Hoje Macau 05 OUTUBRO 2023 #5347

Page 1

Passa a outro

Ho Iat Seng afirmou que as restrições aos pedidos de residência de portugueses se devem a uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa, sem referir que foi o seu Governo que a criou. Além disso, a dita lei entrou em vigor quase um ano antes das instruções que alteraram uma prática corrente desde a implementação da RAEM.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUINTA-FEIRA 5 DE OUTUBRO DE 2023 • ANO XXII • Nº5347 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau
PÚBLICA AUMENTOS CONFIRMADOS PÁGINA 5 TRADUÇÃO LITERATURA ESQUECIDA EVENTOS COLOANE ÁGUAS DOENTIAS ÚLTIMA IAM LIGAÇÕES FRATERNAIS PÁGINA 6
FUNÇÃO
PÁGINA 4
A PINTURA TRADICIONAL CHINESA
hojemacau
Cláudia Ribeiro

O G20 e a sua alternativa: a “Rota da Seda”

IA cimeira do BRICS na África do Sul foi alvo da atenção de todo o mundo. Igual interesse internacional despertou o encontro do G20 na Índia, que teve lugar um pouco depois daquela cimeira. Os cinco membros do BRICS decidiram alargar o grupo. Nos novos membros estão incluídos o Irão, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, entre outros estados. O encontro do G20 também atraiu a atenção global. Da agenda constava a guerra na Ucrânia, entre outros tópicos. Para além disso, tornou-se evidente que alguns dos seus estados-membros planeiam lançar um novo projecto: o chamado “Corredor Índia – Médio Oriente – Europa” (por vezes, abreviado para IMEC

sigla em inglês). Entre os “pais fundadores” desta nova “aliança” estão os EUA, a França, a Itália, a Alemanha, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e a Índia. O principal objectivo do estabelecimento de tal “corredor” é a criação de um contrapeso ao projecto da “Nova Rota da Seda” (Yidai yilu 一帶一路), iniciado pela China há cerca de dez anos, em 2013/14. Os motivos que levam à criação deste contrapeso são óbvios: o “Ocidente” continua a afirmar que a China se tornou um império agressivo, que coopera com a Rússia e que manipula os mercados económicos e financeiros em diversas partes do mundo – contra os interesses “legítimos” dos países mais “civilizados”.

II

O que significa tudo isto? Um dos propósitos do novo “corredor” é a intensificação da comunicação e dos transportes entre a Índia e a Europa, através do Médio Oriente. À primeira vista, parece bem. No entanto, a geografia constitui um problema. Como é que deverá funcionar um “corredor” entre a UE e a Índia? Dada a actual situação política, é impossível estabelecer uma ligação terrestre da Europa à Índia. A construção de ferrovias e de auto-estradas através do Irão e do Paquistão, com o objectivo de ligar a Índia à Turquia e à Europa, não faz qualquer sentido. O Paquistão e a Índia são rivais. Além disso, as sanções da UE ao Irão excluem a possibilidade deste país se tornar parceiro do “Ocidente” –e, assim, de se tornar um elemento que ajude à estabilidade deste corredor terrestre.

Posto isto, devido ao cenário geopolítico, a composição da infra-estrutura do IMEC irá consistir na criação de vários segmentos separados: (1) Os navios teriam de ir e vir através do Mar Arábico, entra a Índia e os Emirados/ Arábia Saudita. Algumas destas embarcações teriam de passar através do Estreito de Hormuz, que é actualmente

uma zona perigosa. Por conseguinte, muitos navios preferem entrar no Mar Vermelho e seguir pelo Canal de Suez em direcção à Europa. Isto não é novidade. Durante décadas, o comércio e o tráfego entre a Índia e a Europa dependeram destas “avenidas”. No entanto, o IMEC pode conduzir a uma mudança do cenário geral: Aparentemente, o Egipto não se encontra entre os seus estados “fundadores”. Por isso o Cairo pode colocar alguma pressão no “novo” sistema e cobrar taxas adicionais para facultar a entrada dos navios no Canal do Suez. (2) As novas linhas ferroviárias que ligariam os Emirados, ou algum porto na Arábia Saudita, ao antigo Levante ou à Turquia, passariam através de um ou dois dos seguintes países: Jordânia, Iraque, Síria e Israel. Aqui chegados, é preciso perguntar: Será que estes países vão cooperar e apoiar o novo “sistema”? E o que dizer da visão deslumbrada de um transporte de passageiros de alta velocidade através dos desertos do Médio Oriente? E quanto aos regulamentos de vistos, o problema das migrações e dos refugiados que procuram asilo? Terão os visionários do IMEC pensado em tudo isto? Além disso, o fluxo total de transportes terrestres através do Médio Oriente seria certamente muito inferior ao fluxo dos transportes marítimos através do Mar Vermelho. Portanto, fará algum sentido construir ferrovias através dos desertos do Médio Oriente? (3) A partir do Levante, ou da Turquia, os navios vão ter de chegar a qualquer porto europeu. Pireu perto de Atenas, coopera de perto com a China. Então, que cidades seriam os portos de escala no Sul da Europa? Nada disto parece claro.

III

Existe ainda outra questão: Quem iria lucrar com um tal dispositivo de tráfego segmentado e, em termos mais gerais, com a dimensão política do IMEC? A UE? A Turquia? Ou a Arábia Saudita e os Emirados? Ou qualquer outro? – Como foi referido, a Arábia Saudita e o Emirados estão prestes a tornar-se membros do BRICS. Quando isso vier a acontecer, passarão a pertencer a dois “blocos” rivais, com interesses opostos. Fará isso algum sentido? Será que vai ajudar a região do Golfo a tornar-se um polo de atracção do intercâmbio pacífico euro-asiático, com uma intensidade nunca antes vista? Irão os Emirados e a Arábia Saudita funcionar como zonas limítrofes entre o “Ocidente” e a China e angariar enormes investimentos de ambos os lados ao sublinharem o seu “papel neutral”? Mas até que ponto serão “neutrais” na eventualidade de conflitos de maior dimensão?

Além disso, o Irão vai aceitar esta “jogada” às portas de sua casa? Há muito pouco

tempo, devido às acções diplomáticas da China, a Arábia Saudita e o Irão iniciaram conversações sobre assuntos de interesse mútuo. É verdade, a coexistência pacífica é sempre possível. No entanto, os EUA e outros países insistem nas sanções a Teerão. Em contrapartida, a China tem uma mente aberta e generosa e nunca interveio militarmente no Médio Oriente. Assim sendo, é intenção do “Ocidente”, ou antes dos EUA, usar o IMEC como uma ferramenta contra o processo lento da détente política em certas zonas do Médio Oriente? Como é que o IMEC vai lidar com o desejo da China, e de muitos asiáticos, de pacificar toda esta região? Poderão a Arábia Saudita e os Emirados resistir à pressão dos EUA?

Washington não é claramente altruísta. Finge ser gentil, mas não conhece limites. De facto, o chamado “Ocidente” é um conceito ilusório, existem poucos ou nenhuns “valores comuns”

Existem muitos mais pontos duvidosos. Os órgãos de comunicação oficiais continuam a afirmar que as dissidências internas e os confrontos militares caracterizam a situação da Síria e do Iraque. Existem também várias opiniões sobre a forma de lidar com os curdos e com o seu desejo de constituírem um estado independente. Além disso, os europeus têm criticado repetidamente a Arábia Saudita pelas suas atitudes conservadoras. Censuram este país por não respeitar os direitos humanos. Estranho, não é verdade? Subitamente, a UE e os EUA, que sublinham constantemente a importância dos “valores ocidentais”, desejam cooperar com a Arábia Saudita para lutar contra a China. É altura de perguntarmos: Como é que o Governo de Riad, por vezes apelidado de “monarquia absolutista”, encara tudo isto? Será que sorri do alto da sua realeza perante as atitudes “ocidentais”?

Em contrapartida: a Arábia Saudita e os Emirados podem pensar que o IMEC é uma boa ideia, porque esta aliança pode permitir que a UE, ou os EUA, passem a importar mais alta tecnologia e a fazer novos investimentos no Médio Oriente. Os leitores não devem esquecer, de acordo com algumas previsões, que chegará a altura em que os mercados mundiais vão deixar de ter necessidade de comprar enormes quantidades de petróleo à região do Golfo. Pensarão a Arábia Saudita e os Emirados

nesta perspectiva? Estarão preocupados com as novas tendências económicas? –Mais uma vez, não sabemos dizer.

Há também o problema da moeda. A compra e a venda de petróleo são feitas sobretudo em dólares americanos. Washington teme que o Médio Oriente possa alterar certos segmentos do mercado financeiro. Neste ponto, voltamos a lembrar-nos do BRICS e da ideia de introdução de novos mecanismos financeiros. Não há dúvida de que a Arábia Saudita e os Emirados vão observar a situação. Estão à espera para ver. O mais certo é acabarem por alinhar com quem lhes oferecer as melhores opções, – as mais pacíficas.

IV

O pequeno e densamente povoado Israel também pode ter de reconsiderar a sua posição no contexto de uma vizinhança em rápida mudança. Actualmente, Israel acompanha de perto o mundo muçulmano e o seu armamento nuclear. Mesmo que tenha havido alguns comentários positivos do lado dos judeus em relação aos planos do IMEC, é melhor manter alguma cautela: Até que ponto é que é realista sonhar que um pequeno país altamente tecnológico vai aceitar o comércio livre com os seus antigos inimigos? Comércio de bens de todo o tipo através dos portos de Israel e circulação livre de passageiros através do seu território – será isso possível?

E por último, o que pensar da Índia? Os anglófonos continuam a dizer-nos que a Índia tem estruturas democráticas, que os seus muitos grupos religiosos coabitam em harmonia, todos sob o mesmo tecto. Mas o que dizer do sistema de castas? E dos problemas entre os hindus e os muçulmanos no Sul da Ásia? E quanto às fricções entre as etnias locais? E sobre o enorme fosso entre pobres e ricos? Importa que milhares de sul-asiáticos trabalhem na região do Golfo para receberem salários baixíssimos? Terão os políticos europeus pensado sobre a natureza “multi-facetada” das relações entre a Índia e o Médio Oriente? De acordo com relatórios recentes, a Índia planeia alterar a sua designação “oficial”: De futuro, deseja voltar a adoptar o antigo nome de Bhārat. Estas mudanças simbólicas fazem diferença? Que implicações vão ter para os cidadãos da Índia? E para o nacionalismo do Sul da Ásia?

A adesão simultânea a duas alianças rivais, BRICS e IMEC, daria à Índia a possibilidade de escolha, ou de, qual “equilibrista”, ir jogando com os dois lados, conforme as circunstâncias o ditarem. Dito de outra forma, tal como os Emirados e a Arábia Saudita, a India pode vir a colher frutos

2 análise 5.10.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
HARISH TYAGI/EPA

de polos opostos. O IMEC, assim parece, tem uma predisposição genética para comportamentos oportunistas.

V

A América do Norte fica muito longe do Mediterrâneo, do Médio Oriente e da Índia. Assim, em termos geográficos, o apoio dos EUA à ideia do IMEC não faz qualquer sentido. Só há uma explicação para a decisão de Washington: a vontade de não abdicar dos seus mercados tradicionais. Opõe-se ao projecto da “Nova Rota da Seda”, porque tem medo da China e da política de Pequim de manutenção da paz. Infelizmente, vários líderes influentes da UE, que passaram longos anos no mundo anglófono, seguem cegamente os pontos de vista e as indicações de Washington. Estes indivíduos transformaram-se em marionetas da Casa Branca, acreditam na existência de “valores comuns”, na sua superioridade, na força do “Ocidente”, e em qualquer coisa que nos faz lembrar a “missão civilizadora”.

Para além disso existem preocupações militares. Os anglófonos continuam a dizer-nos que a China quer estabelecer uma rede de bases militares em torno do Oceano Índico. A aliança AUKUS é uma espécie de contrapeso militar. É muito provável que o IMEC venha a ser, sem qualquer dúvida, uma aliança económica. No entanto, em determinadas circunstâncias, um tal sistema pode mudar as suas características, em função das suas estruturas institucionais e da situação política. Aqui podemos pensar nas forças navais e em outras forças da Índia, que estão a desenvolver-se rapidamente. Como é que o Médio Oriente encara tudo isto e o que podemos dizer sobre o Sri Lanka e o Paquistão? Estarão os líderes da UE cientes de todas as possibilidades que podem ocorrer

no cenário político, ao “micro-nível” das relações entre Deli e o Médio Oriente?

Além disso, será que o “Ocidente” espera a cooperação militar da Índia contra os inimigos “conjuntos”? As forças dos EUA, e mesmo algumas tropas britânicas, estão presentes em várias partes da zona do Oceano Índico. Existem importantes instalações militares em Diego Garcia, uma ilha no arquipélago de Chagos, situada no meio do Oceano Índico. As forças dos EUA usaram frequentemente essas instalações durante diversas guerras. Este é apenas um exemplo da presença militar dos EUA nesta parte do mundo. Em contrapartida, a China não provoca outras nações e países desta região. Assim sendo, com quem é que a Índia vai cooperar? Bhārat, é claro, não pode ser enganado; conhece o seu passado; à semelhança da China, sofreu muito com a pirataria britânica. Por isso, pode alguma vez vir a confiar nos anglófonos??

VI

Curiosamente também, a Grã-Bretanha, que tem um primeiro-ministro hindu, não

Não há qualquer dúvida de que uma economia saudável da UE não é do interesse das empresas norte-americanas, mas é do interesse da China. Os empreendedores e as empresas da UE e da China desejam cooperar entre si; Bruxelas, guiada por Washington, não parece aceitar esse desejo.

parece muito interessada no grupo IMEC. Por outro lado, a imprensa americana afirma que a iniciativa IMEC vai ser um agente transformador. A Índia também pensa (ou pretende pensar) de forma positiva. Há quem afirme que a “conectividade” tradicional entre a Índia e o Médio Oriente será muito mais importante do que o velho sistema da Rota da Seda. Vê-se que a máquina de propaganda trabalha a todo o vapor.

Há muitos migrantes indianos em várias zonas costeiras do Oceano Índico. Algumas cidades, ilhas e outros lugares têm líderes políticos de origem indiana, por exemplo Maurícia. Isso terá importância? Aguardamos com expectativa a emergência da “Grande Índia”, contrariamente aos desejos de Washington?? Sentir-se-á confortável o Primeiro-Ministro hindu em Londres com todos estes pontos de vista, opções, tratados, alianças e etc.?

Uma outra questão leva-nos até Ancara. A Turquia, um membro da NATO, está de alguma forma ligada ao sistema da Rota da Seda. A Turquia tem interesse na Ásia Central. Além disso, está em permanente contacto com a Rússia. Existe ainda o grupo Xangai, que inclui o Irão, a China, a Rússia e muitos outros membros. Então, o que irá fazer Erdogan? Será possível pôr a funcionar o IMEC sem o seu país? Quem sabe, talvez Ancara reaja iniciando um “contra- programa”, através de uma aliança que faça ressurgir a ideia da grandeza otomana num novo formato. Na antiguidade, os comerciantes otomanos exerciam a sua actividade na Índia e o Império Otomano estava em contacto regular com partes da Indonésia moderna. O Irão, pode acrescentar-se, é um caso semelhante. Em muitos portos da Ásia medieval, e do início da Idade Moderna, encontrávamos mercadores do Irão. Esta pode ser uma razão válida para Teerão propagandear a fundação de um “corredor iraniano comercial”? É certo que

pensar nesta e noutras opções parece ridículo e rebuscado, mas diz-se que Otto von Bismarck afirmou: “A política é a arte do possível.”

VII

Finalmente, temos a UE. A reacção da imprensa europeia ao projecto do IMEC não é unânime. Na verdade, porque é que todos os países da UE devem seguir cegamente as ambições dos EUA? A era do colonialismo acabou, certo? Ou esta suposição está errada? Ficará o IMEC melhor sem os EUA? Suponhamos que não existiam forças nem intervenção dos EUA nos mares asiáticos. Nessas circunstâncias, seria de todo necessário criar qualquer tipo de aliança? O projecto da Nova Rota da Seda lembra-nos os velhos tempos quando o comércio através do Oceano Índico era sobretudo pacífico sem amarras a grandes alianças. Regra geral, as alianças são positivas se promoverem a cooperação pacífica e o entendimento mútuo. O IMEC é uma entidade concebida para prejudicar outra entidade, ou o seu principal interveniente. Não é disto que o mundo precisa.

Washington não é claramente altruísta. Finge ser gentil, mas não conhece limites. De facto, o chamado “Ocidente” é um conceito ilusório, existem poucos ou nenhuns “valores comuns”. A ideia do IMEC, se chegar a ser posta em prática, servirá Washington temporariamente, e talvez também alguns outros, mas é muito provável que a Europa não venha a ter qualquer tipo de benefício. Pior ainda, o IMEC tem potencial para prejudicar a Europa, porque a sua finalidade é aumentar as dissidências entre a UE e a China. A dissidência descontrolada entre elas tornará a Europa mais vulnerável. Não há qualquer dúvida de que uma economia saudável da UE não é do interesse das empresas norte-americanas, mas é do interesse da China. Os empreendedores e as empresas da UE e da China desejam cooperar entre si; Bruxelas, guiada por Washington, não parece aceitar esse desejo. Claro que alguns líderes europeus vêem mais longe, mas expressam opiniões distintas quando são confrontados com o projecto IMEC. Aparentemente, estes políticos têm medo. Para concluir: Washington pode regozijar-se – “divide et impera!”

No entanto, ia história fica por aqui? E se a Índia e o Médio Oriente, em qualquer altura, sugerirem subitamente que a China também deveria passar a ser membro do IMEC? Washington ficaria desconcertado. O governante hindu em Londres poderia reconsiderar o actual estatuto do antigo reino pirata e outros países lançariam um profundo suspiro de alívio. Talvez que muitos canais euro-asiáticos voltassem a abrir e talvez Bruxelas voltasse ao bom caminho.

análise 3 quinta-feira 5.10.2023 www.hojemacau.com.mo

O

“Num mandato anterior, a Assembleia Legislativa já tinha revisto as respectivas legislações sobre residência. Portanto, o Governo deve exercer as políticas com base nas leis”, afirmou Ho Iat Seng, à margem das celebrações do 74.º aniversário da República Popular da China.

Nas afirmações, citadas pela TDM, o Chefe do Executivo não mencionou que a revisão do diploma partiu de uma proposta do seu Governo, que entrou na Assembleia Legislativa em Janeiro de 2021. Também na apresentação feita pelo Conselho Executivo do que seria a futura lei, nunca foi mencionado que o novo estatuto iria afectar os pedidos de residência de portugueses.

“Nós exercemos a lei, com base nas leis aprovadas pela Assembleia Legislativa”, destacou o Chefe do Execu-

De mãos dadas

Ho Iat Seng reuniu com o secretário do PCC da Universidade de Tsinghua

O

Chefe do Executivo reuniu ontem na Sede do Governo com o secretário do Partido Comunista da Universidade de Tsinghua e membro da Academia Chinesa de Ciências, Qiu Yong, com a agenda a ser marcada pela troca de opiniões no âmbito do desenvolvimento do ensino superior e formação de jovens quadros qualificados.ajudar Macau a elevar, de forma contínua e científica, a capacidade de comando para responder a situações de emergência e de prevenção de catástrofes e calamidades e de redução do seu impacto”.

Chefe do Executivo responsabilizou a Assembleia Legislativa pela nova lei que está na base da recusa de pedidos de residência submetidos por portugueses que venham para Macau, como trabalhadores especializados. A prática foi alterada em Agosto deste ano, com a emissão de novas instruções, apesar da lei ter entrado em vigor a Agosto de 2021.BIR HO RESPONSABILIZA AL POR RECUSA DE RESIDÊNCIA A PORTUGUESES

Agua no capote

O Chefe do Executivo afirmou que a recusa do estatuto preferencial de residente a portugueses por motivos de trabalho especializado se deve à nova lei da Assembleia Legislativa. Apesar disso, garante que a RAEM vai conceder ‘bluecards’ aos interessados

tivo, que em Abril deste ano esteve em Portugal, onde foi agraciado pelo presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Além de atirar as responsabilidades sobre a medida para o hemiciclo, Ho Iat Seng considerou que a nova lei “não afecta os pedidos de visto

de trabalho ou residência de portugueses”.

Afecta e não afecta Contudo, na frase seguinte, Ho admitiu que a residência pode deixar de ser facultada para os portugueses que vierem trabalhar para Macau, uma assunto que está a ser discutido com as autoridades de Portugal.

“A questão actual que estamos a discutir é se os portugueses vão ter bilhete de identidade de Macau, logo após chegarem a Macau.”

HO

IAT

O Chefe do Executivo começou por agradecer o apoio que a Universidade de Tsinghua “tem dado ao desenvolvimento sustentável de Macau, formando quadros qualificados de excelência para a RAEM”, elemento essencial para cumprir “as exigências do Governo Central” na concretização da “Estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada «1+4»”, promovendo, activamente, as quatro indústrias envolvidas, e dedicado na construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

Ho Iat Seng sugeriu a possibilidade de estudar a “viabilidade sobre a cooperação em formação de funcionários públicos e no ramo da protecção ambiental” e espera que “a Universidade de Tsinghua continue a

Servir o país

´ GCS

Por sua vez, Qiu Yong referiu que o número de estudantes de Macau a prosseguir estudos na Universidade de Tsinghua está a aumentar constantemente. Relativamente ao futuro, disse que a Universidade de Tsinghua está disponível para intensificar a cooperação pragmática nas áreas do ensino superior, formação de quadros qualificados, inovação tecnológica, governação urbana e administração pública, desenvolvimento sustentável de baixo carbono e intercâmbio humano e cultural. Qiu Yong considera que assim será possível concretizar a complementaridade mútua e a estratégia de servir o país conjuntamente, bem como dar um maior contributo em prol da construção de um país forte e da revitalização da nação.

O estatuto de residência dos cidadãos está previsto na Lei Básica, mas, actualmente, o Governo de Portugal e as autoridades locais encaram os efeitos da nova lei de uma forma diferente.

Conselho das Comunidades Rita Santos com lista fechada

da mesa da Assembleia Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, e Maria João Gregório. De fora da lista ficam, segundo a TDM, os actuais conselheiros Armando de Jesus e Gilberto Camacho. As primeiras eleições desde Setembro de 2015 para o Conselho das Comunidades Portuguesas foram agendadas pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, para 26 de Novembro deste ano.

GCS 4 política www.hojemacau.com.mo
A lista de Rita Santos ao Conselho das Comunidades Portuguesas na China, Macau e Hong Kong está encerrada, de acordo com a TDM. Além da comendadora, fazem ainda parte da lista Rui Marcelo, que nos últimos tempos acompanhou Santos nas suas viagens a Portugal. A lista inclui também Marília Coutinho, Luís Nunes, vogal 5.10.2023 quinta-feira
SENG CHEFE DO EXECUTIVO
“A questão actual que estamos a discutir é se os portugueses vão ter bilhete de identidade de Macau, logo após chegarem a Macau e se após sete anos vão obter o bilhete de identidade de residente permanente”, reconheceu. “Nós e Portugal olhamos para esta questão com um ponto de vista diferente. [...] Agora estamos a comunicar com a parte de Portugal sobre esta questão”, acrescentou. João Santos Filipe

SEGURANÇA WONG

SIO CHAK DEFENDE DETENÇÃO DE ARTISTA DE RUA

Osecretário para a Segurança, Wong Sio Chak, defendeu os procedimentos da polícia no caso que envolveu Oliver Ma, artista de rua de Hong Kong, detido em Macau no mês passado, por cantar sem uma licença. Além de chamar mentiroso ao cantor que interpretou várias vezes em Hong Kong a canção Glória a Hong Kong, Wong confirmou também que o artista foi impedido pelas autoridades de contratar um advogado de Hong Kong.

“O cantor disse que o impedimos de contratar um advogado. Ele queria contratar um advogado de Hong Kong. Toda a gente sabe que os advogados de Hong Kong não têm qualificações para o exercício da profissão em Macau”, reconheceu. É senso comum”, considerou o secretário. “Mostra que nem todos os relatos dele são verdadeiros. Se pensarmos com mais cuidado, sabemos que os relatos dele são falsos”, acrescentou.

Apesar do impedimento, Wong destacou que o artista foi informado que poderia contratar um advogado de Macau. “Os colegas perguntaram-lhe se queria contratar um advogado de Macau, porém, ele exigiu um advogado de Hong Kong. Claro que assim não foi permitido”, confessou.

Sobre o período de detenção de 13 horas, Wong explicou que quando uma pessoa não foi constituída arguida pode ser retida pelas autoridades durante seis horas. Se o caso implicar a defensa da segurança nacional a retenção pode prolongar-se por 24 horas.

FUNÇÃO PÚBLICA HO CONFIRMA AUMENTOS NO PRÓXIMO ANO

Quem chora, mama

corrente também a encolher 17,5 por cento para 42,5 mil milhões de patacas.

Pelo contrário, a receita corrente mais que duplicou em termos anuais, atingindo 48,1 mil milhões de patacas, graças à recuperação dos impostos sobre o jogo.

Ainda assim, Macau só conseguiu manter as contas em terreno positivo graças a transferências no valor total de 10,3 mil milhões de patacas vindos da reserva financeira.

No discurso que proferiu na recepção do Dia Nacional, Ho Iat Seng disse que o plano de diversificação da economia para implementar até 2028 “está praticamente concluído” e que “será anunciado oficialmente muito em breve”.

O plano prevê uma aposta nos serviços comerciais e financeiros entre a China e os países de língua portuguesa, na promoção da medicina tradicional chinesa nos mercados lusófonos, assim como esforços para atrair tecnológicas do Brasil e de Portugal.

Ho Iat Seng não revelou o valor do aumento dos salários, acrescentando que este será proposto pela Comissão de Avaliação de Remunerações da Função Pública

OChefe do Executivo anunciou que os salários da função pública vão ser aumentados no próximo ano, o primeiro aumento desde o início da pandemia de covid-19. As declarações de Ho Iat Seng foram prestadas à margem das celebrações do Dia Nacional.

No entanto, o Chefe do Executivo não revelou o valor do aumento dos salários, acrescentando que este será proposto pela Comissão de Avaliação de Remunerações da Função Públi

Acidentes Wong garante comunicação com Guangdong

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak garante que vai ser estabelecido “em breve” um sistema de comunicação de acidentes com a província de Guangdong. A necessidade do mecanismo foi sublinhada na sequência de um recente acidente de viação que envolveu dois residentes de Macau em Zhuhai, um adulto e o filho (aluno da Escola

Portuguesa de Macau) que perdeu a vida. Segundo o jornal Ou Mun, Wong Sio Chak apontou ainda que é necessário esperar a aprovação deste sistema pelos governantes de hierarquia superior, mas que há consenso para a necessidade de criar o mecanismo. Até lá, o secretário prometeu uma “comunicação flexível” entre os dois lados da fronteira.

ca, cujo relatório ainda não foi publicado.

Ho disse que irá revelar a proposta de subida salarial na função pública durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2024, na Assembleia Legislativa, que habitualmente acontece durante o mês de Novembro.

Nas últimas semanas, o líder do Governo tem-se reunido com associações tradicionais para preparar as LAG para o próximo ano. Entre os pedidos têm sido indicados valores para os aumentos

da função pública entre os 3,5 por cento e 4,65 por cento.

Ho Iat Seng recordou também que a 11 de Agosto disse aos deputados que seria “oportuno” aumentar os salários dos trabalhadores públicos, que estão congelados desde 2019, devido à crise económica provocada pela pandemia.

Gastos em queda

A despesa pública de Macau caiu 10 por cento nos primeiros oito meses de 2023, para 54,6 mil milhões de patacas, com a despesa

Por sua vez, à margem da cerimónia, o secretário para a Economia e Finanças disse estar a cooperar com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e com a companhia aérea Air Macau para tentar lançar voos directos intercontinentais.

Já Lei Wai Nong admitiu que, como actualmente Macau apenas tem voos para o Interior e o Sudeste Asiático, é difícil atrair um número significativo de turistas da Europa e dos Estados Unidos.

Linhas de Acção Governativa ATFPM reuniu com o Chefe do Executivo

A “elevação do nível de utilização da língua portuguesa” e “o reconhecimento da comunidade portuguesa” foram duas das sugestões apresentadas por José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função

Pública de Macau (ATFPM), num encontro com o Chefe do Executivo, para discutir as Linhas de Acção Governativa. Segundo um comunicado do Governo sobre o encontro que decorreu na sexta-feira, Coutinho apresentou uma lista com

19 pontos, em que o primeiro disse respeito a um pedido de “atenção à conjuntura económica mundial instável e impacto devido à alta inflação e juros altos”. Além disso, na reunião terá sido igualmente abordado o assunto da “deslocação dos

portugueses a Macau para trabalhar”, mas esta intervenção terá sido feita numa altura em que tinham a palavra Rita Santos, presidente da mesa da assembleia, e os vice-presidentes da direcção, Che Sai Wang e Leong Veng Chai.

política 5
www.hojemacau.com.mo
quinta-feira 5.10.2023
-
O Chefe do Executivo confirmou que os funcionários públicos vão ter aumentos de salários no próximo ano e indicou que o plano a implementar até 2028 para a diversificação económica deve ser apresentado “muito brevemente”
TIAGO ALCÂNTARA

Tufão Chuva e ventos fortes no final da semana

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) apontam que é ainda incerta a trajectória da tempestade tropical “Koinu”, mas que se poderão esperar chuvas e ventos fortes no final desta semana, tendo já sido emitido o alerta amarelo para temperaturas altas, prevendo-se que o tempo muito

OInstituto para os Assuntos Municipais (IAM) foi alvo de acusações na rede social Facebook, da autoria de um internauta que se intitulou “Layer Macao”, que fala da existência de um “monopólio familiar” no processo de adjudicação de obras públicas do IAM, pelo facto de a “Empresa de Engenharia e Consultoria Greatway”, alegadamente administrada pelo irmão de Lo Chi Kin, vice-presidente do IAM, ter ganho uma série de obras sem concurso público.

A publicação acusa o Governo de ignorar o que considera ser incompatibilidades entre o exercício de funções públicas e negócios privados.

A publicação, que data de 11 de Setembro, refere que “os irmãos Lo são uma família de quatro pessoas, e irmão do vice-presidente do IAM é proprietário da empresa de construção e consultoria, um negócio...”. “Porque o secretário para a Administração e Justiça faz vista grossa [à situação], ou será que trabalham todos em conluio para saquear os recursos económicos públicos?”, questionou o internauta, que acrescenta ainda na publicação as expressões “conluio entre o sector empresarial e o Governo”.

Um punhado de obras

A publicação inclui também uma imagem do registo comercial da empresa que mostra que Lo Chi Cheong é administrador, seguindo-se a lista das obras públicas adjudicadas a esta empresa, onde se incluem os serviços de fiscalização e coordenação da construção da nova estação elevatória de águas pluviais e residuais (EP9 e EER) da Bacia Norte do Patane.

Além disso, a “Greatway” é ainda responsável pela construção da estrutura box-culvert das vias circundantes à Bacia Norte do Patane e a obra de opti-

quente se mantenha no território entre hoje e amanhã. A tempestade “Koinu” vai cruzar o sul da Ilha Taiwan, prevendo-se “que se mova mais lentamente do que o esperado”. Desde a madrugada e a manhã de hoje o sistema deverá avançar para o Mar do Sul da China, entrando no

raio inferior a 800 quilómetros de Macau em direcção à costa leste da província de Guangdong. A influência de uma monção do Nordeste faz com que seja ainda incerta a intensidade do “Koinu”, sendo esperado que “o sistema enfraqueça”, descreve os SMG.

Iao Hon Mais de 50% dos edifícios com condomínios criados

A Macau Renovação Urbana (MRU) diz ter ajudado a criar assembleias de condóminos, ou comissões de gestão, em mais de 50 por cento dos edifícios do bairro do Iao Hon, composto por sete blocos de apartamentos com os nomes Son Lei House, Seng Yee House, Hong

Tai House, Mau Tan House, Heng Long House, Kat Cheong House e Man Sau House. Segundo uma nota de imprensa da MRU, desde Agosto e Setembro que o trabalho de estabelecimento de assembleias de condóminos, ou proprietários, tem vindo a ser feito, para que os

IAM NEGADO “MONOPÓLIO FAMILIAR” POR ADJUDICAÇÕES A IRMÃO

Obras entre irmãos

Uma publicação no Facebook acusou o Instituto para os Assuntos Municipais de “monopólio familiar” na adjudicação de obras públicas ao irmão do vice-presidente do instituto, Lo Chi Kin, para construir a estação elevatória e box-culvert na Bacia Norte do Patane e uma zona de lazer no Fai Chi Kei. O IAM garante que a lei foi respeitada

proprietários possam “comunicar de forma mais eficiente e chegar a um consenso, indispensável para as próximas remodelações”. Recorde-se que a MRU será responsável pela revitalização de grande parte dos edifícios degradados deste bairro da zona norte da península.

mização da zona de lazer da baía norte do Fai Chi Kei, na Rua do Comandante João Belo. Coube também à empresa do vice-presidente do IAM coordenar e fiscalizar as obras de reparação dos passeios e passagens superiores para peões de Macau, no valor de 3,13 milhões de patacas e 1,42 milhões de patacas, respectivamente.

O jornal All About Macau questionou o IAM sobre o parentesco entre Lo Chi Cheong, administrador, e Lo Chi Kin, vice-presidente. O IAM respondeu apenas que “o vice-presidente tem cumprido o regime de impedimento [casos de impedimento, conforme o Código do Procedimento Administrativo], não tendo participado nos concursos públicos e nas avaliações das obras mencionadas”.

O organismo liderado por José Tavares diz ainda realizar as actividades administrativas de forma legal, imparcial e justa, aplicando-se o regime citado a todos os funcionários e vogais do conselho de administração do IAM.

Muitas das obras adjudicadas pelo organismo público resultam da consulta de preços praticados pelas empresas, indica o IAM. O All About Macau questionou quais os critérios para este processo e se há impedimento de participação de outras empresas, ao que o IAM respondeu que tudo depende dos valores envolvidos.

“Quando o valor estimado da obra for igual ou superior a 15 milhões de patacas, ou quando o valor para a prestação de serviços for igual ou superior a 4,5 milhões de patacas, é necessária a realização de um concurso público. Se a obra ou a prestação de serviços ficarem abaixo desses valores, pode-se realizar uma mera consulta de preços”, refere a resposta ao jornal.

6 sociedade www.hojemacau.com.mo 5.10.2023 quinta-feira
Andreia Sofia Silva e Nunu Wu
SANTOS
“O vice-presidente tem cumprido o regime de impedimento [conforme o Código do Procedimento Administrativo], não tendo participado nos concursos públicos e nas avaliações das obras mencionadas.” IAM
RÓMULO

Dias mais dourados

Visitantes diários atingem segundo valor mais elevado de sempre

AO longo dos últimos seis dias, que incluem a Semana

Dourada, mais de 700 mil visitantes entraram em Macau, de acordo com as estatísticas oficiais disponibilizadas pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública. Esta é uma média de quase 125 mil turistas diários, contabilizada até ontem às 17h, o que significa que o número foi superior.

Antes do início dos feriados para celebrar o dia do estabelecimento da República Popular da China, a directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, antevia que o número de visitantes ia ultrapassar os 100 mil turistas diárias.

Na prática, a previsão mostrou-se quase sempre acertada, principalmente com o início do fim-de-semana. Logo na sexta-feira entraram no território 87.983 visitantes.

No entanto, o pico do número de visitantes foi atingido no sábado, quando quase 159 mil visitantes entraram no território, naquele que foi o segundo maior registo de entradas desde que há estatísticas.

Num comunicado, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) revelou que 604.661 pessoas atravessaram as fronteiras no sábado – ultrapassando pelo segundo dia consecutivo a fasquia do meio milhão –, incluindo a entrada de 158.633 turistas.

Recorde de 2019

Actualmente, o recorde de visitantes diários é de 161.200, um registo atingido a 2 de Outubro de 2019, antes do início da pandemia de covid-19, que levou ao isolamento de Macau em relação ao resto do mundo.

No domingo, segunda-feira e terça-feira os número de turistas ficou sempre acima de 100 mil, com valores de 149.940, 133.359 e 124.552, respectivamente.

Como consequência do elevado número de pessoas, o CPSP teve de accionar em algumas situações o plano de controlo de multidões junto às Ruínas de São Paulo, a zona turística mais popular de Macau, como aconteceu no sábado.

Ontem o número de visitantes registou uma ligeira quebra face aos dias anteriores, mas até às 17h tinham entrado no território 94.959 turistas, o que significa que o número poderia ficar novamente acima dos 100 mil visitantes num só dia. J.S.F. (com Lusa)

JOGO RECEITAS DESACELERAM EM SETEMBRO APÓS TRÊS MESES A SUBIR

As melhoras rápidas

AS receitas do jogo caíram 13,2 por cento em Setembro, em comparação com Agosto, mês em que atingiram o valor mais alto desde o início da pandemia de covid-19. Os dados foram revelados no domingo pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Segundo os números revelados, os casinos arrecadaram 14,9 mil milhões de patacas no mês passado, o valor mais baixo desde Abril, interrompendo três meses consecutivos a subir.

Em Agosto, as receitas do jogo tinham atingido 17,2 mil milhões de patacas, fixando um recorde pós-pandemia de covid-19.

A queda em Setembro já era esperada, em parte devido ao mau tempo no início do mês, devido à passagem de tufões, incluindo o Saola, que levou o Governo a encerrar os casinos durante nove horas, entre 1 e 2 de Setembro.

Ainda assim, as receitas da indústria do jogo foram em Setembro mais de cinco vezes superiores ao registado no mesmo mês do ano passado, quando os casinos tinham encaixado 2,96 mil milhões de patacas.

Apesar da recuperação em termos anuais, o valor que os casinos de Macau arrecadaram em Setem-

bro representa apenas dois terços do montante contabilizado em igual período de 2019 (22,1 mil milhões de patacas), antes do início da pandemia.

Bons sinais

Entre Janeiro e Setembro, as receitas do jogo

mais que quadruplicaram em comparação com igual período de 2022, atingindo 128,9 mil milhões de patacas. Um valor que já praticamente atingiu o previsto no orçamento de Macau para 2023, que é de 130 mil milhões de patacas,

como sublinhou no domingo o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. No entanto, de acordo com os dados do regulador do jogo, a receita acumulada nos primeiros nove meses do ano representa apenas 58,5 por

cento do montante registado no mesmo período de 2019.

Macau, que à semelhança da China continental seguia a política ‘zero covid’, anunciou em Dezembro o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos de rigorosas restrições. Com o alívio das medidas, Macau recebeu 17,6 milhões de visitantes nos primeiros oito meses de 2023, quatro vezes mais do que no mesmo período do ano passado, mais ainda dois terços do valor registado entre Janeiro e Agosto de 2019.

A estimativa de 130 mil milhões em receitas do jogo constante no orçamento da RAEM para este ano está praticamente ultrapassada

A indústria do jogo, a principal fonte de receita via impostos do Governo do território, representava mais de metade do produto interno bruto (PIB) de Macau em 2019 e dava trabalho a quase 68 mil pessoas no final de 2022, ou seja, a quase 20 por cento da população empregada.

Empreendedorismo Concurso “929 Challenge” até dia 28

Arrancou na segunda-feira o concurso de empreendedorismo “929 Challenge”, dedicado a startups ou projectos empresariais liderados por jovens universitários, e que chega ao fim a 28 de Outubro. O concurso, co-organizado pelo Fórum Macau, atraiu 270 projectos de startups e empresas, 1320 participantes distribuídos em 267 equipas. O “929 Challenge” inclui a fase de “bootcamp”, com a constituição de equipas e definição das primeiras ideias empresariais, sessões de ‘networking” e palestras

com vários oradores dos países de língua portuguesa. O programa inclui ainda a fase “pitch”, com as equipas e projectos a serem avaliados por um júri. Os melhores podem obter financiamento. As três melhores equipas vencedoras receberão um prémio de 30 mil patacas, numa parceria com o grupo Alibaba, existindo um total de 180 mil patacas em prémios monetários. O principal objectivo do “929 Challenge” é potenciar o empreendedorismo jovem entre a China, Macau e os países de língua portuguesa.

sociedade 7 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 5.10.2023
O tufão Saola e o mau tempo no início de Setembro prejudicaram as receitas dos casinos, com uma descida dos ganhos face a Agosto. Apesar disso, as receitas de 14,9 mil milhões de patacas representam uma subida “gigante” face a Setembro do ano passado

TRADUÇÃO LITERÁRIA POUCA ATRACTIVIDADE FINANCEIRA AFASTA BILINGUES

Letras que ficam para

Traduzir literatura continua a ser uma profissão pouco atractiva financeiramente, confessa à Lusa Lídia Zhou Mengyuan, do Departamento de Tradução da Universidade Chinesa de Hong Kong. No caso de Macau, a maior parte dos bilingues continua a optar pela Função Pública

Oaumento do número de profissionais bilingues de chinês e português, nos últimos anos, não se reflectiu directamente em mais pessoas a trabalhar na tradução literária, uma profissão “pouco lucrativa”, disse à Lusa uma académica.

Nas últimas duas décadas, a China criou cursos superiores de português em cerca de 40 universidades do país, coincidindo com os primeiros momentos após a transferência da administração de Macau de Portugal para a China, a 20 de Dezembro de 1999, que atribuiu ao território o papel de plata-

forma comercial e económica com os países de língua portuguesa. Mas, apesar de a tradução ser um trajecto comum para quem escolheu fazer da língua portuguesa um projecto de vida, são “muito poucos” aqueles com oportunidade de dedicar-se a tempo integral à tradução literária, refere a profes-

sora do Departamento de Tradução da Universidade Chinesa de Hong Kong Lídia Zhou Mengyuan.

“O crescimento de talentos bilingues não resultou directamente em mais pessoas a trabalhar na tradução literária entre esses dois idiomas”, constata, analisando que esta “não é uma profissão muito lucrativa”.

Também o professor da Universidade de São José (USJ), Nuno Rocha, com investigação feita no domínio do desenvolvimento e tradução de folhetos médicos, admite que “a recompensa monetária é muito maior ao trabalhar como tradutor ou intérprete noutras áreas”. Em Macau, onde houve uma aposta no ensino do português, que se mantém como língua oficial,

“ser tradutor para o Governo local é um emprego que permite ter estabilidade financeira”, diz. Fora da região administrativa especial, “o trabalho de tradutor ou intérprete para multinacionais chinesas, que têm escritórios em vários países de língua oficial portuguesa, é bastante mais bem pago do que ser tradutor de literatura”.

Mais tradução na China

Mesmo quando tem de coexistir com outra actividade profissional por não ser rentável, a tradução de obras de Portugal é superior na China, quando comparada com Macau, de acordo com um catálogo de livros convertidos para chinês, elaborado pela Embaixada de Portugal em Pequim e referente a 2022.

8 eventos 5.10.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo

Desde 1955, ano do lançamento da versão chinesa de “Esteiros”, romance neorrealista de Soeiro Pereira Gomes, traduzido a partir do russo em Xangai, que a China continental lançou 246 obras traduzidas do português.

Macau é responsável por pouco mais de metade, 138, tendo começado anos mais cedo, em 1942, com a versão chinesa da obra de João de Barros “Os Lusíadas Contados às Crianças e Lembrados ao Povo”.

Zhou Mengyuan acredita que a diferença nestes números é uma “questão de mercado”, com um público-alvo “muito maior” na China.

Além de os tradutores de Macau estarem mais ligados ao trabalho na função pública, acrescenta

Criar em liberdade

Dezenas manifestam-se contra aviso do Governo

DEZENAS de artistas, associações culturais e companhias teatrais publicaram uma carta aberta contra o aviso enviado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura, plataforma de financiamento gerida pelo Instituto Cultural (IC). As signatárias da missiva incluem o Grupo de Teatro Experimental “Pequena Cidade”, Brotherhood Art Association, Associação de Arte e Cultura —“Comuna de Pedra”, Rota Artes Associação, Associação de Irmandade de Teatro Criativo, Estúdio de Arte de PO, Theatre Styles Theatre, entre outros.

Segundo a carta, divulgada nas redes sociais, o IC enviou emails a diversas entidades a avisar que devem “evitar incluir nas criações [artísticas] elementos impróprios [considerados] indecentes, [como] a violência, pornografia, obscenidade, jogos de azar, insinuações ou violação dos direitos de outras pessoas”, “a fim de evitar o cancelamento do subsídio”.

obras adequadas para assistir”, acrescenta-se.

Mães de Bragança

Segundo a TDM Canal Macau, o aviso enviado pelo IC prende-se com queixas feitas por encarregados de educação de alunos menores de idade relativamente à realização de peças de teatro com conteúdo “indecente” onde foi permitida a entrada de crianças, disse a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. A governante disse que não é intenção do Executivo restringir conteúdos, mas que, ao mesmo tempo, não pode apoiar ou incentivar projectos culturais que contenham “palavrões” ou causem “mau estar ao público”.

trásMin Xuefei, a escrita local, em chinês tradicional, também pode ser uma condicionante. No resto do país, escreve-se com caracteres simplificados.

Nuno Rocha resume: “A escrita em caracteres tradicionais e a questão do acordo ortográfico a nível do português levam a que a exportação de muito do material de tradução aqui feito tenha de ser alvo de uma revisão para se adaptar ao contexto do local de chegada”.

Macau não adoptou oficialmente o acordo ortográfico. Também o método de tradução na China e nos próprios países lusófonos tem vindo a alterar-se ao longo dos tempos.

Min Xuefei e Zhou Mengyuan avaliam que na China, onde milhares de estudantes se formam anualmente em português, as traduções das obras lusófonas já são feitas maioritariamente de forma directa, sem intermédio de uma segunda língua.

Já no sentido contrário, “a tradução indirecta continua a ocupar uma posição significativa” no acesso da literatura chinesa nos países de língua portuguesa, lembra Zhou Mengyuan. “Embora haja mais pessoas que conhecem

“A escrita em caracteres tradicionais e a questão do acordo ortográfico a nível do português levam a que a exportação de muito do material de tradução aqui feito tenha de ser alvo de uma revisão para se adaptar ao contexto do local de chegada.”

NUNO ROCHA USJ

tanto o português quanto o chinês, a tradução indirecta ainda existe em parte devido à facilidade de encontrar tradutores do inglês para o português ou do francês para o português em comparação com tradutores do português para o chinês”, acrescenta.

A existência de poucos cursos superiores em chinês nos países lusófonos também limita a emergência de um corpo de tradutores apto a converter obras chinesas directamente para o português, refere Min Xuefei.

Os signatários da carta dizem-se “muito preocupados com este aviso” e apontam que já existe a Comissão de Classificação Etária de Espectáculos e Exibições Públicas de Filmes Realizados em Macau, “que visa proteger o público de conteúdos impróprios e distinguir se uma obra é ou não adequada para ser vista [por pessoas de determinadas faixas etárias]”. “Será ainda necessário impor uma restrição generalizada às obras que não contenham nenhum dos elementos inadequados acima referidos? Sugerimos que se respeite a existência das comissões para que o público possa escolher, por si, quais as

Na carta assinada pelos artistas refere-se também que a inclusão de “elementos inadequados” não é sinónimo de que estes “sejam defendidos” pelos artistas e entidades. “Muitas vezes os artistas apresentam elementos impróprios de uma forma genuína e directa, com o objectivo de explorar fenómenos sociais, valores culturais e experiências humanas.”

Os signatários temem que a “aplicação demasiado rigorosa” das restrições resulte “num impacto negativo” ao nível das indústrias das artes e espectáculo, audiovisual e cinema.

“Sugerimos que o fundo reforce o seu mecanismo de comunicação com o sector e reúna com os responsáveis [de associações]. Assim, poderemos compreender melhor as suas preocupações quanto aos ‘elementos inadequados’ e explorar, de forma conjunta, a forma de manter a liberdade criativa e, ao mesmo tempo, proteger o público”, rematam. A.S.S.

eventos 9 quinta-feira 5.10.2023 www.hojemacau.com.mo

(Continuação do publicado na edição anterior)

LI TANG exerceu uma influência determinante na expressão artística do sul no séc. XII, em artistas como Ma Yuan 馬 遠 e Xia Gui 夏圭, cujas suas paisagens incorporavam muitas vezes elementos arquitectónicos camuflados entre a natureza e minúsculas figuras humanas absorvidas na contemplação de cursos de água, da lua ou de um velho ramo de pinheiro. Ma Yuan e Xia Gui tornaram-se nos expoentes máximos no uso dos grandes ou pequenos “golpes de machado” 斧劈皴 (fu pi cun) aperfeiçoados por Li Tang e Liu Songnian 劉松年. Esse traço passou a predominar nos Song do sul entre os sécs. XII e XIII. A pintura de Ma Yuan e Xia Gui caracterizava-se ainda por apresentar áreas vazias de metade a dois terços da superfície, toda a acção tendo lugar num canto. Por essa razão passaram a ser conhecidos como Ma “o Canto” (Figura 42) e Xia “o Metade” (Figura 43).

pinturas da corrente Ma-Xia (ou seja, de Ma Yuan e Xia Gui) sugerem a atmosfera melancólica, poética e envolvente da cidade de Hangzhou.

Na escola do sul dava-se preferência à pintura sobre rolos de mão horizontais e sobre leques de textura macia. Os leques circulares, em geral feitos de seda, apareceram em 1100 d. C. A pintura sobre leques foi muito praticada na dinastia Song, sobretudo entre os artistas académicos, pois estavam associados à decoração e serviam de presente diplomático e ainda para felicitar os funcionários públicos durante os exames. O formato de álbuns (folhas encadernadas formando um caderno) também foi muito popular na dinastia Song do sul e entre os letrados independentes com gosto pelo estilo xieyi

Foram ainda os pintores letrados da dinastia Song, sobretudo Wen Tong 文 同, Huang Ting Jian 黃庭堅e Mi Fu米 黻 que iniciaram algo de muito característico da pintura chinesa: a inscrição no espaço vazio da imagem de poemas, parágrafos encomiásticos e comentários, por exemplo, acerca das circunstâncias específicas da criação da pintura ou da história da sua aquisição (Figura 38, 39, 51…). Assim, as inscrições e os carimbos funcionaram, ao longo dos tempos, não só como um meio de expressão artística, literária e caligráfica, mas também de documentação acerca da sua autenticidade e da história.

Os artistas também carimbavam as obras com selos de pedras macias e gravadas na base em alto relevo (resultando em caracteres vermelhos sobre um fundo branco) ou em baixo-relevo (resultando em caracteres brancos sobre um fundo vermelho) (Figuras 24, 30, 31, 33, 40, 46 …). Essa base era mergulhada numa pasta espessa vermelha de cinábrio, à base de óxido de mercúrio, diversos óleos e restos de seda natural, e carimbada na seda ou no papel, uma prática semelhante às assinaturas para registar a autoria ou a posse. A maioria das bases dos selos são quadradas, mas algumas são rectangulares, redondas ou em forma de cabaça. Quanto às gravações, recorre-se com frequência à escrita sigilográfica em vigor principalmente nas dinastias Zhou e Qin, emprestando assim às pinturas uma qualidade arcaica tão ao gosto chinês. Encontram-se carimbos em pinturas desde a dinastia Tang, mas foi sobretudo a partir da dinastia Song que a prática se disseminou, devido à crescente individualidade dos artistas. Os carimbos evoluíram para uma forma de arte autónoma muito valorizada na China, no Japão e na Coreia.

A pintura tradicional

rado uma maneira de honrar a obra, de lhe acrescentar valor e significado, além de ser uma forma de registar o percurso da pintura em questão (Figuras 36, 46, 47…). As filas de caracteres podiam tanto ser inscritas num outro papel ou seda e adicionadas à pintura, como sucedia amiúde no caso dos rolos de mão, ou invadir directamente a superfície da pintura, como sucedia no caso das folhas de álbum ou dos rolos verticais de suspensão. Assim, desde o séc. XI que texto e imagem interagiam na China de uma forma que, no Ocidente, só teria lugar no séc. XX.

Dinastia Yuan (1271-1368)

A dinastia Yuan (1271-1368) caracterizou-se por uma pintura mural de excelente execução, como a do Templo de Guangsheng (Figura 44), em Shanxi e a dos túmulos de Shazishan e de Hengshan, em Shaanxi.

os vinte e seis espíritos guardiães do Reino dos Imortais e muitas cenas narrativas. Vêem-se também discípulos de Buda, talvez como disfarce devido às perseguições sofridas pelos taoístas na dinastia Yuan. A pintura das figuras relembra o estilo etéreo herdado daquele que é considerado por muitos o maior pintor da dinastia Tang, Wu Daozi 吳道 子 (680-759 d.C.), e que pode ser apreciado na pintura sobre seda八十七神 仙圖 Bashiqi shenxian tu, Oitenta e sete seres celestiais (colecção do Mausoléu de Xu Beihong, Pequim).

Apropriando-se dos contrastes tonais de Fan Kuan e Guo Xi, das árvores e raízes semelhantes a garras de Li Cheng e dos golpes de machado de Li Tang, as

Para além dos carimbos dos autores, em geral com o seu nome literário ou pessoal, os coleccionadores acrescentavam os seus e, assim como as suas próprias inscrições, o que era conside-

Também se fazia pintura mural na escola do Dao. Exemplo disso é o Palácio Yongle da dinastia Yuan em Ruicheng, Shanxi. Os murais pintados nas paredes oeste, norte e leste do pavilhão Sanqing cobrem mais de quatrocentos metros quadrados e levaram cento e dez anos a ficarem completos. Foram feitos em honra de Lu Dongbin, o fundador da escola taoísta Quanzhen (Total Perfeição), desenvolvida sob os Jurchen/Jin. Os murais retratam uma enorme congregação de sábios taoístas e outras figuras, mais de duzentas e oitenta (Figura 45). Vê-se o Imperador de Jade e demais divindades taoístas,

A tradição da pintura em seda e papel, porém, não enfraqueceu e os artistas tiveram oportunidade de continuar o legado dos letrados da dinastia Song. Como muitos chineses Han foram impedidos ou recusaram-se a servir o governo mongol, o ideal de reclusão desenvolveu-se no sentido de transformarem as suas propriedades em jardins e estúdios para ali realizarem reuniões literárias e outras actividades culturais. Essas propriedades eram frequentemente retratadas em pinturas comemorativas que, ao invés de uma mera representação do lugar real, procuravam transmitir os ideais e os valores que o proprietário abraçava. Adoptaram-se formatos mais pequenos, em papel.

Por um lado, a pintura Yuan adoptou uma matriz arcaizante, indo buscar alento às dinastias Han, Tang ou Song, mas, por outro, foi capaz de inovar. Nomes sonantes desta dinastia são, além de Zhao Mengfu 趙孟俯, os dos Quatro Mestres dos Yuan: Huang Gongwang

5.10.2023 quinta-feira 10 VIA do MEIO
Cláudia
Figura 42. 月下賞梅圖 團扇Yue xia shang mei tu shan. Contemplando flores de ameixeira sob a lua, de Ma Yuan馬遠. Pintura sobre seda em leque circular. Metropolitan Museum of Art. Figura 43. 夏圭烟岫林居图页 Página de imagens da residência de Xia Gui na floresta Yanxiu, de Xia Gui 夏圭. Pintura sobre seda. Museu do Palácio Nacional de Pequim. Figura 44. Fresco do Pavilhão do Rei Mingying do Templo de Guangsheng, Hongtong, Shanxi. Figura 45.O cortejo de Imortais dirigindo-se a uma audiência do Palácio Yongle, Ruicheng, Shanxi. Cerca de 1325.

tradicional chinesa

Ribeiro

黃公望, Wu Zhen 吴镇, Ni Zan 倪瓚e Wang Meng 王蒙. Huang Gongwang e Wu Zhen prolongaram a corrente ligada a Dong Yuan. Ni Zan criou as pinceladas “bandas dobrada” 折带皴 zhe dai cun para dar a ver as formas afiadas e quadradas das pedras de montanha e Wang Meng inventou as pinceladas “pêlo de boi”, uma combinação das pinceladas “fibra de cânhamo” e “corda desfeita” 解 索 皴 jie suo cun, que servem para mostrar a textura complexa das rochas. Estes artistas viriam a tornar-se nas maiores referências dos

pela introdução de espaço vazio, dando origem a uma série de diagonais que conduzem o olhar de baixo para cima e o mergulham em profundidade. Assim, o tipo de perspectiva move-se, não se fixando em nada de particular. A perspectiva linear é a escolha de um ponto de vista. Ora, na pintura chinesa, a escolha de um ponto de vista em detrimento de outro, é considerada uma limitação. Há maior riqueza em insinuar-se diversas perspectivas simultâneamente, tonando possível contemplar mais e de variados ângulos.

Gongwang (1269–1354). Intitula-se 富

春山居圖Fuchun Shanju tu, Permanência nas Montanhas Fuchun (Figura 47) Trata-se de um rolo pintado ao longo de mais de três anos, quando o artista viajava pelo rio Fuchun, na província do Zhejiang. Em 1650, o proprietário desta pintura, obcecado por ela, pediu que fosse queimada quando se sentiu a morrer, de modo a juntar-se-lhe no Além. Foi salva das chamas no último momento por um familiar, mas o rolo ficou danificado, dividindo-se em duas partes, cada uma ganhando depois vida própria. Uma das partes, que media apenas cerca de cinquenta centímetros de comprimento, foi crescendo com cerca de vinte e cinco metros de inscrições, além de um título, Um recanto de Fuchun, e de um retrato imaginário de Huang Gongwang.

Permanência nas Montanhas Fuchun destaca-se por respirar um sentido de processo. Oferece a sensação de uma verdadeira viagem, conseguida através dos laços que estabelece com a realidade topográfica, de alusões subtis a estilos históricos e de pinceladas notavelmente variadas e inventivas, além de texturas e padrões que interagem de modo a introduzir diversos ritmos e movimentos.

昇também se destacaram na pintura de bambu. Guan Daosheng era a mulher de Zhao Mengfu e é a mais conhecida pintora e calígrafa da história chinesa (Figura 48).

Dinastia Ming (1368-1644)

Com a dinastia Ming, o domínio chinês Han foi restaurado. Os primeiros exemplos conhecidos de textos impressos na China datam da dinastia Tang (618-907) e desde o séc. X que se recorria amplamente à impressão de volumes. Na dinastia Ming, a impressão cresceu exponencialmente, tendo-se disseminado então por todo o território devido a custos mais baixos e a um crescimento notável da alfabetização, que se estendia à população feminina. O número de candidatos ao sistema de exames oficial aumentou igualmente, o que levou a uma grande procura por tratados teóricos e críticos acerca de literatura, de artes visuais e de coleccionismo de arte, assim como por álbuns ilustrados e por manuais sobre como se deve pintar.

pintores da dinastia seguinte, Ming, assim como da pintura japonesa de inspiração chinesa.

Ni Zan é considerado o grande mestre do 淡dan, o apagamento ou recusa de afirmação característico de grande parte das pinturas de paisagem chinesas. As suas paisagens são pálidas e despojadas, sem nada que se destaque, mas conseguem envolver o espectador numa atmosfera difusa que é difícil esquecer. Parecem-se com todas as paisagens e com nenhuma em especial. Em虞山林 壑圖 Yu shanlin he tu, Floresta e vales na Montanha Yu (Figura 46), observa-se o tipo de perspectiva múltipla adoptada nas pinturas de paisagem chinesas, baseada na ‘noção das três distâncias’: 深 远shenyuan ou profunda, 高远 gaoyuan, ou distante e elevada e 平远 pingyuan, ou distante e nivelada. A parte inferior age como primeiro plano, a parte superior como plano de fundo. Isso é conseguido desligando os vários elementos uns dos outros e criando uma alternância de aparecimento e desaparecimento

Uma das pinturas de paisagem mais estimadas da história da China é da dinastia Yuan

Alguns pintores Han concordaram em trabalhar para a corte mongol, caso de Zhao Mengfu 趙孟俯e de Gao Kegong 髙克恭. Zhao Mengfu, que tinha como temas preferidos a paisagem, os cavalos e o bambu e foi também poeta e calígrafo, descendia da família imperial Song mas acabou por aceitar trabalhar e viver na corte Yuan. Gao Kegong foi um grande mestre da pintura de bambu. Li Kan李衎 e Guan Daosheng 管道

Os géneros mais tratados pelos pintores da corte eram paisagens e Pássaros e Flores. Destacaram-se Wu Wei 吳 偉e Lan Ying 藍瑛 e, sob a liderança do pintor Dai Jin 戴進, prevaleceu na corte o espírito ‘academicista’, conservador, que ia beber inspiração à anterior dinastia de domínio chinês Han, a Song. No final da dinastia, muitas das obras da corte Ming foram falsamente rotuladas como obras dos pintores Song, no intuito de lhes aumentar o valor de mercado.

5.10.2023 quinta-feira 11 VIA do MEIO
(Continua)
e da autoria de Huang audiência com os Três Primordiais. Pavilhão Sanqing 1325. Figura 46. 虞山林壑圖 Yu shanlin he tu, Floresta e vales na Montanha Yu, de Ni Zan 倪瓚. Ano de 1372. Pintura sobre papel. Metropolitan Museum of Art. Figura 48. 煙雨叢竹Yanyu cong zhu, Bambu na neblina e na chuva, de Guan Daosheng管道昇. Pintura sobre papel. Museu do Palácio Nacional de Taipé. Figura 47. Parte de富春山居圖Fuchun Shanju tu, Permanência nas Montanhas Fuchun, de Huang Gongwang 黃公望. Museu do Palácio Nacional de Taipé.

Apoios

UNIÃO EUROPEIA ABRE INVESTIGAÇÃO À CHINA POR APOIOS AOS CARROS ELÉCTRICOS

Alta voltagem

transporte de passageiros, originários da República Popular da China estarem a ser objecto de subvenções, causando assim prejuízo à indústria da União”.

AComissão Europeia abriu ontem formalmente uma investigação à China por alegadas ajudas “ilegais”, como auxílios directos e créditos, no sector sensível e com importância estratégica dos carros eléctricos, com Bruxelas a salientar ter provas suficientes contra Pequim.

A informação foi publicada ontem no Jornal Oficial da União Europeia (UE), cerca de três semanas após o anúncio da instituição, indicando a Comissão Europeia que, “por sua própria iniciativa”, inicia uma investigação “com base no facto de as importações de novos veículos eléctricos a bateria, concebidos para o

“Após uma análise aprofundada da recente evolução do mercado e tendo em conta a natureza sensível do sector dos veículos elétricos e a sua importância estratégica para a economia da UE em termos de inovação, valor acrescentado e emprego, a Comissão obteve informações sobre o mercado a partir de várias fontes independentes”, que “indiciam a existência de práticas de subvenção ilegais”, acrescenta Bruxelas na argumentação.

O executivo comunitário garante ainda ter “prova suficientes de que as importações do produto objecto de inquérito, originário da República Popular da China, beneficiaram de subvenções passíveis de medidas de compensação concedidas pelo governo”, o que levou ao rápido crescimento das marcas chinesas no mercado europeu. Em concreto, a Comissão Europeia adianta ter provas de diversos auxílios directos, empréstimos, créditos à exportação e linhas

de crédito concedidos por bancos estatais ou ainda benefícios fiscais.

O inquérito abrange alegadas práticas ilegais entre 1 de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023. Bruxelas avisa ainda Pequim de que “caso uma parte interessada recuse o acesso às informações necessárias, não as faculte no prazo

estabelecido ou impeça de forma significativa a realização do inquérito, podem ser estabelecidas conclusões provisórias ou definitivas, positivas ou negativas, com base nos dados disponíveis”.

Segundo dados da Comissão Europeia, os carros elétricos chineses, que entraram recentemente na UE, já representam 8% do

mercado total, sendo 20% mais baratos face à concorrência europeia. A dimensão do mercado chinês e fortes apoios estatais propiciaram a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng.

A resposta de Pequim

O governo de Pequim foi lesto na resposta: “O inqué-

TURISMO ESTRANGEIROS PODEM VISITAR GRANDE BAÍA SEM VISTO EM EXCURSÕES

AChinaanunciou a isenção de visto para estrangeiros que visitem, em excursões de grupo, nove cidades da província de Guangdong, no sul do país, durante até seis dias, a partir de Macau ou Hong Kong. De acordo com novas diretrizes da Administração Nacional de Imigração (NIA, na sigla em inglês) e do Ministério de Segurança Pública chineses, a isenção abrange estrangeiros “de países que tenham relações diplomáticas com a China”, uma lista que inclui todos os países lusófonos. São Tomé e Príncipe foi o último país de língua portuguesa a estabelecer, em 2016, relações

com a China, rompendo laços com Taiwan, que actualmente apenas tem 13 aliados diplomáticos.

As novas directrizes, divulgadas pela autarquia de Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, concede isenção de visto por um período máximo de 144 horas, ou seis dias, para os detentores de passaportes ordinários estrangeiros. De acordo com uma publicação na rede social chinesa WeChat, para obter a isenção os estrangeiros têm de entrar e sair da China continental integrados em excursões com pelo menos duas pessoas, organizadas por agências de viagens de Macau ou Hong Kong.

A isenção permite aos estrangeiros visitar a cidade de Shantou, assim como nove cidades que fazem parte da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau: a

capital da província, Guangzhou, Foshan, Zhaoqing, Shenzhen, Dongguan, Huizhou, Zhuhai, Zhongshan e Jiangmen.

Em março, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês anunciou a retoma da concessão de vistos a turistas estrangeiros, após quase três anos de suspensão na sequência da pandemia de covid-19. O anúncio incluiu o regresso da política de permanência sem visto durante 15 dias para todos os grupos de estrangeiros que entrem na cidade de Xangai, no leste da China, num navio de cruzeiro. Outra política também retomada em março foi a isenção de

rito anti-subvenções da UE sobre os veículos de nova energia nova (VNE) chineses baseia-se em suposições subjectivas, carece de provas suficientes e é contrário às regras da OMC”, afirmou o Ministério do Comércio da China (MOFCOM) na quarta-feira, em resposta à decisão da UE de realizar o inquérito. “Manifestamos

visto para estrangeiros de 59 países – incluindo Portugal e Brasil – que visitem a ilha de Hainão, no sudoeste da China, onde podem ficar até 30 dias.

Cerca de 168 milhões de pessoas atravessaram as fronteiras da China na primeira metade do ano, cerca de 49% do valor registado no período equivalente em 2019, de acordo com dados da NIA. Xangai, um dos principais destinos turísticos na China, recebeu cerca de 756 mil visitantes estrangeiros, no primeiro semestre de 2023, o que corresponde a 22% do número de visitas registado em 2019, revelou o China Daily.

12 china 5.10.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
e linhas de crédito de bancos estatais para empresas que produzem carros eléctricos são, no entender da EU, ilegais. Pequim responde: “o inquérito baseiase em suposições subjectivas, carece de provas suficientes e é contrário às regras da OMC”
POLESTAR

uma forte insatisfação e uma firme oposição à decisão da EU”, afirmou o MOFCOM numa declaração publicada na quarta-feira.

“A China acompanhará de perto o procedimento de investigação da Europa e salvaguardará firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, afirmou o MOFCOM. “A UE exige negociações com a parte chinesa num prazo extremamente curto e não forneceu materiais efectivos para a negociação, o que infringiu gravemente os direitos da China”, ainda segundo o ministério.

“A China exortou a UE a ser cautelosa na aplicação de medidas de correção comercial, tendo em conta o objectivo geral de manter a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento mundiais e a parceria estratégica global China-EU.”

O ministério chinês observou ainda que, no 10.º Diálogo Económico e Comercial de Alto Nível China-UE, realizado no final de Setembro, a parte chinesa afirmou claramente que o inquérito proposto pela UE é um proteccionismo flagrante e visa proteger a indústria da UE sob o pretexto de “comércio justo”, cujas medidas irão perturbar e distorcer seriamente as cadeia global da indústria automóvel, da

qual a UE faz parte, e resultar em impactos negativos no comércio e nos laços económicos China-UE.

“A China exortou a UE a ser cautelosa na aplicação de medidas de correção comercial, tendo em conta o objetivo geral de manter a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento mundiais e a parceria estratégica global China-EU”, afirmou o MOFCOM.

“A UE deve encorajar o aprofundamento da cooperação na nova indústria energética, que tem os veículos eléctricos novos como uma das suas pontas de lança, e criar um ambiente de mercado justo, não discriminatório e previsível para o desenvolvimento comum da indústria de veículos eléctricos China-UE”, afirmou o MOFCOM.

Nos últimos anos, a indústria de veículos eléctricos da China registou um rápido desenvolvimento graças à sua incessante inovação tecnológica e à construção de uma cadeia industrial e de abastecimento completa. E os veículos eléctricos chineses têm sido preferidos pelos consumidores, incluindo os da UE.

De acordo com a consultora automóvel Inovev, 8% dos novos veículos eléctricos vendidos na Europa em Setembro deste ano eram chineses, contra 6% em 2022 e 4% em 2021. Em 2022, as montadoras chinesas exportaram 545.244 VNEs para a Europa, respondendo por 48,66% de todas as exportações de VNE, mostram dados da Associação de Veículos da China.

EUA-China A importância do Congresso

OCongresso nunca desempenhou um papel tão importante nas relações entre os EUA e a China. Desde que o 118º Congresso se reuniu em Janeiro, os legisladores introduziram uma longa série de projectos de lei relacionados com a China, reuniram-se com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, tanto nos Estados Unidos como em Taipé, interrogaram o Director Executivo do TikTok e formaram um novo comité restrito que classificou o Partido Comunista como uma “ameaça existencial” para os EUA.

Depois desta enxurrada de acontecimentos, talvez não seja de admirar que o Congresso dos Estados Unidos seja visto como uma influência hostil, agressiva e desestabilizadora nas relações EUA-China, pelo menos em Pequim. Mas nem sempre foi assim.

Após o “susto vermelho” do McCarthyismo nos anos 50, as actividades do Congresso, como as audiências do Senado de 1966 sobre a China, desempenharam um papel fundamental na criação de um clima em que o debate racional pudesse voltar a ter lugar. Foram impulsionadas por figuras com um profundo interesse pela Ásia, como os senadores Mike Mansfield e J. William Fulbright.

Após a histórica visita do Presidente Richard Nixon à China, Mansfield e Fulbright estiveram entre os legisladores que visitaram a China entre 1972 e 1978 como parte de delegações do Congresso. Com a queda de Nixon e as

VISITA DE SENADORES AMERICANOS PARA BREVE

AChina saudou a visita de uma delegação de senadores norte-americanos, ainda sem data anunciada, na esperança de que esta possa proporcionar uma “compreensão objetiva” do país asiático. As duas maiores economias do mundo, que estão de costas voltadas numa série de questões, têm vindo a renovar o diálogo nos últimos meses, com uma sucessão de visitas a Pequim de altos funcionários norte-americanos, incluindo o chefe da diplomacia, Antony Blinken, em junho.

Neste contexto, o líder da maioria democrata do Senado norte-americano, Chuck Schumer, e vários outros membros são esperados na China, escreveu a agência de notícias France-Presse. Também o senador republicano Mike Crapo deverá integrar a comitiva, de acordo com a agência Bloomberg. “Esperamos que esta visita permita ao Congresso

dos Estados Unidos ter uma compreensão objetiva da China”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado, não especificando a data nem o número de elementos na delegação.

“A China saúda” esta visita, que “vai favorecer o diálogo e o intercâmbio entre os órgãos legislativos dos dois países e vai trazer elementos positivos para o desenvolvimento das relações”, acrescentou a diplomacia chinesa.

A delegação de seis pessoas espera manter conversações com o Presidente chinês, Xi Jinping, de acordo com meios de comunicação social norte-americanos e deverá visitar ainda a Coreia do Sul e o Japão, informou o jornal The New York Times. Em maio, senadores dos EUA, incluindo Chuck Schumer, anunciaram um plano para combater a crescente influência da China no mundo.

preocupações internas do presidente Gerald Ford, a aproximação da administração à China diminuiu, pelo que estas delegações se tornaram o canal de comunicação mais activo entre os dois governos para chegar a acordos sobre a normalização das relações.

Estas primeiras visitas, geralmente seguidas de relatórios e audiências que forneciam avaliações em primeira mão da China, desempenharam um papel importante para ajudar o resto do Congresso e o público americano em geral a compreender o sistema político chinês, a sua atitude em relação aos EUA e a importância de melhorar as relações bilaterais.

As discussões francas com os legisladores ajudaram os líderes chineses a compreender a dinâmica e as posições do Congresso. As visitas também serviram para promover a cooperação económica em domínios como a agricultura e a aviação e deixaram uma forte impressão nos legisladores que viriam a desempenhar papéis fundamentais na definição da política externa dos EUA, incluindo o jovem Joe Biden, que fez a sua primeira viagem à China em 1979.

Nas últimas décadas, as delegações de membros do Congresso e do seu pessoal continuaram a visitar a China, o que lhes permitiu encontrarem-se com altos funcionários chineses e conhecerem pessoalmente a China através de visitas a locais, visitas de estudo e reuniões. No entanto, estes intercâmbios presenciais, que já estavam a diminuir antes da pandemia de Covid-19, foram interrompidos nos últimos três anos.

Numa altura em que as tensões entre as duas potências atingem novos patamares, esta falta de interacção face a face exacerbou a incompreensão e a falta de confiança. Agora que a China reabriu, é altura de fazer um esforço concertado para que os legisladores americanos regressem e vejam o país por si próprios.

No ano passado, quase 40 membros do Congresso deslocaram-se a Taiwan, o maior número numa década e este ano mais delegações visitaram a ilha. Pequim continuará a opor-se a estas viagens, mas também pode dar-lhes as boas-vindas para visitarem o continente. Quando se realizar a próxima visita de alto nível, seria inteligente adoptar uma abordagem mais pró-activa e convidar os legisladores a visitar o continente.

O contacto directo com os membros do Congresso permitiria a Pequim dar o seu próprio cunho às visitas e, espera-se, gerir melhor estas perturbações periódicas nas relações entre os EUA e a China. A digressão asiática de Newt Gingrich em 1997 é um exemplo do passado, quando o então presidente da Câmara dos Representantes foi persuadido a iniciar a sua digressão com uma visita ao

continente durante três dias antes de seguir para Taiwan via Tóquio. Alguns legisladores recusarão o convite. Mesmo assim, não há mal nenhum em a China mostrar abertura e vontade de dialogar com o Congresso. Alguns legisladores - como o democrata californiano Ro Khanna, membro da comissão restrita sobre a China - manifestaram vontade de visitar o país. Apesar da aparência de um consenso bipartidário, existe uma diversidade de pontos de vista no Congresso e uma vontade de adoptar uma abordagem multifacetada em relação à China que não exclua a possibilidade de estabilizar as relações bilaterais.

A gestão destas visitas será complicada. Os funcionários chineses terão de se envolver de forma construtiva com os convidados que têm de jogar para um público interno que exige que sejam “duros com a China”, especialmente quando começa a contagem decrescente para as eleições presidenciais de 2024.

Não é possível mudar as mentalidades numa única visita, mas, nesta fase, qualquer oportunidade de interagir e apresentar um lado diferente da história seria uma melhoria. A experiência na primeira pessoa pode ser surpreendentemente corrosiva para as ideias preconcebidas.

Um ano antes da sua visita de 1997, Gingrich comparou os dirigentes de Pequim a terroristas. Ao fim de três dias na China, Gingrich apelou a um maior empenhamento bilateral e descreveu o encontro com os dirigentes chineses como “o ponto alto da minha vida pública”. Além disso, os legisladores e os conselheiros de topo chineses devem ser encorajados a visitar os EUA, para que os dois países possam manter um diálogo mais franco e direto.

É claro que muita coisa mudou desde a visita de Gingrich e ainda mais desde que o Congresso ajudou a lançar as bases para a normalização das relações EUA-China na década de 1970. Geopoliticamente, o equilíbrio de poder entre os dois lados diminuiu e perderam um inimigo comum, a União Soviética. Derrotar a China tornou-se uma rara causa unificadora no Congresso. No clima actual, é difícil imaginar um legislador que se arrisque, como Mansfield fez nos anos 60 e 70, a defender relações mais estreitas com a China.

Existe um enorme fosso entre as visões do mundo dos legisladores americanos e dos funcionários chineses, mas não é seguramente maior do que na década de 1970, antes da abertura da China ao mundo. Para Pequim, o contacto com os legisladores americanos não será fácil nem isento de riscos. Mesmo assim, é certamente um risco maior não dialogar com o Congresso, uma vez que este desempenha um papel cada vez mais importante na definição das relações entre os EUA e a China. in Pekingology

china 13 quinta-feira 5.10.2023 www.hojemacau.com.mo

5G CÂMARA LUSO-CHINESA CONSIDERA “PREOCUPANTE” IMPACTO DA EXCLUSÃO DA HUAWEI

Portugal radical

A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) considerou na segunda-feira “preocupante o impacto que a exclusão de fornecedores como a Huawei” pode ter no desenvolvimento de Portugal e questionam a “razoabilidade” da decisão, que vai além do que é recomendado pela União Europeia

Adireção e o Conselho

Estratégico da Câmara de Comércio e Indústria

Luso-Chinesa reuniram-se na segunda-feira para debater a deliberação da Comissão deAvaliação de Segurança (CAS), datada de maio, sobre o “alto risco para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado ou ligado permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros”.

A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o certo é que o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus.

Para a CCILC “esta deliberação ignora o papel dos fabricantes com origem na China como líderes no desenvolvimento e produção de equipamentos e serviços de 5G, essenciais para a digitalização e competitividade tecnológica de Portugal” e “entre as preocupações partilhadas pelos participantes da conversa está a razoabilidade da decisão

portuguesa, que aparenta ser mais redutora do que a generalidade dos Estados-membros da União Europeia”, lê-se no comunicado da Câmara de Comércio.

Europa não pede exclusão total “Em causa as declarações do comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, num encontro com a imprensa europeia em Bruxelas no início de setembro onde referiu [que] ‘a Huawei tem algumas partes de equipamento que não têm qualquer problema, mas outras podem ter algum problema e cabe aos Estados-membros decidir’”, aponta a CCILC, questionando, a

este propósito, que “se há partes de equipamento que não têm qualquer problema, porque é que o país quer optar pela exclusão total”.

Na reunião de segunda-feira foi também abordada a conse-

O Conselho Estratégico da CCILC foi vocal na convicção de que “Portugal não está a defender os seus interesses quando cede a pressões externas”

quência da decisão “relativamente à reputação de Portugal, no que se refere à atracção de potenciais investidores estrangeiros, aos custos agravados para operadores e consumidores, e ao possível atraso de Portugal no caminho da digitalização».

Além disso, “o Conselho Estratégico da CCILC foi vocal na convicção de que ‘Portugal não está a defender os seus interesses quando cede a pressões externas’, sendo peremptório quanto à causa da posição portuguesa”, ou seja, “quando a discussão não é técnica como devia ser, outras razões se apontam, nomeadamente de ordem política”. Contudo, “é importante olhar para os interesses de Portugal que estão em jogo”, alerta o Conselho Estratégico da CCILC.

A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa afirma ainda que “a decisão do Governo português está a ter repercussão a nível mundial”. Esta “é uma situação de extremo embaraço e com custos muito elevados para os operadores” e “terá sido esta uma das razões que levou outros países da União Europeia a tomar medidas mais brandas do que a tomada por Portugal”, lê-se no documento.

“A promoção e proteção dos interesses e das melhores condições para a resolução de problemas que auxiliem o desenvolvimento dos negócios

GETTY IMAGES 14 china-plp 5.10.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo

bilaterais, entre Portugal e a China, são a missão central da ação da CCILC, pelo que esta discussão visou contribuir para a preservação da relação de amizade de mais de cinco séculos entre os dois países e todas as ligações que daí advêm”, remata a entidade.

No início de setembro foi conhecido que a Huawei Portugal tinha entrado com uma acção administrativa contra a deliberação, com o objectivo de salvaguardar os seus direitos legais. Na altura, o Gabinete Nacional de Segurança (GNS) e o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS)

As vantagens do frio

Crise de crescimento é oportunidade para qualificar trabalhadores

Numa conferência no Porto, o vice-director do Instituto de Economia Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhang Bin, defendeu que o arrefecimento da economia chinesa é uma oportunidade para qualificar a mão-de-obra. Zhang Bin admitiu que, nos últimos 10 anos, a economia cresceu a níveis inferiores ao de décadas anteriores, mas “esta situação deve ser olhada de forma positiva, como uma oportunidade para mais investimento e para acumular conhecimento”

referiram que a deliberação da CAS zela pela utilização segura das redes.

“As deliberações tomadas pela CAS, que têm como destinatários os operadores nacionais de telecomunicações, zelam pela utilização segura das redes de comunicações electrónicas nacionais, procurando mitigar as ameaças e riscos sobre as mesmas, para que se possa implementar e usar, de forma segura, a nova tecnologia de comunicações móveis 5G, que deverá ser escrutinável, transparente e confiável para o Estado, para os cidadãos e para as empresas”, afirmaram, no início do mês, o GNS e o CNCS.

“ESTE é o momento para a China apostar em investir nas suas infraestruturas e no capital humano intensivo”, defendeu o investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, num painel da IV conferência internacional de cooperação Portugal-China, que se realizou no Porto, assinalando os 10 anos do lançamento da Nova Rota da Seda e a parceria estratégica Europa-China 20, colocando como objetivo contribuir para o “abrandamento da tensão entre a Europa e a China”.

Zhang recusou-se a atribuir a alteração estrutural no ritmo de crescimento económico chinês a fatores que, disse, muitas vezes são apontados nos ‘media’ internacionais, em particular o aparecimento de uma ‘bolha’ imobiliária de elevado nível de risco ou o aumento exponencial da dívida pública da China.

“As razões devem ser procuradas noutro lugar. Desde logo no arrefecimento da procura interna e externa, que afetou os níveis de produção e de exportação dos principais setores da economia chinesa. Mas, também devem ser procuradas na falta de capital humano intensivo”, explicou o professor do Instituto de Economia Mundial e Política.

O investigador defendeu que este momento de arrefecimento da economia chinesa deve ser olhado não como uma crise, mas como uma oportunidade, lembrando que nos últimos anos a China passou a fazer uma aposta na qualidade dos seus produtos e por acumular conhecimento para prosseguir essa trajetória de qualificação.

“Este não é o momento para procurar mais expansão. Este é o momento para investir e para acumular ‘know how’”, disse Zhang, referindo-se às possibilidades de alargamento de zonas de influência comercial propiciados pela Nova Rota da Seda, que devem ser aproveitadas para aprender com outros sistemas, mais do que para serem vistos como novos mercados.

O vice-director do Instituto de Economia Mundial e Política assinalou ainda que, quando se compara o arrefecimento da economia chinesa com o comportamento das economias de países desenvolvidos, é possível perceber a falta de procura externa. Apesar da sua perspectiva otimista sobre o desempenho da economia chinesa, Zhang Bin mostrou-se preocupado com o aumento de desemprego na China, decorrente do arrefecimento da produção. “Mais uma razão para se aproveitar este momento para qualificar a mão de obra na China”, disse o investigador.

A conferência foi uma iniciativa da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento de Portugal-China (CCDPC), da União de Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China e do Observatório da China, tendo como coanfitriões o Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-China, e realizou-se no auditório da Fundação Manuel António da Mota, no Porto.

HUBEI EVENTO IMPULSIONA TROCAS COM A LUSOFONIA

UMevento de promoção, concebido para impulsionar a cooperação económica e comercial entre a província chinesa de Hubei, a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e os países de língua portuguesa (PLP), foi realizado a semana passada em Wuhan, capital da província de Hubei.

O evento visou dar visibilidade a produtos e serviços dos países e regiões de língua portuguesa, realizar exposições e encontros comerciais, entre outros, em cidades do centro da China. Zhang Xiaomei, chefe do Gabinete de Relações Exteriores

do Governo Popular da Província de Hubei, observou que os PLP têm um enorme mercado de quase 300 milhões de pessoas, recursos abundantes e vantagens geográficas globais.

Zhang acrescentou que Hubei, uma importante província chinesa em termos económicos, científicos e educativos, conservação ecológica e agricultura, apresenta vantagens em setores como novas energias, veículos inteligentes, ciências da vida e saúde e equipamentos de última geração.

“Macau, por seu turno, tem a vantagem única de ter como línguas oficiais o chinês e o

português e, portanto, de funcionar como elo entre a China e os países de língua portuguesa”, disse Zhang.

O evento foi organizado conjuntamente pelo Gabinete de Relações Exteriores do Governo Popular da Província de Hubei, pelo Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) e pelo Sub-Conselho do Conselho de Hubei para a Promoção do Comércio Internacional.

china-plp 15 quinta-feira 5.10.2023 www.hojemacau.com.mo

TOTALMENTE DEDICADA À CULTURA CHINESA

Nº3 JÁ À VENDA

16 publicidade
A PRIMEIRA REVISTA EM PORTUGUÊS
VIA do MEIO

ZHUHAI PRIMEIRAS CORRIDAS REALIZARAM-SE HÁ 30 ANOS

Do receio à aceitação

Há trinta anos, a cidade vizinha de Zhuhai, com o apoio do Hong Kong Automobile Association, avançava para a organização do primeiro grande evento de desporto motorizado de velocidade realizado na República Popular da China. Em Macau, havia muitas reticências e apreensão sobre o que poderia representar este evento, em tudo semelhante ao Grande Prémio de Macau

COM a coordenação desportiva a cargo de Phil Taylor, o inglês que então também era o Director de Corrida do Grande Prémio de Macau, e com uma forte presença da associação automóvel da então colónia britânica, a prova de Zhuhai teve logo desde o arranque o “know how” que necessitava para se afirmar além-fronteiras. Contudo, ao contrário do que era temido em alguns sectores em Macau, as autoridades do Interior da China não quiseram copiar o que melhor se fazia no território sob administração portuguesa.

A cidade Zhuhai tinha outras ambições que iam para além deste circuito provisório que durou apenas três

edições. A Zona Económica Especial chinesa queria mais do que isso, queria receber a Fórmula 1 no Circuito Internacional de Zhuhai (ZIC). Isto, anos depois de Macau ter fechado a porta ao “Grande Circo” e ter desistido da construção de um autódromo no território.

“Sempre tive o espírito aberto a essas coisas e nunca acreditei que os nossos vizinhos pudessem vir a assombrar o evento de cartaz de Macau”, recorda Carlos Barreto, o primeiro colaborador do Automóvel Clube de Macau (ACM), agora Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), a receber a Licença Desportiva da Federação Internacional de Motociclismo (FIM) como Director de Prova

e Comissário Desportivo, precisamente em 1993.

Outros voos

Com cem mil espectadores espalhados pelos quatro quilómetros deste circuito devidamente asfaltado para receber os 127 carros e motos que compareceram - curiosamente só dois concorrentes eram do Interior da China - o primeiro evento decorreu sem sobressaltos, permitindo que em 1994 e 1995 a prova entrasse para o calendário internacional da FIA, acolhendo o campeonato BPR GT Endurance Series.

“Os organizadores, para garantirem uma assistência em massa, como foi o caso, tiveram de ser criativos. Os bilhetes davam direito a sorteio de prémios como televisões, máquinas de lavar

afirma Carlos Barreto. “Para os pilotos realizarem provas com frequência, coisa que não se podia fazer em Macau (e veio a acontecer), para os comissários desportivos e de pista, o ganhar a experiência em provas a sério, depois da formação, para se sentirem mais à vontade no Grande Prémio. Nem tudo correu bem, realizaram-se provas, mas os comissários de pista raramente tiveram essa possibilidade. Contudo, era cedo para antever o que iria acontecer e havia o receio, na mente de alguns, de eles entrarem por aí e acabarem com o Grande Prémio”.

Macau ficou a ganhar

O desconforto que estas provas causaram no então território português ultramarino era apenas causada por uma visão limitada que ignorava as vantagens desportivas e económicas, como Mário Sin, que presidiu o ACM e ex-membro da Comissão do Grande Prémio de Macau, relembra: “Não existia uma visão global das oportunidades [que iria trazer o circuito em Zhuhai] para os pilotos locais, pois [com o circuito]

iriam poder praticar mais vezes e com menores encargos”. O início das corridas em Zhuhai serviu como trampolim para outros voos para os pilotos do território. “Para provar, basta ver que os pilotos de Macau começaram a obter mais lugares no pódio em todas as categorias, depois de poderem praticar mais vezes antes do Grande Prémio de Macau”, assevera Mário Sin, acrescentando que ”os pilotos de Macau começaram ganhar aos pilotos de Hong Kong, que tinham quase o exclusivo dos lugares de pódio.”

No final de contas, o saldo é hoje visto como muito positivo, pois “o Grande Prémio continua vivo e Macau tem colaboradores que desempenham funções de relevância na FIA e na FIM. O ZIC ganhou o seu espaço, com provas nacionais e internacionais, e continua aberto a ser utilizado por quem lá queira ir sentir a adrenalina da alta velocidade”, conclui Carlos Barreto, que durante muitos anos desempenhou o cargo de Director de Corrida do Grande Prémio de Motos de Macau. Sérgio Fonseca

履行金錢債務案 第 PC1-22-0755-COP 號 輕微民事案件法庭 Cumprimento de Obrigações Pecuniárias n.° Juízo de Pequenas Causas Cíveis

Autor: Fok Ion Kam, com morada em Macau, 奧門宋玉廣場 108 號 東南亞 商業中心19樓S座

roupa, frigoríficos, ar condicionado e outras coisas”, lembra o piloto Rui Valente, que na altura se deslocou ao outro lado das Portas do Cerco para assistir à prova, onde participou o seu amigo José Mariano da Rosa.

Assim que o ZIC abriu portas, em 1996, as corridas de Zhuhai passaram para a infra-estrutura permanente localizada em Jinding. O sonho da F1 esfumou-se, mas o ZIC ficou a “casa do automobilismo chinês”, tendo durante décadas desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento dos desportos motorizados na República Popular da China. “Sempre pensei que tendo um circuito permanente em Zhuhai poderia ser benéfico para os pilotos e para os comissários desportivos e de pista”,

Réu: Chui Francisco, com última morada conhecida em Macau, 氹 仔南京街濠庭都會第十二座蝶濠軒20樓D座, ora ausente em parte incerta. *

FAZ-SE SABER que pelo Juízo de Pequenas Causas Cíveis do Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA (30) DIAS, contados da data da publicação do anúncio, citando o Réu Chui Francisco para no prazo de QUINZE (15) DIAS, querendo contestar a acção supra identificada, na qual a Autora pede que a presente acção seja julgada procedente, por provada e, consequentemente, ser o Réu condenado a pagar ao Autor as dividas e os juros de mora na quantia global de MOP60,000.00 (Sessenta Mil Patacas) e as custas, sob pena de não o fazendo no referido prazo, seguir o processo os ulteriores termos até final à sua revelia.

Fica advertida de que não é obrigatória a constituição de advogado caso seja deduzida contestação.

Tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial, que se encontra nesta Secretaria do Juízo de Pequenas Causas Cíveis, poderão ser levantados nas horas normais de expedientes.

RAEM, 08 de Setembro de 2023.

www.hojemacau.com.mo desporto 17 quinta-feira 5.10.2023
公告 ANÚNCIO
HM • 5-10-23 Rui Valente, piloto “Os organizadores, para garantirem uma assistência em massa, como foi o caso, tiveram de ser criativos. Os bilhetes davam direito a sorteio de prémios como televisões, máquinas de lavar roupa, frigoríficos, ar condicionado e outras coisas.” PUB.

ANÚNCIO

CONCURSO PÚBLICO N.o 24/P/23

Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 14 de Setembro de 2023, se encontra aberto o Concurso Público para a“Prestação de Serviços de Limpeza das Unidades de Saúde da Área de Cuidados de Saúde Comunitários e de Outras Unidades Subordinadas dos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 5 de Outubro de 2023, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 85,00 (oitenta e cinco patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 6 de Novembro de 2023.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 7 de Novembro de 2023, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP468.000,00 (quatrocentas e sessenta e oito mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 26 de Setembro de 2023.

O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long

UM DISCO HOJE

PAVEMENT I BRIGHTEN THE CORNERS

Lançado em 1997, “Brighten the Corners” é o terceiro disco da banda liderada por Stephen Malkmus, depois de terem rebentado na cena indie rock. Registo maduro depois da brilhante maluquice que foi “Wowee Zowee”, o terceiro disco dos Pavement prova que a banda californiana era uma autêntica fonte infinita de melodias pop. “Stereo”, “Shady Lane”, “Passat Dream” são apenas alguns exemplos de grandes músicas, num disco que é bom do princípio ao fim. Estranhamente mal-amado entre fãs da banda, mas que não se tornou datado apesar de ter sido lançado há quase trinta anos. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

18 [f]utilidades 5.10.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo TEMPO POUCO NUBLADO MIN 26 MAX 34 HUM 40-85% UV 10 (MUITO ALTO) • EURO 8.46 BAHT 0.21 YUAN 1.11
www. hojemacau. com.mo SUDOKU SOLUÇÃO DO PROBLEMA 36 PROBLEMA 37 945821673 713956824 862473951 276514389 458397162 139682745 527169438 381745296 694238517 34 472635189 319782456 568941723 743596218 286314975 195278364 634157892 927863541 851429637 36 921758346 845639217 736412985 197345862 264871539 358296174 489127653 513964728 672583491 37 5486 92 37 5 697 9834 74 832 94658 38 39 97 793 38 73482 2985 567 24 81 498 8 75 6913 9451 574 31496 41 5 356 42 891 796 574 183 286 6729 42 CINETEATRO CINEMA DUMB MONEY SALA 1 DUMB MONEY [C] Um filme de: Craig Gillespie Com: Paul Dano, Sebastian Stan, Shailene Woodley 14.00, 19.30, 21.30 PAW PATROL: THE MIGHTY MOVIE [A] FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Cal Bunker 17.00 SALA 2 THE CREATOR [B] Um filme de: Gareth Edwards Com: John David Washington, Gemma Chan, Allison Janney, Ken Watanabe 14.15, 16.45, 19.05, 21.30 SALA 3 CREATION OF THE GODS I [C] FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Wu Er Shan Com: Kris Phillips, Li XueJian, Bo Huang, Yosh Yu, Luke Chen, Naran 14.15 HELLO GHOST [B] FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Hsich Pei Ju Com: Tseng Jing Hua, Ivy Shao, Lu Yi Ching, Tsai Jia Yin 17.00, 21.30 THE MOON [B] FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kim Yong Hwa Com: Sul Kyung Gu, Doh Kyung Soo, Kim Hee Ae 19.15
PUB.

TUFÕES, FURACÕES, MEDICANES E OUTROS FENÓMENOS METEOROLÓGICOS

ANTIGAMENTE , os nossos ancestrais saíam das suas cavernas, ou não, em função do tempo. Faziam-no para caçar ou recoletar os produtos necessários à sua subsistência. É provável que tentassem inferir as condições meteorológicas durante as quais se dedicariam às suas tarefas, recorrendo à observação das nuvens, do vento e de outros parâmetros meteorológicos. Observando e prevendo o comportamento da atmosfera, estavam a praticar, sem terem consciência disso, o que está na base de uma das ciências mais antigas, a Meteorologia. Apesar da sua antiguidade, ainda somos surpreendidos pelo facto de, esporadicamente, surgirem termos meteorológicos novos. É com certa frequência que os media se referem a “rios atmosféricos” para designarem extensas zonas da atmosfera em forma de corredor, caracterizadas por grande concentração de vapor de água e que frequentemente dão origem a fortes precipitações, por vezes com graves consequências. Outro termo, “meteotsunamis” (ou tsunamis meteorológicos), que aparece mais raramente, refere-se a perturbações da superfície do mar causadas pela variação brusca da pressão atmosférica, associadas ao movimento rápido de frentes frias e linhas de borrasca (formações de cumulonimbus dispostos em linha) muito ativas. Os meteotsunamis são caracterizados por ondulação de grande comprimento de onda, a qual, ao atingir as zonas costeiras, provoca efeitos semelhantes aos dos tsunamis, embora geralmente com menor intensidade.

A expressão “maré de tempestade” ( storm surge , em inglês) já entrou no léxico habitual, mas o seu significado ainda não é compreendido por muitas populações das regiões do litoral, o que tem causado milhares de vítimas. A pressão atmosférica muito baixa, associada a ciclones extratropicais e tropicais muito intensos, faz com que o nível do mar se sobre-eleve, e a água superficial seja arrastada pelo vento, invadindo as zonas costeiras baixas. Quando a pressão diminui 1 hectopascal (ou milibar) o nível do mar sofre uma elevação de aproximadamente 1cm, o que implica que, quando um ciclone com a pressão muito baixa no seu centro se desloca, é acompanhado por esta sobre-elevação, o que faz com que a agitação marítima atinja a costa por vezes com um nível superior a um metro em relação ao normal. Foi o que aconteceu na passagem do furacão Katrina na região de Nova Orleães, em agosto de 2005, o que causou cerca de 1800 mortos. Analogamente, em novembro de

2013, o tufão Haiyan provocou cerca de 6000 mortos nas Filipinas, em grande parte devido à maré de tempestade associada. Também o tufão Hato, em agosto de 2017, foi caracterizado por uma maré de tempestade que provocou forte inundação em algumas zonas baixas de Macau. Neste caso, o facto de a passagem do tufão ter coincidido com a maré astronómica alta agravou a situação, na medida em que houve uma sobreposição de três fatores: a maré de tempestade, a preia-mar e o vento forte.

Há algumas semanas reapareceu, nos meios de comunicação social, o termo “medicane”, usado para designar fenómenos meteorológicos relativamente raros, que ocorrem no Mediterrâneo, e que consistem em depressões híbridas, com características simultaneamente de depressões extratropicais e de ciclones tropicais.

precipitação anual média em Lisboa e cerca de 22% do que chove anualmente, em média, em Macau.

Bairros inteiros de Derna, juntamente com os seus moradores, e toda a espécie de destroços foram arrastados pelas enxurradas causadas pelo rebentamento de duas velhas barragens em mau estado de conservação, próximas daquela cidade do nordeste do país. A situação foi provavelmente agravada pelo facto de a Líbia ter dois governos, um com sede em Tripoli, na parte oeste do país, reconhecido pela ONU, e o outro sediado em Tobruk, na parte Leste, onde ocorreu a tragédia. É natural que esta situação tenha provocado certa descoordenação entre as autoridades meteorológicas e de proteção civil da Líbia. Ainda hoje não se sabe o número de mortos, mas, segundo o governo da

parte leste do país, o número confirmado ultrapassou 5.200, calculando-se em pelo menos 10.000 os desaparecidos, o que faz com que esta tragédia seja considerada como a mais gravosa de sempre causada por fenómenos meteorológicos na Líbia, e o maior desastre de caráter hidrometeorológico em 2023, em todo o mundo, até à presente data.

O mais recente destes fenómenos formou-se a partir de uma perturbação do campo da pressão sobre o Mar Egeu, em 4 de setembro de 2023, que se deslocou para sul da Grécia, provocando precipitação intensa e inundações neste país, causando mais de uma dezena de vítimas mortais. A tempestade, que foi denominada Daniel pelo serviço meteorológico grego, atravessou o Mediterrâneo e, no dia 10, atingiu o Nordeste da Líbia, causando precipitação extraordinariamente intensa. A estação meteorológica de Al-Bayda, relativamente próxima da cidade de Derna, registou 414,1 mm entre as 08:00 horas do dia 10 e as 08:00 horas de 11 de setembro. Como referência pode-se mencionar que esta precipitação, que ocorreu em apenas 24 horas, correspondeu a cerca de 75% da

“Os meteotsunamis são caracterizados por ondulação de grande comprimento de onda, a qual, ao atingir as zonas costeiras, provoca efeitos semelhantes aos dos tsunamis, embora geralmente com menor intensidade.”

“Medicane” não é um termo oficial, pois não se encontra no glossário da Organização Meteorológica Mundial. Apesar disso, esta designação já era usada na década de oitenta do século passado, tendo aparecido pela primeira vez em literatura científica em 1995, num estudo de um meteorologista grego (Theodore Pytharoulis) sobre um fenómeno desse tipo que ocorreu em 1994. O termo resulta da junção das primeiras duas sílabas de Mediterrâneo e as duas últimas da palavra inglesa Hurricane (furacão, em português). Os “medicanes” são fenómenos relativamente raros, ocorrendo aproximadamente uma vez por ano. Atendendo à sua semelhança com os furacões, são também designados por “ciclones mediterrânicos tipo tropical”, “ciclones subtropicais mediterrânicos”, “tempestades mediterrânicas” ou “furacões do Mediterrâneo”.

Se estivermos atentos, teremos oportunidade de ver surgir novos nomes para fenómenos meteorológicos. Esperemos que, no entanto, ninguém se lembre de chamar “medicão” (da fusão das palavras Mediterrâneo e furacão) aos “medicanes” …

vozes 19 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 5.10.2023 a propósito de
Olavo Rasquinho* *Meteorologista
Imagem do Medicane Daniel (9 setembro 2023) Imagem da cidade Derna após a inundação.

Comunidades Paulo Cafôfo candidato à liderança do PS/Madeira

O ex-presidente do PS/Madeira e actual secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo, vai candidatar-se à liderança da estrutura regional do partido, disse ontem à Lusa o próprio, após o actual líder ter anunciado que não se vai recandidatar.

“Face a essa indisponibilidade, eu achei que este é o momento certo, o momento ideal para poder reafirmar o compromisso do Partido Socialista com a mudança da Madeira. E, por isso, eu vou candidatar-me, tenho uma motivação, um empenho e uma determinação muito grandes”, afirmou. A notícia foi avançada pelo Diário de Notícias da Madeira na edição impressa de ontem e, entretanto, confirmada por Paulo Cafôfo em declarações à agência Lusa. Questionado sobre se vai abandonar o cargo de secretário de Estado das Comunidades caso seja eleito líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo respondeu: “Não há qualquer incompatibilidade entre uma coisa e outra”.

JMJ Ocupação hoteleira aquém das perspectivas

A taxa de ocupação na hotelaria em Lisboa durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi de 77 por cento, “bastante aquém” dos 91 por cento estimados em Junho, segundo um inquérito da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), divulgado ontem. “A taxa de ocupação ficou bastante aquém das perspectivas”, afirmou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, na apresentação à imprensa do Inquérito “Jornada Mundial da Juventude 2023 – Impacto na Hotelaria”, que decorreu ‘online’. Segundo as respostas de 152 estabelecimentos hoteleiros e de alojamento local associados da Área Metropolitana de Lisboa (AML), a taxa de ocupação na semana da JMJ foi de 77 por cento em Lisboa e de 85 por cento na AML.

quinta-feira 5.10.2023

QUÍMICA NOBEL PARA DESCOBERTA FUNDAMENTAL PARA NANOTECNOLOGIA

OS vencedores do Prémio Nobel da Química deste ano são os cientistas Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov, pela descoberta de pontos quânticos, fundamentais para a nanotecnologia, anunciou ontem a Real Academia Sueca das Ciências.

Lixeira marinha

Dois residentes infectados em Coloane por bactéria presente no mar

OS Serviços de Saúde (SS) anunciaram o registo de dois casos de infecção de Vibrio Vulnificus. As infecções foram detectadas em dois homens que entraram na água nas praias de Cheoc Van e Hac Sá.

Segundo os SS, a Vibrio Vulnificus é uma bactéria que existe de forma natural em mar de águas quentes, mas que em caso de infecção, apesar de normalmente produzir sintomas mais ligeiros, pode resultar na amputação de membros ou na morte dos infectados.

Quando a bactéria é ingerida através do consumo de mariscos “pode causar diarreia, vómitos e dores abdominais”, mas os SS indicam que “de um modo geral” não há “consequências graves”.

O primeiro caso diz respeito a um residente que a 11 de Setembro foi nadar na praia de Cheoc Van, tendo sido picado pela barbatana dum peixe no indicador esquerdo.

Por volta das 17 horas do dia em que foi picado, o indicador esquerdo começou a inchar, pelo que às 21h o homem dirigiu-se para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde ficou internado, uma vez que o dor de inchaço estendeu-se à palma da mão esquerda.

Uma semana depois da picada, após análise laboratorial, foi confirmada a existência de Vibrio Vulnificus nas secreções da ferida. Após o diagnóstico e

tratamento, a febre baixou e o inchaço na mão esquerda desapareceu. O estado clínico do infectado é estável.

O segundo caso foi detectado noutro homem adulto, que terá pisado a barbatana de um peixe, a 26 de Setembro, quando passeava na Praia de Hac Sá. No dia seguinte, manifestou sintomas como febre e dor, assim como inchaço no pé esquerdo e recorreu à consulta médica numa clínica pelas 08h. Devido à gravidade do diagnóstico foi levado para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde lhe foi diagnosticada uma infecção no membro inferior esquerdo. No dia 29 de Setembro confirmou a infecção de Vibrio Vulnificus e o homem encontra-se “estável”.

Macau ECOnscious questiona

Ao HM, Gilberto Camacho, fundador do grupo ECOnscious,

“O que está a ser feito às embarcações que passam por Macau e utilizam as águas para lavar os seus tanques e deitar lixo ao mar? Quantas infracções foram cometidas no último ano?”

reagiu ao incidente ao questionar a fiscalização das autoridades às embarcações que passam pelas águas de Macau.

“Não é novidade nenhuma que as águas do mar em Macau estão cada vez mais impróprias para banhos devido à poluição. Como prova disso, vários cardumes de peixes mortos deram à costa recentemente e muitos deles eram portadores de bactérias e outros micróbios”, afirmou o ecologista, que frequentemente se envolve em campanhas de limpeza das praias.

“O que está a ser feito em relações às embarcações que passam por Macau e utilizam as águas tranquilas de Macau para lavar os seus tanques e deitar lixo ao mar? Quantas infracções foram cometidas no último ano?”, questionou. “Devido à pouca profundeza do mar e ao facto das correntes serem mais fracas em comparação com Hong Kong, por exemplo, e também devido à inexistência de fiscalização, o mar de Macau é um bom sítio para os navios de fora eliminarem tudo o que não querem manter a bordo e lavarem os seus tanques”, atirou.

Gilberto Camacho sugere que as autoridades reforcem os esforços para reduzir a toxicidade do mar, e apontou que nos últimos seis anos o grupo Macau ECOnscious recolheu cerca de 10 toneladas de lixo, em 47 campanhas. João Santos Filipe

A academia decidiu homenagear o trabalho feito por aqueles investigadores, todos ligados a universidades norte-americanas, responsáveis pela “descoberta e síntese de pontos quânticos”, ou seja, nanopartículas tão pequenas que o seu tamanho acaba por determinar as suas propriedades. Moungi Bawendi é investigador no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Louis Brus trabalha na Universidade de Columbia e Alexei Ekimov na Nanocrystals Technology.

Os pontos quânticos são pequenas partículas, com apenas alguns átomos de diâmetro, cujos electrões têm movimento limitado, o que afecta como absorvem e libertam luz visível. Estas partículas são usadas em electrónica, nomeadamente em ecrãs LED.

O anúncio foi feito ontem em Estocolmo pelo secretário-geral da Real Academia Sueca das Ciências, mas, ao contrário do que é habitual, os nomes dos três premiados foram divulgados prematuramente pela academia. Segundo a televisão pública sueca SVT, a academia divulgou por engano um comunicado com os nomes dos cientistas distinguidos.

Os Prémios Nobel têm um valor pecuniário de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 950 mil euros). O dinheiro provém de um legado deixado pelo criador do prémio, o inventor sueco Alfred Nobel, que morreu em 1896.

“Não se escapa à responsabilidade de amanhã esquivando-se hoje.”
PUB.
Abraham Lincoln PALAVRA DO DIA

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.