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EDITORIAL
SEXTA-FEIRA 4 DE SETEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº 4605
hojemacau
Rota da felicidade
ANOS
RÓMULO SANTOS
MIMIHITAM
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
AGÊNCIAS DE EMPREGO
LEI APROVADA PÁGINAS 6-7
ORQUESTRA DE MACAU
HONRAR OS MESTRES EVENTOS
LIGADO A CASA
GONÇALO M. TAVARES
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ASSALTO AO REICHSTAG ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO
O POBRE DESEJADO PUB
VALÉRIO ROMÃO
Sob o lema de tornar Macau “numa cidade feliz, inteligente, sustentável e resiliente”, a consulta pública sobre o Plano Director foi ontem lançada. Entre as novidades apresentadas, destaque para a criação de um novo aterro entre o nordeste e a Zona A, a retirada de indústrias da Avenida Venceslau de Morais e a revitalização da economia no Porto Interior. Sobre o Metro Ligeiro na Península de Macau, nem uma palavra.
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GRANDE PLANO
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PLANO DIRECTOR
CAMINHO PARA
LANÇAMENTO DE CONSULTA PÚBLICA REVELA NOVO ATERRO ENTRE NORDESTE E
Um novo aterro, a desmobilização das indústrias da Avenida Venceslau de Morais e a revitalização do Porto Interior são algumas das escolhas do Executivo para tornar Macau numa “cidade feliz”
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criação de um novo aterro que vai unir a Zona A e o Nordeste de Macau foi uma das principais novidades apresentadas ontem com o lançamento da consulta pública sobre o Plano Director. O plano vai ser implementado nos próximos 20 anos do território, até 2040, e o objectivo passa por tornar Macau “numa cidade feliz, inteligente, sustentável e resiliente”.
Quanto ao novo aterro, com 41 hectares, vai servir para criar mais zonas verdes e instalações recreativas a pensar na densidade populacional da zona norte da Península. Sobre este projecto, Mak Tat Io, chefe do Departamento de Planeamento e Urbanístico da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, explicou que os estudos de viabilidade resultaram num parecer favorável do Executivo,
ADEUS, METRO EM MACAU?
COMÉRCIO NO PORTO INTERIOR
DESPORTO NO ATERRO
a apresentação do Plano Director, apesar de ser vincada a primazia dos transportes públicos, não surgem referências à Linha da Península do Metro Ligeiro. Ho Cheong Kei, presidente da Sociedade do Metro Ligeiro, foi questionado sobre o assunto, mas não respondeu. Também ontem começou a consulta pública para a Linha de Leste, que faz a ligação entre a Taipa e as Portas do Cerco com uma extensão de 7,65 km com seis paragens, três das quais na Zona A. As duas estações perto das Portas do Cerco são subaquáticas.
ai ser uma aposta a longo prazo, mas o Governo quer transformar o Porto Interior numa área de restauração e venda a retalho, ao longo da marginal que vai ligar a Barra à Doca do Lam Mau. “Temos de ver como realizar as melhorias no sentido de aliviar e mitigar os problemas das inundações, bem como revitalizar a zona económica. Algumas pontes-cais serão transformadas em zonas comerciais”, explicou Mak Tat Io, da DSSOPT, sobre o plano para esta zona.
om a dimensão de 38 campos de futebol, foi apresentado ontem o novo aterro com 41 hectares de área que vai unir a Zona A ao Nordeste da Península. A possibilidade, já avançada pelo Chefe do Executivo, foi ontem concretizada. Neste momento, ainda precisa de aprovação do Governo Central, mas o novo aterro, como explicou Mak Tat Io, chefe do Departamento de Planeamento Urbanístico da DSSOTP, foi para oferecer espaços verdes e equipamentos sociais exteriores, como campos para a prática de desporto.
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sexta-feira 4.9.2020
A FELICIDADE
ZONA A
mas ainda falta pedir autorização ao Governo Central. Outra das novidades constantes no documento é a meta de retirar as indústrias dos edifícios da Avenida Venceslau de Morais e concentrá-las nas diferentes zonas industriais. Uma área que também vai sofrer alterações é o Porto Interior, onde o Executivo espera poder revitalizar a economia, inclusive com a transformação de algumas ponte-cais nas zonas comerciais. O Plano Director abrange uma área de 36,8 quilómetros quadrados e prevê que até 2040 que a população de Macau vai chegar aos 808 mil habitantes. Quando for implementado, a proporção de terrenos utilizados para habitações vai subir dos actuais 17 por cento para 22 por cento (ver gráfico).
DIVISÃO DE ZONAS
Além das zonas habitacionais, o plano define zonas comerciais, industriais, de turismo e ecológicas.
O Plano Director abrange uma área de 36,8 quilómetros quadrados e prevê que até 2040 a população de Macau vai chegar aos 808 mil habitantes
As áreas comerciais englobam a Avenida Almeida Ribeiro e ZAPE assim como as Portas do Cerco, Ilha Artificial da Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau, o antigo posto fronteiriço do Cotai, os novos aterros, norte da Taipa, Porto Interior e Avenida Venceslau Morais.
As indústrias vão ficar concentradas nos parques industriais da Ilha Verde, Pac On, da Concórdia de Coloane e de Ká Hó, enquanto as zonas turísticas e de diversões ficam no Cotai e no ZAPE, onde já se encontram a maioria dos casinos. Contudo, o Governo não exclui que haja casinos em outras zonas: “Os casinos vão ficar principalmente na zona de turismo e diversões, mas obviamente vamos ter alguma flexibilidade”, apontou Mak Tat Io. Finalmente, são ainda definidas 18 áreas ecológicas entre colinas, lagos e zonas húmidas. As colinas da Ilha de Coloane, Taipa Grande, Taipa Pequena, Colina da Barra, Colina da Penha, Colina da Ilha Verde, Guia e Mong-Há ficam delimitadas como zonas protegidas. Ao nível da água, ficam abrangidas pela protecção os reservatórios de Macau e Seac Pai Van, as barragens de Ká-Hó, Hác-Sá e os lagos de Nam Van e Sai Van. Ao nível das zonas húmidas são protegidas a zona do Alto de Coloane, da Água Doce na Barragem de Ká-Hó, da
ÊXODO NA VENCESLAU DE MORAIS
EDIFÍCIO “ICÓNICO” NA ZONA A
om o Plano Director, vai ser implementado um projecto para substituir instalações industriais por lojas e outros espaços comerciais na Avenida Venceslau de Morais. A mudança pretende “promover a revitalização da zona e criar uma nova imagem urbana”, ao mesmo tempo que se procura “quebrar o estilo uniforme da zona habitacional”. “Na verdade, queremos que as indústrias fiquem concentradas nas zonas destinadas e também criar mais zonas verdes”, traçou como objectivo Mak Tat Io, da DSSOPT.
egundo a proposta que consta no documento de consulta pública, o Sul da Zona A, mais perto da Ponte da Amizade, vai receber pelo menos um edifício cultural, entre outras construções com design arrojado. O projecto aponta mesmo a construção um edifício “icónico” entre zonas verdes e jardins à beira-mar com o “intuito de criar um novo portal urbano”. Na conferência de ontem, foi explicado que aposta pretende melhorar a qualidade de vida da população, através de mais contacto com o mar.
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As indústrias vão ficar concentradas nos parques industriais da Ilha Verde, Pac On, da Concórdia de Coloane e de Ká Hó
Avenida da Praia, e as zonas ecológicas I e II no Cotai. A consulta pública sobre o documento começa hoje e prolonga-se até 2 de Novembro. O Governo prevê a realização de quatro sessões de esclarecimento ao público, nos dias 12 e 26 de Setembro, e ainda 10 e 24 de Outubro. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
FINALIDADE DOS TERRENOS
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Cobranca ECONOMIA LUZ VERDE PARA PROPOSTA DE LEI DAS AGÊNCIAS DE EMPREGO
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proposta de lei sobre as agências de emprego foi ontem aprovada na especialidade. Os deveres das agências de emprego e honorários geraram um debate alargado, mas todos os artigos da proposta acabaram por passar. Alguns deputados criticaram a falta de limite máximo dos honorários que as agências podem cobrar a empregadores. Um deles foi Ip Sio Kai, que quis saber se o Governo vai intervir se os honorários cobrados não forem razoáveis.
O Executivo entende que com 153 agências habilitadas a ter licença no território vai haver concorrência justa e se uma cobrar taxas menores as outras vão seguir o exemplo. “Queremos deixar que isto seja gerido pelo mercado. Também é para elevar a qualidade dos serviços das agências, porque quando prestam melhor serviço as pessoas têm mais confiança”, descreveu o secretário para a Economia e Finanças. Lei Wai Nong ressalvou ainda que os honorários não podem exceder o fixado na tabela.
Mas os argumentos usados não convenceram todos os deputados. Ip Sio Kai e Wong Sai Man deixaram uma declaração de voto conjunta a alertar para dificuldades de fiscalizar taxas. “Há um limite para as taxas dos trabalhadores. (...) Também deve haver limite para
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O debate da proposta de lei sobre as agências de emprego foi marcado por críticas à falta de um tecto máximo das taxas a cobrar aos empregadores e preocupações com a barreira linguística entre a lei e os trabalhadores não residentes. O Governo acredita que a concorrência e o mercado livre vão melhorar os serviços
os empregadores”, disseram. No caso dos trabalhadores, os honorários não podem exceder 50 por cento da remuneração de base do primeiro mês. A partir do momento em que a lei entre em vigor, as agências vão ter um ano para se regularizarem
“Como é que conseguem prestar apoio aos trabalhadores, especialmente ao nível do idioma? Porque também são interessados nesta proposta de lei.” SULU SOU DEPUTADO
CULTURA AGNES LAM CRITICA “NEGLIGÊNCIA” NA ESCOLHA DE LOCAIS DOS PROJECTOS
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GNES Lam entende que o Governo não dá continuidade às políticas culturais, o que leva a acções inconsistentes ou mesmo contraditrórias. A deputada criticou a falta de coerência das ideias entre Executivos, com um a responsabilizar-se pela procura de terras e o seguinte pelo ajuste dos planos e nova procura de
local. “Isto destaca não só a falta de planeamento urbanístico geral, mas também a negligência permanente respeitante aos locais para desenvolvimento cultural”, afirmou. A crítica surgiu quando a deputada recordou que a ideia da Biblioteca Central foi proposta pela primeira vez em 2002. Agnes Lam
frisou que o a biblioteca já foi projectada para diferentes locais, mas “até hoje, a concepção e o esboço ainda estão no ar, parecendo tudo um sonho”. Sobre o plano – recentemente abandonado pelo Governo – de construir a nova biblioteca no Antigo Tribunal, a deputada lembrou que o projecto levou
ao encerramento do Teatro Caixa Preta, que começou a operar no Antigo Tribunal em 2014. A companhia viria a encontrar “casa” no novo teatro no Centro Cultural. “Esse incidente mostra que as autoridades carecem de estratégia para promover as artes e o desenvolvimento cultural de acordo com a situação prevalecente”, notou.
Vale a pena notar que ontem em conferência de imprensa sobre o lançamento da consulta pública do Plano Director, a vice-presidente do Instituto Cultural (IC) prometeu revelar o terreno destinado à Biblioteca Central no espaço de duas semanas. Agnes Lam entende que o Executivo devia ouvir os
operadores do sector e rever a forma como fomenta o desenvolvimento cultural, harmonizando terrenos disponíveis e construção de instalações culturais nas próximas décadas. Entre os pontos que acredita merecerem ponderação, está a promoção de actividades, a educação cultural e artística. S.F.
assembleia legislativa 7
livre e se adaptarem às condições exigidas, revelou o secretário. Outra questão levantada no debate foi se feiras de emprego organizadas por associações de estudantes recaem no âmbito da lei, exigindo licença. O secretário disse que serão feitas acções de divulgação junto das associações. Em princípio, feiras não são abrangidas pela lei, mas podem ter implicações se envolverem registo de dados de candidatos a emprego.
TORRE DE BABEL
Sulu Sou observou que há trabalhadores não residentes (TNR)
de outras zonas para além do Interior da China, nomeadamente do Sudeste Asiático, mas que não há requisitos na lei sobre línguas. O deputado considera que isso pode ser prejudicial ao cumprimento de deveres das agências como a prestação de informação aos trabalhadores e resolução de conflitos. “Como é que conseguem prestar apoio aos trabalhadores, especialmente ao nível do idioma? Porque também são interessados nesta proposta de lei. E durante a consulta pública acho que esta
JUDICIÁRIA SEM DISCUSSÃO
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oucas preocupações foram levantadas no debate da proposta de lei sobre o regime das carreiras especiais da Polícia Judiciária (PJ). Apesar de Sulu Sou e Pereira Coutinho votarem contra a dispensa de publicação de dados de pessoal no Boletim Oficial, não comentaram o artigo. Os deputados já tinham expressado oposição no mês passado a uma alteração na lei da PJ que permite recrutar trabalhadores sem as contratações serem publicadas. A proposta que foi ontem aprovada na especialidade cria novas carreiras, como de pessoal de investigação criminal e técnico superior de ciências forenses.
parte interessada recebeu pouca informação”, declarou. Uma representante da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) reconheceu que a lei não faz menção à disponibilização do idioma do país de origem dos trabalhadores, apontando o mercado livre e a necessidade de atrair pessoal como solução. “Os
trabalhadores vêm de todo o lado para trabalhar em Macau e, por isso, a agência vai ter de fazer os possíveis para disponibilizar este serviço e dar a conhecer todos os pontos importantes ao trabalhador”, respondeu. O secretário explicou que vão ser definidas instruções para ambas as partes e criados panfletos para os interessados, para além de cooperação com associações para divulgar informações. A divulgação da proposta também vai ser feita nos consulados e associações civis. Por sua vez, Song Pek Kei defendeu que não é necessário o Governo adoptar sanções às agências por incumprimento dos deveres. “As sanções não são leves e [os profissionais dos sectores] estão preocupados”, disse. O secretário defendeu a opção referindo que o objectivo é elevar a qualidade dos serviços e aumentar a competitividade entre as agências. A lei entra em vigor dia 25 de Março de 2021. Salomé Fernandes
Fronteiras Zheng Anting defende entrada de estrangeiros
Com a epidemia controlada em Macau, a retoma de actividades de vários sectores e das aulas do ensino superior, Zheng Anting defende que se deve facilitar a passagem fronteiriça a estrangeiros com necessidade de entrarem no território. Em causa está a impossibilidade de investidores, trabalhadores não residentes, docentes e estudantes regressarem a Macau. “Representantes de vários sectores e trabalhadores de instituições do ensino superior esperam que o Governo pondere relaxar gradualmente a entrada em Macau dos estrangeiros que cá vivam, estudem ou trabalhem”, disse o deputado. Outra das hipóteses que apresenta é a negociação com o Governo Central para pessoas com passaporte estrangeiro entrarem através de aeroportos do Interior da China.
RÓMULO SANTOS
sexta-feira 4.9.2020
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CRIANÇAS WONG KIT CHENG PEDE MAIS PROTECÇÃO JURÍDICA
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S suspeitas de maus-tratos em creches, pornografia infantil e abuso sexual de menores estiveram no centro das preocupações levantadas por Wong Kit Cheng, que quer melhorias ao regime jurídico de protecção das crianças. “Tendo em conta o aumento de casos de
maus-tratos a crianças e de crimes sexuais nos últimos anos, exorto o Governo a acelerar a revisão das leis relativas ao ambiente de crescimento das crianças”, disse a deputada em intervenção antes da ordem do dia. Em causa estão os regimes do licenciamento e fiscalização dos centros
de apoio pedagógico complementar particulares, e da emissão da licença de equipamento social. Wong Kit Cheng apelou ainda à promoção da educação sexual e protecção das crianças, melhor ética profissional dos docentes e autoprotecção dos alunos. Em relação ao papel dos pais, a deputada
considera que devem ser ensinados a reconhecer suspeitas de ofensa contra os filhos. Para além disso, quer mais colaboração com associações sociais e sensibilização sobre a lei, “para aumentar os efeitos dissuasores e promover na sociedade o conceito de protecção das crianças”.
Wong Kit Cheng defendeu também o equilíbrio entre tempo de trabalho e para cuidar dos filhos, através de “medidas de harmonia familiar”. Propôs horários de trabalho flexíveis, licença parental e tempo de amamentação aos funcionários, para melhorar as condições para cuidar de crianças. S.F.
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A ASSOCIAÇÃO DOS APOSENTADOS, REFORMADOS E PENSIONISTAS DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 19.º ANIVERSÁRIO
O INSTITUTO INTERNACIONAL DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 19.º ANIVERSÁRIO
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A WELFARE PRINTING LIMITED FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 19.º ANIVERSÁRIO
A ASSOCIAÇÃO DOS MACAENSES FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 19.º ANIVERSÁRIO
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sexta-feira 4.9.2020
O GDSE quer incentivar a instalação de postos de carregamento privados, já que, a longo prazo, carregar o automóvel nas estações públicas terá um preço. Existem em Macau actualmente 196 estações públicas para carregar veículos eléctricos. Até ao final do ano, serão instaladas mais quatro
VEÍCULOS ELÉCTRICOS CARREGAMENTO VAI PASSAR A SER PAGO
Baterias fracas
VENHAM MAIS QUATRO
Dos 200 postos de carregamento públicos propostos pelo Governo no Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM (2016-2020), faltam ainda instalar quatro, cuja implementação está a ser “acelerada”.
“Os cidadãos devem instalar carregadores para seu próprio uso nos lugares de estacionamento privados e recarregar os veículos preferencialmente à noite.” GDSE
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longo prazo, o serviço de carregamento público de veículos eléctricos vai passar a ser pago. De acordo com uma nota divulgada pelo Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), a intenção é incentivar gradualmente a instalação de carregadores de velocidade média/lenta nos lugares de estacionamento privados. Com o tempo, a ideia é que os lugares de estacionamento para carregamento de electricidade assumam um papel complemen-
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comissão pediu e o Governo acatou. A proposta de lei de alteração ao regime jurídico sobre a actividade das seguradoras e resseguradoras prevê que as taxa de fiscalização sejam calculadas conforme a dimensão da actividade das seguradoras. A confirmação foi dada ontem por Vong Hin Fai, após uma reunião da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), à qual preside, onde foi assinado o parecer da proposta de lei que está agora pronta a ser votada em plenário. Assim, tendo em conta evolução do sector dos seguros e o facto de se tratar de um regime “em vigência há mais de 20 anos”, os montantes, mínimo e máximo, da taxa de fiscalização previstos na proposta de
Apesar de ainda não existirem detalhes concretos quanto a valores e início da implementação das tarifas nas estações públicas, o GDSE aponta que o preço será “mais alto do que a tarifa de electricidade normal das residências, mas mais baixo do que a despesa do consumo de gasolina normal por quilómetro”.
tar, até porque se prevê, que “o carregamento privado seja mais barato do que as tarifas do serviço de carregamento público”. “Os cidadãos devem instalar carregadores para seu próprio uso nos lugares de estacionamento
privados e recarregar os veículos preferencialmente à noite. Como os carregadores a velocidade rápida têm um custo de instalação mais elevado, diminuem a vida útil das baterias e gastam os recursos da rede eléctrica, entre outros
Discos pedidos
Lei das seguradoras que aumenta taxas até um milhão pronta para ser votada
Lei aumentaram para 30 mil e um milhão de patacas. “A comissão entendeu que o Governo devia ajustar o regime actual que prevê que, independentemente da dimensão ou do volume de negócios da actividade das seguradoras, só precisam pagar uma taxa de fiscalização entre 20 e 100 mil patacas. O Governo acolheu a nossa opinião e ajustou o artigo”, partilhou Vong Hin Fai. Outro dos pontos que motivou pedidos de esclarecimento por parte da comissão foi a lista presente no diploma, que prevê sete seguros obrigatórios e que continua a excluir o seguro
de responsabilidade civil nos domínios da construção urbana e do urbanismo, exigido por lei desde 2015. Perante a dúvida dos deputados, o Governo esclareceu que “dada a complexidade e diversidade dos domínios envolvidos” construção e urbanismo ficaram, para já, de fora, dado que o regulamento administrativo
pontos negativos, (...) o Governo incentiva os cidadãos a instalarem, nos lugares de estacionamento dos edifícios residenciais, equipamentos privados para o carregamento a velocidade média/lenta”, pode ler-se no comunicado.
respectivo está ainda em “fase de elaboração”. Sobre as infracções administrativas previstas no diploma, a comissão considerou que “a lei devia ter um conteúdo determinado, preciso e suficiente e elencar claramente as normas cuja violação” pode ser sancionada. Contudo, apesar de concordar, o Governo decidiu não especificar todas as possibilidades no texto da proposta de lei, por considerar que “seria difícil abranger todas as infracções administrativas”.
EM PROL DO CLIENTE
Outro dos tópicos que mereceu destaque dos deputados foram as queixas apresentadas por clientes. De acordo com dados fornecidos pelo Governo, entre 2016 e 2018, a Autoridade Monetária de
Macau (AMCM) tratou de 183 queixas, das quais 62 estavam relacionadas com o montante das indemnizações, 78 com a conduta das seguradoras, 39 com a conduta de mediadores de seguros e 4 de “outros tipos”. Além disso, para garantir que os interesses dos consumidores são defendidos, “o conceito de protecção dos clientes atravessa toda a proposta de lei”, que está de cordo com os padrões da “International Association of Insurance Supervisors”. Assim, sendo o parecer, a AMCM tem agora competências para incentivar as seguradoras a “adoptar adequados padrões de conduta e práticas comerciais apropriadas e prudentes” e “conceder ou revogar a autorização para a exploração do ramo dos seguros”. P. A.
Quanto aos 196 já em funcionamento, 42 situam-se em parques de estacionamento públicos geridos pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e seis estão nas vias públicas. A médio/curto prazo, o GDSE considera ainda que os 200 lugares de estacionamento públicos propostos pelo Governo “são suficientes para uso em caso de necessidade por motivos de autonomia, para os veículos eléctricos ligeiros existentes em Macau”. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
FAOM Realizadas quase 100 consultas de apoio psicológico em 2019
O Centro de Serviços da Zona Norte da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) prestou no ano passado 96 consultas de aconselhamento, destas 37,5 foram relativas a traumas psicológicos ou situações de crise. Relativamente às consultas deste ano, muitos dos casos relatados prendem-se com conflitos familiares causados pelo confinamento. De frisar que entre Fevereiro e Julho o centro esteve fechado ao público devido à pandemia. Ainda na área da psicologia, a instalação da FAOM vai criar uma equipa de voluntários, para lidar com casos de traumas psicológicos da comunidade, além de lançar um inquérito comunitário no próximo ano. No ano passado, o centro realizou 169 aulas com um total de 19.913 participantes.
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É já amanhã que começam a ser realizados cerca de 50 mil testes de despiste à covid-19 no sector da restauração. Desde as 00:00h de hoje que não é necessária a realização de quarentena para quem viaja para Urumqi, capital da província de Xinjiang
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Governo inicia este sábado a realização dos testes de ácido nucleico, de rastreio à covid-19, ao pessoal do sector da restauração. A medida foi anunciada ontem porAlvis Lo, médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, em mais uma conferência de imprensa do Centro de Contingência e Coordenação do Novo Tipo de Coronavírus. “Concluímos os testes para os trabalhadores do sector do jogo, tendo sido feitos cerca de 54 mil exames. Este sábado vamos iniciar os testes para os trabalhadores do sector da restauração, prevendo-se que 50 mil pessoas os possam realizar”, adiantou. As autoridades prevêem que os testes fiquem concluídos no prazo de duas semanas, além de que, por dia, poderão ser feitos três mil testes.
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COVID-19 TESTES A PESSOAL DE RESTAURAÇÃO COMEÇAM AMANHÃ
Tudo a pente fino
Covid-19 Escola pede flexibilidade nos testes de alunos transfronteiriços
Vong Kuoc Ieng, director da escola Choi Nong Chi Tai, defende maior flexibilidade na marcação dos testes de ácido nucleico para alunos transfronteiriços. Segundo o jornal Ou Mun, o mesmo responsável disse que, para já, estes estudantes só podem fazer o teste aos sábados em cinco hospitais de Zhuhai. Vong Kuoc Ieng recordou que muitas escolas organizam actividades extra-curriculares aos sábados, algo que os alunos podem perder se tiverem de fazer o teste de ácido nucleico.
Consulado Residentes em HK sem alternativas para renovar documentos
VOs portugueses a residir em Hong Kong vão continuar a ter poucas opções para renovarem documentos. Numa resposta enviada ao HM, Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, garantiu que “dadas as restrições fronteiriças entre Macau e Hong Kong” não existem “condições para enviar funcionários ao Consulado Honorário para efetuar as permanências consulares”. No entanto, e caso seja urgente, os cidadãos portugueses “podem optar por pedir, através do consulado honorário, a emissão de um passaporte temporário que é emitido por este Consulado Geral com validade máxima de um ano”. No caso de ser necessário um passaporte electrónico, a única opção é a deslocação a Macau e o cumprimento da quarentena de 14 dias. Quanto ao cartão de cidadão pode ser renovado online, no caso de os portadores terem uma idade igual ou superior a 25 anos.
Relativamente à realização de testes na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, Alvis Lo disse apenas que “este projecto está em andamento”.
INTERIOR LIVRE
Outra das medidas anunciadas na conferência de imprensa de ontem prende-se com o fim da obrigatoriedade de realização de quarentena para os residentes de Macau que viajem para a cidade de Urumqi, capital da província de Xinjiang. Segundo a médica Leong Iek Ho, coordenadora do Centro de Contingência, “toda a zona do Interior da China é considerada uma zona de baixa incidência, pelo que não
há lugar a observação médica”. O Governo foi questionado sobre a possibilidade de estudantes de Macau em Pequim terem de ser sujeitos a uma quarentena de sete dias à chegada. Leong Iek Ho garantiu que esse caso vai ser acompanhado. “Mantemos um contacto estreito com o
Interior da China quanto à medida de não realização da quarentena. Cada cidade ou instituição pode ter medidas concretas. Vamos contactar a universidade para saber isso, mas a medida, de momento, é que os residentes de Macau que pretendem ir para qualquer cidade do Interior da China não ficam sujeitos a qual-
“Concluímos os testes para os trabalhadores do sector do jogo, tendo sido feitos cerca de 54 mil. Este sábado vamos iniciar os testes para os trabalhadores do sector da restauração, prevendo-se que 50 mil pessoas os possam realizar.” ALVIS LO MÉDICO DO CHCSJ
quer observação médica”, esclareceu. Tendo em conta as actuais restrições de circulação nas fronteiras e de viagens, a responsável da Direcção dos Serviços de Turismo, Lau Fong Chi, assegurou que não está a ser pensada a abertura de corredores de viagem com outros países. “Macau está numa situação estável, mas há outras regiões e mercados que ainda se encontram numa situação instável. Vamos continuar a acompanhar de perto a situação desses mercados através das nossas delegações no exterior. Por enquanto ainda não temos esse tipo de acordos”, rematou. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Táxis Apenas 240 veículos já instalaram sistema de videovigilância
A empresa responsável pela instalação do sistema de terminais inteligentes nos táxis de Macau revelou ontem que, até agora, apenas 240 veículos instalaram os novos equipamentos. Segundo o jornal Ou Mun, Ngai Chi Kit, responsável pela empresa fornecedora, considerou que o processo de instalação iniciado a 3 de Agosto, “não está a correr bem”. O equipamento já deveria ter sido instalado em cerca de 500 táxis, facto que justifica a avaliação de Ngai Chi Kit. “Talvez não haja tempo suficiente, caso todos os táxis decidam fazer a instalação à última da hora”, referiu Ngai Chi Kit ao Ou Mun. O responsável apela, por isso, ao sector que instale o sistema com a maior brevidade possível e recorda que, depois de Dezembro, começa a ser aplicada uma taxa mensal pela utilização do serviço. Segundo a nova lei dos táxis, todos os veículos estão obrigados a instalar o sistema até ao dia 3 de Dezembro. Para além de taxímetro, o sistema inclui ferramentas de navegação e gravação de som e imagem dentro do veículo.
sociedade 11
sexta-feira 4.9.2020
STDM PERDIDA CONCESSÃO DE TERRENO POR FALTA DE APROVEITAMENTO
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TRAVÉS de um acordão divulgado ontem, o Tribunal de Última Instância (TUI) negou provimento ao recurso interposto pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) sobre a caducidade do contrato de concessão de um terreno, por incumprimento do prazo de aproveitamento, estipulado em 36 meses. O plano original previa a construção de um complexo constituído por um edifício industrial e outro habitacional. Situado na Baixa da Taipa, o terreno tem uma área de 3.911 metros quadrados e foi concedido originalmente em 1990, sendo o prazo de aproveitamento de 36 meses, a contar da data da publicação do despacho que titulou a revisão do contrato em Novembro 1995. A 30 de Setembro de 2015, o Chefe do Executivo emitiu um despacho onde declarou a caducidade da concessão do terreno “por falta de realização, imputável
à concessionária, do seu aproveitamento nas condições contratualmente definidas”. A STDM recorreu ao TUI após a decisão desfavorável, proferida em Novembro de 2019 pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI). Segundo o sumário do acordão do TUI, perante a falta de aproveitamento do terreno por culpa do concessionário, cabe ao Chefe do Executivo “declarar a caducidade de concessão, pelo que não valem aqui os vícios próprios de actos discricionários, como a violação de princípios gerais do Direito Administrativo”. Ontem, foram ainda divulgados outros dois acórdãos do TUI onde se confirma a caducidade da concessão de terrenos a mais dois concessionários. O primeiro caso diz respeito a um terreno de 17.243 metros quadrados localizado na zona industrial de Seac Pai Van, em Coloane, arrendado por um prazo de 25 anos à Sociedade Internacional de Indústria Pedreira, Limitada. O segundo reporta a um terreno de 3.375 metros localizado na mesma zona e arrendado por um prazo de 25 anos ao concessionário Lau Lu Yuen. P.A.
Contrabando Detidos 35 suspeitos As autoridades de Macau e Zhuhai detiveram esta terça-feira 35 pessoas suspeitas do crime de contrabando de mercadorias. Depois de uma operação conjunta na zona das Portas do Cerco, os Serviços de Alfândega (SA) interceptaram um total de três mil mercadorias, no valor de 3,8 milhões de patacas. Numa loja, perto da zona das Portas do Cerco, os SA encontraram mais de duas mil mercadorias, incluindo computadores portáteis velhos, consolas
e produtos de beleza no valor de três milhões de patacas. O departamento de segurança pública de Zhuhai encontrou cerca de 800 computadores portáteis velhos, consolas, produtos de beleza, vinhos chineses e bolos lunares perto do Posto Fronteiriço de Gongbei, no valor de 800 mil patacas. Dos 35 detidos, o responsável da loja, quatro funcionários e mais duas pessoas foram presas pelos SA. As autoridades de Zhuhai acusaram os restantes 28 infractores.
SUNCITY ALVIN CHAU DEFENDE MAIOR REGULAÇÃO DO CAPITAL VINDO DA CHINA
As regras deste jogo
Alvin Chau, CEO do grupo Suncity, defendeu, em entrevista à revista Inside Asian Gaming, uma maior regulação do capital oriundo da China usado nos casinos de Macau. O empresário deseja combater as chamadas “zonas cinzentas” e canais ilegais por onde circula o dinheiro. O CEO defende também a emissão de cheques viagem para jogadores a fim de garantir uma maior supervisão
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EGULAR e supervisionar. São estas as palavras de ordem de Alvin Chau, CEO do grupo Suncity, que, em entrevista à edição de Setembro da revista Inside Asian Gaming, defendeu uma nova regulação do dinheiro oriundo da China e que é gasto nos casinos de Macau. “É necessária regulação para supervisionar os jogadores chineses ao nível da qualidade do capital, incluindo as fontes de capital dos casinos e salas VIP, à medida que se recolhem dados sobre os fundos do jogo em Macau”, disse na entrevista. Alvin Chau disse ainda que o novo sistema regulador poderia “evitar que as pessoas autorizadas ou entidades que gerem casinos ou salas VIP em Macau caiam em zonas cinzentas no que diz respeito às leis que vigoram na China”. O empresário fala numa actual falta de transparência e clareza. “A falta de clareza entre os dois sistemas tem criado dificuldades aos operadores de jogo para cumprirem as
leis. Espero que as entidades em Macau possam estabelecer um conjunto de estratégias e canais financeiros que estejam de acordo com as leis de ambos os lados.” À Inside Asian Gaming, Alvin Chau vai mais longe e diz que a manutenção de canais ilegais usados para fluxo de dinheiro acaba por beneficiar o sector do jogo, apesar de as autoridades chinesas terem conseguido pôr um fim a muitos deles. “Precisamos de canais financeiros apropriados. No passado, a maior parte dos fluxos de capital vinham para Macau através de canais ilegais para apoiar o desenvolvimento da indústria do jogo de Macau.
O capital chega a Macau através de canais ilegais e não podemos negar que o negócio legal do jogo beneficia desse capital, por isso este é um tema muito sensível.” O empresário acrescentou ainda que “devido ao facto de as autoridades chinesas terem de travar os fluxos ilícitos de capital oriundos da China, tal tem um impacto indirecto negativo à indústria do jogo em Macau e causa um enorme golpe na economia de Macau”.
O OLHAR DOS BANCOS
Ainda no campo da supervisão, Alvin Chau defendeu a emissão, por parte dos bancos da China, de cheques de viagem individuais para serem usados
“É necessária regulação para supervisionar os jogadores chineses ao nível da qualidade do capital, incluindo as fontes de capital dos casinos e salas VIP, à medida que se recolhem dados sobre os fundos do jogo em Macau” ALVIN CHAU CEO DO GRUPO SUNCITY
nos casinos de Macau, salas VIP e bancos. “Com esta medida, os bancos poderiam verificar a qualidade do capital dos indivíduos que usam os cheques enquanto que os bancos e as autoridades chinesas poderiam também supervisionar o estatuto financeiro de cada jogador. Isto iria também reduzir as possibilidades das operadoras de jogo de Macau emprestarem grandes quantias de dinheiro a jogadores e reduzir o risco de mau crédito”, apontou. Alvin Chau disse ainda que o montante usado nas apostas de jogo também deveria ser sujeito a uma regulação. “Talvez o crédito possa ser limitado um certo número de cheques de viagem ou a uma quantia. Através desta medida poderíamos ver claramente quem providencia o crédito e quanto é que é providenciado, e também o que é legal.” O empresário referiu também que as apostas por jogada deveriam ser limitadas a um valor máximo de 1.5 milhões de dólares de Hong Kong. A.S.S.
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Centro Cultural de Macau (CCM) está a recrutar um coreógrafo e quatro bailarinos locais “para integrarem um projecto orientado por Sang Jijia, coreógrafo chinês internacionalmente reconhecido”, informou ontem o Instituto Cultural (IC). Os candidatos têm até 25 de Setembro para se inscreverem, basta preencher e entregar o boletim de inscrição, que pode ser descarregado no website do CCM. O projecto, ainda em fase de audições é uma colaboração com a Companhia Cidade de Dança Contemporânea
de Hong Kong (CCDC, na sigla em inglês) que resultará num espectáculo que vai chegar aos palcos em Setembro de 2021. Findas as audições, o coreógrafo escolhido irá para Hong Kong para se inteirar das rotinas criativas e dos ensaios da CCDC sob a orientação de Sang Jijia, que mais tarde irá estabelecer residência artística em Macau, acompanhado por um grupo de bailarinos de Guangdong e Hong Kong. Fundada há mais de 40 anos, a CCDC encenou mais de 200 trabalhos originais, para além de colaborações
inovadoras com destacados artistas multidisciplinares de todo o mundo. Sang Jijia é um conceituado bailarino e criador de dança contemporânea formado na Alemanha e levado para a arena internacional após ter sido distinguido com diversos prémios nos anos 90. O coreógrafo trabalhou sob a direcção de William Forsythe, criou peças para companhias em Pequim, Guangzhou e Hong Kong, e recebeu comissões de instituições de prestígio internacional como a Companhia de Dança da Ópera de Gotemburgo.
AFA Exposição de Leong Chi Mou na Art Garden A Art Garden recebe a partir de hoje a exposição de Leong Chi Mou “Unreturned Wanderer”, no âmbito da série de mostras "Urban Identity"- New Immigrants Artists. A mostra de pintura, organizada pela Art For All (AFA) e com curadoria de Lei Lai, vive conceptualmente de paradoxos e de imagens transplantadas para fora do seu contexto. Aberto a in-
terpretações ambíguas, as obras de Leong Chi Mou apropriam-se de um sentido deslocado de identidade, de acordo com um comunicado da AFA. O artista nasceu na China em 1991 e mudou-se pouco depois para Macau. Em 2015 completou o bacharelato na Escola de Artes do Instituto Politécnico de Macau, na área da pintura a óleo. PUB
A partir de 12 de Setembro vão estar à venda Orquestra de Macau, que tem como tema “I Outubro no grande auditório do Centro Cultur
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vida cultural de Macau retoma aos poucos a normalidade habitual, num ano marcado por máscaras e distanciamento social, como se comprova pelo anúncio da temporada de concertos 20202021 da Orquestra de Macau, a 37ª temporada da ensemble local. O Instituto Cultural (IC) anunciou ontem o programa de um dos expoentes culturais da região e revelou que a partir de 12 de Setembro, na Bilheteira Online de Macau, vão estar à venda ingressos para os primeiros quatro concertos da temporada. Com cerca de três dezenas de eventos, o programa
tem como tema “Impressões dos Mestres”, mote para recordar os aniversários de nascimento e morte de vários génios musicais de diferentes épocas. A partir de 12 de Setembro vão estar à venda ingressos para o “Concerto de Abertura da Temporada 2020-21 - Vadim Repin e a Orquestra de Macau”, “Barroco Magnífico”, “Uma Noite com o Melhor Trombonista do Mundo” e “Tchaikovsky Nº 1” (ver caixa), a primeira leva de vendas, de acordo com o IC. Em jeito de preparação, o director musical e maestro principal da Orquestra de Macau, Lu Jia, declara que “na última temporada, devido ao surto do novo coronavírus, a orquestra praticamente apenas cumpriu as actuações de meia temporada”. Porém, o responsável destaca o “papel positivo na sociedade” desempenhado pela orquestra, nomeadamente mantendo o contacto possível com o público através da série de concertos online “Música Clássica em Casa”.
ONDE, QUANDO, E QUANTO?
A
temporada arranca com o “Concerto de Abertura da Temporada 2020-2021 Vadim Repin e a Orquestra de Macau”, no dia 20 de Outubro no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM). Os bilhetes variam entre 150 e 400 patacas. O calendário musical prossegue com o espectáculo “Barroco Magnífico”, no dia 24 de Outubro no Teatro Dom Pedro V. Quem quiser assistir à interpretação da Orquestra de Macau de clássicos de Bach e Pachelbel terá de desembolsar entre 100 e 120 patacas. No dia 1 de Novembro, o sueco Christian Lindberg sobe ao palco do grande auditório do CCM para “Uma Noite com o Melhor Trombonista do Mundo”. Os bilhetes para este espectáculo custam entre 150 e 250 patacas. Serão colocados à venda bilhetes para o concerto “Tchaikovsky Nº 1”, com preços entre 150 e 250 patacas, que se realiza no grande auditório do CCM no dia 21 de Novembro. Todos os espectáculos começam às 20h.
QUESTÃO DE HONRA
Numa mensagem deixada no programa da temporada, Lu Jia destaca o trabalho árduo para “tornar a orquestra um ensemble de topo na Ásia” e deixou a promessa de “continuar a apresentar ao mundo o brilhante encanto da nossa pequena cidade”. Quanto à temporada que se avizinha, o director musical GELA MEGRELIDZE
IC CENTRO CULTURAL À PROCURA DE UM COREÓGRAFO E QUATRO BAILARINOS
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A mestri
ORQUESTRA DE MACAU NOVA TEMPORADA C
Vadim Repin
disse que se sente honrado por “trabalhar consistentemente com maestros, solistas e grupos artísticos mundiais de renome, alguns dos quais antigos parceiros, e outros amigos recentes”. Entre eles, destaca “Vadim Repin, conceituado génio russo dos violinos, Maria Agresta, hoje a melhor soprano da Itália e Marco Berti”. O pontapé de saída da temporada da orquestra tem como convidado Vadim Repin, violinista que arrebatou
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ia dos clássicos
COMEÇA A 20 DE OUTUBRO
a bilhetes para os primeiros quatro concertos da temporada 2020-2021 da Impressões dos Mestres”. O espectáculo de abertura, marcado para 20 de ral de Macau, será abrilhantado pelo virtuosismo do violinista Vadim Repin
ELISA RINALDI
Finalmente, o derradeiro concerto da primeira leva de espectáculos da temporada é protagonizada pelo pianista chinês Tianxu An, a acompanhar a orquestra local. “Sob a batuta do maestro Lu Jia, An apresentará em Macau o "Concerto para Piano N.º 1" de Tchaikovsky. Além disso, a Orquestra de Macau irá apresentar a "Sinfonia N. º1" de Tchaikovsky "Sonhos de Inverno".
Maria Agresta
TAKAO KOMARU
Finalmente, sem discorrer exaustivamente sobre todo o programa, importa revelar o grande concerto de encerramento da temporada, marcado para o dia 31 de Julho de 2021.
Christoph Poppen
“a medalha de ouro no prestigiado concurso Wieniawski aos 11 anos de idade e, desde então, tornou-se um artista de renome mundial nas últimas
três décadas”. O espectáculo em que vai partilhar o palco com a Orquestra de Macau comemora o 100º aniversário da morte do compositor romântico alemão Bruch. O público será prendado com interpretações de "Concerto de Violino N.º 1" de Bruch e a "Introdução e Rondo Caprichoso" de Saint-Saëns e "Sinfonia N.º 2" de Rachmaninoff a fechar a noite.
NOTAS NO CALENDÁRIO Marco Berti
O segundo concerto da temporada, intitulado “Barroco
Magnífico”, leva a Orquestra de Macau numa viagem pela história da arte europeia e a estética musical do período barroco. Vão ser interpretados “dois concertos e obras-primas, de Bach, ‘O
Pai da Música’, juntamente com o canon mais conhecido de Pachelbel, “‘Canon em Ré Maior’”. A programa prossegue com uma noite dedicada ao trombone, através da mestria
O director artístico da Orquestra de Macau, Lu Jia, destaca o trabalho árduo para “tornar a orquestra um ensemble de topo na Ásia” e deixou a promessa de “continuar a apresentar ao mundo o brilhante encanto da nossa pequena cidade”
de um dos melhores solistas de metais do mundo, o sueco Christian Lindberg, um músico profícuo que tem uma discografia com quase 150 discos lançados. O sueco servirá um repasto musical composto pela abertura da ópera "Oberon", Ferdinand David (Orch. Christian Lindberg): "Concerto para Trombone", Leopold Mozart: "Concerto para Alto Trombone em Ré Maior", Op. 4 e Sibelius: "Sinfonia N.º 3 em Dó Maior", Op. 52.
Em comemoração do 120º aniversário da morte do compositor italiano Giuseppe Verdi, a temporada de concertos irá terminar com o “Concerto de Encerramento da Temporada 2020-2021 Gala de Óperas de Verdi”, no qual a soprano italiana Maria Agresta e o tenor Marco Berti apresentarão um programa de “árias extraídas de "La Traviata", "Aida", "Otelo" e "I vesprisiciliani", juntamente com aberturas e intermezzos de óperas de Verdi.” João Luz
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Hong Kong Testes em massa detectam apenas seis casos positivos
Apenas seis pessoas em Hong Kong testaram positivo para o novo coronavírus entre os 128 mil habitantes que foram abrangidos, até à data, pela campanha de testes em massa que arrancou na terça-feira na antiga colónia britânica. Quatro dos seis casos positivos são pessoas que já tinham sido diagnosticadas com a doença covid-19 e que tinham tido alta no mês passado. No entanto, e após a realização destes novos testes, ainda apresentam vestígios do vírus no organismo. Um total de 850 mil habitantes de Hong Kong, que conta com uma população de cerca de 7,5 milhões de pessoas, tinha-se registado para participar nesta campanha de testes gratuitos que irá durar uma semana, mas que pode ser prolongada. A par destes seis casos, Hong Kong registou ontem outras oito infecções pelo novo coronavírus.
Aviação Pequim recebe primeiros voos internacionais desde passado mês de Março
O principal aeroporto internacional da capital chinesa, Pequim, voltou ontem a receber voos diretos internacionais desde oito países, após restrições que foram impostas em Março passado devido ao novo coronavírus. Em causa estão os voos a partir da Tailândia, Camboja, Grécia, Paquistão, Áustria, Dinamarca, Suécia e Canadá, considerados “de baixo risco” de infecção pelo coronavírus pelas autoridades chinesas, que ainda assim pedem um teste negativo antes do embarque, indicou ontem o porta-voz do executivo da cidade, Xu Hejian. Em Março, as autoridades chinesas decidiram que todos os voos internacionais com destino a Pequim seriam desviados para outros aeroportos, como medida para combater os casos importados de covid-19.
Xi Jinping liderou funcionários do Governo no minuto de silêncio e apresentação de coroas de flores, durante um memorial dedicado aos soldados e civis que participaram da luta contra a ocupação japonesa
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China comemorou ontem o 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, durante a qual sofreu uma invasão brutal e ocupação de grande parte do seu território pelo Japão. O líder do Partido Comunista e chefe de Estado, Xi Jinping, liderou funcionários do Governo no minuto de silêncio e apresentação de coroas de flores, durante um memorial dedicado aos soldados e civis que participaram da luta contra a ocupação japonesa. O Japão lançou uma invasão total da China, em 1937, marcada por guerras urbanas e atrocidades como o massacre de Nanjing. Enquanto o exército comandado pelo líder do Partido Nacionalista Chiang Kai-shek lutou nas principais batalhas, os guerrilheiros do Partido Comunista, sob o comando de Mao Zedong, forçaram o Japão a desviar soldados e recursos dos campos de batalha para
EFEMÉRIDE PEQUIM CELEBRA FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL NO PACÍFICO
Memória acordada
Em tempo de pandemia, a celebração do fim da guerra fez-se de forma mais discreta, com as regras de distanciamento a marcarem a cerimónia. Xi Jinping enviou uma mensagem a Vladimir Putin de incentivo à cooperação ‘mais abrangente” entre as duas nações
as áreas rurais controladas pelos comunistas. Embora o Japão se tenha rendido formalmente a bordo do navio de guerra norte-americano USS Missouri, em 2 de Setembro de 1945, a China marca o fim da guerra em 3 de Setembro, quando as comemorações se realizaram pela primeira vez em todo o país. Os comunistas assumiram o poder em 1949, após a guerra civil contra os nacionalistas, e continuam a defender a luta
contra o Japão como uma fonte de legitimidade do seu poder. Após perder a guerra civil, Chiang realocou o seu Governo da República da China para Taiwan. A ilha continua a ter forte apoio, embora não oficial, dos Estados Unidos, depois de ter feito a transição para a democracia plena há mais de duas décadas.
OBJECTIVOS COMUNS
A comemoração relativamente discreta reflecte as regras de distanciamento
social em vigor durante devido ao surto do novo coronavírus e contrasta com a forma como a China marcou outros aniversários significativos, incluindo o desfile militar em 1 de Outubro passado, que assinalou o 70.º aniversário da fundação da República Popular. Xi disse ontem ao líder russo Vladimir Putin que queria trabalhar em prol da “justiça e equidade internacionais”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.
A troca de mensagens teve como objectivo comemorar a luta conjunta da China e da antiga União Soviética contra as potências do Eixo, e também ressaltar a estreita cooperação nos últimos anos entre a China e a Rússia, por oposição a Washington e ao Ocidente. As duas nações deveriam usar o 75.º aniversário desde o fim da guerra como uma “oportunidade de liderar os seus países em direcção a uma coordenação estratégica mais abrangente”, disse Xi.
TAIWAN TSAI ING-WEN CONDECORA JAROSLAV KUBERA EX-PRESIDENTE DO SENADO CHECO
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chefe de Estado de Taiwan, Tsai Ing-wen, condecorou ontem a título póstumo o ex-presidente do Senado checo, Jaroslav Kubera, num acto que decorre durante a visita a Taipé do actual titular do cargo, Milos Vystrcil. Jaroslav Kubera tencionava visitar Taiwan no final do passado mês de Janeiro, poucos dias antes de mor-
rer de um ataque cardíaco, tendo Tsai considerado o ex-presidente do Senado da República Checa “um bom amigo”. O estreitar das relações entre Praga e Taipé está a motivar fortes protestos diplomáticos e ameaças políticas por parte de Pequim que considera aquele território uma “ilha rebelde” desde que os nacionalistas
chineses foram derrotadas, em 1949. A República Checa não tem relações diplomáticas com Taiwan tendo a visita do presidente do senado checo levado Pequim a advertir que a República Checa “pagaria um alto preço” pela visita oficial. A reacção do regime comunista de Pequim foi considerada excessiva pela
diplomacia checa que convocou o embaixador de Pequim em Praga para uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Tomas Petricek. Na cerimónia que decorreu ontem em Taipé, a Presidente Tsai disse que Kubera «fez muitos esforços» para melhorar as relações entre Taiwan e a República Checa e recordou a visita do
antigo presidente Vaclav Havel (1936-2011) há 16 anos. A Presidente de Taiwan mostrou “esperança” de que a condecoração póstuma se transforme “num símbolo duradouro da amizade entre os dois países e na manutenção dos valores democráticos”. “Enquanto mantivermos os nossos valores, os esforços de Taiwan - na preservação
da liberdade e da democracia - vão ser vistos pelo resto do mundo”, acrescentou Tsai. No decorrer da visita, os bancos de Taiwan mostraram interesse em abrir filiais na República Checa e a companhia de bandeira China Airlines admitiu iniciar uma rota directa entre Taipé e Praga assim que a epidemia global de covid-19 o venha a permitir.
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A COMPANHIA DE SISTEMAS DE RESÍDUOS DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 19.º ANIVERSÁRIO
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O Instituto Politécnico de Macau Felicita o Hoje Macau pela Passagem do seu 19.º Aniversário
sexta-feira 4.9.2020
Entre ventre e cipreste escolho o Sol
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FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO
entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares
Ainda o discurso do homem que está muito ligado a casa 1.
Por vezes tenho isto nas costas, este incómodo, como se fosse a cauda de um animal. Um animal doméstico, pois claro, pois a minha cauda é, afinal, um cordão umbilical e essa pele que deveria ter sido destruída logo à nascença e enterrada em solo bem fundo e inacessível, afinal continua aqui nas costas, e vai andando pela cidade e termina na fachada principal da casa. Estranho, como se fosse um tubo que fizesse parte de uma canalização de água, gás, algo desse tipo.
2.
E, de facto, trata-se de um cano, um cano humano, este cordão umbilical, e é ali que António vai buscar a sua energia; como se fosse um posto de gasolina mais ou menos paternal. E podemos descrever a paisagem do seguinte modo: o cordão umbilical fortíssimo, espesso, grosso, e bem difícil de mastigar, vindo da cauda de António, entra pela parede da fachada principal para dentro de casa e vai directo ao centro, ao poço que está na sala, e ali vai ele, para baixo, como se fosse uma mera mangueira, um cano bem orientado. É do fundo desse poço que António retira a sua energia.
3.
E claro que existem amigos e inimigos e por vezes cães ou lobos ou hienas, animais domésticos ou selvagens, que têm em comum estômago e impaciência e subitamente zás, comem uma parte do meu caminho de regresso, comem uma parte de um itinerário, como se cortassem com os dentes um mapa físico, um mapa material. E se estão com fome que comam, ninguém deve exigir mais dos animais. Eles já nos dão tanto! E foi isso que aconteceu. De repente, a minha cauda estranha, o meu cordão umbilical, foi interrompido algures lá atrás, a meio do caminho e dessa forma a circulação de energia foi também suspensa. Estou fraco porque animais vários arrancaram e mastigaram o meu caminho de volta. Estou, pois, perdido. Não sei voltar a casa.
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ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES
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tonalidades António de Castro Caeiro
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Assalto ao “Reichstag”
AFP
Berlim, 30 de Agosto de 2020
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ÃO foi antes de 1933. Uma demonstração contra as medidas sanitárias provocadas pela Covid-19 incluiu facções da Afd (Alternativa para a Alemanha) de extrema-direita. “Horror - Subida das escadas do Reichstag” lê-se no site do canal ARD. Mas na página do FB da AfD, lê-se: “Assalto ao parlamento (Sturm auf den Reichstag)” e não “subida (Eskalation)” é o que se lê na página do FB da AfD. Há uma invisibilidade mais difícil de detectar do que todas as outras. É quando tudo se faz às claras. Os prestidigitadores, os mágicos, mas também os desportistas exímios e como é óbvio os políticos mais hábeis são os grandes mestres da simulação e da camuflagem. A finta consiste em dar a entender o sentido de uma acção diferente da que vai acontecer. Para simularmos é preciso sermos fazer crer ao outro que a nossa intenção se esgota na nossa acção, no nosso movimento, na nossa palavra. Temos de ser críveis. O CR7 circula alternadamente os pés sobre a bola. O adversário não sabe se o toque é da esquerda ou da direita ou quando acontecerá. O pugilista finge bater no rosto do adversário com uma mão para bater no tronco com a outra. O nosso olhar está absorvido pelas mãos do mági-
co sem folga para percebermos como tira o coelho da cartola. O que acontece na simulação, na finta, pode ser propositado, mas resulta do que nos acontece na vida, já assim sem darmos pelas coisas. Esperamos que se deem coisas que não acontecem. Há outras que, contra a expectativa, acontecem mesmo. O próprio modo como as coisas se dão é diferente do modo como esperávamos que fossem. Há um jogo complexo entre o que achamos que está visível no horizonte e depois o que vem a acontecer. A invisibilidade mais difícil de detectar é a que se dá às claras. Podemos não querer acreditar no que estamos a ver e ser isso mesmo que está a acontecer. O elemento fundamental da simulação é o tempo. O futuro iminente cria a pressão necessária para termos uma percepção errada do que está a acontecer.
Esperar de pé, quando apetece é fugir ou atacar, produz a mesma ilusão como quando a mudança se dá. Tudo pode mudar para ficar na mesma. Tudo pode parecer que está na mesma e existe em metamorfose. A verdade engana. O povo sabe do que está a falar. Um povo é levado pela verdade, sobretudo pelo poder eficaz com que as verdades são ditas. Elevamos quem nos diz as verdades mesmo que com a aura da impopularidade. Mas as verdades sempre foram ditas pelos demagogos. A história repete-se quando o povo baixa a guarda. A frustração da desilusão faz baixar a guarda. Os fantasmas são conjurados. Ergue-se o ideal de beleza, de triunfo. Nesse ideal de beleza e triunfo não cabem, por exemplo, os judeus ou os homossexuais (Otto Weininger, George L. Mosse), como
Os novos demagogos não têm, como Giges, anéis que os tornam invisíveis. Não precisam deles já. Dizem tudo às claras. Quando o mal é dito às claras, já não estamos perante uma afirmação. Estamos perante uma ameaça, e há ameaças que devemos levar a sério.
se compreender pela história recente da Europa mas também os negros, transplantados de África para o ocidente. “Apetrechos dotados de alma” (Aristóteles) podem também ser crianças e mulheres e todos aqueles a quem lembramos sempre que vieram à existência pela porta dos fundos. O discurso da transparência não usará de subterfúgios. Dirá a verdade. Não poupará palavras na denúncia. Fundará um partido para defesa da “nova ordem” das coisas. Quem manda no partido pode ser um ressentido ou não. Sabe junto de quem há-de falar. É para os ressentidos. Todos nós, contudo, temos razão para o ressentimento. Estar vivo é sentir-se ressentido. Temos a sede de totalidade, pelo simples facto de chegarmos à existência. Mas houve sempre alguém que nos impediu de vingar e depois de ter sucesso. Para o homem do ressentimento a força de bloqueio não é apenas quem detém privilégios, a gente bela, as pessoas de sucesso, os que triunfaram. São os outros como eu que estão a mais. O paradoxo é que todos sem excepção estão a mais se não forem os meus. Os outros não deveriam ter direito a nada. O ressentimento pode adormecer mas é acordado. Os poderosos sempre souberam acicatar os ânimos. A Krypteia, a polícia secreta espartana, actuava como rito iniciático para os jovens. Abatiam hilotas (a casta dos escravos que trabalhavam a terra) em “raides”. Desde sempre soubemos espalhar o terror. Não pensava Calígula “odeiem-me à vontade desde que me temam (oderint dum metuant)”? Às claras, alastram pela Europa, Portugal não é excepção, manifestações de apego à tradição e ao caracter puro, enraizado das etnias. A alemã AfD (Alternative für Deutschland) voltou a dar sentido às “Mahnwachen (vigílias)”, numa manipulação clara do descontentamento da população contra as medidas sanitárias provocadas pela Covid-19. As manifestações “contra” têm um sentido completamente novo, porque procuram negar a evidência da presença de um mal. Negar as medidas contra o Corona vírus é negar a existência do vírus, como negar as manifestações contra o racismo é negar o racismo. As manifestações destes partidos são anti-manifestações. Não são afirmações da realidade. São formas de perpetuação do escondimento da realidade. Os novos demagogos não têm, como Giges, anéis que os tornam invisíveis. Não precisam deles já. Dizem tudo às claras. Quando o mal é dito às claras, já não estamos perante uma afirmação. Estamos perante uma ameaça, e há ameaças que devemos levar a sério.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 21
sexta-feira 4.9.2020
OFício dos ossos
Valério Romão
O pobre desejável
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OMO é que se faz um pobre? Parece simples, até porque pululam receitas um pouco por todo o lado, mas fazer um pobre exige cada vez mais cuidados. Não é qualquer pobre que serve à manutenção da ordem social. Um pobre demasiado pobre poderá tentar colmatar as suas necessidades mais básicas por via de uma marginalidade intermitente, i.e., não lhe será alheia a noção de furto em caso de fome, por exemplo. A sua energia intelectual concentrar-se-á na elaboração de planos que lhe permitam sobreviver. Pouco se importará com a lei e a noção de justiça desde que não seja apanhado. A sua argúcia nunca deixará de ser uma argúcia de desenrascado e os constrangimentos que possa sentir por estar entre a sociedade e as suas regras e o outro lado onde impera a necessidade mais animal nunca serão suficientes para sentir uma vergonha autêntica, uma vergonha social capaz de lhe refrear o ímpeto criminal. A necessidade falará sempre mais alto. A consciência nunca terá a força da fome. Um pobre assim, para além de contribuir muito pouco do ponto de vista fiscal – pois a sua sobrevivência implica furtar-se tanto quanto possível a todo e qualquer imposto – não é fiável. É capaz de votar da forma correcta desde que lhe façam promessas adequadas – mesmo que irrealistas e cronicamente incumpridas – mas não é leal. A qualquer momento é capaz de entregar o seu voto a um populista qualquer porque este lhe propõe a revolução – mesmo que não dessa revolução não se anteveja qualquer mudança no seu estado de pobreza. Um pobre deste tipo não é fiável; por razões óbvias, não tem ideologia. Fazer um pobre implica algum contra-senso, pois o pobre é tanto melhor quanto mais se investir nele. Há que limar-lhe com precisão as necessidades fundamentais. É importante que não passe fome, pelo menos aquela fome que implica um défice calórico de tal ordem que o desejo se converte em desespero. O seu desejo deve ser moderado. Deve-lhe ser garantida a possibilidade de comer um bife de vez em quando. De jantar fora em dias de festa. De provar uma ou duas vezes na vida os acepipes acessíveis apenas às pessoas que não padecem de pobreza. A sua satisfação deve ser cuidadosamente contrariada pelo seu desejo de mais e melhor. Só assim é possível inculcar-lhe de forma permanente o conceito de esforço. Mas mais importante do que o esforço é a inveja. O pobre deve invejar tudo quanto esteja imediatamente acima dele. Mas não pode ser uma in-
veja cega; esta deve vir acompanhada de uma noção clara de merecimento. No seu espírito de pobre tem de se ir sedimentando a ideia de que o sucesso alheio é justo e, de algum modo e através do esforço, atingível. Um pobre tem de sonhar que pode deixar de o ser. Um pobre sem sonhos é um pobre conformado, preguiçoso, exangue do voluntarismo necessário para produzir mais. Apesar de pacífico e obediente, um pobre assim não cumpre o seu potencial. É absolutamente necessário providenciar-lhe meios para arrendar ou comprar uma casa, mesmo que seja
apenas uma gaveta minúscula num arrabalde distante. Os pobres sem meios acabam por ir parar à rua e são, para além de um problema de higiene pública, uma visão aborrecida e desagradável. Outros ainda constroem autênticos enxames de tijolo e chapa de zinco – por vezes nas zonas com melhor vista e mais potencial imobiliário – e depois é praticamente impossível tirá-los de lá. Nesses ambientes infectos gera-se todo o tipo de problemas e vícios decorrentes da pobreza organizada: crime, tráfico e consumo de drogas, doenças contagiosas, etc. Um pobre tem de ter um tecto
Fazer um pobre implica algum contra-senso, pois o pobre é tanto melhor quanto mais se investir nele. Há que limar-lhe com precisão as necessidades fundamentais
a que chame seu. Tem de estar convencido de que esse tecto, mesmo que na orla mais longínqua da sociedade, faz parte dela. Quanto à bebida, a fórmula é amplamente conhecida. É necessário censurar publicamente a ingestão exagerada de álcool não fazendo porém qualquer oposição legislativa à sua disponibilidade. Um pobre com inveja tem tendência a afogar as mágoas pelo menos semanalmente. É deixar. Apesar dos pequenos desacatos que possa causar, a garantia de uma ressaca em que toda a culpa do seu estado miserável recai sobre ele como um piano de cauda é absolutamente desejável. A culpa gera vergonha e a vergonha gera obediência. A longo prazo, o pobre é até capaz de se convencer de que é responsável pelo mundo que habita. Um pobre convertido a esta ideia é de uma lealdade incorruptível. É este o pobre desejável. Sigam-me para mais receitas.
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AGUACEIROS
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MAX
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EMISSÕES SEM PRECEDENTES
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EURO
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Os mais recentes incêndios que atingiram a região russa da Sibéria provocaram emissões de dióxido de carbono (CO2) sem precedentes, lançando gases de efeito estufa que aumentaram o aquecimento global, indicou ontem o serviço europeu Copernicus. As conclusões têm como base obser-
BAHT
0.25
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vações por satélite efetuadas pelos cientistas do organismo europeu que avaliaram as emissões provocadas pelos fogos no círculo Ártico em 244 megatoneladas entre Janeiro e Agosto. Em 2019, os incêndios na Sibéria provocaram 181 megatoneladas de CO2.
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1 7 8 1 7 9 4 3 4 5 3 4 2 7 6 2 3 0 6 9 0 5 9 4 1 7 7 2
6 0 2 7 5 7 6 4 5 1 8 7 4 2 3 8
S3 4U7 8D9 6O1 5K0 U 2 13
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5 9 3 3 0 5 2 0 4 7 89 1 6 6
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1 5 0 2 5 1 80 9 4 33 28 69 7
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69 7 3 28 51 87 14 4 0 2
30 9 2 15 74 52 41 0 8 9
72 8 0 6 2 3 5 9 4 6
41 34 99 03 8 2 60 76 12 5
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6 2 9 7 8 1 0 5 4 3
1 6 8 31 08 74 46 2 53 9
4 34 56 2 93 6 1 01 8 78 7
8 1 70 9 64 2 3 46 0 57 8
2 4 6 57 36 91 84 13 79 0
3 5 4 8 7 0 9 6 2 1
0 76 1 6 52 89 21 30 9 4 5
86 6 7 4 1 9 0 5 3 0 9 07 29 1 4 3 5 7 6 86 4
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 15
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PROBLEMA 16
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Cineteatro 14
4 0 5 8 1 7 9 2 3 THE NEW 3MUTANTS 4 2[B] 6 7 9 0 6 1 2 3 0 7 8 6 5 9 4 1 5 8
C I N E M A
SALA 1
PENINSULA [C]
FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS/INGLÊS Um filme de: Yeon Sang-ho Com: Gang Dong-won, Lee Jung-hyun 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2
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6 9 8 0 5 7 4 2 1 3
3 4 5 7 0 1 2 8 8 6 1 4 9 7 0 2 2 5 6 0 6 3 4 9 7 9 3 6 1 2 8 5 5 0 9 1 www. hojemacau. 4 com.mo 8 7 3
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Um filme de: Josh Boone Com: Maisic Williams, Anya Taylor-Joy, Charlie Heaton, Alice Braga 14.30, 17.00, 19.30, 21.15
7 8 9 3 4 6 UNHINGED [C] Um5 filme de:0 Derrick 7 Borte Com: Russel Crowe 14.30, 1 16.30,919.00,521.15 8 1 3 4 2 8 9 5 1 0 3 4 6 7 2 2 6 0
3 2 1 6 0 9 7 5 8 4
6 4 1 5 3 7 2 9 0 8 9 Deer 0 2 Hunter” 8 5 é3um4 dos 6 filmes 1 7 da “The minha vida. Estreou no ano em que 8 7 9 6 0 5 1 4 3 nasci 2 e foi um dos filmes que vi cedo demais 3 1 7 4 2 8 0 5 6 9 para me aperceber da riqueza dramática e 0 2 5representada 3 1 9 por 6 um 8 elenco 7 4 de emocional luxo com Robert De Niro, Meryl 4 9 6 0 7 2 3 1 8Streep, 5 Christopher Walken, and John Savage 7 8 4 9 6 0 5 3 2 1 e John Cazale. Realizado por Michael 1 3 “The 8 2Deer 9 Hunter” 4 7 0é o5retrato 6 Cimino, perfeito de uma pequena comunidade 5 6 3 7 8 1 9 2 4 0 e de um grupo de amigos que tenta sobre2 aos 5 traumas 0 1 4da Guerra 6 8 do 7 Vietname. 9 3 viver
20THE DEER HUNTER | MICHAEL CIMINO
5 8 6 4 0 3 7 2 9 1
9 1 2 7 8 5 4 3 6 0
9 0 2 1 8 6 5 9 6 0 4 7 1 3 8 3 6 9 4 7 5 8 1 2 9 5 6 4 0 7 5 7 3 9 0 2 7 1 8 2 4 5 6 9 0 3 4 7 8 6 3 2 9 5 1 8 5 1 3 6 PENINSULA 4 8 4 0 3 6 9 2 7 1 5 3 0 7 1 8 5 6 4 2 1 4 8 7 9 3 6 3 2 1 8 4 5 0 7 9 2 3 4 5 9 0 8 7 6 7 2 0 8 5 1 1 7 9 5 0 3 4 8 6 2 1 6 0 2 7 9 3 8 4 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 4 Colaboradores 1 5 0Anabela 2 Canas; 8 António Cabrita; António 5 8 6 7 1 2 9 3 4 0 7 2 1 3 6 4 5 9 0 de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 0 Gonçalo 3 Lobo 7 Pinheiro; 6 4Gonçalo 9M.Tavares;JoãoPaulo0Cotrim;9JoséDrummond; 1 4 José 3 Navarro 6 de7Andrade; 5 José2Simões 8 Morais;LuisCarmelo;9Michel4Reis;Nuno 5 Miguel 8 Guedes; 0 1Paulo2JoséMiranda; 6 3 Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Namora; David 6 Chan; 8 João4Romão; 2 Jorge 3 Rodrigues 7 Simão; Olavo Rasquinho; 3 2Paul7Chan Wai 8 Chi;9Paula1Bicho;0Tânia6dos Santos 5 Grafismo 4 Paulo Borges, Rómulo 0 8Santos9Agências 4 Lusa; 1 Xinhua 3 Fotografia 7 2 Hoje5 Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 2 Morada 9 Calçada 6 5deSanto 1 Agostinho, 0 n.º19,CentroComercial 4 6Nam5Yue,6.º0andar2A,Macau 8 Telefone 3 128752401 9 Fax728752405 e-mail info@hojemacau.com.mo 6 5 3 7 Sítio2www.hojemacau.com.mo 8 0 1 9
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SALA 3
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19 FILME HOJE UM
Visualmente forte, por vezes brutal, este filme 21 tem uma estética muito única. Impossível esquecer a troca de olhares entre 5 e Walken 4 6 7enquanto 0 8 trocam 2 3 a frase 1 De9Niro “one shot!”. João Luz 2 0 3 9 5 7 1 4 8 6
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sexta-feira 4.9.2020
editorial
CARLOS MORAIS JOSÉ
We know not what tomorrow will bring
O
Hoje Macau cumpre o seu décimo nono ano de publicação. Talvez de vida. Quantas vidas habitam num jornal? Pensem no assunto que é para isso que existe um jornal: para pensar. Para informar, certo; mas que essa informação não enforme, que a vossa mente seja um terreno minado por diversas guerras e não a praia de uma Ilha dos Amores. A verdade é um horizonte do qual nos pretendemos aproximar. A cada frase, cada parágrafo, na descrição de cada facto. Esses passos exigem um trabalho de bricolage, de construção de um puzzle constituído por peças infinitas. Exige também uma percepção geral das coisas e das pessoas, das suas histórias e das suas genealogias. Nunca, por definição, estará completo. É um trabalho infinito, ainda antes de se encontrar submetido ao escorrer imparável do tempo e dos acontecimentos. É um saber sincrónico, quase instantâneo, que a todo o momento se desfaz na diacronia. E embrulha peixe ou desaparece no frenesi digital. Este trabalho, de inesgotável paciência, quantas vezes de contenção ascética, de contornar charcos e armadilhas, assombrado pelo tédio do mundo e pelo encontro regular com a maldade, é constantemente desafiado pelas alterações políticas, sociais e económicas a que a nossa era nos submete. A velocidade é estonteante e não promete abrandar. O que ontem nos parecia impossível ou, no mínimo, altamente improvável, circula hoje nas várias redes, reais ou virtuais. Se, por um lado, a pandemia travou a produção material e de serviços; por outro, estimulou reencontros e reajustes de outra ordem, inclusivamente individual, cujos resultados estão longe de ser claramente perceptíveis. Macau, além da covid-19, sofreu este ano as dores provocadas pela situação desencadeada em Hong Kong. Assistimos um acelerar da História, aparentemente evitável, mas talvez impossível de travar. Infelizmente, a questão, ao ultrapassar as fronteiras da ex-colónia britânica e as aspirações da sua população, para se inscrever num mapa geoestratégico, desfigurou justificáveis expectativas e sublinha a fragilidade das intenções num contexto de realpolitik . Por aqui, esperamos que Pequim proteja a RAEM e não nos transforme num dano colateral da situação pantanosa de Hong Kong. Macau entende-se bem com
a Lei Básica, possui a sua própria Lei de Segurança Nacional e reafirmou, em 20 anos de percurso nem sempre idílico, a sua identidade de sempre. Se entendida como equipa, a população da RAEM e o seu modo de vida ganharam claramente o jogo. Para quê mexer nas regras? Não será uma atitude, acima de tudo, imprudente? Devido à pandemia, o Governo de Ho Iat Seng não teve ainda ocasião para demonstrar a sua capacidade para governar. Entretanto, de uma forma geral, os sinais dados durante este período, a capacidade para tomar decisões e, sobretudo, uma maior empatia com a população, leva-nos a esperar que o Executivo invista num melhoramento da qualidade de vida, da habitação, do ambiente, da saúde, etc., de modo coerente e durável, tendo em conta
a necessidade de uma proficiente distribuição da riqueza e a criação de oportunidades para todos. Mas, acima de tudo, em tempos de incertezas, seria importante que o Governo tranquilizasse, amainasse os actuais ventos, não se precipitasse em estradas sem retorno e nos mostrasse que entende a identidade de Macau como cidade pancultural, onde diversas comunidades pacificamente coabitam e dominam a sublime arte de lidarem com a diferença e o desconhecido. *
O
Hoje Macau entra assim no seu vigésimo ano de publicação. E, claro, não queremos deixar de assinalar a ocasião. Só que, ao invés de o fazermos na data do nosso aniversário, entendemos ser mais inte-
Este trabalho, de inesgotável paciência, quantas vezes de contenção ascética, de contornar charcos e armadilhas, assombrado pelo tédio do mundo e pelo encontro regular com a maldade, é constantemente desafiado pelas alterações políticas, sociais e económicas a que a nossa era nos submete. A velocidade é estonteante e não promete abrandar
ressante estender a festa ao longo do ano e não a confinar a um único acontecimento. Assim, os nossos leitores e amigos podem contar diversas iniciativas “anti-tédio” do Hoje Macau no glorioso ano de 2021. Em Junho de 2020, organizámos a Semana da Cultura Chinesa, que se veio a revelar um dos mais importantes acontecimentos culturais do ano, no qual a comunidade que se expressa em Português teve a oportunidade de mostrar o seu interesse e aprofundar o seu conhecimento da China e dos chineses. Na altura, publicámos sete traduções de clássicos, abrangendo áreas tão diversas como a poesia, a estética, o pensamento, a etnografia e a estratégia militar. Prometemos, desde já, prosseguir com este trabalho de aproximação de culturas e de pessoas, afinal, o cimento real que une os povos e possibilita um futuro comum. Mas não ficaremos por aqui. Outras iniciativas, projectos, festas, estão previstos para este ano, sob a égide do nosso jornal e dedicados a toda a população de Macau e não só. Contamos, como sempre, convosco porque é unicamente convosco que podemos contar. Leiam-nos, discutam-nos, amem-nos, odeiem-nos, participem. Numa palavra, dêem prova de vida. We know not what tomorrow will bring.
24 opinião
O
“One moment of patience may ward off great disaster. One moment of impatience may ruin a whole life.” Chinese Proverb
medo revela-se um aliado inestimável ao pressionar-nos a aplicar rigorosamente as medidas de confinamento a que fomos forçados durante semanas. Incendeia o nosso armamento de defesa emocional, e leva-nos à coragem. Sim, porque a coragem vem do medo, da consciência do perigo, e não da inconsciência. A coragem guia o nosso medo à acção, e impede que o medo nos imobilize, e nos torne demasiado passivos. O medo muda a nossa atenção, a coragem excita-nos. Todos os dias enfrentamos os pequenos gestos da vida quotidiana que antes faziam parte da nossa simples rotina e que agora, em vez disso, nos confrontam com os nossos medos como ir às compras, sorrir para os nossos filhos, sair de casa para ir trabalhar, sem esquecer as nossas responsabilidades. Numa emergência, estes são actos de coragem. Não devemos estar inconscientes, mas sim destemidamente corajosos. O bloqueio, ao qual somos obrigados a defender-nos contra o contágio, restringe severamente as nossas liberdades individuais e colectivas, e foi duramente digerido pela maioria de nós. Mas agora aprendemos a não tomar por garantida a inocuidade de encontrar outros, compreendemos que “outros” podem ser perigosos portadores involuntários de um inimigo invisível, e isto independentemente do seu carácter, comportamento, aparência; para além das nossas percepções deles. Se até ontem a escolha das relações sociais se baseava no nosso instinto, na sensação positiva ou negativa que a pessoa provocava em nós, a partir de agora os outros representarão uma ameaça pelo simples facto de serem humanos. Portanto, em frente dos outros jogaremos à defesa a priori, evitaremos divertimentos e seremos muito mais cautelosos, pelo menos até nos sentirmos seguros, ou seja, quando a emergência terminar se e é que alguma vez acontecerá. O que a ciência sugere a este respeito? Parece que o isolamento social, e a solidão que lhe está associada, têm um efeito negativo na saúde, aumentando mesmo a mortalidade entre as pessoas que a vivem há muito tempo. Um interessante estudo realizado em 2015, pelo Departamento de Psicologia da Universidade Brigham Young que analisou setenta estudos publicados para um total de mais de quase quatro milhões de participantes, durante uma média de sete anos, relatou um aumento na probabilidade de morrer de 26 por cento devido à solidão
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A Covid-19 e o e 29 por cento devido ao isolamento social. Neste estudo fala-se do efeito do isolamento social prolongado e da solidão, que não coincidem com o longo aperto que estamos a viver nesta pandemia, mas que pode tornar-se importante se, após a emergência, persistir a tendência para o isolamento impulsionado pelo medo armazenado na nossa memória emocional. De certa forma, temos de nos preocupar não só com a recessão económica, mas também com uma possível recessão social, ou seja, o estabelecimento de um hábito à distância de outros, que poderia ter efeitos negativos na saúde mental e física das pessoas. Entretanto, quase todos nós vivemos em isolamento social ou, em alguns casos, numa verdadeira quarentena sanitária. O confinamento em casa, a distância das pessoas que amamos, do sorriso e dos amigos despreocupados que não vemos há muito tempo, e que com o tempo se tornaram os nossos melhores antídotos para o stress, aumenta o sentimento de solidão; não nos permite diversificar a atenção da nossa mente; amplifica o conflito na família “forçada” e desencadeia a desagradável sensação de não sermos livres. O isolamento e o sentimento de estar em perigo condicionará a nossa ideia de socialidade no próximo período e, pouco a pouco, poderá insinuar dentro de nós o hábito de evitar os outros, a rotina de nos acostumarmos a uma espécie de egoísmo protector que nos pode iludir a acreditar que somos suficientes, perdendo o extraordinário e poderoso efeito de desenvolvimento e crescimento pessoal que a solidariedade e as relações sociais trazem consigo. O sentimento inevitável de solidão que estamos a experimentar não ajuda o nosso humor, que é normalmente influenciado pelo contacto com os outros, mesmo fisicamente como um aperto de mão, um beijo, um abraço e a proximidade dos corpos transmitem emoções fortes, muitas vezes positivas e energizantes. Privados das nossas relações, sentimo-nos mais tristes e a nossa mente responde mais facilmente ao desconforto com emoções negativas e defensivas como o medo e a raiva. Mas se a distância física de colegas, amigos, pais, avós podem desencadear tais tipos de reacções emocionais, por outro lado também a proximidade forçada sem possibilidade de “fuga” com colegas de quarto, cônjuges e filhos pode ser uma fonte de stress e dificuldade. Antes de mais, de repente, perdemos aqueles espaços vitais pessoais que sempre nos permitiram desabafar e distrair-nos para recarregar as nossas baterias emocionais para usar no encontro com os nossos familiares e coabitantes, aumentando assim os níveis de stress e conflito. Os ritmos, rituais e espaços da nossa vida quotidiana são limitados pela presença constante daqueles que vivem connosco, dando-nos por vezes a sensação de asfixia. As pessoas que vivem sozinhas, por outro lado, podem experimentar uma sensação inicial de abundância do tempo disponível
e podem utilizá-lo para se dedicarem a actividades criativas e recreativas, ou profissionais, intensas. No caso específico desta pandemia, a pessoa sozinha em quarentena sente uma aparente sensação de segurança, considerando que, como os especialistas têm repetidamente dito, aqueles que passam o isolamento sozinhos têm menos probabilidades de serem infectados. Mas, pelo contrário, sentem medo e ansiedade sem a possibilidade de apoio imediato e directo de pessoas a quem estão afectivamente ligados, com o risco de cair num estado depressivo temporário e contingente. Com o tempo também pode surgir uma sensação de vazio e tédio, especialmente se não se pode trabalhar à distância, o que corre o risco de conduzir a uma verdadeira ansiedade, ligada ao facto de a escolha de viver sozinho raramente ser ditada pelo desejo de evitar relações sociais. Assim, estar completamente sozinho durante muito tempo pode, por um lado, acender uma sensação de domínio do próprio tempo e da vida, mas por outro lado pode levar a um sentimento angustiante de vazio relacional e, em alguns casos, para sujeitos psicologicamente mais fracos e existenciais. A quarentena pode ter efeitos positivos? Certamente que a suspensão de muitas actividades da nossa vida diária pode ter consequências inesperadas na nossa
forma de viver, agir e pensar. O isolamento, a limitação das liberdades obriga-nos a não fugir de nós, permite-nos medir-nos com as dificuldades relacionais ou familiares que muitas vezes evitamos. Pensar, reflectir, ouvir, meditar, ler são acções favorecidas pela quarentena, que nos permitem tomar mais consciência de nós. O tempo dilatado, a possibilidade de interromper os automatismos da vida antes de nos levar a abrir os olhos ao que somos e a confrontar-nos com o significado da existência. A quarentena, com o seu sequestro da liberdade e a incerteza para o futuro que a acompanha, isenta-nos de muitos deveres e impõe uma reclassificação das nossas prioridades e valores. E assim, neste tempo suspenso não é possível dizer “não tenho tempo”. Os livros, os nossos parentes mais próximos, a música que escolhemos, mas que ouvimos muito pouco, voltam para atrair a nossa atenção e regressam à vida. É de lembrar que no isolamento, pode prestar atenção às actividades que “não tinha tempo de fazer antes”. Será que nos tornámos todos obsessivos? O sentimento mais estranho e peculiar que nos pode invadir desde o surto da pandemia é a experiência de nos identificarmos com pacientes que sofrem de obsessões de contaminação e de compulsões de lavagem. Bem, todos nós,
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sexta-feira 4.9.2020
perspectivas
JORGE RODRIGUES SIMÃO
confinamento
mais ou menos, nos tornámos obsessivos sobre a limpeza e talvez, neste momento, os que sofrem de atenção excessiva à limpeza devido a distúrbios psiquiátricos possam ter uma vantagem sobre nós. Sabem como o fazer e estão treinados para o fazer. A obsessão pela contaminação e a atenção compulsiva à limpeza não são por si só a expressão de um mecanismo errado, mas numa situação normal representam a distorção, levada ao excesso e sem necessidade real, de comportamento útil e funcional. Se o contexto mudar, a compulsão à higiene torna-se salvífica. É por isso que, durante a epidemia, ter muito cuidado com o risco de contágio, e activar todas as precauções úteis, como a desinfecção e a limpeza, pode salvar as nossas vidas e dos que amamos. Neste momento, prestar atenção à higiene é funcional, enquanto anteriormente um cuidado maníaco de limpeza e desinfecção teria sido exagerado e desnecessário. A verdadeira questão é, no entanto, o que irá acontecer no futuro próximo. O nível de protecção contra possíveis infecções e a atenção à higiene e limpeza irá aumentar, talvez exageradamente, e poderá ter consequências psicológicas negativas, se confirmar uma das teorias recentes, segundo a qual o saneamento excessivo na sociedade contemporânea poderia ser um dos factores
relacionados com o aumento dos casos de depressão. Não esqueçamos que cada vez que usamos um desinfectante forte e lavamos as mãos repetidamente, de facto, não só destruímos o possível coronavírus da actual epidemia, SRA-CoV-2, mas também várias centenas de tipos de microrganismos inofensivos, a flora bacteriana residente, cujo desaparecimento pode deixar o campo à colonização de microrganismos patogénicos. E a sua presença pode activar a reacção inflamatória do organismo e algumas substâncias particulares no sangue, citocinas, que podem modular negativamente o estado de espírito. Após esta fase de alarme, devemos ser capazes de respeitar não só o ambiente ma-
Será necessário romper com o passado, e será necessário empreender um caminho difícil, talvez nem mesmo curto, que nos poderá conduzir, no entanto, a uma nova relação connosco e com a sociedade, mais rica e mais humana
croscópico (poluição, etc. ...), mas também o ambiente microscópico que coopera e protege o nosso corpo, que o filme A Guerra dos Mundos com Tom Cruise nos ensinou a apreciar. Como podemos medir-nos contra o medo da morte e distanciar-nos dos membros da família na doença e no fim da vida? A ameaça deste microrganismo perigoso e invisível, o isolamento social, o distanciamento dos membros da família, juntamente com a terrível desolação daqueles que morrem, como resultado da COVID-19, sem estarem rodeados pelo afecto dos entes queridos, fazem com que o tema da morte emerja esmagadoramente em todos nós. E a morte traz inevitavelmente consigo a emoção negativa do medo. As imagens, os artigos dos jornais, as notícias, os números das vítimas, que são diariamente recolhidos, trazem à tona, neste tempo dilatado, a consciência da morte como um facto possível e real. E é um medo que ultrapassa e aumenta a sensação de mal-estar, empurrando-nos para nos distanciarmos cada vez mais um do outro. Enquanto o espectro da morte invade inevitavelmente as nossas mentes, a sensação de que os nossos filhos parecem estar a salvo dos efeitos mortais desta epidemia dá-nos uma sensação de serenidade e de força relativa. Precisamente porque esta pandemia nos mostra que não teremos necessariamente tempo para saudar e honrar as pessoas que amamos antes que a morte as afaste desta existência terrena, devemos aprender a recordar a sua presença nas nossas vidas todos os dias. Um pouco como os samurais japoneses, a quem foi ensinada a importância de honrar os seus pais todos os dias por causa da constante espreita da morte. Talvez mesmo, a pandemia possa ensinar-nos a não adiar a nossa atenção diária aos nossos pais que nos visitam e que ouvem os nossos avós ou aos nossos amigos mais velhos, e pode devolver-nos o verdadeiro, e não retórico, sentido de família. Vai confrontar-nos com a natureza fugaz do tempo, com a nossa vulnerabilidade. É de lembrar que não adiar a escuta dos nossos entes queridos devolver-nos-á a sensação de autenticidade de viver perante o espectro da morte. A incerteza do futuro após a quarentena é uma fonte de ansiedade ou um impulso para a mudança? A vida é feita de constantes mudanças e desafios, e tudo nos mantém vivos e permite-nos crescer e ficar mais sábios, mas qualquer mudança, boa ou má, quebra o nosso equilíbrio e coloca-nos numa situação momentânea de dificuldade e crise. Este aspecto da vida é particularmente verdadeiro nestes dias de emergência sanitária. No estado de suspensão em que vivemos, imobilizados pelo medo, à espera de saber o que vai ser da nossa vida anterior, a incerteza sobre o futuro próximo e a mais remota faz-nos ter mais medo. Esta mudança no nosso modo de vida representa um momento de crise, uma ruptura com o passado, com o que temos sido até agora. As estratégias que temos à nossa disposição para enfrentar a crise da mudança são
essencialmente duas; por um lado podemos antecipar o acontecimento que induz a mudança, tentando minimizar o seu efeito no nosso equilíbrio; por outro lado podemos contar com os nossos recursos pessoais para responder à mudança, enfrentando-a quando ocorre e alterando o nosso equilíbrio para nos adaptarmos. Estas duas formas de responder à mudança reflectem duas necessidades que estão no centro das necessidades humanas; por detrás da antecipação encontramos o impulso para a segurança, enquanto a necessidade de liberdade é o que nos faz responder. A neuropsicologia dos nossos mecanismos de defesa é geralmente uma combinação de antecipação e resposta. Antecipação significa impedir que coisas novas nos mudem, alterando o nosso equilíbrio. A preparação para a mudança, evitando perturbar o nosso equilíbrio e tranquilidade, é certamente um bom mecanismo para nos proteger de possíveis riscos, mas muitas vezes retira a riqueza que o novo traz. A antecipação é característica da ansiedade. A ansiedade apresenta-se antes de uma mudança como um sinal dos riscos que a mudança acarreta, e induz-nos a correr para o abrigo para evitar que essa subversão nos modifique. A ansiedade trabalha para manter o nosso equilíbrio interno, não para mudar. Foi o que fizemos na primeira fase da nossa reacção à pandemia. Abrimos a porta à ansiedade para nos protegermos contra os efeitos perturbadores deste novo e perigoso vírus. Evitámos encontros com as nossas famílias, limpámos, comprámos máscaras, etc. Defendemo-nos com ansiedade e angústia contra o inimigo invisível. Foi, e ainda é, uma estratégia vencedora. Responder significa enfrentar a mudança, tentando adaptar-se a si e ao seu comportamento às novas situações que surgem. Certamente, esta forma de lidar com contextos inesperados apresenta alguns riscos e inconvenientes consideráveis. O responder envolve mais esforço e menos tranquilidade e por vezes algum risco demasiado grande, mas é isto que teremos de fazer na fase dois da reacção pandémica da COVID-19. Teremos de passar da rigidez da antecipação para a flexibilidade da adaptação. Na emergência que estamos a viver, de facto, a nossa esperança inicial e sincera de que o confinamento termine em breve e possamos regressar ao mundo, com os nossos velhos hábitos e os nossos rituais estabelecidos, desvanece-se com o passar do tempo e, com ele, a possibilidade de restabelecer o equilíbrio antes da emergência (aquela normalidade que nos deu segurança), até sentirmos a urgência de um novo equilíbrio. Será necessário romper com o passado, e será necessário empreender um caminho difícil, talvez nem mesmo curto, que nos poderá conduzir, no entanto, a uma nova relação connosco e com a sociedade, mais rica e mais humana. E então a pandemia poderia ser a importante oportunidade de crescer em conjunto. É de não olvidar que será necessária uma ruptura com o passado para iniciar o caminho da recuperação.
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