Hoje Macau 04 DEZEMBRO 2023 #5387

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 4 DE DEZEMBRO DE 2023 • ANO XXII • Nº5387

TIRACHARDZ

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A entrada em lares e em centros de reabilitação volta a estar negada a quem não cobrir o rosto com uma máscara cirúrgica ou de padrão superior. A medida foi anunciada sábado pelo Instituto de Acção Social e não tem, para já, prazo para ser cancelada. PÁGINA 4

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IAM

NOVO BAIRRO

SNOOKER

CÂMARA ATÍPICA

CINCO PRIVILÉGIOS

POLÉMICA EM MACAU

GRANDE PLANO

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HUMANISH CLUB

ARTE NIPÓNICA EVENTOS

A ARTE CHINESA DA CALIGRAFIA Cláudia Ribeiro


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INSTITUTO PARA OS ASSUNTOS MUNICIPAIS

“Um órgão apolítico

ORGANISMO NÃO SATISFAZ “NECESSIDADES COLECTIVAS DA POPULAÇÃO”

João Faria, académico, defende que o Instituto para os Assuntos Municipais não satisfaz “as necessidades colectivas da população”, pois é “um órgão meramente consultivo e sem poder de representação eleitoral”. Na sua tese de mestrado, traça um olhar sobre a história de uma “câmara municipal atípica” determinante para os meios político, administrativo, económico e social de Macau

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OÃO Faria, académico com um mestrado em Administração Pública pelo Instituto Politécnico de Leiria, defende que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) não representa plenamente a população por se tratar de um órgão meramente consultivo. Na sua tese de mestrado, intitulada “Das dinâmicas do Leal Senado aos órgãos municipais sem poder político em Macau”, o autor afirma que “não tendemos a crer que a criação do IAM possa corresponder e satisfazer as necessidades colectivas da população, uma vez que é um órgão meramente consultivo e sem poder de representação eleitoral por sufrágio directo ou indirecto”.

“Na história de Macau há sempre duas batalhas políticas entre o Leal Senado e governadores. Durante grande parte da vivência do Leal Senado há batalhas políticas.” JOÃO FARIA ACADÉMICO

Além disso, conclui-se que “é comprometedor o facto de a nomeação dos membros do IAM ser realizada pelo Chefe do Executivo, para mais sabendo que dois dos membros do órgão municipal sem poder político pertencem à comissão que elege o Chefe do Executivo de Macau”. Ao HM, João Faria considera que “efectivamente houve um retrocesso” quando, no período da transição, em 1999, Macau deixou de ter órgãos municipais sem poder político. “Deixou-se de ter um município para termos um instituto público”, apontando ainda que poucas ou nenhumas mudanças houve entre o antigo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM)

e o actual IAM, mudança que ocorreu em 2018. “Em grosso modo as competências são as mesmas. Continua a existir um instituto público como órgão municipal sem poder político. Continuam a existir membros dos órgãos municipais nomeados pelo Chefe do Executivo, no conselho de administração e no conselho consultivo. Antes tínhamos também, no IACM, órgãos nomeados. A própria designação também é semelhante, só muda a palavra. A grande diferença entre o IACM e o IAM é a possibilidade de ter dois representantes escolhidos pelos conselhos consultivo e de administração para a nomeação do Chefe do Executivo», declarou. No trabalho de João Faria lê-se ainda que “o facto de [existir] um órgão municipal sem poder político não impede a eleição dos seus membros por sufrágio directo ou indirecto”.

Poder além do Governador

Em termos históricos, o Leal Senado era “uma câmara muni-


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“O Leal Senado foi ‘determinante para transformar Macau num interposto de relações luso-chinesas do ponto vista jurídico, político, administrativo, económico e social.’” TESE DE MESTRADO

cipal atípica, com imenso poder político”, sendo que, após 1999, Macau passou a ter “um órgão municipal atípico, mas apolítico”. O Leal Senado foi “uma câmara sui generis”, aponta o autor, fundamental para o panorama social,

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económico, político e administrativo do território e que sempre teve voz própria face às vontades da então metrópole e até do próprio Governador. A tese conclui que o Leal Senado foi “determinante para transformar Macau num interposto de relações luso-chinesas do ponto vista jurídico, político, administrativo, económico e social”. Já no século XVI, e enquanto Macau esteve sob alçada administrativa de Goa, na Índia, o território “enfrentava um pluralismo jurídico”, ao ser um território chinês com administração portuguesa e uma comunidade portuguesa muito ligada às áreas comercial, política e jurídica. Entre os anos de 1583 e 1585, o Leal Senado foi, segundo o académico, “o sustentáculo do poder político em Macau”, sendo que todos os assuntos políticos, jurídicos e administrativos “rodeavam sobretudo o Leal Senado a partir dos senadores, nomeados pelos senhores da terra”. Essencialmente, esta entidade “regulava a

vida pública de Macau”, dispondo da figura do Procurador, que não existia em mais nenhuma câmara municipal em Portugal. Este teve um papel na questão das chapas sínicas e mantinha “contactos regulares com as autoridades de Cantão”, além de coordenar o pagamento do imposto intitulado “foro do chão”, “mais uma característica atípica” deste órgão. Mesmo a partir do momento em que Macau passa a dispor da figura do Governador, a partir de 1623, cabia ao Leal Senado comunicar com Goa. “O Leal

“A grande diferença entre o IACM e o IAM é a possibilidade de ter dois representantes escolhidos pelos conselhos consultivo e de administração para a nomeação do Chefe do Executivo.” JOÃO FARIA ACADÉMICO

Senado foi sempre a entidade que se interpôs [nesta ligação com Goa], contrariamente às restantes câmaras municipais, que não tinham o mesmo poder. É o Leal Senado que, nesta altura, quer uma independência para Macau [face a Goa]”, frisou João Faria.

Luta contínua

O Leal Senado ficou praticamente imune às reformas do Marquês de Pombal, já no século XVIII, pois “as providências régias de 1783 tiveram impacto para a redução dos poderes do Senado, apesar de nunca lograrem ser plenamente aplicadas”. Por sua vez, no período reformista do Governador Ferreira do Amaral, entre os anos de 1846 e 1849, data do assassinato do governante, o Leal Senado chegou a ter vereadores que contestavam muitas das medidas do Executivo. Neste período, as recomendações de Lisboa apontavam para a necessidade de instauração “de uma nova forma de soberania em Macau introduzindo-se profundas refor-

Em termos históricos, o Leal Senado era “uma câmara municipal atípica, com imenso poder político”, sendo que, após 1999, Macau passou a ter “um órgão municipal atípico, mas apolítico” JOÃO FARIA ACADÉMICO

mas político-administrativas”. Em 1849, Ferreira do Amaral dissolveu o Leal Senado e nomeou uma comissão municipal, que esteve sob alçada do Governador durante dois anos. No trabalho, lê-se que «na década 1850 o Leal Senado passou a ser composto por membros que contestaram a política do governador Ferreira do Amaral”, o que é sinónimo de que, após a sua morte, o organismo continuou “a não pretender remeter-se a meras funções municipais”. Na transição para o Liberalismo, o Leal Senado conseguiu “permanecer enquanto verdadeira âncora política e salvaguarda da autonomia da liberdade de Macau”, pois dois decretos-leis implementados em Portugal após a contra-revolta de 1823 não terão “produzido efeitos práticos significativos no sentido de tentar equiparar o Leal Senado a uma câmara municipal de matriz tipicamente portuguesa”. Na tese, refere-se que houve “esforços da elite local”, representada no organismo, para manter a génese mais autónoma do Leal Senado. Esta elite “sempre soube opor-se contra as alterações que colidissem com os seus próprios interesses, quer nos seus negócios quer na relação com as autoridades chinesas”. Acima de tudo, ao longo da sua história, o Leal Senado foi também palco de diversas batalhas políticas, fruto de múltiplos interesses. “Durante séculos existiu uma grande interferência entre o Governador e o Leal Senado. Na história de Macau há sempre duas batalhas políticas entre o Leal Senado e governadores. Durante grande parte da vivência do Leal Senado há batalhas políticas”, concluiu, ao HM, o autor. Andreia Sofia Silva


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MÁSCARAS IAS EXIGE USO EM LARES E CENTROS DE REABILITAÇÃO

Quem não vê caras Visitantes e trabalhadores de lares de idosos e centros de reabilitação e desintoxicação têm de usar máscaras cirúrgicas ou de padrão superior. Quem testar positivo à covid-19 ou apresentar sintomas como febre, dores musculares, tosse, entre outros, não pode entrar nestes locais

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S máscaras e a proibição de entrada em locais específicos voltaram à ordem do dia. No sábado, o Instituto de Acção Social (IAS) anunciou que passaria a ser obrigatório o uso de máscara em lares de idosos e centros de reabilitação e desintoxicação. A medida entrou imediatamente em vigor e não tem data para terminar. “É necessário que os visitantes e os trabalhadores que entrem e que permaneçam nos lares, usar, a todo o tempo, máscaras cirúrgicas ou máscaras de padrão superior, permitindo apenas a sua remoção temporária quando comerem ou em outras situações necessárias”, indicou o IAS. Voltando a incidir nos mesmos locais, o Governo acrescenta que não será permitida a entrada a visitantes com “sintomas sistémicos incluindo febre, fadiga, dores musculares ou sintomas respiratórios, tais como, dores de garganta, congestão nasal,

os sintomas descritos “têm de consultar atempadamente o médico e, durante o período em que testarem positivo no teste rápido de antigénio para a covid-19, não devem voltar ao lar”.

Época alta

As medidas anunciadas pelo IAS foram tomadas “após a consulta de opinião junto dos Serviços de Saúde”, “considerando que o Inverno e a Primavera de todos os anos são estações de alta incidência de doença infecciosa respiratória em Macau”.

As medidas foram tomadas “após a consulta de opinião junto dos Serviços de Saúde”, “considerando que o Inverno e a Primavera de todos os anos são estações de alta incidência de doença infecciosa respiratória em Macau”

corrimento nasal e tosse”. A entrada também será proibida a visitantes “durante o período em que testarem

positivo no teste rápido de antigénio para covid-19”. Os trabalhadores de lares de idosos e centros de rea-

bilitação e desintoxicação também ficam obrigados a cumprir requisitos idênticos. Quando apresentaram

PROFESSORES FAOM PEDE AUMENTO DE SALÁRIOS S deputados dos Operários, Ella Lei, Leong Sun Iok, Lam Lon Wai e Lei Chan U, pediram ao Governo garantias de que os direitos dos professores do ensino não-superior serão assegurados. As reivindicações dos legisladores da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) passam pelo aumento salarial dos docentes e a garantia de que gozam de um período de descanso

razoável, tendo em conta as actividades extra-curriculares e a preparação de aulas fora do horário de trabalho. Além disso, os deputados esperam que o Governo volte a atribuir subsídios, que foram cancelados nos últimos anos, de forma a incentivar a participação das escolas da RAEM em competições e eventos no exterior. A criação de equipas de supervisão do uso de fundos educativos nas escolas foi outro tema abordado pelos representantes da FAOM, que encaram a tarefa como mais uma forma de sobrecarregar os professores com trabalhos administrativos. Como tal, o grupo parlamentar dos Operários solicitou ao Governo a eliminação dos procedimentos administrativos das tarefas dos docentes, libertando-os para o ensino.

O IAS defende que as medidas implementadas, além de protegerem a saúde dos grupos de risco, permitem “uma melhor organização das actividades festivas para o Solstício de Inverno, o Natal, o Ano Novo, etc, de maneira a permitir que os utentes dos lares e os respectivos membros de famílias possam reunir-se”. João Luz

Ambiente Lei Chan U quer combate ao ozono

Apesar de nos últimos anos a concentração dos principais poluentes atmosféricos ter diminuído, o deputado Lei Chan U pediu explicações ao Governo sobre o índice de concentração de ozono, que regista uma trajectória inversa. Numa interpelação escrita, divulgada no sábado, o deputado perguntou se o Governo está activamente a estudar as razões para a subida das concentrações de ozono, e se existem planos para controlar a situação. Lei Chan U argumentou que as medidas de controlo de compostos orgânicos voláteis constituem um instrumento viável para restringir o ozono na atmosfera e perguntou se vão ser instalados mais postos de medição da poluição atmosférica. O deputado dos Operários pediu também ao Governo para pressionar o sector dos transportes de pesados de mercadorias para melhorar a frota de camiões e diminuir a emissão de gases poluentes. Lei Chan U lembrou que apenas 57,1 por cento dos camiões a gasóleo passaram nas inspecções de emissões de gases de escape poluentes no segundo trimestre deste ano.

Casas para idosos Mais de 1.275 candidaturas

Entre 6 de Novembro e a passada quinta-feira, o Instituto de Acção Social (IAS) recebeu mais de 1.275 pedidos de candidatura aos 759 apartamentos da Residência do Governo para Idosos. Em comunicado, divulgado na sexta-feira, o IAS refere que “o número de candidatos tem vindo a aumentar” e sublinhou que os estes serão ordenados em função da classificação obtida, independentemente da ordem de apresentação das candidaturas. Os interessados podem entregar até ao dia 31 de Dezembro a candidatura online através do “Sistema eletrónico de candidatura à Residência do Governo para Idosos”. Para a entrega de candidaturas em papel, o prazo termina no dia 29 de Dezembro.

ASTRONOMIA APELO AO ORGULHO NACIONAL

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MA delegação de engenharia aeroespacial tripulada da China visitou Macau durante o fim-de-semana, participando numa série de encontros oficiais, onde se destaca a conferência sobre as missões espaciais tripuladas, que se realizou no sábado no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

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Na conferência, a Delegação partilhou, com mais de 400 participantes, nomeadamente, representantes do sector educativo e do sector da ciência e da tecnologia e estudantes dos ensinos secundário e superior de Macau, “experiências e sentimentos sobre as missões espaciais e a vida no espaço”. O comandante da tripulação da Shenzhou-14, Chen Dong encorajou os “estudantes de Macau a esforçarem-se e perseverarem os seus sonhos, de modo a poderem contribuir para o sonho da China, sentindo orgulho pela pátria, para a pátria ter orgulho neles”. No fim do evento, o chefe da delegação e subdirector do Gabinete de Engenharia Aeroespacial Tripulada da China, Lin Xiqiang e quatro astronautas responderam a perguntas de estudantes sobre o desenvolvimento espacial e da ciência e tecnologia da China.


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M Novembro, o volume diário de passageiros nos autocarros aproximou-se de 580 mil, de acordo com a informação do chefe do Departamento de Gestão de Tráfego da Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Chang Cheong Hin, prestada durante o programa Fórum Macau do canal em língua chinesa da Rádio Macau. Segundo o responsável, a média diária de passageiros representa 90 cento dos passageiros transportados antes pré-pandemia, ou seja, no ano de 2019. O aumento do número de passageiros transportados tem levado também a um crescimento de queixas de cidadãos, devido ao facto dos autocarros estarem frequentemente cheios, não havendo em mui-

tos casos possibilidade de viajar sentado. Estas queixas foram inclusive reflectidas pela deputada Wong Kit Cheng, no debate mais recente sobre as Linhas de Acção Governativa. No entanto, Chang Cheong Hin justificou que as autoridades vão acompanhar a situação em tempo real e que têm meios de recolha de informação a partir dos sistemas instalados nos autocarros, como a máquina para validar tarifas ou sistemas de GPS. Por sua vez, Lei Veng Hong, subdirector da DSAT, destacou que na primeira metade do ano o tempo de espera por autocarros diminuiu em cerca de cinco minutos, uma redução de 20 por cento face a 2021, quando entraram em vigor os actuais contratos com as operadoras.

Metro Ligeiro Carruagens mais vazias durante o mês de Novembro

O número de passageiros transportados pelo Metro Ligeiro no mês passado sofreu uma quebra para 6.500 passageiros por dia, de acordo com as estatísticas mais recentes publicadas pela Sociedade do Metro Ligeiro de Macau. Segundo os dados divulgados, em Novembro viajaram no Metro Ligeiro cerca de 195,5 mil pessoas, total que representa uma redução de 15.300 passageiros em comparação com Outubro. No décimo mês do ano tinham viajado no Metro Ligeiro 218.000 passageiros, uma média de 6.800 passageiros por dia. Agosto foi o mês mais ocupado, altura em que viajaram 9.150 pessoas por dia, num total de 283,7 mil passageiros.

Automóveis Nova lei de registo entra em vigor em Fevereiro

A partir de Fevereiro, o registo de novos automóveis poderá ser feito totalmente de forma electrónica, de acordo com a deputada Ella Lei, presidente da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a discutir a nova lei do regime do registo de automóveis. Actualmente, os residentes precisam ir à Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego tratar das formalidades. Também o registo da transferência de propriedade de veículos poderá ser feito através da plataforma online Conta Única. Segundo Ella Lei, a principal preocupação dos deputados com o processo passa pela possibilidade de abrir caminho a burlas. Motivo que levou os deputados a sugerirem ao Executivo campanhas de promoção a explicar aos residentes os novos procedimentos.

NOVO BAIRRO DE MACAU EXCLUSIVIDADE DE AGÊNCIAS ALVO DE CRÍTICAS

O grupo dos cinco O facto de apenas cinco agências imobiliárias estarem autorizadas a vender fracções no Novo Bairro de Macau está a gerar críticas no sector

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DSAT AUTOCARROS COM 580 MIL PASSAGEIROS POR DIA

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sector do imobiliário está em alvoroço com a situação das vendas de apartamentos no Novo Bairro de Macau, na Ilha da Montanha. Em causa está o facto de a empresa Macau Renovação Urbana, controlada pelo Governo da RAEM, apenas ter autorizado cinco agências imobiliárias a actuar como intermediárias nas vendas. Segundo um artigo publicado na sexta-feira no Jornal do Cidadão, vários agentes imobiliários mostraram-se desagradados com a medida, por não compreenderem que apenas cinco empresas possam actuar como intermediárias num projecto que foi construído com “o dinheiro de todos os residentes”. Além disso, o artigo aponta que houve um claro favorecimento das grandes imobiliárias, o que contraria o discurso oficial do Governo de defesa do funcionamento do mercado livre. Neste cenário, as agências mais pequenas ainda podem assumir um papel nas vendas das fracções. No entanto, no final, precisam sempre de pagar às “cinco protegidas” do Governo, que são as únicas autorizadas a concluir os negócios. De acordo com as explicações apontadas no artigo da publicação em língua chinesa, se um subagente imobiliário concluir a venda de uma fracção tem direito a uma comissão de 1 por cento. Por exemplo, numa venda de 3 milhões de renminbis, o agente ficaria com 30 mil renminbis. No entanto, sobre os 30 mil renminbis ainda precisa pagar

um imposto de 10 por cento, para as autoridades do Interior, e depois a comissão a uma das cinco imobiliárias, mesmo que esta não tenha qualquer intervenção no processo. O agente que concluiu a venda acaba assim a operação com 13.500 renminbis, 0,45 por cento do preço da casa.

Pouca transparência e apetite

Quanto à popularidade do projecto, apesar das filas no primeiro dia das compras, os agentes contaram ao Jornal do Cidadão que o interesse no projecto é “mediano”, mesmo que as cinco escolhidas estejam a fazer tudo através de uma promoção agressiva.

De acordo com as explicações apresentadas, neste momento também há muita falta de informação sobre o projecto. Apesar de haver algumas casas que pode ser atractivas, não se sabe quando vão estar disponíveis para serem habitadas, dado que nem

Os agentes imobiliários não compreendem que só cinco empresas possam actuar como intermediárias num projecto pago com “o dinheiro de todos os residentes”

todas estão prontas. A falta de informação tem assim impacto negativo nas vendas. Por outro lado, as opiniões ouvidas pelo jornal também indicaram que os preços em Macau, desde a pandemia, ficaram mais baratos, pelo que a Ilha da Montanha, que implica uma deslocação maior e a passagem da fronteira diária, para quem vive na RAEM, não é encarada como uma solução conveniente. Face a todas estas condicionantes, o sector acredita que o Governo deve lançar medidas de apoio para facilitar as vendas das casas no Novo Bairro de Macau, e tratar o sector como igual, não escolhendo empresas favoritas. João Santos Filipe


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lor, uma vez que nessa altura cada acção valia 35,150 HKD.

AP PHOTO/KIN CHEUNG

JOGO RECEITAS DESACELERAM APÓS RECORDE PÓS-PANDEMIA

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O top final

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S receitas do jogo em Macau caíram 17,7 por cento em Novembro, em comparação com Outubro, mês em que atingiram o valor mais alto desde o início da pandemia de covid-19, segundo dados divulgados na sexta-feira. De acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos arrecadaram 16 mil milhões de patacas no mês passado. Em Outubro, as receitas do jogo tinham atingido 19,5 mil milhões de patacas, fixando um recorde pós-pandemia de covid-19, graças à chamada Semana Dourada do 1.º de Outubro, quando se assinala o aniversário da implementação da República Popular da China, um dos picos turísticos da China. Ainda assim, as receitas da indústria do jogo foram em Novembro mais de cinco vezes superiores ao registado no mesmo mês do ano passado (menos de três mil milhões de patacas). Apesar da recuperação em termos anuais, o valor que os casinos de Macau arrecadaram em Novembro representa apenas 70,1 por cento do montante contabilizado em igual período de 2019 (22,9 mil milhões de patacas), antes do início da pandemia. Entre Janeiro e Novembro, as receitas do jogo em Macau mais que quadruplicaram em comparação com igual período de 2022, atingindo 164,5 mil milhões de patacas, valor que ultrapassou o previsto no orçamento de Macau para 2023, que era de 130 mil milhões de patacas. De acordo com a DICJ, a receita acumulada nos primeiros onze meses do ano representa 61 por cento do montante registado no mesmo período de 2019.

JOGO RECUPERAÇÃO LONGE DE CONVENCER INVESTIDORES

Acção e reacção

A confiança do início do ano, com o fim das restrições de controlo da pandemia, foi sol de pouca dura e as acções das concessionárias têm vindo a perder valor. Longe está 2014, quando a capitalização em bolsa de algumas das operadoras era mais do dobro da actual

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PESAR das receitas do jogo estarem a recuperar e a crescer gradualmente, os investidores estão longe da confiança no mercado de Macau demonstrada noutros tempos. Esta é uma das conclusões que se podem tirar com base no valor das acções das empresas ligadas às concessionárias de jogo que estão presentes na Bolsa de Hong Kong. Actualmente, a concessionária mais valiosa, segundo o preço por acção, é a Galaxy, cujos títulos eram transaccionados na sexta-feira por 41,350 dólares de Hong Kong (HKD) por acção. Este é um valor abaixo tendo em conta os 53,392 HKD que os títulos valiam no início do ano, o que significa uma quebra de 22,6 por cento. A queda é mais significativa se comparada com o dia 20 de Abril, quando a empresa atingiu o ponto máximo na bolsa ao longo deste ano, ao chegar à fasquia dos 58,074

HKD por acção. O montante não deixa de estar longe do melhor registo de sempre da empresa, que a 1 de Dezembro de 2014 era avaliada em 83,200 HKD por acção. A segunda concessionária mais valiosa é a Sands China, mas também a empresa com origem nos Estados Unidos está a perder valor desde o início do ano. Na sexta-feira, à hora do encerramento, o valor por acção era de 19,580 HKD. Em comparação com o início do ano, quando as acções eram transaccionadas a 26,900 HKD, houve uma quebra de mais de 5 HKD, o que significa 27,2 por cento. Face ao melhor registo do ano, 28 de Junho, quando as acções valiam 30,800 HKD por

acção, houve a perda de quase um terço do valor. Também no caso da Sands China o pico foi atingido a 1 de Dezembro de 2014, quando as acções estavam avaliadas em 64,950 HKD. Por sua vez, as acções da MGM China registam actualmente um valor de 8,670 HKD por acção. Também neste caso tem havido uma desvalorização, uma vez que no início do ano os títulos eram transaccionados a 9,740 dólares de HKD. O ano não começou mal para a empesa, que chegou a valorizar para 10,880 HKD por acção, a 10 de Janeiro. Porém, desde então tem estado em queda. Em comparação com Dezembro de 2014, a empresa perdeu mais de 60 por cento do va-

Actualmente, a concessionária mais valiosa, segundo o preço por acção, é a Galaxy, cujos títulos eram transaccionados na sexta-feira por 41,350 dólares de Hong Kong por acção

Nenhuma das concessionárias de jogo a operar em Macau tem valorizado ao longo do ano. A registar uma tendência negativa está também a Melco Internacional Development, ligada a Lawrence Ho e aos casinos City of Dreams e Studio City. No início do ano, a concessionária do filho de Stanley Ho estava avaliada em 8.870 HKD por acção. Uns dias depois, a 10 de Janeiro, a valorização atingia os 11,000 HKD por acção, porém, a partir desse valor entrou numa espiral descendente. Face a esta tendência, na sexta-feira as transacções eram negociadas a 5,190 HKD, uma redução de 41,5 por cento. O pico da valorização bolsita, as acções da Melco atingiram em Dezembro de 2014 os 31,400 HKD. No que diz respeito à empresa Wynn Macau, a desvalorização é semelhante à registada pela Melco. No início do ano, as acções valiam 9,240 HKD e subiram para 9,980 a 10 de Janeiro. Contudo, este valor não voltou a ser repetido e na sexta-feira o valor era de 5,700 HKD, o que representou uma quebra de 38,3 por cento. Neste caso o recorde da valorização foi registado a 23 de Fevereiro de 2014, com uma valorização de 37,400 HKD por acção. Por último, a SJM Holdings está avaliada em 2,290 HKD por acção, uma diferença de mais de 2 HKD face a 10 de Janeiro quando atingiu 4,990 HKD, o que significa um tombo de 52 por cento. No início do ano, a SJM estava avaliada em 4,770 HKD, ainda assim longe dos 26,400 HKD, o máximo atingido, a 13 de Outubro de 2013.

Tendência geral

A desvalorização das acções não é caso isolado no mercado de Hong Kong, de acordo com o índice de referência o Hang Seng. No início do ano, o índice era avaliado em 20.145,29 pontos, contudo, na sexta-feira estava nos 16.830,30 pontos, uma desvalorização de 16,5 por cento por cento. O pico da valorização do Hang Seng foi atingido a 21 de Janeiro de 2018, quando atingiu os 32.254,90 pontos. Porém, desde essa altura tem vindo a desvalorizar e o pior momento desde a crise financeira foi atingido a 23 de Outubro de 2022, em plena altura da política de zero casos de covid-19 no Interior da China e nas regiões administrativas especiais, quando chegou aos 14.863,06 pontos. João Santos Filipe


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SNOOKER O’SULLIVAN AMEAÇA DEIXAR CIRCUITO MUNDIAL

` As três tabelas

Entre as 40 candidaturas apresentadas ao concurso público para a atribuição de licenças de táxis, 19 foram rejeitadas. As empresas cujas candidaturas foram negadas podem até à próxima quinta-feira reclamar da decisão. Segundo indicou o canal Macau da TDM, as autoridades já receberam alguns pedidos de recurso. O subdirector dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Lei Veng Hong, garantiu que todos os processos alvo de recurso hierárquico vão ser tratados de acordo com a lei e que entre as propostas chumbadas as autoridades verificaram diferentes problemas, como a ordem inadequada dos documentos submetidos.

Campeão insatisfeito

RICHARD SELLERS/PA WIRE

Táxis Quase metade das propostas a concurso foram rejeitadas

A dias de mostrar o seu snooker em Macau, Ronnie O’Sullivan admite deixar o circuito mundial, por se sentir maltratado pela entidade organizadora e querer mais dinheiro. Em causa está a polémica com um torneio de exibição no Hotel Studio City, que estava agendado para Outubro e foi adiado para este mês

Óbito Corpo de homem encontrado em casa

A Polícia Judiciária anunciou ter encontrado o corpo de um homem morto em casa, depois de ter sido alertada pelos vizinhos. A descoberta foi feita na quarta-feira, pelas 16h53, mas apenas anunciada na sexta-feira. Segundo o relato das autoridades, as suspeitas para a ocorrência surgiram depois de os vizinhos se terem queixado do cheiro intenso. Quando o Corpo de Bombeiros abriu a porta da casa, deparou-se com o corpo do homem, que se suspeita que estivesse morte “há muito tempo”. O cadáver do residente não apresentava sinais de luta ou agressões que indiciem a prática de um crime, e também não foi encontrada qualquer carta de suicídio. As autoridades vão continuar a investigar o caso.

Drogas PJ apreende cocaína no valor de 7,6 milhões de patacas

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou uma apreensão de mais de 2,3 quilos de cocaína, transportados através do aeroporto de Macau dentro de dois peluches. A apreensão foi feita na quarta-feira e os estupefacientes foram avaliados pela polícia em 7,6 milhões de patacas. Da operação resultou ainda a detenção de uma mulher marroquina com 32 anos de idade. Segundo as explicações das autoridades, a mulher chegou a Macau vinda de Singapura, e o território não era o destino final da droga, que seria enviada para outros locais que não foram revelados. A mulher terá negado a prática dos factos, e afirmado que tinha viajado sem saber que transportava droga e que os dois peluches lhe terem sido oferecidos pelo namorado. Na conferência de imprensa, as autoridades prometeram continuar a investigar o caso e levar à justiça outros cúmplices.

prir os respectivos contratos, por participarem numa prova que não tinha o seu aval. A controvérsia abalou o mundo do snooker, principalmente devido ao montante pago aos principais jogadores, que conseguem fazer mais dinheiro nos torneios de exibição na China. Todavia, apesar da tensão entre os jogadores e a organizadora, a competição acabou por ser adiada para o período entre 22 e 24 de Dezembro, para evitar a coincidência com o Open da Irlanda do Norte. Além disso, os atletas receberam autorização da WST para estarem presentes em Macau, no evento que decorre brevemente no Hotel Studio City.

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entidade organizadora do circuito mundial de snooker, a World Snooker Tour (WST), pediu a Ronnie O’Sullivan para considerar o seu futuro na modalidade, e o inglês está a ponderar deixar o mundial. A revelação foi feita pela BBC, e a polémica está relacionada com o facto de o heptacampeão mundial ter admitido que prefere jogar na China, nos torneios de exibição, do que participar nas rondas do mundial, como o Open da Irlanda do Norte.

A questão prende-se com os acontecimentos de Outubro, quando a concessionária de jogo Melco organizou para as datas de 27 a 29 um torneio de exibição de snooker. No evento estava a prevista a participação de nomes do topo mundial do snooker, como Luca Brecel, John Higgins, Mark Selby, Thepchaiya Un-Nooh e Ali Carter. Face à decisão dos jogadores, a WST ameaçou avançar para os tribunais, com a justificação de que os atletas estavam a incum-

“Quando vou à China, pagam-me 10 ou 15 vezes mais do que me pagam quando jogo no circuito mundial. Nesta fase da minha carreira, tenho de pensar no que é melhor para a minha família.” RONNIE O’SULLIVAN JOGADOR DE SNOOKER

Quem não ficou nada satisfeito com a conduta da WST foi o heptacampeão Ronnie O’Sullivan, a maior figura do circuito mundial. O inglês não fazia parte dos jogadores presentes no evento da Melco, mas há vários meses que confirmou a presença noutro torneio de exibição em Macau, que vai decorrer no Hotel Wynn Palace, entre 25 e 29 de Dezembro. O’Sullivan explicou que a participação em torneios de exibição na China é muito mais lucrativa e que os jogadores são mais respeitados na Ásia do que noutros lugares, como o Reino Unido. “Quando vou à China, pagam-me 10 ou 15 vezes mais do que me pagam quando jogo no circuito mundial. Nesta fase da minha carreira, tenho de pensar no que é melhor para a minha família. E quero que eles tenham uma vida confortável”, argumentou Ronnie O’Sullivan. “Quando temos de partilhar a fatia do bolo [dinheiro] com mais 130 jogadores que fazem parte do circuito mundial é mais difícil”, acrescentou. O jogador também afirmou que a posição da organizadora é lamentável e que apenas estão a tentar “assustar” os atletas. As declarações de Ronnie O’Sullivan fizeram com que esteja sob a alçada disciplinar da organizadora. Além disso, o jogador recebeu uma carta a pedir-lhe para pensar seriamente no seu futuro no mundial. Face a este desenvolvimento, o inglês admitiu à BBC Sport deixar o circuito mundial, para fazer mais dinheiro ao inscrever-se em torneios de exibição, mesmo sem o aval da WST. O’Sullivan queixou-se igualmente de ao longo dos anos nunca ter recebido qualquer carta a reconhecer o seu contributo para a modalidade, mas agora ter sido prontamente advertido. João Santos Filipe


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VIA do MEIO

4.12.2023 segunda-feira


VIA do MEIO

(Continuação da edição anterior) CHU SUILIANG 褚遂良 (596–658 ou 659), que serviu nos reinados dos imperadores Taizong e Gaozong, foi o autor da caligrafia que se encontra em duas estelas no Pagode do Ganso Selvagem em Xi’an, o 聖教序shengjiao xu, Prefácio às escrituras budistas, composto pelo imperador Taizong, ele próprio um excelente calígrafo. Os traços dos caracteres de Chu Suiliang parecem delgados, mas percebe-se depois que encerram poder e elasticidade. Exibem vestígios tanto da caligrafia corrente como da caligrafia oficial, o que empresta à obra vivacidade e dinamismo. Ouyang Xun 歐陽詢 (557-641) foi um calígrafo imperial que se destacou na caligrafia regular. Através da introdução de variações constantes e subtis nos caracteres impedia a caligrafia de se tornar monótona. Das muitas estelas com caligrafia sua, uma das mais conhecidas é 般若波 羅蜜多心經o Sutra do Coração Prajnaparamita (Fig. 20) que se caracteriza por uma majestosa regularidade. Outra obra notável é仲尼夢奠帖zhong ni meng dian tie, Em memória de Zhong Nimeng, que consiste em setenta e oito caracteres em nove linhas. É por muitos considerada como a melhor peça de caligrafia regular da China. Apresenta grandes semelhanças com o Prefácio aos poemas compostos no Pavilhão das Orquídeas de Wang Xizhi, mas com inovações próprias. Zhang Xu 張旭 (ca. 658–747) era um oficial da corte imperial que se entregava ao consumo excessivo de álcool. Era natural de Suzhou, na actual província de Jiangsu. Foi exímio na escrita cursiva. Ele próprio afirmou que construiu o seu estilo a partir do espectáculo de um afamado executante de dança com espadas. Era um estilo infrene que desafiava as convenções. Zhang Xu acreditava que o álcool fazia surgir todo o seu génio e tinha o costume de se embriagar antes de caligrafar uma peça, torcendo e girando o pincel com uma velocidade frenética, a gritar e a rir. Por vezes, chegava a mergulhar o seu próprio cabelo na tinta e usá-lo como pincel para caligrafar nas paredes de sua casa. Ligava os caracteres uns aos outros através de linhas contínuas e fazendo-os variar grandemente em tamanho (Fig. 21). Devido à natureza desenfreada desta caligrafia, ficou conhecida como狂草kuangcao, cursiva louca, e tornou-se muito influente em meados da dinastia Tang. É de notar que a qualidade das obras de Zhang Xu decrescia quando se encontrava sóbrio. Zhang Xu ficou conhecido como um dos飲中八仙 yinzhong baxian, “oito imortais da taça de vinho” e como 草聖caosheng, “o sábio da cursiva”. Huai Su 懷素 (ca.725–ca.785) apaixonou-se em tenra idade pela caligrafia mas, como a sua família era pobre, não podia adquirir os materiais necessários para a praticar. Resolveu então plantar palmeiras na sua cidade natal de modo a poder praticar sobre as folhas. Quando aos dez anos se tornou monge budista, continuou a praticar entre leituras de su-

A arte chinesa da caligrafia Cláudia Ribeiro

Fig. 20. Decalque de versão posterior do 般若 波羅蜜多心經o Sutra do Coração Prajnaparamita por Ouyang Xun 歐陽詢 (557-641).

Fig. 21. A caligrafia cursiva de Zhang Xu 張旭.

tras e sessões de oração e meditação. Ao invés da maioria dos calígrafos chineses nunca foi funcionário do governo. À semelhança de Zhang Su, abraçou o álcool como parte integrante do seu processo criativo e, tal como ele, destacou-se na caligrafia cursiva louca, tendo alcançado a fama aos trinta anos. Quando estava ébrio, escrevia por vezes sobre a veste ou nas paredes do templo ou em qualquer outra coisa que estivesse à mão. Embora Huai Su se baseasse no estilo de Zhang Xu, foi capaz de criar o seu próprio estilo. Tal como o pincel de Zhang Xu, o pincel de Huai Su girava e dançava, criando contrastes entre traços leves e pesados. Mas os seus caracteres diferiam dos de Zhang Xu por se disporem, com diferentes tamanhos, numa agradável desordem e pelas linhas graciosas dos traços, o todo conferindo uma impressão de dignidade e harmonia (Fig. 22). Costumava usar um pincel fino para escrever caracteres grandes e os seus traços, arredondados e arrojados, são muito mais finos do que os de Zhang Xu. E, quando a levantava do papel, a ponta do pincel deixava um

rasto determinado na folha, através de um gancho peculiar. O seu estilo único de caligrafia ficou por isso conhecido como “traços de aço e ganchos de prata”. Como Zhang Xu demonstra controlo na liberdade e moderação no excesso considera-se que atingiu o zénite na caligrafia cursiva. Entre as obras de escrita cursiva mais aplaudidas de Huai Su conta-se a sua autobiografia. Consiste em 698 grandes caracteres em cursiva louca distribuídos por 126 linhas traçados com um pincel fino, o todo destilando uma paradoxal impressão de regularidade porque há uma força contínua que permeia toda a peça. Esta obra representa de forma magistral o exercício da liberdade com controle. Zhang Xu e Huai Su, os dois maiores calígrafos da cursiva da dinastia Tang, são conhecidos popularmente como 顛 張醉素dian Zhang zui Su, “o Zhang maluco e o Su bêbado” ou 張顛狂僧 Zhang dian kuang seng, “o Zhang maluco e o monge louco”. As obras de ambos tiveram grande influência nos calígrafos posteriores, como Yan Zhenqing, e, mui-

Fig. 22. Catorze caracteres em caligrafia cursiva por Huai Su 懷素.

Fig. 23. Pormenor da 顏勤禮碑Yan qinli bei, Estela de Yan qinli, de Yan Zhenqing顏眞卿.

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to mais tarde, no século XX, o presidente Mao Zedong. Para além de Wang Xizhi, o nome mais augusto da história da caligrafia chinesa é Yan Zhenqing 顏眞卿 (709–785). Yan Zhenqing foi um estadista que se especializou tanto na caligrafia regular como na caligrafia cursiva. Elevou esta arte a um novo patamar ao criar o estilo que tem o seu nome, 顏體Yanti, o estilo Yan. O estilo Yan é de formato quadrado, equilibrado e firme, com algo de majestoso e caracteriza-se pela força e pela ousadia, pela variabilidade de traços e por uma impressão de poder impressionante. O desenvolvimento do seu estilo pessoal pode ser dividido em três fases: anterior aos cinquenta e cinco anos, anterior aos sessenta e cinco e anterior à sua morte aos setenta e seis. Na primeira fase aprendeu caligrafia com os grandes mestres Zhang Xu e Chu Suiliang. As suas obras mais conhecidas são 多寶塔碑duobao tabei, Estela do Pagode Duobao, e 祭 姪文稿ji ji wengao, Rascunho para uma elegia ao meu sobrinho, caligrafada no ano de 758. Ao contrário do Prefácio aos poemas compostos no Pavilhão das Orquídeas, fruto de uma ocasião feliz, esta obra de Yan Zhenqing teve origem numa tragédia comovente. O seu sobrinho Yan Jiming e o pai combateram contra um exército rebelde durante a rebelião An Lushan-Shi Siming nos anos de Tianbao na dinastia Tang. Mas foram ambos derrotados e mortos. Quando lhe levaram a cabeça do sobrinho, Yan Zhenqing, desgostoso, compôs vinte e cinco versos num total de 234 caracteres. Nos primeiros doze versos foi capaz de exercer sobre si um certo controlo, mas os demais exprimem o seu grande pesar e o pincel varia em movimento e abre espaços irregulares entre caracteres e versos, de tal maneira que a sua dor se pode ver. E é essa a grande beleza desta obra. Não há peça que revele melhor a caligrafia enquanto meditação sobre a vida. A segunda fase de Yan Zhenqing foi a da maturidade, quando passou a manejar o pincel com mais força, maior rectidão e controle e o seu estilo se acabou de formar por completo. A última fase foi o culminar da sua realização quando consolidou o estilo e caligrafou outra obra-prima, 顏勤禮碑 Yan qinli bei, Estela de Yan Qinli (Fig.23). Nesta estela encontra-se uma inscrição que Yan Zhenqing executou aos setenta e um anos de idade em homenagem ao seu bisavô, Yan Qinli. A estela foi erguida por volta do ano de 779. Encontra-se actualmente em exposição permanente no Museu Beilin da cidade de Xi’an, no Shaanxi. É a estela mais bem preservada de Yan Zhenqing. Quando foi desenterrada em 1922 encontrava-se partida ao meio, mas sem que os caracteres tivessem sido danificados. Exibe quarenta e quatro linhas nos quatro lados, num total de 1.667 caracteres. (Continua)


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XINHUA/LIU BIN

ALFÂNDEGA NOVAS TAXAS SOBRE VINHO AUSTRALIANO

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IMPRENSA XINHUA ASSINA ACORDOS COM MEDIA E INSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS

Letras de cooperação

A cerimónia de assinatura de vários acordos de colaboração entre a agência estatal chinesa e representantes da comunicação social de países como a Rússia e a Argentina teve lugar sábado em Guangzhou

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Xinhua assinou sábado acordos com meios de comunicação e instituições de outros países para aprofundar a cooperação em áreas como trocas de notícias, intercâmbios de pessoal e visitas, bem como o desenvolvimento integrado da media, informou a agência estatal de notícias chinesa. A cerimónia de assinatura foi realizada em Guangzhou, Província de Guangdong, no sul da China, durante a 5.ª Cimeira Mundial de Media (CMM), que acontece até 8 de Dezembro. O evento contou com a presença de Fu Hua, presidente da Xinhua, e representantes de organizações de comunicação social e departamentos governamentais da Argentina, Filipinas, Rússia, Burundi e Barbados. Representantes da imprensa disseram que estão dispostos a aproveitar esta oportunidade para fortalecer o intercâmbio, a aprendizagem mútua e a cooperação prática com a Xinhua e outros meios de comunicação chineses. Os

intervenientes afirmaram que isso lhes permitirá obter uma compreensão mais profunda e abrangente sobre a China e contribuir para aumentar a conectividade de pessoal entre vários países e promover a paz e o desenvolvimento mundiais. Maria Bernarda Llorente, presidente da Telam na Argentina, saudou o grande significado do acordo assinado com a Xinhua, dizendo que uma colaboração mais forte de media entre os dois países é propícia para aumentar a confiança mútua e os laços entre os dois povos. Luis Ausan Morente, chefe da Agência de Notícias das Filipinas, expressou sua esperança de que a Agência de Notícias das Filipinas e a Xinhua realizem mais intercâmbios de pessoal e visitas para reforçar a comunicação e a cooperação. Já Andrey Pershin, vice-director-geral da Rossiyskaya Gazeta na Rússia, disse que o acordo assinado com a Xinhua abriu novas perspectivas de colaboração,

acrescentando que os leitores russos têm um grande interesse em notícias sobre política, cultura, desporto e ciência e tecnologia da China. Louis Kamwenubusa, director-geral de Publicações de Imprensa do Burundi, afirmou que a cimeira cria oportunidades para veículos de imprensa de vários países realizarem intercâmbios, e que esses intercâmbios devem

Representantes da imprensa disseram que estão dispostos a aproveitar esta oportunidade para fortalecer o intercâmbio, a aprendizagem mútua e a cooperação prática com a Xinhua e outros meios de comunicação chineses

promover o desenvolvimento global da mídia. Tyson Anthony Henry, director de informações do Serviço de Informação do Governo de Barbados, expressou a esperança de que os dois países aproveitem a cimeira como uma oportunidade para promover intercâmbios de pessoal e tecnologia.

Confiança global

Até o momento, a Xinhua assinou acordos de cooperação com mais de 3.600 instituições em todo o mundo, incluindo meios de comunicação, departamentos governamentais e instituições de ensino superior. Com o tema “Elevando a confiança global, promovendo o desenvolvimento da media”, a 5ª CMM reuniu mais de 450 participantes de 101 países e regiões, incluindo representantes de 197 meios de comunicação tradicionais, think tanks, agências governamentais, missões diplomáticas na China, bem como agências da ONU e organizações internacionais.

ministério do Comércio da China vai começar “imediatamente” a rever as taxas alfandegárias impostas sobre o vinho australiano em 2020, num novo sinal de normalização das relações económicas e políticas entre os dois países. Arevisão, que vai durar até 30 de Novembro de 2024, determinará se as taxas são necessárias e pode culminar em alterações com base na evolução do mercado, segundo o jornal oficial Global Times. O anúncio surge também depois de a Associação Australiana do Vinho e da Vinha ter pedido oficialmente ao ministério chinês uma revisão das taxas, dado que a “situação mudou muito”, segundo um comunicado do ministério. A porta-voz do ministério, Shu Jueting, disse que o resultado da revisão vai ser “objectivo”, “justo” e baseado em provas fornecidas por ambas as partes. No final de Outubro, a China e a Austrália chegaram a um consenso no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) para resolver os seus diferendos comer-

ciais, entre os quais os direitos aduaneiros sobre o vinho australiano. “A China e a Austrália iniciaram consultas amigáveis no âmbito da OMC sobre os seus diferendos relativos ao vinho e às turbinas eólicas e chegaram a um consenso para os resolver de forma adequada”, declarou o ministério do Comércio no dia 22 de Outubro. A revisão surge pouco depois de o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, ter concluído uma visita à China, na qual se reuniu com o Presidente chinês Xi Jinping e o homólogo Li Qiang. Albanese descreveu a visita como um “passo importante para a estabilização das relações” com o “parceiro comercial mais importante” da Austrália. Antes da imposição das taxas alfandegárias punitivas sobre o vinho australiano, este representava 35,5 por cento do mercado de vinho importado pela China, mas dois anos mais tarde já nem sequer figurava entre os 10 principais países exportadores de vinho para a segunda maior economia mundial.

Yunnan Terramoto de magnitude 5,0 causa vários danos materiais Um terramoto de magnitude 5,0 na escala de Richter abalou na madrugada sábado a província de Yunnan, no sul da China, causando danos a casas e centrais elétricas, informou sábado a agência de notícias oficial Xinhua. Mais de 1.900 pessoas foram retiradas para locais seguros após o abalo, que foi sentido especialmente no município de Xishan, no condado de Longchuan, referiu a agência, salientando que, até ao momento, não há o registo de vítimas. O terramoto foi registado à 01:36 hora local,

com epicentro a 10 quilómetros de profundidade e a 476 quilómetros da capital provincial, Kunming, segundo o centro de redes sismológicas da China. No sábado, contabilizaram-se 144 casas danificadas em Xishan, enquanto no município de Mengyue foram afectadas várias infraestruturas de fornecimento de energia. Em Maio, um terramoto de magnitude 5,2 na mesma província causou três feridos, obrigou à retirada de 11 mil pessoas e causou elevados danos materiais.


segunda-feira 4.12.2023

COREIA DO NORTE PYONGYANG AMEAÇA ABATER SATÉLITES AMERICANOS

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Coreia do Norte ameaçou sábado abater satélites espiões norte-americanos em resposta a “qualquer ataque” contra o satélite colocado por Pyongyang em órbita a 21 de Novembro, informou a agência de notícias oficial norte-coreana. Pyongyang afirmou que uma operação do género seria considerada uma “declaração de guerra”, indicou a KCNA. De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), a declaração surge depois de um responsável norte-americano ter explicado que Washington dispõe de vários “meios reversíveis e irreversíveis” para “privar um adversário das suas capacidades espaciais e contrariá-las”. Depois de duas tentativas falhadas, em Maio e Agosto, Pyongyang conseguiu a 21 de Novembro colocar um satélite espião em órbita. A Coreia do Sul confirmou na quinta-feira que o lançamento foi bem-sucedido. “Se os Estados Unidos tentarem violar o território legítimo de um Estado soberano”, Pyongyang “considerará a possibilidade de adoptar medidas de autodefesa para enfraquecer ou destruir a viabilidade dos satélites espiões americanos”, alertou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano. A Coreia do Norte garantiu esta semana que o satélite espião captou imagens da Presidência dos EUA, a Casa Branca, do Pentágono e de outras importantes instalações da defesa norte-americana. De acordo com a Coreia do Sul, a Rússia ajudou a Coreia do Norte a lançar este satélite.

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FILIPINAS MARCOS JR. ACUSA “TERRORISTAS ESTRANGEIROS” DE ATAQUE A MISSA

Um domingo sangrento O atentado, durante uma cerimónia católica na Universidade de Mindanau, fez quatro mortos e mais de 40 feridos

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Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., acusou “terroristas estrangeiros” de terem levado a cabo ontem um ataque com explosivos durante uma missa católica, no sul do país, que deixou pelo menos quatro mortos e 42 feridos. “Condeno com a maior veemência possível os actos insensatos e mais atrozes perpetrados por terroristas estrangeiros na Universidade de Mindanau, em Marawi, este domingo de manhã”, declarou o dirigente na rede social X (antigo Twitter). O chefe de Estado filipino não indicou, porém, a nacionalidade ou a filiação em grupos armados dos alegados atacantes. “Os extremistas que exercem violência contra os inocentes serão sempre considerados inimigos da nossa sociedade. Apresento as minhas mais sinceras condolências às vítimas”, sublinhou Marcos Jr., assegurando que apelou ao reforço da segurança na região.

Ferdinand Marcos Jr., Presidente das Filipinas “Os extremistas que exercem violência contra os inocentes serão sempre considerados inimigos da nossa sociedade. Apresento as minhas mais sinceras condolências às vítimas.”

“Podem ter a certeza de que levaremos a tribunal os autores deste ato impiedoso”, afirmou.

Em choque

A explosão ocorreu por volta das 07:00 horas locais num ginásio da Universidade Estatal de Mindanau, onde se realizava um evento religioso.

Um primeiro balanço, avançado pela agência de notícias France-Presse, dava conta de três mortos e sete feridos, na sequência do atentado. A Universidade está “profundamente entristecida e chocada com o acto de violência que ocorreu durante uma reunião religiosa”, declarou o estabele-

Ainda sem sinais de vida Guarda costeira japonesa procura destroços de Osprey dos EUA

deverão explorar áreas onde as buscas com recurso a sonar devolveram “ecos diferentes dos do fundo do mar”, de acordo com o comunicado. Na quinta-feira, os mergulhadores já tinham examinado objetos detectados pelo sonar a cerca de 30 metros de profundidade, mas que revelaram ser rochas. Fotografias da área tiradas após o acidente revelam um aparente barco salva-vidas amarelo virado e outros destroços, incluindo o que pode ser parte de uma hélice. Na quarta-feira, um responsável pela gestão de

emergências disse à agência de notícias France-Presse que, pouco antes do desaparecimento da aeronave, a polícia local tinha sido informada

cimento de ensino superior num comunicado publicado na rede social Facebook. “Condenamos inequivocamente e nos termos mais fortes possíveis este ato horrível e sem sentido”, sublinhou o organismo ao anunciar a suspensão das aulas até novo aviso. Em 2017, Marawi foi palco de um confronto sangrento, depois de grupos fundamentalistas alinhados com o Estado Islâmico (EI) terem tomado parcialmente a cidade a 23 de Maio, onde entraram com bandeiras do EI. Durante cinco meses, o exército filipino combateu os extremistas até a cidade ser libertada, numa batalha que fez mais de 1.200 mortos - 978 fundamentalistas islâmicos, 168 soldados e 87 civis. A ilha de Mindanau, onde cerca de 20 por cento da população é muçulmana, tem sido palco de décadas de conflito entre o Governo e vários grupos extremistas, incluindo a organização Abu Sayaf e o Grupo Maúte, ambos associados ao EI. A explosão em Marawi ocorreu poucos dias depois de mais de uma dezena de alegados membros do grupo terrorista Dawlah Islamiyah terem sido mortos em operações militares numa área montanhosa da província de Maguindanao del Sur, no sudoeste de Mindanau.

despenhar-se no mar, lançando uma coluna de água com cem metros de altura.

Pouca confiança

sobre “um Osprey a lançar chamas do motor esquerdo”. Uma pescadora disse ao canal de televisão público NHK que viu o avião a REUTERS

guarda costeira japonesa realizou sexta-feira uma busca submarina pelos destroços de um avião norte-americano, sendo que sete membros da tripulação continuam desaparecidos depois de o Osprey se despenhar a sudoeste do Japão. O aparelho, que se despenhou na quarta-feira perto da ilha de Yakushima durante uma missão de treino, levava a bordo oito tripulantes, um dos quais foi encontrado morto no mesmo dia. “Até ao momento, não há novas pistas sobre as pessoas desaparecidas”, declarou sexta-feira em comunicado a guarda costeira, afirmando os planos de organizar mergulhos, além das buscas marítimas e aéreas. Em particular,

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A fiabilidade do Osprey, dotado de rotores basculantes que permitem descolar e aterrar verticalmente como um helicóptero e voar como um avião, é há muito tempo objecto de debate devido aos numerosos acidentes mortais. No final de Agosto, três fuzileiros norte-americanos morreram quando um Osprey se despenhou no norte da Austrália. Em 2022, outros quatro morreram na Noruega num outro acidente, durante exercícios da NATO. Um avião norte-americano do mesmo tipo também se

despenhou no mar em 2017, matando três pessoas. E, em Abril de 2000, 19 fuzileiros morreram quando um aparelho destes se despenhou no Arizona, no sudoeste dos Estados Unidos. O exército dos EUA tem cerca de 54 mil soldados no Japão, a maior parte dos quais está baseada no sul do arquipélago de Okinawa. No passado, registaram-se vários episódios com aviões do exército norte-americano no Japão, incluindo com Ospreys, vistos com maus olhos pela população nipónica. Na quinta-feira, o Japão indicou ter pedido a Washington para suspender os voos destes aviões militares sobre território japonês.


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FOTOS HUMARISH CLUB

HUMARISH CLUB TRABALHOS DE CINCO ARTISTAS JAPONESES EM EXPOSIÇÃO

Mão cheia de arte O

S amantes da arte japonesa contemporânea podem agora visitar, até ao dia 12 de Janeiro, uma nova exposição colectiva na galeria Humarish Club, no empreendimento Lisboeta Macau, que revela cinco nomes que se estreiam em Macau: Eguchi Ayane, Ogino Rina, Ohata Shintaro, Namonaki Sanemasa e Mizuno Rina. Segundo um comunicado do Humarish Club, a mostra “Sensibilidade e Percepção” organiza-se em parceria com a galeria de arte japonesa Mizuma.

A exposição “retrata as ligações intrínsecas e directas entre os indivíduos e as suas almas” Esta exposição “retrata as ligações intrínsecas e directas entre os indivíduos e as suas almas”, sendo que os artistas misturaram, nas obras em exposição, “elementos vibrantes e subtis, criando um contraste notável de vivacidade e subtileza, harmonizando contornos e texturas”. Desta forma, relata a organização, oferece-se ao público “uma experiência profunda de

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CURB - Centro de Arquitectura e Urbanismo realiza no próximo sábado, entre as 14h e as 18h, a conferência «Towards a Living Waterfront – Urban Strategies and Conceptual Designs for Macau” [Para uma Orla Marítima Viva - Estratégias Urbanas e projectos Conceptuais para Macau]. Com localização na Ponte 9 - Plataforma Criativa, na Rua das Lorchas, a palestra pretende analisar o impacto do Plano Director de Macau e a integração do território na zona da Grande Baía, organizando-se ainda exposições sobre o tema. Segundo um comunicado do CURB, este é o resultado de uma colaboração

Cidade viva CURB realiza palestra e exposição sobre urbanismo de Macau

de seis anos entre o CURB e a Escola de Arquitectura da Universidade Chinesa de Hong Kong, com foco o trabalho feito pelos alunos de mestrado em Desenho Urbano. Nestes seis anos realizaram-se três investigações em laboratório, com a duração de dois anos cada. Assim, estas serão reveladas ao público em três sessões. A sessão número um foca-se no projecto “Entrepreneurial City Lab” [Laboratório de Cidade Empre-

sarial], explorando o tema “Re-envisioning Cotai and Seac Pai Can as an Urban Catalyst” [Reenvisionar o Cotai e o Seac Pai Can como um catalisador urbano]. Já a segunda sessão, apresenta o projecto de investigação “New Town Lab” [Laboratório da Nova Cidade], com foco no tema “Re-scripting Urban Rules for a Sustainable District in Taipa New Land Reclamation” [Reescrita de regras urbanas para um bairro

sustentável na Taipa Nova Recuperação de Terrenos]. J A terceira sessão versa sobre o “Cross-Border Lab” [Laboratório Transfronteiriço] e explora a temática “Reframing the Urban Edge Between Macau and Zhuhai” [Reenquadrando o limite urbano entre Macau e Zhuhai].

Para complementar

A conferência terá como oradores Nuno Soares, arquitecto e presidente do CURB, Hendrik Tieben, director da Escola de Arquitectura da Universidade Chinesa de Hong Kong e Sujata Govada, directora e fundadora do Instituto de Urbanização Sustentável. Participa ainda


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A galeria Humarish Club, no Lisboeta Macau, acolhe até ao dia 12 de Janeiro a exposição “Sensibilidade e Percepção”, com trabalhos de cinco artistas japoneses: Eguchi Ayane, Ogino Rina, Ohata Shintaro, Namonaki Sanemasa e Mizuno Rina. Este é um projecto colaborativo com a galeria de arte Mizuma que marca a estreia destes artistas no território excepcional delicadeza da pintura japonesa moderna”. No caso de Eguchi Ayane, uma “jovem artista muito popular entre as novas gerações” no Japão, podem ver-se trabalhos em que Ayane recorre ao pincel para “retratar a dualidade que existe no mundo”. Sendo uma “representante da geração dos anos 80”, Eguchi Ayane “escolhe frequentemente paisagens naturais intrincadas e complexas como cenários para as suas pinturas, desde mares tempestuosos e pântanos a montanhas e praias”, apostando ainda num “esquema de cores pastel caraterístico” que “dá uma impressão geral aparentemente pura e inofensiva” a estas paisagens retratadas.

sua mente”, além de “tornar a arte mais abrangente e tocar o coração de mais pessoas”, esperando também que aqueles que vêem os seus trabalhos possam “compreender os seus pensamentos e sentimentos através das suas pinturas”. No caso de Ohata Shintaro, trata-se de um pintor “conhecido por criar obras de arte que retratam pequenas coisas da vida quotidiana, como cenas de um filme”, captando “todos os tipos de luz do nosso quotidiano, desde o pôr e o nascer do sol até às luzes artificiais das cidades, registando-os na pintura”. O artista promete apresentar “um estilo único”, colocando “esculturas em frente a quadros

e combina mundos a duas e três dimensões”. “Ao fazê-lo, creio que os espectadores podem sentir a atmosfera das minhas obras de forma mais viva e dinâmica. Estava à procura de uma forma de dar um toque mais realista à minha obra sem alterar o meu estilo de pintura e inspirei-me na pintura dos fundos do cinema e do teatro. Foi então que me ocorreu a ideia

Abstracção e quotidiano

No caso de Ogino Yuna, outro artista presente neste colectivo, revelam-se “pinturas semi-abstractas”, onde “criaturas familiares, como flores e figuras, são temas principais”. Segundo o mesmo comunicado, durante o processo de pintura sobre tela, Yuan “reconstrói gradualmente uma representação concreta em formas abstractas”, retratando “objectos de uma perspectiva feminina com pinceladas suaves, concentrando-se na energia inerente à vida, às emoções e à transitoriedade”. Ogino Yuna diz querer “transmitir as imagens que surgem na

Jeroen van Ameijde, director do mestrado em Desenho Urbano da Escola de Arquitectura da Universidade Chinesa de Hong Kong. No grupo dos moderadores, incluem-se Daniel Pätzold, professor associado adjunto na Escola de Arquitectura da Universidade Chinesa de Hong Kong, Francisco Vizeu Pinheiro, vice-presidente do Instituto dos Arquitectos das Cidades da Ásia-Pacífico, e Filipe Afonso, supervisor do programa do curso de estudos. No mesmo dia das palestras será inaugurada a exposição “CURB x CUHK”, onde se revelam ao público os resultados deste projecto académico.

Oferece-se ao público “uma experiência profunda de excepcional delicadeza da pintura japonesa moderna” de fazer esculturas que saíssem de pinturas”, disse o artista, citado em comunicado.

Do X para o mundo

Namonaki Sanemasa está activo na rede social X [ex-Twitter] desde 2015, e mostra nessa plataforma o seu trabalho e a sua visão criativa, publicando imagens e personagens de anime [banda desenhada japonesa]. O trabalho criativo de Sanemasa passa por recorrer, acima de tudo, a materiais recolhidas online, criando “combinações de imagens em tempo real para produzir obras de arte”. O artista “apresenta a vida na era da Internet como um acto e um processo criativo, utilizando

frequentemente o formato da pintura de paisagem”, em trabalhos que não são apenas pinturas, mas também instalações, esculturas e trabalhos em vídeo. Mizuno Rina, o último nome a integrar este colectivo de artistas, apresenta um trabalho “composto por várias camadas” e por “cores ricas que contrastam com elementos monocromáticos, misturando-se com influências ocidentais e orientais”. A artista deixa ainda, de forma intencional, “algumas partes da tela intocadas, criando a impressão de que é simultaneamente uma pintura e não é bem uma pintura”. Além disso, as “linhas improvisadas e robustas entrelaçam-se com vários padrões centrados em plantas, formando relações flexíveis com diferentes elementos e sofrendo transformações espontâneas”. O objectivo da artista é sempre criar pinturas que sejam “irreconhecíveis” num certo sentido, “evocando uma sensação de intriga e mistério”.

LITERATURA CHILE É CONVIDADO DE HONRA DA FEIRA DO LIVRO DE FRANKFURT EM 2027

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Chile será o convidado de honra da 79.ª Feira do Livro de Frankfurt, a decorrer de 06 a 10 de Outubro de 2027, anunciaram os organizadores. Segundo a agência EFE, o acordo oficial de convidado de honra foi assinado na sexta-feira, em Santiago, pelo diretor da Feira, Juergen Boos, e pela ministra chilena da Cultura, Carolina Arredondo Marzán. “Estou muito feliz pelo facto de o Chile ser convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt. Não só vamos conhecer melhor a animada e jovem cena editorial chilena

e descobrir novas vozes literárias, como também vamos mergulhar no mundo literário de escritores conhecidos como Pablo Neruda, Isabel Allende e Roberto Bolaño”,

afirmou Juergen Boos. A ilustração de livros chilenos, “reconhecida internacionalmente com numerosos prémios, também será apresentada”, acrescentou.

Com o tema da apresentação do convidado de honra - “Através do céu claro da literatura”, o director da Feira do Livro salientou que “qualquer pessoa que já tenha estado no Chile conhece o céu impressionante, amplo, claro e estrelado” que pode ser visto, por exemplo, à noite sobre o deserto de Atacama. “Estou muito satisfeito pelo facto de a convidada de honra se apropriar desta imagem e nos mostrar como o céu e as estrelas contam as suas próprias histórias e influências e podem ser associados à criatividade e à literatura chilenas”, acrescentou.

A ministra chilena da Cultura agradeceu ao Chile o facto de ter sido escolhido como convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt, que descreveu como “a mais tradicional, influente e prestigiada do mundo”. “Como disse o Presidente da República, Gabriel Boric, um investimento na cultura é um investimento num mundo melhor”, afirmou. O convidado de honra da próxima edição da Feira, que se vai realizar de 16 a 20 de outubro de 2024, é a Itália, seguida das Filipinas, em 2025, e da República Checa, em 2026.


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PROBLEMA 17

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SALA 1

READY O/R ROT [C]

4 7 9 6 1 8 2 3 5 8 No2final 3 de91992 7uma 5 banda 4 1 6 californiana incendiava o 5 mundo 1 6do4rock, 3 dominado 2 9 8 7TROLLS BAND TOGETHER [A] 7 por 4 camisas 5 2 de9flanela 1 3e o6 8 grunge de Seattle. Sob o man2 tra6“a1raiva5é um 8 dom”, 3 7que9 4 FLUFFY LOVE [A] muito pior em português, 3 soa 9 8 7 4 6 5 2 1 os RageAgainst The Machine 1 gritaram 3 4 ao8mundo 2 liberdade 7 6 5 9 a revolta contra a violência 6 todos 8 7 3 5 9 1de4 2GIRLS UND PANZER DAS FINALE os sistemas opressivos, 9 dos 5 impérios 2 1 capitalistas 6 4 8aos7 3-CHAPTER 4- [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Anselm Chan Mou Yin Com: Carlos Chan, Michelle Wai, Tommy Chu, Hedwig Tam 14.30, 19.15, 21.30 FALADO EM CANTONÊS Um filme de: Walt Dohrn 16.45 SALA 2

FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: David Tang Com: Kent Tsai, Mandy Wei, Belle Hsin 14.30, 21.30

FALADO EM JAPONÊS

LEGENDADO EM CHINÊS comunistas. “Bombtrack”, Um filme de: Tsutomu Mizushima 16.30, 19.30 “Killing in the Name”, “Bul22let in the Head” são alguns hinos imortais da banda 6 dos 7 de5la Rocha 8 2e 3 de1Zack Tom4 9 4 Morello. 9 3 Mas 7 “Freedom” 1 6 5é o2 8 grito primordial e a balada da 5 resistência 2 8 3 9 4baixará 7 6 1 que jamais 7 braços. 6 9 1João3Luz 8 2 5 4

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Nick Cheuk Com: Lo Chun Yip, Ronald Cheng, Hanna Chan, Rosa Maria Velasco 17.30 SALA 3

LAST SUSPECT [C]

FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Zhang Mo Com: Xiaofei Zhang, HongChi Lee, Kara Wai Ying-Hung 14.30, 19.15

SOUND OF FREEDOM [C]

Um filme de: Alejandro Moneverde Com: Jim Caviezel 16.45

IN BROAD DAYLIGHT [B]

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Lawrence Kan Com: David Chiang, Jennifer Yu, Bowie Lam 21.30

9 6 1 8 5 7 3 4 2 5 2 8 9 3 4 7 1 6 4 7 3 6 1 2 5 8 9 SOUND OF FREEDOM 1 9 5 3 2 6 8 7 4 7 3 4 1 9 8 2 6 5 2 8 5 4 6 9 1 3 7 José 7 Editores 2 8 6 7 Propriedade 4 5 9Fábrica3de1Notícias, Lda Director3Carlos 4 Morais 1 2 5João8Luz;9José6C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; José Simões Morais; Julie Oyang; 3 5 7 2 Paulo 6 1 9 Rosa 8 Coutinho Cabral;9Rui Cascais; 7 6Sérgio 8 Fonseca; 2 3Colunistas 4 1André 5 Namora; David Chan; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Maia e4Carmo; Bicho;1 Tânia2dos7 Santos Grafismo Paulo Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária 6www. 4 9 5 Paula 8 3 1 Borges, 5 2Rómulo 6 Santos 4 7Agências 9 Lusa; 8 3 hojemacau. de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 8 1 2 4 Morada 7 9Pátio6da Sé,5n.º22, 3 Edf. Tak Fok, R/C-B,8Macau; 3 Telefone 4 928752401 5 1Fax6 7 2 com.mo 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

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segunda-feira 4.12.2023

vozes 15

www.hojemacau.com.mo

ai, portugal, portugal

André Namora

NÃO FORAM lágrimas de crocodilo. O primeiro-ministro António Costa emocionou-se no momento em que a sua bancada parlamentar o aplaudiu em pé durante vários minutos como sinal de gratidão, na última sessão no Parlamento na qualidade de chefe do Executivo oficialmente eleito. António Costa emocionou-se por culpa própria. Como todos sabemos estamos perante um político muito experiente e que começou a ouvir falar de política em criança porque o seu pai era comunista. António Costa exerceu os mais variados cargos, nomeadamente presidente da Câmara de Lisboa, deputado e ministro da República. Costa esteve a governar durante oito anos e ultimamente percorreu os corredores do palácio de S. Bento com maioria absoluta. No entanto, a sua culpa deveu-se às suas próprias escolhas de colaboradores. Teve no Governo ministros, secretários de Estado e assessores que pediram a demissão ou foram excluídos da máquina governativa. Escolheu um chefe de Gabinete socratista que já tinha um passado cheio de ilegalidades. A sua escolha foi o seu fim de ciclo. Das duas, uma. Ou António Costa se precipitou ao pedir a demissão ao Presidente da República ou sentiu que estaria envolvido, ou envolveram-no alegadamente em negociatas à margem da lei. A investigação que decorre no Supremo Tribunal à sua pessoa dará resposta e esta nossa dúvida. É do conhecimento geral que a corrupção grassa na governação nacional e regional. Cada vez mais temos autarcas que são obrigados a deixar o cargo devido a peculato, falsificação de documentos ou recebimentos ilícitos. A corrupção tem sido o grande cancro da gestão nacional de quem tem poder. E António Costa para pedir de imediato a demissão assim que a Procuradoria Geral da República incluiu o seu nome num comunicado que salientava a existência de investigações a ilegalidades, deixou os portugueses perplexos. A maioria gostava de Costa e deu-lhe uma maioria absoluta por confiar na sua seriedade e na sua experiência. No decorrer da sua carreira política nunca lhe foi apontado o dedo para um qualquer caso à margem da lei. O que se sabia era que confiava em demasia nos seus colaboradores e deixava alguns em roda livre. Tal como aconteceu com Pedro Nuno Santos e João Galamba. Nuno Santos teve a pouca vergonha de decidir sozinho, sem dar conhecimento ao primeiro-ministro, a localização do novo aeroporto de Lisboa com a agravante de anunciar a continuação do aeroporto Humberto Delgado, a existência de um pequeno aeroporto no Montijo e um de grande envergadura em Alcochete. Logo não faltaram os críticos que o governante se tinha deixado corromper. António Costa anulou de imediato o despacho do seu ministro das Infraestruturas e mais tarde, o mesmo ministro, meteu os pés pelas mãos no caso da TAP e acabou por se ir embora. Este era o estilo de colaboradores que António Costa tinha na sua governação. Possivelmente veio

ANTÓNIO PEDRO SANTOS | LUSA

AS LÁGRIMAS DE COSTA

Despedimo-nos de António Costa agradecendo o que muito fez pelos seus compatriotas e simultaneamente condenamo-lo por ter sido tão ingénuo ou sem liderança no que lhe era devido

a pagar caro por tudo isto e só nos falta saber se esses mesmos colaboradores o entalaram numa teia que se sabia ser generalizada em tudo o que fosse projectos de grande envergadura como o caso do hidrogénio em Sines e do lítio no norte do país. Na classificação dos países onde existe mais corrupção, Portugal está nos lugares cimeiros. Ora, voltamos ao mesmo, ou Costa deixava que os seus ministros, e o seu maior amigo Lacerda Machado, fizessem o que queriam e não tinha conhecimento ou, então, sabia de tudo e será julgado pela justiça. Inacreditavelmente é esse mesmo Pedro Nuno Santos que se candidata à liderança do Partido Socialista e as sondagens indicam que poderá derrotar José Luís Carneiro. Se Nuno Santos vier a ser líder dos socialistas e

futuro primeiro-ministro não nos admirávamos nada se um dia assistíssemos à demissão de outro primeiro-ministro... Há quem comente que António Costa não merecia sair em lágrimas. Que deixou um legado positivo. Que o país está melhor. Que conseguiu controlar o deficit e baixar a dívida pública. Que foi o único primeiro-ministro que ajudou os portugueses em dificuldade de pagar o arrendamento das suas casas, portugueses esses que recebem e vão receber durante cinco anos a quantia mensal de 200 euros. Os seus contactos internacionais foram aplaudidos pelas mais diferentes personalidades políticas. Portugal está melhor com menos desempregados, isso é inegável, mas Costa obviamente que cometeu erros como todo o cidadão, mesmo que não seja governante. O país vai para eleições legislativas antecipadas em 10 de Março do próximo ano e ainda não sabemos quem é o novo secretário-geral socialista que irá defrontar o cavaquista Luís Montenegro. O país também não merecia isto, não temos poder financeiro para estar constantemente a gastar milhões de euros em eleições e se muita gente já anda farta dos políticos e a extrema-direita está a avançar por todo o lado, é preciso moralizar o sistema e voltar a dar confiança aos portugueses, mas na nossa modesta opinião não será com criaturas como Nuno Santos à frente de um Governo que a agulha mudará o carril. Despedimo-nos de António Costa agradecendo o que muito fez pelos seus compatriotas e simultaneamente condenamo-lo por ter sido tão ingénuo ou sem liderança no que lhe era devido.


“A honestidade é elogiada por todos, mas morre de frio.” PALAVRA DO DIA

segunda-feira

Juvenal

4.12.2023

directora dos Serviços de Turismo disse ainda que vão lançar com a APAVT um programa de formação para agências de viagens.

Encontro na RAEM

TURISMO AGÊNCIAS LUSAS ESCOLHEM MACAU COMO DESTINO INTERNACIONAL

Caminhos da lusofonia A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo escolheu Macau, que irá receber o seu congresso em 2025, como destino preferido internacional no próximo ano. O anúncio foi feito na sexta-feira no Porto, por ocasião do 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorreu

até sábado, contando com mais de 770 congressistas, e com o tema a “Inteligência Artificial, a Revolução do Século XXI”. “O destino preferido da APAVT para nós é um passo muito importante porque estamos já neste momento a começar os preparativos para 2025, quando vamos acolher outra vez o Congresso da APAVT”, disse a directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes.

Aescolha do “destino preferido” é um projecto anual da APAVT que tem como objectivo contribuir para dinamizar os fluxos turísticos para um determinado destino, através de um trabalho com a associação e os seus associados, sobretudo ao nível da promoção turística. “Este ano tivemos um ano bastante bom em termos de recuperação [...] e para o ano o nosso trabalho vai ser virado para mercados internacio-

nais. Vamos começar pela Ásia, mas também vamos começar a trabalhar no mercado europeu. Temos um bom relacionamento com a APAVT, tivemos sempre. Por isso para o ano, voltamos à BTL [Bolsa de Turismo de Lisboa], graças à APAVT, para nos ajudar [neste objectivo] e também vamos, em princípio, marcar presença na Fitur. E, daqui para a frente, penso que vamos ter mais acções na Europa”, acrescentou. A

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DESPORTO ROSA MOTA GANHA MINI-MARATONA

A

portuguesa Rosa Mota venceu ontem a minimaratona de Macau, aos 65 anos, o terceiro triunfo da ex-campeã olímpica na competição. “Correu bem. O tempo estava óptimo, não estava húmido. Claro, estou contente por ter ganho, evidente, e estou contente por ver esta grande festa, esta multidão”, disse à Lusa a antiga campeã do mundo e da Europa. Rosa Mota já tinha vencido a prova em 2018 e 2019, tendo regressado este ano a Macau, após um interregno de três anos devido à pandemia de covid-19. “O carinho que recebemos é que fica, isso é que são os grandes troféus. Já tinha saudades disto, porque na pandemia estivemos sempre tão afastados. É bom reencontrarmo-nos”, sublinhou. A minimaratona, de 6,3 quilómetros, foi uma das provas de ontem da Galaxy En-

Em 30 de Junho, a APAVT anunciou que o 50.º congresso da organização, em 2025, vai realizar-se em Macau, levando à RAEM, pelo menos, 750 representantes da indústria. O presidente da APAVT disse, na altura, à Lusa que é “com muita felicidade” que o congresso irá regressar pela sexta vez a Macau, que se tornará a cidade a mais vezes acolher “a maior reunião do sector turístico português”. Pedro Costa Ferreira considerou que será “um encontro de números muito felizes”, uma vez que a edição de 2025 será o 50.º congresso da APAVT, no ano em que a associação celebra 75 anos de existência. “É um grande esforço da nossa parte junto da APAVT”, afirmou a directora dos Serviços de Turismo, também na altura. Maria Helena de Senna Fernandes disse esperar que “quase mil representantes” da indústria do turismo viajem de Portugal para o congresso da APAVT em Macau, em 2025, enquanto Pedro Costa Ferreira previu, “no mínimo 750, 800 pessoas”.

“O destino preferido da APAVT para nós é um passo muito importante porque estamos já neste momento a começar os preparativos para 2025, quando vamos acolher outra vez o Congresso da APAVT.” MARIA HELENA DE SENNA FERNANDES DIRECTORA DA DST

tertainment Maratona Internacional de Macau. O etíope Debele Fikadu Kebebe foi o vencedor da maratona, seguido dos quenianos Kiptoo Edwin Kibet e Paul Katisa Matheka. Na prova feminina foi também uma etíope a vencer, Zinashwork Yenew Ambi, igualmente secundada pelas quenianas Rodah Jepkorir Tanui e Tecla Kirongo. Cerca de 12 mil participantes de 47 países e regiões marcaram presença no evento.

A China foi o último grande país a abandonar, em meados de Dezembro, a chamada política ‘zero covid’, que durante perto de três anos implicou o quase encerramento das fronteiras do país. Pedro Costa Ferreira afirmou que a indústria portuguesa do turismo está “a começar a notar” o regresso das excursões organizadas vindas da China: “isso nós recebemos com um sorriso nos lábios, porque era o último passo que necessitávamos para podermos falar em total normalidade”. O Instituto de Pesquisa de Turismo Externo da China estimou que 40 milhões de turistas chineses vão viajar além-fronteiras nesta segunda metade do ano. Em 2019, o último ano antes da pandemia de covid-19, 155 milhões de chineses viajaram para o exterior, de acordo com uma análise do banco de investimento norte-americano Citigroup. No total, os turistas oriundos da China continental gastaram 236 mil milhões de euros além-fronteiras.


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