Hoje Macau 4 JAN 2016 #3726

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUARTA-FEIRA 4 DE JANEIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3726 PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

SALÁRIOS

Um mínimo para todos PÁGINA 7

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TRÂNSITO PROTESTO CONTRA AUMENTO DE MULTAS

AS RUAS DA AMARGURA

Os aumentos das coimas rodoviárias entraram em vigor a 1 de Janeiro deste ano. Vão dos 50 por cento aos mais de 1000 por cento. Depois do descontentamento manifestado

nas redes sociais, a ATFPM chegou-se à frente e disponibilizou-se para dar apoio logístico ao protesto que sai para a rua no próximo domingo.

JULGAMENTO

AS NEGAS DE TSANG PÁGINA 12

EXPORTAÇÕES

Fraca dinâmica PÁGINA 9

O ano da máscara

OPINIÃO CARLOS MORAIS JOSÉ

PÁGINA 5

SHUTTERSTOCK

TATUAGENS

Agulhas sem lei GRANDE PLANO


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Em Macau, as lojas de tatuagens abrem portas sem uma licença específica, enquanto nas redes sociais proliferam páginas de tatuadores que se oferecem para fazer o trabalho em casa, sem qualquer fiscalização. Tatuados e tatuadores pedem legislação que garanta a higiene e o controlo de doenças

SAÚDE TATUADORES OPERAM SEM FISCALIZAÇÃO E LICENÇAS ESPECIAIS

AGULHAS A MA `

T

IAGO ostenta num dos braços uma tatuagem feita em Macau há alguns anos, numa loja que, no fim de contas, não era bem uma loja. Tiago nem sequer sabe se essa loja, localizada no rés-do-chão de um prédio, tinha licença para ter as portas abertas. “É uma habitação que foi alterada para ser uma loja de tatuagens, mas não sei se tem autorização ou não. Não sei se tem licença, é uma espécie de apartamento T2 localizado no rés-do-chão, sem qualquer publicidade ou visibilidade cá para fora. Só quem sabe é que lá vai.” A experiência vivida por Tiago, fotógrafo e designer, radicado no território há alguns anos, é comum para quem decide fazer uma tatuagem em Macau. Se é verdade que, nos últimos dois anos, houve vários espaços a abrir portas, com alguma qualidade, a verdade é que continua a não existir legislação específica para esses serviços. Não existem, assim, quaisquer regras quanto à legalização do espaço, a utilização de materiais e equipamentos ou até quanto à idade mínima para fazer uma tatuagem. É comum vários tatuadores – chineses, portugueses ou filipinos – promoverem o seu trabalho nas redes sociais e realizarem tatuagens em casa do cliente, sem que haja qualquer fiscalização. Tiago teve um pequeno azar, que poderia ter sido grande: após ter feito a tatuagem, teve uma pequena infecção, que tratou em casa. “A minha tatuagem tem vindo a perder a cor e quando fiz os retoques finais infectou um pouco em algumas partes. Não fui ao hospital, desinfectei em casa com água e um creme. Se fosse mais grave, talvez tivesse de ir ao hospital.” É por isso que defende que deveria haver uma legislação específica para um sector que está a crescer e que vive no vazio em termos legais. “Penso que as coisas deviam ser abertas e legalmente mais fáceis, também não sei se é fácil ter licença para isso. Devia haver uma maior fiscalização e alguma licença es-

FACEBOOK

GRANDE PLANO

pecial, porque é um trabalho quase cirúrgico, são usadas agulhas. Se a tatuagem não for bem feita é uma maneira de transmitir doenças, até mortais. Como é óbvio, o Governo devia fiscalizar e andar mais em cima disso. Da parte das pessoas que fazem tatuagens, deviam investir mais em material de topo, investir na qualidade, para que os trabalhos sejam melhores”, sustenta o fotógrafo e designer.

UMA ESPÉCIE DE COSMÉTICA

A falta de legalização dos tatuadores e das lojas não é um problema exclusivo em Macau. Em Hong Kong, o panorama é semelhante e é bastante fácil encomendar um trabalho deste género através das redes sociais. Em Portugal chegou a existir um projecto de lei na Assembleia da

República, que não avançou. Um estudo de 2016, elaborado pela Comissão Europeia, mostra que é escassa a legislação sobre tatuagens e a formação de quem as faz. Há 60

“Deveria ser feita uma supervisão aos locais onde se fazem as tatuagens, pelos Serviços de Saúde. Julgo que é difícil controlar isso.” RUI FURTADO MÉDICO

milhões de europeus com tatuagens no corpo, mas ficou provado que 60 por cento dos pigmentos usados em tintas são “azo” pigmentos, ou seja, com o passar do tempo poderão originar problemas cancerígenos. Muitas das tintas não são, sequer, fabricadas apenas para a realização de tatuagens. Mandarim Wong, que há dois anos abriu a ZZ Tattoo, aprendeu a tatuar com um amigo. Por norma recebe um cliente a cada dois dias, tendo falado de um mercado que, apesar de recente, já está saturado. “Há muitos artistas que prestam serviços na casa dos clientes e levam o seu próprio equipamento. Não têm lojas e não é difícil encontrar este tipo de tatuadores. Existem muitos. Em Macau não é preciso licença para ser artista de


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RGEM

“A qualidade não é nada de especial”

A Tiago teve um pequeno azar, que poderia ter sido grande: após ter feito a tatuagem, teve uma pequena infecção, que tratou em casa

tatuagens. O Governo também não exige licença. Sou uma tatuadora e não tenho qualquer licença, porque é difícil ter uma licença própria para este sector”, contou ao HM. “Em Hong Kong, na China e em Macau as lojas de tatuagem não precisam de uma licença específica, e muitas têm licenças como se fossem lojas de cosmética”, referiu Mandarim Wong, que defende, contudo, ser necessária alguma regulamentação. “Concordo que é preciso alguma legislação para regular o sector das tatuagens porque, para fazer uma tatuagem, é necessária uma anestesia, e esse é um tipo de medicamento. Sei que houve clientes que sofreram algumas alergias cutâneas depois de fazer tatuagens.”

Grace Punx, da Muse Tattoo, também defende novas medidas. “Pensamos que o Governo poderia providenciar algum tipo de licença como uma opção para as lojas de

“Concordo que é preciso alguma legislação para regular o sector das tatuagens porque, para fazer uma tatuagem, é necessária uma anestesia.” MANDARIM WONG TATUADORA

tatuagens, por forma a mostrar aos clientes que seguimos padrões profissionais em termos de segurança e higiene.” Nesta loja, em operação desde 2014, “todos os tatuadores são profissionais treinados que seguem padrões de higiene semelhantes aos das lojas do Reino Unido ou dos Estados Unidos”. Quanto ao equipamento, “é esterilizado antes e depois da sua utilização”, confirmou Grace Punx. Rui Furtado, médico cirurgião e ex-presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa, também defende a implementação de regras. “Penso que deveria haver uma supervisão para esse tipo de actividade. Agora, como poderá ser feita não faço ideia, uma vez que eles não são médicos, enfermeiros ou pessoal de saúde. Pelo menos deveria ser feita uma supervisão aos locais onde se fazem as tatuagens, pelos Serviços de Saúde. Julgo que é difícil controlar isso.” O HM inquiriu os Serviços de Saúde e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) quanto à atribuição das licenças. Apenas o IACM confirmou que não atribui licenciamento a este tipo de lojas. Até ao fecho desta edição não foi possível obter uma resposta por parte da direcção de serviços liderada por Lei Chin Ion. Andreia Sofia Silva (com A.K.) andreia.silva@hojemacau.com.mo

PESAR de estarmos perante um mercado em crescimento, a verdade é que a qualidade das tatuagens continua a não ser a desejada por muitos dos aficionados. Susana Torres, designer, é peremptória: “Em Macau fiz uma tatuagem há 15 anos e fiquei tão mal servida que nunca mais tive coragem de repetir. A maioria que fiz foi em Hong Kong.” “Em Hong Kong a oferta é imensa, os artistas são vários e de muito talento. O meu tatuador, por exemplo, é da África do Sul. Existem lojas de tatuagens em Hong Kong em que a lista de espera é de quase um ano para certos artistas. Em Macau há casas de tatuagens há muitos anos, mas são muito fracas”, acrescentou a designer. Susana Torres põe completamente de parte a possibilidade de atravessar as Portas do Cerco para fazer este tipo de trabalhos, mas garante que há muitas pessoas a procurarem Zhuhai para fazerem algo mais ligado à cosmética, como sobrancelhas permanentes. “Antes de fazer uma tatuagem, e se estou num sítio que não me é familiar, tento ver primeiro o traço do artista. Aqui em Macau, até há pouco tempo, não havia nenhuma loja em que eu confiasse o meu corpo, pois os traços que apresentavam eram realmente muito fracos. Os tatuadores safam-se em termos básicos e pouco mais.” Apesar de referir algumas lojas recentes com um nível mais superior, Tiago defende que “a qualidade não é péssima, mas não é nada de especial, se

compararmos com Hong Kong e com o que estamos habituados a ver na Europa ou até em Taiwan, na Tailândia. Esses trabalhos não se comparam nada com o que é feito aqui. Muitas vezes não se investe no material, nas tintas.” Jorge Tavares, jogador de futebol, tem tatuagens em várias partes do corpo, muitas delas feitas em Portugal. Nunca fez uma tatuagem em Macau, nem pensa fazer. “Conheço pouco a situação em Macau. Colegas meus e pessoas conhecidas optam por ir fazer tatuagens em Hong Kong, os valores são mais elevados mas vale a pena pela qualidade do trabalho. Ainda há o receio de tatuar em Macau. Ainda há muita coisa para explorar. Dificilmente farei uma tatuagem aqui, é uma área que não é muito explorada. Não há o passa-palavra em termos de qualidade e higiene. Aqui temos pessoas com tatuagens e sem grande conhecimento da matéria”, disse ao HM. Susana Torres acredita que, em termos de fiscalização de qualidade e até de higiene, cada pessoa deve escolher bem o seu tatuador. “Há imenso pessoal que publicita o trabalho no Facebook e que faz tatuagens em casa. O fazer uma tatuagem em casa não torna o trabalho mais perigoso. Tenho tatuagens feitas em minha casa que seguiram todos os códigos de higiene. Isso passa um pouco pela experiência de quem vai ser tatuado e saber o que se deve ou não fazer.” A.S.S.


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ECOLOGIA ÁGUA MAIS DEMOCRÁTICA

ANTÓNIO FALCÃO

POLÍTICA

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LLA Lei pede ao Governo a instalação de mais bebedouros nos serviços públicos. A deputada considera que a utilização deste tipo de equipamentos é uma forma de poupar o ambiente ao promover a reutilização de recipientes. A representante dos Operários dá como exemplo a situação das escolas. “Muitos são os estabelecimentos de ensino de Macau que já instalaram bebedouros de água quente e fria para consumo de alunos e funcionários.” A medida, além de permitir o consumo de água potável, incentiva ao uso de recipientes reutilizáveis ao mesmo tempo que promove um menor uso de garrafas de plástico. Para Ella Lei, apenas uma parte dos serviços públicos e pavilhões desportivos estão dotados com este tipo de equipamento, sendo que a maioria ainda não dispõe desta estrutura. Uma maior utilização de bebedouros seria, para a deputada, uma forma de incentivar a protecção ambiental. Ella Lei não deixou de referir, na interpelação escrita ao Chefe do Executivo, os dados do mais recente relatório ambiental. “Em 2015, o volume de resíduos transportados para o centro de incineração foi superior a 500 mil toneladas. Em comparação com o ano de 2014, houve um aumento de 11,3 por cento, principalmente por causa de substâncias orgânicas, plástico e papel”, disse. A deputada considera que é fundamental que o Governo actue com medidas concretas para que a população participe na diminuição da produção de lixo na sua origem.

SI KA LON AMBIENTE COM ATRASOS

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deputado Si Ka Lon quer saber as razões do atraso na implementação de dez dos projectos previstos a médio prazo no Planeamento de Protecção Ambiental (2010-2020). O deputado refere que, segundo as directrizes da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), dos 68 projectos a serem executados, ainda existem dez que não tiveram início. No total, o Governo pretendia avaliar 18 áreas de protecção ambiental. Além da ineficácia da DSPA, Si Ka Lon assinala que o mesmo planeamento previa a avaliação de 11 taxas, sendo que apenas três apresentaram valores dentro das normas. “Há ainda três taxas que não podem ser avaliadas”, lê-se na interpelação do deputado. Os restantes dados da avaliação a médio prazo não cumpriam os valores considerados aceitáveis. O deputado utiliza como exemplos a taxa de reciclagem de resíduos, de utilização de energias renováveis e o tratamento central de águas. Com estes resultados, Si Ka Lon questiona quais as medidas que o Governo pretende adoptar para fazer cumprir os requisitos ambientais a que se propõe.

Macau e HK STANLEY AU SUGERE SOLUÇÕES PARA DIVERGÊNCIAS SOCIAIS

Palavras de ex-candidato O antigo deputado à Assembleia Legislativa falou ao jornal Ou Mun da necessidade de mudanças ao nível social e político. O homem forte do Delta Ásia defende a importação de trabalhadores

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TANLEY Au, presidente do Banco Delta Ásia e antigo deputado nomeado por Edmund Ho, fez algumas sugestões para Macau no contexto do 27.o documento de ano novo publicado no jornal Ou Mun. O também presidente da Associação de Pequenas e Médias Empresas de Macau sublinhou a necessidade de mudanças sociais e políticas, sobretudo ao nível da reforma da administração pública, leis eleitorais e responsabilização ao nível dos altos cargos do Governo. Na secção do jornal de língua chinesa, intitulada “As

minhas palavras íntimas sendo parte da geração mais velha”, Stanley Au mencionou “a epidemia de populismo” que tem surgido em todo o mundo, tendo falado do caso de C.Y. Leung, o Chefe do Executivo de Hong Kong, cujas pressões terão afastado uma nova candidatura às eleições deste ano. “Neste panorama político, com o acréscimo das disputas políticas agudas em Hong Kong e com a polarização de ricos e pobres em Macau, surgiram em ambas as sociedades diferentes níveis de divergências”, escreveu. Por forma a limitar essas divergências e promover uma sociedade harmoniosa, Stanley Au sugeriu uma drástica reforma no actual modelo de administração pública, com base nas tendências políticas e económicas do mundo, bem como nas acções políticas nacionais e opiniões públicas. O empresário defendeu ainda que o Governo deve “ficar de pé no planalto moral e tornar-se um exemplo para os outros, ensinando os jovens a amar o seu país e as suas regiões administrativas especiais”. Para Stanley Au, os detentores dos principais cargos políticos em Hong Kong e em Macau devem assumir em pleno as suas responsabilidades, por forma a não desapontarem a população novamente.

Em relação às actuais estruturas políticas, o ex-candidato ao mais alto cargo de Macau, em 1999, pede a revisão das leis eleitorais para o Chefe do Executivo e para a Assembleia Legislativa (AL), para que mais pessoas, “com sabedoria e perspicácia”, possam participar na Administração e na discussão dos assuntos políticos. Para Stanley Au, a comissão eleitoral para o Chefe do Executivo deve votar com base nos critérios de alta competência, tendo ainda coragem para assumir responsabilidades. Deve ainda ser capaz de reunir diferentes

“Neste panorama político, com o acréscimo das disputas políticas agudas em Hong Kong e com a polarização de ricos e pobres em Macau, surgiram em ambas as sociedades diferentes níveis de divergências”, escreveu

sectores sociais e ser inclusiva das diferentes vozes da sociedade.

IMPORTAR É PRECISO

Na área da economia, Stanley Au defendeu que devem existir mais medidas para apoiar as PME e deve ser feita uma abertura do mercado aos trabalhadores não residentes, por forma a diminuir as disputas que têm vindo a ocorrer em Macau e em Hong Kong. Stanley Au acredita que os não residentes podem abrir os seus negócios em Macau, por forma a criar “uma estrutura social mais plena e para que as empresas tenham mão-de-obra suficiente para manterem as operações”. A importação de trabalhadores também pode “aumentar a qualidade dos recursos humanos e do próprio trabalho, criando ganhos mútuos”. O presidente da associação que representa as PME pede uma diversificação da economia com medidas mais concretas e viáveis, tendo frisado que isso irá permitir a sobrevivência das empresas de pequena dimensão. Ao nível da formação, Stanley Au indicou que a sua associação, em conjunto com a Associação do Desenvolvimento Social e da Cultura Delta Ásia, irá criar o “Instituto das PME” para a formação de profissionais nesta área. “Quanto a isso, o Governo deve dar apoio”, rematou.


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A

resolução do Executivo para o ano que começa no que ao trânsito diz respeito parece apontar no aumento avassalador das multas constantes da tabela de taxas e preços da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. Com aumentos que vão dos 50 por cento aos mais de mil por cento, cedo a insatisfação inundou as redes sociais, em particular no Facebook e Wechat. A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau fez ontem uma conferência de imprensa na qual se mostrou disponível para servir de apoio logístico ao desagrado popular nesta matéria. “Submetemos ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais um pedido de autorização para uma manifestação com entrega de uma petição ao Chefe do Executivo”, explicou José Pereira Coutinho. A concentração ocorrerá no próximo domingo, pelas 15 horas, na Praça de Tap Seac e seguirá em romaria até à sede do Governo, onde será entregue uma petição para eliminar o preceito legal que instituiu o aumento das multas. O deputado acrescentou que a associação que representa “está em segundo plano”, e que esta é “uma demonstração pura, e simples, de desagrado dos cidadãos de Macau”. Pereira Coutinho explicitou ainda que chegaram muitos gritos de revolta ao Facebook e Wechat da associação, sendo esta a sequência lógica. A semente da revolta é o despacho do Chefe do Executivo assinado no passado dia 7 de Dezembro, e que entrou em vigor no passado dia 1. O efeito do despacho não se fez esperar, com a ressaca do reveillon a ser marcada por uma caça à multa. “O Chefe do Executivo assinou o despacho e, que nós saibamos, a notícia não veio a público. Foi tudo feito às escondidas, sem auscultação popular.” As palavras são do deputado Leong Veng Chai, que acrescentou que “esta é uma matéria que diz respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos, porque estamos a falar de sanções a aplicar”. Para o tribuno, esta manobra do Executivo demonstra falta de transparência, e entende que a atitude mais responsável seria ouvir os cidadãos. Leong Veng Chai acrescenta ainda que os problemas de trânsito são complexos e pedem uma intervenção estruturante – não serão resolvidos pela mera aplicação de multas a quem vive e trabalha em Macau.

UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA

Este parece ser o culminar de um rol de problemas ligados ao tráfego rodoviário. O vertiginoso boom económico trouxe um crescimento da frota automóvel às ruas de Macau. Com os transportes públicos a não conseguirem dar respostas às

POLÍTICA

Trânsito COIMAS EXAGERADAS GERAM POLÉMICA

Multas novas, povo na rua O ano de 2017 trouxe um brutal aumento das multas rodoviárias. O desagrado fez-se ouvir nas redes sociais e a ATFPM vai apoiar logisticamente o descontentamento que irá para a rua manifestar-se no próximo domingo necessidades da população, ter um veículo tornou-se numa necessidade imperiosa para uma família. Se juntarmos à desproporcionalidade no aumento destas multas, desacompanhados no lado dos salários, a subida do nível de vida, com os preços dos bens de subsistência a explodirem nos preços, assim como as rendas, percebemos a razão da manifestação de domingo.

Pereira Coutinho alerta ainda para a forma como o cidadão é penalizado, onde empresas passam incólumes. “Por exemplo, os autocarros das concessionárias, e de turismo, as gruas, os trolleys estacionados no Cotai com 20 e 24 metros nunca são multados”, lembra o deputado. No fundo, o representante da ATPFM considera que o “Executivo tentou resolver o

problema na forma mais simples, dando castanhadas nos cidadãos”. Para a associação, estamos perante uma evidente violação do princípio da igualdade, ao permitir que as seis concessionárias possam estacionar os seus autocarros livremente, em locais públicos. Tudo isto face aos autocarros, táxis e outras viaturas que pagam anualmente as respectivas taxas de

circulação, e que são impedidos de circular e estacionar com a impunidade dos outros veículos.

A RUA RESPONDE

Pereira Coutinho salientou o carácter espontâneo da manifestação de domingo, não arriscando um número de participantes. Mas como pensa que este despacho trará muito descontentamento, muitos cidadãos vão aparecer. Tem como referência a manifestação contra o regime de garantias para os principais cargos políticos, que levou mais de 20 mil pessoas para as ruas, e que fez o Executivo arrepiar caminho numa medida francamente impopular.

“O Executivo tentou resolver o problema na forma mais simples, dando castanhadas nos cidadãos.” PEREIRA COUTINHO DEPUTADO Quando questionado sobre o despacho favorável do Conselho para os Assuntos do Trânsito na elaboração do polémico despacho, o deputado alertou para o facto de os conselhos consultivos de Macau, na sua maioria, funcionarem por nomeação, sendo que as pessoas apenas respondem perante quem as nomeia. “É, portanto, um problema de génese, as pessoas que estão lá dentro não representam os interesses da população”, comentou. Para Pereira Coutinho, estes organismos não têm qualquer contacto com os problemas das famílias, não conhecem o seu quotidiano. Portanto, não é de estranhar que se mostrem favoráveis a uma medida que afecta desproporcionalmente a população. Essa é a razão pela qual a ATFPM espera uma grande adesão ao protesto popular de domingo. João Luz

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Anúncio Concurso público para a “Empreitada de Optimização do Edifício Principal da Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes” 1. 2. 3. 4.

Entidade adjudicante: Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Modalidade do concurso: Concurso público. Local de execução da obra: Av. Sidónio Pais, n.º 100, Macau. Objecto da empreitada: Obras de optimização do edifício principal da Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes. 5. Prazo de validade das propostas: É de noventa dias, a contar da data de encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no programa do concurso. 6. Tipo de empreitada: Por preço global. 7. Prazo máximo de execução: 270 dias (duzentos e setenta dias). 8. Caução provisória: MOP360.000,00 (trezentas e sessenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais. 9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais serão deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). 10. Preço base: Não há. 11. Condições de admissão: São admitidas, como Concorrentes, as entidades inscritas, na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, para execução de obras. 12. Língua de proposta: A proposta deverá ser redigida numa das línguas oficiais da Região Administrativa Especial de Macau. 13. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, na Avenida D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar; Dia e hora limite(Nota 1): às 12:00 horas do dia 10 de Fevereiro de 2017. (Nota 1): Se houver suspensão dos serviços da DSEJ no dia e na hora, inicialmente, determinados para a entrega das propostas, devido à ocorrência de tufão ou por motivos de força maior, o dia e a hora limite para a entrega das propostas serão adiados para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. O dia e a hora do acto público do concurso estabelecidos no n.º 14 serão adiados para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte ao dia limite para a entrega das propostas. 14. Local, dia e hora do acto público do concurso: Local: Sala de reuniões, na sede da DSEJ, na Avenida D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar; Dia e hora (Nota 2): às 10:00 horas do dia 13 de Feveriro de 2017. (Nota 2): Se houver suspensão dos serviços da DSEJ no dia e na hora, inicialmente, determinados para o acto público do concurso, devido à ocorrência de tufão ou por motivos de força maior, o dia e a hora estabelecidos para o acto público do concurso serão adiados para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. De acordo com o disposto no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, de 8 de Novembro, os concorrentes ou os seus representantes devem estar presentes no acto público de abertura das propostas para esclarecer as dúvidas que, eventualmente, surjam relativamente aos documentos constantes nas suas propostas. 15. Local, dia e horário para exame do processo e obtenção da cópia: Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, na Avenida D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar; Dia: A partir da data de publicação do presente anúncio e até ao dia do acto público do Concurso; Horário: Dentro das horas de expediente. Outras observações: Os interessados podem obter a fotocópia do Processo do Concurso, mediante apresentação de cópia do modelo M/8 (Contribuição Industrial - Conhecimento de Cobrança), cópia do modelo M/1 (Declaração de Início de Actividade/ Alterações) ou carimbo da empresa (uma das formas referidas) e estarem, devidamente, registados. 16. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação: -Preço: 50% -Prazo de execução: 15% -Materiais propostos: 15% -Plano de trabalhos: 10% -Experiência em obras semelhantes: 10% 17. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes deverão comparecer na Sede da DSEJ, na Avenida D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, a partir da data de publicação do presente anúncio e até à data limite para a entrega das propostas do Concurso Público, para tomarem conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Aos 28 de Dezembro de 2016 A Directora, Leong Lai


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SOCIEDADE

Emprego JÁ HÁ UM ESBOÇO PARA SALÁRIO MÍNIMO UNIVERSAL Já entrou em vigor o novo regime de contribuições para o Fundo de Segurança Social, com a publicação em Boletim Oficial do despacho do Chefe do Executivo sobre a matéria. Por decisão do Governo, depois de um impasse em sede de concertação social, o montante das contribuições foi aumentado de 45 para 90 patacas. O valor do regime obrigatório é de 30 patacas para os trabalhadores e de 60 patacas para os empregadores; o montante de contribuições do regime facultativo é de 90 patacas. O pagamento de contribuições é feito trimestralmente, nos meses de Janeiro, Abril, Julho e Outubro, sendo pagas as contribuições respeitantes ao trimestre anterior. Assim sendo, os empregadores e beneficiários do regime facultativo vão continuar a pagar, este mês, o antigo montante de contribuições, uma vez que são referentes ao quarto trimestre de 2016. A partir de Abril, começam a ser então praticados os novos valores.

ROTA DAS LETRAS MAIS TEMPO PARA ESCREVER UM CONTO

O prazo do concurso de contos do Festival Literário de Macau foi prolongado até ao próximo dia 31, tendo os interessados mais um mês para fazerem chegar os seus trabalhos à organização do evento. Os textos podem ser escritos em português, chinês ou inglês. O concurso decorre em moldes semelhantes a anos anteriores, com os vencedores (um em cada idioma) a serem seleccionados por escritores que estiveram no Rota das Letras, depois de uma pré-selecção a cargo de um júri composto por representantes da organização do festival. Os autores Ricardo Adolfo, Chan Koonchung e Bengt Ohlsson, convidados da edição anterior do Festival, serão os júris desta edição. Os vencedores recebem um prémio no valor de 10 mil patacas. Depois, vão ter os contos publicados em livro, juntamente com os textos que serão escritos pelos autores que visitarem Macau em Março deste ano.

Promessa quase cumprida O secretário para a Economia e Finanças disse que, em 2018, o salário mínimo vai ser para todos. Pelo andar da carruagem, a ideia deverá ser concretizada a tempo. Os Assuntos Laborais já têm um esboço do projecto

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notícia foi avançada ao jornal Ou Mun pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL): já está concluída a elaboração do enquadramento da proposta do salário mínimo universal. Lionel Leong, o secretário para a Economia e Finanças, tinha prometido a implementação plena desta medida laboral no espaço de três anos após a entrada em vigor do salário mínimo para os trabalhadores da limpeza e da segurança dos prédios, o que aconteceu em Janeiro do ano passado.

GCS

SEGURANÇA SOCIAL NOVAS CONTRIBUIÇÕES JÁ VALEM

A DSAL explica que, agora, o próximo passo vai ser a apresentação do esboço feito ao Conselho Permanente de Concertação Social e a recolha de opiniões escritas. Além disso, o Governo vai lançar uma consulta pública sobre a matéria. É bem provável que esta seja a fase mais complicada do processo, pois o sector patronal deverá colocar alguns entraves à proposta. Em relação ao salário mínimo para os trabalhadores da limpeza e a segurança dos prédios, os Assuntos Laborais indicam que, até Novembro passado, foram iniciados oito processos de investigação que

envolveram dez empregadores. As queixas principais estão relacionadas com salários e feriados obrigatórios. Dois destes processos estão ainda em fase de investigação, sendo que os restantes já foram concluídos.

O próximo passo vai ser a apresentação do esboço feito ao Conselho Permanente de Concertação Social

GRIPE VACINAS DEVEM CHEGAR PARA TODOS

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ESDE o início deste mês que os residentes de Macau podem ser vacinados contra a gripe sem qualquer encargo. Os Serviços de Saúde encomendaram 120 mil vacinas que começaram a ser administradas aos grupos de alto risco no final de Setembro. Agora, as cerca de 30 mil que sobraram estão disponíveis para toda a população residente. O único critério é a idade: os utentes têm de ter mais de seis meses. De acordo com os números dos Serviços de Saúde, na campanha de 2015-2016 foram administradas vacinas a 94.555 pessoas.

Até ao momento, na campanha de 2016-2017 já foram dadas 85.371 vacinas, o que representa um aumento de cerca seis mil pessoas quando comparando com o período homólogo do ano passado. Desde o alargamento da vacinação gratuita a todos os residentes de Macau, no passado domingo, já foram vacinados gratuitamente 943 residentes. “É expectável que as vacinas existentes satisfaçam todos os residentes que pretendem efectuar a vacinação”, dizem os Serviços de Saúde em comunicado. Os residentes interessados podem deslocar-se ao Centro Hos-

pitalar Conde de São Januário, ao Hospital Kiang Wu, às consultas externas do Hospital Universitário de Ciência e Tecnologia ou Clínica dos Operários. Não é necessária marcação. Os Serviços de Saúde explicam ainda que, segundo os dados disponíveis, é previsível que o período de pico de gripe seja mais grave do que em anos anteriores. Foram já registados 35 casos graves de pneumonia provocada pela gripe. Cerca de 90 por cento dos doentes graves de gripe não tinham tomado a vacina contra a gripe sazonal.

Ora, precisamente sobre o modo como tem estado a ser aplicado o salário mínimo, diz a Federação das Associações dos Operários de Macau que, neste ano de vigência, não recebeu qualquer queixa por parte de trabalhadores. A organização considera que a DSAL deve avançar com um mecanismo para que seja possível fazer actualizações do valor da remuneração obrigatória. AAssociação de Administração de Propriedades de Macau também dá sinais de que não estão a ser detectados quaisquer problemas. O sector garante que não se opõe ao salário mínimo universal.

FRONTEIRAS ANO NOVO COM MENOS MOVIMENTO

O número de entradas e saídas do território nos primeiros dois dias do novo ano diminuiu 6,12 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com uma nota do Gabinete de Comunicação Social, os agentes do Serviço de Migração contabilizaram 997.193 pessoas entre domingo e segunda-feira, nos sete postos fronteiriços de Macau. Foram mais as pessoas a sair (501.331) do que a chegar (495.862). As Portas do Cerco continuam a ser o principal acesso à RAEM. Nos dados ontem reve- lados, as autoridades indicam que foram 318.948 os turistas a deslocarem-se a Macau nestes dois dias.


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A diminuição não é preocupante, mas indica que não há um dinamismo local em torno do acordo de cooperação com a China. Para valores mais elevados talvez seja necessário contar com o que vem de fora

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S exportações de mercadorias com isenção de taxas aduaneiras de Macau para o interior da China atingiram 97,18 milhões de patacas no ano passado, traduzindo uma ligeira diminuição, indicam dados oficiais. No cômputo de 2015, o valor das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros de Macau para a China atingiu 101,4 milhões de patacas. De acordo com dados publicados no portal do CEPA – Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau –, sob alçada da Direcção dos Serviços de PUB

Um CEPA mais tímido Exportações de Macau para a China caíram

Economia, Dezembro foi o melhor mês, com o registo de 12,3 milhões de patacas, enquanto Agosto o pior, com 4,7 milhões de patacas. No mês passado, aquando de uma visita a Lisboa, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lio-

nel Leong, e três secretários de Estado do Governo português analisaram a possibilidade de entrada de produtos alimentares portugueses na China precisamente através do CEPA. O governo de Macau manifestou, por essa ocasião, o “desejo” de que

Dezembro foi o melhor mês, com o registo de 12,3 milhões de patacas, enquanto Agosto foi o pior, com 4,7 milhões de patacas

“Portugal possa também ponderar a entrada, de modo semelhante ao CEPA, no mercado português, dos produtos da China interior, processados parcialmente em Macau”. O CEPA tem como objectivo “promover a prosperidade e o desenvolvimento comum do Interior da China e da Região Administrativa Especial e reforçar a cooperação mútua económica e comercial”, estabelecendo “um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre, num país com duas regiões aduaneiras autónomas”. Desde a entrada em vigor do acordo, em Janeiro de 2004, têm vindo a ser assinados vários suplementos, com vista ao alargamento das áreas, produtos e serviços. Até Dezembro último, o valor acumulado das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros atingiu 764,44 milhões de patacas. No plano do comércio de serviços, no mesmo período, foram emitidos 612 certificados de prestador de serviços de Macau, quase metade dos quais relativos a serviços de transporte (agenciamento de carga/ logística/ conservação/ armazenamento).

SOCIEDADE

APOSENTADOS ATFPM ORGANIZA PROVA DE VIDA

À semelhança do que tem vindo a acontecer em anos anteriores, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau disponibiliza um serviço para que os reformados da Caixa Geral de Aposentações possam fazer a prova de vida, numa colaboração com o Consulado Geral de Portugal no território. A formalidade pode ser cumprida até à próxima sexta-feira. Em comunicado, a ATFPM recorda que aqueles que não efectivarem a prova de vida terão as pensões automaticamente canceladas pela Caixa Geral de Aposentações.

RESERVATÓRIO INSECTOS NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM

Os Serviços de Saúde vieram ontem garantir, em comunicado, que o elevado número de insectos presentes na área do reservatório principal não representam qualquer risco para a saúde. O esclarecimento surge depois de os serviços terem recebido várias queixas sobre a presença de um elevado número de mosquitos na área, bem como nos edifícios em redor.Na nota à imprensa, explica-se que foi feita uma inspecção, tendo-se verificado que “o insecto, da espécie Quironomídeos, não representa risco para a saúde pública já que não suga sangue humano, nem é um vector transmissor de doenças”.


10 PUBLI-REPORTAGEM

DIA ABERTO

IPM NA LINHA DA FRENTE NO ENSINO EM LÍNGUA PORTUGUESA

O

ensino da língua e cultura portuguesas tem sido um dos maiores focos de investimento do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Não só por se tratar de uma das línguas oficiais do território, o português é também o mote dado pelo Governo Central e local para a consolidação do território enquanto plataforma para o desenvolvimento das relações comerciais e culturais entre a China e os países de língua portuguesa. O IPM é uma instituição pública de ensino superior que privilegia o ensino multidisciplinar e o conhecimento apli-

cado. Sob o lema “aumentar o conhecimento técnico-científico com base nas culturas da China e do Ocidente”, o Instituto tem por base o seguimento de padrões internacionais de ensino-aprendizagem, o estabelecimento de um e-campus, assegurar a legalidade administrativa e proporcionar o desenvolvimento da investigação. “Pequeno em tamanho, mas compacto na estrutura”, o IPM aposta igualmente no ensino e na investigação e assume o compromisso de se manter “enraizado em Macau e apoiado pela mãe-pátria para enfrentar o mundo e procurar a excelência”.

DATA PARA AS MATRÍCULAS: INFORMAÇÕES: ENDEREÇO: EMAIL: FAX: PÁGINA ELECTRÓNICA: 澳門理工學院Macao Polytechnic Inst

ENSINAR PARA A CONSTRUÇÃO DE “UM CENTRO, UMA PLATAFORMA”

O

Instituto Politécnico de Macau é composto por seis escolas superiores que oferecem cursos de licenciatura nas mais diversas áreas do conhecimento. Em cooperação com várias universidades internacionais, o IPM oferece ainda a possibilidade de prosseguir os estudos nos graus de mestrado e de doutoramento. Subjacente à estratégia do país “uma faixa, uma rota”, o IPM está fortemente empenhado no projecto da construção de Macau como “plataforma comercial e cultural entre a China e os Países Lusófonos”, e no desenvolvimento do território como

“centro de turismo mundial e de lazer”, através da contribuição activa para o desenvolvimento das indústrias culturais locais. Com a crescente procura de cursos ligados às línguas e culturas chinesas e portuguesas, o IPM lecciona actualmente as licenciaturas em: Tradução e Interpretação Chinês-Português/Português-Chinês; Administração Pública (em língua veicular portuguesa); Relações Comerciais China-Países Lusófonos; Ensino da Língua Chinesa como Língua Estrangeira; e o curso de Licenciatura em Português.

• LICENCIATURA EM TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO PORTUGUÊS-CHINÊS

Está acreditado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior de Portugal (A3ES); O IPM é a única entidade de Macau que oferece esta licenciatura; O objectivo é formar profissionais de qualidade na área de tradução e interpretação, e na área do ensino de línguas e culturas; Os licenciados podem trabalhar em organismos públicos, escritórios de advocacia e empresas de qualquer área de actividade como tradutores e intérpretes e ainda nas áreas da educação cultural, média, indústrias criativas e culturais e/ou continuar estudos de mestrado e de doutoramento.

• LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (EM PORTUGUÊS)

Acreditado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior de Portugal (A3ES); Forma profissionais na área da gestão administrativa, dotando-os do espírito criativo necessário a Macau; Dá relevância ao ensino sistemático dos conhecimentos da área da gestão administrativa e à formação humanista dos alunos; Fornece conhecimento teórico e prático através do desenvolvimento de actividades pedagógicas com a análise de casos, estudos interactivos e realização de estágio; Os licenciados podem trabalhar nos departamentos governamentais e organizações não-governamentais e/ ou continuar os seus estudos de mestrado e de doutoramento.

• LICENCIATURA EM RELAÇÕES COMERCIAIS CHINA-PAÍSES LUSÓFONOS

Forma profissionais altamente qualificados para o desenvolvimento do comércio entre a China e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa; Dota os alunos de conhecimentos e competências nas áreas do comércio internacional tendo em conta o domínio da Língua e Cultura Portuguesa; É um importante instrumento de apoio para a afirmação de Macau como plataforma para as relações comerciais e culturais entre a China e os Países Lusófonos; Os licenciados podem trabalhar em entidades oficiais ou empresas que desenvolvam, ou pretendam desenvolver, relações comerciais e culturais entre a China e os Países de língua portuguesa, e/ou continuar estudos de mestrado e doutoramento.

• LICENCIATURA EM ENSINO DA LÍNGUA CHINESA COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Trata do ensino da Língua Chinesa como língua estrangeira e destina-se tanto a nativos de chinês como não nativos. O curso visa habilitar profissionais que dominem, simultaneamente, as línguas chinesa, portuguesa e inglesa, indo ao encontro das necessidades da RAEM, dos países de língua portuguesa e da sociedade internacional; Mune os alunos de uma visão global e de competências comunicativas transculturais destinadas ao comércio, à gestão administrativa, à educação cultural, aos média e indústrias criativas; Os licenciados podem, conforme o ramo que frequentam, exercer a actividade de professor em estabelecimentos de ensino ou em quaisquer organizações públicas ou privadas que careçam de profissionais bilingues e/ou continuar os estudos de mestrado e de doutoramento.

• LICENCIATURA EM PORTUGUÊS - NOVO

Entra em funcionamento no ano lectivo 2017/2018. O curso está estruturado em dois ramos: Ensino de Português e Língua e Cultura Portuguesa; Forma professores de língua e cultura portuguesa, bilingues, permitindo dar resposta à necessidade de professores de Português quer em Macau, quer na China. É um importante instrumento de apoio para a afirmação de Macau como plataforma para as relações comerciais e culturais; entre a China e os Países Lusófonos; Os licenciados podem, conforme o ramo que frequentam, exercer a actividade de professor em estabelecimentos de ensino ou em quaisquer organizações públicas ou privadas que careçam de profissionais bilingues e/ou continuar estudos de mestrado e de doutoramento .

QUALIDADE INTERNACIONALMENTE RECONHECIDA

Entidade

Quality Assurance Agency for Higher Education (QAA), UK

• O IPM foi, em 2014, avaliado pela “The Quality Assurance Agency for Higher Education” (QAA) com um resultado muito

Agência de Avaliação e Acreditação do

POSITIVO. Os bons resultados foram também obtidos em

Ensino Superior de Portugal (A3ES)

avaliações realizadas por agências de avaliação e acreditação internacionais independentes. Para o Instituto, participar na

Agência de Avaliação e Acreditação do

avaliação académica internacional é um IMPORTANTE meio de

Ensino Superior de Portugal (A3ES)

melhoramento e garantia da qualidade de ensino.


11 hoje macau quarta-feira 4.1.2017

O – SÁBADO, 7 DE JANEIRO

13 de Dezembro de 2016 a 20 de Janeiro de 2017 Tel: 853-8599 6149/6111/6103 Rua Luiz Gonzaga Gomes, Divisão de Admissão, Matrícula e Inscrição de Alunos registry@ipm.edu.mo (853)2852 3746 www.ipm.edu.mo titute - (官方Official)

o

o

Avaliação Institucional / Curso

Endosso Com confiança: Qualidade académcia

Instituto Politécnico de Macau:

Aprendizagem dos alunos com qualidade Informações do ensino Continuação do melhoramento da Qualidade do ensino

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Qualidade de educação afirmada internacionalmente

(em Português) Curso de Licenciatura em Tradução e Interpretação Português-Chinês

Qualidade de educação afirmada internacionalmente

PUBLI-REPORTAGEM

VOZES DE QUEM ESTÁ POR DENTRO • CRISTIANO SILVA, 1º ANO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Macaense, Cristiano Silva fala e escreve português e chinês fluentemente. A frequentar o primeiro ano da licenciatura em Administração Pública, considera que este é um curso que lhe permite aprender conteúdos de diferentes áreas. “Estudo desde Direito a Desporto, o que torna a formação mais completa. Penso ainda que, depois de tirar esta licenciatura, terei aprendido muito mais do que seria de esperar de uma licenciatura vulgar”, diz. Os conteúdos dependem também de quem os dá, e Cristiano Silva não esconde a surpresa que teve, por exemplo, com a disciplina de Direito, que passou de tema ao qual não prestava atenção e considerava monótono a “disciplina preferida”. No que respeita a saídas profissionais, e dados os tempos que correm, ser licenciado em Administração Pública, com a particularidade do bilinguismo, faz com que seja “muito fácil encontrar um emprego bem remunerado”. “Além do Governo, também as empresas beneficiam com estes profissionais”, considera. Durante o dia, Cristiano Silva trabalha num banco na área da contabilidade e à noite vai para a sala de aula. Para o trabalhador-estudante, esta oportunidade traz uma grande motivação: “Posso trabalhar e ser independente financeiramente enquanto estudo e aprendo, o que é muito bom, sem sentir dificuldades neste duplo horário”. O próprio curso está concebido de forma a incluir os trabalhadores, explica. Aos colegas que ainda não sabem o que escolher, Cristiano Silva deixa a dica: é uma formação que “vale a pena”. O aluno não deixa de sublinhar a cooperação que existe entre professores e alunos. “Há muitos cursos em que as turmas são muito grandes, mas aqui as turmas são pequenas e permitem um ensino muito personalizado”, diz. • LI RUIPING, FINALISTA DO CURSO DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO PORTUGUÊS/CHINÊS Natural da China Continental, Li Ruiping escolheu o curso de Tradução e Interpretação de Português/Chinês porque uma viagem ao Brasil lhe despertou a atenção para a língua portuguesa. Quando foi altura de entrar na universidade, a opção natural foi aprender português e a escolha era clara: “O IPM já tinha história no ensino da língua e é uma boa oportunidade por ser uma língua oficial de Macau”. É um curso que prevê um ano de aulas em Portugal, factor fundamental para Li. “Aquele ano em que vamos para Portugal é mesmo muito importante. Não só é uma oportunidade única para desenvolver a fluência na língua, como permite conhecer outras pessoas e ter experiências novas capazes de nos aproximar da cultura portuguesa”. Jovem empreendedora, já abriu uma empresa de cosméticos na Ilha da Montanha que trabalha na divulgação e venda de produtos de beleza chineses a países de língua portuguesa. “Não vou seguir a carreira de tradução porque estou interessada noutras áreas em que possa utilizar o português. Abri há meio ano uma empresa que vai fazer negócios entre a China, Portugal e, mais tarde, com outros países de língua portuguesa”, explica. “Quando ingressei neste curso pensava que as únicas saídas eram as de tradução ou interpretação mas, ao longo do tempo, apercebi-me que há outras áreas em que os conhecimentos que adquiri são muito úteis”, diz. Na recta final, a aluna está muito satisfeita e antevê o prosseguimento da formação agora em áreas associadas aos negócios. “Abriu este ano o curso de Relações Comerciais aqui no IPM e pondero seguir os estudos, talvez, nessa área.” • EDILSON FERREIRA, 1º ANO DO CURSO DE LÍNGUA E CULTURA CHINESA O curso de Língua Chinesa abriu este ano no Instituto Politécnico de Macau e Edilson Ferreira veio de Cabo Verde para o frequentar. Decidiu estudar mandarim porque, defende, “é uma língua de futuro». Para o novo aluno, os investimentos que estão a ser feitos pelo empresário local David Chow na sua terra natal não são de desprezar e “representam boas oportunidades de emprego para quem souber mandarim”. “Hoje em dia, quem falar português, inglês e mandarim tem muitas oportunidades”, considera.

Com alguns meses de frequência da licenciatura, é claro para o aluno de Cabo Verde que aprender mandarim “é muito diferente do que qualquer outra língua”. No entanto, aos poucos, a familiarização vai aumentando e “o facto de o professor apenas falar em chinês também é uma grande ajuda”. Com um sorriso, mostra-se orgulhoso porque, apesar de ainda perceber muito pouco, já entende alguma coisa da língua que muitas vezes ouve falar à sua volta: “É pouco mas já sinto que entendo”. Para Edilson, Macau é um sítio privilegiado para aprender chinês. Apesar de a maioria das pessoas falar cantonês, tem conhecido muita gente que fala mandarim, principalmente no contexto universitário. O alojamento, a cargo do IPM, acaba por representar uma mais-valia. “No dormitório convivemos com muitos alunos que falam mandarim e juntamo-nos muitas vezes, sendo que eu explico português e eles explicam-me mandarim.” No entanto, o cantonês é uma língua que pode aprender enquanto disciplina opcional no ano que vem, possibilidade que o aluno não põe de parte, até porque o pode “ajudar a entender melhor o mundo à volta”. Ainda sem planos certos para o futuro, Edilson Ferreira não mostra preocupações e sente-se seguro relativamente às portas que poderão abrir-se. • EMÍLIA, 1º ANO DO CURSO DE RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE A CHINA E OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA Emília veio de Pequim e inicialmente pretendia seguir o curso de Tradução, mas acabou por optar por Relações Comerciais. “Além de aprender português, posso ainda ter disciplinas que me ensinam outras coisas. Tenho Economia e História, que me dão um conhecimento mais abrangente”, exemplifica. O maior desafio que encontrou foi a aprendizagem do português que o curso fornece. “Ao voltar diariamente para o dormitório, habituei-me a decorar tudo o que ia aprendendo e acredito que com este método consigo ir superando os desafios que se vão apresentando”, afirma, convicta. A chegada a Macau foi marcada pela surpresa: a presença portuguesa e a coexistência de outras culturas no território foram aspectos que em muito divergiam de Pequim. Quanto ao futuro, gostava de trabalhar na área dos negócios entre a China e os países lusófonos. Entretanto, considera que uma das mais-valias é a “oportunidade de, para o ano, ir para Portugal estudar”. Por cá, Emília mantém contacto com vários alunos do IPM provindos de países de língua portuguesa. São estes encontros que, além de possibilitarem o treino oral, permitem uma aproximação com as culturas com que, no futuro, terá de lidar. “Aprendemos acerca das várias culturas dos países lusófonos, visto o IPM acolher alunos de várias nacionalidades, e isto é uma oportunidade única”. • VERÓNICA, 1º ANO DO CURSO DE RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE A CHINA E OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA Verónica, natural de Macau, também pretendia seguir Tradução até ter conhecimento da abertura do curso de Relações Comerciais no IPM. “É uma licenciatura muito importante, do ponto de vista estratégico, para o futuro, tanto para Macau, como para a China e os países de língua portuguesa.” Com conhecimento do investimento em Macau enquanto plataforma, Verónica não teve dúvidas. A língua portuguesa também representa o maior desafio para a aluna. No entanto, “os professores não se inibem de repetir a matéria para que cada a estudante a possa assimilar”. Para o futuro, Verónica antevê uma oportunidade de emprego no Governo: “O Executivo vai precisar de quem conheça em profundidade a economia e comércio com os países lusófonos e o IPIM, , por exemplo, pode ser uma boa opção”. Verónica não partilha o dormitório com colegas estrangeiros, porque está em casa, mas integra a equipa de barcos-dragão onde estão outros alunos, nomeadamente dois portugueses com quem vai partilhando conhecimentos e aproximando-se dos mundos com que um dia fará futuro.


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 4.1.2017

Hong Kong DONALD TSANG DECLARA-SE NÃO CULPADO

E vão três negas

O ex-chefe do Executivo da região vizinha rejeitou ontem em tribunal as acusações de má conduta e de ter beneficiado de favores

O

antigo líder do Governo de Hong Kong Donald Tsang declarou-se ontem não culpado em tribunal de todas as acusações relacionadas com o arrendamento de uma ‘penthouse’ de três andares na cidade vizinha de Shenzhen, na China. Donald Tsang, de 72 anos, chefe do Executivo da Região Administrativa Especial chinesa entre 2005 e 2012, é o ex-titular do mais alto cargo público a enfrentar um julgamento na história de Hong Kong. Tsang negou as três acusações – duas de má conduta em cargo público e uma de aceitar vantagens –, que se reportam ao período entre 2010 e 2012 e podem ser sancionadas, cada uma delas, com até sete anos de prisão. A primeira acusação alega que Tsang, enquanto chefe do Governo e presidente do Conselho Executivo, teve má conduta por não ter divulgado os planos de arrendar um apartamento em Shenzhen, detido por um investidor de uma estação de televisão que procurava obter uma licença por parte do Governo de Hong Kong. Bill Wong Cho-bau era o principal accionista da Wave Media, mais tarde renomea-

do conselho de administração da DBC sem revelar os seus negócios com Wong ao Conselho Executivo. A segunda acusação alega que Tsang recomendou o nome de Barrie Ho Chow-lai, ‘designer’ de interiores no referido apartamento, para um prémio atribuído pelo Governo. “Sir” Donald Tsang, cuja saída chegou a ser reivindicada a 15 dias do final do mandato, na sequência dos alegados favores a amigos empresários e acusações de despesismo em viagens oficiais, abandonou o cargo com a mais baixa taxa de aprovação na hora da saída desde a transferência da administração do território do Reino Unido para a China, em 1997.

TRABALHO DE CASA

Tsang negou as três acusações – duas de má conduta em cargo público e uma de aceitar vantagens –, que se reportam ao período entre 2010 e 2012 e podem ser sancionadas, cada uma delas, com até sete anos de prisão da de Digital Broadcasting Corp., ou DBC. Tsang alegadamente “aprovou em princípio e concedeu formalmente” as candidaturas da empresa de

Wong para uma licença de radiodifusão digital, a entrega da sua licença de rádio AM e a nomeação do professor Arthur Li Kwok-cheung como director e presidente

Tsang foi o escolhido por Pequim para substituir, a meio do mandato, Tung Chee-hwa, que, depois de uma sucessão de fracassos políticos e protestos, se demitiu em Julho de 2005 alegando problemas de saúde. Em 2007, Donald Tsang foi reconduzido para um segundo mandato, derrotando o candidato do campo democrata, Alan Leong. Com carreira feita na Administração Pública da antiga colónia britânica, ocupou o cargo de secretário das Finanças em 1995 e foi a partir de aí que começou a granjear admiradores com a recuperação da economia local e a baixa taxa de desemprego. Donald Tsang honrou compromissos de relevo como a implementação de um salário mínimo, o aumento da escolaridade gratuita para 12 anos e a aprovação de reformas políticas, mas a “década de ouro” que prometeu acabou por não dar sinais.

POLUIÇÃO COLOCA EM ALERTA VERMELHO 25 CIDADES

V

INTE e cinco cidades do norte, centro e leste da China estão em alerta vermelho devido à poluição, informaram ontem as autoridades e a imprensa estatal. Este é o primeiro alerta vermelho – o mais elevado – por poluição atmosférica este ano na China. O anúncio junta-se à situação de Pequim e de outras 20 cidades que se encontram em alerta laranja – o segundo mais elevado – pelo mesmo problema. Outras 16 cidades estão em alerta amarelo. No total, 72 cidades chinesas têm em vigor algum tipo de alerta por poluição atmosférica. A região de Pequim-Tianjin-Hebei, no nordeste, estendeu o seu alerta até à noite de sábado, anunciou ontem o Ministério de Protecção Ambiental.

Em alguns locais dessa região, a poluição vai chegar a níveis “muito graves” com concentrações de partículas PM 2,5 (as mais perigosas) até 300 microgramas por metro cúbico (a Organização Mundial de Saúde recomenda um nível máximo de 25). As previsões para a região do nordeste apontam para que no domingo chegue uma frente fria que disperse a neblina e a poluição. A emissão dos alertas é acompanhada por diferentes níveis de restrições para o trânsito, escolas, actividade das indústrias ou obras de construção. Um relatório divulgado na segunda-feira refere que muitas empresas ignoram estas medidas e prosseguem a sua actividade normalmente.

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MACAU ANGLICAN COLLEGE PARENTS ARE WELCOME TO ATTEND A PARENTS’ INFORMATION MEETING FOR ENROLING NEW K1 PUPILS FOR SEPTEMBER 2017 AT MACAU ANGLICAN COLLEGE AV. PADRE TOMÁS PEREIRA, NO. 109-117, TAIPA, MACAU THIRD FLOOR, SCHOOL HALL ON WEDNESDAY, JANUARY 04th 2017, 7:30 P.M. *Four new K1 classes commence in September 2017. *100 places will be offered to new K1 pupils aged 3, in 4 classes of 25. *English and Putonghua are the main languages of instruction. *Creative teaching styles; child centred learning. *MAC Registration Documents Submission Days: February 15 & 16 2017 *Assessment Day: March 18 2017.

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES

Anúncio Faz-se saber que em relação ao concurso público para a execução da empreitada de “Obra de remodelação das instalações da CIVA no 2.º à 5.º andares”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n° 52, II Série, Suplemento, de 28 de Dezembro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2° do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, n°33, 17° andar, Macau. Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 28 de Dezembro de 2016. O Director dos Serviços, Li Canfeng


13 hoje macau quarta-feira 4.1.2017

CHINA

A

actividade industrial chinesa expandiu ao ritmo mais rápido em quase quatro anos em Dezembro, no que é entendido como um sinal de saúde da segunda maior economia do mundo, indica um estudo da revista financeira Caixin. O Purchasing Managers’ Index (PMI) da Caixin, focado nas pequenas empresas, superou as expectativas com 51.9 em Dezembro, acima dos 50.9 no mês passado. Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, pelo que abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção de actividade. O PMI é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo. Este foi o valor mais alto desde Janeiro de 2013, informou a revista financeira independente numa declaração conjunta com o agregador de dados IHS Markit. “A actividade industrial económica continuou a melhorar em Dezembro, com a maioria dos sub-índices a parecerem optimistas”, disse o analista da Caixin Zhong Zhengsheng em comunicado. No domingo, o PMI oficial, focado nas fábricas e minas de grande dimensão, atingiu 51.4 em Dezembro, abaixo dos 51.7 no mês anterior, que marcou o maior crescimento em dois anos.

AMEAÇAS DE FORA

A estabilização da economia do país, no entanto, enfrenta riscos face à possibilidade de aplicação de taxas aduaneiras mais elevadas à China com a chegada à Casa Branca de Donald Trump. O crescimento da economia chinesa vai abrandar para 6,5% em 2017 e a moeda do país vai continuar a desvalorizar-se, face ao

ACTIVIDADE INDUSTRIAL SOBE AO RITMO MAIS RÁPIDO DESDE 2013

Cresce e aparece dólar norte-americano, previu no mês passado o principal instituto de pesquisa do país. A previsão surge depois de anunciados, no início de Dezembro, vários indicadores positivos para a China. Contudo, a economia “continua a sofrer uma cada vez maior pressão negativa”, afirmou a Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS). A ACCS anunciou as previsões durante uma conferência de imprensa, realizada anualmente, três dias após os líderes chineses

se terem reunido para debater a economia. Os líderes prometeram resolver problemas urgentes, sobretudo nos grupos estatais vistos como improdutivos e no sector imobiliário, afectado por uma ‘bolha’ especulativa.

No último ano, o ACCS previu que a economia cresceria 6,7% em 2016. A previsão tem-se confirmado, com o crescimento económico a fixar-se em 6,7%, o mais baixo desde o pico da crise financeira, ao longo de três

“A actividade industrial económica continuou a melhorar em Dezembro, com a maioria dos sub-índices a parecerem optimistas” CAIXIN ZHONG ZHENGSHENG

CONSULTORA LUSA LIDERA PROJECTO PARA CENTRO DE INVESTIGAÇÃO

A

Comissão Europeia (CE) escolheu a Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), consultora com sede no Porto, para liderar um projecto na China, visando a criação de um centro europeu de investigação e inovação no país. “O objectivo é criar um centro capaz de apoiar investigadores, empreendedores, ‘start-ups’ e PME [pequenas e médias empresas] europeias nos primeiros passos de abordagem ao mercado Chinês”, explicou a administradora da SPI, Sara Medina. O projecto, designado ERICENA, arranca este

mês, e tem um orçamento de três milhões de euros, financiado no âmbito do “Horizonte 2020”, o maior programa público de apoio à investigação e inovação do mundo.

Com sede em Pequim, o centro começará a funcionar em 2019. A SPI conta com a colaboração de entidades europeias, o Ministério da Ciência e Tecnologia

da China e universidades chinesas. Os serviços do centro incluirão a “organização de eventos para o aumento do intercâmbio entre investigadores chineses e europeus” e “produção de relatórios sobre a evolução da China no ramo da tecnologia”, revela a empresa em comunicado. Pequim está a encetar uma transição no modelo económico chinês, visando maior preponderância do sector dos serviços e da tecnologia, em detrimento do sector secundário. Fundada em 1997, a Sociedade Portuguesa de Inovação é uma consultora privada que actua

nas áreas da inovação, promoção da internacionalização de empresas e gestão do conhecimento. Além de contar com um escritório de representação em Pequim, está também presente em Macau e Singapura, Estados Unidos da América e vários pontos da Europa. No dia 19 de Janeiro, a SPI lançará oficialmente o projecto ERICENA com uma discussão no Salão Nobre da Universidade do Porto que reunirá investigadores Europeus, empreendedores e empresas.

trimestres consecutivos. Para o próximo ano, o ACCS prevê o ritmo mais lento da meta de crescimento definida por Pequim para o período entre 2015 e 2020 - entre 6,5 e 7%. Seria também o ritmo mais lento desde 1990, quando a economia do país cresceu 3,9%. Pequim está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável”, crescimento económico. O aumento do consumo interno deve abrandar de 10 para 9,5%, em 2017, refere o ACCS. O país enfrenta ainda vários desafios, como excesso de capacidade de produção em empresas estatais obsoletas e fuga de capital.

BASQUETEBOL YAO MING PROPOSTO PARA PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO E SELECCIONADOR

O ex-basquetebolista Yao Ming, estrela da NBA ao serviço dos Houston Rockets, foi proposto pelas autoridades desportivas chinesas para presidente da federação de basquetebol do seu país e, ao mesmo tempo, seleccionador nacional, informou ontem a imprensa local. De acordo com o jornal do governo Global Times, a Administração Geral do Desporto sugeriu esta dupla nomeação como parte de uma estratégia de 10 pontos para desenvolver o basquetebol no país. Yao Ming, de 36 anos, dono dos Sharks Xangai, clube onde se formou, colocou fim à sua carreira profissional de basquetebolista em 2011, após quase uma década na NBA, para desenvolver uma intensa actividade política, empresarial e filantrópica. Em 2016, o ex-jogador liderou uma espécie de rebelião contra a federação chinesa de basquetebol ao fundar e presidir a uma associação privada de clubes, que reuniu 18 dos 20 a actuar na Liga.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

O púrpura está corrompido pelo encarniçado, o jade está misturado com a mais banal das pedras! Resposta aos críticos – 3

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E escrevi os Discursos Ponderados, é por existirem inúmeras obras onde a verdade não tem lugar, suplantada pelo oco e pelo falso: se tais escritos não forem denunciados, o artificial não conhecerá limites e a verdade se perderá por completo. O meu livro pondera diversos enunciados e propõe critérios para separar o verdadeiro do falso; não se trata de um jogo frívolo ou de discursos edulcorados, nem de uma pesquisa com resultados originais e grandiosos. O erro humano, tal é a razão dos Discursos Ponderados, que se aplicam a corrigir a moral deste tempo, evitando prodígios e vãs figuras de estilo, pois a verdade é muito mais atraente que uma mentira bem elaborada. Os letrados talentosos, amantes dos belos discursos, terão doravante de bordar delicadamente para embelezar os seus temas, tomar o pincel e iluminar as suas histórias com invenções, contar coisas que nunca existiram; e o público as tomará por verdadeiras e as repetirá; e os leitores farão o mesmo, de modo a propagar estas histórias uma e outra vez até que sejam reproduzidas em placas de bambu e em seda. Mesmo os homens mais capazes as aceitarão; os educadores defenderão suas ideias mentirosas e os funcionários de todos os escalões lerão obras sem fundamento. Nestas condições, como se poderia calar quem não suporta tal situação, quem sabe distinguir o verdadeiro do falso? Por isso, inquieto com os efeitos das teorias de Yang Zhu e Mozi sobre a doutrina confucionista, Mencius se batia pelo verdadeiro e rejeitava o falso nos seus rectos discursos. Tomavam-no por capcioso, ao que ele respondia: “Se sou argumentativo é porque não me resta alternativa!”. Hoje, sou eu que não tenho alternativa! O vão e o falso impõe-se ao verdadeiro, a verdade confunde-se com a mentira, já ninguém vê com clareza, ninguém distingue o vero do falso. O púrpura está corrompido pelo encarniçado, o jade está misturado com a mais banal das pedras! Como poderia meu coração suportar isto? Alarmado com a moral da nossa época, reajo como aquele homem de Wei que, muito inquieto com seu mestre e escutando o seu coração, ultrapassou as suas funções para pôr sua casa em ordem. Um espírito atormentado, uma alma oprimida, eis o que agita as energias do nosso cérebro e acaba por encurtar o nosso tempo de vida: é um mal pior do que aquele que sofreu Yan Hui e uma infração às regras de vida do Huang-Lao [NT – o taoismo do Imperador Amarelo]. Eis o que ninguém deseja, eis porque tive de escrever os Discursos Ponderados. O estilo é claro e incisivo, o conteúdo é simples e fundamentado. Enquanto que a minha obra Dos assuntos políticos se dedica à arte de governar, os Discursos Ponderados ocupase de temas que tocam a todos e não difere das outras minhas obras restantes. Quanto aos ‘Nove Erros’, aos ‘Três Exageros’ e aos meus tratados ‘Da Morte’ e ‘Dos Fantasmas’, são trabalhos que abordam temas acerca dos quais há muito ninguém discernia claramente. Quando o soberano se engana, é no topo que se devem efectuar reformas. Se são os funcionários, é com eles que se deve discutir: uma vez reposta a verdade na base, as reformas ocorrerão também no topo. O meu fito, é acordar os espíritos confusos, fazê-los capazes de distinguir o verdadeiro do falso. Concluída essa tarefa, os discursos enganadores se dissiparão e os progressos na via do conhecimento verdadeiro aumentarão de dia para dia.

Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 4.1.2017

diário de um editor

João Paulo Cotrim

Saltar aos olhos HORTA SECA, LISBOA, 14 DEZEMBRO

FACEBOOK, 14 DEZEMBRO O Cabrita dedica-me, e ao Luís Carmelo, A Arca, um conto inédito que publica na revista online, Caliban (Shakespeare, sim, mas não apenas, também o Grabato Dias da minha primeira adolescência). https://caliban. pt/a-arca-um-conto-in%C3%A9dito-717981c208d9#.3eaua7wef Como oásis, a sua escrita desfaz-se lugar de sombra e refrigério com a palavra a galopar atrás das mil ideias, mil imagens, mil sabores, mil perfumes.

côncavas e convexas da utopia, comove-me e diverte-me, cala fundo no coração adolescente. Mas e os lacraus? GALERIA ANTÓNIO PRATES, LISBOA, 27 DEZEMBRO Acontece-me muito. A querer fugir da feira de gado do social, evito as inaugurações e depois a agenda desgovernada faz-me andar aos trambolhões até perder o que não queria. Envergonho-me de o escrever, foi assim com o Escada na Fundação Gulbenkian. Por um triz, acontecia com esta Monster’s Ball, do Pedro Zamith, cujo percurso admiro e acompanho há muito. Bebo-lhe a energia explosiva, a irrequietude, o olhar viperino. Desta vez o alvo é a imbecil gourmetização do mundo, estando aqui à mesa a cozinha e a moda. Vai um exemplo ainda quente? O Público

PEDRO ZAMITH

Por causa da Inês Fonseca Santos e do seu micro-gigante programa da RTP3, Os Livros, regressei a uma das minhas paixões: Nuno Bragança. Este cometa não compôs obra, desenvolveu uma criatura. Cada leitura revela novo livro, como se as bem esculpidas personagens, entretanto tornadas tipos, ficassem por ali a viver as respectivas vidas, a evoluir em pano de fundo tuga. A nossa leitura apanhou-os naquele momento, mas podia ser outro. Pode bem ser outro. Aprendemos tanto sobre «viver em nós nervosos sustos» em modo sempre à beira da dor. Continuam a chamar-lhes romances, mas para mim são ensaios autobiográficos, alguém que na escrita sem fronteiras se busca, questionando a norma e o óbvio, alcatifa poeirenta que calcamos. A escrita foi fazendo e desfazendo o Nuno, não apenas pela língua libertina e desenvolta, fresca e inesgotável, lúbrica e divertida, poética e minuciosa. Soube rasgar-se personagem de romper para cima, putativo rei militando contra a ditadura, católico a pensar-se. Rindo sempre, alarvemente. Eis isso mesmo: a língua de Bragança é uma gargalhada. De ponta e mola. Depois há Lisboa, a Lisboa que o tempo e suas turistagens vai pisando com distracções de fugir. Que escritor nos diz hoje das lisboas por debaixo? Dói de bela e sujidade, descalça de tão despida. Carne viva. E depois há Deus, ao desafio, como convém. Ainda mais carne e verbo. Tenho para mim que a literatura portuguesa do século XX faz-se de casos únicos, mergulhando, pois claro, raízes em tradições e movimentos, mas caderneta de cromos sem grandes equipas. Nuno Bragança surge como o mais vivo dos argumentos nesta tese de trazer por casa.

Tudo começa no momento em que o céu se declarou lotado, causando, no seu embaciado espelho, um tapete de catástrofes, do suicídio papal ao tumulto generalizado, porque «se passaram a confundir o real e o imaginário, o medo e a superstição, as expectativas e o delírio». Na sequência, alguém sonha e convoca, para Tombuctu¸ «uma comunidade cosmopolita e despojada de espírito nacionalista que combatesse fraternalmente contra verdadeiros problemas, terrenos, de ordem prática e física, fundando, a partir desse empenho no trabalho comum e no sacrifício, a dignidade de uma vida arredada do consumismo e os alicerces de uma refundação humanista que pudesse servir de exemplo para os demais homens.» Este teu convite, António, a alguém que já subiu e desceu as dunas

«O Meu Forno É Melhor que o Teu»

presenteou-nos no dia de Natal com a nova revista Culto, cuja matéria principal desafiava chefs a imaginarem a sua última refeição se fossem condenados à morte. Dá para acreditar? Com o Pedro sai tudo esturricado, não podia ser de outro modo. O pincel pop, de cores estridentes e perspectivas delirantes, faz-se faca de cerâmica afiadíssima para esculpir cenas (domésticas) da nova burguesia tardo-cosmopolita, parvo-cosmopolita. Como descreveria Nuno Bragança tais figurinhas? Algumas peças são tridimensionais, mas nem precisavam para nos saltar aos olhos. Arte a fazer o que deve, a obrigar-nos a engolir em seco. Monster’s Ball pode ser, no inglês urbano, clube nocturno cheio de «gente feia» ou a última refeição dos condenados à morte. Dancemos. HORTA SECA, LISBOA, 29 DEZEMBRO A interessante Pato Lógico, do mesmo André Letria que já me iluminou, e a INCM juntaram-se para criar a Grandes Vidas Portuguesas, colecção que, com bom gosto escrito e ilustrado e paginado, procura apresentar velhos ilustres a jovens leitores. Alguns textos foram brutas desilusões, mas chega-me agora às mãos um belíssimo José Saramago – Homem-rio, da Inês Fonseca Santos e do João Maio Pinto, gente daqui do coração. Brutal dupla, esta! Quando a palavra desperta destas imagens, estamos feitos. A Inês vai namorando a metáfora, nascida em poema, com a delicadeza que lhe habita o peito para traçar o sensível retrato de um escritor que, afinal, respeitava as muitas infâncias. Convém dar atenção ao trabalho da Inês com os putos, longe que está de se esgotar na escrita. O João deu um passo em frente no seu estilo, em direcção à luxúria, mais rico em detalhe e com subtil gestão da cor e do preto e branco. Refrescante ou caloroso, consoante a estação em que nos sentemos/sintamos. MOURISCAS, 30 DEZEMBRO Devia estar a fazer balanços, que o ano, apesar de gordo em fracassos, também ofereceu alegrias. Não me apetece. Foi excessivo, como deveríamos viver sempre se aplicássemos os delirantes mandamentos de Bragança. Vou dormir a sesta, uma que valha pelos dias todos: bissexta.


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hoje macau quarta-feira 4.1.2017

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

O fim de 2016 e mais alguns tópicos 年底的礼物

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EGUNDO os media chineses que se movem nos mesmos círculos que eu, as comemorações natalícias na China este ano foram feitas um bocadinho contra vontade. Durante as ultimas décadas a festa cristã foi homenageada na RPC, não propriamente de forma oficial, mas, por qualquer razão, foi sempre uma festa que as pessoas acarinharam. No dia a seguir ao Natal, um post muito visto chamou a minha atenção, dizia assim: “Hoje é o verdadeiro dia de Natal na China. Querido Presidente Mao, vamos sempre sentir a tua falta!” Mao Tsé Tung nasceu a 26 de Dezembro. Aqui vai um breve sumário do sentimento geral:

“No tempo de Mao Tsé Tung o céu era azul, a água límpida, existia igualdade e o políticos eram justos! Agora ‘as três grandes montanhas’ (uma alegoria de Mao para o imperialismo, o feudalismo, e o capitalismo de estado burocrático – J O’y) que oprimem o povo, estão de volta!” “Mao deu ao nosso País céus azuis, nuvens brancas, pessoas boas e ar fresco. Deu-nos harmonia social, garantida por quadros do partido justos e honestos. O nosso Sol era o mais vermelho e o Presidente Mao e mais querido!” “Obrigado, Presidente Mao! Defendeste os verdadeiros valores sociais! Defendeste a igualdade social e um rendimento justo para todos!” “O Grande Líder viverá sempre nos corações de centenas de milhões de

pessoas! No seu tempo, o povo chinês podia dormir tranquilo sem medo de ser roubado e as mulheres e as crianças não eram vendidas em plena luz do dia. As casas também eram baratas. A China estava perto de ser o paraíso.” O fim do ano trouxe a um outro círculo de amigos chineses um presente que os encheu de orgulho. No título lia-se: “Fábrica chinesa muda-se para os EUA para reduzir despesas.” A vidreira Fuyao Glass comprou as instalações de uma antiga fábrica da GM nos subúrbios de Dayton, Ohio. Espera-se que crie 3.000 postos de trabalho quando estiver a operar em pleno. A Fuyao Glass America já empregou cerca de 2.000 pessoas desde a inauguração em Outubro.

Fundada em 1987, a Fuyao Glass tem fama de ser a maior vidreira a nível mundial. Tem 18.000 empregados em todo o mundo e, para além da China, tem fábricas na Austrália, no Brasil, Alemanha, Japão, Rússia, Coreia do Sul, e agora nos Estados Unidos. Na passada segunda-feira em Pequim, o presidente da Fuyao Glass, Cao Dewang (de 70 anos), afirmou que os EUA são um local mais barato e melhor para produzir vidro, porque os impostos são muito mais baixos do que na China. Como o Presidente eleito Donald Trump está a tentar atrair as empresas para regressarem aos Estados Unidos, sob o estandarte ‘Make America Great Again’ as empresas estão a reconsiderar a sua presença na China.


17 hoje macau quarta-feira 4.1.2017

TEMPO

MUITO

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

MIN

18

MAX

24

HUM

65-95%

EURO

8.11

BAHT

EXPOSIÇÃO “O TEMPO CORRE” DE LAI SIO KIT Casa Garden (Até 08/01) E EXPOSIÇÃO “ÁRVORES E ARBUSTOS DE MACAU” DE CATARINA FRANÇA E MAFALDA PAIVA Instituto Internacional de Macau (Até 13/01) EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

C I N E M A PROBLEMA 149

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 148

UM LIVRO HOJE

ASSASSIN’S CREED

YO-KAI WATCH THE MOVIE 2 [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Takahashi Shigeharu 14.15, 18.00

ASSASSIN’S CREED [C] Filme de: Justin Kurzel Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard 16.00, 19.45, 21.45 SALA 2

FALLEN [B] Filme de: Scott Hicks

Com: Addison Timlin, Jeremy Irvine, Harrison Gilbertson 14.30, 16.15, 18.00, 19.45, 21.30

SING [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 14.30, 16.30, 19.30

Filme de: Justin Kurzel Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard 21.30

1.11

Queridos humanos, vocês deixam-me perplexo, e eu sou um gato, um dos animais mais compreensivos no que toca a bizarria. Pode aterrar um disco voador no meio da redacção que eu vou lamber-me indiferente à visão pouco usual. A vida é assim, a normalidade será constantemente invadida pelo imprevisto, e a morte é tudo menos imprevista. A dura verdade que hoje vos trago é que todos os vossos ídolos vão morrer, TODOS! Bowie, Reed, Cohen, Jagger, Hopkins, de Niro, Lynch, Dylan, nenhum deles é imortal, ou ainda dispõe de seis vidas para queimar. Ok, talvez com a excepção do Keith Richards. A previsibilidade é tão maior quanto a avançada idade e vida excessiva de quem foi queimando meses em dias, anos em semanas. Não se preocupem, gente de bom gosto, chegarão a vez dos Justin Biebers, do PSY, e de todos esses fenómenos que envergonham a musa. E isto não tem qualquer relação com anos malditos ou vingança astral dos desprovidos de talento. Tem que ver com a curva da vida. Quem hoje em dia se abeira, ou ultrapassou, os 40 anos verá os seus ídolos desaparecer. É a morte! O Leonard Cohen preencheu 82 anos na Terra! Sejam humildes e entendam a sorte de terem partilhado o planeta com este senhor, e com todos os outros. Vocês existem, na forma evoluída de Sapiens, há cerca de 200 mil anos na Terra. Os vossos contemporâneos podiam ter sido canibais sem um mínimo sentido estético. E quem vos diz que não estão a nascer o próximo Cohen, o próximo Mozart, o próximo Martin Luther King? Parem de se lamentar e tragam-me guloseimas. Pu Yi

OS CANTOS DE MALDOROR – CONDE DE LAUTRÉAMONT

Na prateleira dos livros malditos, “Os Cantos de Maldoror” ocupam uma secção à parte. Surrealista antes do tempo, o livro assinado pelo pseudónimo de Isidore Ducasse destila tudo o que é mau no carácter humano. A narrativa avança por seis cantos através de Maldoror, uma besta misantrópica que bate recordes de vilania no mundo da literatura. São descritas cenas de extrema violência, canibalismo, morte de recém-nascidos, crueldade inconcebível, cobardia, fraqueza humana. Apesar do imaginário macabro, do horror fantástico e da dificuldade de classificar o estilo literário, a escrita de Ducasse é refinada. “Os Cantos de Maldoror” são uma estrela negra na constelação literária do séc. XIX. João Luz

SALA 3

ASSASSIN’S CREED [C]

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)

SALA 1

YUAN

É A MORTE!

EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT

Cineteatro

0.21 AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1

EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02)

(F)UTILIDADES

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 4.1.2017

a outra face

JONATHAN DEMME, O SILÊNCIO DOS INOCENTES

O ano da máscara

CARLOS MORAIS JOSÉ

P

REVISÕES fazem os bruxos ou, na melhor e mais enigmática das hipóteses, o Yi Jing. Da minha parte, teríeis cassandricas opções, pois que a paisagem não inspira discursos belos e ainda menos idílios. Mas tal não será caso para grandes desesperos. Aliás, a malta de hoje não é de desesperar. A coisa sagra-se mais em deixar andar o comboio e aproveitar o deslizar da carruagem, sem mesmo reparar por quais carris se rola ou se enrola ao deslizar. É assim o mundo e podia ser pior, rezaria o Dr. Pangloss* se rezar lhe ajuntasse vantagem, nesse exacto mundo que ele percepciona e não noutro, lamentavelmente, oculto a olhares burgessos. E assim continuaremos em 2017, não muito diferente de 1917, à excepção de uma revolução cujo desfecho resultou na morte das revoluções. Andámos muito desde então. Para a frente e também para trás. Muito se liquidou: algumas coisas bem, outras não. Há uma cegueira cíclica nesta humanidade indecisa: o extermínio de pessoas e de livros. Aos últimos, hoje, não é preciso queimá-los. Eles encarregam-se disso. E é neste espírito, imerso e paradoxal, que vos proponho em 2017 o adensar da máscara, o aumentar da distância em relação ao outro, a construção de muros entre nós e esse México que por aí anda. E esses mexicanos que o paguem. Sejamos realmente

E o que fica, perguntais, quando já manso no lar ousais a máscara tirar e por debaixo outro careto vos pergunta sem cessar o que fazer do abismo que mesmo num sono sem fundo arrogante se interpõe? Nada. Talvez viver. a trampa que estamos mortinhos por ser. Provavelmente alguém nos dará razão. Propaguemos um outro email, ainda nosso mas não totalmente, domínio do nosso ego virtual e não realmente implicado no que verdadeiramente pensamos ou sentimos. Máscara. Máscara por trás de máscara. Máscara. Máscara pintada, retocada, maquilhada; máscara exultada. Máscara gigante ou máscara anã. Máscara matrioska. Sem sobressaltos por detrás da máscara da máscara. Máscara adamascada ou em tule. Não importa: em caso algum a pele se vislumbra. Não ousamos outro modelo, outra via, que não a via das máscaras. Impotentes ou guerreiros, vagabundos ou burgueses, sedentos ou esfomeados, 2017 exigirá a mascarada, nos melhores momentos a mascarilha. Fingiremos ser; actividade que praticamos sem remorso e quantas vezes sem presunção. E o que fica, perguntais, quando já manso no lar ousais a máscara tirar e por debaixo outro careto vos pergunta sem cessar o que

fazer do abismo que mesmo num sono sem fundo arrogante se interpõe? Nada. Talvez viver. Viver assim... ausente, no meio do nevoeiro. Sem cão, sem estrela, sem ideias de permeio. Só tactear: ser alheio, afastado das formas, dos verdadeiros corpos, dos verdadeiros copos, das orações; nada agarrar, passar fantasma, roçagar. Viver de exílio, mestre da saudade e da cidade interdita a contemporâneas efabulações. Preferir o nevoeiro às luzes rançosas. Escolher o tenebroso, a jugular impenitente, sempre a saltar à nossa frente, a deixar-se abocanhar, plena de vida, pujante de amor, ou não fôra ela natureza e mãe e tudo. E o sabor do nosso sangue, interdito e intermitente, que tanto se ergue em tempestades como repousa ignorante e parvo em colos de além-fronteiras, onde o sossego nos maquilha de rosa e cor-de-vinho de Bordéus, alucinada cor de mantos e desmedidas cortinas. Estaremos menos sós. A solidão é tão impossível como o convívio. As máscaras encontrar-se-ão. Dar-se-ão bailes, cruzeiros, manifestações de massas. Espectáculos de rua, mariposas, ajuntamentos. Serão breves como os dentes. Retornaremos ao sonho porque não há mais nenhum lugar para ir. O mundo encontra-se, francamente, esgotado. Nessas horas frágeis encontraremos o ano. 2017. Como poderia ser qualquer outro: os sonhos não conhecem o tempo, apenas se alimentam de espirais. Nós, omnívoros, comemos tudo. Um Bom Ano para os uns e para os outros. *Personagem de Voltaire para quem vivemos sempre no melhor dos mundos e da bajulação aos poderosos havemos de usufruir alguma vantagem.


19 hoje macau quarta-feira 4.1.2017

ÓCIOSNEGÓCIOS

JUICE GA, EMPRESA DE SUMOS NATURAIS VINCENT MA, FUNDADOR

Há três anos no mercado, a Juice Ga está prestes a reinventar-se como empresa local de fornecimento de sumos naturais em casinos e empresas. Vem aí a distribuição de sumos à porta de casa, a fazer lembrar o extinto hábito de entrega de garrafas de leite

M

UITO antes de Macau receber a moda dos sumos naturais e programas de desintoxicação através dos alimentos, já Vincent Ma tinha a ideia de abrir um negócio nesta área. Tudo se deveu à sua experiência na Califórnia, nos Estados Unidos, onde fez os estudos superiores. “Criei a empresa em 2014 e decidi apostar neste negócio porque vivi uma temporada nos Estados Unidos, em Los Angeles, e passei por várias empresas. Queria trazer essa cultura para Macau, porque não havia uma grande diversi-

dade na altura. Queria apostar em bons produtos, saudáveis, e queria trazer isso para cá.” Nascia assim a Juice Ga, que fabrica os seus sumos num espaço localizado na Areia Preta e que começou por fazer o fornecimento a casinos e hotéis. Mas a ideia é ir além disso: depois de um período menos bom em termos de vendas, Vicent Ma quer apostar na entrega de sumos em casa. “Antigamente as empresas distribuíam as garrafas de leite à porta de casa. Estou a tentar lançar um projecto semelhante, mas com sumos. Queremos que muitas famílias de Macau comecem o seu dia com um bom copo de sumo”, contou ao HM.

FACEBOOK

“Acredito cem por cento nos produtos”

COMPLETAMENTE NATURAL

Numa altura em que há várias empresas e restaurantes de comida natural em Macau, o que torna diferente a Juice Ga? Vincent Ma garante que é o facto de todas as frutas e legumes serem biológicos. “Fazemos sumos de pressão, com uma tecnologia diferente em relação às outras empresas. Temos sumos cem por cento naturais, sem adição de açúcar ou de água, usamos frutas e vegetais cem por cento naturais também. Temos planos detox próprios, em que a pessoa não come mais nada e apenas bebe os sumos para desintoxicar o organismo. É um tipo de dieta muito popular nos Estados Unidos e que ajuda o funcionamento do organismo”, conta. Todas as receitas são preparadas por um nutricionista. “Acredito cem por cento nos meus produtos, porque são totalmente naturais, sem conservantes. Estou a tentar apostar numa maior diversidade de produtos para fazer os nossos sumos. Trabalhamos com uma nutricionista para criar sumos que sejam equilibrados em termos de calorias, com a dose certa para cada pessoa consumir diariamente”, adiantou Vicent Ma.

Apesar deste tipo de programas detox serem cada vez mais populares, a verdade é que a Juice Ga teve de passar por uma reestruturação recente, com um olhar mais atento ao mercado local. “O negócio tem sofrido altos e baixos, não tem estado muito bem ultimamente. Estamos a tentar analisar o mercado de novo, porque não utilizamos quaisquer

“Antigamente as empresas distribuíam as garrafas de leite à porta de casa. Estou a tentar lançar um projecto semelhante, mas com sumos.”

conservantes nos nossos produtos e penso que os preços que praticamos são algo elevados. Mas, neste momento, o mercado continua a aceitar os nossos produtos. Depois da nossa redução de preços em Dezembro, para metade do valor, o mercado está lentamente a aceitar os nossos produtos. Dezembro foi um mês muito importante para nós”, acrescentou. Depois de fornecer bebidas para a indústria do turismo, a Juice Ga pretende ter uma visão mais abrangente do mercado. “A economia decresceu e muitas empresas começaram a cortar em alguns produtos. Então começámos gradualmente a passar do fornecimento da indústria hoteleira para todo o mercado. Neste momento apenas fornecemos alguns cafés, estamos mais focados no mercado no geral”, rematou o empresário. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

JUICE GA • Edifício industrial Chong Fong Bloco 1 Rua Doca dos Holandeses nº 75 84, Macau


Qual será este ano o subsídio para silenciar os pinguins? Atlântido

SÍRIA REBELDES SUSPENDEM NEGOCIAÇÕES DE PAZ

COREIA DO SUL ABATIDAS MAIS DE 30 MILHÕES DE AVES

M

AIS de 30 milhões de galinhas e patos foram abatidos na Coreia do Sul em menos de 50 dias devido a uma estirpe altamente patogénica da gripe aviária que se espalhou rapidamente pelo país, informou a agência Yonhap. Desde que foi reportado o primeiro caso no sudoeste do país, a 16 de Novembro, foram abatidas 30,33 milhões de aves, um número que representa quase 20% dos 165,2 milhões de aves criadas em todo o país. O primeiro-ministro e presidente em exercício da Coreia do Sul, Hwang Kyo-ahn, afirmou ontem que o surto de gripe aviária se encontra quase controlado. “O número de casos suspeitos de gripe aviária reduziu-se a um ou dois por dia, o que indica que o contágio está sob controlo”, disse em conferência de imprensa. Hwang Kyo-ahn advertiu, no entanto, para a necessidade de manter as medidas de controlo, até que seja declarado o fim do surto. “Para dar por terminado o surto, devemos manter as minuciosas actividades preventivas de quarentena, como o reforço dos protocolos de vigilância, o cumprimento das normativas de quarentena, a zelosa supervisão das zonas afectadas”, entre outras, afirmou, em declarações reproduzidas pela agência Yonhap. Trata-se do maior surto de gripe aviária dos últimos anos na Coreia do Sul. Em 2014, foram sacrificadas mais de 14 milhões de aves.

Filipinas NAVIO MILITAR RUSSO VISITA MANILA

Um auto da barca A chegada a Manila do navio de guerra russo parece confirmar a aproximação das Filipinas à Rússia e o afastamento, anunciado por Duterte, dos Estados Unidos

U

M navio militar da Rússia atracou ontem em Manila numa invulgar visita para “promover a boa vontade”, num momento de aproximação de Manila a Moscovo e Pequim e de distanciamento em relação aos Estados Unidos. O Admiral Tributs vai permanecer nas águas das Filipinas até sábado para participar em cerimónias e actividades conjuntas entre as forças navais de ambos os países, informou a marinha filipina em comunicado. A visita do navio de guerra russo – a terceira na história e a primeira em quatro anos – “vai promover a boa vontade e contribuir para a amizade entre a marinha das Filipinas e da Rússia e vai melhorar a cooperação marítima através da diplomacia naval e camaradagem”, segundo o comunicado.

ALIANÇA EM CAUSA

A chegada do navio russo é vista como uma confirmação da PUB

quarta-feira 4.1.2017

viragem na política externa e de defesa das Filipinas após a chegada ao poder, em Junho passado, do Presidente Rodrigo Duterte, que prometeu desfazer a tradicional aliança militar com os Estados Unidos. O Presidente filipino, de 71 anos, ameaçou anular um pacto bilateral de defesa em vigor desde

A visita do navio de guerra russo – a terceira na história e a primeira em quatro anos – “vai promover a boa vontade e contribuir para a amizade entre a marinha das Filipinas e da Rússia

1999 e que contempla, entre outros pontos, o uso de bases filipinas por parte do exército norte-americano e a realização de exercícios militares conjuntos de forma regular. A tentativa de afastamento de Duterte em relação à Administração de Barack Obama – que poderá reverter-se com a chegada ao poder de Donald Trump – responde às críticas de Washington à sua “guerra contra as drogas”, que causou mais de 6.100 execuções extrajudiciais de alegados narcotraficantes e toxicodependentes nos últimos seis meses. O Presidente filipino limou as diferenças com Pequim, com cujo Governo mantém um contencioso sobre a soberania de várias ilhas no mar do Sul da China, e apostou em estreitar os laços diplomáticos e de defesa com Moscovo. Duterte, que criticou as políticas dos Estados Unidos e o Ocidente na sua primeira reunião bilateral com o Presidente russo, em Novembro no Peru, planeia visitar Moscovo em Abril ou Maio deste ano a convite de Vladimir Putin.

Uma dezena de grupos rebeldes sírios anunciaram ontem a suspensão de todas as discussões ligadas às negociações de paz previstas para Astana, em resposta “à violação” pelo regime da Síria da trégua em vigor há quatro dias. “As violações continuam, as fracções rebeldes anunciam o congelamento de todas as discussões relacionadas com as negociações em Astana (capital do Cazaquistão)”, referem, em comunicado. As negociações de paz, patrocinadas pelo Irão, Rússia, aliada do regime de Damasco, e Turquia, que apoia os rebeldes, estavam previstas para ter início no final de Janeiro. No comunicado, os rebeldes afirmam ter respeitado o “cessar-fogo em todo o território sírio, mas o regime e os seus aliados continuaram a abrir fogo e fizeram frequentes e significativas violações, incluindo nas regiões (rebeldes) de Wadi Barada e em Ghuta”, ambas localizadas na província de Damasco. “Apesar de repetidos pedidos feitos à parte que apoia o regime (a Rússia), as violações continuaram, ameaçando as vidas de centenas de milhares de pessoas”, denunciam.

OBAMA FAZ DISCURSO DE DESPEDIDA A 10 DE JANEIRO

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai fazer o seu discurso de despedida no dia 10 de Janeiro em Chicago, onde conheceu a esposa, nasceram as suas filhas, foi líder comunitário e se estreou na política. Foi o próprio Obama a anunciar, em mensagem de correio electrónico dirigida aos seus seguidores, o discurso, que vai ocorrer dez dias antes de ser sucedido na Casa Branca por Donald Trump. “Estou a começar a escrever as minhas declarações”, assegurou Obama, que regressou ontem a Washington, depois de passar o Natal e o Ano Novo no Havai, com a família. “Estou a pensar nisto como uma oportunidade para agradecer por esta incrível viagem, para celebrar as formas como mudaram o país para melhor nestes últimos oito anos e para oferecer algumas ideias sobre para onde vamos a partir daqui”, detalhou Obama, na sua mensagem.


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