Hoje Macau 5 DEZ 2011 #2507

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

Ter para ler

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 5 DE DEZEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2507

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 15 MAX 20 HUMIDADE 50-80% • CÂMBIOS EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

hojemacau análise

JOSÉ I. DUARTE • GONÇALO ALVIM • ANTÓNIO CONCEIÇÃO JÚNIOR

LAG Jogo • Ambiente • Cultura

Serviços de Saúde explicam-se

Dourar a pílula Na RAEM, a saúde pública parece fazer uma travessia no deserto. E por isso o Hoje Macau interpelou os Serviços de Saúde para falar dos temas mais quentes. Falta de médicos, inexistência de cursos de medicina nas universidades do território, novo hospital e acordo com a MUST foram abordados. De forma breve, os responsáveis assumem erros e dizem-se a postos para os novos desafios que o futuro coloca. > PÁGINA 8

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Novas sondagens

DEMOCRACIA PROFUNDA CHEGOU A MACAU • Páginas 4 e 5

CEM

NOVAS BARREIRAS MAIS AMIGAS DO AMBIENTE E DA CIDADE • Centrais


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China, maior emissor mundial de gases causadores do efeito de estufa, como o CO2, não descarta assinar um novo tratado vinculativo de corte de emissões, disse o negociador-chefe chinês, Su Wei, na 17ª Cúpula da ONU sobre Mudança Climática (COP17) de Durban, na África do Sul. “Não descartamos a possibilidade de um acordo legalmente vinculativo. Pela nossa parte é possível, mas tudo depende das negociações”, explicou Wei numa entrevista colectiva no Centro Internacional de Conferências de Durban, que recebe a COP-17 até o dia 9 de Dezembro. Até o momento, a China mostrou-se favorável a apoiar o acordo, mas sem se submeter a essa obrigação dos cortes de emissões poluentes. Wei disse também que, à espera do eventual início desse processo, a China apoiará em Durban uma proposta que “assegure um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto”, e estará aberta a um diálogo “construtivo”. “Como estamos em processo multilateral, queremos ter um diálogo muito construtivo com outras partes para fazer com que o processo avance”, comentou. O Protocolo de Quioto, assinado em 1997 e em vigor desde 2005, é o único tratado que fixa obrigações aos países desenvolvidos (excepto os Estados Unidos, que não ratificou o pacto) para reduzir emissões de gases do efeito estufa. O primeiro período de compromisso termina no final de 2012, sem que ainda se tenha conseguido estabelecer as

ACTUAL Durban | Novo acordo de redução de emissões na mesa

China aceitar cortar no carbono

bases do segundo lance do Protocolo, que deveria começar em 2013. Esta renovação transformou-se num dos grandes desafios da COP-17. China, EUA e Índia, os três maiores emissores de

gases, não estão submetidos a Quioto e, até agora, rejeitaram comprometer-se com objectivos legais de redução de emissões. A União Europeia (UE) defende um caminho para conseguir em 2015

um acordo de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa que entraria em vigor em 2020, o que comprometeria todas as grandes economias, incluindo as emergentes.

Su Wei acrescentou que o seu país está “preparado” para dialogar com a UE, apesar de insistir na necessidade de conseguir aprovar uma renovação do Protocolo de Quioto.

CHINA NÃO PODE USAR RESERVAS PARA RESGATAR EUROPA

CHINA FELICITA CRIAÇÃO DA CELAC

Sinceridade exige-se

A perspectiva estratégica

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China não pode usar suas reservas internacionais de US$ 3,2 mil milhões para resgatar outros países, incluindo a Europa, disse a vice-ministra das Relações Exteriores, Fu Ying, “O argumento de que a China deverá resgatar a Europa não se sustenta, visto que as reservas não são administradas dessa forma”, afirmou Fu. Mas acrescentou que a China tem sido uma “participante positiva e forte” nos esforços internacionais para ajudar a Europa e continuará a participar em tais esforços.

Falando num fórum diplomático em Pequim, a vice-ministra acrescentou que o investimento chinês na Europa não deverá ser

politizado. Ao mesmo tempo, a Europa deveria “mostrar sinceridade” sobre as questões que obstruem o desenvolvimento das relações entre a China e a Europa, afirmou Fu, principalmente o embargo europeu sobre as exportações de armas à China, e o pedido de longa data para que seja concedido estatuto de economia de mercado ao país. Essas duas questões afectam “a confiança e o entendimento mútuo dos dois lados”, declarou a vice-ministra.

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presidente da China, Hu Jintao, felicitou os países-membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) pela constituição do organismo e manifestou a disposição do seu país em reforçar a colaboração com o novo bloco. “A parte chinesa aborda sempre os vínculos entre a China a América Latina e o Caribe de uma perspectiva estratégica e está disposta a reforçar o diálogo, o intercâmbio e a colaboração com a Celac”, indicou o líder chinês em carta lida pelo

presidente venezuelano, Hugo Chávez. A mensagem, enviada aos países reunidos em Caracas na cúpula de fundação da Celac, indica a disposição chinesa em fazer “esforços conjuntos a fim de estabelecer e desenvolver uma aliança, sob os preceitos de igualdade, benefício mútuo e desenvolvimento partilhado para a cooperação integral”. O presidente da China destaca “a idêntica vontade” dos países latino-americanos e caribenhos na “salvaguarda da paz regional e promoção do

desenvolvimento partilhado nas novas circunstâncias”. A carta acrescenta que, neste século, as relações entre China e América Latina têm vindo a desenvolver-se “de maneira integral e rápida” com uma “constante ampliação” da cooperação. Chefes de Estado e de governo dos 33 países da América Latina e do Caribe encerraram passado sábado dois dias de reunião com a Declaração de Caracas, que significará o baptismo da Cúpula de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).


Não é possível falar em cultura sem que se entenda que o problema da insolvência do trânsito caótico em Macau, e outras imprevisões, são, em absoluto, uma questão de desequipamento cultural. A cidade criativa, que venho defendendo, não é uma cidade só para “criativos”, mas antes uma cidade que esteja equipada em todas as frentes por decisores com horizontes que, transversalmente, possam compreender os efeitos dos desequilíbrios que afectam todas as pulsões. António Conceição Júnior P.19

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S investidores andaram a perder o entusiasmo com várias empresas chinesas, devido ao medo de desaceleração da economia, de fraudes e da falta de boa administração empresarial. Mas para analistas de firmas de investimentos, as acções chinesas continuam a ser uma aplicação cobiçada. Num optimismo que lembra a bolha de tecnologia dos Estados Unidos nos anos 90, analistas que trabalham para bancos de investimentos de todo o mundo consideram praticamente todas as acções de empresas chinesas que analisam uma boa aplicação. Embora estes analistas tenham uma tendência a ser mesmo optimistas, são bem mais positivos em relação às acções de bancos, empresas de tecnologia e bancos da China do que com os papéis de empresas de outros países. Segundo dados compilados pela firma de pesquisa independente Forensic Asia Ltd., os analistas têm 19,2 recomendações “comprar” para acções chinesas para cada recomendação “vender”. Para acções de empresas baseadas nos EUA, a proporção é de 10,5, e para o resto da região da Ásia e Oceania é de 7,3. “Do lado das vendas, há uma pressão irresistível para acreditar na narrativa de que a ‘China não falha’”, disse Gillem Tulloch, fundador e director executivo da Forensic Asia, e ex-analista da corretora CLSA. Analistas que ainda actuam ou que já trabalharam

Bancos chineses | Apesar de quedas na bolsa optimismo de analistas continua

“A China não falha” no sector de vendas dizem que há outros motivos para tanto optimismo, como a vontade de obter um acesso melhor a empresas e seus executivos e o desejo de conquistar comissões de corretagem e de banco de investimento dessas empresas. A Forensic Asia, que não opera no segmento de financiamento ou de investimento em empresas, divulga em geral mais notas recomendando vender que comprar, disse Tulloch. Os investidores que seguiram as recomendações optimistas dos analistas não têm conseguido um bom retorno este ano. O Índice Composto de Xangai havia caído 15% até sexta-feira, e em Hong Kong, onde empresas chinesas respondem por dois terços do volume, o Índice Hang Seng caíra 23%. O declínio das acções chinesas surgiu no meio de

questionamentos sobre a governação empresarial e a contabilidade de algumas empresas. Alegações da firma de vendas a descoberto — ou seja, apostas na queda de uma acção — Muddy Waters Research LLC na segunda-feira passada contra a agência chinesa de publicidade Focus Media Holding Ltd. fizeram cair as acções da empresa em mais de 39% no Nasdaq. Os analistas ainda têm 11 recomendações de comprar e nenhuma de vender para estas acções. A Focus Media questionou as alegações da Muddy Waters, afirmando que o relatório da firma interpretou erradamente os seus números de telas de LCD e dados financeiros. As acções recuperaram 14% até o fim de semana. ASino-Forest Corp. é uma das empresas que têm sido alvo de questões. Uma comis-

são especial do seu conselho de administração informou este ano não ter encontrado nenhuma fraude na empresa, em resposta a um relatório da Muddy Waters afirmando que a empresa de madeira e celulose divulgou um valor maior que o real para seus activos florestais. Um analista que cobre acções asiáticas para um banco importante disse que, de acordo com a sua experiência, quando analistas suspeitam que há fraudes numa empresa deixam de acompanhar as acções em vez de emitir um relatório negativo. “O melhor que se pode fazer é sugerir que certas operações são ‘questionáveis’. Os leitores desses relatórios entendem essas subtilezas”, disse o analista. Analistas optimistas e conflitos de interesse são um problema na indústria de cor-

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empresa portuguesa de têxteis de banho Abyss & Habidecor apresentou a sua colecção de 2012 em Pequim na sexta-feira à noite, num inédito desfile de robes, tapetes e toalhas destinado a cativar o “muito animador” mercado chinês. “A China é um mercado importantíssimo para nós. O crescimento aqui é muito animador”, disse o presidente da empresa, Celso de Lemos Esteves. Fundada há 30 anos em Viseu, onde emprega cerca de duzentos trabalhadores, a Habidecor exporta 97 por cento da sua produção, sobretudo para a Europa (50 por cento) e Estados Unidos (30 por cento).

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retagem e análise de acções. Depois do colapso da bolha das empresas da internet, no início da década passada, as maiores corretoras de Wall Street aceitaram pagar US$ 1,4 mil milhão para evitar acusações governamentais de que divulgaram pesquisas de investimento demasiado optimistas para conquistar clientes e ganhar comissões por actividades de banco de investimento. Numa entrevista no seu último dia ao leme da autoridade de regulamentação do mercado accionista de Hong Kong, Martin Wheatley alertou sobre a loucura por acções de empresas chinesas e chamou ao país “a nova bolha da internet” no mundo dos investidores. Como durante a bolha da internet, o raciocínio por trás de todo o optimismo é a perspectiva de crescimento. “Há anos que impera a atitude de ‘ninguém liga’ para os fundamentos de firmas asiáticas devido ao alto índice de crescimento da região”, diz Richard Leggett, ex-executivo do Goldman Sachs que já dirigiu duas firmas independentes de pesquisa. Os grandes bancos estatais da China realizaram algumas das maiores aberturas de capital do mundo nos últimos anos, mas o desempenho recente das suas acções tem sido fraco, já que os investidores temem que tenham dívidas ocultas. Os quatro maiores bancos chineses já caíram, em média, quase 30% este ano na Bolsa de Hong Kong, mas os ana-

listas continuam totalmente optimistas a seu respeito. O Banco Industrial & Comercial da China Ltd., o maior credor do mundo em valor de mercado, tem 24 recomendações de comprar e apenas uma de vender, segundo a FactSet Research Systems Inc. Em Setembro de 2007, quando as acções do sector bancário estavam perto de atingir o auge, também só havia uma recomendação de vender para o banco. O Banco de Construção da China Corp. tem 25 recomendações de comprar e apenas uma de vender, segundo a FactSet. Em 2007, existiam 17 recomendações de comprarenenhumadevender. A Coreia do Sul, onde a proporção de recomendações de vender em relação às de comprar é de 22,7 para 1, é o único mercado em que os analistas continuam tão optimistas quanto em relação à China, segundo a Forensic Asia. Vários dizem que algumas empresas sul-coreanas pressionam os analistas para divulgar recomendações positivas sobre as suas acções. James Antos, analista do sector bancário na Mizuho Securities Co., é um dos poucos pessimistas quanto aos bancos chineses, com recomendação de vender para seis dos nove bancos chineses que acompanha, e nenhuma recomendação de comprar.Antos, que já foi auditor da Ernst & Young e acompanha o sector bancário desde 1980, aponta a inexperiência como culpada pelo optimismo exagerado de vários analistas sobre a Ásia.

Leia mais notícias sobre a China e a Ásia em www.hojemacau.com.mo

PEQUIM | EMPRESA PORTUGUESA DE TÊXTEIS DE BANHO APRESENTA COLECÇÃO

Toalhas e robes topo de gama “Somos uma empresa familiar, que é, em primeiro lugar, humana, e onde toda a produção é feita no respeito pela natureza. A maioria dos nossos artesãos trabalha na casa há mais de vinte anos”, salientou Celso Esteves. Fabricados com um fio especial importado do Egipto e desenhados por duas estilistas belgas, os robes, toalhas e tapetes de banho da Habidecor são considerados “artigos topo de gama”. “Os

nossos produtos são dos mais caros do mercado porque nós só vendemos qualidade”, justificou Celso Esteves. Um robe de banho da Hadidecor na Europa custa cerca de 200 euros e na China, país onde aquela empresa portuguesa se estreou há oito anos, o preço é quase o dobro, exemplificou. O design é outra mais-valia da empresa. “Temos cerca de 60 cores. É a nossa força. Não há muitas

marcas que usem tantas cores como nós”, referiu a estilista Mia Deknudt, que trabalha na empresa desde que concluiu o curso de Comunicação Visual, há vinte anos. A apresentação da colecção 2012 decorreu num hotel de Pequim, com a presença do embaixador de Portugal, José Tadeu Soares, e de dezenas de distribuidores e responsáveis de centros comerciais chineses.

Foi o primeiro desfile do género organizado pela Habidecor, empresa que até agora só exponha os seus produtos em feiras, e coincide com um bom momento das exportações portuguesas para a China. Desde 2009, as exportações portuguesas para a China mais do que duplicaram, devendo ultrapassar este ano os mil milhões de dólares (739,2 milhões de euros), pela primeira vez.


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ACTUAL

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QISHAN PEDE ESFORÇO PARA REESTRUTURAR COMÉRCIO O vice-primeiro-ministro da China, Wang Qishan, pediu a autoridades locais neste domingo que elevem os esforços para estabilizar as exportações e ampliar as importações frente à complexa situação económica global. A China precisa acelerar os esforços para reestruturar seu comércio estrangeiro já que a “extremamente complexa” situação econômica global levará inevitavelmente a uma demanda insuficiente pelas exportações chinesas, disse Wang durante uma visita à província de Liaoning.

Lei de Imprensa estreia método único de dar voz ao cidadão

O povo esclarecido jamais será vencido James Fishkin, da Universidade de Stanford, quis pôr pessoas a falar depois de pensarem. A teoria tinha tudo para ficar no papel, mas tornou-se real. Chama-se sondagem deliberativa, chegou a Macau e promete democracia em estado puro. Nuno G. Pereira

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nuno.pereira@hojemacau.com.mo

DO TEXAS À CHINA O percurso de James Fishkin está já recheado de sucessos na implementação das sondagens deliberativas nas mais diversas partes do planeta. Nos EUA, recorda um dos primeiros casos de estudo a trazer os holofotes à sua causa. “No Texas, erguemos uma sondagem na área da energia. Para grande surpresa, as pessoas escolheram pagar um pouco mais pela sua electricidade para assim se desenvolverem projectos de energia eólica, que beneficiassem o ambiente. Este estado passou do último para o primeiro lugar na produção de energia eólica, de 1996 para 2007.” Na China Continental, mais recentemente, novo êxito. Foi na zona de Zeguo, perto da cidade de Wenling. “Fui à China dar uma conferência sobre a sondagem deliberativa e um dirigente local veio desafiar-me para pôr lá as coisas em prática. Disse que sim, se aceitasse implementar os resultados. E ele aceitou.” Já em Zeguo, a sondagem trouxe surpresas.

“Discutia-se como aplicar fundos em infra-estruturas. Fizemos os briefings - à semelhança do que agora acontece em relação à Lei de Imprensa - com de prós e contras para cada projecto. Antes da sondagem, o líder local veio ter comigo e disse que já calculava quais os projectos que iam ganhar: os de ‘imagem’, que mostram ‘a prosperidade da terra’. Quando a sondagem ficou concluída, percebemos que estava errado.” A autoestrada que o político achava ser, de certeza, a primeira escolha, foi ignorada, assim como uma praça central. Enfim, os tais projectos de imagem. “As pessoas queriam água sem poluição, esgotos mais eficazes, um parque verde recreativo. O meu interlocutor esteve à altura do prometido - construiu exactamente o que as pessoas queriam. Depois, ficou famoso na China por tê-lo feito. Foi há quatro anos e, desde então, fazem-se lá sondagens deliberativas sem interrupção.”

ANHARAM a lotaria. Não a do imenso dinheiro, mas a da oportunidade de dar significado à vossa opinião.” James Fishkin, autor da teoria da sondagem deliberativa, falou assim a cerca de 300 cidadãos de Macau, reunidos ontem na Escola Kao Yip para discutir a Lei de Imprensa. O Hoje Macau entrevistou-o, para saber se este é mesmo um momento-chave da democracia em Macau. O que distingue a sondagem deliberativa? A primeira fase começa com uma sondagem tradicional, através de questionário rigoroso por telefone. Mais tarde, convidamos as pessoas para uma sessão presencial, com debates e dúvidas dissipadas. Vemos quem veio e quem faltou, comparando dados para perceber até que ponto as pessoas presentes representam a sua sociedade. Na segunda fase, há a deliberação propriamente dita. O que afasta as pessoas da intervenção política? Não têm motivação para pensar com profundidade em políticas públicas. E porque teriam? São uma voz no meio de centenas de milhar e estão muito ocupadas a ganhar o seu sustento. E se é assim, então é racional ser ignorante. Está estudado, chama-se ignorância racional. Na sondagem deliberativa, com uma amostra científica que é um microcosmos fiel de cada sociedade, a voz delas conta. Torna-se natural que pensem sobre os assuntos. Como por exemplo? Uma vez uma senhora veio ter comigo e começou a agradecer-me porque o marido dela, quando soube que

fora seleccionado para uma sondagem deliberativa, começara a ler jornais diariamente - tinha uma razão lógica para estar informado. Para pensar. É isso que vai acontecer em Macau nestas sessões. É essa a chave? A chave é o esclarecimento. A minha ideia foi pegar num microcosmos científico e fazêlo debater, em boas condições, políticas públicas, para então comparar o antes e o depois do seu pensamento. Como se obtém esse esclarecimento? Trabalho e seriedade. Fazemos materiais de briefing completos, temos um grupo de apoio, garantindo equilíbrio e rigor sobre todas as alternativas. Sempre com transparência, está tudo na web pronto a consultar. Para este dossier, da Lei de Imprensa, temos todas as alternativas pensadas (incluindo não alterar nada), com prós e contras identificados. E, à medida que as pessoas ficam mais informadas, vão querendo saber mais, para intervir melhor. É como ser escolhido para jurado num julgamento? Exacto. O processo é similar, excepto que aqui não se procura uma resposta consensual de grupo, como precisa um veredicto. Obtemos as opiniões de respostas confidenciais e isso

“As pessoas são uma voz no meio de centenas de milhar e estão muito ocupadas a ganhar o seu sustento. E se é assim, então é racional ser ignorante”


BRICS APOSTAM EM NOVAS ENERGIAS

Os cinco países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão incentivar o desenvolvimento da energia eólica e solar, “ponto fundamental e inevitável pelo esgotamento das fósseis e dos problemas ambientais”, declarou neste domingo, 4, Bu Xiaolin, vice-presidente da província chinesa da Mongólia Interior, rica em carvão. Bu destacou a importância da colaboração entre os cinco países diante dos delegados do Brics, reunidos no Fórum de Cooperação e Amizade dos Governos Locais na ilha meridional chinesa de Hainan.

é muito positivo. O que corre mal nos júris vem da pressão social pela obrigação de um grupo concordar. As sondagens deliberativas, portanto, reaproximam os cidadãos da política? Absolutamente. Há milhares de sondagens a mostrar o que as pessoas “pensam” quando não estão a pensar. Que tal haver uma que mostre os resultados de um público que realmente pensa, depois de esclarecido? É céptico em relação às sondagens tradicionais? As sondagens tradicionais fazem o que têm a fazer: um instantâneo da opinião pública, com respostas de quem não pensou muito sobre um assunto.

DECISÕES SEM EQUÍVOCOS

A sondagem deliberativa não dá demasiado poder ao cidadão, quando já há alguém escolhido - por ele ou não - para decidir teoricamente melhor? As pessoas é que têm de viver com as consequências das decisões de políticas públicas. Se assim é, não devem ter oportunidade de decidir? Além disso, já são consultadas de muitas formas. Na internet, em reuniões, em audições públicas. E em regra, quem participa aí é quem que se sente melhor preparado para expressar opiniões. Como pessoas ligadas a associações e lobbies? Sim. Por isso repito: por que não perguntar às pessoas, esclarecendo-as primeiro? A

“Estou confiante que o resultado desta sondagem vai ser muito construtivo, não só para a Imprensa como também para o futuro da democracia em Macau” sondagem deliberativa é um instrumento valioso para os Governos decidirem, percebendo sem equívocos o que as pessoas realmente pensam. E querem. Num território como Macau, onde a maioria dos deputados não é eleita pelas pessoas, há riscos de uma sondagem como esta ficar só no papel? Vamos ver. O nosso trabalho é fazer uma sondagem científica o melhor possível e depois apresentar os resultados, que nunca sabemos de antemão quais serão. O que o Governo faz com esses resultados já não depende de nós. Contudo, o Angus é um investigador que merece todo o meu respeito [Angus Cheong, representante de Macau no estudo]. Com casos de êxito da China aos EUA (ver caixa), defende que o sistema político tem pouca influência? Sim. A aplicação dos resultados das sondagens deliberativas não depende do sistema político. Tem mais que ver com o contexto do assunto em discussão e dos seus objectivos. Mas estas sondagens são um método puro de democracia?

Sem dúvida. Vejo-as como um processo assente em valores democráticos fundamentais. A democracia deliberativa é a mais alta forma de democracia, porque liga decisões de cidadãos que pensam, depois de bem informados, aos resultados das políticas. Isso não sucede nas democracias ocidentais? O que é a democracia? Venho de um país onde a campanha política se faz com base em ‘soundbytes’ enganadores, questões pessoais e vida sexual dos candidatos. Quando é que se discutem as políticas reais que afectam a vida das pessoas? É o que faço com as sondagens deliberativas, seja em que sistema político for. Foi por isso que o fizemos na China Continental, tal como no Brasil, na Argentina ou na Coreia do Sul. É por isso que estou aqui em Macau. Este tipo de sondagens não atrasa o lado prático, a urgência em fazer acontecer? A consulta das pessoas é um processo rápido, o que demora é a preparação da sondagem, para

“A sondagem deliberativa é um instrumento valioso para os Governos decidirem, percebendo sem equívocos o que as pessoas realmente pensam. E querem”

Académico de reputação mundial

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ACTUAL

“Venho de um país onde a campanha política se faz com base em ‘soundbytes’ enganadores, questões pessoais e vida sexual dos candidatos. Quando é que se discutem as políticas reais que afectam a vida das pessoas?” que toda a gente esteja o melhor informada possível. Mas o que se obtém depois é concretizar com mais rapidez, porque não há dúvidas sobre aquilo que as pessoas querem. Errar uma decisão é que atrasa muito a vida das pessoas.

PREOCUPAÇÕES

James S. Fishkin é conhecido em particular pela criação da teoria da Democracia Deliberativa (concretizada nas sondagens deliberativas), elaborada em conjunto com Robert Luskin. Nascido em 1948, nos EUA, o professor Fishkin está à frente do departamento de comunicação da Universidade de Stanford, entre vários outros cargos, nomeadamente relacionados com a Democracia Deliberativa.

Os jornalistas temem que uma hipotética alteração à Lei de Imprensa lhes retire liberdade de acção. O que lhes diria? Duvido muito que isso possa acontecer. Sempre que fizemos estas sondagens, as pessoas foram inteligentes a decidir. Várias associações jornalísticas importantes foram consultadas para preparar os briefings e os jornalistas também estarão representados. A preocupação é desnecessária? Estou confiante que o resultado desta sondagem vai ser muito construtivo, não só para a Imprensa como também para o futuro da democracia em Macau.

JORNALISTAS BOICOTARAM DISCUSSÃO

A sondagem deliberativa sobre a possível alteração às leis de imprensa e de radiodifusão audiovisual realizou-se ao longo do dia de ontem, com a presença de cerca de 300 cidadãos de Macau e algumas dezenas de jornalistas. Porém, a grande maioria deles boicotou a sondagem, recusando-se a discutir o tema. Alegaram desconhecer “a cientificidade, a transparência e a motivação” do processo. Só 29 jornalistas participaram, número considerado suficiente pela organização para elaborar uma avaliação de opiniões. As sessões de debate em grupo foram alternando com sessões de perguntas a painéis de especialistas, com diferentes visões sobre os mesmos temas. As deliberações serão depois analisadas, com vista à eventual aplicação futura dos resultados obtidos. A equipa responsável por todo o processo da sondagem inclui James Fishkin e Alice Siu, do Centro para a Democracia Deliberativa da Universidade de Stanford, Xinshu Zhao, da Universidade Baptista de Hong Kong, Gustavo Cardoso, do Instituto Universitário de Lisboa, e Angus Cheong, da ERS (Macau).


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POLÍTICA

Deputados pedem reforço no ensino do Português e apontam defeitos na educação

Dar hipótese à segunda língua Joana Freitas

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joana.freitas@hojemacau.com.mo

maioria dos alunos do curso de Interpretação/ Tradução de Chinês para Português do Instituto Politécnico de Macau (IPM) é do interior da China. Quem o diz é Leonel Alves, que aponta ser necessário perceber porque é que os alunos de Macau não despertam interesse pela aprendizagem da Língua Portuguesa. Num debate que ficou marcado pelas questões relacionadas com a educação, na sexta-feira, na Assembleia Legislativa (AL), os deputados aproveitaram a presença de Cheong U para falar sobre a segunda língua oficial da RAEM. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura ouviu do hemiciclo diversas opiniões e perguntas, ainda que estas tenham, mais uma vez, ficado sem resposta. “Porque é que não há cursos ou debates

em português?”, interrogou Mak Soi Kun. O deputado falava da questão de Macau como plataforma para os países lusfónos e da falta de competitividade no sector educativo no que à aprendizagem de línguas diz respeito.

Também Gabriel Tong se pôs do lado do idioma luso, apontando a Cheong U falhas graves no ensino do português. “As universidades em Macau têm cursos excelentes em Língua Portuguesa, mas só que depois vemos que as escolas do ensino

primário e secundário não ensinam a língua”. O deputado pediu mais apoios ao Executivo não só para a Escola Portuguesa de Macau como também para as outras instituições luso-chinesas. Para Gabriel Tong é preciso introduzir o ensino do português em mais escolas do ensino não superior, de forma a dar continuidade à aprendizagem da língua. “Será que o Português se vai tornar numa língua do ensino e será dado mais apoio às escolas para que consigam introduzir este idioma?”, interrogou. A questão ficou no ar. Leonel Alves não pediu só mais apoios, até porque, diz, existem mais dez estabelecimentos de ensino que leccionam o português. A questão, considera o deputado, prende-se com perceber o “grau de eficiência do ensino luso-chinês” e ver se este “está a ser bem recebido” pelos alunos. “Convém perceber o porquê do desinteresse das pessoas

de Macau e porque é que o grau de desistência [dos que estão a aprender a língua] é tão elevado”, frisou.

ENSINO EM SÉRIE

A pressão da família nos estudos foi duramente criticada pelos deputados, que consideram que os encarregados de educação querem apenas que os filhos tenham um certificado que lhes permita arranjar um bom emprego e ganhar o máximo de dinheiro possível. Também o método de ensino, dizem, não permite aos estudantes aprenderem a raciocinar. Fong Chi Keong, por exemplo, relembrou que a responsabilidade do ensino não pode ser descartada apenas para o Executivo, mas deve partir também dos pais. “Investimento financeiro não é a única solução para a educação dos jovens”, notou. Fong Chi Keong comparou o funcionamento das escolas ao de um mercado, onde alunos e insti-

CHEONG U VAI APRESENTAR PROJECTO PARA ALTERAR AS CONTRIBUIÇÕES DO FUNDO DE SEGURANÇA SOCIAL

Distribuir para poder reinar A

UMENTAR as contribuições dos empregadores ou dividir as contribuições pelos cidadãos, empresas e Governo podem ser ideias para o futuro do Fundo de Segurança Social (FSS). As sugestões foram feitas pelos deputados, na sexta-feira, naquele que foi o último dia em que Cheong U esteve na Assembleia Legislativa (AL). O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que falava sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a sua tutela, garantiu estarem previstas alterações no FSS, já que, com todas as subvenções e apoios dados pelo Executivo à população, o fundo corre sério risco de falir em pouco tempo. Em Maio deste ano, um estudo do Governo baseado no aumento do Fundo de Pensões e noutras despesas mostrava que o FSS iria ficar

em situação de défice em 2014 e entrar em bancarrota em 2020. Se no ano passado, os saldos do FSS ficaram calculados em cerca de seis mil milhões de patacas, foram apenas de 250 milhões as contribuições. Os pedidos constantes de população e deputados para aumentar a pensão de velhice não têm sido concretizados devido ao risco de bancarrota. Cheong U admitiu que essa subvenção, em conjunto com o já previsto aumento do subsídio para os cidadãos mais velhos no próximo ano - pode trazer complicações. “O ajustamento da pensão para os idosos pode ser perigoso para o FSS”. Au Kam San foi um dos deputados que interpelou Cheong U acerca dos problemas que a “articulação” do subsídio para idosos com o

indíce de risco social poderia trazer. “Que medidas tem o Governo para assegurar a sobrevivência do FSS?”, questionou o membro da bancada democrata. A ideia é que as contribuições provenham não só dos empregadores e do Governo, mas também dos cidadãos. “O FSS tem

de contar com apoio das três partes, porque se o Governo injectar mais no fundo, isso implica grandes alterações no orçamento”, explicou o secretário. O secretário não tem ainda valores definidos, mas garante que, em 2012, será apresentada uma proposta para aumentar as contri-

buições ao Conselho de Concertação Social. “Vai ser realizado um relatório para identificar os problemas do FSS e estabelecer o valor das contribuições”, frisou Cheong U. Na altura da apresentação do estudo do Governo que incide sobre a possibilidade de falência, o Hoje Macau falou com Dicky Leung, coordenador do Programa de Assistência ao Serviço Social, que observou que, na maior parte dos países, os fundos sociais estavam ligados aos rendimentos, ficando a percentagem de contribuição determinada de acordo com o nível de rendimentos. “Para ter uma sociedade justa, os altos rendimentos contribuem mais e os baixos rendimentos, menos. Só assim podemos realizar o conceito de fundo social”, afirmou na altura. - J.F.

INDÚSTRIAS CRIATIVAS COM FUNDO DE APOIO Os deputados consideram existir falta de desenvolvimento nas indústrias culturais e criativas. Apesar de este ser um sector que marca presença na lista de prioridades do Executivo, os membros da AL pedem mais, já que consideram que o Governo “tem condições para desenvolver” a área. Impulsionar os artistas a participarem e utilizar os eventos de grande envergadura para promover as indústrias culturais do território são algumas ideias. Cheong U não anunciou quaisquer medidas relacionadas com o desenvolvimento do sector, com excepção para o já planeado nas LAG: a criação de um Fundo de Apoio às Indústrias Culturais e Criativas, do qual ainda não há informações relativas aos montantes. - J.F.


GUANGDONG E A COOPERAÇÃO COM PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

O Chefe do Executivo disse, no passado sábado, durante um encontro com o governador substituto, Zhu Xiaodan, e outros dirigentes da província de Guangdong, estar convicto que “a cooperação regional irá beneficiar com a consolidação gradual de Macau como um centro mundial de lazer e turismo e plataforma de cooperação entre a China e os países da língua portuguesa, criando fortes alicerces para a concretização da diversificação adequada da economia do território”. O encontro teve lugar para avaliar a cooperação bilateral, em termos de andamento de trabalhos, resultados por fases e projectos futuros. Zhu Xiaodan garantiu o apoio da província, com contributos nas áreas de turismo, indústrias culturais, serviços médicos da mais alta qualidade e, entre outras facilidades, de circulação nas fronteiras.

tuições são constantemente comparados, como produtos. “Temos que educar todos os que querem aprender, não é só aproveitar os génios”. Também Lee Chong Cheng considera necessária a implementação de critérios de avaliação às escolas que, diz, “devem saber os defeitos que têm para resolver os problemas”. O deputado criticou a forma actual de ensino, à base do decorar de matéria. “As escolas só pensam em dar matéria para os alunos decorarem. Isso impede a capacidade de racícinio. Os professores limitam-se a avaliar os exames e nada mais. Se o aluno não decorar, reprova”, acusou. “Os pais só querem que os filhos sejam dirigentes, tenham eles ética e qualidade ou não. Estamos a meter à força o conhecimento na cabeça deles e assim não funciona”, acusou Fong Chi Keong. José Pereira Coutinho aproveitou a presença do director do Instituto Politécnico de Macau (IPM) para acusar a instituição de não providenciar cursos realmente técnicos. “O IPM quer passar a universidade, mas como politécnico, não dá aos alunos a oportunidade de aprenderem especialidades na área de electricista ou canalizador, por exemplo”, acusou. Cheong U comprometeu-se a tentar arranjar mais docentes para o ensino técnico-profissional para que esta via seja “integrada nas escolas privadas”. Cheong U ouviu, mas não avançou com medidas concretas. O secretário prometeu apenas marcar encontros com os deputados para trocar informações e com os profissionais do sector educativo infantil e primário para estudar formas de dinamizar a aprendizagem e tornar mais lúdico o ensino. “Não podemos exigir a crianças do ensino infantil que mantenham uma postura perfeita e que saibam escrever, temos de optar também pela metodologia do lúdico e falar com os pais acerca da pressão que exercem sobre as crianças a nível escolar”. Leonel Alves sugeriu ainda a implementação do ensino da história de Macau, não só devido à falta de conhecimento geral, mas também para garantir que a ideologia de “Macau governado pelas suas gentes” não seja posto em causa. Leong Lai, directora dos Serviços de Educação e Juventude, esteve também no hemiciclo, mas limitou-se a falar sobre a proposta do Quadro Geral do Pessoal Docente do Ensino Não Superior, em análise na especialidade, apontando os benefícios do novo diploma.

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Presidente da APEM considera que Macau continua a sofrer de dependência mono-industrial

Novos aterros para diversificar

Virginia Leung

T

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ÃO certos como a importância dos casinos para a notável ascensão económica de Macau são os perigos da excessiva dependência económica numa única indústria. Um eventual abalo ou retrocesso nesse mercado teria repercussões graves num território em que a falta de robustez noutros sectores é notória. Há muito que vários especialistas vêm alertando para essa situação. Desta vez, Ieong Tou Hong, presidente da Associação Promotora da Economia de Macau (APEM), veio dizer que na prática foi feito em Macau desde que se começou a falar em diversificação. E sublinhou a importância de aproveitar os novos aterros como uma oportunidade para mudar alguma coisa. A economia de Macau dá provas óbvias de continuar a basear-se numa estrutura de indústria única, o que é difícil de alterar num curto período, considera Ieong Tou Hong. É por isso, defende, que o uso dos terrenos que irão surgir com os novos aterros não deve deixar de ser pautado pela consideração de como pode contribuir para mergulhar Macau de uma vez numa tendência de diversificação industrial, essencial para um desenvolvimento sustentável da economia e para a melhoria da qualidade de vida da população. No entanto, o presidente da APEM alerta que o desenvolvimento das novas terras não pode

ser feito às pressas e deve seguir um princípio de “consideração cuidadosa, construção descontraída”. O Governo deveria também, na opinião do especialista, estabelecer uma política populacional razoável e de longo prazo, de acordo com a disponibilidade de terras e antes de avançar com o planeamento. O Grupo de Trabalho de Planeamento dos Novos Aterros designou a APEM para o trabalho de investigação prévia com vista ao desenvolvimento dos novos aterros enquadrado com o desenvolvimento industrial, tendo como alvo as relações e sugestões para o progresso sustentável entre os novos terrenos e a economia. Para essa investigação, é considerado que Macau contém um aglomerado de micro-economias com alta dependência do ambiente económico externo. Os problemas estruturais intrínsecos ao actual modo de desenvolvimento, sublinhados pela forma como Macau passou pelo tsunami financeiro, devem por isso ser tidos em conta na hora de definir o uso das novas terras, com uma consideração cuidadosa de como levar a indústria de Macau a entrar numa tendência de diversificação, permitindo um desenvolvimento sustentável e a melhoria dos padrões de vida. Na prática, afirma Ieong Tou Hong, o princípio que Macau deve seguir na hora de escolher as apostas a fazer na distribuição pelos diferentes sectores dos espaços criados é o de avaliar primeiro as mais-valias respectivas: alto valor acrescentado, menos espaço necessário

com vantagens únicas particulares; e também considerar aspectos de diferenciação regional, as indústrias criativas e culturais, o modo negocial da indústria de “copyright” e todo o modo de cruzamento de serviços. A grande fatia do sector empresarial em Macau é coberta por pequenas e médias empresas (PME), o que requer um ângulo prático na definição do ponto de partida para o desenvolvimento industrial. Por exemplo, para o jardim cultural e criativo, Macau apenas tem pequenos espaços e é impossível construir a área do jardim. Mas, é possível considerar combinar os edifícios históricos da cidade antiga e alargar a área combinada com o turismo e a criatividade cultural. “O principal aspecto de um Centro Mundial de Turismo e Lazer é justamente deixar que os turistas sintam o lazer”, sublinhou Ieong Tou Hong. O uso das terras deve considerar a optimização dos espaços vida dos residentes com um conceito de equilíbrio, para reorganizar as funções e os fluxos entre a cidade antiga e a nova, permitindo que a cidade como um todo funcione como um mecanismo uno, defendeu o presidente da APEM. Assim, seria útil, por exemplo, desviar um fluxo de turistas apenas focado numa área do turismo e guiar os turistas a consumirem em diferentes zonas. Os novos aterros podem libertar espaço na cidade antiga para o replaneamento de instalações públicas e a elevação dos padrões de vida dos residentes.


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SOCIEDADE

Serviços de Saúde assumem problemas e encaram desafios

Sem condições para ensinar medicina construção do Hospital Geral das Ilhas com 400 camas, edifício administrativo e Multi-Servicos, Centro de Formação, Centro de Investigação Médica, Auditório e novo edifício do Instituto de Enfermagem Kiang Wu. Para a última fase, “planeou-se que nos terrenos ao lado do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas serão construídas as subunidades médicas ou subunidades de apoio administrativo dos SS”. Estas irão incluir uma série de instalações destinadas à prestação de cuidados de saúde, tais como, o Hospital de Reabilitação das Ilhas com 100 camas, o Laboratório de Saúde Pública, o Centro de Transfusões de Sangue, o Centro de Controlo de Medicamentos, o Centro de Exame Médico para Funcionários Públicos, o Centro de Seguranca e Saúde Ocupacional para trabalhadores, entre outros.

Pedimos aos Serviços de Saúde que traçassem o actual panorama da saúde no território. Sem assobiar para o lado, os SS falam dos seus problemas e assumem que estão a enfrentar diversos desafios. Ensinar medicina no território é tarefa hercúlea, pelo menos nos próximos tempos. Médicos de Portugal chegarão a qualquer momento Gonçalo Lobo Pinheiro

O

glp@hojemacau.com.mo

Hoje Macau auscultou os Serviços de Saúde (SS). A ideia era fazer uma entrevista de fundo com o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, mas a falta de disponibilidade deste esbarrou na intenção. Contudo, os SS não quiseram deixar-nos sem respostas. Sem evidenciar quais, assumiram estar a enfrentar diversos desafios justificando como causas destes novos desafios “o envelhecimento da população, o aumento da população, o acréscimo da quantidade na procura de serviços e insuficiência de camas no hospital” e foram taxativos: “Actualmente, em Macau, não há condições suficientes para criar os cursos de medicina a ministrar por instituição educativa superior.” Aparentemente, os SS não pensaram a saúde em tempo oportuno, nem tão pouco de uma forma proactiva. “São razões pelas quais os Serviços de Saúde desenvolvem várias medidas necessárias, incluindo a melhoria dos serviços de assistência médica, o reforço da formação de pessoal, o aperfeiçoamento das instalações médicas e a revisão da legislação vigente”, responderam ao nosso jornal.

MÉDICOS, O ETERNO PROBLEMA

O Comissariado da Auditoria (CA), no relatório “Recrutamento e formação de médicos internos”, apresentado recentemente, apontou que os SS “não dispõem de um plano de longo prazo para a gestão dos seus recursos humanos médicos”. A situação terá sido agravada com a suspensão de realização dos internatos geral e complementar a seguir a 2006 e 2005, respectivamente, “o que deu origem a um

número insuficiente de candidatos com os requisitos exigidos para a carreira médica nos SS”. Para dar a volta ao texto, os SS prometem aumentar o ritmo de formação. “Prevê-se nos próximos três anos que se formem 100 internos gerais por ano. Neste momento, temos 23 indivíduos que estão a frequentar o internato geral e 29 indivíduos o internato complementar”, explicou a assessoria dos SS. A qualidade também é bem-vinda. Só que para isso é preciso apostar forte nas condições profissionais dos médicos e enfermeiros. “Os SS planeiam melhorar as condições na área dos salários de médicos especialistas do exterior, com vista a contratar médicos de qualidade”, explicam. O director Lei Chin Ion já assumiu a intenção de contratar profissionais de saúde a Portugal e a promessa é para ser cumprida. “Foram entrevistados mais de 20 candidatos portugueses, alguns deles eram generalistas e foram excluídos deste plano de contratação”, afirmaram os SS, acrescentando que: “Quanto ao recrutamento realizado em Portugual, serão contratados dez médicos e enfermeiros, nas áreas de medicina legal, gastroenterologia, cirurgia geral, pneumologia, patologia clínica e anatomia patológica.”

SAÚDE PÚBLICA VS. SAÚDE PRIVADA

No ano de 2010, as organizações de saúde não lucrativas forneceram vagas de assistência médica – cerca de 460 mil serviços de consultas externas, de acordo com dados dos SS. Medicina oriental, medicina ocidental e estomatologista foram as especialidades abrangidas, e mais seis mil serviços de internamento hospitalar foram im-

plementados. “No futuro, serão desenvolvidos por completo os recursos de saúde e a colaboração entre o Governo e as organizações médicas não lucrativas e privadas, e implementadas e aplicadas as políticas de múltiplos serviços de cuidados de saúde”, referiram os SS ao Hoje Macau. Relativamente ao Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde, os SS concluíram a avaliação do programa de 2009. Os resultado mostram que os residentes de Macau usaram principalmente os vales de saúde no diagnóstico e tratamento de doenças ligeiras e na protecção de saúde, atingindo a taxa de utilização de 84,25%. “46,37% recorreram à medicina chinesa; os outros dirigiram-se à

medicina ocidental, dentistas ou policlínicas, para exame médico ou diagnóstico e tratamento de doenças ligeiras.”

NOVO HOSPITAL: LUZ AINDA TÉNUE AO FUNDO DO TÚNEL

“Definiu-se como prioridade”, reiteraram os SS. Numa primeira fase, o sistema público de saúde ficará enriquecido com a construção do Hospital de Urgência das Ilhas com 100 camas e a preparação para a construção do Centro de PET-CT, Centro de Radioterapia, edifício de serviços auxiliares, bem como heliporto e Comando Operacional de Emergência, entre outras instalações. A segunda fase, ainda sem tempo de términos, abarcará “a

SS ORGANIZAM SEMINÁRIO DE DIVULGAÇÃO DO CEPA

No próximo dia 13 de Dezembro, os SS vão realizar um semanário de divulgação do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Continente Chinês e Macau (CEPA) relativo às políticas dos serviços na área da saúde. Os SS conjuntamente com o departamento de saúde da Província de Guangdong, que designará os representantes médicos e administrativos, farão uma apresentação do Regulamento Detalhado de Implementação para Instalação de Consulta Externa pelos Prestadores dos Serviços na RAEHK e RAEM e do Guia de Requerimento para a Criação do Hospital em nome individual pelos Prestadores dos Serviços na RAEHK e RAEM. “Queremos estimular e impulsionar os prestadores dos serviços na área de saúde de Macau a requererem o licenciamento para as entidades médicas e a licença para o exercício da actividade hospitalar na Província de Guangdong”, explicaram os SS.

MUST E A SAÚDE

Os Serviços de Saúde e o Hospital Universitário de Ciência e Tecnologia celebraram, recentemente, um acordo de cooperação para a abertura do Posto de Urgência das Ilhas do Centro Hospitalar Conde de São Januário que entrou em vigor oficialmente no dia 8 de Fevereiro deste ano. “Esta parceria têm em vista a criação do serviço hospitalar de reabilitação e do serviço de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário nas Ilhas dentro das instalações deste”, explicaram, muito superficialmente, os SS na sua resposta ao Hoje Macau. A grosso modo, o Hospital Universitário proporcionará aos SS instalações antes da conclusão e inauguração das instalações do hospital público nas Ilhas. “Com isso permite ao Centro Hospitalar Conde de São Januário a criação, a gestão e o funcionamento dos serviços de urgência nas instalações do Hospital Universitário na primeira fase e do serviço hospitalar de reabilitação, na segunda fase.” Apesar da polémica em torno da renda que o Governo está a pagar ao MUST, os SS consideram a mesma “justa” pelo espaço físico disponibilizado. “A área arrendada é cerca de 37 000 pés quadrados com uma renda mensal de 910 mil patacas”, acrescentou ainda a assessoria dos SS.


APOMAC PREOCUPADA COM A SAÚDE DENTÁRIA

A Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau realizou no passado sábado, na sua sede, uma palestra intulado “Cuidados e Tratamento dos Dentes”, proferida pela Drª. Patrícia Ribeiro, odontologista da Clínica NOVOCARE. A palestra teve uma grande participação dos associados que colocaram várias questões relacionadas com os problemas dentários, as quais foram todas devidamente esclarecidas. No final, teve lugar a cerimónia da assinatura do acordo de cooperação entre a APOMAC e Clínica NOVOCARE, representado, respectivamente, por Francisco Manhão, Presidente da Direcção, e Dr. Johnson Yip, proprietário da Clínica NOVOCARE, cujo pacote de serviço prestado será a preços muito acessíveis aos associados e seus familares.

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Protecção animal | Manifestantes entregam assinaturas ao Executivo

Gonçalo Lobo Pinheiro

N

glp@hojemacau.com.mo

A companhia dos deputados da Assembleia Legislativa (AL) José Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong, mais de um milhar de pessoas marcharam desde a praça do Tap Seac até ao edifício do Governo em frente do lago Nam Van. Tudo pelos direitos e protecção dos animais. “Não existe qualquer lei que proteja os animais em Macau. Há inúmeros animais abandonados, outros maltratados. O Governo tem de enfrentar estes problemas de uma vez por todas”, referiu um dos responsáveis da Associação de Protecção aosAnimaisAbandonados de Macau (AAPAM). Envergando cartazes e passeando os seus animais, as população que aderiu ao protesto gritava palavras de ordem contra o Governo. “Pensamos que correu tudo bem. O número de pessoas que adeririam ao protestos foi bastante superior em relação à última manifestação. Posto isto não sei o que podemos fazer mais. Está nas mãos do Governo”, afirmou a mesma responsável. A secretária para Administração e Justiça, Florinda Chan, que tutela a área, também não foi poupada. “Não é só nesta matéria que ela tem sido ineficaz e incompetente. Em termos de modernização legislativa nada se tem feito em Macau e em matéria de direitos de animais isso é visível. A lei que existe data dos anos 50 do século passado. Está tudo dito”, acusou o deputado Pereira Coutinho. Para Coutinho esta questão dos direitos dos animais será de difícil resolução e pede ao Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, que exija responsabilidades a Florinda Chan. “Em Macau existe crueldade. Há interesses e tráfico de influências que se relacionam com as corridas de galgos e as corridas de cavalos. O Governo nada tem feito e hoje a água transbordou o copo. Espero que o Chefe do Executivo exija mais responsabilidade a Florinda Chan, pois não quer saber de nada do que se passa na sociedade. Os cidadãos de Macau não são cegos nem burros”, afirmou.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

População quer lei já

DEPUTADO APRESENTA INTERPELAÇÃO SOBRE AFASTAMENTO DO JOGO DO INTERIOR DA COMUNIDADE

Isolar os casinos é preciso Virginia Leung

virginia.leung@hojemacau.com.mo

É

com desconfiança que o deputado da Assembleia Legislativa (AL) Au Kam San recorda o discurso anteriormente proferido pelo secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam Pak Yuen, com ideias do Governo para afastar os recintos de jogo da comunidade, para reduzir de certa forma o seu impacte social. Por isso mesmo, o parlamentar pró-democrata apresentou uma interpelação escrita para saber se Macau sempre vai ou não fazer alguma coisa a respeito. Na ideia assumida por Francis Tam, seriam

criadas zonas de jogo, dentro das quais, numa distância de pelo menos 500 metros poderiam então situar-se os recintos de jogo, ficando também determinado que as máquinas “slot” nunca poderiam ser colocadas no exterior dessas zonas de jogo. Os casinos estabelecidos dentro da comunidade, confirmado o seu impacte negativo sobre esta, deveriam fechar as portas. “Obviamente, o estabelecimento desses espaços de ‘slot machines’ já provou ter um grande impacte. Quando é que o Governo poderá realmente fazer o que disse?”, questiona Au. Na sua interpelação, Au Kam San lembrou que Francis Tam havia prometido remover

todo o centro de jogo das zonas comunitárias, e criticou que embora não estivesse a alastrar, a presença de casinos no interior da comunidade também não vinha retrocedendo, “passados sete anos de palavreado”. O deputado questionou se o Governo não tinha previstas nenhumas medidas contra a persistência dos operadores de casinos em se manterem estabelecidos no interior da comunidade; também perguntou se o Executivo seria capaz de remover os recintos de “slots” das áreas comunitárias, de forma a reduzir o seu impacte; e ainda em que pé é que estava o progresso das medidas relevantes e quando poderia ser implementada uma comunidade livre de jogo.


vida

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10 SOCIEDADE EUROPEIA VAI PROMOVER BOAS PRÁTICAS MÉDICAS EM MACAU E HONG-KONG

Corações ao alto A

Sociedade Europeia de Cardiologia assinou no fim de semana em Macau, memorandos de entendimento para vir anualmente ao território e a Hong Kong promover as boas práticas médicas desenvolvidas na Europa. Os memorandos de entendimento foram assinados com a Associação de Cardiologia de Macau e a Sociedade de Cardiologia de Hong Kong durante o Congresso Anual de Cardiologia, que se realizou sábado e domingo na Região Administrativa Especial chinesa. O presidente da Associação de Cardiologia de Macau, Mário Évora, disse que “se pretende concretizar o memorando já no próximo ano para que a Sociedade Europeia de Cardiologia passe a vir anualmente a Macau e Hong Kong fazer um resumo do que de mais importante se passou no mundo da cardiologia”. O responsável salientou a importância do acordo ao constatar que as sociedades Europeia e Americana de Cardiologia são as “instituições que dão as coordenadas relativamente ao que se deve fazer na área da cardiologia”. O Congresso Anual de Cardiologia realiza-se em Macau há mais de dez anos, tendo a sua organização iniciado mesmo antes da transferência do exercício da soberania do território para a China, e este ano juntou cerca de uma centena de especialistas

locais, da China, Hong Kong e de alguns países lusófonos. O português Fausto Pinto, vice-presidente da Sociedade Europeia de Cardiologia, “deu a conhecer o que de relevante foi discutido na reunião anual” daquela entidade. No congresso marcaram também presença o presidente da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose, Alberto Mello e Silva, e especialistas de Cabo Verde. “O congresso ao fazer uma actualização de todas as áreas da cardiologia, da prevenção à intervenção, contou com a participação de vários especialistas, para se promover a boa prática médica na área da cardiologia, colocando os especialistas locais a par das novidades a nível internacional nesta área”, sustentou Évora. O Congresso Anual de Cardiologia de Macau seguiu-se à realização, na semana passada , da primeira Conferência Internacional de Medicina Macau/China e Países de Língua Portuguesa, organizada pela Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau. Mário Évora, também membro da Associação de Médicos de Língua Portuguesa, explicou que aquela conferência esteve inicialmente programada para Março, mas acabou por se realizar nesta semana para coincidir com o Congresso de Cardiologia, realizado anualmente na última semana de Novembro.

CEM | Novo visual nas suas obras de infraestruturas

Barreiras com futuro

Q

UANDO, ao passar numa rua de Macau, se deparar com obras promovidas pela Companhia de Elec tricidade de Macau (CEM), repara-se com certeza nas novas barreiras utilizadas, bem diferentes das que habitualmente são utilizadas na RAEM. É exemplo disso a obra localizada na Rua do Padre António Roliz, junto à Horta e Costa. Ao invés das velhas barreiras de metal, que obrigavam a reparações constantes e visualmente emprestavam um aspecto antiquado à cidade, as novas barreiras em materiais reciclados aproximam-se do que mais inovador existe hoje no mundo. Para além do seu aspecto moderno, as novas barreiras aumentam

Click ecológico FORMAS DE VER DIFERENTES • Um fotógrafo decidiu retratar diversos casos de poluição com imagens bonitas. Nesta situação, um rio poluído lembra um vaso sanguíneo. As águas em Fort McMurray, no Canadá, foram contaminadas com enxofre.

significativamente a segurança, nomeadamente à noite, na medida em que possuem inúmeros reflectores para avisarem os automóveis da sua presença e assim evitar os acidentes. Segundo a CEM, o novo material é totalmente reciclável não trazendo quaisquer danos ao meio ambiente. Também a pensar na ecologia, as barreiras aumentam a eficiência

energética através da utilização de sinalizadores alimentados pela luz solar, abandonando a utilização de energia eléctrica. Numa região em que são constantes as obras nas estradas e nos passeios, a CEM resolveu dar este passo no sentido de contribuir para dar “uma sensação de modernidade a esta região turística”.


DOIS PANDAS ENVIADOS PARA O REINO UNIDO

Dois pandas-gigantes (Ailuropoda melanoleuca) com oito anos de idade, criados no Centro de reprodução de pandas de Chengdu, na China, embarcaram neste sábado para Edimburgo, na Escócia, onde permanecerão no zoológico local por dez anos. Funcionários da FedEx e tratadores iniciaram a operação de transferência da fémea Tian Tian e do macho Yang Guang, que viajam em contentores preparados especialmente para eles. Com a chegada da dupla, o Reino Unido quebrará um jejum de 17 anos sem pandas-gigantes. O último exemplar da espécie a viver na região, a fémea Ming Ming, deixou o zoológico de Londres e voltou à China em 26 de Outubro de 1994.

Lia Coelho

lia.coelho@hojemacau.com.mo

Q

UE o meio ambiente se está a “queixar” de séculos de excessos, já todos sabemos. Para travar os cada vez maiores danos ambientais é preciso haver “pelo menos um entendimento à escala global dos países que têm mais força”. Quem o diz é Santos Cabral, Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal. O magistrado esteve em Macau a participar na IV Conferência Internacional, este ano dedicada às “Reformas Jurídicas de Macau no Contexto Global – Direitos Sociais e Protecção do Ambiente”. Tudo começou no século XVIII com a Inglaterra a dar os primeiros passos no caminho da Revolução Industrial. O nosso século está a ressentir a nível ambiental e agora há países com mais obrigação de controlar a poluição. “Um dia tínhamos que nos deparar com as

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JUIZ DO SUPREMO PORTUGUÊS COMENTA AMBIENTE E DIREITOS SOCIAIS

Medidas para ontem consequências dos males que temos feito à natureza”. O juiz fala de estados, que devem o seu desenvolvimento às custas de poluir. “Estes são aqueles que têm uma maior obrigação em ser os pioneiros da mudança”, refere Santos Cabral. O português, durante a sua apresentação, defendeu que é necessário haver estadistas, “que vejam para além da soleira da sua porta”. Se globalmente se continuar a ter uma visão egoísta a situação ambiental pode ser irreversível. Numa altura em que se discute, ainda, o Protocolo de Quioto “se os países olharem apenas para os interesses nacionais, é óbvio que as soluções vão tardar. O magistrado sublinha que a questão é simples: “Ou se resolve e se passa à frente,

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11 Sabia que... 40% da água potável

usada em sua casa vai pela

sanita abaixo?

ou não se resolve e pode ser demasiado tarde”. As catástrofes ambientais não ficam isoladas no local onde acontecem, por isso Santos Cabral, enuncia a necessidade de uma entidade de

regulação a nível global. Segundo o juiz, as Nações Unidas já não têm força para desempenhar esta função. “É necessário alguém com um papel similar que faça cumprir os custos e os controlos de poluição”,

explica. O que passa por uma união do mundo em torno das questões ambientais, para que seja conservada a necessidade de um equilíbrio. Mas, o que é urgente é a tomada de decisões. As soluções, na opinião de Santos Cabral, passam por cada país definir duas linhas concretas: uma legislação que proteja os direitos - e viver num ambiente saudável é um direito fundamental do ser humano; e criar órgãos que apostem na protecção ambiental e que sancionem quem prevarica.


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Segunda edição da VAFA em exibição na Casa Garden

Lia Coelho

O

CULTURA

lia.coelho@hojemacau.com.mo

nome do vencedor da segunda edição do Video Art for All (VAFA) enunciou-se em português. Rui Calçada Bastos convenceu o júri, com a sua entrega de “última hora” – “All that Glitters”, ou em bom português “Tudo o que brilha”. Agora é a vez da população ter oportunidade de ver o que se faz de arte multimédia no mundo. A exibição tem lugar na Casa Garden. Desde sexta-feira estão em mostra os trabalhos – para além das 10 melhores obras, mais 30 vídeos que vão ser exibidos até final deste mês. Haverão três sessões, sob diferentes perspectivas: “Moving and not moving” – dedicada aos vídeos, onde a narração tem o papel principal; “Animart” – como indica o nome, a animação em destaque, como uma base cultural comum; e por último “Like unlike” – uma selecção especial produzida em Macau, Hong Kong, Taiwan e China. Os artistas que integram a lista dos 10 melhores e podem ser vistos percorrem o mundo e trazem ao cenário do território, histórias diferentes em tempos distintos. Rui Calçada Bastos com “All that Glitters”. Um comentário ao cinema e ao vídeo. São dois minutos e 24 segundos de vídeo a

Vídeos deste e doutro mundo

preto e branco, com som. Na base do projecto está uma reflexão sobre a diferença entre o cinema, o vídeo e a fotografia. A ideia surgiu do ditado, que depois deu origem ao nome do trabalho - “Nem tudo o que luz é ouro”.

Alessandro Rolandi, um italiano a residir em Pequim desde 2003 traz “One Harmonious afternoon”. O trabalho que apresenta é uma curta-metragem com cerca de 12 minutos. Chris Dupuis, do Canadá tem

quatro minutos e 30 segundos de “Just Friends”. Christoph Oertli concorreu com Kontinente, directamente da Suiça. Pouco mais de sete minutos de uma trilogia filmada no Egipto, Hong Kong e Bélgica. Em cinco minutos e 45 se-

gundos Jean-Michel Roland foi à sua oficina e gostou dos sons que a ferramentas criavam. O vídeo nasceu, com o nome de Technotools. João Felino de Portugal traz “Red”, parte de um trabalho, que começou com a cor azul – “Blue”. “Seclusion II” do sueco Jonas Nilsson são quase quatro minutos de ódio à sociedade. Um fobia social aliada a uma ansiedade sem ordem e não um problema pessoal. A apresentação mais curta vem do Chile - 30 segundos de “Chile Play Today”. A selecção jogava contra Espanha para o Campeonato Mundial de 2010 e quase todo o país parou para se sintonizar na televisão. Liao Chi Hu de Taiwan criou oito minutos das personagens Lydia, Hina, Elena, Lucy, Sarah e Ji-Min. A finalizar a lista de 10 está Piyarat Piyapongwiwat com “Snowy Night” da Tailândia. Uma curta-metragem de quatro minutos e 44 segundos. Estes e outros em exibição na Casa Garden até ao fim do mês.

MAM COM NOVA EXPOSIÇÃO A PARTIR DE DIA 8 DESTE MÊS

“DESFILE POR MACAU, CIDADE LATINA”

O gosto do império Song

A hora do Perú

O

Museu de Arte Contemporânea (MAM) vai receber mais uma exposição de peças da dinastia Song, período que governou na China de 960 a 1279. A partir do dia oito deste mês “Beleza e Inteireza: Cerâmicas da Dinastia Song provenientes do Museu do Palácio” vai mostrar 187 exemplares de cerâmica imperial deste período. Uma época que se caracteriza por uma arte onde reina a serenidade e a elegância que persistem há mais de mil anos. A dinastia Song ficará na história como um dos períodos mais prósperos da cultura, da arte e da tecnologia na China. Foi também um período de florescimento da arte da cerâmica com a proliferação de fornos por todo o território.

A cerâmica desta dinastia constitui talvez a mais alta forma de expressão da arte da olaria, não só na China, mas um pouco por todo o mundo. As figuras são simples, suaves e delicadas, quando comparadas com as formas que a precederam e que lhe sucederam. Os vidrados tendem a ser monocromáticos e subtis com uma cor e textura profundas. Tendo em conta variações de qualidade, os fornos Song dividem-se, regra geral, em fornos imperiais e fornos populares – organizando a exposição em dois núcleos principais temáticos: a Elegância Imperial e a Sensibilidade Poética Popular. O primeiro mostra artefactos produzidos por cinco famosos fornos de Ru, Guan, Ge, Jun e Ding,

apresentando a estética e estilo de vida da corte deste período. A moda da cerâmica imperial tinha em grande medida como referência os artefactos de bronze das dinastias Shang e Zhou, particularmente em termos de forma, refinada ao gosto dos Song. A Sensibilidade Poética Popular organiza-se em três secções: “A Arte do Chá”, “Tesouros dos Intelectuais” e “A Vida do Dia a Dia”, mostrando a cerâmica dos diversos fornos e as suas características distintas, desvendando as culturas do vinho e do chá, a vida dos letrados e a vida quotidiana. Os artefactos populares demonstram influências recíprocas de outras formas de arte contemporâneas, especificidades locais e sociais e o gosto imperial.

P

ARA comemorar o 12.º aniversário da transferência da administração de Macau para a China, o Instituto Cultural (IC) realiza, no dia 20 de Dezembro, o “Desfile por Macau, Cidade Latina”. O IC convidou vários grupos latinos para participarem neste desfile, entre os quais um grupo de Dança das Tesouras do Perú, representativa da cultura característica dos Andes peruvianos e classificada Património Cultural Imaterial da Humanidade. O “Desfile por Macau, Cidade Latina” conta com a presença de grupos artísticos locais, do Interior da China, de Portugal, da Europa e da América Latina, apoiados pela participação do público. Grupos e artistas passam sobretudo pelo “bairro latino”

de Macau, começando o seu percurso nas Ruínas de São Paulo, prosseguindo por ruas ladeadas de edifícios de estilo colonial, passando pelo bairro de S. Lázaro e terminando na Praça do Tap Seac. O programa do Desfile inclui diferentes formas artísticas latinas multi-culturais e ainda actuações de estilo carnavalesco.

A Dança das Tesouras do Perú foi inscrita na Lista do Património Imaterial da Humanidade da UNESCO em 2010. Esta dança, resultado da fusão de várias culturas, combina sentimento artístico com destreza física. Os dançarinos vestem roupas de cores garridas e trazem, na mão direita, duas lâminas de aço que se assemelham a uma tesoura. Ao som de harpas e de violinos, executam movimentos que testam habilidades físicas, enquanto fazem soar e dançar as “tesouras.” O Cônsul-Geral do Perú para Hong Kong e Macau planeia estar presente no dia do desfile e presentear os artistas participantes com uma bebida típica do seu país.


ÁLBUM PÓSTUMO DE AMY WINEHOUSE SAI NA SEGUNDA-FEIRA

O álbum póstumo da cantora britânica Amy Winehouse, “Lioness: Hidden Treasures”, que inclui uma versão do tema “Garota de Ipanema”, é editado hoje, segunda-feira. O álbum apresenta 12 temas - entre inéditos, canções nunca antes editadas e versões - todos eles escolhidos pelos produtores Mark Ronson e Salaam Remi, com quem Amy Winehouse estaria a preparar um novo disco, em conjunto com a família de Amy Winehouse e a editora Island Records. A crítica não foi unânime em relação ao álbum. “Houve claramente alguma luta para juntar os remendos que fazem este disco”, afirmou o crítico do jornal britânico The Guardian, Alexis Petridis, que atribui três estrelas em cinco a “Lioness: Hidden Treasures”.

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EUA | Fado entusiasmou portugueses e surpreendeu norte-americanos

Universalidade testada em Brooklyn

A

grande “embaixada” de fado que tomou na se x t a f e i r a a Brooklyn Academy of Music, em Nova Iorque, entusiasmou os portugueses e luso-americanos e deixou norte-americanos surpreendidos com as vertentes mais “animadas” da música tradicional. Entre as cerca de 2.000 pessoas que encheram na sexta feira o BAM, na primeira de duas noites de “Tudo Isto é Fado”, estava o compositor e guitarrista português Pedro Henriques da Silva, que em Nova Iorque tem trabalhado cruzamentos do fado com o tango ou música de câmara. “O fado está a ficar cada vez mais conhecido e isso é fantástico. Agora que é património da Humanidade, é mesmo fabuloso estar a viver este momento no fado”, disse à Lusa o músico, apostado desde há anos na divulgação do fado e da guitarra portuguesa nos Estados Unidos. “Há cada vez mais pessoas a cantar o fado fora de Portugal e a fazer concertos por toda a parte e este é um excelente exemplo, em que trouxeram imensos cantores fadistas, até uma cabo-verdiana e coisas inovadoras como bateria”, adiantou Silva, que veio ao concerto acompanhado com um amigo fadista sérvio. Para o músico, habituado aos palcos de Nova Iorque e que actuou recentemente no Museum of Modern Art (MoMA), a reacção do público americano “foi excelente”. Particularmente marcante, afirmou, foi o final do concerto de Camané, quando desceu do palco com os restantes músicos e cantou “Acapella”. “Achei fabuloso. Leva-nos de volta à casa do fado”, disse Pedro da Silva.

Além de Camané, “estrela” da noite, “Tudo Isto é Fado” arrancou com o colectivo “Lisboa Soul”, dirigido por Ricardo Parreira e pelo angolano Yami, e que integra nomes históricos como Rodrigo e Beatriz da Conceição. Após o concerto, ainda foi possível ouvir no café e bar do BAM a fadista luso-americana Nathalie Pires. Integrado no festival “Next Wave”, a série de dois concertos concluiu com novas vertentes da música tradicional portuguesa - os projetos “Amália Hoje” e “Deolinda”. Portuense a estudar Direito em Nova Iorque há um ano, João Vilar veio ao concerto de sexta feira a convite de uma amiga norte-americana interessada em conhecer melhor a cultura portuguesa. “É bom, na semana em que fado foi considerado património da humanidade pela UNESCO, ver numa sala de espectáculos como esta, numa grande cidade como Nova Iorque, um artista português a ser ovacionado de pé”, dizia o jovem após o concerto. “Deu para sentir o calor de Portugal e mexeu com os portugueses e bastantes americanos que estiveram aqui”, adiantou à Lusa. Para a amiga Alana Stevens foi um primeiro contacto com o fado e uma surpresa. “Foi mais animado do que esperava, que eram canções muito emotivas e tristes”, adiantou a jovem norte-americana, que foi seguindo o concerto com a tradução do amigo. “Mesmo só com um cantor, sem ter mais nada como dançarinos para captar a atenção, é mesmo cativante para o espectador porque a voz, a guitarra, é muito sentida. Mesmo sem perceber, é muito profundo”, disse Stevens.

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MACAU ANGLICAN COLLEGE Requires English speaking, qualified and experienced teachers for the 2012/2013 school year. IGCSE and A levels: - English Language and Literature; - Mathematics; - Science (Physics, Chemistry); - Chinese. MAC offers an attractive package, small class sizes and a multicultural ethos. Send cover letter, CV and contactable referees to cissychan@acm.edu.mo or fax 85328850022. In your application letter, kindly state how you meet all the above requirements. Include the names of two contactable referees.

Procº. nº. 484/2011

AUTOS DE REVISÃO E CONFIRMAÇÃO DE DECISÕES PROFERIDAS POR TRIBUNAIS OU ÁRBITOS DO EXTERIOR DE MACAU ------ Requerente: Fu Veng San, residente em 香港九龍彩虹邨錦云樓1739室.--------- Requerida: Foo Reanila T. Nee Tempra, Reanila B, com última residência conhecida em Hong Kong Rm. 2219, On Kong Hse., Cheung On Est., Tsing Yi, New Terretories.--------------------------------------------------------------------******* ---- FAZ-SE SABER que pelo Tribunal e processo supra identificados, correm éditos de 30 (Trinta) dias, citando a requerida Foo Reanila T. Nee Tempra, Reanila B, para no prazo de 15 (quinze) dias, findo o dos éditos, que se contará a partir da segunda e última publicação deste anúncio, contestar, querendo (nos termos do nº. 1 do artº. 1201º do Código do Processo Civil de Macau), o pedido formulado pelo requerente, que resumidamente consiste em pedir a revisão e confirmação da sentença proferida no Tribunal Distrital da Região Administrativa Especial de Hong Kong (Acção de divórcio n.º FCM4496/2007), tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial e respectivos documentos que se encontram na Secretaria deste Tribunal à sua disposição, sob pena de o processo prosseguir os ulteriores termos à sua revelia, e com a intervenção do Digno Magistrado do Ministério Público, nos termos do disposto do artº. 49º. do Código Processo Civil de Macau.------------------------------------------------------------------- A constituição de Advogado (com inscrição em Associação dos Advogados em Macau), nos autos acima referidos é obrigatória, nos termos do artº 74º nº. 1 al. b do Código de Processo Civil de Macau, se pretender contestar o pedido formulado pelo requerente.------------------------------------------------------------------- Macau, 16 de Novembro de 2011.----------------------------------------------------


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DESPORTO

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Stephen Chemalany venceu 30.a Maratona Internacional e bateu recorde da prova

Armada queniana dita a sua lei

O

queniano Stephen Chemlany venceu ontem a prova masculina da Maratona Internacional de Macau que cumpriu 30 anos nas estradas do território com dois recordes, de participantes e dos atletas. Num jogo de equipa - o Quénia colocou 13 atletas nos 15 primeiros lugares e apenas dois deles eram convidados da organização do evento - Stephen Che-

I

NTERNADO desde a noite da última quinta-feira, por causa de uma infecção intestinal causada por uma bactéria, o ex-jogador Sócrates, de 57 anos, morreu na manhã de domingo. O quadro clínico do ex-atleta encontrava-se estável, mas, segundo os médicos, ainda era considerado grave. Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do hospital, Sócrates Brasileiro Sampaio de Sousa Vieira de Oliveira faleceu em consequência de um choque séptico. Estava sedado e respirava através de aparelhos. Os rins de Sócrates passaram por um processo de diálise para ajudar a filtrar as impurezas do sangue - apesar disso, os rins não estariam prejudicados. Segundo nota anterior do hospital, o ídolo iria ficar em observação, na UTI, por mais 72 horas. Este terceiro internamento do

mlany terminou a prova com 02:12.49 horas, menos 02.17 minutos que o recorde de 02:15.06 horas conseguido em 2008 pelo etíope Yemane Tsegay Adhane. O segundo lugar foi ocupado pelo também queniano Julius Kiplimo Maisei que terminou com o tempo de 02:12.53 horas, num pódio que fechou com o etíope Haile Haja Gemeda com o tempo de 02:12.59 horas.

De fora dos primeiros 15 atletas ficou o etíope Tekeste Nekatibeb, de 31 anos, vencedor em 2010. Com a vitória na maratona de Macau e com um novo recorde, Stephen Chemlany leva para casa um prémio de 40.000 dólares (29.843 euros). No sector feminino, num pódio que repetiu o alinhamento da prova masculina, a queniana Chesire Rose Jepkemboi terminou no primeiro lugar com 02:31.28

horas, um novo recorde no sector feminino, seguida pela etíope Tsega Gelaw Reta com 02:31.48 horas e pela também queniana Winfridah Nyansikera com 02:32.27 horas. Cerca de 6.000 atletas de 59 países e territórios participaram na 30.ª edição da Maratona Internacional de Macau, que este ano foi para a estrada com um número recorde de participantes, mas sem portugueses pela

EX-JOGADOR SÓCRATES MORRE EM SÃO PAULO

O grande Doutor ex-jogador nos últimos quatro meses teria sido causada por um strogonoff. Sócrates, a sua mulher e um amigo teriam passado mal após o almoço de quinta-feira, no restaurante de um hotel em São Paulo. Ele foi internado pela primeira vez em 19 de Agosto, com uma hemorragia digestiva causada pelo consumo prolongado de álcool. Eteve nove dias hospitalizado. Em 5 de Setembro, o ex-jogador voltou a ser internado - desta vez, por mais 17 dias. Com o fígado comprometido por uma cirrose hepática, o ex-atleta - uma das estrelas da selecção brasileira no Mundial de 1982 - precisava de um transplante

para voltar a ter vida normal. Sócrates deixa seis filhos. Extremamente habilidoso, Sócrates mostrava a mesma agudez de pensamento fora de campo e talvez tenha sido o atleta de futebol brasileiro com maior influência na vida pública nacional. Natural de Belém e médico de formação, o Doutor (como era chamado) notabilizou-se pelas suas opiniões políticas e por ser o mentor e personagem principal do movimento conhecido como Democracia Corintiana que, entre outras coisas, dava liberdade aos atletas e o mesmo poder de decisão jogadores e dirigentes em plena Ditadura Militar.

Além do aspecto político, a Democracia Corintiana teve bom desempenho dentro de campo com a conquista do bicampeonato paulista de 1982/83 (já conquistara o estadual em 1979). Pelos títulos e pela sua postura dentro e fora de campo, Sócrates é um dos maiores ídolos da história do Corinthians, clube ao qual sempre declarou seu amor eterno. “Quando cheguei ao Parque São Jorge eu disse, com absoluta frieza, que não era corintiano, que era até anticorintiano. Hoje, com a carreira encerrada, digo com a mesma tran-

primeira vez em mais de 20 anos. A maratona, assim como a meia e a mini-maratona (6,5 quilómetros), decorreram desde as 06:00 locais (22:00 de sábado em Lisboa) com partida e chegada no Estádio de Macau, na ilha da Taipa, percorrendo as principais ruas do território. A Maratona Internacional de Macau distribui prémios de 177 mil dólares (cerca de 131 mil euros).

quilidade que sou corintiano até morrer. Eu, que sempre digo que não mudaria nada em minha carreira, se pudesse começar tudo outra vez, talvez, na verdade, mudasse uma coisa, algo totalmente inviável, mas enfim: se pudesse, eu gostaria de ter nascido no Parque São Jorge. Porque a torcida faz isso com você. Já vi moleque mudar de time só com a visão do que a torcida corintiana é capaz de fazer num estádio.” (Sócrates, em entrevista a Juca Kfouri no livro Corinthians Paixão e Glória). Sócrates deixou o Corinthians em 1984, quando se transferiu para a Fiorentina, de Itália. Entre 1985 e 1987 ainda defendeu o Flamengo e encerrou a carreira após uma rápida passagem pelo Santos, em 1989. Pela Selecção Brasileira, actuou nos Mundiais de 1982 e 1986. Sócrates é irmão do também ex-jogador Raí (ídolo do São Paulo).

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AVISO ADMITE-SE

Para efeitos de conhecimento informa-se de que há o recrutamento para 43 vagas de Auxiliar de Enfermagem de 2.ª Classe, 1.º escalão, índice 195 (Referência n.º 01211/01-AUX.ENF), em regime de contrato de assalariamento. A data para apresentar a inscrição será a partir do dia 5/12/2011 até 27/12/2011. As condições e as informações precisas poderão ser obtidas ou na página electrónica dos Serviços de Saúde http://www.ssm. gov.mo referente ao “RECRUTAMENTO” ou os candidatos poderão dirigir-se à Divisão do Pessoal sita no 1º. andar do Edifício da Administração dos Serviços da Saúde. 2 de Dezembro de 2011. O Director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion


[f]utilidades SEGUNDA-FEIRA 5.12.2011 www.hojemacau.com.mo

Cineteatro | PUB

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STARRY STARRY NIGHT [B]

SALA 1

SEEDIQ BALE 2 WARRIORS OF THE RAINBOW [C]

(Falado em japanês & seediq)(Legendado em chinês) Um filme de: Te-Sheng Wei Com: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma 14.30, 17.00, 21.30

YOU ARE THE APPLE OF MY EYE [C] (Falado em putonghua, legendado em chinês e inglês) Um filme de: Giddens Ko Com: Zhendong Ke, Yanxi Chen, Siu-Man Fok 19.30 SALA 2

THE ADVENTURES OF TINTIN 3D [B]

Aqui há gato

(Falado em cantonense) Um filme de: Steven Spielberg 14.15, 16.15, 18.00, 20.00

Pu-Yi

[Tele]visão TDM 13:00 TDM News - Repetição 13:30 Jornal das 24h RTPi 15:00 Debate das Linhas de Acção Governativa para 2012 - Área dos Transportes e Obras Públicas (Directo) 20:00 Que Loucura de Família 20:30 Telejornal 21:00 TDM Desporto 22:10 Passione 23:00 TDM News 23:30 Portugueses Sem Fronteiras 00:00 Telejornal - Repetição 00:30 RTPi Directo INFORMAÇÃO TDM RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Consigo 15:00 Magazine EUA Contacto – N. Jersey 15:30 Gostos e Sabores 16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco 18:00 Resistirei 18:45 Linha da Frente 19:00 Pai à Força 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:15 Magazine EUA Contacto – N. Jersey 22:45 Portugal no Coração ESPN 30 13:00 16:00 16:30 19:30 20:00 20:30 21:00 22:00 22:30

2011 Dr Pepper ACC Championship Game Virginia Tech vs. Clemson Stihl Timbersports Series US Open Championship 2011 1st Round (LIVE) Sportscenter Asia Monday Night Verdict ABL Best Games X Games 17 Sportscenter Asia Rugby World Cup 2011 Australia vs. Russia

STAR SPORTS 31 13:00 New Zealand Open Day 3 16:00 Best Of Australian Open Tennis 2011 18:00 Intercontinental Rally Challenge 2011 19:00 Game 19:30 FA Cup 2011/12 Sutton United vs. Notts County 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Motorsports@Petronas 2011 22:30 Engine Block 2011 23:00 Best Of Australian Open Tennis 2011 STAR MOVIES 40 11:45 Death Warrior 13:20 Sorcerer’S Apprentice, The 15:15 Species Iii 17:05 Stealth 19:10 Knight & Day 21:05 The Walking Dead 22:50 From Paris With Love 00:25 Species Iii HBO 41 12:00 14:00 16:00 17:45 18:20 20:20 22:00 23:55

Dr. No Joe’S Palace The Truth About Charlie Hbo Central Green Card Rocky Iii From Russia, With Love Hung

CINEMAX 42 12:15 Beverly Hills Cop Iii 14:00 G.I. Joe 16:00 The Bride Of Frankenstein 17:15 First Men In The Moon 19:00 Love And A Bullet 20:30 Poltergeist Ii The Other Side 22:00 Nightmares 23:40 Snatch

(Falado em putonghua) (Legendado em chinês e inglês) Um filme de: Tom Lin Shu-Yu Com: Josie Xu, René Liu, Harlem Yu 22.00 SALA 3

ARTHUR CHRISTMAS 3D [A] (Falado em cantonense) Um filme de: Sarah Smith 14.15, 16.00, 17.45, 19.30

SEEDIQ BALE [C]

(Falado em japanês & seediq) (Legendado em chinês) Um filme de: Te-Sheng Wei Com: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma 21.15

HORIZONTAIS: 1-Partida rápida precipitada. Torno lindo. 2-Vagar, ocasião. Coube em sorte. 3-Perfeita. Labutar. 4-Bolo de farinha e sal, usado pelos Romanos os sacrifícios. Género de mamíferos da ordem dos prosímios (Zool.). 5-Chefe politico na Etiópia. Terrenos onde se cultivam flores para adorno (pl.). 6-Descanso, feriado. 7-O m. q. orégão (planta). Está acostumado. 8-Antigas habitantes da Ibéria. Rebanho de gado miúdo. 9-Tremer com frio, medo ou fome (Pop.). Ilha de Inglaterra. 10-Porção de água do mar, que se eleva. Povoações de maior categoria que as aldeias. 11-Soalheira. Pessoas notáveis. VERTICAIS: 1-Imensidão (Fig.). Oitavos. 2-Antiga nota musical. O m. q. danubiano. 3-Corcovados. Produto anual que se tira de bens imóveis. 4-Afeição profunda de uma pessoa a outra. Relativo aos dias da semana. 5-A parte mais carnuda de perna da rês. Arriscar ao jogo. 6-A ele. Actor que representa o principal papel de namorado (pl.). Parta. 7-Terreiro, praça. Nota de música. 8-Nome de mulher. Traje para solenidades. 9-Flutuai. Vasos onde se depositavam as cinzas dos mortos. 10-Conhecimento das doenças, por observação dos seus sintomas. Condição. 11-Naipe das cartas de jogar. Solto ais, gemo.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA HLIDAR. 4-ADOR. GALAGO. 5-RAS. JARDINS. 6-N. FOLGA. O. 7-OUREGÃO. USA. 8-IDERAS. GREI. 9-TINIR. MAN. O. 10-ONDA. VILAS. 11-SOALHA. ASES. VERTICAIS: 1-F. MAR. OITOS. 2-UT. DANUBINO. 3-GEBOS. RENDA. 4-AMOR. FERIAL. 5-PA. JOGAR. H. 6-AO. GALAS. VA. 7-L. LARGO. MI. 8-ISILDA. GALA. 9-NADAI. URNAS. 10-DIAGNOSE. SE. 11-OUROS. AIO. S.

Macau não tem lei para proteger os animais. Que grande constatação. Sinto-me ameaçado, pois. Em pleno século XXI, o território vive na idade da pedra – ou pior – em matéria de protecção animal. A lei em vigor data dos anos 50 do século passado e apenas castiga alguém que maltrate os animais com uma multa de 200 patacas (!). Já parece um disco riscado mas, numa terra virada para o futuro, com olhos postos no turismo – dizem eles, as autoridades -, Macau parece estar muito atrasado nestas – e noutras - questões. De acordo com Albano Martins, presidente da ANIMA, Florinda Chan e o IACM pouco ou nada têm feito para melhorar a qualidade de vida dos animais. Por teimosia, por conluios ou simplesmente por pura ignorância, as autoridades querem mostrar que não entendem nada da poda. Contrassenso pois quando falamos de pandas. Sem lei, nem roque, matar um panda em Macau apenas nos deixa com a carteira mais vazia umas pataquinhas. Por isso, o “ai, Jesus” da senhora Chan pode correr sério risco de ser maltratado e o Governo não terá como se justificar posteriormente à China – ai o patriotismo! Penso que está na hora de trabalhar, senhora Chan. Vejo que muito pouco ou nada faz por esta terra, que é a sua. Felizmente parece que ainda tem muita gente que a defende e a encobre – talvez porque lhe tenha sido prometido algum tipo de tacho. Mas você não tem qualquer poder em Macau. Isso é tudo ilusório. Desengane-se e desenganem-se os seus submissos. Quando um dia cair, cairá para sempre. Ser governante é ser operante, capaz, empreendedor. Florinda Chan tem demonstrado amiúde que não tem qualquer destas capacidades por isso, senhora Chan, demita-se. Saia de face lavada de tudo isto e com hombridade dediquese a outras coisas que não o Governo de Macau. Simplesmente não tem jeito. Dia após dia descobrem-se problemas atrás de problemas. Como é possível trazer para Macau dois pandas – animais ultra protegidos na China e no mundo, símbolo do WWF -, sem ter qualquer tipo de leis que os proteja? Só mesmo alguém que faça as coisas “ao Deus dará” é que pode tomar decisões destas de ânimo tão, mas tão leve. Os animais têm direito a viver bem e com qualidade como qualquer um de nós. Estar na China não desculpabiliza nada. “Ah e tal, é cultural”, dizia o outro. A cultura e a história de um povo não podem ser desculpa para a barbárie quando tocamos nos problemas dos animais. Este Governo – mas parece que é um mal por toda a Ásia – não tem feito nada pela protecção ambiental, nada pela protecção animal, nada pela Natureza. Falam, falam, mas criar leis que defendam estes pressupostos, tá quieto. É preciso, de uma vez por todas, assumir quais são as prioridades. Numa terra de abundância proteger a Natureza é quase obrigatório. Aqui não se recicla. Abatem-se árvores sob pressupostos pouco claros. Destroem-se habitats de aves migratórias só porque sim. Poluem-se águas sem que haja qualquer tipo de represália. Enfim, uma panóplia de atentados à mãe Natureza que só nos faz pensar e enraivecer. Sorte a minha que a raiva é endémica na China. É caso para dizer: seus animais!

Su doku [ ] Cruzadas

SEUS ANIMAIS

[ ] Cinema

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A Europa era devastada por uma guerra cruel e mortífera, Portugal, país neutral, torna-se num destino apetecível para milhares de refugiados que procuram fugir dos horrores da ameaça nazi. Entre estes estão príncipes, reis sem coroa e membros das grandes monarquias europeias que encontram em Portugal um refúgio real.

A INVENÇÃO DE GOA - PODER IMPERIAL E CONVERSÕES CULTURAIS NOS SÉCULOS XVI E XVII • Ângela Barreto Xavier

Inteligente, diligente, com rasgos de provocação intelectual, controverso como um bom livro deve ser. Não será a palavra definitiva sobre o tema, mas é, sem dúvida, uma referência incontornável para os anos vindouros.

O ALEPH • Paulo Coelho

O Aleph assinala o regresso de Paulo Coelho às suas origens literárias. Num relato pessoal franco e surpreendente, revela como uma grave crise de fé o levou a procurar um caminho de renovação espiritual.

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REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR


OPINIÃO

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17 n a m a r g em José I. Duarte

O Jogo e as LAG 2012 A

leitura das LAG, já o disse aqui, não é particularmente estimulante. Certamente, não estamos à espera de um texto de invulgar valor literário – a literatura não é para aqui chamada. Mas, ao menos, um texto escorreito, claro nas ideias e transparente na prosa; algo que nos estimule o pensamento, nos mobilize para a reflexão sobre o nosso destino comum. Expectativa gorada. As LAG continuam a ser um documento excessivamente adjectivo, insuficientemente substantivo. Palavras, muitas palavras; mas modestas no conteúdo, parcas no significado. Mas tem que ser. E, por obrigação de mister, sempre me pedem para olhar para a área da Economia – que não foge ao padrão geral. Alguns assuntos são todavia críticos: o crescimento da economia e a evolução do sector dominante, o jogo; a situação do mercado de trabalho; a pressão inflacionista - para citar os mais óbvios. Que ficámos a saber destas LAG? Por economia de espaço, fiquemos pelo jogo, que é incontornável. Na parte onde se faz “relatório de actividades” do ano corrente, ficamos a saber que “[o governo procedeu ao] ajustamento da dimensão e ritmo do sector do jogo, controlando, de forma rigorosa, o crescimento do número de casinos e bancas de acordo com a política anunciada pelo governo em 2010 sobre a manutenção do número máximo de bancas em 5500 unidades durante os seguintes três anos”. (página 86, ponto 3.1). Na parte onde se identificam efectivamente as LAG para o ano de 2012, a referência ao sector do jogo só aparece quase no fim, algo surpreendentemente, na secção intitulada “Reforço da governação científica” (página 139, ponto 4.5.1.1). Isto é, após 30 páginas de actividades e objectivos para o próximo ano surge, finalmente, o jogo. E qual o objectivo do ano que vem? O governo propõe-se

Após 30 páginas de actividades e objectivos para o próximo ano surge, finalmente, o jogo. E qual o objectivo do ano que vem? O governo propõe-se proceder ao “ajustamento da dimensão e controlo do ritmo de desenvolvimento do sector do jogo, promovendo o respectivo desenvolvimento ordenado e adequado, com rigoroso controlo dos aumento do números de casinos e bancas, com vista a dar cumprimento à política anunciada pelo governo em 2010, em manter o total de bancas em 5500 nos próximos três anos”. Ora, parece que já estava feito! proceder ao “ajustamento da dimensão e controlo do ritmo de desenvolvimento do sector do jogo, promovendo o respectivo desenvolvimento ordenado e adequado, com rigoroso controlo dos aumento do números de casinos e bancas, com vista a dar cumprimento à política anunciada pelo governo em 2010, em manter o total de bancas em 5500 nos próximos três anos”. Ora, parece que já estava feito! Note-se, ainda, que em ponto algum a fixação daquele valor concreto é justificada. Dizer que se destina a “promover o seu crescimento adequado” não representa qualquer tipo de fundamentação. Assentemos, todavia, neste facto: até 2013, o número máximo total de bancas autorizado é de 5500. Quanto ao ritmo de crescimento, as LAG são omissas. Outras intervenções públicas dos responsáveis do sector, incluindo na discussão na AL, sugerem um limite de crescimento de 3% ao ano a partir daquela data e até 2020. Não se faz, todavia, qualquer referência às máquinas. A omissão é algo estranha. Isso significa que as máquinas são irrelevantes para a manutenção do “crescimento adequado”, para o “controlo rigoroso” do desenvolvimento do sector? Eis algo que mereceria indagação e explicação. Por outro lado, porque se permite um crescimento até 5500 no triénio até 2013 - o

que representa um crescimento médio anual, implícito, de cerca de 5% - e se limita depois a 3%, durante os 7 anos seguintes? Que fundamentos suportam esta assimetria, que estudos “científicos”, ou de outra natureza, justificam estas opções? E até 2013 controla-se apenas o número total, mas a partir daí se deve controlar a taxa de crescimento anual? Mesmas dúvidas, mesmas interrogações, mesma ausência de clarificação. É que, note-se, só este ano, até ao terceiro trimestre, o número de mesas cresceu 13%, quando comparado com o valor registado no final de 2010. De acordo com os dados da DICJ, ao fim do terceiro trimestre estavam instaladas 5379 mesas - mais 588 do que no início do ano e apenas a 121 de se atingir o limite para o triénio. Isto significa que das 709 que estão autorizadas até 2013, mais de oitenta por cento foram instaladas nos primeiros três meses do período. Isso também deve ser considerado como crescimento controlado? Note-se, ainda, que se declara que os 3% até 2020 equivalem, a um crescimento adicional de 2000 mesas - uma “aritmética” que não bate certa. Independentemente de todas estas considerações, o facto persiste que os valores seleccionados, as opções tomadas, continuam por fundamentar. O melhor que se pôde obter na AL, a fazer fé nas notícias

publicadas, foi a garantia de que os números não são “arbitrários”, e que o seu objectivo é garantir a “sustentabilidade” e não “prejudicar o financiamento das concessionárias”. O problemas deste tipo de “justificações” é duplo. Por uma lado, continuam a não justificar o porquê das orientações e dos números apontados. Por outro, suscitam mais questões do que aquelas a que respondem. Então, a sustentabilidade! Isso significa o quê, em concreto? Como se define, como se mede, como se determina se está em vias de ser ou se foi atingida? E o financiamento dos concessionários não deve ser prejudicado. Outra vez: significa o quê, em concreto? Como se define, que critérios se seguem, que objectivos específicos se buscam? Diz respeito a todos os concessionários, à maioria dos concessionários, a alguns concessionários? E eles não têm interesses potencialmente conflituosos entre eles, não são concorrentes? E não poderá haver, eventualmente, conflitos entre os interesses dos concessionários e o interesse público? Que fará o governo nessa circunstâncias? Admitamos, sem resistência, que os valores não são arbitrários. Donde: ou resultam de um estudo objectivo e aprofundado - e não percebe porque os seus pressupostos e resultados, pelo menos, não são tornados públicos - ou satisfazem interesses específicos – e ao não torná-los públicos permite-se a suspeita de que o interesse público não esteja entre eles. Não se querendo admitir que tal possa ser o caso, deve reiterar-se o apelo para que o governo publique os estudos e análises que servem de base à definição da sua política relativa ao sector do jogo. Afinal estamos a falar do sector motor da economia e de uma actividade social e legalmente muito sensível. Onde a claridade deva reinar, não seja o governo o fautor da ofuscação.


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OPINIÃO

18 f ol h a sol t a

O Ambiente nas LAG 2012 O

acelerado desenvolvimento de Macau, reflectido nas obras que se têm feito e continuarão a fazer, criou um fosso difícil de transpor entre dois objectivos importantes: o desenvolvimento económico e social por um lado; e a sustentabilidade ambiental por outro. De um lado adivinha-se a pressão de grandes grupos de interesse económico, enquanto do outro estarão algumas pessoas mais informadas – e preocupadas – sobre os consequentes efeitos negativos da degradação ambiental. Quanto à restante população, talvez ainda em larga maioria, quer-me parecer que terão um “olho no burro, outro no cigano”, isto é, pretendem o desenvolvimento económico, gostam das melhorias que se vão fazendo ao nível social, mas o Ambiente não deixa de ser uma preocupação. Afinal de contas, que Macau terão no futuro? No relatório da sua acção para o ano de 2012, o Governo procurou criar uma ponte neste fosso que existe. E há “empenhamento”, procura-se “aperfeiçoar”, quer-se “impulsionar”, vai ser “estudado”, embora não se consiga perceber com exactidão os resultados a curto ou médio prazo nem a estratégia para o futuro. Mas fiquei com uma convicção ao ler o documento e a intervenção do Chefe do Executivo sobre ele: a acção do Governo poderá vir a ser mais frutífera se houver contributos positivos da parte da sociedade civil, dado ter ficado muito em aberto e a reclamar participações. Necessariamente, nem tudo o que é proposto resultará de um esclarecimento suficiente sobre sustentabilidade ambiental. Por exemplo, relativamente á “Resolução Compreensiva das Inundações”, o Governo propõe-se substituir comportas, construir canais e bombas de água pluviais, elevar a capacidade de escoamento da rede… Mas nada refere quanto a medidas de aumento da infiltração das águas no solo. Não é novidade que a substituição dos pavimentos impermeáveis – como os de cimento, tão usados na RAEM – por outros permeáveis ou semi-permeáveis – calçadas, blocos de betão, etc. – constituiria desde logo uma medida positiva. Mas poder-se-ia ir mais longe, nomeadamente através da aposta em coberturas ajardinadas que absorvessem água, por um lado, e retardassem o seu escoamento em picos de chuva, por outro; ou em sistemas naturais de infiltração de águas em pontos estratégicos. Entre muitos outros métodos ambientalmente sustentáveis de retenção dos caudais de escoamento e recarga dos aquíferos. Afirma o Presidente do Executivo que o Governo está firme na execução do Protocolo de Quioto, de que é membro signatário desde 2008. Mas que implicações tem isso

para o território? Até ao momento não foram estabelecidas metas concretas para Macau e os objectivos generalistas do Protocolo podem ser sempre contornados. Por exemplo, é dito no artigo segundo do Tratado estabelecido que cada parte deve “Aplicar e/ou desenvolver políticas e medidas de acordo com as suas especificidades nacionais” (estabelecendo depois uma série delas). Mas as especificidades nacionais de Macau são as especificidades da China, país que, sendo embora o maior emissor de gases com efeito de estufa (GEE), reclama estar ainda em desenvolvimento, tendo também a seu favor uma emissão per capita de GEE muito inferior, por exemplo, á dos EUA, o segundo maior poluidor. Considerando assim o nível nacional, Macau está sempre resguardado e depende apenas da boa-vontade do Executivo. E esta boa-vontade tem de ser expressa em metas, que não foram ainda definidas porque estão em estudo. Refere ainda Chui Sai On que em 2012 estudar-se-á a definição de padrões de emissão de dióxido de carbono dos veículos, o aperfeiçoamento de medidas de monitorização das fontes de poluição sonora e a definição de padrões de emissão de fumos gordurosos; e que será levado a cabo um estudo sobre a quantidade dos equipamentos complementares necessários para a implementação do uso e gestão dos veículos ecológicos. Aguardemos portanto os resultados dos estudos para nos pronunciarmos. Por outro lado, serão usados autocarros eléctricos a título experimental, pretendendo o Governo impulsionar as empresas concessionárias de transportes colectivos a adaptar os seus autocarros aos padrões de emissões de dióxido de carbono definidos pela União Europeia para o 4.º período de compromisso do Protocolo de Quioto. Infelizmente, isso não foi feito em 2011 relativamente aos inúmeros novos autocarros da Reolian que entraram em circulação e, portanto, a medida peca por tardia. Esperemos assim que 2012 seja o início de um caminho que urge empreender. Por enquanto o assunto está a ser estudado e vai ser testado. Pretende o Governo, de acordo com o definido no “Programa de Poupança de Água de Macau”, promover o aproveitamento da água reciclada, pelo que acelerará o “estudo sobre o planeamento geral de utilização de água reciclada em Macau”. Concluir-se-á também o “estudo sobre a escolha do local, o trabalho de planeamento e concepção” da estação de água reciclada da Estação de Tratamento das Águas Residuais de Coloane. Pelo que julgo saber, a água reciclada poderá ser usada em Macau na rega de jardins, dado

Fiquei com uma convicção ao ler o documento e a intervenção do Chefe do Executivo sobre ele: a acção do Governo poderá vir a ser mais frutífera se houver contributos positivos da parte da sociedade civil, dado ter ficado muito em aberto e a reclamar participações. praticamente não haver por cá agricultura ou indústria, onde também poderia ser utilizada. Tenho dúvidas sobre a sua utilização ao nível doméstico, nomeadamente quanto á viabilidade de colocar dois tipos de canalização em que uma é apenas usada em situações muito restritas, como nos autoclismos. Temos portanto de aguardar os resultados

Gonçalo Alvim*

dos estudos, embora eu proponha desde já um estudo complementar: as possibilidades em Macau de aumento de áreas verdes com utilização da água reciclada, nomeadamente na cobertura de edifícios. É pretendida a concretização do “Planeamento da Protecção Ambiental de Macau 2010-2020”. Segundo o que se consegue perceber através do site que desenvolve as suas linhas de acção, constituirá um instrumento de apoio e informação á acção governativa, com definição de algumas metas a atingir em 2020. Mas a sua “Conclusão” deixa-nos confundidos, ao dizer por exemplo o seguinte: “Por um lado, o Planeamento necessita a participação do Governo, das empresas e da população, para empenhar esforços e colocar o Planeamento em prática, por outro lado, o Planeamento precisa de ser continuamente revisto e melhorado, conforme a situação do desenvolvimento, para que as acções e os objectivos do Planeamento possam ser concretizados.” Pelo que dá para perceber, o desenvolvimento acelerado de Macau exige toda a prudência a quem faça afirmações ou trace objectivos de cariz ambiental. Ao nível legislativo, tendo sido recolhidas opiniões sociais sobre o “texto exploratório para a criação do regime de impacte ambiental”, pretende-se agora a elaboração de sucessivas orientações e directivas complementares; a elaboração da Lei de Bases do Planeamento Urbanístico irá passar por uma fase de consulta pública de forma a desencadear o respectivo procedimento legislativo ainda em 2012; e a Lei de Terras, que me parece dever fazer parte de um Plano Urbanístico, vai ser revista. Com tudo isto, as questões do Ambiente deverão, com toda a certeza, vir diversas vezes á baila na Assembleia Legislativa durante o próximo ano, pelo que deveremos estar atentos. * Pela leitura destas LAG percebemos que Macau será em 2012 uma espécie de Universidade em ponto grande: Vão-se estudar os temas com toda a profundidade e o público será chamado várias vezes a participar. Em alguns casos, discutir-se-ão as questões em local próprio e redigir-se-ão documentos. Tudo isto acompanhado de inúmeras avaliações e projectos-piloto. Claro que estas iniciativas levam o seu tempo, de maneira que nem sempre o desenvolvimento pode esperar. Mas as coisas são mesmo assim. Temos de ser pacientes e, já agora, estudar também. *Arquitecto Paisagista, Mestre em Engenharia Urbana folhasolta.ga@gmail.com


Ciclone

Pneus que chiam na areia em Las Vegas, não fazem barulho em Macau. Por Fernando

SEGUNDA-FEIRA 5.12.2011 www.hojemacau.com.mo

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OPINIÃO

A Cultura nas LAG 2012

A CULTURA DE UM CIDADE EXPRIME-SE NO MODO COMO ESTA SE NOS APRESENTA À VISTA DESARMADA.

António Conceição Júnior info@hojemacau.com.mo

A

cidade é o palco onde tudo assenta, tudo se joga e desenrola, seja a área da cultura ou outra área qualquer. Porém, esta evidência, transversal a todas as matérias, parece merecer pouca atenção. A urbe é um organismo vivo, uma entidade feita de colectivos identitários, que conferem a toda esta mistura de DNAs multi-secular, uma característica multicultural, cada vez mais díspar, a requerer indispensável reconhecimento e valorização. Com efeito, abordar o tema da cultura implica a existência de alguns pressupostos que, estou certo, são plenamente compreendidos pelos diversos níveis do poder: a premência no preparo de uma literacia que se enceta nos bancos da escola; a transversalidade da noção de cultura e multicultura no teatro de operações que a cidade é; e o entendimento do inconformismo como um processo de vitalidade sócio-cultural merecedor de amplo diálogo. Nesta perspectiva, deve-se entender a necessidade da interiorização destes conceitos para a compreensão da transversalidade na anatomia da cidade. Com efeito, não é possível falar em cultura sem que se entenda que o problema da insolvência do trânsito caótico em Macau, e outras imprevisões, são, em absoluto, uma questão de desequipamento cultural. A cidade criativa, que venho defendendo, não é uma cidade só para “criativos”, mas antes uma cidade que esteja equipada em todas as frentes por decisores com horizontes que, transversalmente, possam compreender os efeitos dos desequilíbrios que afectam todas as pulsões. Diz a medicina chinesa que se existe muito Yin, se compense o desequilíbrio incluindo-se o luminoso Yang, para que se restaure a harmonia. Para que isso aconteça é sempre necessária a literacia cultural que permita compreender os fenómenos, os desequilíbrios e as pulsões citadinas.

O CENTRO E A MARGEM

Ao centro terá de se lhe chamar centro, mas à periferia chamar-se-á também margem, isto é, o estado da informalidade qualitativa, das mangas arregaçadas, o proletariado solida-

mente cultural, a fronteira da troca de saberes. A construção da cidade qualitativa exige o tal palco que possa albergar uma interlocução construtiva. É assim que, entre o centro e a margem - que é perímetro da metafórica roda que tudo põe em movimento - se poderão estabelecer sinergias e detectar portadores de saberes vários, independentemente de raça, credo, nacionalidade, etc., que ajudem a trazer clarificação e síntese, com base na já velha máxima de que ninguém é alguém sozinho. É preciso estarmos cientes de que o exercício da cultura, nas suas diversas expressões, ainda não faz parte do que se convenciona chamar de norma. A cultura, no sentido da busca de novas soluções para velhas questões, é um conjunto de actos de reflexão profunda. Há que entender que, como dizia Confúcio, “questionar também faz parte dos Ritos”. Daí que se me afigure que faça o maior dos

sentidos projectar trajectórias para dez ou vinte anos, para que, desde já, se prepare para o futuro uma geração multilingue, enquanto que, por agora, se deve investir nos jovens agentes culturais, dando-lhes o mundo de que carecem. A cultura não pode ser uma formalidade, um conformismo. A cultura não pode jamais ser nem burocracia, nem centralismo. Não conheço ainda as propostas das LAG para a área da cultura, porém, para além da agenda obrigatória de eventos e compromissos nas áreas da acção cultural, património, publicações, politicas de leitura, investigação, indústrias criativas e culturais, parece-me ser de pensar nos alicerces, na óptica do binómio cidade/cultura ou cultura/cidade. Para começar, a criação de uma Escola de Ofícios para formar profissionais qualificados e certificados nas mais variadas

Macau tem de se abrir ainda mais ao mundo. Escolas e Academias devem assumir a multiculturalidade, a internacionalização como marca, porquanto hoje já nada deve existir senão em termos globais.

áreas, desde a carpintaria, marcenaria, electricidade, estuques, alfaiataria, sapataria, enfim, ofícios cujo ensino existiu à conta dos Salesianos e que a indústria do betão fez desaparecer, com consequente perda de mão-de-obra qualificada, apoio e suporte da qualidade e modos de vida dos cidadãos. Do mesmo modo, urge existir uma Academia de Artes Visuais e Performativas, no sentido simultaneamente académico e de ateliers, livres e abertos ao experimentalismo e aos saberes teóricos, numa circulação de vivências e ideias, que dê resposta às carências que se sentem. Importa também compreender que políticas, que visões suportariam estas infra-estruturas. Macau tem de se abrir ainda mais ao mundo. Escolas e Academias devem assumir a multiculturalidade, a internacionalização como marca, porquanto hoje já nada deve existir senão em termos globais. Afinal foi o cosmopolitismo dos Tang (séc. VI-IX) que deu origem ao Renascimento Chinês, abrindo Ch’ang An a Turcos, Persas, Árabes, Indianos, Indonésios, Judeus, Coreanos e Japoneses, chegando ao ponto de, a estes últimos, lhes ter sido concedido poder exercer cargos administrativos. Estas preocupações advêm da necessidade de preparar e dotar a cidade com infra-estruturas e pessoas capazes de contribuir lucidamente para a preservação da sua identidade, com o apoio de antropólogos, sociólogos, museólogos, musicólogos, isto é, de investigadores, de gente conhecedora e experiente, quando a decisão de tornar Macau um centro internacional de turismo e lazer se consumar. Tal significa, indubitavelmente, a valorização da urbe, da cidade criativa interdisciplinar, capaz de se reinventar pela diversificação, mas sobretudo pela compreensão do verdadeiro e profundo sentido do significado transversal de cidade. Este palco, onde tudo terá de ser fortemente valorizado - desde o trânsito, requalificação urbana, habitação, cuidados de saúde, educação e formação cívica, ambiente, espaços verdes, património, etc. -, valorizará, antes do mais a qualidade de vida da população, conferindo Dignidade a este lugar singular, condição para a projecção de Macau como centro mundial.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Carlos M. Cordeiro; Boi Luxo; Correia Marques; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


c a r t o on

SEGUNDA-FEIRA 5.12.2011 www.hojemacau.com.mo

por Steff TAP ELEITA A MELHOR COMPANHIA AÉREA DA EUROPA A TAP foi eleita a melhor companhia área da Europa, entre outras 30 companhias de renome internacional, pela revista norte-americana de turismo Global Traveler, divulgou a empresa em comunicado. O prémio foi atribuído em Beverly Hills, nos Estados Unidos, na oitava gala anual da Global Traveler e resulta da sondagem designada «GT Tested Reader Survey» da revista realizada a mais de 36.000 passageiros frequentes e passageiros executivos, que fazem em média 16 viagens internacionais e 16 viagens domésticas por ano. No comunicado, a TAP lembra que esta sondagem é considerada no sector como os «óscares de viagens» e explica que os passageiros frequentes e executivos são convidados a nomear «os Melhores» em várias categorias na área de viagens e turismo. ANGOLA MANIFESTAÇÃO MARCADA POR INCIDENTES Dezenas de jovens começaram a manifestar-se ao princípio da tarde de sábado junto à Praça da Independência, em Luanda, numa acção que provocou uma resposta musculada da polícia, com recurso a cães e agentes a cavalo. A acção policial foi reforçada por civis que se aproximam dos manifestantes, auxiliando a polícia para tentar impedir o avanço da manifestação. Iuri Mendes, ligado à organização da manifestação, disse à Lusa que «foram feitas detenções», embora desconheça o seu número exacto, acrescentando que haverá pelo menos três feridos. IRÃO «AYATOLLAH» CONDENA ATAQUE À EMBAIXADA BRITÂNICA O «ayatollah» Ahmad Khatami condenou o ataque à embaixada britânica em Teerão na terça-feira por manifestantes islâmicos, que considerou uma «acção ilegal» e contra os interesses do país, noticiaram os órgãos de comunicação iranianos. «O ataque à embaixada e a sua ocupação equivalem à ocupação de um país estrangeiro e é ilegal», afirmou Ahmad Khatami, um dos líderes religiosos do Irão e próximo do guia supremo iraniano, o «ayatollah» Ali Khamenei. «Ter um espírito revolucionário não significa que as embaixadas que se encontram no solo da República islâmica tenham um sentimento de insegurança, não é do interesse do país, e já o disse claramente: Sou contra o ataque a embaixadas estrangeiras e à sua ocupação», acrescentou.

NOVAS RELAÇÕES

Maputo disponível para Jogos da Lusofonia 2017

Moçambique à vista

O

presidente do Comité Olímpico de Moçambique, Marcelino Macome, disse ontem à Agência Lusa em Macau que o país está disponível para organizar os Jogos da Lusofonia em 2017. “A disponibilidade existe até porque há um base que foi a organização dos Jogos Africanos em que tivemos um legado quer de instalações, quer em pessoas para a organização”, sublinhou o mesmo responsável que está em Macau para participar na Assembleia Geral da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP). Para Marcelino Macome, o que está agora em causa “é fazerem-se os estudos de viabilidade e criarem-se as fontes de financiamento”. Os responsáveis do desporto de Moçambique estão “disponíveis e dispostos para trabalhar nesse

sentido”, garantiu. “Logo que chegarmos a Maputo vamos começar a trabalhar e em Março, na reunião que vamos ter em Goa, estaremos em condições de dar já a palavra definitiva”, declarou. Salientando que a organização dos quartos Jogos da Lusofonia - depois de Macau em 2006, Lisboa em 2009 e Goa em 2013 - “é um desafio bastante grande”, Marcelino Macome recordou que as “duas edições anteriores foram muito bem organizadas”. Além de ser o primeiro país africano da ACOLOP a pretender organizar o evento, o mesmo responsável salientou a “responsabilidade e a honra” devido à participação dos melhores atletas de cada país. Os membros da ACOLOP estão reunidos em Macau e decidiram este fim de semana realizar a próxima assembleia-geral em Goa, cidade que vai acolher os terceiros Jogos

da Lusofonia, onde irão efetuar uma visita de inspeção e decidir quais as modalidades a integrar na prova. Prabhu Desai, diretor-executivo da Autoridade Desportiva de Goa, afirmou que aquela região indiana tem já cinco complexos desportivos prontos para os Jogos e que vão continuar a trabalhar para uma boa realização do evento. “Temos cerca de ano e meio para os jogos e estamos confiantes na capacidade de organizar os Jogos da Lusofonia, além de termos o apoio do Governo local”, acrescentou o mesmo responsável. Em Macau, para garantir o empenho e o apoio do Governo de Goa na realização dos Jogos, esteve também Monohar Ajgaonkar, ministro do Desporto de Goa que sublinhou a importância dos Jogos da Lusofonia e o interesse do Executivo local em apoiar a iniciativa para o desenvolvimento do desporto na região.

EUA-CHINA | PAINÉIS SOLARES ABREM NOVA CRISE

Provas, senhores, provas… A

China criticou a decisão norte-americana de investigar se as empresas do país estão a prejudicar a empresas de painéis solares dos Estados Unidos, sublinhando que foi tomada sem provas suficientes e demonstra a forte tendência de proteccionismo americano. A Comissão norte-americana de comércio internacional votou na sexta-feira uma investigação depois de queixas de sete companhias de painéis solares dos Estados Unidos que acusam a empresas chinesas de estarem a vender produtos a energia solar a um preço demasiado baixo. Em comunicado, o Ministério chinês do Comércio

refere que a decisão foi tomada sem evidências suficientes que demonstrem que a indústria norte-americana foi prejudicada e não tem em consideração os argumentos das companhias chinesas ou a oposição dos Estados Unidos a outros grupos afectados. “A China está profundamente preocupada porque a decisão não coincide com os factos e salienta a forte tendência norte-americana de proteccionismo”, refere a nota. No mesmo texto, a China diz esperar que os Estados Unidos analisem objectivamente a razão da perda de competitividade de algumas empresas americanas.

LARS VON TRIER GANHA MELHOR FILME EUROPEU O filme do dinamarquês Lars von Trier ‘Melancholia’ (‘Melancolia’) venceu o prémio de Melhor Filme Europeu 2011, confirmando os prognósticos que o apontavam como favorito aos galardões anuais da Academia de Cinema Europeu. O filme de Trier, ausente na cerimónia realizada em Berlim após o escândalo no Festival de Cannes, onde expressou «simpatia» por Hitler, também obteve o prémio Carlo di Palma para o Melhor Operador de Câmara – o chileno-dinamarquês Manuel Alberto Claro – e a distinção de Melhor Guião e Direcção Artística, para Jette Lehmann. O prémio de Melhor Actriz foi para a britânica Tilda Swinton, com ‘We need to talk about Kevin’ (‘Temos que falar sobre Kevin’) e o de Melhor Actor para o seu compatriota Colin Firth, por ‘The King’s Speech’ (‘O Discurso do Rei’), que também venceu o Prémio do Público, com votação pela Internet. CASAMENTOS ISRAEL ACABA COM CAMPANHA O governo israelita acabou com uma campanha que dissuadia os emigrantes nos EUA de se casarem com judeus norte-americanos, depois de protestos da comunidade judaica nos Estados Unidos. A campanha tinha sido justificada com o argumento de que havia um fosso cultural e religioso. Numa carta de protesto dirigida ao Ministério da Integração israelita, as federações de judeus da América do Norte consideraram «escandalosa» a «mensagem segundo a qual os judeus norte-americanos não compreendem Israel». BRITÂNICO CORTA A GARGANTA VIA SKYPE Uma britânica assistiu a uma das cenas mais traumáticas da sua vida. Julia Zalinski estava na sua casa em Reading, no sudeste de Londres, quando ligou para o namorado que está na Índia, para conversarem via Skype. Adrian Rowland, de 53 anos, pai de três filhos, estava na Índia em trabalho, procurando novas oportunidades de negócio para a empresa na qual trabalhara, a Adwest Engineering. No meio da conversa, Rowland pegou numa faca e cortou a sua garganta. Tudo foi visto pela namorada, a 7 mil milhas de distância. Julie ligou rapidamente para o serviço de emergência britânico para que avisassem as autoridades indianas do ocorrido. Quando os médicos chegaram ao local onde Rowland morava, já estava morto.


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