis Roussos em livro.» A acção passa-se na Copenhaga de finais dos anos 80, poucos anos depois da edição de Extinção de Bernhard, e o narrador vive sozinho num pequeno apartamento, de onde quase nunca sai, evitando ao máximo o contacto com as pessoas – «Os outros não são o Inferno, mas lembram-nos que ele existe» – tentando escrever uma tese de doutoramento sobre o filme de Carl Theodor Dreyer, A Palavra. Curiosamente, ou talvez não, porque a vida é profícua em grandes desajustes, Aagaard era protestante, assim como o seu protagonista. «Nunca O Mundo» é o título da tese do jovem Erik. Todos viram o filme de Dreyer, não precisamos de lembrar aqui, apenas dizer que o jovem vê o filme do seu compatriota como uma tentativa de fazer reset ao mundo. Escreve: «Só a vivência da fé no seu limite pode salvar o mundo.» E este salvar o mundo era evidentemente uma espécie de começar de novo, como se até aqui estivéssemos errados, o mundo estivesse errado. «Nunca O Mundo», então, encontra um evidente eco nas palavras de Jesus no Evangelho de São João «O meu reino não é deste mundo». A esta altura, já nos perguntamos como é que Bernhard faz sentido, não só no livro, mas nesta personagem. Leia, então, esta passagem que nos elucida o modo como Erik conecta o que nos parece inconectável: «Temos de conseguir odiar o mundo como nos romances de Bernhard. Só assim será possível dar o passo seguinte, em que nos libertaremos desta vida sem sentido.» Estamos perante um romance de trincheira. Um romance que tem como objectivo, não o entretenimento, não o conhecimento ou a reflexão, mas um projecto político, uma Weltanchauung, uma visão do mundo. No fundo, embora em pele de romance, o livro era

um manifesto. A páginas tantas, lê-se: «Deve-se escrever apenas para destruir ou para construir o mundo. O resto é conversa de café, e lá deveria ficar.» À medida que o romance vai avançando, e com ele a tese de Erik, vamos entendendo melhor como ela se liga aos romances de Bernhard e estes ao filme de Dreyer. Ao longo de todo o romance, como um fantasma, vai surgindo a figura de Kieerkegaard, outro dos heróis do jovem protagonista-narrador. Semanalmente, Erik escreve uma carta a Kierkegaard, contando o desastre em que vai o mundo, que não melhorou nada desde a morte do amigo, pelo contrário vai muito pior. Leia-se um excerto de uma

das cartas: «Meu querido amigo, como encontrar palavras para descrever este mundo em que vivemos? Desistimos de escrever. O que hoje se faz passar por escrita é pior que os jornais que você lia há mais de cem anos nesta cidade. A fé, essa, é um negócio. Maior ainda do que acontecia no catolicismo ao tempo das bulas papais. [...] A filosofia está entregue aos números, às estatísticas, às análises de linguagem. Alegra-me tanto saber que você não está a ver isto! [...]» Não posso contar aqui o final do livro, pois é muito surpreendente, mas devo dizer que até ao final o leitor vai sendo sempre surpreendido, ao ponto de tanto nos identificarmos com Erik como

Estamos perante um romance de trincheira. Um romance que tem como objectivo, não o entretenimento, não o conhecimento ou a reflexão, mas um projecto político, uma Weltanchauung, uma visão do mundo

de termos vontade de abandonar o livro, do mesmo modo que ele abandonou o mundo. Como escreveu a também escritora dinamarquesa Karen Madsen a propósito deste romance: «Um livro quase sempre incompreendido, muitas vezes treslido, e raramente confrontado com os seus verdadeiros fantasmas: o de uma sociedade dinamarquesa enclausurada entre a fé e o esquecimento, entre os seus heróis radicais e um povo que os esquece.» De brinde, julgo eu, temos ainda análises certeiras ao sentido do romance em Thomas Bernhard. Deixo aqui apenas um excerto: «A escrita de Bernhard é profundamente ética. Nos nossos dias, entre o colapso da fé e multiplicação da corrupção é um dever odiar o mundo.» A verdade é que, ainda que não sejamos dinamarqueses, ainda que não sejamos crentes, sentimos a angústia e o desespero de Erik como nossos. Para nós aqui e agora, mais do que «nunca o mundo», mas que não difere do ponto de vista de Erik durante o romance, é «para quando o mundo?»


14 (f)utilidades

31.3.2020 terça-feira

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 18 MAX 22 HUM 80-98% • EURO 8.80 BAHT 0.24 YUAN 1.12 ´

NÃO ESTÁ FÁCIL 25

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3 9 6 2 7 4 8 1 5

SALA 1

NOVOS VENTOS Na semana passada houve reunião na Assembleia Legislativa para debater um orçamento rectificativo. Se alguém estivesse à espera de uma discussão séria sobre as medidas com previsões sobre o impacto para a economia, ficou desiludido. O principal ponto de interesse acabou por ser uma intervenção de Chan Wa Keong, também em nome Davis Fong e Pang Chuan, que defendeu uma purga de associações políticas e civis. Para contextualizar, a intervenção surge na sequência de uma reunião da comissão da segurança do Estado. A mensagem dos legisladores foi algo críptica e nem tudo foi muito claro. Porém, uma das certezas é que os deputados acham que é necessário tratar de problemas conhecidos, mas ignorados, como certas associações. A forma como os legisladores se referiram “à defesa” do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ dá ainda a entender que visões democráticas do Segundo Sistema em Macau não são legais e violam esse princípio. Os tempos mudam e com eles a China. E as interpretações de ontem já não são válidas nos dias hoje. Os ventos deixam antever que vêm aí alterações legislativas para proibir certas associações. E nestes dias, os movimentos pró-democracia em Macau, que se resumem à Novo Macau, vão ser cada vez menos tolerados, mesmo que tenham uma representatividade praticamente nula e que estejam longe de ser um desafio à soberania... João Santos Filipe

7 5 2 7 9 2 4 6 3 5 1 9 7 3 4 9 8 2 3 7 4 8 5 9

6 1 5 7 6 2

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1 4 8 7 2

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1 9 2 4 THE INVISIBLE MAN [C] 6 3 9 1 8 4 7 3 5 TURNING 1 [C]3 7 THE 3 2 8 1 5 1 9 4 7 8 6 A BEAUTIFUL 9 DAY IN THE NEIIGHBORHOOD [B] 9 6 4 8 8 5 7 2 5 9 3 3 5 6 2 9 7 6 3

8 5 6 9 9 2 4 2 1 3 7 1 7

C I N E M A

7 4 5 8 7 9 4 3 2 1 6 1

5 7 2 8 6 1 3 9 6 1 4 8

Um filme de: David S. F. Wilson Com: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan, Toby Kebbel, Guy Pearee 15.30, 21.00

Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.00

(FALADO EM THAI LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS) Um filme de: Nawapol Thamrongrattanarit Com: Chutimon Chuengeharoensukying, Sunny Suwanmethanont

33 2 8 3 4 1 7 9 6 5 3 5 6 1 2 9 8 7 4 6 9 1 5 www. 4 8 hojemacau. 7com.mo 3 2 35

VIDA DE CÃO

a companhia aérea de Luton, com sede em Londres, explica que a medida "elimina um custo significativo" e indica que receberá ajuda do governo para manter os seus trabalhadores.

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3 31 Cineteatro 6 3 BLOODSHOT 30[C] 8 2 1 9 1 2 [C] BIRDS OF PREY 2 4 8 7 6 1 5 HAPPY OLD YEAR [B] 5 7 3 8 4 9 8 SALA 2

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 28

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4 2 1 5 3 7 7 9 6

PROBLEMA 29

28 6 7 2 9 8 1 4 5 3

3 7 9 2 6 8 5 4 4 1 2 9 8

A companhia aérea Easyjet anunciou ontem que está a deixar toda a sua frota de aviões em terra até novo aviso devido ao colapso na procura por causa da pandemia de covid-19. Em comunicado,

6 2 7 4 3 5 8 1 9

14.30, 19.30

Um filme de: Leigh Whannell Com: Elisabeth Moss, Adis Hodge, Storm Reid 17.00 SALA 3

Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 15.00, 20.15

Um filme de: Marielle Heller Com: Tom Hanks, Mattaew Rhys, Chris Cooper 17.45

32

UM9 JOGO HOJE 5 3 6 7 8

4 2 6 7 4 9 1 8 The Longest Journey é um clássico de8culto1entre 4 o género 3 2aventura 5 7 “point and click”. Lançado em 1999 5 com8 uma2 versão 9 para 4 smar3 6 contou tphones em 2014. Desafiado a assu3 6 April 8 Ryan, 1 7o jo-9 mir a4 personagem gador1tem7 de auxiliar 9 2a protagonista 5 6 3 a resolver vários puzzles e enigmas para manter 3 9 o “Equilíbrio”, 1 7 6 ou2seja5 para impedir que os mundos parale2 dominado 8 5 pela 3 ciência, 4 1 los de6Stark, e Arcadia, que tem como elemento 7 4 5 1 8 9 2 principal a magia, se misturem e ameacem a existência das diferentes espécies. João Santos Filipe

2 3 9 1 5 8 4 7 6

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THE LONGEST JOURNEY | FUNCOM | 1999

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opinião 15

terça-feira 31.3.2020

a propósito de

OLAVO RASQUINHO*

Guilherme Pegado, um ilustre macaense

O

Professor Guilherme José António Dias Pegado nasceu em Macau em 18031. Além de académico (lente de Física e Matemática da Escola Politécnica de Lisboa e professor de Matemática na Universidade de Coimbra), foi também deputado às Cortes pelo círculo de Macau, em sucessivas legislaturas a partir de 1834. Era irmão de outro ilustre macaense, Manuel Maria Dias Pegado, fundador de três jornais em Macau: “Gazeta de Macau” (semanário), “O Portuguez na China” e “Procurador dos Macaístas”, que se publicaram sequencialmente entre 1839 e 1845”2.

Professor Guilherme Pegado, fundador da meteorologia do Estado em Portugal

Na sequência da Conferência Marítima de Bruxelas que se realizou no verão de 1853, Guilherme Pegado divulgou em Portugal os critérios para a uniformização dos procedimentos referentes às observações meteorológicas no mar, tendo preparado, para esse efeito, a publicação “Notas explicativas para compor os extratos do diário náutico, conforme o plano aprovado e recomendado pela conferência marítima de Bruxelas”. Foi na viagem entre Lisboa e Macau da corveta

D.João I, em 1853, que estas instruções foram postas pela primeira vez em prática em navios portugueses. Deve-se aos seus conhecimentos e perseverança a criação da primeira estrutura em Portugal que se pode classificar como meteorologia do Estado. Foi sob sua proposta, numa reunião do Conselho da Escola Politécnica de Lisboa, em 21 de julho de 1853, que foi criado o Observatório Meteorológico do Infante D. Luís (OMIDL), numa torre junto do que restava daquela Escola após um violento incêndio, dez anos antes. O Observatório começou a funcionar em 1 de outubro de 1854, data a partir da qual se passaram a registar séries ininterruptas de observações meteorológicas em Lisboa. Segundo Mário Calado, diretor dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau em 1967-1970, na sua publicação “A Meteorologia em Portugal antes do Serviço Meteorológico Nacional”3, “o célebre médico higienista Dr. Ricardo Jorge (1858-1939) refere no seu estudo Demografia e Higiene da Cidade do Porto que em 1854 o Estado decidiu cortar o vergonhoso atraso da Meteorologia nacional pela criação em Lisboa do Observatório do Infante D. Luís”. Por falta de pessoal, Guilherme Pegado exerceu sozinho durante quase um ano múltiplas tarefas, entre as quais zelar pelo edifício, calibrar os instrumentos e proceder às observações do meio dia. Em agosto de 1855, ajudado por dois oficiais da marinha, passaram-se a fazer quatro observações diárias, às 9, 12, 15 e 21 horas. Pouco depois da inauguração do OMIDL, um acontecimento relacionado com a guerra da Crimeia alertou a comunidade científica para a necessidade de os vários observatórios meteorológicos já existentes na Europa estarem ligados por telégrafo elétrico. Em 14 de novembro de 1854, uma forte tempestade afundou cerca de quarenta navios da esquadra franco-anglo-turca, que combatia as forças do Império Russo no mar Negro. Este acontecimento contribuiu para reforçar a ideia de se criar um serviço meteorológico internacional,

Observatório Meteorológico do Infante D. Luís, em 1854

através do qual passaria a ser possível a troca de dados meteorológicos observados simultaneamente em vários países. Nessa altura já se sabia que as tempestades eram precedidas por uma descida acentuada da pressão atmosférica e da rotação significativa da direção do vento. Atendendo a que o deslocamento dos fenómenos meteorológicos na Europa se processam, em geral, com forte componente de oeste para leste, se fosse possível comunicar aos países mais a leste os dados observados, por exemplo, nos Açores e em Lisboa, esses países poderiam acompanhar a evolução do tempo e precaverem-se em caso de tempestades. Após o desaire da esquadra franco-anglo-turca, o matemático e astrónomo francês Urbain Le Verrier (1811-1877), diretor do Observatório Astronómico de Paris, procedeu, em 1855, à recolha de dados de observações meteorológicas de outros observatórios europeus então existentes, referentes a alguns dias antes da data do naufrágio, o que lhe permitiu fazer uma análise post mortem. Assim, Le Verrier pôde verificar que a depressão que originou o naufrágio da esquadra já existia dois dias antes, em 12 de novembro de 1854, no noroeste da Europa, e que se deslocou para sueste durante os dois dias posteriores.

A ação do Professor Guilherme Pegado constituiu um passo importante para a criação de um serviço meteorológico verdadeiramente nacional, o que só veio a concretizar-se em 1926, com a criação do Serviço Meteorológico Nacional, antecessor dos Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, Instituto de Meteorologia e Instituto Português do Mar e da Atmosfera

Feito o balanço deste desastre, concluiu-se que poderia ter sido evitado, se se conhecesse antecipadamente a localização e desenvolvimento do fenómeno meteorológico que lhe deu origem. Este acontecimento serviu de motivação para o governo francês incumbir Le Verrier de contactar os outros observatórios meteorológicos europeus que já possuíam telégrafo elétrico (nessa altura ainda não havia sido inventado o telégrafo sem fios), tendo-se estabelecido uma rede que permitiu a troca diária dos valores dos parâmetros meteorológicos medidos às 9 horas, constituindo assim, o que se denominou o primeiro serviço de meteorologia internacional. Logo após a instalação do telégrafo no OMIDL, em 1857, os dados referentes às observações meteorológicas das 9 horas passaram a ser enviados para o Observatório de Paris. Em troca, o OMIDL passou a receber diariamente informação sobre a probabilidade do tempo que iria fazer em Lisboa no dia seguinte, informação esta que era difundida pelos jornais diários. Faltava ainda a ligação telegráfica entre os Açores e Lisboa para que as previsões do tempo na Europa tivessem maior fiabilidade, o que só veio a concretizar-se com a instalação de um cabo submarino. Assim, a partir de 1893, os Açores passaram a estar ligados ao serviço de meteorologia internacional, o que foi muito apreciado pela comunidade meteorológica europeia, na medida em que as informações vindas de oeste eram imprescindíveis para uma maior fiabilidade das previsões nos países europeus. A ação do Professor Guilherme Pegado constituiu um passo importante para a criação de um serviço meteorológico verdadeiramente nacional, o que só veio a concretizar-se em 1926, com a criação do Serviço Meteorológico Nacional, antecessor dos Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, Instituto de Meteorologia e Instituto Português do Mar e da Atmosfera. 1 - Segundo “História da Ciência na UC”, teria nascido em 23-6-1803, mas de acordo com o padre Manuel Teixeira o ano de nascimento seria 1801 (em “Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX”). 2 - Segundo “Nenotavaiconta”- blogue especializado na história de Macau, do médico macaense Jorge Pereira. 3 - Anexo da Newsletter da Associação Portuguesa de Meteorologia e Geofísica – APMG (novembro de 2017) *Meteorologista. O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico


A precipitação tudo destrói, porque é cega e nada prevê. Tito Livio

Turismo Ocupação hoteleira caiu 76,9% em Fevereiro

Dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), mostram que, em Fevereiro, existiam 115 hotéis e pensões em funcionamento, com uma taxa de ocupação de apenas 15 por cento. Tratase de uma descida de 76,9 por cento face a igual período de 2019, devido “ao decréscimo substancial do número de visitantes, originado pelo contínuo impacto gerado pela epidemia da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”. Nos hotéis de cinco estrelas a taxa de ocupação foi de apenas 10 por cento, uma quebra de 84 por cento face a 2019. Em Fevereiro os hotéis e pensões receberam apenas 157 mil pessoas, menos 85,4 por cento em termos anuais. No mesmo mês realizaramse apenas 200 excursões e apenas três mil residentes viajaram para o exterior através de agências de viagens

Importações Descida para níveis de 2011

O impacto da covid-19 levou as importações em Fevereiro a cair para o valor mais baixo desde Março de 2011, de acordo com os dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos. Em Fevereiro de 2020, o valor das importações cifrou-se em 3,87 mil milhões de patacas, quando no mesmo período de 2011 tinha sido de 3,47 mil milhões. Face a Fevereiro do ano passado a queda foi de 30,3 por cento. A principal quebra aconteceu na importação da joalharia de ouro, com uma redução de 73,9 por cento, telemóveis, menos 68,3 por cento, e relógios de pulso, com menos 57,9 por cento dos bens importados. No sentido oposto, mas ainda a um nível que não permitiu manter os graus de consumo, o valor da importação de materiais têxteis, onde se incluem as máscaras, subiu mais de oito vezes. O valor dos produtos farmacêuticos importado saltou 57,6 por cento.

SMG Previstas quatro a seis tempestades tropicais este ano

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As autoridades de Macau prevêem quatro a seis tempestades tropicais no território este ano, com possibilidade de algumas atingirem “nível de tufão severo ou super tufão”, foi ontem divulgado. “O primeiro ciclone tropical a afectar Macau pode ocorrer em meados de Junho ou mais tarde, e toda a época de tufões termina no final de Setembro”, informou a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). Quanto à previsão de precipitação no território (entre Abril e Setembro), as autoridades apontam que será normal. A temperatura, “será no intervalo de normal e relativamente alta”. As autoridades aconselham que se “tomem medidas preparatórias para prevenir e/ou reduzir o impacto de tempestade tropical, chuva forte e inundações”, visto que o território está a poucos dias de entrar na época das chuvas.

terça-feira 31.3.2020

PALAVRA DO DIA

DIÁRIO SEM BORDO

H

OJE o senhor que mede a temperatura não sorria como de costume. Perguntou, como habitualmente, se estava bem, enquanto me mostrava os números no termómetro. Mas parecia cabisbaixo. “Está bem?”, perguntei. Fechou os olhos, franziu as sobrancelhas na testa morena e encolheu os ombros altos. “Estou um bocadinho preocupado. Já sabe do caso da pessoa que esteve em Macau e que acusou positivo?” Sim. Percebi-lhe a preocupação. “Mantenha-se protegido” consegui dizer, antes do “Até logo e obrigada”. Mais tarde, ao trazer-me o almoço, insistiu no bater da porta. Já tinha pendurado o saco na maçaneta, para a refeição não arrefecer no chão. “Insisti porque não quero que o almoço fique frio. É melhor quente” justificou. A refeição de hoje não vai arrefecer, vai estar sempre morna com a intenção deste anónimo, de tez escurinha, olhos negros e rasgados, que traz sempre uma palavra de ânimo por detrás da máscara. Às vezes imagino-lhe as feições. Podem ser tantas. O Pedro morreu. Recordo os meus primeiros dias em Macau em que ao pesquisar na net por um espaço independente dei de caras com o “Che Che”. Nos comentários online não faltavam referências às particularidades do seu proprietário: “caricato”, “especial”, “com o seu feitio”, etc.

Piquenique na praia e chá

Quando for possível, vamos fazer um piquenique. No cesto levamos uma toalha aos quadradinhos brancos e vermelhos, copos de vidro e uma garrafa de vinho branco num pequeno saco térmico. A praia vai ter um mar azul, nem que seja só na nossa imaginação.

Depois de conhecer o dito espaço ao som de Portishead e LaurieAnderson, conheci o Pedro. Tricas e tréguas, whiskey japonês e sempre boa música. Bem-haja. Tenho que comprar um cesto de vime. Já está combinado. O António teve a ideia com uma recordação de outros tempos, mais felizes, e mostrou-ma numa fotografia. Quando for possível, vamos fazer um piquenique. No cesto levamos uma toalha aos quadradinhos brancos e vermelhos, copos de vidro e uma garrafa de vinho branco num pequeno saco térmico. A praia vai ter um mar azul, nem que seja só na nossa imaginação. Qualquer Hac Sá ou Cheok Wan servem mesmo com as águas que teimam em manter tons terra. Mas nesse dia, vai estar tudo azul. O céu também. Mudei a disposição do tapete. Agora o Yoga é de frente para a janela e para a montanha que é mais mágica do que a do Thomas Mann. Depois aqueci água. Deixo-a pousar. Não se deve queimar o chá, ensinaram-me um dia. Com a água mais calma, misturo-lhe as folhas que trouxe da última vez que fui a Zhuhai. Lá o chá é sempre melhor. Fica ali até ver a cor verde, ainda clara, aparecer. É nessa altura que se bebe. Quente e fresco. Até amanhã Macau, 31 de Março de 2020 M.M.

“PARQUE OCEANIS” TSI MANTÉM ANULAÇÃO DA CONCESSÃO DO TERRENO

N

A passada quinta-feira o Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Executivo na declaração de caducidade de concessão do terreno outrora destinado à construção do parque temático “Parque Oceanis”. A decisão foi ontem tornada pública, em comunicado. O colectivo de juízes diz concordar com as posições do Ministério Público e adiantou que “a obra de aterro fora basicamente concluída, mas as outras obras de aproveitamento do terreno e obras de construção

de infra-estruturas nunca haviam sido sequer iniciadas”. Neste contexto, “a concessionária apresentou, somente após o prazo de aproveitamento, uma solicitação de alteração da finalidade da concessão para comércio e habitação, firmado nas novas estratégias de Macau em matéria de economia e por motivos de mudança das circunstâncias atinentes à exploração de um parque temático”. Situado na Taipa, junto à Estrada Almirante Marques Esparteiro, em frente ao

actual Hotel Regency Hotel, o terreno foi concessionado, sob regime de arrendamento, à sociedade Chang Va - Entretenimento, Limitada, por um prazo de 25 anos, “contados a partir da data da publicação do despacho, ou seja, até 11 de Março de 2022”. No entanto, o contrato de concessão determinou o aproveitamento do espaço para a construção de um parque temático em 36 meses “contados a partir da data da publicação do despacho, ou seja, até 11 de Março de 2000”. A.S.S.


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