Mop$10
segunda-feira 4 de julho de 2016 • ANO Xv • Nº 3605
Agência Comercial Pico • 28721006
pub
Director carlos morais josé
Terrenos
A lei da discórdia página 4
h Em nome das Letras
A Grande Mensagem Guo xi
Entrevista
óbito
Última cortina
hojemacau
página 14
Universidade MAcau
rica Erva página 7
Tráfico Humano Relatório dos EUA fala de envolvimento de menores
Delitos maiores
O mais recente relatório do Departamento de Estado Norte-Americano sobre Macau diz que a RAEM continua a ser um destino capital para o tráfico
de mulheres e crianças. Dos seis casos denunciados, quatro, segundo os americanos, envolvem menores. As redes de tráfico estarão ligadas à indústria do jogo.
Página 5
pub
www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau
Rogério Beltrão coelho
2 entrevista
Rogério Beltrão Coelho jornalista
Rogério Beltrão Coelho é o jornalista responsável pela agora revitalizada Associação Amigos do Livro. Fortemente ligado a Macau, pretende dar um novo alento à actividade editorial para que o registo literário não se perca e a cultura permaneça Jornalista, já passou pela imprensa da RAEM. Da sua experiência, houve mudanças significativas nos jornais antes e depois da transferência? Houve muitas. A história da imprensa de Macau é muito curiosa. O primeiro jornal do território é a Abelha da China, que é criado com fins eminentemente políticos. Nos anos 80 há a Gazeta Macaense, que é um jornal dedicado aos escândalos. Em 82 aparecem o Jornal de Macau e o Tribuna de Macau, que na altura ainda era semanário. Estas publicações já eram feitas por profissionais vindos de Portugal e que respeitavam os princípios que formam a nossa actividade de jornalistas, nomeadamente éticos e de rigor. É aqui que começa de facto a aparecer a imprensa com alguma qualidade e alguma responsabilidade. A partir de meados dos anos 90, e essencialmente após a transferência, os jornais ganham outra força e outra forma e começam a vir mais jovens profissionais. É essa gente que dá novo alento à imprensa?
“Macau é uma aldeia com grandes condições financeiras” É gente jovem que, de uma forma geral, tem talento e qualidade e que imprime à imprensa uma outra dinâmica e uma outra qualidade. O que não quer dizer que, dadas as especificidades aqui da terra, os jornais sejam politicamente puros. Há limites no exercício da profissão de jornalista? Tive esse experiência também entre 2009 e 2011 no Macau Daily Times. Não que tivesse tido alguma dificuldade de funcionamento, mas acho que há limitações de várias ordens no exercício da profissão em Macau. Fala da liberdade de expressão? Não se pode dizer que há um exercício dessa liberdade. É um facto que ela existe, mas o seu exercício, fruto das especificidades de Macau, nem sempre é pleno. Não quer dizer que em situações pontuais a imprensa não vá aos limites positivos no seu papel de denúncia ou afirmação. Existem também as limitações inerentes a uma imprensa provinciana. Macau é uma aldeia com grandes condições financeiras, com um grande desenvolvimento, que pode ser discutível, mas que é de facto um grande desenvolvimento económico. A imprensa em Macau é de província, o que não quer dizer que seja má. Mas há que ter noção dessa dimensão e do que se pode fazer dentro dessas balizas. Não temos, por exemplo, condições para desenvolver uma imprensa de investigação. Está ligado essencialmente à actividade editorial. Como surgiu? Tirando os primeiros dois anos em que estive cá a criar o Gabinete de Comunicação Social, toda a minha actividade jornalística foi desenvolvida na área editorial. Já em Portugal estava ligado à edição de livros e depois em 86 em Macau estive no Instituto Cultural, em que realizámos uma série de iniciativas
entre as quais edições inéditas. Em 90 criámos a Livros do Oriente que funcionou muito bem até à transferência. O que aconteceu? Ao contrário do que as pessoas possam pensar nunca houve um apoio directo à actividade editorial. Na maior parte dos casos, a edição era a fundo perdido e o que a sustentava eram os projectos que tínhamos, como a Revista Macau. Tínhamos sobretudo a produção de livros para entidades terceiras como o Governo ou fundações, etc. Eram encomendas que nos permitiam depois alimentar a actividade editorial altamente deficitária. Hoje temos cerca de 90 títulos editados e tivemos dois ou três casos que não deram prejuízo. Não há leitores em Macau? Já houve mais. Hoje quando se faz um lançamento aparecem 20 ou 30 pessoas no máximo. O tema “Macau” é um tema que interessa pouco. Portugal está muito desligado da RAEM em termos de conhecimento ou interesse. Houve uma luta constante para ultrapassar essa situação criando um mailing próprio, por exemplo das pessoas que estivessem em Macau ou outros interessados que, no meu entender, atingiria umas dezenas de milhares de pessoas. No entanto isso nunca foi possível. E porquê? A actividade editorial em Macau padece de uma estrutura que nunca teve. Era e é possível encontrar apoios a nível individual. Posso criar um projecto mas sem uma estrutura que apoie toda a acti-
“A imprensa em Macau é de província, o que não quer dizer que seja má”
vidade e que vá ao encontro das necessidades de marketing e de divulgação, nunca chego a lado nenhum porque não tenho interlocutor e não há interesse ao nível oficial para o fazer. Macau não tem interesse? Não tem uma política do livro. A meu entender, a entidade que poderia regular, dinamizar e criar condições de apoio é o Instituto Cultural, que não o faz. Limita-se a ser editor, o que é profundamente errado. Seria então essa a função do IC, de coordenação? Não diria coordenar, mas sim de criar condições. Que tipo de condições são necessárias? Criar um fundo editorial. Uma verba que todos os anos os editores que concorressem com as suas propostas submetidas teriam apoio, como se faz com outras actividades culturais. Há ainda necessidade de uma coisa importantíssima: um fundo de tradução. Estando em Macau e sendo a ponte entre as comunidades e culturas portuguesa e chinesa, temos o dever e devíamos ter a missão de ser os transmissores dessa cultura. É intenção da Associação Amigos do Livro a promoção da actividade editorial de livros chineses em Macau. É preciso criar tradutores e um fundo de tradução para que esse obstáculo seja transposto. Ninguém vai editar um livro tendo que suportar os custos de tradução. De que mais precisa o mercado editorial? Não há um prémio literário ou de poesia em Macau. Não há incentivo à criação. Não há uma bolsa literária que responda à vontade de alguém querer escrever um livro e possa dedicar o tempo necessário à escrita com um suporte financeiro que o sustente. Não há sequer a
preocupação das pessoas se sentarem à mesa e colocarem estes problemas e tentarem encontrar soluções. Mas tem havido esforços no sentido de solicitar a atenção da Administração... Estes problemas têm sido colocados à Administração ao longo dos anos e continuam a sê-lo. Caem em saco roto. Os casinos daqui a cem anos já não existem. Os edifícios deterioram-se. Mas daqui a cem anos, as obras que forem publicadas ainda estão consultáveis. As pessoas ainda poderão ler, seja em que forma for, impresso ou digitalmente. Essa informação perdurará. Mas não há comércio do livro? Não há forma de entrar no mercado da China? Foram traduzidas em Macau para Chinês algumas obras de alguns portugueses. Posso estar a ser injusto, mas penso que isso aconteceu numa perspectiva de mostrar serviço. Quando se traduz para a China uma edição de 500 exemplares que objectivos é que se pretende atingir? Numa das viagens que fiz à China encontrei o tradutor do JorgeAmado que me dizia que já na altura as traduções deste autor atingiam tiragens de cerca de 360 mil unidades. Agora com uma tiragem de cinco mil exemplares para o mercado chinês podemos dizer que poderá chegar aos meios académicos mas não entra na China. E mesmo esses não sei se são distribuídos. Por outro lado, não podemos fazer livros cá e mandá-los para a China. Temos que entrar em acordo e fazer parcerias com editoras chinesas que se mostrem interessadas e que assumam essa co-edição, o que não é fácil. Tem que se partir de um fenómeno que desperte a atenção, que foi o que aconteceu com o Jorge Amado e “Gabriela”. Qual é o problema com a distribuição?
3 hoje macau segunda-feira 4.7.2016 www.hojemacau.com.mo
Sofia Mota
“A actividade editorial em Macau padece de uma estrutura que nunca teve” “Não há um prémio literário ou de poesia em Macau. Não há incentivo à criação” tábua de salvação económica. Neste momento as indústrias criativas são a moda e o design, mas a actividade editorial também o é: fomenta o design, a escrita, a tradução, a ilustração, etc. Não há um fórum onde isto possa ser discutido num território que tem tanto dinheiro e que pode pôr as coisas a funcionar, assim como fez com os serviços públicos. A Associação Amigos do Livro está de volta com novas actividades. AAssociação, que foi criada há uns anos, devido a determinas circunstâncias esteve parada. Retomou a actividade o ano passado e estamos com uma série de projectos que precisam de apoios. Nalguns deles não há necessidade de dinheiro mas sim de disponibilização de espaços. E até pode haver parcerias em que nós damos a nossa parte e que sendo retribuída podemos seguir actividade. A primeira actividade, e que teve o apoio incondicional da Fundação Rui Cunha - o que nos permitiu seguir em frente, foram as conversas sobre o livro. É um espaço que nos permite discutir assuntos ligados ao livro, dar a conhecer aquilo que é a actividade literária em Macau e nos países à volta. Permite-nos conhecer o mundo em que estamos de forma a podermos partir depois para outras iniciativas. Aqui os livros morrem no lançamento. Há um grande folclore com isso e depois ficam nos armazéns. É apenas anunciada a cerimónia e não o livro. Não há uma crítica literária em Macau. Falta toda uma estrutura e uma vivência. Vai-se à livraria e o livro nem está lá. É o pior que pode acontecer a um livro. Um pessoa que tenha interesse numa obra vai uma e duas vezes à sua procura, não encontrando, esquece. Penso que é importante numa terra como Macau ter uma componente de conhecimento e de cultura que prevalece além de tudo
e que, quanto mais enriquecida for, mais valor tem o território. Tenho 26 anos de actividade editorial aqui e não consigo falar com ninguém que supostamente terá a tutela desta área. Por que razão? Não sei. Acho que há coisas que funcionam hoje muito melhor do
“Vive-se hoje uma grande arrogância”
que na Administração portuguesa. Exemplo disso são os serviços públicos. Mas a nível de poder e decisão não há acesso a quem de direito. Se se conseguisse ir directamente a quem decide era mais fácil. Acho que isso é a grande falha da Administração no contacto com os agentes culturais. Mesmo numa altura em que se fala tanto de indústrias criativas? Acho que nem se sabe o que é isso das indústrias criativas, mesmo quem se agarra a isso como uma
Quais são as iniciativas previstas? Sessões de poesia, alguns programas para a televisão, com intervenções curtas na área literária, etc. Está ainda em marcha uma grande acção em Outubro: o Fórum do Livro de Macau em Lisboa. Neste momento metade do programa está garantido com apoios e parcerias com instituições em Portugal mas ainda faltam muitas respostas ligadas a Macau. Integra uma grande feira do Livro, conferências e terá lugar em vários sítios. Já temos o Centro Científico e Cultural de Ma-
cau, o Museu do Oriente, o Clube Militar Naval e a Casa de Macau de Lisboa e esperamos contar com a sala de visita em Lisboa que é a Delegação Económica e Comercial de Macau. Estamos à espera de uma resposta. Pensamos que será positiva mas a senhora da missão da Delegação não decide nada sem perguntar a Macau e é mesmo capaz de dizer que não. De que vai constar este Fórum? Vamos falar das várias vertentes do livro de Macau em Português e em Chinês. Dar a conhecer os autores vivos e outros que precisam de ser lembrados, como é o caso do Silva Mendes ou do Camilo Pessanha ou de Ondina Braga, que escreveu muito sobre Macau. Quanto seria preciso vender em Macau para rentabilizar um edição? Vender 500 exemplares de uma edição já é rentável. E há cada vez menos interesse. O livro de Macau não se vende na livraria e é preciso também um trabalho online. Julgo que uma acção pontual como esta do Fórum vai despertar interesse naquele momento, naquela semana. Hoje em Macau há um fenómeno muito curioso. A comunidade está muito dispersa. Este jovens que cá estão vêm com a mentalidade de emigrante, o que não acontecia no passado, e por isso cada um vive na sua tribo. Se um faz uma coisa os outros também fazem, mas se for alguma coisa que seja de interesse geral para além da tribo já não se importam. Têm os seus interesses culturais e económicos muito específicos e estão muito distanciados de Macau. Vivem na sua bolha, vão às compras, têm uma empregada para cada criança e consomem luxo. Vive-se hoje uma grande arrogância. E a cultura? É uma pequena minoria. Não podia ser a cultura um chamariz para o turismo? Poderia, mas o nosso turista é minoritariamente ligado á cultura. Têm que se criar motivos de interesse e programas para apoiar esse turismo. Macau não tem espaço, mas na Europa não há cidade que não tenha, por exemplo, esplanadas. Aqui distribuem-se panfletos com os telefones das “meninas” e em Praga distribuem-se a publicitar os concertos todos os dias em vários sítios diferentes e as pessoas vão porque se habituaram àquilo. É preciso que as pessoas que decidem tenham preocupações culturais e tenho dúvidas que as tenham. A partir daí tudo poderia funcionar. Sofia Mota
info@hojemacau.com.mo
4 Política
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Lei de Terras Divisões quanto a proposta de Tong
Pouca harmonia Tiago Alcântara
Não são consensuais as opiniões dos deputados sobre a proposta de alteração à Lei de Terras feita por Gabriel Tong. Leonel Alves diz que o diploma actual “trouxe problemas à economia”, enquanto Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong falam em pressões e afastamento da lei original
O
consenso não mora na Assembleia Legislativa (AL), sobretudo desde que foi aprovada a Lei de Terras, em 2013. Três anos depois, e numa altura em que o deputado nomeado Gabriel Tong acaba de propor uma alteração ao diploma, os membros do hemiciclo com quem o HM falou estão longe de remar na mesma direcção. A proposta de Gabriel Tong visa permitir ao Chefe do Executivo a suspensão ou prorrogação do prazo de concessão de um terreno, sempre que
as responsabilidades pela ausência de construção não possam ser imputadas à empresa concessionária do terreno. Apesar de Tong assegurar que não há alteração à lei, mas sim uma clarificação (ver página 19, carta de esclarecimento), há dentro do próprio diploma um acrescento, pelo que passa, então, por uma alteração. Leonel Alves, deputado indirecto, defendeu que “a lei tem trazido muitos problemas para a economia”. “A situação está cada vez mais insustentável para a economia de Macau. Neste
momento, e independentemente do resultado da votação, é importante haver um debate na sociedade sobre estas questões. Não houve um debate adequado na altura própria, nem uma consulta pública, nem as vítimas ou potenciais vítimas foram auscultadas, portanto foi uma lei passada com muitos silêncios no seu procedimento”, acrescentou Leonel Alves. Lau Veng Seng, deputado nomeado, referiu que não leu ainda a proposta, mas apenas lembrou que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, já tinha feito uma referência
no hemiciclo. “Penso que o Chefe do Executivo já mencionou algo sobre isso no hemiciclo, em que se referia se a concessão expirasse, e se as causas e responsabilidades não fossem imputadas ao concessionário, teria de existir uma forma de salvaguardar de lidar com esse problema.”
Pressões?
Numa altura em que o Governo acaba de anunciar a reversão de mais 14 terrenos para a Administração, sendo que dois deles foram atribuídos à Shun Tak, de Pansy Ho, muitas dúvidas pairam no ar sobre as razões que terão levado Gabriel Tong a apresentar agora esta proposta de alteração. Para Ng Kuok Cheong, o seu colega na AL sucumbiu a pressões das empresas concessionárias para apresentar este projecto de lei. “[As empresas] vão lutar pelos seus interesses. Para mim a Lei de Terras não necessita de qualquer alteração urgente, mas ainda não li a proposta”, explicou ao HM o deputado pró-democrata. José Pereira Coutinho preferiu recordar que foram poucas as alterações estruturais feitas a um projecto de lei da autoria do Executivo. “Ao longo dos últimos 16 anos o Governo quase nunca aceitou alterações estruturantes nos projectos por si apresentados, mas apenas umas simples modificações dos diplomas. [A alteração de Gabriel Tong] põe em causa o objectivo e o alcance da própria lei e também modifica por completo a origem e os objectivos aos quais a lei se propôs desde o início. Não sei até que ponto, neste momento, esta norma vai amputar disposições estruturantes na Lei de Terras. Terei de analisar o diploma com mais cuidado. A norma deve ser extensiva à consulta do Governo para que de facto não se venha a desvirtuar o diploma em vigor”, rematou. Na nota justificativa do projecto de lei, ao qual o HM teve acesso, o deputado Gabriel Tong explica que apenas pretende alterar uma situação que considera “absurda”. “Tenho a consciência ditada pela ética profissional e pelas responsabilidades sociais não deixa tolerar o surgimento desse resultado absurdo”, pode ler-se. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Pedida revisão da lei da violência doméstica
A
vice-presidente da Associação Geral das Mulheres, Wong Kit Cheng, assinala que a punição criminal prevista na Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica recentemente aprovada em Assembleia Legislativa ocorre apenas quando se chega ao mau trato, questionando o tratamento dos casos que não chegam a este nível de gravidade. A deputada está já a pedir, por isso, a revisão do diploma. As declarações foram feitas por Wong Kit Cheng numa cerimónia da Associação e citadas pelo
Jornal do Cidadão. Wong Kit Cheng alerta para a necessidade de uma lei que permita o tratamento de casos através de meios e punições administrativas. Relembrou ainda que o Governo prometeu que iria acabar a consulta relativa ao crime sexual do Código Penal e entrar no processo de legislação no próximo semestre, passando a ter uma fiscalização mais próxima deste tipo de casos. Wong Kit Cheng manifesta ainda o desejo de que haja um esforço no que respeita à educação sobre a agressão sexual junto dos mais jovens.
Cheques a caminho
Os cheques pecuniários vão começar a ser entregues este mês. Como no ano passado, será atribuído um montante de nove mil patacas para residentes permanentes e de 5400 para não permanentes. A recepção por transferência automática ou emissão de cheque tem início hoje e vai chegar primeiro a beneficiários dos diversos subsídios, a indivíduos que recebam apoio económico do Instituto de Acção Social, pessoal docente que receba subsídio directo ou subsídio para o desenvolvimento profissional e alunos que recebam bolsas de estudo para o ensino superior. Também os indivíduos que tenham registado a recepção da devolução de impostos ou demais pagamentos a cargo da DSF vão receber o dinheiro esta semana, a par dos trabalhadores da Administração. Seguem-se indivíduos nascidos antes ou em 1953 e até 1964. De Agosto e até 2 de Setembro serão presenteados os residentes nascidos entre 1965 e 2000 e até 16 de Setembro os nascidos até 2015.
Lei do erro médico “protege os profissionais”
Larguito Claro, antigo director dos Serviços de Saúde, defendeu numa entrevista à Rádio Macau que a Lei do Erro Médico irá servir para proteger os profissionais de saúde. “A lei é para proteger toda a gente, inclusive o médico. Acho que os médicos não estão assustados com isso. Se estão, não devem estar. Essa lei também os protege. Agora, uma coisa que se pode levantar aqui, os médicos que trabalham no sector público estão seguros? Têm seguros? Se calhar não têm. Deviam ter? Deviam”, disse. Para Larguito Claro, não se deve confundir erro médico com negligência. Larguito Claro foi director dos Serviços de Saúde entre 1993 e 1999.
5 hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Política
Tráfico Humano EUA falam de crianças envolvidas
Maioria silenciosa Entre seis casos que os EUA consideram ser de tráfico sexual, quatro envolviam crianças. É o que diz o Departamento de Estado norte-americano que critica Macau pela falta de informação e acção a este respeito
M
acau continua a ser um destino primordial para o tráfico de mulheres e crianças para trabalhos forçados e sexuais e o Governo deveria fazer mais. São as conclusões de mais um relatório do Departamento de Estado norte-americano sobre o tráfico humano e não difere em muito dos que têm vindo até agora a ser atribuídos a Macau. Mas este, lançado no fim-de-semana, indica que há conexão entre a indústria do jogo e o tráfico sexual de crianças. “É um destino e, apesar de em muito menor escala, é também um local de trânsito para mulheres e crianças vítimas de tráfico para fins sexuais e trabalhos forçados. As vítimas são maioritariamente da China continental, muitas delas procuram melhores condições de trabalho na fronteira de Guangdong”, analisam os EUA, que acrescentam ainda que há mulheres da Ásia, Rússia, África e América do Sul. As mulheres são apanhadas nas redes de tráfico por responderem a falsos anúncios de trabalho, incluindo “em casinos de Macau”, pode ler-se no documento, que indica que, após a chegada à RAEM, são “forçadas a prostituir-se”. Casas de massagens e bordéis ilegais são os locais onde as mulheres são confinadas e ameaçadas com violência. “São forçadas a trabalhar durante longas horas e vêem os seus documentos serem-lhes retirados.” Mas o relatório vai mais longe e assegura mesmo que “há crian-
ças sujeitas a tráfico sexual com ligações à indústria do jogo e do entretenimento em Macau”.
A maioria
O Departamento de Estado fala em quatro crianças vítimas de tráfico sexual, a maioria, aliás, de todos os casos detectados no ano passado. Em 2015, o Governo identificou mais uma vítima do que em 2014, elevando o número para seis. Mas nunca foram dadas informações sobre estas vítimas aos média locais. “Quatro vítimas eram crianças. Cinco eram da China continental e uma da América do Sul”, indica o documento, que não fala, contudo, na idade das crianças. Apesar de ter investigado três casos de trabalho forçado, o Governo concluiu que nenhum estava relacionado com vítimas de tráfico, critica ainda o relatório. “Dos cinco casos de tráfico sexual, o Ministério Público deixou cair um e os outros quatro foram julgados por outros crimes que não esse. Um outro caso foi julgado como sendo de tráfico humano, mas o arguido foi considerado inocente. Portanto não houve condenações neste âmbito, comparado com quatro em 2014. O MP continua a usar o termo exploração de prostituição para muitos casos que são de tráfico humano e esse crime é punido com menor pena do que os de tráfico”, revela o relatório, que diz também que as autoridades nunca reportaram qualquer caso onde agentes da Segurança tenham sido cúmplices de casos como estes. Números avançados no ano passado por uma investigadora
do Instituto Politécnico indicavam que pelo menos 39 menores, entre os 14 e os 17 anos, foram vítimas deste género em Macau desde 2012. Um número que apenas se referia às jovens que foram acolhidas pelo Centro Bom Pastor, mas que deveria ser mais elevado, segundo a professora. “Apesar da maioria (4) dos casos [de 2015] terem sido relativos a vítimas crianças, as autoridades não revelaram quaisquer investigações ou acusações face a turismo sexual de menores”, indicam os EUA. O HM tentou perceber junto do Governo se existem, de facto, crianças envolvidas, mas não foi possível por ser domingo. Entretanto, o Executivo já negou as informações dos EUA (ver texto ao lado).
No bom caminho?
Apesar de “esforços” para ajudar as vítimas, o Governo “não cumpre os critérios mínimos para a eliminação do tráfico”, ainda que esteja a tentar. O relatório dos EUA frisa, por exemplo, que o Executivo local criou um sistema de comunicação com hotéis, para que estes mais rapidamente denunciem eventuais casos de tráfico humano, e que alocou cerca de 3,2 milhões de patacas na prevenção do tráfico. Fala ainda da divisão da Polícia Judiciária especificamente dedicada a este problema, mas denota que em 2015 não houve quaisquer condenações por tráfico. Algo que já sucedeu em anos anteriores.
Governo rejeita relatório por “falsidade”
“C
omentários infundados, más interpretações e conclusões falsas”. É desta forma que o Governo reage ao relatório do Departamento de Estado norte-americano, que fala em vítimas de tráfico sexual e crianças envolvidas nestes casos. Num comunicado, o Executivo garante que “tem prestado grande
importância à prevenção”, algo que é admitido no relatório, “e ao combate” dos casos. O Governo assegura que continua a obter resultados eficazes no combate ao tráfico de pessoas, citando a Comissão de Acompanhamento das Medidas de Dissuasão sobre o Tráfico de Pessoas, cujos dados estatísticos mostram que em 2015
houve cinco casos, mas não dão mais detalhes. O Executivo não se defende directamente da acusação do envolvimento de crianças, rejeitando o relatório. “O Governo não aceita o relatório quanto aos comentários infundados e injustos sobre Macau, no que diz respeito ao combate de tráfico de pessoas, à exploração la-
“Há crianças sujeitas a tráfico sexual com ligações à indústria do jogo e do entretenimento em Macau” Apesar de considerar a pena de 15 anos para tráfico como “suficiente”, o Departamento de Estado aponta ao dedo ao Governo por “ter diminuído os esforços perante a aplicação de leis anti-tráfico” durante o ano passado. Os mais de 30 milhões de turistas anuais são motivo para os EUA considerarem que a RAEM tem um grande desa-
fio pela frente no que ao combate a estes crimes diz respeito. O relatório saúda ainda o facto de existirem infra-estruturas e apoios, mas pede ao Executivo que continue a promover campanhas, a realizar inquéritos junto das comunidades mais frágeis e a aplicar a lei.
boral, ao turismo sexual envolvendo crianças e às actividades ilícitas praticadas pelos seus funcionários. O Governo não tolerará o tráfico de pessoas, bem como quaisquer actos de exploração com ele relacionados, sendo que, para além de continuar a executar rigorosamente a lei, a melhorar o respectivo enquadramento, a incrementar a consciencialização de prevenção criminal e a manter um governo íntegro, continuará o seu caminho
de reforço das relações próximas de trabalho e a partilhar mutuamente informações com as regiões vizinhas”, pode ler-se no comunicado. “A estatística relacionada com essas ilegalidades diminuiu constantemente, revelando-se baixa ou de quase zero, o que constitui um efeito positivo na sociedade de Macau.” J.F.
Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
6 hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Hoje Macau
Política
Sugerido salário mínimo para domésticas
O Departamento de Estado norte-americano sugere, no mais recente relatório relativo ao tráfico humano, a implementação de um salário mínimo para empregadas domésticas. Na parte referente a Macau do documento, os EUA indicam que “há correctores que trazem homens e mulheres estrangeiros para Macau para lhes renovarem os vistos de trabalho para outros países, mas depois lhes restringem os movimentos, retirandolhes os passaportes e provocando-lhes dívidas”. A autoridade considera, por isso, essencial que Macau implemente um salário mínimo para as empregadas domésticas, a maioria filipinas e vietnamitas, de forma a evitar este tipo de problemas. Actualmente, e depois de uma lei que entrou em vigor este ano, só os empregados de limpeza e segurança de prédios têm um salário mínimo, sendo que o Governo assegurou querer implementar o salário mínimo geral em 2018. As empregadas domésticas recebem entre quatro mil a seis mil patacas por mês, num território onde a mediana salarial é de 15 mil patacas.
Deputada quer fundo para a Educação
A deputada e presidente da Associação de Educação de Macau, Chan Hong, afirmou ao Jornal Ou Mun que o Governo deve ter um plano a longo prazo no que concerne os recursos da Educação e sugere o estabelecimento de um fundo para esta área. Este fundo deveria representar um esforço para o desenvolvimento do ensino superior, não superior e contínuo. Chan Hong refere ainda que, apesar do aumento em cerca de 3% dos subsídios de educação e de propinas às escolas, o ajuste do salário dos professores diminuiu cerca de 3% comparativamente a anos anteriores.
Pedida revisão de emissão de “título ou guia de apresentação”
Crimes, fazem eles
Z
heng Anting quer o prolongamento da detenção de imigrantes ilegais e uma revisão ao mecanismo de emissão de títulos ou guias de apresentação às autoridades. Numa interpelação escrita, o deputado realça a sua preocupação face ao que diz serem casos cada vez mais recorrentes de crimes como roubos ou raptos de crianças que envolvem estrangeiros e diz que o sistema actual não convence. O título ou guia de apresentação, defende, não é o suficiente para que estes não atentem contra a segurança do território. Estes documentos são emitidos pelas autoridades quando os imigrantes ilegais violam a lei, até se estiverem em casos de excesso de permanência.
Esta é uma forma do Governo poupar dinheiro com a detenção, emitindo apenas estas guias de apresentação no caso dos crimes não serem graves. Mas o deputado diz que muitas vezes são os portadores destes documentos que reincidem em crimes. Apesar da Polícia de Segurança Pública (PSP) já ter emitido 234 títulos nos primeiros cinco meses deste ano, comparativamente ao último ano estes sofreram uma queda de 64%. Contudo, os “crimes dos por-
tadores destes documentos continuaram a acontecer no território”. Zheng Anting considera que estes são um atentado à segurança e diz que a emissão de um documento a alguém que é ilegal e que precisa de dinheiro para sair do território, por exemplo, não faz sentido. Até porque estes indivíduos não podem procurar trabalho.
Mais rigor
Por isso mesmo, o deputado da Associação dos Conterrâneos de Kong
O título ou guia de apresentação, defende [Zheng Anting] não é o suficiente para que estes não atentem contra a segurança do território
Mun de Macau, quer que o Governo prolongue o período de detenção de 60 dias para 90 dias para quem excedeu a permanência no território e para quem é imigrante ilegal, de forma a “eliminar os perigos”. O deputado quer ainda que o Governo reveja o mecanismo de “título ou guia de apresentação”, para que sejam mais rigorosas as exigências na emissão de documentos. Além disso, e depois do anúncio do Governo de que está a discutir com os países estrangeiros através dos embaixadores chineses sobre o repatriamento dos imigrantes ilegais, Zheng Anting gostaria de saber quando é que o Governo vai criar um sistema de repatriamento. Tomás Chio (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo
Edifício do Governo pode custar até 317 milhões
O novo edifício multifuncional do Governo no Pac On poderá custar entre os 182 milhões e os 317 milhões de patacas. Estes foram, pelo menos, os preços propostos e que se situam nas sugestões entregues por 15 empresas diferentes ao Gabinete de Desenvolvimento de Infra-Estruturas. O Governo planeia a construção de um edifício multifuncional com uma área total de 4 400m². O início da obra está previsto para o final do ano.
Centro de Doenças arranca este trimestre
A
construção do Centro de Doenças Contagiosas ao lado do Hospital Conde de São Januário vai arrancar até Setembro. É o que garantem os Serviços de Saúde (SS), numa resposta a uma interpelação do deputado Ng Kuok Cheong. O organismo explica que, apesar da polémica, o edifício é necessário e a decisão do Governo é “firme”. Este é “um trabalho iminente”, garantem os SS, tanto que o organismo planeia lançar o concurso público para a obra de construção e ampliação em breve, uma vez que a
“lista de construção está a ser elaborada” e que a “planta está na fase final”. Na resposta, os SS dizem ter em mente a saúde e os interesses da população e que a obra arranca “no terceiro trimestre deste ano”. Os SS relembram a concordância de “diversas associações de saúde e profissionais” da área face à necessidade deste Centro, que já foi rejeitado pelos moradores da zona, que temem contaminações. O organismo garante que o prédio terá processos de limpeza e descontaminação. J.F.
7 UM Descoberto carboidrato que pode combater isquemias
Molécula maravilha
Sociedade
Gonçalo Lobo Pinheiro
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Matéria que poderá ajudar a promover a maturação de novos vasos sanguíneos, levando ao tratamento de doenças isquémicas, foi descoberta por uma equipa da UM
U
ma equipa de investigação da Universidade de Macau (UM) liderada por Wang Chunming, do Instituto de Ciências Médicas Chinesas (ICMS) e do Laboratório Chave Estatal de Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa, descobriu uma molécula de carboidrato numa erva medicinal que pode ajudar a tratar a doenças isquémicas. A erva em questão, Eucommia ulmoides, está praticamente extinta no meio natural. A equipa de investigação começou por fazer uma pesquisa bibliográfica “intensa” e por analisar diversas matérias-primas antes de derivar com sucesso um polissacarídeo natural da erva Eucommia ulmoides, como explica a universidade num comunicado. As experiências em ratos de laboratório sugerem que esta molécula de hidrato de carbono pode combinar factores de crescimento para simular a angiogénese, ou seja, o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. Investigações adicionais para este hidrato de carbono podem mesmo levar ao desenvolvimento de novas ferramentas para a cura de
doenças que estreitam as artérias. Intitulado “Um Polissacarídeo de Origem Natural, Factor de Ligação de Crescimento para a Angiogénese Terapêutica”, este trabalho de pesquisa foi publicado na última edição da ACS Letras Macro, um importante jornal da American Chemical Society. O autor principal do artigo é Li Qiu, um estudante de doutoramento da UM. A equipa de investigação está agora a estudar a possibilidade de aplicação clínica.
O que é?
A isquemia é o termo médico que designa a presença de um fluxo de sangue e oxigénio inadequado a uma parte específica do organismo. Pode ocorrer em qualquer local, como o coração, cérebro, membros, intestinos, olhos e resulta, habitualmente, de um estreitamento ou bloqueio das artérias que alimentam a área afectada. A isquemia é uma condição grave que pode causar lesão dos tecidos, a perda de um membro e até a morte. As principais causas
autocarros Dois acidentes graves nas últimas duas semanas
U
ma mulher de 41 anos está internada no Hospital Conde de São Januário na sequência de um acidente que envolveu um autocarro da Transmac no sábado e outra continua internada em coma na Unidade de Cuidados Intensivos do mesmo hospital, também por causa de um acidente com um autocarro da mesma operadora, mas na semana passada. O acidente que vitimou a mulher de 41 anos aconteceu na Avenida da Amizade, na zona do Reservatório, sendo que os bombeiros demoraram mais de uma hora a desencarcerar a mulher, que sofreu múltiplas fracturas no corpo. Neste caso, o condutor do autocarro da Transmac, com 60 anos, não acusou presença de álcool
no sangue e o acidente deu-se porque o autocarro, que seguia vazio na altura, não terá conseguido travar a tempo devido ao piso molhado e à chuva que caía na altura. Já no caso de quinta-feira, o choque deu-se entre o autocarro um táxi, provocando sete feridos. Todos foram hospitalizados, mas só a passageira do táxi e o motorista continuam Unidade de Cuidados Intensivos. A mulher, da China continental, está em coma e ambos estão “em estado crítico”. Os feridos têm idades entre os dois e os 61 anos, dois são residentes locais e cinco são do interior da China. Receberam tratamento a escoriações, contusões e fracturas de vários níveis.
e factores de risco são a aterosclerose, o tabaco, a idade avançada, níveis elevados de colesterol, hipertensão arterial, diabetes, história familiar de doença cardiovascular, vida sedentária e obesidade.
Quase extinta
A Eucommia ulmoides é peça única da família Eucommiaceae de plantas angiospérmicas (plantas com flor). É uma pequena árvore, endémica no Sul da China, e cresce até aos 15 metros de altura. É também a única árvore produtora de borracha que se adapta a clima frios e temperados e as suas folhas permanecem verdes mesmo numa seca severa. Requer poucos cuidados mas encontra-se com muita raridade, excepto nalguns arboretos e jardins de conhecedores. Na China é usada desde há mais de dois mil anos para fins medicinais mas está, provavelmente, extinta na Natureza. Deve a sua existência e cultivo à casca, um ingrediente importante da medicina tradicional chinesa. Manuel Nunes
info@hojemacau.com.mo
Esta molécula de hidrato de carbono pode combinar factores de crescimento para simular a angiogénese, ou seja, o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos
TUI rejeita recurso da Transmac
A
Transmac perdeu mesmo os terrenos que tinha no Pac On, depois de uma empresa a si ligada ter visto o Tribunal de Última Instância (TUI) rejeitar-lhe um recurso. O caso diz respeito à ordem de desocupação de terrenos no Pac On, emitida este ano pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e depois de uma decisão de Chui Sai On. De acordo com o acórdão tornado público no final da semana passada, a Chap Mei Artigos de Porcelana e de Aço Inoxidável e Outros Metais (Macau), Limitada, a quem foi concedido o terreno de 2637 metros quadrados, viu o Chefe do Executivo declarar a caducidade do contrato de concessão em Setembro de 2015.
A Chap Mei requereu ao Tribunal de Segunda Instância (TSI) a suspensão da eficácia desse despacho, bem como do despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas de Fevereiro deste ano. O tribunal indeferiu os pedidos, o que levou a empresa ao TUI, que fez o mesmo. A empresa considerou que o tribunal não teve em conta os prejuízos que iriam sofrer as empresas pertencentes ao seu grupo de sociedade, que são a Transportes Urbanos de Macau (Transmac) e uma companhia de viagens. O TUI não só considerou que a empresa não poderia defender as outras duas companhias, como negou também qualquer razão face aos “prejuízos de difícil reparação” evocados pela sociedade. J.F.
Mais carreiras para Hong Kong
Para assinalar o Verão, a Cotai Water Jet lançou uma série de campanhas para as viagens entre Hong Kong e Macau. Estas incluem mais carreiras e descontos para os portadores de cartões MasterCard. Desde o dia 1 deste mês surgiram três novas carreiras: Taipa/Kowloon às 18h45; Aeroporto de Hong Kong/ Taipa às 21h00 e Taipa/Hong Kong às 23h30. Em Agosto vão também surgir novas carreiras: Hong Kong/ Taipa às 8h45 e 10h15; Taipa/ Hong Kong às 13h45 e 15h15. A promoção para os portadores de MasterCard já está em prática e concede um desconto de 20% na aquisição de bilhetes de 1ª classe.
8 Sociedade
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Governo suspende câmaras na Piscina do Estoril
O
Instituto do Desporto (ID) confirmou ao deputado José Pereira Coutinho que o Governo ainda está a investigar o caso das câmaras de videovigilância nos balneários da piscina do Estoril, sendo que já foi suspenso o seu funcionamento, não só da câmara em causa, mas de todas. “Sob proposta do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP), o ID adoptou várias medidas provisórias, nomeadamente a suspensão do funcionamento de todas as câmaras de videovigilância instaladas nas áreas masculina e feminina dos cacifos”, pode ler-se na resposta a uma interpelação escrita do deputado. Foi também determinado “o bloqueio de todas as imagens gravadas e a interdição da consulta de tais imagens”. Actualmente “o caso ainda está em fase de investigação”, sendo que o
Correios Descartada criação de sistema de código postal
Está muito bem assim A Direcção dos Serviços de Correios de Macau descarta a possibilidade de criação de um sistema de código postal, dada a pequena dimensão do território. Ausência de sistema “não afecta” empresas nem compras online
A
pesar da população ter aumentado nos últimos anos, bem como o tecido empresarial, o Governo continua a descartar a possibilidade de implementar um sistema de código postal em Macau. A garantia foi dada ao HM pela Direcção dos Serviços de Correios (DSC), numa resposta enviada por e-mail. “O código postal é usado em áreas geográficas com algum volume elevado de correio recebido. Sendo este um território pequeno, e moderado em termos populacionais, com um pequeno volume de correio, não é necessário nem eficaz para os correios utilizarem este sistema. O sistema normalmente visa responder a necessidades dos diferentes países e territórios, mas caso o código postal seja
implementado, os residentes necessitam de adicionar os seus próprios endereços e isso vai representar um inconveniente para o público. Para além disso, não vai garantir nenhum serviço de qualidade, pelas razões acima mencionadas”, pode ler-se. Ao nível do comércio online, a situação pode ser facilmente contornada com a utilização da chave “000000”, explicou a DSC,
que não descarta, contudo, a possibilidade de analisar a implementação do sistema no futuro. “Macau não é a única cidade que não tem um sistema de código postal. Os Correios de Macau vão estar atentos ao desenvolvimento económico e social [do território]”, garantiu a entidade. A DSC confirmou ainda que, até ao momento, não recebeu praticamente queixas quanto ao extravio de cartas e encomendas ou falhas no
“Sendo este um território pequeno, e moderado em termos populacionais, com um pequeno volume de correio, não é necessário nem eficaz para os correios utilizarem este sistema” Direcção dos Serviços de Correios
serviço. “Os correios raramente recebem comentários por parte do público da falta ou perda de correio. Os nossos funcionários são muito experientes e não têm qualquer dificuldade em entregar o correio de acordo com os endereços que constam nos envelopes.”
Sob controlo
Contactado pelo HM, o economista Albano Martins referiu também que não há a necessidade de implementar este sistema, mesmo para compras online, e que a sua ausência não afecta o normal funcionamento das empresas. “O código postal serve para nos localizarmos através do correio, não mais do que isso. Macau é um sítio único e não me parece que tenha necessidade de ter um sistema de código postal. Poderia ter essa necessidade ao nível dos pagamentos online e nas transferências, mas essa questão é controlada”, concluiu. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
GPDP “ainda não tem uma conclusão final”. “O ID vai continuar a manter contactos com o GPDP, esperando que possam ser encontradas as melhores soluções no âmbito da gestão das instalações e o equilíbrio entre a protecção da privacidade da população e a garantia de segurança”, lê-se na resposta. Na sua interpelação, Pereira Coutinho referiu a existência de “muitas queixas sobre uma câmara de videovigilância encontrada no espaço do balneário feminino da Piscina do Estoril, situação que provocou o pânico na sociedade”. “Foi avaliado o risco de se filmar as residentes nuas? Será que os motivos alegados pelas autoridades são suficientes e convincentes para que os residentes aceitem a existência de uma câmara de videovigilância numa zona onde se muda a roupa?”, questionou o deputado. A.S.S.
Declarações de antibióticos passam a obrigatórias
Desde sexta-feira que é obrigatória a implementação de um sistema de declaração uniformizado destinado aos estabelecimentos que efectuam a gestão, fornecimento ou prescrição por receita médica de antibióticos orais e injectáveis. A exigência é feita pelos Serviços de Saúde, em resposta ao plano promovido pela Organização Mundial de Saúde de Acção Global de Combate à Resistência Antimicrobiana de modo a assegurar o uso correcto de antibióticos e de forma a reduzir a sua resistência. Todos os hospitais, centros de saúde, farmácias comunitárias, firmas de importação, exportação e venda por grosso, estabelecimentos de prestação de cuidados de saúde e clínicas privadas ficam obrigados a apresentar aos SS, trimestralmente, as informações relativas à aquisição, consumo e balanço/inventário dos antibióticos orais e injectáveis. Também as facturas, prescrições médicas e os outros documentos terão que ser guardados de acordo com a ordem da data de documentos durante pelo menos dois anos.
Mudanças no Jardim-de-infância Costa Nunes
A directora do jardim-de-infância D. José Da Costa Nunes, Vera Gonçalves, está de saída da instituição. O anúncio foi feito na festa de fim de ano da unidade de ensino e a notícia avançada pela TDM. Vera Gonçalves traçou um balanço “muito positivo” do período em que esteve à frente da instituição, a começar pelo crescimento do número de alunos. “Acho que fizemos um bom trabalho. Quando iniciei funções, em Setembro de 2009, tínhamos 52 alunos, neste momento temos 163. Em 2009 a maioria dos alunos eram portugueses, hoje temos 13 nacionalidades diferentes”, afirmou, em declarações ao Canal Macau.
SS Legionella não é do Saint Regis
Não foi encontrada qualquer anormalidade nos registos de monitorização da água da piscina onde terá nadado a paciente recentemente diagnosticada com legionella em Hong Kong. Este é o resultado da fiscalização ao hotel Saint Regis de Macau, onde ficou hospedada a cidadã da RAEHK. Como medida preventiva, os Serviços de Saúde recolheram amostras de água que foram submetidas a análise. Até ao momento, o organismo não recebeu nenhuma outra notificação relacionada com doença dos legionários ocorrido neste mesmo hotel, adianta em comunicado. O período de incubação da legionella em geral é de dois a 10 dias, o que revela que o período de incubação da doente ocorreu entre o dia 11 e o dia 19 de Junho. Além de Macau, a doente visitou outros territórios daí que a origem da infecção ainda não possa ser definida.
9 hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Jogo Junho trouxe receitas mais baixas desde setembro de 2010
A descer para estabilizar
O
s casinos tiveram em Junho as receitas brutas mais baixas desde Setembro de 2010, segundo os dados oficiais conhecidos na passada sexta-feira. Os locais de jogo fecharam o mês passado com receitas de 15,9 mil milhões de patacas, uma queda de 8,5% face ao mesmo período de 2015. Junho foi o 25.º mês consecutivo de quedas homólogas das receitas dos casinos e aquele em que atingiram o valor mais baixo desde Setembro de 2010, quando se situaram nos 15,3 mil milhões de patacas. A queda de Junho foi inferior aos 9,5% que a Bloomberg havia
calculado, com base numa média das estimativas de sete analistas. “O mercado de massas [por oposição ao VIP, dos grandes apostadores] continua a mostrar um crescimento modesto”, disse à Bloomberg Grant Govertsen, analista da Union Gaming Group LLC, que considera que as receitas poderão voltar a crescer a partir de Setembro, com a abertura de novos empreendimentos com casinos, virados para esse mercado, de turistas e jogadores que procuram também outros tipos de entretenimento.
Fim de ciclo
Entre os analistas e economistas, é consensual que as receitas dos
Venham eles
Venetian e MGM pagam 20 mil milhões de imposto
O
O
Governo “confiante” no mercado de massas
Governo disse na sexta-feira que há uma “enorme possibilidade” de as receitas dos casinos continuarem a cair no segundo semestre e revelou que o peso do mercado de massas superou o dos grandes apostadores este ano. “Efectuada uma análise global sobre as situações económicas internacionais e regionais, estima-se que o ajustamento do sector do Jogo poderá persistir por mais algum tempo, havendo ainda uma enorme possibilidade de as receitas brutas reportadas ao segundo semestre do corrente ano continuarem a manter-se em crescimento negativo, quando comparado com o mesmo período do ano passado, mas com a amplitude da sua descida a abrandar-se continuamente”, lê-se num comunicado. Os analistas têm sido consensuais em afirmar que as receitas dos casinos, em queda há mais de dois anos, vão estabilizar no segundo semestre de 2016 e interromper o longo ciclo de queda, mas discordam quanto ao momento que isso
acontecerá, havendo quem aponte já o mês de Agosto ou Setembro. No comunicado, o Executivo lembra as suas estimativas no orçamento da região para este ano, menos optimistas do que as dos analistas, que apontam para que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200 mil milhões de patacas no final do ano (numa média de 16,6 mil milhões de patacas mensais), uma quebra de 13,3% em relação a 2015. O Governo congratula-se com o avanço do mercado de massas em relação ao jogo VIP (ver texto acima), considerando que resulta da “eficácia preliminar dos trabalhos do Governo da RAEM na promoção da diversificação do sector”, tradicionalmente dependente dos grandes apostadores chineses. O Executivo lembra ainda que vão abrir dois novos empreendimentos no segundo semestre do ano, vocacionados para o mercado de massas, e diz que “acredita que isto poderá ser benéfico para elevação das atracções do mercado turístico de Macau. LUSA/HM
Tribunal de Última Instância (TUI) decidiu que o Venetian e o MGM Grand Paradise têm de pagar imposto de turismo de mais de 20 mil milhões de patacas, que tinham em atraso. As empresas de hotelaria e jogo tinham recorrido de decisões anteriores, considerando que, em determinadas situações, o imposto não lhes era aplicável, mas o TUI discordou e ordenou que o Venetian pague 14 milhões de patacas, referentes ao ano de 2011, e a MGM 6,7 milhões de patacas, pelo ano de 2009. De acordo com o acórdão do tribunal, o Venetian argumentou, por exemplo, que não presta o ser-
viço de limusines, assegurado por uma empresa terceira, e que não tem com ele qualquer lucro, logo, não lhe era aplicável o imposto de turismo. No entanto, o tribunal entendeu que “a recorrente não fez prova, nem no processo administrativo, nem no recurso contencioso, que esses serviços foram prestados sem qualquer remuneração para o hotel”. Outro ponto diz respeito ao serviço de serviço de quartos e café de apoio à piscina, que a empresa diz serem serviços complementares não específicos dos estabelecimentos hoteleiros, argumento rejeitado pelo TUI que
Dez detidos por usura
sociedade
casinos vão estabilizar este ano, que marcará o fim do longo ciclo de queda, mas há divergências em relação ao momento em que isso acontecerá. A estimativa do Governo vai no sentido de que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200 mil milhões de patacas no final do ano, uma quebra de 13,3%. A queda das receitas tem sido associada à desaceleração da economia da China e à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado dos casinos de Macau os grandes apostadores. A fatia do jogo VIP no bolo das receitas dos casinos de Macau tem vindo a diminuir, embora ainda representasse mais de metade (55,3%) no final de 2015. Em 2014, a proporção era de 60,4% em 2014, em 2013 de 66,1% e em 2012 de 69,3%, sendo que, no início da década anterior, o peso do segmento VIP no total das receitas dos casinos chegou a ser superior a 77%. LUSA/HM
considerou, assim, que estes serviços devem ser tributados. No caso do MGM, colocaram-se questões de natureza semelhante, com a empresa a alegar que os serviços de transporte disponibilizados aos clientes são prestados por terceiros. No entanto, novamente o tribunal concordou com o acórdão da instância anterior, reafirmando que “a recorrente não provou os factos que alegara, que não cobrou qualquer preço aos clientes em relação a determinados bens e serviços”. LUSA/HM
A Polícia Judiciária (PJ) deteve dez pessoas suspeitas de, desde 2011, emprestarem dinheiro a funcionários dos casinos, “especialmente croupiers”, para apostas de jogo. Segundo a PJ, entre as dez pessoas detidas na quarta-feira – cinco homens e cinco mulheres – uma trabalha como croupier num casino. A Judiciária indica que o montante emprestado ascendeu aos quatro milhões de patacas e abrangeu 120 vítimas. Os suspeitos foram acusados de criminalidade organizada, usura para o jogo e exigência ou aceitação de documentos.
10 eventos
O
Instituto Ricci de Macau vai organizar um fórum presidido pelo seu director, o Padre Stephan Rothlin, e dedicado à liderança ética. “Será que os líderes estão mesmo ‘em controlo’ das suas organizações? E se estão, como estão? Se não estão, quem está?”. São a estas questões que Mollie Painter-Morland, professora de Ética Empresarial e Sustentabilidade da Faculdade de Direito Comercial e Ciências Sociais da Nottingham Business School, vai tentar responder neste fórum. Uma
apresentação onde será explorado o espaço relacional que tacitamente dirige a vida organizacional e, como tal, “comanda” líderes, liderados e instituições. A sessão é também destinada a debater como os líderes podem suplementar a responsabilidade pelas decisões e eventos com as partes interessadas. Um processo que requer um conhecimento de como um compromisso para com as regras e os deveres morais deve ser equilibrado com discrição e capacidade de resposta, adianta a organização.
Mollie Painter-Morland, antes de estar na Nottingham Business School, foi professora associada de Ética Empresarial na Universidade DePaul em Chicago e directora associada do Instituto de DePaul de Negócios e Ética Profissional e desenvolve serviços de consultoria a nível mundial. O fórum aconteceu dia 11 de Junho, segunda-feira, pelas 18h00. A entrada é livre mas, devido ao espaço limitado, os interessados devem reservar lugar através do Instituto. Após a palestra será servido um cocktail aos presentes.
Escultura de Yang Xiaohua no MAM
“L
igação com Água” de Yang Xiaohua é a próxima exposição do Museu de Arte de Macau (MAM) inserta na iniciativa “Uma Escultura” destinada a promover a escultura contemporânea em Macau. Nascido em Cantão em 1959, Yang Xiaohua foi docente da Academia de
Belas Artes de Cantão, após licenciar-se pelo Departamento de Escultura em 1992. Yang estudou ainda no Centro Internacional de Arte em Paris, em 2000, tendo recebido uma bolsa de estudos do exterior do Ministério da Educação chinês para estudar na Universidade Estatal Pedagógica de Herzen, na Rússia, em Agosto de 2005, onde concluiu um mestrado em Arte Russa. Uma continuação da “Série de Água” do artista, a escultura “Ligação com Água” é composta por três gotas de água de diferentes dimensões. As três gotas na
parte superior da estrutura representam Macau, Zhuhai e Hong Kong, enquanto a sua base com formato ondulado alude ao facto do Rio das Pérolas ligar Macau, Zhuhai e Hong Kong. O trabalho é acabado em aço inoxidável polido, o que insinua a crescente prosperidade das três regiões após a conclusão da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A exposição será inaugurada amanhã, pelas 18h30, em frente ao Museu de Arte de Macau. A cerimónia é aberta ao público e a escultura estará patente até ao dia 8 de Janeiro de 2017.
STOMP voltam ao Venetian
Sinónimo de espectáculo moderno de percussão com os mais variados objectos do quotidiano, o grupo STOMP volta a Macau para uma série de espectáculos no Venetian. Conhecidos mundialmente, os STOPM utilizam isqueiros e caixotes do lixo, entre outros materiais, para produzir som e vão estar em palco no Venetian Theatre entre os dias 23 de Setembro e 9 de Outubro. Os bilhetes já estão à venda. Fundados no Reino Unido por Luke Cresswell e Steve McNicholas em 1991, os STOMP combinam percussão, dança, teatro e comédia sobre uma banda sonora inspirada na vida diária. Desde há 25 anos em tournée mundial, o grupo britânico já actuou mais de 20 mil vezes, o que representa uma audiência de cerca de 12 milhões de pessoas em 53 países. Actualmente, o grupo é composto por cinco companhias que actuam à volta do mundo a qualquer momento. Os espectáculos acontecem às 20h00 (de terça a quinta-feira); 14h00 e 20h00 (sábados) e 13h00 e 18h00 (domingos). Os bilhetes custam entre 180 dólares de Hong Kong e 580 mas têm um desconto de 20% se adquiridos até ao dia 10 de Agosto.
À venda na Livraria Portuguesa Corrupção • C. J. Sansom
O ataque a França levado a cabo por Henrique VIII não correu conforme esperado e agora uma enorme frota de navios de guerra franceses está estacionada no Canal da Mancha preparada para a revanche. Enquanto a armada inglesa se organiza em Portsmouth, o reino procura recrutar homens para formar o maior exército de sempre. É neste ambiente conflituoso que o serjeant Shardlake receberá um pedido de ajuda da rainha Catherine Parr, para investigar o estranho suicídio do filho de uma antiga criada e a petição que este havia requerido contra a família Hobbey, para quem trabalhara como precetor.
A última edição Macau Fashion Link Custos afastar do Macau Fashion Link aconteceu em 2013. Carlos Marreiros, presidente do Marreiros diz-se satisfeito com o actual Festival de Moda Albergue SCM, de Macau, que junta artistas diz que os locais e que anualmente ocorre no Venetian, inserido na elevados custos Feira Internacional de Macau de produção (MIF). Contudo, o arquitecto alerta para a perda de ligação afastaram o do evento ao património local. “O Governo, de há dois evento de São anos para cá, tem vindo a faLázaro, mas zer o Macau Fashion Festival na MIF. Só que isso continua a sonhar inserido acontece sem ser num cenário natural. Tem a com uma Semana patrimonial componente lusófona mas não da Moda nas tem a componente apelativa do património de Macau. Não Ruínas de São é bem o que imaginei.” Paulo
Moda longe Sofia Mota
Instituto Ricci Fórum sobre desafios de uma liderança ética
Ligado ao Sonho
H
á três anos os títulos das notícias sobre a segunda edição do Macau Fashion Link revelavam planos de maior crescimento para o evento. Mas desde então que o Albergue SCM, situado no bairro de São Lázaro, não mais voltou a receber esta iniciativa, que incluía estilistas de Língua Portuguesa em Macau. Ao HM, Carlos Marreiros, arquitecto e presidente do Albergue SCM, confirmou que os elevados custos de produção afastaram o evento de São Lázaro. “Fizemos duas edições com muito sucesso e que foram alvo de alguma atenção fora de Macau. Mas não temos capacidade, dado os poucos recursos humanos de que o Albergue dispõe. Trata-se de um evento ao ar livre e caro e devemos preparar este tipo de actividades para que possam crescer em conjunto com o Governo. Só o tecido empresarial nesta área não chega.”
Carlos Marreiros continua, contudo, a sonhar com a realização de uma Semana da Moda de Macau nas Ruínas de São Paulo. “Tive a ideia de criar um evento de moda ligado ao património há 20 anos, quando era presidente do Instituto Cultural (IC). Resolvi aplicá-la no Albergue, que é património. Mas a produção do evento é cara e eu próprio acabei por falar com os departamentos relacionados com esta área e referi que o Albergue não tem vocação [para ela]. Mas imagine-se o que não seria realizar uma Semana da Moda de Macau nas Ruínas de são Paulo, com uma passerelle na escadaria”, frisou. As duas edições do Macau Fashion Link trouxeram ao território nomes como Dino Alves, considerado o “enfant terrible” da moda portuguesa, Victor Zhu, de Shenzen, ou as marcas locais Lines Lab e Bárbara Diaz, entre outros nomes do mundo lusófono. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net
Alemanha Ensanguentada • Aquilino Ribeiro
Dois anos depois de terminar a Primeira Grande Guerra, Aquilino revisitou a Alemanha (país em que vivera por uns meses em 1912, em Berlim e em Parchin, e em que casara, em 1913, com Grete Tiedemann, de Meclemburgo, que conhecera na Sorbonne). Dessa viagem deixou um diário, mais tarde publicado sob o título de “Alemanha Ensanguentada” (1935). Neste texto, são visíveis as contradições e as hesitações num país saído de uma guerra havia dois anos, com difícil aceitação do acordado em Versalhes, assim como se evidencia a capacidade de perscrutar o ser humano, que Aquilino detinha, num exercício de leitura de rostos, de gestos, de tempos.
11 hoje macau segunda-feira 4.7.2016
ram evento do Albergue SCM
e do património
Facturas com prémios
Com o intuito de incentivar os consumidores a criar o hábito de solicitar e conservar comprovativos de compra, o Conselho de Consumidores (CC) organiza novamente a iniciativa “Guarde facturas na compra!”. Esta decorre de 1 de Julho a 31 de Agosto e, durante este período, os consumidores podem guardar o comprovativo de compra de valor superior a 50 patacas, emitido por uma Loja Certificada do ano 2016, e fazer inscrição no sorteio com a apresentação do mesmo junto do CC. A actividade terá como prémios um voucher de duas mil patacas, dois voucheres de 1500 patacas cada e três de mil. Há ainda 50 prémios de consolação com depósito de cem patacas.
O
actor Camilo de Oliveira, que dedicou a sua vida à comédia portuguesa, morreu no sábado às 20h10 em Lisboa, segundo fonte familiar. Camilo de Oliveira, pisou os palcos pela primeira vez aos cinco anos, estreou-se aos 15, e protagonizou uma carreira marcada pela comédia e o teatro de revista. Foram perto de 70 anos, nos teatros de Lisboa e em digressões pelo país, sobretudo dedicados ao riso, muitas vezes em parceria, com actores como Beatriz Costa e Ivone Silva, Nuno Melo e António Feio ou Maria Emília Correia, a criar personagens como Agostinho ou Padre Pimentinha. Com Ivone Silva, aliás, protagonizou um dos pares de maior sucesso da televisão, “Os Agostinhos”, no programa “Sabadabadú”, de autoria de César Oliveira e Melo Pereira, em 1981, distinguido internacionalmente com uma menção honrosa no Festival Rosa de Ouro de Montreux, na Suíça. Camilo de Oliveira nasceu a 23 de Julho de 1924, em Buarcos, próximo da Figueira da Foz, na Beira Litoral, curiosamente num camarote, durante uma digressão da Companhia de Teatro Rentini, onde actuavam seus pais. Aos cinco anos fez o que chamava “uma ponta”, numa peça, e estreou-se profissionalmente aos 15 anos. A sua estreia na capital foi em Fevereiro de 1951, no Coliseu dos Recreios, na revista “Lisboa é coisa boa”, em cujo elenco, entre outros, pontificava Berta Cardoso. Ao longo de uma carreira de cerca de 70 anos, contracenou com os mais distintos actores, designadamente Io Appoloni, com quem se casou, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Costinha, Beatriz Costa, Vasco Santana e Raul Solnado, entre outros. Entre os seus sucessos, o ator realçava a comédia em dois atos “Um coronel”, de Jean-Jacques Bricaire e Maurice Lasaygues, levada à cena no Teatro Variedades, em Lisboa, no qual contracenou com Alina Vaz, Francico Nicholson, António Feio e Paula Marcelo, com quem também veio a casar-se.
Padre de sucesso
Uma das figuras que criou, e que se tornou popular, foi “padre Pimentinha”, que estreou em “Sabadabadú”,
eventos
Comédia de luto Camilo de Oliveira morre aos 91 anos
O bem-amado A
cantora e actriz Simone de Oliveira recordou o comediante Camilo de Oliveira como um homem bom, com um temperamento por vezes “nada fácil”, mas muito amado por todos. “Trabalhei muito com ele, o Camilo foi o actor que foi, todos sabemos, viveu uma vida boa e longa”, disse Simone de Oliveira à agência Lusa. Simone afirmou que Camilo de Oliveira não era “um colega fácil”, recordando que tiveram muitas discussões, mas que “tudo passou”. “Era um homem muito amado por todos, se existe algum lugar lá em cima, espero que esteja num lugar bom”, declarou a artista.
e que em 2003 protagonizou a comédia “O padre Camilo”, de Luís Tegedor e José Lafayate, na qual voltou a contracenar com Alina Vaz. Formou, por sua iniciativa, várias companhias teatrais, dirigiu revistas e encenou várias peças. Segundo dados a que o próprio actor se referia, terá participado em 47 revistas, 24 comédias e vários programas de televisão, sobretudo na RTP e na SIC, como “Camilo em Sarilhos”, “Camilo, o Pendura”, “A Loja do Camilo”, “Camilo na Prisão”, “As Aventuras do Camilo” e
Ser exemplar O
“Camilo & Filho Lda.”, onde foi Camilho ‘Chumbinho’. Figura regular desde as primeiras emissões televisivas em Portugal, em finais da década de 1950, além de “Sabadabadu”, realizado por Nuno Teixeira e, mais tarde, por Luís Andrade, Camilo protagonizou, entre outras, as séries “Camilo e filho”, com Nuno Melo, “As aventuras de Camilo”, “A loja de Camilo”, com Rui Sá, “Camilo na prisão”, “Camilo, o pendura”, “Camilo em sarilhos”, na qual contracenou com Maria Emília Correia, e “Camilo o presidente”.
humorista Herman José salientou o profissionalismo “exemplar” e a verticalidade do actor Camilo de Oliveira, que faleceu sábado com 91 anos. “Não imagino vida mais completa: profissionalismo exemplar, amores totais, carácter, verticalidade e alguns inimigos de estimação pelas razões certas”, escreveu Herman José na sua página de Facebook, pouco tempo depois de a imprensa ter dado a notícia da morte do actor. Herman destacou ainda as qualidades profissionais de Camilo, que comparou com o dramaturgo norte-americano Arthur Miller, autor da peça Morte de um Caixeiro Viajante e casado em 1956 com a actriz Marilyn Monroe: “Se fosse uma peça, a vida do Camilo de Oliveira estaria ao nível do melhor Arthur Miller”, disse.
12 Publicidade
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Open Tender Notice Request for Proposal – MIA - Supply and Installation of IP CCTV System (RFQ-222) 1. 2. 3. 4.
5.
6.
Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) Tendering method: Open tendering Objective: To select a suitable Contractor to supply and install IP CCTV System in Macau International Airport Request for tender documents: Tender Notice and Tender Document can be downloaded from CAM’s website www.camacau.com. Please regularly check the website for any clarification or changes/ modification/ amendment in the Tender Document. Location and deadline for submission of Bidders’ tenders: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 4th Floor, CAM Office Building, Av. Wai Long, Taipa, Macau Before 12:00 pm (noon) on 12 Aug 2016 (Macau Time). The addressee of the tender shall be Mr. Deng Jun – Chairman of the Executive Committee. The tenders received after the stipulated date and time will not be accepted. CAM reserves the right to reject any tender in full or in part without stating any reasons. -END-
Aviso de remoção dos veículos abandonados Os veículos abaixo identificados encontram-se estacionados há já vários anos no parque de estacionamento privado dos “Jardins Nova Taipa”, cuja gestão pertence à “Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa”, após ter sido enviado cartas aos proprietários e deixado avisos nos veículos e nas entradas dos prédios dos Jardins da Nova Taipa e não se tendo verificado, por parte dos proprietários, qualquer intenção de remoção dos mesmos, vimos assim avisar os respectivos proprietários para, dentro de 30 dias contados do presente aviso, procederem às diligências necessárias para efectuar a remoção dos referidos veículos. Se, decorrido o referido período, os veículos não forem removidos, a Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa ver-se-á forçada a faze-lo por si própria e a reclamar judicialmente todas as despesas resultantes dessa remoção e, bem assim, todos os prejuízos que a situação acima referida lhe causou. Número da chapa de matrícula dos veículos: CM-81118, ML-32-53, CM-57352, CM-68543, MH-92-74, MJ-42-27, MH-55-55, MD-24-41, MD-74-67, CM-46749, MI-19-11, MF-90-83, ML-87-85, MG-11-95, MF-64-21, MM-66-80. Para qualquer esclarecimento favor contactar a comissão: TEL:28830490) Atenciosamente, Comissão dos Condomínios do Edifício Jardim Nova Taipa
Assine-o Telefone 28752401 | Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo
www.hojemacau.com.mo
13 china
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Segurança alimentar preocupa presidente da ANP
Comida perigosa
Zhang Dejiang, apresentou um relatório de inspecção à aplicação da nova Lei de Segurança Alimentar e os resultados não foram brilhantes. Muitos produtores “carecem de sentido de responsabilidade e alguns deles só procuram o lucro”, disse. De locais de processamento imundos, a adulteração de alimentos, ou fertilizantes químicos mal aplicados, os inspectores descobriram de tudo um pouco
O
mais alto legislador da China disse na quinta-feira que a segurança alimentar na China continua “severa” e pediu para melhorar a supervisão e os padrões de segurança. Foram descobertos locais de processamento de alimentos imundos, fraudes e adulteração na produção de alimentos, além de irregularidades no transporte, indicou o presidente do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Zhang Dejiang, ao apresentar um relatório aos legisladores sobre a inspecção da implementação da Lei de Segurança Alimentar. O país tem mais de 11,85 milhões de empresas de alimentos licenciadas, disse Zhang. O relatório foi elaborado após o Comité Permanente da ANP terminar a inspecção nacional sobre o cumprimento da lei em Abril e Maio.
Falta de escrúpulos
Liderados por Zhang e quatro vice-presidentes do Comité Permanente da ANP, cinco grupos de inspecção foram a 10 regiões provinciais, incluindo Tianjin, Mongólia Interior, Hubei, Guangxi e Chongqing. Os grupos visitaram centros de criação, mercados de pro-
dutos agrícolas, produtores de alimentos, negócios de catering e outras unidades. Os inspectores descobriram que alguns produtores de alimentos carecem de um firme sentido de responsabilidade e que alguns deles só procuram obter lucros. Além disso, descobriu-se ainda que na fase de plantação, os pesticidas e os fertilizantes químicos não são utilizados de maneira apropriada, explicou Zhang. Embora tenham sido criados quase 683 padrões de segurança alimentar e mais de 4.000 limites para os níveis de pesticidas, a supervisão da segurança alimentar é fraca em algumas áreas, afirmou Zhang. No entanto, a situação geral da segurança alimentar na China melhorou e a qualificação de amostras de alimentos foi de 96,8% em 2015, uma alta de 2,1 pontos percentuais em relação ao nível de 2014.
Milhões em multas
Foi estabelecido um mecanismo de cooperação
Foram descobertos locais de processamento de alimentos imundos, fraudes e adulteração na produção de alimentos, além de irregularidades no transporte
interdepartamental de segurança alimentar, acrescentou Zhang, que assinalou que as sanções severas contra os infractores tiveram um efeito dissuasivo. Em 2015, a Administração Geral da Supervisão de Alimentos e Medicamentos supervisionou a investigação de 364 importantes casos de segurança alimentar e as autoridades de administração de alimentos e medicamentos em todos os níveis investigaram mais de 240 mil casos e emitiram multas no valor de 1,165 mil milhões de yuans. Desde que a revisão da Lei de Segurança Alimentar foi promulgada, a polícia descobriu 15 mil casos criminosos relacionados com os assuntos de segurança alimentar, com mais de 26 mil suspeitos investigados. Zhang sugeriu o reforço da publicidade da lei da segurança alimentar, o impulso da supervisão ao cultivo e a necessidade de um sistema de padrões consistente com as condições internacionais e chinesas. O presidente do Comité Permanente da ANP também sugeriu melhorar as agências de provas de alimentos. A sessão semanal do Comité Permanente da ANP terminou no sábado mas antes, na quinta-feira, Zhang Dejiang presidiu ainda a uma reunião de líderes do Comité Permanente do organismo onde foram apresentados relatórios sobre diversos temas, nomeadamente propostas de revisão às leis relacionadas com protecção de animais selvagens, poupança de energia e a própria qualificação de alguns dos membros da ANP.
Tiro no pé
Taiwan dispara míssil contra a China por engano
N
a sexta-feira, um navio de guerra de Taiwan lançou por engano um míssil “destruidor de porta-aviões” na direcção da China e atingiu uma traineira taiwanesa, anunciou a marinha da ilha. O incidente, que causou um morto, ocorreu cerca das 8:10 locais durante um exercício, numa altura em que as relações entre a ilha nacionalista e Pequim se têm vindo a deteriorar. O míssil Hsiung-feng III, desenvolvido em Taiwan e com um alcance de 300 quilómetros, atingiu o navio de pesca ao largo de Penghu, arquipélago controlado por Taiwan no estreito da Formosa, tendo
morto o capitão e ferido três outros tripulantes. O míssil atravessou a traineira sem explodir e sem a afundar e a marinha deu a entender que poderá tratar-se de erro humano. O porta-voz do Ministério da Defesa Chen Chung-Chi apresentou desculpas e condolências às famílias das vítimas. O Conselho dos Assuntos Continentais de Taiwan, encarregado da política em relação à China, recusou dizer se o incidente tinha sido comunicado a Pequim.
Relações pouco estreitas As relações entre Pequim e Taiwan, que a China considera parte do seu território, esfriaram consideravel-
mente após a eleição em Janeiro para a presidência taiwanesa de Tsai Ing-Wen, originária do Partido Democrático Progressista, tradicionalmente independentista. Na quarta-feira, três dias depois de a China ter anunciado a suspensão de todas as comunicações com Taiwan, Tsai Ing-wen declarou que a manutenção da paz no estreito “representa uma parte muito importante na segurança regional”, independentemente do partido que governe a ilha. “Vamos continuar a dialogar com a China, apesar de neste momento, temporariamente, os canais de negociações oficiais se encontrarem interrompidos. Todavia, ainda existem outras opções de comunicação e diálogo”, disse durante uma visita ao Paraguai.
pub
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 363/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LIU, JIANXIANG, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W85169xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 89.1/DI-AI/2014, levantado pela DST a 21.07.2014, e por despacho da signatária de 06.05.2016, exarado no Relatório n.° 326/DI/2016, de 25.04.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Travessa da Amizade n.° 82, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 8, 2.° andar C, Macau.---------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.-------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Junho de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
14 óbito
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
D
izia que a indiferença era o “oposto do amor” e um dos maiores “perigos” de sempre, por isso o seu desaparecimento não pode ficar indiferente. Não pode, porque Elie Wiesel era mais do que um escritor. Era um sobrevivente de uma das épocas mais negras da história da humanidade e foi isso, e a sua auto-obrigação de contar a verdade, que o fez ser o escolhido para o Nobel da Paz em 1986. Era um adolescente de 15 anos quando foi deportado com a família para o campo de concentração nazi de Auschwitz. Foi aqui que ficou sem a mãe e a irmã, mas foi em Buchenwald que perdeu o pai. E foi em Buchenwald que foi apanhado numa das mais famosas imagens do Holocausto: a desse mesmo campo de concentração, onde dezenas de homens esqueléticos posam nus e que foi captada em 1945, aquando da sua libertação e fim da II Guerra Mundial. Desde que conseguiu escapar às garras da Alemanha nazi que sabia do seu potencial papel de testemunha, mas não escreveu sobre as experiências a que foi sujeito até 1955. Durante dez anos – anos em que estou na universidade em França e ponderou o suicídio – rejeitou relatar o que viu, sentiu e ouviu. O que quer que seja que o tenha impedido de escrever, contudo, não se conseguiu sobrepor à vergonha de ficar calado. E é com “Un di velt hot geshvign (E o Mundo Manteve-se em Silêncio, na tradução para Português) que rejeita o silêncio. Para sempre.
Morreu Elie Wiesel, escritor, activista e Nobel da Paz
Chegou a noite
Morte aos 87
Horrores
É com “Noite”, onde descreve os horrores dos campos de concentração e da mutilação de judeus, que Wiesel se dá a conhecer à humanidade, depois de aos 19 anos começar a escrever como jornalista. A obra, publicada em 1960 em Francês, é uma versão mais curta do manuscrito “Un di velt hot geshvign”. Fazia parte de uma trilogia, onde se incluem ainda “Amanhecer” e “Dia”. Autor de mais de meia centena de livros, que versaram sobretudo sobre o Holocausto, foi com “Noite” que Elie Wiesel se obrigou a “nunca esquecer” o que passou – ele e milhões de judeus – “nem que vivesse tanto tempo quanto o próprio Deus”. Foi com esta obra que foi denominado pelo mundo como o mensageiro para a humanidade e tido como a consciência que falta no planeta. Mas, se o livro vendeu mais de dez milhões de cópias em todo o mundo e foi traduzido para mais de 30 línguas, nunca chegou ao cinema porque Wiesel não quis. O convite chegou pelas mãos do incrível realizador Orson Welles,
vítimas como ele. Os que sofreram com o Apartheid da África do Sul e os que eram vítimas da guerra do Camboja. Os que ainda hoje são alvo de genocídio e fome no continente africano. E os que ainda hoje estão presos por falarem de consciência. Foi após ter recebido o Nobel da Paz que o activista e escritor criou a Fundação Elie Wiesel para a Humanidade, dedicada a todas estas causas. E foi ele quem ainda recentemente saiu do hospital contra ordens dos médicos, numa cadeira de rodas que largou para discursar numa cerimónia em honra de Armando Valladares, preso político cubano. Na entrega do Nobel da Paz, que surgiu em conjunto com prémios como o Prémio Medalha da Liberdade, Wiesel voltou a recordar que lembrar o mal servirá de escudo contra o mal. E que relembrar os mortos é algo tão importante como celebrar a vida. Até porque o oposto da vida “é a indiferença perante a morte”.
mas o Nobel recusou porque “as memórias perderiam o sentido se fossem contadas sem o silêncio entre as suas palavras escritas”. Silêncio que, apesar de presente, Wiesel rejeitou novamente, desta
vez ao se tornar activista pela humanidade.
O Nobel e os outros
Wiesel torna-se defensor dos direitos humanos e denuncia o
racismo e a violência em todo o mundo, até porque “a acção é o único remédio contra a indiferença” e “tem sempre de se escolher um lado”. O Nobel escolheu o lado dos oprimidos: os que foram
Nascido em Sighet, na actual Roménia, em 1928, Wiesel tornou-se cidadão americano em 1963, depois de se ter mudado para os EUA. Casa com Marion Erster Rose, austríaca, em 1969, com quem tem um filho. Dez anos depois, e vários livros e prémios literários por romances e livros não-ficcionais, lança “The Trial of God”, outra das famosas obras de Wiesel que lança polémica ao descrever a história de três judeus que, perto da morte, conduzem uma audiência contra Deus, acusado de ser opressor para com o povo judaico. O mesmo Deus em quem Wiesel dizia não acreditar – apesar de todas as suas crenças, o Nobel auto-intitulava-se como agnóstico. Publica mais dois livros de memórias – “Todos os rios vão dar ao mar” (que cobria a sua vida até 1969) e “E o mar nunca está cheio” (de 1969 a 1999). Amigo do ex-Presidente francês François Mitterrand, escreve as memórias deste em 1995. Em Maio de 2014 o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanhayu, propõe o seu nome para suceder a Shimon Peres como Presidente do Estado de Israel, mas Wiesel não tinha nacionalidade israelita para poder ocupar o cargo. Ao longo dos anos, manteve-se ligado à sua Fundação, tal como a tatuagem A7713 se mantém colada à sua pele. Elise Wiesel morreu este sábado, ao fim de 87 anos, em casa e com a família. Resta, agora a sua memória. Mas, no fim, é ela que interessa. “As suas proveniências e magnitude e, claro, as suas consequências”. Positivas ou negativas. Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração
guo xi «Com alguns rangidos dos remos compridos, Afasto-me da margem; Com algumas gotas do relógio de água, Atravesso cidades e montanhas.» «Reunindo-se ao céu, a água distante assemelha-se ao crista1; Meio escondida no nevoeiro pesado, a muralha erma parece imensa.» «O cão dorme sob a sombra das flores; Na pastagem por entre a chuva, pasta a vaca.» «A mata de bambus peneira as gotas da chuva; O cume alto captura o brilho do entardecer.»
«Linquan Gaozhi»
A Grande Mensagem Sobre Florestas e Nascentes
Por Wei Ye.
Por Du Fu.
Por Li Houcun.
Por Xia Houshujian.
«No distante horizonte o ganso que se aproxima parece pequeno; Na vastidão das águas o barco que parte tem um ar perdido.»
Por Yao He.
«As nuvens vão-se formando à espera da neve penduradas pesadamente sobre a terra; O lamento do Outono é interrompido enquanto os gansos selvagens riscam o céu.»
Por Qian Weiyan.
«Pesada de chuva a enchente da Primavera arremete velozmente através da noite; Não se avista vivalma nas margens; um ferry solitário posiciona-se obliquamente em relação à água.» «Juntos, admirámos as águas longínquas; Sozinho, sento-me num barco solitário.»
Por Wei Yingwu.
Por Zhang Gu.
3. Regras Para a Pintura («Hua Jue») Quando estiveres a planear a pintura, deves criar uma relação harmoniosa entre o Céu e a Terra. Que queremos dizer com Céu e Terra? Tomemos por exemplo, uma peça de seda com um pé e meio de comprimento (um pé -30,48 cm.). A parte de cima tem que estar necessariamente na posição do Céu, enquanto a parte de baixo deve ser a posição da Terra. O artista deve organizar as suas ideias e esboçar o seu cenário e ajustá-los no espaço entre eles2. Hoje, todavia, quando observo principiantes, eles agarram no pincel apressados, planejam descuidadamente e espalham a tinta manchando o papel, respondendo a impulsos. Olha-se para as suas pinturas e descobre-se que a profusão de detalhes entope a visão e produzem uma impressão desagradável. Como podem estes artistas descuidados exprimir a beleza de sentimentos elevados e sublimes? 1 - A seda é usada como suporte da pintura, como é o caso, por exemplo, da pintura de Fan Kuan «Viagem entre Rios e montanhas» ou mesmo da «Primavera Precoce» de Guo Xi. Na apresentação das pinturas em rolo vertical pendurado e em que a pintura é emoldurada nos quatro lados com seda, e que terá surgido entre os anos 475-221 a. C, ocorre o mesmo, como se pode observar nos rolos mais antigos conservados até hoje e que remontam ao século X, da dinastia Song, e em que a parte superior é sempre maior que a inferior porque «o céu é sempre maior que a terra».
h artes, letras e ideias
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
2 - A seda é usada como suporte da pintura, como é o caso, por exemplo, da pintura de Fan Kuan «Viagem entre Rios e montanhas» ou mesmo da «Primavera Precoce» de Guo Xi. Na apresentação das pinturas em rolo vertical pendurado e em que a pintura é emoldurada nos quatro lados com seda, e que terá surgido entre os anos 475-221 a. C, ocorre o mesmo, como se pode observar nos rolos mais antigos conservados até hoje e que remontam ao século X, da dinastia Song, e em que a parte superior é sempre maior que a inferior porque «o céu é sempre maior que a terra».
15
16 Publicidade
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
Publicações ao abrigo do nº 1 do artigo 86 do Decreto-Lei nº 27/97/M, de 30 de Junho 1997
- CONTA DE EXPLORAÇÃO DO EXERCÍCIO DE 2015 (RAMOS GERAIS) -
15,621,310
O Presidente do Conselho de Administração STANLEY AU CHONG KIT
O contabilista HO CHUNG WING
Macau, 18 de Março de 2016
Relatório do Conselho de Administração Em 2015, o total de prémios brutos foi, aproximadamente, de 34 milhões, tendo o valor de prémios líquidos, em relação ao exercício anterior, registado um aumento na ordem de 5%. Em termos globais, o resultado líquido registou um acréscimo na ordem de MOP570,000, sendo isto resultante do aumento de prémios de seguros, do fortalecimento da gestão comercial e do controlo de riscos. O Conselho de Administração da Companhia tem o prazer de submeter o relatório e as demonstrações financeiras auditadas, referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2015, bem como a seguinte proposta para aplicação de resultados:
Resultados Líquidos Para Reserva Legal Para Resultados Transitados
MOP 5,729,058 (1,146,000) 4,583,058
O Presidente do Conselho de Administração, Stanley Au Chong Kit Macau, aos 18 de Março de 2016 Lista dos accionistas qualificados: Banco Delta Ásia, S.A. Nomes dos titulares dos órgãos sociais:
99.87%
Mesa da Assembleia Geral Ordinária: Banco Delta Ásia, S.A. Sr. Leung Chi Ping Sr. Lau Kai Hing
Presidente Vice-Presidente Secretário
Conselho de Administração: Sr. Stanley Au Chong Kit Sr. Lau Kai Hing Sr. Leung Chi Ping Sra. Au Lai Chong Sr. Leung Tat Hin Sr. Leung Hoi Kwok Sr. Ip Kim Kuen, Carol Sr. Chan Ying Wai, David
Presidente Administrador Administrador Administrador Administrador Administrador Administrador Administrador
Fiscal Único: Sr. Gilberto Xavier Hy Síntese do Parecer do Fiscal Único O Balanço e a Conta de Exploração do Exercício desta Companhia foram elaborados de acordo com as leis vigentes em Macau e auditadas, e apresentam de forma clara a situação financeira da Companhia em 31 de Dezembro de 2015, assim como o resultado apurado nessa data. O Fiscal Único, Gilberto Xavier Hy Macau, aos 18 de Março de 2016
Síntese do Parecer dos Auditores Externos Auditámos as demonstrações financeiras da Companhia de Seguros Delta Ásia, S.A., referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2015, de acordo com as Normas de Auditoria vigentes em Macau, RAE, e sobre essas demonstrações financeiras expressámos a nossa opinião, sem reservas, no relatório datado de 18 de Março de 2016 Efectuámos uma comparação entre as demonstrações financeiras resumidas, preparadas pelo Conselho de Administração para efeitos de publicação, e as demonstrações financeiras que auditámos. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras resumidas estão consistentes com as demonstrações financeiras auditadas. Basílio e Associados Auditores Registados Manuel Basilio Macau, aos 18 de Março de 2016
17 hoje macau segunda-feira 4.7.2016
carta de esclarecimento
Nota à imprensa
N
o exercício do seu dever de informar, vários órgãos de comunicação social de Macau (entre os quais, o presente jornal) fizeram referência à apresentação de uma Proposta na Assembleia Legislativa de Macau, subscrita por mim, Gabriel Tong, cujo objecto consistiria na introdução ou consagração de alterações ou modificações à Lei de Terras actualmente em vigor. Pese embora se possam compreender as dificuldades que o tratamento informativo e mediático deste tema possa despertar, sobretudo atendendo à sua específica natureza técnico-jurídica, é extraordinariamente importante clarificar, designadamente para a correcta prestação
de informação aos residentes de Macau, que a referida proposta apresentada na Assembleia Legislativa não visa proceder a qualquer alteração ou modificação relativamente à Lei de Terras actualmente em vigor. Bem diferentemente, o propósito e o objecto da Proposta apresentada à Assembleia Legislativa (tal como é clarificado pela respectiva “Nota Justificativa”) é antes —e apenas — o de clarificar o sentido, ou o significado, de normas que já constavam da anterior Lei. Assim, o que a referida Proposta pretende é tão só clarificar e fixar o significado de normas legais da actual Lei de Terras, cuja única interpretação (ou sentido jurídico) possível poderá ser, eventualmente, conducente a determinadas soluções concretas atribuídas a vários casos
mediáticos que respeitam ao fim do prazo de concessão de vários terrenos na RAEM, tal como vem sendo noticiado. Este esclarecimento é essencial para que o público de Macau possa estar ciente acerca da verdadeira natureza da Proposta acima referida, já que, nestas como noutras matérias, é indispensável a correcta informação pres-
tada a todos os residentes do Território quanto a tão ponderosas questões. Em suma: não foi apresentada qualquer proposta de alteração da Lei de Terras; do que se trata é da apresentação de uma Proposta que visa esclarecer e fixar com rigor aquilo que já decorre da Lei de Terras actualmente vigente, sem qualquer alteração a esta. Tong lo Cheng
1 de Julho de 2016
18 (F)utilidades tempo
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
?
nebulado
O que fazer esta semana Amanhã
Exibição do filme “Erin Brockovich” de Steven Soderbergh Casa Garden, 19h30 Entrada livre
min
27
max
32
hum
70-95%
•
euro
8.901
baht
Exposição “Edgar Degas – Figures in Motion” MGM Macau Exposição “Artes Visuais de Macau” Instituto Cultural (até 07/08)
o cartoon steph
Exposição “ Exposição do 70º Aniversário” - Han Tianheng Centro Unesco de Macau – (até 07/08) Exposição “Color” 2016 Centro de Design de Macau Exposição “Pregas e dobras 3” de Noël Dolla Galeria Tap Seac – (até 09/10)
C i n e m a
THE SECRET LIFE OF PETS Sala 1
Sala 2
Filme de: Chris Renaud, Yarrow Cheney 14.15, 16.00, 17.45, 19.30
Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
THE SECRET LIFE OF PETS [A]
Alice through the looking glass [b] Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 21.30
Solução do problema 118
problema 119
Um FILME hoje
Sudoku
de
Exposição “Cnidoscolus Quercifolius” - Alexandre Marreiros Museu de Arte de Macau (até 31/07)
Cineteatro
1.21
Monopólio, certo?
“O Pintor Viajante na Costa Sul da China” de Auguste Borget Museu de Arte de Macau, 18h00
Exposição “Reminescent – Portugal Macau” Galeria Dare to Dream (até 22/07)
yuan
aqui há gato
Diariamente
Exposição “Dinossauros em carne e osso” Centro de Ciência de Macau (até 11/09)
0.22
A CTM começou a ocupar um papel principal no mercado de telecomunicações depois da transferência de soberania, sendo mais que verdade que a empresa se dedicou com muito esforço ao mercado do território. Mas, o desenvolvimento está aí, e é tempo de se introduzirem alterações e alguma competição neste mercado. Na área dos telemóveis, operadoras como a “3” e a Telecom já reinam e permitem a escolha dos utilizadores. A Mtel chegou para os serviços de internet, mas a verdade é que, até hoje, ninguém consegue ainda utilizar esta empresa como a sua principal escolha de serviços. E porquê? É possível termos uma explicação sobre como é que esta nova empresa, que está connosco há mais de dois anos, ainda não ter instalações ou infra-estruturas suficientes para prestar serviços? Porque é que ainda temos de utilizar um e apenas um único serviço, de uma mesma empresa, quando a população já duplicou? A CTM – culpa do Governo – tem o monopólio, ainda que não aceite que este deve terminar. Se o mercado de jogo foi aberto a concorrentes, porque a SJM precisava de competição, e isso fez com que as coisas andassem para a frente, porque é que a CTM ainda não tem concorrência, de forma a melhorar preços e serviços? Pu Yi
“Crash” (Paul Haggis, 2004)
Um filme assustadoramente real, que cruza vidas de desconhecidos numa cidade dos EUA mas que, infelizmente, poderia ser em qualquer parte do mundo. Numa película de colar ao ecrã, vemos frente a nós o verdadeiro significado das tensões raciais e sociais, a problemática do racismo e xenofobia e como, no fundo, somos todos humanos e iguais perante as intempéries da vida. Um filme com excelentes actores, que o vai deixar a pensar. Joana Freitas
INDEPENDENCE DAY: RESURGENCE [b]
Sala 3
THE LEGEND OF TARZAN [B] Filme de: David Yates Com: Alexander Skarsgard, Samuel L. Jackson, Margot Robbie 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
www. hojemacau. com.mo
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
19 opinião
hoje macau segunda-feira 4.7.2016
macau visto de hong kong
Desastres e habitação precária
John McTiernan, die hard
DAVID CHAN
O
website “scmp.com” publicou, no passado dia 27, um artigo sobre um incêndio de grandes dimensões que deflagrou num edifício empresarial em Ngau Tau Kok, Hong Kong. O incêndio esteve activo durante 108 horas e só foi extinto dia 26. Dois bombeiros pereceram no local. O fogo começou no 3º andar do edifício, numa zona alugada em segmentos para depósitos individuais. Segundo a Wikipédia, o negócio que gere os depósitos individuais, também designados por “unidades de armazenamento” dedica-se ao aluguer de espaços (salas, cacifos, contentores e zonas exteriores), por regra, durante curtos períodos de tempo (contratos mensais). Os utilizadores deste serviço tanto podem ser empresas como pessoas individuais.” O desastre acabou por atingir proporções tremendas porque, devido à antiguidade do prédio, não existiam aspersores de água de combate a incêndios. Além disso, havia demasiado material acumulado, evidentemente porque o senhorio tentou rentabilizar o espaço ao máximo. O 3º andar estava inteiramente destinado ao negócio de aluguer de espaços para armazenamento. A área foi dividida em mais de 100 “pequenas unidades”. Pesou ainda a dificuldade criada por uma série de acessos complicados a este piso e que também não permitiam uma saída fácil.
Mas se no local só existissem materiais armazenados o problema não teria sido tão grave. O pior é que quando o fogo começou foram vistas neste preciso local algumas crianças ocupadas com os trabalhos escolares e adultos a cozinhar. Foi também vista uma outra mulher em trajes de trazer por casa. Tudo indica que havia pessoas a viver no armazém. Portanto, o depósito estava a ser utilizado como habitação por algumas pessoas. Os contratos de arrendamento deste espaço proibiam os inquilinos de viver no local. Mas depois da hora de expediente, digamos depois das 18.00, o pessoal do armazém sai, ficando o local sem vigilância. Por isso é fácil a partir dessa hora a quem tiver acesso instalar-se no armazém. O que faz com que a condição expressa no contrato, de não habitar o local, não sirva para nada. Os bens armazenados neste tipo de depósitos representam também outro problema. Ninguém conhece a natureza dos pertences que aí são guardados. Podem ser materiais perigosos. No momento da assinatura do contrato o senhorio não tem forma de saber que tipo de objectos vão ser armazenados. É usual mencionar-se no contrato a não permissão de guardar materiais perigosos, no entanto, na prática, verifica-se que posteriormente não existe qualquer inspecção. Os termos do contrato valem o mesmo que um papel em branco. São inúteis. A polícia de Hong Kong já deu início à investigação. Compete-lhes apurar as causas do incêndio e determinar se efectivamente havia pessoas a viver no armazém. Este negócio de aluguer de pequenas unidades de espaço para depósito tem vindo a desenvolver-se nos últimos 10 anos. Como os preços dos alugueres de casas em Hong
“Este caso que se deu em Hong Kong é uma grande lição para Macau. A prevenção é sempre o melhor remédio” Kong sobem constantemente, a maior parte das pessoas deixa de ter capacidade de os pagar. Uma família de quatro pessoas que viva num apartamento minúsculo não consegue guardar a maior parte dos seus pertences. E é evidente que estes apartamentos minúsculos passam a ser a única opção para a maior parte das pessoas sem dinheiro para pagar uma casa em condições. Antigamente existia em Hong Kong o sistema de “apartamentos subdivididos”, ou seja, um apartamento de tamanho normal subdividido em partes mais pequenas que se alugavam individualmente. Mas mesmo assim estas rendas ainda eram altas e, por causa disso, quem não as podia pagar começou a mudar-se para estes espaços de depósito individuais. Não é de admirar que actualmente haja pessoas a viver nesses sítios. É de salientar que este incêndio não só matou duas pessoas como serviu para pôr a nu um grave problema de habitação. O Governo de Hong Kong já anunciou que vai proceder a inspecções nestes locais para impedir que de futuro ocorram casos semelhantes. Parece ser uma boa medida enquanto se espera pela regulamentação do sector. No entanto, já se divisa um outro problema. Como este negócio de aluguer de unidades de armazenamento não está oficialmente registado,
não é possível determinar o número exacto de locais deste género existentes em Hong Kong. E deste modo como é que se pode assegurar uma inspecção completa? Os conteúdos do enquadramento legal serão também outro problema. Como foi dito, de momento não existe registo oficial deste actividade em Hong Kong. Será melhor que passe a haver? E qual o significado legal dos registos? Serão estes registos renovados anualmente? Será obrigatória a instalação de aspersores de água? De que forma se vai assegurar que os materiais armazenados não são perigosos nem existem explosivos? Estas são algumas das questões com que o Governo de Hong Kong terá de lidar. Como sabemos, em Macau também existe este negócio. Como as rendas, também são muito altas em Macau, compreende-se que os senhorios tentem rentabilizar os espaços que têm disponíveis até ao seu limite. Aqui, também por vezes é difícil encontrar a saída de cada andar. As questões que foram atrás colocadas também se aplicam em Macau. Existem aspersores de água em cada andar? Existem pessoas a viver nestes depósitos individuais de mercadorias? Que tipo de materiais é que aí estão guardados? São questões em que, quer o Governo, quer os inquilinos, devem reflectir. Este caso que se deu em Hong Kong é uma grande lição para Macau. A prevenção é sempre o melhor remédio. O que há a fazer é tirar ensinamentos desta situação para impedir que o mesmo suceda em Macau. Conselheiro Jurídico da Associação de Promoção do Jazz de Macau legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
“
O primeiro pregão da luz insegura, / a cercada voz do azul das ilhas, / a marítima sombra das palmeiras / ardendo entre as águas e a bruma.” Eugénio de Andrade
ICCA reconhece mais eventos em Macau
Discórdia pela mudança de Templo em Mong Há
A
Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA, na sigla inglesa) reconheceu 28 eventos realizados em Macau no ano passado, o que significa mais cinco do que em 2015. O reconhecimento vem colocar Macau no 21.º lugar do ranking Ásia-Pacífico e em 93.º lugar a nível mundial. No ranking das cidades na Ásia-Pacífico, Macau encontrava-se em 34.º lugar em 2013, 20.º lugar em 2014 e 21.º lugar em 2015. Esta classificação permite a Macau ombrear em notoriedade no sector com cidades como Auckland, na Nova Zelândia, Brisbane, naAustrália, e Bordéus, em França. Fundada em 1963, a ICCA é a organização mais representativa da indústria de convenções, com mais de mil membros, provenientes de organizações governamentais, empresas relacionadas com a indústria de convenções e exposições de mais de 90 países do mundo. O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) aderiu formalmente à ICCA em Agosto de 2012, tendo, desde então, participado activamente nas diversas actividades promovidas por aquela associação. De acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, em 2015 foram realizadas em Macau 909 actividades da indústria, sendo que, entre elas, 540 foram conferências de empresas (59.4%), 173 conferências de associações/organizações (19%), 57 conferências de grande escala (6.3%) e 78 exposições (8.6%).
Tribunal expande acusação contra Ng Lap Seng
Daqui não saem
S
egundo a Reuters em Nova Iorque, foi deduzida uma nova acusação contra Ng Lap Seng, o empresário de Macau acusado de subornar John Ashe, o ex-presidente daAssembleia Geral das Nações Unidas (ONU), e de ter proporcionado benefícios a um, ou mais, membros do Programa de Desenvolvimento da ONU (PDNU) para construir um centro de conferências em Macau. A acusação foi agora expandida: o período de tempo dos alegados crimes foi expandido para Setembro de 2015, quando Ng e Yin foram presos num caso separado de 2014. Esta ampliação do período temporal sobrepõe-se com as actividades desenvolvidas na ONU
pela empresa de Ng Lap Seng, a Sun Kian Ip Group, cuja fundação em Maio de 2015 proporcionou um milhão e meio de dólares ao gabinete da ONU de cooperação Sul-Sul, um departamento focado na promoção da cooperação entre países em desenvolvimento. Uma auditoria à PDNU divulgada em Maio reporta que os fundos foram parcialmente utilizados para cobrir os custos de uma conferência em Macau, em Agosto de 2015, co-patrocinada por uma fundação ligada ao Sun Kian Ip Group. Ashe foi incluído na brochura como presidente adjunto da Fundação Sun Kian Ip Group. Na mesma altura, o PDNU referiu que os participantes no evento insistiram na criação de um centro
pub
M carro armadilhado explodiu na madrugada passada no bairro comercial de Karrada, centro da capital iraquiana, mesmo em frente a uma conhecida loja de gelados - onde, segundo a agência EFE, estaria uma grande concentração de pessoas a fazer compras no final do mês sagrado do Ramadão. Pouco depois, uma segunda explosão eclodia na zona mais oriental de Bagdade.
Até ao fecho desta edição, eram pelo menos 82 as pessoas que morreram na sequência das deflagrações, contando-se mais de 200 feridas. Segundo as autoridades, o número de vítimas pode ainda aumentar. O primeiro ataque já foi reivindicado pelo autodenominado Estado Islâmico (Daesh), através de comunicado, segundo informação da Reuters. O movimento terrorista
diz que um dos bombistas-suicidas tinha por alvo uma concentração de xiitas. Os atentados ocorrem uma semana depois das forças iraquianas terem reconquistado Fallujah aos militantes do Daesh. Desde Junho de 2014 que o Iraque tem vindo a ser palco para uma série de atentados e violência, coincidindo com a entrada do Daesh nas zonas norte e oeste do país.
A população discorda com a decisão do Governo face à mudança do Templo Hong Zhen Kuang da Rua do Pastor para uma nova localização. A Associação Mútuo Auxílio dos Moradores de Mong-Há não concorda com o plano de transferência do edifício e Chiang Pou Cam, presidente da Associação, referiu que este é um plano antigo, já discutido antes da transferência do território, e que nunca houve consenso, o que levou a que a discussão tenha sido parada. Segundo o Jornal Ou Mun, Chan Su Weng, presidente da Associação da História de Macau, considera que o Templo Hong Zhen Kuang existe há mais de trezentos anos sendo de grande valor histórico no território e que, por isso, não deve ser transferido. O Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) já aprovou a planta.
de conferências patrocinado pela ONU em Macau.
Em silêncio
Questionados pela imprensa, nem os advogados de Ng Lap Seng nem os de Yin quiseram fazer quaisquer comentários a estes novos desenvolvimentos. Antes, tanto um como outro declararam-se inocentes. Os representantes do PDNU também ainda não fizerem qualquer comentário a esta nova acusação. A revisão da acusação surge após a morte de Ashe, antigo embaixador da Antígua e Barbuda junto da ONU, que serviu como presidente da Assembleia Geral do organismo entre 2013 to 2014, e que faleceu no passado dia 22 de Junho num acidente de halterofilismo.
BAGDADE Duplo atentado mata pelo menos 82
U
segunda-feira 4.7.2016
Só em Junho, segundo dados da missão da ONU no Iraque, morreram 662 iraquianos e 1457 ficaram feridos em actos de violência, terrorismo e na sequência do conflito no país.
David Chow investe em Setúbal
O empresário de Macau David Chow vai investir em Portugal na área do turismo. Numa notícia avançada ontem pela Rádio Macau, é dito que Chow planeia a construção de um resort integrado e de uma marina na costa da península de Setúbal. Na próxima quinta-feira será assinado, em Macau, um memorando de entendimento entre a Macau Legend Development e a Câmara Municipal de Setúbal tendo em vista a concretização do projecto. A rádio indica que o projecto vai envolver um investimento superior a 200 milhões de euros e contempla a construção de um hotel, uma marina, residências e vários espaços comerciais. O empreendimento está projectado para a zona costeira da península de Setúbal mas a ideia de David Chow é promover uma maior articulação com a zona de Tróia, onde já existe um casino. O projecto pretende atrair sobretudo turistas de países europeus.