Hoje Macau 4 FEV 2020 # 4458

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TERÇA-FEIRA 4 DE FEVEREIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº4458

MOP$10 PUB

FUNDAÇÃO ORIENTE

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

FOTOGRAFIA

‘‘O CAMINHO CHINÊS’’

BAPTISMO DE FOGO PAUL CHAN WAI CHI

PAULO JOSÉ MIRANDA

h

O FLAUTISTA DE HAMELIN AMÉLIA VIEIRA

CARRILHÕES DE MAFRA MICHEL REIS

RÓMULO SANTOS

ENTREVISTA

OPINIÃO

A ARTE OU A CIDADE

hojemacau

Engolir em seco Surpreendeu tudo e todos. Sem aviso prévio, a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou o corte das ligacões marítimas com Macau, além do encerramento da quase totalidade das fronteiras com o Interior da China. A decisão colheu de surpresa o Governo da RAEM, no dia em que foi anunciada a obrigatoriedade do uso de máscara nos transportes públicos e casinos. GRANDE PLANO


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4.2.2020 terça-feira

CORONAVÍRUS

APERTA O CERCO

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S autoridades de Macau foram ontem surpreendidas pela decisão da suspensão das ligações marítimas entre Hong Kong e Macau, anunciada pelo Governo de Hong Kong durante a tarde. Reagindo ao anúncio, por ocasião da conferência de imprensa diária do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, o responsável do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), Wong Kim Hong afirmou que ainda não tinha “confirmação de Hong Kong sobre a suspensão dos barcos”. A decisão de Hong Kong foi transmitida em conferência de empresa pela Chefe do Executivo, Carrie Lam, reiterando que a cidade iria encerrar praticamente todas as fronteiras terrestres e marítimas com o Continente, de forma a impedir a disseminação do novo coronavírus. Segundo Carrie Lam, citada pela agência Lusa, apenas dois postos de controlo vão permanecer abertos: a fronteira da Ponte sobre o Delta e a da Baía de Shezhen. Desta forma, Macau deixa de ter ligações marítimas com Hong Kong, permanecendo aberta, no entanto, a travessia através da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai (HKMZ). Numa nota divulgada ao final do dia, a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSMA) confirmou a suspensão total dos serviços marítimos entre Macau e Hong Kong. “O governo de Hong Kong anunciou o encerramento dos seus postos fronteiriços, devido à prevenção da propagação do novo coronavírus. Pelo que a partir da 00h00 do dia 4, será suspenso total-

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HONG KONG SUSPENDE LIGAÇÕES MARÍTIMAS COM MACAU

As ligações marítimas com Macau foram suspensas a partir da meia-noite de ontem, anunciou o Governo de Hong Kong. A decisão apanhou de surpresa as autoridades em Macau na conferência de imprensa diária acerca do novo tipo de coronavírus mente o serviço de transporte marítimo entre Hong Kong e Macau,(incluindo as ligações para o Aeroporto Internacional de Hong Kong), até que seja anunciado oportunamente o seu levantamento”, pode ler-se no comunicado.

ARA reduzir o fluxo de pessoas entre Macau e Zhuhai, as seis concessionárias do jogo em Macau garantiram ontem que vão providenciar alojamento aos trabalhadores não residentes (TNR) que vivem no Interior da China. A medida foi confirmada pelo Governo após uma reunião levada a cabo entre a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e os representantes das seis concessionárias de jogo em Macau. O objectivo é reduzir o fluxo de cidadãos entre Macau e

A Chefe do Executivo de Hong Kong negou que a medida tenha sido tomada devido à pressão dos médicos e enfermeiros da região, que ameaçaram fazer uma greve de cinco dias para exigir que o Governo fechasse todas as fronteiras com o Continente.

“Não tem absolutamente nada a ver com a greve”, garantiu Carrie Lam, explicando tratar-se apenas de uma medida para conter a propagação do vírus. Recorde-se que a líder de Hong Kong, que atravessa uma grave crise de

Apenas o essencial Concessionárias de jogo e Governo garantem alojamento a TNR “indispensáveis”

Zhuhai, como forma de minimizar o risco de transmissão do novo coronavírus. “As seis Concessionárias / subconcessionárias manifestaram o seu apoio e responderam ao apelo do Governo da RAEM, disponibilizando-se para providenciar boas condições de alojamento para os seus trabalhadores não residentes que vivem fora do Território”, pode

ler-se num comunicado conjunto emitido ontem pela DICJ e a DSAL. Em conferência de imprensa, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, assegurou que esta medida de alojamento está a ser acompanhada pelas autoridades. “Os TNR que sejam indispensáveis ficar em Macau, e os restantes devem permanecer em

popularidade, depois de meses de protestos, tem estado a ser pressionada para fechar as fronteiras com o Interior. A responsável pediu também aos moradores de Hong Kong que “se unam” no combate ao surto, que já

Zhuhai. O Instituto de Acção Social já está a trabalhar para arranjar um local apropriado para o alojamento desses TNR. Estamos a acompanhar a situação para ver o resultado, mas ainda temos de esperar mais uns dias.”

APÓS OITAVO CASO

O apelo foi feito pelo Governo, no passado domingo, dia em que Macau registou o primeiro caso de infecção (oitavo da contabilização geral) de um habitante de Macau e um dia depois do anúncio de que dois trabalhadores de casinos locais e que vivem em Zhuhai estavam infectados com o novo

provocou a morte a mais de 360 pessoas na China.

“MACAU É DIFERENTE”

Já quando questionada sobre se Macau poderá seguir os passos de Hong Kong no que diz respeito ao encerramento de fronteiras

coronavírus. “Aos trabalhadores essenciais deverá ser providenciado alojamento temporário para que permaneçam em Macau”, já os não essenciais devem ficar em Zhuhai até que a “epidemia esteja sob controlo”, disseram as autoridades, reforçando assim o apelo feito neste domingo. Na mesma ocasião, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, retirou que “a população deve manter-se em casa e evitar saídas desnecessárias”. Cerca de 35 mil trabalhadores não residentes cruzam diariamente a fronteira entre Macau e Zhuhai, de acordo com dados oficiais. P.A. com Lusa


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terça-feira 4.2.2020

RÓMULO SANTOS

CRECHES SEM PROPINAS EM FEVEREIRO

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Chefe do Departamento e Solidariedade Social do Instituto de Acção Social de Macau, Choi Sio Un, anunciou ontem que as propinas das creches subsidiadas pelo Governo vão ser suspensas no mês de Fevereiro. Por ocasião da conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, Sam Hio Tong, Chefe da Divisão de Recursos e Acção Social Escolar da Direcção dos Serviços do Ensino Superior, anunciou também que a prova de acesso ao ensino superior, o chamado Exame Unificado, vai ser adiado apesar de faltar ainda um mês e meio até à sua realização. Segundo o responsável, a medida vai ser agora negociada com as quatro instituições de ensino de Macau: Universidade de Macau, Instituto Politécnico de Macau, Instituto de Formação Turística e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.

MAIS DE 50 SOLICITARAM TESTES

A

com o interior da China, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U argumentou que em Macau a situação é diferente. “A situação de Macau é diferente da situação de Hong Kong. Para além de trabalhadores não residentes, muitos trabalhadores de Macau vivem em Zhuhai. De acordo com a Lei Básica os residentes de Macau têm o direito à livre circulação e por isso, (…) até agora, não temos nenhuma decisão no sentido de fechar as fronteiras, mas temos tomado medidas para encerrar mais cedo alguns postos fronteiriços, como por exemplo as Portas do Cerco”, explicou Ao Ieong U.

MÁSCARAS OBRIGATÓRIAS

Os passageiros que não usarem máscaras podem ver a sua entrada recusada nos transportes públicos e casinos. São mais medidas

de prevenção que entraram ontem em vigor, com o objectivo de minimizar os riscos de transmissão em Macau do novo coro-

“A partir da 00h00 do dia 4, será suspenso totalmente o serviço de transporte marítimo entre Hong Kong e Macau, (incluindo as ligações para o Aeroporto Internacional de Hong Kong)” DSAMA, Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água

navírus. Os passageiros dos autocarros e dos táxis estão assim desde a tarde de ontem obrigados ao uso de máscaras no interior das viaturas, caso contrário, o motorista poderá recusar a sua entrada. “Os condutores podem impedir a entrada de pessoas” que estejam sem máscara, afirmou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U. A medida tinha já sido divulgada de manhã pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que apelou também aos passageiros para utilizarem máscaras e prestarem atenção à sua higiene pessoal, partindo da sua própria iniciativa. A DSAT fez ainda um apelo às empresas de transportes públicos e respectivas entidades de gestão, no sentido de continuar a reforçar a limpeza e desinfecção das

composições como forma de prevenção. Também o metro ligeiro seguiu a mesma directiva e desde as 13 horas de ontem que todos os passageiros são obrigados a usar máscara, sob pena de não seguirem viagem nas carruagens do Metro Ligeiro de Macau (MLM). “Devido à evolução contínua do Novo Tipo de Coronavírus, a MLM anuncia que, a partir das 13:00 de hoje (dia 3 de Fevereiro), todos os passageiros são obrigados a usar máscara para viajarem de Metro Ligeiro, no sentido de garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores e dos passageiros, sob pena de que sejam recusados a utilizar o respectivo serviço”, pode ler-se na nota emitida pela Sociedade do MLM. Também desde ontem, os clientes dos casinos estão impedidos de entrar caso não estejam a utilizar

máscara, anunciou a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). “Caso for detectada a não utilização de máscara de protecção

Os passageiros que não usarem máscaras podem ver a sua entrada recusada nos transportes públicos e casinos respiratória dentro dos casinos, as concessionárias/ subconcessionárias têm o direito de solicitar a pessoa em causa para sair do recinto”, pode ler-se no comunicado divulgado ontem pela DICJ.

o todo, 55 pessoas que dizem ter contactado a mulher de Macau de 64 anos, que foi diagnosticada como sendo o oitavo caso confirmado do novo coronavírus na região, solicitaram a realização de testes clínicos nos serviços de urgências. Na conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, Lei Wai Seng, médico da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, afirmou que do total de pessoas que fizeram testes, em 40 casos foi afastada a hipótese de contágio, ao passo que 15 aguardam ainda os resultados dos exames. “Os que não tiveram contactos próximos, apenas um contacto ligeiro (…) não têm grande risco de contrair este vírus. Quero salientar que a população não tem que ficar em pânico”, referiu o responsável. Já a situação dos oito casos confirmados do novo coronavírus foi considerada “estável” e o grau da doença “leve”, referiu Lei Wai Seng.


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Anúncio Faz-se saber que, de acordo com o Despacho do Chefe do Executivo n.° 11/CE/2020, a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) vai prestar serviços de forma limitada entre os dias 3 a 7 de Fevereiro de 2020, podendo o público efectuar uma marcação prévia através da página electrónica do acesso comum aos serviços públicos da RAEM ou por via telefónica no sentido de pretender obter os respectivos serviços. Marcação prévia para os serviços prestados no Edifício “Finanças”:28336886 Marcação prévia para os serviços prestados na Repartiçãodas Execuções Fiscais: 85995181 Horário de funcionamento do Edifício e da Repartição no período acima referido: Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 17:45 de segunda a quinta feiras. Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 17:30 de sexta-feira. Horário de funcionamento da Recebedoria: Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 17:00 de segunda a quinta feiras. Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 16:45 de sexta-feira. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong

ANÚNCIO Em conformidade com o Despacho do Chefe do Executivo nº 10/CE/2020, avisa-se que a Direcção dos Serviços de Finanças vai suspender o atendimento ao público nos dias 30 e 31 de Janeiro de 2020, sendo os prazos de todos os serviços públicos adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, mantendo-se contudo os quiosques de auto-atendimento e os serviços electrónicos em funcionamento normal. Mais se avisa que, o último dia para efectuar o pagamento de todos os meios de pagamentoreferentes ao ano económico de 2019, incluindo os títulos de pagamento M/7, emitidos pela Direcção dos Serviços de Finanças, é também adiado para o dia 3 de Fevereiro de 2020. Direcção dos Serviços de Finanças, 29 de Janeiro de 2020. O Director, Iong Kong Leong

Anúncio Concurso Público N.º 1/ID/2020 « Serviços de segurança e de venda de bilhetes nas piscinas ao ar livre afectas ao Instituto do Desporto » Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 16 de Janeiro de 2020, o Instituto do Desporto, vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para os serviços de segurança e de venda de bilhetes durante o período de 1 de Abril a 30 de Novembro de 2020, nas seguintes piscinas ao ar livre afectas ao Instituto do Desporto: Designação das piscinas ao ar livre 1 Piscina Estoril 2 Piscina Dr. Sun Iat Sen 3 Piscina do Parque Central da Taipa 4 Piscina do Parque de Hác-Sá 5 Piscina de Cheoc-Van A partir da data da publicação do presente anúncio, os concorrentes podem dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.º 818, em Macau, no horário de expediente, das 9,00 às 13,00 e das 14,30 às 17,30 horas, para consulta do processo de concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento de $500,00 (quinhentas) patacas. Pode ainda ser feita a transferência gratuita de ficheiros pela internet na área de “Informação relativa à aquisição” da página electrónica do Instituto do Desporto: www.sport.gov.mo. Os concorrentes devem comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para a apresentação das propostas para tomarem conhecimento sobre eventuais esclarecimentos adicionais. O prazo para a apresentação das propostas termina às 12,00 horas do dia 14 de Fevereiro de 2020, sexta-feira, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora limites para a apresentação das propostas acima mencionadas, por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a apresentação das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $46 000,00 (quarenta e seis mil) patacas. Caso o concorrente opte pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na Região Administrativa e Eespecial de Macau e à ordem do Fundo do Desporto ou efectuar um depósito em numerário ou em cheque emitido a favor do Fundo do Desporto na mesma quantia, a entregar na Divisão Financeira e Patrimonial, sita na sede do Instituto do Desporto. O acto público do concurso terá lugar no dia 17 de Fevereiro de 2020, segunda-feira, pelas 9,30 horas, no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora para o acto público do concurso acima mencionadas, por motivos de tufão ou de força maior, ou em caso de adiamento na data e hora limites para a apresentação das propostas, por motivos de tufão ou de força maior, a data e hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data da sua abertura. Instituto do Desporto, aos 30 de Janeiro de 2020. O Presidente, Pun Weng Kun


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terça-feira 4.2.2020

COMÉRCIO HO ION SANG APELA A COMBATE MAIS EFICAZ A NEGÓCIOS PARALELOS

Tempos de excepção

O deputado dos Moradores está preocupado com as travessias da fronteira entre Macau e Zhuhai dos comerciantes ilegais que podem resultar num aumento do número de pessoas infectadas com a doença

A

TIAGO ALCÂNTARA

O

deputado da União Geral das Associação dos Moradores de Macau, Ho Ion Sang, apelou às pessoas que se dedicam a transaccionar bens de forma ilegal entre Macau e o Interior da China para que fiquem em casa. O problema das pessoas que fazem vida de compra de produtos em Macau para venda no Interior da China, e vice-versa, tem sido alvo de contestação de vários deputados, devido ao incómodo que geram para os moradores da zona. No entanto, ontem, em declarações ao jornal Ou Mun, Ho Ion Sang defendeu que estas pessoas têm de se abster de atravessar a fronteira porque se vive um período de excepção, em que a situação não é estável. O legislador pediu para que as pessoas respeitem as instruções do Executivo. O objectivo, diz Ho, passa por evitar a propagação de um contágio cruzado entre Zhuhai e Macau. “Estamos numa altura excepcional de instabilidade e estas pessoas têm de cooperar com as políticas de prevenção da epidemia definidas pelo Governo. Têm de ter em conta a saúde pública e evitar atravessar a fronteira”, sublinhou. O deputado abordou igualmente a situação dos residentes que se deslocam a Zhuhai para comprar vegetais e outros produtos de alimentação, uma vez

que os preços praticados no outro lado da fronteira são mais baratos. De acordo com Ho Ion Sang, os residentes têm seguido as instruções do Executivo e nota-se uma redução muito significante nas deslocações entre as regiões, o que merece ser elogiado.

detergentes e artigos de marcas estrangeiras. Neste sentido, deputado recordou ainda aos cidadãos que o Instituto para a Acção Social disponibiliza apoios para as famílias e pessoas mais carenciadas. O membro da União Geral das

PRESSÃO FINANCEIRA

Em declarações ao Ou Mun, Ho Ion Sang reconheceu que há pessoas que devido à “pressão financeira” precisam de comprar comida no Interior, devido aos preços mais baixos, assim como receber dinheiro pelas travessias entre Macau e o Interior da China, transaccionando bens como chocolates,

CASINOS ANGELA LEONG ELOGIA OBRIGATORIEDADE DO USO DE MÁSCARA

Ho Ion Sang reconheceu que há pessoas que devido à “pressão financeira” precisam de comprar comida no Interior da China

Associação dos Moradores de Macau indicou igualmente que existem associações locais que podem apoiar quem precisa. Finalmente, Ho não deixou de atacar o comércio paralelo, uma vez que implica a fuga aos impostos nas duas regiões, assim como a entrada de produtos que deveriam ser proibidos. Por este motivo, Ho apelou aos Serviços de Alfândega para que apertem a fiscalização e intensifiquem a caça a este fenómeno. “Os Serviços de Alfândega deviam inspeccionar as pessoas que praticam este comércio paralelo e os chamados centros de distribuição”, frisou. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

deputada Angela Leong, que é igualmente membro da direcção da concessionária Sociedade de Jogos de Macau, elogiou a decisão do Executivo de obrigar os jogadores e trabalhadores dos casinos a usarem máscara. “É uma medida que não só permite proteger melhor os trabalhadores do jogo da linha da frente que estão a contribuir para o desenvolvimento da economia de Macau neste momento, como também permite garantir a segurança da saúde dos jogadores”, afirmou, em comunicado, a legisladora. A quarta mulher de Stanley Ho disse ainda acreditar que todas as seis concessionárias vão implementar de forma exemplar as recomendações do Governo para prevenir e controlar a epidemia da Pneumonia de Wuhan. “Vamos todos ganhar esta guerra de prevenção da epidemia”, diz a deputada, de acordo com o comunicado. Outro dos assuntos abordados pela deputada foi a suspensão das aulas que diz estar a criar “grande apreensão” junto de alunos e encarregados de educação. Porém, Angela Leong desdramatiza a situação, e sublinha que o mais importante é prevenir e controlar a epidemia. Como solução à suspensão das aulas, a membro da Assembleia Legislativa diz apoiar a corrente de opinião que considera que as escolas podem prolongar as aulas no Verão, de forma a recuperar o tempo perdido até que a Pneumonia de Wuhan esteja controlada. “Esta abordagem permite reduzir a pressão de contágio [entre os alunos e professores] numa altura crucial”, aponta.

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O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) decidiram adiar datas relativas a actividades relacionadas com funcionários públicos devido à ocorrência de casos de infecção por coronavírus em Macau. No caso do CCAC, o horário de expediente para recepção da Declaração de Bens Patrimoniais e Interesses de trabalhadores da função pública foi ajustado entre os dias 3 e 7 de Fevereiro. Nesse sentido, o horário passa a ser de 2.ª a 5.ª Feira, das 9H00 às 13H00, 14H30 às 17H45, e 6.ª Feira, das 9H00 às 13H00, 14H30 às 17H30. No que diz respeito ao IAM, a data limite do concurso por consulta pública para a Montagem e Exploração de Cacifos foi adiada para o dia 24 deste mês às 17h00. O prazo original estava definido para terminar no dia 10, às 17h00.

TIAGO ALCÂNTARA

CCAC / IAM Actividades públicas com datas adiadas

GRUPO MUSICAL COMERCIAL OFFSHORE DE MACAU LIMITADA Rua de Pequim, no. 202-A, Macau Finance Center, 9º andar J, Macau REGISTADA NA CRCBM SOB O Nº 18846, CAPITAL SOCIAL: MOP$100.000,00 Para os devidos efeitos legais, anuncia-se que, por deliberação da Assembleia Geral extraordinária realizada em 27 de Dezembro de 2019, foi decidido, por unanimidade, dissolver e encerrar a liquidação, a partir da referida data, da sociedade comercial por quotas denominada GRUPO MUSICAL COMERCIAL OFFSHORE DE MACAU LIMITADA, com sede em Macau, na Rua de Pequim, no. 202-A, Macau Finance Center, 9º andar J, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 18846, com o capital social de MOP$100.000,00, tendo a referida dissolução e liquidação sido registada no dia em 10 de Janeiro de 2020. Macau, 3 de Fevereiro de 2020


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4.2.2020 terça-feira

DSEC MAIS DE 14 MILHÕES FICARAM NOS HOTÉIS DE MACAU

XIAOMI BROWSER BLOQUEIA SITES EM MACAU

Restrições não têm fronteiras

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Jogo Sands China fecha 2019 com mais 7% de lucros

A operadora de jogo Sands China, com casinos em Macau, anunciou lucros líquidos de 2,04 mil milhões de dólares em 2019, um aumento de 7 por cento em relação a 2018. Em comunicado, o grupo apontou que em 2019 registou uma receita líquida de 8,81 mil milhões de dólares em 2019, comparando com 8,67 mil milhões de dólares no ano anterior. Na mesma nota, o Sands China anunciou ainda que no último trimestre de 2019 obteve uma diminuição na receita líquida em 100 milhões de dólares, que se cifrou nos 2,25 mil milhões de dólares. Ainda assim, o lucro líquido do grupo no 4.º trimestre do ano passado foi de 513 milhões de dólares, em comparação com 465 milhões de dólares no mesmo período em análise de 2018. Os casinos de Macau fecharam 2019 com receitas de 292,46 milhões de patacas, menos 3,4 por cento do que no ano anterior. Em 2018, as receitas dos casinos tinham atingido um total de 302,85 milhões de patacas.

O programa do fabricante impede o acesso a portais informativos, apesar da ligação ser feita em Macau. Um artigo do jornal Strait Times é completamente boqueado. A empresa reconhece que o problema está relacionado com o facto de existirem em Macau telemóveis que foram feitos para o mercado do Interior da China HOJE MACAU

AIS de 14 milhões de pessoas alojaram-se nos hotéis e pensões de Macau no ano passado, um aumento de 1,1 por cento em relação ao ano anterior, indicaram ontem os dados oficiais. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), do total de 14.104.000 hóspedes, a esmagadora maioria é proveniente do Interior da China (9.825.000) e representa um aumento de 1,9 por cento. O número de hóspedes provenientes da Coreia do Sul (553.000) e de Hong Kong (1,6 milhões) aumentou 14,9 por cento e 7,4 por cento, respectivamente. Já os hospedes de Taiwan (455.000) diminuíram 3,8 por cento, em relação a 2018. O período médio de permanência em Macau situou-se em 1,5 noites, sendo idêntico ao de 2018. No mesmo comunicado, a DSEC indicou que a taxa de ocupação média dos hotéis e pensões atingiu 90,8 por cento no ano passado, menos 0,3 pontos percentuais. A taxa de ocupação média dos hotéis de cinco estrelas foi de 92,2 por cento, tendo também diminuído 0,2 pontos percentuais. No final de Dezembro existiam em Macau 123 hotéis e pensões, mais sete que em 2018, num total de 38 mil quartos (menos 1,4 por cento). Ainda de acordo com os dados da DSEC, em 2019 visitaram Macau em excursões 8,3 milhões de pessoas, o que representa uma diminuição de 8,7 por cento em relação ao ano anterior. Em 2019, Macau recebeu 39.406.181 milhões de visitantes, um aumento de 10,1 por cento em relação ao ano anterior, num novo recorde para a RAEM, de acordo com dados oficiais.

os regulamentos dos mercados em que opera. Para os equipamentos destinados ao mercado do Interior são-nos exigidas definições que aplicamos para cumprir com os regulamentos”, foi explicado. “Por isso, sugerimos aos nossos utilizadores fora do Interior que escolham equipamentos com a versão global do MIUI [sistema operativo], para garantir uma melhor experiência com os aparelhos”, foi acrescentado. O facto do Mi Browser bloquear o acesso a determinados portais não impede que um utilizador instale um outro browser e consiga navegar nesses portais. No mesmo dispositivo, com recurso, por exemplo aos browsers Firefox ou Google Chrome, o acesso ao site em causa foi concretizado sem qualquer restrição. Também o Governo reconhece que esta situação se verifica e aconselha as pessoas a utilizarem outro programa em vez do browser Xiaomi. “Depois de se ter testado, verificou-se que o website não é mostrado apropriadamente devido a um problema de funcionamento do browser do Xiaomi. É recomendado que instale outro browser da rede (tal como o Chrome) para aceder ao website”, respondeu a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT).

QUEIXAS LÁ FORA

O HM tentou aceder ao portal online do jornal Strait Times [...] e deparou-se com a seguinte mensagem: “De acordo com as leis deste país, o acesso a este portal está banido”.

A

empresa fabricante de telemóveis Xiaomi está a bloquear o acesso dos internautas de Macau a determinados portais noticiosos. O bloqueio é feito através do programa browser da empresa, denominado Mi Browser, que tem como logótipo um globo branco num fundo azul. O programa vem incorporado nos telemóveis disponibilizados e faz parte da escolha pré-definida, para navegar nos

diferentes websites. No domingo, o HM tentou aceder ao portal online do jornal Strait Times, em particular a uma notícia sobre o alegado surto de gripe das aves na província de Hunan, e deparou-se com a seguinte mensagem: “De acordo com as leis deste país, o acesso a este portal está banido”. O texto surge escrito em chinês simplificado. Além deste texto, com letras pretas em fundo branco, não há mais nenhuma indicação sobre

se o bloqueio é feito a pedido do Governo Central ou do Executivo da RAEM. A mensagem também não explica a lei que está em vigor que permite bloquear o acesso em Macau. Quando contactada pelo HM, um fonte da empresa explicou que tal prende-se com o facto de haver em Macau dispositivos desenvolvidos a pensar no mercado do Interior, nomeadamente no que diz respeito ao sistema operativo. “A Xiaomi cumpre sempre as leis e

Esta não será uma situação exclusiva de Macau e em vários fóruns online há utilizadores que afirmam estar em países da União Europeia, e se deparam com a mesma situação. Além de haver portais bloqueados, o Browser Xiao apresenta ainda mensagem a desaconselhar a visita a determinados portais de informação. É o que acontece quando o utilizador tenta aceder aos portais do Hoje Macau ou do South China Morning Post. A entrada é garantida, mas só depois de o utilizador assumir a responsabilidade do acesso. Em comum os portais mencionados têm o facto de serem bloqueados pela “Grande Muralha” do Interior da China, ou seja o sistema de censura e controlo da Internet que vigora ao abrigo do Primeiro Sistema. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


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terça-feira 4.2.2020

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Instituto Cultural (IC) vai cancelar todas as actividades previstas para Fevereiro. A informação foi divulgada através de um comunicado, onde o organismo reitera também, que todos os espaços culturais sob a sua administração como bibliotecas e museus permanecerão fechados até ser divulgada informação em contrário. Acerca de pedidos de reembolso para quem já adquiriu bilhetes para espectáculos agendados para Fevereiro, o IC garante que “providenciará os reembolsos (…) a partir de hoje [ontem] até 31 de Maio do corrente ano, podendo os espectadores que compraram os bilhetes entrar em contacto com a Bilheteira Online de Macau para procedimentos de reembolso quando a epidemia for aliviada”. Os espectáculos passíveis de reembolso incluem o Concerto de S. Valentim “Sentimentos” (8 de Fevereiro), o Concerto do Dia dos Namorados: Paixão Latina, pela Orquestra de Macau (14 de Fevereiro), o espectáculo de dança, “Nijinsky” (28 de Fevereiro a 1 de Março) e o Concerto

UM Equipa de apoio psicológico para pessoas em quarentena

A Universidade de Macau designou uma equipa que começou ontem a trabalhar para dar aconselhamento psicológico profissional às pessoas que se encontram em quarentena, devido ao novo coronavírus, numa pousada do território. “À medida que a nova epidemia de coronavírus continua a desenvolver-se, a Universidade de Macau (UM) a partir de hoje (ontem) designou uma equipa de aconselhamento psicológico profissional de nove membros para trabalhar com o Governo da RAE [Região Administrativa Especial] de Macau e fornecer apoio à saúde mental das pessoas afectadas”, anunciou, em comunicado, a universidade. Os últimos dados oficiais apontam para 20 casos (suspeitos ou confirmados) em isolamento na Pousada Marina Infante, na ilha da Taipa. O aconselhamento psicológico será feito “por telefone, mensagens on-line e outras tecnologias de áudio e vídeo” para ajudar os pacientes a lidarem com o stress emocional, pode ler-se.

Pára tudo

Instituto Cultural cancela todas as actividades previstas para Fevereiro

“Momentos Encantadores de Divertimento”, pela Orquestra de Macau (29 de Fevereiro). No comunicado enviado às redacções, o IC confirmou também que “todas as bibliotecas públicas, museus e os demais recintos culturais” vão

continuar fechados, sendo que todas as actividades programadas naqueles espaços também serão canceladas. No entanto, IC anunciou que continua a estar disponível para receber a pedidos de licença para filmagens, sendo que,

para tal, os residentes podem apresentar uma notificação prévia, devidamente preenchida e os documentos necessários. Relativamente ao Subsídio para Acção Cultural Pontual no âmbito do “Programa de Apoio Financeiro para Actividades/ Projectos Culturais das Associações Locais”, as entidades candidatas podem ainda apresentar os seus pedidos através do “sistema de candidatura online” do IC, sem necessidade de deslocar-se pessoalmente.

Desemprego Registada taxa de 1,7 por cento no ano passado

Macau terminou 2019 com uma taxa de desemprego de 1,7 por cento, menos 0,1 pontos percentuais do que aquela registada em 2018, anunciou ontem o Governo. Em comunicado, as autoridades apontaram que a “mediana do rendimento mensal do emprego da população empregada situou-se em 17.000 patacas, mais 1.000, face ao ano de 2018”. Já a mediana do rendimento mensal do emprego dos agregados familiares foi de 29.000 patacas. Na mesma nota, as autoridades indicaram ainda que no último trimestre do ano a população activa era de 396.500 pessoas, sendo que a população empregada foi de 389.800.

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Anúncio Diretivas dos Bancos para Apoiar os Clientes Afetados pelo Surto de Coronavirus

PRECISA-SE Colaborador/a com interesse pelas notícias de Macau e que domine as línguas portuguesa e cantonesa.

POR FAVOR CONTACTAR JORNAL HOJE MACAU

TEL: 2875 2401 • EMAIL: info@hojemacau.com.mo

Os bancos de Macau cresceram juntamente com Macau e apoiaram o seu desenvolvimento económico bem como mantiveram a sua estabilidade social. Considerando os problemas do surto de “Coronavirus” e os impactos económicos em todos os sectores indústriais e nos residentes de Macau, a Associação de Bancos de Macau está a analisar as medidas viáveis para ajudar os clientes com dificuldades financeiras de acordo com as leis e regulamentos e também em conformidade com as diretivas regulamentares. Com o apoio e incentivo da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) permitindo que os bancos ofereçam alternativas aos clientes que estão afetados financeiramente devido a esta epidemia e com base na sua própria tolerância a riscos, permitindo que os empréstimos de clientes locais, de todos os sectores, tais como clientes individuais, comerciantes, empresas e créditos hipotecários por um período máximo de seis meses em que só pagarão juros ao banco ficando o pagamento do capital suspenso durante esse período de tempo com o intuito de aliviar os encargos mensais de pagamento dos empréstimos. Os bancos membros desta Associação aceitarão e analisarão as solicitações dos clientes de acordo com as diretivas da AMCM. Os clientes que tiverem dificuldades financeiras deverão entrar em contacto com o respectivo banco e enviar o pedido. Os bancos membros renunciarão a quaisquer taxas e juros adicionais para este tipo de pedido. Como cada banco tem situações diferentes, o método de aplicação específico é determinado e anunciado por cada banco. Macau, 3 de Fevereiro de 2020. ASSOCIAÇÃO DE BANCOS DE MACAU


10 coronavirus

4.2.2020 terça-feira

21558

17,489

Casos suspeitos

Infectados

2019novel co

FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia

INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 17306 20 19 18 15 15 12 11 10 10 8 8 6 6

Interior da China Japão Tailândia Singapura Hong Kong Coreia do Sul Austrália EUA Alemanha Taiwan Malásia Macau França Vietname

5

Emirados Árabes Unidos

4 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1

Canadá Itália Rússia Reino Unido Filipinas India Espanha Nepal Finlândia Suécia Cambodja Sri Lanka

países com casos de nCov países sem casos de nCov

8 MACAU

Infectados

15 HONG KONG

Macau

Infectados

Hong Kong


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-nCoV oronavirus

511

362

HOJE NA CHÁVENA

Curados

Mortos

1-9 10-99 100-499 500-1000 +1000 Ocorrências nas áreas afectadas

nCoV vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

14,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0

20

dias

40

dias

60

dias

Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Zhejiang Henan Hunan Anhui Jiangxi Chongqing Jiangsu Shandong Sichuan Pequim Xangai Fujian Shaanxi Guangxi Heilongjiang

INFECTADOS 11172 725 724 566 521 408 391 312 271 259 254 212 203 179 128 127 122

MORTOS 350 0 0 2 0 0 0 2 0 0 1 1 1 0 0 0 1

REGIÃO Yunnan Hebei Liaoning Hainan Shanxi Tianjin Gansu Guizhou Ningxia Mongólia Interior Jilin Xinjiang Hong Kong Qinghai Taiwan Macau Tibete

INFECTADOS 114 113 73 71 66 60 51 46 31 34 31 24 15 13 10 8 1

MORTOS 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0


12 ENTREVISTA

PAOLO LONGO JORNALISTA E FOTÓGRAFO

Comecemos pela exposição. Que histórias sobre a China contam estas fotografias? Vivi na China entre 2004 e 2015, um momento muito importante e especial, porque quando cheguei a China era uma região de poder, mas quando saí já era uma região de super poder. Tudo aconteceu neste período, como os Jogos Olímpicos (JO) e a Expo de Xangai. Cheguei com uma ideia geral do que estava a acontecer e estive antes três meses em Nova Iorque a estudar um pouco a China e os chineses. Foi muito interessante tentar compreender como é que a população estava a reagir a tudo o que estava a acontecer à sua volta. A China estava a mudar tão depressa que as pessoas pareciam, muitas das vezes, confusas com o que estava a acontecer. Eu próprio também estava bastante confuso. Como estava a trabalhar para televisão viajava bastante pelo país e fiquei com uma boa impressão das coisas. A exposição conta a história de como vi as pessoas a cooperar com essa revolução que estava a acontecer nas suas vidas. Entre 1949 e a morte de Mao Zedong os chineses não eram indivíduos, mas sim massas. Não estavam autorizados a pensar nas suas vidas pessoais, tinham de pensar no colectivo. De repente estavam autorizados a ser pessoas e eu comecei a tirar fotografias disso, a olhar para elas. A exposição é o resultado de muitas reportagens diferentes por todo o país, milhares de fotografias. O nome da exposição, “O Caminho Chinês”, é uma frase do poeta Lu Xun. Porque escolheu esse título? Lu Xun disse que a esperança é como um caminho no campo, e no início o caminho não está sequer traçado, até que alguém começou a andar. Uma pessoa, duas pessoas, três e o caminho está feito. A ideia da exposição é que na China surgiram vários novos caminhos porque todos estavam a criar os seus. Acredita que hoje as pessoas estão mais capacitadas a pensar por si próprias? Claro que sim. Há um retrato que não usei na exposição, que nunca usei. Chama-se “O Grande Eu” e é numa avenida em Pequim, o epicentro do consumo chinês. Eles descobriram a ideia do “eu” e agora sabem ser eles próprios. Para todas as pessoas é difícil porque têm de voltar atrás muitas vezes, mas para os jovens é diferente, é essa a realidade. Notou muitas diferenças de percepção entre as pessoas do campo e da cidade, por exemplo, face a todos os acontecimentos do país? As fotografias revelam isso?

“Chineses adoram Xi Jinping” Com a exposição de fotografia “O Caminho Chinês”, patente no Museu do Oriente, em Lisboa, Paolo Longo revela a percepção da população chinesa face às enormes mudanças do país. O HM conversou com o fotógrafo e ex-correspondente do canal italiano RAI na China sobre a aprendizagem que os chineses tiveram de fazer de si mesmo como indivíduos e as diferenças entre os dois líderes que conheceu, Hu Jintao e Xi Jinping Sim. Na China há as cidades de primeiro nível, como Pequim, Xangai, Shenzhen, e cidades de segundo nível. Vemos as diferenças, até na maneira de vestir das pessoas. Havia ainda muitas bicicletas e pequenas motorizadas que não vemos em Pequim. Depois há as cidades de terceiro nível, mas que têm dois milhões de habitantes. No campo vivem anos e anos atrás em termos de desenvolvimento. Li algo num livro onde o autor chamava a estes lugares “aldeias do cancro”, pois em todas as famílias havia alguém com cancro. Fui ver de perto porque é que isso acontecia. No início, como jornalista, tinha de pedir autorização para viajar e trabalhar em todo o lado, tinha sete documentos diferentes. Mas quando cheguei a uma aldeia encontrei o líder da comunidade sentado no seu carro a bloquear a

entrada, e a dizer-me que eu não podia entrar. Entrei e comecei a falar com toda a gente, e as pessoas queriam era falar do facto de o chefe da aldeia ter vendido uns terrenos a pequenas fábricas que trabalhavam com poluentes fortes, químicos, que poluíram a água. Disseram-me que sempre que alguém vinha fazer uma investigação o chefe da aldeia colocava água limpa para diluir os efeitos da

“Com a política do filho único não há pessoas suficientes para trabalhar e esse problema será mais visível daqui a dez anos.”

poluição tornando os resultados normais. Estes locais são muito maus, vi pessoas a viver em caves com péssimas condições. Agora o Governo está a tentar resolver estes casos, mas mesmo no meio das cidades há áreas onde as pessoas ainda vivem em condições terríveis. Na exposição há uma secção de fotografias sobre os hutongs, que não têm casas de banho, nem privacidade, água canalizada, nada. Estão a destruí-los. Na maioria das fotografias que vemos aqui as casas já não existem, não as querem ver e não se preocupam se as pessoas se queixam. Na verdade, as pessoas não se queixam, só o fazem se não têm dinheiro suficiente. No fundo, sentem-se felizes por sair destes sítios. Nós, estrangeiros, preocupamo-nos com a destruição das cidades velhas, mas as pessoas estão felizes por sair.

Porque foi para Nova Iorque para aprender sobre a China? Por um motivo muito estúpido. Trabalhei lá durante 12 anos e ainda tenho uma casa e há um lugar lá chamado “The Asian Society”, que tem livros e livrarias sobre a Ásia. Estavam a ter cursos de chinês e fui para lá aprender e também porque havia bons livros sobre a China em inglês. As diferenças foram grandes entre aquilo que leu e o que vivenciou. Sem dúvida, são sempre. Os livros tinham provavelmente sido escritos dez anos antes e num país como a China as coisas mudam todos os dias. Os americanos, durante muito tempo, não compreendiam o que estava a acontecer na China. Quando cheguei todos me diziam que


13 terça-feira 4.2.2020 www.hojemacau.com.mo

FUNDAÇÃO ORIENTE

estava acabado, que o boom económico do país não ia durar muito, que era impossível uma economia capitalista durar tanto tempo com um Estado centralizado. O New York Times, há um ano atrás, escreveu um título que me deixou com inveja, pois gostaria de ter pensado nisso, que dizia “The land that failed to fail”, que significa a terra que todos achavam que ia falhar e não falhou. Nos últimos 40 anos o país não tem parado de crescer. E o crescimento nos primeiros seis anos depois de eu chegar foi na ordem dos 9 a 12 por cento, algo inimaginável em outros países. Esta é a força e a fraqueza do que está a acontecer na China. A força, porque querem tanto crescer e tornar-se num país diferente que tudo foi possível. A fraqueza, porque há problemas estruturais e

profundos na economia chinesa. Eles estão a trabalhar nisso, mas muito lentamente. Refere-se ao enorme fosso entre ricos e pobres, por exemplo? Há mais do que isso. Com a política do filho único não há pessoas suficientes para trabalhar e esse problema será mais visível daqui a dez anos. Há uma dívida gigante, mesmo a nível local, nas províncias, nas aldeias, porque até há seis ou sete anos as administrações eram validadas de acordo com a riqueza que produziam. Então tinham incentivos para gastar mais, mas como? Com empréstimos, por exemplo, e isso aumentou imenso a dívida, o que se traduz num problema estrutural. Por outro lado, durante muitos anos de boom económico, a China foi a fábrica do mundo, a economia exportadora. Agora 40

por cento do PIB vem do consumo, e eles estão a tentar convencer as pessoas a gastar, porque até então poupavam para casos de doença, porque os hospitais, a educação, as casas custam uma fortuna.

tituíam um imenso estádio para o país. Sabiam que todos iriam lá para ver os estádios e os jogos. Mas imediatamente a seguir surgiram muitos problemas, portanto o efeito foi muito limitado.

Os Jogos Olímpicos, em 2008, foi o evento que mudou definitivamente o país? Foi, de certa forma, mas com um efeito muito limitado. Os JO cons-

Teve mais efeito na forma como o mundo passou a olhar para a China? Sim, porque o espectáculo foi perfeito. A organização, a criatividade, a construção estrutural, tudo estava perfeito e foi uma boa exibição de poder. Mas havia outros problemas. Houve grandes protestos no Tibete, em Março, e depois houve o terramoto de Sichuan. E isto internamente foi um grande momento, por uma razão...os chineses começaram a pensar sobre os outros chineses e o nível de ajuda foi incrível. E foi também um grande momento para

“Tudo ficou mais controlado, com mais repressão. O nacionalismo é importante para manter o controlo das pessoas.”

a Internet, porque no início as pessoas estavam tão alarmadas que não houve controlo e durante quatro ou cinco dias todos escreviam o que queriam. Depois as autoridades começaram a controlar, mas de uma forma diferente, não como antes, negando as notícias. Aprenderam a controlar a forma como as notícias eram difundidas, e essa foi uma grande lição que eles aprenderam com o terramoto. Chegou à China quando Hu Jintao era Presidente, e deixou o país quando Xi Jinping já era o chefe da nação. Quais são as grandes diferenças que aponta entre estes dois líderes? Grandes diferenças. No início, quando Xi Jinping se tornou secretário-geral do Partido Comunista Chinês, em 2012, não sabíamos o que esperar dele. Tínhamos um grande Presidente. Hu Jintao estava muito dentro da tradição dos líderes chineses, esteve no poder numa altura importante para o país, mas era um líder cinzento. Até que apareceu Xi Jinping, vindo de uma nova geração, e recordo-me do discurso que ele deu depois de ser eleito como secretário-geral, perante três mil jornalistas, onde falou do sonho chinês. O que era? Não sabíamos, e se calhar nem ele sabia, nem as pessoas que estavam à volta dele. Quando trabalhas na China tens de criar sempre um contexto com as pessoas que estão o mais próximo possível de alguém que tem um cargo de chefia perto do líder. Nunca chegamos aos líderes, nunca nos encontramos com estas pessoas. Tinha um bom contacto na altura, e a senhora chinesa disse-me que Xi Jinping seria um líder muito diferente, muito moderno e muito aberto. Então a questão era: vai ser aberto, porque percebe melhor do que Hu Jintao como usar os novos media. Mas será capaz de continuar com as reformas, sobretudo num partido que começava a pensar que se tinha ido longe de mais nas reformas? Havia esta grande luta. Começou por lutar contra a corrupção, que foi uma forma de afastar os inimigos, mas depois descobrimos que Xi Jinping tinha uma série de novos conceitos e que não tinha a capacidade de lutar contra os mais conservadores do partido, tudo porque desde o início a modernidade era uma fachada. Tudo ficou mais controlado, com mais repressão. O nacionalismo é importante para manter o controlo das pessoas. Os chineses adoram o Presidente Xi. O problema é que muitas coisas pioraram. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


14 china

O

número de mortes pelo novo coronavírus excedeu ontem o da pneumonia atípica na China, onde o governo reconheceu que há uma necessidade urgente de repor as provisões de máscaras protectoras para conter a epidemia. Duas semanas após o início da crise, marcada pelo isolamento da cidade de Wuhan, epicentro do novo coronavírus, as praças financeiras chinesas afundaram cerca de 8 por cento, na reabertura após duas semanas sem negociarem. Com o país paralisado devido aos receios da epidemia, que já infectou mais de 17.000 pessoas, Pequim, ao contrário do que é costume, reconheceu contar com a ajuda do resto do mundo para responder à crise. "O que a China precisa urgentemente é de máscaras, fatos e óculos de protecção", disse Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. A porta-voz revelou que vários países, incluindo França, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, já enviaram suprimentos médicos. As fábricas chinesas estão a operar com reduzida capacidade, já que a epidemia ocorreu em simultâneo com as férias do Ano Novo Chinês, entretanto prolongadas por muitas empresas, visando limitar os riscos de contágio. O ministério chinês da Indústria reconheceu ontem que as fábricas para a produção de máscaras estão a ope-

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CORONAVÍRUS MORTES NO PAÍS JÁ ULTRAPASSAM AS DA PNEUMONIA ATÍPICA DE 2002/2003

Números que ninguém quer

que na China infectou 5.327 pessoas. Em todo o mundo, a SARS matou um total de 774 pessoas, principalmente na China continental e em Hong Kong. A grande maioria das mortes e casos de infecção está concentrada na província de Hubei, da qual Wuhan é a capital. Wuhan foi colocada sob quarentena no dia 23 de Janeiro, com as saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante período indefinido. A medida foi, entretanto, alargada a mais quinze cidades, próximas de Wuhan, afectando, no conjunto, mais de 50 milhões de pessoas. Face a um sistema hospitalar sobrecarregado, Wuhan deverá começar a receber os primeiros pacientes num hospital construído em 10 dias - um tempo recorde. Outro hospital, ainda maior, com capacidade para 1.600 camas, está em construção na cidade e deve abrir dentro de alguns dias.

PROTECÇÕES REFORÇADAS

rar apenas com 70% da sua capacidade máxima. O país aumentou as importações de máscaras da Europa, Japão e Estados Unidos, segundo a mesma fonte.

MAIS CAMAS

Só no continente chinês, que exclui Hong Kong e

Macau, o novo coronavírus já matou mais pessoas do que a epidemia da pneumonia atípica, ou síndrome respiratória aguda grave (SARS), que matou 349 pessoas só na China continental entre 2002 e 2003. O vírus matou ainda no domingo uma pessoa pela

primeira vez fora da China, um chinês de 44 anos, oriundo de Wuhan, que morreu nas Filipinas, anunciou a Organização Mundial da Saúde. O número de infecções subiu para mais de 17.200, globalmente, excedendo em muito o registo da SARS,

Como forma de conter a propagação do vírus, o Governo concedeu três dias adicionais de férias, na esperança de atrasar o retorno às cidades de centenas de milhões de trabalhadores, que visitaram as suas províncias de origem durante o Ano Novo Lunar. Perante a crise, que paralisou a economia do país, a bolsa de Xangai afundou quase 8 por cento, apesar de as autoridades chinesas terem tentado tranquilizar

TURISMO IMPACTO DO VÍRUS MAIS NEGATIVO QUE O DE OUTRAS EPIDEMIAS

A

epidemia do coronavírus pode ter um maior impacto económico no turismo mundial que as epidemias precedentes em 2002-2003 e em 2009, já que a China é o maior fornecedor mundial de turistas, refere a AFP. O peso dos chineses nos fluxos turísticos triplicou nos últimos 10 anos e o Governo chinês suspendeu as viagens organizadas e desaconselhou viagens ao estrangeiro aos seus cidadãos, fazendo com que o impacto da propagação do coronavírus no turismo mundial corra o risco de ser maior que os das epidemias precedentes do SARS em 2002-2003 e da gripe A em 2009. A China continental, com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, é o primeiro fornecedor mundial de turistas, com quase 150 milhões de viagens ao estrangeiro em 2018, apesar de apenas 10 por cento dos chineses terem passaporte. Segundo os dados mais recentes da Organização Mundial de Turismo (OMT), em 2018

foram registadas 149,7 milhões de viagens ao estrangeiro de chineses, mais 15 por cento que em 2017. Em termos mundiais, em volume, os turistas chineses ultrapassam os alemães (108,5 milhões de viagens em 2018) e os norte-americanos (92,6 milhões). Os chineses viajam sobretudo na região da Ásia (Hong Kong, Macau, Taiwan, Tailândia, Coreia do Sul, Japão, Vietname) e quando optam por viagens de longo curso, os destinos predilectos são a Europa, os Estados Unidos e a Austrália. A China é o país cujos cidadãos gastam mais quando estão a viajar, em 2012 ultrapassaram os dos Estados Unidos e da Alemanha, que tinham até agora os turistas mais despesistas, segundo a OMT. Em 2018, os viajantes chineses desembolsaram 1.850 dólares por pessoa ou seja 277,3 mil milhões de dólares em 2018, segundo a OMT.

os investidores, ao anunciar, no domingo, uma injecção equivalente a 156 mil milhões de euros no sistema bancário, para apoiar a economia. Preocupados, muitos países adoptaram medidas de protecção. Os Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Iraque, Israel e Filipinas proibiram a entrada a estrangeiros que visitaram recentemente a China.

"O que a China precisa urgentemente é de máscaras, fatos e óculos de protecção." HUA CHUNYING PORTA-VOZ DO MINISTÉRIO CHINÊS DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

A porta-voz da diplomacia chinesa acusou os Estados Unidos de "semearem o pânico" com as suas restrições e de darem um "péssimo exemplo". A linhas de cruzeiro decidiram proibir a presença a bordo de passageiros ou tripulantes que viajaram para a China nos últimos 14 dias, anunciou ontem a sua federação internacional. A Organização Mundial da Saúde (OMS), que na semana passada declarou uma emergência internacional, revelou que está a trabalhar com os gigantes da Internet para combater a desinformação.

UE Trabalhar “24 horas por dia” na distribuição de equipamento A Comissão Europeia está a trabalhar “24 horas sobre 24 horas” com as autoridades chinesas para ajudar na distribuição de equipamento de protecção para fazer face ao novo coronavírus, além das operações de repatriamento, foi ontem anunciado. O executivo de Bruxelas diz estar a trabalhar “em todas as frentes para apoiar os esforços com vista a lutar contra o coronavírus, ajudando os Estados-membros a repatriar os seus cidadãos e fornecendo prestações de emergência às autoridades chinesas”, indicando que a União Europeia já “contribuiu para facilitar a entrega de 12 toneladas de equipamentos de protecção individual à China” enquanto primeira medida de urgência. “O primeiro material já chegou à China no fim de semana e uma ajuda suplementar da UE já está a caminho”, disse o comissário europeu responsável pela gestão de crises, Janez Lenarcic.


terça-feira 4.2.2020

Troquei o céu azul pelos teus olhos

Uma Asa no Além Paulo José Miranda

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escritora eslovena Masha Pregarç escreveu um livro em finais dos anos 90 acerca das relações entre arte e cidade ou, mais concretamente, na tentativa de apurar acerca dos benefícios ou malefícios da arte na cidade. No primeiro capítulo faz a pergunta pela arte: “O que é a arte? Qual o seu efeito num coração humano em crescimento, que efeito tem na esperança, que faz ela com o nosso futuro?” Mas não é aqui neste capítulo que encontramos o melhor e mais pertinente do pensamento de Pregarç. É nos capítulos subsequentes, quando coloca a questão da arte em relação com a política. Que deve a política fazer em relação à arte, isto é, que deve a cidade, a Europa, fazer em relação à arte, em relação àqueles que aqui e agora crescem e que, no futuro, hão-de crescer? Porque tomamos por certo que a arte é uma coisa boa? Porque põem os artistas quase tudo em questão menos a própria arte? Porque não pergunta o artista se a arte prejudica a cidade? Porque toma ele por certo que é um bem? É necessário expor aqui uma longa passagem do livro: “A arte no seu sentido ocidental é a expressão das linguagens musicais, plásticas e literárias, isto é, a expressão do ser humano isento das necessidades de sobrevivência, de protecção e de expansão das suas materialidades. A arte é a expressão da possibilidade de o humano não ser humano; a expressão do desejo do humano de superação ou esquecimento da sua condição. No fundo, a arte é querer não precisar de alimentos, de água, de protecção; a arte é não querer ser mortal. Por isso, o Ocidente viu, e muito bem, que todas as outras artes que não tenham isto como fundamento não são

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A arte ou a cidade verdadeiras artes, mas falsas artes, artes de imitação da arte ou, como Hermann Broch descreveu, são o kitsch, isto é, imitações da morte, de variações da morte, que é a arte no seu confronto com a condição humana. Obviamente, fica claro que a arte está em oposição à moda, a qualquer tipo de moda. A arte não serve para nada, senão para despertar o desejo de o humano não ser humano. A arte serve para acreditarmos que podemos ultrapassar as coisas, que podemos ultrapassar a nossa condição de precisar de coisas.” A partir daqui, Pregarç irá mostrar-nos que educar o ser humano com o pressuposto de que a arte é um bem, é educá-lo não para a vida mas para um além da vida; educá-lo para um além das necessidades que a vida comporta. Conscientemente, qual o pai que será capaz de educar um filho para isso? De educar um filho para ultrapassar ou esquecer a vida? A resposta é fácil: nenhum, obviamente. Um pai, um educador pode não saber exactamente o que é a arte, por estas palavras, mas sabe que a arte não é para todos, isto é, ele sabe que são poucos os que podem fazer arte. “É esta estatística que afasta os humanos de empurrar os filhos

para a arte. Pois um filho educado para fazer arte não vai conseguir fazer mais nada. Um filho educado para a arte traz um coração faminto, faminto de ser melhor do que os outros ou tão bom quanto os melhores dos melhores.” Porque, está bem de ver, para Pregarç, aquele que faz arte, ou ambiciona fazê-la, quer ser único, quer ser diferente do artista do lado e do artista da frente. Pois só sendo diferente ele pode sobreviver na arte, no para além da vida. O problema que se coloca à cidade não é o de saber se ela suporta a unicidade destes fazedores de arte, mas se ela consegue suportar o excesso de frustração que nasce naqueles “únicos” que nunca vão ser senão aquilo que são: desgraçadamente humanos. Desgraçadamente, porque foram educados para não ficar confinados à vida e acabam por se ver apenas com a vida, de um lado para o outro. Escreve Pregarç: “Alguma vez se fez a estatística destes desgraçadamente humanos? Importa fazê-la ou não? Julgo que se, numa cidade, a alegria for mais importante do que a tristeza, importa fazer este levantamento, importa pensar acerca deste assunto com seriedade. Não será preferível, a uma cidade, educar os

Precisamos de respostas políticas à arte, para o futuro, e precisamos delas hoje. À parte algum tom reacionário que o texto parece apresentar, não deixa de ser interessante seguir o percurso das reflexões de Pregarç e tentar nós mesmos contrariá-las, visto serem tão contrárias ao que usualmente pensamos

seus jovens na aprendizagem do amor, da tolerância, da capacidade de se emocionar com o seu vizinho do lado ou com o seu vizinho da frente, ao invés da educação na arte? Não é preferível educar os jovens na aprendizagem de criar riqueza e de saber distribuí-la, ao invés da educação da arte?” Este discurso algo alarmante visa a defesa de uma educação em modos específicos de entender a ética e a política. A defesa de uma educação na consciência da cidade, na consciência do outro, e não na alienação, mudará inevitavelmente a política, mudará radicalmente a consciência que temos de cidadania. Porque para a autora, a arte não é educadora, não traz em si nenhum bem para a cidade porque, escreve, “Não pensem que se pode educar os jovens apenas para aprender a apreciar, a admirar a arte. Pode-se educar alguém a aprender a admirar, a apreciar a arte e aqueles que a fazem, sem inculcar em seus corações um desejo de querer ser como eles? Pode-se educar um jovem a admirar o futebol e os futebolistas, sem inculcar nos seus corações o desejo de querer ser um deles?” Termina o livro por dizer que o nosso futuro pode depender do modo como vamos responder a estas perguntas, mas sem as colocarmos seriamente ou tentarmos responder-lhes, estamos seguramente a não querer importar-nos com o futuro das nossas cidades. Precisamos de respostas políticas à arte, para o futuro, e precisamos delas hoje. À parte algum tom reacionário que o texto parece apresentar, não deixa de ser interessante seguir o percurso das reflexões de Pregarç e tentar nós mesmos contrariá-las, visto serem tão contrárias ao que usualmente pensamos. É, acima de tudo, um livro provocador.


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4.2.2020 terça-feira

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E

começa então o Ano Do Rato! Estamos em Hamelin, cidade alemã no lendário século treze onde antes como agora o excesso de intimidade levantava pragas, pragas essas associadas aos ratos esses inimigos da espécie humana com sistema de eliminação eficaz, mas estes lindos e inquietantes roedores tão sensíveis como fios de cabelo são passíveis de enfeitiçamentos, o que os predispõe para uma improvável dimensão estética que não sabemos contemplar dado que somos elementos desmesurados de ruído mórbido trajando repelências várias. Ele não só define a sua sensibilidade neste aspecto, bem como é encadeado de fulminante esplendor perante a soberba serpente, e assim, este ser que tanto nos assusta e nos fustiga nos convida também a interpretar qualidades surpreendentes: seria injusto afirmar que não são belos e que não encontramos ali uma extrema plasticidade no vivo olhar que tantas vezes se deixa enganar pela avidez que as coisas lhe produzem, não sendo por isso, apenas e só, o varredor de canos, ruas e esgotos, com sua barriga rente ao solo varrendo qualquer probabilidade de êxito junto a nós - não - ele encerra duas dimensões tão distintas que não podemos de facto ignorá-las. Quase todos trazemos da infância estes animais, calhou-me assim encontrar aquela que viria a ser uma experiência comovedora; aquando a plantação de flores o jardineiro encontra um ninho e rápido se ausenta para buscar armas assassinas, mas a velocidade das crianças é maior que esse ímpeto incontido, e, com mão pequena arranco um bebé sem pêlo coberto ainda com os cinzentos de sua mãe, numa briga tento proteger a ninhada, sem sucesso, mas esse, que um coração pequenino batia na palma da mão, foi um êxito e um encontro maravilhoso. Logo lhe arranjei alojamento debaixo da cama - olhos fechados, frágil como uma pluma, mas resistente - pelas noites altas levava-o a beber leite numa pedra de mármore, e como bebia! Remoçou e fez-se grande em poucas semanas, o que provocou o conhecimento da sua existência e a automática remoção seguida de análises e outros cuidados, mas, a dor de perder este insólito amigo viajou no tempo e dele não mais me esqueceria. Eles falam! Emitem sons agudos e conhecem as nossas vozes, são atentos e divertidos e conseguimos passar horas em deslumbrante maravilha perante um focinho que se move como um pequeno radar. Mas aqui, eis-nos então na presença de um Flautista, «A Flauta Mágica»,

KIM GUTHRIE

O flautista de Hamelin

Amélia Vieira

o caçador de ratos, que é também uma espécie de andarilho, de mágico, que negociou a extinção e não foi pago, e sabemos como os sedutores são vingativos! Ele volta à cidade e desta vez exerce o mesmo poder com crianças, levando-as, dizem, para grutas, que naquelas florestas da Baixa Saxónia não devem ser fáceis de encontrar, e assim, ratos e as crianças nunca mais foram vistos na cidade. Ainda estávamos longe da Peste Negra mas o arauto das vestes coloridas já actuava preventivamente. Um Papagino? Ou como insinuam as vozes, um

Que o Ano traga a graça, a fortuna e a sorte. Que o Rato, esse, é também um Flautista! Mas não leva ninguém para a borda do rio e muito menos para cavernas na Saxónia

predador sexual, um pedófilo, um canibal? Nem sempre nos encantam pelas melhores das razões, e esta associação entre ratos e crianças é indisfarçavelmente dirigida aos perigos bravios da sedução perante os mais frágeis. Já os nazis depreciativamente chamavam ratos aos judeus que depois se vingaram fazendo um Estado no Ano do Rato. E que dizer dos nossos “ratinhos” que sazonalmente andavam para cima e para baixo? E nunca esquecer que a grande imagem do século vinte é a de um rato: «Mickey», tão imortal como Jesus Cristo. Lembrarmo-nos então do penúltimo Ano do Rato que foi exactamente, 2008, tentando recordar o que nos destabilizou, ter presente as mentiras dos cofres repletos de dinheiro bem como de outros armazenamentos mitigados de “fortunas” e não despejar a mercadoria com a água do banho, apertar os cordões à bolsa, e ao invés de escutar flautas, fazer desde logo neste Ano a nascer uma orquestra de ribombar de tambores: é que não esqueçamos, os ratos não serão tão mais perigosos do que inoportunos, e caso ele esteja

sempre em movimento numa chamada «roda viva» ainda, e mesmo assim, todos ao redor podem ser vítimas de umas vibrantes dentadas o que não fará mal, servindo, quem sabe, até de antídoto a toda esta pouca inteligência mundial. Não sejamos, contudo, pessimistas, mas averiguemos a apetência para a avidez que pode muito bem ficar embruxada quando encontrar o delírio para fins matrimoniais. A união deste assombramento seria vista como uma tentativa de manipulação de dados fazendo recrudescer imagens de Flautistas — Hamelin seria agora o mundo. Quem negoceia com pragas que lhes pague atempadamente. Que o Ano traga a graça, a fortuna e a sorte. Que o Rato, esse, é também um Flautista! Mas não leva ninguém para a borda do rio e muito menos para cavernas na Saxónia. Tresvaria-se em presidente luso e exerce a sua conduta com desbragado e altaneiro encanto. Assim são eles no seu melhor. Quanto aos cofres, atirem-nos borda fora! (Mozart, era de lá perto, tão Rato como os que são, e não morreu afogado). Bom Ano, então.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 17

terça-feira 4.2.2020

Carrilhões de Mafra voltam a tocar após 20 anos de silêncio

Michel Reis

O

S carrilhões do Palácio Nacional de Mafra voltaram a tocar no passado sábado, 1 de Fevereiro, quase 20 anos depois de se terem sido remetidos ao silêncio. O concerto inaugural, ao qual assistiram milhares de pessoas, teve lugar no domingo, dia 2, com a bênção dos sinos e os carrilhonistas Abel Chaves e Liesbeth Janssens a interpretarem As Quatro Estações de Vivaldi e uma obra original da autoria de Abel Chaves. No dia 1, o programa relativo à inauguração do restauro dos sinos e carrilhões do Palácio Nacional de Mafra incluiu recitais sobre a herança da família Gato, os compositores ao serviço da Coroa nos séculos XVIII e XIX, obras originais compostas para carrilhão, e arranjos para carrilhão de música barroca. Os recitais — pelos carrilhonistas Francisco Gato, Abel Chaves, Luc Rombousts, Ana Elias, Frank Deleu, Koen Van Assche, Marie-Madeleine Crickboom — iniciaram-se às 10h e prolongaram-se até às 16h30. Ainda no primeiro dia realizaram-se duas palestras, uma das quais sobre a herança de Willem Witlockx (que, com Nicolas Levache, foi fundidor dos dois carrilhões) por Luc Rombouts, musicólogo e carrilhonista belga. No segundo dia decorreram também palestras: a encomenda dos dois carrilhões para o Real Paço de Mafra teve a intervenção de Isabel Iglésias; o técnico da Direcção-Geral do Património Cultural Luís Marreiros apresentou a empreitada de reabilitação dos carrilhões e torres sineiras; João Soeiro de Carvalho, professor do Departamento de Ciências Musicais da Universidade Novade Lisboa, fez a sua intervenção sobre o complexo sineiro de Mafra; e o estudo acústico dos carrilhões esteve com Vincent Debut, investigador do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. O concerto inaugural realizou-se às 16h. O Palácio Nacional de Mafra vai manter um programa de concertos de carrilhões ao longo do ano, com a participação de carrilhonistas de todo o mundo, que está a ser ultimado, para ser anunciado. Apesar de as obras de restauro englobarem os dois carrilhões, só o da torre sul vai ficar a funcionar.Depois do restauro dos seis órgãos históricos, inaugurado em 2010, a reabilitação dos carrilhões — que já não tocavam desde 2001 — e dos sinos “vem reforçar uma das singularidades do palácio” e a sua monumentalidade, ao ter o maior con-

junto sineiro, a nível mundial, e seis órgãos históricos a tocarem em conjunto, únicos no mundo, afirmou o director do palácio, Mário Pereira. A inauguração do restauro antecede a instalação do Museu Nacional da Música no Palácio Nacional de Mafra, que foi apresentado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, como um dos “investimentos prioritários” do Governo de Portugal para 2020, no âmbito da reabilitação do património cultural. A intervenção de restauro do maior conjunto sineiro do mundo, orçada em 1,7 milhões de euros, começou no Verão de 2018, depois de ter sido dado

o visto do Tribunal de Contas para a assinatura do contrato de consignação com o empreiteiro, a empresa Augusto de Oliveira Ferreira Lda., de Braga, e de, nesse Inverno, terem sido adoptadas interdições de circulação no local, por sinos e carrilhões ameaçarem cair com o mau tempo. O concurso público tinha sido lançado em Novembro de 2015. O Governo reconheceu na altura a “urgente necessidade de proceder à reabilitação” dos sinos e carrilhões, “face ao avançado estado de degradação” e aos “riscos de segurança, não só para o património em si, como para os utentes do imóvel e transeuntes da via

Os dois carrilhões e os 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia e dos carrilhões, constituem o maior conjunto sineiro do mundo

pública”. O financiamento suplementar oriundo do Turismo de Portugal permitiu ainda pôr em funcionamento os sinos das horas. Os sinos, alguns a pesarem 12 toneladas, estavam presos por andaimes desde 2004, para garantir a sua segurança: as estruturas de suporte, em madeira, encontravam-se apodrecidas. Na altura, os carrilhões de Mafra foram classificados como um dos “Sete sítios mais ameaçados na Europa”, pelo movimento de salvaguarda do património Europa Nostra. Os dois carrilhões e os 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia e dos carrilhões, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, constituindo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do Palácio Nacional de Mafra, classificado como Património Cultural Mundial da UNESCO em Julho de 2019.


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Diariamente EXPOSIÇÃO 45 “GAME – GIGI LEE’S MULTIMEDIA” Armazém do Boi | Até 16/2

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EXPOSIÇÃO “MACAU CANIDROME-POUCHING TSAI SOLO EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 11/2

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FALADO EM CANTONESE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kenji Tanigaki Com: Donnie Yen, Teresa Mo, Niki Chow, Wong Jing, Jessica Jann 14.00, 18.55

THE GRAND GRANDMASTER [B] FALADO EM CANTONESE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Dayo Wong Com: Dayo Wong, Annie Liu, Catherine Chau 15.50, 20.00, 22.15 SALA 2

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 48

Com: Robert Downey Jr, Antonio Banderas, Michael Sheen 14.00

ALL’S WELL END’S WELL 2020 [B] FALADO EM CANTONESE LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Raymond Wong Com: Julian Cheung Chi Lam, Louis Cheung, Raymond Wong 15.55, 19.45

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UM FILME HOJE Na aldeia de Lago, no Faroeste, a população está preocupada com a vinda de três criminosos, que depois de traídos foram presos. Agora vão procurar vingar-se. No desespero, os responsáveis pela aldeia contratam os serviços do “estranho”, interpretado por Clint Eastwood, para defendê-los. No entanto, também Clint tem uma história para vingar. O filme, um dos mais pesados de Eastwood, marcou ainda a estreia da lenda de Hollywood no género Westerm como realizador. João Santos Filipe

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ATAQUE A MACAU

início da tarde de ontem, agentes da polícia londrina balearam mortalmente um homem suspeito de ter esfaqueado várias pessoas numa rua de comércio do bairro de Streatham, no sul de Londres.

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YUAN

VIDA DE CÃO

2 6 6 7 4 3 5 1 1 2 7 5 polícia de Londres informou que o incidente registado ontem num bairro da capital britânica, que 3Aresultou 4na morte do atacante e em ferimentos em três pessoas, teve uma “natureza islamita”. Ao 49

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A decisão unilateral de Carrie Lam de fechar as ligações marítimas para o centro de Hong Kong é um ataque totalmente injustificado à RAEM e é uma vergonha, que merecia um protesto por parte dos dirigentes de Macau. Hong Kong está a dar um mau exemplo ao mundo, ao mostrar que a RAEM pode ser isolada. A partir de agora é mais fácil para outros países e jurisdições seguirem o mesmo caminho e fecharem ligações aéreas. Se até a uma região da China o faz.... Carrie Lam sempre disse que não podia tratar de forma discriminatória o Interior, mas não teve problema nenhum em tratar dessa forma a população de Macau. Macau não faz parte da China para Carrie Lam? Alguém pensou no impacto desta medida que apanhou até o Governo de Macau de surpresa? Desde que a epidemia rebentou, Macau agiu sempre muito mais depressa que Hong Kong, distribuiu máscaras e soube responder às ansiedades da população. Aliás, 50 muitas dessas medidas foram elogiadas em Hong Kong pela população e acabaram por ser copiadas pelo conjunto de pessoas que toma decisões na RAEHK. Enquanto em Macau se andou a trabalhar, a comunicar com a população e a responder aos anseios, em Hong Kong, a secretária Sophia Chan imitou o exemplo da sua grande líder, quando dinamitou a RAEHK, e em vez de pedir desculpas e reconhecer os erros foi para a televisão chorar. As governantes daquele outro lado choram muito, mas são incapazes de arranjar soluções para os problemas que criam. Portanto, foram pela opção mais fácil: fecharam o terminal para Macau. A população de Macau e o Governo não mereciam esta humilhação, que é muito maior porque vem de “dentro”. João Santos Filipe

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SPIES IN DISGUISE [B]

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Um filme de: Troy Quane, Nick Bruno 14.00, 15.55, 19.30

SHINKALION THE MOVIE [B] Um filme de: Takahiro Ikezoe 17.50

ALL’S WELL END’S WELL 2020 [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Raymond Wong Com: Julian Cheung Chi Lam, Louis Cheung, Raymond Wong 21.30

www. hojemacau. com.mo

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CLINT EASTWOOD | O PISTOLEIRO DO DIABO (1973)

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FALADO EM INGLÊS LEGENDADOEM CHINÊS Um filme de: Stephen Gagham Com: Robert Downey Jr, Antonio Banderas, Michael Sheen 17.50, 21.45

FALADO EM CANTONESE Um filme de: Stephen Gagham

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; In Nam Ng; João Santos Filipe; Juana Ng Cen; Pedro Arede Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo

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opinião 19

terça-feira 4.2.2020

um grito no deserto PAUL CHAN WAI CHI*

Q

UANDO Ho Iat Seng se candidatou ao cargo de Chefe do Executivo de Macau, perguntaram-lhe por que motivo queria trocar a presidência da Assembleia Legislativa pela liderança do Governo da RAEM, optando pelo sistema executivo. Ele respondeu que não fugia de uma “casa em chamas”. De facto, a “casa em chamas” com que o Chefe do Executivo tem de lidar não está só a arder (tem de enfrentar muitos problemas sociais), como também está muito desarrumada, na medida em que o fogo não foi combatido durante os últimos 20 anos (existem muitas práticas malsãs de longa data nos departamentos administrativos) e a casa em si tem falta de espaço (com estruturas que se sobrepõem umas às outras e um número de funcionários que excede em muito o necessário). Com uma experiência de uma década na Assembleia Legislativa e como ex-membro do Conselho Executivo, Ho Iat Seng deve ter plena consciência do estado da “casa em chamas”. Está também ciente de que a liberalização da indústria do jogo promovida por Edmund Ho transformou a cidade num dos centros de lazer mais famosos do mundo, após Macau ter falhado na renovação das suas infra-estruturas económicas. Mas a corrupção brotou deste súbito crescimento económico, como se pode verificar no caso da prisão de Ao Man Long, o primeiro secretário para os Transportes e Obras Públicas da RAEM, considerado culpado das acusações de suborno e de lavagem de dinheiro. Durante os dez anos da administração de Chui Sai On, Macau registou um salto económico brutal que também derivou do enorme desenvolvimento da China. Na Era Chui, desde que os processos administrativos fossem decorrendo suavemente e sem sobressaltos, e com a total cooperação das maiores organizações e associações, o Governo tinha reservas financeiras suficientes para distribuir todos os anos dinheiro pelos residentes e para pagar as custas crescentes do recrutamento exponencial de funcionários públicos, apesar das boas intenções para alcançar “uma boa governação à base da racionalização de quadros e simplificação administrativa”. Contudo, ao longo desses dez anos, o procurador do Ministério Público, à altura, Ho Chio Meng, foi preso por crimes que incluiam fraude agravada e lavagem de dinheiro. Ho Iat Seng é o actual Chefe do Executivo de Macau e os próximos cinco ou dez anos em que exercerá a governação serão cruciais

Baptismo de fogo

e decisivos para definir o caminho que a cidade irá trilhar de futuro. Sendo há 20 anos membro do Comité Permanente daAssembleia Popular Nacional da China, Ho Iat Seng sabe que Macau possui importantes mais valias e que tem um papel específico a desempenhar na Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. E, na medida em que o Governo Central atribuiu a Macau três grandes funções no quadro da Zona, não há tempo a perder. Por isso, desde que tomou posse, vemos Ho Iat Seng a fazer visitas surpresa a vários departamentos governamentais para inspeccionar o seu funcionamento. Esta actuação foi alvo de críticas por parte de alguns altos funcionários, que afirmam que pode provocar distúrbios no modus operandis da função pública, que até aqui tem proporcionado um ambiente de trabalho de paz e harmonia. Mas então, se tudo corre bem, porque é que os responsáveis têm medo das visitas surpresa do Chefe do Executivo?

Por este tipo de actuação, fica claro que Ho Iat Seng é uma pessoa que procura a verdade a partir dos factos. E, graças à sua forma de lidar com os acontecimentos, a resposta do Governo de Macau e as medidas que foram tomadas em relação à prevenção e controlo da propagação do novo coronavírus na cidade foram rápidas e positivas. Sob a sua liderança pragmática, todos os corpos governamentais, do topo até à base, deram provas de saber gerir a crise. Foi criado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, foi assegurado o fornecimento de máscaras a todos os residentes, implementado o controlo das entradas e saídas de Macau, as escolas foram encerradas, os feriados prolongados e foram tomadas as medidas necessárias para evitar a propagação do vírus. Todos os procedimentos foram mais rápidos e eficazes do que em Hong Kong. Ho Iat Seng parece

Até agora, não existe pânico em Macau e as pessoas em geral estão satisfeitas com a forma como o Governo está a responder a esta crise. Não há dúvidas que Ho Iat Seng passou neste primeiro teste de fogo Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático

estar a aproveitar da melhor maneira os seus muitos anos de experiência e os contactos que estabeleceu como membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China. Conseguiu convidar o chefe do grupo de especialistas da Comissão Nacional de Higiene e Saúde, e membro da Academia Chinesa de Engenharia, Zhong Nanshan, para vir a Macau como conselheiro, e tem mantido uma comunicação próxima, garantindo a coordenação com o Governo Central e com o Governo do Povo da Província de Guangdong. Até agora, não existe pânico em Macau e as pessoas em geral estão satisfeitas com a forma como o Governo está a responder a esta crise. Não há dúvidas que Ho Iat Seng passou neste primeiro teste de fogo. Passar o primeiro teste é um bom princípio. A próxima prova para Ho Iat Seng virá quando tiver que lidar com as consequências desta epidemia, como o declínio das receitas do jogo, os impactos negativos no turismo e no comércio, devido à drástica redução do número dos turistas provenientes da China que visitam Macau em regime de “Visto Individual”. Como revigorar a economia de Macau e a sua dependência de um sector único (o jogo) vai ser a próxima difícil prova que Ho Iat Seng terá de enfrentar.


O maior e o mais velho amor, é o amor pela vida. PALAVRA DO DIA

Plutarco

Sitiados em Manila Voos cancelados nas Filipinas retêm residentes portugueses de Macau

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ORTUGUESES que vivem em Macau e que estavam de férias ficaram retidos nas Filipinas devido aos vários voos cancelados na última semana por causa das medidas de combate ao novo coronavírus, disseram à Lusa. “No nosso voo para Macau estavam, no mínimo, 12 portugueses”, disse à Lusa Liliana Lino, residente em

Macau de 30 anos, que tinha o voo agendado no domingo através de Clark, a cerca de 100 quilómetros da capital, Manila. Liliana encontrava-se de férias com mais dois amigos portugueses, também residentes em Macau, e já tinha sido notificada pela companhia aérea “que os voos para Macau, Hong Kong e China continental iam ser reduzidos a partir de dia 3 de Fevereiro”. Por isso

“estava descansada”, frisou a designer de interiores. Só que no domingo um homem de nacionalidade chinesa morreu nas Filipinas vítima de uma pneumonia causada pelo coronavírus de Wuhan, a primeira morte registada fora da China. Facto que levou as autoridades filipinas a ‘apertarem’ ainda mais as medidas de segurança, que inclui, por exemplo, a proibição de todos os estrangeiros que chegam da China. Também Tiago Miranda, jurista português residente em Macau, que foi às Filipinas com a namorada “aproveitar alguns feriados e fugir à confusão geralmente instaurada durante o período do Ano Novo Chinês”, viu o seu voo ser cancelado no domingo. Os dois partiram de Macau, no dia 24 de Janeiro, “vestidos a rigor com máscara na cara e pulverizados de desinfectante”, contou à Lusa. “A ida correu conforme planeado, embora tenhamos sentido alguns cuidados redobrados no aeroporto a esmagadora maioria das pessoas usava máscara e mediram-nos a febre à entrada do controlo de bagagem”, disse, acrescentando ainda que à chegada a Cebu, Filipinas, foram avaliados por uma máquina que media a temperatura. No dia do suposto regresso, iam apanhar o avião de Manila com destino a Macau e foram “informados pela companhia aérea de que todos os voos tinham sido cancelados a partir daquele momento, sem quaisquer perspectivas de retomar o normal funcionamento”. “Fomos então aconselhados pela própria companhia aérea a procurar voos noutras companhias cujo funcionamento ainda não tinha sido afectado, à medida que a confusão no aeroporto se instalava e as alternativas de voos reduziam drasticamente (enquanto os preços disparavam a cada minuto)”, afirmou o jurista português de 27 anos.

PORTA DE EMBARQUE

Liliana conseguiu arranjar um voo para Macau na

No dia do suposto regresso, iam apanhar o avião de Manila com destino a Macau e foram “informados pela companhia aérea de que todos os voos tinham sido cancelados a partir daquele momento, sem quaisquer perspectivas de retomar o normal funcionamento” TIAGO MIRANDA JURISTA PUB

madrugada de quarta-feira, a partir de Manila, e assim como Tiago esperam poder regressar ao trabalho, que já foi adiado pelo menos dois dias devido a estes constrangimentos. A esperança é que o voo “não seja cancelado em cima da hora novamente”, apontou Liliana, ideia corroborada por Tiago: “esperamos que tudo decorra sem mais imprevistos daqui em diante neste tão aguardado regresso a Macau”. Em conferência de imprensa, o Governo de Macau disse ter recebido quatro pedidos, oito pessoas, de ajuda de residentes de Macau que se encontram retidos nas Filipinas, mas nenhum desses pedidos são de nacionalidade portuguesa. Lusa

terça-feira 4.2.2020

Coronavírus Fitch antecipa “impacto significativo” no sector do jogo

A empresa de notações financeira Fitch Ratings acredita que a Pneumonia de Wuhan vai ter um “impacto significativo” para os casinos nos territórios. Num comunicado que foca as operadoras Las Vegas Sands, companhia-mãe da Sands China, Wynn Resorts, MGM Resorts e Melco é sublinhado que o impacto para as receitas pode ser de 50 por cento, no primeiro trimestre do ano, ou 25 por cento, no segundo trimestre. Contudo, a Fitch sublinha que as empresas têm reservas financeiras sólidas e uma boa capacidade de endividamento para fazer face a esta situação, além da possibilidade de poderem cortar despesas.


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