DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
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Ter para ler
VEÍCULOS AUMENTO DE TAXAS CONTINUA A GERAR POLÉMICA
Taxativos
Apesar do protesto marcado para o próximo domingo e da contestação de vários deputados na Assembleia Legis-
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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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MOP$10
QUINTA-FEIRA 5 DE JANEIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3727
lativa, a DSAT mantém a sua posição e não dá sinais de cedência na aplicação das novas multas.
JOÃO Ó
JORNAIS
BANCAS EM RISCO
h GRANDE PLANO
Zeus no ecrã RUI FILIPE TORRES
Reler Macau ANTÓNIO CABRITA
CÓDIGO PENAL
EXPOSIÇÃO
TEIAS DE BAMBU ENTREVISTA
Mudanças aprovadas PÁGINA 7
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PÁGINAS 4-5
2
Macau corre o risco de se tornar num dos poucos territórios do mundo sem venda de jornais e revistas nas bancas tradicionais daqui a um punhado de anos. A era digital e os conteúdos online gratuitos ditam esse fim. Os velhos comerciantes mantêm as bancas que herdaram da família, com lucros magros
IMPRENSA BANCAS EM RISCO DE EXTINÇÃO
SEM O JORNAL
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ADA banca tem o nome de família que vem dos tempos em que ainda não havia Internet e os jornalistas escreviam à máquina as notícias que seriam impressas. Já são raras mas persistem, sobretudo no Leal Senado. O negócio é fraco e quase não dá lucro, dizem os comerciantes com quem o HM falou. A existência de uma política de subsídios à imprensa portuguesa e chinesa permite que todos os conteúdos dos jornais estejam disponíveis online na íntegra, sem que o leitor tenha de fazer subscrições. Sem um mercado publicitário forte que sustente a imprensa, a era digital promete chegar ainda mais depressa do que o próprio futuro. Apesar de as bibliotecas públicas estarem cheias de idosos a ler jornais, a verdade é que são poucos os que vão comprar o jornal diário à banca do costume, logo pela manhã. Chan Lam Kei, proprietário da banca “Chan Lam”, situada no Leal Senado, diz que as condições de negócio mudaram muito. “A banca tem 60 anos de história e tem o nome do meu avô. A venda de jornais caiu duas vezes, com a consulta na Internet e a televisão com noticiários durante todo o dia. Só a geração mais velha é que tem o hábito de ler jornais com um copo de chá na mão, nos restaurantes de yum cha”, conta. “Deixei de fazer entregas de jornais porque não há subscrições e não há praticamente jovens a comprar jornais, só o fazem para realizar os trabalhos de casa. Trabalhar neste sector é difícil, o horário de trabalho é longo. Não vão haver jovens a quererem fazer este trabalho”, acrescenta. Na zona do Leal Senado persistem quatro bancas de jornais, mas outras quatro fecharam nos últimos anos, recorda Chan Lam Kei. Além da banca localizada na zona da Praia Grande, começa a ser raro encontrar um sítio que venda jornais. Yan Kuanzhi, com quase 80 anos, é o dono da banca Wa Kei, na Almeida Ribeiro. Também para ele os tempos têm sido difíceis. “A banca era propriedade dos meus pais. O volume de negócios caiu cerca de 80 por cento.”
HOJE MACAU
GRANDE PLANO
“A banca era propriedade dos meus pais. O volume de negócios caiu cerca de 80 por cento.” YAN KUANZHI PROPRIETÁRIO DA BANCA WA KEI
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NA MAO ˜
A chegada das lojas de conveniência, que também vendem jornais em chinês e inglês, “afectaram o negócio”, aponta o comerciante. As novas medidas de controlo do tabaco também. “A proibição de fumar fez com que a venda tenha caído 90 por cento. Ganho umas dezenas de patacas por dia. Não temos dinheiro e dependemos do que recebemos do Governo para sobreviver”, frisa Yan Kuanzhi.
OS LIVROS DA CHINA
Uns passos mais acima, bem perto da Livraria Portuguesa, está Chong, proprietário da banca “Kuong Kei”, um negócio que começou nos anos 60. Chong não paga impostos pelo seu negócio porque o Governo resolveu isentar as bancas desse pagamento, mas antes pagava duas mil patacas por ano. Apesar do panorama negro das bancas de jornais, Chong ainda tem um laivo de optimismo. “A Internet não afectou muito porque há sempre conteúdos que não se conseguem ler online, como os artigos de opinião ou os contos. Mas também é verdade que os jovens raramente lêem jornais.”
“Só a geração mais velha é que tem o hábito de ler jornais com um copo de chá na mão, nos restaurantes de yum cha.”
A morte anunciada
Títulos exclusivamente online daqui a dez anos
CHAN LAM KEI PROPRIETÁRIO DA BANCA “CHAN LAM” Chong revela que os turistas, ao invés dos jornais, preferem comprar livros de teor político que fazem algumas críticas ao Partido Comunista Chinês e que não se vendem no interior da China. O jornal com maior número de circulação é o jornal Ou Mun, existindo outros títulos de língua chinesa como o Jornal do Cidadão ou o Jornal Va Kio. São ainda vendidos, com uma menor tiragem, jornais em língua portuguesa e inglesa, bem como alguns títulos de Hong Kong. Até ao fecho desta edição não foi possível obter reacções das direcções dos jornais de língua chinesa sobre o esperado fim das tradicionais vendas em banca, e de como isso poderá afectar a fatia da população que ainda não consegue ler as notícias à distância de um clique. Andreia Sofia Silva e Angela Ka info@hojemacau.com.mo
O
analista Larry So apresenta um futuro algo dramático para os jornais impressos, sejam eles chineses, portugueses ou ingleses: daqui a dez anos restará nas bancas um ou dois títulos, sendo que todos os outros passarão a estar disponíveis apenas online. “Essa é uma tendência inevitável, e acredito que nem mesmo a política dos subsídios do Governo consiga evitar isso. Apenas um ou dois jornais irão sobreviver no seio da comunidade. E o resto dos jornais serão online. Isso irá acontecer dentro de dez anos”, disse ao HM. O panorama não deverá ser diferente para o nicho luso. “Os jornais portugueses enfrentam o mesmo problema que os jornais chineses. Talvez daqui a uns anos haja apenas um jornal português e um inglês à venda. A circulação dos jornais ingleses e portugueses é muito baixa. Os jornais chineses de pequena dimensão são subsidiados, mas não é suficiente para a sua sobrevivência.” O fim das bancas tradicionais de venda de imprensa poderá representar um problema para uma velha geração que não se soube adaptar ao computador. “Estamos a entrar na era digital e há muitos media que começaram a mudar para o online. Essa é uma das razões para o decréscimo da imprensa. A segunda razão é que temos jornais em formato papel mas têm distribuição gratuita. Com todos estes novos formatos temos uma queda. A geração mais velha está habituada a ler as notícias em papel e necessita de ter este meio para se informar. Isso poderá trazer alguns problemas à
geração mais velha, que costuma ir às bibliotecas ler os jornais”, referiu Larry So. O académico considera que o fim das bancas não trará um decréscimo da liberdade de informação e de expressão. “Isso não significa que os media online não irão manter essa liberdade de expressão e de publicação. É algo que não depende do formato de publicação. Haverá algumas limitações junto da sociedade. Tudo dependerá das políticas e da atitude do Governo em querer que se mantenha a democracia e a liberdade de expressão.”
DEZ POR CENTO DE LEITORES
Agnes Lam, docente da Universidade de Macau (UM), realizou um inquérito em 2002 que dava conta de 60 por cento de leitores diários de jornais impressos. Anos depois, esse número baixou para dez por cento. A académica e ex-jornalista fala de uma baixa circulação da imprensa. “Os valores de circulação dos jornais não ajudam à maioria dos títulos, e não geram lucros directos, são muito baixos. A importância de um jornal vai tornar-se menor e penso que poucos jornais hoje em dia têm verdadeiros lucros. Talvez o Ou Mun ou um título português.” Ainda assim, Agnes Lam acredita que “há características importantes nos media tradicionais. “Prestam mais atenção aos factos, ajudam a criar uma agenda junto da sociedade. Isso é importante para a sociedade. Este é um factor fundamental para a democracia.” Em Hong Kong, território com mais títulos e um forte mercado publicitário, onde não há subsídios públicos atribuídos aos media, o panorama é bem diferente, apontou Agnes Lam. A aquisição do South China Morning Post pelo milionário chinês Jack Ma fez dele um título gratuito online, mas nem por isso deixou de ser publicado em papel. “A situação em Macau é diferente. Temos mais jornais chineses, mas penso que esta indústria não é muito normal, pois um proprietário de um jornal tem também alguma influência política. Muitos dos proprietários não se preocupam com a leitura que os jornais irão ter”, concluiu Agnes Lam. A.S.S.
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TIAGO ALCÂNTARA
POLÍTICA
O Governo não dá sinais de poder recuar na decisão de aumentar as taxas de licença e remoção de veículos, apesar do protesto agendado para o próximo domingo. Em dois dias, foram passadas 44 multas e recuperados 34 lugares de estacionamento
A
Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) foi ontem à sede do Governo, juntamente com o representante da Polícia de Segurança Pública (PSP), dar explicações sobre as novas taxas de veículos, que entraram em vigor no passado dia 1 e representam aumentos sempre acima dos 50 por cento. Apesar das reacções negativas da população, e com um protesto já marcado para domingo, Lam Hin San, responsável máximo pela DSAT, não deu indicações de que
Veículos DSAT NÃO CEDE NA REDUÇÃO DE TAXAS
Eles é que sabem esta nova política possa ser alterada. “Nos últimos 19 anos não houve uma alteração das taxas da DSAT e estas tinham de ser actualizadas, uma vez que a autoridade tem muitas despesas e achámos que esta era a altura certa. As taxas são elevadas para terem um efeito dissuasor, caso contrário não faria sentido.” Apesar disso, “no futuro, de acordo com a inflação e outros factores, poderemos fazer um ajustamento”, acrescentou. Leong Man Cheong, comandante do corpo da PSP, revelou que nos primeiros dois dias da entrada da lei em vigor foram passadas 44 multas, sendo que 34 veículos já foram removidos dos lugares de estacionamento que ocupavam ilegalmente. “Esses lugares de estacionamento em causa poderão ser devolvidos à população. Tivemos um resultado bastante positivo e pretendemos libertar mais lugares de estacionamento para que as pessoas possam estacionar.”
OPERADORAS COBRAM PARTE
Lam Hin San explicou que a publicação do despacho na véspera
da entrada em vigor das novas tarifas pretendeu evitar a corrida aos números de matrícula, um dos aspectos visados no diploma. “Publicámos o despacho a 31 de Dezembro para não haver uma corrida na véspera aos números de matrícula com um valor mais baixo. Consideramos o ajustamento adequado e não temos mais nada a acrescentar.” Lam Hin San confirmou ainda que caberá às operadoras responsáveis pela gestão dos auto-silos a cobrança de algumas taxas, consoante os casos. “Na operação dos veículos que ocupam lugares ilegais de estacionamento, as taxas
vão ser pagas pela pessoa que ocupou o lugar, penso que é justo. Quando a remoção do veículo for feita pela DSAT, nós recebemos a taxa, mas nos parquímetros e auto-silos, se forem as operadoras a fazer a remoção do veículo, as taxas pagas vão para as operadoras.”
MAIS VAGAS QUE CARROS
A DSAT garante que o futuro da circulação automóvel em Macau passará pela existência de mais vagas de estacionamento do que veículos. “Vamos tentar que o aumento dos lugares vagos de estacionamento seja semelhante à percen-
ATFPM ENVIA MENSAGENS A APELAR AO PROTESTO
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omeçaram ontem a ser enviadas mensagens para telemóveis de sócios e não sócios da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), por forma a apelar à participação no protesto de domingo. “Chegou a hora de dizer basta! O Governo aumentou as multas mais de 13 vezes sem consulta pública e sem resolver a falta de parques e auto-silos. Contamos com a tua importante participação na mega manifestação ‘Acabem com as multas exageradas’”, pode ler-se na mensagem.
tagem de aumento de veículos. No futuro, o número de lugares vagos vai aumentar mais rapidamente do que o número de veículos, mas não incluímos os lugares privados”, disse Lam Hin San, que falou do sucesso das medidas implementadas. “Os dados mais recentes mostram que o aumento de veículos foi de apenas 0,9 por cento desde a entrada em vigor da lei. Medidas como o aumento das tarifas nos parquímetros nos parques de estacionamento levaram a uma diminuição do número de veículos.” Sem apresentar valores, Lam Hin San falou dos elevados custos que o Governo vinha tendo com a remoção de viaturas. A título de exemplo, a remoção de um veículo pesado passará a custar seis mil patacas, quando antes era apenas 300 patacas. “Perante o Conselho Consultivo do Trânsito tentámos ouvir as opiniões e explicar os custos que a Administração tem vindo a ter com este processo. Começámos a realizar estudos sobre a matéria em 2013. A não actualização das tarifas nos últimos 19 anos fez com que o Governo tivesse mais despesas e quisemos fazer um ajustamento”, rematou Lam Hin San. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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AL QUESTIONADOS AUMENTOS DAS TAXAS DE VIATURAS
Procissão no adro Três deputados questionaram ontem o Governo sobre o súbito aumento das taxas de veículos. Manifestam dúvidas sobre a efectividade da medida e alertam para os elevados custos para a população GCS
S novas taxas aplicadas a veículos ligeiros e pesados, ao nível de licenças e de remoção, continuam a gerar polémica. Um dia depois de ter sido anunciado um protesto para domingo, os deputados criticaram ontem, na Assembleia Legislativa (AL), os aumentos implementados logo no início do ano. “Muitos cidadãos foram apanhados desprevenidos com a imediata mega operação de ‘caça às multas’, sem que tivessem sido previamente avisados e devidamente consultados num assunto que afecta gravemente a sua qualidade de vida e os direitos fundamentais de todos os cidadãos”, alertou José Pereira Coutinho no período de antes da ordem do dia. Para o deputado, “o Governo não pode estar fechado dentro de um gabinete e inventar a bel-prazer multas sem uma prévia consulta pública, e sem haver fundamento das razões destes aumentos exagerados (sem dados científicos e gerando um impacto social negativo)”. Além disso, o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), que irá apoiar
“O Governo não pode estar fechado dentro de um gabinete e inventar a bel-prazer multas sem uma prévia consulta pública.”
POLÍTICA
o protesto, falou da existência de desigualdades. “O Governo viola o princípio da igualdade e concede um tratamento mais favorável ao permitir que as seis concessionárias disponham livremente de escolher locais públicos para o estacionamento dos autocarros para transporte gratuito de passageiros, prejudicando o interesse público.”
NO CRAVO E NA FERRADURA
Também a deputada Melinda Chan levou o assunto ao plenário, até com alguns elogios. “Não há dúvida de que o Governo tem lançado várias medidas: aumentou as tarifas dos parques de estacionamento, encurtou os prazos da inspecção dos veículos e elevou as taxas de inspecção para novos veículos. Mas adoptar medidas de aumento de custos, cujos destinatários são os cidadãos, será que vai ter efeito? O Governo teve em consideração o grau de aceitação dos cidadãos?”, questionou. Já Song Pek Kei falou da adopção de “medidas rigorosas”. “É inevitável que uma parte dos residentes esteja descontente com a série de medidas rigorosas adoptadas para controlar o aumento do número de veículos. Quanto ao ditado de ‘num mundo caótico, recorre-se a penas pesadas’, em matéria penal e governação de assuntos sociais, há que tomar como referência as respectivas críticas e reflexões, bem como os defeitos resultantes de se ignorar os problemas estruturantes da sociedade”, concluiu. Andreia Sofia Silva
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JOSÉ PEREIRA COUTINHO DEPUTADO
Às moscas em Coloane Declarada caducidade de cinco parcelas em Seac Pai Van
de oito pisos, sendo que em dois deles deveria ter sido criada uma unidade industrial de transformação de borracha e matérias plásticas. O prazo do arrendamento terminou a 28 de Dezembro de 2014 e “não se mostrava aproveitado”, lê-se no BO. No segundo caso, o lote “SQ1”, a área em questão é maior: são 4780 metros quadrados que foram concedidos, em 1990, à Empresa de Construção e Obras de Engenharia San Tak Fat, para a edificação de um complexo industrial de dois pisos e uma área descoberta
para a instalação de diversos equipamentos da central de produção de asfalto. A 8 de Dezembro de 2015, data em que terminaram os 25 anos do período do GOOGLE STREET VIEW
O
Executivo declarou a caducidade de cinco terrenos na zona industrial de Seac Pai Van. Ao todo, são 16.210 metros quadrados que o Governo pretende reaver em Coloane. Os concessionários, entre eles o empresário Ng Fok, não aproveitaram as parcelas para a finalidade que lhes tinha sido atribuída. Os despachos de declaração da caducidade, assinados pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, foram ontem publicados em Boletim Oficial. O primeiro lote, identificado pelas letras “SA”, foi arrendado em 1989 à sociedade Plasbor – Fábrica de Plásticos e Borrachas. O terreno destinava-se à construção de um edifício
arrendamento, nada tinha sido feito no local.
NEM AÇO, NEM SAPATOS
Já o “SG2”, uma parcela com 1575 metros quadra-
dos, tinha como finalidade a construção de uma fábrica de calçado. O terreno foi concedido em 1990 à Companhia de Desenvolvimento e Fomento Predial Hua Quan. O prazo de arrendamento terminou a 12 de Agosto de 2015 e, mais uma vez, sem sinais de que tivesse sido utilizado nos termos do contrato celebrado com a Administração. A RAEM deverá ainda reverter o lote “SF”, com 3375 metros quadrados, arrendado em 1990 ao empresário Lau Lu Yuen. O terreno deveria ter sido aproveitado para a construção de um edifício com oito pisos, onde era suposto ter sido instalada uma fábrica de perfis de aço inoxidável. O prazo de arrendamento
terminou a 8 de Novembro de 2015. Quase um ano antes, em Dezembro de 2014, tinham chegado ao fim os 25 anos do arrendamento de uma parcela com 3488 metros quadrados, também na zona industrial de Seac Pai Van e igualmente por aproveitar. O lote “SD” foi concedido à Sociedade de Importação e Exportação Ng Fok em 1989 e destinava-se à construção de um prédio com nove pisos, sendo um deles para “indústrias”. Os concessionários dos terrenos que agora vão perder as parcelas têm 30 dias para interpor recurso contencioso para o Tribunal de Segunda Instância. Podem ainda apresentar uma reclamação para o Chefe do Executivo, no prazo de 15 dias. I.C.
6 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 5.1.2017
Correr atrás da bola Si Ka Lon pede ao Governo que exerça papel de vigilância
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AL CHAN HONG PEDE MEDIDAS PARA COMBATER CYBERBULLYING
Violência virtual
Macau apresenta os números mais preocupantes de um estudo que avaliou o cyberbullying entre os jovens de cinco jurisdições. A deputada Chan Hong mostrouse preocupada e pede ao Executivo medidas para combater o fenómeno
O
S últimos dados relativos às taxas de cyberbullying juvenil em Macau revelaram números merecedores de atenção. O alerta foi dado ontem por Chan Hong na Assembleia Legislativa (AL), tendo a deputada pedido ao Executivo medidas de combate à violência virtual. A taxa de vítimas de cyberbullying no território atinge os 86 por cento e a de agressores os 82 por cento, valores acima dos dados registados em Cantão, Hong Kong, Taiwan e Singapura. Para Chan Hong, trata-se de “um problema grave em Macau”, pelo que sugere a implementação de medidas para o combate ao fenómeno. Durante o período de antes da ordem do dia, a deputada destacou a necessidade de reforçar a sensibilização e o conhecimento da população relativamente ao tema. “Os conhecimentos dos jovens são insuficientes quanto à definição e ao conteúdos dos actos de violência virtual, e poucos no caso da respectiva legislação, pelo que há que reforçar a educação sobre os valores.” Por outro lado, é ainda fundamental que se invista na formação. “Sugere-se às
autoridades da área da educação que definam instruções e procedimentos para o tratamento do ciberbullying e que reforcem as acções de formação sobre a matéria junto dos docentes e encarregados de educação”, disse. A par das medidas de sensibilização, Chan Hong apelou ainda ao reforço no aconselhamento e apoio psicológico. Segundo os dados da mesma investigação, apenas 20 por cento das vítimas procuram apoio e cerca de 61 por cento dos jovens inquiridos são simultaneamente agressores e vítimas. Independentemente do papel que exercem no acto de cyberbullying,
“Sugere-se às autoridades da área da educação que definam instruções e procedimentos para o tratamento do ciberbullying.” CHAN HONG DEPUTADA
são sempre jovens que denotam elevados graus de depressão e ansiedade pelo que, considera, urge o devido acompanhamento psicológico. Para a deputada, e de forma a mudar comportamentos, “o apoio psicológico deve ter como destinatários tanto as vítimas, como os agressores e as escolas têm de reforçar esta valência porque, se não actuam de forma adequada, podem causar graves danos psicológicos tanto às vítimas como aos agressores”.
MENOS TEMPO NA REDE
Além da intervenção directa, Chan Hong deixou no ar a necessidade de prevenir o fenómeno tendo em conta “o vício da Internet dos jovens de Macau”. Para a deputada, o facto de se passar demasiado tempo a “navegar” diminui as competências interpessoais, pelo que o Governo deve apoiar as escolas na criação de instrumentos destinados a avaliar o grau deste vício e no estabelecimento de normas para o acesso à Internet”, de modo a “criar bons hábitos para a utilização saudável” da web. A investigação referida foi levada a cabo pela União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), em colaboração com organizações de Cantão, Hong Kong, Taiwan e Singapura, e baseou-se na recolha de cerca de quatro mil opiniões de jovens com idades inferiores a 24 anos. Do total, 468 inquéritos foram recolhidos em Macau. Sofia Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
ASTOS exagerados do erário público e derrapagens nos projectos de obras continuam a causar descontentamento no hemiciclo. O deputado Si Ka Lon voltou ontem a exigir ao Governo mais fiscalização, pedindo ainda que faça o seu papel de “guarda-redes”. Si Ka Lon recorreu a alguns exemplos para fundamentar a ideia. O custo total do Parque Central da Taipa foi de mais de 440 mil milhões de patacas e, desde a sua entrada em funcionamento, em 2012, muitos foram os problemas nas instalações relacionados com envelhecimento, avarias e má conservação. Apesar das obras de reparação efectuadas pelas autoridades, os problemas mantêm-se. O deputado afirmou ainda que o Executivo gastou 20 milhões de patacas para melhorar o ambiente e as instalações na zona de lazer para crianças, “o que voltou a suscitar a atenção da sociedade”. Para Si Ka Lon, a população “não só está preocupada com os gastos do erário público, como também está muito atenta à qualidade e às lacunas existentes na área das obras públicas”. Paralelamente, os últimos anos são marcados por “derrapagens nas obras públicas no que respeita a preços e prazos e, após a conclusão das obras, surgiram ainda diversos tipos de falhas que precisaram de reparação e onde se tem gasto muito tempo e dinheiro”.
É PRECISO MUDAR
A explicação do Governo tem sido a falta de recursos humanos para fazer uma fiscalização mais rigorosa. No entanto, para Si Ka Lon, este não pode ser argumento para justificar a ineficácia. “A falta de mão-de-obra não pode ser uma desculpa para os problemas na qualidade das obras públicas”, disse, enquanto pediu responsabilização. O deputado espera que o Executivo “faça uma avaliação aprofundada e mude a mentalidade incorrecta, e venha a remediar irregularidades frequentes e absurdas nas obras públicas”. S.M.
7 hoje macau quinta-feira 5.1.2017
A
alteração ao regime de carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos foi ontem aprovada na Assembleia Legislativa. O diploma que modifica os índices para três carreiras dos trabalhadores da Administração obteve a aprovação unânime dos deputados. No entanto, várias foram as vozes que criticaram o facto de o articulado apenas considerar as carreiras de controlador de
tráfego marítimo, topógrafo e hidrógrafo. Ella Lei considerou que “o Governo sabe bem que existem injustiças noutras carreiras, pelo que deveria proceder a uma revisão dos índices no geral”. A acção parcelar também não satisfez o deputado Pereira Coutinho, que referiu a distância entre os estudos feitos pelo Executivo e a realidade da função pública. A proposta que prevê a reorganização dos Serviços de Polícia Unitários
A proposta de lei de alteração do Código Penal foi ontem aprovada na generalidade. Os deputados pediram alguns esclarecimentos e deixaram sugestões a serem discutidas na especialidade
A
proposta de alteração do Código Penal foi ontem aprovada pela totalidade dos deputados presentes na sessão plenária da Assembleia Legislativa. Apesar do consenso geral, houve quem tivesse solicitado esclarecimentos e sugerido aspectos que podem ser alvo de mais análise aquando da discussão do diploma na especialidade. Gabriel Tong defendeu que a fronteira entre contacto físico dito normal e aquele que possa ser considerado importunação sexual esteja claramente definida. “Às vezes as pessoas zangam-se e um cumprimento ou aproximação que, no passado, eram vistos como normais, podem, de repente, ser interpretados como assédio, pelo que gostaria de saber o limite”, disse. Já Mak Soi Kun pretende ver esclarecidas questões relativas ao artigo que versa sobre a pornografia de menores. Para o deputado, é necessário perceber qual o leque em que a pornografia de menores se insere. “Qual é o âmbito da pornografia de menores?”, lançou. Os aspectos que transformam um crime semipúblico em crime público também foram abordados. Tanto Mak Soi Kun, como Melinda Chan questionam o que é que pode
foi igualmente aprovada na generalidade. Com a entrada em vigor do novo diploma, o Gabinete do Coordenador de Segurança deixará de existir passando as respectivas funções para os Serviços de Polícia Unitários. Para a especialidade segue também a proposta de lei de controlo do transporte transfronteiriço de numerário e instrumentos negociáveis ao portador. S.M.
BIBLIOTECA CENTRAL VAI MESMO A DEBATE
TIAGO ALCÂNTARA
TUDO APROVADO
POLÍTICA
A localização da Biblioteca Central, projectada para o edifício do antigo tribunal, vai ser debatida na Assembleia Legislativa. A decisão foi tomada ontem por proposta de Ella Lei, que conseguiu 25 votos a favor da realização do debate de interesse público. Houve três abstenções e dois votos contra. A deputada proponente alega os elevados custos de construção e a localização enquanto factores que necessitam de uma séria discussão. Já Ng Kuok Cheong viu mais uma vez chumbada a proposta de um debate no hemiciclo para a realização do sufrágio universal nas próximas eleições para o Chefe do Executivo, em 2019.
Código Penal ALTERAÇÃO APROVADA POR UNANIMIDADE
Crimes de cariz sexual a caminho da especialidade levar a que um crime semipúblico seja considerado, pelo sistema judicial, como crime público.
QUESTÕES QUE DEPENDEM
A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, esclareceu que a definição de importunação sexual é baseada no dolo que possa causar. “Às vezes, em grandes congestionamentos, pode existir contacto mas, se não houver dolo, não é crime. Há
dolo quando há contacto físico de natureza sexual e agora este é considerado um caso de crime semipúblico em que a vítima pode fazer queixa às entidades competentes”, explicou. No que respeita à pornografia infantil, a governante fez saber que são considerados especificamente três tipos de acção: a utilização e aliciamento de menores para participar em conteúdos de carácter sexual; a reprodução e distribuição
de material; e a compra ou utilização deste tipo de conteúdos. Sónia Chan frisou também que, “tendo em conta o interessa da vítima, o Ministério Público pode entender que o crime passe a público, e já não depende da queixa mas sim da avaliação” que for feita pelos magistrados. Melinda Chan, apesar de votar a favor, deixou clara na declaração de voto que “o uso sexual de menores deve ser crime público e este é um assunto crucial para discutir na especialidade”.
AS NOVIDADES APROVADAS
A proposta de lei prevê a criação de dois novos tipos de crimes: o recurso à prostituição de menores e o crime de pornografia de menores. O Executivo propõe ainda que estes sejam crimes públicos. “Propõe-se a introdução de um novo artigo no Código Penal que criminalize a prática, mediante pagamento ou outra contrapartida, de cópula, coito anal ou oral, acto sexual de relevo ou de introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou objectos com menor entre os 14 e os 18 anos”, pode ler-se, com uma pena de prisão que pode ir até aos quatro anos. O Governo quer implementar a “criminalização de novas condutas relacionadas com material pornográfico que envolva menores de 18 anos”. As consequências penais para o crime de pornografia de menores poderão chegar aos oito anos de prisão. É ainda criado o crime de “importunação sexual que respon-
“Às vezes as pessoas zangam-se e um cumprimento ou aproximação que, no passado, eram vistos como normais, podem, de repente, ser interpretados como assédio, pelo que gostaria de saber o limite.” GABRIEL TONG DEPUTADO sabiliza penalmente o agente que fizer com que outra pessoa sofra ou fizer com que outra pessoa sofra ou realize, contra a sua vontade, contacto físico de natureza sexual com outrem”. O Executivo considera ainda que devem ser criminalizados de forma expressa os “denominados comportamentos de ofensa indecente, sempre que se traduzam na prática contactos físicos de natureza sexual” e deixa ainda a promessa de que “será atribuída às vítimas uma maior protecção penal e o agente do crime será devidamente punido”. Sofia Mota
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8 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 5.1.2017
Ponte do Delta ZHUHAI ANUNCIA PLANTA DO POSTO FRONTEIRIÇO
A entrar na recta final
AVIAÇÃO AIR MACAU AUMENTA SOBRETAXA DE COMBUSTÍVEL
As autoridades de Zhuhai já divulgaram os planos para a fronteira que vai existir na ligação entre Hong Kong, a cidade chinesa e Macau. A prioridade no acesso vai ser dada aos transportes públicos
O
CUPA uma área total de 107,33 hectares e vai ser instalado na ilha artificial construída para o efeito. As autoridades da cidade chinesa vizinha deram a conhecer os detalhes do posto fronteiriço de Zhuhai na Ponte do Delta. De acordo com a imprensa chinesa, que teve acesso aos pormenores da planta, a zona oriental da fronteira tem ligação ao segmento principal da ponte. A parte ocidental da estrutura está virada para o município chinês, enquanto o lado sul fará a ligação ao posto fronteiriço de Macau. O terreno onde vai ficar instalada a fronteira tem espaço para outras infra-estruturas: as autoridades explicam que existem áreas para serviços industriais, instalações públicas e ainda uma zona reservada para o desenvolvimento. A planta revela também as localizações concretas das zonas funcionais do posto fronteiriço de Zhuhai, como o controlo da documentação, a zona integrada do serviço e o centro de transportes rodoviários.
OPERÁRIOS FEDERAÇÃO TEM NOVO PRESIDENTE
A parte ocidental da estrutura está virada para o município chinês, enquanto o lado sul fará a ligação ao posto fronteiriço de Macau
A planta permite ficar ainda a perceber-se como é que vai ser feito o controlo dos transportes no posto fronteiriço: a ideia é controlar e orientar a entrada de viaturas privadas na ilha artificial, sendo que vai ser dada prioridade aos veículos públicos. A planta também reserva uma abertura na rede rodoviária subterrânea da cidade para que possa ser feita uma ligação ao centro de transportes rodoviários do posto
fronteiriço. A zona sul permitirá chegar ao posto fronteiriço de Macau. A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau deverá estar concluída no final deste ano. A secção da cidade vizinha já está concluída: ficou pronta com o túnel de Gongbei, um projecto que demorou quatro anos a ser executado. A passagem tem mais de 2700 metros de comprimento e atravessa o posto fronteiriço.
ALFÂNDEGA DETEVE DOIS GRUPOS DE IMIGRANTES ILEGAIS
A
S detenções aconteceram na madrugada da passada terça-feira e aconteceram quase em simultâneo. A primeira ocorreu após uma denúncia às autoridades alfandegárias de um cidadão que avistou algo de suspeito no mar próximo da estátua de Kun Iam, na zona do NAPE. O pessoal do policiamento da orla marítima enviou para o local uma lancha rápida a fim de fazer as devidas averiguações. Os agentes da autoridade encontraram uma embarcação a motor
A Air Macau anunciou ontem que vai aumentar a sobretaxa de combustível de Macau de cinco dólares norte-americanos (quase 40 patacas) para 7,5 dólares, já a partir do dia 16 deste mês. O novo valor vai aplicar-se a voos que partem de Macau para vários destinos, como o Interior da China, Taiwan, Tailândia, Coreia do Sul, Japão e Vietname. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a sobretaxa aplica-se a todos os passageiros: adultos, crianças e bebés.
de madeira, com dezasseis indivíduos suspeitos a bordo que foram, de imediato, detidos. No entanto, o líder suspeito escapou e continua
a monte, tendo a Alfândega prosseguido na sua busca. O segundo grupo foi apanhado graças ao mecanismo de comunicação
entre os serviços alfandegários de Macau e a Defesa Fronteiriça do Interior da China. A Alfândega foi notificada pelas autoridades chinesas de que tinham sido descobertos três homens a nadar em direcção a Macau, perto da zona A dos Novos Aterros e da zona das Portas do Cerco. Em colaboração com a Polícia de Segurança Pública (PSP), após cerca de duas horas de busca, os homens foram detidos. Ainda no comunicado, veio referido que os três
indivíduos envolvidos no primeiro caso foram libertados, uma vez que tinham documentos. Os restantes dez homens e quatro mulheres, com idades entre os 23 e os 54 anos, tentavam chegar ao território com o intuito de procurar emprego. Uma das mulheres, proveniente da província de Liaoning, é suspeita de ter cometido o crime de reentrada ilegal, tendo sido o seu caso encaminhado para o Ministério Público. As restantes 13 pessoas foram extraditadas.
A Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) tem novos órgãos sociais, resultantes de eleições que decorreram recentemente. De acordo com o jornal Ou Mun, Chan Hio Wan foi eleito presidente. Leong Wai Fong é o novo director-geral e Leong Iok Wa é a presidente de supervisão. Chan Hio Wan é actualmente membro da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, pertencendo ainda à Comissão de Patrocínio Judiciário para o Exercício de Funções Públicas e ao Conselho para os Assuntos Médicos. Até agora, era directorgeral da FAOM e vice-presidente permanente. Leong Wai Fong é membro do Conselho de Acção Social e era também vice-presidente permanente da FAOM. Leong Iok Wa é deputada de Macau à Assembleia Popular Nacional. Foi deputada à Assembleia Legislativa e vicepresidente da FAOM. Os novos responsáveis tomam posse no dia 9 de Fevereiro, durante a recepção comemorativa do ano novo lunar.
9 hoje macau quinta-feira 5.1.2017
Os hábitos dos outros
O antigo líder do Ministério Público voltou ontem ao Tribunal Judicial de Base. O arguido defende-se da adjudicação de obras à mesma empresa com o exemplo do Governo
H
O Chio Meng afirmou ontem no Tribunal de Última Instância (TUI) que usou os mesmos argumentos do Executivo para justificar a entrega de obras sempre à mesma empresa, por ajuste directo. De acordo com a Rádio Macau, que acompanhou a sessão, o antigo procurador exemplificou com a vasta série de contratos que, desde 2000, foram entregues ao deputado Fong Chi Keong. A emissora nota que é, provavelmente, o caso que mais salta à vista de entrega de contratos públicos, sempre à mesma empresa,
Ho Chio Meng dá o exemplo de adjudicações feitas pelo Governo
Ho Chio Meng não indicou nomes mas fez referência às “obras na sede do Governo” que, desde a transição, têm sido entregues a uma empresa de Fong Chi Keong com dispensa de concurso e a um ritmo anual. Ho Chio Meng não indicou nomes mas fez referência às “obras na sede do Governo” que, desde a transição, têm sido entregues a uma empresa do deputado Fong Chi Keong, que presta também o mesmo tipo de serviços à Assembleia Legislativa. O reparo foi feito pelo arguido enquanto estava a ser ouvido sobre as obras de remodelação da residência oficial que ocupou enquanto
procurador, quando informou que ia dar a “resposta que o Governo deu a uma interpelação de um deputado” sobre as obras no palácio da Praia Grande. Ou seja, os contratos foram entregues sempre à mesma empresa por uma questão de “segurança”, “confidencialidade” e “boa qualidade do serviço prestado”, facto que descreveu como “natural e lógico”. Ho Chio Meng negou, no entanto, ter indicado qualquer empresa a troco de contrapartidas. De acordo
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AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 1.
Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 «Lei de Terras», de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Localização dos terrenos: - Avenida Dr. Mário Soares, n.ºs 300 a 332, Avenida Comercial de Macau, n.ºs 26 a 121 e Travessa Sul da Praia Grande, n.ºs 14 a 32, em Macau, (Edifício Finance and IT Center of Macau); - Avenida Comercial de Macau, n.ºs 89A a 99 e Pátio do Lago da Praia Grande, n.ºs 13 a 115, em Macau, (Edifício Nam Van Península); - Avenida Comercial de Macau, n.ºs 133 a 205D e Pátio do Lago da Praia Grande, n.ºs 42 a 132, em Macau, (Edifício La Bahia N.º 1); - Avenida Comercial de Macau, n.ºs 251A a 301, em Macau, (Edifício AIA Tower); - Avenida Panorâmica do Lago Nam Van, n.ºs 744A a 792 e Avenida Comercial de Macau, n.ºs 251D a 309, em Macau, (Edifício Lake View Mansion); - Avenida Comercial de Macau, n.ºs 301 a 355 e Avenida Panorâmica do Lago Nam Van, n.ºs 796 a 818, em Macau, (Edifício Fortuna Business Centre); - Avenida Comercial de Macau, lote 12 da zona A, em Macau, (Torre Lago Panorâmico); - Avenida de D. João IV, n.ºs 1 a 19, Travessa de Inácio Sarmento de Carvalho, n.ºs 2 a 14, Travessa do Comandante Mata de Oliveira, n.ºs 2 a 24 e Avenida da Praia Grande, n.ºs 858 a 886, em Macau, (Edifício Lei Kou e Lei Fu); - Avenida da Amizade, n.ºs 1137I a 1163G e Rua de Xiamen, n.ºs 18U a 18Y, em Macau, (Edifício La Oceania); - Avenida da Amizade, n.ºs 1315 a 1339, Avenida de Marciano Baptista, n.ºs 54D a 100 e Rua de Luís Gonzaga Gomes, n.ºs 536 a 592, em Macau, (Edifício Hung On Center); - Rua de Pequim, n.ºs 170 a 192C e Rua de Xangai, n.ºs 72A a 94, em Macau, (Edifício Centro Comercial Kuong Fat); - Rua de Pequim, n.ºs 202A a 246 e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 619A a 627, em Macau, (Edifício Macau Finance Centre); - Rua de Luís Gonzaga Gomes, n.ºs 6 a 32D e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 620A a 648, em Macau, (Edifício Keng Xiu Garden); - Rua dos Artilheiros, n.º 11, em Macau, (Edifício Academia de Música Meng Meng); - Rua do Almirante Costa Cabral, n.ºs 140 a 154, Estrada do Repouso, n.º 46F e Rua de Francisco Xavier Pereira, n.ºs 2 a 4D, em Macau, (Edifício Parkway Mansion); - Rua do Barão, n.ºs 25 a 29 e Calçada da Feitoria, n.ºs 1 a 3 A, em Macau, (Edifício Ieng Lei); - Rua dos Pescadores, n.ºs 120 a 158, em Macau, (Edifício Industrial Shun Cheong); - Avenida de Venceslau de Morais, n.ºs 75 a 115, Rua Cinco do Bairro Areia Preta, n.ºs 38 a 46 e Travessa Nova da Areia Preta, n.ºs 14 a 58, em Macau, (Edifício Jardim Venceslau); - Praça das Orquídeas, n.ºs 190 a 360, Rua da Bacia Sul, n.ºs 102 a 202 e Rua Sul do Patane, n.ºs 199 a 209, em Macau, (Edifício Chino Plaza); - Estrada Marginal da Ilha Verde, n.ºs 1307 a 1329 e Travessa do Canal dos Patos, n.ºs 4 a 30, em Macau, (Edifício Industrial Chung Loi). 2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento. 3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.
Aos, 28 de Novembro de 2016.
O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
com a acusação, as companhias que, durante dez anos, ficaram com todos os contratos do Ministério Público eram controladas por familiares do ex-procurador, através de testas de ferro.
DEFESA EM BLOCO
Ainda segundo a rádio, forçado pelo tribunal a ser mais rápido na defesa, Ho Chio Meng deixou de analisar os contratos um a um, repetindo sempre as mesmas res-
SOCIEDADE
postas. Está agora a responder por tipos de serviços comprados, que a acusação dividiu em 24 séries. As respostas mantêm-se, com o ex-procurador a negar a prática de crimes e a criticar a forma como a acusação está construída. Disse, por exemplo, que, para o MP, “basta haver uma subempreitada para haver crime de burla”. Já nos casos em que o serviço foi de facto prestado pela empresa que ficou com o contrato, Ho surge acusado de participação económica em negócio. Quase um mês depois do início do julgamento, ainda não foi possível perceber quais os factos em concreto que ligam o ex-procurador às empresas citadas na acusação, assinala a emissora. A audiência terminou duas horas mais cedo, com o presidente do TUI, Sam Hou Fai, a concordar que o arguido precisava de tempo para preparar a defesa. O juiz deu ordens a Ho Chio Meng para “apontar” e ler, na prisão, os milhares de factos da pronúncia que pretende analisar na próxima sexta-feira – dos mais de 1500 crimes que constam da acusação, 1300 dizem respeito só a contratos. Antes de o tribunal passar para a inquirição de testemunhas, Ho Chio Meng tem ainda de se pronunciar sobre 56 crimes de lavagem de dinheiro.
10 ENTREVISTA
HUGO TEIXEIRA FOTÓGRAFO
No próximo dia 13 é inaugurada a exposição “Transcience: Daredevils and Towering Webs”, um conjunto de fotografias que retratam andaimes de bambu e os mestres que os montam, pela lente de Hugo Teixeira, na sua primeira exposição em Macau. O HM foi falar com o homem atrás da câmara
AS TEIAS E OS MESTRES
O
nome da exposição é “Transience: Daredevils and Towering Webs”, e estará patente na Taipa Village Art Space, entre 13 de Janeiro e 31 de Março. Usando técnicas que remontam ao séc. XIX, o luso-americano Hugo Teixeira foca uma das características de Macau: os andaimes de bambu que enchem a cidade, assim como os mestres que os construíram. As estruturas assemelham-se a gigantescas teias, e são o suporte das aranhas que ousam desafiar a gravidade para construir os prédios de Macau. Também os mestres que montam estas estruturas foram alvo da lente de Hugo Teixeira, em retratos com uma força que só uma técnica cuidada consegue captar.
O bambu e os mestres O que podemos esperar desta exposição? Podem ver cianotipia e ambrotipia, são os dois processos de fotografia que prefiro usar. Na cianotipia tiro fotografias num tom azul sob papel de aguarela, que é um processo antigo, enquanto a ambrotipia é fotografia a preto e branco sobre vidro. São ambos processos do século XIX. As cianotipias são imagens de diversos edifícios em Macau cobertos por andaimes em bambu, um projecto que comecei há algum tempo só por interesse pessoal. Depois, a ambrotipia são retratos dos mestres que montam esses andaimes em bambu. A ideia foi unir os dois processos num mesmo tema mas, ao mesmo tempo, ter duas vertentes diferentes para se poder perceber o valor e as diferenças entre ambos. De onde veio a ideia de fotografar andaimes? Quando cheguei a Macau adorava andar pela cidade, perdia-me durante horas. Vivo aqui há seis anos. Quando cheguei houve diversos temas que me interessaram, que me chamaram a atenção e que comecei a fotografar, só por brincadeira. Depois, mais tarde, explorei com tempo e cuidado. Os andaimes foi um tema que permaneceu até hoje, e que acabou por interessar o João Ó, que me convidou para fazer uma exposição. Ele também trabalha em bambu, fez várias instalações e estruturas com esse material. Foi um tema em que pude ligar os dois processos fotográficos, no fundo, a fotografia que eu gosto de fazer. Como começa o seu interesse pela fotografia? Comecei por roubar a máquina da minha mãe, tirar umas fotografias e depois levar nas orelhas por cortar cabeças, pernas, etc. Mais tarde, fui atraído pela tecnologia. Tinha um amigo que comprou uma daquelas primeiras máquinas automáticas, DSLR. Gostava de ver como aquilo funcionava. Foi um interesse partilhado com outros amigos, isto com 17, 18, 19 anos, e começámos a fotografar como hobby. Nesse tempo, claro, ainda analógico, o digital ainda estava a começar, mas foi aí o princípio. O gosto aprofundou-se... Depois de acabar o curso universitário fui para Portugal e interessei-me mais pelo lado de fotojornalismo e da fotografia documental. Nos Estados Unidos tinha começado o curso de Belas-Artes, mas depois vi que não teria emprego, e virei-me mais para a linguística. Fui criado com duas
línguas e tinha o interesse por línguas e comunicação. Quando fui para Portugal, fiz o curso de fotojornalismo e fotografia documental na ETIC e depois vim para a China. Comecei a explorar temas de uma forma mais documental, mas ficou-me o interesse por estes processos antigos que aprendi nas Belas-Artes. Tinha um professor que até o papel produzia, fazia as fotografias de raiz. Naquela altura fiquei curioso, mas acabei por não explorar logo as técnicas. Aí fazia mais fotografia a preto e branco, papel, mais tradicional. Mas aquilo ficou. Alguma ideia porquê? Estas técnicas antigas já tinham sido a última tecnologia de há muito tempo. Gosto da ideia de pegar numa tecnologia ultrapassada e explorá-la como alternativa. Curiosa forma de viver a fotografia na era do Instagram. O Instagram, as selfies, toda essa cultura não me parece que tenha vindo substituir nada do que era feito antes, mas é uma nova vertente. Pessoalmente não me interessa, não gosto muito de partilhar nas redes sociais, mas aprecio como outro meio, outra opção. Quais são as suas principais influências? Toda a escola de Dusseldorf, adoro tipografias, repetir o mesmo tema para explorar uma estrutura. Ultimamente, Mark Klett e Trudy Smith. Eles começam do arquivo fotográfico e tentam colocar essas imagens no contexto contemporâneo. O Mark, por exemplo, fez um grande trabalho com fotografias de arquivo de São Francisco em 1906, depois do grande terramoto que
“Os andaimes em bambu são estruturas grandes, muito simétricas. É uma forma diferente de olharmos para os edifícios, são coisas muito temporárias, mas permitem-me focar-me apenas na forma.” destruiu a cidade. Depois fotografou os mesmos locais em 2006, um século depois. Trudy fotografa temas mais sociológicos. Gosto muito do trabalho que fez sobre a forma como se criou a identidade canadiana. Partiu daquelas primeiras imagens dos territórios não povoados, novos territórios recém-colonizados do Canadá. As suas influências são só fotógrafos? Não, também cineastas, como por exemplo Wes Anderson. Gosto daqueles enquadramentos direitinhos, tudo muito simétrico, de frente, ou de cima. Os andaimes em bambu são estruturas grandes, muito simétricas. É uma forma diferente de olharmos
“Gosto da ideia de pegar numa tecnologia ultrapassada e explorá-la como alternativa.”
para os edifícios, são coisas muito temporárias, mas permitem-me focar-me apenas na forma, em vez de ser o edifício tal, ou a igreja tal. Fica simplesmente a forma, depois resta-me procurar um ângulo que permita captar aquele retrato do edifício. Acho um desafio interessante. Como é o seu processo criativo? Por exemplo, quando vou a caminho do trabalho, dou uma volta a pé, vejo uma coisa e capto com o telefone. Ah, porque eu sou professor de Inglês, trabalho no Instituto de Formação Turística, já estive no Politécnico, no Externato de São José. A fotografia sempre foi um hobby. Mas gosto de andar e procurar coisas para fotografar, excepto no Verão, em que não dá para andar por aí com a máquina. Depois volto, com mais tempo, porque estou a fotografar com máquinas de grande formato. Normalmente, cativam-me estruturas, enquadramentos, não sei por que me chamam a atenção, mas há algo diferente a que quero voltar, que quero ver com mais cuidado. Primeiro ando à procura dos ângulos certos, como são edifícios enormes, para variar o ângulo, por vezes tenho de me deslocar um quilómetro. Depois volto com a máquina, com o filme, com tripé, e capto quatro ou cinco fotogramas. O passo seguinte é ir para casa revelar, tentar não deixar cair os negativos no meio do chão, tentar não abrir a máquina com as luzes ainda acesas. Metades das vezes tenho de voltar e fotografar outra vez (risos). Depois da revelação vem a digitalização. Grande parte das imagens que vou mostrar já tirei há um ano ou dois. Vivo algum tempo com as imagens, depois faço ampliações digitais sobre acetato, assim como algumas
11 ENTREVISTA
JOÃO Ó
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pequenas provas para ver se realmente resulta. Só posteriormente é que faço o formato maior. E o retrato dos mestres de bambu? A ambrotopia teve um processo completamente diferente. Convidá-
mos os mestres lá para minha casa, para o terraço. Foi um processo mais simples, fiz uma ou duas imagens, eles perderam a paciência e foram-se embora. Fica aquilo, porque uma imagem é final, é o positivo sobre vidro. Digitalizei mais tarde
porque aquilo ainda leva verniz. É um processo mais rápido. Na cianotipia faço grande, depois repito três, quatro vezes até acertar o contraste. Como surgiu esta oportunidade de retratar os mestres?
Os retratos foram com a ajuda do João Ó, que é o curador da exposição. Ele trabalha já há algum tempo com os mestres do bambu, inclusive convidou alguns para ir a Portugal montar bambu no Museu de História Natural e Ciência de Lisboa. Aproveitei esses
elos que ele estabeleceu para fazer a parte dos retratos. Nós partimos da ideia de querer mostrar os processos, não queria apenas mostrar fotografias aleatoriamente. Peguei nos edifícios que já tinha fotografado há algum tempo e tentei com a ambrotipia. Acho que retrata as pessoas de uma forma muito interessante, muito diferente. Como o João já tem estas relações estabelecidas, aproveitámos para convidar os mestres para irem lá a casa. O processo demorava muito tempo, e nalguns casos os senhores já tinham alguma idade, eram reformados, mas porque um amigo de um amigo convidou, eles apareceram. Fazia uma imagem, revelava, e eles perguntavam: ‘Está tudo bem, posso ir embora?’, ‘Pode ir embora, muito obrigado senhor Ho’. Outros que conheciam melhor o João ficavam. Bebiam umas cervejinhas, fumavam um cigarrinho e conversávamos um pouco. Mas foi o João que permitiu fazer a ligação. Porque eu, embora esteja cá há seis anos, não falo chinês para poder estabelecer aqueles elos. João Luz
info@hojemacau.com.mo
12 CHINA
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UGANDA TRABALHADORES DE EMPRESA CHINESA EM GREVE CONTRA ASSÉDIO SEXUAL DE GESTORES
C
ERCA de 400 trabalhadores ugandeses de uma empresa de construção chinesa fizeram ontem greve para protestar contra o assédio sexual pelos gestores e baixos salários. Os empregados fizeram uma concentração frente aos escritórios da empresa estatal chinesa China Railway Seventh Group, na capital do Uganda, Campala. Uma das trabalhadoras, Agnes Namusisi, acusou os gestores de pagarem às trabalhadoras se concordarem em ter relações sexuais.
“Não sou paga há três meses, porque recusei avanços sexuais do meu patrão”, afirmou Namusisi. Os alegados maus tratos também incluem horários longos e
agressões aos trabalhadores que encontrarem atrasados nos seus objectivos, acrescentou. Um autarca da cidade, Geoffrey Rwakabale, informou que a construção da estrada que a empresa chinesa foi contratada para fazer tinha sido suspensa durante três dias, enquanto se esperava pelo resultado das discussões entre os autarcas e os dirigentes da empresa. “Decidimos que os trabalhadores parassem temporariamente os trabalhos até quinta-feira, enquanto falamos com
os gestores da empresa”, disse Turwakabale. O presidente da câmara de Campala, Erias Lukwago, disse que admitia colocar a empresa numa “lista negra”, se esta não responder às preocupações dos seus trabalhadores. O Banco Mundial cancelou um projecto de construção de uma estrada, com 225 quilómetros, no oeste do Uganda, no valor de 265 milhões de dólares, em Dezembro de 2015, depois de uma inspecção apurar más práticas de uma empresa subcontratada pelo governo, incluindo assédio sexual a trabalhadoras e relações sexuais dos trabalhadores com menores.
EMBAIXADOR PORTUGUÊS EM PEQUIM DISTINGUIDO
Diplomacia com valor
O
embaixador de Portugal em Pequim, Jorge Torres Pereira, recebeu esta quarta-feira em Lisboa o prémio de melhor diplomata económico do ano, atribuído pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP). Em comunicado terça-feira enviado à Lusa, a CCIP precisou que o prémio anual, baptizado com o nome de Francisco de Melo e Torres, prestigiado diplomata português do século XVII, e que vai na quarta edição, foi entregue ao embaixador português, no âmbito do Seminário Diplomático promovido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, a decorrer no auditório do Museu do Oriente. Licenciado em Medicina, Jorge Ryder Torres Pereira ingressou na carreira diplomática em 1986 e já esteve colocado em Londres, Telavive, Moscovo, Madrid, Ramallah e Banguecoque, antes de representar Portugal em Pequim. O diplomata recebeu o prémio para o chefe de missão diplomática que, ao longo do ano, mais se destacou “no apoio à internacionalização de empresas portuguesas e na captação do investimento estrangeiro, contribuindo para o crescimento da economia portuguesa”, das mãos do presidente do júri, o embaixador António Monteiro, e do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Bruno Bobone.
BOAS APLICAÇÕES
No valor de 25 mil euros, o prémio de cujo júri fazem ainda parte Paulo Portas, vice-presidente da CCIP, e Miguel Horta e Costa, membro da direcção - será aplicado em “acções de apoio à internacionalização das
O diplomata recebeu o prémio para o chefe de missão diplomática que, ao longo do ano, mais se destacou “no apoio à internacionalização de empresas portuguesas e na captação do investimento estrangeiro, contribuindo para o crescimento da economia portuguesa” empresas portuguesas e na captação de investimento estrangeiro, contribuindo deste modo para a melhoria do desempenho da missão diplomática premiada”, lê-se no comunicado. Para escolher o vencedor, o júri “analisa casos concretos de empresas que se tenham internacionalizado com o apoio do diplomata nomeado, casos de empresas estran-
geiras que se tenham estabelecido em Portugal ou entrado no capital de uma empresa portuguesa através da actuação directa do chefe de missão diplomática, bem como eventos organizados pelo nomeado para promover a imagem de Portugal”, refere-se ainda no documento. O presidente da CCIP sublinha a importância do Prémio Francisco de Melo e Torres, argumentando
que este “tem vindo a afirmar-se como uma referência” ao reconhecer “o papel fundamental que os nossos diplomatas têm na aplicação objectiva e com resultados da diplomacia económica nas empresas e na economia portuguesa.”
SETE MORTOS EM FOGO EM LAR DE IDOSOS Sete pessoas morreram ontem num fogo num lar de idosos na China, na província de Jilin, noticiou a agência oficial Xinhua.O fogo deflagrou durante a madrugada no lar de propriedade privada e foi extinto cerca de 20 minutos depois do alerta, mas sete pessoas morreram. Trinta e dois residentes do lar foram resgatados. As causas do incêndio estão em investigação. Um total de 338.000 casos de incêndio, que resultaram na morte de 1.742 pessoas, foram reportados na China em 2015, segundo as estatísticas do Governo.
PLANO PARA TRAVAR QUEDA DO YUAN
A
China preparou vários planos de contingência para dar apoio ao yuan e travar a fuga de capitais a que o país tem assistido nos últimos meses, segundo adiantaram fontes próximas do assunto à Bloomberg. Entre as medidas estudadas está a venda de moeda estrangeira e de obrigações norte-americanas para estabilizar a moeda e evitar a saída de dinheiro do país. Os planos surgem numa altura de enorme pressão sobre o yuan face à forte apreciação do dólar, de intensificação da fuga de capitais e de preocupação em relação às medidas punitivas que o Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, poderá decidir quanto às exportações chinesas. Os reguladores financeiros já encorajaram o sector empresarial público a vender moeda estrangeira e poderão forçar as empresas estatais a converter temporariamente em yuans as suas posições em divisas internacionais. Adicionalmente, Pequim poderá acelerar o ritmo de venda de obrigações norte-americanas ao longo de todo o ano caso seja necessário intervir na estabilização da moeda. “A China tem sido desafiada pela saída de capitais e pela queda de reservas em moeda estrangeira, e os responsáveis estão a tomar medidas para resolver o problema”, referiu Eddie Cheung, estratega da Standard Chartered, à Bloomberg. “Os fundos vão continuar a sair na primeira metade do ano devido ao dólar e receios quanto à incerteza da política norte-americana”, acrescentou.
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O
julgamento de um casal de cidadãos portugueses que está retido em Timor-Leste há dois anos, acusados de peculato, branqueamento de capitais e falsificação documental, começa no dia 28 de Fevereiro, determinou o Tribunal de Díli. A data do arranque do julgamento de Tiago e Fong Guerra, que tem para já uma segunda sessão marcada para 14 de Março, foi confirmada numa curta audiência no Tribunal Distrital de Díli (TDD) presidida pela juíza Jacinta da Costa na terça-feira. “Por um lado estamos satisfeitos pelo facto de o tribunal ter adiado o início do julgamento, considerando que ainda decorre prazo para apresentarmos a contestação bem como o rol de testemunhas e outros meios de prova, exercendo assim, de forma plena, todos os direitos processuais por forma a podermos provar a nossa inocência e limpar o nosso bom nome”, disse à Lusa Tiago Guerra. “Contudo, não podemos deixar de salientar que esta questão, que já leva dois anos, tem paralisado as nossas vidas, bem como a vida dos nossos familiares, em especial dos nossos filhos”, sublinhou. Um dos advogados do casal tinha sido notificado de que o julPUB
Licença para julgar
armas entre a acusação e a defesa. Esperamos, acima de tudo, que seja feita justiça”, disse ainda.
DA ACUSAÇÃO
Julgamento de portugueses retidos em Díli marcado para Fevereiro
Tiago Guerra
gamento começaria a 3 de Janeiro mas a notificação não cumpriu o previsto na lei, que determina que devem ser os arguidos a ser notificados pessoalmente. Os dois portugueses - que só no final de Dezembro tiveram acesso ao processo completo foram ao TDD e acabaram por
ser formalmente notificados a 28 de Dezembro, ou seja com tempo insuficiente para que o julgamento pudesse começar a 3 de Janeiro. Na curta audiência na terça-feira a juíza propôs o arranque do julgamento para 28 de Fevereiro, data aceite pela defesa e Ministério Público.
REGIÃO
“Não tem sido fácil lidar com a presunção de culpa, reconhecendo que principio maior é o da presunção da inocência, tal como foi invocado recentemente pelo primeiro-ministro timorense”, frisou Guerra. “Queremos acreditar num julgamento justo com igualdade de
Em causa está a acusação, pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais e falsificação documental. Na acusação, o MP considera os arguidos responsáveis pela autoria material em concurso real e na forma consumada dos três crimes. Como provas, além de documentos contidos no processo, o MP timorense apresenta quatro testemunhas, incluindo o ex-vice-ministro das Finanças Rui Hanjam, dois outros funcionários do Ministério das Finanças e a actual ministra desta pasta, Santina Cardoso. A procuradora defende a manutenção das medidas de coação, considerando até que “se reforçaram os pressupostos que determinaram a aplicação” dessas medidas. Pede ainda que os arguidos sejam condenados a pagar uma compensação civil no valor do que dizem ser as perdas do Estado timorense, que totalizam 859.706,30 dólares. No caso do crime de peculato e de branqueamento de capitais, as penas máximas previstas no Código Penal timorense são de 12 anos de cadeia e para o crime de falsificação de documentos a pena máxima é multa ou três anos de prisão.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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ZEUS
MANUEL TEIXEIRA GOMES NO GRANDE ECRÃ
O
RADICAL DESEJO DE FELICIDADE, não é, mas podia ser, o título do filme ZEUS que nesta quinta feira de inicio de 2017, é distribuído pela NÓS em Portugal e tem, na mesma quinta-feira dia 5 de Janeiro, ante-estreia na Cinemateca Portuguesa. O filme acompanha a vida do herói, herói relutante, esse tipo de herói que modernidade ocidental inventou e que no caso tem nome próprio, Manuel Teixeira Gomes. Quem foi este homem, político, diplomata, escritor, que se demite a si mesmo do cargo de presidente da República Portuguesa, e decide viver os últimos anos da sua vida num exílio por ele próprio decidido, na cidade de Bougie, Argélia, margem sul do mediterrâneo? É o que se espera melhor conhecer quando a projecção termina. O filme cumpre essa natural expectativa. Vivemos um tempo em que é comum títulos de jornal sobre o uso da coisa pública em proveito próprio.
Nenhum título nos fala do abandono, da recusa do exercício do Poder. O que dizer de alguém que, tendo o poder da presidência de República, a abandona por vontade própria e se auto exila entre outras terras e gentes? Este foi o caso do sétimo presidente da República Portuguesa, Manuel Teixeira Gomes, com fortuna herdada e construída pelo próprio, eleito a 6 de Agosto de 1923 presidente da ainda adolescente República Portuguesa, cargo de que se demite em 1925, para o acaso o instalar na cidade já referida. Norberto Lopes, no prefácio de “O Exilado de Bougie”, compara Manuel Teixeira Gomes a um grego do século de Péricles e/ ou príncipe florentino da renascença, há quem dele fale evocando a personagem Corto Maltese de Hugo Pratt. O cargo era grande ou pequeno demais para o homem Manuel Teixeira Gomes? ZEUS, é o nome do Filme de Paulo Filipe Monteiro, e o do cargueiro,
onde o personagem principal desta ficção biográfica embarca 5 dias depois ao abandono das funções de Estado. Com 65 anos, muda de vida. A história real, desconhecida para a grande maioria dos portugueses, é trazida a filme pelo argumentista e realizador, Paulo Filipe Monteiro. O filme integra, de forma ficcional e sem acentuados dramatismos os acontecimentos políticos que antecederam a implantação da ditadura e, centra-se sobretudo, nesse tempo do exílio desejado, onde um confortável anonimato permite o prazer sensorial e a disponibilidade para a alteridade, para o encontro com a existência do outro. De alguma forma o filme também é uma fala sobre o colonialismo, neste caso o da França, sobre essa arrogância que se apresenta a si mesma como factor de civilização. Formalmente o filme assume uma montagem elíptica, por blocos, com citações não inteiramente conseguidas ao expressionismo alemão e ao mestre
Murnau. Trabalha a luz e a sua ausência, é Paulo Filipe Monteiro quem afirma: “ Zeus é um filme sobre a luz. Outros em Portugal filmaram, e tão bem, a escuridão, a tal soturnidade, a tal melancolia, “um desejo absurdo de sofrer”. Eu gosto da luz nas pessoas e das pessoas que procuram a luz”. O filme trabalha com situações e frases verdadeiras, que permitem um olhar cinematográfico sobre a vida de um homem de espírito, livre, original. Estruturado em três blocos, cada um com o seu director de fotografia e o seu director de som, esses blocos vão alternando, o que torna a linguagem narrativa mais contemporânea, embora dando a mão ao espectador para que ele não se perca. Transcreve-se uma conversa breve com o realizador: ZEUS, é o nome do cargueiro holandês em que o herói viaja quando abandona o exercício do cargo de Presidente da República e procura
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cidade ecrã
outra alteridade. ZEUS, o filme, inscreve-se no género ficção histórica, tem como personagem principal Manuel Teixeira Gomes, escritor, diplomata, burguês com fortuna pessoal herdada e construída pelo próprio, eleito a 6 de Agosto de 1923 presidente da adolescente República Portuguesa, cargo de que se demite em 1925. É a partida, a viagem, depois do abandonar o cargo de P.R.P. o que te levou ao filme? Sim, o meu interesse por essa figura extraordinária e tão desconhecida dos portugueses começou por esse gesto inaudito de coragem e de liberdade: renunciar à Presidência e, aos 65 anos, mudar completamente de vida. Um homem com aquela importância, Presidente da República, ex Vice-Presidente da Sociedade das Nações (antecessora da ONU), sempre tão chic, grande coleccionador de arte, decide largar tudo e partir no primeiro barco que saia de Lisboa, mesmo sendo um cargueiro, não lhe interessa o destino. Passado um tempo está a viver com os nómadas no deserto... O filme procura resposta sobre o que faltou, ou esteve em excesso, em Manuel Teixeira Gomes, que o levou a abdicar do exercício do Poder? O que o levou a partir foram um conjunto de questões políticas e pessoais (a instabilidade, o avanço dos militares e dos fascistas, a lucidez de saber que o poder ia cair nas mãos dos militares, o pouco poder constitucional do presidente para travar isso, o desejo de não ser ele a entregar o poder aos militares, a morte do irmão, o escândalo Alves dos Reis, etc.), que o desgostavam de cá estar. Mas também a atracção de sempre pelas viagens, o fascínio pelo anonimato, a admiração antiga pela cultura árabe. Norberto Lopes, no prefácio de “O Exilado de Bougie”, compara Manuel Teixeira Gomes a um grego do século de Péricles e príncipe florentino da renascença, também há quem fale da personagem Corto Maltese de Hugo Pratt. Como foi o teu processo de casting? Procuras-te o actor, aquele que tem, sensibilidade e técnica, a capacidade da metamorfose, ou o actor que serve o papel por encaixe através de características antropomórficas, cor de olhos, estatura, modos de estar? Havia actores mais parecidos de cara e corpo com Teixeira Gomes. Mas apostei no Sinde Filipe, que tem a enorme inteligência, elegância e sensibilidade. Foi uma aposta ganha, encarnou completamente a personagem. Ainda só fomos a dois festivais e em ambos
ganhou o prémio de melhor actor (em Mombai e em Coimbra). Filmar época é sempre um problema acrescido, obriga a um investimento ainda mais cuidado nos décores, guarda-roupa, até mesmo na direcção de actores, esta condição limitou, ou a procura dessa materialidade, resgatou o tempo da narrativa da prisão cronológica? Sim, é preciso mais cuidado, tempo e dinheiro. Creio que conseguimos. O João Torres é um fabuloso director de arte, conseguiu milagres. A Sílvia Grabovski, como sempre, a ganhar o prémio de melhor guarda-roupa. Os
“ Zeus é um filme sobre a luz. Outros em Portugal filmaram, e tão bem, a escuridão, a tal soturnidade, a tal melancolia, “um desejo absurdo de sofrer”. Eu gosto da luz nas pessoas e das pessoas que procuram a luz.” PAULO FILIPE MONTEIRO REALIZADOR
Rui Filipe Torres1
des filmes estrangeiros. Para já estamos concentrados nisso, depois trabalharemos na saída internacional do filme. O projecto ZEUS esteve nas primeiras obras, ou conseguiste o quase milagre de teres dois filmes ficção de longa metragem no teu CV, sem passar pelas primeiras obras do ICA? Eu não realizei duas longas. Fui actor em 10 longas-metragens, portuguesas e estrangeiras. Como guionista, escrevi sete longas para outros realizadores. Como realizador, só fiz Amor Cego, de 25 minutos, e agora Zeus, apoiado pelo ICA no concurso de primeiras obras. Já sabes qual vai ser o teu próximo filme ? Anda a fervilhar na minha cabeça. Não julguem que vou continuar a fazer sempre filmes de época: o próximo é bem contemporâneo. ZEUS é a primeira longa metragem que Paulo Filipe Monteiro assina, no entanto o cinema é central na sua produção teórica e profissional, prova-o a sua tese de doutoramento em 1995, orientada pelo ilustríssimo Eduardo Lourenço “Autos da alma: os guiões de ficção do cinema português entre 1961 e 1990”.
actores a tornarem-se pessoas daquele tempo, mas seres vivos, não empoados. Só a música não é de época, achei que seria demais. ZEUS, chega às salas nacionais a 5 de Janeiro de 2017. Quanto tempo demorou o processo, quando pensas-te pela primeira vez fazer este filme ? Estou há oito anos a trabalhar neste projecto! Exigiu muita investigação,
em Portugal e na Argélia, e cuidadosa preparação. É uma grande alegria ele agora chegar às pessoas. Em quantos ecrãs o filme vai estrear? Como está a ser o circuito dos Festivais, o filme foi proposta a festivais classe A? A distribuição internacional é feita por quem ? Vai estrear em vinte salas, o que é raríssimo em Portugal, mesmo com gran-
Como estamos neste início de ano, espero que não se oponham a que expresse votos de excelente ano de 2017 para a cinematografia Portuguesa.
1 - Cineasta. Licenciado em Ciências da Comunicação pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Mestrando em Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa. O texto não segue o novo acordo ortográfico.
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diários de próspero
António Cabrita
Macau 26/12/2016 Um vício (já o Henry Miller tem um livro intitulado Leituras na Retrete): nunca me enfio na casa-de-banho sem me munir de um livro sacado ao acaso da estante que, no corredor, lhe fica em frente. Calhoume Macau, um livro de poesia do brasileiro Paulo Henriques Britto, que, com este livro, ganhou o antigo prémio Telecom, hoje denominado Oceanos. Usa-se a palavra “Macau” num único poema, que pertence à série Sete sonetos simétricos, onde se lê: «(...) esse minúsculo/império sem território, Macau/ sempre à mercê do latejar de um músculo (...)». Para além da ironia, do leve tom cómico-marítimo que atravessa o livro, não há nenhuma outra referência ou justificação para o título do livro. Contudo, diz-se num poema anterior a este, em Bagatela para a mão esquerda: «À mão esquerda é vedado/ o recurso falso e fácil/ de dispensar a partitura/ a fraqueza (dita força)/ do hábito. (...) (No entanto ela escreve coisas/da mais esconsa eloquência:/atropelar o sentido/ ao contrapêlo da pauta/ é a sua ciência.)». Talvez então Macau represente esse exercício de «pensar contra si próprio» que tem um símil no obrigar-se a escrever à canhota, como exercício de disciplina espiritual, e que simbolizaria muito do não-dito da gesta portuguesa: um louco exercício de descobrir um fundamento fora de si mesmo, ainda que seja nos antípodas. E talvez o quarto de Dez Sonetóides Mancos forneça a chave do livro: «Também já estive aí, no não-lugar/onde você agora não se encontra./Também não me encontrei.// Aliás foi justamente contra/a tal necessidade de seguir alguma/rota que jurei lutar. Lutei, perdi,/ e pronto: agora estou aqui,/ a alguns centímetros do meu próprio umbigo.// Se tudo correr bem, também a tua derrota/ vai ser de bom tamanho. Pode contar comigo.» Este poema é de uma fascinante ambivalência. Por um lado, ao nível mais geral do âmbito do livro, pode ler-se como uma desconstrução sacana de algo que inclusive não nomeia: a Saudade, esse sentimento que os portugueses inventaram para se ejectarem fora-do-lugar onde se encontram, num intangível e oblíquo esplendor ideal, descobrindo-se embora a alguns centímetros do seu próprio umbigo,
pois, afinal, quem a si mesmo escapa? Por outro lê-se como auto-derrisão, no sentido de os homens (e o poeta idem) estarem condenados ao auto-engano (a procura da tal rota ou sentido para a vida) e a buscar nos não-lugares as suas miras. Neste sentido, Macau significará o mesmo que Madagáscar, no meu imaginário, quando escrevi: « Os meus binóculos varrem as águas na direcção de Madagáscar. Enclavinhada na linha do meu olhar desponta a ilha. Enorme, o recorte da sua costa reflecte invertida a costa de Mozambique - é mar que nasceu de cesariana! Não se vê, a ilha, mas já lá pus os pés e é um bom lugar para morrer, mais belo e intenso que o lado de cá. Escolhi voltar, mas a semente do que daqui não vejo frutificou: eis-me prenhe do que em mim doravante se chama Madagáscar, um cenário onde ainda respiram piratas
e lemingues, ideal para uma topografia do sonho. Vim para África recuperar o primeiro olhar, desapropriar o nome. Terei alguma vez a coragem de o mudar? Identifico-me totalmente com essa figura mítica de São Sebastião de Maranhão que se perdeu nas selva amazónicas, com o seu cortejo de elefantes, serpentes de prata, carroças cheias de tesouros, flores e palmas por toda a parte, pajens, alabardeiros e formosíssimas escravas – só não me identifico mais porque, azar de rosto humano, o processo histórico me negou as escravas.» Macau: um livro absolutamente a redescobrir. 28/12/2016 Quatro da manhã. Toca o telefone. Nem tenho tempo de atender, vai abaixo. O número não pertence a nenhuma
das operadoras telefónicas oficiais em Moçambique. É um 87, dizem ser uma linha que só usa a polícia. Não faço ideia. Ao fim de cinco tentativas, na calada da noite, resolvo atender. É a voz de uma mulher, que me fala em changana, ou ronga, sei lá. Digo-lhe logo que é engano, e corto a chamada. Ela insiste, à quarta vez atendo de novo, explico que não falo a língua dela - ela não parece importar-se. Calo-me e durante cinco minutos ouço o tom lamentoso de alguém que está na agonia de algo, a respiração sai-lhe sôfrega – pede-me ajuda? Fala português, pergunto. Inglês? A toada continua, numa língua que desconheço, parece-me aflita, isso é certo, mas tudo nos separa – e de repente é noite, diria o Ungaretti. Uma vez, nos idos de 80, fiz uma interrupção no jornalismo e trabalhei na RTP. Numa série de humor miserável. Era «script girl» - anotador. Na edição da série (a montagem, como então se chamava), via-me metido nas catacumbas do Lumiar, onde ao longo de um corredor penumbroso se sucediam os gabinetes para a montagem. E o meu trabalho, em oito horas penosas, consistia em consultar o meu dossier de 20 em 20 m para responder à pergunta monocórdica do realizador: António, o take 431 é o take 431? Eu consultava os meus apontamentos para responder, Confere. Ao fim de uma hora via-me verde de agonia, três horas depois a cabeça latejava. O meu único entretém era o corrupio no telefone público, encastrado na parede do corredor em frente ao meu gabinete, e permanentemente ocupado por uma miúda de estalo, que era script-girl como eu. Naquele dia as coisas não lhe estavam a correr bem. Estava sôfrega e ansiosa, devido a uma decepção. E às tantas ouço-a gritar, Tu não me podes fazer isso! E sai do telefone numa corrida, deixando o auscultador pendido. Tive de me levantar para ir pousá-lo no bocal e antes, a curiosidade mata, levei-o ao ouvido, no intuito de ouvir a voz do animal que magoava uma lasca daquelas. E ouço do outro lado, “Ao segundo sinal serão 12 horas, 42 minutos e treze segundos...” Era o Serviço do Tempo. Ela já não estava muito boa da cabeça, e aquela era a sua evasão. No dia seguinte demiti-me.
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RUAS DE PÊLO ERIÇADO
EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT EXPOSIÇÃO “O TEMPO CORRE” DE LAI SIO KIT Casa Garden (Até 08/01) E EXPOSIÇÃO “ÁRVORES E ARBUSTOS DE MACAU” DE CATARINA FRANÇA E MAFALDA PAIVA Instituto Internacional de Macau (Até 13/01) EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)
C I N E M A PROBLEMA 150
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 149
UM DISCO HOJE
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)
Cineteatro
0.21 AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1
EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02)
(F)UTILIDADES
Há um burburinho a subir das entranhas de Macau. Sinto-o vibrar nos meus bigodes. Humanos impacientes, a serem arrancados da complacência por sentimentos de revolta, movidos pelo combustível da injustiça. Gosto de vê-los assim, é bom não ser o único a ter pêlo eriçado, a sentir um profundo e orgulhoso desdém pela autoridade. Disse-me um passarinho que haverá uma manifestação no domingo contra o aumento excessivo de multas. Não sei o que são multas, mas tudo o que é excessivo parece-me bem, incluindo o protesto. Eu protesto todos os dias e tenho sempre o que quero. Portas abertas, comida, água, até massagens e mimo. Não percebo por que os humanos não usam deste expediente mais vezes. Serão assim tão dóceis? Talvez venha daí a incompreensível adoração canina. Sei que os recém-nascidos usam muito esta técnica, sempre com resultados eficazes. A razão por que decidem parar é algo que me escapa. Por mim, vou assistir à passagem do cortejo, e imaginar-me a ziguezaguear entre as pernas das pessoas, raspando-me, coçando-me, deixando pêlo aqui e ali. Seguro no sexto andar, onde não posso ser pisado por nenhum pé afoito, ou vítima da característica falha de coordenação motora humana. Gosto muito disto, espreguiço-me de prazer ao imaginar reboliço. Qualquer gato que sugira que não é anarquista é um gato mentiroso... e anarquista. Por isso, humanos, ouçam os meus ditames e encham as ruas, desfilem para mim, passem pela minha janela. Bocejarei de contentamento. Pu Yi
HERBIE HANCOCK | HEAD HUNTERS
Em 1973, o teclista Herbie Hancock lançou o seu 12.º álbum, “Head Hunters”. Foi um disco que marcou mais uma guinada sonora no multifacetado músico norte-americano. Com uma fortíssima secção rítmica, carregada de rhythm and blues e funk, Hancock encontrou uma fórmula que viria a marcar uma geração de músicos de jazz. Um momento marcante no jazz de fusão e cimeiro no que ao funk-jazz diz respeito. Um disco carregado de groove, que deixou para o futuro músicas que fazem o esqueleto mais rígido abanar, tais como Chameleon e Watermelon Man. João Luz ALLIED SALA 1
SALA 3
Filme de: Robert Zemeckis Com: Brad Pitt, Marion Cotillard 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
Filme de: J.A. Bayona Com: Lewis MacDougall, Felicity Jones, Sigourney Weaver 14.30, 16.30, 21.30
ALLIED [C]
SALA 2
A MONSTER CALLS [B]
A STREET CAT NAMED BOB [B]
SING [A]
Filme de: Roger Spottiswoode Com: Luke Treadaway, Joanne Froggatt 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 19.30
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18 OPINIÃO
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tecnologia
CHARLIE CHAPLIN, MODERN TIMES
DIOGO SIMÕES*
Strategic design: a variável secreta da inovação empresarial
E ´
seguro afirmar que a inovação é um dos principais motores da economia global. Novos produtos e serviços estão a concorrer com negócios antigos – o chamado “old money” - e há muito enraizados na nossa cultura, levando a que os mais desatentos os dêem como dados adquiridos. Vejamos o exemplo da Uber e a revolta que gerou nos transportes públicos e privados tradicionais. Há muito tempo que se dava como adquirido que o transporte de passageiros da localização A para localização B era uma necessidade com todas as soluções já descobertas, intensivamente testadas e validadas. A inovação tecnológica encarregou-se rapidamente de provar que essa afirmação era tudo menos verdadeira e que estaríamos no limiar de uma revolução. Como em todas as revoluções, são as pessoas que têm o papel principal. A revolução gira em torno de um descontentamento com determinados conceitos e valores que são unilateralmente impostos. No passado, quando o “old-money” reinava, o produto era dono e senhor – uma ditadura em termos de modelo de negócio. As marcas não queriam saber das pessoas nem do que estas consumiam. A estratégia era completamente invertida: existiam produtos limitados e as pessoas consumiam o pouco que existia no mercado, sem grandes alternativas de expressar a sua opinião ou de mostrar o seu descontentamento. Mas será a inovação tecnológica por si só é suficiente para gerar um novo paradigma de negócio? Será que a tecnologia foi a principal variável desta equação? Transcrevendo
esta mesma equação: de um lado está uma necessidade que precisa de ser colmatada, do outro lado está a inovação tecnológica. É suficiente? Retratando de uma forma mais prática: de um lado está a necessidade de transporte de passageiros, do outro está a tecnologia para tornar empresas como a Uber possíveis. Colocando as variáveis nesta posição, estamos a descrever exactamente o modelo de negócio de tempos passados onde a simples fórmula “Problema resolvido é igual à soma da necessidade com a tecnologia.” Então o que distingue o “old-money” do “new-money”? O que faz com que, por exemplo, o maior grupo hoteleiro, com 8.000 (oito mil) quartos esteja avaliado em $7B e o Airbnb, com 0 (zero) quartos esteja avaliado em $30B? A resposta para estas perguntas é tão simples que este artigo pode parecer irrelevante: a forma de ouvir os consumidores mudou. Existe mais uma variável na tal equação que funciona tão naturalmente que passa despercebida aos olhos de quem a consome: O Strategic Design. Este processo oferece às empresas uma forma de olhar para o negócio como um todo
Nesta nova Era as empresas não podem olhar para o passado em busca de orientação, o sucesso depende hoje da intersecção de novas tecnologias com as rápidas mudanças nas expectativas dos clientes
e não apenas para as partes que pareçam mais frágeis. E muitas vezes essa fragilidade não está no produto ou serviço, está na experiência que estes oferecem aos seus consumidores, às pessoas. A experiência de utilização de um serviço, produto ou mesmo de uma marca é vital para o seu sucesso e, nos dias de hoje, não está apenas ligada à própria utilização mas também ao que a precede e sucede. Como referi anteriormente, a necessidade de transportar pessoas sempre existiu. E sempre existiram formas de a satisfazer. A pergunta que impera é: as soluções que existiam no mercado ofereciam uma boa experiência de utilização a quem as procurava? O mercado mostrou rapidamente que não. E é neste “não” que as empresas têm de trabalhar. A geração de novas ideias e conceitos é óptima para a inovação, mas esta fase é só o início do processo. As ideias precisam de ser validadas por quem vai usufruir delas: as pessoas. Os consumidores que vão comprar têm de ser ouvidos e esse feedback é crucial para as marcas e para as empresas. O sucesso do Strategic Design, aliado à tecnologia, facilmente é validado quando empresas como a Uber, Paypal, Airbnb e Netflix – entre muitas outras - o utilizam para manter viva a experiência que oferecem ao seu público-alvo. Nesta nova Era as empresas não podem olhar para o passado em busca de orientação, o sucesso depende hoje da intersecção de novas tecnologias com as rápidas mudanças nas expectativas dos clientes. É necessário que os empresários, empreendedores e decisores, descubram quem está no mercado e oferece aconselhamento em Strategic Design, para que possam começar a desenhar experiências de utilização que cativem o cliente desde o primeiro contacto com o seu negócio.
*Director Criativo na Load Interactive • www.load-interactive.com
19 hoje macau quinta-feira 5.1.2017
bairro do oriente
It’s the 2017 way, suckers!
T
ENHO andado durante estes primeiros dias do ano ocupado com coisas mais mundanas, como seja dormir, por exemplo, mas não queria deixar de abrir as hostilidades para 2017 aqui nas páginas do Hoje. Assim, e de forma a ser mais digerível do que a doçaria da quadra que amanhã termina, apresento os meus “dois tostões de prosa” na forma de itens numerados, para assim facilitar também a consulta. 1) Lamento imenso o que sucedeu a José Pereira Coutinho, que viveu na véspera de Natal aquilo que é apenas o início um drama familiar. Mais do que o impacto que possa ter na sua imagem política, o caso que envolve o nome dos filhos do deputado e presidente da ATFPM é algo que mudará muito mais do que a sua agenda profissional. Quem passa por isso sabe o que custa. Tenho a certeza que ele enfrentará com garra mais este desafio, como tem feito sempre até hoje. Uma mensagem de força e coragem para Pereira Coutinho. 2) Já no próprio dia de Natal e seguinte chegou-nos a notícia da morte de George Michael, ídolo da juventude dos anos 80 e ícone homossexual depois disso, e actualmente as duas coisas, conforme as vontades. O cantor que formava a metade mais visível dos “Wham!” escreveu em 2011 nas redes sociais que “nunca pediria desculpa pela sua orientação sexual”, e que “nem todos os homens o são [“gay”] mas...AH AH!” – assim, tal e qual. Bem, parece que o Jorge Miguel sabia de algo que eu ignoro por completo, e agradeço a atenção, apesar de nunca me ter ocorrido esta dúvida. E paz à sua alma, que até nisto era grande, o Jorge. 3) E também a propósito da onda de óbitos no meio das celebridades, o actor Charlie Sheen cometeu um desabafo, também nas redes sociais, onde se lia: “Deus, o Trump a seguir, por favor”. Caiu logo o Carmo e o Capitólio, pois razões que podeis imaginar, e por isso gostava de deixar aqui uma coisa bem clara: se me virem a suspirar qualquer coisa do tipo “Deus me livre”, não estou a rogar ao criador que elimine fisicamente alguém ou alguma coisa que me aborreça. Pelo sim e pelo não...e se fosse assim tão fácil... 4) Começando e acabando com Macau, parece que não houve fogo de artifício oficial na passagem de ano, por razões de logística (?). Mas no COTAI as munições chegaram a tempo, o que me levou achar graça a um comentário que li por aí algures: e que tal deixar o foguetório a cargo de quem entende da poda? Feliz 2017!
RICHARD AYOADE, SUBMARINE
LEOCARDO
Parece que não houve fogo de artifício oficial na passagem de ano, por razões de logística (?). Mas no COTAI as munições chegaram a tempo, o que me levou achar graça a um comentário que li por aí algures: e que tal deixar o foguetório a cargo de quem entende da poda?
OPINIÃO
Anti-tabagismo existe há milhares de anos nas igrejas Atlântido
QUEIXA NA COMISSÃO EUROPEIA SOBRE ALMARAZZ
MAIS DE 130 PRESOS FUGIRAM DE CADEIA NO SUL DAS FILIPINAS
Portugal vai apresentar nos próximos dias uma queixa formal à Comissão Europeia (CE), relacionada com a decisão espanhola de construir um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, disse ontem fonte do Ministério do Ambiente. «Portugal vai apresentar uma queixa formal à Comissão Europeia. A notificação será entregue nos próximos dias», avançou a fonte do ministério liderado por João Matos Fernandes, em resposta a uma questão da agência Lusa. O Governo espanhol deu luz verde à construção do armazém para resíduos nucleares na central de Almaraz, localizada a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, através de uma resolução da Direcção-Geral de Política Energética e Minas, do Ministério da Energia.
Mais de 130 presos escaparam de uma cadeira no sul das Filipinas na madrugada de ontem depois de alegados rebeldes muçulmanos terem atacado a prisão, informaram ontem as autoridades. O director da prisão, Peter Bongat, disse que um guarda foi morto e um preso foi ferido num tiroteio quando dezenas de homens armados invadiram a prisão do distrito de Cotabato Norte, em Kidapawan, na província de Cotabato. O chefe de polícia de Kidapawan, Leo Ajero, disse que dois dos 132 presos que escaparam foram recapturados, e que as tropas do exército e a polícia procuram os outros. A cadeia tinha mais de 1.500 reclusos.
ÁGUIAS FECHAM SEFEROVIC PARA ENTRADA IMEDIATA
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Haris Seferovic já não deverá fugir ao Benfica. A SAD liderada por Luís Filipe Vieira conseguiu fechar, na terça-feira, a contratação do avançado suíço de 24 anos ao Eintracht Frankfurt. Para este desfecho foi decisiva a presença do empresário do jogador em Lisboa, menos de uma semana depois de o agente ter estado reunido com Luís Filipe Vieira, encontro que serviu para adiantar um negócio que se desenrolava há muitas semanas. Segundo A BOLA, o internacional helvético chegará no imediato, ou seja, a integração no plantel é para ser feita já no mercado de Inverno e não apenas no Verão, hipótese que esteve em cima da mesa numa fase inicial das conversações, uma vez que Seferovic termina contrato com o emblema germânico e chegaria a custo zero. Assim não foi e os encarnados terão de pagar ao Eintracht um valor a rondar os dois milhões de euros. A chegada de Seferovic poderá fazer adivinhar uma eventual saída de um dos avançados do plantel às ordens de Rui Vitória.
quinta-feira 5.1.2017
Portugal “GERINGONÇA” É A PALAVRA DO ANO 2016
Vocábulo campeão
A
votação “online” elegeu “geringonça” como a Palavra do Ano, arrecadando 35% dos cerca de 28 mil votos expressos. O vocábulo foi anunciado esta quarta-feira pela Porto Editora, numa cerimónia na Biblioteca Municipal de Loures. No 2.º lugar ficou “campeão” (29%, “brexit” em 3.º (8%), seguindo-se, ex-aequo, “parentalidade” e “presidente” (6%), depois “turismo”, “racismo” e “humanista” (4%) cada, “empoderamento” (3%), e, finalmente “microcefalia” (1%). “Geringonça” foi um termo que começou a ser usado para denominar os acordos à esquerda que levaram o PS ao Governo. A expressão é de Vasco Pulido Valente aquando das primárias do PS, ganhas por António Costa, em 2014, e Paulo Portas deu-lhe visibilidade, ao citá-la, no Parlamento. De acordo com os dicionários, o termo significa “coisa malfeita ou com pouca solidez”. Aquilo que podia ser encarado como crítica ou mesmo ofensa ganhou popularidade e foi assumida por muitos dos visados. “É geringonça,
mas funciona”, disse mesmo o primeiro-ministro, António Costa.
DA BOLA
Quanto a “campeão”, a escolha está relacionada com a vitória de Portugal, pela primeira vez, no campeo-
De acordo com os dicionários, o termo significa “coisa malfeita ou com pouca solidez”. Aquilo que podia ser encarado como crítica ou mesmo ofensa ganhou popularidade e foi assumida por muitos dos visados. “É geringonça, mas funciona”, disse mesmo o primeiroministro, António Costa
nato europeu de futebol, em Julho do ano passado, ao vencer a França, em Paris, na final da 15.ª edição do campeonato da UEFA. “Brexit” é uma palavra que surgiu associada à saída do Reino Unido da União Europeia, em resultado do referendo realizado naquele país, em Junho do ano passado. Nesta oitava edição participaram cerca de 28 mil cibernautas, ultrapassando os cerca de 20 mil votantes do ano passado. A escolha da Palavra do Ano iniciou-se em Maio do ano passado, acolhendo sugestões de cibernautas, num processo que passou sobretudo pelo estudo da frequência e distribuição do uso das palavras, da monitorização da comunicação social e das redes sociais e, ainda, dos acessos e consultas aos dicionários digitais da Porto Editora. As palavras eleitas nas edições anteriores foram “esmiuçar” (2009), “vuvuzela” (2010), “austeridade” (2011), “entroikado” (2012), “bombeiro” (2013), “corrupção” (2014) e “refugiado” (2015).
COLISÃO DE DOIS NAVIOS PROVOCA DERRAME DE PETRÓLEO NA MALÁSIA
A colisão de um navio de bandeira de Singapura e outro registado em Gibraltar nas águas do sul da Malásia provocou um derrame de 300 toneladas de petróleo, informaram ontem fontes oficiais. O navio de Singapura, Wan Hai 301, e o de Gibraltar, APL Denver, colidiram por volta da meia-noite de terça-feira em frente ao porto de Johor, na Malásia, e o derrame alastrou-se a águas da cidade estado, de acordo com a Autoridade Portuária de Singapura, citada pela agência Efe. O APL Denver informou que um dos seus tanques foi sido danificado e que se tinha dado o derrame, o que levou à actuação das autoridades malaias para tentar conter a disseminação de petróleo. Parte do combustível derramado alcançou as águas vizinhas de Singapura, que envolveu oito navios numa operação de limpeza do derrame.As autoridades que investigam o acidente indicaram que não houve feridos, assim como o mesmo não provocou atrasos no tráfego marítimo.