Hoje Macau 4 MAI 2020 # 4517

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10 GCS

SEGUNDA-FEIRA 4 DE MAIO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4517

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hojemacau NERVOS À FLOR DA PELE PÁGINA 5

RÓMULO SANTOS

O lucro é quem mais ordena

LAG | SEGURANÇA

JOGO

QUEBRA HISTÓRICA PÁGINA 8

FILIPINAS

A SOMAR ENCARGOS PÁGINA 7

OPINIÃO

O Cartão de Consumo entrou em vigor na sexta-feira e com ele a subida dos preços em vários supermercados. As denúncias do súbito aumento dos valores dos produtos sucedem-se na internet, com muitos a pedirem o boicote a alguns estabelecimentos, que constam já de uma lista negra online. O Governo recebeu 382 queixas, mas o Conselho de Consumidores diz não ter registado qualquer irregularidade no mercado, remetendo os aumentos para erros dos trabalhadores. PÁGINAS 2 A 4

LATRINA MENTAL JOÃO LUZ


2 coronavírus

4.5.2020 segunda-feira

A SELVA DO CAPITAL CARTÃO CONSUMO SUBIDA DE PREÇOS LEVA A PEDIDOS DE BOICOTE A SUPERMERCADOS

O cartão de consumo levou à corrida ao comércio e ao aumento dos preços. Depois de queixas de consumidores, a Direcção dos Serviços de Economia exigiu a redução dos preços a algumas lojas. Na internet partilham-se listas de estabelecimentos a evitar. Entretanto, sem direito a cartão de consumo, os trabalhadores não residentes são forçados a cortar nas despesas

“C

ONCORDO que devemos boicotar estes supermercados. Para ser honesta, depois de ler as notícias sobre a subida de preços, decidi não fazer lá as minhas compras”, desabafa uma agente de seguros de 50 anos de apelido Un. A residente, que falou com o HM carregada com um saco de compras, referiu-se às cadeias Royal e San Miu, dois dos alvos preferenciais da ira dos consumidores, em especial de internautas, na sequência da inflação desde a entrada em funcionamento dos cartões de consumo. Apesar do aumento do preço dos produtos, a residente não deixa de elogiar a medida do Governo pela “conveniência” que traz. “A pandemia causou grande impacto para as finanças das famílias e do comércio. Estimular o consumo ajuda os dois lados”, comentou à saída de uma loja Sunsco.

Desde a entrada em funcionamento do cartão de consumo, que teve início na passada sexta-feira, o Conselho de Consumidores recebeu centenas de queixas de residentes revoltados com a “oportuna” subida de preços (ver página 4). Da queixa às autoridades, até à justiça consumista foi um passo curto, dado online. Em diversos grupos de Facebook e no WeChat, as caixas de comentários deram voz à frustração dos consumidores e surgiram sugestões de boicote aos estabelecimentos comerciais que procuraram lucrar com a vaga consumista. Na sequência do desagrado social, a rede Royal apresentou a sua versão dos factos (ver CAIXA), o que provocou ainda mais reacções negativas. Num grupo de Facebook, uma residente não poupou palavras ao condenar a empresa. “A explicação da Royal não bate com os factos. A população de Macau vê com os olhos e lembra-se

com o coração. Toda a gente sabe o que se passa. Foram estúpidos, sabiam que íamos inspeccionar rigorosamente e ainda ousaram aumentar os preços. É preciso ser parvo para acreditar na desculpa do ajuste de preços.” Outro internauta atacou a honestidade dos supermercados. “Comerciantes sem escrúpulos. A explicação não fez sentido nenhum, nem terá utilidade, o Governo deve puni-los para evitar que outras lojas façam o mesmo”, sugeriu o residente. Houve também quem adaptasse o lema da Royal (o supermercado das pessoas de Macau), para “o supermercado que engana as pessoas de Macau”. O

internauta acrescentou que “devido à sua desonestidade, toda a população de Macau deve boicotar o Royal”.

EXECUTIVO À ESPREITA

Além de fotos e vídeos dos mesmos produtos com preços diferentes, circula na internet uma lista negra com lojas dos grupos Alpha Group e Weng Fong Group, nomeadamente os supermercados Royal, Supreme, Grand Mart, Royal Home e Farmácia Loi Loi. Apesar do tom agressivo nas redes sociais, o Governo encara o assunto com sobriedade e cautela. Em comunicado, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE), frisou que “o Governo da RAEM está

“A explicação da Royal não bate com os factos. A população de Macau vê com os olhos e lembra-se com o coração. Foram estúpidos, sabiam que íamos inspeccionar rigorosamente e ainda ousaram aumentar os preços.” INTERNAUTA

muito atento às flutuações dos preços dos produtos no mercado, salientando que o lançamento do cartão de consumo electrónico tem por objectivo inicial a promoção da economia, garantia do emprego e manutenção da vida da população”. Além disso, a DSE deixa o aviso de que o comércio “tem de assumir as suas responsabilidades sociais e não deve aproveitar a oportunidade para aumentar injustamente os preços”, lembrando que cabe ao sector criar um “bom ambiente de consumo” e “empenhar-se na manutenção da estabilidade dos preços.” A senhora Ieong, uma reformada de 74 anos, referiu à saída de um Royal que notou uma ligeira subida

dos preços. “Vim comprar uma caixa de biscoitos, antes custava 66 patacas e agora é 69 patacas. Isto não é correcto, portanto, devemos boicotar estas lojas”, comentou ao HM. A residente realça que o cartão de consumo é uma grande ajuda, sobretudo desde as limitações para entrar em Zhuhai. “Os idosos, como eu, iam muito a Gongbei comprar carne e legumes, que são lá muito mais baratos. Como não podemos ir agora, o cartão é um apoio importante”, comentou. Face à avalanche de críticas, o Conselho de Consumidores tem-se multiplicado em apelos ao uso da linha aberta para denúncia (8988 9315, com o serviço de gravação telefónica 24 horas por dia e


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representação de trabalhadores migrantes, mas que continua a ser activista da causa, é hoje em dia um dos rostos das redes informais de entreajuda de TNR que sofrem as amarguras económicas agravadas com o lançamento dos cartões de consumo. A empregada doméstica indonésia aponta, com algum humor, que a inflação coincide felizmente com o período do Ramadão, altura em que a maioria dos muçulmanos praticam o jejum ritual. “Este mês é bom, porque estamos a jejuar. Portanto, precisamos de menos comida e bebida”, comenta. A activista testemunhou a forma como as filas nos supermercados engrossaram a partir de 1 de Maio. “Os trabalhadores migrantes, portadores de blue card e visitantes, estão a enfrentar dificuldades. Muitos de nós não temos trabalho devido à pandemia e agora o que

REAL DESCULPA

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6298 0886 no WhatsApp. “Se descobrirem qualquer irregularidade sobre os preços praticados no mercado, os consumidores podem ligar à linha aberta, com a apresentação de fotografias, imagens ou textos, que devem ser completos e precisos para que o acompanhamento seja mais eficaz”, detalharam as autoridades em comunicado. Aliás, um dirigente do CC, citado pelo canal chinês da TDM – Rádio Macau especificou que capturas de

imagens de fontes desconhecidas, e entregues por fontes anónimas”, dificulta o trabalho das autoridades.

SEM REDE

Um dos sectores da população mais desfavorecida, os trabalhadores não residentes (TNR), não só ficaram fora das medidas de apoio lançadas pelo Governo, como o cartão de consumo, como ainda têm de suportar a inflação decorrente da corrida consumista. Erik Lestari, que dirigiu uma organização de

“Concordo que devemos boicotar estes supermercados. Para ser honesta, depois de ler as notícias sobre a subida de preços, decidi não fazer lá as minhas compras.” SENHORA UN AGENTE DE SEGUROS

ace às críticas e ameaças de boicote, uma representante do grupo de supermercados Royal ligou no passado sábado para o jornal Ou Mun para explicar a mudança de preços e as fotos que circulam nas redes sociais com fotografias de etiquetas de preços diferentes para o mesmo produto. A representante referiu que o supermercado faz mensalmente duas campanhas promocionais, no início do mês e no dia 16. Como tal, no dia antes de 1 de Maio, devido à nova campanha de descontos, alguns preços baixaram, enquanto os que tinham sido abrangidos pelas promoções na campanha anterior voltaram ao seu preço inicial, ou seja, ficaram mais caros. A representante adiantou ainda compreender como essa situação levou à confusão dos consumidores, mas não explicou porque só foram divulgadas imagens de produtos que ficaram mais caros.

“Este mês [de Ramadão] é bom, porque estamos a jejuar. Portanto, precisamos de menos comida e bebida.” ERIK LESTARI ACTIVISTA INDONÉSIA

temos a fazer é poupar e partilhar com quem precisa”, apontou ao HM Erik Lestari. Se antes conseguia alimentar-se com uma despesa mensal de 1000 patacas, a empregada doméstica estima que esse orçamento já não seja suportável, em especial devido aos aumentos de produtos como ovos, laticínios e arroz. “Espero que o Governo consiga controlar os preços, não os deixe subir tanto, para que não nos tenhamos de esforçar tanto para fazermos compras.” É o apelo público de Erik Lestari. Vinda de outras paragens, Filipinas, Jassy Santos deixou ao HM um pedido mais directo ao Executivo de Ho Iat Seng. “Espero que o Governo de Macau nos dê importância”, referiu a representante da Progressive PUB

Labor Union of Domestic Workers (Macau). Jassy Santos explica que com a inflação trazida pelo cartão de consumo, não teve outra hipótese a não ser aumentar o orçamento dedicado aos bens essenciais e minimizar as restantes despesas. Um dos rostos mais conhecidos do activismo pelos direitos dos TNR em Macau, Benedicta Palcon, que lidera a Greens Philippines Migrant Workers Union, destacou o facto de que, independentemente do estatuto junto dos Serviços de Identificação, todos sofrem com os efeitos da pandemia do novo tipo de coronavírus e com a subida dos preços. “Não podemos fazer nada porque o cartão é para os residentes locais. Mas mesmo sem BIR também somos afectados pela

pandemia da covid-19. Alguns de nós perderam o emprego, ou ficaram em licença sem vencimento”, comentou ao HM. Benedicta Palcon, que dedica parte da vida a dar visibilidade a uma das classes sociais mais desfavorecidas do tecido demográfico local, gostava que o Governo não pensasse só nos residentes, mas também nos outros trabalhadores que contribuem para a sociedade de Macau. Além da desigualdade de tratamento no acesso a apoios, a activista só sente igualdade nas amarguras. “O aumento dos preços vai-nos afectar muito porque também compramos o que precisamos para as nossas necessidades diárias nos supermercados.” Entre Maio, Junho e Julho cada residente de Macau tem direito a três mil patacas para gastar no comércio local. Ainda este ano, a partir de Agosto cada residente vai beneficiar ainda de mais cinco mil patacas. João Luz, com N.W. e S.F.

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Covid-19 Mais seis altas

Entre o dia 29 de Abril e ontem, o território registou mais seis pacientes com altas, entre eles a residente com 50 anos, que chegou a precisar de utilizar ventilador. Cinco das seis pessoas a quem foi dada alta, são residentes, com idade entre os 20 anos e os 50 anos. Em relação à alta divulgada ontem trata-se de um trabalhador não-residente, das Filipinas, de 39 anos. Ao mesmo tempo, duas pessoas a quem tinha sido dada alta e que estavam em observação extra por 14 dias, como acontece com todos os pacientes na RAEM, voltaram a testar positivo e por esse motivo permaneceram em observação. No total, foram registadas três recaídas em Macau.

Ensino Aulas de regresso

As escolas vão reabrir hoje com o regresso das aulas presenciais para os alunos do ensino secundário, ou seja do 10.º ano ao 12.º ano. Por este motivo, Wong Ka Ki, Chefe do Departamento de Ensino da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude apelou a todos os alunos que se desloquem atempadamente e que não se esqueçam de levar a máscara e lavar regularmente as mãos. “As horas das escolas vão estar concertadas para as entradas, mas apelamos aos estudantes para que saiam cedo de casa”, afirmou Wong.

CONSUMO CONSELHO ATIRA AUMENTO DE PREÇOS PARA ERROS DOS TRABALHADORES

Lucrar é humano

O Governo recebeu 382 queixas relacionadas com subidas de preços e outras práticas ligadas ao cartão de consumo. Nos dois primeiros dias do programa governamental foram gastos 125 milhões de patacas num total de 929 mil transacções

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PESAR de ter recebido 382 queixas relacionadas com a subida dos preços nos supermercados, o Conselho de Consumidores não registou quaisquer irregularidades ou ilicitudes no mercado. A informação foi avançada ontem por Wong Hon Neng, presidente da Comissão Executiva do Conselho de Consumidores, na conferência diária sobre a pandemia da covid-19.

“Nos últimos três dias recebemos muitas queixas dos cidadãos sobre situações variadas. Mas não detectamos nenhuma infracção ou actos ilícitos”, afirmou Wong. “Por isso, nós adoptámos uma intervenção mais simples, ou seja de ajudar os consumidores ao reflectir a sua insatisfação junto dos lojistas, para que as situações sejam corrigidas e os consumidores possam ficar mais satisfeitos”, acrescentou. Wong Hon Neng apontou ainda a situação que circulou nas redes sociais em que duas embalagens de nêsperas com a mesma origem e com o mesmo número de unidades estavam a ser vendidas por 18 patacas num supermercado e por 30 em outro. Neste caso, as autoridades limitaram-se a falar com o supermercado com que cobrava mais pelos frutos. “A conversa foi muito feliz porque o supermercado com a caixa a 30 patacas aceitou baixar o preço”, indicou. Segundo a informação apresentada, 80 por cento das queixas estiveram relacionadas com supermercados.

AS FALHAS

Ainda sobre os aumentos que começaram a 1 de Maio, quando o programa de incentivo ao consumo entrou em vigor, o chefe do Departamento de Licenciamento e de Inspecção dos Serviços de Economia, Kong Son Cheong,

indicou tratarem-se de falhas de comunicação e erros dos trabalhadores. “Verificamos que quando os trabalhadores do supermercados colocaram as etiquetas com os preços nos expositores cometeram algumas falhas, devido ao grande volume de trabalho”, afirmou Kong “Normalmente há muitos estabelecimentos que ajustam os preços a 1 de Maio, tal como aconteceu no ano passado, por isso houve aumentos que não foram comunicados aos consumidores”, sublinhou. Ainda de acordo com os responsáveis, os operadores dos supermercados prometeram corrigir as situações verificadas. No entanto, Wong Hon Neng recusou explicar os critérios adoptados para considerar que os preços praticados são excessivos. Segundo

“Nos últimos três dias recebemos muitas queixas dos cidadãos sobre situações variadas. Mas não detectamos nenhuma infracção ou actos ilícitos.” WONG HON NENG PRESIDENTE DO CONSELHO DE CONSUMIDORES

o responsável, cada produto tem critérios flexíveis. Porém, avisou que em Macau os espaços comerciais têm liberdade para praticar os preços que entenderem. “Na verdade Macau é uma economia livre e as pessoas podem praticar os preços de acordo com as leis do comércio. É normal que haja diferença entre os preços praticados. Apenas se houver preços exagerados é que vamos entrar em contacto”, disse Wong.

MILHÕES EM CONSUMO

De acordo com os dados apresentados ontem por Kong Son Cheong, nos dois primeiros dias do programa do cartão de consumo, os residentes de Macau gastaram 125 milhões de patacas, o que representa um total de 929 mil transacções com uma média de 135 patacas por transacção. Os dados sobre os locais de consumo ainda não estão disponíveis, mas no que diz respeito a sábado, os supermercados foram o local onde aconteceram 23 por cento das transacções. Seguiram-se os restaurantes com uma fatia de 21 por cento. Segundo o responsável da DSE, as restantes 56 por cento das transacções aconteceram em todos os outros estabelecimentos comerciais, como lojas de roupa, l de electrodomésticos, oculistas, entre outros. João Santos Filipe

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Saúde Código em vigor desde ontem

Desde ontem que Macau passou a ter um Código de Saúde com as cores verde, amarelo e vermelho, um mecanismo que é uma actualização de declaração de saúde já em vigor, com um maior cruzamento de dados. A cor vermelha representa a proibição de entrada nos espaços e é aplicada para casos suspeitos ou que tenham estado em zonas de alta incidência, com obrigação de transferência para o hospital. O amarelo alerta as pessoas para que evitem espaços com grande concentração e o verde para pessoas sem sintomas ou que não tenham historial de visitas ao exterior nos últimos 14 dias.

Coreia Família da RAEM vai para Hong Kong

Os quatro residentes de Macau que estavam a Coreia do Sul vão voar para Hong Kong, onde permanecerão, segundo contou ao HM Cinzia Lau, membro da família em causa. Como todos têm também residência da região vizinha tomaram essa opção face às dificuldades em voar directamente para Macau. A decisão foi tomada após o Governo ter afirmado que tinha enviado à cidadã contactos de clínicas na Coreia, onde seria possível testar as filhas. Todas as pessoas que embarcam em voos para Macau, incluindo residentes, têm de ter um teste à covid-19 com resultado negativo. Cinzia Lau confirmou ainda que o facto de a sua história ter sido tornada pública fez com que uma residente de Macau a estudar na Coreia do Sul lhe enviasse igualmente a morada de duas clínicas onde poderia fazer testes.


LAG

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O

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA SULU SOU ABANDONOU DEBATE EM PROTESTO CONTRA WONG SIO CHAK

Ódios de estimação

O debate sobre o tecto máximo de horas de trabalho do pessoal da linha da frente das forças de segurança ficou marcado pela troca de palavras entre Sulu Sou, que fez a proposta e Wong Sio Chak. De forma indirecta, o secretário para a Segurança acusou o deputado de caçar votos, mas depois pediu desculpa. Ainda assim, Sulu Sou deixou o plenário por algumas horas Quando Sulu Sou regressou à sala do plenário, o governante voltou a abordar o assunto. “Não sei porque abandonou este local há pouco, se foi por causa das minhas palavras, se calhar pensei demais. Sobre os pontos indiciários, se for um projecto de lei apresentado pelo deputado é bem-vindo, mas o

Governo tem de actuar de acordo com a lei e não podemos governar a bel-prazer.” Num comunicado emitido posteriormente, Sulu Sou afirma que “a monitorização do Governo e o discurso em prol da população são responsabilidades políticas que os deputados devem ter. E a AL

é também o lugar onde o debate público dever ser profundamente claro”. “A minha intervenção foi apenas um discurso comum num debate sobre políticas públicas. No entanto, durante a sua resposta, o secretário acusou-me de falar ‘para conseguir mais votos do eleitorado’

(algo inapropriado para todos), ignorando por completo os factos”, acrescentou o deputado. Para Sulu Sou, a postura de Wong Sio Chak “não está de acordo com a filosofia de governação do novo Chefe do Executivo e também falha nas expectativas da população em relação ao modo de governação”.

Para Sulu Sou, a postura de Wong Sio Chak “não está de acordo com a filosofia de governação do novo Chefe do Executivo e também falha nas expectativas da população em relação ao modo de governação”

GCS

debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Segurança, na passada quarta-feira, ficou marcado pela saída abrupta de Sulu Sou do plenário em protesto pelas palavras proferidas por Wong Sio Chak, secretário para a Segurança. O governante respondia ao deputado sobre a proposta de fixação de um tecto máximo de horas de trabalho para o pessoal da linha da frente nas forças de segurança. “Se temos ou não de fixar o tecto máximo [para o número de horas de trabalho] temos de encontrar um consenso. Sabemos que os trabalhadores se sacrificam, mas temos ainda de aperfeiçoar o regime para salvaguardar o descanso. Não podemos dizer – como afirmou Sulu Sou – que não ligamos ao nosso pessoal de base. (…) Não podemos proferir estas declarações para conseguir mais votos do eleitorado”. No momento em que Sulu Sou se preparava para contra-argumentar, o presidente daAssembleia Legislativa (AL), Kou Hoi In, interveio. “O senhor deputado Sulu Sou parece que não está satisfeito com as respostas prestadas pelo secretário. Nesta fase, ainda pode utilizar o período que resta para pedir esclarecimentos. Temos instruções que têm de ser respeitadas, não queremos que o período da reunião seja afectado.” Sulu Sou acabaria por deixar a sala. “Posso invocar o Regimento para defender a minha dignidade. O senhor secretário, como dirigente, pode falar dessa maneira? Vou ausentar-me da sala do plenário para protestar, não é justo, está a falar pelo secretário”, disse Sulu Sou, não sem antes ouvir as palavras “tenha calma, senhor deputado”, por parte de Kou Hoi In. Importa referir que outros legisladores abordaram o mesmo tema, sem terem suscitado reacção semelhante de Wong Sio Chak.

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“Como responsável máximo pelas forças de segurança, quando enfrenta dúvidas e objecções por parte dos membros da AL, o discurso revelou-se decepcionante, sendo um mau exemplo. Vou continuar a monitorar o tempo de descanso e de lazer do pessoal da linha da frente das forças de segurança e outras questões que preocupam a população. É a minha responsabilidade política como deputado eleito pelos cidadãos”, concluiu Sulu Sou.

“LAMENTO O QUE ACONTECEU”

Minutos mais tarde, Wong Sio Chak pediu desculpas a Sulu Sou. “Lamento o que aconteceu, mas temos de falar em nome do interesse público e não pessoal. Não estou contra a pessoa, mas tem de se limitar este fenómeno. Talvez ele pense que estava contra ele, mas não.”

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

SEGURANÇA GOVERNO PROMETE COMPENSAÇÕES ALÉM DAS 44 HORAS SEMANAIS

O

S trabalhadores das forças de segurança vão passar a receber uma compensação até ao limite máximo de 9.100 patacas caso cumpram mais de 44 horas semanais de trabalho. Além disso, passa a haver flexibilização no cumprimento do horário ao longo do mês.

A garantia foi dada na quarta-feira passada por Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, no debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa para este ano. “Temos uma proposta feita em colaboração com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça, temos consenso. No cálculo

das 44 horas semanais vai ser possível distribuir ao longo do mês, achamos que assim é mais razoável. Nem todas as semanas têm de ter 44 horas de trabalho. Por vezes é necessário de fazer uma investigação ou estar num evento, o que obriga as pessoas a trabalharem mais tempo.”

Actualmente, o cumprimento de 44 horas de trabalho por semana dá direito a 100 pontos indiciários, quando antes apenas eram atribuídos 50 pontos. Até agora não estava contemplada compensação financeira ao trabalhador sempre que trabalhasse além das 44 horas semanais.

“Em Hong Kong compensa-se atribuindo horas de descanso aos trabalhadores das camadas de base após 63 horas de trabalho. Nós damos uma compensação de até 9.100 patacas, por isso acho que o regime é razoável”, disse o secretário. Ao HM, o deputado José Pereira Coutinho, que preside

à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), disse discordar da medida. “Seria mais justo pagar as horas de trabalho extraordinárias. Há muitos agentes que, por exemplo, são chamados a depor nos tribunais e perdem dias inteiros lá, sem que recebam uma compensação.” A.S.S.


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SSM NOVO HOSPITAL DEVERÁ TER MAIS DE 60 ENFERMARIAS DE ISOLAMENTO

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POLÍCIA SEGUNDO-COMANDANTE INVESTIGADO POR DEIXAR DETIDO IR DORMIR A CASA

Bem prega frei Tomás

Um Segundo-Comandante da CPSP está a ser alvo de uma investigação interna por ter enviado o suspeito de um crime para casa, antes da apresentação ao Ministério Público. O pedido de investigação foi feito pelo Comissariado Contra a Corrupção, mas o CPSP nega ilegalidades

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MSegundo-Comandante do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) está a ser investigado internamente por ter permitido que um detido fosse dormir a casa, antes de se apresentar no dia seguinte no Ministério Público (MP).Anotícia foi avançada pelo jornal Ou Mun, na quarta-feira, e acabaria por ser retirada, após um comunicado da CPSP onde se referia que a investigação ainda decorre, pelo que não se apurou a prática de qualquer crime ou infracção disciplinar. O caso aconteceu no ano passado, durante o Grande Prémio de Macau, quando um indivíduo foi detido em flagrante a vender bilhetes para o evento acima do preço praticado pela organização. O homem foi levado para uma esquadra do CPSP, onde terá sido ouvido e confessado a prática da ilegalidade.

Em vez de ficar detido para ser levado para o Ministério Público no dia seguinte, o Segundo-Comandante, que está no centro da polémica, terá dado instruções a um subordinado para que autorizasse o detido a passar a noite em casa. Na base da decisão terá estado o facto desse Segundo-Comandante e o detido serem próximos e terem uma relação de grande confiança. Porém, no dia seguinte de manhã, gerou-se uma grande ansiedade na CPSP, uma vez que o detido não respondeu às chamadas telefónicas e mostrou-se incontactável. A situação manteve-se durante algum tempo, até que o homem pelos seus meios acabou por se apresentar no Ministério Público, acompanhado por um advogado, já no período da tarde. Todo este procedimento terá causado um enorme mal-estar no

Ministério Público e deu origem a denúncias junto do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), que terá enviado uma carta ao CPSP, para que se instaurasse um processo interno. Além disso, o CCAC terá mesmo ouvido alguns dos agentes envolvidos no caso.

EM INVESTIGAÇÃO

Depois da notícia ter sido publicada, o Corpo de Polícia de

A PSP emitiu um comunicado a dizer que a investigação ainda está a decorrer pelo que não se pode concluir que tenha havido prática de ilegalidades

Segurança Pública emitiu um comunicado a negar que tivesse havido a prática de qualquer crime ou infracção disciplinar. Segundo o comunicado, neste momento ainda decorre uma investigação interna no seio da polícia pelo que não se pode concluir que haja a prática de ilegalidades. No entanto, a CPSP confirmou que recebeu uma denúncia do Comissariado Contra a Corrupção relativa à situação, através de carta. O Corpo de Polícia de Segurança Pública tem três Segundos-Comandantes, a segunda posição mais poderosa dentro da hierarquia, logo abaixo do comandante Ng Kam Wa. Os Segundos-Comandantes são Leong Heng Hong, Vong Vai Hong e Lao Wan Seong. João Santos Filipe

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EI Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang, que o futuro complexo de cuidados de saúde das ilhas terá 64 enfermarias de isolamento. “Serão criadas 80 enfermarias de isolamento no edifício de especialidade de saúde pública e 64 enfermarias de isolamento no complexo de cuidados de saúde das ilhas, tornando as instalações locais de prevenção e controlo de doenças transmissíveis mais completas”, adiantou Lei Chin Ion, acrescentando que actualmente o Governo dispõe de 232 camas de isolamento com pressão negativa. O director dos SSM avançou ainda as últimas informações relativas às obras do novo hospital. No que diz respeito às obras das fundações do edifício de especialidade de saúde deverão estar terminadas no final deste ano. Relativamente à empreitada de construção das estruturas principais do complexo de cuidados de saúde das ilhas, que abrange o hospital geral, o edifício de apoio logístico, o edifício de administração e multi-serviços, bem como o edifício residencial para trabalhadores, teve início em Outubro e em Dezembro de 2019. Lei Chin Ion lembrou ao deputado que a abertura do concurso público para o edifício do laboratório central arrancou a 11 de Março deste ano. O Governo está ainda a ponderar fazer algumas alterações no projecto do hospital de reabilitação, “com base em factores como o envelhecimento da população de Macau e o desenvolvimento dos serviços de tratamento durante o período de convalescença”.

Saúde Três residentes intoxicados com monóxido de carbono

Três residentes entre os 31 e os 36 anos de idade foram afectados por uma intoxicação por monóxido de carbono. Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) foram alertados para o caso na quinta-feira. Em causa estavam dois homens e uma mulher, familiares, que viviam numa fracção na Avenida do Conselheiro Borja. A mulher desmaiou de manhã, sendo encontrada pelos familiares, que informaram as autoridades, sendo encaminhada uma ambulância para o local. De acordo com os SSM, os pacientes forem sujeitos a oxigenoterapia hiperbárica e a sua condição era estável. Suspeitava-se que a intoxicação tivesse sido provocada por gás residual num ambiente com má ventilação, já que a cozinha da habitação não tem janelas nem bocas de saída de gases e possui um esquentador do tipo chaminé com os tubos ligados aos do exaustor. Todas as portas e janelas estavam fechadas.


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segunda-feira 4.5.2020

Magros festejos

Mês de Portugal com programa reduzido

A

PESAR das limitações impostas pelas de medidas de prevenção e controlo da pandemia causada pela covid-19, Junho deverá continuar a ser o mês de Portugal na RAEM, com a aposta a passar principalmente por artistas locais. Além disso, o programa vai consistir numa versão mais reduzida dos festejos habituais. Foi este o cenário apontado pelo Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, liderado por Paulo Cunha Alves, sobre o andamento dos trabalhos. “A Comissão Organizadora continua a preparar um programa reduzido, utilizando sobretudo os valores locais”, revelou o consulado, numa resposta ao HM. No entanto, o programa só vai ser apresentado depois de uma reunião com Ao Ieong U, sobre os pormenores dos eventos que serão realizados para comemorar o mês de Portugal. “O projecto será apresentado à senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura no dia 7 de Maio e só depois será divulgado aos meios de comunicação social”, foi acrescentado.

O QUINTO ANO

O projecto de transformar Junho no mês de Portugal, aproveitando a altura em que se celebra o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi criado em 2016. Na altura, o então cônsul Vítor Sereno, em conjunto com várias associações de matriz portuguesas, traçou um plano que visava criar “um momento de mobilização efectiva” e um conjunto de “vários agentes culturais, económicos e institucionais em torno da promoção de Portugal” em Macau. No entanto, o cônsul pretendia também que estas celebrações pudessem contribuir para diversificar a atracção de turistas à RAEM, além de serem vistas como um momento para recordar as “relações de amizade” que unem Portugal e Macau. As associações e entidades envolvidas na primeira organização do mês lusitano no Oriente foram, além do consulado, a Instituto Português do Oriente (IPOR), a Fundação Oriente, o Clube Militar e a Livraria Portuguesa. Os esforços das entidades têm permitido trazer ao território vários artistas portugueses, como aconteceu no ano passado com o humorista RicardoAraújo Pereira, que encheu em dois dias consecutivos o auditório da Torre de Macau. As celebrações ficam ainda tradicionalmente marcadas pela recepção à comunidade local na casa do Cônsul. J.S.F.

Petição “Nós, OFWs, e os nossos dependentes já estamos com dificuldades no contexto da pandemia e ainda assim a Philhealth emitiu um memorando muito injusto sobre o pagamento da contribuição.”

PHILHEALTH AUMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES GERA DESCONTENTAMENTO

Mais um encargo

A Corporação de Seguros de Saúde das Filipinas passa a requerer, este ano, um pagamento de três por cento do salário dos trabalhadores filipinos no estrangeiro. Os que estão em Macau são também afectados, e há quem queira uma revisão ou remoção desta contribuição

F

OI lançada uma petição na plataforma “change. org” a apelar à remoção do pagamento obrigatório à Corporação de Seguros de Saúde das Filipinas, ou Philhealth, de três por cento do salário de trabalhadores filipinos no estrangeiro (OFW, na sigla inglesa). Apesar de a decisão em aumentar as contribuições para esta entidade ter sido tomada no ano passado, um comunicado da Philhealth lançado no final do mês passado a recordar a contribuição gerou uma onda de descontentamento. “É dito no memorando que os trabalhadores filipinos no

exterior vão ser obrigados a pagar uma contribuição equivalente a 3% do seu salário mensal, e quem falhar os pagamentos terá juros e penalidade pelos pagamentos em falta. Acredito que nós, OFWs, e os nossos dependentes já estamos com dificuldades no contexto da pandemia e ainda assim a Philhealth emitiu um memorando muito injusto sobre o pagamento da contribuição”, descreve a petição. A iniciativa apresenta-se como sendo de trabalhadores filipinos no exterior, e descreve a directiva como “injusta” e “um abuso” contra os trabalhadores migrantes, apelando à sua

reversão. Além disso, o abaixo-assinado descreve que a medida já é pedir demasiado, pelo que aplicar penalidades ou juros é “desumano para quem viaja para tão longe das suas famílias para trabalhar”.

FARDOS LOCAIS

Os trabalhadores filipinos no território também são afectados pela medida, que prevê um aumento gradual das contribuições até cinco por cento do salário, em 2025. Jassy Santos, da Progressive Labor Union of Domestic Workers de Macau, considera que o pagamento desta percentagem é “bastante elevado” e constitui

“um fardo”. “Nós nem sequer o podemos usar no estrangeiro porque estamos cobertos pelos nossos empregadores”, explicou ao HM. Além disso, a representante defende que não deve ser paga nenhuma percentagem nem serem imputadas penalidades aos trabalhadores. A limitação na utilidade do pagamento à Philhealth também foi exposta por Benedicta Taberdo Palcon, que observou a ausência de apoio por parte da entidade se os trabalhadores forem hospitalizados em Macau. Reconhecendo que, como a medida começou a ser implementada em Dezembro do ano passado não pode ser anulada, apontou antes para possibilidade da sua revisão. “Antes estavam falidos, por isso precisam de mais fundos e agora põem o encargo sobre todos os trabalhadores filipinos no estrangeiro. Acho que devem rever isso”, defendeu, lamentando o valor da percentagem. Para a representante da Greens Philippines Migrant Workers Union em Macau, o montante original de 2.400 pesos filipinos, uma contribuição que fez no passado, seria aceitável. No fecho desta edição, a petição já reunia mais de 300 mil assinaturas. Salomé Fernandes

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8 sociedade

JOGO CASINOS COM QUEBRA DE RECEITAS DE 96,8% EM ABRIL

O longo calvário

RÓMULO SANTOS

4.5.2020 segunda-feira

Pela primeira vez desde a liberalização do jogo em Macau, as receitas brutas mensais ficaram abaixo de mil milhões de patacas. Potenciado pelas restrições fronteiriças impostas pela província de Guangdong, o mínimo histórico de Abril materializou-se em 754 milhões de patacas

N

UNCA a indústria de jogo em Macau teve um desempenho tão negativo. De acordo com dados divulgados na passada sexta-feira pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Abril de 2020, as receitas brutas dos casinos registaram uma queda de 96,8 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 754 milhões de patacas. Em igual período de 2019, as receitas foram de 23,58 mil milhões de patacas. O registo abaixo das mil milhões de patacas traduz um novo recorde em termos mensais, pelo menos desde a liberalização da indústria do jogo, em 2004. Apesar de menos dramáticas, perdas avultadas aconteceram também em Fevereiro deste ano, quando os casinos foram obrigados a encerrar

durante duas semanas devido às medidas tomadas pelo Governo para combater o novo tipo de coronavírus. Na altura, os casinos de Macau registaram uma queda de 87,7 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 3,10 mil milhões de patacas. Em relação à receita bruta acumulada de 2020, segundo a DICJ, registou-se uma queda de 68,7 por cento, nos primeiros quatro meses do ano. Isto, dado que o montante global gerado de Janeiro a Abril de 2020 foi de 31,24 mil milhões de patacas, ou seja menos 68,49 mil milhões de patacas do total acumulado nos primeiros quatro meses de 2019 (99,73 mil milhões). Os números de Abril podem ser explicados com a entrada em vigor de novas medidas de combate à covid-19, como a imposição de quarentena obrigatória

MGM Perdas de 63% no primeiro trimestre

A MGM China, detentora de dois casinos em Macau, registou perdas de 63 por cento nas receitas líquidas do primeiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019. Segundo o Inside Asia Gaming, no comunicado divulgado ontem pela empresa norte-americana MGM Resorts, que detém parte do capital da MGM China, o grupo revelou assim que a receita líquida em Macau se fixou em 272 milhões de dólares. O MGM China apresentou ainda prejuízos de 22 milhões de dólares de EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações), nos primeiros três meses do ano. A MGM China acrescentou ainda que está a ter prejuízos diários de cerca de 1,5 milhões de dólares no conjunto das duas infra-estruturas que detém em Macau, valor que “excede significativamente os lucros”.

Em Abril, as receitas brutas dos casinos foram de cerca de 754 milhões de patacas. Em igual período de 2019, totalizaram cerca de 23,58 mil milhões de patacas

de 14 dias para quem cruza a fronteira anunciada pelas autoridades de Guangdong no mês passado, provocando uma considerável diminuição do número de entradas em Macau, provenientes do território vizinho. Contudo, outras medidas como a suspensão do transporte que atravessa a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau ou a obrigatoriedade de

apresentar um teste negativo para a covid-19 para quem pretende viajar de avião para o território, também contribuíram negativamente para o desempenho histórico da indústria do jogo em Macau.

MARCAR PASSO

De acordo com uma nota da Sanford C. Bernstein, citada pelo portal GGR Asia, o cenário poderá re-

gistar ligeiras melhorias a partir do momento em que as restrições fronteiriças entre Macau e o Interior da China começarem a ser levantadas, algo que pode acontecer “algures nas próximas semanas”, com especial enfoque para a concessão de vistos. “É ainda incerto quando é que a emissão de vistos individuais vai regressar, mas

se a actual trajectória do número de casos [de covid-19] se mantiver, a expectativa é que isso possa acontecer já em Junho, podendo a emissão ser alargada a grupos no final do Verão”. A mesma correctora estima ainda que em Maio as perdas anuais se fixem entre os 90 e os 95 por cento. Pedro Arede

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CONSTRUÇÃO NG KUOK CHEONG PEDE APOIOS PARA TRABALHADORES

N

G Kuok Cheong acusa o Governo de ter deixado de fora os trabalhadores da construção civil, das medidas de combate à covid-19. Em causa está o apoio de 15 mil patacas, a distribuir em tranches de cinco mil patacas durante três meses, destinado a residentes. De acordo com o deputado, muitos trabalhadores da construção civil não vão

receber qualquer apoio do Governo pelo facto de a maioria dos contratos de trabalho actuais do sector serem em regime parcial. “Nos últimos cinco anos, os contratos de trabalho de longo prazo dos trabalhadores locais caíram 90 por cento. O sector

da construção civil privilegia o regime de subcontratação e um ritmo de trabalho contínuo que inclui a contratação por objectivos alargada ao exterior. O Governo da RAEM deve proceder a uma revisão atempada e cuidadosa para evitar o ressurgimento de contradições na so-

ciedade”, aponta Ng Kuok Cheong. Questionando se o Governo considera grave que existiam funcionários locais que, embora trabalhem em regime parcial, têm uma relação de vários anos com a mesma entidade patronal, Ng Kuok Cheong sugere que o Executivo possa alocar medidas de combate à pandemia a estes trabalhadores. P.A.


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segunda-feira 4.5.2020

EPM TRÊS EM CADA QUATRO ALUNOS NÃO SÃO DE LÍNGUA MATERNA PORTUGUESA

Ser multicultural

IPIM Coutinho não quis testemunhar no caso de Jackson Chang

CLUBES E OFICINAS

A Escola Portuguesa de Macau tem vindo a receber cada vez mais alunos de língua portuguesa não materna, com estes estudantes a representarem já um universo de 75 por cento no actual ano lectivo. Amanhã regressam as aulas presenciais de forma faseada TIAGO ALCÂNTARA

Na semana passada soube-se que a Assembleia Legislativa (AL) recusou levantar a imunidade a José Pereira Coutinho para o deputado testemunhar no caso de Jackson Chang. A TDM Rádio Macau avançou ontem que a AL esclareceu que a decisão foi tomada depois de a Mesa ter ouvido o deputado sobre a sua disponibilidade, “tendo o mesmo informado a Assembleia Legislativa do seu desacordo em intervir como testemunha naquele processo”. O procedimento seguiu o Estatuto dos Deputados, que determina que para os legisladores poderem intervir como testemunhas precisam de autorização da Mesa da AL, sendo a deliberação “sempre precedida de audição” ao deputado em causa. José Pereira Coutinho tinha sido arrolado pela defesa do ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) como testemunha abonatória no caso.

da escola. “É um grande desafio”, enfatizou.

Património Edifício histórico na Almeida Ribeiro em obras

A fachada de um edifício classificado como património cultural situado na Avenida Almeida Ribeiro apresenta marcas exteriores de degradação e será sujeito a obras de reparação a mando do Instituto Cultural (IC). A informação foi avançada no sábado pelo canal chinês da TDM – Rádio Macau. Apesar de ter verificado que a fachada do edifício situado junto à sede dos CTT apresentava descolamentos em várias partes, através de uma inspecção preliminar, o IC atestou que o edifício não sofreu danos estruturais. De acordo com a mesma fonte, o IC vai agora informar os proprietários do imóvel da necessidade de iniciar os respectivos trabalhos de reparação.

Há três anos, eram cerca de 40 por cento, frisou Manuel Machado. Há dois, o número cresceu para 60 por cento. E este ano lectivo, em cada quatro alunos que entram na EPM, três não têm o português como língua materna

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Escola Portuguesa de Macau (EPM) é cada vez mais escolhida por famílias que não têm o português como língua materna. Segundo declarações do director da EPM, Manuel Machado, à Lusa, os alunos de língua

materna não portuguesa que ingressam na EPM “têm vindo a aumentar significativamente”, atingindo este ano 75 por cento do total dos estudantes. Há três anos, eram cerca de 40 por cento, frisou Manuel Machado. Há dois, o número cresceu para 60

por cento. E este ano lectivo, em cada quatro alunos que entram na EPM, três não têm o português como língua materna. Uma realidade que exige agora “por parte dos professores todo um desenhar de novas estratégias capazes de responder às

necessidades linguísticas destes alunos”, salientou. Para isso tem-se privilegiado “o ensino do português relativamente a outras áreas do currículo, o que não significa que essas áreas não venham a ser exploradas mais tarde”, ressalvou o responsável

Entre as estratégias delineadas, avançou-se para a criação de um clube de filosofia, no qual o desenvolvimento das competências passa pelo uso obrigatório da língua portuguesa para todos os estudantes do primeiro ao quarto ano de escolaridade. Há também uma oficina de escrita, mas a escola teve igualmente a ‘arte’ de conceber um espaço que parece feito à medida para dar resposta a estes desafios e que é destacado por Manuel Machado: uma sala de leitura. A maioria daqueles que ingressam no primeiro ciclo na EPM tem o cantonense como idioma nativo. O estabelecimento de ensino integra 70 professores, a tempo inteiro e parcial, e 623 alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade, divididos por 14 turmas. Quase 50 por cento dos alunos frequentam o 1.º ciclo. “Tem havido de facto uma procura cada vez maior da escola e do nosso currículo, todo ele, exceptuando as disciplinas de línguas, leccionado em português”, salientou o director. A EPM recomeça amanhã, de forma faseada, as aulas presenciais, depois do encerramento ditado pela pandemia da covid-19. Mas o dia 5 de Maio serve também para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa. A data vai ser assinalada na EPM por uma pequena cerimónia durante a qual será fixada uma placa alusiva ao dia em questão. Será também feita uma leitura do “Livro do Desassossego” de Fernando Pessoa, que chegará às diferentes turmas através do sistema de som da escola.

ENSINO DSEJ REÚNE COM ESCOLAS PARA ULTIMAR REINÍCIO DAS AULAS

O

S alunos do ensino secundário complementar regressam hoje à escola e para ultimar o reinício das aulas, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) reuniu com representantes das 77 escolas de Macau nos passados dias 28 e 29 de Abril. Segundo uma nota oficial da DSEJ, durante as sessões foi abordado o plano de testes de despistagem de covid-19 para

pessoal docente, não docente e alunos transfronteiriços, a limpeza das instalações escolares, a organização de actividades de lazer e ainda os moldes em que será feita a avaliação. De acordo com a DSEJ, a avaliação dos alunos deve resultar da “combinação entre a avaliação formativa e avaliação sumativa” e ser “tratada com flexibilidade”, devendo ser mais tolerante e menos restritiva. A avaliação da

aprendizagem realizada em casa durante a suspensão das aulas pode ser feita nas duas primeiras semanas de aulas. Já as actividades de lazer e extracurriculares não devem, para já, ser realizadas entre turmas nem por muitos alunos e devem respeitar “as directivas das autoridades de saúde”. Em comunicado, a DSEJ reiterou ainda que além do currículo regular, as escolas podem

também oferecer aulas de compensação, destinadas aos alunos com mais dificuldades. Depois do ensino secundário complementar, os alunos do ensino secundário geral regressam às aulas no dia 11 de Maio. “O retorno às escolas dos alunos dos ensinos Infantil, Primário e Especial será anunciado posteriormente e de acordo com a situação epidémica”, sublinhou ainda a DSEJ. P.A.


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4.5.2020 segunda-feira

HONG KONG POLÍCIA USA GÁS PIMENTA PARA DISPERSAR MANIFESTANTES

COVID-19 OMS QUER PARTICIPAR NA PESQUISA SOBRE ORIGENS DO VÍRUS

Estudos essenciais

A

S autoridades de saúde mundiais, acusadas pelos Estados Unidos de não se terem apercebido imediatamente da gravidade do novo coronavírus, apelaram sexta-feira a Pequim para as convidar a participar na investigação sobre a origem animal do vírus. “A OMS (Organização Mundial da Saúde) gostaria de trabalhar com parceiros internacionais e, a convite do Governo chinês, participar na investigação sobre a origem animal”, indicou um porta-voz da organização, Tarik Jasarevic, à agência France-Presse. A agência da ONU especializada em saúde, que até agora tem elogiado Pequim pelo modo como geriu a crise do coronavírus, disse crer que “um certo número de estudos visando compreender a origem da epidemia na China estão em curso ou previstos”. Mas “a OMS não participa nestes estudos na China”, sublinhou o porta-voz. No final de Janeiro, uma delegação da OMS conduzida pelo seu director-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, deslocou-se a Pequim para um encontro com o presidente Xi Jinping e combinar a visita à China de uma equipa internacional de cientistas, incluindo da OMS. Alguns dias antes, em 20 e 21 de Janeiro, especialistas do gabinete da OMS na China tinham conseguido realizar uma breve visita de terreno na cidade de Wuhan, na qual o vírus apareceu. Detectado na China em Dezembro, o novo coronavírus já infectou mais de 3,2 milhões de pessoas em todo o mundo e causou pelo menos 230.000 mortos apesar do confinamento de mais de metade da humanidade que deitou abaixo a economia do planeta, segundo uma compilação de balanços oficiais elaborada pela AFP. Embora um grande número de países e de dirigentes tenha

expressado apoio à OMS, alguns criticaram a organização ou levantaram dúvidas sobre a sua atuação. Os Estados Unidos, que suspenderam o financiamento à agência, acusam-na de ter demorado a dar o alarme para não melindrar Pequim.

PROVAS VITAIS

Segundo a OMS, as investigações em curso na China são relativas a casos de pessoas doentes, “em Wuhan e nos arredores, cujos sintomas se começaram a manifestar no final de 2019, a amostras recolhidas nas proximidades de mercados e quintas das regiões onde os primeiros casos humanos foram identificados e (…) em espécies selvagens e de criação vendidos nesses mercados”.

“A OMS (Organização Mundial da Saúde) gostaria de trabalhar com parceiros internacionais e, a convite do Governo chinês, participar na investigação sobre a origem animal.” TARIK JASAREVIC PORTA-VOZ DA OMS

Os resultados destes estudos são “essenciais para prevenir novas introduções zoonóticas do vírus que causa a covid-19 nos humanos”, explicou o porta-voz da OMS. A organização indica que continua a colaborar com especialistas em saúde animal e humana, com países e outros parceiros para “identificar as falhas e as prioridades em matéria de investigação para a luta contra a covid-19, incluindo a eventual identificação da origem do vírus na China”.

JUSTIÇA BLOGGER CONDENADO A 15 ANOS DE PRISÃO POR CORRUPÇÃO

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M blogger chinês foi sexta-feira condenado a 15 anos de prisão pelo crime de provocação, extorsão, comércio ilegal e corrupção e por ter difundido “informações falsas”. Chen Jieren, ex-funcionário Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, foi condenado

pelo Tribunal Popular do Condado de Guiyang, na província central de Hunan, informou o tribunal. O jornalista foi condenado “pelo crime de provocação, extorsão, comércio ilegal e corrupção”, de acordo com o tribunal, que também o multou em 7 milhões de yuans. O tribunal declarou que, desde 2015,

Chen Jieren difundiu nas redes sociais “informações falsas” com o objectivo de extrair, através de chantagem, dinheiro de pessoas implicadas nos seus artigos. Chen Jieren também “atacou e menosprezou o Partido e o Governo, o judiciário e sua equipa”, afirmou o tribunal.

Em comunicado, a associação chinesa Defensores de Direitos Humanos (CHRD) pediu a Pequim que liberte imediatamente o jornalista. De acordo com o CHRD, Chen Jieren, foi detido no Verão de 2018 logo após publicar artigos acusando as autoridades locais de corrupção.

A

polícia de Hong Kong utilizou gás pimenta para dispersar mais de 100 manifestantes que se reuniram num centro comercial para cantar slogans pró-democráticos na sexta-feira. Quando os manifestantes se reuniram, a polícia parou e revistou alguns e depois disse-lhes para irem embora porque estavam a violar as regras de distanciamento social para prevenção à covid-19, de acordo com a agência AP. De seguida, segundo a agência AP, a polícia usou gás pimenta para dispersar a multidão e assim isolar o átrio do ‘shopping’. Este protesto foi um de vários que aconteceram no feriado do Dia do Trabalhador, apesar das regras que proíbem as reuniões públicas de mais de quatro pessoas. Os manifestantes também se reuniram perto das estações de metro Mong Kok e Kwun Tong, em Kowloon. Durante praticamente toda a semana realizaram-se protestos em centros comerciais, como resposta à detenção, por parte das autoridades de Hong Kong, de 14 activistas e ex-deputados pró-democráticos acusados pela organização de protestos não autorizados em 2019. Entre os detidos está o magnata dos media Jimmy Lai, de 72 anos, fundador do jornal da oposição Apple Daily, que foi detido em casa. Os deputados ou antigos deputados Martin Lee, Margaret Ng, Albert Ho, Leung Kwok-hung e Au Nok-hin, acusados de organizar e participar em comícios ilegais em Agosto e Outubro do ano passado, também foram detidos, informou a polícia. Outras cinco pessoas, também detidas, são suspeitas de terem promovido manifestações proibidas em Setembro e Outubro.

Pequim Parques e museus reabriram ao público

Os parques e museus de Pequim, incluindo a antiga Cidade Proibida, reabriram ao público sexta-feira, depois de estarem fechados durante meses devido à pandemia da covid-19. A Cidade Proibida, que antes do surto permitia 80.000 visitantes por dia, permite apenas 5.000 visitantes diários e os parques apenas podem ser visitados a 30 por cento da capacidade normal.Os turistas devem reservar os ingressos com antecedência on-line, de acordo com Gao Dawei, vice-director do Beijing Gardening and Greening Bureau. Na quinta-feira, Pequim baixou o nível de resposta de emergência, mas as verificações de temperatura e o distanciamento social continuam em vigor.


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componente económica que está neste momento a ser arrasada. Vai ser difícil recuperar e certamente muitas equipas, empresas e projectos desportivos vão ficar pelo caminho”, referiu o portuense.

IMPACTO MODESTO

De acordo com o portal motorsport.it, a organização da Taça do Mundo teme que não seja possível realizar a segunda parte do campeonato na Ásia, devido às restrições das deslocações entre países, para além da dificuldade que existe hoje em realizar planos para o último trimestre do ano

A

NTES da pandemia da COVID-19, a WTCR já estava debilitada, com a retirada do apoio de fábrica às equipas do campeonato por parte da Audi, SEAT e Volkswagen, o que despoletou a saída de várias equipas, como a KCMG, WRT, PWR Racing ou a Sébastien Loeb Racing. A crise sanitária apenas agravou mais a situação. Os sucessivos cancelamentos das provas de Hungaroring, Nurburgring e de Vila Real obrigaram a organização a tomar medidas drásticas. “Um calendário revisto da WTCR está pronto e foi entregue à FIApara aprovação”, clarificou François Ribeiro há duas semanas. O Eurosport Events e a FIA estavam a trabalhar numa época compacta, com início no final de Agosto e final no mês de Novembro. Sabendo que só por uma ocasião na sua história o promotor da WTCR, e antes do WTCC, fretou transporte aéreo, as probabilidades da competição ser realizada em dois continentes em tão curto espaço de tempo são de facto pequenas. De acordo com o portal motorsport.it, a organização

WTCR EQUACIONADO CALENDÁRIO SEM GRANDE PRÉMIO DE MACAU

Confinada à Europa?

O Europort Events e a Federação Internacional do Automóvel (FIA) deverão apresentar muito em breve um novo calendário de seis eventos para a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR). Segundo diversas fontes, este calendário deixará o Grande Prémio de Macau de fora e incluirá apenas provas na Europa da Taça do Mundo teme que não seja possível realizar a segunda parte do campeonato na Ásia, devido às restrições das deslocações entre países, para além da dificuldade que existe hoje em realizar planos para o último trimestre do ano. A ideia do promotor do campeonato será permanecer no “velho continente”, onde as viagens serão na teoria menos problemáticas e menos onerosas, até porque todas as equipas têm a sua base operacional na Europa. Gyárfás Oláh, o presidente da Federação Hún-

gara de Automobilismo (MNASZ na sigla inglesa), disse à publicação Daily News Hungary que o seu país, que tinha a sua prova marcada para Abril e foi obviamente cancelada, que a prova magiar está novamente bem posicionada para receber a caravana da WTCR. “O promotor está a pensar num calendário completamente novo que irá saltar todas as provas asiáticas e terá apenas as europeias, incluindo o Hungaroring”, revelou Gyárfás Oláh. O Eurosport Events só irá prestar declarações sobre

o calendário assim que este for publicado. Para além de Macau, em 2020 a WTCR tinha provas calendarizadas no continente asiático para os circuitos Ningbo (China), Inje (Coreia do Sul) e Sepang (Malásia).

TIAGO MONTEIRO ÀS ESCURAS

Numa entrevista ao portal da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), Tiago Monteiro, que renovou com a Honda para disputar esta terceira temporada da WTCR, disse que “sinceramente não sei em que moldes (o campeo-

nato) irá regressar”. Contudo, o piloto luso que venceu a Corrida da Guia em 2016, não está muito optimista quanto ao campeonato, pois devido à crise sanitária, “não se vai perder tudo, mas uma grande parte vai ficar pelo caminho.” Monteiro, que guiará um dos quatro Honda Civic TCR já inscritos no campeonato pela Münnich Motorsport, parece naturalmente preocupado com o futuro do automobilismo no geral. «Não é apenas a questão de adiar ou cancelar provas, é toda uma

Mesmo que se confirme a ausência da WTCR do programa do 67º Grande Prémio de Macau, que está agendado para 19 a 22 de Novembro, isto não significa um sério revés para o evento. Ninguém acredita que a Corrida da Guia, cuja primeira edição foi disputada em 1972, possa desaparecer, até porque esta não precisar de estar dependente de um qualquer campeonato para se realizar. Quando o WTCC esteve afastado da RAEM durante dois anos, em 2015 e 2016, a Corrida da Guia realizou-se, utilizando uma regulamentação técnica que permitiu que fosse disputada com estas mesmas viaturas TCR, que hoje compõem a Taça Mundial. Repetir esse percurso certamente não será difícil, até porque existirão no continente asiático mais de uma centena de carros da categoria TCR, provenientes dos diversos campeonatos nacionais da especialidade, que poderão participar na prova que ainda hoje, quase cinquenta anos depois, é a mais prestigiada de carros de Turismo da região. Antes de fazer parte do calendário do WTCC, de 2005 a 2015 e depois em 2017, a Corrida da Guia contou em 1994 para o Campeonato Ásia-Pacifico de Carros de Turismo e de 2000 a 2003 fez parte do calendário do defunto Campeonato da Ásia de Carros de Turismo. As outras edições foram sempre “extra-campeonato” e não consta que alguma vez tivesse existido falta de interesse. Devido à expressão que a prova tem no mercado asiático, é altamente provável que as principais marcas interessadas nesta disciplina se deslocarão ao Circuito da Guia de qualquer forma. Sérgio Fonseca

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(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

50587 Em estado crítico

3510611

1132646

Infectados (total cumulativo)

COM MAIS CASOS 1163379

Espanha

247122

Itália

209328

Reino Unido

182260

França

168396

Alemanha

165086

Rússia

134687

Turquia

124375

Irão

97424

Brasil

97100

China

82877

Canadá

56714

Bélgica

49906

Perú

42534

Holanda

40571

Índia

40263

Suiça

29905

Equador

27464

Arábia Saudita

27011

Portugal

25282

Suécia

22317

Curados

Co novel

2132491 Infectados

(total cumulativo)

E.U.A.

4.5.2020 segunda-feira

(casos activos)

1689 Curados

PORTUGAL

1043 Mortos

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal

25282

Brasil

97100

Moçambique

79

Angola

35

Guiné-Bissau

257

Timor-Leste

24

Cabo Verde

152

São Tomé e Principe

16

PORTUGAL

países sem casos de nCov

Infectados (casos activos)

6 MACAU

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China

82877

China | Macau

45

China | Hong Kong

1040

China | Taiwan

432

Coreia do Sul

10793

Japão

14571

Vietname

271

Laos

19

Cambodja

122

Tailândia

2969

Filipinas

9223

Myanmar

155

Malásia

6298

Indonésia

11192

Singapura

18205

Borneo

138

25282

países com casos de nCov

Infectados (casos activos)

39 Curados

HONG KONG

157 Infectados

Macau

(casos activos)

4

HONG KONG

879 Curados

Hong Kong

Mortos


coronavírus 13

segunda-feira 4.5.2020

60881

ovid-19 l coronavírus

Casos suspeitos

245474 Mortos

0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:

+1000

• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia

Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

3.000.000 150.000 100.000 75.000 50.000 25.000 12.500 0

20

40

60

dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 68128 1582 1276 1268 1019 991 937 787 653 579 561 913 593 638 328 355 254

MORTOS 4512 8 22 1 4 6 1 7 0 6 3 13 8 7 6 1 2

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 277 184 168 147 197 189 146 139 106 76 194 75 1040 432 18 45 1

MORTOS 3 2 6 2 0 3 2 2 1 3 1 0 4 6 0 0 0


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Todos os poemas são cancões de eco ´

Anabela Canas

E

XISTE um rio. De que me apetece falar. É uma questão que, sempre prévia, me acontece quando inicio estes textos. De que é que me apetece falar, e desse rio, sempre. Como somente das coisas de que gosto. Ou dos fantasmas que me assombram. É, nas palavras, o prolongamento e a homenagem do real. Nestes dias de Abril e depois de Abril, acontece-me rever palavras desse tempo, pela voz dos poetas. Porque é um tempo tão familiar à memória, que me apetece visitar. E trago este título do interior de uma canção que me está entranhada na alma, como este rio, e ao ponto de sempre me lembrar da canção com este título que não é o seu. “No teu poema”. E no rio, como em qualquer poema, mergulho com o olhar que é o meu de amor. E revejo outros poemas musicados e cantados, de J. L. Tinoco, um poeta demais esquecido na voragem de outras máquinas que engolem o tempo. E como, nele, o rio é metáfora recorrente como o sangue que espera a vez. E como “madrugada” se torna o espaço e o tempo em que se espera renascer. Coisas para além da insónia. Palavras fortes de sangue madrugadas e rio. Em que mergulho. E depois, mesmo já pela minha mão ou pelos meus olhos, existe um rio, na minha cidade. Em mim. Neste tempo de clausura forçada, em que já nem reparo, continuo a pensar nestas coisas e fechada nelas. No silêncio da casa. A mesma casa e o mesmo silêncio povoado de fantasmas e vozes. Como o rio. Eu penso que não poderia viver numa cidade sem o silêncio do rio. Mesmo se não o vejo há tempo. Da janela pequena, sim. Mas é um outro rio. Emoldurado e distante. Como se o rio daquela janela. Um toque de irrealidade. Mas gosto desse meu rio, também. Existe um rio. Mas na verdade existem vários rios em um. Aquele que vejo ao fundo da outra rua, quando desço. E que é sempre o mesmo e um rio particular ladeado pela igreja e pelos prédios. Encerrado e delimitado como qualquer imagem. E, mesmo se à espreita, a natureza inteira. Não poderia ser uma cidade sem rio. Parada sobre si, fechada. Ou fechada sobre mim. Mas ali está o corpo denso, manso, a correr para o mar discretamente, como se em pensamento. E todos os dias. Para sempre no sempre possível. Uma janela para o ontem sobre o amanhã. Talvez se chame esperança. O rio. Que todos os dias vem, passa e está. Tantas identidades, tantas possibilidades, como gotas nele e dele correm. Sangue nas veias da cidade, esse veio de água que banha. Como uma longa lambidela terna. Que alonga e entorpece o olhar deitado nele. Este rio que corre sem poder voltar atrás e desgas-

Existe um rio ANABELA CANAS

Cartografias

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ta as margens como o tempo, mas que a esta pequena escala do olhar, permanece o mesmo nunca o sendo. O conforto precioso num mundo em mudança. Às vezes eu detenho-me na simples perplexidade que é esta preocupação em pensar a vida. Esta, que é de uma infalível inexorabilidade na forma como flui. Como imparável se estende no tempo do passado imediato, ou do passado arrumado nos cantos da memória – uma estética específica e inesperada, em que o terrífico pode ganhar tonalidades de sublime e o prosaico de lírico pitoresco, talvez pelo convívio em arrumações

Tudo a propósito de “O teu poema”. Em que entro e me instalo devagarinho sem tocar. E dos olhos que cada um lança a dar a voz. A um rio que é só seu.

distraídas, com luzes de árvore de natal de há uns anos, restos de velas por arder, candeeiros antigos, ou a simples bioquímica, em insubordinada independência, sempre novas páginas a ler nesse olhar para trás – vida imparável a da memória em elaboração. Essa maliciosa e diletante sobrevivência que se alimenta de pensar a vida, e que - e é aí o lugar da perplexidade - perde parte do seu tempo a teorizar o que funda aquilo que à partida está fundado em si. A vida justifica-se a si própria sem que a memória o ajude a fazer. E a existência, uma espécie de obra de delicados contornos a querer crescer em paralelo com a que é a sua origem. Que absurdo perfeccionismo, o de querer entender aquilo que já de si se define por si. Quando nem se sabe que se queira uma luz a ver de fora ou tão só uma luz a acalentar de dentro. Esta estranha e utópica sensação de que ao saber, acresce habilidade de viver. Causa-me dúvidas, claras e irresolutas dúvidas, pensar. E que, se um dia, se por um momento, sequer, eu não fosse eu, seria um pouco mais eu. Este é o género de pensamento em que nos

situamos em camadas, mesmo ao escrutínio íntimo e sem espectadores. E que me leva a pensar que haverá um eu mais natural do que todos os outros que o recobrem. De éticas e estéticas e olhares. Eu tenho tantas vezes este desejo cheio de exclamações e reticências. De entender tudo. Que limites que amarras que camadas parecem imiscuir-se no que sou e sou sem dúvida interior, mas transformam o que sou, naquilo que vivo. Talvez os outros. Canso-me e quero esquecer os dilemas da razão. Silenciar a profusão de perguntas. E a prepotência da razão, que é uma falsidade. Um mundo cheio de doces, iguarias várias e à escolha. A razão é uma escolha de consumo. Por outros caminhos, há dias em que qualquer cor no céu me serve para sonhar. Talvez quando não há uma realidade observável mas estados de consciência a refazer a noção de realidade. Tão volátil. O imponderável domínio das ideias. Tudo a propósito de “O teu poema”. Em que entro e me instalo devagarinho sem tocar. E dos olhos que cada um lança a dar a voz. A um rio que é só seu.


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Os Estranhos Invisíveis de Zhou Chen

Paulo Maia e Carmo texto e ilustração

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ANG Yin (1470-1524) o lendário pintor da dinastia Ming, cuja obra transcende simples qualificações é uma figura exemplar e representativa de um tempo de tensões e contradições sociais, culturais e artísticas. Na pintura «Numa cabana a sonhar com um imortal» (rolo horizontal, a tinta e cor sobre papel, 28,3 x 103 cm, Freer Gallery of Art, Washington D.C.) feita a partir de um poema de Bai Juyi, alguns notam no desenho contrastado dos rochedos, na ausência de maneirismo ou na mestria da concepção, o estilo de um outro pintor, igualmente inclassificável e que com ele convivia na próspera cidade de Suzhou (Jiangsu) chamado Zhou Chen (1460-1535). Era um pintor profissional, o que lhe valeria o desprezo da escola que prevaleceria no futuro, liderada por Dong Qichang (1555-1636). Mas estes eram pintores literatos, o que lhes permitia uma liberdade culta, não ortodoxa. Como a que está patente num estranho rolo horizontal de 1516, de sua autoria, que se encontra no Museu de Arte de Cleveland, feito com tinta preta e cores leves sobre papel (31,9 x 244,5 cm). Nele estão figurados tipos característicos de «Pedintes e personagens da rua», de onde o nome da pintura. Figuras que revelam um olhar curioso, por vezes humorístico ou grotesco. Isoladas as doze personagens dir-se-iam modelos para copiar, como no Manual do Jardim do Grão de Mostarda da dinastia Qing. E no entanto o seu carácter único torna-as irre-

petíveis, apesar de ser hoje possível ver no Metmuseum em Nova Iorque, um rolo horizontal que claramente as imita, sem alcançar a força ou o carácter inusitado do original. Desenhadas detalhadamente, nelas alguns veriam a influência de um conhecido pintor da dinastia Song do Sul. Liu Songnian (c. 1155-1224), o pintor de Qiantang (Hangzhou) com as suas figuras relativamente grandes e situadas ao nível do observador, era já um modelo académico na dinastia Ming, algo que as personagens de Zhou Chen nunca seriam. Mas ele era capaz de compôr situações de um extraordinário equilíbrio. Como no caso do rolo vertical «Descansando num pavilhão à beira do rio», a tinta e cor, executada significativamente sobre seda, (181,2 cm x 110,5 cm) que se encontra no Museu do Palácio Nacional, em Taipé. Nele estão mostradas duas pessoas de costas: uma sentada numa embarcação, sopra uma flauta de bambu, a outra, com um qin envolto num pano encaminha-se para um letrado, sentado de frente para o observador. A impressão de calma é reforçada por uma longa linha descendo de uma montanha atrás da cena principal. O contraste entre a paisagem vertical e o rolo horizontal com as estranhas personagens não podia ser maior. Testemunha uma liberdade do pintor que lhe permitia ver, com os olhos fechados, imortais voando; e com os olhos abertos, os excluídos da sociedade que os ricos comerciantes de Suzhou não conseguiriam ver.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 21

segunda-feira 4.5.2020

José Simões Morais

Despesas e receitas da Misericórdia

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M Macau, uma Comissão Especial foi nomeada a 8 de Novembro de 1866 pelo Governador José Maria da Ponte e Horta para estudar as necessidades e problemas da Santa Casa da Misericórdia e arranjar soluções. A nível financeiro, só com a Casa dos Expostos nesse ano a S.C.M. estava a despender mais de um terço do rendimento, que rondava $6000. Mas havia ainda outras despesas, sendo o dinheiro preciso para o hospício dos lázaros, hospital, presos pobres, educação de um aluno no Colégio de S. José, foro do cemitério dos parsis, missas e esmolas. No ano de 1867, o hospício dos lázaros tem 37 desses infelizes, todos chineses, sendo 22 do sexo masculino e 15 do feminino. Dos 37, são 23 sustentados pela Santa Casa e 14 são particulares a quem a Misericórdia apenas dá domicílio. Estes últimos, porém, passam a ocupar os lugares que deixam os lázaros da casa que vão morrendo. É notável o abandono em que se vê esse determinado hospício. Os lázaros vivem como querem e não se sujeitam a tratamento algum. A Misericórdia dá a cada um dos seus certa quantia em dinheiro e uma porção de arroz para sustento. Se a despesa feita com os lázaros em 1857 fora de $472,30, em 1866 subiu para os $749,01 e nesses dez anos cifrou-se em $6733,11. Já a mesa da Misericórdia de 1833 era da opinião que não se admitissem expostos chineses e resolveu também, por motivo de falta de meios para fazer face às despesas da casa, não sustentar lázaros desta ordem. Em Fevereiro de 1864 a comissão administrativa deliberou não admitir lázaros chineses senão até ao número de 22, mas esse número fica sempre preenchido, e em 1867 existe ainda mais um. A Comissão Especial criada em 1866 fez sua a opinião da mesa de 1833, isto é, entende que a Misericórdia deve conservar os lázaros actuais, sem admitir mais nenhum, nem preencher os lugares dos que morrem com os lázaros sustentados pelos particulares. Dar abrigo, sustento e alívio a todos os lázaros chineses que aparecem na cidade era uma obra de caridade e o meio de evitar essa triste sina que por aí às vezes se apresenta. Mas isso seria impossível. Centenas deles viriam talvez de todas essas povoações quando soubessem que encontravam em Macau algum consolo ao seu infortúnio. A Misericórdia beneficia os que pode, não o faz se lhe falecem os meios para tanto. Tem ela outros encargos, para os quais são principalmente destinados os seus haveres, e a que por conseguinte não deve faltar.

No Boletim do Governo de Macau de 11 de Fevereiro de 1867, na Portaria N.º 13, o Governador de Macau determina: Considerando que a Santa Casa da Misericórdia não é, nem pode ser um albergue de inválidos e leprosos, pois que a sê-lo mal poderia bastar para ocorrer aos males transitórios, com quanto incessantes, dessa porção da comunidade que ferida da desgraça vai ao seio de tão pio estabelecimento pedir abrigo e socorro: hei por conveniente, conformando-me com o parecer da Comissão, determinar que a Misericórdia não receba mais em seu seio nem lázaros nem inválidos, nem outros desgraçados, que pela natureza de suas doenças ou por virtude de suas idades ofereçam um carácter de permanência, que mal se pode compadecer com a índole e fins de tão generosa como activa instituição. Macau 8 de Fevereiro de 1867. Um dos deveres da Misericórdia é sustentar também os presos pobres. A comissão, porém, notou que a maioria desses presos não são verdadeiramente pobres, nem portugueses. Em 1866 foram alimentados 17 presos, dos quais 6 eram portugueses (1 europeu e 5 macaenses) e os outros 11 estrangeiros. Eram estes úl-

timos marinheiros europeus que desembarcaram em Hong Kong e vieram a Macau dar motivos à sua prisão.

DAS RECEITAS

A Misericórdia cobra pelo tratamento de doentes particulares no Hospital de S. Rafael, para os quais há duas classes. Na primeira paga cada doente $1,25 e na segunda $0,99. Existem também no mesmo estabelecimento inválidos e particulares sem rendas, que são sustentados, vestidos e tratados por diferentes preços, assim, um deles paga $10 por mês, dois pagam $4, um $3 e outro $1,50. Os rendimentos dos dez últimos anos dão ao hospital uma receita anual média de $764 e a do ano de 1866 fora de $1250. A comissão entende ser urgente melhorar as circunstâncias actuais do hospital e propõe em lugar competente, poder ser aumentada esta receita, elevando os preços aos doentes particulares e regularizando convenientemente a importância que devem pagar os inválidos e outros desta ordem. Outra fonte provém de duas capelas que anualmente dá um pequeno rendimento proveniente de repiques, sinais

Um dos deveres da Misericórdia é sustentar também os presos pobres. A comissão, porém, notou que a maioria desses presos não são verdadeiramente pobres, nem portugueses. Em 1866 foram alimentados 17 presos, dos quais 6 eram portugueses (1 europeu e 5 macaenses) e os outros 11 estrangeiros

de enterro, aluguer de objectos fúnebres, etc. Há um livro especial para esta receita e despesa, onde as verbas são bastante variáveis. A média tirada da importância líquida produzida nos dez últimos anos dá desta origem um rendimento anual de $56. Já a receita da lotaria anual da Misericórdia em 1866 fora de $800, havendo ainda a deduzir as respectivas despesas. É raro, porém, chegar-se a este resultado pelas dificuldades de se obter a venda dos bilhetes necessários, o que se pode atribuir a igual concessão feita a outros estabelecimentos como a Escola Macaense e o Teatro de D. Pedro V e sobretudo à concorrente Lotaria de Manila, preferida pelos prémios avultados que distribui. Assim, o rendimento da lotaria da Santa Casa é variável e às vezes falha, por não se conseguir vender o número suficiente de bilhetes. Essa a razão do plano da lotaria de 1867 passar a ser de $4000, com 2000 bilhetes a $2 por bilhete, enquanto em 1866 fora de $8000, logo uma redução para metade. Em 1867, o 1.º Prémio da lotaria é de $1000 patacas, havendo ainda, um prémio de $500, cinco de $100, dez de $50, vinte de $10, cento e oitenta de $4 e um prémio de $100 para último branco da última extracção. Serão 218 prémios num valor total de $3520 e os 1782 brancos, 12% a benefício das Obras pias, que dá $480, podendo a Misericórdia o dividir como julgar conveniente. A extracção fez-se a 3 de Junho de 1867 e no dia imediato começaram a ser pagos os prémios na Santa Casa. Já o produto das multas é ainda mais incerto. Em muitos anos seguidos não figuram elas na receita da Santa Casa e foi de 1863 a 1865 que produziram uma média anual de $95, tendo faltado em 1866. Em 1861, a Santa Casa começara a alugar cadeiras no passeio público nas tardes e ao sol-pôr dos domingos e quintas-feiras, quando no Jardim de S. Francisco tocava a banda de música militar, sendo a receita de $62 nesse ano, de $33 em 1865, e de $65 em 1866. Além de todos estes rendimentos, a Misericórdia ainda conta com o dinheiro a juros, propriedades de casas e terrenos. A Comissão refere ser a receita anual da Santa Casa da Misericórdia, nas circunstâncias em que presentemente está, de $6000. Recebidas, porém, as dívidas cobráveis, entre elas a da Fazenda Pública, estabelecido o pagamento dos foros dos seus terrenos, e tomadas as outras medidas que ficam indicadas, esta receita aumentará de uma maneira notável.


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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 47

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HUM

Jornalistas na Turquia denunciaram ontem, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a detenção no último mês de 12 repórteres pelas suas publicações sobre a covid-19 e alertaram para a pressão das autoridades nas informações relacionadas com a doença. Os jornalistas

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foram presos sob a alegação de "espalharem pânico e medo" com as suas reportagens sobre o novo coronavírus SARS-Cov-2, que provoca a covid-19, denunciou ao jornal Bianet Erol Önderoglu, representante dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) na Turquia.

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46 Cineteatro FANTASY 1 ISLAND8 [C] 5 7 2 3 DOLITTLE [A] 8 4 7 9 3 6 6 2 9 5 4 1 SALA 2

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C I N E M A

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Um filme de: Jeff Wadlow Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 15.30, 21.00

FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Stephen Gaghan Com: Robert Downey Jr., Antonio Banderas, Michael Sheen 18.45

48 9 6 4 1 2 5 8 7 3 7 1 2 5 8 6 3 4 9 4 3 7 2 www. 9 1 hojemacau. 6com.mo 5 8

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THE TRANSLATORS [B] Um filme de: Regis Roinsard Com: Lambert Wilson, Olga Kurylenko, Riccardo Scamarcio 16.00, 20.30

Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.30

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BAHT

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YUAN

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VIDA DE CÃO

DIREITOS EM FALTA Talvez seja para tentar compensar pelos parcos dias de férias assegurados pela lei das relações de trabalho que o dia 1 de Maio é feriado em Macau. De resto, tem a sua dose de hipocrisia a RAEM celebrar o dia do trabalhador quando há uma falta de direitos laborais flagrante no território. Este ano podem não ter existido protestos nas ruas, mas isso está longe de significar que tudo está bem. Continuam a vir ao de cima casos em que a entidade patronal não cumpre sequer o que está estabelecido na lei. Há empregadores que precisam de ser lembrados de que dar emprego a uma pessoa não é fazer-lhe um favor: é uma relação em que ambos beneficiam, e há direitos e deveres de parte a parte. Só se pode imaginar quantas irregularidades passam à margem sem serem detectadas, já que lei não faz mais do que abrir a porta ao silêncio e a fiscalização fica muito aquém do desejado. Não é aceitável que o despedimento sem justa causa seja legal. E tudo piora nos casos que envolvem trabalhadores não residentes, por vezes sujeitos a condições que se aproximam de escravatura moderna, as quais não denunciam face ao risco constante de terem de abandonar o território num curto espaço de tempo se a relação laboral terminar. A lei sindical precisa de avançar, e com ela o direito à organização e à participação em greves. Mas o trabalho legislativo não pode ficar por aí se o Governo quiser que as pessoas consigam usufruir na prática dos direitos que estão estabelecidos. Salomé Fernandes

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UM LIVRO HOJE

THE POWER | NAOMI ALDERMAN

Num exercício de inversão da realidade, a autora do livro explora como seria o mundo se fossem as mulheres a deter o controlo. Quando chegam à adolescência, desperta nas raparigas o poder de infligir dor a outras pessoas ao libertarem electricidade com as mãos. Mas as consequências da inversão de poderes são o contrário daquilo que o feminismo representa. Se o livro passa a mensagem de que o poder corrompe quem o tem independentemente do género, também expõe os problemas actualmente enfrentados pelas mulheres na sociedade. Salomé Fernandes

8 1 2 7 3 7 3 8 6 9 6 2 4 5 1 3 4 9THE TRANSLATORS 8 5 1 9 3 4 2 5 8 Fábrica 7 de1Notícias, 6 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Propriedade Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 2 Lobo 5 Pinheiro; 6 9 Gonçalo Gonçalo8 M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; 4Romão; 6 Jorge5Rodrigues 3 Simão; 7 Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje João Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 9 Calçada 7 1deSanto2Agostinho, 4 n.º19,CentroComercialNamYue,6.ºandarA,Macau Telefone28752401Fax28752405e-mailinfo@hojemacau.com.moSítiowww.hojemacau.com.mo Morada


opinião 23

segunda-feira 4.5.2020

reencarnações

JOÃO LUZ

A

Latrina mental

diferença entre uma ideia e bosta pode parecer ténue aos afortunados de fraco olfacto. Quando a diferença é difícil de identificar podemos estar na presença de uma ideia de estrume, adubo natural que fertiliza o campo dos conceitos escatológicos. Macau é terreno fértil onde abunda este tipo de composto mental. As coisas que se ouvem e lêem nesta pastagem, não raras vezes, são uma espécie de clister intelectual, as primeiras gotas de um

dilúvio castanho. Há coisa de dias, não importa onde, nem por quem, li algo que, à primeira vista, me fez rir às gargalhadas e depois me encheu de desgosto. Não querendo antecipar o suspense quanto às fedorentas pérolas, deixem-me que vos guie pela mirabolante tese que pretende resolver o elevado preço da carne de porco em Macau, ao mesmo tempo que elimina o valor das terras numa cidade faminta de espaço, com uma das maiores densidades populacionais do planeta. Junta-se uma pitada dos chavões locais, como diversificação económica (faltou a Grande Baía) e está feito. A teoria é adorável, pura, inocente, faz florir um canteiro. Imagine que o Governo decide dedicar a zona X dos Novos Aterros à pecuária, mais propriamente à criação de porcos. Sim, provavelmente a mais cara pocilga do mundo. Cometendo o risco de bater o recorde mundial da sensualidade impressa, vou citar a empreitada de construção directamente do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas, seguido de um breve trecho de prosa dessa bíblia da suinicultura que é a publicação “Vida Rural”. Porque não andamos aqui a brincar. “A Zona X do Novos Aterros Urbanos ficará localizada” entre coisas, “com uma área de cerca de 320 000 m2”, e destina-se

principalmente à zona de instalações públicas e de habitação”. Coisinha para custar mais de 816 milhões de patacas. Imaginem quantos quilos de febras se compram com este balúrdio. Antes de passar ao Evangelho de São Bácoro, deixem-me informar que sou do Alentejo, a Meca do Porco Preto. Um dos segredos desse mítico e mundialmente apreciado suíno é a sua dieta forte em bolota. Será que alguém vai propor o cultivo

“Acredite, caro leitor, a quantidade e qualidade do excremento que ouvimos e lemos é de tal ordem que seria possível erguer um Taj Mahal fecal todas as semanas.”

de sobreiro, aka chaparro, na zona Y? Nasceria um novo princípio: “Dois Aterros, Um Chavascal”. Fica a sugestão. Outra questão por responder é como aplacar dois dos mais poderosos lobbies e negócios, não só da região, mas do mundo inteiro, construção e imobiliário, a favor de algo que se pode importar. Não podemos adquirir espaço, terras, ao exterior, uma ideia que escapou aos inúmeros facínoras expansionistas que escreveram a sangue as mais tristes páginas da história mundial. Imagine-se o expansionismo guiada pela fome de costeleta. E como o prometido é devido, aqui vai a citação do “Vida Rural”: “As porcas, de forma natural, desmamam os leitões e são depois colocadas com os varrascos durante 30 dias. Para os leitões nascerem entre Março e Abril terão de ser colocadas à cobrição entre Novembro e Dezembro”.

Ouro vertido em prosa, em doses equivalentes de despropósito e lirismo. Quase 3000 caracteres vertidos e só ainda vou num tópico. Acho que me entusiasmei. Permita-me a rápida guinada para uma verborreia que a falta de senso levou ao corte editorial. Acredite, caro leitor, a quantidade e qualidade do excremento que ouvimos e lemos é de tal ordem que seria possível erguer um Taj Mahal fecal todas as semanas. Mas esta catedral merdosa merece um lugar de pódio. Imagine que a pandemia da covid-19 crescia para níveis de filme apocalíptico protagonizado pelo Bruce Willis. Este é o ponto de partida para o impressionismo de Belle Époque deste Claude Merdet, para a fragância do nosso Cócó Chanel. Se Macau vivesse um cenário de grande extinção em massa devido ao coronavírus, com ruas como valas comuns, ou pior, com uma situação económica de incalculável prejuízo para as PME, um dirigente associativo achou no absurdo a solução. Quiçá, um ávido leitor de Albert Camus, pronto para achar significado de vida no despropósito. Este senhor acha boa ideia o Governo substituir os trabalhadores das PMEs por heróis anónimos vestidos com fatos NBQ, aqueles que vimos em desastre nucleares como em Fukushima, vestimenta híbrida entre alienígena e fato espacial. Imaginemos como seria o dia-a-dia de uma loja ou pequeno restaurante, com empregados em fatos hazmat ao estilo “Breaking Bad”, mas com outro tipo de culinária. Onde é que estes estabelecimentos iriam arranjar clientes, e mesmo se existissem, até que ponto do desejo de comprar é superior ao amor à vida? Não lembro de ver roulottes de bifanas, ou lojas de sopa de fitas em Chernobyl. Às tantas, a série documental ocultou esses bravos guerreiros atómicos. Defecados estes dois montes de fumegantes ideias, acabei também por largar uma flatulência cerebral. Semanalmente, despejar nesta nauseabunda página os grandes êxitos das ideias de merda que, imunes à vergonha, conhecem a luz do dia e transformam o espaço público numa latrina de festival de Verão. Mas talvez isso seja demasiado cruel com o estimado leitor, para a minha sanidade mental e saúde pública da população.

Carta dos leitores

MEGA-ESTRUTURA – PASSAGEM SUPERIOR PARA PEÕES NA TAIPA

Para quem vive na Taipa esta obra de engenharia, na Av. de Guimarães, que dura há mais de dois anos tem vindo a dar muito nas vistas, pela sua volumetria, considerada a maior estrutura de passagem superior para peões. Depois de completa irá servir de acesso pedonal entre a Av. de Guimarães e a estação do metro ligeiro, na Av. do Estádio!... A

estrutura, irá ocupar a faixa central, daquela que é uma das mais movimentadas avenidas da Taipa, com mais de meio quilómetro de extensão! A obra tem vindo a ser construída muito lentamente, e ninguém sabe quando e como é que a mesma irá terminar! Além dos transtornos e inconvenientes que têm causado no trânsito, a execução

das infra-estruturas de saneamento e outras aos residentes locais. As dúvidas acerca da sua verdadeira utilidade começam a ser colocadas em causa, uma vez que já existiam passeios que proporcionavam aos peões praticamente as mesmas facilidades em termos de acesso aquela estação de metro. Para que servirá então essa estrutura? Ainda

não está terminada e já parece um mamarracho... Parece mais um projecto falhado ligado ao metro ligeiro. Parece que esta obra de acesso pedonal foi pensada única e exclusivamente para servir o terminal do metro ligeiro, cuja obra continua a suscitar muitas dúvidas...sabendo-se que o metro ligeiro não irá servir a população...

O próprio secretário da tutela veio anunciar e admitir publicamente este facto, ano passado, que se previa uma baixa utilização do público, pelas mesmas razões: completamente desproporcional às necessidades, e contrária aos interesses da população daquela zona! Um leitor identificado


Nada é permanente, salvo a mudança.

Heráclito

1º DE MAIO HO IAT SENG DESTACA TRABALHO EM TEMPOS DE PANDEMIA

COREIA DO SUL POSTO MILITAR ATINGIDO POR TIROS VINDOS DO NORTE

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O Iat Seng, Chefe do Executivo, destacou, por ocasião do 1º de Maio, Dia do Trabalhador, o trabalho realizado por vários sectores durante a pandemia da covid-19, sem esquecer todos aqueles que tiveram de se adaptar ao regime de teletrabalho. O governante manifestou “o seu agradecimento aos diversos sectores sociais por terem sustentado o funcionamento eficiente da sociedade de Macau e a sua estabilidade durante o surto da epidemia”. Além disso, foi feita uma referência a “todos aqueles que se encontram a trabalhar a partir de casa ou as famílias que têm de acompanhar os estudos dos filhos também nos seus domicílios”. Na mesma nota de imprensa, Ho Iat Seng referiu que o seu Governo “vai continuar a proteger os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores e a aperfeiçoar constantemente a situação de empregabilidade”. Ficou também a promessa do reforço das leis laborais, de “forma a garantir que todos os trabalhadores em Macau são respeitados e continuam a receber os frutos do desenvolvimento económico”.

Um povo à deriva Amnistia pede a Governos asiáticos para que recebam barcos com rohingya

A

Amnistia Internacional enviou uma carta aberta a diversos governos asiáticos e ao australiano para que ajudem barcos com rohingyas, à deriva no golfo de Bengala, recusados por diversos países por medo de que sejam portadores de covid-19. A Organização Não-governamental (ONG) enviou a carta depois de um navio, que havia sido rejeitado pelas autoridades da Malásia, ter chegado à costa de Bangladesh com 396 rohingya desnutridos, após dois meses no mar, tendo morrido pelo menos 28 pessoas. Uma semana depois, as autoridades do Bangladesh indicaram que, devido à covid-19, não aceitarão a entrada de mais navios com rohingya, uma minoria muçulmana perseguida na Birmânia (Myanmar). "Vários barcos de pesca com centenas de homens, mulheres e crianças - que se acredita serem rohingya - estão actualmente à deriva no mar, depois de serem rejeitados pelos Governos que mencionam a pandemia da covid-19",

Filipinas Libertados das prisões perto de 10.000 detidos Perto de 10.000 detidos foram libertados nas Filipinas para tentar impedir a propagação do novo coronavírus nas prisões sobrelotadas do país, anunciou sábado o Supremo Tribunal. “O tribunal está plenamente consciente da sobrelotação das nossas prisões”, disse à imprensa o magistrado daquele tribunal, Mario Victor Leonen, anunciando a libertação de 9.731 detidos, que aguardam julgamento na prisão por não poderem pagar a fiança. O aparecimento da covid-19 foi PUB

segunda-feira 4.5.2020

PALAVRA DO DIA

afirma-se na carta, assinada na sexta-feira por Clare Algar, directora de Investigação, Advocacia e Política da Amnistia Internacional. Algar afirmou que há actualmente cerca de 800 refugiados e emigrantes em alto mar e instou as autoridades da região a protegerem estas vidas por razões humanitárias e também a cumprirem as suas responsabili-

“Vários barcos de pesca com centenas de homens, mulheres e crianças - que se acredita serem rohingya - estão actualmente à deriva no mar, depois de serem rejeitados pelos Governos que mencionam a pandemia da covid-19.” CLARE ALGAR AMNISTIA INTERNACIONAL

relatado em algumas das prisões mais sobrelotadas do país, tanto entre os presos como entre os funcionários. O distanciamento social é quase impossível nos estabelecimentos prisionais filipinos, onde as celas às vezes recebem até cinco vezes mais detidos do que o esperado, devido à infraestrutura inadequada e a um sistema judicial lento e sobrecarregado de trabalho. As Filipinas anunciaram 9.000 casos de infectados com covid-19, incluindo 603 mortes, no território.

dades perante as leis e acordos internacionais. A carta é dirigida aos Governos da Austrália, Bangladesh, Brunei, Camboja, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Birmânia, Paquistão, Filipinas, Singapura, Timor-Leste, Tailândia, Sri Lanka e Vietname.

MINORIAS EM SOFRIMENTO

Mais de 700.000 refugiados rohingya vivem no Bangladesh desde a limpeza étnica que sofreram entre 2016 e 2017 às mãos do exército birmanês, que está a ser julgado por alegado genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (Haia). A situação da covid-19 também provocou reclamações de várias ONG em países como a Malásia, onde cerca de 700 imigrantes e refugiados foram esta semana presos e amontoados em centros de detenção temporária pelas autoridades. Na Tailândia, a ONG Fortify Rights pediu ao Governo que libertasse os refugiados e os migrantes que se encontram em centros de detenção, depois de 42 deles terem dado positivo para o novo coronavírus na província de Songkhla, no sul.

M posto militar sul-coreano foi atingido ontem por tiros disparados do lado norte-coreano da fronteira que separa os dois países, segundo o Exército da Coreia do Sul. O posto militar, localizado na zona desmilitarizada (DMZ) que separa as duas Coreias, foi atingindo várias vezes por uma arma de fogo sem que nenhum soldado fosse atingido, disse o chefe do Estado Maior Conjunto da Coreia do Sul à agência do país, Yonhap. O Exército da Coreia do Sul respondeu com dois tiros de aviso e mensagens de cessar-fogo transmitidas através de um sistema de som a apelar a um cessar-fogo, de acordo com a mesma fonte. O incidente ocorreu às 07:41, num posto militar localizado na cidade de Cheorwon, disse o comando militar conjunto, que também explicou que as suas instalações não tiveram danos significativos. “Estamos a tomar medidas através dos canais de comunicação inter-coreanos para entender a situação em detalhe e evitar incidentes adicionais. Também mantemos uma postura de preparação militar necessária”, apontou Seul, em comunicado.

Pyongyang Kim Jong Un aparece em público

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, apareceu sexta-feira em público pela primeira vez em mais de um mês, acabando assim com rumores acerca do seu estado de saúde, indicou a agência de notícias oficial KCNA. Segundo aquela agência, Kim Jong Un participou na inauguração de uma fábrica. O líder norte-coreano “assistiu à cerimónia” e “todos os participantes gritaram ‘urra’” quando ele apareceu, indicou a KCNA. Kim Jong Un não aparecia em público desde que presidiu a uma reunião em 11 de Abril. Nos últimos dias, vários órgãos de comunicação apontaram que Kim se encontra em estado crítico, depois de ter sido, alegadamente, sujeito a uma cirurgia cardíaca, algo que as autoridades sul-coreanas designaram de "notícias falsas".


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